catecismo 01

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    Catecismo da Igreja CatlicaPRLOGO

    "PAI,... a vida eterna esta: que eles te conheam a ti, o Deus nico verdadeiro, eaquele que enviaste, Jesus Cristo" (Jo 17,3). "Deus, nosso Salvador... quer que todosos homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2,3-4)."No h, debaixo do cu, outro nome dado aos homens pelo qual devamos sersalvos" (At 4,12), afora o nome de JESUS.

    I - A vida do homem conhecer e amar a Deus

    1. Deus, infinitamente Perfeito e Bem-aventurado em si mesmo, em um desgnio de pura

    bondade, criou livremente o homem para faz-lo participar de sua vida bem-aventurada. Eispor que, desde sempre e em todo lugar, est perto do homem. Chama-o e ajuda-o a procur-lo, a conhec-lo e a am-lo com todas as suas foras. Convoca todos os homens, dispersos

    pelo pecado, para a unidade de sua famlia, a Igreja. Faz isto por meio do Filho, que envioucomo Redentor e Salvador quando os tempos se cumpriram. Nele e por Ele, chama oshomens a se tornarem, no Esprito Santo, seus filhos adotivos, e portanto os herdeiros de suavida bem-aventurada.

    2. A fim de que este chamado ressoe pela terra inteira, Cristo enviou os apstolos queescolhera, dando-lhes o mandato de anunciar o Evangelho: "Ide, fazei que todas as naes setornem discpulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Esprito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias at a

    consumao dos sculos" (Mt 28,19-20). Fortalecidos com esta misso, os apstolos "sarama pregar por toda parte, agindo com eles o Senhor, e confirmando a Palavra por meio dossinais que a acompanhavam" (Mc 16,20).

    3. Os que com a ajuda de Deus acolheram o chamado de Cristo e lhe responderam livrementeforam por sua vez impulsionados pelo amor de Cristo a anunciar por todas as partes domundo a Boa Notcia. Este tesouro recebido dos apstolos foi guardado fielmente por seussucessores. Todos os fiis de Cristo so chamados a transmiti-lo de gerao em gerao,anunciando a f, vivendo-a na partilha fraterna e celebrando-a na liturgia e na orao.

    II. Transmitir a f - a catequese

    4. Bem cedo passou-se a chamar de catequese o conjunto de esforos empreendidos na Igrejapara fazer discpulos, para ajudar os homens a crerem que Jesus o Filho de Deus, a fim deque, por meio da f, tenham a vida em nome dele, para educ-los e instru-los nesta vida, eassim construir o Corpo de Cristo.

    5. "A catequese uma educao da f das crianas, dos jovens e dos adultos, a qualcompreende especialmente um ensino da doutrina crist, dado em geral de maneira orgnicae sistemtica, com o fim de os iniciar na plenitude da vida crist."

    6. Sem confundir-se com eles, a catequese se articula em torno de determinado nmero deelementos da misso pastoral da Igreja que tm um aspecto catequtico e que preparam acatequese ou dela derivam: primeiro anncio do Evangelho ou pregao missionria parasuscitar a f; busca das razes de crer; experincia de vida crist; celebrao dossacramentos; integrao na comunidade eclesial; testemunho apostlico e missionrio.

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    7. "A catequese anda intimamente ligada com toda a vida da Igreja. No somente a extensogeogrfica e o aumento numrico, mas tambm e mais ainda o crescimento interior daIgreja, sua correspondncia ao desgnio de Deus que dependem da catequese mesma."

    8. Os perodos de renovao da Igreja so tambm tempos fortes da catequese. Eis por que, nagrande poca dos Padres da Igreja, vemos Santos Bispos dedicarem uma parte importante de

    seu ministrio catequese. a poca de So Cirilo de Jerusalm e de So Joo Crisstomo,de Santo Ambrsio e de Santo Agostinho, e de muitos outros Padres cujas obrascatequticas permanecem como modelos.

    9. O ministrio da catequese haure energias sempre novas nos Conclios. O Conclio de Trentoconstitui neste ponto um exemplo a ser sublinhado: deu catequese prioridade em suasconstituies e em seus decretos; est ele na origem do Catecismo Romano, que tambmleva seu nome e constitui uma obra de primeira grandeza como resumo da doutrina crist.Este conclio suscitou na Igreja uma organizao notvel da catequese. Graas a santos

    bispos e telogos, tais como So Pedro Cansio, So Carlos Borromeu, So Torbio deMogrovejo, So Roberto Belarmino, levou publicao de numerosos catecismos.

    10. Diante disto, no estranha que, no dinamismo que seguiu o Conclio Vaticano II (que o papa

    Paulo VI considerava como grande catecismo dos tempos modernos), a catequese da Igrejatenha novamente despertado a ateno. Do testemunho deste fato oDiretrio geral daCatequese, de 1971, as sesses do Snodo dos Bispos dedicadas evangelizao (1974) e catequese (1977), as exortaes apostlicas correspondentes,Evangelii nuntiandi (1975) eCatechesi tradendae (1979). A sesso extraordinria do Snodo dos Bispos de 1985 pediu:"Seja redigido um catecismo ou compndio de toda a doutrina catlica seja sobre a f sejasobre a moral". O Santo Padre Joo Paulo II endossou este desideratum expresso peloSnodo dos Bispos, reconhecendo que "este desejo responde plenamente a uma verdadeiranecessidade da Igreja universal e das Igrejas particulares". Ele envidou todos os esforos em

    prol da realizao deste desideratum dos Padres do Snodo.

    III. O objetivo e os destinatrios deste Catecismo

    11. O presente Catecismo tem por objetivo apresentar uma exposio orgnica e sinttica doscontedos essenciais e fundamentais da doutrina catlica tanto sobre a f como sobre amoral, luz do Conclio Vaticano II e do conjunto da Tradio da Igreja. Suas fontes

    principais so a Sagrada Escritura, os Santos Padres, a Liturgia e o Magistrio da Igreja.Destina-se ele a servir "como um ponto de referncia para os catecismos ou compndios queso elaborados nos diversos pases".

    12. O presente Catecismo destinado principalmente aos responsveis pela catequese: emprimeiro lugar aos Bispos, como doutores da f e pastores da Igreja. oferecido a eles como

    instrumento no cumprimento de seu ofcio de ensinar o Povo de Deus. Por meio dos Bispos,ele se destina aos redatores de catecismos, aos presbteros e aos catequistas. Ser tambmtil para a leitura de todos os demais fiis cristos.

    IV. A estrutura deste Catecismo

    13. O projeto deste Catecismo inspira-se na grande tradio dos catecismos que articulam acatequese em tomo de quatro "pilares": a profisso da f batismal (o Smbolo), ossacramentos da f, a vida de f (os Mandamentos), a orao do crente (o "Pai-Nosso").

    Parte 1: A profisso da f

    14. Os que pela f e pelo Batismo pertencem a Cristo devem confessar sua f batismal diantedos homens. Por isso, o Catecismo comea por expor em que consiste a Revelao, pela

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    qual Deus se dirige e se doa ao homem, bem como a f, pela qual o homem responde a Deus(Seo 1). O Smbolo da f resume os dons que Deus outorga ao homem como Autor detodo bem, como Redentor, como Santificador, e os articula em tomo dos "trs captulos" denosso Batismo a f em um s Deus: o Pai Todo-Poderoso, o Criador, Jesus Cristo, seu Filho,nosso Senhor e Salvador, e o Esprito Santo, na Santa Igreja (Seo II).

    Parte II: Os sacramentos de f

    15. A segunda parte do Catecismo expe como a salvao de Deus, realizada uma vez por todaspor Cristo Jesus e pelo Esprito Santo, se toma presente nas aes sagradas da liturgia daIgreja (Seo 1), particularmente nos sete sacramentos (Seo II).

    Parte III: A vida da f

    16. A terceira parte do Catecismo apresenta o fim ltimo do homem, criado imagem de Deus:a bem-aventurana e os caminhos para chegar a ela: mediante um agir reto e livre, com aajuda da f e da graa de Deus (Seo I), por meio de um agir que realiza o duplomandamento da caridade, desdobrado nos dez Mandamentos de Deus (Seo II).

    Parte IV: A orao na vida da f

    17. A ltima parte do Catecismo trata do sentido e da importncia da orao na vida dos crentes(Seo 1). Ela termina com um breve comentrio sobre os setes pedidos da orao (SeoII), Com efeito, nesses sete pedidos encontramos o conjunto dos bens que devemos esperar eque nosso Pai celeste quer conceder-nos.

    V. Indicaes prticas para o uso deste Catecismo

    18. Este Catecismo foi pensado como uma exposio orgnica de toda a f catlica. Por isso preciso l-lo como uma unidade. Numerosas referncias dentro do prprio texto, bem comoo ndice analtico no fim do volume permitem ver a ligao de cada tema com o conjunto daf.

    19. Muitas vezes os textos da Sagrada Escritura no so citados literalmente, mas so feitasapenas referncias (mediante a indicao "cf."). Para uma compreenso mais aprofundadade tais passagens, preciso consultar os prprios textos. Essas referncias bblicas

    constituem um instrumento de trabalho para a catequese.20. Quando em certas passagens se usa corpo menor, graficamente isto indica que se trata deobservaes de tipo histrico, apologtico, ou de exposies doutrinais complementares.

    21. As citaes, em corpo menor, de fontes patrsticas, litrgicas, magisteriais ou hagiogrficasso destinadas a enriquecer a exposio doutrinal. Com freqncia esses textos foramescolhidos para uso diretamente catequtico.

    22. No final de cada unidade temtica, uma srie de textos sucintos resumem em frmulascondensadas o essencial do ensinam do ensinamento. Esses "resumindo" tm por objetivooferecer sugestes a catequese local para frmulas sintticas e memorizveis.

    VI. As adaptaes necessrias

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    23. Neste Catecismo a nfase posta na exposio doutrinal. Quer ele ajudar a aprofundar oconhecimento da f. Por isso mesmo est orientado para o amadurecimento desta f, paraseu enraizamento na vida e sua irradiao no testemunho.

    24. Por sua prpria finalidade, este Catecismo no se prope realizar as adaptaes da exposioe dos mtodos catequticos exigidas pelas diferenas de culturas, de idades, de maturidade

    espiritual, de situaes sociais e eclesiais daqueles a quem a catequese dirigida. Taisadaptaes indispensveis cabem aos catecismos apropriados e mais ainda aos queministram instruo aos fiis:

    Aquele que ensina deve "fazer-se tudo para todos" (1 Cor 9,22), a fim de conquistar todos para Jesus Cristo...Particularmente, no imagine ele que lhe confiado um nico tipo de almas, e que consequentemente lhe permitido ensinar e formar de modo igual todos os fiis verdadeira piedade, com um s e mesmo mtodo,sempre igual! Saiba ele bem que uns so em Jesus Cristo como que criancinhas recm-nascidas, outros, comoque adolescentes, e finalmente alguns esto como que na posse de todas as suas foras... Os que so chamadosao ministrio da pregao devem, na transmisso dos mistrios da f e das regras dos costumes, adaptar suaspalavras ao esprito e inteligncia de seus ouvintes.

    ACIMA DE TUDO A CARIDADE

    25. Para concluir este Prlogo, oportuno lembrar este princpio pastoral enunciado peloCatecismo Romano:

    Toda a finalidade da doutrina e do ensinamento deve ser posta no amor que no acaba. Com efeito, pode-sefacilmente expor o que preciso crer, esperar ou fazer; mas sobretudo preciso fazer sempre com que apareao Amor de Nosso Senhor, para que cada um compreenda que cada ato de virtude perfeitamente cristo no temoutra origem seno o Amor, e outro fim seno o Amor.

    PRIMEIRA PARTE - A PROFISSO DE F

    PRIMEIRA SEO

    "EU CREIO" - "NS CREMOS"

    26. Quando professamos nossa f, comeamos dizendo: "Eu creio" ou "Ns cremos". Por isso,antes de expor a f da Igreja tal como confessada no Credo, celebrada na Liturgia, vividana prtica dos Mandamentos e na orao, perguntamo-nos o que significa "crer". A f aresposta do homem a Deus que se revela e a ele se doa, trazendo ao mesmo tempo uma luzsuperabundante ao homem em busca do sentido ltimo de sua vida. Por isso vamosconsiderar primeiro esta busca do homem (capitulo 1), em seguida a Revelao divina, pelaqual Deus se apresenta ao homem (captulo II), e finalmente a resposta da f (captulo III).

    CAPTULO I

    O HOMEM "CAPAZ" DE DEUSI - O desejo de Deus

    27. O desejo de Deus est inscrito no corao do homem, j que o homem criado por Deus epara Deus; e Deus no cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem h deencontrar a verdade e a felicidade que no cessa de procurar:

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    (Pargrafos relacionados 355,1701,1718)

    O aspecto mais sublime da dignidade humana est nesta vocao do homem comunho com Deus. Esteconvite que Deus dirige ao homem, de dialogar com ele, comea com a existncia humana. Pois se o homemexiste, porque Deus o criou por amor e, por amor, no cessa de dar-lhe o ser, e o homem s vive plenamente,segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu Criador.

    28. Em sua histria, e at os dias de hoje, os homens tm expressado de mltiplas maneiras suabusca de Deus por meio de suas crenas e de seus comportamentos religiosos (oraes,sacrifcios, cultos, meditaes etc.). Apesar das ambigidades que podem comportar, estasformas de expresso so to universais que o homem pode ser chamado de um ser religioso:

    (Pargrafos relacionados 843,2566,2095,2109)

    De um s (homem), Deus fez toda a raa humana para habitar sobre toda a face da terra, fixando os temposanteriormente determinados e os limites de seu hbitat. Tudo isto para que procurassem a divindade e, mesmose s apalpadelas, se esforassem por encontr-la, embora Ele no esteja longe de cada um de ns. Pois nele

    vivemos, nos movemos e existimos (At 17,23-28).

    29. Mas esta "unio ntima e vital com Deus" pode ser esquecida, ignorada e at rejeitadaexplicitamente pelo homem. Tais atitudes podem ter origens muito diversas: a revolta contrao mal no mundo, a ignorncia ou a indiferena religiosas, as preocupaes com as coisas domundo e com as riquezas, o mau exemplo dos crentes, as correntes de pensamento hostis religio, e finalmente essa atitude do homem pecador que, por medo, se esconde diante deDeus e foge diante de seu chamado.

    (Pargrafos relacionados 2123, 2128, 398)

    30. "Alegre-se o corao dos que buscam o Senhor!" (Sl 105,3). Se o homem pode esquecer ourejeitar a Deus, este, de sua parte, no cessa de chamar todo homem a procur-lo, para queviva e encontre a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforo de suainteligncia, a retido de sua vontade, "um corao reto", e tambm o testemunho dosoutros, que o ensinam a procurar a Deus.

    (Pargrafos relacionados 845, 2567, 368)

    Vs sois grande, Senhor, e altamente digno de louvor: grande o vosso poder, e a vossa sabedoria no temmedida. E o homem, pequena parcela de vossa criao, pretende louvar-vos, precisamente o homem que,revestido de sua condio mortal, traz em si o testemunho de seu pecado e de que resistis aos soberbos. Adespeito de tudo, o homem, pequena parcela de vossa criao, quer louvar-vos. Vs mesmo o incitais a isto,fazendo com que ele encontre suas delcias no vosso louvor, porque nos fizestes para vs e o nosso coraono descansa enquanto no repousar em vs.

    II. As vias de acesso ao conhecimento de Deus

    31. Criado imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura aDeus descobre certas "vias" para aceder ao conhecimento de Deus. Chamamo-las tambmde "provas da existncia de Deus", no no sentido das provas que as cincias naturais

    buscam, mas no sentido de "argumentos convergentes e convincentes" que permitem chegara verdadeiras certezas.

    Estas "vias" para chegar a Deus tm como ponto de partida a criao: o mundo material e apessoa humana.

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    32. O mundo: a partir do movimento e do devir, da contingncia, da ordem e da beleza domundo, pode-se conhecer a Deus como origem e fim do universo.

    (Pargrafos relacionados: 54, 337)

    So Paulo afirma a respeito dos pagos: "O que se pode conhecer de Deus manifesto entre eles, pois Deuslho revelou. Sua realidade invisvel - seu eterno poder e sua divindade - tornou-se inteligvel desde a criao domundo atravs das criaturas" (Rm 1,19-20).

    E Santo Agostinho: "Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar, interroga a beleza do ar que sedilata e se difunde, interroga a beleza do cu... interroga todas estas realidades. Todas elas te respondem: olha-nos, somos belas. Sua beleza um hino de louvor(confessio). Essas belezas sujeitas mudana, quem as fezseno o Belo (Pulcher,pronuncie "plquer"), no sujeito mudana?"

    33. O homem: Com sua abertura verdade e beleza, com seu senso do bem moral, com sualiberdade e a voz de sua conscincia, com sua aspirao ao infinito e felicidade, o homemse interroga sobre a existncia de Deus. Mediante tudo isso percebe sinais de sua alma

    espiritual. Como "semente de eternidade que leva dentro de si, irredutvel s matria" suaalma no pode ter origem seno em Deus.

    (Pargrafos relacionados: 2500, 1730, 1776,1703,366)

    34. O mundo e o homem atestam que no tm em si mesmo nem seu princpio primeiro nem seufim ltimo, mas que participam do Ser em si, que sem origem e sem fim. Assim por estasdiversas "vias", o homem pode aceder ao conhecimento da existncia de uma realidade que a causa primeira e o fim ltimo de tudo, "e que todos chamam Deus"

    (Pargrafo relacionado: 199)

    35. As faculdades do homem o tomam capaz de conhecer a existncia de um Deus pessoal. Mas,para que o homem possa entrar em sua intimidade, Deus quis revelar-se ao homem e dar-lhea graa de poder acolher esta revelao na f. Contudo, as provas da existncia de Deus

    podem dispor f e ajudar a ver que a f no se ope razo humana.

    (Pargrafos relacionados: 50,159)

    III. O conhecimento de Deus segundo a Igreja

    36. "A santa Igreja, nossa me, sustenta e ensina que Deus, princpio e fim de todas as coisas,pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razo humana a partir das coisascriadas". Sem esta capacidade, o homem no poderia acolher a revelao de Deus. O homemtem esta capacidade por ser criado " imagem de Deus".

    (Pargrafo relacionado: 355)

    37. Todavia, nas condies histricas em que se encontra, o homem enfrenta muitasdificuldades para conhecer a Deus apenas com a luz de sua razo:

    (Pargrafo relacionado: 1960)

    "Pois, embora a razo humana, absolutamente falando, possa chegar com suas foras e lume naturais aoconhecimento verdadeiro e certo de um Deus pessoal, que governa e protege o mundo com sua Providncia,

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    bem como chegar ao conhecimento da lei natural impressa pelo Criador em nossas almas, de fato, muitos soos obstculos que impedem a mesma razo de usar eficazmente e com resultado desta sua capacidade natural.

    As verdades que se referem a Deus e s relaes entre os homens e Deus so verdades que transcendemcompletamente a ordem das coisas sensveis e quando estas verdades atingem a vida prtica e a regem,requerem sacrifcio e abnegao. A inteligncia humana, na aquisio destas verdades, encontra dificuldades

    tanto por parte dos sentidos e da imaginao como por parte das ms inclinaes, provenientes do pecadooriginal. Donde vemos que os homens em tais questes, facilmente procuram persuadir-se de que seja falso ouao menos duvidoso aquilo que no desejam que seja verdadeiro"

    38. Por isso, O homem tem necessidade de ser iluminado pela revelao de Deus, no somentesobre o que ultrapassa seu entendimento, mas tambm sobre "as verdades religiosas emorais que, de per si, no so inacessveis razo, a fim de que estas no estado atual dognero humano possam ser conhecidas por todos sem dificuldade, com uma certeza firme esem mistura de erro"

    (Pargrafo relacionado: 2036)

    IV. Como falar de Deus?

    39. Ao defender a capacidade da razo humana de conhecer a Deus, a Igreja exprime suaconfiana na possibilidade de falar de Deus a todos os homens e com todos os homens. Estaconvico esta na base de seu dilogo com as outras religies, com a filosofia e com ascincias, como tambm com Os no-crentes e os ateus.

    (Pargrafo relacionado: 851)

    40. Uma vez que nosso conhecimento de Deus limitado, tambm limitada nossa linguagem

    sobre Deus. S podemos falar de Deus a partir das criaturas e segundo nosso modo humanolimitado de conhecer e de pensar.

    41.As criaturas, todas elas, trazem em si certa semelhana com Deus, muito particularmente ohomem criado imagem e a semelhana de Deus. Por isso as mltiplas perfeies dascriaturas (sua verdade, bondade e beleza) refletem a perfeio infinita de Deus. Em razodisso podemos falar de Deus a partir das perfeies de suas criaturas, "pois a grandeza e a

    beleza das criaturas fazem, por analogia, contemplar seu Autor" (Sb 13,5).

    (Pargrafos relacionados: 213, 299)

    42.Deus transcende a toda criatura. Por isso, preciso incessantemente purificar nossalinguagem daquilo que possui de limitado, de proveniente de pura imaginao, deimperfeito, para no confundirmos o Deus "inefvel, incompreensvel, invisvel, inatingvel"com as nossas representaes humanas. Nossas palavras humanas permanecem sempreaqum do Mistrio de Deus.

    (Pargrafos relacionados: 212, 300, 370)

    43. Assim falando de Deus, nossa linguagem se exprime, sem dvida, de maneira humana, masela atinge realmente Oprprio Deus, ainda que sem poder exprimi-lo em sua infinitasimplicidade. Com efeito, preciso lembrar que "entre o Criador e a criatura no se pode

    notar uma semelhana, sem que se deva notar entre eles uma ainda maior dessemelhana", eque "no podemos apreender de Deus o que ele , mas apenas O que ele no e de quemaneira os outros seres se situam em relao a ele"

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    (Pargrafo relacionado: 206)

    RESUMINDO

    44. O homem , por natureza e por vocao, um ser religioso. Porque provm de Deus e para

    Ele caminha, o homem s vive uma vida plenamente humana se viver livremente suarelao com Deus.45. O homem feito para viver em comunho com Deus, no qual encontra sua felicidade:

    "Quando eu estiver inteiramente em Vs, nunca mais haver dor e provao; repleta de Vspor inteiro, minha vida ser verdadeira"

    46. Quando escuta a mensagem das criaturas e a voz de sua conscincia, o homem pode atingira certeza da existncia de Deus, causa e fim de tudo.

    47. A Igreja ensina que o Deus nico e verdadeiro, nosso Criador e Senhor, pode ser conhecidocom certeza por meio de suas obras graas luz natural da razo humana.

    48. Podemos realmente falar de Deus partindo das mltiplas perfeies das criaturas,semelhanas do Deus infinitamente perfeito, ainda que nossa linguagem limitada no

    esgote seu mistrio.49. "Sem o Criador, a criatura se esvai". Eis por que os crentes sabem que so impelidos pelo

    amor de Cristo a levar a luz do Deus vivo queles que o desconhecem ou o recusam.

    CAPTULO II

    DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM

    50. Mediante a razo natural, o homem pode conhecer a Deus com certeza a partir de suasobras. as existe outra ordem de conhecimento que O homem de modo algum pode atingir porsuas prprias foras, a da Revelao divina. Por uma deciso totalmente livre, Deus serevela e se doa ao homem. F-lo revelando seu mistrio, seu projeto benevolente, queconcebeu desde toda a eternidade em Cristo em prol de todos os homens. Revela plenamenteseu projeto enviando seu Filho bem-amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e o Esprito Santo

    (Pargrafos relacionados: 36, 1066)

    ARTIGO 1 - A REVELAO DE DEUS

    I. Deus revela seu "projeto benevolente"

    51. "Aprouve a Deus, em sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e tomar conhecido omistrio de sua vontade, pelo qual os homens, por intermdio de Cristo, Verbo feito carne,no Esprito Santo, tm acesso ao Pai e se tomam participantes da natureza divina".

    (Pargrafos relacionados: 2823, 1996)

    52. Deus, que "habita uma luz inacessvel" (1 Tm 6,16), quer comunicar sua prpria vida divinaaos homens, criados livremente por ele, para fazer deles, no seu Filho nico, filhos adotivos.Ao revelar-se, Deus quer tornar os homens capazes de responder-lhe, de conhec-lo e deam-lo bem alm do que seriam capazes por si mesmos.

    53. O projeto divino da Revelao realiza-se ao mesmo tempo "por aes e por palavras,intimamente ligadas entre si e que se iluminam mutuamente". Este projeto comporta uma"pedagogia divina" peculiar: Deus comunica-se gradualmente com o homem, prepara-o por

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    etapas a acolher a Revelao sobrenatural que faz de si mesmo e que vai culminar na Pessoae na misso do Verbo encarnado, Jesus Cristo.

    (Pargrafos relacionados: 1953, 1950)

    So Irineu de Lio fala repetidas vezes desta pedagogia divina sob a imagem da familiaridade mtua entreDeus e o homem: "O Verbo de Deus habitou no homem e fez-se Filho do homem para acostumar o homem aapreender a Deus e acostumar Deus a habitar no homem, segundo o beneplcito do Pai "

    II. As etapas da Revelao

    DESDE A ORIGEM, DEUS SE D A CONHECER

    54. "Criando pelo Verbo o universo e conservando-o, Deus proporciona aos homens, nas coisascriadas, um permanente testemunho de si e, alm disso, no intuito de abrir o caminho deuma salvao superior, manifestou-se a si mesmo, desde os primrdios, a nossos primeiros

    pais." Convidou-os a uma comunho ntima consigo mesmo, revestindo-os de uma graa ede uma justia resplandecentes.

    (Pargrafos relacionados: 32,374)

    55. Esta Revelao no foi interrompida pelo pecado de nossos primeiros pais. Deus, comefeito, "aps a queda destes, com a prometida redeno, alentou-os a esperar uma salvao evelou permanentemente pelo gnero humano, a fim de dar a vida eterna a todos aqueles que,

    pela perseverana na prtica do bem, procuram a salvao"

    (Pargrafos relacionados: 397,410)

    E quando pela desobedincia perderam vossa amizade, no os abandonastes ao poder damorte. (...) Oferecestes muitas vezes aliana aos homens e s mulheres.

    A ALIANA COM NO

    56. Desfeita a unidade do gnero humano pelo pecado, Deus procura antes de tudo salvar ahumanidade passando por cada uma de suas partes. A Aliana com No depois do dilvioexprime o princpio da Economia divina para com as "naes", isto , para com os homensagrupados "segundo seus pases, cada um segundo sua lngua, e segundo seus cls" (Gn10.5)

    (Pargrafos relacionados: 401,1219)

    57. Esta ordem ao mesmo tempo csmica, social e religiosa da pluralidade das naes destina-sea limitar o orgulho de uma humanidade decada que unnime em sua perversidade, gostariade construir por si mesma sua unidade maneira de Babel. Contudo, devido ao pecado, o

    politesmo, assim como a idolatria da nao e de seu chefe, constitui uma contnua ameaade perverso pag para essa Economia provisria.

    58. A Aliana com No permanece em vigor durante todo o tempo das naes, at aproclamao universal do Evangelho. A Bblia venera algumas grandes figuras das"naes", tais como "Abel, o justo", o rei-sacerdote Melquisedeque, figura de Cristo, ou os

    justos "No, Daniel e J". Assim, a Escritura exprime que grau elevado de santidade podematingir os que vivem segundo a Aliana de No, na expectativa de que Cristo "congregue naunidade todos os filhos de Deus dispersos" (Jo 11,52).

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    (Pargrafos relacionados: 674,2569)

    DEUS ELEGE ABRAO

    59. Para congregar a humanidade dispersa, Deus elegeu Abro, chamando-o "para fora de seu

    pas, de sua parentela e de sua casa" (Gn 12,1), para fazer dele "Abrao", isto , "o pai deuma multido de naes" (Gn 17,5): "Em ti sero abenoadas todas as naes da terra" (Gn12,3).

    (Pargrafos relacionados: 145,2570)

    60. O povo originado de Abrao ser o depositrio da promessa feita aos patriarcas, o povo daeleio, chamado a preparar o congraamento, um dia, de todos os filhos de Deus naunidade da Igreja; ser a raiz sobre a qual sero enxertados os pagos tornados crentes.

    (Pargrafos relacionados: 760,762,781)

    61. Os patriarcas e os profetas, bem como outras personalidades do Antigo Testamento, foram esero sempre venerados como santos em todas as tradies litrgicas da Igreja.

    DEUS FORMA SEU POVO ISRAEL

    62. Depois dos patriarcas, Deus formou Israel como seu povo, salvando-o da escravido doEgito. Fez com ele a Aliana do Sinal e deu-lhe, por intermdio de Moiss, a sua Lei, paraque o reconhecesse e o servisse como o nico Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e juiz

    justo, e para que esperasse o Salvador prometido.

    (Pargrafos relacionados: 2060,2574,1961)

    63. Israel o Povo sacerdotal de Deus, aquele que "traz o Nome do Senhor" (Dt 28,10). opovo daqueles "aos quais Deus falou em primeiro lugar", o povo dos "irmos mais velhos"da f de Abrao.

    (Pargrafos relacionados: 204,2801,839)

    64. Por meio dos profetas, Deus forma seu povo na esperana da salvao, na expectativa deuma Aliana nova e eterna destinada a todos os homens, e que ser impressa nos coraes.

    Os profetas anunciam uma redeno radical do Povo de Deus, a purificao de todas as suasinfidelidades, uma salvao que incluir todas as naes. Sero sobretudo os pobres e oshumildes do Senhor os portadores desta esperana. As mulheres santas como Sara, Rebeca,Raquel, Mriam, Dbora, Ana, Judite e Ester mantiveram viva a esperana da salvao deIsrael. Delas todas, a figura mais pura a de Maria.

    (Pargrafos relacionados: 711,1965)

    III. Cristo Jesus "Mediador e Plenitude de toda a Revelao"

    DEUS TUDO DISSE NO SEU VERBO

    65. "Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos pais pelos profetas; agora,nestes dias que so os ltimos, falou-nos por meio do Filho" (Hb 1,1-2). Cristo, o Filho de

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    Deus feito homem, a Palavra nica, perfeita e insupervel do Pai. Nele o Pai disse tudo, eno h outra palavra seno esta. So Joo da Cruz, depois de tantos outros, exprime isto demaneira luminosa, comentando Hb 1,1-2:

    (Pargrafo relacionado: 102)

    Porque em dar-nos, como nos deu, seu Filho, que sua Palavra nica (e outra no h), tudo nos falou de uma svez nessa nica Palavra, e nada mais tem a falar, (...) pois o que antes falava por partes aos profetas agora nosrevelou inteiramente, dando-nos o Tudo que seu Filho. Se atualmente, portanto, algum quisesse interrogar aDeus, pedindo-lhe alguma viso ou revelao, no s cairia numa insensatez, mas ofenderia muito a Deus porno dirigir os olhares unicamente para Cristo sem querer outra coisa ou novidade alguma.

    (Pargrafos relacionados: 516,2717)

    NO HAVER OUTRA REVELAO

    66. "A Economia crist, portanto, como aliana nova e definitiva, jamais passar, e j no hque esperar nenhuma nova revelao pblica antes da gloriosa manifestao de NossoSenhor Jesus Cristo". Todavia, embora a Revelao esteja terminada, no est explicitada

    por completo; caber f crist captar gradualmente todo o seu alcance ao longo dossculos.

    (Pargrafo relacionado: 94)

    67. No decurso dos sculos houve revelaes denominadas "privadas", e algumas delas tm sidoreconhecidas pela autoridade da Igreja. Elas no pertencem, contudo, ao depsito da f. Afuno delas no "melhorar" ou "completar" a Revelao definitiva de Cristo, mas ajudar a

    viver dela com mais plenitude em determinada poca da histria. Guiado pelo Magistrio daIgreja, o senso dos fiis sabe discernir e acolher o que nessas revelaes constitui um apeloautntico de Cristo ou de seus santos Igreja.

    (Pargrafos relacionados: 84,93)

    A f crist no pode aceitar "revelaes" que pretendam ultrapassar ou corrigir a Revelaoda qual Cristo a perfeio. Este o caso de certas religies no-crists e tambm de certasseitas recentes que se fundamentam em tais "revelaes".

    RESUMINDO

    68. Por amor, Deus revelou-se e doou-se ao homem. Traz assim uma resposta definitiva esuperabundante s questes que o homem se faz acerca do sentido e do objetivo de suavida.

    69. Deus revelou-se ao homem, comunicando-lhe gradualmente seu prprio Mistrio por meiode aes e de palavras.

    70.Para alm do testemunho que Deus d de si mesmo nas coisas criadas, ele manifestou-sepessoalmente aos nossos primeiros pais. Falou-lhes e, depois da queda, prometeu-lhes asalvao e ofereceu-lhes sua aliana.

    71.Deus fez com No uma aliana eterna entre Ele e todos os seres vivos. Esta h de durarenquanto durar o mundo.

    72.Deus escolheu Abrao e fez uma aliana com ele e sua descendncia. Da formou seu povo,ao qual revelou sua lei por intermdio de Moiss. Pelos profetas preparou este povo aacolher a salvao destinada humanidade inteira.

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    73.Deus revelou-se plenamente enviando seu prprio Filho, no qual estabeleceu sua Alianapara sempre. O Filho a Palavra definitiva do Pai, de sorte que depois dele no haveroutra Revelao.

    ARTIGO 2

    A TRANSMISSO DA REVELAO DIVINA

    74. Deus "quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade"(1Tm 2,4), isto , de Jesus Cristo. preciso, pois, que Cristo seja anunciado a todos os

    povos e a todos os homens, e que desta forma a Revelao chegue at as extremidades domundo:

    (Pargrafo relacionado: 851)

    Deus disps com suma benignidade que aquelas coisas que revelara para a salvao de todos os povospermanecessem sempre ntegras e fossem transmitidas a todas as geraes.

    1. A Tradio apostlica

    75. "Cristo Senhor, em quem se consuma a revelao do Sumo Deus, ordenou aos Apstolosque o Evangelho, prometido antes pelos profetas, completado por ele e por sua prpria boca

    promulgado, fosse por eles pregado a todos os homens como fonte de toda a verdadesalvfica e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes os dons divinos."

    (Pargrafo relacionado: 171)

    A PREGAO APOSTLICA...

    76. A transmisso do Evangelho, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras:

    - oralmente - "pelos apstolos, que na pregao oral, por exemplos e instituies,transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivncia e dasobras de Cristo ou aprenderam das sugestes do Esprito Santo";

    - por escrito - "como tambm por aqueles apstolos e vares apostlicos que, sobinspirao do mesmo Esprito Santo, puseram por escrito a mensagem da salvao"

    ...CONTINUADA NA SUCESSO APOSTLICA

    77. "Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apstolosdeixaram como sucessores os bispos, a eles 'transmitindo seu prprio encargo deMagistrio." Com efeito, "a pregao apostlica, que expressa de modo especial nos livrosinspirados, devia conservar-se por uma sucesso contnua at a consumao dos tempos".

    (Pargrafo relacionado: 861)

    78. Esta transmisso viva, realizada no Esprito Santo, chamada de Tradio enquanto distintada Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela. Por meio da Tradio, "a Igreja, emsua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as geraes tudo o que ela , tudo o

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    que cr". "O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presena vivificante destaTradio, cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja crente e orante."

    (Pargrafos relacionados: 174,1124,2651)

    79. Assim, a comunicao que o Pai fez de si mesmo por seu Verbo no Esprito Santopermanece presente e atuante na Igreja: "O Deus que outrora falou mantm um permanentedilogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Esprito Santo, pelo qual a voz viva doEvangelho ressoa na Igreja e atravs dela no mundo, leva os crentes verdade toda e fazhabitar neles abundantemente a palavra de Cristo"

    II. A relao entre a Tradio e a Sagrada Escritura

    UMA FONTE COMUM...

    80. "Elas esto entre si estreitamente unidas e comunicantes. Pois, promanando ambas da

    mesma fonte divina, formam de certo modo um s todo e tendem para o mesmo fim." Tantouma como outra tornam presente e fecundo na Igreja o mistrio de Cristo, que prometeu

    permanecer com os seus "todos os dias, at a consumao dos sculos" (Mt 28,20).

    DUAS MODALIDADES DISTINTAS DE TRANSMISSO

    81. "A Sagrada Escritura a Palavra de Deus enquanto redigida sob a moo do EspritoSanto".

    Quanto Sagrada Tradio, ela "transmite integralmente aos sucessores dos apstolos a

    Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Esprito Santo aos apstolos para que,sob a luz do Esprito de verdade, eles, por sua pregao, fielmente a conservem, exponham edifundam".

    (Pargrafo relacionado: 113)

    82. Dai resulta que a Igreja, qual esto confiadas a transmisso e a interpretao da Revelao,"no deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado somente da Sagrada Escritura.Por isso, ambas devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade ereverncia"

    TRADIO APOSTLICA E TRADIES ECLESIAIS

    83. A Tradio da qual aqui falamos a que vem dos apstolos e transmite o que estesreceberam do ensinamento e do exemplo de Jesus e o que receberam por meio do EspritoSanto Com efeito, a primeira gerao de cristos ainda no dispunha de um NovoTestamento escrito, e o prprio Novo Testamento atesta o processo da Tradio viva.

    Dela preciso distinguir as "tradies" teolgicas, disciplinares, litrgicas ou devocionaissurgidas ao longo do tempo nas Igrejas locais. Constituem elas formas particulares sob asquais a grande Tradio recebe expresses adaptadas aos diversos lugares e s diversaspocas. luz da grande Tradio que estas podem ser mantidas, modificadas ou mesmo

    abandonadas, sob a guia do Magistrio da Igreja.

    (Pargrafos relacionados: 1202,2041,2684)

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    III. A interpretao do depsito da f

    O DEPSITO DA F CONFIADO TOTALIDADE DA IGREJA

    84. "O patrimnio sagrado" da f ("depositum fidei"), contido na Sagrada Tradio e na Sagrada

    Escritura, foi confiado pelos apstolos totalidade da Igreja. "Apegando-se firmemente aomesmo, o povo santo todo, unido a seus Pastores, persevera continuamente na doutrina dosapstolos e na comunho, na frao do po e nas oraes, de sorte que na conservao, noexerccio e na profisso da f transmitida se crie uma singular unidade de esprito entre os

    bispos e os fiis."

    (Pargrafos relacionados: 857,871,2033)

    O MAGISTRIO DA IGREJA

    85. "O ofcio de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado

    unicamente ao Magistrio vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de JesusCristo", isto , foi confiado aos bispos em comunho com o sucessor de Pedro, o bispo deRoma.

    (Pargrafos relacionados: 888,892,2032,2040)

    86. "Todavia, tal Magistrio no est acima da Palavra de Deus, mas a servio dela, noensinando seno o que foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino, com aassistncia do Esprito Santo, piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda efielmente a expe, e deste nico depsito de f tira o que nos prope para ser crido comodivinamente revelado."

    (Pargrafo relacionado: 688)

    87. Os fiis, lembrando-se da palavra de Cristo a seus apstolos: "Quem vos ouve a mim ouve"(Lc 10,16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que seus Pastores lhesdo sob diferentes formas.

    (Pargrafos relacionados: 1548,2037)

    OS DOGMAS DA F

    88. O Magistrio da Igreja empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quandodefine dogmas, isto , quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristo a uma adesoirrevogvel de f, prope verdades contidas na Revelao divina ou verdades que com estastm uma conexo necessria.

    (Pargrafos relacionados: 888,892,2032,2040)

    89. H uma conexo orgnica entre nossa vida espiritual e os dogmas. Os dogmas so luzes nocaminho de nossa f que o iluminam e tornam seguro. Na verdade, se nossa vida for reta,nossa inteligncia e nosso corao estaro abertos para acolher a luz dos dogmas da f.

    (Pargrafo relacionado: 2625)

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    90. Os laos mtuos e a coerncia dos dogmas podem ser encontrados no conjunto da Revelaodo Mistrio de Cristo. "Existe uma ordem ou 'hierarquia' das verdades da doutrina catlica,

    j que o nexo delas com o fundamento da f crist diferente."

    (Pargrafos relacionados: 114,158,234)

    SENSO SOBRENATURAL DA F

    91. Todos os fiis participam da compreenso e da transmisso da verdade revelada. Receberama uno do Esprito Santo, que os instrui e os conduz verdade em sua totalidade.

    (Pargrafo relacionado: 737)

    92. "O conjunto dos fiis... no pode enganar-se no ato de f. E manifesta esta sua peculiarpiedade mediante o senso sobrenatural da f de todo o povo, quando, 'desde os bispos at oltimo dos fiis leigos', apresenta um consenso universal sobre questes de f e costumes."

    (Pargrafo relacionado: 785)

    93. "Por este senso da f, excitado e sustentado pelo Esprito da verdade, o Povo de Deus, sob adireo do sagrado Magistrio, (...) adere indefectivelmente f 'uma vez para sempretransmitida aos santos'; e, com reto juzo, penetra-a mais profundamente e na sua vida acoloca mais perfeitamente em obra."

    (Pargrafo relacionado: 889)

    O CRESCIMENTO NA COMPREENSO DA F

    94. Graas assistncia do Esprito Santo, a compreenso tanto das realidades como daspalavras do depsito da f pode crescer na vida da Igreja:

    (Pargrafo relacionado: 66)

    "Pela contemplao e estudo dos que crem, os quais as meditam em seu corao", em especial "a pesquisateolgica que aprofunda o conhecimento da verdade revelada".

    "Pela ntima compreenso que os fiis desfrutam das coisas espirituais"; "Divina eloquia cum legente crescunt- as palavras divinas crescem com o leitor".

    (Pargrafos relacionados: 2651,2038,2518)

    "Pela pregao daqueles que, com a sucesso episcopal, receberam o carisma seguro da verdade."

    95. "Fica, portanto, claro que segundo o sapientssimo plano divino, a Sagrada Tradio, aSagrada Escritura e o Magistrio da Igreja esto de tal modo entrelaados e unidos que umno tem consistncia sem os outros, e que juntos, cada qual a seu modo, sob a ao domesmo Esprito Santo, contribuem eficazmente para a salvao das almas."

    RESUMINDO

    96. O que Cristo confiou aos apstolos, estes o transmitiram por sua pregao e por escrito,sob a inspirao do Esprito Santo, a todas as geraes, at a volta gloriosa de Cristo.

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    97. "A Sagrada Tradio e a Sagrada Escritura constituem um s sagrado depsito da Palavrade Deus", no qual, como em um espelho, a Igreja peregrinante contempla a Deus, fonte detodas as suas riquezas.

    98. "Em sua doutrina, vida e culto, a Igreja perpetua e transmite a todas as geraes tudo oque ela , tudo o que cr.

    99. Graas a seu senso sobrenatural da f, o Povo de Deus inteiro no cessa de acolher o domda Revelao divina, de penetr-lo mais profundamente e viver dele com mais plenitude.100. O encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus foi confiado

    exclusivamente ao Magistrio da Igreja, ao Papa e aos bispos em comunho com ele.

    ARTIGO 3 - A SAGRADA ESCRITURA

    I. Cristo - Palavra nica da Sagrada Escritura

    101. Na condescendncia de sua bondade, Deus, para revelar-se aos homens, fala-lhes empalavras humanas: Com efeito, as palavras de Deus, expressas por lnguas humanas,fizeram-se semelhantes linguagem humana, tal como outrora o Verbo do Pai Eterno,havendo assumido a carne da fraqueza humana, se fez semelhante aos homens".

    102. Por meio de todas as palavras da Sagrada Escritura, Deus pronuncia uma s Palavra,seu Verbo nico, no qual se expressa por inteiro:

    (Pargrafos relacionados: 65,2763)

    "Lembrai-vos que uma mesma a Palavra de Deus que est presente em todas as Escrituras, que um mesmoVerbo que ressoa na boca de todos os escritores sagrados; ele que, sendo no incio Deus junto de Deus, notem necessidade de slabas, por no estar submetido ao tempo."

    (Pargrafos relacionados: 426,429)

    103. Por este motivo, a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, como venera tambmo Corpo do Senhor. Ela no cessa de apresentar aos fiis o Po da vida tomado da Mesa daPalavra de Deus e do Corpo de Cristo.

    (Pargrafos relacionados: 1100,1184,1378)

    104. Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra incessantemente seu alimento e sua fora,pois nela no acolhe somente uma palavra humana, mas o que ela realmente: a Palavra deDeus "Com efeito, nos Livros Sagrados o Pai que est nos cus vem carinhosamente aoencontro de seus filhos e com eles fala".

    II. Inspirao e verdade da Sagrada Escritura

    105. Deus o autor da Sagrada Escritura. "As coisas divinamente reveladas, que seencerram por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura, foram consignadas sobinspirao do Esprito Santo"

    "A santa Me Igreja, segundo a f apostlica, tem como sagrados e cannicos os livroscompletos tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque,

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    escritos sob a inspirao do Esprito Santo, eles tm Deus como autor e nesta sua qualidadeforam confiados prpria Igreja."

    106. Deus inspirou os autores humanos dos livros sagrados.. "Na redao dos livrossagrados, Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas prprias

    faculdades e capacidades, a fim de que, agindo ele prprio neles e por meio deles,escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e s aquilo que ele prprio queria."107. Os livros inspirados ensinam a verdade. "Portanto, j que tudo o que os autores

    inspirados (ou hagigrafos) afirmam deve ser tido como afirmado pelo Esprito Santo, deve-se professar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdadeque Deus em vista de nossa salvao quis fosse consignada nas Sagradas Escrituras."

    (Pargrafo relacionado: 702)

    108. Todavia, a f crist no uma "religio do Livro". O Cristianismo a religio da"Palavra" de Deus, "no de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo".

    Para que as Escrituras no permaneam letra morta, preciso que Cristo, Palavra eterna deDeus vivo, pelo Esprito Santo nos "abra o esprito compreenso das Escrituras".

    III. O Esprito Santo, intrprete da Escritura

    109. Na Sagrada Escritura, Deus fala ao homem maneira dos homens. Para beminterpretar a Escritura preciso, portanto, estar atento quilo que os autores humanosquiseram realmente afirmar e quilo que Deus quis manifestar-nos pelas palavras deles.

    110. Para descobrir a inteno dos autores sagrados, h que levar em conta as condiesda poca e da cultura deles, os "gneros literrios" em uso naquele tempo, os modos, entocorrentes, de sentir, falar e narrar. "Pois a verdade apresentada e expressa de maneirasdiferentes nos textos que so de vrios modos histricos ou profticos ou poticos, ou nosdemais gneros de expresso."

    111. Mas, j que a Sagrada Escritura inspirada, h outro princpio da interpretaocorreta, no menos importante que o anterior, e sem o qual a Escritura permaneceria letramorta: "A Sagrada Escritura deve tambm ser lida e interpretada com a ajuda daquelemesmo Esprito em que foi escrita". O Conclio Vaticano II indica trs critriospara umainterpretao da Escritura conforme o Esprito que a inspirou:

    112. 1. Prestar muita ateno "ao contedo e unidade da Escritura inteira". Pois, pormais diferentes que sejam os livros que a compem, a Escritura una em razo da unidadedo projeto de Deus, do qual Cristo Jesus o centro e o corao, aberto depois de sua Pscoa

    (Pargrafos relacionados: 128,368)

    O corao de Cristo designa a Sagrada Escritura, que d a conhecer o corao de Cristo. O corao estavafechado antes da Paixo, pois a Escritura era obscura. Mas a Escritura foi aberta aps a Paixo, pois os que apartir da tm a compreenso dela consideram e discernem de que maneira as profecias devem serinterpretadas.

    113. 2. Ler a Escritura dentro "da Tradio viva da Igreja inteira". Consoante um adgiodos Padres, "Sacra Scriptura principalius est in corde Ecclesiae quam in materialibusinstrumentis scripta a sagrada Escritura est escrita mais no corao da Igreja do que nosinstrumentos materiais". Com efeito, a Igreja leva em sua Tradio a memria viva daPalavra de Deus, e o Esprito Santo que lhe d a interpretao espiritual da Escritura("...segundo o sentido espiritual que o Esprito d Igreja").

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    (Pargrafo relacionado: 81)

    114. 3. Estar atento "a anagogia da f" Por "anagogia da f" entendemos a coeso dasverdades da f entre si e no projeto total da Revelao.

    (Pargrafo relacionado: 90)

    Os SENTIDOS DA ESCRITURA

    115. Segundo uma antiga tradio, podemos distinguir dois sentidos da Escritura: osentido literal e o sentido espiritual, sendo este ltimo subdividido em sentido alegrico,moral e analgico. A concordncia profunda entre os quatro sentidos garante toda a suariqueza leitura viva da Escritura na Igreja.

    116. O sentido literal. o sentido significado pelas palavras da Escritura e descobertopela exegese que segue as regras da correta interpretao. "Omnes sensus fundantur superlitteralem - Todos os sentidos (da Sagrada Escritura) devem estar fundados no literal"

    (Pargrafos relacionados: 110-114)

    117. O sentido espiritual. Graas unidade do projeto de Deus, no somente o texto daEscritura, mas tambm as realidades e os acontecimentos de que ele fala, podem ser sinais.

    1. O sentido alegrico. Podemos adquirir uma compreenso mais profunda dosacontecimentos reconhecendo a significao deles em Cristo; assim, a travessia do MarVermelho um sinal da vitria de Cristo, e tambm do Batismo

    2. O sentido moral. Os acontecimentos relatados na Escritura devem conduzir-nos a umjusto agir. Eles foram escritos "para nossa instruo" (1Cor 10,11)

    3. O sentido anaggico. Podemos ver realidades e acontecimentos em sua significaoeterna, conduzindo-nos (em grego: "anagog"; pronuncie "anagogu") nossa Ptria. Assim,a Igreja na terra sinal da Jerusalm celeste.

    118. Um dstico medieval resume a significao dos quatro sentidos:

    Littera gesta docei, quid credas allegoria,

    moralis quid agas, quo tendas anagogia.

    A letra ensina o que aconteceu; a alegoria, o que deves crer;

    a moral, o que deves fazer; a anagogia, para onde deves caminhar.

    119. " dever dos exegetas esforar-se, dentro dessas diretrizes, por entender e expor commaior aprofundamento o sentido da Sagrada Escritura, a fim de que, por seu trabalho comoque preparatrio, amadurea o julgamento da Igreja. Pois todas estas coisas que concernem maneira de interpretar a Escritura esto sujeitas, em ltima instncia, ao juzo da Igreja,que exerce o divino ministrio e mandato do guardar e interpretar a Palavra de Deus"

    (Pargrafo relacionado: 94)

    Ego vero Evangelio non crederem, nisi me catholicae

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    Ecclesiae commoveret auctoritas.

    Eu no creria no Evangelho, se a isto no me levasse a autoridade da Igreja catlica"

    (Pargrafo relacionado: 113)

    IV O Cnon das Escrituras

    120. Foi a Tradio apostlica que fez a Igreja discernir que escritos deviam serenumerados lista dos Livros Sagrados". Esta lista completa denominada "Cnon" dasEscrituras. Ela comporta 46 (45, se contarmos Jr e Lm juntos) escritos para o AntigoTestamento e 27 para o Novo Testamento.

    (Pargrafo relacionado: 1117)

    Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros, Deuteronmio, Josu, Juizes, Rute, os dois livros de

    Samuel, os dois livros dos Reis, os dois livros das Crnicas, Esdras e Neemias, Tobias,Judite, Ester, os dois livros dos Macabeus, J, os Salmos, os Provrbios, o Eclesiastes (ouColet), o Cntico dos Cnticos, a Sabedoria, o Eclesistico (ou Sircida), Isaas, Jeremias,as Lamentaes, Baruc, Ezequiel, Daniel, Osias, Joel, Ams, Abdias, Jonas, Miquias,

    Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, para o Antigo Testamento; osEvangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de Joo, os Atos dos Apstolos, as Epstolasde So Paulo aos Romanos, a primeira e a segunda aos Corintios, aos Glatas, aos Efsios,aos Filipenses, aos Colossenses, a primeira e a segunda aos Tessalonicenses, a primeira e asegunda a Timteo, a Tito, a Filmon, a Epstola aos Hebreus, a Epstola de Tiago, a

    primeira e a segunda de Pedro, as trs Epstolas de Joo, a Epstola de Judas e o Apocalipse,para o Novo Testamento.

    O ANTIGO TESTAMENTO

    121. Antigo Testamento uma parte indispensvel da Sagrada Escritura. Seus livros sodivinamente inspirados e conservam um valor permanente, pois a Antiga Aliana nunca foirevogada.

    (Pargrafo relacionado: 1093)

    122. Com efeito, "a Economia do Antigo Testamento estava ordenada principalmente parapreparar a vinda de Cristo, redentor de todos". "Embora contenham tambm coisasimperfeitas e transitrias", os livros do Antigo Testamento do testemunho de toda a divina

    pedagogia do amor salvfico de Deus: "Neles encontram-se sublimes ensinamentos acercade Deus e uma salutar sabedoria concernente vida do homem, bem como admirveistesouros de preces; nestes livros, enfim est latente o mistrio de nossa salvao"

    (Pargrafos relacionados: 702,763,708,2568)

    123. Os cristos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus. AIgreja sempre rechaou vigorosamente a idia de rejeitar o Antigo Testamento sob o

    pretexto de que o Novo o teria feito caducar (marcionismo).

    O Novo TESTAMENTO

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    124. "A Palavra de Deus, que fora de Deus para a salvao de todo crente, apresentada e manifesta seu vigor de modo eminente nos escritos do Novo Testamento."Estes escritos fornecem-nos a verdade definitiva da Revelao divina. Seu objeto central Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, seus atos, ensinamentos, paixo e glorificao,assim como os incios de sua Igreja sob a ao do Esprito Santo.

    125. OsEvangelhos so o corao de todas as Escrituras, "uma vez que constituem oprincipal testemunho da vida e da doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador".

    (Pargrafo relacionado: 515)

    126. Na formao dos Evangelhos podemos distinguir trs etapas:

    1.A vida e o ensinamento de Jesus. A Igreja defende firmemente que os quatro Evangelhos,"cuja historicidade afirma sem hesitao, transmitem fielmente aquilo que Jesus, Filho deDeus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a eterna salvao deles, at odia em que foi elevado".

    2.A tradio oral. "O que o Senhor dissera e fizera, os apstolos, aps a ascenso doSenhor, transmitiram aos ouvintes, com aquela compreenso mais plena de que gozavam,instrudos que foram pelos gloriosos acontecimentos de Cristo e esclarecidos pela luz doEsprito de verdade."

    3. Os Evangelhos escritos. "Os autores sagrados escreveram os quatro Evangelhos,escolhendo certas coisas das muitas transmitidas ou oralmente ou j por escrito, fazendosntese de outras ou explanando-as com vistas situao das igrejas, conservando, enfim, aforma de pregao, sempre de maneira a transmitir-nos, a respeito de Jesus, coisasverdadeiras e sincera. "

    127. O Evangelho quadriforme ocupa a Igreja um lugar nico, como atestam a veneraoque lhe tributa a liturgia e o atrativo incomparvel que desde sempre tem exercido sobre ossantos:

    (Pargrafo relacionado: 1154)

    No existe nenhuma doutrina que seja melhor, mais preciosa e mais esplndida que o texto do Evangelho.Vede e retende o que nosso Senhor e Mestre, Cristo, ensinou com suas palavras e realizou com seus atos.

    acima de tudo oEvangelho que me ocupa durante as minhas oraes; nele encontro tudo o que necessrio

    para minha pobre alma. Descubro nele sempre novas luzes, sentidos escondidos e misteriosos.

    (Pargrafo relacionado: 2705)

    A UNIDADE ENTRE O ANTIGO E O NOVO TESTAMENTO

    128. A Igreja, j nos tempos apostlicos, e depois constantemente em sua Tradio,iluminou a unidade do plano divino nos dois Testamentos graas tipologia. Esta discerne,nas obras de Deus contidas na Antiga Aliana, prefiguraes daquilo que Deus realizou na

    plenitude dos tempos, na pessoa de seu Filho encarnado.

    (Pargrafos relacionados: 1094,489)

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    129. Por isso os cristos lem o Antigo Testamento luz de Cristo morto e ressuscitado.Esta leitura tipolgica manifesta o contedo inesgotvel do Antigo Testamento. Ela nodeve levar a esquecer que este conserva seu valor prprio de Revelao, que o prprio

    Nosso Senhor reafirmou. De resto tambm o Novo Testamento exige ser lido luz doAntigo. A catequese crist primitiva recorre constantemente a ele. Segundo um adgio

    antigo, o Novo Testamento est escondido no Antigo, ao passo que o Antigo desvendadono Novo "Novum in Vetere latet et in Novo Vetus patet".

    (Pargrafos relacionados: 651,2055,1968)

    130. A tipologia exprime o dinamismo em direo ao cumprimento do plano divino,quando "Deus ser tudo em todos" (1 Cor 15,28), Tambm a vocao dos patriarcas e oxodo do Egito, por exemplo, no perdem seu valor prprio no plano de Deus, pelo fato deserem ao mesmo tempo etapas intermedirias deste plano.

    V. A Sagrada Escritura na vida da Igreja

    131. " to grande o poder e a eficcia encerrados na Palavra de Deus, que ela constituisustentculo e vigor para a Igreja, e, para seus filhos, firmeza da f, alimento da alma, pura e

    perene fonte da vida espiritual." " preciso que o acesso Sagrada Escritura sejaamplamente aberto aos fiis."

    132. "Que o estudo das Sagradas Pginas seja, portanto, como que a alma da SagradaTeologia. Da mesma palavra da Sagrada Escritura tambm se nutre salutarmente esantamente floresce o ministrio da palavra, a saber, a pregao pastoral, a catequese e todaa instruo crist, na qual deve ocupar lugar de destaque a homilia litrgica."

    (Pargrafo relacionado: 94)

    133. A Igreja "exorta com veemncia e de modo peculiar todos os fiis cristos... a que,pela freqente leitura das divinas Escrituras, aprendam 'a eminente cincia de JesusCristo"(Fl 3,8). "Com efeito, ignorar as Escrituras ignorar Cristo".

    (Pargrafos relacionados: 2653,1792)

    RESUMINDO

    134. Omnis Scriptura divina unus liber est, et hic unus liber est Christus, "quia omnis

    Scriptura divina de Christo loquitur, et omn is Scriptura divina in Christo impletur" - Todaa Escritura divina um nico livro, e este livro nico Cristo, j que toda Escritura divinafala de Cristo, e toda Escritura divina se cumpre em Cristo.

    135. "As Sagradas Escrituras contm a Palavra de Deus e, por serem inspiradas, soverdadeiramente Palavra de Deus. "

    136. Deus e o autor da Sagrada Escritura inspirar seus autores humanos; age neles e pormeio dele. Fornece assim a garantia de que seus escritos ensinem sem erro a verdade

    salvfica.137. A interpretao das Escrituras inspiradas deve antes de tudo estar atenta quilo que

    Deus quer revelar por intermdio dos autores sagrados para nossa salvao. O que vem doEsprito s plenamente entendido pela ao do Esprito.

    138. A Igreja recebe e venera como inspirados os 46 livros do Antigo e os 27 livros doNovo Testamento.

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    139. Os quatro Evangelhos ocupam um lugar central, j que Cristo Jesus o centrodeles.

    140. A unidade dos dois Testamentos decorre da unidade do projeto de Deus e de suaRevelao. O Antigo Testamento prepara o Novo, ao passo que este ltimo cumpre oAntigo; os dois se iluminam reciprocamente; os dois so verdadeira Palavra de Deus.

    141. "A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras da mesma forma como o prprioCorpo do Senhor": ambos alimentam e dirigem toda a vida crist. "Tua Palavra almpada para meus ps, e luz para meu caminho" (Sl 119,105).

    CAPTULO III - A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS

    142. Por sua Revelao, "o Deus invisvel, levado por seu grande amor, fala aos homenscomo a amigos, e com eles se entretm para os convidar comunho consigo e nela osreceber". A resposta adequada a este convite a f.

    (Pargrafo relacionado: 1102)143. Pela f, o homem submete completamente sua inteligncia e sua vontade a Deus.

    Com todo o seu ser, o homem d seu assentimento a Deus revelador. A Sagrada Escrituradenomina "obedincia da f" esta resposta do homem ao Deus que revela.

    (Pargrafo relacionado: 2087)

    ARTIGO 1 - EU CREIO (Pargrafos relacionados: 1814-1816)

    144. I. A obedincia da fObedecer ("ob-audire") na f significa submeter-se livremente palavra ouvida, visto quesua verdade garantida por Deus, a prpria Verdade. Desta obedincia, Abrao o modeloque a Sagrada Escritura nos prope, e a Virgem Maria, sua mais perfeita realizao.

    ABRAO "O PAI DE TODOS OS CRENTES"

    145. A Epstola aos Hebreus, no grande elogio f dos antepassados, insisteparticularmente na f de Abrao: "Foi pela f que Abrao, respondendo ao chamado,obedeceu e partiu para uma terra que devia receber como herana, e partiu sem saber para

    onde ia" (Hb 11,8). Pela f, viveu como estrangeiro e como peregrino na Terra Prometida.Pela f, Sara recebeu a graa de conceber o filho da promessa. Pela f, finalmente, Abraoofereceu seu filho nico em sacrifcio.

    (Pargrafos relacionados: 59,2570,489)

    146. Abrao realiza, assim, a definio da f dada pela Epstola aos Hebreus: "A f umaposse antecipada do que se espera, um meio de demonstrar as realidades que no se vem"(Hb 11,1). "Abrao creu em Deus, e isto lhe foi levado em conta de justia" (Rm 4,3).Graas a esta "f poderosa" (Rm 4,20), Abrao tornou-se "o pai de todos os que haveriam decrer" (Rm 4,1 1.18)

    (Pargrafo relacionado: 1819)

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    147. O Antigo Testamento rico em testemunhos desta f. A Epstola aos Hebreusproclama o elogio da f exemplar dos antigos, "que deram o seu testemunho" (Hb 11,2.39).No entanto, "Deus previa para ns algo melhor": a graa de crer em seu Filho Jesus, "o autore realizador da f, que a leva perfeio" (Hb11,40; 12,2).

    (Pargrafo relacionado: 839)

    MARIA "BEM-AVENTURADA A QUE ACREDITOU"

    148. A Virgem Maria realiza da maneira mais perfeita a obedincia da f. Na f, Mariaacolheu o anncio e a promessa trazida pelo anjo Gabriel, acreditando que "nada impossvel a Deus" (Lc 1,37) e dando seu assentimento: "Eu sou a serva do Senhor; faa-seem mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). Isabel a saudou: "Bem-aventurada a queacreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor ser cumprido" (Lc 1,45). em virtudedesta f que todas as geraes a proclamaro bem-aventurada.

    (Pargrafos relacionados: 494,2617,506)

    149. Durante toda a sua vida e at sua ltima provao, quando Jesus, seu filho, morreu nacruz, sua f no vacilou. Maria no deixou de crer "no cumprimento" da Palavra de Deus.Por isso a Igreja venera em Maria a realizao mais pura da f.

    (Pargrafos relacionados: 969,507,829)

    II. "Sei em quem pus minha f" (2Tm 1,12)

    CRER SOMENTE EM DEUS

    150. A f primeiramente uma adeso pessoal do homem a Deus; , ao mesmo tempo einseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou. Como adeso

    pessoal a Deus e assentimento verdade que ele revelou, a f crist diferente da f em umapessoa humana. E justo e bom entregar-se totalmente a Deus e crer absolutamente no que elediz. Seria vo e falso pr tal f em uma criatura

    (Pargrafo relacionado: 222)

    CRER EM JESUS CRISTO, O FILHO DE DEUS

    151. Para o cristo, crer em Deus , inseparavelmente, crer naquele que Ele enviou, "seuFilho bem-amado", no qual Ele ps toda sua complacncia; Deus mandou que Oescutssemos. O prprio Senhor disse a seus discpulos: "Crede em Deus, crede tambm emmim" (Jo 14,1). Podemos crer em Jesus Cristo por que ele mesmo Deus, o Verbo feitocarne: "Ningum jamais viu a Deus: o Filho unignito, que est voltado para o seio do Pai;este o deu a conhecer" (Jo 1,18). Por ter ele "visto o Pai" (Jo 6,46), ele o nico que oconhece e pode revel-lo.

    (Pargrafo relacionado: 424)

    CRER NO ESPRITO SANTO

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    152. No se pode crer em Jesus Cristo sem participar de seu Esprito. E o Esprito Santoque revela aos homens quem Jesus. Pois "ningum pode dizer 'Jesus Senhor' a no ser noEsprito Santo" (1 Cor 12,3). "O Esprito sonda todas as coisas, at mesmo as profundidadesde Deus... O que est em Deus, ningum o conhece a no ser o Esprito de Deus" (1 Cor2,10-11). S Deus conhece a Deus por inteiro. Cremos no Esprito Santo porque Ele Deus.

    (Pargrafos relacionados: 243,683)

    A Igreja no cessa de confessar sua f em um s Deus, Pai, Filho e Esprito Santo

    (Pargrafo relacionado: 232)

    III. As caractersticas da f

    A F UMA GRAA

    153. Quando So Pedro confessa que Jesus o Cristo, Filho do Deus vivo, Jesus lhedeclara que esta revelao no lhe veio "da carne e do sangue, mas de meu Pai que est noscus". A f um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele. "Para que se

    preste esta f, exigem-se a graa prvia e adjuvante de Deus e os auxlios internos doEsprito Santo, que move o corao e o converte a Deus, abre os olhos da mente e d a todossuavidade no consentir e crer na verdade."

    (Pargrafos relacionados: 552,1814,1996,2606)

    A F UM ATO HUMANO

    154. Crer s possvel pela graa e pelos auxlios interiores do Esprito Santo Mas no menos verdade que crer um ato autenticamente humano. No contraria nem a liberdadenem a inteligncia do homem confiar em Deus e aderir s verdades por Ele reveladas. J nocampo das relaes humanas, no contrrio nossa prpria dignidade crer no que outras

    pessoas nos dizem sobre si mesmas e sobre suas intenes e confiar nas promessas delas(como, por exemplo, quando um homem e uma mulher se casam), para entrar assim emcomunho recproca. Por isso, ainda menos contrrio nossa dignidade "prestar, pela f, revelao de Deus plena adeso do intelecto e da vontade" e entrar, assim, em comunhontima com ele.

    (Pargrafos relacionados: 1749,2126)

    155. Na f, a inteligncia e a vontade humanas cooperam com a graa divina: "Credereest actus intellectus assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis a Deo motae per

    gratiam - Crer um ato da inteligncia que assente verdade divina a mando da vontademovida por Deus atravs da graa"

    (Pargrafo relacionado: 2008)

    A F E A INTELIGNCIA

    156. O motivo de crer no o fato de as verdades reveladas aparecerem como verdadeirase inteligveis luz de nossa razo natural. Cremos "por causa da autoridade de Deus querevela e que no pode nem enganar-se nem enganar-nos". "Todavia, para que o obsquio de

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    nossa f fosse conforme razo, Deus quis que os auxlios interiores do Esprito Santofossem acompanhados das provas exteriores de sua Revelao. Por isso, os milagres deCristo e dos santos, as profecias, a propagao e a santidade da Igreja, sua fecundidade eestabilidade "constituem sinais certssimos da Revelao, adaptados inteligncia de todos","motivos de credibilidade" que mostram que o assentimento da f no "de modo algum um

    movimento cego do esprito".

    (Pargrafos relacionados: 1063,2465,548,812)

    157. A f certa, mais certa que qualquer conhecimento humano, porque se funda naprpria Palavra de Deus, que no pode mentir. Sem dvida, as verdades reveladas podemparecer obscuras razo e experincia humanas, mas "a certeza dada pela luz divina maior que a que dada pela luz da razo natural. "Dez mil dificuldades no fazem umanica dvida.

    (Pargrafo relacionado: 2088)

    158. "A fprocura compreender": e caracterstico da f o crente desejar conhecer melhorAquele em quem ps sua f e compreender melhor o que Ele revelou; um conhecimentomais penetrante despertar por sua vez uma f maior, cada vez mais ardente de amor. Agraa da f abre "os olhos do corao" (Ef. 1,18) para uma compreenso viva dos contedosda Revelao, isto , do conjunto do projeto de Deus e dos mistrios da f, do nexo delesentre si e com Cristo, centro do Mistrio revelado. Ora, para "tomar cada vez mais profundaa compreenso da Revelao, o mesmo Esprito Santo aperfeioa continuamente a f pormeio de seus dons. Assim, segundo o adgio de Santo Agostinho, "eu creio paracompreender, e compreendo para melhor crer".

    (Pargrafos relacionados: 2705,1827,90,2518)

    159. F e cincia. "Porm, ainda que a f esteja acima da razo, no poder jamais haververdadeira desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os mistriose infunde a f dotou o esprito humano da luz da razo; e Deus no poderia negar-se a simesmo, nem a verdade jamais contradizer a verdade." "Portanto, se a pesquisa metdica, emtodas as cincias, proceder de maneira verdadeiramente cientfica, segundo as leis morais,na realidade nunca ser oposta f: tanto as realidades profanas quanto as da f originam-sedo mesmo Deus. Mais ainda: quem tenta perscrutar com humildade e Perseverana, ossegredos das coisas, ainda que disso no tome conscincia, e como que conduzido pela mo

    de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo com que elas sejam o que so."(Pargrafos relacionados: 283,2293)

    A LIBERDADE DA F

    160. Para que o ato de f seja humano, "o homem deve responder a Deus, crendo por livrevontade. Por conseguinte, ningum deve ser forado contra sua vontade a abraar a f. Poiso ato de f por sua natureza voluntrio". "Deus de fato chama os homens para servi-lo emesprito e verdade. Com isso os homens so obrigados em conscincia, mas no soforados... Foi o que se patenteou em grau mximo em Jesus Cristo." Com efeito, Cristo

    convidou f e converso, mas de modo algum coagiu. "Deu testemunho da verdade, masno quis imp-la pela fora aos que a ela resistiam. Seu reino... se estende graas ao amorcom que Cristo, exaltado na cruz, atrai a si os homens."

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    (Pargrafos relacionados: 1738,2106,616)

    A NECESSIDADE DA F

    161. E necessrio, para obter esta salvao, crer em Jesus Cristo e naquele que o enviou

    para nossa salvao "Como, porm, "sem f impossvel agradar a Deus' (Hb 11,6) e chegarao consrcio dos seus filhos, ningum jamais pode ser justificado sem ela, nem conseguir avida eterna, se nela no permanecer at o fim" (Mt 10,22; 24,13)".

    (Pargrafos relacionados: 432,1257,846)

    A PERSEVERANA NA F

    162. A f um dom gratuito que Deus concede ao homem. Podemos perder este dominestimvel; So Paulo alerta Timteo sobre isso: 'Combate... o bom combate, com f e boaconscincia; pois alguns, rejeitando a boa conscincia, vieram a naufragar na f" (1Tm 1,18-

    19). Para viver, crescer e perseverar at o fim na f, devemos aliment-la com a Palavra deDeus; devemos implorar ao Senhor que a aumente; ela deve "agir pela caridade" (Gl 5,6),ser carregada pela esperana e estar enraizada na f da Igreja.

    (Pargrafos relacionados: 2089,1037,2016,2573,2849)

    A F- COMEO DA VIDA ETERNA

    163. A f nos faz degustar como por antecipao a alegria e a luz da viso beatfica, metade nossa caminhada na terra. Veremos ento a Deus "face a face" (1Cor 13,12), "tal comoEle " (1Jo 3,2). A f j , portanto, o comeo da vida eterna:

    (Pargrafo relacionado: 1088)

    Enquanto desde j contemplamos as bnos da f, como um reflexo no espelho, como se j possussemos ascoisas maravilhas que um dia desfrutaremos, conforme nos garante nossa f.

    164. Por ora, todavia, "caminhamos pela f, no pela viso" (2Cor 5,7), e conhecemos aDeus "como que em um espelho, de uma forma confusa..., imperfeita" (1Cor 13,12).Luminosa em virtude daquele em que ela cr, a f muitas vezes vivida na obscuridade. Af pode ser posta prova. O mundo em que vivemos muitas vezes parece estar bem longedaquilo que a f nos assegura; as experincias do mal e do sofrimento, das injustias e damorte parecem contradizer a Boa Nova; podem abalar a f e tornar-se para ela uma tentao.

    (Pargrafos relacionados: 2864,309,1502,1006)

    165. ento que devemos nos voltar para as testemunhas da f: Abrao, que creu,"esperando contra toda esperana" (Rm 4,18); a Virgem Maria, que na "peregrinao a f"foi at a "noite da f", comungando com o sofrimento de seu Filho e com a noite de seutmulo e tantas outras testemunhas da f: "Com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor,rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverana para ocertame que nos proposto, com os olhos fixos naquele que autor e realizador da f,

    Jesus" (Hb 12,1-2).(Pargrafo relacionado: 2719)

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    ARTIGO 2 - NS CREMOS

    166. A f um ato pessoal: a resposta livre do homem iniciativa de Deus que se revela.Ela no , porm, um ato isolado. Ningum pode crer sozinho, assim como ningum podeviver sozinho. Ningum deu a f a si mesmo, assim como ningum deu a vida a si mesmo. Ocrente recebeu a f de outros, deve transmiti-la a outros. Nosso amor por Jesus e peloshomens nos impulsiona a falar a outros de nossa f. Cada crente como um elo na grandecorrente dos crentes. No posso crer sem ser carregado pela f dos outros, e pela minha fcontribuo para carregar a f dos outros.

    (Pargrafo relacionado: 875)

    167. "Eu creio": esta a f da Igreja, professada pessoalmente por todo crente,principalmente pelo batismo. "Ns cremos" : esta a f da Igreja confessada pelos bisposreunidos em Conclio ou, mais comumente, pela assemblia litrgica dos crentes. "Eu creio"

    tambm a Igreja, nossa Me, que responde a Deus com sua f e que nos ensina a dizer: "eucreio", "ns cremos".

    (Pargrafos relacionados: 1124,2040)

    I. "Olhai, Senhor, para a f da vossa Igreja"

    168. antes de tudo a Igreja que cr e que desta forma carrega, alimenta e sustenta minhaf. E antes de tudo a Igreja que, em toda parte, confessa o Senhor ("Te per orbem terrarum

    sancta confitetur Ecclesia A vs por toda a terra proclama a Santa Igreja", assim cantamosno Te Deum), e com ela e nela tambm ns somos impulsionados e levados a confessar: "Eu

    creio", "nos cremos". por intermdio da Igreja que recebemos a f e a vida nova no Cristopelo batismo. No "Ritual Romano", o ministro do batismo pergunta ao catecmeno: "Quepedes Igreja de Deus?" E a resposta: "A f." "E que te d a f?" "A vida eterna."

    (Pargrafo relacionado: 1253)

    169. A salvao vem exclusivamente de Deus, mas, por recebermos a vida de f por meioda Igreja, esta ltima nossa me: "Ns cremos na Igreja como a me de nosso novonascimento, e no como se ela fosse a autora de nossa salvao". Por ser nossa me, a Igreja tambm a educadora de nossa f.

    (Pargrafos relacionados: 750,2030)

    II. A linguagem da f

    170. No cremos em frmulas, mas nas realidades que elas expressam e que a f nospermite "tocar". "O ato (de f) do crente no pra no enunciado, mas chega at a realidade(enunciada). Todavia, temos acesso a essas realidades com o auxlio das formulaes da f.Estas permitem expressar e transmitir a f, celebr-la em comunidade, assimil-la e viv-lacada vez mais.

    (Pargrafo relacionado: 186)

    171. A Igreja, que "a coluna e o sustentculo da verdade" (1 Tm 3,15), guarda fielmentea f uma vez por todas confiada aos santos. E ela que conserva a memria das Palavras de

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    Cristo, ela. que transmite de gerao em gerao a confisso de f dos apstolos. Comouma me que ensina seus filhos a falar e, com isto, a, compreender e a comunicar, a Igreja,nossa Me, nos ensina a linguagem da f para introduzir-nos na compreenso e na vida daf.

    (Pargrafos relacionados: 78,84,857,185)

    III. Uma nica f

    172. H sculos, mediante tantas lnguas, culturas, povos e naes, a Igreja no cessa deconfessar sua nica f, recebida de s Senhor, transmitida por um nico batismo, enraizadana convico de que todos os homens tm um s Deus e Pai, So Irineu de Lio, testemunhadesta f, declara:

    (Pargrafo relacionado: 813)

    173. "Com efeito, a Igreja, embora espalhada pelo mundo inteiro at os confins da terra,tendo recebido dos apstolos e dos discpulos deles a f... guarda [esta pregao e esta f]com cuidado, como se habitasse em uma s casa; nelas cr de forma idntica, como setivesse uma s alma; e prega as verdades de f, as ensina e transmite com voz unnime,como se possusse uma s boca".

    (Pargrafo relacionado: 830)

    174. "Pois, se no mundo as lnguas diferem, o contedo da Tradio uno e idntico. Enem as Igrejas estabelecidas na Germnia tm outra f ou outra Tradio, nem as que estoentre os iberos, nem as que esto entre os celtas, nem as do Oriente, do Egito, da Lbia, nemas que esto estabelecidas no centro do mundo..." "A mensagem da Igreja , portanto,verdica e slida, pois nela que um nico caminho de salvao aparece no mundo inteiro."

    (Pargrafo relacionado: 78)

    175. "Esta f que recebemos da Igreja, ns a guardamos com cuidado, pois sem cessar,sob a ao do Esprito de Deus, guisa de um depsito de grande preo encerrado em umvaso precioso, ela rejuvenesce e faz rejuvenescer o prprio vaso que a contm."

    RESUMINDO

    176. A f uma adeso pessoal do homem inteiro a Deus que se revela. Ela inclui umaadeso da inteligncia e da vontade Revelao que Deus fez de si mesmo por suas aes e

    palavras.177. Por conseguinte, "crer" tem uma dupla referncia: pessoa e verdade; verdade,

    por confiana na pessoa que a atesta.178. No devemos crer em ningum a no ser em Deus, o Pai, o Filho e o Esprito Santo179. A f um dom sobrenatural de Deus. Para crer, o homem tem necessidade dos

    auxlios interiores do Esprito Santo180. "Crer" e um ato humano, consciente e livre, que corresponde dignidade da pessoa

    humana.

    181. "Crer" e um ato eclesial. A f da Igreja precede, gera, tenta e alimenta nossa f. AIgreja a me de todos os crentes. "Ningum pode ter a Deus por Pai, que no tenha Igrejapor me. "

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    182. "Ns cremos em tudo o que est contido na Palavra de Deus escrita ou transmitida,e que a Igreja prope a crer c divinamente revelado. "

    183. A f necessria salvao. O prprio Senhor afirma: "Aquele que crer e forbatizado ser salvo; aquele que no crer ser condenado" (Mc 16, 16).

    184. "A f um antegozo do conhecimento que nos tornar bem-aventurados na vida

    futura".

    O CREDO

    Smbolo dos Apstolos Smbolo niceno-constantinopolitano

    Creio em Deus

    Pai Todo-Poderoso,

    criador do cu e da terra.

    Creio em um s Deus,

    Pai Todo-P

    criador do

    de todas as

    E em Jesus Cristo,

    seu nico Filho,

    Nosso Senhor,

    Creio em um s Senhor, Jesus Cristo

    Filho Unig

    nascido do

    Luz da Luz

    Deus verda

    gerado, no

    consubstan

    Por ele tod

    E por ns,

    que foi concebido pelo poder do

    espirito Santo,

    nasceu da Virgem Maria,

    padeceu sob Pncio Pilatos,

    foi crucificado, morto

    e sepultado.

    Desceu manso dos mortos,

    e se encarnou pelo Esprito Santo,

    no seio da

    e se fez ho

    Tambm p

    Pncio Pila

    padeceu e f

    Ressuscitou

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    Ressuscitou ao terceiro dia, conforme a

    subiu aos cus

    est sentado direita de Deus Pai

    Todo-Poderoso,

    donde h de vir a julgar os vivos e os mortos.

    e subiu aos cus,

    onde est s

    E de novo h

    para julgar

    e o seu rein

    Creio no Esprito Santo, Creio no Esprito Santo,

    Senhor que

    e procede d

    e com o Pai

    adorado e

    na Santa Igreja catlica,

    na comunho dos santos,

    Ele que falou pelos profetas.

    Creio na Ig

    una, santa,na remisso dos pecados,

    na ressurreio da carne,

    na vida eterna. Amm.

    Professo um s batismo

    para a remi

    E espero a

    e a vida do

    Amm.

    PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEO

    A PROFISSO DA F CRIST

    OS SMBOLOS DA F

    185. Quem diz creio diz "dou minha adeso quilo que no cremos". A comunho na fprecisa de uma linguagem comum da f, normativa para todos e que una na mesma

    confisso de f..

    (Pargrafos relacionados: 171,949)

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    186. Desde a origem, a Igreja apostlica exprimiu e transmitiu sua prpria f em frmulasbreves e normativas para todos. Mas j muito cedo a Igreja quis tambm recolher o essencialde sua f em resumos orgnicos e articulados, destinados sobretudo aos candidatos aoBatismo:

    Esta sntese da f no foi elaborada segundo as opinies humanas mas da Escritura inteirarecolheu-se o que existe de mais importante, para dar, na sua totalidade, a nica doutrina daf. E assim com a semente de mostarda contm em um pequenssimo gro um grandenmero de ramos, da mesma forma este resumo da f encerra em algumas palavras todo oconhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento.

    187. Estas snteses da f chamam-se "profisses de f", pois resumem a f que os cristosprofessam. Chamam-se "Credo" em razo da primeira palavra com que normalmentecomeam: "Creio". Denominam-se tambm "Smbolos da f".

    188. A palavra grega "symbolon" significava a metade de um objeto quebrado (porexemplo, um sinete) que era apresentada como sinal de reconhecimento. As partes

    quebradas eram juntadas para se verificar a identidade do portador. O "smbolo da f" ,pois, um sinal de reconhecimento e de comunho entre os crentes. "Symbolon" passa emseguida a significar coletnea, coleo ou sumrio. O "smbolo da f" a coletnea das

    principais verdades da f. Da o fato de ele servir como ponto de referncia primeiro efundamental da catequese.

    189. A primeira "profisso de f" feita por ocasio do Batismo. O "smbolo da f" inicialmente o smbolo batismal. Uma vez que o Batismo dado "em nome do Pai e doFilho e do Esprito Santo" (Mt 28,19), as verdades de f professadas por ocasio do Batismoesto articuladas segundo sua referncia s trs pessoas da Santssima Trindade.

    (Pargrafos relacionados: 1237,232)

    190. O smbolo est, pois, dividido em trs partes: "Primeiro, fala-se da primeira Pessoadivina e da obra admirvel da criao; em seguida, da segunda Pessoa divina e do Mistrioda Redeno dos homens; finalmente, da terceira Pessoa divina, fonte e princpio de nossasantificao". Esses so "os trs captulos de nosso selo (batismal)".

    191. "Estas trs partes so distintas, embora interligadas. Segundo uma comparao usadacom freqncia pelos Padres, chamamo-las de artigos. Pois da mesma forma que em nossosmembros existem certas articulaes que os distinguem e os separam, assim tambm nesta

    profisso de f, com acerto e razo, se deu o nome de artigos s verdades em que devemoscrer especificamente e de forma distinta". Segundo uma antiga tradio, j atestada por

    Santo Ambrsio, tambm se costuma contar doze artigos do Credo, simbolizando com onmero dos apstolos o conjunto da f apostlica.192. As profisses ou smbolos da f tm sido numerosos ao longo dos sculos e em

    resposta s necessidades das diversas pocas: os smbolos das diferentes Igrejas apostlicase antigas, o Smbolo "Quicumque", dito de Santo Atansio, as profisses de f de certosConclios (Toledo; Latro; Lio; Trento) ou de certos papas, como a "Fides Damasi"(Profisso de F de So Dmaso) ou o "Credo do Povo de Deus" [SPF], de Paulo VI (1968).

    193. Nenhum dos smbolos das diferentes etapas da vida da Igreja pode ser consideradoultrapassado e intil. Eles nos ajudam a viver e a aprofundar hoje a f de sempre por meiodos diversos resumos que dela tm sido feitos.

    Entre todos os smbolos da f, dois ocupam um lugar particularssimo na vida da Igreja.

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    194. O Smbolo dos Apstolos, assim chamado por ser, com razo considerado o resumofiel da f dos apstolos. o antigo smbolo batismal da Igreja de Roma. Sua grandeautoridade vem do seguinte ato: "Ele o smbolo guardado pela Igreja Romana, aquela ondePedro, o primeiro apstolo, teve sua S e para onde ele trouxe comum expresso de f(sententia communis = opinio comum)".

    195. O Smbolo denominado niceno-constantinopolitano tem sua grande autoridade nofato de ter resultado dos dois primeiros Conclios ecumnicos (325 e 381). Ainda hoje ele comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente."

    (Pargrafos relacionados: 242,245,465)

    196. Nossa exposio da f seguir o Smbolo dos Apstolos que constitui, por assimdizer, "o mais antigo catecismo romano. Contudo, a exposio ser completada porconstantes referncias ao Smbolo niceno-constantinopolitano, muitas vezes mais explcito emais detalhado.

    197. Como no dia de nosso batismo, quando toda a nossa vida foi confiada "a regra de

    doutrina" (Rm 6,17), acolhamos Smbolo de nossa f que da vida. Recitar com f o Credoentrar em comunho com Deus Pai, Filho e Esprito Santo tambm entrar em comunhocom a Igreja inteira, que nos transmite a f e no seio da qual cremos:

    (Pargrafos relacionados: 1064,1274)

    Este Smbolo o selo espiritual, a meditao do nosso corao e o guardio sempre presente; ele ,seguramente, o tesouro da nossa alma.

    CAPTULO I - CREIO EM DEUS PAI

    198. Nossa profisso de f comea com Deus, pois Deus o Primeiro e o ultimo" (Is44,6), o Comeo e o Fim de tudo. O Credo comea com Deus Pai, pois o Pai a PrimeiraPessoa Divina da Santssima Trindade; nosso Smbolo comea pela criao do cu e daterra, porque a criao o comeo e o fundamento de todas as obras de Deus.

    ARTIGO 1

    "CREIO EM DEUS PAI TODO-PODEROSO,

    CRIADOR DO CU E DA TERRA"

    PARGRAFO 1 - CREIO EM DEUS

    199. "Creio em Deus": esta primeira afirmao da profisso de f tambm a maisfundamental. O Smbolo inteiro fala de Deus, e, se fala tambm do homem e do mundo, f-lo pela relao que eles tm com Deus. Os artigos do Credo dependem todos do primeiro, damesma forma que os mandamentos explicitam o primeiro deles. Os demais artigos nosfazem conhecer melhor a Deus tal como se revelou progressivamente aos homens. "Os fiisfazem primeiro profisso de crer em Deus".

    (Pargrafo relacionado: 2083)

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    I. "Creio em um s Deus"

    200. com estas palavras que comea o Smbolo niceno-constantinopolitano. A confissoda Unicidade de Deus, que tem sua raiz na Revelao Divina da Antiga Aliana, inseparvel da confisso da existncia de Deus, e igualmente fundamental. Deus nico, s

    existe um Deus. "A f crist confessa que h Um s Deus, por natureza, por substncia e poressncia."

    (Pargrafo relacionado: 2085)

    201. A Israel, seu eleito, Deus revelou-se como o nico: "Ouve, Israel: O Senhor nossoDeus o nico Senhor! Portanto, amars o Senhor teu Deus com todo o teu corao, comtoda a tua alma e com toda a tua fora" (Dt 6,4-5). Por meio dos profetas, Deus chama Israele todas as naes a se voltarem para Ele, nico: "Voltai-vos para mim e sereis salvos, todosos confins da terra, porque eu sou Deus e no h nenhum outro!... Com efeito diante de mimse dobrar todo joelho, toda lngua h de jurar por mim, dizendo: S no Senhor h justia e

    fora".

    (Pargrafo relacionado: 2083)

    202. Jesus mesmo confirma que Deus "o nico Senhor" e que preciso am-lo de todo ocorao, com toda a alma, com todo o esprito e com todas as foras. Ao mesmo tempo, d aentender que ele mesmo "o Senhor". Confessar que "Jesus Senhor" o especfico da fcrist. Isso no contraria a f em Deus nico. Crer no Esprito Santo "que Senhor e d aVida" no introduz nenhuma diviso no Deus nico:

    (Pargrafos relacionados: 446,152,42)

    Cremos firmemente e afirmamos simplesmente que h um s verdadeiro Deus eterno,imenso e imutvel, incompreensvel, Todo-Poderoso e inefvel, Pai, Filho e EspritoSanto: Trs Pessoas, mas uma Essncia, uma Substncia ou Natureza absolutamentesimples.

    II. Deus revela seu nome

    203. A seu povo, Israel, Deus revelou-se, dando-lhe a conhecer o seu nome. O nomeexprime a essncia, a identidade da pessoa e o sentido de sua vida. Deus tem um nome. Ele

    no uma fora annima. Desvendar o prprio nome dar-se conhecer aos outros; , decerto modo, entregar-se a si mesmo, tomando-se acessvel, capaz de ser conhecido maisintimamente e de ser chamado pessoalmente.

    (Pargrafo relacionado: 2143)

    204. Deus revelou-se progressivamente a seu povo e com diversos nomes, mas arevelao do nome divino feita a Moiss na teofania da sara ardente, pouco antes do xodoe da Aliana do Sinai, que se tomou a revelao fundamental para a Antiga e a NovaAliana.

    (Pargrafo relacionado: 63)

    O DEUS VIVO

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    205. Deus chama Moiss do meio de uma sara que queima sem consumir-se. Ele diz aMoiss: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abra o, o Deus de Isaac e o Deus de Jac" (Ex3,6). Deus o Deus dos pais, Aquele que havia guiado os patriarcas em suas peregrinaes.Ele o Deus fiel e compassivo que se lembra deles e de suas prprias promessas; vem paralibertar seus descendentes da escravido. Ele o Deus que, para alm do espao e do tempo,

    pode e quer faz-lo, e que colocar sua onipotncia em ao a servio desse projeto.

    (Pargrafos relacionados: 2575,268)

    "Eu sou AQUELE QUE "

    Moiss disse a Deus: "Quando eu for aos filhos de Israel e disser: O Deus de vossos pais me enviou at vs", eme perguntarem: "Qual o seu nome?", que direi?" Disse Deus a Moiss: "Eu sou AQUELE QUE ". Dissemais: "Assim dirs aos filhos de Israel: "EU SOU me enviou at vs"... Este o meu nome para sempre, e estaser a minha lembrana de gerao em gerao (Ex 3,13-15).

    206. Ao revelar seu nome misterioso de Iahweh, "Eu sou AQUELE QUE " ou "Eu SouAquele que SOU" ou tambm "Eu sou Quem sou", Deus declara quem Ele e com quenome se deve cham-lo. Este nome divino misterioso como Deus mistrio. Ele aomesmo tempo um nome revelado e como que a recusa de um nome, e por isso m