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7/30/2019 catequese-a-criao-eh-dom-do-amor-de-deus-13-12-1978
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Catequese do Papa Joo Paulo II
Audincia Geral,(Quarta-feira, 13 de Dezembro de 1978)[a]
A Criao dom do Amor de Deus
1. J pela terceira vez nestes nossos encontros das quartas-feiras, escolho o tema do Advento, seguindo o ritmo da liturgia,que, do modo mais simples e ao mesmo tempo mais profundo,nos introduz na vida da Igreja. O Conclio Vaticano II, que nosdeu uma doutrina rica e universal sobre a Igreja, chamou anossa ateno tambm para a Liturgia. Por meio delaconhecemos no s o que a Igreja, mas experimentamos, dia
aps dia, aquilo de que ela vive. Tambm ns disso vivemosporque somos a Igreja: A Liturgia ... contribui no mais altograu para que os fiis, pela sua vida, exprimam e manifestemaos outros o mistrio de Cristo e a autntica natureza daverdadeira Igreja. F. prprio desta, ser humana ao mesmotempo que divina, visvel e dotada de elementos invisveis,ardente em aco e ocupada na contemplao, presente e nomundo e todavia peregrina (Const. Sacrosanctum Concilium,2).
Ora a Igreja vive o Advento e por isso os nossos encontrosdas quartas-feiras esto centrados em tal perodo litrgico.Advento significa Vinda. Para penetrar na realidade doAdvento, procurmos at agora olhar na direco de quemchega e para quem chega. Falmos portanto dum Deus que, aocriar o inundo, se revela a si mesmo: dum Deus Criador. E na
quarta-feira passada falmos do homem. Hoje continuaremospara encontrar resposta mais completa pergunta: Porqu oAdvento? Porque vem Deus? Porque quer vir ao homem?
A liturgia do Advento funda-se principalmente sobre textosdos Profetas do Antigo Testamento. Nela fala quase todos osdias o profeta Isaas. Era este, na histria do Povo de Deus da
[a] Copyright 1978 - Libreria Editrice Vaticana; site:
Observao em portugus de Portugal.
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Antiga Aliana, especial intrprete da promessa, que tal Povo tinhaanteriormente obtido de Deus na pessoa do seu tronco de famlia:Abrao. Como todos os outros profetas, e talvez mais que todos,Isaas reforava nos seus contemporneos a f nas promessas de
Deus confirmadas pela Aliana no sop do monte Sinai. Ensinavasobretudo a perseverana na espera e na fidelidade: Povo de Sio oSenhor vir e far ouvir a sua voz majestosa para alegria do vossocorao (Cfr. Is. 30, 19.30).
Quando Cristo estava no mundo vrias vezes se referiu s palavrasde Isaas. Dizia claramente: Cumpriu-se hoje esta passagem daEscritura, que acabais de ouvir (Lc. 4. 21).
3. A liturgia do Advento de carcter histrico. A expectativa davinda do Ungido (Messias) foi um processo histrico. Penetrou, comefeito, toda a histria de Israel, que foi escolhido precisamente a fimde que preparasse a vinda do Salvador.
As nossas consideraes vo porm, em certo modo, alm daliturgia quotidiana do Advento. Voltemos portanto pergunta basilar.Porque vem Deus? Por que motivo quer Ele vir ao homem,humanidade? A estas perguntas buscamos respostas adequadas e
buscamo-las nos incios mesmos, isto , antes ainda de comear ahistria do Povo eleito. Este ano, a nossa ateno dirige-se aosprimeiros captulos do livro do Gnesis. O advento histrico noseria compreensvel sem cuidadosa leitura e anlise daquelescaptulos.
Por conseguinte, ao buscar uma resposta pergunta porqu? oadvento, devemos uma vez mais reler atentamente toda a narrativa dacriao do mundo e, em especial, da criao do homem.
significativo (como j tive ocasio de insinuar) que os dias dacriao, cada um deles termine com a afirmao Deus viu que istoera bom; mas, depois da criao do homem, est: ... viu que istoera muito bom. Esta verificao, como j disse na semana passada,une-se bno da criao e sobretudo a uma bno explcita dohomem.
Em toda esta descrio ,est diante de ns um Deus que, para usar
a expresso de So Paulo, se compraz da verdade, do bem (Cfr. 1Cor.13, 6). Onde est a alegria, que promana do bem, ai h amor. E s
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onde h amor, h a alegria que promana do bem. O livro do Gnesis,desde os seus primeiros captulos, revela-nos Deus que Amor(embora de tal expresso se venha a servir muito mais tarde SoJoo). Ele Amor, pois goza com o bem. A criao , portanto, ao
mesmo tempo doao autntica: onde h amor, h dom.O livro do Gnesis indica o incio da existncia do mundo e do
homem. Interpretando-a, devemos sem dvida, como fez So Tomsde Aquino, construir uma filosofia consequente do ser, filosofia emque vir expressa a ordem mesma da existncia. Todavia o livro doGnesis fala da criao como dom. Deus, criador do mundo visvel, dador; e o homem aquele que recebe o dom. aquele para o qualDeus cria o mundo visvel, aquele que Deus, desde os incios,introduz no s na ordem da existncia, mas tambm na ordem dadoao. Ser o homem imagem e semelhana de Deus significa,alm do mais, ser ele capaz de receber o dom, ser sensvel a este dome ser capaz de o retribuir. Exactamente por isso Deus, desde oprincipio, estabelece com o homem, e s com ele, a aliana. O livrodo Gnesis revela-nos no s a ordem natural da existncia, mas aomesmo tempo, desde o principio, a ordem sobrenatural da graa. Da
graa s podemos falar se admitimos a realidade do Dom. Docatecismo recordemos: a graa o dom sobrenatural de Deus peloqual nos tornamos filhos de Deus e herdeiros do cu.
4. Que relao tem tudo isto com o Advento? Podemos com razoperguntar-nos. Respondo: o Advento desenhou-se pela primeira vezno horizonte da histria do homem; quando Deus se revelou a Simesmo como Aquele que se compraz do bem, que ama e que d.Neste dom ao homem, Deus no se limitou a dar-lhe o mundo
visvel isto claro desde o princpio mas, dando ao homem omundo visvel, Deus quer dar-se-lhe tambm a Si mesmo, assimcomo o homem capaz de dar-se, assim como se d a si mesmo aoutro homem: de pessoa a pessoa; isto , dar-se a Si mesmo a ele,admitindo-o participao dos Seus mistrios, mais, participaoda Sua vida. Isto pratica-se de modo tangvel nas relaes entrefamiliares: marido-esposa, pais-filhos. Eis porque os profetas se
referem muitas vezes a tais relaes, para mostrarem a verdadeiraimagem de Deus.
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A ordem da graa possvel s no mundo das pessoas. Dizrespeito ao dom que tende sempre formao e comunho daspessoas; de facto, o livro do Gnesis apresenta-nos uma tal doao. Aforma, desta comunho de pessoas est nele desenhada desde o
princpio. O homem chamado familiaridade com Deus, intimidade e amizade cone Ele. Deus quer estar perto dele. Quertorn-lo participante dos seus desgnios. Quer torn-lo participante dasua vida. Quer torn-lo feliz da sua mesma felicidade (do seu mesmoSer).
Por tudo isto necessria a Vinda de Deus, e a expectativa dohomem: a disponibilidade do homem.
Sabemos que o primeiro homem, que desfrutava da inocnciaoriginal e duma especial vizinhana com o seu Criador, nodemonstrou essa disponibilidade. A primeira aliana de Deus com ohomem foi interrompida, mas no cessou da parte de Deus a vontadede salvar o homem. No se desfez a ordem da graa, e por isso oAdvento dura sempre.
A realidade do Advento expressa tambm pelas seguintespalavras de So Paulo: Deus... quer que todos os homens se salvem
e cheguem ao conhecimento da verdade (1Tim 2,4
).Esse Deus quer exactamente o Advento, e encontra-se na basede todos os adventos.
* * *Saudaes
Academia Sistina
Desejo agora dirigir uma saudao especial ao Senhor CardealPalazzini e aos Membros da "Academia Sistina" por eleacompanhados.
Sei que j o meu muito amado Predecessor Paulo VI encontroumodo, o ano passado, de manifestar o Seu apreo pela vossaAssociao, nessa altura constituda. Tambm eu tenho o prazer de
confirmar tal sentimento, animando-vos nesta vossa actividade deinvestigao a respeito da grande figura do Papa Sisto V e, em geral,
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da promoo cultural e humana no nome e na memria deste ilustre eainda hoje admirado Pontfice da Igreja Romana.
Convosco Scios da Academia, desejo tambm saudar e abenoaros peregrinos que se reuniram aqui, vindos da sua terra natal.
Aos jovens casais
Dirijo depois uma saudao cordial e um augrio sincero aosjovens esposos que tambm hoje esto aqui presentes em bonsnmero. Abenoe o Senhor o vosso amor, esteja Ele perto de vs evos acompanhe durante a vida, que escolhestes percorrer juntos, at morte.
Aos doentinhos
Uma saudao e uma bno especial aos doentinhos que estoaqui presentes e a todos os que sofrem. O meu pensamento corre echega a toda a parta onde a dor fsica ou moral atormenta e mortificano mundo seres humanos.
Seguindo as crnicas quotidianas, encontram-se dramas esofrimentos que apertam o corao. Em especial desejaria recordartodos aqueles que se encontram na aflio por causa duma forma deviolncia que se tornou, por desgraa, to frequente nestes ltimosanos: a dos sequestros.
uma praga indigna de Pases civilizados, que chegouinfelizmente a formas de crueldade que horrorizam.
Em nome de Deus suplico aos responsveis queiram dar liberdadequeles que retm em sequestro e lembro-lhes que Deus castiga asms aces dos homens. Toque o Senhor verdadeiramente os seuscoraes e leve a que triunfe aquela centelha de humanidade que nopode faltar aos seus nimos, obtendo-se deste modo remate plausvelpala um acto muito lastimoso.