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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL Cavalo do Sorraia, uma raça ameaçada: Márcia Filipa Marujo Pinheiro MESTRADO EM BIOLOGIA DA CONSERVAÇÂO 2008 medidas de conservação e gestão genética.

Cavalo do Sorraia, uma raça ameaçada: medidas de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1225/1/18903_ULFC080463_TM.pdf · A análise da genealogia como ferramenta de grande utilidade

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Cavalo do Sorraia, uma raça ameaçada:

Márcia Filipa Marujo Pinheiro

MESTRADO EM BIOLOGIA DA CONSERVAÇÂO

2008

medidas de conservação e gestão genética.

Orientador: Professora Doutora Maria do Mar Oom

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Cavalo do Sorraia, uma raça ameaçada:

Márcia Filipa Marujo Pinheiro

MESTRADO EM BIOLOGIA DA CONSERVAÇÂO

2008

medidas de conservação e gestão genética.

“There is something about the outside of a horse that is good

for the inside of a man.”

Winston Churchill

Nota Prévia

Ao longo do intervalo de tempo em que decorreu este Mestrado, diversas foram as

tarefas desenvolvidas no âmbito da estratégia de conservação implementada na raça

Sorraia pela mão da sua respectiva associação de criadores. Dada a diferente natureza de

cada um destes trabalhos, encontra-se a presente dissertação dividida em três partes

fundamentais, totalmente independentes entre si e abarcando diferentes vertentes no

domínio da conservação de populações ameaçadas. Os objectivos a cumprir em cada

uma destas tarefas encontram-se definidos no início de cada capítulo e os resultados

apresentados de seguida, acompanhados pela respectiva discussão e conclusões. Por fim

os vários resultados alcançados ao longo deste tempo são enunciados e confrontados nas

“Considerações finais”, discutindo-se a sua importância relativa na preservação desta

raça de tão grande valor.

Não existindo quaisquer linhas orientadoras no que se refere ao modelo de apresentação

das diferentes referências bibliográficas consultadas, foi adoptada nesta dissertação a

estrutura que se encontra descrita na revista indexada Journal of Animal Breeding and

Genetics.

Conteúdos Agradecimentos xi

Resumo xiii

Abstract xiv

Capítulo I. Introdução 1 1. O cavalo doméstico e o declínio da biodiversidade .....................................................2

2. O Cavalo do Sorraia: uma raça ameaçada ....................................................................6

3. Objectivos ...................................................................................................................13

Capítulo II. Adaptação e optimização do programa Gescab 2000 Losina para a

gestão do Studbook da raça Sorraia 14

1. O Studbook como instrumento fundamental na gestão de uma raça ..........................15

2. Materiais e Métodos ...................................................................................................18

2.1. Introdução dos dados populacionais ........................................................................18

2.2. Avaliação das competências do programa ...............................................................21

2.2.1. Menus de registo ...................................................................................................21

2.2.2. Cálculos ................................................................................................................22

2.3. Pedido de alterações ................................................................................................24

2.4. Introdução de dados complementares .....................................................................26

2.5. Controlo de filiação .................................................................................................26

3. Resultados e Discussão ...............................................................................................27

4. Conclusão ...................................................................................................................36

Capítulo III. Caracterização da variabilidade genética e estrutura demográfica da

raça Sorraia através da análise da informação genealógica 38

1. A análise da genealogia como ferramenta de grande utilidade para a eficaz gestão de

uma raça ..........................................................................................................................39

2. Materiais e Métodos ...................................................................................................42

2.1. Preparação do ficheiro .............................................................................................42

2.2. Parâmetros demográficos ........................................................................................43

2.3. Parâmetros genéticos ...............................................................................................45

3. Resultados e Discussão ...............................................................................................48

3.1. Análises demográficas .............................................................................................48

3.2. Análises genéticas ...................................................................................................57

4. Conclusão ...................................................................................................................74

Capítulo IV. Acções de promoção, divulgação e avaliação da raça Sorraia 77

1. Importância da divulgação no âmbito da conservação de uma raça ameaçada ..........78

2. Materiais e Métodos ...................................................................................................80

2.1. Reformulação da página web da AICS ....................................................................80

2.2. Feiras e eventos .......................................................................................................82

3. Resultados e Discussão ...............................................................................................83

4. Conclusão ...................................................................................................................92

Considerações finais 94 Referências bibliográficas 97 Anexos 111 Anexo 1. Padrão da raça Sorraia ..................................................................................112 Anexo 2. Certificado de Filiação ..................................................................................115 Anexo 3. Certificado de Inscrição ................................................................................116

Agradecimentos Já dizia Aristóteles na sua obra Metaphysica, publicada há mais de 2000 anos, que “o

todo é maior que a soma das partes”. Tal como acontece em tantas outras situações do

nosso quotidiano, também ao longo do presente Mestrado esta máxima poderia ser

aplicada na perfeição, tendo sido fundamental o contributo de um vasto conjunto de

pessoas a quem me cabe, desde já, agradecer:

À Professora Doutora Maria do Mar Oom, por me ter permitido realizar este trabalho e

por todo o seu apoio e incentivo ao longo deste tempo, sobretudo naqueles momentos

em que tudo parece mais difícil. Obrigada pela confiança!

Ao Dr. Ignacio Melgarejo, pela sua simpatia e pela paciência demonstrada em todas as

reuniões.

Ao Dr. Félix Goyache, por todo o seu interesse e prontidão de resposta a todas as

dúvidas solicitadas.

À Ana Isabel e à Sandra pela amizade de longa data que perdura mesmo apesar das

distâncias e dos longos períodos que passamos sem nos vermos!

Ao gang da Biologia Humana e Ambiente, Mónica, Margarida, Patrícia, Inês, Fernanda,

Cristina e Ana pelos momentos inesquecíveis que fomos vivendo (e vamos continuar a

viver) em cada jantar, saída ou viagem!!! Obrigada por incluírem uma intrusa no

núcleo!

À Teresa, pela incansável prontidão em ajudar, pela companhia nos dias intensivos de

trabalho na biblioteca, pelas conversas via Messenger, por se ter tornado uma verdadeira

amiga!

Ao Hugo, pelos esclarecimentos informáticos tão úteis na elaboração do website.

xi

Ao Tobias, a avezinha mais mimada de todas, simplesmente por existires e por me teres

feito descobrir quão forte pode ser a amizade entre seres de espécies diferentes!

Obrigada pela companhia nas noitadas de trabalho!

Ao Diogo. Para ti, um obrigado muito especial, por seres o meu pequenino, o meu

melhor amigo, o meu “apoiador de serviço”. Obrigada pela ajuda em todas as revisões

sem nunca teres reclamado… APADOPOROPO-TEPE!!!

A toda a minha família, em particular aos meus pais, por serem os meus grandes pilares

e por estarem SEMPRE, SEMPRE, SEMPRE lá…

xii

Resumo O Cavalo do Sorraia constitui, para além do Lusitano e do Garrano, uma das poucas

raças equinas autóctones presentes a nível nacional, sendo considerado um cavalo

primitivo e o mais provável ancestral das actuais raças de cavalo de sela da Península

Ibérica. Com um efectivo a rondar os 200 indivíduos, integra a lista das raças raras

(particularmente ameaçadas) definidas no mais recente PDR nacional e é classificada

como “critical-maintained” de acordo com os critérios estabelecidos pela FAO. Inserido

no programa de conservação in situ actualmente em curso sob o escrutínio da

associação de criadores, pretendeu-se com este Mestrado contribuir para o aumento da

eficácia das medidas de conservação e gestão genética que se revelam essenciais para a

preservação desta raça equina tão peculiar. Com a realização deste trabalho, todos os

dados populacionais ficaram disponíveis num software especialmente desenvolvido

para a gestão do Studbook de raças autóctones ameaçadas, o qual foi adaptado e

optimizado para o tornar um importante instrumento na gestão do Cavalo do Sorraia.

Por outro lado, no contexto da monitorização periódica dos índices de variabilidade,

importante no delineamento de planos de conservação cada vez mais adequados, foram

obtidos diversos parâmetros genéticos e demográficos populacionais (alguns nunca

antes calculados) a partir dos dados genealógicos disponíveis recorrendo ao programa

ENDOG v.4.0, os quais vieram a revelar os baixos valores de diversidade que

caracterizam a raça e que estão de acordo com os resultados que têm sido descritos ao

longo dos últimos anos. O presente trabalho passou ainda pela colaboração em diversas

acções de avaliação, promoção e divulgação da raça Sorraia (sobretudo através da

reformulação e enriquecimento do website a ela dedicado) na tentativa de aumentar o

número de interessados ao seu redor, fundamental para a sua sustentabilidade futura.

Palavras-chave: conservação de raças ameaçadas, Cavalo do Sorraia, informação

genealógica, variabilidade genética, gestão genética.

xiii

Abstract Sorraia is, along with Lusitano and Garrano, one of the few native horse breeds in

Portugal and is considered a primitive horse and the most probable ancestor of the

modern southern Iberian saddle horse breeds. With roughly 200 living animals (less

than 100 reproductive females) it’s considered by FAO as a critical-maintained breed

and, therefore, an efficient conservation plan is essential to guarantee its future

sustainability. The aim of this work was to contribute for the improvement of

management measures essential to the breed’s survival, practices that have been applied

by the breeders association over the last few years according to the in situ conservation

program already in practice. In this way, all the available population data was gathered

on a computer program designed for the management of threatened autochthonous

breeds, software that was also optimized to the Sorraia Horse in order to get a useful

tool for its own population management. The regular assessment of the within

population genetic variability, important for the establishment of an efficient

conservation strategy, was also carried out in the present work through the analysis of

the pedigree information registered on the Sorraia Horse Studbook. All the genetic and

demographic parameters computed using ENDOG v.4.0 (some of them for the first

time) revealed low levels of diversity characterizing this breed, being consistent with

results obtained from several previous studies. Finally, as an attempt to increase the

interest around this horse, some additional tasks were performed during this project,

particularly the enrichment of the breeders association’s webpage which represents a

powerful tool to divulgate such valorous breed.

Keywords: endangered breed conservation, Sorraia Horse, genealogic information,

genetic variability, genetic management.

xiv

Capítulo I

Introdução

1

1. O cavalo doméstico e o declínio da biodiversidade

A biodiversidade constitui um termo chave no âmbito da Conservação e é definida

como “a variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens incluindo, entre

outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os

complexos ecológicos dos quais fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada

espécie, entre espécies e nos ecossistemas”. Resultado da acção conjunta dos processos

naturais e da intervenção humana ao longo de 3,5 mil milhões de anos de evolução, a

Biodiversidade actual forma a rede de vida da qual somos parte integrante e sobre a qual

assentamos a nossa sociedade e economia de forma local, nacional ou global (United

Nations Treaty Series 1993; Secretariat of the Convention on Biological Diversity 2000,

2005).

O número total de espécies existentes no planeta é desconhecido. Podendo variar entre

10 a 100 milhões, as estimativas actuais apontam para um valor na ordem dos 15

milhões, dos quais apenas uma pequena fracção é conhecida (1,7-1,8 milhões)

(http://www.iucn.org/en/news/archive/2007/09/12_pr_redlist.htm1). Apesar da extinção

constituir um componente natural do processo evolutivo, nas últimas décadas e

principalmente devido à acção humana, as espécies têm vindo a desaparecer a um ritmo

alarmante, 100 a 1000 vezes superior à taxa natural deduzida a partir dos registos

fósseis (Frankham et al. 2004). Para além das que actualmente se encontram extintas, o

número de espécies ameaçadas tem vindo a crescer forma de exponencial ao longo dos

anos. A mais recente Lista Vermelha, editada pela IUCN em Setembro de 2007

(http://www.icn.org/en/news/archive/2007/09/12_pr_redlist.htm1) considera em risco

39% das 41 415 espécies avaliadas (representantes de diversos grupos taxonómicos),

estando a sua subsistência futura em grande parte dependente da intervenção humana

(Figura 1). Dada a magnitude dos factos, este é já considerado o período da sexta grande

extinção da vida na Terra (Frankham et al. 2004; IUCN 2004) tendo determinado o

aparecimento de uma nova área científica direccionada para a preservação da

Biodiversidade em todos os seus domínios – a Biologia da Conservação.

1 Acedido em 10-11-2007

2

O aumento da preocupação da comunidade internacional face a este cenário levou à

formação de um pacto entre os principais líderes mundiais durante a Conferência da

Terra decorrida em 1992 no Rio de Janeiro, o qual tem sido ratificado por um crescente

número de governos. A então designada Convenção sobre a Diversidade Biológica tem

como divisas a conservação da Biodiversidade e o uso sustentável dos seus

componentes, promovendo a partilha justa e equitativa dos benefícios resultantes da

utilização dos recursos genéticos (United Nations Treaty Series 1993; Secretariat of the

Convention on Biological Diversity 2000, 2005)

.

Figura 1. Evolução do número de espécies ameaçadas nos principais grupos de organismos desde 1996

até 2007 (retirado de http://www.iucn.org/en/news/archive/2007/09/12_pr_redlist.htm1)

O cavalo desempenhou desde sempre um papel de destaque na vida do Homem.

Actuando numa primeira fase como fonte de alimento e de matéria-prima para vestuário

ou abrigo, a sua domesticação constitui um marco na história da Humanidade já que

nenhum outro animal contribuiu de forma tão peremptória na aceleração de processos

sociais e desenvolvimentos políticos (Bowling & Ruvinsky 2000; Vilà et al. 2001;

Edwards 2006; Oom 2006). Actualmente, acompanhando a tendência observada na

generalidade dos outros taxa, a erosão da variabilidade genética nos cavalos é

significativa e o facto de se dividirem em raças, espécies selvagens e nichos de

produção torna mais difícil o estabelecimento de uma eficaz estratégia conservacionista,

indispensável para a sua continuidade futura (Sponenberg 2000). A origem e evolução

do cavalo doméstico – Equus caballus – é ainda hoje uma questão que suscita inúmeras

dúvidas e sobre a qual recai um considerável número de estudos. Os indícios existentes

3

elegem o Tarpan (Equus ferus) como o seu mais provável ancestral selvagem e apontam

para que o processo de domesticação tenha sido iniciado há cerca de 6000 anos a partir

de animais que se dispersavam pelas agrestes regiões de estepes da Eurásia, com a

Península Ibérica a puder constituir um segundo centro de domesticação (Bowling &

Ruvinsky 2000; FAO/UNEP 2000; Sponenberg 2000; Vilà et al. 2001; Aberle & Distl

2004; Edwards 2006; Seco-Morais 2007). Utilizado ao longo dos séculos como um

meio de carga e transporte por excelência, o cavalo desempenha hoje em dia um papel

essencialmente recreativo, de lazer e desporto, mas de igual forma importante na

sociedade (Bowling & Ruvinsky 2000; Aberle & Distl 2004; Edwards 2006; Oom

2006).

Só muito recentemente foi reconhecida a importância dos animais domésticos como

componentes chave da Biodiversidade e, desde então, vários esforços têm sido

envidados no sentido da sua preservação (Sponenberg 2000). A evolução das espécies

domesticadas ao longo dos milénios determinou a sua diferenciação em variadas raças

que, em conjunto com as espécies que representam, bem como as respectivas espécies

selvagens, constituem os designados Recursos Genéticos Animais (RGAn) importantes

na alimentação e agricultura (FAO/UNEP 2000). Com o estabelecimento da Convenção

sobre a Diversidade Biológica, a diversidade doméstica animal (o espectro de diferenças

genéticas existentes dentro e entre todas as raças e espécies utilizadas na agricultura) foi

formalmente reconhecida como um genuíno e importante componente da biodiversidade

global e o conhecimento de que uma enorme percentagem dos Recursos Genéticos

Animais registados estão actualmente em risco de perder-se realça a importância das

medidas que assegurem a sua preservação (FAO/UNEP 2000; FAO 2007)

Figura 2. Proporção de raças registadas na base de dados da FAO por categoria de risco: (A) totalidade

das raças; (B) raças de mamíferos – dados relativos a Janeiro de 2006 (retirado de FAO 2007).

4

No caso do cavalo este facto é particularmente evidente uma vez que, nos últimos anos,

as espécies selvagens se tornaram praticamente extintas na natureza – apenas tendo

sobrevivido, em cativeiro, o cavalo de Przewalski (Equus ferus przewalskii),

recentemente introduzido na Mongólia – pelo que a maior parte da variabilidade se

encontra contida na forma doméstica (Sponenberg 2000). O cavalo doméstico, Equus

caballus, representa, desta forma, uma espécie de inquestionável relevância. Os cerca de

59 milhões de indivíduos que actualmente constituem a população global

(http://faostat.fao.org/site/573/DesktopDefault.aspx?PageID=5732) encontram-se

agrupados em diversas raças, tipos e variedades, cujo conhecimento é essencial para

uma eficaz conservação da espécie. Na base de dados da FAO encontram-se registadas

cerca de 800 raças, grande parte das quais consideradas ameaçadas face aos reduzidos

efectivos que apresentam (FAO/UNEP 2000; FAO 2007).

Figura 3. Distribuição por categoria de risco das raças de mamíferos registadas na base de dados da FAO

(agrupadas por espécie), em termos absolutos (tabela) e em proporção (gráfico) – dados relativos a

Janeiro de 2006 (retirado de FAO 2007).

2 Acedido em 12-03-2008

5

2. O Cavalo do Sorraia: uma raça ameaçada

Dada a sua localização e características particulares, Portugal é detentor de um

património natural extremamente rico, com vários endemismos e espécies relíquia do

ponto de vista biogeográfico e/ou genético (ICN 1998). Engloba, também, uma grande

diversidade de Recursos Genéticos Animais o que lhe confere particulares

responsabilidades na gestão dos mesmos. Neste sentido, e em consonância com o

estabelecido na Estratégia Global da FAO, foi constituída em Portugal uma Estratégia

Nacional cujo objectivo fundamental é a manutenção da biodiversidade dos recursos

genéticos animais, promovendo a sua conservação e utilização sustentável (FAO/UNEP

2000; Carolino et al. 2004; Gama et al. 2004). No que toca às espécies pecuárias, são

mais de 35 as raças autóctones reconhecidas a nível nacional, a maior parte das quais

em risco devido ao reduzido efectivo (ICN 1998; Gama et al. 2004; MADRP 2007).

O Cavalo do Sorraia constitui, para além do Garrano e do Puro-Sangue-Lusitano, uma

das raças equinas inseridas neste grupo (MADRP 2007). Embora todas se encontrem de

alguma forma ameaçadas, a Sorraia é a que suscita maior apreensão, constituída por um

pequeno número de indivíduos e exibindo índices de diversidade extremamente baixos.

O seu reduzido efectivo (pouco mais de 200 animais, dos quais menos de 100 são éguas

de ventre) faz com esteja considerada pela FAO como em estado “crítico” quanto ao

risco de extinção embora mantida através de um programa de conservação (critical-

maintained), constituindo a única raça equina classificada como rara (particularmente

ameaçada) na acção 2.2.2 do recentemente editado Programa de Desenvolvimento

Rural que, destinada à protecção da biodiversidade doméstica, tem como objectivo

fundamental o apoio à manutenção de raças autóctones nacionais (FAO/UNEP 2000;

MADRP 2007).

Apesar do seu pequeno porte – altura média ao garrote de 1,48m para os machos e de

1,44m para as fêmeas – é considerado um verdadeiro cavalo, caracterizado por uma

conformação do tipo eumétrica e mediolínea e perfil subconvexilíneo (Andrade 1945;

Oom 1992; Oom et al. 2004; Oom 2006). Os caracteres particulares que apresenta, em

associação aos dados históricos e arqueológicos existentes, fazem com que este seja

considerado um cavalo primitivo e o descendente mais directo do ancestral selvagem da

região quente meridional da Península Ibérica que terá estado na origem das actuais

6

raças desta região (Puro-Sangue-Lusitano e Pura-Raza-Española) e, possivelmente, de

todas as raças de cavalos do Novo Mundo (Andrade 1926, 1937, 1945; Oom 1992; Oom

& Cothran 1994; Oom 2006). De facto, de pelagem baia ou rato e sempre com lista de

mulo (por vezes também axial), apresentam extremidades mais escuras e zebruras nos

membros, por vezes visíveis noutras áreas do corpo (Figura 4), características estas que,

encontrando-se representadas em diversas pinturas da era paleolítica, são consideradas

de origem remota (Andrade 1926, 1937, 1945, Oom 1992; Oom et al. 2004; Oom

2006). A corroborar o carácter primitivo desta raça está a sua rusticidade e invulgar

capacidade de sobreviver em condições extremas, assim como os resultados obtidos ao

nível molecular. Utilizados como cavalos de sela e para trabalhos agrícolas variados,

subsistiram durante largos anos relegados ao total abandono pelos seus criadores,

suportando a escassez de alimento e vivendo dia e noite ao ar livre, expostos a todo o

tipo de intempéries (Andrade 1945; Oom 2006; Luís et al. 2006a; Luís et al. 2007a;

Seco-Morais 2007).

CBA

Figura 4. A – Tipos de pelagem que caracterizam a raça Sorraia: rato (à esquerda), baio (no centro), rato

escuro (à direita). B – Extremidades escuras e zebradas. C – Lista de mulo

O processo de recuperação desta raça teve início em 1920 quando o hipólogo e

historiador Ruy d’Andrade descobriu, por ocasião de uma caçada na zona de Coruche,

no vale do Rio Sorraia, um grupo de cerca de 30 animais de aspecto selvagem e

aparência muito particular que imediatamente despertaram a sua atenção (Andrade

1926, 1937, 1945). Profundo conhecedor da história e da arqueologia da Península

Ibérica e dos seus cavalos, admitia a divisão da população equina desta região em dois

grupos bem distintos, de formação e desenvolvimento local. O primeiro, típico de zonas

montanhosas com clima frio e húmido, é constituído por cavalos de baixa estatura,

extremidades curtas, pelagem grossa e perfil côncavo ou rectilíneo. Nele se inclui

actualmente o Garrano que, livre da influência de outros tipos de cavalos e de tal forma

adaptado ao meio natural, subsistiu sem alterações significativas até aos dias de hoje.

7

Em oposição, o grupo característico do sul da Península, mais quente, seca e plana,

inclui animais de maiores dimensões, pêlo fino, extremidades compridas e cabeça de

perfil subconvexo, considerados por estes motivos “verdadeiros cavalos”. Domesticados

desde tempos remotos, terão sido alvo de contínua intervenção humana e de

cruzamentos com cavalos de origem distinta no intuito de potenciar as suas qualidades,

sobretudo como cavalos de sela, tão determinantes em tempos de guerra (Andrade 1926,

1937, 1945; Oom 1992; Oom 2006). Como criador de cavalos pura raça andaluza, Ruy

d’Andrade havia já notado que muitos destes poldros apresentavam uma pelagem de

coloração amarelo-palha zebrada que, em muitos casos, era perdida em fases posteriores

do desenvolvimento. Tendo observado semelhantes características em diversas

reproduções antigas do sul da Península, a sua presença no grupo de animais

acidentalmente descoberto e, mais tarde, em muitos outros que encontrou em zonas do

Alto Alentejo e dos vales do Tejo e do Guadalquivir, levou-o a considerar a hipótese de

se encontrar na presença de uma reminiscência do ancestral selvagem do cavalo ibérico

da região quente meridional, a partir do qual se teriam formado as actuais raças desta

região (Andrade 1926, 1937, 1945).

Anos mais tarde, no intuito de averiguar a autenticidade desta teoria, Ruy d’Andrade

procura adquirir alguns exemplares detentores das referidas características de forma a

tentar reconstituir o que considerava ser um tipo de cavalo primitivo peninsular. Não

tendo sido possível adquirir a manada inicial, como era sua intenção, um núcleo

fundador constituído por 7 fêmeas e 3 machos procedentes de vários criadores da região

foi instalado, a partir de 1937, na Herdade da Agolada de Baixo (Coruche) ao qual se

juntou, em 1948, um reprodutor de origem argentina (Figura 5). Porque uma das éguas

adquiridas (Azambuja) se encontrava já prenhe, um 12º fundador teve de ser

considerado que, por nunca ter sido identificado, surge como “Desconhecido” (Andrade

1937, 1945; Oom 1992; Oom et al. 2004; Oom 2006). Sendo seu objectivo fazer

ressurgir os caracteres considerados primitivos, os animais foram propositadamente

mantidos por Ruy d’Andrade num regime exclusivamente manadio, de autêntica vida

selvagem, num ambiente análogo ao que sempre se criaram e que permitiu a

preservação do seu tipo originário. Estas seriam, portanto, as condições ideais para a sua

conservação e reconstituição (Andrade 1945; Oom 2006).

8

Nome Sexo Pelagem Local de Origem Cigana F Baia Couço Gaivota F Rato Coruche Pomba (Pintassilga) F Rato Coruche Garrana (Tolosa) F Baia Tolosa Azambuja F Rato Azambuja Freire F Rato Salvaterra de Magos Anselma F Baia Coruche Cunhal M Rato Coruche Raposo M Rato Coruche Baio M Baia Montemor-o-Novo Tata Dios Cardal M Baia Argentina “Desconhecido” M ----- -----

Figura 5. Descrição dos animais fundadores da raça Sorraia adquiridos por Ruy d’Andrade a partir de

1937.

Após várias décadas de permanência no local original, o conturbado período político

que assolava o país em 1975 provocou o transvio da população que, posteriormente

recuperada na zona do Alto Alentejo, foi entregue aos cuidados da Coudelaria Nacional.

Pouco tempo depois, o efectivo foi restituído à família Andrade, agora na Herdade de

Font’Alva (Elvas), a qual ofereceu, em gesto de agradecimento, 4 poldros (2 machos e 2

fêmeas) à referida coudelaria. Estava assim formada a primeira subpopulação da raça

que se mantém sob a tutela do Estado até aos dias de hoje. Desde então e

particularmente nos anos mais recentes, fruto do crescente interesse manifestado ao

redor desta raça, o número de núcleos foi-se diversificando, não só em Portugal como

em vários outros países. Apesar do efectivo actual se distribuir maioritariamente em

coudelarias a nível nacional, um significativo e crescente número de animais pode ser

encontrado na Alemanha (Figura 6). A presença do Sorraia neste país teve início no ano

de 1976, altura em que 3 fêmeas (uma delas prenhe) e 2 machos foram adquiridos pelo

criador alemão Michael Schäfer e instalados na sua coudelaria perto de Munique.

Atingindo um total de 42 animais em 1996, esta foi, sem dúvida, uma das coudelarias

de maior relevo na história da raça, tendo servido de base para a formação de muitos

outros núcleos alemães. Em Portugal, o grupo mais representativo encontra-se

localizado na Herdade de Font’Alva, a qual integra a maior parte dos animais que

constituem o efectivo actual. (Oom 1992; Oom et al. 2004; Oom 2006;

http://www.aicsorraia.fc.ul.pt/Font%27Alva_modelo.htm#3).

3 Acedido em 14-11-2007

9

Figura 6. Distribuição das principais subpopulações do Cavalo do Sorraia em Portugal e na Alemanha

(retirado de Oom 2006)

Consideradas as unidades básicas dos recursos genéticos nas espécies domesticadas, as

raças são caracterizadas por um fenótipo característico, determinado por um genótipo

particular, que se transmite de forma consistente de geração em geração. Assim, no

âmbito de uma eficaz preservação das espécies, é fundamental a descrição e

caracterização destas populações no sentido de se definirem aquelas que, dado o seu

carácter ímpar, constituem alvos prioritários das estratégias conservacionistas

(FAO/UNEP 2000; Sponenberg 2000; FAO 2007).

Ao longo dos últimos anos, o Cavalo do Sorraia tem sido alvo de um considerável

número de estudos, não só no plano molecular como em termos morfológicos,

genealógicos ou até mesmo comportamentais (Oom 1991; Oom et al. 1991; Oom 1992;

Oom & Cothran 1994; Matos 1996; Luís & Oom 2000; Oom & Luís 2000; Oom & Luís

2001a,b; Jansen et al. 2002; Luís, et al. 2002a,b; Aberle & Distl 2004; Oom 2004;

Cavaco-Silva et al. 2005; Kjöllerström 2005; Lopes et al. 2005; Luís et al. 2005; Royo

et al. 2005; Heitor 2006a,b; Luís 2006; Luís et al. 2006a,b; Luís et al. 2007a,b; Seco-

Morais 2007). No que concerne às análises moleculares, vários tipos de marcadores

genéticos têm sido investigados, quer ao nível do DNA nuclear (microssatélites, grupos

sanguíneos e polimorfismos bioquímicos) como ao nível do DNA mitocondrial

(mtDNA), amplamente utilizado nos dias que correm em estudos de filogenia e de

10

diversidade (FAO 2007). Todos estes trabalhos têm vindo a revelar os baixos níveis de

variabilidade genética e os valores de consanguinidade e parentesco extremamente

elevados que caracterizam este cavalo quando comparados com outras raças domésticas.

Os resultados obtidos devem-se essencialmente ao reduzido efectivo da população e ao

facto ter sido originada a partir de um pequeno número de fundadores, sem novas

introduções e com uma desequilibrada utilização dos garanhões desde então, em parte

consequência do regime de exploração extensiva em que sempre foram sendo criados

(Oom 2006). A representação dos fundadores na população actual mostra-se muito

desigual, tendo-se perdido irreversivelmente a contribuição de 2 deles (Kjöllerström

2005) e, das 7 linhas maternas iniciais, apenas 2 (Azambuja e Cigana) se mantiveram ao

longo dos vários anos de reprodução, tendo sido determinadas ao nível do mtDNA e

confirmadas a partir dos dados genealógicos (Jansen et al. 2002; Luís, et al. 2002a;

Lopes et al. 2005). Diferenças significativas ao nível da estrutura genética foram

encontradas para as 2 subpopulações da raça, portuguesa e alemã, através da análise de

um conjunto de 22 microssatélites (Luís et al. 2007b). Apesar do menor número de

alelos encontrado para a grande maioria dos loci na população da Alemanha, resultado

do efeito fundador que naturalmente ocorreu aquando do seu estabelecimento, os níveis

de heterozigotia determinados neste grupo revelaram-se superiores, não tendo ocorrido

perdas de alelos fundadores em qualquer um dos loci testados. Na origem destas

variações deverá estar o tipo de estratégia reprodutiva adoptada pelos criadores dos dois

países: enquanto que nas coudelarias nacionais apenas um garanhão é geralmente

lançado em cada época de monta, por vezes o mesmo durante anos consecutivos, na

Alemanha é dada primazia à regular rotatividade dos garanhões, sendo frequente a

utilização de diversos animais em cada ano de reprodução (Oom 2006; Luís et al.

2007b).

Apesar de nos últimos anos se ter assistido a um aumento do número de animais e uma

melhoria nos parâmetros genéticos, a existência de um plano de gestão apropriado é

fundamental para a continuidade futura desta raça (Oom et al. 2004; Kjöllerström 2005;

Oom 2006). Neste sentido, foi instituída, em 1994, a Associação Internacional de

Criadores do Cavalo Ibérico de Tipo Primitivo – Sorraia (AICS) objectivando tudo o

que se relacione com a sua criação, preservação, promoção, divulgação, estudo e

11

comercialização (http://www.aicsorraia.fc.ul.pt/ojectivos_modelo.htm4). Esta

associação tem ainda a seu cargo a salvaguarda e manutenção do Studbook (Livro

Genealógico) da raça, sendo a responsável pela execução, junto dos criadores, das

acções integradas no programa de melhoramento genético/demográfico definidas pela

respectiva Direcção Técnica no âmbito do plano de conservação in situ actualmente em

curso (Gama et al. 2004; Oom et al. 2004).

As inúmeras incertezas que ainda subsistem quanto ao processo de domesticação do

cavalo e sua posterior evolução têm levado ao desenvolvimento de um grande número

de trabalhos que visam estabelecer relações entre as diferentes raças equinas,

principalmente no que a autóctones diz respeito (Jansen et al. 2002; Aberle & Distl

2004; Luís et al. 2005; Royo et al. 2005; Luís et al. 2006b; Luís et al. 2007a; Seco-

Morais 2007). Baseados, na sua grande maioria, na análise de determinadas regiões do

mtDNA (D-loop), o padrão de distribuição dos haplótipos por entre as raças possibilita

a formação de variados “clusters” onde estas se encontram agrupadas de acordo com o

maior ou menor grau de semelhança. Embora as 2 sequências encontradas na raça

Sorraia se enquadrem num grupo a que pertencem muitos outros tipos de cavalos

considerados primitivos, nenhum dos vários coeficientes e métodos de agrupamento

utilizados permitiram inferir, até um passado muito recente, a relação de proximidade

entre a raça Sorraia e as demais raças ibéricas e do Novo Mundo (Jansen et al. 2002;

Aberle & Distl 2004; Lopes et al. 2005; Royo et al. 2005; Luís et al. 2006b; Oom 2006;

Seco-Morais 2007). A descoberta de uma nova linha materna da raça Sorraia, já extinta

neste animais mas que persiste na raça Lusitana devido à existência de uma fêmea

fundadora em comum (a Pomba) (Luís et al. 2006a), e os resultados obtidos através da

análise conjunta de uma vasta gama de marcadores genéticos (microssatélites e loci

proteicos) (Luís et al. 2007a) permitiram finalmente corroborar esta teoria,

comprovando a relação histórica entre as referidas raças.

4 Acedido em 15-11-2007

12

3. Objectivos

O Cavalo do Sorraia constitui, por todas as razões previamente mencionadas, uma raça

única e de valor inquestionável. A análise dos parâmetros genéticos e demográficos que

caracterizam a população actual remeteram esta raça para o estatuto de “criticamente

ameaçada, embora mantida com um plano de gestão”, como é classificada pela FAO

(critical-maintained, FAO/UNEP 2000). Neste estatuto está implícita a necessidade de

manter medidas de gestão adequadas e actualizadas para a perpetuação da raça, a

reavaliar anualmente face às alterações da população. A implementação destas medidas

de conservação e gestão genética é, assim, um procedimento absolutamente essencial.

Neste sentido, e para que tão valorosa meta possa ser alcançada, pretendeu-se com este

projecto de tese de Mestrado contribuir de forma significativa para o aumento da

eficácia das medidas atrás referidas, trabalho que passou pela concretização de 3 pontos

essenciais:

- Adaptar e optimizar um software desenvolvido especialmente para a gestão de

Studbooks de raças ameaçadas de forma a torná-lo perfeitamente ajustado às

características e requisitos da raça Sorraia;

- Caracterizar o estado actual da população recorrendo a um conjunto de análises

genéticas e demográficas obtidas a partir dos dados genealógicos;

- Colaborar em acções que visem a promoção, divulgação e avaliação da raça.

13

Capítulo II

Adaptação e optimização do

programa Gescab 2000 Losina

para a gestão do Studbook da raça

Sorraia

14

1. O Studbook como instrumento fundamental na gestão de uma raça

O primeiro passo para a gestão adequada de uma raça consiste na elaboração do

respectivo Livro Genealógico, ou Studbook, onde se encontrem reunidos os dados

genealógicos de todos os indivíduos (pedigree), bem como diversas informações

relevantes acerca da sua história e características (Frankham et al. 2004). Foi em

Inglaterra, nos finais do século XVIII, que se publicou o primeiro de todos os Studbooks

– “The General Studbook for Thoroughbred Horses” –, respeitante à raça equina Puro-

Sangue-Inglês. No caso dos animais selvagens, este tipo de registo começou a ser

efectuado apenas a partir de 1923, nomeadamente para os dados relativos às populações

cativas do bisonte Europeu (Bison bonasus), tendo o respectivo livro sido oficialmente

lançado quase uma década depois, em 1932 (Tudge 1992; Bastos-Silveira 1997). Desde

então, e especialmente nos anos mais recentes, tem-se assistido a um rápido aumento do

número de Studbooks editados para as mais diversas populações em cativeiro, tendo a

IUCN reconhecido, em 1967, a sua inegável relevância para fins conservacionistas

(Tudge 1992; Bastos-Silveira 1997). Ao fornecer o conhecimento detalhado das

genealogias, este tipo de registos possibilita uma correcta caracterização de populações

ameaçadas, tornando-se, portanto, uma ferramenta excepcional e de reconhecida

importância para a eficaz gestão das mesmas (Bastos-Silveira 1997; Alzaga et al. 2000;

http://www.biaza.org.uk/public/pages/conservation/studbooks.asp5).

Editado em 2004, no intuito de “assegurar a pureza étnica da raça” e, deste modo,

“concorrer para a sua preservação e desenvolvimento”, o Studbook da raça Sorraia

inclui todos os animais nascidos até 2002 e que são descendentes do grupo fundador

inicial (Oom et al. 2004; Oom 2006). Neste arquivo são mantidos, de forma totalmente

independente, 3 níveis de registo – Livro de Nascimentos, Livro de Reprodutores e

Livro de Reprodutores Complementares – nos quais são aditados apenas os animais

cujas características satisfazem as condições de admissão definidas no respectivo

Regulamento (Oom et al. 2004). De forma a garantir a fiabilidade do registo, tão

importante para o estabelecimento de eficazes estratégias conservacionistas, a inscrição

de um indivíduo no Livro de Nascimentos só é efectivada após confirmação da

paternidade (Oom et al. 2004; Oom 2006). Actualmente, e uma vez que a tecnologia

5 Acedido em 21-03-2008

15

baseada no DNA se tem revelado mais eficaz, rápida e menos onerosa que os

tradicionais métodos baseados em grupos sanguíneos e polimorfismos proteicos, a

filiação é comprovada através da análise de um conjunto de marcadores moleculares, os

microssatélites6 (Tirados 2001; Luís et al. 2002b). Face à reduzida variabilidade destes

marcadores detectada na raça Sorraia (Luís et al. 2002b; Luís et al. 2007a,b), tornou-se

necessário recorrer a um painel de microssatélites mais alargado do que os 9 utilizados

por rotina no Lusitano e no Garrano, de modo a aumentar a eficácia da exclusão de

falsas paternidades (Oom 2006). Os 15 microssatélites actualmente analisados nesta

raça garantem um eficiente controlo de filiação dos animais já que a probabilidade de

exclusão a eles associada é de 99,8% (Luís et al. 2007b).

Os avanços tecnológicos, especialmente na área da informática, permitiram o

desenvolvimento de bases de dados genealógicas informatizadas que fornecem a

informação num formato de fácil consulta, baixo custo, pouco volume e rapidamente

actualizável (Melgarejo et al. 2000; Tirados 2001; Melgarejo, 2004; Melgarejo et al.

2004; Benavente et al. 2007). Recentemente, os dados populacionais disponíveis foram

inseridos no programa SPARKS V.I.5 (Single Population Analysis and Records Keeping

System), especialmente desenvolvido para a gestão de populações em cativeiro mantidas

em múltiplas infra-estruturas (e.g. Parques Zoológicos). Para além da compilação e

edição dos dados, este programa permite a análise de vários parâmetros genéticos e

demográficos essenciais e a criação de relatórios sobre o estado das populações o que o

torna um poderoso instrumento para sua gestão (Kjöllerström 2005).

Encontrando-se o efectivo actual da raça Sorraia distribuído em diversos núcleos de

reprodução cuja gestão é da responsabilidade dos respectivos criadores, a existência de

um suporte informático que tornasse possível a consulta de informações relativas aos

animais num ambiente fácil e apelativo seria extremamente vantajoso para o

delineamento de um plano de gestão apropriado, nomeadamente no que respeita ao

6 Repetições “em tandem” de pequenos motivos de DNA, tipicamente constituídos por 1 a 5 pares de

bases de comprimento. Os microssatélites tornaram-se o marcador molecular de eleição para estudos

populacionais face às vantagens que apresentam comparativamente a outros métodos de análise ao nível

do DNA: são altamente polimórficos, de transmissão mendeliana , os genótipos individuais podem ser

determinados de forma directa (são co-dominantes) e é possível analisar DNA de amostras recolhidas de

forma não invasiva (e.g. Frankham et al. 2004).

16

programa de emparelhamentos a promover em cada época de reprodução. Em meados

dos anos 90, face à crescente necessidade evidenciada pelos criadores de cavalos Pura-

Raza-Española de uma base de dados genealógicos informatizada, rapidamente

consultável e actualizável, surge o programa Gescab®, desenvolvido pela empresa

espanhola Melpi S.L (Melgarejo et al. 2000). Embora inicialmente concebido para esta

raça equina, o Gescab tornou-se o primeiro software especificamente desenvolvido para

a gestão de Studbooks de raças autóctones em perigo de extinção através da versão

desenhada para o cavalo Losino (Melgarejo et al. 2004) que, à semelhança do que

acontece com o Cavalo do Sorraia, está inserido no grupo das raças critical-maintained

definidas pela FAO (FAO/UNEP 2000). Para além dos dados genealógicos

tradicionalmente presentes no Studbook de uma raça e correndo num ambiente de muito

fácil utilização, este programa põe à disposição dos criadores uma vasta gama de

informações complementares e relevantes. Dotado de uma forte componente genética,

validada pelo Departamento de Genética da Universidade de Córdoba, o Gescab2000

Losina permite o cálculo de variáveis fundamentais para populações em risco, tornando-

se, desta forma, uma ferramenta muito útil na gestão das mesmas (Melgarejo, 2004;

Melgarejo et al. 2000, 2004).

A possibilidade de solicitar à empresa responsável pelo desenvolvimento deste software

a modificação ou adição de certos componentes é, indubitavelmente, uma das grandes

inovações inerentes ao Gescab. Constituindo um dos objectivos deste Mestrado, a sua

adaptação à raça Sorraia, de características e riqueza de informação muito peculiares,

será, certamente, uma valiosa e apelativa ajuda rumo à sua preservação no âmbito dos

programas de gestão em implementação pela Associação Internacional de Criadores do

Cavalo Ibérico de Tipo Primitivo – Sorraia (AICS).

17

2. Materiais e Métodos

2.1. Introdução dos dados populacionais

Como previamente referido, certas particulares do Gescab poderão ser alteradas e novos

componentes poderão ser adicionados de forma a tornar o programa o mais adequado

possível a cada raça, em particular. Neste sentido, a empresa responsável pelo seu

desenvolvimento disponibilizou à AICS uma versão de demonstração do Gescab2000

Losina, raça autóctone espanhola igualmente ameaçada, para que se pudessem explorar

todas as potencialidades do programa antes da sua aquisição em definitivo.

Figura 7. Interface da versão de demonstração do software Gescab Losina cedida à Associação de

Criadores do Cavalo do Sorraia

Numa primeira fase, todos os dados populacionais disponíveis desde o início da

recuperação da raça Sorraia, em 1937, até Dezembro de 2006 foram introduzidos no

ficheiro. Para além dos animais inscritos no respectivo Studbook (num total de 564,

nascidos até 2002) foram também inseridos, não só os que nasceram após a sua

publicação, em 2004, como também todos aqueles cuja informação estava no ficheiro de

trabalho da Prof. Doutora Maria do Mar Oom e que, por diversas razões (nados-mortos,

abortos, entre outros), não se encontravam incluídos no registo oficial. No final da

presente tarefa 622 animais foram introduzidos na referida versão de demonstração,

tendo sido criado, para cada um dos exemplares, um registo individual onde figuram as

seguintes informações:

18

Código: número de identificação do animal atribuído pelo extinto Serviço

Nacional Coudélico (SNC), agora Fundação Alter Real, e que se encontra registado na

Declaração de Nascimentos, anualmente comunicada pelos criadores à AICS. Sempre

que este número não é conhecido, por mera questão temporal ou por morte precoce dos

indivíduos, a identificação é realizada recorrendo à utilização de três dígitos precedidos

pelas letras FCL (FCL***).

Nacimiento (nascimento): data de nascimento do animal apresentada sob a

forma dd/mm/aaaa. Na impossibilidade de inserir apenas o ano do nascimento, nos

casos em que apenas este dado é conhecido, foi definido o dia 1 de Janeiro como data a

ser introduzida por defeito (01/01/aaaa).

Sexo: identificação do sexo do animal através da letra M (machos) ou H

(fêmeas).

Nombre (nome): espaço destinado ao registo do nome do animal. Sempre que

existente, foi também inserido neste campo, entre parêntesis, o número de identificação

atribuído por cada criador aos animais da sua coudelaria e que, na grande maioria dos

casos, se encontra marcado, “a fogo”, na espádua direita ou na tábua do pescoço. Por

vezes, o símbolo * pode surgir à frente do nome como forma de indicar que o respectivo

animal aguarda a realização do teste para controlo de filiação.

Fecha baja (data da baixa): campo onde foi registada a data de óbito do

animal, também ela de formato dd/mm/aaaa. Em muitos casos, sobretudo nos registos

mais antigos, esta informação não é conhecida, tendo sido introduzida uma data

estimada uma vez que se sabe que estes animais já não fazem parte do efectivo actual.

vezes esta informação não se encontra disponível, pelo que a opção desconocida foi

utilizada para a quase totalidade das ocorrências.

Causa de la baja (causa da baixa): sempre que conhecida, a causa de morte do

indivíduo poderá ser inserida neste campo, seleccionando uma das 3 hipóteses

disponíveis: muerte accidental (morte por circunstâncias acidentais), desconocida

(morte por motivos desconhecidos) ou muerte por sacrifício (nos casos em que o animal

foi sacrificado). Porém, à semelhança do que acontece com a data de morte, muitas das

19

Padre (pai): número de identificação do SNC e nome do progenitor masculino,

o qual deverá estar previamente registado no ficheiro para que possa ser reconhecido.

Madre (mãe): número de identificação do SNC e nome do progenitora

minina, a qual deverá estar previamente registada no ficheiro para que possa ser fe

reconhecida.

Criador: sigla do criador seguida do respectivo nome. Sempre que é introduzida

sta informação surge na ficha individual a imagem da marca do criador (ferro) que o

imal

ição de um animal está dependente da presença do respectivo

riador na base de dados, a informação relativa a cada coudelaria foi inserida no sub-

e

an pode apresentar na coxa direita, identificada como Nucleo. Tal como acontece

com os progenitores, o criador já deverá constar do ficheiro, incluído na lista das

diversas coudelarias.

Uma vez que a inscr

c

menu Ganaderías (coudelarias) dos Ficheros Auxiliares. Para além do nome, cada

ficha individual foi enriquecida com os seguintes elementos:

Código: corresponde à sigla do criador delimitada por parêntesis rectos.

Dirección (morada): indicação da localização da coudelaria.

oudelaria, entre as

árias opções disponíveis.

Pais (país): campo onde se selecciona o país de origem da c

v

Hierros (ferros): utilizada desde tempos remotos, a marcação dos animais com

m símbolo distintivo é uma prática usual nas coudelarias portuguesas. Na maior parte

botão Hierros que poderá ser seleccionado dentro do sub-menu Ganaderías.

u

dos casos este procedimento é efectuado por volta dos 6 meses de idade, altura em que

os poldros são desmamados, onde o ferro da coudelaria é marcado a fogo na respectiva

coxa direita. Apesar de nos dias que correm este tipo de identificação poder ser, em

alternativa, realizado a frio (recorrendo à utilização de azoto líquido), esta é ainda uma

técnica pouco corrente entre os criadores nacionais (Oom 2006). O ferro característico

de cada coudelaria foi, sempre que existente, incluído no respectivo registo através do

20

2.2. Avaliação das competências do programa

Terminada a fase de registo dos dados populacionais, foi possível dar início à análise

ó ao nível dos diferentes menus para

gisto de dados como ao nível dos diversos cálculos que podem ser realizados no

Gescab é um programa que, para além dos registos genealógicos tradicionais, permite

tipos de informação de grande utilidade na gestão de uma raça

meaçada, nomeadamente:

dos vários componentes do Gescab Losina, não s

re

referido software.

2.2.1. Menus de registo

O

a adição de muitos outros

a

Valoraciones (avaliações): para a grande generalidade das raças com Studbook

instituído, a utilização de um animal para fins reprodutivos está dependente da sua

resença no Livro de Reprodutores. De modo a garantir a pureza da raça, apenas os p

candidatos que apresentam as características expressas no padrão da raça (Anexo 1),

aliadas a uma boa conformação e desenvolvimento, são admitidos no referido registo.

Neste contexto, várias medições de carácter morfométrico são efectuadas aos animais,

os quais são pontuados de acordo com uma tabela baseada na respectiva apreciação

morfológica e funcional (tabela de pontuação). Através do programa Gescab, os valores

resultantes deste exame podem ser facilmente armazenados recorrendo a este menu.

Otros datos (outros dados): seleccionando este ícone, presente no ecrã

principal, é-nos facultada uma tabela onde a data e os resultados de alguns

rocedimentos no âmbito veterinário podem ser inseridos. p

Fotografía/Videos: o registo individual de cada exemplar poderá ser

enriquecido no Gescab através da adição deste tipo de recursos.

alquer animal no Livro

e Nascimentos está dependente do resultado desta análise, este software permite

registar os alelos determinados para cada um dos microssatélites analisados.

Microsatélites: para as raças em que o controlo de filiação é uma prática de

rotina, como é o caso da raça Sorraia, em que a admissão de qu

d

21

inadas

ariáveis estatísticas e genéticas é de extrema importância para o delineamento de

estão eficazes que visem a sua subsistência futura. Tendo sido

esenvolvido para a gestão de uma raça com elevado estatuto de risco, o Gescab Losina

Comentarios: funciona como um bloco de notas onde podem ser armazenadas

todas as informações relevantes que não podem ser incluídas na ficha individual.

2.2.2. Cálculos

Quando estamos na presença de uma raça ameaçada, o cálculo de determ

v

estratégias de g

d

põe à disposição dos utilizadores o menu Informes (Informar), onde é possível

consultar:

Ejemplares fundadores (animais fundadores): corresponde à representação

genética, em termos percentuais, de cada um dos fundadores no indivíduo em causa.

Informe de la descendencia (informação da descendência): seleccionando

or

elagem, quer através das respectivas representações gráficas. Se necessário, a

esta opção, informação detalhada acerca da descendência de um animal pode ser

visualizada, quer através de tabelas com a frequência de descendentes por sexo e p

p

identificação de cada um destes descendentes pode ser facilmente consultada premindo

o botão Visualizar.

Informe de la ascendencia (informação da ascendência): grau de influência

de cada ancestral no indivíduo em causa. Esta informação é apresentada sob a forma de

percentagem e para os ancestrais presentes em cada uma das gerações parentais.

dicionalmente, é possível determinar os valores que seriam obtidos para um animal

informações, quer do

animal considerado, como dos seus vários ascendentes.

A

resultante de um hipotético cruzamento entre 2 indivíduos.

Ainda no que toca à linha de ascendência de um determinado exemplar, o programa

disponibiliza, através do botão Árbol (árvore), a visualização gráfica da respectiva

árvore genealógica, na qual se encontram reunidas as principais

22

23

dmatdpatd II

I+

= dmatdpat II .4

∑=d

imatoudpat ad

I )(1

=i 1

Consanguinidad (coeficiente de consanguinidade): constituindo um dos

de acordo com a metodologia

roposta por Wright (1922), posteriormente modificado por Lush (1940):

specialmente relevante no delineamento dos cruzamentos mais favoráveis, o Gescab

sanguinidade do produto que resultará do

se poderá

mentos entre indivíduos de diferentes coudelarias

ados como

produtores na geração seguinte.

parâmetros mais importantes para a gestão de raças ameaçadas, o coeficiente de

consanguinidade de um indivíduo é definido como a probabilidade de dois alelos

presentes num determinado locus serem idênticos por descendência. O valor resultante é

representado sob a forma de percentagem e é calculado

p

E

permite determinar o coeficiente de con

emparelhamento entre 2 exemplares presentes no ficheiro. Este tipo de análi

ser realizada em simultâneo para cruza

o que permitirá determinar os animais mais indicados a serem utiliz

re

Índice de acabado (coeficiente de preenchimento): corresponde ao nível de

preenchimento da genealogia de um indivíduo. Podendo variar entre 0 e 1 (resultado

obtido quando são conhecidos todos os ancestrais de um determinado animal), é

calculado a partir da fórmula proposta por MacCluer et al (1983):

( )∑=

um Fa = consanguinidade do ante N = número de antepassados smo antepassado comum

d = profundidade da genealogia

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛=

N

ia

n

x FF1

121

21

Fx = coeficiente de consanguinidade do indivíduo x n = número de gerações que vão dos dois progenitores do indivíduo x ao antepassado com

passado comum

comuns ou vias diferentes entre o me

(n.º de gerações incluídas no cálculo)

igeraçãonasmatoupatlinhana )(

oantepassaddetotalnigeraçãodaosantepassadn

ai .º,.º

=

dice

álculo do número efectivo de fundadores pr al, este

râmetro poderá constituir um indicador de grande importância na gestão de uma raça

am r Alderson (1991) na tentativa de maximizar a retenção da

alculado de acordo com a seguinte fórmula:

A análise destes elem íveis no pro permitiu avaliar

a adequabilidade do mesmo à raça Sorraia, assinalando e pr

lterações de modo a torná-lo mais adaptado a este cavalo em particular.

para a gestão

a raça Sorraia:

de conservação genética):Índice de conservación genética (ín baseado no

c esente no pedigree de um anim

pa

eaçada. Proposto po

variabilidade genética presente na população fundadora ao longo das gerações, é

c

∑= 2

1

iPICG ∑ ⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛=

n

iP21

Pi = proporção de genes do fundador i no pedigree do animal em estudo n = n.º de “caminhos” existentes no pedigree desde o fundador até ao animal em estudo

entos, já dispon grama Gescab Losina,

opondo as possíveis

a

2.3 Pedido de alterações

Depois de exploradas as capacidades do Gescab Losina, e antes da sua aquisição em

definitivo por parte da AICS, foram solicitadas diversas alterações aos seus

componentes e a adição de novos conteúdos, considerados fundamentais

d

Tabela de Pontuação: diferenças significativas foram encontradas no que diz

curso de Modelo e Andamentos, e que determina a aptidão dos animais

omo possíveis reprodutores.

respeito aos caracteres morfológicos que são avaliados em cada raça bem como nos

coeficientes a eles associados. Deste modo, foi pedida a inclusão da tabela de pontuação

que é utilizada por rotina na avaliação de exemplares da raça Sorraia, geralmente

realizada em con

c

Coeficiente de consanguinidade: este parâmetro foi determinado para cada um

dos exemplares presentes no ficheiro e o resultado obtido foi comparado com o valor

24

que se encontra registado no Studbook. Tendo-se verificado que os valores calculados

pelo Gescab para os animais mais recentes se encontravam subestimados, foi colocada a

hipótese de que apenas um número limitado de gerações estariam a ser consideradas no

ento. O cálculo deste parâmetro foi, então, alterado de modo a que a respectivo procedim

totalidade da informação genealógica disponível, até aos animais fundadores, pudesse

ser incluída, independentemente do número de gerações que tal facto representa.

Microssatélites: a designação de cada um dos 15 microssatélites actualmente

analisados para efeitos de controlo de filiação na raça Sorraia – ASB2, HMS3, HMS6,

HMS7, HTG4, HTG6, HTG10, VHL20, AHT4, AHT5, LEX20, LEX23, LEX36,

UCDEQ405 e UCDEQ5 – foi disponibilizada à empresa para que fossem incluídos no

programa, substituindo os que são normalmente utilizados no cavalo Losino.

Certificado de filiação: a análise do painel de microssatélites atrás mencionado

permite verificar a compatibilidade entre um determinado animal e os indivíduos que

foram declarados como seus progenitores. O resultado deste teste – no qual o animal é

dado como compatível ou incompatível – é cedido pela AICS aos criadores sob a forma

de um pequeno relatório. No intuito de tornar a emissão deste documento mais simples

a, foi solicitada a sua inclusão no referido programa. e rápid

Certificado de Inscrição: neste documento encontram-se reunidas as principais

características inerentes aos indivíduos e é produzido no momento em que o animal é

registado no Studbook, após o cumprimento dos requisitos necessários para que tal

aconteça. Tal como no caso anterior, a sua emissão automática pelo programa Gescab

constituirá uma importante mais valia na gestão da raça, poupando tempo e evitando

rros de edição manual, pelo que sua inserção no referido programa foi igualmente

licita

etectadas, através de testes minuciosos e morosos, foram sendo

e

so da.

É importante referir que a adaptação do programa Gescab Losina às particularidades da

raça Sorraia veio a revelar-se um processo muito complexo e moroso, uma vez que as

modificações foram sendo enviadas para a AICS através de várias versões de

actualização que, por diversas vezes, não se encontravam a funcionar correctamente. As

anomalias d

25

constantemente anotadas e comunicadas à empresa Melpi S.L. no intuito de se obter

uma versão final com a maior brevidade possível. No decurso deste trabalho, todas as

dificuldades encontradas e os pontos a alterar no referido software foram também

transmitidas de forma pessoal ao técnico responsável pelo seu desenvolvimento, Ignacio

Melgarejo, tanto por ocasião de duas das suas viagens a Portugal, como nas próprias

instalações da empresa, sedeada em Sevilha.

2.4. Introdução de dados complementares

Após a aquisição do programa pela AICS e depois de consumadas muitas das alterações

solicitadas, o registo dos animais foi complementado com os seguintes elementos:

Pelagem: a cor da pelagem foi introduzida no campo Capa do registo individual,

iamente adicionadas à base de dados: baia,

rata ou rata escura, as únicas existentes na raça Sorraia.

seleccionado uma das 3 hipóteses prev

Microssatélites: sempre que disponível, a informação relativa aos alelos

determinados para cada um dos microssatélites utilizados na raça Sorraia para

2.5. C

técnicas m

este trabalh ratoriais referentes ao controlo

e filiação dos animais de raça Sorraia nascidos neste período de tempo. Este

realizado no Laboratório de Genética Aplicada do Centro

biental / Departamento de Biologia Animal da Faculdade de Ciências da

imagens em software apropriado (RFLP-Scan).

controlo de filiação foi introduzida no ficheiro.

ontrolo de filiação

Com o principal objectivo de ficar a conhecer e contactar de perto com as diversas

oleculares utilizadas por rotina no âmbito de um teste de paternidade, durante

o foram ainda acompanhadas as análises labo

d

procedimento é actualmente

de Biologia Am

Universidade de Lisboa, mediante protocolo, e envolve a análise do conjunto de

microssatélites anteriormente referido de acordo com a metodologia standard que tem

vindo a ser eficazmente utilizado para este fim (Luís et al. 2007b): extracção do DNA a

partir de sangue total, amplificação dos microssatélites pela técnica de PCR, separação

dos fragmentos por electroforese num sequenciador automático Li-Cor e análise das

26

3. Resultados e Discussão

No final do presente trabalho, os dados populacionais da raça Sorraia, compilados desde

a sua fundação até Dezembro de 2006, ficaram disponíveis num programa informático

totalmente direccionado para a gestão de raças autóctones ameaçadas e com diversas

novas aplicações que o tornam um instrumento de grande utilidade para este cavalo. O

Gescab Raça Sorraia, como passou a ser designado, poderá ser adquirido ou

elos vários criadores, os quais terão acesso a todas as

formações de uma forma rápida e intuitiva, quer seja de forma directa ou através da

simplesmente consultado p

in

AICS que disponibilizará os elementos solicitados.

Com este software, cada um dos indivíduos registados na base de dados poderá ser

facilmente localizado recorrendo ao menu Ejemplares. Depois de seleccionado o

indivíduo pretendido, é possível visualizar de forma imediata um resumo das

informações que o caracterizam e que foram previamente inseridas na ficha individual.

Figura 8. Ecrã inicial do Gescab Raça Sorraia onde se observam todos os menus que se encontram

disponíveis para consulta.

27

Figura 9. Dados de Uhipi apresentados no menu ue

poderá ser consultada mediante pesquisa por anim (B): número de identificação (código); data de

nascimento (nacimiento); sexo; cor da pelagem (cap estado do animal para fins reprodutivos (estado):

reprodutor, não reprodutor ou castrado; data de mudança de estado (fecha cambio estado); nome

(nombre); data de morte (fecha baja); causa de morte (causa de la baja); progenitor masculino (padre);

progenitor feminino (madre); criador; proprietário e ferro (núcleo). É também possível consultar o

histórico dos estados apresentados pelo indivíduo dur e a sua vida (Histórico de Estados) bem como o

histórico dos seus proprietários (Histórico d r etarios). Sempre que disponíveis, as datas de

raciones) (Figura 10).

Ejemplares (A) e respectiva ficha individual q

al

a);

ant

e P opi

inclusão/exclusão dos animais no Livro de Nascimento e no Livro de Adultos poderão ser facilmente

adicionadas ao registo individual através do botão Registro de Libros.

Como previamente referido, o Gescab é um programa que possibilita a inclusão de uma

vasta gama de conteúdos para além dos dados que geralmente se encontram registados

no Studbook de uma raça. Em termos morfológicos, o registo de um animal poderá ser

complementado não só através da adição de fotografias e vídeos como também através

do registo das pontuações atribuídas aos caracteres que são por rotina avaliados nos

animais candidatos a integrar o Livro de Reprodutores (Valo

Figura 10. Tabela de pontuações de apreciação morfológica e funcional utilizada na raça Sorraia que

etermina a aptidão dos animais como possíveis reprodutores (A) e fotografias de Uhipi depositadas no

menu com o mesmo nome dos Ficheros Auxiliares

d

(B).

A B

A B

28

Constituindo uma das principais particularidades do Gescab face aos demais programas

ara registos genealógicos, é possível incluir, para cada animal, os dados moleculares

ue resultam do teste de paternidade que é efectuado para controlo de filiação. Assim,

ada um dos alelos determinados para o conjunto de microssatélites analisado poderá

r inserido na respectiva tabela (Microsa ), e a compatibilidade entre o indivíduo

igura 11. Alelos determinados no controlo de filiação de Vialonga (A) e Zizi (46) (B). Para cada um dos

icrossatélites, a compatibilidade entre o animal (ejemplar) e os progenitores declarados pelos criadores

(pai) e madre (mãe)) pode ser visualizada através das cores apresentadas nas colunas à direita

mpatibilidad): cor verde significa concordância entre os alelos enquanto que a cor vermelha indica

ue nenhum dos alelos encontrados no filho está presente no presumível progenitor, determinando

compatibilidade.

A B

p

q

c

se télites

e os presumíveis progenitores pode ser examinada através da simples comparação entre

os resultados obtidos para cada um dos casos. Com a realização deste trabalho, a tabela

dos 15 microssatélites actualmente analisados no controlo de filiação da raça Sorraia

ficou disponível para preenchimento e os dados dos vários testes realizados até ao

momento foram inseridos no registo individual de cada animal. No entanto, uma vez

que até muito recentemente este procedimento era efectuado recorrendo à análise de um

painel de microssatélites mais reduzido, os campos correspondentes aos marcadores

mais recentes não se encontram preenchidos para a grande maioria dos animais.

F

m

(padre

(co

q

in

29

Sempre que disponíveis, também os resultados de diversos procedimentos no âmbito

veterinário poderão ser armazenados na base de dados do programa através do menu

Otros datos.

Figura 12. Informações que podem ser incluídas no menu Otros datos, presente no ecrã principal: data

a colocação do microc hip (microchip); data da

esparatisação (fecha de desparasitación); data da determinação do hemótipo (análise genética para

ntrolo de filiação) (fecha de hemotipo); resultado do controlo de filiação (filiación): incompatible con

adre (incompatível com o pai), incompatible con madre (incompatível com a mãe), incompatible con

adre o madre (incompatível com o pai ou com a mãe), pendiente de extracción (aguarda o resultado da

álise) ou filiación compatible (filiação compatível); data de vacinação (fecha de vacunación).

registo

ue dizem respeito a cada um destes casos em particular (Figura 14) e onde podem ser

d hip (fecha de microchipado); número do microc

d

co

p

p

an

Refira-se, ainda, a existência neste programa do menu Altas/Bajas, presente no ecrã

principal, a partir do qual é possível aceder a dois novos sub-menus: Nacimientos e

Bajas. Seleccionando a primeira destas opções, surgem no ecrã diversos campos de

registo relativos a um novo nascimento na população (Figura 13), indivíduo este que

passará a fazer parte integrante da lista dos exemplares da raça. Já no caso do sub-menu

Bajas, será possível escolher entre Sacrificio e Muerte para aceder às fichas de

q

incluídas as informações referentes à morte do indivíduo em causa.

Figura 13. Campos de re da a partir do sub mengisto presentes da ficha Nuevo Nacimiento, obti u

acimientos: data de nascimento (nacimiento), sexo, progenitor masculino (padre), progenitoN r

feminino (madre), proprietário e nome (nombre).

30

Figura 14. (A) Campos de registo presentes na ficha Datos del Sacrificio, obtida a partir da opção

acrificio do sub-menu Bajas: nome (nombre), núm

), progenitor masculino (padre), progenitor feminino (madre), data do sacrifício (f.

), responsável pelo sacrifício e respectivo número do Documento Nacional de Identidade

o e D.N.I.). Sempre que a documentação necessária é entregue, tal facto deve ser assinalado no

mpo Documentación Entregada. (B) Campos de registo presentes na ficha Muertes, obtida a partir da

pção Muerte do sub-menu Bajas: nome (nombre), número de identificação (código), progenitor

ulino (padre), progenitor feminino (madre), data de scimento (nacimiento), data da morte (fecha

de

rma simples e apelativa, a representação gráfica da respectiva árvore genealógica

A B

S ero de identificação (código), data de nascimento

(nacimiento

sacrificio

(matader

ca

o

masc na

baja) e causa de morte: morte natural (muerte natural) ou morte acidental (muerte accidental).

Com a totalidade dos animais inseridos na base de dados, a optimização do Gescab

Raça Sorraia possibilita, pela primeira vez, aos seus utilizadores a consulta de variados

aspectos relacionados com a ascendência e descendência dos indivíduos, assim como o

cálculo rápido e interactivo de parâmetros genéticos e demográficos que adquirem

particular relevância em raças consideradas em perigo de extinção. De forma a conhecer

a linha de ascendência de um determinado animal, o programa permite visualizar,

fo

(Árbol). Para além da identificação dos ancestrais, também a data de nascimento, cor da

pelagem e ferro do criador podem ser observados de forma imediata (Figura 15A). Uma

análise mais detalhada da contribuição destes animais no indivíduo em causa poderá ser

realizada com base nos valores do grau de influência determinado para os vários

ancestrais presentes em cada geração parental (Informe de la ascendencia) (Figura

15B).

31

e forma análoga, a contribuição genética de cada fundador para o indivíduo em análise

ferido software (Ejemplares

dadores) (Figura 16).

o que diz respeito à descendência de um exemplar, informação detalhada sobre o sex-

tio dos produtos e respectivas pelagens pode ser observada sempre que solicitada.

stes resultados são disponibolizados quer em termos de tabelas de frequências quer

través de gráficos de percentagens (Informe de la descendencia) (Figura 17).

D

poderá ser facilmente consultada recorrendo ao re

Fun

N

ra

E

a

Figura 15. (A) Árvore genealógica de Uhipi onde podem ser observados todos os ancestrais até à 4ª

eração (secções de círculo indicam as respectivas pelagens) e (B) tabela de ascendência onde se

ntra representado o grau de influência dos ancestrais em cada geração parental.

g

enco

Figura 16. Representação genética dos exemplares fundadores no Uhipi (em percentagem) obtido a partir

o sub menu Ejemplares Fundadores.

A B

d

32

Traduzindo a existência de cruzamentos entre indivíduos aparentados na população, o

oeficiente de consanguinidade (Consanguinidad) constitui um dos parâmetros de

aior utilidade na gestão de populações ameaçadas. Com a realização do presente

abalho, e actualização deste programa à raça Sorraia, é possível aos utilizadores a

onsulta deste importante coeficiente, no cálculo do qual se encontra incluída toda a

ice de

s (Informe de la ascendencia de dos

jemplares) no produto resultante de cada cruzamento testado (Figura 18), e avaliar, em

c

m

tr

c

informação genealógica até aos fundadores. Para além deste parâmetro, também o

ndice de preenchimento das genealogias (Índice de acabado) e o índí

conservação genética (Índice de conservación genética) poderão ser facilmente

calculados para cada um dos indivíduos da raça.

No âmbito de uma eficaz gestão da raça, o delineamento de programas de reprodução

adequados de forma a minimizar a perda de variabilidade genética entre gerações é uma

tarefa de extrema importância. Através do Gescab Raça Sorraia é possível aferir quais

os cruzamentos mais favoráveis a promover em cada época de reprodução, uma vez que

é possível estimar tanto o coeficiente de consanguinidade (Consanguinidad de la

descendencia) como a contribuição dos ancestrai

e

cada momento, a consequência de tais cruzamentos na preservação da variabilidade

genética da raça.

Figura 17. Informação sobre a descendência de Regalo: frequências absolutas e relativas do número de

rodutos por classe de sexo e de pelagem e representação gráfica das respectivas percentagens. p

33

Este tipo de análise pode ser realizada de forma simultânea para diversos cruzamentos

ntre animais da mesma ou de distintas coudelarias, facto importante quando se

retende promover a troca de reprodutores entre núcleos, tão benéfica neste tipo de

opulaçõe Consanguinidad – informe de la población) (Figura 19).

e

p

p s (

Figura 18. Coeficiente de consanguinidade (A) e grau de influência dos ancestrais em cada geração

arental (B) num hipotético descendente do cruzamento entre Uhipi e Vialonga.

A B

p

Figura 19. Resultados obtidos na simulação de cruzamentos entre vários indivíduos na população: (A)

enu inicial onde são seleccionadas as coudelarias, datas de nascimento e cor da pelagem dos reprodutores;

) selecção dos pares reprodutores; (C) valores do coeficiente de consanguinidade e do índice de

nservação genética determinados para cada um dos cruzamentos seleccionados.

A

C

m

(B

co

B

34

Por fim, a emissão de certificados fundamentais para a acção da AICS junto dos

forma directa e

stantânea.

criadores, tais como os certificados de inscrição (Certificado de inscripción) e de

iliação (Certificado de filiación), passou a ser possível através desta versão do Gescab

Anexos 2 e 3). Delineados de acordo com as exigências do Regulamento do Studbook,

stes documentos poderão, deste modo, ser produzidos de uma

f

(

e

in

35

4. Conclusão

onstituindo a base fundamental de qualquer programa de reprodução em cativeiro, o

tudbook representa um instrumento de importância inquestionável na gestão de uma

opulação (Tudge 1992; Bastos-Silveira 1997). Este tipo de registo torna-se

specialmente relevante quando a população em causa se encontra em risco de

esaparecer, como é o caso da raça Sorraia, reunindo um conjunto de informações

ca dos seus indivíduos e a partir do qual poderão ser facilmente traçadas

s suas genealogias. Com os progressos alcançados ao nível tecnológico,

ção do Registo Genealógico e o cumprimento do

spectivo Regulamento), tornando possível o registo dos animais, a validação dos

C

S

p

e

d

relevantes acer

a

particularmente evidentes nas décadas mais recentes, foram surgindo no mercado

diversas aplicações que possibilitam hoje em dia manter estes dados em bases de dados

informatizadas, facto que tem permitido gerir os efectivos populacionais de um modo

muito mais fácil, rápido e fiável (Melgarejo et al. 2000; Tirados 2001; Melgarejo et al.

2004a,b; Benavente et al. 2007).

No decorrer do presente trabalho, como referido, várias alterações foram induzidas ao

programa Gescab Losina, um software informático destinado à gestão do Studbook de

uma raça ameaçada, que o tornaram bem mais adaptado e totalmente optimizado para o

caso particular do Cavalo do Sorraia. O programa Gescab Raça Sorraia, como passou a

ser designado, constituirá, sem dúvida, uma valiosa ferramenta de trabalho para a AICS

(que tem a seu cargo a manuten

re

testes de paternidade e a emissão dos documentos necessários ao cumprimento do

referido Regulamento de uma forma mais rápida e isenta de possíveis erros decorrentes

da emissão manual. Por outro lado, apesar dos diversos softwares disponíveis para

informatização de Studbooks serem mais ou menos profundos, permitindo análises

demográficas e genéticas mais ou menos profundas (como poderemos avaliar no

Capítulo III), nem todos são apelativos e de fácil utilização por parte dos criadores,

principais interessados e veículos na conservação das raças. O programa Gescab, em

geral, e o Gescab Raça Sorraia, em particular, vem colmatar essa lacuna, tendo já sido

muito apreciados os diferentes tipos de informação que rapidamente disponibiliza junto

dos criadores. Assim, quer seja através da aquisição do programa, quer seja através de

simples consulta, os próprios criadores ficarão com a possibilidade de consultar,

analisar e gerir directamente o seu efectivo e de uma forma muito mais rápida e eficaz.

36

Pensamos, desta forma, ter contribuído de uma forma determinante para uma melhor

gestão de uma raça tão ameaçada, como é o Cavalo do Sorraia, com a componente

importante de tornar acessível aos criadores uma ferramenta de utilidade indiscutível,

envolvendo-os directamente nessa mesma gestão.

37

Capítulo III

genética e estrutura demográfica

da raça Sorraia através da análise

Caracterização da variabilidade

da informação genealógica

38

1. A análise da

gestão de uma

A continuidade de uma raça e

ínimo de animais que garanta a sua sobrevivência, mas também da variabilidade

enética que, constituindo a capacidade de adaptação em resposta a alterações

mbientais, representa a base do seu potencial evolutivo (Carolino et al. 2004;

rankham et al. 2004; Toro & Caballero 2005; FAO 2007). A avaliação desta

cial para se perceber o grau em que esta se encontra ameaçada e

portante para o estabelecimento de programas de selecção e/ou conservação eficazes

r, a análise da

enealogia constitui uma ferramenta de grande utilidade para descrever a diversidade

genealogia como uma ferramenta de grande utilidade para a eficaz

raça

stá dependente da manutenção, não só de um número

m

g

a

F

diversidade dentro das populações, assim como a da respectiva estrutura, fluxo genético

e demografia, é essen

im

(Goyache et al. 2003; Gutiérrez et al. 2003; Fernández et al. 2004; Valera et al. 2005;

Cervantes et al. 2008). Alguns parâmetros demográficos, fortemente dependentes das

políticas de gestão e reprodução praticadas, têm um grande impacto na evolução da

diversidade genética de uma população (Goyache et al. 2003; Gutiérrez, et al. 2003;

Valera et al. 2005). A análise deste tipo de componentes por parte de criadores e

investigadores poderá, desta forma, constituir um forte auxílio na descrição da estrutura

e da dinâmica das diferentes raças, permitindo uma maior compreensão da história

genética a elas associada (Goyache et al. 2003; Gutiérrez, et al. 2003).

A monitorização periódica dos diversos índices que caracterizam uma população é uma

tarefa de reconhecida importância no âmbito de qualquer estratégia conservacionista

(United Nations Treaty Series 1993; FAO/UNEP 1998; FAO 2007). No caso da raça

Sorraia, dada a sua importância no contexto nacional e mundial, este é um procedimento

que adquire particular relevância, sobretudo se tivermos em conta o reduzido efectivo e

os baixos níveis de variabilidade que, desde sempre, a caracterizaram. Utilizada de

modo independente ou como complemento à abordagem molecula

g

genética de uma população e a sua evolução ao longo das gerações (Boichard et al.

1996). Durante os anos mais recentes, diversas técnicas e parâmetros de análise

genealógica têm vindo a ser desenvolvidos, fruto do crescente número de estudos a esta

área dedicados, e algumas rotinas computacionais estão actualmente disponíveis para

este tipo de pesquisa (Caballero & Toro 2000; Carolino & Gama 2002; Gutiérrez &

Goyache 2005; Gutiérrez et al. 2005).

39

Os programas SPARKS v.1.5 (Single Population Analysis and Records Keeping

System) (Scobie et al. 2004), que inclui os programas GENES v.12 (Software package

for genetic analysis of studbook data, desenvolvido por Robert Lacy, Chicago

Zoological Society, Brookfield, EUA) e DEMOG (desenvolvido por Laurie Bingaman-

Lackey e Jon Ballou, National Zoological Park, Washington, EUA), e o PM200

(Population Management 2000) v.1.163 (Pollak et al. 2002), direccionados para a

gestão genética de populações em cativeiro detentoras de Studbooks, permitindo a

compilação, edição, análise e produção de relatórios sobre o seu estado, foram

al. 2005; Valera et al. 2005;

lfonso et al. 2006; Cecchi et al. 2006; Ruíz-Flores et al. 2006; Adán et al. 2007;

utilizados na raça Sorraia para a determinação de diversos parâmetros genéticos e

demográficos recorrendo aos dados genealógicos disponíveis (Oom & Luís 2000,

2001a,b; Oom et al. 2004; Kjöllerström 2005). Os resultados obtidos evidenciam os

reduzidos índices de diversidade genética associados a esta raça, corroborando os

resultados inferidos a partir da análise molecular (Oom & Cothran 1994; Luís et al.

2002a,b; Luís et al. 2005; Luís 2006; Luís et al. 2007b).

No contexto da monitorização periódica dos parâmetros de variabilidade, fundamental

para o eficaz plano de gestão da raça, pretende-se com esta tarefa obter uma

caracterização do estado actual da população com base nas análises genéticas e

demográficas através do programa ENDOG v.4.0 (Gutiérrez & Goyache 2005). O

ENDOG é um software de genética populacional especialmente desenvolvido para

trabalhar com populações ameaçadas e recorrentemente utilizado em diversos estudos

nos últimos anos (Gutiérrez & Goyache 2005; Gutiérrez, et

A

Álvarez et al. 2007; Fernández et al. 2007; González-Recio et al. 2007; Kim et al. 2007;

Olsson 2007; Royo et al. 2007; Álvarez et al. 2008; Cervantes et al. 2008; Gutiérrez et

al. 2008). Correndo num ambiente de fácil utilização, permite efectuar diversas análises

baseadas na informação genealógica disponível, permitindo monitorizar as alterações na

variabilidade genética e na estrutura das populações sem grande esforço na preparação

dos dados (Gutiérrez & Goyache 2005). Essencialmente direccionado para raças

pecuárias, é dotado de uma linguagem mais acessível aos que se dedicam à produção

animal e, ao realizar outro tipo de análises não incluídas nos programas SPARKS e

PM2000, constitui um complemento aos resultados obtidos pelos mesmos (Oom et al.

2004; Kjöllerström 2005; Oom 2006), permitindo tornar o conjunto de dados final

indubitavelmente mais rico. Os resultados obtidos no presente trabalho irão ser

40

analisados e comparados com os dos trabalhos desenvolvidos anteriormente para a raça

Sorraia no sentido de se avaliar a sua evolução. Adicionalmente, sendo o ENDOG um

programa mais divulgado e utilizado no universo das espécies pecuárias, os resultados

da sua aplicação nesta raça equina tornarão mais fácil e objectiva a comparação da

variabilidade genética encontrada com a de diversas outras raças.

41

2. Materiais e Métodos

.1. Preparação do ficheiro

ara que se pudesse dar início à análise dos diversos parâmetros genéticos e

emográficos, foi necessária a preparação prévia dos dados populacionais de acordo

om as exigências do ENDOG v.4.0, descritas no respectivo manual (Gutiérrez &

oyache 2006). Um ficheiro de dados incluindo todos os indivíduos da raça registados

1937, até 31 de Dezembro de 2006 foi exportado a partir

rograma SPARKS v.1.5 no qual se encontra compilada toda a informação genealógica

te actualizada há medida que os animais vão nascendo e

ovas informações vão sendo conhecidas. Este registo, constituído por 652 animais (315

2

P

d

c

G

desde a sua fundação, em

p

da raça Sorraia, constantemen

n

machos, 335 fêmeas e 2 nados-mortos de sexo indeterminado), ficou disponível em

formato xls (Microsoft® Office Excel), reunindo, para cada animal, um vasto conjunto

de informações. Depois de seleccionadas as características importantes para o trabalho

em curso, descritas de seguida, os dados foram organizados respeitando as instruções do

programa de análise e cuidadosamente conferidos, um por um, de modo a garantir a

fiabilidade do ficheiro. Adicionalmente, e por imposição do software, foi incluído na

base de dados um animal de raça Alter Real – Vigilante – que, devido a um cruzamento

casual com uma égua Sorraia fundadora (Freire) pouco tempo após a fundação desta

raça, deu origem a uma linha de descendência à qual pertencem alguns dos animais

registados mas que foi rapidamente erradicada da população. Do ficheiro final,

constituído por 653 indivíduos, fazem parte as seguintes características:

Número de identificação: corresponde ao número atribuído pelo Serviço

Nacional Coudélico (SNC), actual Fundação Alter Real, que figura na respectiva

Declaração de Nascimento.

Número de identificação do progenitor masculino: número do Serviço

Nacional Coudélico (SNC), actual Fundação Alter Real, do progenitor masculino. No

caso dos animais fundadores, esta coluna foi preenchida com o algarismo 0.

42

esta coluna foi preenchida com o algarismo 0.

Número de identificação do progenitor feminino: número do Serviço

Nacional Coudélico (SNC), actual Fundação Alter Real, do progenitor feminino. No

caso dos animais fundadores,

Data de nascimento: data de nascimento do animal com formato dd-mm-aaaa.

Sexo: sexo do animal codificado com os algarismos 1 e 2 para machos e fêmeas,

spectivamente. re

Criador: número identificativo da coudelaria de origem do animal.

Concluída a fase de preparação do ficheiro de dados, deu-se início à análise dos vários

aior parte dos parâmetros que se seguem foram calculados para a totalidade dos

imai

o actual, constituída por 206 animais vivos, foi considerada para

nálise.

.2. Parâmetros demográficos

índices genéticos e demográficos que caracterizam a população do Cavalo do Sorraia. A

m

an s inscritos no programa SPARKS (653 indivíduos), contudo, em alguns casos,

apenas a populaçã

a

2

Intervalo de gerações: idade média do pais ao nascimento da descendência que é

mantida para fins reprodutivos (James 1977). Foi calculado para as 4 vias

progenitor-descendência (pai-filho, pai-filha, mãe-filho, mãe-filha), a partir das

datas de nascimento dos animais e respectivos progenitores.

Idade média: definida como a média das idades dos progenitores ao nascimento

pendentemente de se tornarem eles próprios animais

reprodutores ou não). Foi calculado para as 4 vias progenitor-descendência (pai-

da sua descendência (inde

filho, pai-filha, mãe-filho, mãe-filha), a partir das datas de nascimento dos

animais e respectivos progenitores.

da raça Sorraia foi

analisada através da descrição da percentagem de ancestrais conhecidos em cada

geração da genealogia, considerada até à 5ª geração parental (pais, 21, avós, 22,

Preenchimento da genealogia: a qualidade do pedigree

43

dmatdpatd II +

dmatdpat III =

.4

∑=

=d

iimatoudpat a

dI

1)(

1

bisavós, 23, trisavós, 24, e tetravós, 25), e do índice de preenchimento do pedigree,

proposto por MacCluer et al. (1983), que, podendo variar entre 0 e 1 (resultado

obtido quando são conhecidos todos os ancestrais de um determinado animal), é

calculado a partir da fórmula:

: número de gerações que separam o indivíduo do

mais remoto ancestral presente na sua genealogia. Ancestrais com pais

desconhecid

Número máximo de gerações

os foram considerados fundadores (geração 0).

Número de gerações completas: corresponde ao número de gerações que

ais afastada onde os seus 2n ancestrais são

de cada ancestral conhecido. Ancestrais com pais desconhecidos foram

considerados fundadores (geração 0).

separam o indivíduo da geração m

conhecidos na totalidade, sendo n o número de gerações que separam o indivíduo

e à soma das parcelas

(1/2) n, sendo n o número de gerações que separam o indivíduo de cada ancestral

Número equivalente de gerações completas: é calculado de acordo com a

metodologia proposta por Maignel et al. (1996) e correspond

conhecido.

Vassalo et al. (1986), as quais foram

classificadas como:

d = profundidade da genealogia

(n.º de gerações incluídas no cálculo)

igeraçãonaosantepassaddetotalnmatoupatlinhanaigeraçãodaosantepassadn

ai .º)(,.º

=

Importância genética das coudelarias: a contribuição das coudelarias que

contribuíram com garanhões para a população em estudo foi analisada de acordo

com a metodologia proposta por

44

a) coudelarias núcleo, se os criadores utilizam exclusivamente os seus próprios

garanhões para reprodução, não utilizando animais provenientes de outros

criadores mas permitindo a transferência de animais para núcleos externos;

c) coudelarias comerciais, sempre que os criadores utilizam machos

) coudelarias isoladas, se apenas são utilizados para reprodução machos da

2.3. Parâmetros genéticos

b) coudelarias multiplicadoras, no caso em que são utilizados para reprodução

machos oriundos de outros criadores e em que são cedidos garanhões a outras

coudelarias;

provenientes de outras coudelarias, nunca cedendo garanhões a outras

coudelarias;

d

própria coudelaria, não havendo compra nem transferências de garanhões para

outras coudelarias.

necessári ir a mesma diversidade genética encontrada na população em

studo, se todos estivessem igualmente representados na população descendente. É

obtid

mero efectivo de fundadores (fe): número de fundadores que seriam

os para produz

e

o a partir da fórmula ∑

= f

k

e

qf

2

1 , sendo q

=k 1

a população originada pelo fundador k (calculado como o coeficiente de relação média

e fundadores. É equivalente ao parâmetro fe determinado

etodologia proposta por James (1972) ou Lacy (1989, 1995) sempre que

k a proporção da variabilidade genética

d

- AR), e f o número real d

seguindo a m

no cálculo é incluída a totalidade do pedigree.

Número efectivo de ancestrais (fa): número mínimo de ancestrais, fundadores

ou não, que explicam a l diversidade genética encontrada na população em estudo

(Boichard et al.

tota

1997). É calculado de acordo com o algoritmo ∑=

= a

j

a

qf

2, sendo qj a

j 1

1

45

contribuição marginal do ancestral j, ou seja, a contribuição genética associada ao

ancestral que não é explicada por quaisquer outros previamente escolhidos. Para o seu

cálculo é considerada uma população de referência constituída apenas pelos animais

ujos 2 progenitores são conhecidos, excluindo, desta forma, os fundadores. c

Coeficiente de consanguinidade (F): calculado de acordo com o método

proposto por Meuwissen & Lou (1992), define-se como a probabilidade de um

indivíduo ser portador de dois alelos idênticos por descendência (W

right 1931).

Coeficiente de relação média (AR): o coeficiente de relação média de cada

indivíduo é definido como a probabilidade de um alelo aleatoriamente escolhido na

população total do pedigree pertencer a um determinado indivíduo (Gutiérrez &

Goyache 2005). Em termos numéricos, corresponde ao dobro da probabilidade de dois

lelos escolhidos ao acaso (um do animal e outro da população total, incluindo ele

oeficientes que integram a linha do indivíduo em causa (Goyache et al. 2003; Gutiérrez

al. 2

a

próprio) serem idênticos por descendência, podendo ser interpretado como a

representação de um animal no pedigree total da população (Dunner et al. 1998). O

parâmetro AR é calculado a partir da matriz aditiva de parentesco como a média dos

c

et 003), ou seja, a média das relações genéticas desse indivíduo com todos os outros

da população, incluindo ele próprio, tendo em conta, de forma simultânea, os

respectivos coeficientes de parentesco entre cada dois indivíduos (coancestry, kinship)

(metade do conteúdo da célula de intersecção de ambos) e de consanguinidade

(Gutiérrez & Goyache 2005). Para os animais fundadores, AR pode ser obtido

atribuindo a cada indivíduo o valor 1 por pertencer à população, ½ por cada filho a que

deu origem, ¼ por cada neto e por aí adiante, ponderando posteriormente o valor

encontrado pelo número total de animais que constituem a população. O resultado

obtido representa, nestes casos, a contribuição genética de cada fundador para a

população em estudo (Dunner et al. 1998).

Para complementar o conjunto de análises previamente referido, o programa PM2000

foi também utilizado para o cálculo de alguns parâmetros genéticos de importância

reconhecida na gestão de populações em cativeiro, os quais foram calculados tendo em

conta apenas os animais que actualmente constituem o efectivo vivo da raça, sobre os

quais recairão os planos de gestão futura. Para além da representação genética dos

46

diversos fundadores no pool genético total desta população, foram ainda determinados

os valores individuais do coeficiente médio de parentesco (mean kinship) – mk –,

definido como o parentesco (kinship) médio de um indivíduo com todos os outros

divíduos da população viva, incluindo ele próprio (Ballou & Lacy 1995). in

47

3. Resultados e discussão

.1. Análises demográficas

os 653 animais incluídos no ficheiro analisado, 640 (328 fêmeas e 310 machos) são

escendentes de pais conhecidos enquanto que apenas 13 (7 fêmeas e 6 machos) foram

onsiderados fundadores já que se desconhece a identidade dos seus progenitores. A

igura 20 mostra a evolução do número de nascimentos registados no Studbook da raça

orraia (fundadores não incluídos) desde a sua fundação, em 1937, até 31 de Dezembro

ções que se observam ao longo dos vários anos de registo,

ma tendência para o aumento progressivo do número de nascimentos pode ser,

ncremento é particularmente evidente nas últimas duas

écadas (1987-2006), onde se encontram representados cerca de 50,6% do número total

3

D

d

c

F

S

de 2006. Apesar das flutua

u

contudo, visualizada. Este i

d

de nascimentos, em grande parte resultado do aumento do número de criadores e do

interesse manifestado em redor da raça.

0

5

10

15

20

25

30

N.º

de re

gist

os

1937

1941

1945

1949

1953

1957

1961

1965

1969

1973

1977

1981

1985

1989

1993

1997

2001

2005

Ano de nascimento Figura 20. Número de nascimentos registados em cada ano no Studbook da raça Sorraia desde a sua

fundação (1937) até 31 de Dezembro de 2006.

Da totalidade dos animais inscritos no Studbook, apenas 36,1% se tornaram animais

reprodutores. Esta divergência encontrada torna-se ainda mais evidente ao

considerarmos cada sexo em particular uma vez que, enquanto que aproximadamente

metade das fêmeas (52,2%) se tornaram fêmeas reprodutoras, somente 61 dos 316

machos registados (19,3%) produziram algum tipo de descendência. Valores ainda mais

48

baixos foram encontrados no cavalo Árabe Espanhol (Cervantes et al. 2008), onde

apenas 27,9% das fêmeas e 12,6% dos machos viriam a ser utilizados para fins

reprodutivos, e no cavalo Brasileiro de Hipismo (Dias et al. 2000), com valores de

24,2% e 1,2% para fêmeas e machos, respectivamente.

Ao longo da história da raça, a desequilibrada contribuição dos animais reproduto

para a população, em termos de descendência produzida, é também clara (Figura 21

a vez mais, as diferenças mais significativas são encontradas entre os garanhões.

res

) e,

um

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 16 17 18 20 23 24 32 33 34 52 65

Classe de descendência

N.º

de a

ni

30

50

35

40

45

s m

ai

Garanhões

Éguas

Figura 21. Distribuição dos animais usados como reprodutores de acordo com o número de descendentes

a que deram origem.

A maior parte das éguas reprodutoras (58,3%) deu origem a uma descendência

e a

ariância dos valores neste grupo de indivíduos é significativamente maior. Apesar da

principal fracção (65,6%) ter dado origem a um número de filhos compreendido entre 1

e 8, para 2 dos casos analisados foi registado um valor superior a 50 – Afogado (922) e

Manco. Um cenário semelhante foi descrito por Cervantes et al. (2008) para o cavalo

Árabe Espanhol, com 71,2% dos garanhões apresentam entre 1 a 5 descendentes e um

pequeno número de machos a registarem uma prole que ultrapassa os 70 indivíduos. No

caso do cavalo Brasileiro de Hipismo (Dias et al. 2000), 54,5% dos machos

reprodutores deram origem a uma descendência constituída por 10 ou menos

constituída por 1, 2 ou 3 animais, e o número máximo de filhos por égua, encontrado

em 3 casos – Arisca (27), Pinoia (14) e Engeitada (2) – foi de 11. Observando a

distribuição dos garanhões no gráfico correspondente, é possível verificar qu

v

49

indivíduos, sendo 95 o número máximo de filhos apresentado por um garanhão. Na raça

Sorraia, a desequilibrada contribuição dos animais reprodutores de cada sexo para a

população em estudo encontra-se, de igual forma, reflectida no valor médio de filhos

por progenitor – 3,66 para o caso das fêmeas e 10,49 para os machos. A diferença entre

os valores médios registada para os dois sexos vai de encontro ao descrito para diversas

outras raças equinas como a Mangalarga no Brasil (4,4 para as éguas e 23,8 para os

garanhões) (Mota et al. 2006), Campolina (3,1 para as éguas e 22,2 para os garanhões)

(Procópio et al. 2003) e Brasileiro de Hipismo (2,8 para as éguas e 15,2 para os

garanhões) (Dias et al. 2000). O número médio de filhos determinado para os garanhões

da raça Sorraia (10,49) é, ainda assim, bastante inferior aos valores anteriormente

997), dos 8,9 encontrados para a Pura-Raza-Española (Valera et al.

mencionados, estando mais próximo dos 10,1 encontrados para o Pónei Brasileiro

(Bergmann et al. 1

1997) e dos 12,28 que caracterizam o cavalo Puro-Sangue-Lusitano (Valera et al. 2000).

Constituindo um dos factores que influenciam a taxa de progresso genético de uma

população, o intervalo de geração representa uma medida de grande importância no

âmbito da gestão de uma raça. Comparativamente com outras espécies domésticas, este

intervalo é geralmente longo no caso dos equinos, situando-se, para a grande maioria,

entre os 9 e os 11 anos (Bowling 1996). Na população do Cavalo do Sorraia, o valor

encontrado foi de 7,94 anos, um valor de certa forma baixo e bastante inferior aos 10,11

anos registados por Valera et al. (2005) para o cavalo Pura-Raza-Española. No Quadro

1 encontram-se detalhados os valores médios calculados para cada uma das vias

progenitor-descendência. Apesar das semelhanças encontradas entre os diversos

resultados, verifica-se que as vias mãe-descendência são sempre ligeiramente superiores

às vias que envolvem os garanhões. O cenário oposto foi encontrado por Moureaux et

al. (1996) para as populações analisadas de 5 raças de cavalos francesas (Puro Sangue

Inglês, Trotteur Français, Árabe, Anglo-Árabe e Selle Français), nas quais as vias pai-

descendência são, em praticamente todos os casos, superiores às vias que englobam as

éguas, com valores que variam entre os 8,2 (Árabe) e os 13,1 anos (Trotteur Français).

Considerando a totalidade da descendência produzida (mantida para fins reprodutivos

ou não), a idade média dos pais determinada para a população do Cavalo do Sorraia foi

de 8,39 anos e, tal como no caso anterior, os valores mais elevados foram encontrados

nas vias mãe-descendência.

50

A diferença que se regista entre as vias que abrangem cada sexo, em separado, é

justificada pelo facto das fêmeas serem utilizadas como reprodutoras durante toda a

vida, sendo deixadas nas eguadas até ao limite, ao contrário do que acontece com os

garanhões, que vão sendo substituídos desta função de forma bem mais frequente. Uma

das medidas de conservação genética implementadas nesta raça prende-se,

es associadas à recuperação e posterior manutenção/gestão

precisamente, com uma maior rotatividade dos garanhões de forma a possibilitar a

inclusão de maior variabilidade genética na descendência das diferentes eguadas. Nas

restantes raças, em que se pretende, acima de tudo, melhoramento genético,

nomeadamente nas raças em que os garanhões são valorizados pela respectiva

performance ao longo da vida, a pressão de selecção é muito superior e os animais são

colocados à reprodução em idades mais avançadas, algumas vezes recorrendo, até, a

sémen congelado após a sua morte, o que, obrigatoriamente, aumenta o intervalo de

geração nas vias pai-descendência.

Quadro 1. Valores médios encontrados na população da raça Sorraia para o intervalo de gerações e idade

média dos pais em cada uma das 4 vias progenitor-descendência.

Dadas as particulares condiçõ

Intervalo de Gerações Idade Média

da raça ao longo dos vários anos da sua história, o Studbook do Cavalo do Sorraia

constitui um ficheiro de elevada fiabilidade e no qual se encontra incluída informação

genealógica completa sobre todos os indivíduos presentes na população desde a sua

fundação. O número máximo de gerações encontrado no pedigree de um animal foi de

13 e, dos 653 animais incluídos na base de dados analisada, mais de metade (54%)

apresentam 10 ou mais gerações na sua genealogia (Figura 22). Se considerarmos

apenas os animais que se encontram actualmente vivos, verifica-se que a grande maioria

(57%) é caracterizada por genealogias com 12 ou 13 gerações decorridas desde os

ancestrais fundadores, não existindo qualquer caso com um número máximo de

gerações inferior a 7.

Vias N Anos N Anos Pai – Filho 55 7,65 310 8,27 Pai – Filha 168 7,28 330 7,73 Mãe – Filho 55 8,61 310 9,02 Mãe – Filha 168 8,48 330 8,57

Média 446 7,94 1280 8,39

51

41%

520%

654%

725%

072%

14% 2

15%

310%

410%5

21%

627%

11%

População total Animais vivos

100

120

140

ais

0

20

40

60

80

1 2 4 5 7 8 10 1 13

Número o de ger

N.º

de a

nim

0 3 6 9 1 12

máxim ações

Figura 22. Distribuiçã ai S da raça aia consoa número máximo

rações que aprese na respectiva genealog derando a t da população e apenas a

endo em conta apenas as gerações que se encontram totalmente preenchidas, onde os

Figura 23. Distribuição dos animais inscritos no Studbook da raça Sorraia consoante o número de

gerações completas que apresentam na respectiva genealogia considerando a totalidade da população e

apenas a população viva.

o dos anim

ntam

s inscritos no tudbook

ia consi

Sorr

otalidade

nte o

de ge

população viva. A classe 0 corresponde aos fundadores.

T

2n ancestrais que as constituem são conhecidos na íntegra, o número máximo

encontrado para os animais da raça Sorraia foi 7. A distribuição dos animais pelo

número de gerações completas que apresentam pode ser visualizada na Figura 23, a qual

permite verificar que a maioria dos indivíduos (59%) exibe, na sua genealogia, 5, 6 ou 7

gerações totalmente preenchidas. Esta percentagem é ainda mais expressiva se

observarmos o gráfico obtido apenas para a população viva, com 79% dos casos a

apresentarem 6 ou 7 gerações completamente conhecidas.

População total População viva

52

53

O declínio dos valores registados relativamente ao número máximo de gerações não é

justificado pela existência de ancestrais desconhecidos, uma ve

ente referido, as genealogias de todos os animais inscritos no Studbook

ente conhecidas até aos fundadores, ou seja, com 100% de preenchime

diferença encontrada deve-se exclusivamente ao facto de no pedigree dos anim

tos se atingirem mais ou menos rapidamente os animais fundadores, não havendo,

o, informação sobre ancestrais mais remotos. Esta circunstância encontra-se,

a, ilustrada na Figura 24 que descrimina as percentagens de an

conhecidos em cada uma das posições da genealogia até à 5ª geração parental. Com

z que, como

anteriorm são

totalm nto. A

ais mais

remo

portant de

igual form cestrais

o é

ente para os ancestrais da 1ª geração

arental já que se desconhece a procedência dos animais fundadores. O mesmo cenário

igura 24. Percentagem de ancestrais conhecidos determinadas para cada posição da genealogia até à 5ª

eração parental, considerando a totalidade da população da raça Sorraia (A) e os animais que se

ncontram vivos (B).

al, o preenchimento da

ndo em conta os ancestrais conhecidos, adquirindo valores

A B

possível verificar, apesar de bastante elevados, os valores determinados são inferiores a

100% em qualquer uma das posições, inclusivam

p

não se verifica se apenas forem considerados os animais que se encontram vivos, tendo

sido registados, para esta população, valores iguais a 100% em quase todas as posições

e havendo conhecimento de todos os ancestrais até à 4ª geração parental.

F

g

e

A qualidade da informação genealógica registada no Studbook da raça Sorraia pode, de

forma análoga, ser avaliada através do índice de preenchimento do pedigree, Id,

et al. 1983), ilustrado na Figura 25. Para cada anim(MacCluer

genealogia é calculado te

010

2030

405060

7080

90100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Geração

Pree

nchi

men

to (%

)

nulos sempre que se desconhece a identidade de um dos pais, independentemente de

quão completa se encontre a genealogia do progenitor complementar. No caso da raça

Sorraia, para as duas primeiras gerações parentais os valores médios encontrados foram,

respectivamente, I1= 98,0% e I2= 94,9%, mantendo-se acima dos 70% até à 5ª geração.

Figura 25. Valores médios do índice de preenchimento (Id) das genealogias de todos os animais inscritos

no Studbook da raça Sorraia encontrados para cada geração parental de acordo com a metodologia

roposta por MacCluer et al. (1983).

Española, Valera et al. (2005) obtiveram,

gerações, uma percentagem de ancestrais conhe

gerações parentais, caindo de forma significa

partir da 10ª. Valores mais baixos foram

totalidade da população do cavalo Árabe Espa

92,0%, 86,6% e 80,8% a caracterizarem

valores inferiores a 40% a partir da 8ª.

Também o número equivalente de gerações pletas foi determinado para cada um

um valor muito alto, pelos motivos

nteriormente referidos, é, ainda assim, muito semelhante às 5,7 gerações encontradas

p

Analisando a informação genealógica registada no Studbook do cavalo Pura-Raza-

para pedigrees com um maior número de

cidos superior a 90% para as primeiras 5

tiva para 80% na 7ª e para baixo de 30% a

registados por Cervantes et al. (2008) para a

nhol, com níveis de preenchimento de

as três primeiras gerações, baixando para

com

dos animais presentes no ficheiro, tendo sido obtido um valor médio de 6,14 para a

população total da raça Sorraia. Não sendo

a

por Cervantes et al. (2008) no cavalo Árabe Espanhol, mas inferior às 8,26 gerações

registadas por Valera et al. (2005) no cavalo Pura-Raza-Española, embora, nestes casos,

para um maior número de gerações conhecidas. Já para o caso dos animais actualmente

54

vivos, o número médio registado foi significativamente superior, atingindo as 8,17

gerações.

A classificação das coudelarias de acordo com a origem e a utilização dos respectivos

vivos, o número médio registado foi significativamente superior, atingindo as 8,17

gerações.

A classificação das coudelarias de acordo com a origem e a utilização dos respectivos

garanhões (Vassalo et al. 1986) está presente no Quadro 2. Das 10 coudelarias

icialmente contradas no referido

uadro, uma vez que nas restantes 4 os animais que constituem o efectivo não

, até ao momento, qualquer tipo de descendência. Como se pode verificar,

enhuma destas 6 coudelarias foi classificada como “núcleo”, usando exclusivamente os

eus machos para reprodução e permitindo a transacção de animais para outros grupos.

o invés, todas as coudelarias surgem como “multiplicadoras” ou “comerciais”,

aracterizadas pelo facto de usarem garanhões provenientes de núcleos diferentes,

bora em proporções bastante variáveis. As diferenças entre elas residem na utilização

Utiliza Utiliza Cede Número % garanhões

55

garanhões (Vassalo et al. 1986) está presente no Quadro 2. Das 10 coudelarias

icialmente definidas para a raça Sorraia, apenas 6 podem ser encontradas no referido

uadro, uma vez que nas restantes 4 os animais que constituem o efectivo não

, até ao momento, qualquer tipo de descendência. Como se pode verificar,

enhuma destas 6 coudelarias foi classificada como “núcleo”, usando exclusivamente os

eus machos para reprodução e permitindo a transacção de animais para outros grupos.

o invés, todas as coudelarias surgem como “multiplicadoras” ou “comerciais”,

aracterizadas pelo facto de usarem garanhões provenientes de núcleos diferentes,

bora em proporções bastante variáveis. As diferenças entre elas residem na utilização

Utiliza Utiliza Cede Número % garanhões

inin definidas para a raça Sorraia, apenas 6 podem ser en

qq

produziramproduziram

nn

ss

AA

cc

emem

ou não dos seus próprios garanhões para reprodução e na possibilidade de cederem este

tipo de animais a outros criadores.

ou não dos seus próprios garanhões para reprodução e na possibilidade de cederem este

tipo de animais a outros criadores.

Classificação garanhões externos

próprios garanhões garanhões coudelarias externos

Núcleo Não Sim Sim 0 0

Classificação garanhões externos

próprios garanhões garanhões coudelarias externos

Núcleo Não Sim Sim 0 0 Multiplicadora Sim Sim Sim 3 16,39 Multiplicadora Sim Não Sim 0 100 Comercial Sim Sim Não 2 82,76 Comercial Sim Não Não 1 100 Isolada Não Sim Não 0 0

Quadro 2. Coudelarias registadas no Studbook da raça Sorraia classificadas de acordo com a origem e

utilização dos respectivos garanhões seguindo a metodologia proposta por Vassalo et al. (1986).

No Quadro 3 estão descritos os indicadores demográficos que caracterizam cada um

facto que fez com que esta coudelaria fosse incluída na referida categoria. Deste modo,

destes núcleos, em particular. Apesar da grande variância encontrada entre os diversos

resultados, verifica-se que as coudelarias de maior influência, onde se registaram a

maior parte dos nascimentos, pertencem, na totalidade, ao grupo das coudelarias

“multiplicadoras”. Refira-se que, no caso da coudelaria Andrade, a coudelaria

fundadora da raça e a mais importante ao longo de toda a sua história, 97,09% dos seus

animais são descendentes de garanhões próprios. Dos 447 nascimentos, apenas 13 – os

fundadores – foram considerados resultado de garanhões oriundos de núcleos externos,

55

apesar de classificada como “multiplicadora”, a coudelaria Andrade funciona, na

realidade, como uma coudelaria “núcleo”, utilizando exclusivamente os seus garanhões

ara fins reprodutivos e permitindo a transferência de alguns destes animais para outros p

locais. Do conjunto de coudelarias representadas no Quadro 3, observa-se ainda que 3

delas, ou seja metade, se encontram localizadas na Alemanha, evidenciando a enorme

relevância deste país na manutenção e conservação da raça ao longo dos anos.

Coudelaria País Classificação Nascimentos % progenitor

mesma coudelaria

Descendência % mesma coudelaria

Andrade Portugal Multiplicadora 447 97,09 556 78,06 Schäfer Alemanha Multiplicadora 67 38,81 38 68,42

C. Nacional Portugal Multiplicadora 84 47,62 41 97,56 MA / FA Portugal Comercial 17 23,53 4 100

W. Springe Alemanha Comercial 17 0 0 0 Wilpferd Alemanha Comercial 12 8,33 1 100

Quadro 3. Caracterização das diferentes c

origem, classificação de acordo com a orig

oudelarias presentes no Studbook da raça Sorraia: país de

em e utilização dos garanhões (Vassalo et al. 1986), número

tal de nascimentos registados, proporção de nascimentos com progenitor masculino nascido na mesma

coudelaria, número de desc origin s gara nascid dela o da

descen anhõ na co e o ss dela

to

endentes

es nascidos

ados pelo

udelaria qu

nhões

correram ne

os na cou

a mesma cou

ria e proporçã

ria. dência dos gar

56

3.2. Análises genéticas

No Quadro 4 estão presentes os resultados de alguns parâmetros genealógicos que

caracterizam a variabilidade genética da raça Sorraia.

Número total de animais 653

Número de fundadores 13

Número efectivo de fundadores 7,46

úme ctiv is

m nc car 10 15

Núm c car 50 2

ons dad 26,99

el a (% 46,26

N ro efe o de ancestra 4

Nú ero de a estrais a expli 0%

ero de an estrais a expli %

C anguini e ) média (%

R ação médi )

uadro 4. Principais parâmetros genealógicos que ilustram a variabilidade genética da raça Sorraia,

ma raça distinta, um dos animais incluídos neste grupo é um garanhão de raça Alter

eal, tendo sido adicionado ao ficheiro por ter dado origem a uma linha de

escendência, constituída por uma pequena fracção da população, resultado de um

ruzamento fortuito com uma das éguas fundadoras da raça Sorraia, como anteriormente

ferido. O número efectivo de fundadores (fe) determinado para a população foi de

,46, um valor que representa cerca de metade do número total de fundadores,

dicando a perda de variabilidade genética associada à desequilibrada contribuição

estes animais ao longo das gerações (Lacy 1989). O baixo valor encontrado para o

avalo do Sorraia revela, deste modo, que uma importante fracção da variabilidade

enética inicial foi perdida ao longo dos vários anos da sua história como consequência

as diferentes contribuições dos fundadores para a população descendente. Apesar de

duzida, a proporção entre fe e o número total de fundadores é, ainda assim, bastante

perior à registada por Valera et al. (2005) no cavalo Pura-Raza-Española e por

ervantes et al. (2008) no cavalo Árabe Espanhol, para os quais foram obtidos, embora

m genealogias um pouco mais profundas, valores de fe de apenas 39,6 e 38,6 para um

úmero inicial de fundadores superior a 1000. Valores bastante reduzidos

Q

calculados para a totalidade da população.

Dos 653 animais que integram a população total, 13 foram identificados como

fundadores, desconhecendo-se a identidade dos seus progenitores. Apesar de pertencer a

u

R

d

c

re

7

in

d

C

g

d

re

su

C

e

n

57

comparativamente ao número inicial de fundadores foram igualmente obtidos para

opulações de referência analisadas noutras raças domésticas, nomeadamente no caso

corte espanholas (Gutiérrez et al.

003) e italianas (Bozzi et al. 2006), independentemente da qualidade da informação

genealógica disponível e do número de gerações decorridas. O mesmo foi observado

por Mour ualquer uma das 5 populações de referência estudadas,

representantes de 5 diferentes raças equinas francesas. Um panorama idê

Sorraia fo l. (2005) para a raça burro Catalão, tendo sido

obtido, c s profunda, um fe de 70,6 para uma

população completamente desconhecida e 37 para os

quais se c enitores.

ética inicialmente presente na população base. Em

ondições ideais, de forma a promover a retenção do maior número de alelos presentes

p

da ovelha Xalda das Astúrias (Goyache et al. 2003), na raça bovina Mertolenga

(Carolino et al. 2004) ou em diversas raças de gado de

2

eaux et al. (1996) em q

ntico ao da raça

i descrito por Gutiérrez et a

onsiderando uma genealogia meno

com 128 animais de ascendência

onhece apenas um dos prog

O objectivo fundamental de um programa de gestão genética é a preservação, na maior

extensão possível, da diversidade gen

c

no pool genético inicial, contribuições equivalentes deveriam ser proporcionadas a cada

um dos animais fundadores (iguais ao valor de paridade7), não existindo animais sobre-

representados em detrimento de outros, menos representados (Frankham 2002). O valor

de fe da população atingiria, assim, o seu valor máximo, igualando o número total de

fundadores iniciais (Lacy 1989). A Figura 26 ilustra a fracção da população total que é

explicada por cada um dos animais fundadores da raça Sorraia. Justificando o baixo

valor de fe encontrado para a população, verifica-se que os valores associados a estes

animais são, de facto, bastante divergentes. Traduzindo o referido desequilíbrio,

verifica-se que os 3 indivíduos mais representados – Gaivota, Baio e Cunhal – são

responsáveis por aproximadamente 52% da variabilidade genética total, enquanto que a

restante diversidade se deve aos 10 fundadores remanescentes.

Observando o mesmo gráfico, verifica-se, também, que a contribuição do Vigilante, o

garanhão de raça Alter Real inserido neste grupo pelas razões anteriormente

mencionadas, é bastante reduzida (0,48%). Do seu cruzamento com Freire (uma das

7 Calculado como o inverso do número total de fundadores (1/f), é a fracção de material genético que

corresponde à contribuição ideal destes animais para a população em estudo (e.g. Frankham et al. 2004).

58

éguas fundadoras), pouco tempo após a recuperação da raça, resultou uma linha de

descendência composta por apenas 13 animais e que cedo se extinguiu, não se

encontrando representada na população viva actual (Figura 26).

Gaivota22,61%

Baio

C

Cigana8,54%

Anselma0,23%

Freire0,48%

Vigilante0,48%

Tata Dios Cardal8,19%

Raposo7,12%

Azambuja6,53%

Desconhecido2,27%Garrana (Tolosa)

3,18%

Pomba (Pintassilga)

18,47%

unhal11,11%10,79%

genética praticada na raça ao longo da sua história,

Figura 26. Contribuição genética dos animais fundadores para a totalidade da população da raça Sorraia.

A discrepância entre os valores encontrada para a raça Sorraia é uma realidade que, de

forma semelhante, caracteriza muitas outras raças equinas. No caso do cavalo Andaluz,

Valera et al. (2005) verificaram que os 10 fundadores mais influentes são responsáveis

por mais de 40% da diversidade presente na população total (o mais representado a

contribuir com 8,19%), explicando o baixo valor de fe registado comparativamente ao

número total de fundadores. Para a população de referência da raça Lipizzaner,

analisada por Zechner et al. (2002), apenas 19 dos 457 animais identificados como

fundadores são necessários para explicar aproximadamente 50% do pool genético total

(a maior contribuição a atingir os 6,66%), tendo sido determinado para este conjunto de

565 animais (alguns com 32 gerações conhecidas) um fe igual a 48,2.

Resultado da desajustada gestão

verifica-se na população viva actual a representação de apenas 10 dos fundadores

iniciais, tendo-se perdido, de forma irreversível, a contribuição das fundadoras Anselma

e Freire, para além da do Vigilante, já referida (Figura 27).

59

Cigana8,82%Garrana (Tolosa)

2,75%

Pomba (Pintassilga)9,66%

Azambuja6,22%

Cunhal11,56%

Baio17,21%

Tata Dios Cardal9,55%

Figura 27. Contribuição genética dos animais fundadores para a população viva da raça Sorraia.

De acordo com Boichard et al. (1997), o número efectivo de ancestrais (fa) calculado

ão necessariamente fundadores) que explicam a total diversidade genética de uma

opulação, este parâmetro tem em conta a perda de variabilidade associada à

lugar surge uma

gua – Borboleta (17) – mas a sua contribuição para a população (16,91%) é

Desconhecido1,96%

Raposo7,28%

Gaivota25,00%

para a população de referência foi de 4. Representando o número mínimo de ancestrais

(n

p

desequilibrada utilização de indivíduos reprodutores ao longo das gerações e que

conduz ao que se designa por “efeito de gargalo”8. Seguindo esta metodologia, a total

variabilidade genética da raça Sorraia é explicada por apenas 15 ancestrais, alguns dos

quais fundadores, e somente 2 indivíduos são necessários para explicar 50% desta

diversidade. No Quadro 5 encontram-se descritos os valores de contribuição associados

a cada um destes animais, assim como as principais informações que os caracterizam.

Nascidos ao longo das décadas de 30 e 40, integram a referida lista 10 fêmeas e 5

machos, todos provenientes da coudelaria inicial, a coudelaria Andrade. Um garanhão

nascido em 1948, Manco, é, sem margem para dúvidas, o ancestral mais representado

na raça, explicando 43,48% da respectiva diversidade. Em segundo

é

consideravelmente inferior à anterior. Apresentando a quarta maior contribuição

(7,82%), Baio é o primeiro fundador a surgir nesta sequência e, ocupando posições

menos relevantes, Pomba (Pintassilga), Tata Dios Cardal, Gaivota, Raposo, Cigana e

o atribuído à súbita redução do tamanho de uma população que tem como consequências a perda

e alelos (especialmente os raros), redução da variabilidade genética e mudanças aleatórias nas

equências alélicas (e. g. Frankham et al. 2004).

8 Term

d

fr

60

Anselma

ancestrais d

Nome Sexo Ano Nascimento Coudelaria Contribuição (%)

completam o grupo de fundadores que podem ser encontrados na lista dos

a raça Sorraia.

Quadro 5. Descrição dos ancestrais responsáveis pela total diversidade genética da raça Sorraia,

identificados de acordo com a metodologia proposta por Boichard et al. (1997). Os animais fundadores

encontram-se assinalados a negrito.

A Figura 28 indica, graficamente, a proporção de variabilidade genética explicada pelo

conjunto de ancestrais indicado no eixo das abcissas. Como pode ser facilmente

visualizado, e já referido no Quadro 5, os dois ancestrais de maior contribuição são

responsáveis por mais de 60% da diversidade genética da população da raça Sorraia

(contribuição total = 60.39%), enquanto que apenas 4 são necessários para explicar 80%

desta variabilidade.

1 Manco M 1948 Andrade 43,48

2 Borboleta 17 F 1946 Andrade 16,91

3 Engeitada II 29 F 1949 Andrade 13,51

4 Baio M 1936 Andrade 7,82

5 Vassoura F 1937 Andrade 4,31

6 Pomba (Pintassilga) F 1933 Andrade

8 Engeitada 2 F 1939 Andrade 1,95

3,31

7 Esponja F 1938 Andrade 2,29

9 Garrano M 1938 Andrade 1,94

10 Tata Dios Cardal M 1942 Andrade 1,45

11 Gaivota F 1936 Andrade 1,17

12 Caraça F 1939 Andrade 0,66

13 Raposo M 1934 Andrade 0,65

14 Cigana F 1933 Andrade 0,47

15 Anselma F 1935 Andrade 0,08

61

90

100

00 1

10

20

30

60

7

80

2 3 5 6 8 9 10 13 14

Núme cestrais

Varia

bilid

ade

gené

tica

(%)

Fi 2 tica ulativa dos ancestrais os para Sorraia

(a ntados p escente importância pool gené ulação tot

T ém par alos de a Árabe hol e An nálise a el dos

ancestrais, realizada considera o a totalid a populaç a revela

significativa ilidade ética resu do uso d e reprodutores

880 animais registados no Studbook do cavalo Árabe

spanhol, 994 foram identificados como os ancestrais responsáveis pela total

iversidade genética da raça (7 dos quais a explicarem 50% desta diversidade) tendo

pizzaner, apesar de detectado um valor de fa ligeiramente superior

(26,2), Zechner et al. (2002) verificaram que, à semelhança do que acontece com as

raças anteriores, metade da diversidade encontrada na população de referência em

análise se deve à contribuição de um reduzido número de ancestrais (8), a maior das

quais a atingir os 10,74%. Em qualquer um destes estudos, o número efectivo de

ancestrais calculado representa cerca de ½ do número efectivo de fundadores

40

50

0

4 7 11 12 15

ro de an

váriosgura 8. Contribuição gené cum identificad a raça

prese or ordem decr de ) para o tico da pop al.

amb a os cav raç Espan daluz a a o nív

nd ade d ão, veio r uma perda

de variab gen ltante esequilibrado d

ao longo dos vários anos da sua história, tendo sido detectados, para qualquer um dos

casos, valores de fa inferiores a 20 (19 e 16,5, respectivamente) (Cervantes et al. 2008;

Valera et al. 2005). Dos 18

E

d

sido encontrado um valor de contribuição aproximadamente igual a 14% para o

ancestral de maior influência (Cervantes et al. 2008). Já no caso do cavalo Andaluz, o

principal ancestral é responsável por cerca de 16% dos genes encontrados no pool

genético da população, sendo que 6 dos 331 ancestrais reconhecidos de acordo com o

método de Boichard et al. (1997) explicam metade desta variabilidade (Valera et al.

2005). Para a raça Li

62

previam et

al.

e fe

determ tal

lado

um f ais em

fenóm , os

o como

onsequência directa a diminuição dos valores de heterozigotia presentes na população

ente estimado. Uma diferença mais significativa foi encontrada por Gutiérrez

(2005) para os 510 animais inscritos no Studbook do burro Catalão, tendo sido

obtido um valor de fa igual a 27 (aproximadamente 3 vezes inferior ao valor d

inado para esta população), com 11 dos 93 ancestrais a explicar 50% da to

variabilidade. No caso da raça ovina Xalda das Astúrias, para a população de referência

analisada por Goyache et al. (2003), 236 indivíduos foram reconhecidos como

ancestrais (13 responsáveis por 50% dos genes da população total), tendo sido calcu

a de 40,2 animais. Carolino et al. (2004) descrevem, para o conjunto de anim

análise referentes à raça bovina Mertolenga, um fa de apenas 85 ancestrais.

Nas populações fechadas de efectivo reduzido, a ocorrência de consanguinidade é um

eno frequente e praticamente inevitável uma vez que, com o passar do tempo

animais se vão tornando, de alguma forma, aparentados entre si, impossibilitando os

cruzamentos entre reprodutores sem qualquer tipo de parentesco. Tend

c

em estudo, a consanguinidade determina uma redução dos índices de fertilidade e de

sobrevivência dos descendentes, sobretudo dos juvenis (depressão consanguínea),

agravando, deste modo, a diminuição do efectivo e a capacidade de evolução da

população em resposta a possíveis alterações ambientais e aumentando, por

conseguinte, o risco de extinção a ela associado (Frankham 2002). Constituindo uma

medida que permite avaliar a referida perda de heterozigotia, ao representar a

probabilidade de um indivíduo apresentar alelos idênticos por descendência num

mesmo locus, provenientes de um ancestral comum, o coeficiente de consanguinidade

(F) é um dos parâmetros mais importantes no âmbito da gestão das populações, sendo

utilizado tanto por investigadores como pelos próprios criadores, especialmente no

momento de planear os cruzamentos a promover em cada época de reprodução. No caso

da raça Sorraia, o pequeno número de fundadores associado ao reduzido efectivo que

sempre caracterizou a população e a desadequada utilização dos animais reprodutores

ao longo das gerações justificam os elevadíssimos e invulgares níveis de

consanguinidade encontrados para a sua população. O valor de F médio encontrado

considerando a totalidade do pedigree foi de 26,99% (27,54% se excluirmos os 13

fundadores iniciais), um valor que em muito supera os 3,42%, 7,0%, 8,48% e 9,03%

(calculado considerando 9 gerações) previamente relatados para as raças equinas Losina

(Valera et al. 2004), Árabe Espanhol (Cervantes et al. 2008), Pura-Raza-Española

63

(Valera et al. 2005) e Puro-Sangue-Lusitano (Costa-Ferreira & Oom 1989) ou os

1,54%, 1,94%, e 3,36%, encontrados para as populações de raça ovelha Xalda das

Astúrias (Goyache et al. 2003), ovelha Galega (Adán et al. 2007) e burro Catalão

(Gutiérrez et al. 2005). Contudo, apesar da diferença entre os valores ser, efectivamente,

bastante expressiva, o coeficiente de consanguinidade é um parâmetro que em muito

está dependente de factores como a profundidade e a qualidade do pedigree disponível

para análise, pelo que, tendo em conta as diferentes conjunturas associadas a cada raça

em particular, a comparação entre os resultados deverá ser feita de forma cuidada e

consciente. De facto, o elevado nível de conhecimento do pedigree que caracteriza a

a Sorraia poderá, em alguns casos, ser responsável pelo acentuar das discrepâncias raç

encontradas no que se refere ao valor de F apurado por outros autores já que este

parâmetro estará muito provavelmente subestimado nas raças cuja informação

genealógica não se encontra tão completa.

A Figura 29 evidencia a evolução do coeficiente de consanguinidade médio dos animais

registados no Studbook da raça Sorraia em função do respectivo ano de nascimento. A

estratégia de reprodução adoptada durante grande parte da sua história teve como

resultado o aumento acentuado dos valores médios de F ao longo dos vários anos de

registo, atingindo um máximo de 44,63% para os animais nascidos em 1999. No

entanto, e sobretudo face aos esforços desenvolvidos pela Associação de Criadores do

Cavalo do Sorraia no sentido de minimizar o aumento deste parâmetro na população,

verifica-se uma certa tendência para a redução do coeficiente médio nos anos mais

recentes, mantendo-se, apesar de tudo, em níveis que em muito superam os valores

encontrados na literatura para as mais diversas raças. Nesta figura estão também

representadas as percentagens de animais consanguíneos encontradas para cada um dos

anos de registo. Os 5 primeiros anos decorridos após o início da recuperação da raça são

caracterizados pela ausência de nascimentos consanguíneos, a maioria dos quais fruto

de cruzamentos entre os animais fundadores, facto que manteve o valor médio de F no

estado nulo durante o designado período. É a partir do ano de 1942 que começam a

surgir animais consanguíneos na população da raça Sorraia, animais estes que se vão

tornando cada vez mais frequentes ao longo dos anos até se verificar, a partir da década

de 60, que a totalidade dos nascimentos registados se encontram associados a maiores

ou menores índices de endogamia.

64

Animais consanguíneos F

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1937

1940

1943

1946

1949

1952

1955

1958

1961

1964

1967

1970

1973

1976

1979

1982

1985

1988

1991

1994

1997

2000

2003

2006

Ano de registo

%

Figura 29. Evolução dos valores médios de F (%) calculados para os animais nascidos em cada ano de

registo da raça e percentagem de nascimentos consanguíneos que caracterizam cada um destes anos.

om o objectivo de averiguar quais as gamas de valores de F mais comuns na

ais de sexo indeterminado presentes na

C

população em análise, foi elaborada uma tabela de frequências com a distribuição dos

animais registados no Studbook por intervalo de consanguinidade (fundadores não

incluídos), discriminando o número de machos e de fêmeas a integrar cada uma das

classes (Quadro 6). Dos 640 indivíduos considerados para análise, apenas 52 (8,13%)

são animais não-consanguíneos enquanto que a grande maioria da população (65,78%)

regista coeficientes de consanguinidade superiores ou iguais a 25%. A proporção de

machos e de fêmeas encontrada por classe de F é muito semelhante aos valores de

percentagem determinados para a totalidade da população, não tendo sido detectadas

grandes diferenças entre os sexos para a maior parte dos intervalos considerados. As

maiores discrepâncias entre os dois grupos foram detectadas para a classe dos animais

não-consanguíneos (em que o número de fêmeas é aproximadamente o dobro do

número de machos) e para o intervalo 12,5% ≤ F < 25,0%. Também os valores médios

de coeficiente de consanguinidade calculados para as populações de machos e de

fêmeas e para a população total se encontram muito próximos entre si, tendo sido

estimadas percentagens de 28,53%, 26,57% e 27,54%, respectivamente. Diferenças

idênticas foram encontradas por Goyache et al. (2003) na ovelha Xalda das Astúrias

(2,01% para os machos e 1,45% para as fêmeas) e por Gutiérrez et al. (2005) no burro

Catalão (4,05% para os machos e 2,88% para as fêmeas). Para finalizar a análise em

causa é importante referir que os dois anim

65

p opulação em estudo apresentam, também eles, elevados índices de consanguinidade,

com valores de 27,46% e 37,57%.

População total Machos Fêmeas Vivos F (%)

N % N % N % N % 0 52 8,13 18 5,81 34 10,37 0 0

[0,10 - 6,25[ 23 3,59 11 3,55 12 3,66 0 0 [6,25 - 12,5[ 22 3,44 10 3,23 12 3,66 0 0 [12,5 - 25,0[ 122 19,06 67 21,61 55 16,77 6 2,91

≥ 25 421 65,78 204 65,81 215 65,55 200 97,09 Total 640 100 310 100 328 100 206 100

Quadro 6. Frequências absolutas e relativas (%) de animais de raça Sorraia encontradas para cada uma

das classes de consanguinidade indicadas na coluna F (%). Apenas os animais com os dois pais

conhecidos foram incluídos para análise.

No estudo realizado por Cervantes et al. (2008) para o cavalo Árabe Espanhol, as

frequências encontradas para cada uma destas classes são bastante diferentes quando

comparadas com as da raça Sorraia, com 26,5% dos animais a não apresentarem

qualquer tipo de consanguinidade e 55,7% com valores de F inferiores a 12,5%. Já no

cavalo de raça Losina, face ao reduzido número de gerações decorridas desde o início

da sua recuperação, a grande maioria dos animais surge na classe dos não-

consanguíneos e apenas 27,44% do efectivo total apresenta valores não nulos (Valera et

al. 2004). No caso do cavalo Andaluz (Valera et al. 2005), cerca de 93% da população

analisada é endogâmica, um valor semelhante ao encontrado na raça Sorraia e bastante

mais elevado que os 26,9% e os 10,7% detectados para o burro Catalão (Gutiérrez et al.

2005) e ovelha Xalda das Astúrias (Goyache et al. 2003), respectivamente.

Uma perspectiva mais detalhada da distribuição dos indivíduos da população total da

raça Sorraia por classe de coeficiente de consanguinidade é dada na Figura 30 onde

estão representados os números de animais encontrados para cada valor de F em

particular. Como pode ser facilmente observado, uma grande fracção da população total

da raça Sorraia é caracterizada por coeficientes de consanguinidade que ultrapassam os

40%, sendo 27% o valor mais frequente entre os animais (34 casos). O F máximo

encontrado para esta população foi de 60%, um valor efectivamente muito elevado e

pouco comum face aos efeitos nefastos que normalmente lhe estão associados.

66

60

0

10

20 de

30

50

5 0 20 5 35 40 5 55

F (%)

ani

mai

s 40

0 1 15 2 30 45 0 60

N.º

Figura 30. Distribuição dos animais registados no Studbook da raça Sorraia em função do valor de

coeficiente de consanguinidade apresentado (fundadores não incluídos).

Se tivermos em consideração os resultados obtidos apenas para a população viva,

verificamos que em praticamente todos os casos se registam valores de consanguinidade

iguais ou superiores a 25%, tendo sido obtido um nível médio de 36,9% (38,13% para

os machos e 35,9% para as fêmeas). Na Figura 31 encontra-se ilustrada a distribuição

destes animais por cada um dos intervalos indicados, a partir da qual é possível verificar

os valores extremamente elevados que caracterizam estes indivíduos.

64317

36

1

40

37

53

[12,5 - 25,0[

[25,0 - 30,0[

[30,0 - 35,0[

[35,0 - 40,0[

[40,0 - 45,0[

[45,0 - 50,0[

[50,0 - 55,0[

[55,0 - 60,0[

[60,0 - 65,0[

A variação do valor médio de consanguinidade por número de gerações parentais

incluídas no respectivo cálculo encontra-se ilustrada na Figura 32. Tal como se pode

verificar, uma forte tendência para o aumento de F foi detectada durante a inclusão das

primeiras 7 gerações parentais, atingindo neste patamar um valor bastante elevado

Figura 31. Distribuição dos animais vivos da raça Sorraia por intervalo de coeficiente de

consanguinidade (em percentagem).

67

(aproximadamente 27%) que permaneceu praticamente inalterado à medida que novas

gerações foram sendo adicionadas. Estes resultados demonstram o efeito que um

conhecimento genealógico mais profundo pode exercer sobre o coeficiente de

consanguinidade de uma população, evidenciando os benefícios de incluir no

respectivos cálculos o maior número de gerações disponível. A mesma recomendação é

feita por Costa-Ferreira & Oom (1989) depois de analisados os resultados obtidos no

estudo ao nível da consanguinidade realizado no cavalo de raça Lusitana. A

estabilização dos valores de F a partir da 7ª geração observada na Figura 13 dever-se-á,

em grande parte, ao acentuar das lacunas presentes nas genealogias dos indivíduos, que

são pouco profundas, impossibilitando a detecção de mais ancestrais comuns cuja

s

e para distinguir se a

onsanguinidade de uma população é de origem antiga ou se, pelo contrário, tem uma

as presente nos

nimais mais recentes. Este comportamento denuncia a previamente descrita prática de

cruzam

sde o início da

sua recupe

existência está na base do cálculo deste parâmetro. Adicionalmente, este tipo de análise

poderá constituir uma ferramenta de grande utilidad

c

génese mais recente. No caso da raça Sorraia, a diferença entre os valores de F

calculados tendo em conta o maior ou menor número de gerações parentais evidencia a

origem remota da consanguinidade nesta população, verificando-se, desde logo, um

aumento acentuado dos valores com a inclusão de um número muito reduzido de

gerações na análise, os quais se vão mantendo praticamente inalterados à medida que no

cálculo vai sendo considerado um maior número de gerações, apen

a

entos entre animais fortemente aparentados entre si logo após a fundação da

população, resultado das condições particulares associadas a esta raça de

ração.

0

15

20

25

30

F (%)

5

10

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Geração

Figura 32. Valores médios de consanguinidade calculados para a população de referência do Cavalo do

Sorraia (animais com pais conhecidos) de acordo com o número de gerações parentais consideradas para

o respectivo cálculo.

68

Sendo um dos parâmetros mais utilizados nos últimos anos nos estudos destinados à

caracterização da variabilidade genética das populações, o coeficiente de relação média

(AR) constitui uma ferramenta de grande utilidade no âmbito da gestão de raças já que,

ao indicar a representação de um animal no pedigree em análise, poderá ser usado como

uma forma de manter o stock genético inicial, permitindo seleccionar como reprodutores

os animais que apresentam os valores mais reduzidos (Gutiérrez & Goyache 2005). O

valor médio de AR encontrado para a totalidade da população da raça Sorraia foi de

46,26%. Acompanhando a tendência observada para o caso dos coeficientes de

consanguinidade médios ao longo da história da raça, um aumento progressivo do AR

médio por ano de nascimento foi detectado na referida população (Figura 33), com um

máximo de 56,54% a ser atingido para animais nascidos em 1999. Verifica-se, contudo,

uma certa estabilização desta linha a partir do início da década de 70, período durante o

qual se registaram percentagens que oscilaram entre os 49,41% e o valor máximo

anteriormente mencionado. No caso particular dos indivíduos fundadores, ao fornecer as

percentagens da contribuição genética de cada um no pedigree da população total a que

deram origem (Gutiérrez & Goyache 2005), o cálculo do parâmetro AR poderá permitir

ao criador equilibrar as contribuições a eles associadas, quer através do fundador em si,

se ainda se encontrar vivo, quer através dos seus descendentes (Goyache et al. 2003).

No caso do Cavalo do Sorraia, as contribuições associadas aos fundadores da raça

encontram-se ilustradas na Figura 7, cuja soma perfaz, tal como seria de esperar, os

100% que correspondem à totalidade da população.

0

10

20

30

40

50

1937

2003

2006

AR

(%)

60

1940

1943

1946

1949

1952

1955

1958

1961

1964

1967

1970

1973

1976

1979

1982

1985

1988

1991

1994

1997

2000

Ano de registo Figura 33. Evolução dos valores médios de AR (%) calculados para os animais nascidos em cada um dos

anos de registo da raça desde a fundação da população, em 1937, até 31 de Dezembro de 2006.

69

A distribuição dos animais registados no Studbook da raça Sorraia por intervalo de AR é

apresentada na Figura 34. Analisando as colunas referentes à população total, verifica-

se que a vasta maioria dos indivíduos (67%, cerca de 2/3 do total) exibe índices de AR

entre os 50% e os 60%, sendo o intervalo 30% ≤ AR < 40% o segundo mais

representado com 67 animais incluídos. Dos 653 animais presentes no ficheiro em

análise, apenas 19 (aproximadamente 3% do total) integram o grupo dos animais com

menores índices de AR, o que bem demonstra o elevado grau de relação média que

caracteriza os indivíduos da raça Sorraia. A comparação entre os resultados obtidos para

machos e fêmeas, em particular, permite detectar algumas diferenças entre os dois sexos

no que se refere à distribuição dos animais por classe de AR, tendo sido encontrados

valores médios de 47,3% e 45,2%, respectivamente. De facto, a proporção de machos

associada aos 3 intervalos de AR de índice mais elevado é superior à encontrada para a

população de fêmeas (87% contra 81%), a qual conta com uma maior percentagem de

animais a exibir coeficientes de relação médios inferiores a 10% (Figura 35). Tal como

acontece no caso dos coeficientes de consanguinidade, os 2 animais cujo sexo não foi

determinado pertencem ao grupo que engloba os maiores valores de AR, para os quais

foram obtidas percentagens de 56,9% e 57,0%. Considerando os valores obtidos a título

individual, o AR máximo detectado na população da raça Sorraia foi de 59,72%, um

coeficiente que se encontra associado a um dos principais garanhões da raça, Serreiro

(283), do qual descendem 34 indivíduos.

0

50

0

0

0

0

0

0

0

[0 - 10[ [10 - 20[ [20 - 30[ [30 - 40[ [40 - 50[ [50 - 60[

AR (%)

10

15

20

25

30

35

40

450

500

N

População total Machos Fêmeas Sexo desconhecido População viva

Figura 34. Distribuição dos animais registados no Studbook da raça Sorraia por cada classe de AR,

considerando a totalidade da população, cada um dos sexos, em particular, e apenas a população viva.

70

Fêmeas

4% 7%8%

7%

8%66%

Machos

2% 6% 4%

13%

5%70%

[0 - 10[ [10 - 20[ [20 - 30[ [30 - 40[ [40 - 50[ [50 - 60[

Figura 35. Proporções de machos e de fêmeas encontradas em cada um dos intervalos de AR

considerados.

À semelhança do que foi previamente descrito no âmbito da análise dos coeficientes de

consanguinidade que caracterizam a raça Sorraia, os 46,26% encontrados como o valor

médio de AR para a população total deste cavalo superam, em grande escala, as

percentagens obtidas em diversas outras raça, tanto equinas como relativas a outras

espécies. Como exemplos elucidativos podem ser referidos os 12,25% encontrados por

Valera et al. (2005) no cavalo Andaluz, os 9,1% obtidos por Cervantes et al. (2008) no

cavalo Árabe Espanhol, os 3,76% (4,45% para os machos e 3,27% para as fêmeas)

descritos por Gutiérrez et al. (2005) para o caso do burro Catalão, os 1,79% (2,60% para

os machos e 1,64% para as fêmeas) que caracterizam a ovelha Xalda das Astúrias

(Goyache et al. 2003) ou os 0.63% detectados por Adán et al. (2007) para o pedigree

total da ovelha Galega. Na raça bovina Mertolenga, Carolino et al. (2004) encontraram,

para a população de referência analisada, um valor médio de 31,4% entre animais

pertencentes à mesma exploração e de 1,7% entre os animais de diferentes núcleos.

No caso da população viva, verificou-se que todos os 206 animais que integram o

efectivo actual apresentam índices de AR iguais ou superiores a 50%, tendo sido

encontrado um valor médio de 55,11% (55,25% para os machos e 55% para as fêmeas)

e um valor máximo de 59,17%.

Para além de constituir um eficaz indicador para a escolha dos reprodutores que

permitam a máxima preservação da variabilidade genética ainda presente na população

o parâmetro AR poderá ainda ser utilizado como alternativa ou complemento aos

,

71

resultados obtidos através do cálculo de F como forma de prever a tendência a longo

72

prazo da consanguinidade nestes grupos de animais (Gutiérrez & Goyache 2005).

ssim, sempre que numa determinada população são detectados elevados valores de

R, mais cuidado e sustentado deverá ser o planeamento dos cruzamentos a promover

m cada uma das épocas de reprodução de modo a evitar a utilização de animais que se

ncontrem de alguma forma relacionados entre si, atenuando, portanto, o incremento

os níveis médios de consanguinidade (Goyache et al. 2003). Esta relação entre os

arâme o seria de

etectados aumentos no F médio dos animais depois de observado um

umento do índice médio de AR nos anos de registo imediatamente anteriores. Assim,

A

A

e

e

d

p tros F e AR presentes numa população pode, efectivamente, e com

esperar, ser verificada a partir dos resultados obtidos para o caso do Cavalo do Sorraia,

tendo sido d

a

aos animais com baixo valor de AR deverá ser dada prioridade na reprodução, visto que,

ao serem menos aparentados com os outros animais da população, encerrarão material

genético mais raro e, ao promovermos a reprodução entre si, não só podemos perpetuá-

la como, simultaneamente, produziremos descendentes menos consanguíneos.

A Figura 36 ilustra a distribuição dos animais vivos da raça Sorraia por classe de

coeficiente médio de parentesco (mean kinship) (mK). Tal como seria de esperar,

encontrara-se valores de mK bastante elevados (a maioria incluída no intervalo 0,315-

0,338), tendo sido estimado um valor médio de 0,340.

Figura 36. Distribuição dos animais que integram a população viva da raça Sorraia por intervalo de

coeficiente médio de parentesco (kinship) – mK.

Representando a intensidade com que um animal se encontra relacionado com todos os

indivíduos da população, incluindo ele próprio, o mK é um dos mais importantes

parâmetros que podem ser utilizados na gestão de uma população em cativeiro, como é

o caso da população da raça Sorraia, uma vez que a sua minimização constitui o método

mais recomendado para o estabelecimento de uma gestão genética eficaz (Frankham et

al. 2004). Valores mais baixos para este coeficiente revelam a maior raridade da

composição genética dos indivíduos, permitindo estabelecer uma adequada estratégia

reprodutiva de forma a garantir a máxima retenção da diversidade genética e a

minimização da consanguinidade da população, através da selecção como reprodutores

dos animais que apresentem os menores índices para este coeficiente (Oom 2006).

73

4. Conclusão Fundamental para o delineamento de programas de gestão adequados e eficazes, a

monitorização regular dos diversos índices genéticos e demográficos que caracterizam

uma população ameaçada constitui um dos pontos-chave no contexto da respectiva

estratégia conservacionista (United Nations Treaty Series 1993; FAO/UNEP 1998; FAO

2007). Com o desenvolvimento de diversas metodologias e parâmetros de análise

genealógica observado ao longo dos últimos anos, esta tem vindo a tornar-se uma

ferramenta cada vez mais utilizada pelos investigadores na caracterização das

populações quer seja de forma isolada ou complementando os resultados obtidos ao

ível molecular (Caballero & Toro 2000; Carolino & Gama 2002; Gutiérrez & Goyache

005; Gutiérrez et al. 2005).

ecorrendo ao ENDOG v.4.0 (Gutiérrez & Goyache 2005), um software de genética

opulacional essencialmente desenvolvido para analisar a informação genealógica de

opulações ameaçadas, pretendeu-se com este trabalho obter uma caracterização

enética e demográfica da população da raça Sorraia, particularizando, em alguns

spectos mais relevantes, a informação sobre o conjunto de indivíduos que integram

ctualmente o respectivo efectivo vivo. Em concordância com os vários resultados

reviamente obtidos ao nível molecular, quer seja a partir do estudo de grupos

nguíneos e de polimorfismos bioquímicos (Oom & Cothran 1994), de mtDNA (Luís

t al. 2002a), de microssatélites (Luís et al. 2002b; Luís et al. 2007b) e de genes MHC

ajor histocompatibility complex) (Luís et al. 2005), os resultados encontrados neste

abalho denunciam o reduzido grau de diversidade genética associado a esta população,

cto que pode colocá-la em risco de sobrevivência no futuro. O cenário encontrado

eve-se, essencialmente, ao reduzido efectivo que caracteriza esta raça, associado ao

cto de ter sido originada a partir de um reduzido número de fundadores (sem novas

troduções desde então) e com uma desequilibrada utilização dos garanhões ao longo

os vários anos de reprodução (Oom 2006). As inapropriadas práticas de maneio

doptadas durante grande parte da sua história justificam os baixos valores de fe (7,46) e

e fa (4) encontrados para a totalidade da população, com apenas 15 ancestrais a serem

ecessários para explicar a total diversidade destes animais e verificando-se uma

esequilibrada representação dos indivíduos fundadores no pool genético total.

ontrariamente ao que deve acontecer de forma a garantir a máxima retenção da

n

2

R

p

p

g

a

a

p

sa

e

(m

tr

fa

d

fa

in

d

a

d

n

d

C

74

variabilidade genética ao longos das várias gerações, observa-se na raça Sorraia uma

lara discrepância relativamente à proporção de animais utilizados para fins c

reprodutivos (apenas 36,1%), diferença que se enfatiza se consideramos cada sexo em

separado, uma vez que, enquanto que 52,2% das fêmeas se tornaram reprodutoras,

somente 19,3% dos machos produziram algum tipo de descendência. A situação torna-

se ainda mais grave se olharmos para o número de descendentes associada a cada um

destes indivíduos, com um pequeno grupo de reprodutores a ser responsável por proles

bastante numerosas. Os elevados valores médios de F e de AR encontrados para esta a

raça (26,99% e 46,26%, respectivamente) distanciam-se, em muito, dos valores

previamente reportados para diversas outras raças equinas, e não só, sendo o reflexo

directo da ocorrência de cruzamentos entre animais aparentados que, desde muito cedo,

se verifica nesta população.

Com o aparecimento da Associação de Criadores do Cavalo Ibérico de Tipo Primitivo –

Sorraia, em meados da década de 90, várias acções têm vindo a ser desencadeadas no

sentido de promover a continuidade desta raça de cavalo tão invulgar, medidas que se

têm reflectido num ligeiro mas positivo progresso dos parâmetros genéticos e

demográficos da raça (Oom 2006). Para além de um aumento no número de registos ao

longo dos últimos anos, verifica-se, ainda, uma diminuição dos índices médios de

consanguinidade nos nascimentos mais recentes e uma estabilização dos respectivos

valores de AR.

Tal como seria esperado face aos resultados anteriormente descritos, o cenário

encontrado para os 206 animais que integram o efectivo actual da raça Sorraia é

particularmente grave e pouco frequente em populações deste tipo. As contribuições

genéticas dos fundadores para o pool genético da população viva é muito

desequilibrada, tendo inclusivamente sido definitivamente perdida a representação de

alguns destes animais na população actual. Esta situação encontra-se igualmente

reflectida por elevadíssimos valores individuais de F e AR que atingem um nível médio

de 36,9% e 55,11%, respectivamente. Deste grupo de indivíduos, cerca de 97%

apresenta valores de F iguais ou superiores a 25%, os quais se distribuem por classes de

consanguinidade que podem mesmo atingir percentagens superiores a 60%. Também os

valores de AR encontrados para estes animais se afiguram bastante elevados, não

havendo registo de casos com coeficientes de relação média inferiores a 50%, o mesmo

75

acontecendo com os índices de mK, cujo valor médio encontrado foi de 34%. O número

efectivo de fundadores (fe) obtido para esta população foi de apenas 2,43.

Com este trabalho, novas análises de índole demográfica e genética foram pela primeira

vez conduzidas na raça Sorraia a partir do programa ENDOG v.4.0, nomeadamente a

importância genética das coudelarias para a população em estudo (Vassalo et al. 1986),

o número efectivo de ancestrais (Boichard et al. 1997) e o coeficiente de relação média

(AR) (Goyache et al. 2003; Gutiérrez et al. 2003). Não podendo ser encontradas nos

programas anteriormente utilizados para a análise dos dados genealógicos desta raça,

estas novas funções permitiram obter um conjunto de resultados que constituem um

importante complemento a todos aqueles que foram previamente descritos, tornando,

deste modo, a gama de dados final bem mais completa e informativa quanto ao estado

esta população tão peculiar. d

76

Capítulo IV

Acções de promoção, divulgação e

avaliação da raça Sorraia

77

1. Importância da divulgação no âmbito da conservação de uma raça ameaçada

Estabelecido como ponto essencial na Convenção sobre a Diversidade Biológica, a

nsibilização da opinião pública para a importância da conservação, gestão e uso

stentável da biodiversidade e das medidas necessárias à concretização destes

ropósitos constitui uma tarefa de reconhecida importância nos dias que correm

ecretariat of the Convention on Biological Diversity 2005). Este esforço adquire

special relevância se estivermos perante uma raça que se encontre de alguma forma

eaçada já que a eficácia de qualquer programa de conservação está fortemente

pendente, não só do interesse manifestado ao seu redor, como também do

consequente envolvimento da comunidade local, nacional ou, até mesmo, internacional

O/UNEP 1998; FAO 2007). Na actualidade, várias são as ferramentas de divulgação

e se encontram disponíveis para fazer chegar a mensagem pretendida aos seus mais

diversos destinatários e, neste contexto, a publicação de artigos científicos em revistas

os progressivos avanços alcançados na área da informática, a

blicação de matérias em formato electrónico tornou-se um dos mais utilizados meios

de divulgação (FAO/UNEP 1998). O expoente máximo foi atingido com o

arecimento da Internet que, ao permitir a consulta de todo o tipo de informação de

ples, célere e de baixo custo, representa, hoje em dia, um excepcional modo

para a difusão de

Como raça indígena e dado o patrimó

acções destinadas à divulgação do Ca

preservação e continuidade futura. A crescente procura destes animais para os mais

variados fins, quer científicos, quer culturais e de lazer, constitui a pedra fundamental

entar rapidamente, sem a qual não poderá haver qualquer

retensão de poder gerir e conservar a sua variabilidade. Assim, na continuidade do

sforço que tem vindo a ser realizado nos últimos anos, sobretudo por parte da

ssociação Internacional de Criadores do Cavalo Ibérico de Tipo Primitivo – Sorraia

ICS), e que se tem reflectido num aumento muito significativo

o interesse por parte do público relativamente a esta raça tão particular, o ponto

se

su

p

(S

e

am

de

(FA

qu

de referência ou na imprensa generalizada, bem como a realização de conferências e

reuniões alusivas a cada tema em particular são apenas alguns exemplos que podem ser

adoptados no âmbito desta propagação de informação (FAO/UNEP 1998). Nos últimos

anos, porém, com

pu

ap

modo sim

todo o tipo de conhecimentos (Zamora et al. 2000).

nio único e de interesse mundial que representa, as

valo do Sorraia são, de facto, essenciais para a sua

para que o efectivo possa aum

p

e

A

(adiante designada por A

d

78

essencial deste trabalho passa pela reformulação do website da referida associação, de

odo a torná-lo mais completo e apelativo e um meio privilegiado de divulgação destes m

animais. Esta tarefa passará, também, pela participação nas diferentes feiras e eventos

em que a referida associação esteja representada, os quais assinalam oportunidades

únicas de avaliar, promover e divulgar este tipo de cavalos.

79

2. Materiais e Métodos

2.1. Reformulação da página web da AICS

Dando continuidade ao trabalho desenvolvido pela AICS, esta tarefa teve como

principal objectivo reformular e enriquecer a página web da referida entidade

ww.aicsorraia.fc.ul.pt), dotando-a de um conjunto de informações e de documentos

ais alargado e tornando-a, em simultâneo, visualmente mais atractiva e interactiva.

este sentido, toda a informação que já se encontrava disponível para consulta neste

ndereço foi transferida para o novo website e adaptada ao seu renovado formato, e um

onjunto de novas páginas foi ainda criado de modo a permitir a inclusão de dados

dicionais.

urante a presente tarefa, diversos textos descritivos foram distribuídos pelas várias

áginas do website, na maior parte das vezes complementados por fotografias,

squemas ou tabelas como forma de ilustrar a informação previamente descrita. Vários

ocumentos importantes para uma eficaz gestão do efectivo por parte da AICS foram

mbém incluídos, assim como um vasto conjunto de ficheiros referentes aos trabalhos

ue, ao longo dos anos, se têm vindo a realizar no âmbito desta raça. Em termos

struturais, no intuito de facilitar e tornar mais rápida a navegação entre as várias

áginas, o website foi organizado em diferentes menus e sub-menus e diversos ícones

ram espalhados ao longo do ecrã, servindo, de modo semelhante, como elementos de

gação a algumas das páginas informativas. Na sua estrutura base foi ainda incluído um

spaço destinado à divulgação de notícias que se encontrem em destaque e uma zona de

ublicações de forma a dar a conhecer os livros já lançados tendo este cavalo como

bjecto de estudo.

ara o desenho das múltiplas páginas e inserção dos seus mais variados componentes

i utilizado o programa Macromedia® Dreamweaver® MX que, correndo em ambiente

icrosoft® Windows®, permite a criação e manutenção destes domínios de uma forma

pida e bastante simplificada (Figura 37).

(w

m

N

e

c

a

D

p

e

d

ta

q

e

p

fo

li

e

p

o

P

fo

M

80

igura 37. Ecrã de trabalho do software Macromedia® Dreamweaver® MX com os vários menus e F

ferramentas que se encontram à disposição do utilizador.

O programa Adobe® Photoshop® 7.0 foi também utilizado como uma importante

ferramenta para a realização deste trabalho, tendo permitido preparar as diversas

fotografias a serem incluídas no website e possibilitado a colocação do nome do autor

em cada uma destas imagens de forma a dissuadir a sua livre reprodução por parte dos

utilizadores.

Figura 38. Ecrã de trabalho do software Adobe® Photoshop® 7.0 com os vários menus e ferramentas que

se encontram à disposição do utilizador.

81

2.2. Feiras e eventos

Ao longo do intervalo de tempo em que decorreu este projecto de Mestrado, várias

as feiras e os eventos onde esteve representada a AICS com o principal objectivo

de dar a conhecer ao público em geral esta raça equina tão invulgar e, simultaneam

eaçada. Ao constituírem prováveis pontos de destino para os diversos criadores

das raças participantes, estes encontros representam boas oportunidades para um

ais próximo entre os criadores da raça Sorraia e a respectiva associação. Por

esta razão, um dos objectivos deste trabalho passou pela participação em alguns destes

eventos (nomeadamente no II Salão Internacional do Cavalo de Desporto – Santarém,

20 a 22 de Janeiro de 2006 – e na III Feira Nacional do Toiro – Santarém

Fevereiro de 2006) no sentido de promover, junto dos criadores, uma ferrame

foram

ente,

tão am

contacto m

, 17 a 19

nta de

ação desta raça equina.

gestão de tão grande utilidade como é o Gescab Raça Sorraia e que, tal como referido

no Capítulo I, tão importante será para a preserv

82

3. Resultados e Discussão

epois de escolhido o idioma pretendido, surge no ecrã aquela que foi definida como a

omepage deste site (Figura 3B). Apresentando um breve resumo acerca das

aracterísticas da raça e dos factos históricos associados à sua recuperação, a partir deste

cal é possível aceder a qualquer uma das restantes páginas de informação através dos

ários menus e ícones distribuídos ao longo da mesma. Com a realização deste trabalho

caram, assim, disponíveis para consulta os seguintes elementos:

enu Principal

Com a realização do presente trabalho, o renovado website da AICS ficou disponível

para consulta através do endereço www.aicsorraia.fc.ul.pt, reunindo, num novo formato

mais apelativo e interactivo, toda a informação que já figurava no referido local e

diversos novos conteúdos que o tornaram, desta forma, mais completo. A Figura 39A

representa a página inicial deste website onde se encontram descritas as definições

recomendadas para o seu correcto funcionamento e a partir da qual, num futuro

próximo, se poderá seleccionar o inglês como idioma de apresentação.

D

h

c

lo

v

fi

M

Menu AICS: a partir deste menu é possível consultar todas as informações

levantes acerca da associação de criadores em causa através das páginas Objectivos,

orpos Sociais e, brevemente, Estatutos (Figura 40). Seleccionando o sub-menu

ocumentos, os utilizadores interessados, nomeadamente os criadores desta raça,

oderão visualizar, guardar e imprimir diversos documentos (muitos dos quais

ndamentais para a gestão do efectivo), facilitando e tornando mais rápida a troca de

A B

re

C

D

p

fu

Figura 39. Página inicial (A) e homepage (B) do site da Associação de Criadores do Cavalo Ibérico de

ipo Primitivo – Sorraia T

83

informações entre criadores e respectiva associação. A partir deste sub-menu, é, então,

ossível ter acesso aos ficheiros Inscrição de Novo Sócio, Declaração de

ra 40. Representação dos sub-menus que constituem o menu AICS, através dos quais é feita a

p

Nascimentos, Documento de Identificação de Equinos (também conhecido por

resenho), Certificado de Inscrição, Baixa ao Efectivo.

Figu

ligação para as páginas apresentadas à direita (Objectivos, Corpos Sociais e Estatutos (disponíveis em

breve)).

Menu Raça Sorraia: nesta secção poderão ser encontradas as principais

informações relativas a esta raça, distribuídas pelas 4 páginas web acessíveis a partir

deste menu: Origem, Padrão, Sistema de Criação e Ajudas (Figura 41). A página

Origem tem como objectivo fundamental dar a conhecer aos utilizadores um pouco da

história desta raça equina tão particular, incluindo os motivos que conduziram à sua

recuperação e os factos relevantes no decorrer deste processo. Na página Padrão

ncontram-se descritas as características inerentes à raça e que se encontram definidas

book. Aqui foram incluídas diversas fotografias representativas dos

aracteres atrás referidos cuja descrição poderá ser visualizada colocando o cursor sob

e

no respectivo Stud

c

as zonas em causa (Figura 42A). Também a Tabela de Pontuação utilizada para a

apreciação morfológica e funcional dos animais (Figura 42B) poderá ser visualizada a

partir desta página, seleccionando o ícone que se encontra no final do texto. Por outro

lado, as condições associadas à criação desta raça, assim como as várias práticas

recorrentes e algumas das suas consequências, são enumeradas na página Sistema de

Criação. Finalmente, as principais informações quanto às ajudas disponibilizadas pelo

84

Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas para apoio aos

criadores de animais de raças autóctones nacionais ameaçadas podem ser encontradas

na página Ajudas, actualmente em actualização.

Figura 41. Representação dos sub-menus que constituem o menu Raça Sorraia através dos quais é feita

a ligação para as páginas apresentadas à direita (Origem, Padrão, Sistema de Criação e Ajudas (em

actualização)).

Figura 42. (A) Fotografia do garanhão Espantado incluída na página Padrão, a partir da qual poderão ser

visualizadas as descrições referentes a diversos caracteres morfo-funcionais sempre que o cursor é

colocado sob a região pretendida (neste caso, a garupa). (B) Tabela de pontuações utilizada por rotina na

raça Sorraia para determinação da aptidão de um animal para fins reprodutivos e que pode ser visualizada

através do ícone que se encontra no canto inferior direito da imagem anterior.

Menu Studbook: 2 novas páginas são disponibilizadas a partir deste menu com

informações que se encontram incluídas no Studbook da raça Sorraia (Figura 43).

Através da página Regulamento (Figura 44), os 25 artigos, distribuídos por 9 secções,

que constituem o regulamento deste livro poderão ser facilmente consultados.

A B

85

Adicionalmente, o resultado dos controlos de filiação solicitados pelos criadores e que

são fundamentais para a inscrição dos animais no Studbook da raça encontram-se à

disposição para consulta através do sub-menu Controlo Filiação. Seleccionando este

otão, é estabelecida ligação para a página homónima da Fundação Alter Real (antigo

a identificação do

nimal pretendido (o seu número caracterís e, ano

e nascimento e número do respectivo criador). S

e dados disponível até ao momento da última actualização, o resultado do teste de

aternidade em causa é apresentado no ecrã (Figur

b

Serviço Nacional Coudélico – SNC) onde deverá ser introduzida

a tico ou o conjunto formado pelo nom

d e o indivíduo em causa consta da base

d

p a 45).

Figura 43. Representação dos sub-menus que constituem o menu Studbook através dos quais é feita a

igura 44. (A) Página Regulamento onde é possível consultar os artigos que integram cada uma das 9

do regulamento do Studbook. No caso de preferir consultar este documento na sua totalidade (B)

til

ligação para as páginas Regulamento e Controlo Filiação.

A B

F

secções

o u izador deverá premir o ícone que se localiza no canto superior direito da referida página.

86

Figura 45. (A) Página destinada à consulta dos resultados relativos ao controlo

indivíduo. Aqui deverá ser inserido o número de identificação do anim

de filiação de um

al pretendido (NSC) ou

reenchidos os ) Resultado do

referido ais e filho é

apresentada rtificado. Para o

indivíduo em seus dados mais

importantes

p

A B

campos referentes ao nome, ano de nascimento e número de criador. (B

teste para a fêmea Zuapa. A compatibilidade ou incompatibilidade entre p

no ecrã, assim como o número do teste e a data da emissão do respectivo ce

causa e para os seus presumíveis progenitores são apresentados ainda os

(nome, ano de nascimento, número de identificação, sexo, pelagem e criador).

Menu

tem nu dividido em 3

novos sub-m Alemanha e

Outros a nova página onde a

apa de

loridos, os quais funcionam também

omo elementos de ligação para as páginas dedicadas a cada um destes núcleos em

aracterístico, se existente), estas páginas individuais incluem um pequeno resumo

cerca da história da coudelaria, assim como um conjunto de fotografias de alguns dos

eus exemplares e, em alguns casos, dos seus espaços exteriores (Figura 48).

Criadores: destinado às várias coudelarias por onde o efectivo da raça se

vindo a distribuir ao longo da sua história, encontra-se este me

enus que representam 3 áreas geográficas distintas: Portugal,

(Figura 46). Cada um destes sub-menus dá acesso a um

localização dos vários núcleos pode ser facilmente visualizada a partir do m

pontos que surge no ecrã (Figura 47). Nestas imagens, a identificação das coudelarias é

exibida sempre que o cursor passa pelos pontos co

c

particular. Para além das informações básicas (localização, criador responsável e ferro

c

a

s

87

Figura 46. Representação dos sub-menus que constituem o menu Criadores através dos quais é feita a

ligação para as páginas Portugal, Alemanha e Outros.

Figura 47. Mapas de distribuição das coudelarias associadas à raça Sorraia apresentados nas páginas

Portugal (A), Alemanha (B) e Outros (C). A identificação dos vários núcleos é visível sempre que o

cursor é colocado sob os pontos coloridos, os quais dão acesso às páginas individuais dedicadas a cada

um destes grupos. Na página relativa a criadores de outros países (C) um pequeno texto explicativo

poderá ser consultado premindo o ícone patente no seu canto inferior esquerdo.

Figura 48. (A) Página dedicada à Herdade de Font’Alva, a coudelaria mais importante e a que detém a

maior parte do efectivo actual da raça. Nestas páginas individuais, várias fotografias são postas à

A B C

A B

88

disposição do a cada um destes

núcleos (B). E do esquerdo da

fotografia prin

navegador, assim como um pouco da história e das práticas associadas

ste texto surge no ecrã depois de premido o ícone que se localiza do la

cipal.

no âm

deste me , surgem 2

publicados ação da

raça ao público em resultado dos vários

studos realizados aos mais diversos níveis ao longo das últimas 8 décadas, englobando

portamental.

e Divulgação). Sempre

ue o artigo se encontre disponível para consulta, o ficheiro é disponibilizado ao utilizador através do

surge à esquerda de cada título.

Menu Artigos: tal como o próprio nome indica, os diversos artigos já publicados

bito do Cavalo do Sorraia podem, na sua grande maioria, ser consultados a partir

nu. Assim, seleccionando os sub-menus Científicos e Divulgação

novas páginas onde são apresentados, respectivamente, os títulos dos trabalhos

em diferentes revistas científicas ou os trabalhos destinados à divulg

geral (Figura 49). Todos estes artigos são

e

trabalhos de carácter morfológico, genético, demográfico ou até mesmo

com

Figura 49. Representação dos sub-menus que constituem o menu Artigos através dos quais é feita a

ligação para as páginas apresentadas à direita (Artigos Científicos e Artigos d

q

ícone que

Menu Contactos: neste último botão do m

ágina homónima, onde podem ser encontrados todos os dados necessários para

ventuais contactos com a AICS (nomes, moradas, números de telefone e fax e

ereços de e-mail).

enu principal é feita a ligação para a

p

e

end

89

Figura 50. Página Contactos onde são apresentadas as informações necessárias para que os utilizadores

interessados possam estabelecer contacto com a Associação de Criadores do Cavalo Ibérico de Tipo

Primitivo – Sorraia.

Publicações

Nesta secção do website encontram-se representadas as capas dos mais recentes livros

dedicadas a este cavalo, os quais se encontram

raça Sorraia”, editado em 2004, e “

e genético a preservar”, editado em

consultar o índice de conteúdos de cada um

um texto com algumas informações adicion

de conteúdos dos livros “Stud Book da raça Sorraia” (A) e

O Cavalo do Sorraia – um património histórico e genético a preservar” (B), depois de seleccionados

íco

disponíveis para venda: “Stud Book da

O Cavalo do Sorraia – um património histórico

2006. Seleccionando estas imagens é possível

a das publicações e, no caso do Studbook,

ais (Figura 51).

Figura 51. Forma de apresentação do índice

A B

os nes correspondentes que se encontram na margem direita do website.

Notícias

Localizado na margem direita do website, este é um espaço destinado à divulgação de

notícias relacionadas com a raça Sorraia. Serão anunciados os eventos (feiras, concursos

de Modelo e Andamentos, colóquios, entre outros) em que a associação de criadores

90

venha a participar e ra estabelecer um

contacto mais próxim bém, um

local privilegiado para anuncia o funcionamento do

regulamento do Studbook il a todos os criadores.

Outros botões

que constituem excelentes oportunidades pa

o e saber mais sobre este cavalo tão particular. Será, tam

r todas as medidas relacionadas com

, igualmente divulgadas por e-ma

Botão Home: botão que promove a ligação para a página principal (homepage) do

website.

Botão LINKS: seleccionando este botão, os logótipos de variadas instituições e

ssociações de possível interesse para os utilizadores deste site surgem distribuídos no a

ecrã (Figura 52A). Colocando o cursor sob estas imagens, a legenda identificativa é

apresentada junto à mesma, sendo possível navegar para a página web correspondente a

partir deste local.

Botão Ficha Técnica: todas as informações acerca da propriedade e coordenação

do website, assim como os autores responsáveis pelos respectivos conteúdos e execução

técnica poderão ser visualizadas na página que é apresentada ao premir este botão

ig

permitem a ligação para as

guintes páginas web. (B) Página Ficha Técnica onde figura a entidade detentora da propriedade deste

omo os responsáveis pela sua coordenação, conteúdos e design e concepção.

(F ura 52B)

Figura 52. (A) Página LINKS onde se encontram distribuídos os ícones que

se

site, assim c

91

92

por

edidas de acção eficazes, é um processo absolutamente necessário para que possam

s de a manter a longo prazo. Neste contexto, as acções destinadas à

ivulgação destes grupos e à sensibilização da população para a importância da sua

s referidos programas, as quais poderão, de facto, desempenhar um papel

levante na sua subsistência futura. Como previamente referido, o reduzido efectivo

is que integram o efectivo da raça – fundamental para a sua

ma mais breve possível, pretendeu-se com este trabalho reformular e

website desta associação (http://www.aicsorraia.fc.ul.pt/), elemento que

onstitui, actualmente, uma das mais importantes ferramentas que podem ser utilizadas

fácil, rápida e a partir de qualquer parte do m

formações acerca do Cavalo do Sorraia, dos seus criadores e da sua respectiva

ssociação, assim como variados recursos visuais que exemplificam os factos descritos

uma série de documentos importantes no âmbito da gestão da raça, tornando-se desta

êm sido vários, crescentes e muito diversificados, os contactos com a AICS a partir da

onsulta deste website, de fácil e imediato acesso através dos pesquisadores mais usuais

a Internet (como, por exemplo, o Google). Estes contactos representam, em muitos

4. Conclusão

Sempre que estamos a lidar com uma população que se encontra ameaçada e em risco

de se perder, o estabelecimento de um plano de conservação cuidado, constituído

m

existir pretensõe

d

preservação têm, cada vez mais, sido reconhecidas como uma importante vertente a

incluir no

re

que sempre caracterizou a raça Sorraia desde que Ruy d’Andrade deu início à sua

recuperação, em 1937, constitui uma das principais razões que levaram à perda de

grande parte da diversidade inicialmente presente no pool genético fundador. Neste

sentido, constitui uma das grandes prioridades da AICS aumentar consideravelmente o

número de anima

preservação –, resultado que só poderá ser alcançado se um maior interesse for

manifestado ao seu redor, reflectindo-se, não só numa maior procura destes animais,

como no aparecimento de novos criadores. Para que tal possa efectivamente vir a

acontecer, e da for

enriquecer o

c

para a difusão de conhecimentos, permitindo a consulta de informação de uma forma

undo. As diversas páginas desenvolvidas

ao longo da presente tarefa põem à disposição dos utilizadores um vasto conjunto de

in

a

e

forma, um meio privilegiado para que esta raça possa vir a ser conhecida e reconhecida

pelos mais variados sectores da sociedade.

T

c

d

casos, possíveis novos criadores, tão importantes para que se possa vislumbrar um

umento de efectivo e sua repartição por vários núcleos reprodutivos, possibilitando, a

assim, uma gestão da raça mais polivalente.

A impressão dos documentos de suporte ao registo dos animais tem tido um grande

sucesso, sendo muito mais célere e uniforme a informação que chega ao secretariado da

AICS, em muito facilitando a actualização do Studbook, ferramenta fundamental para a

adequada gestão da população e delineamento dos planos de reprodução em cada ano.

93

Considerações finais

Reconhecida a importância do Cavalo do Sorraia, quer ao nível nacional (constituindo

uma das 3 raças equinas autóctones), quer ao nível mundial (sendo considerado um

cavalo primitivo e o mais directo descendente do ancestral selvagem da região quente

meridional da Península Ibérica que estará na origem das actuais raças Puro-Sangue-

Lusitano e Pura-Raza-Española e, provavelmente, das raças de cavalos do Novo

Mundo), o estabelecimento de eficazes medidas de conservação e gestão genética que

visem a sua preservação é um processo que adquire extrema relevância. As tarefas

realizadas durante o presente trabalho, inseridas no programa de conservação in situ

actualmente em curso nesta raça e englobando diferentes áreas no domínio da

conservação de populações, pretenderam, na maior extensão possível, contribuir para o

melhoramento das medidas de acção atrás referidas, o que, de facto, pensamos ter

conseguido.

A inserção dos dados populacionais no software Gescab Raça Sorraia, adaptado e

optimizado para as particulares características associadas à gestão desta raça, torna

possível, a partir deste momento, a fácil consulta de um vasto conjunto de informações

referentes à totalidade dos animais da população, assim como o cálculo de diversos

parâmetros (e.g. o coeficiente de consanguinidade, o índice de conservação genética, a

percentagem de ancestrais conhecidos, o índice de preenchimento de cada genealogia, a

transmissibilidade das pelagens, o sex-ratio da descendência) e a emissão de vários

documentos de grande utilidade na gestão dos efectivos, como é o caso dos certificado

de inscrição e de filiação. Com este trabalho, quer seja através da aquisição do

programa, quer seja através da simples consulta, os criadores poderão, eles próprios,

consultar, analisar e gerir directamente o seu efectivo e de uma forma muito mais rápida

e eficaz. A descrição detalhada de todas as funções disponíveis neste software e o modo

de funcionamento de cada uma delas incluída nesta dissertação, poderá vir a ser muito

útil no futuro, funcionando como um manual de iniciação para novos utilizadores.

94

De grande relevância no contexto da estratégia de conservação de raças ameaçadas, a

análise de diversos parâmetros genéticos e demográficos que permitem caracterizar o

estado actual de uma população foi outro dos objectivos deste Mestrado. Tal como seria

de esperar face às particulares condições associadas à recuperação da raça e posterior

manutenção ao longo dos anos, foram detectados reduzidos índices de variabilidade

para a população da raça Sorraia, sobretudo para os animais que constituem o efectivo

actual, tendo sido determinados elevados valores médios para os coeficientes de

consanguinidade e de relação média, assim como para o coeficiente médio de

parentesco (mean kinship). A avaliação de alguns destes parâmetros demográficos e

genéticos, de impacto considerável na evolução da variabilidade genética de uma

população e muito condicionados pelas estratégias reprodutivas que ocorrem de geração

em geração, são determinantes no delineamento de planos de gestão cada vez mais

adequados, pelo que os resultados aqui obtidos serão certamente importantes no âmbito

da estratégia implementada tendo em vista a preservação desta raça de cavalo.

Uma vez que o reduzido efectivo populacional constitui uma das principais ameaças à

sua sobrevivência futura, procurou-se com este Mestrado promover o aumento do

número de interessados em redor da raça Sorraia, quer da parte do grande público, quer

da parte das entidades responsáveis pela produção cavalar em Portugal. Com a

reformulação do website da Associação Internacional de Criadores do Cavalo Ibérico de

Tipo Primitivo – Sorraia (www.aicsorraia.fc.ul.pt), ficou disponível para consulta um

conjunto de informações bem mais alargado, complementado por variados recursos

visuais, assim como diversos documentos de importância reconhecida na gestão de

populações. Assim, para além da sua utilidade na gestão do efectivo actual, o referido

website constitui, ainda, um meio privilegiado para a divulgação desta raça e irá

certamente conduzir a uma crescente procura deste recurso animal, quer por futuros

criadores quer por simples e potenciais utilizadores, facto que se irá reflectir num

aumento do efectivo, essencial em qualquer estratégia conservacionista.

95

Perspectivas futuras

Dadas as melhorias nos parâmetros populacionais verificadas nos últimos anos como

resultado das medidas de conservação que têm vindo a ser adoptadas, é notória a

importância de se prosseguir com um plano de gestão cuidado de forma a tentar

preservar esta raça equina tão particular. A estratégia actualmente em curso tem

passado, essencialmente, pelo estabelecimento de programas de reprodução adequados,

através dos quais são feitas recomendações relativas aos cruzamentos mais favoráveis a

promover em cada coudelaria, tendo como principal critério o valor de mK apresentado

pelos indivíduos. Ao serem escolhidos os indivíduos associados a menores valores deste

coeficiente, promove-se a minimização da consanguinidade e a maximização da

retenção da variabilidade genética dos fundadores ainda disponível e que está na base

do potencial evolutivo de uma população (Oom 2006). Todos trabalhos a realizar no

âmbito da preservação desta raça são de extrema importância, dado o seu carácter único

e de interesse genético mundial associado ao facto de constituir uma raça autóctone e,

por isso, parte integrante do património histórico e cultural de Portugal.

96

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110

ANEXOS

111

Anexo 1. Padrão da raça Sorraia

1. TIPO – Perfil subconvexilineo, eumétrico e mediolíeno. Animais sobre o pernalta, de

ossatura pouco volumosa mas de muito boa textura. Musculatura pobre. Quando magros

tomam a forma mulina e quando gordos arredondam.

2. ALTURA MÉDIA AO GARROTE – Medida com hipómetro nos animais adultos:

Machos: 1,48m

Fêmeas: 1,44m

3. PELAGEM – Varia do baio (pardo amarelo) claro ao baio torrado, ou do rato (pardo

rato) claro ao rato escuro, sempre com lista de mulo. É mais ou menos gateado ou

zebrado nos cabos e por vezes noutras partes do corpo. Crinas fartas e bicolores, com

cerdas escuras na linha do meio e das cor do corpo na parte mais externa. Cauda

igualmente bicolor, formando uma borla na sua base. Extremidades (ponta dos orelhas,

focinho, e membros) sempre em tom escuro.

4. TEMPERAMENTO – Arisco no desbaste, torna-se manso e tolerante no trabalho.

Reage com agilidade e finura às ajudas do cavaleiro. É por vezes reparador. O macho

inteiro, se bem que manso, tem muita vivacidade.

5. ANDAMENTOS – São correctos, não muito extensos nem saltados. São

arredondados mas não muito elevados. Podem manter velocidades notáveis por um

longo período.

6. APTIDÃO – Sela e pequenos trabalhos agrícolas.

7. CABEÇA – Rectangular e seca, de perfil subconvexo, crânio nitidamente inclinado

em relação à face, que é bastante comprida. Os olhos expressivos, inseridos em órbita

elíptica truncada posteriormente e situada acima da linha occipito-incisiva. As orelhas

são sobre o comprido, secas e móveis, de implantação algo atrasada devido à inclinação

do crânio.

112

8. PESCOÇO – Bem inserido, esbelto, de comprimento médio, invertido nos animais

magros, armazena gordura para a época da fome, fazendo com que se transforme e

apareça rodado no animal gordo.

9. GARROTE – Bem destacado e muito extenso, liga-se quase a meio do dorso por

uma linha suave.

10. PEITORAL – Não muito largo mas musculoso. O cilhadouro está bem situado sob

o seladouro. O tórax é profundo e não muito largo.

11. COSTADO – É extenso e composto de costelas chatas e compridas que guarnecem

bem o flanco.

12. ESPÁDUAS – De comprimento médio, são secas e relativamente oblíquas.

13. DORSO – É curto, horizontal e destacado das costelas.

14. RIM – É curto, largo e convexo e encontra harmoniosamente, sem ressalto, a

garupa.

15. GARUPA – De largura e comprimento médio e de forma elíptica, deixando ver a

crista sagrada saliente com perfil subconvexo.

16. MEMBROS ANTERIORES - Ligeiros de osso, mas bem aprumados.

Braços harmoniosamente inclinados.

Antebraços bem aprumados e pouco musculosos.

Joelhos bem conformados, secos e pouco volumosos.

Canelas ligeiramente compridas, secas, com tendões bem destacados com ausência de

pelo remontante.

Boletos pouco volumosos, quase sem machinhos.

Quartelas sobre o comprido e harmoniosamente inclinados.

113

Cascos bem conformados e aprumados, de aspecto ligeiro e taipa de boa qualidade.

17. MEMBROS POSTERIORES – Ligeiros de osso e musculatura, mas bem

conformados.

Curvilhões bem conformados.

Canelas, boletos, quartelas e cascos como dos membros anteriores.

Indivíduo de raça Sorraia (Espantado - Quinta do Arripiado de Baixo)

114

Anexo 2. Certificado de Filiação

Figura 1. Certificado de filiação relativo ao indivíduo Xearas, obtido a partir do software Gescab

Raça Sorraia

115

Anexo 3. Certificado de Inscrição

Figura 1. Certificado de inscrição relativo ao indivíduo Zeze (41), obtido a partir do software

Gescab Raça Sorraia.

116