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PUBLICADO NA EDIÇÃO IMPRESSA | SEGUNDA-FEIRA, 4 DE MARÇO DE 2013 | POR JM
CAVALO POR VACA É A VERSÃO ATUAL DE
“COMPRAR GATO POR LEBRE”
O consumo da carne de cavalo é encarado, ainda, com uma certa conotação negativa,
não só por não estar integrada na nossa cultura gastronómica, como também, por estar
associada à guerra, já que, no início do século XIX, há relatos de que os cavalos mortos
serviam de alimento para os soldados famintos e, por fim, pelo facto de o cavalo ser
considerado um animal nobre.
Este mês, a Europa foi sacudida por um
escândalo, quando se descobriu a fraude
nos alimentos prontos congelados.
Verificou-se que, em 13 países
europeus, os ingredientes de alguns
produtos alimentares à venda não
correspondiam à informação contida nos
respetivos rótulos.
Em produtos que só deveriam conter carne de vaca, encontrou-se, também, carne de
cavalo, que normalmente é mais cara que a primeira. Este é um caso sem precedentes,
que causou grande surpresa, pois numa fraude o lógico seria substituir uma carne por
outra mais barata.
Apesar de se afirmar que a carne de cavalo é mais saudável (mais magra e com mais
vitaminas) que a carne de vaca, o problema, neste caso, reside na falta de informação de
que a mesma se encontrava nos alimentos, pois a rotulagem dos produtos alimentares
deve conter informações corretas e claras, que darão credibilidade ao produto e ao
fabricante, proporcionando, ainda, aos consumidores a tomada de decisões alimentares
mais informadas.
Outro factor preocupante acerca da carne de cavalo é que esta, muitas vezes, provém de
cavalos de competição, aos quais, nos poucos anos em que estão aptos (três a quatro),
são administrados antibióticos e anti-inflamatórios (tais como, fenilbutazona),
potencialmente perigosos para a saúde humana. Como os cavalos não podem ser
abatidos, representam, até morrerem, um custo para o proprietário. Assim, são vendidos
a outros países, com registos adulterados e, como se tratam de circuitos comerciais
pouco claros, a carne atinge preços mais baixos do que atingiria, caso o cavalo fosse
criado para ser abatido e consumido.
O consumo da carne de cavalo é encarado, ainda, com uma certa conotação negativa,
não só por não estar integrada na nossa cultura gastronómica, como também, por estar
associada à guerra, já que, no início do século XIX, há relatos de que os cavalos mortos
serviam de alimento para os soldados famintos e, por fim, pelo facto de o cavalo ser
considerado um animal nobre.
Estas últimas notícias vieram, assim, abalar as mais profundas convicções dos
Consumidores, no que respeita à qualidade e à rotulagem dos produtos, levando-os a
questionar sobre a melhor maneira de escolher os géneros alimentícios e sobre as reais
propriedades e composição dos alimentos que consumimos.
Ficam aqui, por isso, algumas dicas para o ajudar nas suas escolhas.
Quanto ao modo de conservação, podemos distinguir os seguintes tipos de carne:
• Carne fresca (carne que não foi submetida a nenhum tratamento de conservação);
• Carne congelada (carne submetida a temperaturas inferiores a - 12º C);
• Carne fumada, (carne conservada pelo fumo);
• Carne seca (carne salgada e seca).
Antes de comprar qualquer tipo de carne, deve ter em atenção certos aspectos, de modo
a garantir uma boa qualidade e equilíbrio nutricional, tais como:
• Escolher os animais (ex. peru, frango, coelho, pato, …) mais pequenos, porque,
atendendo ao seu baixo peso, são menos susceptíveis de terem sofrido tratamentos
para aumento de peso;
• Evitar consumir, com frequência, vísceras de animais (ex. fígado), dado ser a zona
onde se acumulam substâncias tóxicas e, ainda, por serem mais ricas em gordura e
colesterol que a carne que lhes deu origem;
• Evitar a carne que se apresente muito perfeita, mais clara que o normal, sem gordura.
Se “encolher” muito depois de cozinhada, pode ser um indício de que foram
administradas hormonas ao animal;
• Rejeitar carnes que se apresentem escurecidas, esverdeadas, amolecidas ou com cheiro
desagradável;
• Verificar os dois lados da peça de carne que está a comprar, pois o lado não visível no
expositor (por exemplo, o lado de baixo dos bifes previamente embalados) pode não
estar nas devidas condições de consumo;
• No caso da carne congelada, não comprar se esta soltar água e apresentar falta de
rigidez;
• Procurar não comprar carne previamente picada, pois corre o risco de levar mistura de
sebo, peles, aparas e aditivos, que visam disfarçar a deterioração inicial, conferindo
cor vermelha viva ao produto;
• Evitar comprar carne pendurada em ganchos. As carnes devem permanecer
refrigeradas e não expostas às condições ambientais;
• Observar as condições de limpeza do local de compra e da superfície onde a carne é
cortada, pois o líquido que fica de um pedaço de carne pode contaminar outro;
• Só comprar carne com certificado de controlo sanitário. A carne proveniente de abate
clandestino pode transmitir doenças;
• Conservar as carnes frescas entre 0.ºC e 3.ºC por um período não superior a 2 ou 3
dias;
• Conservar as carnes congeladas em câmara congeladora (-18.ºC), podendo variar entre
6 meses (carnes gordas) e 1 ano (carnes magras);
• Descongelar as carnes lentamente no frigorífico e nunca voltar a congelar uma peça
segunda vez;
• As carnes deverão, apenas, ser picadas no próprio momento da confecção. Se assim
não acontecer devem ser guardadas no frigorífico por um período máximo de 2 horas;
• No caso de carne cozinhada, retirar o molho antes de a colocar no frigorífico;
• Ler sempre o rótulo, em especial, no caso de carne pré-embalada e de carne
apresentada para venda “avulso” acondicionada nos postos de venda.
Como verificar se a carne de bovino, porco e aves é fresca?
Carne de Bovino
• A cor da carne de bovino deve ser vermelha, ter odor característico a carne fresca, com
consistência firme e elástica e sem manchas escuras ou esverdeadas. A gordura deve
ter uma cor amarela clara.
• Atenção à cor vermelha acentuada de alguma carne, pois pode ser falsa, criada por
adição de corantes para disfarçar a sua deterioração.
• A carne de bovino embalado em vácuo (a embalagem adere completamente ao
produto) deve apresentar uma cor acastanhada, devido à falta de contacto com o
oxigénio, mas logo que a embalagem é aberta, a carne deve retomar a sua cor natural
em poucos minutos.
Carne de Porco
• A carne de porco própria para consumo deve ter cor rosada;
• A consistência da carne deve ser firme, não amolecida nem pegajosa.
Carne de aves
• A carne de aves própria para consumo deve ter consistência firme, bem aderente aos
ossos, cor amarela pálida, ligeiramente rosada.
• Os miúdos de aves só deverão ser adquiridos, quando se encontrem convenientemente
conservados em sistema de refrigeração.
• Não compre carne de aves congelada que apresente a embalagem danificada, cheia de
água ou sangue.
Produtos de charcutaria
• Não compre estes produtos se estiverem a soltar líquido, com a superfície húmida e
pegajosa, se estiverem amolecidos ou apresentarem manchas esverdeadas, cheiro
desagradável e a “ranço”.
• Recuse as unidades que estiverem com a embalagem violada.
• Não guarde os produtos enlatados na própria lata. Depois de aberta, passe o produto
para outro recipiente.
Não se esqueça, por fim, que o consumo de carne por dia para um adulto deve se situar
entre 70g a 100g e que deve variar o tipo de carne que consome.