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Internacional Internacional Domingo, 29 de Janeiro de 2012, Ano XXII, n.º 7965, 1,60€ Directora: Bárbara Reis Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho e Miguel Gaspar Directora executiva Online: Simone Duarte; Directora de Arte: Sónia Matos www.publico.pt Dom 29 Janeiro Edição Lisboa Teresa de Sousa diz que chegou o momento de dizer que o rei vai nu Vasco Pulido Valente fala da esperança de um milagre improvável Mania dos cupões A crise transformou os portugueses em caçadores de negócios e de promoções Pública Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia Proeminentes cavaquistas vêem ministro como “um ultraliberal” a destruir o modelo social e económico construído após o 25 de Abril a Críticas centram-se nas medidas de austeridade Pág. 17 Novo ciclo Sobrinho Simões Elísio Estanque Novo líder da CGTP promete luta Pág. 18/19 Para manter o SNS há que ‘racionar’ Págs. 12/14 “A classe média está em risco de implosão” Págs. 22/23 RUI GAUDÊNCIO Tudo vale menos: a hora de trabalho, os produtos e os serviços Grandes empresas investiram menos 23% em 2011 Págs. 4 a 9 e Editorial

Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia · Mario Monti Carvalho da Silva Vasco Graça Moura O corajoso Explicação do nome anterior com duas linhas O desejado Fecha 25 anos à

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Internacional Internacional

Domingo, 29 de Janeiro de 2012, Ano XXII, n.º 7965, 1,60€Directora: Bárbara ReisDirectores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho e Miguel Gaspar

Directora executiva Online: Simone Duarte; Directora de Arte: Sónia Matos

www.publico.pt

Dom 29 Janeiro Edição Lisboa

Teresa de Sousa diz que chegou o momento de dizer que o rei vai nu Vasco Pulido Valente fala da esperança de um milagre improvável

Mania dos cupõesA crise transformou os portugueses em caçadores de negócios e de promoções Pública

Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saiaProeminentes cavaquistas vêem ministro como “um ultraliberal” a destruir o modelo social e económico construído após o 25 de Abril a Críticas centram-se nas medidas de austeridade Pág. 17

Novo ciclo Sobrinho Simões Elísio Estanque

Novo líder da CGTP promete lutaPág. 18/19

Para manter o SNS há que ‘racionar’ Págs. 12/14

“A classe média está em risco de implosão”Págs. 22/23

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Tudo vale menos: a hora de trabalho, os produtos e os serviços

Grandes empresas investiram menos 23% em 2011 Págs. 4 a 9 e Editorial

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2 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Frases

a Em Julho de 2004, no último dia da Convenção do Partido Democrata que escolheu John Kerry para tentar impedir a reeleição de George W. Bush, a América tomou conhecimento do “fenómeno Obama”. Coube ao jovem e quase desconhecido senador do Illinois o discurso principal. Fora escolhido quase por acaso. Haveria de render a sala ao poder extraordinário das suas palavras. Três anos e meio mais tarde, numa tarde cinzenta e gélida do Iowa, iniciava uma inesperada caminhada que o levaria à Casa Branca, numa campanha eleitoral que mobilizou o mundo. Parafraseando Chris

2004

Caras da semana

Pedro Passos Coelho Jorge Silva Carvalho

O seguro PM não precisa “nem de mais tempo, nem de mais dinheiro”

O precavido O isolamento como arma de defesa

a Passos Coelho é um primeiro-mi-nistro cheio de autoconfi ança. Num momento em que na Europa e até no mundo ocidental ninguém tem cer-tezas sobre o que vai ser o futuro e sobre como vai ser superada a crise económico-social, Passos Coelho as-sumiu publicamente que está certo de que vai cumprir todos os objecti-vos que a agenda de austeridade da troika lhe exige e que não irá precisar de ajuda fi nanceira extra, nem de re-nogociar os prazos de cumprimento dos objectivos. Resta saber se Passos Coelho tem excesso de autoconfi ança ou se é dono de uma bola de cristal.

a No fi nal da semana passada, o ex-espião saiu da maçonaria e da polé-mica loja Mozart. Dias depois, demi-tiu-se de todos os cargos que ocupava na Ongoing, grupo liderado por Nuno Vasconcelos. Silva Carvalho, ex-direc-tor do serviço de informações estra-tégicas de Defesa, é acusado de ter usado informações recolhidas pelos serviços secretos para benefício da Ongoing. Silva Carvalho está no cen-tro de todas as investigações e todas estas passam pelo Departamento de Investigação e Acção Penal. Antes que as ondas de choque façam baixas, o ex-espião afasta-se.

Quem os viu e quem os vê Barack Obama

“A lengalenga da esquerda (…) sobre a austeridade e o crescimento económico não inclui (…) o corte do Estado, do seu peso e da percentagem da riqueza nacional que gasta todos os anos para continuar gordo, anafado, burocrático, corrupto.”António Ribeiro Ferreirai

“Se têm dúvidas sobre como se faz, basta apanharem um voo para Roma e falarem durante umas horas com Mario Monti.”IdemIbidem

“Não parece arriscado dizer que Carvalho da Silva se preparou bem de mais para agora se realizar apenas como investigador académico ou comentador e autor de livros.”João MarcelinoDiário de Notícias

Patten, “hoje já sabemos que não caminha sobre as águas”. O mundo em desordem que herdou revelou-se muito mais difícil de ordenar. A economia americana mostra-se resistente a todos os estímulos. A política de Washington, que prometeu regenerar, transformou-se numa arena em que vale quase tudo. O Presidente que desencadeou todas as esperanças enfrenta hoje todas as desilusões. No dia 24 de Janeiro, à noite, perante um Congresso mais dividido do que nunca, Obama iniciou nove meses de campanha eleitoral com um discurso sobre o estado da União cujo primeiro objectivo foi separar as águas. Elegeu

o combate às desigualdades económicas como o seu tema. A mensagem: não há economia forte sem uma classe média forte. A partir de agora, os bail-out são para as pessoas e não para os banqueiros. “Podemos optar por um país em que um número cada vez mais pequeno de pessoas estão muito bem, enquanto um número crescente de americanos mal consegue chegar ao fi m do mês; ou podemos restaurar uma economia em que cada um tem a sua oportunidade, faz a sua parte e em que todos vivem segundo as mesmas regras”. O guião para uma campanha que será difícil mas que está longe de estar perdida. Teresa de Sousa

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 3

Editorial

O país em saldos

Se o túnel europeu é longo e sinuoso,

o túnel português está às escuras. O

optimismo do primeiro-ministro, que esta

semana insistiu não precisar “nem de mais

tempo nem de mais dinheiro” para tirar o

país da crise, esbarra diariamente na realidade.

Do Nobel da Paz Muhammad Yunus em Davos,

Mario Monti em Itália, Barack Obama nos EUA

ou o círculo de proeminentes cavaquistas em

Portugal, aumenta a passos rápidos o clube dos

que defendem que a austeridade, sozinha, não

é a solução para a crise; que o mundo não pode

continuar obcecado com o défi ce, a cortar e a

aplicar severos programas de austeridade; que

este caminho vai levar a uma desestruturação da

economia e a uma espiral económica negativa de

efeitos imprevisíveis; que temos que começar a

pensar a sério no crescimento, no investimento e na

criação de emprego. Finalmente, este é o tema da

próxima cimeira europeia, amanhã em Bruxelas.

Mas de Melgaço a Silves, o túnel está escuro.

Pessoas perdem o emprego, os que têm trabalho

aceitaram ou vão aceitar receber menos dinheiro

pelo mesmo trabalho — ou por mais trabalho —, as

empresas fecham, e as que não fecham fornecem

os seus produtos e serviços por menos. Portugal

está a poupar, mas não para criar uma base sólida

de estabilidade e segurança. Está a poupar para

fi car mais pobre. Os cortes atravessam tudo e todos,

das empresas públicas, que têm de cortar em 15%

os custos de pessoal e fornecimentos externos, às

privadas, que seguem agora o mesmo caminho.

Como é que a economia vai crescer assim? Onde

nos levará este empobrecimento?

A crise tem alguns resultados positivos. Há novas

ideias. Mario Monti, por exemplo, propôs em Itália

uma maior fl exibilização na lei laboral, mas não

isolada. Ao mesmo tempo, quer aumentar o valor

do trabalho dos assalariados precários. Muitos

portugueses estão a sair do país, resolvendo três

problemas num só gesto (o seu, o de Portugal e o

do país que os recebe). Um outro resultado positivo

é que há hoje, como nunca, uma vigilância das

contas públicas e uma atenção ao desperdício.

Basta pensar nas novas ideias sobre aproveitamento

das sobras dos restaurantes ou ver o blog Má

Despesa Pública, no qual, e correndo o risco de

algum populismo, são denunciados gastos como

a construção de três ligações numa auto-estrada

separadas por dez quilómetros.

Mas mais do que a desvalorização real do país, o

que angustia são os sinais de que o túnel, em vez

de ter no fi m uma luz, ainda que ténue, tem um

muro. Até Setembro, os investimentos das maiores

empresas portuguesas cotadas em bolsa recuaram

23%. Metade investiu 1700 milhões de euros menos

do que em 2010.

Isto signifi ca que a inovação passará a ser um luxo

asiático, que as ideias novas fi cam por testar e que

as ideias boas já aprovadas são transformadas…

para pior. Os exemplos sucedem-se. A renovação

das escolas públicas vai ter um corte de 65 milhões;

a Reboleira não vai afi nal ter uma estação de metro;

no centro histórico de Lisboa vai afi nal nascer

um silo para automóveis em altura, porque a

construção em subsolo é cara.

Estamos num ciclo vicioso. O país está em saldos

e a época da nova colecção foi adiada. Não sabemos

por quantos anos.

As empresas do PSI-20 investiram no ano passado menos 23% do que em 2010. Sem investimento, não há crescimento

Mario Monti Carvalho da Silva Vasco Graça Moura

O corajoso Explicação do nome anterior com duas linhas

O desejadoFecha 25 anos à frente da CGTP e sai pela porta grande

O entaladoO poeta começa uma nova vida no CCB de mãos na cabeça

a O primeiro-ministro italiano Mario Monti está a sacudir a Itália. Não deu prioridade às privatizações e, em vez disso, iniciou esta semana um ataque às “corporações” e aos privilégios. Taxistas, advogados, notários, farma-cêuticos e outras profi ssões já anun-ciaram protestos e greves. Fala em mais fl exibilidade e maior equidade, e tem ideias concretas — e originais — para levar à prática esse apelo. Não quer que alguns trabalhadores sejam “excessivamente protegidos” à custa dos que são “privados de protecção”. Como? Em Itália, o trabalho precário passará a ser mais caro.

a Líder da CGTP durante 25 anos, Carvalho da Silva tem hoje uma ima-gem e uma credibilidade pública mui-to diferente da que tinha quando co-meçou a ser coordenador da central, em 1986, ou quando, em 1999, passou a usar o título de “secretário-geral”. Sai pela porta grande. Com um pres-tígio que o coloca como uma fi gura de referência à esquerda, mas não só. É olhado como um homem que ain-da pode vir a desempenhar funções públicas e ter iniciativa cívica e polí-tica com destaque, sobretudo num momento em que a perspectiva da tensão social está na ordem do dia.

a Graça Moura é senhor de uma cul-tura considerável e um dos poucos intelectuais de prestígio que aceita fazer política em Portugal, tem gerido a sua carreira pessoal e política sem ceder à tentação mediática e sem se deixar envolver nos jogos de basti-dores do poder. É por isso que Graça Moura não merecia ser exposto da forma como foi na trapalhada que o Governo criou para substituir Mega Ferreira à frente do Centro Cultural de Belém. É que convidar Mega e de-pois desconvidar, para então chamar Graça Moura, dá a este uma imereci-da imagem de comissário político.

A pergunta de Alberto Costa para Pedro Passos Coelho

Como se explica a incoerência territorial demonstrada nas mudanças anunciadas pelos ministros da Administração Interna (fim dos governos civis) e da Justiça (criação de tribunais distritais)?Respondendo ao desafio do PÚBLICO, Alberto Costa, ex-ministro da Administração Interna e da Justiça de governos PS, questiona o primeiro-ministro

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4 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

O país mais pobre

De corte em corte, à procura da competitividade, mas em risco de cair numa espiral

Em todo o país, Estado, bancos, empresas e famílias olham para o orçamento e reajustam a despesa. O efeito é o de uma bola de neve de cortes, poupanças e desemprego. Será que o país vai sair assim da crise? Por Sérgio Aníbal (texto) e Rui Gaudêncio ( fotografi as)

Nos meios académicos chamam-lhe vários nomes que poucos reco-nhecem: é a desvalorização real, a desalavancagem ou o ajustamento competitivo. Mas, com esses ou ou-tros nomes, o que é certo é que a generalidade dos portugueses já está a sentir na pele, de forma mui-to clara, os efeitos da nova e triste realidade da economia portuguesa para os próximos anos. Todos pou-pam, todos cortam custos e, como consequência, todos perdem negó-cios e todos vêem reduzidos os seus rendimentos. É um efeito dominó sem um fi m óbvio à vista, que alguns consideram ser a única forma de o país sair da sua crise de sobreendi-vidamento e reconquistar competi-tividade externa, e que outros vêem como o caminho para uma espiral económica negativa com efeitos po-líticos e sociais imprevisíveis.

Tudo começou, é claro, com o endividamento do Estado, das em-presas e das famílias. Depois de te-rem estado durante uma década a emprestar grandes quantidades de dinheiro a juros baixos, os merca-dos externos descobriram, depois da crise fi nanceira internacional e das revisões sucessivas dos défi ces gregos, que afi nal pode existir um risco grande nos empréstimos feitos a Portugal.

A torneira do crédito externo fe-chou abruptamente para o Estado, para os bancos e para as grandes em-presas nacionais. O Estado teve de recorrer aos parceiros da zona euro e ao FMI, que garantiram três anos de fi nanciamento a troco de uma re-dução do défi ce próxima de 15 mil milhões de euros no mesmo espaço de tempo. Os bancos encontraram salvação no BCE, mas tiveram de

limitar a concessão de crédito aos seus clientes (empresas e famílias) e apostar antes em receber depósi-tos.

A partir daqui começa a formar-se a bola de neve que conduz a uma contracção da economia que se pre-vê constitua um recorde das últimas décadas em Portugal.

Estado dá o moteA nova pressa de poupar e de cortar do Estado (cuja despesa representa quase metade do PIB português) tem um impacto quase generalizado no país. O consumo público diminuiu 3,2% em 2011 e deverá cair, de acordo com a Comissão Europeia, 6,2% em 2012. Para se ter uma ideia da dimen-são deste corte, nas últimas quatro décadas em Portugal apenas mais um ano em que o consumo público dimi-nuiu, em 2006, e foi apenas 0,7%.

Cada vez que o Estado poupa, alguém sofre uma baixa no rendi-mento. As empresas fornecedoras, as construtoras mais dependentes das obras públicas e os benefi ciários dos apoios sociais vêem o seu rendi-mento baixar imediatamente.

Depois há os salários. O Estado cortou em 2011 os salários dos fun-cionários públicos em 5%. Este ano, o corte será maior, através da suspen-são dos subsídios de férias e Natal. Estes cortes, além de levarem as em-presas privadas a fazerem o mesmo, retiram do bolso de uma quantidade signifi cativa da população (há mais de 700 mil funcionários públicos) uma parte do seu rendimento.

Dentro do universo Estado, há ainda que levar em conta os cor-tes forçados nos orçamentos das empresas públicas. No ano pas-sado e neste, a redução da des-

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 5

pesa tem de ascender aos 15%. Com este encolhimento do Estado,

surgem uma série de efeitos secundá-rios. As empresas que têm o Estado como cliente têm, para equilibrar as contas, de fazer as suas próprias pou-panças e, em muitos casos, despe-dem parte do pessoal. Este aumento do desemprego (para além de criar uma despesa) retira rendimentos às famílias afectadas.

Consumo cai a piqueAo mesmo tempo, os funcionários públicos que vêem o salário dimi-nuir e os benefi ciários da seguran-ça social que perdem rendimento adaptam os seus orçamentos à nova realidade.

O resultado óbvio é uma queda

acentuada do consumo privado. Em 2011, já diminui 4,2%, o pior re-sultado de que há registo. Mas em 2012, será ainda pior: 5,9% de acor-do com a Comissão Europeia. Em 1983, da última vez que o FMI esteve em Portugal, a queda tinha sido de “apenas” 0,3%.

A bola de neve não pára aqui, na-turalmente. Esta quebra do consumo faz com que muitas lojas, indústrias, fornecedores de serviços e o próprio Estado sintam uma perda abrupta das suas receitas. O resultado é, no sector privado, mais cortes no inves-timento, mais trabalhadores coloca-dos no desemprego e mais empresas a declararem falência. Tudo fenóme-

nos que tendem a autoalimentar-se e a tornar a tarefa inicial do Estado de cortar o défi ce mais difícil e, quem sabe, a exigir ainda mais medidas de austeridade.

Qual é o fi nal da história?Quem defende esta estratégia eco-nómica de ajustamento abrupto das contas públicas e do endividamento externo do país — um grupo onde se incluem para além da troika, o Go-verno e o Banco de Portugal — con-sidera-a inevitável, uma vez que os credores internacionais perderam a confi ança no país e, sendo assim, torna-se impossível continuar a pe-dir dinheiro emprestado. E vêem um fi nal feliz para esta história difícil. Com as empresas a reduzirem os seus custos, Portugal vai conseguir substituir o antigo crescimento ba-seado no consumo por um cresci-mento mais saudável baseado num excedente comercial, que reduza o nosso crecimento.

Quem não acredita num fi nal feliz apresenta a Grécia e a Argentina co-mo exemplos e afi rma que estes pro-cessos de reduções de custos conse-cutivas não são controláveis e podem colocar a economia numa espiral defl acionista muito perigosa. Além disso, assinalam que a aposta nas ex-portações só pode funcionar se no exterior estiver alguém que não está a poupar. Algo que agora não acon-tece, por exemplo, em Espanha ou na Alemanha, os principais destinos das exportações nacionais.

A resposta a estas visões tão dife-rentes do rumo que a economia por-tuguesa está a tomar deverá surgir nos próximos dois anos e dela de-pende, em larga medida, a manuten-ção do país no projecto do euro.

5,9%Corte previsto no consumo privado durante o próximo ano, o pior resultado de que há registo em Portugal

Plano de contenção iniciou-se em Setembro

Alterações nas obras da Parque Escolar permitem poupor 64,5 milhões de euros

a O Ministério da Educação espera poupar 64,5 milhões de euros com a reavaliação dos projectos aprova-dos para as 69 escolas que a empresa pública Parque Escolar ainda tem em obras.

Em resposta a questões do PÚBLI-CO, o gabinete de imprensa do mi-nistério precisou que a redução de custos resulta de mudanças já identi-fi cadas, que passam por alteração de materiais e equipamentos e pela re-avaliação dos programas funcionais das escolas, designadamente no que respeita às projecções do número e tipo de turmas e os seus impactos nos espaços necessários.

Segundo o Ministério da Educação e Ciência, a reavaliação dos progra-mas funcionais incidirá, em parti-cular, nos projectos respeitantes às turmas dos cursos profi ssionais, uma vez que são aquelas “em que o nú-mero de alunos é mais variável”. Em 2010, os alunos no início do ensino secundário que estavam inscritos nestes cursos representavam cerca de 49% do total.

A Parque Escolar (PE) foi criada em 2007 para gerir as obras de trans-formação das escolas públicas com ensino secundário. Das 205 escolas que faziam parte do programa ini-cial (a empresa pretendia chegar a 370), 103 têm as obras concluídas, o que representou um investimen-to de 1,3 mil milhões de euros, dos

quais cerca de 70% proveniente de empréstimos. As intervenções por escola têm custado, em médio, 15 milhões de euros.

Em Setembro, o ministro da Edu-cação, Nuno Crato, pediu à Inspec-ção-Geral de Finanças uma audito-ria à empresa, que está em curso. Também está a ser auditada pelo Tri-bunal de Contas. Crato suspendeu ainda os projectos de intervenção em 125 escolas, que representavam mais 1,3 milhões de euros de investi-mento. Para as 69 que continuam em obra, Crato intimou a PE a reduzir os custos das intervenções.

A assessora de imprensa da em-presa indicou que o plano de con-tenção começou a ser avaliado em Setembro, num processo que envol-veu as direcções das escolas, as di-recções regionais de educação e os projectistas. No portal dos contratos públicos entregues por ajuste direc-to só existem, por enquanto, dois referentes a alterações aos projectos de arquitectura. Entre as mudanças propostas pelas direcções das esco-las fi guram, por exemplo, a substi-tuição de produtos estrangeiros por nacionais, nomeadamente no que respeita ao material eléctrico. Nal-guns casos, isto signifi ca passar de 400 para 40 euros por peça.

Também se está a optar mais pelo betão em detrimento das grandes superfícies de vidro estanques que são uma das marcas das interven-ções da PE.

Nas escolas em que as obras já es-tão concluídas, o consumo energé-tico mais do que triplicou devido à omnipresença do ar condicionado.

Recentemente, Nuno Crato aler-tou, no Parlamento, que se deixada “em roda-viva, a dívida da Parque Escolar seria de 3 mil milhões em 2015”. Já ultrapassou os mil milhões. Desde Setembro, já com o actual pla-no de contenção em vigor, a empresa gastou mais de 4 milhões de euros em contratos celebrados por ajuste directo. Clara Viana

As mudançasincluem alteraçõesde materiais e equipamentose a reavaliaçãodos espaçosprojectados

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6 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

O país mais pobre

Tendência para reduzir custos salariaisno sector privado acentua-se em 2012A partir do momento em que o Governo cortou os salários da função pública, as empresas privadas começaram a tentar replicar o modelo. Em algumas já houve acordo

Raquel Martins

a Empresas de consultoria, arquitec-tura, engenharia, media, restauração, hotelaria e cultura. Muitos trabalhado-res estão a ser confrontados com pro-postas de redução de salários, cortes na isenção de horário e outras rega-lias. Esta é uma tendência que se tem afi rmado no sector privado, a partir do momento em que o Governo decidiu cortar os salários no sector público, mas que é difícil de quantifi car.

Nas situações relatadas ao PÚBLICO por advogados da área laboral, os cor-tes salariais são apresentados como a alternativa ao desemprego, ao lay off ou ao encerramento da empresa. Em muitos casos, os trabalhadores aca-bam por aceitar.

Foi o que aconteceu com João (nome fi ctício), engenheiro numa pequena empresa que viu mais de metade dos colegas sair ao longo dos últimos dois anos, devido às quebras na actividade. No último trimestre do ano passado, e perante as difi culdades perspectivadas para 2012, a empresa propôs um cor-te salarial de 15% aos que fi caram. O acordo foi assinado pela maioria, com o compromisso de a empresa rever a situação ao fi m de seis meses.

Nos escritórios de advogados desde fi nais do ano passado que se sucedem os pedidos de informações por parte de empresas e trabalhadores. As pri-meiras querem saber como reduzir os custos salariais. Os segundos como reagir às propostas de cortes.

António Garcia Pereira dá conta de pelo menos oito pedidos de informa-ção recebidos este mês. São sobretudo casos de empresas “do sector terciário onde a taxa de sindicalização é muito baixa e onde muitos trabalhadores es-tão com contratos a termo”.

Sem concretizar, o advogado fala em empresas prestadoras de serviços, como auditoria e consultoria, e órgãos de comunicação social de pequena di-mensão. E aponta como principal cau-sa para estas propostas o corte salarial feito no ano passado aos funcionários públicos “que o Tribunal Constitucio-nal validou”. “Generaliza-se a ideia de que vale tudo”, alerta.

Mas, destaca o advogado, nem tudo é permitido. Antes de mais, a empresa não pode decidir unilateralmente e é preciso demonstrar que a isenção de horário de trabalho decorre da actividade da empresa e “não é uma forma de compor o salário”. E mes-mo assim Garcia Pereira entende que

“não há hipóteses de o empregador alterar essa situação sem o acordo do trabalhador”.

Também o advogado Fausto Leite tem recebido pedidos de trabalhado-res para avaliar propostas das empre-sas. Os ateliers de arquitectura, a res-tauração, o imobiliário e o sector das artes são alguns dos casos que tem em mãos. A pressão para os trabalhadores aceitarem, diz, “é muito mais fácil nas micro-empresas”. “A situação é quase sempre a mesma: ou há redução dos custos salariais ou a empresa amea-ça avançar para o lay off ou despedi-mentos”.

Embora rejeite à partida medidas que levem à redução dos salários, Fausto Leite admite que em alguns casos é a única alternativa: “A redução unilateral é ilegal. Mas não me repug-na se for demonstrado que é a única via para evitar o encerramento.”

Filipe Fraústo da Silva, advogado da Uría Menéndez-Proença de Car-valho, os pedidos de informação de empresas chegaram depois de se con-fi rmarem os cortes salariais no sector público. “Muitas empresas abordam-nos para saber se é possível fazer algo semelhante no privado”, relata. E há também quem queira saber como reti-

Os sindicatos não negam as pres-sões para os trabalhadores do priva-do aceitarem reduzir salários, mas garantem que a maioria não se con-cretizou. Ou porque as negociações estão a decorrer ou porque fi caram pelo caminho devido à intervenção do próprio sindicato.

José Manuel Oliveira, coordenador da FECTRANS, diz que no sector pri-vado as reduções de custos têm sido feitas sobretudo à custa do corte nas ajudas de custo. O mesmo diz Sérgio Monte, do SITRA, que aponta para os cortes que se avizinham no pagamen-to do trabalho suplementar, que nos transportes privados de passageiros representa 30 a 40% da remuneração que o motorista leva para casa. No sec-tor têxtil ou do calçado, a pressão é sobretudo para aceitar fl exibilidades de horários, enquanto na indústria química, farmacêutica e no sector da propaganda médica, as empresas têm optado por reduções de pessoal, co-mo precisaram ao PÚBLICO dirigentes sindicais.

Na área da comunicação social, pelo menos dois jornais, o PÚBLICO e o i optaram por reduzir custos salariais, mas segundo Garcia Pereira há outros na calha.

rar isenção de horário de trabalho ou pergunte se é possível despedir para depois readmitir o mesmo trabalha-dor por um salário mais baixo, uma situação ilegal.

No caso da isenção, Fraústo da Sil-va lembra que há que ter em conta os contratos colectivos do sector e o contrato do trabalhador em causa. “A maior parte dos acordos de isenção de horário são omissos quanto às cir-cunstâncias em que a empresa pode retirar a isenção.” E nesse caso, o ad-vogado entende que a empresa deve poder retirá-la, embora os tribunais do trabalho entendam que a decisão não pode ser unilateral. Uma vez que o Código do Trabalho prevê a irredu-tibilidade do salário, “as empresas de maior dimensão preferem não arris-car”, diz.

Nos escritórios de advogados sucedem-se os pedidos de informação

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 7

Os números de um país a poupar e a renegociar tudo

Fontes: Comissão Europeia; ACSS-Administração Central do Sistema de Saúde; Empresas; PÚBLICO

Áreas já identificadas para uma poupança total previstade 1500 milhões de euros

Estado e empresas limitam salários...Salários reais - Variação anual (%)

e equilibram contas…Variação anual (%)

Consumo final do Estado

…o resultado é uma queda do consumo e da economia…

…mas o défice externo é reduzidoDéfice externo - em % do PIB

Hospitais EPE, do sector público administrativo e unidades de saúdecortam mais nos custos com pessoal

Metro Porto

EstradasPortugalANA

REFERMetro LisboaRTPCP

CTTÁguas PortugalCGD

-7,5-16,7-17,2-33,7-40,5-44,2-63,9-117,1-122,8-159,4

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

10,8

-1,2

0,6 0,5

5,9

0

-3,3 -5

10,2

12,6

10,89,7

7,6

5-12

-8

-4

0

4

Consumo privado

Investimento -9,4

-6,2

-3-5,9

-6

-3

0

3

PIB

Cortes dos subsídiosde Natal e de férias

na educação

644 milhões de euros

64,5milhões de

euros

-35,5 -24,5 -6 -39 n.d. n.d. -49,7 n.d. -23,4 -22,1 -31 -54 11,8 n.d. n.d. n.d. -6,5 n.d. n.d. -15,5

Variação anual (%)

Investimento (%)

Custos (%)

Corte de 623 milhões nas despesas de dez empresas do Estado

Empresas

Redução de 15% nos custos(em milhões de euros)

Zon Sonaecom

PT* Altri Cimpor Semapa Portucel Brisa Mota--Engil

J. Martins

EDP EDP R REN BES** BCP BPI*** Galp SonaeInd.

Banif Sonae

-4,9 -8,7 -10,8 13,3 4 11 15,6 6,2 4,7 10,9 -2,7 17 -3,3 -4,8 -5,4 -2,5 19 4,4 -2,7 -0,4

milhõesde euros

Variação:

*Excluíndo impacto da consolidação da Oi e da Contax; **Excluindo impacto da consolidação das novas unidades internacionais e custos decorrentes da integração dos colaboradores na Segurança Social ; ***Excluíndo custos com reformas antecipadas

Metade do PSI 20 cortou custos e perdeu-se 1,7 mil milhões de investimento

Reanálise de projectos de obras e alteração de materiais em 69 escolas da Parque Escolar ainda

em obra

Educação

Saúde

Custos operacionais 3943

Material ConsumoClínico 275

ProdutosFarmacêuticos 860

Fornecimentos e Serviços Externos (FSE) 662

Custos ajustadoscom Pessoal 2101 dos quais:

Custos com horas extraordinárias e suplementos, 279 dos quais:

- Médicas 169

- Enfermagem 71

- outro Pessoal 38

-4,4%

-2,11%

0,89%

-6,3%

-6,56%

-11,87%

-13,44%

-9,44%

-9,13%

Novembro de 2011 Valor em milhões de euros var. homóloga

Despesa do Estado commedicamentos sobe

nos hospitais

Encargos do SNS

Comparticipações

Variaçãohomóloga

-19%

Consumonos hospitais

937milhõesde euros

Variaçãohomóloga

2,4%

1328milhõesde euros

Jan.-Dez. 2011

Jan.-Nov.2011

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8 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

O país mais pobre

Grandes empresas investiram menos 1700 milhões em 2011Além da pressão para reduzir custos, com consequências directas para os fornecedores, as empresas públicas e privadas colocaram um travão sério ao crescimento a longo prazo

Raquel Almeida Correia

a Há uma contenção de custos ge-neralizada nas empresas públicas e privadas. Um esforço para reagir com poupança aos males da crise, que afec-ta fornecedores, trabalhadores e até o desenvolvimento das regiões onde estão instaladas. Mas mais do que es-tes cortes imediatos, há um bloqueio em relação ao futuro.

Até Setembro, os investimentos das maiores empresas cotadas portugue-sas recuaram quase 23%. Nas empre-sas do Estado, crescer deixou de ser uma hipótese.

Os resultados mais recentes das 20 empresas que compõem o índice PSI 20, relativos aos primeiros nove meses de 2011, mostram que metade cortou no investimento, o que resul-tou numa perda de 1700 milhões de euros. Este recuo segue a tendência já verifi cada desde o início do ano, mas que se intensifi cou no terceiro trimes-tre. Entre Janeiro e Junho, tinha-se registado uma queda de 900 milhões de euros, que agora se agravou.

Olhando para o sector privado, nos mais variados sectores de activida-de, os tempos têm sido de emagre-cer, de pôr ideias na prateleira e não de investir. Um dos casos que mais poeira levantou foi o da Nissan, que anunciou em Dezembro a suspensão da unidade industrial que tinha pla-neado construir em Cacia, Aveiro. O projecto foi anunciado em 2009, com um investimento associado de 250 milhões de euros.

Estes recuos não podem ser disso-ciados da instabilidade que o país e o mundo atravessam, provocando, no caso da indústria automóvel, quebras fortes no consumo que obrigam as empresas a repensar os planos.

O mesmo se passa no sector pú-blico, onde, além do mercado, as

empresas têm sobre si outro peso: a obrigação de respeitar as directrizes do accionista Estado — sob pressão de um programa de ajustamento econó-mico que têm de cumprir.

Ordem para recuarNo sector empresarial do Estado (SEE) as indicações são claras: só há novos projectos para quem os conseguir pagar. O Governo impôs tectos máximos de endividamento às empresas públicas, impedindo-as de aumentarem o passivo fi nanceiro e, com isso, de desequilibrarem as contas do Estado. Mas, mesmo assim, as previsões apontam para derrapa-gens. E, por isso, o futuro está hoje a ser gerido em marcha-atrás.

Ainda esta semana soube-se que foi suspensa a construção da estação de metro da Reboleira (Amadora), que iria funcionar como um interface da CP e da Metro de Lisboa com capaci-

dade para servir milhares de pessoas. A obra foi anunciada em 2008, ainda com Ana Paula Vitorino na Secreta-ria de Estado dos Transportes e tinha um custo inicialmente previsto de 58 milhões de euros, que derrapou. Contava-se que fi casse concluída no segundo semestre deste ano.

Na área dos transportes públicos, não faltam freios. Até porque todo o sector está em profunda reestrutura-ção, que culminará, dew acordo com os planos do Governo, em fusões de empresas em Lisboa e no Porto, na sus-pensão de linhas e serviços e em mi-lhares de rescisões com trabalhadores. Este travão não é, porém, um exclusivo das empresas de transportes. Outras companhias do Estado estão a inverter a marcha: os CTT, por exemplo, avan-çaram em 2011 com o encerramento de cerca de 100 estações de correios.

Tanto no sector público, como no privado, teme-se que estes recuos co-

O Ministério da Saúde ainda não sabe quando vai poder começar a pagar as dívidas em atraso aos seus fornecedores. A ideia era começar a utilizar a verba de 1500 milhões de euros, que resultou da integração no Estado do Fundo de Pensões da Banca, em Fevereiro, mas o atraso na aprovação e entrada em vigor da nova Lei dos Compromissos está a impedir a disponibilização do dinheiro. O assessor de imprensa do ministro da Saúde, Miguel Vieira, confirmou ao PÚBLICO que ainda “não há previsão para começar a pagar” uma vez que a troika exige “um compromisso do Governo para criar um conjunto

de procedimentos de forma a evitar nova dívida”.

“Além do compromisso de que os hospitais só podem encomendar produtos aos fornecedores com dinheiro em caixa, o ministério está a preparar vários procedimentos” para evitar a contracção de nova dívida, acrescentou.

O ministro das Finanças admite riscos na execução orçamental do Ministério da Saúde, que mostra estar a poupar nos custos com pessoal e comparticipações dos medicamentos, mas não consegue travar o aumento do valor das dívidas aos fornecedores do Serviço Nacional de Saúde

Na Saúde, há áreas em que se poupa mas o problem

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 9

ma é pagar o que deve

loquem em risco o crescimento a lon-go prazo. Manuel Reis Campos, presi-dente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, diz que há “um empobrecimento que não traz nada de bom à economia”. A ausência de novas obras, que tem levado o sector à fragilidade, signifi -ca também que “há uma degradação mais geral, que impede a criação de postos de trabalho, ganhos para for-necedores e até o desenvolvimento do território”.

Tesouradas de curto prazoMas os efeitos desta tendência tam-bém se sentem no curto prazo, com a vaga de redução de custos que as empresas parecem ter assumido co-mo regra número um do manual para sobreviver à crise. No PSI 20, metade das empresas cortaram nas despesas, de acordo com os resultados até Se-tembro de 2011. Além dos gastos com

pessoal, aplicam tesouradas em servi-ços básicos, seja electricidade, papel ou transportes.

Também têm feito pressão sobre fornecedores de ideias, cortando tu-do o que vêem como menos indispen-sável. Neste fi ltro, uma das primeiras vítimas é o marketing. “Para conse-guirem melhorar os seus resultados, [as empresas] hipotecam o futuro”, admite Sofi a Barros, secretária-geral da Associação Portuguesa de Empre-sas de Publicidade. “Fornecedores e clientes estão no mesmo barco e de-veriam, em conjunto, atacar a ‘doen-ça’”, conclui.

No sector público, nem sequer há escolha. As empresas têm de cortar em 15% os custos de pessoal e forne-cimentos externos. Tendo em conta os gastos de 10 das maiores empresas do SEE, como a Refer ou a CGD, esta regra deverá ter signifi cado uma perda de 623 milhões de euros em 2011.

(SNS), nomeadamente na área do medicamento hospitalar.

De acordo com os números mais recentes disponibilizados ao PÚBLICO pelas associações dos dois principais fornecedores do sector, a dívida aos laboratórios farmacêuticos e empresas de dispositivos médicos ultrapassou os dois mil milhões de euros no final de 2011. Ou seja, mesmo que o ministério pagasse agora a totalidade da verba que vai ser libertada pelas Finanças, ainda ficaria a dever 500 milhões só a estes dois grupos de empresas.

Dados provisórios da Associação Portuguesa da

Indústria farmacêutica indicam que, no final de Dezembro, a dívida global atingiu o novo recorde histórico de 1270 milhões de euros, dos quais mil milhões a mais de 90 dias, o que representa um agravamento de 29% e 42%, respectivamente, face a Janeiro. O prazo médio de pagamento disparou 104 dias para 476.

De acordo com a Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos (Apormed), o valor da dívida cresceu 206 milhões ao longo do ano passado e fechou o ano nos 778 milhões de euros. O prazo médio de pagamento agravou-se em 12 dias para 455. João d’Espiney

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10 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Reportagem

Este país gasta muito dinheiro mal gastoSão dois Ruis e uma Bárbara, todos na casa dos 30 anos e a viver em Lisboa. Recusam a lógica do não se meter e dizer mal “deles” nas conversas de café. Criaram um blogue para denunciar os gastos despropositados da administração pública. Estão cheios de trabalho.

a Estes três juntos podiam constituir um daqueles painéis de comentadores políticos em que as nossas televisões e a blogosfera são férteis. Dois homens e uma mulher, três áreas diferentes de especialização, mas complementares para analisar a temática que se propuseram abordar. Segundo as suas próprias palavras, cada um votou num partido diferente nas últimas eleições. Mas Bárbara Rosa, Rui Abreu e Rui Oliveira Marques não são um painel. Aliás, eles abominam tal coisa. O que eles fazem não é opinar. Eles investigam e denunciam. Há nove meses, criaram um blogue para expor casos de gastos desnecessários ou escandalosos na administração pública.

Chamaram-lhe Má Despesa Pública. Porque “tinha de ser”: “O nome é óbvio. Ainda pensámos noutros, mais bonitos, mais artísticos, apelativos. Mas este é que é o nome certo!” Bárbara, jurista, 32 anos; Rui Abreu, 34 anos, arquitecto; Rui Marques, 32 anos, jornalista. Ela é de Viseu, eles de Lisboa (o primeiro) e de Braga (o segundo). Todos vivem e trabalham na capital, embora dois deles em regime free-lance.

Decidiram aplicar o seu tempo a praticar o “dever cívico” de escrutinar as despesas dos organismos públicos. Vasculham o portal onde são publicados os contratos por ajuste directo e

descobrem “pérolas” como os 1,25 milhões de euros pagos pela Câmara Municipal de Oeiras por uma escultura de Pedro Cabrita Reis ou os cinco mil euros pagos pelo presidente do Inatel, Vítor Ramalho, para ser entrevistado pela revista País Positivo, que por acaso até é distribuída como encarte publicitário pelo PÚBLICO.

Como é que surgiu esta ideia? Rui Marques é o primeiro a explicar: “Já nem nos lembrávamos… Estivemos a falar nisso antes da entrevista. Teve que ver com uma notícia sobre a renovação da frota da Carris, há menos de um ano. Percebemos que faltava um projecto on-line que congregasse tudo o que se vai escrevendo na imprensa, mas que fi ca esquecido logo dois dias depois. E rapidamente descobrimos que havia muitos exemplos que não vinham na imprensa e que nós podíamos dar a conhecer.”

Isso foi, portanto, há menos de um ano… “O blogue foi criado a 1 de Abril, o Dia das Mentiras. E muitas das coisas que lá vêm parecem mentira…”, especifi ca Bárbara. Rui Abreu puxa a conversa para um tom mais sério: “A ideia fundamental é que isto, ao contrário do que sempre se ouve nas conversas de café, não é ‘nós’ e ‘eles’. ‘Eles’ são quem gasta o nosso dinheiro!”

O “governante gastador”Não será difícil aos menos desatentos formar a convicção de que os nossos titulares de cargos

Luís Francisco (texto) e Rita Chantre (fotografi a)

Findo 2011, era altura de fazer balanços. E, assim, o Má Despesa Pública atribuiu os seus prémios e explica as escolhas.

Personalidade do Ano Alberto João Jardim Antes de ser conhecido o buraco orçamental da Madeira, o Má Despesa escreveu à troika para denunciar o despesismo do Governo Regional. Jardim fica na história de 2011 pelas piores razões. Em 2012, cabe aos madeirenses pagar a conta.

Autarquia do Ano Oeiras As despesas vão de esculturas a 1,2 milhões de euros até livros com discursos do presidente Isaltino Morais pagos pelos contribuintes.

Instituto Público do Ano (ex-aequo) Agência Nacional para a Qualificação e Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas Aqui encontram-se exemplos de como o dinheiro público serve para pagar corridas, banda desenhada e até palácios.

Prenda do Ano Relógios de ouroAs melhores prendas são as da Câmara Municipal de Almada, que oferece relógios de ouro aos seus funcionários. O caso foi denunciado pelo Má Despesa e chegou à imprensa.

Compra do Ano Estádio do Leixões e do Leça As autarquias parecem ter sempre dinheiro que sobra para ajudar os clubes da terra. A compra da Câmara de Matosinhos dos estádios do Leixões e do Leça por 6,3 milhões de euros é exemplar.

Momento de Propaganda do Ano Presidente do Inatel pagou para ser entrevistado Não só foi confirmado pelo próprio como garantiu que voltaria a fazê-lo. Depois de denunciado pelo Má Despesa foi notícia nos jornais.

Denúncia de Má Despesa do Ano Carta dos Trabalhadores do Inatel Um documento chocante com todos os pormenores sobre os favorecimentos, indícios de corrupção e má gestão no Inatel.

Passagem de Ano do Ano Madeira Em pleno Verão, o Má Despesa denunciou o luxo que seriam as festas de passagem de ano da Madeira. Escreveram até à troika. Passado uns meses o assunto chegou às televisões.

Festa do Ano Açores A Festa Açores, realizada pelo Governo Regional quando da Bolsa de Turismo de Lisboa, custou quase 150 mil euros.

Luxo do Ano Cadeiras de SerpaSerpa pagou 891,50 euros por cada uma das 43 cadeiras dos Paços de Concelho.

Boy do Ano André Wilson da Luz Viola O motorista de 21 anos que ganha 1600 euros.

Mistério do Ano O financiamento do BPP à Presidência da RepúblicaO caso foi apresentado aqui, mereceu contactos do Má Despesa para o Palácio de Belém, mas ninguém nos respondeu. O Museu da Presidência tem como financiador o falido BPP.

Portugal no Seu Melhor (ex-aequo) Aqui foi impossível escolher apenas um. Escolhemos o caso das três ligações em auto-estrada separadas por dez quilómetros e os dois museus de arte contemporânea que estão a ser construídos a poucos quilómetros de distância em S. Miguel.

Bom Exemplo do Ano Câmara de Montalegre Montalegre é um dos concelhos mais pobres e com maior superfície do país. Mesmo assim tem a dívida a zero e com dinheiro em caixa para o ano seguinte.

Os prémios anuais do blogue Má Despesa Pública

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 11

públicos têm demonstrado uma notável capacidade para gastar o dinheiro que não lhes pertence de forma que muitas vezes roça a completa irresponsabilidade. Mas o que hoje se diz amanhã já foi esquecido, na voragem incessante da informação. E os portugueses gostam muito de comentar, mas envolver-se… dá trabalho. Fora dos aparelhos partidários há um claro défi ce de cidadania.

Foi assim que estes três jovens urbanos olharam para a situação. E não se resignaram. Decidiram agir. “É o nosso dever cívico”, diz Bárbara. “Participar na vida do Estado é um dever. A cidadania não é só ir votar de quatro em quatro anos, ou de dois em dois!” Para eles, tornou-se óbvio que era preciso fazer mais. “O que é estranho é não haver mais gente a fazer isto. Os partidos, os media… gasta-se muito tempo e espaço, e caracteres, no bate-boca da Assembleia da República, por exemplo, e faz-se pouca investigação”, acusa Rui Marques.

O outro Rui gosta de abordar as coisas num tom mais global. É ele quem avança a seguir com a ideia de que, em Portugal, o que temos é “o governante gastador, em vez do governante gestor”. E isso explica que “ninguém calcule quanto vai custar a manutenção da infra-estrutura que se mandou construir, ou faça planos sobre a sua futura utilização”. É como se a inauguração fosse “o último acto e

não o primeiro”. Como eles andam sempre com as mãos nesta massa, Rui avança logo com um exemplo: “A Parque Escolar, por exemplo. As novas escolas têm ar condicionado, mas os aparelhos estão desligados e as salas de portas abertas. Porquê? Porque o ar condicionado ligado faz disparar as contas da electricidade e as escolas não têm dinheiro para sustentar essa despesa…”

O retrato do país que obtemos no blogue fi ca, muitas vezes, perigosamente perto do surreal. Por estes dias, os três vigilantes do Má Despesa Pública viraram-se para o Banco de Portugal. E revelaram, por exemplo, que o nosso banco central decidiu gastar 245 mil euros em serviços de consultoria fi nanceira durante dois meses e há outros 190 mil destinados a consultoria em matéria de gestão geral. “Algo de errado se passa na capacidade da equipa do banco”, concluem.

Denúncias que dão notíciaEsta ironia, garante Bárbara, é muitas vezes a única maneira de lidar com assuntos dolorosos, quanto mais não seja para a nossa carteira. “É rir para não chorar…” Mas eles não querem opinar. Para isso já há para aí muita gente. “Damos a notícia. Divulgamos informação que é pública, mas com uma triagem. Tentamos ser o mais crus possível, só dar atenção aos factos. Acho mesmo que a parte mais dura do trabalho é tentar guardar para nós as nossas opiniões sobre despesas que falam por si.”

Uma forma de encontrarem esse equilíbrio é fi ltrarem o trabalho em conjunto. “Toda a gente ‘pesca’ [vasculha os contratos], mas só se publica depois de debatermos e chegarmos a um consenso”, explica Rui Abreu. Embora sem entrar em detalhes, ele é o único que assume já ter sido prejudicado devido à forma como toma posições públicas de denúncia. Mais do que recusarem o medo de poderem vir a pagar pela sua irreverência, o que os caracteriza é mesmo a sensação de que não pensam, sequer, nisso.

“O senhor de Santa Comba já morreu há muito tempo”, ironiza Bárbara. E, embora tenha deixado “muita herança”, diz Rui Abreu, nenhum deles concebe que, “em democracia”, falar abertamente sobre o que o poder anda a fazer com o nosso dinheiro possa ser uma actividade com riscos envolvidos. Para mais, esta é a primeira vez que dão a cara. Os textos do blogue não são assinados, não porque algum deles tivesse receio de assumir o que escreve, mas porque a intenção era não assumir protagonismo. “Nunca foi essa a ideia”, assegura Rui Marques.

Seja como for, a sua actividade começou a dar nas vistas. O blogue tem cerca de 130 mil visualizações e há 1300 seguidores no Facebook. Alguns deles serão jornalistas… “O impacto do que escrevemos só pode ser maior se houver notícias dos casos que relatamos”, assumem. E já houve. Algumas até sem citarem a fonte, o que os deixa aborrecidos.

por agendas e calendários, a dimensão das despesas da Presidência da República, as empresas pagas para prestarem serviços que não aparecem feitos, as extravagâncias de alguns autarcas, as irresponsabilidades de outros, a aparente inimputabilidade de quase todos.

Fazem-no sem qualquer bandeira que não “a cidadania”, ao contrário de outros grupos — contra as portagens, os recibos verdes, as propinas —, que têm uma causa, uma agenda própria. Numa altura em que as pessoas se mostram receptivas a denúncias, eles admitem que os melhores casos de gastos estapafúrdios podem estar no passado (2009, ano de duas eleições, foi fértil), uma vez que a austeridade limita a capacidade de gastar mal.

Mas eles encontram sempre alguma coisa. E pegam, irritando muita gente e incomodando ainda mais. Rui Marques recorda uma: “O presidente do Inatel chegou a dizer que a nossa denúncia tinha por trás interesses de privatização ao serviço de determinado grupo económico… Parece uma coisa de Hollywood: procura-se uma grande conspiração e afi nal são só três tipos que não vêem novelas.”

“Nós queremos promover o debate. E, curiosamente, quanto mais pequeno é o lugar ou instituição que denunciamos mais facilmente obtemos reacções”Rui Abreu

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gastar 120 mil euros em estudos para aquilatar da opinião dos munícipes sobre o desempenho dos autarcas e foi-lhe comunicado que o projecto fora cancelado…

O regabofe de 2009Serão excepções. Tal como a generalidade dos portugueses, os poderes públicos não gostam de ser questionados. Azar deles. “Nós queremos promover o debate. E, curiosamente, quanto mais pequeno é o lugar ou instituição que denunciamos mais facilmente obtemos reacções”, explica Rui Abreu. “Acreditamos que as pessoas podem reagir e pressionar os poderes”, completa Bárbara.

De fora do seu raio de acção ainda fi ca muita coisa. As regalias dos titulares de cargos e postos de topo, por exemplo. “É muita burocracia para obter respostas. Não está à distância de um clique e isso impede-nos de ir mais longe”, explica Bárbara. Pior ainda é o caso das fundações, que não estão obrigadas por lei a publicar os seus contratos.

Mas eles porfi am. E vão revelando contas estranhas da Madeira (dois meses depois descobriu-se o buraco orçamental), a estranha paixão dos organismos públicos

Mas eles sabem que estão a ser ouvidos. Quando denunciaram os planos de construção de um parque de estacionamento subterrâneo em Baião, receberam esclarecimentos, “de grande nível”, da autarquia e do gabinete de arquitectos envolvido. Uma leitora do blogue escreveu ao presidente da Câmara de Cascais sobre a intenção da autarquia de

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12 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Entrevista

a O médico apresenta soluções para manter o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em tempo de cortes “brutais” e dá exemplos de racionamento, como limitar a dois o número de ecografi as durante a gravidez. O professor universitário fala em fechar universidades e cursos para melhorar o ensino. O investigador pede um reforço e classifi ca de “indecente” a possibilidade de o Governo aproveitar a crise para destruir o tecido institucional público. E o avô está assustado com o futuro mais difícil que se adivinha. Todas as vozes numa só pessoa: Manuel Sobrinho Simões. Aos 64 anos, o rosto do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) está longe de pensar na reforma, ao contrário de muitos colegas de profi ssão. Recentemente, num programa de televisão, falou na necessidade de racionar no Serviço Nacional de Saúde. O que queria dizer com isso?Primeiro ponto: é difícil arranjar alguém que seja mais a favor do SNS do que eu. Farei tudo que estiver ao meu alcance para que o SNS se mantenha vivo e saudável. Segundo ponto: O caso da saúde é uma

história de sucesso extraordinária. Nos países em que foi mudado o sistema no sentido da iniciativa privada a saúde piorou e fi cou mais cara. Os EUA têm um sistema de saúde pior do que o nosso em todos os indicadores e muito mais caro. Portanto, não acho que em nenhuma circunstância seja defensável pensar em acabar com SNS ou sequer fragilizá-lo. Agora, o SNS não se aguenta como está e aí aparecem palavras e os verbos é que não são fáceis. O verbo racionar é infelicíssimo porque está muito ligado afectivamente à guerra.Queria dizer racionar ou racionalizar?As duas coisas. Infelizmente vai ser preciso racionar. Mas antes disso há medidas a tomar que são relativamente menos dolorosas, como planifi car e separar o essencial do acessório. Odeio a palavra racionar, tem uma componente afectiva que não pode ser pior, mas a sustentabilidade do SNS exige que nós planifi quemos, separemos o essencial do acessório e racionemos. Três coisas que não podemos evitar.Isso é tudo muito abstracto….Dou-lhe um exemplo. Temos que decidir se vamos investir mais no diagnóstico pré-natal e na

Mas indo ao concreto. Entre a procriação medicamente assistida e cuidar dos idosos?Aí se não houver dinheiro já põe um problema seriíssimo. Não sei.Portugal é um país muito envelhecido...Não, não. Nós não temos é crianças. O que somos é um país de doentes ou pelo menos de pessoas que se julgam doentes. Nós queixamo-nos mais porque somos periféricos, pequenos, pobres e assustados. Há uma negociação nossa com a fragilidade que é fruto da nossa experiência comercial. Na nossa cultura é quase malcriado dizer estou bem nunca estive tão bem na vida. A vitimização cria empatia, como temos uma vaga inspiração religiosa, não gostamos de desafi ar Deus. Isso difi culta muito, de novo, a planifi cação de saúde, porque a valorização das queixas é muito difícil de fazer de uma forma objectiva. Vamos ter muita difi culdade em planifi car. Mas planifi ca melhor a medicina de proximidade do que a de hospital central, melhor os enfermeiros que vão a casa do que o médico que vê o doente de tempos a tempos.No tal programa de televisão, foi dado o exemplo da hemodiálise como algo que poderia ser pago

Manuel Sobrinho Simões“A sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde exige que racionemos”

Planifi car, separar o essencial do acessório e racionar. Três coisas que não podemos evitar fazer no Serviço Nacional de Saúde para o conseguirmos manter, diz o professor universitário e cientista Manuel Sobrinho Simões. Ficam os avisos: Não vai haver dinheiro para tudo mas não se pode admitir que a medicina privada viva de desnatar a medicina pública.

Alexandra Campos e Andrea Cunha Freitas (texto) Manuel Roberto (fotos)fertilização in vitro ou mais no tratamento das pessoas idosas. Os recursos são fi nitos, não há dinheiro para tudo. Bater-me-ei até ao fi m para ter um SNS sustentável, para isso precisamos de poupar, depois discutimos o racionamento, que tem de ser sempre encarado como a última solução. O ministro da Saúde está pressionado para reduzir a despesa. Acha que o que se está a fazer são cortes cegos?Não sei. Que são cortes brutais são, que seguramente não são inteligentes, não são. Também não faço a mínima ideia se é possível atingir este nível de poupança com medidas inteligentes. Temos uma literacia mínima, portanto as nossas discussões são sempre inquinadas por meia dúzia de bandeiras. Outro exemplo: se diminuir a quantidade de doentes que chegam ao Hospital de S. João [no Porto] e não precisavam de chegar, a qualidade melhora. Nesta altura, e isso é estúpido, os hospitais são pagos por acto médico, portanto o S. João não se importa de ter uma quantidade enorme de doentes nas consultas que, na sua maioria, deviam ter fi cado nos centros de saúde ou nos hospitais periféricos. Quem perde são os doentes mais graves.

Os cuidados paliativos podem ser resolvidos com associações, com amizade, com ternura, não são caros do ponto de vista médico. (...) Temos que recuperar rapidamente o nosso capital nas Misericórdias a sério

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 13

pelos doentes com mais de 70 anos. Foi muito polémico. Concorda?É um disparate. Não existe em nenhuma parte do mundo. Vamos ter que decidir outras coisas, como por exemplo quando interrompemos tratamentos. A nossa civilização acha que a morte é opcional e não é. Se calhar é mesmo melhor morrer em paz, com a família, não podemos continuar a prolongar tratamentos indefi nidamente, fi ca caríssimo. Para isso é preciso mais cuidados paliativos...Os cuidados paliativos podem ser resolvidos com associações, com amizade, com ternura, não são caros do ponto de vista médico. E aí continuo a pensar que temos que recuperar rapidamente o nosso capital nas Misericórdias a sério.Concorda com a devolução dos hospitais às Misericórdias?Sim. Mas as Misericórdias não têm capacidade para gerir grandes hospitais. Falo de hospitais como o de Arouca, Vila Nova de Cerveira, Valença, Caminha, hospitais de cuidados continuados, de recuperação e reabilitação.Dê-nos mais exemplos de racionamentoO racionamento que para mim é

óbvio é o do número de ecografi as durante a gravidez. Na Inglaterra fazem-se duas. Um bom médico faz só duas ecografi as e é sufi ciente.Mais?Sou contra a taxa de médicos por habitante que em Portugal é maior do que na maior parte dos países europeus. Temos um problema de distribuição. Não acho que a solução seja fazer faculdades de medicina privada, já temos faculdades em excesso.Em Portugal há hospitais a mais?Há, isso é indiscutível. Aí é que é preciso também racionar. Nos medicamentos temos igualemente que fazer contas. Se não houver dinheiro para todos, temos que decidir os que vamos usar. Outra questão é, por exemplo, o problema das bandas gástricas para a obesidade. A pessoa que não quer fazer regime deve ter o mesmo direito a ter uma banda gástrica do que a pessoa que quer fazer regime? Se os recursos são fi nitos, tem que se decidir quanto do dinheiro público vai ser gasto em bandas gástricas e qual é a contrapartida que se pede aos cidadãos para terem acesso a isso. Não vale a pena as pessoas porem-se na posição de que tem que haver dinheiro para isso, porque não vai

haver dinheiro para tudo.As pessoas respondem que para a saúde tem de haver sempre dinheiro...Mas não vai haver dinheiro para a saúde. E não é só cá em Portugal. Já não está a haver em parte nenhuma civilizada do mundo. A sociedade tem de ser capaz de aumentar a sustentabilidade do SNS à custa de mecanismos de prevenção e planifi cação.Concorda com o co-pagamento? Acha que as pessoas que ganham mais deviam pagar mais? Ou o fi nanciamento devia fazer-se só pela via dos impostos?Não sei comparar as duas coisas. Até porque há muita fuga aos impostos em Portugal e portanto isso é o que me assusta mais. Seria a favor do co-pagamento para assegurar a sustentabilidade do SNS. Se a pessoa pode pagar... Uma coisa que quero que fi que bem claro: sou totalmente a favor da existência de medicina privada. Mas acho que a medicina pública e o SNS são muito mais importantes para o país. Deve haver regras muito claras de articulação da medicina privada com a pública, não se pode admitir que a medicina privada viva de desnatar a medicina pública.

É isso que tem acontecido em Portugal?É. Vamos a outra questão de racionamento, desta vez da privada. Acho muito bem que as pessoas que queiram escolham hospitais privados para ter as crianças. Agora, tinha de existir um acordo com os hospitais privados onde há partos e, quando as coisas dão para torto e elas vão parar às maternidades e hospitais centrais, parte do dinheiro que as pessoas tinham pago revertia para o público. Às tantas, temos tudo o que é rendível nos privados e tudo o que dá despesa é pago por todos nós. Quando me fala destas escolhas e decisões difíceis entre o essencial e o acessório... Lembra-se do que aconteceu com as maternidades [foram fechadas várias, por entre os protestos da população]? Isso das maternidades foi muito infeliz porque o ministro Correia de Campos tinha toda a razão. Foi uma medida inteligentíssima. Mas acha que este “povo pequeno, assustado, pobre” (como lhe chamou) é capaz de aceitar estas decisões?Não sei. As maternidades ou o tratamento de cancro são bons exemplos. Mas atenção: percebo que, para a pessoa que está em tratamento com quimioterapia ou radioterapia, a deslocação seja um sofrimento muito grande. Era preciso arranjar formas de deslocação que fossem o menos incómodas possível. Está a falar da rede de referenciação do cancro. Mas ainda não avançou...Não sei porque não avança. Mas tenho a certeza é que a ideia que as pessoas têm de que é muito bom ter um hospital ao pé de casa é uma estupidez. É uma estupidez daquelas! Mas temos de levar os doentes aos sítios onde podem ser tratados.Temos de racionalizar os transportes de forma a optimizar o transporte de doentes que não tenham possibilidade de se deslocar de outra maneira. Por exemplo, se há quatro doentes que vêm num transporte só se deve fazer um pagamento. Não um por cada doente. Se a pessoa tem possibilidade de andar, não é só porque está doente que deve vir de ambulância. Nesse caso paga, é mais barato, e vem de comboio ou de autocarro. Mas aí a pessoa está a ser penalizada por estar longe do centro de tratamento.Como está longe de uma escola ou de um tribunal. Esse é um problema menor num país como o nosso. É um problema social gravíssimo do ponto de vista da desertifi cação do interior... mas não é o problema das pessoas. O problema das pessoas é solúvel, até porque não são muitas. De resto, eu também sou a favor que nas regiões fronteiriças se usem os tratados europeus e, se houver bons hospitais em

Sou a favor que nas regiões fronteiriças se usem os tratados europeus e, se houver bons hospitais em Espanha, devemos ir a Espanha. Há um custo de localização, que não se resolve aumentando oferta sem qualidade

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Entrevista

Espanha, devemos ir a Espanha. Há um custo de localização, de pouca sorte, que não se resolve aumentando uma oferta sem qualidade. E isso também é racionar. Não pode haver tantos hospitais a tratar cancro como há. Porque quem trata poucos cancros por ano, trata mal. Se me diz... ah, mas o povo não quer, paciência.Ou manda o ministro embora como fez no caso das maternidades com o Correia de Campos.Atenção que o Correia de Campos foi um excelente ministro da Saúde.E o que diz do actual?Não digo. Não conheço. Se querem que diga algo positivo, foi a recondução dos directores do S. João e IPO que tanto quanto sei não são próximos do partido do Governo. São excelentes gestores. E aqui dou outra ideia. Este tipo de efi ciência de gestão pode ser usado como exemplo para hospitais semelhantes (cuidado, não se pode comparar coisas que são diferentes). O São João pode ser comparado com o Hospital da Universidade de Coimbra e com o Santa Maria (em Lisboa). Seria sempre a favor de usar exemplos concretos, em vez dos tais cortes cegos. Que também é muito raro na nossa cultura, que é muito retórica. As pessoas gostam dos tipos que falam, falam... Quando alguém faz muito coloca os pares em cheque e fere um maior número de interesses instalados. São mudanças difíceis...A grande resistência da sociedade portuguesa à transformação está na iliteracia. Continuamos a não saber o que nos interessa. Além disso, temos uma sociedade com corporações muito instaladas. Aí, as resistências são múltiplas. Nós podemos poupar imenso sem racionar. O que é uma estupidez é as pessoas começarem a chatear toda a gente se o velhinho de 70 anos vai ou não fazer hemodiálise quando podemos é diminuir imenso as pessoas que precisam de hemodiálise. Acha que vamos conseguir sair da crise?Acho que sim, apesar de tudo temos condições razoáveis. Temos um desenvolvimento muito grande da ciência e educação. Tivemos. Somos muito sensíveis ao estrangeirado, é uma das características do Portugal. Mas, se repararmos, estamos a reagir de uma forma muito mais organizada do que, por exemplo, os gregos, os espanhóis e italianos. Temos mais espírito de sacrifício ou somos mais conformados?Temos mais espírito de sacrifi co. E, está bem, estamos mais calados mas isso é bom em termos de concertação social. Um dos grandes problemas para nós seria se, de repente, caíssemos num desespero tal que levasse, por exemplo, a um aumento da violência urbana.Acha que isso não pode ainda vir a acontecer? Ainda estamos no

comportamentos sociais. Se isto fi zesse com que houvesse menos hospitais e melhores, com redes de referenciação, menos e melhores universidades, menos cursos, menos e melhores instituições de ciência, tínhamos dado um passo de reforço do tecido social. O que acho indecente é se o Governo aproveitar esta oportunidade para destruir o tecido institucional público.Há esse risco?Tenho medo. Sou totalmente a favor de reforçar o público, no ensino, na investigação e saúde. Se for preciso aparando as arestas, mas reforçá-lo. Não fragilizá-lo. Continuo a achar que é criminoso acreditar que a medicina privada e a privatização é melhor. É pior em custos e em efi ciência e qualidade. Está a falar das PPP [parcerias público-privadas]?Estou a falar de hospitais universitários e IPO que é o que conheço melhor. Seria mortal que fossem transformados em empresas semiprivadas. Se quisermos dar cabo do SNS a melhor maneira é acabar com os hospitais universitários e IPO. São estas as instituições que dão esqueleto ao sistema. Sou totalmente contra a privatização da saúde. Não tenho nada contra a existência de áreas da saúde que, com regras claras, estejam privatizadas. Mas privatizar o SNS de uma forma disfarçada com a ideia de que os privados gerem melhor que o público? Não. Conheço públicos e privados que são horrorosamente geridos. Todos nós já chamamos canalizadores a casa! Todos nós já recorremos a serviços privados que são muito maus.Disse recentemente numa entrevista que acabou o tempo das mordomias. Temos mordomias?Tínhamos. O dinheiro europeu para a nossa escala era muito e barato. Não nos apercebemos que estávamos a comprar chatices para o futuro. Estávamos a criar um mundo cada vez mais desigual. Além das catástrofes naturais (da água e da energia), o que mais me assusta é a desigualdade. Por que está a aumentar de uma maneira obscena. Como sociedade, fomos apanhados de surpresa. E é verdade que não desenvolvemos riqueza. Acabámos com a pesca, agricultura, têxtil... o dinheiro da Europa veio contribuir para que isso fosse defi nhando e, em contrapartida, não criamos alternativas além do turismo e umas coisas muito incipientes e que não são muito empregadoras. O têxtil e o calçado estão agora a recuperar. Mas estou muito assustado.É o avô que está assustado?O avô, o pai, o colega... a falta de segurança para desenhar um futuro profi ssional. Eu vivi melhor do que os meus pais. Acho que os nossos fi lhos vão ter mais difi culdades do que nós. E é a primeira vez que isso acontece.

início...É verdade. E estou muito assustado. Mas a minha fuga é sempre para a frente, é fazendo. Mesmo aqui no Ipatimup, onde estamos a passar uma fase difícil. O Governo cortou de uma forma estúpida, a universidade cortou e as pessoas não nos pagam. Que corte tiveram no orçamento?Tínhamos um contrato com a Fundação para a Ciência e Tecnologia de 1,6 milhões de euros por ano e reduziram-nos para o valor de 2005, 1,2 milhões. Este ano vamos aguentar com o dinheiro que tínhamos no banco. Mais dois anos assim e ou despedimos pessoas ou desligamos o aquecimento... ainda temos também o problema das prestações de serviços aos hospitais que também não estão a pagar.A investigação está ser afectada pela crise?Está muito bem porque ainda está com o lanço que teve com o ministro Mariano Gago. Está a ser afectada, mas apesar de tudo este ministro [Nuno Crato] é inteligente e a secretária de Estado [Leonor Parreira] é muito sensível à investigação. Esta decisão de passar para o orçamento de 2005 é do ano anterior, estes responsáveis mantiveram mas não diminuíram ainda mais. O futuro é assustador. Mas não estou tão preocupado com a ciência porque a ciência é internacional. Somos premiados e respeitados, mas somos apoiados?A nossa ciência está muito dependente do privado. Mas eu prefi ro que exista a Champalimaud e a Gulbenkian do que não os ter. Não resolvo o meu problema com inveja. Ao menos que venham eles. Por outro lado, acho uma

estupidez esta ideia de que é melhor emigrar. Há fuga de cérebros?Há muita gente que está a sair. O país ganha em criar condições para que muitos dos bons fi quem. Não é preciso que fi quem todos. Voltamos à saúde e ao ensino. No ensino também temos de racionar. Não podemos ter o número de universidades e politécnicos que temos. Temos dezenas de cursos de arquitectura, de psicologia... e os miúdos vão quase todos para o desemprego. Num país que está fragilizado, por razões circunstanciais e estruturais, o truque não é apostar em pessoas e fait-divers, é apostar em instituições. Mas os políticos não gostam de escolher instituições. Perdem votos. Nem gostam de fechar universidades ou hospitais...Exacto. O grande obstáculo, além das corporações, são os próprios políticos. Os políticos vivem das corporações por interposta pessoa. E, ainda assim, acha que vamos conseguir sair disto?Acho porque não temos alternativa. Vamos sair disto diferentes?Já estamos um bocadinho diferentes. Aumentámos as exportações... não vamos continuar a fazer auto-estradas... acho que nós, como povo, somos bons em situações de grande aperto, em catástrofes. Despertamos solidariedade, generosidade. Não somos bons é na manutenção.O problema é que tudo indica que esta catástrofe é de longa duração...Vamos ter de aguentar porque não temos alternativa. Não sei até que ponto vamos mudar os nossos

A nossa ciência está muito dependente do privado. Mas eu prefiro que exista a Champalimaud e a Gulbenkian do que não os ter. Não resolvo o meu problema com inveja. Ao menos que venham eles. Por outro lado, acho uma estupidez esta ideia de que é melhor emigrar

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 15

Divulgação A crise financeira do final do século XIX

O rei doava mas recebia adiantado e o país republicano opôs-seD. Carlos doava 20% da sua dotação e sugeriu a Oliveira Martins a criação de um bilhete de identidade para obter mais receitas. O país vivia sob novas e violentas medidas de saneamento fi nanceiro

Fernanda Rollo

O governo, invocando a necessidade de medidas de salvação pública, procura aplicar apenas leis que são odiosas, porque constituem excepções, porque muita coisa havia a fazer e se não fez, e porque as medidas fi nanceiras não foram acompanhadas das indispensáveis medidas políticas que toda a gente esperava. Tinha-se prometido a moralização da administração, que os cortes atingiriam todos os abusos, e que viriam de cima para baixo. E afi nal? As propostas de fazenda são o que já toda a gente sabe, e sob o pretexto de se extinguir o defi cit, arranja-se uma verba que vai, em grande parte, ser arrancada a quem não tem culpa do estado a que chegaram as coisas da fi nança, sem que, no entanto, a situação mude, preparando-se apenas um futuro de permanentes agonias para quem trabalha para viver!“As propostas do sr. Oliveira Martins” in O Século, 1 de Fevereiro de 1892, p. 1.

O fi nal do século XIX conheceu em Portugal uma crise generalizada, em que se salientou, a par das profundas perturbações verifi cadas no plano político, uma crise fi nanceira que se revestiu de particular impacto e dra-matismo. No seu conjunto, a crise, multifacetada, instalou-se, marcando inexoravelmente o processo que em breve conduziria ao colapso da Monar-quia constitucional e à implantação da República.

O cenário afi rmar-se-ia de crise glo-bal, sem esquecer o contágio externo ou diminuir os efeitos das perturba-ções registadas à escala internacional, que ganharam dimensão e impacto aproveitando as circunstâncias e vul-nerabilidades de um país que tardava em modernizar-se e se mantinha entre os mais atrasados da Europa, geran-do-se uma vertiginosa combinação negativa da qual parecia impossível escapar.

A par da instante crise política, o generalizado mal-estar social, a crise económica e a derrocada fi nanceira, compuseram esse quadro de catás-trofe que os escritores fi nisseculares pressentiam e denunciavam impie-dosamente. Tempo de passagem do século, tom propício à dramatização da ideia de crise e decadência, tal co-mo fi cou imortalizada na fi cção de Eça de Queirós, que morreu precisamente em 1900, Teixeira de Queirós e Fialho de Almeida, ou na poesia de Guerra

Junqueiro e António Nobre (também morto em 1900). Retratos do país, fei-tos de testemunhos de desencanto, manifestos do espírito descrente e pes-simista que entristeceu a pátria. A par do tom negativista e derrotista, surgia, de forma cada vez mais estridente, a crítica incisiva da sociedade burgue-sa que Abel Botelho denunciava em Amanhã (1901) ou, noutro palco, a ca-racterização feita por Oliveira Martins em Portugal Contemporâneo.

Combinando com o tom de pes-simismo decadentista, o contexto era propício ao descrédito, indele-velmente marcado pelo Ultimatum apresentado em Janeiro de 1890 pe-lo Governo inglês de lorde Salisbury, fazendo jus à sonoridade trágica de A Portuguesa ou, entre outros textos, ao ritmo comovente de Finis Patriae de Junqueiro.

Tudo isso animava a vontade re-generadora e as aspirações republi-canas, procurando a interrupção e a alternativa ao percurso decadentista a

que a Monarquia surgia indissociada. Ao recém-criado Partido Republica-no Português (1876), entre os demais defensores de uma solução política republicana, aliavam-se cada vez mais descontentes, engrossando as fi leiras do movimento, num tom de crescente nacionalismo, aglutinando um con-junto alargado de pretensões, alme-jando, entre outras, a libertação da tutela estrangeira, a democratização política, a generalização do sistema escolar, a modernização económica e social.

Na realidade, para lá do impasse po-lítico, o modelo de desenvolvimento económico da Regeneração revelava sinais de esgotamento, desembo-cando na profunda crise económica e fi nanceira que assolou o país em 1890/1891. O modelo económico da Regeneração, face às limitações do seu próprio enunciado, confrontava-se com as hesitações e as inércias da actividade económica de um país que, afi nal, tardava em dar resposta aos de-

safi os e às possibilidades da moderna expansão industrial e, em compara-ção com a situação internacional, entrara claramente em derrapagem. Portugal debatia-se à procura do seu ressurgimento, confrontado com as expectativas falhadas e sob o trauma e a ameaça da bancarrota.

O dinamismo que a política fontis-ta imprimiu à construção de grandes infra-estruturas, embora tendo efeitos positivos, mas insufi cientes até para a unifi cação do mercado interno, foi feito em grande medida através do re-curso constante ao aumento da dívida pública interna e externa e ao défi ce orçamental, o que, associando-se à defi citária balança comercial portu-guesa, acabou por arrastar a econo-mia para uma difícil situação fi nan-ceira, colocando-a sob a perspectiva de uma falência generalizada. É certo, porém, que o período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial registou um crescimento razoável do sector industrial, tal como aconteceu com a maioria das economias europeias mais atrasadas, mas circunscrito e lon-ge de conseguir catapultar Portugal para o nível dos países desenvolvidos da Europa. Globalmente, o país falhou o início do seu processo de industria-lização e modernização económica e social, mantendo taxas de crescimen-to muitíssimo modestas, ao nível das mais baixas registadas pelos países europeus ao longo de todo o período entre 1870 e 1913.

A verdade é que os vários governos da fase fi nal da Monarquia, a braços com sucessivas crises políticas e fi nan-ceiras, estavam praticamente parali-sados: incapazes de impor uma estra-tégia de desenvolvimento económico nacional, ou de reunir os recursos in-dispensáveis à sua concretização.

O fi nal de oitocentos mostraria os li-mites do percurso desenhado. A difícil situação fi nanceira em que o fontismo tinha deixado o país agravou-se num cenário de crise a que não foi estranha a situação internacional e, em parti-cular, a crise cambial brasileira e a de-corrente contracção das remessas dos emigrantes que permitiam compensar signifi cativamente o defi ce das trocas portuguesas e, assim, ajudar a compor a situação fi nanceira do país. O Estado começou a sentir terríveis embaraços para acudir ao défi ce orçamental, para honrar os encargos da dívida e para socorrer alguns bancos e companhias (ferroviárias e coloniais) que andavam à beira da falência.

Ultrapassada a fase mais crítica do confl ito inglês, ressurgia a ‘questão da fazenda’, ou muito simplesmente

FOTOS: CORTESIA JOAQUIM VIEIRA/CÍRCULO DE LEITORES

Era do mar e não da corte que D. Carlos gostava

O iate real Amélia esteve no centro da

contestação por causa dos gastos da Casa Real

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Divulgação A crise financeira do final do século XIX

o agravamento das despesas face ao rendimento de um país cuja produ-ção, além do mais, se mantinha muito aquém de satisfazer as suas próprias necessidades e era manifestamente incapaz de compensar a sua depen-dência externa. Foi em vão que o go-verno procurou encontrar recursos a partir da venda do monopólio do tabaco. Grassava, intenso, o clima de desconfi ança e descrédito. Por fi m, em Maio de 1891 foi decretada a suspensão da convertibilidade, a que, em breve, em Junho, se seguiu o abandono do padrão-ouro. Falou-se de bancarrota e o público reagiu em pânico: entre Maio e Setembro de 1891 acorreu aos depósitos bancários e à conversão de notas. O Banco de Portugal fi cou sem reservas e outros bancos acabaram por suspender pagamentos.

Não exagerei o terror pelo estado das coisas cá: isto nem forças tem para se sublevar. O cáustico dos impostos e deduções quase que foi recebido com bênçãos. Somos um povo excelente cujo fundo é a fraqueza bondosa e uma grande passividade. Estas qualidades são a origem dos nossos defeitos.Carta de Joaquim Pedro Oliveira Martins a Eça de Queiroz em 1892

Acabou por ser a Oliveira Martins, que em múltiplas ocasiões se manifestara profundamente crítico relativamente à política fontista, sobretudo pela sua repercussão no desequilíbrio das con-tas do Estado, que o rei D. Carlos, a partir de Janeiro de 1892, entregou a pasta da Fazenda e o encargo de ultra-passar os problemas mais instantes da crise. O novo ministro das Finanças, confrontado com um défi ce de 10 000 contos (c. 25% das receitas) e uma dívida fl utuante de 23 000 contos, lançou imediatamente as primeiras medidas de saneamento fi nanceiro: uma taxa entre 5 e 20 por cento so-bre os ordenados, soldos e pensões; uma taxa de 30 por cento sobre os rendimentos da dívida pública inter-na; uma proposta de renegociação da vida externa; e a instauração de novas pautas alfandegárias. Também aboliu o subsídio ao teatro da ópera de São Carlos e suspendeu as admissões na função pública.

D. Carlos, por sua vez, quis fazer parte da solução, abdicou de 20% da sua dotação e ainda sugeriu a Oliveira Martins a ideia inovadora de encon-trar novas fontes de receita através da instituição de uma espécie de bilhete de identidade.

Nos anos de 1890 e 1891, a crise fi nanceira e monetária foi acompa-nhada por quebras signifi cativas de actividade em quase todos os secto-res económicos. A crise, porém, não terá, segundo vários autores, origi-nado um período de abrandamento do crescimento económico, dados os efeitos positivos das medidas de acréscimo do proteccionismo e de desvalorização monetária que, entre outras medidas, integraram a acção de Oliveira Martins e do seu sucessor, Dias Ferreira.

Os tempos eram de acentuada insta-bilidade e de grande agitação política e social. As tentativas de regeneração do regime monárquico, as humilhações

externas e, sobretudo, a bancarrota do Estado constituíam o prenúncio da queda inexorável do regime. A ten-dência revolucionária instalara-se, na sequência da primeira revolta armada contra a Monarquia, em 31 de Janeiro de 1891, no Porto.

Os anos seguintes foram de acentua-da agitação política e crispação social. O país viveu então, entre 1893 e 1907, um último ciclo rotativismo político entre os dois principais partidos mo-nárquicos, sendo governado, alterna-damente, por Hintze Ribeiro, chefe dos regeneradores, e Luciano de Cas-tro, líder dos progressistas (que quan-do não estavam na chefi a do Governo alternavam também a direcção do Cré-dito Predial). Por junto, contaram-se oito ministérios, provando afi nal que o rotativismo estava longe de propor-cionar a almejada estabilidade polí-tica. A incapacidade de regeneração e superação dos sucessivos impasses políticos do campo monárquico, que entretanto conhecerá várias cisões e dissensões, fez-se acompanhar do uso de expedientes e soluções erráticas no campo eleitoral e do recurso a medi-das políticas e sociais crescentemente contestadas e contestáveis, criando um clima favorável à afi rmação das forças republicanas, apesar do agra-vamento do quadro repressivo. Não é portanto de estranhar a intensifi cação de manifestações de mal-estar social, refl ectindo difi culdades e desconten-tamentos, como a que fi cou conheci-da pela “revolta do grelo”, em 1903. As manifestações populares contra a Monarquia, e a repressão que tive-ram como resposta, prosseguiriam e aumentariam em particular durante o governo chefi ado, a partir de Maio de 1906, pelo regenerador dissidente João Franco, sobretudo desde que, em Abril de 1907, D. Manuel lhe concedeu a ditadura que recusara a Luciano de Castro e a Hintze Ribeiro.

Nesses anos, embora ultrapassada

a partir da oposição republicana.Estava Franco no poder quando

a questão, em 20 de Novembro de 1906, assomou ao Parlamento. Afon-so Costa não perdeu a oportunidade; feita a denúncia, criticada a situação, termina desferindo um golpe de cer-teira e histórica virulência: “Por mui-to menos crimes que os cometidos por D. Carlos I, rolou no cadafalso em França, a cabeça de Luís XVI”. A sessão terminou com a expulsão de Afonso Costa. Ânimos exaltados, dentro de fora do Parlamento, ca-racterizaram os tempos seguintes. João Franco, isolado e contestado, contaria ainda com o incondicional apoio régio, para, em Abril de 1907, dissolver o Parlamento. Foi então que, em Agosto, Franco fez publicar a resolução por decreto ditatorial dos adiantamentos à Casa Real, que an-teriormente tinha prometido levar à deliberação do Parlamento. Determi-nava o decreto que o montante dos adiantamentos seria saldado através da privação perpétua das rendas dos prédios da coroa dados de arrenda-mento ao Estado e pela entrega do iate real Amélia ao Ministério da Ma-rinha. Além disso, a Lista Civil era aumentada em 160 contos anuais. Difi cilmente o decreto poderia ter suscitado maior contestação... por tudo, e até pelo embuste que procu-rava fazer vingar, uma vez que, não só os referidos prédios já estavam desafectados da posse do rei, como o iate já sido doado à nação.

Sensível à tensão instalada, entre o desgaste e o desprestígio da coroa e do sistema, atenta a contestação política e o desânimo popular, é de então a cé-lebre expressão de Júlio Vilhena, novo chefe do Partido Regenerador: “Isto termina fatalmente por um crime ou por uma revolução”.

Pois, como é sabido, as duas coisas aconteceram. No dia 1 de Fevereiro de 1908, em Lisboa, deu-se o atentado à família real, tendo sido mortos o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe. D. Manuel II tinha apenas 18 anos quando recebeu a coroa; pro-curou o apoio de todos os partidos monárquicos, mas foi-lhe impossível travar a onda republicana, até porque os próprios partidos monárquicos di-fi cilmente se entendiam, enquanto os republicanos se uniam e conspiravam contra o rei e pelo derrube da Monar-quia. Na manhã do dia 5 de Outubro de 1910 foi proclamada a República em Portugal, a segunda na Europa, e anunciado o Governo Provisório das varandas da Câmara Municipal de Lis-boa pela voz de José Relvas.

Com a República vinha a miragem, não concretizada, da democracia e do progresso económico e social. Cento e vinte anos depois e, salvaguardando distâncias proporções, o país encon-tra-se de novo numa situação muito semelhante à que a epígrafe de O Sécu-lo fazia referência. Historiadora

Cento e vinte anos depois e, respeitando proporções, o país encontra-se de novo numa situação muito semelhante à que a epígrafe de O Século fazia referência

O rei nas Cortes em Junho de 1906, a 10 meses da dissolução do Parlamento

Este artigo é financiado no âmbito do projecto Público Mais publico.pt/publicomais

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a fase mais dramática da crise fi nan-ceira, a história das fi nanças públicas e da política nacional fi caria marcada pela presença de duas questões, dois escândalos, devidamente explorados pela propaganda republicana e que ganharam grande espectacularidade nas páginas dos jornais, entre a opi-nião pública e nos debates parlamen-tares. Desde logo, a velha questão dos tabacos, a propósito do concurso para a renovação da exploração dos taba-cos em regime de monopólio, cujas implicações políticas envolveram a queda de dois governos e a dissidên-cia do Partido Progressista – a questão só fi cou resolvida no governo de João Franco, que concedeu o exclusivo à Companhia dos Tabacos pela renda anual de 6520 contos.

Erários separadosA outra questão foi a dos adiantamen-tos à Casa Real, chegada à imprensa republicana em 1905, que João Franco também viria a resolver, já em ditadu-ra, através do decreto de 30 de Agosto de 1907, que concedia um aumento indirecto à “lista civil” para cobrir tais adiantamentos.

A questão dos adiantamentos re-cuava ao tempo da revolução liberal de 1820, quando, separando o erário público do erário régio, se criara uma Lista Civil para custear as despesas dos Braganças. Ora, como a dotação à coroa não era revista desde 1834, a coroa, desde o tempo do rei D. Lu-ís, vinha recebendo adiantamentos à margem do disposto na Lista Civil e no Orçamento Geral do Estado. A questão, em si já sufi cientemente sensível, ganhava expressão à luz dos empréstimos que entretanto a corte contraíra e, sobretudo, aten-dendo aos gastos em que a família re-al incorria. Não é de estranhar a vio-lência da crítica dirigida à situação, sobretudo pela ilegalidade de que se revestia, evidentemente empolada

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 17

O Presidente tem o olhar crítico sobre a política do GovernoDANIEL ROCHA

Cavaquistas defendem saída de Vítor Gaspar do GovernoA rota de colisão entre Cavaco e Passos acelerou-se. E os cavaquistas não escondem as divergências profundas em relação à política do Governo

São José Almeida

a É absoluta a discordância de algu-mas das mais proeminentes perso-nalidades do cavaquismo e do pró-prio Presidente da República sobre a condução da política orçamental e as prioridades para a organização das fi nanças públicas, que têm sido adop-tadas pelo Governo. O PÚBLICO sabe que, dentro deste grupo de persona-lidades que apoiam Cavaco Silva, há quem defenda já que o Governo deve substituir o ministro das Finanças, Ví-tor Gaspar, que vêem como “um ultra-liberal” que está a “dar cabo” do mo-delo social e económico construído após o 25 de Abril e no qual, frisam, os três governos de Cavaco (1985-1995) tiveram um papel crucial.

A questão de fundo — que tem criado tensão entre o Governo e o Presidente, cuja existência o Ex-presso ontem noticiou — passa pelo facto de que estas personalidades, a maioria das quais com conhecimen-to e refl exão precisamente na área económica, quando não mesmo em fi nanças públicas, como é o caso do

próprio Cavaco Silva, verem como er-rado que as medidas de austeridade que são impostas pela crise da dívi-da pública sejam concretizadas com um enquadramento que vai conduzir, acreditam, à destruição da classe mé-dia e, consequentemente, do tecido económico português, que assenta em pequenas e médias empresas, que vivem do consumo.

É notório, nas conversas com as personalidades do cavaquismo, o crescendo de preocupação sobre o que vêem como a “desestruturação da economia”, pela ausência de in-vestimento. Isso é transparente em vésperas de mais uma cimeira euro-peia, que decorrerá amanhã, segun-da-feira, em Bruxelas, e em que os responsáveis dos 27 Estados-mem-bros vão, pela primeira vez, discutir a necessidade de uma agenda para o crescimento económico e políticas de investimento.

Cavaco, o críticoO próprio Presidente já assumiu pu-blicamente a sua discordância com o Governo. E as críticas de Cavaco

cavaquistas são apontadas soluções governativas alternativas às do Go-verno de Passos Coelho e não subsi-diarias de uma lógica neoliberal, mas sim de defesa do Estado-providência dentro das concepções que caracte-rizam o modelo social europeu e o papel social do Estado.

As alternativas do PresidenteE se há quem frise que as preocu-pações sociais do actual Presidente sempre foram patentes na sua gover-nação, há quem lembre que, em pri-vado, quando era primeiro-ministro, Cavaco comentava que não se revia na comparação que era então feita pelos que o alcunhavam de “Thatcher português”, precisamente porque se distanciava da visão neoliberal do pa-pel social do Estado.

Uma das questões em que a diver-gência entre Cavaco e as políticas gi-zadas por Vítor Gaspar é profunda é o tratamento dado aos pensionis-tas. Entre as personalidades do ca-vaquismo é clara a condenação de o Governo estar a mexer nas pensões de reforma e sobrevivência, quando estas são o resultado de uma vida de trabalho e de descontos que as pes-soas fi zeram, pelo que são direitos adquiridos.

Outra linha de crítica do Presiden-te a Vitor Gaspar tem que ver com a equidade fi scal. O facto de os impos-tos extraordinários caírem quase ex-clusivamente sobre o rendimento do trabalho, bem como o facto de o corte de despesa ter sido feito sobre a mas-sa salarial dos funcionários públicos e não sobre as “gorduras” e “avenças” e “consultadorias” que se instalaram e “sugam” os dinheiros públicos, é outro pomo de discórdia. Ao que o PÚBLICO sabe, quer o Presidente quer as personalidades cavaquis-tas consideram que a política fi scal não podia deixar de fora e poupar as empresas e os mais ricos. Ou seja, mais concretamente, que o aumento fi scal devia incidir no IVA e no IRS, mas também no IRC e na criação, por exemplo, de impostos sobre produtos de luxo e sobre os mais ricos.

Outro exemplo de discordância, é a lei das rendas. Há mesmo quem classifi que o esta lei de “disparate” e quem se lhe tenha referido como “uma lei inútil”. E explicam que, num momento de crise e quando a maior parte das rendas já estão a valores de mercado, bem como são quase só idosos que têm rendas antigas, pelo que estão protegidos, aumentar as rendas de habitação vai criar um pro-blema social suplementar ao Estado, pois haverá pessoas que irão precisar de ser apoiadas com subsídios, o que aumenta a despesa social.

E no domínio do aumento social do Estado, há personalidades do ca-vaquismo que frisam o aumento de despesa que o crescer do desempre-go vai trazer. O aumento de desem-prego, aliás, e o aumento de falências de pequenas e médias empresas, por causa da perda de poder de compra da população portuguesa é um dos aspecto que mais preocupa o Presi-dente e por isso ele tem sido tão insis-tente nas declarações públicas sobre a necessidade de criar condições de investimento.

Portugal

O próprio Presidente já assumiu publicamente a sua discordância com o Governo em relação ao Orçamento do Estado e criticou mesmo os líderes da União Europeia

Silva estenderam-se mesmo aos líde-res da União Europeia, no discurso que fez a 12 de Outubro, no Instituto Universitário Europeu, Florença, Itá-lia, quando defendeu que o proble-ma não era do euro, mas das opções políticas dos Estados-membros e da falta de solidariedade e de políticas comuns conducentes à recuperação dos países em crise.

A posição de crítica de Cavaco foi assumida internamente, dias depois, ao intervir no Congresso dos Econo-mistas, em Lisboa, a 19 de Outubro, onde afi rmou explicitamente que era necessário “justiça na repartição dos sacrifícios” e combater “que se ins-tale a ideia de que não se faz tudo o que podia ser feito para dinamizar a economia e combater o desempre-go”. E, à saída da sala do congresso, declarou aos jornalistas que consi-derava que o Orçamento do Esta-do para 2012 não tinha políticas de investimento nem de dinamização do investimento, bem como que considerava contrário ao princípio constitucional da equidade fi scal a confi scação fi scal dos subsídios de

férias e de Natal da função pública.É assim conhecido o posiciona-

mento crítico de Cavaco Silva à po-lítica económica e orçamental do Governo. E entre as personalidades

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18 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Portugal Sindicalismo

Novo líder da CGTP diz que “jamais lançará a toalha ao chão e abandonará a luta”

O Governo dos direitos, as medidas da troika e os responsáveis pela crise são os alvos que Arménio Carlos identifi cou para o combate dos próximos quatro anos

a Arménio Carlos, o novo secretá-rio-geral da CGTP, afastou ontem os receios de que central sindical se tor-ne menos plural e refém da imagem de uma só pessoa. No discurso de encerramento do XII Congresso da Intersindical, o homem que sucede a Carvalho da Silva deixou claro que este é “um projecto de todos e para todos” e identifi cou bem os alvos do combate dos próximos quatro anos: o Governo de direitos, as medidas da troika e os responsáveis pela crise.

“Há um compromisso que todos os delegados e todos os membros do conselho nacional assumiram que é o aprofundamento do projec-to da CGTP”, frisou debaixo de fortes aplausos, num auditório “pintado” de bandeiras vermelhas.

Numa intervenção parcialmente improvisada, o novo líder respondeu aos receios das tendências minoritá-rias da CGTP, que lhe deram voto em branco na eleição, e prometeu traba-lhar com todos. Por diversas vezes fez questão de frisar que a central é um “projecto colectivo” e que por detrás dos rostos mais mediáticos “há um trabalho de formiguinha”, desenvol-vido pelos que “estão todos os dias nos locais de trabalho”.

O novo secretário-geral da CGTP apelou ainda a todos os trabalhadores “independentemente da sua fi liação” para que juntem esforços no combate ao “desastre económico e social que espolia os que menos têm e favorece aqueles que são responsáveis pela cri-

se” e a que o Governo de direita está a conduzir o país.

Num discurso parcialmente impro-visado, Arménio Carlos deixou claro que os sindicatos da CGTP continuam disponíveis para colaborar nas em-presas e no terreno com outras es-truturas independentemente da sua fi liação. Uma hora antes tinha sido aprovada uma moção em que a CG-TP se compromete a angariar 100 mil novos fi liados em quatro anos.

Os aplausos, as palavras de ordem e as bandeiras com o logotipo da CG-TP agitaram-se sempre que Arménio Carlos falou na necessidade de melho-rar os rendimentos, reivindicou o au-mento do salário mínimo para os 600 euros, o aumento das pensões e a me-lhoria das prestações de desemprego.

O líder acusou o Governo de “des-truir a economia”, “subverter os prin-cípios constitucionais”, “sacrifi car os direitos dos trabalhadores” e “esva-ziar o Estado Social”. Uma crítica que estendeu também ao presidente da República quando se diz “preocu-pado com o aumento da pobreza” e depois nada faz . “O que é que estão lá a fazer?”, questionou.

Criticou ainda os ministros “de bandeira portuguesa na lapela” a entregar as empresas públicas “por tuta e meia”.

O novo secretário-geral considerou ainda o acordo assinado na concerta-ção social “inadmissível e “uma de-monstração da mostruosidade econó-mica e social” que está por detrás das ideias do Governo e da troika.

E destacou: “Este acordo não é lei.

Temos que o combater no terreno an-tes que seja aprovado”.

Numa intervenção dura e pautada por alguma ironia, Arménio Carlos admite que a central tem pela frente “muito trabalho” para “responder às ofensivas que estão em curso”.

E deixou um mote para o que se avizinha: “A CGTP jamais lançará a toalha ao chão e abandonará a luta pelos direitos dos trabalhadores”.

Dar lugar aos mais novosApós dois dias de discussões e ataques ao Governo, ao rumo que a União Eu-ropeia está a tomar e às medidas de austeridade impostas pela troika e subscritas pelo Governo, Arménio Carlos encerrou o congresso que fi -cou marcado pela saída de Manuel Carvalho da Silva, fi gura que esteve à frente dos destinos da central nos últimos 25 anos.

O XII Congresso fi cou marcado por um rejuvenescimento nos órgãos da central. Do conselho nacional saem mais de um terço dos dirigentes, por-que estão perto da idade da reforma ou foram substituídos à frente das estruturas.

Arménio Carlos elogiou ainda o “desapego ao poder” dos dirigentes que agora saem por terem atingido o limite de idade e por terem ajudado a encontrar soluções para o “rejuve-nescimento” da central.

O novo Conselho Nacional foi eleito com 94,83 por cento dos votos. Cum-prindo o objectivo de rejuvenescer a central, a média etária dos 147 mem-bros é agora inferior a 48 anos.

Raquel Martins

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 19

FOTOS DE RUI GAUDÊNCIO

No auditório pintado de bandeiras vermelhas, Arménio Carlos é aplaudido, cumprimentado pelo antecessor, Carvalho da Silva, e é eleito como novo dirigente

Arménio Carlos

“Existe medo e muita intimidação”

a Arménio Carlos, o novo líder da CGTP, garante que os receios de que a CGTP passará a ser menos plural porque tem à frente um membro do comité central do PCP são infundados. A entrevista foi feita em conjunto ao PÚBLICO e ao Diário de Notícias.Como lê os resultados da votação que o elegeu e que teve 28 votos em branco. É uma tentativa de marcar posição por parte das tendências minoritárias? Os receios em relação ao seu mandato têm fundamento?Admito que seja uma posição de demarcação relativamente às perspectivas de futuro que alguns camaradas tenham. Se porventura estão receosos, o tempo vai demonstrar que estão enganados. Garante que irá trabalhar com todos, independentemente das posições que tomaram durante o congresso?É evidente. Nunca deixei de trabalhar com todos e com todos continuarei a trabalhar. Os 147 dirigentes que foram eleitos para o conselho nacional assumiram um compromisso muito importante para dar continuidade ao projecto da CGTP. Que pontes vai estabelecer no futuro com essas tendências e com a UGT?Em relação às sensibilidades internas, nós não funcionamos num contexto de parlamentarização, funcionamos num contexto de intervenção sindical. Cada dirigente que está na CGTP tem responsabilidades ao nível de união, de federação ou de sindicato e tem que responder aos problemas concretos dos trabalhadores. Quando se procura encontrar grandes divergências elas não existem. Porque quando discutimos os problemas concretos - as questões do emprego, do estado social, dos serviços públicos, das condições de vida dos trabalhadores e da população - não há divergências.E em relação à UGT?Há uma divergência de fundo, que resulta não só de um projecto que é diferente do nosso, mas também de atitudes e posicionamentos que consideramos que não defendem os interesses dos trabalhadores. O último dos quais foi a assinatura do compromisso [com o Governo e os patrões].No actual contexto, as duas centrais só teriam a ganhar se se juntassem em determinadas situações. Continua aberta a

porta para essa colaboração?A CGTP fará todas as diligências no sentido de concretizar a unidade da acção para responder a problemas concretos dos trabalhadores. Mas essas diligências não são feitas ao nível das direcções, resultam da disponibilidade e da vontade dos trabalhadores no terreno. No dia 2 de Fevereiro vamos ter uma luta em várias empresas do sector dos transportes onde vão estar envolvidos alguns sindicatos da UGT.A CGTP mantém-se disponível para ir à concertação social? Ou é uma perda de tempo?Não abdicamos de intervir em nenhum espaço, seja ele qual for.É possível que em Portugal se atinjam níveis de tensão social semelhantes aos da Grécia?Não defendemos a violência, mas também não admitimos que os direitos dos trabalhadores não sejam efectivados nos locais de trabalho e que dentro das empresas não haja a liberdade para que os trabalhadores digam o que pensam e exijam aquilo a que têm direito.. Essa é a maior violência que nos agride do ponto de vista fi nanceiro, físico e mental. É um crime o que se passa em muitos locais de trabalho.

É também esse “crime” que afasta as pessoas dos sindicatos ou as impede de participar?Existe medo e sobretudo muita intimidação e muita repressão, mas perante isso temos que transmitir esperança e confi ança. Mais do que ceder ao medo, exige-se uma intervenção para defendermos a nossa dignidade. É isso que apelamos aos trabalhadores: defendam a vossa dignidade.Não sente uma responsabilidade acrescida de substituir alguém que esteve à frente da CGTP 25 anos?É uma responsabilidade pesadita. Mas isto faz-se com o colectivoComo é que vê a ideia de que é um ortodoxo que passa a liderar a CGTP?Dá-me gozo. Há pessoas que falam do que não sabem e sobretudo das pessoas que não conhecem, pode ser que se enganem.Mas isso tem a ver com o facto de fazer parte do comité central do PCP.Tem a ver acima de tudo com o preconceito anti-comunista.

Novo líder diz que CGTP tem uma divergência de fundo com a UGT

Raquel Martins

Entrevista

João Almeida, 25 anos, é o mais jovem membro do conselho nacional da CGTP. Empenhado em fazer a diferença, este jovem pescador deixa um apelo aos jovens precários ou no desemprego para que se envolvam: “Temos nas mãos as armas para impedir o retrocesso social”.A entrada no mundo do sindicalismo faz-se cedo, quando aos 18 anos começou a trabalhar. Membro do Sindicato dos Trabalhadores

da Pesca do Norte foi nos últimos três anos que passou a

participar mais activamente na estrutura.

O discurso está alinhado com o de outros dirigentes mais velhos. E quando questionado sobre os esforços que a central tem que fazer para convencer os mais jovens a sindicalizar-se é pronto na resposta: “Não é o movimento sindical que tem que mudar, os trabalhadores é que têm que ter consciência do ataque aos direitos básicos e consciencializar-se de que podem lutar”.E acrescenta ainda: “A CGTP sempre se soube adaptar e não vai ter dificuldades em chegar a todos”.R.M.

O mais novo

Habituado a ser o mais novo “em tudo”, o destino faz com que seja agora o mais velho dos 147 membros do conselho nacional eleitos na noite de sexta-feira. José Guerreiro, 61 anos, diz que deve muito do que é ao sindicalismo. Defensor da renovação dos órgãos

da central sindical, tem um discurso positivo e de raro

reconhecimento da capacidade dos mais jovens levarem a CGTP a bom porto.

“Este congresso marca uma viragem de gerações. Definitivamente, a geração do 25 de Abril entrega o poder a outra geração mais nova e mais bem preparada”, realça o homem que está à frente do sindicato do comércio e que milita nos sindicatos desde 1970.

E quando questionado sobre as dificuldades que o sindicalismo enfrenta, alerta para o “retrocesso social” que se traduz no medo das pessoas participarem. “Vivemos um tempo muito exigente para os trabalhadores e também para os dirigentes sindicais, mas tenho muita confiança nos novos dirigentes”, realça. R.M.

O mais velho

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20 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Portugal Governo

NUNO FERREIRA SANTOS

Menos tribunais e mais mobilidade dos juízes para melhorar a JustiçaO projecto para uma nova reforma do mapa judiciário já foi entregue à troika e as alterações estarão em debate até Setembro

a Em vez de 308 passam a existir 20 tribunais judiciais “com secções dispersas pela área geográfi ca do respectivo distrito ou região autó-noma” do país, caso a proposta do Ministério da Justiça para o novo mapa judiciário seja aprovada no Parlamento no próximo mês de Se-tembro. Esta proposta defende tam-bém o encerramento de 47 tribunais/juízos com menos de 250 processos entrados.

O projecto de reorganização judici-ária elaborado pela Direcção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ) já foi entregue à troika e está agora aberto à discussão entre os parceiros até ser posta em debate na Assembleia da República.

De forma a reorganizar os tribunais em 20 comarcas judiciais, defende-se a criação de uma instância central por comarca que pode ser desdobra-da em secção cível e criminal e que tratará principalmente dos proces-sos “de maior valor e da competência do tribunal colectivo ou de júri e em

resposta do sistema judicial”, lê-se na proposta.

Observa-se ainda uma ruptura re-lativamente ao “isolamento de cada pequena estrutura judiciária, que passa a integrar-se numa estrutura mais ampla, presidida por um juiz”, cujo papel passa também a ser mui-to mais alargado, competindo-lhe a defi nição de “objectivos processuais para a comarca” e reafectar os pro-cessos.

Quanto à decisão de encerrar de-terminados serviços, foram consi-derados os critérios de um volume inferior a 250 processos entrados, a distância entre o tribunal a encerrar e o que vai receber o processo (pas-sível de percorrer em cerca de uma hora) e a qualidade das instalações.

Para trás fi ca o modelo da refor-ma do mapa judiciário aprovada em 2008 pelo anterior Governo que foi posto em prática apenas em três co-marcas-piloto: Baixo Vouga, Grande Lisboa-Noroeste e Alentejo Litoral.

Segundo esta organização judiciá-ria, as 231 comarcas seriam transfor-madas em 39, tendo como referência

as NUT (Nomenclatura de Unidade Territorial) usadas para objectivos estatísticos.

Esta mudança na forma como es-tão organizados os tribunais em todo o país, o que determina o seu modo de gestão e de funcionamento, foi uma das imposições da troika, ten-do sobretudo em vista a celeridade e a desburocratização da Justiça para que esta se torne mais efi caz e não afugente as perspectivas do investi-mento estrangeiro em Portugal.

Para a ministra da Justiça, é uma condição imprescindível para res-taurar a credibilidade e a confi ança dos cidadãos no sistema de justiça, tornando-a mais acessível. Já na ce-rimónia de abertura do ano judicial, em Março do ano passado, Paula Tei-xeira da Cruz defendeu, no seu dis-curso, a reforma do mapa judiciário como uma prioridade deste Governo. E frisou que a redução das comarcas “não deve ser (...) permeável a cer-tos discursos anacrónicos que pre-tendam defender corporativamente um status quo que nenhum português compreende ou deseja”.

Paula Torres de Carvalhosecções de competência especializa-da”. É também proposta a criação de instâncias locais, com secções de competência genérica consoante o movimento processual. Essas ins-tâncias serão integradas no mesmo tribunal distrital “que passa a ter um único orçamento e mapa de pessoal para os funcionários de justiça, inte-grados numa única secretaria, que funcionará em diversos pontos da comarca”, refere a proposta, segun-do a qual o trabalho dos magistrados passa poder a ser prestado “em mais do que um ponto da comarca”.

Assim, prevê-se a possibilidade de serem colocados cerca de 300 ma-gistrados judiciais, 80 magistrados do Ministério Público e cerca de 400 funcionários judiciais em “equipas de recuperação de processos pendentes em atraso, a trabalhar em diversos pontos do território nacional, o que contribuirá para uma resposta mais adequada a esta situação”.

Desta forma, procura-se “atingir uma maior mobilidade na afectação de recursos, reconhecidamente apon-tada como um entrave à melhoria da

Ministra defende reforma como uma prioridade deste Governo

Serviços secretos

PS e BE questionam Governo sobre reestruturação

a O PS e o BE questionaram ontem o primeiro-ministro sobre se está ou não a ser seguido o plano de re-estruturação das secretas elaborado em 2011 por Jorge Silva Carvalho, ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) que esta semana renunciou aos seus cargos na Ongoing.Como o PÚBLICO revelou na edição de ontem, Silva Carvalho, então já a trabalhar na Ongoing, entregou no ano passado ao Executivo um plano de reforma dos serviços de informação, numa altura em que foi sondado para assumir o cargo de secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP).O gabinete do primeiro-minisro ne-gou ao PÚBLICO esta colaboração, mas ontem, em comunicado, o PS fez duas perguntas: “É ou não verdade que um alto quadro da empresa On-going entregou ao Governo uma pro-posta de reestruturação dos serviços secretos portuguesas?” e “É ou não verdade que os serviços de informa-ção estão a ser reestruturados sobre essa base?”. Os socialistas sublinham que, “mais uma vez, surgem notícias que indiciam relações de natureza não formal com implicações directas na organização destes serviços em cla-ra violação da lei”. Pelo que instam o primeiro-ministro, responsável pelos serviços secretos, a um esclarecimen-to público. Também o BE, através da deputada Cecília Honório, quer saber, caso o plano tenha sido solicitado pelo Governo, qual o “impacto” do mesmo sobre a reforma em curso. Notando que Passos Coelho terá de ser “célere no esclarecimento das dúvidas”, os bloquistas sublinham que é necessário “saber, com urgência” se Passos ou “algum membro do Governo” pediu ou não um projecto a Silva Carvalho.

O ministro dos Assuntos Parlamen-tares, Miguel Relvas, disse ontem à Lu-sa ser “falso” que Silva Carvalho tenha dado ao Governo qualquer documen-to para a reforma nas secretas. E lem-brou que o gabinete de Passos negara na véspera, ao PÚBLICO, a existência de qualquer espécie de colaboração entre o ex-chefe do SIED e os respon-sáveis pelas alterações nos serviços.

O PÚBLICO apurou que o plano de Silva Carvalho previa um aumento do orçamento para a área operacional e contemplava a fusão do Serviço de Informações de Segurança (SIS) com o SIED. Embora esta fusão constasse do programa de Governo do PSD, para qual Silva Carvalho colaborou, o CDS e o PS sempre a recusaram. No entanto, está prevista a concentração dos servi-ços nas mesmas instalações, transitan-do o SIED para a sede do SIS, no Forte D. Carlos I, na Ameixoeira.

Nuno Ribeiro

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22 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Portugal Estudo

Classe média em risco de implosãoNum ensaio que esta semana chega às bancas, o sociólogo Elísio Estanque analisa a ascensão e declínio dos segmentos sociais que hoje estão rotulados como “os novos pobres”. Fala de quadros que roçam a patologia social, bem conhecidos de quem, no terreno, lida com a pobreza envergonhada

Graça Barbosa Ribeiro

a Quando entram no Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco, a primeira pergunta que as pessoas fazem é: “Esta conversa fi ca só mes-mo entre nós?” A resposta — “sim” — é essencial para o prosseguimento do diálogo. Algumas têm os venci-mentos penhorados e já cortam na própria alimentação, mas fora da-quelas quatro paredes agem como se nada tivesse mudado, mesmo junto de familiares e de amigos. Fazem parte de uma classe média “doente” e “em declínio”, tema do ensaio do sociólogo Elísio Estanque que avisa que “os poderes políticos deviam estar mais preocupados com a possível implosão deste grupo do que com a sua eventual manifesta-ção nas ruas”.

No seu escritório, na Faculdade

de Economia da Universidade de Coimbra, o investigador do Centro de Estudos Sociais folheia um jor-nal. Pode ser o do dia, o da véspera ou o da semana anterior, “não inte-ressa”, diz — “Todos os dias há algo de novo: o acordo de concertação social, o anúncio de uma nova va-ga de excedentários na função pú-blica, o abandono da universidade pelos estudantes, as novas vagas de desemprego, o aumento das taxas moderadoras, a desmontagem do Estado Social — está tudo a acontecer de uma forma extraordinariamente rápida e intensa”, comenta. Aponta o livro editado pela Fundação Fran-cisco Manuel dos Santos, que este fi m-de-semana chega às bancas com o título A Classe Média: Ascensão e Declínio, e admite: “Se fosse hoje, provavelmente trocaria o termo ‘de-clínio’ por ‘queda’”.

No ensaio, Elísio Estanque vai pa-ra além da sistematização teórica. A segunda parte do livro é dedicada às particularidades do caso português, no que respeita “à célere e pouco sustentada ascensão da classe mé-dia” e também à forma como ela “agora se desmorona, de maneira igualmente rápida e abrupta, na se-quência do ‘empurrão’ da crise e das medidas de austeridade”.

O ponto de chegada do sociólogo é uma classe média “ fraca e ameaça-da de ‘proletarização’”; o ponto de partida de uma sociedade “que em escassas dezenas de anos passou de predominantemente rural a marca-damente urbana”. Os dados são ob-jectivos: a população activa no sector primário encolheu de 43,6 por cen-to em 1960 para 11,2 em 1991 e a do sector terciário cresceu, no mesmo período, de 27,5 para 51,3 por cento.

O peso da classe média — “que até 1974 era absolutamente residual”, nota o investigador — resulta, na sua perspectiva, de vários factores conjugados. Refere-se à progressi-va generalização da frequência do ensino superior que se refl ectiu na proliferação das profi ssões liberais; e também ao crescimento do sector público, que vê como o principal ca-nal de mobilidade ascendente para as classes trabalhadoras, graças às políticas centradas em áreas como a Educação, a Saúde, a Justiça ou a Administração Pública.

A afi rmação do Estado Social e os fenómenos de litoralização do país e de concentração urbana são ou-tros dos factores que na sua óptica “se viriam a mostrar decisivos quan-do, após a instabilidade dos anos 80, Portugal entrou numa espécie de euforia política e económica”,

Pessoas mantêm aparência de estilo de vida que já não consegem pagarERIC THAYER/REUTERS

Não estão a ser devidamente avaliados os custos, a médio prazo, de uma sociedade doente, incapaz de responder às necessidades do país

Com o desemprego em alta, já há mais pessoas do Mais de 40% dos sobreendividados que procuram ajuda

Falências decretadas nos tribunaisEm percentagem do total

Sobreendividamentode singulares na DecoNúmero de processos

Número de processosPor delegação da Deco

Sobreendividadospor faixa etária

Sobreendividadospor escolaridade

Empresas

Singulares

20112010200920082007

201120102009200820072006200520042003200220012000 201120102009200820072006200520042003200220012000

79,2

19,3

79,4

19,9

72,0

27,6

65,4

34,4 45,1%

54,7%

152 241 379 515 573 737 905

1976 2034

2812 2837

4288

Lisboa

Algarve

Évora

Santarém

Coimbra

NorteV. Castelo

114

223

238

405

1292

1661

355

E. Superior

E. Secundário

3.º Ciclo

2.º Ciclo

1.º Ciclo

>70

51-70

31-50

20-30 anos 6,8%

14%14,5%

26,3%32%

13,2%

61%

31%

1,2%

Fonte: Ministério da Justiça, Deco e Pordata

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 23

que empresas a abrir falênciana Deco acumulam quatro ou mais créditos

Causas para o sobreendividamentoEm percentagem do total

Número de créditos por famíliassobreendividadas

Desempregados inscritos nos centros de empregoEm milhares

Outro

Morte de ElementoAgregado Familiar

Doença

Divórcio/ Separação

Deterioração dasCondições Laborais

DesempregoAgravamento doCusto de Crédito

5,9

3,810,5

10,3

16,4

31,4 21,7

>10 créditos8-10

4-7

1-3

58%33%

6%3%

1985355,5 1990

304,2

1995451,8

2000326

2005479,4

2010541,8

2011605,1

1990

2009

Agregados familiares, por escalões de rendimento bruto anual, em milhares de euros

+ de 100mil euros

50-100

40-50

32,5-40

27,5-32,5 19-27,5 13,5-19 10-13,5 5-10 Até 5000 euros

48,7%31,7%8,1%5,7%3,5%

12,2% 14,6% 14,2% 28,8% 12,9%

acentuada pela entrada de fundos da Comunidade Europeia.

Despido da fundamentação teó-rica, o retrato é quase caricatural. Elísio Estanque fala dos grupos ins-talados nas periferias urbanas que alimentam a ambição de ascensão social tendo como termo de com-paração o mundo rural, contingen-te e precário da geração dos pais. Considera que aqueles grupos, ao conquistarem empregos ‘limpos’, que imaginavam estáveis e seguros, acreditaram estar, “desde logo, con-fortavelmente instalados na classe média”. É neste contexto, analisa, que se dá o “casamento” que o in-vestigador considera “fatal”: a ânsia daqueles grupos de adoptarem pa-drões de vida europeus, modernos e urbanos coincide com o fl orescer do mercado do crédito.

“Não responsabilizo especialmen-

te as pessoas, do ponto de vista indi-vidual. Não tenho dúvidas de que se tratou de um programa de facilitação do crédito estrategicamente monta-do, planeado e orientado por parte da própria banca”, comenta Elísio Estanque. Considera que as conse-quências, “que hoje estão à vista”, “foram agravadas, por um discurso político que, ao invés de ter um teor pedagógico e preventivo, instigou ao consumo e ao progressivo endi-vidamento”.

São inúmeras as testemunhas di-rectas dos acontecimentos de que fala o investigador, algumas delas colocadas em postos de observa-ção privilegiados. É o caso de Natá-lia Nunes, responsável pelo Gabinete de Apoio ao Sobreendividado (GAS) desde que aquele foi constituído, em 2000. Recorda-se de que os primei-ros consumidores a pedirem auxílio

à DECO tinham recorrido ao crédito para comprar casa, carro, mobílias, computadores ou electrodomésti-cos”. Hoje a situação é diferente: de uma forma genérica, diz, as pesso-as não conseguem identifi car o que as levou a pedir empréstimos. Por uma razão simples: “A maior parte das famílias tem cinco ou mais cré-ditos, sendo que os mais recentes são contraídos para fazer face aos antigos…”, explica Natália Nunes.

Em 11 anos multiplicaram-se os pedidos de apoio ao GAS, que em 2000 deram origem à abertura de 152 processos, em 2010, a perto de três mil, e no ano passado a 4288. E Natália Nunes não hesita em situar as pessoas que hoje vivem as situações mais graves no grupo estudado por Elísio Estanque, a classe média. Do total de consumidores apoiados, 61 por cento têm idades compreendi-das entre os 30 e os 50 anos; 45 por cento concluíram o ensino secundá-rio ou universitário e a maior parte tem rendimentos superiores a 1500 euros por mês. São pessoas reais, que aparecem diluídas no ensaio de Elísio Estanque, enquanto membros de um segmento social que se tornou vítima da “progressiva redução dos direitos sociais e laborais, do con-sequente aumento da insegurança, do desemprego e das medidas de austeridade”.

No livro, o investigador fala desta classe média atribuindo-lhe “vivên-cias de carácter bipolar”, em que “um quotidiano depressivo se con-juga com técnicas de dissimulação e disfarce”. Estanque chega a afi rmar que o quadro roça “a patologia so-cial”, já que um grupo continua “a negar a todo o custo uma realidade, mesmo quando já mergulhou nela até ao pescoço”.

A descrição corresponde ao mun-do em que se move, diariamente, o presidente da Caritas, Eugénio Fon-seca. “As pessoas recusam-se a as-sumir a perda de status, aguentam muito para além do limite do razoá-vel, procurando manter a aparência de um estilo de vida que já não são capazes de pagar. E quando fi nal-mente nos procuram, a gravidade das situações é tal que ultrapassa, em muito, a nossa capacidade de intervenção”, lamenta.

Natália Duarte lida com o mesmo tipo de comportamento: “As pessoas pedem ajuda sob a condição de total confi dencialidade. Escondem a sua situação dos vizinhos e até dos fami-liares que, temem, se afastariam se dela tivessem conhecimento”, afi r-ma. O presidente da Confederação Nacional das Instituições Particula-res de Solidariedade Social (CNIPE), o padre Lino Maia, confronta-se com os mesmos problemas, mas sublinha que as pessoas sobreendividadas “preocupam-se, principalmente, com a iminência de as difi culdades afectarem os fi lhos, aos quais pro-curam proporcionar o mesmo estilo de vida que tinham antes, ainda que eles próprios estejam, já, a cortar na sua alimentação”.

As próprias instituições de apoio social têm vindo a ajustar proto-colos para acolher estas pessoas, que na necessidade de ajuda e na

situação de pobreza se somam aos sem-abrigo, mas têm um perfi l muito diferente.

“São professores, juristas, arqui-tectos, engenheiros”, enumera Eugé-nio Fonseca. E não procuram apenas o que comer: “Pedem ajuda para pa-gar a renda, a água, a luz, as propi-nas dos fi lhos”, completa Lino Maia. Deram origem a um novo conceito, o de pobreza envergonhada, e come-çaram há dois ou três anos a apare-cer nos noticiários sob a designação de ‘novos pobres’, falando sempre sob anonimato, com a voz distorci-da, fi lmados ou fotografados de cos-tas ou em contraluz. “Nesse aspecto, a situação piorou: hoje difi cilmente se consegue que estas pessoas falem, mesmo nessas condições”, diz Lino Maia. O que aconteceu? “As pesso-as estão deprimidas”, diagnostica o presidente da Caritas.

Elísio Estanque hesita em falar de um grupo social ‘doente’. Mas acaba por assumir a expressão, pa-ra designar “o estado de segmentos da população que em duas décadas alimentaram expectativas fortíssi-mas e legítimas de mobilidade so-cial ascendente e que agora caem na pobreza, sem perspectivas de re-tornar, sequer, à posição anterior”. “É doentia”, considera, a forma “en-vergonhada, calada e silenciosa” co-mo esta frustração está a ser vivida por aqueles que ao mesmo tempo “encenam uma normalidade que já não existe”.

“Quando falam dos perigos da confl itualidade social, os agentes políticos só pensam nas manifesta-ções de rua. Esquecem que esta for-ma de sofrimento é uma outra forma de confl itualidade, muito mais cor-rosiva, muito mais destruidora da afi rmação do sujeito na sua relação com os outros”, alerta o sociólogo.

Elísio Estanque considera que “não estão a ser devidamente avaliados os custos, a médio prazo, de uma socie-dade doente, incapaz de responder às necessidades do país”. Eugénio Fonseca, da Caritas, recorre à expe-riência de contacto com estes grupos, no terreno, para avisar que, “só do ponto de vista da saúde pública, os custos já serão tremendos”. “Não há dados, não há estudos, ainda está tudo a acontecer. Mas temo bem, devido a alguns casos concretos que conheço, que estes ‘novos pobres’, com qualifi -cações superiores e sem perspectivas de recuperar o estatuto social perdido, sejam os responsáveis pelo engrossar das estatísticas do consumo de ansio-líticos e até de suicídios”, avisa o pre-sidente da Caritas.

O próprio Elísio Estanque prepara um trabalho académico nesta área, centrado nestes segmentos “que caí-ram um ou dois degraus na pirâmide social”. Afi rma que não quer ser dra-mático e que “confi a na capacidade da sociedade de se regenerar”, mas em relação à forma como tal acontecerá não arrisca qualquer hipótese. Tem “poucas ou nenhumas dúvidas”, no entanto, “de que as consequências serão gravíssimas no que respeita ao acentuar das desigualdades entre ri-cos e pobres” — “Nesse aspecto, não sei como é que se pode evitar um re-trocesso”.

As pessoas pedem ajuda sob a condição de total confidencialidade. Escondem a sua situação dos vizinhos e até dos familiares

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24 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Economia

Banqueiros chegaram este ano a Davos mais humildes e mais pequenosHá um ano, pensavam que podiam sair da crise, crescendo. Agora, já assumem que a única saída é encolher. O objectivo da fi nança mundial presente em Davos é recuperar a confi ança perdida

a Os líderes dos maiores bancos mundiais vieram ao Fórum Econó-mico Mundial em Davos elogiar as virtudes da austeridade – para eles próprios, não apenas para os estados endividados.

Muitos chegaram aos Alpes suíços a seguir a um ano de receitas fracas, acções em queda e cortes nos empre-gos e nos salários. E o sector bancário e fi nanceiro continua a ser o “menos credível” pelo segundo ano conse-cutivo, de acordo com um inquérito realizado em 20 países pela empresa de relações públicas Edelman e publi-cado no início da semana passada.

“No ano passado, quando esti-veram no Fórum, todos os bancos pensavam que podiam escapar aos problemas, crescendo”, lembra no in-tervalo entre duas sessões em Davos Huw van Steenis, analista do Morgan Stanley em Londres. “Agora, aperce-beram-se que têm de encolher para escapar aos problemas”, diz.

As empresas do sector fi nanceiro, principalmente na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, anunciaram mais de 238 mil despedimentos desde o encontro de Davos do ano passado. Vários bancos, incluindo o Bank of America, o Deutsche Bank e o HSBC venderam activos e emagreceram para se adaptarem às exigências de capital aprovadas pelo Comité de Ba-sel, às novas regulações nacionais e ao abrandamento na economia eu-ropeia.

“É um tempo com grandes desa-fi os para a indústria dos serviços fi -nanceiros, por isso é difícil não ser cauteloso”, reconhece numa entre-vista à Bloomberg Television, Anshu Jain, que assumiu o cargo de co-CEO do Deutsche Bank em Maio. Está a ser feita e continuará a ser feita uma

ponderosa consolidação na nossa in-dústria”, afi rma. O Deutsche Bank, o maior credor alemão, está a ponderar a venda da sua unidade de gestão de activos, à medida que procura capital para se adaptar às regras de Basel. O banco sedeado em Frankfurt está a reduzir os custos globalmente e anun-ciou em Outubro que iria despedir 500 funcionários das suas unidades de banca corporativa e de acções até ao dia 31 de Março.

Há um ano, os banqueiros tenta-ram em Davos convencer os regula-dores a a exigir menos na nova re-gulação, argumentando que institui-ções fi nanceiras com menos capital e sujeitas a menos restrições seriam uma ajuda ao crescimento económi-co. Esses argumentos não foram bem sucedidos, afi rma Robert Diamond, CEO do Barclays numa entrevista rea-lizada antes de um encontro a portas fechadas realizado entre os líderes fi nanceiros presentes em Davos. O Barclays anunciou 422 despedimen-tos no início deste mês.

“Em 2011, quando saímos de Da-vos, havia optimismo de que seria possível fazer progressos sérios ao nível do ambiente de regulação. Mas na procura de um balanço entre um sistema fi nanceiro mais seguro e sau-dável e o crescimento económico e dos empregos, o progresso foi mais feito no seguro e saudável”, afi rma.

A preocupação em relação à capa-cidade dos políticos europeus para reduzir a dívida pública é a discussão que domina o encontro de Davos des-te ano. Embora a maior parte dos ban-queiros, incluindo Jain e Diamond, tenham dito que estavam conforta-dos com a decisão do Banco Central Europeu de conceder empréstimos a três anos para os bancos da região, ninguém garantiu ter a certeza sobre o que irá acontecer a seguir.

“A ressaca europeia é real, e em-bora o sentimento tenha melhorado bastante, ainda está connosco. Vamos ter de ser muito cautelosos”, afi rma Vikram Pandit, CEO do Citigroup.

James Gorman, CEO do Morgan Stanley, está este ano pela primeira vez no encontro de Davos e diz que os banqueiros são “ingénuos” se não compreenderem que o sector vai ter de pagar menos aos seus emprega-dos. “O sector bancário passou por uma mudança profunda e temos de nos adaptar. Quando sairmos disto e começarmos a melhorar o desempe-nho, obviamente que os vencimentos vão refl ectir essa nova realidade. Até esse momento, temos de respeitar o facto de os accionistas terem de ser pagos também”, afi rma.

Os bancos têm de reconquistar a confi ança do público, servindo os clientes, não a si próprios, afi rmou Pandit na passada quarta-feira, na conferência de imprensa de abertu-ra do encontro de Davos.

O Citigroup, o terceiro banco dos EUA com mais activos, anunciou na semana passada que iria eliminar 1200 empregos para poupar 600 milhões de dólares este ano. Os des-pedimentos já tinham começado no ano passado e deverão chegar aos 5000. São cerca de 1,9% dos 266 mil funcionários do banco.

Os comentários de Pandit surgem ao mesmo tempo que a consultora Oliver Wyman revela os resultados de uma sondagem que mostra que 63% das pessoas numa amostra à escala mundial não confi am em ninguém a não ser nelas próprias para gerir as suas poupanças para a reforma. Os bancos recebem a confi ança de me-nos de 8% dos inquiridos nos EUA e no Reino Unido, revela o estudo.

Para reconquistar a confi ança, os bancos vão ter de oferecer produtos

simples que aparentem oferecer va-lor a quem investe, diz o mesmo es-tudo. E, para fazer isso, os bancos e as seguradoras terão provavelmente de cortar um quarto dos seus custos durante os próximos oito anos, ven-dendo os seus produtos online, por exemplo.

Outra das conclusões da consultora é a de que a instituições fi nanceiras que não são bancos – incluindo segu-radoras e hedge funds – podem estar melhor preparadas para conceder crédito de longo prazo às empresas e aos particulares. A sondagem da Oliver Wyman revela que, nos EUA e no Reino Unido, há mais pessoas a confi ar mais em gestores de activos do que em bancos para entregar as suas poupanças para reforma.

Isso pode explicar a escolha de mú-sica para o fi nal de um encontro pri-vado para investidores, que incluiu Daniel Loeb, CEO do hedge fund Third Point, e Louis Bacon, CEO da Moore Capital Management. O gru-po, que esteve reunido na quinta-feira durante quatro horas e ouviu os conselhos de Timothy Geithner e de Axel Weber, concluiu a sessão ao som de “Rehab”, de Amy Winehouse. Bloomberg News

Christine Harper

Banqueiros presentes no encontro de Davos deste ano reconheceram que não é tempo para pensar em salários altos Nos últimos quatro dias, o

presidente executivo da Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira, praticamente não falou português. É uma das escassas presenças nacionais no Fórum Económico Mundial, que termina hoje em Davos, na Suíça. Na lista de 2600 participantes, só ele e o CEO da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, representam o país, além de António Guterres, enquanto alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados. Talvez por isso não seja surpreendente que, com Portugal a meio de um resgate financeiro, Ferreira de Oliveira tenha sido alvo de um “teste” com origem no nosso principal credor, a Alemanha.

Depois de uma amena conversa com o líder de uma grande empresa alemã, o presidente da Galp foi brindado com uma pergunta incómoda: “O senhor tem algum plano preparado, na sua empresa, para a implosão do euro ou da Europa?”. Ferreira de Oliveira devolveu a pergunta. “Ele riu-se e disse que não, porque achava impossível que houvesse um colapso do euro ou da Europa”,

“Ir a Davos é como encont

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 25

conta, salientando que, “mesmo no olho do furacão, na Alemanha”, essa hipótese não é considerada.

Desde Outubro do ano passado que o presidente da Galp Energia está a preparar a sua ida ao Fórum de Davos. Marcou com antecedência quase duas dezenas de reuniões na estância de ski nos Alpes suíços. Os encontros iam de 10 minutos a uma hora e meia. Reuniu-se com os presidentes de outras grandes empresas do sector, com clientes internacionais, com fornecedores e com parceiros de negócio. O líder da brasileira Petrobras, José Grabrielli de Azevedo, é um dos parceiros da petrolífera nacional que também esteve em Davos. “Se tivesse de me deslocar aos países das pessoas com quem queria falar ou conhecer, iria perder necessariamente um mês”, explica, salientando, contudo, que não foi ao Fórum para fazer negócios. “É um ambiente para trocar ideias e actualizar informação”, afirma.

Para conseguir fazer

muito em tão pouco tempo, os dias foram aproveitados ao minuto. Às 8h da manhã, Ferreira de Oliveira já estava em encontros. Todo o tempo livre pelo meio ia para os eventos – mais de 280 oficiais, entre debates, workshops e painéis, sem contar com os privados. “A primeira sensação é de frustração, porque gostaria de ser capaz de me multiplicar por vários”, revela. Os dias terminavam às 10h da noite e, mesmo assim, pareciam não dar para tudo.

Para Ferreira de Oliveira, trata-se de uma estreia no palco onde,

todos os anos, se encontram os líderes mundiais para discutir as grandes tendências e as preocupações

internacionais. “É como se saíssemos de Portugal e fôssemos

para um sítio onde nos encontramos com

o mundo; atropelamo-nos uns aos outros”, explica o presidente da Galp Energia. Com representantes do poder político, económico

e social em todas as esquinas, Ferreira de Oliveira diz que,

“em cada sítio onde se pára, tem-se uma experiência nova, como conversar com um professor da melhor universidade dos Estados Unidos ou falar com o líder de uma empresa chinesa ou norueguesa”.

Quanto às preocupações, são diferentes consoante a origem geográfica. As intervenções e as conversas com os líderes dos países do hemisfério Norte denotam grande preocupação com o emprego. Segundo Ferreira de Oliveira, as atenções estão aqui voltadas para o drama da criação de emprego, de dar oportunidades à geração jovem e para o acentuar das desigualdades sociais. No hemisfério Sul, os problemas são outros: como gerir o crescimento, como evitar a saída para o Norte da riqueza aí acumulada, impedindo a “endogeneização do crescimento”, como lhe chama.

No meio de todas as preocupações mundiais, “a crise da dívida na zona euro é um tema, mas não é o tema”, salienta o presidente da Galp. Mesmo que seja esta mesma crise a trazer o risco de colapso do euro para o meio da conversa entre dois líderes empresariais, um português e outro alemão. Ana Rita Faria

REUTERS/CHRISTIAN HARTMANN

trarmo-nos com o mundo”, diz o estreante Ferreira de Oliveira

Tranferência de soberania orçamental

Alemanha propõe retirar poder ao Governo grego

a Nas vésperas de uma cimeira eu-ropeia em que as novas regras orça-mentais da zona euro vão ser discu-tidas, a Alemanha propôs aos seus parceiros uma transferência inédita de soberania orçamental dos países a benefi ciar de um pacote de apoio fi nanceiro e que não cumpram para os ministros das fi nanças dos outros países da zona euro.

A notícia foi publicada ontem pelo Financial Times e dá conta de uma proposta enviada pelo Governo ale-mão aos ministros das fi nanças da zona euro com o objectivo de impe-dir que um país que esteja a receber empréstimos da troika, não adopte de forma persistente as medidas acor-dadas. O visado imediato é natural-mente a Grécia.

A proposta, a ser aprovada, leva-ria à transferência de soberania em questões orçamentais do governo grego para um novo “comissário or-çamental”, nomeado pelos ministros das Finanças da zona euro. Este po-deria, por exemplo, vetar decisões tomadas pelo Executivo grego que conduzissem ao incumprimento de metas estabelecidas. E assumiria uma função apertada de fi scalização em relação às principais componentes da despesa pública.

A Grécia, de acordo com estas no-vas regras, fi caria também obrigada a, antes de qualquer outra despesa (incluindo salários e pensões), cum-prir os seus compromissos de dívida pública. Deste modo, dizem os auto-res da proposta, os mercados pode-riam ter a certeza de que não haveria um default do Estado grego.

O documento, cita o Financial Ti-mes, argumenta que “dada o cum-primento desapontador até agora, a Grécia tem de aceitar transferir so-berania orçamental para o nível eu-ropeu por um determinado período de tempo”.

As agências noticiosas Reuters e Bloomberg também noticiaram on-tem, citando responsáveis políticos da zona euro não identifi cados, que estava a ser discutida a possibilidade da troika constituída pela Comissão Europeia, FMI e BCE fi car com maior poder de intervenção na política or-çamental dos países onde está a ser implementado um programa de ajus-tamento. A troika poderia, de acordo com algumas propostas, com poder para impor medidas que tenham si-do acordadas previamente entre as partes.

O Governo alemão não fez, du-rante o dia de ontem, qualquer co-mentário à notícia publicada pelo Fi-nancial Times. A Grécia, através de um porta-voz do Governo, recusou liminarmente a hipótese de perda de soberania orçamental do país. A Comissão Europeia também reagiu. Amadeu Altafaj, o porta-voz do co-

missário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, garantiu que as tarefas executivas “se mantém nos ombros” do Governo grego e que “é lá que devem fi car”. Afi rma ape-nas que “a Comissão está decidida a reforçar a sua capacidade de moni-torização e continua a reforçar a sua capacidade no terreno”.

O surgimento destas propostas são uma demonstração do descontenta-mento crescente entre os principais credores da Grécia em relação à for-ma como o Governo grego, agora li-derado por Lucas Papademos, está a executar as medidas previstas no programa de apoio fi nanceiro. Os elementos da troika vêem poucos avanços na adopção das medidas que julgam ser necessárias para cor-tar o défi ce.

Entretanto, continuam as negocia-ções em Atenas. Lucas Papademos teve ontem mais um dia agitado. o primeiro-ministro grego começou por se reunir com os elementos da troika, para discutir os detalhes do desejado segundo pacote de apoio fi nanceiro

e das medidas que o Governo terá de adoptar para garantir o cumprimento dos objectivos orçamentais.

A proposta apresentada pela troika a Atenas inclui, também de acordo com o Financial Times, uma lista de medidas que o Governo terá de tomar ainda antes do novo pacote de ajuda ser aprovado. Entre estas medidas es-tá uma redução adicional do número de funcionários públicos. O bjectivo exigido é uma diminuição de 150 mil efectivos no espaço de três anos.

A troika exige igualmente cortes substanciais nos sectores da Defesa e da Saúde, para além do fecho de diversos organismos da Administra-ção Pública. Em cima da mesa está também um corte no valor do salário mínimo e a eliminação dos subsídios para o trabalhadores do sector pri-vado, algo que o Governo grego não parece disposto a aceitar.

A seguir, Papademos voltou a en-contrar-se com os representantes do Instituto de Finanças Internacional (IIF), para acertar a reestruturação da dívida grega detida por privados.Um acordo com os credores privados também é exigido pela troika para aprovar o novo pacote de ajuda.

Os líderes europeus têm afi rmado estar à espera da obtenção de um acordo ainda antes do início da ci-meira que começa amanhã. Contudo, ontem, o IIF comunicou que apesar de estar próximo, o acordo deverá ser concluído apenas na próxima semana.

Angela Merkel está descontente com o incumprimento grego e quer uma transferência da soberania orçamental

Sérgio Aníbal

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26 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Valor das acções em euros2,000

2,090

2,135

2,180

272625242320

2,07 2,085

Valor das acções em euros1,800

1,850

1,875

1,900

272625242320

2,5452,62

Valor das acções em euros0,42

0,46

0,48

0,50

272625242320

0,452 0,457

Valor das acções em euros0,130

0,135

0,145

272625242320

0,1390,141

Valor das acções em euros12,000

12,750

13,125

13,500

272625242320

12,42 12,76

2,74%Var.

0,72%Var.

0,87%Var.

1,11%Var.

1,44%Var.

REN Portucel Papel Sonae BCP Galp

Valor das acções em euros3,750

3,875

4,000

4,125

4,250

272625242320

4,18

3,971

Valor das acções em euros2,1250

2,1875

2,2500

2,3125

2,3750

272625242320

2,29

2,219

-5,0%Var.

-3,10%Var.

Valor das acções em euros0,500

0,530

0,545

0,560

272625242320

0,527 0,511

Valor das acções em euros2,250

2,375

2,500

2,625

2,750

272625242320

2,549

2,474

Valor das acções em euros0,29

0,31

0,32

272625242320

0,306 0,3

PT EDP BPI BRISA Banif

-3,04%Var.

-2,94%Var.

-1,96%Var.

As 5 mais

As 5 menos

Cumpra-se ou não nas estatísticas, este é certamente um dos adágios financeiros em que os investidores perderão uns minutos a matutar: como correrem os mercados em Janeiro, assim correrá o ano.

Na leitura que é possível fazer das primeiras semanas de 2012 não se encontra uma tendência clara de como está a ir o mercado: por um lado, alimenta-se um regresso do optimismo moderado, por outro, alguns sinais de nervosismo na zona euro e,

no caso da bolsa portuguesa, uma trajectória descendente nem sempre acompanhando as principais praças europeias.

Nas últimas cinco sessões, o PSI-20 regressou a terreno negativo, ao acumular uma queda de 0,93%, com 11 cotadas a encerrarem com perdas. Desde o início do ano, o PSI-20 perdeu (até à última sexta-feira) 1,08% do seu valor.

Peso-pesado do índice português, a Galp foi, na última

semana, a cotada que registou a maior valorização, tendo chegado a cotar-se a 12,88 euros no fecho a meio da semana. Pelo contrário, entre as maiores perdas ficaram outras duas empresas com grande peso no índice: a PT, ao tombar 5%, e a EDP, que cedeu mais de 3%.

A banca contou com duas cotadas entre as maiores descidas (BPI e Banif). Mas ao conseguir crescer no final da semana, o BCP conseguiu valorizar 1,44%, depois de serem notícia as mudanças

de governação no maior banco privado português.

Nos mercados de dívida, a tensão diminuiu no caso de Itália e Espanha, mas acentuou-se sobre Portugal e a Grécia.

A semana terminou com um novo corte de rating, da agência Fitch, na zona euro, a penalizar em especial Itália e Espanha e a reflectir os receios sobre a economia da zona euro, para quem o FMI prevê agora uma recessão de 0,5%. Pedro Crisóstomo

Nuno Amado, o homem que vai substituir Carlos Santos Ferreira à frente do BCP, é, naturalmente, a figura da semana. Ninguém sabe se vai tirar uns dias nos Alpes para se preparar para a missão. Mas se o puder fazer não seria propriamente má ideia, porque a tarefa que tem pela frente não será seguramente fácil e uns bons dias de descanso no local que lhe aporta aquela dose suplementar de tranquilidade interior poderiam funcionar como um excelente tónico para os tempos difíceis que terá seguramente pela frente.

Nuno Amado não é um banqueiro mediático, mas todos dizem que é um grande banqueiro. Cultiva uma discrição que faz com que se olhe mais para o que faz do que, propriamente, para o que diz. E fez muito num banco onde teve que substituir alguém que acabou por ser recrutado para a liderança do histórico Lloyd’s. O Santander Totta ficou sem Horta Osório, mas não ficou órfão de comando. Nuno Amado consolidou a base estabelecida e prosseguiu o caminho da expansão.

É, por isso, uma boa escolha. Chega ao BCP pelo lado da competência que demonstrou ao longo de décadas na banca. E não como corolário de uma batalha de poder que deixou cicatrizes difíceis de fechar no maior banco privado português.

Não é fácil a tarefa. Herda um banco que viveu muitos anos orientado para as clientelas e não tanto para os clientes. Um banco que se derreteu em bolsa até aos 10 cêntimos por título e que perdeu vários milhares de milhões de euros em capitalização bolsista. Um banco que perdeu um dos activos fundamentais que tinha em posse: o de ser considerado uma fortaleza inexpugnável.

Amado tem uma tarefa ciclópica pela frente. A urgência de recapitalizar a instituição, a crescente fome de influência do seu maior accionista, a Sonangol. E a mais que provável entrada de um novo investidor de referência no capital do BCP,

desta feita com pronúncia chinesa.Nuno Amado gosta de desafios.

É um homem atento às mudanças que se estão a operar no sistema bancário. Trabalhou integrado num grupo, o Santander, que é dos maiores do mundo. Dispõe das ferramentas para reconstruir o edifício. Mas tem que mostrar

que as expectativas não sairão furadas como um balão que rebenta no seu caminho para o infinito.

O primeiro teste será o da composição da equipa dirigente. Sobrepor aos apetites accionistas uma lógica de competência e capacidade de desempenho, nomedamente no pelouro financeiro, será um dos primeiros desafios de Amado e dará, certamente, para perceber se o novo presidente executivo é capaz de fazer vingar a

lógica do profissionalismo em detrimento dos interesses grupais. José Manuel Rocha

A figura Nuno Amado

60Valor estimado, em milhares de milhões de euros, dos títulos de dívida pública grega detidos actualmente pelo Banco Central Europeu. Com as conversações entre os credores privados e o Governo de Atenas para o perdão de parte da dívida ainda a decorrerem, a entidade liderada por Mario Draghi está a ser cada vez mais pressionada a ajudar ainda mais a Grécia, aceitando também perdas nos seus títulos obrigacionistas. Um passo pedido esta semana pelo FMI e mesmo por alguns responsáveis políticos europeus e que o BCE se recusa determinantemente a dar. O receio em Frankfurt é o de que o banco central possa ser a vítima seguinte no contágio da crise do euro.

O número

5992,54

Var.Índice em pontos

4000

5000

6000

7000

27 Jan27 Out

-0,93%

5434,89

Última semana

PSI-20

Economia A semana

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 27

Economia Gestão

PEDRO CUNHA

Aposta na variedade de mercados reforça lucros da Auto Sueco Apesar da crise em Portugal, facturação cresce 20%, com o Brasil a pesar quase metade nas receitas. Angola, Turquia e EUA também crescem

a É costume dizer-se que não se de-vem pôr todos os ovos no mesmo cesto. Ora, o que se aplica às pesso-as serve também para as empresas, como demonstra o exemplo da Auto Sueco. Num ano de crise em Portugal e Espanha, a presença em mercados como o Brasil levou a uma subida de 20% no volume de negócios para o valor mais alto de sempre, de 1,2 mil milhões de euros.

O “ovo” do Brasil foi o mais impor-tante, e terá tendência a crescer ain-da mais durante os próximos anos, indicou em entrevista ao PÚBLICO o presidente executivo, Tomás Jervell. O resultado deverá ser um lucro re-corde superior a 30 milhões de euros, superior entre 60 a 70% a 2010 (o que se confi rmará apenas no fi nal de Fe-vereiro, com o fecho do exercício), e um EBITDA de 90 milhões de euros (tinha sido de 66 milhões no exercí-cio anterior).

A Auto Sueco começou no maior país da América Latina apenas em 2007, como concessionária de pe-

sados da Volvo em Mato Grosso, seguindo-se a entrada no estado de São Paulo em 2010. Agora, passados quatro anos, este é um mercado que “já representa 40,8% da facturação” e que subiu 23% em 2011, para 500 milhões de euros, sublinha o respon-sável máximo do grupo nortenho.

A estratégia passa por “um plano de investimentos bastante agressivo, de crescimento orgânico”, que pre-vê a abertura de várias instalações durante os próximos anos e poderá estender-se à compra de outras em-presas dentro e fora do sector, revela Tomás Jervell. O objectivo é passar a liderar o mercado de pesados em São Paulo ainda em 2012 (são agora segundos). E “até por uma questão demográfi ca”, o Brasil deverá repre-sentar mais de metade da facturação da Auto Sueco até 2015, acredita.

A prova de que o outro lado do Atlântico é relevante para este gru-po – que iniciou actividade no Nor-te de Portugal em 1933, pela mão de Luiz Oscar Jervell – foi a abertura de um centro corporativo em São Paulo, no início do Verão passado. “Temos

Inês Sequeira

aí cerca de 30 pessoas que apoiam e controlam os negócios no Brasil e detectam novas oportunidades”, indica o descendente do fundador. [Luiz Oscar Jervell criou ofi cialmente a Auto Sueco em 1949, juntamente com Ingvar Poppe Jensen].

No entanto, nem apenas deste pa-ís se faz a actividade do grupo, nem só da representação dos camiões e autocarros da marca sueca. Além de Portugal, a partir de onde controlam várias actividades no estrangeiro, o terceiro centro corporativo fi ca em Angola – o primeiro país para onde a Auto Sueco se expandiu já há 20 anos, a convite da Volvo. Neste país, onde o grupo vende máquinas de constru-ção civil e pesados, um crescimento de 45% para 164 milhões de euros, em 2011, acabou por compensar um desempenho mais fraco no ano ante-rior – quando a falta de pagamentos do Estado angolano às construtoras se refl ectiu numa descida de mais de 50% do volume de negócios naquele mercado.

Tomás Jervell reconhece que a acti-vidade económica no país “tem vindo a normalizar-se” e acredita que 2012 será mais um ano de crescimento importante, ainda para mais face a novos investimentos – como a cons-trução de um aldeamento para traba-lhadores expatriados e colaboradores e de um novo escritório, “num dos edifícios de escritórios mais impor-tantes em Luanda”. Mas ainda assim, feitas as contas, o peso dos negócios em Angola na facturação total da Au-to Sueco, que subiu de 11 para 13% no último ano, ainda está longe dos 37% que este mercado representava há pouco tempo atrás.

O ritmo de crescimento dos Esta-dos Unidos e da Turquia foi também importante, sublinha. Nestes dois países, o grupo vende máquinas de construção civil, através da partici-pada Auto Sueco Coimbra, e a acti-vidade tem ganho forças. Namíbia, Botswana, Quénia e Tanzânia, ainda com um peso conjunto de 0,4%, são outros mercados que estão a subir.

Aguentar o barcoEm contrapartida, Portugal é um mercado que continua a cair. “Esta-mos a passar por um período menos feliz e com desempenhos menos con-seguidos em Portugal, mas as coisas estão razoavelmente estabilizadas. Temos uma estrutura muito afi nada e estamos preparados para aguentar dois ou três anos mais difíceis”, asse-gura Tomás Jervell.

O facto de 75% da actividade deste grupo nortenho passar hoje pela ven-da de equipamentos pesados, máqui-nas e camiões, a que se juntam outros 6% da comercialização de ligeiros, afectou fortemente o negócio devido à retracção deste sector. “O mercado de camiões em Portugal costumava andar à volta de 4500 unidades, mas este ano fechou com 2664.” O resul-tado foi a queda da facturação de 330 para 303 milhões, com o país a representar 25% das receitas totais, quando em 2010 tinha um peso de 35%. Já a Espanha, onde o grupo ven-de máquinas de construção através da Auto Sueco Coimbra, é hoje quase insignifi cante (cerca de 3%).

Não foi recentemente que a Auto Sueco criou uma holding na Holanda, onde tem parqueadas todas as operações internacionais, mas sim há já 10 anos. Tomás Jervell prefere não comentar a polémica recente ligada ao grupo Jerónimo Martins, mas sempre vai indicando que a razão principal para a escolha da Auto Sueco “tem a ver com estabilidade fiscal”. Por outro lado, “é o país com o maior número de acordos de dupla tributação”, um aspecto importante, uma vez que nenhuma empresa gosta de pagar impostos a dobrar.

No entanto, para o gestor, o mais importante é mesmo o facto de as regras ali não estarem constamente a mudar. “É um país amigo do investidor nesse sentido, não tanto pelas vantagens fiscais que retiramos a longo prazo, que até podem ser algumas, mas

que no imediato não existem”. A estratégia de diversificação dos últimos anos estende-se também ao mercado do crédito. “O que temos feito, desde que entrámos no Brasil, foi dispersar bastante o nosso portfolio de financiamento”, indica. “Temos hoje núcleos de financiamento importantes quer no Brasil quer em Angola”.

Já o investimento em Portugal continua a estar parqueado em bancos nacionais e sente o peso do encarecimento do crédito, “mas é um volume estável”. O investimento português mais importante este ano será de sete milhões de euros, numa nova fábrica mais moderna de reciclagem de pneus ligada à Biosafe, empresa do grupo. Quanto ao número de trabalhadores, o grupo fechou o ano passado com 4200 pessoas a nível global, mais 5,7% que em 2010 – principalmente à custa do Brasil.

Holanda representa “estabilidade fiscal”

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28 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Grande planoa A semana passada foi marcada pelo tiro de abertura da campanha para a reeleição do Presidente norte-americano, Barack Obama, no seu discurso do Estado da União, e por mais um (mais precisamente o 19º) debate entre os candidatos republicanos, em vésperas das primárias na Florida.As presidenciais americanas são só em Novembro, mas a campanha está já em marcha e não é só nos discursos políticos dos protagonistas analisados ao pormenor nos media. Da Florida ao Michigan, republicanos apoiantes de Mitt Romney ou de Newt Gingrich, ou democratas que vão votar Barack Obama, sejam mais novos ou mais velhos, vão encontrando diferentes modos de ir ver ao vivo os seus ídolos políticos e de mostrar o seu apoio.

BRIAN SNYDER/REUTERSBRIAN SNYDER/REUTERS

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 29

JASON REED/REUTERS

BRIAN SNYDER/REUTERS BRIAN SNYDER/REUTERS

JOE RAEDLE/AFP

JOE RAEDLE/AFP

STEVE NESIUS/REUTERS

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30 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

MundoREUTERS

BULENT KILIC/AFP

Aumento da violência leva Liga Árabe a suspender missão na SíriaA oposição vai fornecer armas às milícias armadas. O regime intensifi ca os ataques. Para ambos os lados, o confl ito torna-se cada mais desesperado

a A Liga Árabe admitiu ontem que há uma escalada de violência na Síria e suspendeu a sua missão de observa-dores naquele país. Ao mesmo tem-po, o Conselho Nacional Sírio, um dos maiores grupos da oposição, anun-ciou que vai pedir às Nações Unidas “protecção” para os civis que estão a ser atacados pelas forças governa-mentais.

Na sexta-feira à noite, o chefe da missão árabe na Síria, o general suda-nês Mohamed al-Dabi — que quando chegou a Homs, no fi nal de Dezem-bro, disse não existirem “situações preocupantes” —, informou a Liga de um “forte incremento da violên-cia”, sobretudo nas cidades de Hama, Homs e Idlib, relata a AFP.

Receando pela segurança dos dele-gados ou por outra razão não expres-sa, a Liga interrompeu a missão.

Na noite de quinta para sexta-feira, os corpos de 17 opositores de Hama, que tinham sido detidos pelas forças governamentais, foram encontra-dos espalhados por ruas da cidade.

Tinham buracos de bala na cabeça, indicando execuções. “Há um homem na casa dos 60 anos, outro na dos 40 e a maior parte estaria nos 20 anos”, disse, por telefone, uma fonte da Reu-ters na cidade.

Hama, disse a fonte, era ontem uma cidade deserta, depois de três dias de intensos bombardeamentos. “Há pos-

tos de controlo a isolar os bairros uns dos outros e a cidade está fortemente militarizada”.

A mais de 200 quilómetros de Da-masco (a capital), esta é uma das ci-dades mais activas na rebelião con-tra o regime do Presidente Bashar al-Assad, que recorreu às forças de segurança para reprimir a revolta que começou em Março do ano passado. Está conotada com a oposição e com a violência: na década de 1980, Ha-fez Assad, o pai do actual chefe de Estado, esmagou uma revolta da Ir-mandade Muçulmana. Milhares de pessoas morreram.

Aqui, como em Homs, Idlib e nos subúrbios de Damasco, registou-se nos últimos meses uma intensa activi-dade das forças armadas da oposição — grupos coordenados pelo Exército de Libertação da Síria e outros que actuam isoladamente. Perante a per-da de controlo de partes substanciais do país, o regime de Bashar al-Assad ordenou às forças governamentais pa-ra atacarem, neutralizando os grupos armados da oposição e as comunida-des que os abrigam.

Ana Gomes Ferreira

Meninos com armas de brincar em Hula, perto de Homs, na Síria

Membros do Conselho Nacional Sírio na Turquia: Muti al Buteyin, Semir Nesar, Muhammet Faruk Tayfur

A espiral de violência — na sexta-feira morreram mais de 100 pessoas — levou o Conselho Nacional Sírio (CNS) a decidir pedir protecção para a popu-lação às Nações Unidas. O presidente do CNS, Bourhan Ghalioun, chefi a a equipa que, hoje, será recebida por membros do Conselho de Segurança, em Nova Iorque.

Este começa amanhã a debater uma proposta árabe e europeia para a resolução do confl ito na Síria que preconiza o afastamento de Assad e a criação de um governo de unidade nacional. A Rússia anunciou que ve-tará qualquer documento que exclua Assad do poder. “Já dissemos clara-mente que a Rússia não considera esse texto como uma base para um acordo”, disse o embaixador russo nas Nações Unidas, Vitali Churkin, citado pela AFP.

Na terça-feira, é a vez de os envia-dos da Liga Árabe à ONU (o secretá-rio-geral Nabil el-Araby e o primeiro-ministro do Qatar, Hamad al-Thani) defenderem as suas opções em Nova Iorque. E só no fi nal deste processo se saberá se a resolução vai a votação. Dependerá do acordo que os diploma-tas conseguirem alcançar para evita-rem o veto da Rússia, que confi rmou estar em negociações com o Governo de Damasco para encontrarem a sua própria solução para o confl ito.

Não será fácil todas estas partes chegarem a um compromisso. O que, considera a oposição síria, dará mais tempo a Assad para adensar a violência.

Via militarTalvez por isso, um elemento do Con-selho Nacional Sírio, Louay Safi , tenha dito ontem à estação de televisão Al-Jazira que o Exército de Libertação da Síria tem que ser “parte da solução” para o confl ito em curso.

No início de Janeiro, este exército e o CNS uniram-se contra o regime. Na base deste entendimento estava a convicção — agora assumida por Lou-ay Safi — de que a via militar poderia ser essencial à revolta contra Assad. A oposição viu a sangrenta guerra ci-vil líbia e a instabilidade gerada pela militarização da oposição. Mas viu, também, que os protestos não passa-ram disso até à entrada dos militares nas revoltas. Tudo indica que estão dispostos a arriscar.

“Estamos a referenciar os grupos que estão no terreno”, disse uma porta-voz do CNS, Bassma Kodmani, de forma a pô-los sob um só coman-do. Acrescentou que o Conselho está pronto a fornecer armas e dinheiro aos grupos espalhados pela Síria. E há cada vez mais civis a juntarem-se às milícias. “Temos o direito de pegar em armas. Não vamos voltar as costas a essa solução”, disse Omar, um resi-dente de Homs, à Al-Jazira.

“À medida que o confl ito se torna mais desesperado e feio, mais pesso-as terão uma morte violenta. Não há solução visível para esta luta entre um regime determinado a manter o poder, e uma revolta que há muito entrou no ponto de não retorno”, sentenciou o jornalista Jim Muir, ao escrever na BBC online sobre um con-fl ito a que ainda não há quem chame guerra civil.

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 31

Mundo Breves

Violência após rejeição de candidatura de Youssou N’Dour

Merkel vai fazer campanha por Sarkozy nas presidenciais

Senegal Eleições francesas

a A rejeição da candidatura do cantor Youssou N’Dour pe-las autoridades do Senegal e a autorização, por outro lado, para que o actual Presidente Abdoulaye Wade (85 anos, no cargo desde 2000) possa concorrer a um terceiro mandato nas eleições de Fevereiro, levaram muitos senegaleses a protestar violentamente em várias cidades. Na capital, Dacar, morreu um polícia em confrontos, envolvendo pedras e gás lacrimogéneo, com manifestantes.

a A chanceler alemã Angela Merkel deverá participar em eventos de campanha eleitoral do Presidente francês Ni-colas Sarkozy na Primavera, diz a AFP, citando o discurso que o secretário-geral da CDU, o partido de Merkel, fez ontem em Paris. Hermann Gröhe foi dizer no conselho nacional da UMP, o partido de Sarkozy — ambos da direi-ta conservadora — estar persuadida de que o Presidente francês é “a pessoa certa para estar no Eliseu.”

Le Pen brilha no baile da extrema-direita

Alerta para poluição do fogo de artifício

a Marine Le Pen, a líder da Frente Nacional francesa, foi a convidada de honra do baile anual da extrema direita europeia que se realizou sexta-feira em Viena, no palácio imperial de Hofburg. Este ano, o baile a que se juntam organizações de estudantes e intelectuais próximas do FPÖ —parti-do austríaco de extrema-direita, a que as sondagens dão 28% das intenções voto, o mesmo que aos social-demo-cratas — foi ainda mais polémico, pois coincidiu com o 67º aniversário da libertação de Auschwitz.

a O Governo de Pequim começou a informar a população para os riscos de poluição do fogo de artifício que irá ser usado esta noite para celebrar a passagem do ano chinês — a China entra amanhã no Ano do Dragão. Por tradição, o céu da cidade enche-se de partículas brilhantes, com milhões de habitantes a lançarem foguetes e fogos. As autoridades sublinham que os engenhos pirotécnicos têm o mesmo efeito no ar, e na saúde, que o fumo dos escapes ou as chaminés das fábricas — doenças coronárias, de pulmões e demência.

VienaAno Novo chinês

Detido importante traficante do Rio

a A polícia brasileira deteve um dos trafi cantes de droga mais procurados do Rio de Janeiro, Fabiano Atanázio da Silva, que era tido como o chefe do tráfi co nas favelas do Complexo do Alemão. O trafi cante, mais conhecido por FB, foi detido no estado de São Paulo, na sexta-feira à noite, e transfe-rido para o Rio. Acusado de tráfi co de drogas, homicídios, sequestro, etc, FB tinha sido detido em 2002, mas fugiu da prisão por um túnel. Mais tarde, conseguiu escapar da opera-ção de “pacifi cação” da favela em 2010.

Brasil

Inspectores nucleares chegam amanhã a TeerãoMau tempo impede retirar combustível

Presidente do Iémen partiu para os EUA

a As operações para retirar o com-bustível do navio Costa Concordia, que encalhou junto à ilha italiana de Giglio no dia 13, foram suspensas on-tem devido ao mau tempo. Mais um corpo foi, entretanto, encontrado, sendo 17 os mortos e 15 os desapare-cidos. A decisão de parar os trabalhos para evitar um desastre ecológico na zona foi tomada pelos técnicos da em-presa holandesa Smit e da italiana Ne-ri, que querem bombear 2400 tone-ladas de combustível. Os serviços de meteorologia dizem que só na terça-feira as condições do mar permitirão o regresso ao trabalho.

a O Irão vai discutir amanhã se vai antecipar-se a sanções ao seu petróleo pelos países da União Europeia, na altura em que uma equipa de altos responsáveis da Agência Internacio-nal de Energia Atómica (AIEA), a orga-nização da ONU para o nuclear, chega a Teerão para “esclarecer as dúvidas que restam sobre o programa nucle-ar”. A agência aponta ter indícios de

a Quatro actuais e antigos jornalistas de topo do tablóide britânico The Sun e um polícia foram ontem detidos no âmbito de uma investigação da Sco-tland Yard à corrupção policial.

O diário britânico The Guardian afi rma que os quatro elementos do Sun são dois antigos editores, um actual editor executivo e um outro elemento da redacção. O agente de-tido, suspeito de receber dinheiro, é um polícia de 29 anos.

A investigação está ligada a outra

operação que continua em curso so-bre o agora encerrado tablóide News of the World, que pertence, tal como o Sun, ao grupo de media News Inter-national, de Rupert Murdoch.

A acção deste sábado incluiu bus-cas policiais aos escritórios de Lon-dres do grupo News International, para além das casas dos detidos. A polícia estava “interessada em tudo, desde blocos de notas, emails, post-its”, contou uma fonte ao Guardian.

A operação resultou de informa-

ções que a polícia recebeu na se-quência do inquérito parlamentar ao escândalo das escutas ilegais nos jornais do grupo de Murdoch, mas tem a ver apenas com corrupção.

Depois de ontem foram já detidas um total de 12 pessoas no âmbito da operação que investiga as alegações de que jornalistas pagavam a polícias em troca de informação — uma das três investigações criminais às prá-ticas de recolha de informação do News of the World.

a O deposto Presidente do Iémen Ali Abdullah Saleh partiu ontem para os Estados Unidos, para receber cuida-dos médicos, indicou ontem o site do Ministério da Defesa iemenita. O seu voo, vindo de Omã, onde estava há uma semana, fez escala no Reino Unido, em Stansted, nos arredores de Londres. Já esteve hospitalizado na Arábia Saudita após um atentado ao palácio, em Junho, na sequência de contestação popular. Washington tem tentado afastá-lo de Sanaa, mas não lhe quer dar asilo, embora tenha sustentado antes o seu regime, como bastião na luta contra a Al-Qaeda.

Costa Concordia Cuidados médicos

Grupo de Rupert Murdoch

Detidos quatro jornalistas do Sun e um polícia por suspeita de corrupção

Irão ameaça cortar já exportações de petróleo aos países da União Europeia

Herman Nackaerts, o inspector-chefe da AIEA, ao partir para Teerão

DIETER NAGL/AFP

se destinar a obter uma bomba atómi-ca, algo que o Irão nega.

O Parlamento do Irão vai discutir hoje (o domingo é o primeiro dia útil da semana naquele país) o corte de exportações de petróleo aos países europeus que decidiram na semana passada, após meses de discussão, de-cretar um embargo ao petróleo irania-no, a ser aplicado progressivamente nos próximos seis meses.

Dois países europeus, a Grécia e

Maria João GuimarãesItália, compram bastante petróleo ao Irão, e uma interrupção abrupta que os fi zesse pagar petróleo mais cara se-ria especialmente difícil, dado a crise que atravessam. Por outro lado, ana-listas dizem que outros países árabes poderiam aumentar a produção, com-pensando a falta de crude iraniano.

“A decisão apressada de usar o pe-tróleo como ferramenta política terá um impacto negativo (...) nas econo-mias europeias em recuperação”, dizia o Ministério do Petróleo após a decisão da UE na semana passada. Os media iranianos garantem que os compradores europeus (destino de 18 por cento do crude do país) serão substituídos pela Índia e China.

Antes da visita, não eram esperados grandes avanços nas negociações. Mas diplomatas ocidentais viram tímidos sinais de alguma disposição do Irão em colaborar com a AIEA, citando a aceitação, sem grandes objecções, de dois peritos em armamento, o francês Jacques Baute e o sul-africano Neville Whiting, diz o Washington Post.

Por outro lado, antes de chegar a Teerão, o inspector-chefe da AIEA Herman Nackaerts usou um raro tom, declarando: “Esperamos o início de um diálogo, um diálogo que devia ter começado há muito”, um diálogo que esclareça “todas as questões.”

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32 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Mundo O que faz a geração que ocupou a Praça Tahrir

O ano da revolução vivido por três jovens egípciosMona Shahien deu trabalho a seis pessoas, lançou um projecto ambicioso e fi cou noiva. Mohamed Mohsen cantou novas canções e passou muitas horas na Praça Tahrir. Nahla Soliman decidiu-se a dar os primeiros passos para cumprir o sonho de chegar à ONU

a Há um ano começavam a acredi-tar que tudo era possível. Entretanto, muito aconteceu no Egipto e nas suas vidas. Mais ou menos optimistas, ain-da não desistiram do protesto como arma, mas experimentaram outras formas de se manifestar, de dizer o que querem e de trabalhar para o conseguir.

No ano passado por esta altura, co-mo milhares de outros jovens egíp-cios, estavam acampados na Praça Tahrir ou passavam lá todo o tempo que podiam, sem saber que contribu-íam para fazer cair um ditador. Mona Shahien esteve ali em permanência, descrevendo o que se passava no Facebook até ser anunciado o afas-tamento de Hosni Mubarak, a 11 de Fevereiro. Mohamed Mohsen também acampou na Tahrir, logo no início, a 25 de Janeiro. Com outros músicos, foi cantando a revolução enquanto ela se desenrolava. Nahla Soliman, fi lha de um militar, manifestava-se no fi m do dia de trabalho, sem a família saber.

Nos últimos dias todos voltaram a passar pela praça que os activistas egípcios tratam como uma espécie de segunda casa, onde se sentem bem e encontram sempre família e ami-gos. Festejaram a queda da ditadura, mas também protestaram contra os generais no poder, as detenções de activistas que têm sido ordenadas, a violência com que reprimiram os pro-testos em Novembro e Dezembro, a sua recusa em transferir a autoridade para um conselho civil, como os revo-lucionários pedem há meses.

“A revolução continua. Ainda te-mos muito para fazer”, diz o músico Mohamed Mohsen.

Nahla SolimanGanhar coragem para abrir horizontesAos 23 anos, a sorridente Nahla Soli-man já tem o futuro bem pensado: “O meu sonho é chegar à ONU. Estudei Espanhol, julgo que o meu Inglês é bom. Mas não chega, pedem sempre muita experiência. Por isso vou con-tinuar no instituto onde estou e pro-curar outras coisas. Quero trabalhar para as Nações Unidas no meu país, fazer alguma coisa pelo Egipto”.

Desde a universidade, onde estu-dou Literatura Espanhola, que Nahla “queria saber mais sobre a sociedade civil, o trabalho nas organizações não governamentais”. Mas só dois anos depois de acabar o curso — passados a trabalhar no departamento de media do Instituto Cervantes do Cairo — e uma revolução depois é que a jovem ganhou coragem e deu os primeiros passos. “Queria fazer o curso de Verão do Instituto do Cairo para os Direitos Humanos, mas deixava sempre passar o prazo.” Até Julho de 2011. Feita a introdução, fi cou como estagiária no departamento de educação do insti-tuto, fundado há 20 anos.

“Estou a gostar muito, aprendi, co-nheci muitas coisas que não faziam parte da minha vida. Agora, tenho amigos muito diferentes uns dos ou-tros, conheço homossexuais e aceito completamente a sua diferença”, diz Nahla. “Agora aceito a diferença entre as pessoas, não vejo tudo pelo meu ponto de vista, como antes.”

Filha de um militar e de uma dona de casa, Nahla não tinha qualquer ex-periência de activismo ou protesto antes de Janeiro de 2011. Há um ano, viu a revolução começar e quis juntar-

se. “Não acampei na Tahrir porque a minha família não me deixou. Mas ia trabalhar de manhã e quando saía, em vez de ir para casa, ia para a praça, sem dizer ao meu pai. Eu sabia que o regime era corrupto e estive com a revolução desde o início”, explica. “Apoio a revolução”, acrescenta, em espanhol.

Entre a mãe, que fi cou em casa “a ver tudo em frente da televisão”, e o pai, que “não pensa que a revolução seja boa para nós”, havia ainda o ir-mão três anos mais velho, que “esteve na Tahrir” até Mubarak sair do poder, a 11 de Fevereiro.

Um ano depois, a jovem está preo-cupada com o futuro. “Tenho medo do peso dos salafi stas [que obtiveram 24% nas eleições legislativas]. Não sa-bem nada de política, não têm expe-riência, não percebo o que querem”, afi rma. “Está tudo tão confuso que tenho medo que a certa altura os egípcios lutem entre si. Não islamistas contra cristãos, isso não acredito, mas islamistas contra liberais e reformis-tas... Revolucionários contra os que estiveram calados até agora e um dia vão começar a falar...”

Agora que ganhou asas fora de casa, a jovem também arranjou coragem para desafi ar mais o pai, um esforço que tem dado frutos. Em Abril, por exemplo, quando os generais no po-der organizaram um referendo a uma série de emendas constitucionais, Nahla convenceu-o a votar “não”, “a mudar de ideias”. “Ainda estou a tra-balhar com ele noutros pontos.” Já nas legislativas, que começaram em Novembro e se prolongaram até Ja-neiro, não foi tão bem-sucedida. Seria complicado convencer um militar a votar na coligação de jovens revolu-

Sofia Lorena

cionários, “todos activistas, com ex-periência na sociedade civil”, à qual Nahla escolheu dar o seu voto.

Mona ShahienAjudar a “construir a cidadania”Estudou jornalismo e fez de tudo um pouco, do ensino à diplomacia. De-pois da revolução, quis fazer mais. Assim nasceu o Tahrir Lounge, um projecto com sede física no Instituto Goethe do Cairo, a dois minutos da Praça Tahrir, com fi nanciamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão e um objectivo: “Educar para a cidadania, para uma participação activa na sociedade”.

“Durante a revolução fui co-funda-dora do Revolution Youth Union, um grupo que [nasceu nos protestos da Tahrir e] reuniu 45 partidos políticos, movimentos, artistas. Depois dessa experiência posso dizer que o traba-lho do novo Parlamento vai ser muito difícil. É preciso aprender a dialogar,

a fazer concessões, essa é a essência do sistema político”, diz. “Depois senti que não era sufi ciente e tinha de fazer algo mais concreto. Pensava sempre em educação, em preparar as pessoas para as mudanças.”

Visitámos o Lounge no Dia Inter-nacional da Tolerância e vimos Mo-na Shahien ainda a fazer de tudo um pouco. A coordenar a disposição de bancas de diferentes organizações não governamentais (ONG) no bonito pátio do Goethe, a desenhar cartazes, a atender telefonemas, a dar entrevis-tas, a decidir que já era hora de sair para a rua para a primeira iniciativa da tarde.

“É importante sairmos daqui, dar-mo-nos a mostrar. Mas não vamos parar o trânsito, não queremos ser presos”, brincou a jovem no cami-nho até à Praça Talat Harb, ponto de passagem e de encontro habitual, a quatro quarteirões da Tahrir.

Munidos de cartazes com frases so-bre a tolerância, Mona, os outros seis jovens que o Lounge emprega, mem-

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 33

AFP/KHALED DESOUKI

se fi car por ali, de cartazes em pu-nho. A ideia era provocar reacções e resultou — houve quem decidisse juntar-se-lhes, quem desenhasse os seus slogans, e também quem entras-se em debate, para defender que os membros do antigo regime não mere-cem “tolerância nem perdão”.

A tarde ainda ia a meio e havia de entrar pela noite, quando mais de 150 pessoas encheram o pátio do Goethe para assistir a intervenções de acti-vistas e a um concerto. Uns de pé, outros sentados nas cadeiras, outros espalhados pelo chão, apoiados em grandes almofadas de amarelo e ver-melho vivo.

A principal actividade do Tahrir Lounge, a funcionar desde Abril, é a organização de conferências e workshops: treino para monitorizar as eleições (“Ensinámos as pessoas a identifi car fraudes e a perceberem que têm de reagir, que ser cidadão é não se calar”), formação a jornalis-tas e bloggers, por exemplo. Também convidam muitos políticos e líderes

partidários e põem as pessoas a fazer-lhes perguntas. “Trouxemos muita gente para falar de política, coisas simples, como a própria terminolo-gia, saber o que é o salafi smo, o co-munismo, o liberalismo.”

“Levamos este projecto a sério, dedicamo-nos todos muito. Mas de-pois fazemos tudo de uma maneira diferente. Organizamos sessões de de-senho, concertos, passagens de mo-delos. É política, mas apresentada de forma apelativa, principalmente aos jovens. A ideia é atrair as pessoas e depois interessá-las no que fazemos”, explica Mona.

Mona tem muitos projectos para o Lounge. Para além de continuar as actividades habituais, quer começar projectos sobre o papel da mulher na sociedade: “É muito delicado, estou a trabalhar nisso, mas ainda não es-tamos preparados”. Quer também continuar a expandir o projecto ao resto do país, e já abriu um segundo Lounge na zona do Delta.

Os últimos 12 meses trouxeram

outras mudanças à sua vida: viajou muito, convidada a falar da revolução (em Novembro participou no Fórum Lisboa do Centro Norte-Sul), e fi cou noiva.

No Lounge, o principal vai manter-se. “Estamos a tentar construir cida-dania, ninguém pode saber o que está errado se não for orientado antes, se ninguém lhe disser o que está errado. Isso é o mais importante para um país em transição.”

Mohamed MohsenAinda a mesma cantigaPrimeiro, ouvimo-lo cantar. Voz lím-pida, a cappella, letras sobre “o nosso país”, “os nossos jovens”, uma canção dedicada a Mina Daniels, o activista cristão copta que morreu a 9 de Outu-bro em Maspero, com outras 26 pes-soas, quando uma marcha pacífi ca foi reprimida pelo Exército na marginal do Cairo. Depois, começou a entrevis-ta e Mohamed Mohsen confi rmou o que se adivinhava: “95% das minhas

canções são de intervenção social”.Aos 25 anos, Mohamed vive da mú-

sica e do teatro, apesar de ter estuda-do Engenharia. “Comecei o curso há seis anos e entrei logo para a banda da universidade, depois fui para a Ópera do Cairo e dois anos depois saí para formar uma pequena banda indepen-dente. Continuo a cantar até agora.”

Mohamed compõe algumas can-ções, tem letras escritas por amigos e trabalha a obra de compositores como Sayed Darwish, que morreu em 1923 e é considerado o pai da música popular egípcia, dando-lhes “novas melodias”. É o caso da canção dedicada a Mina Daniels, que “fala do poder das auto-ridades para nos levarem um fi lho”. Como aconteceu a Nadia Faltas Besha-ra, a mãe de Daniels, que na última quarta-feira, um ano depois do início da revolução, voltou à Praça Tahrir.

“Se eu quisesse, seria muito fácil cantar sobre amor, habibi, habibi… [“meu querido” ou “querida”, de “ha-bib” ou amado]”, diz Mohamed. “Mas é melhor cantar pelo meu povo, pelo meu país, refl ectir o que pensam os egípcios, que expectativas têm”, con-tinua, garantindo que sempre cantou o que quis, mesmo com Hosni Muba-rak no poder. “Há seis anos já cantava contra o Governo e em defesa da liber-dade. Houve muitas rusgas nos meus concertos mas nunca fui preso.”

Ou melhor, Mohamed nunca tinha sido preso até 28 de Janeiro de 2011. “Quando a revolução começou, esti-ve desde o primeiro dia na Tahrir, a cantar com outros músicos amigos. Só nessa altura é que fui preso, levaram-me e interrogaram-me durante dois dias, mas depois libertaram-me.”

No último ano, Mohamed conti-nuou a cantar e a percorrer os dez minutos que distam da sua casa até à praça da Libertação que todos tratam por “praça da revolução”. Ao mesmo tempo, aceita convites para debates e associa-se a iniciativas de organiza-ções que tenham por alvo a “conscien-cialização social e política” ou sirvam para discutir uma das suas maiores preocupações: “A religião é um grande problema. Os egípcios dão demasiada importância à religião e misturaram-na com política e com a vida pública. Temos de nos organizar para fazer as pessoas perceberem que as diferenças estão só na cabeça delas”.

“Para a juventude, para nós, a re-volução continua viva. Mas o Conse-lho Militar das Forças Armadas [no poder desde a queda do ditador] não nos deu nenhuma oportunidade de expressar as nossas ideias”, afi rma o músico, que por não considerar as re-centes legislativas eleições realmente livres optou pelo boicote.

Mohamed gostava que mais pesso-as continuassem a manifestar-se na Tahrir, mas pensa que “a maioria dos egípcios não tem educação sufi cien-te para perceber que há problemas”. Por isso, “cabe aos jovens lembrar o resto das pessoas da revolução, temos muito trabalho”.

Quando “a revolução começou, não sabíamos para onde ia, não sabíamos que o regime ia cair”, diz Mohamed. “Agora tenho a certeza de que virá de novo. Uma grande parte da sociedade continua a ferver, vai ter de acontecer alguma coisa.”

bros de diferentes ONG e egípcios de todas as idades que se tornaram fre-quentadores das suas actividades ro-dearam a estátua no passeio central da rotunda da Talat Harb e deixaram-

Nahla Soliman

Mona Shahien

Mohamed Mohsen

“Para a juventude, a revolução continua viva. Mas os militares não nos deixaram expressar ideias”Mohamed Mohsen

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34 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Local

Quem disse que as lojas novas são melhores do que estas? Todas as semanas a Arqueolojista publica no seu blogue mais um “achado arqueolójico”. Esta é uma viagem pelas lojas-avós, as lojas da Lisboa antiga

a Tudo começou com Mami Perei-ra a distribuir castanhas assadas na Baixa de Lisboa. O senhor David, só-cio de uma loja de pijamas e lingerie da Praça da Figueira, disse-lhe que passasse por lá, que lhe oferecia um copo de água-pé para ajudar a em-purrar as castanhas. Ela lá foi. Mal sabia que a sua vida nunca mais seria a mesma depois daquela conversa. Hoje diz que foi aí que se apaixonou pelas “lojas antigas” e teve vontade de fazer “alguma coisa”.

Por isso, a jornalista e fotógra-fa agora é também Mami, a arque-olojista – que é o mesmo que dizer “pessoa apaixonada por lojas antigas que se dedica à caça, descoberta e catalogação dos achados do comér-cio tradicional”, como a própria faz questão de explicar no blogue A Ar-queolojista, onde conta as histórias destes estabelecimentos que têm vin-do a desaparecer.

Este projecto “não é lá qualquer coisa”, esclarece Mami ao “freguês” que tropece na página do Facebook: é um blogue “dedicado às lojas avós, também chamadas antigas” e aos seus “reclames vintage, ao bric-a-brac, aos fregueses, às etiquetas do tempo da monarquia, aos sorrisos de quem está atrás do balcão, aos galhardetes, ao

granel, ao fi ado”. O comércio tradi-cional pode já não ser o que era, mas as “lojas com barbas” ainda existem. E isso vê-se pelos achados que a ar-queolojista colecciona na sua página. Por uma tarde, Mami faz de guia por algumas das suas “descobertas arque-olójicas”, por aquelas lojas que ainda têm tudo atrás dos balcões. “Antiga-mente estava tudo atrás do balcão”, diz. “Hoje em dia não, porque o que as pessoas menos querem é meter conversa com quem está na loja.”

Até os sapos fumavamMas há as lojas que resistem à mu-dança e é dessas que a arqueolojista anda à procura. Como a Tabacaria Mónaco, no Rossio. Desde a remo-delação que se fez em 1894 pela mão de artistas portugueses como Rafael Bordallo Pinheiro e António Rama-lho, pouco mudou, resume Carlos Oliveira, o sócio maioritário.

Tirou-se a cabine telefónica, “uma das primeiras cabines públicas de Lis-boa” e a bilha em barro com a água de Caneças, “onde as pessoas vinham beber de um copinho” — deixou de fazer sentido com o avançar dos tem-pos. Por toda a galeria, continuam os painéis de Bordallo Pinheiro, com os sapos que fumam, lêem jornais e bebem água de Caneças, e, no tecto o fresco de António Ramalho, com as

famosas andorinhas.“Às vezes custa falar disto”, come-

ça. Há 41 anos entrava por aquela porta como marçano, para fazer o que fosse preciso. E assim fi cou, até acabar por tomar conta do negócio, deixado em testamento pela patroa. Na Mónaco, uma publicação de nú-mero único editada a propósito da inauguração da tabacaria depois da remodelação, o escritor Fialho de Almeida chamou-lhe “capela de S. João Baptista dos charutos”. “Eu já lhe mostro o jornal”, insiste.

“Naquela altura tínhamos uma saí-da para a rua de trás, como o Nicola”, paredes meias com a tabacaria. “E antes de a Bertrand importar revistas a Mónaco já tinha revistas inglesas”, frisa Carlos Oliveira. “A Baixa era muito melhor antes de aparecerem os centros comerciais”, lamenta To-mé Repas, que trabalha na Mónaco e trabalhou noutras tabacarias que entretanto desapareceram para dar lugar a lojas novas.

Sobre a Mónaco, Mami já escreveu, mas muitas das lojas que já visitou e fotografou não estão ainda no blo-gue, que todas as semanas é actuali-zado, mas com apenas uma ou duas “descobertas arqueolójicas”, para “as pessoas terem tempo de passar por lá”. A mais recente é o Franco Gra-vador, na Rua da Vitória, uma loja

Cláudia Sobral

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 35

FOTOS: DARIO CRUZA loja Ferragens Guedes abriu em 1922, na Rua das Portas de Santo Antão. Fernando Silva é um dos empregados que, no armazém, encontra tudo o que é preciso, entre caixinhas e embrulhinhos

Higino David é hoje um dos donos de uma loja de lingerie centenária, na Praça da Figueira. Foi ali que Mami Pereira descobriu o mundo das lojas antigas

Na Casa das Sementes, junto à Praça da Figueira, Vitor Folgado vende sementes de plantas que muita gente nem sequer sabe que existem

de “plaquinhas e emblemas, sinetes para lacre, medalhas e todo o tipo de carimbos”.

A arte de “bem servir”A loja onde começou a – ainda curta – história da arqueolojista é a Alber-to Ferreira dos Santos, Lda. e Higino David, que se cruzou com Mami en-quanto oferecia castanhas, numa ac-ção de promoção de uma empresa, é um dos dois proprietários. A loja é a sua vida. E também a de Fernando Laranjeira, o seu sócio. “Temos gosto na vida que temos”, sublinha o segun-do, que ali começou a trabalhar aos 14 anos. “Era a esta loja, hoje centená-ria, que chegavam muitos clientes da província, não só à procura da última moda mas sobretudo das últimas no-tícias da capital, locais para trabalhar ou, simplesmente, novas amizades”, lê-se no texto da arqueolojista sobre a Alberto Ferreira dos Santos.

Hoje, enumera, compram-se aqui “um grande sortido de malhas quenti-nhas”, pijamas e camisolas interiores, “combinações vaidosas”, roupa para bebé, “lenços de cache-nez, aventais para o serviço, xailes-de-avó”, cuecas e culotes (que, conta o senhor David, se vendia muito para a apanha do ar-roz) e ainda barretes de campino.

A boa disposição dos dois amigos tráz-lhe à memória um sketch dos Ma-

lucos do Riso: “Servir bem, bem servir, dá saúde e faz sorrir.” Não é preciso ex-plicar porquê, basta entrar e ouvi-los a falar, sorriso sempre rasgado, beijinhos a pretexto de tudo. “Eles eram miúdos que vinham para cá da província, no-vinhos, que varriam o chão, faziam recados, tudo, e às vezes acabavam por viver também com a família dos patrões”, conta Mami. “Depois eles acabam por lhes deixar isto.”

Quanto às castanhas que a fi zeram descobrir esta loja, eram da “tia Lila”, uma das vendedoras mais conhecidas por estas bandas, que também tem um espaço na página da arqueolojista, onde se encontram “sítios chiques que já vestiram janotas e madames”, tam-bém “tascas para grandes patuscadas, tabernas para a boa da pândega”, ou ainda “românticas fl oristas, cheirosas drogarias, curiosas tabacarias, luva-rias, retrosarias, livrarias, leitarias e barbearias”.

Ervilhas telefoneDiferente de tudo isto ainda é a Soares & Rebelo – Hortelão, a loja de sementes da Rua do Amparo. Quase só semen-tes, explica Vítor Folgado (“só de no-me”, diz ele). E sementes de tudo – até daquilo que muitos nunca terão imagi-nado que existe. Um exemplo, mesmo junto à porta: a ervilha maravilha, a er-vilha torta, a ervilha telefone. Ou uma

prateleira que quase atravessa a loja de ponta a ponta só para sementes de diferentes variedades de alface.

Não longe dali, na Rua das Portas de Santo Antão, fi ca a Ferragens Gue-des. Dá ideia de ser mais uma loja de fechaduras e puxadores. Mas só até Fernando Silva chegar e, sem serem precisas perguntas, começa a contar: “A história da loja... é uma loja que abriu em 1922.” E depois de elencar – quase de cor – os nomes de todos os sócios que saíram e entraram ao

longo de 90 anos, solta um desabafo, que resume a história do fi m de muitas destas lojas: “Entretanto fi cou Guedes só. O último. O fi lho dele não irá se-guir, está noutra área diferente, mas vamos lá ver.” “Eu que estou aqui há 43 anos é que tenho sido a mola disto. Faço tudo, tudo, tudo.”

Vai andando por todas as caves e sub-caves, que são armazéns, também pela ofi cina, com um certo orgulho. São salas de caixinhas e embrulhi-nhos até ao tecto. Fernando mostra o puxador das portas laterais do Te-

atro Nacional D. Maria II, outro que fi zeram para o Éden, ainda mais um do Colégio Militar. Mami vai tirando mais fotografi as. Aos pormenores. Ela gosta dos pormenores. Sobre esta loja ainda não escreveu, mas já avisou no Facebook que “daqui a uns dias” vai revelar onde se compram “as famosas mãozinhas”, que noutros tempos fa-ziam a vez das campainhas.

Sorte diferente destas lojas têm ti-do outras. É o caso da famosíssima alfaiataria Picadilly, da Rua Garrett, no Chiado, que deu lugar a uma ca-sa de sandes. “Estavam a ter imensa pressão para sair dali”, lamenta Mami. Os clientes passaram a ser atendidos num atelier no primeiro andar de um edifício próximo. “Estas lojas é que chamam turistas, estas lojas é que tem interesse manter e o que estamos a fa-zer é um bocado o contrário. Daqui a uns anos as pessoas vão ter é saudades destas lojinhas.”

A arqueolojista tenta remar con-tra a maré. Passa o tempo à procura de lojas, em conversas com donos e empregados, máquina fotográfi ca e caneta atrás. E já tem várias ideias – mais ambiciosas – em mente. Um dia, quando tiver reunido mais lojas, ainda haverá roteiros arqueolójicos em Lis-boa. Para já, os “achados” vão sendo coleccionados no blogue www.arque-olojista.com.

Mami Pereira apaixonou-se pelas lojas antigas de Lisboa e quer dá-las a conhecer a quem tem olhos mas não vê

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36 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

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Antes & Agora A Casa dos Bicos está pronta a receber Saramago

a Durante muito tempo chamaram Casa dos Diamantes àquela que será inaugurada na Primavera como sede da Fundação José Saramago. E a imaginação popular não lhe deu tréguas: que havia sido erguida por um ricaço que tencionava cravar diamantes nas pontas dos bicos em cantaria; que ali esteve hospedada, no tempo de D. Manuel I, uma rainha africana que trazia consigo muitos diamantes. Certo é que o terramoto de 1755 deitou por terra dois dos quatro andares do edifício quinhentista mandado fazer pelo fi lho bastardo de Afonso de Albuquerque, um homem que chegou a ser presidente do Senado de Lisboa. E foi preciso esperar dois séculos, pela XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura, para a Casa dos Bicos voltar a ser notícia. A reconstrução dos dois pisos em falta e a introdução nas traseiras do monumento nacional de uma espécie de megamarquise fi zeram então cair o Carmo e a Trindade. Houve quem falasse em crime lesa-património, mas como havia que cumprir os prazos para a Casa dos Bicos acolher um pólo da mostra dedicada aos Descobrimentos, a polémica morreu. No Verão passado foi plantada uma oliveira frente ao edifício, para evocar a memória do Nobel da Literatura, cuja vida não esperou pelas delongas da adaptação da Casa dos Bicos a Fundação José Saramago. Disse um dia o escritor que iria gostar de se sentar à janela, a ver o Tejo e os barcos a passar. Vinda do Ribatejo, da aldeia natal do escritor, a árvore não se deu bem com a viagem nem com os ares da cidade e tem defi nhado. Resta-lhe encontrar inspiração nas cinzas do escritor, que foram sepultadas debaixo dela. E esperar por melhores dias. Ana Henriques

Tendo estado recentemente envolvido na organização de um importante congresso médico realizado em Lisboa, no qual participaram milhares de estrangeiros, dei comigo a pensar que gostaria que a minha cidade se apresentasse aos visitantes como uma cidade em que valesse a pena viver. Não foi difícil encontrar as suas belezas naturais, a riqueza cultural e arquitectónica, mas fui logo invadido por uma imensa vontade de alterar o muito que está por fazer. A nossa cidade não se apresenta suficientemente limpa, salvo algumas honrosas excepções. Os pavimentos representam uma verdadeira gincana para as pessoas de idade. Naturalmente, não são só as autarquias que têm responsabilidades. O nível de educação cívica de muitos também não é exemplar. Estou a pensar, por exemplo, nos automóveis estacionados em segunda fila, ou no parqueamento nos passeios. Mas podemos consolar-nos com os lisboetas afáveis, simpáticos e sempre prontos a dar uma ajuda a quem precisa. Não é muito frequente lá fora! Foi ao que assistimos na campanha de angariação de sócios da APDP que está a decorrer.

Consolemo-nos com os lisboetas afáveis

O que mudava em Lisboa?Luís Gardete, Assoc. Protectora dos Diabéticos de Portugal

Morreu criança ferida por queda de baliza

Carreiras candidato à concelhia do PSD

Cancelado projecto do Bairro da Boavista

Colisão de motociclos provoca duas mortes

a O rapaz de 12 anos internado quarta-feira no Hospital Pediátrico de Coim-bra devido a ferimentos provocados pela queda de uma baliza, no campo desportivo de um centro recreativo, em Brasfemes, faleceu ao início da ma-drugada de ontem, disse fonte hospi-talar citada pela Lusa. A criança tinha sido admitida nos cuidados intensivos com traumatismos crânio-encefálico e facial graves, tendo sido sujeita a in-tervenção de emergência e segundo o boletim clínico de quinta-feira manti-nha-se em coma profundo.

a O presidente da Câmara de Cas-cais, Carlos Carreiras, anunciou on-tem que se vai candidatar à concelhia local do PSD, com eleições em Março, para submeter aos militantes a sua candidatura em 2013 à autarquia de Cascais. Carreiras assumiu a presidên-cia da câmara em Fevereiro de 2011, um mês depois de António Capucho ter anunciado a suspensão de funções, alegando motivos de saúde. Capucho comunicou na reunião da Assembleia Municipal, segunda-feira, que renun-ciava defi nitivamente ao cargo.

a O projecto do designado eco-bairro da Boavista, em Lisboa, deixou de ser viável economicamente e a câmara decidiu não avançar com a constru-ção dos quase mil fogos previstos e a demolição do bairo ali existente, disse na quarta-feira, em reunião ca-marária, a vereadora da Habitação, Helena Roseta. O município anunciou que vai manter as intervenções no edifi cado, na infra-estrutura e no es-paço público, num valor elegível de 6,6 milhões de euros, através de can-didatura a fundos comunitários.

a Dois jovens, de 17 e 19 anos, morre-ram na madrugada de ontem, na zona do cais de Portimão, na sequência de uma colisão frontal dos motociclos que conduziam. O acidente ocorreu por volta da meia-noite num local ha-bitualmente frequentado por moto-ciclistas. Um dos jovens seguiria em contramão e foi embater frontalmente na outra mota que deixava a zona do porto, na sua faixa, e que não conse-guiu desviar-se. O INEM foi chamado ao local, mas os médicos limitaram-se a confi rmar os óbitos.

CoimbraCascais Lisboa Portimão

Local Ao domingo

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 37

O valor do Metro

a O metropolitano de Lisboa mostra muito do país que somos. É bonito, mas pequeno. Veloz, mas retorcido. Parece da cidade, mas quem manda nele não é a cidade. É também muito nosso na forma como cresceu, como não cresceu, e sem dúvida no eterno debate entre quanto custa e quanto vale. E quem paga.

Serviço público por excelência, demorou a chegar: em 1959, quase 100 anos depois do primeiro (Londres, 1863). Lisboa tinha quase um milhão de habitantes e enormes exigências de mobilidade. Mas lá chegou, primeiro estranhou-se e depois entranhou-se. Tornou-se um símbolo da nossa modernidade. Pequenina. Durante décadas teve apenas uma linha, linha e meia, de Alvalade a Sete Rios passando pelo Rossio, e uma perninha do Marquês a Entre Campos. As estações eram português suave, todas iguais, aquela pedrinha cinzento-verde. O metropolitano era, simplesmente, ‘o metro’, epíteto mais que correcto. Entre 1972 e 1995 abriu em média uma estação em cada 4,6 anos, registo exemplar para a modernidade portuguesa. As suas estratégias eram (e continuam a ser) da total incompreensão do pobre e incauto cidadão, simples utilizador. Não ia ao aeroporto. Não chegava a Santa Apolónia. Não parecia preocupar-se com os crescentes subúrbios. Nem tampouco em construir uma estrutura radial, como outras cidades obviamente fi zeram. E assim se manteve, singelo e discreto, mas muito nosso. Mais de dez anos depois do início da democracia, lá chegava à universidade.

Vem então a Europa, os fundos, o cavaquismo, o guterrismo. E a Expo 98. Alegremente adolescentes, partimos para a valente festa, a Oriente. Uma linha totalmente nova saía agora da Alameda e, dobrando boas esperanças (em Chelas?), chegava à pós-modernidade. As linhas ganhavam nomes de gesta: Oriente, Caravela, Gaivota. A ressaca é grande, mas isso é outra história. O metro, entretanto, procurava ser metropolitano! Dirigindo-se para os ‘subúrbios’: primeiro uma ponta na Pontinha; depois Odivelas e Amadora. O lisboeta lia nos mapas estações chamadas Senhor Roubado e

Opinião

João Seixas

Taxas portuários em causa

Alverca

Navio Armas abandonou a ligação da Madeira por falta de apoio do Governo

Jovens detidos a grafitar um comboio

Tolentino de Nóbrega

a Com palmas e um buzinão, cente-nas de madeirenses despediram-se ontem de manhã do navio Armas que abandona a ligação entre a Madeira e o Continente, a única existente para o transporte regular de passageiros. O protesto contra o governo regional, por não proporcionar ao armador es-panhol condições para continuidade da linha Funchal/Portimão/Canárias, foi seguido com invulgares medidas de segurança.

O representante do armador espa-nhol Naviera Armas, Javier Garcia, afi rmou que a importância deste ser-viço regular “nunca foi reconhecida pelas autoridades” regionais, que têm sido acusadas por associações empre-sariais e pela oposição de protegerem o grupo Sousa, concessionário das operações portuárias do arquipélago

a A CP avalia em 12 mil euros os pre-juízos causados pelas pinturas que um grupo de três jovens terá feito, no passado dia 24, nas carruagens de um comboio que estava estacionado na estação de Alverca.

Alertada por uma chamada telefó-nica, a Polícia de Segurança Pública deslocou-se ao local, conseguindo interceptar dois dos três suspeitos de danifi car as carruagens. De acordo com uma fonte policial foram-lhes apreendidas onze latas de tinta que terão sido utilizadas na execução dos

e da ligação marítima entre a Madeira e o Porto Santo.

Ao fazer o balanço dos custos da operação, o armador espanhol con-cluiu que “não era possível prosseguir com o serviço”. Javier Garcia adian-tou que a sua continuidade dependia de dois factores fundamentais: au-mento das tarifas e diminuição dos custos portuários.

Se, por um lado, houve receptivi-dade de empresas exportadores e im-portadoras para aceitar um aumento das tarifas no transporte de produtos, sobretudo perecíveis, feito a custos inferiores aos praticados por outros armadores para a Madeira, a mesma abertura não surgiu da parte do go-verno regional no sentido de baixar os custos operacionais no porto do Funchal que, garantiu Garcia, “pra-tica as taxas portuárias mais altas dos portos europeus”.

Por exemplo, carregar ou descarre-gar um reboque no porto do Funchal “custa aproximadamente 140 a 150 euros, enquanto nas Canárias custa 50”, referiu Javier Garcia. O represen-tante do armador salientou que, no ano passado, a Naviera Armas pagou um milhão de euros em taxas portu-árias na Madeira.

A secretaria regional do Turismo e Transportes considerou, em comuni-cado, que a pretensão do armador “não tem qualquer razoabilidade” e contraria os compromissos inter-nacionais assumidos para o resgate fi nanceiro de Portugal. “A isenção de taxas portuárias pretendida contra-ria os compromissos assumidos pe-lo governo regional relativamente ao Governo central e à troika, compro-missos esses que estipulam o conge-lamento de todos os benefícios fi scais e impedem a introdução de novos be-nefícios ou o alargamento dos exis-tentes”, justifi cou o executivo.

Milhares de cidadãos que subs-creveram uma petição pública na Internet pela continuidade do úni-co navio de transporte de regular de passageiros, mercadorias e automó-veis, entendem que os madeirenses “sairão muito prejudicados, a todos os níveis, se este deixar de operar”. Vai aumentar o custo de vida, a taxa de desemprego e o isolamento.

A companhia de navegação espa-nhola Naviera Armas iniciou durante o ano de 2006 a linha entre a Madeira, Portimão e as Canárias, colmatando uma lacuna de 23 anos no transporte marítimo regular de passageiros en-tre a região e o continente.

Depois do início da ligações aéreas, aos poucos, desde a década de 70 do séc. XX, os madeirenses assistiram ao progressivo abate dos navios da marinha mercante portuguesa. Entre eles avultavam navios como o Infante Dom Henrique, o Santa Maria, o Vera Cruz, ou o Príncipe Perfeito, da extin-ta Companhia Colonial de Navegação. O Funchal foi o último a assegurar a carreira.O Armas fez a ligação entre Portimão e o Funchal durante seis anos

DR

graffi ti. Os dois jovens, com 15 e 24 anos, foram identifi cados pelos agen-des da PSP e notifi cados para compa-recerem na quarta-feira no Tribunal de Vila Franca de Xira.

Os agentes da Esquadra de Inves-tigação da Divisão de Vila Franca de Xira da PSP apreenderam, também, duas máquinas fotográfi cas digitais, alegadamente usadas pelos jovens pa-ra “documentarem” as pinturas feitos na composição ferroviária.

Um representante da CP apresen-tou, entretanto, queixa contra os três

Alfornelos, antigos poisos saloios agora plenos de urbanidade, e de gente. E conectando-se com os comboios, atingindo enfi m Santa Apolónia e o Cais do Sodré. De aeroporto, ainda nada. Nem de outros locais importantes da cidade, as Amoreiras, Alcântara, a via onde mais lisboetas residem, a estrada de Benfi ca. O metropolitano mantinha-se semi-cosmopolita. Como o país.

Mas com grande arte. Em todo o mundo é difícil encontrar estações mais belas. Talvez as de Moscovo. As de Lisboa são magnífi cas obras de artistas como Maria Keil, Siza Vieira, Vieira da Silva, Júlio Pomar, José de Guimarães. Verdadeiros palácios ao lado (ou por baixo) do frenesim das nossas mundanidades. Palácios contemporâneos, do povo e para o povo, as estações do metro de Lisboa têm tudo para ser dos maiores orgulhos da cidade. Um orgulho caro: cada uma destas magnífi cas estações deve ter custado mais do que três ou quatro estações, decerto feias, de Londres, Madrid ou Paris. Mas assim somos.

Hoje, o belo e semimetropolitano metro tornou-se completamente democrático. Só não vê quem não anda nele. Grande catalisador da vida urbana, gentes de todas as classes e idades – cerca de 500 mil passageiros/dia, e poderia ser muito mais – movimentam-se hoje nas suas belas estações. É um prazer ver o movimento no Marquês, na Baixa-Chiado, em Sete Rios. E este ano, c’os diabos, o metro chegará enfi m ao Aeroporto! Confi rmando assim a ‘opção Portela’. E reconfi rmando, portanto, a nossa condição semicosmopolita.

Uma condição que, para dizer o mínimo, seria bom que houvesse na política. Mas não. A mobilidade pública é altamente defi citária, dizem agora. Muitos milhões de euros de defi cit. Como se não fosse um serviço público. Pela quarta vez num ano, as tarifas irão aumentar para os incautos, até 21%. Até os passes escolares sobem, em enorme insensibilidade social e em total ausência de sinais para a sociedade e seu futuro. Ora, a mobilidade colectiva é um dos maiores bens de uma sociedade. É altamente superavitária. O metropolitano, tal como os autocarros, eléctricos e cacilheiros, tornou-se central para a nossa identidade e futuro, como cidade, como colectivo. Não vejo prejuízo nisto, muito pelo contrário. É para isto que serve o Estado, que servem os impostos. Para dar valor colectivo à sociedade. E o metro tem um enorme valor. É parte de nós. Geógrafo

jovens e avaliou os danos causados pelas pinturas em cerca de 12 mil eu-ros. No passado mês de Outubro, a CP revelou ao PÚBLICO que só nos primeiros oito meses de 2011 gastou cerca de 236 mil euros em trabalhos de limpeza de grafi ti pintados nos seus comboios.

O jovem de 24 anos agora detido pela PSP saiu em liberdade depois de identifi cado e notifi cado para compa-recer em tribunal, enquando que o menor que o acompanhava foi entre-gue à família. Jorge Talixa

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EDITALPE-129/2004 2955/04.7TBALMAlmada - Tribunal Judicial - 3.º JuízoCompetência Cível105.888,52 €Exequente: BANIF - Banco Internacional do Funchal, S.A.Mandatária: Ana Duarte EstevesExecutado: António Manuel Guardado dos Santos Casaca e outrosJosé Castelo Branco, Solicitador de Execução, nos autos acima identifi cados, com escritório na Rua Professor Veiga Ferreira, 5-A, 1600-802 Lisboa, faz saber que foi designado o dia 3 de Fevereiro de 2012, pelas 9h15m, no Tribunal Judicial Almada - 3.º Juízo Competência Cível - para abertura de propostas em carta fechada, que sejam entregues até à hora acima mencionada, na Secretaria deste Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem:BEM A VENDER:Tipo de Bem: ImóvelBem Penhorado em: 05-05-2010Registo da Conservatória: 1146 - descrito na 1.ª CRP de ALMADADescrição do Prédio: Prédio Urbano em regime de propriedade horizontal sito na Praceta Vale do Linhoso, n.º 4 e 4.ª, Cave, 2815-722 Sobreda, fracção A, descrito na CRP de Almada com o n.º 1146 e inscrito com o artigo matricial nº 1675 da freguesia da Sobreda.Bem penhorado a:Executado: Antonio Manuel Guardado dos Santos Casaca e Maria Antónia Guerreiro C. Guardado.Valor-Base de Venda: 50.000,00 eurosValor mínimo das propostas: 35.000,00 eurosÉ Fiel Depositária: A GERENTE DO SOLAR DO CAFÉ - CÁTIA SOFIA CASACA GUARDADOModalidade da Venda: Venda mediante proposta em carta fechada.Consigna-se que as propostas a apresentar deverão especifi car no exterior do envelope a referência ao processo a que se destinam, bem como a indicação ou menção de se tratar de uma proposta para venda e no interior do envelope deverá vir uma fotocópia do Bilhete de Identidade e Contribuinte do Proponente (caso se tratar de pessoa singular) ou de cópia do cartão de pessoa colectiva (no caso de se tratar de empresa), os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do Agente de Execução no mon-tante correspondente a 5% do valor-base dos bens ou garantia bancária no mesmo valor.Nos termos do n.º 5 do artigo 890.º do CPC, não se encontra pendente nenhuma oposição à execução ou à penhora.Para constar, se lavra o presente edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos locais determinados por Lei.

O Agente de Execução - José Castelo-BrancoR. Prof. Veiga Ferreira, 5A, Apartado 42012 - 1600-802 Lisboa

Telf.: 218 480 749 - Fax: 217 579 664 - E-mail: [email protected]ário de atendimento das 18h às 20h (sob marcação prévia)

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

JOSÉ CASTELO-BRANCOSolicitador de Execução

Cédula 3103

PE-901/2010 1337/07.3TCSNTComarca da Grande Lisboa - Noroeste - Sintra - Juízo de Execução - Juiz 139.067,66 €

Exequente: BANCO POPULAR PORTUGAL, S.A.Mandatário: José António Silva e SousaExecutado: LUÍS ALBERTO DA NAZARÉ CORREIAExecutado: Eurocacém - Transportes Lda. e Outros

EDITALCITAÇÃO DE AUSENTE EM PARTE INCERTA

(ART.ºS 248.º E 249.º DO C.P.C.)

OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃONos termos e para os efeitos do disposto no art.º 248.º do Código Pro-cesso Civil (CPC), correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da data da publicação do anúncio citando a ausente ELISA DE FÁTIMA CARREIRA CARVALHO CORREIA com última morada conhecida na Av. MARCH. HUMBERTO DELGADO, LT. 6, 1.º DTO., RIO MAIOR, para no prazo de 20 (vinte) dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar ou deduzir opo-sição à execução supra-referenciada, nos termos do art.º 812.º n.º 6 e 813.º n.º 1 do CPC.O duplicado do requerimento executivo e a cópia dos documentos encontram-se à disposição do citando na Secretaria do Tribunal supra-identifi cado.MEIOS DE OPOSIÇÃONos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C. e tendo em conside-ração o valor do processo, para se opor a execução, (que terá de ser apresentada no Tribunal supra-identifi cado) é obrigatória a constituição de Advogado.COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIACaso não se oponha à execução e/ou à penhora no prazo supra-indica-do e não pague ou caucione a quantia exequenda, seguem-se os termos do art.º 832.º do C.P.C., sendo promovida venda dos bens penhorados necessários para garantir o pagamento da quantia exequenda, acrescido de 10%, nos termos do disposto no n.º 3 do art.º 821.º do C.P.C.PAGAMENTO, DESPESAS E HONORÁRIOSPoderá efectuar o pagamento da quantia exequenda, acrescida de juros e despesas previsíveis nos termos do artigo 821.º do Código Processo Civil, no escritório do signatário em dinheiro ou cheque visado.Este edital foi afi xado no dia 27/01/2012

O Solicitador de Execução - José Castelo-BrancoRua Professor Veiga Ferreira, 5 A, 1600-802 Lisboa.Telf.: 218 480 749 - Fax: 217 579 664 - E-mail: [email protected]

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

JOSÉ CASTELO-BRANCOSolicitador de Execução

Cédula 3103

PE-901/2010 1337/07.3TCSNTComarca da Grande Lisboa - Noroeste - Sintra - Juízo de Execução - Juiz 139.067,66 €

Exequente: BANCO POPULAR PORTU-GAL, S.A.Mandatário: José António Silva e SousaExecutado: LUÍS ALBERTO DA NAZARÉ CORREIAExecutado: Eurocacém - Transportes, Lda. e Outros

ANTÓNIO FERNANDO MARTINS DA COSTAAgradecimento e missa de 7.º dia

A família, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, vem por este meio expressar a sua indelével gratidão a todos quantos estiveram presentes no funeral do seu ente querido ou que de qualquer outro modo lhes manifestaram a sua amizade.

A missa de 7.º dia será celebrada amanhã, segunda-feira, pelas 19.00 horas, na igreja de Cristo-Rei (à Avenida Marechal Gomes da Costa) - Porto.

Fun.ª Condominhas * Casa António Pereira, Ld.ª

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RUI FREITAS RODRIGUES, Presidente do Conselho de

Deontologia do Porto da Ordem dos Advogados Portugueses,

em cumprimento do disposto nos artigos n.ºs 137.º e 169.º do

Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pela Lei 15/2005,

de 26 de janeiro;

Faz saber publicamente que, por Acórdão do Conselho de

Deontologia do Porto de 30 de junho de 2006, confi rmado por

Acórdão da 1.ª Secção do Conselho Superior de 05 de junho de

2009, foi aplicada ao Sr. Dr. Alfredo Manuel de Faria da Cunha

Lima, que profi ssionalmente usa o nome abreviado de Manuel

Cunha Lima, com escritório na comarca do Porto, portador da

cédula profi ssional n.º 2638-P, a pena disciplinar de suspensão

do exercício da advocacia pelo período de 2 (dois) anos, por

violação dos deveres previstos nos artigos 76.º, n.º 1, e 53.º do

Estatuto da Ordem dos Advogados em vigor à prática dos factos

– Lei 80/2001, de 20 de julho.

O cumprimento da presente pena teve o seu início em 12 de

outubro de 2011, dia em que o aludido Acórdão do Conselho de

Deontologia formou caso resolvido na ordem jurídica interna da

Ordem dos Advogados.

Porto, 24 de janeiro de 2012

Rui Freitas Rodrigues, Presidente do Conselho de Deontologia

ORDEM DOS ADVOGADOSCONSELHO DE DEONTOLOGIA DO PORTO

EDITAL

TRIBUNAL JUDICIAL DO BOMBARRAL

Secção ÚnicaProcesso: 367/10.2TBBBR

ANÚNCIOAcção de Processo OrdinárioAutor: Leirinveste - Sociedade de Construção Civil, S.A.Réu: Crisafi l - Mobiliário, Lda. e outro(s)...Nos autos acima identifi cados, cor-rem éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando a:Ré: Crisafi l - Mobiliário, Lda., NIF - 507884000, com sede no Parque Industrial JS, sito no Vale do Leito - 2540 Bombarral, na pessoa do seu Legal Representante Cristiano Alves Filipe, estado civil: Solteiro, nascido em 05-12-1988, nacional de Portugal, NIF - 227006720, BI - 13231001, com última residência conhecida no Vale do Leito - 2540 Bombarral, para, no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a acção, com a cominação de que a falta de contestação importa a con-fi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste em condenar-se as Rés a restituírem a área aproximada 3937 m2 que ilicitamente é ocupado, entregando-lhe livre de pessoas e bens, e ainda, a sua condenação nas custas, procuradoria condigna e demais encargos legais, tudo como melhor consta do duplicado da peti-ção inicial que se encontra nesta Se-cretaria, à disposição do citando.O prazo acima indicado suspende-se, no entanto, nas férias judiciais. Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/ Referência: 609617Bombarral, 24-01-2012

A Juíza de DireitoDr.ª Andreia Valadares Ferra

O Ofi cial de JustiçaJosé Júlio Celas Fernandes

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

ANÚNCIOCitação de Ausente em Parte Incerta (Art.ºs 244.º, 248.º e 249.º do CPC)

Portimão - Tribunal Trabalho - Único JuízoProcesso n.º 57/06.0TTPTM-AEXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTAExequente: Myron CherepushchakExecutado: Aurélio Manuel Ferreira RelvãoValor: 19.999,99Nos autos acima identifi cados correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o executado acima identifi cados, com última residência conhecida na Quinta dos Dragoeiros, 8600-110 Ferrel - Lagos, para no prazo de 20 (vinte) dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar ou deduzir oposição à execução supra-mencionada, nos termos do n.º 1 do art.º 813 e do n.º 6 do art.º 812.º do CPC, sob pena de não o fazendo, seguirem-se os termos do art.º 832.º do CPC, sendo promo-vida a penhora dos bens necessários para garantir o pagamento da quantia exequenda no montante de 19.999,99 € (dezanove mil, novecentos e noventa e nove euros e noventa e nove cênti-mos), acrescida de 10% nos termos do disposto no n.º 3 do art.º 821 do CPC, da taxa de justiça inicial no montante de 24,00€ (vinte e quatro euros) e, honorários e despesas de solicitador, que nesta data ascendem a 1.000,00€ (mil euros), juros calculados nos termos do pedido, sendo ainda responsável por todas as despesas indispensáveis, inerentes à presente execução. Nos termos do disposto no art.º 60.º do CPC e tendo em consideração o valor do processo, para se opor à execução é obrigatória a constituição de advo-gado. Os duplicados do requerimento executivo e cópia dos requerimentos encontram-se à disposição do citando, no escritório da Solicitadora de Execu-ção. Poderá efectuar o pagamento da quantia exequenda e demais despesas, no escritório do signatário em dinheiro ou cheque visado. Após a realização da penhora, o valor de honorários e despe-sas sofrerá um agravamento de acordo com a tabela publicada em anexo à Portaria n.º 708/2003, de 1/8.

A Agente de ExecuçãoLilita Antunes Martins

Largo Alves Roçadas, 1.º Esq.º- Apartado 388 - 8401-904 LagoaTelf.: 282 352 319 - Fax: 282 342 682E.mail [email protected]

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

LILITA ANTUNESMARTINS

Agente de ExecuçãoCédula 2860

Adelaide Maria Baúto, Agente de Execução, com escritório na Av. Dr. Álvaro de Vasconcelos, 8, 3.º C, em Sintra, faz saber que nos autos acima indicados, encontra-se designado o dia 16 de Fevereiro de 2012, pelas 14.00 horas, no Tribunal Judicial da Moita - 2.º Juízo, para abertura de propostas.BEM A VENDER: Fracção autónoma designada pela letra “D”, correspon-dente ao 1.º andar esquerdo, desti-nada a habitação do prédio urbano em regime de Propriedade Horizon-tal, sito na Rua Manuel da Fonseca N.º 9 - 9 A, Urbanização Novo Rumo, freguesia da Moita, descrito na Con-servatória do Registo Predial da Moi-ta sob o n.º 1411 e inscrito na res-pectiva matriz sob o artigo 4938.Valor-base: 70.011,92 euros.Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de 49.008,34

euros, que corresponde a 70% do valor-base, não podendo ser consi-deradas propostas de valor inferior.Nos termos do artigo 897.º n.º 1 do C.P.C., os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, che-que visado à ordem do Agente de Execução, no montante correspon-dente a 5% do valor-base do bem, ou garantia bancária no mesmo valor.O bem pertence à executada Neusa Raquel Roldão Mendes, com resi-dência na Rua Manuel da Fonseca N.º 9 - 1.º Esq.º, freguesia da Moi-ta, fi el depositária do imóvel, que o deve mostrar a pedido de qualquer interessado.

A Agente de ExecuçãoAdelaide Maria Baúto

Av.ª Dr. Álvaro de Vasconcelos, n.º 8 - 3.º C2710-420 Sintra • e.mail: [email protected]. 219233364 - Fax 219105158

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

Adelaide Maria BaútoAgente de Execução

Cédula 1563

N.º do Processo: 1405/09.7TBMTAMoita - Tribunal Judicial - 2.º JuízoExequente: BANCO ESPÍRITO SANTO, SAExecutado(s): NEUSA RAQUEL ROLDÃO MENDES e outrosValor: 81.797,24 €Referência interna: PE/510/2009

ANÚNCIOVenda judicial de Bem Imóvel mediante propostas em Carta Fechada

(Art.º 890.º do C.P.C.)

CÉSAR BELCHIORAgente de Execução

Céd. Prof. 2822

ANÚNCIOCitação de ausente em parte incerta

Comarca da Grande Lisboa-Noroeste - Juízo de Execução de Sintra - Juiz 1 Processo n.º 10788/06.0TMSNTExecução para pagamento de quantia certaValor: 4.916,52 €Exequente: Banco Espírito Santo S.A.Executado: Gordalinas & Ferreiras, Lda e outroOBJECTO E FUNDAMENTO DA CI-TAÇÃONos termos e para os efeitos do disposto no art.º 248.º e ss. do Código de Proces-so Civil correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o ausente Joaquim Pires Barreiro, na qualidade de representante legal da executada Jodi-sonho - Administração de Propriedades, Lda., com última morada conhecida na Praceta D. Mécia, n.º 13 - 5.º esq.º, 2605-247 Belas, para no prazo de 20 (vinte) dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar ou deduzir oposição à execução supra-referenciada, nos termos art.º 812.º n.º 6 do Código de Processo Civil.Os duplicados do requerimento executivo e cópia dos documentos anexos encon-tram-se à disposição do citando na secre-taria do Tribunal de Comarca da Grande Lisboa-Noroeste - Juízo de Execução de Sintra - Juiz 1.MEIOS DE OPOSIÇÃONos termos do disposto no art.º 60 do CPC, é obrigatória a constituição de Ad-vogado quando o valor da execução seja superior à alçada do tribunal de primeira instância.COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIACaso não se oponha à execução conside-ram-se confessados os factos constantes do requerimento executivo, seguindo-se os ulteriores termos do processo.PAGAMENTO, DESPESAS E HONO-RÁRIOSPoderá efectuar o pagamento da quantia exequenda no escritório do signatário (dias e horas constantes do rodapé) em dinheiro ou cheque visado.À quantia exequenda acrescem as des-pesas previsíveis da execução (n.º 3 do artigo 821.º do CPC), além dos juros calculados nos termos do pedido, a taxa de justiça e os honorários e despesas do Agente de Execução.Após a realização da penhora o valor dos honorários e despesas sofrerá agra-vamento, de acordo com a tabela publi-cada em anexo à Portaria n.º 708/2003, de 04/08.

O Agente de Execução - César Belchior

Av. do Brasil, 192 B - Escritório 1 - 1700-078 LisboaTel: 214 923 039 - Fax: 214 934 222E-mail: [email protected]ário de atendimento: Dias úteis das 10h30 às 12h30

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

CÉSAR BELCHIORAgente de Execução

Céd. Prof. 2822

ANÚNCIOCitação de ausente em parte incerta

Comarca da Grande Lisboa-Noroeste - Juízo de Execução de Sintra - Juiz 1 Processo n.º 2546/08.3TMSNTExecução para pagamento de quantia certaValor: 14.506,26 €Exequente: Banco Espírito Santo S.A.Executado: Jodisonho - Administração de Propriedades, Lda e outroOBJECTO E FUNDAMENTO DA CI-TAÇÃONos termos e para os efeitos do disposto no art.º 248.º e ss. do Código de Proces-so Civil correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o ausente Joaquim Pires Barreiro, na qualidade de representante legal da executada Jodi-sonho - Administração de Propriedades, Lda., com última morada conhecida na Praceta D. Mécia n.º 13 - 5.º esq.º, 2605-247 Belas, para no prazo de 20 (vinte) dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar ou deduzir oposição à execução supra-referenciada, nos termos do art.º 812.º n.º 6 do Código de Processo Civil.Os duplicados do requerimento executivo e cópia dos documentos anexos encon-tram-se à disposição do citando na secre-taria do Tribunal de Comarca da Grande Lisboa-Noroeste - Juízo de Execução de Sintra - Juiz 1.MEIOS DE OPOSIÇÃONos termos do disposto no art.º 60 do CPC, é obrigatória a constituição de Ad-vogado quando o valor da execução seja superior à alçada do tribunal de primeira instância.COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIACaso não se oponha à execução conside-ram-se confessados os factos constantes do requerimento executivo, seguindo-se os ulteriores termos do processo.PAGAMENTO, DESPESAS E HONO-RÁRIOSPoderá efectuar o pagamento da quantia exequenda no escritório do signatário (dias e horas constantes do rodapé) em dinheiro ou cheque visado.A quantia exequenda acrescem as des-pesas previsíveis da execução (n.º 3 do artigo 821.º do CPC), além dos juros calculados nos termos do pedido, a taxa de justiça e os honorários e despesas do Agente de Execução.Após a realização da penhora o valor dos honorários e despesas sofrerá agra-vamento, de acordo com a tabela publi-cada em anexo à Portaria n.º 708/2003, de 04/08.

O Agente de Execução - César Belchior

Av. do Brasil, 192 B - Escritório 1 - 1700-078 LisboaTel: 214 923 039 - Fax: 214 934 222E-mail: [email protected]ário de atendimento: Dias úteis das 10h30 às 12h30

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

Tribunal Judicial de Alenquer Processo: 1389/05.0TBALQ - 2.º JuízoExecução Comum - Pagamento de quantia certa Exequente: Banif - Banco Internacional do Funchal, S.A.Executado: Alfredo Eduardo Teixeira de Carvalho e Deolinda Mo-reira Rocha CarvalhoFAZ-SE SABER que nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 23 de Fevereiro de 2012 pelas 9.30 horas, no Tribunal Judicial de Alenquer, para a abertura de propostas, que sejam entregues até esse momento, na secretaria do tribunal, pe-los interessados na compra do seguinte bem:Fracção autónoma designada pela letra “D”, correspondente ao PRIMEIRO ANDAR ESQUERDO para habitação do prédio em regime de propriedade horizontal sito na Rua Vasco da Gama, Lote 113, Urbanização da Barrada, na freguesia do Carregado e concelho de Alenquer, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 883.º daquela freguesia e descrito na Conservatória do Registo Predial de Alenquer sob o número 0079/Carregado.Valor-base: 98.000,00 € (noventa e oito mil euros).Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de 68.600,00 € (sessenta e oito mil e seiscentos euros), correspon-dente a 70% do valor-base.É fi el depositário, que o deve mostrar a pedido, os executados Alfredo Eduardo Teixeira de Carvalho e Deolinda Moreira Rocha Carvalho.

Arruda dos Vinhos, 24 de Janeiro de 2012A Agente de Execução - Ana Rucha

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

ANÚNCIO

ANA MARIA SILVA RUCHAAgente de Execução

Cédula 2769

COMARCA DA GRANDE LISBOA-NOROESTE

Sintra - Juízo Grande Inst. Cível 2.ª Secção - Juiz 4

Processo n.º 1299/08.0TCSNT

ANÚNCIODivisão de Coisa ComumRequerente: João Alexandre Monteiro ParreiraRequerida: Ana Cláudia Freire de Andrade MansoNos autos acima identifi cados foi designa-do o dia 14-02-2012, pelas 10.00 horas, neste Tribunal, para a abertura de propos-tas, que sejam entregues até esse momen-to, na Secretaria deste Tribunal, pelos inte-ressados na compra do seguinte bem:Fracção autónoma sita na R. de S. José Brandão de Almeida, 8, 8 A e 8 B, 4.º andar direito, Mem Martins, na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Sintra sob o n.º 1925 L, da freguesia de Algueirão - Mem Martins e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 7976 da mesma freguesia.Valor-base: € 80.000,00.Valor a anunciar para venda (70% do valor-base): € 56.000,00.Requerente: João Alexandre Monteiro Parreira, residente na Estrada de Mem Martins n.º 104 - Cave Dt.ª - 2725-216 Mem Martins.Requerida: Ana Cláudia Freire de Andrade Manso residente na Praceta Alves Redol, n.º 10, 2.º Dt.º - 2725-216 Mem Martins.Credora Reclamante: Caixa Geral de De-pósitos S.A.Nota: No caso de venda mediante proposta em carta fechada, os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem da secretaria, no montante correspondente a 20% do valor-base dos bens ou garantia bancária no mesmo valor (n.º 1 ao art.º 897.º do CPC).N/Referência: 15200871Sintra, 25-01-2012

A Juíza de DireitoDr.ª Laurinda GemasA Ofi cial de Justiça

Maria João André Morgado

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

DIVERSOS

MARIA LEONOR COSMEAgente de Execução

Cédula 1389

EDITALCITAÇÃO DE AUSENTE

EM PARTE INCERTA(Artigos 244.º e 248.º do CPC)

A CITAR: Carla de La Salete Fonseca Rodri-gues AlvesTribunal da Comarca da Grande Lisboa - Noro-este - Sintra - Juiz 1Processo n.º 6370/08.5TMSNTPagamento de Quantia CertaValor: 414,00 €Exequente: Administração do Prédio sito na Rua Cidade de Faro, n.º 9, em AlgueirãoExecutada: CARLA DE LA SALETE FONSECA RODRIGUES ALVES, com última morada co-nhecida na Rua Cidade de Faro, n.º 9, 1.º A, Algueirão, freguesia de Algueirão - Mem Mar-tins, Concelho de Sintra.OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃO:Nos termos e para os efeitos do artigo 248.º e seguintes do Código do Processo Civil (CPC), correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da data da segunda e última publicação do anún-cio, citando a executada CARLA DE LA SALETE FONSECA RODRIGUES ALVES, com última morada conhecida na Rua Cidade de Faro, n.º 9, 1.º A, Algueirão, freguesia de Algueirão - Mem Martins, Concelho de Sintra, para no pra-zo de 20 (vinte) dias, decorrido que seja o dos éditos, para pagar ou para se opor à execução e, o mesmo prazo à penhora, nos termos do n.º 1 e 2 do artigo 813.º e 864.º do C.P.C. (o dupli-cado do requerimento executivo e a cópia dos documentos e do auto de penhora encontra-se à disposição do citando na secretaria do Tribu-nal acima referido).Mais fi ca informado que no prazo da oposição e sob pena de condenação como litigante de má-fé, nos termos gerais, deve indicar os di-reitos, ónus e encargos não registáveis que recaiam sobre a(s) penhora(s) ou a substituição da penhora por caução, nas condições dos termos da alíneas a) do n.º 3 do n.º 5 do artigo 834.º do C.P.C.MEIOS DE OPOSIÇÃO:Nos termos do disposto do artigo 60.º do C.P.C. e tendo em consideração o valor do pro-cesso, para se opor à execução e/ou à penhora é obrigatória a constituição de Advogado.COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA:Caso não se oponha à execução consideram-se confessados os factos constantes no reque-rimento executivo, seguindo-se os anteriores termos do processo.PAGAMENTO, DESPESAS E HONORÁRIOS:Poderá efectuar o pagamento da quantia exe-quenda, acrescida de juros e despesas previ-síveis nos termos do artigo 821.º do C.P.C., no escritório do signatário (dias e horas constantes do rodapé) em dinheiro ou cheque visado. Após a realização da penhora o valor dos honorários do Agente de Execução sofrerá agravamento, de acordo com a tabela publicada em anexo à Portaria n.º 708/2003 de 04/08.Este Edital encontra-se afi xado na porta do últi-mo domicílio conhecido do citando, na Junta de Freguesia respectiva e no Tribunal Judicial da Comarca da última residência do citando. São também publicados dois anúncios consecuti-vos no jornal “Público”. Os prazos começam a contar-se da publicação do último anúncio.

A Agente de ExecuçãoMaria Leonor Cosme

Rua José Bento Costa n.º 9, R/C Dt.º - Portela de Sintra - 2710-428 SintraTelef. 219106820 - Fax 219106829e.mail: [email protected]ário de atendimento: Todos os dias úteis das 15.00h às 17.00hPúblico, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

DF de Faro

Serviço de Finançasde Faro-1058

Largo Dr. Francisco Sá Carneiro - Mercado Municipal de Faro - Piso 1, 8000-151 Faro

ÉDITOS DE 30 DIAS, ANÚNCIO PARA VENDA JUDICIAL POR MEIO DE LEILÃO

ELECTRÓNICO E CITAÇÃO DE CREDORESProcesso de Execução Fiscal n.º 1058200901108921

e ApensosLUÍS ALBERTO DIAS OSÓRIO, Chefe do Serviço de Finanças de FARO.Faz público que por este Serviço de Finanças correm éditos de trinta dias, citando o execu-tado, Rassol - Indústria e Comércio Agrícolas, Lda., NIF 501 627 901, que teve a sua sede na Rua General Teófi lo Trindade, 41 - FARO e actualmente com morada desconhecida, executado no Processo de Execução Fiscal n.º 1058200901108921 e Apensos, deste Serviço de Finanças, por dívida de IVA e IMI, dos anos 2008 e 2009, no montante de € 5.095,08 (cinco mil e noventa e cinco euros e oito cêntimos), ao qual acrescem os juros de mora e custas a contar nos termos da Lei, para no prazo de 30 (trinta) dias, imediatamente após os trinta dias do presente édito, e contados a partir da última publicação, pagar na Secção de Cobrança deste Serviço de Finanças, mediante guias a solicitar neste Serviço de Finanças, a dívida aci-ma mencionada. Mais fi ca citado que, para garantir o pagamento da dívida em questão, foi penhorado ao executado “Rassol - Indústria e Comércio Agrícolas, Lda.”, acima identifi cado, o bem que se identifi ca em seguida e que se não pagar a referida dívida dentro daquele prazo ou deduzir oposição, procederá este Serviço de Finanças à sua venda judicial por meio de “Leilão Electrónico”, nos termos do artigo 248.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, para o que já se encontra designado o dia 11 de Maio de 2012, pelas 10.00 horas, neste Serviço de Finanças. Venda n.º 1058.2012.18.

BEM PENHORADOPrédio urbano, Afectação (armazéns e actividade industrial), composto por: R/C e 1.º andar destinado a silos de matérias-primas, armazém e escritórios. Ao nível do R/C: composto de 1 divisão provisoriamente utilizada a ofi cina, 1 divisão para matérias-primas, 5 silos para maté-rias-primas. Ao nível do 1.º andar: composto de instalações para escritório compreendendo 6 divisões e 2 sanitários, armazém de matérias-primas, em 4 patamares sobre os silos e casa de báscula. Sito em Chiqueda, Aljubarrota (Prazeres), inscrito na respectiva matriz predial da freguesia de Aljubarrota (Prazeres), Concelho de Alcobaça, sob o art.º 1431 e descrito na Conservatória do Registo Predial de Alcobaça sob o registo 18/19850118.O valor-base a anunciar para a venda é de € 109.354,00 (cento e nove mil trezentos e cin-quenta e quatro euros) de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 250.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, que corresponde a 70% do valor fi xado nos termos do n.º 1 do mesmo artigo.É fi el depositário do mencionado bem “Rassol - Indústria e Comércio Agrícolas, Lda”.São, assim, convidadas todas as pessoas interessadas a apresentarem as suas propostas via internet, mediante acesso ao “Portal das Finanças”, e autenticação enquanto utilizador registado, em www.portaldasfi nancas.gov.pt na opção “Venda de bens penhorados”, ou se-guindo consecutivamente as opções “Cidadãos”, “Outros Serviços”, “Venda Electrónica de Bens” e “Leilão Electrónico”. A licitação a apresentar deve ser de valor igual ou superior ao valor-base da venda e superior a qualquer das licitações anteriormente apresentadas para essa venda.O prazo para licitação tem início no dia 2012-04-26, pelas 10.00 horas, e termina no dia 2012-05-11 às 10.00 horas. As propostas, uma vez submetidas não podem ser retiradas, salvo disposição legal em contrário.No dia e hora designados para o termo do leilão, o Chefe de Finanças decide sobre a adjudi-cação do bem (artigo 6.º da Portaria n.º 219/2011).A totalidade do preço deverá ser depositada, à ordem do órgão de execução fi scal, no prazo de 15 dias, a contar da decisão de adjudicação, mediante guia a solicitar junto do órgão de execução fi scal, sob pena das sanções previstas legalmente (256.º /1/e) CPPT).No caso de montante superior a 500 unidades de conta, e mediante requerimento fundamen-tado, entregue no prazo máximo de 5 dias, a contar da decisão de adjudicação, poderá ser autorizado o depósito, no prazo mencionado no parágrafo anterior, de apenas uma parte do preço, não inferior a um terço, e o restante no prazo máximo de 8 meses (256.º/1/f) CPPT).O(a) adquirente do bem fi ca sujeito(a) ao pagamento do Imposto Municipal sobre Trans-missões Onerosas de Imóveis, à taxa prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 17.º do C.I.M.T., caso não benefi cie de isenção da mesma; e ao Imposto do Selo, à taxa de 0,8%, pela aquisição - verba 1, da Tabela Geral do Imposto do Selo, nos termos do n.º 1 do art.º 1.º do Código do Imposto do Selo, aprovado pela Lei n.º 150/99, de 11 de Setembro.Ficam por este meio citados, de harmonia com o disposto no n.º 2 do artigo 239.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, quaisquer credores desconhecidos que gozem de garantia real sobre o bem penhorado, bem como os sucessores dos credores preferentes, para reclamarem os seus créditos no prazo de 15 (quinze) dias, fi ndos os 20 (vinte) dias a contar da 2.ª publicação do presente anúncio.E, para constar, se passou o presente Edital - Anúncio e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares indicados por Lei.Serviço de Finanças de Faro, 26 de Janeiro de 2012

O Chefe de Finanças - Luís Alberto Dias OsórioPúblico, 29/01/2012 - 2.ª Pub.

A ALZHEIMER PORTUGAL é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sendo a única organização em Portugal constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores.A ALZHEIMER PORTUGAL apoia as Pessoas com Demência e as suas Famílias através de uma equipa multidisciplinar de profi ssionais, com experiência na doença de Alzheimer.Os serviços prestados pela ALZHEIMER PORTUGAL incluem Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e infor-mais, Apoio Domiciliário, Centros de Dia, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas de Especialidade.

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Delegação da Região Autónoma da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E - 9000-135 FUNCHAL- Tel. e Fax: 291 772 021 - E-mail: [email protected]

Núcleo do Ribatejo: Rua Dom Gonçalo da Silveira, n.º 31-A - 2080-114 Almeirim - Tel.: 243 000 087 - E-mail: [email protected]úcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha - 3810 Aveiro - Tel.: 234 940 480 - E-mail: [email protected]

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 41

Desporto

Os “encarnados” sofreram para vencer no renovado estádio do Feirense. Uma vitória feliz que permite manter a equipa da Luz na liderança da Liga

Varela, do Feirense, marcou dois golos e fez um penáltiMIGUEL VIDAL/REUTERS

A infelicidade de Varelafoi a sorte do Benfi ca

Manuel Mendes

Crónica de jogo

a Há jogadores que têm exibições positivas, mas acabam por cometer um ou outro erro que deitam por terra o trabalho da equipa. Foi o caso, ontem, de Varela. O central abriu o marcador da sua equipa, mas depois fez um autogolo e uma grande penalidade que permitiram a vitória do Benfi ca frente a um Feirense que mostrou ser uma equipa com bons jogadores e lutou até ao último minuto. E ainda se pode queixar do árbitro lhe ter anulado mal um golo.

No relvado mais curto da Liga, Jorge Jesus apostou num “onze” vocacionado para jogar pelo centro do terreno, voltando a manter a tradição de não repetir a mesma equipa. E o Benfi ca sentiu muitas difi culdades para coordenar o seu jogo e para fazer as devidas ligações entre a defesa e o ataque.

Numa espécie de colete de forças, os “encarnados” viram o

adversário jogar sempre de forma desinibida e tirar partido também da boa exibição de jogadores com velocidade, como são os casos de Ludovic, Diogo Cunha e das movimentações de Buval. A isto somou a capacidade física dos dois centrais Varela e Luciano que tanto se mostraram seguros a defender como a subir nos lances de bola parada.

O técnico do Benfi ca teve mesmo de retocar a sua estratégia a partir da meia-hora. Encostou Witsel à direita, Javi García fi cou como único pivot e Aimar passou a recuar mais para recuperar jogo, oferecendo outra liberdade a Rodrigo. O espanhol passou fi nalmente a mostrar verdadeiros sinais de perigo, respondendo a lances que tinham preocupado Artur. Primeiro, aos 4’, com Luciano a cabecear por cima depois de um livre de Hélder Castro. E, aos 13’, quando Diogo Cunha fugiu a Javi García e enviou a bola à barra.

Mas a partir daquele momento tudo se alterou. Passou a ver-se mais do Benfi ca, que até esse

momento só tinha mostrado um momento mágico de Aimar, aos 16’, que deixou Rodrigo na cara de Paulo Lopes que realizou uma grande defesa. Foi a primeira do guarda-redes de 33 anos formado no Benfi ca. Cardozo teve também um momento notável quando Witsel arrancou um cruzamento para um cabeceamento espectacular de Rodrigo, o melhor jogador dos

homens da Luz.Na segunda parte, o Benfi ca

entrou novamente adormecido. Logo no primeiro minuto só um disparate enorme do árbitro da partida evitou o pior para os homens de Jesus. Rui Costa assinalou um fora de jogo inexistente a Ludovic que tinha acabado de bater Artur. Mas, aos 49’, Varela teve uma entrada fulgurante, depois de um canto de Hélder Castro. Artur nada podia fazer. O defesa central acabou também por dar uma ajuda ao Benfi ca, aos 53’, quando desviou de cabeça para o fundo da sua própria baliza um lançamento de Maxi Pereira. Sem fazer muito por isso o líder da Liga chegou ao empate.

Mas o protagonismo de Varela aumentaria aos 70’, quando permitiu que Rodrigo chegasse primeiro à bola e cometeu um penálti que Cardozo converteu, passando a somar seis jogos seguidos a marcar. Estava consumada a reviravolta do marcador e garantida mais uma semana de liderança isolada na Liga.

Positivo|Negativo

Thiago Freitas O médio anulou por completo Aimar e lançou os ataques

da sua equipa. Foi um dos responsáveis pelas dificuldades do Benfica.

Paulo LopesTeve um punhado de defesas de grande qualidade e evitou

lances de golo.

RodrigoFoi uma das poucas agradáveis exibições do

Benfica. Deu velocidade ao jogo, movimentou-se bem e esteve nas jogadas mais perigosas da equipa.

Bruno César Passou ao lado do jogo.Encostado à linha foi um

elemento a menos. Saiu na segunda parte, mas deveria ter sido substituído mais cedo.

Aimar e EmersonO primeiro nunca se libertou da marcação de Thiago

Freitas e mal se viu. Não deu criatividade, nem capacidade ofensiva à equipa. Emerson defendeu mal e nunca deu apoio ofensivo ao seu flanco.

“Somos uma boa equipa”Quim Machado

“Enfrentámos um adversário difícil. Sabíamos que jogando em casa tínhamos

as nossas possibilidades. Não conseguimos chegar à igualdade, mas demonstrámos que somos uma boa equipa, com bons jogadores, e que independentemente do adversário podemos conquistar mais pontos.”

“Criámos muitas oportunidades”Jorge Jesus

“O facto de o campo do Feirense não ter as dimensões máximas

não serve de desculpa. Foi um adversário que se bateu muito bem e complicou ao máximo. Mas fazendo uma análise fria do jogo, só o Rodrigo teve três oportunidades claras de golo. Criámos muitas oportunidades mas não as concretizámos, o que não acontece normalmente. Sofremos um golo que nos obrigou a lançar jogadores mais criativos que poderiam fazer a diferença. Na última meia hora tivemos várias oportunidades para matar o jogo. Os campeões fazem-se também com sofrimento.”

Reacções

Feirense 1Benfica 2Jogo no Estádio Marcolino da Costa, em Santa Maria da Feira. Assistência Cerca de 5.000 espectadores.

Feirense Paulo Lopes, Luciano, Pedro Queirós, Mika (André Fontes, 86’), Fernando Varela, Stopira, Diogo Cunha, Ludovic, Thiago (Miguel Pedro, 77’), Hélder Castro (Cris, 65’) e Bastien. Treinador Quim Machado.

Benfica Artur Moraes, Emerson, Luisão, Maxi Pereira, Garay, Javi García, Bruno César (Gaitán, 61’), Aimar (Nolito, 60’), Witsel, Cardozo (Matic, 90’+1’) e Rodrigo. Treinador Jorge Jesus.

Árbitro Rui Costa, do Porto. Amarelos Thiago (6’), Javi García (36’), Artur Moraes (57’), Fernando Varela (72’), Ludovic (72’) e Maxi Pereira (82’).

Golos 1-0, por Fernando Varela, aos 50’; 1-1, por Fernando Varela (p.b.), aos 54’; 1-2, por Cardozo (g.p.), 73’.

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42 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Desporto Futebol

Manuel Mendes

O FC Porto visita hoje

Barcelos, onde o Benfica já

empatou. O técnico portista

quer um FC Porto adulto

e Paulo Alves pede a sorte

que lhe faltou na Luz

a O treinador do Gil Vicente não tem dúvidas de que hoje terá pela frente uma equipa muito forte. Paulo Alves disse ontem que os seus jogadores têm de estar num “dia excelente” para conquistar pontos na recepção ao FC Porto, tal como aconteceu no empate frente ao Benfi ca na abertura da Liga.

“Para conquistar pontos temos de estar num dia excelente, ao nosso me-lhor nível e ter uma pontinha de sorte.

Não a tivemos a semana passada, na Luz, mas espero que agora ela nos pos-sa sorrir”, afi rmou ontem Paulo Alves, em conferência de imprensa, referin-do que os dois primeiros classifi cados do campeonato “são adversários se-melhantes na sua dimensão, embora o Benfi ca, neste momento, esteja um pouco acima em termos exibicionais”. O técnico dos gilistas reconheceu, con-tudo, que “o FC Porto está num perío-do de crescimento, após uma fase em que não foi tão consistente”.

Paulo Alves disse ainda ter fi cado satisfeito com a prestação da sua equi-pa na última jornada no Estádio da Luz, salientando que a vitória só não ocorreu por manifesta falta de sorte e pela grande exibição do guarda-redes adversário. “Espero que a equipa per-ceba o porquê dessa exibição, possa agarrá-la e materializá-la neste e nos jogos seguintes. Mas, se possível, com

Paulo Alves diz que o Benfica está melhordo que um FC Porto que está em crescimento

a conquista de pontos, que nesta fase são muito importantes”, frisou.

O treinador do FC Porto também elogiou o adversário de hoje e falou numa deslocação complicada. Au-sentes da equipa portista estarão Guarín, Alex Sandro, Hulk, Sapuna-ru, Emídio Rafael e Djalma, mas Vítor Pereira mantém a fasquia alta: “Quero um FC Porto consistente, rigoroso, a fazer um jogo sério e de qualidade, para nos exibirmos ao nível dos últi-mos jogos.”

Longe das quatro linhas, os portis-tas continuam a movimentar-se no mercado de transferências. Depois de terem visto Fucile sair para o San-tos, o presidente do clube brasileiro confi rmou ontem que os “dragões” apresentaram uma proposta de 8 milhões de euros pelo médio Ganso. Uma oferta considerada “cómica” por Luís Ribeiro. Árbitro: Bruno Paixão (Setúbal)

FC Porto 4-3-3

Estádio Cidade de Barcelos 19h15 SP-TV1

Daniel

Adriano

RodrigoGalo

AndréCunha

Hugo Vieira

Luís ManuelPedro

Richard

Cláudio HalissonJunior

Caiçara

Helton

Rolando Otamendi

Defour João Moutinho

Souza

Kléber

MaiconÁlvaroPereira

Varela James

Gil Vicente 4-2-3-1

Árbitro: Duarte Gomes (Lisboa)

Beira-Mar 4-3-3

Est. José Alvalade, Lisboa 17h SP-TV1

JoãoPereira

Rui Patrício

Jeffren

Renato Neto

Ribas

EliasMatías

Capel

Onyewu Polga Insúa

Jonas

YohanTavares

Hugo

Nildo Artur

Nuno Coelho

Douglas

PedroMoreira

Joãozinho

Serginho Zhang

Sporting 4-3-3

“O que dá jeito à equipa é ganhar”, afirma Domingos

Tiago Pimentel

a O início de 2012 está a revelar-se muito duro para o Sporting. Os “le-ões” ainda não ganharam qualquer jogo (cinco empates e uma derrota), e na classifi cação da Liga perderam o terceiro lugar para o Sporting de Braga. Por isso, o treinador Domin-gos Paciência sublinhou que uma vi-tória frente ao Beira-Mar, hoje, “será importante para tirar a ansiedade e dar confi ança à equipa”.

Os três jogos do campeonato que o Sporting disputou em 2012 saldaram-se por dois empates e uma derrota, tendo os “leões” marcado apenas um golo. “Queremos acabar com esta sé-rie de empates e resultados negativos. Empatar é negativo para nós. Temos consciência que teremos de fazer mui-to mais para ganhar amanhã [hoje]”, apontou Domingos, acrescentando

“O plantel está fechado, não vamos buscar mais jogador nenhum, temos jogadores sufi cientes para os objecti-vos do clube.”

Apesar dos indícios, o treinador do Beira-Mar, Rui Bento, não acredita que o adversário desta tarde esteja debili-tado. “Pensar que o Sporting vai estar fragilizado, é pensar mal”, avisou o técnico, que na primeira volta do cam-peonato, em Aveiro, travou os “leões” (0-0). “Quem for mais competente é que vai fi car com os pontos. Espera-mos um adversário forte e não que-remos ser apanhados de surpresa”, acrescentou Rui Bento.

Os aveirenses vêm de três derrotas consecutivas, mas o objectivo para o encontro desta tarde, em Alvalade, passa por pontuar: “Cada jogo tem a sua história e tudo pode acontecer. Se não conseguirmos ganhar, o empate seria bom resultado.” com Lusa

que a abordagem ao jogo “terá de ser vigorosa e de grande concentração”.

“Estivemos no oito, fomos para o 80, e agora não estamos no oito, mas também não estamos no equilíbrio”, resumiu o técnico sobre a época dos “leões”.

Depois de cumprir castigo, Elias está de volta às opções de Domingos. Pelo contrário, o técnico não pode contar com o lesionado Schaars, nem com Izmailov e Rinaudo, que já se treinam mas ainda não têm ritmo. Bojinov, sus-penso pelo clube, também fi cou de fora da convocatória.

“Têm acontecido várias lesões e a maior parte, tirando uma, foram todas em jogo. Temos consciência do que são os problemas. O trabalho está a ser feito no sentido de que não haja tantas lesões”, admitiu Domingos, que recusou a hipótese de chegar mais al-gum jogador no mercado de Inverno:

Rio Ave e Académica sem poder de fogoa Rio Ave e Académica de Coimbra não conseguiram ontem mais que o empate a zero, em partida da 17.ª jornada da Liga, um resultado que castiga a falta de efi cácia das duas equipas. Numa partida que, prati-camente, só ganhou emoção nos instantes fi nais, os dois conjuntos mostraram muita displicência na fi -nalização, acabando por justifi car a divisão de pontos.

Com este desfecho, o Rio Ave não conseguiu descolar da parte inferior da tabela, passando a somar 15 pon-tos no 13.ª lugar, enquanto a Aca-démica, que cumpriu o seu quinto jogo consecutivo na Liga sem ganhar, manteve o sétimo posto, agora com

20 pontos.Pouco futebol se viu na primeira

parte, com as duas equipas a embru-lharem-se em inconsequentes bata-lhas no meio-campo, em que a maior pressão dos visitantes e os contra-ataques dos vila-condenses raramen-te criavam perigo nas áreas.

Na “Briosa”, Éder mostrava-se o mais esforçado, esboçando um par de remates para defesa de Huander-son, enquanto do lado do Rio Ave, João Tomás desperdiçava a melhor oportunidade quando, isolado, per-mitiu a defesa de Peiser.

O segundo tempo espelhou, nova-mente, duas equipas com difi culda-des em penetrar nas áreas. Diogo Va-

lente rubricou a excepção, quando surgiu isolado frente a Huanderson, mas rematou por cima.

A emoção que faltou até então acabou por surgir nos últimos dez minutos, altura em que a Académica fi cou reduzida a dez elementos, com expulsão de Flávio, depois de travar João Tomás quando este seguia para a baliza em posição privilegiada.

Nesta fase, o Rio Ave cresceu, ope-rou o “assalto fi nal” à baliza da for-mação de Coimbra, mas confi rmou-se que a noite não era de inspiração para os atacantes, com Mendes, Kel-vin e João Tomás a desperdiçarem as oportunidades criadas e a confi rmar nulo fi nal.

Rio Ave 0Académica 0

Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde. Assistência Cerca de 2500 espectadores.

Rio Ave Huanderson, Jean Sony, Gaspar, Éder, Tiago Pinto, Wires, Vítor Gomes, Braga (Kelvin, 63’), Christian (Mendes, 71’), João Tomás e Yazalde. Treinador Carlos Brito.

Académica Peiser, Cedric, Ferreira, Abdoulaye, Hélder Cabral, Diogo Melo, Adrien Silva (Danilo, 58’), Hugo Morais, Marinho (David Simão, 72’), Éder (Fábio Luís, 64’) e Diogo Valente. Treinador Pedro Emanuel.

Árbitro André Gralha, de Santarém. Amarelos Hugo Morais (36’), Yazalde (55’), Hélder Cabral (67’), Abdoulaye (82’), David Simão (86’), Cedric (90’+3’). Vermelho directo Flávio (80’).

J V E D M-S PBenfica 17 14 3 0 43-14 45FC Porto 16 12 4 0 37-9 40Sp. Braga 16 10 4 2 30-15 34Sporting 16 8 5 3 27-14 29Marítimo 16 8 5 3 23-19 29V. Guimarães 17 7 2 8 23-19 23Académica 17 5 5 7 18-20 20Nacional 17 5 4 8 16-27 19Olhanense 16 4 6 6 17-20 18Beira-Mar 16 4 4 8 14-14 16Gil Vicente 16 3 7 6 14-26 16Rio Ave 17 4 3 10 14-23 15Feirense 17 3 6 8 12-24 15U. Leiria 16 4 2 10 16-29 14V. Setúbal 16 3 5 8 12-26 14P. Ferreira 16 3 3 10 16-33 12

I LigaJornada 17V. Guimarães-Nacional 1-0Rio Ave-Académica 0-0Feirense-Benfica 1-2U. Leiria-P. Ferreira hoje, 16hV. Setúbal-Olhanense hoje, 16hSporting-Beira-Mar hoje, 17h, SP-TV1Gil Vicente-FC Porto hoje, 19h15, SP-TV1Marítimo-Sp. Braga amanhã, 20h15, SP-TV1

Classificações

Próxima jornada P. Ferreira-Feirense, Benfica-Nacional, Marítimo-Sporting, Olhanense-Rio Ave, Sp. Braga-V. Setúbal, FC Porto-U. Leiria, Académica-Gil Vicente e Beira-Mar-V. Guimarães.

Marcadores

I Liga

13 golos Cardozo (Benfica)10 golos Baba (Marítimo)9 golos Lima (Sp. Braga) e Edgar (V. Guimarães)8 golos Nolito (Benfica) e James Rodríguez (FC Porto) 7 golos Hulk (FC Porto) e Wolfswinkel (Sporting)6 golos Rodrigo (Benfica), Kléber (FC Porto) e Melgarejo (P. Ferreira)

II Liga9 golos Licá (Estoril) e Bock (Freamunde)8 golos Pires (Desp. Aves), Adriano (Oliveirense) e Manoel (Penafiel)7 golos Joeano (Arouca)6 golos Tiago Caeiro (Atlético) e Fábio Espinho (Moreirense)

J V E D M-S PEstoril 17 10 5 2 24-9 35Moreirense 16 9 3 4 27-18 30Desp. Aves 16 7 6 3 23-16 27Atlético 17 7 5 5 18-20 26Leixões 16 7 3 6 21-19 24Naval 16 6 6 4 18-16 24Penafiel 16 6 5 5 21-19 23Arouca 16 4 8 4 16-17 20Oliveirense 16 5 5 6 20-23 20Santa Clara 16 5 4 7 17-20 19Sp. Covilhã 16 5 4 7 9-13 19Freamunde 16 4 6 6 20-19 18Belenenses 16 4 6 6 15-17 18U. Madeira 16 4 5 7 16-21 17Trofense 16 4 4 8 15-25 16Portimonense 16 3 3 10 16-24 12

II LigaJornada 17Estoril-Atlético 5-0U. Madeira-Sp. Covilhã hoje, 11h15Oliveirense-Desp. Aves hoje, 11h15, SP-TV1Trofense-Freamunde hoje, 15hBelenenses-Penafiel hoje, 15hMoreirense-Arouca hoje, 16hSanta Clara-Leixões hoje, 16hNaval-Portimonense hoje, 16h30

Próxima jornadaAtlético-Santa Clara, Leixões-Arouca, Oliveirense-Trofense, Penafiel-U. Madeira, Desp. Aves-Belenenses, Portimonense-Estoril, Sp. Covilhã-Naval e Freamunde-Moreirense.

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 43

Desporto Futebol Internacional

Real Madrid governa a Liga à sua vontadeVitória fácil sobre o Saragoça com um golo de Ronaldo antes de um mês sabático. O empate do Barcelona em Villarreal aumentou para sete a vantagem que goza agora Mourinho

Filipe Escobar de Lima

a Foi um sábado como outro qual-quer. Nos jogos em casa, o Real Ma-drid aborrece pela previsibilidade do resultado — excepto quando defronta o Barcelona, responsável pela única derrota (e únicos pontos perdidos) no Bernabéu. Ontem, o Saragoça, último classifi cado, saiu de Madrid como en-trou, derrotado (3-1) e longe do topo, a 40 pontos do primeiro lugar.

Com este triunfo, Mourinho conti-nua a governar a Liga à sua vontade, antes de entrar para um mês sabáti-co: os seus próximos quatro encon-tros são de grau fácil com Getafe, Levante, Racing e Rayo Vallecano. É o mês para cimentar a liderança e co-locar o Barcelona em respeito. A Liga espanhola é um objectivo primordial para a vida do treinador português em Madrid.

Com esta vitória, o Real iguala o melhor arranque na Liga da sua his-tória (depois de 20 jogos), que datava de 1961. O que mostra que esta equipa tem fôlego e parece ter voltado tudo ao normal.

Depois da eliminação em Camp Nou ante o Barcelona para a Taça de Espanha com um empate (2-2) que encheu de orgulho os madridistas, após a derrota em casa uma sema-na antes (1-2) que atirou por terra o amor-próprio dos merengues, a nor-malidade está reposta — graças tam-bém ao Saragoça.

Desta vez, o Real escolheu o mes-mo caminho de sempre, com sus-pense como tem feito até aqui — foi o décimo jogo consecutivo com Casillas a sofrer golos no Santiago Bernabéu.

Desde que defrontou no passado 23 de Outubro de 2011 o Villarreal, a equipa de Mourinho encaixou sem-pre golos na Liga, Champions ou Taça de Espanha.

Agora foram Kaká, Cristiano (fez o 2-1 e chegou aos 24 golos na prova) e Özil a responder ao golo incial do

Cristiano Ronaldo marcou um dos golos do Real MadridPEDRO ARMESTRE/AFP

Saragoça, mas com tanta facilidade que ninguém no estádio pareceu as-sustado quando Lafi ta festejou logo aos 10 minutos.

Este Real é assim, insultuoso. Sofre primeiro, aprecia o drama e responde depois para gáudio dos adeptos.

Barcelona empata e atrasa-seEsta parece ser a única prova em que o Real pode vencer sem ter de ganhar ao Barcelona em campo. E isso faz sofrer os catalães. A desvantagem de 5 pontos aumentou ontem para 7 em Villarreal. O empate (0-0) parece ter entregado a Liga aos madridistas.

É muita vantagem para um Real cheio de fome, que só parece ter Camp Nou antes de chegar ao títu-lo.

E ao sétimo dia, a Taça das Nações Africanas assistiu à maior goleada até ao momento. A Guiné cilindrou ontem o Botswana por 6-1, tornando-se a terceira equipa na história da prova a marcar seis golos num jogo. Um feito alcançado pelo Egipto em 1963 (6-3 frente à Nigéria) e pela Costa do Marfim em 1970 (6-1 sobre a Etiópia). Nada correu bem ao Botswana, que viu terminar mais cedo esta primeira participação na CAN. Os “Zebras” cumprem

calendário no jogo de quarta-feira, diante do Mali. Também ontem, a selecção maliana foi derrotada (0-2) pelo Gana, que se isolou na liderança do Grupo D. Os ganeses têm seis pontos, mais três que Mali e Guiné. As três equipas podem seguir em frente, sendo que Gana e Guiné se encontram na última jornada. Hoje realizam-se os dois jogos que fecham o Grupo A: Guiné Equatorial-Zâmbia (18h, Eurosport) e Líbia-Senegal (18h, Eurosport 2). T.P.

Taça das Nações AfricanasGana venceu Mali e Guiné estraçalhou Botswana

Taça de Inglaterra

O Liverpool assumiu o papel de carrasco da cidade de Manchester

a Os dois maiores clubes de Inglater-ra, Manchester United e Liverpool, encontraram-se em Anfi eld. Há mais de meio século que assumiram o papel de inimigos intímos. Há um ano, Fer-guson conquistou o 19.º campeonato para os red devils e tornou a equipa de Manchester a mais laureada da prova, ultrapassando os reds, que es-tagnaram nos 18 títulos em 1990. Aí, iniciaram uma travessia no deserto que já leva mais de duas décadas. On-tem, foi a vez de puxar pelo orgulho

e o Liverpool eliminou o United nos 16 avos-de-fi nal da Taça de Inglaterra com uma vitória por 2-1 alcançada a três minutos do fi m.

Também na Taça o United leva van-tagem sobre o Liverpool (11-7). É na Eu-ropa que o clube de Anfi eld ganha ao de Old Traff ord (5-3 em Taça/Ligas dos Campeões). É tudo uma questão de egos. E ambos estão em baixo na auto-estima. O Liverpool passa despercebi-do na Premier League (sétimo) e está fora da Europa, enquanto o United

saiu da Champions, da Taça da Liga e luta pelo campeonato, embora esta época já tenha sido humilhado pelo rival City na sua própria casa (1-6).

Ontem, o Liverpool ofi cializou o seu estatuto de carrrasco das equipas da cidade de Manchester. A meio da se-mana eliminou o City das meias-fi nais da Taça da Liga (2-2 depois da vitória no primeiro jogo 0-1). Ontem, escorra-çou o United da Taça de Inglaterra.

Kuyt, o holandês que na época passada havia marcado um hat-trick

ao United, apontou o golo da vitória perto do fi nal (2-1) — os reds marcaram primeiro por Agger, mas Park empa-tou. O jogo foi ainda atravessado por uma polémica: Suárez não pôde jo-gar pelo Liverpool devido ao incidente com Evra (o uruguaio foi acusado de racismo pelo francês, suspenso por oito jogos e ontem foi assobiado toda a partida).

Horas antes, Juan Mata tinha marca-do o golo do Chelsea sobre o Queens Park Rangers, de penálti. F.E.L.

EspanhaJornada 21Villarreal-Barcelona 0-0Real Madrid-Saragoça 3-1Espanyol-Maiorca 1-0Rayo Vallecano-Athl. Bilbau 2-3Bétis-Granada hoje, 11h, SP-TV2Real Sociedad-Sp. Gijón hoje, 15hLevante-Getafe hoje, 15hRacing Santander-Valência hoje, 17h, SP-TV2Málaga-Sevilha hoje, 20h30, SP-TV2Osasuna-Atl. Madrid amanhã, 20h, SP-TV2

J V E D M-S PReal Madrid 20 17 1 2 70-19 52Barcelona 20 13 6 1 59-12 45Valência 19 10 5 4 29-20 35Levante 19 9 4 6 25-22 31Espanyol 20 9 4 7 22-21 31Athl. Bilbau 20 7 8 5 30-25 29Osasuna 19 6 9 4 22-31 27Atl. Madrid 19 7 5 7 30-27 26Sevilha 19 6 8 5 20-20 26Málaga 19 7 4 8 22-28 25Getafe 19 6 6 7 20-25 24Bétis 19 7 2 10 22-27 23Maiorca 20 5 7 8 17-25 22Rayo Vallecano 20 6 4 10 23-31 22Real Sociedad 19 5 6 8 17-27 21Racing Santander 19 4 8 7 15-23 20Villarreal 20 4 8 8 18-28 20Granada 19 5 4 10 12-26 19Sp. Gijón 19 5 3 11 18-33 18Saragoça 20 2 6 12 15-36 12

AlemanhaJornada 19Colónia-Schalke 04 1-4Augsburgo-Kaiserslautern 2-2Bayern Munique-Wolfsburgo 2-0Hertha Berlim-Hamburgo 1-2Hannover-Nuremberga 1-0Werder Bremen-Bayer Leverkusen 1-1B. Dortmund-Hoffenheim 3-1Mainz 05-Friburgo hoje, 14h30Estugarda-B. Monchengladbach hoje, 16h30

J V E D M-S PB. Dortmund 19 12 4 3 43-14 40Bayern Munique 19 13 1 5 46-13 40Schalke 04 19 13 1 5 45-24 40B. Monchengladbach 18 11 3 4 28-12 36Werder Bremen 19 9 4 6 31-32 31Bayer Leverkusen 19 8 6 5 26-25 30Hannover 19 6 9 4 21-24 27Hoffenheim 19 6 5 8 20-22 23Wolfsburgo 19 7 2 10 24-36 23Hamburgo 19 5 7 7 24-33 22Estugarda 18 6 4 8 24-23 22Nuremberga 19 6 3 10 19-29 21Colónia 19 6 3 10 28-40 21Hertha Berlim 19 4 8 7 25-30 20Kaiserslautern 19 3 9 7 15-23 18Mainz 05 18 4 6 8 24-32 18Friburgo 18 4 4 10 22-39 16Augsburgo 19 3 7 9 17-31 16

Classificações

Watford-Tottenham 0-1Everton-Fulham 2-1QPR-Chelsea 0-1Liverpool-M. United 2-1Derby County-Stoke City 0-2Stevenage-Notts County 1-0Blackpool-Sheffield Wednesday 1-1WBA-Norwich 1-2Hull-Crawley Town 0-1Sheffield United-Birmingham 0-4Leicester-Swindon 2-0Millwall-Southampton 1-1Bolton-Swansea 2-1Brighton-Newcastle 1-0

Resultados

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44 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Desporto Breves

Evans diz que irmãos Schleck são os seus grandes rivais no Tour

Sporting sobe ao segundo lugar, FC Porto segue em frente na Taça

Ciclismo Andebol

a O ciclista australiano Cadel Evans, vencedor da última edição da Volta à França, apontou ontem os irmãos Andy e Frank Schleck como os grandes rivais para a revalidação do título na 99.ª edição da prova francesa, que se disputa em Julho. Motivado pelas aquisições de peso da sua equipa, a BMC — o todo-terreno Philippe Gilbert e Thor Hushovd, campeão mundial de 2010 —, o vencedor do Tour assumiu que a meta é repetir o resultado do ano passado.

a O Sporting venceu (25-21) o Águas Santas, em partida antecipada da 19.ª jornada do campeonato, subindo ao segundo lugar da classifi cação. Noutro jogo antecipado, o Benfi ca bateu o ISMAI por 30-19. Também ontem, o Ma-deira SAD bateu (34-24) o Xico Andebol, numa partida em atraso da 15.ª jornada. No jogo que fechou os quartos-de-fi nal da Taça, o FC Porto carimbou a passagem às “meias” ao vencer no terreno do São Bernardo por 33-22.

Aronian a um empate do triunfo na Holanda

Portugal venceos England Students

a O arménio Levon Aronian voltou a vencer na 12.ª e penúltima jornada de Wijk aan Zee, Holanda, e bastar-lhe-á um empate hoje para garantir mate-maticamente o triunfo na primeira prova do Grand Slam do ano. A víti-ma foi o aspirante ao título mundial Boris Gelfand e como nenhum dos seus perseguidores venceu — Mag-nus Carlsen empatou com Kamsky, Radjabov com Ivanchuk e Caruana com Navara — o arménio aumentou para um ponto a vantagem sobre os segundos classifi cados.

a A selecção nacional de râguebi der-rotou ontem, no Estádio Universitário de Lisboa, os England Students, uma equipa composta por jogadores uni-versitários ingleses, por 31-28, no úl-timo jogo de preparação antes do iní-cio do Torneio Europeu das Nações. Este foi o terceiro ano consecutivo que as duas equipas se defrontaram e Portugal triunfou sempre por menos de cinco pontos. No próximo sábado, a selecção nacional vai deslocar-se a Bucareste onde defronta a Roménia, em partida da primeira jornada do Torneio Europeu das Nações.

XadrezRâguebi

Pavilhão da Luz viu 16.º triunfo seguido

a O Benfi ca recebeu e venceu a Aca-démica de Espinho por 3-1, obtendo a 16.ª vitória em outros tantos encon-tros para o campeonato. A equipa de José Jardim impôs-se pelos parciais de 25-13, 23-25, 25-17 e 25-20 e segue isolada na liderança da classifi cação, com 48 pontos. Antes, o Sporting de Espinho, segundo na tabela a cinco pontos do Benfi ca (e com um jogo a mais que os “encarnados”), tinha ganho por 3-0 na visita ao Vitória de Guimarães. A formação orientada por Hugo Silva triunfou pelos parciais de 30-28, 25-18 e 25-22.

Voleibol

Atletismo“Dragões” invictosapós 12.º triunfo

Benfica e FC Porto não desarmam

a Também não foi a Oliveirense a equipa que colocou um ponto fi nal na invencibilidade do FC Porto. Os “dragões” venceram por 5-2 na visita a Oliveira de Azeméis e alcançaram a 12.ª vitória no campeonato. No duelo entre segundo e terceiro classifi ca-dos, o Benfi ca chegou ao intervalo a perder com o Candelária, mas uma boa segunda parte deu o triunfo (7-4) aos “encarnados”. Com este resul-tado, o Benfi ca segue a dois pontos do FC Porto e aumentou para sete os pontos de vantagem sobre o Cande-lária. Na próxima jornada os “encar-nados” visitam o FC Porto.

a Marco Fortes teve um início de temporada em grande, este fi m-de-semana, em Chemnitz, na Alemanha. O lançador de peso do Benfi ca parti-cipou numa prova de elevada quali-dade, que foi ganha pelo americano Reese Hoff a com 21,87m — a melhor marca mundial do ano — alcançando um novo máximo nacional em pista coberta, com 20,57m, obtidos no sex-to e derradeiro ensaio do concurso. Com este resultado o português subiu em 23 centímetros o anterior máximo português indoor (o de ar livre detém-no com 20,89m), que ele próprio estabelecera a 4 de Mar-ço do ano passado, em Paris, duran-te a qualifi cação dos campeonatos europeus.

Fortes teve uma prova em acentua-do crescendo, abrindo com 19,15m no primeiro ensaio para passar os 20m, com 20,04m, na quarta tentativa. A que fez a seguir rendeu um primeiro recorde nacional de 20,38m, mas, no último ensaio conseguiu aproximar-se, inclusive, do campeão mundial alemão David Storl, que terminou em segundo com 20,75m.

Ainda em Chemnitz, mas nos 1500m, registou-se outra melhor mar-ca mundial do ano, desta feita obtida pelo marroquino Abdelaati Iguider, com 3m37,40s.

Ao mesmo tempo, em Dresden,

a Tendo terminado a época de 2011 com a sua primeira vitória em mais de dois anos, Tiger Woods dispõe ho-je de uma excelente oportunidade para começar a de 2012 com outra. Graças a uma terceira volta de 66 pan-cadas no Abu Dhabi Championship, o californiano descolou do sexteto de quartos classifi cados assumindo a co-liderança, a par do inglês Robert Rock, que fechou com dois birdies, igualando aquela marca.

Foi um dia electrizante, com 24

jogadores a passarem pelo topo da tabela e havendo, a dada altura, oito a partilhar o comando.

Somando 205 pancadas, 11 abaixo do Par 72 do campo do Abu Dhabi Golf Club, os líderes levam dois shots à melhor sobre um quarteto em que se destacam três jogadores que fi ze-ram parte da última selecção da Eu-ropa na Ryder Cup — o norte-irlandês Rory McIlroy (68), o dinamarquês Peter Hanson (64), que fez a melhor volta do dia, e o italiano Francesco

Molinari (66) —, além do escocês Paul Lawrie (68).

Foi uma prestação de grande ní-vel de Tiger Woods, que reentrará no top-10 mundial em caso de vitória. Sobretudo pela sua habilidade pa-ra não acertar fairways, desafi ar os buracos de Par 5 e meter putts deli-cados. “Não fi z muitas coisas certas, mas também não fi z coisas erradas. Foi uma volta consistente, mantendo-me longe de apuros”, analisou. Ro-drigo Cordoeiro

a A liderança na Liga continua re-partida entre Benfi ca e FC Porto, que venceram as partidas frente a Ginásio Figueirense e Lusitânia, respectiva-mente. As duas equipas somam 27 pontos. Na visita ao Ginásio Figuei-rense, último classifi cado, os “encar-nados” impuseram-se por 94-61, com João Gomes (19 pontos, oito ressaltos e cinco assistências) em destaque. A jogar em casa, o FC Porto bateu o Lu-sitânia por 72-51. Robert Johnson foi o melhor elemento dos “dragões”, com 15 pontos, sete ressaltos e quatro assistências. Apesar da derrota, o Lu-sitânia mantém o sexto lugar.

Hóquei em patinsBasquetebol

Golfe

Tiger Woods já lidera nos Emirados e está muito perto de voltar ao top-10 mundial

Fortes arranca recorde nacional no peso

Marco Fortes bateu o recorde nacional de lançamento do peso indoor

PETER PARKS/AFP

também no leste da Alemanha, Ma-ria Eleonor Tavares esteve na prova do salto com vara e acabou em sexta, com 4,22m, tendo ganho a checa Jiri-na Ptacníkova, com 4,62m.

Ontem, em Glasgow, disputou-se o tradicional encontro das cinco na-ções, envolvendo a Grã-Bretanha, vencedora com 60p, Rússia e Ale-manha, que fi caram a seguir ambas com 53p, uma equipa da Commonwe-alth (47p) e outra dos Estados Unidos (41p).

O antigo campeão mundial júnior russo Konstatin Shabanov brilhou

Luís Lopes

nos 60m barreiras ao igualar a me-lhor marca mundial do ano, com 7,54s, e outro registo de topo obteve a queniana Hellen Obiri nos 3000m femininos, com 8m42,59s.

A campeã europeia indoor russa Darya Klishina venceu no compri-mento com 6,75m, mas o grande mo-mento da tarde foi, na perspectiva dos anfi triões, o triunfo do campeão mundial dos 5000m Mo Farah, desta vez na prova de 1500m, ao derrotar um dos melhores especialistas da ac-tualidade, o queniano Augustine Che-ge, com 3m39,03s contra 3m39,14s.

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 45

Desporto Modalidades

Victoria Azarenka gritou mais altoTénis

Pedro Keul

Como bónus pelo triunfo

no Open da Austrália,

a bielorrussa vai ocupar

o primeiro lugar do ranking

a Há um ano, Victoria Azarenka dei-xou Melbourne frustrada por ter per-dido nos oitavos-de-fi nal. De regresso a casa, em Minsk, a jogadora pôs de lado a ideia de tirar umas semanas de férias após uma conversa com a avó, que lhe fez ver a sorte que tinha em ser tenista. Ao colocar a carreira, e a sua vida, em perspectiva, a bie-lorrussa de 22 anos tornou-se uma pessoa mais madura e essa mudança confi rmou-se ontem no court. Na fi nal mais ruidosa do Open da Austrália, Azarenka arrasou Maria Sharapova, por 6-3, 6-0.

“A minha avó é incrível, trabalhou toda a vida até aos 71 anos. É espanto-so ver o quanto as pessoas trabalham e nós aqui a jogar ténis e, às vezes, a

queixarmo-nos de pequenas coisas. Perdi um encontro e então? Temos que ver as coisas como um todo. Ago-ra, estou sempre contente no court, divirto-me muito mais”, confessou Azarenka, que, ontem, viveu o dia mais feliz da carreira.

Na fi nal entre as duas jogadoras que mais decibéis atingem quando batem na bola, Azarenka entrou nervosa e depressa se viu a 0-2, mas depois de uma fantástico winner de direita ao longo do corredor, com que fechou o terceiro jogo, não olhou mais para trás. Sólida do fundo do court, Aza-renka foi inteligente em mover a sua adversária e corajosa o sufi ciente pa-ra, por várias vezes, ir à rede concluir o ponto. E só perdeu mais um jogo.

Embora apenas tenha acumulado três duplas-faltas, Sharapova pode queixar-se da falta de efi cácia do servi-ço. Sofreu cinco breaks, só ganhou três pontos em 17 disputados com o seu segundo serviço e, na segunda par-tida, só quatro dos 12 pontos ganhos foram a servir. No primeiro match-

point, Azarenka bateu forte na bola até que Sharapova colocou a bola na rede, o seu 30.º erro não forçado. A vencedora não queria acreditar.

“Logo após a vitória, não conseguia

perceber o que se estava a passar e não queria acreditar que o torneio tivesse acabado. Tenho sonhado e tra-balhado tanto para ganhar um Grand Slam e ser número um é um belo bó-

nus”, disse Azarenka, já depois de re-ceber a Daphne Akhurst Memorial Cup das mãos de Martina Hingis.

Para quem tinha a fama de, emo-cionalmente, descontrolar-se ao pon-to de partir raquetas, Azarenka mos-trou ao longo dos últimos 12 meses uma maturidade que confi rmou estar pronta para chegar ao topo. Orienta-da pelo experiente Samuel Sumyk, a bielorrussa protagonizou um 2011 de grande nível, em que conquistou três títulos e disputou a primeira meia-fi nal num Grand Slam em Wimble-don, terminando no terceiro lugar da tabela WTA.

Amanhã, Azarenka será a 21.ª joga-dora a subir ao topo do ranking, mas apenas a terceira a fazê-lo logo após a conquista do seu primeiro título no Grand Slam. Aliás esta é a primeira vez que as detentoras dos títulos femi-ninos dos quatro torneios do Grand Slam são todas estreantes.

Esta manhã, Novak Djokovic e Ra-fael Nadal disputavam a fi nal mas-culina.

Azarenka incrédula após ganhar a final do Open da Austrália

TOBY MELVILLE/REUTERS

Hoje falamos de coisas sérias

a 1. Desengane-se o leitor, pois não vamos escrever sobre as dívidas dos clubes de futebol ao fi sco e as (aparentes) palavras duras do ministro Relvas — somente para o povo ouvir — e das mais do que possíveis medidas frágeis do mesmo sobre essa questão.

2. O Decreto-Lei n.º 100/2003, de 23 de Maio, aprovou o regulamento das condições técnicas e de segurança a observar na concepção, instalação e manutenção das balizas de futebol, andebol, hóquei e de pólo aquático e dos equipamentos de basquetebol existentes nas instalações desportivas de uso público. Este diploma foi alterado pelo Decreto-Lei n.º 82/2004, de 14 de Abril. Depois, temos a Portaria n.º 369/2004, de 12 de Abril, que veio estabelecer o regime de intervenção das entidades acreditadas em acções ligadas ao processo de verifi cação das condições técnicas e de segurança a observar na instalação e manutenção

das balizas de futebol, de andebol, de hóquei e de pólo aquático e dos equipamentos de basquetebol existentes nas instalações desportivas de uso público. E ainda a Portaria n.º 1049/2004, de 19 de Agosto, que fi xou normas relativamente às condições técnicas e de segurança a observar na concepção, instalação e manutenção das balizas de futebol, de andebol, de hóquei e de pólo aquático e dos equipamentos de basquetebol existentes nas instalações desportivas de uso público. E temos a ASAE desportiva para fi scalizar.

3. Na quarta-feira, uma criança de 12 anos — como o Zé Pedro lá de casa — foi atingido por uma baliza que caiu e, conduzido ao Hospital Pediátrico de Coimbra, entrou em coma profundo. De acordo com o noticiado, o acidente ocorreu em Brasfemes, quando a criança brincava com amigos no campo desportivo de um centro recreativo desta

freguesia. Ainda e sempre de acordo com essas fontes, o rapaz ter-se-á pendurado no equipamento que acabou por lhe cair em cima.

4. Para o presidente Centro de Recreio e Animação Cultural (CRAC) de Brasfemes, o acidente no polidesportivo gerido pela instituição ter-se-á devido a “utilização anormal” do campo. O jovem terá removido a segurança da baliza, presa por arames (?) à vedação do campo, e depois terá arrastado a estrutura para o centro do polidesportivo, pendurando-se nela e fi cando ferido quando ela tombou. “Foi alertado pelos colegas para não o fazer”, acrescentou. O presidente do CRAC adiantou ainda que “era costume miúdos furarem a rede para entrarem no campo” e que a própria fechadura “estava estragada”, adiantando que estas situações vão ser reparadas mas não adiantando em que prazo.

5. São diversas as questões jurídicas que este acidente coloca, fundamentalmente no domínio do apuramento de responsabilidades, impossíveis de receber resposta segura neste espaço e com os elementos de que se dispõe. Mas que fi que claro, pelo menos, uma coisa: está-se longe de imputar uma culpa (ou responsabilidade) exclusiva à criança, mesmo tendo em conta a sua idade.

6. O Diogo faleceu ontem. [email protected]

Opinião

José Manuel Meirim

Na quarta-feira,uma criança de 12anos foi atingidapor uma baliza quecaiu e entrou emcoma profundo

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46 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

As estrelas do PúblicoJorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

Apollonide - Memórias de um Bordel mmmmn mmmnn mmmnn

Attenberg mmmnn nnnnn nnnnn

Os Descendentes mmmnn mmnnn mmnnn

J. Edgar mmnnn nnnnn mnnnn

A Minha Semana com Marilyn mmnnn nnnnn mnnnn

Marta Marcy May Marlene nnnnn mmmnn mmmmn

Millennium 1-Os Homens que... mmmnn mmnnn mnnnn

País do Desejo a nnnnn nnnnn

Políssia mmmnn mmnnn mmnnn

Uma Separação mmmmn mmmnn mmmnn

a Mau mnnnn Medíocre mmnnn Razoável mmmnn Bom mmmmn Muito Bom mmmmm Excelente

CinemaLisboaCastello Lopes - LondresAv. Roma, 7A. T. 707220220J. Edgar M12. Sala 1 - 13h15, 16h, 18h45, 21h30; Os Descendentes M12. Sala 2 - 14h, 16h30, 19h, 21h45 CinemaCity C. Pequeno Praça de TourosC. Lazer do Campo Pequeno. T. 217981420Um Homem no Limite M12. Sala 1 - 11h45, 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45, 23h45; Happy Feet 2 M6. Sala 2 - 11h40 (V.Port.); J. Edgar M12. Sala 2 - 13h50, 16h25, 19h10, 21h50, 00h30; Arthur Christmas M6. Sala 3 - 11h40 (V.Port.); Os Descendentes M12. Sala 3 - 13h45, 16h, 18h40, 21h30, 24h; As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne M6. Sala 4 - 11h50 (V.Port.); Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 4 - 15h25, 18h25, 21h25, 00h25; Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 5 - 21h40; Moneyball - Jogada de Risco M12. Sala 5 - 18h35; A Hora mais Negra M12. Sala 5 - 13h35, 00h25; Nos Idos de Março M12. Sala 6 - 20h; Drive - Risco Duplo M16. Sala 6 - 00h15; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 6 - 11h35, 13h30, 15h30, 17h30 (V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! Sala 6 - 22h; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 7 - 13h40, 16h20, 19h, 21h35, 00h20; Um Método Perigoso M16. Sala 8 - 13h35, 15h35, 21h55; O Rei Leão 3D M6. Sala 8 - 11h35, 13h35 (V.Port.); O Deus da Carnificina M12. Sala 8 - 17h35, 23h55; Niko - Na Terra do Pai Natal M6. Sala 8 - 15h35 (V.Port.); A Minha Semana Com Marilyn M12. Sala 8 - 19h35 CinemaCity Classic AlvaladeAvª de Roma, nº 100, Lisboa. T. 218413045Niko - Na Terra do Pai Natal M6. Sala 1 - 11h40 (V.Port.); Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h45, 16h, 18h30, 21h40; Polissia M12. Sala 2 - 13h40, 16h20, 18h55, 21h30; J. Edgar M12. Sala 3 - 13h30, 169h15, 19h, 21h45; Habemus Papam - Temos Papa M12. Sala 4 - 11h35, 19h35; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 4 - 15h45, 21h35; Martha Marcy May Marlene M16. Sala 4 - 13h35 Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 1 - 14h45, 18h15, 21h30; O Gato das Botas M6. Sala 2 - 14h30 (V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 2 - 17h, 19h30, 22h; Os Descendentes M12. Sala 3 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45 Medeia KingAv. Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808Attenberg M16. Sala 1 - 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45; Apollonide - Memórias de Um Bordel M16. Sala 2 - 14h30, 17h, 19h30, 22h; O Miúdo da Bicicleta M12. Sala 3 - 19h; Uma Separação M12. Sala 3 - 14h, 16h30, 21h30 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223J. Edgar M12. Sala 4 - Cine Teatro - 13h30, 16h10, 18h50, 21h30, 00h30; Chovem Almôndegas M6. Sala 1 - 11h30 (V.Port.); Os Descendentes M12. Sala 1 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45, 00h15; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 2 - 13h, 16h, 19h, 22h; Moneyball - Jogada de Risco M12. Sala 3 - 19h, 00h15; Apollonide - Memórias de Um Bordel M16. Sala 3 - 14h, 16h30, 21h50 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos M16. Sala 1 - 18h30; Invictus M12. Sala 1 - 21h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 1 - 11h30, 14h10, 16h15 (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 1 - 21h35, 00h20; Uma Separação M12. Sala 1 - 18h30; Moneyball - Jogada de Risco M12. Sala 2 - 11h30, 15h15, 18h15, 21h30, 00h20; As Serviçais M12. Sala 3 - 19h; A Toupeira M12. Sala 3 - 11h30,

14h, 16h30, 21h55, 00h25; Um Método Perigoso M16. Sala 4 - 19h05; O Gato das Botas M6. Sala 4 - 11h30, 14h05, 16h35 (V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! Sala 4 - 21h35, 00h15; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 5 - 13h55, 16h30, 19h10, 21h50, 00h30; Um Homem no Limite M12. Sala 6 - 11h30, 14h10, 16h50, 19h15, 21h40, 00h05; A Minha Semana Com Marilyn M12. Sala 7 - 11h30, 14h15, 16h40, 19h05, 21h40; Martha Marcy May Marlene M16. Sala 7 - 00h05; Habemus Papam - Temos Papa M12. Sala 8 - 11h30, 14h10, 16h30; Melancolia M12. Sala 8 - 19h; Um Coração Dividido M12. Sala 8 - 21h45, 00h30; Os Descendentes M12. Sala 9 - 11h30, 14h10, 16h40, 19h10, 21h45, 00h25; Três Vezes 20 Anos M12. Sala 10 - 11h30, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 24h; O Deus da Carnificina M12. Sala 11 - 11h30, 14h25, 17h, 19h30, 22h; O Diário a Rum M12. Sala 11 - 23h55; J. Edgar M12. Sala 12 - 11h30, 15h20, 18h20, 21h30, 00h15; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 13 - 11h30, 14h30, 18h, 21h15, 00h20; Polissia M12. Sala 14 - 14h10, 16h35, 19h15, 21h50, 00h30 ZON Lusomundo AlvaláxiaEstádio José Alvalade. T. 707 CINEMAMissão Impossível: Operação Fantasma M12. 13h55, 17h10, 21h15, 00h30; Os Descendentes M12. 13h35, 16h10, 18h45, 21h40, 00h20; Um Homem no Limite M12. 13h40, 16h30, 18h55, 21h30, 23h55; O Idiota do Nosso Irmão M16. 13h45, 16h, 18h15, 21h20, 23h40; Underworld: O Despertar M12. 13h20, 15h30, 17h40, 19h45, 21h55, 00h10; O Rei Leão 3D M6. 11h, 14h, 16h30 (V.Port.); O Gato das Botas M6. 11h15, 13h50, 16h20 (V.Port.); Warrior - Combate Entre Irmãos M16. 21h; O Espião Fantasma M12. 18h35, 21h35, 23h50; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 13h20, 15h30 (V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! 18h25, 21h45; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. 13h40, 16h40, 21h25, 00h15; A Minha Semana Com Marilyn M12. 19h20; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 13h25, 17h, 20h45, 00h05; J. Edgar M12. 13h50, 16h50, 21h10, 00h25; País do Desejo M12. 14h10, 17h20, 21h50 ZON Lusomundo AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 707 CINEMAO Deus da Carnificina M12. 14h10, 16h40, 21h10, 23h10; Imperdoáveis M16. 13h20, 19h20; Os Descendentes M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h40, 00h30; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 13h20, 17h, 20h50, 24h; Uma Pequena Zona de Turbulência M12. 16h20, 21h50, 00h20; J. Edgar M12. 14h, 17h30, 21h10, 00h15; A Gruta dos Sonhos Perdidos (3D) M6. 19h; Polissia M12. 13h10, 16h, 18h40, 21h30, 00h10; A Minha Semana Com Marilyn M12. 18h20; Moneyball - Jogada de Risco M12. 12h50, 15h30, 20h40, 23h30 ZON Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 707 CINEMAO Rebelde Salvador 17h50, 21h05, 00h10; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. 10h55, 13h05, 15h15 (V.Port.); Underworld: O Despertar M12. 13h15, 15h50, 18h, 21h35, 23h55 ; Missão Impossível: Operação Fantasma M12. 12h40, 15h35, 18h25, 21h20, 00h20; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 13h30, 17h, 21h, 00h25; Um Homem no Limite M12. 13h, 15h45, 18h15, 21h15, 23h45; O Gato das Botas M6. 11h, 13h10, 15h20 (V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. 12h45, 15h40, 18h35, 21h25, 00h15; O Idiota do Nosso Irmão M16. 13h20, 16h, 21h40, 24h; Warrior - Combate Entre Irmãos M16. 17h40, 20h55, 00h05; Moneyball - Jogada de Risco M12. 18h40; Os Descendentes M12. 12h50, 15h25, 18h05, 21h10, 23h50; J. Edgar M12. 12h35, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30 ZON Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 707 CINEMAMillennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 13h20, 17h, 21h, 00h15; O Gato das Botas M6. 11h, 13h30, 16h (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. 18h10, 21h10,

00h10; Sherlock Holmes: Jogo de SombrasM12. 12h45, 15h50, 18h50, 21h50, 00h30; Os Descendentes M12. 13h10, 15h40, 18h40, 21h40, 00h20; Um Homem no Limite M12. 13h, 15h20, 18h20, 21h20, 23h50; J. EdgarM12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h25

AlmadaZON Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal. T. 707 CINEMASherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. 12h50, 15h45, 18h40, 21h30, 00h25; Os Descendentes M12. 13h, 15h40, 18h25, 21h05, 23h45; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 13h10, 17h, 20h40, 00h05; Um Homem no Limite M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h30, 24h; O Espião Fantasma M12. 21h25, 23h55; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 13h25, 15h50, 18h10 (V.Port.); Moneyball - Jogada de Risco M12. 12h35, 15h30, 18h25, 21h20, 00h15; Underworld: O Despertar M12. 13h05, 15h40, 18h, 21h10, 23h45; Warrior - Combate Entre Irmãos M16. 13h, 16h10, 20h50, 00h05; O Gato das Botas M6. 11h, 13h20, 16h, 18h35 (V.Port.); O Idiota do Nosso Irmão M16. 12h50, 15h10, 17h30, 19h40, 21h55, 00h15; Ano Novo, Vida Nova! 12h45, 15h35, 18h25, 21h10, 24h; Missão Impossível: Operação Fantasma M12. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20, 00h20; Justiça M12. 21h15, 23h50; Três Vezes 20 Anos M12. 13h15, 16h05, 18h20, 21h20, 23h40; J. Edgar M12. 13h30, 17h10, 21h, 00h10

AmadoraCinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030J. Edgar M12. Cinemax - 13h30, 16h05,18h40, 21h30, 00h05; Os DescendentesM12. Sala 2 - 13h45, 16h, 18h30, 21h50, 00h15; O Rei Leão 3D M6. Sala 3 - 11h40,16h20 (V.Port.); Moneyball - Jogada deRisco M12. Sala 3 - 13h40, 19h, 21h40; A Hora mais Negra M12. Sala 3 - 00h25;Missão Impossível: Operação FantasmaM12. Sala 4 - 21h50, 00h30; Niko - Na Terrado Pai Natal M6. Sala 4 - 11h45 (V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 4 - 13h35, 16h15, 18h55; Bruna Surfistinha - O Doce Veneno do Escorpião M18. Sala 5 - 18h45; Warrior - Combate Entre Irmãos M16. Sala 5 - 15h50, 21h35, 00h25; A Minha Semana Com Marilyn M12. Sala 5 - 13h50; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 6 -11h35, 13h35, 15h35, 17h35, 19h35 (V.Port.);Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 6 - 21h35, 00h20; Millennium 1: OsHomens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 7 - 15h10, 18h20, 21h25, 00h30; Happy Feet 2 M6. Sala 8 - 11h30 (V.Port.); Um Homem no Limite M12. Sala 8 - 13h40,15h45, 17h45, 19h45, 21h45, 23h45; Underworld: O Despertar M12. Sala 9 - 13h45, 15h30, 17h30, 19h20, 21h40, 24h;Imortais M12. Sala 10 - 00h10; O Gato das Botas M6. Sala 10 - 11h30, 15h45

(V.Port.); Happy Feet 2 M6. Sala 10 - 13h30 (V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! Sala 10 - 17h45, 21h55; Tucker e Dale Contra o Mal M16. Sala 10 - 20h UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 10 - 11h30, 13h55, 15h55, 18h45, 21h15 (V.Port.); A Saga Twilight: Amanhecer - Parte I M12. Sala 11 - 19h10; Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 11 - 11h30, 13h50, 16h30, 21h50

BarreiroCastello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 707220220Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 1 - 15h, 18h10, 21h20; Os Descendentes M12. Sala 2 - 12h50, 15h30, 18h30, 21h30; O Espião Fantasma M12. Sala 3 - 21h40; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 3 - 13h, 15h20, 17h30, 19h40 (V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 4 - 12h45, 15h40, 18h15, 21h10

CascaisCastello Lopes - Cascais VillaAvenida Marginal. T. 707220220Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h20, 15h50, 18h20, 21h10; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 2 - 13h, 15h10, 18h30, 21h; Moneyball - Jogada de Risco M12. Sala 3 - 13h10, 16h, 18h50, 21h30; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 4 - 15h, 18h10, 21h20; Uma Separação M12. Sala 5 - 12h50, 15h30, 18h, 21h40 ZON Lusomundo CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 707 CINEMASherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. 12h35, 15h20, 21h10, 23h55; Moneyball - Jogada de Risco M12. 18h10; Os Descendentes M12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h20, 24h; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 13h, 17h, 20h50, 00h10; Um Homem no Limite M12. 12h50, 15h40, 18h20, 21h, 23h40; J. Edgar M12. 12h55, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; O Gato das Botas M6. 11h, 13h10 (V.Port.); O Idiota do Nosso Irmão M16. 17h50, 21h40, 23h50; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 13h20, 15h45 (V.Port.); Underworld: O Despertar M12. 15h25, 18h, 21h15, 23h20

Caldas da RainhaVivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h10, 15h45, 18h30, 21h30, 00h05; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 2 - 13h40, 17h, 21h, 00h10; Um Homem no Limite M12. Sala 3 - 13h30, 15h55, 18h20, 21h20, 23h45; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 4 - 12h50, 15h35, 18h25, 21h15, 00h05; Alvin e os Esquilos

3: Naufragados M6. Sala 5 - 13h30, 15h50, 18h05 (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 5 - 21h, 23h50

CarcavelosAtlântida-CineCentro Comercial Carcavelos. T. 214565653Os Descendentes M12. Sala 1 - 15h30, 18h15, 21h30; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 2 - 15h45, 18h30, 21h45

SintraCinemaCity Beloura ShoppingEst. Nac. nº 9 - Qta Beloura. T. 219247643J. Edgar M12. Cinemax - 13h30, 16h05, 18h40, 21h30; Happy Feet 2 M6. Sala 1 - 11h50 (V.Port.); Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 1 - 15h10, 18h20, 21h25; Os Descendentes M12. Sala 2 - 13h40, 15h55, 18h35, 21h45; Niko - Na Terra do Pai Natal M6. Sala 3 - 11h45 (V.Port.); Um Homem no Limite M12. Sala 3 - 13h35, 15h35, 17h35, 19h35, 21h35; O Gato das Botas M6. Sala 4 - 11h40, 15h45, 17h45 (V.Port.); Niko - Na Terra do Pai Natal M6. Sala 4 - 13h50 (V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 4 - 21h45; A Hora mais Negra M12. Sala 4 - 19h45; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 5 - 11h35, 13h35, 15h30, 17h50, 19h45; Moneyball - Jogada de Risco M12. Sala 5 - 18h50, 21h40; O Rei Leão 3D M6. Sala 6 - 11h30, 15h40, 19h50 (V.Port.); Happy Feet 2 M6. Sala 6 - 13h30, 17h40 (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 6 - 21h50 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 707220220J. Edgar M12. Sala 1 - 12h45, 15h35, 18h25, 21h30; Os Descendentes M12. Sala 2 - 13h, 15h50, 18h10, 21h15; O Gato das Botas M6. Sala 3 - 13h10 (V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 3 - 16h, 18h20, 21h10; Underworld: O Despertar M12. Sala 4 - 13h30, 15h40, 18h40, 21h40; Um Homem no Limite M12. Sala 5 - 13h20, 16h05, 18h30, 21h20; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 6 - 12h50, 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 6 - 21h45; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 7 - 15h05, 18h15, 21h25

LouresCastello Lopes - Loures ShoppingQuinta do Infantado. T. 707220220Um Homem no Limite M12. Sala 1 - 13h10, 16h20, 18h30, 21h10; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 2 - 13h20, 16h, 21h15; Moneyball - Jogada de Risco M12. Sala 2 - 18h35; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 3 - 15h, 18h10, 21h20; Os Descendentes M12. Sala 4 - 13h30, 16h10, 18h50, 21h40; Underworld: O Despertar M12. Sala 5 - 13h40, 16h30, 19h, 21h50; J. Edgar M12. Sala 6 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 7 - 12h50, 14h50, 16h50, 19h10 (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 7 - 21h

MontijoZON Lusomundo Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 707 CINEMAUm Homem no Limite M12. 13h20, 16h20, 18h40, 21h30, 23h45; O Gato das Botas M6. 11h10, 13h30, 15h45 (V.Port.); Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 13h, 15h10, 17h20, 19h20 (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. 21h20, 00h05; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. 12h50, 15h35, 18h20, 21h10, 23h55; Os Descendentes M12. 13h10, 16h, 18h30, 21h40, 00h20; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 17h50, 21h, 00h10; Underworld: O Despertar M12. 13h40, 15h55, 18h10, 20h55, 23h20

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 47

Frida Kahlo no Museu da CidadeÚltimo dia para ver, no Museu da Cidade, em Lisboa (Campo Grande, 245), a exposição Frida Kahlo – As Suas Fotografias. Uma mostra organizada pela Casa da América Latina e com curadoria de Pablo Ortiz Monasterio, fotógrafo e historiador da fotografia no México, que

apresenta uma selecção de 257 fotografias das 6.500 que constituem o acervo da Casa Azul/Museu Frida Kahlo. Os Pais: Guillermo e Matilde, A Casa Azul, O Corpo Acidentado (Frida Khalo sofreu, aos 18 anos, um grave acidente, quando um eléctrico embateu no autocarro onde

viajava), Os Amores de Frida (com destaque para a conturbada relação com Diego Rivera), A Fotografia e a Luta Política são os núcleos em que se divide esta exposição, que ilustra a importância da fotografia na vida da pintora. Das 10h às 13h e 14h às 18h. Bilhetes a 3 euros.

AttenbergDe Athina Rachel Tsangari. Com Ariane Labed, Vangelis Mourikis, Evangelia Randou, Yorgos Lanthimos. GRE. 2010. 96m. Drama. M16. Marina não é uma rapariga como

as outras. Aos 23 anos, vive em

quase reclusão, tendo apenas por

companhia o pai, um arquitecto

sorumbático, e Bella, a melhor

amiga. A sua vida passa-se entre

os documentários de David

Attenborough, a música dos

Suicide e Françoise Hardy e os

ensinamentos de Bella sobre a vida

sexual, que aprende de maneira

pouco ortodoxa. Até ao dia em que

chega à sua pequena cidade um

homem que lhe mostrará outras

maneiras de viver.

Medeia King

J. EdgarDe Clint Eastwood. Com Leonardo DiCaprio, Naomi Watts, Judi Dench, Armie Hammer. EUA. 2011. 137m. Drama, Biografia. M12. Realizado por Clint Eastwood, a

história de um dos maiores e mais

controversos ícones do século

XX: John Edgar Hoover. Um dos

principais responsáveis pela criação

do FBI, que chefiou durante quase

meio século, tornou-se num dos

homens mais poderosos e temidos

dos EUA. Porém, apesar do sucesso

da sua carreira, a sua vida privada

mantida secreta, deu azo a todo o

tipo de especulações, entre elas a

alegada relação homossexual com

Clyde Tolson, seu braço direito.

País do DesejoDe Paulo Caldas. Com Fábio Assunção, Maria Padilha, Gabriel Braga Nunes, Nicolau Breyner. POR/BRA. 2011. 85m. Drama. M12. José é o dedicado pároco de uma

pequena vila brasileira. A sua fé,

até então inabalável, será posta

em causa quando se depara com

a decisão de um arcebispo em

excomungar a mãe e o médico

que realizou um aborto a

uma menina de 11 anos,

violada pelo próprio tio. À

medida que o fosso entre ele

e a própria Igreja se alarga,

mais ele se sente próximo

de Roberta, cujo encontro

vai abrir caminho a um

amor inesperado.

ZON Lusomundo Alvaláxia

PolissiaDe Maïwenn. Com Karin Viard, Joey Starr, Marina Foïs, Frédéric Pierrot. FRA. 2011. 127m. Drama, Crime. M12. Os membros da Brigada para a

Protecção de Menores lutam contra

inúmeras vicissitudes sofridas

por crianças de todos os estratos

sociais: pedofilia, abuso infantil,

delitos que incluem adolescentes ou

prostituição. Cada um deles, à sua

maneira, tenta encontrar estratégias

de distanciamento nas suas vidas

pessoais. Quando uma jovem

fotógrafa é enviada pelo Ministério

da Administração Interna para

retratar a vida daquela unidade,

algo vai alterar a dinâmica do grupo.

CinemaCity Classic Alvalade, UCI

Cinemas - El Corte Inglés, ZON

Lusomundo Amoreiras

Três Vezes 20 AnosDe Julie Gavras. Com William Hurt, Isabella Rossellini, Doreen Mantle. GB/FRA/BEL. 2011. 107m. Drama. M12. Em plena crise de meia-idade, Mary

e Adam formam um casal com

algumas dificuldades em sobreviver

às mudanças que o tempo e a idade

lhes foram trazendo, e cada um

opta por trilhar caminhos distintos.

Inevitavelmente surgem problemas

de relacionamento que vão pôr em

causa tudo o que viveram até aí...

UCI Cinemas - El Corte Inglés, ZON

Lusomundo Almada Fórum

Um Homem no LimiteDe Asger Leth. Com Sam Worthington, Elizabeth Banks, Jamie Bell, Ed Harris. EUA. 2012. 102m. Thriller, Crime. M12.

Nick Cassidy é um homem no

limite. Com uma carreira ao serviço

da lei, foi condenado por um crime

que não cometeu. Quando, por fim,

consegue escapar da prisão, decide

dar um último passo para provar

a sua inocência: do parapeito de

um dos mais luxuosos hotéis de

Nova Iorque, ameaça o suicídio.

À medida que uma multidão

inquieta se junta à volta da área, a

polícia acede ao seu pedido para

falar com Lydia Anderson, uma

negociadora experiente. Porém,

o que parece ser algo resultante

de puro desespero de um homem

que nada tem a perder, depressa se

comprova ser um plano complexo

e calculado.

Uma Pequena Zona de TurbulênciaDe Alfred Lot. Com Michel Blanc, Miou-Miou, Mélanie Doutey. FRA. 2009. 108m. Comédia. M12. Chegado à idade da reforma,

Jean-Pierre Muret tem a vida

virada do avesso: para além da

sua hipocondria, descobre que a

mulher o trai com um ex-colega de

trabalho; que a filha, divorciada,

decide casar com o último homem

que ele queria para genro; e

que está prestes a conhecer o

namorado do filho homossexual,

cuja condição ele não aceita de

modo algum. Quando julga que

nada pode piorar, descobre que

tem um eczema numular que,

mesmo com todos à sua volta a

desdramatizar, está convicto que

o arrastará a uma morte lenta e

dolorosa.

ZON Lusomundo Amoreiras

Underworld: O DespertarDe Måns Mårlind, Björn Stein. Com Kate Beckinsale, Michael

Ealy, India Eisley. EUA. 2012. 88m. Acção, Fantasia. M12. Após conseguir escapar de

um cativeiro de 12 anos, a

vampira Selene depara-se com

uma realidade inesperada:

descobertos pelos humanos, os

clãs de vampiros e lobisomens

são perseguidos e caçados

como animais selvagens.

Agora, para salvar ambas

as espécies, Selena

vai ter de fazê-los

compreender que

a solução reside na

superação das suas

diferenças e na

união de todos.

Em estreiaOdivelasZON Lusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 707 CINEMAMillennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 15h, 18h30, 21h50; Um Homem no Limite M12. 13h20, 15h50, 18h10, 21h40

OeirasZON Lusomundo Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 707 CINEMAMoneyball - Jogada de Risco M12. 12h55, 15h50, 22h; Warrior - Combate Entre Irmãos M16. 18h50; O Deus da Carnificina M12. 19h; Os Descendentes M12. 13h05, 15h40, 18h20, 21h20, 24h; Um Homem no Limite M12. 13h10, 15h45, 18h15, 21h40, 00h15; J. Edgar M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. 10h50, 13h, 15h20 (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. 18h05, 21h05, 00h10; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 13h20, 16h50, 21h, 00h20

MirafloresZON Lusomundo Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAAlvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 15h, 18h (V.Port.); Os DescendentesM12. 15h20, 18h20, 21h20; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 15h, 18h30, 22h; J. Edgar M12. 15h30, 18h30, 21h30

PombalPombalcinePombal Shopping, R. Santa Luzia. T. 236218801O Diário a Rum M12. Sala 1 - 16h, 21h

Torres NovasCastello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 1 - 15h, 18h10, 21h20; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 2 - 13h10 (V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 2 - 15h20, 18h20, 21h10; Os Descendentes M12. Sala 3 - 13h, 15h30, 18h, 21h30

Torres VedrasZON Lusomundo Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 707 CINEMASherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. 14h, 18h, 21h05, 00h05; Os Descendentes M12. 13h15, 16h15, 18h50, 21h45, 00h25 ; J. Edgar M12. 13h45, 17h45, 21h15, 00h20; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 13h30, 15h45, 18h15 (V.Port.); Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 21h, 00h15 ; Um Homem no Limite M12. 13h, 16h, 18h30, 21h25, 23h55

Torre da MarinhaCastello Lopes - Rio Sul ShoppingQuinta Nova do Rio Judeu, Loja A1.027. T. 707220220Underworld: O Despertar M12. Sala 1 - 13h20, 15h50, 18h40, 21h40; J. Edgar M12. Sala 2 - 12h40, 15h35, 18h30, 21h30; Os Descendentes M12. Sala 3 - 13h10, 15h40, 18h20, 21h25; Um Homem no Limite M12. Sala 4 - 13h30, 16h, 18h50, 21h50; O Gato das Botas M6. Sala 5 - 13h (V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 5 - 15h20, 18h, 21h; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 6 - 15h, 18h10, 21h20; Alvin e os Esquilos 3:

Naufragados M6. Sala 7 - 12h50, 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 7 - 15h10, 18h20, 21h10

SantarémCastello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 707220220Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h30, 21h20; Underworld: O Despertar M12. Sala 2 - 13h30, 15h30, 18h20, 21h; Os Descendentes M12. Sala 3 - 13h20,

16h10, 19h, 21h50; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 4 - 13h10, 16h, 18h50 (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 4 - 21h40; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 5 - 15h, 18h10, 21h15; J. Edgar M12. Sala 6 - 12h50, 15h40, 18h40, 21h30

SetúbalAuditório CharlotAvenida Dr. António Manuel Gamito, 11. T. 265522446

O Miúdo da Bicicleta M12. Sala 1 - 16h, 21h30 Castello Lopes - SetúbalCentro Comercial Jumbo, Loja 50. T. 707220220Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h20, 15h40, 18h, 21h30; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 2 - 15h, 18h10, 21h20; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 3 - 13h10, 15h20, 17h30, 19h20 (V.Port.); O Diário a Rum M12. Sala 3 - 21h40; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 4 - 13h, 15h30, 18h20, 21h10

TomarCine-Teatro Paraíso - TomarRua Infantaria, 15. T. 249329190Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 1 - 15h30, 21h30

FaroSBC-International CinemasC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Um Homem no Limite M12. Sala 1 - 14h55, 17h20, 19h40, 22h; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 2 - 11h10, 13h45 (V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! Sala 2 - 18h40; Moneyball - Jogada de Risco M12. Sala 2 - 15h50, 21h20; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 3 - 13h15, 16h, 18h45, 21h30; O Rei Leão 3D M6. Sala 4 - 13h, 15h, 17h (V.Port.); Happy Feet 2 M6. Sala 4 - 10h35 (V.Port.); Um Coração Dividido M12. Sala 4 - 19h; A Hora mais Negra M12. Sala 4 - 21h50; O Gato das Botas M6. Sala 5 - 10h30, 12h40, 14h45 (V.Port.); Um Coração Dividido M12. Sala 5 - 16h50; Underworld: O Despertar M12. Sala 5 - 19h35, 21h40; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 6 - 11h25, 14h40, 17h55, 21h10; Os Descendentes M12. Sala 7 - 11h05, 14h40, 17h55, 21h10; Warrior - Combate Entre Irmãos M16. Sala 8 - 21h20; Missão Impossível: Operação Fantasma M12. Sala 8 - 12h50, 15h40, 18h30; J. EdgarM12. Sala 9 - 12h15, 15h10, 18h05, 21h

OlhãoAlgarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332Niko - Na Terra do Pai Natal M6. Sala 1 - 14h, 15h45, 20h (V.Port.); Underworld: O Despertar M12. Sala 1 - 18h15, 21h45; O Diário a Rum M12. Sala 2 - 15h30, 18h30, 21h30; O Gato das Botas M6. Sala 3 - 10h45, 15h30, 17h30 (V.Port.); Justiça M12. Sala 3 - 21h20

PortimãoAlgarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888Os Descendentes M12. Sala 1 - 15h30, 18h, 21h30; Niko - Na Terra do Pai Natal M6. Sala 2 - 14h, 15h45, 20h (V.Port.); Underworld: O Despertar M12. Sala 2 - 18h15, 21h45 Castello Lopes - PortimãoQuinta da Malata, Lote 1 - Centro Comercial Continente. T. 707220220Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h20, 16h, 18h50, 21h50; J. Edgar M12. Sala 2 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 3 - 12h50, 15h30, 18h20, 21h10; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 4 - 13h10, 15h15, 17h20, 19h30 (V.Port.); A Hora mais Negra M12. Sala 4 - 22h; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 5 - 15h, 18h10, 21h20; Moneyball - Jogada de Risco M12. Sala 6 - 12h55, 15h40, 18h30, 21h40

TaviraCine-Teatro António PinheiroR. D. Marcelino Franco, 10. T. 281324880Nos Idos de Março M12. Sala 1 - 21h30 Zon Lusomundo TaviraC.C. Gran-Plaza, Loja Nº324, R. Almirante Cândido dos Reis. T. 707 CINEMASherlock Holmes: Jogo de Sombras M12. 13h20, 16h, 18h40, 21h25; Os Descendentes M12. 13h10, 15h40, 18h20, 21h30; Um Homem no Limite M12. 13h30, 15h55, 18h30, 21h20; Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 13h40, 15h50, 18h10 (V.Port.); Missão Impossível: Operação Fantasma M12. 21h10; Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres M16. 13h, 17h40, 21h

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Farmácias Tempo para hoje LisboaServiço Permanente Barros Gouveia (Vale Formoso - Poço do Bispo) - Rua do Vale Formoso de Cima, 79 - B - Tel. 218595180 Branquinho (Sapadores) - Rua de Sapadores, 87-89 - Tel. 218142725 Ducal (Duque de Loulé) - Av. Duque do Loulé, 1 - E - Tel. 213110027 Estados Unidos (Av. E. U. A. - Av. do Aeroporto) - Av. Estados Unidos da América, 16 - B - Tel. 218471589 Geny (Luz - Parque dos Principes) - Rua Fernando Namora 44 - C - Tel. 217111730 Gouveia (Benfica - Bairro Pedralvas) - R. Augusto Costa (Costinha), 6 - Tel. 217607500 Mendes Gomes (Ajuda) - Calçada da Ajuda, 222 - Tel. 213610197 Oliveira (Campolide) - Rua D. Pedro V, 123 - Tel. 213427880 União (Prazeres) - Rua Saraiva de Carvalho, 145 - F - Tel. 213963643

Outras LocalidadesServiço Permanente Abrantes - Ondalux Alandroal - Alandroalense Albufeira - Piedade Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Ramalho Alcobaça - Nova, Campeão Alcochete - Cavaquinha Alcoutim - Caimoto Alenquer - Matos Coelho Aljezur - Furtado, Odeceixense (Odeceixe) Aljustrel - Pereira Almada - Chai (Costa da Caparica), Atlântico (Cova da Piedade), Moderna (Laranjeiro) Almeirim - Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça - Aguiar Alter do Chão - Alter Alvaiázere - Ferreira da Gama Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Carenque, Remédios, Nunes (Ermesinde) Amareleja - Portugal Arraiolos - Vieira Arronches - Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Nova Barrancos - Barraquense Barreiro - Pimenta, Parreira (Lavradio), Marques Cavaco (Stº Antº da Charneca) Batalha - Ferraz Beja - Palma Belmonte - Costa Benavente - Central (Samora

Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Central Cadaval - Misericórdia Caldas da Rainha - Perdigão Câmara de Lobos - Popular Campo Maior - campo Maior Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Cascais, Grincho (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Ferrer Castelo de Vide - Roque Castro Marim - Moderna Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim Maria Cabeça Constância - Baptista Coruche - Frazão Covilhã - Moderna, Santana (Boidobra) Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Europa Entroncamento - Carvalho Estremoz - Costa Évora - Rebocho Pais Faro - Pereira Gago Ferreira do Alentejo - Salgado Ferreira do Zêzere - Soeiro Figueiró dos Vinhos - Vidigal Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Pimentel Golegã - Moderna (Azinhaga), Salgado Grândola - Costa Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) Lagoa - Sousa Pires Lagos - Neves Leiria - Beatriz Godinho (Maceira), Tomaz (Pousos) Loulé - Pinheiro, Maria Paula (Quarteira), Paula (Salir) Loures - São João, Saraiva, Flores (Catujal), Sta Bárbara (Rio Tinto), Até às 23h - Matos (Prior Velho), Até às 22h - Rocha Santos, Sta Iria (Santa Iria da Azoia) Lourinhã - Quintans (Foz do Sousa) Mação - Saldanha Mafra - Ericeirense, Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha Grande - Duarte Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Do Vale, Ass. Socorros Mutuos-União Moitense Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Novalentejo Montijo - Diogo Marques Mora - Canelas Pais (Cabeção) Moura - Faria Mourão - Mourão Nazaré - Ascenso Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Universo (Caneças), Moserrate (Espinho), Serra da Luz (Serra da Luz), Até às 22h - Famões, Silva Monteiro (Ponte da

Bica/Odivelas) Oeiras - Branco, Lealdade, Maria, Véritas, Oeiras, Sacoor, Até às 22h - Nova Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) Olhão - Progresso Ourém - Iriense, Leitão Ourique - Ouriquense Palmela - Galeano Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Proença Pombal - Santa Maria (Albergaria dos Doze), Barros Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Esteves Abreu Portel - Misericordia Portimão - Pedra Mourinha Porto de Mós - Central (MIRA DE AIRE), Lopes Unipessoal Proença-a-Nova - Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier de Cunha Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Almeida, Flama Vitae Santiago do Cacém - Corte Real, Fontes (Santo André) Sardoal - Passarinho Seixal - Sousa Marques, Fonseca (Amora), Vale Bidarra (Fernão Ferro) Serpa - Central Sertã - Lima da Silva Sesimbra - Bio-Latina, Santana, Leão Setúbal - Fuzeta, Sália Silves - Algarve, Cruz de Portugal, Dias Neves, Sousa Coelho Sines - Atlântico, Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Pinto Leal, Tapada das Mercês, Rodrigues Garcia (Agualva), Simões Lopes (Queluz), Rio Mouro (Rio de Mouro), Crespo (Varzea de Sintra), Até às 22h - Ferreira (Belas) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dorbio (Cano) Tavira - Maria Aboim Tomar - Dias Costa Torres Novas - Nicolau Torres Vedras - Quintela Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. V. de Rei - Silva Domingos Vila do Bispo - Sagres (Sagres), V. do Bispo V. Franca de Xira - Botto e Sousa, Raposo, Higiénica (Póvoa de Santa Iria), Moderna, Até às 21h - Sequeira (Sobralinho) Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) V. Real de Sto António - Carmo V. Velha de Rodão - Pinto V. Viçosa - Torrinha FONTE: www.AccuWeather.com

Lua

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Vila Real

Viseu

C. BrancoLeiria

Santarém

Setúbal

Lisboa

Évora

BejaSines

SagresFaro

Portalegre

Coimbra

AveiroGuarda

V. Castelo BragançaBraga

Porto

2-2,5m

2-2,5m

0,5-1m

14˚

14˚

16˚

Nascente: 07h46Poente: 17h54

Crescente:31/01 - 04h10

Grupo Ocidental

Grupo Central

Grupo Oriental

Açores

Madeira

2m17˚

2m17˚

2-3m17˚

1m19˚

1-2m16˚

P. Santo

Porto de Leixões

Preia-mar: Baixa-mar:

06h25 2,918h47 2,800h10 1,012h32 1,0

06h03 3,018h26 2,812h08 1,2- -

06h06 2,918h26 2,711h57 1,1- -

Porto de Cascais

Preia-mar: Baixa-mar:

Porto de Faro/Olhão

Preia-mar: Baixa-mar:

Marés

Amanhã

11˚6˚

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15˚15˚

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12˚

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6˚7˚

2˚ -3˚-1˚

13˚

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12˚

11˚

13˚

13˚

TeatroLisboaA Barraca - Teatro CinearteLargo de Santos, 2. T. 213965360 D. Maria, A Louca De Antônio Cunha (texto). Enc. Maria do Céu Guerra. Com Maria do Céu Guerra, Adérito Lopes. De 8/9 a 29/1. Quinta a sábado às 21h30. Domingo às 16h30. M/12. Rumor De Mário de Carvalho. Enc. Maria do Céu Guerra. Com João D´Ávila, Jorge Gomes Ribeiro, Paula Guedes, Rita Fernandes, Rúben Garcia, Sérgio Moras, Vânia Naia. De 30/11 a 26/2. Quinta a sábado às 21h30. Domingo às 16h00. M/12. ChapitôR. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550 Édipo Comp.: Companhia do Chapitô. Enc. John Mowat. Com Jorge Cruz, Marta Cerqueira, Tiago Viegas. De 19/1 a 11/3. Quinta a domingo às 22h00 (na Tenda). M/12. Galeria Zé dos BoisRua da Barroca, 59 - Bairro Alto. T. 213430205 Drifting / Em Deriva De António Pedro Lopes, Gustavo Ciriaco. Com Ana Eliseu, Andrea Brandão, Bruno Caracol, Clara Kuntner, Cristina Zabalaga, Eduardo Frazão, Marta Rema, Paolo Andreoni, Rita Sousa Mendes, Vânia Rovisco. De 26/1 a 29/1. Quinta a domingo às 21h30. Lavadouro de CarnideEstrada da Correia. T. 217121330 Rua Maria Brown De Maria Gil. Grupo: Teatro do Silêncio. Com Maria Gil. De 28/1 a 29/1. Sábado e domingo das 18h00 às 23h00 (marcação prévia). M/12. Duração: 30m. Teatro da ComunaPç. Espanha. T. 217221770 3 Actores à Procura de um Papel De Joaquim Paulo Nogueira (texto). Enc. Joaquim Paulo Nogueira, Jorge António. Com Oceana Basílio, Ângelo Torres, João Cabral. De 19/1 a 29/1. Quinta a sábado às 21h30. Domingo às 16h00 (na Sala Novas Tendências). M/16. Design for Living De Noël Coward (a partir de). Enc. Álvaro Correia. Com Carlos Paulo, Carlos Vieira, Hugo Franco, João Tempera, Maria Jorge Marques, Mia Farr, Rita Calçada Bastos. De 8/12 a 5/2. Quarta a sábado às 21h30. Domingo às 16h00. M/12. La Mudanza De Célia Nadal, Javier Manzanera. Grupo: Companhia de Teatro Perigallo. Enc. João Mota. Com Célia Nadal, Javier Manzanera. De 19/1 a 26/2. Quarta a sábado às 21h30. Domingo às 16h00.

Teatro da Cornucópia - Bairro AltoR. Tenente Raúl Cascais 1A. T. 213961515 Morte de Judas De Paul Claudel. Enc. Dinarte Branco, Luís Miguel Cintra, Cristina Reis. Com Dinarte Branco, Luís Miguel Cintra. De 19/1 a 29/1. Terça a sábado às 21h30. Domingo às 16h00. Teatro Nacional D. Maria IIPç. D. Pedro IV. T. 213250835 A Paixão Segundo Eurico De Alexandre Herculano (a partir de). Com Cristina Carvalhal, Inês Rosado, Sara Carinhas. De 1/12 a 29/1. Quarta a sábado às 21h15. Domingo às 16h15 (na Sala Estúdio). Quem tem Medo de Virginia Woolf? De Edward Albee. Com Filipe Raposo (música). Enc. Ana Luísa Guimarães. Com Maria João Luís, Romeu Costa, Sandra Faleiro, Virgílio Castelo. De 26/11 a 29/1. Quarta a sábado às 21h00. Domingo às 16h00 (na Sala Garrett). M/12. Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 Judy Garland - O Fim do Arco-Íris De Peter Quilter. Enc. Filipe La Féria. Com Hugo Rendas, Vanessa, Carlos Quintas. A partir de 25/1. Quinta e sexta às 21h30. Sábado às 17h00 e 21h30. Domingo às 17h00. Pinóquio De Filipe La Féria. Enc. Filipe La Féria. Com Ana Rita Dionisio, Joel Branco, Sara Cabeleira, Sérgio Lucas, Bruna Andrade, Hugo Goepp, Inês Herédia, Tiago Isidro. Coreog. Inna Lisniak. A partir de 19/11. Terça a sexta às 11h00 e 14h00 (escolas). Sábado e domingo às 15h00 (público).

AlmadaTeatro Municipal de AlmadaAvenida Professor Egas Moniz. T. 212739360 O Carteiro de Neruda Comp.: Companhia de Teatro de Almada. Enc. Joaquim Benite. De 26/1 a 5/2. Quarta a sábado às 21h30. Domingo às 16h00. M/12.

CascaisTeatro Municipal Mirita CasimiroAvenida Fausto Figueiredo - Monte Estoril. T. 214670320 Roberto Zucco De Bernard Marie Koltès. Grupo: Teatro Experimental de Cascais. Enc. Carlos Avillez. Com Tomás Alves, João Vasco, Anna Paula, António Marques, Carlos Santos, Fernanda Neves, Gláucia Noemi, Luís Rizo, Maria Camões, Renato Pino, entre outros. De 4/1 a 29/1. Quarta a domingo às 21h30. M/16.

TomarConvento de CristoT. 249313481 Corto Maltese, Concerto em Ó menor para Harpa e Nitroglicerina De Hugo Pratt (a partir). Comp.: Companhia de Teatro Fatias de Cá. Enc. Carlos Carvalheiro. De 15/1 a 19/2. Dom. às 15h15. Reservas: 960303991. Duração: 213m.

ExposiçõesLisboaMuseu Colecção BerardoCentro Cultural de Belém. T. 213612878 A Arte da Guerra - Propaganda da II Guerra Mundial De 19/10 a 4/3. Todos os dias das 10h00 às 19h00 (última admissão às 18h30). Documental, Vídeo, Outros. Exposição permanente do Museu Coleção Berardo (1900-1960) De Alexander Calder, Lourdes Castro, Joseph Cornell, Giorgio de Chirico, Paul Delvaux, Walter Dexel, Jim Dine, Jean Dubuffet, Equipo 57, Salavador Dalí. De 4/7 a 8/11. Todos os dias das 10h00 às 19h00 (última admissão às 18h30). De 4/7 a 19/2. Todos os dias das 10h00 às 19h00 (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. Exposição Permanente do Museu Colecção Berardo (1960-2010) De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. Todos os dias das 10h00 às 19h00 (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. VIK De Vik Muniz. De 21/9 a 29/1. Todos os dias das 10h00 às 19h00 (última entrada às 18h30). Fotografia, Outros. Museu da ElectricidadeAvenida Brasília. T. 210028190 Ilustrarte 2012 - V Bienal Internacional de Ilustração para a Infância De Valerio Vidali, Nina Werhle, Simone Rea, Alicia Baladan, Beatriz Martin, Daphné Gerhard, Emmanuelle Bastien, Oscar Sabini, Stefania Lusini, entre outros. De 12/1 a 8/4. Terça a domingo das 10h00 às 18h00. Pintura, Desenho, Ilustração. Marginália ou o Epílogo De Ana Luísa Ribeiro. De 5/1 a 18/3. Terça a domingo das 10h00 às 18h00. Pintura. Sala Cinzeiro 8. Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes. T. 213912800 Cuerpos de Dolor - A Imagem do Sagrado na Escultura Espanhola (1500-1750) De 14/11 a 25/3. Terça das 14h00 às 18h00. Quarta a domingo das 10h00 às 18h00. Escultura Revelações. O Presépio de Santa Teresa de Carnide De 10/12 a 26/2. Terça das 14h00 às 18h00. Quarta a domingo das 10h00 às 18h00. Escultura. Museu Nacional de EtnologiaAvenida Ilha da Madeira. T. 213041160 O Pintor que Esculpia Histórias De António Peralta. De 19/1 a 31/1. Terça das 14h00 às 18h00. Quarta a domingo das 10h00 às 18h00. Pintura, Escultura.

OeirasCentro Cultural Palácio do EgiptoR. Álvaro António dos Santos. T. 915439065 In Vino Veritas De Gustavo Fernandes. De 19/1 a 18/3. Terça a domingo das 12h00 às 18h00. Pintura, Escultura.

MúsicaLisboaTeatro Municipal de S. LuizR. Ant. Maria Cardoso, 38-58. T. 213257650 10.º Festival da Escola Superior de Música de Lisboa Hoje às 16h00. M/3.

CascaisCentro Cultural de CascaisAvenida Rei Humberto II de Itália. T. 214848900 Moscow Piano Quartet Com Alexei Eremine (piano), Alexei Tolpygo (violino), Alexandre Delgado (violeta), Guenrik Elessine (violoncelo). Hoje às 17h00 (Ciclo Embaixadas Musicais: Alemanha).

SetúbalClub SetubalenseAv. Luísa Todi 99, 1º. T. 265522329 Cecília Pereira e Coral Infantil de Setúbal Com Cecília Pereira (piano). Hoje às 17h00 (angariação de fundos para o Fórum Municipal Luísa Todi).

DançaLisboaCasino LisboaParque das Nações. T. 218929070 Celtic Legends Coreog. Ger Hayes. Hoje às 17h30 e 21h30. M/12.

AlmadaTeatro Municipal de AlmadaAv. Professor Egas Moniz. T. 212739360 Por um Rio Com Alban Hall, Marina Nabais, Tonan Quito. Coreog. Marina Nabais. Hoje às 16h00. M/12.

Roberto Zucco: última apresentação no Teatro Municipal Mirita Casimiro. em Cascais

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 49

RTP1 RTP2 SIC TVI

Disney TV Cine 1 História Odisseia15.00 Boa Sorte, Charlie! 15.25 Videoclip 15.30 Phi-neas e Ferb 18.00 Pa-toaventuras 18.25 Os Feiticeiros de Waver-ly Place 18.50 Par de Reis 19.15 Zack e Cody: Todos a Bordo 19.40 Shake It Up 21.45 So Random

9.15 Os Mal Amados 11.00 A Colega de Quarto 12.35 A Queda 14.40 Linha Mor-

tal 16.30 Simon Werner Desapareceu 18.00

Resident Evil 3 - Extin-ção 19.35 [Rec] 2 21.00 Splice - Mutante 22.45

Deixa-me Entrar 0.40 Klute 2.30 O Apelo

da Natureza 4.00 Deixa-me

Entrar 5.55 Spooky Buddies - Amigos

Fantasminhas

14.30 Caça Tesouros: Ep.5 15.25 Isto É Impossível!: Terminators 16.20 O Uni-verso: O Futuro Escuro do Sol 17.15 O Universo: Eclipse Total 18.10 Coreia do Sul 19.10 Aeroportos no Limite: Ep.1 20.10 Aeropor-tos no Limite: Ep.2 21.00 Desafi o Abaixo de Zero: Degelo Mortal 21.50 Desa-fi o Abaixo de Zero: O Novo Rei 22.45 Isto É Impossí-vel!: Terminators 23.40 O Universo: O Futuro Escuro do Sol 0.35 O Universo: Eclipse Total 1.35 Coreia do Sul

14.00 Códigos Secretos: Previsão 15.00 Islândia, A Próxima Erupção 16.00 Prozac para Animais de Estimação 17.00 Seitas: A Fuga 18.00 Arte Urbana 19.00 Chips: Implantes de Futuro 19.30 Desafi o Vertical: A Torre Agbar de Barcelona 20.00 Diário de Orangotangos 21.00 Alienígenas dos Fundos Marinhos 22.02 Salvos Pela Música 23.00 Gémeos 0.00 Hora Zero II: O Rei da Cocaína 1.00 Sex Mundi, A Aventura do Sexo: O Mo-mento Mais Desejado

07.00 Mar de Letras 07.36 África@Global 08.01 Músicas de África 09.00 Caminhos 09.25 70X7 09.52 Nós 10.33 Zig Zag 13.11 Janela Indiscreta com Mário Augusto 13.43 Voz do Cidadão 14.00 Desporto 2 19.00 A Conversa dos Outros 19.33 Um Dia no Museu

20.04 Low Cost20.33 Os Simpsons

20.58 Jacques Leonard, El Payo Chac

22.00 Hoje22.30 Câmara Clara

23.50 Britcom

00.54 Onda-Curta 02.15 Desporto 2

06.35 LOL@SIC 08.30 Disney Kids 10.05 Rebelde Way 11.20 Lua Vermelha 12.15 BBC Vida Selvagem: Ocean´s Supermum 13.00 Primeiro Jornal 14.10 Fama Show 14.40 Pan Am 16.00 Filme: O Guarda Fraldas 18.15 Filme: A História da Cinderela

20.00 Jornal da Noite

22.00 Ganha Num Minuto

23.45 Cenas do Casamento

00.30 Filme: Resident Evil 3 - Extinção 02.00 Investigação Criminal 03.00 Televendas

06.30 Animações 08.22 Campeões e Detectives 09.03 Inspector Max 11.10 Missa (inclui Oitavo Dia) 13.00 Jornal da Uma 13.55 Havai: Força Especial 14.53

Terra Nova 15.49 Filme: Orange County 17.35 Filme: A Soma de Todos os Medos

20.00 Jornal das 8

21.45 A Tua Cara Não Me É Estranha

01.00 Mais Futebol - Jornada 01.40 Mais Futebol - Casos 02.00 Mais Futebol - Fórum 02.21 O Génio de Ted 02.41 Jardins Proibidos 04.30 Tv Shop

06.30 Espaço Infantil 07.01 Brinca Comigo 08.00 Bom Dia Portugal Fim-de-Semana 10.15 Eucaristia Dominical 11.23 Os Compadres 12.08 BBC Terra: Madagáscar, a Ilha dos Assombros (Último) 13.00 Jornal da Tarde 14.18 Cinco Sentidos 15.25 Nikita 16.06 Filme: U.S. Marshals - A Perseguição 18.27 Pai à Força (2 episódios)

20.00 Telejornal

21.00 Grandes Histórias - Toda a Gente Conta (inclui o telefilme A Princesa)

22.33 Hora da Sorte: Sorteio do Joker22.36 Estado de Graça

23.38 Filme: Get Smart - Olho Vivo

01.38 Filme: Em Carne Viva 03.20 Cinco Sentidos 04.20 Televendas

19.40 Shake It Up

25 OsWaver-Parack aake

tal 16.30 SimoDesapareceu

Resident Evção 19.35 [RSplS ice - Mu

Deixa-meKlute 2

da N4.0

E

Fan

t Up

23.38 Get Smart - Olho Vivo

17.35 A Soma de Todos os Medos

00.30 Resident Evil 3 - Extinção

FicarDiário de Sofia & C.ªRomance juvenil de Luísa Ducla Soares – autora com mais de 100 livros editados e vários prémios no currículo –, recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para os 7.º, 8.º e 9.º anos. Diário de Sofia & C.ª é a história de Sofia (nome de código), uma rapariga de 15 anos que recebe um diário como prenda de

aniversário. Ideia que acha “uma seca”, até ao dia em que decide estreá-lo. Quem sabe se no futuro não será uma pessoa famosa e o seu diário um tesouro valioso?Autor Luísa Ducla SoaresEditor Civilização7,70 euros

CinemaSplice – MutanteTítulo original: SpliceDe: Vincenzo NataliCom: Adrien Brody, Sarah Polley, Delphine ChanéacCAN/EUA/FRA, 2009, 104 min.TVC1HD, 21h00Estreia televisiva. Clive Nicoli (Adrien Brody) e Elsa Kast (Sarah Polley) são dois cientistas experientes a trabalhar numa importante investigação que envolve a mistura dos códigos genéticos de diferentes espécies. Mas quando insistem em usar ADN humano para aprofundarem o seu estudo, o laboratório onde trabalham afasta-os da investigação alegando razões éticas e legais… Um thriller de ficção científica realizado por Vincenzo Natali.

Contraluz [Backlight]MOV, 20h50Esta é a história de algumas pessoas que, apesar da extrema descrença em que se encontram, que as leva a ponderar até o suicídio, vão acabar por compreender que o mundo não pára e que, por vezes, algo totalmente imprevisto pode mudar, para melhor, o curso das suas vidas. Agora, caberá a cada um usar isso a seu favor. Com argumento e realização de Fernando Fragata (Sorte Nula), o primeiro filme português realizado em Hollywood. No elenco, Joaquim de Almeida, Scott Bailey e Evelina Pereira.

Em Carne Viva [Carne Trémula]RTP1, 01h38Quando Victor aparece em casa de Elena, ela está à espera de um dealer que nunca mais chega. Nervos, uma arma e dois polícias que tiveram também um mau dia, complicam ainda mais a situação. David, um dos polícias, é atingido por uma bala que o deixa paraplégico. Victor é considerado culpado e condenado a seis anos de prisão. É aí que o jovem assiste ao sucesso que David, entretanto transformado numa estrela de basquetebol nos jogos Paraolímpicos de Barcelona, partilha com a sua nova mulher, Elena. Os seus pensamentos de vingança tornam-se uma obsessão... Uma obra de Pedro Almodóvar com Javier Bardem, Francesca Neri e Liberto Rabal.

DesportoFutebol: Sporting – Beira-MarSportTV1, 17h00A crise sportinguista já não deixa dúvidas: está instalada, a equipa já não pode lutar pelo primeiro lugar e tudo parece correr mal. Hoje, o Sporting recebe um Beira-Mar que, apesar da classificação (apenas mais 2 pontos do que o penúltimo), tem mostrado bons argumentos em campo e já conquistou três vitórias fora de casa.

Futebol: Gil Vicente – FC PortoSportTV1, 19h00A luta com o Benfica pelo título está renhida e qualquer deslize pode ser fatal para as ambições do campeão nacional. O Porto vai a Barcelos defrontar a equipa que, na passada jornada, foi ao Estádio da Luz mostrar bom futebol e muita vontade de contrariar as probabilidades.

SériesInadaptadosAXN Black, 20h30Estreia a série inglesa vencedora de um prémio BAFTA em 2010 para Melhor Drama. Inadaptados segue um grupo de pessoas com algo em comum: todos praticaram alguma acção ilegal e têm uma pena a cumprir nos serviços comunitários. E quando uma tempestade atinge a cidade, todos vão ficar com poderes extraordinários…

Tim em Nova IorqueFX, 22h00Estreia da terceira temporada da série de animação criada por Steve Dildarian. Tim em Nova Iorque é a história de Tim (voz de Steve Dildarian), um rapaz bondoso e inseguro que faz coisas insólitas para subir na carreira.

MagazineCâmara Clara – Mário SoaresRTP2, 22h30

Paula Moura Pinheiro convida Mário

Soares – que lançou recentemente o livro Um Político Assume-se – para uma conversa sobre literatura,

maçonaria, José Sócrates, Pedro Passos

Coelho ou Barack Obama.

ActualidadeTerreiro do PaçoTVI24, 23h00Henrique Garcia recebe no Terreiro do Paço o presidente da Região Autónoma dos Açores, Carlos César, que se encontra em fase final de mandato, e o economista e professor João Ferreira do Amaral, uma das vozes mais críticas à manutenção de Portugal na zona euro.

ReportagemGrande Reportagem – Política do Filho ÚnicoSIC, no Jornal da NoiteEm duas décadas, Portugal transformou-se num dos países mais envelhecidos da União Europeia, com o segundo índice mais baixo de natalidade. E o interior contribuiu decisivamente para “afundar” as médias. Uma reportagem de Pedro Coelho, com imagem de Luís Pinto.

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50 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Jogos

Solução do problema 3969

Solução do problema 3968

Problema 3971 Dificuldade: Muito difícil

Su DokuDescubra as oito diferençasSoluções

Xadrez

Problema 3970 Dificuldade: Fácil

Problema 7965

© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

Cruzadas 7965HORIZONTAIS: 1. Que pertence a vós. Título do soberano russo no tempo do Império. 2. Fábrica de óleos. Preposição que indica companhia. 3. Recitar. Semente de uma planta da família das Malváceas, que cheira a âmbar e tem aplicação em perfumaria. 4. Possuí. Escrever em prosa. 5. Refeição que tem por única ou principal iguaria leitões assados. 6. Espectro. A mim. 7. Tronco (parte do corpo de pessoa ou obra de arte que o representa). Textualmente (adv.). 8. Soberano. Nesse lugar. Gravidade inerente aos corpos. 9. Irritar. Observei. Vogal (pl.). 10. Atmosfera. Cálculo matemático. 11. Serrano. Grande desordem.VERTICAIS: 1. Forma internacional de vóltio. Período de repouso concedido pelas entidades patronais aos seus empregados, todos os anos. 2. Nome químico do azeite. Nome da letra R. 3. Préstimo. 4. Sociedade Anónima (abrev.). Seguimento ou série de coisas que estão na mesma linha ou direcção. Grande porção (pop.). 5. Interjeição que designa dúvida ou menosprezo. Invólucro de um produto. Décima sexta letra do alfabeto grego. 6. Que não é possível ou que é muito difícil de fazer ou de conseguir. 7. Corda para prender uma das pontas à mão ou ao pé do boi, para evitar que fuja. Seguir até. 8. Grupo de pessoas em círculo. Antes de Cristo (abrev.). 9. Ligada (luz). Salgueiro. 10. Caminho por mar. Incumbência. 11. Ave palmípede, menor que o pato. Eles.

Depois do problema resolvido encontre o nome de um filme com Tom Cruise (4 palavras).

HORIZONTAIS 1. A soberania. Lisonjear. 2. Tareia. Lance no jogo do xadrez. 3. Contr. da prep. em com o art. def. a. Defenderam de perigo. 4. Serve-se de. Observar. Graceja. 5. Grande número de estacas. 6. Apogeu. Irmã (fam.). 7. Bravio. 8. Caminhar. Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de igual. Debaixo de. 9. Desmoronar. A si mesmo. 10. Matilha de cães a correr. Pequena peça de artilharia semelhante a um morteiro comprido. 11. Campo de cereais. Composto hidrocarbonato muito abundante nos vegetais, principalmente nos tubérculos, rizomas e sementes.VERTICAIS 1. Frágil. Modo de viver (pl.). 2. Dizia-se dos filhos de negros que eram alvos e de cabelos louros. Tecido de arame. 3. Aqueles. Peixe da família dos escômbridas da ordem dos acantopterígios. Caminho orlado de casas dentro de uma povoação. 4. Contr. da prep. em com o art. def. os. Enguiçar. 5. Ovário dos peixes. Recenseamento geral da população. 6. Alvorada. Coto. 7. Lombriga terrestre. Rebordo do chapéu. 8. Desejarias. Aguardente de melaço. 9. Botequim. Planta apiácea conhecida por erva-doce. Sétima nota da escala musical. 10. Amarrar. Aniversário natalício. 11. Indemnizar. Muito gordo.

Cruzadas (9764)HORIZONTAIS: 1. Aval. Luanda. 2. Nem. Farrear. 3. Dragar. Mu. 4. LUZ. Garfo. 5. SA. Reparar. 6. Flanar. Lat. 7. Fia. Dura. De. 8. ÍNDIA. Arder. 9. Faia. Nitrir. 10. Pão. Aro. 11. Aforro. Amor.VERTICAIS: 1. Andas. Fífia. 2. Ver. Afina. 3. Amal. Ladino. 4. Gura. Ia. 5. FAZENDA. PR. 6. Lar. Pau. NÃO. 7. Ur. Garraio. 8. Armar. Art. 9. Neural. Dram. 10. DA. Fradeiro. 11. Arco. Terror.Provérbio:Fazenda da Índia não luz.

Cruzadas brancasHORIZONTAIS: 1. Trono, Gabar. 2. Sova, Mate. 3. Na, Salvaram. 4. Usa, Ver, Ri. 5. Estacaria. 6. Auge, Mana. 7. Montesino. 8. Ir, Iso, Sob. 9. Derrocar, Se. 10. Adua, Obus. 11. Seara, Amido. VERTICAIS: 1. Ténue, Vidas. 2. Assa, Rede. 3. Os, Atum, Rua. 4. Nos, Agoirar, 5. Ova, Censo. 6. Alva, Toco. 7. Verme, Aba. 8. Amarias, Rum. 9. Bar, Anis, Si. 10. Atar, Anos. 11. Remir, Obeso.

Xadrez:1.a5 b3![1...Rd6 2.Rd3 Rc7 3.Rc2 Rb7 4.Rb3 Ra6 5.Rxb4 g5 6.Rc5 Rxa5 7.Rxc6 +-]2.Rd3 Rd6! 3.Rd2![3.Rc3? c5! 4.a6 cxd4+][3.h4? b4! 4.Rd2 Rc7 -+]3...g5![3...Rc7 4.Rc3! c5 5.dxc5 Rc6 6.a6]4.Rc1!! Rc7 5.Rb2 Rb7 6.Rxb3[6...Ra7 7.Rb4 Ra6 8.Rc5! Rxa5 9.Rxc6 b4 10.d5 b3 11.d6 b2 12.d7 b1=D 13.d8=D+ Ra4 14.Da8+ Rb3 15.Db7+ Rc2 16.Dxb1+Rxb1 17.Rd5 +-]1 – 0

DiferençasPuxador da porta; Rótulo da caixa; Caixa redonda; Pé do roupeiro; Mais uma gravata; Espelho; Mais gotas de suor; Boca.

V. Artsakov; M. Zinar1986(As brancas ganham)

Cruzadas 7965

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 51

Policiário 1069

Desafios

As melhores produções e autores de 2011

a Sabemos que ainda há muitas

questões por resolver, relativas à

época anterior, para conseguirmos

encontrar os grandes triunfadores

de 2011:

Quem são os campeões nacionais

em decifração e produção? Quem

vai erguer a Taça de Portugal?

Quem vai ser o Policiarista do Ano?

Quem será o n.º 1 do Ranking?

Todas estas questões terão resposta

muito em breve, com divulgação

em primeira mão, como é habitual,

no Crime Público, que pode ser

acedido em http://blogs.publico.pt/

policiario, onde esperamos poder

publicar, já nos próximos dias, a

tabela das pontuações.

Dentro de breve, assistiremos

a uma corrida ao blogue Crime

Público, com os corações a baterem

a um ritmo acelerado, em busca da

esperada notícia...

Assim é o nosso policiário,

um espaço de amizade, de

camaradagem e de boa disposição,

mas também de emoções fortes,

de competição cerrada, de

procura da perfeição no estudo, na

interpretação, no encadeamento

dos raciocínios, nas análises

adequadas dos factos e dos

acontecimentos. Enfi m, na correcta

avaliação de todas as parcelas que

compõem um problema policiário

e uma investigação criminal.

Campeonato Nacional de

Produção 2011

Como é do conhecimento dos

nossos confrades, o título de

campeão nacional de produção

é conquistado pelo produtor que

reunir maior número de votos

atribuídos pelos respondentes a

todos os desafi os de características

tradicionais. Nestes termos,

solicitamos aos confrades que

tenham apresentado propostas

de solução aos 10 desafi os

tradicionais, independentemente

das pontuações obtidas, que agora

exerçam o seu direito de voto,

para que possamos consagrar o

campeão de 2011.

Para esse efeito, apenas terão que

enviar, impreterivelmente até

ao próximo dia 10 de Fevereiro,

para o endereço de e-mail

[email protected], a

pontuação que atribuem a cada

uma das produções. Ao desafi o

que considerem melhor deverão

atribuir 10 pontos, ao segundo

melhor, 9 pontos e assim por diante

até ao que considerarem menos

conseguido, a que atribuirão

apenas 1 ponto.

Para que os confrades possam

recordar os problemas que agora

vão votar, vamos indicá-los, por

ordem de publicação, relembrando

que os mesmos, com as respectivas

soluções, estão disponíveis na

página Clube de Detectives, do

confrade Daniel Falcão, que

pode ser acedida em http://

clubededetectives.net.

Eis a listagem dos problemas a

concurso, com a indicação dos

seus autores, um dos quais irá ser

o próximo campeão nacional de

produção:

Mistério no Paraíso, de Al-Hain;

Tempicos e a Viúva Alegre, de A.

Raposo & Lena;

Aprendiz de Criminoso, de Felizardo

Lopes;

Smaluco e o Perigoso Bombista, de

Inspector Boavida;

Gato Farrusco Morre ao Lusco-fusco,

de Onaírda;

O Massacre na Quinta da Alegria, de

Rip Kirby;

Crónica do Meu Suicídio, de Paulo;

Azul Celestial, de Daniel Falcão;

Crime em Tempo de Guerra, de

Búfalos Associados;

Os Enigmas da Tribo Desaparecida,

de M. Constantino.

Problemas de Rápidas Policiárias

A época passada também foi feita

de problemas das chamadas rápidas

policiarias, ou seja de escolha

múltipla.

Estes problemas, que algumas

pessoas já apelidaram,

indevidamente, de “parentes

pobres”, não podem ser ignorados,

apesar de não serem elegíveis para

a atribuição do título de produção.

Assim, resolvemos colocá-los,

também, à votação dos nossos

confrades, para podermos encontrar

o melhor problema rápido e o

melhor autor.

Luís PessoaQueremos aqui deixar o testemunho

do imenso carinho e respeito que

a maioria dos confrades tem pelos

autores e pelos problemas com

estas características. Não apenas

por lhes reconhecerem a mesma

difi culdade na execução, mas

também por sentirem na própria

pele a difi culdade na sua decifração.

No fi m, acabam por verifi car que o

processo de abordagem tem de ser

o mesmo dos outros problemas: o

estudo, o trabalho de decifração,

etc., fi cando apenas mais simples

a resposta, que é com a indicação

de uma mera alínea. Mas todo o

trabalho até ali chegar, é idêntico.

Desta forma, solicitamos aos

nossos confrades que, aquando da

elaboração das pontuações para

o título de campeão nacional de

produção, dediquem alguns minutos

a classifi car as produções de

rápidas, atribuindo 10 pontos à mais

conseguida, 9 à seguinte e assim por

diante até à menos conseguida a que

atribuirão 1 ponto.

Eis a lista das produções rápidas,

também disponíveis no Clube de

Detectives:

São Pedro Resolve, de Al-Hain;

Que Estranha Pescaria, de Inspector

Boavida;

Desviaram um Auto-tanque, de Rip

Kirby;

O Mistério da Bala Transviada, de

Penedo Rachado;

Quem Tirou o Dinheiro, de Zé;

O Douro Tem Muitas Pontes, de

Paulo;

Manual der Interpretação de Sonhos,

de Búfalos Associados;

Quem Matou a Rafa(ela)?, de Daniel

Falcão;

Branca de Neve, de Branca de Neve;

O Iate Misterioso, de Malempregado.

Policiário de Bolso, um novo

blogue

Há no ciberespaço mais um motivo

para os policiaristas viajarem e,

neste caso particular, se deleitarem

com os muitos escritos de inegável

valor e interesse do mestre M.

Constantino. Pela mão da Detective

Jeremias, que nos traz mais uma

iniciativa made in Santarém, o

blogue Policiário de Bolso está a

divulgar a obra e o pensamento

do vizinho de Almeirim, M.

Constantino, e também uma espécie

de almanaque diário, em que se

fala de policial nas suas diversas

vertentes.

Não é excessivo dizermos que o

blogue é de visita obrigatória, todos

os dias e durante muito e muito

tempo, tão vasta é a obra do mestre

e pode ser encontrado em http://

policiariodebolso.blogspot.com.

Para a Detective Jeremias e para o

M. Constantino vai a nossa saudação

especial, com votos de longa vida

para o blogue, com muito e bom

policiário.

Secção Correio Policial

Também com origem em Santarém,

a nova secção policiária orientada

por Domingos Cabral, o Inspector

Aranha, prossegue a sua marcha no

Correio do Ribatejo, um jornal que se

publica desde 1891.

A publicação de problemas e contos

policiários, da autoria de grandes

mestres da arte de bem produzir e

de bem contar histórias, é uma das

suas vertentes mais interessantes,

mas há muitas ideias e projectos em

andamento.

Para que os nossos “detectives”

possam tomar contacto com

a secção, podem enviar um

e-mail para [email protected] ou

escreverem para Correio do Ribatejo,

a/c Domingos Cabral, Rua Serpa

Pinto, 94, 2000-214 Santarém.

Acreditem que vale mesmo a pena!

A correspondência para esta secção deve ser enviada para Rua Viriato, 13, 1069-315 Lisboa ou para policiá[email protected]

José Paulo Viana (texto)Cristina Sampaio (ilustração)

Estamos à porta de mais uma época competitiva, que se inicia precisamente no ano em que vamos celebrar 20 anos ininterruptos da secção Policiário no PÚBLICO. Tudo começou no dia 1 de Julho. Por coincidência, neste ano de 2012, esse dia ocorre a um domingo, o que signifi ca que vamos ter um 20.º aniversário festejado no dia exacto! Isso “impõe-nos” o dever de organizar uma secção especial, para a qual desde já solicitamos a colaboração dos nossos confrades e “detectives”, para que possamos fazer algo de diferente. Venham daí as vossas sugestões, ideias e propostas, que não serão demais…

A Hora dos BiscoitosO Desafio proposto na semana passada foi o seguinte:“Fomos fazer uma caminhada pela serra do Gerês.Depois de atravessarmos a sempre emocionante Fenda da Calcedónia, sentámo-nos a recuperar forças e abrimos o pacote de biscoitos que tínhamos levado. O António tirou um biscoito e a décima parte dos que sobravam. A Beatriz tirou dois biscoitos e a décima parte dos restantes. A Catarina tirou três e a décima parte dos que sobejavam. E assim sucessivamente até chegar a minha vez, ficando eu com os que ainda estavam no saco. Curiosamente, acabámos por comer todos a mesma quantidade de biscoitos. Quantas pessoas tinha o grupo e quantos biscoitos comeu cada um?”Vejamos dois processos diferentes de resolver o problema.

1º MétodoSeja B = número total de biscoitos.O António tirou 1+(B-1)/10 ou (9+B)/10, deixando lá B-(9+B)/10 = (9B-9)/10 biscoitos.A Beatriz tirou 2+((9B-9)/10-2)/10 = (9B+171)/100 biscoitos.Como o António e a Beatriz comeram a mesma quantidade, vem:(9B-9)/10 = (9B+171)/100 ou10B – 90 = 9B + 171 ou B = 81Havia então 81 biscoitos.Podemos agora descobrir quantos comeu cada um e quantos eram os amigos.O António tirou 1 + (81-1)/10 = 1 + 8 = 9 biscoitos. Ficaram 72 no saco.A Beatriz tirou 2 + 70/10 = 2 + 7 = 9 biscoitos. Ficaram 63 no saco.E assim sucessivamente até ao nono amigo, que encontra o saco com 9 biscoitos e os tira todos.2º Método

Eis como João Sá, resolveu o problema sem usar equações.Se o António tirou um biscoito e um décimo dos restantes, então o número inicial de biscoitos era 1 + múltiplo de dez, ou seja, um número terminado em 1.Como a Beatriz tirou 2 + a décima parte dos restantes, o número de biscoitos que tinha à sua disposição terminava em 2.Do mesmo modo, a Catarina tinha diante de si um número de biscoitos que terminava em 3. E assim sucessivamente.Isto quer dizer que cada um ou comeu 9 biscoitos ou um número que acaba em 9.Vamos testar a hipótese 9.Neste caso, o António comeu 1 + 8 (que é a décima parte de 80). O número inicial de biscoitos era 81.Como 81 é múltiplo de 9, este número serve e então cada um comeu 9 biscoitos e eram 9 pessoas.

Décadas de ouro

Para chegar a 2013a Estamos todos com vontade de

chegar depressa a 2013. Então:

- Escolher uma das quatro

operações elementares.

- Usar todos os

algarismos de 0

a 9, uma e uma só

vez, para construir

dois ou mais

números.

- Com estes

números

e aquela

operação,

repetida se

necessário,

obter o resultado

pretendido: 2013.

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52 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Espaço públicoEstamos à beira do precipício, como afirma Christine Lagarde? Ou estamos a dar a volta, como insiste a chanceler alemã?

A Europa entre Merkel e Lagarde

1. Onde é que estamos? Os sinais são tão contradi-tórios, as mensagens tão díspares, que é difícil responder até à mais simples e à mais essencial das questões: estamos à beira do precipício, co-mo afi rma Christine Lagarde e como dizem a

maioria dos analistas de mercado; ou estamos a dar a volta, como insiste a chanceler alemã ou o presidente do Banco Central Europeu ou a generalidade dos res-ponsáveis políticos da zona euro que se apresentaram em Davos tentando exibir algum optimismo?

A difi culdade em encontrar uma lógica nesta constante e profunda indefi nição e nesta multiplicidade de sinais e de discurso é tão angustiante, que a tentação é acredi-tar nas duas — na chanceler e na directora-geral do FMI. Tentando, ao mesmo tempo, descortinar as entrelinhas do que dizem os restantes responsáveis europeus e des-contar alguma coisa no que escrevem os analistas dos mercados. É possível? Talvez. É sobretudo recomendável para se conseguir dormir à noite sem insónias ou pesade-los. E é, mais ou menos, o guião da cimeira europeia de amanhã, que, pelo menos, tem a enorme virtude de não se apresentar como a da última oportunidade.

Comecemos por Lagarde e Merkel. A directora-geral do FMI dramatizou de novo o discurso na véspera de apresentar as previsões de crescimento do FMI para a economia mundial na semana passada, todas sujeitas a revisão em baixa e muito pouco animadoras, sobretudo para a zona euro. Uma interessante reportagem publi-cada na última Newsweek descrevia o debate interno da direcção da instituição fi nanceira (incluindo os 24 representantes dos 187 países-membros) sobre como o Fundo deveria utilizar as palavras e os paralelismos his-tóricos para formular o seu enésimo aviso sobre o risco de uma grande depressão mundial com epicentro na Europa. “Dizer a verdade é o nosso trabalho”, argumenta Lagarde. “Ainda há tempo para evitar um novo colap-so.” Mesmo que não muito tempo. Ninguém quer usar a palavra “depressão global” ou “um momento 1930”, mas a mensagem tem de ser sufi cientemente clara. Pe-lo menos sobre as consequências: mais desemprego, agitação social, caos político. Já na Europa, primeiro num encontro com Merkel em Berlim, depois em Davos, num “apelo à acção” em conjunto com o presidente do Banco Mundial, a mensagem não podia ser mais clara: a austeridade, só por si, não vai levar a parte nenhuma, apenas agravar os problemas. O “apelo” é para políticas que incentivem o crescimento e invertam o ciclo vicioso. No seu último relatório sobre estabilidade fi nanceira, o FMI escreve que, desde o início da crise (Grécia, Maio de 2010), a Europa entrou num “equilíbrio negativo”, que transformou um problema localizado num país que vale 2% do PIB europeu num problema generalizado a toda a Europa, que arrastou a Europa para uma recessão, que fez disparar os custos de fi nanciamento da maioria dos países do euro, colocando a Itália e a Espanha na mira dos mercados, que não se sabe ainda onde vai parar. Alguém é capaz de discordar deste diagnóstico?

Qual é a mensagem da chanceler? A mesma de sempre. A crise europeia resolve-se passo a passo e por uma via única — pela redução drástica e rápida dos défi ces dos pa-íses incumpridores e de reformas profundas para ganhar competitividade. A questão-chave é a aprovação de um “pacto orçamental”, sob a forma de tratado intergover-namental, que estabelece um compromisso indestrutível de disciplina fi nanceira para os países da zona euro — é o que os líderes vão fazer amanhã — e que será o sinal para os mercados para restabelecer a confi ança no euro. Esse novo tratado deve estar legalmente em vigor em Janeiro do ano que vem. Até lá…. transfi ra-se o Governo de Atenas para Bruxelas, por exemplo, como consta de uma nova proposta posta a circular em Bruxelas e de autoria alemã, que prevê a nomeação de uma espécie de “administrador-delegado” para substituir as autoridades gregas e para fazer cumprir a meta do défi ce, a bem ou a mal. A chanceler já tinha “despachado” um primeiro-ministro grego, agora quer nomear directamente outro.

Se era preciso mais uma prova da absoluta au-sência de visão política da chanceler, para dizer o mínimo, e da tremenda crise política euro-peia, aqui está ela. Brutal e irrefutável. Não é esta seguramente a melhor forma de conciliar o curto com o médio prazo.

2. O que vai, então, fazer este Conse-lho Europeu, previsto para durar apenas três horas e que, pela pri-meira vez, tem incluído na agenda um ponto sobre a necessidade de

tomar medidas para ajudar “ao crescimento e ao emprego”? Basicamente o mesmo que têm feito todos os anteriores, desde a eclosão da crise grega em Maio de 2010. É verdade que o tratado da chanceler está quase pronto para ser assinado (mesmo que a maioria dos res-ponsáveis políticos europeus o considerem uma perda de tempo), mas o tema que esta-rá nas discussões “paralelas” é o mesmo de

sempre: como reforçar a capacidade fi nanceira, agora já não do FEEF mas do MEE.

Ontem, em Davos, Largarde voltou a dizer que o FMI podia reforçar o seu apoio fi nanceiro à zona euro (ela quer mais 650 mil milhões de dólares e levou a “cartei-ra” para fazer um novo peditório) desde que os líderes europeus façam a sua parte primeiro. A directora do FMI renovou o seu apelo num painel sobre o futuro da economia mundial, onde, diz a Reuters, os responsáveis europeus estiveram estranhamente ausentes. É o que o mundo espera que a Europa faça, é o que a maioria dos líderes amanhã reunidos em Bruxelas querem que se faça, é o que Berlim não quer fazer.

3. Quanto ao crescimento, não vale a pena ter ilusões. As medidas que vão estar em consi-deração na cimeira são mais emblemáticas e piedosas do que outra coisa, não se traduzi-rão nem por mais recursos fi nanceiros nem

por uma inversão das políticas de austeridade nacionais, mesmo nos países com margem para o fazer. Qualquer

economista ou político poderia dizer que a estabilização dos mercados e dos juros da dívida soberana através de um fundo de resgate muito mais poderoso ou a mutualiza-ção da dívida (nas suas várias modalidades possíveis) teria muito mais efeito para contrariar a espiral recessiva do que meia dúzia de medidas avulsas sobre os excedentes dos fundos estruturais ou a promessa de maior mobilida-de do emprego ou de programas de treino para os jovens desempregados, por mais interessantes que sejam.

Resta a esperança de que esta seja também a cimeira em que o debate mude de direcção. Já não é só Mario Monti, o primeiro-ministro italiano, que fala abertamen-te da necessidade de complementar a austeridade com o crescimento e com a estabilização dos mercados. O novo chefe do Governo espanhol foi dizer isso mesmo à chanceler na semana passada. O diário espanhol El País escrevia sobre o encontro de Rajoy com Merkel, que a Espanha estava a fazer uma “viragem” na sua estratégia económica. “(…) O Presidente espanhol mantém publi-camente que o seu compromisso com o cumprimento do objectivo do défi ce em 2012 (4,4%) é total, apesar de ser quase impossível cumpri-lo. Mas está claro que o Go-verno procura uma negociação para que Bruxelas aceite um novo calendário.” Se isso for possível, então “haverá margem para estimular a procura e o investimento e favo-recer a criação de emprego”. Nem vale a pena recordar que a taxa de desemprego no país vizinho se aproxima dos 23% com mais de 5 milhões de “parados”.

Enquanto a Alemanha continua agarrada à sua estra-tégia de “penalização” dos infractores, argumentando que qualquer medida que alivie a pressão ressuscita o laxismo, os países que estão a aplicar duros programas de austeridade e a iniciar amplos programas de reformas estruturais já têm provas sufi cientes acumuladas de que levam esse esforço a sério. Chegou o momento de dizer que o rei vai nu. Sob pena de ser tarde demais. Os cida-dãos europeus — e não apenas os cidadãos alemães — pre-cisam de perceber o que se passa e começar a acreditar que há uma saída. Sob pena de se confi rmarem as piores previsões de Lagarde. Jornalista

Teresa de Sousa

Ontem, em Davos,

Largarde voltou a

dizer que o FMI podia

reforçar o seu apoio

financeiro à zona euro

(ela quer mais 650

mil milhões de dólares

e levou a “carteira”

para fazer um novo

peditório) desde que os

líderes europeus façam

a sua parte primeiro

VINCENZO PINTO /AFP

Sem Fronteiras

Teresa de Sousa escreve neste espaço ao domingo

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 53

Bartoon Luís Afonso

Ainda ontem

Na volta, Leonard Cohen

Miguel Esteves Cardoso

A última vez que houve uma colecção nova de canções de Leonard Cohen foi em 2004. Já lá vão oito anos. Chamava-se Dear Heather e continha várias canções encantadoras, em-bora a orquestração fosse mais My Little Pony

do que Paul Buckmaster.Amanhã sai a primeira obra-prima de Leonard Cohen

do século XXI: Old Ideas. Daqui a três anos, quando ele chegar aos oitenta anos e, conforme promete, recomeçar a fumar tabaco e a beber álcool, toda a gente que sabe, acredita que virá a segunda.

Dou comigo a fazer o que não fazia desde que me es-queci como era: a tirar letras. Acabo por apanhar todas, indo altas as horas. Só contém uma canção perfeita, de letra, música e produção: Diff erent Sides. Mas tem, tam-bém, cinco canções quase perfeitas, que constituem uma bonança que levanta a alma e não a deixa aterrar: Lullaby (sublime), Darkness (vingativamente deprimida), Amen (o telefonema defi nitivo das quatro da manhã), Going home (uma canção de amor à morte) e Crazy to love you (um sacrifício anti-romântico que insiste em ser cobrado). Há uma canção bonita mas falsa (Show me the place); uma escusada que até se ouve uma única vez (Banjo) e apenas uma que soa mal e repugna (Come healing).

Só a variedade é sensacional. Tem-se de segurar os pul-sos. Toda a obra de Leonard Cohen parece, mais do que incompleta, enganada sem este disco.

Não estamos, por muito preparados que estejamos, equi-pados para este regresso. E para o que vem, a seguir.

Frei Bento Domingues O.P.

O horizonte e o método de Anselmo Borges foram sempre guiados mais pelas interrogações do que pelas respostas

Regressam as interrogações fundamentais

1. A partir da segunda metade do século XX e come-ços deste século, as tentativas de fi losofi a da reli-gião desenvolveram-se, em diversos países, com uma intensidade e amplitude inesperadas.

Anselmo Borges, peça a peça, ensaio a ensaio, livro após livro, foi reunindo e reelaborando preciosos contributos para uma fi losofi a da religião afrontada pelo mal e desafi ada pela esperança, na irrenunciável busca do Sentido num mundo paradoxal.

Anselmo Borges, padre da Sociedade Missionária da Boa Nova, mostrou-se sempre consciente de que o espírito de missão não se esgota nas consagradas expressões das congregações missionárias, católicas ou protestantes. Em-bora tivesse ensinado Filosofi a em Moçambique e tivesse procurado entender a originalidade do pensamento afri-cano, não se deixou deslumbrar pelas formas apressadas da chamada “missão inculturada”. De formação teológica, transitou para a sociologia, acabando por “se profi ssiona-lizar” no ensino da Filosofi a, sobretudo na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, regendo as cadeiras de Antropologia Filosófi ca, Filosofi a da Religião e Ética, a par do trabalho como cronista do Diário de Notícias. Enquanto director da revista Igreja e Missão, promoveu encontros internacionais sobre o diálogo entre ciências, fi losofi as e religiões, que resultaram em textos marcantes dessa prestigiosa biblioteca de teologia da Missão.

A preocupação, o horizonte e o método de Anselmo Bor-ges foram sempre guiados mais pelas interrogações do que pelas respostas que desses diálogos pudessem re-sultar. Por esse caminho foi desenvolvendo uma cultura, no interior do catolicismo português, que se recusa a ter respostas antes das perguntas, convencido de que um ser humano que não se atraiçoa é, antes de mais, alguém que interroga e é interrogado por tudo e por todos.

Poder-se-á objectar que o cristianismo resulta

de uma proposta de salvação — revelada e exercida por “Cristo, com Cristo e em Cristo” — que só pode ser acolhida pela fé, também ela, um dom de Deus. Não se pode esque-cer, porém, que se trata de um acontecimento na nossa história e no dinamismo vivido de forma pessoal e comuni-tária. É, portanto, um desenvolvimento de acontecimentos em relação. O ser humano que interroga é também inter-rogado pela palavra que vem de Deus. Como cantava frei José Augusto Mourão, “Deus vem de Deus”, não é criatura nem do nosso desejo, nem do nosso pensamento.

2. Se a prática da teologia, antes do Concílio do Vaticano II, foi muito reprimida, durante o pe-ríodo conciliar, algumas das fi guras que mais tinham sofrido de suspeição e repressão toma-ram-se os teólogos mais escutados, dentro e fo-

ra dessa magna e inovadora assembleia do Episcopado Ca-tólico. Foi sol de pouca dura. Mas, sobretudo, a partir dos anos 80, começou um eclipse da liberdade teológica que está a levar demasiado tempo a passar. Às interrogações sucedeu o clima das certezas cegas a propor e a defender. As ciências e as fi losofi as passaram a ser muito evocadas nos slogans da relação entre “fé e cultura” e “razão e fé”, mas a sua prática desertou, em muitos casos, dos cursos de Teologia. Tende-se a privilegiar um positivismo bíblico-patrístico com pinceladas literárias e espiritualistas, a que falta o fogo da razão e os dinamismos do Espírito.

3. Na Idade Média, Tomás de Aquino (1225-1274) separou-se do positivismo teológico, do uso de exclusivos argumentos da autoridade reve-lada, que apenas documentam a fé, mas não explicam como é que é verdade aquilo que a

Igreja confessa ser verdade. A fé cristã não é um calman-te, mas o excitante da inteligência e dos afectos. Ele não cultiva a ignorância em nome de Deus, cuja existência

não é evidente. Não dispensa, mesmo no interior da fé, os caminhos para a afi rmação da Sua existência, não pro-curando, porém, saber como Deus é — algo impossível —, mas, sobretudo, como Deus não é (I.Q.2).

Tomás de Aquino trabalhou num contexto de grande efervescência cultural, no encontro do pensamento gre-go, árabe, judaico e latino. Na sua elaboração teológica convergiam todos os saberes do seu tempo. Como diz K. Rahner, um dos seus discípulos do século XX, Tomás é um místico consciente de que Deus está para além de qualquer possibilidade de expressão, mas nunca cedeu à preguiça mental e à mediocridade intelectual; não dispensava o exercício da inteligência mesmo no aco-lhimento da revelação da esperança.

Hoje, encontramo-nos numa situação cultural de sedu-ção e encantamento por tantas e tão rápidas descobertas científi cas e invenções tecnológicas, mas com um misto de frustração e niilismo. Volta a pergunta: não será tudo, ao fi m e ao cabo, e apesar de todas as maravilhas da mo-dernidade, uma paixão inútil, sem nada de absolutamente Transcendente? Neste mundo, o que resulta é glória nossa e não temos ninguém a quem atribuir os nossos fracassos. Do outro lado do abismo não haverá nenhuma voz que chame por nós? (1) Regressam, pois, as interrogações fun-damentais que são impossíveis de aprofundar e formular sem fi losofi a, sem a fi losofi a da religião.

A recente publicação de Deus e o Sentido da Existência (Gradiva) e a bela reedição de Corpo e Transcendência (Al-medina), de Anselmo Borges, ao darem muito que pensar, evitam as respostas apressadas e abrem para o Mistério de Deus como “futuro absoluto” da esperança e do amor.

(1) Cf. Sophia de Mello Breyner Andresen, A Viagem, in Contos

Exemplares (Figueirinhas, 2004), pág. 108

Neste mundo, o que

resulta é glória nossa

e não temos ninguém

a quem atribuir

os nossos fracassos Frei Bento Domingues escreve neste espaço ao domingo

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54 • Público • Domingo 29 Janeiro 2012

Espaço público

Cartas à Directora

Trabalhar até morrer

Para que se tenha uma noção mais verdadeira sobre o que é trabalho, as notícias dão-nos conta de que em dez anos, morreram, vítimas de acidente de tal ofício, duro de dor e sofrimento, cerca de dois mil operários, que aplicou com muito dó e sem piedade, o luto, e despedaçou numerosas famílias. Inquéritos. Aí estão. A culpa não há-de morrer solteira. Em que é que dão? Negligência, descuido, falta de acompanhamento dos mestres, e muita mesmo muita falta de aplicação e desrespeito pelas normas de segurança, às vezes das mais básicas. Resultado? A culpa é do mexilhão. A ausência de fi scalização, é também norma e prática normal. Muita demissão no “estaleiro” da (ir)responsabilidade, por parte dos donos das obras, empresas e autoridades, e o que se retira desses escombros são os tais “mexilhões”, embrulhados agora, em lençóis e em macas, quando as equipas de socorro são chamadas numa urgência afl ita e última, de auxílio desesperado. Nesta década, repetida de sangue e de lágrimas, de mortes de trabalhadores, entre os destroços e o pó, em terra e no mar, quantos governantes

As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor, bem como um número telefónico de contacto. O PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados e não prestará informação postal sobre eles.Email: [email protected]

Contactos do provedor dos LeitoresEmail: [email protected]: 210 111 000

pereceram entre os papéis, nos gabinetes sentados, entre viagens luxuosas, em reuniões ou ao telefone, nos jantares, numa declaração, na burocracia enfi m, e principescamente pagos e arregalados, e quantos operários morreram para levar para casa o mísero salário “bruto”, perigoso, que outra coisa nunca foi, mesmo antes de se lhe retirar impostos e subsídios, para ganhar o pão da mesa e a telha com que se quer cobrir e aos seus, enquanto os “senhores da lei” e demais mandantes gozam numa vivenda e outra, e se passeiam no seu “espada” rolando na canção “money”, e sempre na “zona de conforto”, sem que alguma vez se dessem ao “trabalho” ou lhes passasse pelas decisões a tomar, a angústia da necessidade de emigrar? Talvez um dia estas incontáveis almas destroçadas, se levantem e peçam reconhecimento e justiça, ou muitos o façam por

eles. Quem sabe se esta “fi cção” não se tornará real... Quem sabe...!Joaquim A. Moura, Penafi el

Desconcertação social

A assinatura do “Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego” não é nada mais do que um beijo de morte para quem efectivamente trabalha. Parece que abolir a proposta de meia hora de trabalho desculpabiliza uma série de atrocidades laborais: a diminuição do custo do trabalho, das horas extraordinárias através do enigmático banco de horas, o prolongamento desse mesmo trabalho, a redução do descanso, da duração do subsídio de desemprego e das indemnizações por despedimento. Nunca despedir foi tão fácil pois agora também é possível dispensar alguém por inadaptação, pela redução continuada da produtividade ou da qualidade do trabalho prestado. Por isso, proponho que a classe política que nos tem governado se auto-avalie e se é merecedora de continuar em funções ou é despedida por tais pressupostos. Emanuel Caetano, Ermesinde

Comentários online

Arménio Carlos eleito novo secretário-geral CGTP: Sentido da evolução!

Os grandes sindicatos estão fadados à extinção! Não há soluções “de massa”, mas sim soluções que contemplem as circunstâncias particulares de cada conjunto de trabalhadores, em cada empresa. Deverão constituir-se, em cada empresa, associações de trabalhadores que terão em conta as condições particulares do trabalho na empresa, certamente diferentes de todas as demais empresas. As situações diferem imensamente e devem ser consideradas, com melhor análise, as situações particulares de cada caso em busca das melhores soluções. A evolução corre neste sentido!Marcelina Gomes , Coimbra

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Debate Por uma Comunidade Europeia da Energia

A política energética precisa de mais Europa

Apesar dos progressos realizados nos últimos anos, a política da União Europeia no domínio da energia não conseguiu realizar os seus ob-jectivos principais, designadamente garantir o acesso à energia a preços abordáveis e está-

veis, manter a competitividade do sector da UE, garan-tir a segurança do abastecimento de energia a todos os europeus onde quer que vivam, e promover a sustenta-bilidade da produção, do transporte, da distribuição, do armazenamento e do consumo de energia, avançando com determinação para uma sociedade hipocarbónica. Estes objetivos são partilhados por todos, tanto líderes políticos como sociedade civil, desde as empresas e os fornecedores de energia aos sindicatos, passando pelos consumidores e ambientalistas. Contudo, as opiniões diferem sobre a forma de realizar os objectivos.

São manifestas as limitações das políticas energéticas nacionais e, no entanto, não há uma política energética eu-ropeia comum para as ultrapassar. Apesar das promessas feitas por vários governos, os preços da energia aumen-taram exponencialmente nos últimos anos, o que resul-tou num agravamento acentuado dos níveis de pobreza energética. No Inverno passado, entre 50 milhões e 125 milhões de europeus padeceram de escassez de energia, fosse na forma de corte de electricidade, ameaça de corte ou incapacidade de pagar as contas. Esta situação não foi adequadamente tratada por todos os países da UE.

Os Estados-membros estão envolvidos numa rede tal de interdependências que já não é viável agir sozinho. Tal como vimos recentemente, os países europeus podem fazer escolhas soberanas relativamente ao abastecimento de energia (por exemplo, o desaparecimento gradual da energia nuclear em alguns países da UE), mas isto tem o seu preço. As decisões unilaterais aumentam o risco de divergências e podem provocar o aumento ou oscilações de preços na produção e consumo de energia ao nível

regional, entre outras situações. Presentemente, nenhum país europeu consegue, sozinho, fornecer de forma fi ável aos seus cidadãos electricidade a preços acessíveis.

Há que pôr um travão a esta falta de visão. Uma frente unida é a única forma de os países europeus responde-rem às preocupações dos cidadãos e garantirem que os interesses da Europa prevalecem. A vontade política é claramente um problema, mas não é o único. Em primeiro lugar, o potencial do mercado interno não foi totalmente aproveitado para aumentar a segurança energética e tra-zer valor acrescentado aos cidadãos. Em segundo lugar, o Tratado de Lisboa determina explicitamente a solida-riedade entre os Estados-membros, mas tal manteve-se letra morta no quadro institucional actual. Em terceiro lugar, a UE não tem meios para fi nanciar ações de rele-vo ou para impor decisões relativamente às fontes de energia. O orçamento anual da UE para a energia é ínfi -mo em comparação com o montante despendido pelos Estados-membros neste sector. Isto limita seriamente o fi nanciamento de interconexões comuns de electricidade e gás e a investigação conjunta no domínio da energia hi-pocarbónica. É, pois, fundamental dotar a UE de recursos fi nanceiros independentes e autónomos para fi nanciar projectos de interesse europeu comum, em especial os relacionados com as energias renováveis. Em quarto lu-gar, uma questão social e de actualidade como é a ener-gia justifi caria normalmente o pleno envolvimento dos cidadãos. A ausência de um diálogo estruturado entre os legisladores e os decisores e a sociedade civil europeia é fonte de grande preocupação.

É necessária uma nova estratégia orientada para uma maior integração e solidariedade. A alternativa mais am-biciosa e promissora é a de uma Comunidade Europeia da Energia de pleno direito que englobe todos os aspec-tos económicos, políticos e estratégicos pertinentes. Isto implicaria a integração dos mercados da energia,

a coordenação das políticas de investigação, decisões sobre os investimentos, mecanismos de solidariedade e a necessidade de falar em uníssono na cena mundial. Tudo isto requer uma estratégia sólida de carácter su-pranacional.

É possível avançar já com medidas transitórias como, por exemplo, uma maior integração dos mercados na-cionais de energia e um planeamento conjunto das redes orientando a política energética para os consumidores. Por exemplo, instamos a um carácter progressivamente mais europeu da combinação energética, que é necessário devido ao aumento da percentagem de energias renová-veis nas combinações energéticas nacionais. No tocante à escolha energética e aos investimentos, a Europa não pode continuar a marcar passo na medida em que as grandes decisões sobre energia tomadas hoje exigirão um compromisso de décadas. O desenvolvimento progressivo de uma Comunidade Europeia da Energia poderá voltar a mobilizar os europeus em torno de um projecto que lhes oferece um claro valor acrescentado. Sobretudo, isto responderá às expectativas e preocupações dos cidadãos da UE refl ectidas em sondagens recentes.

Dado o impacto abrangente das decisões sobre ener-gia, os cidadãos não podem fi car à margem do debate sobre as transformações sistémicas que se avizinham. O Comité Económico e Social Europeu e a Notre Europe instam a que este debate seja efectuado ao nível da UE e propõem a criação de um fórum da sociedade civil euro-peia que monitorize as questões energéticas. Solicitamos à Comissão Europeia que desempenhe um papel muito mais importante na concepção de uma política energética coerente, credível e efi ciente, lançando as bases para uma comunidade europeia de energia. As acções puramente nacionais no domínio da energia são irrelevantes, sendo que um sistema energético sustentável, resistente e pro-gressista só será conseguido ao nível europeu.

Jacques DelorsPresidente fundador de Notre Europe

Staffan NilssonPresidente do Comité Económico e Social Europeu

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Público • Domingo 29 Janeiro 2012 • 55

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Algumas questões recorrentes na correspondência dos leitores

Nomes, identidades, escolha de palavras

O correio dos leitores traz-me com frequência questões a que muitos atribuirão menor im-portância, mas que são reveladoras da aten-ção aos valores e regras do jornalismo profi s-sional e às normas de estilo e critérios edito-

riais deste jornal em particular. São muitas vezes temas recorrentes, debatidos no quotidiano das redacções, e que valerá a pena trazer ao diálogo com os leitores.

Um deles é o do chamado “direito ao nome”. Todas as pessoas têm direito a ser tratadas pelo seu nome e não pelo nome que outros queiram dar-lhes. O mesmo para organizações e colectividades. Sucede que nem sempre é fácil cumprir este preceito nos jornais. Veja-se o caso dos leitores que têm protestado contra o facto de a insti-tuição desportiva Vitória Sport Clube ser frequentemente designada, no PÚBLICO e em outros órgãos de comu-nicação, como “o Guimarães”. “Não há nenhum clube chamado Guimarães. O nome é Vitória” — mais palavra, menos palavra, é o argumento comum às mensagens que recebo sobre o tema.

O leitor Rui Correia, por exemplo, queixa-se nestes termos do que considera ser uma “falta de rigor”: “Gui-marães (...) é a cidade onde joga o Vitória SC! (...) Tratem as instituições de igual forma e não inventem nomes ou apelidos. Se disserem Vitória de Guimarães, embora não seja o nome correcto, pelo menos referem-se ao Vitória da cidade de Guimarães. Agora, retirarem o ‘Vitória’ do nome (...) é um desrespeito total para com a instituição, adeptos e simpatizantes!”.

Jorge Miguel Matias, editor do Desporto, considera “impraticável identifi car o Vitória Sport Clube” pelo seu nome ofi cial, “não só pela extensão da designação, como também pelo facto de o clube ser muitíssimo mais conhecido por Vitória de Guimarães”. Se a isto se poderia objectar que não será necessariamente assim que o clube é “conhecido” pelos seus próprios sócios, o certo é que há que pesar outras razões. Como esta: “Existe também a competir na I Liga o Vitória Futebol Clube (habitualmen-te designado por Vitória de Setúbal), a quem se aplica o mesmo critério. A existência de dois ‘Vitórias’ inviabiliza que se designe qualquer um deles exclusivamente pelo primeiro nome, sob pena de confusão generalizada”.

“Nas classifi cações, quer no site, quer na edição im-pressa”, explica o editor, “consta o nome do clube co-mo V. Guimarães, tal como acontece nas fi chas de jogo. Por vezes, por limitações gráfi cas, torna-se muito difícil utilizar por extenso a expressão ‘Vitória de Guimarães’ (por exemplo, em títulos a uma coluna). Nestes casos, optamos pela fórmula abreviada V. Guimarães. Quando não há alternativa, julgamos preferível designar o clu-be simplesmente por Guimarães e não simplesmente por Vitória, tendo em conta que Guimarães não causará qualquer dúvida para o leitor, enquanto Vitória deixará sempre a hipótese de se estar a falar, por exemplo, do Vitória... de Setúbal”.

Creio que mesmo os leitores mais ciosos da sua iden-tidade clubística concordarão com a sensatez desta ex-plicação, que privilegia a clareza na comunicação e não denota falta de rigor, tendo em conta que o Vitória Sport Clube é, até no plano estatutário, um clube de Guimarães. Este é um caso em que fazer prevalecer uma concepção rígida do “direito ao nome” sobre outras considerações não passaria de um formalismo sem sentido útil. O que não quer dizer que não deva ser tida em conta a sensibi-lidade dos leitores em questão, procurando evitar-se as situações em que nem a inicial do seu verdadeiro nome aparece a designar o clube.

Caso diferente é o do direito de qualquer pessoa a não ver o seu nome trocado, por exemplo, por uma alcunha. Essa é uma prática comum de alguma imprensa, especialmente no que res-peita à identifi cação de indivíduos a contas com

a justiça, e deve ser contrariada. Trata-se muitas vezes de designações depreciativas colhidas em autos policiais e que desrespeitam a dignidade individual. O Livro de Estilo

do PÚBLICO desa-conselha, e bem, a sua utilização, com excepção de casos em que se revele “essencial” para a caracteriza-ção de uma personagem.

A propósito dos títulos e textos sobre o julgamento, em Torres Vedras, de um indivíduo acusado de ter as-sassinado quatro pessoas, a leitora Ana Aguiar escreve que “não parece adequado usar o nome pelo qual um diagnosticado psicopata se auto-intitula”. No caso, “Ghob, rei dos gnomos”. “O senhor tem um nome civil, como todos nós, e não vejo razão para um jornal com ambição de seriedade usar um pseudónimo auto-atribuído numa notícia que deveria ser séria e imparcial”, diz a leitora, referindo uma peça recente do Público Online.

Deve esta situação ser enquadrada na orientação aci-ma referida, contrária à substituição de nomes por alcu-nhas? Não necessariamente. Pelo que tem sido noticiado, o nome “Ghob” seria assumido pelo próprio suspeito dos crimes, no âmbito de um círculo de relações que foi investigado, e resultaria da crença, ou da manipulação da crença num universo místico de gnomos e entidades congéneres, que poderá ser relevante para a explicação dos crimes que estão a ser julgados. Referi-lo não põe em causa a seriedade nem a imparcialidade e poderá ser importante para a caracterização da personagem e a compreensão do caso.

Ainda assim, o desejável distanciamento jornalístico aconselhará sempre alguma contenção no recurso a de-signações como esta. Concordo com a leitora, quando refere: “Se a opção editorial for a de usar o pseudónimo, creio ser apropriado o uso de aspas”. Para distinguir a identidade civil, que deve ser sempre respeitada, de uma auto-representação imaginária.

O recurso desnecessário a termos estrangeiros continua a desagradar a muitos leitores. Na maior parte das vezes, com razão. António Barata leu uma notícia intitulada “Tribunal chumbou concessão no porto de Aveiro re-

alizada sem concurso público” (edição online, no pas-sado dia 20) e deteve-se na frase em que se explicava que determinadas empresas “são os grandes players do movimento de carga nos portos nacionais”. Pergunta o leitor, e pergunta bem, “se o mesmo não poderia ser dito em português ou se existe uma outra qualquer razão” para o recurso ao termo inglês.

A mesma questão poderia ser colocada, por exemplo, em relação ao uso, que se tornou frequente, do termo default em títulos e textos sobre a actual crise fi nanceira, muitas vezes sem qualquer explicação suplementar. Veja-se (é só um exemplo) o título “Default grego faz subir juros da dívida nacional”, que na primeira página da edição do passado dia 18 remetia (mais uma desatenção) para uma estranha “Secção, 00”. Nem na capa nem na página 13, onde se encontrava a peça mal sinalizada, a expressão era traduzida ou explicada. Nas páginas de Economia do jornal, a tradução de termos como este é por vezes feita, entre parênteses. Mas não é feita sempre, e cada omissão representa uma falha na clareza da comunicação.

“Será que os jornalistas”, pergunta o leitor, “ (...) se limitam a debitar o que ouvem e que está mais na moda, e não se preocupam sequer em traduzir, de modo a que qualquer leitor perceba?”. Na verdade, para os exemplos citados, a questão da tradução nem deveria colocar-se. Tanto para players como para default existem palavras portuguesas de uso comum, com o mesmo e preciso sig-nifi cado. Se é verdade que em tempos de globalização o recurso a vocábulos estrangeiros se torna por vezes ine-vitável — por falta de termo português correspondente, por exigência de precisão, ou por surgirem em discurso directo —, esses termos devem ser grafados em itálico, o que nem sempre acontece, e ser acompanhados, confor-me os casos, de explicação ou tradução. O contrário não é sintoma de cosmopolitismo, mas de desleixo.

Já agora, recomenda-se maior cuidado com a redacção de notícias que reproduzem, sem o assinalar, textos de fontes noticiosas estrangeiras. Para que da sua tradução apressada não resultem deslizes como o que a leitora Alda Nobre detectou nas páginas de Desporto do dia 5 deste mês, onde se pode ler que o guarda-redes de um clube in-glês marcou um golo, sendo “o quarto a fazê-lo, depois de Peter Schmeichel, Brad Friedel and Paul Robinson...”.

Há outras palavras, essas bem portuguesas, que todos ganharíamos em ver afastadas de alguns títulos informativos. Uma delas, que têm vindo a propagar-se de modo epidémi-co, sem cuidar sequer de se apresentar como

fi gura de estilo, antes procurando impor-se num desade-quado sentido literal, é o malfadado verbo “arrasar”. “BE arrasa projectos do PS e do PSD sobre maternidade de substituição” foi o título destacado escolhido no passado dia 20 para uma notícia das actividades parlamentares da véspera. É só um exemplo, mas foi o que levou o leitor Mi-guel Azevedo a protestar: “Mais uma vez opinião. Por mim preferia que a jornalista me desse os factos e me deixasse a mim a tarefa de decidir quem arrasou quem”.

Diga-se que a notícia em causa relata os factos e não recorre ao tremendismo do verbo em questão. O título — que pode ou não ser da autoria de quem escreveu a peça, mas é sempre, em última análise, da responsabili-dade de um editor — é que desfi gura o relato noticioso, assumindo uma natureza opinativa deslocada e censu-rável. Não está em causa a opinião, mas o lugar onde se expressa. A demarcação clara entre informação e opinião é um traço essencial do projecto editorial do PÚBLICO e deve também ser entendida como uma demonstração de respeito pela inteligência dos leitores.

José QueirósProvedordo leitor

A demarcação clara entre

informação e opinião deve

ser entendida como um sinal

de respeito pelos leitores

NÉLSON GARRIDO

O Provedor do Leitor escreve neste espaço ao domingo

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Lojas antigasUma “arqueolojista” faz viagem pelas lojas-avós de Lisboa Págs. 34/35

EgiptoO ano da revolução vivido por três jovens egípcios Págs. 32/33

FutebolA infelicidade de Varela foi a sorte do Benfica Pág. 41

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Opinião

Esquerda e direita (III)

Vasco Pulido Valente

O PSD percebeu primeiro (se “perceber” é a palavra) o desastre que se aproximava. Por várias razões.

Primeiro, porque sempre esteve mais ligado aos “negócios” do que o PS. Segundo, porque parte do seu pessoal económico e fi nanceiro vinha de empresas ou da banca. E, terceiro, porque uma parte da geração que chegou ao governo durante Cavaco e a seguir ao “cavaquismo” se formara na América e, bem ou mal, absorvera

a ortodoxia americana. Ainda por cima, o PSD — excepto pelo curto intervalo de Barroso e de Santana Lopes — vegetou quase quinze anos na oposição, inteiramente imerso numa guerra civil interna que paralisou o partido e por um pouco não o destruiu. Apesar disso, no meio dessa longa trapalhada, houve tempo para descobrir que a situação de Portugal se tornava pura e simplesmente insustentável.

Só que o PSD (ao contrário do CDS), estava ligado às suas clientelas na administração central e, sobretudo, na administração local, e não tinha grande espaço de manobra. Ou, pelo menos, não tinha o espaço de manobra que a crise e o memorando da troika mais tarde lhe abriram. O que, de resto, não lhe resolveu os piores problemas. Parcialmente responsável pela paternidade do Estado Social e da burocracia

a que na altura Cavaco chamou “o monstro”, o PSD não podia inverter de repente a sua posição tradicional e anunciar que se convertera por iluminação celeste a uma versão indígena do neoliberalismo. Neste aperto, que dura até hoje, foi dando uma no cravo e outra na ferradura, à espera que da mistura acabasse tarde ou cedo por sair qualquer coisa de bom.

Infelizmente, não contou com a sociedade portuguesa. Uma sociedade rural que passou para uma soi-disant sociedade de serviços, sem nunca verdadeiramente se industrializar. Uma sociedade dependente do Estado, desde “a sopa do convento”, agora não por acaso ressuscitada. Uma sociedade parada e conformista, que odiava (e odeia) o individualismo e a mudança (“indivíduo” continua a ser um termo pejorativo em Portugal). E uma sociedade que sempre se queixou em vão da falta de uma iniciativa privada, que não aparecia ou morria depressa. O Governo de Passos Coelho não viu, e persiste em não ver, o país real e julga que o transformará, restabelecendo a liberdade, a concorrência e a inovação na economia. Sucede que Portugal não é a América, nem a Europa do Norte. Não se cria uma cultura com uma retórica emprestada e meia dúzia de leis. Depois da dívida e do orçamento, fi cará o país do costume: obediente e resignado, com vaga esperança de um milagre improvável.

Infelizmente, o Governo não contou com a sociedade portuguesa. Uma sociedade rural que passou para uma soi-disant

sociedade de serviços, sem nunca verdadeira-mente se industrializar

JOSÉ MANUEL RIBEIRO/REUTERS

www.publico.ptCatalunha das nevesNélson Garrido leva-nos pelos Pirenéus catalães sob o signo da neve e com Lleida como centro nevrálgico. Esta fotogaleria é um passeio entre florestas e aldeias de pedra e madeira em vales profundos, entre pistas de esqui e igrejas românicas.fugas.publico.pt

Rato, Tone, Culatra e Bino morrem aqui?Estreia a 6 de Setembro o último filme da primeira trilogia do cinema português. Em Balas & Bolinhos – O Último Capítulo, onde os quatro criminosos com pouco tento na língua se profissionalizam e entram na espionagem internacional. Veja como.p3.publico.pt

Na orelha da AntárctidaPela primeira vez, dois jornalistas portugueses acompanharam o trabalho de cientistas portugueses na Antárctida e ficaram numa

base de investigação. Teresa Firmino (textos) e Nuno Ferreira Santos (fotografias) sentiram o espírito antárctico na Base Grande Muralha da China, narraram a viagem a um buraco

de neve e gelo, mostraram os moleiros que gostam de (comer) pinguins e os “animalitos” nas praias do Drake, e relataram um reencontro luso na Ilha do Rei Jorge.publico.pt