Upload
jesaias-ismael-costa
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
8/2/2019 CCA - Caracterizaao Macrofitas
1/8
CARACTERIZAO ISOTPICA DASMACRFITAS AQUTICAS DO COMPLEXODO LAGO GRANDE, MANACAPURU, AM, BR,COMO SUBSDIO PARA MONITORAMENTOAMBIENTAL
Jesaas Ismael da Costa; Ana Crisitna Belarmino de Oliveira; Daniel Pinto Borges; Fabiane deAlmeida Santos
Realizao Apoio
Anais do I Seminrio Internacionalde Cincias do Ambiente eSustentabilidade na Amaznia
8/2/2019 CCA - Caracterizaao Macrofitas
2/8
Caracterizao Isotpica das Macrfitas Aquticas do Complexo do Lago Grande, Manacapuru, AM, BR, como Subsdio paraMonitoramento Ambiental
Anais do I Seminrio Internacional de Cincias do Ambiente e Sustentabilidade na Amaznia. 2
INTRODUO
A integridade de um ecossistema refletida em sua comunidade biolgica, que
responde aos efeitos dos diferentes agentes impactantes e fornecem informaes mitigadoras aminimizao desses impactos (GOULARTe CALLISTO,2003). As comunidades biolgicas de ecossistemas
aquticos so formadas por organismos que apresentam adaptaes evolutivas a determinadas condies
ambientais e apresentam limites de tolerncia a diferentes alteraes das mesmas. O monitoramento
ambiental pode ser realizado com base nas respostas destas comunidades biolgicas a modificaes nas
condies ambientais originais (GOULARTe CALLISTO,2003).
Uso da composio isotpica de carbono como ferramenta para monitoramento de
mudanas ambientais e seus efeitos sobre os sistemas naturais foram elucidados por Ferrio e Voltas (2003).
Semelhantemente vrios autores tm elencados importncia da utilizao dos istopos estveis comoferramenta pra compreender o fluxo de energia nos diversos ecossistemas visando estabelecer variveis que
auxiliam a delinear a utilizao dos recursos naturais e o monitoramento ambiental (MARTINELLI et al. 1988;
PERREIRA e BENEDITO-CECILIO 2007; CARVALHO 2008; MARTINELLI et al. 2009).
O mtodo isotpico baseia-se na variao da razo entre o istopo pesado e o leve de
um dado elemento da matria orgnica. Cada matria orgnica apresenta uma razo caracterstica ou
especifica, com fracionamento isotpico previsvel medida que transformada seja por aes fsicas,
qumicas ou biolgicas (BOUTON 1991).
As macrfitas aquticas so originalmente vegetais terrestres que sofreram
modificaes adaptativas permitindo-as colonizar desde solos saturados por gua at a coluna dgua,
sendo classificadas em submersas fixas ou livres, flutuantes fixas ou livres, emergentes, anfbias ou epfitas
(ESTEVES 1998; IRGANG et al. 1984). Apresentando papel importantssimo nas trocas entre o ecossistema
aqutico e ambientes terrestre adjacentes, podendo tornar-se as principais controladoras da dinmica de
nutrientes no ecossistema (JUNK, 1980). Participando intensivamente da reciclagem de nutrientes, atravs
da assimilao de elementos retidos no sedimento por intermdio das razes, os quais so liberados para a
coluna de gua atravs da excreo e da decomposio (GRANLI; SOLANDER, 1988). Respondem
rapidamente a mudanas impactantes que criam um ambiente favorvel para seu rpido crescimento
(CACIAN 2007).
A explorao de recursos minerais provoca efeitos inquestionveis e merecedores de
esforos que gerem informaes cientficas que possam ser utilizadas para minimizar os possveis danos ao
meio ambiente, causados por fatores antrpico ou um fator natural com potencial impactante. A partir da
composio isotpica das macrfitas do complexo do lago Grande estabelece-se uma nova varivel para
auxiliar a interpretao de possveis alteraes neste ecosistema. Pois alteraes no sistema sero
refletidos principalmente nos organismos que transforma a matria inorgnica em orgnica como as
macrfitas aquticas.
8/2/2019 CCA - Caracterizaao Macrofitas
3/8
Caracterizao Isotpica das Macrfitas Aquticas do Complexo do Lago Grande, Manacapuru, AM, BR, como Subsdio paraMonitoramento Ambiental
Anais do I Seminrio Internacional de Cincias do Ambiente e Sustentabilidade na Amaznia. 3
OBJETIVO
Caracterizar isotopicamente as macrfitas aquticas do complexo do lago Grande, no
municpio de Manacapuru, Amazonas, Brasil. Visando estabelecer um referencial para monitorar e detectarpossveis alteraes no sistema do complexo do Lago grande.
METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado no lago Grande, situado margem esquerda do rio
Solimes e a direita do rio Manacapuru. Em virtude das diferenas marcantes de habitats no lago entre os
perodos do ciclo hidrolgico, este pode ser considerado e tratado como um dos lagos que fazem parte docomplexo lacustre que forma o lago Grande de Manacapuru, constitudo por lagos, parans, furos e igaraps.
Que se interligam e recebem nomes diferentes conforme sua localizao, como: Jaitua de cima, Jaitua de
baixo e So Loureno.
Foram coletadas poro de folhas, talos, raiz e inflorescncia compondo uma amostra
homognia das macrfitas presente no lago. Foram preparadas exsicatas para a identificao correta das
espcies por especialistas e comparao do material do Herbrio do INPA e UFAM.
As amostras foram secas em estufa de circulao forada a 55C e modas em almofariz
com pistilo at a forma de p fino. Aps trituradas as amostras foram armazenadas em pequenos recipientes
plstico e encaminhadas ao Centro de Energia Nuclear para Agricultura na Universidade de So Paulo
(CENA-USP) para anlise de composio isotpica em carbono e nitrognio.
8/2/2019 CCA - Caracterizaao Macrofitas
4/8
Caracterizao Isotpica das Macrfitas Aquticas do Complexo do Lago Grande, Manacapuru, AM, BR, como Subsdio paraMonitoramento Ambiental
Anais do I Seminrio Internacional de Cincias do Ambiente e Sustentabilidade na Amaznia. 4
RESULTADOS E DISCUSSO
Foram caracterizadas conforme valores de 13C e 15N 19 espcies de macrfitas
aquticas do complexo do lago Grande (Tabela 1).A variao dos valores de composio isotpica das macrfita aquticas apresentaram
variao para 13C entre -32 em Cabonba sp. a -12,2 emEchinochloa polystachia e para 15N entre -
0,6 emAzolla filiculoides a 9,39 em Echinochloa polystachia .
Tabela 1. Valores das composio isotpica das macrfitas aquticas coletadas no complexo do lagoGrande (perodos de novembro a dezembro 2006 e maio a julho de 2007).
Aeschynomene sp. -0,78 -31,73 A, EAzolla filiculoides Lam. -0,59 -29,94 FL
Ceratopteris pteridoides (Hook.) Hieron 4,06 -29,42 SL
Cabomba sp. 4,91 -32,04 SF
Cyperus gardneri Ness. 3,34 -29,33 Ep
Cyperus esculentus L. var. leptostachyus Boeck. 8,80 -12,23 A
Eichhornia crassipes (Mart.) Solms 8,51 -28,37 FL
Echinochloa polystachya (H.B.K.) Hitchc 9,39 -12,22 A,E
Gymnocoronis sp. 7,41 -12,77 E
Leersia hexandra Sw. 3,97 -28,65 A,E
Ludwigia elegans (Cambess.) Hara 2,84 -30,69 E
Ludwigia helmintorrhiza (Mart.) Hara 3,43 -28,34 FF,FL
Ludwigia sp. 5,36 -28,58 FF,FL, E
Luziola sp. 5,49 -28,80 FF,FLNeptunia plena (L.) Benth. 0,87 -30,69 E, A
Oryza sp. 4,26 -25,67 E,A
Paspalum sp. 5,98 -11,97 FF,E,A
Pistia estratiotes L. 5,81 -28,47 FLSalvinia auriculata Aubl. 4,66 -29,34 FL
*Poot (2003): FL=Flutuante livre; FF=Flutuante fixa; SL=Submersa livre; SF=Submersa fixa; A=Anfbia; E=Emergente;
EP=Epfita
Macrfitas 15N () 13C() *Classificaoecolgica
Os valores de 13C de Eichhornia crassipes, Pistia estratiotes e Oryza sp so
semelhantes ao encontrado por Leite et al (2002) que as agrupou em macrfitas C3 e obteve uma mdia de -
28,8 . Este mesmo autor encontrou valores de 15N de 5,0 para esse grupo, que se assemelham aos
valores deP. estratiotes e Oryza sp, mas difere dos valor deE. crassipes deste trabalho.
Valores de 13C semelhante a este trabalho foram tambm encontrados por Forsberg et
al (1993), Leite et al (2002) e Oliveira et al (2006) paraPaspalum repens eE. polystachya que as agruparam
em macrfitas C4 e obtiveram valores mdios de -12,9, -12,8 e -12,9 respectivamente.
Leite et al (2002) e Oliveira et al (2006) encontraram valores mdios de 15N de 5,4 e
6,6 respectivamente, para uma mistura composta deP. repens e E. polystachya. Diferindo do valor de E.
polystachya encontrado neste trabalho.
8/2/2019 CCA - Caracterizaao Macrofitas
5/8
Caracterizao Isotpica das Macrfitas Aquticas do Complexo do Lago Grande, Manacapuru, AM, BR, como Subsdio paraMonitoramento Ambiental
Anais do I Seminrio Internacional de Cincias do Ambiente e Sustentabilidade na Amaznia. 5
Houve uma variao de 19,80 nos valores 13C entre a macrfita a mais empobrecida
e a mais enriquecida que atribudo ao fato de que os vegetais apresentam diferenciao entre o substrato
assimilado e a forma de fixao desse substrato, segundo Farquhar et al (1989) esses valores apresentam
uma diferena constante entre as plantas que seguem os ciclos fotossintticos C3 e C4.
Os valores de 15N apresentaram uma variao de 10,17 entre a mais empobrecida e
a mais enriquecida, superando a variao de 8,37 para floresta de vrzea abordado por Martinelli et al.
(2009), que relata a complexa compreenso dos fatores que causam variao nos valores 15N, onde um
processo que leve a um aumento ou uma diminuio da disponibilidade de nitrognio acarretar em uma
mudana na composio isotpica de nitrognio.
As macrfitas Aeschynomene sp., Azolla filiculoides e Neptunia plena apresentaram
valores bastante empobrecidos de
15
N em comparao com as demais, este fato atribudo a interaoestabelecida com bactrias fixadoras de nitrognio que retiram diretamente do ar o nitrognio em forma
gasosa que possui valor prximo de 0.e transforma-o em formas absorvveis, refletindo segundo Martinelli
(2009) em valores de 15N mais empobrecidos.
8/2/2019 CCA - Caracterizaao Macrofitas
6/8
Caracterizao Isotpica das Macrfitas Aquticas do Complexo do Lago Grande, Manacapuru, AM, BR, como Subsdio paraMonitoramento Ambiental
Anais do I Seminrio Internacional de Cincias do Ambiente e Sustentabilidade na Amaznia. 6
CONSIDERAES FINAIS
Os valores de 15N e 13C das macrfitas aquticas so mais uma ferramenta para
detectar alteraes no ecossistema aqutico causados por aes antrpicas ou um fator natural compotencial impactante. Subsidiando informaes que ajudam a compreender e quantificar a intensidade do
impacto causado e as medidas a serem adotadas.
8/2/2019 CCA - Caracterizaao Macrofitas
7/8
Caracterizao Isotpica das Macrfitas Aquticas do Complexo do Lago Grande, Manacapuru, AM, BR, como Subsdio paraMonitoramento Ambiental
Anais do I Seminrio Internacional de Cincias do Ambiente e Sustentabilidade na Amaznia. 7
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BOUTTON, T. W. Stable carbon isotope ratios of natural materials: II. Atmospheric, terrestrial,marine, and freshwater environments. In: COLEMAN, D. C.; FRY, B. (Ed.) Carbon IsotopeTechniques. New York: Academic Press, 1991. p.173-185.
CANCIAN, L.F. Crescimento das macrfitas aquticas flutuantes Pistia stratiotes e Salviniamolesta em diferentes condies de temperatura e fotoperodo. Dissertao apresentada aoPrograma de Ps-graduao em Aqicultura, rea de Concentrao em Aqicultura em guasContinentais, 2007. 66 p.
CARVALHO, M.C. Uso dos istopos estveis de carbono, nitrognio e enxofre em estudos deecologia costeira. Oecol. Bras., 12 (4): 694-705, 2008.
ESTEVES, F.A. Fundamentos de Limnologia. 2a Ed. Rio de Janeiro: Intercincia. 1998. 602p.
FARQUHAR, G.D., EHLERINGER, J.R. AND HUBICK, K.T. Carbon isotope discrimination andphotosynthesis, Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, Vol. 40,(1989), pp. 530-7.
FERRIO, J.P.AND; Voltas J. Use of carbon isotope composition in monitoring environmentalchanges. Management of Environmental Quality: An International Journal Vol. 14 No. 1, 2003.pp.82-98.
GOULART, M.; CALLISTO, M. Bioindicadores de qualidade de gua como ferramenta em estudos deimpacto ambiental. Revista da FAPAM, ano 2, no 1, 2003..
GRANLI, W.; SOLANDER, D. Influence of aquatic macrophytes on phosphorus cycling in lakes.Hydrobiologia, 170: 1988. P. 245-266.
IRGANG, B.E.; PEDRALLI, G.; WAECHTER, J.I. Macrfitos aquticos da Estao Ecolgica do Taim,Rio Grande do Sul, Brasil. Roessleria, Porto Alegre, v. 6, 1984.p. 395-404.
JUNK. W.J. reas inundveis: Um desafio para Limnologia. Acta Amazonica, v. 4, n. 10, 1980. p.775-795.
LEITE, R. G.; ARAJO-LIMA, C. A. R. M.; VICTRIA, R.; MARTINELLI, L. A. Stable isotope analysis of energysources for larvae of eight fish species from the Amazon floodplain. Ecology of Fishwater Fish, v.11, 2002.p.56-63.
MARTINELLI, L. A.; VICTRIA, R. L.; MATSUI, E.; FORSBERG, B. R.; MOZETO, A. A. Utilizao dasvariaes naturais de 13C no estudo de cadeias alimentares em ambientes aquticos: princpios eperspectivas. Acta Limnolgica Brasileira, v.11, 1988. p.859-882.
MARTINELLI, L. A.; OMETTO, J.P.H.B.; FERRAZ, E.S.;VICTORIA,R.L.; CAMARGO, P.B.; MOREIRA,
M.Z. Desvendando questes ambientais com istopos estveis. 2009.144 p.
8/2/2019 CCA - Caracterizaao Macrofitas
8/8
Caracterizao Isotpica das Macrfitas Aquticas do Complexo do Lago Grande, Manacapuru, AM, BR, como Subsdio paraMonitoramento Ambiental
Anais do I Seminrio Internacional de Cincias do Ambiente e Sustentabilidade na Amaznia. 8
OLIVEIRA, A. C. B.; SOARES, M. G.; MARTINALLI, L. A.; MORREIRA, M. Z. Carbon Sourcers of fishin an Amazonian floodplain lake. Aquatic Sci. v.68, 2006p.229-238.
PEREIRA, A.L.; BENEDITO-CECILIO, E. Istopos estveis em estudos ecolgicos: mtodos,
aplicaes e perspectivasRev. biocin., Taubat, v.13, n.1-2, p.16-27, 2007