CDB

Embed Size (px)

Citation preview

Quarto Relatrio Nacional para a Conveno Sobre Diversidade Biolgica

BRASIL

Repblica Federativa do BrasilPresidente DILMA ROUSSEFF Vice-Presidente MICHEL TEMER

Ministrio do Meio AmbienteMinistra IZABELLA MNICA VIEIRA TEIXEIRA

Secretaria ExecutivaSecretrio FRANCISCO GAETANI

Secretaria de Biodiversidade e FlorestasSecretrio BRAULIO FERREIRA DE SOUZA DIAS

Departamento de Conservao da BiodiversidadeDiretora DANIELA AMRICA SUAREZ DE OLIVEIRA

Ministrio do Meio Ambiente MMA Centro de Informao e Documentao Lus Eduardo Magalhes CID Ambiental SEPN 505 - Bloco B - Edifcio Marie Prendi Cruz - Trreo - Asa Norte Braslia/DF - CEP : 70730-542 Tel.: +55 61 2028-2184 | Fax: +55 61 2028-1980 | e-mail: [email protected]

MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE Secretaria de Biodiversidade e Florestas

Quarto Relatrio Nacional para a Conveno Sobre Diversidade Biolgica

BRASIL

Biodiversidade 38

Braslia 2011

Coordenao Braulio Ferreira de Souza Dias - MMA Coordenao Tcnica e Redao Final Agnes de Lemos Velloso Superviso Editorial Andreina D Ayala Valva - MMA Equipe Tcnica Andreina D Ayala Valva, Anthony Gross, Helio Jorge da Cunha, Juliana Ferreira Leite, Nbia Cristina Bezerra da Silva, Rosana Rezende, Simone Wolff. Capa Gibran Lima Fotos da Capa Eraldo Peres, Pal Zuppani e Rui Faquini Projeto Grfico e Editorao Gibran Lima Impresso e Acabamento Capital Grfica e Editora Ltda.

M59p

Catalogao na Fonte Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis Ministrio do Meio Ambiente Quarto relatrio nacional para a conveno sobre diversidade biolgica: Brasil /Ministrio do Meio Ambiente. Braslia: MMA, 2011. 248 p. : il. color. ; 29,7 cm. ISBN 978-85-7738-150-0 1. Biodiversidade Brasil. 2. Relatrio Nacional. I. Ministrio do Meio Ambiente. II. Secretaria Executiva. III. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. IV. CDU(2.ed.)574.1

Referncia: MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE. Quarto relatrio nacional para a conveno sobre diversidade biolgica: Brasil. Braslia: MMA, 2011. 248 p.

A reproduo total ou parcial desta obra permitida desde que citada a fonte. VENDA PROIBIDA.

A

o adotar o Plano Estratgico da Conveno sobre Diversidade Biolgica (CDB), os pases signatrios se comprometeram a alcanar, at 2010, uma reduo significativa na taxa de perda de diversidade biolgica nos nveis mundial, regional e nacional. O Quarto Relatrio Nacional do Brasil para a CDB apresenta os avanos do pas no cumprimento dessa meta global e a situao atual de seus ecossistemas e da biodiversidade brasileira.

Prefcio

Por meio de um processo participativo, o Brasil estabeleceu em 2006 (Resoluo no 03 da CONABIO) as Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010, baseadas nas Metas da CDB para 2010 e em resposta sua Deciso VIII/15. O conjunto de 51 metas nacionais ainda mais ambicioso do que as metas globais, que so inteiramente abordadas pelas metas nacionais. Desde 2006, inmeras polticas pblicas e novos programas e projetos foram desenvolvidos na busca dos trs objetivos da CDB (conservao, uso sustentvel e repartio de benefcios da biodiversidade) abordando seus numerosos temas especficos, tais como conservao de espcies e ecossistemas, uso sustentvel da biodiversidade, transversalizao dos temas de biodiversidade em diferentes setores, conhecimentos tradicionais, agrobiodiversidade, recursos genticos, florestas, ecossistemas marinhos, entre muitos outros. Alm desses instrumentos, o Brasil ajustou sua estrutura institucional, criando uma nova instituio o Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio) para dar um foco mais especfico conservao na gesto ambiental federal. O ICMBio tem as atribuies de tratar da criao e gesto de unidades de conservao e de definir e aplicar estratgias para a conservao da biodiversidade, em particular das espcies ameaadas de extino, protegendo o patrimnio natural brasileiro e promovendo o uso sustentvel da biodiversidade em unidades de conservao de uso sustentvel. Outras estruturas foram tambm criadas para melhorar a gesto ambiental e dos recursos naturais, tais como o Servio Florestal Brasileiro, para conciliar o uso e a conservao das florestas pblicas brasileiras e o Centro Nacional para a Conservao da Flora (CNCFlora), no Instituto de Pesquisa Jardim Botnico do Rio de Janeiro, para atualizar periodicamente a lista de espcies ameaadas da flora e desenvolver planos de ao para a conservao de espcies ameaadas, entre outras responsabilidades. Em 2010, o CNCFlora publicou o Catlogo da Flora Brasileira, atualizando pela primeira vez em cem anos o trabalho original de catalogao da flora brasileira (Flora Brasiliensis) iniciado pelo naturalista von Martius em 1840 e concludo em 1906. O terceiro Panorama da Biodiversidade Global publicado em 2010 pelo Secretariado da CDB concluiu que o objetivo de reduo da taxa de perda de biodiversidade no foi atingido em nvel global e mostrou que nenhuma das 21 submetas globais foi completamente atingida, alcanando no mximo 50% de cumprimento dos objetivos em algumas submetas. No Brasil, embora os avanos obtidos no alcance das metas nacionais de biodiversidade no tenham sido homogneos, duas das 51 metas foram completamente atingidas: a publicao de listas e catlogos das espcies brasileiras (meta 1.1) e a reduo de 25% do nmero de focos de calor em cada bioma (meta 4.2), sendo que essa ltima foi superada em pelo menos 100% em todos os biomas (apesar de um recrudescimento dos incndios e queimadas neste ano extremamente seco de 2010). Alm disso, quatro outras metas alcanaram 75% de cumprimento: conservao de pelo menos 30% do bioma Amaznia e 10% dos demais biomas (meta 2.1); aumento nos investimentos em estudos e pesquisas para o uso sustentvel da biodiversidade (meta 3.11); aumento no nmero de patentes geradas a partir de componentes da biodiversidade (meta 3.12); e reduo em 75% na taxa de desmatamento na Amaznia (meta 4.1).

Pal Zuppani

Embora ainda seja necessrio desenvolver um sistema de monitoramento mais abrangente que permita um acompanhamento mais preciso dos avanos e anlises quantitativas do alcance de todas as metas nacionais, as informaes disponveis indicam que, ao mesmo tempo em que avanos marcantes foram obtidos para diversas metas, para vrias outras os avanos foram apenas modestos. A proteo direta de habitats est entre os maiores avanos, com o notvel empenho em aumentar o nmero e a rea de unidades de conservao no pas. Neste tema, segundo o terceiro Panorama da Biodiversidade Global, o Brasil figura como responsvel pela proteo de quase 75% de toda a rea conservada em reas protegidas estabelecidas no mundo desde 2003. Outro avano significativo no pas est relacionado ao monitoramento dos biomas: ampliando o excelente trabalho desenvolvido desde 1988 na Amaznia e desde 1985 na Mata Atlntica, em 2002 o Brasil passou a monitorar a cobertura vegetal de todos os biomas, o que possibilitar o aprimoramento contnuo das estratgias para combater o desmatamento ilegal.

Foram tambm obtidos avanos importantes em temas relacionados ao aumento do conhecimento sobre a biodiversidade e dos investimentos em prticas de uso sustentvel dos componentes da biodiversidade. Dentre os investimentos em pesquisa sobre biodiversidade, podemos destacar o lanamento em 2010 pelo CNPq, em parceria com outras instituies de fomento, do Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade SISBIOTA, com um investimento de mais de R$ 50 milhes, visando fomentar a pesquisa cientfica para ampliar o conhecimento e entendimento sobre a biodiversidade brasileira e melhorar a capacidade preditiva de respostas s mudanas globais, particularmente s mudanas de uso e cobertura da terra e mudanas climticas, associando formao de recursos humanos, educao ambiental e divulgao do conhecimento cientfico. Entretanto, preciso reconhecer que o pas avanou pouco em relao a outros temas, particularmente nas questes sobre espcies exticas invasoras, recuperao de estoques pesqueiros e repartio de benefcios e acesso regulamentado a recursos genticos. O pas precisa aumentar significativamente seus esforos relacionados biodiversidade, particularmente no que tange aos temas das metas nacionais onde os avanos obtidos nos ltimos dez anos foram modestos. Temos a expectativa de que, a partir de uma deciso da COP-10 em Nagoya, o Brasil possa atualizar suas metas nacionais e ampliar seu empenho em relao implementao de seus compromissos nacionais e internacionais de biodiversidade. Este relatrio identifica os principais desafios encontrados pelo pas, incluindo os que ainda permanecem no caminho dos esforos nacionais de implementao. Para super-los, entre outros fatores preciso avanar ainda mais na cooperao internacional e ampliar os meios de apoio implementao da CDB, incluindo a transferncia de recursos financeiros e tecnologia e a troca de experincias entre as Partes da Conveno. preciso avanar tambm no engajamento dos consumidores e do setor empresarial no esforo nacional para o alcance dos objetivos da CDB. O Ministrio do Meio Ambiente reconhece e expressa sua gratido a todos aqueles que contriburam para o desenvolvimento deste documento. Este relatrio rene uma quantidade muito expressiva de dados sobre biodiversidade, organizados em um amplo panorama nacional da situao da biodiversidade e dos ecossistemas brasileiros. Esperamos que este relatrio seja uma referncia importante para balizar os esforos em prol da conservao e do uso sustentvel da biodiversidade, assim como da repartio justa e eqitativa dos benefcios resultantes do uso dos recursos genticos brasileiros e dos conhecimentos tradicionais associados a eles. Izabella Mnica Vieira Teixeira Ministra de Estado do Meio Ambiente

Pal Zuppani

O

Quarto Relatrio Nacional do Brasil para a Conveno sobre Diversidade Biolgica foi preparado de acordo com o Artigo 26 da Conveno e com a deciso VIII/14 da Conferncia das Partes, e sua estrutura segue as Orientaes para o Quarto Relatrio publicadas pela Conveno. O roteiro proposto exigiu a coleta de um grande volume de informaes e anlises, particularmente por ser o Brasil um pas mega-diverso de tamanho continental. Alm disso, muitas das informaes necessrias ao relatrio esto ainda dispersas e/ou pouco acessveis, tanto entre as diversas instituies como dentro delas. Embora isso reflita a necessidade de maiores investimentos na sistematizao de informaes sobre biodiversidade no pas, esses fatores resultaram em um longo e trabalhoso perodo de preparao do documento final.

Apresentao

O primeiro relatrio nacional para a CDB faz uma caracterizao detalhada da biodiversidade nacional e da estrutura legal e institucional de meio ambiente do pas poca, alm de descrever os principais programas existentes para gerir a biodiversidade. O segundo e o terceiro relatrios fornecem um amplo inventrio das principais iniciativas no Brasil para implementar seus compromissos com a Conveno. Este quarto relatrio nacional essencialmente analtico, apresentando uma anlise do estado da biodiversidade e dos ecossistemas nacionais, da efetividade da estratgia nacional de biodiversidade e do grau de alcance das metas nacionais e globais de biodiversidade, entre outros temas relacionados.

Para completar a complexa tarefa de construo desse relatrio, o Ministrio do Meio Ambiente montou uma equipe de consultores que, auxiliados pelos analistas do Ministrio, coletaram as informaes necessrias com base em dados oficiais publicados e por meio de entrevistas e consultas s diversas agncias e atores relevantes de diferentes setores. Essas informaes foram reunidas e analisadas para responder s questes levantadas pela CDB nesse quarto relatrio.

O primeiro captulo desse relatrio apresenta uma avaliao da situao atual e, sempre que sries histricas puderam ser reunidas, das tendncias da biodiversidade e dos ecossistemas brasileiros. Essa avaliao foi feita com base nos dados disponveis sobre mapeamento dos biomas terrestres; estudos sobre o ambiente marinho; inventrios e estudos sobre a biodiversidade e dados oficiais sobre o estado de conservao de espcies; iniciativas de conhecimento e conservao de recursos genticos, particularmente para a alimentao e agricultura; registro de conhecimentos tradicionais associados; e outras informaes relacionadas. Esse captulo tambm apresenta as principais ameaas biodiversidade no pas, como a expanso agrcola, as espcies exticas invasoras, desmatamento, fogo, poluio e mudanas climticas, e inclui uma seo especfica sobre as principais ameaas ao ambiente marinho. As principais aes para a conservao da biodiversidade identificadas nesse captulo so relacionadas ao aumento e gesto de reas protegidas, monitoramento da cobertura vegetal dos biomas, gesto integrada da paisagem, manejo florestal sustentvel e cadeias produtivas sustentveis de produtos no madeireiros, sustentabilidade da produo agrcola, e conservao de espcies ameaadas ou sobrexplotadas. O segundo captulo avalia a implementao da estratgia nacional de biodiversidade, o grau, progresso e a efetividade de sua implementao, e as metas e os indicadores nacionais de biodiversidade. Este captulo apresenta tambm o financiamento existente no pas para as atividades prioritrias da implementao nacional dos objetivos da CDB; as iniciativas do setor privado relacionadas a esses objetivos; os desafios encontrados pelo Brasil durante a implementao da CDB; e descreve os progressos obtidos pelo pas em relao a assuntos especficos levantados pela COP-8.

Pal Zuppani

O terceiro captulo avalia as iniciativas e a efetividade da integrao das consideraes sobre a biodiversidade em outros setores alm do setor ambiental, desenvolvidas tanto pelo governo como pelo setor privado e organizaes no-governamentais. As conquistas obtidas neste tema mostram que, apesar do nmero crescente de iniciativas nesse sentido, ainda preciso aumentar significativamente os investimentos e esforos para alcanar uma integrao efetiva das questes de conservao e uso sustentvel da biodiversidade em polticas, programas e atitudes dos diversos setores. Este captulo apresenta tambm as experincias brasileiras com a aplicao da abordagem ecossistmica de das avaliaes de impacto ambiental.

Pal Zuppani

As concluses apresentadas no quarto captulo fazem um balano dos avanos do pas nos ltimos oito anos em relao ao alcance das metas nacionais e globais de biodiversidade para 2010. O captulo resume tambm as principais questes abordadas nos captulos anteriores e discute brevemente as futuras prioridades ps-2010, que devero ser definidas aps a COP-10. O Quarto Relatrio Nacional para a CDB foi aprovado pela Comisso Nacional de Biodiversidade CONABIO em sua 41 reunio ordinria, realizada em Braslia nos dias 17 e 18 de agosto de 2010. Uma verso preliminar deste relatrio foi disponibilizada para o Secretariado da Conveno sobre Diversidade Biolgica em maio de 2010. Braulio Ferreira de Souza Dias Secretrio de Biodiversidade e Florestas

ContedoPREFCIO ........................................................................................................................................................................ V APRESENTAO ........................................................................................................................................................... VII LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................................................... XIII LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................................................................... XV ABREVIAES E SIGLAS ............................................................................................................................................... XVII CAPTULO 1 Panorama da situao, tendncias e ameaas ....................................................................................... 19 1.1 Introduo ........................................................................................................................................................ 21 1.2 A situao e as tendncias da biodiversidade brasileira ................................................................................. 21 1.2.1 Ecossistemas e habitats ................................................................................................................................... 22 Cobertura Vegetal......................................................................................................................................................... 22 Fornecimento de bens e servios ambientais ............................................................................................................... 24 Regies Hidrogrficas .................................................................................................................................................. 26 Quantidadedegua .......................................................................................................................................... 26 Qualidadedagua .............................................................................................................................................. 27 Usodagua ........................................................................................................................................................ 27 reas Costeiras e marinhas ........................................................................................................................................... 28 Produopesqueira ............................................................................................................................................ 29 1.2.2 Diversidade de espcies..................................................................................................................................... 34 Estado do Conhecimento da Biodiversidade Brasileira .................................................................................................. 34 Espcies ameaadas ...................................................................................................................................................... 35 Estado da biodiversidade costeira e marinha ................................................................................................................ 37 1.2.3 Recursos Genticos .............................................................................................................................................. 39 Conservao da agrobiodiversidade ............................................................................................................................... 39 Agrobiodiversidade e comunidades tradicionais na Amaznia ....................................................................................... 41 Recursos Fitogenticos .................................................................................................................................................... 41 Perdadevariabilidadegentica ........................................................................................................................... 43 Redesdesementes................................................................................................................................................ 43 Raas animais .................................................................................................................................................................. 43 1.2.4. Conhecimentos tradicionais ................................................................................................................................ 45 1.3. Principais ameaas biodiversidade no Brasil ...................................................................................................... 46 Causas da perda de biodiversidade ................................................................................................................................ 46 1.3.1. Expanso Agrcola ............................................................................................................................................... 47 1.3.2. Espcies Exticas Invasoras ................................................................................................................................. 47 Habitats terrestres .......................................................................................................................................................... 47 Habitats de gua doce ..................................................................................................................................................... 49 Ambiente marinho .......................................................................................................................................................... 49 Paisagem agrcola ............................................................................................................................................................ 50 Tendncias ........................................................................................................................................................................ 50 Espcies exticas invasoras que afetam a sade humana ............................................................................................... 51 1.3.3. Desmatamento ................................................................................................................................................... 53 Amaznia ............................................................................................................................................................. 53 MataAtlntica ...................................................................................................................................................... 55

Zig Koch

Cerrado ................................................................................................................................................................. Outrosbiomasterrestres ...................................................................................................................................... ZonaCosteiraManguezais ................................................................................................................................. 1.3.4 Fogo ...................................................................................................................................................................... 1.3.5 Poluio .............................................................................................................................................................. Qualidade da gua........................................................................................................................................................... Poluio agrcola ............................................................................................................................................................. Poluio e degradao pela minerao ........................................................................................................................... Poluio do ar .................................................................................................................................................................. 1.3.6 Mudanas Climticas ........................................................................................................................................... Amaznia ............................................................................................................................................................ Semi-rido.......................................................................................................................................................... Zonacosteiraemarinha ...................................................................................................................................... SudesteeBaciadoPrata .................................................................................................................................... Regiosul ............................................................................................................................................................ Agricultura ........................................................................................................................................................... Recursoshdricos ............................................................................................................................................... Grandescidades ................................................................................................................................................. Sadehumana .................................................................................................................................................... Plano Nacional sobre Mudana do Clima ...................................................................................................................... 1.3.7 Principais ameaas biodiversidade costeira e marinha ................................................................................... 1.4 Principais aes para proteger a biodiversidade ............................................................................................... 1.4.1 reas protegidas .................................................................................................................................................. reas protegidas costeiras e marinhas ............................................................................................................................ Designao global........................................................................................................................................................... 1.4.2 Monitoramento da cobertura vegetal ................................................................................................................. 1.4.3 Gesto integrada de paisagem ........................................................................................................................... ZoneamentoEcolgico-Econmico(ZEE) .............................................................................................................. CorredoresEcolgicos ........................................................................................................................................... MosaicosdeUnidadesdeConservao ................................................................................................................ Comitsdebacia.................................................................................................................................................. 1.4.4 Manejo florestal sustentvel e produtos no madeireiros ................................................................................. 1.4.5 Sustentabilidade da produo agrcola ............................................................................................................... Produo Integrada na agricultura .................................................................................................................................. Produo familiar ............................................................................................................................................................ Produo Agrcola Orgnica ............................................................................................................................................ 1.4.6 Conservao de espcies ..................................................................................................................................... Manejo para a conservao e uso sustentvel de espcies nativas ................................................................................ 1.5 Implicaes da perda de biodiversidade ............................................................................................................. Conscientizao publica sobre o meio ambiente ............................................................................................................

55 56 57 57 59 59 60 61 62 64 65 65 65 65 65 65 65 66 66 66 66 67 67 71 71 72 73 73 73 73 74 74 75 76 78 78 79 80 81 82

CAPTULO 2 ESTRATGIA E PLANO DE AO NACIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE ................................................. 83 2.1 2.2 2.2.1 2.2.2 2.3 2.4 2.4.1 2.4.2 Introduo ............................................................................................................................................................ 85 Estratgia e Plano de Ao Nacionais para a Biodiversidade no Brasil .............................................................. 85 Estratgia e Plano de Ao Nacionais para a Biodiversidade (EPANB) ............................................................... 85 Estrutura Institucional Nacional para a Biodiversidade e Meio Ambiente ......................................................... 86 Metas e Indicadores .............................................................................................................................................. 87 Progressos na implementao da EPANB ............................................................................................................ 88 Panorama ............................................................................................................................................................. 88 Contribuio das aes da EPANB para a implementao dos artigos da CDB; sucessos e obstculos encontrados na implementao e lies aprendidas ..................................................... 91 Andamento da Implementao ....................................................................................................................................... 92 Lies aprendidas ............................................................................................................................................................ 92 2.5 Financiamento para atividades prioritrias ........................................................................................................ 93

2.5.1 Fundos governamentais para a biodiversidade e o meio ambiente ............................................................... 93 Fundos ambientais nacionais .......................................................................................................................................... 93 Fundos ambientais estaduais e municipais ..................................................................................................................... 94 Incentivos ........................................................................................................................................................................ 96 2.5.2 Fundos que Recebem Recursos de Doadores...................................................................................................... 97 2.5.3 Outros gastos e financiamentos de programas por parte do governo ............................................................... 98 2.5.4 Financiamento para a implementao das Aes Prioritrias da EPANB ........................................................... 99 2.5.5 Iniciativas do setor privado ............................................................................................................................... 99 Agricultura sustentvel ............................................................................................................................................... 100 Setor florestal ............................................................................................................................................................... 101 Reciclagem .................................................................................................................................................................... 103 Turismo sustentvel...................................................................................................................................................... 104 Critrios ambientais para concesso de crdito .......................................................................................................... 104 Mudanas climticas .................................................................................................................................................... 105 Sustentabilidade corporativa........................................................................................................................................ 105 Outras iniciativas .......................................................................................................................................................... 106 2.5.6 Desafios ............................................................................................................................................................. 107 Plano de Ao da EPANB .............................................................................................................................................. 107 Indicadores e metas brasileiros ..................................................................................................................................... 107 Custeio e capacidade ..................................................................................................................................................... 107 Mudanas Climticas .................................................................................................................................................... 107 Transversalizao .......................................................................................................................................................... 107 Conscientizao ............................................................................................................................................................ 108 Capacidade e continuidade ........................................................................................................................................... 108 Sistemas de informao sobre biodiversidade ............................................................................................................. 108 A EPANB em nveis abaixo do federal ............................................................................................................................ 108 Colaborao Sul-Sul ...................................................................................................................................................... 108 2.6 Eficcia da EPANB .............................................................................................................................................. 109 Eficcia do Sistema Nacional de Unidades de Conservao SNUC ............................................................................. 109 Efetividade da conservao das espcies ...................................................................................................................... 114 Gesto de recursos hdricos .......................................................................................................................................... 114 Sistematizao e disseminao da informao sobre biodiversidade ........................................................................... 115 Biodiversidade para o desenvolvimento ....................................................................................................................... 116 Implementao da legislao ambiental ...................................................................................................................... 117 2.7 Progresso em relao aos assuntos da COP-8 .................................................................................................... 117 2.7.1 Comunidades indgenas e locais (Artigo 8(j) Deciso VIII/5) ........................................................................... 117 2.7.2 reas marinhas e costeiras - leito marinho profundo (Deciso VIII/21) ........................................................... 119 2.7.3 reas marinhas e costeiras Gerenciamento Integrado das reas Marinhas e Costeiras (IMCAM IntegratedMarineandCoastalAreaManagement) (Deciso VIII/22) ............................................. 119 2.7.4 reas Protegidas (Deciso VIII/24) ..................................................................................................................... 121 2.7.5 Avaliao de Impacto ........................................................................................................................................ 127 2.7.6 Conservao da Flora ........................................................................................................................................ 127

CAPTULO 3 INTEGRAO DAS CONSIDERAES SOBRE BIODIVERSIDADE EM OUTROS SETORES .................................................................................................................................................. 129 3.1 Panorama da Situao Atual.............................................................................................................................. 131 3.2 Iniciativas de integrao das consideraes sobre biodiversidade em outros setores .................................... 131 Iniciativas do MMA e outras iniciativas governamentais: acordos multi-setoriais e intervenes Econmicas.................................................................................................................................................................... 132 Setorprimrio .................................................................................................................................................... 132 SetorSecundrio ................................................................................................................................................ 134 SetorTercirio .................................................................................................................................................... 135 Iniciativas do setor privado ........................................................................................................................................... 137 Prmiosambientais ............................................................................................................................................ 137

3.3 3.4 3.5

Aplicao da Abordagem Ecossistmica ............................................................................................................ Avaliaes de Impacto Ambiental ..................................................................................................................... AvaliaoAmbientalEstratgica(AAE) .............................................................................................................. Conquistas .........................................................................................................................................................

141 142 143 146

CAPTULO 4 Concluses ............................................................................................................................................. 147 4.1 Avanos em direo ao cumprimento da meta de 2010 .................................................................................. 149 4.1.1 Metas nacionais ................................................................................................................................................. 149 Presso .......................................................................................................................................................................... 174 Estado ............................................................................................................................................................................ 174 Respostas....................................................................................................................................................................... 174 4.1.2 Incorporao das metas nas estratgias, planos e programas relevantes ....................................................... 175 4.1.3 Avanos obtidos em direo ao alcance da meta global para 2010 ................................................................ 175 4.1.4 Principais obstculos encontrados e lies aprendidas ................................................................................... 180 4.1.5 Futuras prioridades ps 2010 ......................................................................................................................... 180 4.2 Implementao do Plano Estratgico da Conveno ........................................................................................ 181 4.3 Concluses: Avaliao geral da implementao ............................................................................................... 182 ANEXO 1 Legislao Ambiental Brasileira .................................................................................................................. 187 ANEXO 2 Listas da Biodiversidade Brasileira ou Neotropical e Mundial .................................................................. 201 ANEXO 3 Referncias Citadas no Relatrio ................................................................................................................ 239 ANEXO 4 Lista de Colaboradores ............................................................................................................................... 245

Lista de TabelasCaptulo 1 Caracterizao do Bioma Amaznia por Regio Fitoecolgica Agrupada ................................................ 22 Caracterizao do Bioma Pantanal por Regio Fitoecolgica Agrupada .................................................. 23 Caracterizao do Bioma Cerrado por Regio Fitoecolgica Agrupada .................................................. 23 Caracterizao do Bioma Caatinga por Regio Fitoecolgica Agrupada .................................................. 23 Caracterizao do Bioma Mata Atlntica por Regio Fitoecolgica Agrupada ........................................ 24 Caracterizao do Bioma Pampa por Regio Fitoecolgica Agrupada ..................................................... 24 Estimativa preliminar dos remanescentes de vegetao nas reas Prioritrias para a Conservao e Uso Sustentvel da Biodiversidade por bioma (2010) ..................................................... 25 Tabela I-8 Vazo mdia e da estao seca nas regies hidrogrficas brasileiras ...................................................... 26 Tabela I-9 Uso da gua no Brasil (2002) .................................................................................................................... 28 Tabela I-10 Estado de explotao dos estoques marinhos e estuarinos no Brasil (estudos feitos entre 1996-2004) ..................................................................................................................................... 30 Tabela I-11 Principais espcies nativas na aqicultura brasileira................................................................................ 33 Tabela I-12 Nmero estimado de espcies conhecidas no Brasil e no mundo (2006) ................................................ 34 Tabela I-13 Evoluo das Listas Oficiais de Espcies Brasileiras Ameaadas .............................................................. 35 Tabela I-14 Taxa de aumento do nmero de espcies nas listas oficiais de espcies ameaadas .............................. 35 Tabela I-15 Principais fatores de ameaa fauna brasileira ....................................................................................... 36 Tabela I-16 Nmero de espcies da flora possivelmente ameaadas nos biomas brasileiros .................................... 36 Tabela I-17 Variabilidade gentica de amostras de espcies caracterizadas usando marcadores moleculares ............... 42 Tabela I-18 Raas includas em projetos de pesquisa para a conservao e uso de recursos genticos (2006) ............... 44 Tabela I-19 Distribuio geogrfica e estado de conservao de raas naturalizadas no Brasil ................................. 44 Tabela I-20 rea (km2) ocupada por atividades agropecurias ao longo do tempo no Brasil .................................... 47 Tabela I-21 Estado e tendncias das espcies exticas invasoras no Brasil ............................................................... 48 Tabela I-22 Estado das espcies exticas marinhas no Brasil ..................................................................................... 49 Tabela I-23 Insetos, caros e patgenos exticos que afetam os sistemas produtivos rurais brasileiros .................. 50 Tabela I-24 Cenrios para 2010 para a ocorrncia de espcies exticas invasoras em habitats brasileiros .............. 51 Tabela I-25 Espcies exticas invasoras que afetam a sade humana no Brasil (2005).............................................. 51 Tabela I-26 Desmatamento da Mata Atlntica ........................................................................................................... 55 Tabela I-27 Evoluo do nmero de ocorrncias de fogo no Brasil ............................................................................ 58 Tabela I-28 Proporo das ocorrncias de queimadas de acordo com o tamanho do bioma ................................... 58 Tabela I-29 Estimativa do mercado de agrotxicos no Brasil de janeiro a setembro .................................................. 60 Tabela I-30 Exemplos da evoluo da produo de minrio no Brasil 2001 2007 ................................................... 61 Tabela I-31 Evoluo da produo (m3) de agregados para a construo 1988 2000 .............................................. 62 Tabela I-32 Principais ameaas biodiversidade costeira e marinha nas guas brasileiras ...................................... 67 Tabela I-33: A Porcentagem da Meta Nacional de reas Protegidas para 2010 alcanada at agosto de 2010 conforme os dados j validados e cadastrados no CNUC e dados ainda por validar e cadastrar no CNUC .................................................................................................................................................. 68 Tabela I-33 B Porcentagem da Meta Nacional de reas Protegidas para 2010 alcanada at agosto de 2010 conforme os dados j validados e cadastrados no CNUC e dados ainda por validar e cadastrar no CNUC .................................................................................................................................. 68 Tabela I-34 A Porcentagem da Meta Nacional de reas Protegidas para 2010 alcanada at agosto de 2010 conforme os dados j validados e cadastrados no CNUC......................................................................... 69 Tabela I-1 Tabela I-2 Tabela I-3 Tabela I-4 Tabela I-5 Tabela I-6 Tabela I-7

Pal Zuppani

Tabela I-34 B Porcentagem da Meta Nacional de reas Protegidas para 2010 alcanada at agosto de 2010 conforme os dados j validados e cadastrados no CNUC......................................................................... 69 Tabela I-35 Terras Indgenas no Brasil ......................................................................................................................... 70 Tabela I-36 Produo Agrcola Integrada no Brasil (2007) .......................................................................................... 76 Tabela I-37 Comparao da produtividade e custos entre a produo convencional e a produo integrada .......... 77 Tabela I-38 Reduo porcentual das aplicaes de agrotxicos em culturas SAPI (2007) ......................................... 77 Tabela I-39 Indicador do PPA sobre a conservao de espcies ameaadas .............................................................. 79 Tabela I-40 Planos de ao para a conservao e recuperao de espcies ameaadas da fauna e flora brasileiras ......................................................................................................................................... 79 Captulo 2 Tabela II-1 Tabela II-2 Tabela II-3 Tabela II-4 Tabela II-5 Captulo 3 Tabela III-1 Tabela III-2 Captulo 4 Tabela IV-1 Tabela IV-2 Tabela IV-3 Avanos obtidos no alcance das Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010 .................................. 149 Avanos obtidos pelo Brasil em direo ao alcance da Meta da CDB para 2010 .................................. 176 Balano das Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010 .................................................................. 183 Principais deficincias na aplicao das avaliaes de impacto ambiental no Brasil ............................ 143 Exemplos de experincias de Avaliao Ambiental Estratgica no Brasil de 1999 a 2007 .................... 144 Metas Nacionais de Biodiversidade brasileiras para 2010 ....................................................................... 89 Contribuio para a implementao dos artigos da CDB ......................................................................... 92 Estados brasileiros com legislao sobre o ICMS Ecolgico e montantes transferidos para municpios verdes em 2008 .......................................................................................................... 96 Principais programas federais que contribuem para o cumprimento das metas da CDB (2009) ............ 98 Evoluo da poro do oramento federal investida na gesto ambiental ............................................ 112

Lista de FigurasCaptulo 1 Figura I-1 Figura I-2 Figura I-3 Figura I-4 Figura I-5 Figura I-6 Figura I-7 Figura I-8 Figura I-9 Figura I-10 Figura I-11 Figura I-12 Figura I-13 Figura I-14 Figura I-15 Figura I-16 Figura I-17 Figura I-18 Figura I-19 Figura I-20 Figura I-21 Figura I-22 Mapa dos Biomas Brasileiros ..................................................................................................................... 21 Mapa das regies hidrogrficas do Brasil ................................................................................................... 26 Distribuio percentual do ndice de Qualidade das guas ....................................................................... 27 Qualidade da gua nos rios brasileiros ..................................................................................................... 27 Uso da gua nas 12 regies hidrogrficas brasileiras ................................................................................ 28 Evoluo da produo da aqicultura no Brasil entre 1997 e 2007 ........................................................... 33 Tendncia das espcies oficialmente reconhecidas como ameaadas ...................................................... 35 Abundncia mdia de peixes por 100 m2 dentro de reas com pesca (abertas) e sem pesca (fechadas) ........................................................................................................................................ 37 Distribuio de ocorrncias de organismos exticos aquticos no Brasil .................................................. 49 Desmatamento anual na Amaznia Legal ................................................................................................. 54 Evoluo das taxas de desmatamento na Amaznia brasileira .................................................................. 54 Distribuio dos eventos de desmatamento detectados entre outubro de 2003 e outubro de 2007 por municpio no bioma Cerrado ................................................................................................. 56 Distribuio das reas do bioma Cerrado cobertas por vegetao nativa e modificadas por uso humano ........................................................................................................................................ 56 reas remanescentes (verde) e ocupadas por atividades de carcinicultura (vermelho) em ecossistemas de mangue .......................................................................................................................... 57 Evoluo anual das ocorrncias de queimadas e desmatamento na Amaznia ....................................... 58 Evoluo das ocorrncias de queimadas (focos de calor) por bioma ........................................................ 58 Esgoto produzido, coletado e tratado nas regies hidrogrficas .............................................................. 59 Descargas orgnicas domsticas (toneladas DBO/dia) nas regies hidrogrficas ...................................... 60 Destinao do lixo urbano coletado (dados de 2000) ............................................................................... 60 Emisso anual de CO por exaustor de veculo por classe de veculo, de acordo com as regulamentaes vigentes ..................................................................................................................... 62 Emisso anual de CO2 fssil atravs de exaustores de veculos por classe de veculo, de acordo com as regulamentaes vigentes ................................................................................................ 63 Concentrao mxima anual de alguns poluentes nas Regies Metropolitanas de Belo Horizonte, Curitiba, Distrito Federal, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, So Paulo, Recife e Vitria; 1995-2006 ...................................................................................................................... 63 Mapa de unidades de conservao e terras indgenas ............................................................................. 70 Rede brasileira de reservas da biosfera ..................................................................................................... 72 Localizao dos Stios Ramsar do Brasil ..................................................................................................... 72

Figura I-23 Figura I-24 Figura I-25 Captulo 2 Figura II-1

Estrutura brasileira da EPANB .................................................................................................................... 88

Pal Zuppani

Abreviaes e SiglasAAE ABC ABS AIA ANA ANP APP ARPA CDB CGEN CNPq CNUC CONAB CONABIO CONAMA COP DETER EIA/RIMA EMBRAPA EMBRATUR EPANB FAO FAP FAPESP FLONA FSC FUNAI GEF IBAMA IBGE ICMBio ICMS IDH ILAC IMCAM INPE IPEA JBRJ MCT MMA ONG ONU PAE PIB Avaliao Ambiental Estratgica Agncia Brasileira de Cooperao Acesso e Repartio de Benefcios (no mbito da CDB) Avaliao de Impacto Ambiental Agncia Nacional de guas Agncia Nacional do Petrleo rea de Preservao Permanente Projeto reas Protegidas da Amaznia Conveno sobre Diversidade Biolgica Conselho de Gesto dos Recursos Genticos Conselho Nacional de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica Cadastro Nacional de Unidades de Conservao Companhia Nacional de Abastecimento Comisso Nacional de Biodiversidade Comisso Nacional de Meio Ambiente Conferncia das Partes da CDB Sistema de Deteco de Desmatamento em Tempo Real Estudo de Impacto Ambiental/Relatrio de Impactos sobre o Meio Ambiente Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Empresa Brasileira de Turismo Estratgia e Plano de Ao Nacional para a Biodiversidade Organizao para a Alimentao e Agricultura Fundo de reas Protegidas (no mbito do ARPA) Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo Floresta Nacional ForestStewardshipCouncil Fundao Nacional do ndio Fundo para o Meio Ambiente Global Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica Instituto Chico Mendes para a Conservao da Biodiversidade Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios ndice de Desenvolvimento Humano Iniciativa Latino-Americana e Caribenha para o Desenvolvimento Sustentvel Gerenciamento Integrado das reas Marinhas e Costeiras (sigla em ingls) Instituto Nacional de Pesquisa Espacial Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada Jardim Botnico do Rio de Janeiro Ministrio de Cincia e Tecnologia Ministrio do Meio Ambiente Organizao No-Governamental Organizao das Naes Unidas Programa de Apoio Produo e Comercializao de Produtos Extrativistas Produto Interno Bruto

Pal Zuppani

PNAP PNB PNRH PNUMA PPA PROBIO PROBIO II PRODES RAPPAM REDD RL RPPN SBF SFB SINIMA SISBIO SISNAMA SNUC spp TI TIRFAA UC/UCs UICN UNESCO ZEE (1) ZEE (2)

Plano Nacional de reas Protegidas Poltica Nacional de Biodiversidade Poltica Nacional de Recursos Hdricos Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (UNEP em ingls) Plano Plurianual Federal Projeto de Conservao e Uso Sustentvel da Biodiversidade Brasileira Projeto Nacional de Transversalizao da Biodiversidade e Consolidao Institucional Projeto de Monitoramento do Desflorestamento da Amaznia Legal Mtodo de avaliao rpida e priorizao da gesto de reas protegidas (sigla em ingls) Reduo das Emisses por Desmatamento e Degradao Reserva Legal Reserva Particular do Patrimnio Natural Secretaria de Biodiversidade e Florestas Servio Florestal Brasileiro Sistema Nacional de Informaes sobre Meio Ambiente Sistema de Informao sobre Biodiversidade Sistema Nacional de Meio Ambiente Sistema Nacional de Unidades de Conservao Espcies Terra Indgena Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenticos para Alimentao e Agricultura Unidade(s) de Conservao (reas protegidas no mbito do SNUC) Unio Internacional para a Conservao da Natureza (IUCN na sigla em ingls) Organizaes das Naes Unidas para a Educao Cincia e Cultura Zona Econmica Exclusiva (marinha) Zoneamento Ecolgico-Econmico

Panorama da situao, tendncias e ameaas

CAPTULO CAPTULO

1 1

Zig Koch

1.1. Introduo

Este captulo traa um panorama geral da situao atual e das tendncias da biodiversidade brasileira com base em dados de monitoramento e mapeamento de vegetao, informaes disponveis sobre a situao e as tendncias das espcies, alm de dados de outras avaliaes da biodiversidade e dos ecossistemas. As sees abaixo tambm apresentam uma explicao das principais ameaas biodiversidade no Brasil e como elas afetam os diferentes biomas e tipos de habitats, e uma breve discusso sobre as implicaes da perda de biodiversidade para o bem-estar humano. Maior pas da Amrica do Sul, o Brasil foi o primeiro pas a assinar a Conveno sobre Diversidade Biolgica, sendo a nao com a maior diversidade de espcies no mundo com seis biomas terrestres e trs grandes ecossistemas marinhos, alm de pelo menos 103.870 espcies animais e 43.020 espcies vegetais atualmente conhecidas no pas. Existem dois hotspots de biodiversidade atualmente reconhecidos no Brasil a Mata Atlntica e o Cerrado e seis reservas da biosfera so globalmente reconhecidas pela UNESCO no pas. Consulte o Primeiro Relatrio Nacional para obter uma caracterizao mais detalhada da biodiversidade nacional e da estrutura legal e institucional do pas, alm de uma lista extensa dos principais programas para gerir a biodiversidade. O Segundo Relatrio Nacional e o Terceiro Relatrio Nacional fornecem um amplo inventrio das principais iniciativas no Brasil para implementar seus compromissos com a Conveno.

Em um esforo para melhorar o monitoramento dos avanos em direo Meta de 2010, o Brasil vem desenvolvendo um conjunto de Indicadores Nacionais de Biodiversidade para monitorar a situao da biodiversidade do pas, com base em iniciativas anteriores de grande escala que iniciaram no comeo da dcada de 1970 com o projeto RADAMBRASIL. Aquele projeto mapeou os recursos naturais e a cobertura vegetal na escala 1:1.000.000 e foi seguido em meados dos anos 1980 pelo atual projeto de Monitoramento do Desmatamento da Amaznia (com uma resoluo de 30 metros) e pelo projeto de Monitoramento Nacional de Queimadas (com uma resoluo de 1 km). Essas iniciativas foram complementadas nas dcadas de 1990 e 2000 com o Mapeamento da Cobertura Vegetal e Uso do Solo de todos os biomas brasileiros na escala 1:250.000; o Programa Nacional de Monitoramento dos Recifes de Coral (ReefCheck Brasil); o Primeiro Inventrio Nacional de Espcies Exticas Invasoras; a Base de Dados Nacional de Unidades de Conservao; a atualizao peridica das Listas Nacionais de Espcies Ameaadas da Fauna e da Flora; os Indicadores Nacionais de Sustentabilidade; os Relatrios Ambientais GEOBrasil; os Relatrios Nacionais de Recursos Hdricos; e os relatrios nacionais sobre as Metas de Desenvolvimento do Milnio e para a Iniciativa Latino-Americana e Caribenha de Desenvolvimento Sustentvel (ILAC). A adoo em 2006, pela Comisso Nacional de Biodiversidade (CONABIO), de um conjunto abrangente de Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010 (Resoluo CONABIO no 3/2006) definiu automaticamente os indicadores nacionais relevantes para a biodiversidade. Atualmente, o Ministrio do Meio Ambiente iniciou um processo para consolidar uma nica lista de indicadores ambientais padronizados, que devero ser utilizados de maneira uniforme por todas as instituies e para todos os relatrios. Onde possvel, alguns indicadores dessa lista foram includos neste captulo. Comparaes de sries histricas tambm foram includas sempre que disponveis.

1.2. A situao e as tendncias da biodiversidade brasileira

O Brasil tem seis biomas terrestres (Amaznia, Mata Atlntica, Caatinga, Cerrado, Pampas e Pantanal; ver Figura I-1); trs grandes ecossistemas marinhos (Large Marine Ecosystems LME), que incluem 8 ecorregies marinhas1; e 12 principais regies hidrogrficas. Os biomas terrestres so subdivididos em 47 principais tipos de vegetao de

Figura I-1: Mapa dos Biomas Brasileiros.Fonte:IBGE2004(www.ibge.gov.br)

1 MMA, 2010. Panorama da conservao dos ecossistemas costeiros e marinhos.

21

acordo com o mapa de cobertura vegetal do IBGE2. Em 2004, esse mapa indicava uma taxa de 27,75% de todo o territrio brasileiro como rea convertida por uso humano (ver a seo 1.2.1).

Em resposta Deciso VIII/15 da CDB, o Brasil estabeleceu em 2006 as Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010, baseadas nas Metas da CDB para 2010. Entretanto, apenas um subconjunto das metas nacionais est sendo monitorado. O Brasil tambm criou o Sistema Nacional de Informaes sobre o Meio Ambiente (SINIMA) para monitorar tanto o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), que formado pelas agncias federais, estaduais e municipais de meio ambiente, quanto a situao do meio ambiente e sua gesto no pas. O SINIMA est atualmente passando por um processo de fortalecimento, que inclui a definio de um conjunto de indicadores de meio ambiente e de desenvolvimento sustentvel. No curto prazo, o SINIMA ir mensurar e publicar (www.mma.gov.br) o seguinte conjunto de indicadores de biodiversidade: (i) tendncias dos biomas e ecossistemas; (ii) extenso de reas protegidas; e (iii) mudanas e situao das espcies ameaadas. No mdio prazo, o SINIMA refinar e ampliar o primeiro conjunto de indicadores, institucionalizando a metodologia para mensurar o conjunto de indicadores que est sendo desenvolvido. A seo abaixo apresenta um panorama da situao e das tendncias dos ecossistemas e das espcies brasileiras, assim como das principais ameaas conservao da biodiversidade e os esforos do pas para combat-las.

1.2.1. Ecossistemas e habitatsCobertura vegetal

De 2004 a 2007 o MMA promoveu um exerccio nacional de mapeamento da cobertura vegetal por bioma terrestre no mbito do Projeto para a Conservao e Uso Sustentvel da Diversidade Biolgica Brasileira PROBIO. Os mapas resultantes foram produzidos com base em imagens do satlite Landsat de 2002 e no mapa de cobertura vegetal produzido pelo IBGE, assim como na anlise da situao dos principais tipos de vegetao dentro de cada bioma, que est resumida abaixo.

O tipo de vegetao predominante no bioma Amaznia a floresta ombrfila densa, que cobre 41,67% do bioma. A vegetao nativa no-florestal (formaes pioneiras, refgios ecolgicos, campinarana arbustiva e gramneo-lenhosa, savana parque e gramneo-lenhosa, savana estpica parque e gramneo-lenhosa) cobre 4,21% do bioma. Aproximadamente 12,47% da floresta ombrfila densa j foram alterados por ao humana. Desses, 2,97% encontram-se em recuperao (vegetao secundria) e 9,50% so ocupados por uso agrcola, com lavouras ou pastagens (Tabela I-1). Tabela I-1: Caracterizao do Bioma Amaznia por Regio Fitoecolgica Agrupada REGIO FITOECOLGICA AGRUPADA REA (km2) Vegetao nativa florestal 3.416.391,23 Vegetao nativa no-florestal 178.821,18 reas antrpicas 401.855,83 Vegetao secundria 125.635,01 gua 107.787,52 Total 4.230.490,77Fonte:MinistriodoMeioAmbiente,20073.Zig Koch

% 80,76 4,23 9,50 2,97 2,55 100,00

22

2 IBGE, 2004. Mapa de Vegetao do Brasil, escala de 1:5.000.000. http://www.ibge.gov.br/mapas_ibge/tem_vegetacao.php 3 MMA, 2007. MapasdeCoberturaVegetaldosBiomasBrasileiros.

O bioma Pantanal ainda est bem preservado em comparao a 2002, mantendo 86,77% de sua cobertura vegetal nativa. A vegetao no-florestal (savana [cerrado], savana estpica [chaco], formaes pioneiras e reas de tenso ecolgica ou contatos florsticos [ectonos e encraves]) predominante em 81,70% do bioma. Desses, 52,60% so cobertos por savana (cerrado) e 17,60% so ocupados por reas de transio ecolgica ou ectonos. Os tipos de vegetao florestais (floresta estacional semi-decidual e floresta estacional decidual) representam 5,07% do Pantanal. A maior parte dos 11,54% do bioma alterados por ao humana utilizada para criao extensiva de gado em pastos plantados (10,92%); apenas 0,26% so usados para lavouras (Tabela I-2).

Tabela I-2: Caracterizao do Bioma Pantanal por Regio Fitoecolgica Agrupada REGIO FITOECOLGICA AGRUPADA REA (kM2) Vegetao nativa florestal 7.622,00 Vegetao nativa no-florestal 123.527,00 reas antrpicas 17.439,90 gua 2.577,30 Total 151.186,20Fonte:MinistriodoMeioAmbiente,2007.

% 5,07 81,70 11,54 1,69 100,00

O bioma Cerrado o segundo maior bioma no Brasil, cobrindo aproximadamente 22% do territrio nacional e estendendo aos pases vizinhos (Paraguai e Bolvia). A vegetao nativa do Cerrado, em graus variados de conservao, ainda cobre 60,42% do bioma no Brasil. A regio fitoecolgica predominante a savana arborizada, que corresponde a 20,42% do bioma, seguida pela savana parque (15,81%). A rea coberta pelos diversos tipos de vegetao florestal corresponde a 36,37% do bioma, enquanto que a rea de vegetao no-florestal cobre 23,68% do bioma. A rea restante (38,98%) corresponde s reas com uso humano, onde as pastagens cultivadas so a categoria predominante (26,45% do bioma), e gua (Tabela I-3). Tabela I-3: Caracterizao do Bioma Cerrado por Regio Fitoecolgica Agrupada REGIO FITOECOLGICA AGRUPADA REA (km2) Vegetao nativa florestal 751.943,49 Vegetao nativa no-florestal 484.827,26 reas Antrpicas 797.991,72 gua 12.383,88 Total 2.047.146,35Fonte:MinistriodoMeioAmbiente,2007.

% 36,73 23,68 38,98 0,60 100,00

A Caatinga o nico bioma brasileiro localizado inteiramente dentro do territrio nacional e corresponde a aproximadamente 10% do Brasil. Esse bioma semi-rido mantm aproximadamente 62,69% de sua vegetao nativa em graus variados de conservao. A savana estpica predomina em 35,90% do bioma seguida pelas reas de transio ecolgica (18%) e encraves de fitofisionomias de Cerrado e Mata Atlntica (8,43%) (Tabela I-4). Tabela I-4: Caracterizao do Bioma Caatinga por Regio Fitoecolgica Agrupada REGIO FITOECOLGICA AGRUPADA REA (km2) Vegetao nativa florestal 201.428,00 Vegetao nativa no-florestal 316.889,00 reas antrpicas 299.616,00 gua 7.817,00 Total 825.750,00Fonte:MinistriodoMeioAmbiente,2007.

% 24,39 38,38 36,28 0,95 100,00

O bioma da Mata Atlntica de longe o mais alterado (70,95%) dos biomas terrestres, tendo sido historicamente o primeiro a ser intensivamente explorado e ocupado desde a chegada dos europeus em 1500. A rea total coberta por vegetao nativa em 2002 foi calculada como 26,97%, dos quais 21,80% so compostos por diferentes fisionomias de floresta (Tabela I-5). As florestas ombrfilas densas (9,10%) formam o principal componente florestal do bioma, seguidas das florestas estacionais semideciduais (5,18%). O pior cenrio pertence s florestas ombrfilas abertas (com palmeiras), hoje praticamente extintas (0,25% do bioma). Dentre os encraves, as savanas gramneo-lenhosas (Cerrado) so as fisionomias mais representativas (2,69% do bioma).

Wigold B. Schaffer

23

Tabela I-5: Caracterizao do Bioma Mata Atlntica por Regio Fitoecolgica Agrupada REGIO FITOECOLGICA AGRUPADA REA (km2) Vegetao nativa florestal 230.900,49 Vegetao nativa no-florestal 40.689,04 Formaes pioneiras 14.051,26 reas antrpicas 751.372,78 gua 15.364,13 No classificado 6.650,15 Total 1.059.027,85Fonte:MinistriodoMeioAmbiente,2007.

% 21,80 3,84 1,33 70,95 1,45 0,63 100,00

Como segundo menor bioma do Brasil (2,10% do territrio nacional) o bioma Pampa abrange os campos das Misses e da metade sul do estado do Rio Grande do Sul, estendendo at o Uruguai e Argentina. Coberto principalmente por formaes campestres (23,03%), o Pampa tambm est severamente modificado pelo uso humano (48,70%), particularmente por atividades pecurias e plantaes florestais (Tabela I-6). Tabela I-6: Caracterizao do Bioma Pampa por Regio Fitoecolgica Agrupada REGIO FITOECOLGICA AGRUPADA REA (km2) Vegetao nativa florestal 9.591,05 Vegetao nativa campestre 41.054,61 Vegetao nativa - transio 23.044,08 reas antrpicas 86.788,70 gua 17.804,57 Total 178.243,01Fonte:MinistriodoMeioAmbiente,2007.

% 5,07 23,03 12,91 48,70 9,98 100,00

Territrio Nacional. Em 2004 o Brasil tinha 27,75% (aproximadamente 2.356.065 km2) de seu territrio alterados por uso humano (agricultura e reas urbanas, desmatamento e outros). De 2004 a 2006 essa porcentagem aumentou para aproximadamente 30% (ver seo 1.3.2), deixando cerca de 70% do territrio nacional ainda coberto de vegetao original em graus variados de conservao. Fornecimento de bens e servios ambientais O Brasil estabeleceu em 2004 e revisou em 2007 suas reas Prioritrias para a Conservao e Uso Sustentvel da Biodiversidade4, para orientar aes e polticas de conservao e desenvolvimento. Essas 3.190 reas distribudas por todos os biomas incluem reas que j esto protegidas em unidades de conservao e terras indgenas e reas identificadas como importantes para a biodiversidade e com urgncia de conservao. Essas reas foram definidas e so periodicamente revisadas atravs de um processo participativo, em seminrios regionais especficos para cada bioma e com a contribuio de um grande nmero de especialistas. A metodologia para definio e avaliao de cada rea adota como base o Mapa de Biomas do IBGE e incorpora os princpios de planejamento sistemtico para a conservao da biodiversidade e seus critrios bsicos (representatividade, persistncia e vulnerabilidade dos ambientes). A lista atual reconhecida por lei atravs da Portaria MMA no 9, de 03 de janeiro de 2007, e o uso do Mapa das reas Prioritrias como instrumento de gesto vem aumentando nos ltimos anos, inclusive em outros setores alm do setor ambiental. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) iniciou em 2010, atravs de seu novo sistema de monitoramento do desmatamento dos biomas, uma avaliao da integridade das reas Prioritrias atuais. Os resultados dessa anlise devem estar disponveis at o final de 2010 e suas futuras atualizaes peridicas contribuiro para a prxima reviso das reas Prioritrias. Entretanto, outro estudo existente sobre a proteo atual da vegetao em propriedades privadas, e uma anlise preliminar dos remanescentes da cobertura vegetal nas reas Prioritrias, fornecem parmetros preliminares para estimar o grau de manuteno da capacidade dos ecossistemas brasileiros de fornecer bens e servios ambientais em cada bioma.

Um estudo de 20105 avaliou a proteo da vegetao natural pelo Cdigo Florestal brasileiro e constatou que as reas de Preservao Permanente (APPs) e as Reservas Legais (RLs) em terras privadas em reas rurais cobrem, respecti-

24

4 http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=72&idMenu=3812 5 Sparovek, G. etal., 2010. Brazilianagricultureandenvironmentallegislation:statusandfuturechallenges [Agricultura e legislao ambiental no Brasil: estado e futuros desafios].

vamente, 12% e 30% do territrio nacional, correspondendo no total a mais que o dobro da rea atualmente coberta por unidades de conservao. Por lei, a cobertura vegetal original dessas reas deve ser mantida pelos proprietrios de terras. Entretanto, 42% das APPs apresentam desmatamento ilegal, assim como 16,5% das RLs. Adicionalmente, 3% das unidades de conservao e terras indgenas tambm sofreram desmatamento ilegal. O estudo constatou tambm que a efetividade da proteo exigida por lei em propriedades privadas varia conforme as regies geogrficas e biomas. Alm desse estudo sobre as APPs e RLs, os dados disponveis do Projeto de Monitoramento do Desmatamento em Biomas Brasileiros por Satlite (PMDBBS6) para os biomas Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa7, sobrepostos ao Mapa das reas Prioritrias para a Biodiversidade auxiliaram na definio de uma estimativa preliminar8 da manuteno da cobertura vegetal das reas Prioritrias e, indiretamente, da capacidade dos ecossistemas nessas reas de fornecer bens e servios ambientais. As reas Prioritrias do Cerrado ainda mantm, em mdia, 65,9% de sua cobertura vegetal original. Entretanto, h uma grande variao, com as reas mais desmatadas no sul do bioma (rea de forte expanso agrcola) e as mais conservadas ao norte, variando de 0,3% a 100% de rea remanescente em cada rea Prioritria. As reas Prioritrias do Pampa mantm em mdia 63,3% de sua cobertura vegetal original, variando de 7,0% a 100%. Na Caatinga a mdia de remanescentes de 70,5%, variando de 4,2% a 100%. As reas Prioritrias do Pantanal apresentam a maior mdia dos biomas analisados (89,7%) sugerindo uma melhor manuteno da vegetao, mas todas as suas reas Prioritrias sofreram alguma medida de desmatamento, com a cobertura de vegetao original remanescente variando de 28,0% a 99,9%.

As reas Prioritrias foram classificadas de acordo com a prioridade para conservao (alta, muito alta ou extremamente alta) e com a importncia biolgica ou ecolgica (alta, muito alta, extremamente alta ou insuficientemente conhecida). A anlise preliminar dos remanescentes de vegetao nas reas Prioritrias indica que, enquanto em alguns biomas as reas com maior prioridade de conservao (extremamente alta) so tambm as mais bem preservadas, em outros essas reas so as que mantm a menor porcentagem mdia de cobertura vegetal dentre as reas Prioritrias, o que pode sugerir um aumento do nvel de urgncia de conservao ou necessidade da definio de novas estratgias de conservao para as reas Prioritrias menos preservadas. Entretanto, a variao dessa cobertura vegetal remanescente dentro de cada uma das duas classes (prioridade e importncia) grande (ver Tabela I-7). Tabela I-7: Estimativa preliminar dos remanescentes de vegetao nas reas Prioritrias para a Conservao e Uso Sustentvel da Biodiversidade por bioma (2010). MDIA DE COBERTURA CLASSIFICAO DAS REAS PRIORITRIAS VARIAO REMANESCENTE CAATINGA Mdia geral de cobertura remanescente nas reas Prioritrias: 70,5% Alta 63,9% 4,2% - 100% Prioridade Muito Alta 68,1% 19,0% - 100% Extremamente Alta 70,8% 10,6% - 100% Alta 74,1% 32,7% - 100% Muito Alta 66,8% 19,0% - 100% Importncia Extremamente Alta 67,8% 10,6% - 100% Insuf. conhecida 61,4% 4,2% - 99,3% CERRADO Mdia geral de cobertura remanescente nas reas Prioritrias: 65,9% Alta 60,0% 21,4% - 100% Prioridade Muito Alta 63,1% 11,6% - 100% Extremamente Alta 63,0% 0,3% - 99,4% Alta 60,0% 21,4% - 100% Importncia Muito Alta 58,6% 13,1% - 100% Extremamente Alta 65,4% 0,3% - 100% PAMPA Mdia geral de cobertura remanescente nas reas Prioritrias: 63,3% Alta 57,0% 7,0% - 100% Prioridade Muito Alta 66,6% 33,5% - 100% Extremamente Alta 54,7% 15,2% - 100% Alta 61,2% 7,0% - 100% Muito Alta 60,4% 25,7% - 96,9% Importncia Extremamente Alta 56,4% 15,2% - 100% Insuf. conhecida 40,3% 14,6% - 65,9%

6 Projeto de monitoramento executado em parceria pelo MMA, IBAMA e PNUD: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEs trutura=72&idConteudo=7422&idMenu=7508 7 Os dados de monitoramento para os biomas Amaznia e Mata Atlntica no estavam acessveis no momento desta anlise. 8 de Lima, M.G. (em prep). Estimativa de remanescentes em reas prioritrias para a conservao: o caso do Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa.

25

CLASSIFICAO DAS REAS PRIORITRIAS PANTANAL Prioridade

Importncia

MDIA DE COBERTURA VARIAO REMANESCENTE Mdia geral de cobertura remanescente nas reas Prioritrias: 89,7% Alta 87,6% 45,8% - 99,7% Muito Alta 94,4% 87,2% - 99,4% Extremamente Alta 79,3% 28,0% - 99,9% Alta 82,1% 45,8% - 99,7% Muito Alta 87,0% 28,0% - 99,9% Extremamente Alta 85,8% 57,6% - 99,9% Insuf. conhecida 96,5% (uma rea)

Fonte:deLima,M.G.(emprep.).Anlisepreliminardosdadosem:Estimativaderemanescentesemreasprioritriasparaaconservao:ocasodo Cerrado,Caatinga,PantanalePampa.

Regies Hidrogrficas

O Conselho Nacional de Recursos Hdricos aprovou em 2006 o Plano Nacional de Recursos Hdricos (PNRH), em resposta Cpula Mundial de Johannesburg sobre Desenvolvimento Sustentvel. Esse plano define as 12 regies hidrogrficas do Brasil (Figura I-2): Amaznica, Tocantins-Araguaia, Atlntico Nordeste Ocidental, Parnaba, Atlntico Nordeste Oriental, Atlntico Leste, So Francisco, Paraguai, Paran, Atlntico Sudeste, Uruguai e Atlntico Sul. Apesar dos esforos para sistematizar as informaes sobre biodiversidade (ver sees 2.3 e 2.6), o Brasil no dispe de bancos de dados especficos sobre ecossistemas aquticos (hidromorfologia, biodiversidade e caractersticas fsicas e qumicas regionais). Os dados existentes de monitoramento dos ambientes aquticos ainda no incluem variveis biolgicas. Entretanto, existem dados sobre quantidade e qualidade da gua, assim como sobre servios de saneamento que podem ajudar a estimar as presses sobre os ecossistemas aquticos.

Quantidade de gua: a vazo mdia anual nos rios que tm a totalidade de seu comprimento dentro do territrio nacional de 179.000 m3/s (5.660 km3/ano), o que corresponde a aproximadamente 12% dos recursos hdricos mundiais disponveis. Se contabilizarmos tambm a vazo dos rios que atravessam o Brasil mas comeam em outros pases, essa mdia aumenta para 267.000 m3/s, ou 18% da gua doce disponvel no planeta (Tabela I-8). Tabela I-8: Vazo mdia e da estao seca nas regies hidrogrficas brasileiras. REGIO HIDROGRFICA REA (km2) VAZO MDIA (m3/s) 2 3.869.953 131.947 Amaznica Tocantins-Araguaia 921.921 13.624 Atlntico Nordeste Ocidental 274.301 2.683 Parnaba 333.056 763 Atlntico Nordeste Oriental 286.802 779 So Francisco 638.576 2.850 Atlntico Leste 388.160 1.492 Atlntico Sudeste 214.629 3.179 Atlntico Sul 187.522 4.174 174.533 4.121 Uruguai3 VAZO NA ESTAO SECA1 (m3/s) 73.748 2.550 328 294 32 854 253 989 624 391

O PNRH inclui um panorama da qualidade e quantidade da gua doce no Brasil e estima trs cenrios para 2010 (www.mma.gov.br/srhu). Os dados pluviomtricos e fluviais so obtidos regularmente atravs de uma rede de 14.169 estaes de monitoramento distribudas pelo pas, sendo o ndice de Qualidade das guas (IQA) o principal indicador utilizado no Brasil, que reflete principalmente o grau de contaminao da gua por descargas domsticas.

Figura I-2: Mapa das regies hidrogrficas do Brasil. Fonte:SecretariadeRecursosHdricos,MinistriodoMeioAmbiente.

26

REGIO HIDROGRFICA Paran Paraguai4 Brasil

REA (km2) 879.873 363.446 8.532.722

VAZO MDIA (m3/s) 11.453 2.368 179.433

VAZO NA ESTAO SECA1 (m3/s) 4.647 785 85.495

Notas:1Vazocompermannciade95%;2ABaciaAmaznicacompreendeumareaadicionalde2,2milhesdekm2emterritrioestrangeiro, quecontribuicomumavazomdiaadicionalde86.321m3/s;3ABaciadoRioUruguaiabrangeumareaadicionalde37.000km2emterritrio estrangeiro,quecontribuicom878m3/s;4ABaciadoRioParaguaiabrangeumareaadicionalde118.000km2emterritrioestrangeiro,que contribuicom595m3/s.Fonte:ANA,2005.

Qualidade da gua: No nvel nacional, a descarga domstica de guas servidas o principal problema que afeta a qualidade das guas de superfcie. A minerao, os efluentes industriais, influxos difusos da drenagem urbana e do solo agrcola, e os resduos slidos so tambm problemas de escala nacional que ocorrem em todas as regies hidrogrficas. Outros problemas so de relevncia localizada, tais como a criao de porcos no sul do Brasil e a salinizao de gua em reservatrios do nordeste do Brasil. Considerando as 859 estaes Figura I-3: Distribuio percentual do ndice de Qualidade das guas. Fonte:PlanoNacionaldeRecursosHdricos,2006. de monitoramento para as quais o ndice de Qualidade das guas calculado, 71% dos pontos de amostragem apresentam boa qualidade da gua (Figura I-3).

Um estudo extenso9 sobre a qualidade da gua nos rios brasileiros de todas as regies hidrogrficas foi realizado entre 2003 e 2004 por Grard e Margi Moss, que amostraram 1.160 pontos em todo o pas (Figura I-4). O mapa resultante de qualidade da gua foi desenvolvido com base na variao de fsforo total (P), nitrognio inorgnico dissolvido (NID) e quantidade de cianobactrias.

Figura I-4: Qualidade da gua nos rios brasileiros;onde: =guas brasileiros; naturais; =guacomteormoderadodenitrognioefsforode origemnatural(azulclaro=gualimpaseminterfernciasindesejveis nousodagua); =guacomimpactobaixoamoderado(corpos dguacomprodutividadeintermediria,compossveisimplicaes sobreaqualidadedaguaemnveisaceitveisnamaioriadoscasos); =guasobimpacto; =guaimpactadaprincipalmentepor agricultura(laranja=corposdguaqueapresentamaltaprodutividade emcomparaocomacondionatural,baixatransparncia, geralmenteafetadosporatividadeshumanasresultandoemalteraes indesejveisnaqualidadedaguaeinterfernciaemseususos mltiplos); =guaqueapresentaaltoimpactoporatividades humanas(corposdguasignificativamenteafetadosporaltas concentraesdematriaorgnicaenutrientes,comprometendoseus usoseapresentandoriscossobrevivnciadeanimaisaquticos); = Cianobactriaspotencialmentetxicaspresentesnagua. Fonte:http://www.brasildasaguas.com.br/bda_mapas.php. htt

9 O projeto Brasil das guas: Revelando o Azul do Verde e Amarelo foi idealizado e implementado por Grard e Margi Moss, com apoio da Petrobras e outras instituies brasileiras privadas, governamentais e no-governamentais (http://www.brasildasaguas.com.br).

Uso da gua. A demanda pela gua vem sendo intensificada com o crescimento populacional e desenvolvimento econmico, tanto em quantidade quanto na variedade de usos. Em conseqncia, esto surgindo conflitos entre os usurios da gua, particularmente naquelas reas onde a disponibilidade de gua limitada. A conservao ambiental tornou-se recentemente um fator adicional na disputa pelos usos da gua. A Agncia Nacional de guas

27

ANA calculou a demanda por gua para seus diversos usos, dividindo o uso da gua em trs classes: (i) retirada de gua, que corresponde quantidade de gua removida pelos usurios; (ii) gua retornada, que a poro da gua coletada que retorna fonte de gua; e (iii) consumo real, correspondendo ao consumo ocorrido, calculado como a diferena entre as duas primeiras classes. Os resultados para 2000 indicaram que 53% da coleta total de gua (1.592 m3/s) so efetivamente consumidos, notando que 46% desse total so utilizados somente pela irrigao (Tabela I-9). Essa porcentagem aumenta se o consumo real total (841 m3/s) for considerado: 69% so utilizados para irrigao, 11% para uso urbano, 11% para uso animal, 7% para uso industrial, e 2% para uso rural. Tabela I-9: Uso da gua no Brasil (2002). RETIRADA DE GUA TIPO DE USO % Quantidade (m3/s) Urbano 420 26 Industrial 281 18 Rural 40 3 Animal 112 7 Irrigao 739 46 CONSUMO DE GUA Quantidade (m3/s) % 88 11 55 7 18 2 89 11 591 69 GUA RETORNADA Quantidade (m3/s) % 332 44 226 30 22 3 23 3 148 20

Fonte:MMA/SecretariadeRecursosHdricoseAmbienteUrbano,2006.PlanoNacionaldeRecursosHdricos,Volume1:Panoramaeestadodos recursoshdricosdoBrasil.

Quando as regies hdricas so comparadas, a irrigao aparece como o uso predominante da gua em seis delas, enquanto o uso urbano maior nas cinco regies mais populosas e o uso animal predominante em uma das regies (Figura I-5).

Figura I-5: Uso da gua nas 12 regies hidrogrficas brasileiras. Fonte:MMA/SecretariadeRecursosHdricoseAmbienteUrbano,2006.PlanoNacionaldeRecursosHdricos,Volume1:Panoramaeestadodos recursoshdricosdoBrasil.

O Brasil tem uma histria de inovao na legislao sobre uso da gua, tendo institudo seu primeiro principal instrumento legal especfico, o Cdigo das guas, em 1934. O Cdigo das guas mundialmente reconhecido como sendo at hoje um dos mais completos instrumentos legais desenvolvidos com relao s guas. At 1970, a gesto das guas no Brasil era baseada principalmente no disciplinamento da propriedade e uso da gua dentro de um modelo econmico-financeiro, sem considerar as necessidades de conservao. Desde ento, a gesto da gua no pas evoluiu para um modelo de gesto integrada organizada geograficamente por bacia, com Comits de Bacia compostos por diversos setores, incluindo a sociedade civil, e a instituio de outros instrumentos legais importantes relacionados gua, tais como a Poltica Nacional de Recursos Hdricos e o Plano Nacional de Recursos Hdricos, que cumpre as recomendaes da Cpula Mundial de Johannesburg sobre Desenvolvimento Sustentvel (Rio+10) e das Metas de Desenvolvimento do Milnio relacionadas gua. reas Costeiras e Marinhas O Oceano Atlntico Sudoeste inclui quatro Grandes Ecossistemas Marinhos (LME Large Marine Ecosystems), trs dos quais ao longo da costa brasileira: a Plataforma Brasileira Norte, a Plataforma Brasileira Leste e a Plataforma Brasileira Sul. Dessas, a Plataforma Brasileira Norte o nico LME que se estende alm das fronteiras do pas e fortemente influenciado pelas descargas do Rio Amazonas, o maior rio do mundo com uma vazo de 220.000 metros cbicos por segundo. A Plataforma Brasileira Leste caracterizada por depsitos calcrios e baixios biog-

28

nicos, com ilhas ocenicas e o nico atol do Atlntico Sul, o Atol das Rocas. Esse LME tambm contm formaes de recifes de coral paralelas costa brasileira. Em contraste, o ambiente de fundo marinho da Plataforma Brasileira Sul formado por uma topografia complexa de vales e cnions submarinos, com ressurgncias sazonais causadas pelo vento, formadas por guas frias e ricas em nutrientes.

Ana Paula Leite Prates

O recente (2009) relatrio da ONU sobre a avaliao global dos mares (Assessment of Assessments-AoA, http:// www.unga-regular-process.org/images/Documents/regional%20summaries%20finalv.pdf) fornece um panorama dos dados existentes e das iniciativas de avaliao dos recursos marinhos, entre outras informaes sobre nossa regio, e resume as principais ameaas biodiversidade costeira e marinha ao longo da costa brasileira. Essas incluem uma das mais altas densidades populacionais costeiras do mundo, as atividades bastante desenvolvidas de agricultura e pecuria, extrao de petrleo, pesca (particularmente nas reas norte e sul que so mais produtivas), navegao, maricultura em reas de mangue, e turismo.

O Brasil possui uma diversidade de ecossistemas costeiros e marinhos distribudos em aproximadamente 4,5 milhes de km2 e que incluem extensos manguezais e recifes de coral. Entretanto, como no existem estudos abrangentes sobre o estado dos ecossistemas marinhos e costeiros brasileiros, dados indiretos como informaes sobre a produo pesqueira e biodiversidade podem ajudar a estimar esse estado (ver tambm a seo 1.2.2).

Produo pesqueira. O governo monitora as atividades pesqueiras ao longo da costa brasileira atravs dos centros especializados10 do Instituto Chico Mendes para Conservao da Biodiversidade ICMBio e publicou, em 2006, os resultados de uma avaliao abrangente da sustentabilidade dos recursos vivos marinhos na Zona Econmica Exclusiva brasileira o Programa REVIZEE. O Relatrio REVIZEE11 informa que uma grande parte da Zona Econmica Exclusiva brasileira caracterizada pela baixa concentrao de nutrientes em suas guas e pela baixa produtividade. Portanto, apesar de sua grande extenso, a ZEE no oferece as condies necessrias para a existncia de recursos pesqueiros significativos de grande biomassa. Alguns estoques pesqueiros foram identificados como recursos potenciais, embora diferentes fatores limitantes devam ser considerados. Um resumo dos resultados do REVIZEE apresentado na seo 1.2.2.

Visando integrar as aes governamentais nos diversos temas marinhos, o Brasil criou em 1974 a Comisso Interministerial para Recursos do Mar (CIRM), para apoiar a implementao da Poltica Nacional para Recursos do Mar, e vem investindo desde 1982 na avaliao do estado dos recursos vivos e no-vivos dentro da Zona Econmica Exclusiva (ZEE), inclusive atravs de avaliaes regulares feitas pelo IBAMA com base nas capturas e desembarques de alguns estoques pesqueiros. Adicionalmente, o Plano Nacional de reas Protegidas (2006) reconheceu a importncia de estabelecer zonas vedadas pesca ou reservas marinhas como ferramentas de gesto pesqueira, fornecendo um incentivo poltico para o estabelecimento de um sistema de reas protegidas marinhas. Para fornecer uma base tcnica a esse sistema, uma avaliao para identificar as reas costeiras e marinhas prioritrias para a conservao foi concluda em 2006 pelo Ministrio do Meio Ambiente, com apoio da ONG The Nature Conservancy, identificando as reas prioritrias e definindo uma meta de conservao para 2012 (www.mma.gov.br).

Ao final da dcada de 1960 o governo brasileiro comeou a promover intensivamente as atividades pesqueiras, oferecendo novas linhas de crdito e incentivos fiscais para o desenvolvimento das indstrias pesqueiras nacionais, principa