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cíe política exterior do brasil · março de 1985, por ocasião da primeira reunião ministerial da Nova República. Senhores Ministros, Declaro aberta a primeira reunião do Minis-tério

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cíe política exterior do brasil> : número 45. 15 a 31 de março, abril, maio e junho de 1985

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primeira reunião ministerialda nova república

Discurso do Presidente Tancredo de Almeida Neves, lido peloVice-Presidente da República, no exercício da Presidência,José Sarney, no Palácio do planalto, em Brasília, em 17 demarço de 1985, por ocasião da primeira reunião ministerial daNova República.

Senhores Ministros,

Declaro aberta a primeira reunião do Minis-tério da Nova República.

Tenho a honra de dar leitura ao pronuncia-mento de sua Excelência o Presidente Tan-credo Neves:

"Senhores Ministros,

Este ministério terá sobre seus ombros a ta-refa de implementar as transformações eco-nómicas, políticas e sociais que constitu iramnossa plataforma Eleitoral, e que respon-dem aos mais legítimos anseios da socieda-de brasileira.Nesta mesa se reflete uma característica es-sencial da Nova República: a unidade doGoverno expressada em pluralidade parti-dária ampla e ponderável.

Juntos assumimos hoje, perante a nação,o solene compromisso com a democraciae a justiça, juntos nos comprometemos apautar-nos pela seriedade na administraçãoda coisa pública, pela devoção no serviçodo País, pelo respeito ao cidadão e pela fir-me determinação de preservar os altos valo-res da nacionalidade.

Dignidade e austeridade são regras essen-ciais, que devem presidir ao exercício dademocracia, e que nos conduzirão ao aten-dimento das reivindicações impostergáveisde um povo que é digno e austero.

Se não bastasse o imperativo ético, não fal-taria uma razão política maior a ditar essapostura. É que estou convencido de que aausteridade no governo será fator decisivopara o êxito do grande projeto de transiçãopara o regime constitucional democrático,um dos mais importantes capítulos da cartacompromisso da aliança democrática.

A política económica a ser implementadaserá de todo o governo, de co-responsabili-dade de todo o ministério.

Não abrirei mão da posição de condutor dapolítica económica do país e não permitireique o ministério se divida em dois: os com-prometidos com a austeridade e os compro-metidos com os gastos, em, meu governo, to-dos, absolutamente todos os ministros e di-rigentes de empresas públicas, terão que es-tar igualmente comprometidos com a gera-ção de recursos e com a parcimônia nas des-pesas.

Faltaria ao Governo a verdadeira autorida-de, o legítimo poder de persuasão, caso lhe

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mundo mais justo, em que os interesses depaíses como o nosso tenham guarida, e osprocessos decisórios não constituam o mo-nopólio de uns poucos.

Vamos trabalhar, senhores ministros. Estãosendo criadas hoje comissões especiais queajudarão a Presidência da República a cum-prir alguns dos seus compromissos mais ina-diáveis com a nação.

Durante nossa campanha para a presidên-cia, ouvimos vigorosos reclamos por umareforma tributária. A questão é complexa edelicada, e tem seu fulcro na evidente des-proporção entre o montante dos recursosque se pode arrecadar e as múltiplas ativida-des — e conseqúentemente gastos — a seremcobertos com os fundos públicos. Está sen-do criada uma comissão de alto nível paratratar da reforma tributária e da descentra-lização administrativo-financeira. Entre osaspectos a serem por ela examinados, está oda superposição de tarefas entre as váriosníveis da administração pública, redundân-cia que deverá ser eliminada através da me-lhor repartição dos encargos entre eles, como fortalecimento da ação dos estados e mu-nicípios. A comissão deverá também aten-tar para a necessidade de tornar o regimetributário mais justo, buscando maior cor-respondência entre os níveis de contribui-ção e a capacidade contributiva. Esse traba-lho servirá de base às propostas^ serem en-caminhadas ao poder legislativo e, eventual-mente, à assembleia constituinte.

Igualmente importante é a questão dos in-centivos fiscais concedidos pelo estado, edirecionados para regiões menos desenvol-vidas e setores da economia necessitados deestímulo. Tratando-se de recursos limita-dos, devem ser imediatamente concentra-dos em atividades prioritárias, sobretudo asque criem novos empregos nessas regiões.Ao mesmo tempo, uma comissão está sen-do instituída para fazer uma avaliação douniverso dos incentivos fiscais e dos resulta-dos obtidos através de sua aplicação, comvistas a fazer sugestões para seu reordena-

mento e aperfeiçoamento, conferindo assimmaior racionalidade a seu papel no desen-volvimento das regiões e dos setores da eco-nomia mais carentes.

Notei também, ao longo da campanha, umvivo sentimento de indignação quanto à fal-ta de proteção à poupança popular. Sucede-ram-se nos últimos tempos os casos em quemilhares de pessoas, cujas economias soma-das representam em último análise o louvá-vel esforço da sociedade em investir no fu-turo, foram lesadas por agentes inescrupu-losos,que se aproveitaram de lacunas na leie das deficiências da fiscalização. É inaceitá-vel que esses recursos, muitas vezes penosa-mente amealhados e entregues em confian-ça para serem aplicados, sejam administra-dos de forma tão criminosa sem que os res-ponsáveis recebam exemplar punição. Esta-mos, em consequência, instituindo uma co-missão com a finalidade de elaborar umprojeto de lei que defina a responsabilidadedos administradores e controladores dasinstituições financeiras, tipifique as açõeslesivas à economia popular e comine aspe-nas cabíveis, de forma a restituir a confian-ça que a sociedade precisa ter nas institui-ções e nas pessoas que administram seus re-cursos financeiros.

Estamos criando também uma comissão,a ser presidida pelo Ministro-Chefe da Se-cretaria de Planejamento da Presidência daRepública, para examinar a questão dos be-

nefícios indiretos congelados pela adminis-tração federal direta e indireta. Trata-se demedida consoante com a austeridade queexigirei em todos os escalões do governo.As chamadas "Mordomias" constituem umdos símbolos mais execrados do abuso e daprepotência. É chegada a hora de procedera um amplo levantamento dessa situação ede propor as medidas cabíveis para reduzirao mínimo essencial esses benefícios, res-peitados a dignidade da função pública e orequisito da eficiência.

Na mesma linha de pensamento, estamosestabelecendo uma comissão para analisar á

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questão dos pagamentos em dólar aos fun-cionários mantidos por diversas empresasestatais no exterior,

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Estamos também instituindo uma comissãoencarregada de examinar o problema damultiplicidade de orçamentos, que causaenormes dificuldades á administração dasfinanças do setor público, e ao qual tenhome referido frequentemente. A existênciade vários orçamentos, apenas um dos quaisé submetido ao Congresso Nacional paraaprovação, os demais sendo geridos deforma autónoma, não só contraria preceitofundamental dó regime democrático, comotambém dificulta a formulação e conduçãode uma política governamental integrada,distorce a orientação dos recursos em de-trimento de áreas prioritárias e, mais graveainda, constitui fonte de alimentação doprocesso inflacionário ao autorizar despesassem a correspondente receita.

Quero ainda ressaltar a necessidade de dar-mos alta prioridade aos estudos orientadospara a reforma do Sistema Educativo doPaís, inclusive de sua universidade. Aten-dendo aos reclamos que tantas vezes nos fo-ram apresentados durante a campanha, umacomissão de alto nível, cujos nomes indica-remos em conjunto com o excelentíssimosenhor ministro da educação, está sendoincumbida de estudar a situação e formularpropostas que possam ser imediatamenteconsideradas.

O objetivo mais alto de minha presidênciaé a reorganização constitucional do país. Épreciso alicerçar a ordem política sobre alegitimidade democrática. Trata-se de umaprofunda aspiração de toda a comunidadenacional. A nova Carta, que institucionali-zará definitivamente a democracia no Bra-sil, deve adequar-se às nossas condições eco-nômico-sociais, à índole de nosso povo e álinha de nossa evolução jurídica. Ademais,deve responder a um amplo consenso da ge-neralidade dos setores que compõem a so-ciedade civil. Por isto tudo, impõe-se criarcanais que facilitem uma ampla consulta e

favoreçam um grande debate nacional. Ten-do em vista esse objetivo, estarei criandonos próximos dias uma comissão constitu-cional do mais alto nível que, auscultando asociedade civil, colhendo sugestões e nego-ciando com as lideranças de todos os seto-res, elaborará um esboço de anteprojeto deconstituição.

Para atingirmos o objetivo de uma socieda-de próspera e mais justa, a tarefa primordialé compatibilizar a contenção da inflaçãocom a retomada do desenvolvimento. Te-nho alertado para a ameaça que o processoinflacionário representa para as perspectivasde retomada do desenvolvimento, e paranosso desígnio de criar novos.empregos, re-munerar melhor a força de trabalho e distri-buir mais adequadamente a renda nacional.No combate contra a inflação e pela reto-mada do crescimento económico é evidenteque teremos que equacionar a dívida inter-na e a dívida externa, projetadas ambascontra o pano de fundo da nossa dívidamaior, que é a dívida social contraída portodos os brasileiros para com os que vivemna linha da pobreza ou abaixo dela. A lutacontra a inflação exige coragem e abnega-ção. Exige também a articulação de umpacto social justo, no qual cada um possavislumbrar, ao final do embate, recompen-sas ao esforço realizado. Exige finalmente amoderação de egoísmos de indivíduos oude grupos, em favor do interesse maior danação brasileira.

Para assegurarmos o engajamento de todosna luta contra a inflação, é necessário que adistribuição dos custos da política anti-in-flacionária seja compatível com as possibi-dades de cada um. Masé também indispen-sável que o governo faça sua parte, melho-rando a produtividade dos gastos públicos.

Tem existido uma tendência, no, início decada governo, para que as personalidadesindicadas para ocupar a chefia dos minis-térios, das autarquias e das empresas esta-tais anunciem de imediato planos de im-pacto, programas ambiciosos e obras de

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grande porte. A experiência tem ensinadoque os planos de impacto tem vida efémera,criam ilusões que duram pouco e trazemfrustrações que marcam todo o governo. Oanúncio de tais programas e obras, sem umabase sólida que garanta a sua realização,acabam por transformar a expectativa ini-cial em grande decepção. O governo nãodeve anunciar planos de impacto, novosprogramas e novas obras antes de fazer, deimediato, um levantamento da situação fi-nanceira do setor público.

É fundamental que cada ministro, na suaárea de atuação, seja nos órgãos da adminis-tração direta, seja nas empresas vinculadasao ministério, verifique a disponibilidade defundos, as despesas comprometidas, antesde anunciar a realização de qualquer pro-grama que envolva a aplicação de recursosfinanceiros. 0 Governo não deve anunciarnada que não possa ser executado, nem en-ganar o povo com promessas que não pos-sam ser cumpridas. Nestes primeiros trêsmeses os ministros devem, portanto, efe-tuar um levantamento da situação financei-ra de seus Ministérios e das Empresas a elesvinculadas. E, uma vez identificadas as dis-ponibilidades financeiras, devem estabele-cer, dentro de esquema de trabalho conjun-to com a Secretaria de Planejamento daPresidência da República, as prioridades pa-ra a sua aplicação, tendo em vista principal-mente os objetivos de um desenvolvimentoeconómico com criação de empregos e me-lhor distribuição de renda.

Enquanto não for realizado esse trabalhoenão for estabelecida uma prioridade parainvestimentos de acordo com as diretrizesdo meu programa de governo, a ordem é aseguinte:

E proibido gastar.

O posterior remanejamento das despesaspúblicas será feito no sentido da satisfaçãodas carências básicas da população. Reafir-mo aqui minha convicção de que retomar ocrescimento significa criar empregos, e nes-

sa direção pretendemos orientar a aplicaçãodaquela parcela dos fundos públicos hojedesperdiçada em obras adiáveis, consumoinjustificado e programas de baixo ou ne-nhum rendimento.

O esforço pela retomada do desenvolvimen-to e a luta contra a inflação começam, as-sim, no dia de hoje. Não pode haver desen-volvimento se não for controlado, de pron-to, o processo inflacionário. A persistênciadas tendências atuais nos levará a patama-res insuportáveis, com consequências nefas-tas para todos. Vamos atacar de frente esseprocesso e vamos reverter sua tendência.Vamos fazer esta inflação cair.

O Governo da Nova República dá à socieda-de uma demonstração de austeridade ao fi-xar, em sua primeira reunião ministerial, adiretriz de reduzir seus dispêndios. Nestemomento, conclamo o empresariado brasi-leiro, que tem dado provas de elevado pa-triotismo, a oferecer também sua colabora-ção ao combate nacional contia a inflação.Reconheço no lucro o prémio da eficiênciae o motor da atividade económica. Repu-dio, contudo, o lucro especulativo e o ga-nho de ocasião. Desejo ver a classe empre-sarial aderir a este programa de austeridade,evitando remarcaçoes de preço no presentebaseadas em expectativas de inflação futurae unindo-se ao Governo para coibir as práti-cas contrárias ao interesse público e aobem-estar de todos.

Senhores Ministros,

Quero convidá-los a visualizar, num futuronão muito distante, uma nação em que hajasido abolida a insegurança gerada pela misé-ria, pela ignorância e pelo desemprego; umanação em que todos os cidadãos possam al-mejar a melhores condições de vida e alcan-çá-las através de seu próprio esforço; urnanação em que os menos afortunados e osmenos aptos não sejam condenados a per-manecer à margem do corpo social, mas de-le recebam apoio solidário com vistas a suaintegração na coletividade; uma nação que,

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seja em pequenas e médias cidades, noscampos ou nas grandes metrópoles, tenhaorguljio de haver sabido organizar-se de for-ma a melhor usufruir das riquezar geradaspor sua iniciativa e por seu trabalho; umanação que, tendo podido atender às necessi-dades básicas de seus cidadãos, bem como asuas aspirações .de consumo e lazer, dispo-nha ainda de recursos excedentes para in-vestir na continuada melhoria de seu pa-drão devida.

É indispensável nos conscientizarmos deque isto não é utopia. A construção dessanação está ao nosso alcance. Depende de li-berarmos toda a energia e a vontade de nos-sa gente, num imenso mutirão para o pro-gresso.

Vamos somar nossas forças, cabendo aoGoverno essencialmente o papel de indutordo desenvolvimento. À iniciativa individuale empresarial caberá ocupar os espaços va-zios ainda existentes, tanto em nosso terri-tório quanto em nosso sistema económico,e abrir novos espaços através da inovaçãoe da disposição para assumir riscos. Nestecontexto, desejo exortar especialmente ospequenos e médios empresários e agriculto-res a ocupar o lugar estratégico que lhes es-

tá reservado na economia, com a segurançade que contarão com todo o apoio que oGoverno, dentro de suas possibilidades, pu-der prestar.

Convoco o ministério da Nova Repúblicapara executarmos a parte que nos cabe des-ta grandiosa empreitada. Ao trabalho deno-dado, acrescentaremos a fé inquebrantável.Ao exercício do poder, agregaremos o Espí-rito de Justiça Social. À intransigente defe-sa da ordem pública, aliaremos a prática dodebate persuasivo.

E conclamo o povo brasileiro a continuar aprestar-nos seu apoio nessa díficil missão.Que cada cidadão oriente suas ações no sen-tido de atingirmos, na paz social e na con-córdia, os altos objetivos que juntamentenós fixamos em praça pública, ao longo denossa memorável campanha cívica pela de-mocracia. Que cada grupo, cada entidade,cada representação política, ideológica ouprofissional busque, a cada passo, aferir suaatitude pública pelos elevados padrões decomportamento político atingidos por nos-so povo. Que cada brasileiro, enfim, dê omelhor de si no exercício da responsabilida-de intransferível de, com seu esforço cons-ciente, plasmar para si e para seus filhos ofuturo deste país."

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olavo egydio setúbalassume o ministério

das relações exterioresDiscurso do Embaixador Ramiro Saraiva Guerreiro, noPalácio do Itamaraty, em Brasília, em 15 de março de1985, por ocasião da solenidade de transmissão do cargode Ministro de Estado das Relações Exteriores ao novoChanceler brasileiro, Olavo Setúbal; e discurso de OlavoSetúbal na mesma solenidade.

DISCURSO DE SARAIVA GUERREIRO

Vossa Excelência tem hoje um dia longo edenso. Procurarei não infligir-lhe um.discur-so em regra. Não farei relatório, nem me re-ferirei a temas específicos ou a áreas geo-gráficas Isso foi feito em ocasiões e, de mo-do abrangente, em minha conferência naEscola Superior de Guerra, em setembro de1984. Limitar-me-ei a poucos aspectos deordem geral; aos agradecimentos que. devo atantos e à expressão de meus melhores vo-tos ao Governo que se inicia, sob a presi-dência de um grande brasileiro.

Outro grande brasileiro, o PresidenteFigueiredo, antes de assumir o cargo, indi-cara três vetores da política externa: univer-salismo, confiabilidade, dignidade.

Nestes seis anos de Governo, mantivemos,sem inflexão, essas orientações.

O Universalismo implica a visão do mundointerdependente, o respeito a todos e aabertura para o diálogo. Não é, porém, nempode ser, uma atitude sem discernimento.

Não obriga a diálogo diplomático sem asgradações que vão desde sua quase ausên-cia, ou mera informalidade casual, até a in-tensidade própria do entendimento entreamigos e sócios. Será sempre acompanhado,para ser autêntico, da forte percepção dointeresse nacional, sem o que o fato da in-terdependência corre o risco de servir depretexto para fácil acomodação às depen-dências e âs hegemonias, o que seria incom-patível com os dois outros vetores.

A confiabilidade e a dignidade não aceitamqualificações. A segunda depende tão essen-cialmente da primeira que, ao assegurar es-ta, estamos, de fato, preservando aquela.Nos seis anos de Governo, em nenhum mo-mento, mesmo nos mais delicados, e os t i -vemos, tensos e angustiantes, induzimosqualquer país em equívoco sobre nossa po-sição, nem agimos intempestivamente.

Esse comportamento nunca nos levou à ri-gidez, pois sempre estivemos dispostos aouvir, a negociar e a buscar soluções racio-nalmente e sem quebra de dignidade. Nãonos fizemos de juizes ou professores, mastampouco aceitamos docências ex-catedra.

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Nunca buscamos a vanglória ou o efeito pu-blicitário, quer no plano internacional, quernq interno.

Em uma democracia, as decisões sobre rela-ções externas são públicas e devem harmo-nizar-se com o interesse geral do país, emseu conjunto, levando em conta interessessetoriais legítimos, mas não se determinan-do em função deles apenas. A informaçãopública da decisão, entretanto, ou as etapasintermediárias de uma negociação, tem deser muitas vezes contida ou reservada, sobpena de ser ferido o próprio interesse nacio-nal, de se perder a confiança das outras Par-tes com que se negocia, de se prejudicar opróprio método pacífico para evitar tensõese antagonismos nas relações entre Estadossoberanos. Mantivemos, nesses termos, ofluxo da informação pública relevante; tam-bém neste caso, verazmente, sem, equ ívocos.

Tudo o que fica dito tem um caráter muitogeral e pode soar académico. Mesmo as coi-sas mais simples e fundamentais, entretan-to, precisam ser reiteradas, porque há fre-quentemente, em meio à multifária infor-mação tópica e fragmentária, nem sempreprecisa, que o cidadão recebe quotidiana-mente, uma tendência a focalizar o acessó-rio e a desviar ou deformar a visão do prin-cipal.

Nossa experiência, nesses seis anos, mostra,porém, que o povo brasileiro, com peque-nas exceções que confirmam a regra, perce-be qual o rumo que cabe ao Brasil no cená-rio internacional. Um Brasil que deita fun-das raízes em outros continentes, mas quetem forte personalidade própria. Um Brasilque é ocidental naquilo que constitui os va-lores cristãos e de liberdade e ação indivi-dual, com exclusão das excrescências, comtais valores incompatíveis, do colonialismo,do racismo e das formas de dominação ex-ploradora. Um Brasil com as característicasdo chamado Terceiro-Mundo, mas esperan-çoso e dinâmico; solidário com os demaispovos que lutam por seu desenvolvimento,mas sempre procurando a abordagem racio-

nal dos problemas e se constituindo em umparceiro confiável de pobres e de ricos. Sempreconceitos ou inibições artificiosas, masobediente a princípios. Sem descurar deseus interesses concretos, intermédios ousetoriais, mas sem se deixar levar pelo ime-diatismo, pelas enganosas simplificações, oupela visão unidimensional dos complexosproblemas internacionais.

De que essa percepção é objeto de amploconsenso nacional tive muitas e gratificarvtes provas em contato com gente de meiosvariados e principalmente com congressis-tas, não só do Partido do Governo, senãotambém, e muito afirmativamente, de par-lamentares da oposição.

Não estou a inventar fatos ou a dar-me cré-ditos. Fui apenas uma peça em grande má-quina, um agente do consenso a que me re-feri. O Presidente Figueiredo foi o respon-sável, como previsto na Constituição, e delerecebi instruções, orientação e apoio essen-ciais e inestimáveis. Do Congresso me vie-ram estímulos e indagações e comentáriosrelevantes. Sempre tive muito prazer e pro-veito, tanto em ir ao Congresso, quanto emreceber congressistas. E esses encontrossempre foram úteis pela variedade de óticasno exame de aspetos das questões interna-cionais. Por outro lado, nada faria sem aadmirável colaboração dos servidores destaCasa: dois grandes Secretários Gerais, osChefes de Departamento, de Missão e deConsulado, os que trabalharam em meu Ga-binete, os Chefes de Divisão, os funcioná-rios todos, aqui e no exterior, e mais recen-temente os Subsecretários. Deles sou gran-de devedor. Estou certo de que esses servi-dores darão o melhor de sua inteligência ededicação ao Governo que se inicia sob osmelhores auspícios.

Convencido por quatro anos como Secretá-rio-Geral e então com cinco anos como Mi-nistro, conclu í por propor e por em funcio-namento uma reforma baseada em maiordescentralização e mais intensa coordena-

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ção que permite ao próprio Ministro maiorconcentração em suas responsabilidades in-transferíveis de orientar, optar, decidir, eaprofundar sua comunicação dentro do Go-verno e com os diversos segmentos políti-cos, económicos e sociais do país, bem co-mo desenvolver os contatos pessoais comseus homólogos e outras autoridades dospaíses amigos, o que é uma necessidade decrescente significação em nosso tempo. As-sim melhor se atendem as tarefas decorren-tes da expansão da superfície externa dopaís e a crescente variedade e complexidadedos assuntos de que tratamos. De faio, te-mos consciência de que o país é o quintoem área, o sexto em população, o décimoem peso económico; tem uma presença nocenário internacional sob diversas formasque vem, cada vez mais nos últimos anos,solicitando delicadas avaliações e atuaçãoexterna, e não mais apenas no âmbito regio-nal. Cabe-nos, em nosso próprio interessenacional, não ir além do que nossos meiosaconselham, mas tampouco desaproveitaroportunidades ou fugir a responsabil idades.Essa é uma gradação às vezes difícil, comodifícil, é definir o tom e o matiz certos empolítica externa.

Temos uma tradição que nos dá pontos dereferência e o fio para a condução dos ne-gócios diplomáticos, mas essa tradição, co-mo se tem dito, tem como uma de suas ca-racterísticas principais a adequação, racio-nal e objetiva, à evolução das condições dopaís e do mundo e nada tem de estática. Énesse sentido, e não de modo mecânico,que falamos de continuidade e coerência,sem termos inibições preconceituosas à ino-vação e à criatividade.

Senhor Ministro,

Vosssa Excelência assume este Ministériotrazendo uma formação cultural ampla euma experiência de comando, marcada pelosenso de responsabilidade, de objetividade ede eficácia. A pasta está em boas mãos.

Não me |imito a formular os melhores vo-tos pela gestão de Vossa Excelência.

Posso expressar a convicção de que terá to-do o êxito, que será o êxito do país em seurelacionamento externo, e este é o objetivoa que nos dedicamos todos os que nesta Ca-sa trabalhamos, ora sob a sua digna direção.

DISCURSO DE OLAVO SETÚBAL

Excelentíssimo Senhor EmbaixadorRamiro Saraiva Guerreiro,Excelentíssimo Senhores Membros do Cor-po Diplomático,Minhas Senhoras,Meus Senhores,

É com determinação, senso de responsabi-lidade e consciência dos desafios a seremenfrentados que assumo o Ministério dasRelações Exteriores. Ao longo de sua histó-ria, a Casa de Rio-Branco tem apresentadouma trajetória brilhante. Sua lucidez polí-tica, sua competência diplomática e suamaturidade profissional a colocam numaposição de liderança na luta pelo fortaleci-mento da paz nas relações internacionais.

Honrado pela convocação do PresidenteTancredo Neves, dele recebi a determinaçãode executar uma política exterior segundoos objetivos liberalizantes de seu Governo.Nosso desejo comum é o de que possamosadvogar, nos foros internacionais, o que re-almente praticamos no plano nacional, con-ciliando a reivindicação de uma nova ordemeconómica mundial com um esforço capazde eliminar nossos próprios desequilíbriosinternos. Ambas as esferas de nossa política— a interna e a externa — devem ser unívo-cas, em seus propósitose motivações, a f imde que o país tenha autoridade moral nassuas relações estratégico-diplomáticas. Sei adimensão exata do alcance e da dificuldadedessa determinação.

Tradição e Criatividade

Sei que, no exercício do cargo, encontrarei,no legado de meus antecessores, diretrizes

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fundamentais à continuidade de uma polí-tica externa independente, persuasiva, res-peitada e influente. Esta tem sido, aliás, agrande característica das trocas de coman-do desta Casa: em todas elas há um respeitoà força orientadora da tradição — não auma glorificação do passado, mas a um fiocondutor através da história, á qual as su-cessivas gerações de diplomatas vinculam-seem sua própria experiência e em sua com-preensão de mundo.

De fato, à medida que a tradição é a trans-missão de valores espirituais através do tem-po, cada Ministro compartilha com os queo antecederam do património comum dadiplomacia brasileira. Na definição de suaagenda de problemas e seu estilo de ação,como reconheceu Santiago Dantas, eleatualiza esse património com senso deoportunidade e em função das necessidadescorrentes sem, no entanto, perder a memó-ria de suas origens. Todo novo Ministro de-sempenha, assim, o papel de "intérprete eservidor dessa tradição". Cabe-lhe, pois, oexercício da criatividade na captação dosentido das transformações do universo, apartir de uma visão global da dinâmica dasrelações internacionais e de uma perspec-tiva especificamente nacional, consoantecom o ideário do Governo que ora se ins-tala.

Nossa política não tem sido, felizmente,simples subproduto das condições internasnem simples reação a uma série de aconte-cimentos internacionais. Da cultura huma-nfstica de Afonso Arinos e Santiago Dantasao espírito privilegiado de Araújo Castro,qualidades que o profissionalismo do Minis-tro Saraiva Guerreiro sintetizou numa ges-tão profícua, ela se tem constituído comouma esfera marcante de reflexão e atuaçãona conjugação das necessidades internascom as contingências externas.

Modernização e Desenvolvimento

O denominador comum na gestão dessesmeus antecessores está na formulação de

uma diplomacia voltada a duplo objetivo:de um lado, à articulação de apoios e estí-mulos externos para a transformação eco-nómica do país; de outro, à manifestação,no plano internacional, das implicações so-ciais e políticas geradas por essa transfor-mação. O mérito dessa diplomacia foi dehaver percebido a complexidade inerenteaos esforços de modernização. Afinal, aoabrir caminho para a industrialização, oprocesso modernizador rompe com padrõesculturais seculares, amplia a diferenciaçãosocial, torna mais densa a participação polí-tica, exige uma presença maisefetiva do Es-tado na organização da produção e gerauma crescente racionalização na implemen-tação das políticas públicas. E tudo isso re-quer, para a sustentação do ritmo de cresci-mento, uma inserção mais ampla do Brasilno processo de criação e transferência inter-nacional de bens, tecnologia e capitais.

Do Governo de Juscelino Kubitschek, cujaênfase à industrialização marca o início de

/nossa modernidade, ao Governo deTancre-do Neves, cuja ampla representatividade as-sinala o começo de uma era de estabilidadee legitimidade, separam-nos três décadas emque as mudanças propiciadas pelo desenvol-vimento geraram problemas originais e con-flitos mais complexos. A crise de identida-de política registrada ao longo desse perío-do decorreu, justamente, de nossa desaten-ção para os múltiplos aspectos da dinâmicado desenvolvimento: ou seja, para o fato deque as expansões quantitativas, cujas conse-quências são sempre imprevisíveis, invaria-velmente provocam modificações qualita-tivas nas composições sociais.

No plano interno, aprendeu-se nos anos 70aquilo que o Itamaraty já percebera muitoantes no plano externo: a ambiguidadesempre presente em toda atividad^ econó-mica, uma vez que seus resultados jamaissão distribuídos de maneira equânime. Aoprovocar transformações rápidas e de im-pactos desiguais, tantos os períodos de ex-pansão quanto as épocas de crise muitas ve-zes terminam por acentuar a estratificação

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internacional. Elas geram, assim, formastensas e conflituosas de apropriação do pro-duto social, levando os países avançados aesforçar-se pela manutenção do statu quo,mediante a cristalização do poder mundialem bases assimétricas.

Não há novidade DO fato de os países de-senvolvidos destacarem-se, hoje, por umadefesa deformada de seus interesses nacompetição aberta e do mercado livre, sím-bolos máximos do liberalismo económico.No plano comercial, todavia, continuamadotando práticas restritivas contra as ex-portações de manufaturados, por parte dospaíses em desenvolvimento, procurando di-vidir em novas categorias de desenvolvimen-to as nações não-avançadas, com o objetivode negar tratamento preferencial aos paísesde industrialização recente, como o Brasil,e mantendo deprimidos os preços dos pro-dutos primários tradicionais, fontes deter-minantes de receita para os países pobres.

O resultado dessa incongruência entre umdiscurso liberal e uma práxis económicapragmática é a persistência da desigualdadeentre os Estados. Deste modo, a AméricaLatina, a África, a Ásia e o Oriente Médio,cujos respectivos países reproduzem inter-namente o mesmo desequilíbrio entre oNorte e o Sul, vão enfrentando obstáculosintransponíveis para combater as disparida-des sociais e lutar pela sua modernizaçãoeconómica. Ora, â medida em que aumentaa assimetria entre as nações, elevam-se osgraus de insegurança e instabilidade inter-nacional. E como dizia o Ministro AraújoCastro, a segurança coletivá de caráter polí-tico é o verso de uma moeda cujo reverso éa segurança coletivá de caráter económico.

Eis o cenário em que o Brasil, enquanto Na-ção amadurecida que recusa uma industria-lização de segunda classe e aspira a um pro-cesso justo e equitativo, tem de atuar. Gra-ças à nossa localização estratégica e ao es-forço de transformação económica das trêsúltimas décadas, tornamo-nos um agentedecisivo para a estabilidade do sistema oci-

dental. Somos um grande receptor de inves-timentos, um expressivo importador daseconomias centrais e um importante prove-dor de matérias-primas e manufaturadosbaratos para o Norte. Nosso futuro afetadiretamente o próprio destino do sistemafinanceiro internacional.

Uma "Diplomacia para Resultados"

É dessa premissa, exigindo de nós muitavirtú para compensar as contigências da for-tuna, que deve emergir o arquétipo de pen-samento e ação da Casa de Rio-Branco emminha gestão. O grau de desenvolvimentodo Brasil atingiu a um ponto tal que, hoje,não admite ambiguidade em sua atuaçãoexterna. Por isso a diretriz fundamental deminha administração deve ficar bastanteclara: toda diplomacia, independentementede sua dimensão estratégica, económica ouvalorativa, tem um caráter inequivocamentepolítico. E a política, que não se reduz aosjogos retóricos, é antes sinónimo de perfor-mance e desempenho na consecução de an-seios coletivos.

É por isso que nossa política externa deveser uma "diplomacia para resultados" — ouseja, flexível, criativa e realista. Seu pontode partida é a explicitação de nossos inte-resses concretos no que se refere à retoma-da do crescimento e à redução de nossa vul-nerabilidade externa nos campos financei-ro, tecnológico e comercial. Sua implemen-tação exige uma presença mais efetiva doBrasil nos debates multilaterais e nas nego-ciações bilaterais, mediante uma ação capazde propiciar a ampliação de nossa liberdadeno manejo da política económica e, porconseguinte, do controle sobre nossos pró-prios destinos.

A "diplomacia para resultados" não se limi-ta, portanto, à colocação do problema dajustiça e da paz, inerente à reivindicação deuma ordem económica mundial, em termosabstrados ou meramente conceituais. Elamanifesta sua consciência de que as dispu-

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tas por poder e riqueza têm, em todas asinstâncias de vida internacional, um caráterhobbesiano. Prática e realista, ela sabe que

»não há valores absolutos por trás da lutapelo produto mundial. A dinâmica da his-tória revela que justiça e paz são conceitosabertos e indeterminados, vagos e ambí-guos, passíveis de tantas definições quantasforem as categorias de poder em que cadaNação se situa. Representativa das aspira-ções nacionais, ela está convencida de que osentido de ambos os valores é determinadopelas pressões recíprocas e pelo conflito,pela cooperação e pela conquista do con-senso entre as nações.

Ao ter como fonte de legitimidade e autori-dade moral de um Governo compromissadocom a democracia, a "diplomacia para re-sultados" tem por objetivo global negociarcom dignidade e eficiência nossa participa-ção no cenário internacional. Em nenhummomento ela abdicará de nossa soberania eindependência. Como vem afirmando o Pre-sidente Tancredo Neves, não podemos acei-tar "imposições que se valham de nossas si-tuações de vulnerabilidade momentânea",,razão pela qual "não negociaremos o inego-ciável nem dialogaremos sob pressão".

Objetivos Políticos e Económicos

Por isso, no campo político, será mantida atradição desta Casa na defesa dos princípiosda autodeterminação dos povos, da não-in-tervenção, da solução pacífica para as con-trovérsias, especialmente na América Cen-tral, da ação conjunta latino-americana parao encaminhamento das dificuldades co-muns e do respeito aos direitos humanos.No campo das relações económicas enfati-zar-se-á, dentro do amplo desejo da retoma-da do crescimento e da recuperação do ní-i/el tanto de emprego quanto de renda, aquestão da dívida externa. Numa sociedadecom 130 milhões de habitantes, com umapopulação economicamente ativa cuja gran-de maioria situa-se nos estágios de pobreza,indigência e miséria, seria inconsequente re-

duzir o problema do reajuste económico àsdeterminações externas de caráter técnico.

Romper com a ortodoxia inerente a essasdeterminações não é tarefa fácil. As trans-formações nas relações de preços de bens eserviços provocadas pela crise energéticanos anos 80 e a continuidade da política dejuros norte-americana, sobrevalorizando odólar, são fatores que têm inibido a retoma-da do nível de atividades dos países em de-senvolvimento. Embora o mundo avançadotenha compartilhado do pressuposto de quea viabilização da economia brasileira estariana dependência dos níveis .do comérciomundial e do suprimento dos recursos fi-nanceiros previstos na época de concessãodos créditos, o pragmatismo conservadordas economias centrais hoje ignora tal con-dição. Vem, por isso, impondo regras alta-mente comprometedoras â nossa vocaçãocomo nação economicamente moderna eemancipada.

Neste momento em que as economias cen-trais parecem preocupadas apenas em res-saltar a natureza global dos problemas mun-diais, esquecendo-se das dramáticas implica-ções sociais inerentes ao esforço de reajus-te, a "diplomacia para resultados" saberáagir com firmeza. Sua meta de curto prazoé, como disse o Presidente Tancredo Neves,"emprestar sua experiência negociadora,juntamente com os Ministérios da área eco-nómica, na execução das políticas" destina-das a "abrir novos mercados para nossosprodutos e a discutir, em bases mais realis-tas, as formas de amortização da dívida".

Como decorrência, a médio prazo estare-mos mobilizados para uma vigorosa atuaçãomultílateral nas instituições em que houverinteresse direto para o Brasil, e para umacompanhamento preciso das decisões dosdemais organismos, sempre tendo em vistaa modernização de seus procedimentos de-cisórios e ampliação da representatividadede sua direção.

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O Brasil e o Diálogo Norte-Sul

Não nos esqueçamos de que, em virtudetanto da bipolarização da ordem mundialquanto da insensibilidade do Norte para osproblemas sócio-econômicos do Sul, omundo caminha novamente em direção aoque o Embaixador Araújo Castro chamava,há quinze anos, de "círculos minguantes danegociação". Ou seja: rumo à relativizaçãodo nível muItilateral das relações interna-cionais. Isto porque as superpotênciasquando não dificultam a presença das na-ções em desenvolvimento e subdesenvolvi-das nas tomadas de decisões fundamentaisdesses foros, terminam por ameaçar retirarsuas ações da jurisdição formal dos organis-mos multilaterais.

O exemplo mais importante desse processoé o do GATT — uma entidade que tem am-pliado seus horizontes desde sua concep-ção, mas que vem enfrentando dificuldadescrescentes para estimular a expansão do co-mércio internacional num quadro de segu-rança, estabilidade e reciprocidade. Comsuas decisões influenciadas pelas nações ri-cas, insensíveis aos.interesses dos não-indus-trializados, o GATT representa com clarezao esgotamento das soluções internacionaisda ordem económica de Bretton-Woods.Com o aumento do número de países inte-grantes, o GATT incorporou em sua agendade problemas diferentes regimes económi-cos em diferentes estágios de desenvolvi-mento, cada um dos quais com necessida-des específicas nem sempre complementa-res. Ã medida em que as exigências de com-posição desses interesses abriram caminhopara inúmeras negociações bilaterais, geran-do uma heterogénea gama de normas a re-gular as operações mercantis, a autoridadedo GATT acabou sendo enfraquecida.

Esse processo de fragmentação de seu po-der decisório vem sendo acelerado, hoje,por múltiplos fatores. Um deles é a pressãodos ricos para proteger indústrias tecnologi-camente obsoletas em detrimento das ex-portações de nações com recursos naturais

abundantes e mão-de-obra mais barata. Ou-tro fator é a crítica norte-americana às atu-ais normas do GATT, sob o pretexto deque elas não contemplam sua vantagemcompetitiva nas áreas de serviços de múlti-pla natureza e alta tecnologia. Ao ampliaro volume de acordos bilaterais, pressionan-do o GATT a moldar-se aos seus interesses,os EUA indiretamente reduzem as oportu-nidades económicas dos demais países. Por-tanto, como é estreita a vinculação entre oequacionamento da dívida externa e a aber-tura do comércio internacional, o Brasilnão se limitará a lutar contra o protecionis-mo — mais do que isso, esforçar-se-á porparticipar do próprio reexame do GATT,para adequá-lo à complexidade do comér-cio contemporâneo, especialmente à luzdos interesses dos países em desenvolvi-mento.

A "diplomacia para resultados" revela, as-sim, sua disposição de transcender os forostradicionais e os temas convencionais. Elaestá consciente de que a arena de confrontoe negociação entre ricos e pobres teve alte-rado seu eixo de gravidade. Seria ilusórioestabelecer-se uma distinção conceituai en-tre grandes conflitos, como os de caráterpolítico, e os pequenos conflitos, como osde natureza comercial. Mesmo porque, re-tomando as palavras de Santiago Dantas eAraújo Castro, os problemas relativos à co-operação económica e ao intercâmbio co-mercial, num mundo dividido pelas forçasantagónicas do policentrismo e da bipolari-zação, tendem a inserir-se num contextomais amplo e mais complexo de segurançacoletiva e balança de poder. Em termos delongo prazo, por isso, o Brasil terá de defi-nir, diante do crescimento das economiascentrais, qual a posição que realmente dese-ja assumir no contexto internacional, a f imde que possa dar o salto definitivo ao de-senvolvimento.

A Questão Tecnológica

No plano estratégico, por fim, "a diploma-cia para resultados" estará voltada, além de

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seus objetivos atuais, para a questão tecno-lógica. Ao influir sobre as mudanças nos pa-radigmas da industrialização a partir da úl-tima década, ela se constitui na condiçãosine qúa deste salto. Afinal, sendo a tecno-logia um processo inexorável de transfor-mação sócio-econômica, o país que nãoacompanhar sua evolução estará condenadoà permanência no subdesenvolvimento.Graças a ela, subordinando o conhecimentoespecializado ao critério económico e dire-cionando-o à produção de mercadorias eserviços, o saber tornou-se sinónimo depoder.

No campo das relações internacionais, essaconversão de saber em dominação vemabrindo novos horizontes em termos detransferência de bens, modelos tecnológicose fluxos de capitais, ao mesmo tempo emque também vai alargando as fronteirascontemporâneas. Ou seja: incorporandoáreas antes não acessíveis mesmo para asnações desenvolvidas, como, por exemplo,o espaço sideral, os fundos oceânicos e aAntártica. À medida em que afeta a organi-zação do trabalho e as estruturas da produ-ção, a revolução tecnológica também alte-ra a essência das relações de poder entre asnações, desafia as noções convencionais desoberania e coloca em novos termos a con-frontação entre as superpotências.

A expansão tecnológica apresenta sériosproblemas para o mundo não-avançado emseu relacionamento com o mundo rico. Elaé um processo tão abrangente que tornaobsoletas as teorias e experiências acumu-ladas no tratamento das relações de coope-ração, competição e conflito entre os Esta-dos. Daí a necessidade de um equaciona-mento definitivo nessa matéria pelo Brasil.

Uma das questões mais graves é a do fluxotransnacionai ae dados. Como regular econtrolar o fluxo de informações sociais,económicas, técnicas e industriais entre omundo rico e os demais mundos — eis umdos novos desafios à diplomacia contempo-rânea. O problema está associado a concep-

ção de segurança e desenvolvimento de ca-da nação. De um lado, como a fiscalizaçãosobre o intercâmbio, a transmissão e o ar-mazenamento de informações é difícil, ovazamento de dados estratégicos afeta asoberania dos Estados. De outro, os paísesque impuserem restrições a esse fluxo deinformações, terão, em contra-partida, difi-culdades em conseguir dados fundamentaisao seu próprio crescimento económico.

Portanto, ao criar condições para nova re-distribuição de riquezas na ordem interna-cional, na qual a concentração de capitais,os investimentos em pesquisa e a ênfase áprodução de conhecimento e serviços terãotão ou mais importância do que a própriaprodução de bens, precisamos ter clara per-cepção dos efeitos do progresso tecnológicoe de seu impacto na atual estratificaçãomundial. Os momentos de reordenação têmseus riscos, é certo, mas são importantes pa-ra que as nações intermediárias conquistemgraus crescentes de autonomia e poder emciência, informação e comércio.

Os efeitos da explosão tecnológica envol-vem, assim, todos os sistemas e subsistemasdo atual concerto mundial. Se, no Oeste, arevolução nas comunicações põr ela defla-grada modificou hábitose ampliou raciona-lidades, no Leste elas estão a liberar a Chinade seu atraso milenar pela via do mercado.No âmbito das relações Norte-Sul, as ten-sões são conhecidas, seja porque 97,1% dosgastos mundiais de pesquisa e desenvolvi-mento estão concentrados nos países ricos,seja porque a tecnologia coloca em novostermos a disputa por fontes energéticas re-nováveis e não-renováveis, seja porque o en-caminhamento diplomático de soluções pa-ra problemas originais, como a exploraçãoda Antártida, é um laboratório para a evo-lução da ordem internacional emergente.

A "diplomacia para resultados" estará aten-ta paTa experiências como essa. Entre ou-tras razões porque as políticas convencio-nais hoje as fundem e confundem com pro-blemas inéditos tanto de distribuição dos

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recursos disponíveis quanto de tentativasde internacionalização do controle dessesmesmos recursos, em detrimento dos inte-resses do mundo não-avançado. Tudo istoestá a exigir desta Casa, portanto, um tra-balho árduo. E sempre voltado a uma linhade independência e pluralismo, em favor desoluções globais a serem decididas nas ne-gociações bilaterais tendo em vista a reto-mada de nossa trajetória de desenvolvi-mento.

O Itamaraty, cujo comando ora me é entre-gue por um de seus marcantes Chanceleres,está preparado para enfrentar esses desa-fios. Ao longo da operosa gestão do Minis-tro Saraiva Guerreiro, esta Casa pautou-sepor uma bem sucedida reflexão sobre o fu-turo do sistema internacional e sobre a in-serção do Brasil nele. Dessa reflexão desta-caram-se (1) um esforço para uma revisãodas relações Norte-Sul em bases mais equi-tativas e (2) a definição de uma inteligentegama de relacionamentos com o fim de pro-piciar a todas nações maior oportunidadede crescimento a partir de uma integraçãode seus interesses complementares. Por isso,encontro no Itamaraty uma comunhão deideias, condição básica para que todos pos-samos dar continuidade ás melhores tradi-ções de solidariedade e universalismo lega-das pelo Barão do Rio-Branco.

Excelentíssimo Embaixador SaraivaGuerreiro,Minhas Senhoras,Meus Senhores,

Permitam-me as últimas palavras, nestahora em que são tão graves nossos deveres,

dilemas e desafios, mas em que ao mesmotempo são tão promissoras as perspectivasda democi acia brasileira. A honra de integraro Governo Tancredo Neves abre, para mim,a possibilidade de ser um participante ativona construção de um regime voltado à cau-sa da liberdade, da igualdade de direitos edo reconhecimento da dignidade do ho-mem livre — princípios que a Nova Repú-blica compromete-se a resgatar entre nós.

Como liberal que sempre fui, sei, por expe-riência própria, o quanto a eficiência e alegitimidade de uma gestão no Executivoestão vinculadas a um estrito relacionamen-to com o Legislativo. Sem um sistema ade-quado de controle não há nem responsabili-dade no gerenciamento do património dacoletividade nem correspondência à vonta-de política expressa por um mandato. Eisporque a Câmara dos Deputados e o Sena-do Federal, representando de maneira con-sequente as aspirações nacionais, certamen-te não deixarão de colaborar de forma mar-cante na "diplomacia para resultados".

Por maiores que sejam os imperativos técni-cos inerentes a essa tarefa, resta-me maisuma vez reconhecer, ao concluir, seu senti-do inequivocamente político. E a políticacomo vocação, segundo a célebre conferên-cia de Max Weber, "é um esforço tenaz eenérgico para atravessar grossas vigas de ma-deira". Como "tal esforço exige, a tempo,paixão e senso de proporções", peço a Deusque não faltem esses atributos na missãopolítica que me foi confiada pelo Presiden-te Tancredo Neves.

Muito obrigado.

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a posse de paulo tarso flechade lima na secretaria geral

das relações exterioresDiscursos do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Olavo Setúbal, do Embaixador Carlos Calero Rodrigues edo Embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, no Palácio do.Itamaraty, em Brasília, em 18 de março de 1985, por oca-sião da solenidade de posse do Embaixador Paulo tarsoFlecha de Lima no cargo de Secretário Geral das RelaçõesExteriores.

DISCURSO DO CHANCELER OLAVOSETÚBAL

Excelentíssimo Senhor Embaixador CarlosCalero Rodrigues,Excelentíssimo Senhor Embaixador PauloTarso Flecha de Lima,Excelentíssimos Senhores Parlamentares,Minhas Senhoras,Meus Senhores,

Reunimo-nos hoje para dar posse ao Embai-xador Paulo Tarso Flecha de Lima no cargode Secretário Geral das Relações Exterio-res Ao mesmo tempo, despedimo-nos doEmbaixador Carlos Calero Rodrigues queassumirá dentro em breve a Chefia da Re-presentação Especial Brasileira junto aosÓrgãos Internacionais de Natureza Jurídicadas Nações Unidas.

Sucedem-se na Secretaria Geral do Itamara-ty dois funcionários representativos das me-lhores tradições de eficiência e espírito pú-blico desta Casa. Ao Embaixador CaleroRodrigues, formulamos votos de sucesso

em sua nova missão. Estou certo de que de-la se desincumbirá com o mesmo equi l í-brio, segurança e serena competência que ocredeciam à admiração de seus colegas.

Ao convidar o Embaixador Paulo TarsoFlecha de Lima para ocupar a SecretariaGeral da Casa, visei incorporará minha ges-tão as qualidades de dinamismo e inovaçãoque vêm caracterizando a trajetória destebrilhante diplomata. Bem sabem os Senho-res o quanto deve o Ministério das RelaçõesExteriores â sua iniciativa renovadora, quetanto contribuiu para sintonizar a atividadediplomática brasileira com as premênciasdos novos tempos, e para colocar a Casade Rio Branco, de maneira mais eficaz, aserviço do desenvolvimento económico dopaís. Nisto, aliás, nada mais fez ele que serfiel, de forma atualizada, à lição viva dopatrono desta Casa, que foi um homemprofundamente atento ás realidades econó-micas das relações internacionais.

Estou certo de que nele terei o apoio seguropara a lealização da "Diplomacia para resul-tados" a que nos propomos. Seu conheci-

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mento abrangente dos variados aspectos dofuncionamento do Itamaraty, sua dedica-ção, sua correção, constituirão para mimpreciosa aquisição. Com ele contarei demaneira decisiva para a condução da polí-tica externa e para o acompanhamento dosassuntos administrativos internos, que de-verão merecer minha atenção direta tão lo-go tenha uma visão de conjunto dos seusdiferentes aspectos e de suas implicaçõespráticas. Tenho também certeza de quetanto o novo Ministro quanto o novo Se-cretário Geral contarão corri a participaçãoativa de todo o quadro altamente qualifi-cado de funcionários diplomáticos e admi-nistrativos desta Casa.

Formulo, assim, a Vossa Excelência, Em-baixador Flecha de Lima, os meus votos deêxito nas funções em que ora se investe. Aeficácia do desempenho de Vossa Excelên-cia será um fator importante para o êxitoda política externa da nova República inau-gurada pelo Presidente Tancredo Neves.

Muito obrigado

DISCURSO DO EMBAIXADOR CARLOSCALERO RODRIGUES

Eu queria limitar-me a congratular o Se-nhor Ministro de Estado pela escolha quefez do meu colega Paulo Tarso Flecha deLima para Secretário Geral. Sabe o Embai-xador Paulo Tarso, como eu e todos nós emgeral nesta Casa, a importância e a modéstiaque tem o lugar de Secretátio Geral. O Se-cretário Geral é um assessor do Ministro deEstado, é o fio intermediário entre o Minis-tro e a Casa. O Secretário Geral tem comoobrigação precípua, a meu ver — e creio es-ta é também a opinião do Embaixador Pau-lo Tarso — fazer com que a Casa funcionebem em benefício da política que é traçadapelo Presidente da República e pelo Minis-tro de Estado. Nós não temos nenhuma dú-vida nesta Casa, nunca a tivemos sobrequem é o nosso Chefe. Nosso Chefe é oMinistro de Estado. Mas o Secretário Geraltem um papel importante a desempenhar. Éuma papel alto e ao mesmo tempo um pa-pel modesto. O Secretário Geral não devenunca e nem nunca procurou substituir oMinistro. Ele está na sua função para reali-zar o trabalho que o Ministro deseja, paraser o agente que faça com que a Casa toda,o nosso Itamaraty, como profissionalismo,a lealdade e o entusiasmo que sempre o ca-racterizaram, possa ser o instrumento capazde realizar a política que nos vem do Presi-dente da República e do Ministro de Esta-do.

Senhor Ministro de Estado,Senhor Secretário Geral,Senhores Congressistas,Senhores colegas,Senhores e Senhoras,

Quando eu assumi a Secretaria Geral, hácerca de nove meses, disse que não achavanecessário que o Secretário Geral fizesse, arigor, um discurso ao assumir. Sobretudo seesse discurso tivesse o caráter de uma plata-forma de trabalho. E com mais razão acha-ria eu, agora, que não devesse falar no mo-mento em que deixo a Secretaria Geral. Foiuma passagem curta.

Senhor Ministro Olavo Setúbal,

Se me permite Vossa Excelência, eu lheapresentaria os meus cumprimentos, e creioque assim fazendo estou interpretando osentimento de toda a Casa. É grande a nos-sa confiança na atuação de Vossa Excelên-cia. E eu creio também que posso falar ain-da em nome da Casa, embora formalmentejá o não possa fazer, ao dizer que Vossa Ex-celência poderá contar, como sempre, comtoda nossa lealdade, com toda nossa dedi-cação, com o nosso esforço de bem servir oBrasil.

Obrigado.

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DISCURSO DO EMBAIXADOR PAULOTARSO FLECHA DE LIMAPara o diplomata de carreira, a Secretaria-

' Geral do Itamaraty é a suprema posiçãoprofissional com que pode ser distinguido.Além de passar a ser o funionário mais gra-duado do Serviço Diplomático o Secretário-Geral constitui-se no nexo entre Vossa Ex-celência e os integrantes desta Casa, que emsua totalidade servirão lealmente a VossaExcelência e à sua Administração na execu-ção da política externa brasileira. Recor-do-me, neste momento, dos Chefes que aolongo dos meus trinta anos de carreira metransmitiram as nossas tradições e o nossoespírito e me capacitaram profissional-mente:

Rogo-lhe também, Senhor Ministro, aceitar'os meus agradecimentos pela decisão depropor ao Excelentíssimo Senhor Presiden-te da República a minha designação. Peço-Ihe também fazer chegar ao ExcelentíssimoSenhor Presidente da República, DoutorTancredo de Almeida Neves, e ao Excelen-tíssimo Senhor Presidente da República emexercício, Doutor José Sarney, meus since-ros agradecimentos por esta alta distinçãoem que ora sou investido.

Senhor Ministro,

Sabemos que não há política externa, nãohá verdadeira defesa e projeção dos interes-ses nacionais, se não trabalharmos plena-mente com as nossas virtudes institucionais.Diria que.elas têm duas dimensões. Em pri-meiro lugar, são as qualidades de disciplina,de lealdade, o sentido de hierarquia, a voca-ção do espírito público, que devem consti-tuir motivações cotidianas para as nossasatividades.

Em segundo lugar, as virtudes institucionaisexistem porque encarnam certos objetivosecertas orientações de política externa. Aconstrução de uma tradição diplomáticanão é aleatória, mas deve obedecer à forçada nacionalidade. Os princípios que nos ori-entam, a nossa política voltada para a paz,

plasmam a nossa atividade porque respon-dem, em essência, às próprias opções brasi-leiras de presença internacional.

A inovação e a renovação são, para o Itama-raty, processos naturais. Hoje, são proces-sos necessários. Hoje, mais do que nunca,exige-se da política externa uma especialís-sima sensibilidade para as situações inter^nas. O Brasil já caminha firme na estrada dademocracia, e se volta para a superação dasdesigualdades, dramáticas, que ainda mar-cam a nossa sociedade. É necessário que adiplomacia não ignore o processo de trans-formação que se esboça. Como indica Vos-sa Excelência, é necessário que a diploma-cia dê "resultados", que se prove peça es-sencial do movimento de transformação.Não temos tempo a perder. A construção élonga, díficil, mas inadiável. O nosso futuroé hoje.

Em política externa, os resultados nemsempre são imediatos e nem sempre surgemespontaneamente. São fruto, ás vezes, detrabalho de anos. Tantas vezes, a promessafácil de enunciar palavras não ganha reali-dade. Mas, estamos conscientes de que a di-plomacia não é só retórica, por melhor queseja essa retórica. Estamos conscientes deque a diplomacia, como processo político,é instrumento de transformação, de criaçãode realidades novas. Assim, há muito quefazer para aproximarmos nossos ideais daprática política. Mas, num Brasil novo,democrático, em que as aspirações serãoanunciadas com absoluta clareza, e sub-metidas ao crivo do debate na opiniãopública e no Congresso, nossos mandatosserão precisos, de contornos bem definidos.E, assim, teremos a melhor base — a rigor,a única viável — para levarmos a ação diplo-mática a realizar os resultados que a naçãoquer. Assim, poderemos alcançar resultadosefetivos.

Senhor Chanceler,Caros colegas e funcionários do Itamaraty,

Somos chamados a participar de uma novaera da vida nacional. Conhecemos as difi-

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cuIdades vividas pelo país nos últimos anos;e temos consciência das tarefas árduas queestarão em nossas mãos a partir do dia dehoje. Conhecemos também as sérias dificul-dades que vive esta Casa, que se projetamsobre suas múltiplas unidades administrati-vas, no Brasil e no exterior, temos a cons-ciência do dever de superar essas dificulda-des mediante propostas criativas, que nãose voltem negativamente para o passado,mas que preparem de forma responsável,ética, e verdadeiramente profissional,, nossaatuação, desde as altas decisões de políticaao tratamento dos mais rotineiros dos te-mas.

Temos diante de nós o desafio de uma di-plomacia voltada para os resultados. Sabe-mos que resultados só plenamente flores-cem quando se dá valor à eficácia, quandoabandonamos a auto-satisfação ante merosenunciados de propósitos ou de princípios.A eficácia se testa no confronto com a rea-lidade, e não somente contra outros concei-tos e outras abstrações. Esta ação sobre oconcreto, sobre o aqui e o agora, é o que asociedade espera de nós.

Necessitaremos de estruturas descentraliza-das, abertas, acessíveis, flexíveis— e moder-nas. Uma diplomacia não pode ser eficaz,sem que sejam devolvidas às unidades admi-nistrativas intermediárias não somente suasfunções e seu poder de decisão, mas tam-bém seu prestígio próprio — e porque nãodizê-lo — sua dignidade. Uma diplomacia deresultados, uma diplomacia eficaz, é incom-patível com micro universos de decisão,que girem em torno de si próprios. As boasdecisões de política externa exigem sedi-mentação sólida, pesquisa, opinião avisadae experiente de especialistas, dos que têmtrato cotidiano dos assuntos: e essas virtu-des e qualidades estão depositadas nos di-ferentes níveis e instâncias decisórias denossa instituição diplomática.

Vossa Excelência, Senhor Chanceler, aler-tou-nos no seu pronunciamento do últimodia quinze para a natureza ilusória de dis-

cussões artificiais entre "grandes conflitos",que seriam os de caráter político e de "pe-quenos conflitos", que seriam os de carátercomercial. Tocaram-me em particular as pa-lavras de Vossa Excelência, tanto mais por-que há cerca de quatorze anos tenho lutadoneste Ministério, através do Departamentode Promoção Comercial, para que se aban-done uma visão superada das relações inter-nacionais, que pretende lidar com fenóme-nos políticos puros, tratando assuntos eco-nómicos, comerciais e técnicos como verda-deiras questões de segunda classe da diplo-macia. O mundo de hoje já não se preocupanem mais em combater esses interesses passa-distas, tornados obsoletos pela própria his-tória e por sua irrelevância. Essas modali-dades nostálgicas de diplomacia, SenhorMinistro, se examinadas à luz do sol, apre-sentam-se antes de mais nada como uma co-leção de já gastos preconceitos.

A política de nossos dias é uma políticaglobal, a exigir, como querem alguns, diver-sos níveis de leitura, diversas modalidadesde discurso e um sem número de formas deatuação. Se uma circunstância pode ocasio-nalmente privilegiar o elemento eminente-mente político, a maioria exige ora o ins-trumento comercial, ora o da cooperaçãotécnica; ora um tratado, a ação de uma em-presa pública, ou de uma empresa privada,ora a piesença marcante de expoentes dacultura nacional. Por isso deve ser aberto otrabalho de uma chancelaria moderna, paraque a política externa de um país não sejaum feudo de alguns, podendo, pois, recor-rer à mesma riqueza de interesses, de atorese de meios de ação que se encontra na pró-pria sociedade que essa diplomacia repre-senta.

Em matéria administrativa não estaremosbuscando o novo pelo novo. Mas não esta-remos temerosos do novo que se fizer ne-cessário. Respondidas de forma madura, asnecessidades da administração contarão,não tenho dúvidas, com o' mais amplo con-senso nesta Casa, para que se aperfeiçoemos seus aspectos institucionais e, ao mesmo

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tempo, como é de nossa tradição, se reno-vem constantemente instrumentos, meios emétodos de trabalho.

Não posso deixar de dizer uma palavra pró-pria aos funcionários administrativos, aosOficiais de Chancelaria, aos Agentes de Por-taria, cuja presença, às vezes anónima, éabsolutamente decisiva para que uma chan-celaria funcione bem e responda adequada-mente às suas tarefas diplomáticas. Sei dasdificuldades que encontram, devido a ques-tões da mais variada ordem, a começar.peleproblema salarial no Brasil: Não me cabefazer promessas neste momento, salvo a deque estarei atento aos seus problemas, eque pelo seu espírito construtivo e sua tra-dição de administrador bem sucedido, Vos-sa Excelência será sensível a pleitos tãojustos

Suas qualidades de homem público, deadministrador notável, de líder nacional,sua cultura e sua experiência política sãobases sólidas para uma perfeita gestão doItamaraty. Cada funcionário desta Casa es-tará a seu lado, e dará o auxílio pedido como mais perfeito sentido profissional.

Esteja, assim, Vossa Excelência absoluta-mente certo de que a Casa saberá honrar ohomem que agora a dirige, e de que VossaExcelência terá orgulho dos funcionáriosque lidera.

Senhor Ministro,

Peço-lhe agora licença para dirigir-me aoSecretário Geral que parte, e que tanto nosinspirou no último ano.

Meus colegas,

Não são fáceis as funções de Secretário Ge-ral: Exigem domínio profundo da imensagama de temas diplomáticos; exige a capa-cidade para a decisão rápida; exige capaci-dade de comando; exige, ainda, que, emcada palavra de comando, interprete-se,com precisão, as determinações e orienta-ções do Senhor Ministro de Estado. Sãofunções que certamente estão acima da me-lhor experiência diplomática individual, esó podem ser exercidas, de forma consisten-te, se houver perfeita sintonia entre o Se-cretário Geral e a Casa. São, na realidade,funções que pedem mais do que o bom en-tendimento entre o Chefe e seus comanda-dos; o que peço portanto aos Colegas, nes-te momento, é confiança, compreensão e,mesmo, em muitas situações, as devoçõesde amizade.

Senhor Ministro,

Tenho certeza de que sua gestão será profí-cua e engrandecerá a diplomacia brasileira.

Embaixador Calero,

Vossa Excelência transformou o exercícioda liderança durante o seu tempo à frenteda Secretaria Geral em um exercício ao'mesmo tempo tranquilo e brilhante. Atranquilidade levava a que tivéssemos verda-deiro prazer em ser comandados por VossaExcelência. O brilhantismo, tão bem ex-presso nas decisões rápidas, precisas, revela-doras da melhor sabedoria diplomática, da-va absoluta tranquilidade aos seus coman-dados, à Casa; dava-nos sempre a certeza deque o caminho seguido era o caminho dointeresse nacional. Seu nome está na histó-ria da Casa; deixa marcas e marcas profun-das. Sua conduta é exemplo para mim e, fa-lando ao amigo querido, quero dizer-lheque será uma das minhas inspirações maio-res na gestão da Secretaria Geral. Interpre-tando o sentimento de todos os presentes,desejo-lhe, e a Lilita, toda a felicidade.

Senhor Ministro, meus colegas, meus ami-gos,

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Ao terminar, volto-me para as minhas ori-gens nas montanhas de Minas tão bem can-tadas por nosso poeta maior Carlos Drum-mond em sua "Prece de Mineiro no Rio",em sua pungente evocação:

"Espírito de Minas me visita,e sobre a confusão desta cidade,onde voz e buzina se confundem,lança teu claro raio ordenador".Muito Obrigado

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assinada a ata de reconhecimentoda comissão sul-americana para

a luta contra a febre aftosaDiscurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Olavo Egydio Setúbal, no Palácio do Itadaraty, emBrasília, em 3 de maio de 1985, por ocasião da solenidadede assinatura da Ata de Reconhecimento da ComissãoSul-Americana para a luta contra a febre aftosa(COSALFA).

Senhores Ministros,Senhores Delegados,Senhoras e Senhores,

Sente-se privilegiado o Governo brasileiroem poder propiciar esta oportunidade emque se assina, depois de doze anos de exis-tência da Comissão Sul-americana para aLuta contra a Febre Aftosa (COSALFA), aata de seu reconhecimento como Comissãopermanente institucionalizada a nível sub-regional.

Desde sua criação, em 1973, por inspiraçãoda Organização Panamericana da Saúde, aCOSALFA tem atuado como foro de orien-tação das políticas e estratégias aplicadas aocombate da febre aftosa, moléstia cujos ma-lefícios são amplamente ressentidos pornossas economias.

Não se ignora a importância da pecuária empaíses como os nossos por sua tríplice con-tribuição, seja para o aumento da riquezaproteica da dieta alimentar das populações,seja como expressiva fonte de renda no se-tor primário, seja ainda como fonte de di-

visas em seu segmento exportador. Ao atin-gir parcelas significativas do rebanho, a fe-bre aftosa causa sensíveis prejuízos á ativi-dade pecuária, inibindo seu desenvolvimen-to e impedindo que se possa auferir, em suaplenitude, os benefícios que dela deriva-riam. Particularmente no setor externo, on-de já não são poucas as dificuldades que seinterpõem ao comércio internacional decarnes em decorrência de políticas artifi-ciais de preços em certos países desenvolvi-dos, o problema da aftosa constitui agra-vante de pesadas consequências para nossasexportações. É sabido que, ademais dasproibições absolutas que recaem sobre pro-dutos originários de áreas afetadas, sofremsistemático processo de desvalorização asmercadorias provenientes de áreas conside-radas livres da enfermidade, sempre queprocedem de países que ainda registramfocos.

Lembro também os obstáculos que, por es-sa mesma razão inibem o comércio interna-cional de animais. •

Com o propósito de melhor coordenar asações de combate à doença, de estudar as-

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pectos específicos do problema e avaliar osresultados obtidos para aprimorá-los no fu-turo, vem a COSALFA trabalhando desdeseu estabelecimento. Sua ação tem contri-buído para que os países-membros regis-trem significativos avanços nessa área, den-tre os quais valeria citar: a implantação deuma infra-estrutura de serviços veterinários,a organização de programas sistemáticos decontrole, a criação de um sistema de infor-mação e vigilância epidemiológica e o per-manente aprimoramento das vacinas utili-zadas.

São tarefas da COSALFA promover o inter-câmbio da informação técnica, a padroniza-ção dos requisitos sanitários exigidos para acomercialização de animais e produtos deorigem animal, bem como incentivar a co-peração técnica entre seus membros. Moti-vada por propósitos similares funciona aComissão Europeia para oControle da Febre

Aftosa, com a qual a Comissão Sul-america-na já mantém um relacionamento que ten-derá a intensificar.

Estou certo de que, para o desempenho desuas atribuições, não faltará>â 'COSALFAo imprescindível apoio da Organização Pa-namericana da Saúde, à qual está vinculada,do Centro Panamericano de Combate à Fe-bre Aftosa, que a assistirá como SecretariaExecutiva, e de outros organismos do setor.

Com a institucionalização a que hoje seprocede, ganha a COSALFA novo status nafamília interamericana, facilitando-lhe odiálogo com entidades congéneres e permi-tindo-lhe estabelecer vínculos de coopera-ção, que todos desejamos seja fecunda paraos países-membros.

Muito obrigado.

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brasil defende, no conselhode segurança das nações unidas,

solução pacífica para a crisena américa central

Pronunciamento do Representante Permanente do Brasiljunto ás Nações Unidas, George Maciel, em 9 de maio de 1985,por ocasião da reunião do Conselho de Segurança daquelaorganização.

"Sr. Presidente,0 Brasil comparece perante o Conselho déSegurança na qualidade de país latino-ame-ricano, profundamente preocupado com oprogressivo agravamento da crise na Améri-ca Central.

Em todos os momentos o Brasil tem, deforma coerente, defendido a necessidade deuma solução pacífica e negociada para osproblemas centro-americanos, uma soluçãoque se fundamente nos princípios do Direi-to Internacional e que esteja conforme coma carta das Nações Unidas.

Temos alertado contra atos e ações que,por transplantarem para nossa região osproblemas inerentes à confrontação Leste-Oeste, só poderão contribuir para tornarainda mais distante o estabelecimento deuma situação de paz e tranquilidade naAmérica Central.

O caminho da negociação, em particular oque vem sendo trilhado com a valiosa co-operação do Grupo de Contadora, é o úni-co que pode levar a uma saída válida, atra-vés do respeito ao Direito dos povos à auto-

determinação e da observância estrita doprincípio da não-interferência.

Coerentemente com a posição que sempreassumiu, o Brasil deplora a utilização demedidas económicas unilaterais que são irn-compatíveis com a carta das Nações Unidase com a carta da OEA, e que levantam no-vos obstáculos às soluções negociadaa

Apelamos a todas as partes envolvidas paraque, inspiradas por verdadeiro desejo depaz, se abstenham de quaisquer atos ouações que ponham em risco as perspectivasde entendimento e para que todos se com-prometam decididamente com os esforçosde negociação.

O Brasil está convencido de que a opção pe-la negociação ainda está aberta. Àquelesque, pelos seus interesses mais diretos naquestão centro-americana têm igualmenteresponsabil idades mais concretas, cabeexercer essa opção, de forma clara e firme,pois não será pela confrontação nem pelouso da força que se resolverá o problemacentro-americano''.*

* Na página 104, seçao Comunicados e Notas, um comunicado do Itamaraty à imprensa sobre a crise na América Central.

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segunda reunião da comissãomista de coordenação

brasil-nigériaDiscursos do Ministro de Estado das Relações Exteriores, OlavoSetúbal, e o do Ministro do Planejamento da Nigéria, ChiefMichael Adigun, em 11 de maio de 1985, no Palácio doItamaraty, em Brasflia, por ocasião da abertura da segundareunião da Comissão Mista de Coordenação Brasil-Nigéria; ediscurso do Chanceler Olavo Setúbal, em 14 de maio de 1985,no Palácio do Itamaraty, em Brasília, por ocasião dasolenidade de assinatura da Ata Final da segunda reunião daComissão Mista de Coordenação Brasil-Nigéria.

DISCURSO DE OLAVO SETÚBAL NAABERTURA DA REUNIÃO

É com especial satisfação que apresento aVossa Excelência e à ilustre delegação queo acompanha os mais sinceros votos deboas-vindas ao Brasil.

Considero auspicioso que o Ministro do Ex-terior da Nova República tenha, entre osseus primeiros compromissos internacio-nais, este encontro com autoridades da fra-terna República Federal da Nigéria. Aproxi-mam nossos dois países afinidades étnicas,culturais e históricas que transcendem oplano das relações económicas. Temos tam-bém em comum aspirações por uma ordeminternacional mais justa, fundada nos prin-cípios da igualdade soberana dos Estados,na não interferência e no direito á autode-terminação e à independência. Assim comoa Nigéria, repudia o Brasil as sobrevivênciasdo colonialismo e condena de modo ve-emente e sem ambiguidades a prática doapartheid.

Essas afinidades empastam às nossas rela-ções um significado especial.

No curso dos próximos dias, passaremos emrevista o estado atual das relações bilaterais.A agenda dos trabalhos desta segunda ses-são da Comissão Mista de Coordenação Bra-sil-Nigéria bem demonstra a densidade donosso relacionamento e as perspectivas quese abrem a uma ação realista e decidida emvariados aspectos da cooperação econó-mica.

O intercâmbio comercial Brasil-Nigéria atin-giu, no ano que findou, nível sem preceden-te, superior mesmo ao que havia sido regis-trado no ano recorde de 1981. Com um to-tal de US$ 1,6 bilhão nos dois sentidos, aNigéria se situou como o principal parceirodo Brasil na África. O Brasil, por sua vez,colocou-se entre os cinco maiores mercadospara o petróleo da Nigéria, de onde estáadquirindo 100 mil barris/dia, o que repre-senta 25% de suas necessidades de importa-ção. A Nigéria acumulou, ainda em 1984, oexpressivo saldo de US$ 300 milhões nas

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transações comerciais com o Brasil, um dosvalores mais elevados de sua Conta de Tran-sações Correntes com o resto do Mundo. OBrasil» ainda representa para a Nigéria umafonte supridora de matérias-primas e-peçasde reposição para a reativação de suas in-dústrias. Graças a um mecanismo especialde pagamento, as importações provenientesdo Brasil dispensam, praticamente, o em-prego de moeda forte, que pode ser utiliza-da na aquisição, em outros mercados, debens e serviços igualmente essenciais à eco-nomia nigeriana.

Senhor Ministro,

O diálogo entre o Brasil e a Nigéria deverábuscar níveis sempre mais elevados, e orien-tar-se para a construção de uma parceria es-tável, diversificada e mutuamente proveito-sa. Desejo dizer-lhe, Senhor Ministro, queestarei pronto a examinar com interesse aspropostas de que é portador, e que nossasdelegações respectivas já tiveram a oportu-nidade de discutir informal e preliminar-mente.

Abro oficialmente os trabalhos da segundasessão da Comissão Mista Brasil-Nigéria, an-tecipando os resultados positivos que serãoatingidos, dentro de um clima de amizade eentendimento. Que este foro se constituaem mais um vínculo de cooperação fraternaentre dois grandes países do Sul, e entredois povos que têm mu ito a se d izer.

Muito obrigado.

DISCURSO DO MINISTRO DOPLANEJAMENTO DA NIGÉRIA NAABERTURA DA REUNIÃO

Your Excellency, Minister of Externai Re-lationsof the Federative Republic of Brazil,

Excel lencies,DistinguisheddelegatestO the secondsession

of Brasil-Nigéria joint cõmmission

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Ladiesand Gentlemen,

On beharp of the people and the govern-ment of the Federal Republic of Nigéria, Imust first pay tribute to the memory ofthat great Brazilian patriot and statesman,the late President-Elect Tancredo Neves,who passed away on the 12st of Apri l ,1985. We remember him among o'therthings for his great love of humanity espe-cially the iesstheprivileged poorand hisdeepconcern for the enthronement of peaceand justice in every human society. Pleaserise with me for a minute's silence in hismemory. (May his soul rest in perfect peace.Amen).

Since the arrival of my delegation I havebeen overwhelmed by thewarmth and loveshowered on me right from touch down atRio de Janeiro to my eventual arrival at thebeautiful city of Brasilia. Your Excellencies,I am grateful for ali these but I mustconfess that I am hardly surprised by thishospitality because in a way, this is hometo us, the Brazilian and Nigerian heritage inthe.political, economicand cultural spheresare excellent testimonies of the great affini-ty between our two nations. Thegeopoliti-cal position of both countries on their res-pective continent, the substantial popula-tion each is endowed with and the fact thatwe both have the largest concentration ofblack peoples in the world make it impera-tive that our two countries must be movedby similar aspirations for economic andindeed cultural developments of our peo-ples. Happily the history of our bilateralrelations bear witness to the great effortmade by our two countries to the achieve-ment of these objectives.

In January 1979, Nigéria and Brazil forma-lised their coinmitment to the growth ofeconomic relation through the signing ofthe Agreement on Economic, Scientific andTechnical Co-operation. Sincethen,we haveentered into many other subsidiary agree-mets like the Air Service Agreement, theAgreement on Exchange of Notes on Co-

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operation in the field of Radio and Televi-sion, the ITF-SENAI Bilateral TechnicalCo-operation and of course the recent Tra-de Arrangements between our two coutries.Ali these, Your Excellencies are manifesta-tion of the mutual trust and love betweenNigéria and Brazil.

In view of the history of our bilateral rela-tions and recent development in the WorldEconomic Order, this second Nigeria-BrazilEco no mie Joint Commission is quite mo-mentous. My delegation is mandated toexplore with the Brazilian counterpartáreas of greater co-operation especially inthe fields of agriculture, Commerce andIndustry, Transport and Aviation, SportsCulture and Social Development.

I am sure Your Excellencies that the deii-berations of the Second Joint Commissionwill bring about concrete proposals andprogrammes in these other áreas to themutual benefit of our two great nations.Once more, Your Excellencies, acceptour gratitude for your hospitality up ti l lnow and our promise for a purposeful,sincere and produetive session of JointCommission deliberaiions.

Thank You.

DISCURSO DO CHANCELER OLAVO SETÚBALNA SOLENIDADE DE ASSINATURA DA ATAFINAL

Excelentíssimo Senhor,Chief Michael Adigun,Ministro do PlanejamentoFederal da Nigéria

da República

É com justa satisfação que vejo como essenosso primeiro encontro foi proveitoso pa-ra o encaminhamento dos assuntos de inte-resse comum.

Foram cordiais e profícuos os contatos efe-tuados pelas nossas duas delegações.

Brasil e Nigéria, uma vez mais, souberamconduzir seu relacionamento bilateral comespírito construtivo e amistoso. Estou certode que encontramos soluções capazes deviabilizar modalidades concretas de coope-ração Sul-Sul.

Senhor Ministro,

A ata que iremos assinar reflete o amplo es-copo dos interesses recíprocos que emba-sam nosso relacionamento. Tivemos, po-rém, a preocupação sadia de nos atermosaos limites do praticável. Canalizamos re-cursos que são escassos para projetos queconsideramos prioritários, e que, por sua di-mensão, podem ser executados conjunta-mente.

A crise internacional que nos aflige a todos,em especial ás nações do Hemisfério Sul,teve o condão de acentuar a solidariedadeentre os povos do Terceiro Mundo, e de su-blinhar a necessidade de unirmos esforçosem prol do bem estar dos nossos países.

Estou certo de que as decisões que acaba-mos de formalizar contribuirão para o apro-fundamento das relações entre o Brasil e aNigéria, e para o estreitamento dos laços deamizade e cooperação entre nossos povos.

Muito obrigado.

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olavo setúbal na comissãode relações exteriores da

câmara dos deputadosPronunciamento do Ministro de Estado das RelaçõesExteriores, Olavo Egydio Setúbal, na Comissão de RelaçõesExteriores da Câmara dos Deputados, em 15 de maio de 1985.

Senhor Presidente da Comissão de RelaçõesExteriores,Senhores Deputados,

Foi com satisfação, que atendi ao convite daComissão de Relações Exteriores da Câma-ra dos Deputados para um diálogo que de-sejo denso e profícuo. A essência democrá-tica da Nova República deve traduzir-senuma permanente disposição ao debateconstrutivo e mutuamente informativo en-tre as instituições que asseguram o equilí-brio do Poder nacional e a representativida-de política do regime.

Democrata por formação, sei o quanto a le-gitimidade e a eficiência de uma gestão noExecutivo estão vinculadas a um estreitorelacionamento com o Legislativo. Liberalpor convicção, sei o quanto um debate nes-ta Comissão, tradicionalmente conhecidapela qualidade intelectual e espírito públicodos seus integrantes, é decisivo para a fixa-ção de cursos'de ação realmente ajustadosà opinião nacional.

Ainda candidato, esteve neste recinto o Pre-sidente Tancredo Neves, para antecipar asdiretrizes da sua futura gestão na área ex-terna. Essas diretrizes permanecem válidas,

e constituirão uma fonte valiosa de inspira-ção para o Itamaraty. Honrar hoje o legadode Tancredo Neves é permanecer fiel aoBrasil com que ele sonhou: um espaço aber-to à participação popular em todos os ní-veis, à tolerância e à justiça social.

A continuidade do projeto político e socialda Aliança Democrática encontra-se agoradepositada nas mãos do Presidente JoséSarney. Sua ação firme e equilibrada, e suaexperiência de vida pública pautada por só-lida orientação ética, são garantias de queserá conduzido a bom termo o processobrasileiro de redemocratização. Pela via dodiálogo e da conciliação, estaremos segurosde superar os sérios obstáculos do momen-to e, com grandeza histórica, saberá o paísencontrar o seu destino de progresso polí-tico, económico e social.

Senhores Deputados,

Acredito na ação diplomática como umprocesso aberto e autêntico de mediaçãoentre os interesses n'acionais e as condicio-nantes do mundo exterior. O país que hojereencontra a Democracia e busca reorgani-zar-se sobre as bases do pluralismo e da jus-'tiça social não pode, assim, deixar de iden-

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tificar-se com padrões de conduta capazesde traduzir tais valores no convívio entre osEstados. O respeito â igualdade soberana

, das nações, o acatamento aos postulados daautodeterminação e da não-ingerência se-rão, portanto, princípios a guiarem umaação diplomática flexível e realista, tendosempre como finalidade primordial a prote-ção dos superiores interesses nacionais.

O Brasil é parte integrante do Ocidente,com quem compartilha concepções institu-cionais e culturais básicas. Exibe, ademais,afinidades étnicas, culturais e de circunstân-cia histórica com o mundo heterogênio denações irmãs da América Latina, África eÁsia. País em desenvolvimento com setoresavançados, mas que ainda padece de gravesinsuficiências económicas e sociais, deve elerefletir em sua diplomacia, com equilíbrio ecoerência, essas realidades discordantes. Si-lenciar sobre elas seria falsear o perfil realda nação. Representá-las em sua justa me-dida é a missão, nem sempre simples ou in-ço ntrovert ida, do Itamaraty.

Não nos convêm as escolhas parciais, exclu-dentes, que favoreçam este ou aquele seg-mento do horizonte-externo. O anseio bra-sileiro de convívio é universal, e o nosso es-pírito nacional inclina-se instintiva e inova-doramente para a conciliação, como ilustra-do de maneira eloquente pelos recentesacontecimentos políticos, de que foi centroe inspirador o inesquecível Presidente Tan-credo Neves.

A intimidade do relacionamento com ospaíses desenvolvidos não inibe nem dificul-ta nosso relacionamento com os países emdesenvolvimento. O interesse nacional, nosplanos político, económico, tecnológico ecultural estará melhor atendido pela opçãoque, sem conotação ideológica, nos abra to-dos os caminhos, sem fechar nenhum.

No pronunciamento que dirigiu á Nação,em 22 de abril passado, o Chefe do Gover-no definiu a retomada do desenvolvimentoe do nível de emprego como meta funda-

mental de ação no setor externo. O com-promisso básico da diplomacia brasileira, aorientar sua visão global e suas ações espe-cíficas será, portanto, a promoção do de-senvolvimento sócio-econômico do país.Praticaremos uma diplomacia flexível ecriativa visando resultados políticos, pelapreservação da soberania e da dignidade na-cional; resultados económicos, pela reivin-dicação de melhores condições nos sistemas

^reguladores do comércio e finanças, e pelageração de oportunidades para as exporta-ções brasileiras. O ponto de partida dessaDiplomacia para Resultados na segundametade da década de 80 será a explicitaçãode nossos interesses concretos no que se re-fere à retomada do crescimento e à reduçãode nossa vulnerabilidade externa nos cam-pos financeiro, tecnológico e comercial.

Não se afigura simples nem fácil a realiza-ção dessas tarefas nas condições reais do ce-nário mundial contemporâneo. De todas aspartes, verificamos com desalento a desa-gregação das estruturas internacionais deconvívio. Ao ordenamento de âmbito mun-dial idealizado no segundo pós-guerra e, emmeio a tantas vicissitudes, vigente até osnossos dias, ameaça suceder-se uma novaordem, fragmentária, compartimentalizadae excludente.

No plano político, o multipolarismo e a dé-tente, que ofereceram esperança ao mundopor breve lapso de tempo, cederam lugar aoretorno à confrontação. O tecido das rela-ções interestatais altera-se negativamentenesse clima. A percepção dos fatos interna-cionais e mesmo dos eventos domésticosem numerosos países, deformada pelo pris-ma da rebipolarização, converte-se emabsurda contabilização de ganhos e perdaspor parte das superpotências. Somando-se àestagnação dos entendimentos que vinhamocorrendo entre os Estados Unidos da A-mérica e a União Soviética sobre a limita-ção de armamentos estratégicose de médioalcance, estamos agora diante da perspecti-va de abertura de novo ciclo na corrida ar-mamentista, pela proposta de militarizaçãodo espaço.

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A proliferação de encontros de cúpula, dedecisões unilaterais em áreas a afetaremconjuntos de países, e de uso da força ar-mada para solução de diferendos, não po-dem deixar de preocupar a todos os paísesque, como o nosso, exercitam uma diplo-macia, fundada no direito como princípio ena negociação como método de ação. Oenfraquecimento da dimensão multilateralé grave sintoma de desagregação económicae política das relações internacionais.

A diplomacia parlamentar detém, para oBrasil, relevância histórica, desde que paranós foi ela o ponto inicial de participaçãona própria formação da ordem jurídicamundial. Defendemos, assim, a tradição devalorização do papel das Nações Unidas emtodos os planos, particularmente no terrenoda segurança internacional e do desarma-mento. É preciso ficar clara a responsabili-dade especial que detêm as potências nu-cleares, e o caráter prioritário que adqui-rem, nesse contexto, os entendimentos re-lativos ao desarmento nuclear.

Merecerão ênfase, na minha gestão, os tra-balhos conjuntos ora levados a efeito noâmbito do Tratado da Antártida e as nego-ciações que se realizam sobre o Direito doMar, em especial aquelas relacionadas àexploração económica dos recursos oceâ-nicos e dos fundos marinhos.

Em razão dos valores e vivências comparti-lhados nos planos da história, da etnia e dacultura, a América Latina constitui área deinteresse primordial para o Brasil. Voltadosque sempre fomos, neste Continente, parao exterior, atentos aos estímulos de todaordem emanados do grande pólo espiritualque foi e continua a ser a Europa, nós, lati-no-americanos, por longo tempo deixamosde olhar à nossa própria volta. O curso daintegração real da América Latina é aindaincipiente e, em muitos aspectos, superfi-cial. Devemos repensar com realismo aOEA, particularmente quanto aos seus ins-trumentos de superação de crises sócio-econômicas e à sua atuação como foro de

cooperação para o desenvolvimento. Nos-sos esforços deverão dirigir-se, igualmente,para o terreno das relações económicas, noâmbito da ALADI. Pretendemos, tambémparticipar ativamente dos trabalhos do Sis-tema Económico Latino-Americano (SE-LA), contribuindo para que ele desempenheplenamente o seu papel de foro regional denegociação de projetos de cooperação. Sãoprecisos mecanismos criativos para que osníveis de comércio, deprimidos nos últimosanos, não apenas recobrem seus valores an-teriores à crise da liquidez da região, comotambém alcancem novos patamares de vo-lume e valor.

Já me avistei, em Brasília, com autoridadesde algumas nações vizinhas. Nos encontrosmantidos com os chanceleres da Argentina;Uruguai e Paraguai, troquei ideias sobre oestado atual e o futuro das nossas relações.No próximo dia 20 visitarei Buenos Aires,para manter conversações visando â defini-ção mais precisa de metas para a coopera-ção bilateral nos próximos anos. Venezuelae México, parceiros de peso indiscutível eprotagonistas relevantes do cenário regionale mundial, bem como os vizinhos andinose amazônicos, serão objeto de esforços con-tinuados de aproximação.

O quadro atual da crise na América Centralrequer uma referência especial. As transfor-mações políticas e sociais ali ocorridas, co-mo reflexo inevitável da derrubada de regi-mes ditatoriais, não devem ser interpretadasde forma simplista, como mera instância lo-calizada de conflito entre as superpotên-cias. O uso da força e da intervenção arma-da não pode ser cogitada como opção viá-vel para a solução de problemas cujas raízesestão plantadas na história de cada país. Es-ses problemas devem ser equacionados emseus respectivos contextos nacionais, seminterferências, e a solução de suas implica-ções internacionais deve ser encaminhadapela mediação de países com presença e in-teresses efetivos ha região. Por essa razãoapoia o Brasil o esforços de pacificação em-preendidos pelo grupo de Contadora.

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Essa posição foi reafirmada na semana pas-sada, depois que o Governo norte-america-no anunciou a imposição de sanções eco-nqmicas unilaterais contra a Nicarágua. Emnota oficial emitida sobre o assunto, o Go-verno brasileiro declarou não apoiar a ado-ção de medidas do tipo divulgado, nemoutras ações capazes de inserir a crise cen-tro-americana no contexto da confronta-ção Leste-Oeste.

Suscitado o problema no âmbito do Conse-lho de Segurança das Nações Unidas, o Bra-sil interveio também naquele foro, para de-plorar a utilização de medidas económicasunilaterais, por nós vistas como incompatí-veis com a carta da ONU, com o GATT ecom a Carta da OEA. Apelamos, ademais, aque as partes envolvidas se abstenham dequaisquer atos que venham a pôr em riscoas perspectivas de entendimento.

Nação pacífica e voltada para a tarefa prio-ritária da promoção sócio-econômica da suagente, procura o Brasil manter relações comtodos os países, sobre a base da não-inge-rência e do respeito mútuo. Dentro dessaótica, desejo informar o Poder Legislativo,por intermédio da sua Comissão de Rela-ções Exteriores, de que determinei a reali-zação de estudos sobre a questão do reata-mento das relações diplomáticas com Cuba.Analisaremos todos os aspectos dessa medi-da, em particular suas eventuais implicaçõessobre a segurança nacional. Nessa providên-cia, pesou em devida medida e indicação,aprovada por esta Comissão, em favor daaproximação com aquele país caribenho.

O relacionamento bilateral com os EstadosUnidos, baseado em vínculos históricos dedenso conteúdo, orienta-se na direção deum diálogo aberto e maduro. Duas grandesdemocracias não podem temer a franqueza,nem pressupor, de parte a parte, a aquies-cência sistemática. É preciso aprofundar astelações com os Estados Unidos e discutiras iniciativas conjuntas em curso, bem co-mo novas modalidades de cooperação. Paratanto, pretendo ir a Washington, em junho,

para abrir o diálogo político da Nova Repú-blica com a administração norte-americana.Meu desejo é debater os principais tópicosda pauta de assuntos bilaterais, certo deque os problemas comuns devem ser admi-nistrados com a consciência de que não re-presentam sintomas de incompatibilidades,mas sim evidências de uma relação que em-penha em grau sensível setores produtivosdas duas partes. As diferenças estruturaisentre as economias brasileira e norte-ame-ricana levam, necessariamente, a perspecti-vas distintas da realidade económica global,e das motivações de cada parte. Cumprirá,portanto, continuar o trabalho diligente deesclarecimento recíproco e de encaminha-mento das divergências pela via do entendi-mento mutuamente satisfatório.

Com a Europa Ocidental temos uma tradi-ção de contatosque transcende o plano po-lítico-diplomático. Dela recebemos o patri-mónio humanístico, os ideais políticos e asconcepções institucionais que fundamenta-ram a nacionalidade brasileira. Por isso, osvínculos com os países da região recebe-rão cuidadosa atenção, especialmente quan-to ao relacionamento com a ComunidadeEconómica Europeia. Em 1984, obtivemosnaquele mercado o segundo maior saldo danossa balança comercial. Desejamos expan-dir as trocas com a CEE, mas causa-nosapreensão a persistência de uma políticacomunitária protecionista no setor agrícola,e no tocante a produtos manufaturados degrande importância para a pauta brasileirade exportação. Avaliamos, no momento, asrepercussões do ingresso da Espanha e Por-tugal na Comunidade, na expectativa deque esse fato não venha a agravar as condi-ções de acesso das nossas mercadorias nomercado europeu.

As relações com os países da Europa Orien-tal, desenvolvidas de forma discreta, combase nos princípios da não-ingerência, dorespeito múto e do benefício recíproco,oferecem espaço para expansão no terre-no econômico-comercial, e para um conta-to mais maduro e isento no plano político-

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diplomático. A presença da União Soviéticano cenário mundial, como superpotência,deve ser reconhecida por parte do Brasil. Émeu desejo avaliar todos os aspectos do in-teresse nacional, nos planos político e eco-nómico, que possam beneficiar-se de umaampliação das freptes de diálogo com a no-va administração soviética. Dispomos naCO LESTE de um mecanismo institucionalde contato com os países socialistas da Eu-ropa Oriental que constitui fórmula de ori-ginalidade e eficácia reconhecidas, comoveículo de negociação económica compaíses de economia centralmente planifica-da, e buscaremos dinamizar seus trabalhosno sentido de ampliar as trocas com o Les-te europeu.

Pela sua posição estratégica e pela importân-cia como fonterde suprimento energético, oOriente Médio" constitui palco de conflitoslocalizados que se convertem em manifesta-ções da confrontação Leste-Oeste. Acom-panhamos com apreensão o desenrolar dascrises naquela região, especialmente á-guer-ra Irã-lraque, cujo encaminhamento, a nos-so ver, deve ser feito pela via da negociação.A questão palestina, entre todas, subsistecomo a mais profunda e de consequênciasmais amplas. Sustentamos que o povo pa-lestino deve ter reconhecido o direito a re-tornar ao seu território, e ali viver em con-dições de independência, segurança e auto-determinação. Negociações devem ser man-tidas, com a participação da Organização deLibertação da Palestina, que representa le-gitimamente o povo palestino, com vistasao encaminhamento de uma solução que as-segure o direito de todos os Estados da re-gião, inclusive Israel, a existirem em paz,dentro de fronteiras reconhecidas.

No noroeste da África, o processo de eman-cipação da antiga colónia espanhola do Sa-ara Ocidental persiste, após dez anos de lu-ta entre a Frente Polisário e o Reino doMarrocos. Consideramos a questão comoparte integrante de um processo de descolo-nização não concluído. Reconhecemos aFrente Polisário como representante do po-

vo Saaraui, e temos nos manifestado a fa-vor do princípio da autodeterminação e in-dependência, a ser implementado de formapacífica e negociada. As posições assumidaspelo Brasil no debate internacional sobre oSaara Ocidental inscrevem-se numa linhaconsensual de respeito às normas do DireitoInternacional, e de preservação das boas etradicionais relações com todos os paísesenvolvidos no conflito.

O adensamento e diversificação da coopera-ção com o Japão, e o reconhecimento daRepública Popular da China em 1975, so-mados à nossa disposição de estreitar os la-ços de amizade e comércio com a índia, osmembros da Associação de Nações do Su-deste Asiático (ASEAN) e outros países daárea, conferem â Ásia posição ascendenteno horizonte externo brasileiro. A tendên-cia à aproximação com esses distantes par-ceiros, decorrência da universalização na-tural da presença brasileira, é acentuadapela convicção de que a Ásia e a Oceaniaconstituirão um foco de desenvolvimentomaterial no planeta durante os próximosdecénios. Será necessário dar atenção espe-cial aos esforços de aperfeiçoamento dasrelações com o Japão e a República Popularda China, e identificar oportunidades con-cretas de colaboração com os demais paísesda Ásia e Oceania. Emprestaremos, ade-mais, nosso apoio ás iniciativas internacio-nais de pacificação de conflitos localizadosno continente asiático. No Afeganistão eno Campuchéia o princípio da autodeter-minação, ferido de maneira frontal, deveser restaurado de forma inequívoca.

Nossas relações com a África também de-correm de importantes afinidades étnicas,culturais e de identidade histórica, que nos li-gam de maneira abrangente aos países dohemisfério Sul. São sólidos'os laços a nosaproximarem de numerosas nações africa-nas, tanto no plano económico quanto nopolítico. Com os países lusófonos, afinida-des maiores têm contribuído para tornarmais denso o relacionamento, instituciona-lizado através de diversos acordos e reu-niões periódicas. Com esses e com outros

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dívida, e não do objetivo nacional básico,que é o desenvolvimento económico e so-cial.i

No que se refere à questão da dívida, nocontexto da América Latina, onde se con-centra grande parte do endividamento ex-terno, onze países constituíram o chamadoGrupo de Cartagena.

O Consenso de Cartagena, que tem no Bra-sil um de seus mais ativos participantes,tem procurado insistentemente chamar aatenção dos países credores para o fato deque o problema da dívida externa está lon-ge de ser resolvido.

A esse respeito, é digna de registro a de-cisão dos países integrantes do Consensode Cartagena de fazer chegar, aos Chefes deGoverno participantes da Reunião de Cúpu-la de Bonn, importante mensagem em quese explicou a urgência de um enfoque inte-gral para o problema da dívida, que o co-loque no contexto da necessária reformula-ção dos sistemas financeiro e comercial in-ternacionais, portanto dentro de um diálo-go político sobre a matéria. Trata-se, pois,de mais um esforço para demonstrar a di-mensão política de negociações que, emúltima análise, condicionam o crescimentoeconómico dos países endividados, e a pos-sibilidade de pagamento dos débitos, semgerar situações que impliquem recessão, de-semprego e consequente tensão social.

Lamentavelmente, os principais países de-senvolvidos, a julgar pela Declaração ado-tada em Bonn, ainda não se deram conta deque o diálogo político proposto pelo Gru-po de Cartagena é mutuamente proveitoso,como forma de prevenir a tempo uma situa-ção de maior dramaticidade, que traria gra-ves repercussões para todos, credores e de-vedores.

Verificamos que o comércio internacionalregido pelas normas do GATT representa,atualmente, algo em torno de 4/5 do totalglobal. Ele é seis vezes maior, em valor real,

do que no pós-guerra. O período que me-deia entre 1945 e 1973, espaço de umageração, registra o maior surto de expansãoeconómica da história da Humanidade. Es-sa expansão, em boa medida, pode sercreditada ao funcionamento das regras domultilateralismo nos sistemas internacionaisde comércio e de pagamentos.

O General Agreement on Tariffs and Trade,idealizado e negociado pelas nações ricas,teve como objetivo primordial ordenar edisciplinar os conflitos que existiam entreelas no período de entre-guerra. Fundamen-tava-se na igualdade das Partes Contratan-tes, na reciprocidade das concessões e naobservância automática da cláusula de na-ção mais favorecida entre todos os mem-bros.

O Brasil aderiu ao Acordo em uma épocaem que sua participação no comércio in-ternacional se resumia à exportação de pou-cos produtos tropicais, como café, cacaue açúcar. A igualdade jurídico-formal entreas Partes Contratantes, aceita por nós nomomento da adesão, não levava na devidaconta as diferenças de realidade económicaexistentes entre os.participantes, nem cria-va, para os países em desenvolvimento, umaproteção comercial especial, isenta de reci-procidade para com os membros desenvol-vidos. Tal salvaguarda era — e continuasendo — essencial aos países em desenvol-vimento de economia não madura queainda não têm condições de colocar, emtermos de competição aberta, seus produ-tos manufaturados no mercado mundial.

Preocupa-nos sobremaneira o incrementodo protecionismo dos países desenvolvidos,precisamente os que apresentam maiorescondições de absorção das exportações dospaíses em desenvolvimento. Entendemos oprotecionismo como uma re,cusa, por partedos países industrializados, a proceder areajustes estruturais importantes, aceitandouma divisão internacional do trabalho maisequitativa, que permita aos países em de-senvolvimento explorar novas vantagens

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comparativas. Nesse sentido, é preciso queos países ricos aceitem o princípio de quedesenvolvimento implica ruptura com pa-drões tradicionais de intercâmbio; em ou-tras palavras, desenvolvimento significa,também, criação de vantagens comparati-vas.

Preocupa-nos igualmente o crescente recur-so ao bilateralismo no plano comercial.

Neste momento, o governo dos EstadosUnidos exerce pressões sobre as Partes Con-tratantes do GATT, para que se realize no-va rodada negociadora visando a liberaliza-ção do comércio internacional, e a am-pliação do escopo do Acordo Geral às ques-tões relacionadas a serviços e investimentos.Fortes pressões estão sendo exercidas, ad-mitindo as autoridades norte-americanasaté mesmo abandonar o sistema multilate-ral de trocas, hoje corporificado no GATT,para encaminhar-se rumo a uma políticade acordos bilaterais com aqueles parceirosque eles considerem mais próximos do seupróprio modo de agir e entender. Já se vis-lumbra, entre os países desenvolvidos, con-senso quanto à ideia de realização de taisnegociações, embora ainda não estejam cla-ros a data de seu início, nem tampouco seuconteúdo.

Esse desdobramento representa um desafiode extrema importância para a política ex-terna brasileira. Encontramo-nos em faseainda intermediária de industrialização, enecessitamos assegurar condições para a ex-pansão e maturação plena do ciclo de cres-cimento que atravessamos.

Os países industrializados, em especial osEstados Unidos, encontram-se naquela fasede crescimento hoje denominada pós-indus-trial, baseada em serviços e na produção debens de alta tecnologia. Por isso, é naturalque tenham interesses diferentes e confli-tantes com os nossos.

É digna de registro a falta de consenso, porocasião da recente Reunião de Cúpula,

quanto a uma data precisa para o início deuma nova rodada de negociações comer-ciais, pois ela revela que permanece não re-solvida mesmo entre os países ricos umaquestão que se afigura fundamental para oBrasil e os demais países em desenvolvi-mento: a vinculação entre o encaminha-mento dos problemas comerciais e dasquestões financeiras.

O Brasil não é contrário a qualquer iniciati-va que vise a uma efetiva liberalização docomércio e que lhe permite concretamen-te ampliar sua participação relativa nas tro-cas internacionais. Considera, não obstante,que certas pré-condições devem ser preen-chidas, por parte dos países ricos, antes queos países em desenvolvimento possam con-siderar a hipótese de participação em umanova rodada comercial. Assim, os paísesdesenvolvidos devem cumprir o compromis-so formalmente adotado por ocasião daReunião Ministerial do GATT de novembrode 1982, no sentido de não-adoção de no-vas barreiras e do desmantelamento das in-consistentes com os princípios do GATT.Devem, por outro lado, reconhecer a neces-sidade de tratamento diferenciado e maisfavorável para os países em desenvolvimen-to em matéria comercial.

Coerentes com nossa posição, procurare-mos, assim, em coordenação com os demaispaíses em desenvolvimento, obter melhorescondições institucionais para a colocaçãodos nossos produtos no mercado mundial.Buscaremqs igualmente, em todos os foros,trabalhar no sentido de que os temas de na-tureza comercial sejam considerados emvinculação com os financeiros. Manteremosfirme oposição a que se incluam novos te-mas, tais como serviçose investimentos, noâmbito do GATT.

Dentro do contexto que acabamos de ex-por, a diplomacia brasileira, no que diz res-peito á política económica externa, daráprimazia a duas vertentes principais: à co-mercial, nos foros mu ItMatérias, e em'espe-cial no GATT, procurando assegurar a de-

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a visita do chancelerbrasileiro à argentina

Comunicado de imprensa Brasil—Argentina, divulgado erpBuenos Aires, em 21 de maio de 1985, por ocasião do términoda visita do Ministro de Estado das Relações Exteriores, OlavoEgydio Setúbal, àquele País.

Atendendo a convite do Governo argenti-no, o Ministro das Relações Exteriores,Olavo Egydio Setúbal, nos dias 20 e 21 demaio, realizou visita de trabalho à Repúbli-ca Argentina.

Durante sua estada na Argentina, o Chan-celer brasileiro foi recebido pelo SenhorPresidente da Nação, Dr. Raul Alfonsín,' eefetuou visitas de cortesia ao Vice-Presiden-te e Presidente da Câmara de Senadores,Victor Martinez, e ao Presidente em exercí-cício da Câmara dos deputados, Oscar Fap-piano.

Nas reuniões de trabalho mantidas pelosChanceleres, as conversações transcorreramem clima de fraterna cordialidade e de fran-queza. Nessas oportunidades, foram exami-nadas, com ampla coincidência de pontosde vista, os principais assuntos regionais emuItilaterais, no campo político, comerciale financeiro, bem como os temas bilateraisde maior urgência e prioridade de interessedois dois países.

Com respeito ao tema da dívida externa,concordaram quanto à gravidade do proble-

ma para os dois países e quanto á necessida-de de continuar os esforços que se realizamdentro da linha do Consenso de Cartagena.

Particular atenção foi dedicada à questãodo intercâmbio comercial bilateral, regis-trando-se a vontade política comum, deassegurar que o comércio entre os doispaíses se realize em bases mais equilibradas.

Ainda sobre esse tema, concordaram quan-to à necessidade de aumentar o fluxo docomércio bilateral, assim como de promo-ver uma maior complementação industriale de empreender novos projetos de coope-ração económica e tecnológica.

A visita evidenciou o especial interesse queambos os Governos atribuem às relações bi-laterais e sua decidida vontade de fortalecê-las e ampliá-las em todos os campos.

O Ministro Olavo Egydio Setúbal convidouseu colega Dante Caputo a visitar o Brasil.O convite foi aceito devendo a data ser f i -xada oportunamente.

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embaixador da república popularda china recebe a ordem

nacional do cruzeiro do sulDiscursos do Ministro de Estado das Relações Exteriores, OlavoSetúbal, e do Embaixador da República Popular da China noBrasil, Xu Zhongfu, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, em22 de maio de 1985, por ocasião da solenidade em que orepresentante do Governo chinês recebeu do Chancelerbrasileiro as insígnias da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.

CHANCELER BRASILEIRO

Senhor Embaixador,

Vossa Excelência prepara-se para nos dei-xar, após mais de três anos de devotamentoà causa das boas relações diplomáticas entrenossos dois países.

Em sua carreira diplomática, Vossa Exce-lência tem um histórico de dedicação às re-lações da China com os países do Continen-te americano. Foi possivelmente este acervode conhecimento sobre a América que lhepermitiu a realização de um trabalho tãoprofícuo.

Durante os três últimos anos, os vínculosentre o Brasil e a China se intensificaramnotavelmente, baseados no cumprimento,por ambas as Partes, da letra e do espíritodo Comunicado Conjunto de 15 de agostode 1974, que marca o início do relaciona-mento entre os Governos de Brasília ePequim.

Senhor Embaixador,

Esta é uma oportunidade não só para des-pedidas, mas também para uma avaliação.

Apenas para me restringir ao período emque Vossa Excelência chefiou a Embaixadachinesa em Brasília, cabe mencionar que ointercâmbio comercial passou de US$ 404milhões, em 1982, para US$ 818 milhões,em 1984. As exportações brasileiras, hojeamplamente diversificadas, englobam des-de madeiras até produtos siderúrgicos. AChina, por sua vez, tornou-se significativoexportador de petróleo para o Brasil e pros-segue seus esforços para expandir e diversi-ficar seu comércio com nosso país. A Chinaé hoje o nosso décimo-quinto parceirocomercial. O Brasil é o terceiro parceiro co-mercial da China no Terceiro Mundo.

Por essencial que seja, não foi apenas o co-mércio que passou por acentuada expansão.A cooperação científica e.técnológica aden-sou-se em ritmo acelerado.

Comércio e cooperação científ ico-tecnoló-gica completam-se e permitem o rápidoavanço material-do relacionamento bilate-ral. Mas o sustentáculo essencial de todo oprocesso tem sido o nascente diálogo polí-

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tico, o empenho em destacar, para além dasdiferenças dos respectivos regimes sócio-econômicos, e com base no respeito pelasopções de cada parte, as áreas de conver-gência, as visões complementares, e emmuitos casos coincidentes, quanto aos gran-des problemas que marcam a cena interna-cional, em suas dimensões económica e po-lítica.

As visitas em níveis ministerial e de Chefede Governo, realizadas nos últimos anos,constituem marcos significativos deste am-plo processo, no qual continuamos empe-nhados. Tenho manifestado a relevânciaque atribuirá a minha gestão às relaçõescom a República Popular da China, em par-ticular, e à Ásia em geral.

Ac deixar Brasília, Senhor Embaixador,Vossa Excelência pode estar seguro de queo Governo brasileiro muito apreciou a pro-fícua atitude que a Embaixada chinesa de-senvolveu, sob sua orientação, com vistas afortalecer, em múltiplos níveis, os vínculosque ligam nossos Governos e nossos povos.

Foi durante o período em que Vossa Ex-celência esteve â frente da representaçãodo seu país que se firmaram ou entraramem vigor importantes instrumentos jurídi-cos a nortearem nossas relações, como oAcordo de Cooperação Cienfífica e Tecno-lógica, o Acordo Nuclear, o Acordo para oestabelecimento do Consulado chinês emSão Paulo e brasileiro em Xangai, o Acordopara a troca de adidos em nossas Embaixa-das, os Ajustes complementares sobre ciên-cia e tecnologia e o Protocolo adicional aoAcordo de Comércio.

Esses atos elevaram sobremaneira o níveldo nosso relacionamento, e oferecem hojeampla base legal para o estreitamento dasrelações económicas, comerciais e de co-operação científica entre o Brasil e a China.

Senhor Embaixador,

Peço que aceite, juntamente com a Senho-

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ra Xu Zhongfu, os melhores votos de fe-licidade pessoal e de êxito em suas novasfunções.

Em reconhecimento pelos relevantes servi-ços prestados em favor das relações cadavez mais proveitosas entre o Brasil e a Re-pública Popular da China, o Senhor Presi-dente da República houve por bem agraciarVossa Excelência com a Grã-Cruz da Or-dem Nacional do Cruzeiro do Sul, comcujas insígnias tenho a honra de conde-corá-lo.

Muito obrigado.

EMBAIXADOR CHINÊS

Excelentíssimos Senhor Ministro eSenhora,Senhoras e Senhores,

Em primeiro lugar, gostaria de manifestar omeu profundo sentimento de gratidão pelaCondecoração que o Presidente da Repúbli-ca me agracia, e pelas palavras de calor eamizade proferidas por sua excelência, osenhor ministro. A Condecoração Grã-Cruzda Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul de-monstra a amizade que o governo e o povobrasileiro têm para com o meu governo e omeu povo, é também uma grande honra pa-ra mim próprio. É com grande prazer queme reuno aqui com o senhor ministro e osamigos presentes no momento próximo dedeixar vossa terra formosa.

As relações entre China e Brasil, paísesigualmente devotados à paz e voltados paraa construção interna, têm sido excelentes,sem qualquer conflito e problema, o queconstitui motivo de alegria para os povosdos dois países. Ao longo de mais de dezanos de estabelecimento das relações diplo-máticas entre os dois países, alcançou esti-mulantes resultados a cooperação nos cam-pos político, económico, científico e tecno-lógico e cultural. Especialmente nos últi-

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mos dois anos, os contatos diretos entrealtos dirigentes dos dois países e as trocasde visita de diversas missões contribui rampara o aumento constante de confiança eentendimento mútuos. As relações de ami-zade e cooperação sino-brasileiras estão sedesenvolvendo de forma rápida e saudável.O intercâmbio comercial bilateral, em rá-pido crescimento de ano em ano, poderáatingir o nível de 1,2 bilhões em este ano;a cooperação científica e tecnológica se in-tensifica cada vez mais, e como um fatorativo dá sua contribuição para promovero intercâmbio bilateral da área e para forçara cooperação Sul-Sul; com a aproximaçãoe contatos do pessoal do campo cultural,especialmente com a transmição da teleno-vela brasjleira "Escrava Isaura" na China,o intercâmbio cultural já deu passos satisfa-tórios. ^Hoje em dia, China e Brasil deixa-ram de ser países distantes e desconhecidose se tornam amigos de maior harmonia eimportantes parceiros comerciais. Como em-baixador da República Popular da China noBrasil, sou testemunha do constante desen-volvimento dos laços amistosos entre Chinae Brasil, e me sinto extremamente honradode poder servir a incrementação e estreita-mento da amizade e cooperação sino-brasi-leiras. Estamos firmemente convencidos deque no futuro, as relações de amizade e co-operação entre os nossos dois países, as-sentadas em base de igualdade e benefíciomútuo se expandirão tanto em termos deprofundidade como de amplitude, dandonovas contribuições para o fortalecimentoda unidade do Terceiro Mundo e para apromoção da cooperação Sul-Sul. Da minhaparte, continuarei os meus esforços para odesenvolvimento ainda maior das relações

de amizade e cooperação entre China eBrasil.

Excelentíssimo Senhor Ministro e Senhora,Senhoras e senhores,

É com muita satisfação que minha mulher eeu passamos três anos no vosso país lindo.Tanto em Brasília como em outras cidades,verificamos de perto a construção dinâmicado Brasil, ficamos impressionados com aconvivência harmoniosa entre diferentes ra-ças brasileiras, com a típica cultura e civili-zação do seu país e com a generosidade dopovo brasileiro. Nesta ocasião, gostaria delembrar especialmente o grande pioneirodo processo democrático do Brasil, dirigen-te respeitado pelo povo brasileiro, o presi-dente Tancredo Neves, prestando a minhahomenagem ao fundador da Nova Repú-blica. Tenho a plena confiança de que oGoverno e povo brasileiros, unidos e diri-gidos pelo presidente José Sarney, saberãoenfrentar e superar as dificuldades, a fimde levar a efeito o legado do presidenteTancredo Neves e transformar seu país emum Estado com maiores êxitos.

Desejo finalmente aproveitar esta oportu-nidade para agradecer as colaborações e aju-das que a mim foram dadas pelo Governobrasileiro, pelo Itamaraty e por outros se-tores durante a minha gestão aqui em Bra-sília. Gostaria de fazer votos de mu ita pros-peridade e felicidade para o Brasil eo povobrasileiro, , e de um constante desenvolvi-mento das relações de amizade e coopera-ção entre China e Brasil.

Muito obrigado

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itamaraty comemorao dia do diplomata

Discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores, OlavoSetúbal, em 23 de maio de 1985, no Palácio do Itamaraty, emBrasília, por ocasião da solenidade comemorativa do Dia doDiplomata, que contou com a presença do Presidente JoséSarney.

Excelentíssimo Senhor Presidente da Repú-blica,Minhas Senhoras,Meus Senhores,Jovens Formandos,

Muito nos honra Vossa Excelência com suapresença no dia de hoje. Já se tornou-umaexpressiva tradição, na história desta Casa,a prática de vir o chefe da Nação presidir acerimónia em que se reverencia, anualmen-te, o patrono da nossa diplomacia. E é tam-bém nesta data que, dentro do espírito deeficiência profissional e maturidade políti-ca legado pelo Barão do Rio-Branco, sãoacolhidos os diplomatas recém-formados, eque agora iniciam suas carreiras.

Senhor Presidente,

A vinda de Vossa Excelência ao Itamaratycerca-se, este ano, de circunstâncias excep-cionais. De um lado não há como se ocultara tristeza de cada um de nós pelo destinodo Presidente Tancredo Neves — a quemjamais deixaremos de admirar e homena-gear por seus esforços em prol da constru-ção de uma ordem aberta, justa e legítima.De outro lado, subjacente à ampla como-ção nacional, as instituições públicas estão

a exibir uma vitalidade reveladora do nívelde desenvolvimento político atingido pelasociedade brasileira.

Vossa Excelência, Senhor Presidente JoséSarney, expressa a aliança de vontades quenos permitirá "encontrar, através do res-peito mútuo e do diálogo responsável, ograu de consenso necessário à solução dosconflitos de interesses" — conforme as pala-vras escritas pelo Presidente Tancredo Ne-ves para sua primeira Reunião Ministerial.

Meus caros formados,

Os jovens diplomatas da turma de 1985têm, ao contrário de seus antecessores dosúltimos dezesseis anos, uma característicaímpar: a de serem recebidos por um Minis-tro que não pertence aos quadros da carrei-ra. Este cruzar de destinos, em momentotão dramático da nossa História, não podedeixar de instigar-nos à reflexão. São de to-dos conhecidos os valores permanentes queorientam a ação do Itamaraty. Esta Casadestaca-se por sua capacidade de ajustar-seàs exigências sucessivas da evolução nacio-nal, e de colocar-se mesmo, não poucasvezes, como fator de progresso político esocial.

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Desde minha posse, venho dedicando o me-lhor de meus esforços para consolidar aindamais esta aliança entre a chancelaria e a so-ciedade cujos anseios e aspirações ela ex-pressa. Como homem de raízes plantadasna atividade político-partidária e na livreempresa, pretendo fazer de minha gestãouma ponte através da qual possam transitare convergir, entre os diferentes segmentossociais e esta instituição, a maior soma pos-sível de estímulos mutuamente vivificantes.Muito terei a ouvir, no convívio diário coma Casa de Rio-Branco, e igualmente muitodesejo poder transmitir daquilo que estimoportar como homem representativo do meutempo e da minha gente. Desta forma, es-tou certo de que estaremos todos contri-buindo para que se mantenha em contínuoprocesso de aperfeiçoamento a Chancelariabrasileira.

Transição e evolução, bem como tradição emodernização, constituem, em vários pla-nos, conceitos chaves do momento histó-rico que vivemos. Em meu discurso de pos-se tive ocasião de lembrar que me conside-ro um elo a mais na cadeia de interpreta-ções consecutivas que têm, ao longo dotempo, ajustado o legado de Rio Branco àdinâmica do interesse nacional e às pressõessempre cambiantes do quadro mundial. En-fatizei, também, a necessidade de uma ati-tude criativa na contínua adequação denosso património diplomático ás contingên-cias da história.

A política externa brasileira deve apresen-tar-se unívoca, em métodos e critérios éti-cos e políticos, com as práticas internas ecom o estilo próprio da Nova República.Ao iniciar minha gestão, convocado peloeminente Presidente Tancredo Neves, fuipor ele orientado a pautar a política exte-rior segundo os objetivos liberalizardes doGoverno que se instalava. Nosso desejocomum é que possamos advogar, nos forosinternacionais, o que realmente praticamosno plano nacional.

Esse postulado tem conotações simultâneas

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de mudança e continuidade. Mudança, peloânimo de assentar conceitualmente a açãoexterna sobre a base renovada de institui-ções fundadas na democracia representati-va, no Estado de direito e na justiça social.Continuidade, por outro lado, pois a pró-pria história moderna da diplomacia brasi-leira revela-a em busca permanente de umaordem internacional também assente empreceitos legais que assegurem o convívioharmonioso entre as Nações, e resguardemos direitos das mais fracas face às mais for-tes.

A defesa desses direitos jamais deve ser con-temporizada, pois os conflitos de interessetêm sido a característica maior na disputapelo produto mundial. Ora condicionadospor fatores essencialmente económicos, oradeterminados por fatores basicamente po-líticos, ora resultantes de entrechoques cul-turais, esses conflitos são fenómenos reais.

Em um contexto de entrechoque crescentede poder e de monopólio da capacidade des-trutiva, o Brasil deve inspirar sua doutrinaexterna em critérios éticos e na força per-suasiva do Direito e da negociação. Da de-fesa da igualdade soberana entre as Naçõesà adesão á causa da autodeterminação dospovos e da não ingerência, e daí à reivindi-cação de uma nova ordem económica inter-nacional, divisa-se um nítido fio condutor.É esta tradição, tantas vezes renovada, queserá mantida em minha gestão.

Praticaremos uma diplomacia ciosa de suaorigem democrática, e preocupada em pro-jetar no plano externo as aspirações de umacidadania em processo de restauração. De-verá ser ela também comprometida comcritérios modernos de racionalidade e fun-cionalidade, e calibrada para produzir resul-tados em diapasão com as expectativas dacoletividade. Daí a fundamental importân-cia da participação do Congresso Nacional,das forças empresariais e das entidades sin-dicais no grande debate sobre os rumos dadiplomacia brasileira. Tenho eu mesmo bus-cado, com dedicação de parcela substancial

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da minha agenda de trabalho, estreitar oscontatos diretos com representantes de va-riados setores da comunidade, a f im de ou-vi-los acerca das opções que se abrem à nos-sa atuação além-fronteiras.

Meus caros Formandos,

Desafiador é o cenário com que se defrontaa diplomacia brasileira nas proximidades doterceiro milénio. A integração acelerada dopaís no mercado mundial de bens, serviçose capitais, a mundialização dos seus interes-ses — ainda que ténue em algumas direções— acarreta como consequência natural umempenho crescente face ao horizonte ex-terno. Partilhando as esperanças de paz ecrescimento material que se seguiram à IIGuerra Mundial, uniu-se o Brasil, com entu-siasmo, aos esforços de ordenamento e lega-lização das relações internacionais, tanto noplano político quanto no económico.

Hoje, presenciamos com apreensão a'desa-gregação do grande organismo então cons-tituído. Às expectativas da détente suce-deu-se a realidade crua de uma rebipolariza-çao que artificializa o sistema de relaçõesentre todos os países, submetendo-o á de-formação brutal do jogo do poder entre assuperpotências. A acumulação de arsenaisde destruição e a conceituação do planetacomo um palco para o holocausto feremdramaticamente nossos sentimentos éticosde paz e justiça, e contrariam as aspiraçõesfundamentais de progresso que animam aHumanidade como um todo. A diminuiçãodo espaço da decisão partilhada, muItilate-ral, e sua substituição pelo poder dos dire-tórios excludentes não pode convir às na-ções ainda em processo evolutivo, como anossa.

A diplomacia parlamentar detém para oBrasil importância histórica, que se tem re-novado ao longo das vicissitudes enfrenta-das pela comunidade internacional. Impõe-se que continuemos a valorizar aquelesforos onde se busca a afirmação e manuten-

ção dos princípios basilares do Direito In-ternacional, e onde o convívio entre as na-ções é encarado como uma promessa per-manente de cooperação e entendimento.

No plano das relações económicas interna-cionais, observa-se em nossos dias um fenó-meno paralelo de obsolescência do sistemade Bretton Woods e da sua substituição porprocedimentos de exceção, que tendem aestrangular os fluxos de intercâmbio e a en-rijecer a ordem mundial. Os efeitos práticosdesse processo têm sido, como todos sa-bem, nefastos para as nações em desenvolvi-mento, comprometendo-lhes as oportunida-des de crescimento e modernização.

No ,pronunciamento dirigido á Nação, nodia 22 de abril, Vossa Excelência definiu aretomada do desenvolvimento e do nível deemprego como meta fundamental de açãono setor externo. Atento a essa diretriz, oItamaraty prosseguirá em seus esforços emprol do estabelecimento de uma nova or-dem económica internacional que melhoratenda às necessidades dos países em desen-volvimento. Não se perdará de vista, ade-mais, a atividade mais imediata de promo-ção de exportações e conquista de novosmercados para as exportações brasileiras.Para tanto mobilizarei a experiência negoci-adora desta Casa, e o valioso repertório deinformações por ela acumulado na área docomércio internacional.

A busca de ampla margem de consenso emtorno da necessidade de mudanças nas re-gras do jogo nas relações económicas inter-nacionais está longe de ser mero exercíciode retória. Ela corresponde à própria diver-sificação ocorrida em nossas estruturas só-cio-econômicas. Nas últimas décadas, deixa-mos para trás a condição de simples paísexportador de alguns poucos produtos tro-picais, para, através de esforço perseverantede diversificação, atingirmos o estágio deexportador competitivo de ampla gama deprodutos manufaturados.

Temos plena consciência da magnitude dodesafio que enfrentamos. Embora se notem

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indícios significativos de recuperação daatividade económica nos países centrais, anatureza da crise que atravessamos não au-toriza concluir que tal melhoria implique aretomada'automática de crescimento dasnações em desenvolvimento. O Brasil se vêdiante de uma conjuntura externa das maisdesfavoráveis. As altas taxas de juros, queelevam continuamente o já pesado fardo doserviço da dívida externa, somam-se à in-tensificação do protecionismo comercialnos países ricos, que inibe o crescimentodas nossas exportações.

Não é este o momento para aprofundar-meno exame do vínculo evidente que,existeentre o encaminhamento dos problemas aenfrentar na área financeira e das questõesno campo comercial. O pagamento de nos-sos compromissos em matéria de dívida ex-terna pressupõe a manutenção de significa- .tivos saldos comerciais. É hora de nossosparceiros desenvolvidos compreenderemque o recurso a mecanismos sempre reno-vados de proteção a setores com decrescen-te competitividade coloca em questão aprópria viabilidade da estratégia por elesmesmos preconizada para lidar com o pro-blema da dívida.

O encaminhamento das questões financei-ra e comercial deve ser processado a partirda perspectiva de uma retomada do cresci-mento dos países intermediários. Nessecontexto, portanto, teremos de explorar,de forma criativa, modificações necessáriasno sistema económico montado em BrettonWoods.

Desenvolvimento, bem-estar social, progres-so material e soberania nacional são termosque se complementam. A todos eles é preci-so acrescentar, hoje, o imperativo da eman-cipação tecnológica. Nenhuma nação mo-derna pode descurar da inovação tenológi-ca, entendida como concepção, expansão,codificação e emprego de tecnologia em lar-ga escala. Com sua gama diversificada derecursos naturais, com sua dimensão conti-nental e com sua vantagem competitiva, o

Brasil, de forma alguma, poderá fugir a essarealidade.

O que se encontra em jogo não é apenas achave para o crescimento e a prosperidade.Igualmente ameaçadas estão a independên-cia cultural e a estrutura social dos paísesem desenvolvimento. É por essa razão que0 Brasil não pode deixar-se transformar emsimples consumidor de tecnologias adapta-das a sociedades de nível material e culturaldiferente.

Um mundo em mutação exige instituiçõesdinâmicas, e o Itamaraty será por mim ori-entado a acompanhar as realidades do paíse do mundo exterior. Sei que, da moderni-zação organizacional operada desde os anos30 à aquisição do instrumental de ação eco-nómica no Governo Kubitschek, esta Casaesteve sempre em compasso com seu tem-po. Fiel a essa tradição de renovada atuali-zação, pretendo conduzir o Ministério dasRelações Exteriores em sintonia com o es-pírito democrático da Nova República. Asiniciativas de política externa devem ter re-presentatividade política e interpretar avontade geral, motivo pelo qual a institui-ção estará permanentemente aberta ao co-nhecimento da opinião pública, em particu-lar de seu órgão de controle institucional,que é o Congresso Nacional.

1 mpõe-se também que as estruturas do Ita-maraty, tanto a Secretaria de Estado quan-to os postos no exterior, sejam objeto deum exame circunstanciado, à luz das priori-dades políticas, económicas e culturais doBrasil no estrangeiro. A própria carreira di-plomática precisa refletir melhor, em suaorganização básica e nos critérios de distri-buição geográfica, as ênfases contidas napolítica externa. A diversificação e mun-dialização dos interesses nacionais pressu-põem uma contrapartida nos quadros dadiplomacia. Só a familiarização direta, pelaalternância em postos na América Latina,na América do Norte, na'África, na Europa,na Ásia e no Oriente Médio, poderá propor-cionar ao funcionário de carreira uma vi-

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vencia autêntica desse espírito universalistaque nos anima.

, Senhor Presidente,

Há 40 anos atrás, no âmbito das comemora-ções do centenário de nascimento do Barãodo Rio-Branco, era criado o estabelecimen-to de ensino que traz seu nome. Implanta-va-se o Instituto Rio-Branco com o objetivoespecífico de prover a formação básica dofuncionário diplomático de carreira e asse-gurar seu contínuo aperfeiçoamento profis-sional. Fato auspicioso desde então a assina-lar foi a democratização operada no proces-so de seleção do diplomata, doravanteadmitido aos quadros do Ministério tão so-mente por intermédio de concurso público.Após a realização de 40 exames vestibularese 7 concursos de provas, o Instituto até ho-je formou quase mil diplomatas, ou seja,praticamente a totalidade dos funcionáriosde carreira em serviço nos quadros do Ita-maraty.

Ao longo desses quatro decénios, o Institu-to sofreu diversas reformulações, destina-das, entre outras finalidades, a expandir abase geográfica de recrutamento dos candi-datos ao exame vestibular, e adaptar seuscurrículos à acrescida diversificação de te-mas de interesse para a política exteriorbrasileira. Com o objetivo de promover aatualização de conhecimentos de interesseprofissional, foram instituídos, em 1977, oCurso de Altos Estudos e o Curso de Aper-feiçoamento de Diplomatas, cuja conclusãoconstitui hoje pré-requisito legal para pro-moção em diferentes níveis da carreira.

A transferência do Instituto para Brasília,efetuada em 1976, representou o ponto de

partida para uma série de significativas ino-vações. Deu-se mais ênfase à profissionaliza-ção do Curso de Preparação à Carreira deDiplomata, com a instituição de estágiosem diferentes unidades de trabalho da Se-cretaria de Estado. Iniciou-se a realizaçãode viagens de instrução em território brasi-leiro, para ilustração in loco de aspectosimportantes do desenvolvimento sócio-eco-nômico do país. O Instituto vem tambémfacultando a frequência do seu Curso Bási-co a bolsistas estrangeiros, provenientes de25 outros países em desenvolvimento. Essamodalidade concreta de cooperação Sul-Sulvem contribuindo para o seu justo renomeinternacional.

Senhor Presidente,Senhores Formandos,

A data de hoje encerra uma dupla comemo-ração. Cento e quarenta anos atrás nascia oBarão do Rio-Branco, fundador da moder-na diplomacia brasileira, e patrono destaCasa. O mais significativo monumento à suamemória, entre tantos que se espalham peloextenso território que ele ajudou a consoli-dar é a transmissão ininterrupta do seu lega-do pelo Itamaraty. É aqui, na continuidadedo trabalho do Instituto Rio-Branco, quemelhor se honra a sua memória. É aqui, eem cada lugar onde se opere o dia a dia daatividade diplomática, no trabalho jamaisconcluído de assegurar a defesa dos interes-se do Brasil, que Rio-Branco permanecevivo.

Muito obrigado. *

Na seção Noticias, página 114, uma informação sobre os 40 anos do Instituto Rio-Branco.

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brasil co-patrocina projetode resolução sobre as

ilhas malvinasTexto do pronunciamento do representante brasileiro nareunião do Conselho Permanente da Organizaçâío dos EstadosAmericanos (OEA), realizada em 30 de maio de 1985,referente a projeto de resolução sobre as Ilhas Malvinas.

Senhor Presidente,Senhor Secretário de Estado,

Antes de mais nada, é meu desejo estenderminha saudação cordial ao Secretário de

• Relações Exteriores e Culto da RepúblicaArgentina, que hoje, com sua presença,honra este Conselho Permanente.

Ao copatrocinar o Projeto de Resoluçãoque versa a instalação de um aeroporto es-tratégico nas Ilhas Malvinas o Brasil reiteraseus propósitos de paz — grande inspiradorde sua política externa — e expressa seu de-

sejo de que a controvérsia sobre a soberaniasobre o território em disputa seja resolvidapela via da negociação pacífica.

Cabe registrar, ainda uma vez a posição doBrasil, estabelecida há mais de 150 anos, deque não cabe duvida de que a soberania daArgentina sobre as Ilhasé incontestável.

Esta Resolução traduz a posição de meuGoverno de ver o Atlântico Sul como aréade paz, livre de conflitos, servindo a sua vo-cação natural que é a de grande caminhoaberto á aproximação e amizade dos povos.

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"european managementfórum" promove mesaredonda sobre o brasil

Palestra do Ministro de Estado das Relações Exteriores, OlavoSetúbal, em 3 de junho de 1985, no Rio de Janeiro, porocasião da mesa redonda sobre o Brasil, promovida pelo"European Management Fórum".

Constitui para mim motivo de satisfaçãocomparecer á mesa redonda sobre o Brasilpromovida pela "European ManagementFórum" com o apoio da Associação Brasi-leira das Companhias Abertas — ABRASCApara falar sobre o papel internacional doBrasil. A reputação de seriedade das promo-ções do European Management Fórum, quecongrega líderes políticos do Ocidente e re-presentantes do mais alto nível do ramoempresarial, bem como da Associação que,no Brasil, está emprestando seu apoio aoevento traz-me a certeza de que este encon-tro permitirá um diálogo profícuo sobre aação externa do primeiro Governo da NovaRepública.

Senhores,

Quando falamos de Nova República referi-mo-nos, naturalmente, ao processo de tran-sição política que resultou no Governo daAliança Democrática, iniciado no dia 15 demarço passado. A nova administração sur-giu sob o signo da fatalidade, uma vez queo homem que encarnara o complexo equi-líbrio de forças da emergente coligação go-vernamental,Tancredo Neves, desapareceude forma trágica. Sua morte traumatizou a

Nação, que nele personificara enormes ex-pectativas, e deixou um considerável vaziono sistema político. A manutenção do pro-cesso sucessório nos termos da Constituiçãorepresentou uma evidência significativa deamadurecimento das instituições represen-tativas no Brasil. Hoje, o Presidente JoséSarney, sucessor constitucional e compa-nheiro de Tancredo Neves na formação davitoriosa coalizão partidária, conta com oapoio comprovado de parcelas majoritáriasda opinião pública para implementar o pro-jeto político da Aliança Democrática.

Esse projeto, já desdobrado em algumas re-formas importantes na área institucional,tem, naturalmente, uma dimensão no cam-po do relacionamento externo. Tal dimen-são foi sempre concebida em articulaçãoorgânica com as práticas e valores da políti-ca interna.

O país que hoje procura reorganizar-se so-bre as bases da democracia social e do plu-ralismo, não pode deixar de identificar-secom padrões de'conduta capazes de tradu-zir tais valores no convívio entre os Esta-dos. Praticaremos, assim, uma política ex-terna respeitosa dos princípios do Direito

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Internacional, dos preceitos da autodeter-minação e da não-ingerência, e comprome-tida com a preservação da paz e com a pro-moção da cooperação internacional.

Uma diplomacia consciente de sua origemdemocrática não pode deixar, igualmente,de abrir-se ao diálogo em todos os níveis,tanto no plano exterior quanto no domés-tico. Sinal visível dessa disposição é o novotipo de relacionamento que está sendo cria-do entre o Itamaraty e o Congresso Nacio-nal. Meu primeiro pronunciamento públicosobre as linhas de ação externa da Nova Re-pública foi na Comissão de Relações Exte-riores da Câmara dos Deputados. Tenhotambém dedicado parcela substancial daminha agenda de trabalho a contatos comrepresentantes dos mais variados setoresdasociedade civil brasileira. Minha presençaaqui, para expor aos Senhores alguns con-ceitos que reputp importantes, insere-senesse esforço de comunicação e abertura.Tarefa, aliás, de que me desincumbo comprazer, pois, tendo raízes plantada na polí-tica partidária e na livre empresa, sempretive o gosto do diálogo.

Em pronunciamento que dirigiu à Nação nodia 22 de abril passado, o Presidente JoséSarney definiu a retomada do desenvolvi-mento e do nível de emprego como preocu-pação fundamental da ação externa de seuGoverno. O compromisso básico da diplo-macia brasileira será, portanto, a promoçãodo desenvolvimento sócio-econômico dopaís. Tenho dito que em minha gestão sepraticará uma Diplomacia para Resultados.Fundada em bases éticas, ela será flexível erealista, visando a resultados políticos, pelapreservação da soberania e da dignidade na-cional; resultados económicos, pela reivin-dicação de melhores condições nos sistemasreguladores do comércio e das finanças, epela geração de oportunidades para as ex-portações brasileiras.

Não se afigura fácil a realização de taisobjetivos. Em momento algum de sua his-tória de nação independente, foi tão crítica

para o Brasil sua ligação com o mundoalém-fronteiras. A observação do cenáriointernacional, neste momento, não nos au-toriza ao otimismo. A diluição da détente eo retorno à confrontação bipolar estreitamo campo de mobilidade política da comuni-dade mundial. Eventos internacionais, emesmo acontecimentos internos pertencen-tes à história de países em natural processoevolutivo, são absorvidos pela dinâmica daconfrontação Leste-Oeste, e convertidos emfocos de tensão a ameaçarem a sorte daprópria Humanidade. Não podemos concor-dar com uma Concepção do mundo em quea capacidade de destruir é a força determi-nante das relações interestatais. O pluralis-mo, por que ora optamos com tanta fé nes-te país, repele o maniqueismo belicoso dassuperpotências.

Também nos preocupa o enfraquecimentoe desprestígio dos instrumentos criados nosegundo pós-guerra para conter e solucionaras controvérsias. Encontros de cúpula e de-cisões unilaterais a afetarem conjuntos depaíses proliferam em substituição aos meca-nismos coletivos de decisão. O enfraqueci-mento da dimensão muItilateral é grave sin-toma de desagregação política e económicadas relações internacionais.

A conjuntura externa particularmente com-plexa com que se defronta o Brasil amplia amagnitude do desafio que enfrentaremos.Embora se verifiquem indícios significati-vos de recuperação da atividade económicanos principais países industrializados, a na-tureza da crise que atravessamos não auto-riza concluir que tal melhoria implique a re-tomada do crescimento económico das na-ções em desenvolvimento. As altas taxas dejuros, que elevam continuamente o já pesa-do fardo do serviço da dívida externa, so-mam-se á intensificação do protecionismocomercial nos países ricos, que inibe o cres-cimento das nossas exportações.

É evidente o vínculo existente entre o en-caminhamento dos problemas a enfrentar

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na área financeira e das questões no campocomercial. O pleno cumprimento de nossoscompromissos em matéria de dívida extei-na pressupõe a manutenção de significati-vos saldos comerciais. É hora de nossos par-ceiros desenvolvidos compreenderem que orecurso a mecanismos sempre renovados deproteção a setores com decrescente compe-titividade coloca em questão a própria via-bilidade da estratégia por eles mesmos pre-conizada para lidar com o problema da dí-vida.

O encaminhamento das questões financeirae comercial deve ser processado a partir daperspectiva de uma retomada do crescimen-to dos países intermediários. Nesse contex-to, portanto, teremos de explorar, de formacriativa, modificações necessárias no siste-ma económico montado em BrettonWoods, com vistas ao estabelecimento deuma nova ordem económica internacionalque melhor atenda às necessidades dospaíses em desenvolvimento.

No plano financeiro, a partir de 1971quando os EUA romperam o gold exchangesystem, o dólar, moeda de reserva e de tro-ca internacional, deixou de obedecer aqualquer disciplina estabelecida multilate-ralmente. O sistema monetário converteu-seno dollar system. Essa medida constituiu,sem dúvida, o principal fator a conduzir-nos â presente situação, em que a políticamonetária norte-americana passou a regertodo o sistema financeiro internacional.

Uma de suas consequências foi a elevaçãoda taxa de juros internacional, em propor-ções jamais observadas, e, em consequência,a criação de um quadro desfavorável aospaíses importadores líquidos decapitais. Noprocesso de ajustamento, verifica-se inacei-tável assimetria de obrigações no tocante àspolíticas económicas: enquanto os paísesem desenvolvimento são convocados a se-guir rígidos parâmetros em matéria de polí-tica macro-econômica, os EUA não se sen-tem obrigados a observar maior disciplinanesse campo, gerando, com isso, profundas

repercussões negativas para todo o resto domundo.

Esse quadro tem merecido a condenação daparte do Brasil e de outros países nas mes-mas circunstâncias Só mais recentemente,entretanto, os próprios países industrializa-dos, sobretudo os europeus, passaram a le-vantar objeções a tal situação, especialmen-te em função da desordenada — e por vezesincontrolável — flutuação de suas moedasem relação ao dólar.

0 Brasil não aceita que o sistema financeirointernacional seja mudado exclusivamentesegundo a ótica dos países ricos, sem parti-cipação dos países em desenvolvimento,

•mesmo porque estes, no momento, estãosofrendo os resultados mais devastadores dadesordem financeira prevalecente.

Considera igualmente inadiável a ampliaçãodos recursos do Banco Mundial e do BIDpois eles podem e devem ser utilizados nocombate aos ciclos de depressão económi-ca, ao contrário dos recursos do sistemafinanceiro privado, que tendem a se retrairnos ciclos depressivos, agravando o impactodestes.

Entendemos que a estabilização financeiranão é meta que possa ser aceita indepen-dentemente do objetivo maior que é o de-senvolvimento sócio-econômico, especial-mente pelas áreas pobres do planeta.

Vale notar, entretanto, que a Declaraçãoadotada no recente Encontro de Cúpulados sete principais países industrializadosdo Ocidente, realizado em Bonn, em maioúltimo, apresentou, no tocante a temas fi-nanceiros, resultados inteiramente insatis-fatórios sobre importantes questões paraos países em desenvolvimento, tais como areforma das estruturas financeiras interna-cionais e o necessário incremento dos re-cursos reais do Banco Mundial e do FMI.Aliás, cabe aqui observar que as reuniões decúpula e as expectativas que geram estãobaseadas na visão equivocada de que as so-

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luções dos problemas da economia interna-cional podem ser encaminhadas em um cir-culo restrito de países, que compõem o di-retório dos industrializados.

A interdependência entre países desen-volvidos e em desenvolvimento, apesar deteoricamente reconhecida em documentosdo tipo do Comunicado de Bonn, não setraduz em uma real vontade política decooperar e de buscar, em foro amplo e emcondições de igualdade, soluções para pro-blemas comuns.

A forte elevação dos preços do petróleoocorrida na década de 70 gerou efeito semdúvida perturbador no curso recente docomércio internacional. Creio ser desneces-sário alongar-me sobre as consequênciasdesse fato para meu país, e para outrospaíses em desenvolvimento não-produtoresde petróleo.

Os países desenvolvidos procuraram reequi-librar sua balança comercial através de polí-ticas monetárias ortodoxas, e do protecio-nismo comercial. Desencadeou-se ao mes-mo tempo, como seria de esperar, uma on-da inflacionária que atingiu todos os países,em graus variáveis, mas com muito maiorintensidade os países em desenvolvimento.

Estes buscaram ajustar-se â situação, acei-tando a posição de destinatários da recicla-gem, pelo sistema financeiro internacional,dos dólares oriundos dos países produtoresde petróleo, então ás voltas com enormesuperávits em seus balanços de pagamentos.Tal situação elevou a um nível extraordina-riamente alto a d ívida dos países do Tercei-ro Mundo, a qual representa, hoje, o seumaior desafio no plano das relações econó-micas externas.

No que se refere ao encaminhamento doproblema da dívida externa, um gruposignificativo de países latino-americanos,reunidos em junho de 1984 na cidade co-lombiana de Cartagena, tendo presente oagravamento da crise do endividamento, de-

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cidiu propor a realização de um diálogo po-lítico entre devedores e credores. Formou-se então o Consenso de Cartagena, integra-do por Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Co-lômbia, Equador, México, Peru, RepúblicaDominicana, Uruguai e Venezuela, e quetem no Brasil um de seus mais ativos parti-cipantes. O Grupo de Cartagena tem pro-curado insistentemente chamar atenção dospaíses credores para o fato de que o proble-ma da dívida externa está longe de ser re-solvido.

A esse respeito, é digna de registro a deci-são dos países integrantes do Consenso deCartagena de fazer chegar, aos Chefes deGoverno participantes da Reunião de Cú-pula de Bonn, importante mensagem emque se explicou a urgência de um enfoqueintegral para o problema da dívida, que ocoloque no contexto da necessária reformu-lação dos sistemas financeiro e comercialinternacionais, portanto dentro de um diá-logo político sobre a matéria. Tratou-se,pois, de mais um esforço para demonstrar adimensão política de negociações que, emúltima análise, condicionam o crescimentoeconómico dos países endividados, e a pos-sibilidade de pagamento dos débitos, semgerar situações que impliquem recessão, de-semprego e consequente tensão social.

Na busca de novos patamares de valor parao comércio exterior brasileiro, preocupa-nos sobremaneira o incremento do prote-cionismo dos países desenvolvidos, precisa-mente os que apresentam maiores condi-ções de absorção das exportações dos paí-ses em desenvolvimento. Entendemos oprotecionismo como uma recusa, por partedos países industrializados, a proceder areajustes estruturais importantes, aceitandouma divisão internacional do trabalho maisequitativa, que permita aos países em de-senvolvimento explorar novas vantagenscomparativas. Nesse sentido, é preciso queos países ricos aceitem o- princípio de quedesenvolvimento implica ruptura com pa-drões tradicionais de intercâmbio; em ou-tras palavras, desenvolvimento significa,

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também, criação de vantagens comparati-vas.

Preocupa-nos igualmente o crescente recur-so ao bilaterslismo no plano comercial.

Neste momento, os principais países desen-volvidos vêm propugnando pela realizaçãode uma nova rodada de negociações comer-ciais no âmbito do Acordo Geral sobre Ta-rifas Aduaneiras e Comércio (GATT). Al-guns pretendem a ampliação do escopo doAcordo Geral às questões relacionadas aserviços e investimentos. Observa-se comapreensão a intensificação das pressões quevêm sendo exercidas para que se inicie anova rodada, admitindo as autoridades nor-te-americanas até mesmo abandonar o siste-ma muItilateral de trocas, hoje corporifica-do no GATT, para encaminhar-se rumo auma política de acordos bilaterais comaqueles parceiros que eles considerem maispróximos do seu próprio modo de agir eentender.

Esse desdobramento representa um desafiode extrema importância para a política ex-terna brasileira. Encontramo-nos em faseainda intermediária de industrialização, enecessitamos assegurar condições para aexpansão e maturação plena do ciclo decrescimento que atravessamos. Nesse senti-do reveste-se de particular relevância parao Brasil ampliar cada vez mais sua participa-ção no mercado internacional, e, concorri i-tantemente manter mecanismos de defesados setores ainda não aptos a enfrentar, emcondições de livre concorrência, a produçãodos países altamente industrializados.

Os países industrializados encontram-se na-quela fase de crescimento hoje denominadapós-industrial, baseada em serviços e. naprodução de bens de alta tecnologia. Porisso, é natural que tenham interesses dife-rentes e conflitantes com os nossos.

É digna de registro a falta de consenso, porocasião da recente Reunião de Cúpula,quanto a uma data precisa para o início de

uma nova rodada de negociações comer-ciais, pois ela revela que permanece não re-solvida, mesmo entre os países ricos, umaquestão que se afigura fundamental para oBrasil e os demais países em desenvolvimen-to: a vinculação entre o encaminhamentodos problemas comerciais e das questõesfinanceiras.

O Brasil não é contrário a qualquer iniciati-va que vise a uma efetiva liberalização docomércio e que lhe permita concretamenteampliar sua participação relativa nas trocasinternacionais. Considera, não obstante,que certas pré-condições devem ser preen-chidas, por parte dos países ricos, antes queos países em desenvolvimento possam con-siderar a hipótese de participação em umanova rodada comercial. Assim, os países de-senvolvidos devem cumprir o compromissoformalmente adotado por ocasião da Reu-nião Ministerial do GATT de novembro de1982, no sentido de não-adoção de novasbarreiras e do desmantelamento das incons-sistentes com os princípios do GATT. De-vem, por outro lado, reconhecer a necessi-dade de tratamento diferenciado e mais fa-vorável para os países em desenvolvimentoem matéria comercial.

Coerentes com nossa posição, procurare-mos, assim, em coordenação com os demaispaíses em desenvolvimento, obter melhorescondições institucionais para a colocaçãodos nossos produtos no mercado mundial.Buscaremos igualmente, em todos os foros,trabalhar no sentido de que os temas de na-tureza comercial sejam considerados emvinculação com os financeiros. Manteremosfirme oposição a que se incluam novos te-mas, tais como serviços e investimentos, noâmbito do GATT.

Dentro do contexto que acabamos de ex-por, a diplomacia brasileira, no que diz res-peito â política externa, dará primazia aduas vertentes principais: a comercial, nosforos multilaterais, em especial no GATT,procurando assegurar a defesa de nossos in-teresses de paíç em desenvolvimento, e a

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financeira, no âmbito do Consenso de Car-tagena, onde procurará operacionalizar pos-tulados de natureza política cada vez maispresentes na discussão da dívida externados países latino-americanos.

Senhores,

As dificuldades conjunturais que enfrenta-mos no plano económico tornam aindamais estimulante o desafio que representa atarefa de conduzir a política externa doBrasil. Com efeito, sem eludir os proble-mas de curto prazo, não podemos esquecerque o Brasil, que já construiu uma das dezmaiores economias do mundo ocidental,ainda apresenta um potencial de crescimen-to económico considerável, se levarmos em

conta sua ainda significativa capacidade deexpansão industrial e agrícola, o contínuoaperfeiçoamento de seus recursos humanose a firme decisão, que é de toda a Nação, desuperar a condição de país subdesenvol-vido.

Ao concluir, formulo votos por que o pre-sente encontro permita aos Senhores umavisão clara das amplas perspectivas que oBrasil da Nova República apresenta e a cer-teza de que estamos firmemente decididos,a despeito das limitações de um processo deajustamento certamente penoso, a retomara trilha do crescimento económico.

Muito obrigado.

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brasil e portugal ratificamacordo de co-produção

cinematográficaPalavras do Ministro de Estado das Relações Exteriores, OlavoSetúbal, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, em 4 de junhode 1985, por ocasião da cerimónia de troca dos Instrumentosde Ratificação do Acordo de Co-Produção Cinematográficaentre o Brasil e Portugal.

Senhor Embaixador de Portugal,Minhas Senhoras e meus Senhores,

É com muito agrado que procedo hoje àtroca de instrumentos de ratificação doAcordo de Coprodução CinematográficaBrasil-Portugal. Seria desnecessário enfati-zar a importância dos laços culturais quenos unem a Portugal. São mais do que la-ços, são raízes através das quais recebemosmuito do que hoje somos como povo e co-mo nação. 0 Acordo ora ratificado repre-senta oportuna modernização das nossasrelações culturais.

Brasil e Portugal possuem cinematografiasde qualidade. Sua aproximação, nos termosdo Acordo, propiciará um intercâmbio pro-fícuo de experiências e poderá fortalecer aprodução nacional em cada uma das Partes,bem como sua divulgação nos países de lín-gua comum.

Com os votos de que o instrumento queacabamos de por em vigor produza frutos abreve prazo, congratulo-me com Vossa Ex-celência e com os cineastas portuguesesque, estou certo, se juntarão aos brasileirosnuma atividade de alto valor para nossas re-lações culturais.

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f conferência interparlamentareuropa-américa latina

Discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores, OlavoSetúbal, no Congresso Nacional, em Brasília, em 20 de junhode 1985, por ocasião do encerramento da ConferenciaInterparlamentar Europa—América Latina.

Encerra-se hoje mais uma Conferência In-terparlamentar reunindo representantes doParlamento Europeu e do Parlamento Lati-no-Americano. 0 alto nível dos debates edos documentos produzidos nos últimosquatro dias testemunha a densidade do rela-cionamento político entre a ComunidadeEuropeia e os países da América Latina.

O Brasil da Nova República exprime sua sa-tisfação por ter sido escolhido como palcodo exercício democrático que aqui se pro-duziu desde o último domingo. Honra-nos abrigar, ainda que por poucos dias, o"parlamento polít ico" de dois continentes.

A experiência histórica ensina que o desen-volvimento democrático repousa na valori-zação do Parlamento. Posso dizer-lhes que,em meu país, toma corpo um relaciona-mento mais criativo entre o Executivo e oLegislativo. O Governo federal abre-se àopinião nacional, ao formular suas diretri-zes de ação política e administrativa. Meuprimeiro pronunciamento público teve lu-gar na Câmara dos Deputados, onde debatiextensamente os rumos da política externado Governo que se inicia.

Senhores Parlamentares,

Somando-se aos tradicionais vínculos his-tóricos, económicos e culturais que unemos povos da América Latina aos povos daComunidade Europeia, o sistema de con-ferências periódicas entre o Parlamento Eu-ropeu e o Parlamento Latino-Americanoconverteu-se em autêntica instituição polí-tica, e em marco simbólico de uma formaoriginal de democracia parlamentar: a co-operação entre legislativos regionais.

Sobre constituir uma experiência nova nocampo do intercâmbio político em escalamundial, a decisão de se promoverem con-ferências interparlamentares deste tipo re-presenta uma iniciativa de alto significadopara a democratização das relações interna-cionais. Já se tinha em conta o papel positi-vo desempenhado pelo Parlamento Euro-peu e pelo Parlamento Latino-Americano,dentro de suas características próprias, nosrespectivos processos de integração regionale no desenvolvimento das relações entre osdois continentes. Caberá agora creditá-lostambém com terem inaugurado uma novamodalidade de cooperação internacionalque amplia e enriquece o escopo das orga-nizações multílaterais tradicionais.

Tal experiência apenas se tornou possível apartir da adesão a um conjunto de valores

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que servem de fundamento á civilizaçãoocidental contemporânea: a crença na paz ena possibilidade de se arbitrarem os confli-tos por via negociada; a aceitação dosprin-

' cípios de não-intervenção e não-ingerêncianos assuntos internos dos Estados; a defesaintransigente da democracia pluralista, dajustiça social e o respeito aos direitos do ho-mem.

A opção doméstica por um sistema abertode poder reflete-se de várias maneiras noplano da ação externa. Países que cons-tróem a democracia sobre os fundamentosdo pluralismo não podem deixar de identi-ficar-se com padrões de conduta capazes detraduzir tais princípios no convívio entre asnações.

Preocupa-nos o estado presente das relaçõesinternacionais, tanto no terreno políticoquanto no económico. O retorno à con-frontação Leste-Oeste, que ora presencia-mos, deforma o significado da própria his-tória contemporânea, reduzindo-a â expres-são simplista de um choque entre superpo-tências. Alimentadas põr essa dinâmica ar-tificial e perigosa, numerosas crises regio-nais se eternizam como ameaças à paz e àpreservação mesma da vida no planeta.

Esses conflitos se produzem ao mesmo tem-po em que se debilitam e se desprestigiamos instrumentos criados há quarenta anospara conter e solucionar as controvérsias.Vejo o enfraquecimento da dimensão mul-tilateral como grave sintoma de desagrega-ção económica e política das relações inte-restatais. Nosso pensamento é que a legali-dade das estruturas mundiais de convíviorepousa sobre a existência e o funciona-mento adequado dos organismos muItilate-rais criados no segundo pós-guerra. A ativi-dade desses órgãos coletivos não pode nemdeve ser substituída pelos encontros de cú-pula e por decisões unilaterais em matériasa afetarem o conjunto da família humana.

Senhores Parlamentares,

Esta Conferência realiza-se num momentoem que a América Latina ingressa em novaetapa de seu longo, e por vezes acidentadopercurso democrático. Ao mesmo tempo, ocontinente atravessa a mais profunda criseeconómica de toda sua história. E encoraja-dor que a crise atual não se faça acompa-nhar de novo surto autoritário. Ao contrá-rio, ela parece ter reforçado a tendência àbusca de soluções no quadro mesmo do re-gime representativo.

As tarefas com que se defrontam os paíseslatino-americanos. representam um verda-deiro desafio à imaginação criadora das suaslideranças. Trata-se de prosseguir no cami-nho do desenvolvimento económico, corri-gir as graves distorções de caráter social, eadministrar recursos que se tornaram maisescassos em razão da gigantesca transferên-cia de divisas em pagamento do serviço dadívida externa.

O problema do endividamento externo senos afigura, de todos, o mais grave, poisque incide diretamente sobre a capacidadede investimento e afeta de maneira críticao processo de desenvolvimento económico.O serviço da dívida traduz-se em pesadoónus para os países da América Latina, pra-ticamente convertidos em exportadores lí-quidos de recursos para os países ricos. OBrasil transferiu no ano passado 4% de seuProduto Interno para o exterior, e compro-meteu 40% de sua receita exportadora comos pagamentos dos juros da dívida. Comofoi afirmado neste foro, uma vez que se re-conhece a partilha de responsabilidade nageração do problema do endividamento,caberia agora partilhar também os encargosna busca de uma solução mutuamente acei-tável. No processo de ajustamento verifica-se, entretanto, inaceitável assimetria deobrigações no tocante às políticas económi-cas: enquanto os países em desenvolvi men-to são convocados a seguir rígidos parâme-tros de reajuste, os países desenvolvidos serecusam a qualquer compromisso de maiordisciplina mu Iti lateral.

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A sessão extraordinária do Parlamento La-tino-Americano sobre dívida externa, reali-zada em julho de 1984, já havia afirmado a

' necessidade de uma negociação global dessaquestão. Documento sobre a dívida externada América Latina apresentado nesta Con-ferência reconheceu que deve haver divisãode responsabilidades entre credores e deve-dores, apelou para a redução substancialdos atuais níveis de juros, e propôs a víncu-lação da amortização à capacidade real daseconomias dos países devedores.

A Resolução aqui adotada, convocandouma Assembleia Extraordinária do Parla-mento Latino-Americano, com participaçãoampliada dá delegação do Parlamento Euro-peu, para tratar do tema do endividamentodos países da América Latina, representauma iniciativa de alto significado. Os parla-mentares que deverão reunir-se em Monte-vidéu, no próximo mês de outubro, assu-mem portanto uma grande responsabilida-de: a de avaliar de forma abrangente o pro-blema, e contribuir para o encaminhamentode uma solução negociada.

Temos insistido em que existe um vínculoclaro entre o encaminhamento dos proble-mas a enfrentar na área financeira e as ques-tões pendentes no campo comercial.

A solução do problema da dívida externapassa pela reformulação das regras que re-gem o comércio mundial e o mercado fi-nanceiro internacional. O pagamento denossos compromissos financeiros pressupõea manutenção de signficativos saldos co-merciais. É hora de nossos parceiros desen-volvidos compreenderem que o recurso amecanismos de proteção a setores com de-crescente competitividade coloca em ques-tão a própria viabilidade da estratégia poreles mesmos preconizada para lidar com oproblema da dívida.

Entendemos o protecionismo como uma re-cusa, por parte dos países industrializados,a proceder a reajustes estruturais importan-tes, aceitando uma divisão internacional do

trabalho mais equitativa, que permita aospaíses em desenvolvimento explorar novasvantagens comparativas.

A própria Comunidade Europeia não lo-grou escapar das pressões protecionistas deseus membros, o que, aliado aos efeitos daPolítica Agrícola Comum contribui paradiminuir o acesso dos países menos desen-volvidos aos mercados comunitários. Os es-quemas de subsídio a produtos agrícolasnão apenas prejudicam a demanda por pro-dutos similares oriundos da América Lati-na, como desorganizam o mercado interna-cional pela exportação de excedentes a pre-ços de dumping.

A reforma do Sistema Geral de Preferênciada Comunidade Europeia, com a aplicaçãoseletiva do princípio de graduation aosprodutos mais competitivos de determina-dos países, resultará igualmente no declí-nio das exportações dos países em desen-volvimento que buscaram a eficiência nosetor industrial.

Neste momento, desenvolvem-se consultaspara que se realize nova rodada negociadorano âmbito do GATT, visando à liberaliza-ção do comércio internacional e ao examede questões relacionadas a serviços e inves-timentos.

Na recente reunião informal de Estocolmosobre comércio, de que participaram 21 mi-nistros representando países desenvolvidose em desenvolvimento, e à qual estive pre-sente, procedeu-se a uma ampla troca deideias sobre os problemas do comércio e so-bre o inter-relacionamento entre estes e asquestões financeiras e monetárias. Conside-rando, com outros representantes de paísesem desenvolvimento, que não estão reuni-das condições para uma nova rodada de ne-gociações globais sobre,o comércio de bense de serviços, sugeri fossem desmenbradosdesde logo os dois processos, isto é, o trata-mento das questões sobre bens e aquelesrelacionados a serviços. A ideia de umaeventual negociação sobre comércio de ser-

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viços, desde que conduzida de forma total-mente independente da negociação sobrebens, é a mais suscetível, parece-me, de pre-servar os interesses dos países em desenvol-vimento.

Senhores Parlamentares,

É auspicioso notar que desde a última Con-ferência Interparlamentar, realizada emBruxelas em 1983, diversos países da Amé-rica do Sul e Central puderam escolher li-vremente seus parlamentos nacionais, soli-citando em seguida seu reingresso no Parla-mento Latino-Americano. A Ata Finalque acaba de ser aprovada torna-se assimmais representativa das tendências e dosinteresses regionais. Esperamos que, napróxima Conferência Interparlamentar, ou-tros países venham juntar-se a nós.

Reconhecemos o papel político que pode edeve desempenhar o Parlamento Latino-Américano no processo de integração conti-nental e na tarefa de solidificação das basesda democracia liberal na região. Reafirmo oapoio do Governo brasileiro ao projeto doTratado que prevê a institucionalização doParlamento Latino-Americano: a iniciativaestá sendo examinada cuidadosamente, deforma a permitir a elaboração de um proje-

to suscetível de receber a aprovação de umaampla maioria das partes potencialmenteinteressadas.

Em contraste com uma preocupante situa-ção económica, o quadro político latino-americano oferece motivos para esperança.Na maioria dos países do continente, o sis-tema de eleições livres em bases pluriparti-dárias tornou-se o critério essencial de legi-timação. A crise económica deixou de sersinónimo de anarquia política, mas não po-de deixar de exercer influências nas tendên-cias de mobilização social e de participaçãopolítica. Demandas irreprimíveis e recursoslimitados levam naturalmente a tensões so-ciais, e podem colocar em risco a estabilida-de das instituições políticas. O momentoque vivemos demonstra que o ciclo autori-tário não é uma fatalidade, e que o regimedemocrático pode canalizar com sucesso asdemandas populares e construir pactos so-ciais mesmo em condições de crise sócio-econômica. Desejamos ver em encontroscomo o presente o sinal da solidariedadeeuropeia face às vicissitudes latino-america-nas. A Comunidade Europeia e o Parlamen-to Europeu têm um papel ã desempenharno processo de consolidação democráticada América Latina.

Muito obrigado.

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designação de embaixadorbrasileiro

Ramiro Saraiva Guerreiro, para Embaixadorna Itália, em 15 de março de 1985.

entrega de credenciais deembaixadores estrangeiros

Alex D. Zakythinos, da Grécia, e José Jai-me Nicholls S.C., da Colômbia, em 14 demaio de 1985.

Cotubanamá Dipp Billini, da RepúblicaDominicana, em 18 de junho de 1985.

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brasil e canada assinam cincoajustes complementares ao

acordo de cooperação técnicaO Ministro de Estado das Relações Exteriores,Olavo Setúbal, e o Embaixador Extraordinário ePlenipotenciário do Canadá, Anthony Tudor Eyton,assinaram, no Palácio do Itamaraty, em Brasília,cinco Ajustes Complementares ao Acordo deCooperação Técnica de 2 de abril de 1975: Ajustesobre o projeto Cooperação Técnica visando otreinamento de técnicos de cinema e animadores decinema de animação, bem como o estabelecimentode um Centro Técnico Audiovisual e de quatronúcleos regionais de produção de cinema deanimação, assinado em 19 de abril de 1985; Ajusteque dispõe sobre um projeto de CooperaçãoTécnica para o Aperfeiçoamento de Cientistas eTécnicos Brasileiros nos Métodos e nas Técnicasde Pesquisas na Área de Plantio Direto e Ajuste quedispõe sobre um projeto de Cooperação Técnica "para o aperfeiçoamento de inspetores federais decarne e de classificadores de carcaças no Brasil,assinados em 23 de maio de 1985; Ajuste quedispõe sobre um projeto de Cooperação Técnicapara o aperfeiçamento de cientistas e técnicosbrasileiros no estabelecimento e naoperacionalização de um sistema computadorizadode dados de solos para o Estado de São Paulo eAjuste que dispõe sobre um projeto de CooperaçãoTécnica para o aperfeiçoamento de cientistas etécnicos brasileiros nos métodos de pesquisaszootécnicas relacionadas com o gado de leite,assinados em 30 de maio de 1985.

AJUSTE SOBRE COOPERAÇÃO TÉCNICAPARA TREINAMENTO DE TÉCNICOSDE CINEMA

A Sua Excelência o Senhor Anthony Tudor Eyton,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Gover-no do Canadá.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar o recebimento da Nota B — 62,datada de 19 de abril de 1985, de Vossa Excelência, cujoteor em português é o seguinte:

"Excelência,

Com referência à Nota Verbal nP DCOPT/DCS/ 72/644(B46) (B10), de 31 de outubro de 1983, do Ministério dasRelações Exteriores do Brasil bem como ao Acordo deCooperação Técnica entre o Governo do Canadá e oGoverno da República Federativa do Brasil, de 2 de abrilde 1975, tenho a honra de propor, em nome do Governodo Canadá e nos termos do Artigo II do Acordo su-pramencionado, o seguinte Ajuste Complementar, tendopor objeto um projeto de cooperação técnica visando otreinamento de técnicos de cinema e animadores decinema de animação, o estabelecimento de um centrotécnico audiovisual e de quatro núcleos regionais deprodução de cinema de animação. Este Ajuste comple-mentar está em conformidade com os termos do Acordode Cooperação Técnica, exceto quanto à responsabilidadedo custeio das diárias do pessoal canadense vindo paratrabalhar no Brasil por períodos inferiores a 30 dias decada vez, responsabilidade esta que será assumida peloGoverno do Canadá, conforme previsto no presenteAjuste.

1

1. O Governo do Canadá designa a Agência Canadensepara o Desenvolvimento Internacional (doravante deno-minada Cl DA) como agência responsável pelo cumpri-mento das obrigações decorrentes deste Ajuste Comple-mentar.

2. A CIDA designa o National Film Boa rd (doravantedenominada NFB) como agência responsável pela execu-ção deste projeto, em seu nome.

I I

O Governo da República Federativa do Brasil designa:

a) a Secretaria de Cooperação Económica e Técnica In-ternacional da Secretaria de Planejamento da Presi-dência da República (doravante denominada SUBIN)

Os Acordos Bilaterais do Brasil com outros Países, cuja íntegra está sendo publicada nesta Resenha, localizados nas pá-ginas 71 a 96 , são aqueles que foram assinados no segundo trimestre de 1985 e que entraram em vigor imediatamenteapós a assinatura.

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I

como agência responsável pela verificação do cumpri-

mento das obrigaçSes decorrentes deste Ajuste Com-

plementar;

b) o Ministério da Cultura (doravante denominada MC)

como responsável pela coordenação da implementação

deste projeto; e

c) a Empresa Brasileira de Filmes S.A. (doravante deno-minada EMBRAFILME) como agência responsávelpela operacionalizáçâb e a administração da contrapar-tida do projeto.

I l l

Os objetivos deste projeto são os de aperfeiçoar a qualida-de do som dos filmes produzidos no Brasil, melhorar ocontrole de qualidade e a manutenção dos equipamentoscinematográficos e desenvolver o cinema de animação, eserffo alcançados mediante a execução das seguintes ativi-dades:

a) estágio práticos de técnicos brasileiros no Canadá;

b) programas de treinamento e serviços de consultoriaprestados por especialistas canadenses no Brasil;

c) fornecimento de equipamentos cinematográficos e

material de treinamento essenciais;

d) estabelecimento de estúdios de mixagem, instalaçõespara a manutenção dos equipamentos e controle dequalidade e um estúdio de animação num espaçocentral;

e) estabelecimento de quatro núcleos regionais de pro-

dução de cinema de animação.

IV

Como contribuição a este projeto, o Governo do Canadáconcorda em prover, em tempo hábil, o seguinte:

a) aproximadamente setenta (70) pessoas/mês de treina-mento no Canadá e aproximadamente quarenta e uma(41) pessoas/més de serviços didáticos e de consultoriano Brasil;

b) instalações, equipamento, material e provisões neces-

sários ao programa de treinamento no Canadá, de

acordo com as normas da Cl DA;

c) custeio das passagens aéreas internacionais e domés-

ticas, ajudas de custo e outros benefícios para estagiá-

rios brasileiros no Canadá, de acordo com as normas

da CIDA;

d) custeio das passagens aéreas internacionais, salários eajudas de custo para especialistas canadenses minis-

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trando estágios de treinamento no Brasil, incluindo as

diárias pára pessoal canadense trabalhando no Brasil

por períodos inferiores a 30 dias de cada vez;

e) equipamentos selecionados, essenciais à concretizaçãodo projeto, e os materiais necessários ao treinamentoem técnicas de cinema e animação;

f) os serviços do National Film Board (NFB), o qualagirá como agência responsável pela administração,gerência e implementação do projeto.

2. Fica acordado que o total da contribuição canadensenão ultrapassará Cdn$ 1.908.500 (um milhão novecentose oito mil e quinhentos dólares canadenses), incluindo oscustos da .administração do projeto pelo NFB e os da ava-liação por parte da CIDA.

1. Como contribuição a esse projeto, o Governo daRepública Federativa do Brasil concorda em fornecer, emtempo hábil, o seguinte:

a) não mais de sete (7) técnicos para treinamento noCanadá e aproximadamente quarenta (40) técnicos ecineastas de animação para treinamento no Brasilsegundo os termos do projeto, bem como salários re-gulares e benefícios para estes funcionários da EM-BRAFILME durante o seu treinamento;

b) serviços de instrutores e outros necessários para que otreinamento em animação prossiga, no primeiro ano,entre os dois períodos de treinamento de três mesescada;

c) apoio financeiro para custear as despesas dos partici-pantes de seminários a serem ministrados por especia-listas canadenses;

d) complementação de diárias, caso necessário, para ostécnicos brasileiros em treinamento no Canadá;

e) acomodações ou diárias para especialistas canadensestrabalhando no projeto no Brasil por períodos supe-riores a um mês de cada vez;

f) equipamentos tais como câmera Oxberry, equipamen-to de iluminação e de gravação sonora;

g) um centro técnico audiovisual completo no Rio deJaneiro, inclusive as obras necessárias, para a instala-ção de um estúdio de mixagem;

h) instrutores de apoio, local de trabalho, serviços desecretaria e serviços de tradução, quando necessários,para o pessoal canadense do projeto no Brasil;

i) qualquer outra forma de apoio não especificada sob acontribuição canadense no Artigo IV e necessária âexecução satisfatória do projeto.

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2. A contribuição do Governo brasileiro, incluindosalários, custos de treinamento, equipamento, material econstrução (porém excluindo o valor das instalaçõesexistentes) é estimada no valor de Cdn$ 943.000 (nove-centos e quarenta e três mil dólares canadenses), a serefetuada em cruzeiros á taxa de cambio em vigor nas datasde cada desembolso.

V I

O presente projeto deverá ter a duração de aproxima-damente dois anos e' meio (2 1/2), a partir da data daassinatura do presente Ajuste Complementar. Se, aotérmino daquele período, o projeto não houver sidocompletado conforme previsto no presente Ajuste Com-plementar, poderá ser prorrogado mediante acordo entreas Partes, mas a sua duração total não poderá ultrapassartrês anos e meio (3 112).

V I I

O Governo do Canadá e o Governo da República Federa-tiva do Brasil complementaram o presente Ajuste Com-plementar pela adição de um Plano de Operações por-menorizado, aqui incluído como Anexo "A" . Esse Planode Operações possui as seguintes características:

a) fornece uma descrição pormenorizada do projeto;

b) delineia os métodos e os meios a serem utilizados naimplementação do projeto;

c) designa as pessoas responsáveis pela execução doprojeto, em nome do Governo do Canadá e do Go-verno da República Federativa do Brasil.

d) define as obrigações, deveres e responsabilidades doGoverno do Canadá e do Governo da República Fede-rativa do Brasil, bem como as respectivas contribuiçõesfinanceiras;

e) inclui um cronograma de execução e de desembolsoaproximado pelo período de duração do projeto;

f) especifica o período em que a avaliação mencionadano Artigo VIII, parágrafo 4, deverá ser efetuada, bemcomo os meios pelos quais deverá ser feita.

VIII

1. O NFB trabalhará em estreita cooperação com a EM-BRAFILME na seleção de treinandos, na organização deviagens, na escolha das acomodações necessárias aos técni-cos brasileiros em treinamento, no acompanhamento daevolução das atividades do projeto, bem como no planeja-mento e na implementação do programa de treinamento ena instalação dos equipamentos no Brasil.

2. A CIDA fornecerá â SUBIN, ao MC e à EMBRAFIL-ME os relatórios de acompanhamento do projeto, a serempreparados trimestralmente pelo NFB.

3. O NFB fará revisões anuais dos progressos obtidos atéà data.

4. A avaliação final do projeto será realizada conjunta-mente pela CIDA e pela SUBIN, de acordo com um pro-cesso a ser acordado entre as Partes.

5. Ao término do projeto, a EMBRAFILME concorda emfornecer ao NFB uma carta confirmando que o projeto foicompletado de acordo com os termos do Plano de Opere-ções (Anexo "A" ) .

IX

1. As medidas orçamentarias, financeiras e administra-vas que já tenham sido tomadas pelo Governo do Canadáe pelo Governo da República Federativa do Brasil deverãoser continuadas e suplementadas com o objetivo de que oprojeto seja completado satisfatoriamente.

2. O presente Ajuste Complementar poderá ser emenda-do da maneira prescrita pelo Acordo de Cooperação Téc-nica de 2 de abril de 1975, notadamente por troca de no-tas diplomáticas entre o Governo do Canadá e o Governoda República Federativa do Brasil. O Anexo " A " ao pre-sente Ajuste, no entanto, poderá ser emendado pela sim-ples troca de cartas entre a CIDA e a EMBRAFILME.

O Governo do Canadá e o Governo da República Federati-va do Brasil deverão assegurar a devida diligência e eficiên-cia no cumprimento deste Ajuste Complementar e cadauma das Partes deverá fornecer à outra, na medida do pos-sível, todas as informações pertinentes que vierem a sersolicitadas.

XI

Qualquer comunicação administrativa ou documento a serdado, feito ou enviado pelo Governo da República Fede-rativa do Brasil ou pelo Governo do Canadá, relativamentea este Ajuste Complementar, deverá ser feito por escrito,certificando-se de que seja devidamente recebido pela Par-te interessada quando entregue em mãos, pelo correio, porvia telegráfica, telex ou radíograma, aos respectivos ende-reços, abaixo relacionados:

Para o Brasil:- Empresa Brasileira de Filmes S.A.

Rua Mayrínk Veiga, 2820090 - Rio de Janeiro (RJ)Brasil

Para o Canadá:— The President

Canadian International Development Agencyc/o Canadian EmbassySES- Avenida das Nações, Lote 1670410- Brasília (DF)Brasil

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XI I

O presente Ajuste Complementar cancela qualquer outroAcordo anterior, verbal ou escrito, relativamente ao proje-ito, descrito no Artigo III do presente Ajuste Complemen-tar entre os Governos do Canadá e da República Federati-va do Brasil.

Caso o Governo da República Federativa do Brasil concor-de com as propostas contidas nos Artigos I a XII, tenho ahonra de propor que esta nota e a nota de resposta deVossa Excelência, em que se expresse a concordância deseu Governo, constituam um Ajuste Complementar entreos nossos dois Governos, a entrar em vigor na data da notade resposta de Vossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos da Nota acimatranscrita, a qual, juntamente com a presente, passa aconstituir um Ajuste Complementar entre os nossos doisGovernos, a entrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha alta estima e mui distinta consi-deração.

Olavo Egydio SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da RepúblicaFederativa do Brasil.

AJUSTE SOBRE COOPERAÇÃO TÉCNICAPARA APERFEIÇOAMENTO DE CIENTISTASE TÉCNICOS BRASILEIROS NOS MÉTODOSE NAS TÉCNICAS DE PESQUISA NA ÁREA DEPLANTIO DIRETO

A Sua Excelência o Senhor Anthony Tudor Eyton,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário doGoverno do Canadá.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar o recebimento da Nota B—46,datada de 23 de maio de 1985, de Vossa Excelência, cujoteor em português é o seguinte:

"Excelência,

Com referência á Nota Verbal np DCOPT/DCS/76/644(B46) (B10), de 12 de novembro de 1982, do Ministériodas Relações Exteriores do Brasil, bem como ao Acordo"de Cooperação Técnica entre o Governo do Canadá e oGoverno da República Federativa do Brasil, de 2 de abrilde 1975, tenho a honra de propor, em nome do Governodo Canadá e nos termos do Artigo II do Acordo supra-

mencionado, o seguinte Ajuste Complementar que dispõesobre um projeto de cooperação técnica para o aperfeiçoa-mento de cientistas e técnicos brasileiros nos métodos enas técnicas de pesquisa na área de plantio direto.

I

1. O Governo do Canadá designa a Agência Canadensepara o Desenvolvimento Internacional (doravante deno-minada CIDA) como agência responsável pelo cumpri-mento das obrigações decorrentes deste Ajuste Comple-mentar.

2. A CIDA designa a "Agriculture Canada" como respon-sável pela implementação deste projeto, em seu nome.

3. A "Agriculture Canada" designa a "Swift CurrentAgricultural Research Station", em Swift Currente,Saskatchewan, como responsável pela operacionalização eadministração direta do projeto.

II

O Governo da República Federativa do Brasil designa:

a) A Secretaria de Cooperação Económica e Técnica In-ternacional da Secretaria de Planejamento da Presidênciada República (doravante denominada SUBIN) como agên-cia responsável pela verificação do cumprimento das obri-gações decorrentes deste Ajuste Complementar;

b) A Coordenação para Assuntos Internacionais de Agri-cultura (doravante denominada CINGRA) como responsá-vel pela coordenação da implementação deste projeto; e

c) O Centro Nacional de Pesquisado Trigo (doravante de-nominado CNPT) como agência responsável pela opera-cionalização e administração da contrapartida do projeto.

I l l

O objetivo deste projeto é o de aperfeiçoar o pessoal cien-tífico e técnico do CNPT;no estabelecimento e na'avalia-ção de programas de pesquisa na área de plantio direto eserá alcançado através da execução das seguintes atividades :

a) estágios práticos de cientistas e técnicos brasileiros noCanadá;

b) aperfeiçoamento, em nível de pós-graduação, de cien-tistas brasileiros em universidades canadenses;

c) visitas técnicas, aperfeiçoamento e serviços de consul-toria por especialistas canadenses no Brasil;

d) fornecimento de equipamentos científicos especializa-dos, essenciais para a concretização do projeto.

IV

1. Como contribuição a este projeto, o Governo do Cana-dá concorda em prover, em tempo hábil, o seguinte:

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a) aproximadamente sessenta e quatro (64) homens/mésde aperfeiçoamento do Canadá e aproximadamentevinte e três (23) homens/més de transferência de tec-nologia no Brasil;

b) instalações, equipamento, taxas de matrícula, mate-riais e provisões necessários ao programa de aperfeiçoa-mento no Canadá, de acordo com as normas da CIDA;

c) custeio das passagens aéreas internacionais e domésti-cas, ajudas de custo e outros benefícios para os brasi-leiros participantes dos programas de aperfeiçoamentono Canadá, de acordo com as normas da CIDA;

d) custeio das passagens aéreas internacionais, salários edespesas incidentais para os especialistas canadensesque venham ao Brasil fornecer os cursos de aperfeiçoa-mento;

e) os serviços da " Agriculture Canada", a qual agirá comoagência responsável pela execução e administração doprojeto.

2. Concorda-se em que o total da contribuição canadensenão excederá a Cdn$ 957.000,00 (novecentos e cin-quenta e sete mil dólares canadenses), incluindo oscustos da administração do projeto pela "AgricultureCanada" e da avaliação por parte da CIDA.

VI

O presente projeto deverá ter a duração de aproximada-mente cinco (5) anos, a partir da data da assinatura dopresente Ajuste Complementar. Se, ao término daqueleperíodo, o projeto não houver sido completado confor-me previsto no presente Ajuste Complementar, poderáser prorrogado mediante acordo entre as Partes.

V I I

O Governo do Canadá e o Governo da República Fede-rativa do Brasil complementaram o presente Ajuste Com-plementar pela adição de um Plano de Operações porme-norizado, aqui incluído como Anexo " A " . Esse Plano deOperações possui as seguintes características:

a) fornece uma descrição pormenorizada do projeto;

b) delineia os métodos e os meios a serem utilizados naimplementação do projeto;

c) designa as pessoas responsáveis pela execução do pro-jeto, em nome do Governo do Canadá e do Governoda República Federativa do Brasil;

d) define as obrigações, deveres e responsabilidades doGoverno do Canadá e do Governo da República Fede-rativa do Brasil, bem como as respectivas contribuiçõesfinanceiras;

1. Como contribuição a este projeto, o Governo da Repú-blica Federativa do Brasil concorda em prover, errf tempohábil, o seguinte:

a) no máximo dez (10) cientistas e técnicos do CNPT pa-ra aperfeiçoamento no Canadá e no Brasil, de acordocom os termos do presente projeto, bem como saláriosregulares e benefícios para estes especialistas durante operíodo de aperfeiçoamento;

b) instalações para pesquisas e experimentos, assim comomateriais e equipamentos necessários ao projeto noBrasil;

c) pessoal de contrapartida, locais de escritório, serviçosde secretaria e serviços de tradução, quando necessá-rios, para o pessoal canadense do projeto;

d) qualquer outro tipo de apoio não especificado nas con-tribuições canadenses mencionadas no Artigo IV e ne-cessário â execução satisfatória do projeto.

2. A contribuição do Governo brasileiro, incluindo salá-rios, treinamento e outros gastos locais (porém excluindoo valor das instalações e dos equipamentos existentes) éestimada no valor de Cdn$ 250.000,00 (duzentos e cin-quenta mil dólares canadenses), a ser efetuada em cruzei-ros à taxa de câmbio em vigor nas datas de cada desem-bolso.

e) inclui um cronograma de execução e de desembolsoaproximado pelo período de duração do projeto;

f) especifica os períodos em que as avaliações conjuntasmencionadas no Artigo V I I I , parágrafos 3 e 4, deverãoser efetuadas, assim como os meios pelos quais deverãoser feitas.

VIM

1. A "Agriculture Canada" trabalhará em estreita coope-ração com o CNPT na seleção de treinandos, na organiza-ção de viagens, na escolha das acomodações necessáriasaos cientistas brasileiros em aperfeiçoamento no Canadá,no acompanhamento da evolução das atividades do proje-to, bem como no planejamento e na implementação doprograma de aperfeiçoamento em território brasileiro.

2. A CIDA fornecerá á SUBIN, à CINGRA e ao CNPTos relatórios de acompanhamento, do projeto a serem pre-parados anualmente pela "Agriculture Canada".

3. A CIDA, a "Agriculture Canada" e a SUBIN realizarãoconjuntamente, a médio prazo, uma revisão operacionaldas atividades do projeto desenvolvidas até então.

4. A avaliação final do projeto será realizada conjunta-mente pela CIDA e pela SUBIN, de acordo com umprocesso a ser acordado entre as Partes.

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5. Ao término do projeto, o CNPT concorda em fornecerà "Agriculture Canada" uma carta confirmando que oprojeto foi completado de acordo com os termos do planode Operações (Anexo "A" ) .

i

IX

1. As medidas orçamentarias, financeiras e administra-tivas que já tenham sido tomadas pelo Governo do Canadáe pelo Governo da República do Brasil deverão ser conti-nuadas e suplementadas com o objetivo de que o projetoseja completado satisfatoriamente.

2. O presente Ajuste Complementar poderá ser emenda-do da maneira prescrita pelo Acordo de Cooperação Téc-nica de 2 de abril de 1975, notadamente por troca de no-tas diplomáticas entre o Governo do Canadá e o Governoda República Federativa do Brasil. O anexo "A " ao pre-sente Ajuste, no entanto, poderá ser emendado pela sim-ples troca de cartas entre a CIDA e o CNPT.

O Governo do Canadá e o Governo da República Federa-tiva do Brasil deverão assegurar a devida diligência e efi-ciência no cumprimento deste Ajuste Complementar ecada uma das Partes deverá fornecer á outra, na medidado possível, todas as informações pertinentes que vierem aser solicitadas.

XI

Qualquer comunicação administrativa, ou outra, a sertransmitida pelo Governo da República Federativa doBrasil ao Governo do Canadá, ou vice-versa, relat'vamenteao projeto objeto deste Ajuste Complementar, deverá serefetuada por escrito, certificando-se de que seja devida-mente recebida pela Parte interessada quando entregue emmãos, pelo correio, por via telegráfica, telex ou radiogra-ma e dirigida aos endereços abaixo relacionados.

Para o Brasil:— Centro Nacional de Pesquisa de Trigo/EMBRAPA

BR 285, km 17499100- PASSO FUNDO (RS)Brasil

Para o Canadá:— The President

Canadian International Development Agencyc/o Canadian EmbassySES— Avenida das Nações, Lote 1670410- BRASÍLIA (DF)Brasil

XI I

O presente Ajuste Complementar cancela qualquer outroAcordo anterior, verbal ou escrito, relativamente ao proje-to, descrito no Artigo III do presente Ajuste Complemen-

tar entre os Governos do Canadá e da República Federati-va do Brasil.

Caso o Governo da República Federativa do Brasil concor-de com as propostas contidas nos Artigos I a XII, tenho ahonra de propor que esta Nota e a Nota de resposta deVossa Excelência, em que se expresse a concordância deseu Governo, constituam um Ajuste Complementar entreos nossos dois Governos, a entrar em vigor na data da No-ta de resposta de Vossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentara Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos da Nota acimatranscrita, a qual, juntamente com a presente, passa aconstituir um Ajuste Complementar entre os nossos doisGovernos, a entrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Olavo SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da RepúblicaFederativa do Brasil

AJUSTES SOBRE COOPERAÇÃO TÉCNICAPARA APERFEIÇOAMENTO DEINSPETORES FEDERAIS DE CARNEE DE CLASSIFICADORES DECARCAÇAS NO BRASIL

A Sua ExceléYicia o Senhor Anthony Tudor Eyton,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário doGoverno do Canadá.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar o recebimento da Nota B—63,datada de 23 de maio de 1985, de Vossa Excelência, cujoteor em portugue"s é o seguinte:

"Excelência,

Com refere"ncia à Nota Verbal n° DCOPT/DCS/61/644(B46) (B10), de 29 de setembro de 1982, do Ministériodas Relações Exteriores do Brasil, bem como ao Acordode Cooperação Técnica entre o Governo do Canadá e oGoverno da República Federativa do Brasil, de 2 de abrilde 1975, tenho a honra de propor, em nome do Governodo Canadá e nos termos do Artigo II do Acordo supra-mencionado, o seguinte Ajuste Complementar que dispõesobre um projeto de cooperação técnica para o aperfeiçoa-mento de inspetores federais de carne e de classificadoresde carcaças no Brasil.

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Page 64: cíe política exterior do brasil · março de 1985, por ocasião da primeira reunião ministerial da Nova República. Senhores Ministros, Declaro aberta a primeira reunião do Minis-tério

I

1. O Governo do Canadá designa a Agência Canadensepara o Desenvolvimento Internacional (doravante denomi-nada CIDA) como agência responsável pelo cumprimentodas obrigações decorrentes deste Ajuste Complementar.

2. A CIDA designa a "Agriculture Canada" como respon-sável pela implementação deste projeto, em seu nome.

3. A "Agriculture Canada" designa a Food Productionand Inspection Branch", em Ottawa, Ontario, como res-ponsável pela operacionalizaçâío e administração direta doprojeto.

II

O Governo da República Federativa do Brasil designa:

a) a Secretaria de Cooperação Económica e Técnica In-ternacional da Secretaria de Planejamento da Presidênciada República (doravante denominada SUBIN) como agên-cia responsável pela verificação do cumprimento das obri-gações decorrentes deste Ajuste Complementar;

b) A Coordenação para Assuntos Internacionais de Agri-cultura (doravante denominada CINGRA) como responsá-vel pela coordenação da implementação deste projeto; e

c) a Secretaria de Inspeção de Produto Animal é a Divi-são de Inspeção de Carnes e Derivados do Ministério daAgricultura (doravante denominada SIPA/DICAR) comoas agências responsáveis pela operacionalização e adminis-tração da contrapartida do projeto.

I l l

O objetivo desteprojeto é o de aperfeiçoar os técnicos fe-derais da SIPA/DICAR ligados à inspeção e à classificaçãode carnes, na aplicação das técnicas e dos sistemas cana-denses de inspeção de carnes e de classificação de carca-ças, e será alcançado através da execução das seguintesatividades:

a) estágios práticos de técnicos brasileiros no Canadá;

b) visitas técnicas, aperfeiçoamento e serviços de consul-toria por especialistas canadenses no Brasil;

c) fornecimento de materiais e equipamentos a serem uti-lizados para o aperfeiçoamento e adaptados para uso noBrasil.

IV

1. Como contribuição a este projeto, o Governo do Cana-dá concorda em prover, em tempo hábil, o seguinte:

a) aproximadamente setenta e quatro (74) homens/mêsde aperfeiçoamento no Canadá e aproximadamente dez

(10) homens/mes de aperfeiçoamento e de serviços deconsultoria no Brasil;

b) instalações, equipamento, taxas de matrícula, mate-riais e provisões necessários ao programa de aperfeiçoa-mento no Canadá, de acordo com as normas da CIDA;

c) custeio das passagens aéreas internacionais e domésti-cas, ajudas de custo e outros benefícios para os brasileirosparticipantes dos programas de aperfeiçoamento no Cana-dá, de acordo com as normas da CIDA;

d) custeio das passagens aéreas internacionais, salários edespesas incidentais para os especialistas canadenses quevenham ao Brasil fornecei os cursos de aperfeiçoamento eos serviços de consultoria;

e) os serviços da "Agriculture Canada", a qual agirá comoagência responsável pela execução e administração do pro-jeto.

2. Concorda-se em que o total da contribuição canadensenão excederá a Cdn$ 637.000,00 (seissentos e trinta e se-te mil dólares canadenses), incluindo os custos da adminis-tração do projeto pela "Agriculture Canada" e da avalia-ção por parte da CIDA.

V

1. Como contribuição a esse projeto, o Governo da Repú-blica Federativa do Brasil concorda em prover, em tempohábil, o seguinte:

a) no máximo trinta (30) inspetores e classificadores decarne da SIPA/DICAR, os quais se aperfeiçoarão no Ca-nadá e no Brasil, de acordo com os termos do presenteprojeto, bem como salários regulares e outros benefíciospara estes técnicos durante o período de aperfeiçoamento;

b) instalações para o programa de aperfeiçoamento e pla-nejamento dos seminários, assim como materiais e equi-pamentos necessários ao projeto no Brasil;

c) pessoal de contrapartida, locais de escritório, serviçosde secretaria e serviços de tradução, quando necessários,para o pessoal canadense do projeto;

d) prover ao pessoal canadense os meios de transportelocal de superfície para as visitas ligadas ao projeto;

e) qualquer outro tipo de apoio não especificado nas con-tribuições canadenses mencionadas no Artigo IV e neces-sário à execução satisfatória do projeto.

2. A contribuição do Governo brasileiro, incluindo salá-rios, treinamento e outros gastos locais (porém excluindoo valor das instalações e dos equipamentos existentes) éestimada no valor de Cdn$ 250.000,00 (duzentos e cin-quenta mil dólares canadenses), a ser efetuada em cruzei-ros á taxa do câmbio em vigor nas datas de cada desem-bolso.

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Page 65: cíe política exterior do brasil · março de 1985, por ocasião da primeira reunião ministerial da Nova República. Senhores Ministros, Declaro aberta a primeira reunião do Minis-tério

IX

1. As medidas orçamentarias, financeiras e administrati-vas que jã tenham sido tomadas pelo Governo do Canadáe pelo Governo da República Federativa do Brasil deverãoser continuadas e suplementadas com o objetivo de que oprojeto seja completado satisfatoriamente.

2. O presente Ajuste Complementar poderá ser emenda-do da maneira prescrita pelo Acordo de Cooperação Téc-nica de 2 de abril de-1975, notadamente por troca de no-tas diplomáticas entre o Governo do Canadá e o Governoda República Federativa do Brasil. O Anexo "A" ao pre-sente Ajuste, no entanto, poderá ser emendado pela sim-ples troca de cartas entre a Cl DA e o I AC.

O Governo do Canadá e o Governo da República Federa-tiva do Brasil deverão assegurar a devida diligência e efici-ência no cumprimento deste Ajuste Complementar e cadauma das Partes deverá fornecer à outra, na medida do pos-sível, todas as informações pertinentes que vierem a sersolicitadas.

XI

Qualquer comunicação administrativa, ou outra, a sertransmitida pelo Governo da República Federativa do Bra-sil ao Governo do Canadá, ou vice-versa, referente ao pro-jeto objeto deste Ajuste Complementar, deverá ser efetua-da por escrito, certificando-se uma das Partes de que sejadevidamente recebida pela outra Parte quando entregueem mios, pelo correio, por via telegráfica, telex ou radio-grama e dirigida aos endereços abaixo relacionados:

Para o Brasil— Instituto Agronómico de Campinas

Avenida Barão de Itapura, 1481Caixa Postal, 2313100- CAMPINAS (SP) - BRASIL

Para o Canadá— The Presidem

Canadian International Development Agencyc/o Canadian EmbassySES- Avenida das Nações, Lote 1670410- BRASÍLIA (DF)BRASIL

XI I

O presente Ajuste Complementar cancela qualquer outroAcoido anterior, verbal ou escrito, referente ao projetodescrito no Artigo III do presente Ajuste Complementarentre os Governos do Canadá e da República Federativado Brasil.

Caso o Governo da República Federativa do Brasil concor-de com as propostas contidas nos Artigos I a XII, tenho a

honra de propor que esta Nota e a Nota de resposta deVossa Excelência, em que se expresse a concordância deseu Governo, constituam um Ajuste Complementar entreos nossos dois Governos, a entrar em vigor na data da No-ta de resposta de Vossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos da Nota acimatranscrita, a qual, juntamente com a presente, passa aconstituir um Ajuste Complementar entre os nossos doisGovernos, a entrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Olavo SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da RepúblicaFederativa do Brasil

AJUSTE SOBRE COOPERAÇÃO TÉCNICAPARA APERFEIÇOAMENTO DE CIENTISTASE TÉCNICOS BRASILEIROS NOS MÉTODOSDE PESQUISA ZOOTÉCNICA RELACIONADACOM O GADO DE LEITE

A Sua Excelência o Senhor Anthony Tudor Eyton,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário doGoverno do Canadá.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar o recebimento da Nota B—72 da-tada de 30 de maio de 1985, de Vossa Excelência, cujoteor em português é o seguinte:

"Excele"ncia,

Com referência á Nota Verbal n° DCOPT/DCS/63/644(B46) (B10), de 29 de setembro de 1982, do Ministériodas Relações Exteriores do Brasil, bem como ao Acordode Cooperação Técnica entre o Governo do Canadá e oGoverno da República Federativa do Brasil, de 2 de abrilde 1975, tenho a honra de propor, em nome do Governodo Canadá e nos termos do Artigo II do Acordo supra-mencionado, o seguinte Ajuste Complementar que dispõesobre um projeto de cooperação técnica para o aperfei-çoamento de cientistas e técnicos brasileiros nos métodosde pesquisa zootécnica relacionada com o gado de leite.

I

1. O Governo do Canadá designa a Agência Canadensepara o Desenvolvimento Internacional (doravante denomi-nada Cl DA) como agência responsável pelo cumprimentodas obrigaçOes decorrentes deste Ajuste Complementar.

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Page 66: cíe política exterior do brasil · março de 1985, por ocasião da primeira reunião ministerial da Nova República. Senhores Ministros, Declaro aberta a primeira reunião do Minis-tério

2. A CIDA designa a "Agricultura Canada" como respon-sável pela implementação deste projeto, em seu nome.

3. A "Agricultura Canada" designa o "Animal ResearchCentre", em Ottawa, Ontario, como responsável pela ope-racionalização e administração direta do projeto.

II

1. O Governo da República Federativa do Brasil designa:

a) a Secretária de Cooperação Económica e Técnica In-ternacional da Secretaria de Planejamento da Preside"nciada República (doravante denominada SUBIN) como agen-cia responsável pela verificação do cumprimento das obri-gações decorrentes deste Ajuste Complementar;

a) a Coordenação para Assuntos Internacionais de Agri-cultura (doravante denominada OINGRA) como respon-sável pela coordenação da implementação deste projeto; e

c) o Instituto Agronómico do Paraná (doravante denomi-nado IAPAR) e o Centro Nacional de Pesquisa em Gadode Leite (doravante denominado CNPGL) como agênciasresponsáveis pela operacionalização e administração dacontrapartida do projeto.

I l l

1. O objetivo deste projeto é o de aperfeiçoar os cientis-tas da área de pesquisa veterinária do IAPAR e do CNPGLnos métodos e nas técnicas de pesquisa avançada nas áreasde nutrição genética e reprodução de gado de leite, e seráalcançado através da execução das seguintes atividades:

a) estágios práticos de cientistas e técnicos brasileiros no

Canadá;

b) participação em encontros científicos correlatos, noCanadá e nos E.U. A, e visitas aos principais centros expe-rimentais;

c) visitas técnicas, aperfeiçoamento e serviços de consul-toria por especialistas canadenses no Brasil;

d) fornecimento de equipamentos científicos especializa-dos, essenciais para a concretização do projeto.

IV

1. Como contribuição a este projeto, o Governo do Cana-dá concorda em prover, em tempo hábil, o seguinte:

a) aproximadamente noventa e sete (97) homens/méspara aperfeiçoamento no Canadá e aproximadamente no-ve (9) homens/me"s para transferência de tecnologia e con-sultoria no Brasil;

b) instalações, equipamentos, taxas de matrícula, mate-riais e provisões necessários ao programa de aperfeiçoa-mento no Canadá, de acordo com as normas da CIDA;

c) custeio das passagens aéreas internacionais e domésticas, ajudas de custo e outros benefícios para os brasileirosparticipantes dos programas de aperfeiçoamento no Cana-dá, de acordo com as normas da CIDA;

d) custeio das passagens aéreas internacionais, salários edespesas incidentais para os especialistas canadenses quevenham ao Brasil fornecer os cursos de aperfeiçoamento eserviços de consultoria;

e) os serviços da " Agriculture Canada", a qual agirá cornoagência responáavel pela execução e administração do pro-jeto.

2. Concorda-se em que o total da contribuição canadensenão excederá a Cdn$ 942.000,00 (novecentos e quarentae dois mil dólares canadenses), incluindo os custos daadministração do projeto pela "Agriculture Canada" e daavaliação por parte da CIDA.

1. Como contribuição a este projeto, o Governo da Re-

pública Federativa do Brasil concorda em prover, em tem-

po hábil, o seguinte:

a) no máximo seis (6) cientistas do IAPAR e cinco (5) doCNPGL para aperfeiçoamento no Canadá e no Brasil, deacordo com os termos do presente projeto, bem como sa-lários regulares e benefícios para estes especialistas duran-te o período de aperfeiçoamento;

b) instalações para pesquisas e experimentos, assim comomateriais e equipamentos necessários ao projeto no Brasil;

c) pessoal de contrapartida, locais de escritório, serviçosde secretaria e serviços de tradução, quando necessário,para o pessoal canadense do projeto;

d) qualquer outro tipo de apoio não especificado nas con-tribuições canadenses mencionadas no Artigo IV e neces-sário à execução satisfatória do projeto.

2. A contribuição do Governo brasileiro, incluindo salá-rios, treinamento e outros gastos locais (porém excluindoo valor das instalações e dos equipamentos existentes), éestimada no valor de Cdn$ 500.000,00 (quinhentos mildólares canadenses), a ser efetuada em cruzeiros, à taxade câmbio em vigor nas datas de cada desembolso.

V I

O presente projeto deverá ter a duração de aproximada-mente quatro (4) anos, a partir da data da assinatura dopresente Ajuste Complementar. Se, ao término daqueleperíodo, o projeto não houver sido completado conformeprevisto no presente Ajuste Complementar, poderá serprorrogado mediante acordo entre as Partes.

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Page 67: cíe política exterior do brasil · março de 1985, por ocasião da primeira reunião ministerial da Nova República. Senhores Ministros, Declaro aberta a primeira reunião do Minis-tério

V I I

O Governo do Canadá e o Governo da República Federa-tiva do Brasil complementaram o presente Ajuste Comple-mentar pela adição de um Plano de Operações pormenori-zado, aqui incluído como Anexo "A" . Esse Plano de Ope-rações possui as seguintes características:

a) fornece uma descrição pormenorizada do projeto;

b) delineia os métodos e os meios a serem utilizados naimplementação do projeto;

c) designa as pessoas responsáveis pela execução do proje-to, em nome do Governo do Canadá e do Governo da Re-pública Federativa do Brasil;

d) define as obrigações, deveres e responsabilidades doGoverno do Canadá e do Governo da República Federati-va do Brasil, bem como as respectivas contribuições finan-ceiras;

e) inclui um cronograma de execução e de desembolsoaproximado pelo período de duração do projeto;

f) especifica os períodos em que as avaliações conjuntasmencionadas no Artigo VIII, parágrafos 3 e 4, deverão serefetuadas, assim como os meios pelos quais deverão serfeitas.

VIII

1. A "Agriculture Canada" trabalhará em estreita coope-ração com o l AP AR e o CNPGL na seleção de treinandos,na organização de viagens, na escolha das acomodaçõesnecessárias aos cientistas brasileiros em aperfeiçoamentono Canadá, no acompanhamento da evolução das ativida-des do projeto, bem como no planejamento e na imple-mentação do programa de aperfeiçoamento em territóriobrasileiro.

2. A CIDA fornecerá á SUBIN, à CINGRA, ao lAPAReao CNPGL os relatórios de acompanhamento do projeto aserem preparados anualmente pela "Agriculture Canada".

3. A CIDA, a "Agriculture Canada" e a SUBIN realizarãoconjuntamente, a médio prazo, uma revisão operacionaldas atividades desenvolvidas até então.

4. A avaliação final do projeto será realizada conjunta-mente pela CIDA e pela SUBIN, de acordo com procedi-mento a ser acordado entre as Partes.

5. Ao término do projeto, o IAPAR e o CNPGL concor-dam em fornecer â "Agriculture Canada" uma carta con-firmando que o projeto foi completado de acordo com ostermos do Plano de Operações (Anexo "A") .

IX

1. As medidas orçamentarias, financeiras e administrati-vas que já tenham sido tomadas pelo Governo da Repúbli-

ca Federativa do Brasil deverão ser continuadas e suple-mentadas com o objetivo de que o projeto seja completa-do satisfatoriamente.

2. O presente Ajuste Complementar poderá ser emenda-do da maneira prescrita pelo Acordo de Cooperação Téc-nica de 2 de abril de 1975, notadamente por troca de notasdiplomáticas entre o Governo do Canadá e o Governo daRepública Federativa do Brasil. O Anexo " A " ao presenteAjuste, no entanto, poderá ser emendado pela simplestroca de cartas a CIDA, o IAPAR e o CNPGL.

O Governo do Canadá e o Governo da República Federa-tiva do Brasil deverão assegurar a devida deligéncia eeficiência no cumprimento deste Ajuste Complementar ecada uma das Partes deverá fornecer à outra, na medidado possível, todas as informações pertinentes que vierema ser solicitadas.

XI

Qualquer comunicação administrativa, ou outra, a sertransmitida pelo Governo da República Federativa do Bra-sil ao Governo do Canadá, ou vice-versa, relativamente aoprojeto objeto deste Ajuste Complementar, deverá ser efe-tuada por escrito, certificando-se uma das Partes de queseja devidamente recebida pela outra Parte quando entre-gue em mãos, pelo correio, por via telegráfica, telex ou ra-diograma e dirigida aos endereços abaixo relacionados:

Para o Brasil— Fundação Instituto Agronómico do Paraná

Rodovia Celso Garcia CidCaixa Postal 133186100- Londrina (PR)Brasil

Centro Nacional de Pesquisa de Gado de LeiteRodovia MG 133 - Km 4236155- Coronel Pacheco (MG)Brasil

Para o Canadá— The President

Canadian International Development Agencyc/o Canadian EmbassySES- Avenida das Nações, Lote 1670410-Brasília (DF)Brasil

XI I

O Presente Ajuste Complementar cancela qualquer outroAcordo anterior, verbal ou escrito, referente ao projetodescrito no Artigo III do presente Ajuste Complementarentre os Governos do Canadá e o da República Federativado Brasil.

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Caso o Governo da República Federativa do Brasil concor-de com as propostas contidas nos Artigos I a XII, tenho ahonra de propor que esta Nota e a Nota de resposta deVossa Excelência, em que se expresse a concordância deseu Governo, consituam um Ajuste Complementar entre

' os nossos dois Governos, a entrar em vigor na data da No-ta de resposta de Vossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos da Nota acimatranscrita, a qual, juntamente com a presente, passa aconstituir um Ajuste Complementar entre os nossos doisGovernos, a entrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Olavo SetúbalMinistro de Estado das-Relações Exteriores da RepúblicaFederativa do Brasil

os ajustes complementaresao acordo básico de

cooperação técnica entrebrasil e alemanha

Ajustes Complementares ao Acordo Básico deCooperação Técnica entre o Brasil e a RepúblicaFederal da Alemanha (de 30 de novembro de1963) relativos aos projetos "Controle de DoençasDiarréicas no Estado do Maranhão", "Implantaçãodo Centro Nacional de Engenharia Agrícola" e"Programa de Fomento da Integração de ÁreasResidenciais Marginalizadas na RegiãoMetropolitana de Belo Horizonte", assinados, noPalácio do Itamaraty, em Brasília, em 24 de abrilde 1985, pelo Ministro de Estado das RelaçõesExteriores, Olavo Setúbal, e pelo Encarregado deNegócios a.i. da República Federal da Alemanha,Goetz Alexander Martius.

PROJETO "CONTROLE DE DOENÇASDIARRÉICAS NO ESTADO DO MARNHÀO"

A Sua Excele'ncia o Senhor Goetz Alexander Martius,Encarregado de Negócios a.i. da República Federal daAlemanha

Senhor Encarregado de Negócios,

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Tenho a honra de acusar recebimento da Nota nO Ez 445/146/227/85, datada de hoje, cujo teor em português é oseguinte:

"Senhor Ministro,

Com referência à sua Nota verbal DCOPT/DE-l/121/644(B46) (F36), de 23 de junho de 1981, e em execução doAcordo Básico de Cooperação Técnica, de 30 de novem-bro de 1963, concluído entre os nossos dois Governos,tenho a honra de propor a Vossa Excelência, em nome doGoverno da República Federal da Alemanha, o seguinteAjuste sobre o projeto "Controle de Doenças Diarréicasno Estado do Maranhão" - IMEC. (PN 83.2020.2):

I

1. O Governo da República Federal da Alemanha e o Go-verno da República Federativa do Brasil promoverão con-juntamente um programa destinado ao estudo e ao con-trole das doenças diarréicas infantis no Estado do Mara-nhão, com o objetivo de reduzir a mortalidade ocasionadapor diarreias.

II

Ao Governo da República Federal da Alemanha caberá:

a) Enviar um médico especializado em saúde pública,pelo período de 36/homens/més, e peritos a curto prazo,a serem encarregados dos setores de vtrologia, planejamen-to sanitário e da avaliação do projeto, pelo período máxi-mo total de 10 homens/mês;

b) fornecer equipamento laboratorial, material de forma-ção e equipamento complementar para os postos de saúdee auxiliares sanitaristas voluntários, os quais não deverãopossuir similar nacional, no valor máximo de DM 210.000(duzentos e dez mil marcos alemães), e encarregar-se dasdespesas de transporte e seguro dos equipamentos até olocal do projeto.

2. Facultar estágios de aperfeiçoamento, fora do projeto,pelo prazo máximo total de 60 homens/més; para 7 técni-cos brasileiros, que após o seu regresso atuarão no projeto,dando autonomamente prosseguimento âs tarefas dos téc-nicos enviados.

I l l

Ao Governo da República Federativa do Brasil caberá:

a) colocar â disposição um coordenador do projeto, de-vidamente qualificado, bem como demais pessoal técni-co e auxiliar para a execução do programa de pesquisa ede intervenção;

b) colocar igualmente á disposição os recintos necessáriospara o projeto, incluive salas de escritório;

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c) prestar aos técnicos enviados o apoio necessário â exe-cução das suas tarefas, coiocando-lhes á disposição a docu-mentação necessária;

d) isentar o material fornecido ao projeto por incumbên-cia do Governo da República Federal da Alemanha de li-cenças, das taxas portuárias, direitos de importação e de-mais encargos fiscais, providenciando o pronto desembara-ço alfandegário do material; a requerimento do órgão exe-cutor, as isenções acima aplicar-se-ão também ao materialadquirido no Brasil;

e) arcar com as despesas das viagens a serviço dos técni-cos enviados dentro do Brasil, pagando, além das despesasde viagem, diárias adequadas;

f) custear as despesas de moradia dos técnicos enviadosou pagar-lhes parcela adequada das despesas de locação;

g) custear as despesas correntes do projeto, bem como osgastos com diárias e hospedagem do pessoal brasileiro par-ticipante ;

h) tomar providências para que, na área do projeto, as so-luções de reidratação sejam colocadas à disposição emtempo hábil, a título gratuito e em quantidade suficiente;

i) tomar providências para assegurar a cooperação entretodas as instituições participantes, através de respectivasgarantias contratuais, de modo que todas ás decisões emodificações sejam coordenadas entre os participantesque por elas se responsabilizarão. Isso inclui a realizaçãode reuniões de coordenação em períodos regulares. Asinstituições participantes serão a Secretaria de Saúde doEstado, a Universidade Federal do Maranhão, com os De-partamentos de Saúde Pública e de Patologia e represen-tantes dos grupos enfocados.

2. O material fornecido ao projeto por incumbência doGoverno da República Federal da Alemanha passará,quando da sua chegada no Brasil, ao património do Gover-no da República Federativa do Brasil, estando â inteiradisposição do projeto e dos técnicos enviados para a exe-cução das suas tarefas.

IV

1. Atribuições dos técnicos enviados:

a) assistência e assessoramento ao coordenador brasileirodo projeto em todos os assuntos referentes à implementa-ção, supervisão e avaliação do projeto, bem como coorde-nação das contribuições da República Federal da Alema-nha para o projeto;

b) assistência e assessoramento científico, bem como par-ticipação em seminários e atividades de aperfeiçoamentonas disciplinas das suas especialidades.

2. Dentro das suas atividades, delineadas no parágrafo 1.deste item, os técnicos enviados serão responsáveis peran-te a Universidade Federal do Maranhão, obedecendo àssuas instruções, desde que isto não afete as relações con-tratuais com o seu empregador alemão

Dos executores do projeto:

1. O Governo da República Federal da Alemanha encar-regará da execução das suas contribuições a "DeutscheGesellschaft Fúr Technische Zusammenarbeit (GTZ)GmbH", 6236 Eschborn 1.

2. O Governo da República Federativa do Brasil encarre-gará da implementação do projeto a Universidade Federaldo Maranhão, em São Luís.

3. Os órgãos encarregados nos termos dos parágrafos 1 e2 deste item estabelecerão conjuntamente os pormenoresda implementação do projeto no plano operacional, adap-tando-o, caso necessário, ao andamento do projeto.

VI

De resto, aplicar-se-ão também ao presente Ajuste as dis-posições do acima referido Acordo Básico, de 30 de no-vembro de 1963, inclusive a cláusula de Berlim (Artigo10).

Caso o Governo da República Federativa do Brasil concor-de com as propostas contidas nos parágrafos I a VI estaNota e a de resposta de Vossa Excelência, em que se ex-presse a concordância do seu Governo, constituirão umAjuste entre os nossos dois Governos, a entrar em vigorna data da Nota de resposta de Vossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentara Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos da Nota acimatranscrita, a qual, juntamente com a presente, passa aconstituir um Ajuste entre os nossos dois Governos, a en-trar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Olavo Egydio SetúbalMinistro de Estado das Ffelações Exteriores da RepúblíceFederativa do Brasil

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PROJETO "IMPLANTAÇÃO DO CENTRONACIONAL DE ENGENHARIA AGRÍCOLA"

A Sua Excelência o Senhor Goetz Alexander Martius,Encarregado de Negócios a.i. daRepública Federal da Alemanha.

Senhor Encarregado de Negócios,

Tenho a honra de acusar recebimento da Nota n° EX 445/140/183/85 datada de hoje, cujo teor em portugue"s é oseguinte:

"Senhor Ministro,

Com referência á Ata das Negociações Intergovemamen-tais Teuto-Brasileiras sobre Cooperação Financeira e Téc-nica, de 13 de outubro de 1983, ao ajuste de 13 de abrilde 1982, bem como em execução do Acordo Básico deCooperação Técnica, de 30 de novembro de 1963, con-cluído entre os nossos dois Governos, tenho a honra depropor a Vossa ExceleVicia, em nome do Governo da Re-pública Federal da Alemanha, o seguinte Ajuste Comple-mentar sobre o projeto "Implantação do Centro Nacionalde Engenharia Agrícola (CENEA)" (PN. 79.2290.9):

I

1. O Governo da República Federal da Alemanha e o Go-verno da República Federativa do Brasil darão prossegui-mento, por um período máximo de 30 meses, à promoçãoconjunta do CENEA.

II

2. Para esse fim, ao Governo da República Federal daAlemanha, caberá:

1. enviar, para os setores de— testes de motores e tratores,— testes de máquinas agrícolas,— técnicas de medição,— formação em Engenharia Agrícola,— engenharia económica rural respectivamente, um

técnico, por um período máximo individual de 30 ho-mens/me"s (inclusive férias e viagens a serviço), bem comoperitos a curto prazo, por um período máximo total de 15homens/me"s;

2. fornecer equipamentos para bancos de provas adicio-nais e componentes para um dinamômetro de tração mó-vel, bem como instrumentos auxiliares de avaliação, atéo montante de DM 800.000 (oitocentos mil marcosalemães);

3. facultar estágios de aperfeiçoamento nos setores detestes de tratores e máquinas agrícolas, técnicas de medi-ção, formação em engenharia agrícola, métodos de traba-lho e administração de empresas para até 7 técnicos brasi-

leiros, os quais, após o seu regresso, atuarão no projeto,dando prosseguimento autónomo às tarefas dos técnicos

enviados;

4. os técnicos mencionados no parágrafos 1 ocuparão aposição de consultores. Decisões quanto â utilização dosrecursos alemães serão tomadas em comum acordo entre ochefe dos técnicos mencionados no parágrafo 1 e o diretortécnico do CENEA.

I l l

Ao Governo da República Federativa do Brasil caberá:

1. prover o pessoal técnico e auxiliar necessário para aexecução das tarefas do projeto, nomeadamente;

a) 5 engenheiros diplomados para o setor de testes (enge-nheiros agrícolas ou engenheiros agrónomos);

b) 2 engenheiros diplomados para o setor de construção etécnicos de medição (engenheiros mecânicos);

c) 2 engenheiros agrónomos diplomados para o setor deensino de engenharia agrícola;

d) 2 engenheiros agrónomos diplomados ou economistasagrícolas diplomados para o grupo de métodos de traba-lho e administração de empresas, bem como

e) técnicos e pessoal auxiliar, em número suficiente.

2. prestar as demais contribuições a serem estipuladas noplano operacional mencionado no item 4.

3. isentar de licenças, taxas portuárias e demais encargosfiscais os equipamentos a serem fornecidos ao projeto pe-lo Governo da República Federal da Alemanha.

IV

1. o Governo da República Federal da Alemanha encarre-gará da execução de suas contribuições a "DeutsheGesellschaft fuer Techniche Zuzammenarbeit (GTZ).

2. o Governo da República Federativa do Brasil encarre-gará da implementação do projeto o Centro Nacional deEngenharia Agrícola (CENEA).

3. os pormenores de implementação do projeto serão es-tabelecidos num plano operacional a ser elaborado con-juntamente pelo CENEA e pela Deutsche Gesellschaft f úrTechnische Zuzammenarbeit (GTZ)" e serão adaptados,caso necessário, ao andamento do projeto. O CENEA e aGTZ realizarão, no 19 semestre de 1986, uma avaliaçãoconjunta do projeto.

V

1. De resto, aplicar-se-ão também ao presente Ajuste asdisposições do acima referido Acordo Básico de Coopera-

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ç8o Técnica, de 30 de novembro de 1963, inclusive a cláu-sula de Berlim (artigo 10), e o Ajuste de 13 de abril de1982.

Caso o Governo da República Federativa do Brasil concor-de com as propostas contidas nos itens 1 a 5, esta Nota e ade resposta de Vossa Excelência, em que se expresse aconcordância do seu Governo, constituirão um Ajuste en-tre os nossos dois Governos, a entrar em vigor na data daNota de resposta de Vossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

2 Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos da Nota acimatranscrita, a qual, juntamente com a presente, passa aconstituir um Ajuste entre os nossos dois Governos, a en-trar em vigor na data de hoje.

Olavo Egydio SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da RepúblicaFederativa do Brasil

PROJETO "PROGRAMA DE FOMENTO DAINTEGRAÇÃO DE ÁREAS RESIDENCIAISMARGINALIZADAS NA REGIÃOMETROPOLITANA DE BELO HORIZONTE"

A Sua Excelência o senhor Goetz Alexander MartiusEncarregado de Negócios a.i.da República Federal da Alemanha.

Senhor Encarregado de Negócios,

Tenho a honra de acusar recebimento de sua Nota datadade hoje, cujo teor em português é o seguinte.

"Senhor Ministro,

Com referência á Ata das Negociações Intergovernamen-tais Teuto-brasileiras, de 13 de outubro de 1983, e emexecuçSo do Acordo Básico de Cooperação Técnica, de 30de novembro de 1963, conclu ido entre os nossos dois Go-vernos, tenho a honra de propor a Vossa Excelência, emnome do Governo da República Federal da Alemanha, oseguinte Ajuste sobre o projeto de Cooperação Técnica"Programa de Fomento da Integração de Áreas Residen-ciais Marginalizadas na Região Metropolitana de Belo Ho-rizonte" (PN 83.2103.6):

I

1. O Governo da República Federal da Alemanha e o Go-verno da República Federativa do Brasil apoiarão conjun-tamente, por até três anos, medidas que têm o objetivo deequipar, com instalações destinadas a satisfazer suas neces-

sidades básicas, áreas residenciais de baixa renda seleciona-das na Região Metropolitana de Belo Horizonte e de pre-parar, para tais áreas, um programa global a médio prazo.

I I

Ao Governo da República Federal da Alemanha caberá:

1. Enviar

a) um grupo de 3 técnicos, composto de um perito em in-fra-estrutura (chefe do grupo), um perito em planejamen-to social e um perito em planejamento de programas, porum período máximo de 90 homens/mês, incluídos os ser-viços conexos na República Federal da Alemanha, e

b) peritos de curto prazo para assessoramento em setoresespecíficos, por um período máximo de 15/homens/més,incluídos os serviços conexos na República Federal daAlemanha

2. Facultar, para um número máximo de 6 técnicos brasi-leiros, estágios de aperfeiçoamento em projetos na área dedesenvolvimento urbano, no âmbito de programa de está-gio orientado para a prática. Após o seu regresso, os técni-cos brasileiros continuarão atuando no projeto, dando,após o término da promoção, prosseguimento autónomoàs tarefas dos técnicos enviados.

3. Além disso, o Governo da República Federal da Ale-manha está disposto a promover outras medidas necessá-rias à implementação do projeto. A extensão e os porme-nores das mesmas serão regulamentados pelos executoresreferidos no Artigo V.

I l l

1. Ao Governo da República Federativa do Brasil caberá:

a) designar, nas instituições brasileiras competentes, 6 pe-ritos pelo período máximo total de 180 homens/mês;

b) indicar, em contrapartida aos peritos de longo e curtoprazo enviados pela República Federal da Alemanha, ou-tros peritos, pelo período máximo, total de 30 homens/mês;

c) tomar providências para a contratação para o projetode uma secretária versada na I íngua alemã.

2. Prover para os peritos do projeto as salas adequadas eos serviços correlatos, necessários â execução dos traba-lhos, custeando, por outro lado, as publicações no Brasil.

3. Colocar à disposição, em çaráter permanente, um ou,caso necessário, mais veículos de serviço, custeando suamanutenção e funcionamento.

4. Custear as despesas de viagens, inclusive diárias ade-quadas, dos peritos alemães e brasileiros, quando de via-gens a serviço dentro do Brasil.

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5. Proporcionar moradia adequada e devidamente mobi-liada aos peritos previstos no Artigo II, parágrafo 1, alí-nea "a" , e hospedagem em hotel aos peritos a curto pra-zo mencionados no Artigo II, parágrafo 1, alínea "b " ,ou pagar-lhes parcela adequada dessas despesas.

6. Custear as despesas de funcionamento e manutençãodo projeto.

7. Prestar aos técnicos enviados todo o apoio na execu-ção das tarefas que lhes foram confiadas, colocando-lhesâ disposição toda a documentação necessária.

8. Isentar o material fornecido ao projeto por incumbên-cia do Governo da República Federal da Alemanha de li-cenças, taxas portuárias, e demais encargos fiscais, provi-denciando, desde que avisado com a devida antecedênciade seu embarque, o pronto desembaraço alfandegário domaterial. A requerimento do órgão executor, as isençõesacima aplicar-se-ão também ao material adquirido noBrasil. O material fornecido passará, quando da sua che-gada no Brasil, ao património do Governo da RepúblicaFederativa do Brasil, estando á inteira disposição do pro-jeto e dos técnicos enviados para a execução das suas ta-refas.

9. Encarregar-se das despesas de viagens dentro do Brasilgarantindo aos técnicos brasileiros referidos no Artigo II,parágrafo 2, a continuação do pagamento dos seus venci-mentos.

IV

Os peritos mencionados no Artigo II, parágrafo 1, deve-rão assessorar o Governo do Estado de Minas Gerais naexecução das seguintes tarefas:

1. Nas áreas residenciais marginalizadas selecíonad3S naRegião Metropolitana de Belo Horizonte:

a) planejamento e execução de atividades-piloto na áreade infra-estrutura técnica;

b) planejamento e execução de programas piloto nasáreas de infra-estrutura social, de abastecimento de géne-ros alimentícios e de criação de empregos; e

2. elaboração de um programa de saneamento a médioprazo, incluindo aspectos organizacionais e técnico-finan-ceiros, visando â integração de áreas residenciais margina-lizadas em toda a Região Metropolitana de Belo Horizon-te.

2. O Governo da República Federativa do Brasil encarre-gará da implementação do projeto o Governo do Estadode Minas Gerais.

3. Os executores, nos termos dos parágrafos 1 e 2 desteartigo, estabelecerão conjuntamente os pormenores da im-plementação adequada do projeto, adaptando-os, caso ne-cessário, ao andamento do mesmo.

4. O Governo da República Federal da Alemanha e o Go-verno da República Federativa do Brasil procederão, con-juntamente, doze meses após o início das atividades pre-vistas neste Ajuste, a uma avaliação do andamento do pro-jeto.

VI

De resto, aplicar-se-ão também ao presente Ajuste as dis-posições do acima referido Acordo Básico, de 30 de no-vembro de 1963, inclusive a cláusula de Berlim (artigo 10)

Caso o Governo da República Federativa do Brasil concor-de com as propostas apresentadas nos Artigos I a VI, estaNota e a de resposta de Vossa Excelência, em que se ex-presse a concordância do seu Governo, constituirão Ajusteentre os nossos dois Governos, a entrar em vigor na datada Nota de resposta de Vossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Governobrasileiro concorda com os termos da Nota acima transcri-ta, a qual, juntamente com a presente, passa a constituirAjuste entre os nossos dois Governos a entrar em vigor nadata de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excetén-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Olavo Egydio SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da RepúblicaFederativa do Brasil

1. O Governo da República Federal da Alemanha encar-regará da execução das suas contribuições a "DeustscheGesellschaft fúr Technische Zusammenarbeit (GTZ)GmbH", 6236 Eschborn 1.

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os acordos entre obrasil e a frança

Ajuste Complementar ao Acordo deCooperação Cientifica e Técnica entre o Brasil e aFrança (de 16 de janeiro de 1967), para aimplantação de programa de cooperaçãointeruniversitária, assinado, no Palácio doItamaraty em Brasília, em 9 de maio de 1985, peloMinistro de Estado das Relações Exteriores, OlavoSetúbal, e peto Embaixador Extraordinário ePlenipotenciário da República Francesa,Bernard Dorin; e Acordo, por troca de Notas, paramodificação no Quadro de Rotas do Acordo sobreTransportes Aéreos (de 29 de outubro de 1965)assinado, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, em15 de maio de 1985.

AJUSTE COMPLEMENTAR PARAIMPLEMENTAÇÃO DE PROGRAMA DECOOPERAÇÃO INTERUNIVERSITÁRIA

A Sua Excelência o Senhor Bernard Dorin,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário daRepública Francesa.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar recebimento da Notade.número455 datada de hoje, cujo teor em portugue"s é o seguinte:

"Senhor Ministro,

Tenho a honra de propor a Vossa Excele"ncia, em nome doGoverno da República Francesa, o seguinte Ajuste Com-plementar ao Acordo de Cooperação Científica e Técnicano Campo da Cooperação Interuniversitária:

O Governo da República Federativa do BrasileO Governo da República Francesa

Tendo em vista as disposições do Acordo de CooperaçãoCientifica e Técnica, de 16 de janeiro de 1967,

Considerando que os dois Governos desejam favorecer odesenvolvimento do intercâmbio entre as Universidadesbrasileiras e francesas,

Desejosos de concluir um Ajuste Complementar ao Acor-do de Cooperação Científica e Técnica de 16 de janeiro de1967, que regule a implementação de programa de coope-ração interuniversitária,

Ajustam o seguinte:

ARTIGO I

0 presente Ajuste tem por objetivos:

1) o estabelecimento de um sistema de intercâmbio aca-démico pelo qual docentes-pesquisadores brasileiros efranceses desenvolverão pesquisas científicas conjuntas apartir de iniciativas de uma das Partes e manifestação deinteresse e aceitação da outra.

2) a formação e aperfeiçoamento de docentes e pesquisa-dores nas áreas especificas definidas pelos temas de pes-quisa conjunta.

3) o intercâmbio de informações científicas, de documen-tação especializada e de publicações académicas.

ARTIGO It

Os objetivos estabelecidos no Artigo I serão alcançadosatravés de atividades que compreendem:

a) intercâmbio de missões de identificação para análisedas condições de realização das propostas de pesquisasconjuntas (anteprojetos) previamente examinadas por am-bas as Partes. A duração dessas missões não excederá 20dias;

b) intercâmbio de missões de ensino e pesquisa, de docen-tes e de pesquisadores, para desenvolvimento de atividadesacordadas nas missões de identificação e nas programaçõessubsequentes estabelecidas de comum acordo por ambasas Partes;

c) envio de bolsistas, em missões de estudos de aperfei-çoamento, pós-doutorado e para obtenção de títulos aca-démicos;

d) publicação de trabalhos relacionados ás pesquisas con-juntas efetuadas no âmbito deste Ajuste; troca de publica-ções do interesse das Partes; publicação, em português, detrabalhos relacionados com as teses dos estudantes benefi-ciários do presente Ajuste;

e) intercâmbio de missões de avaliação, cuja duração n3oexcederá 30 dias, aprovadas previamente pela Parte que asreceba;

f) fornecimento às universidades brasileiras, pelo Gover-no francês, de livros e documentos, bem como de equipa-mentos específicos, indispensáveis à realização das pesqui-sas conjuntas.

ARTIGO III

A exeução deste Ajuste se fará mediante projetos interuni-versitários, previamente aprovados pelas Partes, os quaisserão executados através de convénios específicos entre asuniversidades brasileira e francesa interessadas.

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ARTIGO IV ARTIGO IX

O presente Ajuste não se aplicará ao Programa de bolsasde estudo e bolsas de estágio financiado pelo Governo

' francês, nem ao Programa regular de bolsas no exterior daCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-perior (CAPES) e nem aos demais projetos e atividadesde cooperação universitária executados no âmbito doAcordo de Cooperação Científica-e Técnica, os quais te-rão prosseguimento conforme os dispositivos que os re-gem.

ARTIGO V

A responsabilidade pela execução do presente Ajuste, dolado brasileiro, é confiada â Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nivel Superior (CAPES), do Minis-tério da Educação.

ARTIGO VI

A responsabilidade pela execução do presente Ajuste, dolado france's, é confiada ao Comité Francês de Avaliaçãoda Cooperação Universitária com o Brasil (COFECUB)órgão vinculado ao Ministério das Relações Exteriores eao Ministério da Educação Nacional.

ARTIGO VII

Os órgãos encarregados, nos termos dos artigos V e VI, de-terminarão, de comum acordo, os mecanismos operacio-nais de implementação deste Ajuste, adaptando-os, sem-pre que necessário, aos projetos e programas específicossob sua égide executados.

ARTIGO VIII

O sistema de intercâmbio referido no Artigo I, item 1,deste Ajuste, reger-se-á de conformidade com as seguintesdisposições:

1) As bolsas e despesas de viagem dos docentes brasileiros,previstas no Artigo II, letra c, serão asseguradas pelaCAPES - Ministério da Educação do Brasil.

2) Os salários do pessoal docente incluído nos programasde aperfeiçoamento a que se alude no item anterior, serãoassegurados pela universidade de origem do docente.

3) O financiamento correspondente ao custeio eventual dedespesas com pesquisa, como parte desses estudos, seráexaminado caso a caso pelo COFECUB e assegurado pelaParte francesa.

4) As despesas decorrentes do acompanhamento académi-co dos bolsistas brasileiros deste programa correrão por.conta da CAPES e serão pagos diretamente ao COFECUB.O acompanhamento académico dos bolsistas será supervi-sionado por um responsável, designado pelo ConselhoCientífico do COFECUB.

A Parte francesa oferecerá aos bolsistas brasileiros do pre-sente Ajuste, através de suas entidades de ensino de línguafrancesa, a formação linguistica básica no Brasil, que serácomplementada por um estágio linguístico na França.

ARTIGO X

O custeio das despesas de viagem e estada de missões deidentificação e avaliação caberá, respectivamente, àCAPES, quando as missões se realizarem no Brasil, e á Par-te francesa, quando as missões se realizarem na França

ARTIGO XI

Para missões de trabalho de docentes-pesquisadores brasi-leiros à França, os custos relativos ds passagens de ida evolta serão de responsabilidade da CAPES e as despesas deestada, a serem pagas no valor equivalente ao "Séjourd' Études" das categorias I ou II do Governo francês, de-finidas pela titulação do professor brasileiro, serão de res-ponsabilidade da Parte francesa.

ARTIGO XII

1. Para as missões de trabalho de docentes-pesquisado-res franceses ao Brasil, os custos relativos ás passagens deida e volta serão de responsabilidade da Parte francesa e asdespesas de estada, de responsabilidade da CAPES, serãocusteadas no valor das diárias pagas pela CAPES por servi-ço de consultoria, quando as missões tiverem duração deaté 2 meses. Aos integrantes de missões com duração su-perior a dois meses, a CAPES pagará o equivalente ao sa-lário de professor brasileiro do mesmo nível.

2. Os pagamentos aqui mencionados serão isentos detributação na forma dos artigos XIX e XX da Convençãoentre a República Francesa e a República Federativa doBrasil para Evitar a Dupla Tributação e Prevenira EvasãoFiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento, de10 de setembro de 1971.

ARTIGO XIII

A seleção de bolsistas brasileiros, candidatos a título aca-démico na França, beneficiários deste Ajuste, será feitapela CAPES, obedecendo aos critérios adotados regular-mente pelo Programa de Bolsas no Exterior e levando, ain-da, em consideração a apreciação dos coordenadores bra-sileiro e francês do projeto em cujo âmbito se indicar ocandidato.

ARTIGO XIV

Os candidatos a missões de estudo, que não visam a títu-los académicos, serão propostos pelo coordenador do pro-jeto de uma das Partes, aceitos pela outra, e aprovados pe-la CAPES, quando candidato brasileiro, e pelo COFECUB,quando do lado francês.

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ARTIGO XV

Os bolsistas brasileiros titulares de mestrado, selecionadosno âmbito deste Ajuste, serão dispensados do "Diplomed'Études Approfondies" (DEA), podendo ser inscritosdiretarnente no doutorado. Entretanto, os coordenadoresbrasileiro e france's examinarão caso a caso as complemen-tações de estudo eventualmente necessárias.

ARTIGO XVI

A seleçâb de bolsistas franceses para estágios no Brasil noâmbito deste Ajuste será feita pelo COFECUB, levandoem consideração a aprovação do plano de estudos peloscoordenadores brasileiro e francês do projeto, e de con-formidade com as normas das universidades brasileiras.

ficação escrita prévia de seis meses. A denúncia nSo atingi-rá os projetos em andamento, os quais terSo sua continui-dade assegurada, a menos que se convenha em contrário".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos da Nota acimatranscrita, a qual, juntamente com a presente, passa aconstituir um Ajuste entre os nossos dois Governos, queentrará em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Olavo SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da RepúblicaFederativa do Brasil

ARTIGO XVIIO financiamento de viagem e estada de bolsistas france-ses em universidades brasileiras será de responsabilidadeda Parte francesa.

ACORDO, POR TROCA DE IMOTAS^ PARAMODIFICAÇÃO NO QUADRO DE ROTAS

ARTIGO XVIII

As questões de equivalência de diplomas serão tratadas se-gundo as legislações pertinentes de cada país.

ARTIGO XIX

Será realizada reunião anual de representantes das duasPartes, alternadamente na França e no Brasil, para avaliaros projetos de cooperação em curso, decidir sobre a sus-pensão ou reorientação de projetos, decidir sobre a pro-gramação do ano seguinte e estudar medidas que visem aequilibrar as despesas de ambas as Partes.

ARTIGO XX

Os projetos de iniciativa da CAPES serão por ela submeti-dos aos órgãos brasileiros competentes para a aprovação eformalização junto ao Governo francês, nos termos do De-creto n9 65.476, de 21 de outubro de 1969.

Os projetos de iniciativa da Parte francesa serão apresenta-dos ao Governo brasileiro através dos canais diplomáticos.

ARTIGO XXI

O presente Ajuste pode se aplicar, após aprovação conjun-ta da CAPES e do COFECUB, a programas de formação epesquisa, associando equipes de várias universidades e or-ganismos de formação e de pesquisa. Neste último caso, osdirigentes desses organismos estarão habilitados a assinar,com os presidentes ou reitores das universidades, convé-nios na forma prevista no Artigo III.

ARTIGO XXII

O presente Ajuste terá a duração de cinco anos. Poderá serdenunciado por uma das Partes signatárias mediante noti-

O Ministério das Relações Exteriores cumprimenta a Em-baixada da França e tem a honra de acusar recebimentoda Nota n° 397, de 16 de abril de 1985, referente á VIReunião da Consulta Aeronáutica Brasil—França cujo teoré o seguinte: '

"A Embaixada da França cumprimenta o Ministério dasRelações Exteriores e, por determinação do seu Governo,tem a honra de comunicar-lhe o que segue:

Por ocasião da VI Reunião de Consulta Aeronáutica fran-co-brasileira, realizada no Rio de Janeiro, de 3 a 6 de de-zembro de 1984, segundo o disposto no Artigo VIII doAcordo sobre Transportes Aéreos, firmado em Paris, em29 de outubro de 1965, as Delegações brasileira e francesaacordaram no seguinte:

QUADRO DE ROTAS

O presente Quadro das Rotas cancela e substitui o Quadrodas Rotas constante do anexo da Ata assinada em Paris,em 7 de maio de 1981, objeto da troca de Notas diplomá-ticas de 23.07.1981 e 02.02.1982, e torna-se parte inte-grante do anexo do Acordo sobre Transportes Aéreos Re-gulares, de 29 de outubro de 1965.

I l l - NOTAS

1 - As empresas brasileiras designadas poderão operar—- pontos além indicados, antes" ou depois de Paris.nos

2 — A escala de Casablanca', no Quadro das Rotas fran-cesas, será efetuada sem direitos de tráfego entreCasablanca e o Brasil.

3 — As empresas francesas designadas poderão operarem Montevidéu, antes ou depois de Buenos Aires.

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4 — A escala de Recife e/ou Brasília e/ou Rio de Janei-ro e/ou Sâo Paulo e/ou Buenos Aires e/ou Montevi-déu e/ou Santiago do Chile não poderá ser efetuada

via as Antilhas e/ou Guiana francesas e/ou via Ma-naus 9/ou Belém; este dispositivo se aplica no mar-co das relações entre a França e o Brasil.

I - BRASILRota de longo curso

Pontos de saída Pontos Intermediários Pontos na Françametropolitana

Pontos além

Pontos em territóriobrasileiro

LagosMonróviaFreetownLisboaPortoMadri

Paris e/ou Nice

I I - FRANCA

Rota de longo curso

Londres (1)Frankfurt (1)Roma (1)Zurique (1)Amsterdam (1)

Pontos de salda

Pontos no Nortedo Brasil

Pontos na Guianafrancesa

Caiena

Rota Regional

Pontos interme-diários

Paramaribo e/ou' Georgetown e/ou

Port of Spain e/ouBridgetown e/ouCu ração e/ouAruba

Pontos nas Antilhasfrancesas

Fort de FrancePointe à Pitre

Pontos além

Um ponto naAmérica doNorte a ser de-finido de co-mum acordo

Pontos de saída Pontos nas Antilhasfrancesas e na Guia-na francesa

Pontos Interme-diários

Pontos no Brasil Pontos além

Pontos na Françametropolitana

Antilhas e/ou Guia-na francesas (4)

Casablanca (2)Dacar

Recife e/ouBrasília e/ouRio de Janeiroe/ou São Pauloe/ou Belém e/ouManaus

Buenos AiresMontevidéu (3)Santiago doChileLima (5)

Pontos de saida

Pontos nas Antilhasfrancesase/ou Guiana francesa (6)

Rota Regional

Pontos intermediários Pontos no Brasil

ParamariboGeorgetownBridgetownCu raçãoAruba

BelémManausMacapá

Pontos além

Lima

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5 — A escala de Lima só poderá ser efetuada via Beléme/ou Manaus; este dispositivo se aplica no marcodas relações entre a França e o Brasil.

6 — A escala de Caiena poderá ser efetuada depois dospontos intermediários indicados.

A Embaixada da França tem a honra de informar o Minis-tério das Relações Exteriores de que as disposições, queprecedem, têm a plena aceitação do Governo france"s.

Caso o Governo brasileiro também esteja de acordo, a Em-baixada da França tem a honra de propor ao Ministériodas Relações Exteriores que a presente Nota e a respostado Ministério das Relações Exteriores constituam a trocade Notas prevista no Artigo VII do Acordo sobre Trans-porte Aéreo franco-brasileiro, assinado em Paris em 29 deoutubro de 1965, a vigorar na data dessa última nota.

A Embaixada da França aproveita a ocasião para renovarao Ministério das Relações Exteriores os protestos da suaelevada consideração".

2. Em resposta, o Ministério das Relações Exterioresinforma a Embaixada da França da concordância do Go-verno brasileiro com a proposta contida na Nota em apre-ço, a qual com a presente resposta constitui a troca deNotas prevista no Artigo VIM do Acordo sobre TransporteAéreo entre os dois países, com vigência a partir destadata.

Brasilia, em 15 de maio de 1985.

VI REUNIÃO DE CONSULTA AERONÁUTICABRASIL- FRANÇA

ATA FINAL

Autoridades aeronáuticas do Brasil e da França se reuni-ram no Rio de Janeiro, de 3 a 6 de dezembro de 1984,para a realização da VI Reunião de Consulta Aeronáutica,nos termos do artigo VIII do Acordo sobre TransportesAéreos Regulares, de 29 de outubro de 1965.

Os integrantes de cada Delegação estão relacionados noAnexo 1 à presente Ata.

A agenda aprovada pelas Delegações constitui o Anexo 2 àpresente Ata.

As duas Delegações examinaram os pontos da agenda eacordaram o seguinte:

I - REEXAME DO QUADRO DE ROTAS

As duas Delegações estão de acordo em alterar o Quadrodas Rotas; cada Parte Contratante disporá doravante deuma rota de longo curso e de uma rota regional.

Nestas condições, o Quadro das Rotas em anexo (AnexonP 3) cancela e substitui o Quadro de Rotas constante doAnexo nP 3 da Ata Final assinada em Paris, em 7 de maiode 1981, objeto de troca de notas diplomáticas, em 23 dejulho de 1981 e em 2 de fevereiro de 1982, e torna-separte integrante do Anexo ao Acordo sobre TransportesAéreos Regulares, de 29 de outubro de 1965.

A Delegação francesa pediu a inclusão do ponto de Recifena rota regional francesa. Por outro lado, ela deseja que aescala de Lima possa ser efetuada, via Recife, numa ounoutra de suas duas rotas. A Delegação brasileira tomounota das reivindicações da Delegação francesa, referentes àescala de Recife.

A Delegação francesa propôs a inclusão de uma cláusulageral de inversão de escalas. A Delegação brasileira tomounota deste pedido, que será examinado por ocasião dapróxima Consulta entre os dois países.

II -CAPACIDADE

As Delegações decidiram reformular a capacidade acorda-da na III Reunião de Consulta. Em consequência, concor-daram em que as empresas designadas de cada Parte Con-trante poderão operar, semanalmente, em cada sentido,nas respectivas rotas do Quadro de Rotas da seguinte for-ma:

a) Rota de longo curso: cinco (5) serviços de "Boeing747", similar ou inferior, podendo um deles ser exclu-sivamente cargueiro;*

b) Rota Regional: dois (2) serviços de "Airbus", similarou inferior, com capacidade total de 300 assentos, noentendimento que esta limitação prevalece somente notráfego de passageiros entre as escalas brasileiras e asescalas na Guiana e nas Antilhas Francesas.

Não obstante o que precede, ambas Delegações estão deacordo que, nos serviços fronteiriços, as capacidades utili-zadas pelas empresas francesa ou brasileira, operando comaeronaves equipadas com menos de vinte (20) assentos, se-rão objeto de exame e autorizações administrativas, numespírito de boa vontade recíproca. Estas disposiçCes seaplicam, atualmente, entre Caiena e Macapá.

* não obstante estas disposições, a "VARIG" está autorizada a efetuar seis (6) serviços semanais, até 30 de abril de 1985.

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As disposições acima referidas cancelam e substituem oitem 2 do Anexo 4 (Memorando Confidencial) da AtaFinal, de 7 de maio de 1981.)

III -TRÁFEGO ACESSÓRIO (QUINTA LIBERDADE)

A Delegação francesa solicitou que a quota anual da em-presa "AIR FRANCE" entre o Brasil e os países do Pratae o Chile fosse elevada para 10.500 passageiros. A respei-to, a Delegação brasileira indicou que a quota prevista éde 6.500 passageiros por ano, mas concordou em fixá-laem 8.500 passageiros para o ano de 1985.

A Delegação francesa sugere que os passageiros fazendo"stop over" no Brasil não sejam computados na quota aci-ma estabelecida e comunicou que pretende escrever a'sautoridades brasileiras sobre este assunto. A Delegaçãobrasileira respondeu que esta questão está, atualmente,sob estudo.

IV - ASSUNTOS GERAIS

1. Reavaliação da Capacidade. Ambas as Delegaçõesacordaram em que um novo encontro entre autoridadesaeronáuticas das duas Partes seja previsto em data a ser fi-xada, em princípio na primavera europeia de 1986, com afinalidade principal de reavaliar a capacidade oferecidapelas empresas de ambas as Partes.

2. Práticas tarifárias de terceiros transportadores. A De-legação francesa manifestou sua preocupação pela práticatarifária exercida por alguns terceiros transportadores, es-pecialmente por aqueles exercitando direitos de sexta li-berdade no mercado França/Brasil. Ambas as Delegaçõesacordaram na necessidade de uma severa fiscalização, tan-to quanto possível coordenada entre as autoridades aero-náuticas das duas Partes, com vistas a manter a disciplinatarifária no mercado.

3. Operação no Aeroporto de Guarulhos. A Delegaçãoda França manifestou o interesse da empresa designadafrancesa de operar, eventualmente, no futuro, seus servi-ços exclusivamente cargueiros com aeronave "Boeing747—F" no Aeroporto de Guarulhos em São Paulo. ADelegação brasileira informou que a atual orientação daautoridade aeronáutica brasileira, quanto à utilização dosaeroportos da área metropolitana de São Paulo, é no sen-tido de que a operação de serviços exclusivamente carguei-ros será feita no Aeroporto de Viracopos em Campinas,primordialmente dedicado a tais operações.

A presente Ata Final entrará em vigor na data de sua assi-natura, no limite dos poderes administrativos das autori-dades aeronáuticas, devendo vigorar, em definitivo, apóstroca de notas diplomáticas.

Feita no Rio de Janeiro, no dia 6 de dezembro de 1984,em dois exemplares, igualmente válidos, nos idiomas por-tuguês e france"s.

Maj Brigdo A r -WALDIR PINTO DA FONSECAPela Delegação do Brasil

Sr. CLAUDE PROBSTPela Delegação da França

VI REUNIÃO DE CONSULTA

BRASIL- FRANÇA

DELEGAÇÃO BRASILEIRA

Chefe ' : Maj Brig do Ar — Waldir Pinto da FonsecaPresidente da CERNAI

Delegados: Conselheiro Oswaldo Eurico BalthazarPortellaMinistério das Relações Exteriores

Cel Int António Carlos Rodrigues Serra deCastroMembro da CERNAI

Cel Av R/R — João Luiz Moreira da Fon-secaMembro da CERNAI

Doutor José Simões HenriquesMembro da CERNAI

Doutor Guttemberg Rodrigues PereiraMembro da CERNAI

Assessores: Sr. João Batista Andrade

Sr. Leôncio HelouVARIG S/A

DELEGATION FRANCAISE

M. Probst, Sous-Dírecteur des Affaires In-ternationales au Service des TransportsAeriens à Ia Directioh Generale de L'Avia-tion Civile — President

Melle Bailly, de Ia Direction des AffairesEconomiques et Financieres au Ministeredes Relations Exteriores

M. Barthelemy, Adjoint au Chef du Bu-reau des Relations Bilaterales au Servicedes Transports Aeriens a Ia DGAC

M. Patry, Chef du Service des Accords a IaDirection des Relations Commerciales In-ternationales D'Air France

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M. de Guerny, Directeur de Reseau Ameri-que du Sud D'Air France

MMe Venault, Chef du Secteur Ameriquedu sud au Service des A eco rd s a Ia Di-rection des Relations Commerciales Inter-nationales D'Air France

Melle Abraham, du Service des Accords aIa Direction des Relations CommercialesInternationales D'Air France

M. Fillieres, Directeur D'Air France auBresil.

VI REUNlAo DE CONSULTA

BRASIL /FRANÇA

A G E N D A

I — Reexame do Quadro de RotasII — Capacidade

III — Tráfego Acessório (Quinta Liberdade)IV — Assuntos Gerais

QUADRO DAS ROTAS ANEXO

O presente Quadro das Rotas cancela e substitui o Quadro das Rotas constante do anexo da Ata assinada em Paris, em7 de maio de 1981, objeto da troca de notas diplomáticas de 23.07.1981 e 02.02.1982, e torna-se parte integrante doanexo do Acordo sobre Transportes Aéreos Regulares, de 29 de outubro de 1965.

I - B R AS I L

Rota de longo curso

Pontos de saída

Pontos em territóriobrasileiro

Pontos In

LagosMonróviaFreetownLisboaPorto

Pontos na Françametropolitana

Paris e/ou Nice

Madri

Pontos além

Londres (1)Frankfurt (1)Roma (1)Zurique (1)Amsterdam (1)

Rota Regional

Pontos de saída

Pontos no Nortedo Brasil

Pontos na Guianafrancesa

Caiena

Pontos interme-diários

Paramaribo e/ouGeorgetown e/ouPort of Spain e/ouBridgetown e/ouCu ração e/ouAruba

Pontos nas Antilhasfrancesas

Fort de FrancePointe à Pitre

Pontos além

Um ponto naAmérica doNorte a ser de-finido de co-mum acordo

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1 ' Pontos de saída

11 Pontos na França[( metropolitana

1I Pontos de saída

1 Pontos nas Antilhas| francesas e/ou1 Guiana francesa (6)

Pontos nas Antilhasfrancesas e na Guianafrancesa

Antilhas e/ou Guianafrancesas (4)

Pontos intermediários

ParamariboGeorgetownPort of SpainBridgetownCuraçãoAruba

I I - F R A N Ç A

Rota de longo curso

Pontos Interme-diários

Casablanca (2)Dacar

Rota Regional

Pontos no Brasil

Recife e/ouBrasília e/ouRio de Janeiro e/ouSão Paulo e/ouBelém e/ouManaus

Pontos no Brasil

BelémManausMacapá

Pontos além

Buenos AiresMontevidéu (3!Santiago do ChileLima (5)

Pontos além

Lima

I l l - N O T AS

1 — As empresas brasileiras designadas poderão operarnos pontos além indicados, antes ou depois de Paris.

2 — A escala de Casablanca, no Quadro das Rotas fran-cesas, será efetuada sem direitos de tráfego entre Casa-blanca e o Brasil.

3 — As empresas francesas designadas poderão operarem Montevidéu, antes ou depois de Buenos Aires

4 — A escala de Recife e/ou Brasília e/ou Rio de Janei-ro e/ou São Paulo e/ou Buenos Aires e/ou Montevidéue/ou Santiago do Chile não poderá ser efetuada via as An-tilhas e/ou Guiana francesas e/ou via Manaus e/ou Belém;este dispositivo se aplica no marco das relações entre aFrança e o Brasil.

5 — A escala de Lima só poderá ser efetuada via Beléme/ou Manaus; este dispositivo se aplica no marco das rela-ções entre a França e o Brasil.

6 — A escala de Caiena poderá ser efetuada depois dospontos intermediários indicados.

atos bilaterais do brasil comoutros*4)aíses, que entraram

em vigor no segundotrimestre de 1985

Adendo ao Convénio Especial entre a DiretoriadeHidrografia e Navegação, do Rio de Janeiro, e oInstitut Fur Meereskunde, de Kiel, de 01 deoutubro de 1976, assinado em Brasília, em 18 desetembro de 1984, entrou em vigor a 9 de abril de1985 e foi publicado no Diário Oficial número106, de 7 de junho de 1985; e Acordo Brasíl-Japãosobre Cooperação no Campo da Ciência eTecnologia, assinado em Tóquio, em 25 de maiode 1984, foi aprovado pelo Decreto Legislativonúmero 10, de 7 de junho de 1985 e entrou emvigor a 20 de junho de 1985.

ADENDO AO CONVÉNIO ESPECIAL ENTRE ADIRETORIA DE HIDROGRAFIA ENAVEGAÇÃO E O INSTITUT FURMEERESKUNDE

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de me referir â assinatura em Brasília, aos18 de setembro último, pela Comissão Interministerial pa-

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ra os Recursos do Mar (CIRM), a Diretoriade Hidrografiae Navegação (DHN), do Ministério da Marinha, e o Conse-lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológi-co (CNPq) pelo lado brasileiro, e pelo "Institut fúr Mee-reskunde" (IfM), de Kiel, pelo lado alemão de Adendo ao"Convénio Especial entre o DHN e o IfM, assinado em 19de outubro de 1976".

2. Pelo Artigo IV do mencionado Adendo — que de-signa nova entidade brasileira executora ao Convénio Es-pecial — entrará ele em vigor por troca de notas diplomá-ticas, "uma vez aprovado pelos Governos da RepúblicaFederativa do Brasil e da República Federal da Alema-nha".

Acordam o seguinte:

ARTIGO I

Em lugar da DHN, a CIRM passará a ser o órgão executor,pelo lado brasileiro, do Convénio Especial no campo dasciências marítimas.

ARTIGO II

0 CNPq passa a fazer parte do Convénio Especial acimareferido, com a atribuição de assistir a CI.RM na sua exe-cução e na do presente Adendo.

3. Assim, caso o Governo da República Fedeial daAlemanha esteja de acordo, proponho que esta Nota e ade resposta de Vossa Excelência, constituam, na data des-sa última, acordo entre os dois Governos para dar vigênciaao referido Adendo.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exteriores da RepúblicaFederativa do Brasil

ADENDO AO CONVÉNIO E*SPECIAL ENTRE ADIRETORIA DE HIDROGRAFIA E NAVEGAÇÃO,

DO RIO DE JANEIRO. E O INSTITUT FÍJRMEERESKUNDE

(INSTITUTO PARA CIÊNCIAS DO MAR), DE KIEL.ASSINADO EM 01 DE OUTUBRO DE 1976

A Comissão Interministerial para os Recursos do Mar,(doravante denomida CIRM).

A Diretoria de Hidrografia e Navegação, do Ministério daMarinha, do Rio de Janeiro,(doravante denominada DHN),

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico,(doravante denominado CNPq),

ARTIGO III

Ficam retificados os demais Artigos do referido Convénio.

ARTIGO IV

Este Adendo entrará em vigor uma vez aprovado pelosGovernos da República Federativa do Brasil e da Repúbli-ca Federal da Alemanha mediante troca de notas e terá amesma duração que o Convénio Especial sobre Coopera-ção Científica e Tecnológica, no campo das ciências marí-timas, de 01 de outubro de 1976.

ARTIGO V

Em caso de renovação do Convénio Especial, o presenteAdendo fica automaticamente renovado.

Feito em Brasília, aos 18 dias de setembro de 1984.

PELA COMISSÃO INTERMINISTERIALPARA OS RECURSOS DO MAR:

PELO INSTITUT FLÍR MEERESKUNDEAN DER UNIVERSITAT KIEL:

PELA DIRETORIA DE HIDROGRAFIAE NAVEGAÇÃO:

PELO CONSELHO NACIONAL DEDESENVOLVIMENTO CIENTIFICO

E TECNOLÓGICO:

O Institut fúr Meereskunde, de Kíel,(doravante denominado IfM),

Considerando os termos do Convénio Especial sobreCooperação Científica e Tecnológica, no campo das ciên-cias marítimas, assinado em 01 de outubro de 1976, emconsonância como Artigo 1, parágrafo 3 do Acordo Geralsobre Cooperação nos setores de Pesquisa Científica e doDesenvolvimento Tecnológico, entre a República Federa-tiva do Brasil e a República Federal da Alemanha, de 9 dejunho de 1969,

ACORDO BRASIL-JAPÃO SOBRECOOPERAÇÃO NO CAMPO DA CIÊNCIA ETECNOLOGIA

O Governo da República Federativa do BrasileO Governo do Japão,

Reconhecendo a importância crescente nos últimos anosda cooperação no campo da ciência e da tecnologia entreos dois países,

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Acreditando que tal cooperação contribuirá para o pro-gresso económico e social de seus respectivos países,

Com vistas a fomentar ainda mais a referida cooperação,

Acordam em que:

ARTIGO I

Os dois Governos, com base nos princípios de igualdade ebenefícios mútuo, promoverão entre si a cooperação nocampo da ciência e da tecnologia. Essa cooperação serárealizada pelos dois Governos nas áreas da ciência e datecnologia a serem determinadas de comum acordo.

ARTIGO II

Entre as modalidades de cooperação previstas neste Acor-do, poderão ser inclu Idas:

a) encontros de variadas formas, para o debate e inter-câmbio de informações sobre ciência e tecnologia;

b) envio e recebimento de cientistas e pessoal técnico;

c) troca de informações sobre ciência e tecnologia;

d) implementação de projetos e programas, conjuntos oucoordenados, para pesquisa científica e desenvolvimen-to tecnológico; e

e) outras formas de cooperação que possam ser mutua-mente acordadas.

ARTIGO III

Os dois Governos estabelecerão uma Comissão Mista Bra-sileiro-Japonesa de Cooperação em Ciência e Tecnologia(doravante designada "Comissão") para a consecução dosobjetivos deste Acordo. A Comissão se reunirá alternada-mente no Brasil e no Japão, em datas a serem acordadaspor via diplomática.

ARTIGO IV

1. A Comissão terá as seguintes funções:

a) debater as principais questões de política relacio-nadas à implementação deste Acordo;

b) examinar o progresso da implementação deste Acor-do; e

c) apresentar propostas aos dois Governos no que dizrespeito a medidas específicas que assegurem arealização da cooperação prevista neste Acordo.

2. Os contatos referentes ás funções da Comissão, efe-tuados durante os intervalos das suas sessões, serão realiza-dos por via diplomática.

ARTIGO V

Ajustes complementares que estabeleçam os detalhes eprocedimentos das atividades especificas de cooperaçãono âmbito deste Acordo poderão ser efetuados entre osdois Governos ou suas agências, consoante o que for maisapropriado. Esses ajustes complementares serão efetua-dos de acordo com as práticas administrativas de cadaGoverno.

ARTIGO VI

Cada um dos Governos concederá aos nacionais do outropaís-os meios necessários para a realização de atividadessob a égide deste Acordo.

ARTIGO VII

Os dispositivos previstos neste Acordo serão implementa-dos em conformidade com as leis e regulamentos vigentesem cada um dos países.

ARTIGO VIM

Nada neste Acordo pode ser interpretado com vistas a pre-judicar outros ajustes de cooperação entre os dois Gover-nos, existentes na data da assinatura deste Acordo ou con-cluídos posteriormente.

ARTIGO IX

• 1. O presente Acordo entrará em vigor na data do rece-bimento pelo Governo do Japão de nota do Governo daRepública Federativa do Brasil informando que os requisi-tos necessários à vigência do Acordo foram satisfeitos.Este Acordo permanecerá em vigor por dois anos e conti-nuará vigente até o seu término, conforme o disposto noparágrafo 2 abaixo.

2. Qualquer dos dois Governos poderá, mediante o enviode comunicação por escrito ao outro Governo, com ante-cedência de seis meses, denunciar este Acordo, que termi-nará ao final do período inicial de dois anos ou a qualquermomento posterior.

3. O término do presente Acordo não afetará a consecu-ção de nenhum projeto ou programa em andamento e quenão haja sido totalmente implementado à época do finaldeste Acordo.

Em testemunho do que os signatários, devidamente auto-rizados por seus respectivos Governos, assinam o presenteAcordo.

Feito em Tóquio, aos 25 dias do, mês de maio de 1984,em dois originais nos idiomas portugue"s, japonês e inglês,sendo os três textos igualmente autênticos. No caso dequalquer divergência de interpretação, o texto inglês pre-valecerá.

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Pelo Governo da RepúblicaFederativa do Brasil:

Ramiro Saraiva Guerreiro

Pelo Governo doJapão:

Shintaro Abe

acordos promulgados

CONVENÇÃO PARA A PROTEÇÃO DA FLORA.FAUNA E DAS BELEZAS CÉNICAS NATURAIS DOSPAÍSES DA AMÉRICA- 1940

Suriname RATIFICOU.

CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DESAÚDE- 1946

Brunei Darussalam ACEITOU.

CONVENÇÃO PARA A REPRESSÃO DO TRÁFEGODE PESSOAS E DO LENOCÍDIO- 1950

Convenção Brasil—França de Cooperação Judiciária emMatéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa, as-sinada, em Paris, em 30 de janeiro de 1981, foi aprovadapelo Decreto Legislativo número 38, de 31 de agosto de1984, publicado no Diário Oficial de 3 de setembro de1984, entrou em vigor a 2 de abril de 1985 e foi promul-gada pelo Decreto 91.207, de 29 de abril de 1985, publi-cado no Diário Oficial número 80, de 30 de abril de 1985.O texto dessa Convenção foi publicado por esta Resenha,em seu número 28, página 141.

Acordo de Co-Produção Cinematográfica Brasil-Portu-gal, assinado, em Lisboa, em 3 de fevereiro de 1981, foiaprovado pelo Decreto Legislativo número 40, de 25 desetembro de 1984, entrou em vigor a 4 de junho de 1985,foi promulgado pelo Decreto 91.332, de 14 de junho de

1985, publicado no Diário Oficial número 112, de 17 dejunho de 1985. O texto desse Acordo foi publicado poresta Resenha, em seu número 28, página 156.

ato bilateral do brasil comoutro país, assinado no

segundo trimestre de 1985 eque ainda não se acha

em vigorAcordo Brasil-Áustria sobre Cooperação Econônicae Industrial, assinado, em Viena, em 3 de maiode 1985.

registro de assentamentos deatos multilaterais, dos quais

o brasil é parte, ocorridosno segundo trimestre de 1985

CONVENÇÃO INTERNACIONAL RELATIVA À UTI-LIZAÇÃO DA RADIODIFUSÃO NA CAUSA DA P A Z -1936

Tchecoslováquia RATIFICOU.Afeganistão ADERIU.

Bangladesh ACEITOU.

CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A PROTEÇÃODE BENS CULTURAIS EM CASO DE CONFLITO AR-MADO E PROTOCOLO ANEXO - 1954

Suécia ADERIU.

CONVENÇÃO SUPLEMENTAR SOBRE A ABOLIÇÃODA ESCRAVATURA, DO TRÁFICO DE ESCRAVOS EDAS INSTITUIÇÕES E PRÁTICAS ANÁLOGAS À ES-CRAVATURA- 1956

Bangladesh ADERIU.

CONVENÇÃO SOBRE A PRESTAÇÃO DE ALIMEN-TOS NO ESTRANGEIRO- 1956

Austrália ADERIU.

CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE RELAÇÕES DIPLO-MÁTICAS E PROTOCOLO OPCIONAL Á CONVENÇÃODE VIENA SOBRE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS SO-BRE AQUISIÇÃO DE NACIONALIDADE- 1961

TailaVidia RATIFICOU.

CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE RELAÇÕES DIPLO-MÁTICAS- 1961

Turquia ADERIU.

PROTOCOLO FACULTATIVO RELATIVO AO PACTOINTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLi-TICOS- 1966

Espanha ADERIU.

CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE TRANS-PORTE INTERNACIONAL MULTIMODAL DE MERCA-DORIAS- 1980

Senegal RATIFICOU.

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CONVENÇÃO QUE INSTITUI A ORGANIZAÇÃOMUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL (OMPI)- 1967

'Islândia RATIFICOU

CONVENÇÃO SOBRE A IMPRESCRITIBILIDADE DOSCRIMES DE GUERRA E DOS CRIMES CONTRA A HU-MANIDADE- 1968

Coreia, Rep. Pop. Dem. e Laos, Rep. Pop. Dem. ADERI-RAM.

CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE DIREITO DOS TRA-TADOS- 1969

Colômbia APROVOU

CONVENÇÃO DE BERNA PARA A PROTEÇÃO DASOBRAS LITERÁRIAS E ARTÍSTICAS- 1971

Irlanda ADERIU.

CONVENÇÃO PARA A REPRESSÃO DE ATOS ILÍCI-TOS CONTRA A SEGURANÇA DA AVIAÇÃO CIVIL- 1971

CONVENÇÃO RELATIVA Ã DISTRIBUIÇÃO DE SINAIS PORTADORES DE PROGRAMAS TRANSMITI-DOS POR SATÉLITE - 1974

E.U.A. RATIFICOU.

CONVENÇÃO ADUANEIRA SOBRE O TRANSPORTEINTERNACIONAL DE MERCADORIAS COM COBER-TURA DAS CADERNETAS T I R - 1975

Turquia e Albânia ADERIRAM

EMENDAS AOS ARTIGOS 24 e 25 DA CONSTITUI-ÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE -1976

Panamá ACEITOU.

CONVENÇÃO SOBRE PROIBIÇÃO DA UTILIZAÇÃODE TÉCNICAS DE MODIFICAÇÃO AMBIENTAL PA-RA FINS MILITARES OU QUAISQUER OUTROS FINSHOSTIS- 1976

Brasil e Austrália RATIFICARAM.Nova Zelândia e Coreia, Rep. Pop. Dem. ADERIRAM.

PROTOCOLO AO TRATADO RELATIVO Ã NEUTRA-LIDADE PERMANENTE E AO FUNCIONAMENTO DOCANAL DO PANAMÁ- 1977

Bahamas ADERIU.

CONVENÇÃO SOBRE SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPI-C A S - 1971

Botswanae Bolívia ADERIRAM.

CONVENÇÃO SOBRE A PROTEÇÃO DO PATRIMÓ-NIO MUNDIAL, CULTURAL E NATURAL - 1972

Suécia e Rep. Dominicana RATIFICARAM

CONVENÇÃO ADUANEIRA SOBRE CONTAINERS,1972

E.U.A. RATIFICOU.Cuba ACEITOU.

CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINA-ÇÃO E A REPRESSÃO DO CRIME DO "APARTHEID"- 1973

Bangladesh ADERIU.

CONVENÇÃO SOBRE A PREVENÇÃO E A REPRES-SÃO DAS INFRAÇÕES CONTRA AS PESSOAS QUEGOZAM DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL, INCLU-SIVEL OS AGENTES DIPLOMÁTICOS - 1973

Jordâniae Suíça ADERIRAM.

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Belize e Países Baixos ADERIRAM

TRATADO DE BUDAPEST SOBRE O RECONHECI-MENTO INTERNACIONAL DO DEPÓSITO DE MICRO-ORGANISMOS PARA FINS DE PROCESSO EM MATÉ-RIA DE PATENTES - 1977

Dinamarca RATIFICOU

CONVÉNIO IBERO-AMERICANO DE SEGURIDADESOCIAL DE QUITO - 1978

Colômbia RATIFICOU

CONVÉNIO IBERO-AMERICANO DE COOPERAÇÃOEM SEGURIDADE SOCIAL 1978

Colômbia RATIFICOU

CONVENÇÃO SOBRE A PROIBIÇÃO DO DESEN-VOLVIMENTO, PRODUÇÃO E ESTOCAGEM DE AR-MAS BACTERIOLÓGICAS (BIOLÓGICAS) E À BASEDE TOXINAS E SUA DESTRUIÇÃO - 1972

Colômbia Ratificou

CONVENÇÃO CONCERNENTE AO TRABALHO NO-TURNO DOS MENORES, NA INDÚSTRIA (ConvençãonP 6) - 1919

Colômbia RATIFICOU

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CONVENÇÃO RELATIVA A IDADE DE ADMISSÃODE MENORES NO TRABALHO AGRÍCOLA (N? 10) -1921

Colômbia RATIFICOU

CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS ASFORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA AS MULHE-RES- 1979

Bangladesh ADERIUCoreia, Rep. da, Senegal e NovaZelaYidia RATIFICARAM

CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕESUNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL(UNIDO)- 1979

Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Polónia e Itália RATI-FICARAM

EMENDAS À CONVENÇÃO SOBRE A ORGANIZA-ÇÃO MARÍTIMA CONSULTIVA INTERGOVERNA-MENTAL- 75/77/1979

Nigéria e Panamá ACEITARAM

CONVENÇÃO INTERNACIONAL CONTRA A TOMA-DA DE REFÉNS- 1979

E.U.A. e Suíça RATIFICARAM

ACORDO INTERNACIONAL DO CACAU, 1980

Venezuela RATIFICOU

CONVENÇÃO SOBRE A PROTEÇÃO FÍSICA DE MA-TERIAIS NUCLEARES- 1980

Paraguai, Turquia e Guatemala RATIFICARAM

CONVÉNIO CONSTITUTIVO DO FUNDO COMUMPARA PRODUTOS DE BASE - 1980

Reino de Butão, Jamaica e Guatemala RATIFICARAM

CONVENÇÃO SOBRE PROIBIÇÕES OU RESTRIÇÕESAO EMPREGO DE CERTAS ARMAS CONVENCIONAISQUE POSSAM SER CONSIDERADAS EXCESSIVA-MENTE NOCIVAS- 1980

Paquistão RATIFICOU

CONVENÇÃO SOBRE CONTRATOS PARA A VENDAINTERNACIONAL DE MERCADORIAS- 1980

lugoslávia RATIFICOU

TRATADO SOBRE PROTEÇÃO DO SÍMBOLO OLÍM-PICO- 1981

El Salvador, Cuba e México ADERIRAM

SEXTO ACORDO INTERNACIONAL DO ESTANHO -1981

Itália RATIFICOU

ACORDO INTERNACIONAL SOBRE JUTA E PRODU-TOS DA JUTA- 1982

França APROVOUEspanha ADERIU

CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DI-REITO DO M A R - 1982

Sudão, Senegal e Santa Lúcia RATIFICARAM

CONVÉNIO INTERNACIONAL DO CAFÉ DE 1983 -1982

França APROVOUZa'mbia e Cuba ADERIRAMItália RATIFICOU

ESTATUTOS DO CENTRO DE ENGENHARIA GENÉ-TICA E BIOTECNOLOGIA- 1983

Iraque RATIFICOU

ACORDO INTERNACIONAL DA MADEIRA TROPI-C A L - 1983

Finlândia, Suécia, Congo, Gana, Itália e Libéria RATIFI-CARAMMalásia ACEITOU

ACORDO INTERNACIONAL DO AÇÚCAR, 1984 -1984

Fiji, Suécia, Guiana, Noruega, Nicarágua, Uganda, Austrá-lia, Çarbados, Malawi, Maurício, Suíça, Trindad e Toba-go, África do Sul, Correia, Rep. da e Guatemala RATIFI-CARAM

Rep. Dem. Alemã APROVOU

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brasil ajuda a dar curso dediplomacia na guiné-bissau

Comunicado do Itamaraty â imprensa, divulgadoem Brasília, em 12 de abril de 1985:

Realiza-se na capital da Guiné-Bissau o 19 Curso de For-mação de Diplomatas com a participação de 35 estudantesguineenses e que faz parte de projeto de cooperação tri-partite entre a UNITAR (United Nations Institute forTraining and Research),o Instituto Rio-Branco e o Gover-no da Guiné-Bissau.

Com duração de três meses o curso está dividido em trêsetapas de um mes. A primeira, a cargo do Governo local,se propõe a apresentar aos futuros diplomatas os objetivos eprioridades da política exterior do país. No segundo mé"s,professores da UNITAR expõem assuntos de importânciano âmbito das Nações Unidas, além de outros temas de in-teresse da Guiné-Bissau relacionados aos organismos inter-nacionais.

O PAPEL DO RIO-BRANCO

A última parte do curso é ministrada por professores doInstituto Rio-Branco e abrange matérias fundamentais àformação de diplomatas como Prática Diplomática e Con-sular, Direito Internacional Público, Relações Internacio-nais e Economia Internacional. Ao término do curso, osaprovados recebem um diploma dos três organizadores eingressam no serviço diplomático de seu país.

O projeto ora em execução na Guiné-Bissau é o terceirorealizado em países da África com a participação da UNI-TAR e do Instituto Rio-Branco. A primeira experiênciase deu em Cabo Verde, em 1983, e a segunda em 1984, noGabão.

Esses dois cursos tiveram como objetivo o aperfeiçoamen-to de funcionários diplomáticos já no exercício de suasfunções nas respectivas Chancelarias. O curso na Guiné-Bissau é, portanto, a primeira experiência de fato na for-mação de novos quadros destinados especificamente aoServiço Diplomático.

Brasília, 12 de abril de 1985

o falecimento do presidentetancredo neves

Comunicado do Itamaraty à imprensa, divulgadoem Brasília, em 21 de abril de 1985, epronunciamento do Ministro de Estado dasRelações Exteriores, Olavo Egydio Setúbal, namesma data, a propósito do falecimento doPresidente Tancredo Neves:

COMUNICADO DO ITAMARATY À IMPRENSA

O Ministro de Estado das Relações Exteriores informoudo falecimento do Presidente Tancredo Neves, por telegra-ma, todas as Missões diplomáticas e Repartições Consula-res do Brasil no exterior. Os postos foram informadostambém, nas mesmas mensagens, da decretação de lutooficial por oito dias. Por outro lado as Embaixadas foraminstruídas a passarem Notas aos Governos junto aos quaisestão acreditadas, transmitindo a notícia do falecimento.As Embaixadas e Consulados receberam igualmente ins-truções para abrirem Livros de Condolências, abertos á as-sinatura das autoridades e particulares que desejarem ex-pressar seu pesar.

PRONUNCIAMENTO DO CHANCELER OLAVOSETÚBAL

No momento em que a Nação assiste consternada e per-plexa o fim do longo sofrimento do Presidente Tancredode Almeida Neves, e seu desenlace comove o País, cabelembrar, com saudade e pesar, o ilustre homem públicoque, por mais de quatro décadas, teve uma participaçãoimportante nas grandes decisões nacionais, e homenagearo estadista que, eleito em memorável campanha que uniutodos os segmentos da sociedade brasileira, legou as basespara a fundação da Nova República. *

Essa mensagem foi transmitida ás Missões diplomáticas e Repartições consulares do Brasil no exterior.

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países em desenvolvimentoquerem participação efetiva

nas discussões sobre osistema financeiro

internacional

Comunicado do Itamaraty à imprensa, divulgado

em Brasília, em 26 de abril de 1985:

O Ministro de Estado das Relações Exteriores convocou,ás 12 horas de hoje, 26 de abril de 1985, os Embaixadoresda República Federal da Alemanha, Canadá, Estados Uni-dos da América, República Francesa, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, Itália e Japão, para entregar-lhes cópia da carta que o Presidente da República Orientaldo Uruguai, Júlio Maria Sanguinetti, está dirigindo, emnome dos países signatários do Consenso de Cartagena(República Argentina, República da Bolívia, RepúblicaFederativa do Brasil, República do Chile, República daColômbia, República Dominicana, República do Equador,Estados Unidos Mexicanos, República do Peru, RepúblicaOriental do Uruguai, República da Venezuela) aos Gover-nos dos países participantes da Reunião de Cúpula deBonn, a realizar-se em 2 e 3 de maio próximo.

A mensagem enfatiza que o problema da dívida externanão está superado e define a necessidade de uma partici-pação adequada e efetiva do i países em desenvolvimentonas próximas rodadas de discussões relativas ao comércioe sobre a reforma do sistema financeiro internacional.

Entende também que essas questões devem ter um trata-mento prioritário e interligado, em vista da correlaçãoexistente entre as duas questões.Salienta ainda que para atingir esse objetivo são necessá-rias decisões pol íticas que permitam superar os obstáculoshoje existentes.

brasil reafirma apoio ao grupode contadora para pacificação

da américa central

Comunicado do Itamaraty à imprensa, divulgadoem Brasília, em 6 de maio de 1985:

O Governo brasileiro vem acompanhando com extremapreocupação o agravamento da situação na América Cen-tral.

Em coerência com sua posição de respeito aos princípiosda autodeterminação, da íoluçâb pacífica de controvérsiase da não-ingerência, o Brasil reafirma seu apoio aos esfor-ços de pacificação que vêm sendo conduzidos pelo Grupo

de Contadora. Nesse sentido, não apoia a adoção de san-ções unilaterais, em discordância com os princípios doDireito Internacional e que a experiência histórica recen-te, inclusive na América Latina, revelou ser contraprodu-cente, assim como de ações capazes de inserir a crise cen-trc-americana no contexto da confrontação ideológicaglobal.

Apreensivo diante da possibilidade de uma deterioraçãoda convivência interamericana, o Governo brasileiro reno-va seu apelo á paz e dirige uma exortação veemente aosEstados envolvidos na crise centro-americana a que bus-quem uma solução negociada para suas divergências.

itamaraty anuncia visita dopresidente josé sarney

ao uruguai

Comunicado do Itamaraty à imprensa, divulgadoem Brasília, em 21 de maio de 1985:

Atendendo a convite do Senhor Presidente da RepúblicaOriental do Uruguai, Doutor Júlio Maria Sanguinetti, oSenhor Presidente da República Federativa do Brasil,Doutor José Sarney, visitará oficialmente o Urugufi nosdias 12, 13 e 14 de agosto próximo.

Os dois Governos atribuem uma especial significação aeste primeiro encontro entre os dois Chefes de Estado dasRepúblicas irmãs do Brasil e Uruguai, para se reforçaremos laços políticos, económicos e culturais entre as duasnações, no espírito de colaboração e entendimento emque se desenvolvem as relações uruguaio-brasileiras, comomarcaram entre outros, os contatos que mantiveram, emBrasília, no princípio do mês de abril, os Senhores Chan-

celeres Setúbal e Iglesias.

governo brasileiro defendeacesso da namíbia à

independência

Nota do Itamaraty â imprensa, divulgada em Br»si lia, em 18 de junho de 1985:

0 Governo brasileiro recebeu com preocupação a notíciade que ontem, 17 de junho, o Governo da África do Sulproclamou o "autogoverno" da Namíbia e efetivoua instalação de um "governo de transição" naquele terri-tório.

0 Brasil defende a plena implementação da Resolução435 (1978), do Conselho de Segurança das NaçCes Uni-das, que estabeleceu o procedimento para o acesso daNamíbia á independência, através de eleições livres super-visionadas pelas Nações Unidas. O Governo brasileiro con-

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Sidera que quaisquer medidas unilaterais para a criação dporganismos constitucionais ou para a transferencia d? DOder na Namíbia fora do quadro da resolução 435 são ina-ceitáveis, nulas e sem efeito, apenas contribuindo pareagravar a situação na África Austral.

o sequestro de aviãono líbano

Comunicado do Itamaraty à imprensa, divulgadoem Brasília, em 20 de junho de 1985:

O Brasil está acompanhando com apreensão os desenvol-vimentos do episódio do sequestro do avião da TWA. OGoverno brasileiro lamenta profundamente esse ato que seinsere num contexto de repetidas ações de violência quevem ocorrendo no Líbano, país com o qual mantemos asmelhores relações e por cuja independência, soberania eintegridade territorial temos repetidamente nos manifes-tado. O Brasil expressa sua preocupação humanitária como destino das pessoas inocentes sequestradas e apelaveementemente para que sejam tomadas medidas quepermitam sua libertação imediata.

governo brasileiro repudiaato de violação do território

da república do botswana

Mensagem do Ministro de Estado das Relações Ex-teriores, Olavo Setúbal, em 21 de junho de 1985,ao Ministro das Relações Exteriores da Repúblicado Botswana, G.K.T. Chiepe:

Tendo sido informado da recente incursão de comandossul-africanos no território do Botswana, desejo reafirmar orepúdio brasileiro a este injustificável ato de violação dasoberania e da integridade territorial da República doBotswana. Aproveito esta oportunidade para apresentar a

solidariedade do Governo e do povo da República Federa-tiva do Brasil a essa naçâ"o amiga.Mais alta consideração.

Olavo Egydio SetúbalMinistro das Relações Exterioresda República Federativa do Brasil

chanceler brasileiro enviamensagem a henry kissinger

Telegrama do Ministro de Estado das RelaçõesExteriores, Olavo Setúbal, a Henry Kissinger, envia-do em 24 de junho de 1985:

Aceite meus cumprimentos pelo importante artigo publi-cado hoje. A análise realista da situação dos países endivi-dados e a proposta construtiva eficaz para a solução des-sa grave situação internacional representam uma significa-tiva contribuição para o equacionamento negociado doproblema da dívida externa dos países da América Latina.Cordialmente,

Olavo Egydio SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores

áfrica do sul não autorizaviagem do cardeal dom

paulo evaristo arns a pretória

Comunicado do Itamaraty à imprensa, divulgadoem Brasília, em 26 de junho de 1985:

O Ministério das Relações Exteriores lamenta que o Go-verno da África do Sul não tenha autorizado a viagempastoral do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pretó-ria, a convite da Conferência dos Bispos da África do Sul.

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O Brasil é testemunha do amor, da generosidade e do es-forço pertinaz que a causa da aproximação argentino-chilena, tão ansiosamente esperada pelos vizinhos latino-americanos, mereceu de Vossa Santidade em mais estamissão a serviço da fraternidade entre os povos. Esteja cer-to, Beatíssimo Padre, de que a obra realizada faz jus aoreconhecimento e homenagem da comunidade internacio-nal, servindo-lhe de exemplo e inspiração quando neces-sitem ser renovados os compromissos com a paz, o diá-logo e a cooperação entre seus membros.

Mais alta consideração.

José SarneyPresidente da República Federativa do Brasil

MENSAGEM AO CHANCELER CHILENO

Referindo-me â troca dos instrumentos de ratificação doTratado de Paz e Amizade entre as Repúblicas do Chile eda Argentina, peço a Vossa Excelência aceitar as minhassinceras felicitações pelo magnífico desfecho do processonegociador que, sob a égide da Santa Sé, está conduzindoos dois países a uma aproximação duradoura dè grande al-cance e significado. O Governo brasileiro estima que osefeitos desse acordo serão extremamente benéficos paratoda a comunidade latino-americana.

Cordialmente,

Olavo Egydio SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores

da República Federativa do Brasil

MENSAGEM AO CHANCELER ARGENTINO

Apraz-me enviar a Vossa Excelência as mais cordiais feli-citações pelo êxito alcançado na mediação do Papa JoãoPaulo II, que ora culmina, de modo significativo, na trocados instrumentos de ratificação do Tratado de Paz e Ami-zade entre Argentina e Chile. Estou persuadido de que, apartir deste acontecimento, serão fortalecidos cada vezmais os laços de cooperação fraterna e solidária entre asnações latino-americanas.

Cordialmente,

Olavo Egydio SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da,

República Federativa do Brasil

MENSAGEM AO SECRETÁRIO DE ESTADODO VATICANO

Ao ensejo da troca dos instrumentos de ratificação doTratado de Paz e Amizade entre a República Argentina e a

República do Chile, desejo congratular-me com VossaEminência pelo feliz resultado a que chega, em sua derra-deira etapa, a mediação de Sua Santidade o Papa JoãoPaulo II. O Brasil atribui inestimável valor á contribuiçãoprestada peia Santa Sé para consolidar a paz e a convivên-cia fraterna entre os povos latino-americanos.

Cordialmente,

Olavo Egydio SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da

República Federativa do Brasil

portugal ingressa nomercado comum europeu

Mensagem do Presidente José Sarney ao povoportuguês, enviada em 13 de junho de 1985,por ocasião do ingresso de Portugal no MercadoComum Europeu:

Em nome do povo brasileiro, saúdo a nação portuguesa nomomento da conclusão dos acordos que a integram acomunidade europeia.

O Brasil vê na participação de Portugal, nessa entidadeinternacional, o alargamento de sua influência sempre de-votada ás causas de cooperação e da harmonia entre os po-vos.

Tudo que ocorre na vida portuguesa tem reflexos no Brasilpelas nossas raízes, peia nossa cultura, pela nossa história,pelo nosso destino comum, no presente e nos caminhosdo futuro.

Enriquecendo os elementos de diálogo da comunidade eu-ropeia, a contribuição portuguesa será fiel à sua índole con-cliatória e á sua vocação universalista.

Da parte do Brasil, espero o fortaleicmento ainda maiordos laços singulares que unem brasileiros e portugueses.

Agradeço o simpático convite para este pronunciamento erenovo a mensagem de profunda amizade fraternal do po-vo português.

cartas do chanceler brasileiroa autoridades do governo

nòrte-americanoCartas do Ministro de Estado das RelaçõesExteriores, Olavo Setúbal, enviadas, em 14 dejunho de 1985, ao Secretário de Estadonorte-americano, .Gaorge Schultz, ao Secretariode Comércio dos Estados Unidos da América,Malcolm Baldridge, e ao United States TradeRepresentative (USTR) designado, Clayton Yeutter:

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CARTA A GEORGE SCHULTZ

Prezado Senhor secretário,

' Muito apreciei a oportunidade de me haver reunido ontemcom Vossa Excelência, para o que considero ter sido umaproveitosa troca de opiniões sobre temas de interesse paranossos países. Desejo agradecer-lhe, também, pelo almoçoque me foi oferecido após nossa reunião.

Não tive, porém, oportunidade de lhe mencionar um pon-to específico e muito importante: a decisão tomada pelamaioria dos membros da ITC (International Trade Comis-sion), no dia 12 de junho, de recomendar ao Presidentedos Estados Unidos a proteçáb da indústria doméstica decalçados não derivados de borracha (non-rubber) por meioda imposição de uma quota global sobre as importaçõesdurante os próximos 5 anos. Isto é motivo de grande preo-cupação no Brasil.

Calçados não — derivados de borracha (non-rubber) cons-tituem o nosso mais importante item unitário na expor-tação de manufaturados para os Estados Unidos, tendosuas vendas atingido perto de 900 milhões de dólares em1984. Este valor é crítico para nossos esforços de ajusta-mento no Balanço de Pagamentos. A indústria de calçadosé parte vital das economias de alguns dos estados mais im-portantes no Brasil. Cerca de 200 empresas estão engaja-das na exportação de calçados, sendo responsáveis pormais de 100.000 empregos. Quaisquer restrições impor-tantes nos Estados Unidos, de longe nosso mais importan-te mercado de exportação, teriam impacto adverso ime-diato e dramático de natureza económica, política e socialno Brasil.

Pela soma global — de comércio envolvida, calçados nãoderivados de borracha (non-rubber) representam um itemtão importante quanto virtualmente todas as outras ques-tões comerciais bilaterais pendentes combinadas. Esta cir-cunstância está implícita na importância para o Brasil dadecisão a ser tomada pelo Presidente em função da reco-mendação do ITC. Por esta razio conto com os melhoresesforços de Vossa Excelência para evitar que quaisquermedidas de restrição a importações sejam adotadas contraexportações brasileiras de calçados não-derivados de bor-racha (non-rubber).

Olavo SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da

República Federativa do Brasil

CARTA A M ALÇO LM BALDRIDGE

Prezado Senhor Secretário,

Apreciei muitíssimo ter tido a oportunidade de encon-trá-lo em 12 de junho. Espero que nossa troca de pontosde vista sobre questões de interesse comum tenha sido tãoproveitosa para Vossa Excelência como foi para mim.

Quero referir-me a uma daquelas questões, qual seja a de-cisão tomada pela maioria dos membros do ITC, de reco-mendar ao Presidente dos Estados Unidos que a indústriadoméstica de calçados não derivados de borracha (non-rubber) seja protegida por meio da imposição de umaa,uota global de importações para os próximos cinco anos.Conforme lhe declarei, essa recomendação causou grandepreocução no Brasil.

Calçados não — derivados de borracha (non-rubber) cons-tituem o nosso mais importante item unitário na exporta-ção de manufaturados para os Estados Unidos, tendo suasvendas atingido perto de 900 milhões de dólares em 1984.Este valor é crítico para nossos esforços de ajustamentono Balanço de Pagamentos. A indústria de calçados é par-te vital das economias de alguns dos estados mais impor-tantes no Brasil. Cerca de 200 empresas estão engajadas naexportação de calçados, sendo responsáveis por mais de100.000 empregos. Quaisquer restrições importantes nosEstados Unidos, de longe nosso mais importante mercadode exportação, teriam impacto adverso imediato e dramá-tico de natureza económica, política e social no Brasil.

Pela soma global — de comércio envolvida, calçados nãoderivados de borracha (non-rubber) representam um itemtão importante quanto virtualmente todas as outras ques-tões comerciais bilaterais pendentes combinadas. Esta cir-cunstância esta implícita na importância para o Brasil dadecisão a ser tomada pelo Presidente em fuAção da re-comendação do ITC. Por esta razão conto com os melho-res esforços de Vossa Excelência para evitar que quais-quer medidas de restrição a importações sejam adotadascontra exportações brasileiras de calçados não-derivadosde borracha (non-rubber).

Olavo SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da

República Federativa do Brasil

CARTA A CLAYTON YEUTTER

Prezado Senhor Yeutter,

A decisão tomada pela maioria dos membros do ITC em12 de junho, no sentido de recomendar ao Presidente dosEstados Unidos que a indústria doméstica de calçados nãoderivados de borracha (non-rubber) seja protegida pormeio da imposição de uma quota global de importaçãopara os próximos cinco anos, causou grande preocupaçãono Brasil.

Calçados não-derivados de borracha (non-rubber) consti-tuem o nosso mais importante item unitário na exporta-ção de manufaturados para os Estados Unidos, tendo suasvendas atingido perto de 900 milhões de dólares em 1984.Este valor é crítico para nossos esforços de ajustamentono Balanço de Pagamentos. A indústria de calçados é par-te vital das economias de alguns dos estados mais impor-tantes no Brasil. Cerca de 200 empresas estão engajadasna exportação de calçados, sendo responsáveis por mais de

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100.000 empregos. Quaisquer restrições importantes nosEstados Unidos, de longe nosso mais importante mercadode exportação, teriam impacto adverso imediato e dramá-tico de natureza económica, pol ítica e social no Brasil.

Pela soma global — de comércio envolvida, calçados nãoderivados de borracha (non-rubber) representam um itemtão importante quanto virtualmente .todas as outras ques-tões comerciais bilaterais pendentes combinadas. Esta cir-cunstância está implícita na importância para o Brasil dadecisão a ser tomada pelo Presidente em função da reco-mendação do ITC. Por esta razão conto com os melhoresesforços de Vossa Excelência para evitar que quaisquermedidas de restrição a importações sejam adotadas contraexportações brasileiras de calçados nío-derivados de bor-racha (non-rubber).

Olavo SetúbalMinistro de Estado das Relações Exteriores da

República Federativa do Brasil

os dez anos da independênciade moçambique

Mensagens do Presidente José Sarney ao Presidente deMoçambique, Samora Mac hei, e do Ministro deEstado das Relações Exteriores, Olavo Setúbal, aoMinistro dos Negócios Estrangeiros daquele Pafs,Majcr-General Joaquim Alberto Chissano, enviadas em26 de junho de 1985, por ocasiã> dos 10 anos deindependência de Moçambique:

MENSAGEM DO PRESIDENTE JOSÉ SARNEY

A sua Excelência o Senhor Samora Moisés Machel, Presi-dente da República Popular de Moçambique. Maputo —Moçambique. Na ocasião em que se comemoram os dezanos da independência e da formação da República Po-pular de Moçambique, o Governo e o povo brasileirosvem, por meu intermédio, congratular-se com essa nação-irmã africana. Pensando num passado comum, nas afinida-des étnicas e culturais que unem os nossos povos, anteve-mos um futuro promissor de um relacionamento que sou-be amadurecer e adaptar-se i difícil conjuntura atual dospaíses em desenvolvimento. Nesta nova década, que se ini-cia, o Brasil continuará a acompanhar, com interesse, odesenvolvimento dessa grande nação africana. Com a con-fiança no aprofundamento cada vez maior da cooperaçSoentre nossos dois países, desejo expressar ao povo moçam-bicano os mais sinceros votos de paz, progresso e felicida-de.

Com os melhores votos pela saúde e felicidade pessoal deVossa Excelência e minha mais alta consideração.

José SarneyPresidente da República Federativa do Brasil

MENSAGEM DO CHANCELER OLAVOSETÚBAL

Exm° Sr. Major-General Joaquim Alberto Chissano, Mi-nistro dos Negócios Estrangeiros da República Popular deMoçambique. Maputo.

Na ocasião em que se comemora o décimo aniversário daindependência do Estado moçambicano, rogo a Vossa Ex-celência aceitar minhas congratulações e expressões decontentamento, bem como os votos sinceros de paz eprosperidade para a nação moçambicana.

Renovo a confiança de que os estreitos laços de amizadeque unem Brasil e Moçambique tornar-se-ão cada vez maissólidos e profundos nessa nova década que ora se incia pa-ra Moçambique.

Com os meus melhores votos pela saúde e felicidade deVossa Excelência e minha mais alta consideração.

Olavo Egydio Setúbal

Ministro de Estado das Relações Exteriores

organização das naçõesunidas completa 40 anos

Mensagem do Presidente José Sarney aoSecretário Geral da Organização das NaçõesUnidas (ONU), Javier Pèrez de Cuellar, enviadaem 26 de junho de 1985, a propósito dos 40 anosdaquela organização:

O Governo e o povo do Brasil juntam-se aos outros Mem-bros das Nações Unidas na celebração do quadragésimoaniversário da assinatura da Carta das Nações Unidas. Va-Iho-me desta oportunidade para reafirmar a adesão doBrasil aos propósitos e princípios da Carta, os quais cons-tituem a única base sobre a qual um justo e próspero fu-turo para a humanidade poderá ser construído. Desejotambém reiterar nossa confiança em que, com sua valiosaassistência como Secretário Geral, as Nações Unidas logra-rão fortalecer seu papel na solução pacífica de conflitos ena preservação da paz e da segurança internacionais.

Mais alta consideração.

José SarneyPresidente da República Federativa do Brasil

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tucano será avião detreinamento básico da raf

A Embaixada do Brasil em Londres informou que o Minis-tro da Defesa do Reino Unido, anunciou, no dia 21 demarço de 1985, â Câmara dos Comuns que o avião brasi-leiro TUCANO, a ser fabricado na Grã-Bretanha (Irlandado Norte) pela empresa SHORTS BROTHERS, foi esco-lhido, após longa e minuciosa avaliação, como o futuroavião de treinamento básico da R.A. F.

Participaram da concorrência, inicialmente, cerca de 18aviões, número posteriormente reduzido, após inúmerostestes e avaliações, a apenas 2, o TUCANO e o avião suíçoPILATUS, versão melhorada do PC-7, que já havia compe-tido, sem êxito, com o TUCANO, em concorrência reali-zada pela Força Aérea Egípcia.

A R.A.F. devera encomendar, de imediato, cerca de 140 a160 unidades.

A venda do TUCANO á R.A.F. é, provavelmente, o pri-meiro caso de fornecimento, por um pais em desenvolvi-mento, de um item fundamental, em realidade um sistemacompleto, a setor militar de um pais altamente desenvol-vido.

A escolha, agora, do TUCANO pela R. A. F., após haver si-do ele selecionado pela Força Aérea Egípcia, abre novos eamplas perspectivas de exportação para o avião brasileiro,que se afigura ser o "estado da arte" em sua categoria.

primeiro curso regional sobreadministração pública

em cabo verde

Teve início no último dia 30 de março de 1985, em Praia,Cabo Verde, o I Curso Regional Sobre Administração Pú-blica, com a presença de seis participantes de cada paísafricano de lingua portuguesa e com duração prevista dedez semanas.

A organização do curso foi confiada á Fundação para oDesenvolvimento da Administração do Estado de São Pau-lo (FUNDAP), que deslocou para Praia as professoras Au-gusta Barbosa e Claudia Fuser.

O financiamento ficou a cargo do convénio PNUD/SIDA(Swedish International Developmqnt Agency).

pennsylvania universitypromove o quinto festival

de cinema brasileiroRealizou-se entre 2 e 5 de abril de 1985, com grande êxitode público, o V Festival de Cinema Brasileiro promovidopela Pennsylvania Unitersity. Na sessão inaugural, quandofoi exibido "Erendira", de Rui Guerra, compareceram cer-ca de mil e quinhentas pessoas. Foram projetados ainda"Sargento Getúlio", de Hermano Penna, e "Como eragostoso meu Francês", de Nelson Pereira dos Santos, alémde alguns curta-metragens adquiridas pela Universidade,entre eles "Exilados em sua própria terra", de GuidoAraújo (responsável pelas Jornadas Cinematográficas deCachoeira), que estava presente na sessSo. A Embaixadado Brasil em Washington co-patrocinou o evento, queconstou também de seminários e recital de mUsica.

empresas suecas no brasilretomam ritmo de atividade

Segundo informações procedentes da Embaixada do Brasilem Estocolmo, em 8 de abril de 1985, a retomada do rit-mo de atividade das empresas suecas no Brasil vem sendoobjeto de frequentes comentários nos círculos económi-cos e financeiros daquele país. O assunto foi tratato ini-cialmente por ocasião do seminário promovido em Estocol-mo, na primeira semana de março passado, pela Câmarade Comércio Sueco-Brasileira, juntamente com o conse-lho sueco de exportação. Recentemente, em extensamatéria publicada no jornal "Dagens Industri", o Sr. AndersDavidson fez breve análise dos resultados obtidos em1984 por algumas das principais indústrias suecas instala-das no Brasil. Assim, a subsidiária brasileira do grupoSandivik encerrou o ano com cerca de 114 milhões de co-roas suecas de lucro (aproximadamente SEK 1,00 — Cr$500,00) o que equivale a um aumento de 97 milhões decoroas em relação ao ano anterior, ou seja, um terço dovolume total de vendas, calculado em 320 milhões de co-roas. Na opinião do Presidente da Sandivik do Brasil,Johan Sorensen, deve-se tal resultado aos baixos custos eà otimização do aproveitamento dos recursos da empresa.Apesar da retração dos negócios, a partir de 1981, a San-divik prosseguiu em seu programa de investimentos. Tam-bém a Atlas COPCO alcançou em 1984 resultados muitomelhores do que no ano anterior, segundo seu presidenteJan E. Ahlin, que calcula ser a produção atual das indús-trias suecas sediadas no Brasil cerca de 2/3 das cifras obti-das nos anos mais prósperos, como um dos indícios maisseguros dessa recuperação económica. Citou o exemplode indústrias como a VOLVO, SAAB-SCANIA e a pró-pria ATLAS-COPCO, cujas linhas de produção funcionam

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atualmente em regime de plena capacidade. Finalmente,acredita o Senhor Ahlin, que essa tendência positiva con-tinuará acentuando-se ainda mais no segundo semestredo corrente ano.

técnicos do ministério daindústria aeronáutica da

china visitam o centrotécnico aeroespacial

Chegou ao Brasil, no dia 14 de abril de 1985, missão dedezessete técnicos do Ministério da Indústria Astronáuticada China para cumprir programa de visita ao Centro Téc-nico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos, comduração prevista até 9 de maio.

A visita teve por objetivo iniciar a implementação de co-operarão entre os dois países no campo da tecnologiaespacial, prevista nos termos do Ajuste Complementar aoAcordo de CooperaçSo Científica e Tecnológica assinadoem 29 de maio de 1984, por ocasião de visita presidencialà China.

Como consequência da assinatura do referido Ajuste Com-plementar, missão chinesa visitou as instalações do CentroTécnico Aeroespacial e do Instituto de Pesquisas Espaciaisem agosto de 1984, a fim de promover avaliação de áreasespecíficas para cooperação. Com o mesmo objetivo, mis-são de técnicos brasileiros, chefiada pelo Presidente daComissão Brasileira de Atividades Espaciais (COBAE), vi-sitou a China em dezembro último.

Como resultado dessas duas visitas de avaliação, a missãochinesa que ora se encontra no País deverá discutir comos técnicos do Centro Técnico Aeroespacial aspectos con-cretos das áreas de cooperação já identificadas.

primeira reunião da comissãonacional para assuntos

da atadi

A CNAALADI examina os assuntos relativos à atuaçãodo Brasil no âmbito da ALADI e recomenda as posiçõesnegociadoras na AssociaçSo. Seu presidente é o Chefe doDepartamento Económico do Itamaraty, ao qual está su-bordinada a Divisão da ALADI, que desempenha a funçãode Secretaria Executiva da Comissão. Não há periodicida-de obrigatória para as reuniões da Comissão.

novela da televisão brasileirafaz sucesso na polónia

Após o seu sucesso na China (onde Lucélia Santos foi re-conhecida como atriz favorita do público chinês — 300milhões de telespectadores), a Televisão Polonesa estátambém transmitindo "A Escrava Isaura", produção daGlobo em versão compata de 15 capítulos. O seriado temobtido grande índice de audiência da parte do públicopolonês, que tem pouco acesso a manifestações artísticasde nosso país e que pela primeira vez assiste a uma tele-novela brasileira. Em recente programa de televisão, teles-pectadores solicitaram a reprise de "A Escrava Isaura" aossábados, de modo a permitir que os trabalhadores notur-nos pudessem assisti-la, o que vem comprovar a boa aco-lhida que o produto televisivo brasileiro vem alcançandonaquele país.

programação radiofónicabrasileira nos estados

unidos da amêricaDesde o dia 12 de abril de 1985, mais três estações de rá-dio norte-americanas se incorporaram à programaçãoBrazilian Hour, realizada pelo Consulado-Geral do Brasilem Los Angeles, no campo da divulgação da música popu-lar brasileira. São elas a WAMC-FM de Albany, Nova Ior-que; a WVPE-FM de Elkart, Indiana; e a KALW-FM deSão Francisco, Califórnia.

instituto rio-branco completa40 anos de funcionamento

Realizou-se no dia 17 de abril de 1985, a primeira reuniãoda Comissão Nacional para Assuntos da ALADI (CNAA-LADI), na Sala Geminada B do Itamaraty. Na aberturados trabalhos, às 11 horas, o Ministro Olavo Setúbal, pro-feriu breve discurso.

A Comissão Nacional para Assuntos da ALADI é um ór-gão colegiado composto por representantes do Itamaraty,dos Ministérios da Fazenda, Indústria e Comércio, Trans-portes, Agricultura e Planejamento, do Banco Central doBrasil, da Secretaria Executiva da Comissão de PolíticaAduaneira — CPA, da CACEX, das Confederações Nacio-nais da indústria, Agricultura e Comércio 3 dos Trabalha-dores da Indústria.

O Instituto Rio-Branco — única escola brasileira que for-ma diplomatas — completou 40 anos de existência no dia20 de abril de 1985. Foi criado pelo Decreto-Lei 7.473,de 18 de abril de 1945, como homenagem ao centenáriodo BarSo do Rio-Branco, celebrado em 20 de abril desseano.

Em quatro décadas de vida, o Instituto Rio-Branco for-mou ou recrutou quase 90% dos integrantes da carreiradiplomática e consular do Brasil, os quais trabalham em96 Embaixadas, 70 Consulados brasileiros no exterior e,em Brasília, na Secretaria de Estado do Ministério das Re-lações Exteriores ou emprestados â Presidência da Repú-blica, outros Ministérios e Governos Estaduais.

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COMO ERA ANTES

Até 1918, não havia um modo definido de arregimenta-çãò dos diplomatas brasileiros. Trabalhavam para o Ita-maraty, representando o Brasil lá fora, personalidades deexpressão política e literária, sempre pessoas de tradicio-nais famílias. No tempo do Barão do Rio-Branco, ele mes-mo escolhia os funcionários do Itamaraty, segundo seuspróprios critérios.

No final da primeira Grande Guerra Mundial, estabeleceu-se o concurso público para ingresso na carreira diplomá-tica, que se tornou regular e rotineiro em 1938. O antigoDASP passou a cuidar do concurso. Foi nessa época, noinfcio da década de 1940, que ingressaram no Itamaraty,por exemplo, nossos Embaixadores mais antigos, entre osquais os três últimos ex-Chanceleres: Saraiva Guerreiro,Azeredo da Silveira e Mário Gibson Barbosa.

APROVAR OS DE BOM NÍVEL

O aparecimento do Instituto Rio-Branco, em 1945, é ummarco histórico, pois regulamenta o ingresso dos jovensna carreira de diplomata em nosso Pais. Além de discipli-nar o exame vestibular para admissão no curso, o Institutoencarregou-se, também, da formação dos novos diploma-tas, com um ensino dirigido exclusivamente â profissão.

A primeira turma do Rio-Branco terminou o curso (quedura dois anos) em 1947, com 27 integrantes. As vagas ofe-recidas, a cada ano, dependem das necessidades do quadrode diplomatas do Itamaraty. Podem ser 20, 30, 40 oumais. Essa limitação torna o vestibular do Rio-Brancomais difícil que o de muitas escolas de n Ivel superior, par-ticularmente porque não existe a preocupação de preen-cher vagas, mas, sim, de aprovar aqueles que de fato de-monstrem qualidades suficientes.

REGIONALIZAÇÃO

O Instituto Rio-Branco tem procurado recrutar seus alu-nos em todas as regiões do País. Assim, a primeira das trêsfases de seu vestibular é realizada em Brasília e 10 Capi-tais de Estado, a saber: Porto Alegre, Curitiba, São Paulo,Rio, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém eManaus. Nessa fase, os candidatos precisam demonstrarproficiência em Português e uma das duas línguas estran-geiras pedidas (Inglês ou Francês, sendo apenas uma delaseliminatória). Os aprovados fazem as segunda e terceira fa-ses do vestibular somente em Brasília, transportados àscustas do Itamaraty que paga passagens de avião (ida evolta) e diárias para a alimentação e hospedagem.

BOLSAS E FACILIDADES

Durante o curso, os alunos ganham bolsas de estudos emoradia funcional em Brasília, onde são dadas as aulas. Osalunos recebem também pequenas facilidades para alimen-tação e transporte. Uma das maiores vantagens, no entan-to, é que os graduados pela escola não enfrentam proble-

ma de mercado de trabalho: uma vez concluído O curto,são automaticamente nomeados para a carreira, começan-do a trabalhar de imediato no Itamarary, como diplomata.

Tem sido crescente o número de mulheres nos cursos doInstituto Rio-Branco. No momento, elas representam qua-se 30% do total, fato muito significativo porque, no pas-sado, até 1954, as mulheres eram impedidas, por lei, deexercerem as funções de diplomata.

APERFEIÇOAMENTO

O Rio Branco, desde 1977, organiza o Curso de Aperfei-çoamento de Diplomatas (CAD) e o Curso de Altos Es-tudos (CAE), com o objetivo de propiciar aos diplomatasa oportunidade de atualizar seus conhecimentos sobre odesenvolvimento económico, social e político do Pafs.

O primeiro desses cursos — CAD — é necessário para o di-plomata ser promovido de Segundo para Primeiro-Secre-târio, e o outro, o CAE, para a promoção de Conselheiropara Ministro de 2? Classe. A hierarquia da carreira é Ter-ceiro, Segundo, Primeiro-Secretário, Conselheiro, Ministrode 2? Classe e Ministro de 1a Classe (mais conhecido co-mo Embaixador).

BOLSISTAS ESTRANGEIROS

Desde a mudança do Instituto do Rio de Janeiro para Bra-sília, em 1976, frequentam seus cursos bolsistas da Áfricae das Américas do Sul e Central, no contexto da pol fticado Governo brasileiro de aproximação e intensificação derelações com paises em desenvolvimento.

Já passaram ou estão estudando no Rio-Branco jovens de26 paises, sendo 14 sul e centro-americanos (Barbados,Bolívia, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador,Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Panamá, RepúblicaDominicana, Suriname e Venezuela) e 12 africanos (CaboVerde, Costa do Marfim, Gabão, Gana, Guiné-Bissau, Ma-li, Quénia, São Tomé-e-Prlncipe, Tanzânia, Togo, Zâmbiae Zimbábue.

CURSOS NA ÁFRICA

A pedido de Governos interessados, e em colaboraçãocom a United Nations Institute for Training and Research(UNITAR), o Rio-Branco ministra cursos no exterior. Em1983, verificou-se o primeiro deles; em Cabo Verde, e, em1984, o segundo, no Gabão. Equipes do Instituto passa-ram quatro meses nas Capitais desses países, respectiva-mente. Praia e Libreville, para darem cursos de aperfei-çoamento a funcionários diplomáticos daquelas jovens na-ções africanas, já no exercício de suas funções.

Neste ano, está em andamento, na Guiné-Bissau, um cursode formação de novos quadros, destinados especificamen-te ao serviço diplomático dessa nação africana.

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UM RECORDE

Ao celebrar seus 40 anos de vida, o Instituto Rio-Brancoestabeleceu, em seu vestibular de 1985, um recorde his-tórico: 44 candidatos para cada uma das vagas oferecidas.Possivelmente, o vestibular do Rio-Branco será hoje umdos mais concorridos do Brasil do ponto de vista da rela-ção número de candidatos/vagas.

"memórias do cárcere"em luanda

O filme "Memórias do Cárcere", de Nelson Pereira dosSantos, foi exibido em Luanda no dia 18 de abril de 1985,inaugurando o ciclo de eventos culturais ligados ao cine-ma e á literatura brasileiros, co-organizado pela Embaixa-da do Brasil, pela Cinemateca Nacional de Angola e pelaUnião dos Escritores Angolanos, com o apoio da Cica-trade, empresa estatal que comercializa os filmes estran-geiros naquele pais.

A sessão inaugural foi precedida pela abertura da exposi-ção de cartazes cinematográficos brasileiros, ato ao qualestiveram presentes cerca de quatrocentos convidados es-peciais, entre autoridades partidárias e governamentais,chefes de missões e membros do corpo diplomático, per-sonalidades locais da área cultural e integrantes da comu-nidade brasileira em Luanda, além de expressivo índicede compareci mento de membros representativos do bu-reau político, entre os quais Lúcio Lara Oina Matross eRoberto de Almeida, e do Comité Central do MPLA,como o ex-chanceler Paulo Jorge.

A exemplo do ocorrido em ocasiões anteriores, o públicoesgotou a lotação da sala de exibições (1.620 lugares). Asemana teve prosseguimento com lotações esgotadas, aponto de a apresentação de "Inocência", no dia 20 deabril, ter provocado a derrubada dos portões de acesso doCinema Miramar por centenas de espectadores que nãopuderam adquirir ingressos e assistiram à projeçâb espalha-dos pelo amplo recinto ao ar livre; adjacente â plateia.

machado de assis seráeditado na república popular

da china

Com edição de 300 mil exemplares serão publicados bre-vemente, pela editora de Ligian (Província de Guangxi,República Popular da China) textos em chinês da trilogia"Dom Casmurro", "Quincas Borba" e "Memórias Póstu-mas de Brás Cubas", de Machado de Assis.

A editora em questão, que já publicou a tradução para ochinês de "A Escrava Isaura", de Bernardo Guimarães,dedica-se á difusão na RPC de obras estrangeiras de gran-de valor literário, as quais são distribuídas a todas as bi-bliotecas do país.

cineastas brasileiros vencemo 31o- festival de curta-

metragens de oberhausen

Dois cineastas brasileiros, Marcello G. Tassara e RenatoTapajós, foram os vencedores do 319 festival de curta-metragens da cidade de Oberhausen.

O principal prémio, intitulado "prémio da cidade de Ober-hausen", no valor de 5 mil marcos, foi dividido igualmen-te por Marcello G. Tassara, com seu filme "Povo da Lua,Povo do Sangue" e por Renato Tapajós, com "Em nomeda segurança nacional", respectivamente.

O júri internacional, neste ano formado exclusivamentepor mulheres de 11 países e sob a presidência da cineastahúngara Marta Meszaros, justificou a escolha do filme"Povo da Lua, povo do sangue" (sobre os índios yanoma-mis) com alegação de que apresenta um retrato da destrui-ção de uma cultura indígena pela civilização. Os juradosjustificaram a escolha de "Em nome da segurança nacio-nal" (sobre a condenação da lei de segurança nacional portribunal popular fictício em São Paulo), em razão de sua"grande bravura na luta pelos direitos humanos".

Segundo informou o cineasta Marcello G. Tassara, presen-te ao festival, seu filme "Povo da lua, povo do sangue" foiigualmente convidado para participar do festival de Leip-zig (RDA) e do festival de Moscou (URSS) no segundo se-mestre do corrente ano.

pnud contribui com programade ajuda às populações

atingidas pelas enchentesno nordeste

O Representante Residente do PNUD no Brasil, SenhorPeter Koenz, entregou ao Chanceler Olavo Setúbal, no dia7 de maio de 1985, um cheque no valor de US$ 30 mil,que será repassado nos próximos dias às autoridades coor-denadoras do programa de ajuda ás populações atingidaspelas enchentes nos Estados do Nordeste brasileiro.

A citada contribuição será acrescida de outras iniciativas econtribuições do PNUD nas áreas de alimentos e de proje-tos de reabilitação agrícola nas zonas afetadas pelas en-chentes.

delegação do ministério dasiderurgia da úrss visita

o brasil

Delegação do Ministério da Siderurgia da URSS chefiadapelo Vice-Ministro Gueorgui Nikolaevitch Sergueev visi-

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tou o Brasil de 20 a 28 de maio de 1985, a convite daSiderbrás, a fim de conhecer o parque siderúrgico brasi-leiro. Os técnicos soviéticos realizaram visitas à Cosipa,CSN, Cobrapi, Usimiras, Acesita, CBMM, SiderúrgicaPains, Aços Anhanguera, á usina siderúrgica de Tubarãoe a usina de peletizaçãb de Vitória. Além das entrevistascom os Presidentes da Siderbrás e da CVRD e especialistasdas duas empresas, a delegação soviética foi recebida peloChanceler Olavo Setúbal e pelo Ministro da Indústria edo Comércio Roberto GusmSo.

A presente visita é resultado do Protocolo assinado emMoscou, em julho de 1984, pela Siderbrás e pelo Minis-tério da Siderurgia da URSS. Naquela oportunidade, mis-são brasileira chefiada pelo Diretor de Operações da Si-derbrás, George Leonardos, conheceu complexos siderúr-gicos da URSS e examinou as tecnologias soviéticas de usode gás natural e de finos de carvão em alto forno paraeventual aquisição á empresa soviética "Licensintorg". Aintensificação da cooperação no campo siderúrgico en-tre os dois países poderá resultar, no futuro, em aquisi-ção de aço brasileiro pela URSS. As duas partes, inclusi-ve, já concordaram em estudar a possibilidade da criaçãode um grupo de trabalho sobre siderurgia no âmbito *daComissão Intergovernamental de Cooperação Comercial,Económica, Científica e Tecnológica e do intercâmbiode missões técnicas, com o objetivo de identificar áreasmutuamente vantajosas para cooperação no campo tec-nológico e comercial. :

a visita do ministro dosassuntos culturais do reino

do marrocos

Visitou Brasília, de 24 a 27 de maio de 1985, o Ministrode Assuntos Culturais do Reino do Marrocos, SenhorMohamed Benaissa, na qualidade de Emissário especialdo Rei Hassan 11, com o objetivo de retomar contatos ebuscar o fortalecimento das relações bilaterais. O Minis-tro Benaissa fez-se acompanhar do Senhor Ghilani Dlini,Governador da Província de Oued Addahab, e do DoutorKhali Hanna Mahainine, Médico-chefe do Hospital "Has-san I I " , de Agadir.

Esta visita se insere no quadro de açSo diplomática juntoa dezesséte países da América Latina com os quais o Mar-rocos deseja estreitar suas relações.

O Brasil e o Marrocos estabeleceram relações diplomáticasem 1906. Dentre os eventos recentes que evidenciam acordialidade e o desejo de aproximação de ambos os paí-ses, cumpre assinalar a visita do Ministro do Comércio doMarrocos ao Brasil, em 1983, quando foi assinado o Acor-do Comercial; a visita do então Presidente João Figueire-do ao Marrocos, em 1984, quando foram firmados osAcordos Cultural e de Cooperação Científica, Técnica eTecnológica; e a retomada, em 1984, das operações dalinha aérea Rio-Casablanca, pela"Royal Air Maroc".

O comércio bilateral é reduzido. O Brasil importa fostatoe derivados e exporta açúcar, café e manufaturados. Em1982, exportamos US$ 55.912 milhões e importamosUS$ 1.603 milhões; em 1983, as exportações somaramUS$ 52.141 milhões e as importações, USS 2.609 mi-lhões; no período de janeiro a novembro de 1984, as ex-portações totalizaram USS 39.822 milhões e as importa-ções USS 10.163 milhões.

olavo setúbal receberepresentantes da indústria

brasileira de calçados

O Ministro de Estado recebeu, no dia 20 de junho de1985, comitiva liderada pelo Deputado Pratini de Moraese composta por representantes da indústria brasileira decalçados, dentre os quais o Senhor Ênio Scheid, Presiden-te da Associação Brasileira de Produtos de Calçados, assimcomo membros dos Sindicatos de Produtores de Franca,São Paulo, e do Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande doSul, com o objetivo de avaliar as recentes recomendaçõesque a International Trade Comission (ITC) dos EUA en-viou ao Presidente Reagan, propondo a imposição de quo-ta global ás importações norte-americanas de calçados. Nodecorrer da reunião registrou-se, uma vez mais, a conver-gência de pontos de vista entre os setores privado e gover-namental brasileiros.

O Ministro Olavo Setúbal manifestou, assim como o fize-ra em sua recente visita a Washington, nas entrevistas queteve com autoridades norte-americanas, a preocupação doGoverno brasileiro com as recomendações da Comissão deComércio Internacional estadunidense. Cumpre ressaltar,a esse respeito, que já causara surpresa a determinaçãoafirmativa de dano á indústria, uma vez que a ITC decidi-ra, no ano passado, que as importações não estavam cau-sando dano à produção norte-americana. Nesse contexto,o Governo brasileiro registrou, em várias oportunidades,suas preocupações com a decisão da ITC e com as reco-mendações de medidas, que se adotadas, afetarão exporta-ções brasileiras para o mercado norte-americano.

Em nossa pauta de exportações para os EUA, os calçadosocuparam, em 1984, o primeiro lugar dentro os manufa-turados, somando cerca de 900 milhões de dólares, mon-tante extremamente significativo, sobretudo num momen-to em que o Brasil se empenha num esforço de ajustamen-to de seu Balanço de Pagamentos,-tendo em vista fazer fa-ce aos pesados encargos do serviço de nossa dívida externa.

O setor calçadista desempenha importante papel na eco-nomia nacional. Distribuída por várias regiões do país,composta por mais de 200 empresas dedicadas à expor-tação, empregando mais de 100 mil trabalhadores, sobre-tudo em empresas de pequeno e médio porte, a indústriade calçados é componente dinâmico e sensível do de-senvolvimento económico brasileiro.

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