Celso Guerra

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  • 8/17/2019 Celso Guerra

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    1Ano 1 - nº 1 - Agosto / Setembro / Outubro - 2008

    Qualidade em dose dupla: CHSPRecertifica ISO 9001: 2000 e

    Conquista Acreditação ONA 3

    Dominandoo complexoprocesso daPesquisa

    Clínica emHematologia

    Ético, humano,competente

    e obstinado:um pouco da

    história deCelso Guerra

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    SumárioEditorial

    Índice

    02  Editorial  Homenagem a Celso Guerra

    03  Pesquisa Clínica  CHPS totalmente capacitado  Curso de Qualidade  Investindo no Aperfeiçoamento

    04  Acreditação e ISO 9001  Diferenciais do CHSP

    Perder alguém querido é ruim ? É triste ?Talvez a constatação de que todos estamos depassagem e com o tempo deixaremos o queconstruímos em vida.No caso do Dr. Celso podemos trocar essa tris-teza pelos momentos em que pudemos convivercom ele, e cada um de nós terá sua história,sendo a minha o aprendizado por 23 anos.

     A oportunidade do primeiro trabalho, o aco-lhimento em São Paulo, a oportunidade deministrar a primeira aula sobre o metabolismodo ferro no Congresso Brasileiro de PatologiaClínica em Belo Horizonte em 1987, de escrever

    o primeiro capítulo de livro sobre coagulaçãoem recém-nascidos na Enciclopédia Ibero Americana de Hematologia, de participar daprimeira organização de um curso para labo-ratório em Hematologia no Instituto Adolfo Lutzem 1985, entre tantas outras primeiras vezes,e mais do que isso o aprendizado de acreditarnas pessoas...Morrer não deve ser tão ruim.Se na vida constituímos uma família com umacompanheira e deixamos quatro filhos, queacompanhamos até a fase adulta e convivemoscom nossos netos;Se profissionalmente fomos professor da EscolaPaulista de Medicina, auxiliamos na formação de

    tantas pessoas sendo tão reconhecidos como oProfessor Celso Guerra;Se não nos calamos diante dos problemassociais e da injustiça em nossa área, Hemato-logia e Hemoterapia, e com um espírito de luta,combatemos a anemia mais freqüente em nossopaís e no mundo com informações à populaçãoe a outros colegas através de palestras paraleigos, livretos educacionais e pesquisas clínicasem campo com trabalhadores bóias-frias;Se ao escrever, disseminando o conhecimentoem Hematologia, Hematologia Laboratorial,Coagulação e Hemoterapia com tantos capítulosde livros ou mesmo livros inteiros, sempre como espírito de união como em um dos inúmeros

    exemplos da Enciclopédia Ibero Americana deHematologia;Se ao combater a doação de sangue remunera-da, conseguimos como Presidente da SociedadeBrasileira de Hematologia e Hemoterapia aca-bar com esse fato;Se ao participar ativamente do esclarecimentosobre Leucopenia e com espírito de união eluta realizamos em São Roque um Simpósio deconsenso nacional;Se ao construir a Casa do Hemofílico auxiliamostantas pessoas no combate às suas intrínsecasdores e pudemos preveni-las;Se na área médica fomos presidente da

     Associação Paulista de Medicina e tivemos o

    discernimento de saber quando e como atuar e

    quando parar;Deixamos mui-tos legados.E quantos seme falham amemória epoderiam sercompletados...Somos ór-fãos de pai?Perdemosnosso rumo ?

     — Não!

    Dr. Celso nosdeixou suaidéia mais madura, que realizou com seus esco-lhidos companheiros: o Centro de Hematologiade São Paulo.Desde o primeiro momento, logo que o sustoinicial passou e não mais teríamos sua presençadiária tão acolhedora às inquietações pessoais,e também profissionais, seus conselhos tãoprocurados e tão bem vindos, tantas vezes.Veio-nos a certeza que a maior homenagemque podemos fazer para quem nos deu tanto epor tanto tempo é conduzir o Centro de Hema-tologia para todos os ideais de sua constituição.Ninguém é melhor que ninguém, todos valem

    pelo seu trabalho no bem e construção denossa Instituição.Daremos oportunidade a todos que queremtrabalhar e sabem que sua remuneração nãovirá pelo poder adquirido ou exercido, mas seráconseqüência de seu envolvimento e produçãona construção do Centro de Hematologia.Que a transparência de ideais e ações é lemabásico para a convivência. A certeza de queacertaremos, mas que às vezes erraremos,mas que assim que percebermos esse será umexcelente motivo para melhorarmos. Que nãonos calaremos diante das injustiças percebidase saberemos atuar da maneira mais convenien-te na Sociedade onde o Centro de Hematologia

    está inserido.Que a ISO e a recém adquirida ONA 3 sãoinstrumentos na busca da melhoria contínua daspessoas, dos processos, da nossa Instituição eda nossa Sociedade.Dr. Celso, sentiremos sua falta cada dia umpouco mais, mas estaremos juntos no Centro deHematologia de São Paulo com toda a hones-tidade, valores e seriedade de princípios comque o fundou e nos criou na convivência dessesanos, como uma herança preciosa a ser deixadapara os próximos.

    Nydia Strachman Bacal Presidente do Centro de Hematologia

    de São Paulo

    Carta ao Professor Dr. CelsoCarlos de Campos Guerra

    Circula Centro é uma publicação interna doCentro de Hematologia de São PauloComissão de Divulgação

     Av. Brigadeiro Luis Antônio, 2.533Jardim Paulista - São Paulo - SP01401-000Fone: (11) 3372-6603 Fax.: (11) 3372-6614e-mail: [email protected] www.chsp.org.br 

    Produção: Headline Publicações e Assessoriawww.headline.com.brDireção de Arte: Alex Franco

    Jornalista responsável: João Brito (MTb: 21.952)

    07  Reciclagem   Atitude pela preservação ambiental

    08  Celso Guerra   A história de um Homem

    12  AperfeiçoamentoMuito além da Teoria  Evento

      Palestra de Marciano Reis no CHSP

    Capa A cultura da qualidade em busca da excelência,dois valores, duas certificações. A certeza dacontinuidade de um trabalho e a homenagem aum homem que plantou e cultivou esta cer teza.

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    CHSP Preparado ParaPesquisas Clínicas

    O Centro de Hematologia de São Paulo encontra-se numa situação ímpar quanto à realização depesquisas clínicas relacionadas com Hematologia:além de dispor de pessoal treinado e capacitado,atende diariamente dezenas de pacientes que são

     justamente os maiores beneficiados pelo conheci-mento que essas pesquisas podem trazer. O Núcleode Pesquisa Clínica do CHSP reúne pesquisadoreshabilitados, conhecimento das questões legaise éticas da realização desse tipo de pesquisa e,principalmente, tem contato diário com o universodas doenças hematológicas.

    Dentre as várias patologias tratadas pela equipemédica do CHSP, teve destaque recente a talas-semia. A partir de 2002 este grupo de pacientesparticipou de duas pesquisas clínicas, a primeiraenvolvendo um estudo clínico de um novo medica-mento, destinado a retirar o excesso de ferro dosangue, e outra onde foi realizado um levantamento

    epidemiológico da talassemia. “Foi um estudo mul-ticêntrico, realizado simultaneamente em diversospaíses”, explica Zuleica de Oliveira Apparecido,médica hematologista do CHSP e investigadoraprincipal do Núcleo.

    Segundo Sandra Regina Loggetto, médica he-matologista pediátrica e membro do Núcleo dePesquisa do CHSP, uma ampla estrutura de ética eregulamentação rege as pesquisas clínicas, já queelas envolvem seres humanos, que assim têm suasaúde, segurança e privacidade protegidos. Alémdisso, são amplamente informados sobre as ativi-dades da pesquisa e só participam se desejarem eautorizarem. As atividades de pesquisa clínica sãocoordenadas pelo Comitê Interno de Pesquisa do

    Pessoal experiente, conhecimento dos processos e da legislaçãoe acesso aos pacientes permitem ao CHSP realizar pesquisasclínicas em Hematologia

    CHSP e supervisionadas pelo Comitêde Ética em Pesquisa do HospitalBrigadeiro.

    Meios e CapacitaçãoO CHSP é referência nacional notratamento de talassemia, um tipode anemia hereditária, e por isso foiescolhido para realizar pesquisas

    clínicas relacionadas a essa enfermi-dade. Além disso, conta com equipemédica e de suporte, e tem condiçõesde realizar estudos clínicos dentro daHematologia, incluindo patologiascomo mieloma múltiplo, síndromemielodisplásica, linfomas, leucemias,anemias, púrpuras, enfim, todas asprincipais patologias hematológicas.

    Tão importante quanto dispor dos recursos edo acesso às pessoas, é observar o rigor éticoque envolve a execução de uma pesquisa clínica.“O CHSP conhece todos os passos, que não sãopoucos, para possibilitar uma pesquisa clínica”,

    diz Zuleica. Para se capacitarem à realização depesquisas clínicas, Zuleica e Sandra fizeram, juntocom outros profissionais do CHSP, um curso decapacitação da empresa RPS, que lhes colocou emcontato com todas as normas, leis e procedimentosque devem ser seguidos por centros de pesquisa.“Tivemos algumas dificuldades na primeira vez quefizemos uma pesquisa clínica, foi preciso aprendertodo o caminho, e hoje dominamos o processo”,conta Sandra. O Núcleo de Pesquisa Clínica do CHSPcriou manuais dos procedimentos operacionaispadrão (POPs) que orientam essas atividades etornam mais fácil integrar outros colaboradoresem uma pesquisa clínica.

    O que é Pesquisa Clínica?

    Uma pesquisa clínica é como uma pesquisa

    cientíca, seguindo metodologias de observação

    para descobrir e documentar fenômenos,

    com a diferença de que envolve seres humanos.

    Com ela é possível obter novos conhecimentos

    sobre medicamentos e tratamentos.

    No caso de medicamentos, por exemplo, a

    pesquisa é realizada inicialmente em animais,

    até se ter a segurança de que o medicamento

    pode ser testado em seres humanos. Só após

    a realização de uma pesquisa clínica é que um

    medicamento é liberado para comercialização.

    fonte: Sociedade Brasileira de Prossionais em Pesquisa Clínica

    PesquisaCapacitação

    “Desenvolver um programa de capacitação em gestão econsolidar o programa de educação continuada do CHSPsão os principais objetivos do I Curso de Capacitação emGestão Empresarial”, diz Cristina Balestrin, Superinten-

    dente do CHSP. Abordando temas relacionados à gestão de processos,gestão de pessoas, gestão econômico financeira, gestãoda informação e gestão estratégica, o curso tem cargahorária de 80 horas, distribuídas ao longo de oito meses,e está sendo ministrado a gestores, coordenadores,médicos e colaboradores do CHSP. Em sua primeiraedição, o Programa está sob a coordenação de FranciscoStarke, consultor de Qualidade do CHSP e Mestre em Administr ação de Empresas com ênfase em Finanças,professor do Curso de Ciências Contábeis e MBA daTrevisan Escola de Negócios, com ampla experiência nasáreas de Governança Corporativa, Gestão da Qualidade eCertificações e Planejamento Estratégico. A diversidade do perfil da formação acadêmica dos alunos,

    assim como de suas atribuições dentro da organização,contribui de maneira significativa para a r iqueza da trocade experiências, do aprendizado e da convivência.Educar continuamente é sem dúvida um dos pilares desustentação de um Sistema da Qualidade bem estabe-lecido e representa significativa valorização do capitalintelectual da instituição, certamente um de seus maioresativos intangíveis.Como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), está previstaa elaboração de um projeto que deverá estar alinhado auma das estratégias definidas nas perspectivas do BSCdo CHSP. “Quando as pessoas compreendem o que buscamos e por-que estamos fazendo, as possibilidades de crescimento emelhoria tornam-se infinitamente maiores”, diz Cristina.

    Eurípides Pereira Costa, analista programador pleno doCHSP, é um dos alunos do programa. “É como se fosseum curso intensivo de administração de empresas, voltadopara governança corporativa”, resume Costa. Segundoele, o curso está lhe permitindo perceber melhor o quesignificam os valores da empresa, bens tangíveis (o quese vê) e intangíveis (o que não se vê).

    Outra aluna é Fátima Marim Izidoro, analista de credencia-mento. “Fiquei muito feliz quando recebi o convite de minhagestora, e achei que seria interessante fazer o curso nãosó para a minha formação profissional, como também paraentender melhor a estrutura do CHSP”, diz Fátima, formadaem administração de empresas, que está se atualizando ereciclando seus conceitos de gestão.

    Curso AmpliaConhecimentos

    sobre GestãoPara difundir conhecimento eeducar pessoas continuamente,o CHSP oferece a médicos,gestores e colaboradores curso decapacitação em gestão empresarial 

    Sandra Regina (esq.) e Zuleica

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    gestãoAcreditação + ISO

    Desde sua fundação, há 27 anos, o Centro deHematologia de São Paulo, busca oferecer o má-ximo de qualidade em atendimento, em métodosde trabalho, em resultados para os clientes, co-laboradores, fornecedores e parceiros. Ao adotarmodernos sistemas de gestão que se baseiamnos conceitos da Qualidade, o CHSP alcançou umnível de excelência que lhe permitiu receber duasimportantes certificações: a ISO 9001, em 2005,e a Acreditação Nível 3, em 2007.

    São reconhecimentos importantes, sem dúvida.Mas, muito mais importante do que esses “diplo-

    mas da Qualidade” é a cultura de trabalho que oCHSP conseguiu implementar, que abrange toda asua atividade, com todos os processos documen-tados, mensurados, avaliados e continuamentemelhorados. Isso não quer dizer que não ocorramerros: sim, eles podem acontecer, mas graças amudança de cultura, eles não se tornam motivosde punição, e sim oportunidades de aprendizado,correção e melhorias.

    “Vemos essas certificações como reconheci-mentos importantes, mas elas nunca foramnosso objetivo principal”, diz Cristina Balestrin,superintendente do CHSP, que as entende comosinalizadores do resultado do trabalho que vem

    sendo desenvolvido.

    Segundo Francisco Starke, engenheiro, consultorda Starke Consultoria, as certificações conquis-tadas têm a qualidade de evidenciar o valor doCHSP: “O principal capital do CHSP é o conheci-mento das pessoas queaqui trabalham, a formacomo elas interagem, oseu compromisso comos resultados, sua ca-pacitação e reputação”,diz Starke, “É um valorintangível, então uma certificação é como umdiploma, é como se alguém isento, independente,

    assegurasse que nós oferecemos de fato serviçosde alta qualidade, e que existe algo de concretoa se confiar, além da nossa própria palavra”.Starke apresentou recentemente dissertação demestrado chamada “A Cerficação ISO 9001 e o

    DesempenhoFinanceiro das Cias.Brasileiras de Capital Aberto”, ondedemonstra que a certificação ISO pode ter comoconseqüência também a melhoria da performancefinanceira das organizações.

    Para Luiza Petillo, hematologista e hemotera-peuta, Gestora da Qualidade do CHSP, buscartais certificados não é apenas uma questão de‘vaidade corporativa’: “O que ocorre é que ascertificações são um reconhecimento por ter-ceiros, o que facilita nosso relacionamento comclientes, fornecedores, e também com os hospitais

    parceiros que buscam certificações ou já as têm eprecisam assegurar-se da qualidade dos serviçosprestadas por parceiros”, explica Luiza.

    Gerenciando a Qualidade

    Cerca de 1400 documen-tos do CHSP estão arma-zenados pela ferramentaeletrônica Lotus Notes,incluindo, dentre outros,manuais, controles de au-ditorias, de ações sociais,

    de fornecedores e de recursos humanos. “O LotusNotes é um sistema de gerenciamento de docu-

    mentos que se adapta perfeitamente à questão daqualidade”, diz Luiza Petillo, através dele é possí-vel estabelecer controle estrito da documentação,manter íntegro o histórico de atualizações , definircritérios hierarquizados de acesso e uso das

    informações.Todos os colabora-dores, quer seja os que trabalham na unidadecentral, quer seja os que estão nas agênciastransfusionais, utilizam e são absolutamentefamiliarizados com o Notes, onde também foidesenvolvido um módulo de tratamento de não-conformidades.

     A qualidade é um processo que não termina, e

    está sempre em evolução. Para Starke, “qualidadenão tem limite”, no sentido de que sempre existealguma coisa a aperfeiçoar nos processos, ma-nuais e indicadores. Por isso, atualmente, o CHSPestá reavaliando vários indicadores estratégicos.“Muitos indicadores atingiram as metas e estãoestáveis há anos, deixando de ser desafiadores”,diz Luiza, “e por isso estão sendo reavaliados”.

    A Conquista da ISO 9001

    Cristina Balestrin, superintendente do CHSP, explicaque o trabalho em busca do aperfeiçoamento domodelo de gestão e a preocupação com a quali-dade dos serviços entregues ao cliente datam da

    fundação do CHSP: “Sempre tivemos uma atitudede observar as referências externas, compararnossos métodos e resultados com os de outrasinstituições para sabermos se, de fato, estávamosfazendo tão bem quanto deveríamos. Em 1988

    Qualidade DiplomadaO CHSP conquista mais uma importante certifcação de seu Sistema da Qualidade dois anos depois de terrecebido a certifcação ISO; saiba o que isto signifca para seus pacientes, doadores, colaboradores e parceiros

    Níveis da AcreditaçãoNível 1: SegurançaNível 2: OrganizaçãoNível 3: Gestão e Qualidade

    Os níveis são seqüenciais, ou seja, para obter o nível3, também é necessário cumprir os níveis 1 e 2.

    O que signicam certicações de Sistema da

    Qualidade, como ISO 9001 e Acreditação? De

    forma bastante simplicada, quando uma institui-

    ção recebe uma certicação como essas, signica

    que ela implantou e cumpre determinados princí-

    pios de atuação (conhecidos no jargão da quali-

    dade como ‘processos’), segundo regras claras e

    documentadas (‘protocolos’), que recebe informa-

    ções constantemente sobre como as coisas estão

    sendo feitas (‘indicadores’), que estabeleceu

    determinados padrões para os resultados de sua

    atividade (‘metas’) e que está sempre procurando

    melhorar a forma de atuar (‘melhoria contínua’).

     As certicações são emitidas por entidades inde-

    pendentes, a ISO 9001 é uma certicação interna-

    cional, que atende vários ramos de atividade, tendo

    iniciado no setor industrial; já a Acreditação ONA é

    uma certicação nacional, especicamente desen-

    volvida para organizações de saúde, dentre elas

    serviços hospitalares, ambulatoriais e de atendi-

    mento domiciliar, farmácias magistrais, lavanderias

    hospitalares, serviços de radiologia e diagnóstico

    por imagem, laboratórios, serviços de nefrologia e

    terapia renal substitutiva e serviços de hemoterapia.

    O Que É Certificação Afinal de Contas?

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    começamos a ter os primeiros contatos com osconceitos de Qualidade Total, àquela ocasião umanovidade para muitos, especialmente na área daSaúde no Brasil. Em uma reunião histórica, Dr. LuizGastão Rosenfeld, um dosfundadores do CHSP, nosapresentou uma série de

    conceitos, falou sobre anecessidade de documen-tarmos o que fazíamos,como fazíamos e quemfazia o quê, falou sobrecoisas que demoramosmuito para entender, poroutro lado despertou nãosó a vontade de aprendercomo a certeza de que acaminhada seria longa eo desafio enorme, noscontaminou por aquelaconvicção apaixonada de que era possível fazermuito melhor do que fazíamos”.

    De início foi feito um grande mutirão para a adoçãodos princípios do “5S”, método de organização deorigem japonesa, conhecido como os “5 Sensos”:Seiri - Senso de utilização, Seiton - Senso deorganização, Seiso - Senso de limpeza, Seiketsu- Senso de padronização e Shitsuke - Sensode auto-disciplina. “Foi uma grande faxina, quemarcou o começo de nossa trajetória em direçãoà Gestão da Qualidade”, diz Cristina.

    No ano seguinte, 1999, o CHSP definiu sua missão,visão e valores (veja box nesta matéria ), iniciouo trabalho de documentação das rotinas e pro-cedimentos e redesenhou seu modelo de gestão.

    “Com a sedimentação dos conceitos de Quali-dade, um novo modelo de gestão, a evoluçãodos trabalhos de documentação e a garantiados resultados dos serviços que prestávamos,em 2002 começamos a pensar em buscar umacertif icação ISO 9001. Acreditávamos que nossosistema da Qualidade estava amadurecendo, oque não era suficiente, precisávamos submetê-loa uma avaliação externa”, diz Cristina.

     A mudança da unidade central para a avenidaBrigadeiro Luís Antônio, em 2003, representouum novo e importante marco dessa trajetória:“Quando viemos para cá tivemos oportunidade

    de redesenhar processos, modificar muitos fluxosde atendimento, otimizar a utilização de nossosrecursos e acima de tudo, atender melhor nossosclientes”, completa Cristina.

    Em janeiro de 2005 foirealizada a primeira au-

    ditoria interna, ocasiãoem que foram detectadas124 não-conformidades.Segundo Luiza, com es-sas informações foi pos-sível fazer um grandeesforço de adequação àsexigências da ISO 9001e em maio de 2005 odiagnóstico pré-certifi-cação mostrou apenas7 não-conformidades.Finalmente, em junho de

    2005 o CHSP obteve a Certificação IS0 9001, comzero não-conformidades.

    Em busca da Acreditação

    Segundo Starke, a ISO 9001 se concentra maisnos processos gerenciais genéricos, e por issopode ser adaptada a diversas atividades. É umacertificação emitida pelo Instituto Nacional deMetrologia, Normalização e Qualidade Industrial(Inmetro). Já a Acreditação é uma certificaçãoespecífica para a área da Saúde, emitida pelaOrganização Nacional de Acreditação (ONA),organização não-governamental com o objetivode promover a implementação de um processopermanente de avaliação e de certificação daqualidade dos serviços de Saúde.

    Um detalhe interessante na história da Acredi-tação do CHSP é que embora tenha acontecidono final de 2007, em 1999, quando Dr. CelsoGuerra exercia seu segundo mandato comopresidente da Sociedade Brasileira de Hema-tologia e Hemoterapia (SBHH), foi organizadoum Comitê da Qualidade, que tinha por objetivoelaborar um instrumento de avaliação paraServiços de Hemoterapia. O produto do trabalhodeste Comitê resultou nos rascunhos iniciais dasseções e subseções do Manual de Brasileiro de

     Acreditação das Organizações Prestadoras deServiços de Hemoterapia. Neste Comitê, além deCelso Guerra, o CHSP foi representado por Luiz

    Princípios de Qualidade do CHSP

    Missão - “Prestar assistência nas áreas de he-

    matologia clínica, hemoterapia e patologia clínicaespecializada, garantindo diagnóstico preciso e

    tratamento adequado, a custos compatíveis”

    Visão - “Ser reconhecido como centro de exce-

    lência nas áreas de hematologia, hemoterapia e

    patologia clínica especializada”

    Política da Qualidade do CHSP - “Fornecer

    produtos e serviços em áreas especializadas da

    saúde, capazes de satisfazer às necessidades e

    superar as expectativas dos clientes, por meio da

    melhoria contínua dos processos, respeitando o

    meio ambiente.”

    Gastão Rosenfeld, Maria Odila de Assis Moura eCristina Balestrin.Segundo Luiza, a intensificação da preparaçãopara a Acreditação ONA ocorreu no início de2006. Em outubro daquele ano, o CHSP realizouauditoria interna, que representou um “ diagnós-tico ONA”, e em dezembro foi validado pela Dire-

    toria, por ocasião do Planejamento Estratégico adecisão da Acreditação, que traduzia o objetivoda busca de novos marcos da Qualidade.

    Com a evolução dos trabalhos de preparaçãoda Organização paraa Acreditação, veri-ficou-se que, graçasa tudo o que haviasido construído, as-sim como o processode certificação ISO9001, o CHSP aten-dia grande parte dosrequisitos dos Níveis

    1 e 2, com exceção dealguns itens relaciona-dos a infra-estrutura.“Este diagnóstico nosencorajou a perseguira Acreditação Nível3”, conta Luiza. A

     Acreditação em Nível3, o mais elevado,foi obtida na primeiraauditoria de avalia-ção, em dezembro de2007, e o certificadoemitido em fevereirodeste ano.

    Orgulho daQualidade

    “A obtenção dos certi-ficados elevou a nossaauto-estima”, diz Lui-za, “todos os colabo-radores par ticiparamdessas conquistas,sabem da importânciade sua participaçãoem todo este procesoe passaram a valorizar mais asi mesmos e as funções que

    desempenham”.

    “Alguns dos grandes desa-fios em projetos como estesão: desqualificar e banirqualquer postura fiscaliza-tória, envidar todos os es-forços para a utilização dosrecursos mais adequadosà atividade a ser desen-volvida, padronizar pro-cessos, colher e analisarinformações continuamente,e, mais do que qualquercoisa, motivar pessoas,”diz Cristina.

    • Janeiro 2005 - 124 não conformidades

    (primeira auditoria interna);

    • Março 2005 - 112 não conformidades

    (segunda auditoria interna);

    • Maio 2005 - Diagnóstico pré-certicação

    com 7 não conformidades;

    • Junho 2005 - Certicação ISO 90001, com

    ZERO não conformidades;

    • Em dois anos, quatro auditorias externas de

    manutenção, com 2 não conformidades;

    • Na recerticação da ISO 9001, ocorrida

     juntamente com a Acreditação da ONA,

    ZERO não conformidades.

    Histórico das Auditorias - Certificação ISO 9001

    • Setembro 2006 - Treinamento da equipe de

    auditores internos para avaliação ONA;

    • Outubro 2006 - Diagnóstico realizado pela

    equipe de auditores internos;

    • Novembro 2006 - Denição da Acreditação

    ONA, por ocasião do Planejamento

    Estratégico Anual;

    • Maio/Julho 2007 - Treinamento e

    capacitação de colaboradores;

    • Junho 2007 - Diagnóstico externo para

    Acreditação ONA realizado pela BSI;

    • Dezembro 2007 - Acreditação ONA Nível 3,

    com ZERO não conformidades.

    Histórico da Acreditação ONA

    Francisco

    Starke

    Cristina

    Balestrin

    Luiza

    Petillo

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    Perfil

    Quando falamos de pessoas raramente conseguimosunanimidade, no entanto, os testemunhos nãodeixam dúvidas: quem conheceu ou conviveu comCelso Guerra sabe que ele realmente era assim,um conjunto único de qualidades, extremamentecompetente, ativo, capaz de mobilizar grandesgrupos por uma causa, mas ao mesmo tempo

    humilde, tranqüilo, incapaz de elevar a voz,sempre disponível para ouvir atentamente seusinterlocutores. Celso Guerra se foi, mas suas idéias,sua energia e seus valores permanecem em todasas coisas que fez e nas pessoas que tiveram oprivilégio de sua convivência.

    Celso teve uma atividade intensa e marcante emtodas as suas atividades: no exercício da Clínicade Hematologia atendia pacientes com intuiçãoímpar, na vida acadêmica, obteve dois títulos delivre-docência e publicou dezenas de trabalhos,na vida associativa, foi presidente da AssociaçãoPaulista de Medicina (APM) e da SociedadeBrasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH),

    além de participar de muitas outras entidades.

    Partiu em 2 de fevereiro, aos 67 anos, emCampos do Jordão, onde tinha ido passar oCarnaval com a família, até então manteve-seem atividade constante, sem jamais acharque estivesse doente. Entrevistamos algumasdas pessoas com quem conviveu ao longo desua vida e carreira. As lembranças trouxerammuitas lágrimas, mas também muitas risadas,porque conviver com ele era um grande prazere sempre uma oportunidade de aprendizado.Todos, sem exceção, citaram a ética, a correção,

    a competência desse homem,e a imensa falta que ele faz.Celso não era um individualista,realizava com as pessoas epara elas, e o resultado deseu trabalho permanece: asobras, conquistas, alunos e

    amigos continuam dando vidaaos seus ideais e valores. Suamaior realização, como todosreconhecem, foi o Centro deHematologia de São Paulo(CHSP), entidade que idealizou,fundou e administrou, sempreem conjunto com amigos ecolegas, que tinha o dom deconquistar e atrair para suasempreitadas.

    Entre as muitas homenagens que Celso Guerrarecebeu, está a criação do prêmio Celso Guerra,pela Sociedade Brasileira de Hemoterapia e

    Hematologia, que irá destacar os melhorestrabalhos em Hematologia e Hemoterapia.

    A família

    Nascido em Avaré (SP) em 1941 e criado emPiracicaba (SP), Celso veio estudar em São Paulo em1957, aos 16 anos. Casou-se com Edialeda TerezinhaSignal, em 1965, e tiveram quatro filhos: Celso CarlosJúnior, Leda Maria , Carlos Eduardo e João Carlos . Joãotornou-se hematologista, Leda, dentista, e ambostrabalham hoje no CHSP. Carlos Eduardo tornou-seortopedista e Celso Carlos, empresário.

    “Papai era um grande idealizador e conseguiaatrair, reunir e motivar as pessoas em torno deseus projetos, que eram sempre para o bem

    comum”, conta João Guerra. Segundo ele, o paitinha uma grande capacidade de ouvir e de extrairo melhor das pessoas. “Ele tinha o dom natural daconciliação, não só aqui no CHSP, como em toda asua vida profissional e associativa”, diz Leda.

    Para João, a história do CHSP e a de seu paise confundem, porque o Centro sempre foi seugrande sonho, seu maior projeto. Celso Guerrateve laboratórios de análises clínicas e foiconvidado para parcerias importantes na área,no entanto, tinha uma nova visão de como o setorde Hematologia deveria funcionar, que viria a seconcretizar no CHSP: “O desejo dele era aglutinarum grande número de médicos, de reconhecida

    competência e que compartilhassem de seusideais, para juntos construírem um Serviço dereferência, onde se pudesse dividir trabalho,conhecimento e ganhos”.

     A família de Celso Guerra se constituiu em apoiofundamental para a que pudesse fazer tanto“Lembro do meu pai sempre trabalhando”, dizJoão, “mas sem jamais negligenciar a atençãopara com nossa família. Mamãe foi sua primeiraconsultora, a quem sempre atendeu e para quemsempre fez todas as vontades”. “Foi um excelentepai, sempre presente em nossas vidas, nosapoiando e orientando”, lembra Leda.

     A atividade de Celso era bastante intensa, e ele

    Lembranças de Celso GuerraCelso Guerra, um homem que deixou muitasrealizações, mas as lembranças mais fortes dos

    amigos referem-se ao prazer da convivênciacom sua honestidade, integridade, atençãoe humildade, entre tantas outras qualidades,extraordinariamente reunidas em uma só pessoa

    João GuerraLeda Guerra

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    sabia que dependia do apoio da família pararealizar tudo que planejava, e eles, de certo modo,participavam de suas atividades. “Papai nuncadisse o que deveríamos estudar ou fazer, mascomo almoçávamos e jantávamos medicina, nossascarreiras acabaram sendo influenciadas, vivíamosmuito intensamente a vida dele”, diz Leda.

    “Nunca o vi levantar a voz”, diz João, “nem notrabalho, nem em casa ou em lugar algum”. Erauma pessoa pacificadora, entretanto, rígida emseus princípios: para Celso Guerra, não havia meiocerto, ou meio errado. Ele costumava dizer: “Nossoscaminhos podem ser mais longos e mais difíceis, masnão pegamos atalhos”. Para João, “se houve algumdesentendimento na sua vida, foi por não quererfazer aquilo que não considerava correto”.

    “Tudo que ele falou, ele fez, era uma pessoaabsolutamente coerente com seu discurso, apessoa mais coerente que eu já vi na minha vida”,diz Leda. “Foi um grande pai, amigo e mestre, uma

    pessoa como poucas”, acrescenta João Guerra.

    Celso e a atividade associativa

    “O Celso foi uma pessoa muito marcante na minhavida profissional, pessoal e acadêmica”, diz CarlosChiattone, presidente da SBHH e professor daFaculdade de Ciências Médicas da Santa Casa deSão Paulo, que foi orientando de mestrado deCelso Guerra na Escola Paulista de Medicina.

    Para Chiattone, Celso foi essencial para a SBHH,para a Associação Paulista de Medicina (APM),entidades onde foi presidente e exerceu váriosoutros cargos, e para a Medicina brasileira de

    modo geral. Defendia com energia a liberdade deatuação do médico, mas sempre com uma posturaapaziguadora e humilde, nunca colocando-se nocentro das atenções. “O Celso era absolutamentedeterminado, mas sem ser ostensivo ouagressivo”, diz Chiattone, “ele sempre teveuma posição ponderada, na qual procurei meorientar para as minhas próprias decisões”. Era,entretanto, absolutamente inflexível nos seusvalores de honestidade e transparência, o quefoi muito positivo para o fortalecimento da SBHH.Segundo Chiattone, apesar de ter ocupado cargos

    de destaque, ele era uma pessoa extremamentesimples, sem soberba ou orgulho, acessível atodos. “Celso era uma pessoa única, e pessoascomo ele fazem muita falta”, afirma Chiattone.

     A atuação de Celso incluiu também o lançamento daRevista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia

    da qual foi colaborador constante. Como citaMilton Artur Ruiz, editor da RBHH: “Participantedo Conselho Editorial desde o seu início, elaborouartigos, editoriais,estimulou colegas a escrevereme participarem da Revista”.

    A Campanha Pelo Fim da DoaçãoRemunerada

    O hematologista Nelson Hamerschlak estudouna Escola Paulista de Medicina (EPM, atualUniversidade Federal de São Paulo) de 1973 a1978, período em que conheceu Celso Guerra. “Naépoca Celso Guerra era professor de Hematologiada EPM e eu coordenava um grupo de bolsistas que

    organizava um curso por ano, com vários temas,dentre eles Coagulação, para o qual o convidavatodos os anos, devido à sua didática e simpatia, e foinessa fase que me aproximei dele, pela admiraçãoque eu tinha por seu conhecimento, seu caráter esimpatia”, conta Hamerschlak.

    Em 1980, Nelson Hamerschlak fazia parte dacomissão técnico-científica da SBHH, quandoCelso, que era presidente, iniciou uma campanhapela doação voluntária de sangue, para acabarcom a doação remunerada no Brasil. Hamerschlak,Leonel Sterling, Luiz Gastão Rosenfeld e outrosapoiaram Celso Guerra na campanha, que pareciauma tarefa impossível de se realizar.

    “Conseguimos o suporte de várias instituições, paraque abraçassem a campanha, o Celso conseguiumobilizar as pessoas, reunir apoio, chamamoshematologistas do País todo e em um ano o Brasil,que tinha 80% de doação paga, deixou de tê-la em1º de junho de 1980, graças a um movimento soba liderança dele”, conta Hamerschlak.

    Nasce a Idéia do CHSP

    Os médicos que participaram do movimento pelofim da doação remunerada tornaram-se muito

    unidos, e havia idéias e posições em comumque levaram à pergunta: qual seria seu próximoprojeto? “A campanha criou o grupo e a motivaçãopara o surgimento da idéia de criação do CHSP”,diz Hamerschlak.

    Em 1980 a idéia começou a se materializar: a

    criação de um centro que unisse a Hematologia,a Hemoterapia, com a doação de sangue e aPatologia Clínica, para juntar conhecimentos,diagnósticos e tratamento do paciente hematológicoem um único lugar. “Em 1980, eu, Celso Guerra eLuiz Gastão Rosenfeld passamos o ano nosreunindo semanalmente em um restaurante na ruaPamplona para discutir o que seria esse centro dehematologia, entre muitos chopps e pizzas”, contaHamerschlak. Com o apoio de Jacob Rosenblit eoutros seis colegas, eles fundaram, em setembro de1981, o CHSP, que abriu suas por tas em uma casada Avenida Brasil, endereço nobre de São Paulo.

    “Resolvemos que seria uma sociedade sem

    fins lucrativos, onde a gente não teria ganhosobre o capital, mas sobre o trabalho que cadaum executasse”, conta Hamerschlak, “porqueentendíamos que isso é o correto e ético, ganharsobre o trabalho, e esse era o modelo em váriasinstituições”. “Fundamos o CHSP e foi um projetovencedor, eu saí em 1989, mas ele está aí até hoje,nos moldes que imaginamos”, acrescenta.

    “Celso Guerra tinha metas e objetivos, e todoindivíduo que os tem agrega as pessoas ao redordas idéias, e essa capacidade de motivar nele erauma coisa natural”, diz Hamerschlak, “Era um lídernato, não porque mandava, mas porque mostravaos caminhos de interesse comum”. “Nossas vidas

    se cruzaram muitas vezes, em muitos pontos, émuito emocionante falar dele e tê-lo perdido tãoprecocemente”, conclui.

    Liberdade para Atuar

    “Celso sempre foi uma pessoa que respeitavaa opinião e a maneira de pensar das pessoascom quem convivia, e essa foi uma das coisasmais importantes que aprendi com ele”, dizDante Mario Langhi Jr, Professor da Faculdadede Ciências Médicas da Santa Casa de São

    Carlos

    Chiattone

    Dante Mario

    Langhi Jr.

    Nelson

    Hamerschlak

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    Paulo, ex-presidente da SBHH e seu atual Diretor Administrativo. Eles conviveram mais de pertoquando Celso foi reeleito presidente da SBHH,

    em 1998, com Langhi como Secretário-Geral daSociedade. “Posteriormente fui eleito presidenteda SBHH por dois mandatos, e embora ele nãoestivesse na Diretoria, eu sempre o consultava”, dizLanghi, “ele era uma pessoa disposta a entendero que os outros pensavam, e essa é a principallembrança, essa maneira do Celso encarar asdiversidades, a serenidade, essa capacidade deliderança conciliadora, características que vão fazermuita falta para a especialidade”.

    Para Langhi, Celso Guerra foi uma pessoaque, além das muitas campanhas e pesquisaspelas quais ficou conhecido, sempre atuouna vida associativa batalhando pela liberdade

    para que os profissionais pudessem atuar emHematologia com liberdade, independente deestarem ligados ao setor público ou privado,procurando alcançar uma igualdade na práticada especialidade para todos os profissionais.“Houve durante algum tempo no Brasil umagrande tendência para separar o que devia serfeito em entidades do Governo e o que estavaaberto para a iniciativa privada, e a Hemoterapiaera algo considerado como sendo da área públicaprincipalmente, o que é um verdadeiro equívoco,mas foi verdadeiro durante muito tempo e aindapersiste em alguns setores”, explica Langhi. Eledestaca que Celso era um grande batalhador paraque isso não acontecesse, para que de fato as

    pessoas pudessem trabalhar com liberdade emHematologia e Hemoterapia e que a competênciae honestidade fossem o requisito para atuar naárea, independentemente de estarem no setorpúblico ou privado. “Essa liberdade o Celso Guerrasempre defendeu, assim como eu”, diz Langhi.

    A Realidade Está nos Consultórios

    Linamara Battistella, médica fisiatra, Secretária deEstado dos Direitos da Pessoa com Deficiência eprofessora a Faculdade de Medicina da Universidadede São Paulo, conheceu Celso Guerra em 1978,quando apresentou um trabalho sobre Hemofiliaem um congresso de Hematologia. Mal sabiaela que era o início de uma amizade para a vida

    inteira. “Celso já era respeitado, conhecido pelorigor científico, e em vez de alguém sizudo, conheciuma pessoa muito amável e atenciosa, ele fez

    comentários extremamente pertinentes ao trabalhoque eu estava apresentado e deu indicações dedesenvolvimento”, conta Linamara, “meses depois,o Nelson Hamerschlak entrou em contato comigopara o atendimento de um paciente, por indicaçãodo Celso, e retomamos o contato”.

    Era justamente a época de planejamento para criaçãodo CHSP, e Linamara, com seus conhecimentossobre Hemofilia, foi convidada a participar da novaentidade, que teria uma visão multidisciplinar quenão existia até aquele momento. Linamara passoua trabalhar com Celso desde a fundação do CHSP,em 1981, até 1998, quando saiu do Centro, masmanteve um contato próximo com ele: “Nos víamos 3

    vezes por semana, sistematicamente”, diz Linamara.“Nunca perdemos essa amizade, essa cumplicidade,a gente sempre conversava sobre medicina, sobrevida familiar, a juventude, o movimento associativo,tudo”, conta, “e nos tornamos até parentes, poiso João, filho mais novo do Celso, casou-se com aminha filha mais velha, a Clarissa”. Os Natais nacasa de Linamara tinham sempre a presença dafamília de Celso Guerra.

    Linamara chama a atenção para o fato de queCelso nunca deixou de atender pacientes, o quepara ele era uma forma importante de mantercontato com a realidade. “Por isso eu próprianunca deixei de atender”, diz Linamara, “é no

    ambulatório que eu sei se o sistema de saúde estáfuncionando, se a faculdade está ensinando, é láque eu sei o que está acontecendo”.

    Foi com Celso que Linamara deu os primeirospassos na vida associativa: “E eu, que dizia quenunca ia participar dessas coisas, acabei metornando Diretora Científica da APM, porque elefazia a gente se envolver sem a gente perceber,e olhe agora, estou Secretária de Estado”, brinca.Para Celso, a participação do médico era essencialem questões como a definição da tabela dehonorários, a escolha de medicamentos pelo SUS, opróprio sistema de saúde e por isso mantinha umapresença muito forte no movimento associativo.Correto, competente, humanizador, são algumas

    das formas como Linarama recorda o amigo CelsoGuerra, que segundo ela tinha, além de tudo, umaimpressionante intuição no atendimento: “Celso

    via além, ele olhava o paciente, dizia, ‘Pode ser talcoisa’, e acertava”.

    Visão do futuro da Hematologia

    Jacob Rosenblit, Hemoterapeuta, foi uma daspessoas chave na fundação do CHSP. Formado emmedicina em 1956, Rosenblit especializou-se emmedicina transfusional e viajou para a Inglaterraem 1965, para estudar genética de grupossanguíneos, o que fez com que, ao retornar, setornasse um dos únicos profissionais no Brasilcom esse conhecimento.

    Rosenblit fundou o Banco de Sangue Higienópolis

    (BSH) em São Paulo, onde trabalharam NelsonHamerschlak, Pedro Takatu e Leonel Sterling,entre outros profissionais, e começou a introduzirnovidades, como as bolsas plásticas para altacentrifugação. Quando a Santa Casa de SãoPaulo abriu sua Faculdade de Ciências Médicas,Rosenblit tornou-se professor de Hematologia econheceu o aluno Luiz Gastão Rosenfeld, que porsua vez era um grande amigo de Celso Guerra.

     Al guns anos de po is , Ce ls o e Lu iz Gast ãoconvidaram Rosenblit para uma reunião, comorepresentante do BSH, para apresentar uma idéianova: montar um centro que fizesse hematologiaclínica e hemoterapia, em vez de um banco de

    sangue nos moldes tradicionais.

    “Desde a década de 1970 estávamos preocupadoscom o funcionamento dos serviços hemoterápicos,e apresentei a eles a minha visão, de que quandoentrassem em funcionamento os hemocentros,isso iria inviabilizar o funcionamento dos bancos desangue isolados”, conta Rosenblit. Nessa reunião,Rosenblit fez uma oferta para que Celso e LuizGastão incorporassem o BSH na nova entidade, quese chamaria Centro de Hematologia de São Paulo,

     juntando as duas especialidades, Hematologia eHemoterapia, em uma entidade beneficente, semfins lucrativos. “O banco de sangue doou tudo paraeles, eu não queria investir em mais equipamentospara banco de sangue, porque eu não achava que

    Perfil

    Jacob

    Rosenblit

    Linamara

    Battistella

    Luiz Gastão

    Rosenfeld

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    ProgramaLaboratório Clínico

    • Coleta de amostras • Triagem de materiais

    • Hematologia • Coagulação • Bioquímica

    • Eletroforese • Sorologia.

    Hemoterapia

    • Captação de doadores de sangue • Coleta e

    processamento de sangue tota • Imunohemato-

    logia • Transfusão ambulatorial • Aférese.

    Informações pelo tel.: (11) 3372-6603, com Adriana

    Helena

    Gerenciamentode Risco emHemoterapiaMarciano Reis falou noCHSP sobre segurança emHemoterapia, os erros maiscomuns e as estratégias

     para combatê-los

    Curso de Aperfeiçoamentose Destaca pela Ênfase

    na Atividade Prática

    O CHSP oferece, desde 2004, o Curso de Aperfei-çoamento em Hematologia Laboratorial e Hemo-terapia, voltado para profissionais que desejam seaprimorar em Análises Clínicas e Hemoterapia. Em

    uma área onde as opor tunidades de aprendizadosão reduzidas, este curso vem crescendo ano apósano, e seus alunos saem não só com um conheci-mento sólido, amparado nos 27 anos de experiênciaacumulada dos profissionais e pesquisadores doCHSP, como também com ótimas perspectivasprofissionais, até mesmo no próprio Centro.

    Sob a coordenação das Dras. Nydia Bacal,Presidente do CHSP e Maria Odila Assis Moura,Diretora e Gestora de Hemoterapia, desde a suaprimeira edição, o curso de aperfeiçoamento estátotalmente inserido no modelo de assistênciaintegral ao paciente hematológico, bem como nasatividades de ensino e pesquisa.

    A Prática faz a Diferença

    O curso tem importante conteúdo teórico, mas sedestaca principalmente por suas atividades práticas,que se tornam possíveis graças ao grande volumede atendimentos realizados e à complexidade doscasos atendidos.

    Os alunos concluem o curso com produçõescientíficas, na forma de monografias e trabalhos,sendo os últimos encaminhados para os grandeseventos científicos das especialidades de Pato-logia Clínica, Hematologia e Hemoterapia. Com osconhecimentos adquiridos, os alunos tornam-se

    diferenciados e com melhor qualificação para omercado de trabalho. Além de ser uma grande

    oportunidade de desenvolvimento profissional,o curso torna-se ainda uma oportunidade deemprego, pois muitos dos ex-alunos foram inte-grados ao corpo técnico do CHSP.

    O Curso de Aperfeiçoamento em HematologiaLaboratorial e Hemoterapia está em sua quintaedição, tem duração de seis meses e acontecetodos os anos de março a agosto, com seis vagaspor turma. Com carga horária de 450 horas, asaulas são ministradas na sede do CHSP, de 2a. a6a., das 13h30 às 17h30. Podem se candidatar àsvagas graduados e acadêmicos do 3º. e 4º. anos deBiologia, Biomedicina e Farmácia/Bioquímica. Paraprofissionais com atividades em instituições públicasde Saúde são oferecidas condições especiais.

     Além do Curso de Especialização outra atividade deensino desenvolvida pelo CHSP é realizada através

    de acordos de cooperação firmados com a UNIB(Universidade Ibirapuera) e com o SENAC, pararealização de estágios curriculares de seus alunos,como estratégia de profissionalização que integrao processo de ensino-aprendizagem.

    Os alunos do Curso de Aperfeiçoamento em HematologiaLaboratorial e Hemoterapia do CHSP têm envolvimentointenso com a complexidade e a diversidade das

     patologias hematológicas que são tratadas na instituição.

    EventoCurso

    No dia 3 de julho, o médico hematologista Mar-ciano D. O. Reis, que reside no Canadá há maisde 20 anos e atua como professor Associado dosDepartamentos de Hematologia Laboratorial ePatologia Clínica da Universidade de Toronto,esteve no CHSP para proferir palestra sobreSegurança em Hemoterapia. Com o auditóriolotado, Reis discorreu sobre o desafio doGerenciamento de Risco em Hemoterapia e asmedidas inovadoras que estão sendo adotadasem hospitais canadenses, tais como a utilizaçãodo BloodTrack Courier, sistema informatizado quecontrola, através de código de barra, o acesso aoshemocomponentes armazenados, garantindo queo sangue correto seja dispensado para o paciente

    correto. Comunicativo e diver tido, Reis manteve opúblico atento o tempo todo.

    “Pode parecer surpreendente, mas o número deerros em Hemoterapia ainda é bastante elevado”,diz Reis. Segundo ele, a amioria dos incidentesnão chega a causar danos para o paciente, sendoque muitos sequer chegam a ser detectados. Orisco da ocorrência de um erro grave, seja daquia dois anos, seja amanhã, com a possibilidade decausar danos importantes ao paciente e preju-ízos significativos à organização, deve ser umapreocupação constante. Reis atua também comodiretor médico do Departamento do Laboratóriode Hematologia do University Health Network,que reúne três hospitais.

    Novo Espaçode Convivência

    Os colaboradores do CHSP ganharamem julho uma nova área de convivênciana unidade central: é um agradávelespaço ao ar livre, com bancos de

     jardim e grama sintética, onde podemdescansar, conversar e relaxar nosintervalos do trabalho.

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    www.chsp.com.brCircula Centro • 2

    Em 2007, o Centro deHematologia de São Pau-lo reciclou cerca de 4,2toneladas de papel, alu-mínio, aço, cartuchos etoners de impressoras,e outros materiais. Essa

    iniciativa não só contri-bui para a preservaçãodo meio-ambiente, comotambém gera receitasque são revertidas em be-nefícios para os próprioscolaboradores do CHSP.Hoje a reciclagem e aeconomia de recursosnaturais fazem parte dacultura da instituição, queestá cada vez mais aten-ta a cada oportunidadede reduzir o impacto sobre o meio-ambiente.

    Devido à natureza de sua atividade, o CHSP geradiversos tipos de resíduos biológicos e químicos, nãorecicláveis, que têm tratamentos e destinações espe-ciais (veja quadro com tipos de resíduos ). Em 2004,a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)determinou que os serviços de saúde criassem umPlano de Gerenciamento de Resíduos, descrevendoe padronizando esses procedimentos. O CHSP apro-veitou essa oportunidade para implementar tambémuma política própria de reciclagem, que começou aoperar em janeiro de 2005.

    Os resíduos recicláveis do CHSP são fornecidose tratados por empresa especializada, queassegura o destino final e o uso desse material.

     Além da reciclagem, várias outras iniciativas foramadotadas para garantir um uso mais racional dosrecursos naturais no CHSP. Para economizar água,por exemplo, adotou-se a utilização de dispositivoredutor do volume de água das caixasde descarga, assim como foram ins-taladas torneiras com fechamentoautomático. “Não se trata apenasde um modismo, a economia derecursos e o respeito ao meioambiente passaram a fazer parteda cultura institucional”, explicaRobson José Lázaro, farmacêuticobioquímico do CHSP.

    O CHSP também passou a dar atenção

    especial aos resíduos que não podem ser recicla-dos, por exemplo, analisando os efluentes líquidos

    que são dispensados através da rede pública deesgoto, para minimizar o risco de contaminação.Lâmpadas fluorescentes de mercúrio, pilhas ebaterias, que impactam significativamente o meio-ambiente, têm locais especiais para descarte e tam-bém são recolhidas por empresas especializadas.Rivaldo explica que, além disso, o CHSP não utilizamais termômetros de mercúrio, o que juntamentecom a troca de lâmpadas de vapor de mercúrio porvapor de sódio, resultou em uma menção honrosado CHSP no Programa Nacional de Mercúrio doMinistério do Trabalho. “Temos até mesmo um planode uso de painéis solares, que no futuro poderá nosfornecer água quente a partir de energia limpa”,diz Rivaldo Romão Batista, coordenador de infra-

    estrutura do CHSP.

    CHSP Incorpora Atitude Ambiental A política de reciclagem de resíduos do CHSPestá trazendo menos impacto para o meio-ambientee mais conforto para os colaboradores.

    Tipos de Resíduos

    Os resíduos com os quais o CHSP lida estão clas-sicados em quatro categorias; cada uma é tratadaisoladamente, com destinação distinta. A classe deresíduos que pode ser reciclada é apenas a D.

     A: BiológicosB: QuímicosD: Lixo comum e reciclável (plástico, papel,alumínio, aço)

    E: Perfuro-cortantes (lâminas, agulhas, vidro etc)

    Um Comportamento Ambiental

     A Comissão de Gerenciamento de Resíduos doCHSP, formada por sete membros de diferentesáreas (Laboratório, Infra-Estrutura, Qualidade,

    Segurança do Traba-lho, Imunohematolo-gia e Enfermagem)trabalha com grandeempenho na cons-cientização de todosos colaboradores eprestadores de ser-viços, da importância

    da reciclagem e daeconomia dos recur-sos naturais. Carlos

     Antonio Bispo de Sou-za, técnico de Segu-rança do Trabalho, dápalestras na unidadecentral do CHSP etambém nas agên-cias transfusionaissobre resíduos emgeral e reciclagem,para fomentar uma

    mudança de atitude em relação à conservaçãodos recursos naturais. “As pessoas estão

    incorporando essa cultura e colaboram, temostestemunhado um aumento no volume de materialreciclado”, diz. As dez agências transfusionais doCHSP seguem as orientações de reciclagem doshospitais em que estão instaladas.

     Além dos resultados de preser vação do meioambiente, que nem sempre podem ser facilmenteavaliados em uma cidade poluída como São Paulo,a reciclagem traz também outros resultados: areceita obtida com a venda dos resíduos reci-clávis é revertida em benefícios para os próprioscolaboradores. Desde o início do programa, essareceita já permitiu uma série de melhorias nasáreas de convivência restritas aos colaboradores.

     Além disso, Bispo acredita que as pessoas têmlevado essa atitude para casa: “Hoje no mundotodo se fala em preservação do meio-ambiente,e sabemos que a participação individual faz adiferença”, afirma.

    atitudeReciclagem de lixo

    Robson José Lázaro (esq.), Carlos Bispo

    de Souza e Rivaldo Ramos Batista

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    • Clínica Hematológica;

    • Laboratório de Patologia Clínica especializado em Hematologia;

    • Medicina Transfusional

    Av. Brigadeiro Luís Antônio, 2.533 • 01401-000 • São Paulo • SP • 11 3372-6611 • www.chsp.org.br 

    FS 94415 IAC 015-009-001