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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO (Departamento Técnico e de Produção do Exército / 1946) REAL CORPO DE ENGENHEIROS DIRETORIA DE PROJETOS DE ENGENHARIA OBSERVAÇÕES SOBRE A CONTRATAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO CENPES II - PETROBRAS Objeto: Relato sobre o processo de contratação pela PETROBRAS do projeto básico e executivo de arquitetura do CENTRO DE PESQUISAS II, situado na ilha do Fundão na cidade do Rio de Janeiro - RJ em terreno cedido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Procedimento inicial: 1. Considerando o fato da imagem do CENPES estar diretamente ligada à imagem do posicionamento tecnológico da Empresa e que as suas instalações físicas tem importante papel neste simbolismo, optou-se por realizar um "concurso " entre os escritórios de arquitetura nacional pré-selecionados. 2. Foram selecionados e visitados doze escritórios com experiência em projetos arquitetônicos de porte compatível com as novas necessidades e com prêmios de reconhecimento em âmbito nacional, tendo sido também objeto de visita às respectivas construções já executadas. 3. Desses doze escritórios, foram selecionados os quatro escritórios que reuniam maior experiência e qualificação em coordenação e desenvolvimento de projetos de unidades de utilização

CENPES II Análise de Contratação

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MINISTÉRIO DA DEFESAEXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO(Departamento Técnico e de Produção do Exército / 1946)

REAL CORPO DE ENGENHEIROSDIRETORIA DE PROJETOS DE ENGENHARIA

OBSERVAÇÕES SOBRE A CONTRATAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO

CENPES II - PETROBRAS

Objeto: Relato sobre o processo de contratação pela PETROBRAS do projeto básico e executivo de arquitetura do CENTRO DE PESQUISAS II, situado na ilha do Fundão na cidade do Rio de Janeiro - RJ em terreno cedido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Procedimento inicial:

1. Considerando o fato da imagem do CENPES estar diretamente ligada à imagem do posicionamento tecnológico da Empresa e que as suas instalações físicas tem importante papel neste simbolismo, optou-se por realizar um "concurso" entre os escritórios de arquitetura nacional pré-selecionados.

2. Foram selecionados e visitados doze escritórios com experiência em projetos arquitetônicos de porte compatível com as novas necessidades e com prêmios de reconhecimento em âmbito nacional, tendo sido também objeto de visita às respectivas construções já executadas.

3. Desses doze escritórios, foram selecionados os quatro escritórios que reuniam maior experiência e qualificação em coordenação e desenvolvimento de projetos de unidades de utilização mista, abrangendo características prediais, industriais e laboratoriais, envolvendo conceitos de eco-eficiência, modernidade, urbanização e paisagismo.

Processo licitatório utilizado para a seleção do melhor projeto:

4. Foi adotado o processo licitatório regido pela Lei 8.666/93 na modalidade Convite, tipo melhor técnica e preço, para a aquisição do Projeto Arquitetônico a nível de projeto básico para a construção do CENPES II.

5. Estabeleceu-se que as empresas apresentassem Projeto Básico e proposta comercial para remuneração desses projetos. O valor de aquisição foi limitado a valor teto previsto em R$50.000,00 (cinquenta mil reais) cada projeto de cada uma das quatro empresas de arquitetura.

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6. As empresas passaram por uma fase de apresentação e defesa dos projetos, em sessão pública, valendo esta como diligência de esclarecimentos.

7. Os projetos básicos apresentados e classificados até o número de 5 (cinco) foram todos adquiridos pelos valores orçados pelas empresas e limitados a R$ 50.000,00 previstos pelo Edital da Licitação.

8. O Grupo de Trabalho nomeado pela Petrobras para a análise e avaliação dos projetos definiu a ordem de classificação, sendo indicado o projeto arquitetônico a ser executado.

Processo de contratação da empresa de arquitetura

9. A Petrobrás, embora seja uma empresa pública, argumenta junto ao TCU que não está subordinada à Lei nº. 8666/93 para processar as suas licitações; e assim também, à LDO vigente a época, com relação aos preços unitários máximos. Ela segue o Decreto nº 2.745/98 para a realização de suas licitações de compra de serviços, materiais e/ou equipamentos. e não se enquadra ao Decreto nº 7.983, de 08/04/2013 no que se refere a regra e critérios para elaboração do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos dos orçamentos da União.

10. Algumas decisões do Tribunal de Contas da União entende que o Decreto nº 2.745/98 seja inconstitucional, pois o Art. 173, § 1º da Constituição Federal é manifestamente claro ao asseverar que somente a Lei em sentido formal poderá dispor sobre licitações e contratos das estatais. No entanto, há algumas ações no Supremo Tribunal Federal com decisões interlocutórias, e não definitivas, favoráveis à Petrobras.

11. Após definido a ordem de classificação dos projetos entre as três empresas que apresentaram o projeto básico através da sua convocação, através da modalidade convite, desenvolveu-se a negociação para a contratação da empresa melhor colocada para o detalhamento (projeto legal e executivo) e assessoramento técnico, de forma direta, em exceção ao princípio da obrigatoriedade de licitar.

Conclusão

12. Para realizarmos uma licitação é necessário que o orçamento para o objeto em questão seja elaborado de forma que atenda ao DECRETO Nº 7.983, de 08 de abril de 2013, que estabelece regras e critérios de orçamentação e de acordo com o valor obtido, será definido a modalidade de licitação pela Lei 8.666/93.

13. Se optarmos por concurso, não necessariamente através do IAB, poderemos apenas contratar o anteprojeto de arquitetura, já que pelo Acórdão 3361/2011 2ª Câmara TCU, com respaldo do Ministério Público que atua junto ao Tribunal, deliberou o seguinte:

- é incabível a contratação do vencedor do concurso sem uma nova licitação, dado que a inexigibilidade não pode ser caracterizada a priori, no edital do próprio concurso;

- é indevida a contratação sem uma nova licitação, para a realização do “Projeto Completo (Adequação do Anteprojeto Arquitetônico e elaboração dos Projetos Legal, Básico e Executivo), devendo-se proceder ao parcelamento da contratação, por meio de realização de novas licitações;

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- seria admissível a contratação direta do vencedor apenas para o serviço de adequação do anteprojeto arquitetônico, por questões relativas à compatibilidade, quando então estiver definido os serviços a serem executados e o seu orçamento;

- não se deve admitir a adoção da Tabela de Honorários do IAB para precificar o projeto contratado, em detrimento dos índices do SINAPI;

14. Através do Acórdão nº 1.183/2010 - Plenário, decidiu o TCU firmar o entendimento no sentido de que:

- quando da contratação de projetos de arquitetura e urbanismo por inexigibilidade de licitação, devem ser obrigatoriamente licitados os projetos de instalações e serviços complementares;

- a garantia de compatibilidade e coordenação de projetos arquitetônicos e de engenharia não é assegurada exclusivamente por intermédio da contratação de uma única empresa para elaborá-los e pode ser garantida pela atuação da área técnica do órgão contratante ou até mesmo mediante contratação de empresa especializada;

- em tese, é possível que peculiaridades de empreendimentos de grande complexidade tornem técnica ou economicamente inviável a divisão dos projetos, o que deve ser devidamente demonstrado por parecer técnico, para ensejar excepcional contratação direta dos projetos em conjunto;

- deve-se evitar previsão da possibilidade de subcontratação de parte do objeto em contratos firmados com inexigibilidade de licitação.

15. De acordo com o Acórdão nº 3.468/2012 – Plenário, o TCU deliberou sobre anteprojeto para a revogação da Súmula nº 157 do próprio Tribunal, redigida nos seguintes termos: “A elaboração de projeto de engenharia e arquitetura está sujeita, em princípio, ao concurso ou ao procedimento licitatório adequado e obediente a critério seletivo de melhor qualidade ou de melhor técnica, que é o escopo do julgamento,independentemente da consideração de preço, que há de vir balizado no Edital”. Na fundamentação, consignou-se o seguinte:

- Os dispositivos legais que fundamentavam a Súmula nº 157 (entre eles, o art. 83 da Lei 5.194/66 e a Lei nº 8.220/91) não mais subsistem, tendo sido revogados pelo art. 126 da Lei 8.666/93;

- No concurso, a proposta da licitante já é o próprio projeto pronto e acabado;

- No pregão (o tipo será sempre o “menor preço”) ou em outra modalidade em que o tipo possa ser “melhor técnica” ou “técnica e preço” (sem embargo da discussão sobre a natureza comum do serviço de elaboração de projeto de engenharia), a licitante será selecionada para elaborar o projeto a posteriori, de acordo com a proposta que apresentou no certame em que se sagrou vencedora e as diretrizes previamente traçadas pela Administração.

16. No edital do concurso haverá a necessidade de obter do autor do anteprojeto de arquitetura uma autorização prévia para futuras alterações no Anteprojeto, unicamente para materializar plenamente o comando do Art. 111 da Lei 8.666/93 e não causar prejuízo ao desenvolvimento do projeto e à

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Administração Pública, para hipótese, indesejável, porém possível, da contratação por inexigibilidade do arquiteto vencedor do concurso não se efetivar.

17. Também será necessário que haja a cessão dos direitos autorais patrimoniais presente no edital do concurso, passíveis de transmissão na forma da Lei dos Direitos Autorais e Resolução 67 do CAU-BR. Os direitos autorais morais, que asseguram a autoria da criação ao autor da obra intelectual, são inalienáveis, irrenunciáveis e perpétuos, e não constituem objeto de cessão. A necessidade de previsão da cessão dos direitos autorais patrimoniais decorre de uma obrigação expressa no Art. 111 da Lei 8.666/93.

Como previsto na Lei de Direitos Autorais, as obras artísticas e projetos podem sofrer alterações desde que haja prévia e expressa concordância do seu autor. Essa necessidade de autorização prévia do autor da obra para alteração também é prevista na Lei 12.378/2010, que regulamenta a profissão de Arquiteto e Urbanista e cria os CAU/BR e dos Estados:

“Art. 16. Alterações em trabalho de autoria de arquiteto e urbanista, tanto em projeto como em obra dele resultante, somente poderão ser feitas mediante consentimento por escrito da pessoa natural titular dos direitos autorais, salvo pactuação em contrário.”

18. Outra forma para licitar o anteprojeto de arquitetura é seguir a modalidade prevista pela Lei 8666/93 para o valor orçado pela Administração porém no tipo técnica e preço. Lembramos que neste caso, a empresa será selecionada pela sua experiência versus preço, sem que se saiba qual será a concepção artística do projeto de arquitetura que dependerá da orientação do contratante que não se resume tão somente ao Programa de Necessidades. Mas, de diretrizes de concepção definidas pela Administração, do projeto arquitetônico que provoque o impacto que a obra merece em função da sua importância e representatividade para o Exército Brasileiro.

REFERÊNCIAS:

- documento CENPES 154/2004, de 06/07/2004 da Petrobras

- documento JURÍDICO/JS - 4097/04, de 23/01/2004 da Petrobras

- Relatório de Fiscalização - Sintético TCU TC nº 011.529/2008-0 Fiscalização nº 144/2008

- Decreto nº 7.983, de 08 de abril de 2013

- Lei 12.378/2010, regulamenta aprofissão de Arquiteto e Urbanista e cria os CAU/BR e dos Estados.

Decreto nº 2.745/98, regula a realização de licitações de compra de serviços, materiais e/ou equipamentos pela PETROBRAS.