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Reportagem sobre os dados dos Censos 2011
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4AGOSTO 201138
poder localpoder local
COIMBRA POUCO ATRATIVAOS CENSOS 2011 MOSTRAM QUE A CIDADE E A REGIÃO JÁ NÃO TÊM O FULGOR POPULACIONAL DE OUTRORA. MAS AINDA HÁ CONCELHOS CUJOS HABITANTES AUMENTAM TEXTOS MARCO ROQUE FOTOS PEDRO RAMOS
BEATRIZ GOMES, nascida em Coimbra, foi campeã mundial de canoagem em 2009 e in-tegra a equipa nacional da modalidade. Para além disso, é também professora na Faculda-de de Ciências do Desporto da Universidade de Coimbra (UC). E, como tantos outros habitantes da cidade, deixou de residir em Coimbra na última década. "Eu vim viver para Montemor-o-Velho, em 2004, numa tentativa de conciliar a atividade profissio-nal com a desportiva", revela a atleta. "Aqui estava o centro de alto rendimento (CAR) que acolhe a equipa nacional de canoagem. Achei que seria mais fácil conciliar tudo es-tando a viver em Montemor, apesar de estar a trabalhar em Coimbra", acrescenta.Se, neste caso, a existência de um comple-xo desportivo foi determinante para a mu-dança, o fator emprego acaba por ser o mais determinante na hora de escolher casa. "De um modo geral, creio que, hoje, o local onde
a população se fixa tem a ver sobretudo com razões de natureza laboral. Tem a ver com o mercado de trabalho", sublinha Fernanda Cravidão, especialista em Geografia Huma-na na Faculdade de Letras da UC. No entan-to, há outro fator que ganhou força na última década. "Há uma circunstância que tem sido penalizante para a mobilidade, que é o gran-de investimento que houve em aquisição de casa própria. Esse investimento leva a que muita população em idade ativa continue a residir no local onde comprou habitação, embora trabalhe noutras áreas", revela a in-vestigadora, defendendo que "isso tem sido penalizante porque impede, muitas vezes, que um trabalhador mude de emprego".Estes motivos servem para explicar a dimi-nuição da população de Coimbra e para os aumentos nalguns concelhos limítrofes (ver página 40)? "Não só por isso, mas de facto houve um crescimento da periferia, que até
tem boas acessibilidades, oferecendo preços mais baratos nas habitações que, não sei se são melhores, mas maiores são de certeza", responde Fernanda Cravidão. "Esta periferia mais a sul, bem servida por acessibilidades e que teve pessoas à frente que apostaram nesses concelhos, acabam por ter parques habitacionais de relativa boa qualidade, a preços muito mais competitivos do que a cidade", sublinha a investigadora. No fundo, infraestruturas que marcam a di-ferença. "Viver cá implica algumas desloca-ções", refere Beatriz Gomes, acrescentando que "Montemor acaba por oferecer estru-turas desportivas, para além do CAR, que facilitam muito o treino: ginásio, piscina, percursos para correr ou andar de bicicleta". "Para além disso, se uma pessoa não for mui-to de sair à noite, como eu, tem tudo aquilo que é necessário para o dia-a-dia, como uma loja do cidadão. Como é relativamente pe-
demografia
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Condeixa é uma boa opção em termos residenciais" CONDEIX A B ENEFICIA da prox imidade a Coimbr a , cidade com excelentes ser viços e capacidade empreg ador a . Temos uma boa oferta de transportes públicos e os tempos de deslocação são bastante reduzidos. Eviden-temente que o preço da habitação, bastante inferior, é um fator concorrencial relevante. A oferta de equipamentos públicos, escolares, de lazer, culturais ou desportivos é bastante boa e, associada à qualidade dos serviços públicos, torna Condeixa uma boa opção em termos re-sidenciais. Nunca é de mais sublinhar que Coim-bra tem excelentes indicadores nas áreas da economia digital e da saúde, e o crescimento da
cidade e dos concelhos da sua envolven-te serão tanto mais sustenta-dos quanto esses indicadores forem melhorados. Reduzir os dados do Censos 2011 a uma mera operação de contabilidade de pessoas é um erro. Os da-dos do Censos devem ser uma ferramenta para projetar as políticas do futuro que passam pela afirmação de Coimbra a par do reforço da sua coroa urbana".
JORGE BENTO – PRESIDENTE DA CÂMARA DE CONDEIXA
Lousã é um concelho integrador para os novos residentes"O CONCELHO consegue exercer uma atrati-vidade baseada na qualidade dos seus serviços e das suas infraestruturas: abastecimento de água, saneamento, educação, saúde, cultura, instalações de ser viço público, aquilo a que chamamos qualidade de vida. É um concelho que tem vida própria, com um elevado número de instituições de caráter social, cultural, des-portivo em atividade permanente e grande di-nâmica. É um concelho integrador para os no-vos residentes e de grandes belezas naturais e patrimoniais. Para além disso, o preço da habi-tação é inferior à sede do distrito. Para aqueles que resumem o nosso crescimento demográ-
fico apenas à q u e s t ã o d o p r e ç o , p e r -g u n t o : e n o s o u t r o s c o n -ce l h o s q u e n ã o tiveram, ou tiveram cre s cim ento s m a is di -minutos, o preço da habitação também não é semelhante ou inferior ao do nosso concelho? Sinto-me orgulhoso de tal ter acontecido, mas estes resultados são o corolário de um esforço conjunto de todos aqueles que trabalham em prol do concelho".
FERNANDO CARVALHO – PRESIDENTE DA CÂMARA DA LOUSÃ
Montemor oferece qualidade de vida numa ruralidade moderna
"MONTEMOR POSSUI uma localização privi-legiada, com boas acessibilidades, oferecendo diversificação e qualidade nos serviços de edu-cação, saúde, segurança, bem como se registam custos mais acessíveis para investimento na aqui-sição de habitação. Assiste-se a um desenvolvi-mento estruturado, que permite manter uma ru-ralidade moderna que oferece qualidade de vida e, ao mesmo tempo, uma oferta que se adequa aos dias de hoje. Sem dúvida que a manutenção de uma ambiência ambiental, cultural, desportiva e paisagística de exceção são também condições atrativas para quem escolhe Montemor para vi-
ver. O gáudio dos resulta-dos implica, simult an ea -mente, maior r e s p o n s a b i l i -dade na concreti-zação de um triângulo virtuoso que mantenha a atratividade para os novos residentes nos seguintes planos: educação e segurança, melhores soluções de empregabili-dade e uma diversidade de ofertas que conjugue criatividade – turismo – desporto e lazer".
LUÍS LEAL – PRESIDENTE DA CÂMARA DE MONTEMOR
queno acaba por ser tudo mais rápi-do, não há trânsito, por exemplo. Do meu ponto de vista, ganho qualidade de vida", completa. Em Coimbra, a questão da população estudantil é marcante. "Cerca de 25 por cento da população que existe é flutuante: são os estudantes. É uma população efémera, embora alguns acabem por ficar, alugam quartos e apartamentos, mas não criam raízes na cidade", refere Fernanda Cravi-dão. E não existem empregos para todos. "A cidade não tem capacidade de empregar todos os estudantes. A questão é tão simples quanto essa. Ao nível da rede urbana da Penínsu-la Ibérica, é uma cidade pequena. A universidade e os serviços de saúde não podem criar emprego para toda a gente", sublinha a investigadora. Ou-tro dado interessante dos resultados preliminares dos Censos 2011 é que, apesar de Coimbra ter menos popu-lação, o número de alojamentos au-mentou. "Construiu-se a mais para a população que a cidade tinha e agora cerca de 30 por cento dos alojamen-tos estão vagos na cidade. Não hou-ve um equilíbrio entre a população residente que existe e o número de alojamentos necessários", sublinha. A nível geral, a diminuição de popula-ção e o seu envelhecimento é irrever-sível. "Já escrevi isso em 1986, com uma colega. É um processo irreversí-vel que, em Portugal, foi algo acelera-do. No entanto, podemos aprender a olhar para estas populações de outro modo", refere Fernanda Cravidão. Apresenta também uma oportuni-dade. "Aí está um nicho importante para a criação de emprego: são pes-soas com diferentes necessidades de saúde e culturais, por exemplo. Os padrões de consumo alteram-se e a sociedade tem de alterar a sua visão também", sublinha. De volta a Montemor, Beatriz Gomes revela que a mudança pode ser per-manente. "Depois de ter vivido al-guns anos em casas alugadas, acabei por comprar casa cá. Não me vejo a sair de Montemor, mesmo quando deixar a seleção. Embora implique algumas deslocações, não me sinto longe de Coimbra e vejo que tenho qualidade de vida aqui", conclui.
4AGOSTO 201140
poder local demografia
CONDEIXA-A-NOVA MONTEMOR-O- VELHO
REGIÃO BAIXO MONDEGO COIMBRA
LOUSÃ
14.871 habitantes (presente)
200124.485
habitantes (presente)
2001
341.018 habitantes (presente)
2001
15.059 habitantes (presente)
2001
Análise: Não é só Coimbra que perde habitantes, toda a subre-gião do Baixo Mondego (que junta Cantanhede, Coimbra, Condeixa--a- Nov a , Figueir a da Foz , Mir a , Montemor-o-Velho, Penacova e Soure) apresenta um decréscimo populacional.
Análise: Apesar da cidade ter menos habitantes, o investimento em construção não parou e o nú-mero de alojamentos e edifícios aumentou.
Análise: Estes são os concelhos que, com maior proximidade de Coimbr a , conseguir am ter au -mentos de população. No entan-to, não foi o suficiente para com-pensar as perdas de Coimbra, no ger al a população acabou por diminuir.
16.822 habitantes (presente)
201125.266
habitantes (presente)
2011
332.153habitantes (presente)
2011
157.510 habitantes (presente)
2001152.603habitantes (presente)
2011
16.917habitantes (presente)
2011
15.340 habitantes (residente)
200125.478
habitantes (residente)
2001
340.309habitantes (residente)
2001
15.753habitantes (residente)
200117.163 habitantes (residente)
201126.214
habitantes (residente)
2011
332.153 habitantes (residente)
2011
148.443habitantes (residente)
2001143.052
habitantes (residente)
2011
68.051 alojamentos
200179.665
alojamentos
2011
35.807 edifícios
200140.702
edifícios
2011
17.380habitantes (residente)
2011
MIRANDA DO CORVO
12.786 habitantes (presente)
200112.693 habitantes (presente)
2011
13.069 habitantes (residente)
200113.100
habitantes (residente)
2011
VILA NOVA DE POIARES
6.785 habitantes (presente)
20017.145 habitantes (presente)
2011
7.061 habitantes (residente)
20017.263
habitantes (residente)
2011