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VOZEIRO DA ASSEMBLEIA COMARCAL DE NÓS-UNIDADE POPULAR DE VIGO NÚMERO 4 · OUTUBRO - NOVEMBRO - DEZEMBRO DE 2012 Centos de milhons para as empresas, nem um cêntimo para o povo trabalhador O Estado espanhol acaba de apro- var o seu orçamento para o próximo ano. Mais umha vez, as partidas destinadas a Vigo retratam perfeita- mente o que Espanha pretende fa- zer com os nossos impostos: entre- gar mais dinheiro às empresas para que fagam negócio enquanto nos matam a trabalhar ou nos condenam ao desemprego. O principal investimento anunciado corresponde às obras do comboio de alta velocidade (AVE), com quase 200 milhons de euros. Mais da meta- de do dinheiro público vai ir para um serviço que a maioria nunca utiliza- remos, um meio de transporte caro, inalcançável para as trabalhadoras e trabalhadores, que está pensado para uso exclusivo dos ricos e para o transporte de mercadorias entre empresas. Um modelo de transpor- te que ademais vai isolar às vilas pequenas e medianas, onde já se estám a destruir estaçons, e que agride ao meio ambiente de forma selvagem. Destacam também os mais de 25 milhons que vam gastar no aeropor- to de Peinador, quantidade que se soma ao já investido polas adminis- traçons local e autonómica. Semelha que ainda nom entendérom que se o aeroporto nom acaba de funcionar nom é por falta de infraestruturas, mas porque as viguesas e os vigue- ses nom estamos para viajar quando dificilmente chegamos a fim de mês. Novamente, os negociantes que fam uso do transporte aéreo e os ricos que utilizam o aviom para se deslo- car vam ser os únicos beneficiários deste investimento. A nós toca-nos ficar em terra. Outros 25 milhons irám parar à macro-depuradora de Corujo, que leva anos consumindo quantidades astronómicas sem o mais mínimo resultado entre as críticas dos mo- vimentos vizinhal e ambientalista ao modelo de gestom de resíduos altamente poluente e perigoso que representa. O resto do orçamento reparte-se entre atuaçons tam diversas como um centro de iniciativas empresa- riais para a Zona Franca, conexons viárias com a privatizada AP-9, me- lhoras no tránsito de cruzeiros ou plataformas logísticas para as mul- tinacionais. Em definitiva, nem rastro de medi- das que beneficiem à maioria social trabalhadora. Por muito que nos vendam as bondades destas infra- estruturas sabemos perfeitamente que nom vam trazer nada bom para quem vivemos dum salário ou para quem estamos no desemprego. Chega com ver a onde nos condu- zírom décadas de “desenvolvimento económico” capitalista para com- preender que quanto mais dinheiro recebam os patrons, mais comoda- mente nos roubarám, nos despedi- rám e nos explorarám. Para isto sobem-nos o IVA, para isto vam-nos intervir, para isto vendem- -nos à troika. À classe operária de Vigo nom nos compensa em absoluto seguir a en- tregar os nossos impostos a estes gestores que servem lealmente aos empresários. O que necessitamos som serviços públicos gratuitos e de qualidade, trabalho estável e digno, hospitais e escolas, transporte pú- blico e vivenda para todo o mundo. Nom fai sentido continuar a gas- tar em dotaçons absurdas quando continuamos sem albergue para as pessoas sem teto, sem comedores sociais, sem centros de acolhida para menores e mulheres vítimas do terrorismo machista. Até quando vamos tolerar que nos quitem o que tanto nos custa ganhar para pagar as obras dos patrons? A realidade é que a história demons- tra que nunca vamos conseguir ar- ranjar esta situaçom suplicando aos governantes espanhois ajoelhados ante os interesses da burguesia. Som estes os mesmos que nos con- duzírom à grave situaçom atual e o figérom por um motivo: garantir os ganhos dos seus autênticos amos, os grandes empresários. Só podere- mos investir no nosso benefício, só veremos uns orçamentos destinados a melhorar a nossa qualidade de vida quando rompamos com Espa- nha e com os patrons. Entrevista a Urbano Medranho Homenagem à greve de Setembro de 72 Incremento da presença policial nas ruas de Vigo 14 de novembro: GREVE GERAL! A única alternativa é a luita permanente encadeada Novo vertido contaminante no rio Lagares Pavilhom de Candeám segue paralisado Achegamo-nos à história da greve geral de 1972 através de um dos protagonistas. NÓS-Unidade Popular rei- vindica a luita obreira numha concentraçom às portas da factoria Citroën. Polícia espanhola instaura controlos, patrulhas nos bair- ros obreiros e vigiláncia aérea. A classe obreira galega está convocada a umha nova jor- nada de luita. Artigo de opiniom de Iago Mo- reno sobre a necessidade de participar na luita organizada. A depuradora de Corujo, geri- da por Aqualia, causa um novo vertido no Lagares. Decorridos dous anos desde a promesa eleitoral, as instala- çons aínda nom abrírom. Página 2 Página 3 Página 3 Página 3 Página 4 Página 3 14 DE NOVEMBRO: GREVE GERAL CONTRA O CAPITAL LUITA OBREIRA! SUMÁRIO

Centos de milhons para as empresas, nem um cêntimo para o …praza.gal/xornal/uploads/aberta/arquivo/50a4ccfe8da76-fo-004-print.pdf · Mais de 30 mil trabalhado-ras e trabalhadores

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VOZEIRO DA ASSEMBLEIA COMARCAL DE NÓS-UNIDADE POPULAR DE VIGO NÚMERO 4 · OUTUBRO - NOVEMBRO - DEZEMBRO DE 2012

Centos de milhons para as empresas, nem um cêntimo para o povo trabalhadorO Estado espanhol acaba de apro-var o seu orçamento para o próximo ano. Mais umha vez, as partidas destinadas a Vigo retratam perfeita-mente o que Espanha pretende fa-zer com os nossos impostos: entre-gar mais dinheiro às empresas para que fagam negócio enquanto nos matam a trabalhar ou nos condenam ao desemprego.

O principal investimento anunciado corresponde às obras do comboio de alta velocidade (AVE), com quase 200 milhons de euros. Mais da meta-de do dinheiro público vai ir para um serviço que a maioria nunca utiliza-remos, um meio de transporte caro, inalcançável para as trabalhadoras e trabalhadores, que está pensado para uso exclusivo dos ricos e para o transporte de mercadorias entre empresas. Um modelo de transpor-te que ademais vai isolar às vilas pequenas e medianas, onde já se estám a destruir estaçons, e que agride ao meio ambiente de forma selvagem.

Destacam também os mais de 25 milhons que vam gastar no aeropor-

to de Peinador, quantidade que se soma ao já investido polas adminis-traçons local e autonómica. Semelha que ainda nom entendérom que se o aeroporto nom acaba de funcionar nom é por falta de infraestruturas, mas porque as viguesas e os vigue-ses nom estamos para viajar quando dificilmente chegamos a fim de mês. Novamente, os negociantes que fam uso do transporte aéreo e os ricos que utilizam o aviom para se deslo-car vam ser os únicos beneficiários deste investimento. A nós toca-nos ficar em terra.

Outros 25 milhons irám parar à macro-depuradora de Corujo, que leva anos consumindo quantidades astronómicas sem o mais mínimo resultado entre as críticas dos mo-vimentos vizinhal e ambientalista ao modelo de gestom de resíduos altamente poluente e perigoso que representa.

O resto do orçamento reparte-se entre atuaçons tam diversas como um centro de iniciativas empresa-riais para a Zona Franca, conexons viárias com a privatizada AP-9, me-

lhoras no tránsito de cruzeiros ou plataformas logísticas para as mul-tinacionais.

Em definitiva, nem rastro de medi-das que beneficiem à maioria social trabalhadora. Por muito que nos vendam as bondades destas infra-estruturas sabemos perfeitamente que nom vam trazer nada bom para quem vivemos dum salário ou para quem estamos no desemprego. Chega com ver a onde nos condu-zírom décadas de “desenvolvimento económico” capitalista para com-preender que quanto mais dinheiro recebam os patrons, mais comoda-mente nos roubarám, nos despedi-rám e nos explorarám.

Para isto sobem-nos o IVA, para isto vam-nos intervir, para isto vendem--nos à troika.

À classe operária de Vigo nom nos compensa em absoluto seguir a en-tregar os nossos impostos a estes gestores que servem lealmente aos empresários. O que necessitamos som serviços públicos gratuitos e de qualidade, trabalho estável e digno,

hospitais e escolas, transporte pú-blico e vivenda para todo o mundo. Nom fai sentido continuar a gas-tar em dotaçons absurdas quando continuamos sem albergue para as pessoas sem teto, sem comedores sociais, sem centros de acolhida para menores e mulheres vítimas do terrorismo machista. Até quando vamos tolerar que nos quitem o que tanto nos custa ganhar para pagar as obras dos patrons?

A realidade é que a história demons-tra que nunca vamos conseguir ar-ranjar esta situaçom suplicando aos governantes espanhois ajoelhados ante os interesses da burguesia. Som estes os mesmos que nos con-duzírom à grave situaçom atual e o figérom por um motivo: garantir os ganhos dos seus autênticos amos, os grandes empresários. Só podere-mos investir no nosso benefício, só veremos uns orçamentos destinados a melhorar a nossa qualidade de vida quando rompamos com Espa-nha e com os patrons.

Entrevista a Urbano Medranho

Homenagem à greve de Setembro de 72

Incremento da presença policial nas ruas de Vigo

14 de novembro:GREVE GERAL!

A única alternativa é a luita permanente encadeada

Novo vertido contaminante no rio Lagares

Pavilhom de Candeám segue paralisado

Achegamo-nos à história da greve geral de 1972 através de um dos protagonistas.

NÓS-Unidade Popular rei-vindica a luita obreira numha concentraçom às portas da factoria Citroën.

Polícia espanhola instaura controlos, patrulhas nos bair-ros obreiros e vigiláncia aérea.

A classe obreira galega está convocada a umha nova jor-nada de luita.

Artigo de opiniom de Iago Mo-reno sobre a necessidade de participar na luita organizada.

A depuradora de Corujo, geri-da por Aqualia, causa um novo vertido no Lagares.

Decorridos dous anos desde a promesa eleitoral, as instala-çons aínda nom abrírom.

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14 DE NOVEMBRO: GREVE GERALCONTRA O CAPITAL LUITA OBREIRA!

SUMÁRIO

ENTREVISTA

“Hoje luitamos por reivindicaçons, conquistas e direitos que nós já tínhamos atingido em 1972”Faro Obreiro entrevista Urbano Medranho, obreiro reformado do estaleiro Vulcano. Participou ativamente no setembro vermelho de 72. Estivo 2 me-ses escapado polos montes da Lourinha e Baixo Minho. Posteriormente pagou 2 anos de prisom.

Quando se inícia o teu compro-misso político?

Entrei em Vulcano em 1961, com 15 anos. Ao mês já participei nas greves de 1961 por melhores salários. Em 1963 entro no PC da mao de Rafael Caride Simom “Lucho” e de Salva-dor Peres. Participo na fundaçom de CCOO de Vigo. Com 18 anos formo parte do Comité de Empresa, como enlace sindical do Sindicato Vertical.

Vulcano era umha fábrica com longa tradiçom de luita obreira?

Sem dúvida. Quando eu chego ain-da soavam os ecos das detençons de toda umha geraçom de sindicalis-tas vinculados ao anarquismo, mas a militáncia do PC já era hegemóni-ca no quadro de pessoal. Vulcano jogou um papel destacado na fun-daçom de CCOO de Vigo, nas as-sembleias clandestinas da Madroa e Candeám. Em Vulcano, cada ano tínhamos 2 ou 3 semanas de greve para lograr incremento salarial. Foi a minha forja de militante obreiro e comunista.

Como foi a greve do 72?

O detonante foi um conflito laboral em Citroën exigindo semana ingle-sa, de 44 horas. A direçom respon-de à greve parcial iniciada sábado 9 de setembro com o despedimento de 9 trabalhadores. Ao dia seguinte realiza-se umha assembleia obreira na Madroa acordando nom voltar ao trabalho até a readmissom. A empre-sa responde com lock out.

Segunda 11 já estávamos em greve nom só Vulcano, também Barreras, Freire, Santo Domingo, Forjas del Miñor, Ascon, Censa, Álvarez, Rey-man, Refrey … a maioria do prole-

tariado viguês. Nos dias seguintes adirem mais empresas, inclusive da comarca. Mais de 30 mil trabalhado-ras e trabalhadores em greve. A rua foi determinante com manifestaçons permanentes, saltos e confrontos com os grises. A BPS endurece as suas práticas repressivas. Individu-os como Manolito Rivera jogam um papel determinante nas torturas das pessoas detidas.

Nós saíamos de Vulcano em mani-festaçom até o Naútico, onde estava a Delegaçom de Trabalho. Fazía-mos assembleias e voltávamos em manifestaçom. Polo caminho todo eram paus com a polícia.

Como em Citroën tinha peso o sindi-cato amarelo, umha parte dos ope-rários nom aderiam. As mulheres lançavam-lhes milho à saída.

A partir do 23 de setembro a gre-ve começa a remitir. Finaliza o dia 27. Nom se lográrom de imediato as principais reivindicaçons, mas a consciência obreira de Vigo mudou e a partir de aí todo foi diferente no melhor sentido.

Como foi a tua detençom e poste-rior prisom?

Depois da greve somos despedidos 8 trabalhadores de Vulcano. Eu fum acusado pola polícia de responsável da greve. Escapo e o BOE publica ordem de busca e captura. Estou agochado polos montes de Porrinho e Tui durante semanas. Às vezes como em casas da vizinhança e às vezes durmo na casa de um cura, irmao do meu pai, o pároco de Sam Joám de Tabagom. Conto com o apoio de CCOO.

Logo de 2 meses fugido decido entregar-me. Após passar 3 meses na imunda prisom de Vigo -o atual MARCO- em fevereiro de 1973 som transferido para Madrid, para a pri-som de Carabanchel. Som julgado no verao polo TOP e condenado a 3 anos de prisom. Passo 2 anos no cárcere: Carabanchel, Corunha e Ponte Vedra.

Em Carabanchel participei no motim contra a deficiente alimentaçom e por melhores condiçons. A comida que nos davam estava literalmente podre. Passamos 12 dias em greve de fame e ganhamos.

À saída de prisom incorporas-te de novo a Vulcano?

Sim, mas custou muito. A empre-sa nom me queria. Já tinham rein-corporado o resto dos despedidos. Tinham-se realizado greves pola readmissom. Eles só me ofertavam trabalhar numha serraria de Vulcano em Redondela, mas eu neguei-me rotundamente e finalmente conse-guim voltar para o meu posto de car-pinteiro naval.

E a tua militáncia política e sindi-cal?

À saída da prisom solicito contas a CCOO. Sabia que todas as sema-nas se realizavam coletas para aju-dar-me a mim e à minha família, a Tere e os meus filhos maiores, Leo e Abraám. Mas só chegava umha par-te do recolhido.

Começo a detetar comportamen-tos que me desagradam. Constato corrupçom e atitudes oportunistas. Gente como Manel de Barreras ou Porrinho de Vulcano tenhem um trem de vida que nom se podia man-ter com os seus salários. Denúncio no seio do PC e de CCOO o que vejo, que estám vendendo à classe trabalhadora, renunciando às reivin-dicaçons obreiras, abandonando o que tanto nos custou ganhar na rua.

E respondem-me de forma mui gráfi-ca “Bano, a ti parouse-che o relógio na prisom”.

Posiciono-me ativamente contra o eurocomunismo e participo numha cisom pola esquerda no seio do PC.

Que balanço fas daquela luita, 40 anos depois, e como analisas a atualidade?

Hoje luitamos por reivindicaçons e direitos similares. Melhor dito, por alguns direitos e conquistas que nós já tínhamos atingido em 1972 e posteriormente fôrom perdidas. Es-tamos pior que na década de 60. As condiçons de trabalho e os salários som piores que quando eu comecei a trabalhar.

Quase todo o que logramos me-diante a luita organizada perdeu-se porque a classe obreira deixou de pressionar o patronato e os sindica-tos estám vendidos. De facto, nom existe sindicalismo genuinamente de classe, combativo.

Os sindicalistas de hoje, na sua imensa maioria, som tipos que vi-vem da classe trabalhadora, estám subsidiados polo governo, cobram do erário público, tenhem centos de liberados, luxosas sedes. Só preten-dem conciliar, pactuar. Já nom se convocam greves para botar o go-verno fascista.

FARO OBREIRO · Número 4 · Outubro - Novembro - Dezembro 2012

“Vulcano foi a minha forja de militante obreiro e comunista”

“Como em Citroën tinha peso o sindicato amarelo, umha parte dos

operários nom aderiam à greve.As mulheres lançavam-lhes

milho à saída”

Homenagem aos grevistas vigueses de 1972

Impostos municipais incrementarám 2,1% em 2013

“Hoje com mais razons, a luita conti-nua”. Sob esta legenda dezenas de pessoas concentravam-se diante da fábrica PSA-Citroën da nossa cida-de em homenagem aos grevistas vigueses que, em setembro de 1972 e durante 15 dias, levárom à rua as suas reivindicaçons frente a umha dura repressom.

Há 40 anos, em 9 de setembro, tra-balhadoras e trabalhadores da mes-ma fábrica iniciavam umha greve reclamando reduçom e melhoras

na sua jornada laboral. Nos dias se-guintes, empregados e empregadas das grandes empresas da cidade aderírom à greve em solidariedade, e somárom dezenas de milhares nas ruas. Seria a repressom a que, 15 dias depois, em 25 de setembro, re-mataria a greve, com dúzias de de-tidos/as e torturados/as, e mais 300 despedimentos como represália.

O ato reivindicativo, organizado por Nós-Unidade Pôpular, decorreu na manhá do 18 de setembro, duran-

te a qual se entregárom centenas de panfletos recordando esse facto histórico e reclamando a vigência da luita obreira.

Palavras de ordem como “No se-tenta e dous, Vigo luitou”, “O capi-talismo é o terrorismo” ou “A luita é o único caminho” trazérom à tona a situaçom da crise sistémica atual, a repressom e a luita contra o capita-lismo, ligando as luitas daquela com as de hoje.

Após 40 anos, trabalhadores e trabalhadoras viguesas reivindicárom a vigência da luita obreira e do espírito de Setembro de 1972

Com os votos de PSOE e BNG, o governo municipal acaba de aprovar umha suba do 2,1% nos impostos municipais para o próximo exercício.

Apesar de que os meios de comu-nicaçom afins destacam a congela-çom dumha parte das taxas, a re-alidade é que tomando em conta a drástica perda de poder adquisitivo por parte da maioria trabalhadora, a

carga impositiva sobre a vizinhança verá-se incrementada.

Por outro lado, a Cámara Municipal anunciou também umha importante rebaixa nas taxas de atividade para os empresários. Esta nova medida vem confirmar a já conhecida coni-vência do governo municipal com os patrons a costa dos interesses do povo trabalhador viguês.

Polícia espanhola aumenta pressom repressiva nas ruas

Pavilhom de Candeám paralisado após dous anos

Novo vertido contaminante no rio Lagares

Durante os últimos meses, a presen-ça de unidades da polícia espanho-las nas ruas de Vigo tem-se tornado insuportável para a vizinhança.

Coincidindo com o aumento da con-flitividade social que provoca a actu-al situaçom de crise, constata-se um maior esforço repressivo destinado a vigilar e intimidar ao povo trabalha-dor.

Às habituais patrulhas polos bair-ros obreiros como o no Calvário,

somam-se agora pontos de controlo de vehículos espalhados por toda a cidade e a presença dum helicóptero de vigiláncia que sobrevoa o municí-pio todas as noites perturbando gra-vemente o descanso nocturno.

Chama à atençom o importante in-vestimento de dinheiro público que o Estado fai em conter a desobedi-ência popular, recursos que bem po-diam ser empregados em medidas sociais que melhorassem a nossa qualidade de vida.

Há quase dous anos, em plena pre-campanha eleitoral das municipais de 2011, PSOE e BNG anunciárom a construçom dum pavilhom polides-portivo na paróquia de Candeám, o que vinha satisfazer umha demanda histórica da vizinhança do bairro.

O facto é que a promesa eleitoral re-sultou ser umha farsa para apanhar votos e hoje as instalaçons desporti-vas ainda nom fórom abertas ao pú-blico a pesar de que em dezembro do ano passado, a Cámara munici-pal anunciava a través dos meios de comunicaçom que as obras estavam “quase prontas” e mesmo o alcaide Caballero se achegou a tirar as fotos de rigor para a imprensa.

No passado mês de outubro, o go-verno de PSOE e BNG voltou anun-

ciar a apertura iminente do pavilhom, provocando as iras da vizinhança que exige soluçons, máxime quando esta obra já consumiu centos de mi-lhares de euros das arcas públicas.

O rio Lagares padeceu umha nova maré negra contaminante. Águas residuais sem tratar procedentes das canalizaçons da depuradora de Corujo acabárom no rio devido ao mal estado da instalaçom que gere Aqualia.

Os movimentos ambientalista e vi-zinhal levam anos denunciando a ineficácia do actual modelo de tra-

tamento de águas baseado na con-centraçom numha única macro-plan-ta depuradora.

Apesar de que a degradaçom am-biental do entorno e tragédias como esta venhem confirmar estas adver-tências, o Governo municipal con-tinua a desafia-las e reclama mais fundos públicos para investir na de-puradora.

14 de Novembro: greve geralO próximo 14 de Novembro, o povo trabalhador galego tem umha nova cita nas ruas para defender os seus interesses frente à burguesia.

Após a renúncia do sindicalismo na-cional a apresentar umha convoca-tória própria, a iniciativa foi das cen-trais espanholas CCOO e UGT, que chamam a participar na greve baixo um programa reformista orientado a “sair da crise” mediante o diálogo e as medidas económicas de carác-ter social, chamando incluso a “par-tilhar” o sacrifício com a burguesia.

Centrais sindicais de outros países europeus como Portugal, a Grécia ou a Itália seguirám à convocatória e outras poderiam fazé-lo em breve.

A esquerda independentista galega secunda ativamente a jornada de greve.

FARO OBREIRO · Número 4 · Outubro - Novembro - Dezembro 2012

A única alternativa é a luita permanente encadeada

IAGO MORENO // Responsável Comarcal de Vigo de NÓS-UP

// Vozeiro da Assembleia Comarcal de Vigo de NÓS-Unidade Popular // Correio eletrónico: [email protected] 16, rés-do-chao (36205 - VIGO) // Telefone: 637 18 78 51 // Encerramento da ediçom: 6 de Novembro de 2012 // Distribuiçom gratuitaFARO OBREIRO e NÓS-Unidade Popular nom partilham necessariamente a opiniom dos artigos assinados // Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos

As eleiçons autonómicas de março de 2009 fôrom um grande ponto de inflexom na minha vida. Ao dia se-guinte, com Feijó como novo presi-dente da Junta, dediquei bastantes horas a refletir sobre o acontecido e sobre a minha posiçom, cómoda e aburguesada. Até esse momento tam só me expressava cada quatro anos, via eleitoral, e passeava-me por algumha data importante do nos-so calendário reivindicativo como o Primeiro de maio ou o Dia da Pátria.

Pois bem, dous dias depois, decidim que já era o momento de implicar-se para mudar as cousas, de deixar de lamentar-se no bar, comodamente no sofá da casa ou através das re-des sociais. Tinha que dar o passo, enfrentar-me à realidade, e median-te um correio eletrónico solicitei a filiaçom na organizaçom em que atualmente milito. Abandonei, pois, a posiçom “conformista”, metim os pés no barro e comecei a trabalhar.

Quase quatro anos depois, ser mi-litante da organizaçom política de massas da esquerda independen-tista e revolucionária galega nom

é umha tarefa singêla, e em muito casos nem tam sequer agradável, mas podo assegurar que a satisfa-çom pessoal é enorme. Só as pes-soas que trabalhamos no dia-a-dia, na luita diária defendendo as nos-sas ideias, podemos ter essa mes-ma sensaçom. Mantendo firmes os princípios e sem deixar-se arrastar polo oportunismo. É um trabalho lento, sem resultados imediatos, sem avanços a curto prazo. É umha carreira de fundo, umha maratona, e atualmente só estamos percorrendo os primeiros quilómetros.

Após as eleiçons do passado 21 de outubro, sem entrar em valorizaçons a fundo sobre os resultados, tenho umha sensaçom similar. Emigra-çom? Oportunidades? Há futuro? Som perguntas habituais que pode-mos escuitar entre a juventude. E sim, claro que há futuro. Na véspera das eleiçons de 2009, houvo mos-tras suficientes da capacidade do povo na luita diária. A jornada do 8 de fevereiro na defesa da língua, ou as grandes greves do metal na cida-de - reclamando melhores condiçons laborais - som exemplos de luita di-ária, onde nós, povo trabalhador ga-lego, também podemos e devemos agir como sujeito do nosso futuro. Se nós nom luitamos de forma organi-zada polos nossos direitos, a casta política milionária vai impor ao seu jeito as receitas neoliberais e centra-listas do Capital e Espanha.

Pouco ou nada mudou em 2009, e agora seguiremos na mesma linha de austeridade e recortes marcada por Madrid ou Bruxelas.

Realmente, 21-O passou sem pena nem glória. As pessoas com dificul-dades económicas (umha de cada quatro galegas) nom notaria umha hipotética mudança de governo. A família que foi despejada da sua casa esta semana tampouco perce-beria diferenças substanciais entre um governo de Feijó ou um de Pa-chi Vasques. Realmente governam para nós? Queremos jogar ao seu

jogo? Nom houvo derrota, nem se-quer perdemos umha simples bata-lha, porque realmente esse dia nom tínhamos nada que ganhar.

A folha de rota de este governo está clara: austeridade, privatizaçom, re-cortes e miséria para a classe obrei-ra e o conjunto do povo trabalhador. Evidentemente há que mudar as cousas, e umha data favorável para isso é o 14 de novembro, dia de umha greve geral internacionalista, desde Atenas até Lisboa, contra o Capital.

Mas nom deve ficar ai, numha data isolada, numha jornada de luita pon-tual. Temos que avançar na defesa e conquista das nossas reinvidica-çons, e estás tenhem que ir além de freá-los, fazer-lhes frente ou pará--los. Temos que organizar-nos e pro-vocar umha rebeliom popular, temos que derrubar este sistema. Esse é o caminho, a luita. O único caminho. É hora, agora mais do que nunca, de seguir trabalhando para poder cons-truir e libertar a Pátria, a nossa clas-se e as mulheres.