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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE JORNALISMO Danielle Oliveira Lima Mídia e Religião: Fé e Devoção FORTALEZA 2013

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ · AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, aos meus pais e avós, pelo apoio, encorajamento, amor e pelos ensinamentos que formaram o meu caráter

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE JORNALISMO

Danielle Oliveira Lima

Mídia e Religião: Fé e Devoção

FORTALEZA

2013

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Danielle Oliveira Lima

Mídia e Religião: Fé e Devoção

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à

aprovação da Coordenação do Curso de

Jornalismo do Centro de Ensino Superior do

Ceará, como requisito parcial para obtenção do

grau de Bacharel em Comunicação Social,

habilitação em Jornalismo.

Orientador: Professor Michel Barros

FORTALEZA

2013

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Danielle Oliveira Lima

Mídia e Religião: Fé e Devoção

Ensaio Fotográfico

Trabalho de Conclusão de Curso para

obtenção do título de Bacharel em Jornalismo,

outorgado pela Faculdade Cearense – FAC,

tendo sido aprovado pela Banca Examinadora

composta pelos professores.

Orientador: Professor Michel Barros

Defesa em: _____/_____/_____ Conceito obtido:_____________

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Orientador

_________________________________________

Examinador

_________________________________________

Examinador

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Aos meus pais, que me educaram com amor e

discernimento.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, aos meus pais e avós, pelo apoio, encorajamento, amor e pelos

ensinamentos que formaram o meu caráter e me fizeram chegar até o fim de mais essa

jornada.

Às minhas “loiras”, que fizeram parte da minha vida acadêmica e que se tornaram as

melhores amigas que um dia alguém pensou em ter. Amigas essas, que levarei para o resto da

minha vida. Portanto, Naiara Julião, Mariana Freitas, Jorsandra Cunha e Larissa Cavalcante:

obrigada pelas risadas, pelo companheirismo e, principalmente, pela paciência.

Às minhas “chatas” favoritas, Letícia Caetano e Monaliza Andrade, que me aguentam desde

sempre e se fazem necessárias no meu cotidiano. Victória Rocha e Marcília Sousa, as que se

“aconchegaram” por último, mas que também não deixaram de apoiar minhas decisões, além

de me proporcionarem momentos de leveza e inúmeros sorrisos. Para vocês, deixo também o

meu sincero: obrigada.

Ao professor Fernando Jorge, que disponibilizou seu tempo para responder aos meus e-mails

e que me forneceu suas dicas sempre carregadas de experiência.

Ao meu orientador, Michel Barros, por me orientar (literalmente) no desenvolvimento e

conclusão deste trabalho.

Meu „muito obrigada‟ não será suficiente para retribuir a grandeza de todos os gestos que

recebi de vocês. Espero que Deus os recompense à altura.

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“Andar com fé eu vou, que a fé não costuma

faiá”

(Gilberto Gil)

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RESUMO

A mudança na forma em que os fiéis se relacionam com a palavra sagrada se deu através da

iniciativa de Martinho Lutero, em 1521, ao traduzir a Bíblia Sagrada para o alemão. Com essa

atitude, o acesso ao sagrado, que era de admissão restrita para os sacerdotes católicos, muda,

pois cada indivíduo pode ter a sua visão sobre a Palavra de Deus. A religião é um dos

assuntos mais explorados e divulgados na mídia, não só através das imagens, mas também

através dos meios de comunicação de massa. Em seus primórdios, a fotografia era vista como

um meio de documentar fatos e, pela maioria, era considerada verdade absoluta naquilo que

estava registrado. Hoje, fotografar ainda é uma das principais formas de registrar fatos e

acontecimentos cotidianos e o universo das imagens ainda desperta um grande fascínio em

todos os seres humanos. O objetivo deste trabalho é documentar, através de um ensaio

fotográfico, as missas que acontecem no dia treze de maio na Igreja Nossa Senhora de Fátima,

em Fortaleza, e mostrar, imageticamente, a grandiosidade desse dia para os católicos.

Palavras-chave: Mídia. Religião. Fotografia. Devoção.

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ABSTRACT

The change in the way that religious folks connect to the Sacred Word happened by Martinho

Lutero‟s initiative, in 1521, when he translated the holy bible to the german language. By this

attitude, the access to the sacred, allowed before only to the catholic priests, changes, and then

everyone can have your own vision about the God‟s Word. The religion is one of the most

explored subjects and it‟s also discussed on the media, not only by images, but also by the

mass media. On the beginning, photography was saw as a method to document facts and was

considered absolute truth by most of the people. Nowadays, photography is one of the mainly

ways to register daily facts and events. The image‟s universe still wakes a great fascination in

every human being. The aim of this work is to document, by a photographic essay, the

religious festivities that take place on may 13th at Nossa Senhora de Fatima Church, on

Fortaleza, and show, by pictures, the greatness of this day for the catholics.

Keywords: Media. Religious. Photograph. Devotion.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/80 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 400.................. 26

Figura 2 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 360 ................ 27

Figura 3 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 400 ................ 27

Figura 4 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/200 - Diafragma: f/ 7.1 - ISO: 100 ................ 28

Figura 5 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/80 - Diafragma: f/ 4.5 - ISO: 400.................. 28

Figura 6 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/250 - Diafragma: f/ 8 - ISO: 100 .................. 29

Figura 7 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/100 - Diafragma: f/ 5 - ISO: 400 .................. 29

Figura 8 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/200 - Diafragma: f/ 7.1 - ISO: 100 ................ 30

Figura 9 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/100 - Diafragma: f/ 5 - ISO: 400 .................. 30

Figura 10 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 180 .............. 31

Figura 11 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 400 .............. 31

Figura 12 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/60 - Diafragma: f/ 3.8 - ISO: 720 ................ 32

Figura 13 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/60 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 2000 .............. 32

Figura 14 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/80 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 400 ................ 33

Figura 15 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 180 .............. 33

Figura 16 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 360 .............. 34

Figura 17 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/60 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 450 ................ 34

Figura 18 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/80 - Diafragma: f/ 4.5 - ISO: 400 ................ 35

Figura 19 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/60 - Diafragma: f/ 5.3 - ISO: 1250 .............. 35

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10

2 FOTOGRAFIA ................................................................................................................ 12

2.1 Fotografia Documental .............................................................................................. 13

2.2 Fotojornalismo ........................................................................................................... 15

3 MÍDIA E RELIGIÃO ..................................................................................................... 18

3.1 Fé e Devoção.............................................................................................................. 22

4 O “TREZE DE MAIO” EM FORTALEZA ................................................................. 24

5 AS FOTOGRAFIAS ....................................................................................................... 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 37

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 38

ANEXOS.................................................................................................................................. 41

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1 INTRODUÇÃO

Um registro fotojornalístico não pode ser visto apenas como algo artístico, pois

fotografar não é somente estética, que tenta mostrar por meio de imagens, a beleza, a tragédia,

a dor e as rotinas das coisas cotidianas. A fotografia também tem como objetivo situar

imageticamente o receptor sobre determinado assunto, em uníssono com um texto que o traga

para o cenário proposto, informando-o. Os meios de comunicação de massa fazem essa junção

de texto e imagem, para que assim o leitor, internauta, receptor da informação, a entenda com

mais clareza. A religião é um dos assuntos mais explorados e divulgados na mídia e, com

isso, pode-se perceber a existência de várias perspectivas sobre o tema.

É relevante citar que desde que aconteceu uma série de rompimentos com a Igreja

Católica, devido à Reforma Protestante iniciada por Lutero, na Alemanha, a Igreja começou a

utilizar os meios de comunicação para propagar a fé. De acordo com Puntel (2010, p. 26), “a

Igreja Católica começou a proclamar a fé cristã através dos meios ao seu dispor, como vias

alternativas para difundir sua missão”. Atualmente, pode-se notar que a fé é capaz de mover

fiéis por conta de uma devoção, e um exemplo disso, é a festa de comemoração do dia de

Nossa Senhora de Fátima, na data de 13 de maio, onde devotos, motivados pela fé, participam

para louvar a santa.

Diante dessa realidade, é importante a realização de um ensaio fotográfico para

mostrar a grandiosidade desse evento, onde os católicos, motivados por suas crenças, realizam

um grande “espetáculo” religioso. Afinal, de acordo com Lombardi (2007, p. 47), “a

fotografia documental produz mais facilmente efeitos perceptivos que transcendem o que é

mostrado”.

A data de 13 de maio é comemorada pelos católicos, em todo o Brasil, como o dia de

Nossa Senhora de Fátima e, em Fortaleza, a igreja que tem o mesmo nome da santa fica

localizada na Avenida Treze de Maio, e recebe fiéis de todas as partes do estado do Ceará e

até de todo o país. Este trabalho pretende documentar, através de um ensaio fotográfico,

as missas que acontecem no dia 13 de maio, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em

Fortaleza. O registro dessas imagens mostra a grandiosidade desse dia para os fiéis

católicos, e comprova que são os devotos quem fazem do dia 13 de maio umas das

festividades católicas de maior grandeza da cidade.

O método escolhido para a realização deste trabalho foi um ensaio fotográfico, que

tenta englobar tanto o fotojornalismo, quanto a fotografia documental e, diante disso, é

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necessário que hajam características comuns aos dois. De acordo com Sousa (2002), ambas as

atividades possuem o mesmo suporte de difusão, que é a imprensa, e têm a mesma intenção

básica, de documentar a realidade e informar, usando fotografias.

Inicialmente, no primeiro tópico, aborda-se a fotografia como um todo, trazendo os

dois ramos destacados neste trabalho, fotojornalismo e fotografia documental, fazendo-se uma

comparação entre ambos e destacando as principais diferenças e semelhanças. A relação entre

mídia e religião é explanada a partir do segundo tópico, onde é contado todo o percurso que a

Igreja Católica percorreu para a aceitação dos meios de comunicação de massa.

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2 FOTOGRAFIA

A fotografia está amplamente disseminada como uma forma inovadora de registrar

os fatos cotidianos. Segundo Mauad (1996), a fotografia é uma fonte consagrada que busca

um novo tipo de avaliação por parte do historiador. Todo registro fotográfico é válido, seja ele

para documentar um fato, pois a fotografia pode ser usada para compor um saber histórico, ou

para simplesmente registrar um estilo de vida.

Em consonância com Mauad (1996), Kossoy (2002) diz que a fotografia, desde seu

advento e ao longo do seu desenvolvimento, tem sido admitida e usada para ser testemunho

da verdade dos fatos. Então, por registrar perspectivas reais, a fotografia alcançou a

credibilidade e, com isso, ela passa a ser usada para os mais diferentes interesses.

Nos primórdios da fotografia, ela já era utilizada para fins documentais e de acordo

com Santos (2011, p. 01), “era possível destacar imagens que objetivavam dar conta de um ou

outro aspecto da realidade”. A fotografia seguia um padrão estético simples e formal que

passava a ideia de transparência e veracidade dos acontecimentos.

Essa estética da transparência que se firmou enquanto padrão era ao mesmo tempo

causa e consequência do entendimento de que a imagem fotográfica, por ser

mecânica, icônica e indicial, poderia configurar-se como uma espécie de duplo do

real factual. (SANTOS, 2011, p.2)

Por outro lado, Kossoy (2002) diz que a fotografia, assim como outras fontes de

referências históricas, não deve ser vista instantaneamente como um retrato fiel dos

acontecimentos registrados, pois, para o autor, a fotografia tem uma veracidade própria. Ou

seja, ela mostra uma realidade sim, mas a realidade do documento que foi registrado através

do olhar do fotógrafo e talvez essa realidade não seja a mesma que envolveu o fato no

contexto da vida passada.

[...] a fotografia é sempre uma representação a partir do real, intermediada pelo

fotógrafo que a produz, segundo sua forma particular de compreensão daquele real,

seu repertório, sua ideologia. A fotografia é, como já vimos reiteradas vezes, o

resultado de um processo de criação/construção técnico, cultural e estético

elaborado pelo fotógrafo. (KOSSOY, 2002, p. 52)

Ao longo dos anos, a fotografia começou a ser vista também como manifestação

artística. Souza (2010, p.9) pontua que “é nas vanguardas modernas que surgem novas e

fecundas experiências utilizando a fotografia como uma expressão artística”. A fotografia é

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divida em gêneros tais como: o pictorialismo, fotojornalismo, nu, erotismo e pornografia,

fotografia social, fotografia de natureza, fotografia documental, fotografia científica,

fotografia publicitária e fotografia amadora.

Salles (2011) diz que a fotografia ostenta várias manifestações em que se consolida a

idealização do registro. Neste trabalho, será dado enfoque a dois dos gêneros fotográficos: a

fotografia documental e o fotojornalismo. Ambos se diferem, porém, não se pode definir um

sem que seja estabelecida uma relação com o outro.

2.1 Fotografia Documental

O fotodocumentarismo, ou fotografia documental, é, de acordo com Hernandez

(2011, p. 14), “um ensaio ou projeto fotográfico (documental) de cunho social, como forma

mais comum de abordagem, e com o objetivo de interpretar e propor questões sobre a

sociedade do nosso tempo”. Ou seja, a concepção das imagens requer um estudo elaborado e

tempo de execução.

Em diálogo com Hernandez (2011), Kossoy (2002) afirma que a fotografia

documental envolve registros fotográficos dos mais variados assuntos e que, no geral, existe

um interesse de registrar um tema determinado. Por conta disso, surgiu a divisão da

fotodocumentação por categorias: jornalística, antropológica, etnográfica, social,

arquitetônica, urbana, geográfica, tecnológica, entre outras.

Ainda segundo Kossoy (2002), essas categorias são pouco eficazes, pois os registros

fotográficos podem permitir interpretações de diferentes abordagens, de acordo com os

diferentes pontos de vista dos receptores. O autor salienta que a fotografia sempre propicia

análises e interpretações multidisciplinares.

Chamamos de documental o trabalho fotográfico que começa a ser desenvolvido a

partir de um projeto elaborado, que requer algum tipo de apuração prévia, estudo,

conhecimento e envolvimento com um tema. A fotografia documental se refere,

portanto, a projetos de longa duração, que não sejam apenas o registro momentâneo

e de passagem sobre determinado assunto. (LOMBARDI, 2007, p. 32)

De acordo com Salles (2011), a fotografia documental é o registro de um tema que já

existe e, com isso, ela tem o potencial de mostrar a evolução das ideias ao passar do tempo.

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“[...] a fotografia ensina-nos a entender a evolução da cultura e da sociedade através do

compartilhamento de uma memória registrada”. (SALLES, 2011, p. 120).

Porém, de acordo com Barbalho (2010), a fotografia documental é um estilo

fotográfico complicado de conceituar, pois a variedade de propostas estéticas, temáticas,

técnicas, metodológicas e éticas dos diversos fotógrafos que atuam nesse campo, tornam a

descrição um pouco dificultosa.

Segundo Lombardi (2007), os fotodocumentaristas procuram uma nova forma de

retratar o mundo. Eles precisam ser originais e criativos, tentando situar um limite entre a

razão e a emoção, além de precisarem, também, “muito mais do que apenas gerar notícias

visuais, esses fotógrafos tecem, sob forma de imagens, comentários sobre o mundo presente,

resultado de uma posição participativa e de uma postura ética”. (LOMBARDI, 2007, p. 35).

Ainda de acordo com Lombardi (2007, p. 45), “a fotografia documental produz mais

facilmente efeitos perceptivos que transcendem o que é mostrado”, priorizando um trabalho

mais elaborado. Com isso, ela se difere, por exemplo, do fotojornalismo que tem como

objetivo o imediatismo, ou seja, passar as informações de maneira clara e instantânea.

Uma obra fotográfica bem-sucedida não se limita necessariamente a nos fazer ver.

Com frequência, ela também nos faz pensar [...]. Não nos surpreenderemos,

portanto, ao descobrir que o ingresso da fotografia nos arcanos da arte fez ranger as

engrenagens bem lubrificadas do pensamento estético. (SCHAEFFER apud

LOMBARDI, 2007, p. 49)

Corroborando com Lombardi (2007), Boni (2008) diz que a fotografia é a mais

perfeita maneira de documentar fatos ou situações. Desde a sua criação, ela pode ser usada

como fonte de pesquisas, pois em uma mesma fotografia pode haver várias informações que

possam ser necessárias para um estudo.

Assim, um conjunto delas, sobre o mesmo evento, pode proporcionar ainda mais

conhecimentos, pois eterniza, com fidelidade, atos e detalhes captados pelo olhar

atento do fotógrafo. Uma das características inerentes do fotodocumentário é

oferecer um produto mais elaborado. Formado por um conjunto de fotografias,

acompanhado ou não de textos explicativos, o fotodocumentarismo demanda

esforços de planejamento e produção, que podem delongar anos para a sua

conclusão. (BONI, 2008, p. 01)

Com isso, deve-se perceber que a fotografia documental oferece a capacidade de ser

construtora de sentido, estimulando o receptor a ter uma perspectiva e um olhar crítico sobre

determinado assunto. Portanto, “além de difusora de informações, é também provedora de

prazer estético e formadora de opinião”. (LOMBARDI, 2007, p. 12). Não tão diferentemente,

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15

o fotojornalismo possui algumas das características da fotografia documental e, dentre elas,

formar opinião é a mais elementar.

2.2 Fotojornalismo

O fotojornalismo surgiu através da ideia de registrar fatos de interesse coletivo não

somente com textos, mas também com o uso de fotografias, que é um recurso cada vez mais

acessível. Segundo Botelho (2009), o fotojornalismo é oriundo do fotodocumentarismo,

porém com um caráter mais preciso aos fatos registrados.

Em consonância com Botelho (2009), Salles (2011) diz que o fotojornalismo é o

gênero fotográfico que melhor exprime o potencial fotográfico em relação aos períodos de

tempo, pois é ele que congela o fato no dado momento em que ele acontece e o torna factual,

fazendo com que aquele momento seja exclusivo.

Ainda de acordo com Salles (2011), o fotojornalismo dos grandes periódicos e das

agências de notícias traz nas imagens aspectos de denúncias sociais com a importância do

momento, sem haver a necessidade de ser uma imagem esteticamente bem elaborada. Afinal,

a fotografia fotojornalística não precisa, necessariamente, trazer um aspecto estético, mas sim

trazer a emoção do fato registrado.

Pereira (2009) ressalta que a prática fotojornalística passou por uma enorme

transformação devido à rápida evolução das câmeras fotográficas. Com isso, ficou cada vez

mais fácil registrar um fato e torná-lo notícia, pois a manipulação e a edição das imagens

tornaram-se mais precisas devido aos avanços tecnológicos.

Os novos formatos permitiam uma aproximação maior em relação ao objeto a ser

fotografado, o que proporcionava maiores detalhes e, finalmente, um olhar próprio,

independente da pintura. As lentes ficaram mais luminosas e os filmes mais

sensíveis, o que facilitou a prática do foto-ensaio e a obtenção de sequências, dando

a impressão de transportar o observador para a cena fotografada. (PEREIRA, 2009,

p. 09)

De acordo com Martins (2013), os meios de comunicação de massa são estimados

como uma grande fábrica de produção de informação, fazendo com que os medias tenham o

poder de persuadir e influenciar a opinião das massas. Portanto, as fotografias do gênero

fotojornalismo acompanham um padrão de composição, permitindo uma análise objetiva do

fato registrado.

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Lombardi (2007) corrobora com Martins (2013) dizendo que a imagem

fotojornalística é usada para transmitir algum tipo de informação e que, na mídia impressa, ela

faz uma ligação com o texto, servindo de comprovação do que é dito verbalmente.

A fotografia de imprensa ou imagem fotojornalística desempenha um papel

fundamental no seio da sociedade, visto que é objetiva e oferece pequenos recortes

do mundo. Ao explorar a automatização do aparelho fotográfico no registro da

imagem, o fotojornalismo apoia-se na possibilidade de captação da realidade. Na

fotografia jornalística, o sentido é contingente à produção da imagem, o

fotojornalista intui o sentido à medida que constrói a imagem. (MARTINS, 2013, p.

12)

De acordo com Sousa (2002), existe outro aspecto que diferencia o fotojornalismo e

o fotodocumentarismo, pois um fotojornalista registra fatos de importância instantânea,

assuntos atuais, “quentes”; já os temas abordados em um fotodocumentário “são

tendencialmente intemporais, abordando todos os assuntos que estejam relacionados com a

vida à superfície da Terra e tenham significado para o Homem”. (SOUSA, 2002, p. 09).

Lombardi (2007) ressalta a importância do fotojornalismo do cotidiano, porém o

gênero passa por algumas crises que fazem com que “a foto pasteurizada, sem memória, feita

para um receptor idêntico e universal, acabou por se tornar o perfil ideal para o mercado”.

(LOMBARDI, 2007, p. 48). Ou seja, a fotografia está passando por um momento de

banalização e pouco criativo onde o flagrante sensacionalista e a foto decorativa servem

apenas para “casar” com um texto informativo.

De uma forma ampla, o fotodocumentarismo pode reduzir-se ao fotojornalismo, uma

vez que ambas as atividades usam, frequentemente, o mesmo suporte de difusão (a

imprensa) e têm a mesma intenção básica (documentar a realidade, informar, usando

fotografias). Porém, e em sentido restrito, por vezes distingue-se o fotojornalismo do

fotodocumentarismo pela tipologia de trabalho. (SOUSA, 2002, p.8)

Ainda segundo Sousa (2002), no fotojornalismo as imagens são a “porta de entrada”

para um texto que se relaciona com a imagem, fazendo, assim, com que ambas se completem

para que haja um sentido. A fotografia e o texto não são estruturas homogêneas; mas não

existe fotojornalismo sem texto.

Em diálogo com Sousa (2002), Lombardi (2007) afirma que o fotojornalismo busca

satisfazer as necessidades da imprensa diária e dificilmente algum fotojornalista produz uma

imagem que não tenha uma característica imediatista. São poucos os que tentam formular uma

imagem que vá além da informação, pois nem todos têm espaço para publicá-la.

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17

Para informar, o fotojornalismo recorre à conciliação de fotografias e textos. Quando

se fala de fotojornalismo não se fala exclusivamente de fotografia. A fotografia é

ontogenicamente incapaz de oferecer determinadas informações, daí que tenha de

ser complementada com textos que orientem a construção de sentido para a

mensagem. (SOUSA, 2002, p. 09)

Almeida (2002) diz que foram os fotojornalistas quem mostraram para o mundo a

seriedade dos conflitos e o drama das pessoas que estavam envolvidas, pois o surgimento da

fotografia fotojornalística se deu em uma época em que a imagem televisiva não existia.

Almeida (2002) ainda pontua que a história do fotojornalismo mescla-se com o acontecimento

das guerras e com as várias maneiras de se registrar as divergências, que já traziam problemas

históricos.

Bentes (2001), em diálogo com Almeida (2002), ressalta que o aparecimento das

fotografias nos jornais foi responsável pela composição de uma representação coletiva no

mundo. Ou seja, a partir do momento em que a imagem dos fatos estampava as páginas dos

jornais, as pessoas, que antes só se davam conta dos acontecimentos a sua volta, começaram a

perceber fatos que aconteciam distantes, no tempo e no espaço.

Assim, os primeiros trabalhos foram desenvolvidos em fotojornalismo durante as

guerras. Pelo fato dos conflitos serem um tema sedutor para as pessoas, os primeiros

fotojornalistas se lançaram a registrar estes conflitos, abrindo caminho para o

desenvolvimento das fotoreportagens. Um problema histórico na fotografia de

guerra é que geralmente o fotógrafo possui afinidade intelectual com um dos lados

do conflito bélico. Além disso, percebemos também que as primeiras representações

de guerras eram travestidas com conceitos de heroísmo e epopeia, como

tradicionalmente se representavam os conflitos bélicos na pintura. (ALMEIDA,

2002, p. 06)

Portanto, Sousa (2002, p. 76) pontua que o texto possui inúmeras funções, dentre as

quais ele salienta que o texto deve “[...] complementar informativamente a fotografia,

inclusivamente devido à incapacidade que a imagem possui de mostrar conceitos abstratos”,

para que haja o entendimento certo da fotografia. Pois, segundo o autor, “com o texto pode-se

procurar denotar (redução dos significados possíveis) ou conotar (insuflação de segundos

sentidos) a componente imagística da mensagem fotojornalística”. (SOUSA, 2002, p. 77).

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3 MÍDIA E RELIGIÃO

A mudança de comportamento do fiel em relação à palavra sagrada se deu através do

ato de Martinho Lutero, em 1521, que traduziu a Bíblia para o alemão. Com isso, o

entendimento do sagrado, que era restrito apenas para o clero católico, muda, pois cada

indivíduo pode ter a sua visão sobre a Palavra de Deus (Puntel, 2010). Um dos fatores que

permitiu essa acelerada expansão, foi a prensa tipográfica de Gutenberg que disponibilizou os

textos de Lutero impressos.

Desde então, sendo totalmente contra aos fatos que ocorriam, “a Igreja volta-se para

os meios de comunicação impressos depois da introdução da imprensa” (PUNTEL, 2010, p.

24) e, nesse período, é estabelecido um rigoroso sistema chamado de Inquisição1, que tinha

autoridade para proibir escrituras suspeitas de heresia.

Ainda segundo Puntel (2010), a Igreja tinha certa resistência em reconhecer a

utilidade dos meios de comunicação, porém ela começou a pensar que se a sociedade podia

utilizar os meios de comunicação para “difundir o mal”, então a Igreja também podia usar os

mesmos recursos para disseminar o bem.

A igreja teve sérias dificuldades em reconhecer valores positivos nos meios de

comunicação e em perceber suas potencialidades para atuar como instrumentos na

defesa da dignidade dos seres humanos. De qualquer maneira, apesar de sua forte

atitude negativa, a Igreja começou, lenta e gradualmente, a perceber a utilidade dos

meios eletrônicos de comunicação, na difusão de suas mensagens, e a servir-se deles.

(PUNTEL, 2010, p. 26)

Corroborando com Puntel (2010), Melo (1985) diz que a história da comunicação da

Igreja tem quatro fases precisas. A primeira fase indica que o desempenho da Igreja está

voltado para o exercício da censura e da repreensão através da inquisição.

Já a segunda fase marca uma profunda transformação, mostrando uma “aceitação

desconfiada” dos novos meios de comunicação. Durante esse trajeto de aceitação, a Igreja

manteve um controle sobre a imprensa e sobre os novos meios que surgiam, especificamente,

o rádio e o cinema.

A terceira fase é correspondente à rapidez das transformações da sociedade e dos

meios tecnológicos, sendo que com isso, a Igreja precisa adaptar-se às condições exigidas

1 Nome dado ao tribunal eclesiástico encarregado de punir todas as pessoas consideradas culpadas

de ofensas contra a ortodoxa católica (PUNTEL, Joana. Comunicação: diálogo dos saberes na cultura midiática. São Paulo, 2010. p. 25).

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pelo mundo contemporâneo. “E proclama que o rádio e, sobretudo a televisão, podem ter um

grande papel no trabalho pastoral”. (MELO, 1985, p. 63).

A quarta e última fase, segundo o autor, é esta em que a sociedade se encontra.

Então, “a Igreja passa a incentivar [...] experiências de comunicação do próprio povo”.

(MELO, 1985, p. 63). Ou seja, é quebrado o silêncio a que o povo esteve preso durante

séculos e a própria Igreja incentiva à criação e o desenvolvimento de meios populares de

comunicação.

Essas quatro fases indicam a caminhada da Igreja no seu relacionamento com a

sociedade, na sua integração com o povo de Deus, na sua familiarização com as

inovações tecnológicas, mas, sobretudo, na sua profunda transformação pastoral.

(MELO, 1985, p. 63)

De acordo com Puntel (2010), foram necessários vários anos de discussões para que

as opiniões da Igreja sobre os meios de comunicação, que eram considerados meios de

propagação de mensagens negativas, mudassem. “Foi somente com o Papa Pio XII (1939-

1958) que a igreja aprofundou e ampliou suas reflexões sobre as relações sociais dentro de

uma sociedade democrática, e sobre o papel da informação na constituição da opinião

pública”. (PUNTEL, 2010, p. 27).

Depois de vários longos anos, a Igreja dá uma “reviravolta”: evolui a respeito da

compreensão dos meios de comunicação e “[...] passa a refletir sobre a comunicação (e aqui

está a novidade!) não mais de forma restrita ou somente como „meios‟ ou „instrumentos‟

(isolados) a serem usados ou dos quais se precaver”. (PUNTEL, 2010, p. 52). A Igreja passa a

perceber e compreender que os mass media2 são uma cultura dos tempos atuais.

Hoover (2006), citado por Fantoni e Borelli (2012), diz que a religião sempre foi

mediada, mas que cada vez mais depende de maior ou menor grau dos meios de comunicação.

Ou seja, as igrejas utilizaram-se dos meios de comunicação para dissiparem seus discursos.

[...] Uma “mudança” na compreensão da relação entre Igreja e mídia: não mais

desconfiança, nem simples lógica instrumental. A Igreja afirma o modo de

comunicar de forma inculturada “na” e “pela” “cultura midiática”. É uma expressão

que carrega um novo conceito, seja para o esforço e o estímulo em usar os media,

seja para disponibilizar cursos de formação para aprender a usar os new media.

(PUNTEL, 2010, p. 52 e 53)

2 Mass Media são sistemas organizados de produção, difusão e recepção de informação. Estes

sistemas são regulados por empresas especializadas na comunicação de massas. As empresas podem ser privadas, públicas ou estatais. (CAPELAS, Isabel M. V. Acompanhamento parental no uso dos meios de comunicação de massa. Disponível em: <http://repositorio.utad.pt/bitstream/10348/569/1/msc_imvcapelas.pdf>. Acesso em: 25 de jun. 2013).

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Amaral e Santos (2009 apud Souza 2007), dizem que o encadeamento da

globalização causou modificações no campo religioso, fazendo com que as igrejas se

adequassem e adaptassem sua forma de funcionar, percebendo que houve a necessidade de se

mostrarem presentes.

Portanto, é importante notar que um “novo sujeito” surge devido à sociedade

midiática, com necessidades atuais e com novas linguagens. Assumindo, assim, uma nova

postura para ler, analisar e compreender o mundo de hoje. Então, o desafio da Igreja,

atualmente, é “ultrapassar o simples uso da tecnologia para compreender e valorizar essa nova

cultura que exige da própria Igreja novos métodos pastorais.” (PUNTEL, 2010, p. 53).

Em diálogo com Puntel (2010), Fantoni e Borelli (2012) afirmam que a religião foi

um campo que mudou e ajustou suas práticas por causa do “processo de midiatização da

sociedade”. Com isso, seus modos de atuar modificaram-se para se adaptarem a “nova era

comunicacional” e a “a experiência religiosa passa a ser midiatizada e revelada para o mundo

por meio de diversos dispositivos tecnológicos” (FANTONI; BORELLI, 2012, p. 01).

Parte das organizações religiosas aparenta se adequar às condições de um tempo

caracterizado pelo suporte que as mídias digitais dão para as religiões. Porém, de acordo com

Sathler (2007, p. 79), “as igrejas e movimentos mais tradicionais sentem dificuldade de

transpor suas mensagens para esses novos meios”. Portanto, as instituições religiosas que não

se adaptaram à recente realidade, têm os seus templos cada vez mais vazios e uma decadência

no número de fiéis.

Berger (2007), citado por Amaral e Santos (2009), ressalta que as igrejas precisaram

se adequar aos mass media, e que para existirem, elas têm que considerar a ideia de “dominar

a lógica midiática”. Com isso, até as próprias igrejas passam a elaborar seus próprios “espaços

virtuais” e se fazem presentes nesse novo contexto.

Os fiéis agora podem se reunir a uma distância não distante, ou seja, via aparatos

tecnológicos, para buscar soluções para problemas familiares, de saúde, de

relacionamentos, econômicos e financeiros. Se antes para assistir a um culto, o fiel

precisava sair de casa e se deslocar até o templo, hoje, é o templo que vai até o fiel,

por meio de diversos dispositivos midiáticos como a televisão, o rádio e a internet.

(FANTONI, BORELLI, 2012, p. 4-5)

Ainda de acordo com Fantoni e Borelli (2012), os fiéis, quando adentram em uma

congregação religiosa, passam a se sentir incentivados a participarem das práticas e do dia a

dia da igreja. Com a divulgação do marketing religioso por intermédio dos meios de

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comunicação de massa, a mídia passa a ser um espaço onde se constrói identidades e se

configura comunidades.

Pinezi (2012, p. 180) vê o marketing religioso como uma "estratégia poderosa

utilizada pelas vertentes religiosas para fazer proselitismo." O proselitismo é o empenho de

converter alguém a alguma doutrina ou religião e, de acordo com a autora, as igrejas se

utilizam dele para conquistarem fiéis.

Cox (2003), citado por Amaral e Santos (2009), qualifica as religiões que

permanecem vivendo na atual sociedade como “organismos darwinianos”. Pois, de acordo

com o autor, a religião precisa instruir os seus fiéis para que estes sigam as mudanças do

mundo, mas que ao mesmo tempo, não os retire dos “universos simbólicos das tradições da

Igreja” (AMARAL, SANTOS, 2009, p. 13).

É função da Igreja estabelecer as fronteiras entre os ritos, objetos, pessoas e locais,

que podem ser considerados “coisas deste mundo” ou bens materiais. “A própria

utilização dos meios de comunicação, elemento profano, resulta de mudanças no

conceito de „sagrado‟ nas instituições.” (MARTINO apud AMARAL; SANTOS,

2009, p. 14)

É notável que as igrejas passem a utilizar a emoção como principal “estratégia

discursiva” e, de acordo com Fantoni e Borelli (2012), o argumento da pregação e do sermão

mudam e tudo isso se dá pela utilização dos “dispositivos tecno-simbólicos”. As autoras

dizem ainda que há uma “convergência tecnológica” dos dispositivos existentes (rádio,

internet, jornais, televisão e celular) e quando eles se conectam, “geram um fluxo complexo

de informações e circulação de conteúdos” (FANTONI; BORELLI, 2012, p. 05).

Corroborando com Fantoni e Borelli (2012), Amaral e Santos (2009) ressaltam a

internet como um veículo completo e que, além de seus próprios elementos, também possui

elementos de rádio, jornal impresso e televisão. “Enquanto o internauta lê uma notícia, ele

tem a possibilidade de ouvir música, assistir a vídeos, votar em enquetes” (AMARAL;

SANTOS, 2009, p. 15).

Segundo Fantoni e Borelli (2012), a propagação do conteúdo por diferentes

dispositivos midiáticos cria uma “transformação cultural na sociedade”. As mídias novas e

antigas agem mutuamente e, com isso, o conteúdo provém de vários canais e passa a dispor de

variadas formas de recepção.

Nota-se que o fluxo de informações se estabelece por meio de interações entre os

indivíduos. O convite para integrar a igreja vai desde o tradicional “boca-a-boca”,

quando alguém relata a sua experiência para chamar a atenção do outro, até de modo

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não-presencial, quando o indivíduo sente-se atraído a fazer parte por meio de lógicas

midiáticas, via aparatos tecnológicos. (FANTONI, BORELLI, 2012, p. 06)

As inovações trazidas pelas mídias e pela tecnologia faz com que novos organismos

religiosos apareçam. Patriota (2007, p.94) declara que “a rapidez com que novas igrejas

surgem e se expandem é um fenômeno que nos chama atenção”. Esse campo modifica a

“esfera da religião” numa área de crescente disputa pela preferência do fiel.

Deste modo, pode-se concluir, de acordo com Patriota (2007), que “andar de lado a

lado com a mídia” acarreta, também, em uma modificação organizacional nas associações

religiosas, fazendo com que os discursos e as práticas de uma igreja se adaptem a esse novo

universo midiático.

3.1 Fé e Devoção

Devoção é, de acordo com Lima (2009), um relacionamento de afetividade do devoto

para com seu santo favorito. Segundo a autora, “a harmonia dessa relação é percebida através

de expressões de satisfação, agradecimento e fidelidade do devoto, que materializa a

simbologia da troca através dos ex-votos.” (LIMA, 2009, p. 01).

A ligação entre o pedido e/ou promessa e o ex-voto é a prática feita depois do pedido

que foi alcançado. Ou seja, é um sentimento de gratidão que o devoto tem e que torna isso um

testemunho público, que pode ser caracterizado simbolicamente. (LIMA, 2009).

Corroborando com Lima (2009), Santos (2009) afirma que é nos santuários que os

devotos constituem um relacionamento com as divindades, por intermédio de promessas para

“alcançar uma graça ou obter um milagre através do santo de devoção”. (SANTOS, 2009, p.

01). Esse ritual religioso, para a autora, possui vários formatos e isso depende de cada região.

Em muitos casos, esses formatos assumem uma característica popular e festiva, ou ainda

através do uso de objetos.

As devoções populares evidenciam as trocas sociais e simbólicas, onde o indivíduo

legitima-se pelo sagrado, sem mediações eclesiásticas, estabelecendo uma relação

direta entre o devoto e o santo. Os devotos interpretam o mundo de forma a atribuir

significados a partir de uma determinada experiência religiosa, almejando

incessantemente alcançar a fé, perpetuando as tradições ao consagrar a sua

religiosidade. Por isso a importância de identificar e analisar a devoção no contexto

desses santuários, pois ela também configura o caráter, a dinâmica e o “jeito de ser”

de um povo. (SANTOS, 2009, p. 1-2)

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Ainda de acordo com Santos (2009), a prática de ofertar objetos como uma maneira

de agradecer por um pedido concedido, são costumes observados em civilizações pré-cristãs e

islâmicas na Ásia Menor, nos povos do Mediterrâneo e do Norte da África. Deste modo, o

“devoto criou uma linguagem própria para estabelecer uma relação com Deus ou com o santo

de sua devoção: a linguagem ex-votiva” (SANTOS, 2009, p. 3).

Em diálogo com Santos (2009), Pereira (2003, p. 68) diz que “a devoção nasce,

geralmente, da crença em determinados poderes sobrenaturais que o santo de devoção possa

ter [...]”. Ou seja, a devoção provém de algum milagre ou acontecimento sobrenatural que

tenha ocorrido.

Ainda conforme Pereira (2003) pode-se perceber que a devoção tem como atributo

principal a lealdade do fiel para com o santo de devoção. “Se uma das partes falha, esse

vínculo se rompe, perde-se a credibilidade, dificultando a dimensão relacional (devoto &

divindade) existente na devoção.” (PEREIRA, 2003, p. 69).

Com isso, nas relações de devoção, de acordo com Pereira (2003), a promessa é algo

de extrema importância e deve ser cumprida. O fiel não deve ficar em dívida com o santo de

sua devoção, porque, de acordo com o autor, “da próxima vez que precisar, não será atendido;

pior: o santo poderá mudar de ideia e retirar a „graça‟ concedida ou até castigar.” (PEREIRA,

2003, p. 68).

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4 O “TREZE DE MAIO” EM FORTALEZA

A data 13 de maio é de muita relevância para os católicos e devotos de Nossa

Senhora de Fátima, pois foi neste dia, no ano de 1917, que a Santa apareceu pela primeira vez

aos três pastores Lúcia, Jacinta e Francisco, que brincavam em um lugar chamado Cova da

Iria, que fica no município de Ourém, em Portugal.

Com isso, o dia 13 de maio ficou intitulado como o dia de Nossa Senhora de Fátima,

pois depois deste dia, a Santa continuou a aparecer para os três pastores todo dia treze, no

mesmo lugar, durante os cinco meses seguintes, prometendo uma sétima e última aparição,

que é aguardada até hoje.

Para se entender o porquê da construção da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, é

necessário voltar no tempo, mais precisamente ao mês de abril de 1946, quando o Conselho

Internacional da Juventude Católica Feminina de Portugal pensou na hipótese de uma

peregrinação de uma imagem de Fátima, saindo da Cova da Iria e percorrendo toda a Europa.

Depois de percorrer vários países da Europa e alguns estados do Brasil, a imagem

veio até Fortaleza, no dia 09 de outubro de 1952. De acordo com a história contada no site da

Igreja de Nossa Senhora de Fátima3, a recepção da imagem da santa foi a maior já vista em

terras cearenses até hoje.

A imagem percorreu as principais ruas e avenidas da Fortaleza, visitando também as

igrejas dos Remédios e a de Nossa Senhora da Salete. No dia 16 do mesmo mês, foi feita uma

procissão com a imagem na Praça José de Alencar, no centro de Fortaleza.

Ao fim da procissão, um acidente inesperado aconteceu: a imagem de Nossa Senhora

de Fátima caiu ao chão, fazendo com que os promotores cancelassem a peregrinação e

retornassem para Portugal, mas com a promessa de voltar no ano seguinte. Depois do

acontecido, entrou em vigor a ideia de se fazer um santuário para homenagear a santa em seu

retorno à cidade.

Paulo Cabral, então prefeito de Fortaleza, - registra o livro de tombo da Igreja dos

Remédios - tinha prometido oralmente, assim afirmam, um terreno, uma futura

praça. Mas depois não queria cedê-la. Surgiu, porém, a feliz ideia de construir um

santuário de N. S. de Fátima, em vez de N. S. da Paz, que estava projetada. A ideia

foi feliz – prossegue registro – porque agora a obra da construção não cabia mais a

uma paróquia, mas à cidade toda e também o título era mais simpatizado.

3 Disponível em: <www.igrejadefatima.com.br>

Acesso em: 22 de jun. 2013.

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Conseguiram logo um terreno de cem por cem do Cel. Pergentino Ferreira. (LIVRO

DE TOMBO, nº 02, pág. 109)

Um grupo de senhoras, autodenominadas de “operárias de Fátima” passou a visitar

casas de família, comércios e indústrias com o intuito de arrecadar recursos para a construção

do altar-mor, e com isso arrecadaram mais de um milhão e trezentos mil cruzeiros.

Após várias contribuições do povo, no dia 28 de dezembro de 1952, depois de uma

missa campal realizada por D. Antônio de Almeida Lustosa, foi lançada a pedra fundamental

do novo templo consagrado a Nossa Senhora de Fátima. Dias depois, os operários começaram

as obras do futuro templo da Santa.

No ano seguinte, a imagem peregrinou por todo o Brasil e, como prometido, o

encerramento ocorreu em Fortaleza. Nos dias 14, 25 e 16 de dezembro de 1953, a imagem

ficou exposta no Santuário em construção. O Santuário de Fátima se elevou à categoria de

paróquia, mudando a nomenclatura para Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no dia 14 de

setembro de 1955. Em decorrência disso, devotos de Nossa Senhora de Fátima louvam com

tanto fervor essa data, tendo em vista, a esperança da sétima e última aparição prometida pela

Santa, em 1917.

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5 AS FOTOGRAFIAS

A escolha das fotos para exposição foi feita a partir do contexto de cada uma delas e

suas análises foram feitas de acordo com o ponto de vista técnico. Além da análise, inseriu-se

uma reflexão, por serem fotos de gênero religioso que buscam representar a fé e a devoção

dos fiéis católicos. As técnicas fotográficas, tais como profundidade de campo e

enquadramento, foram elementares para a composição das 19 imagens coloridas que foram

tiradas no dia 13 de maio de 2013.

Figura 1 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/80 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 400 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

A fotografia acima foi tirada no momento em que todos aplaudiam a palavra de Deus

(o Evangelho) dita pelo padre. Muitos fiéis levam as imagens dos seus santos de devoção para

receber a benção do padre e as colocam perto do altar.

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Figura 2 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 360 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

A figura 2 demonstra como os fiéis expressam sua fé através dos movimentos

corporais. O corpo ajoelhado e as mãos postas em forma de agradecimento, ou até mesmo

como uma forma de fazer pedidos, são gestos bastante característicos dos católicos.

Figura 3 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 400 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

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A distribuição das hóstias é uma ação que pode ser feita pelo padre ou pelas

Ministras da Eucaristia. Na fotografia em questão, são as Ministras da Eucaristia que fazem a

entrega do chamado Corpo de Cristo para os fiéis.

Figura 4 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/200 - Diafragma: f/ 7.1 - ISO: 100

Fonte: Pesquisa de campo (2013)

A fotografia acima tem o intuito de mostrar o respeito e o cuidado que os fiéis têm

para com a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Para os católicos, as imagens podem

representar o sagrado, ou seja, os católicos são iconoclastas.

Figura 5 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/80 - Diafragma: f/ 4.5 - ISO: 400

Fonte: Pesquisa de campo (2013)

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A figura 5 foi tirada no momento da Eucaristia, onde a Ministra da Eucaristia

distribui a hóstia para os fiéis que comungam do Corpo de Cristo.

Figura 6 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/250 - Diafragma: f/ 8 - ISO: 100 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

A fotografia 6 mostra o momento em que os fiéis fazem uma exaltação em

homenagem à Nossa Senhora de Fátima, que é representada pelas imagens carregadas pelos

devotos.

Figura 7 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/100 - Diafragma: f/ 5 - ISO: 400 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

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A foto acima mostra as várias formas que os devotos utilizam para fazerem uma

representatividade da Santa. Seja através de imagens de gesso, em folhetos, ou até mesmo nas

roupas.

Figura 8 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/200 - Diafragma: f/ 7.1 - ISO: 100

Fonte: Pesquisa de campo (2013)

A imagem 8 tem o intuito de mostrar a pose das mãos postas, como uma forma de

agradecer ou até mesmo de pedir. No caso acima, a foto foi tirada no momento em que o

padre dedicou ao agradecimento das graças alcançadas.

Figura 9 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/100 - Diafragma: f/ 5 - ISO: 400 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

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O retrato acima mostra o valor das expressões corporais dos fiéis, pois é através deles

que percebemos o calor da fé. As mãos são os principais membros do corpo que demonstram

a devoção.

Figura 10 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 180 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

A fotografia 10 mostra a expressão corporal dos fiéis e, mais uma vez, as mãos

aparecem como um gesto característico dos devotos. A foto em questão foi tirada no momento

do cântico feito em homenagem a Nossa Senhora de Fátima.

Figura 11 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 400

Fonte: Pesquisa de campo (2013)

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A foto acima é de uma jovem, de aproximadamente 25 anos, ajoelhada próxima ao

altar e com as mãos postas. No momento em que a foto foi tirada, a devota estava fazendo

uma oração em silêncio.

Figura 12 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/60 - Diafragma: f/ 3.8 - ISO: 720

Fonte: Pesquisa de campo (2013)

A fotografia 12 tem a intenção de mostrar a fé e a devoção do fiel diante das imagens

representativas de Nossa Senhora de Fátima. Mais uma vez, o gesto das mãos é perceptível.

Figura 13 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/60 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 2000

Fonte: Pesquisa de campo (2013)

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A imagem acima traz a leveza do pedido e da oração da fiel, pois de frente para o

altar, os devotos se sentem mais próximos do Santíssimo. Esta foto foi tirada no momento do

intervalo de uma missa para outra.

Figura 14 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/80 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 400

Fonte: Pesquisa de campo (2013)

A fotografia 14 demonstra os devotos que se aproximam do altar para fazerem suas

orações. Para muitos, ao chegarem perto do altar se aproximam, também, do Santíssimo.

Figura 15 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 180 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

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A fotografia acima tem o intuito de mostrar a adoração dos devotos por Nossa

Senhora de Fátima, representada por uma imagem de gesso. A fiel contempla a imagem em

sinal de respeito.

Figura 16 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/125 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 360 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

A imagem em questão mostra os gestos das mãos do fiel que demonstram

agradecimento e louvação a Nossa Senhora de Fátima.

Figura 17 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/60 - Diafragma: f/ 5.6 - ISO: 450

Fonte: Pesquisa de campo (2013)

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A imagem 17 tem o intuito de demonstrar a fé da devota em seu momento de fazer a

oração silenciosa. Mais uma vez, a expressão corporal é vista com o auxílio das mãos.

Figura 18 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/80 - Diafragma: f/ 4.5 - ISO: 400 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

A foto acima foi tirada no momento da eucaristia e expressa todo o respeito à hóstia,

tanto por parte da Ministra da Eucaristia, quanto da fiel que recebe o Corpo de Cristo.

Figura 19 - Câmera: NIKON D3100 - Velocidade do obturador: 1/60 - Diafragma: f/ 5.3 - ISO: 1250 Fonte: Pesquisa de campo (2013)

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A fotografia 19 destaca as mãos das fiéis e uma das devotas carrega imagens dos

santos aos quais ela tem fé e devoção. As mãos postas podem significar tanto um pedido

quanto um agradecimento.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da realização das fotos na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, localizada na

Avenida Treze de Maio, este trabalho tem o intuito de mostrar que o fotojornalismo e o

fotodocumentarismo são dois gêneros que se diferem, de acordo com a tipologia do trabalho,

mas que um não existe sem o outro. O acontecimento é sazonal, portanto, a presença destes

dois gêneros se fazem necessárias neste estudo.

As fotografias tiradas na igreja de Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de maio, e

apresentadas neste trabalho, visam transmitir o sentimento, a fé e a devoção do fiel em relação

à santidade. Através das fotografias, mostra-se também que a grandiosidade desse dia é feita

por causa dos devotos.

O laço de fé dos devotos com a Santa faz com que o dia treze seja destaque na mídia.

Diante disso, foi necessário esclarecer como se deu o início dessa adoração por Nossa

Senhora de Fátima e como surgiu a ideia de se fazer, inicialmente, um santuário, para

homenagear a divindade.

Foram abordadas também as relações da religião com a mídia, que se iniciaram

através do ato de Martinho Lutero. Uma série de fatos encadeou a história da Igreja com os

meios midiáticos, fazendo com que a comunicação da Igreja se dividisse em fases precisas.

Somente após vários longos anos de discussão, foi que a Igreja se deu conta da importância de

fazer parte dos meios de comunicação de massa, fazendo deles mais um aliado para a

propagação da fé.

Portanto, este trabalho mostra, com relevância, como a aceitação dos mass media,

por parte da Igreja, se fez fundamental para que a palavra de Deus se propagasse com mais

facilidade, aumentando, em grande escala, o número de fiéis.

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ANEXOS

ANEXO A - DIÁRIO DE CAMPO

Terça-feira, 13 de Novembro de 2012.

Pela primeira vez fui fotografar a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na Avenida

Treze de Maio, no bairro de Fátima, em Fortaleza, capital do Ceará. Fui acompanhada da

minha mãe, saímos de casa às 12h50min, fomos de carro até o local e chegamos à Igreja por

volta das 13h20min. Ao iniciar a sessão de fotos, eu estava um pouco apreensiva, pois

algumas pessoas não gostam de serem fotografadas. Mas, para minha sorte, muitas não se

importaram e entenderam o valor do trabalho. O lugar estava cheio e tinham muitas pessoas

em pé.

Depois de meia hora andando para estudar o interior da Igreja, comecei os primeiros

cliques. Não me aproximei muito das pessoas, pois preciso me acostumar ainda. Nunca

fotografei pessoas de perto, mesmo assim, as fotos ficaram interessantes e gostei do primeiro

resultado que obtive. Como foi meu primeiro dia, não tirei muitas fotos e passei boa parte da

tarde observando como fiéis e funcionários da Igreja se comportavam.

Acompanhei duas missas no período da tarde e voltei para casa, junto com minha

mãe, por volta das 16h30min. Gostei da experiência e espero ansiosamente a chegada do

próximo mês, onde tentarei uma proximidade maior com as pessoas.

Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2012.

No meu segundo mês de trabalho, fui até a Igreja de transporte público alternativo

com uma amiga, chamada Monaliza. Saímos de casa por volta das 13h e chegamos ao local às

13h30min. A Igreja, mais uma vez, estava lotada e haviam pessoas até do lado de fora.

Quando tirei a câmera de dentro da bolsa, percebi que havia deixado o cartão de

memória em casa. Tive que retornar para minha residência novamente, peguei o cartão e

voltei para a Igreja, o que acabou me custando duas horas. Quando retornei à Igreja, eram

15h35min e o lugar ainda continuava lotado. Imediatamente, comecei a fotografar e percebi

que tinham mais pessoas de branco hoje do que no mês passado. O arcebispo foi quem

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celebrou a missa: ele estava com uma batina vermelha bastante chamativa, que representava a

cor do mês de dezembro. Dessa vez, tentei uma aproximação maior com as pessoas, ainda foi

difícil, porém, um pouco mais fácil do que a primeira vez.

Nesse dia, o número de cliques foram maiores e gostei do resultado. Eu e Monaliza

voltamos para casa às 17h45min. Próximo mês, muitas pessoas estarão de férias e acredito

que a Igreja estará ainda mais lotada.

Domingo, 13 de Janeiro de 2013.

Já habituada com o caminho de minha casa até a Igreja, decidi ir de ônibus e sozinha

realizar minha sessão de fotografias. Senti-me um pouco mais independente e confortável,

creio que pude me concentrar melhor dessa vez. Saí de casa por volta das 13h40min e, por ser

um dia de domingo, o trânsito estava tranquilo, e cheguei às 14h.

Dessa terceira vez, aproximei-me com menos receio das pessoas, pois já estava à

vontade tanto com o espaço, quanto com a forma de interagir com as pessoas. No momento

em que tentei tirar as fotos, existiam pessoas que não permitiam, talvez por timidez, e, por

outro lado, tinham aquelas extremamente receptivas e que até se interessaram pelo trabalho

que estava realizando. O movimento da Igreja estava bastante intenso comparado às minhas

visitas anteriores e, provavelmente, o fato do dia treze deste mês cair em um final de semana,

fez com que as pessoas tivessem mais disponibilidade de irem à missa. Também pude

perceber que a missa de hoje tinha uma diversidade na faixa etária, desde crianças até idosos,

além do fato de que hoje não tinham muitas pessoas de branco e estavam mais bem vestidas.

Voltei para casa às 16h15min, com a sensação de que havia aprendido muitas coisas

com essa visita à Igreja. Pude realizar minhas fotos sem nenhum obstáculo e espero que no

próximo mês eu possa render da mesma forma.

Quarta-feira, 13 de Fevereiro de 2013.

Hoje saí de casa, sozinha, às 13h40min, e a cidade estava vazia devido ao feriado do

carnaval. Cheguei à Igreja às 14h e, diferentemente dos meses anteriores, não estava lotada.

As pessoas estavam confortavelmente sentadas nos bancos e havia algumas do lado de fora,

mas estas lá estavam por conta do calor.

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Acompanhei apenas uma missa, pois estava cansada e o movimento na Igreja estava

muito calmo. Aproximei-me de uma jovem chamada Kelly, que estava de joelhos, rezando

perto do altar. Pedi permissão para me aproximar ainda mais e fotografa-la, ela foi gentil e

disse que não tinha nenhum problema, mas queria que lhe mandasse as fotos. Peguei seus

contatos e, em casa, enviei as fotos. Voltei para casa às 15h10min e espero que em março eu

possa ter mais produtividade.

Quarta-feira, 13 de Março de 2013.

Saí de casa por volta das 13h e fui para a Igreja de carro, com meu pai. Cheguei ao

local às 13h35min e fui para a lateral da Igreja, pois havia um número significativo de pessoas

do lado de fora. Estava muito quente e acredito que por esse motivo as pessoas preferiram

ficar acompanhando a missa do lado de fora.

Ainda fotografei um pouco do lado de fora e, em seguida, entrei na Igreja. Não

estava lotada, mas haviam muitas pessoas. Uma das cenas mais engraçadas que presenciei foi

a de uma senhora, com cerca de 70 anos, que se aproximou de mim, pedindo para que eu

tirasse várias fotos suas. Ela começou a posar e a fazer “caras e bocas”. Depois de 10 minutos,

pedi licença e saí, agradecendo. Acompanhei apenas a missa das 14h, pois o movimento

estava tranquilo, além do calor não estar ajudando.

Sábado, 13 de Abril de 2013.

Por ser um sábado, saí de casa pela manhã, ás 9h, pois no período da tarde tenho

aulas de inglês. Fui de carro, acompanhada pelo meu pai e pela minha mãe, chegando ao local

por volta das 9h30min. A igreja já estava cheia, em sua maioria por idosos e crianças. A meu

ver, pela manhã, as cores parecem mais vivas. Comecei a fotografar e logo as crianças que

estavam por perto se aproximaram e me chamaram de “tia”. Fotografei algumas delas e fui

para perto do altar observar as pessoas. Muitos idosos estavam ajoelhados rezando em

silêncio. Andei por toda a Igreja e fotografei várias perspectivas. Existia um grupo de preto e

me aproximei para verificar o motivo: era uma família que estava de luto por uma sobrinha

que tinha morrido em um acidente de carro. Tirei três ou quatro fotos deles e depois andei

mais um pouco. Fui embora por volta de 12h.

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Segunda-feira, 13 de Maio de 2013.

Finalmente, o grande dia. Pela manhã fui para a Faculdade, pois tinha um trabalho

para ser feito valendo nota parcial. Fui para a Igreja com minha mãe por volta do meio dia.

Quando cheguei ao local, perguntei-me como iria fazer para entrar na Igreja: extremamente

lotada, com inúmeras pessoas de branco.

Tentei entrar assim que cheguei e não consegui. Fotografei do lado de fora enquanto

a missa terminava. Ao fim da celebração, enquanto a igreja esvaziava, tentei entrar aos

“trancos e barrancos”. Consegui. Fiquei 40 minutos parada no mesmo lugar, pois não

conseguia me mexer para nenhum dos lados.

Quando consegui me locomover, fui para perto do altar onde o padre estava

distribuindo a hóstia e fotografei algumas pessoas que a recebiam. Passei a tarde inteira

andando pela Igreja, fotografando as pessoas em seus atos de fé e esperando pela procissão.

Porém, por falha minha, esqueci a bateria reserva em casa e a câmera descarregou às 17h.

Esperei a procissão chegar e, em seguida, fui embora.