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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE DIREITO HELBER FERREIRA DA SILVA COTAS RACIAIS E AÇÕES AFIRMATIVAS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS FORTALEZA 2015

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE … … · ações afirmativas relativa às cotas raciais, sendo utilizada a ação afirmativa como principal ferramenta para a diminuição

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE DIREITO

HELBER FERREIRA DA SILVA

COTAS RACIAIS E AÇÕES AFIRMATIVAS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS

FORTALEZA

2015

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HELBER FERREIRA DA SILVA

COTAS RACIAIS E AÇÕES AFIRMATIVAS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS

Monografia submetida à aprovação

da Coordenação do Curso de Direito

do Centro Superior do Ceará, como

requisito parcial para obtenção do

grau de Graduação.

.

FORTALEZA

2015

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HELBER FERREIRA DA SILVA

COTAS RACIAIS E AÇÕES AFIRMATIVAS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS

Monografia como pré-requisito para

obtenção do título de Bacharelado

em Direito, outorgado pela Faculdade

Cearense – FaC, tendo sido aprovada

pela banca examinadora composta

pelos professores.

Data de aprovação: ____/ ____/____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Professor Ms. JOSÉ PÉRICLES CHAVES

_________________________________________________

Professor Ms. JOSÉ LENHO SILVA DIÓGENES

_________________________________________________

Professora Ms. Esp. MARIANA VIEIRA LIMA ARAUJO

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Aos meus pais com orgulho e

admiração, pois sem esse alicerce,

que me foi dado, jamais este fato

aconteceria.

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AGRADECIMENTOS

De forma preliminar, agradeço a Deus pelos pais que me foi presenteado,

dando-me a educação necessária para enfrentar de maneira fácil e simples os

obstáculos que enfrentei durante essa caminhada.

Não menos importante,à família que constituo e que tanto me apoiou, em

especial, minha companheira de tantos anos e sonhos realizados e aos meus filhos,

que eu consiga mostrar-lhes o caminho da felicidade e das realizações assim como

meus pais o fizeram.

Aos meus mestres, que conseguiram o seu intuito de passar seus

conhecimentos e experiências de forma a acrescentar em minha vida profissional e

pessoal.

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―O dia em que pararmos de nos

preocupar com o dia da consciência

Negra, Amarela ou Branca, e nos

preocuparmos com consciência

humana, o racismo desaparece‖.

(Morgan Freeman).

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RESUMO

O tema aqui abordado ―Cotas raciais e ações afirmativas‖ tem profunda relevância no desenvolvimento da sociedade e na diminuição das desigualdades sociais, tendo por base a aplicação das cotas nas instituições de ensino superior e a eficiência das ações afirmativas relativa às cotas raciais, sendo utilizada a ação afirmativa como principal ferramenta para a diminuição de problemas sociais relativosàs raças menos favorecidas, debatendo sobre a constitucionalidade e a aplicabilidade legal das cotas e utilizando o critério racial, sem esquecer que a simples identificação ou qualificação de indivíduos por raça já configuracomo uma espécie de segregação, ferindo o princípio da dignidade da pessoa humana, e o princípio da igualdadeelencados em nossa Constituição Federal, que no caput de seu artigo 5º, reza que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e também em seu artigo 4º, inciso VIII, que dispõe da intolerância ao racismo tornando-o como crime hediondo, tendo norma própria que é a Lei 7.716 de 05 de Janeiro de 1989. Há de se analisar também a eficiência das ações afirmativas, e verificar onde houve a sua aplicação e se os seus efeitos atenderam de forma desejada a sua finalidade, trazendo os benefícios dequem dessa ferramenta se utilizou.

Palavras Chave: Cotas Raciais, Ações Afirmativas, Princípios, Igualdade,

Constituição Federal.

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ABSTRACT

The theme discussed here "racial quotas and affirmative action", has deep significance in the development of society, and the reduction of social inequalities, based on the application of quotas in higher education institutions and the effectiveness of affirmative action on racial quotas, affirmative action being used as the main tool for reducing social problems concerning disadvantaged races, debating on the constitutionality and applicability of dimensions using racial criterion, without forgetting that the simple identification or qualification of individuals by race already configures as a kind of segregation, wounding up the principle of human dignity and the principle of equal alencados in our Federal Constitution that in the chapeau of article 5, which States that all are equal before the lawwithout distinction of any kind, and also in its article 4, subsection VIII, featuring the intolerance of racism making it as a heinous crime, having its own standard which is the law 7,716 of January 5, 1989. To analyze the effectiveness of affirmative action, and check where your application if its effects have attended to desired shape, bringing the benefits of this tool if used.

Keywords: Racial Quotas, Affirmative Action, Principles, Equality, Federal

Constitution.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 GRÁFICO SOBRE IMPACTO DA LEI 12.711/12..................................... 33

FIGURA 2 GRÁFICO SOBRE A DIVISÃO DE COTAS NAS UNIVERSIDADES ...... 37

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11

2 DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS ............................................................. 13

2.1 Conceito .............................................................................................................. 13

2.2 História dos Direitos Fundamentais ..................................................................... 14

2.3 Contexto Histórico ............................................................................................... 15

2.3.1 Direitos de Primeira Geração ........................................................................... 15

2.3.2 Direitos de Segunda Geração .......................................................................... 15

2.3.3 Direitos de Terceira Geração ........................................................................... 16

2.3.4 Direitos de Quarta e Quinta Geração ............................................................... 16

3 OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ....... 17

3.1 Direito Fundamental à Educação ........................................................................ 17

3.2 Análise Conceitual do Direito à Educação.......................................................... 17

3.3 Análise Constitucional do Direito à Educação ..................................................... 18

4 A EFICÁCIA DOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS ............................... 20

4.1 As Políticas de Acesso à Educação .................................................................... 20

5 AÇÕES AFIRMATIVAS ......................................................................................... 22

5.1 Conceito .............................................................................................................. 22

5.2 Contextos Históricos ........................................................................................... 22

5.3 Natureza Jurídica ................................................................................................ 23

5.4 O Papel das Ações Afirmativas nas Universidades Públicas .............................. 23

5.4.1 As Ações Afirmativas e a Autonomia das Universidades ................................. 23

5.4.2 As Ações Afirmativas x Sistema Meritório ........................................................ 24

6 O PRINCÍPIO DA IGUALDADE E AS AÇÕES AFIRMATIVAS ............................ 26

6.1 O Princípio da Igualdade em Nossa Constituição Federal. ................................. 26

6.2 Discriminação Positiva X Discriminação negativa ............................................... 27

6.3O Fator Discriminante nas Ações Afirmativas ...................................................... 29

6.4 Pressupostos Constitucionais das Ações Afirmativas ......................................... 31

6.4.1 A Imprescitibilidade das Ações Afirmativas ...................................................... 32

6.4.2A Temporariedade das Ações Afirmativas ........................................................ 33

7 COTAS RACIAIS ................................................................................................... 35

7.1 Conceito .............................................................................................................. 35

7.2 Raça e Etnia ........................................................................................................ 35

7.2.1Métodos de Definição Racial ............................................................................. 36

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7.3 O Sistema de Cotas Raciais nas Universidades Públicas ................................... 36

7.4 Os Beneficiários do Sistema de Cotas Raciais nas Universidades Públicas....... 37

7.5 Indicadores Sociais ............................................................................................. 38

8 LEGISLAÇÕES E RESOLUÇÕES SOBRE AS AÇÕES AFIRMATIVAS EM

UNIVERSIDADES NO BRASIL. ............................................................................... 40

8.1 Leis Federais ....................................................................................................... 40

8.2Leis Estaduais ...................................................................................................... 40

9CONCLUSÃO ......................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44

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11

1INTRODUÇÃO

No Brasil e no resto do mundo, tem-se discutido muito sobre a eficácia

das―Ações Afirmativas‖ e, principalmente,sobre a sua legalidade em face da

Constituição Federal, no caso, em epígrafe, as cotas raciais para ingresso nas

instituições de ensino superior subsidiado pelo Estado, cotas estas reservadas a

estudantes pertencentes às minorias étnico-raciais indígenas e negros.

Contudo há opositores à política das cotas raciais, pois elesveem nela

uma ilegalidade, uma afronta ao principio da Igualdade e um estímulo, uma apologia

à segregação racial, pois, na própria Constituição Federal, fala-se de forma absoluta

na igualdade entre todos sem discriminação de raças. Entretanto as reservas de

vagas a alunos que se enquadram nesse perfil é uma realidade normatizada pela Lei

12.711 de Agosto de 2012, já sendo regulamentada pelo decreto 7824/2012,

definindo as regras da reserva de vagas, há também uma Portaria Normativa nº

18/2012, do Ministério da Educação que estabelece os conceitos básicos para a

aplicação da Lei, e todo o sistema de preenchimento de vagas.

O fato é que a própria Constituição Federal também tem como objetivos

fundamentais, promover o bem de todos, erradicar a pobreza e fazer com que os

menos favorecidos tenham direito a acesso ao ensino em todos os seus níveis,

incluindo o nível superior, consagrando, dessa forma, o Princípio da Igualdade.

O aludido trabalho tem como meta investigar o fenômeno jurídico e social

das ações afirmativas, especificamente, o sistema de cotas raciais no ensino

superior, analisando sua finalidade, funcionalidade e aplicabilidade, sob o prisma da

legalidade constitucional.

Dando-se, como início do trabalho, uns dos direitos fundamentais, que é o

direito à educação, no caso, o ensino superior. Já, no segundo momento, analisar-

se-á a aplicação desta política social, levando em consideração o princípio da

igualdade.

No terceiro capítulo, será analisado o sistema de cotas raciais voltadas ao

ensino superior, tendo como ferramenta as ações afirmativas e a sua efetividade e

legalidade, através de pesquisas e estatísticas de órgãos voltados a essa finalidade.

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E por fim, chega-se à conclusão, que as ações afirmativas por meio de

cotas raciais atendem a sua finalidade que é o da inclusão social aos menos

favorecidos e uma maneira decompensação aos historicamente injustiçados no caso

específico, os afrodescendentes.

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2 DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS

2.1 Conceito

Devido ao uso corrente de expressões distintas pela doutrina ao tratar dos

direitos humanos fundamentais, faz-se imprescindível realizar uma consideração

quanto à sua terminologia. Portanto, a primeira questão é saber se as expressões

―direitos humanos‖, ―direitos do homem‖ e ―direitos fundamentais‖ podem ser

utilizadas indistintamente (BONAVIDES, 2006, p. 560). É do doutrinador Ingo

Wolfgang Sarlet (2007, p. 34) a distinção entre ―direitos humanos‖ e ―direitos

fundamentais‖:

Dos Direitos Humanos Fundamentais,há de se entender que se deve

fazer distinções entre Direitos Humanos e Direitos Fundamentais, sendo que os

Direitos Humanosencontram respaldo nos direitos internacionais normatizados de

forma globalizada, já os Direitos Fundamentais, esses se encontramnormatizados

em nossa Constituição Federal e positivados na esfera do Estado de forma bem

clara em nossas leis. Devendo compreender que também se tema expressão

―Direitos do Homem‖, com conotação jus-naturalista que precede o direito

positivado.

Isso posto, conclui-se que a expressão ―direitos do homem‖ denota a ideia

de direitos naturais não positivados, ao passo de que ―direitos humanos‖ denota a

ideia de direitos positivados no âmbito internacional e, os ―direitos fundamentais‖

como aqueles protegidos pela constituição de cada Estado (SARLET, 2007, p. 36).

Então há de se falar aqui de Direitos humanos fundamentais, é o que

mais fideliza a ideia deste trabalho, sendo o princípio que sustenta a ideologia

política do ordenamento jurídico, fundamentando o direito positivo, e que se poderá

assim conceituar―Direitos Humanos Fundamentais‖ como

Um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretam lasexigencias de ladignidad, lalibertad y laigualdad humanas, lascualesdeben ser reconocidas positivamente por losordenamientos jurídicos a nível nacional e internacional. (LUÑO, 2005, p. 50).

Contudo, este conceito não é, constitucionalmente, adequado no entender

de Dirley da Cunha Júnior (2008, p. 520), que adverteum conceito de conteúdo

formal e material.

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Conclui-se então que os direitos fundamentais são aqueles que se

encontram positivados em nosso ordenamento jurídico, especialmente em nossa

Constituição Federal, fundamentado no Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.

2.2Histórias dos Direitos Humanos Fundamentais

Segundo alguns historiadores, o precedente mais relevante dos Direitos

Humanos Fundamentais, é A Magna Carta,ChartaLibertatum,que surgiu de um

movimento dos descontentes com os poderes excessivos e ilimitados do Rei da

Inglaterra João Sem Terra, assinada em 1215 sob a pressão do Papa e os Barões

ingleses, que limitava seus poderes, mostrando que o Estado não detinha um poder

absoluto, consagrando direitos humanos fundamentais até os dias atuais, adotando

o devido processo legal, a liberdade de locomoção, e a garantia da propriedade, já a

Declaração de Direito do Bom Povo da Virginia no ano de 1776, é considerada a

primeira declaração de Direitos Fundamentais, em sentido moderno, pois trazia o

princípio da legalidade, o princípio do devido processo legal, o princípio do Tribunal

de Júri, o princípio do Juiz Natural e imparcial, o princípio da liberdade de imprensa,

e o princípio da liberdade religiosa.

O texto da Declaração de 1789 é de estilo lapidar, elegante, sintético, preciso e escorreito, que, em dezessete artigos, proclama os princípios da liberdade, da igualdade, da propriedade e da legalidade e as garantias individuais liberais que ainda se encontram nas declarações contemporâneas, salvas as liberdades de reunião e de associação que dela desconhecera, firmado que estava numa rigorosa concepção individualista.(SILVA, 2006, p. 158).

Para finalizar este tópico, não se pode esquecer a ―Declaração Universal

dos Direitos do Homem‖, que se trata de um documento histórico, pois é um tratado

internacional proclamadopela Assembleia Geral das Nações Unidas, (ONU), em 10

de Dezembro de 1948, em Paris, que serviu de base para composição de muitas

Constituições, em especial, a brasileira, que, em seu artigo 26º, trata do direito à

educação.

A Assembleia Geral

Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos do Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por

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medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e asua aplicação universal e efetiva tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

Artigo 26.º

1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.

2.3 Contextos Históricos

Os direitos fundamentais como são denominados hoje tiveram uma

evolução histórica, passando por momentos específicos e etapas, com lutas e

reivindicações e que dos quais alguns doutrinadores classificam como geração e

outros preferem chamá-lo de dimensão. Então a cada evolução de uma geração são

adicionados novos conceitos sempre de forma quantitativa e qualitativa, ou seja, os

direitos se acumulam e vão melhorando os seus conceitos.

2.3.1 Direitos de Primeira Geração

Os direitos de primeira geração são os direitos que resistiram e se

opuseram ao domínio estatal, em que o Estado tudo podia e o indivíduo era mero

espectador da vontade estatal, então, a partir daí, nascia o desejo de defesa, como

direito à liberdade, à vida, e à propriedade, sendo considerado como direitos civis e

políticos, tendo uma conotação negativa, pois exigia a abstenção do Estado, e foi

universalizado na Revolução Francesa.

2.3.2 Direitos de Segunda Geração

Os direitos de segunda geração já não exigiam a ausência do Estado,

muito pelo contrário, o Estado deveria intervir, a fim de se dar garantias à

coletividade, surgindo no final do século XIX, iniciando-se com as ideias de Karl

Marx, em que o socialismo era o objetivo a ser alcançado, devido às graves crises

econômicas e sociais provocadas pela industrialização e a inércia do Estado, e para

que esse regime e as garantias sociais existissem de forma efetiva, o Estado deveria

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ser forte e tutelar com os direitos e as garantias sociais, individuais e coletivas,

sendo ele o responsável pelo bem-estar da sociedade.

O Estado saiu da inércia para atender as necessidades sociais mais

urgentes, propiciando uma igualdade concreta à população carente de recursos

(AGRA, 2007).

2.3.3Direitos de Terceira Geração

Os direitos de terceira geração têm como objetivo proteger a coletividade,

sendo chamados de direito de solidariedade ou de fraternidade, e que apareceram

no século XX.―Os direitos de terceira dimensão têm como principal vetor o direito à

fraternidade, fraternidade de direitos do gênero humano‖ (AGRA, 2007, p. 125).

São considerados direitos de terceira dimensão: ―o direito à paz, o direito

ao desenvolvimento, o direito ao meio ambiente equilibrado, o direito ao patrimônio

comum da humanidade e o direito à autodeterminação dos povos‖ (BREGA FILHO,

2002, p. 23). Importante destacar que, os direitos desta dimensão têm por

destinatário o gênero humano (BONAVIDES, 2006), ou seja, seu titular não é o

indivíduo, mas a coletividade (BREGA FILHO, 2002).

2.3.4 Direitos de Quarta Geração e Quinta Geração

Paulo Bonavides defende a existência dos direitos fundamentais de

quarta dimensão, decorrentes da globalização política na esfera da normatividade

jurídica (BONAVIDES, 2006).

Esses direitos surgiram na última década em consequência do alto grau

de desenvolvimento tecnológico, podendo inserir esse direito às pesquisas genéticas

havendo necessidade de limites à manipulação de embriões de seres humanos, e

colocando o direito de quinta geração naqueles ligados à cibernética ou a era da

informática.

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3 OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A brasileira Carta Magna de 1988 ou a Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988 traz em seu texto, tanto de forma implícita como de

forma específica, os direitos fundamentais, esses direitos fundamentais não se pode

confundir com garantias, pois os direitos fundamentais estão de forma expressa na

nossa Constituição Federal, sendo declaratórios e com aplicabilidade imediata,

estando estes previstos em lei.

Esses direitos fundamentais aparecem de forma implícita nos princípios

do Titulo I de nossa Constituição Federal, em que reza sobre os Princípios

Fundamentais, e de forma mais clara e positivada nos artigos 5º ao 17º, em que

trata o Titulo II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais.

Em síntese, podem-se classificar os direitos humanos fundamentais, com

base na Constituição, em cinco grupos, a saber: direitos individuais (art. 5º); direitos

coletivos (art. 5º); direitos sociais (arts. 6º e 193 e seguintes); direitos à

nacionalidade (art. 12); direitos políticos (arts. 14 a 17) (SILVA, 2006).

3.1 Direito Fundamental à Educação

O Direito Fundamental à Educação está consagrado em nossa

Constituição Federal em seu artigo 6º, localizado no Capitulo II ―Dos Direitos

Sociais‖, que faz parte do Titulo II ―Dos Direitos e Garantias Fundamentais‖, que, na

primeira parte do aludido artigo, diz.

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (BRASIL, 2008).

Portanto o Direito Fundamental à educação é o objeto de análise deste

tópico, dividido em dois aspectos, um de análise conceitual e o outro de análise

constitucional.

3.2Análise Conceitual do Direito à Educação

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18

Segundo o vernáculo brasileiro, educação é considerada como ―conjunto

de normas pedagógicas aplicadas ao desenvolvimento geral do corpo e do espirito‖,

sendo assim esse conceito não abrange a educação como um direito fundamental.

Contudo no conceito do professor Celso de Mello, a definição para o

direito à educação é a seguinte:

É mais compreensivo e abrangente que o da mera instrução. A educação objetiva propiciar a formação necessária ao desenvolvimento das aptidões, das potencialidades e da personalidade do educando. O processo educacional tem por meta: (a) qualificar o educando para o trabalho; e (b) prepará-lo para o exercício consciente da cidadania. O acesso à educação é uma das formas de realização concreta do ideal democrático.(MELLO apud MORAES, 2007, p. 786).

Esse conceito é bem mais abrangente e adequado ao entendimento de

forma responsável à Constituição Federal.

3.3 Análise Constitucional do Direito à Educação

Como já se viu, no que consta, no artigo 6º da Constituição Federal de

1988, que tem em sua redação: ―São direitos sociais a educação, a saúde, o

trabalho, a moradia, o lazer, (CRFB/88)‖.

E ainda temos de forma mais específica o artigo 205 da Constituição

Federal, nos seguintes termos:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Como se vê, o aludido artigo menciona de forma clara a responsabilidade

do Estado na tutela do indivíduo quanto às condições para sua inserção social

através da educação, para que possa exercer sua cidadania de forma plena e

capaz, capacitando-se através do ensino, promovido pelo Estado a quem seja

menos favorecido economicamente.

O Estado também conclama a família para essa responsabilidade, que

tem papel fundamental na promoção de condições para desenvolvimento de todos

os cidadãos, cabendo aos pais promover condições de educar ou cobrar do Estado

essas condições para que os filhos não fiquem desassistidos no exercício da

cidadania.

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19

Mas não se deve esquecer de que a educação não se restringe ao ensino

básico, a educação deve alcançar todos os níveis possíveis, incluindo-se também o

ensino superior, em que a qualificação do cidadão só será eficaz se não houver

empecilhos nessa empreitada até os níveis de estudos científicos.

Portanto, ―a garantia de liberdade de escolha profissional garante um

direito de acesso ao ensino superior‖ (CUNHA JÚNIOR, 2008, p. 706).

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20

4 A EFICÁCIA DOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS

Observa-se que o artigo 5º, em seu § 1º da Constituição Federal,

estabelece que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm sua

aplicação imediata. (SILVA, 1999).

A aplicabilidade de uma norma é medida pela sua eficácia, existe então

um fenômeno conexo, entre a eficácia e a aplicabilidade das normas constitucionais

nos casos concretos, e um fator determinante é como a norma constitucional foi

instituída, podendo seus efeitos jurídicosserem compostos de eficácia plena, eficácia

contida e eficácia limitada.

A norma constitucional de eficácia plena tende a produzir os seus efeitos

jurídicos de forma imediata a partir de sua vigência, independentemente de qualquer

regulamentação posterior, podendo ser modificada por via de Emenda

Constitucional.

A norma constitucional de eficácia contida também produz os seus efeitos

jurídicos de forma imediata, porém os seus efeitos poderão ser restringidos ou

reduzidos através de lei comum, ou seja, elas admitem que norma infraconstitucional

as regulamente.

A norma constitucional de eficácia limitada tem aplicabilidade mediata ou

reduzida, pois essas necessitam de norma infraconstitucional para produzirem

efeitos jurídicos, pois o legislador constituinte não estabeleceu toda a abrangência

da norma, deixando a sua regulamentação para o legislador ordinário ou órgão

competente por esta atribuição já discriminada na norma de eficácia limitada.

Portanto, as normas de eficácia plena possuem aplicabilidade direta e

integral; as normas de eficácia contida têm aplicabilidade indireta e reduzida; e, as

normas de eficácia limitada são de aplicabilidade direta e não integral (SILVA, 1999).

4.1As Políticas de Acesso à Educação de Ensino Superior

As políticas de acesso ao ensino superior encontram-se no direito

fundamental de segunda geração ou dimensão. Este direito se fundamenta no

princípio da igualdade, consagrado em nossa Constituição Federal no capítulo II,

artigo 6º, ―Dos Direitos Sociais‖.

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21

Esse direito engloba a educação como um todo, desde o ensino

fundamental até o último grau de ensino em seu mais alto nível, que não deve ser

menosprezado, pois uma nação que almeja um bom desenvolvimento não pode

jamais deixar de investir em pesquisas e qualificação de profissionais, cientistas e

todos que compõe uma sociedade produtiva.

Em nosso caso, cabe ao Ministério de Educação e Cultura criar políticas

de acesso à educação Superior, tais como o Pro Uni, Programa de Universidade

Para Todos, instituído pela lei nº 11.096 em 13 de Janeiro de 2005, esse programa

visa o ingresso do aluno na universidade através de bolsas de estudos parciais ou

integrais a estudantes de cursos de graduação em instituições privadas de ensino

superior, com critérios baseados na renda familiar do aluno, e que pretende atender

o aluno de baixa renda.

Existe também o Programa de acessibilidade na Educação Superior o

―incluir‖, visando o acesso ao ensino superior a alunos portadores de deficiência,

instituído pelo edital nº 04/2008.

Há ainda o ―Prolind‖, programa de Apoio à Formação Superior e

Licenciaturas Indígenas instituído em junho de 2008, que visa à formação superior

para a formação de professores indígenas.

Page 23: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE … … · ações afirmativas relativa às cotas raciais, sendo utilizada a ação afirmativa como principal ferramenta para a diminuição

22

5 AÇÕES AFIRMATIVAS

5.1 Conceito

As ações afirmativas são determinadas ações instituídas pelo poder

estatal e instituições de sociedade civil, que através de medidas específicas com a

finalidade de combater as desigualdades historicamente acumuladas, e causadas

por diferenças sociais, étnicas, religiosas e raciais, utilizam-se por meio de

compensações de medidas públicas assistencialistas ou subsídios que favoreçam as

classes menos favorecidas, ou marginalizadas.

Pode-se dizer que são políticas focadas em solucionar problemas

crônicos de grupos sociais, discriminados e vitimados pela sua condição social,

alocando recursos afim de beneficiar e solucionar o problema de forma efetiva,

evitando o agravamento do problema, através de medidas positivistas e preventivas

em via de regra, podendo ser medidas como cotas, subsídios, empréstimos, bolsas

de estudo, de estágio ou várias formas de qualificação de pessoas para que elas

possam melhorar o seu padrão social de forma digna e que possam exercer a

cidadania de forma plena.

É bom entender que as ações afirmativas constituem-se de políticas

sociais, que são instituídas de normas positivas, visando atingir a igualdade material

entre classes ou grupos sociais distintos.

5.2 Contextos Históricos

As ações afirmativas surgiram nos Estados Unidos, com o termo

(afirmativeaction),sendo empregado pela primeira vez, pelo Presidente americano

John F Kennedy, a fim de promovera inclusão de grupos minoritários compostos de

negros, mulheres e minorias étnicas, no mercado de trabalho e facilitar a ingresso

aos níveis de ensino superior.

Apesar do objetivo não alcançado de forma desejada, a ideia e o conceito

de ―Ações Afirmativas‖ começaram a ter uma maior repercussão, pois começou ali a

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23

se falar em políticas voltadas de maneira mais eficaz a combater as desigualdades,

as classes e as minorias menos favorecidas e discriminadas.

5.3Natureza Jurídica

A natureza jurídica das ações afirmativas tem como preceito a política

governamental, com a tutela do Estado a conduzir e criar normas a respeito desse

tema, sempre de maneira positivada de afirmação ou restauração, e não de maneira

proibitiva, afim de não criar e incentivar preconceitos ou insatisfação de qualquer

natureza na sociedade.

5.4 O Papel das Ações Afirmativas nas Universidades Públicas

O acesso ao ensino superior nas universidades públicas às classes

menos favorecidas sempre teve uma participação ínfima e esse quadro passou por

muito tempo sem a devida atenção pelos órgãos públicos, que faziam vista grossa

ou nada faziam a fim de mudarem essa realidade, pois a universidade pública só

dava acesso a quem teve condições a um ensino básico de qualidade. Isso porque

os investimentos do Estado na educação nunca foram de forma efetiva vistos como

prioridade.

5.4.1 As Ações Afirmativas e a Autonomia das Universidades

As universidades Federais e Estaduais ou as Universidades públicas

gozam de autonomia didática, científica e administrativa em suas gestões e é

discricionário o percentual de cotas a serem reservadas às ações afirmativas, desde

que se obedeça a percentuais mínimo e máximo estabelecido por lei, conforme o

caput doartigo 207 da Constituição Federal, ―As universidades gozam de autonomia

didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão

ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.‖.

Ou seja, a Universidade está limitada aos ditames trazidos pelos

princípios constitucionais, pois se trata de norma de eficácia plena.

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24

É bom informar que o artigo 207 da Constituição Federal é também

regulamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei nº 9.394/96, que tem

no seu artigo 53 a seguinte descrição:

Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições: [...] IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências do seu meio; Ao garantir autonomia para as universidades fixarem o número de vagas, a norma supracitada, por corolário lógico, autoriza a implantação de ações afirmativas no intuito de garantir a entrada dos candidatos que se quer atingir pela política afirmativa. Não obstante, o parágrafo único do artigo 53 estabelece que: Art. 53 [...] Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-científica das universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre: [...] II - ampliação e diminuição de vagas;

5.4.2 As Ações Afirmativas x Sistema Meritório

O sistema meritório para ingresso na universidade estatal está previsto no

artigo 208, em seu inciso V da Constituição Federal.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

[...]

V – acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um.

Como o tema abordado é a cota racial e a ação afirmativa, de forma

positiva e assecuratória, a cor da pele deve ser considerada um mérito ou uma

característica útil para a garantia da vaga ao aluno detentor dessa característica,

então isso constitui um mérito individual, nos moldes constitucionais, como define o

artigo 208, inciso V da Constituição Federal, em que o mérito não é o único critério

de ingresso na instituição.

Portanto, as ações afirmativas, especificamente o sistema de cotas raciais, não ofende o sistema de mérito, mas é resultante da nota obtida no exame de vestibular conjugado com outros critérios, a exemplo da raça e da índole social. Desta forma, os opositores alegam que as ações afirmativas atingem vítimas inocentes ao preterir determinados indivíduos (com mais mérito) em detrimento de outros (com menos mérito). Contudo, tal argumento não procede (RIOS, 2008, p. 203).

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A estas indagações responde Ronald Dworkin:

Não há nenhuma combinação de capacidades, méritos e traços que constituam o ‗mérito‘ no sentido abstrato; se mãos ágeis contam como mérito no caso de um possível cirurgião, é somente porque mãos ágeis irão capacitá-lo a atender melhor o público. Se uma pele negra, infelizmente, capacita outro médico a fazer melhor um outro trabalho médico, a pele negra, em prova do que digo, também é um mérito. Para alguns, esse argumento pode parecer perigoso, mas apenas porque confundem sua conclusão – que a pele negra pode ser característica socialmente útil em dadas circunstâncias – com a ideia muito diferente e desprezível de que uma raça pode ter inerentemente mais valor que outra. (DWORKIN, 2000, p. 446)

Então se deve concluir que a ação afirmativa vista de um prisma que

sempre busca a positividade na justa compensação, o critério racial pode ser

considerado um mérito como uns dos pré-requisitos para a qualificação do aluno que

se utiliza ingresso na instituição através das cotas raciais, mas sem esquecer que

esse favorecimento também causa uma espécie de segregação racial.

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6 O PRINCÍPIO DA IGUALDADE E AS AÇÕES AFIRMATIVAS

6.1 O Princípio da Igualdade em Nossa Constituição Federal.

O Princípio da Igualdade está consagrado em nossa Constituição federal em artigo 5º, caput, que estabelece que todos fossem iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Ao entendermos que um princípio é uma referência para a elaboração de uma norma, um alicerce em que a norma busca subsídios e amparo.Para a ciência jurídica, ―os princípios são normas e as normas compreendem igualmente os princípios e as regras‖ (BONAVIDES, 2006, p. 271).

Portanto, os princípios e as regras são pautados e dotados de

normatividade, e o princípio é dotado de um elevado grau de abstração o que não

lhe diminui nem lhe dá impossibilidade de aplicação e determinação como norma,

visto ter um alto valor na interpretação de uma norma, ao passo que a norma possui

um menorgrau de abstração e alta densidade normativa.Isso significa dizer, que ―os

princípios são normas dotadas de alto grau de generalidade relativa, ao passo que

as regras, sendo também normas, têm, contudo, grau relativamente baixo de

generalidade‖ (BONAVIDES, 2006 p. 271).

Ao consagrarmos o princípio da igualdade em nosso texto constitucional,

prevê-se uma igualdade de aptidão, uma igualdade de possibilidades em que todos

os cidadãos têm o direito de tratamento de igualdade perante a lei, dessa forma, o

que não pode ser permitido são as diferenciações arbitrárias, e as discriminações e

que devem ser adotados tratamentos desiguais na medida de suas desigualdades,

isso denota que a norma deve ser interpretada tendo, como base ou parâmetro, o

princípio.

O próprio conceito de justiça baseia-se em princípios, porém, como

ressalva Fábio Konder Comparato, as chamadas liberdades materiais têm por

objetivo a igualdade de condições sociais, meta a ser alcançada, não só por meio de

leis, mas também pela aplicação de políticas ou programas de ação estatal.

O princípio da igualdade albergado pela nossa Constituição Federal atua

em dois planos distintos. Por um lado, junto ao legislador ou junto ao poder

executivo, na edição de leis, atos normativos e medidas provisórias, não permitindo

que se criem tratamentos abusivamente desiguais entre os indivíduos que se

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encontram em situações idênticas. Do outro lado, encontra-se o poder judiciário que

ao aplicar a norma, deve levar em consideração o valor normativo, que lhe traz essa

lei, devendo interpretá-la, pendendo sempre pela valoração do princípio.

Assim, a doutrina distingue o conceito formal e material da igualdade. Neste sentido, a igualdade formal abrange a igualdade na lei e a igualdade perante a lei. A igualdade na lei significa dizer que as normas jurídicas não podem criar distinções não autorizadas pela Constituição Federal. Seu destinatário é o legislador, que não pode estabelecer fatores discriminatórios na elaboração da lei. [...] A igualdade perante a lei significa dizer que a norma legal deve ser igualmente aplicada àqueles que se encontram na mesma situação jurídica. Seu destinatário é o aplicador da lei, que não pode subordinar a aplicação da norma jurídica discriminadamente (CUNHA JÚNIOR, 2008, p. 638).

Dessa forma, deve-se entender que a igualdade matéria ocorre frente à

efetivação da norma, e deve ser entendida entre outros pelo artigo 7º, incisos XXX e

XXXI, de nossa Constituição Federal, conforme transcrito abaixo:

Art. 7° São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

[...]

XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;

Como se pode observar, se for analisar e interpretar esses artigos como estão

transcritos, as ações afirmativas, relativasàs cotas raciais, ferem o princípio da

igualdade e isonomia, pois utiliza critérios de admissibilidade como a cor da pele ou

a etnia, o que configura uma desobediência ao próprio texto constitucional.

6.2 Discriminação Positiva x Discriminação Negativa

Se for levado em consideração que todos, que se encontram em uma

situação fática, deveriam ser tratados de forma igualitária perante a lei, pois o nosso

ordenamento jurídico considera a prática discriminatória uma infração passível de

punição, conforme estabelece o artigo 3º, inciso IV da Constituição Federal:

―Art. 3°Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

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IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade,

e quaisquer outras formas de discriminação‖.

Isso nos leva inicialmente à necessidade de diferenciar o que é

―discriminação‖ e o que é ―preconceito‖, visto que as semelhanças nas

interpretações são bem parecidas embora bem distintas se analisadas com mais

cuidado.

O preconceito trata-se de uma concepção já determinada de algo, um

fato, ou de alguém, ou seja, um conceito pré-determinado, tendo uma conotação

negativa do conceito já formado, dando uma ideia negativa, inferiorizada ao que se

refere.

Já a discriminação e o ato de separar de dividir o que se acha que é

inferior, isso no plano concreto das relações sociais, são atitudes arbitrárias, de atos

omissivos ou comissivos, oriundos dos preconceitos que lhes afeta na análise dos

indivíduos, dos grupos ou fatos merecedores de entendimento. É bom ressaltar que

a discriminação pode decorrer de puro preconceitode forma negativa, ou também do

simples ato de diferenciar, sem, contudo tornar-se um ato negativo, passivo de

sanção.

Torna-se bem oportuno lembrar que existe o princípio da não

discriminação, consagrando o exercício pleno de exercer todos os direito e garantias

fundamentais, que pertencem a todos, indistintamente de raça, credo, condição

social, etnia, sexo, convicções de qualquer natureza.

A doutrina aponta hipóteses de discriminação que se justificam juridicamente e pragmaticamente, pois o tipo de atividade, por exemplo, em um determinado emprego, ou em uma determinada empresa, excluiria a possibilidade do acesso de grupos específicos, como aquelas atividades em que o desempenho físico ou os sentidos sejam essenciais. Outro aspecto é a seleção de gênero, também em razão do tipo de atividade profissional a ser desempenhada. Tem sido justificativa válida em hipóteses específicas, como guarda em presídio feminino, atividades que empenham força física muito intensa[...](MARQUES, 2006, p.163).

Entretanto há que se ressalvar a discriminação positiva, pois é essa

discriminação que deve ser protegida e albergada pelo Estado e pelas normas

constitucionais e infraconstitucionais, um bom exemplo, do que se está referindo, é

as cotas raciais para ingresso no ensino superior.

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Contudo há opositores com argumentos bastante convincentes, pois há

de se ver que a discriminação pela cor para o favorecimento, configura um

desrespeito ao artigo 3º, inciso IV da Constituição Federal, infringindo de forma literal

o princípio da igualdade, quando cria um privilégio a um indivíduo, tendo como

parâmetro a sua cor, essa discriminação ao ponto que lhe favorece, tira a

possibilidade de outro indivíduo que não possui essas características, mas

hipoteticamente teria conhecimento superior ao seu concorrente direto, configurando

uma injustiça ao perdedor da vaga pelo simples fato da cor não ser a exigida pelos

critérios raciais, ficando em segundo plano a meritocracia.

6.3 O Fator Discriminante das Ações Afirmativas

As ações afirmativas promovem o resgate do direito à cidadania a quem

de alguma forma sofreu ou sofre discriminações por fazer parte de uma minoria

desfavorável.

Portanto é necessário saber quando a lei deve utilizar um fator

discriminatório positivo, não ferindo o princípio da igualdade. É, nessa linha de

raciocínio, que ensina o Celso Antônio Bandeira de Mello quando estabelece os

seguintes critérios:

Tem-se que investigar, de um lado, aquilo que é adotado como critério discriminatório; de outro lado, cumpre verificar se há justificativa racional, isto é, fundamento lógico, para, à vista do traço desigualado acolhido, atribuir o específico tratamento jurídico construído em função da desigualdade proclamada. Finalmente, impende analisar se a correlação ou fundamento racional abstratamente existente é, in concreto, afinado com os valores prestigiados no sistema normativo constitucional. A dizer: se guarda ou não harmonia com eles.

Isto posto, far-se-á uma análise das ações afirmativas voltadas às universidades públicas, especificamente das cotas raciais, verificando-se, ao final, a ofensa ou não ao princípio da isonomia. O primeiro dos critérios diz respeito ao fator de discriminação adotado. (MELLO, 2006, p. 23).

Estabelece dois requisitos, a saber:

a) a lei não pode erigir em critério diferencial um traço tão específico que singularize no presente e definitivamente, de modo absoluto, um sujeito a ser colhido pelo regime peculiar;

b) o traço diferencial adotado, necessariamente há de residir na pessoa, coisa ou situação a ser discriminada; ou seja: elemento algum que não exista nelas mesmas poderá servir de base para as sujeitá-las a regimes diferentes.(MELLO, 2006, p. 21)

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As ações afirmativas relativas às cotas raciais para acesso às

universidades públicas, para a maioria dos doutrinadores, atendendo ao primeiro

requisito, que é o de reparação a uma injustiça social a um determinado grupo

social, devem ser alvos de política pública, sendo essa diferença de fator

econômico, sexual, cultural ou no caso em tela ―racial‖, esses critérios não são

analisados estritamente pelas universidades concedentes do benefício, e esses

critérios por si só não são garantia da vaga ao aluno, devem ser considerados outros

parâmetros conjuntamente, principalmente as notas do vestibular ou do ENEM,

sendo esse o principal critério ao acesso da vaga ao aluno pretendente, ou seja, o

sistema meritório nunca pode ser desconsiderado em nenhuma hipótese, devendo

sempre prevalecer sobre os demais critérios de avaliação, e deixando o sistema de

vagas reservado às cotas de forma proporcional ao que a política pública entender

necessário, para que esse fator decisivo não ofenda o princípio da igualdade.

O fator, no caso das cotas raciais, decorre de uma injustiça conhecida

como discriminação racial, ou preconceito racial, que no caso do Brasil é de forma

muito implícita, e nunca declarada, decorrente do processo histórico do

desenvolvimento dos afrodescendentes no Brasil.

O racismo é visto no Brasil como uma ideologia dividida em duas

manifestações, sendo o preconceito racial, difundido de forma clara nas relações

sociais de forma sistemática, como uma prática costumeira injusta, afetando os que,

nessa categoria, se encontram, em suas relações cotidianas e no mercado de

trabalho.

E uma manifestação implícita, não demostrada, mas visível através das

poucas oportunidades oferecidas aos negros.

Um fator muito relevante é as consequências dessa discriminação racial

sofrida pelos afrodescendentes, que está comprovada no tocante ao nível de renda,

mercado de trabalho e no caso em estudo à educação, tudo isso comprovado por

indicadores sociais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

dentre outros órgãos públicos de medição e estatísticas.

Chegando ao segundo critério que é a aplicação das ações afirmativas

com a finalidade de melhorar e diminuir essas diferenças, criando oportunidade de

forma efetiva aos que preenchem os critérios aplicados ao grupo merecedor

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dessebenefício que é a oportunidade de ingressar em uma instituição de educação

de ensino superior.

E finalmente, analisar o critério para verificar se o fator de discriminação

utilizado pela ação afirmativa desrespeita ou não o princípio da isonomia.

Se esse critério fere ou nãofundamentos constitucionais, sendo racional o

uso de fatores diferenciados a pessoas de alguma forma excluída pelo fato de

pertencer a uma determinada etnia ou grupo racial, sendo o casoa própria

Constituição Federal justifica a finalidade das ações afirmativas, como a erradicação

da pobreza das desigualdades sociais, conforme apregoa o artigo 3º, inciso III, da

Carta Magna.

Contudo, em virtude à multiplicidade de valores e interpretações

constitucionais, as ações afirmativas visão atender aos princípios constitucionais, e

não confrontá-los, não ferindo o princípio da igualdade e isonomia, pois tenta dar

atendimento desigual aos diferenciados, na proporção de sua desigualdade.

6.4 Pressupostos Constitucionais das Ações Afirmativas

Segundo o entendimento do doutrinador Alexandre de Moraes, é

necessário que a ação afirmativa seja constitucionalmente adequada ao princípio da

igualdade e isonomia, realizando distinções razoáveis, para que não se produza

desigualdade entre as partes, ou isso traria injustiças de tratamento específicoàs

pessoas diversas, contrariando a Constituição Federal.

Como explica o doutrinadoracima citado, há de existir uma

proporcionalidade razoável nos meios empregados com a finalidade desejada pela

ação afirmativa instituída, nesse caso, a ação afirmativa relativaàs cotas raciais, que

é garantir o acesso à educação superior aos grupos raciais, que, em função da

discriminação decorrente do preconceito racial, ficam expostos a dificuldades e a

exercerem a sua cidadania de forma plena, como direito a bom emprego, a uma boa

qualificação, a uma educação em todos os níveis. .

Portanto, esta e qualquer outra espécie de ação afirmativa devem

preencher duas condições ou pressupostos: a imprescindibilidade e a

temporariedade (AGRA, 2007).

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6.4.1A Imprescindibilidade das Ações Afirmativas

A imprescindibilidade das ações afirmativas é tema de fácil entendimento,

visto que a necessidade de inclusão social e reparação de danos causados a

indivíduos de grupos ou raças historicamente menos favorecidas economicamente,

vitimas de preconceitos e discriminação racial, e qualquer dificuldade para exercer

sua cidadania de forma plena com seus direitos sem nenhuma restrição.

É fato que o Estado tem a obrigação, o dever de equacionar, de

equilibrar, essas diferenças sociais, conforme consta em nossa Constituição Federal

é dever do Estado tutelar os direitos do cidadão.

Uma das ferramentas em que o Estado dispõe são as ―ações afirmativas‖,

instituto já discutido neste trabalho.

O fato é que apesar de parecer uma discriminação ou um tipo de

segregação racial, a ação afirmativa relativa às cotas raciais para ingresso do aluno

no ensino superior, é, sem dúvida, um instituto imprescindível para a diminuição das

desigualdades sociais, sem esse instituto, ficou bem mais difícil combater essa

discrepância para o aluno menos favorecido, e que não teve as mesmas

oportunidades de aprendizado que outro aluno mais abastado financeiramente, o

fato é, que, estatisticamente, as diferenças sociais, que recaem sobre os menos

favorecidos, a maioria éafrodescendente, e que esses são merecedores de uma

atenção especial, afim de que se diminua essa injustiça.

Os números dos órgãos que medem essas estatísticas são irrefutáveis,

como se vê abaixo o gráfico do institutoGEMAA (Grupo de Estudos Multidisciplinares

da Ação Afirmativa).

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Contudo têm-se ainda os indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE), que demonstra que o número de indivíduos de cor branca ou

raça caucasiana, que ingressam no ensino superior, é, numericamente, superior aos

indivíduos que pertencem a outras raças, principalmente os afrodescendentes.

Dessa forma, não há que se discutir que essa categoria de pessoas é

merecedora de uma política voltada para diminuição desse problema, o ingresso no

ensino de nível superior.

6.4.2 A Temporariedade das Ações Afirmativas

A temporariedade das ações afirmativas deve acompanhar a sua

necessidade de existência, enquanto existirem os fatores que geram a necessidade

da existência dessa ferramenta de compensação ou de reparação, ela não deverá

deixar de existir, enquanto as desigualdades, na competição dos alunos,

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acontecemde forma injusta, será sempre uma competição desigual de forças, as

cotas deverão existir para equalizar os pesos.

A partir do momento em que essas diferenças não forem mais obstáculo

para o aluno menos favorecido, economicamente, ingressar no ensino superior com

o mesmo grau de conhecimento, a partir do momento em que o Estado oferecer um

ensino fundamental e um ensino médio de qualidade a todos os que dele se utilizam,

a forma mais justa do ingresso no ensino superior deverá ser a meritória, deverá

prevalecer o princípio do mérito.

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7 COTAS RACIAIS

7.1 Conceito

As cotas raciais não devem ser confundidas com ação afirmativa, as

ações afirmativas são tidas como gênero, e cotas raciais como espécie de uma

ferramenta, um instrumento das ações afirmativas, ou seja, as cotas raciais são, na

realidade, uma modalidade de ação afirmativa, que através de uma norma, são

estabelecidas um percentual de vagas a aqueles, que se enquadram em um perfil

predeterminado, em favor de alunos que se autodeterminam negros ou

descendentes destes e que fazem parte desse grupo.

7.2 Raça e Etnia

Raça difere de etnia, pois raça compreende fatores fisiológicos, genéticos

fenótipo e morfológicos, como a cor da pele, dos olhos, o tipo físico, pessoa, animais

ou qualquer ser vivo que pertencem ao mesmo grupo biológico.

Os seres humanos são classificados em geral como raça humana, e suas

espécies de raças são a caucasoide (branca), mongoloide (asiática), e negroide

(africana).

No Brasil, como em qualquer parte do mundo, mas de forma mais efetiva

aqui no país, é que se tem a maior miscigenação nunca vista em outro lugar do

mundo, ou seja, a maiormistura de raças, o que contribui de forma favorável para em

um futuro não muito distante, não se falar ou se debruçar sobre problemas raciais.

Já etnia significa indivíduos de um grupo biológico e culturalmente

homogêneo, a palavra deriva do grego ―ethnos‖ povo que tem os mesmos costumes,

língua, raça, religião, tradição e comportamento.

No Brasil, a palavra etnia, às vezes é entendida de forma pejorativa,

carregada de preconceitos, embora isso não seja uma regra.

7.2.1 Métodos de Definição Racial

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Os métodos de definição de raça adotados no Brasil são, em geral,os

aceitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que define a raça,

baseando-se na ancestralidade genética e uma aparente exatidão da composição

racial obtida pela autoatribuição da pessoa, esses critérios são os mesmos que

definem os requisitos dos alunos que pleiteiam ingresso no ensino superior através

das cotas raciais, em que o fenótipo é um dos fatores determinantes.

Para o sistema de cotas raciais, o melhor critério é o fenótipo do indivíduo, pois, conforme anteriormente suscitado, esta espécie de ação afirmativa tem como finalidade permitir o acesso à educação superior àqueles que, em razão da discriminação, são obstados a efetivá-la. Esta discriminação decorre do preconceito, que se processa no imaginário social (RIOS, 2008, p. 15).

7.3 O Sistema de Cotas Raciais nas Universidades Públicas

O sistema de cotas raciais nas universidades públicas deveobedecer ao

que reza aLei Federal 12.711/2012 de 29 de agosto de 2012, e garante 50% das

matrículas dos cursos ofertados.

Importante dizer que a lei já foi regulamentada pelo Decreto nº

7.824/2012, em que define as condições gerais de reservas de vagas,

estabelecendo a sistemática de acompanhamento das reservas e a regra de

transição para as instituições federais de educação de ensino superior, há também a

Portaria Normativa nº 18/2012, do Ministérioda Educação, que estabelece os

conceitos básicos para a aplicação da lei, e que prevê as modalidades das reservas

de vagas e as fórmulas para o cálculo, fixando as condições para concorrer às

vagas reservadas e estabelecendo a sistemática de preenchimento das vagas

reservadas.

As vagas reservadas às cotas (50% do total de vagas da instituição)

serão subdivididas — metade para estudantes de escolas públicas com renda

familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita e metade para

estudantes de escolas públicas com renda familiar superior a um salário mínimo e

meio. Em ambos os casos, também será levado em conta percentual mínimo

correspondente ao da soma de pretos, pardos e indígenas no estado, de acordo

com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE).

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A lei deverá ser executada imediatamente, mas de forma gradual e

progressiva, e começará com no mínimo 12,5% das vagas, ao longo de quatro anos,

até chegar aos 50% das vagas reservadas às cotas.

7.4 Os Beneficiários do Sistema de Cotas Raciais nas Universidades Públicas

O sistema de cotas raciais visa beneficiar grupos sociais que atendem a

essa especificação de minoria racial e étnica, composta de negroide e indígenas,

que, ao longo da vida sofrem dificuldades e discriminação de forma preconceituosa,

tanto pela raça, como pela condição social, que, sem dúvida alguma, não fosse essa

ação afirmativa, o ingresso no ensino superior seria uma tarefa quase impossível de

ser alcançada.

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Segundo a Presidente Dilma Rousseff, no ato da sanção da lei

12711/2012, de 29 de agosto de 2012, (lei das cotas raciais), naquele momento,

estava-se a compensar-se uma dívida histórica com os negros do Brasil.―No Brasil,

os integrantes desta raça correspondem aos descentes dos povos africanos que

vieram no Brasil durante o movimento escravocrata ocorrido entre os séculos XVI a

XVIII, ou seja, os afro-brasileiros‖ (FAUSTO, 2003, p. 51).

Tem-se também o índio, que fazendo parte de uma minoria étnica, deve

ser beneficiado com a aludida lei.

7.5 Indicadores Sociais

Para ter-se noção dos indicadores sociais, deve-se buscar esse dado em

institutos apropriados, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o

qual faz essa coleta de dados,a fim deservirem como parâmetros de políticas

públicas.

Conforme as pesquisas desse instituto, os grupos ou raças com menos

acesso ao ensino superior, são compostos por uma grande parte da população de

brasileiros que são negros ou descendentes, pois devido à forma como foram

libertos após anos de escravidão, nunca houve uma política pública voltada para

esse grupo, deixando-os à marginalização, trazendo grandes conflitos sociais e de

distribuição de renda, em que os negros e os índios são de fato discriminados, com

menores remunerações e piores qualificações.

Entre os estudantes de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos de idade de

cor branca ou raça caucasiana, formada por 3.876.000 (três milhões oitocentos e

setenta e seis mil) membros, 57,9% (cinquenta e sete, nove por cento) frequentam

nível de ensino superior (incluindo: graduação, mestrado e doutorado), enquanto os

estudantes de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos de idade de cor preta ou raça

negroide juntamente com os indivíduos de cor parda ou origem étnico-racial mista

totalizam 3.405.000 (três milhões e quatrocentos e cinco mil) indivíduos, dos quais

25,4%frequentam o ensino superior (incluindo: graduação, mestrado e doutorado).

Outro dado corrobora para a demonstração de que os indivíduos negroides e

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indígenas estão em posição de subordinação em relação aos indivíduos de cor

branca ou raça caucasiana.

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8 LEGISLAÇÕES E RESOLUÇÕES SOBRE AS AÇÕES AFIRMATIVAS EM

UNIVERSIDADES NO BRASIL.

8.1 Leis Federais

Estatuto da Igualdade Racial

Lei Federal nº 12.288, de 20/07/2010

Lei de Ingresso nas Universidades Federais e nas Instituições Federais

de Ensino Médio Técnico

Lei Federal nº 12.711, de 29/08/2012

8.2 Leis Estaduais

Leis Estaduais que instituem programas de ação afirmativa no ensino

superior público e respectivas universidades abrangidas

a) Alagoas - Lei Estadual nº 6.542, de 7/12/2004

UNEAL - Universidade Estadual de Alagoas

b)Amapá - Leis Estaduais n° 1022 e nº 1023 de 30/06/2006 e 1258 de

18/09/2008

UEAP - Universidade do Estado do Amapá

c) Amazonas - Lei Estadual nº 2.894, de 31/05/2004

UEA - Universidade do Estado do Amazonas

d) Bahia - Resoluções CONSU/BA nº 48/2007, de 16/08/2014, nº 34/2006,

de 20/07/2006 e Resolução CONSEPE/BA nº 37/2008 de 14/07/2008.

UNEB - Universidade do Estado da Bahia

UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana

UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

e) Goiás - Lei Estadual nº 14.832, de 12/07/2004

UEG - Universidade Estadual de Goiás

f)Maranhão - Lei Estadual nº 9.295 de 17/11/2010

UEMA - Universidade Estadual do Maranhão

g) Mato Grosso - Resolução CONSEPE/MT nº 200/2004, de 14/12/2004

UNEMAT - Universidade Estadual do Mato Grosso

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h) Mato Grosso do Sul - Leis Estaduais nº 2.605 e nº 2.589

UEMS - Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul

i) Minas Gerais - Lei Estadual n° 15.259 de 27/07/2004; Resolução n° 104

CEPEX/2004; Lei Estadual nº 13.465, de 12/1/2000

UEMG - Universidade do Estado de Minas Gerais

UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros

j) Paraná - Lei n° 13.134 de 18/04/2001 Casa Civil, modificada pela Lei

Estadual nº 14.995 de 09/01/2006, Lei Estadual nº 14.274 de 24/12/2003, Resolução

UNIV/PR nº 17/2013 de 09/12/2013.

UEL - Universidade Estadual de Londrina

UEM - Universidade Estadual de Maringá

UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa

UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro-Oeste

UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná

k) Rio de Janeiro - Leis Estaduais nº 6.433 e nº 6.434, de 15/04/201

UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro

UENF - Universidade Estadual do Norte-Fluminense

UEZO - Centro Universitário Estadual da Zona Oeste

l) Rio Grande do Norte - Lei Estadual nº 8.258, de 27/12/2002

UERN - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

m) Rio Grande do Sul - Lei Estadual nº 11.646, de 10/07/2001

UERGS - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

n) Santa Catarina - Resolução CONSUNI/SC nº 006/2013, de 16/04/2013

UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina

o) São Paulo - Resolução UNESP nº 28/2014, de 26/03/2014

UNESP - Universidade Estadual Paulista

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9 CONCLUSÃO

Conforme essas informações coletadas, deve-se analisar o que de fato

uma ação afirmativa pode trazer de benefício a quem dela necessita, e as cotas

raciais de algum modo são benéficasà sociedade como um todo, pois o acessoà

educação superiorjamais seria possível se não fosse à intervenção estatal, por outro

lado, o Estado é, na realidade, o grande responsável pela situação de desigualdades

sociais, pois oEstado se torna refém da conduta política não voltada para a

educação, em que traz mazelas a um povo sem cultura em um nível mais elevado.

Mas o que deveser analisado, no momento, é a questão das cotas raciais,

quanto a sua constitucionalidade, uma vez que os alunos que se enquadram nesse

contexto de um grupo social, de uma classe discriminada e desfavorecida, é papel

do Estado albergar esse grupo, uma vez que a Constituição Federal, pautada no

princípio da dignidade da pessoa humana, tem o dever de proteger essa categoria

de brasileiros, e que os opositores, desse tipo de ação afirmativa, não aceitam é

colocar a cor da pele como referência de qualificação, deixando o sistema meritório

em um segundo plano. Eles têmtambém fortes argumentos de defenderem o

sistema meritório, pois o fato é que alunos que não foram ao longo de seus estudos

bem preparados, quando atingemum nível superior, terão grandes dificuldades para

acompanhar os mais bem preparados, ou seja, o erro está na base de preparação

do aluno, em que o Estado é omisso, e não se preocupa em resolver o problema da

educação de base, ficando devendo e tendo que de alguma maneira incluir esses

alunos mal preparados em um ensino que se entendeque deveria ser de nível

superior e com um nível de conhecimento mais elevado.

Colocá-los em uma universidade, pelo visto, não é uma tarefa tão difícil,

pois as cotas raciais tornam essa tarefa menos árdua, mas fica a preocupação sobre

o acompanhamento e o aproveitamento desse aluno, a sua progressão, e a sua

conclusão. Segundo alguns estudos feitos em países, que adotaram esse sistema

de cotas, infelizmente, o resultado não foi muito satisfatório, na realidade, foi um tiro

no pé, com pequenas exceções, em que o que entra na instituição pelas

cotas,individualmente, já se sente discriminado, acrescentando a dificuldade de

acompanhamento dos colegas mais preparados, pois é bom lembrar que quando se

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fala em raça ou cor de pele, como critério de algo, já está sendo feita uma

segregação racial.

O fato é que os menos favorecidos, independente, de raça ou etnia

necessitam de uma proteção maior do Estado, visto passarem por privações e

dificuldades em várias circunstâncias, e o Estado tem o dever de dar-lhes mais

oportunidades, e o critério mais justo e menos ofensivo seria o contexto social,

lembrando que os que mais se enquadram nessa situação são exatamente os

afrodescendentes, e que deveriam mudar a nomenclatura de ―COTAS RACIAIS‖,

para ―COTAS SOCIAIS‖, atingindo o mesmo objetivo, sem rotular raças.

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