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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO SERVIÇO SOCIAL NATACHA BESSA SOUSA GURGEL EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO DESPERTAR PARA A CIDADANIA: A Formação do Sujeito Ecológico por Meio da ONG AQUASIS em Comunidades do Município de Caucaia FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO SERVIÇO SOCIAL

NATACHA BESSA SOUSA GURGEL

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO DESPERTAR PARA A CIDADANIA:

A Formação do Sujeito Ecológico por Meio da ONG AQUASIS em

Comunidades do Município de Caucaia

FORTALEZA

2013

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NATACHA BESSA SOUSA GURGEL

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO DESPERTAR PARA A CIDADANIA:

A Formação do Sujeito Ecológico por Meio da ONG AQUASIS em

Comunidades do Município de Caucaia

Monografia submetida à aprovação da

Coordenação do Curso Serviço Social do

Centro de Ensino Superior do Ceará –

Faculdade Cearense, como requisito parcial

para obtenção do grau de Graduação.

FORTALEZA

2013

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NATACHA BESSA SOUSA GURGEL

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO DESPERTAR PARA A CIDADANIA:

A Formação do Sujeito Ecológico por Meio da ONG AQUASIS em

Comunidades do Município de Caucaia

Monografia como pré-requisito para obtenção

do título de Assistente Social, outorgado pela

Faculdade Cearense (FAC), tendo sido

aprovada pela banca examinadora composta

pelos professores.

Data de aprovação: ____/ ____/____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ Ms. Quezia Maia Viana.

_________________________________________________ Ms. José Vinícius Leite Lima.

_________________________________________________ Ms. Jefferson Falcão Sales

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Dedico este trabalho com muito amor, à

minha mãe e à minha irmã Carolina pelo

carinho e por terem tornado este sonho

realidade.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, que iluminou o meu caminho durante esta

caminhada, me abençoando com força e saúde.

Aos meus pais, quero agradecer de forma destacada e grandiosa, pois me

incentivaram a seguir em frente e concluir mais esta etapa em minha vida.

Aos meus filhos Levi e Lucas, que são a minha vida e a razão de toda essa

luta e que infelizmente foram sacrificados, durante os quatro aos de minha

vida acadêmica, com a minha ausência.

Ao meu esposo, que esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis, me

apoiando acima de qualquer coisa. Agradeço-te entregando o que há de

melhor em mim, meu amor.

Aos meus irmãos e família, que nesses quatro anos abdicaram muitas vezes

de minha atenção e carinho, sendo compreensivos e amáveis.

A minha orientadora que além de ter me mostrado os caminhos para a

realização deste trabalho, iluminou de maneira especial meus pensamentos

levando-me a buscar mais conhecimentos. Também foi incentivadora,

disponível e amiga. Muito obrigada por tudo.

A Equipe da AQUASIS em especial a Ana Jesus e o Juaci de Oliveira, que

me acolheram com carinho e atenção, me orientando para a realização

deste, disponibilizando também o material extra para pesquisa e

apresentação. Meu muito obrigado!

A minha amiga Rosana Costa que esteve ao meu lado nesta jornada acadêmica,

me apoiando, incentivando, ajudando, elucidando com as dúvidas e finalmente,

me acalmando nas minhas crises pré-prova. Agradeço no fundo do coração.

Aos meus colegas de sala Danielle Xavier, Diana Souza, Fabrícia Soares,

Maria Danielle, Natália Rolim, Sheridan Guedes, bem como demais colegas

que sempre me ajudaram e toleraram minhas tensões nos trabalhos de equipe.

Aos professores pelo acolhimento, atenção e disponibilidade sempre.

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“A terra pode oferecer o suficiente para satisfazer as

necessidades de todos os homens, mas não a

ganância de todos os homens”.

Mahatma Gandhi

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RESUMO

Este trabalho apresenta uma reflexão sobre a contribuição realizada pela

Organização Não Governamental AQUASIS, por meio do Programa de Educação

Ambiental, com os projetos, “Brigada da Natureza” e “Limpando Mundo”. O objetivo

foi verificar a existência da possibilidade de modificação dos indivíduos, identificando

os impactos, fatores positivos e influenciáveis dos projetos de educação ambiental,

compreendendo também os limites e desafios que esses indivíduos enfrentam no

seu cotidiano. Considerando que o meio ambiente oferece a todos os seres vivos

tudo que é preciso para sua sobrevivência e melhoria, o individuo é desafiado

diariamente a não se deslumbrar, com o prazer em possuir cada vez mais as

“coisas”, entregando-se ao fantástico poder de compra que o capitalismo

proporciona. Já o fator cultural, afeta limitando seus passos em busca do novo, e

juntamente com a falta de criticidade, aliena o individuo, tornando-o um mero

fantoche na “mão” do sistema neoliberal. Por sua vez, este tem um único ideal, a

acumulação de bens e incentivar cada vez mais a prática do consumo, sem pensar

nos impactos socioambientais provocados pelo uso inconsequente dos recursos

naturais. No entanto, em meio a tudo posto, durante o processo desta pesquisa, foi

possível identificar que a educação ambiental é um fator favorável que possibilita a

transformação na vida do individuo, podendo, sim, construir uma nova realidade

social e no cuidado com o meio ambiente, em busca de um planeta sustentável.

Para isto devemos ficar atentos, dando ênfase à conjuntura atual, em que se

encontra o meio ambiente, sem delongar com as providências cabíveis.

Palavras-chave: Conscientização ambiental, cidadania, terceiro setor, educação

popular.

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ABSTRACT

This work presents a reflection about the contribution made by the Non

Governmental Organization AQUASIS through the Environmental Education

Program, with the projects: "Brigade of Nature" and "Cleaning the World". The goal

was to verify the existence of the possibility of modification of individuals, identifying

the impacts, positive and influential factors of environmental education projects, also

understanding the limitations and challenges that these individuals face in their daily

lives. Considering that the environment provides to all living beings everything

needed for their survival and improvement, the individual is challenged daily not to be

dazzled with the pleasure of owning more and more "stuff", surrendering himself to

the awesome purchasing power that capitalism provides. Otherwise the cultural

factor affects limiting his footsteps in search of new, and coupled with the lack of

criticality, alienates the individual, making him a mere puppet in the hands of the

neoliberal system. This system has a single ideal: the accumulation of goods and the

incentive for the practice of consumption, without thinking about the environmental

impacts caused by the inconsequent use of natural resources. However, among this

reality, during the process of this research, we have found that environmental

education is an favorable factor that allows the transformation in the life of the

individual and can build a new social reality with environmental care searching for a

sustainable world. To this we must beware, emphasizing the current situation,

without delay with appropriate actions.

Keywords: Environmental awareness, citizenship, third sector, popular education.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Mapa das Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade no Ceará pela AQUASIS ............................... 22

Figura 2 - Participação no evento do barco quebra gelo......................... 29

Figura 3 - Estação Ecológica do North Shopping.................................... 29

Figura 4 - Limpeza do mangue no projeto “Limpando o Mundo”............. 31

Figura 5 - Mapa de localização das comunidades em que o projeto “Brigada da Natureza” focaliza: Pacheco, Iparana e Parque Leblon...................................................................................... 41

Figura 6 - Quadro de atividades da AQUASIS *RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural.............................................. 45

Figura 7 - Percussão ambiental............................................................... 73

Figura 8 - Atividade educativa de limpeza de praia................................. 73

Figura 9 - Atividade educativa de limpeza de praia................................. 74

Figura 10- Retirada da rede de pesca, presa entre as pedras................. 74

Figura 11 - Retirada da rede de pesca por completo................................ 75

Figura 12 - Materiais encontrado na limpeza de praia............................... 75

Figura 13 - Atividade educativa de limpeza de praia................................. 76

Figura 14 - Os brigadistas na AQUASIS.................................................... 76

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRADEQ Associação Brasileira de Assistência a Dependentes Químicos

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AQUASIS Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos

CUCA Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte

EA Educação Ambiental

EP Educação Popular

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IPOM Instituto Povo do Mar

MINC Ministério da Cultura

OMS Organização Mundial de Saúde

ONG Organização Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

PEACE Programa de Educação Ambiental no Ceará

PNMA Política Nacional do Meio Ambiente

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PRONEA Programa Nacional de Educação Ambiental

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

SESA Secretaria da Saúde do Estado

SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade

WWF World Wide Fund

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 14 2.1 O Meio Ambiente no Contexto Neoliberal ...................................... 14

2.1.1 Breves considerações sobre o Meio Ambiente e os desafios atuais ....................................................................

14

2.1.2 Meio ambiente uma questão social ...................................... 17 2.1.3 Políticas voltadas para o Meio Ambiente.............................. 20

2.2 ONG AQUASIS: Contribuições para o Contexto Socioeducacional ... 22 2.2.1 O papel das ONGs no contexto ambiental ........................... 23 2.2.2 ONG e os desafios para o enfrentamento da Questão Social 24 2.2.3 Cotidiano da comunidade de Iparana, Parque Leblon e

Pacheco: uma difícil realidade. ............................................. 25

2.2.4 AQUASIS e a Comunidade: Educação ambiental para cidadania ..............................................................................

27

2.2.5 Projetos sociais: ações e estratégias para a participação comunitária ..........................................................................

32

2.3 Educação Ambiental: Limites e Possibilidades para o Exercício da Cidadania ......................................................................................

33

2.3.1 Educação Ambiental, sob uma ótica social ......................... 33 2.3.2 Conscientização ambiental pela educação popular: novos

caminhos a serem trilhados na comunidade ...................... 35

2.3.3 Vivências na cidadania: Novas práticas ambientais ........... 39 2.3.4 Projetando caminhos e ultrapassando os desafios: a

incógnita da continuidade ................................................... 40

3 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 42 3.1 Descrição da Área de Estudo ....................................................... 42

3.1.1 Aplicação dos questionários ............................................... 45 3.1.2 Oficinas de atividades ......................................................... 46 3.1.3 Analises dos dados ............................................................. 47

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 48 4.1 Pesquisa Socioeconômica do Projeto Brigada da Natureza –

realizada com os Coordenadores da AQUASIS ........................... 48

4.2 Pesquisa Socioeconômica do Projeto Brigada da Natureza – realizada com os com os brigadistas da AQUASIS .......................

51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 57

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 63

7 ANEXOS ................................................................................................ 69 ANEXO A - Roteiro semiestruturado de questionário ........................... 70 ANEXO B - Roteiro semiestruturado de entrevista ............................... 72 ANEXO C - Registro com fotos de algumas atividades de educação

ambiental realizadas com as crianças e adolescentes da comunidade de Iparana, durante os projetos “Brigada da Natureza e o Limpando mundo” ............................................

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INTRODUÇÃO

A escolha do tema Educação Ambiental (EA) surgiu desde a época que

trabalhei no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA), que me inspirou o interesse pela área ambiental. Todavia, o

ponto principal no qual fortalece a minha escolha foi confirmado somente na

graduação, onde o profissional de Serviço Social tem uma atuação ainda pequena,

diante de uma diversidade de desafio que a área apresenta. Contudo, foi-me

confirmado o interesse novamente, somente, com a existência de uma obra que

trata diretamente do Meio Ambiente no Serviço Social.

Para Martha Tristão,

A Educação Ambiental pode resgatar sensações valorativas para que as subjetividades individuais e coletivas criem um sentimento de pertencimento à natureza, de um contato íntimo com a natureza para perceber a vida em movimento de equilíbrio / desequilíbrio, organização / desorganização, vida/morte, o belo e o bom nela contidos. Essas sensações foram abafadas pelo predomínio de uma racionalidade cognitivo-instrumental do paradigma dominante (TRISTÃO, 2005, p. 261).

A presente pesquisa irá aprofundar-se nas possibilidades de transformações

dos indivíduos que estão inseridos nos projetos de Educação Ambiental,

considerando inicialmente o meio ambiente no contexto neoliberal; visto as

contribuições da Organização Não Governamental (ONG) Associação de Pesquisa e

Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS), propondo-se a identificar os

impactos, fatores positivos e influenciáveis que proporcionam essa modificação do

individuo, despertando-o para uma cultura de Educação Ambiental.

A investigação também buscará compreender os limites e os desafios que

esses indivíduos enfrentam em seu cotidiano, enaltecendo e enriquecendo a

literatura da realidade socioeconômica dessas comunidades na atual conjuntura.

O meio ambiente atualmente tem passado por diversas transformações

catastróficas, que despertaram interesse de estudiosos de todo o mundo a

buscarem alternativas de sobrevivência do nosso planeta.

O progresso industrial experimentado pelos chamados países desenvolvidos desde o início do século XX provocou, juntamente com o

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aumento da produção, a exploração dos recursos naturais e a degradação ambiental. Após a Segunda guerra Mundial, os problemas até então restritos ao nível local assumiram proporções universais (ALIROL, RIBEIRO, H. VARGAS, H.C., 2001, p. 23).

Conforme Moura (2009), sabemos que o capitalismo se tornou um grande

vilão do meio ambiente nos últimos tempo, edificando o consumismo desenfreado

das “coisas” por meio dos indivíduos, desse modo dificultando uma conscientização

do seu real papel como ator neste cenário complexo.

André Trigueiro (2005) afirma que,

[...] É difícil imaginar um mundo de sonhos num planeta onde a publicidade alcança indistintamente ricos e pobres (muito mais pobres do que ricos), que são seduzidos pelos mesmos apelos vorazes de consumo, mas não respondem da mesma maneira esses apelos. Em resumo: quem tem dinheiro banca o “sonho”; quem não tem, lida com o fracasso, com a frustração e com a angustia de viver numa sociedade de consumo que privilegia não o que se é, mas o que se tem (TRIGUEIRO, 2005, p. 24-25).

Todavia Pedro Jacobi (2003) afirma que, este cenário poderá e deverá

radicalmente ser modificado por meio da,

[...] educação ambiental na escola ou fora dela continuará a ser uma concepção radical de educação, não porque prefere ser a tendência rebelde do pensamento educacional contemporâneo, mas sim porque nessa época e nossa herança histórica e ecológica exigem alternativas radicais, justas e pacíficas (JACOBI, 2003, p.198).

Diante disso, a Educação Ambiental deve ser vista como processo de

permanente aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimento e

formar cidadãos com consciência não só local como também globalizada (JACOBI,

2003, p. 198).

A Educação Ambiental se tornou uma forma viável de conscientização

quanto à utilização dos recursos naturais. Todavia é importante analisar os reais

benefícios que esta educação traz ao meio ambiente, visto que o processo de

conscientização de indivíduos geralmente é lento e precário, quando consideramos

a conjuntura social que se encontra a grande maioria da população brasileira neste

contexto neoliberal.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O Meio Ambiente no Contexto Neoliberal

2.1.1 Breves considerações sobre o meio ambiente e os desafios atuais

O crescimento da população aliado à evolução tecnológica tem como

consequência o crescente consumo tanto pela necessidade como pelo desejo. O

preço desse consumismo é a exploração demasiada dos recursos naturais, a

produção desregrada de resíduos e a consequente degradação do meio ambiente.

No entanto, ações efetivas que promovam uma mudança cultural nas relações de

homens e mulheres com a Terra e todas as formas de vida existente no planeta

podem promover mudanças nesse aspecto (JARDIM, 2009, p. 122).

A EA tem se tornado cada vez mais utilizada como meio de buscar apoio e

participação dos diversos segmentos da sociedade para a conservação e a melhoria

da qualidade de vida. Dessa forma, propicia o aumento de conhecimento, a

mudança de valores e o aperfeiçoamento de habilidades, que são condições básicas

para que o ser humano assuma atitudes e comportamentos que estejam em

harmonia com o meio ambiente (JACOBI, 2003, p. 196).

Segundo Vargas (2005), surge necessidade de discutir a EA como eixo

estruturante da ação político/transformadora na sociedade, a partir de sua

capacidade de aglutinar visões, vontades e expectativas em torno da questão

socioambiental, o que estimula o agir coletivo e a conquista progressiva de

patamares cada vez mais elevados de cidadania (VARGAS, 2005, p. 73).

Para Vargas (2005), não existe nenhuma dúvida da relação incontestável

entre educação ambiental, sustentabilidade ambiental e cidadania, na medida em

que entendemos estas como dimensões que se complementam numa rede dinâmica

que conduz à conscientização, ao compromisso, à saúde e qualidade de vida, à

justiça social e, portanto, à conquista da paz entre os povos.

Além disso, a EA tem sido amplamente valorizada e discutida e há aparente

consenso quanto à sua importância. Entretanto, sua credibilidade junto a outras

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áreas de conhecimento, agências financiadoras e entidades afins nem sempre está

em consonância com esse reconhecimento (HERCULANO, 2000)

Nunca se falou tanto em preservação ambiental como nos dias de hoje. A

preocupação com o meio ambiente tomou conta dos meios de comunicação, das

escolas e até mesmo das indústrias. Mas, apesar dessa grande repercussão, a

natureza ainda está sofrendo grandes desgastes por causa da ação do homem, e os

efeitos desse desgaste já podem ser sentidos no nosso dia a dia (BUENO, 2012).

Conforme Bueno (2012), os maiores problemas ambientais da atualidade são

apontados por organizações ambientais como a World Wide Found (WWF) e o

Greenpeace, e mesmo por órgãos governamentais, como a Organização das

Nações Unidas (ONU). Porém, alguns são marcados como mais urgentes ou mais

alarmantes. Na lista dos principais problemas ambientais da atualidade estão

questões como aquecimento global, extinção de espécies, diminuição dos recursos

hídricos, consumo e lixo (BUENO, 2012).

Dentre outros, podem-se destacar também como problema ambiental o

desmatamento das florestas nativas em especial as matas ciliares, que possuem um

papel fundamental para melhoria da quantidade e qualidade dos recursos hídricos.

Costa cita Luiz Eduardo Cheida “A humanidade está diante de uma crise

civilizatória. A forma que conduzimos o progresso em nossa nação retira qualquer

possibilidade, de mantermos um planeta sustentável” (COSTA, 2013).

Assim, podemos definir a Crise Civilizatória como sendo uma crise ética que, sobretudo, impões à sociedade conceitos e valores distorcidos, onde a figura no centro das atenções e das proteções o mercado, a economia, o contexto patrimonial e, até mesmo, o meio ambiente, em detrimento ao ser humano.

Podemos caracterizar a Crise Civilizatória por: banalização das guerras, da fome e da miséria, violência crescente, comportamento social (antissocial), desvalorização da instituição familiar, consumismo, supervalorização da economia, falta de comprometimento ético, deturpação moral, desvalorização da vida, domínio do egoísmo (COSTA, 2013).

Silva (2013) afirma que vivemos uma crise civilizatória que se constitui de

múltiplas crises social, econômica, ambiental, política e de valores.

Assegura ainda Silva,

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Temos um mundo convulso em crises superpostas e uma avaliação equivocada na hierarquização dessas crises. A crise econômica arrasta o sistema financeiro mundial para o colapso. A crise social nos exibe rostos magros de 2 bilhões de pessoas com fome. A crise política, nascida do descolamento entre a representação democrática dos povos e a atuação parlamentar de características corporativistas, denuncia que valores e significados estão sendo perigosamente postos de lado na condução dos interesses públicos. E a crise ambiental, resultante de um modelo de desenvolvimento em que o crescimento econômico não quer ter limites e espolia a base natural de todos os ecossistemas da terra, pode levar à esterilização do planeta pelo aquecimento climático a uma temperatura incompatível com a existência da vida.

A humanidade se dedica alegremente ao consumismo, às preocupações de curto prazo, sem pensar nas condições que as futuras gerações terão para viver (SILVA, 2013).

A chamada crise civilizatória, cujo reflexo sobre o meio ambiente, se

apresenta visivelmente com a deterioração ambiental, a falência dos recursos

naturais e resultados apresentados para a humanidade em geral. Essa crise nos

adverte sobre a necessidade de questionar, criticamente, os paradigmas teóricos

que impulsionaram a legitimidade do crescimento econômico, num processo de

negação da natureza e da vida humana (GROSSI, 2009).

Os múltiplos colapsos que constituem a crise civilizatória que vivenciamos exigem de homens e mulheres, sentido de urgência e mobilização, para o imperativo ético da mudança de atitude que precisaremos ter em face à destruição da vida abundante do planeta. Para isso é importante propiciar o necessário encontro entre política e ética, economia e ecologia e, para os que creem no propósito restaurador da vida, do homem com a natureza, consigo mesmo e com os outros homens (SILVA, 2013).

O jornalista Washington Novaes (2008) chama a atenção para a crise

civilizatória mundial, frisando que o mundo precisa de regras e instituições universais

articuladas para promover as mudanças necessárias em larga escala para a

preservação da vida.

É necessário traçar estratégias, para o enfrentamento da crise dos modelos

civilizatórios atuais, respeitando acima de tudo, os limites que ameaçam a vida no

planeta, além de cuidar do meio ambiente (NOVAES, 2008).

O autor conclui que apesar da legislação ambiental vigente em nosso país ser

uma das mais abrangentes e avançadas do mundo, os desafios a serem guerreados

são de ordem prática e visível em nosso cotidiano.

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2.1.2 Meio ambiente: uma questão social

Os autores Rodrigues e Souza (2009) enfatizam que o homem faz parte da

natureza, porém se reconhece como exterior a ela, se comportando como o

dominador desta relação e se apropriando dos seus recursos naturais, sem se

preocupar com os danos que lhes causam.

A sociedade pertence à natureza, consequentemente é produto do mundo natural por um trabalho de invenção constante. Ela é ao mesmo tempo parte e criação da natureza. E, no entanto, a partir do Neolítico com a aparição das cidades e dos Estados, a sociedade, assim como o pensamento e o saber, se construiu contra a natureza. Ela também gerou as divisões entre os homens em nome de uma necessidade imposta pela luta contra o mundo exterior. Ademais, sob o argumento e se proteger contra as energias naturais incontroláveis, a sociedade multiplicou as proibições e as interdições. A divisão do trabalho, por sua vez, para responder às necessidades técnicas de produção de acumulação que nos colocaria ao abrigo da escassez, separa indivíduos e grupos em castas e classes sociais (MOSCOVI, 1974, apud DIEGUES, 2004, p.49-50).

Dallago (2010) afirma, que o modo de produção da sociedade capitalista é

que determina de uma forma ou de outra, as relações sociais, econômicas e

políticas. Contudo o resultado de tudo isso tem sido refletido diretamente no meio

ambiente de forma catastrófica, diante das explorações irracionalmente

equivocadas.

Rodrigues (2009), neste desígnio afirma,

Os problemas que o meio ambiente enfrenta, têm suas origens ligadas ao sistema capitalista, vez que a questão ambiental, não se pode ignorar que se tornou um dos problemas mais sérios para a humanidade, pois ocorre sobre as condições de sobrevivência da vida na terra e as relações entre grupos sociais e sociedade (RODRIGUES; SOUZA, 2009).

Aloísio Ruscheinsky (2012) reafirma que,

[...] às conseqüências da produção-distribuição-consumo capitalista para a natureza não humana, os resultados diários em matéria de devastação e poluição nas terras, mares, rios e ar não precisam sequer de qualquer comentário adicional (pois são matérias cotidianas inclusive da mídia que serve os donos do poder) (RUSCHEINSKY, 2012).

Desse modo, as diferentes formas de apropriação da natureza, muitas vezes,

transformam-na em propriedade privada capitalista, entendendo-se que o meio

ambiente hoje tem seus problemas diretamente ligados com as expressões da

“questão social”.

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Conforme Trigueiro (2005), o mundo tem sofrido sérios abalos com o

esgotamento dos recursos naturais. Várias são as denúncias no relatório de

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), alusivas ao colapso

no meio ambiente. Uma dessas denúncias é que “o consumo de recursos naturais já

supera em 20% ao ano a capacidade do planeta em regenerá-los”, tendo sido

derivada do estudo realizado pela ONG World Wide Fund for Nature (WWF).

Segundo Trigueiro (2005), vivenciamos constantes aumentos “no consumo

das coisas” e para análise consciente desses fatos, devemos ressaltar o contexto

histórico e por meio de uma visão macro, realizamos a leitura da atual conjuntura.

O consumo teve inicio na Revolução Industrial e somente atingiu seu ápice,

com o avanço tecnológico. O relatório Estado do Mundo 2004, do Worldwatch

Institute, traz vários elementos que apontam e afirma que o consumo, se tornou o

ponto-chave para a destruição do nosso planeta e, como também os níveis elevados

de obesidade, meio ambiente maltratado, pouco tempo livre, endividamento das

pessoas, índice elevado de desigualdade social (TRIGUEIRO, 2005).

Trigueiro (2005) enfatiza ainda que dentre tantos elementos, pontuam-se as

despesas com a aquisição de bens e serviços, que quadriplicou desde 1960 até à

atualidade; o consumismo exagerado no século passado prejudicou aos sistemas de

transporte antiecológicos, o consumo compulsivo destroem sistemas naturais e

impede que a maioria empobrecida de habitantes do Planeta possam atingir níveis

básicos de desenvolvimento.

O relatório do Worldwatch Institute afirma também que a população norte-

americana e europeia são responsáveis por 60% do consumo mundial, enquanto

as populações do sudeste asiático e África sul-saariana representam 3,2% do

consumo mundial (TRIGUEIRO, 2005).

Afirma Trigueiro (2005) que o consumismo desenfreado é como uma doença,

e acomete aproximadamente 3% da população brasileira, em sua maioria

mulheres. São pessoas que usufruem apenas o momento da compra, mas não o

produto, que muitas vezes fica de lado por não ter utilidade alguma.

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Talvane de Moraes (2012) assegura que ‘oneomania’, é de fato uma doença

de natureza psicológica do consumismo compulsivo, sendo ele ocasionado por uma

ligação de elementos emocionais com o biológico (MORAES, 2012).

As distorções do consumo, em diferentes graus e modalidades, têm gerado

sérios problemas até chegar ao consumismo, que consiste numa mentalidade

arraigada e hábitos mórbidos, mais ou menos compulsivos, que embotam a

consciência do cidadão consumista. Por isso, essa forma de degeneração deve ser

analisada sob os pontos de vista cultural, social, econômico e psicológico, pois,

muitas vezes, o consumista é uma espécie de pessoa mistificada. Somados os

milhões e milhões de consumistas existentes na população mundial representam

uma ameaça global para o meio ambiente, tanto mais, que essa mesma população

cresce em taxas ainda assustadoras, sobretudo, nos países pobres ou em vias de

desenvolvimento (CARVALHO, 2013).

Segundo o Ministro Moreira Franco (2012), o Brasil apresenta um quadro

benéfico na economia nacional frente a grandes países do mundo e tal conjuntura se

deve à ascensão da classe média com destaque a nova situação econômica brasileira.

Moreira Franco afirma que a classe média brasileira é responsável por injetar

anualmente mais de 1 trilhão de reais na sociedade. A capacidade de consumo do

povo brasileiro o coloca entre uma das economias mais forte do mundo, vencendo

até mesmo países europeus como Suíça e Holanda.

O Brasil possui atualmente uma economia forte e sólida. O país é um grande produtor e exportador de mercadorias de diversos tipos, principalmente commodities minerais, agrícolas e manufaturados. As áreas de agricultura, indústria e serviços são bem desenvolvidas e encontram-se, atualmente, em bom momento de expansão. Considerado um país emergente, o Brasil ocupa o 7º lugar no ranking das maiores economias do mundo (dados de 2012). O Brasil possui uma economia aberta e inserida no processo de globalização (ECONOMIA BRASILERA, 2012).

No entanto, Marta Vieira (2013) em entrevista a Jefferson de Paul, Presidente

para as Américas da ArcelorMittal, maior produtora de aço do mundo comandada

pelo lendário empresário indiano Laskmi Mittal, critica a falta de obras no país e

prevê mais um ano de baixo crescimento econômico: "vejo um Brasil em situação

difícil e que vai precisar de mudanças".

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Há séria preocupação, no mercado, com os rumos da economia brasileira, em

médio prazo, face aos desacertos que o Governo vem cometendo nos últimos dez

anos. São muitos os sinais evidentes dessas falhas, que se refletem atualmente no

acentuado desequilíbrio fiscal e constante crescimento da dívida pública,

caminhando na direção de 60% do PIB (JORNAL DO BRASIL, 2013).

Fazem parte desse quadro negativo, os equívocos da política energética praticados contra duas das maiores empresas do Brasil, a Petrobras e a Eletrobrás, desestabilizando-as financeiramente, com enormes prejuízos para a grande massa de seus acionistas minoritários. Acrescenta-se a isso, a precária situação do sistema portuário e rodo ferroviário, responsável por importante parcela dos custos do setor produtivo, agrícola e industrial.

Não se pode dizer que o país esteja à beira da falência, como vários países europeus, inclusive a França, que acaba de ser rebaixada pelas agências de classificação de risco. Mas é evidente que o Brasil não está a salvo de um possível rebaixamento, como já tem sido anunciado e pode ser visto pela evolução do "Risco Brasil", que já subiu do índice 135, em janeiro deste ano para mais de 230 no segundo semestre, até novembro (JORNAL DO BRASIL, edição 29.11.2013).

É possível afirmar que os destinos do Brasil e da Petrobrás caminham em

paralelo. Assim, é importante acompanhar de perto a trajetória da grande empresa

petroleira brasileira, para antecipar o que pode acontecer à economia brasileira,

neste e nos próximos anos (JORNAL DO BRASIL, 2013).

2.1.3 Políticas voltadas para o meio ambiente

Na história da humanidade é recente a preocupação com a preservação do

meio ambiente, e os acontecimentos de catástrofes e problemas ambientais, fizeram

com que fosse exigida dos organismos internacionais nova postura, com marcante

atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) (COUTINHO, 2013).

Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

A Constituição Federal de 1988 prevê um meio ambiente ecologicamente

equilibrado como direito de todos; um bem de uso comum fundamental para melhor

qualidade de vida, responsabilizando o poder público e a coletividade como um todo

pela preservação e sua defesa (BRASIL, 1988).

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A legislação brasileira sofreu forte pressão com o surgimento de novas leis,

como a Lei n° 6.938/81 – Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que

reconhece o meio ambiente como um direito próprio e autônomo e determina as

preocupações pontuais, centradas em problemas específicos inerentes a questões

ambientais de vizinhança, propriedade, ocupação do solo, utilização dos recursos e

apropriação das florestas etc.

Iniciou-se então, no Brasil, uma política com princípios, diretrizes e

instrumentos para a proteção ambiental. O Brasil avança e, na Constituição de 1988,

cria-se o elemento normativo para considerar o Direito Ambiental uma ciência

autônoma dentro do ato jurídico brasileiro, a exemplo do que já vinha acontecendo

em outros países.

Tais princípios são relevantes indicações para mudanças nos espaços

urbanos, na melhoria da qualidade de vida de grandes contingentes populacionais,

para a proteção e salvaguarda do meio ambiente.

De acordo com o Programa de Educação Ambiental no Ceará (PEACE),

todos os órgãos no Ceará que atuam com Meio Ambiente e Educação, assim como

ONGs, entidades da sociedade civil, outras instituições parceiras e Programas

Municipais, devem integrar o sistema nacional de Educação Ambiental em

concordância com o PRONEA, de forma descentralizada (CEARÁ, 2009).

A estratégia da PEACE é valorizar a cultura local, por meio do incentivo à

preservação dos costumes culturais, característico de cada município, das suas

condutas, cultura artística regional, combinado com a preservação e conservação

ambiental (CEARÁ, 2009).

ALMEIDA e GEHLEN (2013) analisam que os movimentos sociais,

encontram nesta cena a sua área de intervenção, despendendo-se em esforços

para solucionar os problemas. Desse modo, a população além de assumir sua

responsabilidade pela preservação e defesa do meio ambiente, atua por meio dos

movimentos sociais e da sociedade civil organizada, demonstrando apreço pela

defesa e vigência dos direitos sociais.

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2.2 ONG AQUASIS: Contribuições para o Contexto Socioeducacional

A Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos

(AQUASIS) é uma organização civil sem fins lucrativos, fundada em abril de 1994,

com sede no município de Caucaia, Estado do Ceará, cuja missão é “desenvolver

ações e pesquisas para preservação da biodiversidade e o uso responsável dos

recursos naturais no nordeste do Brasil, estimulando mudanças de atitude para a

construção de uma sociedade sustentável” (AQUASIS, 2013).

O Programa de Educação Ambiental da AQUASIS atua em todo o território

cearense, contudo tem suas áreas prioritárias de atuação, conforme a figura a seguir,

tendo em vista a preocupação com a conservação da biodiversidade no Ceará.

Figura 1 – Mapa das Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade no Ceará pela AQUASIS. 1) Bacia dos rios Timonha e Ubatuba: peixe-boi marinho, aves migratórias, manguezais, ilhas estuarinas; 2) Chapada do Araripe: soldadinho-do-araripe, aves ameaçadas, mata úmida, recursos hídricos; 3) Maciço de Baturité: periquito-cara-suja, aves ameaçadas, mata úmida; 4) Quixadá: periquito cara-suja; 5) Litoral leste do Ceará: peixe-boi, bancos de algas e fanerógamas, falésias, aves migratórias, pesca artesanal; 6) Região Metropolitana de Fortaleza: boto-cinza, ordenamento da expansão urbana.

2.2.1 O papel das ONGs no contexto ambiental

No que diz respeito à temática do meio ambiente e ao papel que nele têm

buscado desempenhar – o do exercício diferenciado de uma cidadania ampliada –

as ONGs em todo o mundo, e também no Brasil, têm atuações bem diversificadas,

com ações em diversas áreas de sumária importância para a população e para o

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meio ambiente, por exemplo, ONGs de proteção de animais em extinção e

preservação de matas e florestas (HERCULANO, 2000).

Essas organizações em grande parte das regiões do Brasil assumem papel

relevante, pois colaboram na conservação do meio ambiente e na conscientização

da população. Apesar disso, devido à falta de cumprimento às legislações e de

fiscalizações eficazes, o trabalho dessas ONGs é comprometido.

[...] a educação ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica (LEONARDI, 1997).

No cenário brasileiro, as ONGs e os movimentos sociais têm sido referências

no exercício de cidadania e atuado como atores políticos para alcançar o

desenvolvimento sustentável – com o intuito de promover justiça social e equilíbrio

ambiental a um só tempo.

Por se tratarem de entidades civis, essas organizações dependem de muitas

formas de auxílio para continuar seu funcionamento, seja por partes de incentivos

privados, seja por parte do Estado por meio dos programas do governo, para

elaboração de projetos. Dessa forma, é muito comum que pessoas realizem trabalhos

voluntários ou mesmo façam doações a essas organizações sem fins lucrativos.

2.2.2 ONG e os desafios para o enfrentamento da questão social

A expansão acelerada das cidades de forma desorganizada tem feito com

que nas últimas décadas, o Brasil passasse por significativas mudanças

econômicas e tecnológicas que alteraram os hábitos de consumo dos cidadãos

(TENÓRIO e SOARES, 2007).

Nesse contexto, o planejamento e a gestão ambiental urbana, têm como um

dos fatores alarmantes a destinação final dos resíduos sólidos, tarefa que o poder

público deve equacionar de forma equilibrada com a participação da sociedade civil.

A Constituição Brasileira atribui aos Municípios, em seu artigo 30, inciso V,

“serviços públicos de interesse local”, dentre os quais se inclui a coleta e destinação

de resíduos sólidos. No Brasil, portanto, a coleta e tratamento do lixo são

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primordialmente incumbência pública, podendo ser delegada ao setor privado

mediante concessão ou permissão. Entretanto, no âmbito público, os custos para tal

atividade são demasiadamente altos, sobretudo para os municípios de menor

população, cuja arrecadação é notadamente menor (OLIVEIRA, 2012).

A disposição inadequada do lixo urbano em vazadouros a céu aberto acarreta

poluição considerável no meio ambiente, tanto no ar, quanto nas águas e

principalmente nos solos. A questão dos resíduos sólidos também atinge o município

de Fortaleza localizado na zona costeira cearense. Embora o lixo domiciliar seja

coletado de forma sistemática e tenha como tratamento o aterro no destino final,

observa-se a disposição desordenada de lixo (FIRMEZA, 2005).

Conforme Firmeza (2005) a presença de lixo domiciliar, restos de alimentos,

entulhos de construção, folhas, galhos, utensílios domésticos, metais, plásticos,

vidros, papéis e outros resíduos, em grandes volumes, formam pontos de lixo em

locais impróprios, tais como calçadas, terrenos baldios, encostas e espaços públicos.

Essa situação é agravada no período chuvoso pelo acúmulo de água e umidade no

lixo, atraindo vetores transmissores de doenças e, considerando, ainda, a lavagem

das ruas e o carreamento desses resíduos pelas águas pluviais para os cursos

d’água, lagoas, região estuarina e orla, ocasionando poluição.

Surgem, nesse cenário, novos modelos de gestão e atores. Destacamos

entre eles os trabalhadores das cooperativas e/ou associações que coletam e

separam materiais recicláveis para venda coletiva e distribuição das sobras.

As cooperativas contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos

indivíduos em seus municípios, são excelentes opções de geração de emprego e

renda. Porém, é questionada sua exiguidade enquanto mecanismos para a gestão

ambiental nas pequenas e médias cidades, desse modo, muitas vezes por falta de

qualificação, esses órgãos não conseguem operar organizadamente, com

sistemática e efetividade na coleta seletiva (TENÓRIO, 2007).

Devemos lembrar que o resgate da cidadania desses trabalhadores e de suas

famílias, a geração de renda por meio da sua inserção na cadeia produtiva de forma

planejada e a baixa dos gastos com reciclagem, são as vantagens cruciais para a

utilização e promoção dessas cooperativas (TENÓRIO, 2007).

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Fortaleza possui três Centros de Triagem de Resíduos Sólidos (CTRS) em

total funcionamento, fixado nos bairros Jangurussu, Bonsucesso e Vila União. A

Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente constantemente promove

ações de educação ambiental, objetivando a segurança urbana, assim como a

saúde ambiental (PMF, 2013).

2.2.3 Cotidiano da comunidade de Iparana: um novo olhar

As crianças e adolescentes integrantes do Projeto “Brigada da Natureza”

residem nas comunidades de Iparana e Pacheco. Em vista disto o projeto está

intrinsecamente ligado ao cenário de vulnerabilidade existente no contexto

comunitário, sofrendo com as refrações das questões sociais, bem como, a extrema

pobreza, os usuários de álcool e outras drogas.

O cenário socioeconômico de Iparana modificou-se com a vinda de dezenas de

Centros de recuperação para a região. Conforme denúncia da Associação Brasileira

de Assistência a Dependentes Químicos (ABRADEQ), o grande problema é que

esses Centros são administrados por ex-usuários, que não possuem preparação

técnica para tratar os dependentes químicos, nem mesmo tem o nível superior. Além

disso, esses centros não dispõem de profissionais especializados como, psicólogos,

assistentes sociais, nutricionista, conselheiros em dependência química e, até mesmo,

instalações apropriadas para um tratamento eficaz e funcionamento legalizado

(DIÁRIO DO NORDESTE, 2013).

Apesar da portaria RDC 029 (Resolução da Diretoria Colegiada) da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que trata “sobre os requisitos de

segurança sanitária para o funcionamento de instituições que prestem serviços de

atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de

substâncias psicoativas”, tornar obrigatória a fiscalização nos centros de recuperação

de dependentes químicos, por parte da Secretaria da Saúde do Estado (SESA), isto

não ocorre, agravando ainda mais a situação dos usuários, e em conseqüência

disso, quando estes saem do tratamento sem muito sucesso, acabam por se

instalarem nas comunidades vizinhas, fortalecendo assim o mercado de drogas ilícitas

na região (DIÁRIO DO NORDESTE, 2013).

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Lobo (2011) aponta que existem vários apoios financeiros advindos do Estado

por meio de projetos destinados às comunidades da região, que visam incentivar a

formação cultural, social e a capacitação profissional, atuando como participantes

em várias temáticas sociais, culturais e ambientais.

Como exemplo, o projeto Ponto de Cultura Artesanato e Tradição que resgata

gerações com os saberes e fazeres artesanais da comunidade Iparana, e teve início

em 2009, sendo realizado na própria comunidade, contando com a participação de

quarenta jovens. Esse projeto visa despertar o interesse dos jovens e adolescentes

em vivenciar e aprender o artesanato de Iparana e capacitar artesãos.

As atividades do projeto são realizadas no Centro de Artesanato de Imbuaça,

onde se encontra em funcionamento a Fundação Irmã Zilpha Augusta Bezerra.

A comunidade se reúne nesse espaço para debates com a liderança dos

movimentos sociais da comunidade e a realização de eventos (LOBO, 2011).

De acordo com o coordenador pedagógico do Ponto de Cultura Artesanato e

Tradição, Sr. Alysson Maciel, o projeto tem interesse em fundar o Museu

Comunitário de Tradições, que será de grande valor cultural para o local,

fortalecendo assim as raízes culturais e sociais da região (LOBO, 2011).

Quanto mais conscientização, mais se ‘desvela’ a realidade [...] A ‘conscientização’ não pode existir fora da ‘práxis’, ou melhor, sem o ato ação-reflexão. Esta unidade dialética constitui o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens. Por isso, a conscientização é um compromisso histórico. É também consciência histórica: é inserção crítica na história, implica que os homens assumam o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo (FREIRE, 1979, p.26).

A Colônia Ecológica SESC Iparana também é outro exemplo, e promove

eventualmente fóruns sociais, encontros, atividades gratuitas, passeios de barco na

Barra do Ceará, limpeza de praia e conta com a participação das comunidades de

Iparana. O intuito é esclarecer a população quanto à proteção, preservação e

sustentabilidade da natureza, seus aspectos geográficos e sociais em torno da

colônia, e conscientizar a sociedade sobre sua memória e salvaguarda territorial

(SESC-CE, 2013).

2.2.4 AQUASIS e a Comunidade: Educação Ambiental para cidadania

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Carvalho (2006) argumenta,

[...] que tipo de contribuição esta pode vir a trazer para o desenvolvimento

da comunidade [...] permite não apenas um maior discernimento das

informações veiculadas sobre as riquezas naturais, mas também um melhor

aproveitamento das mesmas, através do exercício da cidadania e da

tomada de decisões ecologicamente adequadas em prol da qualidade de

vida da comunidade local (CARVALHO, 2006).

A AQUASIS tem um Programa de Educação Ambiental que visa promover a

construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

voltadas para a conservação do meio ambiente e a conservação de espécies

ameaçadas de extinção. Esse programa é constituído por vários projetos de

Educação Ambiental, entre eles estão os projetos “Brigada da Natureza” e “Limpando

Mundo” (AQUASIS, 2013).

Entendemos, portanto, a educação ambiental como a possibilidade de construir uma sociedade mais sustentável e justa, democrática e participativa, capaz de estabelecer uma rede solidária de relações não só com esta, mas com as futuras gerações (VARGAS, 2005).

O projeto “Brigado da Natureza” existe há doze anos por meio da parceria

entre a AQUASIS e o SESC, desenvolvendo atividades de educação ambiental,

culturais, sociais e desportivas e tem contribuído no desenvolvimento do

conhecimento, habilidades e valores das crianças e adolescentes, conscientizando-

os da proteção e conservação da natureza. Utiliza também várias linguagens e

expressões culturais brasileiras, como exemplo: danças, cantigas, capoeira,

brincadeiras, teatro e outras mais, além das esportivas que o projeto enfoca no surf

e natação. Preocupa-se com a integração das crianças e adolescentes nos

processos de conservação dos seus projetos, de maneira que se interessem e

participar ativamente das ações de consciência ecológica, nas limpezas de praias,

cortes ecológicos, apresentações teatrais e musicais, sem olvidar o prazer do

conhecimento científico (AQUASIS, 2013).

O projeto realiza atividades de Educação Ambiental com vinte crianças e

adolescentes, com idade entre 9 e 17 anos, juntamente com seus familiares,

moradores das comunidades de Caucaia (Iparana, Parque Leblon e Pacheco), no

intuito de promover e desenvolver a cidadania desses indivíduos. O processo de

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seleção de seus novos integrantes se dá anualmente em parceria com escolas das

comunidades de Caucaia (AQUASIS, 2013).

Os brigadistas são as crianças e adolescentes integrantes do Projeto

“Brigada da Natureza” da AQUASIS. Eles participam de duas etapas de

aprendizado no decorrer do ano: a primeira se refere ao primeiro semestre e a

coordenação do projeto dá ênfase à habilidade, conhecimento e principalmente nas

suas formações. No segundo semestre as atividades são voltadas a encaminhá-los

para as artes, com participações das apresentações culturais, musicais e da cultura

popular. De acordo com o coordenador do projeto Juaci de Oliveira, a ideia é

sensibilizar as crianças e adolescentes para a importância da preservação da

natureza (AQUASIS, 2013).

Marroni e Asmus asseguram que,

A necessidade de conscientização das comunidades envolvidas em um processo de gestão torna-se um fator indispensável, na medida em que, direta ou indiretamente, estas pessoas são usuárias do meio em que vivem. Por isso, devem compreender melhor seu ambiente para poder usufruí-lo com moderação, preservando-o para as gerações futuras. Conhecer e ser responsável pelo lugar em que se vive, encoraja a transmissão de valores e experiências adquiridas, despertando lideranças e a comunidade em geral

(MARRONI; ASMUS, 2003, p.100).

A participação em eventos culturais é uma das formas mais dinâmicas de

conscientização da população para a preservação da natureza, incluindo o ecossistema

marinho, e é realizada em vários pontos do Estado, como:

Evento realizado no barco quebra-gelo do “Greenpeace”, onde os

brigadistas se apresentaram cantando suas músicas ambientalistas, com a

finalidade de “quebrar o gelo dos corações das pessoas que não protegem

a natureza”.

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Figura 2 – Participação no evento do barco quebra gelo. Fonte: Juaci de Oliveira/AQUASIS.

Exposição de fotografias organizada pela AQUASIS em parceria com o

Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (CUCA) da Barra do

Ceara, intitulada de "Coisas do mar pro rio e do rio pro mar”, onde os

brigadistas mostram por meio de registros fotográficos suas atuações

ambientais. Segundo Juaci de Oliveira, coordenador da AQUASIS, a

“proposta maior de abordar os problemas ambientais é realizar uma

interfase entre os (as) jovens brigadistas e o público, a fim de que haja um

intercâmbio de ideias e conhecimentos”.

Integrantes da Brigada da Natureza apresentam suas músicas

ambientalistas na III Estação Ecológica North Shopping.

Figura 3 – Estação Ecológica do North Shopping. Fonte: Juaci de Oliveira/AQUASIS.

O Projeto “Limpando o Mundo” tem como executores as ONGs AQUASIS e o

Instituto Povo do Mar (IPOM), conta com o apoio do SESC e patrocínio da

GREENISH. Sua missão é mobilizar as comunidades de Fortaleza e Caucaia para a

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conservação dos ecossistemas marinhos por meio da sensibilização e

conscientização (AQUASIS, 2013).

O dia mundial de limpeza de praia ocorre todos os anos no terceiro sábado do mês de Setembro. Ao redor do nosso planeta, organizações governamentais e não governamentais, juntamente com a sociedade civil organizada, se propõem a ações de Limpezas de Praias (remoção de resíduos sólidos nas faixas litorâneas) e ações elucidativo-educativas de Educação Ambiental para a população que carece desse tipo de informação, focando divulgar as consequências da poluição marinha nos ecossistemas e na vida humana e o destino correto dos resíduos sólidos (AQUASIS, 2013).

O Projeto Limpando o Mundo atua com 27 grupos em 25 localidades de

sete municípios do Estado do Ceará: Trairi, Paracuru, Caucaia, Fortaleza,

Aracati, Beberibe e Icapuí, com a participação de aproximadamente 540

voluntários cadastrados na ação (AQUASIS, 2013).

O projeto iniciou nova edição em abril de 2013 até final de 2014, com visitas

às comunidades dos municípios de Fortaleza e Caucaia; realizam cadastro de

voluntários e instituições; organizam e formam os grupos de voluntários para as

ações de monitoramento e remoção do lixo das praias, rios e mangues. No final,

será apresentado um “Diagnóstico do Lixo Marinho” com banco de dados de

imagens e estatística, que tem o objetivo de orientar nas estratégias e busca de

soluções de um dos maiores problemas ambientais do planeta que vem afetando e

impactando todos os oceanos e as zonas costeiras.

Nesse projeto, uma série de ações de EA com encontros, oficinas e rodas de

diálogos ajudam na sensibilização das comunidades com informações sobre a

biodiversidade marinha, conservação e a importância da coleta seletiva, bem como da

reciclagem nas grandes cidades, gerando em suas localidades uma rede de pessoas

multiplicadoras e atentas à nova lei nacional de gerenciamento de resíduos sólidos -

Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.

Outro ponto forte é a utilização de várias linguagens das artes com a promoção

de um movimento de artistas em torno da causa. A campanha já ganhou duas músicas

de autoria dos jovens voluntários do projeto e tem um movimento de cultura popular

com percussão, capoeira, “raps” e artistas plásticos.

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O dia mundial de limpeza de praias e rios, desde 1989, ocorre no terceiro

sábado de setembro. Os primeiros esforços para realização dessa iniciativa

aconteceram na Austrália e nos Estados Unidos, pela organização “Ocean

Conservancy”.

No Ceará, a AQUASIS mantem também este trabalho a partir de 1994. Em

2013, os surfistas Petrônio Tavares, Calunga, Paulo Saade (Dado), Juaci Oliveira e

Alberto Campos preocupados com esse problema se uniram e reforçaram nova linha

de trabalho para atuar na sociedade unindo três instituições: IPOM, AQUASIS e a

GREENISH, a qual se tornou patrocinadora oficial do Projeto Limpando o Mundo no

Ceará (AQUASIS, 2013).

Figura 4 – Limpeza do mangue no projeto “Limpando o Mundo”. Fonte: Juaci de Oliveira/AQUASIS.

O ambientalista Ian Kiernan, fundador da iniciativa de conservação dos

ambientes aquáticos, durante uma viagem de volta ao mundo num iate, ficou

sensibilizado com a quantidade de lixo presente nos oceanos. Com o apoio de uma

comissão de amigos, ele organizou um evento da comunidade – Clean Up Sydney

Harbour, onde, aproximadamente 40.000 voluntários se reuniram para ajudar a

limpar os oceanos. A iniciativa obteve êxito e é realizada até hoje (IPOM, 2013).

Desde 1994, tais campanhas em cooperação com vários parceiros mobilizaram

mais de 9.000 voluntários no litoral do Ceará, foram removidas mais de 50 toneladas de

lixo das áreas praianas, manguezais e estuários, benefício que evitou que esses

resíduos sólidos se espalhassem no oceano e continuassem a causar danos aos

ecossistemas costeiros. O SESC Ceará, desde 2001, vem incentivando, apoiando e

participando com a AQUASIS nessas ações (IPOM, 2013).

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2.2.5 Projetos sociais: ações e estratégias para a participação comunitária

Paulilo (2009) assegura que diferentes governos utilizam estratégias de

enfrentamento de várias situações e defende, portanto a participação comunitária,

porém não há determinação nítida sobre essa participação. A intenção ideológica

que perpassa essa opinião apresenta diversas, até mesmo contraditórias,

interpretações, sobre seus possíveis significados.

Desse modo, manifesta-se de diferentes formas: ao compartilhar informações,

responsabilidades e decisões; na ação direta por meio de projetos; ao exercer

pressão junto às organizações públicas e privadas para o atendimento de demandas

específicas; no exercício de controle social do investimento público; no aumento da

capacidade de auto-organização e de consciência para a ação política.

A participação comunitária quando exposta como meio/espaço, geralmente,

torna-se como mobilização que se propõe a determinado objetivo, quando é

identificado como fim. O alvo não é ter objetivo fixo e quantificável, e sim “um

processo cujo resultado é uma crescente e significativa participação no processo de

desenvolvimento” (PAULILO, 2009).

No entanto, a participação encontra-se sucessivamente relacionada a uma

certa ação, cuja avaliação deve ser vinculada aos canais pelos quais são

implementadas as finalidades alcançadas e a forma como é definida, bem como os

instrumentos pelos quais os resultados podem ser mensurados.

Um tema colocado na análise da participação comunitária, muitas vezes, diz

respeito à mensuração de seus alcances e de sua intensidade. As organizações

comunitárias se diferem na forma como trabalham; no grau de mobilização que

obtêm; nos objetivos que estabelecem; e na sua capacidade de redistribuir

oportunidades e recursos em favor dos grupos que elas representam. No entanto,

nem todos os projetos incluem em suas estratégias a participação comunitária e

nem aqueles que a adotaram, obtém resultados exatamente como o esperado

(PAULILO, 2009).

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2.3 Educação Ambiental: Limites e Possibilidades para o Exercício da

Cidadania

2.3.1 Educação Ambiental, sob uma ótica social

[...] Educação e Serviço Social são áreas afins, cada qual com sua especificidade, que se complementam na busca por objetivos comuns e projetos político-pedagógicos pautados sob a lógica da igualdade e da comunicação entre escola, família, comunidade e sociedade (SOUZA, 2008, p.39).

Nanili (2001) expõe que o terceiro milênio é a era da educação e da

informação. E a conscientização será a passagem para conseguir uma sociedade

próxima ao imaginada, com pessoas mais felizes e acima de tudo mais humanas.

Conforme Massine (2010), a Educação Ambiental traz no seu contexto, uma

das vias imprescindíveis para viabilizar o desenvolvimento global, e atua como

ferramenta na prevenção e recuperação das áreas degradadas, sobretudo, na

preservação do planeta e na conscientização da coletividade. Essa conscientização

diz respeito à importância do comprometimento com o desenvolvimento humano e

ambiental, auxiliando os indivíduos a ter uma visão mais ampla dos valores, dos

costumes, dos atos e dos ideais de vida, com o verdadeiro intuito de ocasionar

transformações internas.

Massine (2010) ilustra que este instrumento conscientizador foi referenciado

no Brasil, somente com a PNMA, em agosto de 1981. Entretanto, ocorreu um

reconhecimento de valor na inserção "da educação ambiental a todos os níveis de

ensino, e na educação da comunidade objetivando capacitá-la para a participação

ativa na defesa do meio ambiente" (Art. 2º, X). No entanto, foi previsto somente pela

Constituição Federal de 1988 (Art. 225, parágrafo 1º, inciso VI) e em 1999, na PMNA

(Lei nº 9.795/99), que trouxe como definição de Educação Ambiental, os processos

por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,

conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação

do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à melhor qualidade de

vida e sua sustentabilidade.

Para Massine (2010), a EA lê como um acontecimento possível e progressivo,

não tolerando alguma crença de que seja uma ação pronta, e por fim, sendo

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avaliado como método de transformação que se encontra em constante

desenvolvimento, para um despertar ecológico, auxiliando na formação de pessoas

dignas e comprometidas com todos (MASSINE, 2010).

No contexto atual neoliberal, Massine (2010) adverte que os professores e

educadores têm papel fundamental na conscientização do indivíduo, independente

do nível de ensino, fazendo-se necessário que contenham formação ética, com a

finalidade de conscientizar a coletividade do seu papel crítico, diante desta

conjuntura social, alertando-os quanto aos limites dos recursos naturais do nosso

planeta e sobre as questões da sustentabilidade.

Nesse panorama, o docente, enquanto professor-educador possui papel de altíssimo grau na questão do resgate de uma conscientização ecológica eficaz, por assim dizer cidadã, sendo verdadeiro sujeito ideológico na medida em que orientam o educando nas suas ideias, práticas, pensamentos, reflexões, entre outros (MASSINE, 2010).

Quando for ressaltada a multidisciplinaridade abrangente da Educação

Ambiental, será possível incentivar e auxiliar nas mudanças de comportamentos e

novas práticas conscientes, referente à utilização dos recursos naturais, e acima de

tudo, na busca pelo equilíbrio natural, a fim de modificar o triste cenário do

analfabetismo ambiental, onde o homem é o ator, e, muitas vezes, peca por não

conhecer o meio em que vive.

[...] através da educação ambiental, seja possível desenvolver um processo crítico-transformador, que possa questionar mais profundamente a realidade econômica, política e cultural da sociedade em que vivemos, auxiliando o homem em sua coexistência, cada vez mais complexa, com o meio ambiente (CARVALHO, 2006).

Essa transformação será decorrente da consciência ecológica proposta pela

Educação Ambiental, apresentando-se como a forma mais eficaz para atingir uma

ética ativa em todos os contextos, inclusive o ambiental.

2.3.2 Educação popular: novos caminhos a serem trilhados por meio de novos

educadores

Para o Ministério da Cultura (MINC),

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Existe muita gente que ainda acredita que ensinar educação ambiental uma prática estritamente ecológica, isto é, ensinar as crianças sobre fotossíntese, crescimentos das plantas, etc. que seria função da disciplina de biologia e com isso não abriria espaço para a integração com outras disciplinas (BRASIL, 1993, p. 11).

Educação Ambiental, antes de tudo é ampliar os horizontes da consciência

ingênua e compartimentalizada para a realidade que está exposta à nossa volta.

Ainda conforme MINC,

Enquanto a história concreta da devastação da Mata Atlântica, primeiro pelo escravismo colonial e depois pelo capitalismo predatório, nos ciclos do café, cana, pecuária e especulação imobiliária, não ganhavam espaço para ser analisado e discutido e não deslindavam as relações entre modelos de desenvolvimento e os ritmos e formas da alteração radical. [e muitas vezes irreversível] do nosso meio ambiente (BRASIL, 1993, p. 15).

Quadros (2007) coloca que o povo pobre, oprimido e excluído, não é

conhecedor do significado da palavra desenvolvimento sustentável e muito menos

deixa transparecer algum interesse no ponto. Afirma ainda, que na verdade a

população em geral não é conhecedor do tema, entretanto não escapam direta ou

indiretamente da mais dramática realidade ambiental atualmente.

A poluição não é democrática, ela atinge a todos, é verdade, com a chuva ácida, a dispersão de metais pesados, o efeito estufa, o buraco na camada de ozônio, etc. Sobretudo, ela agride aqueles que estão diariamente em contato com gases em seu local de trabalho, sofrem com a poluição sonora, com a perda, semanalmente, de parte dos seus tímpanos, pulmões e do sistema nervoso. Atinge também, os que não têm emprego, nem casa, nem comida, estrutura social e muitas coisas (QUADROS, 2007)

Segundo o estudo, “Atlas da Saúde e do Clima” da Organização Mundial de

Saúde (OMS) alerta que no Brasil,

Uma série de problemas de saúde são gerados pelas mudanças no clima atingem milhões de brasileiros e provocam surtos epidêmicos de doenças, como por exemplo, diarréia, malária, dengue e meningite.

O estudo revela que as doenças mais comuns causadas pelas alterações climáticas têm relação direta com uma série de fatores, como poluição e infraestrutura local. A maior parte das mortes, segundo o relatório, é entre bebês recém-nascidos (NEIRA, 2011).

Neira (2011) afirma que a poluição do ar mata pelo menos 2 milhões de

pessoas anualmente do mundo, podendo levar também a problemas cardíacos e

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respiratórios. Esta conclusão é baseada na analise de dados, realizada em 1.100

cidades, de 91 países, acima de 100 mil habitantes.

Segundo a diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, Maria Neira,

A poluição atmosférica é um grave problema de saúde ambiental. É vital que aumentemos os esforços para reduzir o impacto na saúde que [a poluição atmosférica] cria (NEIRA, 2011).

Neira (2011) coloca que,

É necessário que as autoridades de cada país façam monitoramentos constantes para medir a poluição do ar. [Assim] podemos reduzir significativamente o número de pessoas que sofrem de doenças respiratórias e cardíacas e até de câncer de pulmão.

Em muitos países não há qualquer regulamentação sobre a qualidade do ar. Quando há normas nacionais, elas variam muito na sua aplicação (NEIRA, 2011).

É essencial lembrar que a poluição do ar é provocada por vários fatores,

como os gases de escapamentos dos veículos, a fumaça de fábricas e fuligem das

usinas de carvão. E que todos são direta e indiretamente responsáveis, assim como

a questão do lixo produzido.

O projeto “Boa Esperança”, em Iparaná, sob a coordenação da irmã Lourdes,

que propõe a várias famílias – catadores de lixo – transformar essa prática em fonte

de renda e lhes garantir comida em suas mesas e melhorar um pouco a sua

condição de excluído. Por meio destas iniciativas voltadas para a inclusão e a

qualidade de vida, surge a necessidade relevante da elaboração de mais projetos

desse cunho social e participativo, que tragam, assim como este, propostas de

trabalhos comunitários de geração de renda e emprego para essas famílias.

Nosso compromisso, enquanto cidadão nesta sociedade globalizada é o de uma visão mais clara e ampla com a qualidade ambiental para um presente e futuro próximo, onde o homem terá oportunidade a sua vez e voz, tendo como vista não o espaço próximo de ação, mas também o horizonte planetário (FREIRE, 2000, p. 66-67).

No período da Revolução Industrial não havia preocupação com a questão

ambiental. Existia abundância dos recursos naturais e a poluição até então, não

despertava interesse dos intelectuais da sociedade industrial (LAVORATO, 2013).

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O meio ambiente precisa ser tratado como tema inadiável, dada a escassez

dos recursos naturais, da grandeza dos impactos industriais e do crescimento

desenfreado da população mundial. Surge, contudo, a discussão da sustentabilidade

do sistema natural e econômico, conduzindo o homem a

despertar para a compreensão da relevância de reavaliar suas práticas

ambientais e, por fim, o quanto é inútil buscar a transformação das regras da

natureza (REVISTA AMBIENTE BRASIL, 2013).

Conforme Lima (2004) as sugestões educacionais para o meio ambiente,

muitas vezes evidenciam a dimensão técnica da educação e da questão ambiental,

restringindo as dimensões políticas e éticas. Esse problema merece ser mais bem

esclarecido e até mesmo discutido, considerando que será de grande valia na

formação e na ação das pessoas em geral, e individualmente envolvidas com o toda

realidade socioambiental, dessa forma, esse pensamento não é nada explícito e

nem tão pouco discutido.

Gohn (2009) cita que, o método de trabalho da conscientização ambiental

procura alternativas sustentáveis estimulando a interrelacionalidade de como

praticar, como decidir, como atuar e como intervir a partir de um conceito ou até

mesmo de um projeto. A EA enfoca a mudança de conduta e atitudes do sujeito,

assim como agrega novos valores e práticas. Contudo, é difícil não associar a esses

aspectos a grande influência neoliberal advindas da Educação Popular (EP).

A EP se utiliza de ações diferenciadas desenvolvidas para serem efetivas

com grupos sociais específicos, assim como homens, mulheres, idosos, jovens,

indígenas, deficientes, desempregados e etc. Aborda também várias temáticas

especificas na forma de intervir, bem como, proteção ao meio ambiente, cultura local,

tradições culturais, programa educativo fora do âmbito escolar, lazer e esporte para

jovens e adolescentes, educação infantil, saúde das mulheres, apoio escolar etc.

Alessandra Quadros cita Freire (1997) “Constatar a realidade nos torna capaz

de intervir nela, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos

saberes do que simplesmente a de nos adaptarmos a ela” (QUADROS, 2007 apud

FREIRE, 1997).

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Gohn (2009) advertiu que o resultado neste cenário, pela atual conjuntura

política modificada por meio da economia globalizada, gerou transformação no

perfil e índole no curso dos educadores populares. O novo educador deve ter

outras qualificações além da militância e do ativismo, bem como, inteirar-se melhor

sobre a comunidade onde necessita intervir e ser perceptível as suas dificuldades.

Nessa condição irá obter melhor avaliação dos seus educandos, suas culturas,

linguagens, valores e expectativas de vida. Entretanto, o educador deverá ter o

domínio de algum grau de conhecimento, ter cursos de formação específica e

geral, além de buscar por meio da relação dialógica, diversas informações

importantes para o contexto.

Nem sempre, infelizmente, muitos de nós, educadoras e educadores, que proclamamos uma opção democrática, temos uma prática em coerência com o nosso discurso “avançado”.

Daí que o nosso discurso, incoerente com a nossa prática, vire puro palavreado. Daí que muitas vezes as nossas palavras “inflamadas”, contraditadas por nossa prática autoritária, entrem por um ouvido e saiam pelo outro – os ouvidos das massas populares (FREIRE, 1982, p.13).

2.3.3 Vivências na cidadania: novas práticas ambientais

O Programa de Educação Ambiental do Estado do Ceará aborda o tema na forma cotidiana de fazer educação, facilitando à sociedade a incorporação de conteúdos ambientais aos seus conhecimentos. Assim o processo de aprendizagem é tão rico quanto seus resultados, pois possibilita o desenvolvimento do ser humano de maneira integral em seu próprio ambiente (CEARÁ, 2009, p. 11).

A EA transformadora destaca a educação, enquanto processo permanente,

do cotidiano e coletivo pelo qual agimos e refletimos, transformando a realidade de

vida. Baseia-se no princípio de que as certezas são relativas, na crítica e autocrítica

constante e na ação política como forma de se estabelecer movimentos

emancipatórios e de transformação social, que possibilitem o estabelecimento de

novos patamares de relações na natureza (LIMA, 2004).

Lima (2004) endossa o pensamento de Alves:

A cidadania e a participação social são, com frequência, invocadas no debate sobre a educação ambiental, de um modo dissociado de uma crítica sobre a dubiedade implícita no conceito liberal de cidadania, pois o fato dessas noções serem usadas, no contexto do capitalismo, ora como meios de ocultar as desigualdades sociais e de legitimar sua manutenção, ora como conquistas associadas ao consumo. Importante lembrar que a outorga

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de uma igualdade jurídica formal, desacompanhada de outras conquistas econômicas, sociais e políticas, converte a cidadania num mero artifício para camuflar e perpetuar a exploração capitalista sobre a sociedade e a natureza (ALVES, 2000).

Portanto, Lima (2004) considera que, apesar de sermos responsáveis pela

degradação ambiental, não somos igualmente culpados, pois existe uma hierarquia

na responsabilização dessa degradação que precisa ser considerada na negociação

e na busca de soluções para a crise socioambiental. Existem agentes econômicos,

países, classes sociais e setores produtivos que inegavelmente infringiram e

continuam infringindo danos de maior magnitude ao ambiente e que deveriam

oferecer uma contribuição diferenciada na superação desses problemas.

As iniciativas que marcam essa tendência representam ainda um diferencial

qualitativo da EA brasileira relativamente à EA desenvolvida no continente europeu e

na América do Norte, que são mais marcadas por influências conservacionistas e/ou

preservacionistas (LIMA, 2004).

Nesse sentido, a EA se apresenta como um instrumento de mudança social

e cultural no sentido libertador que, ao lado de outras iniciativas políticas, legais,

sociais, econômicas e tecnocientíficas, busca responder aos desafios colocados

pela crise socioambiental.

2.3.4 Projetando caminhos e ultrapassando os desafios: a incógnita da continuidade

A temática ambiental vem assumindo papel importante, no despertar da

atenção e do interesse das comunidades, devido ao grande enfoque mediático dado

ao tema. A relevância à temática, também se deve ao fato de serem perceptíveis os

efeitos da exploração depredatória junto ao ambiente, sendo a mesma motivada pelo

atual modelo de desenvolvimento adotado pela sociedade (BARCELLOS, 2009).

Barcellos (2009), em sua monografia sobre ações em EA e suas relações

com a interdisciplinaridade e cidadania, aponta que projetos sociais que tenha como

meta trabalhar com a ampliação do “olhar” da comunidade sobre o meio ambiente

no qual vivem e da maneira como ela pode interferir crítica e responsavelmente

nessa realidade, possibilita a implementação concreta de iniciativas em EA.

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Uma das características que a EA apresenta, é a possibilidade de superação

da estrutura disciplinar, que não proporciona a visualização das relações contidas na

realidade existencial e representa a manifestação da instrumentalização da razão

pela especialização e da racionalização entre meios e fins.

O que teríamos de fazer, uma sociedade em transição como a nossa inserida no processo de democratização fundamental, com o povo em grande parte emergindo, era tentar uma educação que fosse capaz de colaborar com ele na indispensável organização reflexiva de seu pensamento. Educação que lhe pusessem à disposição, meios com os quais fosse capaz de superar a captação mágica ou ingênua de sua realidade, por uma dominante critica (FREIRE, 1967, p.6).

Nesse sentido, com a EA abrem-se novas possibilidades de trabalhar o

cotidiano, o entorno das pessoas e o seu agir social. Desse modo, ela oferece

oportunidades de trabalho socioeducativo, que estimulam as pessoas a interagir e a

tomar decisões em relação ao ambiente onde vivem, e a descobrir como a

participação no ambiente comunitário pode estimular a cidadania e revelar novos

canais de participação na sociedade (BARCELLOS, 2009).

Percebemos no cotidiano, necessidade urgente de superação das injustiças

ambientais, da desigualdade social, da apropriação da natureza – e da própria

humanidade – como objetos de exploração e consumo. Vivemos em uma cultura de

risco, com efeitos que muitas vezes escapam à nossa capacidade de percepção,

mas aumentam consideravelmente as evidências de que eles podem atingir não só

a vida de quem os produz, mas as de outras pessoas, espécies e até gerações.

Trata-se de uma crise ambiental nunca vista na história, que se deve à enormidade

de poderes humanos, com seus efeitos colaterais e consequências não antecipadas,

que tornam inadequadas as ferramentas éticas herdadas do passado e merece

atenção especial na conjuntura atual (BRASIL, 2007).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

O principal objetivo do projeto é trabalhar a educação ambiental, com o uso

de linguagens e expressões culturais brasileiras, entre elas: a música, a dança, o

teatro e a capoeira, que se integram ao conhecimento científico e nas atuações de

conservação dos projetos da AQUASIS.

A pesquisa em questão foi realizada na ONG Associação de Pesquisa e

Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS), com os alunos de escolas

públicas do município de Caucaia que tem em seu contexto familiar, várias refrações

das questões sociais.

3.1 Descrição da Área e do objeto de Estudo

O projeto “Brigada da Natureza” focaliza as comunidades litorâneas nas

proximidades da ONG: Pacheco, Iparana e Parque Leblon, no município de Caucaia,

na Região Metropolitana de Fortaleza. Os brigadistas, – assim são conhecidos as

crianças e adolescentes que fazem parte do projeto –, são decorrentes dessas

localidades. E com a coordenação e orientação da AQUASIS, desenvolvem ações e

intervenções, em expedições de limpeza de praias, cortejos ecológicos,

apresentações de músicas e de teatro, na expectativa da construção de uma

consciência crítica participativa e transformadora da sociedade.

Figura 5 – Mapa de localização das comunidades em que o projeto “Brigada da Natureza” abrange: Pacheco, Iparana e Parque Leblon. Fonte: AQUASIS, 2013.

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Iparana é a comunidade onde está localizada a ONG AQUASIS, que fica a

16 km de Fortaleza. No início, a comunidade era uma pequena vila de pescadores e

marisqueiras chamada “Imbuaça”, e tem sua história marcada pela pesca artesanal.

Integra as praias da Colônia, Boi Choco, Dois Coqueiros e Parque Leblon, que são

visitadas constantemente por surfistas para a prática do esporte.

O artesanato de tradição cultural ou de raiz da comunidade de Imbuaça, na

Praia de Iparana, relaciona-se exclusivamente a um tipo de objeto que traz em si a

expressão de sua origem, a marca forte da cultura em que foi gerado. É um objeto

capaz de traduzir tanto a sua identidade quanto a daquele que o produziu, seja um

indivíduo ou uma coletividade. É nessa identidade cultural flagrantemente expressa

que reside o maior valor desses objetos (LOBO, 2011).

A região contém rica diversidade em seu ecossistema formada por um

estuário do rio Ceará, dunas, manguezais e praias rochosas. O trecho costeiro tem

erosão no litoral, e contém diminuição da falésia em áreas habitadas na orla.

A fauna e a flora associada a esses ecossistemas constituem áreas naturais

importantes e fonte de alimento para a população local. A cultura local é formada

pela influência dos descendentes de índios e negros que tinham como atividade

principal a pesca, mas, atualmente, o comércio é a maior atividade no local.

Parque Leblon é uma comunidade praiana de Iparana. Ela é pequena,

porém sua praia é muito procurada pelos surfistas, por ser favorável a boas ondas.

Os moradores da comunidade fazem diversas denúncias pela internet nos “blogs”

do projeto, com relação ao descaso que sofre o bairro do Parque Leblon, bem

como frequentes acidentes de trânsito que ocorrem devido à retirada do pedágio

da ponte do Rio Ceará, além da falta de segurança na comunidade e falta de

saneamento básico.

A praia do Pacheco é vizinha a Iparana, e é uma das mais tranquilas de Caucaia,

tendo em vista que grande parte das faixas de areia é muito estreita. Com o avanço do

mar em algumas praias do Ceará, Pacheco também foi mais atingida e na tentativa de

conter o avanço do mar, foram colocados grandes muros de pedras reduzindo mais

ainda a faixa de areia. É reconhecida como praia turística por existir muitas casas de

veraneio, que a maioria, fica à beira mar na maré alta. Apenas em alguns trechos tem

faixa maior de areia que a população usa nas caminhadas. Encontram-se também

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pequenas dunas. A comunidade do Pacheco é pequena, pois que a maioria das casas

é de veraneio. A comunidade sobrevive do comércio e da pesca. (CAUCAIA, 2011)

Essas áreas em que se encontram as três comunidades referidas fazem parte

da Região Metropolitana de Fortaleza, com aproximadamente 3.615.767 habitantes,

conforme censo demográfico do IBGE 2010 (IBGE, 2011).

A maior problemática existente nas comunidades que fazem parte da realidade

dos brigadistas, são as drogas licitas e ilícitas, e pode-se dizer que, atualmente, é a

refração da questão social, com altos índices de mortes em todo o Brasil. (Freizer e

Oliveira, 2012)

Um estudo elaborado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM)

aponta que, entre 2006 e 2010, foram contabilizados 40,6 mil óbitos causados por

droga ilícita e lícita, esses dados foram coletados do Sistema de Informações sobre

Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, conforme os locais da ocorrência e de

residência do indivíduo. A cada ano, cerca de 8 mil pessoas morrem em decorrência

do uso de drogas lícitas e ilícitas no Brasil e o álcool aparece na primeira colocação

entre as causas, sendo responsável por 85% dessas mortes (GONÇALVES, 2012).

Devemos levar em consideração que milhares de mortes não são

contabilizadas, como mortes causadas por acidentes de trânsito e doenças crônicas,

que no caso muitas vezes ocorrem indiretamente pelo uso de drogas.

O álcool se constitui na mais perigosa das drogas porque, além de ser legalizada, pode dar origem a uma série de outros problemas. ‘Além das mortes por acidentes de trânsito, temos as doenças decorrentes do uso contínuo, como as hepáticas, que podem matar e a depressão’ (MAUER, 2012).

O psiquiatra Dagoberto Requião cogita que o enigma das drogas no Brasil

como algo “quase insolúvel” e discorre que o Estado deveria investir mais em

prevenção e no tratamento de dependentes químicos, além de findar definitivamente

com o tráfico nas fronteiras, confiando ser uma medida vital e emergencial.

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3.1.1 Aplicação dos questionários

Para a coleta de dados foram aplicados dois questionários

semiestruturados: Anexo A – destinado aos Brigadistas e o Anexo B – destinado

aos coordenadores da AQUASIS, além da observação participante no espaço onde

são trabalhadas, normalmente, as atividades de EA, com o intuito de se ter uma

leitura mais próxima da realidade.

Os questionários apresentaram questões interligadas a uma análise da

situação socioeconômica, e à existência de algum processo de transformação no

integrante. Eles foram aplicados no museu de espécies da Aquasis, onde as

crianças e adolescentes trabalham diariamente várias temáticas pelas rodas de

conversa, que é um dos métodos utilizados para exercer a troca de saberes.

A observação participante foi realizada no período de setembro a novembro

de 2013, por ocasião da oportunidade que tive em participar das atividades

educativas que ocorrem nos quatro dias da semana (terça-feira à sexta-feira), das

7h30 às 11h.

Com a vivência da observação participante, observei a satisfação excessiva

de alguns brigadistas, no momento da minha interação, em responder o

questionário, como forma de chamar atenção para si, tendo em vista que no

contexto, os mesmos se encontravam com a condicionante de pessoas importantes,

demonstrando sem temporizar, a carência afetiva, muitas vezes, por parte das

famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade.

O assistente social poderá diagnosticar os fatores sociais, culturais e econômicos que determinam a problemática social no campo educacional e, consequentemente, trabalhar com um método preventivo destes, no intuito de evitar que o ciclo se repita novamente (SANTOS, 2005, p.44).

Apesar do grande desafio em abordar as questões ambientais, com crianças

e adolescentes que vivenciam na conjuntura atual prevalência de suas necessidades

sociais, pude observar que são utilizados vários métodos dinâmicos, como oficinas

de atividades, como instrumentos para Educação Ambiental, e de fato pode-se

concluir, que não existe possibilidade de se esgotar métodos a serem aplicados,

para a elucidação da prática ambiental.

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3.1.2 Oficinas de atividades

As atividades procuram seguir os três eixos principais que fundamentam o

projeto: cidadania, cultura e meio ambiente, onde são abordadas várias temáticas

ambientais.

O inicio das atividades acontece entre o café da manhã e o almoço. Ambos são

patrocinados pelo SESC em parceria com a AQUASIS, no horário das 7h às 11h.

TERÇA-FEIRA (ÀGUA)

Surf e Natação Espécies ameaçadas (peixe-boi, boto cinza, periquito cara-suja, Soldadinho do Araripe, tubarões) mamíferos marinhos, Ecossistemas marinho, LIXO MARINHO.

QUARTA-FEIRA (TERRA)

Viveiro e RPPN* Ecossistemas costeiros, lixo, desenvolvimento sustentável, produção de mudas de espécies nativas, plantio, sementes, saúde, alimentação. Reciclagem.

QUINTA-FEIRA (AR)

Teatro ecológico e produção artística Drogas, família, escola, preconceito, exploração sexual, trabalho, políticas públicas, Políticas Públicas, leis de crimes ambientais, trabalho, eleições, Estatuto da Criança e Adolescente / ECA

SEXTA-FEIRA (FOGO)

Percussão e Capoeira Reisados, capoeira, tambores, percussão, maracatu, danças, mestres, coco, jongo, ancestralidade, ciranda, cultura local...

Figura 6 - Quadro de atividades da AQUASIS *RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural. Representação das cores: água; Terra; Ar; Fogo.

O esporte é um das atividades com que os brigadistas mais se identificam.

Entre eles podemos citar: o surfe, a natação e a capoeira. A música e a percussão

também são outras formas que os conquistam com facilidade e permite que por

meio delas, eles possam aprender e ensinar pessoas como tratar o meio ambiente.

Todavia foi na roda de conversa, que percebemos o quanto é mágica a troca

de saberes que ocorre entre os brigadistas e como é enriquecedor o momento de

reflexão que é colocado a todos durante o processo, com dinâmicas de grupo.

As atividades procuram abordar todos os temas de forma ágil e interativa, sendo

notório o desenvolvimento de cada integrante durante as ações. Quando se questiona

sobre os temas tratados, percebesse a vasta dominação no conteúdo e a

profundidade do conhecimento com relação ao ecossistema, das espécies ameaçadas.

A literatura é também apreciada pelos brigadistas e por meio de revistas em

quadrinhos de EA voltadas para o público infantil, as crianças se envolvem com

gravuras, dramaturgias e diálogos simples, e por meio delas analisam sua realidade,

sua cultura. A leitura das historinhas é uma das formas mais eficientes de construir e

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reconstruir ideias e valores, buscando conscientizar os leitores “mirins” do cuidado

com o meio ambiente, abordando situações que são vivenciadas no dia a dia, para

uma reflexão e no trabalho de conscientização.

O sucesso das revistas é tão grande que o coordenador do Programa de

Educação Ambiental da AQUASIS, lançou um livro infantil com título de “Arauê – as

aventuras de peixe-boi marinho”, que trata da situação do peixe-boi marinho na

região costeira, explicando o que pode ser feito para mudar a situação.

Busco aqueles momentos em que a literatura assume a dimensão histórica que está ligada a vida, aos sentimentos, as lutas, vontades, desejos, diálogos e/ou embates culturais que são, em ultima instância, arte constituinte tanto do imaginário quanto do mundo real (BARCELOS, 2009, p. 24).

A música também é bastante utilizada pelos brigadistas inclusive quando

estão em alguma ação de conscientização ou evento ambientalista. As músicas

foram criadas pelos próprios integrantes do Projeto e, em 2010 foi lançado um CD

com as músicas ambientalistas, que levou o nome de “vozes da mata”.

3.1.3 Análises dos dados

A análise de dados foi realizada por intermédio da comparação do apurado

nos questionários, entrevistas e as falas dos mesmos, continuando com a anotação

da observação participante. Contudo, os dados obtidos foram avaliados

qualitativamente, envolvendo todo conteúdo avaliado. Portanto, para obter alcance

mais satisfatório foram definidos temas e grupo de respostas, tendo sido em seguida

associados, conforme a simetria da tese de cada brigadista.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Pesquisa Socioeconômica do Projeto Brigada da Natureza – realizada com

os Coordenadores da AQUASIS

A pesquisa socioeconômica do Projeto Brigada da Natureza foi realizada com

três coordenadores da AQUASIS, pautada em questões meramente subjetivas, onde

expressaram suas expectativas quanto aos benefícios que o projeto “Brigada da

Natureza” oferece aos adolescentes brigadistas.

As pesquisas foram pautadas nos seguintes questionamentos:

I. Idade

II. Ha quanto tempo trabalha na AQUASIS? Qual o seu papel?

III. Qual a sua formação?

IV. Qual a sua visão com relação ao Programa de Educação Ambiental da

AQUASIS

V. Qual a sua visão da importância do projeto Brigada da Natureza para

AQUASIS?

VI. Tem alguma participação direta no projeto Brigada da Natureza?

VII. Para você quais os pontos positivos e negativos do projeto Brigada da

Natureza?

VIII. Espera encontrar alguma resposta do Projeto Brigada da Natureza?

IX. Se sim, Qual?

Após apontamento das pesquisas, elencamos as impressões dos

coordenadores do projeto da AQUASIS, identificando a idade média de 31 anos,

bem como a profissão predominante de biólogos.

Ao questionarmos sobre o tempo que trabalham na AQUASIS e qual o seu

papel de cada um,

Estou na Aquasis desde 2005, quando entrei como voluntária do Programa de Mamíferos Marinhos. Atualmente coordeno o Programa de Áreas Protegidas, e faço parte da Diretoria, na função de Secretária-Executiva desde 2009.

Desde sua fundação, em abril de 1994. No entanto estive cerca de 1 ano e meio afastada da instituição, entre setembro de 2007 e maio de 2009.

Estou há 1 ano. Sou coordenadora de campo do Projeto Educação ambiental

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Quanto à formação dos Coordenadores,

Sou formada em Ciências Biológicas, tenho mestrado em Ecologia e Conservação e atualmente curso o Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais.

Bacharel em Ciências Biológicas

Quanto a sua visão do Coordenador com relação ao Programa de Educação

Ambiental da AQUASIS,

Como parte da Diretoria, auxilio na definição de estratégias do Programa. Além disso, o Programa de Áreas Protegidas, assim como os demais Programas da Aquasis, tem uma interface com a Educação Ambiental, uma vez que a maioria dos projetos desenvolvidos pela Aquasis possui ações nesse sentido.

O programa de educação ambiental (PEA) tem papel fundamental para que a instituição atinja a sua missão, que é a sensibilização das comunidades e o estimulo a mudanças de atitude para a construção de uma sociedade sustentável. Para isso o PEA atua em duas principais vertentes uma voltada para dar suporte técnico aos projetos de conservação com as espécies ameaçadas e as comunidades que dividem os espaços e paisagens com essas espécies. A outra é contribuir com formação cidadã de crianças e jovens no entorno do SESC Iparana.

O PEA é um programa que procura uma sociedade justa e consciente através de ações de ações educacionais ambientais. O PEA estimula movimentos socioculturais de mudança positiva de valores de atitudes nas comunidades onde atua.

Sobre a importância do Projeto Brigada da Natureza para AQUASIS, como os

Coordenadores veem para os adolescentes,

A Brigada da Natureza é uma oportunidade de formarmos jovens aprendizes que futuramente poderão atuar na Aquasis ou na área de conservação da biodiversidade. Além disso, durante o processo de formação, os jovens participam ativamente das ações de educação ambiental dos projetos da Aquasis.

Acho que o projeto auxilia a Aquasis e normalmente quando se envolve nos projetos de conservação da instituição, inspirando jovens nas regiões onde os projetos ocorrem a ser tornarem mais ativos e criativos na solução dos problemas que eles veem nas suas comunidades, e que na maioria das vezes afeta também a espécie ameaçada que se encontra na região.

O projeto Brigada da Natureza resgata crianças e adolescentes que vivem em zona de risco (criminalidade, drogas, famílias desestruturadas) integrando-os em ambiente familiar e seguro e proporcionando o acesso a informações ambientais, mas também, sociais, culturais e de cidadania, agindo em cima do decreto de lei de crianças e adolescentes brasileiras.

Foi questionado se o Coordenador participa diretamente do projeto Brigada

da Natureza e percebemos que a maioria não tem participação direta com o projeto.

Procuramos saber quais os pontos positivos e negativos apontados pelos

Coordenadores sobre o projeto “Brigada da Natureza”,

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Pontos positivos:

Oportunidade de formação de cidadania de jovens de renda baixa.

Poder oferecer aos jovens e suas famílias um programa que auxilia no desenvolvimento da cidadania e recuperação da auto estima, descobrindo os potenciais da comunidade e estimulando esses jovens a construir um futuro diferente da maioria na região.

Troca de informações, formação ambiental, cultural (dança, teatro, música, social - rodas de conversas e de cidadania).

Pontos Negativos:

Falta de envolvimento dos familiares no processo de formação.

O reduzido aporte de recursos para o projeto acabando levando ao atendimento de poucas crianças e jovens por ano, quando a demanda da sociedade local e três ou quatro vezes maior. Também sinto falta de um programa profissionalizante para os jovens sêniores da Brigada, auxiliando-os na árdua tarefa de encontrar e se fixar em um emprego que os deixem felizes e orgulhosos do que fazem.

Difícil obtenção de recursos.

Quando se questionou aos coordenadores que estão à frente do Projeto quais

seriam os pontos positivos e negativos do projeto, percebi que no quesito pontos

negativos, foi colocado por dois deles “a falta de recursos”, reafirmando o que foi

dito, apresentado pelo artigo denominado de “Desafio a gestão de ONGs”, que

aponta como o maior desafio para a gestão das ONGs. O artigo citado realizou um

estudo de casos entre as ONGs da Região do Grande ABC Paulista. Os autores

deste presente artigo, Martinet, Martone e Gil, asseguraram que,

Quando se trata da captação e gestão de recursos, a unanimidade torna-se evidente ao reconhecer ser este o maior desafio de gestão encontrado pelos seus gestores. Mesmo nos casos das organizações que mantém fortes vínculos com o Poder Público, ainda assim seus recursos não são suficientes para manter a operação funcionando como deveria ser, nem tampouco para atender aos projetos futuros (MARTINET; MARTONE; GIL, 2013)

Ao saber se o Coordenador espera encontrar resposta do Projeto Brigada da

Natureza, percebemos que todos expressaram seu ponto de vista,

Procuramos sempre descobrir quais os fatores pessoais evidentes na comunidade. Quais meninos estão passando por dificuldades sociais, como o projeto mudou a vida desses meninos, de suas famílias e da comunidade em geral.

Diretamente, espero que possamos contribuir para a formação de futuros líderes na região, ampliando a visão desses jovens para além das fronteiras da “cultura local”, tornando-os mais cientes de sua comunidade e do seu papel dentro dela. Quando me refiro a “cultura local” faço referencia a falta de conhecimento, perspectiva e objetivos dessas crianças com relação ao seu futuro, tornando-as mais susceptíveis a violência, o consumo de drogas e álcool, gravidez na adolescência, dentre outros.

Esses futuros líderes deverão auxiliar a lenta transformação das comunidades do entorno, para uma qualidade de vida melhor, do ponto de vista social e ambiental.

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4.2 Pesquisa Socioeconômica do Projeto Brigada da Natureza – realizada com

os com os brigadistas da AQUASIS

Paulo Freire (1967) defende que,

As entrevistas revelam anseios, frustrações, descrenças, esperanças também, ímpeto de participação, como igualmente certos momentos altamente estéticos da linguagem do povo (FREIRE, 1967, p. 13).

A entrevista socioeconômica do projeto Brigada da Natureza foi realizada com

amostragem de doze adolescentes integrantes da Brigada (brigadistas), e foi

pautada nas questões relativas a:

I. Idade

II. Participação da família:

- Número de pessoas na família;

- Quem é o responsável pelo sustento da família;

- Qual a profissão do responsável pelo sustento da família;

- Se a família participa de algum programa do governo;

- Qual tipo de residência da família;

- Quantas pessoas da família estão empregadas;

III. Nível de escolaridade e vínculo com escola:

- Qual o nível de escolaridade do entrevistado;

- Quantas crianças da família estudam;

- Se algum adulto da família estuda;

- Se a família incentiva estudar;

- Qual a importância do estudo para a vida do entrevistado;

IV. Relação com a ONG Aquasis:

- Como conheceu a ONG AQUASIS e o que o levou a participar do projeto;

- Há quanto tempo participa do(s) projeto(s) na Aquasis;

- Quantas vezes o entrevistado participa por semana do(s) projeto(s) na

Aquasis;

- Se o entrevistado desejar participar mais vezes do(s) projeto(s) na

Aquasis;

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- O que contribuiu para vida do entrevistado a participação no(s)

projeto(s);

- Se recebeu algum apoio dos familiares para participar do(s) projeto(s)

na Aquasis. Se sim, quem foi;

- Se houve algum tipo de transformação na vida do entrevistado e da

família, que ele tenha contribuído com o aprendizado do projeto; Se

sim, dizer qual foi.

Após levantamento dos dados da pesquisa, identificamos que além da efetiva

influência da família, com orientações e incentivo à participação do jovem no projeto

AQUASIS, o grau de satisfação dos brigadistas é animador, por entender a

importância deste projeto em suas vidas.

Quanto aos questionamentos pautados, inicialmente, observou-se que a

maioria dos jovens brigadistas tem quinze anos de idade.

Observamos a difícil realidade vivenciada pelos brigadistas no âmbito familiar,

destacamos: a) que a média é de 1,5 pessoas por família; b) quanto ao sustento da

família além do pai, o irmão assume também essa responsabilidade; c) a profissão

do responsável da família varia desde garçonete de hotel, policial militar –

aposentado, dona de barraca de praia, auxiliar de cozinha, babá e vigia; d) a maioria

das famílias participa dos programas de governo: bolsa família e pensionista; e) as

residências dos brigadistas são próprias e de alvenaria; f) a maioria de empregados

por família é de duas pessoas.

Quanto ao nível de escolaridade predominante no grupo familiar é o

fundamental II incompleto e o vínculo com escola, aponta-se: a) média de 1,5

crianças por família estudam; b) nenhum adulto das famílias estuda; c) todos os

entrevistados informaram que recebem incentivos da família para estudar.

Obervamos que mesmo com baixo nível de escolaridade, a família coloca o

estudo como prioridade na vida dos brigadistas.

Alusivo a ONG AQUASIS, a pesquisa aponta que: a) dois dos brigadistas

participam de um a seis meses, dois de um a dois anos, os outros se enquadram em

mais de seis meses e mais de dois anos; b) boa maioria dos entrevistados participa

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mais de quatro vezes por semana no projeto; c) todos desejam participar mais vezes

do projeto; d) todos os brigadistas recebem apoio da família, principalmente pela mãe

e avó; e) todos afirmam que o projeto transformou suas vidas e de suas famílias.

Após os resultados apresentados nas análises acima, podemos perceber que

a EA desempenhou bem o seu papel, estimulando o interesse tanto por parte das

crianças e adolescentes, quanto por parte da família na participação desses jovens

nos projetos. Porém, o que nos surpreendeu, foi à constatação de mudança nos

seus cotidianos, mesmo sendo inseridos no contexto social antagônico.

Caniato (1989) explana que,

Educação é condição necessária, mas não suficiente. Pensar que vai se mudar a sociedade tendo a educação como causa, parece-me, no mínimo, ingenuidade. No entanto, renunciar à possibilidade de se contribuir para mudança, usando a escola e a educação, é um desperdício (CANIATO, 1989, p. 41).

Quanto ao que cada um dos brigadistas pensa sobre estudos e a importância

da ONG AQUASIS, questionou-se:

I. Qual a importância do estudo para a vida do entrevistado:

“Aprender mais coisas, para fazer faculdade e ter emprego bom”.

“Penso que a partir do momento que nascemos, começamos a apreender, como apreender a falar, a andar. Então o estudo me dá oportunidade de aprender. Gosto muito de ler também o que é importante para dialogar com as pessoas, falar direito, para ser um surfista profissional”.

“A minha mãe não terminou os estudos, e gostaria de dar orgulho para ela”.

“Para no futuro ajudar minha mãe e arrumar um emprego melhor”.

Podemos concluir por meio do questionamento acima, que para maioria dos

jovens, o estudo é a chave para garantir bom emprego, com o reconhecimento da

importância deste, para o alcance de um futuro promissor.

Entretanto, concordamos em parte com essa afirmação, visto que o estudo

apresenta possibilidades de futuro melhor, mas não necessariamente garante um

bom emprego. Além de considerar que a maior contribuição que o estudo/educação

proporciona para o individuo é a liberdade, com a evolução do conhecimento, que

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subsidiará na formação da sua consciência e no processo do desenvolvimento

cultural, ambiental e social.

Freire endossa afirmando que o ideal seria,

Uma educação que levasse o homem [e a mulher] a uma nova postura diante dos problemas de seu tempo e de seu espaço, [...] a da pesquisa ao invés da mera, perigosa e enfadonha repetição de trechos e de afirmações desconectadas das suas condições mesmas de vida. A educação do “eu me maravilho” e não apenas do “eu fabrico” (FREIRE, 1982, p.93).

II. Como conheceu os projetos da ONG AQUASIS e o que o levou participar

do projeto:

“Conheci através do meu primo Luvaldo, que falou que eu iria aprender surf. Ai, falei com o Juaci e trouxe meus documentos e fiz a entrevista e deu certo”.

“Conheci através de dois amigos, que participavam do projeto e estava com depressão e eles se preocuparam e falaram sobre mim com o coordenador do projeto e com isso me convidaram a participar”.

“Eu ia sempre para igreja Assembleia de Deus, o Sales me convidou para participar e me trouxe e eu gostei e tô por aqui”.

“Através dos meus primos. Eles chegavam em casa falando do projeto e achei interessante e quis conhecer”.

“Foi pelo Kelvin. Por que tem várias coisas interessantes”.

III. O que contribuiu para vida do entrevistado a participação no(s) projeto(s):

“Aprendi a tocar, surfar, andar de “skate”, aprendi sobre o soldadinho do Araripe, Cachalote, Baleia Jubarte, aprendeu a não tocar fogo na mata, aprendi do peixe boi e da vaca marinha, aprendi os nomes das plantas e conheci mais pessoas”.

“Foi essencial na minha vida para a retirada da depressão, e apreendi muitas coisas e me faz bem passar para outras pessoas aquilo que apreendi e apreendo na Brigada. Contribuiu muito, na minha educação com o pessoal, entender o pessoal, dialogar com o pessoal”.

“Mudou um pouco os meus hábitos, mostrou um pouco do valor da família”.

“Me ajudou no problema da natureza. Também, se caso a gente se perca que tem meios diferentes dentro da mata para sair”.

Nas respostas dos integrantes do projeto, independentemente de idade e

tempo de participação, atribuíram vários conhecimentos a sua “bagagem” estudantil,

tendo ainda a oportunidade de ação transformadora e o cumprimento do exercício

de cidadania, que não obtiveram na escola. Compreendemos que, mesmo sendo

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direito garantido, nem todos os cidadãos têm na dimensão escolar a EA, que é

apenas citada em algumas disciplinas pontuais, como, ciências e biologia, ou em

datas comemorativas, como, por exemplo, o dia mundial do meio ambiente.

Art. 225, §1º, inciso VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL, 1998).

Berna (2004) afirma que,

O ensino sobre o meio ambiente deve contribuir principalmente para o exercício da cidadania, estimulando a ação transformadora além de buscar aprofundar os conhecimentos sobre as questões ambientais de melhores tecnologias, estimular a mudança de comportamento e a construção de novos valores éticos (BERNA, 2004. p. 18).

IV. Se houve algum tipo de transformação na vida do entrevistado e da família,

que ele tenha contribuído com o aprendizado do projeto; dizer qual foi se a

resposta for sim.

“Deixei de fazer as coisas erradas, deixei de ser respondão, deixei de ser danado, porque eu era muito danado mesmo e o projeto me ensinou isso, que não devo ser assim”.

“Minha mãe falava que eu era irresponsável, que não gostava de estudar. Agora ela está feliz, me acha bom menino e que “tou” mais interessado nos estudos”.

“Teve várias mudanças dentro da minha casa, principalmente com relação a educação ambiental, por que antes não fazíamos separação de lixo para os catadores levarem e hoje deixamos tudo separado e organizado para este fim”.

“E também lá em casa criávamos muitos passarinhos presos nas gaiolas e com o projeto entendemos que passarinho bonito e feliz é solto na natureza. Depois de soltarmos quebramos todas as gaiolas, porque as pessoas ficavam só pedindo as gaiolas para criar passarinhos não quisemos dar, a intenção é não ter passarinho nas gaiolas”.

“Eu era muito solto na rua, e deixei de ficar mais na rua, aprendi os nomes dos animais, já sabia tocar quando eu cheguei aqui, aprendi sobre as religião, em ter respeito as dos outros, respeitar mais minha avó.”

“Aprendi a preservar o que temos, eu era bem tímida e não sou mais, conheci outras pessoas, fiz novas amizades”.

“Teve de coleta de lixo, por que lá em casa o lixo era tudo junto e agora eu aprendi que tem que separar, para ajudar no lixão, ai a gente comprou mais cestos de lixo e separamos tudo”.

“Uma resposta às desigualdades sociais para diminuir a perca da biodiversidade. formar novas pessoas com espíritos empreendedores e mais atuantes na proteção da natureza”.

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Para esses os questionamentos acima, os integrantes demonstraram que o

programa de educação ambiental, alcançou seu objetivo, com a participação dos

jovens, motivando a promoção de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes

e competência voltada para a conservação do meio ambiente e das espécies

ameaçadas de extinção. Esclarecendo assim, as transformações positivas sucedida

nos seus cotidianos.

O Vygotsky respalda essa ideia assegurando que,

A educação deve desempenhar o papel central na transformação do homem, nesta estrada de formação social consciente de gerações novas, a educação deve ser a base para alteração do tipo humano histórico. As novas gerações e suas novas formas de educação representam a rota principal que a história seguirá para criar o novo tipo de homem. Neste sentido, o papel da educação social e politécnica é extraordinariamente importante. As idéias básicas que justificam a educação politécnica consistem em uma tentativa de superar a divisão entre trabalho físico e intelectual e reunir pensamento e trabalho que foram separados durante o processo de desenvolvimento capitalista (VYGOTSKY, 1930).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da pesquisa de campo realizada e estudos teóricos, consideramos que

a EA hoje se apresenta como uma chave para alcance dos pressupostos a

transformação humana, que deverá respeitar acima de tudo as diversas formas de

vida existente nesse complexo planeta denominado Terra, que vem sofrendo

desastrosas transformações nas mais diversas áreas, seja na zona rural, na zona

urbana, como também na litorânea, onde podemos averiguar nesta pesquisa.

Aproveito para salientar, que o quadro ambiental atual carece de

modificações emergenciais, e cabe ao Estado juntamente com a sociedade civil

promover a formação da conscientização ambiental de toda a sociedade.

Todavia, devemos nos conscientizar que o capitalismo tem contribuído para

ampliar as questões sociais e ambientais, uma vez que a ideologia neoliberal é de

acumulação de bens, ocasionando efeitos desastrosos tanto na área ambiental

como no social, devido à exploração dos recursos naturais em excesso e a falta de

planejamento e gestão para o descarte dos resíduos sólidos provenientes dos

produtos deste capital.

Portanto, o titulo o Capitalismo como maior vilão da situação atual, reafirmo que

devemos adotar mudanças urgentes no modo de produção, para que este não tenha

como desígnio único o lucro, e possa ser notório, que somente por meio do bem estar

da população será possível amenizar à questão ambiental, com uma nova forma de

produção e de consumo.

A preservação do meio ambiente adotou atitude global. O progresso da mídia

colaborou bastante com a celeridade que as informações são levadas a todas as

pessoas, facilitando também o processo de conscientização.

Estamos vivenciando o alerta vermelho quando o assunto é meio ambiente,

visto que não temos mais tempo a perder, e não se pode deixar de compreender,

que agressões ambientais que ocorrem em vários pontos do mundo e que poderá

afetar diferentes continentes, bem como, dispersão de petróleo nos mares ou até

mesmo acidentes radioativos.

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Preocupar-se com a natureza é dever de todos nós, e o melhor meio é o uso

correto e equilibrado do patrimônio natural que possuímos e que está se

submergindo pelo consumo excessivo de alguns e pelo desperdício de outros.

Mesmo uma sociedade inteira, uma nação, mesmo todas as sociedades coesas em conjunto não são proprietárias da Terra. São apenas possuidoras, usufrutuárias dela, e como boni patres familias devem legá-la melhorada às gerações posteriores (MARX, 1978).

O meio ambiente é poluído de várias formas por meio de drásticas ações. O

homem produz lixo desde sua origem na Terra. Este, portanto não é um problema

atual. A "tomada de consciência" a respeito das conseqüências desse fato, que

podemos considerar atual.

Essa questão aliada à situação cultural da sociedade, pela falta da EA, voltada

para conscientização de proteção ao meio ambiente, faz com que se agrave ainda mais

essa problemática. No entanto, algumas organizações, como a AQUASIS, vêm

realizando trabalhos voltados para EA e o desenvolvimento de suas políticas,

perpassando todo o conhecimento, por meio de técnicas advindas da EP, para as

crianças, jovens e adultos. Todavia, este efeito ainda é pequeno, porém promissor.

Neste contexto, verificamos que o assistente social encontra diversas

possibilidades de intervir neste espaço sócio ocupacional, propondo aos sujeitos

sociais autonomia no seu dia-a-dia. Para tanto, o profissional deve portar

capacidade teórico-metodológica, técnica-operativa e ético-política, trazida na

“bagagem” da sua formação acadêmica, complementada pelas experiências

adquiridas no cotidiano interventivo.

Podemos observar que o Serviço Social tem um campo expandido para atuar

nas questões ambientais, e não o faz, porém vale a pena ser avaliado e ocupado,

pelas inúmeras possibilidades de estudos interdisciplinares que apresentam.

Entretanto não só, frente às questões ligadas às atividades realizadas pelas ONGs,

mas nas inúmeras condições de intervenção ao Serviço Social, em ações sócio-

educativas, organização da população quando ameaçadas com a degradação do

seu meio, fortalecer a educação dessa mesma população para a preservação

ambiental e do mesmo modo, para o enfrentamento das refrações sociais

igualmente existentes neste contexto e até mesmo no fortalecimento de vinculo

familiar, para os que estão inseridos no contexto de vulnerabilidade social.

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Acreditamos que a forma ideal para cogitar a transformação dessa realidade,

é pelo empenho de todos, juntamente com as instituições ambientais para formar

cidadão com alto nível de consciência, que busquem diariamente refletir suas ações,

ideologias e comprometimentos, entendendo a importância do seu papel social

diante da conjuntura atual.

Todavia, a transformação do individuo se inicia na infância, porém as mesmas

não têm a EA como disciplina escolar, como já foi explanado no texto acima.

Fazendo com que ocorra uma lacuna na educação dessas crianças, visto que a EA

age na construção de uma consciência ecológica e possui ferramentas essenciais

para incentivar na formação critica e no desenvolvimento de valores culturais e

ambientais do individuo.

Entretanto, existem muitas ONGs no Brasil, que estão atuando de forma

enérgica nas comunidades fazendo o papel do Estado. E conforme a pesquisa

realizada, elas estão cumprindo bem o seu papel durante o processo de EA.

A AQUASIS executa a EA com os integrantes do projeto Brigada da Natureza, e

pode-se perceber que tem cumprido perfeitamente seu objetivo, visto que o processo

de conscientização e transformação destes jovens é formidável, sendo claramente

perceptível e pode ser confirmado na pesquisa, através da minha observação

participante e pelos questionários semiestruturado, aplicados com os mesmos.

As lideranças conseguem interferir na organização de suas regiões, facilitando um maior poder de ação da comunidade frente ao seu meio e às instituições. Esta “ação” terá reflexos no desenvolvimento regional e na transformação gradual do indivíduo, o que se poderia caracterizar como educação pelo exercício da cidadania (MARRONI e ASMUS, 2003).

Diante do contexto, percebemos que existe pouca participação das

comunidades de Iparana, Pacheco e Parque Leblon, com o projeto “Brigada da

Natureza”, o que poderia ser ampliado e desenvolvido com ações que envolvam

igualmente as pessoas da comunidade. Objetivando formar cidadãos ecológicos, a

fim de reforçar princípios e valores éticos, culturais e ambientais, bem como,

desenvolver habilidades e a formulações de ideias, de maneira consciente e critica,

interagindo de forma dinâmica com o conhecimento popular, que é riquíssimo e não

poderá jamais ser descartado.

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Esse objetivo somente se realiza à medida que são criadas as condições para que usuários elaborem, de forma consciente e crítica sua própria concepção de mundo. Ou seja, que se façam sujeitos do processo de construção da sua história dos serviços e das Instituições e da história da sua sociedade (MIOTO, 2009, p. 503).

Apresento, portanto como sugestão de pesquisa, um estudo de caso com as

famílias dos brigadistas, analisando o grau de vulnerabilidade e as possibilidades de

transformação e formação dos sujeitos ecológicos dentro das mesmas.

E partindo desta proposta, refletir e averiguar na possibilidade de ampliação

do projeto Brigada da Natureza da AQUASIS. Onde através deste, atenda as

demandas socioambientais, ocorrendo de fato a contribuição para o

desenvolvimento sociocultural das comunidades de Iparana, Parque Leblon e

Pacheco, por meio da Educação Ambiental. Nesse interim, procurar de forma mais

efetiva, envolvendo os familiares dos brigadistas, no contexto da conscientização

ambiental, evoluindo para uma transformação social.

A nossa época de crise estrutural global do capital é também uma época histórica de transição de uma ordem social existente para outra, qualitativamente diferente. Essas são as duas características fundamentais que definem o espaço histórico e social dentro do qual os grandes desafios para romper a lógica do capital, e ao mesmo tempo também para elaborar planos estratégicos para uma educação que vá além do capital, devem se juntar. Portanto, a nossa tarefa educacional é, simultaneamente, a tarefa de uma transformação social, ampla e emancipadora (MÉSZÁROS, 2005, p. 76).

Essas articulações de idéias serviriam para que as comunidades componham

reflexões, despertando o interesse de levantar soluções, para resolução dos

problemas ambientais e sociais da comunidade, e busquem construir sua própria

identidade, melhorando a qualidade de vida, por meio da autonomia dos indivíduos

na comunidade e pela sua liberdade.

O indivíduo, portanto, pode tornar-se um agente transformador do seu meio ambiente, contribuindo, desta forma, para melhorar as condições de vida em sua região (MARRONI, ASMUS, 2003).

José Paulo Netto (1999) faz uma reflexão sobre o projeto ético-político do

Serviço Social, citando alguns dos seus princípios, e referenciando a importância da

liberdade como valor central, conforme citado abaixo:

[...] a liberdade concebida historicamente, como possibilidade de escolher entre alternativas concretas; daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais. [...] A partir dessas

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escolhas que o fundam, tal projeto afirma a defesa intransigente dos direitos humanos e a recusa do arbítrio e do preconceito, contemplando positivamente o pluralismo - tanto na sociedade como no exercício profissional (NETTO, 1999, p.104).

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGENDA 21: Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. São Paulo: Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 1997. ALIROL, P. in RIBEIRO, H., VARGAS. H. c. (ORG.). Novos Instrumentos de Gestão Ambiental Urbana,. São Paulo: EDUSP, 2001.

ALMEIDA, Daniely; GEHLEN, Vitória. Movimentos sociais e ambientais: inter-relação questão social e meio ambiente. Disponível em: http://www.fundaj.gov.br/ /observanordeste/danielyvitoria.pdf. Acesso em 17.10.13 às 12h30min. ALVES, J.A.L. Direitos humanos, cidadania e globalização. Lua Nova, CEDEC, São Paulo, nº 50, 185-206, 2000. ARRUDA, Rinaldo. Populações tradicionais e a proteção dos recursos naturais em unidades de conservação, 1997. Disponível em: www.scielo.br/pdf/asoc/n5/n5a07. pdf>. Acesso em 27.11. 2013 às 14h25mim. BARCELLOS, Sérgio Botton. Ações em educação ambiental e suas relações com a interdisciplinaridade e cidadania. Monografia de Especialização. Santa Maria-RS: UFSM, 2009. BERNA, Vilma. Como fazer educação ambiental. São Paulo: Paulus, 2004. BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2000. _______. Lei n° 6.938/81 – Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) 1981. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em 15.11.13 às 19h. _______. Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Disponível em: http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/1024358/politica-nacional-de-residuos-solidos-lei-12305-10# BUENO, Chris. Os maiores problemas ambientais da atualidade. Reportagem em 1/5/2012, Disponível em: http://360graus.terra.com.br/ecologia. Acesso em 12.11.2013, às 13h. CANIATO, R. Consciência na educação. Campinas: Papirus, 1989. CARVALHO, I. C. M. A invenção do sujeito ecológico: identidade e subjetividade na formação dos educadores ambientais. In: Sato, Michele; Carvalho, Isabel C. M. (org.). Educação Ambiental; pesquisa e desafios. 1 ed. Porto Alegre(RS): Artmed, 2005.

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http://projetobrigadadanatureza.blogspot.com.br/search?updated-max=2013-02-21T10:57:00-08:00&max-results=7&start=2&by-date=false acesso em 20.10.13 às 12h54min http://www.aquasis.org acesso em 07/09/13 as 17:09 hs. http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1023716 acesso em 20/11/2013 as 09h47min. http://www.fortaleza.ce.gov.br/noticias/meio-ambiente/rede-de-catadores-e-prefeitura-de-fortaleza-assinam-acordo-de-gestao acesso em 23.11.13 às 10h31min http://acervo.paulofreire.org/xmlui/bitstream/handle/7891/1475/FPF_OPF_08_004.pdf acesso em 25/11/2013. http://fich.unl.edu.ar/CISDAV/upload/Ponencias_y_Posters/Eje10/Amorin_de_Oliviera_Correia_de_Oliviera/Amorim_tratamento%20res%C3%ADduos%20s%C3%B3lidos.pdf, acesso em 23/11/13, às 13h45min. http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/a_importancia_da_consciencia_ambiental_para_o_brasil_e_para_o_mundo.html http://reporterbrasil.org.br/2012/01/ongs-movimentos-sociais-e-governo-debatem-estrategias-para-a-rio-20/. Acesso em 25.11.13 às 9h. http://acervo.paulofreire.org/xmlui/bitstream/handle/7891/1475/FPF_OPF_08_004.pdf - LIVRO VIRTUDES DO EDUCADOR (VEREDA, 04/1982), acesso em 25/11/2013.

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A N E X O S

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ANEXO A

ROTEIRO SEMIESTRUTURADO DE ENTREVISTA

PESQUISA SOCIOECONÔMICA DO PROJETO BRIGADA DA NATUREZA REALIZADA COM OS BRIGADISTAS

Nome Completo: Idade: Endereço: Telefone: Facebook:

01 – Quantas pessoas compõem a sua família? ( ) 1 pessoa ( ) 4 pessoas ( ) 2 pessoas ( ) 5 pessoas ( ) 3 pessoas ( ) Acima de 5 pessoas= Total: ____ pessoas

02 – Quem é o principal responsável pelo sustento da família? ( ) Pai ( ) Mãe ( ) Avô ( ) Avó ( ) Irmão(a) ( ) Outro(s) _____________________ 03 – Qual a profissão do responsável pelo sustento da família? ( ) Comerciante ( ) Microempresário(a ( ) Pedreiro ( ) Pintor ( ) Eletricista ( ) Encanador ( ) Motorista ( ) Metalúrgico ( ) Vigia ( ) Segurança ( ) Porteiro ( ) Doméstica ( ) Babá ( ) Acompanhante de Idosos ( ) Jardineiro ( ) Caseiro ( ) Atualmente sobrevive de bicos ( ) Desempregado(a) ( ) Sem nenhuma ocupação ( ) Outra(s):_________________________

04 – Sua família participa de algum programa do governo? Se sim qual? ( ) Bolsa Família ( ) ( ) BPC ( ) ( ) Nenhum programa

05 - Qual é o tipo de residência de sua família? ( ) Própria ( ) Alvenaria ( ) Madeira ( ) Alugada ( ) Alvenaria ( ) Madeira ( ) Emprestada ( ) Alvenaria ( ) Madeira

06 – Quantas pessoas hoje estão empregadas em sua família? ( ) 1 pessoa ( ) 4 pessoas ( ) Nenhuma ( ) 2 pessoas ( ) 5 pessoas ( ) 3 pessoas ( ) Acima da 5 pessoas

07 - Qual é o seu nível de escolaridade? ( ) Fundamental I Incompleto. ( ) Fundamental I Completo. ( Fundamental II Incompleto. ( ) Fundamental I Completo.

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( ) Ensino Médio Incompleto. ( ) Ensino Médio Completo. 08 – Quantas crianças estão estudando em sua casa? ( ) 1 criança ( ) 5 crianças ( ) 2 crianças ( ) 6 crianças ( ) 3 crianças ( ) Acima da 6 criança ( ) 4 crianças ( ) Nenhuma

09 – Algum adulto estuda? Sim ( ) Não ( ) 10 – Sua família incentiva seus estudos? Sim ( ) Não ( ) 12 – Qual a importância do estudo para sua vida? 13 – Como você conheceu os projetos da ONG Aquasis? E o que levou você a querer participar do projeto? 15 – Há quanto tempo participa do(s) projeto(s) na AQUASIS? ( ) 1 mês a 6 meses ( ) 6 meses a 1 ano ( ) 1 ano a 2 anos ( ) 2 anos acima 16 – Quantas vezes por semana você participa do(s) projeto(s) na AQUASIS? ( ) 1 vez ( ) 2 vezes ( ) 3 vezes ( ) 4 vezes 17 – Gostaria de participar mais vezes do(s) projeto(s) na AQUASIS? Sim ( ) Não ( ) 18 – O que contribuiu para sua vida a participação no(s) projeto(s)? 19 – Recebe algum apoio de seus familiares para participar do(s) projeto(s) na AQUASIS? Se sim, quem foi? Sim ( ) Não ( ) ___________________________________________________________________ 20 – Houve algum tipo de transformação na sua vida e de sua família, que você tenha contribuído através do aprendizado do projeto? Sim ( ) Não ( ) 21 – Se sim, Qual foi? ___________________________________________________________________ PESQUISADORA: Natacha Bessa Sousa Gurgel Obrigada pela colaboração, Boa sorte!

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ANEXO B

ROTEIRO SEMIESTRUTURADO DE QUESTIONÁRIO

PESQUISA SÓCIO-ECONÔMICA DO PROJETO BRIGADA DA NATUREZA –

REALIZADA COM OS COORDENADORES DA AQUASIS

Nome Completo:

Idade:

Endereço:

Telefone:

E-mail:

01 – Ha quanto tempo trabalha na AQUASIS? Qual o seu papel?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________

02 – Qual a sua formação?

_______________________________________________________________

03 – Qual a sua visão com relação ao Programa de Educação Ambiental da

AQUASIS?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_______________________________________________________

04 – Qual a sua visão da importância do Projeto Brigada da Natureza para

AQUASIS?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_______________________________________________________

05 – Tem alguma participação direta no Projeto Brigada da Natureza?

Sim ( ) Não ( )

06 – Para você quais os pontos positivos e negativos do Projeto Brigada da

Natureza?

Positivos:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Negativos:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

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07 – Espera encontrar alguma resposta do Projeto Brigada da Natureza?

Sim ( ) Não ( )

08 – Se sim, Qual?

___________________________________________________________________

PESQUISADORA:

Natacha Bessa Sousa Gurgel

Obrigada pela colaboração, Boa sorte!

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ANEXO C

REGISTRO DE ALGUMAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Figura 7 – Repercursão ambiental. Fonte: Natacha Bessa.

Figura 8 – Atividade educativa de limpeza de praia. Fonte: Natacha Bessa.

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Figura 9 – Atividade educativa de limpeza de praia. Fonte: Natacha Bessa.

Figura 10 – Retirada da rede de pesca, presa entre as pedras. Fonte: Natacha Bessa.

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Figura 11 – Retirada da rede de pesca por completo. Fonte: Carlos Magno.

Figura 12 – Material encontrado na limpeza de praia. Fonte: Juaci Araujo.

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Figura 13 – Atividade educativa de limpeza de praia. Fonte: Juaci Araujo

Figura 14 – Os brigadistas. Fonte: Natacha Bessa.