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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO INSTITUTO QUALITTAS CURSO DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA EM ANIMAIS SELVAGENS E EXÓTICOS CENTRO DE ESTUDOS E MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES EM UNAÍ E REGIÃO Juliana Mori Unaí, fev. 2008

Centro de Estudo e Manejo de Animais Silvestres Em Unai e Regiao - Juliana Mori

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

INSTITUTO QUALITTAS

CURSO DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA EM ANIMAIS

SELVAGENS E EXÓTICOS

CENTRO DE ESTUDOS E

MANEJO DE ANIMAIS

SILVESTRES EM UNAÍ E

REGIÃO

Juliana Mori

Unaí, fev. 2008

Page 2: Centro de Estudo e Manejo de Animais Silvestres Em Unai e Regiao - Juliana Mori

JULIANA MORI

Aluna do curso de Clínica Médica e Cirúrgica em Animais Selvagens e Exóticos da

UCB

CENTRO DE ESTUDOS E

MANEJO DE ANIMAIS

SILVESTRES EM UNAÍ E

REGIÃO

Trabalho monográfico de conclusão do curso de Clínica Médica e Cirúrgica em Animais Selvagens e Exóticos, apresentado à UCB como requisito parcial para obtenção do título de especialização profissionalizante latu sensu. Orientadora: Profa. Wiviane Maria Chaves de Figueiredo.

Unaí, fev. 2008

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CENTRO DE ESTUDOS E

MANEJO DE ANIMAIS

SILVESTRES EM UNAÍ E

REGIÃO

Elaborado por Juliana Mori Aluna do curso de Clínica Médica e Cirúrgica em Animais Selvagens e Exóticos da

UCB

Foi analisado e aprovado com

grau: ............................

Unaí, _______ de ____________________ de 2008.

_______________________________

Professor Orientador

Unaí, fev. 2008

ii

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Dedico este trabalho aos meus

pais, meu irmão, meu marido

e aos amigos, pelo apoio

recebido.

iii

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Agradecimentos

À minha família, pelo apoio e

incentivo a este estudo;

À minha orientadora Profa.

Wiviani Maria Chaves de

Figueiredo, que guiou meu

caminho de forma coerente;

À Polícia Militar do Meio

Ambiente de Unaí, pela

parceria e confiança em meu

serviço.

iv

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RESUMO

A região de Unaí, pelas suas características físicas, sócio-econômicas e culturais, é um

local onde se observa intensa agressão do homem à natureza, como a construção de

usina hidrelétrica, desmatamentos, queimadas, poluição, tráfico de animais silvestres,

caça, pesca, etc. Conseqüentemente, há uma alta incidência de animais silvestres

feridos, doentes ou apreendidos fora do seu habitat natural. Com o objetivo primordial

de conservação do meio ambiente, propõe-se a realização de um Centro de Estudos e

Manejo de Animais Silvestres (CEMAS), onde serão atendidos, de forma mais ágil e

com mão-de-obra especializada, os pacientes encaminhados por órgãos fiscalizadores.

Além do atendimento clínico-cirúrgico, o CEMAS proporcionará a realização de

pesquisas e educação ambiental à sociedade. Para discutir o assunto e justificar a

implantação do projeto, foram feitos: uma revisão de literatura, uma análise de dados

(obtidos numa clínica veterinária da cidade), um estudo dos meios e dos custos para a

sua realização.

ABSTRACT

Unai, due to its physical, geographical, social-economical and cultural characteristics, is

a region where environmental aggression by mankind is conspicuous with a

hydroelectric powerhouse construction, deforestation, burnings, pollution, wildlife

smuggling, hunting, fishing etc. Consequently, there is a high incidence of injured and

sick wild animals which are captured out of their natural habitat. Focusing on the

environment preservation, it is proposed herein the opening of a Wildlife Research and

Management Centre (CEMAS) where patients, which will be delivered by supervisor

bodies, will be taken care of more efficiently by specialized professionals. Besides

clinical and surgical attendance, the CEMAS will conduct researches and provide

environmental education to the community. In order to elaborate the issue and justify

the project, the following procedures have been conducted: a literature review; a data

analysis (collected from a vet clinic in Unai town); a study of means and costs to

implement the project.

v

Page 7: Centro de Estudo e Manejo de Animais Silvestres Em Unai e Regiao - Juliana Mori

SUMÁRIO

Página

RESUMO ............................................................................................................. v

ÍNDICE DE TABELAS ...................................................................................... vii

ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... viii

PARTE

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8

2. OBJETIVO ....................................................................................................... 11

3. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 11

3.1 O Bioma Cerrado ..................................................................................... 11

3.2 A ação do homem na mortalidade de animais silvestres em Minas

Gerais ...................................................................................................................

14

3.3 Centro de Estudos e Manejo de Animais Silvestres (CEMAS) ............... 18

3.3.1 Estudo científico ............................................................................. 20

3.3.2 Educação ambiental ........................................................................ 21

3.3.3 Soltura ............................................................................................. 21

3.3 Educação ambiental ................................................................................. 26

3.4 Definição e principais características de uma Organização da sociedade

Civil de Interesse Público (OSCIP) .....................................................................

26

4. METODOLOGIA ............................................................................................ 23

4.1 Estudo do atendimento atual dos animais silvestres em Unaí ................. 23

4.2 Custos de Implantação do CEMAS ......................................................... 29

4.2.1 Instalações ....................................................................................... 29

4.2.2 Materiais e Equipamentos ............................................................... 30

4.2.3 Funcionários .................................................................................... 31

4.2.4 Orçamento Final .............................................................................. 31

4.3 Captação de recursos pela OSCIP ............................................................ 32

5. CONCLUSÃO ................................................................................................. 32

6. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 34

vi

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LISTA DE TABELAS

Págin

a

TABELA 1: ESTIMATIVA DE RIQUEZA DOS PRINCIPAIS GRUPOS ANIMAIS E VEGETAIS NO BIOMA CERRADO............................................

12

TABELA 2: DIVERSIDADE DAS ORDENS DE MAMÍFEROS COM OCORRÊNCIA NO CERRADO, NÚMERO DE ESPÉCIES ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO..........................................................................

13

TABELA 3: ENDEMISMO NO BIOMA CERRADO........................................ 14

TABELA 4: DIAGNÓSTICO DAS PRINCIPAIS AMEAÇAS PARA A FAUNA EM MINAS GERAIS.............................................................................

15

TABELA 5: RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA FAUNA AMEAÇADA DE MINAS GERAIS, SEGUNDO AS CATEGORIAS DE AMEAÇA E EXTINTA DA IUCN – UNIÃO INTERNACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DOS RECURSOS NATURAIS (2001).....................................................................................................................

18

TABELA 6: RELAÇÃO DOS ANIMAIS SILVESTRES ATENDIDOS PELA CLÍNICA VETERINÁRIA PET STOP UNAÍ DE JANEIRO DE 2005 A DEZEMBRO DE 2007..........................................................................................

25

TABELA 7: DISTÂNCIA DE UNAÍ EM RELAÇÃO AOS CETAS (CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES) DE MINAS GERAIS.................

28

TABELA 8: CUSTO RESUMIDO DE IMPLANTAÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA DO CEMAS..................................................................................

30

TABELA 9: CUSTO INICIAL RESUMIDO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DO CEMAS..........................................................................

30

TABELA 10: GASTO MENSAL COM ENCARGOS TRABALHISTAS DE FUNCIONÁRIOS DO CEMAS............................................................................

31

TABELA 11: CUSTO TOTAL RESUMIDO DA FASE DE IMPLANTAÇÃO DO CEMAS...........................................................................................................

31

TABELA 12: CUSTO RESUMIDO DE MANUTENÇÃO MENSAL DO CEMAS.................................................................................................................

31

vii

Page 9: Centro de Estudo e Manejo de Animais Silvestres Em Unai e Regiao - Juliana Mori

LISTA DE FIGURAS

Página

FIGURA 1: MAPA HIDROGRÁFICO DE MINAS GERAIS............................

9

FIGURA 2: MAPA DE ESTRADAS CACHOEIRAS E GRUTAS DE UNAÍ E REGIÃO............................................................................................................

10

FIGURA 3: NÚMERO TOTAL DE ESPÉCIES AMEAÇADAS EM CADA BIOMA, NO BRASIL..........................................................................................

17

FIGURA 4: PORCENTAGEM DE SOLTURA, ÓBITO E CATIVEIRO DOS ANIMAIS ATENDIDOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET STOP UNAÍ, NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2005 A DEZEMBRO DE 2007.....................

20

FIGURA 5: PROCEDIMENTO DO ANIMAL NO CEMAS..............................

28

Viii

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1. INTRODUÇÃO

Unaí situa-se no noroeste de Minas Gerais, na região do Planalto Central

Brasileiro e ocupa uma área de 8.464 Km2 de extensão territorial sendo, portanto, o

segundo maior município do Estado (IBGE, 2007). Localiza-se a 600 Km de Belo

Horizonte, 350 Km de Goiânia e a 100 Km de Paracatu. Limita-se ainda com os

municípios de Cabeceira Grande, Uruana de Minas, Dom Bosco, Natalândia, Buritis,

Arinos, Cristalina e Paracatu (UNAÍ, 2007).

Segundo dados do IBGE de 2007, a população de Unaí é composta por

74.495 habitantes. Na área educacional o município tem 26 escolas municipais, 12

escolas estaduais, 03 colégios particulares e 12 cursos de nível superior.

Quanto à infra-estrutura de transporte terrestre, Unaí está ligada por três

rodovias, quais sejam: a BR 251 (170 Km de Unaí a Brasília), MG 188 (100 Km de

Unaí a Paracatu) e MG 121 (150 Km de Unaí a Buritis e Arinos). Possui ainda um

aeroporto municipal, com pista asfaltada e, cinco aeroportos privados com pista natural

(UNAÍ, 2007).

A topografia é formada por 60% de solo plano, 25% de terreno ondulado

e 15% montanhoso. Sua altitude máxima é de 1001m (Serra do Bebedouro) e mínima a

521m (Foz do Rio Preto). Sendo que o ponto central da cidade está a 575m acima do

mar (ASPECTOS, 2004).

A vegetação típica da região é o Cerrado e o clima é tropical

mesotérmico. As temperaturas variam entre máximas de 35ºC e mínimas de 10ºC, com

média anual de 24ºC. O índice pluviométrico anual é de 900 a 1.350mm, sendo

dezembro o mês mais úmido e julho o mais seco. O período de estiagem é de maio a

setembro (UNAÍ, 2007).

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A bacia hidrográfica é do Rio São Francisco (FIGURA 1), constituída

pelas bacias do rio Preto e Urucuia. Possui rios, cachoeiras e grutas (FIGURA 2), ainda

pouco explorados pelo homem, onde há ainda grande variedade de espécies animais e

vegetais.

FIGURA 1: MAPA HIDROGRÁFICO DE MINAS GERAIS.

Page 12: Centro de Estudo e Manejo de Animais Silvestres Em Unai e Regiao - Juliana Mori

Fonte: Unaí Net, 2001. FIGURA 2: MAPA DE ESTRADAS CACHOEIRAS E GRUTAS DE UNAÍ E REGIÃO.

Unaí tem a maior área irrigada da América Latina, com 35 mil hectares, e

a segunda maior bacia leiteira do Estado, com 200 mil litros/dia. Possui o segundo

maior rebanho de corte de Minas, com 300 mil cabeças e é o detentor do segundo maior

PIB agrícola do Estado. Apresenta o melhor nível tecnológico do País na produção de

grãos, sendo o maior produtor brasileiro de feijão e o primeiro de soja e milho de Minas

Gerais (UNAÍ, 2007; IBGE, 2007).

Por todas estas características físicas, climáticas, sócio-econômicas e culturais, a

região, portanto, é caracterizada pela grande intervenção do homem na natureza.

Recentemente houve a construção de uma usina hidrelétrica e são freqüentes as

queimadas, poluição dos rios por defensivos agrícolas, presença de carvoeiras

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clandestinas, tráfico de animais, caça, pesca e outras agressões ao meio ambiente.

Assim, nota-se um crescente número de vítimas da fauna silvestre, os quais não

recebem atendimento médico-veterinário adequado, por ausência de um local

apropriado e pela escassez de profissionais especializados.

2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é propor a implantação de um Centro de

Estudos e Manejo de Animais Silvestres (CEMAS), para a preservação da fauna

regional de cerrado, por meio da recuperação de animais e adequada destinação dos

mesmos, realização de pesquisas e educação ambiental junto à população.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 O Bioma Cerrado

O Bioma Cerrado situa-se em maior parte no Planalto Central brasileiro.

Ocupa 24% do território nacional, pouco mais de dois milhões de quilômetros

quadrados. É a segunda maior formação vegetal do país depois da Amazônia, ocupando

21% do território nacional. Além disso, concentra um terço da biodiversidade nacional e

5% da flora e da fauna mundiais (BIOMA, 2007).

A área central do Cerrado limita-se com quase todos os biomas, exceto

com os Campos Sulinos e os ecossistemas costeiro e marinho. Há porções de Cerrado

na Amazônia, na Caatinga e na Mata Atlântica, as quais são remanescentes de um

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processo de contração e expansão dessas áreas, provocado por alterações climáticas

ocorridas anteriormente. Desse modo, houve grande enriquecimento de espécies no

Cerrado a partir de biomas vizinhos, o que tornou rica a sua biodiversidade (BIOMA,

2007).

Cerca de 82,6% das espécies de aves desse bioma são dependentes das

áreas florestais da Mata Atlântica e da Amazônia. Provavelmente essas aves invadiram

o Cerrado pelas porções sudeste e noroeste. Quanto aos mamíferos, 82% das espécies,

incluindo formas terrestres não voadoras, morcegos, aquáticos e semi-aquáticos estão

associados às Matas de Galeria e, que correspondem à parte dos ambientes florestais

existentes no Cerrado (BIOMA, 2007).

O Cerrado é a savana tropical mais diversificada do mundo. O número de

espécies vegetais supera 6.000 e de animais 320 mil. A riqueza de espécies de peixes,

aves, mamíferos, répteis, anfíbios e invertebrados pode ser visualizada na TABELA 1.

Dentre os mamíferos a riqueza chega a 199 espécies TABELA 2.

TABELA 1: ESTIMATIVA DE RIQUEZA DOS PRINCIPAIS GRUPOS ANIMAIS E VEGETAIS NO BIOMA CERRADO

Grupo Cerrado Brasil (%) Brasil Mundo

Invertebrados 67.000 20,0 335.000 ?

Plantas 6.600 12,0 55.000 280.000

Peixes 1.200 45,0 2.700 24.800

Aves 837 49,9 1.600 9.700

Mamíferos 212 40,5 524 4.600

Répteis 180 38,5 468 6.500

Anfíbios 150 29,0 517 4.200

Fonte: Agência de informação Embrapa ,

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TABELA 2: DIVERSIDADE DAS ORDENS DE MAMÍFEROS COM OCORRÊNCIA NO CERRADO, NÚMERO DE ESPÉCIES ENDÊMICAS E

AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

Grupo Espécies Endêmicas Ameaçadas

Didelphiomorpha (marsupiais: gambás)

17 02

Xenarthra (tatus, tamanduás e preguiças)

11 03

Chiroptera (morcegos) 80 01 03

Primatas (macacos, sagüis, micos)

07

Carnivora (cães selvagens, lobos, gatos selvagens, lontras, etc.)

22 10

Cetacea (baleias e golfinhos) 02

Perissodactyla (antas) 01

Artiodactyla (porcos selvagens; cervos e veados, etc.)

06 01

Rodentia (roedores) 52 16 04

Lagomorpha (lebres e coelhos)

01

Total 199 19 21

Fonte: Agência de informação Embrapa ,

Quando uma espécie é endêmica e ameaçada de extinção, ela poderá

desaparecer completamente do planeta. Atualmente são reconhecidos 21 mamíferos

ameaçados de extinção no Brasil. O nível de endemismo dos mamíferos do Cerrado

corresponde a 9,5 % das espécies. No caso das aves, estima-se 837 espécies e o nível de

endemismo no Cerrado corresponde a 3,4% do total. Para o grupo, 23 espécies são

consideradas como ameaçadas de extinção. A diversidade de répteis pode chegar a 177

espécies, com 17% de endemismo e uma espécie ameaçada de extinção (TABELA 3).

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TABELA 3: ENDEMISMO NO BIOMA CERRADO

Grupo Espécies Endêmicas % Endemismo

Plantas 7.000 3.080 44

Mamíferos 199 19 9,5

Aves 837 29 3,4

Anfíbios 150 42 28

Peixes 1.200 350 29

Répteis 177 20 17

Fonte: Agência de informação Embrapa ,

3.2 A ação do homem na mortalidade de animais silvestres em Minas Gerais

O crescimento desordenado da agropecuária, queimadas, poluição das

águas e reflorestamento com árvores exóticas, contribuem para a extinção da fauna e

flora nativas (TABELA 4) (DINIZ, 1997; REVISÃO, 2007). Com o território reduzido,

muitas espécies selvagens, em busca de alimento, se aproximam das áreas urbana e

rural, para atacarem plantações e criações domésticas, provocando atrito com o homem.

Assim, muitos animais são vítimas de agressões com armas de fogo, envenenamento,

armadilhas ou atacadas por animais domésticos. Além disso, é costume regional o

hábito da caça de subsistência, para ingestão de carne de capivara (Hydrochoerus

hydrochaeris), anta (Tapirus terrestris), cutia (Dasyprocta sp), veado-campeiro

(Mazama gouazopira), jacaré-anão (Paleosuchus palpebrosus), além de outros.

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TABELA 4: DIAGNÓSTICO DAS PRINCIPAIS AMEAÇAS PARA A FAUNA EM MINAS GERAIS.

PRINCIPAIS AMEAÇAS %

Destruição de habitat 31,40

Desmatamento 24,91

Fogo 8,77

Poluição 7,02

Perseguição ou apanha 6,49

Perda de fonte alimentar 4,40

Ameaças indiretas 3,51

Caça, pesca 3,33

Comércio ilegal 2,46

Construção de hidrelétricas 2,28

Desequilíbrio ecológico 1,75

Introdução de espécies exóticas 1,58

Patógenos / parasitas 0,70

Turismo 0,70

Hibridismo 0,35

Atropelamento 0,35

Total 100

Fonte: REVISÃO 2007

Observa-se ainda atropelamentos da fauna silvestre, principalmente em

rodovias, devido ao intenso tráfego de caminhões e automóveis. Na época de colheita,

uma grande quantidade de grãos cai no asfalto durante o transporte, atraindo

conseqüentemente, roedores e aves às rodovias, que por suas vezes atraem outros

animais, como os predadores e carniceiros, causando assim, acidentes com graves

ferimentos e óbitos destes indivíduos.

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No período de seca, que na região dura em média cinco meses,

intensifica-se o número de animais vítimas de queimadas, seja por graves queimaduras

ou por falta de alimento e abrigo.

Segundo IBAMA (2006), 48 mil animais silvestres são apreendidos

anualmente por órgãos fiscais no país. Unaí e região estão na rota do tráfico de animais

silvestres, principalmente de passeriformes e psitacídeos. Moradores locais retiram os

filhotes dos ninhos e os vendem a preços bem abaixo de mercado para os intermediários

(caminhoneiros, motoristas de ônibus e comerciantes). Estes por suas vezes revendem

aos traficantes, que encaminham a “mercadoria” para grandes centros consumidores

como São Paulo e Rio de Janeiro (GUADIX, 2000). É freqüente também a apreensão,

pela Polícia do Meio Ambiente, de animais criados ilegalmente em cativeiro.

Desse modo, devido à intensa agressão do homem na natureza podemos

observar, de acordo com o mapa (FIGURA 3), que Unaí localiza-se na região de

cerrado, o qual é o segundo bioma com maior número de espécies ameaçadas de

extinção (MAPAS, 2003).

Page 19: Centro de Estudo e Manejo de Animais Silvestres Em Unai e Regiao - Juliana Mori

FIGURA 3: NÚMERO TOTAL DE ESPÉCIES AMEAÇADAS EM CADA BIOMA, NO BRASIL.

Numa análise mais detalhada quanto ao grau de extinção em Minas

Gerais, segundo REVISÃO (2007), o grupo de aves foi o que apresentou o maior

percentual de espécies ameaçadas de extinção, correspondendo a 41,24% do total de

táxons avaliados (TABELA 5), seguido pelos invertebrados, peixes e mamíferos. Os

menores percentuais relacionam-se ao grupo da herpetofauna, no qual se incluem os

anfíbios e os répteis com 10 e 6 espécies, respectivamente. Quanto ao grau de ameaça, a

proporção de espécies com um maior risco de extinção foi apontada pelo grupo de

peixes, sendo que, 82% da ictiofauna ameaçada em Minas Gerais estão relacionados

Page 20: Centro de Estudo e Manejo de Animais Silvestres Em Unai e Regiao - Juliana Mori

como Criticamente em Perigo. Para a fauna em geral, grande parte dos táxons encontra-

se na maior categoria de ameaça (Criticamente em Perigo) da IUCN, isto é, 107 (ou

aproximadamente 39%) do total das 274 espécies ameaçadas. As categorias Em Perigo

e Vulnerável corresponderam a 31% e 29% das espécies listadas.

TABELA 5: RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA FAUNA AMEAÇADA DE MINAS GERAIS, SEGUNDO AS CATEGORIAS DE AMEAÇA E EXTINTA DA IUCN – UNIÃO INTERNACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DOS RECURSOS NATURAIS (2001).

CATEGORIAS (IUCN, 2001)1

Grupos

Taxonômicos

EX RE EW CR EN VU Total

2

Total Relativo

%

Mamíferos 0 1 0 7 21 16 45 16,42

Aves 0 0 0 51 39 23 113 41,24

Répteis 0 0 0 1 1 4 6 2,20

Anfíbios 0 0 0 3 0 7 10 3,65

Peixes 0 0 0 37 6 6 49 17,88

Invertebrados 0 0 0 8 18 25 51 18,61

Total2 0 0 0 107 85 81 274 100

Total relativo

%

0,00 0,36 0,00 39,05 31,0

2

29,5

6

100

1: EX=Extinta, RE=Regionalmente Extinta, EW=Extinta na Natureza, CR=Criticamente em Perigo,

EN=Em Perigo, VU=Vulnerável, NT= Quase Ameaçada, DD=Deficiente de Dados, LC= Não Ameaçada

;

2: Excluindo-se as espécies classificadas nas categorias Não Aplicável (113) e as indicadas, mas não

avaliadas (6).

Fonte: REVISÃO (2007).

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3.3 Centro de Estudos e Manejo de Animais Silvestres (CEMAS)

O CEMAS é um local de recepção de animais silvestres, provenientes de

resgates ou apreensões por órgãos fiscalizadores, onde são realizados triagem,

atendimento médico-veterinário e acompanhamento biológico, para a plena recuperação

do paciente e sua possível soltura (BRANCO, 2003).

A estrutura física deve ser composta por: departamento veterinário;

biotério; quarentena; recintos para répteis, aves e mamíferos; área de visitação pública;

auditório e museu, para trabalhos de educação ambiental.

Para que um CEMAS funcione adequadamente deve haver pelo menos

um biólogo, um médico veterinário e tratadores, devidamente treinados para

desempenharem suas funções. O trabalho da equipe consiste em seguir o seguinte

protocolo (FIGURA 4):

• Registrar a entrada do indivíduo;

• Identificar a espécie;

• Determinar o sexo, quando possível;

• Pesquisar informações sobre o histórico do animal (se é de vida livre ou

de cativeiro, local de origem, alimentação anterior, etc);

• Proceder a marcação individual, de acordo com norma específica;

• Realizar exames laboratoriais;

• Tratamento individual, quando necessário;

• Quarentena;

• Formular a alimentação adequada;

• Determinar se o animal poderá ser solto na natureza ou permanecer em

cativeiro.

Page 22: Centro de Estudo e Manejo de Animais Silvestres Em Unai e Regiao - Juliana Mori

Fonte: BRANCO, 2003

FIGURA 4: PROCEDIMENTO DO ANIMAL NO CEMAS.

3.3.1 Estudo científico

As informações que se pode obter de cada indivíduo encaminhado a um

CEMAS são de grande valia e não podem ser desperdiçadas. Para a viabilidade do

estudo científico o CEMAS deve ter parceria e convênio com universidades e

instituições de pesquisa. Além de estudos com material biológico desses animais, é

possível obter informações de interesse em saúde pública, desenvolver projetos

específicos para fauna ameaçada em extinção, promover inventário dos animais da

região e outros (BRANCO, 2003).

Entrada do animal

• Avaliação médica • Exames

complementares • Tratamento clínico • Tratamento cirúrgico • Reabilitação • Nutrição

Coleta de material para análise

Exames de análise clínica

. Identificação da espécie . Reabilitação . Avaliação biológica . Acompanhamento biológico

Saída do animal

.Necropsia

.Exame histopatológico

Preparação da peça biológica

Laudo

Soltura

Cativeiro

Museu

Morte

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3.3.2 Educação ambiental

A educação ambiental será direcionada principalmente às crianças, pois

serão formadoras de opinião para as futuras gerações. Portanto, será possível a

realização de projetos de preservação do meio ambiente nas escolas públicas e privadas

da região, uma vez que a educação é um forte recurso de preservação da natureza e um

processo eficaz para a manutenção das espécies animais. Para isso o CEMAS utilizará

alguns recursos como: palestras, material áudio-visual, campanhas de conscientização

na comunidade e visitação pública à sede da instituição.

A área de visita do público será restrita ao museu, ao auditório e aos

recintos de alguns animais que, após avaliação por profissionais, forem julgados inaptos

a sobreviverem na natureza, por estarem condicionados ao convívio humano ou por

necessitarem de cuidados especiais.

Outro ponto preocupante, em que o CEMAS poderá oferecer orientações,

é para a comunidade rural, que frequentemente sofre invasões de animais selvagens em

suas plantações ou ataques aos animais domésticos.

3.3.3 Soltura

Os animais que, após exames clínico e laboratorial, forem julgados

sadios serão encaminhados ao IBAMA; destinados ao seu local de origem, quando

possível; ou para áreas rurais de soltura. Estas áreas serão selecionadas através de

parceria com donos, de propriedades rurais do município, que manifestarem interesse

em colaborar com o trabalho, que consiste na criação de viveiros para readaptação,

soltura, reintrodução e repovoamento das espécies (RODRIGUES, 2006).

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3.4 Definição e principais características de uma Organização da sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)

Inicialmente será montada uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), para a viabilidade da implantação e manutenção de recursos do CEMAS. As OSCIP normalmente são sociedades civis, sem fins lucrativos, de direito privado e de interesse público. Possui lei própria, a 9.790 de 1999. Para se qualificar, a instituição interessada tem que se enquadrar em alguma das finalidades reconhecidas pela legislação, como passíveis para se pleitear a qualificação como OSCIP, as quais são:

• Promoção da assistência social.

• Promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico.

• Promoções gratuitas da educação, observando-se a forma complementar de

participação das organizações.

• Promoções gratuitas da saúde, observando-se a forma complementar de

participação das organizações.

• Promoção da segurança alimentar e nutricional.

• Defesa, preservação, conservação do meio ambiente e promoção do

desenvolvimento sustentável.

• Promoção do voluntariado.

• Experimentação sem fins lucrativos de novos modelos sócio-produtivos e de

sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito.

• Promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direito e assessoria

jurídica gratuita de interesse suplementar.

• Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e

de outros valores universais.

• Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e

divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam

respeito às atividades mencionadas acima.

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Os recursos financeiros necessários à manutenção da instituição poderão

ser obtidos por:

I – Termo de Parceria, Convênios e Contratos com o Poder Púbico para

financiamento de projetos na sua área de atuação.

II - Contratos e acordos firmados com empresas e agências nacionais e

internacionais.

III - Doações, legados e heranças.

IV – Rendimentos de aplicações de seus ativos financeiros e outros, pertinentes ao

patrimônio sob a sua administração.

V - Contribuição dos associados.

VI – Recebimento de direitos autorais etc.

4. METODOLOGIA

4.1 Estudo do atendimento atual dos animais silvestres em Unaí

Como foi descrita anteriormente, a região de Unaí e entorno

compreendem uma extensa área de Cerrado com grande intervenção do homem na

natureza, seja na destruição da flora nativa, com conseqüente redução de habitat da

fauna; como no tráfico de animais silvestres.

Desse modo, a Polícia do Meio Ambiente realiza freqüentes apreensões

de aves, as quais muitas são filhotes ou se encontram desnutridas e mutiladas e, ainda,

recebe animais vítimas de atropelamentos, queimados e outros. Aqueles julgados

aptos à soltura são reintroduzidos à natureza, sem processo de readaptação. Os filhotes e

as aves acostumadas ao convívio humano são encaminhados a colaboradores,

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denominados “fiel depositário”, que muitas vezes não possuem o conhecimento sobre

hábitos alimentares, transmissão de doenças e manejo adequado.

Os animais feridos ou doentes são encaminhados para clínicas

veterinárias da cidade, as quais não possuem infra-estrutura e conhecimento clínico-

cirúrgico específicos, para os atenderem adequadamente. Desse modo, os pacientes

ficam instalados até a recuperação total em sala de internação para cães e gatos, sob o

risco de contraírem ou transmitirem doenças para pessoas e animais domésticos.

Necessitam ainda de ambiente mais tranqüilo, para minimizar o estresse e, local isolado

para quarentena.

Na cidade há atualmente três clínicas veterinárias e, somente a Clínica

Veterinária Pet Stop Unaí atendeu, de janeiro de 2005 a dezembro de 2007, 78 pacientes

da fauna silvestre (TABELA 6). A FIGURA 5 representa a porcentagem de animais em

cativeiro, os que vieram a óbito e os que foram reintroduzidos à natureza.

Sabe-se que outros veterinários de Unaí atenderam animais silvestres,

contudo não há dados arquivados, nem ficha clínica desses pacientes. Foram solicitados

à Polícia Militar do Meio Ambiente os boletins de ocorrência, de toda a fauna

apreendida nos últimos cinco anos, mas por problemas no sistema de informática do

batalhão não foi possível a realização de tal pesquisa.

TABELA 6: RELAÇÃO DOS ANIMAIS SILVESTRES ATENDIDOS PELA CLÍNICA VETERINÁRIA PET STOP UNAÍ DE JANEIRO DE 2005 A

DEZEMBRO DE 2007. NOME

POPULAR NOME

CIENTÍFICO CASO CLÍNICO PÓS-

TRATAMENTO N° DE

CASOS Arara Canindé

Ara ararauna Fraturas de asa. Cativeiro 05

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Arara Canindé

Ara ararauna Filhote desnutrido apreendido pelo tráfico

Cativeiro 01

Arara Canindé

Ara ararauna Fratura de bico por traumatismo. Óbito 01

Arara Canindé

Ara ararauna Paresia de membros. Óbito 01

Arara Canindé

Ara ararauna Fratura de fêmur da pata direita. Cativeiro 01

Arara Canindé

Ara ararauna Paresia dos membros por traumatismo.

Cativeiro 01

Arara Canindé

Ara ararauna Deficiência nutricional. Cativeiro 05

Arara Vermelha

Ara chloroptera Perfuração do globo ocular esquerdo.

Cativeiro 01

Beija-flor Amazilia fimbriata Hipoglicemia. Soltura 01

Cágado Trachemis sp Ferimento na cabeça. Cativeiro 01

Carcará Caracará plancus Filhotes com doença osteometabólica.

Soltura 02

Caititu Tayassu tajacu Ferimentos nos membros e na cavidade oral, miopatia de captura.

Óbito 01

Codorna Nothura maculosa Ferimento no dorso por atropelamento.

Soltura 01

Coruja-buraqueira

Speotyto

cunicularia

Perfuração ocular e caquexia. Óbito 01

Coruja-buraqueira

Speotyto

cunicularia Fratura exposta de rádio e ulna. Óbito 01

Coruja-buraqueira

Speotyto

cunicularia Desidratação e caquexia. Soltura 01

Coruja Suindara

Tyto alba Fratura exposta de rádio e ulna, necrose e caquexia.

Óbito 01

Garça Ardea alba Fratura exposta de rádio e ulna. Óbito 02

Garça Ardea alba Fratura exposta de rádio e ulna. Soltura 01

Gato-mourisco

Puma yaguarondi Filhote desnutrido e com diarréia.

Cativeiro 01

Gavião quiri-quiri

Falco sparverius Filhote apreendido pelo tráfico Soltura 01

Guariba Alouatta sp Fratura exposta de fêmur e dos dígitos da mão direita, com necrose, desidratação e caquexia.

Óbito 01

Guariba Alouatta sp Filhote c/ desidratação, ferimentos na mão e depressão intensa.

Óbito 01

Guariba Alouatta sp Filhote c/ desidratação e depressão intensa.

Cativeiro 01

Guariba Alouatta sp Macho adulto com lesões perfuro-cortantes por todo o corpo.

Óbito 01

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Guariba Alouatta sp Fêmea adulta desidratada, com queimaduras de 3° grau em todos os membros, face e cauda.

Óbito 01

Jibóia Boa constrictor Filhote desidratado e desnutrido. Óbito 01

Lobo Guará Chrysocyon

brachyurus

Adulto macho c/ ferimentos à bala, lesões em membros, desidratação e caquexia.

Cativeiro 01

Lobo Guará Chrysocyon

brachyurus Filhote atropelado c/ fratura de fêmur.

Cativeiro 01

Lobo Guará Chrysocyon

brachyurus Filhote c/ queimaduras em todos os membros, desidratação e caquexia.

Cativeiro 01

Macaco-prego

Cebus robustus Filhote agredido por cão. Cativeiro 01

Onça parda Puma concolor Filhote c/ desidratação e perda de peso.

Soltura 01

Onça parda Puma concolor Filhote c/ desidratação e perda de peso.

Cativeiro 01

Papagaio Amazona sp Penas das asas cortadas. Cativeiro 04

Papagaio Amazona sp Filhote com perfuração de inglúvio.

Cativeiro 01

Papagaio Amazona sp Filhotes apreendidos por tráfico. Soltura 09

Papagaio Amazona sp Amputação de mandíbula. Cativeiro 01

Papagaio Amazona sp Úlcera de córnea. Cativeiro 01

Papagaio Amazona sp Fraturas de asa e pata. Cativeiro 02

Periquito Brotogeris sp Ferida na cabeça por traumatismo.

Óbito 01

Periquito Brotogeris sp Filhotes órfãos. Cativeiro 04

Quati Nasua nasua Filhote desidratado, desnutrido e com ectoparasitos.

Soltura 01

Quero-quero Vanellus chilensis Fratura exposta de tíbia. Óbito 01

Raposa do campo

Pseudalopex

vetulus

Fêmea adulta atropelada com fratura na coluna lombar.

Óbito 01

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Sagüi Callithrix sp Filhotes c/ necessidade de aleitamento artificial.

Soltura 02

Sagüi Callithrix sp Filhote com paresia por lesão cerebral.

Cativeiro 01

Seriema Cariama cristata Fraturas de carpo e tíbia. Soltura 01

Seriema Cariama cristata Fratura de tíbia e miíase. Óbito 01

Tamanduá Mirim

Tamanduá

tetradactyla

Filhote órfão (mãe atropelada) desnutrido.

Cativeiro 01

Tucano de bico verde

Ramphastos

dicolorus

Filhotes apreendidos pelo tráfico.

Cativeiro 02

Tucano Toco Ramphastos toco Ferida no tórax e fratura de carpo, por traumatismo.

Soltura 01

TOTAL 78

Os animais silvestres apreendidos pela Polícia do Meio Ambiente, que

passaram pela Clínica Veterinária Pet Stop Unaí, apenas para a realização de perícia

técnica, não estão incluídos nesta tabela. Assim, podemos citar os mais frequentemente

periciados como: sofrê (Icterus jamacaii), azulão (Cyanocompsa brissonii), bicudo

(Oryzoborus crassirostris), curió (Oryzoborus angolensis), canário-da-terra (Sicalis

flaveola brasiliensis), sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) e outros. Porém, foi feita

ainda perícia em animais como: jacaré-anão, veado-campeiro, ouriço-caixerio (Coendou

prehensilis) e jaguatirica (Leopardus pardalis).

Page 30: Centro de Estudo e Manejo de Animais Silvestres Em Unai e Regiao - Juliana Mori

22%

28%

50%

Soltura

Óbito

Cativeiro

FIGURA 5: PORCENTAGEM DE SOLTURA, ÓBITO E CATIVEIRO DOS ANIMAIS ATENDIDOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET STOP UNAÍ, NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2005 A DEZEMBRO DE 2007.

De acordo com VELOSO (2006), o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) / MG possui apenas quatro CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres), localizados em Montes Claros, Governador Valadares, Belo Horizonte e Juiz de Fora (TABELA 7). Portanto, devido à distância destes em relação a Unaí, os animais apreendidos não são encaminhados ao local especializado. Para compensar financeiramente uma viagem até Unaí, com o objetivo de levar os animais até um centro de reabilitação autorizado, o órgão espera acumular o maior número de espécimes possível. Enquanto isso, os animais ficam alojados em recintos improvisados.

TABELA 7: DISTÂNCIA DE UNAÍ EM RELAÇÃO AOS CETAS (CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES) DE MINAS GERAIS

Cidade Distância – Km

Montes Claros 584

Governador Valadares 946

Belo Horizonte 600

Juiz de Fora 860

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Cidades adjacentes como Arinos, Vazante, Brasilândia, Buritis, Riachinho, João Pinheiro, Paracatu e Bonfinópolis enviam freqüentemente, para Unaí, animais que necessitam de assistência médico-veterinária.

4.2 Custos de Implantação do CEMAS

Os recursos necessários para a implantação do CEMAS serão assim divididos sucintamente:

• Instalações

• Materiais e equipamentos

• Funcionários

Para que não haja desperdícios e pela escassez de recursos, a primeira fase de implantação do CEMAS inclui, apenas, o mínimo necessário de instalações, materiais e equipamentos, para que possa receber adequadamente animais apreendidos, com segurança e qualidade no serviço. Posteriormente, haverá outro projeto para aumentar a infra-estrutura do local de acordo com a demanda de animais.

4.2.1 Instalações

O terreno para a implantação do CEMAS será utilizado por um contrato de comodato.

O orçamento inclui a construção do muro ao redor do terreno, recintos, cozinha, banheiro, escritório, auditório, museu, ambulatório veterinário, sala de internação e vestiário.

TABELA 8: CUSTO RESUMIDO DE IMPLANTAÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA DO CEMAS.

Instalações Custo de implantação da obra – R$

Mão-de-obra 16959,00

Materiais de construção e

acabamento

35587,98

Total 52546,98

4.2.2 Materiais e Equipamentos

TABELA 9: CUSTO INICIAL RESUMIDO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DO CEMAS.

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Item Custo total – R$

Materiais de manejo 1598,98

Materiais hospitalares 1746,62

Equipamentos veterinários 3581,80

Equipamentos de escritório 1285,50

Equipamentos de imagem e som 700,00

Equipamentos de informática 2500,00

Bens de consumo 147,09

Total 11559,99

4.2.3 Funcionários

TABELA 10: GASTO MENSAL COM ENCARGOS TRABALHISTAS DE FUNCIONÁRIOS DO CEMAS.

Nível de

escolaridade

Número de profissionais Custo mensal com encargos trabalhistas –R$

Nível superior 02 8512,00

Nível médio 01 807,50

Total 9319,50

4.2.4 Orçamento Final

TABELA 11: CUSTO TOTAL RESUMIDO DA FASE DE IMPLANTAÇÃO DO CEMAS.

Fase de implantação Custo – R$

Instalações 52546,98

Materiais e Equipamentos 11559,99

Total 64106,97

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TABELA 12: CUSTO RESUMIDO DE MANUTENÇÃO MENSAL DO CEMAS.

Manutenção mensal Custo R$

Bens de consumo (material de limpeza, de

higiene e de escritório)

29,54*

Materiais hospitalares e medicamentos

veterinários

145,55*

Funcionários 9319,50

Água – SAAE 25,00*

Energia elétrica – CEMIG 250,00*

Telefonia fixa 200,00*

Total 9319,50

*Valores estimados.

4.3 Captação de recursos pela OSCIP

O CEMAS buscará verbas governamentais com o Ministério Público de

Unaí, Fundo Municipal de Apoio ao Meio Ambiente e verba federal, através de projetos

apresentados ao Ministério do Meio Ambiente.

Como medida compensatória, órgãos governamentais podem exigir

compensações ambientais das empresas, que causem impacto negativo ao meio

ambiente, na forma de verbas para programas de proteção à fauna.

O convênio com Faculdades de Medicina Veterinária e de Biologia da região irá viabilizar programas de pesquisa, através de laboratórios, corpo docente e discente, enquanto o CEMAS oferece material biológico, estágios e cursos de capacitação.

As empresas privadas poderão patrocinar o projeto, para vincularem sua logomarca a programas ambientais.

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5. CONCLUSÃO

Em plena era de aquecimento global, com desmatamentos, desenvolvimento agropecuário e, conseqüente redução do habitat da fauna silvestre, qualquer esforço no sentido de preservar a natureza é de grande importância, para o meio ambiente e para o bem-estar do homem. Desse modo, é obrigação do governo e da sociedade civil planejar ações de proteção e utilização racional de recursos da natureza, por meio de conhecimentos técnico-científicos, controle e monitoramento constantes.

O Município de Unaí, pela sua localização e por todas as suas características sócio-econômicas, climáticas, territoriais, hidrográficas e pelo tipo de vegetação, corresponde a um lugar estratégico para implantação de um CEMAS. O índice de mortalidade de animais silvestres da região, que necessitam de cuidados especiais é preocupante, sendo que há ocorrência de espécies ameaçadas de extinção. Este projeto, portanto, proporcionará agilidade e melhor qualidade no atendimento aos animais feridos ou doentes, uma vez que o tratamento de tais pacientes é considerado sempre emergencial.

O CEMAS além de recuperar um indivíduo, ao utilizar-se de um manejo adequado e um atendimento médico-veterinário especializado possui uma grande importância na divulgação da educação ambiental, a qual é um método primordial para a preservação da flora, da fauna e dos recursos naturais.

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6. BIBLIOGRAFIA

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BIODIVERSITAS. Desenvolvido pela Fundação Biodiversitas. Belo Horizonte, 2003. Disponível em < www.biodiversitas.org.br/listas-mg/ > Acesso em: 1 fev. 2008.

BIOMA cerrado. Desenvolvido pela Embrapa, 2005-2007. Disponível em< http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/ag01/Abertura.html > Acesso em: 1 fev. 2008.

BRANCO, A. M. Plano de trabalho para implantação de um projeto CEMAS Centro de Manejo de Animais Silvestres pela esfera não governamental. São Paulo, 2003. Disponível em< www.forumnacional.com.br/projeto_cemas_resumido_dra_angela_maria_branco.pdf > Acesso em: 8 out. 2007.

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COUTO, C. Secretaria do Meio Ambiente instala centro para cuidar de animais silvestres. São Paulo, 12 set. 2002. Disponível em< http://www.fflorestal.sp.gov.br/destaque/120902_cemas.htm > Acesso em: 8 out. 2007.

DINIZ, L.S.M Primatas em cativeiro: manejo e problemas veterinários: enfoque para espécies neotropicais. 1. ed. São Paulo: Ícone, 1997. 196 p.

DIRETRIZES e procedimentos para a destinação de fauna apreendida/recolhida, quando a opção for retorno à natureza. Desenvolvido pelo Ibama. 10 jan. 2005. Disponível em< http://www.ibama.gov.br/consulta/fauna/anexos/anexoI_destinacao.pdf > Acesso em: 10 out. 2007.

GUADIX, F. Tráfico de animais silvestres. EcoReporter, 31 out. 2000. Disponível em< http://www.ecoviagem.com.br/ecoviagem-brasil/ecoreporter/trafico-de-animais-silvestres.asp > Acesso em: 7 jan. 2008. HÖFLING, E.; CAMARGO, H. F. A. Aves no Campus. 3. ed. São Paulo: USP, 2002. 157p.

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IBAMA propõe “Guardiões da fauna”: solução para o comércio ilegal de animais silvestres ou sinal de uma situação limite? Animais silvestres. Jun. 2006. Coordenação de Felipe Jordani. Desenvolvido por ARCA BRASIL. Disponível em < www.arcabrasil.org.br/noticias/060630_animais_silvestres.htm > Acesso em: 8 jan. 2008. IBGE – cidades@. Desenvolvido por IBGE, 2007. Disponível em < www.ibge.gov.br:80/cidadesat/topwindow.htm?1 > Acesso em: 1 fev. 2008.

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