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CENTRO DE INSTRUÇÃO DE GUERRA ELETRÔNICA 2º Ten Com AUGUSTO CÉSAR DINIZ BLOQUEIO ELETRÔNICO À ERB DE TELEFONIA MÓVEL: ANÁLISE DE CASO DE UM BLOQUEIO ELETRÔNICO DE PONTO SOBRE UPLINK EM ENLACES 4G LTE Brasília 2017

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CENTRO DE INSTRUÇÃO DE GUERRA ELETRÔNICA

2º Ten Com AUGUSTO CÉSAR DINIZ

BLOQUEIO ELETRÔNICO À ERB DE TELEFONIA MÓVEL: ANÁLISE DE CASO DE UM BLOQUEIO ELETRÔNICO DE PONTO SOBRE UPLINK EM

ENLACES 4G LTE

Brasília 2017

2º Ten Com AUGUSTO CÉSAR DINIZ

BLOQUEIO ELETRÔNICO À ERB DE TELEFONIA MÓVEL: ANÁLISE DE CASO DE UM BLOQUEIO ELETRÔNICO DE PONTO SOBRE UPLINK EM ENLACES 4G

LTE Trabalho de Conclusão do Curso Básico de Guerra Eletrônica para Oficiais, apresentado ao Centro de Instrução de Guerra Eletrônica, como requisito para obtenção do Grau de Pós-Graduação Latu Sensu, nível de especialização em Ciências Militares.

Orientador: Cap Com Fernando Henrique Castellani Coorientador: 2º Ten OTT/Biblio Thaís Ribeiro Morais Marques

Brasília 2017

Ficha Catalográfica Elaborada pela Biblioteca

do Centro de Instrução de Guerra Eletrônica (CIGE) Bibliotecária Responsável: 2º Ten Thaís Moraes CRB1/1922

D585b Diniz, Augusto César

Bloqueio eletrônico à ERB de telefonia móvel: análise de caso de um bloqueio eletrônico de ponto sobre uplink em enlaces 4G LTE. / Augusto César Diniz – Brasília: Centro de Instrução de Guerra Eletrônica, 2017.

100f.; il. Trabalho de conclusão apresentado ao Curso Básico de Guerra

Eletrônica para Oficiais – Centro de Instrução de Guerra Eletrônica, Brasília, 2017.

Bibliografia: f. 97-100. 1. Bloqueio Eletrônico. 2. Telefonia móvel. I. Diniz, Augusto César.

II. Centro de Instrução de Guerra Eletrônica. III. Título. CDD355

CENTRO DE INSTRUÇÃO DE GUERRA ELETRÔNICA

2º Ten AUGUSTO CÉSAR DINIZ

BLOQUEIO ELETRÔNICO À ERB DE TELEFONIA MÓVEL: ANÁLISE DE CASO DE UM BLOQUEIO ELETRÔNICO DE PONTO SOBRE UPLINK EM ENLACES 4G

LTE

Trabalho de Conclusão do Curso Básico de Guerra Eletrônica para Oficiais, apresentado ao Centro de Instrução de Guerra Eletrônica, como requisito para obtenção do Grau de Pós-Graduação Latu Sensu, nível de especialização em Ciências Militares.

Aprovado em: 26 de julho de 2017.

________________________________________ Fernando Henrique Castellani – Cap Com

Orientador

________________________________________ Thaís Ribeiro Moraes Marques - 2º Ten OTT/Biblio

Coorientador

________________________________________ Johnathan Fernandes Calado – Cap Com

Membro da Comissão de Avaliação

________________________________________ Pablo Martins Correia – 2° Ten OTT/Eng Telecom.

Membro da Comissão de Avaliação

Brasília 2017

Dedico este trabalho à minha família, que

é o meu alicerce e rochedo, sem a qual

não teria chegado até este momento.

AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço aos meus familiares, que de forma indireta contribuíram

imensamente para a produção deste trabalho, seja por intermédio de orações de

minha mãe ou pelos constantes votos de meu pai para que eu tivesse êxito e

sucesso nesta jornada em Brasília.

Agradeço também a todos os instrutores e monitores desta renomada e

exemplar instituição, pelo apoio, pelo esforço e pela dedicação desmedida na qual

atuaram e demonstraram durante as atividades desempenhadas em apoio a este

trabalho, buscando a todo momento a excelência e a qualidade na formação do

futuro Guerreiro Eletrônico do Exército Brasileiro.

Agradeço aos meus companheiros e pares pela camaradagem constante e

pelas inúmeras demonstrações de respeito, lealdade e amizade durante o decorrer

deste curso.

Agradeço os meus superiores, pares e subordinados do Batalhão Escola de

Comunicações (BEsCom) pela confiança, pelo auxílio e pelos votos positivos para a

realização deste curso.

Por fim agradeço a Deus, figura significativa das quais inúmeras vezes me

protegeu, me acompanhou e labutou junto a mim durante esta conquista.

O que sabemos é uma gota; o que

ignoramos é um oceano. Isaac Newton (1643 - 1727)

RESUMO

Referência: DINIZ, Augusto César. Bloqueio Eletrônico à ERB de Telefonia Móvel: análise de caso de um bloqueio eletrônico de ponto sobre uplink em enlaces 4G LTE. 2017. 100 folhas. Monografia (Curso Básico de Guerra Eletrônica para Oficiais) – Centro de Instrução de Guerra Eletrônica, Brasília, 2017.

O desenvolvimento e a consolidação da Internet associado a uma crescente demanda dos usuários por serviços e comunicação em redes de dados, influenciaram, no decorrer do tempo, a evolução da telefonia móvel celular, até a implementação das redes 4G LTE. Atualmente o sistema de telefonia móvel não tem só que disponibilizar serviços de voz, mas necessita também oferecer uma boa conexão à rede de dados (Internet), haja vista a demanda do usuário por compartilhamento de fotos, vídeos, áudios e textos. Esta geração de redes de telefonia móvel possibilitou uma crescente elevação no fluxo de transmissão de dados, e com isso, uma maior interatividade e conectividade dos usuários à Internet e aplicações nela existente. Diante desse panorama, o trabalho em questão busca analisar as viabilidades e estratégias para interferir uma Estação Rádio Base, com ênfase em sinais 4G LTE, buscando expor os principais parâmetros e consequências para o ataque eletrônico no sinal deste tipo de tecnologia. Ainda, a pesquisa busca analisar e expor as principais aplicabilidades militares que há em um bloqueio eletrônico das redes de telefonia móvel 4G LTE.

Palavras-Chave: 4G. LTE. ERB. Bloqueio.

ABSTRACT

Reference: DINIZ, Augusto César. Electronic Blocking to Mobile Telephone ERB: case analysis of an electronic point lock on a 4g lte uplink. 2017. 100 sheets. Monografia (Curso Básico de Guerra Eletrônica para Oficiais) – Centro de Instrução de Guerra Eletrônica, Brasília, 2017.

The development and consolidation of the Internet coupled with a growing demand from users for services and communication in data networks, has influenced the evolution of cellular mobile telephony over the years until the implementation of 4G LTE networks. Nowadays the mobile phone system does not only offer voice services, but also needs to offer a good connection to the data network (Internet), due to the user's demand for sharing photos, videos, audios and texts. This generation of mobile telephony networks made possible a increasing in the flow of data transmission, and with it, greater interactivity and connectivity of users to the Internet and applications in it. In view of this scenario, the work in question seeks to analyze the viability and strategies to interfere with a Base Radio Station, with emphasis on 4G LTE signals, seeking to expose the main parameters and consequences for the electronic attack on the signal of this type of technology. Also, the research seeks to analyze and expose the main military applications that exist in an electronic blockade of the 4G LTE mobile phone networks.

Keywords: 4G. LTE. ERB. Block.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema simplificado de um sistema de telefonia móvel ......................... 21

Figura 2 - Esquema simplificado de um sistema de telefonia móvel ......................... 22

Figura 3 - Modulação Adaptativa Padrão LTE ........................................................... 25

Figura 4 - Espalhamento Espectral ........................................................................... 27

Figura 5 - Sinal Normal e com Espalhamento Espectral DSSS ................................ 27

Figura 6 - Representação Sistema MIMO ................................................................. 32

Figura 7 - Bloqueio Eletrônico de Ponto .................................................................... 36

Figura 8 - Relação J/S ............................................................................................... 38

Figura 9 - Sinal Normal e com Espalhamento Espectral DSSS ................................ 40

Figura 10 - Evolução das tecnologias de Telefonia Móvel ......................................... 44

Figura 11 - Evolução de acessos por tecnologias ..................................................... 45

Figura 12 - Área de Cobertura 2G e 3G no Brasil ..................................................... 48

Figura 13 - Área de Cobertura 4G no Brasil .............................................................. 48

Figura 14 - Localização de ERB para cobertura 4G em Brasília-DF ........................ 52

Figura 15 - Formato do Sinal Multiplexado OFDMA e SC-FDMA .............................. 53

Figura 16 - Faixa de Frequência 4G no Brasil – 2500 MHz ...................................... 54

Figura 17 - Faixas de Frequências 4G no Brasil – 700 MHz ..................................... 55

Figura 18 - Área de Interesse para o Bloqueio Eletrônico – Paranoá-DF ................. 60

Figura 19 - Área de Interesse para o Bloqueio Eletrônico - ERB .............................. 60

Figura 20 - Tela de Configuração da ERB no HTZ Warfare ...................................... 62

Figura 21 – Área de cobertura Uplink da ERB Vivo. ................................................. 63

Figura 22 - Tela de Configuração dos TM no HTZ Warfare ....................................... 64

Figura 23 - Posições propostas para TM ativos ........................................................ 65

Figura 24 - Posições de TM ativos escolhidos para simulação ................................. 67

Figura 25 - Tela de Configuração do Interferidor no HTZ Warfare (100W e BW de

1,25MHz) .............................................................................................. 69

Figura 26 - Tela de Configuração do Interferidor no HTZ Warfare (100W e BW de

180KHz) ............................................................................................... 70

Figura 27 - Posições propostas do Posto MAE ......................................................... 71

Figura 28 - Posicionamento Interferidores no HTZ .................................................... 72

Figura 29 - Posicionamento dos Terminais Móveis no HTZ ...................................... 72

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Características do Padrão LTE ................................................................ 50

Quadro 2 - Posições propostas para TM ativos......................................................... 67

Quadro 3 - Posições propostas do Posto MAE ......................................................... 71

Quadro 4 - Simulação com Interferidor a 100m da ERB ........................................... 74

Quadro 5 - Simulação com Interferidor a 150m da ERB ........................................... 75

Quadro 6 - Simulação com Interferidor a 200m da ERB ........................................... 76

Quadro 7 - Simulação com Interferidor a 250m da ERB ........................................... 77

Quadro 8 - Simulação com Interferidor a 300m da ERB ........................................... 78

Quadro 9 - Simulação com Interferidor a 350m da ERB ........................................... 78

Quadro 10 - Simulação com Interferidor a 400m da ERB ......................................... 79

Quadro 11 - Simulação com Interferidor a 450m da ERB.......................................... 80

Quadro 12 - Simulação com Interferidor a 500m da ERB ......................................... 81

Quadro 13 - Simulação com Interferidor a 1000m da ERB ....................................... 81

Quadro 14 - Simulação com Interferidor a 1500m da ERB ....................................... 82

Quadro 15 - Simulação com Interferidor a 2000m da ERB ....................................... 83

Quadro 16 - Simulação com Interferidor a 2500m da ERB ....................................... 84

Quadro 17 - Simulação com Interferidor a 3000m da ERB ....................................... 84

Quadro 18 - Simulação com Interferidor a 3500m da ERB ....................................... 85

Quadro 19 – Simulação com a Atenuação do Espaço Livre – 100W (Parte I) .......... 87

Quadro 20 – Simulação com a Atenuação do Espaço Livre – 100W (Parte II) ......... 87

Quadro 21 – Simulação com a Atenuação do Espaço Livre – 500W (Parte I) .......... 88

Quadro 22 – Simulação com a Atenuação do Espaço Livre – 500W (Parte II) ......... 89

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução da Tecnologia de Digitais de Telefonia Móvel ............................ 45

Tabela 2 - Taxa de dados médio oferecidos aos usuários ......................................... 46

Tabela 3 - Cobertura de Telefonia Móvel em Abr/17 por Operadoras ........................ 47

Tabela 4 - Municípios Cobertos com o sinal 4G em Abr/17 no Brasil ........................ 47

Tabela 5 - População coberta com o sinal 4G por operadora no Brasil ..................... 49

Tabela 6 - Lotes de Frequências na faixa de 2,5GHz regulamentado pela Anatel .... 54

Tabela 7 - Faixas de Frequências de 4G no Brasil na faixa de 2,5GHz .................... 54

Tabela 8 - Faixas de Frequências de 4G no Brasil na faixa de 700 MHz .................. 55

Tabela 9 - Faixas de Frequências de 4G no Brasil na faixa de 700 MHz .................. 56

Tabela 10 - Parâmetros da ERB ................................................................................ 61

Tabela 11 - Parâmetros do Terminal Móvel ............................................................... 63

Tabela 12 - Parâmetros do Jammer .......................................................................... 68

LISTA DE SIGLAS

16QAM 16 - Quadrature Amplitude Modulation

1G 1ª Geração

2G 2ª Geração

3G 3ª Geração

3GPP 3rd Generation Partnership Project

4G 4ª Geração

5G 5ª Geração

64QAM 64 - Quadrature Amplitude Modulation

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMC Adaptive Modulation and Coding

AMPS Advanced Mobile Phone System

Anatel Agência Nacional de Telecomunicações

BPSK Binary Phase Shift Keying

BTS Base Transceiver Station

BW Bandwidth

CCC Centro de Comutação e Controle

CDMA Code Division Multiple Access

dB Decibel

dBi Decibel (Referência Antena Isotrópica)

dBm Decibel (Referência 1mW)

dBW Decibel (Referência 1W)

DSSS Direct-Sequence Spread Spectrum

EDGE Enhanced Data rates for GSM Evolution

eNodeB E-UTRAN Node B

ERB Estação Rádio Base

E-UTRAN Evolved Universal Terrestrial Radio Access Network

EVDO Evolution Data Optimized

Gbps Gigabit por segundo

GE Com Guerra Eletrônica de Comunicações

GHz Giga Hertz

GPRS General Packet Radio Service

GSM Global System for Mobile Communications

HSPA High-Speed Packet Access

HSPA+ High-Speed Packet Access +

ITU International Telecommunication Union

J/S Jammer/Signal

Kbps Kilobit por segundo

LTE Long Term Evolution

MAE Medidas de Ataque Eletrônico

Mbps Megabit por segundo

MHz Mega Hertz

MIMO Multiple Input Multiple Output

MMDS Multichannel Multipoint Distribution Service

Nr Número

OFDM Orthogonal Frequency Division Multiplexing

OFDMA Orthogonal Frequency-Division Multiple Access

QAM Quadrature Amplitude Modulation

QPSK Quadrature phase-shift keying

RF Radiofrequência

SC-FDMA Single Carrier Frequency Division Multiple Access

SNR Signal Noise to Ratio

SS Spread Spectrum

TDMA Time Division Multiple

TM Terminal Móvel

VoLTE Voice Over LTE

WCDMA Wideband Code Division Multiple Access

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 19

2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 19

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 19

3 REFERENCIAL LITERÁRIO .................................................................................. 20

3.1 TELEFONIA MÓVEL CELULAR .......................................................................... 20

3.1.1 Centro de Comutação e Controle – CCC ...................................................... 21

3.1.2 Estação Rádio Base – ERB ............................................................................ 21

3.1.3 Terminal Móvel – TM ...................................................................................... 22

3.2 ANATEL ............................................................................................................... 23

3.3 TRANSMISSÃO ANALÓGICA ............................................................................. 23

3.4 TRANSMISSÃO DIGITAL .................................................................................... 24

3.4.1 Modulação Digital ........................................................................................... 24

3.4.2 Espalhamento Espectral ................................................................................ 26

3.4.3 Espalhamento Espectral por Sequência Direta – DSSS .............................. 26

3.4.4 Ganho de Processamento ............................................................................. 28

3.5 MODELOS DE PROPAGAÇÃO .......................................................................... 28

3.5.1 Modelo de Propagação ITU-1546 .................................................................. 29

3.5.2 Atenuação no Espaço Livre ........................................................................... 30

3.6 RELAÇÃO SINAL - RUÍDO ................................................................................. 30

3.7 DIVERSIDADE EM PERCURSOS ...................................................................... 31

3.7.1 Sistema Multiple Input Multiple Output (MIMO) ........................................... 32

3.8 SOFTWARE HTZ WARFARE .............................................................................. 33

3.9 ESTABELECIMENTO DE ENLACE .................................................................... 33

3.10 MEDIDAS DE ATAQUE ELETRÔNICO (MAE) .................................................. 34

3.10.1 Bloqueio Eletrônico...................................................................................... 35

3.10.2 Bloqueio Eletrônico de Ponto ..................................................................... 35

3.10.3 Efetividade do Ataque Eletrônico e Densidade Espectral de Potência ... 36

3.10.4 Relação J/S ................................................................................................... 37

3.10.5 Interferidores (Jammers) ............................................................................. 39

3.10.5.1 Diferença entre Interferência em Sinais Analógicos e Sinais Digitais .......... 39

4 TELEFONIA MÓVEL CELULAR ........................................................................... 42

4.1 PRINCIPAIS TECNOLOGIAS .............................................................................. 42

4.2 TELEFONIA MÓVEL NO BRASIL ....................................................................... 46

4.3 REDES CELULARES 4G LTE ............................................................................. 49

4.3.1 O 4G LTE no Brasil ......................................................................................... 50

4.3.2 O sinal 4G LTE ................................................................................................ 52

4.3.3 Parâmetros e Frequências Regulamentadas para o 4G LTE no Brasil ...... 53

4.3.4 Possibilidades e Potencialidades da Rede 4G LTE no Brasil ..................... 56

5 BLOQUEIO ELETRÔNICO DE UMA ERB DE SINAL 4G LTE ............................. 58

5.1 SITUAÇÃO E PARÂMETROS CONSIDERADOS NA SIMULAÇÃO ................... 59

5.1.1 Parâmetros Considerados para a ERB ......................................................... 61

5.1.2 Parâmetros Considerados para o Terminal Móvel ...................................... 62

5.1.3 Parâmetros Considerados para os Interferidores ....................................... 68

5.2 BLOQUEIO ELETRÔNICO SOBRE SINAIS 4G LTE – SIMULAÇÃO NO HTZ

WARFARE ........................................................................................................ 72

5.2.1 Situação 1 – Interferidor a 100m (J100m) .................................................... 73

5.2.2 Situação 2 – Interferidor a 150m (J150m) .................................................... 75

5.2.3 Situação 3 – Interferidor a 200m (J200m) .................................................... 76

5.2.4 Situação 4 – Interferidor a 250m (J250m) .................................................... 76

5.2.5 Situação 5 – Interferidor a 300m (J300m) .................................................... 77

5.2.6 Situação 6 – Interferidor a 350m (J350m) ..................................................... 78

5.2.7 Situação 7 – Interferidor a 400m (J400m) ..................................................... 79

5.2.8 Situação 8 – Interferidor a 450m (J450m) ..................................................... 79

5.2.9 Situação 9 – Interferidor a 500m (J500m) ..................................................... 80

5.2.10 Situação 10 – Interferidor a 1000m (J1000m) ............................................. 81

5.2.11 Situação 11 – Interferidor a 1500m (J1500m) ............................................. 82

5.2.12 Situação 12 – Interferidor a 2000m (J2000m) ............................................. 82

5.2.13 Situação 13 – Interferidor a 2500m (J2500m) ............................................. 83

5.2.14 Situação 14 – Interferidor a 3000m (J3000m) ............................................. 84

5.2.15 Situação 15 – Interferidor a 3500m (J3500m) ............................................. 85

5.3 BLOQUEIO ELETRÔNICO SOBRE SINAIS 4G LTE – SIMULAÇÃO COM

ATENUAÇÃO DO ESPAÇO LIVRE................................................................... 85

5.3.1 Situação 1 – J/S com Interferidores com Potência de 100W ...................... 86

5.3.2 Situação 2 – J/S com Interferidores com Potência de 500W ...................... 88

5.4 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 89

6 APLICABILIDADES MILITARES PARA O BLOQUEIO DE UMA ERB DE

TELEFONIA MÓVEL ............................................................................................ 92

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 97

17

1 INTRODUÇÃO

No panorama atual, as redes de telefonia móvel têm assumido uma

destacada e nobre relevância para as comunicações. A telefonia móvel evoluiu

significativamente com o advento dos smartphones e com demandas crescentes por

transmissões de dados em altas velocidades e com elevadas larguras de banda e

qualidade do sinal.

Para acompanhar e se adequar a esta nova realidade, de uma sociedade

cada vez mais integrada e conectada, gerações e tecnologias referentes a telefonia

móvel surgiram e se aprimoraram. Isto possibilitou uma maior qualidade de

transmissão e de recepção do sinal, uma maior largura de banda disponível, uma

crescente necessidade por tráfego de dados em relação ao tráfego de voz, além de

uma crescente evolução e incremento de usuários nas redes de telefonia móvel.

O fluxo e transmissão de dados tem sido cada vez mais o fator norteador para

a implementação e evolução das tecnologias e protocolos de telefonia móvel,

sempre buscando atender a crescente demanda por tráfego de informações.

Diante disso, é previsível perceber o impacto que uma interferência ou

interrupção das comunicações em uma rede celular pode ocasionar a este fluxo

crescente e de altas demandas por serviços de dados móveis. Esse fato justifica o

objetivo desta pesquisa, haja vista o Bloqueio Eletrônico destes sistemas poder

representar uma vantagem em operações cuja finalidade seja diminuir o fluxo de

dados oponente.

Neste contexto, o presente trabalho, que tem como tema o bloqueio

eletrônico sobre sinais de telefonia móvel 4G no padrão LTE, busca verificar e

analisar, por intermédio do software de predição de enlace HTZ Warfare, a

viabilidade e possibilidades de interferência e bloqueio de ponto em uma ERB

(Estação Rádio Base), denominada também BTS (Estação Transceptora Base),

deste tipo de tecnologia de telefonia móvel, bem como suas principais

consequências e alcance, para aplicações de interesse militar. Assim, o problema

do trabalho está na efetividade de um bloqueio eletrônico de ponto sobre o sinal 4G

com interferidores de parâmetros pré-estabelecidos, dado a peculiaridade do sinal

4G ser de banda larga.

Assim, a estrutura da pesquisa, que possui uma metodologia de caráter

18

bibliográfico e experimental, foi dividida em 4 partes.

A primeira busca dar um panorama breve acerca dos principais conceitos

relacionados a temática proposta, abordando sobre a Telefonia Móvel Celular,

Transmissões Digitais e suas caraterísticas, Diversidade em Percursos de um Sinal

de Radiofrequência e a associação deste assunto com a telefonia móvel padrão 4G

LTE, Medidas de Ataque Eletrônico e suas características e peculiaridades, dentre

outros.

A segunda parte busca aprofundar sobre o assunto Telefonia Móvel Celular,

apresentando um panorama deste assunto no Brasil e buscando caracterizar, expor

e definir o Padrão 4G LTE e as características do seu sinal.

A terceira parte tem por finalidade, mediante uma situação-problema de

caráter experimental e parâmetros pré-definidos, analisar as situações em que

haverá uma maior efetividade e abrangência para o bloqueio eletrônico de ponto

sobre uma ERB de telefonia móvel 4G no padrão LTE.

Por fim, a quarta parte analisará as aplicabilidades militares e produtos que

este tipo de bloqueio poderá proporcionar no que tange a temática Guerra

Eletrônica.

19

2 OBJETIVOS

Com a finalidade de apresentar os objetivos da monografia, abaixo serão

apresentados o Objetivo Geral e os Objetivos Específicos deste trabalho.

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar e verificar, por intermédio do software de predição de enlace HTZ

Warfare e também pela Atenuação no Espaço Livre, a efetividade de um bloqueio

eletrônico de ponto sobre o uplink (TM-ERB) do enlace 4G de padrão LTE,

considerando dois tipos de sinais de interferência: o primeiro com a mesma largura

de banda do sinal alvo e o segundo de banda estreita.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Mostrar as peculiaridades a serem observadas ao se escolher o bloqueio

eletrônico de ponto para sinais de banda larga, como o sinal 4G.

b) Estabelecer a diferença, quanto a efetividade do bloqueio, entre um sinal

interferente de mesma largura de banda do sinal alvo, e entre um sinal

interferente de largura de banda menor que o sinal alvo, com o intermédio do

software de predição de enlace HTZ.

c) Expor, mediante uma situação problema experimental, a efetividade e o

alcance de um Bloqueio Eletrônico ao sinal 4G LTE;

d) Mostrar aplicabilidades de ataques eletrônicos a redes de telefonia móvel 4G

para atividades militares.

20

3 REFERENCIAL LITERÁRIO

A pesquisa irá analisar as condições e condicionantes para obtenção de

efetividade em bloqueio eletrônico de ponto na Estação Rádio Base (ERB) de

telefonia móvel celular 4G. A temática em questão envolve diversos termos e

conceitos de caráter técnico e específico.

Diante deste contexto, serão conceituados e expostos a seguir algumas

terminologias e definições que, no decorrer da pesquisa, serão relevantes para o

completo entendimento do assunto e do viés deste trabalho.

3.1 TELEFONIA MÓVEL CELULAR

Conforme Alencar (2011), um sistema de telefonia móvel celular, assim

denominado por possuir uma área de cobertura dividida em células, pode ser

definido como uma rede de comunicação por radiofrequências que permite a

mobilidade aos usuários da rede de forma contínua entre as células. (ALENCAR,

2011).

Ainda, segundo o autor supracitado, esta divisão da área de cobertura em

áreas menores permitem um emprego eficiente do espectro, com a reutilização de

frequências e a utilização de transmissores de baixa potência. (ALENCAR, 2011).

O sistema de telefonia móvel celular típico e básico é composto, geralmente,

por três elementos: o Centro de Comutação e Controle (CCC), a Estação Rádio

Base (ERB) e os Terminais Móveis (TM), conforme a Figura 1.

21

FIGURA 1 - Esquema simplificado de um sistema de telefonia móvel FONTE: Telebrasil, 2017.

3.1.1 Centro de Comutação e Controle – CCC

Conforme Alencar (2011), o Centro de Comutação e Controle é “[…] o

elemento de coordenação central de toda a rede celular, pois administra todas as

[ERB] dentro de sua área de controle, […] e estabelece a interface com a rede de

comutação pública [...]” (ALENCAR, 2011, p. 229).

Portanto, o CCC é responsável por todo o gerenciamento e comutação dos

dados e informações que trafegam em um sistema de telefonia móvel celular. Nas

diversas tecnologias e gerações da telefonia móvel este conceito foi se adequando e

se adaptando as funcionalidades e demandas de seu período.

3.1.2 Estação Rádio Base – ERB

Segundo Alencar (2011), a Estação Rádio Base (ERB) é a interface entre a

CCC e os TM, e possui a finalidade de transmitir e receber sinais de controle e de

voz/dados dos terminais móveis. É composto, basicamente, por uma unidade de

controle, transceptores rádio, antenas, plantas de alimentação e terminais de dados.

(ALENCAR, 2011, p. 229).

Diante deste contexto, as ERB são responsáveis por fazer a interface entre os

22

elementos de radiofrequência e controle do sistema de telefonia móvel. É, portanto,

um dos principais elementos do sistema, proporcionando a integração e o alcance

da mesma em toda uma área geográfica.

Conforme Sverzut (2015), na telefonia móvel digital este elemento do sistema

(ERB) passou a ser denominado Base Transceptor Station (BTS – Estação

Transceptora Base), haja vista que o termo ERB é mais adequado e coerente em

sistemas analógicos. Porém, para fins de padronização, consideraremos nesta

pesquisa ambas definições como sendo termos correlatos.

A Figura 2 expõe, de maneira simplificada, um sistema de telefonia móvel,

com duas ERB.

FIGURA 2 - Esquema simplificado de um sistema de telefonia móvel FONTE – Teleco (2017).

3.1.3 Terminal Móvel – TM

Alencar (2011) define Terminais Móveis (TM) como o elemento que transmite

e recebe sinais de voz (e dados), além de sinais de controle, permitindo assim o

estabelecimento de chamadas. (ALENCAR, 2011, p. 228). Portanto, são os terminais

dos usuários, como por exemplo os aparelhos celulares e smartphones, um dos

principais elementos do sistema de telefonia móvel.

23

3.2 ANATEL

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é uma entidade integrante

da Administração Pública Federal indireta, submetida a regime autárquico especial e

vinculada ao Ministério das Comunicações, cuja finalidade é regular todo o serviço

de telecomunicações no Brasil. Foi criada pela Lei Geral de Telecomunicações (Lei

9.472, de 16 de julho de 1997), e instalada em 5 de novembro de 1997.

De acordo com a página institucional da agência, cabe à Anatel, dentre as

suas principais atribuições, implementar, em sua esfera de atribuições, a política

nacional de telecomunicações e administrar o espectro de radiofrequências e o

uso de órbitas, expedindo as respectivas normas. (ANATEL, 2017, grifo nosso).

A Anatel, diante do exposto acima, também é responsável por definir os

parâmetros técnicos, no que tange ao espectro eletromagnético, do serviço de

telefonia móvel no Brasil, sendo de sua responsabilidade autorizar, coordenar e

gerenciar o eficiente uso da faixa do espectro eletromagnético.

3.3 TRANSMISSÃO ANALÓGICA

Segundo Guimarães e Souza (2014) “[…] a transmissão analógica transporta

a informação por meio da variação contínua de algum parâmetro do sinal a ser

transmitido [...]” (GUIMARÃES; SOUZA, 2014, p. 17). Além disso, o autor ressalta

que

[…] a transmissão de um sinal analógico está fortemente sujeita às degradações causadas pelo canal, pois qualquer distorção produzida no sinal vai refletir diretamente na qualidade da informação recuperada na recepção [...] (GUIMARÃES; SOUZA, 2014, p. 16).

A transmissão analógica foi comumente utilizada nos primórdios da telefonia

móvel celular, caracterizando a forma de transmissão encontradas nas tecnologias

de primeira geração da telefonia móvel (1G).

24

3.4 TRANSMISSÃO DIGITAL

A transmissão digital de um sinal está relacionada com a possibilidade de

transporte de informação por meio de representações finitas de valores, denominado

bits. Conforme a abordagem de Guimarães e Souza (2014), na transmissão digital

[…] degradações no sinal podem ser literalmente imperceptíveis ao receptor, pois ele recupera a informação com base em uma versão discreta do sinal recebido, sendo praticamente imune a qualquer pequena distorção que não seja capaz de transformar um dos níveis discretos em outros. (GUIMARÃES; SOUZA, 2014, p. 17).

Atualmente, como veremos adiante, o sistema de telefonia móvel celular é um

tipo de serviço em que a transmissão é digital, haja vista a necessidade de

confiabilidade e qualidade no sinal.

3.4.1 Modulação Digital

De acordo com Sverzut (2015)

[…] a [definição de] modulação [está relacionado com] a alteração sistemática de uma onda portadora de acordo com o sinal modulante, e pode incluir também uma codificação. (SVERZUT, 2015, p. 12).

Isto ocorre, conforme o referido autor, pois a transmissão de sinais de

interesse muitas vezes é dificultada pelas características e parâmetros do próprio

sinal, como por exemplo a faixa de frequência. Com isso, faz-se o uso de uma onda

portadora, cujos parâmetros e características são mais adequados para os meios de

transmissão, alterando-a e modificando-a conforme a informação contida no sinal

modulante. (SVERZUT, 2015, p. 12).

Assim,

[…] o modulante é o próprio sinal que se deseja transmitir, mas devido as suas características de baixa frequência, deve ser superposto a uma onda portadora de frequência mais alta, de tal forma que possa propagar-se pelos meios físicos de transmissão [...]. (SVERZUT, 2015, p. 12).

Neste contexto, existem dois tipos básicos de modulação: modulação

analógica e modulação digital. Como o objeto deste estudo utiliza modulações

digitais – os sinais de telefonia móvel 4G – será ressaltado este tipo de modulação.

Modulação Digital, conforme Sverzut (2015) é representar e transmitir uma

25

informação analógica em um conjunto finito de valores discretos, provendo uma

maior capacidade de transporte de informação e qualidade de serviço,

características relevantes para sistemas de telefonia móvel. (SVERZUT, 2015, p.

13).

O padrão LTE, de acordo com Sverzut (2015), utiliza as técnicas de

modulação adaptativa e codificação de canal (Adaptive Modulation and Coding –

AMC). Isto é, o padrão LTE possui a capacidade de adequar o tipo de modulação do

enlace estabelecido, levando em consideração taxas de erros e a relação Sinal-

Ruído do enlace, com a finalidade de maximizar a eficiência espectral do sinal e

prover qualidade de serviço ao usuário. A Figura 3 busca ilustrar essa característica.

Nela podemos observar, de maneira esquemática, que a medida em que ocorre uma

alteração nos parâmetros do sinal, que o faz perder efetividade e qualidade de

transmissão, o sistema modifica o tipo de modulação, para uma classe mais simples,

a fim de prosseguir na transmissão e qualidade do serviço de telefonia móvel.

FIGURA 3 - Modulação Adaptativa Padrão LTE FONTE: Ramraj; Habibi; Ahmad (2017)

Em consonância com o exposto acima, Sverzut (2015) complementa que para

SNR (Signal Noise Ratio – Relação Sinal- Ruído) com valores baixos, utilizam-se

codificações de canais com correção de erros mais robustas, o que

consequentemente reduz a carga útil de informação e aumenta a carga de

cabeçalho e informações de controle à mensagem nestes sistemas. O padrão LTE,

neste contexto, utiliza as modulações BPSK e QPSK, por serem mais robustas.

Com valores de SNR altos e a utilização de codificações de canais com

correções de erro menos robustos, se reduz a carga de cabeçalho e informações de

controle ao sinal, e aumenta a carga útil de informação por ele transportado,

garantindo uma maior eficiência espectral e a possibilidade de uma melhor

26

qualidade de serviço. Com isso, o padrão LTE utiliza as modulações que buscam

apresentar tais características, como o 16QAM e 64QAM. (SVERZUT, 2015, p. 410).

É importante ressaltar que a qualidade do sinal LTE e a modulação por este

padrão adaptado ao uso pelo sinal 4G possui relação com as distâncias e as perdas

de propagação existentes entre o TM e a ERB LTE (ou BTS).

3.4.2 Espalhamento Espectral

De acordo com Guimarães e Souza (2014) o sinal que apresenta

espalhamento espectral (Spread Spectrum – SS)

[…] é aquele que ocupa uma largura de faixa muito maior que a necessária, sendo essa largura de faixa até certo ponto independente da taxa de bits da informação [...]. (GUIMARÃES; SOUZA, 2014, p. 228).

Conforme Anjos (2016), os principais atributos de um sinal com espalhamento

espectral, que em um primeiro momento pode parecer um tipo de sinal indesejado, é

a baixa densidade espectral de potência, baixa probabilidade de interceptação,

imunidade a interferências, e a possibilidade de implementação de múltiplo acesso

Code Division Multiple Access (CDMA).

É importante ressaltar que no padrão LTE o conceito de espalhamento

espectral está associado e integrado ao modelo de multiplexação e método de

acesso utilizado por este padrão – o OFDM, OFDMA e SC-FDMA. O sinal 4G neste

contexto, como veremos no próximo capítulo, é composto por diversas

subportadoras, sendo que cada subportadora desta, por meio de um código de

espalhamento característico, é espalhada no espectro, tomando uma forma peculiar

no espectro eletromagnético, comuns a sinais de elevada largura de banda e que

comportam uma elevada gama de informações.

3.4.3 Espalhamento Espectral por Sequência Direta – DSSS

Conforme Guimarães e Souza (2014) espalhamento espectral por sequência

27

direta (Direct Sequence Spread Spectrum – DSSS) está relacionado com a geração

de “[…] um sinal Spread Spectrum pela multiplicação direta da sequência de

espalhamento pela sequência de informação [...]” (GUIMARÃES; SOUZA, 2014, p.

247, grifo do autor).

Na Figura 4, é possível observar, de maneira simplificada, a formação de um

sinal com espalhamento espectral por sequência direta. Nesta, o sinal contendo bits

de informações válida com duração Tb, após passar por um conversor de níveis, é

multiplicado por uma sequência de espalhamento, denominado chip com duração Tc.

O resultado, após ser modulado, é um sinal espalhado.

FIGURA 4 - Espalhamento Espectral FONTE: Anjos (2016)

Na Figura 5 observamos o resultado do processo acima descrito.

FIGURA 5 - Sinal Normal e com Espalhamento Espectral DSSS FONTE: Adamy (2009, p. 268)

No padrão LTE 4G, o espalhamento espectral, como visto anteriormente, é

parte integrante do processo de multiplexação e método de acesso nele existente, e

ocorre baseado no princípio de espalhamento espectral por sequência direta.

28

3.4.4 Ganho de Processamento

De acordo com Guimarães e Souza (2014):

O ganho de processamento GP (processing gain) é a razão entre as relações sinal/(ruído+interferência) após e antes do processo de desespalhamento no receptor. Representa a melhoria na relação entre a potência de sinal e a potência de ruído+interferência obtida com o uso de espalhamento espectral em relação àquela obtida sem o seu uso, conservadas iguais as demais condições [...]. (GUIMARÃES; SOUZA, 2014, p. 256, grifo do autor).

Ainda, conforme o autor:

É importante ressaltar que o ganho de processamento tem efeito somente em sinais interferentes de faixa estreita, pois é neste caso que a densidade espectral de potência do sinal interferente é reduzida pelo processo de desespalhamento. Se um sinal interferente tem faixa larga, o desespalhamento realizado no receptor vai mantê-lo com faixa larga e, portanto, não reduzirá sua influência no desempenho do sistema na faixa ocupada pelo sinal de interesse, após este ser desespalhado. (GUIMARÃES; SOUZA, 2014, p. 258, grifo do autor).

Assim, conforme o exposto acima, é coerente inferir que em um bloqueio de

ponto, (conceito este que será abordado com maior detalhamento ainda neste

capítulo), com largura de banda menor do que o sinal 4G alvo, que é um sinal de

banda larga e que possui características de um sinal espalhado no espectro, sofrerá

os efeitos de ganho de processamento, haja vista que o sinal 4G será interpretado

pelo receptor ao passo que o sinal interferente será espalhado e terá seus efeitos

minimizados.

3.5 MODELOS DE PROPAGAÇÃO

Conforme Pires (2012), modelos de propagação

[...] são fórmulas matemáticas usadas para caracterizar a propagação de ondas de rádio [e] normalmente, é uma função da frequência, distância, alturas de antenas, terreno e outras condições [...]. (PIRES, 2012).

Os modelos de predição de enlace podem ser classificados quanto a sua

origem, podendo ser empíricos, teóricos ou específicos de uma determinada

localidade; e também podem ser classificados quanto as suas aplicações, podendo

ser ponto-a-ponto ou ponto-multiponto.

De acordo com Pires (2012):

29

Os modelos empíricos geralmente são conjuntos de equações baseados em testes, geralmente feitos em campo para medições de path loss, atraso de propagação ou outras características do canal [...]. Os modelos específicos dos locais são baseados em métodos numéricos aplicados à geometria do local estudado, sendo eles, portanto, mais detalhados e exatos. Já os modelos teóricos são derivados dos fenômenos físicos assumindo algumas condições ideais [...]. (PIRES, 2012).

Ainda, conforme o mesmo autor:

Os modelos ponto-multiponto fornecem uma estimativa geral da propagação de rádio em vez de usar dados de caminho específicos, e podem ser utilizados quando os dados de boa qualidade de terreno e clutter não estão disponíveis. Sendo assim, esses modelos são muito úteis para o dimensionamento de redes de celulares propostas e mais adequados para a análise de percursos longos. [Ao passo que] os modelos de ponto-a-ponto, além de fazerem estimativas de rádio enlaces, também possibilitam descrever o comportamento da propagação entre o transmissor e receptor. (PIRES, 2012)

Estes métodos de propagação auxiliam no planejamento e na análise de

cobertura de sistemas de telefonia móvel. Existem inúmeros modelos de propagação

que buscam prever e analisar o comportamento da onda no ambiente, no entanto

esta pesquisa se limitará ao modelo de propagação ITU-1546 e ao conceito de

atenuação no espaço livre, ambos considerados pelo software de predição de enlace

na qual serão realizadas as simulações desta pesquisa.

3.5.1 Modelo de Propagação ITU-1546

O modelo de propagação ITU-1546 é um método para previsões de

propagação de radiocomunicações ponto-multiponto para serviços terrestres na faixa

de frequência de 30 MHz a 3 000 MHz. É destinado ao uso em circuitos de rádio

troposféricos por caminhos terrestres, caminhos marítimos e / ou caminhos mistos

terrestres e marítimos até 1 000 km de comprimento para alturas de antenas de

transmissão efetivas inferiores a 3 000 m. O método, que é uma recomendação da

International Telecommunication Union (ITU – União Internacional de

Telecomunicações) de 2013, é um modelo empírico. (ITU, 2013).

Face ao exposto acima, o modelo apresentado será empregado para a

simulação desta pesquisa, haja vista o enlace da telefonia móvel celular padrão LTE

a ser observado estar dentro das condicionantes abrangidas por este modelo.

30

3.5.2 Atenuação no Espaço Livre

De acordo com Tude (2017):

[…] apenas parte da energia transmitida através das ondas eletromagnéticas é captada pela antena receptora. Esta energia é tanto menor quanto maior a frequência e a distância. Esta perda, [é] denominada perda no espaço livre e [é] expressa em dB [...] (TUDE, 2017).

A Atenuação do Espaço Livre, portanto, indica as perdas inevitáveis e

indispensáveis relacionadas com a distância percorrida pelo sinal e a sua

frequência, em uma situação ideal – que é o espaço livre – desconsiderando outras

perdas e atenuações possíveis no trajeto do sinal, como absorção, desvios, dentre

outros.

A equação abaixo apresenta o cálculo para a Atenuação do Espaço Livre,

onde D é a distância em km (Quilômetros) e f a frequência em MHz (Mega-Hertz).

AEL = 32,44 + log(D)Km + log(f)MHz

3.6 RELAÇÃO SINAL - RUÍDO

A relação Sinal-Ruído (Signal to Noise Ratio –SNR) é, conforme Adamy

(2009), “[...] a forma como quantificamos a qualidade da informação recuperada a

partir de um sinal recebido [ em um receptor ] [...]” (ADAMY, 2009, p. 101).

Ainda de acordo com o Centro de Instrução de Guerra Eletrônica (2012), a

relação Sinal-Ruído é uma relevante relação para a efetividade e qualidade de um

enlace por meio da propagação de ondas eletromagnéticas, e […] é o quociente

entre a potência do sinal desejado e a potência do ruído que o perturba. Dessa

forma, quanto maior a relação sinal ruído, melhor a qualidade do sinal [...] (CENTRO

DE INSTRUÇÃO DE GUERRA ELETRÔNICA, 2012, p. 104).

31

3.7 DIVERSIDADE EM PERCURSOS

Segundo Guimarães e Souza (2014) um dos fenômenos mais prejudiciais à

comunicação sem fio, como por exemplo a telefonia móvel, é a propagação de um

sinal por múltiplos percursos. O sinal com espalhamento espectral permite minimizar

e combater este fenômeno, por meio do emprego da técnica denominada

diversidade em percursos (path diversity). (GUIMARÃES; SOUZA, 2014, p. 264).

Define-se como técnica de diversidade qualquer uma que, processando réplicas do sinal recebido, reduz a variabilidade no sinal processado ou aumenta a relação sinal-ruído (RSR) média do sinal que será utilizado para que se decida sobre os símbolos transmitidos. A diversidade tem principal aplicação em ambientes de propagação em que há influências descorrelacionadas do canal nas várias réplicas do sinal. Quanto mais descorrelacionadas as réplicas do sinal, melhor o desempenho da diversidade. (GUIMARÃES; SOUZA; p. 273 , grifo do autor).

Dentre os tipos mais comuns de diversidade de recepção, destacam-se: a

diversidade espacial, em polarização, em frequências e em percursos.

A diversidade espacial é caracterizada pela disposição de diferentes antenas

no receptor, de forma separada e com espaçamento específico entre estas,

relacionado com o comprimento de onda. A diversidade em polarização é

caracterizada pela inserção de sinais em antenas com diferentes polarizações. A

diversidade em frequências é caracterizada pela canalização de um sinal por

diversas portadoras de frequências diferentes. Já a diversidade em percursos

consiste em uma técnica de processamento cujo objetivo é distinguir, integrar e

combinar sinais que chegam ao receptor por diversos percursos, a fim de que se

possa integrar o sinal. (GUIMARÃES, SOUZA, p. 274).

Atualmente, a exploração deste tipo de conceito proporcionou uma grande

evolução nos sistemas de telefonia móvel celular, ocasião esta que proporcionou e

permitiu o desenvolvimento e consolidação dos padrões atuais de telefonia móvel,

tais como o padrão LTE. Isto ocorreu, principalmente pelo desenvolvimento de

sistemas e recursos de antenas (Sistemas MIMO) que pudessem aproveitar esta

desvantagem ocasionada pelas próprias características de propagação da onda

eletromagnética no terreno (diversidade de percursos), como uma forma de

potencializar e melhorar a qualidade da transmissão e recepção.

32

3.7.1 Sistema Multiple Input Multiple Output (MIMO)

Os sistemas MIMO, conforme Sverzut (2015), são sistemas de transmissão e

recepção que utilizam múltiplas antenas (Multiple Input Multiple Output – MIMO), isto

é, que utilizam x antenas de transmissão e y antenas de recepção, “[…] são nativos

de redes que utilizam múltiplas portadoras e são usados para dar robustez à

transmissão de dados (throughput) na interface de RF. [...]” (SVERZUT, 2015, p.

408). Estas características são encontradas nas atuais implementações e padrões

de telefonia móvel, como o padrão LTE, dentre outros sistemas.

[...] os sistemas MIMO tem a capacidade de realizar a multiplexação espacial de sinais […] [que] permite a transmissão simultânea de diferentes fluxos de dados sobre um mesmo bloco de recursos explorando a dimensão espacial do canal de RF. A multiplexação espacial permite que dados transmitidos individualmente por diferentes antenas sejam combinadas na recepção, […] [e também] aumenta a taxa de pico de dados de acordo com a configuração MIMO (fator 2 para configuração 2x2 antenas e fator 4 para configuração 4x4 antenas) [...]. (SVERZUT, p. 408).

De acordo com Tanenbaum (2011)

[…] a técnica de entrada múltipla, saída múltipla, ou MIMO (Multiple Input Multiple Output), [com o] uso de múltiplas antenas oferece um grande aumento de velocidade e, além disso, melhora o alcance e a confiabilidade [...]. (TANENBAUM, p.190).

FIGURA 6 - Representação Sistema MIMO FONTE: Almeida (2013).

Segundo Leal (2016)

[...] as configurações de MIMO padrão para LTE são 1x1, 2x2, 4x2 e 4x4, onde o primeiro número representa o número de antenas de transmissão e o segundo, o número de antenas de recepção utilizados [...]. (LEAL, 2016, p. 6).

Os sistemas MIMO buscam associar a diversidade espacial e diversidade de

percurso das transmissões, com a finalidade de garantir uma maior robustez e vazão

ao sinal emitido, se aproveitando das características desta propagação.

33

3.8 SOFTWARE HTZ WARFARE

O software HTZ Warfare, desenvolvido pela empresa francesa ATDI, é uma

ferramenta de predição, análise, otimização e projeção de enlaces eletromagnéticos,

tanto para aplicações civis quanto para aplicações militares. Conforme a empresa

desenvolvedora do software, ATDI, esta ferramenta viabiliza o planejamento e a

análise de radiocomunicações empregadas em contexto militar e a modelagem e

estudos de aspectos inerentes à Guerra Eletrônica, levando em considerações

características e modelagens do terreno, para uma melhor propagação. (ADTI,

2017).

Esta ferramenta abrange diversas tecnologias em destaque no contexto das

telecomunicações, tais como modelos de propagação, modulações e aplicações que

possuam como meio o espectro eletromagnético.

3.9 ESTABELECIMENTO DE ENLACE

O enlace ocorrerá quando houver condições que permitam a ligação, por um

canal de transmissão, entre o transmissor e o receptor. Na telefonia móvel celular,

por exemplo, o terminal móvel (ou aparelho celular), que poderá ser o transmissor

(uplink) ou receptor (downlink) do sistema, estabelece o enlace por meio de um

canal de transmissão sem fio, utilizando-se de ondas eletromagnéticas, com a ERB

da operadora de telefonia, que também poderá ser o transmissor ou o receptor no

sistema.

O estabelecimento de um enlace sem fio depende de alguns parâmetros, tais

como a frequência e potência de transmissão e recepção, as atenuações e perdas

dos sinais, os ganhos do sistema, dentre outro.

Segundo Leal (2016), em um sistema de telefonia móvel, o

[…] balanceamento de enlace, do inglês Link Budget, pode ser entendido como o cálculo da perda de propagação máxima que o sistema deve suportar para que os usuários localizados nas bordas das células reúnam condições mínimas para o uso de tal sistema. Com esse cálculo, é possível definir o raio de cada célula, bem como a área de cobertura, fazendo com que a estimativa do número de eNodeBs necessários para que o sistema

34

seja coberto em uma determinada região seja possível […]. (LEAL, 2016, p. 13).

Em seguida, Leal (2016) complementa:

[…] Dentre os parâmetros que o balanceamento de enlace [ou cálculo de enlace] leva em consideração, os principais são a potência de transmissão, os ganhos das antenas, e todos os tipos de perdas possíveis de ocorrer quando a onda se propaga a partir do transmissor até o receptor. Além disso, existe uma margem de desvanecimento [ou também margem de interferência] que garante que os usuários das bordas das células consigam utilizar o sistema [...]. (LEAL, 2016, p. 13).

A relação apresentada a seguir expõe, de maneira generalizada, os

parâmetros a serem considerados para o estabelecimento de enlace em sistemas de

comunicações, considerando que os dados estão na escala logarítmica, (em dB):

Potência Recebida = Potência Transmitida + Ganhos – Perdas

Nesta pesquisa, utilizaremos a ferramenta HTZ Warfare para simular e

calcular os enlaces entre os elementos que compõem o sistema de telefonia móvel

padrão LTE e os elementos de Guerra Eletrônica a serem observados.

3.10 MEDIDAS DE ATAQUE ELETRÔNICO (MAE)

Segundo o Manual de Campanha de Guerra Eletrônica do Exército Brasileiro,

“[...] as MAE [Medidas de Ataque Eletrônico], por definição, envolvem as ações para

impedir ou reduzir o uso efetivo do espectro eletromagnético do inimigo [...]”

(BRASIL, 2009, p. 3-7).

As MAE, de acordo com o manual, são doutrinariamente divididas em

Destrutivas e Não-Destrutivas. A finalidade do primeiro tipo é causar dano físico ao

oponente ou alvo por intermédio de emissões eletromagnéticas, ao passo que o

segundo visa impedir ou degradar os sistemas oponentes, sem causar os danos do

anterior. (BRASIL, 2009, p. 3-7).

A pesquisa abordará apenas as MAE Não-Destrutivas, na modalidade

Bloqueio Eletrônico, haja vista a finalidade deste trabalho estar em verificar e

analisar interferências em sinais de telefonia móvel 4G, causando a indisponibilidade

temporária do serviço.

35

3.10.1 Bloqueio Eletrônico

A temática referente a Bloqueio Eletrônico é de extrema relevância para o

desenvolvimento desta pesquisa, haja vista a proposta deste trabalho estar em

interferir sinais de telefonia móvel 4G.

Segundo o Manual de Campanha de Guerra Eletrônica, bloqueio eletrônico:

Consiste na deliberada irradiação de energia eletromagnética, com o propósito de restringir ou anular o desempenho de equipamentos ou sistemas eletrônicos em uso pelo inimigo. Ele é usado para impedir, ou pelo menos dificultar, a recepção de sinais nos equipamentos inimigos de detecção, de radiocomunicações, de navegação eletrônica, de sistemas de identificação eletrônica e de direção e controle de armas. (BRASIL, 2009, p. 3-8).

O Bloqueio Eletrônico é classificado como Bloqueio de Ponto, Bloqueio de

Varredura e Bloqueio Simultâneo, sendo este último dividido em Bloqueio por Tempo

Compartilhado e Bloqueio de Barragem. (CENTRO DE INSTRUÇÃO DE GUERRA

ELETRÔNICA, 2012, p. 70).

Na pesquisa, para que os objetivos sejam alcançados, será enfatizado o tipo

Bloqueio de Ponto.

3.10.2 Bloqueio Eletrônico de Ponto

Segundo o Manual de Campanha de Guerra Eletrônica, bloqueio eletrônico de

ponto:

Utiliza transmissores de faixa estreita e sintonia precisa. É empregado individualmente sobre a largura de banda ocupada no espectro pelo receptor do oponente, e sua eficiência depende diretamente da obtenção da frequência exata de operação, o que pode ser feito pelas MAGE. A grande vantagem desse tipo de bloqueio consiste na maior concentração de energia numa estreita faixa de frequência. ( BRASIL, 2009, p. 3-8).

A figura a seguir ilustra, didaticamente, o Bloqueio Eletrônico de ponto, na

qual a largura de banda (BW) do sinal interferente é maior em relação à largura de

banda do sinal oponente, e o alvo é determinado, de localização e parâmetros

conhecidos.

36

FIGURA 7 - Bloqueio Eletrônico de Ponto FONTE: Brasil (2009)

Diante deste contexto é possível inferir que o bloqueio de ponto tem como

requisito básico o conhecimento prévio da frequência e largura de banda

empregado pelo sinal alvo. Neste contexto surge três situações possíveis para o

emprego do bloqueio de ponto: o primeiro refere-se à situação em que a frequência

e largura de banda dos sinais do jammer (Interferidor) e do alvo são idênticos; o

segundo, quando a largura de banda do jammer é maior do que o do sinal do alvo; e

por fim, a terceira situação refere-se quando o sinal do jammer possui largura de

banda menor do que o sinal do alvo.

O padrão LTE, como veremos no próximo capítulo, é um sinal de banda larga.

Portanto, a efetividade do bloqueio de ponto sobre este sinal de alta largura de

banda dependerá da potência e da largura de banda do sinal do jammer.

Conforme visto anteriormente, se a largura de banda do sinal interferente for

menor do que o sinal do padrão LTE, ocorrerá ganho de processamento deste

último, o que dificultará a eficácia do bloqueio eletrônico.

Neste contexto, a pesquisa buscará verificar a eficiência e alcance deste tipo

do bloqueio eletrônico de ponto, com o sinal jammer de mesma largura de banda do

sinal alvo, buscando fazer um paralelo com o sinal jammer de banda estreita.

3.10.3 Efetividade do Ataque Eletrônico e Densidade Espectral de Potência

De acordo com Adamy (2009) os principais requisitos, que garantem

efetividade à interferência de sistemas de comunicações, dependem da modulação

37

do sinal, da geometria do enlace e da potência do sinal de bloqueio transmitido.

(ADAMY, 2009). Toscano (2006) define que para ser efetivo “[…] o sinal interferente

deve ocupar toda a banda de frequências utilizada pelo sistema [alvo], com potência

suficiente [...]” (TOSCANO, 2006, p.34, grifo nosso).

Dentre os elementos que podem contribuir para um ataque eletrônico e sua

efetividade, podemos destacar o nível de potência do interferidor, o azimute,

polarização e tipo da antena do interferidor, a distância do alvo, além de obstáculos

naturais e artificiais e condições climáticas adversas. (CENTRO DE INSTRUÇÃO DE

GUERRA ELETRÔNICA, 2012).

Diante disso, o termo densidade espectral de potência assume uma

importante relevância para a efetividade de um bloqueio eletrônico, haja vista a

potência do sinal interferente ser um dos principais fatores para o êxito deste tipo de

ataque.

Conforme Centro de Instrução de Guerra Eletrônica (2012),

[…] a densidade de potência pode ser entendida como a concentração de energia sobre uma determinada região do espaço. Quanto maior a concentração de energia do sinal atacante, maior a probabilidade do ataque tornar-se efetivo, contudo não há certeza do êxito do ataque, pois podem existir outros fatores que reduzem a absorção dessa energia por parte do alvo, aumentando sua resistência a interferência [...] (CENTRO DE INSTRUÇÃO DE GUERRA ELETRÔNICA, 2012, p.6).

Para fins de simulação, esta pesquisa definirá nos próximos capítulos os

parâmetros a serem considerados na análise a fim de verificar a efetividade do

ataque eletrônico a ERB 4G.

3.10.4 Relação J/S

De acordo com Adamy (2009) o mecanismo para bloquear um sistema de

comunicações consiste em:

“[...] injetar um sinal indesejado no receptor alvo juntamente com quaisquer sinais desejados que estão sendo recebidos [por este receptor]. O sinal indesejado deverá ser suficientemente forte para que o receptor não consiga recuperar a informação desejada dos sinais desejados. A proporção do sinal de interferência (no receptor) pelo sinal desejado (no receptor) é chamada de relação (J/S) [...] comumente indicada em dB [...]”. (ADAMY, 2009, p.253, tradução nosso).

Portanto, a relação J/S representa o quanto maior é o sinal de interferência

38

sobre o sinal de comunicações que chega no receptor. A Figura 8 busca representar

este conceito. Nela observamos que o Sinal de Alvo (Desired Signal), com uma

determinada largura de banda, sofre uma interferência de um sinal com maior

largura de banda e intensidade de potência (Jamming signal), bloqueando, portanto,

pontualmente, o sinal alvo.

FIGURA 8 - Relação J/S FONTE: Adamy ( 2009)

Consoante a Figura 8, a relação J/S pode ser representado da seguinte

forma:

J/S = J – S

Onde J é o sinal jammer e S é o sinal alvo, ambos em escala logarítmica (em

dB ou correlatos).

Nesta pesquisa, buscou-se analisar e verificar, mediante auxilio do software

de predição de enlace HTZ, a efetividade de um ataque eletrônico por bloqueio de

ponto em um sinal 4G de padrão LTE, considerando um sinal jammer com largura de

banda igual ao sinal 4G e com a largura de banda estreita, assim observando a

efetividade e o alcance de ambos os tipos de bloqueio.

39

3.10.5 Interferidores (Jammers)

Jammers, termo em língua inglesa que representa interferidores, são

equipamento cuja a principal característica está na possibilidade de gerar sinais

eletromagnéticos que, dependendo das características e potência de transmissão,

irão causar interferência em outros sinais. Neste contexto, serão explorados a seguir

a temática interferência de sinais e jammers.

3.10.5.1 Diferença entre Interferência em Sinais Analógicos e Sinais Digitais

Segundo Adamy (2009),

[...] quando se interfere um sinal de comunicações com modulação analógica, é necessário normalmente uma alta relação J/S (10 dB é considerado adequado geralmente). É necessário também uma efetividade na interferência de 100% durante o ciclo de execução do sinal. Isto é necessário pois o radio-operador possui uma habilidade significativa de adaptar a sua escuta, mediante ruídos intermitentes e de baixa qualidade do sinal [...]. (ADAMY, 2009, p. 255, tradução e grifo nosso).

Já com os sinais de modulação digital a abordagem é diferente. Conforme

Adamy (2009), a ideia é interferir o sinal digital, produzindo bits de erro, e assim

tornar o sinal ininteligível para os demoduladores digitais. (ADAMY, 2009). Ainda,

conforme o autor, a interferência sobre um sinal digital não requisita de um alto valor

da relação J/S. O valor 0 dB é suficiente para que se haja interferência, além do

que, se um sinal for interrompido durante um terço do tempo total de transmissão,

este se torna incompreensível para os demoduladores digitais. (ADAMY, 2009).

Diante disso, como o sinal 4G é um sinal digital, para que um sinal jammer

possa ser efetivo no bloqueio deste, basta o valor J/S deste sistema ser igual ou

superior a 0 dB.

40

3.10.5.2 Interferência em Sinais com Espalhamento Espectral DSSS

Em sinais com espalhamento espectral o sinal interferente poderá ser

influenciado pelo ganho de processamento do sinal interferido que possua técnicas

de espalhamento espectral por sequência direta (DSSS), o que reduzirá o valor da

relação J/S, isto é, diminuirá a efetividade do sinal interferidor. (ADAMY, 2009).

Isto ocorrerá, conforme visto anteriormente, somente em situações na qual o

sinal interferente tiver uma largura de banda menor do que o sinal espalhado. Assim,

de acordo com a figura 9, que apresenta a diferença entre um sinal interferente e um

sinal de interesse antes e após o demodulador digital, é possível observar que o

sinal interferente será espalhado e o sinal de interesse será desespalhado,

diminuindo, portanto, a relação J/S no sistema.

FIGURA 9 - Sinal Normal e com Espalhamento Espectral DSSS FONTE: Adamy (2009, p. 268)

Conforme Adamy (2009), o demodulador de sinais DSSS no receptor é

semelhante ao modulador no transmissor. Ele realiza uma adição binária ao sinal já

espalhado DSSS, com um código aleatório que é sincronizado com o código

aplicado pelo transmissor. Dessa forma, se um sinal de interferência de banda

estreita for aplicado ao demodulador DSSS, o espectro desse sinal será espalhado

da mesma maneira que o sinal de interesse foi espalhado no transmissor. Isso

reduzirá a detecção do sinal de interferência por um fator igual ao ganho de

processamento, ou seja, pelo fator de dispersão. Por outro lado, segundo o mesmo

autor, se um sinal DSSS com um código não sincronizado for usado como um

jammer, esse sinal não será ignorado, mas será reduzido por um fator igual ao

41

ganho de processamento comparado ao sinal desejado. (ADAMY, 2009).

Ainda, conforme Adamy (2009), uma técnica de jammer viável para

interferência nestes tipos de sinais seria aumentar a potência de interferência o

suficiente para superar o ganho de processamento no receptor.

42

4 TELEFONIA MÓVEL CELULAR

Nas últimas décadas, a telefonia móvel celular evoluiu de maneira rápida e

exponencial, acompanhando e incorporando as principais demandas e necessidades

dos usuários por comunicação e serviços de voz e dados. Com o advento e

popularização da Internet, a telefonia móvel celular deixou de possuir tão somente a

destinação de comunicação de voz a usuários em trânsito e movimento, mas passou

a buscar, também, uma maior integração com a rede de dados possibilitando aos

usuários ter acesso a inúmeros serviços.

Segundo Tanenbaum (2011), os usuários agora “[...] esperam efetuar

chamadas telefônicas e usar seus telefones para verificar e-mail e navegar na Web

em aviões, carros, [...] enquanto caminham no parque. [...]” (TANENBAUM, 2011).

Diante deste contexto, as tecnologias de telefonia celular, ao seu tempo, buscaram

desenvolver capacidades e possibilidades frente as crescentes demandas e

necessidades dos usuários.

A seguir, será abordado a quarta geração (4G) da telefonia móvel celular,

limitando-se a apresentação do padrão LTE, objeto desta pesquisa. Além disso, será

feito uma ambientação acerca da telefonia móvel no Brasil, expondo suas principais

características, as faixas de frequências regulamentadas pela Anatel para este

serviço e as principais operadoras no país.

4.1 PRINCIPAIS TECNOLOGIAS

A telefonia móvel celular se desenvolveu e evoluiu progressivamente ao longo

das últimas décadas, agregando e possibilitando funcionalidades, serviços e

dinamismo ao serviço de telefonia. A cada etapa dessa evolução convencionou-se

agrupar tecnologias similares em gerações, na qual o princípio de funcionamento, a

abordagem e inovação de cada tecnologia era evidenciada.

Esta pesquisa tem como foco a tecnologia LTE, enquadrada no contexto da

quarta geração da telefonia móvel celular, ou simplesmente 4G. Porém, antes da

43

concepção desta, diversas outras tecnologias possibilitaram e subsidiaram a criação

do padrão LTE, desde a primeira geração (1G), passando pelas segunda e terceira

geração (2G e 3G), culminando por fim na implementação da quarta geração (4G).

Atualmente já se estuda e pesquisa a evolução da tecnologia 4G, rumo a uma quinta

geração, a chamada 5G.

De acordo com Meirelles (2017),

As redes móveis iniciaram somente com o serviço de voz, com o propósito principal de proporcionar comunicação entre usuários em mobilidade. Com o tempo, apareceu a necessidade da comunicação de dados, tanto que a rede de 2ª geração foi projetada para funcionar Voz e Dados. A rede de 3ª geração foi desenvolvida com foco maior na transmissão de dados, desde então, este é o principal objetivo para o 4G, e até mesmo para o 5G, seguindo uma tendência mundial que é o crescimento das conexões em nuvem [...]. (MEIRELLES, 2017).

A Primeira Geração da telefonia móvel celular foi caracterizada pela origem

da concepção de telefonia móvel, resultante do processo de evolução tecnológica

em curso no campo da eletrônica e das comunicações, principalmente nas décadas

de 1970 e 1980. A principal característica dos sistemas que compunham a 1ª

Geração está no fato da transmissão serem totalmente analógicas, com o uso de

modulações e tecnologias para comunicação de voz. Neste contexto, destacou-se o

sistema Advanced Mobile Phone Service (AMPS).

A Segunda Geração caracterizou-se pelo início da transmissão digital nos

sistemas de telefonia móvel celular, impulsionado principalmente pelo avanço e

evolução dos circuitos integrados, nas décadas de 1980 e 1990. Estes sistemas

possibilitaram uma maior capacidade de trafego e de usuários, uma maior qualidade

e eficiência dos sistemas de telefonia móvel, e o desenvolvimentos de técnicas e

modulações mais robustas e compatíveis a forma de transmissão digital. Dentre as

principais tecnologias de segunda geração destacam-se os sistemas Global System

for Mobile Communication (GSM). Na esteira do desenvolvimento tecnológico,

ascensão da Internet e na demanda por redes de dados sobre plataformas móveis,

buscou-se adaptar e adequar as redes 2G para este novo contexto. Diante deste

panorama, surgem as tecnologias GPRS e EDGE, também chamadas de 2.5G, por

buscarem a possibilidade de comunicação de dados via redes GSM.

A Terceira Geração (3G) de telefonia móvel é caracterizada por buscar uma

maior capacidade e condições para o fluxo de comunicação de dados via sistemas

de telefonia móvel, seguindo, portanto, a tendência das tecnologias que a

antecedeu. Neste contexto, destaca-se as tecnologias WCDMA, HSPA e HSPA+ que

44

alavancaram e subsidiaram o crescimento vertiginoso das comunicações e tráfego

de dados sobre plataformas móveis.

Diante deste cenário, a busca por uma maior taxa de transmissão de dados e

capacidade de usuários vem norteando o desenvolvimento da telefonia móvel. A

Quarta Geração (4G), neste contexto, é marcada por essa busca e desenvolvimento

de tecnologias que buscam atender as crescentes demandas por este tráfego de

dados. O Padrão LTE, surge e se desenvolve neste contexto.

A Figura 10 apresenta, de maneira didática e simplificada, a evolução das

tecnologias de telefonia móvel ao longo do tempo, focando nas gerações 2G, 3G, 4G

e 5G.

FIGURA 10 - Evolução das tecnologias de Telefonia Móvel FONTE: Teleco (2017).

No Brasil, segundo dados da Anatel, tecnologias 2G, 3G e 4G coexistem e

estão em operação nos serviços de telefonia móvel do país.

A tecnologia GSM (2G) utiliza, no país, as frequências de 850 MHz (Bandas A

e B) e divide as faixas 900 MHz (Bandas de extensão), 1700 MHz e 1800 MHz

(Bandas D, E e subfaixas de extensão) com as tecnologias 3G. As tecnologias de

terceira geração, além das frequências já citadas acima, também utilizam as faixas

de 1900 MHz e 2100 MHz no Brasil. O padrão LTE, que é a tecnologia 4G em uso

no país, utiliza faixas de 2500 MHz e 700 MHz. (TELECO, 2017), que será visto com

maior detalhamento nos capítulos seguintes.

A Figura 11 indica o quantitativo de acessos por tecnologias e gerações no

período entre 1998 e 2016.

45

FIGURA 11 - Evolução de acessos por tecnologias FONTE: Teleco (2017).

Da figura acima é possível identificar o avanço do padrão LTE de quarta

geração, a partir de 2013, e a diminuição de acessos das tecnologias 2G e 3G. Na

figura, é notório a transição do 2G para o 3G no país e o movimento atual de

transição do 3G para o 4G.

A Tabela 1 indica a evolução das tecnologias digitais de telefonia móvel,

apresentando as taxas de dados média para o downlink (ERB para terminal móvel) e

uplink (terminal móvel para ERB).

TABELA 1 - Evolução da Tecnologia de Digitais de Telefonia Móvel

Geração 2G 3G 4G 5G

Tecnologia GSM GPRS EDGE WCDMA (UMTS)

HSPA HSPA+ LTE LTE-

Advanced

LTE-Advanced

Pro -

Downlink 14,4 Kbps

171,2 Kbps

473,6 Kbps

2,0 Mbps

7,2/14,4 Mbps

21/42 Mbps

100 Mbps

1,0 Gbps

3,0 Gbps

20Gbps

Uplink - - 473,6 Kbps

474 Kbps

5,76 Mbps

7,2/11,5 Mbps

50 Mbps

0,5 Gbps

1,5 Gbps

10 Gbps

Canalização (MHz)

0,2 0,2 0,2 5 5 5 20 100 640 até

1.000

Latência (ms)

500 500 300 250 ~ 70 ~ 30 ~ 10 ~10 <2 <1

Espec. Release

97 97 98 99 e 4 5 e 6 7 8 e 9 10,11, 12 13 14,15,16

FONTE: Teleco (2017).

A Tabela 2 indica a taxa de dados média oferecidas aos usuários por tipo e

geração de telefonia móvel celular.

46

TABELA 2 - Taxa de dados médio oferecidos aos usuários

Geração 2G 3G 4G 5G

Tecnologia GSM GPRS EDGE WCDMA (UMTS)

HSPA HSPA+ LTE -

Taxa de dados para usuário

10-40 Kbps

40-50 Kbps

100-130 Kbps

128-384 Kbps

0,3-1 Mbps

3-6 Mbps

5-12 Mbps

100 Mbps

FONTE: Teleco (2017).

Com a evolução das tecnologias e a tendência cada vez maior por serviços

que demandam uma alta taxa de dados e acesso a redes, é possível perceber,

diante da Tabela 1 e Tabela 2, que a capacidade das tecnologias de telefonia móvel

em atender estas demandas tem sido cada vez mais crescente. Ainda, é possível

verificar a capacidade do padrão LTE conforme esta tendência.

4.2 TELEFONIA MÓVEL NO BRASIL

Acompanhando a tendência mundial, a telefonia móvel no Brasil vem

crescendo e assumindo cada vez mais uma relevância e notoriedade no contexto

das comunicações móveis e acesso à internet no país.

No país coexistem diversas empresas que operam as telecomunicações e os

serviços de acesso às redes banda larga, dentre as quais se destacam por área de

cobertura nacional e quantidade de usuários as empresas Vivo, Tim, Claro, Oi e

Nextel.

Além disso, no país coexistem também serviços de telefonia móvel 2G, 3G e

4G. A Tabela 3 apresenta o quantitativo de municípios e a porcentagem de

população cobertos por esses principais padrões de telefonia móvel no mês de abril

de 2017, sinalizando a consolidação e quantidade expressiva de usuários dos

padrões 2G e 3G, haja vista o tempo de implantação e o avanço do sinal 4G.

47

TABELA 3 - Cobertura de Telefonia Móvel em Abr/17 por Operadoras

Abr/17

Municípios População Coberta

GSM 3G 4G GSM 3G 4G

Vivo 3.762 3.701 820 91,3% 90,2% 64,5%

TIM 3.461 2.878 1.332 91,5% 84,5% 67,3%

Claro 3.765 3.212 851 92,6% 89,8% 64,5%

Oi 3.407 1.198 284 88,9% 72,2% 55,1%

Nextel - 410 10 - 47,2% 5,1%

Algar 106 87 12 2,1% 1,5% 0,8%

Sercomtel 2 2 - 0,3% 0,3% -

Total 5.570 5.016 1.925 100,0% 98,3% 76,9%

FONTE: Teleco (2017).

A Tabela 4 apresenta o avanço e crescimento da cobertura do sinal 4G por

municípios no país, na qual evidencia a elevação em quantidade de municípios

cobertos pelo sinal 4G desde 2015.

TABELA 4 - Municípios Cobertos com o sinal 4G em Abr/17 no Brasil

Operadora 2015 2016 Mar/17 Abr/17

TIM 411 1.255 1.322 1.322 Vivo 183 516 820 1.001 Claro 187 598 851 851 Oi 147 284 284 284 Algar - 2 2 12 Nextel 10 10 10 10

Total 469 1.526 1.837 1.925 FONTE: Teleco (2017).

A Figura 12 dá um panorama espacial desta cobertura de telefonia móvel no

país, segundo dados da Open Signal, aplicativo que monitora a cobertura de

telefonia móvel no mundo. Nela é possível perceber e associar a disponibilidade de

serviços de telefonia móvel 2G, 3G e 4G no Brasil, restrita as áreas com maior

densidade de núcleos populacionais.

48

FIGURA 12 - Área de Cobertura 2G e 3G no Brasil FONTE: Open Signal (2017).

A Figura 13 mostra a cobertura de telefonia móvel 4G no país, segundo dados

da Open Signal. Nela é possível perceber também que o acesso ao sinal 4G de

padrão LTE está restrito a áreas com elevadas densidades populacionais.

FIGURA 13 - Área de Cobertura 4G no Brasil FONTE: Open Signal (2017).

A Tabela 5, complementando a informação anterior, apresenta o avanço e

crescimento da população coberta com o sinal 4G por operadora, na qual é possível

perceber o crescimento e avanço do sinal 4G no país desde 2015.

49

TABELA 5 - População coberta com o sinal 4G por operadora no Brasil

Operadora 2015 2016 Mar/17 Abr/17

TIM 51,5% 66,6% 67,3% 67,3% Vivo 46,6% 60,2% 64,5% 67,2% Claro 48,0% 59,6% 64,5% 64,5% Oi 45,7% 55,1% 55,1% 55,1% Algar - 0,4% 0,4% 0,8% Nextel 5,1% 5,1% 5,1% 5,1%

Total 55,0% 71,3% 75,9% 76,9% FONTE: Teleco (2017).

4.3 REDES CELULARES 4G LTE

Os sistemas de telefonia móvel de quarta geração (4G), de acordo com

SVERZUT (2015), foram implementados motivados pelo sucesso e êxito dos

serviços de banda larga promovidos pela geração anterior, a 3G, que consolidou esta

nova vertente das redes de telefonia móvel celular, com possibilidade de

transmissão de dados com alta capacidade e baixa latência.

Dentre os padrões de quarta geração em operação na atualidade, este

trabalho foca no Padrão LTE (Long Term Evolution), que de acordo com

SVERZUT(2015)

[...] foi especificada pela Organização 3GPP para melhorar o desempenho das redes WCDMA/HSPA+, provendo um aumento nas taxas de transferências de dados nos sistemas de telefonia móvel celular [3G] [...]. (SVERZUT, 2015, p. 395).

O padrão LTE, conforme SVERZUT (2015),

[...] utiliza a tecnologia de acesso múltiplo OFDMA (Orthogonal Frequency Division Multiple Access), a qual provê uma plataforma de banda larga móvel, [além de prover] […] a interoperabilidade e a continuidade dos serviços com as redes legadas 2G e 3G. [Ainda], o padrão LTE provê alta eficiência espectral e altas taxas de transferência de dados, além de incorporar a técnica de múltiplas antenas MIMO [...]. (SVERZUT, 2015, p. 395).

Ainda, seguindo o raciocínio de SVERZUT (2015), [...] o padrão LTE pode

operar em várias larguras de banda, incluindo 1,25 MHz, 2,5 MHz, 5 MHz, 10 MHz,

15 MHz e 20 MHz [...]” (SVERZUT, p. 394).

O Quadro 1 apresenta os máximos valores suportados para a transmissão de

50

dados no padrão LTE.

Banda de Transmissão LTE

Taxa de dados de pico no enlace direto (Downlink – DL) 300 Mbps

Taxa de dados de pico no enlace reverso (Uplink – UL) 75 Mbps

Banda de transmissão do enlace direto (DL) 20 MHz

Banda de transmissão do enlace reverso (UL) 20 MHz

Eficiência espectral de pico (bps/Hz) no enlace direto (DL) 15

Eficiência espectral de pico (bps/Hz) no enlace reverso (UL) 3,75

QUADRO 1 - Características do Padrão LTE FONTE: Sverzut (2015, p. 394)

4.3.1 O 4G LTE no Brasil

A implementação da rede 4G LTE no Brasil se deu no contexto das projeções

de uso e evolução da telefonia móvel, por ocasião dos Grandes Eventos que o país

sediaria, como a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os

Jogos Olímpicos Rio 2016.

Conforme a Resolução da Anatel Nr 544 de 11 de maio de 2010, a

implantação de redes 4G se daria, inicialmente, na faixa de frequências de 2.500

MHz a 2.690 MHz, anteriormente destinada ao MMDS. Esta faixa do espectro foi

dividida e, por intermédio de licitações, realizadas no ano de 2012, foram leiloadas e

adquiridas pelas principais empresas de telefonia móvel do país. (ANATEL, 2010).

No Brasil, de acordo com LEAL (2016),

[...] a disponibilização do serviço [de rede 4G LTE] para dispositivos móveis se deu a partir de 2012, depois que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) realizou um leilão que visou a concessão dos espectros da frequência de 2.5 GHz através de uma licitação publicada em edital [naquele ano] [...]. (LEAL, p. 2).

Ainda, de acordo com LEAL (2016):

[...] a ocorrência da licitação se deu em um período de grande preocupação com a estrutura de rede do país que seria a sede da Copa do Mundo, realizada em 2014. Tendo isso em vista, algumas regras foram impostas para que a concessão fosse garantida à operadora. As principais eram: estabelecer, até o fim de 2013 a cobertura do LTE em cada cidade que sediaria partidas do Mundial; garantir que todas as cidades brasileiras com mais de 200.000 habitantes tenham cobertura até o final de 2015 e fornecer o serviço em áreas rurais utilizando o espectro de frequência de 450 MHz

51

[...]. (LEAL, p. 2).

Em 2013, a Anatel, conforme a Resolução Nr 625 de 11 de novembro de

2013, destinou e realocou a faixa dos 700MHz para a telefonia móvel de quarta

geração, faixa esta que até então estava destinado a transmissão da televisão

aberta (analógica). (ANATEL, 2013).

Consoante a isso, em setembro de 2014 a Anatel licitou a faixa de frequência

de 700 MHz para a implantação do 4G, com a liberação desta faixa devido a

transição da TV Aberta analógica para a TV aberta digital, conforme parâmetros e o

cronograma estabelecido por esta agência. (TELECO, 2017).

Como consequência das ações descritas anteriormente, é possível inferir que

a telefonia móvel 4G na faixa de 700 MHz terá um maior o alcance do sinal e uma

maior robustez na transmissão comparado ao sinal 4G na faixa de 2500 MHz, por

hora em utilização no pais. Um reflexo direto do exposto acima é a redução do

número de ERB de sinal LTE necessários para cobrir uma determinada região,

possibilitando assim o avanço do sinal 4G para regiões mais interiores do país.

A figura a seguir, (Figura 14), ilustra esta situação. Nela pode-se observar, a

título de exemplo, a quantidade significativa de ERB das principais operadoras de

telefonia móvel do país, para prover a cobertura do sinal 4G à cidade de Brasília –

DF.

Por intermédio da Figura 14, é possível perceber que uma ERB 4G terá um

alcance limitado e restrito em um ambiente urbano, frente a complexidade de

propagação deste ambiente e dada a quantidade de usuários a quem o sistema

prestará serviço. Esta característica, como veremos adiante, torna o bloqueio de

uma ERB de telefonia móvel uma operação de ataque eletrônico pontual e limitado.

52

FIGURA 14 - Localização de ERB para cobertura 4G em Brasília-DF FONTE: Anatel (2017).

4.3.2 O sinal 4G LTE

O sinal de transmissão 4G LTE, conforme Sverzut (2015), no enlace downlink

“[...] é baseada na técnica de multiplexação por divisão de frequências, na qual a

informação é dividida em um número de subportadoras de RF igualmente espaçadas

[...]” (SVERZUT, 2015, p. 398). Trata-se da técnica de Multiplexação por Divisão de

Frequências Ortogonais (OFDM), na qual a informação é modulada em

subportadoras, onde são variados a fase e a amplitude, ou ambas, no sinal.

Segundo o mesmo autor, o uplink, devido a questões de caráter econômico e

de hardware do terminal móvel, utiliza-se o método de “[...] acesso múltiplo por

divisão de frequência de portadora única com prefixo cíclico [SC-FDMA] na

transmissão de informação do enlace [uplink] [...]” (SVERZUT, 2015, p. 398).

A modulação de sinais do padrão LTE são digitais, sendo usualmente

observados as modulações BPSK, QPSK, QAM, 16QAM e 64 QAM. (SVERZUT,

2015), conforme visto no tópico modulação digital. Assim, como no capítulo anterior,

a modulação do sinal dependerá, no entanto, da relação SNR do enlace, haja vista a

busca por uma maior robustez do sistema e um melhor aproveitamento do sinal

53

frente a taxa de erros que possa prejudicar o sinal, em distância e condições

diversificadas.

A Figura 15 apresenta o formato do sinal multiplexado do padrão LTE, no

downlink e no uplink. Nela é possível observar a principal diferença dos dois

processos, que está relacionado ao quantitativo de subportadoras existentes no

domínio da frequência e do tempo, e a sua disposição espacial (serial e paralela).

FIGURA 15 - Formato do Sinal Multiplexado OFDMA e SC-FDMA FONTE: University Of Colorado Boulder (2017).

É importante salientar que o espalhamento espectral ocorre nas

subportadoras do sinal multiplexado OFMDA e SC-FDMA. O padrão LTE pode

operar em diversas larguras de banda, como 1,25 MHz, 2,5 MHz, 5 MHz, 10 MHz,

15 MHz e 20 MHz.

4.3.3 Parâmetros e Frequências Regulamentadas para o 4G LTE no Brasil

No Brasil, a Anatel regulamenta e administra o uso do espectro

eletromagnético. De acordo com a Resolução Nr 544, de 11 de maio de 2010, que

regulamenta sobre as condições de uso de radiofrequências nas faixas de 2.170

MHz a 2.182 MHz e de 2.500 MHz a 2.690 MHz, foram definidas as seguintes

bandas para a alocação do sinal 4G no Brasil, conforme a Tabela 6.

54

TABELA 6 - Frequências na faixa de 2,5GHz regulamentado pela Anatel

Subfaixa (MHz) Blocos (MHz) Transmissão (MHz)

Terminal Móvel ERB P 10 + 10 2.500-2.510 2.620-2.630 W 20+20 2.510-2.530 2.630-2.650 V 20+20 2.530-2.550 2.650-2.670 X 20+20 2.550-2.570 2.670-2.690 T 15 2.570-2.585 U 35 2.585-2.620

FONTE: Anatel (2017).

A Figura 16 abaixo mostra a divisão da faixa de 2,5 GHz nas bandas

regulamentadas e leiloadas em 2012, pela Anatel, conforme a Tabela 6, às

operadoras de telefonia móvel, para a implementação da rede 4G LTE,

acompanhado da Tabela 7 que expõe as operadoras vencedoras e administradoras

de cada banda.

FIGURA 16 - Faixa de Frequência 4G no Brasil – 2500 MHz FONTE: Teleco (2017).

TABELA 7 - Faixas de Frequências de 4G no Brasil na faixa de 2,5GHz

Subfaixa (MHz) Blocos (MHz) Transmissão (MHz)

Operadora Terminal

Móvel ERB

P 10 + 10 2.500-2.510 2.620-2.630 Claro (11 lotes); TIM (6 lotes); Oi (11 lotes)

W 20+20 2.510-2.530 2.630-2.650 Claro V1 10+10 2.530-2.540 2.650-2.660 TIM V2 10+10 2.540-2.550 2.660-2.670 Oi X 20+20 2.550-2.570 2.670-2.690 Vivo T 15 2.570-2.585 - U 35 2.585-2.620* Sky e Sunrise (12 lotes cada)

FONTE: TELECO, 2017.

55

De acordo com a Resolução Nr 625, de 11 de maio de 2010, que aprova a

atribuição, a destinação e o regulamento sobre condições de uso de

radiofrequências na faixa de 698 MHz a 806 MHz, foram definidos os seguintes

blocos para a alocação do sinal 4G no Brasil, conforme a Tabela 8.

TABELA 8 - Faixas de Frequências de 4G no Brasil na faixa de 700 MHz

Nr Bloco Transmissão (MHz)

Terminal Móvel ERB

1 703 a 708 758 a 763

2 708 a 713 763 a 768

3 713 a 718 768 a 773

4 718 a 723 773 a 778

5 723 a 728 778 a 783

6 728 a 733 783 a 788

7 733 a 738 788 a 793

8 738 a 743 793 a 798

9 743 a 748 798 a 803

FONTE: Anatel (2017).

Diante da tabela exposta acima, a Figura 17 mostra a divisão da faixa de 700

MHz nos blocos regulamentados e leiloados em 2014, pela Anatel, às operadoras de

telefonia móvel, para a implementação da rede 4G LTE, acompanhado da Tabela 9

que expõe as operadoras vencedoras e administradoras de cada bloco. É importante

ressaltar que os números dos blocos vistos na tabela 8 correspondem aos

identificados na figura 17.

FIGURA 17 - Faixas de Frequências 4G no Brasil – 700 MHz FONTE: Teleco (2017).

56

TABELA 9 - Faixas de Frequências de 4G no Brasil na faixa de 700 MHz

Blocos (MHz) Transmissão (MHz)

Operadora Terminal Móvel ERB

10+10 708-718 763-773 Algar/Setores do PGO (3, 22,

25 e 33); Restante do Brasil Vago.TIM/Brasil

10+10 718-728 773-783 TIM/Brasil 10+10 728-738 783-793 Vivo/Brasil 10+10 738-748 793-803 Claro/Brasil

FONTE: Teleco (2017).

Conforme a Resolução Nr 544, de 11 de maio de 2010, da ANATEL, os

parâmetros de potência efetivamente irradiado para a transmissão nas faixas de

frequências constantes nas Tabelas 6 e 7 e na Figura 16 (Faixa de 2,5GHz), do 4G

LTE no Brasil, devem ser o mínimo necessário para que o usuário consiga usufruir

dos serviços prestados pela operadora. (ANATEL, 2010). Para os terminais móveis,

a Anatel regulamenta um valor máximo de potência de saída de até 2W ou 33dBm.

Já para as ERB, admite-se um valor de no máximo 80W ou 49dBm.

Já para as faixas de frequências constantes nas Tabelas 8 e 9 e na Figura 17

(Faixa de 700MHz), conforme a Resolução Nr 625, de 11 de novembro de 2013, da

ANATEL, é regulamentado para os terminais móveis um limite máximo de potência

efetivamente irradiada de até 33dBm e para as ERB uma potência máxima de

transmissão de 60 dBm. (ANATEL, 2013).

4.3.4 Possibilidades e Potencialidades da Rede 4G LTE no Brasil

Atualmente é predominante o uso do padrão LTE nos sistemas de telefonia

móvel 4G em operação no Brasil. Porém, as redes 4G são utilizadas no país para o

tráfego de dados móveis, o que desenvolveu e aprimorou o acesso à Internet e aos

diversos serviços em rede por meio de aparelhos telefônicos. No entanto, a

comunicação de voz para chamadas telefônicas sobre o padrão LTE, conhecida

como VoLTE, ainda não se encontra disponível.

Diante deste contexto, quando os usuários efetuam chamadas telefônicas, as

operadoras de telefonia móvel geralmente realocam os usuários do padrão LTE para

57

tecnologias 3G ou 2G, a fim de que tais chamadas sejam efetivadas.

Segundo Salutes (2015),

[...] No Brasil, as chamadas de voz utilizam as redes GSM [2G] e WCDMA[3G], enquanto as redes 3G e 4G (HSPA/LTE) são responsáveis pelo fornecimento de dados para utilização de internet móvel. O VoLTE permite a transmissão de chamadas de voz ou vídeo através da rede de dados em alta definição (HD), por intermédio do protocolo IP entre dois dispositivos com suporte ao 4G. Com o VoLTE as chamadas são tratadas como dados, e operam dentro da frequência e do padrão LTE [...]. (SALUTES, 2015).

O fator que dificulta a adoção da tecnologia VoLTE no Brasil é, de maneira

geral, a incipiente cobertura e penetração das redes LTE no país e os altos

investimentos de adaptação por parte das operadoras de telefonia móvel, para a

adequação das infraestruturas já existentes. No entanto, estima-se que com o

avanço e crescimento da cobertura 4G no país, tal tecnologia seja implementada e

disponibilizada aos usuários.

58

5 BLOQUEIO ELETRÔNICO DE UMA ERB DE SINAL 4G LTE

Sistemas de tecnologia 4G possibilitaram uma evolução significativa quanto a

qualidade e velocidade no tráfego de dados e informações por meio do sistema de

telefonia móvel. Atualmente, no Brasil, o uso do padrão LTE, principal tecnologia 4G

empregada no país, vem crescendo de maneira vertiginosa, ao passo que as

operadoras estão ampliando e modernizando as suas infraestruturas de

telecomunicações para garantir estes serviços.

Como visto no Capítulo 4 o sinal 4G opera no país na faixa de frequência de

2500MHz e, com o processo de liberação da faixa de 700MHz utilizado pelo sistema

de televisão analógica, passará a ocupar esta faixa também. A consequência direta

disso, além da qualidade e maior robustez no tráfego do sinal 4G, será a diminuição

do número de ERB voltados para este sistema, haja vista que quanto maior a

frequência, menor é o alcance do sinal.

Possuir a capacidade de interferir um sinal 4G LTE, em um determinado

contexto militar, representaria a negação de serviço ou a limitação do usuário de 4G

ao tráfego de suas conexões e comunicações, além de dificultá-lo em suas

demandas por redes de dados.

É importante ressaltar que o bloqueio eletrônico sobre uma rede de quarta

geração (4G) não limitaria o usuário a ter acesso ao sistema de telefonia móvel, haja

vista a capacidade dos terminais móveis modernos em se adequar ao sinal de

geração anterior, (no caso do Brasil o 3G ou o 2G), referente a fluxo de dados e

redes. No entanto, iria reduzir o seu tráfego de dados e velocidade de conexão e

transmissão, haja vista as limitações destas tecnologias anteriores.

Neste contexto que o bloqueio eletrônico de redes 4G seria uma forma

impositiva de forçar o transmissor oponente a se adequar aos padrões de

tecnologias anteriores, diminuindo a sua capacidade de trafego de dados ou

limitando o acesso ao serviço de telefonia móvel.

A seguir, será analisado e apresentado, por meio de uma situação de análise

e de parâmetros pré-definidos, as condições para se obter efetividade em um

bloqueio eletrônico de ponto sobre sistemas de telefonia 4G, tendo como referencial,

o enlace uplink deste sistema. Para isso, utilizaremos o software HTZ Warfare, a fim

de simular os cenários propostos e obter os resultados desejados.

59

Será abordado e simulado também a efetividade do ataque eletrônico

proposto influenciado apenas pela atenuação do espaço livre, a fim de averiguar os

efeitos deste bloqueio considerando um cenário ideal e livre de perdas.

5.1 SITUAÇÃO E PARÂMETROS CONSIDERADOS NA SIMULAÇÃO

Para fins de simulação, será considerado uma operação militar em um

ambiente operacional com cobertura do sinal 4G padrão LTE, e que há a

necessidade de se obter informações e dados por intermédio de ações de Guerra

Eletrônica, em sistema de telefonia móvel celular ou a necessidade de interrupção

da disponibilidade dos serviços que trafegam esta tecnologia, para que a ação seja

efetiva.

Neste contexto, foi definido uma Área de Operação e a simulação considerou

uma ERB 4G de uma operadora de telefonia móvel em operação no Brasil, em uma

posição que favorecesse a cobertura desta área de interesse militar, previamente

levantada pela autoridade competente e de conhecimento dos operadores de Guerra

Eletrônica. Os parâmetros utilizados nesta simulação foram obtidos por meio de

regulamentos e recomendações previstas pela Anatel, e de equipamentos

usualmente disponíveis no mercado e empregados pelas operadoras, conforme visto

no Capítulo 4.

As Figuras 18 e 19 apresentam a área de interesse (iluminada na cor azul)

considerada para a simulação e as posições das ERB de Telefonia Móvel que

operam na posição. Foi definido como área de testes a localidade de Paranoá-DF,

na Região de Brasília-DF. Nesta região há 04 (quatro) Estações Rádio Base (ERB)

para telefonia móvel 4G, das seguintes operadoras: Vivo, Claro, Oi e Tim.

60

FIGURA 18 - Área de Interesse para o Bloqueio Eletrônico – Paranoá-DF FONTE: Próprio autor, 2017.

FIGURA 19 - Área de Interesse para o Bloqueio Eletrônico - ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

Foi considerado que é de conhecimento a operadora prestadora de serviço de

telefonia móvel para o alvo, as características do sinal e serviços oferecidos por esta

operadora específica e as configurações dos equipamentos interferidores

empregados, doravante denominados como jammer. Diante deste contexto, foi

simulado a eficiência e o alcance do Bloqueio Eletrônico de ponto sobre o sinal 4G

padrão LTE, considerando um sinal de bloqueio de mesma largura de banda do sinal

alvo, e um sinal de bloqueio de largura menor ao sinal alvo, conforme será detalhado

nos parâmetros dos elementos a seguir.

É importante ressaltar que o alvo deste bloqueio é o sinal de enlace reverso

(uplink) do padrão LTE, de quarta geração, isto é, o sinal do Terminal Móvel para a

ERB. Ainda, foi considerado que este sinal opera como uma largura de banda de

1,25 MHz, por ser o menor valor de largura de banda empregado pelo padrão LTE,

61

conforme Capítulo 4, sendo portando o caso na qual o enlace 4G possui a menor

capacidade para tráfego de dados.

5.1.1 Parâmetros Considerados para a ERB

Para fins de simulação, foi considerado uma ERB da operadora de telefonia

móvel Vivo, haja vista ser, atualmente, segundo dados da Anatel, uma das principais

operadoras em atividade no Brasil, com estimativa de 1000 municípios cobertos pelo

padrão LTE 4G em Abril/2017. (TELECO,2017).

A tabela 10 apresenta os parâmetros considerados para a ERB escolhida,

segundo dados levantados pela pesquisa e regulamentos da Anatel:

TABELA 10 - Parâmetros da ERB

Estação Rádio Base - Parâmetros

Operadora Vivo

Frequência de Operação (Downlink) 2560,625 MHz

Largura de Banda 1,25 MHz

Posição da ERB Latitude: 15°44'38.85"S

Longitude: 47°45'2.99"O

Potência de Transmissão (Nominal) 1,25 W

Potência Efetivamente Irradiada – ANATEL (Máxima) 80W ou 49 dBm

Sensibilidade Requerida na Recepção -101,5 dBm

Ganho da Antena 18 dBi (MIMO 2x2)

Altura da Antena 30 m

Alcance (Valor Médio) 3,5 Km

FONTE: Próprio autor, 2017.

É importante ressaltar que a operadora Vivo disponibiliza o serviço de

telefonia móvel 4G no Brasil nos seguintes blocos de frequências regulamentados

pela Anatel: de 2550 MHz a 2570MHz para o enlace reverso (uplink) e de 2670MHz

a 2690MHz para o enlace direto (downlink). (ANATEL). A simulação buscou

considerar um sinal uplink de interesse 4G, conforme a frequência de operação

apresentada na Tabela 10.

62

A Figura 20 apresenta a tela de configuração que foi preenchida com os

parâmetros considerados para a ERB na Tabela 10, para fins de simulação no

software de predição e planejamento de enlace HTZ Warfare.

FIGURA 20 - Tela de Configuração da ERB no HTZ Warfare FONTE: Próprio autor, 2017.

Na figura acima, considerou-se que a ERB fosse um transmissor/receptor

inimigo. Esta foi definida, também, como um sinal LTE (Campo Signal), e de banda

larga (Campo Freqhop/wide band) com largura de banda de 1250KHz. É importante

ressaltar que a Anatel define como Potência efetivamente irradiada máxima para

este tipo de sistema, o valor de 80W, por isso, a simulação buscou estar

referenciado e abaixo deste valor, (Campo E.I.R.P é 78,86W, conforme a Figura 20).

Foi considerado também que a antena da ERB possuísse uma irradiação

omnidirecional, com ganho de 18 dBi e se utiliza de sistemas MIMO 2x2, conforme

Tabela 10.

5.1.2 Parâmetros Considerados para o Terminal Móvel

Para fins de simulação, foi considerado um Terminal Móvel com as seguintes

63

características, conforme a Tabela 11:

TABELA 11 - Parâmetros do Terminal Móvel

Terminal Móvel - Parâmetros

Operadora Vivo

Frequência de Operação (Uplink) 2560,625 MHz

Largura de Banda 1,25 MHz

Modelo Moto X Play (Motorola)

Potência de Transmissão 186,2mW ou 22,7 dBm

Potência Efetivamente Irradiada – ANATEL (Máxima) 2W ou 33 dBm

Sensibilidade Requerida na Recepção -107 dBm

Ganho da Antena 0 dBi

FONTE: Próprio autor, 2017.

A Figura 21 apresenta o resultado de uma simulação obtida no HTZ Warfare

cuja a finalidade foi extrair a área de cobertura do sinal uplink relativo ao enlace TM-

ERB da Vivo. Para isso, foi considerado um terminal móvel, com os parâmetros

observados na Tabela 11, operando a uma altura de 1,50m do solo. Foi considerado

também o modelo de propagação ITU 1546, conforme visto no Capítulo 3.

FIGURA 21 – Área de cobertura Uplink da ERB Vivo. FONTE: Próprio autor, 2017.

64

A Figura 22 apresenta a tela de configuração dos Terminais Móveis para a

simulação no software HTZ Warfare.

FIGURA 22 - Tela de Configuração dos TM no HTZ Warfare FONTE: Próprio autor, 2017.

Na figura acima é importante ressaltar que os Terminais Móveis foram

definidos conforme os parâmetros delimitados na tabela 11. Ainda, definiu-se o

aparelho de telefonia móvel como sendo um tipo de transmissor/receptor inimigo

(Campo Type), de sinal do tipo LTE (Campo Signal), operando em uma altura de

1,5m em ralação ao solo (Campo Antenna height) e de banda larga (Campo

Freqhop/wide band), com largura de banda de 1250 KHz.

É relevante salientar que a Anatel define como Potência efetivamente

irradiada máxima para este tipo de equipamento, o valor de 2W. Assim, foi utilizado

na simulação o valor de 186,2mW para este parâmetro, (Campo E.I.R.P). Foi

considerado também que a antena do aparelho possui irradiação omnidirecional,

com ganho próximo a 0 dBi e se utiliza, também, de sistemas MIMO 2x2.

Na Figura 23, com o auxílio do Google Earth, é apresentado 48 posições

sugeridas para a disposição dos terminais móveis na área de operação pré-definida,

de acordo com as Figuras 18 e 19 (área de cor azul no mapa).

65

FIGURA 23 - Posições propostas para TM ativos FONTE: Próprio autor, 2017.

No Quadro 2 é possível observar as posições expostas anteriormente na área

de operação, para a alocação de terminais móveis ativos. Buscou-se, para fins de

simulação, concentrar estes aparelhos nos limites ou proximidades desta área de

operação, com uma média de 3 terminais por níveis de distância.

Assim, foram dispostos 3 aparelhos telefônicos nas seguintes distancias, em

relação a posição da ERB: 50m, 100m, 150m, 200m, 250m 300m 350m, 400m,

450m, 500m, 1 Km, 1,5 Km, 2 Km, 2,5 Km, 3 Km e 3,5Km (Quadro 2). Além disso,

foram observados os níveis de sinais uplink de enlace, em dBm, para cada posição

alocada.

Nesta primeira parte da pesquisa buscou-se selecionar os terminais móveis

que estivessem com o pior nível de enlace uplink com a ERB da Vivo, conforme a

Figura 21. Diante disso, os TM selecionados e suas posições encontram-se em

destaque (negrito) no Quadro 2 abaixo:

Posições dos Terminais Móveis

Nr Terminal Móvel Distância

da ERB Latitude Longitude

Nível do

Sinal em

dBm

1 1TM50m

50m

15°44'38.24"S 47°45'4.55"O - 50,4

2 2TM50m 15°44'40.49"S 47°45'3.18"O -43,4

3 3TM50m 15°44'37.95"S 47°45'1.53"O -45,4

4 1TM100m 100m

15°44'37.68"S 47°45'6.14"O -50,4

5 2TM100m 15°44'42.13"S 47°45'3.43"O -43,4

66

6 3TM100m 15°44'36.95"S 47°45'0.23"O -45,4

7 1TM150m

150m

15°44'37.06"S 47°45'7.72"O -57,4

8 2TM150m 15°44'43.71"S 47°45'3.70"O -48,4

9 3TM150m 15°44'35.96"S 47°44'58.91"O -52,4

10 1TM200m

200m

15°44'36.48"S 47°45'9.27"O -60,4

11 2TM200m 15°44'45.21"S 47°45'4.02"O -53,4

12 3TM200m 15°44'35.01"S 47°44'57.62"O -56,4

13 1TM250m

250m

15°44'35.92"S 47°45'10.86"O -60,4

14 2TM250m 15°44'46.87"S 47°45'4.24"O -59,4

15 3TM250m 15°44'33.98"S 47°44'56.27"O -59,4

16 1TM300m

300m

15°44'35.35"S 47°45'12.40"O -63,4

17 2TM300m 15°44'48.43"S 47°45'4.55"O -62,4

18 3TM300m 15°44'33.00"S 47°44'54.94"O -62,4

19 1TM350m

350m

15°44'34.74"S 47°45'13.98"O -67,4

20 2TM350m 15°44'50.07"S 47°45'4.81"O -69,4

21 3TM350m 15°44'31.96"S 47°44'53.57"O -65,4

22 1TM400m

400m

15°44'34.21"S 47°45'15.51"O -69,4

23 2TM400m 15°44'51.65"S 47°45'5.11"O -71,4

24 3TM400m 15°44'30.99"S 47°44'52.28"O -65,4

25 1TM450m

450m

15°44'33.59"S 47°45'17.08"O -71,4

26 2TM450m 15°44'53.21"S 47°45'5.38"O -71,4

27 3TM450m 15°44'29.98"S 47°44'50.95"O -68,4

28 1TM500m

500m

15°44'32.99"S 47°45'18.75"O -73,4

29 2TM500m 15°44'55.08"S 47°45'5.66"O -74,4

30 3TM500m 15°44'28.97"S 47°44'49.56"O -70,4

31 1TM1000m

1000m

15°44'27.23"S 47°45'34.25"O -81,4

32 2TM1000m 15°45'9.69"S 47°45'13.20"O -88,4

33 3TM1000m 15°44'7.76"S 47°44'53.98"O -94,4

34 1TM1500m

1500m

15°44'21.37"S 47°45'50.05"O -87,4

35 2TM1500m 15°45'8.03"S 47°45'43.40"O -89,4

36 3TM1500m 15°44'1.50"S 47°45'35.33"O -89,4

37 1TM2000m 2000m

15°44'15.64"S 47°46'5.75"O -90,4

38 2TM2000m 15°45'13.71"S 47°45'59.54"O -94,4

67

39 3TM2000m 15°44'46.29"S 47°46'9.78"O -87,4

40 1TM2500m

2500m

15°44'9.87"S 47°46'21.25"O -91,4

41 2TM2500m 15°45'19.34"S 47°46'15.66"O -96,4

42 3TM2500m 15°44'46.16"S 47°46'26.62"O -88,4

43 1TM3000m

3000m

15°44'4.04"S 47°46'37.03"O -92,4

44 2TM3000m 15°45'24.98"S 47°46'31.65"O -95,4

45 3TM3000m 15°44'52.49"S 47°46'42.79"O -90,4

46 1TM3500m

3000m

15°43'58.23"S 47°46'52.66"O -95,4

47 2TM3500m 15°45'31.23"S 47°46'47.27"O -94,4

48 3TM3500m 15°44'39.78"S 47°47'0.48"O -93,4

QUADRO 2 - Posições propostas para TM ativos FONTE: Próprio autor, 2017.

A Figura .24 apresenta os TM já selecionados, a cada nível de distância

estabelecido, para o prosseguimento da simulação. É possível observar que foram

selecionadas 16 posições que apresentaram o pior sinal uplink em seus níveis de

distância.

FIGURA 24 - Posições de TM ativos escolhidos para simulação FONTE: Próprio autor, 2017

68

5.1.3 Parâmetros Considerados para os Interferidores

Foram considerados para o Jammer as seguintes características, conforme a

Tabela 12:

TABELA 12 - Parâmetros do Jammer

Jammer - Parâmetros

Potência de Transmissão 100W ou 500W ou 50dBm ou 56,98dBm

Frequência de Operação 2560,625MHz

Largura de Banda do Sinal

Jammer 1,25 MHz ou 180KHz

Altura da Antena Jammer 20m

Ganho da Antena 0 dBi

FONTE: Próprio autor, 2017.

A Figura 25 apresenta a tela de configuração que foi preenchida com os

parâmetros considerados para o interferidor (jammer), na simulação com o software

HTZ Warfare. É importante observar que na figura abaixo, por se tratar de um

bloqueio de ponto com mesma largura de banda igual do sinal alvo, que é 1,25MHz,

buscou-se expor as configurações para o jammer conforme as características deste

tipo de bloqueio, verificando a efetividade do ataque de ponto com tais parâmetros

pré-definidos na Tabela 12.

Para isso, foi escolhido a opção de bloqueio Wide Band – Difusion, com o

objetivo de inserir um sinal de bloqueio que possua uma largura de banda conhecida

(1,25MHz) sobre um sinal com frequência de operação e largura de banda também

previamente conhecido (1,25 MHz). Neste contexto, o ajuste manual inserido no

software de simulação possibilitou a configuração de um sinal jammer de mesma

largura de banda do sinal alvo e de mesma frequência de operação, caracterizando

um bloqueio de ponto sobre o sinal 4G delimitado neste experimento.

69

FIGURA 25 - Tela de Configuração do Interferidor no HTZ Warfare (100W e BW de 1,25MHz) FONTE: Próprio autor, 2017.

Na Figura 26 há também a tela de configuração do interferidor (jammer) no

software HTZ Warfare. Mas diferente da figura anterior neste são apresentados os

parâmetros considerados na simulação para a obtenção de efetividade do bloqueio

eletrônico de ponto com um sinal jammer de largura de banda menor ao do sinal

alvo, com o valor de 180 KHz, podendo ser considerado um sinal de interferência de

largura de banda estreita.

Neste caso, foi escolhido a opção de bloqueio Wide Band – Adaptive, com o

objetivo de inserir um sinal de bloqueio que possua uma largura de banda conhecida

(180KHz) sobre um sinal com frequência de operação e largura de banda também

previamente conhecido (1,25MHz). Neste contexto, o ajuste manual inserido no

software de simulação possibilitou a configuração de um sinal jammer de largura de

banda menor do que o sinal alvo, porém, de mesma frequência de operação,

caracterizando um bloqueio de ponto com sinal de banda estreita sobre o sinal 4G

delimitado, de banda larga.

O software, neste contexto, adaptou a potência do interferidor face à largura

de banda do sinal alvo, por intermédio do cálculo automático da densidade espectral

70

de potência.

FIGURA 26 - Tela de Configuração do Interferidor no HTZ Warfare (100W e BW de 180KHz) FONTE: Próprio autor, 2017.

É importante salientar que o software não simulou o ganho de processamento

que ocorreria nesta situação. Este tipo de interferência, conforme visto no capítulo 3,

proporcionaria uma vantagem significativa ao sinal alvo, haja vista que este seria

recomposto após o processo de desespalhamento espectral e demultiplexação, ao

passo que o sinal interferente sofreria os efeitos do espalhamento espectral.

Todavia, esta situação não foi abordada com detalhamento nesta pesquisa,

limitando-se apenas aos efeitos observados na simulação com o software em

questão.

O Quadro 3 define as posições previamente delimitadas para a alocação dos

interferidores (jammers), cuja responsabilidade foi efetuar o Bloqueio Eletrônico de

Ponto sobre os enlaces uplink entre os TM e a ERB da Vivo. É importante ressaltar

que a configuração executada no software HTZ Warfare, conforme as figuras 25 e

26, buscaram inserir, de forma manual e impositiva, as características que

conferissem a este tipo de bloqueio a particularidade de Bloqueio de Ponto.

71

Posição dos Interferidores

Nr Interferidor Distância do

Alvo Latitude Longitude

1 J100m 100m 15°44'39.55"S 47°45'6.31"O

2 J150m 150m 15°44'39.90"S 47°45'7.94"O

3 J200m 200m 15°44'40.24"S 47°45'9.55"O

4 J250m 250m 15°44'40.62"S 47°45'11.18"O

5 J300m 300m 15°44'40.98"S 47°45'12.81"O

6 J350m 350m 15°44'41.33"S 47°45'14.49"O

7 J400m 400m 15°44'41.69"S 47°45'16.09"O

8 J450m 450m 15°44'42.05"S 47°45'17.71"O

9 J500m 500m 15°44'42.42"S 47°45'19.45"O

10 J1000m 1000m 15°44'46.00"S 47°45'35.74"O

11 J1500m 1500m 15°44'49.58"S 47°45'52.19"O

12 J2000m 2000m 15°44'53.17"S 15°44'53.17"S

13 J2500m 2500m 15°44'56.72"S 47°46'24.87"O

14 J3000m 3000m 15°45'0.29"S 47°46'41.27"O

15 J3500m 3500m 15°45'3.88"S 47°46'57.66"O

QUADRO 3 - Posições propostas do Posto MAE FONTE: Próprio autor, 2017.

Na Figura 27, com o auxílio do Google Earth, é possível observar estas

posições pré-definidas para os interferidores dispostos no terreno, de acordo com os

níveis de distâncias expostos no Quadro 3.

FIGURA 27 - Posições propostas para os Postos MAE FONTE: Próprio Autor, 2017.

72

5.2 BLOQUEIO ELETRÔNICO SOBRE SINAIS 4G LTE – SIMULAÇÃO NO HTZ

WARFARE

Os parâmetros definidos no tópico anterior foram carregados e cadastrados

no software HTZ, para a execução das simulações. Na figura 28 é possível observar

o posicionamento dos interferidores.

FIGURA 28 - Posicionamento Interferidores no HTZ FONTE: Próprio Autor, 2017.

Na figura 29 é possível observar o posicionamento e enlaces dos TM.

FIGURA 29 - Posicionamento dos Terminais Móveis no HTZ FONTE: Próprio Autor, 2017.

A simulação buscou averiguar o comportamento de dois tipos de sinais

73

jammers sobre a efetividade do bloqueio eletrônico de ponto sobre enlaces uplink

em sistemas de telefonia móvel 4G LTE e o alcance necessário para se obter o êxito

no bloqueio da área pré-estabelecida. Para isso, foram considerados dois tipos de

sinais jammer: o primeiro com a mesma largura de banda do sinal alvo,

considerando nesta situação a menor largura de banda em que o sistema de padrão

LTE opera (1,25MHz), de acordo com os dados vistos no capítulo 4; e o segundo

com largura de banda mais estreita, (180KHz), largura este referente ao tamanho de

um Recurso de Bloco do sinal com características OFDMA.

Buscou-se, como visto no tópico anterior, adequar e adaptar de forma manual

e ideal as características e parâmetros de sinal dos jammers, de modo a tornar

possível a análise de um bloqueio de ponto sobre um sinal de banda larga. Por esta

razão, o sinal jammer de mesma largura de banda foi configurado como um sinal de

banda larga no HTZ Warfare, conforme a Figura 25, mantendo a abrangência da

potência irradiada pelo jammer uniformemente e igualitariamente no sinal alvo. Ao

passo que no sinal jammer de largura de banda estreita, configurado conforme a

Figura 26, possibilitou que o mesmo valor de potência, porém concentrado em uma

banda estreita, se adaptasse, proporcionalmente ao sinal alvo.

É importante ressaltar que para esta simulação foram considerados para os

interferidores, conforme visto anteriormente, uma potência efetivamente irradiada de

100W e 500W, considerados valores elevados de potência.

A seguir, são apresentados os resultados dos valores de J/S (Jammer/Signal),

isto é, a relação de efetividade do bloqueio sobre o sinal alvo, encontrados e

calculados pelo software HTZ Warfare, para todos os enlaces uplink previstos e

delimitados. Conforme visto no Capítulo 3, em transmissões de sinais digitais o

bloqueio eletrônico será efetivo ao atingir um valor de J/S maior ou igual a 0 dB.

Neste contexto, os enlaces que não alcançaram a efetividade no bloqueio estarão

grifados na cor vermelha.

5.2.1 Situação 1 – Interferidor a 100m (J100m)

No Quadro 4 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

74

observados na simulação para um interferidor posicionado a 100m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -1 6 -13 -6

100m 7 14 -5 2

150m 10 17 -2 5

200m 15 22 3 10

250m 17 24 5 12

300m 20 27 8 15

350m 26 33 14 21

400m 28 37 16 23

450m 31 38 19 26

500m 34 41 22 29

1000m 53 60 41 48

1500m 58 65 46 53

2000m 51 58 39 46

2500m 53 60 41 48

3000m 52 59 40 47

3500m 51 58 39 46 QUADRO 4 - Simulação com Interferidor a 100m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

No Quadro 4 é notório que há a necessidade de uma elevada potência de

irradiação, por parte do jammer, para que se alcance a efetividade do bloqueio

eletrônico, mesmo considerando uma distância relativamente próxima entre este e o

alvo.

Além disso, é possível perceber que o bloqueio de ponto com sinais de

mesma largura de banda em relação ao sinal alvo apresenta uma maior vantagem

no bloqueio em relação ao que ocorre com os sinais de banda estreita na mesma

ocasião.

Foi possível observar também que há uma alta dificuldade em se interferir em

enlaces cada vez mais próximo da ERB, o que, nesta ocasião, dificultou a

efetividade do ataque nos dois tipos de sinais jammers observados.

75

5.2.2 Situação 2 – Interferidor a 150m (J150m)

No Quadro 5 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 150m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -4 3 -16 -6

100m 4 11 -8 -1

150m 7 14 -5 2

200m 12 19 0 7

250m 14 21 2 9

300m 17 24 5 12

350m 23 30 11 18

400m 25 32 13 20

450m 28 35 16 23

500m 31 38 19 26

1000m 50 57 38 45

1500m 55 62 43 50

2000m 48 55 36 43

2500m 50 57 38 45

3000m 49 56 37 44

3500m 48 55 36 43 QUADRO 5 - Simulação com Interferidor a 150m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

No Quadro 5 é possível observar que a efetividade em toda a área delimitada

na simulação só seria exitosa se fosse considerado um interferidor de 500W de

potência irradiada e com o sinal jammer de mesma largura de banda do sinal alvo.

Esta seria a máxima distância, no universo desta pesquisa, na qual se teria

uma efetividade completa sobre toda a área considerada na simulação, desde que o

sinal do interferidor estivesse bloqueando o sinal alvo com a mesma largura de

banda e com uma potência de 500W. Após esta distância seria necessário elevar,

cada vez mais, o valor da potência do jammer para bloquear enlaces uplink dos TM

com maior proximidade da ERB.

76

5.2.3 Situação 3 – Interferidor a 200m (J200m)

No Quadro 6 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 200m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -8 -1 -19 -12

100m 0 7 -11 -4

150m 3 10 -8 -1

200m 8 15 -3 4

250m 10 17 -1 6

300m 13 20 2 9

350m 19 26 8 15

400m 21 28 10 17

450m 24 31 13 20

500m 27 34 16 23

1000m 46 53 35 42

1500m 51 58 40 47

2000m 44 51 33 40

2500m 46 53 35 42

3000m 45 52 34 41

3500m 44 51 33 40 QUADRO 6 - Simulação com Interferidor a 200m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

No Quadro 6 é possível observar que a efetividade em toda a área

considerada na simulação já não é mais possível mediante os parâmetros propostos

no universo deste experimento, não bloqueando, portanto, o enlace uplink de

terminais mais próximos à ERB.

5.2.4 Situação 4 – Interferidor a 250m (J250m)

No Quadro 7 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 250m de distância da

77

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -12 -5 -23 -16

100m -4 3 -15 -8

150m -1 6 -12 -5

200m 4 11 -7 0

250m 6 13 -5 2

300m 9 16 -2 5

350m 15 22 4 11

400m 17 24 6 13

450m 20 27 9 16

500m 23 30 12 19

1000m 42 49 31 38

1500m 47 54 36 43

2000m 40 47 29 36

2500m 46 49 31 38

3000m 41 48 30 37

3500m 40 47 29 36 QUADRO 7 - Simulação com Interferidor a 250m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

5.2.5 Situação 5 – Interferidor a 300m (J300m)

No Quadro 8 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 300m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -13 -6 -25 -18

100m -5 2 -17 -10

150m -2 5 -14 -7

200m 3 10 -9 -2

250m 5 12 -7 0

300m 8 15 -4 3

350m 14 21 2 9

78

400m 16 23 4 11

450m 19 26 7 14

500m 22 29 10 17

1000m 41 48 29 36

1500m 46 53 34 41

2000m 39 46 27 34

2500m 41 48 29 36

3000m 40 47 28 35

3500m 39 46 27 34 QUADRO 8 - Simulação com Interferidor a 300m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

5.2.6 Situação 6 – Interferidor a 350m (J350m)

No Quadro 9 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 350m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -16 -9 -27 -20

100m -8 -1 -19 -12

150m -5 2 -16 -9

200m 0 7 -11 -4

250m 2 9 -9 -2

300m 5 12 -6 1

350m 11 18 0 7

400m 13 20 2 9

450m 16 23 5 12

500m 19 26 8 15

1000m 38 45 27 34

1500m 43 50 32 39

2000m 36 43 25 32

2500m 38 45 27 34

3000m 37 44 26 33

3500m 36 43 25 32 QUADRO 9 - Simulação com Interferidor a 350m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

79

5.2.7 Situação 7 – Interferidor a 400m (J400m)

No Quadro 10 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 400m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -18 -11 -29 -22

100m -10 -3 -21 -14

150m -7 0 -18 -9

200m -2 5 -13 -6

250m 0 7 -11 -4

300m 3 10 -8 -1

350m 9 16 -2 5

400m 11 18 0 7

450m 14 21 3 10

500m 17 24 6 13

1000m 36 43 25 32

1500m 41 48 30 37

2000m 34 41 23 30

2500m 36 43 25 32

3000m 35 42 24 31

3500m 34 41 23 30 QUADRO 10 - Simulação com Interferidor a 400m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

5.2.8 Situação 8 – Interferidor a 450m (J450m)

No Quadro 11 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 450m de distância da

ERB da Vivo.

80

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -19 -12 -30 -23

100m -11 -4 -22 -15

150m -8 -1 -19 -12

200m -3 4 -14 -7

250m -1 6 -12 -5

300m 2 9 -9 -2

350m 8 15 -3 4

400m 10 17 -1 6

450m 13 20 2 9

500m 16 23 5 12

1000m 35 42 24 31

1500m 40 47 29 36

2000m 33 40 22 29

2500m 35 42 24 31

3000m 34 41 23 30

3500m 33 40 22 29 QUADRO 11 - Simulação com Interferidor a 450m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

5.2.9 Situação 9 – Interferidor a 500m (J500m)

No Quadro 12 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 500m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -20 -13 -32 -25

100m -12 -5 -24 -17

150m -9 -2 -21 -14

200m -4 3 -16 -9

250m -2 5 -14 -7

300m 1 8 -11 -4

350m 7 14 -5 2

400m 9 16 -3 4

450m 12 19 0 7

81

500m 15 22 3 10

1000m 34 41 22 29

1500m 39 46 27 34

2000m 32 39 20 27

2500m 34 41 22 29

3000m 33 40 21 28

3500m 32 39 20 27 QUADRO 12 - Simulação com Interferidor a 500m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

5.2.10 Situação 10 – Interferidor a 1000m (J1000m)

No Quadro 13 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 1000m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -30 -23 -42 -35

100m -22 -15 -34 -27

150m -19 -12 -31 -24

200m -14 -7 -26 -19

250m -12 -5 -24 -17

300m -9 -2 -21 -14

350m -3 4 -15 -8

400m -1 6 -13 -6

450m 2 9 -10 -3

500m 5 12 -7 0

1000m 24 31 12 19

1500m 29 36 17 24

2000m 22 29 10 17

2500m 24 31 12 19

3000m 23 30 11 18

3500m 22 29 10 17 QUADRO 13 - Simulação com Interferidor a 1000m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

82

5.2.11 Situação 11 – Interferidor a 1500m (J1500m)

No Quadro 14 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 1500m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -34 -27 -45 -38

100m -26 -19 -37 -30

150m -23 -16 -34 -27

200m -18 -11 -29 -22

250m -16 -9 -27 -20

300m -13 -6 -24 -17

350m -7 0 -18 -11

400m -5 2 -16 -9

450m -2 5 -13 -6

500m 1 8 -10 -3

1000m 20 27 9 16

1500m 25 32 14 21

2000m 18 25 7 14

2500m 20 27 9 16

3000m 19 26 8 15

3500m 18 25 7 14 QUADRO 14 - Simulação com Interferidor a 1500m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

5.2.12 Situação 12 – Interferidor a 2000m (J2000m)

No Quadro 15 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 2000m de distância da

ERB da Vivo.

83

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -37 -30 -48 -41

100m -29 -22 -40 -33

150m -26 -19 -37 -30

200m -21 -14 -32 -25

250m -19 -12 -30 -23

300m -16 -9 -27 -20

350m -10 -3 -21 -14

400m -8 -1 -19 -12

450m -5 2 -16 -9

500m -2 5 -10 -6

1000m 17 24 6 13

1500m 22 29 11 18

2000m 15 22 4 11

2500m 17 24 6 13

3000m 16 23 5 12

3500m 15 22 4 11 QUADRO 15 - Simulação com Interferidor a 2000m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

5.2.13 Situação 13 – Interferidor a 2500m (J2500m)

No Quadro 16 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 2500m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -39 -32 -50 -43

100m -31 -24 -42 -35

150m -28 -21 -39 -32

200m -23 -16 -34 -27

250m -21 -14 -32 -25

300m -18 -11 -29 -22

350m -12 -5 -23 -16

400m -10 -3 -21 -14

450m -7 0 -18 -11

84

500m -4 3 -15 -8

1000m 15 22 4 11

1500m 20 27 9 16

2000m 13 20 2 9

2500m 15 22 4 11

3000m 14 21 3 10

3500m 13 20 2 9 QUADRO 16 - Simulação com Interferidor a 2500m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

5.2.14 Situação 14 – Interferidor a 3000m (J3000m)

No Quadro 17 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 3000m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -41 -34 -52 -45

100m -33 -26 -44 -37

150m -30 -23 -41 -34

200m -25 -18 -36 -29

250m -23 -16 -34 -27

300m -20 -13 -31 -24

350m -14 -7 -25 -18

400m -12 -5 -23 -14

450m -9 -2 -20 -13

500m -6 1 -17 -10

1000m 13 20 2 9

1500m 20 25 7 14

2000m 11 18 0 7

2500m 13 20 2 9

3000m 12 19 1 8

3500m 11 18 0 7 QUADRO 17 - Simulação com Interferidor a 3000m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

85

5.2.15 Situação 15 – Interferidor a 3500m (J3500m)

No Quadro 18 é possível observar o resultado de relação Jammer/Signal (J/S)

observados na simulação para um interferidor posicionado a 3500m de distância da

ERB da Vivo.

Distância do Enlace

(TM – ERB)

J/S Observado em [dB]

Sinal Interferente com mesma Largura de Banda do

sinal alvo (1,25MHz)

Sinal Interferente com Largura de Banda Estreita

(180KHz)

100W 500W 100W 500W

50m -43 -36 -55 -48

100m -35 -28 -47 -40

150m -32 -25 -44 -37

200m -27 -20 -39 -32

250m -25 -18 -37 -30

300m -22 -15 -34 -27

350m -16 -9 -28 -21

400m -14 -7 -26 -19

450m -11 -4 -23 -16

500m -8 -1 -20 -10

1000m 11 18 -1 6

1500m 16 23 4 11

2000m 9 16 -3 4

2500m 11 18 -1 6

3000m 10 17 -2 5

3500m 9 16 -3 4 QUADRO 18 - Simulação com Interferidor a 3500m da ERB FONTE: Próprio autor, 2017.

No Quadro 18 é possível observar que a efetividade em toda a área

considerada na simulação já é muito limitada, considerando os parâmetros

propostos, sendo efetivo apenas em enlaces mais distantes da ERB.

5.3 BLOQUEIO ELETRÔNICO SOBRE SINAIS 4G LTE – SIMULAÇÃO COM

ATENUAÇÃO DO ESPAÇO LIVRE

Utilizando os mesmos valores e parâmetros empregados na simulação com o

software HTZ Warfare no tópico anterior, destacados nas Tabelas 10, 11 e 12, serão

86

apresentados a seguir a efetividade observada no bloqueio eletrônico de ponto de

um sinal jammer com a mesma largura de banda e frequência de operação do sinal

4G LTE alvo, considerando um cenário ideal, na qual apenas a Atenuação no

Espaço Livre atuaria sobre os resultados.

Nesta simulação, busca-se observar a influência e as perdas que um cenário

complexo, saturado e com obstáculos, sintetizado pelos valores obtidos na

simulação com o software de predição de enlaces, possuem em relação ao modelo

ideal.

5.3.1 Situação 1 – J/S com Interferidores com Potência de 100W

Foram considerados para esta simulação os valores pré-definidos

anteriormente. Diferente da simulação com o HTZ Warfare, está se baseou nos

cálculos da Atenuação do Espaço Livre, de enlace e da efetividade do Bloqueio

Eletrônico (Jammer/Signal – J/S), conforme elucidados nos tópicos 3.5, 3.9 e 3.10,

respectivamente, no Capítulo 3. Com isso, buscou-se conferir a este experimento

teórico um cenário ideal acerca desta temática.

Os Quadros 19 e 20 apresentam os valores obtidos, correlacionando as

posições dos interferidores (jammers) com os dos Terminais Móveis.

É importante salientar que foram considerados para os sinais, tanto do

Jammer quanto do TM, uma frequência de operação de 2560,625 MHz e largura de

banda de 1,25 MHz, para representar o bloqueio de ponto esperado. Além disso o

ganho da antena existente na ERB da Vivo é de 18 dBi, a potência de transmissão

do jammer é 100W (50 dBm) e a potência de transmissão do TM é 186,2mW (22,69

dBm).

J/S – Jammer/Signal

Distância TM em

Km

Distância do Jammer em Km

0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45

0,1 27,31 23,788 21,289 19,351 17,768 16,429 15,269 14,246

0,15 30,832 27,31 24,811 22,873 21,289 19,95 18,791 17,768

0,2 33,331 29,809 27,31 25,372 23,788 22,449 21,289 20,266

0,25 35,269 31,747 29,248 27,31 25,726 24,387 23,228 22,205

87

0,3 36,852 33,331 30,832 28,894 27,31 25,971 24,811 23,788

0,35 38,191 34,67 32,171 30,233 28,649 27,31 26,15 25,127

0,4 39,351 35,829 33,331 31,392 29,809 28,47 27,31 26,287

0,45 40,374 36,852 34,354 32,415 30,832 29,493 28,333 27,31

0,5 41,289 37,768 35,269 33,331 31,747 30,408 29,248 28,225

1 47,31 43,788 41,289 39,351 37,768 36,429 35,269 34,246

1,5 50,832 47,31 44,811 42,873 41,289 39,95 38,791 37,768

2 53,331 49,809 47,31 45,372 43,788 42,449 41,289 40,266

2,5 55,269 51,747 49,248 47,31 45,726 44,387 43,228 42,205

3 56,852 53,331 50,832 48,894 47,31 45,971 44,811 43,788

3,5 58,191 54,67 52,171 50,233 48,649 47,31 46,15 45,127 QUADRO 19 – Simulação com a Atenuação do Espaço Livre – 100W (Parte I) FONTE: Próprio autor, 2017.

J/S – Jammer/Signal

Distância TM em Km

Distância do Jammer em Km

0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

0,1 13,331 7,31 3,7882 1,2894 -0,649 -2,232 -3,571

0,15 16,852 10,832 7,31 4,8112 2,873 1,2894 -0,05

0,2 19,351 13,331 9,8088 7,31 5,3718 3,7882 2,4492

0,25 21,289 15,269 11,747 9,2482 7,31 5,7264 4,3874

0,3 22,873 16,852 13,331 10,832 8,8936 7,31 5,9711

0,35 24,212 18,191 14,67 12,171 10,233 8,6489 7,31

0,4 25,372 19,351 15,829 13,331 11,392 9,8088 8,4698

0,45 26,395 20,374 16,852 14,354 12,415 10,832 9,4929

0,5 27,31 21,289 17,768 15,269 13,331 11,747 10,408

1 33,331 27,31 23,788 21,289 19,351 17,768 16,429

1,5 36,852 30,832 27,31 24,811 22,873 21,289 19,95

2 39,351 33,331 29,809 27,31 25,372 23,788 22,449

2,5 41,289 35,269 31,747 29,248 27,31 25,726 24,387

3 42,873 36,852 33,331 30,832 28,894 27,31 25,971

3,5 44,212 38,191 34,67 32,171 30,233 28,649 27,31 QUADRO 20 – Simulação com a Atenuação do Espaço Livre – 100W (Parte II) FONTE: Próprio autor, 2017.

É possível observar que, diferente da simulação com o software de predição

de enlace e, considerando a potência de 100W para o interferidor em um cenário

ideal e teórico, a efetividade do Bloqueio Eletrônico, seria exitosa em praticamente a

totalidade das situações, com a exceção apenas dos jammers posicionados a 2,5

Km, 3 Km e 3,5Km.

88

5.3.2 Situação 2 – J/S com Interferidores com Potência de 500W

Nesta também foram considerados para a simulação os valores pré-definidos

anteriormente.

Os Quadros 21 e 22 apresentam os resultados obtidos na simulação. A

diferença em relação a simulação anterior está no uso de uma potência de

transmissão do jammer de 500W (56,98 dBm).

J/S – Jammer/Signal

Distância TM em Km

Distância do Jammer em Km

0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45

0,1 34,29 30,768 28,269 26,331 24,748 23,409 22,249 21,226

0,15 37,812 34,29 31,791 29,853 28,269 26,93 25,771 24,748

0,2 40,311 36,789 34,29 32,352 30,768 29,429 28,269 27,246

0,25 42,249 38,727 36,228 34,29 32,706 31,367 30,208 29,185

0,3 43,832 40,311 37,812 35,874 34,29 32,951 31,791 30,768

0,35 45,171 41,65 39,151 37,213 35,629 34,29 33,13 32,107

0,4 46,331 42,809 40,311 38,372 36,789 35,45 34,29 33,267

0,45 47,354 43,832 41,334 39,395 37,812 36,473 35,313 34,29

0,5 48,269 44,748 42,249 40,311 38,727 37,388 36,228 35,205

1 54,29 50,768 48,269 46,331 44,748 43,409 42,249 41,226

1,5 57,812 54,29 51,791 49,853 48,269 46,93 45,771 44,748

2 60,311 56,789 54,29 52,352 50,768 49,429 48,269 47,246

2,5 62,249 58,727 56,228 54,29 52,706 51,367 50,208 49,185

3 63,832 60,311 57,812 55,874 54,29 52,951 51,791 50,768

3,5 65,171 61,65 59,151 57,213 55,629 54,29 53,13 52,107 QUADRO 21 – Simulação com a Atenuação do Espaço Livre – 500W (Parte I) FONTE: Próprio autor, 2017.

J/S – Jammer/Signal

Distância TM em Km

Distância do Jammer em Km

0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

0,1 20,311 14,29 10,768 8,2694 6,3312 4,7476 3,4086

0,15 23,832 17,812 14,29 11,791 9,853 8,2694 6,9305

0,2 26,331 20,311 16,789 14,29 12,352 10,768 9,4292

0,25 28,269 22,249 18,727 16,228 14,29 12,706 11,367

0,3 29,853 23,832 20,311 17,812 15,874 14,29 12,951

0,35 31,192 25,171 21,65 19,151 17,213 15,629 14,29

0,4 32,352 26,331 22,809 20,311 18,372 16,789 15,45

0,45 33,375 27,354 23,832 21,334 19,395 17,812 16,473

0,5 34,29 28,269 24,748 22,249 20,311 18,727 17,388

89

1 40,311 34,29 30,768 28,269 26,331 24,748 23,409

1,5 43,832 37,812 34,29 31,791 29,853 28,269 26,93

2 46,331 40,311 36,789 34,29 32,352 30,768 29,429

2,5 48,269 42,249 38,727 36,228 34,29 32,706 31,367

3 49,853 43,832 40,311 37,812 35,874 34,29 32,951

3,5 51,192 45,171 41,65 39,151 37,213 35,629 34,29 QUADRO 22 – Simulação com a Atenuação do Espaço Livre – 500W (Parte II) FONTE: Próprio autor, 2017.

É possível observar que, considerando a potência de 500W para o interferidor

em um cenário ideal e teórico, a efetividade do Bloqueio Eletrônico, seria exitosa na

totalidade das situações apresentadas.

5.4 ANÁLISE DOS DADOS

É relevante salientar que os valores obtidos pelo software consideraram todos

os parâmetros descritos na pesquisa, principalmente o modelo de propagação ITU

1546, os ganhos das antenas envolvidas que, como informado, possuem sistemas

MIMO (exceto os interferidores), o tipo de sinal configurado conforme Figura 22 (LTE

FDD) e os parâmetros pré-definidos. Além disso, a área delimitada está inserida em

um ambiente urbano, passível de atenuações e a altura considerada para o TM é

relativamente baixa (1,50m em relação ao solo).

Neste contexto, foi observado uma diferença significativa nos valores obtidos

pelo software de predição e análise de enlaces e pela simulação no cenário ideal,

considerando apenas a atenuação no espaço livre. Diferente do modelo ideal, o

software HTZ Warfare considera os obstáculos e as outras atenuações no terreno

sofridas pelo sinal jammer e sinal alvo, como edificações, vegetações, dentre outros

(clutters –camadas no solo), podendo, neste caso, apresentar valores de J/S

inferiores ao modelo ideal, que na ocasião considerou somente a atenuação no

espaço livre.

De acordo com os resultados obtidos nas simulações, expostos nos tópicos

anteriores, pode-se inferir que a distância do jammer em relação ao alvo influenciou

de maneira significativa no resultado e efetividade do bloqueio eletrônico de ponto

sobre o sinal uplink em sistema 4G LTE, principalmente na simulação efetuada no

HTZ.

90

Neste cenário, observou-se que quanto maior a proximidade do enlace entre

o TM e a ERB, maior seria a potência a ser utilizada pelo jammer para se obter

efetividade no ataque. Isto torna a ação de bloqueio de um sinal de telefonia móvel

celular 4G uma atividade pontual, limitada e que necessita de elevadas potências

para garantir a efetividade do bloqueio eletrônico.

No cenário ideal, embora ficasse evidenciado a possibilidade de bloqueio em

praticamente todas as situações simuladas, foi possível notar também a influência

da distância entre os elementos para a efetividade do ataque.

É importante ressaltar que, face as simulações apresentadas, os resultados

obtidos pelo software buscaram representar, de maneira mais realista, as influências

do meio nos enlaces observados, ao passo que a segunda simulação, no cenário

ideal, isto não foi considerado, tornando os resultados diferenciados. Por esta razão,

consideraremos, nesta pesquisa, os valores obtidos pelo software.

Outro fator importante a ser observado nesta diferença está no fato da

localidade selecionada para a execução desta simulação estar em um ambiente

urbano repleto e passível de obstáculos e atenuações.

Conforme visto no Capítulo 4, o alcance e cobertura de uma ERB 4G, face as

características físicas de seus parâmetros de operação, é bastante limitado e

restrito. Diante deste contexto, há a necessidade de um grande número de ERB para

atender as demandas e capacidades de usuários em uma região. Assim, a área de

cobertura de uma única ERB não seria suficiente para atender uma grande extensão

de área e de usuários.

Além disso, as características de transmissão de um TM, que possui uma

potência de transmissão baixa e ganhos de antena praticamente nulos, faz com que

o sinal uplink seja muito susceptível aos efeitos do ruído do ambiente e aos efeitos

de propagação do sinal, chegando ao receptor, na ERB, com uma baixa relação

sinal ruído.

Neste contexto, o teste simulado no software HTZ Warfare possibilitou a

observação de que existe uma grande dificuldade em se bloquear sinais de sistemas

4G com jammers a distâncias elevadas da ERB considerada. Foi possível notar

também que quanto mais próximo for o enlace entre o TM e a ERB, mais difícil é

alcançar a efetividade no bloqueio do sinal uplink de telefonia móvel 4G, requerendo

assim uma elevadíssima potência por parte do interferidor, algo usualmente inviável.

Na simulação foram utilizados elevados valores de potência para os

91

interferidores (100W e 500W). Porém, mesmo com tais características, a efetividade

do ataque eletrônico sobre os sinais 4G da operadora Vivo na simulação com o

software, em toda a extensão da área de operação considerada, foram exitosos em

limitadas quantidades de jammers, sendo mais efetiva para aqueles que se

posicionaram em distâncias relativamente próximas ao alvo. Exemplo disso, foi o

interferidor posicionado a 150m do alvo, conforme o Quadro 5, que no teste

considerado, foi a máxima distância observada no qual o objetivo de bloquear o sinal

uplink LTE fosse efetivo e abrangente em toda a extensão da área delimitada para a

operação.

Na simulação desenvolvida no HTZ Warfare, foi possível observar que o

bloqueio de ponto, por meio de sinais de mesma largura de banda do sinal alvo,

apresentou uma maior efetividade e êxito na interferência de sinais 4G. O bloqueio

de ponto com o sinal jammer de largura de banda estreita, comparado ao sinal alvo,

apresentou maiores dificuldades em se realizar a interferência do sinal proposto,

mesmo sob o emprego de uma elevada potência de irradiação, (100W e 500W). Em

casos reais esta diferença seria maior, haja vista os efeitos e consequências do

ganho de processamento existente para sinais desta natureza e nestas

circunstâncias.

Diante dos resultados da simulação no software, foi possível observar que o

bloqueio de ponto sobre sistemas de telefonia móvel requer um planejamento

detalhado e específico quanto aos exatos parâmetros do sinal alvo. Faz-se

necessário saber o tipo de canalização utilizado pela operadora, a largura de banda

do sinal que oferece, a área pela qual o bloqueio deverá ser efetivo e as

condicionantes de propagação para este sistema.

Além disso, o bloqueio de ponto sobre sistemas de telefonia móvel possui

uma efetividade e aplicação extremamente pontual e limitada, haja vista o grande

quantitativo de ERB necessário para a manutenção do sistema ativo e a área de

cobertura de cada estação. Com isso, quanto menor a proximidade do interferidor

com o alvo, melhor e maior será o alcance e a efetividade do bloqueio eletrônico, ao

passo que quanto maior esta distância, menor será essa efetividade sobre os sinais

de enlace reverso (uplink).

92

6 APLICABILIDADES MILITARES PARA O BLOQUEIO DE UMA ERB DE

TELEFONIA MÓVEL

Como observado ao longo desta pesquisa, o Bloqueio Eletrônico de uma ERB

de Telefonia Móvel, conforme as características da operação ou necessidade de

informação e dados, poderá assumir um papel extremamente relevante, haja vista

grande parcela dos dados e comunicações, nos dias atuais, trafegarem por meio do

sistema de telefonia móvel.

A vantagem estratégica em se possuir a capacidade de interferir ou

interceptar este grande fluxo de dados móveis, com a capacidade adequada de

processamento desta informação, possui o potencial de gerar uma vantagem

estratégica e relevante para o controle de uma posição ou área.

Nesta mesma linha de raciocínio, a capacidade de bloquear ou interceptar

sinais 4G, representam uma vantagem significativa perante operações de informação

e de inteligência. A importância deste domínio está no fato do crescimento

vertiginoso desta tecnologia no país, associada a alta capacidade de tráfego de

dados nesses tipos de sistemas de telefonia móvel.

Na impossibilidade de interceptação deste tipo de comunicação, o bloqueio

eletrônico poderá ser efetivo, ao passo de impossibilitar o tráfego destes dados na

área de atuação da ERB, e forçar o aparelho telefone a se adaptar, buscando o

acesso ao sistema por meio de tecnologias e padrões de gerações anteriores,

principalmente 3G e 2G, cujas técnicas e tecnologias de monitoramento e

interceptação já esteja disponível.

Todavia, conforme visto na simulação, desconsiderando a complexidade e

tecnologia agregada ao processamento dos sinais de telefonia móvel 4G, operações

deste tipo apresentam características que o tornam limitadas e restritas no espaço,

sendo, portanto, indicadas para ações pontuais em uma determinada área de

interesse.

Diante dos resultados obtidos no capítulo anterior, e com a diferença

encontrada nos valores das simulações, é recomendável que o planejamento de

emprego e a aquisição de materiais destinados a esta finalidade, em um contexto

militar, sejam testados e avaliados experimentalmente em condições reais no

ambiente a fim de minimizar as discrepâncias de valores nas simulações e verificar a

93

confiabilidade e verossimilhança dos métodos é procedimentos empregados, tanto

virtualmente como teoricamente, em relação as atividades fins e condições

verdadeiras. Desta forma, reveste de importância o fato de buscar maneira e

condições de validação dos procedimentos adotados.

94

7 CONCLUSÃO

A pesquisa possibilitou observar e compreender a evolução, dimensão e

importância das redes de telefonia móvel ao longo do tempo, e principalmente, a

capacidade e a notoriedade que tal sistema possui na atualidade no que tange à

crescente demanda por tráfego de dados e acesso a conteúdo.

Diante deste panorama a pesquisa buscou observar e analisar o papel dos

sistemas de quarta geração neste processo evolutivo e constante, com a finalidade

de conhecer este sistema e a sua principal tecnologia, o padrão LTE, utilizado no

Brasil. Além disso, buscou também propor condições para se alcançar a efetividade

em um bloqueio eletrônico sobre os sinais deste sistema, a fim de observar e expor

as principais vantagens militares que poderia advir deste processo.

No decorrer desta pesquisa, primeiramente buscou-se uma compreensão

didática e bibliográfica de conceitos inerente e correlacionados ao tema. Nesta parte,

foi possível observar a complexidade e o alto valor agregado de conhecimento e

procedimentos que resultaram no atual estágio de evolução dos sistemas de

telefonia móvel, hoje de quarta geração, porém com um vislumbre à provável

tendência de quinta geração, rumo a maiores volumes de tráfego de dados.

Em um segundo momento, com o intermédio do software de predição de

enlace HTZ Warfare, foi executado, em um caráter mais empírico, uma simulação de

condições e situações de bloqueio, a fim de analisar e verificar a efetividade de um

bloqueio eletrônico de ponto sobre um sinal uplink (TM-ERB) 4G de padrão LTE.

Para isso foram considerados dois tipos de sinais de interferência: o primeiro com a

mesma largura de banda do sinal alvo e o segundo com a largura de banda estreita.

Diante dos resultados apresentados, foi possível perceber que um bloqueio

eletrônico de mesma largura de banda do sinal alvo possui uma maior efetividade

comparada ao segundo caso. Foi possível observar que as características de ambos

interferem na efetividade do ataque eletrônico sobre o sinal 4G e também a

necessidade de elevados valores de potência de irradiação a serem dispendidos

pelos interferidores, haja vista a dificuldade em se alcançar êxito sobre enlaces

uplink entre elementos próximos (TM-ERB).

É importante ressaltar também que a efetividade e área de abrangência deste

tipo de ataque está interligado a distância na qual este interferidor estará do alvo.

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Quanto maior a distância do enlace alvo, maior a necessidade de potência para se

garantir a efetividade do bloqueio.

Neste sentido, os objetivos propostos por esta pesquisa foram alcançados,

haja vista a possibilidade, neste ponto, de se diferenciar, mediante os dados

observados, a efetividade do bloqueio eletrônico de ponto, considerando o sinal

jammer de mesma largura de banda do sinal alvo, em relação a efetividade

observada no sinal jammer de largura de banda estreita, com largura de banda

menor ao do sinal alvo.

Outra questão observada foi a diferença entre as simulações executadas num

contexto puramente teórico e ideal, considerando apenas a atenuação do espaço

livre, em relação as simulações em softwares de predição de enlace como o HTZ

Warfare, que buscam em seus resultados agregarem condicionantes e métodos que

os aproximam aos resultados que se teriam em condições reais. Na pesquisa foi

nítida está percepção por intermédio das simulações realizadas e os efeitos com que

os modelos de propagação têm sobre os resultados.

A pesquisa possibilitou também a visualização do emprego e das possíveis

soluções de caráter militar para o emprego viável deste tipo de bloqueio eletrônico,

as suas características, limitações, necessidades e peculiaridades.

A telefonia móvel celular, desde sua concepção, está em pleno

desenvolvimento e rápida evolução. Compreender e entender as características,

parâmetros e táticas dos sinais de telefonia móvel, neste sentido, se torna um

desafio constante e indeterminado de elevada relevância no contexto da Guerra

Eletrônica na atualidade.

Esta pesquisa observou que a complexidade e a tecnologia agregada no

processamento destes sinais, ao longo do tempo, evoluiu de maneira surpreendente,

sempre na busca de elevadas capacidades do sistema, elevados volumes de tráfego

de dados e alta qualidade de serviços face as dificuldades e obstáculos de caráter

físico e de propagação em um meio cada vez mais saturado e complexo.

Neste contexto, a pesquisa não considerou, de maneira contundente, os

efeitos do ganho de processamento e das técnicas multiplexação destes tipos de

sinais de telefonia móvel para o Bloqueio Eletrônico. Uma sugestão de continuidade

deste trabalho seria seguir esta linha de raciocínio, buscando caracterizar os efeitos

do ganho de processamento, dos métodos de espalhamento espectral e dos

métodos de multiplexação para a efetividade e alcance do Bloqueio Eletrônico de

96

Ponto sobre sistemas de telefonia móvel de alta performance.

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