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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciências Faculdade de Engenharia Jonathan Gonzalez Rodriguez Investigação numérica da robustez estrutural de edifícios metálicos Rio de Janeiro 2018

Centro de Tecnologia e Ciências Faculdade de Engenharia … · estruturas cada vez mais esbeltas que possuem cargas de projeto mais próximas da capacidade estrutural. Este avanço

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  • Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Centro de Tecnologia e Ciências

    Faculdade de Engenharia

    Jonathan Gonzalez Rodriguez

    Investigação numérica da robustez estrutural de edifícios metálicos

    Rio de Janeiro

    2018

  • Jonathan Gonzalez Rodriguez

    Investigação numérica da robustez estrutural de edifícios metálicos

    Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Estruturas.

    Orientadores: Prof. Dr. André Tenchini da Silva

    Prof. Dr. Luciano Rodrigues Ornelas de Lima

    Rio de Janeiro

    2018

  • CATALOGAÇÃO NA FONTE

    UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/B

    Bibliotecária: Júlia Vieira – CRB7/6022

    Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial

    desta tese, desde que citada a fonte.

    Assinatura Data

    R696 Rodriguez, Jonathan Gonzalez. Investigação numérica da robustez estrutural de edifícios

    metálicos / Jonathan Gonzalez Rodriguez. – 2018. 122f.

    Orientadores: André Tenchini da Silva e Luciano Rodrigues

    Ornelas de Lima. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de

    Janeiro, Faculdade de Engenharia.

    1. Engenharia civil - Teses. 2. Edifícios - Teses. 3. Estruturas metálicas - Teses. 4. Análise estrutural (Engenharia) - Teses. 5. Análise numérica - Teses. I. Silva, André Tenchini da. II. Lima,Luciano Rodrigues Ornelas de. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Engenharia. IV. Título.

    CDU 624.014

  • Jonathan Gonzalez Rodriguez

    Investigação numérica da robustez estrutural de edifícios metálicos

    Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Estruturas.

    Apresentado em: 21 de fevereiro de 2018.

    Banca Examinadora:

    Rio de Janeiro

    2018

  • DEDICATÓRIA

    Esta dissertação de mestrado é dedicada aos meus pais, Hector e Aholibah,

    que tudo fizeram pela minha educação. A minha companheira e amiga, Thaysa, pelo

    apoio e incentivo.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao meu amigo e orientador, Prof. Doutor André Tenchini, pela amizade e

    orientações recebidas durante o mestrado. Quero agradecer também pela paciência

    e interesse demonstrados na realização deste trabalho.

    Ao meu orientador, Prof. Doutor Luciano, que é uma inspiração para todos

    nós pela sua dedicação ao ensino de qualidade. Obrigado pela orientação recebida

    durantes todos estes anos de graduação e mestrado.

    Aos professores da UERJ, pelos ensinamentos, dentro e fora da sala de aula,

    durante a época da graduação e agora do mestrado.

    Ao meu amigo Lívio Rios, pela orientação e apoio dado durante a realização

    deste trabalho.

    Aos meus amigos do mestrado, Gilmar, Wando e Keila, pelo companheirismo

    e pela amizade.

    A Universidade do Estado do Rio de Janeiro e ao Programa de Pós-

    Graduação em Engenharia Civil que tornaram possível esta conquista.

  • “A mente que se abre para uma nova ideia,

    jamais retorna ao seu tamanho original”

    Albert Einstein

  • RESUMO

    RODRIGUEZ, Jonathan Gonzalez. Investigação numérica da robustez estrutural de edifícios metálicos. 2018. 122f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

    A evolução dos métodos construtivos, dos materiais de alto desempenho e dos métodos mais refinados de análise estrutural levaram ao desenvolvimento de estruturas cada vez mais esbeltas que possuem cargas de projeto mais próximas da capacidade estrutural. Este avanço trouxe uma grande racionalização dos materiais utilizados na construção, e como consequência, uma diminuição significativa dos custos das obras. Em contrapartida, estruturas mais esbeltas oferecem um menor nível de redundância, quando se analisa o mesmo tipo de solução estrutural. Nas últimas décadas, a mídia tem noticiado com maior frequência uma série de eventos relacionados com o colapso de edifícios provocados por incêndios, sismos, explosões acidentais ou intencionais (terrorismo). Estes eventos têm gerado atenção acerca dos riscos de as estruturas colapsarem quando submetidas às cargas excepcionais e tem motivado inúmeras pesquisas ao redor do mundo. Atualmente, os engenheiros estruturais estão preocupados com procedimentos que aumentem a robustez das estruturas e diminuam a probabilidade de ocorrer um colapso progressivo ou desproporcional devido às ações de baixa probabilidade. Neste estudo, é analisada a robustez estrutural de edifícios metálicos sendo estes, contraventados e não contraventados. Determina-se a capacidade dos edifícios de resistirem ao colapso progressivo no cenário de remoção abrupta de um pilar através de análises estáticas e dinâmicas não lineares. Os resultados mostraram que os valores de deslocamentos máximos obtidos pela análise estática são mais conservadores que os observados na análise dinâmica. As análises indicaram que os elementos de contraventamento melhoram o desempenho da estrutura contra o colapso progressivo. Com relação ao grau de redundância, foi possível observar que o número de elementos estruturais localizados acima do pilar removido também mostra ser um fator interessante para o aumento da robustez estrutural. Além dos contraventamentos, foi estudada a utilização de treliças no topo dos edifícios com o objetivo de aumentar os níveis de robustez e melhorar o comportamento dos edifícios contra o colapso progressivo. De fato, as treliças forneceram um melhor desempenho aos edifícios com o objetivo de evitar o colapso progressivo em todos os cenários de remoção de pilar.

    Palavras-chave: Robustez estrutural; Edifícios metálicos; Colapso progressivo;

    Análise numérica; Análise dinâmica.

  • ABSTRACT

    RODRIGUEZ, Jonathan Gonzalez. Numerical investigation of the structural robustness of steel frames. 2018. 122f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

    The evolution of constructive methods, high-performance materials and more refined methods of structural analysis have led to the development of increasingly slender structures that have design loads closer to structural capacity. This advance brought a great rationalization of the materials used in the construction, consequently a significant decrease of the total cost. On the other hand, slender structures offer a lower redundancy level when the same structural type is analyzed. In the last decades, the media has more frequently reported a series of events related to the buildings collapse caused by fires, earthquakes, accidental or intentional explosions (terrorism). These events have generated attention concerning to the risks of structure collapse when subjected to exceptional loads and has motivated researches around the world. Structural engineers are currently concerned with procedures that increase the structures robustness and decrease the likelihood of a progressive or disproportionate collapse due to low probability actions. In this study is analyzed the structural robustness of both braced and moment resisting steel frames. The ability of steel moment frames to withstand progressive collapse in the scenario of abrupt removal of a column using numerical models of the frames through the finite element method is determined by nonlinear static analysis and nonlinear dynamic analysis. The results showed that the final displacement values obtained by the static analysis are more conservative than those obtained by the dynamic analysis. The analyzes showed that brace elements improve the structure performance against progressive collapse. In relation to the redundancy degree, it was possible to observe that the structural elements number located above the removed column shown to be an interesting factor for the increase the structural robustness. The use of trusses at the top of buildings was studied in order to increase sturdiness levels and improve the buildings behavior against progressive collapse. In fact, trusses provided better performance to buildings in order to avoid progressive collapse in all column removal scenarios.

    Keywords: Structural robustness; Steel frames; Progressive collapse; Numerical

    analysis; Dynamic analysis.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1- Atentado no Alfred P. Murrah Federal Building em 1995- Downtown

    Oklahoma City, Oklahoma, United States [3]. ........................................................... 21

    Figura 2- Sistemas de contraventamento em V-invertido. ......................................... 26

    Figura 3 - Ronan Point Building após o colapso progressivo parcial em 1968 [2] ..... 31

    Figura 4- Área sob risco de colapso no evento de um acidente [24] ......................... 38

    Figura 5- Modelos estruturais dos edifícios analisados. ............................................ 43

    Figura 6 – Vista em planta do arranjo estrutural do pórtico de três pavimentos. ....... 45

    Figura 7 – Elevação externa do pórtico de três pavimentos. ..................................... 45

    Figura 8 – Vista em planta do arranjo estrutural do pórtico de oito pavimentos. ....... 46

    Figura 9 – Elevação externa do pórtico de oito pavimentos. ..................................... 47

    Figura 10 – Vista em planta do térreo ao 8º Pavimento - pórtico de dezesseis

    pavimentos. ............................................................................................................... 48

    Figura 11 – Vista em planta do 8º pavimento ao 16º pavimento - pórtico de dezesseis

    pavimentos. ............................................................................................................... 48

    Figura 12 – Elevação externa do pórtico de dezesseis pavimentos. ......................... 49

    Figura 13 – Combinação das ações para a análise estática [12] .............................. 51

    Figura 14 – Sistema local de referência dos elementos viga-pilar [40] ..................... 53

    Figura 15 – Discretização de uma seção de concreto armado pelo modelo de fibras

    [6] .............................................................................................................................. 54

    Figura 16- Curva tensão versus deformação do aço de acordo.com Menegotto-Pinto

    [36]. ........................................................................................................................... 56

    Figura 17 – Esquema de carregamento estático com a carga que substitui o pilar. . 57

    Figura 18 – Esquema de carregamento da retirada do pilar de canto com a carga

    que substitui o pilar e a carga de pushdown. ............................................................ 58

    Figura 19 – Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação após a

    retirada do pilar de canto no edifício de três pavimentos. ......................................... 60

    Figura 20 – Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação após a

    retirada do pilar externo no edifício de três pavimentos. ........................................... 60

    Figura 21 – Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação e de

    colapso após a retirada do pilar interno no edifício de três pavimentos. ................... 61

  • Figura 22 – Comparação dos deslocamentos máximos no edifício de três

    pavimentos. ............................................................................................................... 62

    Figura 23 – Elementos estruturais do edifício de três pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar de canto (a) e no pilar externo (b). ................................... 62

    Figura 24 – Cargas de colapso no edifício de três pavimentos. ................................ 63

    Figura 25 – Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação após a

    retirada do pilar de canto no edifício de oito pavimentos. ......................................... 64

    Figura 26 – Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação após

    retirada do pilar externo no edifício de oito pavimentos. ........................................... 65

    Figura 27 – Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação e de

    colapso após retirada do pilar externo no edifício de oito pavimentos. ..................... 66

    Figura 28 – Comparação dos deslocamentos máximos no edifício de oito

    pavimentos. ............................................................................................................... 66

    Figura 29 – Elementos estruturais do edifício de oito pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar de canto (a), o pilar externo (b) e o pilar interno (c). ........ 67

    Figura 30 – Cargas de colapso no edifício de oito pavimentos. ................................ 68

    Figura 31 – Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação após a

    retirada do pilar de canto (a), do pilar externo (b) e do pilar interno (c) no edifício de

    dezesseis pavimentos. .............................................................................................. 70

    Figura 32 – Comparação dos deslocamentos máximos no edifício de dezesseis

    pavimentos. ............................................................................................................... 71

    Figura 33 – Elementos estruturais do edifício de dezesseis pavimentos sob ação de

    uma carga de colapso no pilar de canto (a), o pilar externo (b) e o pilar interno (c).. 72

    Figura 34 – Cargas de colapso no edifício de dezesseis pavimentos. ...................... 73

    Figura 35 – Aplicação da carga para a análise dinâmica time history. ...................... 76

    Figura 36 – Deslocamentos no edifício de três pavimentos. ..................................... 76

    Figura 37 – Deslocamentos no edifício de oito pavimentos. ..................................... 77

    Figura 38 – Deslocamentos no edifício de dezesseis pavimentos. ........................... 78

    Figura 39 – Comparação dos deslocamentos do pilar de canto do edifício de três

    pavimentos. ............................................................................................................... 79

    Figura 40 – Comparação dos deslocamentos do pilar externo do edifício de três

    pavimentos. ............................................................................................................... 79

    Figura 41 – Comparação dos deslocamentos do pilar interno do edifício de três

    pavimentos. ............................................................................................................... 80

  • Figura 42 – Comparação dos deslocamentos do pilar de canto do edifício de oito

    pavimentos. ............................................................................................................... 81

    Figura 43 – Comparação dos deslocamentos do pilar externo do edifício de oito

    pavimentos. ............................................................................................................... 81

    Figura 44 – Comparação dos deslocamentos do pilar interno do edifício de oito

    pavimentos. ............................................................................................................... 82

    Figura 45 – Comparação dos deslocamentos do pilar de canto do edifício de

    dezesseis pavimentos. .............................................................................................. 83

    Figura 46 – Comparação dos deslocamentos do pilar externo do edifício de

    dezesseis pavimentos. .............................................................................................. 83

    Figura 47 – Comparação dos deslocamentos do pilar externo do edifício de

    dezesseis pavimentos. .............................................................................................. 84

    Figura 48– Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação e de

    colapso após a retirada do pilar de canto(a), pilar externo (b) e pilar interno, no

    edifício de três pavimentos contraventado e não contraventado............................... 86

    Figura 49– Elementos estruturais do edifício de três pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar de canto - não contraventado (a) e contraventado (b)...... 87

    Figura 50– Detalhe dos contraventamentos no instante do colapso do edifício de três

    pavimentos. ............................................................................................................... 87

    Figura 51 – Comparação das cargas máximas de colapso do pilar de canto do

    edifício de três pavimentos. ....................................................................................... 88

    Figura 52– Elementos estruturais do edifício de três pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar externo - não contraventado (a) e contraventado (b). ...... 88

    Figura 53 – Comparação das cargas máximas de colapso do pilar externo - três

    pavimentos. ............................................................................................................... 89

    Figura 54– Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação e de

    colapso após a retirada do pilar interno no edifício de três pavimentos - não

    contraventado (a) e contraventado (a) ...................................................................... 89

    Figura 55 – Comparação das cargas máximas de colapso do pilar interno - três

    pavimentos. ............................................................................................................... 90

    Figura 56– Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação e de

    colapso após a retirada do pilar de canto (a), pilar externo (b) e pilar interno, no

    edifício de oito pavimentos contraventado e não contraventado ............................... 91

  • Figura 57– Elementos estruturais do edifício de oito pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar de canto - não contraventado (a) e contraventado (b)...... 92

    Figura 58– Detalhe dos contraventamentos no instante do colapso do edifício de oito

    pavimentos. ............................................................................................................... 92

    Figura 59 – Comparação das cargas máximas de colapso do pilar de canto do

    edifício de oito pavimentos. ....................................................................................... 93

    Figura 60– Elementos estruturais do edifício de oito pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar externo - não contraventado (a) e contraventado (b). ...... 94

    Figura 61 – Comparação das cargas máximas de colapso do pilar externo do edifício

    de oito pavimentos. ................................................................................................... 94

    Figura 62– Elementos estruturais do edifício de oito pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar interno - não contraventado (a) e contraventado (b). ....... 95

    Figura 63 – Comparação das cargas máximas de colapso do pilar interno do edifício

    de oito pavimentos. ................................................................................................... 95

    Figura 64– Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação após a

    retirada do pilar de canto (a), pilar externo (b) e pilar interno, no edifício de dezesseis

    pavimentos contraventado e não contraventado ....................................................... 97

    Figura 65– Elementos estruturais do edifício de dezesseis pavimentos sob ação de

    uma carga de colapso no pilar de canto - não contraventado (a) e contraventado (b).

    .................................................................................................................................. 98

    Figura 66 – Comparação das cargas máximas de colapso do pilar de canto do

    edifício de dezesseis pavimentos. ............................................................................. 98

    Figura 67– Elementos estruturais do edifício de 16 pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar externo. Edifício não contraventado (a) e contraventado

    (b). ............................................................................................................................. 99

    Figura 68 – Comparação das cargas máximas de colapso do pilar externo do edifício

    de dezesseis pavimentos. ......................................................................................... 99

    Figura 69– Elementos estruturais do edifício de 16 pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar interno. Edifício não contraventado (a) e contraventado (b).

    ................................................................................................................................ 100

    Figura 70 – Comparação das cargas máximas de colapso do pilar interno do edifício

    de dezesseis pavimentos. ....................................................................................... 100

    Figura 71 – Elevação externa dos edifícios com treliça no topo da edificação........ 102

    Figura 72 – Edifícios com treliça no topo da edificação. ......................................... 103

  • Figura 73– Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação e de

    colapso após a retirada do pilar de canto (a), pilar externo (b) e pilar interno, no

    edifício de três pavimentos sem treliça e com treliça. ............................................. 104

    Figura 74– Elementos estruturais do edifício de três pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar de canto - sem treliça (a) e com treliça (b). .................... 105

    Figura 75 – Comparação dos deslocamentos do nó superior do pilar de canto e das

    cargas de colapso -edifício de três pavimentos. ...................................................... 105

    Figura 76– Elementos estruturais do edifício de três pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar externo - sem treliça (a) e com treliça (b). ...................... 106

    Figura 77 – Comparação dos deslocamentos do nó superior do pilar externo e das

    cargas de colapso -edifício de três pavimentos. ...................................................... 106

    Figura 78– Elementos estruturais do edifício de três pavimentos sob ação de uma

    carga de colapso no pilar interno - sem treliça (a) e com treliça (b). ....................... 107

    Figura 79 – Comparação dos deslocamentos do nó superior do pilar interno e das

    cargas de colapso - três pavimentos. ...................................................................... 107

    Figura 80– Elementos que excederam os limites de rotação de plastificação e de

    colapso após a retirada do pilar de canto (a), pilar externo (b) e pilar interno (c), no

    edifício de oito pavimentos sem treliça e com treliça. ............................................. 109

    Figura 81 – Comparação dos deslocamentos do nó superior do pilar de canto e das

    cargas de colapso - edifício de oito pavimentos. ..................................................... 110

    Figura 82– Comparação entre os deslocamentos do nó superior do pilar externo -

    edifício de oito pavimentos. ..................................................................................... 110

    Figura 83 – Comparação dos deslocamentos do nó superior do pilar interno e das

    cargas de colapso - edifício de oito pavimentos. ..................................................... 111

    Figura 84 – Comparação dos deslocamentos do nó superior do pilar de canto e das

    cargas de colapso - edifício de dezesseis pavimentos. ........................................... 111

    Figura 85 – Comparação dos deslocamentos do nó superior do pilar externo e das

    cargas de colapso - edifício de dezesseis pavimentos. ........................................... 112

    Figura 86 – Comparação entre os deslocamentos do nó superior do pilar interno e

    das cargas de colapso - edifício de dezesseis pavimentos. .................................... 112

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1- Classes de edifícios [24] ........................................................................... 37

    Tabela 2 – Classes de consequência para principais tipos de edifícios [5] ............... 39

    Tabela 3 – Exigências de dimensionamento [5] ........................................................ 40

    Tabela 4 – Tabela com os critérios de desemprenho do FEMA356 [39]. .................. 52

    Tabela 5- Legenda com as cores que identificam os critérios de desempenho. ....... 58

    Tabela 6- Índice de sobreresistência no pórtico de três pavimentos. ........................ 64

    Tabela 7- Índice de sobreresistência no edifício de 8 pavimentos. ........................... 69

    Tabela 8- Índice de sobreresistência no edifício de 16 pavimentos. ......................... 73

    Tabela 9- Comparação entre os índices de sobreresistência dos edifícios. .............. 74

    Tabela 10- Comparação dos deslocamentos do edifício de três pavimentos pelos

    métodos time history e pushdown. ............................................................................ 80

    Tabela 11- Comparação dos deslocamentos do edifício de oito pavimentos pelos

    métodos time history e pushdown. ............................................................................ 82

    Tabela 12- Comparação dos deslocamentos do edifício de dezesseis pavimentos

    pelos métodos time history e pushdown. .................................................................. 84

    Tabela 13- Índice de sobreresistência no edifício de três pavimentos contraventado.

    .................................................................................................................................. 90

    Tabela 14- Índice de sobreresistência no edifício de oito pavimentos contraventado.

    .................................................................................................................................. 96

    Tabela 15- Índice de sobreresistência no edifício de dezesseis pavimentos

    contraventado. ......................................................................................................... 101

    Tabela 16- Comparação entre os índices de sobreresistência dos edifícios

    contraventados. ....................................................................................................... 101

    Tabela 17- Índice de sobreresistência no edifício de três pavimentos com treliça. . 108

    Tabela 18- Índice de sobreresistência no edifício de oito pavimentos com treliça. . 108

    Tabela 19- Índice de sobreresistência no edifício de dezesseis pavimentos com

    treliça. ...................................................................................................................... 113

    Tabela 20- Comparação entre os índices de sobreresistência dos edifícios com

    treliça. ...................................................................................................................... 113

    Tabela 21- Comparação entre os índices de sobreresistência dos edifícios para a

    remoção do pilar de canto. ...................................................................................... 114

  • Tabela 22- Comparação entre os índices de sobreresistência dos edifícios para a

    remoção do pilar externo. ........................................................................................ 114

    Tabela 23- Comparação entre os índices de sobreresistência dos edifícios para a

    remoção do pilar interno. ......................................................................................... 114

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ASCE American Society of Civil Engineers

    BS British Standards

    CFR Coeficiente de Força Residual

    CHS Tubos Circulares (Circular Hollow Section)

    DL Peso próprio e carga permanente do edifício

    DOD Department of Defense

    EUROCODE European Committee for Standardisation

    FEN Faculdade de Engenharia

    GSA General Services Administration

    FEMA Federal Emergency Management Agency

    LL Carga acidental do edifício

    MCA Método do Caminho Alternativo

    MEF Método dos elementos finitos

    NISTR National Institute of Standars and Technology

    UFC Unified Facilities Criteria

    RDC Relação Demanda Capacidade

    MCA Método do Caminho alternativo

  • LISTA DE SÍMBOLOS

    Co fator de Orografia

    CsCd fator estrutural

    Fi força de tração nas vigas internas

    Fp força de tração nas vigas de periferia

    fy tensão de escoamento do aço

    fu tensão de ruptura do aço

    gk carregamento permanente característico por unidade de área

    k1 fator de turbulência

    L1 maior distância entre centros de colunas

    Lp fator de correção entre unidades métricas e imperiais

    Mn momento negativo

    Mp momento positivo

    q combinação de carregamento para análise do colapso progressivo

    qcp carga que provoca o colapso progressivo

    qk carregamento acidental característico por unidade de área

    V cortante na ligação

    Vo velocidade característica do vento

    Wc carregamento linear dos fechamentos ponderado

    Wf carregamento do pavimento devido às cargas gravitacionais

    θy rotação plástica

    θp rotação de colapso

    ρ densidade do ar

  • SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 20

    1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 25

    2 ROBUSTEZ ESTRUTURAL ......................................................................... 30

    2.1 Definição ........................................................................................................ 30

    2.2 Causas do colapso progressivo e colapso desproporcional ................... 31

    2.3 Propriedades de uma estrutura robusta ..................................................... 32

    2.3.1 Redundância ................................................................................................... 32

    2.3.2 Ductilidade ...................................................................................................... 33

    2.3.3 Elementos-chave ............................................................................................ 33

    2.3.4 Resistência a incêndios .................................................................................. 33

    2.3.5 Desempenho .................................................................................................. 33

    2.4 Métodos e normas de projeto para avaliar o colapso progressivo .......... 34

    2.4.1 Método indireto ............................................................................................... 34

    2.4.2 Métodos diretos .............................................................................................. 35

    2.4.3 Código britânico .............................................................................................. 35

    2.4.4 Eurocode EN 1990 ......................................................................................... 36

    2.4.5 Eurocode EN 1991-1-7 ................................................................................... 37

    2.4.6 Diretrizes nos Estados Unidos ........................................................................ 38

    3 ANÁLISE DE ROBUSTEZ ESTRUTURAL .................................................. 42

    3.1 Descrição e dimensionamento dos edifícios metálicos ............................ 42

    3.1.1 Ações e combinações ..................................................................................... 43

    3.1.2 Propriedades do material ................................................................................ 44

    3.1.3 Análise de estabilidade global ........................................................................ 44

    3.1.4 Geometria ....................................................................................................... 44

    3.1.5 Tipo de elemento viga-pilar ............................................................................. 49

    3.2 Análise estática não linear incremental (pushdown) ................................. 50

    3.2.1 Combinações de ações para a análise estática da robustez estrutural .......... 50

    3.2.2 Critérios de desempenho ................................................................................ 51

    3.2.3 Análise não linear ........................................................................................... 53

    3.2.4 Procedimentos de análise do colapso progressivo ......................................... 57

    3.2.5 Resultados das análises pushodown .............................................................. 58

  • 3.3 Análise dinâmica não linear (time history) ................................................. 74

    3.3.1 Combinações de cargas para a análise dinâmica da robustez ....................... 75

    3.3.2 Critérios de desempenho ................................................................................ 75

    3.3.3 Procedimentos de análise time history ........................................................... 75

    3.3.4 Resultados da análise time history ................................................................. 76

    3.4 Comparação entre os métodos Pushdown e Time History ....................... 78

    4 AVALIAÇÃO DE SISTEMAS CONTRAVENTADOS E TRELIÇADOS NA

    ROBUSTEZ ESTRUTURAL ......................................................................... 85

    4.1 CONTRAVENTAMENTOS ............................................................................. 85

    4.2 TRELIÇAS .................................................................................................... 101

    5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 115

    5.1 Introdução ................................................................................................... 115

    5.2 Principais conclusões ................................................................................ 115

    5.3 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................. 117

    REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 118

  • 20

    INTRODUÇÃO

    Generalidades

    A evolução dos métodos construtivos, dos materiais de alto desempenho e

    dos métodos mais refinados de análise estrutural, levaram a projetar estruturas mais

    econômicas aproveitando com maior eficiência a resistência dos novos materiais

    desenvolvidos na indústria da construção civil. Este avanço trouxe uma grande

    racionalização dos materiais utilizados na construção, e como consequência, uma

    diminuição significativa dos custos das obras. Em contrapartida, essas novas

    estruturas oferecem um menor nível de redundância quando se analisa o mesmo

    tipo de solução estrutural. Estruturas mais antigas eram projetadas de forma mais

    conservadora devido às limitações dos métodos de análise estrutural da época.

    Como consequência, as estruturas tinham um maior grau de redundância estrutural.

    Em geral, as estruturas são dimensionadas para resistir à ação do peso

    próprio da estrutura, ações permanentes, ações variáveis causadas pela ocupação,

    vento, neve, água e sismo. Dimensionar a estrutura conforme as determinações das

    normas de cada país, proporciona um certo nível de resistência e ductilidade que

    contribuem de alguma maneira para resistir às ações excepcionais [1]. Esta

    capacidade de resistir às ações excepcionais para as quais a estrutura não foi

    projetada é denominada de robustez estrutural.

    Nas últimas décadas a mídia tem noticiado com maior frequência uma série

    de eventos relacionados ao colapso de edifícios provocados por incêndios, sismos,

    explosões acidentais ou intencionais (terrorismo) como no edifício Alfred P. Murrah

    mostrado na Figura 1. Uma das principais preocupações da sociedade é a

    possibilidade destes eventos de provocarem o colapso dos edifícios, gerando uma

    grande quantidade de vítimas. Isto tem motivado inúmeras pesquisas ao redor do

    mundo com o intuito de evitar estas tragédias. Atualmente os engenheiros

    estruturais estão preocupados com procedimentos que melhorem os índices de

    robustez das estruturas e diminuam a probabilidade da ocorrência do colapso das

    estruturas, quando são submetidas a ações excepcionais [2].

  • 21

    Figura 1- Atentado no Alfred P. Murrah Federal Building em 1995- Downtown Oklahoma

    City, Oklahoma, United States [3].

    A análise da robustez estrutural requer que sejam avaliadas todas as

    variáveis envolvidas no problema. Algumas das variáveis envolvidas no problema

    são: a resistência dos materiais, o tipo de utilização da estrutura e as ações atuantes

    na estrutura. Outras variáveis estão relacionadas as limitações na modelagem da

    estrutura. Estas variáveis estão sempre associadas a um grau de incerteza. Estas

    incertezas dão origem aos riscos, que devem ser gerenciados. Reduções nos riscos

    implica em custos adicionais, que devem ser equilibrados com outros concorrentes

    prioritários desses recursos. Os conceitos e restrições na gestão de riscos devem

    ser comunicados ao proprietário do empreendimento, o desenvolvedor do projeto, o

    arquiteto, o engenheiro, a contratada, os ocupantes ou inquilinos (se eles podem ser

    identificados na fase de desenvolvimento do projeto), o órgão regulador de

  • 22

    construção e o público em geral. A maioria desses indivíduos não conhece os

    conceitos de risco quantitativo ou análise de confiabilidade estrutural. Por

    conseguinte, o risco deve ser mensurado e comunicado para que as partes

    envolvidas nas decisões, que não tem conhecimento técnico, possam compreender

    os níveis do risco envolvidos e possam conceber estratégias eficazes para o seu

    gerenciamento. É essencial que as partes interessadas possam chegar a uma

    compreensão comum de como o risco deve ser medido no projeto estrutural, pois

    isso determinará os objetivos de desempenho desse projeto. O público espera que a

    construção seja essencialmente livre de riscos [2].

    Embora os dados históricos indiquem que o risco de colapso progressivo nos

    edifícios é muito baixo, a perda de vidas é significativa quando ocorre um colapso

    parcial ou total. Como resultado dos ataques terroristas sobre edifícios no mundo,

    particularmente edifícios de propriedade e ocupação do Governo dos Estados

    Unidos, várias agências governamentais dos EUA desenvolveram normas e manuais

    de projeto contra o colapso progressivo, como por exemplo o GSA [4] e DOD [5],

    que fornecem procedimentos de análise de robustez estrutural. No entanto, cada

    agência adotou diferentes critérios para avaliar o desempenho de edifícios sujeitos a

    ações excepcionais. Além disso, não foram padronizados procedimentos de projeto

    estrutural que forneçam à estrutura uma capacidade adequada de resistir ao colapso

    progressivo. Existem diversas opiniões sobre critérios que as normas deveriam

    adotar para aumenta a resistência dos edifícios contra o colapso progressivo. Ainda

    não se obteve um consenso para definir quando se deve considerar o colapso

    progressivo no projeto estrutural e quais são os níveis de dano aceitáveis [1].

    Motivação

    Um dos grandes desafios na engenharia moderna é a busca por metodologias

    que permitam quantificar o grau de robustez de uma estrutura. Desta maneira, seria

    possível prever se a estrutura corre risco de sofrer um colapso progressivo, quando

    esta é submetida a ações excepcionais, e adotar medidas que garantam a

    segurança do edifício e que evitem desastres maiores.

  • 23

    É importante entender bem o fenômeno do colapso progressivo com o

    objetivo de criar metodologias que possam ser implementadas nas normas e no dia

    a dia do engenheiro estrutural. Este tipo de análise ainda não é bem compreendida

    pela comunidade de projetistas de estruturas o que leva a projetar estruturas com

    pouca robustez estrutural. Faz-se necessário que mais trabalhos sobre este tema

    sejam desenvolvidos com o objetivo de tornar os métodos de análise de robustez

    mais acessíveis para todos.

    O propósito deste trabalho é fazer um estudo sobre as metodologias usadas

    para determinar a robustez de uma estrutura e desenvolver modelos numéricos que

    permitam analisar o comportamento de uma estrutura quando submetida a ações

    excepcionais.

    Objetivos

    O principal objetivo deste estudo é analisar a robustez estrutural de edifícios

    de aço contraventados e não contraventados com base nas metodologias

    recomendadas nas normas internacionais. Pretende-se ainda, determinar a

    capacidade destes edifícios de resistir ao colapso progressivo no cenário de

    remoção de um pilar, fenômeno de carga excepcional que pode ser provocado por

    um impacto, explosão, incêndio, dentre outras causas.

    Serão desenvolvidos modelos numéricos dos edifícios através do método dos

    elementos finitos (MEF) no programa SeismoStruct [6] utilizando os elementos finito

    do tipo fibra. Serão efetuadas análises não lineares do tipo pushdown e time history

    com o objetivo de simular e avaliar o comportamento estrutural do edifício, quando

    este é submetido à retirada de um apoio (pilar), verificando assim a sua robustez.

    Serão comparados os dois métodos com o objetivo de determinar qual é o mais

    eficiente na avaliação da robustez estrutural.

    Será investigado o comportamento dos elementos de contraventamento

    quando os edifícios são submetidos à retirada de um apoio (pilar), para avaliar a

    capacidade destes elementos de impedir um colapso progressivo. Também será

    investigado a utilização de treliças no topo dos edifícios, com o objetivo de aumentar

  • 24

    os níveis de robustez da estrutura e melhorar o desempenho contra o colapso

    progressivo.

    Estrutura da dissertação

    Este capítulo de introdução apresenta de forma resumida o entendimento de

    robustez estrutural e colapso progressivo. Além disso, descreve a motivação para o

    desenvolvimento do trabalho e os objetivos, com uma descrição da estrutura da

    dissertação.

    No capítulo um é realizada uma revisão bibliográfica das principais pesquisas

    desenvolvidas sobre colapso e robustez estrutural, que são dois termos que estão

    intrinsecamente associados.

    No capítulo dois são apresentadas as diversas normas, métodos e filosofias

    que abordam o colapso progressivo e a robustez estrutural na Europa e nos EUA.

    No capítulo três são apresentados os modelos numéricos desenvolvidos, bem

    como, as análises para avaliar o colapso progressivo e a robustez estrutural usando

    as metodologias de pushdown e time history. Neste capítulo, apenas edifícios não

    contraventados foram estudados.

    No capítulo quatro foram investigados sistemas estruturais de

    contraventamento e de treliças, com o objetivo de melhorar os índices de robustez

    estrutural e o desempenho dos edifícios contra o colapso progressivo num cenário

    de falha correspondente à perda de um pilar.

    Finalmente, no capítulo cinco são apresentadas as considerações finais, as

    principais conclusões deste trabalho e sugestões para trabalhos futuros.

  • 22020

    1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

    Durante a realização desta dissertação foram realizadas diversas pesquisas

    de trabalhos sobre robustez estrutural e colapso progressivo. Esta investigação teve

    o objetivo de subsidiar o entendimento do comportamento de estruturas que são

    submetidas à falha de um ou mais elementos estruturais, situando esta dissertação

    em um contexto atual.

    Em detalhes, Kaewkulchai & Williamson [7] estudaram o comportamento de

    pórticos planos quando submetidos a um colapso inicial. Demostraram que a

    consideração dos efeitos dinâmicos levam a deslocamentos inelásticos

    consideravelmente maiores, que os deslocamentos encontrados pela análise

    estática. Além disso, o estudo mostrou que o dano na estrutura fica contido nos vãos

    adjacentes ao pilar removido. Os resultados também mostraram que há pouca

    diferença na resposta de pórticos se a análise começa de uma configuração

    deformada ou não deformada no momento do colapso inicial.

    Marjanishvili [8] estudou procedimentos de análise contra o colapso

    progressivo através dos métodos estático linear elástico, estático não linear,

    dinâmico linear elástico e dinâmico não linear. O estudo mostrou que apesar da

    simplicidade dos métodos linear estáticos e não linear estático, os resultados das

    análises estáticas são mais conservadores comparados às análises dinâmicas, pois

    as análises estáticas utilizam critérios de desempenho mais rigorosos. Concluiu que

    o método dinâmico não linear é mais complexo e exige uma maior capacidade

    computacional, entretanto, obtém resultados mais realistas do comportamento da

    estrutura ao colapso progressivo.

    Powell [9] comparou as análises linear estática, não linear estática e não

    linear dinâmica e mostrou que o fator de amplificação dinâmico igual a 2,0 utilizado

    nas análises estáticas pode obter resultados excessivamente conservadores quando

    comparados com os resultados da análise não linear dinâmica. Também

    recomendou que a análise dinâmica fosse o método utilizado nas análises de

    colapso progressivo. Concluiu que é improvável que o efeito catenária possa

    aumentar a robustez, uma vez que a capacidade de deformação provavelmente será

    excedida antes que os efeitos da catenária se tornem significativos. Também

  • 26

    mostrou que a análise dinâmica é mais precisa e que sua execução não apresenta

    maiores dificuldades.

    Ruth et al. [10] analisaram a suscetibilidade ao colapso progressivo utilizando

    o método do caminho alternativo através de análises estática não linear e dinâmica

    não linear. O estudo mostrou que o fator de amplificação dinâmico de 2,0 adotado

    para análises estáticas não lineares gera resultados extremamente conservadores

    quando comparados com os resultados das análises dinâmicas não lineares.

    Sugeriram que fosse utilizado um coeficiente de amplificação dinâmico de 1,5 para

    as análises contra o colapso progressivo pelos métodos estáticos.

    Khandelwal et al. [11] utilizaram dois modelos de contraventamento em

    edifícios de aço, que foram projetados para resistir a sismos de nível forte e

    moderado. O objetivo era avaliar que tipo de contraventamento era mais eficiente

    contra o colapso progressivo. Os modelos de contraventamento utilizados foram: o

    V-invertido utilizado nos edifícios resistentes a sismo moderado e o V-invertido

    excêntrico, sendo esse, mais utilizado em edifícios resistentes a sismo forte. A

    conclusão do estudo foi que os dois sistemas de contraventamentos melhoram a

    capacidade da estrutura de resistir ao colapso progressivo, entretanto, o sistema de

    contraventamento excêntrico é mais eficiente que o sistema de contraventamento V-

    invertido sem excentricidade. Na Figura 2 podem ser observados os dois sistemas

    de contraventamento V-invertido.

    a) V-invertido sem excentricidade b) V-invertido com excentricidade

    Figura 2- Sistemas de contraventamento em V-invertido.

    Kim & Kim [12] estudaram o colapso progressivo de pórticos planos de aço

    não contraventados utilizando o método do caminho alternativo. Compararam os

    resultados obtidos das análises estática não linear, dinâmica linear e dinâmica não

    linear variando diversos parâmetros: localização do pilar removido e o número de

  • 27

    pavimentos. Mostraram que a análise dinâmica não linear pode ser usada como

    ferramenta mais precisa e prática para avaliar o potencial de colapso progressivo

    das estruturas. Concluíram também que as rotações plásticas são maiores quando é

    removido o pilar de canto e que as rotações plásticas são similares quando há a

    remoção do segundo e terceiro pilares centrais. Observaram também que, quanto

    maior o número de pavimentos do pórtico, maior a capacidade de resistir ao colapso.

    Fu [13] utilizou um pórtico tridimensional de aço contraventado modelado em

    elementos finitos para estudar o colapso progressivo de estruturas quando

    submetidas à retirada abrupta de um ou mais pilares. Mostrou que a utilização de

    contraventamentos laterais do tipo cruzado em X aumenta a capacidade do edifício

    de resistir ao colapso progressivo. Concluiu que o efeito catenária não se forma na

    maioria dos casos de remoção abrupta de um pilar, pois ele só atua a partir de

    grandes deflexões.

    Khandelwal & El-Tawil [14] apresentaram uma técnica denominada pushdown

    para analisar a robustez das estruturas. Mostraram que o método proposto pode ser

    usado para identificar os modos de colapso e quantificar a capacidade residual da

    estrutura. Concluíram que os sistemas de fusíveis sísmicos (elementos responsáveis

    pela dissipação da energia sísmica) podem desempenhar um papel importante para

    evitar a propagação do colapso na estrutura.

    Formisano & Mazzolani [15] estudaram a robustez e a resistência ao colapso

    progressivo de pórticos de aço através de uma análise estática utilizando o método

    do caminho alternativo projetados de acordo com o as normas italianas de sismo

    [16]. O estudo mostrou que as estruturas que foram projetadas de acordo com a

    antiga norma italiana de sismo apresentavam um melhor índice de robustez devido a

    utilização de vigas mais robustas. As análises mostraram que as ligações viga-pilar

    rígidas permitem atingir índices de robustez mais elevados, quando comparadas

    com as ligações semirrígidas. Além disso, mostraram que a remoção de pilares

    internos apresenta um risco mais elevado de colapso desproporcional da estrutura,

    que o pilar de canto e o pilar de fachada, sendo que este último representa menos

    risco de colapso progressivo.

    Song et al. [17] fizeram um estudo experimental onde removeram quatro

    pilares da periferia do primeiro andar de uma construção que seria demolida, com o

    objetivo de analisar a redistribuição de carga na edificação, após a remoção de cada

    coluna. Também elaboraram modelos numéricos de pórticos planos e pórticos

  • 28

    tridimensionais para comparar os procedimentos de análise com os dados

    experimentais. O estudo experimental mostrou que mesmo depois da remoção de

    quatro pilares o edifício não sofreu colapso. Concluíram que o fator de amplificação

    dinâmico de 2,0 utilizado na análise estática pode levar a resultados conservadores

    na análise estrutural. Também observaram que os esforços nos elementos dos

    pórticos tridimensionais eram menores que as solicitações dos pórticos planos,

    porque as ações adicionais geradas pela retirada de um pilar eram redistribuídas

    para mais elementos estruturais. Perceberam que os valores de tensões nos

    elementos do modelo tridimensional eram mais próximos dos resultados

    experimentais. Concluíram que pórticos tridimensionais representam melhor o

    comportamento dos edifícios à remoção de pilares.

    Rezvani et al. [18] investigaram o efeito do comprimento do vão sobre os

    níveis de segurança estrutural contra o colapso progressivo em edifícios de aço não

    contraventados. Os edifícios foram modelados com diversos comprimentos de vão e

    projetados para resistir a sismos. Houve ainda a remoção do pilar de canto ou pilar

    interno no piso térreo. Os resultados mostraram que estruturas projetadas para uma

    zona de intensidade sísmica elevada eram capazes de resistir ao colapso

    progressivo e que edifícios com vãos menores eram menos suscetíveis ao colapso.

    Também mostraram que a remoção de pilares internos representa um risco mais

    elevado de colapso progressivo. Observaram que a falha da estrutura ocorria nas

    vigas e que os pilares tinham capacidade de resistir à falha da estrutura.

    Jeyarajan et al. [19] estudaram o comportamento de edifícios mistos (aço-

    concreto) quando submetidos à retirada de um pilar. Os edifícios estudados

    utilizaram três diferentes tipos de sistemas de estabilidade lateral: utilizando

    contraventamentos laterais, núcleo rígido de concreto e pórticos não contraventados

    com ligações rígidas. O estudo mostrou que os pórticos com núcleo rígido são mais

    vulneráveis ao colapso progressivo quando comparados com os outros sistemas. Os

    autores sugerem que se utilizem a treliça Vierendeel e treliças do tipo outrigger-belt

    para melhorar o desempenho dos edifícios contra o colapso progressivo. Concluíram

    que a utilização das treliças do tipo outrigger-belt reduz o deslocamento vertical do

    pórtico quando submetido à retirada súbita de um pilar.

    Dinu et al. [20] fizeram um ensaio experimental de um pórtico em aço

    resistente a sismo para avaliar a capacidade máxima da estrutura, quando

    submetido à retirada de um pilar. Os resultados do teste experimental foram

  • 29

    comparados com o modelo numérico. O estudo mostrou que as ligações viga-coluna

    destes pórticos tinham a capacidade para desenvolver um efeito catenária.

    Observaram que a rotação final das vigas e das ligações é maior que os limites

    estipulados nas normas. Mostraram que a capacidade de suportar ações verticais

    aumenta devido à formação de forças de catenária. Concluíram que a robustez

    depende da capacidade das ligações de resistir aos esforços de tensão provenientes

    da formação do efeito catenária nas vigas.

    Cassiano et al. [21] estudaram a eficácia do detalhamento sísmico em

    pórticos sem contraventamentos na prevenção do colapso progressivo, através de

    análises estáticas e dinâmicas não lineares. Analisaram os seguintes casos: (i)

    estruturas projetadas para resistir a ações de vento de acordo com o EN1991-4 [35];

    Os parâmetros analisados foram: (i) o número de pavimentos; (ii) a altura dos

    pavimentos; (iii) o comprimento dos vãos; (iv) o arranjo estrutural dos pavimentos do

    pórtico e (v) diferentes posições de perda de pilar. Os resultados mostraram que as

    estruturas projetadas utilizando a metodologia do capacity design (elementos

    responsáveis pela dissipação da energia sísmica) são menos robustas, que as

    projetadas para resistir ao vento, desde que as ligações tenham a mesma

    capacidade resistente em ambos os casos. Além disso, os resultados numéricos

    mostraram que um maior número de elementos acima do pilar removido e uma

    maior rigidez das vigas são os parâmetros fundamentais para evitar o colapso

    progressivo.

  • 30

    2 ROBUSTEZ ESTRUTURAL

    2.1 Definição

    O Eurocode BS EN 1991-1-7 [24] define a robustez como a capacidade das

    estruturas de suportar eventos como incêndio, explosões, impactos, deterioração da

    estrutura, sem sofrer danos em uma extensão desproporcional à causa original. De

    acordo com esta norma, uma falha localizada devido a uma ação acidental é

    aceitável, desde que não ofereça risco à estabilidade global da estrutura, mantendo

    a capacidade resistente da estrutura e permitindo que medidas de emergência

    necessárias sejam tomadas.

    O objetivo da robustez é garantir que os edifícios não sofram um colapso

    desproporcional devido a uma ação acidental excepcional. Uma estrutura com

    capacidade de resistir ao colapso desproporcional pode ser considerada como

    sendo uma estrutura robusta. Esta robustez deve ser suficiente para impedir que

    uma falha local em uma porção relativamente pequena do sistema estrutural se

    propague para uma parte muito maior da estrutura.

    O termo colapso desproporcional e colapso progressivo são frequentemente

    usados como sinônimos, mas é possível fazer uma distinção. Colapso progressivo é

    a propagação do dano estrutural a partir da falha inicial de um ou mais elementos

    estruturais. O colapso desproporcional está relacionado a um colapso global da

    estrutura ou um colapso que ultrapassa uma região considerável da estrutura, ou

    seja, que se estende para outros vãos e outros pavimentos. Se ocorre colapso

    progressivo, isto não necessariamente resulta em um colapso desproporcional [25].

    O Ronan Point, mostrado na Figura 3, era um prédio pré-moldado de 22

    andares com estrutura de painéis pré-moldados de concreto. Uma explosão de gás

    em uma cozinha no 18º pavimento explodiu o painel da parede exterior e a falha se

    propagou do telhado até o nível do solo. Embora o edifício não tenha colapsado por

    completo, a extensão do dano foi desproporcional ao colapso inicial. Em essência, a

    estrutura era como "castelo de cartas" sem redundância para a redistribuição dos

    esforços.

  • 31

    Após o desabamento do Ronan Point, a robustez se tornou um critério de

    projeto importante, principalmente no Reino Unido, onde a maior parte das

    pesquisas iniciais sobre colapso progressivo e robustez estrutural foram

    desenvolvidas. Após a adoção do critério de robustez nos projetos, não foram

    registrados casos de colapsos desproporcionais desta magnitude, e como

    consequência, houve uma redução gradual nas pesquisas relacionadas a este tema.

    No entanto, após os atentados ao Alfred P. Murrah Federal Building e ao World

    Trade Center as pesquisas relacionadas a este tema foram retomadas.

    Figura 3 - Ronan Point Building após o colapso progressivo parcial em 1968 [2]

    2.2 Causas do colapso progressivo e colapso desproporcional

    Existem diferentes tipos de ações que podem desencadear um colapso, como

    por exemplo, uma explosão, o impacto de um veículo, uma falha humana ou um

    incêndio. Estes eventos podem gerar diversos mecanismos de colapso, que

    dependem do sistema estrutural adotado, da localização da falha, da magnitude da

    ação que dá inicio à falha e dos caminhos alternativos de redistribuição de esforços

    da estrutura.

  • 32

    As principais razões que desencadeiam os colapsos, segundo Canisius et al.

    [26], são:

    • Ações inesperadas: podendo ser causadas pela utilização indevida das

    estruturas, ou seja, a estrutura é utilizada de uma forma diferente para a qual foi

    concebida;

    • Ações acidentais: explosões, impactos não usuais, etc;

    • Erros durante a execução: erros de execução ou de interpretação do projeto;

    •Deterioração: pode ocorrer devido a um erro de análise da classe de

    agressividade da região onde será construída a estrutura, resultando na utilização

    de materiais e cobrimentos inadequados.

    2.3 Propriedades de uma estrutura robusta

    A robustez é uma propriedade da estrutura que depende de outras

    caraterísticas estruturais, tais como: redundância, ductilidade, elementos chave,

    resistência a incêndios e desempenho.

    2.3.1 Redundância

    Uma estrutura é considerada redundante quando a falha de um elemento

    estrutural não compromete a capacidade resistente dos demais elementos, ou seja,

    o acréscimo de esforços gerados pela falha de um elemento conseguem ser

    suportados pela estrutura. Em outras palavras, a redundância é a capacidade do

    sistema estrutural de redistribuir os esforços gerados pela falha de um ou mais

    elementos estruturais entre o restante da estrutura. Geralmente, o termo

    redundância está associado ao grau de indeterminação estática, mas, segundo

    Frangopol e Curley [27], tem sido demonstrado que o grau de indeterminação

    estática não é uma medida consistente para avaliar a redundância estrutural, pois

    algumas estruturas com um baixo grau de indeterminação estática têm índices de

    redundância melhores que estruturas com elevados graus de hiperestaticidade. A

    redundância depende essencialmente da tipologia estrutural, das dimensões dos

    componentes da estrutura, das propriedades do material, das ações e da magnitude

    das ações.

  • 33

    2.3.2 Ductilidade

    Ductilidade é a capacidade que o material tem de se deformar plasticamente

    e apresentar uma ruptura gradual, ou seja, que apresenta sinais de alguma

    anomalia. Esta característica estrutural permite que os elementos estruturais e as

    ligações entre os elementos mantenham uma certa capacidade de resistência,

    mesmo sofrendo grandes deslocamentos pois a estrutura permite a redistribuição

    dos esforços para outros elementos estruturais, fornecendo assim uma margem

    adicional de segurança.

    2.3.3 Elementos-chave

    Quando a falha de um elemento estrutural provoca o colapso desproporcional

    da estrutura, este elemento deve ser projetado como um elemento chave. Ou seja,

    elementos-chave são aqueles cuja remoção compromete a segurança global da

    estrutura. Deste modo, uma das formas de evitar o colapso progressivo passa pela

    identificação e dimensionamento de todos os elementos-chave, com o máximo de

    segurança contra possíveis falhas destes elementos.

    2.3.4 Resistência a incêndios

    Ainda que os incêndios sejam condições excepcionais que mereçam ser

    sempre evitadas, é fundamental que as edificações sejam capazes de resistir ao

    incêndio por um período de tempo suficiente para evitar que a estrutura entre em

    colapso até sua desocupação completa. Por isso, de acordo com a tipologia da

    estrutura, da ocupação e da altura do edifício, é necessário adotar medidas que

    aumentem a resistência da estrutura contra incêndios. O aço, assim como ocorre

    com outros materiais estruturais, perde resistência e rigidez quando submetido a

    altas temperaturas, logo é importante criar mecanismos que protejam o aço das altas

    temperaturas geradas pelos incêndios, por um período razoável de tempo.

    2.3.5 Desempenho

    As estruturas devem ter a capacidade de manter a integridade estrutural

    durante a vida útil adotada no projeto. Com passar do tempo muitas edificações

  • 34

    apresentam níveis de degradação superiores aos desejados. Este desgaste precoce

    pode ser gerado pela baixa qualidade dos materiais empregados na construção, por

    problemas de projeto, problemas de execução e falta de manutenção, afetando

    assim, a aparência, a segurança, a utilização e a durabilidade das edificações. Estes

    problemas podem gerar a perda de capacidade da estrutura de resistir às ações

    previstas no projeto, e levar a estrutura ao colapso, seja por falha dos elementos,

    instabilidade ou deformação excessiva. Também diminui a capacidade da estrutura

    de suportar ações excepcionais não previstas no projeto, diminuindo a robustez da

    mesma.

    2.4 Métodos e normas de projeto para avaliar o colapso progressivo

    O principal objetivo de uma análise de colapso progressivo é determinar o

    potencial das estruturas para o colapso e adotar medidas para evitar que este venha

    a ocorrer. Atualmente, as principais normas de projeto contra o colapso progressivo

    são: GSA [4], DOD [5], NISTR [1], FEMA 426 [28] e BS 5950 [29]. Estas normas e

    manuais utilizam três metodologias básicas de projeto contra o colapso progressivo:

    um método indireto e dois métodos diretos.

    2.4.1 Método indireto

    Este método utiliza estratégias gerais para mitigar o efeito do colapso

    progressivo em estruturas através da prescrição de níveis mínimos de resistência,

    continuidade e ductilidade. Algumas prescrições deste método, para melhorar a

    robustez do edifício, são: dimensionar as ligações para um determinado nível de

    esforços; identificação e dimensionamento dos elementos-chave para determinado

    nível de esforços; utilizar sistemas estruturais com continuidade (com alto grau de

    hiperestaticidade), redundância e ductilidade. O objetivo desta abordagem é fornecer

    a capacidade de redistribuição dos esforços, após o colapso de um elemento.

  • 35

    2.4.2 Métodos diretos

    Existem duas metodologias de análise direta. A primeira avalia a capacidade

    da estrutura e dos membros individuais de resistir ao carregamento aplicado para

    cada nível de risco, dentro dos critérios de desempenho de cada norma. O segundo

    método, chamado de Método do Caminho Alternativo (MCA), consiste na avaliação

    sistemática das ações excepcionais que cada elemento estrutural pode ser

    submetido e a capacidade do elemento resistir a este risco. Caso o elemento

    estrutural não tenha capacidade de resistir ao risco submetido, é desenvolvido um

    modelo estrutural sem o elemento, para avaliar a capacidade da estrutura de

    redistribuir os esforços sem que ocorra o colapso progressivo.

    2.4.3 Código britânico

    O Reino Unido foi o primeiro país do mundo a publicar normas e

    procedimentos para prevenir o colapso desproporcional dos edifícios. A norma

    Building Regulations do Reino Unido [30] foi pioneira nas recomendações para evitar

    o colapso desproporcional. Esses procedimentos foram refinados na Norma BS 5950

    [29], para edificações em aço.

    A Seção 5 da British Building Regulations [30], estabelece os métodos para

    minimizar a probabilidade de colapso desproporcional de um edifício em caso de

    acidente. Esta norma prescreve a adoção de medidas para aumentar a robustez de

    acordo com o tipo de edificação. As classes de edificação podem ser classe 1,

    classe 2a, classe 2b e classe 3, determinadas de acordo com os tipos e tamanhos

    dos edifícios. As medidas adotadas para aumentar a robustez da estrutura e mitigar

    a probabilidade de colapso progressivo, são:

    Edifícios Classe 1 - Deve-se garantir que o edifício seja dimensionado de

    acordo com as normas europeias. Nenhuma outra medida adicional é

    necessária;

    Edifícios Classe 2A - Além das medidas anteriores, deve-se garantir a

    existência de tirantes horizontais que suportem as lajes, ou a ancoragem

    efetiva das lajes nas paredes e vigas;

    Edifícios Classe 2B - Além das medidas anteriores, deve-se garantir que a

    remoção de qualquer pilar da estrutura não comprometa a segurança contra o

  • 36

    colapso progressivo em uma área maior que 15% do pavimento ou 100m². Se

    o limite da área afetado pela remoção do pilar for excedido, este deve ser

    dimensionado como um elemento chave. O elemento-chave deve ser capaz

    de suportar uma carga acidental de 34 kN/m² aplicado nas direções horizontal

    e vertical simultaneamente;

    Edifícios Classe 3 – Deve ser realizada uma avaliação sistemática do risco do

    edifício para todas as situações críticas ao longo da vida útil do projeto e

    devem ser tomadas medidas adequadas para garantir a segurança do projeto.

    2.4.4 Eurocode EN 1990

    Considerado como o núcleo dos eurocodigos, a norma EN 1990 [31]

    estabelece os princípios e requisitos para a segurança, atendimento em serviço e

    durabilidade das estruturas, descrevendo também as bases para o dimensionamento

    e verificações estruturais.

    No que se refere à robustez, o EN 1990 [31], determina que: “A estrutura deve

    ser dimensionada e executada de tal maneira que não seja danificada por eventos

    tais como: explosões, impactos ou consequentes de erro humano, de uma maneira

    desproporcional a sua causa original.”

    Esta definição é bastante semelhante a do EN 1991-1-7 [24]. Além disso, o

    EN 1990 [31], fornece algumas diretrizes relevantes para a robustez estrutural,

    afirmando que danos potenciais devem ser evitados ou limitados pela escolha

    apropriada de ao menos uma dentre as seguintes sugestões:

    Evitar, eliminar ou reduzir as ameaças a que uma estrutura pode estar sujeita;

    Utilização de um formato estrutural que tenha baixa sensibilidade às ameaças

    consideradas;

    Utilização de um formato estrutural e dimensionamento que possa resistir

    adequadamente à ocorrência de um dano localizado aceitável, ou à uma

    remoção acidental de um membro ou de uma parte limitada da estrutura;

    Evitar, o máximo possível, sistemas estruturais que entrem em colapso sem

    aviso;

    Amarrar os elementos estruturais.

  • 37

    2.4.5 Eurocode EN 1991-1-7

    Os procedimentos da norma europeia EN 1991-1-7 [24] são semelhantes aos

    adotados pelo Building Regulations do Reino Unido [30]. Esta norma adota duas

    metodologias. A primeira metodologia consiste em identificar o tipo de falha e adotar

    medidas que proporcionem um nível de robustez suficiente para resistir a sobrecarga

    acidental excepcional. A segunda metodologia consiste em adotar estratégias que

    limitem a extensão do dano local. Inicialmente o edifício deve ser classificado de

    acordo com Tabela 1. De acordo com a classificação do edifício são adotadas

    medidas para aumentar a robustez e evitar o colapso progressivo da edificação.

    Quando a remoção dos pilares, vigas ou paredes estruturais resultar em um

    dano de uma área superior a 15% do pavimento ou 100m², estes elementos devem

    ser dimensionados como “elementos chaves”, conforme definição dada pela Figura

    4. O elemento-chave deve ser dimensionado para resistir a uma carga acidental de

    34 kN/m² aplicado nas direções horizontal e vertical simultaneamente.

    Tabela 1- Classes de edifícios [24]

    Classe de consequência

    Tipo de edifício e ocupação

    1 Edificações que não excedam a 4 pavimentos

    Edificações para agricultura

    2A

    Grupo de

    baixo risco

    Casas unifamiliares com 5 pavimentos

    Hotéis, flats, escritórios e edifícios de apartamentos com até 4

    pavimentos

    Edifícios industriais com até três pavimentos

    2B

    Grupo de risco

    elevado

    Hotéis, flats, escritórios e edifícios de apartamentos acima de 4 e até

    15 pavimentos

    Hospitais com até três pavimentos

    Estacionamentos com até 6 pavimentos

    3

    Todos os tipos edifícios mencionados nas classes 2A e 2B acima dos

    limites mencionados

    Locais capazes de acomodar mais de 5000 espectadores

  • 38

    Figura 4- Área sob risco de colapso no evento de um acidente [24]

    2.4.6 Diretrizes nos Estados Unidos

    Os Estados Unidos é um dos primeiros países do mundo a publicar

    procedimentos detalhados para prevenir o colapso progressivo nos projetos

    estruturais. Os procedimentos para elaborar projetos resistentes ao colapso

    progressivo podem ser encontrados em vários documentos governamentais dos

    EUA como o UFC 4-023-03 [5] e o manual da Administração de Serviços Gerais

    GSA [4]. A Associação Americana de Engenheiros Civis (ASCE), através da norma

    ASCE-7 [32] também fornece procedimentos para o projeto de estruturas contra o

    colapso progressivo.

    O UFC 4-023-03 [5] e o GSA [4] elaboraram procedimentos para projetos

    resistentes ao colapso progressivo baseados no MCA, que é um método

    independente do tipo de risco. Neste método são definidos cenários para a remoção

    de pilares para analisar o desempenho da estrutura para as cargas definidas em

    cada norma. Em seguida são calculados a razão demanda-capacidade (RDC) de

    cada elemento estrutural para determinar o potencial de colapso progressivo.

    Inicialmente as normas classificam o edifício de acordo com a utilização o uso

    e a ocupação do edifício conforme a Tabela 2. Dependendo da classe do edifício os

    manuais definem que tipo de método será utilizado para a análise do edifício

    conforme mostrado na Tabela 3.

    Área sob risco de

    colapso limitada à

    15% da área do

    pavimento ou 100 m²,

    o que for menor, e

    que não se estenda

    além do pavimento

    imediatamente

    inferior.

  • 39

    Tabela 2 – Classes de consequência para principais tipos de edifícios [5]

    Classe de consequência

    Tipo de edifício e ocupação

    I Determinadas edificações temporárias;

    Edificações de agricultura.

    II Edifícios e outras estruturas diferentes das listas nas categorias I, III, IV

    e V

    III

    Edificações e estruturas que possam abrigar mais de 300 pessoas na

    mesma área;

    Escolas ou creches que possam abrigar mais que 250 pessoas;

    Centro de tratamento de saúde com ocupação de 50 ou mais pacientes

    que não possuam instalações para emergência ou cirurgia;

    Estruturas para abrigo de equipamentos de usinas geradoras de

    energia, tratamento de água

    IV

    Hospitais com instalações de emergência ou cirurgia;

    Edificações que abriguem corpo de bombeiros, polícia ou de veículos

    de emergência;

    Abrigos dimensionados para terremotos, furacões ou outros casos de

    emergência.

    V Principalmente estruturas de edificações relacionadas a defesa e fins

    militares.

    Método dos tirantes.

    É um método indireto que exige que sejam projetados tirantes na estrutura para

    dar continuidade, ductilidade e capacidade de desenvolver caminhos alternativos

    para os esforços. Deste modo um sistema estrutural tem capacidade de transferir

    cargas de um elemento danificado para os demais elementos. Esse sistema passa

    então a transferir os carregamentos verticais da região danificada via efeito de

    catenária ou ação de membrana até os elementos não danificados.

  • 40

    Tabela 3 – Exigências de dimensionamento [5]

    Classe de

    consequência Tipo de edifício e ocupação

    I Não é necessário adotar nenhuma medida específica.

    II

    Opção 1: Aplicar o Método dos tirantes em toda a estrutura e o método

    do Aumento da Resistência Local.

    ou

    Opção 2: Aplicar o Método do Caminho Alternativo em todos os

    pilares, paredes estruturais ou vigas de transição.

    III

    Aplicar o Método do Caminho Alternativo em pilares específicos; o

    Método do Aumento da Resistência Local para todos os pilares de

    periferia do primeiro pavimento.

    IV

    Aplicar o Método dos tirantes; o Método do Caminho Alternativo para

    pilares específicos; o Método da Aumento da Resistência Local em

    todos os pilares de periferia do primeiro e segundo pavimento.

    V Dimensionamento ou recuperação baseado num estudo sistemático

    dos possíveis riscos aos quais a estrutura possa ser submetida.

    A força dos tirantes para os elementos de contorno é dada pela equação (1),

    onde é a parcela do carregamento do pavimento que chega na viga e é igual

    a 1,2 vezes o carregamento permanente das paredes de fechamento.

    (1)

    Para os elementos internos do pórtico, a força dos tirantes é dada pela

    equação (2):

    (2)

    onde, é a maior distância entre os centros de colunas na direção considerada, e

    é igual a 1,0 caso se utilize unidades métricas.

    Método do Caminho Alternativo - MCA

    É uma metodologia que é independente da ameaça, o que significa que não

    considera o tipo de evento desencadeante ou o motivo que provoca o dano no

    elemento estrutural. Este método avalia o desempenho da estrutura após o evento

  • 41

    desencadeante danificar os elementos estruturais e se baseia na análise da

    estrutura como um todo.

    Durante a análise, se um elemento falha, os caminhos disponíveis para a carga

    migrar devem ser projetados para que não ocorra um colapso progressivo.

    Geralmente este método é usado para avaliar o risco de colapso progressivo no

    cenário de remoção abrupta de um pilar e a capacidade do edifício de absorver a

    perda de um elemento crítico. Esta técnica pode ser usada para projetar novos

    edifícios ou avaliar a capacidade de estruturas existentes.

    A vantagem deste método é que ele consegue analisar a ductilidade,

    continuidade e propriedades estruturais que absorvem energia e são importantes

    para prevenir o colapso progressivo. Neste método é necessário empregar,

    obrigatoriamente, um modelo 3D da estrutura.

    Método da Resistência Local Aumentada

    Este método é baseado na análise da resistência dos elementos a um esforço

    de cisalhamento e de flexão provenientes dos efeitos dinâmicos provocados pela

    ação excepcional, que ira gerar um carregamento instantâneo em determinados

    elementos. Esse novo carregamento apresenta características distintas, como a

    possibilidade de inversão das forças.

    Para um sistema viga-pilar engastado e com carregamento distribuído, a

    coluna e a ligação deverão resistir à seguinte força de reação:

    (3)

    onde,

    (4)

    sendo, Mn e Mp são os momentos negativos e positivos máximos atuantes na viga

    analisada.

  • 42

    3 ANÁLISE DE ROBUSTEZ ESTRUTURAL

    Este capítulo investiga a robustez estrutural de edifícios metálicos através do

    método do caminho alternativo (MCA). A análise consiste no estudo da capacidade

    estrutural dos edifícios de resistir ao colapso progressivo. Neste sentido, houve a

    remoção de um pilar do térreo para todos os casos analisados onde três cenários

    foram investigados: pilar de canto, pilar interno e pilar lateral. Primeiramente, foi feito

    uma análise estática incremental não linear pelo método pushdown utilizando a

    combinação de cargas especificado pelo GSA 2003 [4] para verificar o

    comportamento da estrutura contra o colapso progressivo. A análise utilizou modelos

    de elementos finitos considerando o edifício nas três dimensões, pois segundo Song

    et. al. [17], esta abordagem representa de forma adequada o comportamento dos

    edifícios quando se analisa a remoção de um pilar. Depois foram realizadas análises

    dinâmicas não lineares pelo método time history para comparar com resultados

    encontrados pelo método pushover. Em seguida foram realizadas novas análises até

    o colapso da estrutura para identificar a carga de colapso para os três edifícios em

    cada cenário. Para este estudo, foram dimensionados três sistemas não

    contraventados variando o número de pavimentos: três, oito e dezesseis. Estes

    pavimentos são constituídos de vigas e pilares de aço do tipo S355. Foram

    consideradas ligações rígidas entre a viga e o pilar pois de acordo com Formisano e

    Mazzolani [15], este tipo de ligação permite atingir índices de robustez mais

    elevados que as ligações semirrígidas.

    3.1 Descrição e dimensionamento dos edifícios metálicos

    Como mencionado acima, foram analisados três edifícios variando o número

    de pavimentos conforme mostra a Figura 5. Os edifícios são simétricos com três

    vãos de seis metros nas duas direções. As lajes não foram modeladas e seu peso foi

    inserido no modelo como carga distribuída nas vigas.

    Todos os edifícios foram dimensionados para o estado limite último e estado

    limite de serviço de acordo com o EN 1993-1-1 [34]. Os edifícios foram

  • 43

    dimensionados para o estado limite ultimo sem elementos de contraventamento

    considerando os pilares engastados na base. Para ações de vento foi considerado o

    EN 1991-1-4 [35]. Para atender os critérios de acelerações máximas no topo da

    edificação, devido ao vento, o pórtico de dezesseis pavimentos precisou de

    elementos de contraventamento. Os demais edifícios atendem as recomendações

    das normas com relação às acelerações máxima no topo da edificação devido à

    ação do vento sem precisar de contraventamentos.

    a) Três pavimentos b) Oito pavimentos c) Dezesseis pavimentos

    Figura 5- Modelos estruturais dos edifícios analisados.

    3.1.1 Ações e combinações

    Para o dimensionamento dos edifícios foram usadas as ações recomendadas

    no EN 1991-1-1 [22]. Os edifícios foram considerados como sendo edifícios de

    categoria B para uso comercial. A ação acidental, , utilizada nas lajes foi de 2

    kN/m² conforme especificado na tabela 6.2 desta norma. Também foi considerada

    uma ação permanente, , de 1,5 kN/m², além do peso próprio das vigas, dos

    pilares e da laje maciça de 16 cm de altura.

  • 44

    Para as ações de vento foram utilizados os procedimentos da EN 1991-1-4

    [35] considerando os seguintes coeficiente de vento:

    Velocidade do vento v = 26 m/s (Portugal);

    Categoria do terreno: IV;

    Fator de orografia (z) =1;

    Fator de turbulência =1;

    Fator estrutural =1;

    Densidade do ar = 1,225 kg/m3.

    As combinações consideradas para análise do estado limite último e estado

    limite de serviço foram as recomendadas na EN 1990 [31].

    3.1.2 Propriedades do material

    Foi utilizado o aço S355 em todos os elementos estruturais dos edifícios,

    considerando a tensão de escoamento, , de 355 MPa e a tensão última, , é de

    510 MPa.

    3.1.3 Análise de estabilidade global

    A verificação da estabilidade global dos edifícios foi feita através da análise de

    segunda ordem utilizando o software Sap2000 [38] considerando os efeitos P-delta.

    A verificação dos elementos para o estado limite último foi feita seguindo as

    recomendações da EN-1993-1-1 [34] utilizando o software Sap2000 [38]. A

    verificação dos elementos para o estado limite de serviço foi feita seguindo as

    recomendações da EN-1990 [31].

    3.1.4 Geometria

    O edifício de três pavimentos é um pórtico com pé direito de 3 m e altura total

    de 9 m. A estrutura está dividida em três vãos de 6 m nas duas direções, com

    comprimento e largura de 18 m em planta. O edifício é compostos por vigas IPE270

    na periferia e IPE300 na parte interna do pavimento conforme mostra a Figura 6. Os

  • 45

    pilares de canto são perfis HEB160; os pilares laterais são perfis HEB180; e os

    pilares internos são perfis HEB 220. A estabilidade estrutural é garantida pelos

    pórticos formados pelas vigas e pilares, que são engastados na base conforme

    mostra a Figura 7. Todas as ligações viga-pilar são ligações rígidas.

    Figura 6 – Vista em planta do arranjo estrutural do pórtico de três pavimentos.

    Figura 7 – Elevação externa do pórtico de três pavimentos.

  • 46

    A Figura 8 apresenta a planta do edifício de oito pavimentos. São três vãos de

    seis metros, pé direito de três metros e uma altura total de vinte quatro metros

    conforme a Figura 9. As vigas utilizadas são IPE270 na periferia e IPE330 na parte

    interna. Os pilares de canto são perfis HEB280; os pilares laterais são perfis

    HEB300; e os pilares internos são perfis HEB340.

    Os pilares estão orientados de modo a formar pórticos para dar estabilidade

    lateral ao edifício. Os pilares internos estão orientados no sentido vertical da Figura

    8, juntamente com os pilares externos para formar dois quadros neste sentido. Os

    pilares de canto e os demais pilares externos estão orientados no sentido horizontal

    da Figura 8 para formar os quadros no sentido horizontal. Desta maneira, é possível

    ter um pórtico com rigidez adequada nas duas direções para resist