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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA P AULA SOUZA F ACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF . ANTONIO SEABRA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA MARIZA DOS SANTOS RAMOS LOGÍSTICA HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL DO INTERIOR PAULISTA LINS/SP 1º SEMESTRE/2012

CENTRO ESTADUAL DE DUCAÇÃO ECNOLÓGICAfateclins.edu.br/v4.0/trabalhoGraduacao/UixTQ2amrmt9jNtNkZsLHIX9... · centro estadual de educaÇÃo tecnolÓgica paula souza faculdade de

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  • CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

    PAULA SOUZA

    FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA

    CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA

    MARIZA DOS SANTOS RAMOS

    LOGÍSTICA HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL DO

    INTERIOR PAULISTA

    LINS/SP 1º SEMESTRE/2012

  • CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

    PAULA SOUZA

    FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA

    CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA

    MARIZA DOS SANTOS RAMOS

    LOGÍSTICA HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO EM UM

    HOSPITAL DO INTERIOR PAULISTA

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

    Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antonio

    Seabra, para obtenção do Título de Tecnóloga em

    Logística.

    Orientadora: Prof. Dr. Fabiana Ortiz Tanoue de

    Mello

    LINS/SP 1º SEMESTRE/2012

  • MARIZA DOS SANTOS RAMOS

    LOGÍSTICA HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL DO

    INTERIOR PAULISTA

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

    Faculdade de Tecnologia de Lins Prof. Antonio

    Seabra, como parte dos requisitos necessários

    para obtenção do Título de Tecnóloga em

    Logística sob a orientação da Prof. Dr. Fabiana

    Ortiz Tanoue de Mello

    Data de aprovação: 27/06/2012

    ______________________________________

    Orientadora: Prof. Dr. Fabiana Ortiz Tanoue de Mello

    ______________________________________

    Examinador 1 : Prof.Me. Sandro da Silva Pinto

    _______________________________________

    Examinador 2 : Prof. Me. Sílvio Ribeiro

  • DEDICATÓRIA

    Dedico esse trabalho a toda minha família

    que é a minha base segura e composta de

    carinho, ao meu marido que é meu eterno

    companheiro e em especial ao meu único filho

    para que possa seguir meus passos seguindo

    meus bons exemplos.

  • AGRADECIMENTO

    A Deus, por ter me proporcionado a vida e ser meu refúgio, me fortalecendo

    em todas as ocasiões e aliviando-me as angústias. Acima de tudo, por fazer

    renascer a paz e o equilíbrio que precisei nos momentos mais difíceis da realização

    desse trabalho.

    À minha mãe, uma pessoa maravilhosa, a quem sou eternamente grata por

    continuamente me apoiar, ao meu pai que com certeza lá do céu deve está

    orgulhoso de mim, aos meus irmãos em especial a minha irmã que é minha melhor

    amiga.

    Ao, meu marido, que com sua presença amorosa, tem compartilhado bons e

    maus momentos ao meu lado, fazendo minha vida ser diferente e melhor, que me

    ajudou a acreditar que eu era capaz, pelo carinho, cumplicidade e compreensão. Ao

    meu filho que no final das contas tudo que faço é por ele e para ele.

    Agradeço também à minha professora e orientadora Fabiana, por sua

    disposição e paciência, afinal, seu apoio foi fundamental para que eu desse

    continuidade a idéia que tinha e a transformasse neste trabalho. E aos

    demais professores que tive o prazer de conviver nesses três longos anos de

    faculdade. Aos meus colegas de curso, pelo companheirismo, ajuda e amizade.

    A todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para realização

    deste trabalho e que por ventura não foram contemplados nesses singelos

    agradecimentos.

    "A entrada para a mente do homem é o que ele aprende, a

    saída é o que ele realiza. Se sua mente não for alimentada

    por um fornecimento contínuo de novas idéias, que ele põe a

    trabalhar com um propósito, e se não houver uma saída por

    uma ação, sua mente torna-se estagnada. Tal mente é um

    perigo para o indivíduo que a possuem e inútil para a

    comunidade."

    William Shakespeare

  • RESUMO

    A logística é uma prática recente nas organizações, e pode ser uma grande aliada para as organizações hospitalares, reduzindo custos e estoque. Um dos objetivos da logística é melhorar a qualidade da prestação de serviço nas unidades de saúde, redução dos erros de faturamento, padronização de produtos, disponibilização de área de armazenagem, informação para negociação estratégica com fornecedores, entre outras ferramentas. O controle de estoques competente é um dos fatores de maior importância para reduzir custos e aumentar a qualidade do atendimento e satisfação dos pacientes. Com base no referencial teórico de Logística e de Logística Hospitalar, este trabalho apresenta um estudo de caso com o objetivo de analisar como se dá o processo de compras, armazenagem e gestão de estoques em um Hospital do Interior Paulista (HIP). Através da análise feita no hospital, foi possível verificar que o processo de compras se inicia pelo pedido de todos os produtos que precisam ser repostos. Esses pedidos são transferidos para o setor de compras através do software, que o repassa para os fornecedores que estão conectados. As ferramentas utilizadas para se controlar o estoque na instituição são a análise da curva ABC e sistema XYZ, o estoque de segurança, giro de estoque e inventários no mínimo uma vez por ano. O recebimento das mercadorias segue algumas regras como conferir todo produto de acordo com o que foi solicitado e depois de conferido é lançado no sistema e armazenado, obedecendo às datas de validades e os lugares certos para cada item, sendo que a saída dos produtos do estoque é de acordo com normas estabelecidas. O material só deixa o local mediante solicitação eletrônica.

    Palavras-chave: Logística hospitalar. Controle de estoque. Farmácia

  • ABSTRACT

    Logistics is a recent practice in organizations, and can be a great ally to hospital organizations, reducing costs and stock. One goal of logistics is to improve the quality of service delivery in health facilities, reduction in billing errors, standardization of products, availability of storage area, information for dealing with strategic suppliers, among other tools. The stock control authority is one of the most important factors to reduce costs and increase quality of care and patient satisfaction. Based on the theoretical framework of Logistics and Logistics Hospital, this paper presents a case study in a hospital in São Paulo State, with a focus on inventory management, purchasing, warehouse, pharmacy and drug dispensary. Through the analysis done in the hospital, we found that the procurement process begins with the request for all products that need to be replenished. These requests are transferred to the purchasing department through the software, which passes it on to suppliers that are connected. The tools used to control the stock in the institution are the analysis of the curve ABC and XYZ system, safety stock, turning stock and inventories at least once a year. The receipt of goods follows certain rules such as checking every product in accordance with what was requested and granted after it is packed and stored in the system, according to the dates of validity and the right places for each item, and the output of products in stock is in accordance with established standards. The material leaves the site only by electronic request

    Keywords: Hospital logistics. Stock control. Pharmacy

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1- Elementos básicos da logística ............................................................... 20

    Figura 1.2- Evolução da logística .............................................................................. 21

    Figura 1.3-Relação entre as três atividades logísticas primárias .............................. 24

    Figura 1.4- Atividades de Apoio ................................................................................. 26

    Figura 1.5-Cadeia de Suprimentos ............................................................................ 28

    Figura 2.1- Atividades do setor de compras .............................................................. 40

    Figura 2.2- Atividades da farmácia hospitalar ............................................................ 44

    Figura 2.3-Fluxograma do percurso dos resíduos ..................................................... 58

    Figura 3.1-Software Warelaine do Brasil ................................................................... 70

  • LISTA DE GRÁFICOS

    Gráfico 1.1- Porcentagem de custos ......................................................................... 27

    Gráfico 1.2- Dente de serra ....................................................................................... 33

    Gráfico 2.1-Reposição dos estoques ........................................................................ 47

    Gráfico 3.1- Número de itens .................................................................................... 63

    Gráfico 3.2- Aquisição de compras ............................................................................ 65

    Gráfico 3.3- Falta de material .................................................................................... 65

    Gráfico 3.3- Dispensação .......................................................................................... 68

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1.1: Método PEPS ......................................................................................... 34

    Tabela 1.2: Método UEPS ......................................................................................... 34

  • LISTA DE QUADROS

    Quadros 2.1 - Dados x Informação x Conhecimentos ............................................... 56

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    HIP- Hospital do Interior Paulista

    C L-Custo Logísticos

    GCS- Gestão da Cadeia de Suprimento

    AM- Administração de Materiais

    PEPS- Primeiro que Entra, Primeiro que Sai

    UEPS- Último que Entra, Primeiro que Sai

    PP- Ponto de pedido

    LEC- Lote econômico de compra

    MRP- Materials Requirements Planning

    JIT-Just in Time

    TI- Tecnologia da Informação

    ANVISA- Agencia Nacional de Vigilância sanitária

  • SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO ..................................................................................... 13

    1 LOGÍSTICA ....................................................................................... 17

    1.1 HISTÓRIA DA LOGÍSTICA .................................................................................. 17

    1.2 DEFINIÇÕES DE LOGÍSTICA ............................................................................ 19

    1.3 EVOLUÇÕES DA LOGÍSTICA ............................................................................ 20

    1.4 ATIVIDADES LOGÍSTICAS ................................................................................. 23

    1.5 CUSTOS LOGÍSTICOS ....................................................................................... 26

    1.6 LOGÍSTICA NA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTO ................................. 28

    1.7 LOGÍSTICA NA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS ........................................... 29

    2 LOGÍSTICA HOSPITALAR .................................................................................... 35

    2.1 LOGÍSTICA NO AMBIENTE HOSPITALAR ......................................................... 35

    2.2 NÍVEIS DE SERVIÇO LOGÍSTICO NA ÁREA HOSPITALAR ............................. 37

    2.3 SETOR DE COMPRAS HOSPITALAR ................................................................ 38

    2.4 FORNECEDORES .............................................................................................. 41

    2.5 FARMÁCIA HOSPITALAR ................................................................................... 43

    2.6 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUES EM HOSPITAIS .................. 45

    2.6.1 Recebimento e Conferência ............................................................................. 48

    2.6.2 Estocagem ....................................................................................................... 49

    2.7 COMPRAS DE EMERGÊNCIA ........................................................................... 50

    2.8 MATERIAIS CONSIGNADOS ............................................................................. 52

    2.9 SIMPLIFICAÇÃO E PADRONIZAÇÃO ................................................................ 53

    2.10TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NOS HOSPITAIS ......................................... 54

    2.11 RESÍDUOS HOSPITALARES ........................................................................... 57

    3 ESTUDO DE CASO ......................................................................................... 60

    3.1 HISTÓRIA DO HOSPITAL ................................................................................... 60

    3.2 O PROCESSO DE COMPRAS DO HIP .............................................................. 62

    3.3 A GESTÃO DE ESTOQUES E ARMAZENAGEM NO HIP ................................. 66

    CONCLUSÃO ...................................................................................... 71

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 75

    ANEXO ................................................................................................ 77

  • 13

    INTRODUÇÃO

    Logística é a área da gestão responsável por prover recursos, equipamentos

    e informações para a execução de todas as atividades de uma empresa. Ela passou

    por diversas fases na história do seu desenvolvimento. O período que antecede os

    anos 50 estava adormecido, havia, assim, uma fragmentação na administração de

    atividades dentro da logística, ou seja, as atividades que deveriam ser gerenciadas

    pela área logística estavam nas mãos de outras áreas, como é o caso do transporte,

    que era de responsabilidade da área de produção, bem como o controle dos

    estoques, que ficava sobre o controle de marketing ou finanças, ou seja, não havia

    setores definidos. (BALLOU, 2010)

    A Logística Militar foi um grande marco para o aperfeiçoamento das atividades

    logísticas no mundo. Segundo Ballou (2010, p. 29): “A atividade logística militar na

    segunda guerra mundial foi o início para muitos dos conceitos logísticos utilizados

    atualmente”. Já no período posterior aos anos 50 até os anos 70 foi um período

    importante para o desenvolvimento das práticas logísticas, bem como nas teorias,

    onde as definições e conceitos foram fomentados pela segunda guerra mundial,

    proporcionando o crescimento econômico substancialmente e melhoria na

    produtividade.

    Após os anos 80 a logística teve um desenvolvimento revolucionário,

    empurrado pelas demandas ocasionadas pela globalização, a quebra nas barreiras

    comerciais proporcionou um aumento significativo na produção de bens e serviços,

    favorecendo a valorização das atividades logísticas. O enfoque da logística

    empresarial é orientado para estudar como a administração pode prover melhor nível

    de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores. Assim, a

    logística se apresenta como uma atividade fundamental para garantir a

    sobrevivência de qualquer empresa, em qualquer segmento que esteja atuando.

    Quando se quer definir a logística, utiliza-se, muitas vezes, o exemplo da

    logística de guerra. Semelhante e tão importante quanto na guerra é a

    logística hospitalar. Fica difícil imaginar como é o funcionamento de um hospital sem

    levar em conta os conceitos de logística. É indiscutível, portanto, a necessidade da

    logística no dia-a-dia dos hospitais, sejam eles de qualquer porte.

  • 14

    É indispensável para o sucesso da logística hospitalar, especialmente para os

    hospitais de médio e grande porte, a existência de um eficiente sistema

    informatizado em toda a cadeia de abastecimento hospitalar que é composta por

    planejamento de materiais, almoxarifado, recebimento, compras, farmácia e

    suprimentos do centro cirúrgico. (BARBIERI; MACHLINE, 2006).

    A disponibilidade de insumos em hospitais é um fator de grande relevância,

    pois a interrupção no fluxo destes pode acarretar em perdas de vidas humanas. As

    atividades voltadas para o fluxo de materiais nas organizações de saúde,mais do

    que nunca, precisam ser planejadas, controladas e organizadas, de maneira a

    atender o cliente certo, com o material certo e nas quantidades e momentos certos e

    nas melhores condições para a organização. A qualidade dos serviços se relaciona

    de modo muito intenso com a qualidade dos materiais, pois para que um serviço seja

    bem-feito é necessário que o material certo esteja disponível no momento em que

    for necessário. As atividades de atenção à saúde são atividades complexas e

    pressupõem elevada qualificação profissional. (BARBIERI; MACHLINE, 2006).

    Levando-se em consideração a importância e complexidade dessa atividade,

    tanto para a empresa de saúde como para os pacientes, se torna válido reafirmar

    que é preciso mudar a cultura de logística nos hospitais brasileiros, que em sua

    maioria ainda desconfiam da importância da área de gerenciamento de estoques.

    Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que a desatenção desses gestores está

    provocando sérias perdas na qualidade da prestação dos serviços hospitalar, bem

    como provocando prejuízos financeiros para essas organizações, que poderiam ser

    revertidos em favor dos pacientes e da própria consolidação da empresa no

    mercado. (CUNHA, 2009).

    O objetivo geral desse trabalho é analisar como se dá o processo de

    compras, armazenagem e gestão de estoques em um Hospital do Interior Paulista

    (HIP).

    Os objetivos específicos são: analisar o processo de compras e a forma de

    contratação dos fornecedores; conhecer a organização do estoque e pesquisar os

    procedimentos adotados para separar, classificar, codificar e armazenar os materiais

    e medicamentos e, analisando a gestão de estoques implementada, verificar se a

    Instituição utiliza alguma técnica de planejamento, reposição e controle.

    A justificativa do trabalho se trata de como é imprescindível para a sociedade,

    e especialmente para os usuários do serviço hospitalar, que os hospitais precisam

  • 15

    estar sempre preparados para cuidar de demandas extremas. É nas situações

    críticas que a competência da empresa hospitalar é avaliada. Assim, a área de

    gerenciamento de estoque deve estar preparada para responder às necessidades de

    todos os pacientes, em especial dos que ingressam pela porta da emergência, sem

    marcar hora. Essa demanda impalpável é que coloca a indústria hospitalar no rol das

    atividades mais complexas do mercado, preservar a saúde e a vida dos pacientes.

    Essa responsabilidade vital é que torna a eficiência e eficácia do gerenciamento de

    estoques essencial para o sucesso dos objetivos do hospital.

    Para dar embasamento teórico ao trabalho, também será realizada uma

    pesquisa bibliográfica em artigos, livros, dissertações e em outras referências.

    O método usado será o estudo de caso na instituição hospitalar. O estudo de

    caso é considerado um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos,

    permitindo seu amplo e detalhado conhecimento. Como em todo tipo de

    delineamento de pesquisa, o estudo de caso necessita um bom planejamento das

    etapas de investigação, assim como a clareza das opções teóricas que irão nortear a

    seleção dos dados empíricos e sua interpretação. A pesquisa no campo não pode

    estar desvinculada da teoria. (GIL, 2002).

    Considerando que o objetivo principal do trabalho é analisar como se dá o

    processo de compras, armazenagem e gestão de estoques em uma instituição

    hospitalar, a pesquisa se enquadra no tipo “descritiva”, segundo a classificação de

    Gil (2002). Para o autor, este tipo de pesquisa tem como objetivo primordial a

    descrição das características de determinada população ou fenômeno (o processo

    logístico de uma instituição hospitalar) ou o estabelecimento de relação entre

    variáveis.

    O caso escolhido para a pesquisa deve ser significativo e bem representativo,

    de modo a ser apto a fundamentar uma generalidade para situações análogas,

    autorizando inferências. Os dados devem ser coletados e registrados com o

    necessário rigor e seguindo todos os procedimentos da pesquisa de campo. Devem

    ser trabalhados, mediante análise rigorosa, e apresentados em relatórios

    qualificados. (SEVERINO, 2010).

    Para a realização da pesquisa, os dados serão obtidos através de entrevista

    semi-estruturada (com base num roteiro de perguntas pré-elaborado) com o

    responsável pela área do setor de estoque, um auxiliar e um comprador da entidade

    hospitalar. Segundo GIL (p. 116, 202), “A elaboração de um questionário consiste

  • 16

    basicamente em traduzir os objetivos específicos da pesquisa em itens bem

    redigidos.”

    O trabalho está estruturado em três capítulos, o primeiro abordará logística, o

    segundo logística hospitalar e o terceiro o estudo de caso.

  • 17

    1 LOGÍSTICA

    1.1 HISTÓRIA DA LOGÍSTICA

    Desde a época primitiva, mesmo de uma forma remota, os homens já faziam

    uso do que mais tarde seria conhecido como logística. Isso ocorria quando eles se

    deslocavam de um ponto ao outro com a finalidade de obter melhores condições de

    alimentação e sobrevivência.

    Com o passar dos anos e o surgimento de guerras, começou-se a pensar de

    forma mais sistêmica, surgindo à necessidade de administrar todo o processo,

    desde planos estratégicos, soldados, suprimentos e outros procedimentos que

    envolvesse uma batalha.

    A primeira vez que se falou de logística foi pelo general do exército francês,

    que em seu compêndio da arte da guerra, se referiu à Logística como “a arte prática

    de movimentar exércitos”. O termo logística é derivado de um posto existente no

    exército francês durante o século XVII, sendo responsável pelas atividades

    administrativas relacionadas com os deslocamentos, o alojamento e o acampamento

    das tropas em campanha. Durante a 2ªguerra mundial, considerada a maior e mais

    complexa operação logística realizada pelo homem, o significado de logística

    adquiriu uma amplitude muito maior, devido a atender uma quantidade elevada de

    suprimentos a abastecer. Consequentemente, as forças armadas aliadas

    compreenderam que a logística abrangia todas as atividades relativas à provisão e

    administração de materiais, pessoal e instalações, além de obtenção e prestação de

    serviços de apoio. Segundo Novaes (2007, p.31): “Os generais precisavam ter, sob

    suas ordens, uma equipe que providenciasse o deslocamento de, na hora certa, de

    munição, víveres, equipamentos e socorro médico para o campo”.

    A estratégica logística no meio militar diz respeito às disposições das tropas

    com vistas a alcançar a vitória sobre o inimigo, traduzida na elaboração de um plano

    que reúne de forma integrada os objetivos, políticas e ações da organização,

    tendentes à criação de uma vantagem competitiva sustentada essa é a razão de

    qualquer estratégia organizacional. Existe uma semelhança com estratégia militar e

  • 18

    a estratégia competitiva empresarial, pois ambas geram conflitos de interesses. As

    guerras eram longas e geralmente distantes e eram necessários grandes e

    constantes deslocamentos de recursos. Para transportar as tropas, armamentos e

    carros de guerra pesados aos locais de combate, eram necessários o planejamento,

    organização e execução de tarefas logísticas que envolviam a definição de uma rota

    que na maioria das vezes não era a mais curta nem a mais fácil, pois era necessário

    ter uma fonte de água potável próxima, transporte, armazenagem e distribuição de

    equipamentos e suprimentos. Segundo (Faria; Costa, 2010, p.15): “A logística não

    deveria ter sua origem associada apenas às operações de guerra, pois, por

    exemplo, na construção das pirâmides do Egito e em obras muitas majestosas foram

    realizadas também muitas atividades logísticas”.

    Ao longo da história do homem as guerras têm sido ganhas e perdidas

    através do poder e da capacidade da logística, ou a falta deles. Enquanto os

    generais dos tempos remotos compreenderam o papel crítico da logística,

    estranhamente, apenas num passado recente é que as organizações empresariais

    reconheceram o impacto vital que o gerenciamento logístico pode ter na obtenção da

    vantagem competitiva. As empresas precisam transportar seus produtos desde o

    inicio do processo até o consumidor final. Em parte, deve-se esta falta de

    reconhecimento ao baixo nível de compreensão dos benefícios da integração

    logística.

    No mundo atual, enfrentamos grandes desafios, dificuldades econômicas,

    aumento de incertezas e elevada concorrência. Por outro lado, aumentamos nossas

    necessidades, desejos e ambições, gerando exigências cada vez maiores em

    relação a qualquer produto e/ou serviço que deverá ser consumido.

    Desta forma, para que as organizações consigam atender a essas exigências

    dos consumidores, têm ampliado cada vez mais suas opções de produtos e

    serviços. A Logística começa nesta necessidade do cliente. Sem essa necessidade

    não há movimento de produção. (BOWERSOX et al, 2007)

  • 19

    1.2 DEFINIÇÕES DE LOGÍSTICA

    Muitos autores têm uma definição particular de logística, entretanto, todos a

    enfatizam como uma nova estratégia, que empregada de forma integrada é capaz de

    criar sincronia entre todos os departamentos dentro das organizações.Segundo

    Ballou (2010) logística é o processo de planejamento, controle e implementação do

    fluxo eficiente e eficaz de matéria-prima, estoques de todos os produtos desde os

    semi-acabados, acabados e de fluxo de informações a eles relativo, envolve da

    origem até o consumo, com o intuito de atender o cliente da melhor forma possível.

    Em todo o planeta, 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante 52 semanas por ano, a logística se preocupa em levar produtos e serviços aonde eles são necessários no momento exato desejado. È difícil imaginar a realização de qualquer atividade de marketing, produção ou comercio internacional sem a logística. A maioria dos consumidores em países industriais altamente desenvolvidos não percebe o alto nível de competência logística. Quando compram mercadorias em loja varejista, pelo telefone ou pela internet-, esperam que a entrega do produto seja realizada do modo prometido. Na verdade, a expectativa deles é de uma logística pontual sem erros toda vez que fazem um pedido. Tem pouca ou nenhuma tolerância com falhas no desempenho logístico. (BOWERSOX et al, 2007, p.23).

    A logística é hoje uma arte e uma ciência, dedicada a fazer o que for preciso

    para entregar os produtos certos, no local adequado, no tempo certo. A origem da

    palavra logística vem do grego e significa habilidades de cálculo e de raciocínio

    lógico. Portanto, fazendo as contas certas e agindo de maneira lógica e inteligente, a

    logística entrega os produtos de maneira eficiente, envolvendo muito mais que

    o transporte. A logística faz o gerenciamento do fluxo de produtos, desde os pontos

    de fornecimento até os pontos de consumo, visando satisfazer a demanda dos

    clientes ao menor custo possível. Assim, a logística existe, pois vemos uma

    separação espacial e temporal entre produção e consumo. Se pudéssemos produzir

    tudo o que quiséssemos no momento e local exato do consumo, não haveria

    necessidade de transportar e estocar estes produtos. A logística agrupa todas as

    atividades ligadas à posse e movimentação dos produtos nas organizações:

    previsão: previsão da demanda, gestão de estoques, transportes, armazenagem,

    design de redes de distribuição, etc. (FARIA; COSTA, 2010)

    Conforme Ballou (2010) a logística é um processo, o que significa que inclui

    todas as atividades importantes para a disponibilização de bens e serviços aos

    http://www.logisticadescomplicada.com/category/transportes/http://www.logisticadescomplicada.com/category/demanda/http://www.logisticadescomplicada.com/category/previsao/http://www.logisticadescomplicada.com/category/gestao/http://www.logisticadescomplicada.com/category/transportes/

  • 20

    consumidores quando e onde estes quiserem adquirí-los. A logística é uma fonte de

    custos importante para muitas empresas: o transporte, a armazenagem e o custo

    dos estoques representam normalmente mais de 10% do custo de um produto e esta

    proporção pode chegar facilmente a 30% em alguns setores, como na alimentação

    por exemplo. Para os clientes, a logística faz parte da criação de valor ao tornar os

    produtos disponíveis no local e momento desejados para o consumo.

    Figura 1.1- Elementos básicos da logística Fonte: Novaes, p.36, 2007

    Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que

    planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de

    matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como as

    informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com

    o propósito de atender às exigências dos clientes. (BOWERSOX et al, 2007).

    1.3 EVOLUÇÕES DA LOGÍSTICA

    Contempla as atividades relacionadas à obtenção de materiais e produtos, envolvendo todo o fluxo físico desses bens e de suas informações, desde os fornecedores, processo produtivo, até o consumidor finais, exigindo que todos os subprocessos de transporte e armazenagem/movimentarão, e produto, embalamento, estocagem, separação de pedidos e materiais, transporte e etc. Sejam planejados e controlados como um sistema

    integrado entre o mercado fornecedor e o mercado consumidor. (FARIA; COSTA 2010, p.16)

  • 21

    A evolução logística é explicada por Ballou (2010) definindo cada fase dessa

    evolução e seus impactos perante a sociedade:

    -Antes de 1950 - anos de dormência: ainda não existia nenhuma filosofia

    para comandar as atividades logísticas. Cada atividade era responsabilidade de uma

    área da empresa, quem comandava o transporte era a gerência de produção; os

    estoques eram responsabilidade do marketing, entre outras atividades. Isso gerava

    conflitos de objetivos entre essas áreas, prejudicando as atividades logísticas.

    -De 1950 a 1970- anos de desenvolvimento: o pensamento administrativo

    havia se consolidado, o marketing estava bem estabelecido nas empresas, isso

    representou a verdadeira decolagem da área logística. Nestes anos, houve o

    aumento da demanda de consumidores, a pressão para diminuição de custos nas

    indústrias, o avanço na tecnologia de computadores, e a já utilizada experiência

    militar, que contribuiu para consolidação da logística nesse intervalo de tempo.

    -De 1970 em diante- anos de crescimento: a partir desta década, a

    administração de empresas se consolidou mais, e as empresas passaram a utilizar

    seus conceitos com maior confiança. As áreas de controle de custos, produtividade e

    controle de qualidade passaram a ser levadas em conta nas indústrias, para

    enfrentar o fluxo de importação de mercadorias na época. De lá para cá, a logística

    vem se tornando essencial para todos os seguimentos industriais como fator gerador

    de lucro e aumento de produtividade das empresas.

    Antes de 1950 Entre1950e1970 depois de 1970

    1

    DORMÊNCIA DESENVOLVIMENTO CRESCIMENTO

    Figura 1.2- Evolução da logística Fonte: Elaborado pela própria autora

    A Logística é um verdadeiro paradoxo. É, ao mesmo tempo, uma das

    atividades econômicas mais antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos.

    Desde que o homem abandonou a economia extrativista e deu início às atividades

    produtivas organizadas, com produção especializada e troca de excedentes com

  • 22

    outros produtores, surgiram três das mais importantes funções logísticas, ou seja,

    estoque, armazenagem e transporte. A produção em excesso, ainda não consumida,

    vira estoque. Para sua integridade, o estoque necessita de armazenagem E para

    que a troca possa ser efetivada, é necessário transportá-lo do local de produção ao

    local de consumo. Portanto, a função logística é muito antiga, e seu surgimento se

    confunde com a origem da atividade econômica organizada. (FARIA; COSTA, 2010)

    Com a evolução da humanidade e com suas necessidades e desejos a serem

    satisfeitos, surge um desafio às empresas: disponibilizar seus produtos, ao menor

    custo possível, no momento e no local adequado de forma que seus clientes possam

    consumir seus produtos satisfazendo, assim, suas necessidades e desejos.

    Atualmente, com a economia cada vez mais globalizada e altamente

    competitiva, as empresas têm procurado cada vez mais obter alguma vantagem em

    relação às outras empresas, o que atrairia cada vez mais novos clientes. Hoje, o

    cliente não quer somente um produto de qualidade, mas também um produto que

    esteja disponível no momento em que ele desejar.

    De acordo com Bowersox et al (2007) o que vem fazendo a logística se tornar

    o centro das atenções são dois conjuntos de mudanças, o primeiro de ordem

    econômica, e o segundo de ordem tecnológica. As mudanças econômicas criam

    novas exigências competitivas, enquanto as mudanças tecnológicas tornam possível

    o gerenciamento eficiente e eficaz de operações logísticas cada dia mais complexas

    e demandantes. As principais mudanças econômicas que afetam a Logística são:

    globalização, aumento das incertezas econômicas, proliferação dos produtos,

    menores ciclos de vendas dos produtos, maiores exigências de serviços vem

    induzindo clientes institucionais para compras mais freqüentes e em menores

    quantidades, com exigência de prazos e entrega cada vez menores, livres de

    atrasos ou erros. Por outro lado, o consumidor final, com seu estilo de vida

    crescentemente marcado pelas pressões do trabalho, valoriza cada vez mais a

    qualidade dos serviços na hora de decidir que produtos e serviços comprarem.

    Em seu conjunto, esse grupo de mudanças econômicas vem transformando a

    visão empresarial sobre logística, que passou a ser vista não mais como uma

    simples atividade operacional, um centro de custos, mas sim como uma atividade

    estratégica, uma ferramenta gerencial, fonte potencial de vantagem competitiva.

  • 23

    1.4 ATIVIDADES LOGÍSTICAS

    A logística é formada por um conjunto de atividades integradas e estratégicas

    envolvendo uma cadeia que se inicia desde o fornecedor até a entrega do produto

    ou serviço ao consumidor final. Tem a responsabilidade de proporcionar recursos,

    equipamentos, informações e as condições necessárias para execução de todas as

    atividades, buscando o objetivo de maximizar e tornar realidade seus princípios.

    Para que isso se concretize é preciso coordenar as atividades logísticas, que juntas

    tornam possível uma gestão integrada estratégica do fluxo de informações e

    materiais ao longo da cadeia de valor. Segundo Ballou (2010) as atividades

    logísticas podem ser divididas em duas partes:

    - Atividades primárias: transporte, manutenção de estoques e processo de

    pedidos. São as atividades responsáveis pela maior parte do custo total da logística

    e são de fundamental importância para a coordenação e o cumprimento de todo

    processo.

    - Atividades de apoio: armazenagem, manuseio de materiais, embalagens,

    obtenção (compras), programação de produtos e manutenção de informação. Estas

    atividades dão apoio ou complementam as atividades primárias ao longo da cadeia

    de suprimentos.

    Segue abaixo a descrição de todas as atividades primárias:

    - Transporte: refere-se aos métodos de movimentar os produtos aos clientes

    via rodoviário, ferroviário, aeroviário e marítimo. Ballou (2010) ressalta que para a

    maioria das firmas, o transporte é a atividade logística mais importante,

    simplesmente porque ela absorve, em média, de um a dois terços dos custos

    logísticos. A definição de uma política de transporte envolve a escolha entre modos

    de transporte, a decisão do tamanho das entregas, roteamento e programação. As

    decisões de transporte são altamente inter-relacionadas com o serviço ao cliente e

    com as decisões de política e localização de estoques.

    - Manutenção e/ou gestão de estoques: de acordo com Bowersox et al

    (2007) dependendo do setor em que a empresa atua e da sazonalidade temporal, é

    necessário um nível mínimo de estoque que haja como amortecedor entre a oferta e

    a demanda. Enquanto o transporte adiciona valor de “lugar” ao produto, o estoque

  • 24

    agrega valor de “tempo”. A administração de estoques envolve manter seus níveis

    tão baixos quanto possível, ao mesmo tempo em que provê a disponibilidade

    desejada pelos clientes.

    - Processamento de Pedidos: sua importância deriva do fato de ser um

    elemento crítico em termos do tempo necessário para levar bens e serviços aos

    clientes. É também a atividade primária que inicializa a movimentação de produtos e

    a entrega de serviços, é o que determina o tempo necessário para a entrega de bens

    e serviços aos clientes.

    Segundo Ballou (2010) embora o transporte, manutenção de estoques e

    processamento de pedidos sejam os principais elementos a contribuírem para a

    disponibilidade e a condição física de bens e serviços, há várias atividades

    adicionais que apóiam estas atividades primárias.

    A figura abaixo ilustra a relação entre as atividades primárias:

    Figura 1.3-Relação entre as três atividades logísticas primárias Fonte: Adaptado de Ballou, 2010

    Segue abaixo a descrição de todas as atividades de apoio:

    - Armazenagem: refere-se à administração do espaço necessário para

    manter estoques. Envolve localização, dimensionamento da área, arranjo físico,

    recuperação de estoque, projeto de docas ou baias de atracação e configuração do

    armazém.

    Os dois papéis da Armazenagem são:

    O papel operacional (visão interna): conjunto de processos voltados

  • 25

    para estocagem, movimentação e processamento de produtos e informações.

    O papel estratégico (visão externa): Elo e coordenação no canal de

    distribuição. Atender de forma eficaz mercados geograficamente distantes,

    procurando criar valor para os clientes.

    -Manuseio de Materiais: o processo envolvido no manuseio de materiais vai

    desde o recebimento de mercadorias, no ponto de recebimento do depósito, sua

    movimentação até o local de armazenagem e, por fim, a movimentação do ponto de

    armazenagem até o ponto de despacho.

    -Embalagem de Proteção: como o nome diz, sua finalidade é a proteção

    dos produtos e das mercadorias. Um processo logístico, em nível de excelência,

    procurará utilizar-se de embalagens adequadas que possibilitem: movimentar

    produtos sem quebras ou danos; otimizar atividades de manuseio e armazenagem.

    -Obtenção: é a atividade que trata do fluxo de entrada dos produtos,

    deixando-os disponíveis para o sistema logístico. A obtenção trata da seleção das

    fontes de suprimento, das quantidades a serem adquiridas, da programação das

    compras e da forma pela qual o produto é comprado.

    -Programação do Produto: tal atividade de apoio abrange as ações

    presentes no “fluxo de saída” (distribuição), atentando para as quantidades que

    devem ser produzidas, quando e onde devem ser fabricadas.

    -Manutenção da Informação: é ter uma base de dados para o planejamento

    e o controle da logística. Tal base de dados deve ser mantida na empresa e envolve,

    entre outros, os seguintes segmentos:

    • Informação sobre clientes;

    • Volume de vendas;

    • Níveis de Estoque etc.

    Similarmente, essa categoria envolve a escolha dentre um grande número de

    tecnologias alternativas para desempenhar as várias atividades de logística. Uma

    grande quantidade de escolhas tecnológicas deve ser realizada em relação aos

    investimentos da empresa em equipamentos de transporte e tecnologias de

    informação, para ligar diversos pontos da cadeia, assim como para alocar estoques

    na cadeia logística. (FARIA; COSTA, 2010).

  • 26

    A figura representa as atividades de apoio.

    Figura 1.4- Atividades de Apoio Fonte: Adaptado de Ballou, 2010

    1.5 CUSTOS LOGÍSTICOS

    Conforme Faria; Costa (2010) os custos logísticos (C L) representam um tipo

    de custo muito significativo dentro das empresas que são identificados nos

    estoques, inventário, embalagem, fluxo de informações, movimentação, aspectos

    legais, planejamento operacional, armazenagem e serviço ao cliente, até

    suprimentos, transportes e planejamento estratégico. Incluídos nos custos totais de

    uma empresa aparecem os custos logísticos. Porém, as empresas, com seus

    sistemas de custeio tradicional, acabam por se preocupar apenas com o custo dos

    produtos, esquecendo-se dos custos relacionados à logística, os quais possuem um

    valor significativo nos custos totais das mesmas.

    C L são decorrentes das operações Logísticas da empresa: suprimentos,

    conservação física e distribuição.

    Segue abaixo os principais C L e suas participações no custo total das

    empresas.

  • 27

    Gráfico1.1- Porcentagem de custos Fonte: Adaptado de Ballou, 2010

    A necessidade de adoção pelas companhias de uma abordagem integrada

    para o gerenciamento de informações dos custos, da produção até a distribuição,

    desencadeou mudanças nos sistemas convencionais da contabilidade de custos,

    deixando para trás sua metodologia tradicional, com o objetivo de identificação dos

    reais custos de produção até sua distribuição final. A falta de informações sobre

    custos é uma das maiores causas para a dificuldade que muitas companhias têm no

    processo de adoção de uma abordagem integrada para a logística.

    Pela ótica da logística integrada, os custos não podem ser vistos de forma isolada como se fossem elementos independentes, assumindo que possuem uma relação direta como outras categorias de custos. Dessa forma, todos os custos decorrentes dos processos logísticos devem ser identificados e mensurados na analise do custo logístico total. (FARIA; COSTA, 2010, p.46)

    De acordo com Faria; costa (2010) os C L podem classificados em:

    - Custos Diretos: podem ser relacionados a cada tipo de objeto, sendo de

    fácil identificação e mensuração no momento de sua ocorrência, por exemplo, os

    custos de transporte na distribuição, que podem ser identificados em função dos

    produtos faturados e entregas a cada cliente.

    - Custos Indiretos: não podem ser relacionados a cada tipo de objeto, pois

    não estão diretamente relacionados com os mesmos. Por exemplo: os custos com

    tecnologia de informação.

    - Custos fixos: são aqueles necessários ao funcionamento normal da

    empresa. Ex. Aluguel de um galpão para estocagem de produtos, independentemente

  • 28

    do volume transportado, armazenado ou descarregado, esses custos estão

    incorporados na operação e deverão ser arcados pela empresa.

    - Custos variáveis: São diretamente proporcionais ao volume de

    produção/prestação de serviços. No caso da atividade de logística variam de acordo

    com o volume transportado, armazenado e dos serviços prestados.

    1.6 LOGÍSTICA NA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTO

    Conforme Bowersox et al (2007) os conceitos de logística e gestão da

    cadeia de suprimentos (GCS) englobando o planejamento, projeto, controle e

    administração dos fluxos de materiais e das informações correlacionadas, desde os

    fornecedores até o consumidor final, podendo incluir o retorno e a disposição dos

    materiais já utilizados. De modo simplificado, a logística trata com um número menor

    de etapas do fluxo (geralmente havendo apenas uma ou duas etapas de

    transformação ou manufatura), enquanto que cadeia de suprimento considera o

    fluxo total, existindo inúmeras etapas de transformação. Assim, nesse último caso,

    há um maior foco em relações entre empresas ou parceiros, podendo inclusive

    englobar englobar fluxos financeiros e de coordenação geral, ou mesmo o projeto

    compartilhado de produtos.

    Figura1. 5-Cadeia de Suprimentos Fonte: Adaptado Bowersox et al, 2007

    A GCS envolve um escopo muito maior do que a logística. “A gestão de

    cadeia de suprimento consiste na colaboração entre empresas para impulsionar o

    posicionamento estratégico e para melhorar a eficiência operacional”. (BOWERSOX

    et al, p.4 2007).

    Podemos separar as atividades da GCS em quatro categorias: Planejamento,

    Compras, Produção e Entrega. Isso não quer dizer que a GCS substitui outros

  • 29

    setores da empresa, e sim que se integra com estas áreas para obter mais eficiência

    nas operações da organização. (FARIA; COSTA, 2010).

    Planejamento: Previsão de demanda: criar previsões realistas de quanto

    produto será necessário.

    Gestão de Inventário: determinar a quantidade de material que será

    armazenada, e seu fluxo, para atingir as metas planejadas.

    Compras: Seleção de fornecedores: avaliar os possíveis fornecedores não só

    pelo melhor preço, mas também pela garantia de um fluxo correto de materiais.

    Produção: Desenvolvimento de produtos: participar desde a fase de

    idealização do produto, com o objetivo de influenciar um desenvolvimento

    compatível com uma otimização dos custos logísticos.

    Cronograma de produção: influenciar ou até definir o cronograma de

    produção (em função da demanda) para redução de custos da operação.

    Gestão de Instalações: apoiar na gestão de equipamentos, suprimentos e

    consumíveis.

    Entrega: Gestão de Transportes: coordenar a movimentação de materiais

    pelos diversos meios disponíveis.

    Gestão de Pedidos e Entregas: coordenar junto às áreas administrativas os

    pedidos dos clientes, para melhorar tempo de entrega mantendo os custos

    operacionais sob controle.

    As formas como as empresas estruturam seus canais de distribuição têm se alterado substancialmente nas últimas décadas, fruto do ambiente cada vez mais competitivo, da maior atenção dirigida ao consumidor final, do uso crescente da tecnologia da informação da maior diversificação da demanda e da distribuição física mais ágil e mais confiável. Questões de natureza estratégica, derivadas da dinâmica crescente observada no ambiente de negócio passaram a preocupar os executivos. (NOVAES, p.126, 2007)

    1.7 LOGÍSTICA NA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

    Administração de materiais pode ser definida como um conjunto de

    atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada ou não,

    destinadas a abastecer as diversas áreas, com os materiais necessários ao

    desempenho normal das respectivas atribuições.

  • 30

    Segundo Pozo (2010, p.25): “É notório que todas as organizações de

    transformação devem preocupar-se com o controle de estoques, visto que

    desempenham e afetam de maneira bem definida o resultado da empresa.”

    A administração de materiais (AM) se destina para garantir a existência

    contínua do estoque, organizando de forma à nunca deixar faltar nenhum dos itens

    que o compõem, sem tornar exorbitante o investimento total.

    Hoje a AM é conceituada e estudada como um conjunto integrado em que

    diversos subsistemas próprios interagem para constituir um todo organizado.

    Destina-se a dotar a administração dos meios necessários ao suprimento de

    materiais que são essenciais ao andamento da organização, com agilidade,

    quantidade necessária e na qualidade desejada, visando o menor custo. (DIAS,

    2009).

    Quando se estuda AM é necessário levar em consideração os estoques

    sendo impossível uma empresa seguir com suas atividades sem ele, pois funciona

    como amortecedor entre os vários estágios da produção até a venda final do

    produto. Podem ser classificados em: matéria-prima, produtos em processo,

    produtos acabados.

    De acordo com Faria; Costa, (2010) todo e qualquer armazenamento de

    material gera determinados custos, que podem ser reunidos nas seguintes

    modalidades: Custos de capital (juros, depreciação); Custos com pessoal (salários,

    encargos sociais); Custos com edificações (aluguéis, impostos, luz, conservação);

    Custos de manutenção (deterioração, obsolescência, equipamentos).

    Existem duas variáveis que elevam esses custos, que são a quantidade em

    estoque e o tempo de permanência em estoque grande quantidades em estoque

    somente poderão ser movimentadas com a utilização de mais pessoal ou, então,

    com maior uso de equipamentos, tendo como conseqüência o aumento desses

    custos. Além dos custos de armazenagem há também custo de pedido, custo de

    falta de estoque e em seguida o custo total. (BALLOU, 2010).

    De acordo com Pozo (2010) os subsistemas integrados que precisam existir

    na AM estabelecem meios indispensáveis à utilização das condições básicas para

    uma boa gestão.

    Controle de Estoque - responsável pela administração econômica dos

    estoques, através do planejamento e da programação de material, compreendendo

    a análise, a previsão, o controle e o ressuprimento de material.

  • 31

    Classificação de Material - identificação (especificação), classificação,

    codificação, cadastramento e catalogação de material.

    Aquisição / Compra de Material - responsável pela gestão, negociação e

    processo de compras de material. O setor de compras é responsável pelo estoque

    de matéria-prima. É da responsabilidade desse setor assegurar que as matérias-

    primas exigidas pela produção estejam à disposição nas quantidades certas, nos

    períodos desejados.

    Armazenagem / Almoxarifado - responsável pela gestão física dos estoques,

    compreendendo as atividades de conservar, preservação, embalagem, recepção e

    expedição de material, segundo determinadas normas e métodos de

    armazenamento. O Almoxarifado é designado pela guarda física dos materiais em

    estoque, com exceção dos produtos em processo. É o setor onde ficam

    armazenados os produtos, para suprir a produção e os materiais entregues pelos

    fornecedores.

    Movimentação de Material - controla e normalização as operações de

    recebimento, fornecimento, devoluções, transferências de materiais e quaisquer

    outros tipos de movimentações de entrada e de saída de material.

    Inspeção de Recebimento - responsável pela verificação física e documental

    do recebimento de material, podendo ainda encarregar-se da verificação dos

    atributos qualitativos pelas normas de controle de qualidade.

    Cadastro - encarregado do cadastramento de fornecedores, pesquisa de

    mercado e compras.

    Outras atribuições da AM estão em planejar e controlar os estoques para

    tentar segura-los em níveis adequados, de forma a não afetar o processo produtivo,

    de forma que existam tendências nos estoques a flutuar em razão das entradas e

    saídas podendo ocasionar a cada momento uma classificação diferente.

    Conforme Ballou (2010) temos um lado que podemos ter estoque elevado

    para evitar desperdícios e investimentos desnecessários e do outro falta de material

    que possa ocasionar a paralisação da linha de produção e consequentemente falta

    de produto acabado para entregar aos clientes. Para controlar os estoques são

    necessárias algumas ferramentas administrativas básicas como:

  • 32

    A classificação da curva ABC: normalmente é utilizada no planejamento e

    controle de estoque que também recebe o nome de curva de Pareto1, onde se tem a

    identificação que a maior parte do investimento esta concentrada em um pequeno

    número de materiais. Onde Pareto identificou que a riqueza de uma nação esta

    concentrada nas mãos de um número pequeno de pessoas. (POZO, 2010)

    Classe A: de maior importância, valor ou quantidade, correspondendo

    a 20% do total.

    Classe B: com importância, quantidade ou valor intermediário,

    correspondendo a 30% do total.

    Classe C: de menor importância, valor ou quantidade, correspondendo

    a 50% do total.

    Figura 1.6: Curva ABC Fonte: Adaptado de Dias, 2009

    Sistema de Duas Gavetas: É o método mais simples de controlar estoques,

    principalmente os itens de classe C, sendo muito utilizado pelo comércio varejista e

    empresas de pequeno porte, pelo fato terem grande variedade de produtos com

    valores baixos. Consiste em manter duas “caixas” com quantidade suficiente em

    cada uma, para suprir a demanda durante o tempo de reposição dos itens.

    Geralmente acrescenta-se um estoque de segurança para garantir que caso a

    demanda oscila não faltem produtos. Assim, quando os itens de uma caixa acabam,

    é emitido um pedido para repor a quantidade pré-determinada da caixa, enquanto a

    outra caixa é consumida. (DIAS, 2009).

    1 Pareto (economista Vilfredo Pareto) desenvolveu a classificação ABC

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Economiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vilfredo_Pareto

  • 33

    Sistema de Máximo-Mínimos: comumente chamado de quantidades fixas,

    normalmente utilizadas quando há muita dificuldade para determinar o consumo

    quando ocorre variação no tempo de reposição (tempo de reposição é o tempo

    gasto entre o momento em que se verificou a necessidade de repor o estoque até a

    chegada do material).

    Sistema das reposições periódicas: Também denominado sistema das

    renovações ou revisões periódicas sistema que consiste em fazer pedidos em

    intervalos de tempo pré-determinados ou estabelecidos para cada item.

    Softwares de gerenciamento e controle de Estoque: Na administração de

    materiais, existem instrumentos para se examinar estoques permitindo à

    identificação daqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à

    sua gestão. Para ajudar no gerenciamento de materiais e controle de estoque

    existem ferramentas de TI que auxiliam em tomadas de decisões necessárias.

    Agilizando a visualização, quantificação e necessidades reais da empresa.

    Gráfico dente de serra: A representação da movimentação (entrada e saída)

    de uma peça dentro de um sistema de estoque pode ser feita por um gráfico, em que

    a abscissa é o tempo decorrido (t) para o consumo, normalmente em meses, e

    a ordenada é a quantidade em unidades desta peça em estoque num intervalo de

    tempo. Este gráfico é chamado dente de serra devido sua característica visual se

    assemelhar a uma serra. (DIAS, 2009)

    Gráfico 1.2: Dente de serra Fonte: Dias, 2009

    Método PEPS: Este critério, também conhecido como FIFO (first-in, first-out)

    relaciona que os primeiros itens que entrarem no estoque, vão ser aqueles que vão

    sair em primeiro lugar.

  • 34

    Tabela 1.1: Método PEPS

    ENTRADA SAÍDA SALDO DIA NF Qte PREÇO TOTAL Qte PREÇO TOTAL Qte TOTAL

    6 1 100 15 1500 100 1500

    7 2 150 20 3000 250 4500

    8 100 15 1500 150 3000

    50 20 1000 100 2000 Fonte: Dias, p152. 2009

    Método UEPS: Este critério, também conhecido como LIFO (last-in first-out) é

    um método de avaliar estoque bastante difundidos. O custo do estoque é obtido

    como se as unidades mais recentes adicionadas ao estoque (últimas a entrar)

    fossem as primeiras unidades vendidas (primeiro a sair).

    Tabela 1.2: Método UEPS

    ENTRADA SAÍDA SALDO DIA NF Qte PREÇO TOTAL Qte PREÇO TOTAL Qte TOTAL

    2 1 150 15 2250 150 2250

    3 2 100 20 2000 250 4250

    5 100 20 2000 150 2250

    50 15 750 100 1500 Fonte: Dias, p153, 2009

  • 35

    2 LOGÍSTICA HOSPITALAR

    2.1 LOGÍSTICA NO AMBIENTE HOSPITALAR

    A logística hospitalar é o método de administrar minuciosamente e com

    precisão a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais médico -

    hospitalares medicamentos e outros materiais necessários ao perfeito

    funcionamento da unidade hospitalar de modo a poder preservar a vida e / ou

    restaurar a saúde dos clientes (pacientes) com ótima qualidade, custo baixo e

    retorno satisfatório para a instituição.

    Pode-se afirmar que logística hospitalar é uma operação integrada para cuidar

    de suprimentos e distribuição de produtos destinados aos hospitais de forma

    racionalizada, o que significa planejar, organizar, coordenar e executar todo o

    processo, visando à redução de custos, a eficiência e rapidez na entrega, a

    preservação da vida e o aumento da qualidade e da competitividade hospitalar.

    (CUNHA, 2009)

    De acordo com Junior (2005) as instituições hospitalares são consideradas

    pelos gestores como complexas porque nelas se encontram diversas atividades que

    por si só caracterizam processos produtivos diferentes, que necessitam de atenção e

    controle especializados quanto ao fluxo de materiais, ou seja, na unidade hospitalar,

    além do serviço de saúde, temos diversos setores que dependem de suprimentos.

    O gerenciamento de um grande número de itens em processos de produção

    distintos obriga os hospitais a trabalharem com estoques. No aspecto econômico,

    estocagem tem o mesmo sentido de dinheiro imóvel nas prateleiras, com a

    possibilidade de ocuparem espaço, consumirem energias de conservação, ter seus

    prazos de validade vencida, ficar obsoletos, sumindo sem explicações e outros

    riscos. Este dinheiro armazenado poderia estar sendo aplicado na ampliação de

    mais uma unidade, ou na compra de mais um equipamento, ou mesmo estar sendo

    aplicado em atividades mais essenciais.

  • 36

    A logística teve um desenvolvimento revolucionário, puxado pelas demandas

    ocasionadas pela globalização, a quebra nas barreiras comerciais proporcionou um

    aumento significativo na produção de bens e serviços favorecendo na valorização

    das atividades logísticas. Os serviços logísticos nos hospitais tomaram rumo a partir

    desse período, apesar de já estarem executando funções logísticas anteriores, a

    logística hospitalar adquiriu forças após a quebra das barreiras comerciais, onde os

    hospitais ganharam características empresariais que até então eram assistenciais. A

    busca pela fidelização dos clientes e diferencial competitivo no mercado era cada

    vez mais acirrada, direcionando os hospitais na busca contínua de melhores

    processos que visassem otimizar custos.

    Os hospitais de hoje enfrentam problemas como a carência de recursos

    médicos qualificados, o aumento dos custos operacionais, a limitação dos espaços

    físicos e processos muito complicados e demorados que aliados à crescente procura

    se resumem em num serviço deficiente. Todos estes aspectos, embora com outras

    denominações, é o mesmo tipo de problemas possíveis de se encontrar na indústria.

    Quer seja para fabricar um veículo ou cuidar de um paciente, o objetivo é eliminar

    desperdício, desde o trabalho mais burocrático, passando pelos estoques, até ao

    tempo nas salas de espera. (BARBIERI; MACHLINE, 2006)

    Inicialmente a atenção dos hospitais estava voltada ao atendimento do

    paciente, não havia interesse em investir em gerenciamento na cadeia de

    suprimento, pois os hospitais estavam focados na assistência médica. Com o

    surgimento da crise mundial, iniciou a busca pelo diferencial competitivo no mercado

    como forma de atrair clientes e fidelizá-los, pois nesta época os hospitais já tinham

    características empresariais, deste modo a preocupação com os setores envolvidos

    com suprimentos aumentou. Atualmente, o gestor tornou-se um profissional

    qualificado, especializado, e vem buscando melhores ferramentas, nas quais

    auxiliarão na tomada de decisão, visando à melhoria nos processos e redução dos

    custos. (BARBIERI; MACHLINE, 2006)

  • 37

    2.2 NÍVEIS DE SERVIÇO LOGÍSTICO NA ÁREA HOSPITALAR

    Dentre os principais indicadores de nível de serviço logístico podem ser

    destacados: tempo médio de entrega, variabilidade do tempo de entrega,

    informações sobre o atendimento do pedido (rastreabilidade), serviços de urgência,

    resolução de reclamações, políticas de devolução, procedimentos de cobrança,

    flexibilidade do sistema, serviços técnicos, nível de estoque e reposição temporária

    do produto durante reparos. Com a expansão das compras via internet, percebemos

    que o nível de exigência por melhores níveis de serviço logístico vem aumentando

    drasticamente, pois os consumidores desejam acima de tudo comodidade e

    facilidade em todos os processos de aquisição dos produtos/serviços

    disponibilizados. Logo, faz-se necessário que as empresas que querem se mantiver

    competitivas no mercado, identifiquem o mais rápido possível o que os seus clientes

    (atuais e potenciais) consideram importantes em termos de serviço logístico e sendo

    assim desenvolvam estratégias e ações que estejam alinhadas a estes. (BARBIERI;

    MACHLINE, 2006)

    A atenção oferecida à organização e estruturação da logística depende de sua natureza na firma. Apesar de toda empresa conduzir algum tipo de operação logística, esta função não tem a mesma importância para todas as firmas. Uma empresa, que despende apenas uma pequena fração do total de seus custos operacionais em logística ou no atendimento dos requisitos de nível de serviço, terá pouco interesse em dar atenção especial à organização dessa função. Entretanto, para muitas companhias de bens de consumo, indústrias de alimentos e de produtos químicos, aonde o custo logístico chega a 25% ou mais do faturamento de vendas, ocorre justamente o contrário. (BALLOU, p.336, 2010)

    Segundo Santos (2006) na área de saúde, a administração de materiais é

    mais delicada do que a de outros segmentos da economia, pois os medicamentos e

    materiais têm prazo de validade e alguns precisam ser mantidos em baixa

    temperatura; as doses individuais devem ser diariamente prescritas, preparadas,

    baixadas dos estoques, ministrados ao paciente e faturados sem erros; e os

    resíduos contaminados devem ser removidos e incinerados com extremo cuidado.

    Todo o fluxo de material dentro de um hospital, independente do seu tamanho

    comporta-se numa cadeia de suprimentos, desde a solicitação de materiais na rotina

    operacional de um ambulatório até os casos de emergência por exemplo.

    Mesmo em um Centro de Distribuição ou em um simples almoxarifado que distribui

  • 38

    internamente às enfermarias, as quais se caracterizam como pequenos estoques

    intermediários poderão ocorrer problemas quanto às rupturas, faltas ou excessos de

    itens de estoque, resultado da baixa acuracidade da previsão de demanda, da pouca

    qualidade de fornecedores ou da deficiência na administração financeira, entre

    outras causas básicas. (BARBIERI; MACHLINE, 2006)

    2.3 SETOR DE COMPRAS HOSPITALAR

    O Setor de compras do Hospital tem por finalidade adquirir os materiais

    necessários para o funcionamento do hospital, comprando as quantidades corretas e

    satisfazendo no momento certo, na melhor qualidade e ao menor custo às

    necessidades dos setores do hospital. Os principais fatores relacionados ao setor de

    compras são: o preço do material a ser adquiridos, a qualidade do mesmo, a

    quantidade conveniente, os prazos de entrega e a devida conferência do

    recebimento. (BARBIERI; MACHLINE, 2006)

    Para Gurgel (2008, p.93): “A função compras nas empresas tem sido

    desenvolvida dentro de um novo estado de maturidade e com técnica cada vez mais

    sofisticada”. O custo dos materiais e produtos comprados pode representar uma

    parte importante do valor final das vendas das empresas. Por este motivo, a função

    compras está tipicamente envolvida na negociação e em assegurar a disponibilidade

    de materiais no momento certo, na quantidade certa na hora certa, com qualidade ao

    preço justo.

    Quando a economia brasileira era mantida por altas taxas de inflação, as

    compras eram gerenciadas de maneira de que o estoque tinha que ser bem grande

    para nunca faltar. Estoques altos eram sinônimos de retorno futuro, pois os preços

    subiam continuamente e manter valores sob a forma de materiais mostrava-se

    vantajoso. Hoje a realidade é outra e manter altos níveis de estoques passou a

    implicar altos custos para a atividade logística. Determinar quanto e quando comprar,

    qual o nível de estoque de segurança e de cobertura é o papel dos gestores de

    estoque. Alguns itens devem ser administrados de forma diferente, pois tratam de

    um alto nível de investimentos ou que possuem um grande impacto no faturamento

    da empresa (DIAS, 2009).

  • 39

    Sua principal função é suprir o hospital dos materiais necessários

    ao desenvolvimento de suas atividades, garantindo a continuidade de suprimento

    através da busca constante de fontes alternativas, zelando pelos padrões de

    qualidade dos materiais a serem adquiridos e negociando com vistas à obtenção de

    custos mais baixos. Tem o objetivo de estabelecer um fluxo contínuo de

    abastecimento, atendendo ás necessidades do hospital em sua prestação de

    serviço; obter material de boa qualidade, ao menor preço possível, quantidade

    desejável e no tempo certo; manter bom relacionamento comercial com

    fornecedores, assegurando à boa atuação destes, no que diz respeito a prazos e

    qualidades dos produtos e condições de pagamento; desenvolver novas fontes de

    fornecimento, por meio de uma política de compras dinâmicas e eficaz; elaborar e

    manter atualizados os cadastros de fornecedores e produtos. (GONÇALVES, 2006)

    Segundo Pozo (2010) o setor de compras interage intensamente com os

    demais setores, compartilhando informações úteis às tomadas de decisões, as quais

    devem encontrar de acordo com a legislação vigente. As decisões devem resultar

    em aquisições bem sucedidas, com vistas ao melhor preço, prazo de entrega e

    condição de pagamento, sem deixar de observar a qualidade do produto adquirido e

    a real necessidade da empresa. Neste processo, a escolha da empresa fornecedora

    é de grande importância, pois além de ter as melhores condições possíveis, ela deve

    submeter-se a uma avaliação, comprovando idoneidade fiscal, através da

    apresentação de documentos.

    O setor de compras significa ferramenta poderosa na minimização de custos,

    pois comprar da forma mais adequada é determinante e imprescindível para a

    administração dos recursos financeiros. O custo de aquisição e o custo de

    manutenção dos estoques de material devem, também, ser mantidos em um nível

    econômico. Essas considerações elementares são à base de toda a função e ciência

    de compras. (DIAS, 2009).

    Selecionar fornecedores é um ponto muito importante no setor de compras. A

    capacidade do fornecedor deve ser analisada, assim como suas instalações e seus

    produtos. O seu balanço deve ser minuciosamente analisado. Com um cadastro

    atual e completo de fornecedores e com cotações de preços feitos por semestre,

    muitos problemas serão evitados, independentemente do tamanho da empresa.

    Existem alguns critérios básicos do setor de compras: autoridade para compra;

  • 40

    registro de compra; registro de preço; registro de estoque e consumo; registro de

    fornecedores; arquivo e especificações; arquivo de catálogos. (GURGEL, 2008)

    Figura 2.1- Atividades do setor de compras Fonte: Adaptado de Barbieri; Machline, 2006

    O setor de compras com base nas solicitações de mercadorias efetua a

    cotação dos produtos solicitados. Depois de efetuadas as cotações o órgão

    competente analisa qual a proposta mais vantajosa.

    A função Compras compreende:

    - Cadastramento de Fornecedores;

    - Coleta de Preços;

    - Definição quanto ao transporte do material;

    - Julgamento de Propostas;

    - Diligenciamento do preço, do prazo e da qualidade do material;

    - Recebimento e Colocação da Compra.

  • 41

    2.4 FORNECEDORES

    Um fornecedor confiável e de boa qualidade é quando ele é honesto e justo

    em seus relacionamentos com os clientes, tem estrutura suficiente, com condições

    de satisfazer as especificações do comprador, principalmente em ambiente

    hospitalar, nas quantidades desejadas e nos prazos necessários, tem sólida posição

    financeira, preços competitivos, constante necessidade de desenvolvimento de seus

    produtos e, que quando conclui que seus interesses são alcançados é quando

    atende melhor seus clientes.

    Segundo Dias (2009) a eficiência de um departamento ou setor de Compras

    está diretamente ligada ao grau de atendimento da demanda e ao relacionamento

    entre o comprador e o fornecedor, que devem ser os mais adequados e

    convenientes. Dentro de uma classificação podemos ter:

    Fornecedores Monopolistas – São os fabricantes de produtos e prestadores

    de serviços exclusivos atuantes dentro do Mercado.

    Fornecedores Habituais – São normalmente os fornecedores tradicionais que

    sempre são consultados numa coleta de preços, eles possuem uma linha de

    produto/serviço padronizada e bastante comercial. Geralmente são os fornecedores

    que prestam melhor atendimento, pois sabe que existe concorrência e que seu

    volume de vendas está ligado a qualidade de seus produtos e ao tratamento dado ao

    cliente.

    Fornecedores Especiais - São os que ocasionalmente poderão prestar

    serviços, mão-de-obra e até mesmo a fabricação de produtos, que requerem

    equipamentos especiais ou processos específicos e que normalmente não são

    encontrados nos fornecedores habituais.

    As vantagens de ter mais de um fornecedor estão relacionadas com as facilidades de se obterem ganhos em preços, condições de pagamento e de entrega devido à alternância de fornecedores para um mesmo item. A desvantagem é de elevar o tempo de processamento interno de compras, e com isso, elevar o prazo de espera total. (BARBIERI; MACHLINE, p. 210, 2006)

    Selecionar fornecedores é reunir um grupo, do maior tamanho possível, que

    preencha todos os requisitos básicos e suficientes, dentro das normas e padrões

    pré-estabelecidos como adequados. O objetivo principal é encontrar fornecedores

    que possuam condições de fornecer os produtos necessários dentro das

  • 42

    quantidades, dos padrões de qualidade requeridos, no tempo determinado, com

    menores preços e/ou competitivos e nas melhores condições de pagamento. E que

    os fornecedores selecionados sejam confiáveis como uma fonte de abastecimento

    contínua e ininterrupta.

    Na visão de Pozo (2010) também se deve levar em consideração alguns

    fatores que influenciam a escolha dos fornecedores:

    • Habilidade: é importante que o fornecedor tenha habilidade técnica de

    modo que possa auxiliar o comprador de forma a sugerir melhorias e

    mudanças no produto de forma a garantir um melhor custo beneficio.

    • Capacidade de produção: a produção deve ser capaz de satisfazer às

    especificações do produto de forma consistente, ao mesmo tempo produzindo

    o menor custo possível de defeitos. Isso significa que as dependências de

    produção do fornecedor devem ser capazes de oferecer a qualidade e a

    quantidades exigidas. O fornecedor deve ter um bom programa de controle de

    qualidade, pessoal de produção competente e capaz, e bons sistemas de

    planejamento e controle de produção, para garantir uma entrega pontual.

    Esses elementos são importantes porque garantem que o fornecedor possa

    suprir a qualidade e quantidade desejadas.

    • Confiabilidade: ao selecionar um fornecedor, é desejável que se

    escolha um fornecedor confiável, reputado e financeiramente sólido. Se a

    relação deve continuar, deve haver uma atmosfera de confiança mutua e a

    garantia de que o fornecedor tem solidez financeira para permanecer no

    negócio.

    • Serviço pós-venda: se o produto tem natureza técnica ou

    provavelmente necessitará de peças de reposição ou apoio técnico, o

    fornecedor deve ter um bom serviço de atendimento pós-venda, isso deve

    incluir um atendimento bem-organizado e um estoque adequado de peças

    sobressalentes.

    • Localização do fornecedor: algumas vezes, é desejável que o

    fornecedor esteja próximo do comprador, ou pelo menos que mantenha um

    estoque local. Uma localização próxima auxilia na redução dos tempos

    entrega e significa que os produtos em falta podem ser entregues

    rapidamente.

  • 43

    • Preço: o fornecedor deve ser capaz de oferecer preços competitivos.

    Isso não significa necessariamente o menor preço. Esse aspecto considera a

    capacidade do fornecedor para fornecer as mercadorias necessárias na

    quantidade e na qualidade exigida, no tempo desejado, e também quaisquer

    outros serviços necessários.

    2.5 FARMÁCIA HOSPITALAR

    A instituição hospitalar possui a farmácia hospitalar, onde o objetivo é manter

    o uso seguro e racional dos remédios prescritos pelo profissional médico, além de

    responder à demanda das necessidades de medicamentos dos pacientes

    hospitalizados. Dessa forma a farmácia hospitalar mantém sob sua gestão os

    estoques desses produtos que são caracterizados por ciclos de demandas e de

    ressuprimento, com flutuações significativas e altos graus de incerteza, fatores

    críticos diante da necessidade de manter medicamentos em disponibilidade na

    mesma proporção da sua utilização. (NOVAES ET AL, 2006).

    Segundo o Ministério da Saúde, almoxarifado é o local destinado à recepção, à guarda ao controle e à distribuição ordenados dos materiais de consumo necessários ao funcionamento de um hospital. Ainda segundo o Ministério da Saúde, farmácia é o conjunto de elementos destinados à manipulação de fórmulas magistrais e oficinais e ao recebimento, à guarda, ao controle e à distribuição de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos para uso do paciente. (GONÇALVES, p.212, 2006)

    A farmácia hospitalar ou almoxarifado hospitalar tem a finalidade de garantir o

    uso seguro e racional das medicações prescritas pelo profissional médico, além de

    responder à demanda das necessidades de tratamento farmacológico dos pacientes

    hospitalizados. Para tanto a farmácia hospitalar mantém sob sua guarda os estoques

    desses produtos que representam um elevado valor econômico. Geralmente é o

    farmacêutico que atua e gerenciam essas unidades, assim esse profissional precisa

    conhecer as ferramentas de gestão de estoque e bastante informação sobre

    materiais e medicamentos. (SANTOS, 2006)

    Segundo Barbieri; Machline (2006) a farmácia hospitalar tem como principal

    função garantir a qualidade de assistência prestada ao paciente por meio do uso

    seguro e racional de medicamentos e correlatos, adequando sua aplicação à saúde

  • 44

    individual e coletiva, nos planos assistenciais, preventivo, docente e investigativo,

    devendo, para tanto, contar com farmacêuticos em número suficiente para o bom

    desempenho da assistência.

    A farmácia hospitalar permite ao profissional farmacêutico o exercício quase

    que pleno de suas atribuições profissionais, tendo em vista seu âmbito que permeia

    várias áreas afins tais como farmacologia (farmácia clínica), manipulação

    (fracionamento, dose unitária), administração (gestão), dispensação, dentre outras.

    O farmacêutico hospitalar exerce funções que vão desde o gerenciamento dos

    estoques, logística, até os procedimentos relacionados mais diretamente com o

    paciente. (BARBIERI; MACHLINE, 2006)

    Figura 2.2- Atividades da farmácia hospitalar Fonte: Adaptado de Barbieri; Machline, 2006

    De acordo com Santos (2006), seguem abaixo as principais atribuições de

    uma farmácia hospitalar:

    Solicitação/obtenção de medicamentos, germicidas e correlatos;

    Armazenagem, controle de estoque e distribuição dos

    medicamentos e correlatos;

    Empregar sistema eficiente e seguro de distribuição de

    medicamentos para todos os setores do hospital;

    Farmacotécnica

    Fracionamento de doses;

  • 45

    Controle de qualidade;

    Elaborar manuais técnicos e formulários;

    Manter membro permanente nas comissões;

    Atuar junto à central de esterilização;

    Atuar nos estudos de ensaios clínicos e fármaco vigilância;

    Educação continuada;

    Estimular a implantação da farmácia clínica;

    Atividades de pesquisa;

    Desenvolvimento e tecnologia farmacêutica;

    2.6 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUES EM HOSPITAIS

    Pensar em estoque hospitalar e sistemas de armazenagem sem pensar em

    classificação e codificação de materiais é sem dúvida, uma abordagem incompleta.

    Um bom sistema de classificação e codificação de materiais é essencial para um

    bom gerenciamento desse setor, e torna-se necessário que esta codificação seja

    profissional e atenda aos objetivos da administração do hospital. (BARBIERI;

    MACHLINE, 2006)

    O almoxarifado é o lugar onde se encontram os “insumos” materiais

    necessários ao processo produtivo, seja ele de bens ou serviços. A importância

    atribuída aos almoxarifados vem sendo sentida atualmente, tanto no que diz respeito

    ao seu planejamento quanto na escolha de seu gestor e do pessoal auxiliar. Os

    objetivos do almoxarifado, entre outros, são de ter o material certo, na hora certa, na

    quantidade correta, no local certo e a custos econômicos. Equilibrar estas variáveis

    não é uma tarefa fácil. (DIAS, 2009)

    Existem algumas ferramentas de gestão de estoques mais adotadas segundo

    Barbieri; Machline (2006) e Novaes et al (2006).

    Classificação ABC, pode ser feita segundo a importância econômica de

    cada item;

    Sistema XYZ, é uma classificação similar à classificação ABC e é

    utilizado o critério da criticidade. Exemplos:

    X = Materiais que possuem similares. Exemplo: antibióticos.

  • 46

    Y = Tem similar, mas sua falta interfere na qualidade dos serviços.

    Exemplo: fio de sutura 3.0 e 6.0.

    Z = Não tem similar e sua falta será crítica. Exemplo: Luva cirúrgica.

    Ponto de pedido (PP), conhecido também como método do estoque

    mínimo, objetiva manter investimento ótimo em estoques;

    Lote econômico de compras (LEC), a abordagem mais comum para

    decidir quanto de um particular item pedir, quando o estoque precisa de

    reabastecimento são chamadas de abordagem do lote econômico

    compras;

    MRP (Materials Requirements Planning), Planejamento das

    Necessidades de Materiais;

    Ressuprimento JIT (Just in Time), o Just-In-Time surgido na Toyota

    Motor Company no Japão, é considerada uma filosofia que se baseia

    em produzir apenas as quantidades necessárias no tempo necessário;

    Inventários, contagem física dos estoques para verificar se a

    quantidade de medicamentos estocada coincide com a quantidade

    registrada nas fichas de controle ou no sistema informatizado, permitir

    verificar as divergências entre os registros e o estoque físico,

    possibilitar avaliar o valor total (contábil) dos estoques para efeito de

    balanço ou balancete, no encerramento do exercício fiscal.

    Uma importante atividade de controle é a realização de inventários ou contagens físicas dos estoques, que tem por objetivo verificar se as quantidades existentes nos pontos de estocagem correspondem aos saldos existentes nos relatórios contábeis. (BARBIERI, MACHLINE, 2006, p.293)

    Em um almoxarifado hospitalar, geralmente contém uma série de produtos de

    classes diferentes, tais como material hospitalar, elétrico, hidráulico, material de

    escritório, de limpeza etc., o que faz com que a codificação tenha que ser bem

    abrangente e possibilitar a inclusão de novos itens com o passar do tempo.

    A gestão eficiente de materiais exige por parte dos responsáveis constantes

    esforços, por isso é importante estabelecer diretrizes básicas, como por exemplo,

    não deixar faltar qualquer item vital para a saúde do paciente, definir o estoque

    mínimo e máximo que se devem manter durante uma semana ou um mês de

    consumo médio.

  • 47

    Gráfico 2.1-Reposição dos estoques Fonte: Adaptado de Pozo, 2010

    Considerando a complexidades dos serviços de saúde, é preciso analisar

    diferentes técnicas de gestão de estoques que podem ser aplicadas

    simultaneamente neste setor como a segmentação por tipo de medicamento ou item.

    Existe uma enorme oportunidade para a aquisição de técnicas mais sofisticadas,

    seja na programação de compras, seja no desenvolvimento de novas relações

    comerciais com a indústria farmacêutica de modo geral (laboratórios e

    distribuidores).

    De acordo com Dias (2009) o estoque é um item que deve ser bem

    administrado dentro de uma organização, quando não administrado adequadamente

    pode trazer sérios danos às finanças empresariais, pondo em risco a saúde

    financeira da empresa.

    Na gestão dos estoques, os níveis de cada item e do próprio estoque como

    um todo devem ser revistos e atualizados periódica e constantemente para evitar

    problemas provocados em razão de maior demanda ou de sua redução, e alterações

    nos tempos de reposição. O conhecimento da demanda e a obtenção dos materiais,

    podem influenciar decisivamente o estoque. (BALLOU, 2010).

    Na gestão hospitalar o estoque deve garantir a disponibilidade de

    medicamentos e materiais no momento e lugar necessários. A adoção de certas

    regras define a forma de aquisição de materiais, procurando responder às questões

    de quando comprar e quanto comprar. A empresa deve definir e implantar alguns

    parâmetros de ressuprimento de estoques como: Estoque máximo e estoque de

    segurança que definem a quantidade de abastecimento, calculada com o estoque

    real acrescido das quantidades de encomendas aos fornecedores e a quantidade

  • 48

    mínima possível capaz de suportar o tempo necessário para reabastecimento,

    respectivamente. Embora, existam autores que afirmem que, em muitas empresas,

    os estoques de segurança estão diretamente relacionados ao desvio padrão da

    previsão e que alguns combinem diferentes modelos de previsão com obtenção de

    melhores resultados. (BARBIERI; MACHLINE, 2006)

    2.6.1 Recebimento e Conferência

    Receber é ato que implica em conferência. No recebimento verificamos se os

    medicamentos que foram entregues estão em conformidade com os requisitos

    estabelecidos, quanto à especificação, quantidade e qualidade. As áreas de

    recebimento e de armazenamento devem se distintas. Os funcionários devem ser

    treinados para esta finalidade, no ato do recebimento, cada entrada deve ser

    examinada quanto à documentação:

    Conferir a nota fiscal, ordem de fornecimento/empenho ou nota

    de transferência;

    Carimbar e assinar o verso da nota fiscal;

    A apresentação, o número do lote e a quantidade devem estar

    de acordo com o edital de especificação;

    Não escrever ou rasurar o documento original;

    Caso o medicamento tenha sido adquirido pela subprefeitura, o

    laudo de qualidade deverá ser c