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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNI-BH
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
A RESISTÊNCIA DE CLIENTES AO USO DA INTERNET EM TRANSAÇÕES
BANCÁRIAS
Jardel Luidy Simões Torres1 Izabella Bueno Fernandes Borges2
RESUMO
O objetivo geral do artigo foi entender o motivo pelos quais os clientes não usam o sistema internet banking em transações bancárias oferecidas pelo Banco X. O referido trabalho apresentou uma estratégia de pesquisa de um estudo sobre canais de atendimento eletrônico, investigando informações relevantes que possam apontar interferências na utilização do sistema. Para facilitar e dar comodidade aos seus clientes, os bancos vêm investindo em canais de atendimento eletrônico que proporcionem aos seus clientes praticidade para efetuarem suas transações bancárias sem saírem de casa. A metodologia utilizada foi à pesquisa de caráter qualitativo, integrando a coleta de dados relacionados ao tema, entrevista semiestruturada feita pessoalmente em uma agência do Banco X, localizada na região Oeste da cidade de Belo Horizonte, no bairro Estoril, com clientes de diferentes faixas etárias e preferências, que utilizam com frequência, ocasionalmente ou nunca o sistema Internet Banking. Os entrevistados contam suas experiências com o canal eletrônico de Internet Banking, o quanto conhecem do serviço, o quanto os utilizam, quais as dificuldades e benefícios encontrados, se consideram riscos na sua utilização e se atendem as suas necessidades. Os resultados obtidos indicam que falta interação com os usuários, o que impede que o Banco entenda as necessidades deles, além disso, as informações sobre o serviço são insuficientes, gerando insegurança e dificuldade na utilização do sistema. PALAVRAS-CHAVE: Internet Banking. Transações Bancárias. Canal eletrônico. Resistência. Serviço.
1 INTRODUÇÃO
No contexto social atual, a tecnologia está cada vez mais acessível à população
mundial e vem ganhando espaço no dia a dia de cada um. Com isso as pessoas
mudam seus hábitos para acompanhar as novidades tecnológicas oferecidas, pois
1 Graduando em Administração pelo Centro Universitário de Belo Horizonte. E-mail: [email protected] 2 Professora Orientadora. Mestre em Administração. E-mail: [email protected]
2
muitas vezes essas novidades trazem facilidades em suas atividades cotidianas;
exemplo disso está na realização de serviços e transações bancárias. Hoje o cliente
não precisa entrar em uma agência bancária para fazer um pagamento, uma
transferência ou outros tipos de serviços. Com os avanços tecnológicos e a
constante procura em oferecer praticidade aos clientes, instituições financeiras como
os bancos vêm investindo cada vez mais em tecnologias que proporcione agilidade
no dia a dia dos clientes e melhorias nos serviços de atendimento disponibilizados a
eles.
Para acompanhar estas evoluções tecnológicas os bancos buscam identificar as
necessidades de seus clientes e suas expectativas frente aos serviços prestados e
disponibilizados. Com intuito de se manterem competitivos no mercado financeiro,
os bancos buscam oferecer aos seus clientes serviços de qualidade, eficientes e
seguros. Estão sempre inovando e investindo em serviços sofisticados que
proporcione rapidez, facilidade, comodidade e que sejam eficientes em sua
utilização.
Frente a esta evolução, o banco X disponibiliza aos seus clientes os canais de
atendimento eletrônico, que são: os caixas eletrônicos, Internet Banking, super linha
e aplicativo Minha Conta. No entanto, boa parte dos clientes não utilizam esses
serviços como à empresa esperava, e optam pelo uso do atendimento pessoal. É
neste cenário que estão inseridos os clientes de uma agência bancária do banco X,
que é campo de estudo para análise e levantamento de dados para o
questionamento proposto.
Contudo o estudo apresentou o seguinte problema: por que clientes não utilizam o
canal eletrônico Internet Banking para efetuarem suas transações, tendo como base
clientes pessoa física do banco X? Visando identificar os fatores que impactam na
não utilização do sistema.
O objetivo geral deste estudo é identificar quais fatores levam os clientes pessoa
física do banco X a não utilizarem o sistema Internet Banking para realizarem suas
transações financeiras.
3
Já os objetivos específicos são:
i. Identificar os motivos pelos quais ainda se prefere o atendimento
pessoal
ii. Descrever o perfil dos clientes que utilizam o canal eletrônico Internet
Banking
iii. Mensurar o grau de satisfação dos clientes que utilizam o Internet
Banking
O estudo do tema abordado se torna relevante devido o alto fluxo de clientes que
utilizam o atendimento pessoal, que por sua vez impacta no tempo de espera da fila
para o atendimento de gerentes e caixas. Mesmo com a disponibilidade do canal
eletrônico Internet Banking, que permite ao cliente fazer transações sem ter que ir
até uma agência, a opção pelo atendimento pessoal na agência ainda é a mais
utilizada por eles.
Contudo o estudo pretende identificar os fatores que impactam para a não utilização
no Internet Banking e discutir medidas que contribuam para um melhor
aproveitamento do serviço eletrônico que é oferecido pelo banco, que melhore a
qualidade do atendimento e diminua o tempo de espera das filas para o atendimento
pessoal na agência.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Diante do tema proposto pelo estudo foram realizadas algumas pesquisas de
assuntos relacionados ao tema. E para o desenvolvimento do trabalho foram
realizadas leituras de livros, artigos e textos que deram embasamento para a
construção desta pesquisa.
Os temas escolhidos para a construção do referencial teórico, foram os seguintes:
marketing de serviços, comportamento do consumidor, atendimento, resistência a
utilização da tecnologia e qualidade de atendimento.
4
2.1 MARKETING DE SERVIÇOS
Para a realização do estudo algumas referências foram consultadas dando base
teórica ao assunto. Tomou se por base referências nas áreas de marketing de
serviços, relacionamento, qualidade no atendimento, tecnologia de informação,
autoatendimento, automação bancária e resistência à utilização da tecnologia.
É notável que nos dias atuais as pessoas têm menos tempo disponível e buscam
praticidade para utilizar serviços oferecidos pelo setor financeiro. Grande parte das
pessoas trabalham fora e têm em sua rotina menos tempo para resolver coisas do
seu cotidiano, como por exemplo utilizar serviços bancários, necessitando então de
maiores conveniências e melhores serviços, que agilizem e atendam suas
necessidades.
Na opinião de Shiozawa (1993, p.43), “as empresas que forem capazes de manter o
foco no usuário e atenção às necessidades atuais e futuras dos clientes serão
aquelas que experimentarão prosperidade a longo prazo. ”.
Para acompanhar as mudanças de comportamento e demanda de serviços dos seus
clientes, empresas do setor financeiro vêm buscando inovações que tornem seus
processos mais eficazes no dia a dia de seus clientes, sem que a qualidade do
serviço prestado seja afetada.
Nesse contexto Bateson e Hoffman, (2003, p.358) reforçam a importância da
qualidade dos serviços:
A qualidade de serviços proporciona uma maneira de obter sucesso entre os serviços concorrentes. Principalmente quando várias empresas fornecem serviços quase idênticos concorrem em uma área pequena, como acontece aos bancos, estabelecer qualidade de serviço pode ser a única maneira de se diferenciar. Ao criar maior participação no mercado pode significar a diferença entre sucesso e fracasso financeiro.
Buscando esta diferenciação, os bancos investem em novas tecnologias que os
permitem oferecer canais diversificados de atendimento aos seus clientes, facilitando
5
a realização de transações bancárias como saques, depósitos, transferências,
pagamentos de conta e investimentos. Além disto, reduzem seus custos
operacionais e administrativos com pessoas sem perder em qualidade de serviço.
Toda atividade ou benefício pode ser considerado como serviço, onde uma parte
oferece a outra sem que resulte na posse de algum bem, podemos definir também
como ações, esforços ou desempenho. Conforme citado por Kotler e Armstrong
(1998, p.455), serviço pode ser definido como: “qualquer ato ou desempenho que
uma parte pode oferecer a outra e que seja essencialmente intangível e não resulta
na propriedade de nada. Sua produção pode ou não estar vinculada a um produto
físico”.
Alguns autores utilizam vários adjetivos para definir as características de serviços.
De acordo com Cobra (1992), os serviços possuem quatro características básicas:
Intangibilidade: os serviços não podem ser provados, sentidos, ouvidos ou
cheirados antes de serem comprados. Portanto, a tarefa do prestador de
serviço e do profissional de marketing é tornar esses serviços tangíveis;
Inseparabilidade: os serviços não podem ser separados de seus
fornecedores, são vendidos, depois produzidos e consumidos ao mesmo
tempo, não podendo ser estocados para a venda ou consumo posterior;
Variabilidade: os serviços são variáveis e sua qualidade depende de quem os
proporciona e de quando e onde são realizados;
Perecibilidade: são perecíveis e não podem ser estocados.
Dentre as características citadas existe uma que é comum entre elas e define
melhor, que é a característica da intangibilidade. Os serviços são intangíveis porque
não podem ser vistos nem sentidos, isso gera incerteza, tensão e insegurança para
o consumidor.
A área financeira se enquadra no setor de negócios, que são aqueles que ofertam
seus serviços através das empresas como: aéreas, bancos, hotéis, companhias de
seguros, empresas de consultoria e outros. Dentre estes o setor bancário apresenta
uma característica marcante, que é a variabilidade, que por sua vez são prestados
6
por pessoas, gerando então uma necessidade de acompanhamento permanente.
Na visão de Bateson e Hoffman, (2003, p. 302), “ao permitir aos clientes coproduzir
ao menos parte do próprio serviço, a estratégia libera o pessoal de contato para
realizar outras tarefas”.
Com a diminuição de atendimento pessoal nas agências, os bancos reduzem seus
custos com funcionários e espaço físico, tendo em vista que grande parte das
agências são pontos comerciais em locais bem localizados e com alto custo de
aluguel.
Diante disso a indústria bancária vem tentando mudar este cenário, diminuindo esta
variabilidade e aumentando o investimento em canais eletrônicos de atendimento,
onde o próprio cliente é estimulado a realizar suas operações bancárias. Os bancos
têm investindo maciçamente em tecnologia que proporcione qualidade e eficiência
nos serviços prestados. Segundo Murilo Portugal, presidente da FEBRABAN (2015,
p.9), “Desde 2010, os investimentos em TI avançam num ritmo de 6% ao ano,
totalizando R$ 21,5 bilhões só em 2014”.
Segundo Kotler e Armstrong, (1998, p.459) “se o serviço percebido de uma
determinada empresa excede a expectativa do serviço, os clientes sentem-se
inclinados a voltar a utilizá-lo”. Para isso o prestador de serviço deve estar atento às
mudanças que atendam expectativas e necessidades de seus clientes alvo.
Nessa linha de raciocino Gianesi e Corrêa (1994), destacam alguns fatores que
propiciam a demanda de serviços, entre eles o mais relevante para o estudo diz
respeito às mudanças tecnológicas, ao avanço dos computadores e das
telecomunicações; o que tem resultado na criação de novos serviços e na melhora
de qualidade deles. Por outro lado, estes fatores citados são confrontados por
Shiozawa:
Quanto mais tecnologia é utilizada, mais as pessoas procuram contato humano. Além disso, pelo fato de a evolução tecnológica e de sua complexidade ser muito mais rápida do que a capacidade do pessoal em serviços acompanhá-la, a carência por serviços cresce. (SHIOZAWA,1993, p.45)
7
2.2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
O comportamento do consumidor é um tema complexo do marketing, pois busca
entender o processo de decisão de compra dos consumidores, para melhor atendê-
los diante de suas necessidades e para que isso ocorra, avaliam-se quais são as
suas preferências, faixa etária, escolaridade, renda familiar, entre outros.
O consumidor exige serviços e soluções eficientes que atendam suas
conveniências. Isso implica em um esforço ainda maior por parte das empresas, pois
elas precisam adotar estratégias sob medida que atendam às carências e desejos
de cada cliente. Para que isso aconteça é preciso que as instituições estejam
atentas às tendências de mercado e busquem compreender a natureza da tomada
de decisão dos clientes. A partir desta compreensão e das informações se tem um
ponto de partida para planejar ações de marketing que atinjam seu público alvo.
Uma das tendências de mercado é o uso da Internet; em vários ramos de atividade
já se usa desta tecnologia, sejam eles, lojas, cinemas, restaurantes, hotéis, bancos,
sites entre outros. De acordo com pesquisa realizada pela Everis (2010), consultoria
multinacional de negócios e tecnologia da informação, o Brasil atingiu a 13°
colocação em volume transacionado pela Internet, movimentando US$8,7 bilhões
liderando as vendas no comércio eletrônico em 2009, isto mostra o aumento da
confiança na utilização de meios virtuais para fazerem compras.
Segundo Cobra (2001. p.107):
Os consumidores muitas vezes agem contra seus próprios interesses e, nesse sentido, eles precisam ser orientados e, mais do que isso, eles precisam ser educados para saber como comprar serviços com vantagens e segurança.
De acordo com Kotler e Armstrong (1998), o comportamento do consumidor é uma
das áreas mais complexas, pois consumidores variam muito de idade, renda, nível
de instrução e gosto. Compram e utilizam uma variedade de produtos e serviços. A
8
forma como esses consumidores fazem suas escolhas envolve uma série de fatores
relevantes, que são:
Fatores Culturais: todo grupo ou sociedade tem sua cultura, que é a
causa mais determinante dos desejos e do comportamento das
pessoas. Todas as culturas possuem subculturas que podem se
caracterizar por religiões, raças, nacionalidades e região geográfica.
Fatores sociais: é influenciado por vários grupos pequenos. São eles
de associação que tem influência direta sobre as pessoas; primários
que tem interação informal e regular, constituídos por família, amigos e
vizinhos; referência que são os que servem como pontos de
comparação ou referência direta. A família é a mais importante
organização de consumo da sociedade. Os papéis consistem nas
atividades esperadas que as pessoas devam desempenhar umas com
as outras.
Fatores pessoais: as decisões são influenciadas por características
pessoais como: estilo de vida, circunstâncias financeiras, ocupação,
idade, estágio de vida e personalidade.
Fatores psicológicos: estímulos penetram no consciente do
consumidor, que influenciam na reação de alguns fatores psicológicos
como: motivação, percepção, aprendizado, crenças e atitudes.
De acordo com Cobra (1992) em sua obra Administração de Marketing segundo a
Teoria da Sigmund Freud, o comportamento das pessoas é formado de forma
inconsciente, através de forças psicológicas que ninguém chega a entender por
completo. Já a Teoria de Abraham Maslow é formada pela hierarquia das
necessidades humanas que são: necessidade filosófica, de segurança, sociais, de
autoestima e autorrealização.
Saber sobre o comportamento de compra de produtos e preferências de serviços
não é tarefa fácil, por isso as empresas devem estar cada vez mais atentas as
características e mudanças de seu público alvo, para terem subsídio no momento
em que precisarem analisar e compreender os fatores atendem ao que o seu
consumidor deseja e consequentemente maximizar seu lucro.
9
2.3 ATENDIMENTO
A implementação de tecnologias para facilitar o atendimento aos clientes teve seu
início na década de 60. A automação foi a primeira que veio para agilizar os sistemas
dos bancos, mas devido à grande demanda em operações que passaram a
processar, os bancos foram obrigados a buscar novas tecnologias para aumentar
sua capacidade produtiva (ERNST E YOUNG, 1996, P.26,27 apud DRESCH, 2011).
O quadro 1 abaixo mostra a trajetória de automação bancária nas últimas quatro
décadas:
Quadro 1 - Trajetória da Automação bancária no Brasil
Fases Desenvolvimento Objetivos Serviços
Década de 60
A automação se iniciou no interior das agências, com a informatização do sistema administrativo dos bancos.
Racionalizar o trabalho interno aumentando a
produtividade.
Adotaram-se equipamentos que
facilitaram as operações das contas correntes dos clientes.
Década de 70
A automação chegou aos caixas e começou a atingir o público.
Agilizar as operações Bancárias mais
comuns: pagamentos de contas e verificação
de saldo e retirada de extratos.
Os caixas das agências começaram a realizar operações bancárias
simples, como depósitos em caderneta
de poupança e em conta.
corrente, pagamento de conta e verificação de
saldo.
Década de 80
Surgiram os caixas eletrônicos e a automação deixou os limites
das agências para o atendimento do sistema bancário.
Investir no aperfeiçoamento
do atendimento para a conquista de um
número cada vez maior de clientes.
São instalados os quiosques 24 horas,
que permitem verificar saldos, obter extratos,
realizar depósitos e fazer saques em
dinheiro.
Década de 90
A automação oferece atendimento personalizado inclusive
às empresas. Os avanços trouxeram comodidade às pessoas físicas e jurídicas. Os clientes não
precisam deixar suas casas e escritórios a fim de realizarem suas
operações bancárias.
Reduzir ao mínimo a ida às agências.
Surge a poupança automática, o home
banking, o atendimento eletrônico ao cliente e o
banco virtual.
Fonte: Ernst e Young (1996, p.26) apud Dresch (2011)
10
As mudanças dos canais de atendimento ao longo das décadas se caracterizam
pelas alterações de comportamento, hábitos e cotidiano das pessoas. Com isso os
bancos buscaram investir em tecnologia para dar mais comodidade aos seus
clientes, disponibilizando opções de atendimento 24h para serviços que os clientes
não precisam de atendimento pessoal ou até mesmo ir às agências. Mesmo diante
de todo investimento em mudanças de layout de agências e sistema de informação,
oferecendo comodidade, clientes cobram mais presença de profissionais nas
agências, que por sua vez, tiveram sua mão de obra trocada por máquinas e meios
eletrônicos que fazem os “mesmos serviços”. De acordo com Bateson e Hoffman
(2003, p.302), “Aumentar a participação do cliente no processo de prestação do
serviço tornou-se uma estratégia popular para aumentar a oferta de serviços
disponíveis e promover uma forma de diferenciação de serviço. ”
Os clientes exigem conveniência nos serviços, mas muitos destes, requerem uma
interação pessoal, que estão sendo substituídos por canais eletrônicos de
atendimento como: caixas eletrônicos, internet banking e telefone, que são mais
rápidos, mas nem sempre garantem a qualidade do serviço. Algumas empresas
constataram que a implementação de tecnologia em canais de atendimento não é o
principal obstáculo, este se encontra em convencer os clientes a utilizarem (KOTLER
e KELLER, 2012).
2.4 RESISTÊNCIA À UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA
Embora as tendências tecnológicas tragam mais comodidade e praticidade na vida
dos consumidores, muitos ainda preferem o atendimento pessoal. A perda do
contato pessoal ainda representa muito, os consumidores resistem em usar os
meios tecnológicos e se sentem mais à vontade quando se tem um atendimento
pessoal, onde existe o contato direto com o funcionário da empresa.
De acordo com Parasuraman e Colby (2001) existem quatro dimensões distintas que
categorizam a predisposição de consumidores em relação à tecnologia. Duas
exercem o papel de condutores que contribuem para tecnologia, que é o otimismo e
a inatividade. Essas dimensões permitem o aumento da possibilidade de um
11
indivíduo adotar novas tecnologias. Já as dimensões, insegurança e desconforto,
agem como inibidores, obstando o indivíduo a utilizar novas tecnologias.
A utilização de serviços bancários faz parte do cotidiano de algumas pessoas e
muitas vezes estas pessoas não sabem utilizar os serviços eletrônicos que estão a
sua disposição. Por isso é necessário que se tenha funcionários treinados para
orientar e estimular estes clientes a utilizarem os canais eletrônicos. Existem
transações que são mais corriqueiras e fáceis, mas existem também aquelas que
são mais complexas e exigem uma orientação especifica para clientes menos
familiarizados com tecnologias.
A percepção de risco em utilizar estes canais de atendimento varia de indivíduo para
indivíduo e depende de elementos como: tipo de serviço desejado, situação ou
cultura. Schiffmann e Kanuk (2009) destacam seis diferentes tipos de riscos
percebidos pelo consumidor na tomada de decisão:
Risco Funcional: é o risco de que produto não tenha o desempenho esperado;
Risco Físico: é o risco para si próprio ou para os outros que o produto possa
impor.
Risco financeiro: é risco de que produto não valha o custo.
Risco social: é o risco de que uma escolha errada possa resultar em
constrangimento social.
Risco psicológico: é o risco que uma escolha errada irá ferir o ego do
consumidor.
Risco de tempo: é o risco de que o tempo gasto na procura do produto passa
a ser um desperdício se o produto não corresponder à expectativa.
O risco percebido é o que realmente influi na decisão dos clientes, quanto maior o
risco, maior é a probabilidade de ele não usar, no entanto, se o risco não for
percebido, não influenciará no comportamento do consumidor.
12
3 METODOLOGIA
Para a realização deste estudo foi realizada uma pesquisa descritiva, que para Gil
(2002, p.42), “têm como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre
variáveis”.
A abordagem utilizada foi de caráter qualitativo e quantitativo, e incluiu uma pesquisa
de campo, no qual é utilizado métodos específicos e bibliográficos do estudo. O
método qualitativo segundo Richardson, (1985, p.90), “pode ser caracterizado como
uma tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características
situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas
quantitativas de características ou comportamentos”. Este tipo de pesquisa não
utiliza métodos estatísticos e dá ao pesquisador a oportunidade de entender,
compreender e ir mais afundo no problema estudado. Já o método quantitativo para
Gil (2002, p.90) “são dados organizados em tabelas que permitem o teste das
hipóteses estatísticas”.
Para a coleta dos dados da pesquisa foi realizada uma entrevista semiestruturada
com 10 clientes da carteira de pessoa física da agência do banco X. De acordo com
Marconi e Lakatos, (2011, p.281) “a entrevista semiestruturada é quando
entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção
que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente a
questão”.
Ainda de acordo com Gil (1991, p.19), a pesquisa é um “procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são
propostos”. A partir do levantamento dos dados coletados foram feitos os
procedimentos para as análises e a interpretação dos dados.
Como descrito por Gil (2010, p.113):
O processo de análise dos dados envolve diversos procedimentos: codificação das respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos. Após, ou juntamente com análise, pode ocorrer também a interpretação dos
13
dados, que consiste, fundamentalmente, em estabelecer a ligação entre os resultados obtidos com outros já conhecidos, quer sejam derivados de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente.
A análise dos dados qualitativos deu-se a partir da análise de conteúdo, que
segundo Moraes (1999), é uma técnica para ler, interpretar e descrever conteúdos
documentados e textos, e se bem analisados permite compreensão significativa, que
vai além de uma leitura comum. Já a análise dos dados quantitativos, deu-se a partir
da estatística descritiva.
3.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA
A entrevista realizada neste artigo foi efetuada na Região Oeste, da cidade de Belo
Horizonte, no bairro Estoril. A pesquisa foi respondida por 10 clientes entre 21 e 53
anos que utilizam a agência para efetuarem suas transações bancárias. Estes
clientes foram escolhidos de forma aleatória, de ambos os sexos, de diferentes
idades, profissões, necessidades e preferências.
Para esse estudo foram direcionadas 10 entrevistas com clientes da agência
estudada. Os entrevistados para a análise do desenvolvimento foram denominados
A, B, C, D, E , F, G, H,I e J.
3.3 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
Trata-se de uma empresa do setor financeiro que foi fundada em 1857 na província
da Cantábria, Espanha, o grupo é o maior banco da Zona do Euro e um dos maiores
do mundo. A instituição atua com foco no Banco Comercial, que representa a maior
parte de suas receitas, e está presente em dez mercados principais, na Europa e
nas Américas. Atualmente o banco é o principal conglomerado financeiro na América
Latina, onde tem posições de destaque no Brasil, México, Argentina e Chile.
Em atividade no mercado local desde 1982, o Banco X é o terceiro maior banco
privado do Sistema Financeiro Nacional por ativos. A instituição está presente em
todas as regiões do País por meio de uma ampla estrutura, composta de 2313
agências, Postos de Atendimento Bancário (PABs) e máquinas de autoatendimento,
14
além de escritórios regionais, centros de tecnologia e unidades culturais. Hoje em
Belo Horizonte opera com 52 agências.
4 DADOS E ANÁLISE DA PESQUISA
A análise dos dados obtidos foi feita a partir de uma entrevista semiestruturada
respondida por clientes participantes da pesquisa, que tem como objetivo identificar
os motivos pelos quais os clientes da agência resistem na utilização do serviço de
Internet Banking oferecido pelo banco X.
A entrevista foi uma técnica muito relevante para a construção do trabalho, pois ela
possibilitou maior riqueza de detalhes referente ao conteúdo estudado e
apresentado na pesquisa, com isso, facilitou o desenvolvimento de estratégias que
melhorem o serviço prestado, gerando maior satisfação aos clientes.
4.1 PERFIL DOS CLIENTES USUÁRIOS DO BANCO E O CONHECIMENTO
SOBRE O SERVIÇO DE INTERNET BANKING
Apesar de a evolução tecnológica trazer inovações que proporcionem vantagens e
comodidades ao consumidor, muitos clientes resistem em utilizar as inovações
tecnológicas e ainda optam por utilizar o atendimento pessoal. Para muitos
indivíduos e organizações é um benefício, já para outros pode ser um empecilho.
As perguntas da entrevista visam conhecer a opinião dos entrevistados sobre o tema
proposto na pesquisa, buscam ainda identificar a compreensão dos clientes sobre o
serviço de Internet Banking.
As entrevistas foram feitas de forma individual, deixando os entrevistados à vontade.
Os clientes foram entrevistados de forma aleatória, de ambos os sexos, tem entre 21
e 53 anos de idade, e todos já utilizam o banco pesquisado a mais de 3 anos. As
perguntas foram feitas sobre o serviço internet banking que é disponibilizado pelo
banco X. Logo nas primeiras perguntas percebe-se que boa parte dos clientes
entrevistados não conhecem o sistema de Internet Banking ou conhecem de
15
maneira muito superficial. O entrevistado “E” relatou que já ouviu falar do serviço por
amigos e tem vontade de utilizar, mas não sabe como faz para ter acesso ao
sistema. Já o entrevistado “B” alega que nunca teve alguma orientação do gerente
ou recomendação para utilizar o serviço. Os demais entrevistados conhecem
superficialmente o serviço e já tiveram algum contato. A entrevistada “A” diz [...]
“tentei fazer uma transferência para outro banco, cadastrei o favorecido, mas não
consegui finalizar a transferência. Deu um erro e não sabia como resolver. ”
Conforme a concepção de Kotler e Armstrong (1998) o consumidor deve ser
motivado e estimulado de forma eficiente a conhecer um produto, e se este produto
satisfazer suas necessidades provavelmente ele irá comprá-lo.
Shiozawa (1993, p.53) alega que:
Exige-se, portando, criar as condições para o diálogo com o usuário, eliminando as barreiras de comunicação, apresentando alternativas de solução, submetendo ao usuário a decisão final sobre estas alternativas e sobre investimentos envolvidos, adotando uma postura proativa, formando o usuário.
A análise demostrou que falta informação aos clientes, quanto ao serviço pelo canal
de atendimento Internet Banking. Baseado nas respostas dos entrevistados fica
evidente que falta orientação e informação por parte da organização e de seus
colaboradores. Alguns clientes nem sabem que tem esse canal de atendimento
disponível para utilizar, outros até conhecem, mas não são estimulados a utilizar e
não sabem o quanto pode ser útil e cômodo em seu cotidiano.
Na opinião de Hoffman e Bateson (2003) as percepções e empatia dos clientes
sobre os serviços, fundam-se no desempenho dos funcionários que oferecem os
serviços; que são aqueles nos quais os clientes têm o seu primeiro contato.
4.2 UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS NAS AGÊNCIAS
A tecnologia evolui de maneira rápida e proporciona aos bancos opções que tragam
qualidade e eficiência para os serviços, em contrapartida este avanço rápido pode
ultrapassar a capacidade dos clientes de acompanhar e assimilar os sistemas
16
disponibilizados. Diante das dificuldades em utilizar novos sistemas tecnológicos,
clientes continuarão precisando de atendimento que tenha contato humano. De
acordo com Gustavo Fosse Diretor Setorial de Tecnologia e Automação Bancária da
FEBRABAN (2015, p. 6):
Há cerca de duas décadas, os clientes se relacionavam com seus bancos por meio de agências, ATMs e contact centers. Os cheques eram populares e os cartões usados majoritariamente na função saque. Atualmente, 50% das transações bancárias são feitas por meio do internet e mobile banking, resultando em uma experiência mais fluida, cômoda e satisfatória para o cliente.
Um dos objetivos da entrevista é identificar o perfil de utilização dos clientes que
procuram as agências bancárias para fazerem suas transações no dia a dia. Mesmo
tendo a sua disposição, canais eletrônicos que oferecem maior comodidade para
efetuarem suas transações, sem sequer sair de casa, ainda procuram por agências.
Hoje o banco X oferece 4 canais de atendimento eletrônico aos seus usuários,
mesmo assim suas agências ainda atendem um número elevado deles todos os
dias. Significativa parte dos clientes ainda opta por enfrentar extensas filas, com
tempos de espera elevados, para receberem atendimento pessoal em determinados
serviços que provavelmente poderiam ter sido feitos pelos próprios clientes nos
canais eletrônicos.
De acordo com Hoffman e Bateson (2003), para que haja maior participação do
cliente na utilização do serviço é necessário que ocorra mudanças no roteiro do
cliente, pois ele passa a fazer o trabalho que antes era feito pelo funcionário. E isso
faz com que os clientes assumam maior responsabilidade pelo serviço que recebe e
utiliza. Estas responsabilidades passadas aos clientes podem fazer com que eles
não se sintam seguros para utilizar os serviços eletrônicos. Falando especificamente
do serviço de Internet Banking, quando perguntado aos clientes sobre a frequência
de utilização, nenhum dos clientes entrevistados respondeu que utiliza o serviço
frequentemente. Dos entrevistados 80% responderam que utilizam com pouca
frequência e os 20% restantes responderam que nunca utilizou o serviço. Identificou-
se que o perfil da maioria dos entrevistados que utilizam o sistema com pouca
frequência, tratam-se de clientes com faixa etária de 21 a 46 anos, de ambos os
sexos e são clientes do Banco X a mais de 2 anos. O gráfico abaixo mostra de
maneira simples a frequência de utilização do serviço Internet Banking.
17
Gráfico 1 – Frequência de utilização do Internet Banking
Fonte: dados da pesquisa (2016)
A análise a seguir visa complementar as informações do gráfico anterior,
demonstrando quais serviços os clientes entrevistados utilizam nas agências pelo
atendimento pessoal, e destes serviços quais eles poderiam realizar pelo canal de
atendimento eletrônico internet banking.
Gráfico 2 - Serviços utilizados na Agência Bancária que estão disponíveis no Internet
Banking
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
18
O gráfico 2 acima, expõe os serviços que os entrevistados utilizam nas agências;
dos serviços citados 75% poderiam ser feitos pelo canal de atendimento Internet
Banking. Este número pode ser considerado bem elevado e demonstra que, dos
serviços utilizados pelos clientes, a maior parte são realizados nas agências
bancárias. Os grandes investimentos do banco em tecnologias que proporcionam
aos seus clientes maior comodidade e praticidade para efetuarem suas transações
bancárias, sem saírem de casa, ainda não foram assimilados e percebidos pela
maioria dos seus clientes. Mesmo tendo a maioria dos serviços citados disponíveis
no Internet Banking, os clientes ainda preferem ir às agências onde tem atendimento
feito pelos funcionários.
Fazendo uma comparação com o serviço eletrônico dos ATMs (Automated Teller
Machine), o Caixa Eletrônico Automático, que também é disponibilizado aos clientes,
Hoffman e Bateson (2003, p.166) afirmam que, “Para alguns clientes, um ATM
representa risco maior, menos controle da situação e perda de contato humano.”
4.3 DIFICULDADES ENCONTRADAS NO INTERNET BANKING
Hoje em dia as instituições bancárias criam sistemas tecnológicos para que facilite a
vida de seus clientes, dando as eles conforto e facilidade para efetuarem suas
transações bancárias. Mesmo com serviços eletrônicos disponíveis, o atendimento
pessoal nas agências ainda é o mais procurado pelos clientes.
De acordo com Kotler e Armstrong (1998) a atitude dos clientes com relação à
tecnologia depende de estarem mais envolvidos com suas maravilhas ou com seus
erros. O internet banking é um serviço que pode ser acessado por dispositivos
móveis como: computadores, notebooks e celulares. A grande vantagem é que pode
ser utilizado em qualquer local, desde que tenha um destes dispositivos e rede de
internet para acessar. Como a maioria dos entrevistados responderam que utilizam o
serviço com alguma frequência, foi perguntando a eles se quando foram acessar
tiveram alguma dificuldade.
19
O entrevistado “G” relatou que às vezes o sistema apresenta erros ou
lentidão/indisponibilidade e não aparece nenhum alerta de manutenção de sistema
ou algo parecido. A entrevistada “I” relatou que quando foi acessar deu um erro
falando que seu dispositivo não era compatível e não tinha uma orientação de como
ela poderia resolver tal problema. A entrevistada “A” relata que teve dificuldade para
transferir dinheiro para outro banco e não teve suporte algum do Banco X. Já o
entrevistado “J” sugeriu que o banco tivesse em suas agências um computador
disponível para que um funcionário orientasse o cliente no primeiro acesso ao
internet banking.
A análise demonstrou que falta pró-atividade por parte dos colaboradores em
informar os clientes sobre a utilização do serviço. Alguns clientes tem o interesse e
tentam utilizar o serviço, no entanto, faltam a eles conhecimento e orientação sobre
como utilizá-lo. Quando se deparam com alguma dificuldade no momento da
utilização, não sabem e não tem suporte para ajudá-los a solucionar o problema e
concluir a transação que desejam fazer. Outro problema percebido foi com relação à
inconsistência e incompatibilidade do sistema. Quando se deparam com algum
problema técnico, não encontram suporte e informações suficientes para ajudá-los a
solucionar.
Para Shiozawa (1993, p.53):
Exige-se, portando, criar as condições para o diálogo com o usuário, eliminando as barreiras de comunicação, apresentando alternativas de solução, submetendo ao usuário a decisão final sobre estas alternativas e sobre investimentos envolvidos, adotando uma postura pró-ativa, formando o usuário..
4.4 MAIORES BENEFÍCIOS
Um dos objetivos das perguntas feitas aos clientes é também de identificar os
benefícios que eles consideram que o sistema Internet Banking pode oferecer.
Facilidades para otimizar o tempo é o que a maioria das pessoas buscam, com o
cotidiano acelerado e com pouco tempo para resolver as coisas do dia a dia, tudo
20
que for possível fazer para otimizar tempo e trabalho é feito. É pensando nisso que
as instituições financeiras vêm cada vez mais inovando e investindo em tecnologias
para facilitarem a vida de seus clientes. Em contrapartida diminui o movimento em
suas agências, gerando menos gastos com pessoal e espaço físico para atendê-los.
Segundo Cobra (1992), os recursos tecnológicos que uma empresa oferece pode
ser um grande diferencial competitivo ao seu favor, com mercado altamente
competitivo, a tecnologia pode afetar positivamente a relação entre empresa e
consumidor.
Entre os entrevistados não há dúvidas que o sistema possa facilitar o dia a dia de
cada um com relação às operações bancárias que eles necessitam, conforme relata
o entrevistado “B” [...] “ Agilidade, praticidade e evita que eu pegue fila para ir ao
caixa, com isso eu ganho tempo para fazer outras coisas. ” , da mesma forma relata
o entrevistado “C” [...] “Rapidez, deixo de enfrentar longas filas e traz comodidade à
minha rotina diária”. Todos os entrevistados relataram em suas respostas que o
canal de atendimento internet banking atende suas necessidades, pois lhe dão
comodidade, praticidade, agilidade e o mais importante, permite a eles que façam
suas operações sem perder tempo enfrentando filas nas agências. O fato de não
precisar sair de casa para ir ao banco pode evitar que o cliente perca tempo com
deslocamento e com espera em filas de banco. Sendo assim eles ganham tempo
para fazer outras atividades do cotidiano, e isso pode gerar a eles uma melhor
qualidade de vida, pois terão mais tempo no seu dia para, por exemplo, para fazer
uma atividade física, ficar com a família ou até mesmo chegar em casa mais cedo
para descansar.
Para Hoffman e Bateson (2003, p.304), “A empresa deve fornecer ao cliente
informações que expliquem por que as oportunidades de autosserviços estão sendo
oferecidas e os benefícios para o possível cliente”.
4.5 SEGURANÇA E RISCOS EM OPERAÇÕES PELAS REDES
Outro objetivo das perguntas é identificar quais os pontos negativos que eles
consideram neste sistema que aparentemente traz muita praticidade e comodidade a
21
eles.
Seguindo as tendências tecnológicas da área financeira onde os bancos estão cada
vez mais digitais, existe um alto investimento por parte deles na melhoria de seus
sistemas e canais de atendimento. E um deles é o Internet Banking, sistema este
que pode ser acessado por computadores e dispositivos móveis que possuam rede
de internet.
No entanto todo este investimento e desenvolvimento do sistema Internet Banking
não é percebido pelos usuários; talvez nem seja o sistema em si, e sim a
insegurança em utilizar esse tipo de sistema. Isso fica evidente no momento da
entrevista em que todos quando perguntados quanto a um ponto negativo do
Internet Banking, responderam que a insegurança em utilizar o sistema é a maior
barreira encontrada por eles. Há muito medo em utilizar as redes para fazer
transações bancárias, existe uma grande preocupação com os hackers e com os
danos financeiros que eles podem causar, roubando seus dados pessoais e
bancários, o que é relatado pela entrevistada ‘‘D” [...] “Fraudes pela internet, e o
medo de ter meus dados roubados na web me deixa muito preocupada, o banco
poderia investir em mais segurança online”. Já outro entrevistado chega a ser mais
pessimista e não vê solução para o problema, o entrevistado “B” afirma que[...] “risco
e insegurança, o banco não pode eliminar este problema”.
Para Shiozawa (1993, p.113), um sistema de qualidade:
Deve funcionar de modo a promover adequada confiança de que o sistema é bem entendido e eficaz, e que os produtos/serviços realmente atendam as expectativas do cliente; é dada ênfase à prevenção de problemas, ao invés da dependência da detecção após sua ocorrência.
Nota se que o fator que mais evidência a resistência dos clientes em utilizarem o
canal de atendimento Internet Banking é a insegurança e o risco que o sistema pode
oferecer aos usuários. Os clientes consideram que existe um risco muito alto em
utilizar o sistema, todos os entrevistados têm opiniões semelhantes com relação a
falta de segurança e os riscos de fraudes como principais obstáculos para utilizar o
sistema oferecido pelo banco X. Além do risco e a falta de segurança, percebe-se
que falta suporte e atendimento ao usuário quando ocorre algum problema,
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informações para alertá-los dos riscos possíveis e das medidas de segurança que
devem ser utilizadas.
Ainda segundo Shiozawa (1993, p.53):
O atendimento deve ser preventivo e não reativo, ou seja, não esperar que seja solicitado. A maioria dos clientes insatisfeitos com produto ou serviço não utiliza novamente o mesmo fornecedor, caso nenhuma medida seja adotada. Em muitos casos, nem se sabe que o cliente saiu insatisfeito. É verdade também que é possível trazer a maioria deles de volta, caso o problema seja atacado (não obrigatoriamente resolvido) de forma rápida e atenciosa.
4.6 ADEQUAR O SERVIÇO AS NECESSIDADES DOS CLIENTES
O estudo busca entender quais são os fatores que causam resistência aos clientes,
saber a opinião deles quanto a satisfação com o serviço Internet Banking oferecido
pelo banco X e o que os faria utilizar mais a ferramenta disponível.
Alguns entrevistados demonstraram em suas respostas que até conhecem o serviço
de Internet Banking, mas não o utilizam. Em sua maioria alegaram que os serviços
muitas vezes não atendem as necessidades do usuário e sugerem melhorias ao
sistema. Para o entrevistado “A” criar funcionalidade de desbloqueio de cartão
adicional na internet banking, para o entrevistado “B” tornar possível pela internet
todos os tipos de serviços e para o “D” cancelar alguns serviços, reafirmando na
seguinte parte da entrevista [...] “Tenho muita dificuldade para cancelar serviços que
não desejo mais, queria cancelar um seguro e gastei muito tempo fazendo isto pelo
telefone”. Já “F” relata que os limites e valores não atendem suas necessidades e
completa [...] “ Eu faço movimentação de valores mais altos e nunca consigo fazer
pelo internet banking, seria muito mais fácil para mim se tivesse um limite maior que
me atendesse, assim não precisaria de ir até a agência” e “C” não consegue
cadastrar e autorizar uma pessoa de outro banco como favorecido para efetuar uma
transferência, é preciso cadastrar e ir até uma agência autorizar.
Hoje em dia a maioria das pessoas tem acesso e utilizam computadores, smartfones
e tablets. Vivemos em um mundo cada vez mais tecnológico, dessa forma, a grande
maioria utiliza e conhece um pouco sobre tecnologias. Nas entrevistas realizadas
23
pode-se perceber que os clientes que responderam à pesquisa têm, mesmo que
superficial, certo conhecimento e um pouco de domínio para utilizar computadores,
smartphones entre outros. Alguns até utilizam o serviço internet banking, mas não
estão satisfeitos com o que é oferecido pelo mesmo. Bateson e Hoffmnan (2003,
p.327) afirmam que:
Todas as empresas de serviço precisam definir e medir proativamente a satisfação do cliente. Esperar que os clientes reclamem para identificar problemas no sistema de prestação de serviço ou medir o progresso da empresa no que diz respeito à satisfação do cliente com base no número de queixas recebidas é uma atitude ingênua.
Conclui-se pelas respostas que os usuários do sistema consideram, portanto, que a
funcionalidade do serviço é falha e deixa a desejar. Os clientes entrevistados têm
facilidade e acesso para utilizar o serviço, mas não o utilizam ou utilizam com pouca
frequência porque não atendem suas necessidades. Eles também consideram que o
serviço pode trazer funcionalidade e comodidade em seu cotidiano para realizarem
transações bancárias, no entanto, entendem que é preciso que ocorra melhorias no
sistema Internet Banking. Segundo Kotler e Armstrong (1998, p.6) para que o cliente
esteja satisfeito, “A chave é equilibrar as expectativas do cliente com desempenho
da empresa. A satisfação do cliente é intimamente ligada à qualidade. Em sentido
mais restrito, qualidade pode ser definida como ausência de erros. ”
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÔES O estudo identificou fatores que levam os clientes da carteira de pessoa física do
banco X a não utilizarem o serviço de Internet Banking para efetuarem suas
transações bancárias. E como objetivos específicos identificou-se os motivos que
ainda os fazem utilizar as agências. A partir dos dados coletados o estudo propôs
uma discussão para que se contribua para um melhor aproveitamento do serviço
eletrônico que é oferecido pelo banco.
Diante das análises feitas com os dados coletados foi possível verificar alguns
fatores que contribuem para a não utilização do internet banking. Todos estes fatores
perpassam pela falta de comunicação da empresa com seus clientes, a começar por
seus colaboradores, que não estão transmitindo as informações necessárias aos
clientes e nem os orientando a utilizar os serviços que o Banco oferece. É preciso
24
que haja uma mudança no roteiro de atendimento, funcionários precisam ser
proativos no atendimento aos clientes, devem apresentar todos os serviços que
estão disponíveis para eles utilizarem. Além disso, é preciso estimular estes clientes
a utilizar o serviço, mostrando a eles as facilidades que o sistema pode proporcionar
sem que eles saiam de casa. Fazer com que eles percebam a comodidade de poder
fazer a transação que deseja, sem precisar ir até uma agência e perder tempo em
filas.
Outro ponto importante apontado pelo estudo foi a falta de suporte ao cliente, é
necessário que a empresa tenha um suporte que atenda os usuários do internet
banking. Todo sistema pode apresentar algum problema ou dificuldade para o
usuário no momento do acesso e nesses momentos é preciso que o cliente tenha
um suporte para ajudá-los a solucionar problemas e apresentar alternativas para
suas dificuldades no acesso ao sistema.
Os entrevistados reconhecem que o sistema internet banking pode ser muito útil no
dia a dia, no entanto demostram insegurança em utilizar o sistema e insatisfação
com o mesmo. Como dito anteriormente todos os fatores passam pela falta de
comunicação com o cliente. Utilizar um canal eletrônico ligado as redes para
efetuarem transações bancárias representa riscos aos clientes. Os usuários
conhecem muito pouco o sistema e não são bem orientados a utilizar de forma
segura. É preciso agir de maneira preventiva, assessorar, informar o cliente sobre o
sistema que está utilizando e as maneiras de se evitar problemas com fraudes. O
cliente bem orientado e alertado, sente-se mais seguro para utilizar. Já em relação
ao sistema foi percebido que não há interação da empresa com os clientes, muitos
clientes deixam de utilizar o internet banking por não terem as suas necessidades
atendidas. Exemplo disso são os baixos limites de transações entre contas. O banco
não está atento a satisfação dos clientes com o sistema e não está agindo
proativamente para identificar problemas e medir a satisfação do usuário, está
esperando que os clientes reclamem e apontem os problemas.
Com o estudo realizado foi possível coletar informações relevantes para a pesquisa
e fazer análises importantes sobre o problema, essas análises deram embasamento
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para que se chegasse às respostas e sugestões para o problema.
A partir do estudo feito e da constatação de alguns fatores que impactam a utilização
do sistema é possível sugerir algumas medidas que contribuam para uma melhorar
utilização do mesmo. A primeira delas é fazer com que estes clientes já tenham
contato com sistema na abertura de sua conta bancária, em cada contato com o
cliente apresentar o canal de atendimento eletrônico e mostrar as facilidades que o
serviço pode proporcionar. A boa comunicação com os clientes é fundamental para
o bom entendimento do sistema. Outra sugestão seria que o banco fizesse uma
pesquisa, a fim de identificar medidas que possam popularizar o sistema internet
banking, fazendo com que essa popularização torne o sistema mais comum no dia a
dia dos clientes, dessa forma eles teriam mais interesse em conhecer o sistema,
mais facilidade para utilizá-lo e menos insegurança.
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REFERÊNCIAS
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eletrônicos: Uma análise da utilização pelos associados de uma cooperativa de
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Cooperativas) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS, Rio Grande
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27
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APÊNDICE O presente roteiro de entrevista visa levantar informações sobre os aspectos de
aceitação e resistência dos clientes do Banco X da cidade de Belo Horizonte em
relação ao uso do canal alternativo de atendimento oferecido pela instituição, que é
o Internet Banking.
1. Sexo
2. Idade
3. Há quanto tempo utiliza serviços bancários?
4. O quanto você conhece dos serviços bancários oferecidos pela internet pelo
Banco X?
5. Em relação ao Internet Banking do Banco X:
( ) Utiliza com muita frequência
( ) Utiliza com pouca frequência
( ) Não utiliza
6. Normalmente, quais são os serviços que você utiliza nesta agência?
7. Você já utilizou a internet para fazer qualquer uma dessas operações? Se sim,
você teve alguma dificuldade para realizar tal transação?
8. Quando você pensa em serviços bancários pela internet, quais são os
maiores benefícios que você identifica?
9. Quando você pensa em serviços bancários pela internet, quais são os
principais fatores negativos que você identifica? Como você acha que o banco
poderia eliminar estes problemas?
10. O que te faria usar o Internet Banking para todos os serviços que você
precisa?