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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO Programa de Pós Graduação Mestrado em Educação EDUCANDO SABORES Introduzindo o cuidado nutricional no cotidiano escolar da criança Amanda Regina Alves Calegari AMERICANA 2013

CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO … · SBH – Sociedade Brasileira de Hipertensão ... 1.1 Alimentação infantil e cultura alimentar na atualidade ... traçar um paralelo

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

Programa de Pós Graduação

Mestrado em Educação

EDUCANDO SABORES

Introduzindo o cuidado nutricional no cotidiano escolar da criança

Amanda Regina Alves Calegari

AMERICANA

2013

1

Amanda Regina Alves Calegari

EDUCANDO SABORES

Introduzindo o cuidado nutricional no cotidiano escolar da criança

Dissertação de Mestrado apresentada como

exigência parcial para a obtenção do grau de

Mestre em Educação, à Coordenação do

Programa de Mestrado em Educação do Centro

Universitário Salesiano, sob orientação do

Professor Dr. Severino Antônio Moreira Barbosa.

AMERICANA

2013

2

Catalogação: Bibliotecária Carla Cristina do Valle Faganelli CRB-8/9319

UNISAL: Unidade de Ensino de Americana

C153e Calegari, Amanda Regina Alves Educando sabores: introduzindo o cuidado nutricional no cotidiano escolar da criança./ Amanda Regina Alves Calegari. – Americana: UNISAL, 2013.

186f.

Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro Universitário Salesiano - UNISAL – SP

Orientador (a): Prof. Dr. Severino Antonio Moreira Barboza. Inclui Bibliografia.

1. Educação nutricional infantil. 2. Criança. 3. Hábito alimentar saudável. I. Título. II. Autor

CDD 642.57

3

Autor: Amanda Regina Alves Calegari

Título: Educando Sabores: Introduzindo o cuidado nutricional no cotidiano escolar da

criança

Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação, do curso de Mestrado em Educação na Instituição Centro Universitário Salesiano de São Paulo .

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em 11/12/2013, pela comissão julgadora: ______________________________________________________ Prof. Dr. Severino Antônio Moreira Barbosa – UNISAL - Orientador _______________________________________________________ Prof. Dr. Francisco Evangelista – UNISAL – Membro Interno _______________________________________________________ Profa. Dra. Regiane Rossi Hilkner – UNISAL – Membro Externo

Americana 2013

4

DEDICATÓRIA

Dedico mais esta vitória a meu amado marido e companheiro de todas as horas, nas

boas, mas, principalmente presente nas ruins. A ele meu sincero agradecimento e

por ele, meu esforço é redobrado.

A meu filho, Vitor, pois sinto o quanto dele me afastei para dedicar-me e concluir

mais este projeto.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me fortalecer em cada desafio e por me dar condições

suficientes para cumprir este caminho, mas principalmente, por me dar uma família,

pois sem eles, as bases do meu mundo teriam ruído antes mesmo de erguerem-se

as paredes.

A Severino Antônio, por me mostrar que a beleza está naquilo que sabemos fazer de

melhor e que ao fazê-lo com prazer, torna-se a obra mais harmoniosa, inspiradora e

digna de satisfação pessoal.

Às crianças, que me inspiraram o desejo de mudar o mundo; mudar por elas; a

começar por elas. Para as quais desejo mais saúde, mais prazeres e mais infância.

Aos professores que se dedicam a melhorar o ofício docente e que não se curvam

diante dos desafios do universo educacional. A eles meus sinceros agradecimentos,

pois deles herdei a esperança e a vocação de lutar por minhas convicções.

Aos colaboradores deste projeto, professores, coordenação e direção do colégio

pelo apoio incondicional às propostas oferecidas e por estimularem nos familiares à

importância deste. Mas, principalmente, à dedicação da aluna do curso de Nutrição,

Nathany Zabini Rodrigues, que participou desde o princípio e que se tomou de

envolvimento a ponto de dar continuidade ao projeto como base para a produção de

seu Trabalho de Conclusão de Curso em Nutrição.

Agradeço ainda, a todos que vibraram e me apoiaram nesta jornada de

aprimoramento e que acreditaram em meu potencial.

6

“Feliz aquele que transfere o que sabe e

aprende o que ensina.”

Cora Coralina

7

RESUMO

Esta pesquisa apresenta-se como estudo de caso para analisar o efeito da

educação nutricional sobre os hábitos alimentares na fase infantil dos sete anos, em

uma escola de Ensino Fundamental na cidade de Itu/SP. Objetivei sensibilizar,

através dos sentidos, crianças em fase escolar, à criticidade na escolha de seus

alimentos e consciência da função destes ao seu desenvolvimento. Desenvolvido de

forma lúdica e interativa, como parte integrante do projeto pedagógico do Ensino

Fundamental, o projeto „Educando Sabores‟ busca a consciência de hábitos

alimentares adequados. Assim, esta dissertação expõe e analisa problemas de

saúde atuais, relacionados à alimentação, num olhar de prevenção através da

educação para além dos conteúdos programáticos do Ensino Fundamental,

propondo a inserção de uma educação nutricional para escolares. A pesquisa tem

por objetivo discutir os benefícios à saúde, como bem estar físico, social e

psicológico, de crianças com hábitos conscientes sobre sua alimentação e,

necessariamente, conscientização de seu ambiente familiar e social. Através do

conceito da educação Sociocomunitária, espera-se que este projeto seja de

utilização inicial para as escolas e posteriormente, contribua para uma comunidade

mais instruída sobre saúde alimentar e socialmente ativa quanto aos seus deveres e

direitos. Quanto à metodologia, trabalha-se com uma pesquisa ação qualitativa e a

análise e discussão dos temas propostos baseiam-se em levantamentos

bibliográficos e investigação “in loco” com o projeto Educando Sabores. Concluiu-se

que a criança e seus familiares, tanto quanto a escola, estão carentes de

conhecimentos sobre alimentação e saúde, sendo de objetivo do colégio, da

pesquisadora e dos pais, dar continuidade ao projeto nos próximos anos letivos.

Palavras-chave: Educação nutricional infantil; educando sabores; criança; hábitos

alimentares saudáveis, Educação Sociocomunitária.

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ABSTRACT

This research is presented as a case study to analyze the effect of nutrition

education on dietary habits in the infant stage of the seven years in a primary school

in the city of Itu / SP. Objetivei awareness, through the senses, schoolchildren, the

criticality in their choice of food and awareness of these function to their

development. Developed a playful and interactive way, as part of the education

program of the Elementary School, the project 'Educating Flavors' search conscience

of proper eating habits. Thus, this dissertation presents and analyzes of current

health problems related to food, a look of prevention through education beyond the

syllabus of elementary school, proposing the inclusion of a nutrition education for

school. The research aims to discuss the health benefits, as well as physical, social

and psychological wellbeing of children conscious about their food habits and

necessarily aware of their family and social environment. Through the concept of

socio-communitarian education, it is expected that this project is the first use for

schools and subsequently contribute to a more educated community about health

food and socially active about their duties and rights. Regarding the methodology, we

work with a qualitative action research and analysis and discussion of the themes are

based on literature surveys and research "in loco" Educating with the Flavors design.

It was concluded that children and their families, as well as the school are lacking in

knowledge about food and health, with the goal of the college, the researcher and

parents, to continue the project in the coming school years.

Keywords: Infant nutrition education; educating flavors; child; healthy eating habits,

socio-communitarian Education.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABESO – Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica

CAISAN – Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional

CONSAD – Consórcio de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local

CONSEA – Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

DCNT – Doença Crônica não Transmissível

DHAA – Direito Humano à Alimentação Adequada

DTA – Doenças Transmitidas por Alimentos

EJA – Educação de Jovens e Adultos

FAO – Food and Agriculture Organization

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas

LDB – Lei de Diretrizes e Bases

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases para Educação Nacional

LOSAN – Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional

MEC – Ministério da Educação e Cultura

MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

OMS – Organização Mundial de Saúde

PAA – Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar

PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador.

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar

PNE – Programa de Alimentação do Trabalhador

PNSAN - Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SBH – Sociedade Brasileira de Hipertensão

SISVAN - Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional

SISAN - Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

WHO – World Health Organization

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 12

................................................................................................................................................. 17 CAPÍTULO 1

........................................................................................... 17 EDUCAÇÃO NUTRICIONAL INFANTIL

1.1 Alimentação infantil e cultura alimentar na atualidade .................................... 26

1.2 Educação para alimentação infantil .............................................................. 37

1.3 Consumo Alimentar e Causalidade ............................................................... 45

1.3.1 Patologias associadas à má nutrição ....................................................... 49

CAPÍTULO 2 ................................................................................................................................................ 58

EDUCAÇÃO PARA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ........................................ 58

2.1 Segurança Alimentar e Políticas Públicas existentes ....................................... 65

2.2 Educação Nutricional para Infância e Escola .................................................. 70

2.3 Educação Nutricional no ambiente familiar e social ......................................... 78

2.4 Educação Nutricional: mediadora de transformação social ............................... 84

................................................................................................................................................. 90 CAPÍTULO 3

....................................................................................................... 90 PROJETO EDUCANDO SABORES

3.1 Delineamento do projeto ............................................................................ 97

3.1.1 Resultados da pesquisa ........................................................................ 105

Resultado do questionário de consumo alimentar e hábitos das crianças atendidas

pelo projeto Educando Sabores. ...................................................................... 106

Resultado da avaliação nutricional das crianças atendidas pelo projeto Educando

Sabores. ....................................................................................................... 111

3.1.2 Discussão dos dados .............................................................................. 113

3.2 Pedagogia lúdica. ...................................................................................... 118

4 CONCLUSÃO .......................................................................................................................................... 124

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 129

APÊNDICE A: Encartes para colorir .................................................................. 139

APÊNDICE B: Anamnese Alimentar – Inquérito alimentar e comportamental ......... 140

APÊNDICE C: Livro de receitas saudáveis ......................................................... 142

PRATOS PRINCIPAIS ........................................................................................................................... 145

11

ASSADO DE PANELA COM ALHO PORÓ ................................................................ 146

BRACHOLA DE CARNE ....................................................................................... 146

CARNE CHINESA .............................................................................................. 146

FILÉ DE FRANGO AO MOLHO DE MARACUJÁ ........................................................ 147

HAMBURGUER DE SOJA .................................................................................... 148

FRANGO DESFIADO AO CREME .......................................................................... 148

LAGARTO AO MOLHO DE PALMITO ..................................................................... 149

PEIXE COM LEGUMES ....................................................................................... 150

SOBRECOXA ASSADA AO MOLHO DE LARANJA .................................................... 150

GUARNIÇÕES ............................................................................................................................................ 151

SUFLÊ DE MORANGA ........................................................................................ 152

CREME DE MILHO VERDE .................................................................................. 153

PÃES .............................................................................................................................................................. 154

PÃEZINHOS DE MAÇÃ ....................................................................................... 155

PÃO DE BATATA ............................................................................................... 156

PÃO INTEGRAL PARA LANCHE ............................................................................ 157

PÃO NUTRITIVO ............................................................................................... 158

PÃO DE MANDIOQUINHA................................................................................... 159

SOPAS ........................................................................................................................................................... 160

SOPA DE BRÓCOLIS ......................................................................................... 161

CREME ESPECIAL ............................................................................................. 161

CREME DE VERDURAS ...................................................................................... 161

SOPA DE MILHO VERDE COM FRANGO ................................................................ 162

SOPA DE ABOBRINHA ....................................................................................... 163

SOPA DE ABÓBORA .......................................................................................... 163

SOPA CREME DE LEGUMES E QUINUA ................................................................. 163

CANJA DELICIOSA ............................................................................................ 164

SOPA DE FRANGO COM CENOURA ...................................................................... 164

SOPA ALELUIA ................................................................................................. 165

SOPA DE GRÃO DE BICO ................................................................................... 165

12

SOBREMESAS ............................................................................................................................................ 166

BOLO DE CHOCOLATE ...................................................................................... 167

COMPOTA DE MAÇÃ.......................................................................................... 167

BOLO DE MAÇÃ E CANELA ................................................................................. 168

CREME DE LIMÃO COM IOGURTE ....................................................................... 169

GELADO DE MORANGO ..................................................................................... 168

CUBOS AO CREME COM MORANGO .................................................................... 169

LEITE CONDENSADO LIGHT............................................................................... 169

TORTA DE RICOTA (chesse cake) ...................................................................... 170

APÊNDICE D: Questionário de hábitos alimentares aplicado aos pais após intervenção

do programa Educando Sabores ...................................................................... 171

APÊNDICE E: BATIDÃO DA ALIMENTAÇÃO ........................................................ 172

APÊNDICE F: SUGESTÃO DE LANCHES SAUDÁVEIS ........................................... 173

APÊNDICE G: INFORMATIVO AOS PAIS SOBRE DISLIPIDEMIA. ............................ 174

MEMORIAL ACADÊMICO ................................................................................. 176

12

INTRODUÇÃO

A avaliação da situação nutricional de crianças na fase escolar é de suma

importância para o diagnóstico de saúde e risco de doenças, uma vez que pode

evitar morbidades no futuro. O conhecimento, bem mais que o acesso à alimentação

balanceada, é de fundamental importância nessa fase da vida para o

desenvolvimento corpóreo, cognitivo e social.

A partir da discussão em torno do conceito de segurança alimentar e práticas

nutricionais no cotidiano escolar infantil, minha pesquisa busca dialogar com o leitor

sobre os riscos da desinformação nutricional para a saúde infantil e

consequentemente, nas próximas fases da vida, correlacionando-os ao trabalho de

prevenção de distúrbios alimentares, carências nutricionais, além de informar sobre

doenças veiculadas por alimentos, através de um programa de educação nutricional

infantil denominado como Projeto “Educando Sabores”. Apresento este projeto como

estudo de caso para analisar o efeito do aconselhamento nutricional sobre os

hábitos alimentares na fase infantil dos sete anos, em uma escola de Ensino

Fundamental na cidade de Itu/SP e meu objetivo é sensibilizar através dos sentidos,

crianças em fase escolar, à criticidade na escolha de seus alimentos e consciência

da função destes ao seu desenvolvimento.

Justifico este projeto baseando-me principalmente em defender que práticas

nutricionais efetivas associadas ao Programa Nacional de Educação, garantiriam o

acesso alimentar racional e, portanto, a melhor escolha do alimento,

informando/formando uma consciência coletiva de hábitos alimentares saudáveis.

Tenho como objetivo, ainda no primeiro capítulo, „Educação Nutricional Infantil‟,

traçar um paralelo entre antropologia e sociologia da alimentação e a cultura

alimentar atual, bem como, modernidade e estilo de vida, para assim, estabelecer a

justificativa e hipótese da pesquisa, que permeiam sobre resgate à alimentação

natural e saudável, promovendo qualidade de vida nesta e nas próximas fases do

ciclo vital do ser humano. Tais discussões serão ampliadas ambientando o leitor

acerca do meio alimentar infantil, com definições sobre desenvolvimento e

crescimento adequados, obesidade infantil, doenças associadas ao hábito alimentar,

ambiente de inserção social, influência da mídia na escolha alimentar, estado

13

emocional, distúrbios alimentares e psicológicos envolvidos nesta fase. Este capítulo

está dividido em três eixos de discussão que conversam com o principal, Educação

Nutricional Infantil, sendo que no primeiro eixo discute-se a alimentação infantil sob

a ótica do estilo de vida atual e da organização social e familiar para atender a

alimentação, percorrendo por cultura alimentar e influências geradas pela mídia,

pelas cantinas e pelos grupos sociais no cotidiano infantil.

Ampliando a discussão, abordo a educação, a educação nutricional e a

educação nutricional infantil, pautando-as e levantando a importância da educação

nutricional na primeira fase do Ensino Fundamental, buscando prevenir patologias

associadas aos maus hábitos alimentares, dentre outros distúrbios próprios do ciclo

infantil. Creio ser esta uma discussão muito rica, pois envolve conceitos como estilo

de vida da sociedade moderna, o alimento como fonte de afeto em compensação da

ausência familiar, as doenças crônicas, patologias1 consideradas de adultos e que

hoje afetam cada vez mais crianças, como as dislipidemias2, diabetes, obesidade e

hipertensão arterial, enfim, patologias associadas à má nutrição.

Atualmente os hábitos de vida da população mundial têm colaborado para o

aumento expressivo da incidência de doenças crônicas entre os mais jovens, sendo

que na infância, um período da vida do ser humano que é caracterizado por intenso

desenvolvimento e crescimento, envolvem-se ainda, aspectos emocionais,

psíquicos, biológicos, culturais e sociais. Em 2020, acredita-se, que 80% das

doenças nos países em desenvolvimento serão decorrentes desses distúrbios

(SIMÕES; STACCIARIN; POGGETTO, 2010).

O segundo capítulo do meu trabalho tem por objetivo apresentar, ampliar e

discutir segurança alimentar, direitos da criança, educação nutricional para a

criança, a escola, a família e para o ambiente social. Sob o título de Educação para

Segurança Alimentar e Nutricional, desvendo as ações existentes a respeito da

1 Patologia: (derivado do grego pathos, sofrimento, doença, e logia, ciência, estudo) é o estudo

das doenças em geral sob aspectos determinados, tanto na medicina quanto em outras áreas do

conhecimento, envolve tanto a ciência básica quanto a prática clínica, e é devotada ao estudo das

alterações estruturais e funcionais das células, dos tecidos e dos órgãos que estão ou podem estar

sujeitos a doenças.

2 A dislipidemia é caracterizada como a alteração da concentração de lipídios (gordura) no sangue,

como o colesterol por exemplo. Sua etiologia pode ser genética ou por estilo de vida inadequado

(PORTAS, 2008).

14

segurança alimentar e aponto políticas públicas desenvolvidas no intuito de

promover a saúde e a alimentação de qualidade, com acesso a todos os brasileiros.

Assim o tema conduz ao entendimento sobre políticas públicas de segurança

alimentar, sinalizando higiene, Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) e

profilaxia3, explicitando a relação entre o conhecimento em qualidade sanitária e a

prevenção de doenças através de higiene e cuidados na seleção dos alimentos.

Contudo, ainda neste capítulo aponto e discuto metodologias pedagógicas e

programas educativos, como o projeto aqui desenvolvido, que busquem garantir a

segurança alimentar, mas que também apontem um caminho para a educação

envolvida pelos sentidos do corpo e pelo sentimento humano, pois alimento é sabor,

aparência, aroma, mas é principalmente símbolo de amor, carinho, cuidado e

através da sensibilização da criança quanto aos sabores, educa-se alimentar e

afetivamente o corpo e a alma.

Segundo Rubem Alves, 2005, “quem pensa que a comida só faz matar a fome

está redondamente enganado. Comer é muito perigoso. Porque quem cozinha é

parente próximo das bruxas e dos magos. Cozinhar é feitiçaria, alquimia. E comer é

ser enfeitiçado.”

Seguindo o raciocínio do autor sobre a alquimia da alimentação, quando não se

tem consciência do valor, tanto positivo, quanto negativo do consumo alimentar,

ignora-se que grandes transformações ocorrerão metabolicamente no organismo

humano, consequentemente gerando reações tanto positivas, quanto negativas à

saúde em geral.

No item “Educação nutricional: mediadora de transformação social” convido a

analisar a Educação Nutricional como programa acessório às políticas nacionais do

Ministério da Educação e do Desenvolvimento Social, no caminho de concretizar a

ideologia dos programas atuais e fortalecer a “luta“ contra a desigualdade social e

alimentar, ampliando a consciência coletiva de hábitos alimentares adequados como

promotores de saúde.

A escola como veículo de formação pessoal e disseminação do conhecimento,

torna-se também, meio de garantir a seguridade alimentar através da formação de

hábitos alimentares adequados a seu alunado e estes, ao conhecerem os alimentos

3 Profilaxia: conjunto de medidas que tem por objetivo prevenir ou atenuar doenças e suas

complicações.

15

aceitarão melhor sua inclusão no cardápio diário e levarão esse hábito consigo para

os familiares e ambientes sociais.

Assim, um questionamento torna-se necessário para ampliar a discussão: somente

garantir o acesso à alimentação torna-se garantia de saúde e adequação

nutricional?

O aconselhamento nutricional integrante aos programas nacionais de

segurança alimentar e como parte da educação básica, tornar-se-ia uma ferramenta

preventiva importante para ampliação da qualidade de vida social.

Neste sentido, discuto a importância de uma educação nutricional para além da

promoção à saúde, mas como forma de socialização, conscientização de

valorização na criança, pois sem a associação do conhecimento, apenas garantir o

acesso ao alimento, não significa garantia de saúde nutricional.

Parto da hipótese para a pesquisa que, quanto mais informado

nutricionalmente, maiores serão as chances de praticar bons hábitos alimentares,

garantindo o bem estar físico, psíquico e emocional. E quanto antes a educação

nutricional ocorrer, menores serão os riscos à saúde individual, familiar e social, pois

o conhecimento adquirido sobre bons hábitos alimentares pela criança na escola,

será retransmitido ao âmbito familiar e social da mesma, protagonizando uma

influência positiva aos demais e promovendo incentivo à novas mudanças

alimentares.

Apoiando-me nesta hipótese, o terceiro e último capítulo, sobre o título de

„Educando Sabores‟ apresenta a pesquisa de campo realizada com estudantes do

Ensino Fundamental de Colégio particular em Itu/SP. Promover, por intermédio do

Projeto Educando Sabores, a sensibilização e interesse infantil sobre saúde e

qualidade de vida, também é objetivo da pesquisa. É interesse do projeto, promover

saúde através da prevenção de doenças associadas tanto a carências, quanto a

excessos alimentares, mas também despertar o brincar, o sentir, o criar e o

imaginário infantil acerca do consumo alimentar.

Proponho, ao longo deste, ampliar a discussão do tema de forma

interdisciplinar no currículo escolar, envolvendo conteúdos de outras disciplinas

básicas do ensino fundamental como matemática, história, geografia, ciências

biológicas, em atividades práticas desenvolvidas com as crianças. Objetivo construir

de forma interdisciplinar na escola, o conhecimento alimentar e garantir apoio aos

programas existentes em segurança alimentar e nutricional, unindo forças a um

propósito comum de promoção à saúde por meio da educação.

16

A metodologia seguida neste estudo visa inicialmente a contextualização do

homem historicamente relacionando-o aos hábitos alimentares seguido pelo estilo

de vida atual. Discuto a alimentação infantil e a educação por meio da sensibilização

e dos sentidos da criança, ampliando a discussão educacional, pretende-se também

ensinar a infância sobre segurança alimentar e DTAs, permeando o acesso à

alimentação segura e práticas de promoção à saúde pelo conhecimento de higiene

alimentar. Finalizo pontuando a educação como ferramenta de transformação social.

Minha pesquisa busca inserir a educação nutricional no âmbito escolar como

ação de transformação individual da criança, mas de forma coletiva ao colégio,

ambiente de educação infantil, à família, ambiente de formação do afeto infantil e à

sociedade, pois cabe tal ação se vincular a projetos sociais com intervenção em

ambientes como ONGs, igrejas, associações de bairro, programas de vínculo social

ligado à comunidade por intermédio de empresas privadas ou da gestão pública.

Assim, a intermediação com o papel sociocomunitário dar-se-ia através da

ampliação do projeto Educando Sabores adequado a cada modelo social,

respeitando suas crenças, vivências e convívio.

17

CAPÍTULO 1

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL INFANTIL

Figura 1. Pai ensina filha a cozinhar. Fonte: http://www.shutterstock.com/pic-46446109/stock-photo-attentive-

father-helping-his-son-cut-vegetables-in-the-kitchen.html

“Que a comida seja teu alimento

e o alimento tua medicina”.

HIPÓCRATES

18

Neste capítulo busco discorrer sobre a relevância da orientação nutricional

durante a infância, introduzindo os conceitos da educação nutricional como

ferramenta assessória ao currículo nacional da Educação Básica. Sob a ótica da

cultura alimentar atual, discute-se os hábitos alimentares e o desenvolvimento

infantil, pontuando as principais riscos ao estado de saúde através da avaliação

nutricional.

Uma vez pautada a relevância do título principal discutido neste capítulo, cabe

uma conceituação maior sobre cada termo isoladamente, classificando os termos

educação, educação nutricional e educação infantil, para assim, classificados e

compreendidos, possam gerir a reflexão sobre a temática geral aqui discutida.

Partindo da etimologia de educação, palavra originaria do latim educare, por

sua vez ligado a educere, verbo composto do prefixo ex (fora) + ducere (conduzir,

levar), significa literalmente 'conduzir para fora', ou seja, preparar o indivíduo para o

mundo.

Em português, enquanto a palavra pode ser associada ao sentido de boas

maneiras, principalmente ao adjetivo 'educado', em inglês educated refere-se

unicamente ao grau de instrução formal.

Segundo o dicionário Aurélio, 2012, a educação é definida por “ação de

desenvolver as faculdades psíquicas, intelectuais e morais; conhecimento e prática

dos hábitos sociais; boas maneiras”.

Educatione do latim traz ainda por definição “ato ou efeito de educar,

aperfeiçoamento das faculdades físicas intelectuais e morais do ser humano,

polidez, cortesia, instrução, disciplinamento, ensino. Processo pelo qual uma função

se desenvolve e se aperfeiçoa pelo próprio exercício. Formação consciente das

novas gerações segundo os ideais de cultura de cada povo. Civilidade”.

(DICIONÁRIO MICHAELIS, 1998)

Etimologicamente a terminologia educação refere-se ao processo de

desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança (DICIONÁRIO

ETIMOLÓGICO HOUAISS, 1997)

Segundo KANT, "o fim da educação é desenvolver em cada indivíduo, toda a

perfeição de que ele seja capaz”.

A palavra educação tem sido muitas vezes empregada em sentido

demasiadamente amplo, para designar um processo preparatório universal e ideal

aos homens, indiscriminadamente igual para todos. Mas, a linha histórica do tempo

19

demonstra a diferente finalidade esperada do processo educacional diante da

evolução social e segundo Durkheim, 1952, em sua obra Educação e Sociologia, a

educação tem variado infinitamente, com o tempo e o meio.

Nas cidades gregas e latinas, a educação conduzia o indivíduo a

subordinar-se cegamente à coletividade, a tornar-se uma coisa da

sociedade. Hoje, esforça-se em fazer dele personalidade autônoma. Em

Atenas, procurava-se formar espíritos delicados, prudentes, sutis,

embebidos da graça e harmonia, capazes de gozar o belo e os prazeres da

pura especulação; em Roma, desejava-se especialmente que as crianças

se tornassem homens de ação, apaixonados pela glória militar, indiferentes

no que tocasse às letras e às artes. Na Idade Média, a educação era cristã,

antes de tudo; na Renascença, toma caráter mais leigo, mais literário; nos

dias de hoje, a ciência tende a ocupar o lugar que a arte outrora preenchia.

(Durkheim, 1978: 25-56)

Como apresentado por Émile Durkheim na evolução do processo educacional,

o propósito foi alterado conforme o momento histórico e o interesse político em vigor.

Baseado na necessidade evolutiva do processo educacional, este capítulo da

pesquisa aponta a necessidade de renovação do currículo escolar, mais

precisamente do Ensino Fundamental, para a introdução de uma disciplina de

educação nutricional, baseada na prevenção dos distúrbios associados à má

nutrição, assim como promover saúde e bem estar, mas ainda, de promover o

resgate do convívio social em torno da comida, através de práticas lúdicas e

coletivas.

Para Brandão, 2007, a educação depende muito mais da cultura associada a

um povo, respeitando suas crenças e o estilo de vida social:

Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em

cada povo ou entre povos que se encontram... pode ser uma das maneiras

que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como

crença, aquilo que é comunitário... a educação é uma fração do modo de

vida dos grupos sociais que a criam e recriam entre tantas outras invenções

de sua cultura em sociedade. (BRANDÃO, 2007:9-10)

Segundo o Ministério da Educação, o conceito de educação infantil como

direito social é relativamente recente na realidade educacional brasileira, pois no

âmbito da educação infantil e especial, a democratização do ensino traz consigo o

conceito de educação como direito social, passando do modelo médico do cuidar, do

clínico e terapêutico para a abordagem social e cultural que valoriza a diversidade

como forma de aprendizagem, de fortalecimento e modificação do ambiente escolar

e da comunidade para a promoção da aprendizagem. Nesse enfoque sociológico, o

20

meio, o ambiente inadequado e a falta de condições materiais são também fatores

produtores de limitação e determinantes do fracasso escolar.

A temática discutida e apresentada neste trabalho de pesquisa aponta práticas

auxiliares aos programas assistenciais à educação nacional, como o acesso à

informação nutricional, de forma a ampliar o direito da criança ao conhecimento,

formação de suas habilidades e competências, asseguradas pela constituição,

dentro do ambiente escolar. O aconselhamento nutricional vem como proposta de

ampliação às ações existentes na educação infantil na promoção à saúde,

ampliação das condições alimentares, conferir orientação sobre alimentação segura

de contaminantes e acesso a alimentos de qualidade nutricional. Promover

condições de crescimento e desenvolvimento adequados aos escolares, qualidade

de aprendizado por meio da boa condição energética alimentar, bem como convívio

social saudável em torno da alimentação e promoção de educação preventiva de

maus hábitos alimentares nas fases adolescente e adulta, são consequências

previstas pelo programa de educação nutricional exposto.

O Ministério da Educação lançou em 2006, uma cartilha de orientação à

educação infantil sobre o título de “Saberes e Práticas da Inclusão”, na qual discute

propostas de assegurar o direito à educação inclusiva e de projetos pedagógicos

que permitam margem para a formação do caráter humano, competências coletivas

e de atenção à diversidade social. Parte do texto extraído da cartilha é citado abaixo

para ampliar a reflexão sobre o assunto:

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB/96) e o Referencial curricular

nacional para a educação infantil (BRASIL, 1998) representam um grande

avanço conceitual, colocando a educação infantil como primeira etapa da

educação básica. Esta tem por finalidade o desenvolvimento integral de

“todas” as crianças, do nascimento aos seis anos (art.58), inclusive as com

necessidades educacionais especiais, promovendo seus aspectos físico,

psicológico, social, intelectual e cultural.

O projeto pedagógico para diversidade se constitui em um grande desafio

para o sistema educativo como um todo, que deve pensar a aprendizagem

não apenas na dimensão individual, mas de forma coletiva. Essa é a função

social da escola, manifesta nas formas de interação entre pessoas, escola,

família e comunidade. Assim, as crenças, as intenções, as atitudes éticas,

os desejos, as necessidades, as prioridades dos alunos com necessidades

educacionais especiais deverão ser discutidos pela comunidade escolar e

inscritos no projeto pedagógico para a diversidade. Torna-se importante

pontuar que a educação inclusiva não se faz apenas por decreto ou

diretrizes. Ela é construída na escola por todos, na confluência de várias

lógicas e interesses sendo preciso saber articulá-los. Por ser uma

construção coletiva, ela requer mobilização, discussão e ação

organizacional de toda a comunidade escolar, e encaminhamentos

21

necessários ao atendimento das necessidades específicas e educacionais

de todas as crianças. Trata-se, então, de um projeto político-pedagógico

com ações integradas de atenção, cuidado e educação, cabendo à

instituição educacional tomar iniciativa e reunir as ações Intersetoriais de

saúde e seguridade social que atendam às necessidades de

desenvolvimento e aprendizagem na primeira infância. A partir desse

princípio, é fundamental compreender a importância e a necessidade da

formulação de projetos pedagógicos que enfatizem a formação humana, o

respeito mútuo, as competências e a promoção da aprendizagem,

contemplando as necessidades educacionais específicas de todos os

educandos. (BRASIL.MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006)

A narrativa deixa clara a intenção de interdisciplinaridade entre os programas

de assistência à infância e cobra de toda comunidade escolar, participação no

desenvolvimento de habilidades e competências complementares ao currículo

escolar já estabelecido. Neste sentido, defende-se a inclusão do programa de

educação nutricional como ferramenta de desenvolvimento criativo, interpretativo,

instigador das habilidades facultativas pertinentes à fase infantil, provendo um

ambiente saudável e produtivo à formação de caráter deste jovem indivíduo, que se

insere no contexto desta discussão como educando. Mantendo-se a temática de

sensibilização das crianças aos sabores e conceitos envolvendo os alimentos

cotidianos, aponta-se como técnica de ensino/aprendizagem a metodologia lúdica de

jogos, brincadeiras e envolvimento das crianças em seu grupo social, transpondo o

aprendizado além dos muros, das barreiras físicas do processo educativo, por

envolvimento dos familiares nos novos hábitos praticados na escola.

Meu projeto tem adesão não apenas na educação inclusiva, mas em todas as

formas de educação, proponho inicialmente na fase infantil, mas com projeção às

fases superiores de ensino, pois com a temática adequada de abordagem, o tema

central discutido no programa nutricional – qualidade nutricional, saúde e segurança

alimentar – pode ser tratado em todas as fases da vida e com os mais variados

públicos, mesmo que de diferentes graus de instrução, trazendo informações de

igual interesse e relevância a todos, assim, transbordando o conhecimento

produzido no sistema de educação formal aos mais largos aspectos sociais. Este é,

portanto, um projeto de ação educativa sociocomunitária, pois cabe aos mais

variados âmbitos do governo e da sociedade civil.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil constitui-se em um

conjunto de referências e orientações didáticas, trazendo como eixo do trabalho

pedagógico “o brincar como forma particular de expressão, pensamento, interação e

22

comunicação infantil e a socialização das crianças por meio de sua participação e

inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie

alguma” (BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1998:13).

Isso significa assegurar o atendimento às necessidades básicas de

desenvolvimento socioafetivo, físico, intelectual e, ao mesmo tempo, garantir o

avanço na construção do conhecimento, mediante procedimentos didáticos e

estratégias metodológicas adequadas às necessidades de todas as crianças. O

mesmo referencial de 1998, aponta os principais objetivos esperados da educação

infantil brasileira, refletidos nos jovens educandos, como se segue:

• desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais

independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas

limitações;

• descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas

potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de

cuidado com a própria saúde e bem-estar;

• estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças,

fortalecendo sua

autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de

comunicação e interação social;

• estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos

poucos a

articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a

diversidade

e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;

• observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se

cada vez

mais como integrante, dependente e agente transformador do meio

ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;

• brincar, expressando emoções sentimentos, pensamentos, desejos e

necessidades;

• utilizar diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita)

ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a

compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos,

necessidades e desejos e avançar

no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez

mais sua capacidade expressiva;

• conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitude de

interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade.

(BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1998:13).

Diante deste cenário quase utópico dos parâmetros educacionais infantis,

concluo o item inicial de discussão deste capítulo, abrangendo importantes reflexões

sobre educação e educação infantil, abrindo a partir deste ponto, margem para

23

conceituação de nutrição, com esclarecimentos importantes para a condução do

tema educação nutricional infantil.

Basicamente, defino nutrição como ciência que estuda todos os processos por

meios dos quais o organismo recebe, utiliza e elimina os nutrientes ingeridos.

O Ministério da Saúde através de sua biblioteca virtual (BVS) divulga uma

cartilha de orientação para definições de conceitos em saúde e alimentação,

desenvolvido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) em conjunto à

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, onde define

Nutrição como “processos pelos quais os organismos vivos utilizam os alimentos

para a manutenção da vida, para o crescimento e funcionamento normal dos órgãos

e tecidos, bem como para a produção de energia”. Amplia ainda a definição para

justificar a ciência nutricional e assim apresenta: “ciência e estudo das reações do

organismo à ingestão de alimentos, às variações da dieta e aos demais fatores de

importância patológica ou sistêmica.” (OMS, 1984:39)

Amplamente desde então, a definição vem sofrendo atualizações em busca de

melhor esclarecimento do termo e de maior alcance à compreensão da população

em geral, assim constitui-se nutrição e conceitos agregados como a ingestão de

alimentos, tendo em conta as necessidades alimentares do corpo. Uma boa nutrição

- uma dieta adequada e equilibrada combinada com atividade física regular - é

a "pedra fundamental" de uma boa saúde. A má nutrição pode levar à redução da

imunidade, aumento da suscetibilidade a doenças, prejudicando o

desenvolvimento físico e mental e redução da produtividade.

As definições sobre nutrição mais simples enfocam apenas o aspecto

fisiológico, limitando seu verdadeiro sentido, mas a nutrição é bem mais ampla e

complexa, envolvendo aspectos desde a seleção e escolha dos alimentos, passando

pelo contexto de vida do indivíduo até sua relação com a saúde e doença, sem

esquecer seus aspectos emocionais e sociais. Dessa forma inclui implicações

sociais, econômicas, culturais e psicológicas relacionadas aos alimentos e à

alimentação.

O profissional nutricionista tem como meta a promoção e a prevenção da

saúde da população por meio de uma alimentação balanceada, garantindo todos os

24

nutrientes4 necessários, bem como promover ações de educação social e

comunitária, ampliando acesso da população à informação sobre hábitos

alimentares, segurança nutricional e saúde pública.

Nos projetos educacionais o papel do nutricionista é dar suporte às

necessidades coletivas com orientações de hábitos alimentares saudáveis,

influenciando positivamente a formação destes hábitos. Fatores como preferência,

hábitos familiares e culturais, relações psicológicas, custo e disponibilidade dos

alimentos, processos de doença e a habilidade de digerir e absorver, afeta o

consumo alimentar de um individuo.

A OMS, 1984, define educação nutricional ou aconselhamento nutricional como

“educação do público com o fim de promover hábitos alimentares adequados,

visando a eliminação de práticas nutricionais insatisfatórias, introdução de uma

melhor higiene alimentar e o uso mais eficiente dos recursos disponíveis”.

O objetivo da educação nutricional é auxiliar indivíduos na escolha de

uma dieta saudável, além de conscientizá-los da importância de uma boa nutrição

para a sua saúde geral. O trabalho do educador nutricional não é somente a

disseminação de informação, é necessário produzir impacto na população

(MARTINS & ABREU, 1997).

Minha pesquisa convida o leitor, as crianças que fazem parte do projeto, os

educadores, equipe escolar, diretores e pais a refletirem sobre alimentação do ponto

de vista de escolhas e convida a conhecer e adotar como prática o consumo de uma

alimentação cada vez mais natural, em vez do consumo desenfreado de alimentos

industrializados carregados de corantes, conservantes, gorduras, sódio e excesso

de açúcares ou edulcorantes5.

Compreendo alimento natural por aquele alimento em seu estado natural que

não sofreu mudanças derivadas de processo tecnológico, industrial ou de outros

processos de transformação química, física ou biológica. Comumente conhecido

também por alimento "in natura".

4 Nutrientes são substâncias encontradas nos alimentos que apresentam funções específicas no

organismo, como proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas, sais minerais e água.

5 Edulcorante refere-se ao produto artificialmente desenvolvido para gerar dulçor ao paladar.

Adoçantes artificiais.

25

Mais adiante, sob o título de “Educação Nutricional para a Infância e Escola” no

item 2.2 desta dissertação, novamente trato o tema de educação nutricional, com

ampliação do conceito e melhor direcionamento ao aspecto infantil e pedagógico.

Contudo, ainda neste capítulo da obra, sob o título de “Alimentação infantil e

cultura alimentar na atualidade”, este assunto é novamente abordado de forma a

expor e culminar análise sobre a alimentação e o meio social; sobre a influência da

mídia na escolha alimentar; sobre o modelo físico disseminado como padrão de

beleza e saúde e ainda, sobre as patologias associadas a hábitos alimentares.

26

1.1 Alimentação infantil e cultura alimentar na atualidade

Figura 2. A Obesidade no Brasil. Fonte: www.megaartigos.com.br

Quem pensa que a comida só faz matar

a fome esta redondamente enganado.

Comer é muito perigoso. Porque quem cozinha é

parente próximo das bruxas e dos magos.

Cozinhar é feitiçaria, alquimia.

E comer é ser enfeitiçado.

Sabia disso Babette, artista que conhecia

os segredos de produzir alegria pela comida.

Ela sabia que, depois de comer, as pessoas não

permanecem as mesmas.

RUBEM ALVES

27

Neste tópico pretendo discutir aspectos antropológicos e sociológicos da

alimentação, abordando hábitos alimentares de escolares, sedentarismo e baixa

qualidade nutricional dos alimentos ingeridos em maior quantidade na infância.

Busco também analisar aspectos auxiliares a esta temática como as influências

associadas à escolha alimentar, a exemplo da mídia e marketing envolvidos nas

campanhas de produtos alimentícios.

Os hábitos alimentares de um indivíduo começam a ser moldados desde o

nascimento, porém estes não são definidos ao acaso. A cultura alimentar do grupo

onde esta pessoa se encontra vai determinar grande parte de suas escolhas, seus

gostos e preferências. Não apenas os hábitos familiares, mas também influências

externas como o estilo alimentar praticado pela escola, pelos grupos sociais, pela

mídia, bem como outros fatores, contribuirão para a formação do caráter alimentar

da criança.

Nesta fase começam a se fixar na memória infantil, os sabores, texturas,

aromas e sensações envolvendo o alimento, que podem extrapolar dos aspectos

sensoriais e organolépticos6, às sensações emocionais agregadas ao alimento

consumido. Discute-se que muito além do gosto, o hábito alimentar passa ainda pelo

critério do clima, região, religião e cultura alimentar estabelecida antes da formação

do caráter alimentar. Trata-se de um ciclo determinado pelos povos de diferentes

nações, épocas, crenças e hábitos alimentares e são estes determinantes que dão

origem a cultura alimentar.

“Um outro aspecto da cultura alimentar refere-se aquilo que dá sentido às

escolhas e aos hábitos alimentares: as identidades sociais. Sejam as

escolhas modernas ou tradicionais, o comportamento relativo à comida liga-

se diretamente ao sentido que conferimos a nós mesmos e à nossa

identidade social. Desse modo, práticas alimentares revelam a cultura em

que cada um está inserido, visto que comidas são associadas a povos em

particular.” (Mintz, 2001:31-42.)

A cultura alimentar é formada pelos hábitos alimentares e estes, são formados

pela influência da cultura social, familiar e por vezes, religiosa, num contexto

histórico, pois os hábitos alimentares evoluem ao passo da evolução tecnológica e

industrial. Ao passo que há a invenção de maquinário mais eficiente para a produção

de alimentos, geralmente em larga escala, ocorre também alterações significativas

6 Chamam-se propriedades organolépticas às características dos objetos que podem ser percebidas

pelos sentidos humanos, como a cor, o brilho, a luz, o odor , a textura , o som e o sabor.

28

no comportamento alimentar, assim como a tecnologia de alimentos urge em busca

de novos produtos alimentícios, a sociedade anseia por novidades em sabores,

aromas, texturas e visual convidativo.

A massificação da cultura alimentar se aplica na extensão da urbanização

onde as pessoas se aglomeram, na industrialização dos produtos

alimentares e em seu marketing de oferta, e na mídia imposta na

implantação dos produtos ora colocados no mercado como obrigatoriedade

de aquisição. Nesse processo de massificação, todos são induzidos a

adequarem a nova moda e onda proposta, e todos passam a fazer quase

que em osmose o que está sendo proposto. (LEONARDO, 2009:1)

Chamo atenção para os significados da alimentação, como um tradutor da

identidade de um grupo social, e que, por conseguinte, a sua usualidade forma a

cultura alimentar. No cotidiano atual de desenvolvimento tecnológico e em meio a

globalização, as relações pessoais estão cada vez mais impessoais e este

distanciamento entre as pessoas demonstra-se refletido também em relação à

alimentação, pois ocorrem cada vez menos reuniões familiares em torno das

refeições, instaurando-se assim, uma nova cultura alimentar: o fast food.

Os hábitos brasileiros estão repletos de significados, simbologias e

classificações. Nesse sentido os hábitos alimentares determinam a cultura alimentar,

uma vez que não se restringe somente à tradição, mas também ao que é novo.

(BRAGA, 2004)

A alimentação brasileira é mais voltada para o prazer de comer, do que para

o valor nutritivo do alimento. Come-se por prazer e não pelo que aquele

alimento representa nutricionalmente. Não se dá ênfase ao valor nutricional

do alimento, mas ao gosto e prazer da alimentação. Em síntese a comida

brasileira, a comida do povo, se concentra em massas, gorduras, açúcares

e carne. Na cultura alimentar brasileira não há lugar de destaque para as

frutas e hortaliças. O prazer alimentar está centrado nesta mistura de

massas, gorduras, doces e carnes. (LEONARDO, 2009:6)

O prazer ao comer, a boa conversa enquanto se alimenta, o ambiente familiar

decorando a refeição, estímulos necessários ao ato nutricional, estão cada vez

menos valorizados em prol a uma massificação de indivíduos escravos da cultura

ocidental do trabalho. Contudo, os hábitos atuais vêm em busca de comida pronta

para comer enquanto se locomove ou fala-se ao telefone ou estuda-se um

documento, em busca de uma praticidade que vai ao encontro do estilo de vida

contemporâneo, porém em controvérsia aos hábitos saudáveis e ao bem estar

humano.

29

A cultura alimentar entre as crianças costuma ser ainda mais volúvel, pois

intensa é a gama de opções e o marketing envolvido num determinado produto

influencia muito na escolha e nem sempre estas estão preparadas para discernir

entre um produto e outro, contudo, optam pelo mais atraente que muitas vezes, é o

mais impróprio para o processo de desenvolvimento corporal e cognitivo.

A exploração infantil desenvolvida pela mídia através de empresas de

marketing industrial alimentício, não respeita faixa etária ou condicionamento

psicológico, estabelecendo a cada dia, relação mais intensa entre o alimento

industrializado, comercializado, e o afeto infantil. Numa comunidade de baixa renda,

onde o acesso ao lazer é precário, a diversão mais econômica e viável é a televisão,

assim, as crianças tornam-se objetos de replicação dos meios de consumo e porta

vozes de campanhas de marketing de indústrias alimentícias junto aos pais, ao

grupo social e no ambiente escolar.

Tudo neste universo é atraente, sedutor e envolvente, ao olhar infantil. As

imagens transmitem sensação de felicidade, ambientes de amor e carinho e famílias

felizes pelo consumo deste ou aquele lanche, bebida, salgadinho, cereal,

guloseima... Para o universo infantil, a imagens traduz instantaneamente o

sentimento que ela deve ter com relação ao produto exposto e o apelo comercial

praticado atualmente, desencadeia na criança a sensação de que o prazer e a

felicidade serão encontrados dentro da embalagem daquele produto, assim, para os

pais, que não dispõe de muito tempo livre com seus filhos, sentem-se obrigados a

corresponder com a expectativa de felicidade, já incutida no imaginário infantil, e

ceder ao apelo de comer no MC Donald´s, por exemplo.

Para algumas sociedades, tal rede de lanchonetes transmite união familiar e

ascensão social, pois o pai que leva seu filho a desfrutar deste “ambiente mágico”,

divulgado em cadeia mundial, demonstra amor a seu filho e ainda, poder aquisitivo

elevado, ascendendo sua posição social e se igualando aos altos padrões da

sociedade. O apelo ao consumo associado a um brinquedo e ainda, associado a um

personagem de filme infantil, que convenientemente, está em cartaz nos melhores

cinemas do país, também caracteriza uma forma de marketing desonesto para com

a criança, pois, em muitos casos, a criança não desfruta com prazer do lanche que

se segue ao brinquedo, fazendo um consumo sem consciência e sem medidas, já

que encontra-se devagando no imaginário infantil, com o bonequinho do filme e que

agora, encontra-se ali em sua mão.

30

Para discutir, apontar e exigir providências contra o excesso de imagens de

apelo emocional associadas a produtos alimentícios, em 2007, foi fundado uma

organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que trabalha para encontrar

caminhos transformadores que honrem a criança. Esta organização se intitula

Instituto Alana e atua em um amplo espectro em busca de garantir condições para a

vivência plena da infância, fase essencial na formação humana.

Na busca por alertar a população quanto aos abusos praticados pela mídia e

marketing de produtos alimentícios, junto às crianças, o instituto denuncia

diariamente casos de incentivo ao consumo desmedido de alimentos de baixa

qualidade nutricional. Atualmente, o Alana se movimenta contrário à campanha do

MC Donald´s de levar o teatro do personagem “Ronald MC Donald´s” às escolas

públicas e privadas, como forma de marketing, que se aproveita da vulnerabilidade

da criança com objetivo de transmitir sua mensagem publicitária.

Recebemos diversas denúncias sobre as ações de marketing nas escolas e

enviamos uma representação para o Ministério da Justiça e o Ministério da

Educação, pedindo que sejam tomadas ações para coibir imediatamente a

prática dentro das escolas.Durante os shows, o palhaço Ronald McDonald

interage com os pequenos trazendo os logos do McDonald„s para dentro do

ambiente de ensino. O ambiente lúdico e o palhaço que representa a marca

exercem assim a função de criar uma ligação afetiva das crianças com a

lanchonete. O que se divulga como “ação educativa” é na verdade uma

maneira de incentivar que os alunos se tornem consumidoras dos produtos

do McDonald‟s desde cedo. Trata-se claramente de publicidade dentro de

um ambiente de ensino, espaço de formação de valores e cidadania, onde a

criança está aberta a aprender e assimilar o que é ensinado.

(www.defesa.alana.org.br, acesso em 03/10/13)

Também cabe comentar as linhas de atuação do instituto, sendo Comunidade,

Educação, Defesa e Futuro. Levando em conta, a linha de defesa à criança, o Alana

tem como foco contribuir com as políticas públicas brasileiras que se relacionem com

a missão de respeito ao bem-estar da criança. O projeto criança e consumo defende

ações para garantia do direito de proteção integral da criança previstos pela

legislação brasileira, como apontado:

Até doze anos, as crianças não possuem a capacidade para compreender o

caráter persuasivo das mensagens publicitárias que as atingem diariamente

nos meios de comunicação. O resultado disso são os altos índices de

violência na juventude, obesidade infantil, erotização precoce, estresse

familiar e tantos outros problemas.

Por meio do Criança e Consumo, o Alana trabalha para ampliar a

conscientização da população sobre o consumismo na infância e defende a

regulação da comunicação mercadológica voltada às crianças, para garantir

31

a proteção de seus direitos nas relações de consumo. (disponível em:

www.defesa.alana.org.br, acesso em 03/10/13)

Outra linha de fundamental importância dentro do projeto social do Alana, e de

relevância impar a dissertação, e o tema trabalhado por esta, é o projeto Território

do Brincar, cujo objetivo é divulgar as diferentes formas do brincar, interpretando

saberes, construindo um novo olhar para o brincar, o fazer e o aprender das

crianças. O Projeto Território do Brincar é um trabalho de escuta, intercâmbio de

saberes, registro e difusão da cultura infantil.

“O Território do Brincar tem seu foco nas sutilezas do brincar, nos gestos e

palavras que apresentam a essência da infância de toda criança. Os registros em

filmes, fotos, textos e áudios serão documentados criando, dessa forma, um diálogo

sobre as nuances da infância brasileira.” (www.territoriodobrincar.com.br)

A promoção aos valores, costumes e o resgate dos saberes através das

brincadeiras de criança, estimulam, através do projeto, a valorização da pedagogia

lúdica e do respeito à criança. O instituto lança mão de projetos e de campanhas

frente ao descaso infantil nos meios de comunicação publicitária, como o

apresentado abaixo e segue em defesa ao direito de escolha, com pensamento

crítico ao consumismo e às armadilhas midiáticas junto às crianças. O projeto busca

mostrar as diferentes formas de brincar ao longo do Brasil.

Figura 3. Brinquedo infantil produzido por criança do Maranhão. Carrinho de latas de sardinha. Fonte:

www.territóriodobrincar.com.br.

Este rico apanhado de culturas e resgate de ciências populares, encontram-se

cuidadosamente registrados pela equipe do projeto território do brincar e ao ler as

histórias publicadas em seu site, nos remete a repensar os valores da vida, do que

nos foi passado enquanto crianças e do que passamos de nossa cultura e mesmo

de nossa história, aos nossos descendentes. E por mais que não se queira envolver,

32

o projeto eleva o espírito a uma suave viajem pelo tempo e nos revolve de modo a

buscar os sentidos para tamanha redução de nossas memórias e inibição da

criatividade por meio da intensa oferta de produtos, brinquedos e alimentos de fácil

acesso e de baixa qualidade. A intensa comercialização e ampliação das técnicas de

venda, com a sedutora e inescrupulosa indústria marqueteira, invade pelo meio de

comunicação mais eficiente atualmente, a telecomunicação, as casas e o imaginário

infantil com a ilusão de ampliação das possibilidades e de poder pelo consumo,

destruindo os valores e os desejos, bem como, a alegria de ser presenteado, ou

ainda, a expectativa pelo presente.

Lembro da ansiedade por chegarem as datas de valorização da infância, no

natal, no aniversário e no dia das crianças. Datas em que o menor presente cobria-

se de sonhos e de curiosidade, já hoje, não há curiosidade, pois as listas de

presentes já estão selecionadas nas lojas e as crianças dizem com desdém, já

saberem o conteúdo do pacote de presente. Culpo a mídia e o marketing excessivo

para a venda de produtos, assim como dos alimentícios, pois a cultura alimentar

também evoluiu neste contrassenso aos desejos, e tudo que é apresentado ao

universo infantil está recoberto de brilho, cores e animações gráficas que tem por

objetivo seduzir e envolver a criança numa aura de magia e brincadeiras,

mascarando assim, o perfil alimentar do produto original da propaganda. Com

tamanho apelo visual e criativo nas campanhas de marketing, ocorre cada vez mais

o consumo pelo envolvimento emocional e não mais incentivado pela fome.

A fome é um fenômeno fisiológico de alerta ao sistema nervoso central de que

é preciso repor os estoques de energia do organismo, assim, quando se come por

impulso ou estímulo de compulsão, imprime-se ao organismo um trabalho de

armazenamento das calorias ingeridas, já que não serão utilizadas para reposição

energética imediata, gerando um acúmulo de nutrientes que serão depositados, em

sua maioria, na forma de gordura. O estímulo alimentar portanto, deve se basear na

necessidade energética de cada indivíduo, harmonizando a ingestão e

proporcionando “ritmo” ao metabolismo. Em caso contrário, quando as crianças são

estimuladas pelas embalagens, pelo colorido dos salgadinhos, pela variedade de

sabores dos biscoitos recheados ou por tantos outros estímulos que a indústria

alimentícia impõe, já que a cada dia lançam um sabor e variedade novos de seus

produtos, as crianças estão alterando seu relógio biológico para comer por vício e

33

não por fome, assim o estímulo passa a ser enviado pelo sistema nervoso a

comando da satisfação de ansiedade e não mais pelo comando fisiológico da fome.

Figura 4. Folder de orientação aos pais sobre os riscos da telecomunicação midiática à saúde física e

psicológica das crianças. Desenvolvido pelo Instituto Alana.

34

Figura 5. Folder de orientação às campanhas de marketing visual sobre consumo de bebidas alcoólicas e o

efeito desta mensagem às crianças. Desenvolvido pelo Instituto Alana.

35

Uma pesquisa desenvolvida no ano de 2012, entre escola pública e privada, do

Ensino Fundamental no Município de Salto/SP, com escolares de ambos os sexos,

entre 7 e 10 anos, numa amostragem de 37 estudantes da rede pública de ensino e

32 da rede privada, buscou demonstrar diferenças nos hábitos alimentares entre os

escolares e apontou dados interessantes sobre a alimentação infantil. O estudo de

Silva e Moreira, 2012, aponta através de questionário de frequência alimentar, que

na escola privada todos os alunos consomem frutas regularmente, não

ultrapassando três frutas ao dia, enquanto que na pública 5% dos alunos não

consomem nenhum tipo de fruta. O estuda aponta também outros alimentos

avaliados, como refrigerante, legumes e verduras, salgadinhos industrializados e

caseiros, bem como doces e guloseimas. Entre os dados apontados estão o baixo

consumo de verduras e legumes, sendo que entre os alunos da escola pesquisados,

27% não consomem estes alimentos, enquanto que na escola privada, somente 9%

não consomem.

Estariam estes dados relacionados ao acesso alimentar ou simplesmente à

falta de orientação/formação de hábitos alimentares saudáveis que incluam estes

gêneros alimentares?

No tocante às guloseimas, notei que o consumo de açúcares/doces mais que

uma vez ao dia é maior na escola pública 65%, enquanto que o índice na escola

privada é de 28%. Foi narrado ainda na pesquisa que 8% dos escolares da escola

pública não consomem salgadinhos industrializados, já na instituição privada todos

consomem e normalmente 2 vezes ao dia, chegando a 22% dos escolares.

Segundo Fiates, Amboni, Teixeira (2008), uma possível explicação para o

baixo consumo de frutas, verduras e legumes é o fato de que pais que consomem

pouco esses alimentos tendem a pressionar seus filhos a comer, o que acaba

desestimulando a ingestão de alimentos saudáveis por seus filhos.

Alimentos como frutas, verduras e legumes, estão cada vez menos presentes

na dieta infantil, devido à excessiva comercialização de variedade de alimentos ricos

em energia e gorduras, à disposição dos escolares (TRICHES; GIUGLIANI, 2005).

Quanto mais horas de TV a criança assiste, maior é a ingestão de energia na

forma de gordura, doces, salgadinhos e refrigerantes e menor é a ingestão de frutas

verduras e legumes (FIATES; AMBONI; TEIXEIRA, 2008).

Fatores ambientais como a dieta influenciam significantemente no

aparecimento da hipertensão arterial (MONEGO; JARDIM, 2006).

36

Segundo Baruki (2006), a ausência da prática de atividade física é considerada

fator de risco para o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade infantil, condições

que se associam à dislipidemia, hipertensão arterial e resistência insulínica, entre

outras alterações.

Observei que os escolares avaliados de ambas as escolas apresentam maus

hábitos alimentares, pois relatam elevado consumo de sucos artificiais/refrigerantes,

açúcares/doces, salgadinhos/industrializados, salgados e embutidos, e baixo

consumo de frutas, verduras e legumes, além de pouca prática de exercício físico e

fatores genéticos associados aos antecedentes patológicos, predominante nos avós,

sendo então esses fatores de risco para o desenvolvimento de DCNT (Doenças

Crônicas Não Transmissíveis).

O estilo de vida moderno apresenta elevados níveis de estresse e altos índices

de sedentarismo, que associados a hábitos alimentares inadequados, vêm

acarretando em aumento dos casos de obesidade infantil associado a baixa

resistência imunológica. Mas, além dos aspectos relacionados à saúde infantil,

torna-se fundamental levantar a problemática psicológica e social, envolvendo a

imagem física da criança. O corpo perfeito e sinônimo de saúde é tradicionalmente

esguio e cultuado na mídia como modelo a ser seguido, o que ocasiona desconforto

significativo às crianças acima do peso.

A educação nutricional dentro e fora das escolas é de suma importância para

se criar e manter bons hábitos alimentares desde a infância, promovendo uma

atitude de prevenção a ser assumida por toda a vida, pois a análise realizada mostra

a real necessidade de se ter um acompanhamento nutricional desde a infância, para

melhorar seus hábitos alimentares garantindo melhoria na qualidade de vida.

37

1.2 Educação para alimentação infantil

Figura 6. Nutrição Infantil Fonte: www.diaadiarevista.com.br

“Mestre não é aquele que sempre ensina,

mas quem de repente aprende”

GUIMARÃES ROSA

38

Existe uma preocupação recorrente nos pais quanto à alimentação dos filhos

que desde a primeira infância é de responsabilidade da família e estes também são

responsáveis pela primeira educação alimentar, que segue pelo exemplo do

consumo cotidiano da família. Quando as orientações alimentares iniciam nessa

fase da vida, tendem a permanecer na adolescência, quando o controle dos pais é

muito menor sobre as refeições dos filhos, devido às influências externas de grupos

sociais, mídia, modismo. A conscientização alimentar inicia-se no seio familiar,

sendo a alimentação dos pais, o principal referencial aos filhos e se o hábito for

saudável, permitirá reflexão dos filhos diante das novas condutas alimentares que se

seguirão nas próximas fases da vida.

Na infância o exemplo é fortemente marcado no processo de aprendizagem e

se os pais apenas estimularem o consumo de alimentos nutritivos, sem fazer o

consumo dos mesmos, o exemplo do hábito fraterno será melhor apreendido que as

orientações verbais passadas à criança.

Já no período escolar, a criança desenvolve seu próprio método seletivo

alimentar, sendo alvo do forte apelo comercial das mídias e do marketing de

produtos alimentares disponíveis. Sem a orientação adequada em continuidade aos

hábitos adquiridos em casa, o risco torna-se maior de ingestão de alimentos com

baixo teor nutricional, chamados de “calorias vazias”, ocasionando em deficiência do

desenvolvimento corporal normal para a fase.

Entre os sete e dez anos de idade, considera-se o período de crescimento com

elevada exigência nutricional, favorecendo o fenômeno de repleção7 energética,

como forma de guardar energia para o intenso crescimento que ocorre a seguir. A

fase escolar é favorável para a avaliação nutricional da população infanto-juvenil. As

intervenções se iniciadas antes dos dez anos de idade diminuem a gravidade das

doenças causadas pelos maus hábitos alimentares de forma mais eficiente as

intervenções da fase adulta (BERTIN; MALKOWSKI, 2010).

A inclusão de programas como o “Educando Sabores” nas escolas e a criação

de um ambiente favorável às práticas alimentares e de promoção à saúde, torna-se

importante estratégia para a formação de hábitos de vida saudáveis, propiciando aos

7 Processo que ocorre quando o organismo começa a poupar energia em forma de gordura para

depois gastar com o crescimento que ocorre na época do estirão da adolescência. (Ministério da

Saúde Brasil)

39

escolares consciência para escolha de lanches nutricionalmente equilibrados, além

de prevenir problemas alimentares e nutricionais como as Doenças crônicas não

transmissíveis (DCNT)8 e obesidade (FERNANDES; BERNANDO; CAMPOS, 2009).

Dutra, 2001, define hábitos alimentares como sendo os tipos de escolha e

consumo de alimentos por um indivíduo, ou grupo, em resposta a influências

fisiológicas, psicológicas, culturais e sociais e partindo desta definição busca-se

sensibilizar a criança positivamente a escolher conscientemente uma alimentação

mais natural e saudável.

Para priorizar a formação de hábitos alimentares adequados, o estilo de vida

saudável deve ser introduzido de forma gradual desde a infância e mantido na idade

escolar (BERTIN; MALKOWSKI; ZUTTER, 2010).

A quebra de um hábito dar-se-á mediante uma evolução nas informações

transmitidas para que as pessoas façam uma tomada de decisão. Para que

isto ocorra, é necessário o descobrimento de uma nova direção, a fixação

de objetivo estimulante e a construção de programa coerente para atingí-la.

(LEONARDO, 2009:2)

Defendo que a proposta de inclusão da educação nutricional no Ensino

Fundamental, conscientizaria pequenos cidadãos quanto à segurança alimentar

ampliando sua atual e futura condição de saúde.

O acesso ao alimento em casa, as práticas alimentares, o preparo do alimento

e a sua disponibilidade, influenciam o consumo alimentar da criança. A população

infantil sofre influência do ambiente onde vive que, na maioria das vezes, é formado

pelo ambiente familiar. Quando esse meio não é favorável, poderá propiciar

condições que induzam ao desenvolvimento de distúrbios alimentares que, quando

instalados, poderá estar presente ao longo da vida (ROSSI; MOREIRA; RAUEN,

2008).

Mas o acesso alimentar no meio escolar, torna a criança ainda mais suscetível

a influências negativas, quando a escola não está engajada no propósito de

incentivo a bons hábitos alimentares. Associado ao fato das opções alimentares

8 Doença crônica não transmissível; doenças não infecciosas; doenças crônico degenerativas são

terminologias usadas para definir grupos de patologias caracterizadas pela ausência de

microrganismos. Exemplos de DCNT incluem hipertensão, diabetes, doenças

cardiovasculares (arteriosclerose), doenças respiratórias crônicas (asma), doenças renais

(Insuficiência renal crônica).

40

ofertadas nas cantinas escolares está a preocupação com a qualidade da

alimentação escolar oferecida pelos órgãos municipais, estaduais e governamentais

no ambiente escolar.

Segundo VITOLO (2008), escolar pode ser considerada a criança com 7 anos

de idade até sua entrada na puberdade, pois a partir desse período ela será avaliada

como adolescente. Contudo, a denominação do escolar no âmbito educacional pode

ser caracterizada como a criança de 7 a 14 anos. Já a LDB (Lei de Diretrizes e

Bases) de 2001, compreende a fase escolar iniciando-se aos 6 anos e estendendo-

se pelos 9 anos escolares conseguintes, assim faz-se jus aos parâmetros nacionais

para educação, para classificação da faixa etária do escolar.

Nesse período, há um aumento do apetite e melhor aceitação da alimentação,

porém, se a criança já tiver hábitos alimentares inadequados, há grande chance

dessa inadequação se acentuar e alguns distúrbios alimentares podem persistir,

principalmente quando não forem corrigidos (GAGLIONE, 2003, LOPES; BRASIL,

2003). Isso acontece porque a criança em idade escolar começa a desenvolver

autonomia para decidir o que quer comer, o que deve ser estimulado em um

ambiente saudável (IRALA; FERNANDEZ, 2001).

Nessa faixa etária, também há um aumento da influência do grupo social na

escolha de alimentos. A alimentação é bastante influenciada pelo tempo que a

criança permanece na escola e pelos contatos sociais (LUCAS, 2002; MAHAN;

ESCOTT-STUMP, 2002).

O principal problema quanto à alimentação da criança em idade escolar é a

qualidade dos alimentos ingeridos, devido ao maior acesso e à preferência a

alimentos ricos em energia, gorduras e carboidratos tais como: frituras, salgadinhos,

refrigerantes e doces em detrimento dos alimentos ricos em micronutrientes, como

as frutas e hortaliças (IRALA, FERNANDEZ, 2001; FERNANDES, 2006).

Uma alimentação saudável desde a infância é importante, pois nessa fase que

são formados os hábitos alimentares. Nessa fase também a criança adquire novos

conhecimentos sobre os alimentos através dos familiares e da escola

(MASCARENHAS; SANTOS, 2006).

A maior parte dos estudantes da rede pública de ensino tem merenda escolar

garantida pelo Governo Federal. Por ser inserida na vida da criança tão cedo e

ofertada diariamente, a merenda escolar é uma boa oportunidade de cultivar noções

41

de alimentação saudável, cultivo e preparo de alimentos, favorecendo a formação de

bons hábitos alimentares (MURA, 2007).

A alimentação oferecida ao alunado deve ser equilibrada nutricionalmente para

garantir seu melhor desempenho escolar, além de proporcionar que seu

desenvolvimento e crescimento sejam alcançados (MATIHARA et al., 2010).

Os aspectos que envolvem a segurança alimentar e nutricional são de

fundamental importância para o acompanhamento das condições de saúde da

população infantil. A fase pré-escolar apresenta elevada vulnerabilidade biológica,

sujeita a diversos agravos nutricionais, necessitando de programas e projetos

voltados aos cuidados nas práticas alimentares. (FNDE, 2010)

Com a preocupação em atender as exigências nutricionais pertinentes à

demanda alimentar no ambiente educacional, foi criado o Programa Nacional de

Alimentação Escolar (PNAE), que tem sua origem na década de 40, com a proposta

governamental de começar a oferecer alimentação nas escolas. Porém, somente em

31 de março de 1955, foi oficializado através do Decreto n° 37.106 a Campanha da

Merenda Escolar (FNDE, 2010).

O Programa teve como proposta atender as necessidades nutricionais diárias

dos escolares, durante o período na escola (PEGOLO; SILVA, 2010).

Além do objetivo de atender as necessidades nutricionais dos alunos durante

sua permanência em sala de aula, a alimentação escolar deve ainda, contribuir para

o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento escolar dos

mesmos, bem como promover a formação de hábitos alimentares saudáveis.

Até fins da década de 80 o PNAE funcionou de forma centralizada. Um grande

número de entidades de classe e movimentos sociais foi contrário a esse sistema,

devido ao seu gigantismo, ineficácia, consumo elevado de recursos financeiros e

deficiências no controle da qualidade dos alimentos. Os alimentos oferecidos não se

adequavam aos hábitos alimentares dos alunos; suas perdas e deterioração eram

grandes e a permanente descontinuidade do programa comprometia a

universalidade no atendimento aos beneficiários (FNDE, 2010).

Em 1994, ocorre a descentralização do Programa, transferindo o poder de

compra dos alimentos para as administrações locais. Esse processo gerou uma

melhora na aceitabilidade da alimentação escolar, por permitir a diversidade do

cardápio, além de apresentar alimentos in natura e respeitar os hábitos dos

estudantes (FNDE, 2010).

42

Visando atender as necessidades energéticas da criança em fase escolar, é

determinado pelo PNAE que os cardápios da alimentação ofertada, precisam estar

equilibrados e essencialmente balanceados, devendo ser desenvolvidos e a

produção da refeição supervisionada pelo nutricionista.

A merenda escolar atende um rigoroso processo de adequação quanto ao

fornecimento energético visando o melhor desenvolvimento infantil e para tanto, o

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) exige uma recomendação diária

específica para atender tais critérios. Exige-se que a alimentação escolar deve

atender um balanceamento entre nutrientes essenciais e a escolha dos insumos que

constituem a merenda, deve ser calculado de modo a atender a recomendação

ministerial quanto à distribuição energética e proteica, sendo preconizado o aporte

energético mínimo de 350 kcal e 9g de proteínas por período escolar.

Outra recomendação essencial ao setor de alimentação infantil é quanto ao

atendimento das necessidades nutricionais diárias de cada faixa etária,

preconizadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde), e a adequação ao

período escolar, sendo exigido que para a criança que estuda no período parcial ou

meio período (4h/dia), que a recomendação diária seja de fornecer não menos que

15% das necessidades energéticas diárias em forma de merenda durante sua

permanência na escola e no período integral (8h/dia), sejam ofertadas em forma de

alimentação para o escolar o equivalente a 30% da necessidade diária, tornando-se

essencial a presença do profissional de nutrição no setor de alimentação escolar,

para a correta distribuição do Valor Diário Recomendado.

Segundo CONRADO, 2007, em relação ao aspecto nutricional dos alimentos

oferecidos aos alunos, estes precisam ser de boa qualidade e aceitabilidade por

eles.

Mas e quanto às escolas particulares que não tem a obrigatoriedade contratual

de fornecer a alimentação escolar? Seriam estas crianças igualmente atendidas em

qualidade nutricional alimentar ou as cantinas estariam apenas preocupadas em

atender o quesito de maior aceitabilidade pelos estudantes?

Um alimento pode ser considerado de boa aceitabilidade quando preenchem

as expectativas da maior parte dos alunos, envolvendo as características sensoriais

como aparência, cor, aroma, consistência ou textura e principalmente o sabor,

dependendo também da influencia dos colegas (MATIHARA et al., 2010).

43

No âmbito particular de ensino, encontram-se barreiras para difundir a

alimentação saudável e equilibrada a cada faixa etária, sendo as cantinas, a mídia, o

grupo social e a vasta oferta de fast foods, o maior entrave do processo de escolha

alimentar, portanto sem a orientação devida, o espaço da alimentação saudável

perde território para as ofertas alimentares mais atrativas (coloridas por corantes

artificiais), condimentadas (possibilitando apresentar o mesmo produto em várias

versões e, portanto, o consumo prolongado, até que se tenha provado todas as

opções), aromáticas (adição de aroma artificial), saborosas (essências imitando

sabor original) e de baixo teor energético (diet ou light, carregados de edulcorantes

que imitam o dulçor natural).

Observei que o mercado alimentício hoje oferece muito mais opções de

produtos alimentícios9, que alimentos, tornando a população sujeita as

descompensações metabólicas para a digestão e metabolização destas novas

substâncias, geradas industrialmente para atender ao simples fato de imitar o

alimento natural, porém com maior durabilidade de prateleira (vida útil, validade) e

contudo, possibilitando ao produtor maior margem de comercialização deste sub

alimento.

O marketing sobre os produtos alimentícios é forte e o apelo por vezes

irresistível, partindo da embalagem, do formato, da propaganda, aguçando a

curiosidade e passa ainda pelo crivo do grupo social que questiona seu

posicionamento a cerca de novo produto, quase que numa força propulsora de

consumo exigindo das crianças muita maturidade emocional, ou como defendido

aqui, orientação, instrução, criticidade no momento da escolha, carecendo de

formação nutricional para isso.

O consumo alimentar desmedido e inadequado pode gerar consequências

graves a curto, médio e principalmente longo prazo, quando estas crianças serão

adultos e deverão reproduzir em seus filhos tais orientações para formação do

caráter alimentar familiar. Ou seja, um círculo vicioso alimentar está sendo

9 O termo alimento refere-se aos produtos in natura, alimentos essencialmente de produção natural

como milho, arroz, trigo, feijão, carne, ovos, legumes, frutas, castanhas, entre outros exemplos e

produtos alimentícios aos subprodutos como biscoitos, sorvete, refrigerantes, salgadinhos de milho,

restos alimentares processados e embutidos, produção alimentar que requer adição de elementos

conservantes e rotulagem especial.

44

instaurado na infância e se repetirá consequentemente à continuidade dos hábitos

praticados pela cultura alimentar atual.

Considerei que a educação nutricional deva ser tratada como um programa

preventivo de patologias associadas à má nutrição, e como forma de garantir o

crescimento e desenvolvimento normais de crianças em fase escolar, prevenir

distúrbios alimentares na fase adolescente e consequentemente, formar adultos

criticamente seletivos quanto à alimentação. Espero a partir desta iniciativa, em

médio prazo, uma diminuição significativa dos índices de desnutrição, sobrepeso e

obesidade nesta faixa etária, além de diminuir outros riscos à saúde. A conduta

nutricional a cima de tudo, deve estimular na criança sua criatividade, capacidade de

pensar criticamente sobre o que põe no prato e na boca, sensibilizando uma

conscientização e mudança no hábito alimentar sem causar danos aos fatores

psicológicos, culturais ou ambientais que fazem parte de seu repertório moral.

A conduta nutricional visa ampliar a qualidade de vida da criança e para tanto,

associada ao projeto Educando Sabores, trabalha as viabilidades didáticas e

pedagógicas de adentrar com o conhecimento nutricional no universo infantil

utilizando-se de práticas lúdicas como jogos, gincanas, músicas, brincadeiras e

produção de alimentos durante a execução do projeto. A pedagogia lúdica e as

práticas utilizadas, serão melhor conduzidas no capítulo três desta obra.

45

1.3 Consumo Alimentar e Causalidade

Figura 7: Obesidade Infantil. Fonte: blogdocrato.blogspot.com

Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma

experiência afetiva. É a fome que põe em

funcionamento o aparelho pensador. Fome é afeto.

O pensamento nasce do afeto, nasce da fome.

Não confundir afeto com beijinhos e carinhos.

Afeto, do latim "affetare", quer dizer "ir atrás".

É o movimento da alma na busca do objeto de sua fome.

É o Eros platônico, a fome que faz a alma voar

em busca do fruto sonhado.

RUBEM ALVES

46

Este título tem por objetivo demonstrar e discutir aspectos alimentares que

acarretam diretamente no mau funcionamento metabólico corporal e

consequentemente, no surgimento de patologias como causa de maus hábitos

alimentares, podendo estes, serem estimulantes de risco à saúde desde a infância.

Defende-se a máxima de Hipócrates, “você é o que você come” e diante desta ótica,

a carência alimentar trará prejuízos ao desenvolvimento humano, mas o excesso

alimentar, assim como o desconhecimento sobre harmonia e adequação entre os

alimentos ingeridos, podem gerar consequências ainda mais desastrosas à saúde.

A relação afetiva transmitida durante o ato alimentar nos primeiros meses de

vida se remonta sobre mais que saciedade, estão presentes carinho, calor e troca de

olhares entre o bebê e a mãe enquanto este está ao peito. Aos primeiro anos de

vida associam-se necessidades nutricionais, carência afetiva e exigências em busca

da independência infantil e diante deste confuso elo familiar ainda se associa o

distanciamento dos familiares, com frequência de ausência dos pais durante o ato

alimentar. Contudo, a afetividade tendo grande ligação com o ato alimentar, nesta

fase torna-se de fundamental necessidade a presença dos familiares, mas

sobretudo, do exemplo alimentar dos familiares, para que os hábitos sejam copiados

e moldados ao caráter alimentar da família. A família por sua vez, não praticando

bons hábitos alimentares e não dispondo de conhecimento para tanto, vacila em sua

tarefa educadora, de educação pelo exemplo, e a criança torna-se vulnerável às

consequências de uma má alimentação ao seu desenvolvimento.

Existindo portanto, carência de conhecimento sobre o assunto, evidentemente

há a necessidade de se educar nutricionalmente a população e não há melhor

caminho, que iniciar-se pelo infantil, fase de intenso aprendizado e em que o caráter

está se formando, o que facilita o processo de introdução de novos hábitos.

A alimentação inadequada, o excesso de peso e o sedentarismo, são fatores

de risco para doenças crônicas, como a obesidade, hipertensão arterial sistêmica e

diabetes mellitus. A intervenção precoce durante a infância e adolescência pode

precaver o desenvolvimento dessas complicações (BURGOS; REUTER; BURGOS,

2009).

A má nutrição é responsável pelo retardo no crescimento infantil e estas

crianças têm maior probabilidade de apresentar baixo desenvolvimento cognitivo,

sofrer danos neurológicos, além de ter menos resistência a doenças. Na idade

47

adulta, estarão em maior risco de contrair doenças cardiovasculares, pressão alta,

diabetes, altas taxas de colesterol e problemas renais.

Muitos estudos apontam o fato da alimentação ser um grande fator de

contribuição para o aparecimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT),

que são hoje a principal causa de mortalidade no adulto, sendo necessária a

prevenção desde sua infância. Além disso, são ainda considerados determinantes

sociais para essas doenças as desigualdades sociais, as diferenças no acesso aos

bens e aos serviços, a baixa escolaridade, renda e as desigualdades no acesso

à informação.

Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que as DCNT

como diabetes, hipertensão, níveis alterados de colesterol plasmático, já são

responsáveis por quase 60% de todas as mortes ocorridas no mundo, constituindo

um sério problema de saúde pública, tanto nos países desenvolvidos quanto nos de

média e baixa renda.

O Brasil, ao seguir a tendência mundial, tem passado por processos de

transição demográfica, epidemiológica e nutricional desde a década de 60,

resultando em alterações nos padrões de ocorrência de patologias, como um

aumento significativo da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis

(DCNT). Visando responder a esse quadro desafiador, o Ministério da Saúde

organizou a vigilância de DCNT. (MALTA; et al, 2006)

Estudos recentes demonstram que as DCNT constituem o problema de saúde

de maior magnitude no Brasil. Atingem fortemente camadas pobres da população e

grupos vulneráveis, correspondendo a 72% das causas de mortes e de 75% dos

gastos com atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). Crescimento da

renda, industrialização e mecanização da produção, urbanização, maior acesso

a alimentos em geral, incluindo os processados, e globalização de hábitos não

saudáveis produziram rápida transição nutricional, expondo a população cada

vez mais ao risco de doenças crônicas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012)

Nos últimos anos a obesidade infantil vem aumentando em diversos países. No

Brasil a prevalência da obesidade em menores de 5 anos varia de 2.5% entre

crianças de menor renda e 10.6% entre crianças de maior renda. A etiologia da

obesidade é multifatorial, estando envolvida a baixa frequência do consumo de leite,

hortaliças e frutas, omissão do café da manhã, a excessiva comercialização de

48

variedades de alimentos ricos em energia e gorduras, redução das fibras

alimentares e a falta de exercícios físicos.

Segundo Balaban e Silva (2001), as consequências da obesidade na infância

podem ser notadas em curto prazo com as desordens ortopédicas, distúrbios

respiratórios, diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias, e em longo prazo, tem

sido relatada mortalidade por doença coronariana nos adultos que foram obesos

durante a infância e adolescência.

As altas taxas da prevalência de obesidade na infância vêm ganhando volume

desde que no início dos anos noventa. Por esse motivo intensificam-se pesquisas a

respeito da prevenção, causas e tratamentos para obesidade, demonstrando

principalmente a preocupação com o impacto econômico global, que esses futuros

adultos obesos poderão causar.

A obesidade se apresenta não apenas como problema científico e de saúde

pública, porém como grande indústria que envolve o desenvolvimento de fármacos,

de alimentos modificados e estratégias governamentais estimulando a prática

regular de atividade física e a orientação alimentar a fim de promover melhores

hábitos. (FRANCISCHI, et al, 2000)

Diante de análise de tantos relatos, pesquisas e estudos realizados em torno

da obesidade e doenças crônicas relacionadas à alimentação infantil, expõe-se mais

uma vez a importância da educação nutricional na redução de patologias associadas

à má nutrição. Defende-se a necessidade crucial de implantação de projetos efetivos

que levem formação à população infantil e julga-se que o melhor ambiente para esta

formação seja a escola, pois no ensejo de outros conhecimentos adquiridos, o de

hábitos saudáveis e caráter crítico para aquisição, serão melhor empregados.

O excesso de peso é uma doença e provoca uma série de outros problemas a

saúde. Um indivíduo acima do peso, independentemente da idade, desenvolverá

problemas ortopédicos, respiratórios, cardíacos e gastrointestinais. Derrames,

enfartes e patologias, como a hipercolesterolemia (descompensação dos níveis de

colesterol sanguíneo), estão se manifestando em pessoas cada vez mais jovens. E

doenças crônicas como diabetes e hipertensão arterial já afetam adolescentes e

crianças.

49

1.3.1 Patologias associadas à má nutrição

Figura 8: Chinês Lu Zhihao, aos 4 anos, com 1,1 metro de altura e 62 quilos. (Foto: Joe Tan/Reuters)

Fonte: m.g1.globo.com/.../oms-cobra-regras-mais-rigidas-para-combater-obesidade infantil

Os progressos obtidos por meio do ensino são lentos;

já os obtidos por meio de exemplos são

mais imediatos e eficazes.

SÉNECA

50

OBESIDADE

Obesidade é definida, em vários estudos epidemiológicos que tratam da

questão, como sendo o acúmulo excessivo de gordura no organismo.

Considerada uma doença multifatorial, a obesidade, principalmente a

obesidade visceral, está intimamente relacionada ao desenvolvimento de

inúmeras desordens metabólicas, incluindo-se a intolerância à glicose,

hiperlipidemia, complicações cardiovasculares e acidente vascular cerebral

(DÂMASO, 2003)

A obesidade é a doença na qual o excesso de gordura acumulada nos tecidos

adiposos chegou a um nível que pode ser prejudicial à saúde. Os obesos diferem

entre si pelo teor do excesso de gordura acumulada, bem como pela distribuição da

gordura pelo corpo. A distribuição da gordura também vai determinar os riscos à

saúde associados à obesidade e o tipo de doença que o obeso pode vir a sofrer.

Obesos com gordura na região abdominal, por exemplo, correm mais riscos de

apresentar doenças associadas ao excesso de gordura.

As principais causas da obesidade são a vida sedentária e uma dieta muito rica

em gordura e de alto teor calórico. A doença aparece com uma das principais

causas de várias doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares,

gastrointestinais, hipertensão e certos tipos de câncer, além de ser responsável por

problemas respiratórios, dermatológicos e distúrbios do aparelho locomotor. O

excesso de gordura é também o principal fator que leva à diabetes não-insulino

dependente (diabetes do tipo 2).

Estudos recentes sugerem que o fator sobrepeso é responsável por 64% e

77% dos casos de diabetes do tipo 2 em homens e mulheres, respectivamente. Por

tudo isso, a obesidade, cuja taxa de crescimento está dobrando a cada cinco a dez

anos em algumas regiões do mundo, traz um enorme ônus financeiro aos sistemas

de saúde, hoje já ameaçados de serem sobrecarregados por esse tipo de pacientes.

Mais recentemente, comparando-se os dados do Estudo Nacional da Despesa

Familiar (ENDEF), realizado em 1974/75 com os dados da Pesquisa sobre Padrões

de Vida (PPV), realizada em 1996/97 somente nas regiões Sudeste e Nordeste,

verificou-se um aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade de 4,1% para

13,9% em crianças e adolescentes de 6 a 18 anos. (OLIVEIRA; FISBERG, 2003)

O Ministério da Saúde divulgou dados estatísticos de pesquisas realizadas pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirmando que:

No Brasil, cerca de 38 milhões de brasileiros com mais de 20 anos estão

acima do peso. Desse total, mais de 10 milhões são considerados obesos,

51

de acordo com os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de

Saúde (OMS) e pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Dados de 2003 da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) revelam que o

excesso de peso afeta 41,1% dos homens e 40% das mulheres, 191 sendo

que, desse grupo, a obesidade atingi 8,9% dos homens e 13,1% das

mulheres (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007)

.

Estudos realizados em algumas cidades brasileiras mostram que o sobrepeso

e a obesidade já atingem 30% ou mais das crianças e adolescentes, como em

Recife, alcançando 35% dos escolares avaliados (BALABAN, SILVA, 2001)

Os dados apresentados sobre obesidade, doenças crônicas não transmissíveis

e a relação destas com o hábito alimentar torna-se cada vez mais evidente,

contribuindo para novos questionamentos no ambiente escolar. Ações preventivas

precisam ser instauradas com prioridade para atender a demanda de saúde gerada

pela baixa qualidade nutricional e para modificar o estado atual de saúde pública,

torna-se necessário o implemento de programas que se insiram na raiz educacional

e trabalhem desde a primeira infância questões relevantes à alimentação como fator

preventivo de doenças crônico não transmissíveis, como a obesidade.

Nutricionalmente recomendo uma conduta dietoterápica de reeducação

alimentar, estruturando os hábitos alimentares com estimulando a criança em

obesidade, a fazer opção por alimentos mais saudáveis e redução das guloseimas e

“beliscos” entre as refeições. Geralmente, apenas com a reeducação alimentar a

criança já obtem resultado no controle de peso e com o acréscimo de hábitos

saudáveis também no estilo de vida, como a prática de esportes, o resgate à saúde

e bem estar geral, torna-se acelerado.

DESNUTRIÇÃO

Segundo Marcondes, 1976, desnutrição é um estado de diferentes graus de

intensidade e variadas manifestações clínicas, produzido pela deficiente

assimilação, pelo organismo, de quantidades adequadas dos diversos componentes

do complexo nutriente (proteínas, hidratos de carbono, gorduras, sais minerais e

vitaminas).

A OMS estima que mais de 20 milhões de crianças nascem com baixo peso a

cada ano, cerca de 150 milhões de crianças menores de 5 anos têm baixo peso para

a sua idade e 182 milhões têm baixa estatura. Alguns autores relatam que esses

52

valores podem estar subestimados devido a dificuldades para o cálculo de cifras

exatas sobre a prevalência mundial de desnutrição.

O estado nutricional diagnosticado como desnutrição compreende um

complexo de fatores envolvendo questões sociais, culturais, governamentais,

expandindo-se para as questões patológicas mais rapidamente ao passo que menor

é a renda familiar, o acesso ao alimento de qualidade e a informação nutricional

acerca dele.

De modo geral as leis da alimentação e o uso de guias alimentares, como a

pirâmide de alimentos, não veem sendo divulgados ou praticados no ambiente

escolar, de forma a ocasionar um desequilíbrio entre a ingestão dos nutrientes,

deprimindo as reservas de proteína, carboidratos, vitaminas e minerais, agravando o

estado de desnutrição.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em 1995, estimava-

se que mais de um milhão de crianças haviam nascido com baixo peso na região

das Américas e do Caribe. Cerca de 6 milhões de crianças menores de cinco anos

apresentavam severo déficit de peso, como resultado da combinação de desnutrição

e infecções, entre outros fatores. No mesmo ano, 167 milhões de pessoas corriam

risco de sofrer consequências dos distúrbios por deficiência do iodo, 15 milhões de

crianças menores de cinco anos sofriam, em algum grau, de deficiência da vitamina

A e 94 milhões de habitantes estavam anêmicos por carência de ferro. Para mais

informações sobre o problema, na região das Américas. (OPAS, 2008)

Muito se fala da carência nutricional e falta de acesso ao alimento em países

subdesenvolvidos, abrangendo ainda grupos de risco que beiram a miséria mesmo

em governos abastados; e muitas políticas se discutem para eliminação da fome, da

pobreza, da desnutrição infantil, sugerindo programas e ações preventivas de

alcance mundial.

“Desnutrição é o resultado final da somatória de fatores negativos de uma

sociedade, da qual destacamos: falta de interesse governamental para a

área social e educação; falta de interesse e muitas vezes total alienação da

elite da sociedade para os problemas resultantes da condição subumana de

importante parcela da nossa população”. (NÓBREGA & ALBA, 1996)

Neste contexto, avaliar as causas da desnutrição infantil, está associado à

avaliação das condições sociais, humanas, e de saúde pública de um povo. Tais

análises precoces poderão estabelecer os verdadeiros limites entre desnutrição,

saúde e políticas públicas. Para eficácia de um programa com tal relevância, há de

53

se acontecer uma união de forças entre saúde e educação, pois a parceria do

Ministério da Educação, assegurando o conhecimento nutricional, dentro do

currículo escolar, serviria de educação para saúde e qualidade para a vida,

diminuindo em longo prazo, as incidências patológicas associadas à alimentação.

Recomendo variação diária do cardápio alimentar para que a criança obtenha a

maior variedade possível de nutrientes, uma vez que as substâncias de cor indicam

a presença de micronutrientes como vitaminas e minerais em maior ou menor

quantidade nos alimentos conforme sua coloração.

HIPERTENSÃO ARTERIAL

A hipertensão arterial ou pressão alta é uma das doenças de

maior prevalência na população mundial. No Brasil, a Sociedade Brasileira

de Hipertensão (SBH) estima que haja 30 milhões de hipertensos, cerca de 30% da

população adulta. Entre as pessoas com mais de 60 anos, mais de 60%

têm hipertensão. No mundo, são 600 milhões de hipertensos, segundo a

Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora o problema ocorra

predominantemente na fase adulta, o número de crianças e adolescentes

hipertensos vem aumentando a cada dia. A SBH estima que 5% da população com

até 18 anos tenham hipertensão – são 3,5 milhões de crianças e adolescentes

brasileiros. (SBH, 2013)

A pressão alta caracteriza-se pela presença de níveis de pressão

arterial elevados associados a alterações no metabolismo do organismo, nos

hormônios e nas musculaturas cardíaca e vascular, ocorrendo quando há um

aumento da pressão sanguínea, podendo ocasionar vários problemas

cardiovasculares.

O risco de desenvolvimento da hipertensão em pessoas acima do peso é muito

maior do que em pessoas com peso adequado. Porém, existem outros fatores que

contribuem para que esta doença se desenvolva: excesso no consumo de sódio, de

álcool e sedentarismo.

Apenas nos últimos 25 anos o problema da hipertensão arterial recebeu a

devida atenção do pediatra. A incorporação dessa medida como parte do

exame físico da criança, bem como a publicação de normas para a sua

avaliação na infância, possibilitaram a detecção não somente da

hipertensão arterial secundária não detectada, mas também das elevações

discretas da pressão arterial. Hoje sabemos que a hipertensão arterial

detectada em algumas crianças pode ser secundária, por exemplo, às

54

doenças renais, mas pode também, em outros casos, representar o início

precoce da hipertensão arterial essencial observada nos

adultos.(SALGADO, 2003:2)

Em jovens adultos de 20 a 45 anos, a prevalência da hipertensão é seis vezes

maior em obesos do que em não obesos. Para cada aumento de 10% na gordura

corporal, há elevação na pressão arterial sistólica. (JUNG, 1997).

O tratamento da hipertensão deve basear-se numa alimentação balanceada

nutricionalmente, prática de atividade física e evitar o consumo de álcool e sódio em

excesso.

No caso da hipertensão infantil, o abuso no consumo de produtos

industrializados produz um acréscimo no consumo de sódio em proporções

alarmantes, sendo o consumo preconizado pela OMS a ingestão de 6 mg de sódio

por dia enquanto o consumo médio da população brasileira varia entre 11 mg/dia.

A educação nutricional vem ao encontro da necessidade infantil de apurar seu

paladar e o critério de escolha dos alimentos antes de ingerí-los, pois conscientes,

poderão decidir pelo alimento menos prejudicial à sua saúde. Defende-se que a

população desconhece a quantidade de sódio embutida em alimentos

industrializados como salgadinhos, preparos para sopas, refrigerantes, águas

saborizadas, entre outros produtos como salsicha, frios e embutidos cárneos.

DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Doenças cardiovasculares compreendem patologias que acometem tanto o

sistema circulatório, quanto o cardíaco e geralmente apresentam como fatores de

risco para o surgimento, fatores como o tabagismo, sedentarismo, obesidade,

hipertensão e dislipidemias.

Estudos apontam maior frequência nos casos de hipercolesterolemias ainda na

infância. A descompensação alimentar, principalmente dos níveis de lipídeos

(gorduras) é fator de risco para a elevação do colesterol plasmático.

O colesterol total é composto pelas frações: HDL (colesterol bom) e LDL

(colesterol ruim) e triglicérides. É diagnosticado através do exame de sangue, sendo

classificados níveis de LDL normais até 200mg/dl. Os níveis aumentados de

colesterol total, LDL-colesterol (>200 mg/dl) e triglicérides (>150mg/dl), podem

acarretar em obstrução de veias e artérias causando o infarto e derrame.

55

Isso está relacionado com a dislipidemia na obesidade, representada pela

elevação do colesterol total, da lipoproteína de baixa densidade (Low Density

Lipoprotein LDL-colesterol) e dos triglicérides circulantes, e diminuição na

lipoproteína de alta densidade (Hight Density Lipoprotein HDL-colesterol). Esse risco

pode se tornar mais acentuado quando o ganho de peso está acompanhado por

redução na atividade física e alta ingestão de ácidos graxos saturados (JUNG, 1997;

GRUNDY, 1998).

As três principais causas de morte no Brasil são o infarto do miocárdio, a

insuficiência cardíaca e o acidente vascular cerebral, representando 300 mil mortes

anuais ou 820 por dia. O total de mortes no Brasil por doença cardiovascular é de

34,0%. Torna-se preciso controlar os níveis de LDL e estimular a manutenção do

HDL.

Como prevenção do aumento dos níveis de LDL deve-se evitar a ingestão de

produtos ricos em gordura saturada (gordura de origem animal), como manteiga,

carnes gordas, pele de frango, frituras em geral etc. As fibras da alimentação e a

prática de atividade física também contribuem para a normalização dos índices de

colesterol.

Ocorre um balanço natural e compensatório entre os níveis de LDL colesterol e

HDL colesterol no organismo humano, assim, o consumo de óleos vegetais, ricos

em gorduras insaturadas, ajudam na formação de HDL e este por sua vez, auxilia no

controle e redução dos níveis de HDL.

DIABETES MELITUS

Numa definição superficial, diabetes é uma doença do metabolismo causada

pela falta de insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas, fundamental para a

queima do açúcar e para a sua transformação em outras substâncias, como

gorduras, músculos, proteínas, etc.

O diabetes é caracterizado pelo aumento de glicose no sangue por deficiência

de insulina ou por resistência à insulina. É classificado em dois tipos: diabetes tipo I

(insulino-dependente), geralmente adquirida por fatores genéticos e tipo II (não

insulino-dependente), comumente causada pela obesidade e outros fatores

ambientais. A patologia está associada a alguns fatores de risco, como histórico

familiar de diabetes, sedentarismo, obesidade, doenças coronarianas e outros.

56

Maior concentração de glicose no sangue provoca um fenômeno inflamatório

nas pequenas artérias que degenera, especialmente, suas terminações. Como

consequência, diversos órgãos são atingidos, entre eles o coração (maior número de

ataques cardíacos), os rins (insuficiência renal), as pequenas artérias da retina

(alterações na visão), do pênis (impotência sexual) e do cérebro (derrames

cerebrais). Nos membros inferiores, especialmente nos pés, podem surgir feridas

que demoram a cicatrizar. Além de acometer as artérias, o aumento de glicose no

sangue pode, ainda, alterar terminações nervosas fazendo surgir as neuropatias

diabéticas.

O diabetes é diagnosticado através do exame de sangue. A faixa de

normalidade da glicemia é de 70 a 110mg/dl em casos de exame coletado em jejum

ou inferior a 140mg/dl em exames coletados após o almoço. O tratamento deve ser

baseado em alimentação específica, juntamente com prática de atividade física e

alguns casos o uso de medicamentos como hipoglicemiantes orais ou insulina.

A obesidade, particularmente aquela localizada na região abdominal, pode

elevar o risco da ocorrência de Diabetes Mellitus não-dependente de insulina em dez

vezes. (FRANCISCHI, 2000). Segundo Jung (1997), em torno de 75% dos pacientes

diabéticos não-dependentes de insulina estão acima do peso desejável.

Considerando a distribuição da gordura corporal, Jung (1997) afirma que a

circunferência da cintura maior do que 100 cm, pode isoladamente elevar o risco de

desenvolvimento de diabetes em 3,5 vezes, mesmo após um controle do IMC.

No desenvolvimento de diabetes, o tecido adiposo atua aumentando a

demanda por insulina e, em pacientes obesos, criando resistência a esta, o que

ocasiona aumento na glicemia e consequente hiperinsulinemia. Contudo, a

sensibilidade do tecido adiposo à insulina pode permanecer alta, o que sugere que a

lipogênese possa estar favorecida. Em alguns casos, essa resistência pode ser

atribuída à diminuição na concentração de receptores de insulina, ou em falha no

mecanismo de trânsito celular (FRANCISCHI, 2000).

Recomendo ingestão hídrica mínima de dois litros de água por dia, a ingestão

de fibras como parte regular do cardápio cotidiano e especial atenção a contagem

do índice glicêmico dos alimentos da dieta. Geralmente a intervenção apropriada

nos hábitos alimentares, já produz significativa melhora do quadro geral e em muitos

casos, toma-se como conduta para a patologia, apenas a dieta adaptada, sem o uso

de medicamento auxiliar ao tratamento.

57

Diante de todos os fatores aqui ressaltados, este trabalho busca trazer novo

sentido e significado para o ato de comer, ampliando o conhecimento sobre os

alimentos necessários para o crescimento e desenvolvimento humano, respeitando

a harmonia entre eles, além da qualidade e quantidade adequada a cada fase vital.

Após discussão e análise das consequências apresentadas ao

desenvolvimento infantil a partir do consumo alimentar inadequado, apresenta-se

partir da Organização Mundial da Saúde (OMS) a definição de saúde como um

estado de completo bem estar físico, mental e social, e não somente como a

ausência de doença ou invalidez. Assim, discuto os aspectos de sensibilização

infantil para aquisição do conhecimento nutricional, trabalhando a questão alimentar

pela ótica psicológica e lúdica. Assessora-se ao projeto a interação com projetos de

educação física e preocupa-se em atender mais que uma conscientização, mas

ainda, uma socialização entre as crianças e delas com um universo de

possibilidades, moldando um caráter fortalecido para suas futuras escolhas e não é

fácil discernir entre o certo e o errado, já no cotidiano de um adulto e mais difícil

ainda o é, para a criança.

Alicercear a infância quanto as possibilidades, as escolhas, as decisões e lidar

com os desejos, medos, frustrações e prazeres, também se torna papel do educador

e neste caso, o educador nutricional é o profissional que ajudará na compreensão de

suas possibilidades alimentares e o conduzirá a refletir antes de sua escolha.

58

CAPÍTULO 2

EDUCAÇÃO PARA SEGURANÇA ALIMENTAR E

NUTRICIONAL

A Segurança alimentar e nutricional é a realização do

direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos

de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o

acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base

práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a

diversidade cultural e que sejam social, econômica e

ambientalmente sustentáveis.

SISVAN, 2004

59

Neste capítulo viso dentre meus objetivos, expor o direito de acesso do cidadão

brasileiro a alimentos seguros e saudáveis, em quantidade, qualidade adequadas,

suficientes e que garantam uma vida saudável. Tais reflexões devem ser associadas

aos programas do Governo Nacional que visam combater a fome, a miséria e os

desafios encontrados para desenvolvimento da Segurança Alimentar e Nutricional.

Coletar, expor e analisar políticas existentes em prol à segurança alimentar e

contribuir para a melhoria das relações entre as políticas públicas existentes.

A promoção da segurança alimentar e nutricional está relacionada diretamente,

com o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e também com políticas

promovidas pelo Governo Federal, Estadual e Municipal em conjunto com

profissionais de saúde.

A segurança alimentar e nutricional é definida pelo Conselho Nacional de

Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) como o direito de todas as

pessoas ao acesso regular e permanente a uma alimentação saudável, ou

seja, a alimentos de qualidade nutricional e higiênico-sanitária adequadas e

em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras

necessidades essenciais. Além disso, a alimentação deve ser baseada em

práticas alimentares promotoras de saúde, respeitar a diversidade cultural e

ser social, econômica e ambientalmente sustentável. Já a insegurança

alimentar e nutricional são situações que podem ser detectadas a partir de

vários problemas, tais como fome, obesidade, doenças associadas à má

alimentação e ao consumo de alimentos de qualidade duvidosa ou

prejudicial à saúde (BRASIL.CONSEA, 2004).

No final do século passado, o Brasil tornou-se muito evidente ao Mercosul10 e

demais países da América e Europa, com interesse em seus produtos ao comércio

mundial. Mas os olhares não destacam apenas as riquezas economicamente viáveis

de exploração, visualizam ainda, índices negativos de desenvolvimento social e a

mídia expos ao mundo os problemas e atrativos do país. Ao se evidenciar de modo

global e de forma tão intensa a fome, a falta de saneamento básico ou o acesso à

água potável, acesso ao alimento, entre tantas outras necessidades das culturas

mais carentes do país, que quando tem acesso à comida não tem segurança da

qualidade sanitária da mesma e que quando se toma por doença não tem garantias

de atendimento médico, o Governo Federal instituiu uma comissão para promover

ações que visem garantir de forma igualitária à população o direito à segurança

alimentar.

10 MERCOSUL: Trata-se de um acordo comercial de união aduaneira de livre-comércio entre cinco

países da América do Sul. Em sua formação original, o bloco econômico era composto

por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

60

Este instrumento de aproximação das necessidades populacionais em nutrição

e alimentação às reformas nacionais para garantia da saúde social recebeu o título

de CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional) e está

subordinado ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN)

com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada, sob a Lei nº

11.346, de 15 de setembro de 2006.

Criado por meio da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional

(LOSAN), em 2006, o SISAN foi instituído com os objetivos de formular e

implementar política e planos de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), estimular

a integração dos esforços entre governo e sociedade civil, bem como promover o

acompanhamento, monitoramento e a avaliação da Segurança Alimentar e

Nutricional no país.

O CONSEA é um instrumento de articulação entre governo e sociedade civil

na proposição de diretrizes para as ações na área da alimentação e

nutrição. Instalado no dia 30 de janeiro de 2003, o Conselho tem caráter

consultivo e assessora o Presidente da República na formulação de

políticas e na definição de orientações para que o País garanta o direito

humano à alimentação. O Conselho é formado por conselheiros –

representantes da sociedade civil organizada e ministros de Estado e

representantes do Governo Federal –, além de observadores convidados. O

patrono do Conselho é o cientista social Josué de Castro, pioneiro das

abordagens científicas sobre o fenômeno da Fome. (cartilha LOSAN – Lei

Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional)

Portanto, é direito constituído em Lei Nacional que todo cidadão do território

nacional deve ter acesso a uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, em

quantidade suficiente e de modo permanente, refletindo-se assim os objetivos da

Segurança Alimentar e Nutricional baseada em práticas alimentares promotoras da

saúde. Desse modo, torna-se direito do brasileiro se alimentar devidamente,

respeitando particularidades e características culturais de cada região.

A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de

todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em

quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades

essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde que

respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica

e socialmente sustentáveis. (Art. 3º)

A segurança alimentar e nutricional abrange: (Art. 4º)

I – ampliação das condições de acesso aos alimentos por meio da

produção, em especial da agricultura tradicional e familiar, do

processamento, da industrialização, da comercialização, incluindo-se os

acordos internacionais, do abastecimento e da distribuição dos alimentos,

61

incluindo a água, bem como da geração de emprego e da redistribuição de

renda;

II – conservação da biodiversidade e utilização sustentável dos recursos;

III – a promoção da saúde, da nutrição e da alimentação da população,

incluindo-se grupos populacionais específicos e populações em situação de

vulnerabilidade social;

IV – a garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica

dos alimentos, bem como seu aproveitamento, estimulando práticas

alimentares e estilos de vida saudáveis que respeitem a diversidade étnica

e racial e cultural da população;

V – a produção de conhecimento e o acesso à informação;

VI – a implementação de políticas públicas e estratégias sustentáveis e

participativas de produção, comercialização e consumo de alimentos,

respeitando-se as múltiplas características culturais do País. (LOSAN, 2006)

O CONSEA implantou conceitos modernos de segurança nutricional, tais como

o SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional), que é responsável pela

vigilância do estado nutricional de escolares; indicadores de avaliação de

programas, serviços de saúde e nutrição e a avaliação do estado nutricional de

todos os membros da família. Em 2004, estes conceitos foram incorporados na Lei

Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – Losan (Lei nº 11.346, de 15 de

julho de 2006).

A Segurança Alimentar e Nutricional está associada não apenas à fome, mas

também a doenças causadas por alimentos (diarreia, contaminação por agrotóxicos,

presença de hormônios, composição inadequada, etc.) e doenças associadas a

hábitos alimentares inadequados, como obesidade, diabetes, hipertensão arterial, e

câncer.

Apesar de ser um dos maiores produtores de alimento do mundo, o Brasil

continua sendo um país onde milhões de pessoas ainda convivem diariamente com

a fome, assim enfrentando vários desafios ao longo da história para assegurar e

desenvolver as medidas implantadas em segurança alimentar.

O CONSEA estimula a sociedade a participar da formulação, execução e

acompanhamento de políticas de Segurança Alimentar e Nutricional. Considera a

62

organização da sociedade essencial para as conquistas sociais e para a superação

definitiva da exclusão. Nem o governo e nem as organizações da sociedade civil,

agindo isoladamente, têm condições de garantir a Segurança Alimentar e Nutricional

da população de modo eficaz e permanente. O esforço para a ação conjunta e

coordenada é fundamental, de modo que cada parte cumpra com suas atribuições

específicas, utilizando os recursos existentes de forma mais eficiente e com mais

qualidade.

Em análise a todos os dados apresentados acerca da Segurança Alimentar e

Nutricional julga-se a proposta deste trabalho de pesquisa, de inclusão da educação

nutricional como disciplina assessoria ao currículo educacional do Ensino

Fundamental, muito qualificada em prol da saúde, bem estar social, psicológico e

nutricional da criança, pois assegura o critério estabelecido na Lei 11.346, 2006 do

SISAN que prevê no parágrafo 4°, artigo V, como direito populacional ao

conhecimento e informação sobre segurança alimentar e nutricional. A formação de

crianças em hábitos alimentares saudáveis também assegura conhecimentos sobre

saúde, qualidade de vida e segurança alimentar, principalmente pelo fato do projeto

“Educando Sabores” abranger em seu conteúdo programático o contexto de DTA

(Doenças Transmitidas por Alimentos), capacitando assim, as crianças a

reconhecerem formas higiênico-sanitárias de controle e consumo de alimentos.

As DTA são responsáveis por várias enfermidades, afetando principalmente

crianças, gestantes e idosos. Todos os anos são identificados casos de óbito e de

deterioração do estado nutricional na população infantil por doenças diarreicas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 70% dos casos de diarreias se

devem ao consumo de alimentos contaminados. A OMS estima que anualmente

ocorram cerca de 2,2 milhões de óbitos atribuídos ao consumo de alimentos

contaminados, sendo que 1,8 milhões dessas mortes são de crianças

(ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2008).

DTAs são patologias que envolvem o trato gastrointestinal, comprometendo-o

pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas, quer seja por bactérias,

toxinas, vírus, fungos, quer por contaminantes químicos como pesticidas,

agrotóxicos, ou ainda, por envenenamento natural, como em caso de ingestão de

alimentos com toxicidade própria ao ser humano. Dentre os sintomas estão diarreia,

vômitos, cólicas abdominais, febre, podendo variar de acordo com o vírus ou

bactéria encontrado no alimento ingerido.

63

As patologias mais frequentes em casos de DTAs são salmonelose, hepatite A,

giardíase, gastroenterite, botulismo, toxoplasmose, entre outras virais ou bacterianas

associadas ao alimento ingerido.

Torna-se fundamental numa alimentação infantil garantir além do

balanceamento adequado dos nutrientes, também a qualidade sanitária, ou seja,

que a alimentação apresente segurança nutricional, pois os sintomas associados às

doenças transmitidas por alimentos ocasionarão danos sensíveis ao organismo

infantil, sendo na maioria dos casos, caracterizado vômitos e diarreia, contribuindo

para a desidratação, baixa do sistema imunológico, perda de nutrientes e enzimas

importantes ao trato digestivo, além da desordem causada na flora intestinal.

A falta de cuidados de higiene pessoal, no ambiente de manipulação de

alimentos e principalmente, de higiene do próprio alimento, ocasionam o surgimento

das DTAs. Medidas como higiene das mãos a cada troca de atividade durante o

preparo de alimentos, higienização de bancadas, pias e utensílios como facas,

placas de corte e o armazenamento correto dos insumos crus distantes dos cozidos,

são medidas profiláticas para as doenças transmitidas por alimentos. Após

preparado o alimento deve ficar exposto por pouco tempo a temperatura ambiente,

resguardando-se da refrigeração ou do reaquecimento antes do consumo.

A ocorrência de DTA vem aumentando de modo significativo em nível

mundial. Vários são os fatores que contribuem para a emergência dessas

doenças, dentre os quais destacam-se: o crescente aumento das

populações, a existência de grupos populacionais vulneráveis ou mais

expostos, o processo de urbanização desordenado e a necessidade de

produção de alimentos em grande escala. Contribui ainda, o deficiente

controle dos órgãos públicos e privados, quanto à qualidade dos alimentos

ofertados às populações. (OMS, 2007)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, a cada ano, mais de dois

milhões de pessoas morram por doenças diarreicas, muitas das quais adquiriram ao

ingerir alimentos contaminados. Estados Unidos (EUA), aproximadamente 76

milhões de casos, 325.000 hospitalizações e 5 mil mortes. No Brasil essa vigilância

teve início em 1999 e há registro médio de 665 surtos por ano, com 13 mil doentes.

Por fim, no intuito de controlar as DTAs, a Organização Mundial de Saúde

(OMS) propõe um esforço conjunto dos governos, indústrias de alimentos e

consumidores. E este trabalho de pesquisa propõe contribuir “in loco” com a

educação nutricional infantil no cotidiano escolar, de forma ativa na garantia do

64

alimento seguro, ou seja, livre de qualquer perigo biológico, químico e /ou físico,

como prega a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional.

O acesso à água potável e alimento de qualidade, associado ao conhecimento

de manipulação de alimentos, contribui para um menor risco e frequência de DTAs,

assim o projeto “Educando Sabores” contribui diretamente na primeira fase do

Ensino Fundamental, com orientação sobre Doenças Transmitidas por Alimentos,

focando na importância de lavar as mãos e os alimentos antes de consumi-los.

65

2.1 Segurança Alimentar e Políticas Públicas existentes

Figura 9: Filme Garapa. Fonte: www.stica.com.br.

Não basta as pessoas estarem alimentadas,

elas tem que estar bem alimentadas.

E falar da dimensão nutricional também

nos ajuda a pensar sobre a educação alimentar,

a educação para o consumo.

66

MARIA EMÍLIA PACHECO

Diante do contexto esboçado sobre segurança alimentar, busco coletar, expor

e analisar políticas existentes em prol à segurança alimentar e propor uma nova

política, assessória às existentes, com intuito de formar o caráter nutricional através

do aconselhamento nutricional.

O preceito de segurança alimentar implica na garantia de todos a alimentos

básicos de qualidade e em quantidade suficiente, de modo permanente e sem

comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. O conceito também

prescreve práticas alimentares saudáveis, de modo a contribuir para uma existência

digna em um contexto de desenvolvimento integral da pessoa humana. (BRAGA,

2004)

Cada país é responsável por suas próprias políticas e estratégias sustentáveis

que garantam o direito a alimentação para toda a população.

No Brasil, programas como Bolsa Família; PNAE (Programa Nacional de

Alimentação Escolar); SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional);

Distribuição de vitamina A (Vitamina A+); Distribuição de ferro (Saúde de Ferro);

Alimentação e nutrição de povos indígenas e PAT (programa de alimentação do

trabalhador) são eixos que tendem a ampliar o acesso e o direito a alimentação, em

conjunto com eixos de geração de renda, um fator importante, estimulado através de

Qualificação social e profissional; programas de Economia Solidária e inclusão

produtiva; CONSAD (Consórcio de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local) e

fortalecimento da agricultura agrária, que promove a geração de renda no campo e o

aumento da produção de alimentos para o consumo, tais como: PRONAF (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar); Garantia-Safra; Seguro da

Agricultura Familiar; (PAA) Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura

Familiar.

Programas como estes estão associados a várias áreas governamentais como

agricultura, economia, transporte, saneamento básico, nutrição, que devem trabalhar

em conjunto para que os objetivos sejam atingidos.

Existem muitas políticas públicas voltadas à população carente, buscando

melhoria da condição social e de saúde. Existem ainda, muitas políticas voltadas à

educação, buscando melhoria dos métodos e conteúdos programáticos

67

estabelecidos pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura). Mas quantos projetos

existem que correlacionem o fator social, educacional e nutricional?

Mais veementemente, apresento a hipótese de unir ao processo educacional

curricular, a prevenção de doenças e promoção à saúde através do aconselhamento

nutricional e incentivo à bons hábitos alimentares. Os argumentos benéficos desta

ação não se esgotam, pois todas as transformações corporais, necessitam de aporte

nutricional adequado e o desequilíbrio deste, acarreta diretamente em desvios de

saúde.

Acredito que a educação nutricional haja como promoção à segurança

alimentar através da formação de indivíduos mais críticos quanto à sua alimentação

e ao próprio ato alimentar, uma vez que a educação evolui o indivíduo na busca de

suas potencialidades.

E uma pergunta se volta à mente nesta altura da discussão: Os programas

nacionais de segurança alimentar caminham junto das práticas nutricionais?

Uma vez o governo cumprindo seu papel promotor de qualidade de vida à

população, investe demasiadamente em saúde pública a fim de remediar os

problemas já instaurados, enquanto que, poderia preventivamente, investir na

aproximação do profissional de nutrição à escola e mais próximo à população

infantil, poderia garantir uma geração de consumo consciente e valorização da

cultura alimentar saudável.

O direito à alimentação adequada é fundamental ao ser humano e, segundo a

Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), cabe ao poder público

assegurá-lo. Na tentativa de garantir a segurança alimentar e nutricional, o Ministério

do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) adota políticas de ampliação

do acesso aos alimentos, combinando programas e ações de apoio à agricultura

tradicional e familiar de base agroecológica e cooperativa, além da implantação de

uma ampla Rede de Segurança Alimentar e Nutricional.

A atuação do MDS segue as diretrizes da Política Nacional de Segurança

Alimentar e Nutricional (PNSAN), definidas pela Conferência Nacional de Segurança

Alimentar e Nutricional. A coordenação Inter setorial e o monitoramento da PNSAN

são responsabilidades da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e

Nutricional (CAISAN), órgão integrante do Sistema Nacional de Segurança Alimentar

e Nutricional (SISAN), também composto pelo Conselho Nacional de Segurança

68

Alimentar e Nutricional (CONSEA) e pelas Conferências de Segurança Alimentar e

Nutricional.

Em 2003, o combate à fome assume centralidade nas questões políticas do

Brasil, com o governo Lula. A partir de então, o conceito de segurança alimentar e

nutricional ganha visibilidade e força, no sentido de nortear o desenho das políticas

voltadas para a erradicação da fome. (BRAGA, 2004)

Vários indicadores da Terceira Conferência Nacional de Segurança Alimentar e

Nutricional, realizada em Fortaleza, no ano de 2007 mostram ter havido redução na

pobreza e nos índices de fome e desnutrição, com melhoria no acesso a

alimentação. Mas a mesma conferência também relata números, como os do Ceará,

onde mais de 55% da população, vive em situação de insegurança alimentar, de

acordo com Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo

IBGE. Segundo a PNAD, a situação é grave para 13,5%, moderada para 21,3% e

leve para 20,9%. O Brasil ainda enfrenta dificuldades como a extensão geográfica

de seu território, que dificulta a implantação e a fiscalização dos programas e

também a carência econômica de diversos municípios.

O Brasil, desde muito, convive com imensas diferenças entre o crescimento

econômico e o social. O econômico se apoia em um modelo de modernização

conservadora que, por sua vez, se constitui em uma matriz pouco favorável à

generalização da cidadania e dos padrões fundamentais para uma proposta de

equidade social. Com isso, observa-se a dificuldade de acesso ao alimento, em

quantidade e qualidade, para uma parte considerável da população. (FREITAS,

2003)

Dados do IBGE (2004) confirmam a tendência de concentração da renda, e

mostram o crescimento do número de pessoas que vivem em condições de extrema

pobreza. São 33% da população os que ganham o equivalente a menos de trinta

dólares por mês (IBGE, 2004). Também, a racionalidade dos gastos sociais

instituídos pelas incertezas do mercado financeiro reproduz situações incertas e

inseguras para a população carente de serviços em educação, saúde, nutrição,

saneamento, habitação, política pública, entre tantas.

Em termos conceituais, segurança alimentar e nutricional significa a segurança

individual e coletiva em obter de modo permanente o alimento de qualidade, como

uma espécie de certeza construída na complexidade do cotidiano. A noção de

segurança socioeconômica, vinculada à qualidade sanitária do alimento e ao

69

respeito ao meio ambiente geram significados que se traduzem em condições de

estabilidade em relação à nutrição do corpo e da família. O inverso corresponde à

persistência da insegurança e da fome crônica. (FREITAS, 2003)

Nesse sentido, o conceito de segurança alimentar e nutricional no Brasil se

remete ao entendimento das questões estruturais em que a desigualdade social

expressa o sinônimo essencial do termo (CONSEA, 1994; 2004). Expressões como

acesso, qualidade de alimentos, nutrientes básicos, produção, emprego, transição

demográfica, qualidade de vida, entre tantas outras expressões conjugadas e

contextualizadas, podem trazer a imagem interdisciplinar do termo segurança

alimentar. Sentidos inversos, como: insegurança, precariedade, incerteza, exclusão

social, sofrimento e vergonha de viver com fome, são expressões semânticas para

significar falta de condições materiais.

A percepção dos sentidos, de quem não tem garantia de alimentar-se com

qualidade e quantidade suficientes, anuncia sensações vivenciadas pelo corpo

condicionado e debilitado pelas condições de seu mundo de miséria. Com essa

percepção, o sofrimento do faminto não se esgota ao comer três vezes ao dia, como

assinala o Programa Fome Zero, mas, antes, ele quer obter a segurança de comer

num tempo da automatização do cotidiano, sem que se permita perceber carente de

sua comida, em seu próprio corpo e em seu imaginário. Para ele, segurança é

mudança do habitual de fome. Ou seja, trata-se da mudança das sensações

habituais e a inscrição de novas.

A segurança alimentar e nutricional é uma questão política na medida em que é

um direito social a ser assegurado pelo Estado, um direito cidadão que afaste a

ameaça de fome (FREITAS, 2003). Ter acesso ao alimento de qualidade, cultivar

hábitos alimentares saudáveis, etc. são questões que pertencem ao universo

microssocial e que se confundem ou refletem as dimensões macroeconômicas e

políticas. Desse modo, qualquer que seja o projeto de segurança alimentar e

nutricional para as multidões famintas do Brasil, será real para os sujeitos, se for

sustentado por uma política segura de redistribuição de renda e não vulnerável num

tempo provisório que logo se esgote.

70

2.2 Educação Nutricional para Infância e Escola

Figura 10. Educação para Alimentação escolar. Fonte: http://lbgs.com.br/alimentacao/alimentacao-escolar

Educar para as ciências, educar para as artes,

educar para a vida e inspirar para o conhecimento,

são tarefas do educador, mas elas vão além disso,

e podem fazer a diferença no tipo de educação e sociedade

que teremos quando estas crianças crescerem.

(da autora)

71

Enquanto a educação, por definição, pode ser compreendida por execução de

métodos apropriados para garantir o processo de ensino aprendizagem e o

desenvolvimento de um ser humano, a educação nutricional tem por definição: grupo

de atividades de comunicação para gerar uma mudança voluntária em certas

práticas que afetam o estado nutricional de uma população. A meta final da

educação nutricional ou aconselhamento nutricional é melhorar o estado nutricional

do indivíduo e neste caso, da criança em fase escolar.

Ligia Amparo da Silva Santos do Departamento das Ciências da Nutrição, da

Universidade Federal da Bahia, discute com muita propriedade a trajetória da

educação nutricional e alimentar no Brasil, desde seu surgimento, passando por

uma reflexão política sobre o assunto.

De 1940 a 1960, a educação alimentar e nutricional esteve vinculada às

campanhas de introdução de novos alimentos e às práticas educativas que

se tornaram um dos pilares das políticas de alimentação e nutrição do

período. Lima ressalta que esse momento da educação alimentar e

nutricional se fundamentou no mito da ignorância, fator considerado como

determinante da fome e da desnutrição na população de baixa renda, o

grupo destinatário dessas ações educativas. Assim, o desenvolvimento de

instrumentos adequados, que ensinassem o pobre a comer, a fim de corrigir

hábitos errôneos nessas populações foi uma prioridade que caracterizava

uma concepção de educação centrada na mudança do comportamento

alimentar.

A partir de meados de 1970, o binômio alimentação-educação prevalecente

começou a ceder espaço para o binômio alimentação-renda, resultado dos

redirecionamentos das políticas de alimentação e nutrição traçadas no país,

as quais, a partir de então, se pautavam no reconhecimento da renda como

principal obstáculo para se obter uma alimentação saudável. Como

decorrência, intensas críticas foram feitas à educação alimentar e

nutricional que vinha sendo desenvolvida, avaliada como meio de ensinar

ao pobre a comer alimentos de baixo valor nutricional. Assim, as estratégias

de suplementação alimentar passaram a ser o eixo norteador das políticas.

Importante contribuição para a discussão sobre novas perspectivas da

educação alimentar e nutricional se consolidou em meados de 1980, com a

educação nutricional crítica. Tal concepção identificava haver uma

incapacidade da educação alimentar e nutricional em, de forma isolada,

promover alterações em práticas alimentares. A educação nutricional crítica

baseava-se nos princípios da pedagogia crítica dos conteúdos, de

orientação marxista, considerando que a educação nutricional não é neutra,

como também não pode seguir uma metodologia prefixada. Nessa

perspectiva, essa vertente da educação nutricional pressupunha assumir o

compromisso político de colocar a produção técnica e científica, a serviço

72

do fortalecimento das classes populares em sua luta contra a exploração

que gera a fome e a desnutrição. (Santos, 2005)

Educador nutricional é a descrição do profissional de saúde envolvido na

educação ou aconselhamento de informações relacionadas à nutrição e/ou aspectos

que levam à aderência de um novo comportamento alimentar.

A intervenção nutricional tem como objetivo a prevenção de doenças, a

proteção e a promoção de uma vida mais saudável, conduzindo ao bem-estar geral

do indivíduo.

A educação ou aconselhamento nutricional é o processo pelo qual o indivíduo é

efetivamente auxiliado a selecionar e implementar comportamentos desejáveis de

nutrição e estilo de vida. O profissional nutricionista educador atua não somente na

patologia diagnosticada no indivíduo, mas como um investigador dos fatos que

levaram o indivíduo à patologia existente. Ele aconselha, trabalha o equilíbrio

emocional, apoia, sugere e facilita mudanças de comportamento, tanto alimentar,

como em outros aspectos da vida, tudo para garantir o sucesso não somente no

tratamento da patologia existente, como também na prevenção de outras.

Um programa de educação nutricional atuante no Ensino Fundamental, como

Projeto Educando Sabores, proposto nesta pesquisa, aplicado por um educador

nutricional em conjunto aos programas desenvolvidos pelo sistema escolar, serviria

de sustentação para ampliar os horizontes educacionais com vivências do cotidiano

e com hábitos mais saudáveis a todas as fases da vida, estando a criança em foco

principal.

As fases referentes ao escolar e ao adolescente também envolvem

comportamentos e atitudes que persistirão no futuro determinando uma vida

saudável, se houverem mais programas de educação alimentar e nutricional

capazes de contribuir para a garantia de práticas alimentares adequadas.

Um estudo publicado em 2005 pela Revista de Nutrição de Campinas, por

BIZZO & LEDER, sob o título de “Educação nutricional nos parâmetros curriculares

nacionais para o ensino fundamental”, discute a introdução da educação nutricional

como disciplina no currículo escolar do Ensino Fundamental e este discute que:

A promoção de saúde entre crianças maiores de cinco anos de idade

habitualmente não é prioridade nas políticas de saúde oficiais, em particular

no ambiente escolar, não obstante requeiram intensivas ações nesse

sentido, incluindo programas educativos em nutrição. O presente trabalho

constitui uma reflexão acerca da inserção da educação nutricional como

Tema Transversal nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino

73

Fundamental. Além de recomendar premissas pedagógicas, enfoca alguns

dos principais requisitos técnico-científicos para tal implementação: a

formação diferenciada do nutricionista, a compreensão da construção e

mudança dos hábitos alimentares de escolares, a modelagem no contexto

alimentar da escola e a integração com outras ações e intervenções. O

trabalho que deu origem a este artigo motivou dois projetos de lei, ambos

estabelecendo princípios e diretrizes para a educação nutricional e a

segurança alimentar e nutricional de escolares, um deles tramitando na

Câmara Municipal do Rio de Janeiro e o outro no Congresso Nacional.

(Bizzo, Leder, 2005)

Como resultado deste artigo, e no intuito de regulamentar a situação, levando

ao conhecimento do congresso e da população brasileira, no mesmo ano, foi

lançado um projeto de lei (Projeto de Lei nº30 de 2005), sob o nome de Projeto de

Educação Nutricional, que ressalta tal importância ao bom desenvolvimento infantil e

discute sua implantação em nível nacional.

Tal projeto, de autoria da deputada paulista Dominique Elisângela Barbosa

Costa, justifica sua relevância com a argumentação da construção de hábitos

alimentares e da participação da escola neste processo, como segue:

As práticas alimentares e hábitos saudáveis são construídos pelos

indivíduos e pelas relações sociais que os mesmos estabelecem em

diferentes espaços de convivência e troca de informação. Na infância, além

da família, o ambiente escolar é um espaço extremamente adequado e

significativo para a promoção de hábitos saudáveis. É nesse período que

são formados hábitos corretos, no que tange à alimentação, que

permanecerão por toda a vida.

Ressalte-se, que é papel da escola a conscientização e formação de

hábitos saudáveis aos seus alunos, dentre os quais e, principalmente os

alimentares. Nesse sentido, é fundamental que a escola exerça desde cedo

o papel da orientadora para a aquisição e manutenção de tais práticas, uma

vez que a mesma exerce grande influência sobre as crianças, contribuindo

enormemente para a formação de seus valores e representando um lugar

ideal ao desenvolvimento de programas de promoção da saúde. (Projeto de

Lei nº30 de 2005)

Educar as crianças acerca das consequências dos excessos alimentares e

encorajá-las a hábitos alimentares saudáveis, associados ao prazer alimentar é a

única medida prática cabível, à escola e à família para reverter a obesidade infantil e

as patologias decorrentes dos excessos alimentares. Desta forma, entendo que se

não forem instituídas mudanças efetivas no estilo de vida atual, a expectativa de

vida das gerações atuais serão menores que de seus pais e avós.

As ações educativas proporcionam além da construção de conhecimentos

importantes de alimentação e nutrição, incentiva e melhora a freqüência de práticas

74

alimentares saudáveis, porém para atingir mudanças no diagnóstico nutricionais é

necessário o desenvolvimento de trabalhos de um período de tempo maior, no

intuito de concretizar a promoção de hábitos alimentares saudáveis e contribuir

assim, para a prevenção de agravos nutricionais. As intervenções, portanto, devem

ir muito além de apenas promover conhecimentos nutricionais. São necessárias

ações integradas que visem à saúde das crianças, envolvendo famílias, escolas,

comunidades e indústrias alimentícias, além de um sistema de saúde que priorize a

prevenção de doenças.

A formação dos hábitos alimentares inicia-se com a herança genética que

interfere nas preferências alimentares, e estas preferências, sofrem diversas

influências do ambiente. O tipo de aleitamento recebido nos primeiros seis meses de

vida; a forma como os alimentos complementares foram incluídos no primeiro ano de

vida; experiências positivas e negativas quanto à alimentação ao longo da infância;

hábitos familiares e condições socioeconômicas, entre outros (RIGO et al., 2010).

À medida que a criança começa frequentar outros ambientes, como a escola,

se inicia uma intensa socialização, onde novas influências serão sofridas. Há uma

grande tendência de repetir o comportamento de professores e de outras crianças,

que podem ser bons ou ruins. Por isso a necessidade do incentivo de uma

alimentação saudável em grupo (BERNART; ZANARDO, 2011)

Dois aspectos devem ser observados para promoção de uma alimentação

saudável: a transformação do comportamento alimentar e os hábitos alimentares,

que na idade adulta estão relacionados com os aprendidos na infância. A

intervenção na promoção de comportamentos alimentares saudáveis deve incidir

com maior evidência nos primeiros anos da infância, para que permaneçam ao longo

da vida (ROSSI; MOREIRA; RAUEN, 2008).

Os intervalos regulares de duas a três horas entre as refeições e lanches

apresentam ser o ideal para manter constantes os níveis de glicemia, sem grandes

modificações, permitindo que as funções orgânicas sejam otimizadas sem dispor de

mecanismos de defesa. Nessas condições, o metabolismo encontra o equilíbrio

desejado para ajustar a produção de neurotransmissores, insulina, lipoproteínas, o

que reverte em melhor disposição para as atividades diárias, maior capacidade

cognitiva, controle da saciedade e prevenção de doenças crônicas não

transmissíveis da vida adulta (VITOLO, 2002). Por isso, o lanche no meio da manhã

ou à tarde, entre as refeições mais concentradas que seriam o almoço e o jantar, é

75

de grande importância para a alimentação das crianças e adolescentes (SANTOS et

al., 2008).

O consumo alimentar dos escolares apresenta vários problemas,

principalmente com relação ao baixo consumo de frutas e verduras, alto consumo de

lanches, salgadinhos e refrigerantes. Este perfil tem como reflexo a alta prevalência

de hipercolesterolemia11 entre crianças e adolescentes, resultando assim um

aumento do risco para as DCNT (SES/CVE/DDCNT, 2002). Atenção especial seja dada também ao fator de desenvolvimento da obesidade

infantil, que caracteriza-se como um problema de saúde pública em praticamente

todos os países industrializados e o assunto vem sendo tratado associado a termos

como epidemia ou pandemia, caracterizando a prevalência da obesidade infantil

mundial.

Estudos recentes apontam que a obesidade entre crianças em fase escolar

vem crescendo assustadoramente, caracterizando-se antes de tudo, como um

problema de saúde pública. Entende-se que quanto antes for diagnosticado o

problema e medidas precoces de tratamento forem instauradas, menor o risco de

doenças associadas à obesidade se instalarem e agravarem o estado geral de

saúde infantil.

Portanto, a infância caracteriza a melhor fase para a introdução da Educação

Nutricional com a implantação de uma alimentação saudável e balanceada,

buscando prevenir comorbidades12 na fase adulta. Além disso, existe uma carência

de informações a respeito da alimentação no Ensino Fundamental.

Um estudo realizado por Neuza Mainardi em 2005 aponta o descontentamento dos alunos quanto à falta de informação sobre alimentação saudável e uma

centralização do tema destinada ao âmbito familiar e social, sendo a família, a

principal influenciadora dos hábitos alimentares dos alunos, não havendo, portanto,

participação da escola neste contexto. Segundo ela, em seu estudo realizado com

1414 alunos do ensino Fundamental para identificar a relação entre preferências

alimentares e suporte da instituição de ensino em instruir acerca do assunto,

concluiu-se que ...

11 Hipercolesterolemia é a presença de quantidades de colesterol acima do normal no sangue.

12 Designação de duplo diagnóstico. Corresponde à associação de pelo menos duas patologias num mesmo

paciente.

76

“... na opinião dos alunos, a contribuição da escola tem sido pequena quanto a Educação Alimentar e Nutricional; alunos de zona urbana e rural, do sexo masculino e feminino, da rede regular e ensino supletivo, do período diurno e noturno, de escolas públicas e particulares apontam a família como principal formadora de seus hábitos alimentares” (Mainardi, 2005)

As tendências de transição nutricional ocorridas neste século direcionam para

uma dieta mais ocidentalizada, a qual, aliada à diminuição progressiva da atividade

física, converge para o aumento no número de casos de obesidade em todo o

mundo. Isso representa aumento na morbidade e na mortalidade associadas à

obesidade, já que esta é fator de risco para várias doenças como diabetes tipo II,

hipertensão, doenças cardiovasculares e cálculo na vesícula biliar. (FRANCISCHI,

2000)

A nutrição adequada na infância é importante para o crescimento e

desenvolvimento da criança, ao mesmo tempo em que se constitui num dos fatores

de prevenção de algumas doenças da idade adulta. À proporção que a criança

aumenta em idade, as necessidades nutricionais vão se aproximando,

progressivamente das do adulto, devendo-se ter em mente os problemas surgidos

das dietas carentes, dietas restritivas e das dietas excessivas. Em algumas

situações é necessária a suplementação vitamínico-mineral, mas a suplementação

medicamentosa em indivíduos sadios pode acarretar efeitos adversos. Ainda na

infância devem ser estabelecidos os bons hábitos alimentares, que continuarão na

adolescência e na fase adulta, pois embora existam controvérsias, parece fora de

dúvidas que a prevenção de algumas doenças degenerativas do adulto, deva

começar na infância. (LAMOUNIER, 1998)

A principal razão desse descontrole na balança das crianças é a falta de

orientação, por parte de pais e educadores na formação de hábitos alimentares

saudáveis, pois existem muitos fatores que contribuem para a obesidade infantil,

além dos exageros alimentares, como o gasto de energia, a velocidade do

metabolismo e a formação de determinadas proteínas no organismo, que passam de

geração em geração e interferem no acúmulo de gordura no corpo; fatores esses

que devem ser discutidos e apresentados aos pais e às crianças, além de serem

levados em consideração na hora da avaliação nutricional.

77

Com tantos fatores contribuindo com a obesidade infantil, a desinformação

nutricional colabora diretamente com os altos índices de prevalência dessa

patologia.

A educação nutricional para crianças torna-se ainda mais importante, quando

analisados o comportamento e estilo de vida dos pais com relação a seus filhos,

quando há utilização do alimento como mecanismo de compensação. O estilo de

vida atual leva os pais a quase sempre fazerem refeições separados de seus filhos,

muitas vezes devido ao excesso de trabalho. Consequentemente, na tentativa de

compensar essa ausência, estes tendem a levar para casa presentes como batata

frita, chocolates, doces e guloseimas, que contribuirão psicologicamente, porém

também contribuirão para hábitos alimentares errôneos e prejudiciais ao crescimento

e desenvolvimento infantil.

"São raras às vezes em que a criança fica obesa em consequência de alguma

patologia. Em 95% dos casos, a causa é a mesma: o sedentarismo e a

alimentação", afirma a pediatra Lilian Gonçalves Zaboto, coordenadora do

Departamento de Obesidade Infantil da Associação Brasileira para o Estudo da

Obesidade (ABESO, 2000).

O ambiente escolar promove novas tendências alimentares, pois o sentido de

aceitação no grupo, também pode ser refletido pela simbologia alimentar. Um grupo

de crianças de uma escola Municipal Central terá hábitos alimentares bem diferentes

de uma criança de escola periférica e estas ainda, diferentes de uma escola rural.

Portanto, o ambiente escolar reflete condutas, simbolismo e hábitos alimentares

estimulados pela mídia, mas principalmente pelo exemplo dos educadores, que ao

fazerem seu lanche, reproduzem nas crianças o desejo refletido de serem iguais, até

na escolha alimentar. Se o espelho for bom, então as crianças o tomarão para seu

caminho e se tornarão adultos mais equilibrados nutricionalmente.

Conjuntamente pais e educadores são e sempre serão espelhos para as

crianças e o reflexo positivo depende exclusivamente de bons exemplos, assim na

conduta ética e de moral, quanto na conduta alimentar.

78

2.3 Educação Nutricional no ambiente familiar e social

Imagem11. Saúde e bem estar começam com uma boa alimentação Fonte: www.bemestarizumi.com.br

“Nunca duvide que um pequeno grupo de

cidadãos preocupados e comprometidos

possa mudar o mundo; de fato,

79

é só isto que o tem mudado.”

MARGARET MEAD

Educar para cidadania é também educar para criticidade, para o despertar da

ética e da moral, para a curiosidade e para o questionamento, assim, a educação

nutricional atende aos preceitos de formação crítica e seletiva também para os

hábitos alimentares, formando o caráter alimentar e o hábito de avaliar o que se

come, porque se come, onde se come e como comer.

A alimentação racional e consciente torna o ato alimentar mais prazeroso, pois

existe um contexto filosófico por trás do que se apresenta no prato. Existe um

cuidado com a valorização do alimento, de como é cultivado, das culturas familiares

de produção agrícola, do trabalho do homem na lavoura e consequentemente do

desenvolvimento de uma nova cultura social, a cultura sustentável. Tal discussão

produz no homem moderno o exercício de hábitos mais saudáveis a si, à

comunidade a seu redor e ao planeta, produzindo novos conceitos e quebra de

correntes viciosas de auto consumo.

No Brasil, o consumo de alimentos de grande densidade energética, com altos

teores de açúcar e gorduras, ou excessivamente ricos em sódio tem se ampliado.

Consequentemente, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como

o diabetes mellitus e as doenças cardiovasculares, são cada vez mais comuns,

inclusive em crianças. As DCNT associadas às elevadas prevalências de excesso de

peso entre crianças e adolescentes, representam graves repercussões para a saúde

atual e futura dos mesmos. Verifica-se a necessidade de redução das complicações

associadas à alimentação e nutrição inadequadas, sendo que ações desta natureza

devem estar relacionadas com a promoção de modos de vida saudáveis.

(BERNARDON, et. al, 2009)

Tanto as crianças em idade escolar quanto os adolescentes encontram-se em

fase crítica para o desenvolvimento de doenças associadas a alimentação e por

consequência, à falta de informação nutricional adequada. Atualmente existe uma

tendência para a prática de atividades de lazer inativo e somatizado ao

sedentarismo, um baixo consumo de alimentos que contem vitaminas, minerais e

fibras, como as frutas e hortaliças, contudo, pratica-se o consumo de lanches

hipercalóricos em substituição às principais refeições.

80

Esta prática normalmente representa uma elevada ingestão de alimentos com

excesso de açúcar, sal, carboidratos refinados e gordura saturada, típicos da

alimentação fast food. (PNAE, 2007)

O papel da família torna-se fundamental para a formação do caráter e do estilo

de vida que a criança vai assumir para o resto de sua vida, assim, o educador

nutricional ou conselheiro nutricional, apoiado nos alicerces educacionais, sustenta a

condição de formação do caráter alimentar, preparando o organismo infantil para os

processos de desenvolvimento muscular, ósseo, motor, cognitivo e psicológico,

próprios da faixa etária.

O papel da orientação nutricional é apoiar a criança na tomada de decisão

sobre a melhor oferta nutricional e conduzí-la a uma consciência da importância da

mudança comportamental que acompanha o hábito alimentar. Tal conscientização

se deve à sensibilização da mesma ao universo de possibilidades alimentares

através do método lúdico de ensinar, onde a brincadeira e o respeito ao

desenvolvimento cognitivo infantil, são respeitados e incentivados.

Ao se aproximar da criança e conquistar sua confiança, acredito que a

educação nutricional praticada no ambiente escolar possa transbordar-se para o

ambiente familiar e consequentemente, a comunidade ao redor desta família, mas

principalmente, ao redor deste ambiente escolar, multiplicará os conceitos

trabalhados com o ensino infantil, de forma a reeducar alimentarmente o

comportamento social em torno da alimentação. Acredita-se que tais ações e

projetos em educação nutricional, possam refletir mudanças positivas no estilo de

vida social em que se insere.

Ações como palestras aos pais e educadores são capazes de produzir

mudanças no ambiente escolar e motivar os pais a produzir melhorias também no

ambiente familiar. Assim, ações que extravasem os muros educacionais tradicionais

atingindo ONGs, projetos ligados à estâncias públicas e privadas, ampliariam o raio

de alcance das propostas nutricionais em reeducação alimentar.

Enquanto que para criança a educação nutricional está mais voltada à

formação de hábitos e comportamento alimentar, ao ambiente social e familiar, está

mais inclinada em promover reeducação nutricional, promovendo mudança no

comportamento e estilo de vida das famílias e comunidades.

A reeducação nutricional não é um programa temporário de aconselhamento

nutricional, também não objetiva a perda de peso ou a restrição alimentar. Busca

81

incentivar uma reflexão profunda e duradoura quanto às escolhas alimentares,

assim, objetiva comprometimento, disciplina, motivação, calma e perseverança.

Contudo, estimula a criação de hábitos individuais e familiares mais saudáveis;

buscar conhecimento e alternativas nutricionais; equilíbrio e adequação das opções

alimentares com compensações práticas para abusos alimentares; prática de

atividade física individual e familiar.

Neste processo não existem restrições alimentares, pois tudo é permitido ao

consumo, mas há um acompanhamento de distribuição do consumo ao longo do dia

e de quantificação deste consumo, com estimulação a redução de alimentos muito

energéticos, com excedente de sódio e gorduras, promovendo um resgate aos

hábitos alimentares naturais e mais saudáveis. Objetivo que a mudança seja para

toda a vida, partindo da conscientização individual para a coletiva.

Comer muito, de uma maneira geral, independente do tipo de alimento, é o

fator de risco para a saúde e desvios qualitativos como comer excesso de alimentos

protéicos ou excesso de gorduras, assim como o baixo consumo de verduras e

legumes são cada vez mais frequentes no estilo de vida da sociedade atual. A

distribuição das refeições ao longo do dia e a redução do valor calórico total dos

alimentos ingeridos, tornam-se hábitos estimulados pela reeducação alimentar.

Recomendo comer com regularidade nos horários adequados,

preferencialmente a cada três horas, evitando o consumo de alimentos nos

intervalos das refeições como no habito de “beliscar” biscoitos, bolachas, chips,

doces, balas, refrigerantes e chocolate.

Tão importante quanto o hábito alimentar é o hábito de praticar atividade física,

assim, tanto para a criança quanto para a família, tornam-se importantes as

oportunidades de brincar fora de casa, brincadeiras com bola, andar de bicicleta,

práticas físicas em clubes, piscina, praia, praça e parque.

O ambiente escolar costuma contribuir com esta prática física em atividades

esportivas como natação, futebol, vôlei, ginástica, dança, artes marciais, etc. Para a

família, até o esforço físico durante as atividades relacionadas ao trabalho doméstico

como arrumação, limpeza, jardinagem, cuidado com os animais domésticos, passeio

com o cachorro, também contam positivamente.

Mas, tão importante quanto o estímulo às atividades físicas é o controle ou

limitação do sedentarismo individual e familiar, sobretudo limitar o tempo gasto

assistindo TV, jogando vídeogame ou minigames, computador (jogos e internet

82

lúdica), ouvindo música ou baixando aplicativos no celular. Portanto, sugere-se

como práticas para a reeducação do estilo de vida familiar analisar o baixo nível de

atividade física através das práticas familiares de comodidade doméstica como, a

disponibilidade de TV, games e computador no quarto ou a falta de limites para

essas práticas, falta de área física externa na residência, falta de segurança (risco

de violência) na rua e pais ausentes de casa a maior parte do tempo.

Socialmente a prática de um novo conceito alimentar e de vida se dará a partir

do momento que um movimento interno comece a ganhar adeptos e tomar volume

nas opiniões dos membros da comunidade local, primeiramente, e posteriormente,

ganhando uma dimensão de alcance tão vasto quanto sua convicção,

“contaminando” uma cultura estabelecida e reconstruindo a identidade de um povo

na contemporaneidade.

O projeto Educando Sabores ao longo de seu desenvolvimento com as

crianças promoveu oportunidades de instrução da família através de encartes,

pesquisas, envio de lista de sugestões para lanches saudáveis, envio de

informativos de saúde, receitas, e todos os insumos praticados nas aulas do projeto

foram enviados pelos pais, assim, houve um acompanhamento e envolvimento nas

atividades e na atmosfera de busca pela qualidade de vida, assim, por osmose, o

ambiente familiar tornou-se assessório e promotor de continuidade.

Em conversas com a coordenadora do Ensino Fundamental e o diretor do

Colégio, relataram-me a grande satisfação dos pais com relação ao projeto que

gerou reflexão nos pais sobre as consequências de um hábito alimentar desmedido,

mas principalmente sobre a parcela de participação dos hábitos familiares na

formação do caráter alimentar dos filhos.

Contudo, os encartes enviados para orientação dos pais refletiu

conscientização e criticidade para boa parcela daqueles que estão mais presentes

no cotidiano dos filhos. E este resgate à responsabilidade dos pais para com os

filhos tem por intuito promover uma releitura nos conceitos contemporâneos de

educação exclusiva pela escola, onde os pais trabalham e os avós, a televisão e a

internet ensinam as crianças. Cada vez mais notei o distanciamento nas relações

familiares e não diferente é a transmissão de cultura e educação no seio familiar o

que desperta preocupação latente quanto a questão alimentar, pois além da

distância dos responsáveis diretos pela criança, ainda existe um universo

compensatório da afetividade que gira em torno da praticidade alimentar, pois nos

83

momentos de família reunida a matriarca não mais chama os descendentes à

cozinha para produção das refeições, local também onde ocorriam as grandes

reuniões familiares e momentos de grandes decisões familiares, ao contrário disso,

a mãe que já trabalhou o dia todo, prefere uma refeição prática e que por muitas

vezes envolve lanches, pizzas, salgadinhos e outros alimentos do gênero, para

sobrar-lhe mais tempo ao convívio televisivo, seu tão merecido “direito”.

Por todas as questões aqui pautadas e discutidas defendo a efetividade da

mudança no olhar dos responsáveis pelo hábito alimentar infantil a partir do

“Educando Sabores” e ao sustentar tal alegação, reporto-me não apenas aos pais,

mas aos avós, às empregadas domésticas ou babás, enfim, àqueles que estão

diretamente envolvidos no dia a dia da criança, pois estes recebem através delas os

conceitos e informações trabalhados no seio escolar ao longo do projeto e

consequentemente instiga-se a transformação no ambiente familiar e social.

84

2.4 Educação Nutricional: mediadora de transformação social

Figura 12. Aprenda a ler as informações da embalagem Fonte: mdemulher.abril.com.br

"... o problema do conhecimento não deve ser um problema restrito aos filósofos.

É um problema de todos e cada um deve levá-lo em conta desde muito cedo

e explorar as possibilidades de erro para ter condições de ver a realidade,

porque não existe receita milagrosa. (...)

É necessário dizer que não é a quantidade de informações,

nem a sofisticação em Matemática que podem dar sozinhas

um conhecimento pertinente, mas sim a capacidade de

colocar o conhecimento no contexto."

85

EDGAR MORIN

A transformação social discutida aqui diz respeito ao reflexo futuro da

educação que as crianças recebem hoje e em se tratando de educação nutricional,

falta muito ainda para ensinar e aprender, mas num processo em longo prazo,

plantamos uma semente de conhecimento que, espera-se, perdure à fase adulta de

um cidadão consciente de suas ações tanto para seu meio social, quanto para sua

família e para seu corpo, contribuindo assim, para uma sociedade mais consciente e

saudável.

Esta obra foi desenvolvida a partir do estudo da educação Sociocomunitária

que defende interesses da comunidade, por intermédio de ações educativas de

sistemas educacionais. para inclusão social destes. Assim a educação

Sociocomunitária busca promover intervenções educativas visando a transformação

social de uma comunidade. Esta estratégia educacional busca mobilizar

comunidades a promoverem tal transformação da vida social. É de intenção desta

linha de estudo das transformações, trajetória e futuro da sociedade humana,

desenvolver junto à população subsídios, utilizando-se do meio educacional para

promover a prática da autonomia e transformação do meio social, alterando uma

realidade e construindo uma mais capaz e consciente.

Quanto ao desenvolvimento do termo comunidade, Ferdinand Tonnis, 1944,

filósofo alemão, considera comunidade como uma associação que se dá na linha do

ser, isto é, por uma participação profunda dos membros no grupo, onde são

colocadas em comum relações primárias, como o próprio ser, a própria vida, o

conhecimento mútuo, a amizade, os sentimentos. A sociedade é uma associação

que se dá na linha do haver, isto é, os membros colocam em comum algo do seu,

algo do que possuem, como o dinheiro, a capacidade técnica, sua capacidade

esportiva. Os seres humanos participam, pois, da comunidade não pelo que têm,

mas pelo que são. (Tonnis, 1944)

A educação sociocomunitária é, assim, numa primeira visão, o estudo de uma

tática pela qual a comunidade intencionalmente busca mudar algo na sociedade por

meio de processos educativos. (Tarso, 2008)

Segundo Machado, 2008, apesar das diferenças entre os sistemas

educacionais de educação formal, não formal e sociocomunitária, o mais relevante é

86

o compromisso assumido pela busca da construção de uma sociedade includente,

mais humana, ética e justa política e socialmente.

Todas as atividades entendidas como formação, instrução, orientação,

desenvolvidas em conjunto com os membros de uma comunidade em prol do

desenvolvimento individual, profissionalizante, intelectual ou social daquele espaço,

podem ser chamados de educação sociocomunitária.

A luta por uma sociedade igualitária com direitos e deveres respeitados,

demanda ações que se passam na coletividade. Somente unidos os cidadãos se

formam, se articulam e podem mudar sua realidade social, consequentemente a

comunidade e a sociedade em que vivem.

Ações educativas elaboradas e planejadas por agentes transformadores para a

coletividade, que objetivam a mudança da realidade local e evolução dos indivíduos

que a compõe, com formação mais voltada à prática e à atenção das necessidades

de um grupo social, são atitudes práticas de educação sociocomunitária.

E apropriando-me deste conceito de utilização dos estudos científico

acadêmicos em benefício da comunidade, esta dissertação e projeto têm em visita

promover educação sociocomunitária para promoção de saúde de dentro do meio

educacional para fora dele, atingindo a comunidade e inspirando mudanças sociais

fortalecidas pelo conhecimento nutricional e dotando os indivíduas de poder de

escolha, ao menos alimentar.

Trata-se de um projeto de transformação social, já que permite melhorar a

qualidade de vida dos indivíduos, em suas mais variadas faixas etárias, dentro da

escola, comunidade e sociedade em geral, através da educação em nutrição.

Desenvolver a autonomia e o desenvolvimento humano é intuito da educação

Sociocomunitária.

O mundo precisa de cidadãos conscientes, transformadores, capazes de

assumir e inspirar o mundo a sua volta, com valores positivos, com perseverança,

coragem e principalmente com sede de melhorar o que já existe, aprimorar.

Educar, tanto para a família quanto para a escola, tem sido uma tarefa cada

vez mais difícil. É preciso proteger a infância e ensinar-lhe a se defender, dar

informação, formação e encaminhá-la na construção de seu próprio conhecimento e

assim, formar cidadãos. É necessário dar oportunidades e dar futuro às crianças.

Partindo das reflexões sobre o papel esperado da escola e da educação

nutricional na formação do consciente infantil, busco investigar e analisar os

87

problemas de saúde atuais, num olhar de prevenção através da educação para além

dos conteúdos programáticos do Ensino Fundamental, propondo a inserção de uma

disciplina de educação nutricional para escolares. Inicio a proposta com o projeto

“Educando Sabores” aplicado à crianças de sete anos, cursando o segundo ano do

Ensino Fundamental em uma escola particular da cidade de Itu/SP.

A questão nutricional a cerca do projeto espera estimular e sensibilizar as

crianças para as tendências saudáveis em alimentação e desta forma, a longo

prazo, espera-se promover uma “transformação” individual, em cada criança, nos

educadores que fazem parte do projeto, estimulando bons hábitos alimentares

também no lar e consequentemente, uma transformação social de valores e

conceitos acerca do comportamento alimentar.

Defendo a teoria de que a educação nutricional deva ser tratada de forma

interdisciplinar e atuante no Ensino Fundamental, pois o enfoque tornar-se-ia mais

eficiente na assimilação e registro por parte dos educandos, proporcionando

mudanças nos hábitos alimentares infantis e antecipando-se preventivamente à fase

de pré-adolescência, quando ocorrem os maiores índices de distúrbios psicossociais

em torno da alimentação.

O contexto educacional atual carece de reformas ao passo do avanço

tecnológico e de interesses das novas gerações. A metodologia de ensino atual

precisa intermediar-se pela era da comunicação virtual e dar suporte ao bom uso

desta ferramenta que pode ainda, ser muito útil ao processo educacional,

promovendo atualização da didática de ensino praticada nas últimas décadas.

Em paralelo à reflexão sobre a atualização dos programas de ensino praticados

atualmente, surge a intenção de integrar uma reforma no sistema educacional com

abordagem sobre saúde, promoção do bem estar, com o resgate de culturas e

desenvolvimento de novos hábitos alimentares.

A escola exercendo seu papel social, além do educacional, tem por função a

promoção do bem estar geral da comunidade escolar, mas também, da comunidade

ao seu redor, ecoando para fora de seus domínios o conhecimento produzido no

ambiente escolar e o assunto nutricional transborda possibilidades de conversas e

aprimoramento da sociedade.

Justifico a educação nutricional como mediadora de transformação social, pois

esta atenderia a necessidade de mudanças através do conhecimento, propondo a

interdisciplinaridade de conteúdos educacionais como alternativa para humanizar e

88

transformar a sociedade. O educador nutricional intermedia a formação do caráter

alimentar e o estabelecimento deste, intermedia uma reformulação dos conceitos

familiares, adequando-se aos preceitos cultivados pela educação nutricional, que por

sua vez, transborda e transforma o mundo ao seu redor.

O objetivo da educação nutricional apresenta singular similaridade ao conceito

salesiano de formação sociocomunitária, pois, tal conceito busca preparar

profissionais, mas principalmente professores, formadores de opinião, a

reproduzirem o conteúdo educacional para além da escola, buscando atingir o em

torno, a comunidade e por conseguinte, a sociedade. O sóciocomunitário intenta

formar pesquisadores que busquem questões de necessidade social para

debaterem no ambiente científico, mas com fim de compreendê-las e devolvê-las em

prol da comunidade envolvida no processo, assim produzindo conhecimento

científico com objetivo de contribuir com soluções ou alternativas para o cotidiano

social, minimizando conflitos e melhorando as relações, pois a comunidade faz parte

da escola e a escola é parte fundamental da escola.

Com a mesma fundamentação do conceito sociocomunitário, vem a educação

nutricional construir dentro do ambiente escolar, um conhecimento que tem a

finalidade de atingir o ambiente ao seu redor, pois a alimentação é uma

manifestação social e esta cultura formada interfere (ou deveria) na gestão do

universo escolar. Esta permeabilidade do conhecimento, capacidade de traspor os

meios, escolar e social, deve mais do que nunca ser explorada pelos pesquisadores,

pois a carência leva à busca pelo entendimento, à necessidade de solução, e

inevitavelmente, ao retorno desta descoberta ao órgão carencial. Assim é o meu

objetivo nesta pesquisa, detectar a carência, neste caso de formação nutricional,

buscar soluções para a problemática, como a proposta do projeto em educação

nutricional infantil, testar a hipótese e encaminhá-la às esferas públicas e privadas,

buscando minimizar as deficiências encontradas e prevenir as consequências a

médio e longo prazo.

Meu projeto tem início na fase infantil, mas intenta atingir todas as faixas

etárias possíveis, pois educação nutricional é fundamental a cada fase do ciclo vital,

pois as necessidades energéticas e nutricionais mudam com a evolução do

organismo e ao passo que este envelhece, suas necessidade mudam e outras

carências se instauram, portanto, é de fundamental importância à escola, à

comunidade, à sociedade e à vida. Daí a indiscutível relevância desta obra na

89

sensibilização da iniciativa privada e governamental em promover a educação

nutricional como ferramenta de formação social, prevenção de doenças e promoção

da saúde e qualidade de vida, construindo assim, uma nação forte, saudável e

acima de tudo, consciente.

90

CAPÍTULO 3

PROJETO EDUCANDO SABORES

Figura 13: Meter a mão na massa. Fonte: www.galpbonus.goodlife.pt

“Penso que Deus deve ter sido um artista brincalhão

para inventar coisas tão incríveis para se comer. Penso mais:

que ele foi gracioso. Deu-nos as coisas incompletas, cruas.

Deixou-nos o prazer de inventar a culinária. Comer é uma

felicidade, se se tem fome. Todo mundo sabe disto. Mas

poucos são os que se dão conta de que felicidade

maior que comer é cozinhar.”

RUBEM ALVES

91

Ao descrever este tema, é necessário informar a metodologia envolvida na

prática educacional aqui sugerida e, para tanto, começo discutindo os valores em

que tal práxis se sustenta, buscando debater temas como socialização, convívio,

ludicidade13 e projetos educativos que sensibilizem crianças e educadores para um

despertar leve e saboroso sobre conceitos alimentares e nutricionais.

Com base no método de ensino através das experiências infantis, optei por

trabalhar com a ludicidade como ferramenta de sensibilização para o conhecimento

e nesta forma de aprendizagem, não importa somente o resultado, mas a ação e o

movimento vivenciado.

É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o

caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a

base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo para o

exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção... como se fora

brincadeira de roda... (MARCELINO, NELSON.C.,1996.p.38)

O aprender brincando desenvolve o caráter físico, psicológico, cognitivo e

social da criança.

Alguns autores apontam para a importância da educação lúdica e da utilização

de brincadeiras, jogos e programas educacionais que remetam a uma prática

prazerosa no processo pedagógico, pois, os conteúdos obrigatórios também podem

ser ensinados por intermédio de atividades de alternativas lúdicas. Conforme Santos

(1999), para a criança, brincar é viver. E, portanto, aprender.

Rubem Alves cita o filósofo alemão Nietzsche, ao reproduzir que a inteligência

é ferramenta e brinquedo do corpo, cuja função é ajudá-lo a viver.

O acesso às crianças, determinadas também como escolares, foi mantido por

meio do meu projeto de aconselhamento nutricional “Educando Sabores”, que tem

por finalidade contribuir prática e interdisciplinarmente no programa pedagógico do

Ensino Fundamental, com estímulo aos bons hábitos alimentares, bem como,

educar sobre o valor nutricional, acesso e segurança dos alimentos. Este programa

buscou atender crianças de sete anos, em fase escolar de instituição particular no

município de Itu/SP e caracterizou-se como programa educacional auxiliar à grade

curricular dos escolares, com proposta de ação preventiva das doenças geradas ora

pelos excessos ou carências alimentares, ora pelo desconhecimento sobre

segurança alimentar e práticas de higiene envoltas no assunto.

13 Ludicidade – método lúdico, relativo a jogo, divertimento ou recreação.

92

Como parte da metodologia do projeto, apresentei um estudo de caso que

objetivou analisar os hábitos alimentares da comunidade escolar estudada. No início

do projeto desenvolvi uma pesquisa junto aos escolares para entender o perfil

alimentar e o grau de conhecimento sobre alimentação balanceada e ao final do

programa, 6 meses após, nova pesquisa inquere sobre os mesmos conceitos em

busca de possíveis mudanças de hábitos. Acredito que ao longo das aulas de

educação nutricional desenvolvidas pelo “Educando Sabores” o envolvimento dos

alunos com as práticas em cozinha e com a forma lúdica praticada, promova uma

consciência crítica no grupo estudado sobre seus hábitos alimentares.

As atividades propostas que foram desenvolvidas ao longo do programa

englobaram:

Práticas inclusivas de atividades coletivas como gincanas,

brincadeiras, música e dança, vídeos, produção de alimentos junto às

crianças em ambiente de cozinha, encartes para colorir (conforme

apêndice A), recortes divulgando alimentos importantes, dentre outras

práticas pertinentes ao ambiente e a faixa etária. As gincanas e atividades

a serem desenvolvidas com os estudantes ao longo do projeto objetivam

ampliar o contato e os sentidos em relação aos mais diversos aromas,

texturas, cores e aparências, além de despertar a curiosidade aos

sabores, além de aprimorando as crianças e o universo imaginário infantil

na prática desenvolvida;

Aplicação de questionário de Anamnese Alimentar ou recordatório

alimentar (apêndice B) no início do projeto (T1), objetivando base de

dados para comparação ao final do estudo. Pretendo analisar os hábitos

antes da orientação alimentar e após seis meses de educação nutricional,

buscando uma mudança na prática alimentar dos estudantes e traçando

um comparativo;

Desenvolvimento de atividades extraclasse como palestras

destinadas aos familiares, amigos, funcionários das instituições

participantes do projeto e à comunidade em geral;

Desenvolvimento de receitas saudáveis e saborosas, com

orientação sobre higiene alimentar e fornecimento de livreto de receitas

(apêndice C) para praticarem em casa;

93

Avaliação nutricional individualizada a cada estudante participante

do projeto. A avaliação individual visa apontar o desenvolvimento físico

dos envolvidos com relação à idade (estatura x idade).

Aplicação de questionário de Anamnese Alimentar (recordatório

alimentar) ao final do semestre letivo (T2), objetivando base de dados

para comparação com hábitos alimentares relatados antes da orientação

nutricional, no T1;

Desenvolvimento e aplicação de questionário aos familiares

(apêndice D) dos alunos participantes do projeto em busca de possíveis

mudanças no comportamento alimentar familiar influenciadas pelas

crianças, a fim de detectar disseminação da educação nutricional ao seio

familiar e social abrangente.

MATERIAL

O público alvo do meu trabalho eram crianças de sete anos, que requerem uma

reflexão maior quanto ao processo educativo, pois ainda possuem uma ingenuidade

natural e sinceridade singular, que não deve ser interpelada em busca da formação

do processo intelectual. O respeito à individualização da criança foi preservado

juntamente às suas crenças, cultivando lentamente uma cultura de valores positivos

e progressivos, que serão por ela interpretados como educação.

A condição de trabalho para o desenvolvimento deste projeto foi desde o início,

levar conceitos importantes à saúde infantil, por meio de um modelo educacional

divertido e de atenção às necessidades e curiosidades reveladas pelos escolares,

sendo tal trabalho construído gradativamente ao ritmo imprimido pelo conhecimento

já trazido pelas crianças, como conceitos familiares, histórias vividas ou assistidas,

exemplos do cotidiano.

As histórias para as crianças são mercadorias preciosas – bens espirituais.

Constituem a espécie de bens de que não despojamos ninguém ao torna-

los nossos. As crianças adoram os personagens de ficção das histórias que

lêem: apropriam-se deles como amigos – como companheiros semi

imaginários. Dando às crianças histórias de que se apropriar e significados

a compartilhar, proporcionamo-lhes outros mundos em que viver – outros

reinos em que habitar (LIPPMAN, 1997, p. 62).

Assim como numa história infantil, a construção do conhecimento se dá ao

passo em que ocorre o envolvimento do aprendiz ao objeto estudado e a curiosidade

por novos mundos e formas, torna o aprendizado ainda mais sedutor quando o

94

aprendiz encontra-se ainda numa consciência infantil. A visão relacionada ao

apresentado, ao novo, faz com que o infante devaneie uma história para si, como se

estivesse vivendo a situação apresentada, e sua memória, registra incessantemente

cada momento, o que faz da fase infantil, a melhor para o registro e formação de

novos hábitos. Daí o interesse em criar e ressignificar formas de

ensino/aprendizagem ou introdução de novas ferramentas de ensino, como o

programa que apresentei, o “Educando Sabores”, para uma formação de hábitos

alimentares saudáveis.

A nutrição, o alimento e o preparo deste, são instrumentos de educação e

cultural dentro da formação humana. O ato de cozinhar requer concentração e

saberes imprescindíveis ao preparo, mas também propicia momentos de

descontração e aprendizado entre os participantes.

Tal ato valoriza a igualdade dos sexos, o ser útil, a autoestima, o resgate de

valores da cidadania, a familiarização entre os envolvidos. Proporciona o

desenvolvimento do raciocínio lógico, do bom senso, da saúde alimentar e

desenvolvimento da capacidade gestual. Além disso, crianças bem alimentadas

produzem melhor.

É de grande importância a ajuda das crianças na cozinha, elas devem e podem

desenvolver inúmeras atividades, desde que estejam dentro de suas possibilidades,

considerando: segurança, idade, tipo de preparo e capacidade de manuseio dos

ingredientes. Sua participação no preparo de uma receita incentiva o consumo e

proporcionando momentos de prazer.

Enquanto a criança segue uma receita, sem perceber, vai experimentando

diversas áreas do conhecimento, como por exemplo, a matemática quando se pesa

ou mede um ingrediente; a gramática, quando faz a leitura e compreensão do modo

de preparo; geometria, quando observa as formas de melhor corte e apresentação

do alimento, além de outras vivências importantes, como amizade, apoio ao

próximo, civilidade, comunicação verbal, coordenação motora, expressão e controle

de sentimentos, etc.

Cozinhar é ainda uma aventura pela cultura mundial. A criança aprende sobre

os hábitos e costumes dos povos que inventaram aquela receita, recuperam a

história dos antepassados e seus pratos típicos, descobrem os vegetais, frutas e

animais que cada região produz. Portanto, cozinhar pode ser um motivo de diversão

95

e aprendizado da química dos ingredientes manipulados. Assim, a nutrição e a

culinária são formas de globalização.

A Gastronomia está ligada a todos os sentidos sem discriminação. Ver um belo

prato, sentir aromas infundidos em um rico sabor, sentir uma textura única e ouvir o

som da crocância de um alimento que já se derrete na boca ao mesmo tempo que

libera a sensação de prazer, são exemplos da capacidade de envolvimento de um

alimento com os sentidos humanos. Não longe do estímulo aos sentidos, participar

do momento da criação, faz com que o indivíduo se envolva numa atmosfera mística

de muitos outros sentidos e para as crianças, este universo vem cercado de

imaginação e expectativas, desenvolvendo nelas habilidades muito além da motora

e cognitiva, mas de sensibilidade, de prazer, de registro de memórias, de

envolvimento social e principalmente, sentimento de valorização e reconhecimento

social.

A comida é fator que envolve todas as classes sociais, todas as raças e todo

ser vivo, que busca no alimento substrato para sua existência, mas o homem, busca

muito mais que sustento, ele precisa que a refeição se comunique através de

símbolos que são traduzidos pelo cérebro humano e retransmitidos por estímulos

aos órgãos sensoriais e somente aí ocorrerá a receptividade e aceitação da

preparação. Aceitar um alimento qualquer vai depender muito do estado fisiológico

humano, pois se este não estiver seduzido pelo que lhe é apresentado, só o aceitará

em casos de muita fome. Já diz o ditado popular que o melhor tempero é a fome

porque diante dela qualquer preparação estará aceitável.

Mas o fato é que educar sensorialmente é necessário e a produção do alimento

proporciona este desenvolvimento, já que trabalha com a percepção e

propriocepção da criança, além de estimular a criatividade e a aproximação com

certos alimentos. O universo culinário oferta inúmeras oportunidades de

desenvolvimento infantil e explora outras características igualmente importantes

como a relação de respeito com o outro, a atenção, a paciência e a escuta. Crianças

muito ativas são conduzidas a se acalmarem para obter o resultado esperado e a

escutarem antes de agir e assim, como num jogo as regras são estipuladas e eles

precisam se adaptar para garantir bons resultados.

Mais que matemática ou física, as crianças precisam aprender o valor da vida

humana, ganhar confiança e nada ensina mais que a prática.

96

A participação das crianças no meu projeto “Educando Sabores” ocorreu de

forma ativa, para que pudessem despertar o interesse nas aulas de culinária e

gastronomia. Pretendo desmistificar alguns preconceitos demonstrados pelas

crianças com certos alimentos, como por exemplo as verduras e as leguminosas.

As aulas de caráter dinâmico e rico em brincadeiras, como de “casinha ou

restaurante”, promovem no escolar uma ligação emocional com o prato que

preparou para os colegas de classe, despertando o sentimento de valorização

pessoal e fortalecendo a autoestima da criança. Afinal, ensinar a fazer e buscar o

conhecer alimentar, trabalha a concentração, a organização, a autonomia, a

solidariedade e o desenvolvimento do paladar.

Não menos importante é o desenvolvimento social, pois através do

reaproveitamento dos alimentos e na aprendizagem de receitas rápidas, nutritivas,

acessíveis e de baixo custo, as crianças podem compartilhar a experiência, levando

o conhecimento adquirido a seus familiares e comunidade em que se inserem. O

projeto pretende chamar a atenção das crianças para problemas ligados à

alimentação, como: desnutrição, doenças já instauradas no ambiente familiar,

transtornos alimentares, obesidade, entre outros, atualmente agravantes do estilo de

vida infantil.

97

3.1 Delineamento do projeto

Figura 14. Compartilhando a vida. Fonte: demodelando.wordpress.com

“Cada criança é feita da matéria do mundo, da

circulação da vida, das circunstâncias históricas e

sociais, mas, ao mesmo tempo, feita de sonhos,

movida por desejos e sentidos que

descobre ou atribui à vida.”

SEVERINO ANTÔNIO

98

O programa de educação nutricional Educando Sabores foi oferecido ao

Colégio Objetivo de Itu/SP com a proposta de trabalhar a melhoria do hábito

alimentar infantil através de brincadeiras, jogos, música, dança, além de atividades

de produção de alimentos com abordagem lúdica e de sensibilização da criança

para o conteúdo abordado, mas também para as relações sociais.

O projeto teve início em 01 de março de 2013 e teve seu primeiro trimestre

pautado às sextas-feiras durante rotina padrão de aula, sendo utilizado o período de

50 minutos (uma hora aula) para cada turma assistida pelo programa.

Trabalhei com quatro turmas de Ensino Fundamental, sendo duas pela manhã

e duas à tarde, totalizando 74 alunos na faixa dos sete anos de idade.

Meu primeiro objetivo foi conquistar as crianças e fazer do assunto nutricional o

mais interessante e atrativo possível, assim, busquei logo no primeiro contato

apresentar um programa cheio de atividades lúdicas e de ambientes diferentes da

sala de aula tradicional. A abordagem para este estilo de educação também requer

técnicas de conquista e sedução e para tanto, três “tias nutricionistas” foram

apresentadas às crianças com pequenas encenações, trejeitos e caricaturas. A

proposta e as participantes tendo sido apresentadas, notou-se uma atmosfera de

fantasia e excitação das crianças pelo que estava por vir, pois foram prometidas

situações de resgate ao lado mais prazeroso do universo infantil, o da imaginação.

Tomei o cuidado de atender aos desejos delas inicialmente,

independentemente da filosofia nutricional abordada, pois assim, o ambiente de

espontaneidade estaria garantido e ao se lidar com o universo infantil, o direito à

liberdade de expressão e de curiosidades, deve sempre ser atendido.

Antes mesmo de submeter o projeto à avaliação dos diretores do colégio,

montei em minha mente, uma proposta de respeito à individualidade infantil e este

respeito levou-a em busca de duas parceiras para encenar o projeto, pois acredito

que ao lidar com cerca de 20 crianças, em sala de aula, um bom apoio seria o

determinante para a sustentação da disciplina. E ao definir as protagonistas do

projeto, também defini a melhor conduta de relacionamento para o ensino

aprendizagem em nutrição e que a pedra fundamental deste relacionamento, se

basearia no incentivo ao desenvolvimento da criatividade nas crianças e no

fortalecimento contínuo da confiança delas com o programa.

A criança é um sujeito humano em formação. Inacabado desde o

nascimento, precisa ser educado para permanecer vivo e para recriar a

99

vida. Entretecida de muitas vozes, a criança precisa – ao se modo, a sua

medida – ir constituindo sua voz própria, de sujeito entre sujeitos. Um

sujeito que elabora conhecimento, desenvolve uma concepção de mundo,

tem o que dizer e precisa de diálogos. (Severino Antônio, 2013:16)

Criança gosta de contato humano, gosta de contar, de ser ouvida, de atenção e

de envolvimento do educador com sua história. Para tanto, o carisma e a

demonstração de afeto pelo sujeito infantil e por sua realidade, por parte do

educador, já significa muito no diálogo de aprendizagem.

No projeto apresentado foi primordial a simpatia que adquiri no primeiro contato

e a confiança conquistada por meio do comprometimento e dedicação da aluna de

nutrição que me apoiou ao longo das aulas. E para o universo infantil confiança é

tudo! Não pode-se enganar verdadeiramente uma criança, pois o instinto delas é

muito aguçado ao cinismo e falsidade, portanto, trabalhei com amor e dedicação e

isto foi o que levou o “educando sabores” à aprovação do corpo docente e diretoria

do colégio, havendo inclusive, elogios por parte dos pais pela iniciativa positiva junto

à formação de hábitos alimentares saudáveis.

Utilizei recursos como Datashow, para apresentações sempre coloridas e

didáticas à faixa etária, áudio, para dançar e cantar melodias que falam de comida,

bebida e boas atitudes e ainda, laboratório de cozinha para reproduzir receitas

nutritivas e saudáveis, fizeram parte da metodologia utilizada.

No primeiro trimestre do projeto, que se estendeu entre março, abril e maio,

meu maior foco era a sensibilização da equipe docente e fundamentalmente das

crianças, pois pelo amor a educação flui melhor que pelo impor ou pelo temor. A

nossa aproximação com as crianças foi cultivada e regada a muito cuidado e os

frutos vieram em carinho, abraços e declarações delas para as educadoras

nutricionais.

Dentre as aulas de orientação nutricional houveram dança, música, recortes,

vídeos, atividades de colorir e atividade prática na cozinha do curso de Gastronomia,

onde realizou-se a produção e degustação de uma salada de frutas natural. As

crianças acharam estranho não ter o leite condensado, mas adoraram o caldinho do

suco de laranja que adoçou as frutas.

Minha preocupação sobre o hábito alimentar ampliou-se no segundo trimestre,

que se estendeu de 05 de agosto a 28 de outubro de 2013, pois o comportamento

alimentar apoia-se também na prática de atividade física, ampliando a condição de

100

bem estar e saúde das crianças. Assim, em conjunto com o curso de Licenciatura

em Educação Física, iniciei um projeto de incentivo ao hábito de pular corda e esta

proposta foi implantada nos intervalos de aula proporcionando maior atividade

motora às crianças.

Nesta segunda etapa, denominada T2 as informações nutricionais se

intensificaram, buscando maior envolvimento com mudança do lanche consumido

pelas crianças, já que as mães enviam mini pizza, salgadinhos industrializados,

refrigerantes e doces muito calóricos e pouco nutritivos. Em fotos (apêndice G)

apresento exemplos de alimentos enviados para o lanche das crianças e pela

constatação de hábitos negativos, produzi uma tabela de orientação aos pais sobre

opções saudáveis.

A pirâmide alimentar foi trabalhada em cartaz, em slide e em acrílico, conforme

foto, e chamou muito a atenção das crianças e a partir da utilização dela, introduzi

assuntos como ingestão adequada de água, frutas, doces e manutenção de horários

para as refeições.

Utilizei filminhos rápidos para ilustrar as conversas e quase sempre a aula

acabou com música e dança. Ainda neste período (T2), a preocupação com o

estado nutricional já instalado levou a uma avaliação nutricional das crianças, que

foram pesadas, medidas e os dados serão individualmente tabulados em curvas de

crescimento NCHS. Os resultados desta avaliação estão apresentados no apêndice

D.

Outra receita saborosa que trabalhei com as crianças na cozinha foi o

brigadeiro de cenoura e aproveitei para lembra-las de que guloseimas são

permitidas e fazem parte da alimentação infantil, havendo o único cuidado de não

cometerem excessos de consumo.

Segue cronograma atual com relato das principais atividades realizadas.

1 – Apresentação do projeto educando sabores

Na 1º aula de educação nutricional, realizei a apresentação do projeto e das

educadoras aos alunos. Após uma conversa descontraída, com participação das

crianças e das professoras regulares do colégio, distribuí atividades para colorir

contendo frutas e legumes numa mesma folha e o objetivo era colorir apenas os

legumes, além de fomentar nelas a curiosidade pelos alimentos pela cor. A berinjela

causou polêmica, pois poucas conheciam ou sabiam a cor do vegetal. Observei

101

dúvidas também na diferenciação dos grupos e para as educadoras nutricionais

ficou evidente que as crianças, em sua maioria, não são ensinadas pela mãe, em

casa ou durante a compra no supermercado, sobre os vegetais. Dentre as frutas,

desconheciam o caqui e para encerrar, foi pedido que as crianças dissessem qual a

fruta que mais gostavam e adivinhassem por palpites, as que mais agradavam as

educadoras. Foi divertido e prazeroso!

2 – Anamnese alimentar (questionário de hábitos alimentares)

Na segunda aula apliquei um questionário alimentar a todas as 74 crianças

atendidas pelo programa com a finalidade de analisar os hábitos alimentares

praticados por elas. Após tabulação dos dados, objetivei que poderiam servir de

comparativo aos hábitos formados após a intervenção do programa. Espero apontar

nos resultados da pesquisa mudanças do comportamento alimentar apontado no T1

(início da pesquisa) a partir do conhecimento adquirido sobre educação nutricional.

3 – Conhecendo a nutrição e obesidade

As crianças foram levadas à uma sala grande, equipada com recursos

audiovisuais e ali receberam as primeiras orientações sobre Nutrição. Assistiram um

desenho animado ilustrando a conversa e depois discutiram obesidade. Depois de

curto debate, mais um desenho animado sobre obesidade infantil e manutenção da

saúde.

4 – Falando de energia para brincar e estudar

Discuti o tema de alimentação saudável com reforço do vídeo musical “Batidão

da Alimentação” (apêndice H), que se transformou em hino para as crianças, pois

desde então, houve quase que obrigatoriedade de repetí-lo em todas as aulas.

5 – Apresentação da pirâmide alimentar de forma dinâmica com a pirâmide de

acrílico.

Apresentei aos alunos a pirâmide alimentar. Explicando cada andar pirâmide

com suas interpretações como guia alimentar nacional. Ao final da aula, assistiram

um vídeo clip sobre vitaminas e a importância delas na alimentação. De forma lúdica

o conteúdo foi abordado e assimilado com êxito.

A pirâmide alimentar de acrílico chamou a atenção não somente dos alunos

do projeto, mas de todos os alunos do colégio, envolvendo-os assim como os

102

professores. Em seguida, os alunos pintaram a pirâmide alimentar de acordo do que

tinham aprendido anteriormente.

6 – Mídia x alimentação saudável

Realizei primeiramente uma atividade na qual deveriam vir à lousa e colar

recortes de alimentos diversos de forma a distinguir os alimentos “saudáveis” dos

“não saudáveis”. As perguntas frequentes foram com relação a pizza, pipoca,

sorvetes, se eram saudáveis.

Durante a atividade as dúvidas foram esclarecidas e em seguida discutimos

sobre a influência da mídia na alimentação. A conversa se seguiu em torno dos

brinquedos oferecidos como brinde, junto do alimento e todos os alunos

responderam por comprar um produto alimentício devido ao prêmio, como exemplo,

o Mc Lanche Feliz, Kinder Ovo, etc.) Ficou evidenciado nos relatos que nem sempre

comiam o alimento, mas exigiam dos pais a compra. Busquei desassociar a ideia do

brinquedo ao alimento.

7 – Salada de frutas

No dia da salada de frutas, cada aluno ficou responsável em levar uma fruta de

sua preferência e todos foram para cozinha picar e descascar as frutas. Durante,

receberam informações adicionais sobre as frutas e sobre a ausência do leite

condensado, já havia sido cobrado como parte integrante da preparação. A

aceitação foi excelente e eles se divertiram muito.

8 – Filme: Muito além do peso e substituição de produtos de caloria vazia por

alimentos saudáveis.

Foram retratados no “filminho” os riscos do excesso no consumo de produtos

industrializados, abordando o alto teor de açúcar, sódio, gordura, conservantes,

existentes nestes produtos. Os alunos mostraram-se surpresos com a apresentação

do filme, mas a abordagem das educadoras nutricionais foi de não existir restrição

quanto ao consumo, apenas reeducação da frequência deste consumo. Em seguida,

apresentei sugestões de lanches saudáveis e saborosos para as crianças.

9 – Fantoches reforçando os lanches saudáveis.

103

Aula dinâmica com produção de fantoches, personalizando as frutas, legumes

pães e alimentos mais naturais. As crianças coloriram, recortaram, colaram e

brincaram com seus fantoches, reforçando assim, a reeducação alimentar e estímulo

a bons hábitos alimentares.

10 – Apresentação de alimentos do grupo dos energéticos, conforme a

pirâmide alimentar: desenvolvendo os sentidos da visão, tato e olfato.

Aula para sentir, cheirar, apalpar os alimentos ricos em carboidratos. Foram

expostos ao toque das crianças alimentos como arroz, batata, pão, cará, inhame,

macarrão e a intencionalidade do consumo preferencial de integrais. Mas o que os

surpreendeu foi o inhame, com seu aroma adocicado e polpa branca. A maioria

relatou nunca ter comido, tocado ou conhecido o inhame.

11 – Alimentação saudável + Atividade física: com dança

Os alunos demonstravam grande interesse quando apresentei vídeos

musicais envolvendo a alimentação e assim, trabalhei a importante associação da

dieta com a atividade física regular. Após apresentação do vídeo houve dança e

agitação.

12 – Ingestão de água e vídeo musical água.

Minha abordagem seguiu sobre o consumo, trouxe a água no organismo e

demonstrei a quantidade de água presente nas frutas e legumes com interação das

crianças. Água para o planeta, para os animais, vegetais e humanos.

11 – Filme peso pesado. Riscos de uma alimentação inadequada

Fiz uma abordagem sobre atividade física e reforço aos bons hábitos na

tentativa de prevenção de doenças como a obesidade. Busquei caracterizar os

assuntos em apresentação de um tema, reforço do mesmo e caracterização do

mesmo em um veículo de comunicação áudio visual.

13 – Avaliação do Estado Nutricional

Avaliei todas as crianças através do peso e estatura e os dados geraram

informações importantes aos pais sobre o estado de saúde geral dos filhos, a serem

discutidas no capítulo de resultados da pesquisa. Após análise dos resultados, os

104

pais serão informados e àqueles que forem classificados em risco nutricional,

receberão orientação e encaminhamento ao serviço próprio, se necessário.

Figura 15. Avaliação de peso e altura das crianças atendidas pelo projeto Educando Sabores para verificação do

estado nutricional

14 – Conversando sobre o consumo de legumes e verduras todos os dias

Após as orientações sobre a importância vitamínica e minerálica deste grupo

de alimentos, além do teor de fibras e água presente neles, apliquei uma atividade

de pintura contendo gravuras de legumes e verduras variados. Nesta mesma aula

apresentei às crianças um vídeo clip do palhaço Talento com um rap sobre a boa

alimentação, o “Batidão da Alimentação”. As crianças adoraram, cantaram junto,

dançaram e em todas as aulas queriam rever o vídeo e dançar. Por vezes em que

não era exibido, as crianças começavam a cantar sozinhas na sala de aula o refrão

da música e por este motivo foi cedida a letra (apêndice F) a cada uma, o que se

tornou o hino do projeto para elas, que decoraram a música e quando um puxa o

refrão, a sala inteira começa a cantar.

105

Figura 16. Video clip: Batidão da Alimentação em sala com Datashow e em outra aula com o encarte da letra.

3.1.1 Resultados da pesquisa

Os dados levantados na Anamnese alimentar na investigação dos hábitos

alimentares praticados pelas crianças do segundo ano do Ensino Fundamental do

Colégio Objetivo de Itu/SP serão apresentados quanto à avaliação de 74 alunos,

distribuídos em quatro salas de aula, sendo 39 alunos matriculados no período da

manhã e 35 no período vespertino.

O questionário que apliquei (apêndice B) buscava expor o consumo e a

frequência de consumo de alguns alimentos específicos, norteando as educadoras

nutricionais, das principais atitudes a serem trabalhadas durante as aulas.

Para melhor visualização apresento em gráficos o resultado de cada inquérito.

106

Resultado do questionário de consumo alimentar e hábitos das crianças

atendidas pelo projeto Educando Sabores.

107

Frequência de consumo no café da manhã:

TURMA DA MANHÃ TURMA DA TARDE

Frequência de consumo no almoço:

TURMA DA MANHÃ TURMA DA TARDE

Frutas; 55,55%

Leite e derivados;

87,17%

Biscoito; 43,58%

Pão; 23,07%

Suco 7,62%

Doces 0% Salgadinhos 0%

Embutidos 5,12%

Frutas; 22,85%

Leite e derivados;

91,42%

Biscoito; 42,85%

Pão; 40,00%

Suco 2,85%

Doces; 0% Salgadinhos

0%

Embutidos 8,57%

Arroz; 100%

Feijão; 89,74%

Carne; 79,48%

Salada; 76,92%

Bebida; 79,48%

Sobremesa;

48,71% Arroz; 100%

Feijão; 85,71%

Carne; 100,00%

Salada; 57,14%

Bebida; 65,71%

Sobremesa;

57,14%

108

Frequência de consumo no lanche da tarde:

TURMA DA MANHÃ TURMA DA TARDE

Frequência de consumo no jantar:

TURMA DA MANHÃ TURMA DA TARDE

Frutas; 28,20%

Leite; 46,15%

Pão; 61,53%

Biscoito; 15,38%

Suco 10,25%

Doces 10,25%

Salgadinho 5,12%

Lanche; 5,12%

Frutas; 20,00%

Leite; 40,00%

Pão; 28,57% Biscoito; 37,14%

Suco; 28,57%

Doces; 17,14%

Salgadinho 20,00%

Lanche; 8,57%

Arroz; 76,92%

Feijão; 66,66%

Carne; 69,23%

Salada; 51,28%

Bebida; 76,92%

Sobremesa; 35,89%

Arroz; 88,57%

Feijão; 74,28% Carne;

71,42%

Salada; 48,57%

Bebida; 65,71%

Sobremesa; 31,42%

109

110

111

Resultado da avaliação nutricional das crianças atendidas pelo projeto

Educando Sabores.

Dados obtidos através do Ponto de Corte para crianças entre 5 e 10 anos, segundo

a Organização Mundial de Saúde 2007.

Sendo avaliados alunos entre 7 e 8 anos de idade quanto às seguintes curvas

nutricionais:

Estatura para idade

Peso para idade

IMC para idade

TURMA MANHÃ - 2° A

Avaliados: 19 alunos

Apresentação individual segundo o sexo

Percentual gráfico geral de ambos os sexos

Meninas: 5 alunos

Magreza: 1

*Eutrofia: 3

Risco de sobrepeso: 0

Sobrepeso: 1

Meninos : 14 alunos

Magreza: 1

*Eutrofia: 6

Risco de sobrepeso: 2

Sobrepeso: 5

TURMA MANHÃ - 2° B

Avaliados: 19 alunos

Meninas: 10

Magreza: 0

*Eutrofia: 7

Risco de sobrepeso: 3

Sobrepeso: 0

Meninos : 9

Magreza: 0

*Eutrofia: 6

Risco de sobrepeso: 3

Sobrepeso: 0

eutrofia magreza risco sobrepeso

eutrofia magreza risco sobrepeso

112

TURMA TARDE - 2° C

Avaliados: 14 alunos

Meninas: 3

Magreza: 0

*Eutrofia: 2

Risco de sobrepeso: 0

Sobrepeso: 1

Meninos : 11

Magreza: 0

*Eutrofia: 7

Risco de sobrepeso: 1

Sobrepeso: 3

TURMA MANHÃ - 2° D

Avaliados: 19 alunos

Meninas: 11

Magreza: 1

*Eutrofia: 7

Risco de sobrepeso: 2

Sobrepeso: 1

Meninos : 8

Magreza: 0

*Eutrofia: 7

Risco de sobrepeso: 0

Sobrepeso: 1

MÉDIA GERAL DA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Total de avaliados: 71

Meninas: 29

Magreza: 2

*Eutrofia: 18

Risco de sobrepeso: 5

Sobrepeso: 3

Meninos : 42

Magreza: 1

*Eutrofia: 26

Risco de sobrepeso: 6

Sobrepeso: 9

eutrofia magreza risco sobrepeso

eutrofia magreza risco sobrepeso

eutrofia magreza risco sobrepeso

113

3.1.2 Discussão dos dados

Os dados gráficos do questionário que avaliou hábitos e consumo alimentar

apontaram nitidamente baixa atividade física, tanto nos alunos que estudam pela

manhã, quanto pelos que estudam à tarde e como prática de maior frequência, está

assistir televisão nos dois grupos. O consumo de refrigerante é maior que o de água

nos dois grupos e quanto às refeições, as crianças que estudam à tarde fazem a

refeição do almoço com a família, enquanto que pequeno número da turma que

estuda pela manhã, o fazem sozinhos. O local das refeições também é fator de

conscientização, sendo que do grupo que estuda pela manhã, quase a metade come

no quarto ou diante da TV. Apontaram as educadoras, após análise dos dados,

critérios a serem trabalhados durante as aulas de educação nutricional em busca de

melhorar o comportamento alimentar e físico.

Quanto aos gráficos apresentados como resultado de avaliação do estado

nutricional das crianças fica bastante clara a inversão de risco nutricional, pois

mostra uma migração no estado de desnutrição para obesidade. Até o final dos anos

90, ainda se ouvia falar muito em desnutrição e o risco nutricional era

frequentemente associado à carências nutricionais, com indicativos de magreza e

fome. Suplementos para abrir o apetite e crianças gordinhas eram sinônimo de

saúde para os pais que diziam “barriga cheia e prato vazio”.

Em meados dos anos 90 os índices de sobrepeso começaram a alarmar a

população mundial à reflexo da tendência americana e do aumento no número de

fast foods além da diminuição de refeições feitas em casa.

O resultado da pesquisa aponta para 63% das crianças em eutrofia, estado

nutricional adequado à idade e altura, porém 33% já são indicativos de intervenção

nutricional e risco à saúde. Assim torna-se essencial a abordagem do assunto de

forma educativa no ambiente escolar e este projeto apresenta-se como ferramenta

de promoção à saúde por intermédio da educação preventiva. Que seja feita agora

as transformações necessárias ao hábito alimentar, do que forçosamente diante de

um problema de saúde instaurado futuramente.

Nem todas as experiências que vivenciei neste projeto consegui aqui relatar, e

nem caberia à dissertação, mas com o intuito de acalmar uma latência desenvolvida

a partir das práticas realizadas junto às crianças, manifesto ao leitor que, estar

cercado por crianças é reaprender a viver, a sonhar e a acreditar que a vida é mais

114

simples do que imaginamos ou queremos supor que seja. Tal experiência instiga

ainda mais o desejo de lutar pela dignidade infantil e pelo direito de prepará-los para

fazerem escolhas, pois escolhas são feitas por eles diariamente, por seus pais,

professores, médicos, governo e até pela mídia, que decide o que devem querer,

desejar, amar, se espelhar e seguir.

Rótulos e escolhas estão disponíveis o tempo todo à apreciação infantil, mas

estes seres não são participados das decisões e “mecanizados” ao que se é ditado

para eles, estes sujeitos seguem com apatia pelas conquistas, pelas batalhas e tão

pouco louvam suas vitórias, pois tudo lhes é dado pronto, sem exigir-lhes qualquer

esforço mental ou criativo. Desenvolve-se uma sociedade apática e sem coragem,

sem inspiração, sem glórias, ao passo em que os pais julgam que protegê-los é dar-

lhes tudo aquilo que lhes é de desejo e assim, sem o desejo, não há a busca e para

alcançar o objeto de desejo, na busca, deve haver esforço e para o esforço, deve-se

haver coragem e a convicção de que fez a escolha certa.

Já dizia Rubem Alves, é preciso seduzir e encantar o aprendiz, causando-lhe

curiosidade como estimulação ao processo criativo, fazendo-lhe raciocinar e ser

merecedor de tal mérito.

Acredito que torna-se essencial à infância e à juventude ensinar-lhes a pensar

criticamente e também assim, escolher criticamente o que lhe serve de alimento,

relevando os desejos e relembrando das consequências, mas, mais ainda cabe tal

conscientização aos educadores e pais, que ao próprio infante, pois deles se

servirão para tomada de decisões, dando-lhes na verdade, pouca ou nenhuma

opção de escolha.

Algumas crianças relataram não haver variedade alimentar em casa de

produtos naturais, mas existe em seu vocabulário extenso repertório de opções

industrializadas e de serem preferencialmente consumidos, diante da televisão.

Comer com prazer é nutrir não apenas o organismo, mas o coração e a alma e

muitas vezes a nutrição passa a impressão de restrição de sabores, assim, foram

produzidos materiais de apoio ao ato alimentar com cor e sabor. Aos pais foi

ofertado um folheto de sugestões para lanches saudáveis (anexo G), de forma que

estes melhorassem a lancheira de seus filhos, já que o que se apresentou no

decorrer do projeto, demonstrou falta de conhecimento sobre alimentação saudável.

115

Figura 17. Foto do lanche de uma das crianças atendidas pelo projeto educando sabores. A mãe enviou pizza e

ele conta que comumente come nuggets, salgadinhos e chocolates na hora do lanche.

Num segundo momento as crianças relataram falta de opções “gostosas” no

cardápio cotidiano de seus lares e novo material de apoio aos pais foi

confeccionado, pensando na praticidade, porém cheio de criatividade visual, foi

ofertado aos pais um livreto de receitas nutritivas (Apêndice C) e saborosas com

opções de prato principal, acompanhamentos, sopas, pães e sobremesas.

Os pais atendidos pelo projeto adoraram as receitas e a iniciativa de prática

física durante o recreio. Preocupando-me com a prática física como auxiliar à saúde

da criança, sugeri brincadeiras como pular corda para estimulá-las física e

emocionalmente, pois trabalha a coordenação motora, o raciocínio rápido e a

confiança. A sugestão foi aceita e introduzida nos intervalos de aula para todas as

turmas do colégio, como exposto abaixo com a professora no comando da

brincadeira.

116

Figura 18. Crianças pulam corda e exercitam-se no intervalo escolar.

Estimular a criança a brincadeiras ao ar livre são essenciais a boa saúde física

e mental, assim, pular corda, pique esconde, andar de bicicleta, passear com o

cachorro, foram exemplos dados pelo projeto às crianças de forma a evitar a

ansiedade e a compulsão alimentar diante da TV, por todo o período que não estão

na escola.

A participação dos pais neste processo torna a relação com o hábito alimentar

muito mais segura e duradoura, assim busquei saber se em casa os pais estão

satisfeitos com o projeto, com a cantina do colégio e sobretudo, se houveram

mudanças no comportamento alimentar em casa. Um questionário de avaliação do

projeto Educando Sabores foi desenvolvido (apêndice E) e aplicado aos pais em

busca de mensurar sua satisfação com a intervenção do programa e a relação deste

nas ações alimentares em família. A resposta dos pais foi importante para indicar a transposição da educação

recebida dentro da escola para dentro do seio familiar. Busquei no mesmo

instrumento ouvir dos pais sobre sua satisfação com os alimentos ofertados na

117

cantina escolar e sensibilizá-los à adesão de um estilo de vida mais saudável para

sua família.

Para melhorar o diálogo entre pais e saúde à mesa, implantei uma série de

atividades no cronograma do projeto de forma a participar os pais e responsáveis no

caminhar para uma escolha alimentar mais saudável e ao mesmo tempo prazerosa.

Informativos de saúde, como o folder de dislipidemia, (apêndice H) também

fizeram parte da participação dos pais no processo, pois embora o assunto fosse

abordado no ambiente escolar, o material foi levado para casa e assim, os pais

acompanharam e foram coadjuvantes deste trabalho de educação e formação.

A estrutura familiar e os conceitos sociais devem ser revistos para a proteção da

criança, de seus hábitos alimentares e comportamentais. Julga-se de papel da

escola preparar a infância para os desafios que se seguirão em seu futuro

profissional, mas também não o seria o papel de prepará-los para seu melhor

desenvolvimento físico e psíquico?

Assim, acredito que por meio da pedagogia lúdica e de ações como a proposta

pelo projeto educando sabores, atrelada ao cotidiano escolar, fundamentaria melhor

as estruturas do aprendizado infantil.

118

3.2 Pedagogia lúdica.

Figura 19. Pedagogia... doce pedagogia. Fonte: doce-pedagogia.blogspot.com

O pensamento é a ponte que o corpo constroe a fim de

chegar ao objeto de seu desejo e se o desejo for satisfeito, a

máquina de pensar não pensa e assim, realizando seu

desejo o pensamento não acontece e a maneira mais fácil

de abortar o pensamento é realizar o desejo. Conhecimentos

são extensões do corpo para realização do desejo, portanto, a

tarefa do professor é a mesma da cozinheira, antes de dar

faca e queijo ao aluno, promover a fome...

RUBEM ALVES

119

Sensibilidade para mudar hábitos e conceitos gerados ao longo de uma

estrutura familiar e social, com respeito ao desenvolvimento da infância, será

discutido neste momento da obra para justificar a escolha metodológica que conduz

o projeto Educando Sabores. A fim de atender as necessidades fisiológicas e

nutricionais da criança, o respeito e o afeto não devem ser suprimidos, tão pouco a

criança deve ser forçada a educar-se e assim como não é necessário lembrar a

infância de viver fantasias, também não se necessita de fervor para desenvolver

nela o sentidos e seus sentimentos para com qualquer situação educacional.

Através de jogos e brincadeiras, o acesso ao imaginário infantil pode ser abreviado e

diferente do adulto, a mudança na criança só ocorre quando ela aceita participar

dela. Assim, dentro de uma interatividade lúdica busquei promover situações bem

planejadas que garantam o desenvolvimento integral das crianças, além da

interação entre elas e delas com os desafios do mundo.

As brincadeiras proporcionam diversos benefícios nesta faixa etária,

estimulando capacidades como atenção memória e imaginação. Lúdico vem do latim

ludus e quer dizer jogo.

Segundo Almeida (1995) a educação lúdica é uma ação inerente na criança e

aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento,

que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações

constantes com o pensamento coletivo.

Autora de diversas pesquisas sobre a educação infantil, Santos (1999) trilhou

vários enfoques teóricos dados ao brincar, visto dentre vários pontos de vista:

• do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade. A emoção deverá estar junto na ação humana tanto quanto a razão; • do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como a forma mais pura de inserção da criança na sociedade. Brincando, a criança vai assimilando crenças, costumes, regras, leis e hábitos do meio em que vive; • do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação de seu comportamento; • do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como o ato criativo estão centrados na busca do “eu”. É no brincar que se pode ser criativo, e é no criar que se brinca com as imagens e signos fazendo uso do próprio potencial; • do ponto de vista pedagógico, o brincar tem-se revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender.

Neste ponto busquei discutir a ludicidade, pois a intencionalidade de inserção

da educação nutricional no Ensino Fundamental prevê uma interdisciplinaridade de

120

práticas lúdicas no processo educacional, buscando na filosofia, dança, música e na

cozinha, sensibilizar os educandos para o novo conceito alimentar aplicado.

O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais

real. Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se

expressar, analisar, criticar e transformar a realidade. Se bem aplicada e

compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do

ensino, quer na qualificação ou formação crítica do educando, quer para

redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na

sociedade. (DALLADONA, MENDES, 2004)

Conscientização dos educadores e ações de sensibilização das formas de

aprendizado se fazem necessárias, para alcançar resultados que não dependem de

um cronograma estabelecido, de resultados esperados, responsabilidades

transmitidas ainda muito cedo aos pequenos. Com a alimentação, o olhar deve ser

redobrado em carinho, cuidado e prazer, pois o alimento representa uma fase

importante de realização do prazer oral e permanece como tal ainda na fase adulta.

Para LIPMAN (1997, p. 29), as escolas devem repensar a educação numa

perspectiva diferente do modelo tradicional de ensino, em que o aluno é visto como

um depósito de informação; para tanto, ela deve reestruturar os currículos, de

maneira a transformar o paradigma padrão da prática educativa normal, para o

paradigma reflexivo, ou seja, da prática educativa crítica. Tudo isso, a fim de

estimular a formação dos alunos, desde a mais tenra infância, para que eles

adentrem a fase adulta como pessoas mais reflexivas, críticas, investigativas e

com mais autonomia.

Todo olhar e todo sentimento deve ser/estar voltado à criança durante sua fase

de aprendizagem. Olhar além dos conteúdos básicos já predeterminados ao futuro

acadêmico, considerados indispensáveis, mas que sublimam tantas outras

habilidades e o desenvolvimento de sensibilidades, características fundamentais

para a socialização e o convívio com o meio em que a criança está inserida.

O alimento representa simbologia e magia, sedução e prazer. Representando,

portanto, um universo paralelo dentro do ambiente escolar, momento onde a fenda

do tempo rígido e exigente da aprendizagem abre-se, oportunizando um espaço de

tempo para sentir prazer em sua forma mais primitiva, simples e natural.. a

alimentação.

121

Figura 20. Foto realizada com as crianças do projeto em aula de produção de salada de frutas e de brigadeiros,

onde as crianças enrolaram e confeitaram seus próprios brigadeiros antes de degusta-los.

Respeito à criança e a seus hábitos, crenças, desejos... respeitar seu espaço e

tempo, sua forma ingênua de visão da coletividade, enfim, a tarefa de envolvê-la

num universo repleto de possibilidades, onde a criança busca a felicidade através de

guloseimas infantis e nada melhor que brigadeiro para começar a festa. É brincando

e comendo que os maiores laços afetivos são formados e é com muito amor que

estes laços se preservam.

Lanço mão de palavras de Rubem Alves para ilustrar minhas reflexões acerca

da educação e da ludicidade, pois creio estarem em suas palavras encarnado o

espírito de instigação, de inspiração e de sensibilização como fator motivador para a

realização de um aprendizado. Conta ele em suas crônicas sobre a inspiração para

o aprendizado e enfatiza a necessidade de fazer do educando um ser pensante,

criativo e questionador, que deseje o conhecimento, não apenas se alimente dele.

Adélia Prado me ensina pedagogia. Diz ela: "Não quero faca nem queijo;

quero é fome". O comer não começa com o queijo. O comer começa na

fome de comer queijo. Se não tenho fome é inútil ter queijo. Mas se tenho

fome de queijo e não tenho queijo, eu dou um jeito de arranjar um queijo...

Adélia Prado fala do despertar de um desejo, do incentivo à “fome”, do seduzir

para a curiosidade, marcando uma crítica importante ao estilo de ensino

aprendizagem praticado atualmente, pela maioria dos pedagogos, que se limitam a

cumprir o cronograma de estudos, mas não se preocupam a ponto de se

perguntarem o porque de cada conteúdo aplicado, ou o quanto este conteúdo se

122

apresenta interessante e instigador ao aluno, pois se não o interessar ele vai,

provavelmente, descartá-lo logo após as provas. Mas se este conteúdo for capaz de

despertar curiosidade, poderá contar com a atenção e o envolvimento do educando,

principalmente se este vier acompanhado de atividades interativas ou lúdicas.

A educação nutricional, principalmente desenvolvida por meio de atividades

lúdicas para crianças, ao contar com recursos audiovisuais, como forma de auxiliar

no ensino, permite ao educador estimular a atenção dos educandos, dirigir as

atividades e buscar a construção do conhecimento em conjunto com as crianças

(MARTINS e ABREU, 1997).

Valorização necessária deve ser dada ao tema da gastronomia, pois esta

ciência envolve o universo infantil completamente e os torna cada vez mais

envolvidos ao passo que lhes é apresentado. As cores, aromas, sabores e

sensações despertadas por uma cozinha não são facilmente explicadas em

palavras, mas talvez por este mesmo motivo, seja tão encantador o ambiente

gastronômico à criança, pois ela não precisa de grande fundamentação teórica ou

de palavras que descrevam os detalhes da cozinha, as crianças veem de outro

modo, com a sensibilidade de sua alma elas sentem e estão muito mais atentas à

variabilidade de texturas e sabores, assim estão sempre preparadas e curiosas ao

que está por vir, diferente dos adultos que já carregam bagagens de orgulho e

preconceito, diminuindo as possibilidades de se entregarem a um prazer

completamente.

Seduzir uma criança com palavras apenas, não surtirá um efeito duradouro

como o efeito esperado, pois a alma e o coração delas está mais sensível às

energias envoltas no universo e constantemente, percebem nuances que os adultos

já não veem. E se para elas as palavras, bem como justificativas teóricas, pouco

importam, as impressões de mundo são fortemente marcadas por seus sentidos,

onde o visual enxerga mais do que as cores e imagens, enxergam o contexto, o

ambiente, e a pureza de seu pensamento, sem egoísmo, emitem uma opinião muito

mais sincera da situação garantindo à culinária uma crítica mais verdadeira e um

ambiente mais puro.

Dentro da cozinha a criança cria, recria, inventa, critica e imagina um mundo

melhor, cheio de possibilidades, como na imensa variedade de opções de uma

cozinha. Nela existe respeito, cuidado, técnicas e muito aprendizado, mas nem de

longe a criança aprende a cozinhar, pois o intuito é fazê-la aprender com as

123

possibilidades e variabilidade de uma ação. Ali ela apura os sentidos, como se fosse

apurar um molho. Refinam o olfato, o paladar e desenvolvem o otimismo, pois tudo

se transforma na cozinha e o alimento aceita tantas combinações diferentes de

ingredientes. E a cada inserção de ingredientes sua estrutura química se renova,

bem como na criança as esperanças se renovam ao verem que o processo teve

bom resultado final sem perder o sabor e qualidade.

As adversidades serão grandes na vida destas, mas a confiança e o

entusiasmo também devem ser grandes, pois se assim não forem, a esperança será

vencida pelo medo do fracasso e este é o maior empecilho para o sucesso. Os

modelos de ensino atuais, apontam grande exigência para a qualificação dos

conteúdos preparatórios puramente acadêmicos, mas o mercado de trabalho mostra

diariamente a necessidade de profissionais cada vez mais pautados em habilidades

e competências que em conhecimento técnico, pois os mais eficientes são aqueles

que melhor se adaptem a uma determinada situação, não os que a suportem por

mais tempo. Assim, todo e qualquer esforço voltado ao desenvolvimento das

habilidades sensitivas da criança, refletirão positivamente em seu futuro profissional,

pessoal, familiar e em qualquer área que se siga em sua vida.

A valorização da criança faz do futuro da humanidade, um lugar melhor de se

viver, já o contrário, estimula a perversidade, o mal humor e a desconfiança, assim é

preciso pensar em que tipo de futuro espera-se e com quem espera-se contar no

futuro.

124

4 CONCLUSÃO

Figura 21. Conclusão. Fonte: pt.dreamstime.com

Cozinheiro é um artista que vê

no ingrediente uma tela em branco.

Nos temperos, as tintas.

Então com sua alma criativa mescla texturas,

formas e sabores, fazendo do

prato de comida a mais pura obra de arte.

MARINA DE CARVALHO MENDES

125

O Projeto Educando Sabores teve por contribuir prática e interdisciplinarmente

no programa pedagógico do Ensino Fundamental, com estímulo aos bons hábitos

alimentares, bem como, educar sobre o valor nutricional, acesso e segurança dos

alimentos. Feito dentro do ambiente escolar de forma lúdica e introduzindo práticas

gastronômicas às nutricionais, pois comer com prazer é nutrir não apenas o

organismo, mas o coração e a alma.

Trata-se de um projeto de educação nutricional, pois pratica educação para

saúde através do conhecimento da nutrição adequada. Buscou-se através deste

projeto conscientizar sobre bons hábitos alimentares e levar o conhecimento

nutricional ao alcance de crianças, seus familiares e de seu ambiente escolar.

Trata-se de um projeto de educação infantil, pois intenta educar à infância para

o prazer, o sabor, sem abrir mão do brincar. Educando Sabores Busca garantias

para a saúde e desenvolvimento infantil, com respeito à criança e à seu ambiente e

dentro da atmosfera lúdica, foi possível trabalhar conceitos e técnicas.

Trata-se ainda de um projeto educacional: a escola ampliando seu potencial

educador. A escola ensinando a pensar, a somar, a construir, a se socializar, a

escolher e a comer, consequentemente, ensinando valores e saúde através da

educação nutricional.

Mas acima de tudo, trata-se de um projeto sóciocomunitário: a escola

interagindo com a comunidade. A construção do conhecimento e o

compartilhamento deste com o universo ao redor da escola. A educação produzida

pelo meio acadêmico extravasando fronteiras, levando possibilidades e mudando

histórias de vida.

Um projeto multidisciplinar, com rica variedade de desenvolvimento, com

retorno satisfatório e com ambições palpáveis: sensibilizar setores educacionais

públicos e privados a zelar e promover a educação nutricional.

Por muitas vezes, a nutrição passa a impressão de restrição de sabores, e para

uma melhor compreensão da alimentação é preciso gostar do que se come, assim,

foram produzidos materiais de apoio ao ato alimentar valorizando os sabores, cores

e aromas necessários a ima boa refeição.

A nutrição pode facilmente ser inserida em contextos educacionais variados,

pois lida com aspectos importantes ao cotidiano, como o comer e a saúde ao comer.

Associada a ela está a gastronomia que lida principalmente com o aspecto sensorial

dos sentidos e o prazer em comer, assim, a união de conceitos tão valiosos ao bem

126

estar humano encontram-se valorizados neste projeto e a disposição para atuar em

benefício da sociedade em diferentes instâncias, no mais variado público, já que

alimentação é um assunto inerente a humanidade. Esta permeabilidade envolta no

conceito de nutrir com prazer está apenas iniciada nesta obra que convida leitores e

pesquisadores do assunto a darem continuidade, pois rico e vasto é o campo da

alimentação e se apresenta cheio de simbologias nas mais diversas culturas, não se

esgotando nunca as possibilidades de discussão e aprimoramento.

Aqui discuto que a estrutura familiar e os conceitos sociais devem ser revistos

para a proteção da criança, de seus hábitos alimentares e comportamentais. Julga-

se de papel da escola preparar a infância para os desafios que se seguirão em seu

futuro profissional, mas também não o seria o papel de prepará-los para seu melhor

desenvolvimento físico e psíquico?

Assim, acredito que por meio da pedagogia lúdica e de ações como a proposta

pelo projeto educando sabores, atrelada ao cotidiano escolar, fundamentaria melhor

as estruturas do aprendizado infantil.

A introdução da educação nutricional no Ensino Fundamental traz muitas

possibilidades de aprimoramento do caráter infantil e desperta a consciência crítica

para determinados conceitos de saúde, fazendo-os mais seletivos ao que comer e

principalmente ao quanto comer. Neste contexto defendo a hipótese de que se

melhor forem orientados e estimulados a bons hábitos alimentares, melhores

condições de saúde terão e quanto mais cedo a instrução chegar, maiores as

possibilidades de se incorporarem no caráter alimentar e perdurarem ao longo da

vida os bons hábitos.

Tratei a alimentação como importante combustível energético ao corpo

humano, mas também a ignorância de seus aspectos químicos, de seus grupos

alimentares, de quantidade e qualidade de consumo, foram ressaltados para mostrar

a consequência dos descuidos alimentares à fase infantil e às demais fases da vida.

Nas últimas décadas houve um crescimento significativo de patologias que

acometem o público infantil e muitas pesquisas associando os fatores à excessos

alimentares. Mudanças também significativas no consumo alimentar, dotando-se a

atualidade de um novo padrão alimentar rico em produtos alimentícios

industrializados e pobre em alimentos de caráter nutricional, tornando o cotidiano

mais prático, mas a praticidade das refeições também vem tornando as crianças

127

escravos de uma geração fast food, fortemente marcada pela influência da mídia e

Marketing comercial para novos produtos alimentícios.

Defendo a proposta de revisão das leis de seguridade social, diretrizes

educacionais e programas que assessoram a segurança alimentar em nível

nacional, pois apenas garantir o acesso ao alimento sem a formação de hábitos

alimentares saudáveis, não garante a qualidade nutricional do indivíduo e quanto

antes o conhecimento for adquirido, melhor qualidade de vida a comunidade

apresentará.

Quase que diariamente as crianças são submetidas a influências negativas

pela mídia e mais submissas à tecnologias que as aprisionam dentro de casa,

aumentando seu interesse pela TV, computador e videogames e diminuindo seu

interesse por atividades ao ar livre, esportes, brincadeiras de rua ou de contato em

grupo.

Medidas extraordinárias são requeridas para auxiliar as práticas pedagógicas

da infância no contexto atual de formação social, onde valores são destorcidos e

carências afloradas pela exigência profissional dos pais e voracidade do consumo

material, descontruindo a harmonia familiar e evidenciando a maior necessidade do

suporte psicopedagógico mediando as relações.

Negligência de cuidados na infância reflete-se em traumas nas próximas fases

da vida e como ferramenta assessoria ao panorama acadêmico instaurado, sugiro o

apoio da educação nutricional como método auxiliar para qualidade de vida da

criança, mas acima de tudo, como suporte de prevenção de transtornos alimentares,

obesidade e patologias associadas a alimentação que ocasionalmente se agravarão

nas próximas fases do ciclo vital humano.

Assim, diante de tantos argumentos discorridos aqui, proponho a introdução de

uma disciplina de educação nutricional para compor o currículo pedagógico do

Ensino Fundamental, a fim de estimular bons hábitos alimentares e desenvolver nos

escolares a sensibilidade e redescoberta de sabores, texturas, cores e combinações

alimentares de rico aspecto sensorial e extraordinário aspecto nutricional. De forma

lúdica e construtivista, intento mostrar a interdisciplinaridade cultural e social

envolvendo o alimento e ao mesmo tempo que o projeto educando sabores ensina,

aprende-se com a pureza e sinceridade infantil, tomando formas de acordo com a

percepção e curiosidade das crianças atendidas pelo programa.

128

Minha crítica à falta de cuidado nutricional com as crianças brasileiras cabe

anexa aqui em forma de julgamento da educação como ferramenta de preparação

delas para as oportunidades do mundo. O processo educacional está carente de

reforma em sua estrutura fundamental e a educação nutricional, carece de

divulgação, de espaço e de corpo para sustentar-se na prática educacional, assim,

somando forças à renovação escolar, podem as duas ferramentas trabalharem

juntas para um mesmo fim, o de melhorar o ambiente infantil visando atingir o futuro

da humanidade com maior harmonia e sabedoria entre os povos, pois não se pode

esquecer que a infância de hoje, formará a sociedade de amanhã.

Este projeto tem início na fase infantil, mas intenta atingir todas as faixas

etárias possíveis, pois educação nutricional é fundamental a todas as fases do ciclo

vital humano.

As necessidades energéticas e nutricionais mudam com a evolução do

organismo e ao passo que este envelhece, suas necessidades também mudam e

outras carências se instauram.

Portanto, é de fundamental importância à escola, à comunidade, à sociedade e

à vida.

Daí a indiscutível relevância desta obra na sensibilização da iniciativa privada e

governamental em promover a educação nutricional como ferramenta de formação

social, prevenção de doenças e promoção da saúde e qualidade de vida,

construindo assim, uma nação forte, saudável e acima de tudo, consciente.

129

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138

APÊNDICES

139

APÊNDICE A: Encartes para colorir

ATIVIDADE : 1º Colorir os alimentos conforme sua cor 2º Circule apenas os legumes e os vegetais

140

APÊNDICE B: Anamnese Alimentar – Inquérito alimentar e comportamental

QUESTIONARIO DE ROTINA DA CRIANÇA

NOME DO ALUNO :

DATA DE NASC. __/__/__ SEXO : _____ PESO: ______ ALTURA : ________

1. O que você gosta de comer?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

2. O que você não gosta de comer?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

3. O que você costuma comer no café da manhã:

Frutas ( ) Leite e derivados ( ) Pão ( ) Biscoito ( ) Suco ( )

Doces salgados ( ) Embutidos ( ) Outros : ___________________________

4.O que você costuma trazer de lanche?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

5. O que você costuma comer no almoço:

Arroz ( ) Feijão ( ) Carne ( ) Salada- verdura e legumes ( )

Bebida ( ) qual:_______________ Sobremesa ( ) qual: ___________________

6. Depois do almoço o que costuma fazer ?

a) Brincar ( ) b) Dormir ( ) c) Assistir Tv ( )

d) Atividade física ( ) qual : ______________

7. O que você costuma comer no lanche da tarde ?

a) Frutas ( ) b) Leite e derivados ( ) c) Pão ( )

d) Biscoito ( ) e) Suco f) doces ( ) g) Salgados ( ) h) Lanche ( )

c) Outros : ______________________________________

8. O que costuma comer no jantar?

a) Arroz ( ) b) Feijão ( ) Carne ( ) c) Salada- verdura e legumes ( )

d) Bebida ( ) qual : ____________e)Sobremesa ( ) qual : ______________

9. Antes de dormir, costuma comer alguma coisa? O que?

141

_____________________________________________________________

DADOS GERAIS

a) Você mastiga bastante o alimento antes de engolir? Boa ( ) Ruim ( )

b) Você tem alguma dificuldade em engolir os alimentos? Boa ( ) Ruim ( )

c) Habito intestinal, é todos os dias? Frequente ( ) Rara ( )

d) Habito urinário, é todos os dias? Frequente ( ) Rara ( )

e) Você tem alguma alergia alimentar? SIM ( ) NÃO ( )

f) Qual: ___________________________________________________

g) Que horas você costuma ir dormir, e que horas você acorda?

Tempo: ________________

Horas de sono : Boa ( ) Ruim ( )

h) Quantas pessoas fazem as refeições com você? _________________

i) Qual o local de suas refeições? _______________________________

FREQUÊNCIA DE CONSUMO

CARNE Você come carne todos os dias? SIM ( ) NÃO ( ) Quantas vezes por semana você come carne ? _____________ OVO Você come ovo todos os dias? SIM ( ) NÃO ( ) Quantas vezes por semana come ovo? ____________________________ SALADA Você come salada todos os dias? SIM ( ) NÃO ( ) Quantas vezes por semana você come hortaliças (salada)?_____________ MASSAS Você come pão todos os dias? SIM ( ) NÃO ( ) Você come alimentos integrais? Quantas vezes por semana você come pão? _______________________

142

APÊNDICE C: Livro de receitas saudáveis

PROJETO EDUCANDO SABORES

LIVRINHO DE RECEITAS NUTRITIVAS

OPÇÃO DE PRATOS PRINCIPAIS, GUARNIÇÕES, PÃES,

SOPAS E SOBREMESAS

ENSINO FUNDAMENTAL

2013

143

PRATOS PRINCIPAIS..... ......................................................................................................................... 145

ASSADO DE PANELA COM ALHO PORÓ .................................................................................................... 146

BRACHOLA DE CARNE.................................................................................................................................. 146

CARNE CHINESA ........................................................................................................................................... 146

FRANGO À GONZÁLES ................................................................................................................................. 147

FILÉ DE FRANGO AO MOLHO DE MARACUJÁ .......................................................................................... 147

FRANGO DESFIADO AO CREME ................................................................................................................. 148

HAMBURGUER DE SOJA............................................................................................................................... 149

LAGARTO AO MOLHO DE PALMITO ........................................................................................................... 149

PEIXE COM LEGUMES .................................................................................................................................. 150

SOBRECOXA ASSADA AO MOLHO DE LARANJA ...................................................................................... 150

GUARNIÇÕES ............................................................................................................................................... 151

CENOURA CREMOSA .................................................................................................................................... 152

CREME DE MILHO VERDE ............................................................................................................................ 153

SUFLÊ DE MORANGA .................................................................................................................................... 152

PÃES ................................................................................................................................................................ 154

PÃEZINHOS DE MAÇÃ .................................................................................................................................. 155

PÃO DE BATATA ............................................................................................................................................ 156

PÃO INTEGRAL PARA LANCHE .................................................................................................................... 157

PÃO NUTRITIVO ............................................................................................................................................ 158

PÃO DE MANDIOQUINHA ............................................................................................................................ 159

SOPAS ............................................................................................................................................................ 160

SOPA DE BRÓCOLIS ..................................................................................................................................... 161

SOPA DE TOMATE ......................................................................................................................................... 161

SOPA DE ABOBRINHA .................................................................................................................................. 163

SOPA DE ABÓBORA ...................................................................................................................................... 163

SOPA CREME DE LEGUMES E QUINUA ..................................................................................................... 163

CANJA DELICIOSA ........................................................................................................................................ 164

CREME DE VERDURAS ..................................................................................... Erro! Indicador não definido.

CREME ESPECIAL .......................................................................................................................................... 161

SOPA ALELUIA ............................................................................................................................................... 164

SOPA DE FRANGO COM CENOURA ............................................................................................................ 164

144

SOPA DE GRÃO DE BICO............................................................................................................................. 165

SOPA DE MILHO VERDE COM FRANGO .................................................................................................... 162

SOBREMESAS ............................................................................................................................................... 166

BOLO DE CHOCOLATE ................................................................................................................................. 167

BOLO DE MAÇÃ E CANELA .......................................................................................................................... 168

COMPOTA DE MAÇÃ ..................................................................................................................................... 167

CREME DE LIMÃO COM IOGURTE .............................................................................................................. 169

CUBOS AO CREME COM MORANGO .......................................................................................................... 169

GELADO DE MORANGO ................................................................................................................................ 169

LEITE CONDENSADO LIGHT ....................................................................................................................... 169

TORTA DE RICOTA ........................................................................................................................................ 170

145

PRATOS PRINCIPAIS

146

ASSADO DE PANELA COM ALHO PORÓ

Ingredientes:

1 kg de maminha

1 cebola grande

2 alho poro

1 maço de cheiro verde

1 folha de louro

2 colheres (sobremesa) de alho triturado

Sal e pimenta à gosto

Modo de Fazer:

Temperar a maminha com o alho, o sal e a pimenta. Em uma panela de pressão, colocar

a maminha e deixar dourar. Em seguida, acrescente a cebola, 1 alho poro, o louro e

deixe cozinhar até ficar macia. Retire a maminha da panela e fatie em pedaços e reserve.

Bata o molho no liquidificador e depois passe na peneira. Na mesma panela refogue o

alho poro cortado em rodelas, volte o molho na panela até ferver. Por último, jogue o

molho por cima da carne e salpique um pouco de cebolinha.

Rendimento: 14 porções

Calorias: 220 cada porção

BRACHOLA DE CARNE

Ingredientes:

10 bifes de alcatra sem gordura

½ vidro de palmito

1 colher (sobremesa) rasa de alho picado

1 colher (sopa) de óleo vegetal

Sal e tempero a gosto

Modo de Fazer:

Temperar os bifes com sal e alho. Deixar no tempero por 1 hora. Enrolar cada bife com

um pedaço de palmito e prender com palitos. Em uma panela, colocar o óleo e

acrescentar as bracholas uma a uma no fundo da panela. Mexer até dourar. Aos poucos,

coloque água fervendo e deixe cozinhar por aproximadamente 20 minutos.

Rendimento: 10 porções

Calorias: 97 cada porção

CARNE CHINESA

Ingredientes:

1 kg de filé mignon

1 pimentão vermelho pequeno cortado em tiras finas

147

1 pimentão verde pequeno cortado em tiras finas

1 cenoura grande em tiras

500g de broto de feijão

1 cebola cortadas em tirinhas

Cebolinha picada a gosto

Sal, alho e shoyu

Modo de fazer:

Temperar a carne com o sal, alho e shoyu. Colocar em uma frigideira grande e cozinhar

até ficar macio. Quando a carne estiver pronta, acrescentar os legumes e cozinhar por

mais 5 minutos, mexendo sempre. Se precisar, acrescente mais shoyu e salpique

cebolinha por cima.

Rendimento: 15 porções

Calorias: 160 cada porção

FILÉ DE FRANGO AO MOLHO DE MARACUJÁ

Ingredientes:

10 filés de frango

1 colher (sobremesa) rasa de alho picado

2 colher (sopa) de açúcar

1 e ½ xícara (chá) de suco concentrado de maracujá

2 colheres (sopa) maisena

Suco de 1 limão

Sal a gosto

Modo de Fazer:

Temperar os filés com sal, alho e limão. Deixar no tempero por 1 hora. Em uma

frigideira antiaderente, dourar os filés e reservar. Na mesma frigideira, colocar o açucar e

a água, misturando até dourar. Adicionar o suco concentrado de maracujá, mexendo

sempre. Despejar o molho por cima do filé.

Rendimento: 10 porções

Calorias: 82 cada porção

FRANGO À GONZÁLES

Ingredientes:

10 sobrecoxas com osso e sem pele

suco de 1 limão

1colher (sobremesa) rasa de alho picado

1 cebola média picada

1 colher (sopa) rasa de manteiga

½ lata de creme de leite

148

2 colheres (sopa) maisena

Sal e tempero a gosto

Modo de fazer:

Temperar o frango com sal, limão e alho. Deixar no tempero por 1 hora. Levar ao forno

para assar. Dourar a cebola picada na manteiga e reservar. Em 250ml de água e diluir a

maisena. Acrescentar a cebola. Bater todos os ingredientes no liquidificador com água.

Quando o frango já estiver dourado, colocar o creme por cima e levar ao forno por mais

30 minutos.

Rendimento: 10 porções

Calorias: 140 cada porção

HAMBURGUER DE SOJA

Ingredientes:

250g de proteína de soja

2 ovos

2 xícaras (chá) de farinha de rosca

1 colher (sopa) de manteiga

2 colheres (sopa) cheias de cebolinha picada

1 cebola ralada

2 xícaras (chá) de água

Sal a gosto

Modo de fazer:

Colocar numa tigela, a proteína com a água e deixar hidratar por 15 minutos. Numa outra

vasilha, misturar os demais ingrediente e por ultimo, acrescentar a proteína de soja.

Moldar os hambúrgueres e levar para grelhar numa frigideira com a manteiga.

Rendimento: 15 porções

Calorias: 85 cada porção

FRANGO DESFIADO AO CREME

Ingredientes:

1 peito de frango cozido e desfiado

1 colher (sobremesa) rasa de alho picado

1 cebola média ralada

4 tomates picados

½ vidro de palmito picado

2 colheres (sopa) cheia de farinha de rosca

1 colher (sopa) rasa de manteiga

Creme

500ml de leite „

3 colheres (sopa) cheia de farinha de trigo

149

½ colher (sopa) rasa de manteiga

Sal e noz moscada a gosto

Modo de fazer:

Refogar a cebola e o alho na manteiga até dourarem. Adicionar o frango já cozido e

desfiado e cozinhar por 15 minutos. Se necessário colocar um pouco de água.

Acrescentar o tomate e o palmito e deixar refogando por mais 5 minutos.

Creme

Bater todos os ingredientes no liquidificador e levar ao fogo até engrossar.

Montagem em refratário:

-primeira camada um pouco de creme

-segunda camada frango desfiado

-terceira camada o restante do creme

Salpicar duas colheres (sopa) de farinha de rosca e levar a o forno quente por 10

minutos.

Rendimento: 14 porções

Calorias: 130 cada porção

LAGARTO AO MOLHO DE PALMITO

Ingredientes:

500g de lagarto sem gordura

1 colher (sobremesa) rasa de alho picado

1 colher (sopa) de óleo vegetal

suco de 1 limão

1 cebola média cortada em rodelas

1 colher (sopa) cheia de catchup

2 colheres (sopa) de molho inglês

½ vidro de palmito cortado em rodelas

Sal e tempero a gosto

Modo de Fazer:

Temperar o lagarto com sal, alho e limão. Reservar por no mínimo 1 hora. Em uma

panela de pressão, colocar o lagarto e o óleo para dourar. Virar a carne para que ela

fique bem dourada. Acrescentar água suficiente para cozinhá-la. Fechar a panela de

pressão e deixar cozinhar por 50 minutos. Depois que a carne estiver cozida e macia,

tire-a e corte em fatias finas e reserve. Voltar à panela ao fogo com o molho que restou

do cozimento e acrescentar as cebolas, o catchup e o molho inglês. Juntar as fatias de

lagarto e deixar

ferver até o molho penetrar bem na carne. Quando estiver pronto, acrescentar os

palmitos e servir.

Rendimento: 10 porções

Calorias: 90 cada porção

150

PEIXE COM LEGUMES

Ingredientes:

500g de cação desfiado

½ cenoura média ralada

120g de vagem picada e cozida

1 caixinha de creme de leite

50g de queijo ralado

½ cebola média picada

1 colher (sopa) rasa de manteiga

Sal e cheiro-verde a gosto

Modo de Fazer:

Cozinhar os filés de peixe na água. Quando estiverem cozidos, escorrer bem a água e

desfiar. Em uma panela refogar a cebola na manteiga até dourar. Acrescentar o peixe já

desfiado, o sal, o cheiro verde e os legumes já cozidos. Misturar bem. Colocar num

refratário, acrescentar o creme de leite, salpicar o queijo ralado e colocar no forno para

gratinar.

Rendimento: 12 porções

Calorias: 94 cada porção

SOBRECOXA ASSADA AO MOLHO DE LARANJA

Ingredientes:

10 sobrecoxas com osso e sem pele

1 colher (sobremesa) rasa de alho picado

1 colher (sopa) rasa de mostarda .

Suco de 1 limão

Suco de 4 laranjas

1 pote de iogurte desnatado

Salsinha a gosto

Sal e tempero a gosto

Modo de Fazer:

Temperar as sobrecoxas com limão, alho e sal. Deixar no tempero por 1 hora. Misturar

bem o iogurte com a mostarda, e passar sobre os pedaços de frango. Colocar na

assadeira e regar com o suco de laranja. Levar ao fogo médio. Antes de servir polvilhar

com salsinha.

Rendimento: 10 porções

Calorias: 105 cada porção

151

GUARNIÇÕES

152

CENOURA CREMOSA

Ingredientes:

4 cenouras médias raladas no ralo grosso

1 copo de requeijão „

Sal, salsinha e pimenta-do-reino a gosto

1 colher sobremesa de manteiga

1 pitada de sal

Modo de fazer:

Derreter a manteiga numa panela. Colocar a cenoura ralada e os temperos e deixar

murchar. Desligar o fogo e colocar o requeijão.

Rendimento: 15 porções (cada porção corresponde a 2 colheres de sopa)

Calorias: 40 cada porção

Calorias culinária: 16 por porção

SUFLÊ DE MORANGA

Ingredientes:

500g de moranga

0,5 cebola picada

2 colheres (sopa) de cebolinha picada

1 xícara de água

1 colher (sobremesa) de manteiga

1 caixinha de creme de leite

1 pitada de sal

Modo de Fazer:

Corte a moranga em cubos e cozinhe junto com uma xícara de água com o sal, até que

fique macia, mas sem desmanchar. Em uma panela, refogue na manteiga a cebola, e

acrescente a moranga já cozida e a cebolinha. Coloque em um pirex com a manteiga e

polvilha por cima a farinha de rosca e o queijo ralado. Levar ao forno para gratinar.

Rendimento: 15 porções

Calorias: 75 cada porção

153

CREME DE MILHO VERDE

Ingredientes:

5 latas ou 10 espigas de milho

4 xícaras de leite „

1 colher (sobremesa) rasa de manteiga

1 cebola média ralada

Sal, salsinha e nós moscadas a gosto

Modo de fazer:

Dourar a cebola na margarina. Adicionar metade do milho para refogar, a outra metade

bater no liquidificador e peneirar. Em seguida, colocar o milho batido na panela,

acrescentar o leite e os outros ingredientes. Mexer até engrossar.

Rendimento: 20 porções (cada porção corresponde a 2 colheres de sopa)

Calorias: 35 cada porção

154

PÃES

155

PÃEZINHOS DE MAÇÃ

Modo de preparo:

1. Dissolver o fermento na água morna

2. Acrescentar o açúcar, o sal a manteiga e os ovos, mexer bem.

3. Juntar aos poucos a farinha de trigo até o ponto de abrir a massa com o rolo.

Amassar e deixar descansar por 30 minutos.

4. Depois de crescida, amassar novamente e abrir com o rolo.

5. Passar a manteiga do recheio na massa aberta

6. Cortar a massa com o auxílio de um cortador circular (semelhante ao diâmetro de

um copo), colocar em cada rodela um pedaço de maça e uvas passas, enrolar e

colocar em assadeira untada

7. Deixar descansar, por meia hora e asse em forno médio por 25 minutos, deixe

esfriar

Cobertura:

Derreta o chocolate em banho-maria e cubra os pães com uma fina camada

Tempo de preparo: 2 horas

Rendimento: 18 porções

Quantidade Ingredientes

Massa

2 tabletes Fermento biológico

1 ½ xícara chá Água morna

1 xícara chá Açúcar

1 colher de café Sal

3 colheres sopa Manteiga

2 unidades Ovo

750g Farinha de trigo

Recheio

3 colheres sopa Manteiga

2 unidades Maçã picada

100g Uva passa

Cobertura

200g Chocolate ao leite

156

PÃO DE BATATA

Modo de preparo:

1. Cozinhe as batatas e passe pelo espremedor e deixe esfriar

2. Dissolver o fermento no leite morno, com o açúcar e 3 colheres sopa de farinha de

trigo. Deixar crescer por 15 minutos

3. Misture os ovos com a batata, e a manteigaderretida

4. Junte o fermento já crescido e mexer bem

5. Adicione aos poucos a farinha de trigo e amasse até a desgrudar das mãos

6. Deixe crescer até dobrar de volume

7. Modele os pães e deixe descansar por 20 minutos

8. Pincele com a gema misturada com o óleo

9. Coloque em assadeira untada e enfarinhada

10. Asse em forno médio por 30 minutos

Tempo de preparo: 2 horas

Rendimento: 18 porções

Dicas e sugestões:

Os pães poderão ser feitos em tamanho e formato individuais ou unidades

grandes

Junte à massa 4 colheres sopa de farinha de aveia

Quantidade Ingredientes

250g Batata inglesa

50g Fermento biológico

½ xícara chá Leite

2 colheres sopa Açúcar

500g Farinha de trigo

3 unidades Ovo

100g Margarina

1 unidade Gema (para pincelar)

1 colher chá Óleo

157

PÃO INTEGRAL PARA LANCHE

Modo de preparo:

1. Em um recipiente junte o leite, a água, o fermento, os ovos, o sal, açúcar e o óleo

2. Adicione a farinha de trigo peneirada e misture bem

3. Deixe crescer até dobrar de volume (40 min. mais ou menos)

4. Junte a farinha integral aos poucos e amasse até desgrudar das mãos. Deixe

descansar até dobrar novamente de volume (30 min)

5. Divida a massa em 3 partes, faça um rolo e coloque em assadeiras (para pão de

forma) untadas e polvilhadas com farinha de trigo. Deixe crescer por 30 minutos

ou até que dobre de volume.

6. Leve ao forno quente (18 ˚C) por 4 minutos aproximadamente.

Tempo de preparo:2 horas

Rendimento:18 porções

Dicas e sugestões:

A consistência da massa deverá ser macia

Faça pequenos cortes na superfície da massa antes de levar ao forno

Após assado e frio poderá ser congelado inteiro ou fatiado

Quantidade Ingredientes

1 copo Leite morno

1 copo Água morna

50g Fermento biológico

3 unidades Ovo

2 colheres chá Sal

4 colheres sopa Açúcar ou mel

½ xícara chá Óleo de soja

500g Farinha de trigo

500g Farinha integral

158

PÃO NUTRITIVO

Modo de preparo:

1. Em um recipiente junte os ovos, óleo, açúcar, sal, leite e o fermento

2. Adicione 5 colheres sopa de farinha de trigo peneirada e misture bem

3. Deixe crescer até dobrar de volume 40 minutos.

4. Junte os seguintes ingredientes: aveia, castanha de caju, uva passa picada e a

farinha de trigo aos poucos. Amasse até desgrudar das mãos. Deixe descansar

até dobrar novamente de volume 30 minutos.

5. Divida a massa em 2 partes, faça um rolo e espalhe o gergelim na superfície

6. Coloque em assadeiras para pão de forma ou para pudim untadas e polvilhadas

com farinha de trigo. Deixe crescer por 30 minutos ou até que dobre de volume

7. Leve ao forno quente (18 ˚C) por 4 minutos aproximadamente

Tempo de preparo:2 horas

Rendimento: 12 porções

Dicas e sugestões:

Substitua o açúcar por 3 colheres sopa de mel

Substitua a castanha de caju por castanha do Pará ou nozes.

Quantidade Ingredientes

2 unidades Ovo

2 colheres sopa Óleo

4 colheres sopa Açúcar mascavo

1 colher chá Sal

1 copo Leite

30g Fermento biológico fresco

½ xícara chá Aveia em flocos finos

½ xícara chá Castanha de caju triturada

½ xícara chá Uvas passas

3 colheres sopa Gergelim

500g Farinha de trigo

159

PÃO DE MANDIOQUINHA

Quantidade Ingredientes

2 xícaras Farinha de trigo

1/2 xícara Leite „

2 tabletes Fermento biológico

3 colheres sopa Açúcar

2 UND grandes Mandioquinha

6 colheres sopa Azeite de oliva

1 unidade Ovo

1 colher chá Sal

Modo de Preparo:

Peneire a farinha de trigo em uma tigela e reserve. Coloque o leite em uma panela e leve

ao fogo até amornar. Retire do fogo, despeje em uma tigela e adicione o fermento e o

açúcar. Mexa até ficar homogêneo. Misture 5 colheres (sopa) de farinha de trigo, cubra a

tigela com filme plástico e deixe a misture crescer, em local aquecido, por 30 minutos.

Coloque-as mandioquinhas em uma panela com 1/2 litro de água. Leve ao fogo e cozinhe

por 20 minutos ou até as mandioquinhas ficarem macias. Retire do fogo, escorra a água

e passe as mandioquinhas (ainda quentes) pelo espremedor de batatas, aparando em

uma tigela. Deixe a massa amornar por 15 minutos.

Despeje o fermento crescido sobre o purê de mandioquinha. Adicione o ovo e 5 colheres

(sopa) de azeite de oliva. Misture até ficar homogêneo. Aos poucos, acrescente o

restante da farinha de trigo. Mexa até ficar homogêneo.

Com o azeite de oliva restante unte uma assadeira para pão de fôrma (capacidade para

2,5 litros). Arrume a massa, cubra e deixe descansar por 30 minutos ou até dobrar de

volume. Pré-aqueça o forno em temperatura média (180ºC). Em seguida leve a massa ao

forno por 35 minutos ou até que, enfiando um palito, este saia limpo. Retire do forno e

desenforme depois de morno.

Rendimento: 14 fatias de 65g

Calorias: 136 Kcal por fatia

160

SOPAS

161

SOPA DE BRÓCOLIS

Ingredientes:

1 colher (sopa) de azeite

1 cebola ralada

2 dentes de alho picados

3 tomates sem pele e sem semente picados em cubos

1 maço de brócolis bem picado!!! (usar somente os floretes)

2 litros de água

2 cubos de caldo de carne

1 xícara (chá) de leite „ c/ 2 fatias de pão . s/ casca batido no liquidificador para engrossar a sopa

2 colheres (sopa) de ricota amassada

MODO DE PREPARO:

Em uma panela, coloque o azeite, a cebola e o alho. Deixe refogar. Adicione o tomate e o brócolis.

Mexa bem durante 5 minutos. Adicione a água e o caldo de carne e ferva até que o brócolis fique

macio, mas não desmanche. Junte o leite com o pão e misture bem até engrossar. Na hora de

servir, polvilhe a ricota ralada.

Tempo de preparo: 40 min.

Rendimento: 4 porções

Calorias: 178 Kcal

CREME ESPECIAL

Ingredientes:

4 cebolas médias picadas

2 pimentões médios picados

4 tomates sem pele e sem semente

4 cenouras médias picadas

1 repolho médio picado

2 pacotes de creme de cebola sem gordura

½ maço de salsa

Sal e pimenta-do-reino a gosto

Modo de Fazer:

Refogar a cebola e o alho na manteigaaté dourarem. Acrescentar todos os legumes já picados,

cobrir com água, tampar e deixar cozinhar por 20 minutos. Despejar o creme de cebola e misturar

bem. Retirar do fogo, deixar amornar e bater no liquidificador. Voltar ao fogo, temperar com sal e

pimenta-do-reino e cozinhar por mais 10 minutos. Servir com um pouco de cebolinha.

Rendimento: 12 porções

Calorias: 71 cada porção

CREME DE VERDURAS

Ingredientes:

6 batatas médias picadas

1 alho-poró

1 cebola média ralada

4 cenouras médias picadas

2 talos de salsão

162

5 tomates médios sem pele e sem sementes

1 colher (sopa) rasa de manteiga

Sal e cheiro-verde a gosto

Modo de Fazer:

Corte os legumes em pedaços pequenos e refogue junto com a margarina. Cubra-os com água e

deixe ferver por cerca de 20 minutos. Retire do fogo, deixe amornar e bata tudo no liquidificador.

Sirva imediatamente com um pouco de cheiro-verde.

Rendimento: 12 porções

Calorias: 78 cada porção

SOPA DE MILHO VERDE COM FRANGO

Ingredientes:

3 latas ou espigas de milho verde

½ cebola média ralada

1 colher (sopa) rasa de manteiga

2 ½ litro de leite „

1 peito pequeno de frango cozido e desfiado

4 colheres (sopa) de amido de milho

Sal e salsinha picadinha a gosto

Modo de Fazer:

Bater no liquidificador o milho verde com 4 xícaras de água. Passar na peneira e reservar. Dourar

a cebola na margarina, juntar o leite, o frango desfiado e cozido, o milho verde reservado e o sal.

Cozinhar até ferver. Juntar o amido de milho dissolvido em 1 xícara de leite quente e mexer até

engrossar. Salpicar a salsinha e servir.

Rendimento: 8 porções

Calorias: 260 cada porção

SOPA DE TOMATE

Ingredientes:

1 col. (sopa) de azeite

3 dentes de alho picados

3 cebolas picadas

8 tomates médios e maduros

Sal a gosto

3 xícara de caldo de galinha

½ colher (sobremesa) de gengibre cortado em lascas finas

½ colher(café) de noz-moscada

1 xícara (chá) de cebolinha

1 pote de iogurte natural desnatado s/soro temperado com sal e noz-moscada

MODO DE PREPARO:

Em uma panela de pressão, coloque o azeite, o alho, a cebola e doure. Acrescente os tomates e

refogue. Coloque o sal e o caldo. Tampe a panela e cozinhe por 15 minutos. Deixe esfriar e

acrescente o gengibre, a noz-moscada e ½ xícara de cebolinha. Bata esse caldo no liquidificador

até obter um creme. Passe pela peneira. Leve ao fogo novamente e ferva por 5 minutos. Coloque

a sopa em pratos individuais e, no centro, uma colher do iogurte temperado e polvilhe o restante

da cebolinha picada.

163

Rendimento: 4 porções

Calorias: 195 Kcal

SOPA DE ABOBRINHA

Ingredientes:

1 colher (chá) de óleo de canola

2 cebolas médias bem picadas

1 kg de abobrinhas verdes (pequenas)

4 xícara (chá) de água fervente

Sal a gosto

Pimenta-do-reino a gosto

1 colher (chá) de curry

Salsa e cebolinha para decorar

MODO DE PREPARO:

Aqueça ½ colher (sopa) de óleo de canola e doure uma cebola. Junte as abobrinhas picadas em

pedaços médios e refogue por uns 2 minutos. Acrescente a água fervente, o sal e a pimenta-do-

reino a gosto e cozinhe por 20 minutos. Adicione o curry e bata tudo no liquidificador ou no

processador de alimentos, até formar um creme homogêneo. Decore com salsa e cebolinha

picadas.

Tempo de preparo: 40 min.

Rendimento: 6 porções

Calorias: 82 Kcal

SOPA DE ABÓBORA

Ingredientes:

½ colher (chá) de óleo de canola

1 cebola média

2 dentes de alho

1 kg de abóbora descascada e picada

4 xícara (chá) de água fervente

Sal a gosto

Pimenta-do-reino a gosto

1 colher (chá) de noz-moscada em pó

Salsa e cebolinha secas para decorar

MODO DE PREPARO:

Aqueça o óleo e refogue a cebola e o alho, acrescente a abóbora picada e refogue por 2 minutos.

Adicione a água fervente, o sal e a pimenta. Cozinhe por cerca de 30 minutos. Junte a noz-

moscada e bata no liquidificador ou no processador de alimentos. Sirva em um prato preaquecido

e decore com salsa e cebolinha picadas.

Tempo de preparo: 40 min.

Rendimento: 4 porções

Calorias: 117 Kcal

SOPA CREME DE LEGUMES E QUINUA

Ingredientes:

1 colher (sopa) de azeite extravirgem

2 dentes de alho picado

1 cebola média picada

164

3 tomates sem pele e sem sementes picados

2 abobrinhas picadas

1 batata-doce média, picada

1/2 maço de espinafre picado

1litro de água

Sal a gosto

3 col. (sopa) de quinua em flocos

Salsinha picada a gosto

MODO DE PREPARO:

Em uma panela, aqueça o azeite e refogue o alho, a cebola e o tomate. em seguida, os legumes e

a verdura. junte a água e sal. Cozinhe até os ingredientes ficarem macios. espere amornar e bata

no liquidificador. Sirva polvilhada com a quinua e a salsinha.

Rendimento: 3 pratos (fundos)

Calorias por prato: 235 Kcal

CANJA DELICIOSA

Ingredientes:

1 peito pequeno de frango cozido e desfiado

½ cebola média ralada

1 colher (sobremesa) de alho picado

1 xícara (chá) de arroz cru lavado

3 cenouras pequenas raladas

3 batatas pequenas raladas

1 colher (sopa) rasa de óleo vegetal

Sal a gosto

Modo de Fazer:

Em uma panela de pressão, coloque o frango coberto com água e cozinhe por 15 minutos após

pegar pressão. Retire do fogo, reserve o caldo e desfie o frango. Em uma outra panela, aqueça o

óleo, junte a cebola e o alho e refogue até dourarem. Acrescente o frango, o arroz, o sal e refogue

por mais 2 minutos. Adicione o caldo reservado, a cenoura e a batata e deixe cozinhar por mais 10

minutos. Retire do fogo e sirva em seguida.

Rendimento: 12 porções

Calorias: 124 cada porção

SOPA DE FRANGO COM CENOURA

Ingredientes:

4 cenouras pequenas cortadas em cubos

2 talos de alho-poró cortado em rodelas

3 chuchus pequenos cortados em cubos

4 folhas de louro

½ cebola média ralada

1 colher (sopa) rasa de óleo vegetal

3 litros de água (se necessário acrescente mais)

1 peito grande de frango cozido e desfiado

Sal e pimenta do a gosto

Modo de Fazer:

165

Em uma panela de pressão, coloque o frango coberto com água e cozinhe por 15 minutos após

pegar pressão. Retire do fogo, reserve o caldo e desfie o frango. Por 30 minutos, cozinhe junto

com o caldo reservado a cenoura, o chuchu e a folha de louro. Retirar do fogo, deixe amornar e

bata no liquidificador. Em outra panela, refogue no óleo a cebola, o alho poro e o frango desfiado

até dourar. Junte este refogado a sopa batida e deixe ferver por mais 5 minutos. Acrescente o sal

e a pimenta do reino a gosto. Tire do fogo e salpique com cheiro-verde.

Rendimento: 15 porções

Calorias: 83 cada porção

SOPA ALELUIA

Ingredientes:

3 cenouras médias cortadas em cubos

4 chuchus médios cortados em cubos

2 abobrinhas grandes cortadas em cubos

100g de vagem picada

80g de macarrão aleluia

1 colher (sobremesa) de alho picado

½ cebola média ralada

1 colher (sopa) de óleo vegetal

Sal e cheiro-verde a gosto

Modo de Fazer:

Refogar a cebola e o alho no óleo até dourarem. Acrescentar os legumes, refogar por 5 minutos,

cobrir com água e deixar cozinhar por 20 minutos. Colocar o macarrão e deixar cozinhar até

amolecer. Antes de servir salpicar um pouco de cheiro-verde.

Rendimento: 12 porções

Calorias: 70 cada porção

SOPA DE GRÃO DE BICO

Ingredientes:

500G de grão de bico

½ cebola média ralada

1 colher (sobremesa) de alho picado

1 colher (sopa) rasa de óleo

1 envelope de caldo de carne sem gordura

Sal e pimenta à gosto

Cheiro verde para decorar

Modo de Fazer:

Deixar o grão de bico de molho na água por 12 horas. Na panela de pressão, cozinhar o grão de

bico. Esperar a pressão sair totalmente, tirar a sopa do fogo, deixar amornar e bater no

liquidificador. Refogar no óleo a cebola, o alho e despejar a sopa. Deixar ferver por mais 10

minutos. Salpicar um pouco de cheiro verde e servir quente.

Rendimento: 7 porções

Calorias: 280 cada porção

166

SOBREMESAS

167

BOLO DE CHOCOLATE

Ingredientes:

Massa

4 colheres (sopa) de manteiga

6 ovos

2 colheres (sopa) de adoçante em pó

100g de coco ralado

8 colheres de achocolatado em pó „

1 colher (sopa) de fermento

Cobertura

4 colheres (sopa) de achocolatado em pó „

1 lata de creme de leite

1 colher (sopa) de adoçante em pó

Modo de Fazer:

Massa

Colocar todos os ingredientes no liquidificador e bater. Despejar a massa em uma vasilha e

misturar delicadamente, sem bater, o fermento. Despejar numa fôrma previamente untada e

polvilhada a massa. Levar ao forno pré-aquecido e moderado (180ºC) durante aproximadamente

25 minutos.

Cobertura

Colocar todos os ingredientes no liquidificador e bater. Quando o bolo estiver pronto, esperar até

ficar morno para colocar a cobertura. Levar a geladeira antes de servir.

Rendimento: 35 porções

Calorias: 62 cada porção

COMPOTA DE MAÇÃ

Ingredientes:

5 maçãs descascadas e cortadas em fatias

2 colheres (chá) de suco de limão

1 colher (chá) de essência de baunilha

2 colheres (sobremesa) de adoçante em pó

Cravo a gosto

Modo de Fazer:

Colocar as fatias de maçã em uma panela. Acrescentar o suco de limão, o cravo, o adoçante e a

essência de baunilha. Cozinhar em fogo baixo apenas para que fiquem cozidas. Sirva frio.

Rendimento: 8 porções

Calorias: 30 cada porção

168

BOLO DE MAÇÃ E CANELA

Ingredientes:

6 ovos

3 xícaras (chá) farinha de trigo

1 colher (sopa) de fermento em pó

½ xícara (chá) de amido de milho

1 xícara (chá) de leite „

1 colher de (chá) de canela em pó

1 xícara (chá) de uvas passas sem sementes

4 maças picadas

3 colheres de adoçante em pó

Calda:

2 xícaras (chá) de água

1 colher (sobremesa) de canela

1 colher (sopa) de adoçante em pó

Modo de Fazer:

Na batedeira, bater as claras em ponto de neve e reservar. Em outra vasilha, acrescentar as

gemas, a farinha de trigo, o adoçante, as especiarias, o leite, às claras em neve e bater. Por

último, misturar delicadamente a massa à maisena, o fermento, as maças picadas e as uvas-

passa. Despejar numa fôrma previamente untada e polvilhada. Levar ao forno pré-aquecido e

moderado (180ºC) durante aproximadamente 25 minutos. Enquanto isso, misturar num recipiente

a água, a canela e o adoçante. Reservar. Depois de assado, retirar o bolo do forno e furá-lo com o

auxílio de um garfo e regá-lo com a calda reservada.

Rendimento: 35 porções

Calorias: 60 cada porção

GELADO DE MORANGO

Ingredientes:

1 gelatina sabor morango

2 potes de iogurte desnatado

1 lata de leite condensado

1 lata de creme de leite

Morangos para enfeitar

Modo de Fazer:

Dissolver a gelatina conforme as instruções da embalagem. Em seguida, bater tudo no

liquidificador por 2 minutos. Retirar o creme e despejar em taças individuais. Servir gelado com

morangos em cima para enfeitar.

Rendimento: 10 porções

Calorias: 50 cada porção

169

CREME DE LIMÃO COM IOGURTE

Ingredientes:

10 colheres (sopa) cheias de leite em pó desnatado

1 xícara (chá) de água fervente

6 colheres de açúcar

1 colher (chá) cheia de manteiga

3 colheres (sopa) de suco de limão

1 colher (sopa) de casca de limão ralada

1 copo de iogurte desnatado

Modo de fazer:

Bater no liquidificador o leite em pó, o açúcar, a manteiga, a água fervente e o suco de limão, até

obter um creme homogêneo. Despejar numa tigela. Juntar o iogurte e as raspas de limão e

misturar cuidadosamente. Colocar em taças, decorar com tirinhas de limão e servir bem gelado.

Rendimento: 8 porções

Calorias: 87 cada porção

CUBOS AO CREME COM MORANGO

Ingredientes:

1 lata de creme de leite

1 pote de iogurte desnatado

5 colheres (sopa) de adoçante em pó

2 envelopes de gelatina em pó sem sabor e incolor

1 caixa de morangos ao meio ou um cacho de uva rubi ao meio ou

uma lata de pêssegos em calda cortados em cubos

Modo de Fazer:

Dissolver a gelatina conforme as instruções da embalagem. Misturá-la com o creme de leite, o

iogurte e o adoçante e bater no liquidificador. Colocar em um recipiente refratário retangular e

levar a geladeira por 3 horas ou até que fique firme. Cortar em cubos e distribuir em taças

juntamente com os morangos ou com as uvas ou com os pêssegos e servir.

Rendimento: 15 porções

Calorias: 70 cada porção

LEITE CONDENSADO LIGHT

Ingredientes:

8 colheres (sopa) cheias de leite em pó desnatado

3/4 xícara (chá) de água fervente

2 colheres (sopa) de adoçante em pó

1 colher (chá) cheia de manteiga

Modo de Fazer:

Colocar a água em um recipiente e levar ao fogo para esquentar. Colocar todos os ingredientes no

liquidificador e bater por 5 minutos. O leite condensado pode ser utilizado diretamente como

ingrediente em outras receitas ou armazenado sob refrigeração durante 7 dias.

Rendimento: 250 ml

Calorias: 320 calorias do rendimento total

170

TORTA DE RICOTA (chesse cake)

Ingredientes:

300g de ricota

1 lata de leite condensado light

1 lata de creme de leite

4 gemas

4 claras em neve

Calda de chocolate

2 colheres (sopa) de chocolate em pó „

500ml de leite „

1 colher (chá) de manteiga

Modo de Fazer:

Bater no liquidificador, o queijo, o leite condensado, o creme de leite e as gemas. Misturar

delicadamente, às claras em neve com o creme, sem bater. Untar a fôrma com manteiga e

polvilhar com adoçante. Cobertura de sua preferência, como sugestão pode-se usar geleia light,

achocolatado light ou polpa de maracujá.

Rendimento: 24 porções

Calorias: 80 calorias por porção

171

APÊNDICE D: Questionário de hábitos alimentares aplicado aos pais após

intervenção do programa Educando Sabores

1- O colégio é a instituição responsável pela formação e processo de desenvolvimento com

papel de educar a criança para se tornar um cidadão crítico, que saiba fazer escolhas

adequadas e de forma responsável. Você acredita ser importante um programa de saúde

com um profissional nutricionista, visando orientações nutricionais, hábitos alimentares

saudáveis no currículo escolar de seu filho (a)?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

2- Após o programa de orientações nutricionais desenvolvido pela nutricionista, você

observou alguma mudança positiva no comportamento alimentar de seu filho(a)?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

3- Sobre o conhecimento de seu filho (a) em relação à alimentação saudável você está:

a) ( ) Satisfeito(a)

b) ( ) Muito Satisfeito(a)

c) ( ) Insatisfeito(a)

4- Seu filho (a) comentou em casa, sobre as orientações recebidas no programa de

educação alimentar desenvolvido no colégio?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

5- Após o período do projeto de educação alimentar houve influência da criança para

mudança no comportamento alimentar também da família?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

6- Em sua opinião, deveria ser evitado na cantina do colégio a venda de produtos como

refrigerantes, doces, frituras, substituindo por opções mais saudáveis, como salada de

frutas, sanduiches naturais e sucos naturais?

a) ( ) Sim há necessidade de mudança na cantina escolar.

b) ( ) Não há necessidade de mudança na cantina escolar.

c) ( ) O que é vendido na cantina escolar não influência os hábitos alimentares de meu filho.

7- Qual seu grau de satisfação em relação a lista de sugestões para o lanche escolar,

entregue pela nutricionista do programa, através da agenda escolar?

a) ( ) Satisfeito(a)

b) ( ) Muito Satisfeito(a)

c) ( ) Insatisfeito(a)

8 – Você substituiu o lanche escolar de seu filho (a), pelas opções sugeridas na lista?

( ) Sim b) ( ) Não

Quantas vezes ?

a) ( ) Não testei

b) ( ) Testei 1 vez

c) ( ) 2 a 5 vezes

d) Quase todos os dias

9 – Em relação ao seu filho, houve resposta positiva na aderência das sugestões de lanches

saudáveis a serem levados para o colégio?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

172

APÊNDICE E: BATIDÃO DA ALIMENTAÇÃO

BATIDÃO DA ALIMENTAÇÃO

PALHAÇO TALENTO

É o batidão, batidão

Batidão da alimentação

Comendo fruta e mais verdura

eu vou ficar muito fortão!

Refrão

É o batidão, batidão

Batidão da alimentação

Comendo fruta e mais

verdura

eu vou ficar muito fortão!

A minha mãe já me falou,

Que a beterraba é bom pro sangue

E se eu comer sem fazer manha

Eu vou ficar igual ao homem aranha

E tem também a cenourinha

que tem muita vitamina

E tem o tomate vermelhinho

Vem chegando de mansinho

E sem falar da batatinha

Que é gostosa e amarelinha

E quando eu como abro o bocão

Vamos cantar o batidão !

Refrão

E o talento é meu amigo e veio aqui

pra me falar

Que se eu comer e não deixar,

E o talento é meu amigo e veio aqui

pra me falar

Que se eu comer e não deixar,

Muito mais forte eu vou ficar

Vou ficar forte igual o Batman

E bem mais rápido que o

Dflash

Mas se comida eu deixar

Vou ficar fraco igual um

chiclete

Ficar fraco, ficar fraco

Ficar fraco igual chiclete,

Se comida eu deixar

Vou ficar igual chiclete

Mas se eu me alimentar

E comer tudo sem deixar,

Muito mais forte eu vou ficar

E o batidão eu vou cantar

Refrão

173

APÊNDICE F: SUGESTÃO DE LANCHES SAUDÁVEIS

Sugestão de bebida : Sugestão de frutas : Outras sugestões :

Sucos de frutas natural

Bebidas fermentadas

como Yakult

Iogurte

Achocolatado caseiro

Água de coco

Pera com casca (para não

escurecer)

Maçã com casca (para não

escurecer)

Banana com casca (para não

escurecer)

Uvas sem semente

Manga picada

Melancia picada

Melão picado

Laranja picada

Kiwi cortado ao meio (você

manda uma colher para a criança

comer “cavando” a fruta)

Abacaxi picado

Saladinha de frutas

com aveia

Cookies integrais

Bisnaguinha com geléia

Torrada com geléia

Barra de cereais

Bolo caseiro (de preferência sem cobertura e

sem recheio)

Biscoitos de aveia e mel

Bolinhos de arroz assado (melhor ainda se for

de arroz integral)

Mini pão francês com patê

Pão de forma integral com requeijão

Lanchinho natural com pão de forma integral,

alface, cenoura, tomate, uma fatia de queijo

branco e patê de atum.

Bolachas cream cracker ou água e sal puras ou

acompanhadas

Palitos de pepino

Palitos de cenoura “baby”

Saladinha de legumes com

cenoura baby, tomate cereja

e pepino.

174

APÊNDICE G: INFORMATIVO AOS PAIS SOBRE DISLIPIDEMIA.

[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto

interessante. Você pode posicionar a caixa de texto em qualquer

lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Desenho para

alterar a formatação da caixa de texto de citação.]

Produzido pelo projeto

EDUCANDO SABORES

Ao Ensino Fundamental

Colégio Objetivo Itu

DISLIPIDEMIAS

175

DISLIPIDEMIAS

176

APÊNDICE H: MEMORIAL ACADÊMICO

Memorial acadêmico é um documento descritivo relativo a uma pessoa, no qual são

descritas suas expressões sobre aprendizagem, acontecimentos memoráveis

vivenciados, os gostos e desgostos ao longo do caminho percorrido na trajetória

acadêmica e profissional, relatando também adaptações e reflexões sobre os

momentos vivenciados. Memorial é então, o registro da história de sua

aprendizagem e de seu cotidiano, visto por múltiplas facetas através das

experiências adquiridas.

O objetivo desse documento é fazer um breve resumo de toda a vida acadêmica do

pesquisador.

Para tanto, minha história não se explica em poucas palavras, pois

fundamentalmente, sonhos, paixão e fé não se explicam tão brevemente. Mas

buscarei simplificar a trajetória de uma menina do interior paulista, de família

humilde e batalhadora, de como veio a se tornar a primeira graduada da família, a

única pós-graduada, e ainda, mestranda, com vocação pedagógica, administrativa

pedagógica e dotada de ideologias utópicas.

Na infância brincava de queimada e pega pega. Corria livre entre os animais, muitos

pastos, pés de frutas, nos quais subia para pegar seriguela... mas nunca à noite,

pois tinha pavor de morcego e estes adoravam seriguela. Aconteciam até apostas

para quem trouxesse seriguela do pé após anoitecer. No chão de terra do terreno

grande, na casa de madeira e na rua quase deserta, muitas eram as brincadeiras,

mas dentre todas, existiam duas que mais me atraiam. Brincar de escolinha, onde

eu era evidentemente, a professora, nunca aluna, pois ensinar era encarado por

mim como um dom, como se fosse o dom da inteligência a serviço de um bem

maior, e brincar de secretária, pois esta profissional tinha por função uma

organização do trabalho à sua volta. Já desde pequena era como se soubesse o

profissional que seria, visto que atualmente sou professora e coordeno um curso de

graduação em Nutrição, concluindo com sucesso os devaneios da infância.

Sempre fui muito exigida por minha mãe academicamente. Dizia ela, que primeiro

deveríamos estudar para depois trabalhar e somente então, pensar em casar. Mas

sempre tive um pai amoroso e paciente ao meu lado, assumo inclusive que fui a

preferida dele entre as três irmãs, visto nossa semelhança talvez ou ainda, nossa

177

ligação espiritual, pois sempre fomos mais emocionais que racionais. Emoção, aliás,

que me afastava da matemática e que deixava minha mãe cada vez mais exigente e

rígida, mas esta mesma emoção tomou meu pai de amigo e professor para comigo,

que fez o favor de ensinar-me a conversar com os números, afastando assim, o

medo da minha mãe, refletido no fracasso matemático.

Sei que não foi cumpridor de seus deveres como esperado, mas para mim foi um

bom pai, pois estava sempre em conversas e me olhava como se eu fosse aquele

filho homem que ele tanto queria. Este amor me protegeu até os dez anos, quando

me mudei com minha mãe e irmãs da cidadezinha interiorana do oeste paulista, para

uma cidade também interiorana, pequena, mais próxima à capital, mas muito mais

desenvolvida e aos olhos de três crianças que andavam à cavalo, criavam porcos no

terreiro, tinham um carneiro como bicho de estimação e iam à escola a pé, parecia

mesmo uma metrópole.

Desafios levam ao aprimoramento e minha mãe voltou a estudar, pois era requisito

para qualquer trabalho na cidade e juntas, as quatro estudavam e neste momento,

as filhas ensinavam à mãe e por vezes, faziam os trabalhos escolares e pesquisas

por ela. Orgulho da evolução acadêmica das filhas e de nunca terem sido

reprovadas em nenhuma etapa escolar, era nos lembrado por minha mãe,

juntamente com as consequências do oposto, a todo o momento.

A lembrança de meu pai se refletiu da quinta série em diante, pois me familiarizei

com exatas e como esperado, amava as disciplinas de português, biologia e inglês.

Como sempre tive boa eloquência e pronuncia correta, reforçada por modos mais

acanhados, chegavam comentários familiares sobre a inteligência e vocação para

lecionar. Tive inclusive oportunidade de cursar o magistério, mas declinei por puro

preconceito, uma vez que a profissão encontrava-se ou ainda, em baixa valorização

social e financeira.

Aos quatorze anos ousei fazer uma prova simulada para bolsas de estudo em um

colégio particular na cidade vizinha, donde tudo é grande e o povo muito rico, onde

aliás, resido atualmente, mas nunca podia imaginar isto até então. O programa

beneficiava as melhores notas com descontos na mensalidade e diante de nossa

evidente desprovidão, a fé veio materializar o sonho de estudar no Colégio Técnico

Mère Marie Théodore Voiron, cursando o segundo grau técnico em processamento

de dados, com 80% de desconto na mensalidade.

178

Comecei a trabalhar no mesmo ano, pois o colégio era noturno e durante o dia

precisava ajudar minha mãe e irmã mais velha, que trabalhavam, mas o custo de

vida era alto e criar três filhas sozinha, não era tarefa fácil para qualquer mãe.

Como predestinado minha vocação não encontrava-se ligada à área de exatas e

programação de dados não me envolveu, mas predestinado também estava que

neste período de minha experiência acadêmica conheceria alguém para com quem

dividir sonhos e desejos, meu marido, amigo e confidente de minha existência. Uma

importante lacuna estava sendo preenchida, pois tudo que quis, lutei, sofri e me

fortaleci para conquistar e assim, foi também nossa história. Minha paixão é o que

me move; minha intuição é alimento para este sentimento e, intuitivamente eu

soube, no momento em que o vi, que seria aquele homem meu segundo grande

professor para a vida.

Fiz grandes amigos e aprendi muito, as aulas ocorriam durante a semana e aos

sábados pela manhã; gozei pela primeira vez de um pouquinho de liberdade, pois o

período noturno possibilita que os sonhos aflorem e a esperança se torne doce e

mais próxima. Mas não me familiarizei com o curso, não possuía conhecimento

suficiente em inglês e os programas de computação só eram possíveis de

programação em inglês, além do fato de que a internet não era tão sedutora e rápida

como hoje. Usávamos a internet discada, associada à linha telefônica e além da

demora e do barulhinho típico da discagem telefônica vinda do computador, não

haviam sites de busca rápida, como o Google, o que deixava o curso ainda mais

desestimulante. Mas, a revelação sobre minha essência profissional estava por

mostrar que minha vocação pendia ao relacionamento humano, com contato, troca

de experiências e voltado principalmente à comunicação.

Ao me formar no segundo grau, ainda me sobravam dúvidas sobre como fazer a

graduação. Desde os quatorze já trabalhava, mas somente após os dezessete,

guardava um dinheirinho todo mês objetivando a faculdade e a “poupancinha” ia

crescendo devagar. Os planos de minha mãe de estudar depois trabalhar e por fim

casar, alternaram-se quanto à ordem em minha vida, vindo o trabalho antes da

graduação e o casamento também, o que levou-me aos vinte anos, a mudar a

ordem dos sonhos e o destino da “poupancinha”, mas nunca deixei de lado o desejo

de progredir nos estudos.

Finalmente aos vinte e um anos, ingressei no curso de Nutrição da Faculdade

matriarca do colégio técnico que me acolheu no segundo grau. Saí do emprego, pois

179

a graduação só dispunha do curso no período diurno e tive todo o apoio de meu

marido, mesmo quando a anatomia e histologia me deprimiam, ele estava lá, me

fazendo lembrar do sonho e assim, reacendendo minha fé. Novamente na

graduação fui muito exigida, mas ali, por mim mesma, talvez herança de minha mãe,

mas o fato é que não admitia ser mediana, buscava competência e desempenho de

forma a compensar o crédito dado para dedicar-me exclusivamente à academia,

quando ainda precisávamos de minha contribuição financeira.

Fui uma aluna participativa e empenhada, mesmo em greve escolar, promovida

pelos alunos, lá estava eu, buscando os professores e sugando seu conhecimento.

Vivia e respirava nutrição... e amava! Quanto mais aprendia, mais me embriagava e

me sentia tomada por uma espécie de poder intelectual, poder que alimentava, pois

a cada dia, sabia um pouco mais que os outros e a cada dia, me aproximava do

momento de dividir e expandir este mesmo conhecimento. Ainda no primeiro

semestre da graduação, tomei consciência do dom da docência, pois formei um

grupinho de estudos para Português Instrumental após as aulas e para minha

surpresa, elas entendiam melhor o que eu dizia, do que o que ouviam do professor.

O grupo inicial de três colegas foi crescendo e inconscientemente eu estava no

papel de professora e os alunos apareciam, buscando se alimentar daquilo que me

saciava também, buscávamos o conhecimento.

Fui representante de turma, aluna da primeira carteira, representante da comissão

de formatura, fui respeitada e invejada, odiada por minha personalidade exigente,

mas fiz tudo com prazer e com muito prazer fui oradora da turma em 2005. O

momento da formatura teve grande significado para mim e cabe ser citado agora

devido sua importância ao meu desenvolvimento emocional e não me refiro apenas

a formatura da graduação. Na formatura do segundo grau, o coordenador do curso

de Tecnólogo em Processamento de Dados, passou durante a cerimônia a

incumbência da entrega do meu diploma, o famoso “canudo”, a meu então, futuro

marido, para minha surpresa e emoção. Emoção que se repetiu no momento da

cerimônia de formatura da graduação em Nutrição, havendo eu experimentado algo

inédito no protocolo cerimonial do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio,

e sou muito grata por este privilégio, afinal, quem pode dizer que tem nas fotos de

formatura, seu companheiro certificando os momentos mais importantes da

consagração de uma vitória.

180

A vida profissional esperava por mim e fui contratada antes mesmo da formatura.

Uma boa empresa, mas não pagava sequer o piso da categoria durante o período

de experiência, o que me levou a buscar complemento da renda em uma nova área

profissional, que para mim já vinha de berço, só faltava consciência do fato.

Comecei a lecionar anatomia, parasitologia e fisiologia em uma escola técnica

profissionalizante na cidade que me acolheu até o casamento e onde minha mãe

ainda reside, Salto.

A satisfação de ver que os alunos entendiam o que eu explicava, ver as cabeças se

movimentando em sinal de concordância a cada explicação, a lembrança dos muitos

olhos me observando e a admiração e respeito dos alunos diante de mim, foi sem

dúvida uma experiência gratificante e renovadora. Mexeu comigo e me deu muita

satisfação. Minha primeira experiência na docência veio da necessidade financeira,

mas se tornou tão marcante que me levou a tomar a decisão mais difícil que já havia

pensado, a de seguir a área docente e assumir de uma vez por todas, a veia de

professora que nasceu comigo e que me acompanhou por toda a vida.

Nascia um novo sonho, especializar-me em docência, mas como concretizá-lo?

Acredito que um desejo, quando muito latente, estimula a mente humana em busca

de caminhos para alcançá-lo e assim, continuei trabalhando durante o dia,

lecionando duas noites por semana e fazendo trabalho auxiliar ao curso de

Gastronomia do CEUNSP (o mesmo centro universitário de minha formação

tecnológica e de graduação), três noites por semana em troca da bolsa de estudos

para a especialização que acontecia aos sábados.

Matriculei-me no curso de Pós-graduação em Docência do Ensino Superior no meio

do mesmo ano. Cursei, pois acreditava que um bom professor deve ter base

pedagógica sólida para ensinar seus alunos e em meu caso, os alunos já não eram

mais inocentes, ao contrário, se tratavam de adultos e jovens adultos,

questionadores e interessados no desempenho profissional que o estudo poderia

lhes proporcionar.

O curso significou a fase mais difícil de minha trajetória acadêmica, pois adentrar em

meio ao universo pedagógico com uma carência extrema de conhecimentos

filosóficos e educacionais, foi desafiador e frustrante por muitas vezes. A dificuldade

com a língua inglesa que senti no colégio técnico, era neste momento retratada pela

inexperiência absoluta com o “pedagogeis”. Epistemologia, filosofia, axiologia,

behaviorismo, linguística cartesiana, reflexões sobre, ensaios sobre,

181

construtivismo.... e uma infinidade de novas terminologias que me levavam a

dependência do dicionário. Porém, nem todas as definições pedagógicas se

encontram ali, sobravam dúvidas e dificuldade em compreender que nesta área não

existe exatidão de conceitos ou respostas lógicas... bem diferente do computador

que reconhece apenas duas variáveis, o sim e o não.

Acreditei ter adentrado um universo paralelo e que dali haveria de sair desprovida de

minhas crenças cartesianas de que toda pergunta tem duas variáveis de resposta: o

sim ou o não. Aprendi que em se tratando de educação o sujeito dá margem a

outras variáveis de respostas, como o talvez, o não tenho uma opinião formada, o

respeitar a opinião individual do sujeito, principalmente pelo fato de que o ser

humano possui várias formas de vivenciar a realidade e o respeito a esta

individualidade de saberes, deve ser levada em consideração nas expressões do

conhecimento.

Paralelo ao turbilhão de conceitos da Docência, vivia uma espetacular experiência

em Gastronomia. O curso era encantador e a magia de se transformar elementos

básicos do cardápio cotidiano num misto de aromas, cores e possibilidades, me

tomava pela visão, audição e olfato e me levava a outra realidade, ampliando minha

visão sobre alimentação e prazer alimentar; prazer em fazer; prazer em servir e

prazer em degustar, mas no fundo eu gostava mesmo era do prazer em aprender

conceitos novos e ampliadores de minha curta visão do universo Nutricional.

Creio que minha trajetória acadêmica profissional foi regada a fé, entusiasmo,

coragem e prazer. Em todos os ambientes em que estive, busquei meu melhor

desempenho e fui reconhecida por muitas vezes, sendo que ainda cursando a

especialização de Docência fui contratada para lecionar no curso de Gastronomia do

CEUNSP. Pode parecer sorte ou privilégios internos, mas acredito que foi esforço e

comprometimento que me impulsionaram ao sucesso acadêmico ainda tão jovem.

Após a especialização e enquanto lecionava em Gastronomia, senti pulsar o desejo

de propagar meu conhecimento ali adquirido, então busquei a coordenadora do

curso de em Nutrição, também minha coordenadora na graduação, e inqueri sobre a

possibilidade de lecionar para as turmas de Nutrição e a resposta foi mais uma vez

desafiadora, dizendo ela que buscasse um mestrado em Saúde para depois pensar

no caso.

Minha fome e sede pelo conhecimento me fez cega a outros prazeres da vida, me

levando continuamente em busca do crescimento acadêmico e graças a esta

182

condição, por mim mesma estabelecida, ingressei no programa de Mestrado da

Unicamp em Ciência da Nutrição no ano de 2008. Acredito em destino e que o meu

foi traçado em virtude da área educacional, pois antes de concluir o primeiro

semestre do programa, descobri que meu terceiro grande professor nesta vida,

estava a caminho, viria a se chamar Vitor e ser a realização de mais uma etapa

fundamental de minha trajetória... a de ser mãe. Contudo, decidi dedicar-me ao

conhecimento infantil e maternal, declinando do projeto de Mestrado em prol de um

projeto maior, a construção familiar.

Prometi a mim mesma que aos cinco anos dele, voltaria a estudar e concluiria o

Mestrado. Para minha surpresa meu marido Ricardo, ingressou numa Universidade

Salesiana, quando nosso filho tinha apenas dois anos e admirou-se tanto com o

programa de Mestrado que cursava, que convenceu não apenas a mim, como mais

três colegas professores do CEUNSP, a cursar consigo o Programa de Pós

Graduação em Educação da UNISAL em Americana, interior paulista.

No segundo semestre de 2011 ingressei no Mestrado em Educação com ênfase ao

estudo da Educação Sociocomunitária e neste contexto, senti uma familiaridade com

o ambiente, professores e condução das disciplinas, correspondendo aos elogios

relatados anteriormente por meu marido. Sinto que o programa mudou minha vida,

pois abriu conceitos novos, ampliou os já existentes, resgatou minha vontade de

lutar pela educação nutricional e me deu base para tornar-me a coordenadora e

professora que sou hoje.

Busquei cursar uma disciplina de cada professor, absorvendo assim, a didática e

metodologia de cada um, com seus conceitos, estilo e conhecimento específico em

cada área do saber. Foi muito proveitosa esta experiência vivida com os

professores, pois cada um contribuiu para alinhar o tipo de profissional acadêmico e

eterno pesquisador, pretendemos ser. As minhas contribuições vieram inicialmente

da Malu (Dra. Maria Luiza Bissoto) cuja inspiração mudou o rumo de nossas

pesquisas e contribuiu na escrita e formatação do projeto de pesquisa, apresentado

como quesito de qualificação para aluno regular do programa. Os professores do

CEUNSP de Itu cursaram juntos a disciplina de Seminários de Pesquisa e cada qual

teve dela, norteamento para o que hoje, tornam-se as dissertações apresentadas.

Em segundo momento o professor Dr. Renato Kraide Soffner trouxe ao grupo

conhecimento sobre Epistemologia da Educação, Hermenêutica e nos aproximou do

prof. Dr. Eduardo Chaves da Unicamp.

183

O Prof. Groppo (Dr. Luis Antônio Groppo) contribuiu com duas de suas obras em

torno de conceitos do Terceiro Setor e Sociedade Civil, na disciplina de Educação e

Sociedade. Tivemos oportunidade de refletir sobre sociologia e educação, além de

educação formal, não formal e informal.

A disciplina de Psicologia Social da profa. Sueli (Dra. Sueli Maria Pessagno Caro) foi

a quarta e sem dúvida a mais libertadora e marcante para mim, pois a composição

dos colegas que neste módulo cursaram conosco, formou um grupo de pensadores,

pesquisadores e contribuiu de forma libertadora à meu ser, particularmente, pois

algo me tomou de consciência sobre atividade profissional e a relação que o

trabalho tinha em minha vida familiar. Senti-me instigada a revolucionar minhas

crenças e rever meus conceitos.

Já ao final do curso, nosso grupo se dividiu e passei a frequentar as aulas do prof.

Miranda (Dr. Antônio Carlos Miranda) durante as tardes de quinta-feira e dele recebi

em conjunto dos alunos, a incumbência de produzir um pôster que discutisse a

questão da educação sociocomunitária para ser apresentado como parte do III

Seminário de Educação Sociocomunitária e assim, o pôster foi concluído e

apresentado.

Minha dissertação em contrapartida aos demais colegas do programa, não seguiu as

diretrizes estabelecidas inicialmente com a profa. Malu, pois ao cursar minha última

disciplina, desenvolvi admiração e prazer aos ensinos do prof. Severino (Dr.

Severino Antônio) e o tomei para meu orientador, nesta etapa decisória para

conclusão do programa de mestrado. Este renovou em mim o sentimento de

libertação instituído pela profa. Sueli ao fortalecer meu desejo primário, de pesquisar

sobre a introdução da educação nutricional no ensino fundamental, baseado em

prevenção de transtornos alimentares causados pela desinformação e ensinar sobre

alimentação e saúde, promovendo nas crianças, conscientização e formação de

bons hábitos alimentares. Este professor admirável, com sua mansuetude e filosofia

sedutora aos ouvidos e à alma, acreditou em minha ideia inicial e me encorajou a

escrever sobre o que minha intuição apontava, deixando de lado o projeto de

Segurança Alimentar e “mergulhando” no universo infantil; pedagógico lúdico; de

promoção à saúde e prevenção de doenças, além de respeito à criança, com o

projeto denominado “Educando Sabores”, cuja atuação visa abordagem prática e

lúdica de formação de hábitos alimentares saudáveis.

184

Minha crença e convicção no tema abordado na dissertação desenvolvida para a

conclusão do curso se tornou meu novo projeto de vida. Busco defender uma crença

antiga de que o PNE (Programa Nacional de Educação) em seu currículo nacional

para a educação fundamental precisa da Nutrição, assim como os cursos de

graduação em Nutrição, precisam da preparação pedagógica. Trato de unir a

Nutrição ao Ensino Fundamental, bem como, discuti-la na Educação

Sociocomunitária.

Creio que se houver informação de qualidade com abordagem criativa e de

sensibilização, a criança se posicionará favorável à mudança de comportamento

alimentar e se esta criança levar o conhecimento ao ambiente familiar, os pais e

demais familiares próximos a ela, conscientizarão da importância do hábito alimentar

no crescimento, desenvolvimento e estado geral de saúde do indivíduo, desde a

infância até a fase adolescente e adulta. A consciência e o desejo particular de cada

indivíduo é capaz de gerar mudanças no meio social em que vive, trabalha ou

estuda, portanto, uma pequena mudança, tornar-se-á grande, ao passo que for bem

assimilada e compreendida e o melhor espaço para isso, está no ambiente escolar

como parte integrada do parâmetro curricular nacional competente ao ensino

fundamental.