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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO EDUARDO MORAIS BUENO ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA MOVELEIRA DA MICRORREGIÃO DE UBÁ/MG SOB A PERSPECTIVA DE CLUSTER Belo Horizonte 2016

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

EDUARDO MORAIS BUENO

ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA MOVELEIRA DA

MICRORREGIÃO DE UBÁ/MG SOB A PERSPECTIVA DE CLUSTER

Belo Horizonte

2016

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Eduardo Morais Bueno

ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA MOVELEIRA DA

MICRORREGIÃO DE UBÁ/MG SOB A PERSPECTIVA DE CLUSTER

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Área de Concentração: Inovação e Dinâmica Organizacional Linha de Pesquisa: Inovação, Redes Empresariais e Competitividade Orientador: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki Centro Universitário UNA

Belo Horizonte

2016

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Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras

B928a

Bueno, Eduardo Morais

Análise da cadeia produtiva moveleira da microrregião de Ubá/MG sob a

perspectiva de cluster. / Eduardo Morais Bueno. – 2016.

98f.

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2016. Programa de Pós-

Graduação em Administração.

Inclui bibliografia.

1. Indústria de móveis. 2. Cluster industrial 3. Administração. I. Souki,

Gustavo Quiroga. II. Centro Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658

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AGRADECIMENTOS

À minha esposa Marina Delgado, pelo amor, companheirismo, paciência e incentivo

neste momento tão especial de minha formação acadêmica.

Ao meu orientador Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki pelo direcionamento e orientação.

Ao Prof. Dr. Rivadávia Correa Drummond de Alvarenga Neto pela inspiração.

Aos membros da banca, Prof. Dr. Henrique Cordeiro Martins e Prof. Dr. Ricardo César

Alves pela disponibilidade e pelas valiosas considerações e contribuições.

Ao SEBRAE/MG, especialmente à Sra. Fabiana Santos Vilela, pela autorização e

disponibilização do trabalho que foi o marco inicial desta dissertação.

Aos amigos Silvana Alves de Oliveira, Alexson Marcelino Pereira e Daniela Cristina

Soares Coimbra pelo apoio e incentivo.

Aos professores Dra. Iris Barbosa Goulart, Dr. Poueri do Carmo Mário, Dra. Fernanda

Carla Wasner Vasconcelos, Dra. Gisele Tessari Santos e Dr. Flávio Dias Rocha, pelos

ensinamentos transmitidos em sala de aula.

Aos meus colegas de turma pela ótima convivência neste período de estudos.

Aos empresários, representantes das entidades e representantes do poder público

visitados, pela disponibilidade em conceder parte de seu precioso tempo para a

execução desta pesquisa.

Ao Prof. Leonardo Parma de Lima pelas ótimas dicas para desenvolvimento da

pesquisa de campo.

Por fim, agradeço a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para o

desenvolvimento deste trabalho.

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If you want to go fast, go alone. If you want to go far, go together.

Se você quiser ir rápido, vá sozinho.

Se você quiser ir longe, vá junto.

Provérbio Africano

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RESUMO

Esta dissertação de mestrado traz uma análise da cadeira produtiva moveleira da microrregião de Ubá/MG sob a perspectiva de cluster. Os clusters, enquanto redes organizacionais, vêm sendo estudados desde o final do século XIX por Alfred Marshall, em seus trabalhos sobre os distritos industriais, tendo tomado mais corpo na literatura com as publicações de Porter no final do século XX. Dado a importância das aglomerações de empresas em torno de um processo produtivo, o presente trabalho buscou fazer uma análise detalhada do polo moveleiro, que possui em torno de 300 empresas, sendo o maior empregador da região onde está estabelecido. O trabalho explicita suas características a partir de 5 dimensões definidas com base na literatura: Inovação, políticas públicas, relação entre as partes, treinamento e desenvolvimento de mão de obra e associações e instituições de apoio. O trabalho, com uma abordagem qualitativa e de caráter descritivo, caracteriza-se como um estudo de caso. Foram realizadas entrevistas em profundidade com representantes de instituições públicas e privadas do polo em questão, onde se buscou além do aprofundamento nas características do cluster, também sugestões de soluções para seu maior desenvolvimento. Foi possível perceber que o poder público se encontra afastado do polo, atuando apenas como agente normativo, fiscalizador e punitivo. A relação entre os diversos agentes participantes da cadeia se caracterizam como frágeis, imediatistas e necessitando de maior confiança. Além disso, as associações e instituições de apoio são poucas e não muito participativas. Os entrevistados apresentaram diversas sugestões para expansão do polo, entre elas se destacam, a maior participação do poder público com efetivas ações de desenvolvimento, maior proximidade com universidades e outras instituições de apoio, e o avanço no aperfeiçoamento gerencial dos empresários, visto que aqueles que não estavam devidamente preparados, estão com maior dificuldade para atravessar a crise econômica do Brasil dos anos de 2015 e 2016. Palavras-chave: Cluster, Arranjo Produtivo Local, Polo Moveleiro

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ABSTRACT

This dissertation brings an analyze of the furniture production chain of the Ubá / MG micro-region under the cluster approach. Clusters, as organizational networks, have been studied since the late nineteenth century by Alfred Marshall, in its work on industrial districts and took more body in the literature with Porter publications in the late twentieth century. Given the importance of clusters, this study pursued to make a detailed analysis of the furniture chain, which has around 300 companies, and is the largest employer in the region where is established. The work explains its features from 5 dimensions defined based on the literature: innovation, public policy, relationship between the parties, manpower training and development, and associations and support institutions. The work, with a qualitative and descriptive approach is characterized as a case study. Depth interviews were conducted with representatives of public and private institutions of the object in question, which was aimed to deepening the cluster characteristics, and also gather suggestions for solutions for their further development. It was possible to see that the government is away from the cluster, acting only as a normative, supervisory and punitive agent. The relationship between the different agents participating in the chain are characterized as weak, shortsighted and requiring greater confidence. In addition, associations and support institutions are few and not very participatory. Respondents had several suggestions for the cluster expansion, including greater participation of the public authorities with effective development actions, more proximity to the universities and other supporting institutions, and improvement on managerial training of the entrepreneurs, as those who were not properly prepared, are having more difficult to get through the 2015 and 2016 economic crisis in Brazil.

Keywords: Cluster, Local Productive Arrangement, Furniture Productive Chain

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Matriz da inovação....................................................................... 29 FIGURA 2 – O contexto da tecnologia nos clusters menos desenvolvidos .......35

FIGURA 3 – Posição dos municípios que compõe a microrregião de Ubá .......52 FIGURA 4 – Localização geográfica da microrregião de Ubá .......................... 54 FIGURA 5 – Vista de um dos laboratórios do SENAI em Ubá ......................... 69

FIGURA 6 – Divulgação de cursos do SENAI de Ubá ..................................... 72

FIGURA 7 – Cena comum em Ubá – Imóveis comerciais fechados ................ 74

QUADRO 1 – Tipos de clusters e performance...................................................21

QUADRO 2 – Instituições do GTP APL...............................................................40

QUADRO 3 – Principais fatos históricos do APL de Ubá.....................................55

QUADRO 4 – Pontos fortes e fracos do APL moveleiro da microrregião de

Ubá................................................................................................75

QUADRO 5 – Sugestões para maior desenvolvimento do cluster.......................80

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LISTA DE TABELAS

1 – População residente do Município de Ubá em 2010. .......................................... 52

2 – Municípios que compõe a microrregião de Ubá .................................................. 53

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALMG Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais

APEX Brasil Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos

APL Arranjo Produtivo Local

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CNI Confederação Nacional da Indústria

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

FEMUR Feira de Móveis de Minas Gerais

FIEMG Federação das Industrias do Estado de Minas Gerais

FIESP Federação das Industrias do Estado de São Paulo

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

GTP APL Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais

IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

INTERSIND Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá

MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

OECD Organisation for Economic Co-operation and Development

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PEIEX Projeto Extensão Industrial Exportadora

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SESI Serviço Social da Indústria

UFV Universidade Federal de Viçosa

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

1.1. Justificativa e relevância da pesquisa ....................................................... 13

1.2. Questão norteadora da pesquisa ................................................................ 14

1.3. Objetivos ....................................................................................................... 15

1.3.1. Objetivo geral ............................................................................................ 15

1.3.2. Objetivos específicos ............................................................................... 15

1.4. Estrutura da dissertação ............................................................................. 15

2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 17

2.1. Redes organizacionais ................................................................................. 17

2.2. Clusters ......................................................................................................... 19

2.2.1. Estrutura de um cluster ............................................................................ 23

2.3. Dimensões para caracterização de um cluster ......................................... 27

2.3.1. Inovação..................................................................................................... 27

2.3.2. Políticas públicas ...................................................................................... 37

2.3.3. Relação entre as partes ............................................................................ 42

2.3.4. Treinamento e desenvolvimento de mão de obra ................................. 45

2.3.5. Associações e Instituições de Apoio ...................................................... 47

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 51

3.1. Caracterização da pesquisa ........................................................................ 51

3.2. Coleta de Dados ............................................................................................ 52

3.3. Técnicas de interpretação dos dados ........................................................ 54

4. UNIDADE DE ANÁLISE .................................................................................... 56

5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................... 61

5.1. Dimensão 1: Inovação .................................................................................. 61

5.2. Dimensão 2: Políticas públicas ................................................................... 63

5.3. Dimensão 3: Relação entre as partes ......................................................... 66

5.4. Dimensão 4: Treinamento e desenvolvimento de mão de obra ............... 69

5.5. Dimensão 5: Associações e instituições de apoio ................................... 72

5.6. Sugestões para maior desenvolvimento do cluster ................................. 76

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 82

6.1. Limitações e sugestões para futuras pesquisas ....................................... 86

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 88

APÊNDICE ................................................................................................................ 97

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1. INTRODUÇÃO

As redes de empresas, ou redes organizacionais, vêm despertando

interesse da literatura desde o final do século XX, graças a exemplos de sucesso, tais

como o modelo de produção da Toyota no Japão. A percepção de que trabalhar de

forma isolada não gera tanto valor para a organização quanto trabalhar de forma

colaborativa, despertou nas empresas a necessidade de atuar em redes empresariais,

onde há compartilhamento de recursos, aprendizado e informações (KLEIN;

PEREIRA, 2012; KLEIN; ALVES; PEREIRA, 2015).

Redes empresariais podem impulsionar a economia de determinada

região, favorecendo a competitividade através da inovação. Uma das vantagens para

uma empresa em fazer parte de uma rede, está no fato de poder juntar forças, para

que, coletivamente, consiga crescer e tornar-se maior. Neste contexto, a participação

em uma rede inserida em uma mesma região geográfica – um cluster-, possibilita

maior acesso a informações e parcerias (OSINSKI et al., 2015).

Estudos a respeito da formação e funcionamento dos clusters industriais se

propagam entre diversos autores e nos mais diversos países. O primeiro a levantar o

assunto foi Alfred Marshall (1920) em sua publicação “Princípios de Economia”, onde

iniciou a abordagem sobre os distritos industriais, que se caracterizam pela

concentração de indústrias de um mesmo ramo, a disponibilidade de pessoal

qualificado e troca de conhecimento entre os participantes. Outro importante marco a

respeito dos clusters, são os estudos de Michael Porter sobre a vantagem competitiva

das nações, que marcaram o início de uma nova era de estudos intensos e análise

econômica sobre o fenômeno da concentração de empresas, gerando extensa

literatura sobre suas configurações (DELGADO et al., 2016).

O conceito dos clusters envolve um fenômeno econômico onde em um

ambiente competitivo, muitas empresas, com proximidade geográfica, competem e

colaboram simultaneamente com o intuito de obter diferentes ganhos econômicos. Os

clusters permitem ganhos em escala e impulsionam a capacidade competitiva das

organizações participantes, onde as menores distâncias geográficas, a maior

capacidade de entendimento entre as partes e a criação e o compartilhamento de

conhecimento, fortalecem estes ganhos (LASTRES; CASSIOLATO, 2003).

O destaque econômico de clusters de sucesso são em si só, motivo

importante para o aumento da atenção que este modelo tem recebido da comunidade

científica e dos governos. Exemplos como o Vale do Silício, a indústria do cinema em

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Hollywood, na Califórnia, a indústria da moda na Itália além dos clusters do vinho na

Austrália ou no Chile, mostram o sucesso que se pode alcançar com a aglomeração

de empresas em um mesmo local (PORTER, 1998).

Os clusters são tidos ainda como importantes espaços para a inovação.

Devido à proximidade geográfica, há maior troca de informações. Além disso, os

spillovers, ou seja, o desdobramento a partir de tecnologias existentes, a

concentração de pessoal qualificado e a existência de infraestrutura e apoio

adequado, são fatores que potencializam o processo criativo e consequentemente a

inovação (LAI et al., 2014; NISHIMURA e OKAMURO, 2011; OECD, 2007; TIGRE,

2006).

Aharonson et al. (2013) completam afirmando que novos empreendimentos

relacionados à tecnologia, são beneficiados por estar em um cluster. Os autores

demonstraram que empresas que estavam geograficamente mais próximas de seus

parceiros, se mostraram mais inovativas, e apresentavam maior número de patentes,

do que aquelas que estavam mais distantes de seus pares.

Kozhuharova et al. (2016) fazem uma síntese, afirmando que os clusters

podem ser considerados como um instrumento para aumento da competitividade

nacional e regional. De acordo com os autores, em um cluster há estimulo ao

crescimento econômico, e a cooperação entre as empresas, universidades,

instituições de pesquisa, fornecedores e autoridades públicas em uma região

geográfica específica é incentivada. O caráter interativo dos clusters estimula a

inovação e apropriação de conhecimentos de cunho econômico que são a base para

a geração de benefícios futuros e, ainda, criar condições favoráveis para uma gestão

inovativa de sucesso.

No Brasil, o termo cluster industrial foi cunhado como APL (Arranjo

Produtivo Local). A atenção sobre este fenômeno, e as possibilidades de ganhos no

desenvolvimento local com suas características teve início em 2004, com a

oficialização do termo pelo Governo Federal, e políticas de apoio e incentivo tiveram

início em todas as esferas da administração pública (FIESP/MDIC; 2007).

Naquele ano, o governo reuniu diversas entidades governamentais e não

governamentais para a formação de um Grupo de Trabalho Permanente com foco no

desenvolvimento dos APLs (GTP APL) sob comando do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Foram identificados os

arranjos produtivos existentes no Brasil e elaborados planos de curto e longo prazo

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para cada um deles, com o objetivo de promover a competitividade e sustentabilidade

nos territórios abrangidos pelos APLs (BELLUCCI et al., 2014).

Há quase duas décadas, várias ações de desenvolvimento e apoio às

atividades produtivas vêm sendo realizadas pelo GTP APL, com atuação em conjunto

de entidades públicas e privadas, ressaltando a importância dos APLs para o

desenvolvimento regional, através de políticas de desenvolvimento inovativas e

produtivas (LASTRES et al., 2014).

E dentre os APLs do Brasil elencados como prioritários para ações do GTP

APL está o arranjo produtivo moveleiro de Ubá, que em 2007 teve um plano de

desenvolvimento elaborado, onde instituições públicas e privadas se reuniram para

elaborar ações para ampliação de mercado, aumento das vendas e geração de

emprego, com o intuito de fortalecer e desenvolver de modo sustentável as indústrias

moveleiras de Ubá e região (SEBRAE; INTERSIND; FIEMG, 2007).

1.1. Justificativa e relevância da pesquisa

A cadeia moveleira da microrregião de Ubá, localizado na Zona da Mata

Mineira, se destaca não só na economia local, mas também no cenário econômico do

Estado de Minas Gerais. Tendo iniciado na década de 1960, o setor moveleiro é o

maior empregador da região, contando com mais de 400 empresas, sendo

responsável pela geração de cerca de 70% das vagas de emprego da região (ALBINO

et al., 2008). O número de empregos gerado pelo setor na região é na ordem de

40.000 vagas, entre empregos diretos e indiretos (OLIVEIRA et al., 2010), o que

demonstra sua importância econômica tanto para a região da Zona da Mata Mineira,

como para o Estado de Minas Gerais.

Geograficamente, a microrregião de Ubá é formada por 17 municípios:

Astolfo Dutra, Divinésia, Dores do Turvo, Guarani, Guidoval, Guiricema, Mercês,

Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro, São Geraldo, Senador Firmino, Silveirânia, Tabuleiro,

Tocantins, Ubá, Visconde do Rio Branco, com uma área territorial total de 3.586

Km2(ALMG, 2015).

Apesar de sediar a maior empresa de móveis de aço da América Latina e

alguns outros grandes fabricantes de móveis de madeira, o APL da microrregião de

Ubá é formado basicamente por micro e pequenas empresas, com foco na fabricação

de móveis residenciais, destinados ao mercado interno (SOUZA FILHO et al., 2013).

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Isto vai de encontro a alguns estudos sobre os clusters, que, de forma geral,

normalmente possuem maior concentração de pequenas e médias empresas, que

fazem uso da vantagem da proximidade geográfica para maior desenvolvimento e

cooperação (CROCCO; HORÁCIO, 2001).

Apesar de seu tamanho, capacidade econômica e forte geração de

emprego, algumas publicações citam que a cadeia moveleira de Ubá apresenta

problemas estruturais que inibem seu maior desenvolvimento. São citados problemas

tais como ausência de cooperação horizontal, baixo nível de profissionalização dos

gestores, problemas nas relações entre fabricantes e fornecedores, concorrência

baseada em preços e até carência de infraestrutura (ALBINO, 2009; CROCCO;

HORÁCIO, 2001; SOUZA FILHO et al., 2013; TEIXEIRA et al., 2009; MACEDO et al.,

2010).

Desta forma, o presente trabalho buscou fazer uma análise da situação

atual da cadeia moveleira de Ubá, apresentando qual o formato e qual a dinâmica

existente, buscando apontar as principais características, relacionando pontos fortes

e fracos, e ainda buscou identificar sugestões para melhor desenvolvimento do polo.

Diante do exposto, a importância deste estudo se baseia na relevância da

cadeia moveleira para a economia local da microrregião de Ubá, podendo o trabalho

trazer à tona ações que a própria cadeia, através de seus principais agentes, sejam

eles internos ou externos, aí incluindo as entidades governamentais, possam tomar

para seu maior desenvolvimento.

Para o meio acadêmico, o trabalho se apresenta relevante pelo

aprofundamento no tema, ao levantar os principais estudos sobre clusters, fazendo

um paralelo com uma situação real.

Para o pesquisador, o presente trabalho representa uma importante

oportunidade de produção científica aliada à uma realidade econômica e social

relevante, e, enquanto gestor, a pesquisa se mostra como um aprendizado contínuo

e enriquecedor.

1.2. Questão norteadora da pesquisa

A presente pesquisa busca responder a seguinte pergunta norteadora: qual

a situação da cadeia produtiva moveleira da microrregião de Ubá, sob a perspectiva

de cluster?

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1.3. Objetivos

Considerando-se a questão norteadora da pesquisa, foram definidos os

seguintes objetivos:

1.3.1. Objetivo geral

A presente pesquisa busca analisar a situação da cadeia produtiva

moveleira da microrregião de Ubá/MG sob a perspectiva de cluster.

1.3.2. Objetivos específicos

a) Descrever a situação atual da Cadeia Moveleira da Microrregião de Ubá/MG,

enquanto cluster, a partir das dimensões de inovação, políticas públicas,

relacionamento entre as partes, treinamento/desenvolvimento de mão de obra,

e associações/instituições de apoio, relacionando pontos fortes e fracos da

cadeia;

b) Levantar sugestões junto aos diversos stakeholders de ações que poderiam ser

executadas para maior desenvolvimento do cluster.

1.4. Estrutura da dissertação

Na presente introdução foram apresentadas as justificativas da pesquisa,

a pergunta norteadora e os objetivos (geral e específicos).

A segunda parte trata da abordagem teórica da dissertação, onde serão

abordados os assuntos referentes à fundamentação da pesquisa, sendo: Redes

organizacionais, Clusters, Estrutura de um cluster, e as dimensões que possibilitam a

caracterização de um cluster: inovação, políticas públicas, relacionamento entre as

partes, treinamento e desenvolvimento de mão de obra, e, por último, associações e

instituições de apoio.

Na terceira parte do trabalho é apresentada a metodologia utilizada na

pesquisa, onde são apresentadas as técnicas utilizadas, a caracterização da região

estudada e as dimensões nas quais a pesquisa ocorreu.

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A quarta parte é a análise e interpretação dos resultados, seguida pela

última parte, que são as considerações finais, que apresenta ainda as limitações e

sugestões para futuras pesquisas.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico da presente pesquisa se inicia com uma abordagem

sobre redes organizacionais, passando então para clusters, e a partir daí segue as

dimensões que possibilitam a caracterização de um cluster: inovação, políticas

públicas, relação entre as partes, treinamento e desenvolvimento de mão de obra, e,

por último, associações e instituições de apoio.

2.1. Redes organizacionais

As redes organizacionais representam uma forma adequada das

organizações manterem-se competitivas, principalmente para empresas de pequeno

e médio porte, que possuem maior dificuldade em atuar sozinhas no mercado. A

complementariedade de competências caracteriza as redes de empresas, criando

ainda ambiente favorável à diversificação de informações, aprendizado e inovação

(KLEIN; PEREIRA, 2012).

No século XX a sociedade começou a sofrer mudanças socioeconômicas,

que acabaram por influenciar uma nova forma de competição. A principal mudança

ocorrida, a globalização, representa a expansão e maior abertura dos mercados,

obrigando as empresas a adotarem novas formas de sobreviver em um mercado

competitivo. Novos modelos organizacionais surgiram, aparecendo as redes

organizacionais como uma nova forma de competição. Parcerias entre compradores

e vendedores marcaram o início deste processo, sendo a partir daí iniciado um

período marcado por parcerias de longo prazo, interdependência e confiança (SILVA;

DE ALMEIDA; FERREIRA, 2014).

Algumas situações, tais como, as alianças entre empresas Americanas e o

sistema de produção da Toyota, no Japão, contribuíram para o aumento do interesse

nas redes empresariais, mostrando que o princípio da competição isolada pode ficar

em segundo plano, dando ênfase para a cooperação, onde cada parte depende da

outra para chegar ao resultado final (KLEIN; ALVES; PEREIRA, 2015).

Empresas podem se reunir em rede, quando há uma ameaça do ambiente

para o seu desenvolvimento, e as oportunidades que se apresentam não seriam

possíveis de serem exploradas sozinhas (KLEIN; PEREIRA; QUATRIN, 2015). Os

autores completam afirmando que as redes podem proporcionar expansão de

mercado, redução de riscos e custos relativos a algum empreendimento, oportunidade

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de aprendizado de novas habilidades e processos, compartilhamento e acesso a

diferentes recursos, e ainda a melhoria no relacionamento com fornecedores, gerando

economia de escala.

De acordo com Klein e Pereira (2012) redes empresariais podem ser

caracterizadas quando há parceria entre duas ou mais organizações, compartilhando

recursos com um objetivo comum e buscando um maior desenvolvimento e uma

melhora no desempenho. Os autores afirmam ainda que as redes podem viabilizar o

compartilhamento de riscos, racionalização de recursos, maior compartilhamento de

informações, com um menor custo de transação, traduzindo em maiores ganhos

econômicos para todas as partes. A permanência de uma empresa em uma rede

ocorre quando há obtenção de vantagem competitiva, e o custo x benefício é favorável

à sua permanência.

As redes organizacionais podem ter diversas etapas para se constituírem,

indo da promoção do empreendimento e motivação de potenciais participantes, até a

autogestão, onde agentes externos que apoiaram o desenvolvimento da rede se

afastam, deixando de ter um papel principal nos negócios. Considera-se que as redes

possuem o equivalente a um ciclo de vida, indo dos estágios iniciais, onde há o

lançamento da ideia até uma fase de gestão independente e com identidade própria

(WEGNER; PADULA, 2012).

A gestão de uma rede de empresas requer um movimento constante de

negociação entre seus diversos atores. Em comparação com estruturas hierárquicas,

a gestão de uma rede empresarial acarreta consideráveis mudanças nas práticas

gerenciais. É necessário considerar a coletividade, os diversos interesses, nem

sempre unânimes, e a necessidade de estratégias que os participantes estejam

dispostos a colocar em prática. Quanto mais complexa é a rede, maior será a

complexidade de sua gestão (WEGNER et al., 2015).

Os autores reforçam ainda a necessidade da rede de criar práticas que

estimulem a inovação coletiva, fazendo com que a rede seja um espaço para troca de

experiências e criação de conhecimento.

Li et al. (2013) afirmam que a proximidade geográfica pode beneficiar o

conhecimento e inovação em uma rede organizacional. A proximidade geográfica

pode levar a uma proximidade social, onde há maior interação e relacionamento entre

os agentes, relações estas baseadas em amizade, parentesco ou em experiências.

Esta proximidade social melhora a capacidade das organizações em aprender uns

com os outros e de inovar. Os autores completam, afirmando que as redes

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organizacionais em forma de cluster, por apresentarem proximidade geográfica, têm

os custos reduzidos, e um aumento na frequência dos contatos pessoais que

culminam em relações sociais entre os participantes da rede, facilitando assim o fluxo

e transferência de conhecimentos.

2.2. Clusters

Os clusters industriais são hoje populares em todo o mundo, exercendo

fortes efeitos sobre as economias dos países onde estão alocados. Uma vasta

pesquisa sobre seus efeitos e formação já existe disponível atualmente (NIE; SUN,

2015).

Alfred Marshall (1920) foi o pioneiro no assunto de clusters, com seus

estudos relativos a distritos industriais, que são caracterizados pela concentração de

industrias de um mesmo ramo, disponibilidade de pessoal qualificado e troca de

conhecimento entre os participantes. O ambiente é caracterizado por Marshall como

havendo cooperação e competição, com redução de custos devido à proximidade

geográfica entre as empresas, gerando o que o autor caracterizou como

“externalidades”, que levam a ganhos positivos de escala.

Aquelas três características dos clusters, ou conglomerados, citadas por

Marshall são consideradas por Delgado et al. (2014) como associados com vantagens

de custo ou de produtividade para as empresas, resultante de atividade econômica

geograficamente próxima.

Otsuka e Sonobe (2011) completam afirmando que as vantagens da

aglomeração de indústrias apontadas por Marshall estão intimamente relacionadas

entre si e ao baixo custo de transação associado a um cluster: a proximidade das

industrias facilita o trânsito de informações de duas formas, quando uma empresa

retira um profissional de outra empresa, e ainda devido ao maior número de

transações entre as empresas.

No Brasil, utiliza-se o termo APL – Arranjo Produtivo Local como um

definidor de Cluster, e assim é definido por FIESP/MDIC (2007):

Arranjos Produtivos Locais são formados por um conjunto de atores econômicos, políticos e sociais, localizados em uma mesma região, desenvolvendo atividades produtivas especializadas em um determinado setor e que apresentam vínculos expressivos de produção, interação, cooperação e aprendizagem.

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Porter (1998) caracterizou os clusters como sendo concentrações

geográficas de empresas que estejam relacionadas entre si, e sejam de um

determinado campo de atuação. Os clusters devem possuir uma matriz de empresas

interligadas de alguma forma, o que favorece a competitividade. Assim, tanto o

conceito originalmente americano de clusters, como a versão Brasileira de Arranjos

Produtivos Locais (APLs) ou mesmo aglomerado, denotam o mesmo sentido de

relacionamento entre os diversos agentes, que acabam por estabelecer uma rede de

troca e complementação em torno de uma atividade produtiva (OLIVEIRA et al., 2012).

Oliveira et al. (2012) mencionam ainda que os clusters podem ser formados

por diversos setores econômicos, que atuem em abrangências e capacidades

distintas, dando a ele um caráter de diversidade econômica, política e social.

Os clusters devem ainda considerar a presença e atuação de instituições

públicas e privadas, visando a capacitação de recursos humanos, desenvolvimento

técnico, políticas públicas, promoção do cluster e financiamento (PORTER, 2009 e

OLIVEIRA et al., 2012). Porter (2009) cita ainda que podem existir nos clusters, a

presença de associações e outros órgãos coletivos, que promovam o envolvimento

de seus membros.

A definição de Morosini (2004) de clusters industriais destaca que seus

membros trabalhem em conjunto em atividades de negócios relacionados ou

vinculados. Na verdade, a escala e as vantagens do conhecimento gerado dentro de

cluster, dependem do número e da natureza dos vínculos entre seus membros. Em

um cluster industrial bem desenvolvido, estas ligações podem ser numerosas, únicas

e específicas para aquele cluster, incluindo:

- Clientes em comum (tanto empresas como pessoas físicas);

- Fornecedores e prestadores de serviços em comum;

- Infraestrutura compartilhada, tais como transporte, comunicações e

serviços públicos;

- Compartilhamento de um mercado com profissionais qualificados e mão

de obra especializada;

- Instalações para treinamento compartilhadas;

- Conexões em comum com universidades e centros de pesquisa;

O relatório da OECD (2007) destaca que os clusters oferecem muitos

benefícios potenciais, incluindo custos de produção reduzidos, que incentivam a

inovação e o aumento da produtividade. Tais benefícios incluem ainda a sua função

de ser uma plataforma útil para o compartilhamento de conhecimentos, um ambiente

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favorável para a maior especialização e um nível elevado de competição, que motivam

as empresas, entre outros benefícios.

Desenvolvimento econômico baseado em estruturas de clusters, tem sido

uma política adotada por diversas economias pelo mundo, e que normalmente podem

produzir benefícios em relação ao desenvolvimento regional e a competitividade da

indústria local. Os clusters podem ainda proporcionar um ambiente econômico que

pode se adaptar mais facilmente a eventos como uma crise econômica ou qualquer

outra transformação econômica e social (BOJA, 2011).

No Brasil, os APLs foram oficializados pelo Governo Federal em 2004,

através do Termo de Referência para Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento

de Arranjos Produtivos Locais. A intenção do Governo foi criar uma política pública

descentralizada, promovendo desenvolvimento econômico através do estímulo à

competitividade de micro e pequenas empresas. Desta forma, os APLs significam, de

modo geral, concentrações de empresas, normalmente de pequeno porte e

pertencentes ao mesmo ramo de atividade, que relacionam entre si e ainda com

outras entidades públicas ou privadas (FUINI, 2013). O autor conclui que os APLs, ao

fazerem parte das políticas de desenvolvimento regional no Brasil, tornam-se um dos

elementos utilizados pelo governo federal e mesmo por alguns Estados e municípios

para o aumento da competitividade e o crescimento do desenvolvimento econômico

dos territórios.

O MDIC (2004) no Termo de Referência para Política Nacional de Apoio ao

Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais, considera APL quando há um

número significativo de empreendimentos e de indivíduos atuando em torno de uma

atividade produtiva predominante, compartilhando formas percebidas de cooperação

e algum mecanismo de governança, podendo incluir pequenas, médias e grandes

empresas.

Como desdobramento do Termo de Referência para Política Nacional de

Apoio ao Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais, o Governo Brasileiro possui

algumas diretrizes de apoio e incentivo dos APLs, incluindo ações de identificação dos

arranjos, promoção de ações que busquem o desenvolvimento do mercado local,

ações de melhoria no relacionamento dos agentes envolvidos, e ainda ações que

visam sustentabilidade, preservação ambiental e valorização das relações

trabalhistas.

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Lastres e Cassiolato (2003), complementam:

Os Arranjos Produtivos Locais se desenvolvem em ambientes favoráveis à interação, à cooperação e à confiança entre os atores, e sua formação está geralmente associada à construção histórica de identidades e vínculos territoriais regionais e/ou locais, a partir de uma base social, cultural, política e econômica comum (LASTRES; CASSIOLATO, 2003, p. 63).

Mytelka e Farinelli (2000) fazem uma classificação dos clusters (ou APLs)

de acordo com sua dinâmica e algumas características estruturais. De acordo com os

autores, os clusters podem ser informais, organizados ou inovativos (Quadro 1).

QUADRO 1

Tipos de clusters e performance

Fonte: Adaptado de Mytelka e Farinelli (2000).

Clusters informais normalmente são formados por micro e pequenas

empresas cujo nível de tecnologia é baixo e cujos proprietário ou gestores têm fraca

capacidade de gestão. Os trabalhadores são geralmente pouco qualificados e os

treinamentos formais são quase inexistentes. Apesar de não haver fortes barreiras à

entrada de novas empresas, podendo levar ao crescimento do número de instituições,

isso não reflete necessariamente uma dinâmica positiva, dado que a coordenação e

ligação em rede entre as empresas localizadas em clusters informais tendem a ser

baixas e são caracterizadas por uma perspectiva de crescimento limitado, muitas

vezes concorrência predatória, pouca confiança e pouca troca de informações.

Infraestrutura deficiente, a falta de serviços críticos e estruturas de apoio e falta de

informação sobre os mercados estrangeiros tendem a reforçar esta dinâmica de

crescimento baixo (MYTELKA; FARINELLI, 2000).

Os clusters organizados caracterizam-se por um processo de atividade

coletiva, orientada principalmente para o fornecimento de infraestrutura e serviços, e

ainda pelo desenvolvimento de estruturas organizacionais destinadas a analisar e

Características Informais Formais InovativosPresença de Líderes Baixa Baixa a média Alta

Tamanho das empresas Micro e pequenas Pequenas e médias Pequenas, médias e grandesInovação Pequena Alguma ContínuaConfiança Pequena Alta Alta

Habilidades Técnicas Baixa Média AltaTecnologia Baixa Média Média

Vínculos entre os membros Algum Algum ExtensivosCooperação Pequena Alguma, não sustentável AltaCompetição Alta Alta Média a Alta

Mudança nos produtos Pouco ou nenhuma Alguma ContinuamenteExportação Pouco ou nenhuma Média a alta Alta

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fornecer soluções aos seus membros, de forma a enfrentar problemas comuns.

Embora a maioria das empresas nesses grupos são de pequeno porte, em termos de

capacidade tecnológica elas se encontram atualizadas, e exibem a capacidade de

empreender adaptações de tecnologia, para projetar novos produtos e processos e

para trazê-los rapidamente ao mercado. O que distingue o cluster organizado é a

cooperação e o trabalho em rede que existe entre os seus membros (MYTELKA;

FARINELLI, 2000).

Os clusters inovativos normalmente estão em setores onde a capacidade

inovativa é a base para seu desempenho. Seus gestores possuem alta capacidade

gerencial e de adaptação, contando ainda com mão de obra qualificada. A visão do

mercado externo é constante, existindo ainda entre os seus membros forte confiança

e elevado nível de cooperação, fazendo com o que estes clusters tenham uma

dinâmica diferenciada (MYTELKA; FARINELLI, 2000).

Os autores afirmam ainda que os clusters informais e organizados são os

predominantes nos países em desenvolvimento, enquanto os clusters inovativos são

encontrados nos países mais desenvolvidos.

Importante concluir que os APLs - arranjos produtivos locais – ou clusters

se caracterizam, principalmente, pelas relações em rede entre os agentes que o

compõe, incluindo empresas e outras instituições, tais como: governo, universidades,

institutos de pesquisa, etc, visando desenvolvimento mútuo, em um ambiente de

cooperação e troca de conhecimento e informação.

2.2.1. Estrutura de um cluster

As publicações a respeito dos clusters trazem que eles são formados por

uma concentração de empresas, que possuem algum tipo de atributo em comum, ou

apresentam a característica de complementaridade (PORTER, 1998; PORTER, 2000;

BITTENCOURT et al., 2015). E ainda, como ressalta o manual sobre Arranjos

Produtivos Locais da FIESP/MDIC (2007), que o próprio nome já traz a ideia da

existência de um setor produtivo.

No tocante à parte produtiva de um cluster, as empresas podem atuar como

fornecedores, produtores e consumidores (BITTENCOURT et al., 2015). Dentre os

fornecedores, além dos fornecedores especializados de equipamentos e serviços,

destaca-se ainda a presença de empresas de suporte de serviços, tais como

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advogados, empresas de recrutamento e seleção, transportadoras, fornecedores de

combustíveis e comunicação (CHLEBÍKOVÁ; MRÁZIKOVÁ, 2009).

Lastres e Cassiolato (2004), citam como exemplos de empresas

participantes de um cluster: “(...) desde produtoras de bens e serviços finais até

fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultorias e serviços,

comercializadoras, clientes, entre outros, e suas variadas formas de representação e

associação”. Na mesma linha, Mascena et al. (2012) citam a presença em um cluster

de “fornecedores de matérias-primas especializadas, tais como componentes,

máquinas e serviços, bem como fornecedores de infraestrutura especializada”.

Crocco e Horácio (2001) mostram em sua pesquisa a importância do

distanciamento dos fornecedores para as empresas, sendo a falta de fornecedores

dentro do cluster, um ponto de preocupação de empresários. A falta de fornecedores

de serviços, matérias primas e até de equipamentos, representa uma dificuldade para

a maior competitividade das empresas, assim como para a integração da cadeia

produtiva.

A base de um cluster pode ser formada a partir de “keycompanies”

(“empresas chave”), que acabam atraindo outras empresas que irão exercer o papel

de fornecedores, seja de componentes diretos da produção, ou mesmo serviços

indiretos, tais como transporte, alimentação e serviços em geral. Estas empresas,

normalmente de maior porte e ligadas a grupos multinacionais, são capazes de tirar

maior proveito do potencial e capacidade do cluster onde estão alocadas (MOROSINI,

2004). Alguns exemplos são da Boeing em Seattle (EUA) e a Toyota em Toyota City

(Japão), onde as empresas âncora estabeleceram fortes vínculos com fornecedores

locais, criando um ambiente de cooperação, e ainda estimulando a capacitação e

competitividade no sistema (CASSIOLATO; SZAPIRO, 2003).

A presença de empresas de grande porte em um cluster, pode servir ainda

como atrativo para outras menores, que se realocam de um cluster para outro,

buscando a proximidade de uma grande empresa, principalmente em momentos de

crise (BOJA, 2011).

No tocante à atuação governamental em um cluster, este pode atuar

através das diversas esferas: Governo federal, estadual (ou regional) e municipal (ou

distrital). A função básica da atuação governamental, primeiramente, seria promover

estabilidade macroeconômica e política. Em segundo lugar, cabe à esfera

governamental melhorias microeconômicas que possam promover o desenvolvimento

regional. Melhorias estas que poderiam ser, por exemplo, prover educação

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profissional, infraestrutura física adequada e informações econômicas atualizadas e

adequadas (PORTER, 2000).

O relatório da OECD (2007) reconhece que o nível de estruturas de

governança e de abrangência que um cluster possui, desempenha um papel no

desenvolvimento e implementação de políticas para promover eficazmente a

especialização dos clusters. Para esse desenvolvimento, existem fundamentos

econômicos para todos os níveis de governo (local, regional, nacional e, em alguns

casos supranacional) para apoiá-los. Estas diferentes lógicas são baseadas em

diferentes perspectivas sobre o valor de clusters.

Sobre instituições de pesquisa e desenvolvimento, Chlebíková e Mráziková

(2009) afirmam que Universidades, escolas locais e instituições de pesquisa em geral,

fazem parte e são importantes componentes em um cluster.

Autores como Titze et al. (2014) e Dilaver et al. (2014) caracterizam o

conjunto de Universidades e instituições de pesquisa, sejam públicas ou privadas, de

“Instituições Científicas” destacando a sua importância para o desenvolvimento

técnico dos clusters onde estão inseridas.

De acordo com Hoffmann et al. (2014), as universidades locais, próximas

a um cluster, ao darem educação formal aos profissionais que atendam as demandas

das empresas atuantes naquela área, agem como incentivadoras da inovação. Além

disso, elas podem ser fonte de apoio técnico e treinamento especializado, gerando

fortes benefícios de desenvolvimento.

Li et al. (2015) citam que as instituições científicas locais têm uma

importante posição no desenvolvimento regional, estimulando o crescimento

econômico na região. Elas atuam como importante fonte de informação e tecnologia

externa para o cluster.

A cooperação entre pesquisadores, universidades e outras partes

interessadas permitem às empresas do cluster antecipar e desenvolver novas

tecnologias, operações e canais de distribuição (GARANTI; BERZINA, 2013).

Para Vicedo e Vicedo (2011), em termos de redistribuição de capital, as

relações entre a Universidade e as empresas estão se tornando cada vez mais

importante, e há um claro aumento na quantidade de colaboração em pesquisas. Os

destaques desta tendência incluem linhas de pesquisa entre as principais empresas

do cluster e a universidade, juntamente com a participação em contratos de pesquisa

coletiva e projetos entre a universidade e os demais agentes do cluster, com o intuito

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de melhorar a competitividade e diferenciar as empresas do cluster em tempos de

competição acirrada e globalização.

Para Boja (2011), ter uma infraestrutura comum para inovação, utilizada

para rápida transferência de conhecimento e apoiada por universidades e centros de

pesquisa, seria uma característica básica de um cluster.

No Brasil algumas instituições prestam apoio ao setor produtivo, que de

certa forma procuram trabalhar de forma coordenada, trocando informações e

compartilhando experiências, visando fortalecer a área de informação no país. Dentre

essas, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) possui

iniciativas voltadas para novas tecnologias de informação e comunicação e estimula

o empreendedorismo e a inovação. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas (SEBRAE) através de suas representações (balcões) instalados por todo o

Brasil atua como uma rede informacional. O Serviço Nacional de Aprendizagem

Industrial (SENAI) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) desenvolvem

atividades de informação para a indústria, dentre outras instituições (COSTA, 2007).

Em se tratando de APLs, o objetivo da atuação do SEBRAE é estimular a

competitividade das micro e pequenas empresas, promovendo o desenvolvimento

local, através de ações que vão além do atendimento individual e consultoria

empresarial. A organização atua também em um âmbito mais institucional e político,

promovendo a integração entre os pequenos empresários, e ainda com os demais

stakeholders (ZICA; MARTINS; CHAVES, 2010)

Também se destaca no Brasil a atuação do CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico), como órgão de fomento à pesquisa,

vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O CNPq tem como

principais atribuições fomentar a pesquisa científica e tecnológica e incentivar a

formação de pesquisadores brasileiros (CNPQ, 2016).

De acordo com Silvestre e Silva Neto (2014), o CNPq atua em conjunto

com outras instituições governamentais de apoio, para financiar e promover a

pesquisa em ciência e tecnologia, bem como a formação de recursos humanos

especializados no país. Nos clusters pesquisados pelos autores, foi detectado que o

processo de desenvolvimento de novas tecnologias tem início com a interação entre

uma ou algumas empresas do cluster, e as organizações de apoio.

Outra organização de apoio com forte atuação no fomento da pesquisa e

desenvolvimento no Brasil é a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos). A FINEP

é uma empresa pública brasileira de fomento à ciência, tecnologia e inovação em

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empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou

privadas, sediada no Rio de Janeiro e vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia

e Inovação (FINEP, 2016).

A FINEP possui dois programas com ações voltadas a APLs. O primeiro,

Programa de Incentivo à Inovação nas Empresas Brasileiras (Pró-Inovação), tem por

objetivo apoiar os custos do desenvolvimento de ações de pesquisa, desenvolvimento

e inovação, incluindo ativos tangíveis e intangíveis, financiando apenas as etapas

anteriores à produção, sem apoio de investimentos para expansão da produção. O

segundo, Programa de Apoio à Pesquisa e à Inovação em Arranjos Produtivos Locais

(PPI-APLs), tem por objetivo fazer com que os APLs sejam mais competitivos,

utilizando instrumentos do MCTI, CNPq e Finep, em apoio às atividades de pesquisa,

desenvolvimento e inovação feitas por empresas pertencentes aos APLs. Para isto,

disponibiliza apoio financeiro para atividades voltadas à assistência tecnológica,

prestação de serviços e solução de problemas tecnológicos de empresas constituintes

de arranjos produtivos (COSTA, 2010).

Da mesma forma que outras agências governamentais, incluindo o CNPq,

a FINEP, enquanto organização de apoio, provê verba para desenvolvimento

tecnológico e, em alguns casos, recurso adicional necessário para executar e concluir

com êxito o projeto (SILVESTRE; SILVA NETO, 2014).

2.3. Dimensões para caracterização de um cluster

Visando uma maior organização dos estudos a respeito dos clusters e

posteriormente da análise dos dados da pesquisa, foram definidos a partir de uma

revisão da literatura, 5 dimensões (ou categorias) que podem caracterizar um arranjo

produtivo como cluster. Tais dimensões foram baseadas nos estudos de Porter (1998

e 2000), e posteriormente desenvolvidos por outros autores.

Estas dimensões (Inovação, Políticas públicas, Relacionamento entre as

partes, Treinamento/Desenvolvimento de mão de obra e Associações/Instituições de

apoio), são capazes de cobrir todos os aspectos de um arranjo produtivo.

2.3.1. Inovação

Para analisar um cluster sob o aspecto de inovação, é preciso

primeiramente definir este termo e suas principais características. Schumpeter (1988),

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pioneiro nos conceitos sobre inovação, fundamentou sua teoria econômica na

absorção de inovações ao sistema econômico. De acordo com o autor, as mudanças

no sistema econômico resultam das relações e consequências das inovações

tecnológicas.

Schumpeter (1988) sugere o conceito de “destruição criativa”, onde o

desenvolvimento econômico se passa pela adoção de novos hábitos de consumo,

substituindo antigos produtos. Ele afirma ainda que para as indústrias, o importante é

a inovação, e não apenas a invenção, dado que essa última, não sendo levado à

prática, torna-se irrelevante economicamente.

Inovação é caracterizada pelo autor como a introdução de um novo bem,

um novo método de produção, um novo formato de organização, a abertura de um

novo mercado, assim como a utilização de uma nova fonte de fornecimento de

matéria-prima ou de produtos semiacabados.

Lastres et al. (2003) atribuem também às teorias neoschumpeterianas o

desenvolvimento das abordagens sobre o caráter e o papel da inovação e esclarecem

que tal suposição parte de três pontos principais:

- Que o processo inovativo está baseado no conhecimento, e que

fomentam a mudança tecnológica e econômica a partir de sua criação e

compartilhamento. O aprendizado é o alicerce para acumulação de conhecimento.

- Qualquer inovação, seja em produtos, processos, etc, permitem o

incremento de ganhos competitivos e trazem mudanças qualitativas e o impulso na

heterogeneidade no sistema econômico.

- As organizações são fundamentais no desenvolvimento produtivo e

inovativo, sendo que influenciam e são influenciadas pelos processos de aprendizado.

Desta forma, as organizações passaram a ver a inovação como fonte para

a vantagem competitiva, e a criação de valor, tanto para os sócios, como para a

sociedade. (HERRERA, 2015).

A maior parte das inovações, surgem de novas tecnologias, incluindo o

lançamento de novos produtos, mudança em processos tecnológicos e o uso de

tecnologia da informação para a inovação em tecnologias capacitadoras (DAVILA et

al., 2009, p. 54).

Martins Tristão et al. (2013) caracterizam inovação como sendo um

processo de introduzir algo novo. O processo deve envolver a geração, adoção,

implementação e incorporação de novas ideias e práticas, com o objetivo de gerar

riqueza. A partir desta definição, os autores destacam a importância da gestão do

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conhecimento, que desempenha um papel de destaque, pois seria o modo de

amplificar a capacidade organizacional, baseado no alcance da eficiência através da

criação, multiplicação e adoção de conhecimento científico e tecnológico.

Pode também ser caracterizado como inovação, o processo pelo qual

novos produtos ou serviços são projetados e implementados por determinado

produtor, independente de serem ou não novos para seus concorrentes (LEMOS,

2009).

O Manual de Oslo, elaborado pela OECD a partir de diversas outras

publicações é referência quanto à conceituação de inovação. O Manual tem como

objetivo trazer diretrizes para a coleta e a interpretação de dados sobre inovação

(OECD, 2005).

O manual apresenta o conceito de inovação de forma abrangente,

englobando os quatro tipos de inovação, conforme abaixo:

Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne as suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais. Inovação de processo é a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares. Inovação de marketing é a implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços. Inovação organizacional é a implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas (OECD, 2005, p. 47-52)

Inovações podem ser classificadas em três tipos: incrementais, semi-

radicais e radicais, conforme Davila et al. (2009, p. 57). Inovação incremental consiste

em melhorias não muito grandes em produtos ou processos, podendo ainda ser vista

como a solução de um problema onde a meta é clara, mas não necessariamente o

caminho para atingi-la. Por outro lado, uma inovação radical consiste no fornecimento

de produtos ou serviços de forma totalmente nova. A figura 1, chamado de “Matriz da

Inovação” pelos autores, ajuda a diferenciar os tipos de inovação, ao caracterizar cada

inovação, de acordo com as características de sua tecnologia e do modelo de

negócios apresentado.

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Figura 1 – Matriz da Inovação

Fonte: Davila et al. (2009, p. 58).

As inovações incrementais são muito mais comuns no dia a dia, muitas

delas até passam imperceptíveis pelos consumidores, por se tratar de melhoria em

produtividade, eficiência em custos, qualidade, ou mesmo otimização de processos

de produção e design de produtos (LEMOS, 2009).

A respeito das inovações semi-radicais, Davila et al. (2009, p. 65) citam que

estas conseguem criar mudanças significativas em um ambiente competitivo, mas

representam mudança no modelo de negócios ou de tecnologia, mas não em ambas.

Os autores citam exemplos de inovações semi-radicais em serviços, tais como a rede

de lojas Wal-Mart, a companhia aérea South West Airlines e até a Apple, onde

produtos ou serviços já existentes no mercado foram remodelados, sendo oferecido

ao mercado mudanças na tecnologia ou no modelo de negócios.

Revellino e Mouritsen (2015) caracterizam a inovação radical quando há a

uma mudança fundamental ou revolucionária, por uma empresa ou grupo de

instituições, com clara visão de abandono de práticas anteriores. Os autores

complementam ainda afirmando que a inovação radical representa descontinuidade e

avanço, baseado em novos conhecimentos, alterando a natureza de como as coisas

eram feitas. Este tipo de inovação representa destruir ou abandonar competências e

envolve um alto grau de novidade associada à reorientação da organização.

As inovações do tipo “radical” podem ainda representar uma ruptura

estrutural, deixando para trás determinados padrões tecnológicos. Estas inovações

significam ainda a redução de custos e melhoria na qualidade de produtos existentes

(LEMOS, 2009)

O processo de inovação no âmbito empresarial tem como base a gestão

do conhecimento. Novas tecnologias de informação e comunicação têm permitido a

maior absorção dos recursos intangíveis da economia, tais como as formas de

Nova Semi-radical Radical

Semelhanteàexistente

Incremental Semi-radical

Semelhanteàexistente

Nova

Modelodenegócios

Tecnologia

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treinamento da força de trabalho e o conhecimento adquirido através de esforços de

pesquisa e desenvolvimento. Nota-se a intensificação da relevância dos recursos

intangíveis na economia para a absorção e difusão do conhecimento, o que tem

propiciado maior tratamento e distribuição da informação. O aumento das fontes de

informação e a globalização, levaram a um acréscimo na interação entre as

organizações (LEMOS, 2009).

Tigre (2006) destaca que as empresas têm buscado maior conhecimento,

visando aumento das inovações, através de fontes internas e externas. As internas

seriam através dos esforços de pesquisa e desenvolvimento, programas de qualidade

e treinamento de pessoal. As principais fontes externas, seriam a aquisição de

informações (livros, revistas técnicas, manuais, vídeos, etc), contratação de

consultores especializados, obtenção de licenças para produção de produtos e ainda

tecnologias absorvidas na aquisição de novas máquinas e equipamentos. O autor

ressalta que enquanto as fontes internas necessitam de mais planejamento e

recursos, as diversas fontes externas de inovação são mais acessíveis e possuem

maior abrangência.

De acordo com Davila et al.(2009, p. 29-31) não existem fórmulas prontas

de modelos de inovação, mas sim um estilo de implementação de práticas adequadas

para cada organização. Deve haver equilíbrio na empresa, pois inovação exige

disciplina aliada a liberdade de criar. As empresas devem neutralizar tudo aquilo que

pode prejudicar a inovação, principalmente quando se fala de cultura organizacional,

e aprendizado com erros passados. Os autores ainda incentivam redes de inovação,

formados pela comunidade interna e externa à empresa.

A relação entre cluster e inovação foi citada por Marshall (1920), que

afirmava que o conhecimento “está no ar” em uma aglomeração de empresas. O autor

afirma que quando uma pessoa inicia uma nova ideia, esta é absorvida por outros que

incorporam suas próprias, e então se transforma em uma fonte de novas ideias. Isto

tudo de forma natural e inconsciente, sem muitos esforços.

Em estudos mais recentes, os clusters têm sido sempre associados como

importantes locais de inovação. A expectativa é sempre de que nos clusters, as

empresas locais promovam a inovação através da cooperação entre as empresas, e

também através de parcerias, por exemplo, universidades (NISHIMURA; OKAMURO,

2011).

Quando se fala em inovação e modernização, a participação de uma

empresa em um cluster oferece muitas vantagens comparado a atuar de forma

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isolada. Empresas em um cluster são capazes de identificar as necessidades de seus

clientes de forma mais clara e rápida. Alguns exemplos são o Vale do Silício na

Califórnia e o cluster de computadores do Texas, que são muito mais capazes de

perceber as necessidades e tendências dos clientes, do que qualquer outra

localização. (PORTER, 2000).

Em um cluster, as empresas estão muito mais expostas a novas

possibilidades tecnológicas, operacionais, marketing, logística, e muitas outras. O

relacionamento de outras entidades com o cluster (por exemplo, universidades) facilita

o aprendizado contínuo. Por outro lado, a empresa isolada enfrenta custos mais

elevados e maiores dificuldades para acesso às possibilidades coletivas, além de ter

uma maior necessidade de criar conhecimento dentro de seus portões (PORTER,

2000).

Clusters inovadores são de suma importância para países em

desenvolvimento, pois incrementam o aumento produtivo, criam valor para o local

onde estão inseridos e promovem a atração de recursos humanos qualificados

(BITTENCOURT et al., 2015). Lai et al. (2014) reforça que em um cluster industrial a

criação, aquisição, armazenamento e difusão de conhecimento influencia

positivamente a performance de inovação das empresas, além da capacidade interna

de gerenciamento.

A difusão do conhecimento é mais eficaz se organizado em sistemas

interativos. Tecnologia e inovação não são criadas nas organizações isoladas, mas

em ambientes favoráveis, como os clusters, onde as organizações competentes e

profissionais qualificados interagem de uma forma construtiva e complementar para

assimilar o conhecimento existente e gerar novas ideias, produtos e processos de

produção. A circulação do conhecimento sob a forma de um sistema de inovação é,

portanto, um dos principais benefícios potenciais dos clusters (OECD, 2007). O

relatório da organização afirma que a difusão e spillovers são os mecanismos que

ligam pesquisa e desenvolvimento com o crescimento, e não apenas os níveis de

investimento nestas áreas.

No mercado competitivo mundial, a participação de uma empresa em um

cluster é de suma importância para seu desenvolvimento sustentável, considerando a

possibilidade de utilizar recursos de modo mais eficiente, tendo acesso a custos mais

baixos, aumentando sua competitividade (LAI et al., 2014). Os autores destacam que

a proximidade geográfica com outras companhias, influencia positivamente na sua

capacidade de inovação. Reforçam ainda que nos clusters, a inovação é

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potencializada por melhor gerenciamento do conhecimento. Um cluster não é formado

apenas empresas do mesmo ramo, mas acaba por atrair talentos tecnológicos, que

levam a troca de informações, com um spillover de compartilhamento de técnicas.

Entretanto, é importante para as companhias analisarem as características

de um cluster antes de tomarem a decisão de se alocarem, entendendo a dinâmica

interna, barreiras de entrada e saída. É preciso saber o quanto a empresa se

beneficiará da geração de conhecimento daquele cluster, tirando benefício dos

spillovers existentes (PORTUGAL FERREIRA et al., 2014).

Estudos empíricos de Aharonson et al. (2013) mostraram que empresas

com foco em tecnologia se beneficiam quando estão alocadas em um cluster. O

número de patentes registradas por empresas em um cluster são maiores do que

daquelas que estão geograficamente isoladas. Os autores sugerem ainda que as

atividades de pesquisa e desenvolvimento das empresas não avançam quando

trabalham de forma isolada, sendo dependente do acesso a novas ideias.

A aglomeração de empresas promove o empreendedorismo, incentivando

o aumento no número de startups. Isto ocorre devido à convergência de recursos

tecnológicos e de pessoal especializado, além dos serviços e produtos

complementares. Clusters robustos podem elevar a diversidade de oportunidades de

inovação, além da possibilidade de redução de custos (DELGADO et al., 2010).

Anaz (2014) traz o exemplo do Vale do Silício, nos Estados Unidos, onde

uma verdadeira rede de informações foi criada, promovendo a inovação através de

parcerias e aprendizado coletivo. O autor cita ainda que a proximidade com Standford

e outras Universidades encoraja o empreendedorismo.

Chatterji et al. (2013) corroboram afirmando que a presença de

universidades que executam pesquisas, tem um poderoso impacto no

desenvolvimento e empreendedorismo na região onde atuam.

Garanti e Berzina (2013) também afirmam o quanto a presença de

universidades, centros de pesquisa e o investimento em pesquisa, têm um impacto

positivo na capacidade de inovação de um cluster. De acordo com os autores, a

criação e implementação de inovações são mais eficazes quando há colaboração

entre empresas e universidades, assim como quando ocorre a participação em redes

internacionais de inovação e também quando há cooperação entre os concorrentes.

Em muitos casos, as inovações são desenvolvidas em esforços de

colaboração nos clusters. Assim, as empresas colaboram entre si, reunindo as

ferramentas necessárias para desenvolver e explorar as inovações. É possível que

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empresas que estejam em uma situação de possuir mais ativos complementares

essenciais, ganhem um maior poder de barganha, como por exemplo a empresa

norte-americana IBM, que possui uma posição dominante no mercado, não por sua

capacidade tecnológica, mas por possuir uma grande rede de vendas e ainda acesso

a recursos financeiros (PORTUGAL FERREIRA et al., 2012).

Rodriguez e Valencia (2008) afirmam que a inovação ocorre com maior

frequência dentro de um cluster, devido aos spillovers, à concentração de mão de

obra e a cooperação. Completam afirmando que com a proximidade, confiança,

rivalidade e contratos de fornecimento compartilhados, as novas tecnologias se

difundem mais rapidamente. Chatterjiet al. (2013) completam ao afirmar que a

presença de universidades na área do cluster pode ter um grande impacto no

desenvolvimento local. Isso também pode ser extraído de um relatório da OECD

(2007) que indica relação direta entre políticas relacionadas ao incentivo da pesquisa

universitária e inovação em clusters.

Tigre (2006) ao analisar a influência da localização, conclui que a existência

de infraestrutura social e tecnologia adequada, é fator crucial para o êxito de empresas

inovadoras. As grandes empresas normalmente concentram suas atividades de P&D

em suas origens, mas movimentos de transferência das pesquisas para países em

desenvolvimento têm ocorrido, devido ao aumento na disponibilidade de mão de obra

qualificada nessas regiões. É de suma importância que os países em desenvolvimento

promovam estruturas adequadas para a atração de atividades de P&D das grandes

empresas, levando a uma maior concentração de renda e produção. As atividades

inovadoras das pequenas empresas devem ser incentivadas, considerando que estas

vêm demonstrando ser fontes importantes de inovação tecnológica.

Apesar de não ser considerado por todos como inovações, as melhorias

em produção e gerenciamento são bastante comuns nos clusters, e agem de forma

semelhante a uma inovação, dado a dificuldade para ocorrer. Além disso, é imitado

por seguidores (OTSUKA; SONOBE, 2011). O estudo dos autores mostra ainda que

empresários inovadores aproveitam da alta disponibilidade e variedade de recursos

humanos no cluster, como comerciantes, engenheiros, designers e contadores, que

ali se reuniram em fases anteriores de expansão. Assim, é justo dizer que, como a

inovação, as melhorias em produção e gerenciamento são produto de uma nova

combinação dos recursos existentes.

Martins et al. (2014) também demostraram em sua pesquisa, como a

incorporação de inovações na área operacional, assim como gerencial, trouxeram

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benefícios aos agentes da cadeia agroindustrial do leite estudada. Houve um aumento

na produtividade e redução de empreendimentos rurais com base familiar,

transformando organizações rurais tradicionais em empreendimentos lucrativos,

eficientes e competitivos.

Para alcançar maior competitividade e de forma mais rápida, as empresas

dentro de um cluster industrial devem procurar novas oportunidades para melhorar e

renovar as suas capacidades, especialmente as relacionadas com a inovação, e é

nesta área que a colaboração entre as universidades e as empresas podem

desempenhar um papel importante (VICEDO; VICEDO, 2011). Os autores citam ainda

que, por um lado, a literatura sobre inovação tem um foco maior nas relações entre

os vários tipos de spillovers e a cooperação em pesquisa e desenvolvimento, no qual

a universidade é vista como um gerador e membro de projetos de inovação. Por outro

lado, a literatura sobre gestão ou estratégia tem centrado principalmente em fatores

internos da empresa, a fim de determinar a sua propensão para colaborar com a

universidade, incluindo fatores como o tamanho, tempo de mercado e intensidade de

pesquisa e desenvolvimento da empresa.

Mytelka e Farinelli (2000) expõem que três fatores ligados aos clusters

estão relacionados ao maior desenvolvimento via inovação. Em primeiro lugar é o

quanto que estar em um cluster permite às empresas um aprofundamento e ampliação

na base de conhecimento local, incluindo design, controle de qualidade e informações

relacionadas ao mercado. Em segundo lugar é o quanto o cluster permite um maior

estabelecimento de conexões a produtores e detentores de conhecimento,

particularmente aqueles relacionados aos fornecedores de máquinas e equipamentos.

O terceiro é a capacidade das empresas nestes aglomerados de transformar

coletivamente indústrias de "baixa tecnologia" em empresas com conhecimento tácito

intenso, e de internalizar essa vantagem competitiva dentro do cluster. Um dos

exemplos que os autores dão neste ponto é de empresas fabricantes de móveis da

madeira.

Portanto, o processo de difusão da tecnologia é bem-sucedido se vários ou

a maioria dos membros de um cluster adotar a tecnologia proposta. A difusão de

tecnologia está associada com o modo de utilização, sempre que indivíduos e

organizações de forma interativa identificar, interpretar, adequar e manipular a

tecnologia de maneiras diferentes, consequentemente influenciando os padrões,

instalações e normas estabelecidos. Importante destacar ainda a importância das

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organizações de apoio, para promover e difundir novas tecnologias (SILVESTRE;

SILVA NETO, 2014).

Os autores afirmam ainda que em clusters menos desenvolvidos, a difusão

de novas tecnologias é normalmente liderada pelas organizações de apoio e não

pelas empresas participantes do clusters (Figura 2), já que, de modo geral, as

empresas não possuem capacidade técnica, conhecimento e recursos para inovar.

Enquanto as organizações de apoio e suporte têm acesso a pessoal especializado e

recursos para customização de tecnologias, para então disponibilizar para as firmas

do clusters, através de um processo participativo.

FIGURA 2 – O Contexto da tecnologia nos clusters menos desenvolvidos.

Fonte: Adaptado de Silvestre e Silva Neto (2014).

O maior desenvolvimento tecnológico, a difusão de informações, e

consequente, o aumento da inovação de um cluster, devem ser fruto de uma mudança

na atuação das próprias empresas, das instituições de apoio e na atuação

governamental, onde a visão deve ser de longo prazo, considerando aspectos sociais

e de meio ambiente, e deixando para trás a visão de lucros e vantagens de curto prazo

(SILVESTRE; SILVA NETO, 2014).

- Promoção de novas tecnologias por organizações de apoio- Processo que enfatiza capacidades organizacionais (soft skills)- Importância das redes formais- Importância da capacidade de absorção das empresas- Exemplos de medidas de desempenho: taxa de adoção entre as empresas agregadas; número de empresas utilizando a tecnologia no

Difusão de Tecnologia

Dese

nvol

vim

ento

de

Tecn

olog

ia

Número de empresas no cluster utilizando a tecnologia

- Interação entre as empresas e as organizações de apoio- Processo que enfatiza as capacidades tecnológicas- Importância da infra-estrutura para o desenvolvimento de tecnologia- Importância da capacidade das organizações de apoio- Exemplos de medidas de desempenho: nova tecnologia / processo / equipamento / eficiência das máquinas e produtividade

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2.3.2. Políticas públicas

O poder público pode atuar de diferentes formas no desenvolvimento de

um cluster. De acordo com Porter (2000), um governo eficiente deveria disponibilizar

força de trabalho especializada, estrutura física de infraestrutura adequada e ainda

informações econômicas relevantes e atualizadas. A atuação governamental deve

focar no reforço dos clusters existentes, ao invés de tentar criar novos clusters. Este

processo deve começar com o reconhecimento da existência do cluster, e a partir daí,

remover obstáculos, reduzir limitações e eliminar ineficiências que impeçam a

produtividade e inovação no cluster.

Ao focar suas iniciativas de forma geral em um cluster, ao invés de

conceder benefícios a empresas ou setores específicos, a atuação governamental

pode trazer maiores taxas de retornos, atingindo um ambiente mais amplo (PORTER,

2000).

Suzigan et al. (2007), destaca que a ação governamental em um cluster

pode ser exercida através da criação de centros de treinamento e desenvolvimento

de pessoal, visando a formação de mão de obra qualificada. Destaca ainda que os

governos podem implantar centros de prestação de serviços tecnológicos e agências

de desenvolvimento. Além disso, é importante que existam políticas públicas de

financiamento e investimento, através de bancos de desenvolvimento, visando a

formação e operação das empresas de um cluster.

Não há dúvidas de que o governo possui papel de suma importância no

desenvolvimento e sustentabilidade de um cluster. O papel do governo para ajuda e

desenvolvimento de um cluster pode ter várias dimensões, sendo o primeiro, como

uma inexistência de políticas econômicas governamentais para o cluster. Em

segundo, uma atuação catalítica, onde o governo atua apenas como mediador entre

as diversas partes, mas seu envolvimento direto é limitado. Temos ainda uma atuação

de suporte, onde o governo além de atuar mediando os diversos grupos, também

provê investimentos em infraestrutura e educação, e atua de forma passiva. A quarta

forma de atuação do governo é a diretiva, onde são lançados programas como foco

em melhoria de economias locais através de clusters. E por último, a atuação

intervencionista do estado, onde ele atua de forma mais ativa, provendo subsídios e

promovendo proteções e regulações, e ainda tomando mais decisões que instituições

privadas, inclusive tendo propriedade ou mesmo controle de empresas do cluster

(GALLARDO ESTRELLA, 2011).

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Ketels (2013) também destaca que não há dúvidas sobre a importância das

políticas públicas para o desenvolvimento de um cluster, no entanto não existe um

consenso sobre como efetivamente devem ser estas políticas. Uma política pública

somente pode ser considerada como potencial, quando a sua aplicação confirmar que

houve efetivo crescimento e houver potencial de colaboração.

Feser (1998) ressalta a importância do governo nos clusters de alta

tecnologia. Nestes casos, devem existir políticas públicas de regulação do ambiente

de negócios, cumprimento da lei/fiscalização e regulação de preços. Além disso,

incentivos fiscais, investimento em educação e em estruturas de reciclagem, podem

impulsionar a demanda por produtos ambientalmente sustentáveis entre os

consumidores.

Entretanto, os governos locais não podem trabalhar sozinhos, devem

estabelecer parcerias com as instituições privadas no sentido de promover a inovação

em um cluster, através da flexibilização de barreiras para entrada e saída de empresas

no cluster, criação de instituições de pesquisa e desenvolvimento, capital para

investimento, além da capacitação de mão de obra especializada (ANAZ, 2014). O

autor cita ainda que o governo não deve ser o principal planejador, mas cabe a ele

assegurar a educação básica e permitir que a inovação aconteça.

O suporte da esfera pública, seja ela federal, estadual ou regional, pode ser

na forma de subsídios diretos (por exemplo, redução de impostos), infraestrutura

pública sem cobrança e apoio ao crédito. Intervenções pelo governo através de crédito

aos empreendedores podem ser justificadas quando há imperfeições do mercado de

crédito. O meio ideal de conceder um subsídio público pode ser na forma de um

empréstimo. Empréstimos ou garantias de empréstimos têm a vantagem, do ponto de

vista da esfera pública, de não parecer como um gasto direto dos impostos

arrecadados (CHATTERJI et al., 2013).

O manual da FIESP/MDIC (2007) lista uma série de funções que as

diversas esferas do governo podem ter no tocante à atuação nos clusters – ou APLs,

conforme nomenclatura Brasileira:

1. prover infraestrutura que suporte o crescimento dos APLs.

2. apoiar o ensino e treinamento de mão-de-obra.

3. apoiar atividades e centros de pesquisa e desenvolvimento.

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4. financiar investimentos cooperativos que permitam aos empresários atingir escalas

e oferecer serviços especializados antes não disponíveis no APL.

5. fazer investimentos públicos que gerem externalidades.

6. ser interlocutor, estruturador e promover o aperfeiçoamento das entidades

representativas dos empresários.

Karnøe e Garud (2012) trazem um interessante exemplo de ação do

governo para desenvolvimento de um cluster. O cluster das turbinas eólicas na

Dinamarca teve seu crescimento impulsionado por duas pontas: o governo cedeu

subsídios àqueles que optassem por utilizar a energia eólica, e motivou a pesquisa e

desenvolvimento por parte dos empresários, incluindo a aprovação de projetos e

padrões em uma estação de testes e pesquisa. Em resumo, a intervenção do Estado

estimulou tanto a demanda (“pull”) como a oferta (“push”) de tecnologia.

A presença do Estado pode também ser justificada, principalmente em

países menos desenvolvido, pelo baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento

pelas empresas nestas regiões, onde a atuação governamental poderia ser um

catalizador da inovação (OECD, 2005).

O fato de haver tantas aglomerações de indústrias em países em

desenvolvimento, mesmo sem o suporte dos governos locais, e ainda com falhas de

mercado nos clusters, justifica a implementação de políticas públicas de

desenvolvimento industrial. A fim de assegurar o caminho do desenvolvimento, um

ambiente competitivo de mercado deve ser criado e mantido pelo governo (OTSUKA;

SONOBE, 2011).

Diferentes tipos de clusters podem demandar diferentes tipos de atuação

dos diversos níveis do Governo. Mesmo em clusters regionais, há justificativa

econômica para que todos os níveis de governo (local, regional e nacional) apoiem

essas políticas. Além disso, os diferentes níveis de governo têm competências e

ferramentas diferentes e, por sua vez geram diferentes graus de benefício. Mas é claro

que governos nacionais desempenham um papel no desenvolvimento e

implementação de políticas para promover eficazmente os clusters regionais (OECD,

2007).

Há ainda, segundo o relatório, justificativas para que os níveis mais baixos

do governo também desempenhem papel ativo nas políticas, dada sua proximidade

geográfica. As autoridades regionais podem ter mais informações e contatos do que

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órgãos públicos federais no que diz respeito à apuração das necessidades. Eles estão

mais próximos dos clusters para serem capazes de identificar as possíveis conexões

entre os diversos participantes do cluster e as barreiras que impedem o

desenvolvimento. Eles também podem se beneficiar mais diretamente da atividade

econômica gerada pelos clusters mais bem-sucedidos na sua região. (OECD, 2007).

No Brasil, a principal atuação do Estado em relação aos APLs cabe ao

Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL),

coordenado pelo MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior), e que reúne 34 entidades governamentais e não governamentais, conforme

quadro 2. O GTP APL foi instalado em agosto de 2004 pela Portaria Interministerial nº

200, de 02/08/2004 e posteriormente complementada em 24/10/2005. Sua

coordenação é realizada pela Coordenação-Geral de Arranjos Produtivos Locais,

órgão do Departamento de Competitividade Industrial do MDIC. Esta se constitui,

também, como Secretaria Técnica do GTP APL (MDIC, 2015).

Para uma melhor atuação do GTP APL, foram criados núcleos estaduais

formados por instituições governamentais e privadas com atuação expressiva em

relação aos APLs em cada estado (e no Distrito Federal). O Núcleo Estadual tem a

função de atender as demandas dos APL locais, examinar suas propostas e fomentar

relacionamentos institucionais com vistas ao apoio demandado (MDIC, 2015).

Os trabalhos iniciais do GTP APL tiveram como foco a identificação dos

APLs existentes no país, assim como a organização e o planejamento de cada um

deles. Foram então criados planos de desenvolvimento que continham desde ações

simples e de curto prazo, incluindo a indicação de um gestor ou a criação de um grupo

de e-mails, até ações de longo prazo, que demandariam um maior aporte de recursos

por parte das instituições envolvidas, incluindo a criação de escolas técnicas e de

centros tecnológicos (BELLUCCI et al., 2014). Ainda de acordo com os autores, o

objetivo da atuação do Governo, através do GTP APL, seria atuar como facilitador e

orientador das ações, visando a criação, consolidação e amadurecimento dos APLs,

atuando de forma integrada com demais políticas de desenvolvimento regional e de

apoio ao setor produtivo.

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QUADRO 2

Instituições do GTP APL

Fonte: Adaptado de MDIC (2015).

Além do GTP APL, algumas outras iniciativas do Governo Brasileiro visam

o desenvolvimento regional por meio dos Arranjos Produtivos Locais. O objetivo

destas iniciativas é o desenvolvimento de micro, pequenas e médias empresas, e

dentre elas, uma de suma importância, com foco no comércio exterior é o Projeto

Extensão Industrial Exportadora (PEIEX). O programa, operacionalizado pela APEX

Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), busca

APEXBrasil AgênciaBrasileiradePromoçãodeExportaçõeseInvestimentosABDI AgênciaBrasileiradeDesenvolvimentoIndustrialBASA BancodaAmazôniaS.A.BNB BancodoNordestedoBrasilS.A.BNDES BancoNacionaldeDesenvolvimentoEconômicoeSocialCAIXA CaixaEconômicaFederalCODEVASF CompanhiadeDesenvolvimentodosValesdoSãoFranciscoedoParnaíbaCNI ConfederaçãoNacionaldaIndústriaCNPq ConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCientíficoeTecnológicoEMBRAPA EmpresaBrasileiradePesquisaAgropecuáriaIPEA InstitutodePesquisaEconômicaAplicadaInmetro InstitutoNacionaldeMetrologia,QualidadeeTecnologiaMAPA MinistériodaAgricultura,PecuáriaeAbastecimentoMCTI MinistériodaCiência,TecnologiaeInovaçãoMEC MinistériodaEducaçãoMDS MinistériodoDesenvolvimentoSocialMI MinistériodaIntegraçãoNacionalMinC MinistériodaCulturaMME MinistériodeMinaseEnergiaMDA MinistériodoDesenvolvimentoAgrárioMDIC MinistériodoDesenvolvimento,IndústriaeComércioExteriorMMA MinistériodoMeioAmbienteMPOG MinistériodoPlanejamento,OrçamentoeGestãoMtur MinistériodoTurismoMS MinistériodaSaúdeSUFRAMA SuperintendênciadaZonaFrancadeManausSUDENE SuperintendênciadoDesenvolvimentodoNordesteSUDECO SuperintendênciadoDesenvolvimentodoCentro-OesteSUDAM SuperintendênciadoDesenvolvimentodaAmazônia

IEL InstitutoEuvaldoLodiSEBRAE ServiçoBrasileirodeApoioàsMicroePequenasEmpresasSENAI ServiçoNacionaldeAprendizagemIndustrial

BRADESCO BancoBradescoS.A.

BB BancodoBrasilS.A.

EntidadesPublicas

EntidadesNão-Governamentais

EntidadesPrivadas

EntidadesMistas

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aumentar a competitividade e promover a cultura exportadora das empresas

Brasileiras. O foco do PEIEX é justamente atuar em áreas onde haja concentração de

empresas, dando suporte técnico, consultoria e promovendo desenvolvimento

compartilhado entre as empresas e as instituições de apoio, governamentais ou não

governamentais, buscando elevar o seu nível de competitividade (APEX Brasil, 2016).

Importante notar que um dos pontos observados pelo manual da

FIESP/MDIC (2007) é a falta de conhecimento por parte das pequenas e médias

empresas, sobre programas governamentais de apoio aos APLs. Isso ocorre devido

à ineficiência no fluxo de informações, e mostra a importância dos diversos órgãos

públicos atuarem mais próximos aos clusters, incluindo suas associações locais.

2.3.3. Relação entre as partes

As conexões entre os diversos elos de um cluster são cruciais para a

competitividade. Porter (2000) destaca a importância da conexão entre as firmas e

industrias para aumento não somente da produtividade, mas também do nível de

inovação e geração de novos negócios no cluster. Importante destacar que, para uma

organização, simplesmente fazer parte de um cluster não significa necessariamente

que a empresa irá se beneficiar economicamente. Isso somente acontecerá se a

empresa estiver bem conectada aos elos da rede (BOSCHMA; FORNAHL, 2011).

A extensão e natureza das ligações entre os participantes de um cluster,

ou seja, clientes, fornecedores e concorrentes, podem determinar o avanço das

empresas, proporcionando novos conhecimentos, melhores práticas e disponibilidade

de recursos dentro do cluster. (LI et al., 2013).

No entanto, relações de cooperação não devem ocorrer apenas entre as

empresas do cluster, mas também com as associações e entidades governamentais

e não governamentais que dão apoio à estrutura (CARVALHO et al., 2016).

Jenkins e Tallman (2010) sugerem em seus estudos que as relações

formais entre os membros de um cluster somente terão seu potencial de geração de

conhecimento incrementado, se houver relações e estruturas informais apropriadas.

De acordo com os autores, o fluxo de conhecimentos ocorre de forma maior quando

existem relações formais entre as empresas, mas este fluxo pode ser facilitado pelas

relações informais que existam entre seus representantes.

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Algumas características próprias de cada cluster podem influenciar a

relação entre os elos, incluindo a estrutura de produção, natureza do produto e base

tecnológica utilizada, a forma de organização da atividade produtiva dentro do cluster,

a presença de instituições locais e sua interação com o setor produtivo, e ainda o

contexto social, político e cultural do ambiente no qual esta inserido o cluster

(SUZIGAN et al., 2007). Os autores citam que a presença de grandes empresas

dominantes, pode deixar pouco espaço para políticas de governança local, a não ser

que haja decisões políticas e coordenação das empresas e seus líderes. Por outro

lado, clusters com predominância de pequenas empresas, com estruturas produtivas

sem assimetrias relevantes, favorecem a cooperação e interação entre os membros

do cluster.

O nível de maturidade do cluster representa também um diferencial no que

se refere a relação entre os seus membros. Em clusters mais informais, e com baixo

índice tecnológico, prevalece a competição e baixa confiança entre seus membros.

Clusters organizados, formados por empresas de maior porte, e voltadas ao comércio

internacional, já apresentam relações mais encorpadas, e com maior poder de

inovação. Já os clusters inovativos, considerados mais maduros e desenvolvidos,

formado por empresas dos mais diversos portes, apresentam comportamento mais

cooperativo pelos seus membros, com foco em exportação e consequentemente uma

capacidade inovativa mais avançada (OLIVEIRA et al., 2012).

A maior capacidade de se relacionar entre os membros de um clusters,

pode ser benéfico para uma companhia no sentido de aumento de sua produtividade,

de capacidade de investimentos e ainda de seu poder de inovação (LAI et al., 2014).

Assim, quando há um propósito claro de cooperação entre os membros de

um cluster, seus membros são beneficiados. A geração de novos conhecimentos tem

origem no relacionamento entre as empresas, desenvolvendo atividades produtivas

ou comerciais em conjunto (GONÇALVES; LEBARCKY, 2013).

Sobre a cooperação entre os diversos membros de um cluster, Carvalho et

al. (2016) mencionam que a existência de cooperação entre as empresas, não

significa que não haja competitividade.

Guan et al. (2015) defendem ainda que clusters com um ambiente formado

por estruturas de relacionamento entre as diversas partes, e que explorem redes de

colaboração, são benéficas para o aumento da performance em inovação.

De forma geral, a performance de um cluster como um todo irá depender

do quão forte ou debilitadas são as relações entre os diversos agentes. Um

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pensamento em grupo entre os diversos membros pode ser uma poderosa fonte de

poder quando o cluster esteja em alguma situação de dificuldade de mercado ou de

maior desenvolvimento (CRUZ e SILVA, 2015).

Eisingerich et al. (2010) apuraram que clusters industriais caracterizados

por relações fortes e um elevado grau de abertura, estariam associados positivamente

com o desempenho geral do cluster, mostrando que as empresas devem adaptar suas

estruturas ao contexto ambiental no qual se encontram. Em outras palavras, o

desempenho sustentável de um cluster irá depender da capacidade dos membros de

formar relacionamentos para atender às demandas emergentes do mercado e para

incorporar as mudanças na tecnologia.

Santos et al. (2007) estudando um APL informal no interior do Estado de

Minas Gerais, perceberam que, apesar da cooperação ser um pilar fundamental para

desenvolvimento da cadeia, os empresários de modo geral ainda viam a cooperação

como resultado, e não como antecedente do sucesso. O importante seria que os elos

da cadeia, incluindo as empresas – ainda que concorrentes – entidades e governo,

colaborassem entre si, visando o desenvolvimento em conjunto.

O manual da FIESP/MDIC (2007) cita que um fator crítico para a

prosperidade de um cluster é a confiança entre os empresários ali presentes. Exercitar

a confiança pode fortalecer os laços e ser fator de sucesso nos projetos de médio e

longo prazo.

Na mesma linha, Filho et al. (2012) em seus estudos em um cluster de

micro, pequena e médias empresas do setor calçadista do estado de Minas Gerais,

concluíram ser muito produtiva e benéfica a associação dentro do cluster, no entanto,

falta maior conscientização dos membros em relação às vantagens da cooperação

entre as empresas.

Ainda no Brasil, um dos objetivos das políticas públicas do GTP APL, está

diretamente relacionado à uma melhor relação entre os diversos agentes de um

cluster. Assim, as ações desdobradas do grupo devem incentivar a cooperação

interna, além do estímulo à presença de relações mais fortes ao longo das cadeias

produtivas, incluindo ainda um aumento da coordenação entre diferentes APLs, mas

atuantes no mesmo setor (BELLUCCI et al., 2014). De acordo com os autores, entre

as políticas de fortalecimento dos APLs estavam ações para estimular maior interação

entre os agentes, desde os estágios embrionários de um arranjo produtivo, onde o

foco é a maior disseminação das informações, até o incentivo pela consolidação de

redes de relacionamento em APLs já consolidados.

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As empresas de um aglomerado possuem normalmente contatos com

outras instituições fora do cluster. Mas ao mesmo tempo estão muito perto das demais

companhias, o que significa que elas podem explorar e promover transferência de

informação e conhecimento de fora para dentro da rede. Além disso, devido ao fato

de que as instituições interagem com muitas das empresas do cluster eles possuem

acesso a uma ampla variedade de soluções para seus problemas. A partir da

experiência adquirida pela observação de como os problemas foram resolvidos, as

instituições locais podem adquirir o conhecimento sobre as capacidades e soluções.

Assim, as instituições locais facilitam a inovação empresarial através do acesso a

informações e recursos, que por sua vez permite às empresas adquirir novas

capacidades e fortalecer as já existentes (VICEDO; VICEDO, 2011).

Moura (2015) afirma ainda que o conhecimento é base para o sucesso de

um cluster, mas a capacidade para disseminar o conhecimento entre seus membros,

através de relações e redes interfirmas, seria a chave para intensificar a

competitividade do cluster.

2.3.4. Treinamento e desenvolvimento de mão de obra

A presença de mão de obra especializada é característica básica de um

cluster (PORTER, 2000; LASTRES et al., 2003; CHLEBÍKOVÁ; MRÁZIKOVÁ, 2009;

DELGADO et al., 2014), mesmo Marshall (1920), já colocava como um dos

direcionadores dos chamados distritos industriais, a concentração de mão de obra.

No entanto, a capacidade de aprimoramento da mão de obra local é de crucial

importância para aumento da produtividade e inovação de um cluster.

O relatório da OECD (2007) demonstra que, apesar de uma base de

pessoal qualificada ser frequentemente citada como fator de sucesso de um cluster,

e um fator determinante para que uma firma se desloque para o local, nem sempre se

nota a ênfase em desenvolvimento de recursos humanos. Este resultado é

provavelmente devido, em parte, ao fato de que a maioria da educação e programas

de formação são muitas vezes vistos como condições já preestabelecidas. Os

programas de treinamento são também normalmente patrocinados por diferentes

agências e órgãos governamentais e não podem ser facilmente alinhados com as

necessidades particulares de um cluster em uma região.

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Clusters menos estruturados costumam ter mão de obra menos qualificada,

ao contrário de clusters mais avançados, onde a presença de mão de obra mais

preparada é evidente. De toda forma, em ambos os casos a necessidade de

treinamento de pessoal constante é notória, seja para aumento da produtividade ou

mesmo para prover o cluster em crescimento com mais pessoal treinado e preparado

para os avanços da tecnologia (MENDONÇA, 2008). Os estudos do autor mostram

ainda a relação direta entre aumento de mão de obra qualificada e a atração de novas

empresas para o cluster, gerando um potencial cíclico, reduzindo as barreiras de

entrada de novas instituições.

Vicedo e Vicedo (2011) trazem uma discussão a respeito do papel de

Universidades no desenvolvimento de um cluster. Entre outras atribuições,

instituições de ensino podem servir como centros de treinamento de pessoal

especializado, promovendo a inovação e, por conseguinte o aumento da

produtividade das empresas do cluster. Essas instituições são importantes agentes

nos clusters, pois fornecem conhecimento específico adquirido através da sua posição

como intermediários. As instituições de ensino locais têm a posição privilegiada de

possuírem redes de contatos externos ao cluster, e ao mesmo tempo estarem perto

das empresas, o que significa que elas podem explorar e transferir informação

conhecimento de fora para dentro da rede.

Otsuka e Sonobe (2011) citam que empresários inovadores podem adquirir

novos conhecimentos sobre tecnologia e gestão, visitando países estrangeiros com

frequência para participar de feiras e programas de treinamento, e envio de

trabalhadores para treinamento no exterior. Além disso, os autores evidenciam que o

conhecimento ensinado em programas de treinamento se alastra dentro de um cluster

além dos participantes para não participantes, de modo que a divulgação de novos

conhecimentos é alcançada sem muito custo e, portanto, mais eficiente. Silvestre e

Silva Neto (2014) complementam afirmando que uma das barreiras ao

desenvolvimento dos clusters, é a falta de conhecimento do negócio que estão

entrando pelos empreendedores e também a sua falta de treinamento, mostrando,

portanto, que o treinamento e desenvolvimento não é importante apenas para os

níveis mais operacionais.

Em sua pesquisa com foco em clusters do Kênia, Sonobe et al. (2011)

identificou que empresários com mais estudos estão propensos a terem maior

sucesso, ao poderem promover maiores inovações no negócio, e terem maior

rentabilidade. Educação formal, bem como experiência formal de trabalho no setor em

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que se encontra, são as chaves para aprender melhores métodos de produção e

melhoria na qualidade do produto. Neste ponto, governo e entidades não

governamentais, podem trabalhar em conjunto para prover os empresários de

programas de treinamento formais, que irão ensiná-los a promover inovações diversas

em seus produtos, marketing e na gestão do negócio.

No Brasil, instituições como SEBRAE e SENAI agem como instituições

capacitadoras, oferecendo treinamentos, consultorias e programas para a melhoria

dos processos gerenciais, das habilidades de liderança e do comportamento do

empreendedor. O objetivo é aumentar o nível de escolaridade e capacitação dos

trabalhadores, o que reflete no maior nível de competitividade das organizações de

um cluster (OLIVEIRA et al., 2010).

Além disso, faculdades e universidades presentes na região de um cluster,

podem, além de promover pesquisas de desenvolvimento de produtos, processos e

tecnologia, atuar na formação de pessoas para atuação na operação e gestão das

empresas (OLIVEIRA et al., 2010).

Também neste ponto a atuação do GTP APL elaborou ações de promoção

da capacitação gerencial aos gestores dos APLs, assim como para os formuladores

de políticas para APLs. A falta de qualificação destes personagens pode levar à uma

baixa qualidade tanto na elaboração como na gestão das ações e projetos. As

políticas nesta área incluem capacitação de liderança e capacidade para manipulação

de diferentes ferramentas gerenciais, com o intuito de melhor avaliação dos

resultados, e capacidade para se fazer ajustes, quando se fizer necessário

(BELLUCCI et al., 2014).

Além dos incentivos externos, tanto via políticas públicas ou através das

instituições de apoio, o esforço interno das companhias também pode incrementar as

condições de crescimento e refletir em ganhos para a comunidade. Práticas

organizacionais, tais como benefícios educacionais e treinamentos para reforço de

competências, além de boas condições de trabalho, certamente irão afetar o clima

interno, refletindo na qualidade de vida da comunidade na qual a empresa está

inserida (FELDMAN, 2014).

2.3.5. Associações e Instituições de Apoio

Porter (2000) dentro de uma lista de sugestões para maior

desenvolvimento de um cluster, apontou o envolvimento de seus participantes, e a

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presença de associações. Apesar de existir a presença de indivíduos que não

contribuem com o todo, é importante que representantes das empresas de todos os

portes do cluster participem ativamente. Em seu artigo de 1998, Porter já apontava a

associação dos membros de um cluster como um dos pilares críticos para seu

desenvolvimento. Trabalhar de forma coletiva, seja através de associações, grupos

de estudo ou escritórios de representação, beneficiária o cluster por inteiro e

aumentaria sua competitividade.

Delgado et al. (2014) citam que a presença de empresas do mesmo setor

da economia, pode facilitar a aproximação e criação de instituições suporte, que

seriam responsáveis por programas educacionais e representação comercial. Estas

instituições facilitariam ainda a cooperação entre produtores e pesquisadores dentro

de um cluster.

Suzigan et al. (2007) destaca que para se caracterizar um cluster como

tendo uma boa estrutura de governança, deve haver a presença de instituições locais

com representatividade política, econômica e social, que interajam com o setor

produtivo. A atuação de associações de classe, ou mesmo de uma empresa líder,

pode ter efeitos externos, e principalmente internos, com a melhoria da

competitividade das instituições do cluster. Pode ainda, a partir do estímulo destas

associações ou sindicatos, incentivar relações mais amistosas entre as empresas,

tendo como consequência positiva o incremento da competitividade do sistema como

um todo.

O relatório da OECD (2007) relata a existência de diversas associações

entre os clusters estudados. Tais associações, normalmente de fins não lucrativos,

são responsáveis por consultorias financeiras e estratégicas, e são fundamentais para

o desenvolvimento dos clusters nos quais estão inseridos. Servem ainda como uma

ligação com as entidades públicas. Suas responsabilidades envolvem ainda

treinamento de pessoal, divulgação de tecnologia, busca de financiamentos e

estratégias conjuntas de marketing.

Associações industriais proativas favorecem a criação de um senso comum

de identidade, através de iniciativas de relacionamento com órgãos públicos locais e

federais (MOROSINI, 2004).

Silvestre e Silva Neto (2014) notaram em sua pesquisa, que normalmente

há a falta de maior coordenação e organização de entidades representativas nos

clusters. Estas entidades seriam de crucial importância para a promoção de seus

produtos e o desenvolvimento econômico, incluindo criação de empregos, geração de

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renda e desenvolvimento local, destacando que a promoção é importante para que o

cluster negocie benefícios tanto na esfera pública como privada.

Mendonça (2008) cita que um dos fatores que promovem um ambiente

inovativo é a “presença de associações de classe e comerciais dedicadas à

qualificação da força de trabalho e capacitação tecnológica das firmas, além da

assistência de rotina às atividades produtivas técnicas e produtivas, comerciais e

financeiras”. Complementa com a necessidade da presença de associações de classe

para fins de qualificação de pessoal e do aumento da capacidade tecnológica das

empresas.

Importante citar a importância de associações locais dentro dos clusters.

Em caso de ausência ou falhas do Governo em promover pesquisa e

desenvolvimento, ações de apoio do cluster podem ser promovidas e implementadas

em regime de cooperação com as organizações locais, tais como associações

comerciais e câmaras de comércio e indústria. Possíveis falhas do governo podem

também ser mitigadas desta forma (NISHIMURA; OKAMURO, 2011).

Hoffmann et al. (2014) destacam a participação de instituições de apoio em

clusters da Noruega, ressaltando que as empresas se beneficiam por ter acesso a

associações de engenharia, que prestam alguns serviços de suma importância:

desenvolvimento profissional, promoção da cooperação local no que diz respeito a

acordos informais, para evitar a concorrência salarial, e a atração de investimento de

modo geral.

A concentração de empreendedores, formando um cluster, pode levar à

formação (consciente ou não) de instituições de apoio, em um processo de evolução

de desenvolvimento de tecnologia, do mercado e dos ambientes institucionais

(DILAVER et al., 2014). Os autores citam como exemplo, a oferta de fundos de risco

(Venture Capital), através do reinvestimento dos lucros. O crescimento subsequente

do cluster, por sua vez, será reforçado pela presença de tais instituições de apoio.

Li et al. (2015) ao mencionar as organizações locais de apoio, citando

instituições acadêmicas, instituições financeiras e outras agências de suporte,

destacam a importância destas instituições para preparação de mão de obra

qualificada, abertura de novas empresas, serviços de consultoria e cooperação em

pesquisa e desenvolvimento. Os autores afirmam ainda a importância que tais

instituições desempenham na atualização e disseminação de conhecimento no

cluster, tornando-se importantes na integração das empresas, incentivando a

cooperação. Estas instituições são ainda importantes como fontes de tecnologia e

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informação externas, funcionando como uma ponte entre as empresas de dentro e de

fora dos clusters (VICEDO; VICEDO, 2011; LI et al., 2015).

Ao encerrar este referencial teórico, é importante destacar a relação entre

os diversos tópicos apresentados. A primeira parte, onde se falou das redes

organizacionais, buscou-se dar uma introdução aos aspectos teóricos que permeiam

os estudos dos clusters. Estes, que podem ser considerados um tipo de rede

organizacional inserido em um ambiente de proximidade geográfica. Posteriormente

foram abordados os diversos aspectos a respeito dos clusters, mostrando que seus

estudos tiveram início por Marshall (1920), tomando novamente atenção da literatura

científica no final do século XX, através de Porter (1998), que em seus estudos,

mostrou a considerável importância da concentração de empresas.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção serão detalhados os métodos e as técnicas utilizados na

realização desta pesquisa, considerando o tipo e a natureza da pesquisa, assim como

o objeto estudado.

3.1. Caracterização da pesquisa

Para atingir os objetivos propostos na presente pesquisa, utilizou-se uma

abordagem qualitativa. E quanto aos fins, pode ser caracterizada como descritiva.

De acordo com Malhotra (2006), a pesquisa qualitativa pode ser utilizada

para gerar hipóteses e identificar variáveis que devem ser incluídas na pesquisa. O

autor cita ainda que a pesquisa qualitativa possibilita a compreensão do problema por

parte do pesquisador. Michel (2005) agrega da seguinte forma: Na pesquisa qualitativa, a verdade não se comprova numericamente ou estatisticamente, mas convence na forma da experimentação empírica, a partir da análise feita de forma detalhada, abrangente, consistente e coerente, assim como na argumentação lógica das ideias, pois os fatos em Ciências Sociais são significados sociais, e sua interpretação não pode ficar reduzida a quantificações frias e descontextualizadas da realidade. Deve-se considerar que há termos nas respostas dadas tão carregadas de valores, que só um participante do sistema social estudado, que vive e conhece a realidade daquele grupo, pode compreendê-los e interpretá-los (MICHEL, 2006, p. 33).

A pesquisa qualitativa não busca enumerar e/ou medir os eventos em

estudo, nem utiliza instrumentos estatísticos para a análise dos dados. Abrange a

coleta de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos pelo contato direto do

pesquisador com a situação objeto de estudo, procurando entender os fenômenos

segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo,

e a partir daí fazer a sua interpretação dos fenômenos estudados (GODOY, 1995).

A pesquisa é descritiva, porque busca descrever o funcionamento da

cadeia moveleira da microrregião de Ubá/MG. Conforme descrito por Raupp e Beuren

(2003), a pesquisa descritiva busca descrever as características de determinada

população, buscando analisar, classificar e interpretar fatos observados pelo

pesquisador, sem que este interfira neles. De acordo com Trivinõs (1987, p.110), a

pesquisa descritiva demanda do pesquisador uma quantidade de informações sobre

o que está sendo pesquisado e pretende descrever com precisão as particularidades

de determinada realidade.

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Para Collis e Hussey (2005), essa modalidade de pesquisa descreve o

comportamento dos fenômenos, sendo usada para obter informações sobre as

características de uma determinada questão. Vai além da pesquisa exploratória, uma

vez que avalia e descreve as características das questões relevantes.

Vergara (2005), complementa: A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação (VERGARA, 2005, p. 47).

Quanto aos meios, a pesquisa se caracteriza como um estudo de caso.

Dado que a presente pesquisa está focada em um cluster – Polo Moveleiro da

microrregião de Ubá/MG – o método de pesquisa “Estudo de Caso” é bastante

adequado. De acordo com Yin (2015) este tipo de pesquisa busca responder

basicamente o “como” e o “porque”, considerando que não exige por parte do

pesquisador o controle de eventos comportamentais, e possui enfoque em eventos

contemporâneos. O autor complementa afirmando que o estudo de caso é uma

maneira de se fazer pesquisa empírica, dentro do contexto de vida real do objeto

estudado, e utilizando múltiplas fontes de evidência, em situações em que os limites

entre o fenômeno e o contexto não estão claramente estabelecidos. De acordo com

Vergara (2005), “o estudo de caso é circunscrito a uma ou poucas unidades,

entendidas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão

público, uma comunidade ou mesmo um país. Tem caráter de profundidade e

detalhamento. Pode ou não ser realizado no campo”.

3.2. Coleta de Dados

Com o intuito de atingir os objetivos propostos no presente trabalho, e obter

respostas ao problema apresentado, e ainda, considerando sua abordagem

qualitativa, foram conduzidas entrevistas semiestruturadas com autoridades locais,

incluindo prefeitos e secretários de desenvolvimento econômico, representantes de

instituições de apoio, empresários e gestores das empresas e lideranças

representativas da unidade de análise que, de alguma forma, participam ou têm

influência na cadeia moveleira de Ubá.

A opção por um modelo semiestruturado de entrevista se deu pela

flexibilidade que este pode proporcionar, ao mesmo tempo que possui um

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direcionador com as principais questões que se pretende abordar. Doody e Noonan

(2013) afirmam que este modelo de entrevista é mais flexível, com oportunidade de

explorar assuntos que surjam espontaneamente. O entrevistador pode no decorrer da

entrevista explorar novos caminhos, mantendo foco no tópico, e inclusive fazer

perguntas adicionais. Marconi e Lakatos (2011) destacam ainda a liberdade que a

entrevista semiestruturada proporciona ao entrevistador, que pode desenvolver cada

situação na direção que achar mais conveniente. As autoras afirmam que seria uma

forma de explorar mais amplamente a questão.

Os roteiros de entrevistas semiestruturados utilizados, foram elaborados

especificamente para cada um dos perfis de respondentes (Autoridades municipais,

empresários e Representantes das Associações/Instituições de apoio), que foram

selecionados por conveniência e acessibilidade.

Para elaboração do roteiro de entrevista foram selecionadas 5 dimensões

relativas à caracterização de um cluster, baseados no referencial teórico estudado:

1) Inovação

2) Políticas públicas

3) Relacionamento entre as partes

4) Treinamento e desenvolvimento de mão de obra

5) Associações e instituições de apoio.

Posteriormente, foram feitos cruzamentos entre os dados obtidos nas

entrevistas com a literatura a respeito dos clusters, possibilitando a identificação de

pontos fortes e fracos do APL moveleiro da microrregião de Ubá, tendo como

referência as categorias enumeradas acima.

A partir das entrevistas realizadas, foram também levantadas as sugestões

dos diversos stakeholders ouvidos, para um maior desenvolvimento da cadeia.

Ao todo, foram realizadas 9 entrevistas semiestruturadas, sendo 8

presenciais no próprio local de trabalho do entrevistado e 1 por telefone. As entrevistas

tiveram duração entre 15 e 70 minutos Das 8 entrevistas presenciais, 6 foram

gravadas e transcritas, totalizando 167 minutos de gravação e 55 páginas de

transcrição. Os 9 entrevistados ficam assim caracterizados:

- 4 empresários do setor moveleiro

- 3 representantes de instituições de apoio, sendo:

- Representante do sindicato patronal.

- Representante do SESI.

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- Diretor de uma empresa prestadora de serviços de comunicação

na região, e que fez parte do GTP APL.

- 2 representantes do poder público, sendo

- Prefeito de uma das cidades

- Secretário municipal de desenvolvimento econômico, de uma das

maiores cidades da região.

Os entrevistados foram escolhidos por amostragem não probabilística, por

conveniência, tendo sido utilizado ainda a técnica de “bola de neve”, onde alguns dos

entrevistados indicaram outros profissionais para se submeterem à entrevista.

3.3. Técnicas de interpretação dos dados

Com o intuito de atender os objetivos propostos, o material coletado, entre

entrevistas realizadas pelo pesquisador, dados do projeto do SEBRAE realizado por

Souki (2014) e ainda as bases de dados públicas acessadas, foram submetidas à

análise de conteúdo, conforme o modelo proposto por Bardin (2011), segundo a qual

esta técnica é:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos, a descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. (BARDIN, 2011, p.42).

De acordo com a autora, a realização da análise de conteúdo implica na

observância de três fases: Pré-análise, exploração do material e tratamento e

interpretação dos resultados.

A fase da pré-análise refere-se à fase de organização do material, definindo

o formato do esquema de trabalho, o levantamento do que será necessário, com os

procedimentos bem definidos, porém flexíveis, propiciando a interpretação e a

preparação formal do material, incluindo ainda a possível edição dos textos, que pode

envolver o alinhamento de enunciados até a transformação linguística do texto. Esta

fase inclui uma leitura flutuante dos textos, onde se toma as primeiras impressões e

observações (BARDIN, 2011).

A fase de exploração do material corresponde à operacionalização e o

cumprimento das decisões tomadas na fase de pré-análise. Nesta etapa, é feita a

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definição de um conjunto de categorias, propiciando ou não a riqueza das

interpretações e inferências (BARDIN, 2011).

E, finalmente, o tratamento dos resultados e interpretação compreende a

fase em que o pesquisador torna significativa e válidos os dados obtidos. No caso de

pesquisa qualitativa, como é o caso da presente pesquisa, são utilizadas inferências

e interpretações pelo pesquisador (BARDIN, 2011).

Neste caso, as categorias definidas foram aquelas estabelecidas nos

objetivos da pesquisa, e a análise foi feita baseada no referencial teórico levantado.

Tais categorias (ou dimensões) foram definidas a partir da revisão da literatura a

respeito de clusters, partindo dos estudos de Porter (1998 e 2000) e também de

diversos outros autores posteriores a ele.

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4. UNIDADE DE ANÁLISE

A unidade de análise da presente pesquisa é a cadeia moveleira da

microrregião de Ubá/MG, localizada na Zona da Mata do estado de Minas Gerais,

próximo às fronteiras dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

A principal cidade da região é Ubá, com uma superfície de 407,45 km2. A

população da cidade, de acordo com o Censo de 2010 do IBGE (2010) é de 101.519

habitantes (Tabela1).

TABELA1

População residente do Município de Ubá em 2010

Fonte: Elaboração pelo autor com dados provenientes de IBGE (2015)

A microrregião de Ubá é formada por 17 municípios: Astolfo Dutra,

Divinésia, Dores do Turvo, Guarani, Guidoval, Guiricema, Mercês, Piraúba, Rio

Pomba, Rodeiro, São Geraldo, Senador Firmino, Silveirânia, Tabuleiro, Tocantins,

Ubá, Visconde do Rio Branco, dispostas conforme figura 3 que juntas concentram

uma população de aproximadamente 270 mil habitantes e uma área territorial total de

3.586 Km2 (Tabela 2).

FIGURA 3 – Posição dos municípios que compõe a microrregião de Ubá

Fonte: CityBrazil (2016)

Urbana Rural TotalMasculino 48166 2092 50258 Feminino 49470 1791 51261 Total 97636 3883 101519

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Em termos de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o município de

Ubá apresenta um índice considerado alto, de 0,724 em 2010, tendo evoluído 15,24%

desde 2000, quando o índice era de 0,628. No entanto, o índice é puxado muito mais

pelos componentes de renda e longevidade, enquanto no critério de educação, o

município ainda apresenta um número baixo, com apenas 36,5% da população até 20

com ensino médio completo, contra 43% na média do estado de Minas Gerais (PNUD;

IPEA; FJP, 2013). Ainda de acordo com o relatório, a cidade de Ubá ocupa a 1191ª

posição entre os 5.565 municípios brasileiros, segundo o IDHM.

TABELA 2

Municípios que compõe a microrregião de Ubá

Fonte: Censo Demográfico do IBGE (2010).

A região encontra-se a cerca de 300 Km da capital de Minas Gerais, Belo

Horizonte, e também a aproximadamente a mesma distância da capital do Estado do

Rio de Janeiro. Além disso, sua localização é atendida por importantes eixos

rodoviários, que facilitam a logística do polo (Figura 4). Desta forma, a proximidade

das grandes metrópoles do Brasil, e a facilidade de acesso rodoviário da maioria das

regiões do Brasil, incluindo regiões Norte e Nordeste, pode ser considerada uma

vantagem competitiva para o APL, em comparação aos principais polos moveleiros

MunicípiodoAPL População ÁreaKm2AstolfoDutra 13049 158,89 Divinésia 3293 116,97 DoresdoTurvo 4462 231,17 Guarani 8678 264,19 Guidoval 7206 158,38 Guiricema 8707 293,58 Mercês 10368 348,27 Piraúba 10862 144,29 RioPomba 17110 252,42 Rodeiro 6867 72,67 SãoGeraldo 10263 185,58 SenadorFirmino 7230 166,50 Silveirânia 2192 157,46 Tabuleiro 4079 211,08 Tocantis 15823 173,87 Ubá 101519 407,45 ViscondedoRioBranco 37942 243,35 TOTAL 269650 3586,11

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que se localizam predominantemente na região Sul do país, como Bento Gonçalves

(RS), São Bento do Sul (SC) e Arapongas (PR) (BUSTAMANTE, 2004).

FIGURA 4 – Localização geográfica da microrregião de Ubá

Fonte: Crocco e Horácio (2001).

O setor moveleiro na região de Ubá teve início na década de 1960, como

alternativa aos problemas ocasionados por uma crise econômica, e a redução da

importância do cultivo do fumo, gerando um aumento do desemprego na região. Com

o surgimento das primeiras fábricas de móveis, o setor moveleiro passou a ser

considerado o mais promissor na região, respondendo hoje por em torno de 65% de

toda a renda gerada na região (OLIVEIRA et al., 2010).

Os principais destaques em termo de pioneirismo na atividade moveleira

da região foram dois grupos industriais: a fábrica de móveis de aço Itatiaia e o grupo

Parma, grupo de empresas de José Francisco Parma, considerado o pioneiro na

criação do polo moveleiro. No início os móveis eram de qualidade baixa e se

destinavam à população de baixa renda. No início dos anos 1970, com o

encerramento das atividades das indústrias de José Francisco Parma, o que poderia

decretar a redução ou mesmo extinção do polo, mostrou-se como um novo

impulsionador da indústria, dado que boa parte dos antigos 1800 funcionários do

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Grupo Parma deu início à produção própria de móveis, com a abertura de pequenas

empresas e absorvendo a mão de obra local (INTERSIND, 2016).

Um resumo com os principais acontecimentos que marcaram a história da

cadeia moveleira de Ubá pode ser vista no quadro 3.

QUADRO 3

Principais fatos históricos do APL de Ubá

Fonte: Macedo et al. (2011).

No APL é produzida uma sucessão de artigos do mobiliário, incluindo desde

produtos feitos de madeira até móveis de metal e ainda estofados. O polo moveleiro

de Ubá concentra em torno de 300 empresas tornando-se, assim, um dos mais

importantes polos moveleiros do estado de Minas Gerais e também do Brasil.

Bustamante (2004) demonstra o destaque que a microrregião de Ubá

possui em relação à concentração de empresas moveleiras no Estado de Minas

Gerais. O arranjo produtivo de Ubá destaca-se por ser o maior gerador de empregos

formais para a indústria moveleira no estado, representando 50% do total, e, ao

mesmo tempo, detém o significativo número de 33% das empresas moveleiras do

estado.

Os fabricantes de móveis de madeira do polo moveleiro, podem ser

divididos em 3 tipos, conforme (ALBINO, 2009):

- Empresas fabricantes de móveis chapeados e pintados: produtos de

linhas mais padronizadas, com foco nas classes mais populares;

- Empresas fabricantes de móveis em madeira maciça e chapas: móveis

na linha de marcenaria, com utilização conjugada de madeira maciça e MDF (ou

aglomerado). Possuem design mais apurado e tempo de fabricação mais longo,

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exigindo menos tecnologia e mais trabalho de marceneiros. Os principais produtos

são salas de jantar e estofados.

- Empresas fabricantes de móveis tubulares padronizados: Móveis para

atender classes mais populares. Como exemplos temos móveis de escritório, camas

e estofados

Interessante notar que, se por um lado, o polo sedia a maior empresa de

móveis de aço da América Latina e alguns outros grandes fabricantes de móveis de

madeira, o APL da microrregião de Ubá é formado basicamente por micro e pequenas

empresas, com foco na fabricação de móveis residenciais, e destinados ao mercado

interno (SOUZA FILHO et al., 2013).

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5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Os dados coletados na pesquisa foram submetidos à análise de conteúdo.

Como dados primários foram utilizadas as transcrições e anotações provenientes das

entrevistas realizadas pelo autor no mês de julho de 2016.

As análises foram feitas com a segmentação pelas 5 dimensões relativas

à caracterização de um cluster, e que estão amparadas por subcapítulos do

referencial teórico, conforme exposto na Metodologia deste trabalho. Na descrição da

situação da cadeia, em cada dimensão, procurou-se mostrar os pontos fortes e fracos

do polo, identificados pelo pesquisador.

Ao final, serão apresentadas as sugestões para maior desenvolvimento da

cadeia produtiva madeireira da microrregião de Ubá/MG mencionadas pelos

entrevistados.

Os trechos das entrevistas apresentados na análise terão uma

classificação de duas letras, de acordo com o perfil do entrevistado, seguido de um

número (n), conforme o seguinte:

· Representante das instituições de apoio: [IAn]

· Representante do poder público: [PPn]

· Empresário: [EMn]

5.1. Dimensão 1: Inovação

Nesta dimensão, buscou-se compreender a capacidade de inovação do

polo, procurando entender como ocorre a geração e difusão de conhecimento.

Porter (2000) destaca que a participação de uma empresa em um cluster

oferece muitas e potenciais vantagens no que se refere a inovação, em comparação

a atuar de forma isolada. Além disso, em um cluster, para que a inovação aconteça

de forma mais eficaz é necessário que haja cooperação entre os seus participantes

(RODRIGUEZ; VALENCIA, 2008; NISHIMURA; OKAMURO, 2011; PORTUGAL

FERREIRA et al., 2012; GARANTI; BERZINA, 2013). No entanto, o que se percebe

no polo moveleiro da microrregião de Ubá – com pouquíssimas exceções – é um

isolamento dos empresários, e a baixa interação com as instituições para

desenvolvimento de novos produtos e/ou processos. Um dos empresários

entrevistados citou:

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Algumas empresas se acham grandes e independentes, não dependem de ninguém e algumas são pequenas demais, e acreditam que ninguém vai dar ideia para ela, porque é pequeno, e acha que as vezes, isso não vai resolver. [EM1].

O mesmo entrevistado, quando perguntado se existe algum tipo de

cooperação quanto a troca de ideias, produtos, design e processos, respondeu:

Não interage entre as indústrias do polo não, muito raro isso acontecer. Até porque alguns tem algumas técnicas que ele quer preservar, porque se eu ensinar o pulo do gato, meu concorrente vai entrar também. [EM1].

Foi citado ainda que algumas empresas sequer aceitam convites para

entrevistas ou qualquer tipo de pesquisa acadêmica, acreditando que poderiam perder

informações para seus concorrentes. Foi mencionado ainda a medida extrema de

alguns empresários mais conservadores, de não divulgar os produtos mais recentes

em sua página na internet, acreditando que assim evitaria imitação pelos

concorrentes.

As poucas iniciativas de troca de informações ocorrem de maneira informal,

através de contatos entre empresários que possuem relação mais próxima, conforme

depoimento de uma das entrevistadas, quando questionada sobre a existência de

reuniões formais para troca de experiências e informações.

Li et al. (2013) já afirmava que a proximidade geográfica pode beneficiar o

conhecimento e inovação em uma rede organizacional, dado uma maior frequência

dos contatos pessoais, que culminam em relações sociais entre os participantes da

rede, facilitando assim o fluxo e transferência de conhecimentos.

Percebe-se que o polo não possui muita inovação em seus produtos, e que

as novas empresas que surgem, são na verdade uma repetição do que já existe, já

que normalmente são abertas por ex-funcionários de alguma outra indústria.

Isso não impede que os móveis produzidos no polo sejam de alta

qualidade, conforme mencionado por dois entrevistados:

Os móveis aqui são bons, de design, de qualidade, então, nós estamos competindo com qualquer outra região, por exemplo, o Sul, que é mais forte, São Paulo, em termos de qualidade de produto, nós estamos no mesmo nível, nós não temos diferença. [IA1]. É um polo preparado, tem produto bonito, tem produto de qualidade, o polo aqui ganha os prêmios top model do Brasil todo ano. A maioria dos prêmios a gente ganha: cerca de 30% dos prêmios vem para cá. [EM2].

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De forma geral, o perfil dos empresários locais é de empreendedores, que

baseados em sua experiência profissional em uma das grandes empresas da região,

acaba por abrir o próprio negócio, fabricando móveis no mesmo padrão e estilo dos já

existentes, sem trazer novidades para o mercado. Esse perfil empreendedor, mas não

necessariamente com foco em inovação, pode ser notado na fala de alguns dos

entrevistados, ao serem perguntados se as novas empresas que surgiam traziam

novas ideias, produtos ou novas tecnologias:

Não necessariamente. No segmento moveleiro tem poucas empresas que puxam, que criam coisas novas, as outras copiam. Normalmente, é um setor de cópia (...) tem uma meia dúzia que puxa o barco, o resto vai atrás. [EM2]. O que a gente observa é que o espírito empreendedor faz com que a cidade saia de uma economia rural e fique quase que 100% voltada para a indústria. Dentro dessa linha, muitos ex-funcionários dos grandes grupos que iniciaram, se tornaram grandes grupos, mas os pioneiros foram e montaram as suas empresas. [PP1]

De acordo com Garanti e Berzina (2013) a presença de universidades,

centros de pesquisa e o investimento em pesquisa, têm um impacto positivo na

capacidade de inovação de um cluster. No entanto, a simples presença não é

suficiente. Deve haver colaboração entre as empresas e as universidades. No polo

moveleiro, a interação com Universidades e entidades de pesquisa é mínima, com

algumas ações isoladas, não representando fator relevante para o desenvolvimento

da inovação no polo.

De acordo com o representante de uma das instituições de apoio, a atuação

das universidades locais se restringe a projetos isolados de pesquisa e extensão, que

não trazem benefícios à inovação, seja de produtos ou processos, para o polo

moveleiro.

Estas instituições e suas ações serão melhor descritas nos itens de

Treinamento e desenvolvimento, e ainda na dimensão de Associações e instituições

de apoio.

5.2. Dimensão 2: Políticas públicas

Nesta dimensão mapeou-se quais órgãos da esfera pública atuam no APL,

e como funciona esta atuação. Investigou-se, ainda, a participação do GTP APL no

desenvolvimento do polo.

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Considerando as cinco dimensões do papel de um governo para ajuda e

desenvolvimento de um cluster de Gallardo Estrella (2011), que vão desde inexistente,

até uma atuação intervencionista, percebe-se que no caso do APL moveleiro da

microrregião de Ubá, a atuação governamental está em uma posição intermediária

entre a primeira dimensão, que é uma inexistência de políticas econômicas

governamentais, a segunda, onde a atuação do governo se limita a ser apenas um

mediador entre as diversas partes, mas seu envolvimento direto é limitado. Muito se

ouviu nas entrevistas sobre o isolamento do polo em relação à atuação das diversas

esferas governamentais, conforme trechos das entrevistas abaixo:

A gente percebe que não tem nenhum incentivo, pelo menos no lado político. A prefeitura de Ubá em si, ela não oferece nenhum benefício hoje para vir uma indústria de fornecedor. [EM1] O segmento é um segmento de guerreiros, empresários guerreiros, não tem ajuda absolutamente nenhuma do governo, por iniciativa do governo. [EM2] Nem municipal, nem estadual, nem federal, nada. Não teve essa cultura aqui. Não houve na história de Ubá essa aproximação empresa/governo ou governo/empresa, é cada um por si. [EM2] E hoje você vê uma tendência muito forte do governo, cada dia mais empurrar responsabilidade social para cima das empresas. [EM2] A gente tem uma participação pequena do poder público, pequena, tanto a nível estadual, municipal, federal. Eu acho que quando começou com o GTP APL a gente tinha uma participação muito mais intensa. A gente conseguiu fazer trabalho com o MDIC, conseguimos fazer trabalho com FINEP. Então isso tudo mudou o foco, se perdeu um pouco. A gente não tem esse trabalho mais, então eu percebo que a gente ficou um pouco perdido, esse apoio governamental dos órgãos públicos se perdeu muito. [IA1]

Mesmo os representantes dos governos municipais entrevistados,

demonstraram a falta de apoio governamental, e ainda o distanciamento das demais

esferas:

A gente vê muito pouca ação, plano ou apoio dos governos estadual e federal. [PP1] Não há atuação do governo estadual e federal. Só quebra os municípios, só quebra as indústrias, porque a tributação é absurda, só aumenta, não tem anuência em nada, só cobrança, então só prejudica mesmo. [PP2]

Souki (2014) em sua pesquisa na mesma região estudada, já havia

identificado em suas entrevistas que a atuação pública no polo é muito mais

normativa, fiscalizadora e punitiva do que efetivamente buscando o desenvolvimento

da cadeia. Notou-se a falta de políticas públicas de longo prazo e ainda uma falta de

alinhamento entre os diversos órgãos normatizadores e fiscalizadores.

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Sobre a atuação do GTP APL, que dentre os APLs do Brasil eleitos como

prioritários para suas ações está o arranjo produtivo moveleiro de Ubá, e que em 2007

teve um plano de desenvolvimento elaborado, apesar de ter sido importante para o

polo por um determinado tempo, notou-se que não possui mais ações diretas de

envolvimento, conforme mencionado por alguns dos entrevistados: Eles começaram o trabalho em 2006, inclusive, a gente participou como um dos APL’s piloto na época, dado que eles escolheram onze APL’s para atuar e um desses onze, fomos nós. Houve um trabalho grande, mas depois, não tem mais nenhum tipo de atuação. [IA1] Na época a gente conseguiu fazer um trabalho bem interessante junto com as outras entidades parceiras, SEBRAE, FIEMG, as próprias universidades, Universidade de Viçosa, Universidade de Juiz de Fora. Então, foi um trabalho integrado muito bom, a gente teve um trabalho de desenvolvimento grande aqui. E depois eles mudaram um pouco o foco do GTP APL. Antes era tudo em Brasília, quando começou, aí depois eles passaram para o estadual e eu para te falar verdade, eu nunca recebi nada de GTP APL estadual. Nunca mais fomos chamados para reunião nenhuma. [IA1] Nesses oito anos nunca fui visitado por eles. [PP1] Já tem um bom tempo que parou, já tem uns 4 ou 5 anos que parou. [IA2]

De acordo com os entrevistados, o GTP APL teve uma forte atuação junto

ao polo moveleiro, mas após alguns anos as ações foram suspensas, e mesmo os

principais interlocutores locais, não receberam mais qualquer tipo de informação sobre

o grupo.

Sobre a esfera municipal, percebe-se um distanciamento entre os

governantes e os empresários. Estes últimos ressaltam a importância econômica do

setor moveleiro para as cidades da microrregião, no entanto, pouco é feito pelos

municípios para impulsionar ainda mais o desenvolvimento do polo. Alguns

entrevistados citaram ainda a inexistência de um distrito ou bairro industrial, que

pudesse acomodar de forma mais organizada as atuais e novas empresas, conforme

trechos a seguir:

Também nunca houve muito reconhecimento pelos governos municipal, estadual e federal. Não é o reconhecimento que o setor merece. [IA2] A prefeitura de Ubá em si, ela não oferece nenhum benefício para vir uma indústria de fornecedor. [EM1] Se tiver um distrito industrial vai motivar outras indústrias ou fornecedor, prestador de serviço. O governo municipal precisa ter essa visão. Eu penso que precisa desse grande projeto, seria um marco para a nossa cidade esse distrito industrial. [EM1]

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Por outro lado, o representante do governo municipal entrevistado, falou

das dificuldades para a criação de um distrito industrial na cidade de Ubá: Não tem espaço para criar um condomínio industrial, não tem essa área, seria detonar a topografia, então o que tem que fazer é conviver com isso aí. Eu vejo que sonho do distrito industrial, na minha opinião, é sonho e inviável. Porque se você tirar uma fotografia do alto, você vai ver imensos galpões, não são pequenos não e aí o cara vai sair do que é dele? E ainda mais o que eu falo, o empreendedorismo e o individualismo prevalece, o cara não vai sair do que é dele para viver em condomínio. Distrito industrial é condomínio, então você já mata por aí, já mata na origem do empresário daqui. [PP1]

Algumas ações governamentais de desenvolvimento ocorrem no polo

através do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). De acordo com seu

representante entrevistado, um programa que a instituição está implantando é o

“Brasil Mais Produtivo”, uma iniciativa do MDIC que visa aumentar a produtividade das

empresas. Segundo ele, 40 empresas do setor moveleiro da microrregião de Ubá

serão beneficiadas. A iniciativa é subsidiada pelo Governo Federal, que arca com

83,3% do custo de implantação, enquanto as empresas devem pagar uma

contrapartida de R$3.000,00, o que corresponde a 16,7% do custo total do trabalho,

que é R$18.000,00 (MDIC, 2016). Ainda de acordo com as informações do programa:

O Programa consiste na realização de consultoria tecnológica no processo produtivo, de baixo custo, com o objetivo de obter ganhos expressivos de produtividade ou redução no custo de produção. As melhorias rápidas acontecerão com a utilização de ferramentas de manufatura enxuta customizadas para atendimento aos setores do Programa, com foco na redução de sete tipos de desperdícios mais comuns no processo produtivo: superprodução, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventário, movimento e defeitos (MDIC, 2016).

A atuação do SENAI será ainda abordada nas dimensões de Treinamento

e Desenvolvimento, e Associações e instituições de apoio.

5.3. Dimensão 3: Relação entre as partes

Nesta dimensão o foco foi compreender como é a relação entre os diversos

elos da cadeia, dado que as conexões são cruciais para a competitividade de um

cluster.

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Um fator crítico para o desenvolvimento de um cluster é a confiança entre

os empresários ali presentes (FIESP/MDIC, 2007). No entanto, conforme já visto na

dimensão de inovação, não existem fortes relações formais e de confiança entre os

empresários do polo moveleiro da microrregião de Ubá. Pelo contrário, existe

desconfiança e excesso de competitividade entre os concorrentes. Alguns trechos das

entrevistas ilustram esta situação:

Um outro problema que eu vejo, é a falta de associativismo entre as empresas. Eu percebo uma desunião muito grande, a falta de interesse do grupo em estar unido. [EM1] Não tem cooperação, o setor não chegou a essa maturidade ainda não, de cooperativismo. Vamos transportar em conjunto? Vamos comprar em conjunto? Não, não existe isso. [EM2] Não tem essa cultura política aqui, não tem, o pessoal não vê assim, não é o foco, a pessoa veio sozinha, cresceu sozinha, ganhou algum dinheiro sozinha e acha que não precisa de ninguém, entendeu? [EM2]

A gente já tentou fazer grupo de compras, mas não conseguimos não. Você oferece o preço mais barato, então, aí a empresa também fica desconfiada, porque ela tem que abrir custos, porque para você comprar conjunto, você tem que saber o preço que você está pagando. Como é que você compra o conjunto se você não tiver informação um do outro? [IA1] Um ponto fraco as vezes é abandonar alguns que estão nascendo. Isso aí a gente percebe claramente que tem um grupo, que em questão do sindicato deles, alguns dos moveleiros, as vezes acho que eles não olham muito para os que estão começando. A própria feira de móveis você vê isso característico, o pequeno não entra. [PP1]

A feira citada pelo entrevistado é a FEMUR (Feira de Móveis de Minas

Gerais), que ocorre a cada 2 anos na cidade de Ubá. A edição de 2016, ocorrida no

mês de maio, atingiu um volume de negócios de quase R$ 300 milhões para os 75

expositores presentes, tendo recebido aproximadamente 15 mil visitantes nos seus 5

dias de funcionamento (FEMUR, 2016).

Seria importante que os empresários tivessem uma visão de médio e longo

prazo, deixando de lado o imediatismo. O sucesso dos projetos é fruto do

fortalecimento dos laços, que somente ocorrerá com o aumento da confiança,

conforme FIESP/MDIC (2007).

Não somente o relacionamento entre os concorrentes é crítico no APL

moveleiro de Ubá, mas também as relações com fornecedores e com o Governo de

forma geral, conforme já mencionado no item anterior. Estas características, mostram

que o APL pode ser caracterizado como informal, de acordo com a classificação de

Oliveira et al. (2012). De acordo com o autor, neste tipo de cluster prevalece a

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competição e baixa confiança entre seus membros, enquanto nos clusters

organizados e inovativos, as relações são mais encorpadas, e pode-se notar que os

membros são mais cooperativos. Algumas passagens das entrevistas mostram esta

relação com os fornecedores:

Eu tentei montar uma central de compras de estofado, mas tinha fornecedor também querendo quebrar esse projeto. Aí acabou o grupo perdendo força e infelizmente não teve jeito. [EM1] O fornecedor tinha que estar perto, para você desenvolver o produto, para ele ver qual é a dificuldade, para você ter uma aproximação com ele. A gente tem, assim, uma aproximação, claro que tem, porque é um polo, é o volume, então obriga o fornecedor a vir aqui. Mas, acaba não tendo um relacionamento muito mais próximo do que deveria ter. [IA1] Não houve preocupação em fortalecer o fornecedor, o empresário hoje, prefere andar sozinho, fazer com os próprios recursos, a ter gente em volta dele e não tem aquela visão de que se ele não tiver bons fornecedores vai chegar a hora que ele vai ter problemas. [IA2]

E algumas passagens mostram problemas no relacionamento com outros

membros da cadeia:

Vemos alguns advogados, alguns profissionais, tentando lesar a empresa, tentando lesar o estado, para beneficiar o trabalhador. E injustamente. [EM1] Acho que falta participação, sair um pouco desse individualismo, contribuir um pouco mais com a cidade, (...) e assim que estiverem legais, contribuírem com o que tem que fazer, que é pagar seus impostos em dia, sonegar menos. Precisa cada dia trazê-los para dentro da legalidade e trazê-los para a responsabilidade social, pagarem não só os seus impostos, como também dar retorno e qualidade de vida para os seus funcionários. [PP1]

Percebe-se pela fala dos entrevistados, que os empresários preferem

trabalhar “sozinhos”, sem criar maiores conexões com os demais membros da cadeia,

sejam eles concorrentes, fornecedores ou também o poder público. Com poucas

exceções, os empresários não conseguem ter a visão mencionada por Lai et al. (2014)

de que uma maior capacidade de se relacionar entre os membros de um clusters,

pode ser benéfico para a companhia no sentido de aumento de sua produtividade, de

capacidade de investimentos e ainda de seu poder de inovação.

Nas entrevistas realizadas por Souki (2014) também foi notada a fragilidade

nas relações entre as diversas partes. Notou-se uma falta de conhecimento da cadeia

produtiva, foco no ambiente interno das empresas e relações entre compradores e

fornecedores na base do “levar vantagem”. Percebeu-se uma necessidade urgente de

melhoria no fluxo das informações, comunicação e articulação, visando incrementar

as relações entre os diversos agentes da cadeira produtiva.

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5.4. Dimensão 4: Treinamento e desenvolvimento de mão de obra

Nesta dimensão 4, o objetivo foi identificar como está a disponibilidade e

qualidade da mão de obra operacional especializada na cadeia moveleira,

investigando-se a existência de iniciativas para treinamento. Além disso, o objetivo foi

analisar a existência de treinamentos gerenciais e nível de preparo dos empresários,

o que pode ser um fator de maior competitividade do cluster.

De modo geral, quando se fala em capacitação técnica, foi apurado que os

trabalhadores do polo possuem as habilidades e conhecimentos adequados para a

produção de móveis, mas de maneira geral, com um perfil bastante operacional, e

sem acrescentar inovações aos produtos. Tais habilidades são adquiridas de duas

formas: primeiramente, via aprendizado no próprio ambiente de trabalho, seja por falta

de mão de obra para funções específicas no mercado ou por uma questão de

sucessão, onde as técnicas do ofício são passadas de pai para filho, conforme abaixo:

A capacitação vai passando de pai para filho, a indústria moveleira é muito familiar. Muito mais treinamento, vamos dizer, dentro do trabalho mesmo. As coisas acontecem é lá dentro mesmo. [PP1] A maioria aprende no trabalho mesmo, no trabalho, a maioria dos profissionais aprende no trabalho. [PP2]

Ervilha et al. (2013) observaram em sua pesquisa que apesar do

crescimento apresentado pelo APL, ainda se faz necessário maior investimento em

capacitação de pessoal para que haja um aumento na eficiência produtiva das

empresas.

A segunda vertente relativa à capacitação técnica dos trabalhadores da

cadeia moveleira de Ubá, refere-se à atuação do SENAI no treinamento técnico de

mão de obra na cadeia moveleira, que foi mencionado por todos entrevistados,

conforme depoimentos a seguir:

Eu fiquei até surpreso, essa semana eu visitei o SENAI em Ubá os caras estão com arsenal violento para preparar gente, entendeu? Então, eu acho que no futuro próximo, a dificuldade do conhecimento vai ser amenizada, se as empresas acreditarem e apoiarem aquele programa, ele tem muito que dar para a região. [EM2] A vocação do SENAI em Ubá é o setor moveleiro, então a quantidade de pessoas que eles já treinaram e já capacitaram é enorme. Tem curso técnico de design, tem curso técnico de Segurança do Trabalho, tem curso técnico

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de Eletricista, tem curso técnico de Mecânico e fora os cursos que são típicos do SENAI mesmo, que são esses cursos de formação, de marceneiro, de estofador. [IA1] O SENAI trabalha muito bem isso, o SENAI é uma das instituições que continua porque não depende muito da vontade do empresário, depende da vontade do empregado, de estar reciclando. O SENAI continua assim, bem forte, eu acho que tem formado boas mão de obras. [IA2] O SESI SENAI é um parceiro que nós temos aí do nosso polo, importantíssimo que tem uma atuação, eu diria, que vem fortalecendo cada vez mais essa relação. [EM1]

Além da melhor preparação dos profissionais para o mercado de trabalho,

o objetivo do SENAI é que este aumento no nível de escolaridade e capacitação dos

trabalhadores, reflita no maior nível de competitividade das empresas do polo

(OLIVEIRA et al., 2010). Mendonça (2008) mostrou ainda que existe uma relação

direta entre aumento de mão de obra qualificada e a atração de novas empresas para

o cluster, gerando um potencial cíclico, reduzindo as barreiras de entrada de novas

instituições.

Em visita às instalações do SENAI na cidade de Ubá, foi possível notar que

a instituição possui uma estrutura de aprendizado bem montada, contando com

laboratórios para o aprendizado prático dos ofícios de marcenaria (Figura 5), entre

outros, e salas de aula equipadas com equipamentos de audiovisual.

FIGURA 5 - Vista de um dos laboratórios do SENAI em Ubá

Fonte: Resultados da pesquisa

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Em relação ao conhecimento gerencial e capacidade de gestão dos

empresários, percebe-se que, de modo geral, eles possuem baixo nível de

escolaridade, alto conhecimento técnico, mas pouca noção de gestão empresarial,

conforme trechos a seguir:

A cultura do nosso polo, veio de uma base muito pouco estruturada em gestão, muito pouco estruturada em Administração. [EM1] Eu diria que essa cultura ela vem realmente da falta de cultura, a falta de conhecimento, de estudo, não é o nome correto, é a falta de formação acadêmica. [EM2] Os proprietários, em relação a formação, eu acho que tem pouca formação escolar, assim, se você for pensar, em termos formal, muito pouco, são poucos os empresários que tem curso superior. Agora, experiência, aí nem se fala, porque eles estão aí até hoje. [IA1] Muita empresa fechou por má gestão. [IA2]

Entretanto, nos últimos anos, tem-se notado um avanço na preocupação

dos empresários em se preparar gerencialmente, seja por perceberem a necessidade,

devido ao mercado mais competitivo, ou mesmo devido à crise financeira que atinge

o Brasil.

Esses empresários sentiram a necessidade de melhorar, e aí sim, a gente percebe um pouco mais de profissionalização, um pouco daquele espirito amador, empreendedor e começa a preocupar um pouco mais. [PP1] Em termos de capacidade gerencial, os proprietários, os diretores, eles passaram a se preocupar um pouco mais com isso. [PP2] Tem uma turma boa aí, que estão assim, bem preparados, acho que esse foi um ponto positivo do GTP APL, foi a questão da profissionalização da gestão. Muita empresa fechou por má gestão e o GTP APL veio para fazer isso também e fez bem feito. [IA2]

Esta última fala ressalta um dos benefícios que o GTP APL trouxe para o

polo, que foi a questão da capacitação gerencial dos proprietários das empresas,

conforme mencionado por Bellucci et al. (2014). De acordo com o autor, o grupo

promovia capacitação de liderança e ainda de diferentes ferramentas gerenciais, com

o objetivo de melhor acompanhamento de resultados e capacidade de fazer ajustes

necessários. Mas, como se percebe, estas ações de capacitação foram abandonadas,

com a suspensão das atividades do grupo.

Alguns entrevistados mencionaram que empresários com menor

capacitação gerencial, estão tendo maiores dificuldades para atravessar a crise

financeira que teve início no ano de 2015. Podemos ver aqui uma relação com os

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estudos de Sonobe et al. (2011) que identificou na região estudada no Kênia, que os

empresários com mais estudos estavam mais propensos a terem maior sucesso, ao

poderem promover maiores inovações no negócio, e consequentemente conseguir

maior rentabilidade.

As empresas do polo moveleiro da microrregião de Ubá possuem, em sua

maioria, uma faixa de 20 a 30 anos de operação. Desta forma, estas empresas estão

começando a ter os primeiros casos de sucessão da gestão das empresas. Neste

ponto, se por um lado a maioria dos empresários locais não possui formação

acadêmica ou treinamentos específicos em gestão empresarial, seus filhos estão mais

bem preparados, sendo a maior parte formados em cursos de administração ou

correlatos, conforme mencionado por alguns entrevistados.

De acordo com o representante de uma das instituições de apoio, existem

projetos para programas de sucessão, pois, de acordo com ele, já houve casos

empresários que optaram por ser vender sua indústria, por falta de herdeiro preparado

que assumisse o negócio.

A excessiva centralização das empresas, e despreparo na sucessão na

administração, havia sido notado por Souki (2014). O autor percebeu também, através

de suas entrevistas, alguma dificuldade dos empresários em conseguir mão de obra

na quantidade e qualidade adequada. Além disso, foi identificado a falta de

capacitação gerencial dos empresários, relacionada à sua baixa escolaridade.

5.5. Dimensão 5: Associações e instituições de apoio

Nesta última dimensão, buscou-se entender quais associações e

instituições de apoio estão presentes no polo, e verificar a efetiva atuação destas

entidades no desenvolvimento do cluster.

Os depoimentos dos entrevistados demonstram que são poucas as

instituições que efetivamente atuam para o desenvolvimento do polo. Nota-se que

havia maior participação das organizações de apoio quando o GTP APL era atuante,

pois funcionava como um ponto de referência para interação entre os diversos

agentes, além de organizar as ações a serem implementadas na cadeia produtiva.

A instituição mais citada pelos entrevistados foi o Intersind, que é o

Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá, sendo uma instituição

patronal que atua em diversas frentes pelo desenvolvimento do polo. Outra instituição

com forte presença no polo, e também muito mencionada pelos entrevistados foi o

SENAI, principalmente pela sua atuação na formação de mão de obra operacional.

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Sobre o Intersind, algumas passagens mostram sua importância para a

cadeia moveleira:

O Intersind é uma instituição forte. [EM1] Tem esse mérito o Intersind, que é o sindicato patronal. Os que são organizados dentro do Intersind, acho que têm força para buscar esses financiamentos. [PP1] O próprio Intersind faz esse trabalho de treinamento gerencial, que é o sindicato deles. [PP2]

Um dos entrevistados, representante de instituição de apoio, mencionou

ainda uma iniciativa do Intersind que é a organização de um grupo de trabalho com

os gestores de recursos humanos de seus associados. Tal grupo se reúne

mensalmente para troca de informações sobre treinamentos, processos trabalhistas

e técnicas para aumento da produtividade de seus funcionários.

Ainda sobre o Intersind, De Oliveira Júnior (2013) reforça:

É importante assinalar o significado e o papel do Intersind enquanto principal instituição articuladora de políticas e estratégias para o desenvolvimento local da região do Polo Moveleiro de Ubá. Ao pensar a região-polo como uma só, o Intersind se consolida como instituição motor na região, não só pela sua ação planejadora, mas sobretudo por criar e preservar valores locais e regionais, além de exercer liderança sobre as demais instituições e organizações que compõem o arranjo institucional (OLIVEIRA JÚNIOR, 2013, p. 18).

De acordo com a análise de Souki (2014), apenas as médias e grandes

empresas, mais estruturadas, são associadas do Sindicato. As empresas menores,

de estrutura mais familiar, não fazem parte do quadro de associados. O Intersind

mereceu destaque também em seu relatório, tendo sido notado a relevância de seu

papel no setor industrial de móveis.

Conforme já citado na dimensão de Treinamento e Desenvolvimento de

Mão de Obra, diversas passagens das entrevistas demonstram o trabalho que o

SENAI tem feito na região. São oferecidos diversos cursos profissionalizantes (Figura

6), com foco na indústria, que preparam um contingente de mão de obra para

utilização pelas empresas moveleiras.

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FIGURA 6 - Divulgação de cursos do SENAI de Ubá

Fonte: Resultados da pesquisa

O SENAI tem também um papel importante no desdobramento de projetos

do Governo Federal relativos a aumento de produtividade na indústria. O programa

mais recente é o Brasil Mais Produtivo, já mencionado anteriormente. Os

representantes do SENAI atuam como consultores, implantando ferramentas de

qualidade e produtividade em 40 indústrias do setor moveleiro da região.

Em relação às Universidades e Faculdades presentes na região estudada,

percebe-se que não existe muita participação destas instituições no desenvolvimento

do polo, conforme pode ser notado nas seguintes passagens:

Não atua, elas tinham, eu acho que elas tinham que atuar mais. No campo de estagiário, então, tem um espaço, eu aqui por exemplo, preciso de fazer um trabalho de marketing e gostaria de ter um estagiário, que é um trabalho pequeno, mas um trabalho mais estruturado, aí a dificuldade, de estar mais próximo das faculdades entendeu, para poder ir atrás e estar aqui. [EM1] A universidade atua esporadicamente, mas eu acho que ela tem espaço para explorar mais. [IA2] Ainda não atuam no polo de alguma forma ou auxiliam, por exemplo, no desenvolvimento de produtos. Elas estão mais na parte, como vou dizer assim, preparação teórica, didática, dando aula para a turma. [EM2]

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Não. Não tem trabalho com as faculdades locais. A gente já até teve, mas ultimamente não tem tido, não tem feito nenhum trabalho com a UEMG não, já até tivemos, a gente já até falou sobre isso, que está precisando aproximar mais, eles têm um curso de design... A gente poderia tentar fazer alguma coisa... Mas assim, ainda está meio, assim, não é que não faz nada, mas, faz uma coisa ou outra, um trabalho ou outro, a gente acaba fazendo juntos. Ações isoladas, nada sistematizado. [IA1]

Souki (2014) identificou a existência de várias IES (Instituições de Ensino

Superior) na região, com diversos cursos que poderiam agregar ao valor polo

madeireiro. No entanto, sua pesquisa não conseguiu identificar a participação delas

na criação de soluções para a cadeia produtiva.

Um dos poucos projetos conduzidos por uma instituição de ensino, que

possui maior proximidade no polo, trata-se de projeto conduzido pelo professor José

de Castro da UFV (Universidade Federal de Viçosa), projeto com foco no plantio de

florestas de eucalipto. A parceria foi citada por 3 entrevistados, que afirmam ser um

projeto mais estruturado e de longo prazo:

Nós temos o professor José de Castro, da Universidade de Viçosa, ele é um incentivador do plantio de floresta de eucalipto. [EM1]

A UFV também foi identificada por Souki (2014) como a única com projetos

mais relevantes para a região.

Nas entrevistas, percebeu-se que já houve maior participação das

instituições de apoio no polo, mas que as ações foram se perdendo com o tempo. Por

um lado, devido à interrupção da atuação do GTP APL, mas por outro, também por

falta de demanda dos empresários, que segundo um dos entrevistados muitos têm a

visão de que “a empresa se acha completa”, e entende que não depende destas

instituições para prosperar.

O quadro 4 apresenta um resumo dos principais pontos fracos e fortes

identificados no APL.

QUADRO 4

Pontos Fortes e Fracos do APL moveleiro da microrregião de Ubá

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Fonte: Elaborado pelo autor

Nota-se que apesar de ter sido identificado um maior número de pontos

fracos, o APL de Ubá possui pontos fortes de destaque, que podem favorecer o seu

maior desenvolvimento.

5.6. Sugestões para maior desenvolvimento do cluster

A crise econômica do Brasil dos anos de 2015 e 2016 tem atingido

fortemente a cadeia, com retração na demanda, provocando fechamento de fábricas

e de vagas de emprego. Pelas informações dadas por alguns dos entrevistados,

estima-se que desde 2014, cerca de 10 fábricas encerraram as atividades e em torno

de 2.600 vagas foram fechadas no polo, o que corresponderia aproximadamente 15%

dos empregos diretos.

Na cidade de Ubá, é nítida a redução no comércio, que acabou sendo

atingido pelo menor volume de dinheiro circulando na cidade. Lojas apresentam pouco

movimento e vários imóveis comerciais estão fechados (Figura 7), conforme

observado pelo pesquisador.

Pontos Fracos Pontos FortesEmpresários trabalhando de forma isolada Spillover como característica forte

Baixa interação entre empresários e instituições de apoio

Móveis com qualidade, e design reconhecido no setor

Falta de cooperação quanto a troca de ideias, produtos, design e processos

Presença forte do SENAI no treinamento técnico

Relacionamentos informaisSENAI atuando no desobramento de políticas

governamentais

Produtos com pouca inovaçãoTrabalhadores com as habilidades e conhecimentos

adequados para a produção de móveis.

Fim da atuação do GTP APLGTP APL estimulou o crescimento por determinado

tempoPouca participação das instituições de ensino no

processo de inovaçãoSindicato patronal forte e atuante

Isolamento do polo em relação à atuação das diversas esferas governamentais

Grupo de gestores de RH organizado pelo sindicato

Falta de apoio governamental para maior desenvolvimento do polo

Desconfiança e excesso de competitividade entre os concorrentes

Relacionamento com fornecedores pautado pela falta de confiança

Empresários com pouca noção de gestão empresarial

Problemas de sucessão

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FIGURA 7 - Cena comum em Ubá – Imóveis comerciais fechados

Fonte: Resultados da pesquisa

Os entrevistados foram indagados sobre sugestões de ações que poderiam

contribuir para o desenvolvimento do polo moveleiro. Nota-se que as sugestões são

de caráter estrutural, tendo os entrevistados tido o cuidado de mencionar ações de

médio e longo prazo, não sendo influenciados pelo momento de crise.

Muitos mencionaram uma maior presença do poder público, em todas as

esferas, dando a devida importância ao polo, pela quantidade de empregos que gera,

e ainda pela importância na geração de renda e recolhimento de impostos. As

sugestões nesta área referem-se a mais incentivos do Estado, incluindo questões

tributárias. Algumas passagens exemplificam estas sugestões: Então, a gente precisa ter esse canal aberto com Brasília, por exemplo, nosso polo e o Intersind, que é uma instituição bem forte, eu diria. [EM1] A questão tributária, ela é um problema que a gente precisa de trabalhar e discutir isso com as instituições, com o governo, porque não adianta só ir colocando peso em cima da indústria ou de quem gera renda. [EM1] Primeiro, atitude do governo. Primeiro ponto. Segundo, atitude do governo e terceiro atitude do governo, quarto, atitude do governo. [EM2] Um programa de refinanciamento tributário das dívidas atrasadas. [EM2] A gente precisaria muito de incentivo ao setor moveleiro, o governo deveria olhar com maior carinho por esse setor. (...) é um setor que gera muito emprego, gera muito emprego. Então, se o governo tivesse um olhar mais carinhoso para esse setor, estaria gerando mais empregos, menos gastos

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para o governo, porque o cara que trabalha na Rondomoveis, trabalha na LJ, ele não vem atrás de um governo para pedir um exame, para pedir um remédio, ele tem condição de se bancar, entendeu, ele tem condição de se bancar, então esse desemprego só vai prejudicar mais as instituições, prejudicar a prefeitura, o governo do estado, prejudicar o governo federal, então tinha que se ter preparado um plano para socorrer essas indústrias agora para que elas não venham a falência, então isso que é importante, o auxílio mesmo de financeiro. Eu vejo os empresários com muita vontade de crescer, muita vontade de melhorar, de ajudar, são parceiros mesmo, mas precisariam de um incentivo mesmo do governo, hoje sentem muito prejudicados, pagam impostos altíssimos aqui na nossa região, enquanto no Rio de Janeiro os impostos são menores, são mais baixos. [PP2] Acho que um distrito industrial seria interessante. [IA2] Se tiver um distrito industrial vai motivar outras indústrias ou fornecedor, prestador de serviço a ir para este distrito. [EM1]

Sobre a implantação de um distrito industrial na cidade de Ubá, atitude

cobrada por dois entrevistados, o representante do governo municipal entrevistado

alega que não há área disponível no munícipio para isso. Além disso, ele acredita que

o distrito industrial não iria atrair as empresas, visto que já estão estabelecidas em

seus galpões, e não mudariam de local. Uma ação que o governo municipal tem

tomado é de legalizar as instalações físicas das indústrias moveleiras, trazendo eles

para a legalidade, e aumentando a arrecadação de impostos para o município.

Outra sugestão levantada que envolve o poder público, refere-se à maior

organização do transporte público coletivo em Ubá: segundo um dos entrevistados,

não há um planejamento do transporte público para atender os horários das indústrias

moveleiras, apesar de essas serem as maiores empregadoras da cidade. A criação

de terminais em locais específicos, e ainda a adequação de frota aos horários de

entrada, almoço e saída, poderia trazer benefícios à organização urbana.

Ainda sobre políticas públicas, o representante do SENAI destacou o

programa “Brasil mais Produtivo”, e que outros projetos como este deveriam ser

implementados na região, visando aumento de produtividade e rentabilidade pelas

empresas.

Além da maior atuação do poder público no desenvolvimento do APL,

também foram ouvidas as seguintes sugestões:

- Maior proximidade com as universidades: alguns entrevistados sentem

falta de mais projetos de pesquisa atrelados ao polo moveleiro. Afirmam também que

o conceito de estagiário ainda não é muito difundido na região.

- Uma campanha para valorização do móvel. De acordo com 2

entrevistados, são muito comuns as queixas contra as indústrias via Procon

(Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor), que após análise

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detalhada, descobre-se que na verdade os problemas apresentados foram por mau

uso pelo comprador. Uma maior conscientização da população poderia evitar estas

pequenas disputas, que minam recursos e esforços dos fabricantes.

- Legalização das operações: um representante do governo municipal

entende que os empresários devem legalizar suas operações e instalações, para que

haja recolhimento correto de tributos, contribuindo para o desenvolvimento da cidade.

- Logística de entrega: 3 entrevistados falaram sobre uma tentativa que

houve no passado de compartilhamento de estrutura de entrega. Como a maioria das

empresas possui frota própria, tentou-se montar uma espécie de cooperativa para que

as entregas de mercadorias ocorressem de forma mais organizada, evitando

caminhões vazios e compartilhando o ganho com todos envolvidos. A ideia não

funcionou, mas eles acreditam que seria uma boa opção para redução de custos

logísticos e até redução nos prazos de entrega, pois os empresários não precisariam

aguardar ter um lote completo de mercadoria para fazer a distribuição.

- Representatividade política: 3 entrevistados mencionaram que o polo

deveria se unir para eleger representantes públicos, sejam eles vereadores,

deputados estaduais, federais e até mesmo senadores, que poderiam auxiliar no

direcionamento de esforços públicos para o polo. O trabalho de Souki (2014) já havia

identificado como fator crítico da cadeia, a falta de conscientização política de seus

membros. Uma representação política adequada, que atuasse pela proteção de seus

interesses junto aos governos, poderia contribuir para o desenvolvimento do polo.

De acordo com Suzigan et al. (2007) a presença de instituições locais que

tenham representação política, econômica e social, interagindo com o setor produtivo,

fomentaria o trabalho coletivo e consequentemente o desenvolvimento da cadeia

produtiva.

- Treinamento gerencial para os proprietários de indústrias: apesar do

avanço na capacidade gerencial dos empresários nos últimos anos, ressaltado pelos

entrevistados, vários depoimentos destacam que os gestores das empresas devem

se capacitar ainda mais em técnicas de gerenciamento. Foi citado por um dos

entrevistados uma parceria maior com o SEBRAE para treinamento de todos

empresários, com destaque em sua fala aos novos entrantes no mercado, dado que

boa parte deles possui bons conhecimentos técnicos, mas não consegue manter sua

empresa sustentável, por total desconhecimento de como administrar uma empresa.

Um dos entrevistados relembrou que uma das principais qualidades do GTP APL foi

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justamente o treinamento gerencial, e que estas ações poderiam ser retomadas pelo

governo.

A melhoria da capacitação do corpo empresarial, poderia derrubar barreiras

ao maior desenvolvimento do polo. Silvestre e Silva Neto (2014) já destacava que um

dos principais empecilhos ao crescimento é justamente a falta de conhecimento pelos

empreendedores, e que o treinamento e desenvolvimento gerencial são tão

importantes quanto os treinamentos operacionais.

- Fornecedores: A microrregião de Ubá não possui fornecedores de matéria

prima suficientes para atender a indústria moveleira. Produtos tais como MDF, tintas

e vernizes, são adquiridas de outros estados, encarecendo o preço do produto final,

devido ao frete destas mercadorias. Foi levantado que alguma ação de atração destes

fornecedores poderia ocorrer, entre elas a própria criação do distrito industrial, onde

as empresas poderiam se instalar e ter condições de atender o mercado local, e ainda

através de incentivos fiscais, sejam eles municipais ou estaduais.

No entanto, a maior presença de fornecedores produzindo localmente,

deve ser acompanhada de melhoria nas relações com os fabricantes de móveis.

Souza Filho et al. (2013) enfatizou que um dos maiores problemas do polo moveleiro

de Ubá está justamente neste relacionamento. Enquanto não houver um esforço

conjunto para cooperação, não haverá ganho econômico para o APL. O excesso de

disputa e competição podem ser considerados limitadores da capacidade de

expansão dos fornecedores.

O quadro 5 faz uma compilação das principais sugestões identificadas junto

aos stakeholders entrevistados durante a pesquisa.

QUADRO 5

Sugestões para maior desenvolvimento do cluster

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Fonte: Elaborado pelo autor

Importante notar que, apesar da maioria dos entrevistados ter mencionado

problemas com o poder público, várias das sugestões não dependem de iniciativas do

Governo, mas sim de uma maior articulação entre os membros da cadeia, visando um

desenvolvimento comum.

Maior apoio do poder público

Implantação de um distrito industrial

Melhoria do transporte público de Ubá

Maior proximidade com as universidades

Campanha para valorização do móvel

Legalização das operações pelas empresas informais

Organização da cooperativa para logística de entrega

Representatividade política pelos membros do polo

Treinamento gerencial para os proprietários de indústrias

Incentivo para que fornecedores se estabeleçam na região

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um mercado competitivo e globalizado, como as empresas enfrentam

nos dias atuais, não há dúvidas de que trabalhar em rede é uma forma de prosperar,

e em alguns casos, até sobreviver. Trabalhar sozinho ou isolado de seus

fornecedores, do poder público, e até de seus concorrentes pode deixar uma empresa

para trás, em termos de desenvolvimento e inovação.

Exemplos como o modelo de produção da Toyota, as redes de agricultura

na Itália e as alianças entre empresas norte-americanas, mostraram que o princípio

da competição isolada não valia mais, e que trabalhar de forma coletiva, onde cada

um faz uma parte para se atingir o resultado final, seria o novo princípio a ser seguido

(KLEIN; ALVES; PEREIRA, 2015).

Como um bom exemplo de redes organizacionais, os clusters são

concentrações de empresas que possuem algum tipo de relação e atuam no mesmo

segmento. Não importa se seja consumidor, fornecedor, entidade de apoio ou órgão

governamental, em um cluster, todos devem estar interligados, estabelecendo

relações de troca e complementaridade.

No Brasil, o termo Arranjo Produtivo Local – APL define as concentrações

de empreendimentos em torno de uma atividade econômica predominante, onde haja

relacionamento entre as empresas e também com outras entidades públicas e

privadas.

O APL moveleiro da microrregião de Ubá, apesar de jovem, pois formou-

se há pouco mais de 30 anos, possui destaque na economia regional do estado de

Minas Gerais. Possuindo em torno de 300 empresas, é composto majoritariamente

por pequenas e médias empresas, mas possui também algumas de grande porte.

Com a criação do Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos

Locais (GTP APL) o polo foi eleito com um dos prioritários no Brasil para receber um

plano de desenvolvimento, visando sua expansão, aumento de renda e de emprego.

Diversas ações ocorreram nos primeiros anos de implantação, no entanto os trabalhos

foram suspensos, e as entidades locais envolvidas não tiveram mais acesso a

informações da atuação do GTP.

Neste contexto, o objetivo geral desta dissertação foi analisar a situação da

cadeia produtiva moveleira da microrregião de Ubá/MG sob a perspectiva de cluster.

Como desdobramento do objetivo geral, foram estabelecidos como

objetivos específicos, descrever a situação atual da Cadeia Moveleira da Microrregião

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de Ubá/MG, enquanto cluster, a partir das dimensões de inovação, políticas públicas,

relacionamento entre as partes, treinamento/desenvolvimento de mão de obra, e

associações/instituições de apoio; relacionar pontos fortes e fracos da cadeia,

verificando as diferenças entre a situação atual do cluster e estudos existentes a

respeito de clusters; e levantar sugestões junto aos diversos stakeholders de ações

que poderiam ser executadas para maior desenvolvimento do cluster.

Para a seleção das 5 dimensões relativas à caracterização de um cluster,

tomou-se como base o referencial teórico estudado, que inclui vasta bibliografia

internacional a respeito dos clusters e publicações nacionais sobre os APLs.

Em relação ao primeiro e segundo objetivos específicos foram atingidos a

partir de entrevistas realizadas em profundidade com diversos stakeholders do polo

moveleiro de Ubá, incluindo empresários, representantes de entidades de apoio, e

representantes do poder público.

Quando se fala em inovação, percebeu-se que no APL da microrregião de

Ubá pouco se faz para a criação de novos conhecimentos. As poucas iniciativas de

trocas de informações são feitas de maneira informal, entre empresários mais

próximos. Desta forma, os produtos fabricados no polo, apesar de em geral serem de

boa qualidade, não possuem design ou funcionalidades inovadoras, e são bastante

padronizados.

No APL a inovação se apresenta muito mais como expertise a partir da

tradição e experiência, faltando iniciativas para melhor desenvolvimento e

aprimoramento de áreas que não sejam diretamente ligadas ao produto.

Em relação às políticas públicas, notou-se que existe um enorme

afastamento de todas as esferas públicas em relação ao APL. Praticamente todos

entrevistados reclamaram que a presença do Estado no polo moveleiro é muito mais

normativo, fiscalizador e punitivo. Com pouquíssimas exceções, não se percebe

ações do poder público visando o desenvolvimento do cluster, apesar de sua

importância econômica e forte geração de empregos.

A relação entre as diversas partes da cadeia moveleira é também um ponto

crítico a se destacar. Não se nota confiança entre os empresários, e a falta de relações

fortes, formais e duradouras acaba por prejudicar o maior desenvolvimento do cluster.

Percebe-se uma falta de união e de cooperativismo entre os concorrentes, com

excesso de competitividade. Não se nota uma preocupação com o desenvolvimento

do APL em conjunto, mas apenas com suas próprias empresas.

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As relações com fornecedores são de modo geral fracas e não se nota

parcerias de longo prazo, mas pelo contrário, sempre alguém busca levar vantagens

nas negociações. E isso se desdobra também para as relações com os órgãos

públicos, que não possuem muita proximidade com os empresários, dado que estes

preferem trabalhar de forma isolada, desconsiderando que estão alocados em um

APL.

Para maior desenvolvimento do cluster, a cooperação entre os diversos

atores do APL deve ter prioridade central. Uma sugestão poderia ser a criação de

grupos onde as empresas se reunissem para discussão de problemas em comum, e

a elaboração de ações para solucioná-los. Neste aspecto, o sindicato patronal

(Intersind) deveria ter papel fundamental como elemento de coordenação.

A mão de obra operacional no APL moveleiro de Ubá é preparada de duas

formas: via cursos profissionalizantes, disponibilizados principalmente pelo SENAI, e

pelos treinamentos “on the job”, onde os ofícios são aprendidos no próprio ambiente

de trabalho. Isso ocorre devido a especificidades de alguns produtos, e em alguns

casos, à falta de mão de obra disponível no mercado na qualidade e quantidade que

se procura.

Já em relação ao preparo gerencial dos empresários, nota-se que eles são

empreendedores com alto conhecimento técnico da produção, mas baixa

escolaridade, o que acaba refletindo em técnicas de gestão mais conservadoras e que

não favorecem o desenvolvimento.

Um maior nível de produtividade poderia ser alcançado no APL moveleiro

de Ubá com o incremento da qualificação técnica de seus profissionais, assim como

a qualificação gerencial dos empresários e gestores.

O GTP APL, que teve atuação no polo no passado, mas atualmente não

possui mais iniciativas na região, teve como uma das ações, realizar a capacitação

dos empresários como gestores, o que na fala de alguns entrevistados, conseguiu

surtir algum efeito e houve algum avanço nesta área.

A intenção do GTP APL foi mostrar a importância da formação dos gestores

que fosse além da capacitação formal. O grupo atuou no desenvolvimento de

capacidade de liderança, com a utilização de ferramentas para avaliação de

resultados e realização de ajustes, quando for necessário. No entanto, com a

suspensão das atividades do GTP APL no cluster, não houve mais ações estruturadas

para formação gerencial do empresariado.

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E a última dimensão analisada no polo moveleiro foi sobre as associações

e instituições de apoio. Nota-se que são poucas as instituições que efetivamente

contribuem para o desenvolvimento do APL. As duas principais organizações que

atuam no polo são o Intersind, que é o sindicato das indústrias de marcenaria, e o

SENAI.

O Intersind é uma entidade sindical patronal, criada em 1989 e possui entre

seus associados majoritariamente as médias e grandes empresas da região. Sua

atuação se destaca, por ter ações tanto de desenvolvimento técnico e gerencial, como

também reuniões temáticas sobre os diversos assuntos que envolvam o polo, e ainda

propicia interlocução com os diversos órgãos públicos que de alguma forma, possam

influenciar no polo moveleiro.

O Intersind pode ser considerado como o principal articulador de

estratégias e políticas para o desenvolvimento do APL.

Outra instituição que mereceu destaque nesta pesquisa, foi o SENAI,

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, que possui instalações robustas para

preparação de mão de obra operacional, possuindo diversos cursos

profissionalizantes voltados para a indústria moveleira. A instituição atua ainda na

implantação de projetos do Governo Federal, entre eles, o programa Brasil Mais

Produtivo (B+P) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

(MDIC), onde consultores irão implantar ferramentas gerenciais para aumento de

produtividade em empresas do setor moveleiro.

Apesar dos problemas de governança, falta de apoio do governo e

ausência de mais ações das instituições de apoio, o APL moveleiro conseguiu

prosperar nas últimas décadas, atingindo boa participação no mercado e alto volume

de vendas. Isso ocorreu muito mais pelo espírito empreendedor dos empresários, boa

qualidade dos produtos e pela localização geográfica, já que o polo se encontra em

posição privilegiada para atender os estados da região Sudeste, quando comparado

com os polos moveleiros do sul do país.

Por um outro lado, durante a crise econômica brasileira de 2014 a 2016,

mostrou que os empresários que não se prepararam adequadamente, fazendo gastos

excessivos ou planejamento ineficaz, foram os mais atingidos pela retração. O

isolamento e falta de coordenação entre os diversos atores, também foi fator decisivo

em um momento de contração de mercado.

Conclui-se nesta pesquisa que o polo moveleiro da microrregião de Ubá

possui problemas estruturais, principalmente relacionados ao relacionamento entre

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seus diversos agentes e atuação do poder público. É evidente que o APL conseguiu

prosperar nas últimas décadas, mas quando se atinge um período de crise, fica

perceptível o quanto as fragilidades do polo encontradas na pesquisa podem

influenciar negativamente o seu desenvolvimento.

Espera-se que o presente trabalho possa servir de base para que

instituições de apoio e órgãos governamentais estabeleçam estratégias para maior

avanço e promoção do APL, buscando melhorias nas relações entre os diversos

agentes do cluster e incrementando de forma agregadora a participação do poder

público.

Pretende-se apresentar os resultados da pesquisa em um seminário para

discussão dos pontos fortes e fracos do polo, assim como as sugestões levantadas

junto aos diversos stakeholders. O público alvo será composto por dirigentes e

profissionais em geral do SEBRAE e outras instituições de apoio, empresários do

ramo e da região estudada, membros de órgãos públicos com interesse na região, e

pesquisadores interessados no assunto.

6.1. Limitações e sugestões para futuras pesquisas

Por se tratar de um estudo de caso, importante destacar que as conclusões

apresentadas possuem valor científico apenas para o caso estudado. Outros clusters

demandariam estudos específicos.

A pesquisa apresentou ainda como uma limitação, o fato de ter sido

realizada em período de forte retração econômica no Brasil, não sendo possível ter

uma base de comparação da situação do polo antes e pós crise. Isso poderia ser

resolvido em pesquisas futuras, que abordassem esta temática de comparabilidade

temporal do desempenho do cluster.

Em relação aos procedimentos metodológicos, esta pesquisa, enquanto

qualitativa, teve como característica a abordagem dos participantes para entrevistas

em profundidade. A quantidade de entrevistados foi limitada pelo tempo e

disponibilidade do pesquisador. Como sugestões de futuras pesquisas, estudos com

abordagem quantitativa, envolvendo resultados comparativos, não só de diferentes

períodos de tempo, mas também classificando por distintos portes das empresas,

poderiam apresentar resultados mais profundos e complementares.

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Sugere-se ainda estudos que abordem separadamente cada uma das

dimensões estudadas (Inovação, políticas públicas, relação entre as partes,

treinamento e desenvolvimento de mão de obra, associações e instituições de apoio),

fazendo um maior aprofundamento e especialização, buscando mais elementos que

complementem a presente pesquisa.

Pesquisas de ordem técnica, com foco na produtividade das empresas,

poderiam gerar resultados expressivos e que colaborariam com a expansão do

cluster. Tais pesquisas poderiam ter a parceria do SESI, dado que a instituição tem

trabalhado com projetos de aumento da produtividade das indústrias.

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APÊNDICE

ROTEIROS DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

Público alvo: Autoridades municipais: Prefeitos e secretários de desenvolvimento econômico ou equivalente

1) Como você descreveria a cadeia produtiva moveleira da microrregião de Ubá?

2) Quais os principais pontos fortes e fracos você identifica nesta cadeia?

3) A prefeitura tem promovido ações de apoio para desenvolvimento da cadeia

produtiva? Quais?

4) A prefeitura participa de reuniões com as entidades e empresários relacionados

à cadeia produtiva? O que tem sido discutido? Como é a participação da

Prefeitura?

5) Os governos estadual e federal têm apoiado o desenvolvimento da cadeia

produtiva moveleira de Ubá? Por quê? Como?

6) Você conhece ou já ouviu falar no Grupo de Trabalho Permanente para

Arranjos Produtivos Locais? Aqui na região de Ubá existem ações do GTP APL

para a cadeia produtiva? Quais são estas ações? Como estas ações

influenciam o desenvolvimento da cadeia?

7) Como está a situação de emprego relacionado à cadeia produtiva na região de

Ubá?

8) Como você avalia o nível de capacitação dos profissionais atuantes na cadeia

produtiva? Qual é a formação dos profissionais atuantes na cadeia produtiva

da região de Ubá? Existem iniciativas de treinamento e capacitação de mão de

obra operacional na cadeia? Favor descrever estas iniciativas.

9) Quais são as entidades que atuam na cadeia produtiva moveleira da região de

Ubá? Quais são as atividades desenvolvidas por estas entidades? Como você

avalia o trabalho desenvolvido por estas entidades?

10) Quais sugestões você daria para maior desenvolvimento da cadeia?

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Público alvo: Empresários e gestores das empresas da região

1) Como você descreveria a cadeia produtiva moveleira da microrregião de Ubá?

2) Quais os principais pontos fortes e fracos você identifica nesta cadeia?

3) Como você percebe a relação entre os diversos participantes desta cadeia

(desde o produtor da madeira até o cliente da loja de móveis)?

4) Existem associações dos participantes da cadeia para troca de experiências?

Caso positivo, que tipo de informação é gerada e difundida?

5) Como você vê a relação entre os concorrentes?

6) Em sua opinião, qual é o papel de instituições públicas municipais, estaduais e

federais no desenvolvimento da cadeia produtiva moveleira na microrregião de

Ubá? O que elas têm feito e o que elas deveriam fazer?

7) Existe algum tipo de cooperação entre os participantes da cadeia, para

desenvolvimento de novos produtos/tecnologia? (Seja através de acordos,

feiras, grupos de troca de informações, etc)

8) Você acha que a cooperação entre as empresas da cadeia poderia ser maior?

9) Quais são as dificuldades para que as empresas cooperem mais entre si?

10) Como são difundidas as novas tecnologias ou tendências de mercado dentro

da cadeia?

11) A cadeia produtiva de Ubá tem atraído novas empresas? O que elas têm trazido

de novo?

12) Como você avalia o nível de capacitação dos profissionais atuantes na cadeia

produtiva? Qual é a formação dos profissionais atuantes na cadeia produtiva

moveleira da região de Ubá?

13) Existem iniciativas de treinamento e capacitação de mão de obra operacional

na cadeia? Favor descrever estas iniciativas.

14) E em relação a treinamento gerencial? Existem iniciativas por parte de

instituições externas? Os empresários têm tido interesse em se desenvolver,

seja tecnicamente como para gestão?

15) Existe concorrência pela contratação de pessoal mais qualificado presente na

região?

16) Quais são as entidades que atuam na cadeia produtiva da madeira da região

de Ubá?

17) Quais são as atividades desenvolvidas por estas entidades?

18) Como você avalia o trabalho desenvolvido por estas entidades?

Page 101: CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO … · assunto foi Alfred Marshall (1920) em sua publicação “Princípios de Economia”, onde iniciou a abordagem sobre os distritos

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19) Quais sugestões você daria para maior desenvolvimento da cadeia?

Público alvo: Entidades de apoio: FIEMG/INTERSIND, SEBRAE, Universidades

1) Como você descreveria a cadeia produtiva moveleira da microrregião de Ubá?

2) Quais os principais pontos fortes e fracos você identifica nesta cadeia?

3) Você conhece ou já ouviu falar no Grupo de Trabalho Permanente para

Arranjos Produtivos Locais? Aqui na região de Ubá existem ações do GTP APL

para a cadeia produtiva? Quais são estas ações? Como estas ações

influenciam o desenvolvimento da cadeia?

4) Quais outras instituições de apoio você destaca na cadeia? (Incluindo,

faculdades, instituições não governamentais, etc).

5) A sua instituição participa de grupos de troca de informações com os

empresários e demais instituições de apoio?

6) Existem instituições que incentivam ou facilitam o desenvolvimento de novos

produtos ou processos?

7) Como você avalia o nível de capacitação dos profissionais atuantes na cadeia

produtiva? Qual é a formação dos profissionais atuantes na cadeia produtiva?

Existem iniciativas de treinamento e capacitação de mão de obra operacional

na cadeia? Favor descrever estas iniciativas.

8) Sobre a atuação do Governo, quais ações das diversas esferas (Municipal,

Estadual e Federal) você consegue identificar como relevantes para o

desenvolvimento da cadeia?

9) Quais sugestões você daria para maior desenvolvimento da cadeia?