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Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos - UNICEPLAC Curso de Medicina veterinária Trabalho de Conclusão de Curso Técnicas cirúrgicas para desobstrução ureteral em cães e gatos Gama-DF 2019

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Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos - UNICEPLAC

Curso de Medicina veterinária

Trabalho de Conclusão de Curso

Técnicas cirúrgicas para desobstrução ureteral em cães e gatos

Gama-DF

2019

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FABIANA TEIXEIRA BATISTA

Técnicas cirúrgicas para desobstrução ureteral em cães e gatos

Artigo apresentado como requisito para

conclusão do curso de Bacharelado em

Medicina Veterinária pelo Centro Universitário

do Planalto Central Apparecido dos Santos –

Uniceplac.

Orientador: Prof. Me. Guilherme Kanciukaitis

Tognoli

Gama-DF

2019

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Técnicas cirúrgicas para desobstrução ureteral em cães e gatos

Fabiana Teixeira Batista

Resumo: As complicações ureterais podem ocorrer por diversos tipos de afecções, podendo ser congênitas ou

adquiridas. As lesões geralmente ocorrem por traumas, ruptura ureteral, coágulos, corpo estranho,

neoplasia e obstruções por ureterolitíases, que são por cálculos ureterais. Estas obstruções podem levar

o paciente a complicações mais graves, como, hidroureter e consequentemente hidronefrose. Uma

ureterotomia pode ser feita para remoção de cálculos obstrutivos ou uma ureteroplastia em casos de

danificação do ureter próximo a vesícula urinária (VU), em ambas as técnicas podem ser empregadas o

uso do cateter duplo J para proporcionar conforto ao animal, prevenindo futuras obstruções e estenose

do ureter. Este trabalho tem como objetivo descrever as lesões mais frequentes de obstruções no ureter,

o tipo de intervenção cirúrgica mais adequada e a importância da utilização do cateter duplo J em

complicações ureterais.

Palavras-chave: Ureterolitíase. Ureterotomia. Cateter Duplo J. Retrógrada. Anterógrada.

Abstract: Ureteral complications may occur due to various types of affections, may be congenital or acquired. The

lesions usually occur by traumas, ureteral rupture, clots, foreign body, neoplasia and obstructions by

ureterolitiases, caused by ureteric calculations. These obstructions can lead the patient to more severe

complications, such as hidrouretain and consequently hydronephrosis. A ureterotomy can be made for

removal of obstructive calculi or a ureteroplasty in cases of damaging the ureter near the bladder, both

techniques can be employed the use of the double J catheter to provide comfort to the animal, preventing

future Ureter obstructions and stenosis. This work aims to describe the most frequent lesions of ureter

obstructions, the most appropriate type of surgical intervention and the importance of the use of the

double J catheter in ureteral complications.

Keywords: Ureterolithiasis. Ureterotomy. double catheter J. Retrograde. Anterograde.

_____________________________ 1Graduando(a) do Curso Medicina Veterinária, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos

– Uniceplac. E-mail: [email protected].

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1 INTRODUÇÃO

As doenças do trato urinário que culminam em obstruções podem ser causadas por

diversas enfermidades, sendo que a urolitíase é considerado umas das causas mais comuns de

afecções do trato urinário, de grande importância, principalmente pela extensão e da gravidade

em que se encontra o paciente. (SAPIN, 2016). De acordo com Almeida (2018) a ocorrência de

ureterólitos em cães e gatos teve um aumento significativo nas últimas décadas, e independente

do tipo de obstrução, seja ela parcial ou completa, o quadro clínico deve ser sempre considerado

uma emergência cirúrgica.

A urolitíase compreende a formação de cálculos no interior do ureter, rins, bexiga ou

uretra. Estes urólitos causam danos ao organismo do animal, podendo causar obstrução,

infecção, compressão do parênquima, e consequentemente casos mais graves, muitas vezes

irreversíveis (ALMEIDA, 2018). O diagnóstico é feito por meio da anamnese, sinais clínicos e

por exames complementares, sendo, urinálise, bioquimicos (Albumina, creatinina, uréia,

azotemia, uremia, cálcio, fósfaro e potássio), urografia excretora, ultrassonografia e radiografia.

(MAGALHÃES, 2013).

A indicação cirúrgica de ureterotomia para a correção de ureterolitíase é tópico de

grande debate entre os médicos veterinários cirurgiões. Tal afirmação baseia-se em estudo

retrospectivo de manejo médico e cirúrgico realizados em felinos com litíase ureteral que

apresentam elevadas taxas de morbidade e mortalidade. (WESTROPP et al., 2010).

O tratamento de urolitíase ainda é um desafio, pois envolve diversos fatores que levam

a saturação da urina por solutos, e formação de aglomerados de cristais. A resposta dos

tratamentos e as altas taxas de recidiva tem sido complicadores no manejo da doença, portanto,

a remoção cirurgica é uma opção de tratamento, no entanto, não livre de complicações. (ARIZA

et al., 2016).

A remoção dos urólitos podem ser feita através de algumas técnicas descritas em

literatura, sendo as técnicas realizadas mais frequentemente, a ureterotomia, ureteroplastia,

ureteroanastomose e ureteroneocistostomia. A técnica escolhida vai depender do local

obstruído e da gravidade do problema. Para melhor resultado no pós-operatório, o emprego do

cateter ureteral duplo J em complicações por cálculos, tem sido de grande valia, tem se

mostrado seguro e efetivo para o tratamento. (REZENDE, 2019). Existem três tipos de cateteres

ureterais, feitos de material poliuretano: Cateter ureteral duplo pigtail interno, que é o mais

utilizado em medicina veterinária e ainda o cateter nefroureteral, e cateter pigtail com alça de

fechamento mais utilizado em gatos. (VARGAS, 2014).

Este trabalho tem como objetivo descrever as principais técnicas cirúrgicas utilizadas

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para o tratamento de ureterolitíase e abordar a importância do uso do cateter ureteral duplo J

em complicações ureterais.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos anátomo-fisiológicos do sistema urinário

O sistema urinário é composto por dois rins, dois ureteres, vesícula urinária (VU) e uretra.

Os rins são responsáveis por produzir urina, que é transposrtada pelos ureteres até a VU, onde

fica armazenada até ser eliminada para o meio externo através da uretra. (COLVILLE;

BASSERT, 2010).

O rim possui face dorsal e ventral, margem lateral e medial com dois polos, sendo um

cranial e outro caudal. Na parte medial do rim existe uma ondulação onde é formado o hilo

renal, formando também a pelve renal, localizando-se na parte cranial do ureter. (ALMEIDA,

2018).

A função dos rins é produzir urina para eliminação de resíduos metabólicos do organismo,

mantendo regulado o equilíbrio de fluidos, eletrólitos e ácido-básico. O processo de formação

da urina garante o equilíbrio da homeostase do organismo por meio da filtração do sangue, pela

reabsorção e secreção de substâncias. (COLVILLE, BASSERT, 2010).

Os rins de cães e gatos são órgãos pares, unilobulares, também chamados de unipiramidais,

localizados no retroperitônio, na parte dorsal do abdomem, ventrolateral às primeiras vértebras

lombares. O rim direito encontra-se em posição mais cranial, e o esquerdo, mais caudal

(FONSECA, 2016). O rim dos felinos são mais pendulares e posicionam-se mais caudalmente

quando comparados ao dos caninos. Nos felinos o rim direito posiciona-se ao nível das

vértebras L1 a L4, e o esquerdo ao nível das vértebras L2 a L5. (ALMEIDA, 2018).

O rim é composto por unidades funcionais chamados de néfrons (Figura 1). Cada néfron é

formado pelo corpúsculo renal, e por tubos com vários segmentos constantes. Os néfrons e os

túbulos renais são essenciais para o funcionamento do rim, pois são os responsáveis pela

produção da urina. Os caninos possuem cerca de 400 mil néfrons, enquanto os felinos posuem

cerca de 500 mil. O néfron possui vários segmentos: cápsula glomerular, túbulo contorcido

proximal, alça de Henle e túbulo contorcido distal. (KONIG, LIEBICH et al., 2016). Os

corpúsculos são formados pelos glomérulos que possuem capilares ramificados e que se

anastomosam, com uma região central chamada de mesângio, que são envolvidos por cápsula

de Bowman. (SERAKIDES et al., 2016).

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Figura 1 – Representação esquemática da Constituição do néfron

Fonte: MAGALHÃES, 2017.

O corpúsculo renal fica posicionado no córtex do rim, juntamente com o glomérulo e a

cápsula de Bowman. Os glomérulos são milhares de capilares glomerulares juntos, e a cápsula

de Bowman contém uma cápsula formada por uma parede dupla, com uma camada interna

chamada de visceral e camada externa conhecida como parietal, esta cápsula é quem recobre o

glomérulo. (COLVILLE, BASSERT, 2010). O corpúsculo renal tem como função filtrar o

sangue na primeria fase da produção de urina, chamado de filtrado glomerular. (COLVILLE,

BASSERT, 2010).

O túbulo proximal é o segmento que se origina a partir da cápsula de Bowman no lado

oposto do polo vascular e é posicionado dentro do córtex, o segmento desce em direção a

medula externa, sendo que a maior parte do túbulo proximal e suas funções estão localizados

no córtex. Estes túbulos esgotam a cápsula de Bowman, transportam sódio, glicose,

aminoácidos, fosfato inorgânico, sulfatos, cloretos e ácidos orgânicos, recebem o líquido

fazendo modificação específica em cada segmento e enviam o líquido ao próximo segmento,

que é o ramo descendente delgado da alça de Henle. (EATON, POOLER, 2016).

A alça de Henle é composta por três porções, sendo, porção fina descendente, porção fina

ascendente e porção espessa. As poções finas tem pouca capacidade de absorção ao transporte

de volume intenso de água ou solutos, por possuírem epitélio baixo, carentes de mitocôndrias

e bombas Na+:K+:ATPase. (WOLFFENBÜTTEL, 2004).

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A porção descendente reabsorve 20 % do filtrado glomerular e absorve poucos solutos, já a

porção ascendente tem maior capacidade de absorver os solutos e é permeável aos eletrólitos,

porém absorve pouca água, estes segmentos juntos formam a urina hipertônica.

(WOLFFENBÜTTEL, 2004).

O túbulo contorcido distal é a sequência da parte ascendente da alça de Henle, todos estes

túbulos contorcidos distais terminam em vários túbulos denominados de ductos coletores, que

transportam o filtrado por meio da medula, e o seu esvaziamento ocorre na pelve renal que

forma a uretra. Os ductos coletores tem função de ajustar o potássio e controlar o equilíbrio

ácido-basico, possui função sobre a quantidade de urina produzida, com a ação do hormônio

antidiurético (ADH). (COLVILLE, BASSERT, 2010).

Os néfrons realizam várias funções que auxiliam e mantem a integridade fisiológica do

volume e dos componentes do líquido extracelular, como: conservação de água, cátions fixos,

glicose e aminoácidos; expulção dos produtos nitrogenados, procedente do metabolismo das

proteínas (ureia, creatinina, ácido úrico e uratos); depuração do plasma com aumento de íons

sódio, potássio e cloreto; eliminação do excesso de íons hidrogênio para manutenção do pH dos

líquidos corporais e expulção de compostos orgânicos endógenos e exógenos. Os rins secretam

substâncias endócrinas, como: eritropoetina, renina, 1,25­di­hidroxicolecalciferol e

prostaglandinas. (SERAKIDES et al, 2016). A função renal e regulação do volume urinário é

controlado por hormônios antidiurético (ADH) ação do paratormônio (PTH) e sistema renina-

angiotensina-aldosterona. (SERAKIDES et al., 2016).

O ADH é um polipeptídio sintetizado nos núcleos hipotalâmicos supraópticos, A redução

do volume urinário, aumenta secreção de ADH, o que diminui a liberação do peptídeo

natriurético atrial (PNA), e aumento da atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona.

Quando ocorre obstrução das vias do trato urinário, o fluxo urinário é afetado, ocasionando

o acúmulo de urina na VU ou nos ureteres, o que causa aumento da pressão na pelve renal,

dilatando-a, levando a outras complicações como processo inflamatório (cistite), hidronefrose,

hidroureter e uremia pós-renal, e consequentemente a um quadro de insuficiência renal aguda

(IRA). (FILHO et al., 2013).

Em casos de hidronefrose, pode ocorrer obstrução unilateral total ou parcial, o animal

desenvolve uma grave atrofia do parênquima renal por pressão e aumento cístico do rim

acometido, ocorrendo aumento da pressão hidrostática, o que leva ao desaparecimento de

pseudodivertículos na pelve renal e, em seguida, o córtex renal pode atrofiar resultando em

atrofia do parênquima renal funcional. O rim acometido apresenta-se aumentado de tamanho,

com paredes finas, afuncionais e completo por urina ou líquido seroso, este aspecto é causado

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pela dilatação e degeneração da pelve, atrofia acentuada e fibrose do parênquima renal.

(GUIMARÃES, 2018).

Os ureteres são condutos que emergem do hilo renal, no espaço retroperitoneal e que se

ligam à VU próximo ao colo vesical na parte mais caudal, na região do trígono vesical. Essas

estruturas transportam a urina desde os rins até a VU. (PRADO, SIMÃO. et al., 2014). De

acordo com Dias et al. (2014), durante a micção, o lúmen do ureter pode dilatar-se 17 vezes,

devido ao seu achatamento do lúmen e o adelgaçamento do revestimento muscular.

Os ureteres são tubos formados por três camadas: a externa (camada fibrosa), a média

(camada muscular composta também por músculo liso) e a interna (camada epitelial coberta

por epitélio transicional que permite que os ureteres se alonguem no momento na transferência

da urina para VU). (COLVILLE, BASSERT, 2010). De acordo com Almeida ( 2018) em cães

e gatos a junção ureteropélvica está coberta por parênquima renal. Quando os ureteres deixam

o rim, o ureter direito geralmente passa lateral à veia cava caudal, enquanto o ureter esquerdo

passa lateral à artéria aorta. Nos casos em que o ureter direito passa dorsal à veia cava caudal

dá-se o nome de ureter circumcaval.

A função dos ureteres é conduzir a urina dos rins de forma contínua para a VU. A camada

de musculo liso do ureter faz o movimento de peristaltismo o que permite a condução da urina.

Os ureteres, por sua vez, penetram na VU de forma oblíqua, assim, quando essa estrutura,

encontra-se repleta de líquido, a abertura ureteral colaba impedindo que a urina retorne ao

ureter, porém não evita que a urina enviada entre na VU, devido a força do peristaltismo do

ureter para a VU. (COLVILLE, BASSERT, 2010).

Em cães e gatos a lesão do ureter acontece principalmente por traumas penetrantes, e

geralmente são diagnosticados na fase tardia. O trauma contuso, é mais frequente em cães, e

geralmente não provoca ruptura do ureter, lesões ureterais contusas, estão localizadas próximas

ao rim ou VU. A lesão localizada perto da VU pode ser restaurada por reimplantação do ureter

ou pode ser feita uma ureteroplastia, já a lesão perto do rim pode ser tratada por reparo do ureter

ou nefrectomia unilateral. (BOJRAB, 1996).

Quando ocorre lesão com extravasamento ureteral, e o mesmo não é diagnosticado

precocemente, os sinais clínicos irão aparecer de forma enganosa e lentamente, na primeira

semana, o que pode provocar celulite severa e formação de fístula, sendo que trauma penetrante

também pode provocar e manter a fistula. A celulite causada pela urina, produz resposta

inflamatória intensa, febre, neutrofilia, anorexia, depressão, dor abdominal e azotemia leve.

(BOJRAB, 1996).

As obstruções renais e ureterais são menos comuns quando comparados com as obstruções

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do trato urinário inferior, porém pode ocorrer por diversos tipos de alterações, uma das

principais causas de obstrução ureteral são as estenoses congênitas ou adquiridas, em que essas

útlimas ocorrem por traumas, corpo estranho, coágulos sanguíneos, sedimentos ou neoplasias,

porém, as ureterolitíases são a causa mais comum destas obstruções. (BUENO, ROLEMBERG.

et al., 2015).

Os rins estão sujeitos a lesões causadas por agentes tóxicos e isquêmicos em consequência

do seu papel de excreção e reabsorção. As lesões renais são observadas na maioria dos casos

nos túbulos contorcidos proximais e porção ascendente da alça de Henle devido à alta taxa

metabólica e sua função de excreção, estas alterações podem levar a insuficiência renal aguda,

principalmente em pacientes idosos, em casos de nefropatias, uso de medicamentos

nefrotóxicos e animais submetidos a procedimentos anestésicos ou cirúrgicos. (BRAGATO,

2013). A causa de obstrução mais comum no ureter é a ureterolitíase, que ocorre devido

presença de cálculos no ureter, podendo ser de apresentação uni ou bilateral. (MAGALHÃES,

2013).

Obstruções unilaterais agudas ou crônicas podem ter suas manifestações clínicas ocultas

por um longo tempo, pois o rim não acometido poderá compensar o rim contralateral, o que

pode acarretar em lesão irreversível ao rim. Geralmente obstrução unilateral tende a ocasionar

hidronefrose sem manifestações. Em casos de obstrução bilateral aguda é necessária

intervenção clínica com urgência, pois o quadro pode evoluir rapidamente levando o animal a

óbito no período de três a seis dias. (CASTRO et al., 2005).

De acordo com Castro et al. (2005) obstruções ureterais agudas, aumentam a pressão e

diâmetro ureterais e o peristaltismo inicialmente, torna-se mais frequente em resposta ao

aumento da tensão na parede do ureter. Consequentemente o peristaltismo tende a ficar mais

fraco, o que dificulta o transporte de urina para VU. O aumento da pressão pélvica renal e

ureteral em casos de obstrução tem produção de urina pelo rim ipsilateral de forma continuada.

A pressão intraluminal aumentada é conduzida aos túbulos renais, diminuindo a diferença entre

as pressões sanguínea capilar glomerular e tubular intraluminal. A pressão intraluminal depois

de 18 a 24 horas de obstrução pode diminuir e voltar ao normal, porém a vasoconstrição intra-

renal é progressiva e insiste com a obstrução, tornando-a crônica, acarretando na perda de

néfrons, atrofia do parênquima, fibrose e dilatação do sistema coletor. (CASTRO et al., 2005).

O rim ipsilateral irá produzir urina, porém a pressão intraluminal diminui à medida que o

ureter continua a dilatar gradualmente (hidroureter), consequentemente a hidronefrose, que é

caracterizada pela dilatação da pelve e dos cálices renais. (GUIMARÃES, 2018).

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A hidronefrose pode ser causada por várias afecções, geralmente ocorre por consequência

de obstrução ureteral, litíases renais, ureterolitíase, por tumores renais, ureterais e vesicais, ou

por tumores em próstata que comprimem o ureter. Existem as causas congênitas que são raras,

geralmente acometem o ureter, sendo, atresia ou estenose ureteral. (GUIMARÃES, 2018).

De acordo com Guimarães (2018) o gato tem uma predisposição a ocorrência de estenose

nos ureteres, o que é indicado quando o animal apresenta juntamente com a ureterolitíase em

um local a estenose em outro. Isso indica que a presença de cálculos nos ureteres pode levar a

uma lesão na mucosa deste e que a presença de estenose diminuiu o fluxo urinário normal e

assim pode-se desenvolver uma ureterolitíase.

Para manter o rim funcional, é necessária intervenção com procedimentos cirúrgicos ou

pouco invasivos. Os procedimentos recomendados para essa manutenção dos órgãos são a

ureterotomia, ureteroplastia e a nefrocistostomia temporária com cateter duplo J, pois animais

com casos de urolitíase podem ter obstruções de forma recorrente. (REZENDE et al., 2019).

O cateter duplo J é um tubo flexível que pode ser introduzido no lúmen do ureter durante e

após o procedimento cirúrgico para evitar obstruções e estenoses no pós-operatório,

promovendo qualidade de vida ao paciente. O cateter pode ser fabricado com material de

poliuterano, silicone ou vários polímeros, o mesmo possui curvatura de 360° em ambas as

pontas, ou pontas enroladas, para evitar que ele escape da VU ou do rim, com furos laterais

múltiplos para facilitar a drenagem de urina (Figura 2). (SANTOS, et al., 2019).

Figura 2 - Imagem do cateter duplo J utilizado para desobstrução de ureter.

Fonte: MAZILI, 2015

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3 CIRURGIAS URETERAIS

3.1 Ureterotomia

A ureterotomia é indicada para remoção de cálculos obstrutivos, este procedimento é uma

opção para realizar a descompressão do ureter, sendo utilizada em casos em que ocorre

obstrução parcial ou completa, pois a obstrução leva o rim a sofrer danos irreversíveis. Porém

em procedimento de ureterotomia existe o risco de casos de estenose do ureter e vazamento da

urina durante o pós-operatório em decorrência da cicatrização da incisão, o que pode resultar

em uroabdómen e reobstruções. (ALMEIDA, 2018; MCPHAIL; FOSSUM, 2019).

De acordo com Fossum (2014) em alguns casos quando os cálculos estão localizados no

ureter distal é possível realizar a lavagem (flushing) ou retornar os cálculos para a VU através

de uma cistotomia, não sendo necessário a ureterotomia.

A técnica cirúrgica compreende em um isolamento do ureter acometido e em seguida uma

incisão transversal ou longitudinal no ureter próximo ao cálculo para remove-lo. Após a retirada

dos ureterólitos, recomenda-se fazer uma lavagem do ureter com fluidos mornos (solução

fisiológica ou ringer lactato) para certificar que todos os cálculos tenham sido removidos e

garantir a integridade do ureter (Figura 3). Para a sutura é indicado fio absorvível e ponto

simples interrompido. Quando há risco de estenose ou em casos em que o ureter não esteja

dilatado, a incisão pode ser feita longitudinal sobre o cálculo e a sutura de forma transversal

(Figura 4). Em casos que ocorre uma lesão do ureter é recomendado uma ureterectomia parcial

com posterior anastomose ureteral. (MCPHAIL; FOSSUM, 2019).

Figura 3 - Ureterotomia e anastomose ureteral em felino com ureterolitíase.

Fonte: ALMEIDA, 2018

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1- Separação do ureter obstruído.

2- Retirada dos ureterólitos.

3- Término da incisão.

4- Anastomose ureteral.

Figura 4 – Representação esquemática de ureterotomia longitudinal com ureterorrafia

transversal para aumentar a luz do órgão em casos de estenose.

Fonte: MCPHAIL; FOSSUM, 2019

Existem algumas complicações que podem ocorrer após o procedimento cirúrgico, tais

como, vazamento de urina, obstrução recorrente, estenose do ureter, hemorragias e diminuição

da função renal. O acompanhamento do paciente após a cirurgia deve ser feito a longo prazo,

com realização de ultrassonografia. (GUIMARÃES, 2018).

A cicatrização do ureter ocorre por epitelização, síntese de tecido conjuntivo fibroso e

contração cicatricial de tecido longitudinal. O uroepitélio possui maior capacidade de

proliferação e pode aproximar uma região lesionada em até 48 horas, embora o uroepitélio tenha

um grande potencial de regeneração, uma técnica inadequada pode suceder em quadros de

estenoses. (FOSSUM, 2004). Tais afirmações, corroboram a ideia de se proceder uma

ureteroscopia e concomitante remoção do (s) ureterólito (s) ou avanço dos mesmos e retirada

via cistotomia. (MCPHAIL; FOSSUM, 2019).

De acordo com FOSSUM (2004) o peristaltismo está ausente no segmento distal de um

ureter transeccionado por pelo menos 10 dias após o reparo, o que pode acarretar em hidroureter

no segmento proximal e consequentemente hidronefrose. O peristaltismo também pode

diminuir o fluxo urinário quando há uma imobilização do ureter em estruturas circunjacentes.

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3.2 Ureteroplastia / ureteroanastomose / ureteroneocistostomia

A ureteroplastia é indicada nos casos em que um segmento ureteral inferior tenha sofrido

algum trauma ureteral ou por estar rompido por estenoses. A ureteroplastia é um procedimento

descrito como retalho de VU, que tem eficácia na reconstrução do ureter, pois a técnica possui

capacidade de promover aderência ao ureter e o retalho da VU, unindo como elíptico de ponta

a ponta anastomose (Figura 5). (CONGER et al., 1955).

Figura 5 – Representação esquemática de ureteroplastia em cão com retalho de vesícula

urinária.

Fonte: MCPHAIL; FOSSUM, 2019

Após a reconstrução com esta técnica pode ocorrer refluxo vesicoureteral, uma

complicação devido a formação de estenose. É provável que não ocorra refluxo em casos em

que o ureter tenha sido introduzido através do túnel submucoso ou nos casos em que a abertura

é feita lateral e não na ponta do tubo formado. (SCOTT, 1962).

A técnica cirúrgica de ureteroplastia é realizada quando ocorre trauma ureteral próximo

da VU, é realizada uma elevação do retalho da superfície ventral da VU, e o ureter é então

reimplantado dentro do retalho, fechando o retalho de VU junto ao tubo. O uso de cateteres

dilatadores é recomendado e devem ser utilizados de forma cuidadosa para evitar formação de

estenoses. A sutura deve ser realizada com fio absorvível e ponto simples continuo. (FOSSUM,

2004).

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A técnica é contraindicada em casos de VU contraída ou com algum tipo de

enfermidade, em que a VU esteja vazia ou inflamada por um longo tempo, o que leva a perda

de distensibilidade, tornando o corte do tubo impossível.

De acordo com Higgins (1953) a ureteroplastia provoca reaparecimento de uma camada

muscular intacta em cães na área da estenose quando utilizado em lesões de até 10 cm.

O procedimento de ureteroneocistostomia é mais indicado para tratamento de animais

com insuficiência renal crônica que necessitam de transplante renal, que consiste no implante

do rim na fossa ilíaca do indivíduo receptor. Após o procedimento de transplante, o seguimento

do trato urinário deve ser recuperado, devido complicações que podem ocorrer no pós-

operatório, que são reparadas por meio de técnica cirúrgica como, ureteroneocistostomia

intravesical ou ureteroneocistostomia extravesical (Figura 6). (ROCHA et al., 2007).

Figura 6 – Representação esquemática de ureteroneocistostomia extravesical em cão.

Fonte: MCPHAIL; FOSSUM, 2019

A técnica de ureteroneocistostomia intravesical, é realizada após uma cistotomia, em

seguida o ureter é introduzido na VU por um túnel e é fixado na mucosa. A técnica extravesical

é a mais utilizada por ser menos invasiva, pois o ureter é suturado diretamente na mucosa após

incisão vesical seromuscular, em seguida realiza-se uma sutura seromuscular, utiliza-se

sondagem ureterovesical bloqueando a anastomose ureterovesical (MCPHAIL; FOSSUM, 2019).

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O uso destas técnicas se associa a complicações durante o pós-operatórias, a técnica de

ureteroneocistostomia está relacionada a um maior índice de fístula e refluxo urinário, e implica

maior risco de obstrução ureterovesical. (ROCHA, et al., 2007).

3.3 Colocação de cateter duplo J

Cateter ureteral duplo J é um tubo utilizado em procedimento cirúrgico de ureter, o

mesmo é introduzido no lúmen do ureter, para permitir o fluxo da urina da pélvis renal para a

VU, tendo como finalidade evitar futuras obstruções, extravasamento ou edema pós cirúrgicos,

além de diminuir a tensão cirúrgica no ureter após ou durante a cirurgia. (CAVALLI, 2012).

O cateter duplo J tem sido bastante utilizado na medicina veterinária em cães e gatos

nos procedimentos ureterais, pois o cateter é totalmente intracorporal e pode ficar introduzido

no animal por alguns meses ou anos em casos de necessidade. A introdução do cateter pode ser

feita por técnica via anterógrada por pielocentese, retrógrada por cistotomia ou ambas por

ureterotomia. (ALMEIDA, 2018).

A técnica retrógrada é guiada por cistoscopia e fluoroscopia. De acordo com Almeida

(2018) um fio-guia hidrofílico curvo é avançado pelo ureter distal através da Junção

ureteropelvica, em seguida é avançado um cateter ureteral em torno do fio para a execução de

um ureteropielograma retrógrado, de modo a identificar lesões, urólitos ou defeitos de

preenchimento no ureter ou na pelve renal, e então o fio é avançado ganhando o acesso à pelve

renal. O cateter é então retirado e o cateter ureteral duplo “J” é inserido ficando com uma das

pontas curvas na pelve renal e a outra ponta introduzida no lúmen da VU, ficando o eixo do

cateter no lúmen do ureter. Esta técnica é mais utilizada em cães, pois a cistoscopia em felinos

é mais difícil de ser realizada. (CAVALLI, 2012).

A técnica anterógrada exige a realização de uma pielocentese percutânea ou cirúrgica

com utilização de agulha de acesso renal ou um cateter intravenoso. A técnica pode ser guiada

por ultrassonografia, fluoroscopia ou palpação cirúrgica. O fio-guia é introduzido pelo ureter,

acompanhado por um ureteropielograma, introduzindo pela VU até à uretra, para conseguir

acesso por ambas as extremidades. O cateter é introduzido retrogradamente ao redor do fio.

Esta técnica pode ser realizada intraoperativamente (Figura 7). (CAVALLI, 2018). De acordo

com Almeida (2018) o tamanho do cateter utilizado varia de acordo com o tamanho do animal.

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Figura 7 – Imagem de radiográfia observa-se cateter duplo J em cão.

Fonte: REZENDE, 2019.

O uso do cateter em cães e gatos tem obtido alta taxa de sucesso, no entanto, existem

riscos que podem ocorrer, entre eles uma calcificação e obstrução do cateter, deslocamento para

a VU, ocasionando infecção urinária ascendente e consequentemente uma pielonefrite.

(ALMEIDA, 2018).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Obstruções por ureterolitáse é uma enfermidade que tem sido cada vez mais comum em

cães e gatos. O diagnóstico de afecções do ureter na maioria dos casos é descoberto tardiamente,

sendo necessário intervenção cirúrgica para reparo de tais complicações, concluindo-se que,

para um melhor resultado pós cirúrgico, o emprego do cateter duplo J em cães e gatos, é

indicado como uma alternativa para proporcionar menos tensão durante a cirurgia, promovendo

alivio ao animal, evitando assim, obstruções de forma recorrente e estenoses do ureter.

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