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CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EZEQUIEL FERREIRA LIMA - CEPEF Curso Técnico em Eventos 2 Direito e Legislação Aplicados ao Turismo Professora Karolinne Oliveira Código de Defesa do Consumidor A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XXXII, assim dispõe: “ O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. Isso quer dizer que a nossa Lei Maior obriga o Estado a proteger e defender o consumidor, cabendo então aos nossos legisladores fazer acontecer esse comando, por meio de lei específica. Atualmente essa Lei é a 8.078/90, conhecida por Código de Defesa do Consumidor (CDC). O CDC reconhece a vulnerabilidade do consumidor nas relações de mercado e garante a ação governamental para protegê-lo de maneira eficaz. E ainda inovando leis anteriores sobre o mesmo assunto, trouxe não só a multa pecuniária ($$$) aos infratores, mas também penas de restrições da liberdade (detenção), sanções administrativas (suspensão temporária da atividade) e a responsabilidade civil do autor (reparação de danos). Em relação aos contratos, que é o tópico mais importante para este nosso estudo, o CDC traz uma normatização diferente daquela encontrada no Código Civil (que rege os contratos em geral, com exceção dos contratos de trabalho), protegendo o consumidor nas relações de consumo. Para que fique claro o assunto, vejamos alguns conceitos e comandos contidos neste diploma (CDC). O Fornecedor no CDC O Código de Consumidor estabelece no seu art. 3° o conceito de fornecedor, afirmando: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. A palavra atividade do art. 3º traduz o significado de que todo produto ou serviço prestado deverá ser efetivado de forma habitual, vale dizer, de forma profissional ou comercial. O art. 3º, §1º e §2º, conceitua o que vem a ser produto e serviço, estabelecendo: produto é qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancárias, financeiras, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Observamos assim, que para identificarmos a pessoa como sendo fornecedora de serviços, é indispensável que a mesma detenha além da prática habitual de uma profissão ou comércio (atividade), também forneça o serviço mediante remuneração. Conclui-se, assim, que fornecedor é toda pessoa física ou jurídica que oferta produtos ou serviços mediante remuneração com atividade, cabendo salientar que é dispensável que o fornecedor seja uma pessoa jurídica (empresa, indústria, etc), pois o art.3º autoriza inclusive a pessoas despersonalizadas. O Consumidor no CDC Identificado a figura do fornecedor, necessário se faz analisar o conceito de consumidor em nosso ordenamento jurídico. O art. 2º da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) estabelece que consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. O legislador definiu no art. 2º o conceito jurídico de consumidor padrão, estabelecendo como sendo consumidor qualquer pessoa natural ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, ou seja, para seu uso pessoal ou de sua família, não comercializando o serviço ou produto. Mas o que se entende por destinatário final? É retirar o bem do mercado, vale dizer: adquirir para uso próprio ou de sua família, sem comercializar. Também são consideradas consumidoras as vítimas de acidentes causados por produtos defeituosos, mesmo que não os tenha adquirido (art.17, CDC), bem ainda as pessoas expostas às práticas abusivas previstas no Código do Consumidor, como, por exemplo, publicidade enganosa ou abusiva (art. 29, CDC). A pluralidade dos conceitos descritos a respeito do consumidor, possibilita uma melhor adequação e flexibilização numa relação de consumo.

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Apostila para o Curso Técnico em Eventos

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    2 Direito e Legislao Aplicados ao Turismo Professora Karolinne Oliveira

    Cdigo de Defesa do Consumidor

    A Constituio Federal, em seu artigo 5, inciso XXXII, assim dispe: O Estado promover, na forma da lei, a defesa do

    consumidor. Isso quer dizer que a nossa Lei Maior obriga o Estado a proteger e defender o consumidor, cabendo ento aos nossos legisladores fazer acontecer esse comando, por meio de lei especfica. Atualmente essa Lei a 8.078/90, conhecida por Cdigo de Defesa do Consumidor (CDC).

    O CDC reconhece a vulnerabilidade do consumidor nas relaes de mercado e garante a ao governamental para proteg-lo de maneira eficaz. E ainda inovando leis anteriores sobre o mesmo assunto, trouxe no s a multa pecuniria ($$$) aos infratores, mas tambm penas de restries da liberdade (deteno), sanes administrativas (suspenso temporria da atividade) e a responsabilidade civil do autor (reparao de danos).

    Em relao aos contratos, que o tpico mais importante para este nosso estudo, o CDC traz uma normatizao diferente daquela encontrada no Cdigo Civil (que rege os contratos em geral, com exceo dos contratos de trabalho), protegendo o consumidor nas relaes de consumo.

    Para que fique claro o assunto, vejamos alguns conceitos e comandos contidos neste diploma (CDC).

    O Fornecedor no CDC

    O Cdigo de Consumidor estabelece no seu art. 3 o conceito de fornecedor, afirmando: Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes

    despersonalizados, que desenvolvem atividades de produo montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios.

    A palavra atividade do art. 3 traduz o significado de que todo produto ou servio prestado dever ser efetivado de forma habitual, vale dizer, de forma profissional ou comercial.

    O art. 3, 1 e 2, conceitua o que vem a ser produto e servio, estabelecendo: produto qualquer bem mvel ou imvel, material ou imaterial.

    Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza bancrias, financeiras, de crdito e securitria, salvo as decorrentes das relaes de carter trabalhista.

    Observamos assim, que para identificarmos a pessoa como sendo fornecedora de servios, indispensvel que a mesma detenha alm da prtica habitual de uma profisso ou comrcio (atividade), tambm fornea o servio mediante remunerao.

    Conclui-se, assim, que fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica que oferta produtos ou servios mediante remunerao com atividade, cabendo salientar que dispensvel que o fornecedor seja uma pessoa jurdica (empresa, indstria, etc), pois o art.3 autoriza inclusive a pessoas despersonalizadas.

    O Consumidor no CDC

    Identificado a figura do fornecedor, necessrio se faz analisar o conceito de consumidor em nosso ordenamento jurdico. O art. 2 da Lei 8.078/90 (Cdigo de Defesa do Consumidor) estabelece que consumidor toda pessoa fsica ou jurdica

    que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final. O legislador definiu no art. 2 o conceito jurdico de consumidor padro, estabelecendo como sendo consumidor qualquer

    pessoa natural ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final, ou seja, para seu uso pessoal ou de sua famlia, no comercializando o servio ou produto.

    Mas o que se entende por destinatrio final? retirar o bem do mercado, vale dizer: adquirir para uso prprio ou de sua famlia, sem comercializar.

    Tambm so consideradas consumidoras as vtimas de acidentes causados por produtos defeituosos, mesmo que no os tenha adquirido (art.17, CDC), bem ainda as pessoas expostas s prticas abusivas previstas no Cdigo do Consumidor, como, por exemplo, publicidade enganosa ou abusiva (art. 29, CDC).

    A pluralidade dos conceitos descritos a respeito do consumidor, possibilita uma melhor adequao e flexibilizao numa relao de consumo.

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    Nesta ordem de reflexo, para a aplicao das normas do CDC necessrio identificar se h relao de consumo na transao comercial efetivada, ou seja, se existe de um lado o fornecedor (conceituado assim no art. 3) e de outro lado o consumidor (conceituado no art.2 ou por suas equiparaes), definindo assim o campo de aplicao da norma consumerista.

    Com isso, retomamos a pergunta feita inicialmente, por que estudar esse assunto neste curso, nesta disciplina? Simples. A funo primordial de uma empresa de alimentao a prestao de servios (servios de alimentos e

    bebidas), recebendo, por isso, uma contraprestao (pagamento). Assim, a empresa se torna fornecedor e o cliente, consumidor do servio oferecido. Temos assim uma relao de consumo e, por isso, sujeito as normas que protegem essas relaes.

    Relao de Consumo

    A relao jurdica um vnculo que une duas ou mais pessoas caracterizando-se uma como o sujeito ativo e outra como passivo da relao. Este vnculo decorre da lei ou do contrato e, em conseqncia, o primeiro pode exigir do segundo o cumprimento de uma prestao do tipo dar, fazer ou no fazer. Se houver incidncia do Cdigo de Defesa do Consumidor na relao, isto , se uma das partes se enquadrar no conceito de consumidor e a outra no de fornecedor e entre elas houver nexo de causalidade capaz de obrigar uma a entregar a outra uma prestao, estaremos diante de uma relao de consumo.

    Deste modo, definimos a relao de consumo como o vnculo jurdico por meio do qual uma pessoa fsica ou jurdica denominada consumidor adquire ou utiliza produto ou servio de outra pessoa denominada fornecedor.

    O Cdigo de Defesa do Consumidor tutela as relaes de consumo, e a sua abrangncia est adstrita s relaes negociais, das quais participam, necessariamente, o consumidor e o fornecedor transacionando produtos e servios, excluindo destes ltimos os gratuitos (doaes, por exemplo) e os trabalhistas.

    Disto conclui-se que, para que seja amparada pelo Cdigo de Defesa do Consumidor, a relao tem que possuir todos estes aspectos. Ou seja, uma relao de negcios que visa a transao de produtos e/ou servios, feita entre um fornecedor e um consumidor.

    Assim, no basta a existncia de um consumidor numa determinada transao para que ela seja caracterizada como relao de consumo. preciso tambm, a existncia de um fornecedor que exera as atividades descritas no artigo 3 do Cdigo de Defesa do Consumidor.

    A organizao de eventos est enquadrada no conceito de relao de consumo do CDC quando temos de um lado o organizador do evento (empresa ou pessoa fsica) na qualidade de fornecedor de servios, e do outro o consumidor, o destinatrio final do servio a ser realizado.

    Por outro lado, quando temos uma relao entre duas partes em que nenhuma delas ser a consumidora final do servio, incidir para elas as regras do Cdigo Civil, conforme j estudamos anteriormente. Vejamos o exemplo abaixo:

    Se a contratao do buffet for realizada diretamente pelo consumidor, incidir nesta relao as normas do CDC.

    Entretanto, se a contratao for feita por intermdio de uma empresa organizadora de eventos, teremos a incidncia das normas de Direito Civil (CC) na relao Buffet Organizadora e das normas do CDC entre o consumidor e o organizador do evento. claro que o CDC possibilita que ambos os prestadores sejam responsabilizados, caso haja danos ao consumidor.

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    Da Responsabilidade no CDC

    Falando neste assunto, para o Direito responsabilidade representa a obrigao imposta a uma pessoa de reparar (ressarcir) os danos causados a outra. Em outras palavras, atribuir a algum o dever de assumir as conseqncias de seus atos.

    O Cdigo Civil trata do assunto em seu artigo 927, como voc l abaixo: Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo. Pargrafo nico. Haver obrigao de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Observe que o pargrafo nico diz independentemente de culpa. Mas o que isso significa? Culpa, em sentido amplo, refere-se a conduta da pessoa, mas precisamente, sua vontade (ou no) de produzir um

    resultado (elemento subjetivo) e abrange todo o tipo de comportamento contrrio ao direito, intencional (dolo) ou no (culpa stricto sensu sentido restrito).

    Dolo o nimo consciente de agir de maneira ilcita, inteno de prejudicar, violar direito alheio, o que o diferencia da Culpa (sentido restrito), em que no existe a inteno deliberada, mas sim uma conduta praticada com negligncia (culpa de quem se omite), imprudncia (culpa de quem age) ou impercia (culpa de quem no tem habilidade no exerccio de uma profisso ou atividade).

    Devemos destacar, entretanto, que a culpa (sentido amplo) no satisfaz todas as situaes, por exemplo, as relaes de consumo, pois nem sempre possvel comprovar o dolo ou a culpa do agente (elemento subjetivo). Por essa razo criou-se a teoria do risco, que torna o sujeito responsvel por riscos ou perigos decorrentes de sua atividade, ainda que coloque toda diligncia e cuidado para que o dano no ocorra. a teoria adotada pelo Cdigo de Defesa do Consumidor.

    Assim, a regra geral da responsabilidade no Cdigo Civil a da responsabilidade subjetiva, ou seja, responsabilidade com culpa (sentido amplo), conforme expresso no caput do art. 927. A responsabilidade objetiva, ou sem culpa, somente pode ser aplicada quando existe lei expressa que autorize (teoria do risco), nos termos do pargrafo nico do mesmo artigo.

    Podemos concluir, portanto, que a responsabilidade civil requer: 1) A existncia de uma AO, comissiva ou omissiva, que pode ser um ato lcito ou ilcito (alm da culpa temos o risco). 2) A ocorrncia de um DANO, material ou moral, causado pelo agente, por terceiro que o sujeito responda, ou por um

    animal ou coisa a ele vinculado. No h responsabilidade civil sem dano, sendo que necessria sua prova. 3) E por fim, o NEXO CAUSAL, que o vnculo entre a ao e o dano. O dano deve provir da ao/omisso do ru.

    Tambm no h responsabilidade se o evento se deu por culpa exclusivamente da vtima, por fora maior ou caso fortuito. Alm disso, na responsabilidade civil subjetiva faz-se necessrio que o lesado comprove dolo ou culpa do agente

    (elemento subjetivo), diferente na responsabilidade objetiva, quando a prova gira em torno dos trs pontos destacados acima. Desta forma, todo aquele que causar danos a outrem dever repar-lo, seja ele pessoa fsica ou jurdica, de direito privado e tambm de direito pblico.

    No Cdigo de Defesa do Consumidor a responsabilidade do fornecedor de produtos ou servios est expressa nos

    artigos 12 a 17 (responsabilidade pelo fato do produto e do servio) e nos artigos 18 a 25 (responsabilidade por vcio do produto e do servio). E conforme se verifica da leitura do artigo 14 do CDC, a responsabilidade do fornecedor independe de culpa.

    Art. 14. O fornecedor de servios responde, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos prestao dos servios, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua fruio e riscos. 1 O servio defeituoso quando no fornece a segurana que o consumidor dele pode esperar, levando-se em considerao as circunstncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a poca em que foi fornecido. 2 O servio no considerado defeituoso pela adoo de novas tcnicas.

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    3 O fornecedor de servios s no ser responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o servio, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 4 A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais ser apurada mediante a verificao de culpa.

    FATO DO PRODUTO/SERVIO X VCIO DO PRODUTO/SERVIO Voc se perguntou, com certeza, qual a diferena entre fato do produto/servio e vcio do produto/servio, para fins de

    responsabilidade. Basicamente, a diferena se encontra na extenso do defeito verificado e o prazo para requerer sua reparao ou

    ressarcimento. Explico. O vcio do produto/servio o vcio ou defeito existente no prprio produto, que o torne imprprio ou inadequado ao fim

    que se destina. J o fato do produto/servio o que ocorre quando usamos um produto ou servio que possui um vcio e em razo dele nos causado um dano, alm do prejuzo patrimonial de ter adquirido um produto defeituoso.

    Para que acontea o fato, preciso que exista o vcio. O vcio inerente, caracterstica intrnseca do produto ou servio. O fato extrnseco ao produto, causa um dano maior do que um simples mau funcionamento. O vcio pertence ao produto/servio, mas o fato atinge o consumidor.

    O CDC traz em seus artigos 26 e 27 os prazos que o consumidor tem para reclamar do vcio ou do fato do produto/servio. Vejamos:

    Art. 26. O direito de reclamar pelos vcios aparentes ou de fcil constatao caduca em:

    I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de servio e de produtos no durveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de servio e de produtos durveis.

    1 Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do trmino da execuo dos servios. 2 Obstam a decadncia:

    I - a reclamao comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e servios at a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequvoca; II - (Vetado). III - a instaurao de inqurito civil, at seu encerramento.

    3 Tratando-se de vcio oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretenso reparao pelos danos causados por fato do produto ou do servio prevista na Seo II deste Captulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Pargrafo nico. (Vetado).

    Da Proteo Contratual

    O Cdigo de Defesa do Consumidor traz um captulo sobre a proteo dos contratos de consumo, estabelecendo, entre outras normas, quais clusulas so consideradas abusivas, o direito de arrependimento do consumidor e os contratos de adeso.

    Falaremos um pouco mais detalhadamente sobre o direito de arrependimento no tpico seguinte. Faamos agora uma leitura dos artigos do CDC que falam sobre a proteo contratual.

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    CAPTULO VI Da Proteo Contratual

    SEO I Disposies Gerais

    Art. 46. Os contratos que regulam as relaes de consumo no obrigaro os consumidores, se no lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prvio de seu contedo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreenso de seu sentido e alcance. Art. 47. As clusulas contratuais sero interpretadas de maneira mais favorvel ao consumidor. Art. 48. As declaraes de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pr-contratos relativos s relaes de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execuo especfica, nos termos do art. 84 e pargrafos. Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou servio, sempre que a contratao de fornecimento de produtos e servios ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domiclio. Pargrafo nico. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer ttulo, durante o prazo de reflexo, sero devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. Art. 50. A garantia contratual complementar legal e ser conferida mediante termo escrito. Pargrafo nico. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os nus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instruo, de instalao e uso do produto em linguagem didtica, com ilustraes.

    SEO II Das Clusulas Abusivas

    Art. 51. So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios que:

    I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vcios de qualquer natureza dos produtos e servios ou impliquem renncia ou disposio de direitos. Nas relaes de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurdica, a indenizao poder ser limitada, em situaes justificveis; II - subtraiam ao consumidor a opo de reembolso da quantia j paga, nos casos previstos neste cdigo; III - transfiram responsabilidades a terceiros; IV - estabeleam obrigaes consideradas inquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatveis com a boa-f ou a eqidade; V - (Vetado); VI - estabeleam inverso do nus da prova em prejuzo do consumidor; VII - determinem a utilizao compulsria de arbitragem; VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negcio jurdico pelo consumidor; IX - deixem ao fornecedor a opo de concluir ou no o contrato, embora obrigando o consumidor; X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variao do preo de maneira unilateral; XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor; XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrana de sua obrigao, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;

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    XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o contedo ou a qualidade do contrato, aps sua celebrao; XIV - infrinjam ou possibilitem a violao de normas ambientais; XV - estejam em desacordo com o sistema de proteo ao consumidor; XVI - possibilitem a renncia do direito de indenizao por benfeitorias necessrias.

    1 Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que: I - ofende os princpios fundamentais do sistema jurdico a que pertence; II - restringe direitos ou obrigaes fundamentais inerentes natureza do contrato, de tal modo a ameaar seu objeto ou equilbrio contratual; III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e contedo do contrato, o interesse das partes e outras circunstncias peculiares ao caso.

    2 A nulidade de uma clusula contratual abusiva no invalida o contrato, exceto quando de sua ausncia, apesar dos esforos de integrao, decorrer nus excessivo a qualquer das partes. 3 (Vetado). 4 facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministrio Pblico que ajuze a competente ao para ser declarada a nulidade de clusula contratual que contrarie o disposto neste cdigo ou de qualquer forma no assegure o justo equilbrio entre direitos e obrigaes das partes. Art. 52. No fornecimento de produtos ou servios que envolva outorga de crdito ou concesso de financiamento ao consumidor, o fornecedor dever, entre outros requisitos, inform-lo prvia e adequadamente sobre:

    I - preo do produto ou servio em moeda corrente nacional; II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros; III - acrscimos legalmente previstos; IV - nmero e periodicidade das prestaes; V - soma total a pagar, com e sem financiamento.

    1 As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigaes no seu termo no podero ser superiores a dois por cento do valor da prestao. 2 assegurado ao consumidor a liquidao antecipada do dbito, total ou parcialmente, mediante reduo proporcional dos juros e demais acrscimos. 3 (Vetado). Art. 53. Nos contratos de compra e venda de mveis ou imveis mediante pagamento em prestaes, bem como nas alienaes fiducirias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as clusulas que estabeleam a perda total das prestaes pagas em benefcio do credor que, em razo do inadimplemento, pleitear a resoluo do contrato e a retomada do produto alienado. 1 (Vetado). 2 Nos contratos do sistema de consrcio de produtos durveis, a compensao ou a restituio das parcelas quitadas, na forma deste artigo, ter descontada, alm da vantagem econmica auferida com a fruio, os prejuzos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo. 3 Os contratos de que trata o caput deste artigo sero expressos em moeda corrente nacional.

    SEO III Dos Contratos de Adeso

    Art. 54. Contrato de adeso aquele cujas clusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou servios, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu contedo. 1 A insero de clusula no formulrio no desfigura a natureza de adeso do contrato.

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    2 Nos contratos de adeso admite-se clusula resolutria, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no 2 do artigo anterior. 3 Os contratos de adeso escritos sero redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legveis, cujo tamanho da fonte no ser inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreenso pelo consumidor. 4 As clusulas que implicarem limitao de direito do consumidor devero ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fcil compreenso. 5 (Vetado)

    Do Direito de Arrependimento

    Quando estudamos os contratos no Cdigo Civil, vimos que possvel estabelecer uma clusula que regule a hiptese de uma das partes desistir do contrato e as conseqncias decorrentes dessa desistncia.

    No Cdigo de Defesa do Consumidor tambm existe a previso de desistncia do contrato, porm tratam-se de situaes bem distintas. Por isso, cuidado ao estudar estes institutos.

    O artigo 49 do CDC que traz a possibilidade do consumidor se arrepender do contrato, no prazo de 7 dias contados da sua assinatura ou recebimento do produto/servio, quando a contratao no for realizada no estabelecimento comercial (por telefone ou domiclio).

    Para encerrar o captulo, importante frisar que a qualidade do produto ou servio fundamental para a satisfao do

    cliente e efetuada atravs de suas necessidades, para melhor conforto e segurana. A ausncia de qualidade pode causar danos sade, integridade fsica e ao interesse patrimonial.

    A qualificao da mo-de-obra considerada outro aspecto fundamental para essa qualidade dos servios, j que grande parte de suas atividades se refere ao atendimento. Ou seja, a relao direta entre o fornecedor e o consumidor neste caso o alicerce para o sucesso do empreendimento.

    Patrocnio, Parceria e Apoio

    Finalizando a ementa proposta para o curso, faamos um breve estudo sobre patrocnio, parceria e apoio em eventos.

    Apesar de muitas vezes serem vistos como sinnimos, cada um deles possui sua caracterstica prpria, como veremos a seguir. Comeando pela definio do Dicionrio, temos o seguinte: Patrocnio: Custeio de um programa de televiso, rdio, etc., para fins de propaganda. Apoio: Auxlio financeiro e/ou de outra natureza; subsdio, prestgio. Exemplo: O evento contar com o apoio do Centro de Educao Profissional Ezequiel Ferreira Lima Parceria: Reunio de pessoas para um fim de interesse comum; sociedade, companhia. Apenas pela definio do dicionrio j podemos perceber a diferena entre tais formas de negociao na realizao de

    um evento. Podemos definir patrocnio como uma troca - um ato bilateral, que pode ser generalizada como qualquer tipo de

    investimento (custeio financeiro, produtos, servios, descontos em produtos, salrios, depoimentos, espaos em revistas e jornais, pessoal, etc.) para realizar um projeto, neste caso, um evento. o financiamento (por parte de pessoa ou organismo) com fins publicitrios ou para obter benefcios fiscais.

    Caso tenha interesse e queira se aprofundar um pouco mais no assunto, sugiro dar uma olhada neste site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Patroc%C3%ADnio_%28marketing%29 O patrocnio cada vez mais como um exerccio de divulgao de marca, basicamente, como a publicidade por meio de

    logotipos em destaque. A parceria, por outro lado visto como o fornecimento de benefcios de duas vias, como sendo uma relao de trabalho com objetivos comuns. Em eventos, o contrato entre o cliente e o organizador pode ser do tipo parceria e risco, onde o organizador recebe sua remunerao por um percentual sobre a arrecadao do evento. Na parceria, dividem-se direitos e obrigaes.

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    O apoio, por sua vez, difere do patrocnio por no existir, por parte de quem est apoiando o evento, necessidade de divulgao de um produto ou marca. O apoio est ligado a incentivo, enquanto patrocnio refere-se a investimento e parceria liga-se idia de trabalho em conjunto.

    Modelo de carta para solicitar patrocnio

    (Local e Data). Ao Sr. (nome) (funo) (Instituio) Prezado (a) Senhor (a), Cumprimentando-o(a) cordialmente, vimos solicitar auxlio para a realizao do evento (nome do evento), que acontecer

    em (cidade/local), no perodo de (dias/ms e ano) e ter como temtica (tema do evento). Salientamos que se trata de um evento (nacional/internacional/regional), organizado pelo curso/departamento de (nome

    do curso de graduao/ps-graduao/departamento) da Universidade/Empresa X, em convnio com (nome de instituies ou departamentos parceiros).

    O evento tem como objetivos principais (colocar objetivos do evento conforme projeto). Alm disso, caracteriza-se pela (inserir a justificativa). Tomando por base as caractersticas acima descritas e o projeto de evento que se encontra em anexo, requereremos o

    patrocnio de sua instituio no que se refere disponibilizao de (colocar valor ou outra solicitao), que sero utilizados para (colocar finalidade do patrocnio adquirido).

    Contando com o apoio e ateno a esta solicitao, subscrevemo-nos e permanecemos disposio. Atenciosamente,

    (assinatura)

    Nome do Responsvel pelo evento Nome do evento

    (assinatura) Nome do diretor do Centro/Empresa/Instituio Centro/Unidade de Ensino/Empresa/Instituio