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CESA – CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA GESTORES DO
SISTEMA ESTADUAL DE AGRICULTURA
CÉSAR LOPES SCUCUGLIA
CARACTERIZAÇÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES APTOS MAS SEM ACESSO AO PRONAF-CRÉDITO NO
MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO CLARO-PR NO ANO AGRÍCOLA 2009/2010
LONDRINA 2011
CÉSAR LOPES SCUCUGLIA
CARACTERIZAÇÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES APTOS MAS SEM ACESSO AO PRONAF-CRÉDITO NO
MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO CLARO-PR NO ANO AGRÍCOLA 2009/2010
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura, do Departamento de Administração da UEL, como requisito final para obtenção do título de Especialista.
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Carlos de Carvalho
LONDRINA 2011
CÉSAR LOPES SCUCUGLIA
CARACTERIZAÇÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES APTOS MAS SEM ACESSO AO PRONAF-CRÉDITO NO MUNICÍPIO DE
RIBEIRÃO CLARO-PR NO ANO AGRÍCOLA 2009/2010
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Especialização em Administração Pública
para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura,
do Departamento de Administração da UEL, como
requisito final para obtenção do título de
Especialista.
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Carlos de Carvalho Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Prof. Dr. Antonio Carlos Moretto Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Prof. Ms. Azenil Staviski Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 05 de Agosto de 2011.
DEDICATÓRIA
A minha esposa Kenia e aos meus filhos
Lucas e Manoela.
AGRADECIMENTOS
A minha família que teve compreensão pelos meus momentos de ausência.
A meus pais pelo apoio necessário nos momentos difíceis.
Ao meu professor orientador, pelo apoio na elaboração deste trabalho
A todos os Professores e tambem ao Coordenador do Curso, pela
compreensão e apoio ao Curso de Mestrado que fiz paralelamente.
Aos Colegas que tambem me apoiaram durante a realização do Curso.
Ao Instituto EMATER, pela oportunidade de realização deste curso.
SCUCUGLIA, César Lopes. Caracterização dos agricultores familiares aptos mas sem acesso ao PRONAF-Crédito no Município de Ribeirão Claro-PR no ano agrícola 2009/2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Administração Pública para Gestores do sistema Estadual de Agricultura) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2011.
RESUMO
O Programa Nacional de Agricultura Familiar – PRONAF, em sua modalidade de
Crédito Rural, permite ao pequeno agricultor, acessar recursos subsidiados pelo
Governo Federal com o objetivo de custear sua produção Agropecuária e realizar
investimentos produtivos nas propriedades administradas pelos mesmos. Observa-
se de uma maneira mais ampla, pelas informações fornecidas pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE, que nem todos os agricultores familiares com aptidão para acessar estes
recursos conseguem acessar as linhas de crédito disponíveis. O presente trabalho
teve por objetivo, caracterizar os agricultores familiares do município de Ribeirão
Claro – PR, determinando um perfil comum aos agricultores que não tiveram acesso
ao crédito rural, através do PRONAF no ano agrícola 2009/2010, objetivando ainda
facilitar a atuação do setor público na inclusão destas famílias neste programa
social. Foram levantadas as informações do total de agricultores familiares com DAP
(Declaração de Aptidão ao PRONAF), documento oficial que habilita o agricultor a
acessar o PRONAF e o total de Agricultores Familiares que acessaram o PRONAF
na Agência do Banco do Brasil de Ribeirão Claro no Ano Agrícola 2009/2010. Desta
forma, chegou-se ao total de agricultores familiares aptos, porém sem acesso ao
PRONAF. As informações levantadas levaram em conta a composição familiar, faixa
etária, renda, condições de moradia, acesso a informação, condição de posse do
imóvel e escolaridade. Foi levantada também, a quantidade de contratos efetuados,
valores dos contratos, tipos de operação, adimplência e restrições cadastrais.
Informações como, assistência técnica e extensão rural, fornecidos pelo órgão
estadual oficial, o Instituto EMATER a estas famílias também foram consideradas.
Através destas informações foram comparadas as características dos agricultores
com acesso ao crédito rural do PRONAF, e sem acesso ao programa, visando definir
o perfil doa agricultores excluídos do PRONAF no município. As informações obtidas
evidenciaram que os agricultores familiares do município de Ribeirão Claro sem
acesso ao PRONAF têm características específicas, como a falta de informações
sobre o Programa, baixa escolaridade, renda bruta anual muito baixa, faixa etária
mais baixa e falta de assistência técnica. Caracterizou-se assim um perfil dos
agricultores familiares que tem que ter a atenção especial dos órgãos públicos, já
que estão excluídos deste programa social.
Palavras-chave: PRONAF. Agricultor Familiar. Crédito Rural. Inclusão Social.
SCUCUGLIA, Cesar Lopes. Characterization of Family Farmers Aptos but without access to PRONAF-credit in the municipality of Ribeirão Claro – PR Year Agricultural 2009/2010. End of Course Work (Specialization in Public Administration for Managers of the State System of Agriculture) - State University of Londrina, Agriculture – State University of Londrina, Londrina. 2011.
ABSTRACT
The National Programme of Family Agriculture - PRONAF in its mode of Rural Credit,
allows small farmers, access resources, subsidized by the federal government in
order to fund their agricultural production and make productive investments in
properties managed by them. There is a broader way, the information provided by
the Ministry of Agrarian Development and the Brazilian Institute of Geography and
Statistics - IBGE, that not all family farmers with the ability to access these resources
can access the credit lines available. This study aimed to characterize the family
farmers of the municipality of Ribeirão Claro - PR, determining a common profile of
farmers had no access to rural credit through the PRONAF in the agricultural year
2009/2010, aiming to further facilitate the work of the sector public on the inclusion of
these families in this social program. We raised the information of all family farmers
with DAP (Declaration of Fitness for PRONAF), official document that enables the
farmer to access and total PRONAF Family Farmers who have accessed the
PRONAF the Agency Bank of Brazil Ribeirao Claro Year Agricultural 2009/2010.
Thus, it was the total number of eligible family farmers, but without access to
PRONAF. The information obtained took into account family composition, age,
income, housing conditions, access to information, condition of property ownership
and education. It was also raised, the number of contracts performed, values of
contracts, types of operation, and restrictions adimplência registration. Information
such as, technical assistance and rural extension, provided by official state agency,
the Institute EMATER these families were also considered. This is information we
compared the characteristics of farmers with access to rural credit PRONAF, and
without access to the program, aiming to define the profile gives farmers excluded
PRONAF in the city. The information obtained showed that the farmers of the
municipality of Ribeirão Claro PRONAF have no access to specific features, such as
lack of information about the program, low education, very low annual gross income,
lower age and lack of technical assistance. Characterized so a profile of farmers who
have to have special attention from government agencies, as they are excluded from
this social program.
Key words: PRONAF. Family Farmer. Rural Credit. Social Inclusion.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Nº e Valores Contratos de PRONAF – Brasil – 1994/2010............
16
Gráfico 2 – Nº Contratos de PRONAF - Ribeirão Claro – 2009/2010............... 20
Gráfico 3 – Valores Contratos de PRONAF - Ribeirão Claro – 2009/2010......
21
Gráfico 4 – Distribuição dos por Condição de Posse do Imóvel...................... 22
Gráfico 5 – Distribuição dos Agricultores por Faixa Etária................................ 23
Gráfico 6 – Distribuição dos Agricultores por Escolaridade.............................. 24
Gráfico 7 – Distribuição dos Agricultores por Estado Civil................................ 25
Gráfico 8 – Distribuição dos Agricultores por Renda Familiar.......................... 26
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 09
2. METODOLOGIA.............................................................................................. 11
2.1 Universo e amostra de pesquisa ................................................................... 11
2.2 Coleta de dados............................................................................................. 11
2.3 Análide dos dados coletados......................................................................... 12
3. A AGRICULTURA FAMILIAR E A PRESENÇA DE AGRICULTORES
FAMILIARES EM RIBEIRÃO CLARO- PR.........................................................
13
3.1 Considerações sobre a agricultura familiar.................................................... 13
3.2 Considerações sobre o PRONAF................................................................. 14
3.3 A Agricultura familiar no município de Ribeirão Claro.................................... 16
3.4 O Instituto EMATER, com agente de inclusão social..................................... 18
4. ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................. 19
4.1 Quantidade de contratos de PRONAF – Ano 2009/2010............................... 19
4.2 Valores de contratos – Ano 2009 / 2010....................................................... 20
4.3 Condição de posse dos agricultores do município de Ribeirão Claro.......... 21
4.4 Faixa etária.................................................................................................... 22
4.5 Grau de instrução........................................................................................... 24
4.6 Estado civil..................................................................................................... 25
4.7 Renda bruta anual.......................................................................................... 26
4.8 Moradia, composição familiar, informação e assistência técnica................... 27
4.9 Inadimplência dos agricultores....................................................................... 27
4.10 Restrições cadastrais................................................................................... 27
5. CONCLUSÃO.................................................................................................. 29
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 30
9
1. INTRODUÇÃO
A agricultura familiar no Brasil é o seguimento de maior importância
econômica e social no meio rural brasileiro. Segundo Oliveira (2004), este setor é
estratégico para a recuperação e manutenção do emprego, distribuição de renda e
garantia da soberania alimentar. Veiga (1998), afirma que a crise dos anos 80 levou
à grande escassez de crédito, atingindo especialmente os agricultores familiares. Na
busca de solucionar este problema, criou-se o PRONAF – Programa Nacional de
Agricultura Familiar no ano de 1995 (BACEN, 2010).
Segundo dados obtidos na Secretaria Nacional de Agricultura Familiar – SAF,
órgão do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, 2010), após 15 anos de
execução constatou-se que o programa se estendeu de forma considerável por todo
o território nacional. Os dados mostraram que, ampliou-se o montante financiado e
foram desenvolvidos programas especiais para atender diversas categorias
específicas de agricultores familiares, conforme renda bruta anual e setor de
atividade. Ainda assim verificou-se que o montante de recursos liberados não é
totalmente utilizado, pois nem todos os agricultores aptos a tomar o crédito
conseguem acesso ao PRONAF (MDA, 2010).
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA 2008), o PRONAF é
executado de forma descentralizada e tem como protagonistas os agricultores
familiares e suas organizações. Promove negociações de políticas públicas com
órgãos setoriais, o financiamento da produção agrícola, de infra-estrutura e serviços
e a profissionalização desses agricultores. O Manual Operacional do Crédito Rural
PRONAF (MCR10, 2010), assinala que o objetivo do programa é promover o
desenvolvimento sustentável do meio rural, a partir da implementação de ações que
possibilitem o aumento da capacidade produtiva, a manutenção e a geração de
emprego, a elevação da renda, visando à melhoria da qualidade de vida e o
exercício da cidadania pelos agricultores familiares. Neste sentido é importante que
o Programa consiga atingir todos os agricultores familiares de um determinado
município, não podendo estes agricultores ficarem alheios à oportunidade de acesso
ao PRONAF.
No Município de Ribeirão Claro, a presença do PRONAF não destoa de sua
presença em outras Regiões do Brasil. Aos poucos o programa foi se tornando
10
acessível aos agricultores familiares do município, com o apoio do poder público
estadual, através de seu órgão oficial de assistência técnica e extensão rural, o
EMATER-PR. Atualmente o município conta com 1050 agricultores (IBGE, 2010),
sendo que 690 são agricultores familiares (EMATER, 2010). Constatou-se que
destes agricultores familiares, 221, não tiveram acesso ao PRONAF, no ano agrícola
2009/2010 (Banco do Brasil, 2010).
O objetivo deste trabalho foi identificar as características dos agricultores
familiares do município de Ribeirão Claro, fazendo um comparativo entre as famílias
que acessaram o PRONAF e as que não tiveram acesso, no ano agrícola
2009/2010. Buscou-se assim traçar um perfil comum aos agricultores familiares sem
acesso ao PRONAF, objetivando facilitar a atuação do setor público na inclusão
destas famílias neste programa social.
11
2. METODOLOGIA
Para fundamentar este trabalho, foram utilizadas informações quantitativas de
banco de dados dos agricultores familiares do município de Ribeirão Claro – PR,
obtidas na Unidade municipal do EMATER-PR, além de dados oficiais do IBGE,
MDA e IPARDES. Na agência do Banco do Brasil de Ribeirão Claro, foram coletados
dados sobre as contratações de PRONAF no município, no ano agrícola 2009/2010.
Finalmente, foram feitas análises comparativas dos dados coletados.
2.1. Universo e Amostra de Pesquisa
Neste estudo foram pesquisados os dados de 690 pequenos agricultores
cadastrados pelo SISDAP-NET - Sistema de emissão de Declaração de Aptidão ao
PRONAF (DAP), no município de Ribeirão Claro, Norte Pioneiro do Paraná. Foram
pesquisadas também as informações oficiais disponíveis sobre estes agricultores e
sobre a estrutura governamental disponível no setor agrário para atendê-los. Com o
Banco do Brasil, Agência de Ribeirão Claro, foram coletados os dados disponíveis
quanto ao número, tipo e valor de contratação de PRONAF, no ano agrícola 2009-
2010.
2.2. Coleta de dados
A pesquisa foi feita em documentos do Instituto Paranaense de Assistência
Técnica e Extensão Rural (EMATER), tais como relatórios, apostilas, site,
documentos de reuniões, documentos sobre planejamento, do Ministério do
Desenvolvimento Agrário, como normativos, Manual de Crédito Rural, Caderno das
Cidades e Dados dos Municípios do Instituto Paranaense de Desenvolvimento
Econômico e Social (IPARDES). O Sistema SISDAP.NET, utilizado pelo EMATER,
disponibilizou os dados mais detalhados relativos às famílias, como renda,
escolaridade e condição de posse. Também foram levantadas informações durante
o período em que o autor da pesquisa, esteve no exercício na função de Gerente
Municipal do EMATER em Ribeirão Claro de setembro de 2003 a agosto de 2007 e
12
na função de Coordenador Regional de Crédito em Santo Antônio da Platina, de
Setembro/2007 a Dezembro/2010.
2.3. Análise dos dados coletados
A análise dos dados envolveu aspectos quantitativos. Para análise dos dados
foi considerado todo o universos das informações coletadas das famílias, comparado
com as informações da Instituição Bancária (Banco do Brasil – Agência Ribeirão
Claro) e também com os dados referentes ao apoio governamental recebido. A
comparação destas informações busca identificar o perfil das famílias que não
acessaram o PRONAF em 2009/2010.
13
3. A AGRICULTURA FAMILIAR E A PRESENÇA DE AGRICULTORES
FAMILIARES EM RIBEIRÃO CLARO-PR
O acesso aos Programas de apoio sócio-econômicos, subsidiados pelos
órgãos governamentais, é de fundamental importância para os agricultores
familiares. Estes agricultores se diferenciam dos demais, por estarem à margem do
agronegócio e do foco da assistência técnica privada, devendo ser tratados de forma
especial para poderem competir produtivamente e acessar os benefícios que os
demais setores do agronegócio conseguem mais facilmente.
Assim alguns aspectos relevantes a respeito da agricultura familiar, do
PRONAF, dos agricultores familiares do município de Ribeirão Claro e do Instituto
EMATER, foram tratados neste capítulo.
3.1. Considerações sobre a Agricultura Familiar
No Brasil a agricultura familiar é caracterizada por ser fundamental na
produção de alimentos e manutenção do emprego e renda no meio rural. Este setor
produtivo tem grande importância no desenvolvimento agrícola e social, porém em
muitos casos ainda é baseada na produção de subsistência e com o uso de
tecnologia que resulta em baixa produtividade. Assim, apesar de ser uma forma
eficaz de produção que atende as necessidades da sociedade, acaba muitas vezes
sendo excluída e desacreditada (Lamarche, 1993).
Segundo Lamarche (1993), estas diferentes formas de caracterização da
agricultura familiar, mostram que a exploração da agricultura pela mão de obra
familiar, tem uma grande capacidade de adaptação. Assim, o agricultor familiar não
é apenas mais um produtor rural, pois a diversidade de situações econômicas e
sociais envolvidas na agricultura familiar, faz com que ele se torne elemento
importante para o desenvolvimento não só da comunidade onde ele se encontra
mas de toda a sociedade.
Com toda a diversidade de situações que compõe a agricultura familiar, se
torna difícil definir um conceito único para a mesma. Como são envolvidos diversos
fatores na composição da agricultura familiar é necessário estudá-los
14
constantemente e acompanhar suas mudanças. Para Wanderley (1996), a
agricultura familiar é uma categoria social antiga, apesar de no Brasil o assunto
tenha sido mais debatido a relativamente pouco tempo. Embora convivendo com a
modernidade, no Brasil, quando comparada a outros países, a agricultura familiar
tem contado com sua própria força para continuar sobrevivendo.
A característica principal de uma exploração familiar, é a família trabalhando
em conjunto na propriedade rural e tirando de sua mão de obra o sustento e
remuneração. A análise da agricultura familiar deve ser feita englobando todas as
entidades que a estruturam para assim compreendermos seu funcionamento. Desta
forma pode-se compreender as escolhas feitas pelo agricultor familiar. Estas
escolhas são fundamentadas pelos sistemas de produção, sistemas fundiários,
valores culturais, estrutura familiar e renda do produtor (Lamarche, 1993).
Assim, neste trabalho buscou-se caracterizar a agricultura familiar, em
Ribeirão Claro – PR, identificando um perfil dos agricultores familiares que compõe
este setor da sociedade deste município.
3.2. Considerações sobre o Programa Nacional de Agricultura Familiar -
PRONAF
O crédito rural no Brasil, até 1994, era regulamentado pelo MCR (Manual de
Crédito Rural), sem levar em conta classes distintas de agricultores. Desta forma
não existia até então linhas de crédito disponíveis especificamente para os
agricultores familiares. Há época eram os agricultores eram diferenciados apenas
como grandes, médios, pequenos produtores, classificados assim pelo tamanho da
área de terra explorada. Também eram considerados como sindicalizados, os
trabalhadores rurais (MDA, 2010). Assim, o crédito rural oficial era disputado pelos
pequenos produtores, com os grandes produtores, em condições desiguais, pois o
pequeno dificilmente conseguia acesso ao crédito, por falta de garantias ou falta de
interesse das instituições financeiras (MDA, 2010).
O ano de 1994 foi marcado pela liberação de recursos oficiais de crédito rural,
especificamente para os pequenos produtores e trabalhadores rurais. Esta
diferenciação foi conquistada pelos movimentos sindicais representantes dos
15
chamados agricultores familiares, que conduziam suas áreas apenas com a força da
mão de obra familiar. Foi o Primeiro ano em que os recursos foram liberados para o
Programa Nacional de Agricultura Familiar, o PRONAF. O Programa foi criado e
implantado em 1994, porém, foi em 1995, que o PRONAF foi instituído pela
resolução CMN/BACEN no 2191 de 24/08/95. O objetivo do PRONAF é o apoio ao
financiamento da produção agrícola da agricultura familiar, através do crédito rural,
da instalação e melhoria de infra-estrutura e serviços nos municípios e da
capacitação e profissionalização de agricultores familiares e técnicos (MDA, 2010).
No ano de 1999, as normas do PRONAF são consolidadas no capítulo 10 do
Manual de Crédito Rural (MCR), do Banco Central e os agricultores familiares
beneficiários do programa são classificados em grupos: A, B, C e D, para fins de
acesso aos créditos. Estes grupos são diferenciados nas normas do MCR, pelo
tamanho da propriedade e principalmente renda bruta anual familiar (BACEN, 2010).
A Lei da Agricultura Familiar (LEI Nº 11.326, de 24 de Julho de 2006), alterou
algumas regras de enquadramento no PRONAF. Deixaram de existir as “faixas de
enquadramento”, ou seja, os conhecidos Grupos (C, D e E). Persistiram os Grupos
A (Assentados da Reforma Agrária e Programa Crédito Fundiário), Grupo B
(Agricultores Familiares sem renda ou renda muito baixa) e Demais Agricultores
Familiares (todos enquadrados independente da faixa de renda (BACEN,2010).
Para identificar o agricultor familiar, apto a acessar o PRONAF, O MDA,
através da Secretaria de Agricultura Familiar, instituiu a DAP - Declaração de
Aptidão ao PRONAF, que é emitida por órgãos credenciados junto ao MDA. Os
Sindicatos de Trabalhadores Rurais e a EMATER, no caso do Paraná, são os
órgãos que mais emitem a DAP (MDA, 2010).
Durante os anos em que o PRONAF está sendo aplicado, ocorreram as
mudanças, reivindicadas pelas entidades representantes dos agricultores familiares
que acarretam no crescimento do número de contratos e valor liberado para o
PRONAF de forma acentuada através destes 15 anos, mostrando sua importância.
Porém observamos também a variação entre o número de contratos em relação aos
valores liberados, que mostra que a previsão de contratação nem sempre atinge os
agricultores como previsto (Gráfico1).
16
Gráfico 1 – Valores financiados e Número de Contratos de PRONAF, no
Brasil, nos anos agrícolas 1995/1996 a 2009/2010.
Fonte: Base de Dados do Crédito Pronaf – SAF/MDA – 11/2010
As informações do Gráfico 1, indicaram que existe uma estimativa de
recursos prevista para atender os agricultores familiares no Brasil, mas que existem
sobras de recursos, além do fato do número de contratos diminuírem nos últimos
anos, o que alerta para a possibilidade de concentração de recursos e falta de
oportunidade de acesso de parte dos agricultores familiares.
3.3 A Agricultura Familiar no Município de Ribeirão Claro
Este capítulo tratou da caracterização da agricultura familiar em Ribeirão
Claro, município localizado no Norte Pioneiro do Paraná.
O município conta com um total de 1050 agricultores. (IBGE, 2010). Segundo
os dados do SISDAP.NET (2010), deste total, 690, são agricultores familiares
cadastrados com DAP (Declaração de Aptidão ao PRONAF), portanto aptos a
acessar o PRONAF-Crédito.
17
O PRONAF foi introduzido no município em 1994, atingindo um número de 13
agricultores familiares, com valores próximos a R$ 7.500,00 (Banco do Brasil, 2010).
Com os anos este público foi aumentando juntamente com o volume de recursos,
atingindo no ano agrícola 2009/2010, 469 agricultores familiares com um montante
de recursos próximos a R$ 4.700.000,00. Percebe-se assim que, apesar de sua
importância, parte dos agricultores familiares ainda continua sem acesso ao
Programa, pois do total de 690 citados anteriormente, 221 agricultores familiares
estão aptos, mas não acessaram o PRONAF no ano agrícola citado neste trabalho
(Banco do Brasil, 2010).
No município, nos últimos 10 anos, foram implantados os Programas Sociais
Vilas Rurais, Banco da Terra e Crédito Fundiário, que somam um total de 140
famílias de produtores que deixaram de ser arrendatários, meeiros ou trabalhadores
rurais e se tornaram proprietários de imóveis, apesar de serem pequenas áreas.
Estas famílias são atendidas pelo PRONAF, pois fazem partes dos programas
sociais que incluem esta política pública em seu contexto. Verificou-se que estes
agricultores familiares ou trabalhadores rurais, outrora excluídos dos programas de
apoio sociais e econômicos, atualmente são atendidos por estas políticas públicas
(EMATER, 2010). Os agricultores pertencentes a estes programas, criados para
inclusão social e econômica das famílias ou ainda os agricultores que acessam o
PRONAF regularmente, contam com o apoio Governamental no que diz respeito a
Assistência Técnica e apoio social, porém os que estão à margem destes programas
tendem a se tornar cada vez mais excluídos, abandonar a atividade ou entrarem
para a estatística de famílias abaixo da linha da pobreza (EMATER, 2010).
A agricultura Familiar é de extrema importância na economia e
desenvolvimento do Município, pois é grande geradora de emprego e renda, além de
movimentar o comércio local. Como existem atividades que exigem grande
quantidade de mão de obra (café, sericicultura, bovinocultura de leite e
hortifruticultura), a importância destas famílias se ressalta, pois além de possuírem
atividade própria, conseguem renda extra no trabalho volante e em apoio às outras
famílias (EMATER, 2010).
Ocorre que, parte destas famílias de agricultores, por diversos motivos, está
em situação de exclusão, pois não acessam os Programas disponíveis, deixando de
produzir e se mantendo apenas com a venda de mão de obra ou com Programas
sociais de combate a pobreza extrema. Estas famílias, tem muito a contribuir com o
18
município e a sociedade, pois podem voltar ou se tornar geradores de emprego e
renda, além de continuar estabelecidos no campo, porém com condições adequadas
de desenvolvimento social.
3.4. O Instituto EMATER como Agente de Inclusão Social
A atuação do Instituto EMATER no município de Ribeirão Claro se volta
principalmente às cadeias produtivas do leite, fruticultura, olericultura e do café e
ações voltadas à recuperação e preservação ambiental; organização rural e
conselhos de desenvolvimento; desenvolvimento territorial; segurança alimentar e
alternativas de renda; mercado e agroindústria; execução de políticas e programas,
em especial crédito rural através do PRONAF – Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar. Desta forma, o EMATER é um agente
importante no contexto da agricultura familiar do município.
Apesar da tradição, o Instituto EMATER mantém os olhos no futuro e está em
constante processo de reavaliação do seu papel junto a sociedade, buscando, com
isso, um novo posicionamento diante do seu público e instituições parceiras,
planejando suas ações sempre em acordo com os novos cenários que configuram a
agropecuária paranaense (EMATER, 2010).
Apesar de toda a responsabilidade que cabe a EMATER como órgão do setor
público para promover o desenvolvimento dos agricultores familiares, muitas vezes
as Políticas Públicas em vigor acabam por desviar o foco de muitas famílias que
dependem exclusivamente do setor Público. Quando a visão é voltada
exclusivamente para a questão produtividade e renda, atinge-se o objetivo do
desenvolvimento econômico, porém pode-se marginalizar as questões sociais que
são importantíssimas a médio e longo prazo para um desenvolvimento sustentável
(EMATER,2010).
A Inclusão Social acontece com a implantação de projetos que geram ações
diretas e participativas entre órgãos governamentais e o agricultor familiar, que é o
público foco deste trabalho. Assim, os desafios do Instituto EMATER no município
de Ribeirão Claro, são a inclusão de famílias que se encontram à margem dos
programas sociais e econômicos, entre eles o PRONAF.
19
4. ANÁLISE DOS DADOS
A análise foi realizada com os dados de 690 Agricultores Familiares do
município de Ribeirão Claro, conforme informações dos cadastros efetuados pelo
Sistema SISDAP.NET. Este sistema informatizado é utilizado desde o ano 2000 pelo
Instituto EMATER, para cadastrar os agricultores familiares que podem acessar o
PRONAF.
Foram levantados e analisados os dados fornecidos pela Agência do Banco
do Brasil de Ribeirão Claro, referentes às contratações de PRONAF, no município
de Ribeirão Claro, no ano agrícola 2009/2010.
Com estas informações foi feita a caracterização dos agricultores familiares
do município, que acessaram ou não o PRONAF, traçando um comparativo entre as
características levantadas, buscando identificar o perfil dos agricultores sem acesso
ao PRONAF, podendo assim, contribuir com o poder público, nas ações que visam
atender social e economicamente estas famílias.
4.1. Quantidade de Contratos de PRONAF – Ano 2009/2010
No ano agrícola 2009/2010, na agência do Banco do Brasil de Ribeirão Claro.
Foram efetivados 576 contratos de PRONAF, porém foi necessário eliminar as
repetições, ou seja, produtores que efetivaram simultaneamente contratos de
Custeio e Investimento. Chegou-se assim ao total de 221 famílias não acessaram o
PRONAF no período (2009/2010), ou seja, do total de 690 famílias aptas a acessar o
PRONAF, 469 acessaram e 221 não tiveram acesso (Gráfico 2).
20
Gráfico 2 – Número de contratos de PRONAF, custeio e investimento, efetivados no município de Ribeirão Claro no ano agrícola 2009/2010. Número de agricultores que acessaram sem repetição e número de agricultores sem acesso ao PRONAF.
Fonte: Banco do Brasil, 2010
Observou-se que os agricultores que acessaram o PRONAF, tem a opção das
duas modalidades de financiamento, que são custeio e investimento, conforme a
necessidade que a unidade produtiva tem naquele momento. Os 221 agricultores
familiares que não acessaram deixaram de investir na propriedade e de custear a
atividade produtiva no período citado.
4.2. Valores de Contratos – Ano 2009 / 2010
O Gráfico 3 aponta os valores liberados, totalizando 576 contratos de Custeio
e Investimento no ano agrícola 2009/2010, no município de Ribeirão Claro somando
um valor de R$ 4.791.467,00.
21
Gráfico 3 – Quantidade de contratos de PRONAF, custeio e investimento efetivados pelo Banco do Brasil, agência Ribeirão Claro, no ano agrícola 2009/2010 e Valores de Contratos em Reais.
Fonte: Banco do Brasil, 2010
Os valores liberados pelo PRONAF no município de Ribeirão Claro, são
significativos quando comparados ao PIB (Produto Interno Bruto) do município que
foi de R$ 17.837.250,00 (IBGE, 2010). Assim os valores liberados pelo PRONAF na
economia municipal, reforça a circulação de recursos no município evidenciando a
necessidade de acesso dos demais agricultores familiares ao Programa, podendo
contribuir não só para o desenvolvimento familiar, mas também do município.
4.3. Condição de Posse dos Agricultores Familiares do Município de Ribeirão
Claro
Segundo dados do SISDAP.NET (2010), dos 469 agricultores familiares do
município de Ribeirão Claro que acessaram o PRONAF no ano 2009/2010, 399 são
proprietários do imóvel rural que exploram, 22 são arrendatários, 44 são parceiros
ou meeiros e 4 são distribuídos em outra condições de posse conforme indica o
Gráfico 4.
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O Gráfico 4, indica também que dos 221 agricultores familiares do município
de Ribeirão Claro que não acessaram o PRONAF no ano 2009/2010, 185 são
proprietários do imóvel, 12 são arrendatários, 22 são parceiros ou meeiros e 2 são
distribuídos em outra condições de posse.
Gráfico 4 - Condição de posse do imóvel explorado pelos agricultores familiares do município de Ribeirão Claro
Fonte - EMATER-PR (SISDAP.NET, 2010)
Esta distribuição indicou uma característica peculiar dos agricultores familiares
do município de Ribeirão Claro, pois proprietários do imóvel explorado tem facilidade
de acesso ao crédito rural do PRONAF, já que a documentação relativa à condição
de posse é uma exigência bancária básica para fins de cadastro, apesar de outros
tipos de posse não ser impedimento ao acesso ao crédito. Observou-se também que
a condição de posse do imóvel não é uma característica que diferencia os
agricultores que tiveram acesso ou não ao PRONAF no ano agrícola 200/2010.
4.4. Faixa Etária
Foi levantado através do banco de dados SISDAP.NET, as informações sobre
a faixa etária dos agricultores familiares do município de Ribeirão Claro, separando
23
para análise, os agricultores que acessam e os que não acessam o PRONAF
(Gráfico 5).
Gráfico 5. Faixa etária dos agricultores familiares que acessaram o PRONAF em 2009/2010, e dos agricultores que não tiveram acesso ao Programa.
Fonte - EMATER-PR (SISDAP.NET, 2010)
Ao analisar estes dados (Gráfico 5), observou-se que, dentre os agricultores
familiares aptos a acessar o PRONAF, a maioria dos que não acessaram o PRONAF
em 2009/2010, estão nas faixas etária intermediárias, entre 25 e 35 anos (87) e na
faixa de 35 e 45 anos, totalizando 150 agricultores familiares. É um número elevado
de agricultores sem acesso, em uma faixa etária economicamente ativa que poderia
estar contribuindo com maior intensidade para a economia do município e de sua
própria família. Dentre os que acessaram o PRONAF, destacou-se a faixa etária
entre 35 a 45 anos ou 45 anos ou mais, com maior número de agricultores que
acessaram o crédito.
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4.5. Grau de Instrução
No levantamento sobre o Grau de Escolaridade (Gráfico 6), constatou-se que
grande parte dos agricultores sem acesso ao PRONAF (143) possuem apenas
primeiro grau incompleto. Cabe destacar, ainda, que 54 possuem primeiro grau
completo, 13 possuem segundo grau incompleto, 3 possuem o segundo grau
completo e o que é mais preocupante, o semi analfabetismo com 3 produtores.
Já nos dados sobre os agricultores que acessam o PRONAF, destaca-se que
um número significativo de agricultores possui grau de escolaridade
proporcionalmente maior que os que estão excluídos do Programa, pois 241 tem
primeiro grau completo, 76 tem segundo grau incompleto e 45 tem segundo grau
completo.
Gráfico 6. Grau de Escolaridade dos agricultores familiares com e sem acesso ao PRONAF em 2009/2010.
Fonte - EMATER-PR (SISDAP.NET, 2010)
Estes dados indicaram que existe uma relação entre a escolaridade e o
acesso ao PRONAF, pois os agricultores com nível escolar maior foram os que
tiveram maior acesso ao crédito. Assim os dados indicaram que produtores menos
escolarizados tem maior dificuldade de acesso ao PRONAF. O fator escolaridade
pode ser trabalhado pelos órgãos públicos permitindo assim contribuir com a
inclusão social e econômica destas famílias.
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4.6 Estado Civil
Os dados sobre o estado civil revela que do total de Agricultores Familiares
analisados (Gráfico 7), indica que a proporção entre casados, solteiros, com União
Estável e amasiado e separado/desquitado é igual tanto para os agricultores
familiares que tem acesso ou não ao PRONAF.
Esta análise revela que este fator não tem relevância no que dia respeito à
condição do agricultor acessar ou não programas governamentais
Gráfico 7. Estado Civil dos agricultores familiares com e sem acesso ao PRONAF em 2009/2010.
Fonte - EMATER-PR (SISDAP.NET, 2010)
A análise do Gráfico 7, revela que o estado civil dos agricultores familiares
não é uma característica relevante no que diz respeito à condição do agricultor
acessar ou não programas governamentais
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4.7. Renda Bruta Anual
Em relação à renda bruta anual, os dados coletados mostram que do total de
221 agricultores familiares analisados que não tem acesso ao PRONAF (Gráfico 8),
158 tem Renda abaixo de R$ 5.000,00 e 43 estão na faixa de renda abaixo de R$
1.500,00.
Dos 469 agricultores familiares analisados que tem acesso ao PRONAF
(Gráfico 8), 337 tem Renda de R$ 5.000,00 a R$ 10.000,00 e 128 estão na faixa de
renda acima de R$ 10.000,00.
Gráfico 8. Renda bruta familiar anual dos agricultores familiares com e sem acesso ao PRONAF em 2009/2010.
Fonte - EMATER-PR (SISDAP.NET, 2010)
A análise destes dados mostrou que a dificuldade de acesso ao PRONAF está
diretamente relacionada com a renda, ou seja, agricultores familiares com renda
menor, que deveriam estar acessando o crédito para impulsionar suas atividades e
melhorar a renda, acabam ficando de fora do Programa.
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4.8. Condições de moradia, composição familiar, acesso a informação e
assistência técnica.
Quanto as condições de moradia e composição familiar, indicam a deficiência
habitacional comum a famílias com estas faixas de renda, situação agravada por se
encontrar no meio rural. A composição familiar das famílias analisadas está na
média do município, não se encontrando situações significativas em relação a este
fator (IBGE, 2006).
O acesso a informação, segundo informações coletadas na EMATER do
Município e constatadas pelo autor deste trabalho, leva a crer que pelas condições
precárias de algumas famílias e pela localização distante de alguns bairros, este
acesso se torna difícil se não for realizado de forma específica pelos órgãos públicos
(EMATER, 2010).
A assistência técnica se dá da mesma maneira, pois acaba sendo destinada
ao público já tradicional de atendimento, sendo que se não for efetuado um trabalho
específico, pela grande demanda existente atualmente, o público que se encontra
excluído dos programas, continua na mesma situação sem orientação e assistência
técnica (EMATER, 2010).
4.9. Inadimplência dos agricultores
A inadimplência no sistema financeiro municipal, afeta a intenção de novos
agricultores a acessarem o PRONAF, pois fica a agência bancária impedida de
efetuar novos contratos. No ano agrícola 2009 / 2010, o Município de Ribeirão Claro
ficou com Inadimplência abaixo de 2% durante quase todo o período, o que continua
a ocorrer, portanto não impedindo a contração de novos projetos (Banco do Brasil,
2010).
4.10. Restrições Cadastrais
As informações de restrição cadastral de um agricultor é informação
confidencial, protegida pelo sigilo bancário, portanto este levantamento de forma
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individual dos agricultores que não acessam o PRONAF, fica impossibilitado de se
fazer. Segundo informações obtidas junto ao Agente Financeiro, estes dados ficam
também dentro de uma média que é considerada baixa, pois estes agricultores
normalmente não acessam nenhum tipo de crédito, ficando portanto com poucas
restrições cadastrais (Banco do Brasil,2010).
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5. CONCLUSÃO
Os valores e quantidades de contratos de PRONAF liberados atualmente no
Município de Ribeirão Claro atingem níveis satisfatórios em função de existir a
Agência Bancária no Município e de não ocorrer altos índices de inadimplência.
Observou-se um número representativo de agricultores familiares, que
representam 32 % do total, que atualmente não tem acesso a esse Programa, o que
faz com que estas famílias tenham uma condição sócio-econômica inferior, muitas
vezes atingindo limites de pobreza extrema.
O perfil dos agricultores familiares do município, que não acessam o
PRONAF, indica pontos em comum como renda bruta anual muito baixa, nível de
escolaridade baixo, dificuldade de acesso à informação, falta de assistência técnica,
restrições cadastrais e menor faixa etária. Esta dificuldade de acesso ao PRONAF
evidencia a carência e exclusão social por que passam estas famílias, o que serve
de alerta aos órgãos públicos em especial o EMATER, para que ações de
assistência técnica e extensão rural sejam voltadas a este público.
Os dados analisados sobre estado civil, condições de moradia e composição
familiar, indicam não existir relação entre este fator e o acesso ao PRONAF
O setor produtivo conta com diversas entidades públicas e privadas voltadas
para a eficiência e lucratividade, porem cabe principalmente ao setor público a
atuação no desenvolvimento social de famílias à margem do desenvolvimento,
devido as características dos agricultores apresentadas neste trabalho.
Com esta caracterização dos agricultores familiares do município de Ribeirão
Claro, o Instituto EMATER, através de suas politicas de apoio ao agricultor familiar
pode orientar seus profissionais tanto da área técnica quanto da área social, para
que o trabalho à campo possa ser intensificado e o foco do trabalho seja direcionado
para este grupo de agricultores, que atualmente estão excluídos do PRONAF.
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REFERÊNCIAS
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BANCO DO BRASIL, Agência de Ribeirão Claro-PR. Relatório de Contratação de PRONAF no Ano Agrícola 2009/2010. Ribeirão Claro, 2010. 9p
BRASIL. MDA, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Governo Federal. Base de Dados da Agricultura Familiar, Brasil 2010. Disponível em: <http://www.pronaf.gov.br>. Acesso em: 18 nov. 2010.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Brasil, 2010. Disponível em http://www.censo2010.ibge.gov.br/, acessado em 19 set. 2010.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário. Brasil, 2006. Disponível em < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia /agropecuaria/censoagro/2006/default.shtm?>. Acesso em 18 set. 2010.
LAMARCHE, H. A agricultura familiar: comparação internacional. Campinas: Editora da UNICAMP, 1993.
OLIVEIRA, F.A.B. Análise da contribuição do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) para a sustentabilidade do Assentamento Lagoa da Serra, Caucaia-CE. Dissertação de Mestrado, UFCE, Fortaleza, 2004. 116p.
PARANÁ. EMATER - Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão RURAL. SISDAP.NET, Sistema de Declaração de Aptidão ao PRONAF. Banco de Dados Eletrônico EMATER-PR. Curitiba, 2010.
PARANÁ. EMATER - Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão RURAL . Realidade Agropecuária Municipal. Ribeirão Claro, 2010. 26p.
PARANÁ. EMATER - Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão RURAL . Plano de Ação Municipal. Ribeirão Claro, 2010. 28p.
PARANÁ. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – IPARDES. Diagnostico socioeconômico do Território Norte Pioneiro. Curitiba, 2010. 84p.
BRASIL. MDA, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Governo Federal. Manual do crédito rural – plano de safra da agricultura familiar 2009-2010. Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.pronaf.gov.br>. Acesso em: 20 out. 2010.
VEIGA, J. E. da; ABRAMOVAY. R. Análise (diagnóstico) da Inserção do PRONAF na política agrícola. São Paulo: IPEA, 1998. 41 p.
WANDERLEY, M. de N. B. Processos sociais agrários: Raízes Históricas do Campesinato Brasileiro. In: Encontro anual da ANPOCS, 20, 1996, Caxambu. Anais... Caxambu: [s.n.] 1996.