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1 CAMPANHA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015 FRATERNIDADE 2015 FRATERNIDADE: IGREJA E FRATERNIDADE: IGREJA E SOCIEDADE SOCIEDADE Eu vim para servir” Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45) (cf. Mc 10,45) Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB

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  • *CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015FRATERNIDADE: IGREJA E SOCIEDADEEu vim para servir (cf. Mc 10,45)Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil CNBB

  • ORAO PAI, ALEGRIA E ESPERANA DE VOSSO POVO,VS CONDUZIS A IGREJA, SERVIDORA DA VIDA, NOS CAMINHOS DA HISTRIA.

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  • ORAO A EXEMPLO DE JESUS CRISTOE OUVINDO SUA PALAVRAQUE CHAMA CONVERSO,SEJA VOSSA IGREJA TESTEMUNHA VIVA DE FRATERNIDADEE DE LIBERDADE, DE JUSTIA E DE PAZ.*

  • ORAOENVIAI O VOSSO ESPRITO DA VERDADEPARA QUE A SOCIEDADE SE ABRA AURORA DE UM MUNDO JUSTO E SOLIDRIO,SINAL DO REINO QUE H DE VIR.POR CRISTO SENHOR NOSSO. AMM!*

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  • OBJETIVO GERAL Aprofundar, luz do Evangelho, o dilogo e a colaborao entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Conclio Ecumnico Vaticano II, como servio ao povo brasileiro, para a edificao do Reino de Deus.

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  • OBJETIVOS ESPECFICOS1) Fazer memria do caminho percorrido pela Igreja com a sociedade, identificar e compreender os principais desafios da situao atual.*

  • OBJETIVOS ESPECFICOS2) Apresentar os valores espirituais do Reino de Deus e da Doutrina Social da Igreja, como elementos autenticamente humanizantes.*

  • OBJETIVOS ESPECFICOS3) Identificar as questes desafiadoras na evangelizao da sociedade e estabelecer parmetros e indicadores para a ao pastoral.*

  • OBJETIVOS ESPECFICOS4) Aprofundar a compreenso da dignidade da pessoa, da integridade da criao, da cultura da paz, do esprito e do dilogo inter-religioso e intercultural, para superar as relaes desumanas e violentas.*

  • OBJETIVOS ESPECFICOS5) Buscar novos mtodos, atitudes e linguagens na misso da Igreja de Cristo de levar a Boa Nova a cada pessoa, famlia e sociedade.*

  • OBJETIVOS ESPECFICOS6) Atuar profeticamente, luz da evanglica opo preferencial pelos pobres, para o desenvolvimento integral da pessoa e na construo de uma sociedade justa e solidria. *

  • APRESENTAO O Filho do Homem no veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos (Mc 10,45)*

  • APRESENTAOVida que resgata vidasO esprito quaresmalJejum: um abster-se, um esvaziar-se, um abrir-seOrao: a aproximao, nova relao, exposio; busca de atingimento pela amorosidade de DeusEsmola: partilha de vida, cuidado amoroso, liberdade de entrega, servio.*

  • APRESENTAOA converso: mudana de vida CF 2015: refletir, meditar e rezar a relao entre Igreja e sociedadeSociedade vem de socius e idId: idade, que diz da fora, vigor; fora e vigor do socius Socius: o companheiro. A fora que faz e deixa ser companheiroCompanheiros: unidos pela mesma fora*

  • APRESENTAOUma sociedade sociedade quando todos participam do conviver e do decidir e no permitem que uma pessoa seja excludaPara que a sociedade possa existir e persistir, deixa-se guiar por valores fundamentais de Justia, de Fraternidade, de PazVaticano II: Igreja Reino de Deus, Povo de Deus (cf. Lumem Gentium n. 3)*

  • APRESENTAOOs cristos compem com outras pessoas a sociedadeOs cristos levam seus valores e compromissos, ajudam a construir uma sociedade justa, fraterna e de pazOs cristos, a Igreja, so ativos na sociedadeCF: oportunidade de retomar os ensinamentos do Conclio Vaticano II: ser uma Igreja atuante, participativa, consoladora, misericordiosa, samaritana.*

  • APRESENTAOPapa Francisco: prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter sado pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e comodidade de se agarrar s prprias seguranas. No quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsesses e procedimentos. *

  • APRESENTAOSe alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa conscincia que haja tantos irmos nossos que vivem sem a fora, a luz e a consolao da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de f que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida (Evangelii Gaudium n. 49)*

  • INTRODUO*

  • INTRODUOA Igreja recebeu de Jesus Cristo o mandato missionrio: a sua vocao e missoCF: recorda a vocao e a misso de todo o cristoAs pessoas que vivem do Evangelho vivem na sociedadeSocietas: associao amistosa com outrosA palavra sociedade indica uma convivncia e atividade conjunta de pessoas, ordenada ou organizada.*

  • INTRODUOA sociedade um coletivo de cidados com leis e normas de conduta, organizados por critrios, e com entidades que cuidam do bem-estar daqueles que convivemA cultura da exclusoA sociedade: o que a caracteriza a partilha de interesses entre os membros e a preocupao com o que comumVaticano II: Igreja ou o Reino de Deus, j presente em mistrio pelo poder de Deus, cresce visivelmente no mundo (LG n. 3)

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  • INTRODUOIgreja: comunidade de comunidadesIgreja presente na realidade da humanidadeIgreja ativa na sociedadeOs que so Igreja so parte da sociedade, vivem a f na sociedadeIgreja em sadaVive o desejo de oferecer misericrdiaComo Jesus, que lavou os ps aos seus discpulos, a comunidade missionria entra na vida diria das pessoas, encurta as distncias, abaixa-se e assume a vida humana

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  • INTRODUOA Igreja no deveria tornar-se uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmosA misso da Igreja de evangelizar passa pela caridadeA caridade anncioOs pobres como os destinatrios privilegiados do EvangelhoVnculo indissolvel entre a nossa f e os pobresOs cristos so presena do Evangelho na sociedade

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  • PRIMEIRA PARTE*

  • 1. Breve histrico das relaes Igreja e Sociedade no Brasil

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  • 1.1. Das origens CristandadeAs origens do Cristianismo esto radicadas na vida, pregao, morte e ressurreio de Jesus Cristo Ele assumiu e viveu a cultura de seu povo, participando ativamente dos problemas daquela sociedade Os seus discpulos viam em Jesus a realizao das expectativas messinicas presentes na f e tradio do povo de Israel*

  • 1.1. Das origens CristandadeAs primeiras comunidades crists sofreram e foram perseguidas, mas o exemplo dos mrtires as tornava ainda mais unidasO cristianismo fortalecido por este testemunho cresceu e se espalhou pelo mundo daquela pocaAlguns sculos mais tarde, para suprir carncias da sociedade civil, a Igreja, j mais bem estruturada, pde servir na construo da civilizao europeia, aps a desarticulao das estruturas do Imprio Romano*

  • 1.1. Das origens CristandadeEsta nova configurao sociocultural desenvolvida no continente europeu, com a participao expressiva da Igreja na sociedade civil, ficou conhecida como Cristandade. A principal caracterstica dessa sociedade que a vida das pessoas e das instituies era organizada com inspirao crist Este modelo social vigorou durante a Idade Mdia

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  • 1.2. A Cristandade lusitanaNo sculo XVI ocorreram fatos de grande repercusso e forte implicao na sociedade da poca, a ponto de gerar crise e abalar as bases da chamada Cristandade Entre estes, so dignos de nota a Reforma Protestante e o HumanismoA Reforma introduziu uma fratura no cristianismo. O Humanismo reivindicava uma sociedade articulada sobre bases humanas e no a partir de contedos da f*

  • 1.2. A Cristandade lusitanaCom esta crise, e devido ameaa dos rabes, o Papado intensificou as relaes com os Reinos de Portugal e da Espanha, nos quais o esprito da Cristandade permaneceu mais forte Esta aliana resultou no Padroado, um modo de relao entre a Santa S e o Estado Portugus, que conferia ao monarca a tarefa de defender a f e o direito de intervir em assuntos eclesisticos, como nomeao e manuteno de clrigos e fundao de dioceses. Cabia tambm ao monarca portugus enviar missionrios e gerir os trabalhos eclesisticos realizados no Brasil*

  • 1.2. A Cristandade lusitanaO regime do Padroado no impediu que a Igreja desenvolvesse sua misso na Terra de Santa Cruz com esprito missionrio, junto aos habitantes deste novo mundo A ttulo de exemplo, os jesutas, to logo chegaram, foram morar com os ndios em aldeias. Estudaram sua lngua, na poca chamada braslicaHouve uma verdadeira sada de si ao encontro do outro por parte dos missionrios Eles amaram e valorizaram a Terra de Santa Cruz e difundiram a ideia de que se tratava de um lugar de salvao *

  • 1.2. A Cristandade lusitanaDesenvolveram obras de aldeamento em proximidade aos primeiros colgios aqui instalados Religiosos de outras Ordens tambm vieram ao Brasil, como os franciscanos, os carmelitas e os beneditinosA misso da Igreja durante o povoamento do Brasil no ficou restrita aos missionrios clssicosOs cristos leigos e leigas tambm exerceram um importante papel evangelizadorPor exemplo, as confrarias leigas, mucamas e donas-de-casa, msicos e cantadores populares, e, ainda, os ermites e os denominados irmos, beatos e beatas, quilombolas e outros. *

  • 1.3 O Imprio e o incio da RepblicaCom a proclamao da Independncia do Brasil em relao ao Reino de Portugal, em 1822, Dom Pedro I foi aclamado ImperadorEm 1824, o Estado imperial nascente ganhou uma Constituio, que, a exemplo do Reino Portugus, reconheceu a Religio Catlica Apostlica Romana como religio oficial do Imprio BrasileiroA Santa S por sua vez, ao reconhecer oficialmente o novo Imprio, concedeu ao Monarca o direito de Padroado, nos mesmos moldes do acordo firmado com os Reis de Portugal*

  • 1.3 O Imprio e o incio da RepblicaDa proclamao da independncia do Brasil at o incio da Repblica, a Igreja se fez presente na sociedade brasileira dirigindo estabelecimentos de ensino e introduzindo casas de misericrdia em favor dos enfermos e pobresO Estado Monrquico nascente se mostrava precrio e desarticulado nessa funoMuitos bispos e padres tiveram papis de destaque na administrao imperial, chefiando cargos pblicos, aconselhando os Imperadores e personalidades polticas, mediando conciliaes durante os conflitos e revoltas civis *

  • 1.3 O Imprio e o incio da RepblicaNo entanto, o sistema rgio do Padroado trouxe inmeros descontentamentos Igreja, sendo um dos motivos do apoio de muitos eclesisticos ao movimento militar que extinguiu a Monarquia e implantou o sistema republicano em 1889O Padroado Rgio chegou ao fim por meio da Constituio Republicana de 1891A partir disso, a criao de novas dioceses e parquias, a fundao de seminrios e de obras voltadas aos pobres, a indicao e nomeao de clrigos para cargos eclesisticos e outras atribuies, at ento de competncia do Estado Imperial, passaram, finalmente, a depender da prpria Igreja

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  • 1.4. Os desafios da primeira metade do sculo XXEntre as dcadas de 1930 a 1950, a Igreja deparou-se com situaes inditas que impunham novos desafios pastoraisEles decorreriam de ideias revolucionadoras, de novos movimentos sociais e culturais e de transformaes sociais e econmicas em curso na sociedadeEntre elas, merecem destaque a expanso acelerada de alguns centros urbanos, a formao das classes mdias, a ditadura Vargas, o centralismo e a redemocratizao poltica do ps-guerra, o modernismo nas artes e na literatura e a participao das Foras Armadas na Segunda Guerra Mundial, e podem ser apontados como realidades novas. *

  • 1.4. Os desafios da primeira metade do sculo XXA resposta da Igreja aos grandes desafios veio na forma de vrias iniciativas organizacionais, entre as quais: a atuao da recm-criada Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1952 as mobilizaes dos leigos, por meio da Ao Catlica Especializada, em vrias dimenses sociais o Movimento de Educao de Base (MEB) os sindicatos rurais de inspirao eclesial*

  • 1.4 Os desafios da primeira metade do sculo XXDentre as respostas ainda merecem especial destaque o I e o II Encontro de Bispos do Nordeste, realizados em Campina Grande (PB), em 1956 e 1959Neles, os bispos, com a ajuda de especialistas, empreenderam uma ampla anlise da situao regionalAs concluses destas reflexes forneceram elementos para a elaborao de projetos de ordem socioeconmica ou transformaram-se em reivindicaes para solucionar situaes do Nordeste*

  • 1.4. Os desafios da primeira metade do sculo XXAlgumas delas se concretizaram e trouxeram reais benefcios, a exemplo da criao da Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) A experincia eclesial adquirida nos anos 1950 foi fortalecida com a criao da Conferncia Episcopal Latino-Americana (CELAM), pelo Papa Pio XII, em 1955. A presena pblica da Igreja ampliou-se junto sociedade com o Congresso Eucarstico Internacional do Rio de Janeiro, o Encontro Internacional da Ao Catlica e a criao da coordenao nacional de catequese. *

  • 1.4. Os desafios da primeira metade do sculo XXEsta experincia da Igreja no Brasil, em proximidade da realidade e de seus desafios, preparou-a para receber, de maneira privilegiada, as propostas do Conclio Vaticano IIAo final de conturbado perodo poltico, aps a renncia do presidente Jnio Quadros e a ascenso de Joo Goulart, a Igreja participou ativamente da mobilizao popular que culminou com o movimento militar de 1964.

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  • 1.5. Desafios do perodo da repressoCom a implantao e continuidade do regime militar, no final da dcada de sessenta e incio dos anos 70, em pleno perodo da represso, a Igreja deparou-se com outros desafios e novas situaes na sociedade brasileiraNaquele momento, eles eram oriundos sobretudo do avano da industrializao, do agravamento dos problemas sociais, tanto no campo como nas cidades, da ditadura militar e de uma verdadeira ebulio cultural nos grandes centros urbanos *

  • 1.5. Desafios do perodo da repressoA Igreja, nesse perodo, respondeu com as primeiras experincias de Pastorais Sociais: a Comisso Pastoral da Terra (CPT) a Comisso Brasileira Justia e Paz (CBJP) o Conselho Indigenista Missionrio (CIMI) as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), entre outros *

  • 1.5. Desafios do perodo da repressoA CF, aps ser gestada na Arquidiocese de Natal no incio dos anos 60, rapidamente se estendeu a vrias dioceses nordestinas Em 1964, ela foi realizada em mbito nacional Na dcada de 70, a CF foi um veculo para denncias e debates relativos a temticas sociais do momento, como: migrao, trabalho, fome, moradia e outros*

  • 1.5. Desafios do perodo da repressoEm 1974, em plena ditadura militar, a CF props o tema: Reconstruir a vida, e o lema: Onde est o teu irmo?

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  • 1.5. Desafios do perodo da repressoA repercusso das suas temticas suscitou nimo ao povo brasileiro no enfrentamento das dificuldades na caminhada de construo de uma nao livre e democrticaEm 1976, por quase unanimidade, a Assembleia Geral do episcopado aprovou o documento Exigncias crists de uma nova ordem poltica, demonstrando a sintonia da Igreja com os acontecimentos do perodo Este documento traduzia a experincia da Igreja no perodo de oposio ao regime militar, como o seu empenho pela recuperao das liberdades individuais e institucionais*

  • 1.6. Desafios da redemocratizao da sociedadeNo final da dcada de 1980, a Igreja Catlica acompanhou e participou ativamente do processo de redemocratizao do BrasilOs movimentos pela abertura poltica, entre eles o da Anistia e Diretas J, encontraram na Igreja um abrigo seguro para sua articulaoNo processo constituinte, a Igreja atuou com empenho visando a consolidao de estruturas democrticas na sociedade brasileiraDocumentos eclesiais foram lanados em vista do aprimoramento das relaes democrticas no pas*

  • 1.6. Desafios da redemocratizao da sociedadeA CNBB, por meio do Setor Pastoral Social, passou a coordenar as novas iniciativas surgidas com essa perspectiva, com as pastorais: carcerria, da criana, do menor, dos migrantes e da mulher marginalizadaEstas realidades desafiadoras exigiam da solicitude social da Igreja mais contundncia e uma ao evangelizadora com foco especficoNo final do sculo XX e incio do sculo XXI, a participao social e poltica da Igreja na sociedade brasileira prosseguiu por meio de diversos organismos e pastorais, entre os quais os Novos Movimentos*

  • 1.6. Desafios da redemocratizao da sociedadeas Comunidades Eclesiais de Baseas Pastorais Sociais o Movimento F e Poltica as Semanas Sociais o Grito dos Excludos Este processo histrico no foi tranquiloNa medida em que caminhava, aumentavam os desafios prprios das mudanas em curso *

  • 1.6. Desafios da redemocratizao da sociedadeContudo, no obstante os desafios, a Igreja, animada pelo Esprito de Jesus, se revigora nas inmeras comunidades eclesiais e nos trabalhos imprescindveis que presta ao povo brasileiroA visita do Papa Francisco ao Brasil, por ocasio da JMJ em 2013, na cidade do RJ, foi um momento de grande participao popular, manifestao de f e revigoramento para a Igreja, em sua misso e participao ativa no servio sociedade*

  • 2. A sociedade brasileira atual e seus desafios

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  • Na sociedade brasileira, as mudanas so to profundas e constantes a ponto de se vislumbrar uma verdadeira mudana de poca uma situao geradora de crises e angstias na vida pessoal, nas instituies e nas vrias dimenses da sociedadeAs mudanas indicam tambm oportunidade de uma vida crist mais intensa e atuante*

  • 2.1. A demografiaA populao brasileira ultrapassou 200 milhes de habitantesEm 1960, era um pouco mais de 70 milhesA expectativa de vida do brasileiro chegou, em 2012, a 74,6 anosEm 2013, o crescimento populacional foi de 0,86%, e deve tornar-se negativo em 2040Nos anos 1960, as mulheres em idade reprodutiva tinham em mdia seis crianasEm 2010, a taxa j havia cado para 1,8*

  • 2.1. A demografiaEm quatro dcadas, a demografia da populao deixou de tender para a exploso demogrfica, assumindo a perspectiva de crescimento moderadoO perfil demogrfico da populao vem mudandoDe um lado, h uma diminuio do nmero de crianas, e, de outro, existe um aumento de idososEste fator pode cooperar para o desenvolvimento da sociedade, mas tem implicaes preocupantesO custo do cuidado com os idosos, hoje absorvido pelas famlias, sobretudo pelas mulheres, tende a aumentarManter este modelo ser difcil, com a progressiva reduo do tamanho das famlias e a transformao social do papel feminino.*

  • 2.1. A demografiaA reduo de crianas e adolescentes, que poderia facilitar a gesto do sistema educacional, ainda no proporcionou melhorias significativasOs ndices verificados nessa rea estratgica so baixos, comprometendo o futuro da naoNa sociedade do saber, a falta de qualificao profissional adequada severamente punida com a excluso dos postos de trabalhos mais dignos.*

  • 2.2. A urbanizao e algumas dificuldadesA urbanizao da sociedade brasileira foi muito rpida1940: populao urbana 31%1960: populao urbana 45%Hoje: 85%44% vivem em regies metropolitanasAlguns problemas: favelizao, poluio, violncia, drogadio, enchentes, mobilidade e precrias condies sanitrias*

  • 2.2. A urbanizao e algumas dificuldadesNo foi acompanhada de adequadas polticas de moradiaA favelizao retrata desigualdades socioespaciaisO transporte pblico no atende as necessidades de deslocamento das pessoasMais de 50% dos domiclios no Brasil no tm coleta de esgoto e, do coletado, menos de 40% recebem algum tratamentoPara suprir o dficit de saneamento bsico: R$ 12 bilhes por ano durante 20 anos consecutivos*

  • 2.2. A urbanizao e algumas dificuldadesUm aumento na produo de lixo de 213 mil toneladas por dia, em 2007, para 273 mil toneladas, em 2013A falta de um destino adequado a estes resduos fonte de diversos problemas sanitrios e ambientais.*

  • 2.3. Articulao: polticas pblicas com objetivos econmicos e sociaisNo incio do sculo XXI, houve uma melhor articulao das polticas pblicas com objetivos econmicos e sociais, na tentativa de romper com modelos de crescimento no inclusivos Uma srie de polticas sociais foi implantada com o intuito de reduzir o contingente dos miserveis e trouxe avanos sobretudo em ndices de alimentao e sadeO bolsa famlia talvez seja o programa mais conhecido e debatido entre estes esforosCom 0,5% do PIB, o programa atende 14 milhes de famlias e atinge 1/4 da populao *

  • 2.3. Articulao: polticas pblicas com objetivos econmicos e sociaisAps dez anos, programa contribuiu para a diminuio da pobreza extrema da populao de 9,7% para 4,3%Outro ndice importante foi a reduo da mortalidade de crianas at cinco anosO ndice de mortes por mil nascidos vivos passou de 53,7, em 1990, para 17,7, em 2011Muitos o criticam por considerarem estas aes meramente assistencialistas, carecendo de instrumentos para melhor qualificar as pessoas assistidas e proporcionar-lhes sada efetiva da condio de pobreza extrema

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  • 2.4. Economia: estabilidade e avano da classe mdiaA economia brasileira a maior da Amrica Latina e do hemisfrio Sul, sendo a oitava do mundoEm 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) do pas foi de R$ 4,49 trilhes, e a renda per capita dos brasileiros foi de R$ 24.065,00As duas dcadas de estabilidade econmica proporcionaram a gerao de mais empregos e o aumento da renda, inflando a classe mdia, hoje estimada em mais de 100 milhes de pessoasA ascenso social indita desse grupo de pessoas alavanca o consumo com a movimentao de 56% do crdito disponvel na economia*

  • 2.4. Economia: estabilidade e avano da classe mdiaEsta classe mdia ampla passou a consumir alguns produtos antes restritos classe alta, como planos de sade, escolas particulares, previdncia privada e viagens areas, impulsionando a economia nos ltimos anos, devido a incentivos ao consumoAtualmente, ela encontra-se endividada, com pessoas atnitas e angustiadas, num contexto de crdito caro e baixa poupana, dada a desacelerao econmica do pas, verificada a partir de 2011*

  • 2.5. As minorias na sociedade brasileiraIndgenasQuilombolasPescadoresComunidades tradicionaisPovos nmadesDependentes qumicosPortadores de necessidades especiaisO fenmeno da migraoOs pobres e excludos*

  • 2.6. A violncia na sociedade brasileiraA violncia no para de crescer, sob todas as formas e em todos os estratos da sociedadeO pas apresenta uma taxa de 20,4 homicdios por 100 mil habitantes, a oitava pior marca entre 100 naes com estatsticas confiveis sobre o temaAs mais altas taxas de homicdios esto em Alagoas (55,3), Esprito Santo (39,4), Par (34,6), Bahia (34,4) e Paraba (32,8), com maior incidncia nas periferias urbanas e em cidades com rpido crescimento*

  • 2.6. A violncia na sociedade brasileiraAs mortes violentas, antes concentradas em grandes centros urbanos, se espalharam pelo pasSo 50 mil mortes violentas por anoO comrcio de drogas e a drogadio esto entre as principais causas do vertiginoso aumento da violncia e da criminalidadeO pas o maior consumidor mundial de drogas como o crack, e o segundo de cocanaO consumo devastador de drogas chegou a cidades do interior. Em meados de 2014, 350 mil pessoas usavam crack regularmente em S. Paulo*

  • 2.6. A violncia na sociedade brasileiraO ndice de crimes e delitos esclarecidos baixo e contribui para a sensao de impunidade na sociedadeMesmo assim, mais de meio milho de brasileiros est detido no sistema carcerrioA maioria jovem, negra e pobre, com poucas oportunidades de reintegrao social.*

  • 3. O servio da Igreja sociedade brasileira

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  • 3.1. O servio das comunidades catlicas na sociedadeIgreja: misso o servio sociedade em favor do bem integral da pessoa humanaDilogo cooperativo fraterno e enriquecedor com a realidade social e as instncias representativas da ordem socialA favor da verdade, da justia e da fraternidade em vista do bem comumParceria de instituies e organizaes sociais*

  • 3.1. O servio das comunidades catlicas na sociedadeObjetivo: a erradicao de injustias e construo de uma sociedade que propicie a vidaA Igreja Catlica est presente em todo o territrio brasileiroAs dioceses e parquias unem as pessoasArticulaes pastorais

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  • 3.1. O servio das comunidades catlicas na sociedadeUm exemplo do engajamento social e poltico recente da Igreja catlica com suas parcerias foi seu apoio ao Projeto de Participao Popular que resultou na instituio da Lei da Ficha Limpa (Lei 135/210)Em vigor, essa nova legislao impediu vrios candidatos condenados pela Justia de concorrerem ao pleito eleitoral de 2014Desde agosto de 2013, outro projeto desta ordem tramita no Congresso: o chamado Sade + dez, que reivindica 10% das receitas brutas da Unio para a Sade PblicaEste projeto decorre da Campanha da Fraternidade de 2012

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  • 3.2. A solicitude da Igreja na assistncia aos mais necessitadosSantas Casas de MisericrdiaConferncias VicentinasOrfanatosColgiosClnicas e hospitaisPastorais Sociais: a Pastoral da Criana

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  • 3.3. A solicitude da Igreja por meio de pastorais sociaisPastoral da Pessoa IdosaPastoral CarcerriaPastoral da SadePastoral do MenorPastoral dos PescadoresPastoral do Povo de Rua

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  • 3.3. A solicitude da Igreja por meio de pastorais sociaisAs pastorais sociais atuam em diversos mbitos da vida socialNo mundo rural: a questo agrria, os territrios dos povos tradicionais, a produo agrcola familiar e a preservao das riquezas naturaisNo meio urbano: os moradores de rua, as mulheres marginalizadas, o solo urbano e o mundo do trabalhoCom as minorias: povos indgenas, quilombolas, afrodescendentes, pescadores, ciganos e migrantes

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  • 3.3. A solicitude da Igreja por meio de pastorais sociaisCaritas Brasileira: campanhas emergenciais, na defesa dos direitos humanos e em projetos de superao da vulnerabilidade socialAtualmente, a Caritas brasileira conduz em nosso pas a Campanha Mundial Contra a Fome e a Pobreza, lanada mundialmente no dia 10 de dezembro de 2013 Em 2015, intenta apresentar sociedade as reflexes produzidas nas rodas de conversas ao longo de 2014*

  • 3.3. A solicitude da Igreja por meio de pastorais sociaisPastoral da Juventude: Campanha Nacional Contra a Violncia e o Extermnio de JovensSemana Social BrasileiraGrito dos ExcludosPastoral Familiar: educar para o amor, viver a diversidade familiar e das famlias, conviver com as diferenas e construir a fraternidade dentro do lar so passos iniciais da vida em sociedade.*

  • 3.4. A Igreja Catlica e o contexto religioso da sociedade brasileiraMuitas pessoas no valorizam mais a pertena a determinada religio, de forma ativa e sistemticaA participao religiosa, nessa concepo, fica condicionada aos interesses pessoais no seio de uma sociedade competitiva e individualistaA busca por curas e prosperidade suscitou o crescimento de grupos religiosos, com promessas para solucionar as demandas das pessoas*

  • 3.4. A Igreja Catlica e o contexto religioso da sociedade brasileiraReligiosidade individualistaPapa Francisco: mundanismo espiritualBusca da autossatisfao, da perda do sentido comunitrio e do projeto de JesusF subjetivistaElitismo narcisista e autoritrioDiminuio dos que se declaram catlicosDcada de 70: evanglicos 5,2%; Hoje: 22,2%Aumento do grupo dos sem religio cresceu 70%, alcanando 8% da populao. *

  • 3.5. O EcumenismoO Conclio Vaticano II incentivou a ao da Igreja em trs campos de dilogo no mundo modernoCada um deles conta com um documento explcito, que expe a orientao da Igreja para entendimento melhor da questo religiosa: o Decreto Unitatis Redintegratio (UR), sobre o ecumenismoa Declarao Nostra Aetate (NA), sobre as relaes da Igreja com as religies no cristsa Declarao Dignitatis Humanae (DH), sobre a liberdade religiosaSo temas de diversidade religiosa, mas incidem na relao da Igreja com a sociedade*

  • 3.5. O EcumenismoA origem da palavra ecumenismo evoca a casa (oikos) e significa a busca da convivncia pacfica sob o mesmo tetoO ecumenismo fortalece a busca de uma atuao conjunta em aes sociais inspiradas no amor ao prximo, bem como a colaborao na educao para a paz e em aes que visem o bem-estar fsico, moral e espiritual do povo e o bem comum da sociedadeA Igreja no Brasil desenvolve aes ecumnicas integrando o Conselho Nacional de Igrejas Crists (CONIC), incentivando os discpulos e discpulas missionrios a desenvolverem atividades mais intensas na Semana Nacional de Orao pela Unidade dos Cristos e na realizao da Campanha da Fraternidade Ecumnica.*

  • 3.5. O EcumenismoAlm do ecumenismo, que se refere ao dilogo com as Igrejas crists, a Igreja promove, em todo o mundo, o dilogo inter-religiosoDeus, em sua bondade e por meios que s Ele conhece, acolhe as pessoas que o buscam nas mais diferentes religies, consideradas como respostas aos profundos enigmas para a condio humana (Nostra Aetate n. 1) Exortando os fiis ao dilogo sincero com os membros das grandes religies, sobretudo o judasmo, o islamismo, o budismo e o hindusmo, a Igreja Catlica afirma que nada rejeita do que h de verdade e santo nessas religies (Declarao Nostra Aetate n. 2)*

  • 4. Igreja Sociedade: convergncias e divergncias

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  • 4.1. O pluralismoA sociedade brasileira apresenta uma pluralidade cultural com sua matriz tnica de origem europeia, africana e indgenaPara o pluralismo tambm cooperou a vinda de muitos migrantes da Europa e da sia, ao longo dos sculos XIX e XX, alm das grandes migraes internasE, com o desenvolvimento dos meios de comunicao e transportes, a sociedade brasileira inseriu-se ainda mais no mundo globalizadoVaticano II: A figura mtica do homem universal desaparece, assim, cada vez mais (Gaudium et Spes n. 61)*

  • 4.1. O pluralismoO pluralismo pode trazer benefcios ao conceder mais liberdade s pessoasPor outro lado, a perda ou a relativizao de referncias culturais pode gerar fragmentao e desorientao em todas as dimenses da existnciaEste ambiente plural torna-se fecundo quando permite a abertura das pessoas e dos atores sociais alteridadeA abertura necessria para o reconhecimento de que a diferena do outro, que o distingue, no motivo de afastamento*

  • 4.1. O pluralismoA Igreja catlica, nesse ambiente plural da sociedade, busca participar ativamente dos debates das questes mais relevantesPor meio da CNBB, ela apresenta seus pontos de vista com Notas e pronunciamentos sociedade, acolhe grupos dos mais diversos para ouvir pontos de vista contraditrios, e integra movimentos com representantes de diversas instituiesQuestes relativas defesa da vida, tocando em temas como os do aborto, da eutansia, da manipulao de embries e outros, so acompanhadas e articuladas pelos membros da Comisso para a VidaEste procedimento tambm ocorre em dioceses e parquias*

  • 4.2. A Reforma Poltica e a participao popularA corrupoO combate corrupo requer na base a formao moral e tica das pessoas e o aprimoramento do processo poltico para coibir tais abusosA Lei da Ficha LimpaO aprimoramento do processo poltico e a qualificao dos polticos e dos partidos requerem o empenho e a participao dos cidados conscientes, e, por isso, dos cristosA luta pela reforma poltica a maneira de os cristos se colocarem contra o difuso sentimento de decepo e descrena na poltica institucional que paira na sociedade. *

  • 4.3. As redes de comunicaoInternet, celulares, tablets e computadoresApesar do risco de um mau uso, esses meios aproximam pessoas e mundosA grande quantidade de informaes hoje disponvel nesses meios de comunicao pode levar fragmentao e ao enfraquecimento da capacidade de discernimento relativa s questes tico-moraisPermite vencer o monoplio do saber e evitar que se ocultem as verdades incmodasPossibilita tambm s pessoas assumirem e construrem uma viso de mundo, em um contexto plural e complexoO mau uso no invalida o bem que estes meios proporcionam sociedade e prpria Igreja*

  • 4.3. As redes de comunicaoContudo, h que considerar os riscos da interao virtual, frgeis e superficiais, muitas vezesAs formas de comunicao e de interao presenciais devem ser valorizadasA relao face a face possibilita um compartilhamento significativo e gerador de compromissosAs relaes ticas se vivenciam por meio de uma autntica alteridade, do encontro com o outro e com suas interpelaes preciso proporcionar gerao hiperconectada a possibilidade de conexes pessoais duradouras e resistentes s crises*

  • 4.3. As redes de comunicaoA Igreja se alegra por ver inmeros leigos participarem ativamente desse meio, procurando testemunhar Jesus Cristo, com presena em muitos dos debates que ocorrem nas redes sociaisE, reconhece que as comunidades em redes digitais complementam e fortatecem as comunidades presenciais A Igreja tambm est presente nos meios de comunicao com emissoras de TV e rede de Rdios*

  • 4.4. A racionalidade cientfica ou instrumentalIluminismo: propunha aos homens e mulheres guiarem-se exclusivamente pela racionalidadeAo negar qualquer possibilidade de transcendncia, produziu-se deformao tica, enfraquecimento do sentido do pecado pessoal e social, e aumento do relativismoA razo reduz a realidade ao mundo sensvel e compreende o mtodo experimental como nico capaz de produzir conhecimento*

  • 4.4. A racionalidade cientfica ou instrumentalO processo civilizatrio foi compreendido na perspectiva laicista, no religiosa So Joo Paulo II: Encclica Fides et Ratio, descoberta de que no h oposio entre f e razo e que ambas requerem-se mutuamente Esta cultura promoveu a liberdade, mas tambm a opresso e a dominao com seus excessos, e provocou uma crise na cultura moderna, e desconfiana na capacidade da prpria razo como apregoada acima*

  • 4.4. A racionalidade cientfica ou instrumentalComo decorrncia, houve desprestgio da razo, e consequente movimento de desconstruo dos pressupostos da modernidade, com exacerbao do emocional e da subjetividadePara exemplificar, do penso, logo existo cartesiano, passou-se ao sinto, logo existoEsta nova situao torna-se campo frtil para o aparecimento de algumas expresses culturaisMuitas deles acompanhadas de formas radicais de relativismos e ou fundamentalismos, acentuando ainda mais a crise da Modernidade. *

  • 4.5. O laicismo e a laicidadeA partir do Sculo XVIII, com a progressiva constituio dos Estados Modernos e da Modernidade, foi se consolidando e institucionalizando o conceito de laicidade como algo inerente ao Estado Democrtico de DireitoA doutrina da laicidade prope ao Estado no optar por uma religio oficial, para se constituir com o perfil laico e no religioso confessional, e resguardar o governo e a sociedade de possveis fundamentalismos religiososCom a doutrina da laicidade quer-se a constituio de um Estado sem interferncia de uma religio especfica, para garantir a liberdade religiosa e o sadio pluralismo*

  • 4.5. O laicismo e a laicidadeEste conceito nem sempre foi bem compreendido por certos grupos polticos ou religiosos, gerando enormes resistncias que desfiguram a proposta da laicidade do Estado, como o laicismo, uma ideologia antirreligiosa militanteO laicismo na sociedade brasileira, por exemplo, hostiliza qualquer forma de relevncia poltica da f e procura desqualificar o empenho social e poltico das religiesNo cabe s Igrejas e a qualquer outra instituio religiosa definir e determinar os destinos da sociedade, como apregoa a doutrina*

  • 4.5. O laicismo e a laicidadeMas cabe o direito de manifestao e interveno, com a exposio de suas doutrinas e posicionamentos ticos, em favor da dignidade humana e da justia socialA Igreja reconhece a laicidade, no tem pretenses de influir no poder para impor suas ideias e doutrinasPor isso, no tem partido nem apoia nenhum partido Sua participao na sociedade se caracteriza pelo fomento de valores em prol da vida, da dignidade das pessoas e do bem comum, a partir de Jesus CristoEla repudia com veemncia a proposio do laicismo, pelo preconceito contra a religio, em particular contra o catolicismo*

  • 4.6. A cultura do descartvelCultura moderna e materialista: distancia as pessoas dos valores ticos e espirituaisTransforma as pessoas em puros consumidoresTudo passvel de ser instrumentalizadoPapa Francisco: J no se trata simplesmente do fenmeno de explorao e opresso, mas duma realidade nova: com a excluso, fere-se, na prpria raiz, a pertena sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder j no est nela, mas fora. Os excludos no so explorados, mas resduos, sobras (Evangelii Gaudium n. 53)*

  • 4.7. Sinais de novos temposEm contraposio cultura do descartvel, do relativismo e do materialismo, encontram-se tambm os sinais da formao de uma nova cultura em muitos homens e mulheres, crentes ou no, que se empenham em construir uma cultura que permita uma maior realizao humana, que respeite e ajude a desenvolver a pluridimensionalidade da pessoa humana, sua autonomia e abertura ao outro e a DeusRespeito conscincia de cada um, pela tolerncia e abertura diferena e multiculturalidade Solidariedade com todo o criado, pela rejeio das injustias e por uma nova sensibilidade para com os pobres*

  • 4.7. Sinais de novos temposMovimentos Sociais e Associaes em defesa dos direitos da Me Terra e dos seres vivosContribuio da Igreja com este debate: a ecologia humanaA inteno integrar o respeito s convivncia na sociedade com o bom relacionamento com a naturezaUma parte das novas geraes no aceita a indiferena, a violncia e a excluso.*

  • 4.8. Esperana diante dos desafiosO Papa Francisco exortou todos os cristos a no assumirem uma posio pessimista diante das dificuldades presentes, nem uma posio meramente reativa ou pior, de resistncia e isolamentoUnio de foras com os homens e mulheres de boa vontadeA complexidade dos processos sociais tem sua origem nas intensas transformaes vividas nos ltimos anos pela sociedade brasileiraOs limites efetivos dos chamados e documentos eclesiais para alterar tais fenmenos sociais so evidentes*

  • 4.8. Esperana diante dos desafios preciso sensibilidade maior e um aprofundamento das questes sociais, numa viso integradoraA Igreja, partindo de Jesus Cristo, prope-se a servir, nesse contexto desafiador, com uma mensagem salvadora que cura feridas, ilumina e descortina um horizonte para alm dessas realidadesAo chegar ao corao de cada homem e de cada mulher, a Boa Nova e a esperana da Ressurreio podem mostrar-lhes quanto so amados por Deus e capazes de contribuir para criar uma nova e renovada humanidade.*

  • SEGUNDA PARTE*

  • 1. A relao Igreja sociedade luz da Palavra de Deus*

  • As Sagradas Escrituras revelam que Deus um criador amorosoEle viu que toda a realidade criada boa em si mesma e desejou que o mundo fosse um lugar de harmonia e paz (cf. Gn 1,31)Na histria humana, o afastamento de Deus e a escolha pelo mal so os pecados que causaram um profundo desequilbrio no interior dos seres humanos e na prpria natureza criada (cf. Gn 3,14-17)*

  • Morte, violncia, guerras, conflitos, mentiras e sofrimentos so consequncias da desarmonia gerada pela opo humana (cf. Gn 4,10-14).As Escrituras testemunham a fidelidade de Deus a seu amor pelos seres humanos, com suas intervenes na histria e propostas de alianas com os homens e mulheresChamou Abrao e lhe fez uma promessa que se estendia sua descendncia: Em ti sero abenoadas todas as famlias da terra (Gn 12,3)*

  • 1.1. O povo de Israel, chamado a ser sinal para todosA libertao do povo de Israel: Moiss e o prprio povo como protagonistas da histria de libertaoDeus prope as bases de uma nova sociedade a ser construda As Escrituras Sagradas narram Deus celebrando aliana com os filhos de Abrao, que fez, dos libertos do Egito, o Povo de DeusA aliana celebrada tinha tambm implicao nas relaes entre os membros daquele povo *

  • 1.1. O povo de Israel, chamado a ser sinal para todosUm modo fraterno de viver e uma estruturao social justa deveriam torn-lo sinal para os demais povos, pois tinham o conhecimento da Lei do Deus da vida (cf. x 20,1-17)O povo de Israel, na sua caminhada pelo deserto, fez a experincia de uma sociedade que atendia s necessidades bsicas de todosO man foi dado para suprir as necessidades, no para a acumulao (cf. Ex 16,16) A liderana de Moiss era partilhada para servir melhor ao povo (cf. x 18,24-27) *

  • 1.1. O povo de Israel, chamado a ser sinal para todosA aliana e os mandamentos inspiraram algumas instituies para preservar o carter solidrio e fraterno do povo de IsraelO ano sabtico, institudo para o descanso das pessoas e da terra, gerava solidariedade para com os pobres (cf. Ex 23,10-13)O ano jubilar propunha o retorno das terras aos donos originrios (cf. Lv 25,12-13), e o resgate de trabalhadores em regime de servido por dvida (cf. Lv 25,35-54).*

  • 1.1. O povo de Israel, chamado a ser sinal para todosA caminhada deste povo para a terra prometida foi dura L chegando, deveria viver a partir das inspiraes da Aliana, dos mandamentos e de instituies como as indicadasMas, a exemplo dos povos vizinhos, pede um rei, opta pela monarquia, sistema que se afastava do projeto de Deus. Samuel alertou para os riscos dessa escolha, ao falar a Israel sobre os direitos do rei na explorao do trabalho para si, na tomada de terras e na convocao de homens, para a guerra, e de mulheres, para seus servios (cf. 1Sm 8,10-18) *

  • 1.1. O povo de Israel, chamado a ser sinal para todosSamuel tinha razoA frase fez o que era mau aos olhos do Senhor (1Rs 16,25) repetida pelos profetas quando avaliam o procedimento dos reis de IsraelRetrata a distoro do projeto de uma sociedade justa e fraterna, onde fosse defendida a causa dos mais pobresAi dos pastores de Israel que apascentam a si mesmos! No so os pastores que devem apascentar as ovelhas? (Ez 34,2)*

  • 1.1. O povo de Israel, chamado a ser sinal para todosOs projetos dos reis, desvinculados daquele oriundo de Deus, geraram injustias na sociedade de Israel que a desestruturaram Israel foi presa fcil do expansionismo babilnico, retornando condio de escravo de outro povo Mas Deus no abandonou o povo com o qual celebrou aliana*

  • 1.2. O exlio e a relao de Israel com as naes gentiasO exlio provocou profunda crise no povo de IsraelHouve confronto de sua histria, tradio e f com a de um imprio em seu resplendor O exlio trouxe disperso do povo de Israel em meio s naes gentias Duas alternativas: o exclusivismo nacionalista, fechado ao outro, e o risco da perda da identidade num mundo marcado pela pluralidade*

  • 1.2. O exlio e a relao de Israel com as naes gentiasNo contato com outros povos, Israel compreendeu que a eleio amorosa da parte de Deus tambm era tarefa e responsabilidadeEu, o Senhor, te chamei para o servio da justia, tomei-te pela mo e te modelei; eu te constitu como aliana do povo, como luz das naes (Is 42,6)Ficou mais claro o significado do chamado a ser luz para as naes*

  • 1.2. O exlio e a relao de Israel com as naes gentiasOs profetas falaram com clareza que no basta orar, oferecer sacrifcios para agradar a DeusParai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem, buscai o que correto, defendei o direito do oprimido, fazei justia ao rfo, defendei a causa da viva. Depois, vinde, podemos discutir diz o Senhor. Se vossos pecados forem vermelhos como escarlate, ficaro brancos como a neve (Is 1,16-18)

    *

  • 1.2. O exlio e a relao de Israel com as naes gentiasAcaso o jejum que eu prefiro no ser isto: soltar as cadeias injustas; desamarrar as cordas do jugo; deixar livres os oprimidos, acabar com toda espcie de imposio? (Is 58,6)J te foi indicado, homem, o que bom, o que o Senhor exige de ti. s praticar o direito, amar a misericrdia e caminhar humildemente com teu Deus (Mq 6,8)*

  • 1.2. O exlio e a relao de Israel com as naes gentiasA religio precisa expressar-se com sinceridade no servio aos outros, como na construo da vida social que gere vida a todosAgrada a Deus uma sociedade fundada na justia, que ampara os necessitados, e no cultos, oferendas, sacrifcios desvinculados de tais prticasOs israelitas compreenderam que o desvio da Aliana fragilizou os seus laos sociais e sucumbiram facilmente ao poderio babilnico*

  • 1.3. Jesus e a organizao social de seu tempoNo Novo Testamento, Deus leva plenitude seu plano de salvao e libertaoDepois de ter falado muitas vezes pelos profetas e ter feito alianas com os homens e mulheres (cf. Hb 1), agora o prprio Deus se faz ser humano em Jesus Cristo (cf. Fl 2,7)Por meio de Jesus, chama os homens e mulheres a acolherem seu Reino de amor e justia (cf. Mc 1,15), e a estabelecerem relaes permeadas pela justia *

  • 1.3. Jesus e a organizao social de seu tempoJesus realizou sua misso em meio aos problemas e injustias da sociedade do seu tempo, e propunha um novo modo de viverCom suas aes, mostrou como deveria se caracterizar a vida dos homens e das mulheres no Reino de DeusEle colocou em primeiro lugar os pobres, os fragilizados, os excludosEle demonstrou amor e cuidado pelos pequenos e marginalizados do seu tempo*

  • 1.3. Jesus e a organizao social de seu tempoMulheres e crianas (Mc 10,13-16; 14,9; Lc 8,1-3)Prostitutas (Mt 21,31; Lc 7,37)Doentes: cegos, mudos, surdos, gagos, aleijados, encurvados, a mulher febril, a mulher com fluxo constante, leprosos e epilpticosEndemoninhados (cf. Mc 1,32-34)Estes eram pobres: estavam nas periferias fsicas e existenciais *

  • 1.3. Jesus e a organizao social de seu tempoAs autoridades religiosas foram censuradas por JesusAmarram fardos pesados e insuportveis e os pem nos ombros dos outros, mas eles mesmos no querem mov-los, nem sequer com um dedo (Mt 23,4)Ai de vs, escribas e fariseus hipcritas! Fechais aos outros o Reino dos cus, mas vs mesmos no entrais, nem deixais entrar aqueles que o desejam (Mt 23,13) (...) Assim tambm vs: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustia (Mt 23,28)*

  • 1.3. Jesus e a organizao social de seu tempoO sofrimento do povo, sem o amparo daqueles que deveriam servi-lo, levava Jesus compaixoAo sair do barco, Jesus viu uma grande multido e encheu-se de compaixo por eles, porque eram como ovelhas que no tm pastor. E comeou ento, a ensinar-lhes muitas coisas (Mc 6,34)*

  • 1.4. Jesus e a lgica do servioJesus no se apresentou como quem queria prestgio, mas como servidorValorizou os humildesOs acostumados a ser tratados como importantes ficaram incomodadosJesus usou sua autoridade para servirO servio foi a resposta de Jesus quando os discpulos no compreenderem o que Ele anunciava, a ponto de se interrogarem sobre quem seria o maior entre eles (cf. Mc 9,32-34)*

  • 1.4. Jesus e a lgica do servioTiago e Joo lutam pelos primeiros lugares e os outros dez se enchem de cimes (cf. Mc 10,35-41) Essa foi uma ocasio propcia para Jesus oferecer uma verdadeira catequese acerca do poder como servio (cf. Mc 8,34-35; 9,35-37)Os prprios discpulos estavam tomados pela lgica de poder contrria aos valores do Reino anunciados por JesusEle entendia e vivia o poder na perspectiva do amor, da entrega aos irmos e irms*

  • 1.4. Jesus e a lgica do servioQuando Jesus fez esse anncio, Pedro no entendeu e ousou censur-lo: Deus no permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te acontea! (Mt 16,21-22)Jesus apontou outra direo, mostrando que o discpulo necessariamente deve seguir o MestreO seguimento conduz generosa entrega da vida em favor dos outrosO servio, ns o vemos expresso na ltima ceia, quando o evangelista apresenta o gesto do lava-ps*

  • 1.4. Jesus e a lgica do servioDurante a ceia, Pedro no queria permitir a Jesus lhe lavar os psPedro disse: Tu no me lavars os ps nunca! Mas Jesus respondeu: Se eu no te lavar, no ters parte comigo (Jo 13,8)Simo Pedro reagiu desta maneira porque considerava o Mestre muito importante para aquela funo, reservada aos de menor importncia em uma casa *

  • 1.4. Jesus e a lgica do servioPara assumir a misso de Jesus, o discpulo precisa estar tomado pelo esprito de servio Nessa perspectiva, se compreendem tambm outras orientaes sobre o discipulado e o servio ao mundo: Se algum quer vir aps mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me! Pois, quem quiser salvar sua vida a perder; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvar (Mc 8,35) Essa lgica de servio coloca a religio como instrumento de construo de uma nova sociedade*

  • 1.5. A Igreja nascente a servio de uma sociedade reconciliadaPentecostes: o Esprito Santo impele os discpulos missionrios de Jesus a anunciar o Reino de Deus e a chamar as naes a fazerem parte deleSo Paulo: ativo missionrio e evangelizadorA vida e a obra de So Paulo se inseriram no mesmo horizonte de JesusMissionrio urbanoCriou uma rede de comunidades eclesiais e de colaboradores na periferias de grandes cidades do Imprio Romano: Antioquia da Sria, Corinto, feso e Roma

    *

  • 1.5. A Igreja nascente a servio de uma sociedade reconciliadaPortanto, se algum est em Cristo, criatura nova. O que era antigo passou, agora tudo novo (2Cor 5,17; cf. Gl 6,15)Esse novo inclui a lgica do servioO seguimento de Jesus se alimentava da tradio de Israel, desse mesmo tronco e mesma seiva (Rm 11,16-24)Mas a tenda comum foi alargada e o apstolo dos gentios foi proclamar o amor universal e inclusivo de Deus: No h judeu nem grego, no h escravo nem livre, no h homem nem mulher, pois todos vs sois um em Cristo Jesus (Gl 3,28)*

  • 1.5. A Igreja nascente a servio de uma sociedade reconciliadaPelo servio, os cristos derrubam as barreiras que dividem a sociedade, pois: Cristo a nossa paz; de ambos os povos fez um s, tendo derrubado o muro da separao (Ef 2,14)Cristo veio anunciar a paz: paz para vs que estveis longe e paz para os que estavam perto. por ele que todos ns, judeus e pagos, temos acesso ao Pai, num s Esprito (Ef 2,17-18)*

  • 1.6. Igreja e sociedade: uma mensagem de esperana e vitriaApocalipse: o plano de salvao de Deus se mostra mais forte que as foras do mal Deus tem a ltima palavra, a Ele pertence a vitria contra as foras que se opem ao bemPara aqueles que com Ele lutam contra o mal, para aqueles que fizerem o bem, feita a promessa de uma Nova Jerusalm, a cidade onde seu projeto se realiza plenamente (cf. Ap 21,9-22,5)*

  • 1.6. Igreja e sociedade: uma mensagem de esperana e vitriaL no h choro, violncia e injustiaAs portas nunca se fecham, mas todos esto em segurana um novo tipo de sociedade, orientada pelos valores do Reino de Deus, presente em tudo e em todos Nos captulos anteriores, o autor do Apocalipse, por meio de imagens profundamente evocativas, havia delineado um quadro bastante negativo e pessimista para a humanidade*

  • 1.6. Igreja e sociedade: uma mensagem de esperana e vitriaTragdias, a besta que sobe do mar (cf. Ap 13,1-10), a besta que sobe da terra, o falso profeta (cf. Ap 13,11-18) e Babilnia, a cidade prostituta (cf. Ap 1718)Mas tudo isso vencidoA mensagem do Apocalipse de esperana e vitriaNa nova cidade h beleza, esplendor e santidade, um rio de gua viva alimenta a vida por onde passa (cf. Ap 22,1-3a) *

  • 1.6. Igreja e sociedade: uma mensagem de esperana e vitriaA criao reconciliada, a pessoa humana desenvolve-se integralmente, as relaes desumanas e violentas so restauradas, o mundo se transforma (cf. Ap 21,3-4)Esse o final feliz da histria humana, o projeto de Deus realizadoA Igreja, comunidade dos discpulos missionrios, convidada a fazer parte da construo desse novo mundo de justia, fraternidade e paz, pelo testemunho de Jesus Cristo e servio sociedade

    *

  • 2. A relao Igreja sociedade luz do Magistrio da Igreja*

  • 2.1. Igreja: comunidade dos seguidores de Jesus a servio da sociedadeO significado da relao da Igreja com a sociedade vem explicitada no incio da Constituio Pastoral Gaudium et Spes: As alegrias e as esperanas, as tristezas e as angstias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, so tambm as alegrias e as esperanas, as tristezas e as angstias dos discpulos de Cristo; e no h realidade alguma verdadeiramente humana que no encontre eco no seu corao... a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gnero humano e sua histria (GS n. 1)*

  • 2.1. Igreja: comunidade dos seguidores de Jesus a servio da sociedadeA misso da Igreja Catlica: colocar disposio do gnero humano as foras salvadoras que ela recebe de CristoPrope salvar a pessoa humana integralmente e restaurar a sociedade humana no que se refere sua finalidade mais autntica: o desenvolvimento integral a partir do bem comumOs cristos so anunciadores e agentes de uma nova ordem social: a civilizao do amor, na expresso de Paulo VI*

  • 2.1. Igreja: comunidade dos seguidores de Jesus a servio da sociedadePara a Igreja, a sociedade humana foi criada por um desgnio amoroso de Deus Criador e est por Ele designada a alcanar sua prpria realizao A vida plena no amor por meio da participao na vida divinaO indivduo humano possui uma natureza social Ele no consegue por si s desenvolver suas capacidades sem a existncia de relaes intersubjetivas*

  • 2.1. Igreja: comunidade dos seguidores de Jesus a servio da sociedade A Igreja, perita em humanidades iluminada pela Palavra de Deus, reconhece a famlia e a sociedade poltica como indispensveis ao progresso da humanidadeE quer cooperar para que sejam fundadas na verdade, construdas sobre a justia e vivificadas pelo amorAs relaes da Igreja com a sociedade humana em geral so inerentes sua prpria naturezaA Igreja em sua misso deve dirigir-se a todas as pessoas*

  • 2.2. O anncio do Evangelho nos modernos arepagos A misso especfica da Igreja de cunho religioso, e no propriamente poltico, econmico ou socialSua ao evanglica repercute na organizao e no fortalecimento da comunidade humana, pois decorre da f e da caridade vividas pelos cristos, e no do uso de meios de coero externaPor no se prender a nenhum sistema poltico, econmico ou social, a Igreja consegue maior alcance universal em sua ao, podendo unir mais comunidades e naes*

  • 2.2. O anncio do Evangelho nos modernos arepagos A Igreja, contudo, no apenas colabora com a sociedade, mas tambm ajudada pela sociedadeEsses dois aspectos se tornam referncia tanto para a valorizao das realidades terrestres o trabalho, a cincia, a poltica, a economia, as relaes internacionais etc. quanto para o dilogo atento da Igreja com a sociedadeCom sua compreenso da misso e natureza da Igreja, segundo o Vaticano II, possibilitou uma insero diferente e equilibrada dos cristos na realidade social*

  • 2.2. O anncio do Evangelho nos modernos arepagosA expresso sinais dos tempos, baseada nos evangelhos (cf. Mt 16,4; Lc 12,54-56), foi empregada por So Joo XXIII na convocao do Conclio e amplamente pelos seus documentosEla indica que a Igreja, em sua misso de anunciar o Cristo, necessita conhecer e preparar o terreno onde lanar a semente do Evangelho, deve estar atenta realidade e suas mudanas, suas inquietaes e seus clamores*

  • 2.2. O anncio do Evangelho nos modernos arepagosSo Joo XXIII usou a expresso sinais dos tempos para mostrar a relevncia dos pobres, das mulheres e dos operrios na sociedade de seu tempo, interpelando os cristos a ouvi-los e a dar-lhes vez e vozOs sinais dos tempos tm uma conotao pastoral, que aponta para a urgncia da ao da comunidade cristTambm uma conotao teologal, uma vez que atravs deles Deus interpela os cristos a uma relao especial com Ele e com seus apelos*

  • 2.2. O anncio do Evangelho nos modernos arepagosO Conclio ensina, assim, a estar atentos aos grandes desafios que o mundo pe ao da IgrejaSo Joo Paulo II cunhou a expresso modernos arepagos, em referncia ao apstolo Paulo que, no arepago de Atenas (cf. At 17,16-34), anunciou com audcia a ressurreio de Jesus Cristo, mesmo correndo o risco da rejeioO Papa aponta para novos arepagos onde os cristos devem fazer-se presentes para anunciar o Evangelho *

  • 2.2. O anncio do Evangelho nos modernos arepagoso mundo das comunicaes sociaisa busca pela paz entre as naes o desenvolvimento e a libertao dos povos, sobretudo o das minorias a promoo da mulher, do jovem e da criana a proteo da natureza e outrosInculturao do Evangelho: imprescindvel levar em conta os desafios ou apelos de cada tempo e espao*

  • 2.3. Opo pelo ser humano e preferencialmente pelos pobresVaticano II: o caminho de servir a Deus servindo o ser humanoNa ao evangelizadora da Igreja, ela opta pelo ser humano como seu caminhoDefesa da dignidade e dos direitos humanosTransio de uma Igreja comprometido com o poder para uma Igreja solidria com os pobresVaticano II: a necessidade de aproximar a Igreja dos pobres*

  • 2.3. Opo pelo ser humano e preferencialmente pelos pobresVaticano II: a Igreja no se pe mais a servio dos poderosos, mas dos pobres de CristoCELAM: afirmou a opo pelos pobres como o centro de sua percepo da realidade da Igreja como mistrio de comunho e missoDesde Medelln at Aparecida, as Conferncias assumem de modo prtico a opo pelos pobresSo Joo Paulo II: a opo pelos pobres categoria de critrio de seguimento de Cristo para a Igreja em todo o mundo (Carta Apostlica Novo Millenio Ineunte n. 49)*

  • 2.3. Opo pelo ser humano e preferencialmente pelos pobresBento XVI: categoria teolgica ao dizer que a opo preferencial pelos pobres est implcita na f cristolgica naquele Deus que se fez pobre por ns, para nos enriquecer com sua pobreza (DAp n. 392)Papa Francisco: uma Igreja pobre e para os pobresCampanha Mundial Contra a Fome e a Pobreza, a cargo da Caritas: Estamos diante do escndalo mundial de cerca de mil milhes - mil milhes! - de pessoas que ainda hoje passam fome. No podemos virar as costas e fazer de conta que isto no existe*

  • 2.4. A misso eclesial exige uma converso pastoralO Papa Francisco convidou todos os catlicos a reconheceram a natureza missionria, cuja ao deve ser o paradigma de toda a obra da IgrejaPassar de uma pastoral de conservao a uma pastoral decididamente missionria (cf. Evangelii Gaudium n. 15; DAp n. 370)Evitar que a Igreja se torne uma ONG sociocaritativa (Papa Francisco. Homilia na Santa Missa com os Cardeais, na Capela Sistina por ocasio da concluso do Conclave. Roma, 14 de maro de 2013)*

  • 2.4. A misso eclesial exige uma converso pastoralA natureza e finalidade da Igreja de ordem religiosaMesmo se a dimenso religiosa incide sobre o poltico, o social e o econmico, ela no se resume a essas instncias e as ultrapassaa pessoa humana, em si mesma e na sua vocao, transcende o horizonte do universo criado, da sociedade e da histria: o seu fim ltimo o prprio Deus (COMPNDIO da DOUTRINA SOCIAL da IGREJA n. 47)*

  • 2.4. A misso eclesial exige uma converso pastoralPapa Francisco: confessar a Jesus como SenhorIgreja: comunho missionria, uma comunidade evangelizadoraO Conclio Vaticano II apresentou a converso eclesial como a abertura a uma reforma permanente de si mesma por fidelidade a Jesus Cristo: Toda a renovao da Igreja consiste essencialmente numa maior fidelidade prpria vocao. () A Igreja peregrina chamada por Cristo a esta reforma perene (Evangilii Gaudium n. 23-24)*

  • 2.4. A misso eclesial exige uma converso pastoralA misso da Igreja, que evangeliza, possui essencialmente uma dimenso social: no prprio corao do Evangelho, aparece a vida comunitria e o compromisso com os outrosO contedo do primeiro anncio tem uma repercusso moral imediata, cujo centro a caridadeO Papa Bento XVI: o servio da caridade uma dimenso constitutiva da misso da Igreja e expresso irrenuncivel da sua prpria essncia*

  • 3. A relao Igreja sociedade luz da Doutrina Social*

  • 3.1. A pessoa humana, a sociedade e a subsidiariedadeA pessoa humana vive na sociedadeA sociedade no lhe algo acessrio, mas uma exigncia da sua naturezaGraas ao contato com os demais, ao servio mtuo e ao dilogo com os seus irmos e irms, a pessoa desenvolve as suas capacidades, e assim responde sua vocaoPara a Igreja, a sociedade como um conjunto de pessoas vivendo de modo orgnicoEla uma espcie de assembleia ao mesmo tempo visvel e espiritual*

  • 3.1. A pessoa humana, a sociedade e a subsidiariedadeA pessoa humana e deve ser o princpio, o sujeito e o fim de todas as instituies sociaisA subsidiariedade: impossvel promover a dignidade da pessoa sem que se cuide da famlia, dos grupos, das associaes, das realidades territoriais locais, em outras palavras, daquelas expresses agregativas de tipo econmico, social, cultural, desportivo, recreativo, profissional, poltico, s quais as pessoas do vida espontaneamente e que lhes tornam possvel um efetivo crescimento social*

  • 3.1. A pessoa humana, a sociedade e a subsidiariedadeUma sociedade de ordem superior no deve interferir na vida interna duma sociedade de ordem inferior, privando-a das suas competncias, mas deve antes apoi-la, em caso de necessidade, e ajud-la a coordenar a sua ao com a dos demais componentes sociais, com vista ao bem comum (Catecismo da Igreja Catlica n. 1883)*

  • 3.1. A pessoa humana, a sociedade e a subsidiariedadeO princpio da subsidiariedade ope-se a todas as formas de coletivismo e marca os limites da interveno do EstadoVisa harmonizar as relaes entre os indivduos e as sociedades e tende a instaurar uma verdadeira ordem internacionalA sociedade indispensvel realizao da vocao humana*

  • 3.2. A famlia: primeira escola das virtudes sociaisUma das instituies sociais que mais corresponde natureza humana: a famliaO Conclio viu a importncia da famlia ao afirmar: Entre os laos sociais, necessrios para o desenvolvimento do homem, alguns, como a famlia e a sociedade poltica, correspondem mais imediatamente sua natureza ntima; outros so antes frutos da sua livre vontade (GS n. 25)A primazia da famlia no contexto social*

  • 3.2. A famlia: primeira escola das virtudes sociaisA famlia, sujeito titular de direitos nativos e inviolveis, encontra a sua legitimao na natureza humana e no no reconhecimento do EstadoA famlia no , portanto, para a sociedade e para o Estado; antes, a sociedade e o Estado so para a famlia (cf. Compndio da DSI n. 214)Magistrio: sempre dedicou profundo afeto e ateno para com a famlia*

  • 3.2. A famlia: primeira escola das virtudes sociaisFamlia: viver fielmente a realidade de comunhoO amor o princpio interior, a fora permanente e a meta ltima de tal deverSignificado da sexualidade humana: superao da cultura do descartvel e do hedonismoFamlia: primeira escola dos valores sociaisDireito-dever educativo dos paisDever da sociedade: garantir o direito das famlias*

  • 3.3. O bem comum e o desenvolvimento da sociedadeA natureza social do homem: o bem de cada um est relacionado com o bem comumO bem comum: o conjunto das condies sociais que permitem, tanto aos grupos como a cada um dos seus membros, atingir a sua perfeio, do modo mais completo e adequado (CEC n. 1906)O bem comum interessa vida de todosExige prudncia da parte de cada um, sobretudo da parte de quem exerce a autoridade*

  • 3.3. O bem comum e o desenvolvimento da sociedadeElementos essenciais do bem comum:O respeito da pessoaO bem-estar social e o desenvolvimento da prpria sociedadeDesenvolvimento: resumo de todos os deveres sociais: alimento, vesturio, sade, trabalho, educao e cultura, informao conveniente, direito de constituir famlia e outros*

  • 3.3. O bem comum e o desenvolvimento da sociedadeBem comum: implica a paz, a permanncia e a segurana de uma ordem justaA autoridade assegure, por meios honestos, a segurana da sociedade e dos seus membros O bem comum est na base do direito legtima defesa, pessoal e coletivaSe cada comunidade humana possui um bem comum que lhe permite reconhecer-se como tal, na comunidade poltica que se encontra a sua realizao mais completa*

  • 3.4. A comunidade poltica e o servio ao bem comumA comunidade poltica deve ter por objetivo o bem comum, isto , o bem integral de todos os cidados e cidads: moradia, sade, educao, lazer e liberdade religiosaNo devem ocupar-se apenas com sua vida particular e profissional, mas, tambm, como cidados: dotados de direitos e deveres, ultrapassar o mbito de seu grupo em vista de toda a sociedade*

  • 3.4. A comunidade poltica e o servio ao bem comumO bem comum a nica razo da existncia da sociedade poltica e de sua estrutura jurdica O primeiro dado fundamental de toda a vida poltica o respeito liberdade de cada pessoaA Igreja prega e anuncia que s no respeito a cada pessoa humana pode ser atingida a paz social*

  • 3.4. A comunidade poltica e o servio ao bem comumTodos as pessoas podem e devem criar associaes, sindicatos, associaes de bairro, grupos polticos e culturais, comunidades de f, para poder emitir suas opinies e colaborar na construo de uma sociedade mais justa e fraternaS assim podero participar ativamente da vida e do governo do pas*

  • 3.4. A comunidade poltica e o servio ao bem comumA conscincia da dignidade humanaO regime democrtico pode ser um meio lcito de construir o bem comum ao recomendar a participao de todosA Igreja rejeita os regimes totalitrios ou ditatoriais e reconhece a necessria diversidade dos partidos polticos*

  • 3.5. A participao na promoo da justia socialA participao na vida social como um empenho voluntrio e generoso da pessoa nas questes sociais necessrio que todos os cristos e demais cidados tomem parte na promoo do bem comumEste um dever essencial dignidade da pessoa humana*

  • 3.5. A participao na promoo da justia socialPelo cuidado que pe na educao da famlia, pela conscincia com que realiza o seu trabalho, o homem participa do bem dos outros e da sociedadeConverso de toda a sociedadeA fraude e a corrupo devem ser firmemente condenadas como incompatveis com as exigncias da justia*

  • 3.5. A participao na promoo da justia socialAs pessoas que exercem cargos de autoridade devem garantir os valores e colocar-se ao servio dos seus semelhantesA participao comea pela educao e pela culturaA justia social est ligada ao bem comum e ao exerccio da autoridadeO respeito pela pessoa humana uma obrigao que vem da condio de ser filho e filha de DeusDever da Igreja: conscientizar sobre estes direitos*

  • 3.6. A relao entre Igreja e EstadoA partir do Vaticano II, aparece sob nova perspectiva devido ao advento da sociedade pluralistaTrata-se mais propriamente do relacionamento da sociedade poltica com a IgrejaA Igreja, por ter uma finalidade religiosa, de modo algum se confunde com a comunidade poltica nem est ligada a qualquer sistema polticoNo significa que os cristos sejam indiferentes aos sistemas polticos ou que sua doutrina social deva se harmonizar com qualquer sistema poltico*

  • 3.6. A relao entre Igreja e EstadoA Igreja deseja salvaguardar a pessoa humana em sua integridade, o carter transcendente da pessoa humanaA colaborao no exige vantagens e privilgiosO nico bem que a comunidade de f pede da comunidade poltica a liberdadeEclesiologia do Povo de Deus (Constituio Dogmtica sobre a Igreja, Lumen Gentium): todos os cristos so chamados a uma participao ativa no campo poltico *

  • 3.6. A relao entre Igreja e EstadoOs cristos so pessoas humanas, livres e responsveis, devendo assim poder determinar a organizao social ou o contexto concreto em que se desenrolam suas vidas, e que to fortemente as condicionaConsequentemente, podero participar tanto dos fundamentos jurdicos da comunidade poltica (Constituio do Estado) como das atividades administrativas do setor pblico e da eleio dos governantesO voto: no s um direito, mas um dever, em vista da promoo do bem comum (cf. GS n. 75)Vaticano II: formao civil e poltica de todos*

  • 3.7. A reforma do Estado com participao democrticaPapa Bento XVI: reavaliao do papel dos EstadosFuno mais calibrada dos poderes pblicos, bem como de novas formas de participao na poltica Papa Bento XVI: A Igreja encara com simpatia o sistema da Democracia (Caritas in Veritate n. 24)Enquanto este modelo favorece a participao dos cidados nas opes polticas e garante aos governados a possibilidade de escolher e controlar os prprios governantes, ou, at mesmo, substitu-los pacificamente quando se torne oportuno*

  • 3.7. A reforma do Estado com participao democrticaCNBB Documento 91: Por uma reforma do Estado com participao democrticaAlerta sobre a crise da civilizaoMostra a necessidade de uma tomada de deciso sobre os meios mais justos e eficientes para sua superao, o que constitui uma deciso polticaAmpliao de sujeitos polticos, com vez e voz, no processo de construo da sociedade e do EstadoPrope a democracia participativa, como um necessrio complemento democracia representativa*

  • 3.7. A reforma do Estado com participao democrticaAssim, ser possvel ultrapassar o individualismo e tomar o rumo da solidariedade, conscientizando os cidados, respeitando sua autonomia e chamando-os a contribuir para a construo do bem comumAssembleia Geral da CNBB de 2014: o Estado hoje existente evidencia os limites da democracia representativa e no atende s necessidades dos novos sujeitos histricos em nossa sociedadeA favor da participao da Igreja em uma Coalizo pela Reforma Poltica Democrtica e Eleies Limpas*

  • 3.7. A reforma do Estado com participao democrticaEsta Coalizo, integrada por quase cem entidades da sociedade, parte do pressuposto de que uma reforma poltica passa, necessariamente, por mudanas:nas regras eleitorais, sobretudo no tocante a seu financiamentopor melhoria na representao do povo nos postos polticospelo fortalecimento da democracia participativa por meio dos preceitos constitucionais do Plebiscito, Referendo e Projeto de Lei de Iniciativa Popular*

  • TERCEIRA PARTE*

  • Igreja e sociedade: servio, dilogo e cooperao*

  • Gaudium et Spes: a relao que existe entre a misso que lhe prpria da Igreja e a responsabilidade que ela tem de colaborar com a sociedadeTornar mais humana a famlia humana e a sua histriaAteno aos pobres e sofredores, s periferias existenciaisPapa Francisco: globalizao da indiferenaEvangelii Gaudium: amplo espao incluso social dos pobresIgreja na Amrica Latina e Caribe: novo ardor em direo aos pobres*

  • Ir s razes da pobreza social, estimulando os pobres a se conscientizarem de sua situao e a assumirem a iniciativa de sua libertaoOs novos tempos exigem da Igreja um discernimentoA quinta urgncia: Igreja a servio da vida plena para todos Cuidado e proteo da dignidade humana: o cuidado com a famlia, com as crianas, os adolescentes e jovens, com os trabalhadores e trabalhadorasAteno aos migrantes nas suas diferentes realidades, a promoo de uma sociedade que respeite as diferenas, o combate ao preconceito e discriminao, o apoio a iniciativas de incluso social dos indgenas e afrodescendentes, entre outrasLigao: evangelizao e promoo humana*

  • 1. Os critrios: dignidade humana, bem comum e justia social*

  • 1.1. Proteo dos direitos fundamentaisO servio prestado pela Igreja vida compreende a proteo ao ser humano, especialmente aos mais fragilizados, e aos seus direitos, universais e inalienveis, como expresso na Doutrina SocialNo Brasil, alguns direitos bsicos ainda carecem de avanos para serem disponibilizados a toda a populao: direito gua limpa e potvel, direito alimentao, direito moradia, direito liberdade, direito manifestao poltica, direito educao, direito manifestao religiosa publicamente O fundamento de todos estes direitos o direito vida, desde a sua concepo at o fim natural*

  • 1.2. O bem comum: promoo e defesa da justia socialVaticano II: a f obriga os fiis a cumprirem seus deveres terrenos e a colaborar, com boa vontade e competncia, nos mais variados campos da vida social (cf. GS n. 43)A melhoria das condies de vida dos brasileiros ainda no se traduziu em melhorias nas condies estruturais de vida da populao, sobretudo dos necessitados*

  • 1.2. O bem comum: promoo e defesa da justia sociala luta pela reforma agrria e as condies do trabalho no campoas relaes de trabalho que compreendem o salrio justo e o emprego decente o acesso moradiaNo caso dos indgenas, urgente a demarcao dos territrios e a mediao nos locais onde existem agricultores que possuem ttuloNo caso das comunidades quilombolas e comunidades tradicionais, urgente que o poder executivo demarque os territrios e os proteja da especulao imobiliriaOutra urgncia estabelecer polticas pblicas de incluso social de milhares de excludos*

  • 2. O servio da Igreja sociedade*

  • 2.1. Uma Igreja em sadaPapa Francisco: converso missionriaA partir da imagem dos discpulos de Emas (cf. Lc 24,13-35):uma Igreja que no tenha medo de entrar na noite deles;uma Igreja capaz de encontr-los no seu caminho;uma Igreja capaz de inserir-se na sua conversa;uma Igreja que saiba dialogar com aqueles que vagam sem meta, com desencanto, desiluso, at mesmo do cristianismouma Igreja capaz de acompanhar o regresso a Jerusalm*

  • 2.2. O discernimento evanglicoRefletir nas famlias sobre o que edifica a vida e o que no gerador de vida, e sobre estratgias de soluo;Promover momentos para exercer o discernimento evanglico acerca do que ocorre na comunidade, bairro, cidade, e identificar ameaas vida (pontos de vendas de entorpecentes, prostituio, trfico de pessoas, pessoas em situao de misria, fatos ocorridos com pessoas, famlias e outros);*

  • 2.2. O discernimento evanglicoPensar em formas de contribuir para a resoluo de tais situaes, considerando as capacitaes requeridas para as aes de enfrentamento da realidade identificada.*

  • 2.3. A ao das Pastorais SociaisAs comunidades precisam conhecer servios mediante os quais a Igreja se faz solidria aos pequeninos da nossa sociedade e empenha-se pela superao das injustias e pela construo de relaes segundo o Evangelho na sociedade.*

  • 2.3. A ao das Pastorais SociaisO Papa Francisco tem feito apelo em prol daqueles que so descartados na sociedade. Ele pede que as comunidades se abram a este chamado, identifiquem esses grupos, sejam solcitas para com as pessoas e estruturem um trabalho com o apoio e a experincia das pastorais sociais.*

  • 2.4. Dilogo e colaborao em vista do bem comumRepensar a prpria responsabilidade em relao sociedade em temas como: sustentabilidade respeito aos direitos dos outrosliberdade religiosa educao para a solidariedade cuidado com os bens pblicos*

  • 2.4. Dilogo e colaborao em vista do bem comumCriar servios a partir das caractersticas da parquia e das capacitaes dos paroquianos (reforo escolar, biblioteca comunitria, mutires de ajuda e outros).*

  • 2.4. Dilogo e colaborao em vista do bem comumAprofundar a prpria experincia religiosa;Educar para o respeito liberdade religiosa, a superao de preconceitos, o reconhecimento dos direitos humanos e a rejeio das injustias;*

  • 2.4. Dilogo e colaborao em vista do bem comumDesenvolver a capacidade de dilogo com pessoas de outras denominaes religiosas e de posies diferentes da prpria posio;Descobrir, em pessoas de outras Igrejas, possveis construtores de um mundo melhor e partilhar experincias, ensinando e aprendendo.*

  • 2.5. A superao da violncia e a construo da pazA comunidade insira o tema da paz em sua liturgia e orao; Articular com outros grupos religiosos momentos de orao pela paz em lugares simblicos;

    *

  • 2.5. A superao da violncia e a construo da pazConhecer as realidades prximas da comunidade que apresentem conflitos, para um discernimento sobre as melhores solues e contribuies possveis;*

  • 2.5. A superao da violncia e a construo da pazAcompanhar famlias, jovens, gangues, escolas com incidncia de conflitos em vista de super-los; Apoiar as iniciativas da sociedade organizada e de organizaes no governamentais, que visem a cultura da paz.*

  • 2.6. Conselhos Paritrios e participao socialInscrever a participao nos Conselhos Paritrios no plano pastoral da diocese ou parquia, como uma das formas de participao da Igreja na edificao do bem comum da sociedade;Esclarecer a comunidade sobre a importncia da participao nos Conselhos Paritrios;*

  • 2.6. Conselhos Paritrios e participao socialObter informaes sobre os Conselhos Paritrios constitudos em seu municpio e sobre seu funcionamento;Escolher e preparar pessoas na comunidade para participarem em nome da/e como Igreja.*

  • 2.7. Participao na Reforma PolticaA Igreja Catlica integra a Coalizo pela Reforma Poltica Democrtica e Eleies LimpasParticipou ativamente dos debates que definiram os termos deste projeto, que inclui:A proibio de financiamento de candidatos por empresas (pessoas jurdicas) e implantao do financiamento democrtico, pblico e de pessoas fsicas, ambos limitados;*

  • 2.7. Participao na Reforma PolticaA adoo do sistema eleitoral chamado voto transparente, proporcional, em dois turnos, pelo qual o eleitor inicialmente vota num programa partidrio e posteriormente escolhe um dos nomes da lista ordenada no partido, com participao de seus filiados e acompanhamento da Justia Eleitoral e do Ministrio Pblico;*

  • 2.7. Participao na Reforma PolticaA promoo da alternncia de homens e mulheres nas listas de candidatos dos partidos, porque o Brasil, onde as mulheres representam 51% dos eleitores, um Pas de sub-representao feminina, com apenas 9% de mulheres na poltica;*

  • 2.7. Participao na Reforma PolticaO fortalecimento da democracia participativa, atravs dos preceitos constitucionais do Plebiscito, do Referendo e do Projeto de Lei de Iniciativa Popular, permitindo assim a sua efetividade, reduzindo as exigncias para a sua realizao e ampliando suas possibilidades de concretizao.*

  • 2.7. Participao na Reforma PolticaSugestes para aes concretas:A participao dos discpulos missionrios no bem comum pelo processo poltico um direito e um dever, como cidados e do exerccio da misso; Que a comunidade no esteja alheia aos processos polticos na sociedade;*

  • 2.7. Participao na Reforma PolticaSugestes para aes concretas:Os discpulos missionrios devem ser esclarecidos e capacitados para discernir por eles mesmos a partir de Jesus Cristo e do projeto do Pai, em vista de opes construtivas para a sociedade;Convidar pessoas para debater, traar metas e estratgias de mobilizao, em vista da contribuio necessria reforma poltica.

    *

  • 3. Viver a Campanha da Fraternidade*

  • oportuno frisar que a participao na Campanha promovida pela Igreja em todo o Brasil propicia pessoa e comunidade a oportunidade de se integrarem neste belo momento de comunho eclesialA preparao da Campanha uma oportunidade para fortalecer laos comunitrios e animar a pastoral de conjunto As dioceses, parquias, comunidades e grupos renam suas lideranas, estudem o tema e planejem sua realizao. O tema: Fraternidade: Igreja e Sociedade instigante, pois os fiis da comunidade so membros da sociedade e chamados a evangeliz-la em suas vrias dimenses *

  • 3.1. A Coleta da SolidariedadeO tempo da quaresma um tempo penitencial e a verdadeira converso deve produzir frutos (cf. Mt 3,8)O primeiro gesto concreto de converso quaresmal para os discpulos missionrios a participao na vida da comunidade que serve e celebraO segundo a oferta de doao em dinheiro na coleta da solidariedade, a ser realizada no Domingo de Ramos, dia 29 de maro

    *

  • 3.1. A Coleta da SolidariedadeA coleta deste ano destina-se tambm a combater a fome no mundo, por meio de uma ao promovida pela Caritas, com o lema: Uma famlia humana, po e justia para todas as pessoas A coleta no se resume a mera doao. Deve expressar o empenho quaresmal de conversoAs comunidades sejam exortadas para a vivncia deste gesto concreto desde o incio da quaresma *

  • 3.1. A Coleta da Solidariedade necessrio motivar a comunidade para a coletaA prestao de contas da destinao dos recursos dos Fundos Nacional e Diocesano de Solidariedade, a distribuio de envelopes, e dinmicas segundo o critrio da comunidade podem contribuir para uma coleta mais consciente e participativa*

  • CONCLUSO*

  • A CF 2015 reflete, medita e reza a presena da Igreja na sociedadeA Igreja afirma o direito de servir o homem na sua totalidadeVaticano II: a participao transformadora dos cristos (cf. GS n. 40)A discusso sobre a laicidade do Estado deve levar em considerao a presena das pessoas que formam a sociedadeExiste o Estado porque existem pessoas que do a razo de ser do Estado*

  • O Estado, como Estado, independe de uma religio, mas no independe da sociedade, das pessoas que creemO Estado, por no ser pessoa, no cr, mas pessoas que formam a sociedade podem crer, viver e exteriorizar a sua fOs cristos tm como direito de cidado, de cidad, serem ativos e propositivos em relao sociedade, e por isso, ao EstadoOs cristos no desejam privilgios, mas tm o direito de participar da vida da sociedade*

  • Os cristos so chamados a servirNo servir, transformarNo servir, construir uma sociedade sempre mais fraterna, justa e solidriaUrgncias no Brasil: educao, sade, paz socialOs cristos propem modos de conviver, para no excluir ningumOs catlicos no se deixaro tomar pela globalizao da indiferena*

  • Beata Madre Teresa de Calcut: Cristo est presente naqueles de que ningum precisaO encontro com Jesus Cristo transforma os cristos em testemunhas da esperana, do consolo e do amorPapa Francisco: anunciar o Evangelho de modo integralMaria: nos ensine a caminhar pelas estradas da vida como testemunhas do amor revelado em Jesus Cristo.*

  • www.dt7.com.br*

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