6
Publicação BIMESTRAL N.º 243 setembro-outubro 2016 ISSN 0871-5688 O PREÇO - 0,10 (IVA incluído) Chamados a ser Igreja missionária P. e Dário Balula Chaves [email protected] Além-Mar Jesus não quer ver os seus discípulos fechados ou distraídos uns com os outros, mas abertos a tudo o que faça crescer entre os povos a justiça, a fraternidade e a paz T odos os anos, no mês de outu- bro, celebra-se o Dia Mundial das Missões que nos ajuda a tomar consciência da vocação missionária de toda a Igreja. Como cristãos, to- dos somos chamados e enviados a evangelizar. A escolha dos doze apóstolos não fez deles um grupo fechado. S. Lucas, no Evangelho, diz-nos que, logo a seguir, Jesus designou um grupo de 72 discípulos e enviou-os, à sua frente, a preparar-Lhe o caminho. E as instruções que lhes deu são semelhantes às que os apóstolos re- ceberam. Isto significa que aquilo a que chamamos evangelização não é exclusivo de ninguém. É a missão da Igreja e, por conseguinte, de todos os seus membros. O objetivo da missão é bem claro e urgente: semear a paz e proclamar o reino de Deus. Por isso, Jesus não quer ver os seus discípulos fechados ou distraídos uns com os outros, mas empenhados em tudo o que faça crescer entre os povos a jus- tiça, a fraternidade e a paz. Esta mis- são nunca será fácil. Haverá sempre lobos a dificultá-la. Jesus exorta-nos à fidelidade e perseverança e a levar para a frente a missão que nos foi confiada com simplicidade e alegria e com ânimo gratuito e desinteressado. Os missionários que deixam a sua terra e dedicam a vida à evangeliza- ção noutras paragens vão em nome da Igreja e fazem ver aos cristãos que pelo batismo somos todos chama- dos a ser membros ativos na Igreja e que não podemos ficar de braços cruzados. Evangelizar é obra de misericórdia Os bispos portugueses, em 2008, escreveram um documento memo- rável, Como eu fiz, fazei vós também – Para um rosto missionário da Igreja em Portugal, em que fazem um forte apelo para que a Igreja em Portugal se torne toda missionária e pedem aos institutos missionários que con- tribuam para dinamizar o espírito missionário nas dioceses, nas paró- quias e entre todos os cristãos. É esta a tarefa que temos pela frente. O próprio Papa Francisco não se cansa de repetir que a Igreja para ser fiel à sua missão tem de ser «uma Igreja em saída». Na mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2016, ele diz que a celebração deste dia no Ano Santo da Misericórdia deveria ter um significado especial. O papa apresenta a obra da evangelização como uma grande obra de miseri- córdia que a Igreja realiza em favor de toda a humanidade, e convida-nos a todos, homens, mulheres e famí- lias, a «sair» de nós próprios, como discípulos missionários, fazendo render os nossos talentos para levar a ternura e compaixão de Deus a toda a família humana, especialmente aos que mais precisam. A Igreja é uma grande família em que cada um participa e dá o melhor de si para construir um mundo mais justo e fraterno. Que Maria, a primeira missionária que trouxe Jesus ao mundo, nos tor- ne capazes de levar Jesus aos outros.

Chamados a ser Igreja missionária - Missionários Combonianos · apresenta a obra da evangelização como uma grande obra de ... que lutou pela libertação da ... Esta forma de

Embed Size (px)

Citation preview

Publicação BIMESTRAL

N.º 243 setembro-outubro 2016

ISSN 0871-5688 PREÇO - 0,10 (IVA incluído)

Chamados a ser Igreja missionária

P.e Dário Balula [email protected]

Além-M

ar

Jesus não quer ver os seus discípulos fechados ou distraídos uns com os outros, mas abertos

a tudo o que faça crescer entre os povos a justiça, a fraternidade e a paz

Todos os anos, no mês de outu-bro, celebra-se o Dia Mundial

das Missões que nos ajuda a tomar consciência da vocação missionária de toda a Igreja. Como cristãos, to-dos somos chamados e enviados a evangelizar.

A escolha dos doze apóstolos não fez deles um grupo fechado. S. Lucas, no Evangelho, diz-nos que, logo a seguir, Jesus designou um grupo de 72 discípulos e enviou-os, à sua frente, a preparar-Lhe o caminho. E as instruções que lhes deu são semelhantes às que os apóstolos re-ceberam. Isto signi*ca que aquilo a que chamamos evangelização não é exclusivo de ninguém. É a missão da Igreja e, por conseguinte, de todos os seus membros. O objetivo da missão é bem claro e urgente: semear a paz e proclamar o reino de Deus. Por isso, Jesus não quer ver os seus discípulos fechados ou distraídos uns com os outros, mas empenhados em tudo o que faça crescer entre os povos a jus-tiça, a fraternidade e a paz. Esta mis-são nunca será fácil. Haverá sempre lobos a di*cultá-la. Jesus exorta-nos à *delidade e perseverança e a levar para a frente a missão que nos foi con*ada com simplicidade e alegria e com ânimo gratuito e desinteressado.

Os missionários que deixam a sua terra e dedicam a vida à evangeliza-ção noutras paragens vão em nome da Igreja e fazem ver aos cristãos que pelo batismo somos todos chama-dos a ser membros ativos na Igreja

e que não podemos *car de braços cruzados.

Evangelizar é obra de misericórdia

Os bispos portugueses, em 2008, escreveram um documento memo-rável, Como eu "z, fazei vós também – Para um rosto missionário da Igreja em Portugal, em que fazem um forte apelo para que a Igreja em Portugal se torne toda missionária e pedem aos institutos missionários que con-tribuam para dinamizar o espírito missionário nas dioceses, nas paró-quias e entre todos os cristãos. É esta a tarefa que temos pela frente.

O próprio Papa Francisco não se cansa de repetir que a Igreja para ser *el à sua missão tem de ser «uma Igreja em saída». Na mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2016, ele diz que a celebração deste dia no

Ano Santo da Misericórdia deveria ter um signi*cado especial. O papa apresenta a obra da evangelização como uma grande obra de miseri-córdia que a Igreja realiza em favor de toda a humanidade, e convida-nos a todos, homens, mulheres e famí-lias, a «sair» de nós próprios, como discípulos missionários, fazendo render os nossos talentos para levar a ternura e compaixão de Deus a toda a família humana, especialmente aos que mais precisam. A Igreja é uma grande família em que cada um participa e dá o melhor de si para construir um mundo mais justo e fraterno.

Que Maria, a primeira missionária que trouxe Jesus ao mundo, nos tor-ne capazes de levar Jesus aos outros.

2 FAMÍLIA COMBONIANA

JUSTIÇA E PAZ

A participação de 15 combonianos e combonianas na 12.ª edição do Fórum Social Mundial (FSM), de 9 a 14 de agosto de 2016, em Montreal, permitiu que nos encontrássemos com muitos irmãos e irmãs de diferentes países que perseguem o mesmo sonho de um ou-tro mundo possível, alternativo a este dominante, insustentável, excludente, injusto e violento.

Acreditamos que a participação no FSM seja um sinal de 'delidade ao carisma do nosso fundador, São Daniel Comboni, que lutou pela libertação da escravidão e a regeneração da África.

Nos seminários realizados pela Comboni Network, tivemos a opor-tunidade de apresentar e de dar a conhecer a situação dramática que se está a viver no Sudão do Sul, na Re-pública Democrática do Congo e no Brasil, tendo dado particular destaque ao compromisso por uma paz justa, ao esforço pela transformação social e à resistência das populações locais às violações dos seus direitos sociais e ambientais.

Nos seminários, 'zemos também uma análise a alguns temas de grande atualidade, tais como o açambarca-mento de terras, o tráfico de seres humanos e as alterações climáticas globais, evidenciando o trabalho de mobilização social para uma estratégia de intervenção também global.

Devido à prática discriminatória dos Serviços de Imigração do Canadá,

o visto de entrada foi negado a muitos cidadãos dos países da África e da Ásia que desejavam participar no Fórum. A sua ausência foi uma grande perda para o evento que se realizava, pela primeira vez, numa cidade do Norte do mundo. Desta feita, não se 'zeram ouvir as vozes de tantas pessoas do Sul do mun-do que poderiam ter desinquietado a opinião pública sobre as consequências negativas das políticas económicas neoliberais nos seus países e ter-nos feito participar do mesmo sonho das associações que lutam por uma paz justa e uma economia sustentável.

Veri'camos ainda, com alguma tris-teza, a falta do envolvimento da Igreja Católica local no Fórum. Em contra-partida, notou-se uma maior partici-pação de religiosos e, em particular, de religiosas nas atividades do FSM.

Consideramos fundamental que a Igreja local se comprometa ativamente

na preparação e na realização dos pró-ximos fóruns sociais para que se possa associar às atividades pela Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), leva-das a cabo por tantos nossos irmãos e irmãs cristãos do mundo inteiro.

Apesar dos limites organizacionais veri'cados durante o FSM, em Mon-treal, continuamos a acreditar que seja importante manter e reforçar o nosso compromisso, como Família Combo-niana, participando nos próximos fó-runs, lugares privilegiados de encontro e de troca de experiências entre aqueles que acreditam e trabalham juntos por um outro mundo possível.

Acolhemos o desafio do Papa Francisco, que na encíclica Laudato

si’ convida a Igreja a escutar o grito da Terra e dos pobres e a unir-se a todas as pessoas de boa vontade para realizar a globalização da solidariedade e assu-mir o cuidado da casa comum.

A cidade de Montreal, no Canadá, recebeu mais de cinco mil organizações da

sociedade civil de todo o mundo para o Fórum Social Mundial (FSM). Este evento

é um espaço privilegiado para partilhar ideias e práticas na procura de um

mundo melhor, possível e necessário. Os combonianos presentes partilham os

seus ideais numa Carta Aberta.

do fundador, São Daniel Comboni

Alé

m-M

ar/

Bern

ard

ino F

rutu

oso

FAMÍLIA COMBONIANA 3

para a missão em portugal e na europa

P.e Claudino Gomes [email protected]

A origem do rosário está nos 150 salmos da Bíblia, que os monges apren-diam de cor e recitavam nos mosteiros. Como o comum dos 'éis não podia aprender de cor todos os salmos, por alturas do ano 850, um monge irlandês sugeriu que, em vez dos salmos, as pessoas rezassem 150 vezes o pai--nosso. Em pouco tempo, também se passou a utilizar a saudação do Anjo a Maria.

No século xiii, os monges cis-tercienses chamaram rosário a esta forma de oração: compararam-na a uma coroa de rosas místicas oferecidas à Mãe de Jesus. S. Domin- gos de Gusmão (1214) tornou-a po-pular como instrumento para ajudar os cristãos contra as heresias («Rosário Dominicano»). Em 1350, os monges cartuxos inserem também a saudação de Isabel a Maria e a «Santa Maria».

No começo do século xiv, monges cis-tercienses franceses foram os primeiros a dar vida a uma forma contemplativa de rezar o rosário («Rosário Cistercien-se»). Inseriram na ave-maria, depois do nome de Jesus, as “cláusulas”, que indicavam o que Jesus fez, disse, pa-deceu… Por exemplo: «… e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus, que foi adorado pelos Magos; […] que foi tentado pelo demónio; […] que chorou em oração no Horto.»

Domingos de Trèves (início do século xv) expõe o mais importante do método do rosário: «Não é preciso 'xar-se muito nas palavras do enuncia-

do dos pontos a meditar (os mistérios das dezenas). Cada um os pode, a seu gosto e conforme à própria devoção, prolongar, abreviar ou modi'car de um modo ou de outro, consoante o tempo disponível e a própria disposi-ção. Di'cilmente podereis fazer coisa melhor do que esta, durante a breve hora dedicada a este Rosário.»

Esta forma de rezar o rosário ten-de a afastar-se da oração meramente vocal para ser um belo treino à oração contemplativa, acessível tanto a gente com estudos como a pessoas sem eles. Quem reza o rosário – ou o terço –

Outubro, Mês das Missões, é também Mês do Rosário. Com maio e dezembro

– pelo Advento –, constitui um grupo de três meses nos quais, por meio do

Rosário, se contempla a vida e o ensino de Jesus Cristo com a presença de

Maria, educadora da fé da Igreja. Neles se aliam de maneira fecunda Bíblia,

oração litúrgica e a prática da misericórdia.

com este tipo de “cláusulas”, pode 'car livremente quanto tempo desejar num mistério ou noutro. Como o que pro-cura não é dizer muita oração vocal, mas o de ser guiado à contemplação da vida (mistérios) de Cristo, pode parar a oração vocal, logo que sente

estar a entrar na contemplação. Fica simplesmente em silêncio com o Senhor. Ao terminar esta fase con-templativa, retoma serenamente a oração vocal.

Dez ave-marias ditas devaga-rinho, meditando com atenção afetiva sobre um ou mais mistérios da vida de Cristo, valem mais do

que trinta ditas à pressa. Com efeito, o que se pretende é chegar à oração

contemplativa, que dá grandes frutos na conversão dos pecadores, santi'-cação da Igreja e paz no mundo e em todas as nossas di'culdades.

S. João Paulo II escreveu que «a recitação serena do Rosário, enuncian-do cada um dos mistérios, favorece a meditação da vida do Senhor, vistos através do coração d’Aquela que de mais perto esteve em contacto com Jesus. O que importa é que ele seja visto e sentido como caminho através da vida de Cristo». Para isso é que Nossa Senhora pediu em todas as aparições que se reze o terço todos os dias. Maria, colaboradora do Espírito, conduz quem reza o rosário com Ela, a conhecer amorosamente Jesus, à união fecunda de amor com Deus e ao apostolado e testemunho missionário.

50 n-

ros. dia or

dês as

ar io

nges ão

».

colivrmicumadapa

conacato

re

6 FAMÍLIA COMBONIANA

linha direta

Fundado em 1980, o seminário comboniano Maison Comboni situa-se na cidade de Kisangani, na Província Oriental da República Democrática do Congo. Esta cidade, com quase um milhão de habitantes, é a terceira do Congo, depois de Kinshasa e Lubum-bashi, e é composta por mais de 250 grupos étnicos.

Kisangani é conhecida como «cida-de mártir», por estar no centro das mais diversas perturbações sociais e guerras desde 1960 (data da independência do Congo) até 2004. A guerra que mais traumas deixou foi a de junho de 2000, conhecida por Guerra dos Seis Dias, entre as tropas ruandesas e ugandesas, que eu, juntamente com o grupo de postulantes que se encontravam nesse ano neste seminário, experimentámos. A consequência trágica dessa guerra, além dos milhares de mortos, foram os muitos traumas na vida das pessoas. Atualmente, a cidade conhece uma certa acalmia e sobretudo um grande aumento da população, especialmente com as gentes deslocadas, vindas do Leste do Congo.

É nesta cidade, rica de aconteci-mentos, símbolo da opressão e liber-tação de um povo, que se encontra o postulantado Maison Comboni. Aqui estão 33 jovens aspirantes a missio-nários, estudantes de Filoso'a, e que no 'nal desta etapa formativa – assim se espera – pedirão para ingressar no noviciado. E só não temos mais pos-tulantes porque o seminário não tem capacidade para mais. No início do

La Maison Comboni é o seminário para a formação dos jovens da República Democrática do Congo que desejam ser sacerdotes missionários combonianos. O P.e José Arieira, natural de Outeiro, Viana do Castelo, é um dos formadores.

ano formativo, tivemos de dizer não a vários jovens por falta de quartos. É por isso que estamos a fazer obras de ampliação para acolher um grande número de jovens.

A Maison Comboni proporciona aos jovens que se sentem atraídos pelo ideal de S. Daniel Comboni um bom ambiente para enraizar os valores humanos e cristãos necessários para a vida missionária. Durante três anos, eles estudam Filoso'a e aprendem a vi-ver a vida comunitária, num ambiente de fé e responsabilidade, a 'm de que sejam jovens abertos, disponíveis e responsáveis.

Não obstante as obras de amplia-ção, o seminário continua pequeno para acolher o grande número de

jovens que gostariam de seguir o ideal missionário, preparando-se mediante uma formação intelectual, espiritual, apostólica e humana de qualidade.

Ao ler as minhas primeiras notí-cias depois do retorno ao Congo, em novembro de 2015, o bispo de Viana do Castelo convidou os cristãos da sua diocese a apoiar o nosso projeto de construção de um novo edifício com 20 quartos, por meio da renúncia quaresmal. Esta preciosa colaboração permitir-nos-á concluir uma pequena parte das obras, iniciadas em abril passado.

Que S. Daniel Comboni, que pro-fetizou «eu morro, mas a minha obra não morrerá» e teve como lema «salvar a África com a África», interceda por tantos jovens africanos que hoje que-rem seguir o seu exemplo.

FAMÍLIA COMBONIANA 7

Posso dividir o meu trabalho em duas partes. Nas várias missões por onde andei, fiz sobretudo pastoral direta, isto é, trabalho de pároco. Pelo meio, em 2008, tive uma experiência, que me caiu como um raio em pleno verão, que foi preparar uma casa, em Teresina, capital do Estado de Piauí, para acolher os missionários idosos e doentes. Passei aí cinco anos. Trabalhei juntamente com o Ir. António Borges – que está em Famalicão. Lembro-me, em particular, de dois missionários que faleceram lá: o P.e Alfredo Bellini, que trabalhou muitos anos na província de Portugal; e o Ir. Rodolfo, que tra-balhou no Sudão, de onde foi expulso, e, durante quarenta anos, se distinguiu

como grande construtor na diocese de Balsas. Eram missionários de uma atividade muito grande. Sofreram por sentir-se reduzidos a um leito...

Atualmente, faço pastoral direta, com mais dois combonianos. Dois so-mos anciãos, eu e o P.e Carlos Bascarán – que já trabalhou na Maia. Ele tem 75 anos, eu tenho 74. Somos coadjutores do pároco, um espanhol da Galiza, o P.e Angel.

Vivemos numa realidade de perife-ria da cidade de Santa Rita, que tem um milhão e quinhentos mil habitantes. Há 25 anos, fui pároco de toda a cidade. Hoje, por causa da a\uência constante de gente que vem do interior, existem cinco paróquias. Nós, Combonianos,

vivemos no bairro mais recente, que é também o mais pobre, carente de tudo, o bairro de Santo António de Marcos Moura. Fica em Santa Rita, na região mais periférica da capital da metrópole que é João Pessoa.

Este território onde agora se situa o bairro de Santo António de Marcos Moura era, há 25 anos, um campo, com cana-de-açúcar e abacaxi. Aqui vivem mais de 50 mil pessoas. Todavia, é gente em constante mobilidade: vem do interior, montam a sua casa precá-ria, e vão embora se não encontram emprego. É uma característica deste povo. Dizem as estatísticas que, dos 205 milhões de habitantes do Brasil, cerca de 40 milhões são migrantes den-tro do próprio país. São gente que se muda com muita facilidade até porque têm pouca coisa para levar, apenas uma sacola e uns utensílios básicos.

Acompanhamos este povo de duas maneiras. Na paróquia, celebramos os sacramentos, organizamos a catequese, temos grupos e movimentos, como a Legião de Maria, o apostolado da oração ou o renovamento carismático. E há dois missionários combonianos italianos, o P.e Saverio Paolillo e o Irmão Francesco D’Aiuto, que se dedi-cam exclusivamente à pastoral social. O P.e Xavier ocupa-se da pastoral carcerária e dá apoio aos meninos da rua. Para estes, existe uma instituição de apoio escolar, frequentada por 60 crianças. O Ir. Francesco coordena a cooperativa de reciclagem de Marcos Moura. São cerca de 40 as famílias que vivem desse trabalho de transformação e reutilização do lixo.

O P.e Gregório Rodrigues dos Santos é natural de Vale de Cambra, Viseu.Foi pela primeira vez para o Brasil em 1979. Já dedicou ao Nordeste desta nação

gigante 27 anos da sua vida. Conta à Família Comboniana em que consisteo seu apostolado.

P.e Gregório dos Santos já consagrou 27 anos da sua vida à missão no Brasil

8 FAMÍLIA COMBONIANA

Jovens em missão (JIM)

«FAMÍLIA COMBONIANA»Propriedade: Missionários Combonianos do Coração de Jesus Pessoa Colectiva n.º 500139989Diretor: Bernardino Frutuoso (CP 10020)Redação: Fernando Félix (CP 2838)/Carlos Reis (CP 4073)Gra%smo: Luís FerreiraArquivo: Amélia Neves

Redação e Administração: Calç. Eng. Miguel Pais, 91249-120 LISBOARedação: Tel. 213 955 286 E-mail: [email protected]: Manuel Ferreira HortaAdministração: Fax: 213 900 246E-mail: [email protected]

Nº de registo: 104210Depósito legal: 7937/85Impressão:Jorge Fernandes, Lda.Rua Quinta do Conde Mascarenhas, 92825-259 CHARNECA DA CAPARICATiragem: 29.500 exemplares

O tempo de verão passou, o novo ano pastoral começa. Damos graças a Deus pela beleza e êxito das atividades JIM-Jovens em Missão no verão, especialmente o Missão Jovem, a Sempr’ábrir e o Missão Mais, sem esquecer a par-ticipação de muitos membros JIM nas Jornadas Mundiais da Juventude na Polónia com o Papa Francisco. Acerca de todos estes eventos ouvimos palavras de satisfação pelo grande signi'cado que tiveram no caminho de fé e missão que o JIM propõe.

Na Sempr’ábrir 2016 vivemos um acontecimento único e surpreendente: na etapa a caminho de Minde, apareceu de surpresa Maria Cois’Kova, uma jovem de 31 anos de origem eslovaca. Estava sozinha e perdida no caminho de Fátima que ela fazia continuando até Santiago de Com-postela. Depressa o nosso grupo a adotou, convidando-a a seguir connosco. Sentindo-se tão acolhida, passou os dois dias seguintes connosco. No 'm, estava muito feliz e quis agradecer tão grande amabilidade. «Fui adotada por vós… essa é a palavra certa», disse. «Este encontro com a Família Comboniana vai ser um ponto importante na minha re\exão pessoal e talvez de decisão do meu futuro», con'denciou.

Maria Cois’Kova estudou Teologia e veio em peregri-nação pessoal para re\etir e decidir sobre a sua vocação e

futuro. No caminho teve este encontro surpresa que só Deus planeou. E nós 'cámos felizes por termos sido instrumentos em tal encontro.

O P.e Leonel, depois de onze anos à frente do JIM, partiu para o seu amado Chade, onde já trabalhou alguns anos. À frente da equipa JIM 'ca o P.e Jorge Domingues, na comu-nidade comboniana da Maia.

O novo ano pastoral começou. Tudo está preparado. O desa'o é para todos. O tema do ano é «Com Maria, aurora da nova criação», por 2017 ser Ano Mariano e de centenário das aparições em Fátima.

O Itinerário Formativo está disponível assim como as datas e programas de atividades para o novo ano e estará disponível na página do movimento na Internet: www.jim.pt.

Juntos vamos procurar conhecer melhor a realidade da juventude em Portugal. Vamos oferecer mais oportunidades de experiências de encontro com Cristo e de missão aqui em Portugal e noutras culturas para um maior crescimento na fé e mais profunda descoberta da vocação. Continuaremos com o acompanhamento dos grupos paroquiais. Vamos, com a participação dos que estão nas universidades, procurar estender e organizar a nossa presença nas universidades especialmente em Lisboa. O grupo Fé e Missão Sul pode ajudar muito neste esforço.

O JIM propõe aos jovens um caminho do discernimen-to vocacional em vista da consagração e serviço à missão. Atualmente, duas jovens preparam-se para ser missionárias combonianas: a Joana está no noviciado no Equador e a Vera está no postulantado em Espanha.

Dois jovens formam-se para ser missionários combonia-nos: o Germano Ferreira começa o noviciado em Santarém e o André Araújo inicia o postulantado em Camarate.

E a leiga missionária comboniana Marisa Almeida partiu em missão para a Etiópia.

P.e Carlos Nunes, mccj [email protected]