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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS CENTRO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS LOGÍSTICA DE ALIMENTOS: TRANSPORTE E ARMAZENAGEM CHARLES DANIEL MINETTO BOADAS Administração de Empresas Habilitação em Administração de Empresas São Leopoldo, junho de 1999.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

CENTRO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

LOGÍSTICA DE ALIMENTOS:

TRANSPORTE E ARMAZENAGEM

CHARLES DANIEL MINETTO BOADAS

Administração de Empresas

Habilitação em Administração de Empresas

São Leopoldo, junho de 1999.

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AGRADECIMENTO

Agradeço a persistência, a confiança, a intrepidez, a

conscientização, a audácia, a ousadia, o trabalho, o

sonho, a realidade; enfim, a mim.

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Orientador:

Prof. Carlos Diehl

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................7

METODOLOGIA.......................................................................................................................................9

1 UM POUCO DE HISTÓRIA................................................................................................................11

2 A LOGÍSTICA E A ESTRATÉGIA COMPETITIVA ......................................................................16

3 A DIMENSÃO DO SERVIÇO AO CLIENTE ...................................................................................20

4 TRANSPORTE......................................................................................................................................23

4.1 RODOVIÁRIO .....................................................................................................................................23 4.1.1 Vantagens ..................................................................................................................................25

4.1.2 Tipos de Veículos e Produtos Transportados............................................................................25

4.2 FERROVIÁRIO ....................................................................................................................................27 4.2.1 VANTAGENS ...................................................................................................................................28 4.2.2 Tipo de Veículo e Produto Transportado ..................................................................................28

4.3 MARÍTIMO .........................................................................................................................................32 4.3.1 Tipo de Carga............................................................................................................................33 4.3.1.1 Carga Geral ......................................................................................................................................... 33 4.3.1.2 Carga a Granel .................................................................................................................................... 33 4.3.1.3 Carga Frigorífica................................................................................................................................. 34

4.3.2 Modalidades de Serviços...........................................................................................................34 4.3.2.1 Navios Conferenciados ....................................................................................................................... 34 4.3.2.2 Navios Não Conferenciados................................................................................................................ 34 4.3.2.3 Navios “Tramps” ................................................................................................................................ 35

4.3.3 Tipos de Navios .........................................................................................................................35 4.3.3.1 Cargueiros ou Convencionais ............................................................................................................. 35 4.3.3.2 Frigorífico ........................................................................................................................................... 36 4.3.3.3 Graneleiro ........................................................................................................................................... 36 4.3.3.4 Porta-Contêineres ............................................................................................................................... 36 4.3.3.5 Roll-On Roll-Off................................................................................................................................. 37 4.3.3.6 Tanque ................................................................................................................................................ 37 4.3.3.7 LASH (Lighter Aboard Ship) – Navio Porta-Barcaça ........................................................................ 37 4.3.3.8 Seabee................................................................................................................................................. 38

4.4 COMPLEXO PORTUÁRIO NO RIO GRANDE DO SUL .............................................................................38 4.4.1 Porto de Rio Grande .................................................................................................................38

4.4.2 Porto de Porto Alegre ...............................................................................................................39

4.4.3 Porto de Estrela.........................................................................................................................40

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4.4.4 Porto de Pelotas ........................................................................................................................41

4.4.5 Porto de Cachoeira do Sul ........................................................................................................42

4.5 SISTEMA HIDROVIÁRIO INTERIOR ......................................................................................................42 4.5.1 Influência do Sistema Hidroviário no Desenvolvimento ...........................................................42

4.5.2 Sistema de Transporte Interior..................................................................................................43

4.6 AÉREO...............................................................................................................................................43 4.6.1 O Transporte Aéreo e Suas Particularidades............................................................................44

4.6.2 Vantagens ..................................................................................................................................44

4.6.3 Organizações Aéreas Internacionais e Nacionais.....................................................................46

4.6.4 Companhias de Transporte Aéreo.............................................................................................47

4.6.5 Agentes de Carga ......................................................................................................................47

4.7 TRANSPORTE INTERMODAL...............................................................................................................48 4.7.1 Transporte Multimodal..............................................................................................................48

5 ARMAZENAGEM................................................................................................................................55

5.1 TIPOS DE ARMAZÉNS.........................................................................................................................56 5.1.1 VEÍCULOS.......................................................................................................................................57 5.1.2 Elevadores .................................................................................................................................60

5.1.3 Transportadores Contínuos.......................................................................................................61

5.1.4 Estrados ou Paletes ...................................................................................................................61

5.1.5 Porta-Paletes.............................................................................................................................62

5.2 TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM DE ALIMENTOS ..................................................................................62 5.2.1 Classificação .............................................................................................................................63

5.2.2 Perdas e Deterioração do Alimento ..........................................................................................64 5.2.2.1 Deterioração de Alimento por Microrganismos.................................................................................. 64 5.2.2.2 Deterioração de Alimentos por Enzimas............................................................................................. 65 5.2.2.3 Deterioração Química dos Alimentos ................................................................................................. 65 5.2.2.4 Causas Físicas da Deterioração dos Alimentos ................................................................................... 65 5.2.2.5 Deterioração por Animais ou Insetos.................................................................................................. 66 5.2.2.6 Grãos, Cereais e Derivados ................................................................................................................. 66 5.2.2.7 Alimentos Enlatados ........................................................................................................................... 68 5.2.2.8 Pragas e seu Controle.......................................................................................................................... 69 5.2.2.9 Animais Daninhos............................................................................................................................... 70 5.2.2.9.1 Ratos............................................................................................................................................ 70 5.2.2.9.1.1 Controle ............................................................................................................................... 71 5.2.2.9.1.2 Eliminação ........................................................................................................................... 71

5.2.2.9.2 Pássaros ....................................................................................................................................... 72

6 A EMPRESA..........................................................................................................................................73

6.1 DIVISÃO DE CARNES..........................................................................................................................75 6.2 DIVISÃO DE PRODUTOS DE CONSUMO ...............................................................................................76 6.3 DIVISÃO DE PRODUTOS INDUSTRIAIS.................................................................................................79 6.4 ADMINISTRAÇÃO DE PEDIDOS PELA LOGÍSTICA DA CEVAL ................................................................80 6.5 AQUISIÇÃO DE TRANSPORTE .............................................................................................................82 6.6 AVALIAÇÃO DE FORNECEDORES........................................................................................................86 6.6.1 Qualificação de Novos Fornecedores de Transporte ................................................................86

6.6.2 Manutenção da Qualificação ....................................................................................................87 6.6.2.1 Transporte ........................................................................................................................................... 87 6.6.2.2 Inspeção de Containers ....................................................................................................................... 88 6.6.2.3 Serviço de Carga e Descarga............................................................................................................... 88

6.7 ARMAZENAMENTO, MANUSEIO, PRESERVAÇÃO E EXPEDIÇÃO DE PRODUTOS ACABADOS (GORDURA E LECITINA)................................................................................................................................................89 6.7.1 Expedição ..................................................................................................................................91

6.7.2 Carregamento............................................................................................................................92

6.7.3 Verificação do Produto Armazenado ........................................................................................93

6.7.4 Armazenamento de Produto Fatorado ......................................................................................93

6.7.5 Produto Não-Conforme com a Especificação ...........................................................................93

7 RESULTADOS E ANÁLISE................................................................................................................96

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7.1 ROTEIRO DE ENTREVISTA ..................................................................................................................97 7.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS ....................................................................................................................98 7.3 DISCUSSÃO........................................................................................................................................99 7.4 DESTAQUES.....................................................................................................................................102

CONCLUSÃO ........................................................................................................................................108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................112

ANEXOS .................................................................................................................................................117

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INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, pode-se perceber que a globalização obrigou a reciclarem-se muitos

processos operacionais e gerenciais dentro das organizações. Nesse sentido, houve,

primeiramente, uma redução em massa de pessoal para diminuir os gastos das empresas. Isso

pode ter ocorrido pelo desespero e despreparo dos administradores em concorrer com

empresas enxutas e melhor preparadas que apareceram para disputar o mesmo mercado em

um passe de mágica.

As mudanças constantes no ambiente econômico mundial afetam e abalam a economia

do Brasil, onde o aumento da variedade dos produtos e dos canais de distribuição provocam o

acirramento da competição e o surgimento de clientes mais exigentes. Isso se tornou viável a

partir da abertura comercial e da estabilização da moeda no nosso país.

Esse novo ambiente tem propiciado excelentes oportunidades às empresas para

exploração do potencial logístico, seja para diferenciarem-se no mercado oferecendo serviços

personalizados e de maior qualidade, seja para alcançarem maior eficiência produtiva e

reduzirem custos. O segredo para conquistar o consumidor pode estar na diferenciação. Não

importa o ramo de atividade; o cliente deve ser o centro das atenções de qualquer empresa,

seja indústria, comércio ou prestadora de serviços.

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Sem dúvida, este assunto é ainda emergente, mas importantíssimo para o sucesso de

uma organização. O mercado ainda é carente de bons profissionais do ramo, que devem

conhecer o planejamento e controle da produção, a armazenagem, o controle de estoques, o

transporte e a distribuição.

A logística voltada para o cliente pode se tornar uma grande arma competitiva neste

mercado onde todos devem encontrar uma solução para atrair o interesse de seus

consumidores potenciais.

Objetivo

Este trabalho visa acompanhar como uma empresa de grande porte se porta, em

relação ao seus sistemas de transporte e armazenagem, diante de mudanças rápidas e radicais

ao longo do tempo.

Realmente, a década de 90 tem sido encarada como “a era da logística”. A história

discutirá se esta visão foi correta, enquanto que o futuro nos deixa curiosos para saber se

estamos no caminho correto.

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METODOLOGIA

Delineamento:

Foi utilizada, neste trabalho, uma abordagem na forma de estudo de caso. Sendo uma

pesquisa do tipo qualitativa e procurando estabelecer um diagnóstico, teve como objetivo

explorar o ambiente envolvido a fim de levantar e definir os problemas da área em estudo.

População ou foco do estudo:

Este projeto visou avaliar o setor de logística da Ceval Alimentos S/A em sua unidade

situada em Esteio/RS.

Técnica de coleta de dados:

Foram utilizados textos e documentos pertencentes à empresa que evidenciaram a

evolução histórica da área em estudo, além de consultas bibliográficas atualizadas sobre o

assunto. A observação participante deu-se pelo fato de vivenciar, de forma prática, o dia-a-dia

desta área. Foram realizadas um total de 30 (trinta) entrevistas entre os profissionais do

Departamento de Logística, Departamento de Vendas, Planejamento e Controle da Produção,

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e Almoxarifado. Cabe ressaltar que todos esses procedimentos foram realizados perante o aval

da empresa.

Técnica de análise de dados:

A análise do conteúdo coletado visa aflorar algumas das precariedades existentes e, a

partir disso, propor formas de melhorias condizentes com a filosofia aplicada na empresa.

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1 UM POUCO DE HISTÓRIA

O advento da roda viu o início da movimentação mecanizada e nos deu o movimento

horizontal. O movimento vertical ainda era feito pela força humana.

Os primeiros armazéns, segundo antropólogos e geólogos franceses em uma

programação do “Discovery Channel” exibida em 18 de novembro de 1998, foram

construídos por volta de 1800 a.C. José, aos 30 anos, foi, possivelmente, o primeiro consultor

em estocagem e movimentação, nomeado pelo Rei do Egito (Gênese 41). Isso aconteceu por

causa de um sonho que o rei teve, interpretado por José como sete anos de abundância

seguidos por sete anos de fome em todo o país. José começou a construir e estocar um quinto

da colheita de cada ano em armazéns e celeiros, em cada cidade do Egito. Esse país

sobreviveu, nos anos de fome, através de bom planejamento e distribuição.

Foram descobertas ruínas de grandes armazéns, datadas de 190 a.C., em Óstia, o

principal ponto de distribuição para todo o Império Romano. Será que eles planejavam a

distribuição centralizada nessa época?

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Por fotografias e impressões de artistas sobre essas ruínas, pode parecer que eles

tinham os mesmos problemas que os consultores em estocagem e movimentação atualmente:

os arquitetos sempre colocam as colunas nos lugares errados.

Em 1860, viu-se a introdução do parafuso e da engrenagem. Tínhamos, então, o

movimento vertical e surgiram armazéns com vários pisos, mas os produtos ainda tinham que

ser empilhados manualmente. Nessa mesma época, tivemos a chegada dos estrados e

plataformas.

Em 1900, começou o desenvolvimento dos carros-plataforma industriais e

mecanizados a motor.

Em 1926, os carros-plataforma com elevação estavam em uso e podiam colocar um

estrado em cima do outro.

Em 1933, viu-se a empilhadeira elevar uma tonelada a um máximo de 4,5 metros.

Em seguida, 1939, a empilhadeira anunciava uma nova era. Os primeiros veículos

eram elétricos. Apareceram os “paletes” de madeira e as primeiras estruturas porta-paletes.

Em 1946, a produção de cantoneiras ajustáveis se iniciou e foi amplamente usada na

indústria de prateleiras.

Em 1950, surgiram as estruturas porta-paletes como são conhecidas atualmente:

armações soldadas ou parafusadas que eram presas ou colocadas em aberturas na face das

colunas.

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Ao longo da história do homem, as guerras têm sido ganhas e perdidas através do

poder e da capacidade da logística ou a falta deles. Argumenta-se que a derrota da Inglaterra

na Guerra da Independência dos Estados Unidos pode ser, em grande parte, atribuída a uma

falha logística. O exército britânico na América dependia quase que totalmente da Inglaterra

para os suprimentos. No auge da guerra, havia 12.000 soldados no ultramar e grande parte dos

equipamentos e da alimentação partia da Inglaterra. Durante os primeiros seis anos da guerra,

a administração desses suprimentos vitais foi totalmente inadequada, afetando o curso das

operações e a moral das tropas. Até 1781, eles não tinham desenvolvido uma organização

capaz de suprir o exército e, àquela altura dos acontecimentos, já era muito tarde.

Na Segunda Guerra Mundial, também a logística teve um papel preponderante. A

invasão da Europa pelas Forças Aliadas foi um exercício de logística altamente proficiente, tal

como foi a derrota de Rommel no deserto. O próprio Rommel disse uma vez que “... antes da

luta em si, uma batalha é ganha ou perdida pelos serviços de intendência”.

No início de 1991, o mundo presenciou um exemplo dramático da importância da

logística. Como precedente para a Guerra do Golfo, os Estados Unidos e seus aliados tiveram

de deslocar grandes quantidades de materiais a grandes distâncias, o que se pensava ser

impossível em um tempo curto. Meio milhão de pessoas e toneladas de materiais e

suprimentos tiveram que ser transportados através de 12.000 quilômetros por via aérea, mais

2,3 milhões de toneladas de equipamentos transportados por mar - tudo isso feito em questão

de meses.

Entretanto, enquanto os generais e marechais dos tempos remotos compreenderam o

papel crítico da logística, somente num passado recente é que as organizações empresariais

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reconheceram o impacto vital que o gerenciamento logístico pode ter na obtenção da

vantagem competitiva. Em parte, deve-se esta falta de reconhecimento ao baixo nível de

compreensão dos benefícios da logística integrada. Enquanto Arch Shaw, escrevendo em

1915, mostrava que

“As relações entre as atividades de criação de demanda e o suprimento físico... ilustram a existência dos princípios de interdependência e equilíbrio. Uma falta de coordenação de qualquer um desses princípios ou ênfase ou dispêndio indevido com qualquer um deles vai certamente perturbar o equilíbrio de forças que representa uma distribuição eficiente.

...A distribuição física das mercadorias é um problema distinto da criação de demanda...Não são poucas as falhas nas operações de distribuição devido à falta de coordenação entre a criação da demanda e o fornecimento físico... Ao invés de ser um problema subseqüente, esta questão do fornecimento deve ser enfrentada e respondida antes de começar o trabalho de distribuição.”,

os princípios de gerenciamento logístico levaram uns 70 anos ou mais para ser

claramente definidos.

O que é o gerenciamento logístico no sentido em que é entendido hoje? Existem

muitas maneiras de definir a logística, mas o conceito principal, segundo Christopher, poderia

ser:

“A logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo” (1997).

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Segundo o Sr. Luis Henrique Botti Rossi, Gerente de Logística da Coca-Cola em Porto

Alegre, logística seria bem definida pelas seguintes palavras: “É a ciência de se fazer chegar o

material certo, na quantidade certa, no lugar certo, no tempo certo, nas condições

estabelecidas e ao mínimo custo.”

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2 A LOGÍSTICA E A ESTRATÉGIA COMPETITIVA

O gerenciamento logístico pode proporcionar uma fonte de vantagem competitiva, ou

seja, uma posição de superioridade duradoura sobre os concorrentes em termos de preferência

do cliente.

A procura de uma vantagem competitiva sustentável e defensável tem se tornado a

preocupação de todo gerente alerta para as realidades do mercado. Conforme diz Harmon,

“não se pode mais pressupor que os produtos bons sempre vendem, nem é aceitável imaginar

que o sucesso de hoje continuará no futuro” (1994).

O sucesso comercial pode ser conquistado através da vantagem de custo ou da

vantagem de valor ou, de maneira ideal, de ambas. O concorrente que obtém maior lucro

tende a ser o que produz a custos menores (alta produtividade) ou aquele que oferece um

produto com maior diferença perceptível de valor (“valor extra”, confiança, status) (Harmon,

1994).

A logística é a parte que não agrega nenhum valor ao produto final, ou seja, toda a

economia conquistada durante esta etapa é lucro. A logística só será percebida pelos diretores

quando houver reclamações por parte dos clientes, avarias consideráveis dentro dos armazéns,

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no transporte, na movimentação interna, etc. Eliminar esses problemas é, praticamente,

impossível; porém, pode-se reduzi-los a níveis baixíssimos e, aí sim, agregar valor ao produto

final por ser uma logística confiável, ágil e que não carrega os problemas internos até os

clientes.

Das muitas mudanças que ocorreram no pensamento gerencial nos últimos 10 anos,

talvez a mais significativa tenha sido a ênfase dada à procura de estratégias que

proporcionassem um valor superior aos olhos do cliente. Grande parte do mérito desta procura

deve-se a Michael Porter, um professor da Harvard Business School que, através de suas

pesquisas, alertou os gerentes para a importância central das forças competitivas para alcançar

sucesso no mercado:

“A vantagem competitiva não pode ser compreendida olhando-se para uma firma como um todo. Ela deriva das muitas atividades discretas que uma firma desempenha projetando, produzindo, comercializando, entregando e apoiando o seu produto. Cada uma dessas atividades pode contribuir para a posição de custo relativo da firma e criar a base para a diferenciação... A cadeia de valor desdobra a firma em suas atividades estrategicamente relevantes, para compreender o comportamento dos custos e fontes de diferenciação existentes ou potenciais. Uma firma ganha vantagem competitiva executando estas atividades estrategicamente importantes de maneira mais barata ou melhor que seus concorrentes”.

Para ganhar vantagem competitiva sobre seus rivais, uma empresa pode proporcionar

valor para seus clientes desempenhando as atividades de modo mais eficiente do que seus

concorrentes ou desempenhando as atividades de forma que crie maior valor percebido pelo

comprador.

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Pode-se afirmar que o gerenciamento logístico tem potencial para auxiliar a

organização a alcançar tanto a vantagem em custo/produtividade como a vantagem em valor,

pois ele tem o poder de reduzir consideravelmente os custos das operações como “agregar

valor ao produto” através da conquista do cliente em níveis de prestação de serviços.

A logística deve ser vista como um elo de ligação entre o mercado e a atividade

operacional da empresa. O seu raio de ação se estende sobre toda a organização, do

gerenciamento da cadeia de suprimentos até a entrega do produto final.

Portanto, as organizações que serão líderes de mercado no futuro serão aquelas que

procurarão e atingirão os picos gêmeos da excelência: conseguirão tanto a liderança de custos

como a liderança de serviços. Michael Porter diz que isso seria inviável, pois para alcançar a

liderança em serviços são necessários investimentos em equipamento e treinamento contínuo,

o que afetaria os custos.

Enquanto o mercado vai se transformando cada vez mais em mercado de

“commodities”, em que o cliente percebe muito pouco as diferenças técnicas entre os produtos

concorrentes, aumenta a necessidade de criação de vantagem diferencial através de valor

adicionado. Satisfazer as necessidades do cliente e priorizar o seu atendimento tornou-se um

desafio, justamente, pelo aumento da preocupação em mantê-lo.

Seria importante que houvesse uma preocupação com a melhoria da visibilidade do

fluxo logístico nas empresas, ou seja, tudo o que se observa é a uma seção ou departamento.

Os gargalos e os excessos de estoque não são facilmente identificados e, dessa forma, o

movimento suave e eficiente fica prejudicado. Surge, cada vez mais, a necessidade de

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priorizar e qualificar o sistema de informações gerenciais para encontrar e remover o que

constitui a raiz do problema com a maior agilidade possível.

As pressões e imposições de se negociar numa escala global neste final de século XX

estão, inevitavelmente, levando a um reconhecimento do papel central da logística. As

empresas devem ganhar na quantidade de vendas, perdendo em alguns negócios, mas

mantendo o cliente para uma futura compra.

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3 A DIMENSÃO DO SERVIÇO AO CLIENTE

A guerra nos negócios voltou-se para um novo campo de batalha. Na década de 1960,

marketing era o lema para se conseguir vantagens sobre a concorrência. Na década de 1970,

produção tornou-se a palavra-chave e na década de 1980, qualidade. Hoje, a competição

chegou a uma quarto campo de batalha: o serviço ao cliente.

Os clientes são a alma das organizações. Aparentemente, os gerentes estão

reconhecendo que a melhoria da qualidade para seus clientes não é uma questão de escolha; a

saúde da organização depende disso. Surpreendentemente, poucas companhias têm políticas

definidas de serviço ao cliente e muito menos uma organização suficientemente flexível para

gerenciá-lo e controlá-lo, quando se considera que este serviço pode ser o mais importante

elemento no composto mercadológico da companhia. Existem, também, muitas evidências

que reforçam o ponto de vista que, se o produto ou serviço não estiver disponível na hora em

que o cliente precisa dele, então esta venda será perdida para o concorrente. Mesmo em

mercados em que a lealdade à marca é forte, a falta de produto em estoque pode ser suficiente

para acarretar mudança de marca pelo cliente.

A qualidade de serviço está relacionada à habilidade de se minimizar as discrepâncias

entre as expectativas e percepções de clientes e seus fornecedores. As metodologias de

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avaliação baseiam-se em um processo no qual o consumidor compara o serviço percebido

com o serviço esperado. A identificação equivocada das prioridades dos clientes, por parte do

fornecedor, provavelmente acarreta em insatisfação do cliente. Dentre os atributos de serviço

apontados como mais importantes, segundo pesquisa realizada pela ABAD (Associação

Brasileira de Atacadistas e Distribuidores) (SUPERMIX, Set/97, p.23), os que aparecem com

maior freqüência são: disponibilidade de produto, tempo de ciclo do pedido, consistência do

prazo de entrega, freqüência das entregas, proporção do pedido atendido, informação de

apoio, suporte técnico, qualidade da documentação, apoio na entrega física e “merchandising.”

Teoricamente, os clientes cativos proporcionam mais lucros do que os novos. Isso

ocorre pois custa menos vender e prestar serviços aos cativos do que elaborar uma estratégia e

um planejamento para atrair novos consumidores. Também, à medida que o relacionamento se

desenvolve, aumenta a probabilidade de que eles dêem maior parte de seus negócios para um

fornecedor com quem estão preparados para tratar como parceiro. Além do mais, um cliente

satisfeito acaba passando boas recomendações, gerando novos clientes.

Usualmente, o fato de ser bom ou não negociar com uma empresa depende das pessoas

que trabalham nela. Seus conhecimentos e habilidades são cruciais à capacidade que a

empresa apresenta de corresponder às expectativas expressas na estratégia de serviços. Os

funcionários que têm contato direto com os clientes são responsáveis pelo maior efeito sobre a

reputação da empresa, mas aqueles que trabalham nos bastidores não devem ser ignorados, já

que prestam serviços aos colegas que estão lidando com os clientes e criam o produto e

muitos dos sistemas de entregas. A atitude dos funcionários em relação aos clientes também

pode dar um sólido apoio ou debilitar terrivelmente a estratégia de serviços de uma empresa.

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O maior custo da produção de um ótimo serviço refere-se à criação de infra-estruturas,

ou seja, rede de pessoas, instalações físicas e informações que ajudam na produção do cliente,

ou seja, conservar e reforçar a sua lealdade. Além disso, a criação de infra-estrutura torna-se

uma forte barreira para os concorrentes.

Seguindo o raciocínio de Harmon (1994), as companhias que oferecem um serviço

excepcional aos seus clientes precisam esforçar-se muito e colocar em prática os seis

elementos do serviço ao cliente: estratégia, liderança, políticas de pessoal, projeto, infra-

estrutura e avaliação.

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4 TRANSPORTE

O transportes de cargas é um dos compostos importantes da logística. Mesmo não

sendo próprio e contando com terceiros, o transporte é uma extensão dos serviços de quem

vende o produto. Essa é a visão do consumidor e a empresa contratante deve qualificar o seu

fornecedor de serviço de transportes antes de perder mercado por uma falta de cuidado.

Basicamente, os modais mais utilizados pelas empresas são o rodoviário, o ferroviário, o

marítimo e o aéreo. O hidroviário ainda é pouco utilizado em relação a quantidade de rios

navegáveis encontrados em nosso país.

4.1 Rodoviário

O modo rodoviário é o mais expressivo no transportes de cargas no Brasil e atinge,

praticamente, todos os pontos do território nacional. Com a implantação da indústria

automobilística na década de 50 e com a pavimentação das principais rodovias, o modo

rodoviário se expandiu de tal forma que hoje domina amplamente o transporte de mercadorias

no país.

Hoje, a rede rodoviária nacional se apresenta bastante deteriorada, com extensos

trechos necessitando de recursos maciços para a sua recuperação. O grande desafio de

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transportar por rodovia é superar as dificuldades existentes entre o ponto de origem e de

destino da mercadoria. A oferta de infra-estrutura e as condições precárias para o

estabelecimento de uma boa utilização do transporte rodoviário até então não vêm sendo

consideradas pelo poder público.

O governo, através do órgão competente, o DNER (Departamento Nacional de

Estradas de Rodagem), tem como função dar a manutenção da infra-estrutura, tornando viável

o acesso dos veículos aos pontos desejáveis; mas, o que se constata hoje em dia é um precário

estado das rodovias e falta de recursos para administrar esse problema. Atualmente, a única

forma encontrada para a solução desses entraves foi o processo de privatização.

Com relação às situações das rodovias, o Estado do Rio Grande do Sul tem apenas

42% da sua rede de estradas asfaltada, conforme pode-se visualizar na tabela abaixo.

TABELA 1

EXTENSÃO DA MALHA RODOVIÁRIA DO RS – EM MIL KM

Rodovia Pavimentada Não-pavimentada Planejada Total

Federal 5,7 1,8 1,0 8,5 Estadual 3,4 7,6 1,5 12,5 Total 9,1 9,4 2,5 21,0

Fonte: DNER – 12/01/99

O próprio DNER reconhece que apenas 39,17% das rodovias sob a sua jurisdição

encontram-se em bom estado, 42,52% estão em condições regulares e 18,31% em má ou

péssima situação. Segundo estudo realizado pela CNT (1996), a diferença entre uma rodovia

que se encontra em bom estado para a de má ou péssimo estado representa um aumento nos

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custos do transportador em torno de cinco centavos de reais por quilômetro rodado. Essa

situação prejudica o transporte devido ao aumento do tempo de viagem e encarecimento dos

custos operacionais.

Apesar de tudo isso, esse modal é considerado o mais flexível e o mais ágil no acesso

às cargas, permitindo integrar regiões, mesmo as mais afastadas. A simplicidade de

funcionamento do transporte rodoviário é o seu ponto forte, pois não apresenta qualquer

dificuldade e está sempre disponível para embarques urgentes.

4.1.1 Vantagens

O transporte rodoviário apresenta algumas vantagens em relação aos demais modais.

Dentre elas, pode-se citar que é o único operador (transportador) de origem a destino, sendo

que as vendas podem ser feitas na condição de entrega porta-a-porta, possibilitando um menor

manuseio de cargas, já que o caminhão é lacrado no local de carregamento e aberto no local

de entrega. A rapidez na entrega de cargas em curta distância, bem como em trajetos de difícil

acesso, também é seu ponto forte.

4.1.2 Tipos de Veículos e Produtos Transportados

Os veículos utilizados são basicamente os caminhões, também chamados de veículos

fixos. Constituem-se de uma única parte incorporando a cabine, o motor e a unidade de carga.

Apresentam vários modelos, como os de carroceria aberta, plataforma e baús.

Outro tipo são as carretas, que se constituem de um veículo articulado, possuindo

unidade de tração e de carga em módulos separados. Estas duas unidades são reunidas em

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conjunto formado por cavalo mecânico e semi-reboque, em forma semelhante aos dos

caminhões.

Os caminhões e carretas, dependendo do tipo da carroceria ou semi-reboque, são

adequados para transportar cargas gerais, como granéis sólidos ou líquidos, produtos

perecíveis, etc.

O transporte de contêineres é bastante utilizado em caminhões com carrocerias do tipo

plataforma. Esses caminhões são utilizados para levarem os contêineres até os portos onde

serão embarcados em navios. O ideal é que esse trajeto não ultrapasse os 500 km de distância.

Existem vários tipos de contêineres, como podemos verificar a seguir:

• Contêiner de 40´ Standart Dry: contêiner não-refrigerado com capacidade para 64m

cúbicos.

• Contêiner de 40´ High Cub Dry: contêiner não-refrigerado com capacidade para 72m

cúbicos.

• Contêiner de 40´ Standart Reefer: contêiner refrigerado com capacidade de 60m cúbicos.

• Contêiner de 40´ High Cub Reefer: contêiner refrigerado com capacidade de 68m cúbicos.

• Contêiner de 20´ Standart Dry: contêiner não-refrigerado com capacidade de 32m cúbicos.

• Contêiner de 20´ Standart Reefer: contêiner refrigerado com capacidade de 28m cúbicos.

Quanto aos produtos transportados, o modal rodoviário é o mais recomendado para os

de alto valor ou perecíveis e nas viagens de curtas distâncias, em virtude de sua agilidade.

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Em contrapartida, não é recomendado, por exemplo, para produtos agrícolas a granel,

cujo valor agregado é muito baixo para este modal, encarecendo o seu custo final. Este seria o

caso da soja, matéria-prima para o Parque Industrial de Esteio da Ceval Alimentos. Na época

da safra, a soja chega ao Parque por trem ou caminhão. Geralmente, o recebimento da

matéria-prima pelo modo ferroviário acontece à noite.

4.2 Ferroviário

Transporte ferroviário é aquele efetuado por vagões, puxado por locomotivas, sobre

trilhos, e com trajetos devidamente delineados, ou seja, não tem flexibilidade quanto ao

percurso e está preso a caminhos únicos, o que pode provocar atraso na entrega das

mercadorias em caso de obstrução da ferrovia.

Para escoar a produção agrícola brasileira e transportar os produtos importados para o

interior do território nacional, foi implantado, em fins do século passado e início deste, um

número razoável de ferrovias, com uma extensão total também expressiva (cerca de 30.000

quilômetros em 1986. Fonte: RFFSA). A maioria das ferrovias implantadas nessa fase corria

do litoral para o interior, com traçados quase ortogonais à costa.

O transporte ferroviário passou a ser utilizado, primordialmente, no deslocamento de

grandes massas de produtos homogêneos ao longo de distâncias relativamente extensas.

Minérios de ferro, de manganês, carvão mineral, derivados de petróleo, cereais em grão (soja,

milho), quando transportados a granel, cobrindo distâncias relativamente grandes, são

produtos passíveis de serem deslocados por trem.

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As razões para isso podem ser resumidas no seguinte: as operações de carga/descarga,

despacho, triagem de vagões nos pátios, controle de tráfego, conferência da carga, etc. são

muito onerosas para produtos em pequenas quantidades. Quando se transportam grandes

quantidades de um produto a granel, por outro lado, pode-se uniformizar os vagões e as

operações, permitindo também a utilização de trens unitários, facilitando assim as operações

nos terminais. Os custos fixos incorridos nos terminais são melhor diluídos no custo médio

global para distâncias mais longas.

Esse enfoque, no entanto, não é universal pois não coincide com o observado na

Europa, por exemplo, em que a ferrovia cobre um espectro muito mais amplo de fluxos.

4.2.1 Vantagens

Essa modalidade apresenta algumas vantagens como: menor custo de transporte pelo

fato de ser, normalmente, movido a diesel, vapor (carvão) ou energia elétrica, apesar desta ser

de enorme custo no país. O frete, geralmente, é mais barato em relação ao frete rodoviário, só

perdendo para o hidroviário. O modal ferroviário está livre de congestionamento, como ocorre

com os navios e caminhões, tendo normalmente caminho livre à frente, podendo executar as

viagens sem problemas; propicia o transporte de grande quantidade com vários vagões, já que

um vagão pode transportar entre vinte e cinco e cem toneladas, porém, sempre dependendo do

tipo de carga e de locomotiva para suportá-la.

4.2.2 Tipo de Veículo e Produto Transportado

Os vagões têm capacidade de carga diferentes, dependendo do seu tamanho e do

objetivo para o qual foram desenvolvidos. Além dos vagões, as ferrovias também podem

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apresentar diferentes capacidades de carga, dependendo da sua construção, limitando, com

isso, a capacidade dos vagões.

Abaixo, relacionam-se os tipos de produtos e veículos apropriados para o transporte

ferroviário.

TABELA 2

TIPOS DE VAGÕES E PRODUTOS TRANSPORTADOS

Tipo de Vagões Produtos Transportado Gaiola com estrados Gado Fechado com escotilhas Graneis sólidos Fechado convencional Carga granel Vagão c/ fundo móvel (basculante) Minérios e graneis sólidos Isotérmicos Produtos congelados e resfriados Plataforma com 1 ou 2 pavimentos Automóveis e contêineres Plataforma sem laterais e fundos Madeira e grande volume Tanque Transporte de líquidos

De modo geral, o transporte ferroviário é apropriado para transporte de mercadoria

agrícola a granel, como açúcar, grãos, assim como minérios, derivados de petróleo e produtos

siderúrgicos, que são os mais transportados, pois apresentam grande volume e baixo valor

agregado e necessitam ter um frete competitivo. Esse modal também comporta o tráfego de

contêineres, que no Brasil já vem sendo realizado e com tendência de crescimento cada vez

maior.

Atualmente, o sistema ferroviário do Rio Grande do Sul dispõe de uma malha férrea

com 3.430 quilômetros, ligada ao restante do país em dois locais: um em Marcelino Ramos

(RS) e outro em Lages (SC). Com o exterior, fazendo uso da linha Porto Alegre-Uruguaiana, é

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possível a ligação com a vizinha República Argentina, através da Ponte Internacional

Uruguaiana-Passo de Los Libres, e também a ligação ferroviária com a República Oriental do

Uruguai através do ramal Cacequi-Santana do Livramento. O sistema ferroviário gaúcho está

ligado através de ramais aos sistemas portuários de Rio Grande, Porto Alegre, Pelotas, Estrela

e Cachoeira do Sul. As ligações ferroviárias essenciais para o Rio Grande do Sul são aquelas

que, a partir de Uruguaiana, São Borja, Santa Rosa, Erechim e Santana do Livramento ligam-

se à região metropolitana de Porto Alegre e ao porto de Rio Grande. De suma importância

também é o denominado Tronco Sul, que através de Vacaria e Lages liga o Rio Grande do Sul

ao restante do país.

Com as facilidades do transporte rodoviário, o modal ferroviário, ao longo dos anos,

veio perdendo importância. A ferrovia é considerada um modal desconhecido desde que o país

optou por eleger o rodoviário como meio de transporte oficial, contrariando o que o ocorre nos

países de Primeiro Mundo. Conforme dados da GEIPOT (Empresa Brasileira de Planejamento

de Transportes) (1998), o trem é responsável por 40% da circulação de mercadoria e o modal

rodoviário por 30%. No Brasil, enquanto o rodoviário representa 60% do transporte de

mercadoria, pelas estradas de ferro passam 22% das cargas, sendo que 13% é composto por

minério de ferro. Quanto a passageiros, o trem do Brasil transporta 3% e o modal rodoviário

95%. Nos países desenvolvidos, 60% das pessoas viajam de trem e apenas 30% por rodovia.

A utilização do modal ferroviário é de vital importância, pois o trem consome quatro

vezes menos combustível do que o caminhão. Com o uso das ferrovias, as rodovias podem ser

poupadas. Por exemplo, se para as grandes cargas e distâncias fosse utilizado o trem e o

serviço de ponta ficasse para o caminhão, haveria ganho na conservação das estradas. Na

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mesma linha de raciocínio, com o uso do trem haveria menos tráfego de veículos pesados nas

rodovias, diminuindo os acidentes e o número de mortes. A agressão ao meio ambiente

diminuiria, pois a poluição provocada pelo trem é mínima.

Entretanto, o transporte ferroviário apresenta problemas em seus ativos fixos, trilhos,

vagões e locomotivas, considerados em grande parte como irrecuperáveis. Segundo relatório

da Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA) e Superintendência Regional de Porto Alegre (SR-

6), o número de locomotivas em tráfego caiu de 105 para 81 em 1995, com uma taxa de

disponibilidade de 48% e o número de vagões de uso comercial caiu de 3.280 para 3.169, com

uma taxa de disponibilidade de 89%. O principal problema enfrentado pela SR-6 com relação

à frota de vagões e locomotivas é a falta de materiais de reposição e a escassez de mão-de-

obra qualificada para a manutenção. A troca de dormentes caiu de 111 mil em 1991 para 65

mil em 1994. No período de 1992 a 1996, foram desativados os ramais de Dom Pedrito,

Itaqui, Quinta/Rio Grande e Carlos Barbosa/Caxias do Sul, num total de 235 km.

TABELA 3

EVOLUÇÃO DA MALHA FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL

Ano Extensão (km) 1975 1980 1985 1989 1992/1996

3638 3821 3430 3415 3180

Fonte: SR-6

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4.3 Marítimo

A costa brasileira é dotada de um número apreciável de portos marítimos, além de

alguns portos fluviais que atendem navios costeiros (Porto Alegre, Manaus, Belém).

O custo do transporte porta a porta, que é o que interessa ao usuário, não é

completamente previsível na cabotagem porque depende de vários fatores que fogem ao

controle e à previsão dos interessados em utilizá-lo. Se o embarque ou desembarque, no porto,

se der em condições adversas de tempo (chuva), o valor cobrado pela estiva, conferentes, será

maior devido às paralisações das operações. Da mesma forma, se a carga é obrigada a esperar

mais tempo no porto, o custo de armazenagem pode atingir níveis inesperados. Ao fim,

fazendo as contas dos custos realmente pagos, o usuário observará grandes oscilações nos

valores totais porta a porta, situação essa que afasta muitos interessados potenciais.

No Brasil, o transporte marítimo é regulado pelos seguintes órgãos governamentais:

- MT (Ministério dos Transportes) é o órgão máximo no país, responsável por todos os

tipos de transportes terrestres e aquaviários, e tem como missão controlar e fiscalizar tudo que

diga respeito a essa atividade.

- STA (Secretaria dos Transportes Aquaviários) é um órgão do Ministério dos

Transportes, tendo o dever de executar a política para os transportes aquaviários no Brasil.

- DMM (Departamento de Marinha Mercante) é um órgão vinculado à STA,

responsável pelo controle dos registros de armadores, fretes, acordos bilaterais, conferência de

fretes e outros assuntos reguladores do transporte marítimo brasileiro.

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-TM (Tribunal Marítimo) é um órgão vinculado ao Ministério da Marinha. Responde

pelo julgamento dos acidentes marítimos, fluviais e lacustres. Também é responsável pelo

registro de navios brasileiros que operam no transporte de cargas, tanto cabotagem quanto

navegação de longo curso.

4.3.1 Tipo de Carga

Pode-se dizer que existe um tipo de navio para cada carga, adequando-se à natureza

desta e à sua embalagem. Assim, o transporte marítimo de longo curso, quanto à natureza de

sua carga transportada, se classifica em:

4.3.1.1 Carga Geral

É toda a carga que não se classifica como carga a granel. Constitui-se dos mais

diversos tipos de mercadoria devidamente embalada (sacos, caixas, caixotes, engradados e

fardos). É definida também como carga embarcada e transportada com acondicionamento,

marca de identificação e contagem de unidade. Esse tipo de carga pode ser embarcada em

navio porta-contêineres, carga geral e lash.

4.3.1.2 Carga a Granel

Conhecida também como granéis. São as cargas que não precisam ser

individualizadas, comumente embarcadas e transportadas sem acondicionamento, recebidas e

entregues pelo transportador em forma solta, sem marca de identificação e contagem de

unidade. Divide-se em granéis líquidos (petróleo, óleo de soja) e granéis sólidos (grão

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alimentício - sal, trigo, soja, milho, arroz, açúcar, farelo; minério - ferro, manganês, bauxita,

carvão, etc.).

4.3.1.3 Carga Frigorífica

Também conhecida como refrigerada, é aquela carga que necessita, para que possa

conservar suas qualidades essenciais durante o transporte, ser guardada sob temperatura fresca

ou congelada (carnes, frutas e demais cargas perecíveis). Esse tipo de carga pode ser

embarcado por navio frigorífico ou qualquer outro navio dotado de compartimento para carga

frigorífica.

4.3.2 Modalidades de Serviços

As companhias de navegação oferecem diferentes tipos de serviços, o que caracteriza

um mercado de transportes regulares e irregulares, representado pela sua freqüência de escala

dos navios.

4.3.2.1 Navios Conferenciados

São navios que mantêm rotas regulares entre os portos dos países envolvidos, sempre

em datas preestabelecidas. Também pertencem à Conferência de Fretes. Conforme diz

Mendonça, “são acordos de cooperação entre armadores que exploram as mesmas rotas e

destinos, de modo a proporcionar aos embarcadores um serviço conjunto único” (1997, p.72).

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4.3.2.2 Navios Não Conferenciados

São navios independentes que não pertencem às Conferências de Fretes, mas também

mantêm rotas regulares entre dois ou mais portos. A regularidade de rotas e datas fazem parte

de sua característica.

São concorrentes dos navios conferenciados, oferecendo os mesmos serviços, porém

com a diferença de que não fazem parte do acordo de cooperação entre os armadores. Em

geral, oferecem fretes mais baixos do que os navios conferenciados por não terem os

compromissos e gastos de uma associação.

4.3.2.3 Navios “Tramps”

São navios de armadores que não mantêm vínculo com uma rota regular entre os

portos, podendo pegar a carga onde quer que esteja disponível, estando em seu trajeto original

ou não.

São navios que, embora prestem bons serviços, não são adequados quando se trata de

embarcar carga com prazo certo de entrega devido à irregularidade de suas rotas, pois a sua

característica é fazer a cada viagem um roteiro diferente.

Normalmente, são navios contratados através de afretamento e costumam ser

carregados a granel, em lotes para navios completos.

O termo “Tramp” significa, em inglês, vagabundo, mendigo ou itinerante, o qual

define um navio que não possui linha regular.

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4.3.3 Tipos de Navios

4.3.3.1 Cargueiros ou Convencionais

Transportam carga geral, pois seus porões são divididos em compartimento

independente para o acondicionamento de carga, em pequenos volumes (solta) ou paletizada

(unitizada). A fim de haver uma diferenciação dos navios destinados ao transporte de

mercadorias específicas, são chamados de navios convencionais. Operam geralmente em

linhas regulares, conferenciados ou não conferenciados.

4.3.3.2 Frigorífico

É um tipo de navio semelhante ao convencional de carga seca, porém com porões

devidamente equipados com maquinários para refrigeração e transporte de carga frigorífica ou

perecível.

4.3.3.3 Graneleiro

Transportam cargas a granel, seus porões não possuem divisões e seus cantos

arredondados facilitam a estiva. A maior parte opera como “Tramp” e, por possuírem baixo

custo operacional, transportam quase que unicamente mercadoria de baixo valor, com exceção

de fertilizantes, cujo volume é muito grande e o custo do frete se torna alto, como dizem

Mendonça e Keedi (1997).

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4.3.3.4 Porta-Contêineres

É o tipo de navio especializado no transporte de contêineres cujos porões são divididos

em colunas formadas através de células-guias e composto por várias camadas que indicam a

altura dos contêineres embarcados.

4.3.3.5 Roll-On Roll-Off

Transporta veículos, principalmente automóveis, possuindo rampas na popa ou na

proa, que dão acesso direto do cais ao porão ou ao convés. Os veículos podem ser embarcados

ou desembarcados com seus próprios movimentos, economizando despesa de embarque ou

desembarque.

4.3.3.6 Tanque

Navio especialmente construído para o transporte de carga líquida a granel com

divisões em porões, permitindo que, em caso de problemas em alguns dos porões, seja

possível evitar maiores danos e continuar o transporte com os produtos nos demais

compartimentos. Existem navios-tanques especializados no transporte de produtos químicos e

petróleo.

4.3.3.7 LASH (Lighter Aboard Ship) – Navio Porta-Barcaça

São navios versáteis para qualquer tipo de carga geral. Suas barcaças, com capacidade

de até 400t ou 600 m3, podem acomodar inúmeras mercadorias. A grande vantagem do

“Lash” é possuir guindastes especiais de bordo para transporte e descarga também à distância

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do porto de destino. Assim, operam em portos onde sua entrada é restrita, em virtude da pouca

profundidade.

4.3.3.8 “Seabee”

Navio provido de elevador submersível e convés aberto que transporta barcaça ou

chatas de até 800 toneladas e que pode se converter em navio porta-contêineres, conforme

Mendonça (1997).

4.4 Complexo Portuário no Rio Grande do Sul

4.4.1 Porto de Rio Grande

O porto de Rio Grande é dividido em três complexos, conforme segue:

- Porto Velho

O Porto Velho, com 640 metros de comprimento construídos em 1915, é hoje o cais

utilizado por barcos pesqueiros de maior porte que realizam as operações de descarga de

peixe, embarcações de navegação interior que operam na descarga de farelo de soja e

embarcações de apoio portuário, utilizado para estacionamento.

- Porto Novo

O cais do Porto Novo, com uma extensão acostável de 1.890 metros, foi construído

entre 1911 e 1916. A instalação é utilizada para a operação de navios de longo curso e

cabotagem, onde, atualmente, cerca de 45 operadores portuários fazem a movimentação de

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carga geral e contêineres. O calado máximo fixado pela Capitania dos Portos é de 8.84

metros.

- Superporto

O Superporto, implantado entre as décadas de 50 e 80, e seu aproveitamento para fins

portuários têm seguido um planejamento voltado para a construção de terminais isolados e

especializados para a movimentação de carga específica, sendo uns de propriedade particular,

instalados mediante autorização contratual, e outros administrados mediante autorização pela

concessão portuária. É formado pelos terminais graneleiros privados e o Terminal de

Contêineres (TECON), perfazendo um total de 3.020 metros distribuídos ao longo de uma

extensão de cerca de 10 quilômetros.

O porto de Rio Grande destaca-se como principal pólo de movimentação de produtos

ligados à área de “agribusiness”, grãos, derivados agrícolas e fertilizantes a granel. Destaca-se

também a exportação de produtos industrializados, principalmente em contêineres, além do

produto líquido, como petróleo, combustíveis, derivados petroquímicos e insumos químicos.

4.4.2 Porto de Porto Alegre

Construído entre 1912 e 1922 e posteriormente ampliado, o porto de Porto Alegre está

localizado na capital do Estado e é considerado um importante porto gerador de intercâmbio

comercial.

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O cais acostável, com extensão de 8.028 metros, é subdividido em dois trechos. Um é

denominado Cais Mauá, tem 3.240 m de comprimento e contém armazéns de carga geral. O

outro trecho, denominado Cais dos Navegantes, com 3.268 m, contém um complexo de

armazenamento para carga geral e graneis sólidos.

Até recentemente, cabia ao porto o papel de importador de bens de capital, máquinas e

equipamentos para suprir o parque industrial do Estado. É desse ponto de vista que se pode

analisar o movimento verificado em 1996 no porto, conforme dados fornecidos pelo Centro de

Navegação do Porto de Porto Alegre. Na navegação de longo curso, predominou a importação

de fertilizantes (300.000 t), seguido de importação de trigo (190.000 t), exportação de madeira

enfardada (42.000 t) e importação de papel para impressão de jornais (20.000 t).

Atualmente, todos os planos para o porto de Porto Alegre dependem do projeto

político do governo do Estado em construir o “Porto dos Casais”, um complexo turístico e

cultural com dois hotéis, cinema, teatro, restaurante e shopping center.

O único problema é que nessa área são realizadas as movimentações de cargas. A

intenção é transferir as operações para o Cais dos Navegantes, na outra extremidade. Para

isso, o governo pretende vincular os dois projetos, ou seja, a empresa ou consórcio que ganhar

a concessão e a exploração do Porto dos Casais deverá construir o cais para receber as

operações portuárias. A administração dessa parte continuará sob responsabilidade do Estado.

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4.4.3 Porto de Estrela

Situado à margem esquerda do Rio Taquari, o porto, por estar inserido no

entroncamento rodo-ferro-hidroviário de Estrela, destina-se a atender, através de um sistema

intermodal de transporte, as exportações de sua própria área de influência.

O Porto de Estrela possui 585 metros de cais, oferece seis berços de atracação e possui

também 2 armazéns graneleiros.

Projetos estão sendo estudados no sentido de viabilizar o transporte de contêineres na

hidrovia que liga Estrela a Rio Grande através da construção de um terminal naquele

complexo portuário, além da aquisição de guindaste para aumentar a capacidade de

movimentação.

Inicialmente, serão transportadas cargas de fumo, móveis e couro. Conforme o

engenheiro do Porto de Estrela Homero de Souza Moling, “com a remodelação do porto

haverá um lucro maior no transporte de grãos, reduzido anteriormente em 50%, pela falta de

estrutura portuária” (Jornal do Comércio, Porto Alegre, 17 mar. 1998).

4.4.4 Porto de Pelotas

O Porto de Pelotas, localizado à margem esquerda do canal de São Gonçalo, na ligação

entre as Lagoas dos Patos e Mirim, tem autorização para navegação de longo curso

(internacional), cabotagem ( nacional ) e interior (estadual).

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Possui 500 metros de área acostável para carga e descarga, mais dois armazéns de

carga geral e graneis sólidos.

Atualmente, o porto de Pelotas está muito atrasado. Devido ao assoreamento do canal,

o calado de 17 pés de profundidade foi reduzido para 10. A expectativa, após a concessão de

suas instalações para a iniciativa privada, é que o porto funcione como intermediário entre

Porto Alegre e Rio Grande, podendo servir como um porto acessório ao de Rio Grande, e com

condições de fazer o escoamento das safras provenientes da região sul do estado.

4.4.5 Porto de Cachoeira do Sul

O porto de Cachoeira do Sul é o mais novo do estado do Rio Grande do Sul. Está

instalado em uma área de 182 hectares e possui um cais de acostagem com 72 metros de

comprimento. Tem capacidade para receber embarcações com até 2,5 metros de calado e com

capacidade para 2.500 toneladas de carga. As instalações contam ainda com um prédio amplo

que será transformado em depósito, com acesso rodoviário às instalações e com dois

guindastes para carga e descarga de granéis sólidos.

Concluída no ano de 1996, a construção do porto de Cachoeira do Sul vai propiciar o

melhor aproveitamento de entroncamentos multimodais de transporte dos rios Taquari e Jacuí.

A obra representou um investimento para o tesouro gaúcho de R$ 2,2 milhões.

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4.5 Sistema Hidroviário Interior

4.5.1 Influência do Sistema Hidroviário no Desenvolvimento

Os rios, historicamente, sempre se constituíram acessos naturais para que as pessoas e

mercadorias se colocassem em contato com a costa oceânica e, a partir daí, com outros

continentes.

As regiões que, por dádiva da natureza, dispõem de bacias hidrográficas abertas, sem

grandes obstáculos até a sua foz no oceano, são particularmente privilegiadas. Assim é a Bacia

do Sudeste, no Rio Grande do Sul. Foi ao longo das bacias hidrográficas que aconteceu o

povoamento das regiões interiores que mais prosperam. As hidrovias são ferramentas

fundamentais nos projetos de desenvolvimento voltados ao progresso das comunidades que

estão instaladas nas suas áreas de influência. Funcionam como artérias que interligam regiões

e proporcionam a movimentação, de maneira econômica e segura, de insumos, produtos e

pessoas.

4.5.2 Sistema de Transporte Interior

O Rio Grande do Sul possui uma rede navegável de cerca de 1.006 quilômetros,

formada pelo rios Guaíba, Jacuí, Taquari e Caí, pelas Lagoas dos Patos e Mirim e pelo canal

de São Gonçalo, entre outros, da qual apenas 700 quilômetros têm sido aproveitados

comercialmente. Ao todo, são mais de 44 municípios beneficiados por hidrovias.

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As hidrovias gaúchas ainda sofrem problemas de infra-estrutura quanto a sua

navegabilidade, tanto na baixa profundidade do calado, devido à falta de dragagem, quanto na

sinalização, impossibilitando, muitas vezes, o tráfego hidroviário noturno.

As expectativas no sentido de solucionar esses problemas estão surgindo a partir dos

projetos de ampliação do parque industrial gaúcho, principalmente no setor automobilístico,

que já manifestou interesse na utilização da Bacia do Sudeste para o transporte de seus

produtos via fluvial até o porto de Rio Grande.

4.6 Aéreo

O frete para o transporte de carga aérea é significativamente mais elevado; porém, os

tempos de deslocamento porta a porta podem ser bastante reduzidos, abrindo um mercado

específico para essa modalidade.

Conforme publicação da Aero Magazine (1998), em matéria de transporte de carga o

Brasil jamais seguiu preceitos muito lógicos. Assim, apesar de ter seu território recortado por

uma infinidade de estradas fluviais e de ser limitado a leste por um dos mais extensos litorais

do planeta, o país jamais teve um sistema organizado de transporte marítimo ou fluvial. O

relevo favorável às ferrovias também nunca foi explorado e o grande volume de nosso

transporte terrestre é feito da forma mais cara que se conhece, a rodoviária.

O setor de transporte aéreo de cargas no Brasil vem crescendo ano a ano. Com isso, os

agentes de carga e as empresas transportadoras cada vez mais lançam mão de sofisticada

operação logística para aprimorar o atendimento aos seus clientes. Buscam redução de custos,

agilização do processo burocrático e ganho de tempo.

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4.6.1 O Transporte Aéreo e Suas Particularidades

O transporte aéreo é uma atividade que envolve com facilidade vários países devido à

velocidade do meio utilizado. Esse modal diferencia-se dos demais graças às seguintes

características: maior rapidez no transporte; é apropriado para remessa de mercadorias de

pouco peso/volume e de alto valor agregado; é usado, particularmente, com muita eficiência

para transporte de amostras; é ideal para mercadoria com prioridade de entrega.

4.6.2 Vantagens

Devido as suas características, dentre elas a rapidez da expedição, transporte e

recebimento, como foi mencionado, o modal aéreo apresenta um conjunto de vantagens:

• Os aeroportos, normalmente, estão localizados mais próximo dos centros de

produção, industrial ou agrícola, pois encontram-se em grande número e espalhados,

praticamente, por todas as cidades importantes do planeta e seus arredores.

• Os fretes internos, para a colocação das mercadorias nos aeroportos, são menores

e o tempo mais curto em face de sua localização.

• Possibilidade de diminuição de estoque, já que se pode aplicar mais

agressivamente uma política de “just in time” com a redução dos custos de capital

de giro pelo embarque contínuo, praticamente diário.

• Possibilidade de utilização das mercadorias mais rapidamente em relação à

produção, principalmente em se tratando de produtos perecíveis, de validade mais

curta.

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• Maior competitividade do exportador, visto que a entrega rápida pode ser um bom

argumento de venda.

• Redução nos custos da embalagem, que não precisa ser tão robusta, pois a

mercadoria estará menos sujeita a impactos.

• Segurança no transporte de pequenos volumes.

• Seguro de transporte aéreo é mais baixo em relação ao marítimo, cerca de 30% na

média geral, sendo que há uma variação que depende da mercadoria, fazendo com

que a diferença seja maior ou menor.

4.6.3 Organizações Aéreas Internacionais e Nacionais

A IATA (International Air Transport Association – Associação de Tráfego Aéreo

Internacional) fundada em 1919, na França, com o surgimento do transporte aéreo, é uma

associação que reúne empresas de todo o mundo. Suas sedes estão localizadas em Montreal,

no Canadá, e Genebra, na Suíça.

A IATA não tem caráter político, mas comercial, trabalhando pelo interesse de seus

associados, bem como dos usuários do transporte aéreo.

A IATA tem como objetivo assegurar que as companhias aéreas prestem serviços de

transporte seguro, eficiente e rápido, visando ao benefício do público em geral, com melhor

rentabilidade das linhas aéreas. Também desenvolve condições para uma colaboração mútua

das empresas de aviação, que estão direta ou indiretamente ligadas aos serviços de transporte

aéreo internacional, definindo tarifas de frete a serem utilizadas pelos seus membros no

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tráfego de passageiros e mercadorias. A IATA objetiva, ainda, viabilizar rotas aéreas e

garantir condições para que seja realizado um transporte aéreo regular em nível mundial.

No Brasil, o transporte aéreo é regulamentado pelo Governo Federal através dos

seguintes órgãos:

- Ministério da Aeronáutica: é o responsável máximo pela navegação aérea e

aeroportos no país, ditando normas a serem seguidas pelo setor.

- DAC (Departamento de Aviação Civil): departamento ligado ao Ministério da

Aeronáutica, que controla a aviação nacional e internacional no país, regulamentando

e instrumentalizando as normas internacionais dos acordos da aviação civil

internacional.

- INFRAERO (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária): empresa ligada

ao Ministério da Aeronáutica e responsável pela administração e construção de

aeroportos no Brasil, controle de armazéns de carga nas importações e exportações

nos terminais aeroportuários brasileiros, bem como terminais de passageiros nos

respectivos aeroportos.

4.6.4 Companhias de Transporte Aéreo

São empresas de transporte aéreo autorizadas pela autoridades de seu país de origem a

operar o transporte de cargas e passageiros dentro das normas internacionais, com aeronaves

devidamente registradas e capacitadas para o tráfego.

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Normalmente, as companhias aéreas são proprietárias das aeronaves com que atuam,

mas também é comum as empresas valerem-se de aeronaves de terceiros, no sistema de

“chartering”, ou seja, fretamento de equipamento de outra empresa.

4.6.5 Agentes de Carga

A ligação entre as empresas aéreas e os usuários do transporte aéreo é realizada pelos

chamados agentes de carga. Esses agentes atuam de forma intermediária entre companhias

aéreas e exportadores e importadores.

Os agentes de carga aérea têm por finalidade auxiliar diretamente os comerciantes a

adquirirem informações quanto a vôos, empresas, rotas, disponibilidade de espaço em

aeronaves, cotação de fretes. Essas empresas têm a possibilidade de obter vantagens para os

embarcadores através da redução de fretes pela consolidação das cargas. Sua receita é obtida

através de um percentual dos fretes realizados, que recebe das companhias aéreas, e outra

parte provém das taxas de emissão do AWB (Airway Bill – Conhecimento de Embarque

Aéreo).

4.7 Transporte Intermodal

Transporte intermodal é aquele em que uma mercadoria utiliza mais de uma

modalidade de transporte para chegar até seu destino em virtude da impossibilidade de atingir

determinados pontos através de apenas um dos modais existentes e/ou também com o objetivo

de oferecer aos clientes o serviço mais econômico e eficiente dentro de um mercado

extremamente competitivo.

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4.7.1 Transporte Multimodal

A multimodalidade diferencia-se do intermodalismo pelo fato de a mercadoria ser

transportada por mais de um modal sob a responsabilidade de um único transportador ou

operador de transporte multimodal, que tem a obrigação da entrega da mercadoria em

determinado ponto e cujo trajeto é coberto por um documento ou contrato de transporte único.

O processo de privatização de rodovias, ferrovias e portos nacionais tem como

objetivo reduzir o chamado “Custo Brasil”. A meta é eliminar a ineficiência, oferecendo

novas opções de meios de distribuição de carga e, conseqüentemente, barateando os custos do

transporte brasileiro.

O desenvolvimento do multimodalismo é uma das principais metas das empresas

concessionárias da RFFSA. A má qualidade no atendimento do setor ferroviário existente no

passado devido ao desrespeito de prazos, horários e equipamentos sucateados também fez

com esse modal perdesse carga para o rodoviário. Hoje, com a privatização, as novas ferrovias

precisam integrar sua infra-estrutura aos demais modais.

No entanto, para que isso possa ocorrer, o transporte ferroviário deve buscar a

confiabilidade de seus clientes através da efetiva recuperação de suas malhas e equipamentos,

oferecendo, assim, uma maior freqüência de viagem com prazo de entrega seguro.

Conforme mencionado anteriormente, os principais produtos escoados por linha férrea

são grãos, minério, calcário e demais granéis. Para que ocorra um maior desenvolvimento

desse modal é necessário que se busquem novos segmentos a serem transportados. Com isso,

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as empresas concessionárias estão focalizando o seu planejamento estratégico no contêiner,

ponto fundamental para a integração da ferrovia com os demais modais.

Entretanto, existem alguns entraves ainda a serem considerados nesse segmento, tais

como: a falta de espaços destinados à movimentação de contêineres, pois são raras as

empresas que possuem área própria para isso e nem toda as regiões dispõem de terminais onde

se possa fazer a estufagem e o transbordo para o caminhão, e a falta de equipamentos próprios

para colocação de um contêiner no trem, pois poucos vagões são adaptados para a carga

conteinerizada. Entende-se estufagem pelo carregamento de um contêiner, mesmo que não

complete a sua capacidade e desova, pelo descarregamento.

Mesmo assim, as empresas concessionárias acreditam que o transporte de contêineres

pode ser um grande filão. Algumas empresas marítimas estão negociando contratos

operacionais com ferrovias privatizadas, pois este modal pode ser bastante competitivo nos

trajetos de origem e destino até os portos. Tal situação decorre também do grande

congestionamento de caminhões nas estradas que dão acesso aos portos e principais cidades

do país. Projetos estão sendo estudados para implantação de terminais intermodais ao longo

desses trechos onde se movimentarão diversos tipos de cargas.

O transporte multimodal faz parte da estratégia de grande parte dos operadores

portuários e das companhias de transporte marítimo atuantes no Brasil, pois pode oferecer

vantagens tanto para o armador como para o dono da carga.

O multimodalismo gera economia de escala e maior eficiência operacional. Como a

coordenação da logística de transporte torna-se responsabilidade de uma única empresa,

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haverá possibilidade do operador multimodal concentrar a carga de uma vasta gama de

embarcadores em um único armazém, e modo de proporcionar uma melhor negociação de

preços e condições operacionais. O mesmo raciocínio vale na subcontratação de vários

serviços acessórios ao transporte multimodal, como seguro e frete rodo ou ferroviário.

Teoricamente, quanto maior o volume de contêineres a serem transportado, melhores as

condições de negociação.

A concentração da economia nacional está na costa brasileira e tanto o transporte

marítimo como a cabotagem passam a ser um meio de transporte importante em complemento

à ferrovia, à rodovia e à hidrovia.

A movimentação de contêineres e granéis nos portos brasileiro ainda é considerada

bem aquém em relação aos padrões internacionais. Outro problema é o fato de o sindicato dos

estivadores ser o controlador do uso de mão-de-obra na movimentação das cargas, ou seja, as

companhias são obrigadas a operar com o número de operários que o sindicato determina. Os

preços são variáveis conforme o período em que a carga será movimentada. Conforme Adrian

Leandro Pesciallo, diretor da Sea Ways Agência Marítima ( Logística Moderna, nº 56, Abril

1998, p. 24) “Pagamos até 70% a mais do valor da operação para fazer embarque ou

desembarque da meia noite às 7 horas da manhã. Isso onera o custo marítimo e de

cabotagem”.

Quanto ao modal aéreo, este apresenta, por suas características básicas, a rapidez e a

estabilidade das condições de transporte para longas distâncias. Tais facilidades levam o

usuário a buscar uma companhia de carga aérea. Exemplo disso são os produtos perecíveis,

como a fruta, que não atingiriam o seu destino em condições de competir nos exigentes

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mercados europeu, americano e japonês utilizando outro meio que não o aéreo. Da mesma

forma, componentes das linhas de produção de eletrônica ou de informática, de alto valor

agregado e pequeno volume, acabam exigindo tanto a rapidez quanto as condições favoráveis

para preservar a integridade da carga em longas distâncias.

Assim, o modal aéreo mostra ser mais um elo da cadeia logística moderna, com

extrema necessidade de integração com as demais modalidades de transporte.

Ao falar em hidrovia, automaticamente, se deve pensar em multimodalismo. Tanto

isso é verdade que, na maioria dos casos, é necessário transbordo das barcaças para os

caminhões ou vagões onde existem desníveis nas vias fluviais, como também para atingir o

ponto de embarque e/ou desembarque da carga no exterior ou nos grandes centros urbanos.

Exemplo prático é o escoamento de mercadorias de São Paulo para Buenos Aires pela

hidrovia Tietê-Paraná. Em determinado ponto do percurso, em Itaipu, mais exatamente, há a

necessidade de realizar um transbordo da barcaça para o caminhão, pois existe nesse ponto um

desnível de 120 metros. Depois de percorrer 40 quilômetros por rodovia, o produto retorna às

barcaças para então chegar ao seu destino final.

Para que a hidrovia se integre às operações multimodais, há a necessidade de

solucionar problemas de infra-estrutura. Um deles é a deficiência e também a falta de

equipamentos nos transbordos automatizados de carga da barcaça para o trem ou caminhão, o

que torna a operação onerosa. Outro fator é a carência da capacidade de armazenagem para os

produtos.

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O transporte rodoviário tem dominado o sistema de transporte durante décadas em

função da falta de infra-estrutura em outros modais e da conservação do monopólio estatal.

Com o desenvolvimento do multimodal de carga e, consequentemente, a entrada de novas

modalidades no sistema de transporte, a tendência nos próximos anos é a redução da

participação do setor rodoviário.

A solução para as empresas rodoviárias é buscar a integração com outras matrizes de

transporte. Paulo Sérgio Ribeiro da Silva, presidente da Tora Transportes Industriais Ltda, é

enfático em dizer (Gazeta Mercantil, 09-10-97, p. A-5) “O transporte rodoviário tradicional

vai perder espaço, e quem não se integrar a outros meios de transporte poderá desaparecer”.

Conforme estudos da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), na

intermodalidade ideal, os caminhões seriam os responsáveis pelo transporte em distâncias

curtas, de até 300 quilômetros, os trens levariam as cargas em distâncias maiores, de até 1,2

mil quilômetros, e os rios e mares se encarregariam das grandes distâncias.

O transporte rodoviário é considerado a “perna” dos demais modais, ou seja, devido a

sua grande flexibilidade e agilidade, o transporte das pontas será realizado por caminhões

(transporte dos terminais aéreos e hidro-ferroviários até o armazém do cliente e vice-versa).

A multimodalidade não significa a extinção de um ou outro meio de transporte, mas

sim a sua integração de forma adequada. Cada modal tem uma situação onde consegue exercer

maior vantagem competitiva em relação aos demais.

Apesar das barreiras encontradas, a multimodalidade, aliada à melhoria na infra-

estrutura do transporte, está demostrando um crescimento no setor logístico. Empresas estão

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conscientizando-se de que a integração pode acarretar vantagens, reduzindo custos e

aumentando a eficiência da operação.

O Estado do Rio Grande do Sul, mais especificamente a capital Porto Alegre, pode

servir de base no sistema intermodal de transporte para o Mercosul. Existe a possibilidade de

a região metropolitana reunir os quatros modais de transporte: marítimo, rodoviário,

ferroviário e aéreo, pois existe uma grande área construída no porto local com capacidade de

receber navios de médio porte, linha férrea junto aos armazéns e proximidades com o

Aeroporto Internacional Salgado Filho e com a BR 116, que liga a cidade com o sul da

Argentina, o Uruguai e o resto do Brasil. Nesse sentido, Baptista (1994) diz:

“...um único meio de transporte não pode assegurar a movimentação de carga entre os países do Mercosul, sendo a intermodalização a solução ideal para equacionar o problema de transporte no Mercosul, com construções de instalações de terminais intermodais e a conseqüente transferência de cargas de um modo para outro.”

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5 ARMAZENAGEM

Segundo Ferreira (1994), armazenar é o ato de guardar ou recolher a um armazém, em

determinada localização, um certo item, por um período de tempo, garantindo a manutenção

de suas características essenciais, de forma que, por ocasião de seu efetivo uso, o mesmo

tenha confirmadas suas expectativas de desempenho.

A armazenagem pode ser constituída, basicamente, por cinco fases:

• Recebimento: o ato de examinar e conferir o material quanto à quantidade, à vista do

documento de acompanhamento (nota fiscal, remessa-fatura, packing-list, etc.).

• Perícia: é o ato de vistoriar ou efetuar exame técnico detalhado, de forma a certificar que o

material recebido está de acordo com as características técnicas desejadas.

• Estocagem: a arrumação de itens de material em uma certa área para isso definida, de

forma organizada, para que se obtenha o maior aproveitamento possível do espaço

disponível e dentro de parâmetros que permitam uma rápida e segura movimentação

quando essa se fizer necessária.

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• Guarda: a capacidade de manter o material salvaguardado de danos físicos, extravios ou

furtos.

• Conservação: é a capacidade de manter asseguradas aos itens suas características básicas e

essenciais de desempenho, durante todas as fases entre a produção e o consumo do item.

5.1 Tipos de Armazéns

São áreas definidas e preparadas para a armazenagem de itens de forma adequada.

Em função do tipo ou finalidade dos armazéns, várias podem ser as partes que os

compõem; porém, três setores são fundamentais e obrigatórios: recebimento, armazenagem e

expedição.

Os armazéns, em função do uso, podem classificar-se da maneira que se segue:

• Armazém de uso geral: são cobertos e fechados, desprovidos de mecanismos de

aclimatação para armazenagem de diferentes tipos de material.

• Armazém frigorificado: são aqueles providos de mecanismos de controle de temperatura.

• Armazém desumidificados: são providos de mecanismos de controle de umidade.

• Armazém para guarda de materiais inflamáveis: são construídos em material não

inflamável e devem ser providos de portas contra fogo.

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• Galpões: são construções que não possuem paredes ou portas, devendo, portanto, ser

utilizados para a guarda de itens que necessitam de máxima ventilação ou que não

requeiram completa proteção do tempo.

• Abrigos transitórios: são pré-fabricados, normalmente em estrutura metálica com paredes,

teto, portas que podem ser facilmente desmontadas para transporte e remontagem.

• Armazém elevado: são construídos a cerca de meio metro do chão, como uma forma de

melhorar a ventilação da área de armazenagem, com circulação de ar sob o piso. Isso faz

com o ar seja renovado no interior do prédio e saia pelos exaustores no teto.

• Armazenagem a céu aberto: são necessárias para grandes volumes ou grandes quantidades

de produtos que não sofram com a exposição ao sol, chuva, frio, calor, etc.

5.1.1 Veículos

As empilhadeiras são veículos que fazem o deslocamento, carregamento e

descarregamento de produtos dentro dos armazéns.

Quanto ao acionamento, as empilhadeiras podem ser:

• Manuais: seja para todos os movimentos ou para simples transporte, têm pequena

capacidade de carga, velocidade e raio de ação. Requer, obrigatoriamente, pisos muito

lisos.

• Elétricas: compactas, uma vez que praticamente não possuem contrapeso, têm boa

manobrabilidade e baixo custo de manutenção. Devem ser utilizadas em ambientes

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fechados ou onde não seja desejável barulho, poluição ou aquecimento. Necessitam,

obrigatoriamente, de piso regular e liso.

• Combustão: normalmente empregadas para trabalhos em ambientes abertos e com ampla

ventilação, devido, principalmente, aos resíduos de monóxido de carbono, substância

bastante tóxica exalada pelo escapamento, problema que pode ser bastante atenuado

mediante o uso de catalisadores no sistema de escapamento de gases.

Quanto aos tipos de combustível, podem ser movidas a:

• GLP: têm custos de manutenção e operação menores do que as que utilizam gasolina ou

diesel, podendo ser utilizadas em ambientes fechados com ventilação moderada.

• Gasolina: têm boa capacidade, autonomia e versatilidade, além do custo relativamente

baixo aos demais tipos. Não podem ser utilizadas em ambientes fechados devido à alta

quantidade de monóxido de carbono.

• Diesel: normalmente utilizadas em serviços com condições rústicas e de maior carga tais

como: minas, portos, serrarias, etc. Não devem ser utilizadas em ambientes fechados

devido aos gases liberados e seu alto nível de ruído.

Segundo o Instituto de Movimentação e Armazenagem de Material (IMAM), são os

seguintes os principais fatores para decisão na escolha de uma empilhadeira:

• peso, dimensões e espécie de carga (características);

• distâncias, freqüência e altura de elevações;

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• ambiente de trabalho (espaço para manobra, tipos de piso, ventilação, temperatura, altura

dos corredores e portas de acesso, etc.).

Os gráficos a seguir avaliam, comparativamente, as características de cada tipo de

empilhadeira e podem auxiliar na definição do equipamento adequado.

0

1

2

3

4

5

ELÉTRICA G.L.P. GASOLINA DIESEL

EMPILHADEIRAS

DESEMPENHO

CARGA SUP. 5 TONS

OPER. ÁREA C/RISCO INCÊNDIO

TRAB. FRIGORÍFICOS

Fonte: Técnicas de Armazenagem, pág 11.

0

1

2

3

4

5

ELÉTRICA G.L.P. GASOLINA DIESEL

EMPILHADEIRAS

DESEMPENHO

OPER. SILENCIOSA

GASES NOCIVOS

TRAB. ÁREAS INTERNAS

Fonte: Técnicas de Armazenagem, pág.12.

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0

1

2

3

4

5

ELÉTRICA G.L.P. GASOLINA DIESEL

EMPILHADEIRAS

DESEMPENHO

FACIL. MANOBRAS

PISO IRREGULAR/ÍNGREME

TRANSP. COMBUSTÍVEIS

Fonte: Técnicas de Armazenagem, pág. 12.

0

1

2

3

4

5

ELÉTRICA G.L.P. GASOLINA DIESEL

EMPILHADEIRAS

DESEMPENHO

CONSUMO COMBUSTÍVEIS

GASTOS C/MANUTENÇÃO

AUTONOMIA

Fonte: Técnicas de Armazenagem, pág. 12.

5.1.2 Elevadores

São equipamentos providos de plataforma e mecanismos de elevação e descida para

movimentação de materiais entre níveis. Suas principais vantagens são a flexibilidade, a

ocupação de pouco espaço vertical e o fato de poderem ser instalados no lado externo do

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prédio. Suas desvantagens são a limitação na capacidade de carga, a lentidão e a necessidade

de manutenção constante.

5.1.3 Transportadores Contínuos

São mecanismos destinados ao transporte contínuo de itens em percursos inclinados ou

não. Devem ser utilizados em locais onde haja alto fluxo de material. Suas principais

vantagens são o baixo custo por unidade transportada e não exigir habilitação do operador.

Suas desvantagens são o alto investimento e percurso fixo de difícil modificação.

5.1.4 Estrados ou Paletes

São plataformas horizontais, para carregamento, cuja configuração é compatível com a

utilização de empilhadeiras, paleteiras, etc. Sua finalidade é a de permitir o agrupamento de

materiais, possibilitando o manuseio, estocagem, movimentação e transporte como uma única

carga.

Os paletes podem ser apresentados em vários tipos em função da sua aplicação:

• de face simples, com entrada pelos dois lados (facilidade para o uso de empilhadeira

manual - paleteiras);

• de face dupla, com entrada pelos dois lados (facilidade para o uso de empilhadeiras,

estabilidade no empilhamento);

• de face simples, com reforço e entrada pelos dois lados (para o uso de empilhadeiras);

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• de face dupla, com entrada pelos dois lados e bordos vivos (para uso de empilhadeiras,

ideais para içamento de cargas por redes);

• de face dupla, painéis cheios, com entrada pelos quatro lados (para empilhadeira).

5.1.5 Porta-Paletes

ão estruturas pesadas, constituídas por montantes laterais, normalmente aparafusados,

podendo ser ligados entre si por pares de vigas de altura regulável, destinadas a suportar

cargas unitizadas.

Têm como vantagem principal o bom aproveitamento vertical da área de

armazenagem, devendo ter sua altura máxima limitada à estabilidade da estrutura, capacidade

do equipamento de manobra de peso e distância do último nível em relação ao teto ou

iluminação.

Normalmente, exigem que o piso tenha uma boa resistência.

5.2 Técnicas de Armazenagem de Alimentos

Item de subsistência é o conjunto de alimentos necessários para sustentar a vida.

Alimento é toda substância que, ingerida por um ser vivo, o alimenta ou nutre. Quando se

destina à alimentação humana, designa-se por “gênero alimentício” ou por “víveres”.

A conservação dos alimentos está diretamente relacionada com cuidados iniciais

quanto à qualidade e à higiene. Somente deve ser armazenado o gênero que estiver em

perfeitas condições, estando incluída nessa exigência a sua embalagem. Dependendo das

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condições de armazenagem, basta uma parte deteriorada para, em pouco tempo, inutilizar o

lote inteiro do produto e, em alguns casos, atingir outro alimento sensível.

5.2.1 Classificação

Os itens de subsistência podem ser classificados em quatro maneiras.

Quanto à composição básica, podem ser:

• Orgânicos: os itens que têm composição celular ou molecular e origem animal ou vegetal.

• Inorgânicos: aqueles que têm composição molecular e origem mineral.

A origem dos itens de subsistência pode ser vegetal, animal, mineral ou composta

(associação de origens diversas).

Quanto ao beneficiamento, eles podem apresentar-se:

• In natura: item em que não há trabalho ou intervenção do homem; são consumidos

normalmente na forma como foram obtidos.

• Beneficiado: quando submetidos a processos destinados a dar-lhes condições de serem

consumidos, por exemplo, processos de limpeza ou padronização, sem modificação das

características físicas e organolépticas.

• Industrializado: quando submetidos a processamento que modifique as características

físicas e organolépticas dos produtos originais.

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Quanto ao grau de conservação, os produtos podem ser:

• Não-perecíveis: suportam armazenamento em ambientes normais por um período superior

a três meses;

• Perecíveis: produtos de conservação mais precária em condições ambientais (em torno de

25º C) e que requerem maior vigilância na armazenagem, variando o período de

conservação, conforme o produto, entre 72 horas e três meses;

• Muito perecíveis: produto cujo período de conservação, em condições ambientais naturais,

é inferior a 72 horas.

5.2.2 Perdas e Deterioração do Alimento

Qualquer alteração que torne o alimento impróprio ao consumo pode ser chamada de

deterioração. Esta pode ser causada por microrganismos, alterações químicas ou físicas,

enzimas ou contaminação por material estranho.

5.2.2.1 Deterioração de Alimento por Microorganismos

Pode ser causada por três grupos diferentes de microorganismos: bactérias, leveduras e

fungos. O odor fétido da carne e o pútrido do ovo e do leite são exemplos comuns de

deterioração por bactérias. As leveduras e os fungos são as causas mais comuns de

deterioração de alimentos frescos, secos e de elevado teor de açúcar. A fermentação do molho

de tomate e da cidra (fruto da cidreira) é devido ao crescimento de leveduras. O crescimento

filamentoso que ocorre no pão, no queijo e na superfície de gelatinas e geléias decorre da

presença de fungos. O mesmo ocorre com frutas cítricas e vegetais.

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5.2.2.2 Deterioração de Alimentos por Enzimas

A deterioração por ação enzimática é muito mais freqüente do que aparenta. Muitas

vezes, implica mais uma perda de qualidade que uma deterioração franca. O sabor menos

apurado dos alimentos congelados, depois de armazenagem prolongada, ocorre devido à

atividade enzimática.

5.2.2.3 Deterioração Química dos Alimentos

Os agentes químicos causam deterioração de diversas maneiras, tais como alteração do

aroma devido à oxidação, estufamento dos enlatados pela produção de hidrogênio (resultado

da ação de ácidos do alimento sobre o metal da embalagem), descoloração pela reação dos

íons do metal com o produto e rancidez oxidativa das gorduras.

5.2.2.4 Causas Físicas da Deterioração dos Alimentos

Normalmente, a deterioração alimentar causada por alterações físicas envolve a

mudança de um estado de uma solução para um precipitado, como é visto, por exemplo, no

sorvete, que se torna arenoso pela formação de cristais de lactose durante o armazenamento

em temperaturas flutuantes.

A exposição à luz também pode causar, por exemplo, a deterioração da cerveja em

garrafas de casco claro, modificar o sabor do leite e, ao mesmo tempo, destruir elevada

percentagem de riboflavina.

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5.2.2.5 Deterioração por Animais ou Insetos

Um dos meios mais adequados para se evitar esse tipo de deterioração é através do

controle das condições sanitárias sob as quais um produto é embalado, verificando a

inexistência de pêlos e excrementos de rato, insetos e seus fragmentos, e hifas de fungos.

5.2.2.6 Grãos, Cereais e Derivados

Cereais são as sementes ou grãos comestíveis das gramíneas, tais como soja, trigo,

arroz, centeio, aveia.

Os cereais e derivados deverão estar livres de impurezas e produtos estranhos, não

devendo apresentar-se alterados ou contaminados por insetos, fungos ou parasitas.

O armazenamento de grãos tem nos sacos de aniagem a sua embalagem mais comum e

usual no Brasil. Essa embalagem tem-se mostrado dispendiosa e apresenta inconvenientes, tal

como a exposição do material às variações ambientais, sendo que, em lugares onde a umidade

relativa seja superior a 70%, nota-se uma perda acentuada dos grãos devido ao ataque de

fungos. Tal ocorrência é conseqüência da capacidade higroscópica (absorver umidade, água),

que favorece a sua proliferação.

Os requisitos básicos das instalações para a armazenagem de grãos são os seguintes:

• Construção sólida, com pé direito em torno de seis metros, com piso sólido e em nível

superior ao do terreno, com proteção adequada a intempéries e, se possível, protegida das

variações de temperatura;

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• Ventilação ampla, lateral e superior (não formar pilhas junto às paredes), permitindo uma

perfeita circulação do ar, utilizando-se, se possível, de ventilação forçada;

• Proteção contra acesso de animais daninhos por meio de telas, canaletas e ralos metálicos

devidamente ajustados, inclusive nas saídas e entradas de dutos e tubulações.

• Plataformas de carga e descarga protegidas por cobertura.

É fundamental, na armazenagem de um grão, ter em mente de que ele é um organismo

vivo.

Segundo a Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas de Botucatu, de São Paulo,

(Ferreira, 1994), a taxa de deterioração depende da atividade das variáveis bióticas que, por

sua vez, é afetada, principalmente, pela interação entre temperatura e umidade.

A deterioração do grão é, portanto, resultante da ação de microrganismos, insetos, etc.

que se utilizam dos nutrientes presentes para o seu crescimento e a sua reprodução. A

deterioração pode também ocorrer devido ao aquecimento do grão produzido pelo calor

desprendido na respiração dele próprio.

Os fatores que afetam a conservação dos grãos armazenados são:

• Teor de umidade: é o mais importante fator em todo o processo de deterioração; grande

parte das bactérias requer teores de umidade superiores a 90%, enquanto os ácaros

necessitam de cerca de 88% e os fungos, entre 65 e 80%. Assim, define-se que a primeira

condição básica é manter os grãos armazenados em áreas com umidade relativa do ar

inferior a 60%.

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• Temperatura: juntamente com a umidade, pode ser considerada como fator predominante

que influi na deterioração dos grãos. Os fungos se desenvolvem mais rapidamente a

temperaturas entre 28 e 32ºC, caindo sensivelmente a temperaturas abaixo de 5º. Quanto

aos insetos, em sua maioria ficam dormentes a temperaturas inferiores a 10ºC e são mortos,

normalmente, quando a temperatura ambiente é superior aos 37ºC;

• Suprimento de oxigênio: talvez o mais exótico dos fatores que aumentam a conservação

seja manter os grãos em ambiente hermético, com teores de oxigênio inferiores a 2%,

constituindo-se, assim, num fator letal para o desenvolvimento e a multiplicação dos

insetos.

5.2.2.7 Alimentos Enlatados

A lata é uma forma de embalagem que, tendo surgido no século passado, até hoje

ainda não foi superada. Devido ao desenvolvimento tecnológico do setor, hoje existe um

grande número de substâncias utilizadas no seu revestimento interno que possibilita uma boa

conservação dos produtos enlatados. Geralmente, os produtos enlatados conservam-se em

perfeito estado durante meses, mesmo em temperatura ambiente.

As latas com alimento não possuem pressão interna, isto é, não existe gás comprimido

dentro da embalagem. Quando da abertura da lata, se houver projeção do alimento ou pressão

de gases para fora, é porque houve desenvolvimento de gás internamente. Os gases pode se

desenvolver no interior da lata por reações químicas entre o produto e a embalagem ou pelo

desenvolvimento de microorganismos.

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Latas com amassamento sobre as juntas de recravação devem ser rejeitadas no

recebimento. Quando ocorrer amassamento de tal espécie em latas estocadas, as mesmas

devem ser enviadas ao consumo o mais breve possível.

Não se deve aceitar produtos em conserva quando as latas se apresentarem abauladas

ou com sinais de escapamento. Ao ser fechada a lata, forma-se um vácuo resultante da

exaustão do ar. Este vácuo deve ser mantido até se abrir a lata para consumir o produto.

Sinais evidentes de estrago são um jorro de líquido ao se abrir a lata, visível alteração

de textura das partes sólidas e cheiro desagradável.

5.2.2.8 Pragas e seu Controle

São as infestações dos grãos cerealíferos e leguminosos, causando-lhes danos na

quantidade e na qualidade.

São condições favoráveis ao desenvolvimento das pragas temperaturas superiores a

23ºC e umidade do grão de 12 a 15%.

O controle das pragas nos armazéns interdepende das medidas de controle anteriores

ao armazenamento, pois muitas pragas têm origem em colheita, armazenamento primário,

transporte e sacaria. Como não é possível o controle em toda a cadeia, o órgão armazenador

terá que organizar um esquema limitado a sua área de responsabilidade, o qual, segundo o

Depósito de Subsistência da Marinha do Rio de Janeiro (Ferreira, 1994), compreende os

seguintes mecanismos:

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• vigilância na recepção, para evitar, o máximo possível, a entrada de produtos infestados;

• desinsetização das instalações e equipamentos;

• expurgo: aplicação de agentes inseticidas voláteis, de ação letal sobre todas as fases

evolutivas dos insetos e isentos de ação residual tóxica para o homem e os animais;

• vigilância permanente sobre os produtos armazenados para eliminar infestação e

reinfestação dos lotes já expurgados, realizando inspeções periódicas;

• limpeza dos resíduos em toda a superfície do armazém, inclusive debaixo dos estrados.

5.2.2.9 Animais Daninhos

Os animais daninhos mais comuns aos armazéns são ratos e pássaros.

5.2.2.9.1 Ratos

São altamente danosos a grande número de produtos armazenados, tais como grãos,

farinhas, queijos, etc., e aos recipientes, causando também perdas por derrames. Prejudicam,

ainda, a qualidade dos produtos, depositando sobre os mesmos urina e fezes mais do que

consomem.

Além dos males econômicos, são responsáveis por disseminação de doenças. Os ratos

são muito prolíferos, reproduzindo-se em média seis vezes por ano, com um total de 60 a 72

filhotes cada um, os quais vão entrando rapidamente na cadeia de reprodução.

O controle dos ratos é feito em duas linhas de ação paralelas: controle e eliminação.

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5.2.2.9.1.1 Controle

Segundo Almendoir Mendonça da Costa, encarregado dos armazéns da Santista

Alimentos S/A, em Esteio, deve ser feito mediante dois processos, descritos a seguir.

O primeiro consiste em uma construção à prova de ratos, com as seguintes

características:

• piso com espessura de 7,5 cm;

• revestimento externo dos alicerces e bases das paredes com massa forte de cimento;

• base do revestimento interno com 3,5 cm de espessura em massa forte de cimento;

• portas metálicas de boa vedação e sem orifícios;

• ralos e canaletas com grade de ferro de espaçamento fino;

• proteção das entradas de condutores elétricos e para outras eventuais aberturas, proteção

com telas.

O segundo processo corresponde ao saneamento geral, ou seja, limpeza dos armazéns,

eliminando lixo e pontos de refúgio onde possam se reproduzir.

5.2.2.9.1.2 Eliminação

Pode ser feita mediante os processos de envenenamento, armadilha e controle

biológico.

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Envenenamento é o processo mais usual. Existem muitas substâncias empregadas

como raticidas que têm como requisitos ser usadas em doses pequenas e provocar morte não-

violenta. A morte não deve ser violenta para que a colônia não perceba a anormalidade e

refugue as iscas.

Para maior eficiência do processo de envenenamento, faz-se rodízio dos tipos de iscas,

dos raticidas e dos locais de colocação. No manuseio das iscas e armadilhas, recomenda-se o

uso de luvas, pois a sensibilidade olfativa dos ratos é muito grande, fazendo com que eles

rejeitem facilmente as iscas em que pressintam o contato humano.

O controle biológico é um sistema pouco prático, que consiste na captura e eliminação

das fêmeas e liberação dos machos. Com o desequilíbrio dos sexos, os machos se destroem

entre si.

5.2.2.9.2 Pássaros

A prevenção contra pássaros consiste na eliminação dos ninhos e na proteção com

telas e fechamento das aberturas existentes entre a cobertura e as paredes.

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6 A EMPRESA

O Parque Industrial de Esteio, hoje pertencente à Ceval Alimentos S.A, completou 70

anos de existência. Ao longo de todo este tempo, a história deste parque sempre esteve ligada

aos mais importantes movimentos agro-econômicos da Região Sul. Desde a sua fundação, em

fevereiro de 1929, atuou de forma pioneira no desenvolvimento das culturas do trigo, da soja,

na produção industrial e na exportação de seus excedentes. Com as ampliações ocorridas em

1958, transformou-se no mais completo Parque Industrial de Processamento Integrado de Soja

da América do Sul. Atualmente, foi inaugurada a fábrica mais moderna do mundo de Proteína

Isolada de Soja. A área atual deste Parque é de, aproximadamente, 200.000 m² e conta com

688 funcionários, segundo o Departamento de Recursos Humanos de Esteio.

Para receber a matéria-prima (soja), dispõe de um sistema de descarga simultânea para

caminhões e vagões. A capacidade de recebimento diário de grãos é de cinco mil toneladas.

A Ceval é uma das maiores empresas brasileiras do setor de alimentos e a maior

processadora de soja da América Latina. Instalada em quatorze estados brasileiros e quatro

províncias argentinas, ocupa uma posição de destaque no mercado de grãos, óleos,

margarinas, cremes vegetais e carnes industrializadas.

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A empresa nasceu em 1972, na cidade de Gaspar, em Santa Catarina, voltada para o

beneficiamento e a industrialização da soja. A soja foi determinante para impulsionar a Ceval,

pois a empresa expandiu-se para o oeste de Santa Catarina, para o Rio Grande do Sul, Paraná,

região Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, diversificando a sua capacidade produtiva e

investindo em novos mercados.

Em 1980, a Ceval iniciou a industrialização de derivados de carnes e a partir de 1988,

dos produtos à base de milho, ampliando, estrategicamente, seus negócios no setor de

alimentos.

Atualmente, a Ceval vive um período de consolidação e crescimento. É controlada

pela Bunge, multinacional com experiência de 90 anos de Brasil. A Bunge opera na América

do Norte, América do Sul, Austrália, Ásia e Europa. Produz e comercializa diversos tipos de

alimentos, incluindo grãos, farinhas, óleos vegetais, pães, margarinas, massas, carnes

industrializadas, além de insumos para a produção de alimentos. Suas empresas estão entre as

maiores produtoras de alimentos dos Estados Unidos, Austrália, Argentina e Venezuela. No

Brasil, o Grupo controla, além da Ceval, a Santista Alimentos, líder nacional em vários

segmentos do setor alimentício, e a Serrana, um dos principais fabricantes nacionais de

fertilizantes. Desenvolvendo produtos de maior valor agregado, a empresa aumenta sua

participação no segmento de alimentos.

Em 1997, a receita operacional bruta atingiu R$ 2,99 bilhões, 10,7 % a mais do que no

ano de 1996. As exportações cresceram 27,3 %, totalizando R$ 1,68 bilhão. O desempenho

favorável decorreu, principalmente, dos preços praticados pelo mercado internacional no

farelo de soja e do forte aumento das exportações de grãos. No mercado doméstico, as vendas

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somaram R$ 1,31 bilhão, com redução de 5,2% em relação a 1996. O comportamento foi

provocado pela redução da demanda interna, notadamente no segundo semestre. Para manter

sua competitividade, a Ceval mantém investimentos constantes na ampliação e modernização

do sistema de produção, logística e infra-estrutura. Em 1997, totalizaram US$ 89,8 milhões,

sendo US$ 80,8 milhões no Brasil e US$ 9,1 milhões em sua subsidiária argentina Guipeba

Ceval S.A.

6.1 Divisão de Carnes

A Divisão de Carnes da Ceval é responsável por atividades que vão desde o

desenvolvimento genético, produção de animais de alta linhagem, parcerias com produtores

integrados, assistência técnica, veterinária e cuidados ambientais até o desenvolvimento e

adaptação de técnicas de abate, industrialização, formulações e geração de novos produtos.

A unidade industrial da Divisão de Carnes, em Itapiranga, no oeste de Santa Catarina,

obteve a certificação ISO 9002. O certificado foi concedido ao abatedouro e a todo processo

produtivo caracterizado pela fábrica de rações, o incubatório, as granjas de matrizes e o

Departamento de Exportação. Nota-se, pelos dados das tabelas de vendas e produção, que o

mercado está em expansão e que o produto é bem aceito tanto no mercado interno quanto no

externo.

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TABELA 4

VENDAS 1997 (R$ MIL)

Fonte: Relatório Anual 1997 Ceval Alimentos S.A

TABELA 5

PRODUÇÃO

Fonte: Relatório Anual 1997 Ceval Alimentos S.A

6.2 Divisão de Produtos de Consumo

A Ceval é a maior produtora de óleo refinado de soja do Brasil e é fabricante da marca

mais consumida no Rio Grande do Sul (Primor) e no país (Soya). Para cuidar dos produtos

que chegam às mãos dos consumidores, a Ceval criou a Divisão de Produtos de Consumo. A

Divisão é responsável pelas linhas de produtos derivados da soja, do milho e também pelos

derivados de carnes.

PRODUTO M. EXTERNO M. INTERNO TOTALAves 223.868 259.561 483.429Suínos 54.452 17.972 72.424Rações 0 20.930 20.930Outros 0 24.461 24.461TOTAL 278.320 322.924 601.244

1997 1996 97/96 (%)Aves (Cabeças) 172.767.000 164.457.000 5,05Suínos (Cabeças) 1.404.156 1.390.932 0,95Aves (Tons) 371.272 378.035 -1,79Suínos (Tons) 110.995 107.847 2,92Rações (Tons) 1.067.561 1.121.920 -4,85

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Na linha de produtos derivados de vegetais, temos os óleos refinados Soya, Ville e

Milleto, os cremes vegetais Bonna, All Day, Soya e Milleto, o azeite de oliva Isadora, o fubá

Canção e as farinhas pré-cozidas de preparo rápido Mama Bella e Cuscumil.

No setor de carnes, a Ceval faz industrializados resfriados e congelados, bem como

miúdos, cortes e frangos inteiros, além de cortes e produtos suínos salgados, defumados e

curados. Os produtos chegam ao mercado através das marcas Seara, Chicken Light e

Longuette.

A Ceval está presente no atendimento aos clientes internacionais, sejam eles do Japão,

da Europa ou da América do Sul. A indústria, o produto, as embalagens e as especificações

são adaptadas às exigências de cada região.

Com isso, a empresa garantiu outro certificado ISO 9002. Desta vez, a unidade

certificada foi a de Gaspar, em Santa Catarina. A unidade é responsável pela produção de óleo

bruto de soja e milho, refino de óleos vegetais e produção de cremes vegetais.

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TABELA 6

VENDAS 1997 (R$ MIL)

Fonte: Relatório Anual 1997 Ceval Alimentos S.A

TABELA 7

PRODUÇÃO (TONS)

Fonte: Relatório Anual 1997 Ceval Alimentos S.A

A tabela de vendas ilustra a pequena participação do mercado externo em relação ao

interno nos produtos de consumo e também uma queda de produção em 1997 com relação a

1996. Esses dados indicam o início da crise do Plano Real, em que o desemprego revelou seus

primeiros índices mais elevados e, conseqüentemente, o consumo de produtos de consumo

direto sofreu uma redução.

PRODUTO M. EXTERNO M. INTERNO TOTALRefinados de Soja 3.015 417.645 420.660Óleos Especiais 193 42.346 42.539Hidrogenados 38 77.438 77.476Prod. Ind. de Milho 1.354 18.568 19.922Farinhas de Milho 0 23.722 23.722Frangos 0 105.189 105.189Suínos 0 25.083 25.083Industrializados 0 265.392 265.392Outros 81 6.561 6.642TOTAL 4.681 981.944 986.625

1997 1996 97/96 (%)Óleo Refinado de Soja 435.072 463.046 -6,04Óleos Especiais 28.474 33.179 -14,18Hidrogenados 49.371 49.291 0,16Milho Processado 215.111 221.412 -2,85Moinho/Pré-Cozido 120.359 124.924 -3,65Industrializados 110.665 113.549 -2,54

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6.3 Divisão de Produtos Industriais

Essa divisão é a própria história da Ceval Alimentos. A Divisão de Produtos

Industriais é responsável pela movimentação anual de mais de seis milhões de toneladas de

matérias-primas e produtos como soja em grãos e processada, óleo bruto e farelo, além de

oferecer apoio às exportações. Entre as atividades desenvolvidas por este setor, estão a

compra da soja nas zonas produtoras, o armazenamento, o deslocamento às indústrias, a venda

dos produtos “commodities” no mercado nacional e exterior (tabela de vendas logo abaixo),

além do transporte rodoviário, ferroviário e marítimo até os consumidores de farelos, farinhas

e óleos.

A Ceval Alimentos mantém um rígido controle de qualidade que se estende desde a

produção, com o acompanhamento das safras, até o armazenamento e transporte.

Para o armazenamento, a Ceval conta com mais de cem silos estrategicamente

localizados (capacidade estática de 2,8 milhões de toneladas). Já para o transporte, a empresa

dispõe de instalações e corredores especiais nos portos de Rio Grande (RS), São Francisco do

Sul (SC), Paranaguá (PR), Vitória (ES), São Luiz (MA) e o “Porto Seco” de Barreiras (BA).

TABELA 8

VENDAS 1997 (R$ MIL)

PRODUTO M. EXTERNO M. INTERNO TOTALÓleo Bruto 250.216 4.635 254.851Farelo 842.495 176.900 1.019.395Soja em grãos 261.318 1.235 262.553Outros 44.572 20.870 65.442TOTAL 1.398.601 203.640 1.602.241

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Fonte: Relatório Anual 1997 Ceval Alimentos S.A

TABELA 9

PRODUÇÃO (TONS)

Fonte: Relatório Anual 1997 Ceval Alimentos S.A

6.4 Administração de Pedidos pela Logística da Ceval

Uma formação de cargas bem elaborada faz com que todos os pedidos sejam faturados

e atendidos como também acaba reduzindo o valor do frete. O itinerário deve ser traçado de

forma que a rota tenha coerência e seja a mais econômica possível. Tenta-se ocupar a

capacidade completa dos caminhões, o que se torna difícil com pedidos pequenos para

diversos clientes.

Muitas empresas, incluindo a Ceval, ainda utilizam o velho sistema manual, ou seja,

monta-se a rota a ser traçada pelo caminhão através dos relatórios dos pedidos em carteira e

guias rodoviários, onde trazem mapas, distâncias e opções de trajetos. Como alternativa, há

vários “softwares” no mercado, inclusive brasileiros. Estes montam as cargas através do peso

dos pedidos e a capacidade dos caminhões. Inclusive, procura e faz o melhor trajeto de acordo

com os pedidos e as cidades envolvidas em questão de segundos. Além de otimizar o tempo, o

1997 1996 97/96 (%)Soja Processada 4.640.683 4.821.362 -3,75Farelo de Soja 3.687.858 3.890.005 -5,20Óleo Bruto 876.871 917.005 -4,38

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“software” ainda pode sugerir a melhor opção, o que nem sempre é desenvolvido

manualmente. Quando a formação da carga de determinado caminhão está completa, o

sistema anuncia o número desta carga. Para efetuar o faturamento basta utilizar-se deste

numeral para que o processo se complete.

Não se pode esquecer que o tempo de processamento de pedidos é crucial para o bom

funcionamento da fábrica e um ótimo atendimento ao cliente. A prática do uso do EDI

(Eletronic Data Interchange) é ainda pouco explorada pelas empresas brasileiras e o seu uso

poderia aumentar a agilidade da informação entre cliente e fornecedor.

Se a direção da empresa investisse em tecnologias para agilizar os processos, ainda

lentos no interior das fábricas, os gargalos poderiam ser minimizados. Cada vez será mais

rápida a entrada de pedidos e o tempo para atendê-lo. Apesar de serem investimentos de

altíssimos valores, com a velocidade na produção e entrega imediata, elimina-se o grande

vilão dos gerentes de logística: enormes custos com estoques próprios e em armazéns de

terceiros, falta de espaço para armazenagem, altos índices de avarias na movimentação. A

necessidade de estocagem ocorre justamente por a fábrica não disponibilizar os produtos com

rapidez na porta do armazém assim que o pedido entra no sistema. Por outro lado, ocorrem

variações de venda devido às estações climáticas ou, meramente, pela situação do mercado.

As empresas estocam para não perder uma possível venda que chega inesperadamente.

Com o uso habitual do EDI entre fornecedores e clientes, o sistema ficaria encarregado

de efetuar o pedido automático baseado nos níveis de estoques do cliente. Isso traria uma

redução no quadro funcional, uma tranqüilidade por parte do departamento de compras e

pedidos com menor propensão a erros. Seriam necessário muito menos vendedores e estes

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trabalhariam de uma outra forma. Visitariam clientes apenas para manter um contato corpo-a-

corpo e para atrair novos clientes através de demonstrações. Isso, logicamente, seria gradativo

e os vendedores ainda poderiam estar munidos de seus “palmtops” ou “laptops” para servir

aos clientes de menor porte.

O único aparato que o cliente deveria possuir é um microcomputador. A instalação do

EDI é feita por empresas como a Embratel e é necessário apenas o pagamento de uma

mensalidade. Outra opção seria o pedido via Internet; porém, seria mais lento.

No caso da Ceval Alimentos, os vendedores visitam os clientes, tiram os pedidos

solicitados em um talão, transmitem via fax para o Parque Industrial, onde são digitados no

sistema. Há também a opção de televendas, ou seja, o cliente liga diretamente para a Ceval e o

seu pedido é inserido automaticamente no sistema de faturamento.

Percebe-se que esse modelo de recepção de pedidos está ultrapassado. O tempo de

atendimento de um pedido, para um cliente, não inicia quando o pedido dá entrada no sistema

da empresa e sim quando o vendedor deixa o estabelecimento do cliente visitado. Por isso,

tornam-se importantes e válidas as sugestões anteriores.

6.5 Aquisição de Transporte

A aquisição de transporte tem por finalidade a distribuição de produtos. A empresa

opera com os seguintes tipos de carga: seca, fria, líquida, fracionada, granel e cargas em

contêineres.

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Definido o tipo da carga, efetua-se a contratação do transporte de acordo com o

Cadastro de Transportadores Qualificados, acessível pelo sistema informatizado. O processo

inicia com a emissão do resumo do manifesto, manifesto de carga e/ou ordem de carga, que

consiste num relatório onde se encontram todas as informações necessárias para a contratação

do transporte, ou sejam: peso, número de entregas, produto e destino.

O transportador é contatado via fone ou pessoalmente sobre a disponibilidade da carga

para transporte.

Tratando-se de empresa transportadora, esta deve apresentar uma autorização de

carregamento assinada pela pessoa credenciada. No caso de venda FOB, o cliente vem retirar

a mercadoria ou indica, no pedido, a transportadora que fará a coleta.

A Ceval Alimentos negociou com os seus prestadores de serviço de transporte uma

tabela fixa de preço, baseada na quantidade de entregas e distâncias para calcular o valor do

frete.

No caso especial do óleo de soja, a Ceval trabalha com transportadores autônomos. O

transportador é cadastrado através de um agenciador onde é verificada a idoneidade do

motorista/proprietário, seus documentos pessoais e do veículo, envolvimento em acidentes de

trânsito, declaração do seguro do veículo, da carga a ser transportada, pagamentos do INSS

em dia, etc. O valor do frete pago aos autônomos também é através de uma tabela pré-

estabelecida.

O tipo de veículo a ser utilizado é definido no documento Plano / Padrão de Processo

- Têmpera e Transporte.

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Quando da chegada do motorista na recepção, o auxiliar de logística verifica se a

ordem de coleta está autorizada pela transportadora e se as especificações do transporte são

aquelas contratadas.

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NÃO NÃO SIM SIM SIM

Figura 1: Fluxograma da Aquisição de Transporte

Define-se o tipo de carga: Seca, Fria,Fracionada, Granel, Contêiner.

A Venda é

CIF ?

A Venda é FOB ?

Contratar a Transportadora desejada via fone.

Aguardar o cliente retirar a mercadoria.

Contatar o agenciador via fone informando os dados da carga

Aux. Logística verifica a ordem de coleta autorizada pela Transportadora, pelo Cliente ou pelo Agenciador.

A carga é de Óleo de Soja?

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6.6 Avaliação de Fornecedores

Para a qualificação inicial das transportadoras que já vinham operando com a empresa,

foi usado o critério de percentual de eficiência de entrega. Esse critério baseou-se no

levantamento histórico de dados conforme o relatório “Resumo de Faturamento / Prazo de

Entrega” dos meses de maio a julho de 1995. O índice mínimo para considerar o fornecedor

qualificado foi de 70% de eficiência.

Foram definidos os seguintes critérios para qualificar inicialmente os fornecedores de

transporte e serviço que operam com a empresa:

• Frota Própria ( somente para transporte )

• Especialidade da Frota ( somente para transporte )

• Idoneidade Financeira ( para transporte e serviço )

• Idoneidade Técnica ( para transporte e serviço )

• Tipo de seguro ( somente para transporte )

6.6.1 Qualificação de Novos Fornecedores de Transporte

Atualmente, para considerar um novo fornecedor qualificado, este deve atender aos

seguintes critérios, através da ficha de “PRÉ-CLASSIFICAÇÃO PARA QUALIFICAÇÃO

DE FORNECEDOR DE TRANSPORTE”:

A) Efetuar duas entregas dentro do prazo estipulado e sem problemas.

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B) Tendo cumprido o item “A“, ele deve efetuar mais 5 entregas com no máximo um

problema.

Fornecedores que não tenham cumprido o item “B” devem reiniciar o processo para

qualificação de novos fornecedores.

6.6.2 Manutenção da Qualificação

Os critérios definidos para manutenção da qualificação dos fornecedores de transporte

e serviço são os seguintes:

6.6.2.1 Transporte

Todo o transportador responsável pela ocorrência de número superior a três problemas

num período de três meses receberá:

• na primeira vez, uma correspondência como advertência;

• na segunda vez, uma correspondência solicitando a presença do responsável para

explicações sobre o ocorrido;

• na terceira vez, uma correspondência suspendendo os serviços pelo prazo de 30 dias;

• na quarta vez, uma correspondência suspendendo temporariamente os serviços

(informar também o cadastro geral da Ceval).

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São considerados problemas com o transportador as reclamações procedentes de

clientes relativas ao processo de transporte, reprovação de veículos por ocasião da aplicação

do “CHECK-LIST” e incidentes com condutores de veículos.

A avaliação do desempenho do transportador é realizada trimestralmente com base nos

Registros de Ocorrências (RO) recebidos e/ou emitidos pela logística e é formalizada na

planilha “AVALIAÇÃO TRIMESTRAL DE PROBLEMAS COM TRANSPORTADORES”.

6.6.2.2 Inspeção de Contêineres

O critério para a manutenção da qualificação dos prestadores de serviço de inspeção de

contêineres é não terem sido rejeitados pela Ceval Alimentos mais de sete contêineres

aprovados previamente, num período de três meses. A empresa Leduc & Bastos Ltda. é a

única prestadora de serviços da Ceval no Porto de Rio Grande com relação a inspeção de

contêineres. A Ceval necessita que os contêineres apresentem um bom estado de conservação

e limpeza, pois a carga, por ser alimento, não pode ser exposta a odores ou materiais

estranhos. A Leduc & Bastos Ltda. é uma empresa contratada que aprova previamente os

contêineres que saem do Porto de Rio Grande para serem carregados na Ceval. Antes de

serem carregados, os contêineres passam por uma nova inspeção já na fábrica em Esteio.

6.6.2.3 Serviço de Carga e Descarga

O fornecimento de serviço de carga e descarga é avaliado, trimestralmente, pelos

respectivos encarregados dos armazéns através da planilha “AVALIAÇÃO TRIMESTRAL

DE PRESTADORES DE SERVIÇOS QUALIFICADOS”, observando os critérios

estabelecidos em contrato e tomando as seguintes medidas:

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• na primeira vez, uma advertência por escrito;

• na segunda vez, uma correspondência solicitando a presença do responsável para

esclarecimento;

• na terceira vez, suspensão temporária dos serviços.

6.7 Armazenamento, Manuseio, Preservação e Expedição de Produtos Acabados

(Gordura e Lecitina)

Serão apresentadas apenas as gorduras e lecitinas, pois são estes os produtos

certificados pela ISO 9002.

Os produtos são transferidos pela produção para a logística já paletizados e sempre

através do documento Transferência Interna de Produtos, onde devem constar os seguintes

dados: data, código do produto, quantidade, unidade, descrição dos produtos, hora de

finalização do lote, assinatura e número do cadastro do emitente. Todos esses dados são

solicitados para que se identifique o responsável pelo recebimento no armazém e para ser

realizada a entrada no sistema de estoque via digitação.

Todos os produtos entram com o “status” de bloqueados / interditados, sendo liberados

mediante a emissão do certificado de análises.

O manuseio do produto dentro dos armazéns é realizado através de empilhadeira,

sendo manuseados um ou dois paletes de cada vez.

As gorduras são armazenadas da seguinte forma:

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TABELA 10

EMBALAGEM QUANT. EM 1 PALLET ALTURA DE PALLETS

Caixa 32 3

Lata 60 3

Balde 36 3

Tambor 4 3

Mini-contêiner 1 3

As lecitinas são armazenadas da seguinte forma:

TABELA 11

EMBALAGEM QUANT. EM 1 PALLET ALTURA DE PALLETS

Caixa 84 3

Balde 32 4

Tambor 4 4

Mini-contêiner 1 4

O armazenamento, eventualmente realizado fora das dependências do Parque

Industrial de Esteio, deve seguir as mesmas condições descritas anteriormente e somente deve

ser feito em armazéns credenciados.

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6.7.1 Expedição

O faturamento emite o resumo do manifesto de carga e o envia para o armazém com os

dados do tipo do produto, cliente, quantidade de entrega, peso, município, volume e tipo de

carga: fria ou seca.

Somente são expedidos produtos cujos laudos estejam liberados, conforme informação

disponível no Sistema - LOGIN/Samrig3 - CERTIFICADO DE ANÁLISES - Liberação

Laudo - Refinaria ou via manual e cujo prazo de validade não tenha terminado quando da

entrega ao cliente. Excepcionalmente poderão ser expedidos produtos sem o laudo, o qual

deverá ser encaminhado posteriormente via fax ao cliente no primeiro dia útil após o

embarque. Como comprovante da entrega do Laudo de Análises para o cliente, há um campo

com a descrição “Laudo recebido por ..........” no comprovante de entrega da nota fiscal,

destinado à assinatura do recebedor do laudo em anexo.

O sistema de faturamento é independente do sistema de certificados, o que torna

possível a liberação de um veículo sem os devidos certificados de análise. Seria interessante

se o CPD da Ceval analisasse a possibilidade de “amarrar” os dois sistemas, ou seja, quando

fosse concluída a emissão da nota fiscal, no mesmo programa, aparecesse a tela de emissão de

certificados. Isso faria com que o auxiliar de faturamento não concluísse o processo sem a

emissão dos, tão importantes, certificados de análise.

Os produtos com necessidade de têmpera (tempo em que a gordura precisa para

estabelecer o seu ponto de consistência), definido no Plano / Padrão de Processo e Controle -

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Têmpera e Transporte de Gordura, devem ser respeitados. Infringindo essa norma, corre-se o

risco de a gordura entrar em processo de fusão durante a viagem até o cliente.

6.7.2 Carregamento

Os carregamentos de produtos são efetuados de maneira cuidadosa, procurando

preservar a sua qualidade, respeitando os padrões de empilhamento especificados nas

embalagens e o limite de 06 de altura para caixas de papelão, assegurando que somente

produtos em embalagens não danificadas (caixa rasgada ou manchada, tambor furado ou

violado, lata furada ou violada ) sejam carregados.

Os produtos estocados em embalagens danificadas são selecionados e segregados por

ocasião da detecção do problema. As identificações e os relatórios de ocorrência são efetuados

no final do expediente do armazém, disponibilizando os produtos para a produção.

Os carregamentos dos produtos são efetuados de modo a preservar a sua qualidade,

conforme segue:

TABELA 12

ALTURA x UNIDADE DE CARGA

EMBALAGEM CAMINHÃO CONTAINER

Tambor (Unidade) 02 03

Mini-contêiner (Unidade) 02 02

Balde Plástico (Unidade) 04 06

Caixas (Unidade) 08 08

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Observação: As caixas chegam a oito unidades de altura, pois, no carregamento, são

colocadas duas caixas de altura sobre a plataforma do veículo e, sobre as caixas, folhas de

compensado. Com isso, pode-se colocar mais seis caixas de altura sobre o compensado.

6.7.3 Verificação do Produto Armazenado

Nas gorduras e lecitinas, os encarregados dos armazéns efetuam, mensalmente, um

levantamento a fim de verificar as suas condições e prazo de validade. São registrados na

planilha “Datas de Vencimento” os produtos cujos prazos tenham ultrapassado 50% de sua

validade. Devem constar, também, a assinatura e o número do cadastro do encarregado. É

enviada uma cópia dessa planilha para o conhecimento do departamento de vendas e da

produção para agilizar as vendas.

Produtos com prazo de validade vencido ou em más condições são identificados e

segregados, ficando à disposição da extração ou refinaria para reprocessamento.

A segregação é efetuada através de fitas de isolamento e, ainda, placas informativas

que indicam a presença de produtos não-conformes.

6.7.4 Armazenamento de Produto Fatorado

Os produtos fatorados (produtos recebidos de outra filial que também são produzidos

em Esteio) recebidos nos armazéns do PIE (Parque Industrial Esteio) devem ser armazenados

separadamente e identificados através da ficha “PRODUTOS FATORADOS”. Isso foi

estabelecido para que não ocorram problemas em embarques com produtos iguais, porém, de

parques industriais e datas de validade diferentes.

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O conferente do setor recebimento / expedição confere a quantidade, através das notas

fiscais, dos produtos recebidos e efetua a inspeção visual quanto a tambores amassados com

vinco, com ferrugens, falhas na pintura que exponham a chapa, data de fabricação ilegível /

faltante, lacre violado, caixas manchadas ou sujas. Caso detectados alguns dos itens acima, o

produto será entregue à produção do PIE através de transferência interna.

O encarregado do armazém registra o resultado da inspeção visual no verso da

fotocópia da nota fiscal, indicando as quantidades que ficaram bloqueadas à disposição da

produção do PIE, apondo também sua assinatura identificável e arquivando a fotocópia da

referida nota fiscal.

O certificado de análise deve acompanhar os produtos que chegaram ao Parque; se isso

não ocorrer, eles serão interditados e será feito um comunicado ao setor remetente para as

devidas providências.

Esse procedimento tem por objetivo a inspeção dos produtos recebidos de outros

Parques Industriais da Ceval Alimentos para manter os padrões de qualidade e evitar que o

cliente receba produtos não-conformes.

6.7.5 Produto Não-Conforme com a Especificação

Produto não-conforme com a especificação é interditado e segregado no armazém,

conforme descrito no item 7.5.3, imediatamente após recebimento de cópia do relatório de

ocorrência em que a produção dá a disposição ao produto.

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Quando o produto for destinado à reclassificação, reprocesso ou rejeito, a logística

deve emitir a “transferência interna” do produto, nela registrando o nome, o tipo e a

quantidade do produto, bem como os números dos lotes transferidos. Cópias deste documento

de transferência devem ser enviadas pela logística aos setores da garantia da qualidade,

produção e PCP.

Produto não-conforme com a especificação somente é expedido após recebimento do

“Certificado de Análises” emitido pela garantia da qualidade sob a condição de aceite formal

do cliente final. O certificado de análise deverá conter a informação de “LIBERAÇÃO

ESPECIAL”, bem como cópia do aceite anexa ao mesmo para uso da logística. Enquanto não

for dada esta LIBERAÇÃO ESPECIAL, o produto permanece interditado e segregado no

armazém. Quantidade excedente à contratada é mantida nesse “status” até definição de sua

destinação pela garantia da qualidade.

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7 PROBLEMAS, ENTREVISTAS E ALTERNATIVAS

Os problemas aqui tratados são, especificamente, do Parque Industrial de Esteio,

apesar da logística ser gerenciada por um Gerente Nacional. Atualmente, o que se pode

perceber é que esta fase de transição, ou seja, a mudança do Parque Industrial Esteio de

Santista Alimentos S/A para Ceval Alimentos S/A, causou transtornos a clientes,

fornecedores, funcionários, etc. Mesmo as duas empresas sendo controladas pela Bunge, nada

há de semelhante entre elas, a começar pelo sistema de informação.

Com essa alteração, a maioria dos funcionários que eram da Santista Alimentos S/A

passaram a integrar a Ceval Alimentos S/A; porém, ocorreram demissões, troca de chefias,

transferências, etc.

A mudança do sistema de informática impossibilitou o atendimento de vários pedidos,

pois os funcionários tiveram de ser treinados às pressas, houve testes na implantação do novo

sistema, problemas surgiram e assim por diante. Após um ano e meio, a situação está

normalizada; porém, clientes foram prejudicados. Sentiu-se uma queda fortíssima na

movimentação de cargas e, conseqüentemente, no faturamento.

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7.1 Roteiro de Entrevista

As entrevistas realizadas com os funcionários da Ceval Alimentos S/A, tanto em nível

operacional quanto em nível gerencial, foram desenvolvidas de maneira exatamente igual. A

primeira pergunta, como não poderia deixar de ser, foi:

- Qual o principal problema, ao seu ver, que mais transtorna o cotidiano da

Logística?

A idéia principal deste roteiro foi a de não “engessar” a entrevista, ou seja, dar

flexibilidade ao entrevistado de expor suas idéias aproveitando, assim, uma condução por

ambas as partes. Isso tornou-se bem interessante, pois o entrevistador, geralmente, já vai para

a entrevista sabendo mais ou menos o que vai ouvir se o seu roteiro for um questionário de

opções, por exemplo. Dessa forma, apareceram surpresas muito positivas, ou seja, problemas

nem sempre levantados pelos próprios gerentes.

Segunda pergunta:

- Por que você tem convicção de que este é o principal problema?

Terceira pergunta:

- Você saberia colocar quais as causas deste problema?

Quarta pergunta:

- Qual seria, ao seu ver, a melhor opção para solucionar este problema?

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Baseadas nessas quatro perguntas, as entrevistas tiveram um tempo médio de,

aproximadamente, 15 minutos. Isso fez com que os entrevistados não tivessem o seu tempo

tomado de forma a prejudicá-los no seu período de trabalho. Aliás, como foi destacado

anteriormente, este modelo de roteiro deixa os entrevistados mais à vontade, não

pressionando-os a escolher opções que não se enquadrem aos seus pensamentos.

7.2 Principais Problemas

Atualmente, a organização tenta reverter o quadro, porém, destacam-se, conforme

segue, problemas ainda insolúveis. Alguns entrevistados colocaram mais de um problema; no

entanto, foi levado em consideração o principal problema indicado por eles. De acordo com a

tabulação das entrevistas realizadas, os problemas citados mais freqüentemente foram:

TABELA 13

PROBLEMAS FREQÜÊNCIA

Falta de comunicação entre os setores 3

Trabalho em equipe 4

Descumprimento de regras para com processamento de pedidos 9

Falta de um Sistema de Informação Gerencial 7

Altos índices de estoque 5

Falta de equipamento 2

TOTAL 30

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7.3 Discussão

Em relação à falta de comunicações e de um trabalho em equipe, pode-se facilmente

explicar devido à localização dos departamentos. A logística poderia trabalhar completamente

integrada, o que seria bem mais interessante, mas não é isso o que ocorre no Parque Industrial

Esteio.

Como verifica-se a seguir, no croqui (figura 2), os departamentos ficam distantes e

isolados. Aliás, a logística, como é tratada na Ceval, são apenas os órgãos destacados por

estrelas. Isso inclui somente o transporte e a armazenagem. O recebimento da soja, a principal

matéria-prima, de embalagens, insumos, o Departamento de Compras, o Almoxarifado, o

Planejamento e Controle da Produção não são considerados. Essa é uma das razões para

ocorrem problemas de falta de informações. A integração desses departamentos poderia ser

priorizada para diminuir conflitos simples, pois atrapalham significativamente a produção e o

desempenho e causam desgaste desnecessário de todos.

Em qualquer organização, seria primordial que os esforços estivessem direcionados

para um único ponto, ou seja, direcionados para os objetivos traçados pela diretoria ou

gerência. Esforços desordenados tornam-se desgastantes a todos os participantes e não trazem

o resultado esperado. A função do gerente seria, justamente, a de coordenar a sua equipe para

a busca de resultados.

Já o descumprimento de normas, inclusive descritas nos documentos da qualidade, por

parte do Departamento Comercial, acaba causando horas extras em demasia ao Departamento

de Logística e ao Laboratório. Como todas as cargas que saem do Parque Industrial Esteio

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necessitam de um laudo de análise, o Laboratório tem de analisar as amostras extraídas dos

lotes que acabaram de ser produzidos para assegurar a qualidade garantida ao cliente. A

estrutura que deve ser mantida em funcionamento para carregamento fora do horário de

expediente é muito significativa. O tipo de produto que é vendido pela Ceval passa a ser

matéria-prima básica para indústrias de sorvetes, chocolates, carnes, biscoitos, tintas,

conservas, etc. Carregamentos excepcionais poderiam ocorrer devido a uma parada de

produção do cliente por falta de produto, mas não constantemente. A diretoria queixa-se da

quantidade de horas extras; porém, não combate o problema. Muito menos satisfeitos estão os

funcionários, que abdicam de sábados, domingos e feriados para possibilitar o bom

andamento da expedição. Está mais do que correto o Departamento Comercial efetuar vendas

e mais vendas; porém, seria plausível uma negociação com o cliente referente à data de

entrega. Pedidos de última hora alteram todo o bom andamento da logística. São necessárias

contratações de veículos com fretes acima do normal, pagamento de horas extras para

funcionários e, além disso, há o descontentamento da equipe por trabalhar após o horário

normal. Como a logística acaba sanando o “problema” do cliente, o Departamento Comercial

baseia-se na competência da expedição e as exceções acabam virando rotina.

Os demais problemas citados são discutidos, a seguir, no item 7.4.

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101

Armazém F. cargas e contr. Fretes

Armazém Emissão nf e documentos

Armazém Comercial Crushing

Comercial Industrial

Figura 2: Croqui do Parque Industrial de Esteio

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102

7.4 Destaques

Estas entrevistas fazem parte das trinta (30) realizadas; porém, foram colocadas como

destaques devido ao nível hierárquico das pessoas entrevistadas, dando assim, uma visão de

como estão ou não sendo tratados os problemas apontados nas entrevistas.

Em uma entrevista com a Sra. Giselda Escaravaco e o Sr. Paulo Orth, do

Departamento Comercial, os dois explicam que, desde a transição do Parque Industrial Esteio

de Santista Alimentos S/A para Ceval Alimentos S/A, o volume de vendas caiu em 37%.

Lógico que este indicador deve-se, também, à crise econômica geral que assola o país. Há

uma preocupação em não perder mais vendas, pois os clientes são de grande porte e

capacidade para consumir e, inclusive, a concorrência apressou-se em entrar no mercado de

vez aproveitando este momento débil. Outro motivo para os carregamentos aos sábados,

domingos e feriados são a capacidade de armazenamento dos clientes Perdigão e Da Granja.

Esses dois possuem tanques pequenos que não comportam a própria produção de um final de

semana; portanto, se a falta deste produto se der em um final de semana, é necessário que a

Ceval reabasteça o cliente.

Já no dia 15/04/99, em uma entrevista com o Sr. Dorval Fantoni, Gerente Nacional de

Logística da Ceval Alimentos S/A, ele reconheceu não possuir um controle adequado de seus

processos, pois a Ceval estava passando por um momento de transição e que um modelo de

Sistema de Informação Gerencial estava sendo desenvolvido pelo CPD de Gaspar/Santa

Catarina, sede central da Ceval Alimentos.

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Foi perguntado se já havia relacionado os seus fatores críticos de sucesso para passar a

Gaspar para o tal “SIG”. A resposta foi de que, na semana seguinte, haveria uma reunião para

serem tomadas as devidas providências com os responsáveis pela execução do projeto. Seria

recomendável que o próprio usuário auxiliasse na modelagem do sistema, pois ele é quem tem

noção de suas reais necessidades; por isso, é considerado um profissional da função. Um

profissional da área de informática, certamente, terá enormes dificuldades para modelar um

sistema para um administrador.

Nota-se, por parte da Gerência de Logística, uma falta de metodologia para atacar a

raiz dos problemas. A logística da Ceval Alimentos opera, infelizmente, “apagando

incêndios” isolados que podem tornar-se em fogueira incontrolável.

A empresa de grande porte ainda traspassa problemas de centralização e burocracia

interna, tornando-se lenta. Lógico que um programa desenvolvido exclusivamente para

gerenciar a informação seria o ideal; porém, proponho que nesta fase de “sem SIG” e “sem

rumo” a gerência destinasse a um de seus subordinados a interpretação dos relatórios e a

montagem de gráficos, em um aplicativo tipo Excel, para uma melhor visualização da situação

e, principalmente, para uma rápida tomada de decisão.

Nos anexos I, II, III, IV e V são apresentadas algumas sugestões de gráficos que

poderiam ser utilizados, no caso da Ceval Alimentos S/A, para obter-se um simples, porém,

eficaz controle sobre o que está ocorrendo no dia-a-dia da sua logística.

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A idéia deste estaria na economia de tempo e precisão com que o gerente analisaria o

seu trabalho, propriamente dito, não precisando interpretar várias páginas de relatórios

diferentes.

Em entrevista com o Sr. José Carlos Pinto de Godoy, responsável pelos armazéns da

Ceval Alimentos no Parque Industrial Esteio, este destacou que os armazéns trabalham,

geralmente, em sua capacidade plena devido ao processo produtivo. Os produtos são

produzidos conforme as suas especificações; porém, no decorrer do processo, podem ocorrer

variações. No final de cada turno, o produto é analisado pelo laboratório para a confirmação.

Se o produto ficar fora da especificação ele pode ser classificado como outro produto. Isso

ocorre em torno de 5% de toda a produção destinada ao mercado interno. Com isso, a

produção produz, involuntariamente, produtos que estão vendendo muito menos, trazendo

transtornos e congestionamentos nos armazéns. Ainda, há os produtos destinados ao mercado

externo. Estes são produzidos, analisados pelo laboratório da Ceval e enviadas amostras, via

aérea, para os clientes. Os clientes também analisam o produto e confirmam ou não a compra.

Isso faz com que toneladas de produtos permaneçam aguardando a posição do cliente. Este

caso torna-se delicado, pois a alternativa seria arriscar e embarcar a carga confiando na análise

feita pelo laboratório da Ceval; porém, se houver a recusa, a atividade acaba tornando-se

inviável financeiramente. Além disso, o processo para devolução de uma exportação pode

levar meses.

Uma solução poderia ser uma relação de parceria ou um acordo, credenciando um

órgão terceiro para fazer a análise do produto. Isso existe com carregamentos em contêiner. A

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SGS do Brasil é um órgão contratado pelo importador que fiscaliza o carregamento e lacra o

contêiner, confirmando as boas condições da carga.

O que também preocupa o Sr. Carlos Pinto de Godoy, são os estados de algumas

empilhadeiras e equipamentos. As manutenções são severamente cumpridas, mas

equipamentos de muito uso acabam deixando a desejar, além disso, depreciam violentamente

na hora da troca por uma nova. Empresas da área logística estão oferecendo qualquer tipo de

equipamentos novos por um contrato de aluguel e manutenção. Essa proposta pode tornar-se

interessante, pois os custos de manter uma empilhadeira própria é similar com a do aluguel;

porém, não há preocupação com pessoal técnico e local para manutenção, compra de peças,

etc. Inclusive a troca do equipamento pode ser efetuada em um tempo bem mais curto,

estabelecido pela empresa contratante.

Há, ainda, boas alternativas que “saltam aos olhos” em uma empresa de grande porte.

Como descrito no item 8.7, os produtos são enviados da produção, ao final de cada

turno, para o armazém junto com o documento “transferência interna”. Esta transferência

interna é o documento que o conferente do armazém observa ao receber os produtos. Depois,

ela é repassada ao controle de estoques, que efetua a digitação no sistema informatizado. Seria

interessante realizar orçamentos para a implantação de código de barras nas embalagens. Com

isso, seria necessário, apenas, a fixação de um leitor óptico na esteira que leva o produto da

produção ao armazém. Assim, a alimentação do sistema informatizado seria instantânea,

dispensaria a digitação que, sem dúvida, fica mais propensa a erros e, além do mais, a de um

conferente para receber os produtos.

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Esta seria uma mudança de processo sem grandes investimentos. Além de ser mais ágil

e preciso, este sistema facilitaria o faturamento, pois a atualização do estoque seria,

praticamente, em tempo real. O índice de falta de acuracidade, naturalmente, seria reduzido a

quase zero, o que torna o controle de estoques bem mais tranqüilo e eficiente.

O sistema de endereçamento no interior do armazém seria, também, muito importante

para evitar carregamentos equivocados, ou seja, enganos provocados por embalagens

semelhantes. Além de saber onde a carga encontra-se no armazém imediatamente a

solicitação, o sistema encarrega-se de aplicar o FIFO. Isso faz com que os conferentes deixem

de fazer placas para fixar em pilhas de produto como: Atenção! Prazo de validade próximo.

Isso requer muita perda de tempo no final do dia. Quando o armazém fecha, no início da noite,

ele é organizado. Deve-se controlar o que entrou, o que saiu, prazos de validade, etc. Todo

esse processo poderia ser realizado pelo sistema o que agilizaria os carregamentos,

diminuiriam os equívocos, a insatisfação dos clientes, ou seja, haveria inúmeras melhorias.

O excesso de burocracia torna grandes organizações morosas. A informação é o

principal e básico para um controle e gerenciamento perfeito. Cabe aos diretores analisarem o

investimento a ser realizado e o decidirem. Um controle mais elaborado reduz desperdícios,

perdas com roubo, avarias, agiliza a carga e descarga otimizando o tempo, diminui o número

de horas extras dos funcionários, ou seja, paga-se o investimento em um curto espaço de

tempo.

A idéia de terceirizar toda a estrutura logística também poderia consumir um bom

tempo de estudo por parte da diretoria. No mínimo, reduziria o número de funcionários da

empresa e, em conseqüência, dos encargos. Empresas transportadoras, que possuem grandes

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prédios, pavilhões e terreno, com a concorrência acirrada no seu setor de atuação, investiram

em suas instalações para abocanhar este mercado emergente. Empresas de grande porte estão

procurando os chamados operadores logísticos. Estes tem a responsabilidade, através de suas

próprias instalações, de armazenar, movimentar, transferir e distribuir os produtos através de

um contrato de prestação de serviços. A parte de faturamento, fiscal e contábil fica sob

responsabilidade da empresa contratante.

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CONCLUSÃO

Através deste trabalho, pode-se perceber que a logística pode ser um fator de sucesso

ou fracasso em uma organização. A história nos apresenta que, há muitos anos, já havia uma

preocupação em transportar e armazenar os alimentos para a sobrevivência dos povos.

Atualmente, isso não se tornou diferente; porém, o desenvolvimento e os avanços

tecnológicos trouxeram algumas facilidades para a humanidade. O importante, agora, seria

usar estas facilidades oferecidas para racionalizar o sistema de transporte e armazenagem, pois

quanto melhor desenvolvido esse setor, menor será o custo do produto que chega à mesa do

seu consumidor final. O Brasil, neste sentido, não utiliza a melhor forma para escoar a sua

produção. As rodovias são utilizadas de maneira inadequada para o transporte de grandes

volumes em grandes distâncias. O que preocupa, além dos custos pouco competitivos em

relação a outro modal, são os grandes movimentos, congestionamentos e o número crescente

de acidentes e mortes provocadas pelo número de veículos e as péssimas condições das

rodovias.

Com a modernização dos portos, inclusive dos portos privados (não citados neste

trabalho), este problema poderia ser melhor administrado, pois o país apresenta boas

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extensões de rios plenamente navegáveis e, além disso, as principais capitais dos Estados

estão localizadas na região litorânea.

Provavelmente, as ferrovias também seriam um sucesso para desafogar nossas

estradas. O país possui uma enorme extensão de terras, o que torna interessante o uso desse

modal. Não só as ferrovias em si, mas os vagões e máquinas estão em muito mau estado. É

uma lástima o abandono desse modal tão interessante para transportes de grande volumes e

grandes distâncias. Inclusive, para o transporte de passageiros seria uma alternativa muito

adequada devido às distâncias entre as capitais dos Estados e à velocidade que trens modernos

estão empregando atualmente.

Já no transporte aéreo, viu-se um crescimento excepcional nas vendas de passagens.

Antes da variação cambial, as empresas brasileiras disputaram o mercado palmo a palmo. O

crescimento na área de cargas não foi tão violento quanto o de passageiros; porém, está em

elevação gradativa. Empresas aéreas estão investindo em maiores terminais, adquirindo aviões

destinados apenas ao transporte de cargas. O exemplo da construção de um novo e maior

terminal de passageiros no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, evidencia a tendência

de crescimento do setor, já que o terminal atual ficará destinado, exclusivamente, ao despacho

e ao recebimento de cargas.

O país, até pouco tempo, carecia de bons armazéns para comportar seus alimentos.

Atualmente, com a importância do assunto logística, apareceram diversos estabelecimentos

que oferecem este tipo de serviço. Os operadores logísticos, como são chamados, ofereceram

a terceirização para toda a parte de armazenagem, movimentação, transferência entre unidades

e distribuição de todos os produtos acabados da empresa contratante.

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Analisando a ideologia e a forma com que a Ceval Alimentos desenvolve seus

processos, encontram-se prós e contras, o que é natural. No geral, o Parque Industrial de

Esteio é bem organizado, seus processos estão minuciosamente descritos nas instruções de

trabalho referentes à ISO 9002. Recentemente, em janeiro de 1999, o PIE recebeu a

recertificação do seu Sistema da Qualidade, o que aprova todos os processos referentes à

chegada do material e insumos até a saída do produto acabado. A empresa possui a missão de

produzir e comercializar produtos de qualidade. Seus objetivos são: ser líder em custos,

satisfazer o consumidor e aumentar a rentabilidade. A política da qualidade traz como slogan:

“Fazer sempre o melhor”. As diretrizes são: respeitar os clientes e consumidores, respeitar o

meio ambiente e aprimorar a qualidade de vida, assegurar permanentes investimentos em

pesquisa e tecnologia, praticar princípios de ética profissional, buscar a confiança e a

credibilidade da comunidade, valorizar a lealdade e o trabalho em equipe, manter e

desenvolver programas permanentes de educação e treinamento, valorizar o investimento dos

acionistas.

Percebe-se que a Ceval Alimentos preocupa-se, além de seus acionistas, com seus

clientes, funcionários, meio ambiente, comunidade ou todos envolvidos direta ou

indiretamente com a organização.

Todo o envolvimento para com as pesquisas, entrevistas, seleção de dados e

informações fez com que se desenvolvesse, neste trabalho, alternativas para solucionar os

problemas encontrados no sistema de transporte e armazenagem em uma organização de

grande porte, ou seja, propor medidas ágeis e eficazes a fim de revolucionar os seus processos.

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A experiência que trouxe este trabalho foi de grande valia, pois o crescimento

profissional depende, além do conhecimento científico acadêmico, da aplicação prática que

ocorreu durante todo o seu período de pesquisa e modelagem. Por ser um estudo de caso,

baseado na maior processadora de soja da América Latina, tornou-se um tanto desgastante a

obtenção e coleta dos dados; porém, a partir deste estágio, entrevistas e conversas informais

ficaram mais acessíveis e tornaram o trabalho mais agradável.

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53 PRIVATIZAÇÃO traz agilidade e faz surgir um novo porto de Rio Grande. Zero Hora, Porto Alegre, 29 mai. 1998.

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71 ZINN, Valter. A estrutura portuária e de transporte é essencial para a competitividade das empresas brasileiras. Jornal Portos e Comércio Exterior, Porto Alegre, 2ª quinzena, dez. 97.

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ANEXOS