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CULTURA EM CIRCUITO PG 5 www.circuitomt.com.br CHARLES NA ESCOLA DE DRAGÕES AMOR, A LEI m livro-objeto para crianças. De alta qualidade textual, gráfica e ilustrativa. Assim é Charles na escola de dragões (2012), de Alex Cousseau, com ilustrações de Philippe- Henri Turin. Um livro que sabe ser lúdico e guardar alta voltagem literária. A literatura infantil sempre trabalhou a figura do patinho feio como o “diferente” que sofre na escola. Apesar de com frequência se falar das crianças como anjos, a verdade não é bem esta: a vida infantil, e a escola como seu palco central, é um drama intenso de insegurança, dor, alegria e medo, que exige da criança muita coragem e a sorte de encontrar amigos. Charles na Escola de Dragões não foge à regra de ser um livro sobre um patinho feio obrigado a descobrir “sua diferença” para sobreviver. Mas, ao contrário de um bicho bonitinho, o livro fala de dragões e, com isso, defende a diferença de forma clara: dragões também podem ser fofinhos e sofrer como patinhos. Charles, o pequeno dragão, tem asas muito grandes e pés enormes e, por isso, quase desiste de ser um dragão normal. Além do mais, é poeta e sofre com isso. O livro é inspirado em “Albatroz”, poema do francês Charles Baudelaire, considerado rebelde por chocar a sociedade do seu tempo (século 19) com textos que traziam sua melancolia e descrença no mundo moderno; vale lembrar que “Albatroz” faz parte da sua obra máxima, Flores do Mal. O nome já diz tudo... Mas, diferentemente da ave de Baudelaire, que acaba por sobre o chão, imersa num mundo onde a poesia não vale nada, Charles terá final feliz. Baudelaire para crianças, claro, não pode ser Baudelaire até o fim. Ligia Cademartori, em relação à obra diz: “Eis uma obra que, encantando e divertindo, afirma a força da linguagem, estimula o leitor infantil a perceber as muitas possibilidades da poesia e trata de temas muito relevantes para sua faixa etária”. uito além do amor entre duas pessoas que se querem ardentemente, para vida inteira, até que a morte os separe. O amor dos poetas, dos músicos, dos romancistas, dos românticos, enfim. Do amor pelo corpo, pelo outro, pelo objeto. Amor ciumento. Muito além do amor de mãe, dos filhos, dos pais, da família. O amor congênito, amor obrigatório, amor implícito, amor com documento. Amor “sangue do meu sangue”, mais sangue que amor, muitas vezes perdido nos laços hereditários. Há um amor universal, amor infinito, amor pulsante que nos une a todos. Amor de Deus, amor dos profetas, amor da natureza, amor de sempre e para sempre, como forma intraduzível de amar. Os espíritos universais dizem que nossas palavras são incapazes de traduzir o que, verdadeiramente, é o amor. Que nós humanos não conseguimos alcançar sua compreensão. Que nada material consegue traduzir sua dimensão. Que nem todos os números juntos podem significar sua magnitude. Por isso, é lei. A Lei do Amor institui que devemos ama-nos uns aos outros, Rosemar Coenga é doutor em Teoria Literária e apaixonado pela literatura de Monteiro Lobato [email protected] ALA JOVEM Por Rosemar Coenga Amauri Lobo é artista, jornalista e sociólogo. Vive a vida intensamente. [email protected] Por Amauri Lobo INFINIT 8 incondicionalmente. Inclusive aos inimigos, pois aos amigos já temos amor. Que devemos amar e sermos amados. Pois ser amado também é uma forma de amar. Que somente esta energia amorosa pode nos guiar rumo ao sermos melhor do que somos e um pouco menos imperfeitos. Vamos respeitar esta Lei. Vamos praticá- la e divulgá-la. Vamos institui-la e segui-la. Vamos combater seu bom combate, que sendo o combate do amor, se dá na prática e nos bons exemplos, por uma humanidade mais divina e menos humana. Vamos amar esta Lei. Complexidade legal... U M CIRCUITOMATOGROSSO CUIABÁ, 29 DE JANEIRO A 5 DE FEVEREIRO DE 2015

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CHARLES NA ESCOLA DE DRAGÕES

AMOR, A LEI

m l ivro-obje to p a r a c r i a n ç a s . De alta qualidade textual, gráfica e ilustrativa. Assim é Charles na escola de dragões (2012), de Alex

Cousseau, com ilustrações de Philippe-Henri Turin. Um livro que sabe ser lúdico e guardar alta voltagem literária.

A literatura infantil sempre trabalhou a figura do patinho feio como o “diferente” que sofre na escola. Apesar de com frequência se falar das crianças como anjos, a verdade não é bem esta: a vida infantil, e a escola como seu palco central, é um drama intenso de insegurança, dor, alegria e medo, que exige da criança muita coragem e a sorte de encontrar amigos.

Charles na Escola de Dragões não foge à regra de ser um livro sobre um patinho feio obrigado a descobrir “sua diferença” para sobreviver. Mas, ao contrário de um bicho bonitinho, o livro fala de dragões e, com isso, defende a diferença de forma clara: dragões também podem ser fofinhos e sofrer como patinhos. Charles, o pequeno dragão, tem asas muito grandes e pés enormes e, por isso, quase desiste de ser um dragão normal.

Além do mais, é poeta e sofre com isso. O livro é inspirado em “Albatroz”, poema do francês Charles Baudelaire, considerado rebelde por chocar a sociedade do seu tempo (século 19) com textos que traziam sua melancolia e descrença no mundo moderno; vale lembrar que “Albatroz” faz parte da sua obra máxima, Flores do Mal. O nome já diz tudo... Mas, diferentemente da ave de Baudelaire, que acaba por sobre o chão, imersa num mundo onde a poesia não vale nada, Charles terá final feliz. Baudelaire para crianças, claro, não pode ser Baudelaire até o fim.

Ligia Cademartori, em relação à obra diz: “Eis uma obra que, encantando e divertindo, afirma a força da linguagem, estimula o leitor infantil a perceber as muitas possibilidades da poesia e trata de temas muito relevantes para sua faixa etária”.

uito além do amor entre duas pessoas que se querem ardentemente, para vida inteira, até que a morte os separe. O amor dos poetas, dos

músicos, dos romancistas, dos românticos, enfim. Do amor pelo corpo, pelo outro, pelo objeto. Amor ciumento.

Muito além do amor de mãe, dos filhos, dos pais, da família. O amor congênito, amor obrigatório, amor implícito, amor com documento. Amor “sangue do meu sangue”, mais sangue que amor, muitas vezes perdido nos laços hereditários.

Há um amor universal, amor infinito, amor pulsante que nos une a todos. Amor de Deus, amor dos profetas, amor da natureza, amor de sempre e para sempre, como forma intraduzível de amar.

Os espíritos universais dizem que nossas palavras são incapazes de traduzir o que, verdadeiramente, é o amor. Que nós humanos não conseguimos alcançar sua compreensão. Que nada material consegue traduzir sua dimensão. Que nem todos os números juntos podem significar sua magnitude.

Por isso, é lei. A Lei do Amor institui que devemos ama-nos uns aos outros,

Rosemar Coenga é doutor em Teoria Literária e apaixonado pela literatura de Monteiro [email protected]

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Amauri Lobo é artista, jornalista e sociólogo. Vive a vida intensamente. [email protected]

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incondicionalmente. Inclusive aos inimigos, pois aos amigos já temos amor. Que devemos amar e sermos amados. Pois ser amado também é uma forma de amar. Que somente esta energia amorosa pode nos guiar rumo ao sermos melhor do que somos e um pouco menos imperfeitos.

Vamos respeitar esta Lei. Vamos praticá-la e divulgá-la. Vamos institui-la e segui-la. Vamos combater seu bom combate, que sendo o combate do amor, se dá na prática e nos bons exemplos, por uma humanidade mais divina e menos humana. Vamos amar esta Lei. Complexidade legal...

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CIRCUITOMATOGROSSOCUIABÁ, 29 DE JANEIRO A 5 DE FEVEREIRO DE 2015