Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    1/36

     

    Cibercultura, interações sociais e pós-modernidade: realidade versus

    virtualidade1 

    Gustavo Souza Santos2  

    Letícia Turano Trindade

     Josiane Santos Brant Rocha4  

    Resumo: Com a ascensão dos computadores pessoais, da internet e o avanço dastecnologias da informação e comunicação, emergiu a cibercultura. Na pós-modernidade, taiscenários que unem sociabilidade, cultura e comunicação ganham expressividade. O objetivodo estudo foi analisar a influência da cibercultura sobre as interações sociais na pós-modernidade. A pesquisa investigou 30 sujeitos por meio de grupos focais on-line síncronos,mediante interface pública de participação, o Projeto Eu+Cibercultura. Há cenários de basesociológica, antropológica e comunicacional que, sob exame da pós-modernidade, demandam

    análises sistemáticas de modo a se compreender como se modela a vida e os sujeitos nacontemporaneidade.

    Palavras-chave: Cibercultura. Sociabilidade. Virtualidade. Pós-modernidade.

    Abstract: The rise of personal computers, the internet and the advancement ofinformation and communication technologies made emerge cyberculture. In the

     postmodernity such scenarios that unites sociability, culture and communication spectres gainexpressiveness. The objective of the study was to analyze the cyberculture influence undersocial interactions in postmodernity . The survey investigated 30 subjects throughsynchronous online focus groups technique through the public interface of participation, the

    Eu+Cibercultura Project. There are sociological, anthropological and communicationscenarios that under the post modernity perspectiva requires systematic analyzes in order tounderstand how life and subjects are modeled in contemporary times.

    1  Artigo enviado na modalidade Paper para o Simpósio Internacional de Tecnologia e Narrativas

    Digitais. 2 Graduado em Comunicação Social  –  Publicidade e Propaganda (FIPMoc); Especialista em Docência

    do Ensino Superior (UCAM); Mestrando em Geografia (Unimontes); Docente das FIPMoc e pesquisador daUnimontes. E-mail: [email protected]

    3 Especialista em Marketing (FASA). Graduada em Publicidade e Propaganda (UniBH). Coordenadora

    do curso de graduação em Comunicação Social –  Publicidade e Propaganda e diretora de marketing das FIPMoc.E-mail: [email protected]

    4 Doutora em Ciências do Desporto (UTAD/UnB). Docente e pesquisadora da Unimontes e FIPMoc. E-

    mail:  [email protected] . 

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    2/36

     

    2

    Keywords: Cyberculture. Sociability. Virtuality. Postmodernity.

    Resumen: Con el auge de los ordenadores personales, Internet y el avance de las

    tecnologías de la información y de la comunicación, surgió la cibercultura. En la posmodernidad, tales escenarios que unen a la sociabilidad, la cultura y la expresividadganancia de comunicación. El objetivo del estudio fue analizar la influencia de la ciberculturaen las interacciones sociales en la posmodernidad. La investigación investigó 30 sujetos travésde grupos de discusión en línea síncronos, a través de la interfaz pública de participación, el

     proyecto de I + Cibercultura. Hay escenarios de referencia sociológicos, antropológicos ycomunicación que bajo examen de la posmodernidad, requiere un análisis sistemático a fin decomprender cómo se da forma a la vida y los sujetos en la época contemporánea.

    Palabras clave: Cibercultura. Sociabilidad. Virtualidad. Posmodernidad.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    3/36

     

    3

    1  INTRODUÇÃO

    Em 1984, William Gibson empregou pela primeira vez o termo ciberespaço, em sua

    obra de ficção científica  Neuromancer (GIBSON, 2003). A narrativa de Gibson apresenta o

    termo como uma alucinação humana consensual, dada pela operação e interseção de dados e

    informações de controle computacional e partícipe de uma complexidade tecnocrática

    admirável. O que dista da construção ficcional do romance e a realidade experimentada na

    quotidianidade é apenas a trilha fantástica e idílica de um painel onde são delineadas linhas de

    força tecnocráticas e tecnoculturais. Com os cenários da revolução técnico-científica recente,

    as premissas de uma modernidade triunfante e a comunicação ressignificando as vivências

    diárias, o ciberespaço desponta para além de uma agremiação futurista.

    O estudioso das processões do virtual e das tecnologias, Pierre Lévy (2000), afirma

    que o ciberespaço é o zoneamento sobre o qual está contida a humanidade hoje. A ascensão

    da internet, o percurso de dispositivos, a imanência da comunicação como máxima das

    relações humanas na contemporaneidade e a oferta de injunção funcional das tecnologias à

    quotidianidade cunharam essa nova e fascinante ágora. Esse objeto de atração de Lévy e de

    inúmeros estudiosos e entusiastas consiste na interconexão mundial de computadores sob aconexão via internet e capitaneada por informações e dados em constante fluxo ao acesso de

    diversos usuários enredados.

    Uma torrente contínua de conhecimento em difusão sob coordenadas geográficas e

    roteiros cronológicos virtualizados, em uma constante veloz e de ininterrupta alimentação,

    uma rede, uma hiperconexão, uma tessitura global, um caso de dilúvio, a caracterização dos

    sonhos futuristas ficcionais materializados na moderna história humana, uma estonteante

    aventura técnica, comunicacional e cultural, eis narrativas sobre esse tempo e espaço

    escatológicos. O ciberespaço eleva-se em meio a cultura digital sem anular as culturas

     precedentes (oral, escrita, impressa e eletrônica), mas integrando-as (SANTAELLA, 2003)

    em uma plataforma de interconexão, anelo social e inteligência coletiva.

    Ao entender o ciberespaço como essa ágora onde forças técnicas, dispositivos,

     pessoas e informações dispostas à apreensão de conhecimento, inter-relações e construção das

     pautas quotidianas (LÉVY, 2000), destaca-se seu potencial sociocultural. Tal qual a ágora

    convencional (VELLOSO, 2008), o ciberespaço privilegia formações culturais e de

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    4/36

     

    4

    sociabilidade, posicionando-se como um lugar privilegiado de construções simbólicas e

    tipicamente humanas, expulsando visões que o condenam como arquétipo frio e artificial de

    uma revolução das máquinas, orientando à constituição de ciborgues e simbioses técnicasoutras. Isso está a se verificar, todavia. Importa aqui destacar que as práticas culturais, de

    socialização, imaginário, representações e identidade desempenhadas nesse seio constituem a

    cibercultura.

    É cadente na cibercultura a dispensa de narrativas de sociabilidade, amparada por

    linguagens, signos e hábitos perpetrados na quotidianidade essencialmente comunicacional

    (CASTRO, 2013). Trata-se de uma realidade intempestiva, factual e atrelada ao real. Os

    eventos do virtual caminham por elucidar práticas e costumes inscritos nas vivências dos

    sujeitos. Realidade e virtualidade, temas de arguição em tempos de universalização e

     propulsão da comunicação digital, do ciberespaço e, da cibercultura. Real e virtual

    antagonizados, malgrado sua rasa compreensão, estão atrelados aos roteiros vivenciais dos

    sujeitos. O espaço, o tempo, o corpo, a identidade, as relações se virtualizam e se tornam

     partícipes das léguas do ciberespaço. Um descortinar espetacular de cultura e técnica, de

    sociabilidade e ubiquidade, de enredamento e comunicação.

    Um conto da modernidade? Ou da pós-modernidade? Findam-se as metanarrativas,

    atrofiam-se tradições e compromissos esmaecem. São liquefeitas as estruturas (BAUMAN,

    2001; 2007), toda coisa adquire uma condição hiper, pluri ou trans (LIPOVETSKY, 2013). A

    cibercultura, portanto, em seu desenvolvimento instalado, acompanha os eventos da condição

    humana nesses tempos hipermodernos, ou, pós-modernos. Uma enseada a delinear

    comportamentos e anunciar rumos da condição humana, esteio do presente estudo. O palco

    empírico desse trabalho se dá na investigação da cibercultura e das interações sociais  –   e,

    logo, das formações culturais  –   que se arrolam a esse cenário tecnocultural, e nele, a

    caracterização pós-moderna. Um roteiro a contemplar cultura, interações sociais e

    comunicação face a técnica, face à contemporaneidade, face à condição humana.

    Como as interações sociais são influenciadas pela cibercultura na pós-modernidade?

    Como os conceitos de realidade e virtualidade são contemplados pela cibercultura na

    contemporaneidade? O que se pode inferir sobre a cibercultura e a condição pós-moderna?

     Nesse sentido, analisar a influência da cibercultura sobre as interações sociais na pós-

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    5/36

     

    5

    modernidade constitui o objetivo desse estudo, que ainda trafegou pela análise da cibercultura

    nos cenários da condição pós-moderna, através dos conceitos de realidade e virtualidade e a

    discussão de como a dinâmica social é afetada pelos produtos da cibercultura.

    2. METODOLOGIA

    Trata-se de um estudo descritivo, organizado sob a técnica de grupos focais on-line

    síncronos. Para compor a amostra, foram selecionados brasileiros, entre 18 e 35 anos, fazendo

    uso pessoal e/ou profissional da internet. A escolha deste recorte etário se justifica pelo acesso

    a internet e, portanto a conexão com o objeto de estudo, expressiva nesse público e suas

    características socioculturais de engajamento sociopolítico e cultural (INSTITUTO

    BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2013; 2011).

    Os participantes foram recrutados através da divulgação pública da pesquisa na

    internet, delineando seus autos, informações sobre a coleta de dados e benefícios do estudo,

    denominado de Projeto “Eu+Cibercultura”. Para o conclame, seleção e recrutamento dos

    sujeitos participantes, o projeto foi divulgado na internet por meio de site próprio contendoinformações e orientações, e suporte em redes sociais. Tendo em vista a heterogeneidade

     participante como enriquecedora ao estudo, a seleção e recrutamento não levaram em conta o

    contato prévio entre os selecionados, entendendo que esse tipo de relacionamento não afetaria

    o desenvolvimento da coleta de dados, pautada em debates e discussões mais pontuais sem

    que situações de constrangimento ou reservas pessoais detivessem o fragor empírico.

    A divulgação da pesquisa implicou ao interessado em fazer contato via endereço de e-

    mail específico, recebendo instruções prévias para aceder a um link  contendo formulário de

    inscrição e questões filtro desenvolvidas com a ferramenta Google Docs. O formulário

    requereu de informações pessoais básicas e questões do tipo filtro, motivações básicas, além

    do atendimento aos critérios de inclusão e não-inclusão. Todas as solicitações garantiram ao

    candidato e depois participante selecionado, o sigilo de informações prestadas e a

    identificação, sendo facultado ao indivíduo divulgar ou não a participação no projeto. Os

    sujeitos foram ainda, motivados à participação livre de constrangimentos e inseguranças

    quanto à sua atividade durante a realização da pesquisa.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    6/36

     

    6

    A inscrição de candidatos à participação no projeto não previram limite máximo,

    todavia, foram selecionados para integrarem o projeto o número de 30 participantes, seguindo

    os critérios de inclusão propostos, cabendo à equipe de pesquisa o exame e avaliação doscandidatos. Um quadro reserva de 10 participantes foi preparado para o caso de desistências.

    Os candidatos selecionados foram contatados através de endereço de e-mail e telefone

    fornecidos para a comunicação do aceite, esclarecimento de dúvidas e envio de informações

    detalhadas sobre a pesquisa. O treinamento do participante envolveu uma simulação à

    distância da coleta de dados, onde o pesquisador e o participante desenvolveram conversação

    usando a rede social de chat   e conferência Skype (o uso do programa foi requerido no

    formulário de inscrição).

    A escolha de um grupo de 30 participantes implicou na realização de 3 grupos focais

    (A, B e C), compostos de 10 integrantes, quantidade em consonância à preconização da

    literatura (BORDINI; SPERB, 2011; ABREU; BALDANZA; GONDIM, 2009). O processo

    de coleta de dados compreendeu a aplicação de um questionário para perfilamento e

    sondagem de hábitos virtuais dos participantes, e o desenvolvimento dos grupos focais on-line

    síncronos. Ambas as etapas tiveram datas, horários e duração divulgados aos participantes

     previamente. O questionário de perfilamento e hábitos virtuais foi composto por 20 questões

    que indagaram sobre dados sociodemográficos, hábitos de conexão, acesso e hábitos do

     participante em relação à internet, aplicado por meio da plataforma Google Docs. O roteiro

    adotado nos grupos focais foi composto por 5 questões semi-estruturadas cobrindo temáticas

    referentes à cibercultura, interações sociais on-line, hábitos virtuais, identidade na rede e

    outros aspectos e cenários correlatos ao tema de pesquisa. Os dados foram submetidos à

    análise de conteúdo (BARDIN, 2007).

    3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Esta seção se divide em duas etapas: a apresentação dos resultados de perfilamento

    dos sujeitos de pesquisa bem como de seus hábitos virtuais básicos e a exposição discursiva

    dos resultados oriundos dos grupos focais online síncronos. Leituras de cenários, análises e

    reflexões são erigidas tendo o objeto de estudo como interlocução e o aparato teórico como

    lentes analíticas.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    7/36

     

    7

    3.1 Perfilamento dos sujeitos de pesquisa e seus hábitos virtuais

    O perfil sociodemográfico dos sujeitos participantes da pesquisa indica o predomínio

    de jovens adultos, inseridos no mercado profissional e em desenvolvimento de sua

    qualificação acadêmica, como se pode observar na Tabela 1:

    Tabela 1 –  Perfil sociodemográfico dos participantes

    VARIÁVEL%

    Sexo

    Feminino 62,96%

    Masculino 37,04%

    Faixa etária

    25,15 anos 100%

    Raça

    Branca 44,44%

    Negra

    Parda

    Amarela

    Outra

    18,52%

    37,04%

    0%

    0%

    Escolaridade

    Ensino Médio

    Primeiro curso superior

    Especialização

    3,7%

    77,78%

    18,52%

    Trabalho e estudos

    Trabalham e estudam

    Apenas trabalham

    Apenas estudam

    66,67%

    11,11%

    22,22%

    A participação feminina é maior, representando 62,96% dos integrantes. A faixaetária foi compreendida em média de 25,15 anos de idade. Quanto à raça, 44,44% se declaram

     brancos. A maioria dos participantes, 77,78%, está cursando seu primeiro curso de graduação.

    Quanto à ocupação, 66,67% conciliam atividades profissionais e estudos.

    Tabela 2 –  Dispositivos e acesso a internet

    VARIÁVEL %Computadores em casa

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    8/36

     

    8

    Desktop com acesso a internet

    00 55,55%

    01

    02

    03

    04 ou mais

    37,05%

    3,7%

    00,00%

    3,7%

    Desktop sem acesso a internet  

    00

    01

    02

    03

    04 ou mais

    88,89%

    11,11%

    00,00%

    00,00%

    00,00%

    Notebook

    00 11,11%

    01

    02

    03

    04 ou mais

    44,44%

    25,93%

    14,82%

    3,7%

    Uso de computadores

    Computador compartilhado

    Computador individual

    3,7%

    77,78%

    Tipo de conexão à internet 

    Banda larga convencional

    Modem 3G

    Conexão discada

    92,59%

    7,41%

    00,00%

    Uso de dispositivos móveis 

    Smartphone

    TabletModem 3G

    92,59%*

    18,52%*40,74%*

    Dispositivo mais usado 

    Desktop

    Notebook

    SmartphoneTablet

    Consoles e outros

    18,52%

    29,63%

    51,85%

    00,00%

    00,00%

    *Percentuais referentes às variáveis consideradas isoladamente.

     Na Tabela 2 são apresentados dados sobre uso de dispositivos e acesso a internet do

     público de estudo. Quanto ao tipo e quantidade de computadores de posse, observa-se maior

     posse de notebooks (1 unidade em 44,44%) do que computadores pessoais do tipo desktop (1

    unidade em 37,05%). Os sujeitos possuem computadores apenas para uso individual (77,78%)

    e se conectam a internet predominantemente através de conexão banda larga convencional

    (92,59%). Smartphones  são os dispositivos móveis mais usados, seja quando considerados

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    9/36

     

    9

    entre aparelhos móveis (92,59%), seja quando comparados com aparelhos móveis ou não

    (51,85%).

    Hábitos e consumo de conteúdo online são expostos na Tabela 3. O acesso a internet

    é diário (100%) e o tempo de conexão semanal declarado é de mais de 41 horas (44,44%).

    Entre as atividades online de maior adesão, estão o acesso a redes sociais (100%), envio e

    recebimento de emails (100%), conversação (100%), consulta de notícias (92,59%), vídeos e

    música (92,59%), pesquisas acadêmicas (77,78%), e outros. Quanto ao conteúdo consumido,

    redes sociais (66,66%), conteúdo noticioso (44,44%) e de entretenimento (44,44%) sempre

    são acessados. Conteúdo acadêmico (59,26%), jogos (62,96%) e sites de compras (48,15%)

    são quase sempre acessados. Blogs (33,33%) e fóruns (40,74%) quase nunca são acessados.

    Entre os serviços mais acessados estão o aplicativo Instagram (51,86%), o Facebook

    (40,74%), WhatsApp (3,7%) e YouTube (3,7%).

    Tabela 3 –  Hábitos e consumo online 

    VARIÁVEL (%)

    Frequência de acesso a internetDiariamente 100%5 vezes por semana 00,00%

    3 vezes por semana 00,00%

    1 vez por semana 00,00%

    1 vez por mês 00,00%

    Tempo de conexão

    Até 5h 3,7%

    6h a 10h 14,83%

    11h a 15h 3,7%

    16h a 20h 18,52%

    21h a 30h 3,7%

    31h a 40h 11,11%

    Mais de 41h 44,44%

    Atividades online*

    Redes sociais 100%

    E-mails 100%

    Notícias 92,59%

    Sites de busca 66,66%

    Conversação 100%

    Pesquisa acadêmica 77,78%

    Vídeos e música 92,59%

    Downloads 66,66%Serviços bancários 11,11%

    Produtos e preços 22,22%

    Compras 33,33%

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    10/36

     

    10

    Outros** 00,00%

    Conteúdo consumido

    Sem pre

    Quasesempre

    Indiferente

    Quasenunca

    Nunca

    Redes sociais66,6

    6%

    25,93% 7,41% 00,00% 00,00

    %

    Notícias44,4

    4%

    37,04% 11,11% 7,41% 00,00

    %

    Entreteniment

    o

    44,4

    4%

    37,04% 11,11% 7,41% 00,00

    %

    Acadêmicos18,5

    2%

    59,26% 18,52% 3,7% 00,00

    %

    Jogos14,8

    2%

    62,96% 18,52% 3,7% 00,00

    %

    Sites de

    compras

    11,1

    1%

    48,15% 11,11% 25,93% 3,7%

    Blogs7,41

    %

    22,22% 18,52% 33,33% 18,52

    %

    Fóruns00,0

    0%

    7,41% 33,33% 40,74% 18,52

    %

    Serviço mais utilizado

    Facebook

    WhatsApp

    Instagram

    YouTube

    Outros***

    40,74%

    3,7%

    51,86%

    3,7%

    00,00%

    *Percentuais referentes às variáveis consideradas isoladamente.

    **Serviços não pontuados: fóruns e sites de interesse.

    ***Serviços não pontuados: Twitter, Flickr, Google+, Skype, LinkedIn, Pinterest, Tumblr, blogs.

    As variáveis da Tabela 4 apresentam informações de percepção online geral em

    questões básicas submetidas à reflexão e opinião pessoal dos sujeitos de pesquisa:

    Tabela 4 –  Percepção online

    VARIÁVEL (%) 

    É possível fazer amigos e desenvolver relacionamentos verdadeiros através da internet .

    Discordo totalmente3,7%

    Discordo parcialmente 18,52%

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    11/36

     

    11

    Não concordo nem discordo 33,33%

    Concordo parcialmente 25,93%

    Concordo totalmente18,52%

     A internet e suas formas de interação, informação e comunicação trazem apenas benefícios.

    Discordo totalmente 22,22%

    Discordo parcialmente 29,63%

    Não concordo nem discordo 37,04%

    Concordo parcialmente 3,7%

    Concordo totalmente 7,41%

     As pessoas têm se exposto muito na internet e a privacidade online tem se tornado difícil deassegurar.

    Discordo totalmente 3,7%

    Discordo parcialmente 11,11%

    Não concordo nem discordo 11,11%

    Concordo parcialmente 22,22%

    Concordo totalmente 51,86%

    Eu me sinto seguro (a) em compartilhar informações pessoais e relacionar-me com pessoas quenão conheço na internet.

    Discordo totalmente 7,04%

    Discordo parcialmente 44,44%

    Não concordo nem discordo 7,41%

    Concordo parcialmente 11,11%

    Concordo totalmente 00,00%

     A internet é um espaço possível de relacionamentos e socialização.

    Discordo totalmente 3,7%

    Discordo parcialmente 00,00%

    Não concordo nem discordo 37,04%

    Concordo parcialmente 33,33%

    Concordo totalmente 25,93%

     Na asserção é possível desenvolver relacionamentos verdadeiros e fazer amigos na

    internet , 33,33% não concordam nem discordam e 25,93% concordam parcialmente. Sobre a

    sentença a internet em suas formas de interação, informação e comunicação trazem apenas

    benefícios, 37,04% não concordam nem discordam, enquanto 29,63% discordam

     parcialmente. Concordam totalmente que as pessoas têm se exposto muito na internet e a privacidade online tem se tornado difícil de assegurar , 51,86% dos participantes, 22,22%

    concordam parcialmente. Discordam parcialmente 44,44% dos participantes na sentença eu

    me sinto seguro (a) em compartilhar informações pessoais e relacionar-me com pessoas que

    não conheço na internet , porém 11,11% concordam parcialmente. Se a internet é um espaço

     possível de relacionamentos e socialização, 37,04% dos sujeitos de pesquisa não concordam,

    nem discordam e 33,33% concordam parcialmente.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    12/36

     

    12

    Feitas as exposições sobre o perfil dos sujeitos participantes da pesquisa e

    conhecidos seus hábitos virtuais básicos, passa-se a apresentação e discussão dos dados

    oriundos dos grupos focais online síncronos. A partir das notas de campo e da análise deconteúdo, emergiram cinco categorias representativas (sociabilidade e fragor relacional, a

     processão de dispositivos e ferramentas de interação, percalços e promessas, conexão como

    navegação social e realidade versus virtualidade: o ringue cotidiano) de cinco eixos temáticos

    (sociabilidade na cibercultura, ferramentas de comunicação e interação online, impacto e

     percepção das atividades online sobre o cotidiano, conexões e dispositivos como extensões da

    vida comum e realidade versus virtualidade) afluentes dos dados coletados.

    Em quadros são demonstradas as unidades temáticas, de registro e de contexto dos

    grupos focais (A, B e C) realizados, conforme análise desenvolvida. As categorias elucidam o

    viço do estudo e são discutidas a seguir.

    3.2 Sociabilidade e fragor relacional

    O fragor relacional e a sociabilidade são os espectros mais expressivos da

    cibercultura e do rol de produtos, interfaces e esteios que ela dispensa, tendo por substrato do

    ciberespaço. As infovias do ciberespaço se povoam de sujeitos que, interagindo entre si,

    vertem a construção de estruturas coletivas de difusão e compartilhamento de dados. Nessas

    estruturas se emancipam comunidades e coletividades com as quais os sujeitos desenvolvem

    relacionamentos, sentidos de pertença e enraízam identidades, comportamentos e atos sociais.

     No tocante às interações sociais na cibercultura, aproximação e distanciamento

    formam uma espécie de paradoxo elogioso e ao mesmo tempo cauteloso sobre as relações

    desenvolvidas nessa malha social cibernética, como se pode acompanhar no Quadro 1 peloregistro do Grupo Focal A.

    Quadro 1 –  Categoria 1 segundo o Grupo Focal A

    GRUPO FOCAL A

    Unidade temática: sociabilidade na cibercultura

    Unidade de registro: comunicação, relações sociais e aproximação

    Unidade de contexto

    Participante 1  Acredito que trazendo mais possibilidades deinteração... Como isso que estamos fazendo

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    13/36

     

    13

    neste momento. Vejo um grandedesenvolvimento no fator aproximação,mesmo que não seja física... Mas hoje é possível manter contato e interação com pessoas de qualquer lugar do mundo emtempo real... 

    Participante 4

    Para uma proximidade entre pessoas queestão distantes sim... Aproximadamentetbm!! Mas vejo q isso hoje interfere mto deum modo negativo no contato pessoal, poisas pessoas perdem o controle

    Unidade temática: cenários negativos da sociabilidade online

    Unidade de registro: comprometimento das relações sociais

    Participante 2

     A internet sem duvidas desenvolveu acomunicação, pois a deixou mais instantâneaquando falamos a distancia... Mas percorreuum caminho contrario ao desenvolvimentoem certos pontos, pois muitas vezes usamosatravés de redes sociais e aplicativos decelulares como WhatsApp para falarmos comquem esta próximo de nós

    Participante 5

    Há diversas formas pra se explorar essaquestão de como se desenvolve as relaçõessociais através da internet! Aproxima quemestá longe... Mas distancia quem está perto!Superficializa o contato físico e o olho noolho... Parece que depois dessa avalanche decomunicação online, as pessoas perderam o

    quanto é bonito falar as coisas pessoalmente...

    Participante 9

    Eu acho relativo. Existem realidades desociabilidade autêntica, como também podeser forjada... Nota-se que nas relações emque já existe um contato pessoal e real ainteração é muito mais íntima,mesmo quevirtual... Quando não se tem esseconhecimento pessoal, o virtual pode serilusório, fantasioso...

    Um padrão similar pode ser identificado nos Quadros 2 e 3 pelos Grupos Focais B e

    C. Reverberações positivas sobre o impacto dos produtos da cibercultura no cotidiano, todavia

    com percalços delimitados:

    Quadro 2 –  Categoria 1 segundo o Grupo Focal B

    GRUPO FOCAL BUnidade temática: sociabilidade na cibercultura

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    14/36

     

    14

    Unidade de registro: comunicação, relações sociais e aproximação

    Unidade de contexto

    Participante 8

    Ela [rede de dispositivos da cibercultura]serve como ponte, né? Permite estreitarrelacionamentos e ao mesmo tempo permiteque você conheça outros mundos.

    Participante 6

     A internet através das redes sociais se tornaum instrumento disseminador deinformações e de interatividade. As pessoasestão cada vez mais conectadas, um exemplodisso são os smartphones que da o aoportunidade das pessoas se relacionarem deonde quer que estejam. Esses aparelhos sãocada vez mais tecnológicos e as pessoasestão sempre querendo mostrar através dainternet o que estão fazendo e como vivem.

    Participante 3

    Nos tempos de hoje, a internet e as mídiasdigitais ganham espaço de uma formainexplicável. Os meios fazem com que asbarreiras sejam quebradas, distânciasdiminuídas e nos deixam conhecer pessoas elugares sem sair da frente do PC ou celular.

    Participante 1

     A internet encurta as distâncias. Mesmo com pessoas da mesma cidade, através dainternet é possível manter contatoindependente de onde você esteja: do lado,na sala de aula, ou no outro lado do mundo.

    Unidade temática:cenários negativos da sociabilidade online

    Unidade de registro: comprometimento das relações sociais

    Participante 9

    Concordo também, apesar de que isso acabaafastando os mais próximos, pois muitasvezes deixamos de dar atenção para quem ta perto para falar com quem ta longe, o olhono olho já não acontece mais com tanta frequência. Em bares, por exemplo, é possívelver q a maioria das pessoas estão mexendono celular em vez de interagir

    Participante 3

    Por esse motivo [a possibilidade derelacionamento online], as pessoas seesquecem do velho e gostoso bate papo

     frente a frente, um abraço e se pronunciam por meio de letras digitadas e áudiosgravados, mas tudo isso nos garante maisagilidade e facilidade.

    Quadro 3 –  Categoria 1 segundo o Grupo Focal C

    GRUPO FOCAL C

    Unidade temática: sociabilidade na cibercultura

    Unidade de registro: comunicação, relações sociais e aproximação

    Unidade de contexto

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    15/36

     

    15

    Participante 4

     Acho que as relações sociais pela Internettêm contribuído no aspecto da proximidadenos relacionamentos, a qualquer momento podemos nos comunicar com quemquisermos. Esse aspecto é muito positivovista a necessidade de comunicação einteração.

    Participante 8

    Vejo como algo bom para a sociedade,entretanto é algo que a sociedade ainda estáaprendendo a utilizar.

    Participante 9

    Podem ser vistas positiva e negativamente. As redes sociais,se bem usadas podem setornar uma excelente e econômica ferramenta de comunicação interpessoais,uma vez que estas aproximam as pessoas,são, atualmente bastante utilizadas nosmeios profissionais, acadêmicos, dentreoutros.

    Unidade temática:cenários negativos da sociabilidade online

    Unidade de registro: comprometimento das relações sociais

    Participante 1Mas o problema é o uso exagerado quemuitos fazem desse recurso. 

    Participante 3

    Hoje se percebe uma grande tendência das pessoas em se tornarem "escravas" dessesmeios de comunicação.

    Em Lévy (2000), concebe-se que a cibercultura se move por meio de um programa

     próprio. Tal programa se baseia nos pilares da interconexão de pessoas e dispositivos, na

    formação de comunidades e na inteligência coletiva. Conectados, congregados e integrados,

    os sujeitos vertem e se veem em um espectro onde identidade e alteridade (MOZZINI, 2014)

     produzem um terreno imanente de práticas sociais, culturais e identitárias (LEMOS, 2008;

    SANTAELLA, 2003). Estas características do programa da cibercultura (LÉVY, 2000a) e de

    identidade e alteridade, permitem a fecundidade relacional pontuada pelos sujeitos de

     pesquisa.

    É reconhecido o potencial socializante das interações on-line, isto é, formas de

    encontro, diálogo e comunicação constroem panoramas legitimamente relacionais. Nesse

    âmbito, é possível inferir que as conexões possibilitam laços coesos, fazer emanar núcleos de

    diálogo e expressão e permitem ocorrências relacionais difusas e autênticas. A comunicação

    que não conhece fronteiras e se expande velozmente, todavia, não preconiza apenas odes de

    louvor.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    16/36

     

    16

    As possibilidades de interconexão e sociabilidade na cibercultura carregam lacunas e

    incongruências observáveis nas formas de relacionamento tradicionais e outros tantos casos

    inéditos com os quais os sujeitos sociais se deparam e passam a lidar. Desvela-se assim, umaespécie de utopia social da cibercultura de congregar tudo e todos. Embora se observe

     benefícios e potenciais, há contornos ainda inexplorados. Não se sabe precisar impactos sobre

     privacidade, exposição pessoal, contato com desconhecidos de qualquer parte do mundo,

    catarses e outros fenômenos dentro de um fenômeno maior que une pessoas, conexões e

    dispositivos.

    De acordo com a oferta dos quadros de referência dos participantes, é possível

    salientar três linhas gerais de compreensão:

      aproximação e interconexão de sujeitos e culturas;

      ferramentais de comunicação e interação;

      cenários de distanciamento, frieza e idealização de relacionamentos.

    As relações on-line  levantam o estandarte da globalização em relação aos fluxos

    culturais, ou seja, o encurtamento de distâncias que permite uma despolarização das distâncias

    e o intercâmbio entre sujeitos e suas práticas, como sinalizados pelos sujeitos de pesquisa.

    Isso se dá por ferramentais de comunicação e interação entendidos em dispositivos,

     programas, aplicações e sistemas que permitem trocas simbólicas em todos os níveis e de

    maneira aberta e veloz. McLuhan (2002) chamou tal processo de aldeia global, um cenário de

    comunhão entre sujeitos e coletividades, identidades e práticas, dispositivos e pessoas.

    Ao passo que os cenários oferecem um viço relacional, percebe-se certo antagonismo

     já que a sociabilidade on-line não é capaz de suprir todas as necessidades de convivência e

    contato interpessoal cotidianas.A processão das novas formas de sociabilidade tende, em certo

    nível, a confrontar os indivíduos e a misturar elementos do contato pessoal físico instaurando

    cenários de frieza, distanciamento e idealização. Encontros cotidianos passam a ser

    substituídos paulatinamente, a linguagem passa a ser defectível em toda sua expressão e a

    convivialidade passa a ser idealizada e confundida.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    17/36

     

    17

    Todavia, não significa que aqui se aponta uma condenação ou um estado apocalíptico

    dessas redes e formas de relacionamento. Tampouco se praticam elogios insólitos. No

    espectro de respostas dos grupos focais e à luz da literatura, delineia-se aqui que asociabilidade e o fragor relacional da cibercultura exigem racionalidade de uso e práticas. Isto

    significa que a potencialidade dessa novidade socializante está atrelada a contextos nefastos e

     prejudiciais à ordem social.

     Nos achados da pesquisa, as estruturas antropológicas do ciberespaço precisam ser

     pensadas sistematicamente nas esferas acadêmica e cotidiana, uma vez que a evolução técnica

    e comunicacional são rapidamente assumidas pelo homem como extensões. Isso não cessa de

    reconfigurar relações, liquefazer cenários (BAUMAN, 2001; 2007) e restabelecer construções

    (LIPOVETSKY, 2013), fazendo com que sujeitos e sociedade se alterem, se movam e se

    transmutem.

    3.3 A processão dos dispositivos e ferramentas de interação

    Os dados também destacam a processão de dispositivos e ferramentas de interação e

    comunicação online e sua representatividade no cotidiano, como se observa nos registros dos

    Quadros 4, 5 e 6:

    Quadro 4  –  Categoria 2 segundo o Grupo Focal A

    GRUPO FOCAL A

    Unidade temática: Ferramentas de comunicação e interação online 

    Unidade de registro: utilidade e interação

    Unidade de contexto

    Participante 8

     As ferramentas de interação são fundamentais no meu dia, por que por meiodelas eu interajo com amigos, familiares que

    moram longe, consigo informações sobretodo o mundo e sobre os assuntos do meuinteresse, além de que, ser ainda a realidadedo meu trabalho a interação por meio domarketing digital

    Participante 5

    Eu os avalio [os diversos meios de interaçãoonline] como sendo meios que facilitaram avida em vários aspectos, principalmente emse tratando de velocidade. Porém, inicia-seuma dependência deste meio que leva a umavida baseada mais no virtual do que no real.

    Participante 2

    Eu uso frequentemente e faz parte do meudia a dia! Me cuido pra não ser algo que medomine e eu não perca a noção ao ponto de

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    18/36

     

    18

    trocar [...] uma conversa para ver minhasatualizações! Faz parte de nos já [...].

    Quadro 5 –  Categoria 2 segundo o Grupo Focal B

    GRUPO FOCAL B

    Unidade temática: Ferramentas de comunicação e interação online 

    Unidade de registro: utilidade e interação

    Unidade de contexto

    Participante 7

    [...] são a forma mais rápida de se comunicar.Nossas vidas estão sendo cada vez maisabertas ao mundo, com redes sociais que nos fazem postar cada minuto do nosso dia,

    como fotos, textos, vídeos, ficam livres paraquem quiser ver. A interatividade e rapidezdos novos meios de comunicação deixaramnossas vidas mais rápidas, transações são feitas com apenas um clique, fazendo comque nos relacionamos com pessoas que estãodo outro lado do mundo em segundos.

    Participante 2

    Pra facilitar minha vida, meu trabalho meuserviço minhas coisas pessoais e de graça.Tbm não pago. Eu baixo todos apps até o queme lembra de beber água. [...] Amo ficar nanet, já deixei de sair para ficar nela, confesso[...].

    Participante 9

    Também faço uso de vários deles, me sãomuito úteis. Mas às vezes percebo que se nãocoloco limites, acabam atrapalhando um pouco.

    Quadro 6 –  Categoria 2 segundo o Grupo Focal C

    GRUPO FOCAL C

    Unidade temática: Ferramentas de comunicação e interação online 

    Unidade de registro: utilidade e interaçãoUnidade de contexto

    Participante 6

    Eu entendo isso tudo (esses produtos decomunicação) de uma forma muito positiva, pois existe a possibilidade de conhecermos o pensamento de diversas pessoas, seja a forma pela qual entendem, veem, interagemcom o mundo. Acho isso fascinante [...].

    Participante 8

    Eu uso bastante alguns desses meios, e tentome policiar para não ficar totalmentedependente de tais tecnologias. Masconfesso que nos últimos meses me ajudoumuito a utilização desses meios, até mesmono meu processo de formação, por fazer um

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    19/36

     

    19

    curso na modalidade EAD.

    Participante 1

    Embora não use todas, mas vejo com bonsolhos, demonstra a criatividade inteligência, promove a comunicação e o lazer, fico pensativo quanto ao uso destes para finsnegativos como invasão de privacidade e odesrespeito com o próximo.

    Dispositivos,  softwares, sistemas, aplicativos e produtos diversos se ajuntam na

    experiência cotidiana dos usuários. O acesso aos múltiplos recursos e ferramentas online 

    modulam práticas comuns do roteiro de vida diário dos sujeitos. São extensões que agregam

    funcionalidades diversas às mais distintas ferramentas. A processão de dispositivos e redes faz

    da cibercultura um esteio de navegação social, onde os indivíduos estão presentes, vertem sua

    existência e ação e combinam os recursos a fim de produzir tarefas mais eficazes, reduzir

    distâncias, acessar serviços remotamente, obter velocidade de resposta e otimizar o ordinário.

    As unidades de contexto alinhadas à essa categoria que discute o espaço dos

    dispositivos e programas na vida comum, salientam algumas bases com as quais é possível

    levantar discussões:

      Inseparabilidade, dispositivos e funcionalidades como extensões de vida.

      Facilidade e acessibilidade que melhoram o cotidiano.

      Percepção de invasão, excesso.

    Os sujeitos de pesquisa ofereceram informações aquiescentes sobre a influência

    cotidiana de produtos da cibercultura. Há um senso unânime de que tal ferramental e pacote

    de experiências on-line/off-line já fazem parte do ordinário de vida e que já não é possível

    separar facilmente sua funcionalidade das atividades cotidianas. São funções, estímulos e

    informações que protagonizam extensões da vida dos sujeitos. As aplicações e dispositivos se

    tornam interfaces que guiam a experiência cotidiana do usuário com a realidade, tornando-a

    facilitada, subsidiada por informações úteis e construída numa dimensão on-line e off-line

    simultânea.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    20/36

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    21/36

     

    21

    os sujeitos. A reflexão divide as opiniões e colocam as percepções em situação paradoxal: os

    recursos são oportunos e positivos, mas sua presença passa a ser sentida como excessiva e

    incômoda.

    O desenho da cibercultura e das interações promovidas por ela começa a fornecer um

    cenário mais completo de influência e experiência concreta diante dos sujeitos. Os achados

    aqui sugerem um estado de imanência e quase onipresença de dispositivos e sistemas, onde

     por menos conectado que um indivíduo prefira ser, em diversas situações comuns, ele se

    deparará com recursos online  a que será preciso aceder e completar alguma tarefa. Nesse

    sentido, essa processão de dispositivos e recursos aponta para um estado onde a experiência

    cotidiana, os sentidos, os atos, o raciocínio e devir dos sujeitos são modelados e ampliados

    através de tais funcionalidades. Extensões dos sujeitos, maximização de ação e ampliação da

    existência podem denotar constituição dos indivíduos nos tempos da cibercultura, nos tempos

    do hoje.

    3.4 Percalços e promessas

     Na ascensão dos computadores pessoais e na insurgência da internet, o ideal de

    empoderamento dos indivíduos e de congregação universal erguia-se reluzente. O sonho da

    integração social global fluía como o espetro mais vívido da modernidade arrojada e

    tecnicista. Todavia, os bons anelos de sociabilidade e de inovação, aquecidos pela máxima de

    McLuhan (2002) de uma aldeia global, além de promessas redentoras, figuraria percalços

    instalados nessa mesma modernidade insólita.

    Os resultados apontam para um cenário cambiante entre promessas e percalços ante a

    emergência da cibercultura, delimitados nos Quadros 7, 8 e 9:

    Quadro 7 –  Categoria 3 segundo o Grupo Focal A

    GRUPO FOCAL A

    Unidade temática: Impacto e percepção das atividades online sobre o cotidiano

    Unidade de registro: vantagens e desvantagens

    Unidade de contexto

    Participante 3

     A vantagem é que podemos ter váriasinformações a mão! Uma das grandes

    desvantagens que eu vejo é o tempo que as

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    22/36

     

    22

    vezes se perde... Acabamos ficandodesfocados...

    Participante 5

    Outra grande vantagem é o acesso ainformação de maneira geral... O quetambém muitas vezes pode se tornar umrisco a medida que não se aprofunda nostemas... A grande tendência de ler só o títuloda notícia e depois querer discorrer sobre otema como grande conhecedor...

    Participante 9

    Sim... Assustadoramente sim [as relaçõesonline estão modelando as relações nãoonline]! Mudanças consideráveis na forma deagir, relacionar...

    Da surpresa dos avanços e da acessibilidade de informação e comunicação à mão, à

     procrastinação e a modulação das relações off-line pelas on-line, experiências dos sujeitos

    sociais vão se tornando aclaradas.

    Quadro 8 –  Categoria 3 segundo o Grupo Focal B

    GRUPO FOCAL B

    Unidade temática: Impacto e percepção das atividades online sobre o cotidianoUnidade de registro: vantagens e desvantagens

    Unidade de contexto

    Participante 7

     A internet em geral se tornou parte da minhavida, como dito anteriormente. Portanto,como tudo que faz parte de sua vida, passa aexistir uma dependência. Eu dependo dainternet em diversos aspectos. Me criei comela, e obviamente, no primeiro momento, passaria por apertos sem ela. Esse 'aperto'vai do aspecto funcional à abstinência. Porexemplo, posso ler livros, fazer pesquisas,

    ouvir músicas e conversar com quem precisode maneira rápida através da internet. Isso éuma vantagem. Porém, ao mesmo tempo,um problema, como faria sem ela? Teria queme deslocar até uma biblioteca. Ou comprarCDs. Ou ligar, enviar cartas, ir até a casa demeus amigos. Sou dependente dela nesteângulo, e a dependência não é uma coisaboa, eu acho.

    Participante 2

    Tudo na vida tem seu lado positivo enegativo, bem como a internet. Pela facilidade de comunicar e interatividade,

    acaba que não temos mais o afeto de umaconversa face a face, mas por outro lado

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    23/36

     

    23

    temos mais rapidez. A internet me deixoumais a vontade para falar com amigos e parentes que estão distantes, e tudo isso deuma forma muito barata. Isso tudo acabamudando a nossa vida cotidiana, ficamosexpostos e ao mesmo tempo livres.

    A quotidianidade desenhada pela cibercultura delineia hábitos, formas de se

    expressar e agir. Vantagens, utilidades, necessidades e desvantagens se misturam para

     produzir o modus vivendi e operandi no ciberespaço.

    Quadro 9 –  Categoria 3 segundo o Grupo Focal C

    GRUPO FOCAL C

    Unidade temática: Impacto e percepção das atividades online sobre o cotidiano

    Unidade de registro: vantagens e desvantagens

    Unidade de contexto

    Participante 4

    Realizo pesquisas na área e tenho visto/lido oquanto a internet tem contribuído para odesenvolvimento cognitivo, interacionaldessas pessoas. [...] Nunca havia parado para

     pensar nos impactos da internet na minhavida, a utilizo como uma coisa comum, que já faz parte do meu cotidiano, sem ponderar oquanto ela me auxiliou, transformou, enfim.Percebo que ela alterou minha forma deviver, pois tenho necessidade de mecomunicar constantemente, publicar fotos,textos, conversar. [...] Não me considero umviciado em internet, pois não deixo de sair para ficar conectado, acho horrível,ambientes em que as pessoas, mesmo seencontrando, não deixam de lado seus

    celulares. Assim, a internet e seus produtos,auxiliam as pessoas, sem dúvida, precisa-se,no entanto, usá-la com inteligência ecriticidade.

    Participante 2

    Vejo pessoas mais acomodadas, que às vezes ficam na frente do PC por várias horas, masnão sabem do que se passa ao seu redor ouno mundo. Na verdade estão sempre prontas para os desafios virtuais, mas tem medo deencarar a vida real.

    Participante 8

    [...] Já fiz entrevista de emprego. Hoje usomais para fins acadêmicos, mas claro que

    converso com amigos e para lazer. Tem sidouma ótima ferramenta... A vida ficou mais

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    24/36

     

    24

     pratica.

    A organização social se entrecruza com as diversas funcionalidades da cibercultura.

    É possível assim, indicar os produtos e miríade de ferramentas online como atreladas à vida

    regular dos sujeitos, como participante de seu agir social, como acoplada ao seu devir. Isso

    significa que a ação social e cotidiana empreende sempre novos modelos e reflexos de

    atividade graças à cibercultura. Não se trata de um fenômeno alheio e olvidável das operações

    humanas comuns. Mas crescem formas e modos de vida autenticamente sociais e intricados

    nos cenários on-line.

    Entende-se assim, que as interações sociais ante a cibercultura não se classificam

    dentro de um quadro anômalo, mas de um contexto original e fluido de processamento social,

    cultural, humano. Tampouco significa aqui que uma realidade paralela e distante do

    corriqueiro se manifesta. Não se trata de duas realidades opostas, e sim equidistantes. Os

    roteiros da cibercultura se imiscuem dos cenários cotidianos amplamente, não como uma

    força perniciosa e usurpadora da humanidade, mas como efeito histórico, conjuntural e

    contextual de humanidade, técnica e existência.

    A malha social é off-line e on-line. Não há uma separação. Há a complementaridade

    funcional, isto é, prospectos próprios que as operações on-line possuem e instâncias

    específicas das operações off-line. E como produto de fluxos e relações, instabilidade,

    conflitos, choques, percalços são sentidos, assim como benefícios, avanços e bons

     prognósticos. O achado mais expressivo sugerido pelos resultados reside na participação dos

     produtos da cibercultura na vida cotidiana, revelando formas e modos de vida mais complexos

    e férteis para fenômenos entre virtuais na quotidianidade. Em outras palavras, esses cenários

    fazem parte da vida dos sujeitos, integram-nos, compõem sua experiência vivencial.

    3.5 Conexão como navegação social 

    A conexão se tornou uma forma de navegação social, vide resultados nos

    Quadros 10, 11 e 12:

    Quadro 10 –  Categoria 4 segundo o Grupo Focal A

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    25/36

     

    25

    GRUPO FOCAL A

    Unidade temática: conexões, dispositivos e extensões para a vida comum

    Unidade de registro: conectividade, vício e utilização

    Unidade de contexto

    Participante 1

    Eu acho que estou num momento de admitirque estes aparelhos tomaram uma partegrande demais...passou do limite. Estou na fase de tentar remediar o que se tornouvicio.O difícil pra mim é o saber dosar... Porque de fato, não dá pra abrir mão das ferramentas hoje...Uma geração dispersa einquieta eu diria... Olhos fixos numatela,mente perdida em infinitasinformações... Rasas muitas vezes

    Participante 6 Infelizmente já não ha como viver sem...

    Participante 8 Sinceramente me sinto nu sem meu celular!

    Dispositivos se tornam extensões e interfaces para a realidade.

    Quadro 11 –  Categoria 4 segundo o Grupo Focal B

    GRUPO FOCAL B

    Unidade temática: conexões, dispositivos e extensões para a vida comumUnidade de registro: conectividade, vício e utilização

    Unidade de contexto

    Participante 2 Vital.

    Participante 4

    O mundo está cabendo em nossos bolsos!Celulares, tablets e outros apetrechos fazemcom que nossas vidas sejam mais rápidas. Emminha vida, o celular e computador faz comque eu fique mais antenado, notícias chegama mim mais rapidamente, o trabalho ficamais fácil com os celulares e aplicativos, oconvívio com amigos e familiares fica mais

     próximo. De qualquer forma, a tecnologiaestá ao nosso lado, evoluindo a cada dia, nosdeixando mais ligados a tudo ao redor.

    Participante 6

    Confesso que hoje sou multi dependente datecnologia... Entre todas o celular é o que soumais dependente, já faz parte de mim. Através dele resolvo todos os meus problemas como entrar em contato com as pessoas, acesso a contas, pesquisas, redessociais...

    Participante 8

    Poxa... Esses aplicativos até eu não terachava tudo uma palhaçada, depois do primeiro, queremos sempre os maisatualizados, os que têm mais funções. Enfim,

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    26/36

     

    26

    sou dependente desses aplicativos. Quando ainternet está fora do ar, ou não tenhocréditos me sinto a pior pessoa do mundo.Hoje o acesso facilitado faz com queestejamos mais próximos de pessoas e dascoisas... O grande problema é o vicio.

    Participante 9

     Ameniza as tristezas da vida, às vezes tenhonada pra fazer vou pra net, fuço tudo. Tbmaté coisas q não me convém, mas gosto de ficar na net prq gosto, as vezes leio coisasque me acrescenta as vezes não e por aí vai.tenho necessidade está online o tempo todotenho amigos e coisas nela tbm, trabalhocom a net e é por isso q to o tempo todo.

    A conexão passa a desempenhar um papel importante de inserção, realização social e

    inserção. Uma pulsão existencial para o cotidiano.

    Quadro 12 –  Categoria 4 segundo o Grupo Focal C

    GRUPO FOCAL C

    Unidade temática: conexões, dispositivos e extensões para a vida comum

    Unidade de registro: conectividade, vício e utilização

    Unidade de contexto

    Participante 1

    É meio que uma extensão do nosso corpo, pois quando estou triste ou abatido, procuroatravés deles (dispositivos) na internet, coisas para animar e motivar. Quando estou alegreou tenho algum êxito, geralmentecompartilho, digamos que faz bem pro ego,receber elogios e felicitações pelasconquistas. Na indignação, também posto,como forma de alertar as pessoas e expressardescontentamento. É algo que alivia, sentir-se ouvido, mesmo que na prática, nem todosse solidarizem ou manifestem.

    Participante 4

    Para mim a tecnologia é muito importante,mas não acho q é impossível viverdesconectado, e até acho e as pessoas qvivem assim devem ser mais felizes rsrs. [...]Prova disso é quando queremos relaxar, oque fazemos é desligar o celular e etc...

    Participante 9

    [...] Facilitam nossa vida, deixando ela maisrápida, porém às vezes essa "correria" todanos deixa estressados e ligados o tempo todo.a internet vicia sim, e quem não a utiliza de

     forma coerente corre o serio risco de ter essa

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    27/36

     

    27

    "doença" [vício em internet].

    As conexões permitidas pela internet são pervasivas, sencientes e ubíquas. Tais

    características técnicas se anelam a características de propensão cultural. Os sujeitos têm na

    conectividade um instrumento com o qual podem existir, verter seu ser e estar, construir

    relações e construir a si mesmos. Uma imanência é criada e não se trata daquela da processão

    de dispositivos e sistemas, e sim uma imanência da conexão como meio de posicionamento do

    devir humano.

    Com a conectividade inúmeros laços são estabelecidos entre indivíduos,

    informações, fluxos e espaços. É uma forma de diluir a própria existência e nela, acessar raias

    mais amplas. Tem-se assim, um modo particular de navegação social, de pontuar identidades,

    de dispensar signos e discursos. Com conexões, acessa-se uma modalidade singular de

    liberdade e, portanto, de retratos de subjetividades.

    Os resultados postulam um paradoxo:

      Conexões como fator de integração, construção de si e intercâmbios culturais.

      Conexões exacerbadas ou intensas, isto é, hiperconexão, estados de dependência.

    Conectados e hiperconectados, dois estados distintos emulando e sustentando novas

    formas de sociabilidade. Esta pervasividade e necessidade de conexão e acesso gestão e

    modelam novos hábitos, saberes e práticas. O que aqui se indica é um cenário de cenários que

    deve ser estudado, particularizado e observado ciosamente.

    3.6 Realidade versus  virtualidade: o ringue cotidiano

    Com a novidade da vida em rede, das conexões, dos fluxos digitais, da experiência

    on-line e da inserção da cibercultura no dia-a-dia, tornou-se natural o fomento de um embate

    que tem por ringue o cotidiano: a oposição entre realidade e virtualidade. Os Quadros 13, 14 e

    15 salientam:

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    28/36

     

    28

    Quadro 13 –  Categoria 5 segundo o Grupo Focal A

    GRUPO FOCAL A

    Unidade temática: realidade versus virtualidade

    Unidade de registro: real, virtual e relações.

    Unidade de contexto

    Participante 2

    Passada! O virtual está substituindo o real. 

    [...] Viraremos robôs. [...] Mas mesmo assim

    tenho medo... Pq meus pais e avós nuncativeram contato com a internet e hj isso faz parte de mim

    Participante 5

    Internet = caminho sem volta. O ser humanodeve se humanizar rsss e usar o resto como

     ferramenta.

    Realidade é entendida no conjunto de práticas e vivências off-line, sem qualquer

    ligação ou dependência de meios virtuais para se processar. Há a ideia de que tudo o que não

    evoque dimensões virtuais, seja a realidade em vias de fato. Tanto o é assim que, a

    virtualidade é entendida em todos os projetos e atos por meio de redes, sistemas e dispositivos

    on-line, não compreendidas como realidade de fato e sim como uma possibilidade mediada e

    não autêntica de se vida, gerando-lhe oposições de defesa sociológica.

    Quadro 14 –  Categoria 5 segundo o Grupo Focal B

    GRUPO FOCAL B

    Unidade temática: realidade versus virtualidade

    Unidade de registro: real, virtual e relações.

    Unidade de contexto

    Participante 4

    Eu posso estar errado, mas não consigo maisseparar as duas coisas. Não vejo mais ovirtual como algo perigoso [...].

    Participante 7

     Acho q ta substituindo, mas isso depende da pessoa que usa, tem gente q prefere manterum contato cara a cara, porém são poucas as pessoas, a interação na maioria das vezes fica prejudicada [...], na maioria dos bares erestaurantes vc não vê mais as pessoas falando entre ai só nos celulares. [...]Vi emuma propaganda inclusive uma marca decerveja gaúcha que criou aquele suporte degarrafa de cerveja q quando coloca a garrafaativa um negócio q bloqueia a internet nos

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    29/36

     

    29

    celulares p ver se o povo interage mais

    Participante 8

    Sim acho, acho que todo mundo tá envolvidonisso e já não tem mais por onde fugir, ondevc vai o primeiro assunto é o mundo virtual,ninguém ver nada ao vivo mais, ver só nanet... Sim a net ta ditando como devemosviver. Sim de fato está roubando.

    Por vezes o que é virtual, por transformar e ressignificar algumas práticas comuns, é

    taxado como usurpador da realidade, condição nefasta da humanidade, fator de soçobramento

    das práticas sociais e culturais. Entretanto, algumas elaborações apontam que um uso

    desordenado ou um conjunto de dilemas humanos é que fazem com que os ensejos virtuais

    sejam considerados nocivos.

    Quadro 15 –  Categoria 5 segundo o Grupo Focal C

    GRUPO FOCAL C

    Unidade temática: realidade versus virtualidade

    Unidade de registro: real, virtual e relações.

    Unidade de contexto

    Participante 3

     Acho que substitui a realidade no que tange a personalidade da pessoa, muitos veem nessesambientes uma oportunidade de secamuflarem e ser aquilo que não são.

    Participante 4

    [...] As crianças não sabem jogar futebol senão for pelo vídeo game, cada dia menosvemos crianças puxando um carrinho, porquetem que ser de controle remoto... O mesmoacontece com as relações de amizade. Achoque em alguns casos já há essa substituiçãodo real pelo virtual.

    Participante 9

    Sim, infelizmente o virtual tem tomado olugar da realidade, isso é perceptível nasredes sociais, sempre estão todos sorridentese felizes como se o mundo só fossem flores.Ou então expõem sua vida particular, seus problemas a milhares de seguidores como forma de desabafo ou para "ganhar fama"[...] Também se tem a grande vantagem dagrande movimentação q a internet pode fazer com a nação, vimos isso claramente nos protestos #vemprarua!

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    30/36

     

    30

    Embora não acha relação de oposição entre real e virtual, como ensina Lévy (2000),

    um confronto se estabelece nas intempéries e desarranjos sociais ou culturais observados

     pelos sujeitos ou em fenômenos que se complexificam diante da temática. Queixas sobre afrieza das relações e a evanescência de diversas facetas da vida são frequentes. Novos padrões

    de comportamento são notados, como catarse, exposição de si e privacidade. Uma série de

    aspectos que nublam a compreensão dos dispositivos e sistemas como apenas veículos de

    inovação técnica.

    Pode-se entender o embate real versus  virtual nos conflitos instaurados por novos

     padrões de sociabilidade perpetrados pela interconexão e pelas redes. Estranhamentos e

    temores tomam muitos sujeitos sociais na justificativa de um apagamento das relações e

    interações sociais tradicionais, genuínas e cálidas. Há uma tensão no tocante a transformação

    completa dos modos de vida em módulos virtuais e distantes do contato face a face ou da

    convencionalidade corriqueira dos relacionamentos. Uma narrativa obscura da cibercultura é

    contada tendo como trama o entorpecimento do real pelo virtual.

    É preciso chamar atenção para os achados:

      Torpor da virtualidade

      Realidade usurpada

      Transformação radical da vida social e da cultura

    Esse entorpecimento sociocultural supostamente perpetrado pela virtualidade em

    detrimento da realidade se justifica em uma série de casos noticiados e repercussões

    cotidianas observadas pelos atores sociais. Mazelas da vida on-line revelariam dimensões

    tórridas da cibercultura, caracterizando-a mais como um malefício moderno do que um bem

    em si. A realidade seria pouco a pouco usurpada para dar vazão a fábulas do cotidiano e

    fantasias subjetivas em uma espécie de terror pós-moderno. E assim, uma transformação

    radical –  e talvez irreversível –  da vida social e da cultura estaria instalada.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    31/36

     

    31

    Toca a este trabalho pontuar que ao passo que já se observem transformações

    substanciais em termos sociais e culturais, esse cabedal de mudanças compõe uma série de

    eventos de desenvolvimento técnico recente. Isto é, as inovações técnicas são relativamenterecentes e os desdobramentos de seu uso e apropriação estariam em uma fase de incubação,

     portanto, de aprendizado, entendimento e interpretação. Os novos hábitos diante da oferta do

    ciberespaço ainda se entrecruzam ante a percepção e adesão dos sujeitos. Mesmo na vida

     pública, o usufruto de produtos da cibercultura ainda não é totalizante. Nesse ínterim, tem-se

    um quadro de experiências graduais.

    Em tempos pós-modernos, é pertinente salientar que uma série de fatores incorre na

    ordem social para modificar estruturas e renovar conceitos (HARVEY, 2005; HALL, 2006).

     Não apenas a vida privada é afetada, mas a vida pública igualmente. Realidade e virtualidade

    compõem paradigmas da própria indagação filosófica sobre o devir humano na

    contemporaneidade. Assim, o ringue do real versus virtual amplia-se em extensões maiores

    ligados a bases antropológicas e filosóficas da vida em sociedade e do homem per si. O

    homem como animal político e social na pregação aristotélica é, indubitavelmente, um animal

    mais complexo pelo fulgor histórico e técnico, sendo um animal comunicacional e outras

     platitudes ainda a figurar e definir.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    32/36

     

    32

    4.  CONSIDERAÇÕES FINAIS 

    A cibercultura é uma realidade factual da vida social. Realidade esta que transformouformas de se pensar e processar práticas sociais e culturais. Em seus produtos, sinais

    expressivos de novas configurações de sociabilidade e ativação humanística. Noções de

    identidade, alteridade, subjetividades, pensamento e devir em cliques, acessos e interações.

    Sob o edifício pós-moderno, encaram-se sujeitos fragmentados, diluições e volatilidades que

    dizem respeito a um cenário contemporâneo de ressignificação.

     No ciberespaço, o anima social é pleno. Verte sua essência, constrói

    relacionamentos, interage e existe cambiante, fluido, ágil e pervasivo, tal qual a conexão pela

    qual acessa redes sociais, sistemas e programações integradas com todo o mundo. Nos

    achados do estudo, observou-se a processão de dispositivos e redes como instrumentos de

    vida e a conexão como uma forma de navegação social, caracterizando sujeitos pareados entre

    vida on-line e off-line.

    Chamou a atenção do estudo a franqueza dos sujeitos participantes ao descrever as

    relações que desenvolvem com a internet e suas múltiplas expressões. Salientou-se não apenas

    experiências objetivas e visões, mas o testemunho pessoal, a experiência cotidiana, por vezes

    catártica a que essas novas formas de comunicação os permitem. Nesse sentido, a pesquisa foi

    exitosa ao atingir o âmago dos depoimentos dos sujeitos sobre dimensões axiais da práxis

    social.

    Há que se destacar ainda que coexistem promessas e percalços nos predicados do

    ciberespaço. Se por um lado ferramentas e funções fazem do mundo uma aldeia global, poroutro, nuvens encobrem os méritos de interconexão, dispensando padrões de comportamento

    questionáveis. Na perspectiva dos sujeitos, as interações sociais são profundamente

    influenciadas e reconfiguradas. Isto significa apontar os produtos da cibercultura e sua

    influência como estopins para uma série de ineditismos no tocante ao devir dos sujeitos.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    33/36

     

    33

    O método de pesquisa pública pelo Projeto Eu+Cibercultura permitiu ao estudo uma

    organização sistemática e isenta de erros, tornando o trabalho ágil e confiável nos trâmites de

    uma pesquisa de selo qualitativo e de campo. A técnica de grupos focais online síncronos permitiu com que o estudo se aproximasse do objeto de estudo de um modo singular, sendo

     parte do próprio objeto, ali representado nas interações online. No tocante à condução do

    estudo, o percurso metodológico adotado permitiu o alcance dos objetivos e o atendimento de

    sua proposta, estimulando ainda o uso da técnica em estudos posteriores afluentes desta

    temática principal.

    Por limitações do estudo, pode-se posicionar aqui que esse tipo de estudo necessita

    de explorações sistemáticas de diversos espectros metodológicos a fim de se testar as teorias e

    levantamentos feitos. Além disso, a pesquisa qualitativa por sua caracterização própria não

     permite uma amostra numerosa, o que pode oferecer uma lacuna analítica à proposta. Está

    claro, assim, que esse estudo é estímulo para desenvolvimentos e elaborações

    complementares. O tema é vasto, sua incursão é certeira e sua relevância trafega não só nas

    instâncias das Ciências da Comunicação, mas na Sociologia, Antropologia e Filosofia.

    Constatou-se que a dinâmica social é afetada pela cibercultura e que os cenários pós-

    modernos são o terreno de desenvolvimento dessa premissa. Premissa essa que evoca o

    combate epistemológico entre realidade e virtualidade. Um confronto que se estabelece no

    empoderamento dos sujeitos no seio online, na emancipação de identidades e coletividades,

    no fragor catártico, na sociabilidade e no cenário tecnocultural que torna a internet e as

    tecnologias da informação e comunicação campos fascinantes de processamento humano.

    REFERÊNCIAS

    ABREU, N. R.; BALDANZA, R. F.; GONDIN, S. M. G. Os grupos focais on-line: das

    reflexões conceituais à aplicação em ambiente virtual. Revista de Gestão da Tecnologia e

    Sistemas de Informação, v. 6, n. 1, 2009.

    BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2007.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    34/36

     

    34

    BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro:

    Zahar, 2001.

     ________________. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. 

    BORDINI, G. S.; SPERB, T. M. O uso dos grupos focais on-line síncronos em

     pesquisa qualitativa. Psicologia em Estudo, v. 16, n. 3, jul./set. 2011.

    CASTRO, F. F. Fenomenologia da Comunicação em sua quotidianidade. Intercom, v.

    36, n. 2, p. 21-39, jul./dez. 2013.

    GIBSON, W. Neuromancer. São Paulo: Aleph, 2003.

    GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo; UNESP, 1991.

    HALL, S. Aidentidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da

    Silva. 11 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

    HARVEY, D. Condição Pós-moderna. 15ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

    INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo

    Demográfico 2010: características da população e dos domicílios. Resultados do universo.

    Rio de Janeiro: IBGE, 2011.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    35/36

     

    35

     ___________________________________________________. Pesquisa Nacional

    por Amostra de Domicílios 2011: acesso à internet e posse de telefone móvel celular para

    uso pessoal. Rio de Janeiro: IBGE, 2013.

    LEMOS, A. As estruturas antropológicas do ciberespaço. In: _______. Cibercultura,

    tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2008.

    LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2000.

    LIPOVETSKY, G. Os tempos hipermodernos. Com Sébastien Charles. São Paulo:

    Edições 70, 2013.

    MATTELART, A. A globalização da Comunicação. Tradução de Laureano Pelegrin.

    São Paulo: EDUSC, 2000.

    MCLUHAN, M. Osmeios de comunicação como extensões do homem. 12ª ed. São

    Paulo: Cultrix, 2002.

    MOZZINI, C. Diferenças e comuns na era digital. Biblioteca Online de Ciências da

    Comunicação, v. 1, p. 1-6, 2014.

    SANTAELLA, Lúcia. Da cultura das mídias à cibercultura:o advento do pós-humano.

    Revista Famecos, Porto Alegre, v.1, n.22, dez. 2003. p. 23-32.

  • 8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus

    36/36

     

    VELLOSO, R. V. O ciberespaço como ágora eletrônica na sociedade contemporânea.

    Ciência da Informação, v. 37, n. 2, mar/ago. 2008.