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e-book.br EDITORA UNIVERSITÁRIA DO LIVRO DIGITAL O TROVADORISMO Parte I: Crítica e Apuração de Textos Cid SeixaS https://issuu.com/e-book.br/docs/trovadorismo1 GALAICO-PORTUGUÊS

Cid SeixaS O TROVADORISMO GALAICO-PORTUGUÊS · Cantigas de Amor é o título do se-gundo volume. Cantigas de Amigo, o do terceiro, e Cantigas de Escárnio e Maldizer, do quarto volume

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e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA

DO L IV RO DIGITAL

O TROVADORISMO

Parte I: Críticae Apuração de Textos

Cid SeixaS

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Os livros eletrônicosda coleção E-Poket,conforme o título jáindica, têm como ca-racterística o tamanhoreduzido, similar àspequenas coleções debolso. No caso presen-te, o formato e-poketfoi desenvolvido paraser lido, com todo con-forto visual, em celu-lares e outros equipa-mentos de telas comtamanho diminuto.

O TrovadorismoGalaico-Português, li-vro originalmente pu-blicado no ano de1997, em brochura im-pressa, e agora dispo-nibilizado em mídiadigital, é dividido emcinco partes para seadequar ao formatobreve dos demais li-vros da coleção E-Poket.

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Copyright 1997 © by Cid Seixas

Rua Dr. Alberto Pondé, 147/103CEP 40 296 250 — Salvador, Bahia, BRASIL

E-mail: [email protected]

O TROVADORISMOGALAICO-PORTUGUÊS

Volume 1:Crítica e Apuração de Textos

Volume 2:Cantigas de Amor

Volume 3:Cantigas de Amigo

Volume 4:Cantigas de Escárnio e Maldizer

Volume 5:Outras Cantigas Trovadorescas

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O TrovadorismoGalaico-Português

Cid Seixas

Parte 1:Crítica e Apuração de Textos

Com Apuração dos Textosem Língua Arcaica

Editora Uviversitária do Livro D igital

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Tipologia: Gatineau, corpo 12Formato: 100 x 170 mmNúmero de páginas: 112

Salvador, 2019

Coleçãoe-poket

Endereços deste e-book:issuu.com/e-book.br/docs/trovadorismo1

e-book.uefs.br/trovadorismolinguagens.ufba.br/trovadorismo

CONSELHO EDITORIAL:Cid Seixas (UFBA | UEFS)

Ester Ma de Figueiredo Souza (UESB)

Gabriel Evangelista (UEFS)

Marcio Ricardo Coelho Muniz (UFBA)

Rita Aparecida Coelho (UNEB)

Tércia Valverde (UEFS)

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SUMÁRIO

Ao Leitor ............................................ 9

Introdução ........................................ 15

Perspectiva crítica ............................. 23

Mapas da Peníssula Ibérica ............ 56

Critérios de Apuraçãodos Textos ......................................... 61

Glossário de TermosGalaico-Portugueses ........................ 73

Referências e Bibliografianão referenciada ............................... 99

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Não se pode ensinar alguma coisaa alguém. Pode-se auxiliar a desco-brir. Essas palavras de Galileu sãobem mais adequadas ainda em rela-ção à Literatura.

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Foi precisamente no final do séculopassado e início deste novo século quesaiu a primeira edição impressa do li-vro O Trovadorismo Galaico-Portugu-

ês. Somente agora, cerca de vinte anosdepois, foi possível fazer uma nova edi-ção, desta vez, destinada ao grandepúblico leitor, posto que, abrindo mãodos direitos autorais, a obra é disponibi-lizada na internet, através da Editora Uni-versitária do Livro Digital – a E-Book.Br.

Levando em conta o fato de os tele-fones celulares e smart phones serem

AO LEITOR

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atualmente os instrumentos de uso maisconstantes para leitura por parte de jo-vens e estudantes, foi criada, no anode 2015, a coleção E-Poket, cujas di-mensões reduzidas permitem que se leiaem telas pequenas, com todo o confor-to e comodidade de um livro impressoou de uma tela maior de computador.

Desse modo, dividimos o livro emcinco partes ou volumes, para facilitaro manuseio e tornar mais rápida a con-sulta a cada um dos assuntos estuda-dos, inclusive, se for o caso, na sala deaula, na presença do professor.

O livro nasceu em um momento emque os alunos concluiam o ensino mé-dio em condições de ler e compreen-der os textos que representaram, no sé-culo XIII, o ponto de partida das litera-turas portuguesa, brasileira e dos de-mais países de língua comum.

É com descontentamento que, naqualidade de professor, regristro o fato

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de hoje não mais ser possível aos estu-dantes – especialmente à grande maio-ria formada por egressos de escolas pú-blicas – o simples domínio do ato deleitura e compreensão de textos.

Com vistas a manter a grafia utiliza-da na época dos trovadores, segréis ejograis, preparamos um glossário de ter-mos arcaicos e uma espécie de paráfra-se interpretativa de cada uma das can-tigas. Em decorrência desse critério di-dático, creio que o livro, ainda nos diasde hoje, pode ser usado nos cursos in-trodutórios de Literatura.

A primeira parte (ou volume) – Crí-tica e Apuração de Textos – é onde ex-plicamos o nascimento desses singelosPOEMAS ou, mais precisdamente, CANTI-GAS, conforme a denominação adota-da. Isto porque eram concebidos comapoio do suporte melódico, para seremcantados, tocados e bailados, em ummomento histórico em que poucas pes-

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soas, mesmo de classes privilegiadas,tinham acesso à leitura e à escrita.

Como se vê a arte da palavra surgiuentrelaçada à arte da música e da dan-ça, só ganhando autonomia quando astécnicas de escrita e de leitura se torna-ram de domínio comum a todas as pes-soas de um determinado grupo social.

Cantigas de Amor é o título do se-gundo volume. Cantigas de Amigo, odo terceiro, e Cantigas de Escárnio e

Maldizer, do quarto volume. O quintoe último é denominado de Outras Can-tigas Trovadorescas, onde são apresen-tadas formas de composições poucoreferidas nos manuais escolares.

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Críticae Apuração

de textos

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Eno sagrad’, en Vigo,baylava corpo velido:Amor ey!

En Vigo, eno sagrado,baylava corpo delgado:Amor ey!

Baylava corpo velido,que nuca ouver’ amigo:Amor ey!

Baylava corpo delgado,que nuca ouver’ amado:Amor ey!

Sete Catigasde Amigo

Martin Codax

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INTRODUÇÃO

O Trovadorismo Galaico-Português

reúne no mesmo volume trabalhos quepoderiam constituir três tipos de livros:história literária, crítica e crestomatiamedieval. Aqui estão alguns textos lite-rários, desde as cantigas de amor e deamigo do século XIII, passando pelasmanifestações menos conhecidas, comoo sirventês e a tençon, até as cantigasdo século XIV, época em que o gêneroentra em declínio. Precedidos de dis-cussões historiográficas e críticas, os tex-tos deste volume são apresentados iso-ladamente, de forma a possibilitar aoleitor que tenha dúvidas quanto ao con-

(À primeira edição impressa)

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teúdo de uma cantiga, por exemplo,recorrer às notas de leitura, no fim decada parte, onde encontrará comentá-rios específicos sobre as passagens quenão lhe pareceram claras.

As características deste livro decor-rem da sua origem: ele resulta das nos-sas aulas de Literatura Portuguesa noInstituto de Letras da Universidade Fe-deral da Bahia. Dispersas em fotocópi-as e apontamentos passados aos estu-dantes, as páginas deste livro nasceramde maneira despretensiosa: voltada parauma necessidade prática de estudantesbrasileiros, quase sempre sem nenhumcontato anterior com o acervo da Lite-ratura Medieval.

Um ponto que merece observaçãonesta antologia é a apresentação dostextos, de acordo com a escrita da épo-ca, permitindo ao estudanante um pri-meiro contato não só com um universoartístico e cultural desconhecido, mas

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também com as formas primitivas danossa língua. Para tanto, procuramostomar como parâmetro edições críticasou edições diplomáticas dos textos ar-caicos, mas não ficamos limitados àtranscrição das edições mais creden-ciadas. Como a antologia tem uma fi-nalidade declaradamente literária, istoé, estética, achamos conveniente ado-tar alguns critérios que, do ponto devista exclusivamente filológico, talveznão sejam os mais recomendados.

Assim, por exemplo, mesmo acatan-do a lição do texto do Cancioneiro da

Ajuda, de D. Carolina Michaëlis de Vas-concelos, chegamos a uma apuraçãofinal com algumas soluções diferencia-das. Para que o estudante de Literaturatenha um primeiro contato o mais au-têntico possível com as origens das nos-sas letras, procuramos, por exemplo,evitar a acentuação moderna, adotadapara os textos arcaicos por quase todos

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os editores críticos. Sempre que possí-vel, os diacríticos foram substituídos pormarcações alternativas a partir dos cri-térios usados pelos próprios copistasmedievais.

Como a nossa finalidade é essenci-almente estética, acreditamos que aocriar visualmente, através da escrita, odeslocamento do estudante da sua rea-lidade de sujeito do século XX, parauma atmosfera estranha e até entãodesconhecida, a do século XIII, já co-meçamos realizando parte do trabalhonecessário à criação de condições parao entendimento e a interpretação dotexto.

Por outro lado, cumpre-nos atribuiros créditos a pessoas ou instituições quetornaram possível a realização deste tra-balho. Numa primeira etapa da trans-crição dos textos, contamos com a co-laboração da licenciada Eneida Santana,bolsista de aperfeiçoamento do CNPq,

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sob nossa orientação. Ela também or-ganizou conosco uma primeira versãodo glossário que acompanha este volu-me. Contamos em seguida com a cola-boração da professora Samantha MouraMaranhão que, antes mesmo que lhefosse concedida a bolsa de aperfeiçoa-mento solicitada para este fim ao CNPq,iniciou o trabalho de revisão do texto ediscutiu com o autor um primeiro con-junto de critérios adotados e, em segui-da, substituídos pelos atuais. Nos pri-meiros critérios, buscávamos soluçõesarcaizantes, como a manutenção de nn

e ll para marcar a palatalização, bemcomo o uso das letras i e u com valorde consoantes, de acordo com a grafiado século XIII. Durante este tempo, aestudante Karina Barbosa tambémacompanhou o trabalho na qualidadede bolsista-monitora da UFBa.

Quanto aos critérios adotados nestelivro para a transcrição das cantigas, re-

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metemos o leitor interessado ao item“Critérios de apuração dos textos”.

Agradecemos à Universidade Fede-ral da Bahia, instituição à qual estamosligados como docente e pesquisador,bem como aos colegas do Instituto deLetras, entre os quais merece destaquea Professora Doutora Rosa VirgíniaMattos e Silva, que nos socorreu comempréstimos de livros e com um diálo-go dos mais proveitosos, ajudando aamenizar a nossa ignorância.

Como o trabalho não está concluí-do, mas continua sendo repensado,enquanto publicação resultante de umprojeto de constituição de um bancode textos da literatura portuguesa, agra-decemos, desde já, aos colegas queenviarem críticas e sugestões. Essas, se-guramente, tornarão o livro de maiorsenventia para os leitores.

Cabe ainda chamar atenção para asabordagens históricas e críticas que

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abrem o trabalho, assim como para osestudos específicos de cada uma dasformas de cantigas medievais. Emborano fim de cada uma das partes do livrosejam feitas paráfrases e tentativas deinterpretação dos textos, é indispensá-vel que, a partir dos termos do glossá-rio, o leitor faça suas próprias interpre-tações, eventualmente divergentes dasnossas. Tal atitude enriquecerá as in-formações e corrigirá naturais distorçõesde perspectiva.

Por fim, cabe dizer, como confissãode débito, que o diálogo com raros alu-nos interessados, representou parte doestímulo necessário para que o livro fos-se escrito. Ele é apenas um registro di-dático das nossas aulas (nada sistemá-ticas). Se servirem para as aulas de ou-tros colegas, ou para a informação doleitor culto, o livro terá cumprido seuobjetivo.

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PERSPECTIVACRÍTICA

Sobre o Trovadorismo

Galaico-Português

Os eruditos do século XVI propicia-ram ao mundo moderno a ideia de quea Idade Média representou a longa noi-te, ou o momento de trevas, da civiliza-ção ocidental. A designação hoje cor-rente de Renascimento, para o novomundo instaurado pelos acontecimen-tos desencadeados a partir do séculoXV, também reafirma a ideia de um hi-ato entre o mundo antigo e o admirá-vel mundo novo.

Não vamos aqui contestar esta pers-pectiva, difundida, talvez, devido ao fatode longos anos da Idade Média terem

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sido marcados pelo domínio da Euro-pa por povos vindos de outros conti-nentes. O mundo cristão, no qual seconverteu o antigo império romano, foiinvadido por culturas e crenças diver-sas, tendo alguns invasores dado ori-gem a civilizações que hoje dividem opoder na Europa.

Nos lugares onde os invasores pro-curaram assimilar a antiga tradiçãogreco-romana, foram feitas tentativas deconstruir um novo império europeu.

Na Península Ibérica, que pelas suascaracterísticas e riquezas culturais seconstitui em um segundo continente, aconcentração de árabes e judeus fez flo-rir uma importante cultura diferenciadade outras regiões da Europa. Na Andalu-zia, por exemplo, em torno do séculoXII, a cultura judaico-moçárabe permi-tiu o florescer de uma primavera inte-lectual, em muitos aspectos, compará-vel ao Renascimento do século XVI.

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Mas o mesmo século XII que mar-cou o apogeu e o declínio da culturamourisca, no continente hispânico, as-sistiu ao esforço de renascimento dacultura cristã. É aí que tem lugar de des-taque a contribuição do povo galegopara todas as Espanhas. Cidades comoVigo e Compostela (essa última torna-da sagrada pela tradição mítica em tor-no do apóstolo Santiago) tornaram-selugar de convergência do espírito oci-dental-cristão. Se os mouros se volta-vam para a sua cidade santa, os cris-tãos encontraram em Santiago deCompostela a sua própria Meca.

É por isso que os poderosos reis deLeão e Castela, ou mesmo os seus des-cendentes no novo reino de Portugal,cultivaram a língua galega como idio-ma poético. A Galícia dos séculos XII eXIII pode ser vista como uma espéciede centro intelectual de reação cristã àextraordinária cultura mourisca consti-

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tuída pela diáspora árabe e judaica aoatingir a Península Ibérica.

Eis a razão pela qual a região é ber-ço e palco de um movimento artísticoreunindo música, dança, poesia e tea-tro na arte dos trovadores, segréis ejograis. Esse movimento galego tevepara a Península Ibérica importânciacomparável à poética dos trovadoresprovençais, com relação às outras par-tes da Europa e do mundo.

Quando na região francesa de Lan-gue D’Oc os trovadores atingiram altosmomentos de poesia em língua verná-cula, ou local, a sua arte foi imitada naItália, na Alemanha e em outras regi-ões cujas línguas e culturas nativas pro-curavam seguir os caminhos inventivosdas culturas greco-latinas, ainda vivasna tradição literária.

Se para o resto da Europa, o trovado-rismo provençal foi o modelo prepon-derante, para as Espanhas, o trovadoris-

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mo galego serviu de norte. O poderosorei Don Afonso X, o Sábio, que reuniaem sua cabeça as coroas de Leão eCastela, além de outras terras, utilizavatanto o castelhano quanto o galego nassuas composições. Seu neto, D. Dinis,rei de Portugal, também compunha suascantigas na velha língua literária daGalícia, hoje chamada de galego-por-tuguês.

Quando vemos os acontecimentosgalegos do século XIII como uma equi-valência, para a cristandade, da grandeefervescência intelectual de origem ára-be na Andaluzia, estamos falando deum processo cultural altamente rico; deuma espécie de antropofagia culturalhispânica. Os eruditos e estudiosos ga-legos valeram-se dos elementos cultu-rais árabes, longamente infundidos aomundo ibérico, para, ao lado da tradi-ção greco-latina, forjar a sua arte, umaarte galega e ibérica.

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Muitos autores de tratados acadêmi-cos ou escolares procuram subordinara arte dos galegos à dos provençais,esquecendo-se de que um complexotecido dá sustentação ao trovadorismoibérico. Na Galícia, eram conheciadaspor um lado as composições em latimdos clérigos e eruditos, reunidos nosescritórios monásticos, e por outro ladoas canções e poemas em língua moçá-rabe e até mesmo em árabe. Da reu-nião de elementos latinos e árabes sur-giu um novo trovadorismo.

As cantigas de amigo, que constitu-em o mais rico material poético da nos-sa tradição, são de origem popular. Eesta forma galega de um homem com-por uma cantiga para expressar o senti-mento de uma mulher, como se fosse aprópria mulher quem fala, é uma cor-respondente hispânica de um tipo decomposição trazida pelos árabes. Ascantigas de amigo, nas quais uma moça

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fala com a mãe, com as irmãs, ou mes-mo com a natureza, sobre o seu amigo— isto é, o seu namorado —, são recri-ações literárias das antigas carjas, com-postas em moçárabe. A mulher elegecomo objeto a ser cantado na sua carja,o habib, ou seja, o amado, como nestepequeno fragmento, onde palavras la-tinas e árabes se confundem:

— Que faré mamma?

Meu al-habib est’ ad yana.

Enquanto as carjas eram cantosanônimos entoados por mulheres deorigem mourisca, as cantigas de amigoeram obras ficcionais nas quais o tro-vador representava a mulher cristã deorigem popular falando do seu namo-rado. Se as carjas eram compostas ecantadas pelas próprias mulheres, ascantigas de amigo eram poemas ou can-tigas literárias nas quais o autor cria uma

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personagem feminina para narrar as suashistórias amorosas.

A Galícia foi, portanto, numa talperspectiva, centro de constituição deuma cultura ocidental-cristã no mundomourisco da Península Ibérica.

Por esse motivo, o primeiro movi-mento coletivo a deixar marcas no pro-cesso de formação da Literatura Portu-guesa foi o Trovadorismo Galaico, quealcançou grande expressão no séculoXIII. Como se vê, o chamado Trovado-rismo Galaico-Português não é um mo-vimento nacional, mas uma moda ar-tística comum a toda Península Ibérica,onde as cantigas dos trovadores servi-ram de modelo nas casas reais e noscastelos hispânicos de Leão, Castela,Aragão, Galiza e Portugal.

As cidades da Galícia, especialmen-te Vigo e Santiago de Compostela, fo-ram palco de romarias e cultos religio-sos que imprimiram uma concentração

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humana incomum aos hábitos medie-vais das cidades ibéricas. Os atos e re-presentações, promovidos pelo clero,para fixar o domínio da fé, serviram deestímulo para o florescer das atividadesartísticas, presentes nas antigas influên-cias clássicas, na contribuição da cultu-ra árabe e na própria tradição local. Aefervescência trovadoresca do séculoXIII resulta de uma soma de elementose de um tecido cultural longamente ela-borados.

Como a Língua Portuguesa, nas suasprimeiras manifestações, confunde-secom a língua falada na Galícia, estudi-osos de um e do outro lado da frontei-ra designam o idioma comum de Gale-go-Português, estendendo o duploepíteto ao movimento trovadoresco.

A importância do trovadorismogalaico-português não se estende ape-nas à Península Ibérica, mas é assinala-da em todo o mundo. Já os poetas me-

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dievais de outros países procuravamconhecer a nossa lírica, como bem re-gistra Ernest Robert Curtius, no seu li-vro Literatura européia e idade médialatina. Raibaut de Vaqueiras, no sécu-lo XIII, apresenta uma composição cujascinco estrofes são compostasalternadamente nas línguas poéticasmais usadas no mundo românico:provençal, italiano, francês, gascão egalaico-português. Com o advento doRenascimento, o interesse por esta pro-dução não decaiu, tanto que dois dosnossos mais completos cancioneiros sãocópias italianas do século XVI. E esteinteresse permanece nos séculos XIX eXX. Na Alemanha, por exemplo, os es-tudos das partituras de Martin Codaxpossibilitaram gravações de disco compossíveis hipóteses do que teria sido amelodia das cantigas galaico-portugue-ses, uma vez que a notação musical daépoca não foi descodificada pelos

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musicólogos. Também em Salvador, nadécada de sessenta, musicólogos dosentão denominados Seminários Livresde Música da Universidade da Bahiagravaram um disco resultante dos estu-dos sobre as cantigas trovadorescas.

Por outro lado, a compreensão dopanorama linguístico e literário medie-val deve levar em conta a natureza dosubstrato cultural da região, inclusive ahistória do período anterior às invasõesdos romanos, germanos e árabes.

Quando os exércitos de Roma en-frentaram os Lusitanos e Galegos, en-contraram civilizações seculares, cominstituições sólidas e nativas, como ados antigos Celtas Ibéricos, Keltiberi ouCalaicos, como eram chamados pelosromanos.

Os historiadores datam de um milê-nio antes de Cristo a emigração celtada Europa Central para a Península Ibé-rica, fundindo sua cultura à das tribos

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nativas e forjando uma nova civiliza-ção, a dos celtiberos, com técnicas esistemas mais avançados.

Esta sobreposição de culturas diver-sas — dos Celtas, Romanos, Suevos,Visigodos e Mouros — talvez expliquea tradição artística galaico-portuguesa,de caráter nativo ibérico, capaz de seenriquecer com o influxo provençal tra-zido pelas cruzadas e pelos cavaleirosda fé.

Se a região de Provence, onde sefalava a Langue D’Oc, ou o Provençal,conhecia uma escola de trovadores maisantiga e requintada no seu estro, osjograis e menestréis franceses não tar-daram a levar esta arte aos castelos ibé-ricos e às festas de Vigo e Compostela,esta última cidade transformada emirresistível centro de atração para o es-pírito medieval, por ser conhecida comoo sítio que abrigava a sepultura de Sant’Iago, o Mata Mouros, santo guerreiro

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de todas as Espanhas, topônimo queincluía a atual nação portuguesa.

É provável que a sutil poesia dascantigas provençais tenha influenciadodecisivamente o Trovadorismo Galego,como atesta o nome que era dado aoautor das composições desta época: tro-vador, termo derivado de troubadour.Parte do vocabulário trovadoresco foiimportado do provençal, numa evidenteadoção da moda cortesã dos castelosde França. Não bastasse esta evidência,o código amoroso das cantigas de amor,formal e ascético, com indisfarçávelplatonismo cristão, destoa inteiramentedos costumes descontraídos do homemibérico, registrados nas composiçõespopulares e de acento tipicamente lo-cal. Isto quer dizer que a moda dosprovençais chegou aos castelos ibéri-cos impregnada pela moral da igreja edos cavaleiros cristãos. Enquanto osprovençais dirigiam suas galantes can-

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tigas às mulheres casadas, à espera defavores amorosos, a cantiga de amorgalega elege uma virgem de virtudesdecantadas. Quando uma dama com-prometida é objeto do cantar galaico-português, o louvor vem envolvidonuma vassalagem quase devota; místi-ca, portanto.

Acrescente-se, porém, que ao ladodos argumentos que supervalorizam ainfluência provençal no trovadorismogalego, há indícios de uma autonomiadesta produção. Até mesmo a designa-ção dos autores das cantigas, os trova-

dores, tanto pode vir de trobadour,quanto de outras fontes. Estudiososportugueses, como Vitorino Nemésio eRodrigues Lapa, apontam a origem donome a partir de tropare, isto é, fazertropos, conhecida figura de retórica queconsiste no desvio de sentido comu-mente atribuído de uma expressão.Como esta figura era conhecida tanto

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na Península Ibérica quanto em outraspartes da România, acreditamos que ostrovadores medievais do mundo româ-nico poderiam ter a designação normal-mente constituída no processo da deri-va de suas línguas. No caso galaico-português, Vitorino Nemésio afirma quetrovar não deriva de turbare, mas detropare, registrando ainda a formatrobo, na região de Trás-os-Montes, paradesignar formas e cânticos litúrgicos. Éo erudito, através da igreja, assentan-do-se no meio popular.

Tal perspectiva rejeita a ideia simplis-ta de alguns estudiosos que veem a artedo poeta como uma forma de turvarou de distorcer os conceitos linguísticos.O artista não turva as águas do rio desentidos, que é vida social, mas vislum-bra outras configurações, nas regiõesturvamente vistas. Assim turvare etropare, apesar de parecidas do pontode vista fônico, são distintas do ponto

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de vista semântico. O tropos da retóricagrega e da semântica históricacorresponde a um desvio do sentidolinguístico, enquanto o mesmo termogrego designa em poética os vislumbrese configurações de um sentido inaugu-ral. Convém ter cuidado para não re-duzir o universo dos sentidos ao estrei-to rigor científico das concepçõeslinguísticas. A Língua, que nos faz Ho-mens, racionais e simbólicos, portanto,é mais sábia que a linguística, ao con-ter a poesia na sua possibilidade de fa-zer-se e refazer-se.

A existência de uma tradição de can-tigas ibéricas, reforçada pela nova in-fluência, vinda de fora, explica a quali-dade das cantigas de amigo que, aocontrário do que pensam alguns estu-diosos, não são composições apenassimples. Elas aliam à simplicidade dasua origem popular, um requintado estromedieval. Não esqueçamos que algu-

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mas das peças mais bonitas e mais bemconstruídas do trovadorismo galaico-português são cantigas de amigo.

As cantigas de amor, eufemizadaspela etiqueta da corte, às vezes reve-lam uma indiscutível inf luênciaprovençal aliada aos bons costumes cris-tãos. O afirmar-se ibérico e negar-seprovençal era uma preocupação donosso trovadorismo, conforme docu-mentam os cantares do Rei Trovador,D. Denis (ou D. Dinis):

Quer’eu en maneyra de proençal

fazer agora un cantar d’amor

ou ainda:

Proençais soen muy ben trobare dizen eles que é con amor.

Ao relacionar sua expressão lírica àtradição provençal, D. Denis procura

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sublinhar a excelência do canto galaico-português, inaugurando assim em Por-tugal o primado da sinceridade na ex-pressão poética:

mays os que trobam no tempo da frole non en outro sey eu ben que nonam tan gran coyta no seu coraçonqual m’eu por mha senhor uejo leuar.

As convenções fingidas do artifíciopoético que submetem o eu lírico àsestações da natureza são vistas comdesconfiança. O cantor sincero e como-vido seria para o velho trovador o artis-ta almejado. Desde aí, a sensibilidadeportuguesa colocou poesia e ficção emcampos separados. Foi preciso Pessoaassumir a provocação do verso

O poeta é um fingidor

para que, muitos séculos depois, en-tendêssemos que fingir é conhecer-se.

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A sinceridade e a castidade cristãs,embora não fizessem parte da práticamedieval portuguesa, como atestam oscostumes dissolutos das cortes, faziamparte das suas convenções sociais. Ascantigas de amor, forjadas pelo “cos-mopolitismo” da cultura cristã da IdadeMédia, revelam o ideal ascético da Eu-ropa cristianizada.

O mesmo não acontece com as can-tigas de amigo, de cor nativa, tanto navisão de mundo quanto nas numero-sas referências aos centros religiosos daGalícia medieval, a exemplo das setecantigas de Martin Codax:

Eno sagrado, en Vigo,

bailava corpo velido

ou:

Ondas do mar de Vigo,se vistes meu amigo?

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ou também:

Mha irmana fremosa, treydes comigoa la igreja de Vig’, u é o mar salido

e ainda:

Quantas sabedes amar amigo

treydes comig’ a lo mar de Vigo.

Assim, as cantigas de amor, nasquais o trovador dirige-se com reverên-cia e contemplação à inatingível damapor quem suspira, contrastam com orealismo erótico das cantigas de ami-go, onde o trovador dá a palavra àmulher que fala da sua paixão.

A mulher que expressa seus senti-mentos nas cantigas de amigo é maishumana e palpável que a etérea inspi-radora das cantigas de amor. O códigoamoroso destas últimas composiçõesaproximava a dama ideal da figura

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imaculada da Virgem Maria. O ato doamor era uma mácula que não podiaencarnar a imagem da dama merece-dora de suspiros e ais; concepção queemigrou do trovadorismo para a poe-sia portuguesa do século XV e foi con-solidada pelo romantismo, no séculoXIX, marcando o triunfo da abstinênciacristã. O ato amoroso, que dá vida aoser, não era visto como a epifania danatureza humana, mas como o pecadooriginal que conduzia até mesmo o re-cém-nascido ao fogo do inferno, se nãofosse lavado pelas águas batismais daigreja.

Enquanto as cantigas de amor e ascantigas de amigo, observadas suas di-ferenças, constituíam a vertente lírica dotrovadorismo, as manifestações satíricasse davam nas cantigas de escárnio e

maldizer. As primeiras deveriam com-preender a sátira sutil, a ironia e o eu-femismo na crítica aos costumes; en-

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quanto as de maldizer chegavam, qua-se sempre, à ofensa pessoal maisdespudorada e aberta, ou mesmo por-nográfica.

Não esqueçamos que até o séculoXIV a escrita era uma arte, ou uma téc-nica, pouco difundida em Portugal,exercida apenas nos mosteiros e con-ventos por escribas de textos sagrados.Como ocorre em toda cultura, a poesiase manifestava de forma oral, não atre-lada ao código ortográfico, mas ligadaà música e, às vezes, à dança. Aliás,nestes anos que antecedem à chamadaredescoberta humanística pela IdadeMédia (datada simbolicamente do Sé-culo XV, com o advento da obra deFernão Lopes), não se encontram ma-nifestações artísticas de um tipo único,mas manifestações híbridas. Não temosainda literatura, como não temos poe-sia nem teatro como formas definidas eautônomas. Todas estas artes estão

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embrionariamente reunidas num só tipode manifestação que é, simultaneamen-te, de poesia, de música, de dança, deteatro etc. A função lúdica por excelên-cia, de permitir o conhecimento e aampliação dos horizontes do indivíduode modo despretensiosamente prazero-so era a pedra de toque da arte medie-val, como também da arte antiga. Lem-bremos da velha máxima tomada comolema pelo fundador do teatro portugu-ês, Gil Vicente, em 1502, já próximo doRenascimento: ridendo castigat mores.A arte, rindo corrige os costumes, sema pretensão sacralizadora que encheude arrogância os artistas dos séculosposteriores.

Assim foi o Trovadorismo, com suascantigas tocadas, cantadas e dançadaspor soldadeiras, saltimbancos, menes-tréis, segréis e jograis. Embora popula-rizado, este movimento desfrutava degrande prestígio nas cortes ibéricas,

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onde se destacam dois reis trovadores,D. Afonso X, o Sábio, de Leão e Castela,e seu neto, D. Denis, de Portugal.

Uma das formas de aquilatarmos oquanto a arte de trovar era grata às cor-tes ibéricas foi proporcionada pelo ar-raigado sentimento de classe que mar-cava a cultura medieval. Nobres e vi-lões estavam separados por um intrans-ponível fosso social que filtrava atémesmo o gosto e a sensibilidade. Daí aindignação provocada aos nobres quan-do um vilão, encarregado de cantar,tocar ou dançar as cantigas compostaspelo seu senhor, também cometia assuas composições. Antigos pergaminhosregistram a irritação causada na corteportuguesa de D. Afonso III por umcerto Jogral Lourenço, que esteve a ser-viço de alguns nobres, entre os quaisdo trovador D. Joan Garcia de Guylha-de. Os jograis passavam a servir aos bemnascidos senhores a troco de morada,

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vestuário, alimentação e bebida, nãosendo raras as desavenças causadaspelo desconforto da relação. São co-nhecidas as tenções, ou as discussõesem forma de cantigas, entre o jogral eo trovador, seu senhor. Inúmeras des-tas peças aparecem com o nome dojogral Lourenço, em disputas verbaiscom trovadores como D. J. Garcia deGuylhade, D. Joan Soares Cõelho eoutros. Dizem os cronistas que o rebel-de jogral Lourenço, na sua albergagempelos castelos portugueses, criou tantasdesavenças que foi buscar abrigo nacorte castelhana, de D. Afonso X, o Sá-bio.

As tenções de gosto medieval, comooutras manifestações da arte popularibérica, continuam vivas no nordestebrasileiro, designadas de pelejas pelostrovadores e violeiros populares.

Os jograis, com suas artes e suasambições, representam a grande massa

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formadora da vida social na Idade Mé-dia, enquanto os trovadores requinta-dos e cultos representam uma minoria.Mesmo os nobres não tinham acessoàs ciências da época, ministradas pelosmonges. O ensino era privativo daque-les que pretendiam a vida eclesiástica ede pouquíssimos homens de alta linha-gem a quem eram ministrados, nos pró-prios castelos, os ensinamentos restritosaos mosteiros.

A época do trovadorismo deve servista como um momento contraditórioe cheio de desigualdades: ao lado dacultura oral e até mesmo do isolamen-to e do obscurantismo de muitos, haviailhas de saber. Tanto assim que a lin-guagem do Cancioneiro da Ajuda, obrado final do século XIII, já demonstrarequinte e preocupação formal. D. Ca-rolina Michaëlis de Vasconcelos, noscomentários do segundo volume da suaedição crítica, chega a louvar a admi-

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rável ortografia sistemática do Cancio-neiro da Ajuda, que faz a estudiosaacreditar na fixação de padrões, acata-dos por todos que se dedicavam à arte.Ela inclusive estende a responsabilida-de da escrita das cantigas, não apenasaos copistas do scriptorium responsá-vel por esta tarefa, mas a alguns trova-dores que teriam deixado registrado emcódices, que serviram de modeloarcaizante, seus próprios inventos ver-bais. Mas, na verdade, não se conhe-cem autógrafos de cantigas, apenasapógrafos, como o pergaminho Vindel,do século XIII. Se esta época é marcadapela falta de rigor gramatical e pelainobservância de normas, a culturatrovadoresca constitui uma ilha que nãopode ser esquecida.

A adesão de D. Afonso X, o Sábio,ao cantar galaico-português, continua-da pelo trovar “a maneyra de proençal”del-Rei D. Denis, foi de importância

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fundamental para o prestígio dos ricos-homens que também compunham can-tigas de amor. O domínio deste gêneroconstituía, por si mesmo, uma espéciede título nobiliárquico, ao qual todosaspiravam, para imitar as galanterias dosreis mais cultos e respeitados: o Sábio,de Leão e Castela, e o seu neto, o Rei-Trovador de Portugal.

Foi devido ao prestígio alcançadopela arte dos trovadores que a produ-ção de quase três séculos, durante osquais foram cultivadas as cantigas líri-cas e satíricas, não se perdeu inteira-mente. Para aquilatarmos a riqueza destematerial, convém acrescentar que D.Carolina Michaëlis de Vasconcelos esti-mava as cantigas encontradas em tornode mil e quinhentas, enquanto hojeGiuseppe Tavani inventaria o patrimô-nio poético galaico-português em 1685cantigas.

Nas cortes de Portugal e de todas asEspanhas de então, e, depois, nos pa-

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ços dos ricos letrados, em outros paísesda Europa, foram organizadas coleçõesde trovas e cantigas — os famosos can-cioneiros.

Graças a estas coletâneas de canti-gas antigas, ou a estes cancioneiros, ain-da hoje podemos apreciar grande par-te do que foi feito pelos trovadores.Desde a “Cantiga da Garvaya”, de PaaySoares de Taveyrós (atualmente atribu-ída a Martin Soares), julgada por donaCarolina Michaëlis de Vasconcelos comoa mais antiga composição galaico-por-tuguesa que chegou até nós — passan-do pelo primeiro trovador de que setem notícia, Joan Soares de Payva (nas-cido por volta de 1140) — até o últimodos trovadores, o filho del rei D. Denis,D. Pedro, Conde de Barcelos (mortoem 1354).

Segundo estudos posteriores aos deDona Carolina, Paay Soares de Taveyrósfoi um autor da primeira metade do

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século XIII, enquanto a cantiga de es-cárnio “Ora faz ost’ o senhor de Navar-ra”, de Joan Soares de Payva, é tomadapor Giuseppe Tavani como o primeirotexto poético galaico-português conhe-cido, datando-o dos últimos anos doséculo XII. Por outro lado, Valeria Berto-lucci Pizzorusso desenvolveu estudosmais recentes incluindo a “Cantiga dagarvaya” entre as quarenta e cinco com-posições de Martin Soares, trovadorportuguês que viveu o mesmo ambien-te de Paay Soares de Taveyrós, nosmeados do século XIII.

Não há unanimidade dos estudio-sos quanto à sobrevivência de cantigasdo século XII, pois os manuscritos ori-ginais até agora identificados e o pri-meiro cancioneiro conhecido são doséculo seguinte. Eis a razão pela qualtomamos o século XIII como marco doflorescimento e da ocorrência documen-tada do trovadorismo galaico-portugu-

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ês. É também no século XIII que apa-recem os primeiros textos não literáriosda língua portuguesa.

Três dos cancioneiros merecem des-taque dos historiadores da LiteraturaPortuguesa, por terem chegado até nóscontendo a quase totalidade da produ-ção poética da época, que nos foi dadoconhecer:

O Cancioneiro da Ajuda, contendo310 cantigas, quase todas de amor, queera o gênero palaciano por excelência,deixava de fora a rica contribuição tipi-camente local, as líricas de amigo e assátiras de escárnio e maldizer. Organi-zado nos fins do século XIII, ou seja,em pleno florescimento do trovadoris-mo, não incluía, por isso mesmo, a pro-dução de D. Denis e dos trovadores doseu reinado, que vai até 1325. Sendoum testemunho vivo da época, é talvezo mais importante dos três cancionei-ros, embora seja o menos completo.

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O Cancioneiro da Biblioteca Nacio-nal, anteriormente denominado deColocci-Brancutti, é o maior de todos,com 1647 composições. Trata-se de umacópia italiana de códices anteriores, reu-nindo, além das cantigas de amor in-cluídas no Cancioneiro da Ajuda, comexceção de 64 delas, as composiçõesde amigo, escárnio e maldizer. Os frag-mentos de uma Arte de trovar incluídosneste cancioneiro fornecem importan-tes subsídios para o estudo do trovado-rismo galaico-português e das influên-cias impostas pela lírica provençal. Estecódice levou o nome do seu compila-dor, A. Colocci, associado ao do CondeBrancutti, em cuja biblioteca foi encon-trado e posteriormente transferido paraa Biblioteca Nacional de Lisboa..

O Cancioneiro da Vaticana, desco-berto no acervo da Igreja, em Roma,contém 1205 cantigas dos vários tipos,copiadas no escritório do humanista ita-

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liano Angelo Colocci, que, mais tarde,teria utilizado este códice para a com-posição de um cancioneiro mais com-pleto, o hoje denominado Cancionei-ro da Biblioteca Nacional.

Estes dois últimos cancioneiros, per-tencentes à Biblioteca Nacional, de Lis-boa, e à Biblioteca Vaticana, de Roma,embora tenham o mérito de reunir pre-téritos pergaminhos que se perderam,são provavelmente do século XVI,quando o trovadorismo tinha deixadode ser uma realidade vivida para se tor-nar objeto de investigação erudita. Ca-recem, portanto, da singela autenticida-de do velho e incompleto Cancioneiroda Ajuda, que deve servir de fonte re-corrente para todos os estudos.

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A Península Ibérica, nos séculos XI e XII,tinha quatro regiões de domínio cristão:

Leão, Castela, Navarra e Aragão.O restante do seu território era ocupado

pelos mouros, inclusive os CondadosPortucalense e de Barcelona.

Importantes califados se formaram,sendo responsáveis por avanços

importantes e ainda hoje presentes nasantigas civilizações ibéricas.

MAPA I

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No século XIII, os cristãos conquistaramgrande parte do território. Leão e Castelaformavam um poderoso reino, enquanto

os aragoneses tinham duplicado suainfluência, conquistando o Condado de

Barcelona e Saragoça. O CondadoPortucalense tinha se transformado noreino de Portugal, que anexou parte do

reino de Leão, e, ao sul, territóriosmouriscos, chegando até Lisboa.

MAPA II

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Somente no final do Século XV osmouros deixaram a Península Ibérica,com a conquista de Granada, em 1492.Com o casamento do Rei Fernando, de

Aragão, com a Rainha Isabel, deCastela, deu-se a constituição do

poderoso reino de Espanha, governadopelos chamados Reis Católicos. Navarra,

antigo território basco, foi anexado.Apenas Portugal se mantinha

independente do império espanhol,estendendo seu território até o Algarve.

MAPA III

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MAPA IV

No apogeu do Império Romano, duranteo século II depois de Cristo, a Hispâniaera dividida em duas regiões, Hispania

Citerior (ou Próxima) e Hispania Ulterior(Distante), ocorrendo posteriormente

outras subdivisões em províncias como aGallaecia Asturica – com destaque,

desde então, para as cidades galaicasou galegas –, além da Lusitânia, berço

do futuro reino de Potugal.

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MAPA V

As representações cartográficas acimadão conta das significativas mudanças

ocorridas na divisão territorial daPenínsula Ibérica, após a

desconfiguração política do mundoantigo e durante a Idade Média. Osséculos IX, XI, XIII e XV merecem

especial destaque.

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CRITÉRIOSde apuração dos textos

Visando a reprodução dos textos tãofielmente quanto possível às formasgalaico-portuguesas do século XIII, fo-ram estabelecidos alguns critérios paraservir de base à transcrição.

A primeira questão surgida deveu-se ao fato desta antologia reunir textosconstantes de mais de um cancioneiro.Para as cantigas de amor do Cancio-neiro da Ajuda, assim como para ascantigas de amigo do PergaminhoVindel, as soluções foram mais simples,pois ambos os documentos são do sé-culo XIII. Os problemas começam a

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surgir com o material trovadoresco co-nhecido apenas através de cópias doséculo XVI (dos cancioneiros da Vatica-na e da Biblioteca Nacional, ou Colo-cci-Brancuti,), com as atualizações vi-sivelmente impostas pelos copistas ita-lianos do Renascimento.

Na primeira sincronia do portuguêsarcaico predominam traços essencial-mente galegos. Deste modo, as grafias— embora assistemáticas — do Canci-

oneiro da Ajuda e do Pergaminho Vin-del servem para se ter uma ideia dalíngua e das escrita dos trovadores.

Como uma antologia desta nature-za requer uma relativa unidade, não foipossível adotar, de um lado, uma grafiapara os textos retirados das duas fontesmais antigas, e, do outro lado, as grafiasdas cópias do século XVI.

Se do ponto de vista tradicional daecdótica alguns critérios aqui utilizadospodem ser discutidos e contestados, dois

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argumentos imanentes à disciplina au-torizam o procedimento. O primeiro, de-fendido para a edição de textos medie-vais, leva em conta os objetivos da edi-ção e o público alvo. Desse modo, atranscrição modernizante ou arcaizante,ortodoxa ou simplificadora dos textosdepende da finalidade do editor.

O que se pretende nesta crestomatiaé tão somente apresentar alguns dosprimeiros textos da nossa tradição poé-tica aos estudantes de Literatura Portu-guesa e aos leitores não especialistasem filologia.

Para muitos estudiosos, aqui se ope-ra uma ruptura entre os campos da lite-ratura e da filologia (hoje anexada aovasto império da linguística), pondo deum lado as preocupações do analistado texto, enquanto profissional dos es-tudos literários, e do outro lado, as doeditor do texto, enquanto profissionaldos estudos linguísticos. Creio, no en-

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tanto, que esse é um falso problema:todo editor de texto sabe que edita comuma finalidade previamente estabele-cida.

A edição de textos literários surgiudo empenho dos velhos filólogos, pro-fissionais que reuniam a sensibilidadeindispensável à literatura e o rigor ne-cessário à linguística. A manutençãodessa reunião inicial de predicados nãopode ser esquecida, mesmo num mo-mento em que os estudos linguísticosse desenvolveram a ponto de obliteraros elos com a literatura.

Se o estruturalismo colocou a linguís-tica num lugar privilegiado entre as ci-ências da cultura, foi ainda um mestredos estudos estruturais, Roman Jakob-son, que desde o Círculo Linguístico deMoscou chamou atenção para o riscodo formalismo mecânico retirar do es-tudioso dos sistemas linguísticos a pre-ocupação com os sistemas literários.

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Ambas as faces da moeda estão imbri-cadas de tal forma que mesmo um obs-curo estudioso de questões literárias sesente tentado a estabelecer os textossobre os quais precisa trabalhar. Nãoesqueçamos que entender, interpretare editar são operações contíguas no tex-to medieval.

Os objetivos aqui perseguidos exi-giram o cotejo do fac-símile do apógrafotomado como codex optimus, ou comoponto de partida do trabalho, com edi-ções diplomáticas e críticas, aproveitan-do as lições destas últimas, no tocanteà interpretação que conduz à fixaçãodo texto; inclusive à pontuação e aopreenchimento das lacunas.

Examine-se então cada caso, no quediz respeito à busca de uma relativaunidade para as cantigas aqui selecio-nadas.

* * *

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A grafia dos textos galaico-portugue-ses do século XIII ainda não emprega-va as letras ramistas v e j, difundidassomente na Renascença. Utilizava-se ou e o i tanto na representação dosfonemas consonantais quanto dosvocálicos. Escrevia-se uiuer (viver), oie(hoje), oi (pronunciava-se “oí” = ouvi)etc.

Como a utilização destas letras — ue i — para representar fonemas conso-nantais traz algumas dificuldades parao leitor moderno, a maioria dos edito-res prefere substitui-las por v e j, comoaqui se faz. Deste modo temos onde selia oie > oje, ia > ja, uiuo > vivo etc.

Adotou-se o y para a semivogal, emoposição ao i para vogal. Esta tentativade normatização, embora não reflita ouso da época, que não obedecia a umrigor sistemático, desfaz possíveis errosde leitura, por parte do estudante aindanão familiarizado com textos arcaicos.

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Ao encontrar a interjeição ay (ai!) oleitor saberá que está diante de umasemi vogal (y), formando um ditongo,ao contrário de oi (ouvi), onde as duasvogais formam um hiato.

Quanto à nasalidade, mantém-se aassistematização registrada em um mes-mo apógrafo, uma vez que tal procedi-mento não implica nenhuma dificulda-de de leitura. Desta maneira, o leitorencontrará, às vezes, numa mesma can-tiga, o mesmo som e até a mesma pala-vra grafados diferentemente. Exemplos:

ben, be, gram, grã,

bondade, tepo, tempo.Para as consoantes palatais, que no

início da época de apogeu do trovado-rismo eram representadas pelos dígrafosnn e ll, em palavras como manno >manho e parella > parelha, adotou-sea grafia surgida nos fins do século XIII,substituindo-se nn e ll por nh e lh, res-pectivamente.

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Ressalte-se que D. Carolina Michaëlisde Vasconcelos, apesar de elogiar o ca-ráter “quase sistemático” da grafia doCancioneiro da Ajuda, afirma que te-ria sido preferível que os copistas ado-tassem a forma occitânica, ou os dígrafosnh e lh, mais próximos do sistema or-tográfico português. Evitando, desneces-sariamente, afastar os critérios aqui ob-servados daqueles geralmente aceitos,acolheu-se o ponto de vista da editorado Cancioneiro da Ajuda.

O verbo haver, na terceira pessoado singular, aparecerá sempre grafadocom h (ha) em oposição ao artigo (a <la < illa) e à preposição (a < ad). Talprocedimento foi considerado mais emconformidade com as soluções da grafiaarcaica do que o recurso ao acento agu-do então inexistente. Embora muitoseditores prefiram a forma á, para a ter-ceira pessoa do verbo aver > haver, ado-ta-se aqui uma solução diferenciada.

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Como o h era usado “para dar corpo”aos monossílabos, nada mais coerentedo que a forma ha, que pela proximi-dade com a forma ortográfica atual tam-bém facilita a leitura.

Para o verbo ser, na terceira pessoado singular (e < est), que apareciagrafado e, sem acento, e, às vezes est,numa clara tentativa dos copistas dedistinguirem entre esta forma e a con-junção copulativa e < et, faz-se neces-sário recorrer ao acento agudo, acom-panhando assim a mudança do latimpara o galego medieval e, finalmente,para o português: et > e > é.

Quanto ao pronome possessivo fe-minino da primeira pessoa mia (mi)a

ou minha), adotou-se a forma mha,criada pelos copistas do século XVIcomo tentativa de representação da for-mação de um ditongo nasal ou da pro-núncia palatalizada de mia. Os cancio-neiros transcritos no século XVI regis-

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tram tanto mha quanto ma, sendo estaúltima uma simplificação que desconhe-ce tanto a ditongação quanto a palatali-zação propiciadas por mia.

Por outro lado, para evidenciar avariação adotada pelos copistas de umamesma sincronia, a forma oblíqua dopronome pessoal da terceira pessoaaparece grafada, alternadamente, come e com i, seguindo-se os apógrafos.Tem-se, assim, lhe e lhi.

Aproveitando a forma de oposiçãoregistrada em manuscritos medievais(uos >< uus), adotou-se, sistematicamen-te, para o pronome pessoal do caso retoda segunda pessoa do plural a formavos (= vós) e, para o caso oblíquo, ado-tou-se vus (= vos). Tomando de emprés-timo esta oposição é possível observara diferenciação modernamente marcadapelo acento agudo (inexistente na épo-ca) com uma solução encontrada pelospróprios copistas medievais.

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Nos casos de ênclise e mesóclise,manteve-se a aglutinação do verbo edo pronome, conforme a grafia dos tro-vadores, ainda hoje adotada no siste-ma ortográfico do galego moderno. Se-guindo os apógrafos temos

miraremolas, banharnosemos,em vez de

miraremo-las, banhar-nos-emos.As consoantes geminadas que apa-

recem nos apógrafos foram mantidas,independentemente da sua posição novocábulo, em casos como sse ou, porexemplo, effadado.

Os nomes próprios e as palavras ini-ciais de frases ou parágrafos, que noscódices aparecem grafados com letrasminúsculas, foram sistematicamentetranscritos com inicial maiúscula.

* * *Em linhas gerais, estes são os pro-

cedimentos adotados com a finalidade

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de preservar o texto na sua integridadearcaica sem perder de vista a fruiçãoestética por parte do estudante e do lei-tor de hoje.

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GLOSSÁRIO

— A —

Aa – àAbadessa – superiora de ordem religiosa,

feminino de abadeAfeiçom – afeiçãoAfrontado – cansado, insultado, ofendidoAgastada – enfadada, irritadaAginha – depressa, rapidamenteAgrauvo – agravo, aborrecimento, ofensaAgravada – ofendidaAja – haja, do verbo haverAjade – haja, tenhaAl – outra coisa, nadaAlbergado – abrigado, hospedadoAlfaya = alfaia – alfaia, vestimenta de uso

doméstico, enfeiteAlhur – alhures, noutra parte

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Ambrar – fornicar, manter relações sexuaisAmeyvus – amei-vusAmigo – namorado, amadoAmtre = antre – entreAn – têmAnt’ – antesAntolhança – cobiçaAparou – proporcionouAque – tantoAquel – aqueleAquesta – estaAqueste – este, istoAquisto – conquistoAr – igualmente, outra vez, de novo,

tambémArar – trabalhar a terra com o arado, semearArdess’ = ardesse – queimasseArreyte – viril, duro, com apetite sexualArreytado – retado, estimulado sexualmenteAtã = atan – tãoAscondudo – oculto, escondidoAsinha – depressa, rapidamenteAsnaes – de asno, muito grandeAsperança – esperançaAssanhar – provocar a sanha, a raiva, tonar-se

agitadoAssaz – bastante, suficienteAssenso – assentimento, consentimento

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Assi – assimAta – prende, submeteAtal – tal, atéAtan – tãoAtãto – tantoAtenden – esperam, acontecem, tornamAvelanas – avelãs, frutos da avelaneiraAver – haverAverrey – haverei; chegar a um acordoAve – imperativo do verbo aver > haver.Avedes = havedes – haveisAvelaneyra – avelaneira ou aveleira, pé de

avelãAven – advem, sucede, aconteceAver – haver, ter

— B —

Bainha (do latim: vagina) – invólocro, dobraBanhar – nadar, tomar banhoBeldad – beleza, muito belaBenino, bonino – benignoBever – beberBodalho – porcoBõ = boo, bõo – bomBrav’ = bravo – corajoso, enfurecido

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— C —

Ca – do que, pois, porqueCalarm’ – calar-meCalat’ – cala-teCam – cãoCaralhos – pênisCativ’ = cativo – infeliz, desgraçado,

prisioneiroCevada – comida para a criação (isto é: para

animais ou vassalos e vilões)Chufar – dizer chufa, zombar, troçar, mentir,

enganarCitola – cítola, instrumento medieval dos

jograis, tipo alaúde, de quatro ou cincocordas

Citolar – tocar cítolaCitolon – designação depreciativa de cítola,

cítola ruimCo – comCõ – comCoid’ = coydo – cuidar, imaginar, estar a

serviço do amorCoidado = coydado – preocupação, aflição,

zelo amoroso, opiniãoCoidar = coydar – meditar, imaginarCoita = coyta – sofrimento amoroso, cuidado,

trabalho para servir à pessoa amada

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Coitedes = coytedes – forma do verbo coitar,importuneis, perseguis, afligis

Colhedes – forma do presente do indicativodo verbo colher

Colhões – testículosColor – corCome – como; comigoComunal – de boas maneiras, lhano, sociávelConhocert’ – conhecer-teConhoscome – conheço-me, sei do meu valorContrayro – contrárioCõprida – cheia, plenaCoraçam – coraçãoCoraçon – coraçãoCoraes – punhos de rendaCoro – dependência da igreja, onde são

cantadas as oraçõesCorrea – tira de couro (lat. Corrigia), correia,

cinto, coisa de pouco valorCorreger – corrigirCõsigu’ = cõsiguo – consigoCousa – nada; coisaCousecer – repreender, examinar, censurarCoyd’ = coydo – cuidar, imaginar, estar a

serviço do amorCoydado = cuidado – preocupação, aflição,

zelo amoroso, opiniãoCoydar – meditar, imaginar

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Coyta = coita – sofrimento amoroso, cuidado,trabalho para servir à pessoa amada

Coytado = coitado – amante que sofre asconsequências do amor não correspondido

Coytedes = coitedes – forma do verbo coitar,importuneis, perseguis, afligis

Creud’ = creudo – acreditado, verdadeiroCrido – acreditadoCuyd’ = cuydo, coydo – cuido, imaginoCuydade – imaginar, refletir, cuidarCuydado = coydado, cuidado –preocupação,

aflição, zelo amoroso, opiniãoCuydey – imaginei

— D —

Dadeas – dade-as, daiD’aqueste – daqueleDalgo – de algoDamandar – perguntar, procurar, pedirDam’ – da-meDemãdey – forma do verbo demandar,

perguntar, procurar, pedirDan = dão – forma do indicativo presente do

verbo darDantre – antes de, antesDaver – de haverDeantar – cumprir com pontualidade,

progredir

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Delgado – fino, esbelto, eleganteDemanda – litígio, procura, reclamaçãoDemandey = demandei – procurei,

pergunteiDemo – demônio, diaboDes – desdeDes i – além disso, desde entãoDesamar – deixar de amar, odiarDesamperado – desamparadoDesasperar – desesperarDesatinar – endoidecer, desvairarDesaventura – desventuraDesdezidores – maldizentes, que falam malDesfazimento – ato de desfazerDesforço – vingança, desforraDesguysado = desguisado – inconveniente,

fora de propósitoDesloar – desfazer, mal-dizer, o contrário de

loar, ou de louvarDestorvou – forma do verbo destorvar,

incomodar, criar estorvoDeulhi – deu-lheDina – dignaDireyvus – direi-vusDis – disseDixelh’ – dixe-lhe, disse-lheDõa – de umaDoas – presentes, doações

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Doo – dorDordenar – de ordenarDormio – durmoDrudo = drut – amanteDu a = duma – de umaDultança – dúvida

— E —

Ei = ey – hei, tenho (do pres. Do indic. Doverbo aver = haver)

Eeffadado – enfadado, com enfado, tédio,mal estar

El – eleEmanguado – providoEmde – disso, por isso, nemEmprenha – engravidaEn, e – em, isso, daí, por isso, ainda que,

emboraEncaecer – passar por velhoEncaralhado – viril, possuidor de dotes

sexuaisEnd’ = ende – por isso, dissoEndoado – ferido (de amor), magoadoEnfadado – aborrecidoEnmentarey – futuro do verbo enmentar,

relembrarei, mencionarei, farei referênciaEno – em o, no

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Enssinademe – ensinai-meEntenças – fazes tençonEnvio – forma do verbo enviar, mandarEr – também, o mesmo que arErades – forma do imperfeito do verbo seerErgeria – ergueria, levantaria, endireitariaErgas = erguas – a não ser, senão, excetoEscaralhado – impotenteEscarnecia – zombavaEsquyv’ = esquivo – desdenhoso, que trata

malEst = é – é, forma do presente do verbo seerEst’ = esto – istoEstar – lugar de hóspedesEstonces – entãoEstorvar – por obstáculos, impedir, incomodarEt = e – e (do latim et), usada principalmente

antes de vogalEy = ei – hei, tenho (forma do presente do

indicativo do verbo aver = haver)

— F —

Fal – faltaFalha = falha – falta, erro, pecado, enganoFazm’ – faz-meFea – feiaFee = fé – crença

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Fezess’ – fez-seFilha = filha – filha, nascida deFin – fina, bela

Fì = fin – fim, términoFodimalhas – sexualmente aptoFremosa – formosaFremusura – formosuraFrol – florFrolida – floridaFuge – foge

— G —

Gaar = gãar – ganharGaj’ = gajo – velhaco, malandro

Gajé – garboGalardam = galardão – glória, prémio,

recompensa de serviços importantes

Garvaya = garvaia – vestuário da corte, peçade luxo, ver guarvaya

Genta – gentil

Getes = gentes – pessoasGrado – voluntariamente, agradecido, de boa

vontade

Grã = gram, gran – grandeGraue = grave – pesado, penoso, difícilGuarda = garda – proíbe; interdição

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Guarvaya = garvaya – garvaia, vestuário dacorte, peça de luxo

Guysa – guisa, jeito, modo, maneira

— H —

Ham – forma do presente do indicativo doverbo haver

He = e – é (est>e>é)Hi – aíHida – idaHirm’ = hir-me – ir-meHirme = hir-me – ir-meHu – onde, quandoHu ua – uma

— I —

I – aí, nisso, lá, entãoIguar – metrificar, trovar, comporIrmana – irmã

— J —

Ja – jáJaju ar – jejuar, fazer jejum, abster-se de

comerJaz – descansa, está deitado ou quieto

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Jazedes – forma do verbo jazer, estais,permaneceis

Jograr – jogral, tocador e cantador de trovasmedievais

Juizo – juízo, opinião, descriçãoJuntans’ = juntan-se – juntam-se, unem-se,

acasalam-seJuntasse – forma do verbo iuntar, juntar, unir,

acasalarJurado – feito jura, apalavrado

— L —

Lay = lai – antiga canção lírica ou épicaLazeyro = lazeiro – forma do verbo lazerar,

sofro, penoLeon = leão – um dos antigos reinos ibéricos,

depois unido a castelaLer – praiaLevadelo = levade-lo – seguiste oLevado – embravecido, levantado,

encapelado, altoLevãtey = levãtei – levanteiLeyxar – deixarLho – loLo – oLoaçã = loaçan, loaçom – louvação, elogioLoar – louvar

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Logar – lugarLograr – conseguir, alcançarLogu’ – agoraLoor – louvorLouçaã, louçana – bela, formosaLouv’en(o) – louvem-o

— M —

M’ = me – me, a mimMa – minhaMadr’ = madre – mãeMãdades = mandades – forma do verbo

mandar, mandais, ordenaisMãdo = mando – forma do verbo mandarMaestria – talentoMaíça – malíciaMais – mas; maisMaldizetes – maldizentes, detratores, que

falam malMaloutia – doença venéreaMandado – recado, notíciaManho – estou, permaneç, vivoMansa – meigaMao = mal – ruím (do latim malu) mal diaMaridada – que tem marido, casadaMays – mas, porémMea – meia

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Menagem – homenagemMengou – faltouMentr’ = mentre – enquantoMerçe – mercê, compaixão, graçaMester – ofício; atividadeMetesm’ – metes-meMha = mia, mya – minhaMi – mim; meMigo – comigoMilhor – melhorMinguar – faltarMirar – olharMister – urgência, precisãoMoesteyro – mosteiroMofar – zombar, fazer troçaMolher – mulherMoor = mor – maiorMoy = muy – muitoMoyro = moiro – morroMoyto = muyto – muitoMu i = mui – muitoMu y = mu yt’, mu yto – muito

— N —

Nam – nãoNamorada – enamorada, comprometida,

apaixonadaNatura – natural, conforme a natureza

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Ne = nen – nemNemigalha = nemygalha – nada, coisa

algumaNenhuu = nenhu – nenhumNõ = non – nãoNoj’ = noio, nojo – aborrecimentoNu ca = nunca – jamaisNulha – nenhuma

— O —

Ogano – este anoOi – ouviOj’ = oj’, oje – hojeOm’, ome, omen – homemOme – homemOnd’ – ondeOra – agoraOrdinhado – ordenado, membro de uma

ordem religiosa, padreOus’ = ouso – forma do verbo ousar, atrevo,

arriscoOuve – houveOuver – houverOuvesse – houvesse, tivesse

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— P —

Paan = pan – pãoPaços – côrte, solarPagada – contente, satisfeitaPan – pãoPanos – trajes, hábitos, vestesPao – pau, varaPar – porParavoa – palavraPardom – perdãoPariron – pariramParelha = parelha – parParlar – conversar, falarParteria – separariaPastor – jovem, virgem, sem experiênciaPeça – tempoPee – péPeer – traquejar, expelir gasesPeervusia – peer-vos-iaPego – pélago, a parte mais funda do marPeleja – contenda, disputaPelhejar – pelejar, batalhar na guarra, ou travar

uma tençon na arte de trovarPemdemça – penitênciaPeor – piorPer – por; muitoPera – para

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Pero – mas, ainda que, emboraPesar – incômodoPeyor = peior – piorPino = pinho – árvore, plantaPique – espécie de lança antigaPiss’ arreitado – órgão masculino rijo, em

ereçãoPissuça – penisPoer – por (verbo)Pois – depois, depois que, desde que,

porquePolo – peloPont’ – imediatamente, na horaPorfiou – teimouPos – depois, após, prometeuPose-o – pô-loPosfaçan – ridicularizam, troçamPran – valorPrasmo – censura, crítica; medoPregu teyos – perguntei-osPregu tou – perguntouPrenhada = prenhada – paridaPrenhe – prenha, grávidaPrendi – tomar, receber recompensaPrestador – cuidadorPrez – preço, mérito, valor, dignidade, apreçoPrioressa – superiora de um convento,

abadessa

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Privado – favorito, indivíduo queacompanhava o rei

Proençal – provençalProl – proveito; a favorProuguesse – prazerProuve – ordenou, muniu, coubePuinha – ponhaPunhey = punhei – forma do perfeito do

indicativo de punhar ou punhar, decidi,procurei, esforcei-me

— Q —

Queredevus – quereis-vosQueyxarvosedes = queixar-vos-edes – vós

vos queixareisQueyxarvusedes – queixar-vos-edesQuytar = quitar – livrar, tirar, afastar, deixar,

esquecerQuytastesme = quitastes-me – pagaste-

me,deixaste-meQuyso = quiso – quis

— R —

Razõ = razon, rezam – razãoRe = ren, rem – (do latim, res) alguém,

alguma coisa, algo

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Regrado – religioso que obedece a umaregra ou a um juramento, ordenado, que

recebeu ordens eclesiásticasRen – algo (ver re)Retraya – retrate, descreva

Rog’ – rogueRogia – murmurava em segredoRomeus – romeiros, peregrinos

Rosetta – rosinha, pequena rosa

— S —

Sa – suaSaa – sua

Saaide – saiamSab’ – sabeSabedes – sabeis

Sagaz – perspicaz, finoSaíva = saiiva – saliva, secreçãoSalido – particípio do verbo salir,

embravecido, saído fora do leitoSam – sãoSan’ – são

Sandia – loucaSanhudo – furioso, terrível, medonho, maluco;

que tem sanha, fúria

Sano – são

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Saya = saia – vestimenta feminina (na idademédia, para sair ou receber estranhos, asmulheres usavam um manto sobre a saia)

Sazon – estação, ocasião, tempoSeiade – sejaSeed’ = seedo, sendo – forma do verbo seer,

sendoSeer – ser, estarSegrel – jogral e trovador que recebia

pagamento pela sua arteSemelha – parece, tem aspecto deSemelharã = semelharan – assentarão,

combinarão, parecerãoSen – juízo, sensoSenho – respectivoSenhor – senhoraSenheira = senlheira – sozinhaSenho = senho – respectivoSenhor = senhor – senhoraSenta – forma do verbo sentir, sintaSeve – forma passada do verbo ser, esteveSevi – passou-seSeym’ – sei-meSi – (pron., Sibi) siSi – (adv., Sic) assim‘si = assi – assimSim – siSirventês = sirvantês – cantiga que exprime

conceitos e idéias

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Siso – sentidoSobejo – demasiado, sobraSobrelo – sobre eleSobrepeliça – sobrepeliz, veste de padre

rezar missaSodes – sois, do verbo serSoen – forma do verbo soer, costumamSofrudo = sofrido – que sofreSogeito – sujeitoSoiia = soía – forma do verbo soer,

costumavaSol = só – somente, porémSoldo – importância paga, vencimentoSoo = sõo, som, son – forma do verbo ser, souSospiro – suspiroSso – souSsy – sim

— T —

Tã – tãoTalho – feitio, talhamentoTam – tãoTan – tãoTantamey = tant’ amei – tanto ameiTeer – ter (do latim tenere)Teest’ = tees-te – forma do presente do

indicativo do verbo teer, tens a ti

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Tença, tençan – disputa, peleja, discussãoem versos (ver: tençon)

Tenção – propósito, intençãoTençon – peleja, discussão em verso, disputa

entre trovadoresTercer – terceiroTerraa = terrá – teráTever = teuer – tiverTodolos – todos os (combinação do pronome

com o artigo, existe ainda todola)Tolheram – tiraramTorva – turvoTosquiavã = tosquiavan – pestanejavamTraje – forma do verbo traier ou trager, trazTralo – tra-lo, além de, atrás doTravo – entabulo, repreendo, sofro censuraTravar – censurar, acusarTravan – forma do indicativo presente do

verbo travar; censuram, acusamTreydes = treides – forma do verbo traer,

vindeTrobã = troban – forma do verbo trobare,

trovam, versejam, fazem trovasTrobar = trovar – cantar em trovasTrovou – inventou, censurou

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— U —

U – onde, quandoUn – umU u a – uma

— V —

Vã – vãoVaa – vaiVaan = vam – indicativo presente de ir, vãoVal – forma do presente do indicativo de

valerValha – acuda, venha em minha ajudaValia = valia – valor, merecimento,

importânciaVan – vãoVe = ven, uen – vem, indicativo presente do

verbo uiir, virVedes – vêVeend’ = vendo – forma do verbo ueer (lat.

Videre), vendoVeer – ver, vierVej’ = vejo – indicativo presente do verbo

ueer (lat. Videre), vejoVejan = vejan – vejamVejo = vejo – indicativo presente do verbo

ueer (lat. Videre), vejo

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Vejote – vejo-teVel – ou, pelo menos, sequerVel – pelo menos, sequer, ouVela – vê-laVelido – belo, formoso, bem talhadoVelido, velida – belo, formosa, bem talhadoVen – vemVentura – destino, felicidade, sorteVeo – forma do verbo vir, veioVerdad’ = verdade – verdadeVeremo’ = veremos – futuro de veer (lat.

Videre), veremosVerraa = verrá – futuro de uiir>vir, viráVertudes – virtudesVestiir = vestiir – vestirVia – caminhada, jornadaVigo – importante cidade da galíciaVilão = vilão – servo, camponês nascido no

feudo do fidalgo, homem ou mulher dopovo

Viv’ = vivo – vivoVolo – vê-loVolos – vo-los, vós osVolos = vo-los – forma átona resultante da

contração de vus (vos) com o pronome los(eles)

Vontade – afeto, amorVos = vos – vós

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Vosc’ = vosco – convoscoVoss’ = vosso – vosso, por amor de vósVoo = vou – indicativo presente do verbo irVus – vos, pron. Oblíquo

— X —

X’ = xe, xi – se

— Y —

Y = i – aí, nisso, lá, então

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O Trovadorismo Galaico-Por-tuguês reúne num mesmo volumetrabalhos que poderiam constituirtrês tipos de livros: história literá-ria, crítica e crestomatia arcaica.

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Tipologia: Gatineau, corpo 12Formato: 100 x 170 mmNúmero de páginas: 112

Salvador, 2019

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Cid Seixas é profes-sor titular da Universi-dade Federal da Bahiae da Universidade Es-tadual de Feira deSantana. Publicou di-versos livros e cente-nas de artigos, tendoorientado dissertaçõesde mestrado e teses dedourorado. Antes dese dedicar ao ensino,trabalhou como jorna-lista, de onde vem suadeclarada preferênciapelos textos breves ede alcance pelo leitorcomum.

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Nesta primeira parte em que é divi-dido o livro, o autor faz uma introdu-ção ao tema, bem como discute os cri-térios para o estabelecimento do textogalaico-português do século XIII.

e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA

DO L IV RO DIGITAL

O TROVADORISMO

GALAICO-PORTUGUÊS

Volume I:

O TROVADORISMO

GALAICO-PORTUGUÊS

Crítica eApuração de Textos