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Introdução: Em uma noite fresca, acordei com o barulho de chuva forte e persistente. Ao abrir os olhos... Percebi que estava em uma cama de hospital. A luz estava fraca e senti que havia mais alguém no quarto deitado na cama ao lado. Sentia meu corpo dolorido e meu rosto dormente. Minutos depois ao acordar... Uma enfermeira veio em minha direção trazendo alguns medicamentos... Ao perceber que meus olhos estavam abertos correu para chamar o medico. O medico chegou e logo foi dizendo: - E ai rapaz, está se sentindo bem? - Respondi apenas com um sinal de positivo. - Você é um sujeito de muita sorte. - O que aconteceu comigo doutor? - Você não se lembra de nada? - No momento não? - Bom... Ao menos você terá tempo para pensar no assunto e terá tempo também para trazer suas lembranças e nos contar o que aconteceu com você. Todos estão curiosos para saber o que ocorreu principalmente os policiais que encontraram muitas pessoas mortas em vários locais da região que você se foi achado por um garimpeiro. - Como vim parar aqui? - Um carro da patrulha da policia florestal achou você caído junto de uma cerca perto da divisa do estado do Pará. - O garimpeiro acionou os policiais mais ficou com medo de deixar você no local e levou você com a ajuda de outros garimpeiros até o acampamento deles que fica a mais de 10 quilômetros do local onde você foi achado. - Depois os garimpeiros voltaram ao local juntamente com os policiais para mostrar o local correto onde você foi encontrado. - Minutos depois de uma vistoria, um dos policiais achou o primeiro corpo mutilado e depois com a procura mais minuciosa foram encontrados dezenas de corpos. - Como os corpos estavam muitos mutilados foi preciso pedir reforço de pessoas especializadas. Mas você sabe como é no Brasil, existem poucos profissionais para tal tarefa e assim eles estão até hoje achando e tentando identificar os corpos. Rick Hillin - O Plano Unificado

CIDADE DE LOUCOS E ASSASSINOS

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UM RELATO VERDADEIRO DE UM SOBREVIVENTE. O AUTOR DEIXOU TODO RELATO PRONTO EM UM MANUSCRITO ANTES DE MORRER. ESSE MANUSCIRTO FOI ENTREGUE NO FINAL DE 2012

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Introdução:

Em uma noite fresca, acordei com o barulho de chuva forte epersistente.Ao abrir os olhos... Percebi que estava em uma cama de hospital.A luz estava fraca e senti que havia mais alguém no quarto deitado nacama ao lado.Sentia meu corpo dolorido e meu rosto dormente.Minutos depois ao acordar... Uma enfermeira veio em minha direçãotrazendo alguns medicamentos... Ao perceber que meus olhosestavam abertos correu para chamar o medico.O medico chegou e logo foi dizendo:- E ai rapaz, está se sentindo bem?- Respondi apenas com um sinal de positivo.- Você é um sujeito de muita sorte.- O que aconteceu comigo doutor?- Você não se lembra de nada?- No momento não?- Bom... Ao menos você terá tempo para pensar no assunto e terátempo também para trazer suas lembranças e nos contar o queaconteceu com você.Todos estão curiosos para saber o que ocorreu principalmente ospoliciais que encontraram muitas pessoas mortas em vários locais daregião que você se foi achado por um garimpeiro.- Como vim parar aqui?- Um carro da patrulha da policia florestal achou você caído junto deuma cerca perto da divisa do estado do Pará.- O garimpeiro acionou os policiais mais ficou com medo de deixarvocê no local e levou você com a ajuda de outros garimpeiros até oacampamento deles que fica a mais de 10 quilômetros do local ondevocê foi achado.- Depois os garimpeiros voltaram ao local juntamente com os policiaispara mostrar o local correto onde você foi encontrado.- Minutos depois de uma vistoria, um dos policiais achou o primeirocorpo mutilado e depois com a procura mais minuciosa foramencontrados dezenas de corpos.- Como os corpos estavam muitos mutilados foi preciso pedir reforçode pessoas especializadas. Mas você sabe como é no Brasil, existempoucos profissionais para tal tarefa e assim eles estão até hojeachando e tentando identificar os corpos.

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- Até o momento só você poderá se identificar. O resto das pessoasmortas não tinham nenhum tipo de identificação. Até mesmo a regiãoque você foi achado ninguém conhecia.- Os garimpeiros quiseram achar um atalho para as novas minas queestão começando a fazer explorações e por sorte você foi achado.- Talvez o que eu acabei de lhe contar venha lhe trazer algumalembrança.- Já é um começo e o inicio de um assunto para que eu possa merecordar aos poucos... Se é que eu venha a me lembrar de algo.- Nessas horas quando os assuntos são ruins é melhor esquece-lospara sempre.- Bom meu jovem... Suas recordações sendo boas ou ruins serámelhor você se lembrar.- Lá fora tem dois policiais fazendo sua segurança, seja lá o queaconteceu com você e com certeza você foi o único sobrevivente eeles temem por sua segurança até que você venha esclarecer todosos fatos ocorridos.- Onde te encontraram havia muitos mais corpos mutilados...- São tantos corpos mutilados que eles nem conseguiram juntar todasas partes de todos os corpos, sendo que algumas partes dos corpos jáservem de alimento para os animais.- Sua sorte foi maior porque você estava em uma região que elesnunca tinham passado antes, entraram naquela trilha porque o GPSdeu a rota errada e se no caso do GPS não tivesse esse problema delocalização com certeza jamais você seria achado.- Coisas assim acontecem doutor. Vez ou outra as pessoas ganhamna loteria e dessa vez fui premiado.- Eles chegaram a escutar barulho na mata, parecia gente ou animalde grande porte, vasculharam uma boa parte nas redondezas de ondeacharam você, mas não encontraram mais ninguém.Após o medico ter aquele breve contado, logo entrou um policial e comum sorriso no rosto foi logo me dizendo:- E ai garoto de sorte... Por acaso você se lembra de algo ou como foiparar naquele lugar esquisito?- Respondi à mesma coisa que respondi ao médico. Não me lembrode nada no momento.- Bom garoto, descanse e tente se lembrar porque teremos muitacoisa para investigar após suas lembranças ficarem em dia e assimpodermos ter um começo e também uma luz para nossa investigaçãoter inicio.- Andamos ao redor por vários quilômetros e só encontramos gentemorta.

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- não me lembro de ter visto tanta gente morta... Mesmo no Araguaiacombatendo traficantes após longos anos nunca vi tantos corposespalhados por tantos lugares.- Para você ter uma idéia... O legista que está acostumado com amorte ficou bem impressionado com a visão que teve daqueles corpostotalmente mutilados.- Cenas fortes aos olhos de pessoas normais... Muita gente não teriacoragem de ver tantas tripas e pedaços de corpos espalhados pelamata e parte de um deserto que ainda era desconhecido para nós.- Os próprios garimpeiros não quiseram ajudar nas buscas, quandoavistaram o primeiro corpo mutilado metade deles passou mal.Decidiram voltar ao acampamento.- Realmente quem não está acostumado com as imagens de corposmutilados, vísceras espalhadas por toda mata e pedaços de pessoaspenduradas em arvores, não tem mesmo estomago para assistir acenas tão fortes.- Eu mesmo já estou trabalhando a cinco anos neste local e nuncatinha ouvido falar que existia parte de um deserto nessa região.- A região que você foi encontrado não possui nem reconhecimentoaéreo por não fazer parte de nenhuma rota. Os próprios moradoresdaqui também não conheciam o local.- Existem pessoas que residem naquela região a mais de setenta anose não sabiam da existência daquele deserto. A mata ali é muitofechada e existem muitos espinhos na vegetação que dificulta alocomoção, além dos diversos morros que são margeados deverdadeiros buracos profundos onde encontramos também váriasossadas humanas.- Talvez seja ossada de pessoas que tentaram se aventurar poraquelas bandas e não sabiam das armadilhas naturais.- Ali parece que tem solo e quando você pisa tudo desaba dentro deum profundo e imenso buraco.- Como o fato do local estar com o solo macio coberto de folhas issofacilita ao intruso não perceber que o chão não existe. Os cipósrasteiros formam uma espécie de entrelaçado e as folhas acumuladasdão à impressão de ser solo normal.- Mas é puro engano... Você começa a caminhar e depois em algumaparte que o cipó está pobre ou está macio por conta da umidade elese rompe de uma vez.- O tombo é fatal. O soldado que é perito em escaladas, disse queexistem buracos com mais de 100 metros de profundidade.- Alguns buracos são um pouco mais rasos, mas a maioria não temmenos de 40 metros de profundidade.- Encontramos outros buracos, mas por possuírem água no fundoficou difícil de saber se existem ossadas. Estamos vasculhando tudo.

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- No final do mês vamos fazer a contabilidade geral de tudo que foiachado e você será informado.- Na semana que vem vamos trazer algumas fotos para ver seajudamos você a recobrar a memória. Talvez ajude ou talvez não.- Gostaria muito de ajudar, mas realmente no momento não melembro de nada.

- Até parecia cena de filme de terror.- O senhor falando está parecendo mesmo cena de um filme de terror,preciso recordar de algo para poder ajudar vocês a encontrarem omotivo de encontrarem tanta gente morta.- Pelo tanto de corpos... E como o policial descrever as cenas,deveriam ser dezenas de maníacos ou assassinos sangrentos ou umaguerra particular.- Quem sabe uma tribo de índios carnívoros desconhecidos doshomens brancos.- Eu estava realmente intrigado com tudo que acabara de escutar eminha curiosidade ficou ainda maior e minha vontade naquelemomento era realmente conseguir lembrar de tudo.- Tentei lembrar de algo, mas minha cabeça dolorida não ajudavamuito.- Já se completavam 45 dias de internação e nessa data começaramtambém meus exercícios de fisioterapia, estava sem os movimentosdas pernas e parte do lado esquerdo do corpo tinha poucasensibilidade.Não forcei minhas lembranças em tempo algum. Dormia e acordavacom troca de soros e aplicações de medicamentos, curativos e trocade roupas de cama, coisas rotineiras de um paciente de hospital.Desde a data que entrei no hospital eu recebi a presença de inúmeroscompanheiros de quarto. Muitos vinham do interior do estado do Paráonde os recursos eram mais escassos do que na própria capitalBelém.Sempre que eu acordava tinha o habito de olhar primeiro para o ladode fora em direção à mata que se avistava de longe. Foi assim quecomecei a ter minhas primeiras lembranças.Essas lembranças eram completadas com flashes de sonhos epesadelos das cenas que quando acordado me trazia algumalembrança.De pedaço em pedaço consegui remontar toda a tragédia que eu tinhasofrido na mata e naquele pequeno pedaço do inferno.

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O inicio de tudo. O inicio da minha aventura.Capítulo 1Eu trabalho por conta própria fazendo programação em banco dedados.Faço programação para micros, pequena e médias empresas dequalquer ramo comercial.Certo dia eu resolvi comprar um laptop pela internet de uma web loja ecom isto recebi vários cupons concorrendo a uma viagem para Belém.Incluída no pacote de viagem as mais variadas atrações e entre elas,continha aventuras radicais: Escalas em cachoeiras, corredeiras comgrandes botes, corredeiras com caiaque, vôos com asa delta,ultraleves motorizados, fora as pescarias em locais maravilhosos.Seriam exatamente 20 dias de muito passeio e aventuras, sendo queestes dias poderiam ser prorrogados por conta própria caso euquisesse estender minhas férias.O pacote turístico me dava 20 dias com tudo pago.O que excedesse seria por minha conta.Para minha surpresa depois de alguns dias uma pessoa entrou emcontato comigo por telefone e me falou que fui o ganhador dapromoção e que eu teria de escolher uma data entre tantas para queeu pudesse receber meu pacote de viagem.Escolhi o começo do mês de junho, certamente é um mês de baixatemporada e assim eu praticamente estaria sozinho em todos os locaise mesmo que tivessem outros turistas, seriam em números reduzidos.Como resido em uma cidade de praia, odeio cidade cheia, gosto delugares quase desertos assim me sinto dono da minha praia.Sou uma pessoa reservada e não gosto de multidão, muito menosquando as pessoas são de outras cidades e invadem os meus locaispreferidos.Deduzindo minha personalidade... Sou mesmo uma pessoa que gostada natureza só pra mim. Assim não me irrito vendo pessoas sujando eemporcalhando as praias e a natureza com seus lixos domésticos.A maioria das pessoas não tem educação ambiental e muito menos seimportam onde vão cair seus lixos arremessados pelas janelas deseus carros nacionais ou importados.Pessoas que possuem o meu estilo de vida... Ficam inconformadosque existem pessoas que fazem questão de sujar os locais ondemoram e visitam.Sofro muito em ver que nos dias de hoje a educação ambiental ecultural é muito precária. Mas sou obrigado a presenciar essaspessoas burras, porcas e nojentas que não pensam que o mundoprecisa de cuidados urgentes.Voltando ao assunto:

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Após três dias de receber o telefonema informando que eu ganhei aviagem, comecei a planejar meu período de férias.Também comecei a juntar um dinheiro extra para esta viagem, afinal agente sempre gasta alem daquilo que está prevendo. Coisas comolembranças para amigos e parentes sempre nos fazem ultrapassarnossos orçamentos.Mas como dizia meu pai... Homem sem dinheiro não sai de casa paraviajar... Se você vai viajar tem que ter dinheiro sobrando.Esse ditado que meu pai me falava sempre me foi muito útil... Nuncapassei vergonha de precisar voltar para casa de carona sem dinheiroaté mesmo para um pão com café com leite.Falando assim pode parecer que sou uma pessoa de muitasfrescuras. Mas para contrariar vocês... Sou um homem sem frescurasalguma.Gosto de qualquer tipo de comida e não me importo se o prato ésofisticado ou é simples... Se tiver que comer arroz com feijão semmistura alguma eu como.O tempo passou. Faltava apenas uma semana para a data da minhaviagem promocional.Conversei com alguns familiares e os deixei alertados que se eugostasse do local com certeza iria fica mais de 20 dias.Caso eu realmente fosse esticar minhas férias promocionais eu sótelefonaria dois dias antes de retornar para casa. Iria voltar de avião e precisava que alguém fosse me pegar noaeroporto de Guarulhos.

Capítulo 2 –Data de embarque. 03/06/1990.Destino – BelémPrimeiros momentos após a chegada. Camping do Marcos.Localização – aproximadamente 4 horas de vôo da Capital de Belém.Cachoeira das Cachorras.

Cachoeira das cachorras recebia esse nome pela abundante pescados peixes chamados cachorras. Esses peixes possuem presasenormes nas extremidades e lembram as presas de grandes animaiscarnívoros.Um peixe temido na região onde já havia inúmeros acidentes compescadores amadores que não tinham conhecimento dos hábitosalimentares e muito menos dos hábitos desta espécie de peixe. Alguns nativos diziam que já tinham visto pessoas completamentemordidas e algumas foram mortas quando tentavam pescar dentro da

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cachoeira para terem uma posição melhor de arremessos erecolhimento de suas linhas.Achei mais um conto fantasioso da região. Ta certo que o peixe possuipresas enormes... Mas com certeza essas presas devem ser maiseficazes para outros fins do que matar seres humanos... Se fosse umconto sobre piranhas eu até acreditaria.Local de visão maravilhosa... Apenas o canto dos pássaros e o somdas corredeiras.Lugar apaixonante... Fiquei com vontade de morar ali pelo resto daminha vida.Um local diferente do resto da mata. Ali não sentia a presença dosinsetos, principalmente os mosquitos que tentavam entrar até por debaixo da proteção de tela na região do pescoço e do rosto.Fiquei parado por uns instantes e logo o sujeito foi me mostrando omotivo da mata naquela região estar livre de insetos.Uma planta grande com o caule pegajoso parecia até um liquidocolante. Ele me disse que servia como repelente natural e que osinsetos ficavam longe daquelas plantas pelo odor e pelo contato.Caso algum inseto pousasse na planta com certeza ficaria grudado eviraria alimento de uma espécie de planta carnívora que faz parceriacom essa planta.Realmente a natureza é incrível. Uma planta fazendo parceria comoutra para que as duas sobrevivam.Enquanto uma planta prende a isca, a outra se alimenta e os seusdejetos servem de alimento para aquela outra planta que fez a capturado inseto.Realmente uma obra prima da natureza.Fomos andando calmamente entre as pedras próximo da mata e cadametro que a gente andava existia algo na mata que tinha sua históriana sua eficiente demonstração de perigo ou auxilio a saúde dohomem.Vou poupá-los dessa descrição medicinal e ambiental.Mas a frente existia uma grande clareira onde começamos a levantaracampamento.Ficaríamos ali por vários dias pescando e desfrutando daquelamaravilhosa vida no seio da natureza da Amazônia.Levamos quase 1 hora para deixarmos as barracas prontas para o usodiário e em seguida fomos arrumar os equipamentos de pesca.Já estava sonhando em sentir a tão falada fisgada daquele peixedesconhecido.Depois de tudo pronto fomos para as pedras próximas da corredeira ecada um escolheu um melhor ponto.Fiquei próximo do nativo que fazia a chefia de um outro grupo depescadores.

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Pedi algumas dicas para o nativo sobre a distância de arremesso dalinha e aquelas coisas básicas de pescaria.Então dei minha primeira arremessada e para minha surpresa apósalguns segundos o peixe já estava fisgado.Uma força incrível que fazia a vara dobrar quase que sua capacidademáxima e a linha zumbia de tão esticada.Soltei um pouco a fricção do molinete por instrução do nativo eaguardei o peixe cansar um pouco. Comecei a recolher a linha e aotirar o peixe fora da água com o auxilio do nativo tive a incrível visãode um peixe com quase 12 quilos.Era minha primeira cachorra capturada. Um belo peixe.Aquele peixe seria o nosso almoço.Por instruções do nativo, todos os peixes capturados após aquele quejá estava separado para o nosso almoço, seriam soltos.Ficamos horas pescando aqueles peixes maravilhosos.Consegui pegar outras espécies de peixes.As outras espécies de peixe que eu não conhecia também pegava umde cada para experimentar o sabor.O nativo então levou os peixes capturados para limpar e preparar onosso almoço.O dia foi muito proveitoso e a noite iríamos pescar outras espécies depeixes noturnos.Todos os peixes sem exceção tinham ótimos sabores. Realmentetodos eram deliciosos.Chegou a noite e fomos para a cachoeira novamente. Só que destavez fomos um pouco mais adiante onde era uma parte onde seformava um tipo de lago.Nas suas extremidades não existia correnteza e toda a parte do lagoera bem profunda, mais ou menos uns doze metros de profundidade.Ali pescamos outros tipos de peixes igualmente grandes e deliciososque foram preparados e assados nas várias fogueiras que espalhamosem volta do nosso acampamento.Tinham planejado ficar dois dias e duas noites. Mas por minhainsistência acabamos ficando quatro dias e quatro noites.Tínhamos bastante provisões de sal, cigarros, café, adoçantes e claro,a água da cachoeira, isso seria o suficiente para ficarmos ali uns 15dias.Após quatro dias e quatro noites naquele local fantástico decidimospartir na manhã do quinto dia.Voltamos para a pousada e lá o anfitrião já estava aguardando onosso grupo meio preocupado.- Olá gente.

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- Vocês já estavam me deixando preocupados. O outro grupo chegoua mais de dois dias e meio e vocês ainda sem chegar já me dava certaaflição que eu cheguei a preparar as coisas para ir atrás de vocês.- Achei que algo de grave tivesse acontecido com seu grupo.- Nada disso senhor. Eu resolvi ficar um pouco mais porque o localrealmente é muito lindo e adorei o ar daquele lugar.- Se pudesse largaria tudo na cidade e mudaria para aquela região.- Ali com dois quilos de sal, cigarros e uma boa pinga da para morartranquilamente sem precisar se preocupar com trabalho e dinheiro.- Lugar abençoado.- Você disse tudo rapaz. Mas para falar a verdade, você só iriaprecisar mesmo era de sal e pinga, pois até o cigarro você pode fumarproduzido por algumas plantas ali que tem quase o mesmo gosto dotabaco.- Se gosta de maconha, ali também você encontra espécies de plantasque dão o mesmo efeito com algumas tragadas ou mascadas.- Trinta anos atrás existia um homem que foi ele que abriu aquelaclareira que vocês ficaram, ele morou ali até morrer no começo do anopassado.- Ele aparecia por estas bandas uma vez a cada 3 meses para venderpeixes aos turistas e comprar apenas sal, adoçante, café, arroz efeijão, levava também alguns remédios como analgésicos eantiinflamatórios para dor de coluna que ele começou a sentir cerva decinco anos atrás.- A facilidade dele era muita. Como deve saber eu tenho de manter umestoque de muitos produtos que me torna um pequeno mercador daregião.- Aqui pode se dizer que é uma pousada e ao mesmo tempo ummercadinho tradicional das grandes cidades.- Tenho quase tudo aqui. Desde água mineral até remédios para todosos tipos de doenças que hospedes precisaram.- Quando eu tenho um hospede com problemas de saúdes que nãopossuo o remédio, ponho no estoque pelo menos um caixa.- Nunca se sabe quando o hospede chega aqui e perde omedicamento caminhando na mata e etc.- Tenho soro, insulina e muitas outras coisas, inclusive tenho atéalguns soros para picadas das cobras aqui da região.- Em ultimo caso como já é do seu conhecimento possuo o avião e ohelicóptero para um atendimento de emergência.- Então esse velho morou e morreu ai na mata?- Exatamente. E o velho era tão tranqüilo que morreu dormindo. Nãodeu trabalho nem na hora de morrer.- Como sabe que ele morreu dormindo?

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- Havia na época um pessoal que iria ficar pescando próximo aoacampamento dele por uns 15 dias. O pessoal fez amizade com ele eno décimo segundo dia eles retornaram dizendo que o velho tinhamorrido durante a noite.- O velho era o primeiro a se levantar e preparava o café para opessoal, todos já o consideravam como parte da família. Mas naquelamanhã não havia cheiro de café no ar e não escutavam as musicasque ele costumava assoviar todas as manhãs ao acordar.- Um dos rapazes então foi até a cabana do velho e viu que ele estavadormindo.- Ao entrar na barraca ele notou que o velho estava deitado. Chamouo velho, mas ele não respondeu. Chegou mais perto junto a cama eviu que o bom velhinho estava com a expressão de sorriso no rosto.- Mas como Deus assim o quis. Ele estava morto.- Então o pessoal voltou para saber se trazia o corpo do velho para serlevado a cidade ou seria enterrado lá mesmo no local.- Decidimos enterrar o velho lá mesmo. Foi enterrado no cantoesquerdo junto a pedra maior onde ele mais gostava de pescar.- Fizemos isso porque achamos que ele iria querer assim. Se ele saiuda cidade para morar aqui, ficaria bravo se levássemos seu corpo paraa cidade depois de morto.- Geralmente enterramos os mortos aqui mesmo. Todos que vemresidir aqui com certeza querem ser enterrados aqui. Existem várioscorpos enterrados por essas matas.- Eu também se viesse morar aqui, com certeza iria querer serenterrado aqui.- Bom meu jovem... Como já está de volta e quiser seguir com osplanos das suas férias, podemos seguir amanhã para o local que vocêvai voar de planador.- Legal, amanhã vamos voar com certeza.- Temos que aproveitar as fortes formações de ventos para voarmospor muito tempo.- Você está vendo aquelas grandes aves ali em cima?- Sim, estou vendo.- Pode perceber que elas não batem asas... Essas são formações dear quente que fazem com que elas permaneçam mais tempo no arsem bater asas. Com isto elas podem ficar horas ali sem se cansar.- Para o planador funciona da mesma forma. A gente vai pegar essasformações de ar quente e com isto vamos voar quase que o triplo detempo. Prepare sua maquina que você vai tirar excelentes fotos.- Com certeza chefe... Então amanhã a gente sai bem cedo.

Capítulo 3 –

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Ainda era noite e as pessoas dormiam quando o piloto veio mechamar para aprontar as coisas e seguir rumo ao pequeno aeroporto.O piloto me trouxe uma xícara de café solúvel bem quente e disse quetinha biscoitos caseiros no jipe.Tomamos o café e partimos.Quase chegando ao pequeno aeroporto que na verdade era apenasuma pista de grama no meio da mata com um barraco próximo acabeceira onde estocavam combustíveis, o sol começou a despontarno horizonte.Abriu a porta de um grande galpão que ficava escondido na mata e láestava a nossa condução.Um planador muito bonito e de cores fortes e vivas. Na sua maioriaera pintado de amarelo.Só faltava esperar o avião chegar para a gente poder engatar o cabodo planador e levantar vôo.Minutos depois o pequeno avião chegou.Engataram o planador e entramos rumo a nossa primeira aventura noar.Realmente a decolagem não foi das melhores.Sacudia muito por conta dos pequenos buracos na pista, mas nadaque fizesse um turista de primeiro vôo desistir de voar.Minutos de vôo já estávamos em uma boa altitude quando o pilotosoltou o cabo e gritou: Agora estamos por conta da nossa sorte epelos bons ventos. Seja lá o que Deus nos reservar será ótimo deapreciar.Realmente. Um fato maravilhoso.Nada de ruídos de avião e muito menos barulhos de motor.Apenas o som do vento batendo nas asas do planador e o contadodireto do vento em nossos rostos.O piloto achou uma ótima condição de ar quente e ganhamos altitudee nesse exato momento comecei a fotografar tudo que estava aoredor.Voamos por horas.Voltamos ao local de partida e tivemos um pouso tranqüilo.Estava com vontade de voar no dia seguinte novamente, mas não foipossível.A agenda de vôos estava lotada e só teria vaga para no mínimo 15dias depois e eu teria que reservar com antecedência antes que outroturista o fizesse.Conversamos e reservei o vôo. Se o tempo estivesse bom em 15 diaseu voaria novamente de planador.

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Cheguei à pousada e o pessoal que fazia a aventura na corredeira jáestavam aguardando a minha presença para confirmar que no diaseguinte iríamos descer cachoeira abaixo.Confirmei minha presença e no dia seguinte mais um bom dia deaventura.Muito legal a paisagem e a corredeira era moleza. A corredeira haviaapenas alguns pequenos obstáculos de quedas dágua e realmentenão dava pra assustar nem criancinhas.Foram quase 4 horas de corredeira mansa e tranqüila com um visualincrível.Confiei tanto no que o instrutor falou que levei até minha maquinadigital.Tirei ótimas fotos com cenários deslumbrantes.Voltamos para pousada e já se encontravam uma nova equipe paraoutras aventuras, agora seria nas caminhadas ecológicas com direitoa escaladas de nível fácil para os iniciantes.Foi muito bom também, principalmente porque o local que nos fomoscaminhar existia aquelas plantas repelentes e quase não sentia apresença dos insetos.Uma grande quantidade de cachoeiras escaláveis. E no final umbanho delicioso em uma das cachoeiras que possuía o tom azulado.Foi um dia de muitas fotos e lugares sensacionais.E assim o tempo foi passando. Aventura durante os dias e muitosassuntos durante as conversas noturnas em volta das fogueiras.Foram dias e noites inesquecíveis.Após vários dias de aventura, chegou o dia de voar com o planadornovamente.Acordamos no mesmo horário e partimos em direção do pequenoaeroporto.Logo ao sairmos o pneu dianteiro do jipe furou.Trocamos o pneu e seguimos viagem.Mais a frente o motor começou a ferver.Paramos e esperamos esfriar o motor e colocamos água.Seguimos viagem.Para atrasar um pouco mais o pneu traseiro lado passageiro furou.Nesse momento pensei em desistir do vôo.Parecia que algo estava me avisando para não ir.Aplicamos um spray à base de cola muito usado por motoqueiros edepois enchemos com a bomba. Tudo certo. O pneu absorveu a colae o buraco parecia estar consertado.Chegamos ao aeroporto e já estávamos prontos esperando apresença do avião.

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Pelo radio o piloto disse que iria se atrasar um pouco.Teve que contornar uma grande nuvem de chuva e sair das rajadas defortes ventos.Ficamos praticamente 1 hora esperando pelo avião.Enfim o avião chegou e fomos ao nosso encontro com osmaravilhosos momentos no ar.Voamos e chegamos ao nosso ponto de partida sem problema algum.Ao nos despedir o piloto disse que tinha um amigo dele que fazia vôocom asa delta a motor.Perguntou se eu estava interessado em voar com o amigo dele.Falei que tudo bem e pedi que me avisasse quando daria para fazer ovôo.Ele disse que ia conversar com o amigo e a noite passava um radiopara o pessoal da pousada.Naquela noite o dono da pousada disse que o piloto tinha passado oradio e disse que o vôo estava marcado para dali a três dias. Pediuque eu confirmasse se eu iria ou não.Disse para o dono da pousada confirmar o vôo.Estava tudo certo e só aguardaria esse ultimo momento de emoção edepois seria apenas o final de férias e voltaria para casa.Chegou o dia do vôo de asa delta com motor.Novamente saímos antes do raiar do dia e fomos a uma outra direção.Dessa vez a gente ia levantar vôo de cima de um grande morro queficava a cerca de 50 minutos de jipe da pousada.Chegamos lá, tudo já estava preparado.Ajeitaram-me com os itens de segurança da asa delta e fomos voar.Realmente muito bom... Indescritível a sensação de estarpraticamente livre no ar.Só o barulho do motor me incomodava.Mas o motor era ligado apenas quando a gente perdia altitude e issodava um alivio aos meus ouvidos. Mesmo com os fones de proteção obarulho era alto e realmente me deixava irritado.Fora isso tudo bem.Já faziam cerca de uns 55 minutos de vôo.Senti uma rajada forte de vento, mas como não sou profissional noassunto nem me importei, achei que fazia parte do cotidiano de umpiloto de asa delta.Minutos depois daquela forte rajada o piloto desligou o motor apenaspara me dar um aviso de que eu não ficasse preocupado com asrajadas de vento que iriam começar a repentinamente.Perguntei se teria algum problema com o nosso vôo.

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O piloto disse iria fazer o retorno para o local da decolagem.Fiquei apreensivo, mas confiava no piloto, afinal ele já possuía muitosanos de experiência.Mas para o final da nossa sorte... Uma forte seqüência de rajadasrasgou um pequeno pedaço da asa e já apresentava dificuldade nadirigibilidade.Sentia que o piloto fazia um esforço alem do normal para manter adireção.Nesse momento eu já me preparava para o pior.Como que por um sopro da natureza a asa simplesmente começou arodopiar e ganhar altura.O piloto desligou o motor para que a asa ficasse mais pesada evoltasse par altura anterior.Mas mesmo com o motor desligado a asa continuava a ganhar altura.A subida foi repentina, eu já não conseguia respirar normalmente.Comecei a sentir a cabeça doer e desmaiei.A ultima visão que observei antes de desmaiar foi à presença de umagrande nuvem negra se aproximando. Estava longe, mas dava paraver que sua massa era bem extensa.Não sabia que as condições do tempo tinham mudanças tão drásticase rápidas.Ao recordar os sentidos percebi que tivemos sorte na queda.Caímos na encosta de um morro com uma descida pouco acentuada eisso fez com que a asa e o motor da asa denta rolassem por poucosmetros e com isso eu e o piloto não tivemos nada mais além quepequenos cortes nos braços e nas pernas.Realmente nada grave.A asa ficou totalmente destruída, acho que só o motor iria poder seraproveitado.O piloto marcou a nossa posição no GPS e começamos a andar.Recolhi parte do que sobrou da asa delta na esperança de servir deabrigo caso tivéssemos que ficar alguns dias andando sem uma breveajuda.Foi uma boa idéia. Afinal dava para se proteger parcialmente daschuvas e do sol forte.As varetas da asa delta também serviam de suporte para nossascaminhadas e ajudavam a gente se equilibrar naqueles terrenosirregulares e cheios de pedras e buracos profundos.Chegamos a um local de difícil locomoção. O solo era bem arenoso equalquer passo em falso a gente podia cair em um imenso buraco.A mata dificultava a visão do céu.

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A gente só poderia saber se alguém estava procurando pela gentequando chegávamos a partes de clareiras naturais da mata ou então abeira de algum rio ou cachoeira.Os primeiros quinze dias perdido na mata eu consegui anotarinúmeras vezes que a gente parava por horas para descansar. Ocorpo já estava dilacerado pelo cansaço.Andar dois ou três dias por aventura é algo normal na vida de quemprocura por aventura.Mas andar mais de uma semana na mata serrada e cheia deobstáculos e às vezes andar horas e horas sem encontrar água paramatar a sede deixa o corpo da gente realmente estraçalhado.A gente sofria mais com a intensa umidade da mata queproporcionava um calor alem do normal. Se fossemos medir atemperatura acho que chegaria a uns 55 graus com certeza.Tudo transpirava, desde o pé até a cabeça.Partes da mata eram infestadas de mosquitos e formigas com picadasdoloridas.Outras partes da mata já não tinham tantos insetos e o calor já erasuportado.E assim de acordo com o relógio de pulso... Caminhamos por 38 diasaté encontramos as primeiras pessoas.Eram dois rapazes que estavam praticando asa delta e também foramarrastados pela tempestade.Um dos rapazes estava inteiro, apenas alguns arranhões assim comonós.Mas o outro estava com a perna quebrada e com um ferimento quenão cicatrizava.O piloto com o conhecimento de selva logo saiu andando na mata aprocura de uma planta de tem um tipo de leite cicatrizante, esse tipode planta os índios usam muito em caso de acidentes que tenhamcortes.Minutos depois o piloto voltou com vários caules da tal planta.Também trouxe uma outra e mandou a gente mascar.Mandou mascar até a boca da gente ficar anestesiada.Depois era para cuspir entre as mãos e ficar esfregando até virar umapasta grudenta e esbranquiçada.Após a gente fazer o que o piloto falou... Ele pegou aquela pasta eaplicou por cima do leite que havia derramado no ferimento do rapaz.O rapaz sentiu dores por alguns instantes, mas depois caiu em sonoprofundo.Assim chegou a noite e a gente ficou acampado próximo a umacachoeira.

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Na manhã seguinte o rapaz já estava melhor. Mas não conseguiacaminhar.Reclamava que a sentia fortes dores na perna ao tentar caminhar.Então combinei com o piloto e o outro rapaz que a gente ficasseacampado ali até a perna do rapaz ferido ficar melhor e estivesse emcondições de caminhar.Acertamos tudo e ficamos ali naquela região por duas semanas.Tínhamos tudo para sobreviver por anos... Água pura, peixes e muitalenha pra queimar.Alem das plantas comestíveis que se transformavam em umavariedade infinita de deliciosas saladas.Havia muito bambuzal. E isso me fazia um dos mais felizes. Não temnada melhor do que uma salada com broto de bambu.A gente também usava o broto de bambu para atrair os peixes paramais próximo das pedras e assim a gente fisgava uns três peixesgrandes que davam para o almoço e janta.Em uma das andanças ao redor do local que a gente acampou, euachei uma pedra meio chata e longa. Ao avistar essa pedra eu já aimaginava como grande chapa.A idéia deu certo.Colocamos algumas pedras por baixo daquela grande pedra chata erealmente caiu feito luva.Assim a nossa alimentação estaria garantida e nada de ser obrigado acomer peixes crus.Só de pensar já embrulhava meu estomago. Odeio qualquer alimentocru e mal passado só gosto das carnes de churrasco.O homem levou milhares de anos para conseguir ascender umafogueira e depois desse trabalho todo dos meus antepassados eu nãoseria capaz de voltar ao tempo primitivo e comer qualquer coisa cruaque não fosse frutas, legumes e hortaliças.Ainda mais depois que um amigo meu morreu depois de comer peixecru em um restaurante japonês.O peixe cru deu uma bactéria que acabou com a flora intestinal dorapaz, depois de 20 dias de muito sofrimento com as fortes dores elemorreu.O médico falou para a família que fosse muito cuidadoso com aalimentação.Mesmo o peixe aparentando estar sadio e fresco não quer dizer queele não esteja contaminado com alguma bactéria.Afinal o homem de hoje não precisa comer nada de exótico e a praticade comer peixe cru só foi introduzida na Ásia depois da segundaguerra mundial.

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Mesmo os japoneses não comem peixe cru todos os dias, eles comemapenas em ocasiões especiais.Mas como não sou japonês, não sou urso e muito menos existiaalguma ocasião especial, jamais irei comer peixe cru.E assim nossos peixes eram assados dia e noite e a gente tinha umbanquete de verdadeiros reis.Os dias foram se passando e o nosso novo parceiro se restabeleceu.Ao acordar eu o vi tomando banho na cachoeira.Gritei pra ele como estava à perna.Ele disse que já estava ótimo e a gente já poderia começar a caminharrumo à cidade.De qualquer forma eu procurei alguns bons e resistentes galhos eescolhi um mais reforçado e preparei uma bengala para ajudar aapoiar e não fazer tanto esforço com a perna recém curada.Começaríamos então na manhã do dia seguinte a nossa caminhadarumo à civilização.

Capítulo 4 –Ao amanhecer notei que os dois rapazes tinham partido e o piloto aoacordar ficou louco da vida por conta que os dois saírem se despedir.Eu achei meio estranho os dois irem embora sem pelo menos avisar agente que iriam sair mais cedo.Mas tudo bem... Sei que a humanidade é terrível.Mesmo achando tudo estranho não cheguei a comentar a minhaopinião com o piloto que se mostrava profundamente revoltado com aatitude dos jovens.Pegamos alguns itens que seriam mais necessários e maisimportantes para o nosso dia a dia na selva.Caminhamos calados por quase todo o percurso até encontrarmos umriacho.Quando paramos para descansar notei que parecia que alguémestava vigiando a gente.Fiquei apenas observando pelo canto dos olhos para ver se realmentese tratava da presença de uma pessoa ou apenas era algum animalpredador.Fiquei prestando atenção por vários minutos. Nada se movia na mata.Coloquei as coisas de lado junto a uma grande pedra e deixei o bastãocom uma ponta bem afiada ao alcance das mãos.Entrei na água e fiquei apenas com a cabeça fora da água. O pilotoquis iniciar uma conversa, mas eu o alertei da presença de alguém oualguma coisa na mata.- Você viu alguma coisa?

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- Sim. Fique calado e preste atenção.- Vire de lado pra mim e guarde a sua frente e as suas costas, assimnos teremos 360 graus de visão.- Tudo bem.Ficamos calados por vários minutos e ai não só eu, mas ele tambémescutou algo se movendo na mata.Meu corpo nesse momento ficou arrepiado. Se fosse uma pessoa comcerteza não queria se mostrar e nesse caso não seria alguém do bem.Se fosse um animal predador nos estávamos na desvantagem. Mascom cuidado e atenção a gente poderia enfrentar e sair com vida.- E ai o que você acha que é.- Se for uma pessoa, no mínimo está com maus pensamentos e nãodeve ser alguém amigável.- Por que você acha isso?- Por que senão já teria se aproximado e tentado um contato.- Você tem razão.- Então só resta duas opções.- A primeira é alguém querendo confusão.- A segunda é algum animal que está vendo sua refeição aqui noriacho.- Como vamos sair daqui?- Pegue a outra vareta da asa e fique atento.- Caso seja uma pessoa a gente só estará na desvantagem se elaestiver de posse de alguma arma de fogo.- Se for algum animal nós dois damos conta de enfrentar.- Levante-se junto comigo e vamos sair da água ao mesmo tempo.- Minha lança está ao meu alcance.- Venha para meu lado e assim ficará mais perto da sua lançatambém.- Tudo bem.- Você está conseguindo escutar alguma coisa?- Não. Até agora não ouvi mais nada.- De qualquer forma fique preparado para o pior.- Certo. Já estou pronto pra gente sair daqui.- Seja o que for você não corra. Precisamos ficar juntos parapodermos enfrentar juntos e assim teremos mais chance desobreviver.- Parece que tem algo se movendo a nossa esquerda a uns 30 metros.

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- Ok. Fique de costas pra mim e segure sua lança com a ponta inversada minha.- Se alguma coisa vier pela a esquerda eu furo. Se vier pela direitavocê fura.- Ok. Deixa comigo.Quando menos esperávamos saíram 3 sujeitos da mata e tinhamfeições de pessoas não amigáveis.Ficaram parados apenas olhando para as nossas lanças e não seaproximaram.Alguns instantes depois os 3 sujeitos retornaram na mata e sumiram.- Você viu os tipos dos caras,- Sim. Não tinham nenhum tipo de pessoas amigáveis.- O pouco que deu para perceber pareciam pessoas que escaparamde algum hospício.- Você ta louco? Hospício no meio da selva.- Sei lá. Hoje em dia tudo é possível.- Temos que nos apressar e encontrar um local mais seguro pra gentepassar a noite.- Tudo bem. Pegue apenas a mochila que tem o estojo de prontosocorro.- Onde estão os isqueiros e a lanterna de fricção. Estão no porta trecodas minhas botas.- Não calce as botas. Leve-as amarrada e pendurada no pescoço evamos seguir descalços.- Essa região tem muito barro e não podemos arriscar a perder asbotas em algum buraco de lama ou sumidouro.- Ok. Vamos nessa.Andamos por mais de 2 horas sem perceber a presença de ninguém anossa retaguarda.Eu estava preocupado. Talvez os caras fossem moradores do local econheciam muito bem a região e assim a gente ficaria nasdesvantagem.Chegamos a um local mais seco e com menos galhadas e avistamosuma pequena clareira com vários troncos de arvores ao fundo.Começamos a juntar vários galhos menores para fazer uma boafogueira.Assim que juntamos lenha para queimar a noite toda, começamos acavar buracos para colocar pedaços daquela lenha para nos alertarcaso algum tentasse se aproximar durante a noite.Após fazermos todo o serviço de prevenção. Começamos a montaruma cabana improvisada com galhas e folhas.

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Esperamos a noite cair e só acendemos a fogueira depois de umahora na escuridão.Queríamos ter certeza que os três sujeitos não estavam por perto.Depois de uma hora de vigília e não escutarmos nada na mata,resolvemos acender a fogueira.- Como vamos fazer.- Primeiro você dorme e eu fico vigiando.- Quando eu sentir sono a gente troca de turno.- Tudo bem.O piloto se ajeitou e dormiu logo em seguida. O cansaço de andar empassos apressados pela mata densa nos fez ficar mais cansados doque já estávamos.Mesmo a noite o calor era intenso.Comecei a sentir sono e chamei o piloto para o seu turno de vigília.Deitei e acordei apenas com o raio de sol em meu rosto.Olhei para o lado e vi o piloto em sono profundo.Fiquei nervoso com a sua falta de responsabilidade.- Acorda ai seu irresponsável.- Poderíamos estar mortos seu filha da puta.- Me perdoe. Nem percebi que tinha adormecido novamente.- Se soubesse que você iria dormir dessa maneira eu não teria techamado.- Tivemos sorte dessa vez. Mas da próxima vez pode ser queacordemos sem cabeça.- Tudo bem. Da próxima vez eu prometo que vou ficar alerta.Pensei comigo naquele instante: “Se acha que terá uma segundachance está enganado”. Com certeza da próxima vez que a gente precisasse revezar o turnopara dormir ele iria dormir sozinho.Eu mesmo jamais dormiria tranqüilo deixando um irresponsável tomarconta da minha vida. Se algum tivesse que morrer por um erro, essealguém não seria eu.Levantamos e continuamos seguindo mata a dentro.Mais duas horas de caminhada encontramos um lago repleto devitórias régias.Paramos para beber água e seguimos sem muito tempo de descanso.Andamos mais 3 horas sem parar um só segundo e avistamos umaespécie de terreno com areia bem fina e extenso.Olhando a primeira vista dava a impressão de um pequeno deserto.Dava para avistar montanhas do outro lado daquele míni deserto.

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- O que você acha.- Não sei. Nunca tinha visto isso por aqui.- Não me lembro de ter voado e ter visto algum deserto.- Parece que estamos bem longe da rota dos aviões.- E aquelas montanhas. Há quanto tempo você acha que poderíamoschegar lá do outro lado.- Talvez uns 3 ou 4 dias andando sem pausas.- Mas acho difícil a gente atravessar sem poder estocar tanta água.- teríamos que levar mais água e nós não temos onde estocar água.- Vãos fazer o seguinte. Vamos caminhar por uma hora deserto adentro e depois a gente volta.- Assim será que dá para fazer uma média de quanto tempo à genteagüenta andar nessas areias fofas e secas?- Sim. Quando a gente anda nesse tipo de solo tem que se fazer àmédia mais elevada.- Esse tipo de solo eu calculo que uma hora de caminhada representede quatro e cinco horas de caminhada em terreno plano.- Então acho que vamos levar muito mais que 3 a 4 dias para alcançaro outro lado do deserto.- Talvez sim, talvez não.- É, mas acho que a gente deveria tentar de qualquer forma.- ficar aqui é que não tem jeito. Ainda mais sendo provável que nãoestamos em nenhuma rota de socorro aéreo.- Provavelmente estando fora da rota de aviões estaremos fora da rotados policiais florestais também.- Bom. Temos que ir. Seja lá o que Deus quiser.- Olhando para este cenário não dá para imaginar que estamos nomeio do nada.- Nossa aflição é muita. Mas esse cenário vale qualquer sacrifício ousituação.- Jamais tinha presenciado uma cor de céu ao que vejo nesseinstante.- Se tivéssemos de avião com certeza tudo pareceria apenas mais umlocal de visitação.- Uma pena que tudo que você está falando é apenas uma utopia.- Bom. Pelo menos posso sonhar acordado antes de morrer de sedeou de fome.- Vou morrer um dia. Mas com certeza não vou morrer no meio destamata.- Acho melhor a gente parar de jogar conversa fora e seguir.

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- Eu acho melhor a gente ficar aqui até escurecer e caminharmos poreste deserto a noite.- Não sabemos se tem água em algum local a frente.- A noite é mais fácil da gente resistir à sede.- Tudo bem. Ainda podemos dar sorte que venha a chover.- Você está maluco? É muito difícil chover nesse lugar.- Como sabe?- Veja como esta areia está fofa e seca.- Areia fofa é sinal de local seco onde quase não chove.- Estou acostumado ver isto nas praias.- Quando você está em praias de cidades que não chovem muito,sempre as areias são fofas e bem secas.- Acho que já reparou quando foi na praia no mês de verão e no mêsde inverno.- Sim. Acho que você tem razão.- Então vamos começar a nossa caminhada a noite.- Aqui na mata é quente, mas a gente não pega o sol diretamente nonosso corpo.- Tem razão mais uma vez. Então vamos procurar algo que dê paragente poder carregar um pouco de água.- Será que dá pra gente fazer tipo de uma bolsa com aquelas folhasda vitória régia.- Nunca tentei. Mas não temos nada a perder.- Vamos voltar até o lago e tentar fazer bolsas de água com as plantase cipós.Foram varias tentativas até conseguirmos achar um jeito próprio decarregar a água estocada nas plantas.A melhor forma que encontramos de estocar água foi pegandopequenos galhos e fazer círculos com eles. Depois a gente passava ocipó por dentro e por fora e colocava a folha da vitória regia por dentro.Ficou parecendo uma pequena vasilha de água.Deu certo estocar a água. Mas o mais difícil seria carregar a águaestocada sem uma tampa.Ficamos treinando um pouco para descobrirmos o melhor jeito.Foi quando percebemos que o melhor jeito seria carregar em um tipode varal feito com algum longo galho que desce para nós doisandarmos sem balançar muito.Estocamos 3 bolsas de água e testamos andando em círculos.Deu certo e assim nós conseguimos pelo menos estocar água para aprimeira noite de caminhada.

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- Como vamos fazer para descansar.- Teremos que andar pelo canto do deserto próximo da mata.- Assim na hora que a gente por parar nós precisamos apoiar aspontas do galho para as bolsas de água ficarem longe do chão.- Se colocarmos no chão a água com certeza vai escapar.- Sim. Então devemos manter esse varal no alto.- Você está confiante que essa coisa aqui vai dar certo?- Não sei de nada. Mas a gente precisa tentar alguma coisa para sairdaqui.- Não podemos ficar com medo de ficar sem água.- O que não podemos é ficar sem água nas primeiras 4 horas decaminhada por este míni deserto. Nos não conhecemos nada desselugar. Na mata da pra gente se virar de um jeito ou de outro.- você tem mais conhecimento da mata. Já de solo deserto tenhocerteza que você não conhece nada.- Não conheço mesmo. Na mata eu me viro. Mas em deserto não temcomo arrancar água da areia.- Bom. Agora vamos para a entrada do deserto e esperar a chegadada noite.- E você escutou mais algum barulho na mata daqueles caras.- Não escutei mais nada. Acho que estamos sozinhos há bastantetempo.- Vamos descansar para a nossa caminhada noturna.- Tudo bem, é melhor mesmo. Temos que estar preparado para odesconhecido.

(Capítulo 5) - A Caminhada Noturna.

A noite chegou e já estávamos preparados. Nenhum de nós estavaaparentando medo ou receio de nada.Estávamos dispostos a enfrentar qualquer desafio. Não tínhamosnenhum plano de luta ou de fuga.Combinamos apenas de não nos separarmos e em caso de algumconfronto com o grupo que encontramos na mata ou outro grupo deestranhos qualquer.Combinei com o piloto que em caso de algum enfrentamento, quesempre nós dois partíssemos para cima do indivíduo mais forte, assimos mais fracos com certeza iriam desistir de continuar a luta.Esta técnica eu aprendi na escola ainda pequeno. Toda vez que umgrupo de garotos queria arrumar briga eu simplesmente não falavanada.

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Apenas prestava atenção ao garoto mais forte e quando ele em uminstante de distração eu atacava com um soco certeiro no pescoço.Geralmente um soco certeiro no pescoço é o suficiente para terminaruma briga sem mesmo ela começar.Assim os outros garotos que presenciavam o garoto mais forte cair,simplesmente desistiam de encarar uma briga comigo e com istoganhei fama de violento nas escolas por onde passei e ninguém semetia comigo em uma segunda ocasião.- Bem pensado, você era mesmo um garoto bem esperto.- Era nada, eu aprendi esse truque com um velho que era vizinhonosso e amigo dos meus pais.- Uma vez conversando com ele falei das brigas de escolas. Falei queos garotos eram covardes e sempre vinham em grupos para atacar agente.- Foi nesse dia que o velho me contou esse truque.- Ele disse que no tempo dele também existia muita confusão nasescolas e que um dia cansado de apanhar resolveu partir pra cima deum garoto mais forte do grupo rival.- Ele disse que acertou um soco certeiro no pescoço do garoto maisforte e quando ele caiu, os outros saíram correndo.- Assim ele ganhou fama de bandido na escola e mais ninguémarrumava confusão com ele.- E foi bom isso ter acontecido. Assim ele se aproximava dos garotosperseguidos dentro da escola e com isto praticamente os ataquescovardes acabaram.- Sabe como é, os homens se dizem corajosos, mas na maioria dasvezes essa coragem só se mostra quando estão em grupos e vãoenfrentar apenas uma pessoa.- O homem estando em vantagem e maioria eles sempre sãocorajosos, mas na realidade não passam de covardes. O homemcorajoso não precisa enfrentar ninguém para se mostrar corajoso.- O homem corajoso basta apenas se defender se não puder evitar umataque, isso é ser homem.- Concordo com você.Fomos conversando mais sobre coisas desse tipo, coisas da infânciaonde aprendemos muito com os outros e com isto o tempo e acaminhada até o sol raiar passou rapidamente.Paramos em um canto da mata onde existiam algumas árvores comas copas que davam uma boa sombra e por ali nos encostamos.Falei ao piloto para que ele dormisse primeiro.Aquela manhã estava fresca, mas no meio do dia o sol com certezairia fazer a temperatura aumentar como de costume.

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Assim ficaria mais fácil para o piloto dormir com o tempo fresco edescansar bastante até pelo menos ao meio do dia.Quando foi por volta das onze e meia o piloto acordou sem que eu oprecisasse chamá-lo.- Agora é sua vez.- Vê se você não dorme dessa vez.- tudo bem cara, fique de boa. Vou ficar esperto dessa vez.- Acho bom... Pensei comigo.Dormi apenas umas 4 horas. O calor estava mais forte que os diasque passamos na mata. Acho que o fato de estarmos próximo da areiafazia a temperatura subir mais alguns graus.Fui até as cacimbas de água que fizemos e todas estavampraticamente vazias, mas foi o suficiente para matar a sede daquelemomento.Comemos alguns pedaços de peixe seco na fumaça das fogueiras dosdias anteriores e seguimos viagem quando escureceu.Após algumas horas de caminhada avistamos o que parecia ser a luzde uma casa.- Você está vendo aquilo. Sim.- O que acha que é. Talvez alguma moradia ou cabana de caçador.- Caçadores nessa região não são muitos amigáveis.- Vamos ter que arriscar. Vamos chegar com cautela e sentir oambiente.- Se por ventura eu olhar para o céu e falar que vai chofer você jásabe que é para a gente se mandar.- Tudo bem.Nós aproximamos um pouco mais e notamos que era a luz de umafogueira.Parecia ser caçadores mesmo, com certeza iríamos ter problemas derelacionamento humano.Ao chegarmos notamos que era um grupo de 6 homens.Quatro deles estavam dormindo e dois conversavam.Gritei de longe. Olá pessoal. Boa noite.- Você escutou eles responderem alguma coisa?- Não. Parece que estão querendo saber do que se trata primeiro.- Vamos nos aproximar um pouco mais?- Vamos, mas vamos andar calmamente.- Só espero que não estejam com as armas apontadas para nós.- Também estava pensando nisso.- O que você acha?

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- Acho que já era para terem respondido.- Grite novamente pra eles dando boa noite.- Boa noite gente. Podemos nos aproximar.- Sim, disse uma voz rouca.Aproximamos-nos e deparamos com dois sujeitos com roupas bemsurradas e barbas longas e bem sujos.Os outros quatro que estavam deitados ao lado da fogueira pareciamestar nas mesmas condições.Olhei em volta do local e percebi que existiam barracos mais a frente eparecia ser uma pequena vila.- Boa noite. Disse eu ao estranho.- Noite... Respondeu o estranho.- Nós sofremos um acidente aéreo e estamos tentando encontrar ocaminho para a cidade mais próxima.- Então oceis acabaram de chega.- Aqui é nossa pequena cidade.- O senhor pode me dizer qual é o nome dessa cidade?O homem sorrindo respondeu a minha pergunta. - Aqui nois chama de Vila do Mata-mata.- Porque esse nome senhor? Perguntou o piloto idiota.- Talveis logo logo oceis vai discubri.- Aqui os dia e as noite e muitcho agitado.- E aqui se mata de tudo pra nois te o que cume.O outro homem se aproximou do piloto e falou se ele queria tomar umgole de vinho tinto.O piloto já ia estendendo a mão pra pegar a caneca e eu tenteiimpedir com uma frase.- Os senhores acham que vai chover essa noite ou amanhã?- Aqui só chove de janeiro a maio moço, portanto já passou o períododas chuvas.O piloto não se ligou no que combinamos e bebeu o liquido daquelacaneca.- Mas isto parece sangue!!!- É sangue mesmo moço, e ta fresquinho. É daquele moço ali daponta.- Olhei rapidamente e percebi que era o rapaz que tinha quebrado aperna na mata.- Parece mesmo que vai chofer e temos que ir embora.- Aqui moço a única chuva que vai ter é de sangue de oceis.

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Percebi que se tratavam de pessoas loucas. Problemas mentais comose fossem fugitivos de algum hospício.Antes que a gente pudesse correr o piloto levou uma facada no meiodo pescoço e caiu com os olhos arregalados.O sangue jorrava e aquela homem louco colocou a caneca e emseguida bebeu o sangue do piloto como se fosse vinho.Dei uma estocada com a ponta da lança naquele louco desgraçado eparti pra cima do outro que já vinha na minha direção.Com os pés levantei uma nuvem de areia que o deixou praticamentecego.Enfiei sem dó a lança na barriga daquele outro louco desgraçado evoltei na direção do piloto.Não tinha nada que eu pudesse fazer. Já estava morto.Enfiei a lança nas costas do outro louco e peguei uma pedra queestava próxima e bati até partir a cabeça daquele louco desgraçado.Meu ódio era tanto que poderia até beber o sangue daquele loucoassassino.Já estava indo na direção dos barracos mais a frente e escutei umgemido.Era do outro rapaz que estava junto com o que quebrou a perna.Ao virar o rapaz ele estava com um profundo corte próximo ao tóraxmas ainda estava vivo.- Você consegue me ouvir.- Sim.- Você consegue caminhar.- Acho que não. É melhor você se salvar. Logo vão chegar os outros.- Ainda tem mais loucos aqui?- Sim tem muitos e não tem como escapar deles.- Eles são daqui ou são de outra região.- Parece que são daqui mesmo. Parece ser uma cidade hospício.- O que você conseguiu ver nesse local durante o dia?- Tem de tudo um pouco.- Tem bares, tem igreja, tem até um tipo de mercearia. E tem muitaspessoas.- Tem algum lugar que eu possa esconder você aqui que seja maisafastado desse inferno?- Não existe lugar seguro aqui. Você tem que ir. Logo eles vão chegar.- Não gosto da idéia de largar você aqui para ser estripado por essesloucos.- Não tem jeito. Você tem que ir. Eu nem sinto mais dor.

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- Vou tentar carregar você.- Por favor... Deixe-me aqui e vá embora. Eles estão para chegar e aivocê também vai morrer.- Desculpe amigo, mas vou levar você comigo.Peguei a faca da mão do louco e cortei um pedaço de lona que estavapróxima dos barracos.Estiquei e rolei o rapaz ferido em cima da lona.Arrastei por algumas centenas de metros. Parei para descansar enotei que o rapaz já parecia estar morto.Realmente, ele estava morto. Não tinha mais nada que eu pudessefazer.Enrolei o rapaz com o resto da lona e segui uma trilha de um tipo depastagem.Mais ao longe percebi que existiam inúmeros pontos de luzes.Eram fogueiras de outros barracos contendo mais loucos comoaqueles que eu acabara de matar.Voltei aos barracos onde tudo começou e me armei com todas asarmas que encontrei.Com alguns pedaços de corda e de panos coloquei facas afiadas emoutros pedaços de estacas mais resistentes.Fiz duas lanças com pontas duplas de facas.Peguei uma pequena bolsa que o louco usava para carregar ascanecas e alguns pedaços de carne que pareciam ser carne humana.Coloquei algumas pedras que estavam em volta da fogueira e queserviriam como defesa também.Quem não tem cão caça com pedra.Então segui carregando uma lança nas mãos e a outra pendurei nascostas.Assim fiquei com uma outra lança de ponta dupla de reserva caso aque eu estava usando viesse a quebrar em algum confronto.Ao caminhar pela trilha encontrei mais algumas pedras de tamanhoideal para um bom e certeiro arremesso e assim já não estava tãodesprotegido.Percebi que somente na noite seria o horário ideal para tentar achar ocaminho da cidade e sobreviver naquele inferno.Continuei a caminhada, desta vez eu caminhava mais acelerado ecom os sentidos bem aguçados.O que me preocupava era a chegada do dia.Onde eu iria poder dormir e descansar?Teria de achar algum lugar mais afastado dos barracos, mas que nãofosse passagem obrigatório daqueles loucos.

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Ao caminhar um pouco mais notei vários pontos de luzes de fogueiras.Eram dezenas de barracos. Parecia mesmo um grande vilarejo.Mudei de direção e percebi que estava próximo de um morro.Subi no morro e quando cheguei ao topo pude perceber que o localestava cercado de barracos.Não era pequeno e sim um grande vilarejo. Havia centenas de pontosde luzes. Inúmeros barracos onde as luzes estavam desligadas, mascom certeza havia mais pessoas morando ali.O que me importava naquele instante era apenas onde eu iria passaro dia.Como eu poderia descansar sem ser morto ao dormir.Queria muito sair daquele local com vida. Não por querer ser apenasum sobrevivente ou estar com medo, mas pelo simples fato de sairvitorioso daquela situação tão desgraçada e infeliz que aqueles loucose assassinos desgraçados viviam e as pessoas precisavam saber.Queria sair daquele inferno vivo para contar as autoridades e vingarpelo menos a morte daquelas pessoas que eu fiz amizade.

(Capitulo 6)Após ter aquela visão que me deixou preocupado com tantos barracosespalhados por uma grande área, era chegada à hora de sair andandoe procurar um lugar seguro para passar o dia.Com certeza... Andar durante o dia entre aqueles loucos era a minhasentença de morte.Após descer o morro notei que havia uma picada que dava caminhojunto à mata fechada. Segui meu instinto de sobrevivência e segui emdireção ao desconhecido.

Após 20 minutos de caminhada achei um local de mata mais fechada.Seria ideal para poder me esconder no topo das arvores e assimpoder descansar durante o dia nem que fosse por algumas horas.Ao notar uma arvore com os galhos bem fechados decidi fazer meuacampamento naquele local.Mesmo durante o dia seria muito difícil alguém me achar escondidoentre tantas folhas e emaranhados de cipó.Deitei em um galho mais grosso que parecia uma grande forquilha eali consegui esticar o corpo e descansar minhas pernas que jáestavam exaustas de tanto caminhar.Realmente fui o homem de sorte. Dormi o dia todo.Ao acordar notei que já era horário do por do sol.Fui mesmo um homem de muita sorte, ninguém realmente passounaquele local e assim consegui sobreviver mais um dia.

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Chegou à noite. Desci da arvore e comecei a caminhar na direção dacorredeira de um córrego. Sabia que ele me levaria a outro vilarejo oumesmo a achar uma saída segura.Caminhei por mais uma noite. Foi uma noite tranqüila... Exceto pelalonga caminhada e a constante desconfiança de qualquer barulho queescutava na mata.Novamente procurei por uma arvore onde eu pudesse passar a noite.O segundo dia não consegui dormir direito. Choveu muito e a chuvame incomodava ao cair no meu rosto alguns pingos maiores de chuva.Naquela noite seria pior que as outras. A noite estava mais escura quenas noites anteriores e alem de tudo não dava para manter a atençãototal por conta do barulho da chuva na mata.O barulho da chuva na mata era um obstáculo naquele momento.Caso alguém viesse pela mata eu não iria conseguir escutar o barulhode alguém ou alguma coisa se locomovendo na mata.Resolvi escolher um novo ponto para passar o resto da noite.Meu objetivo era sair com vida da mata. Não me importava o tempoque eu levasse para chegar a alguma pequena cidade ou algum lugaronde pudesse encontrar ajuda.Aquela noite chuvosa demorou a passar. Os minutos pareciam horas.Estava bem descansado e não tinha sono e além de tudo estavapreocupado porque o barulho da chuva não me deixava ouvir nenhumoutro tipo de som da mata.A chuva era intensa e constante. Apenas alguns minutos de intervaloentre um pancada e outra.Eram nuvens espaçadas e de grande extensão e volume de água.Chegou o dia acompanhado da chuva. Não havia nenhumapossibilidade de caminhar com segurança.Teria de achar algum trecho do córrego que fosse mais largo eprofundo para poder descer com a correnteza.Resolvi descer da arvore para me aproximar do córrego e ver se comaquela grande quantidade de água que caiu durante a noite seria osuficiente para ter aumentado o volume de água e largura do leito dopequeno córrego.Cheguei à beirada do córrego, mas realmente ele era bem raso emesmo com o grande volume de água que caiu a noite toda elecontinuava raso. Apenas o volume da correnteza tinha aumentado.A mata era quase da altura da margem do córrego e por este motivoele não ficava profundo mesmo com um grande volume de água.Voltei para a arvore onde estava anteriormente e aguardei melhorar otempo.Para piorar a situação começou a chover muito forte e não dava nempara fumar um cigarro.

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O vento estava na direção do vilarejo. O louco tem o faro bemapurado.Isso eu sei por que perto da minha casa tinha um louquinho que sabiaaté o que eu tinha comido no almoço se eu arrotasse a dez metros dedistância dele.O louquinho sabia até distinguir as varias marcas de sabonete eperfume que o pessoal da rua usava.Uma vez eu fui a uma festa e ao passar pelo louquinho ele exclamou!- Você está usando loção pos barba da Avon.O louquinho tinha mesmo o faro bem apurado.Esse fato de lembrar do louquinho me deixava com a pulga atrás daorelha ao querer ascender um cigarro.Mesmo estando distante do vilarejo era perigoso algum louco sentir ocheiro do cigarro.Quem não fuma sente o cheiro de um cigarro a muitos metros do localonde se encontra um fumante. E se tratando de um louco o olfato ebem mais apurado.Chegou quase o horário de escurecer e a chuva amenizou.Quando escureceu desci da árvore e segui meu caminho.Após andar alguns quilômetros percebi que existia a presença de umgrande grupo de pessoas mais a frente.Fui me aproximando vagarosamente e constatei que eram uns 12loucos conversando e caminhando rente a mata.Pareciam que eles estavam procurando algo naquela noite.Fiquei parado por uns instantes e prestando atenção para tentarescutar o que estavam conversando.Mas estavam um pouco longe. Resolvi ficar onde estava. Afinal nãoseria seguro me aproximar, poderia fazer algum barulho e elespercebendo a minha presença iriam começar uma grande caçada.O grupo resolveu se dividir. Alguns foram na direção em que eu estavaindo. E outros voltaram em direção contrária e iriam passar por mim.Me escondi atrás de um grande arbusto e fiquei esperando o grupopassar.Após passarem na minha frente eles pararam um pouco adiante.Pareciam que estavam sentindo a minha presença na mata.Pareciam desconfiados. Fiquei apenas olhando sem mover ummúsculo qualquer do corpo.Eles ficaram parados por quase 10 minutos olhando em todas asdireções.A chuva começou a cair novamente e o grupo resolveu prosseguircom a caminhada.Fiquei parado sem me mover por quase 30 minutos.

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Quando resolvi me mover, senti que alguém estava bem próximo demim.E realmente estava. Um deles andou um pouco mais a frente e ficousentado em uma pedra um pouco mais adiante.Pareciam mesmo estar desconfiado.Quem sabe sentiram o cheiro do meu suor ou o meu odor por já estaralguns dias sem tomar um banho decente.Fiquei intrigado com a presença daquele louco e resolvi atrair aatenção dele.A única forma de continuar com a minha caminhada seria não sernotado.Resolvi ficar quieto. Continuar com o meu silencio até que o sujeitofosse embora.Passou muito tempo e notei que ele se levantou.Olhou em minha direção como se pudesse ver entre a mata e oescuridão da noite e parecia estar me encarando.Fiquei na minha e me movia nem um milímetro.Após dar alguns passos e jogou algumas pedras na mata.Dava para perceber que estava realmente notando a minha presença.Uma das pedras atiradas quase me acertou.Passou a poucos centímetros da minha cabeça.Ele percebeu que nada se moveu na mata e começou a caminhar emdireção do vilarejo.Pensei que talvez ele fosse arrumar ajuda para voltar ao local, comoparecia desconfiado com a presença de algo na mata, nada maisnatural que ir buscar ajuda.Assim que ele sumiu na escuridão sai do local que estava e continueia caminhar na direção do percurso do córrego.Eu sabia que existia um pequeno grupo a frente.Mas pelo fato de saber que estavam indo na minha frente já me davauma vantagem.Peguei as pedras e as deixei próximas das minhas mãos e ajeitei alança nas costas e a outra a empunhei com muita confiança e jáestava pronto para um enfrentamento caso fosse necessário.Andando mais a frente tropecei e um pedaço de ferro.Era a ponto de um machado. Talvez fosse aquilo que eles estariamprocurando.Talvez algum deles esquecesse durante o dia e não marcou a direçãocorreta para pegar durante a noite.Nesse momento tive sorte. Contava com mais uma arma, ummachado bem afiado.

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Continuei seguindo o meu caminho quase que a noite toda.Faltando pouco tempo para clarear procurei um local seguro para meesconder.Ao entrar na mata para procurar uma árvore grande me deparei comum dos loucos daquele grupo abaixado na mata.Estava se aliviando na mata. Ao perceber o som dos galhos semovendo ele olhou em minha direção.Parei e fiquei atrás dos arbustos e esperando que ele falasse algo.Mas ele ficou apenas calado olhando na minha direção.Tinha uma aparência horrível. O rosto muito marcado pelo tempo einúmeras cicatrizes de lutas ou de algum acidente.Então ele se levantou, ajeitou as calças e veio em minha direção.Ao perceber que ele não pretendia mudar sua rota eu resolvi sair detrás do arbusto e encarar aquele novo desafio que iria se iniciar.Ele ao me avistar deu para perceber que sua fisionomia mudou esabia que se tratava de um inimigo.Acelerou os passos e venho na minha direção decidido a meenfrentar.Sacou uma faca de tamanho médio que estava em uma bainha detecido rasgado na lateral do corpo e levantou a mão em sinal deataque.Esperei ele chegar mais próximo ao alcance na minha pequena lançaque estava fora do alcance de visão dele. Dava para notar nos olhosdele que ele não tinha notado que eu estava armado.O arbusto bem fechado encobria a visão daquele louco idiota.Ao chegar bem próximo ele tentou tirar o arbusto da direção do seurosto e foi nesse momento que eu dei um golpe certeiro no pescoçodele.Ele caiu sem dar um único gemido de dor.Realmente aqueles caras era de assustar qualquer pessoa.Qualquer pessoa que conheço jamais tentaria atacar outra pessoasem esboçar uma reação de desconfiança por não conhecer oadversário.O sujeito simplesmente partiu para cima de mim e não quis saber seeu poderia ou não estar armado.Ele contava apenas com sua faca e isso lhe dava total confiança.Após ele cair... Estoquei mais algumas vezes a faca em seu pescoçopara constatar que estava realmente morto.Fiquei parado por alguns instantes para tentar escutar se havia maisalgum próximo ou não.Não escutando mais nenhum ruído na mata segui minha caminhadapara tentar achar algum lugar seguro.

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Teria de andar um pouco mais para ficar longe do corpo daquelelouco.Andei mais algumas centenas de metros e lá estavam mais dois nomeio da mata.Não deu para evitar que eles sentissem a minha presença.Fiz como da primeira vez. Me escondi atrás de um arbusto e retire aoutra lança das minhas costas.Fiquei com uma lança em cada mão atrás do arbusto esperando queeles partissem feitos loucos em minha direção.Teria que mostrar o rosto para que eles vissem que eu não mereconhecessem e viessem em minha direção.Foi o que aconteceu. Ao me avistarem vieram como cachorrosbabando em minha direção.Cada um deles possuía uma espécie de estaca de madeira nas mãos.Mas ao contrario do outro louco esses pareciam mais receosos.Eles não conseguindo me ver de corpo inteiro resolveram se dividir edar a volta pelo arbusto.Abaixei e recuei na direção de outro arbusto.Quando o primeiro deles ficou mais próximo de mim. Corri na direçãodele e dei uma espetada na barriga para que pelo menos ficasse semação por algum instante e dar tempo de enfrentar o outro que era maisforte que ele.O outro se aproximou.Olhou a lança em minhas mãos e resolveu jogar sua estaca em minhadireção e tentar quebrar um galho maior para me enfrentar.Ao jogar a estaca em minha direção, eu desviei e corri na direção dele.Ele tentou se esquivar, mas a lança foi certeira no estomago dele.Ao se sentir a lança entrar ele se abaixou e eu enterrei a outra lançano pescoço dele.Retirei as duas lanças do seu corpo e voltei ao primeiro que ainda sóestava ferido.Um louco ferido é como se fosse um leão ferido, fica mais forte e maisraivoso e mais difícil de matar.Ao chegar ao local que o outro tinha caído, já não estava mais ali.Parei e fiquei escutando o barulho na mata.Achei a direção que ele tentava escapar e corri atrás do sujeito.Ao perceber que eles estava indo para o lado do vilarejo apertei aindamais a corrida e ao chegar mais próximo dele atirei a primeira lançaem seu corpo.Errei o corpo dele, mas dei sorte da lança cair entre suas pernas e eletombar na mata.

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Cheguei sem dó alguma e enfiei a outra lança em suas costas váriasvezes.Fiquei parado alguns instantes até sentir que ele não respirava mais.Para garantir que ele estivesse mesmo morto, estoquei seu pescoçomais algumas vezes.Já sabia que aqueles loucos que eu acabara de matar seria o meu fim.Iria começar uma grande temporada de caça e a caça seria eu.Já estava cansado de correr e meu coração ofegava mais que onormal.Quando eu poderia imaginar que um dia teria de ser obrigado a matarum ser humano para poder sobreviver.E eu já tinha matado várias pessoas.Mas com certeza esses que acabara de matar não seriam os únicos.Isso me deixava ainda mais triste. Meu coração parecia que ia explodirde tanta melancolia.Ser obrigado a cometer assassinatos para não morrer era algo quenunca se passou em meus pensamentos.Não tenho coragem de matar nenhum animal indefeso, imagine terque matar pessoas para poder sobreviver.Realmente é Algo insano, algo terrível, mas era algo necessário paracontinuar a viver.

Capítulo 7A cada instante que ficava naquele vilarejo de assassinos meu instintoficava mais aguçado.Já conseguia identificar quase todos os sons produzidos de origemanimal e humano.Estava cansado de tanto caminhar e de tanto lutar, mas era precisocontinuar se eu quisesse continuar com vida.O dia amanheceu rapidamente e quase não tinha descansado aquelanoite e minha única chance de continuar vivo era continuarcaminhando no sentido da correnteza do córrego.Assim o fiz. Continuei caminhando.Caminhava vagarosamente para não produzir muito barulho com ocontato com os galhos secos espalhados no solo da mata e tambémentre os arbustos que eram infinitos.Desviava com todo cuidado para não sofrer arranhões de enormesespinhos pontiagudos que caso houvesse um único descuido oestrago nos pés ou no corpo seria doloroso.Amarrei um pedaço de pano perto dos olhos para que eu pudesse tero mínimo de proteção dos mesmos.

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E assim caminhei por mais um dia até a chegada do anoitecer.Escolhi uma árvore bem alta para poder descansar aquela noite e operíodo do dia inteiro seguinte e só então na próxima noite eu iriacontinuar com minha caminhada.Acordei por volta das cinco horas e o silencio foi quebrado com achegada de uma nova chuva forte.De certo modo chover era bom. Eu fazia tipo de um copo compedaços de folhas e assim dava para beber água sem que fossepreciso descer da arvore, com isso economizava energia.O dia demorou a clarear por conta da nuvem negra que se formavacom aquela chuva forte. O vento também ficou mais forte e fiqueipreocupado com o excesso de raios.Em certos momentos dava para sentir a arvore tremer com raios quecaiam nas proximidades. Foi a primeira vez que senti a força danatureza bem próxima e não ter como escapar dela.Os clarões dos raios pareciam luzes das discotecas que eu gostava deir beber nos finais de semana.Essas pequenas lembranças me faziam esquecer do tempo e cair emsono profundo.Às vezes depois de dormir uma noite inteira, durante o dia meu corpojá pedia por momentos de agitação. Mas se eu quisesse continuarcem por cento, deveria descansar e não ficar procurando sarna parase coçar.O cérebro nessas horas quer trair o nosso instinto. Era muito difícilcontrolar a ansiedade de sair caminhando para encontrar um local depessoas normais.Mas tinha de manter meu espírito tranqüilo e sereno, não podiavacilar... E se eu viesse a vacilar com certeza iria me dar muito malnaquela mata.E assim continuei minha caminhada por mais duas noites depois deconseguir restabelecer minhas forças descansando por um bomtempo.Na terceira noite algo estava para acontecer. Senti um cheiro defumaça no ar.Parecia que alguém fazia fogueira não muito longe de onde eu estava.Fui caminhando vagarosamente até encontrar a direção de onde vinhaaquele cheiro de fumaça.Ao chegar cerca de duzentos metros do local da fogueira, deu pra verque eram apenas duas pessoas que estavam sentados de frente parao fogo.Fui me aproximando bem suavemente e fiquei próximo o suficientepara escutar o assunto da conversa entre eles.Percebi que não se tratava de pessoas daquela região.

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Fiquei parado por mais de 20 minutos apenas escutando a conversadeles.Conversavam sobre aplicação a curto e longo prazo na BOVESPA.Fiquei contente por saber que não eram pessoas daquela região e meaproximei.Me levantei de trás moita onde estava e fiz uma saudação.- E ai pessoal... Boa noite.- Boa noite... Responderam serenamente.- Vocês estão perdidos ou sabem onde estão?- Estamos perdidos como você meu amigo.- Como sabe que estamos perdidos?- Por que eu também estou perdido e já faz dias que tento encontrar ocaminho de um outro vilarejo.- Tem algum vilarejo aqui perto.- Sim, na direção oposta que eu vim tem um vilarejo, mas não seriaboa idéia querer ir até lá.- Porque meu amigo, o que tem de errado com esse vilarejo?- É um vilarejo de loucos... Uma espécie de cidade hospício e alem detudo neste local só existem loucos assassinos.Os dois começaram a cair na gargalhada.- Por que estão rindo?- O meu amigo... A noite já está bem escura e você ainda vem comessa estória para fazer a gente ficar ainda mais apavorados do que jáestamos?- Não é brincadeira. Estou dizendo a verdade.- Para com isso meu irmão.- Em plena floresta amazônica a gente encontrou um cara que acaboude fumar um bagulho bem doido!- E põe doido nisso... Tem um bagulhinho louco desse ai que vocêfumou pra arrumar pra gente ficar doidão igual a você.- Estou dizendo a verdade. Você nem me conhecem e já estãofazendo uma idéia errada ao meu respeito.- Olhe só para o meu estado. Você acha que se eu estivessebrincando estaria nesses trajes no meio da mata?- Vocês acham que eu estaria armado de duas lanças e um machadoapenas para caçar animais?- O que mais tem por aqui que a gente encontrou pelo caminho foicaçador de tudo quanto é nacionalidade.- Mas eu não sou um caçador... Sou um sobrevivente até estemomento que me encontro com sorte. Se minha sorte falhar e eu

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encontrar com os loucos da região novamente podem ter certeza queestarei morto.- Você ta de brincadeira meu irmão?- Por que eu iria brincar com pessoas que nem conheço.- Eu só estou aqui conversando com vocês porque me aproximeivagarosamente e escutei o assunto que vocês conversavam.- Para garantir a segurança de vocês acho melhor à gente ir andando,porque como senti o cheiro da fumaça, com certeza os caras dosquais falei vão sentir também.- Eles são muitos e já estão a minha caça.- Por que estão atrás de você meu chapa?- Primeiro porque são loucos de alta periculosidade e segundo porquesão assassinos frios e gostam de beber sangue humano como sefosse vinho.- Vai dizer que eles são vampiros?- Claro que não... São loucos e assassinos acostumados a bebersangue como antigas tribos aqui da região.- Devem ter aprendido esse costume com os indígenas que deveriamexistir aqui e que com certeza eles mataram a todos.- Essa maconha aqui da região é boa mesmo... Você deve ta doidãopra estar inventando esse papo todo de loucos, assassinos,bebedores de sangue humano... Agora só falta você dizer que elesvão matar a gente também.- Parece inútil eu tentar convencer vocês... Então vou continuar comminha caminhada e caso resolvam sobreviver me acompanhem.- Meu amigo, não leve a gente a mal.- Mas nós vamos ficar por aqui e ver esse papo de loucos assassinosé mesmo alucinação ou é real.- Se for alucinação logo o efeito da sua maconha vai passar e vocêlogo deve voltar para dizer que tudo não passou de alucinação.- Mas se for verdade... Com certeza você não vai voltar e ai a gentevai seguir a sua rota... Como a gente faz para achar você caso essenegocio de assassinos bebedores de sangue seja verdade?- Basta vocês seguirem o córrego correnteza abaixo.- Caminhem apenas durante a noite. Escolham árvores altas para seesconderem e descansarem durante o dia.- Em hipótese alguma caminhem por esta região durante o dia.Existem centenas deles vagando por essas matas. Caso encontremcom algum deles logo vocês vão perceber.- Eles não são de falar muito. São todos de aparência esquisita e oscortes de cabelo de quase todos eles estão desalinhados e tortos.

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- Alguns deles salivam em demasia e chega a escorrer uma gosmabranca no canto da boca. Parecem cães com raiva.- Eles também não caminham próximo do córrego, acho que eles temmedo de água e até hoje durante dias que estou na mata nuncaencontrei com algum deles próximo às margens do córrego.- Seria bom que vocês me acompanhassem, seriamos três pessoas eassim teríamos mais chance de uma luta pela sobrevivência.- Eu cheguei aqui por conta de uma acidente de asa delta e o pilotoque estava comigo foi morto dias atrás assim como mais dois rapazesque encontramos no meio do caminho.- Onde você encontrou esses rapazes?- Na direção contraria da correnteza do córrego. Eles infelizmentetambém estão mortos. Foram atacados antes da gente.- Eu e o piloto ajudamos a cuidar dos ferimentos de um dos rapazes.- Quando o rapaz ferido melhorou decidiram partir sem avisar a gente.- Não sei se estavam fazendo alguma coisa errada ou se apenas commedo de mim e do piloto. Só sei que quando os encontramos jáestavam praticamente destroçados.- Alem de beberem o sangue dos rapazes, estavam se alimentandodos corpos deles.- Você ta brincando?- Já disse que estou dizendo a verdade... E não tenho porque mentirpara vocês.- Nem os conheço, porque acha que eu iria inventar uma estóriadessas?- Sei lá... Você pode ser um tipo de louco que vive aqui nesta cidadeque gosta de contar estórias? Talvez não mate com a lança... Mascom certeza está matando a gente de medo.- Vocês não parecem ser pessoas que estão sentindo medo? Vocêsparecem que estão curtindo com a minha cara.- Eu vou nessa. Boa sorte pra vocês... Vão precisar de muita comcerteza.- Valeu Forrest Camp... Depois quando a gente se encontrarnovamente, queremos escutar novas estorinhas desse tipo.Eu me retirei com os dois rapazes gargalhando de soluçar.Fiz a minha parte, tentei avisar, mas não deram ouvidos.Resolvi caminhar por mais algumas horas e esperar a chegada dapróxima noite e voltar para conferir se os rapazes ainda estavam bem.Na noite subseqüente eu voltei para ver se encontrava os rapazes.Caminhei quase umas 5 horas seguidas até começar a escutar gritosdistantes.

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Parei e corri junto da mata para tentar avistar alguma coisa ou ouvirmelhor o som.Realmente eram gritos. Parecia ser os rapazes. Fui me aproximando epercebi que o grito vinha de dentro do córrego.Ao chegar mais próximo com cautela deu para perceber que eram elesmesmos.Fui mais para a beirada do córrego e fui me aproximando com cautelados rapazes.Ao chegar bem próximo falei pra eles pararem de gritar.- E ai cara?- Tinha razão. Os caras são loucos mesmos meu irmão.- Onde vocês os encontraram?- A cerca de uns dez quilômetros atrás.- Quantos eram?- Mais de oito e pelo jeito estavam com sede de sangue.- Quando viram a gente partiram pra cima sem nada falar.- Lembramos do que você disse e saímos correndo até encontrar esselocal aqui.- Caímos na água conforme você falou que eles não se aproximavamdo córrego.- Mas em compensação jogaram tudo que tinham nas mãos em nossadireção.- Uma ponta de foice atingiu a perna dele, mas foi superficial e dá praele andar normalmente.- Temos que cuidar desse ferimento ou você vai ter complicações maistarde.- Saiam da água pelo outro lado do córrego e vamos descer uns 5quilômetros a frente e tratar desse seu ferimento.- Eles devem estar próximos e não vão dar chance da gente sair poreste lado.- Vamos nessa então cara. Já to morrendo de frio dessa água gelada.Caminhamos uns cinco quilômetros pelo outro lado do córrego epercebi que os loucos acompanhavam a gente pelo outro lado damata.Dava para perceber que realmente eram muitos. Os sons de pessoascaminhando era bem nítido.As pisadas eram fortes e quebravam inúmeros galhos secos. Dava para perceber que eles estavam loucos para matar alguémnaquela noite enluarada.Agora entendi o porquê de muita gente dizer que os loucos ficamagitados em noites de lua cheia, achei que fosse apenas um ditado

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popular, mas realmente era a pura verdade. Eles ficam mais agitadose mais famintos também.Aquela noite estava apenas começando e deu para perceber que elesnão iam desistir de acompanhar a gente do outro lado do córrego.Nossa única saída seria entrar mais para o fundo da mata e descansaraté o dia seguinte.Entrando mais na mata eles não iam saber para que lado à genteestivesse indo e também dava tempo da gente descansar enquantoeles iriam caminhar pelo resto da noite e também pelo resto do outrodia até ficarem esgotados e desmaiarem de cansaço.Meu plano deu certo. Entramos uns 500 metros na mata eencontramos um local seguro com um tipo de clareira. Avistei o queum dia teria sido um esconderijo de caçador.O local quase no meio da grande e alta árvore tinha um tipo decasinha com cobertura de folhas e fibras entrelaçadas.O local ainda estava bem preservado e parecia que foi construído hápouco tempo.Decidi ficar ali até o começo da segunda noite posterior aquela ultimaperseguição.- Meu chapa, nunca senti tanto medo na minha vida.- Bem que você avisou... Mas nós não estávamos acreditando no quevocê nos contou e até pensamos que você era um louco igual a essesou um fumador de craque.- Agora somos gratos a você por ter pelo menos nos passado algumasdicas de como lidar com esses loucos.- Talvez se fosse outra pessoa iria deixar a gente sem saber o queiríamos enfrentar só pelo fato da gente ficar dando risada da sua cara.- Não ligo para essas coisas... Já estou acostumado com as pessoasde cidades grandes.- Sei que cada um quer ser mais que o outro e que cada um quer termais vantagem que o outro.- Portanto, daqui por diante eu dito as regras e vocês apenasobedecem se quiserem sobreviver.- Tudo bem meu irmão... A gente vai obedecer... Afinal você já estásendo caçado há mais tempo que nós e já tem a experiência.- Aqui não tem chance para o erro.- Se houver uma pequeno erro por menor que seja... Alguém de nósvai morrer.- Com certeza não serei eu.- Que isso mano... Vamos ficar no seu pé e obedecer às ordens daquipor diante... Podes crer carinha.- Então desde agora aprendam uma coisa para terem mais condiçõesde sobreviverem?

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- Pode falar mano.- Calem a boca... Conversem apenas o que for necessário e evitemfazer muito barulho ao andar na mata e também nada de fogueiras.- Tudo bem meu jovem... A gente já entendeu.Passamos dois dias e duas noites acampados naquele local.No dia posterior começou a chover logo cedo e decidi partir no meiodo dia com aquela chuva forte.Andamos a metade do dia até a gente ficar bem esgotado com o calore o excesso de umidade da mata.Caímos no córrego e ficamos ali cerca de uns trinta minutosdescansando naquela água gelada.Coisa engraçada. O ar quente e úmido... O córrego não muitoprofundo e a água gelada.Ficamos descansando por mais umas 3 horas e ao parar de choversenti que alguma coisa estava errada.- Parem um instante e façam silencio.- Controlem até a respiração de vocês porque tem algo de errado noar.- O que você acha que é?- Não sei do que se trata... Mas a mata está com um barulhoestranho... Se vocês perceberem vão notar o som de algo distantecomo se fosse uma caixa acústica fazendo um chiado bem fraquinho.- É, estou escutando isso também.- Parem de falar e escutem... Vamos tentar identificar esse som.- Parece que o som está ficando mais forte e mais constante, o queserá que é?- Vamos rapazes... Vamos correr mata a dentro e achar um local maisalto pra gente ficar.- O que é?- Calem a boca e corram se não quiserem morrer.Corremos mais de 3 quilômetros mata a dentro e avistamos um morroonde alem de ficarmos no topo ainda subimos em uma grande arvore.- Porque você nos fez correr tanto?- Se vocês perceberem vão notar que o som está diferente e atéparece que o chiado da caixa acústica velha está acompanhado de umsom de pessoas estralando os dedos.- Sim... É esse mesmo o som que você descreveu!- O que é então.- Vem vindo uma enorme tromba dágua meus jovens.- Essa pode ser a nossa chance de sair daqui com vida ou apenasseremos mais alguns dos objetos a ser arrastados pelas águas.

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- Puta que Pariu... Será que vamos morrer nessa merda de enchente?- Se tudo der certo... E a gente ter corrido o suficiente para sair daforça da água e altura da enchente, isso será um conforto para nós.- Porque você está dizendo isto?- Porque aqueles loucos que estavam a nossa frente com certeza nãoconhecem esse barulho como eu conheço.- Eu já morei um local montanhoso que certa vez choveu muito einundou tudo.- Não morreu ninguém por ser um local apenas próximo decachoeira... Mas esse som, jamais esquecerei.- Depois de quase três horas a correnteza trouxe a água que fez ocórrego virar um grande rio, largo e fundo.- Talvez fosse essa a razão dos loucos terem medo daquele córrego,pois a maioria dos loucos não sabem nadar.- Isso é papo furado!- Não conheço nenhum louco que goste de água.- Até mesmo a maioria das pessoas especiais (com síndrome) não sãochegadas à água.- Tenho dois primos especiais e eles morrem de medo da água.- A maioria dos amigos da escolas deles também não gostam denadar.- Lembro que minha tia pagava um professor de natação particularpara ensinar os dois a nadarem.- O mais velho está hoje com 17 anos e não gosta nem de molhar ospés na água do mar. Ele diz que sente tontura quando chega perto daágua. E o mais novo vai ao embalo dele.- Você tem alguma coisa contra pessoas especiais?- Pelo contrário... Se eu tiver filhos algum dia... Quero que Deus mepermita ser Pai de filhos especiais. O amor deles é verdadeiro eintenso. São seres que não gostam de magoar e nem maltratar aspessoas que gostam.- Meus primos me amam... E eu amo muito aqueles fedelhos.- São meus melhores amigos... Parceiros e são as pessoas maisbondosas que já conheci. Mas eles não suportam água. Isso é fato.- Ta certo que eles não tem nada haver com os loucos psicóticos eetc... Mas tem sua forma de síndrome que de certa forma a maioria dapopulação os trata como loucos ou retardados mentais.- Eu discordo disso... Mas a maioria discorda de mim e ponto final. Ahumanidade é terrível e implacável.- Hei cara... A água ta subindo mesmo.- já chegou naquela pedra maior.- Vamos torcer para não ganhar força e fazer correnteza.

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- Se por acaso fizer correnteza e a arvore for ameaçar cair, vocêsdesçam o mais rápido possível e tentem se agarrar em troncos queestejam boiando. Só assim vamos ter alguma chance.Horas depois de encher bastante e quase chegar a uns quatro metrosdo topo do morro onde estávamos em cima da arvore, a águaestacionou.Não tinha mais correnteza e parecia estar começando a recuar.- Você ta vendo o que eu to vendo?- Sim, a água está recuando... É sinal que talvez amanhã ou depois agente já vá poder começar a caminhar novamente.- Escapamos dessa por sorte. Realmente tivemos muita sorte.- Acho melhor a gente tentar dormir e descansar para podermos tirar oatraso desses dias que iremos ficar parados.- Tudo bem.- Vai uma latinha de milho verde ai?- Já faz muito tempo que não vejo comida de verdade... Realmenteestou com fome... Mas sugiro que guardem o máximo possível essesalimentos para a gente ter o que comer no futuro.- Nos não sabemos quanto tempo vamos continuar perdidos nessamata e então é melhor a gente racionar o que puder.- Ta certo chefe... Vamos guardar esse milho pra depois.Dois dias e duas noites se passaram e a água ainda continuava alta.Não tínhamos como sair andando junto ao córrego.A melhor condição de continuar seria andarmos mata a dentro pormais alguns quilômetros ate acharmos solo seco.A decisão foi correta. Como estávamos do outro lado da margem dafaixa de areia do vilarejo a gente poderia caminhar de dia e dormir anoite.A vantagem de caminhar do outro lado da margem é porquecaminhávamos durante o dia e podíamos acender fogueira a noitepara comer alguma caça que a gente abatesse durante o trajeto.Depois de dois dias de caminhada encontramos uma outra faixa deágua que descia paralelamente na direção do córrego.Assim vendo que o ângulo daquela faixa de água estava a 45 grauspara dentro do lado em que viemos, deduzi que aquela faixa de águairia dar de encontro ao córrego.Não deu outra. Depois de mais dois dias de caminhada chegamos àconfluência do córrego.Mas os nossos problemas ainda estavam lá.Não fazíamos idéia do tamanho daquela vila de loucos e muito menosde quantos loucos andavam naquelas matas a procura de comida e degente para matar.

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Falando assim, até parece que se trata de uma mentira. Mas era apura realidade nossa de cada dia.O nosso novo confronto estava próximo e era inevitável.Atravessamos o córrego que já não era tão raso e fomos obrigados atomar muito cuidado com os galhos e os arbustos que poderiamentrelaçar em nossas pernas e assim um de nós poderia morrerafogado.Fui à frente indicando o caminho e o modo de como eles teriam defazer para transpassar os obstáculos na água.Levamos muito tempo para atravessar pela grande largura do córregoque aquela altura do campeonato, já poderia ser considerado umgrande e largo rio.Chegamos ao outro lado da margem esgotados.Fizemos esforços alem dos nossos limites. O cansaço era visível emnossas faces.Meus braços e minhas costas doíam alem do normal de tanta forçaque fui obrigado fazer para não ficar preso entre a vegetação serrada.- Cara, achei que não fossemos conseguir.- Estou parecendo um velho de 150 anos.- Nunca imaginei que ia sofrer tanto um dia. Acho que meus pecadosjá foram pagos no dia de hoje.- Não sei quanto a vocês... Mas eu vou achar um local seguro e voudormir por uns 3 dias.- Boa idéia... Vamos nessa.Achamos uma arvore legal com as copas bem abertas e com grandesgalhos que não era preciso dormir com as pernas encolhidas.Dormimos realmente muito tempo. Uma noite inteira e acordamos àsquinze horas do dia seguinte.Tomei apenas um bom gole de água e torcia por uma chuva fina nofinal daquela tarde quente.O sol começou a se por quando escutamos barulho na mata.Eram mais de dez loucos caminhando em nossa direção.- Fiquem calados e não se movam.- Se eles nos avistarem, não tentem descer da arvore para correr.- Vamos enfrentá-los aqui em cima.- Você pegue esta minha outra lança e você fique com o machado.- Tome cuidado ao bater com a machado para ele não ficar preso nosgalhos acima.- Se o machado prender nos galhos acima você estará dando chancepara esses idiotas te matar. Portanto não vacile.- Tudo chefe... Vou tomar cuidado.

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- Não se movam e nem conversem enquanto eles tiverem próximo daárvore.- Mesmo que vocês conversem em voz baixa... Dá para escutar láembaixo porque a mata aqui é bem fechada e qualquer som se escutalonge.- Tudo bem.Ficamos em posição de alerta e prontos para uma possível luta contraaquele novo grupo de malucos alucinados.O grupo não sentiu a nossa presença e passou rapidamente emdireção ao vilarejo.- Quantos caras desse ai você acha que moram no vilarejo ou naregião?- Não faço a mínima idéia... Só sei que são muitos.- E ai cara... Ainda não sabemos o seu nome!- É melhor não fazermos apresentações... Talvez amanhã nenhum denós ou algum de nós esteja vivo e será mais um nome para serlembrado com tristeza.- Eu me chamo...Interrompi antes que ele pudesse dizer o seu nome...- Já disse que não quero saber o nome de ninguém.- Vamos apenas ficar juntos sem muita intimidade.- Aqui nós temos que sobreviver e não temos tempo para uma reuniãocomo se fosse de família.- Eu sei que quando um de vocês virem o outro morrer na mão dessesassassinos, com certeza só vai se lembrar de correr para salvar aprópria vida.- Portanto... Se eu estiver por perto, com certeza não vou correr semantes poder defender e salvar quem estiver em perigo.- Esse papo de amizade sincera não cola pra mim.- Minhas amizades jamais dariam à vida deles em troca da minha.- Vocês são pessoas comuns e sei que me abandonariam se euestivesse enfrentando a minha morte.- Isso é o instinto da covardia... Aqui sozinho nessa mata... Aprendi ater o instinto de guerreiro como esses loucos.- Mesmo que eu morra... Mas vou morrer enfrentando ou tentandosalvar a minha vida ou a vida de vocês se a minha não estiver emperigo.- Jamais poderei salvar vocês se estiver sendo obrigado a lutar comeles ao mesmo tempo em que vocês estão sendo feridos.- Tem que ser uma coisa de cada vez. Por isso que eu disse quevocês tem que seguir as minhas ordens.- Caso contrário... não vou poder fazer nada por vocês.

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- Vamos tentar ser obedientes chefe.Pensei comigo... Acho bom... Senão vou ser obrigado observar seuscorpos mutilados e sendo degustados por todos os loucos assassinose famintos.- Porque você acha que eles comem gente?- Por acaso você viu algum açougue aqui?- Você viu algum bar servindo algum petisco, frutos do mar, porção defritas ou algo parecido?- Não...- Quantos animais matamos esse tempo todo que estamos juntos?- Dois...- Então imagine... Dois animais para dividir por um vilarejo com maisde mil bocas.- É, tem que comer gente mesmo... É a única carne disponível nessaselva e quando a gente aparece eles ficam lambendo os beiços.- Então. Caiu a ficha? Nós somos as carnes suculentas que eles tantoquerem comer.- Se pudessem fariam um rodízio com os nossos corpos... Seriamosleitões, costelas de ripa, ou grandes bois no rolete.- Que nojo!- Quero ver você dizer isso daqui a uns 2 anos perdido na selva.- Você será capaz de comer o seu amigo ai e ainda dizer que a costeladele estava macia e suculenta.- Com certeza... Com a fome que eu to... Já to pensando nessahipótese mesmo.Fui obrigado a rir com aquela observação idiota.Caiu à noite e continuamos a andar.Andamos mais uma noite sem nenhum imprevisto.Começou a clarear e procuramos um abrigo seguro.Todos se ajeitaram e cai em sono profundo.Acordei com lamento de dor.Ao abrir os olhos e recobrar a consciência escutei zumbidos de algono ar.Quando olhei para a parte mais acima do galho notei que se tratava deflechas.Olhei pra baixo e no meu ângulo de visão deu para perceber pelomenos uns 15 loucos atirando flechas contra nós.Uma delas tinha acertado próximo ao joelho de um dos rapazes.- Quebre a parte de trás da flecha e tire de uma só vez.

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- Antes de fazer isso já corte uma tira de pano para amarrar no localpara estancar o sangue.- Tudo bem? Essa merda dói demais.- Cale a boca e faça o que mandei... Senão você não vai conseguir sedefender quando acabar a flecha deles e eles começarem a subir naarvore.- Temos pouco tempo até que eles comecem a subir.- Prestem atenção no que vou falar.- Quando eles começarem a subir esperem que eles fiquem bempróximos antes de mostrar as armas.- Não tentem amedronta-los com ameaças... Vocês vão ser obrigadose ferir de verdade.- Quando eles estiverem no chão mesmo feridos, nem tenhampiedade... Apenas matem, senão eles matam vocês.- Esses caras parecem não sentirem dor e não estão aqui parabrincadeira.- Como eu disse antes, eles enxergam a gente como grandes caças enada mais.- Portanto não tenham dó... Matem sem piedade.- Ta certo chefe.- Protejam-se bem atrás dos galhos... E não fiquem tentando olharpara ver se eles vão subir.- Quando eles começarem a subir eu aviso vocês.- Tudo bem chefe.- Então corte uma tira de pano e tire a flecha.Escutei apenas o barulho do canivete cortando o tecido e logo emseguida o estralar da flecha acompanhado do grito de dor.Isso foi o suficiente para deixar os loucos ainda mais famintos pornossas carnes.Largaram as flechas e começaram a subir na árvore.- Prestem atenção... Eles já estão subindo.- Você que está mais acima desce um pouco para a gente ficar quasena mesma altura e assim poder circular os tronco em 360 graus.- Caso eles venham cada um por um lado nos teremos visão completadas nossas direções e eles só possuem facas.- Isso da uma grande vantagem pra gente que estamos com lanças eo machado.- Deixe eles chegarem à distância que suas armas possamalcançá-los e tentem atingir a região da face e do pescoço.- Não fiquem perdendo tempo em querer bater na cabeça deles,procurem à região da face e do pescoço.

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- Você que está com o machado tem a chance de cortar as mãosdeles e assim eles não terão como atacar você.- Depois de cortar a mão soque o machado na cabeça pro filho daputa cair da arvore.- Tudo bem chefe... Entendemos...- Preparem-se... Já estão quase chegando ao alcance das nossasarmas.A coisa foi sangrenta. Dava dó de ter que ferir aquelas pessoas. Maseram eles ou nós.Após abatermos todos os loucos que subiram na árvore, nosdescemos para completar o serviço.Parecia ser cruel o que estávamos fazendo... Mas propriamentenecessário, não poderíamos deixar que alguns deles fossem atrás dagente.Conforme os ensinamentos da sobrevivência... Quem dá chance aoinimigo, supostamente será vitima dele no futuro.Ali naquele instante não podíamos cometer esses erros, todosdeveriam estar neutralizados definitivamente.Acabamos o que começamos e partimos rumo ao nosso destino.No longo caminho que percorremos o silêncio era distinto. Apenasolhares de indignação pelas nossas atitudes indicavam o quantoestávamos tristes com a situação.Algo que só se entende quando se vive este tipo de realidade.É como em uma grande tragédia onde existem sobreviventes pararelatar o acontecido.Eles falam e mostram fotos, mas quem não participou não conseguemedir a proporção da tragédia.Só mesmo quem viveu ou vive essas situações pode avaliar o que émelhor ou pior para suas vidas.Na nossa tragédia naquele instante de nossas vidas somente nóspoderíamos decidir o que era certo ou errado.Não tínhamos o apoio ou a proteção da lei. A lei naquele momento eraa lei dos sobreviventes.O velho ditado ainda imperava na nossa vida... Quem pode mais...Chora menos.Como dizem os policiais quando há uma situação de risco iminente:Melhor julgado por 7, do que carregado por 6.Escureceu novamente e nos abrigamos... Na manhã do dia seguinteacordei por volta das oito horas com o som de helicópterosobrevoando uma área meio distante da nossa rota.O som do motor dava para escutar ao longe, mas não dava para saberqual direção vinha o som do qual poderia ser o nosso resgate.

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Vários minutos de sobrevôo e realmente parecia que estavamprocurando algo.Depois de algum tempo a mata voltou a silenciar como de costume.Nossas esperanças voltaram à estaca zero, era visível a decepção emnossas faces.Meu corpo estava todo dolorido de tantas lutas, caminhadas e falta dealimentação correta e etc.Minhas pernas já não tinham a mesma força de antes e pareciam quea qualquer momento iriam deixar de corresponder ao meu corpo.Os rapazes visivelmente estavam em situação pior.O ferimento da perna do rapaz já havia cicatrizado com as ervas quefizemos o curativo. Mas com certeza logo ele iria entrar em estado desuicídio.Caminhamos juntos por mais dois dias completos. Na manhã doterceiro dia os dois decidiram partir em outra direção.Tentei convencer os dois que seria melhor a gente ficar em grupo eassim teríamos mais chances de sobreviver.Mas eles decidiram mudar a direção de suas caminhadas.- Chefe, me desculpe, mas vamos noutra direção.- Tudo bem. Acho que mesmo que eu tente vocês não vão meacompanhar.- Pode crer chefe. Decidimos ontem que iríamos mudar nossa rota.- Tudo bem. Eu vou continuar com a minha rota margeando o córrego.- Caso mudem de idéia já sabem o caminho a seguir.- Valeu chefe e boa sorte.- Melhor sorte para vocês também.Seguimos em direções opostas. Lá estava eu solitário novamente.Minhas chances diminuíram com certeza. Mas tinha a certeza queestava indo no caminho correto e não iria mudar a minha rota.Sei que quase toda cidade é cortada ou margeada por um rio. Comcerteza logo chegaria a algum vilarejo ou cidade e assim acharia aminha realidade.Continuei caminhando por mais alguns dias sem encontrar nenhumadversário em meu caminho.As coisas estavam calmas.O tempo continuava quente durante o dia e já começava a fazer friodurante a noite.Dias de chuva dava para dormir mais tempo. Dias sem chuva o calorjá não deixava o meu corpo descansar o suficiente para a caminhadanoturna.Decidi ficar parado sem caminhar por uns 3 dias.

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Restavam apenas 2 latas de milho verde e 2 latas de leitecondensado.Teria de arriscar fazer fogueira no meio da mata para preparar algumanimal objeto de caça.Decidi arriscar e sai em busca de alguma caça sem andar muito.Achei uma espécie de pato do mato logo mais adiante.Não tinha muita intimidade com arco e flecha.Mas minha vida iria depender da minha habilidade e da minha mira.Os loucos com quem tivemos o ultimo combate deram mais essaopção de armamento.Eram arcos e flechas bem feitas, algumas possuíam detalhesentalhados nos cabos, entalhes que lembravam à fisionomia de umamulher.Mirei por vários segundos e errei o alvo. Teria de treinar paraconseguir matar algum animal com flechas.Então voltei ao velho recurso das armadilhas. Assim sempre tinhamais êxito.Ao anoitecer voltei no local da armadilha e meu jantar estava lá.Ascendi a fogueira e comecei a queimar as penas do bicho.Minutos depois o maravilhoso jantar já estava ficando pronto e eupoderia me alimentar melhor naquela noite, afinal eu comeria uma aveinteira.Estando com os rapazes era bom porque tinha com quem conversar,mas nos momentos de refeições tudo tinha de ser dividido por três.Assim a gente comia menos e a fome mesmo depois de comerpermanecia em nossas barrigas que pareciam sempre estar vazias.Logo depois que acabei de preparar o meu jantar já apaguei a fogueirapara não ficar acesa por muito tempo e assim as chances de algumidiota sentir o cheiro da fumaça seria menor.Mas minha fome me denunciou novamente.Horas depois de descanso escutei um som na mata.Era outro grupo que estava no meu encalce.Rapidamente me afastei do local onde fiz a fogueira e procurei umaárvore mais alta para me esconder.Fiquei apreensivo por não saber quantos integrantes teria naquelenovo grupo.O grupo se aproximou e passou por baixo da árvore que eu estavaescondido.Uma cena triste. Os dois rapazes foram capturados e já estavamamarrados feito caças com os pescoços degolados e vários ferimentosde faca pelos corpos.Minhas lagrimas deram lugar a um sentimento de ódio.

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Naquele instante só pensava em descer da árvore e matar um por um.Mas eram muitos e tinha de me conter.Logo que o silêncio voltou ao normal decidi descansar.Tentava dormir, mas lembranças daqueles rapazes que caminharamao meu lado durante dias não saia dos meus pensamentos.O pior de tudo é que aquele novo grupo estava mais a frente e euseria obrigado a caminhar mais próximo do córrego.A mata próxima ao córrego era mais serrada e retardava muito acaminhada.Era mais cansativa as trilhas próximas do córrego e alem de tudoexistia muitos obstáculos como troncos e arbustos com espinhosimensos.Mas não tinha escolha... Teria de voltar a caminhar as margens docórrego.Descansei mais dois dias parado naquele mesmo ponto e depoiscomecei novamente minha caminhada.Na noite seguinte iria arriscar caminhar próximo da faixa de areia parapoder ganhar tempo mesmo havendo inúmeros riscos.Mas o ódio que eu estava sentindo daqueles assassinos era tanto queme enchia de esperança e forças para lutar mesmo que fosse comvinte loucos.Ao checar no descampado percebi que tinha um outro grupocaminhando mais a frente cerca de um quilometro.Assim poderia ficar de olho neles e acompanhar o passo a passo dogrupo.Foi o que fiz.Caminhei a noite toda com os ouvidos bem alerta. Alguns dosassassinos poderiam ficar para trás por algum motivo e o combateseria inevitável.Mas dei sorte naquela noite. Consegui caminhar a noite todaacompanhando o grupo.Quase ao amanhecer o grupo parou e começaram a desossar oscorpos dos rapazes.Fui obrigado a ver aquilo sem poder fazer nada.Em campo aberto eu não teria chance alguma de defesa contra tantoshomens.Mesmo que eu fosse um ótimo lutador a minha morte seria fatal.Eles não tem regras de luta e usam de violência contra seus própriosintegrantes para alcançarem seus objetivos.De longe percebi que dois deles estavam armados de flechas, davapara ver os arcos dependurados em suas costas.Fiquei observando por um bom tempo.

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Notei que o grupo estava cansado.Logo que pararam e começaram a procurar lenha e a desossar osrapazes, outros integrantes do grupo se jogaram ao solo.Esse movimento foi voluntário de quem realmente está terrivelmentecansado.Decidi ficar ali e esperar até que todo o grupo caísse em sonoprofundo.Mas não tive chance de me aproximar.Esse grupo diferente dos outros eram bem mais organizado.Enquanto a maioria do grupo dormia, três deles ficaram na vigilância.Não tive chance de me aproximar mesmo.Pensei em uma estratégia que pudesse dar certo se aqueles vigilantesviessem atrás de mim na mata.Só teria chance se eles entrassem na mata sem chamar o restante dogrupo que dormia.Então arrisquei. Me aproximei e quebrei um galho próximo de ondeeles estavam.Dei sorte. Eles vieram em direção da mata sem acordar o restante dogrupo.Fui me afastando de costas com a flecha já pronta para ser usada.Se eu conseguisse pegar aqueles três de jeito com certeza poderianeutralizar o grupo inteiro.Dei sorte com os dois primeiros.Consegui alveja-los. Mas o terceiro louco conseguiu me ferir com umaflechada no meu braço esquerdo.A dor foi terrível. Mas em segundos quebrei o final da flecha e a retireido meu braço.Armei meu arco novamente e acertei o meu inimigo bem no meio dabarriga.Ele ainda ferido tentou me acertar varias vezes.Me escondi atrás de um grande arbusto e esperei que ele viesse emminha direção.Foi o que ele fez após acabar suas flechas.Quando ele atravessou o primeiro arbusto e entrou no meu raio deação eu corri e dei uma estocada no seu tórax e ele caiu. Retirei alança e enfiei no meio do pescoço dele e torci.Seus olhos reviraram e o gemido de morte foi seu ultimo suspiro.Fui em direção dos outros dois e terminei com os sofrimentos deles.Meu braço estava sangrando muito.Cortei um pedaço da única camisa que eu tinha e fiz um curativorápido.

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Estanquei o sangramento amarrando a tira de pano no meu braço eparti em direção do grupo.Naquele instante meu ódio era ainda maior por terem me ferido.Pude perceber como um animal predador se sente quando esta feridoe acuado.Ao chegar no grupo, fui ferindo um por um para não dar chance deataque.Após todos do grupo estarem feridos, fui concluindo o serviço nosloucos que não morreram com a primeira agressão em seus pescoços.Então voltei e furei os pescoços deles novamente até sentir quetinham realmente morrido.Assim, mais onze pessoas estariam mortas sem contar os doisrapazes que eles capturaram.Meu corpo estava estranho e sentia tontura.Fui em direção da mata e procurei um local onde pudesse meesconder por mais algum tempo até estar menos debilitado.Antes de procurar abrigo fiquei olhando os corpos dos rapazesmutilados e não me contive em lagrimas.Totalmente irado, peguei o machado e retalhei os corpos daquelesloucos filhos da puta.Nesse instante eu nem sentia mais a dor da flechada de tanto ódio.Após descarregar meu ódio fui me abrigar na mata, precisava merestabelecer.Procurei pela planta que ajudava na cicatrização e peguei também osespinhos de algumas plantas que serviam como anestésico.Toda vez que eu tomava uma espinhada o local ficava dormente.Assim por acaso descobri o poder daqueles espinhos que eramabundantes naquela região.Uma outra planta tinha em seu caule um tipo de látex que era usadoem casos de feridas expostas.Esse látex não deixava que insetos pousassem no ferimento e assim agente ficava livre de infecções.E esse látex acelerava a cicatrização como se fosse rufocina, umspray usado em tratamento na cicatrização de pacientes vitimas dequeimadura de segundo e terceiro grau.A rufocina acelera a cicatrização e a região tratada fica boa em poucosdias.Fiquei naquele local por mais três dias até a dor do meu braço nãoincomodar tanto.Afinal eu teria de estar pelo menos setenta por cento para poderenfrentar futuras batalhas.

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Depois do terceiro dia de descanso minha obrigação tinha decontinuar, deveria continuar caminhando para encontrar ajuda emalguma outra cidade.Acho que já tinha percorrido mais de cento e sessenta quilômetrosnaquela mata.No dia seguinte achei um pequeno aglomerado de barracos.Um deles parecia um bar.Cheguei ao local com cautela e ali estavam 4 pessoas sentadas e umaatrás do balcão.Senti um alivio quando vi as garrafas de cachaça, deu para perceberque era liquido claro e não o tipo de garrafas que continham os tiposde bebidas que os loucos faziam uso.- Bom dia a todos.- De onde você vem rapaz... Parece um homem das cavernas?- Venho de muito longe e estou tentando encontrar um local seguropara comer, beber e dormir.- Então você está no local certo.- Se vai querer uma comida tem que pagar adiantado, acho que vocênão está em condições de pagar nada.- Tem razão senhor, no meu caso vou precisar de contar com a suasolidariedade.- Soli o que?- Vou precisar de contar com a sua ajuda senhor... foi o que eu quisdizer.- Assim eu entendi o que ocê disse.Nesse meio tempo escutei uma mulher gritando.- Não se assuste rapaz... É que essa muié ta apanhando do maridoporque ela num deve ter feito arguma coisa dereito.- Vou dar uma olhada nisso.- Não se mete não rapaz... Ocê vai se arrepender de querer ajudaressa vagabunda.- Eu sei me virar senhor.Fui na direção do pedido de socorro e vi realmente um homembatendo com um pedaço de corda nas costas de uma mulher pequenae franzina.- Ei moço. Se eu fosse o senhor largaria essa corda e não bateria emmulheres.- A muié e minha e eu bato a ora que quisé.- Na minha frente ninguém bate em mulher.- Então vem pra cima seu filho da puta que eu vou ti retaiá inteiro como meu facão.

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- Acho melhor você parar de bater na sua mulher e não tentar meagredir.- Você não terá muita chance de fazer o que está falando.- Vamo vê seu sujeitinho desaforado. Na minha muié e na minha vidamando eu.- Você manda na sua vida enquanto a tem.O sujeito pegou o facão e veio em minha direção.Peguei minha lança e fiquei apenas observando os passos do sujeito.Quando ele chegou próximo e tentou me atacar com o facão eu aindadisse para ele desistir. Mas ele preferiu arriscar a sorte.Ao desferir o primeiro golpe contra o meu corpo, dei dois passos paratrás e desferi um golpe com a lança na perna dele.Foi atingido e o sangue escorreu. Deu para perceber que a mulherestava desmaiada.Tentei ir para o lado da mulher para ver se ainda estava viva.Vi que sua barriga se movia ao respirar. Menos mal. Uma morte amenos.O sujeito veio novamente em minha direção, mas já se movimentavacom dificuldade.Já não tinha a mesma feição de homem valente e dava para notar seutrejeito de dor.Ele tentou arriscar uma nova investida e quando eu levantei minhalança novamente ele desistiu e voltou para dentro de seu barraco.Saiu de lá poucos segundos depois empunhando um 38.Não arrisquei esperar ele mirar o 38 na minha direção.Arremessei a lança em sua direção, atingi o alvo no peito e eletombou.Corri em sua direção e tomei a arma da sua mão.- Graças a Deus alguém matou esse filho da puta.- Esse cara só aprontava com a gente aqui da redondeza.- De onde ele veio?- Veio anos atrás depois que o garimpo começou a ficar escasso.- Parou na nossa vila e por aqui ficou e essa mulher que ele batia eramulher de um amigo nosso que ele matou para poder ficar com ela.- Aqui não tem nenhum tipo de lei. De autoridade?- Aqui a lei é a lei da mais forte.- Senhora está me ouvindo?- To sim moço.- Ele tem mais balas para esta arma?

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- Tem sim moço. Tem mais bala e tem mais outra arma menor ladentro debaixo da cama.- Posso pegar entrar para pegar essas coisas?- Pode sim moço.O cara do bar gritou pra mim.- Ei moço, depois sem aqui comer alguma coisa que é por conta dacasa.Assim começou o meu ciclo de amizade naquele local.- Como chegam as mercadorias e suprimentos para vocês aqui naregião.- Vem de barco. A gente desce 5 dias pela picada e traz a provisão nolombo dos bois.- Vocês tem gado aqui?- Não senhor, apenas uma vaca e um boi velho.- Mesmo assim eles foram achados vagando por essa mata.- Como se chama esse local?- Aqui não tem nome não moço.- Aqui nois so chama de vila do mato.- Mais ninguém conhece essas banda de cá.- Aqui a maioria ta fugida de algum problema na cidade grande ouentão ta fugida dos acampamentos de garimpeiros que juraram elesde morte por conta de roubo de ouro.- Aqui só tem sangue ruim... mas a maioria não é de matar ninguém...a maioria dos homem aqui é de ladrão de ouro, de varal e caloteirodas cidades grandes.- Só esse sujeito que o senhor matou é que era o matador aqui daregião e o pessoal tinha medo.- Alguém tem que enterrar esse homem.- Pode deixar moço que nois vai jogar ele no meio da mata e os bichovai fazer a festa com esse monte de carne.- Vocês conhecem o vilarejo que tem ai pra cima?- Conheço mais ou menos.- Vocês já foram até lá?- Ta louco moço. Aquilo ali é pior que esse sujeito que o senhor matou.

- Lá pra cima só tem gente louca e assassinos.- Vocês sabiam que eles comem e bebem sangue de pessoas?- Ta louco moço? Como o senhor sabe?- Eu vi e já matei muitos deles.

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- Alguns dos companheiros que fiz antes de chegar aqui foram mortospor aqueles monstros e eles beberam o sangue e comeram a carnedeles como se fosse carne bovina.- Ta Brincando?- Ocê matou mesmo muito louco lá pra cima?- Matei sim senhor... mas matei para me defender... ou era eles ou eu.- Não tive chance de argumentar com ninguém.- Ou eu lutava pela minha vida ou virava carne de churrasco.- Compreendeu a minha situação senhor?- Sim moço. Mas acontece o seguinte.- Se o senhor matou alguém do povo deles, pode ter certeza que elesvão vir atrás do senhor até mata-lo também.- Já tivemos que mudar de uma outra região por causa desses loucos.- Mas naquela época eles não matavam gente assim.- Eu sabia que eles matavam apenas as pessoas que matava alguémdo povo deles.- Lá era um presídio manicômio que o governo fazia experiências comos presos mais perigosos.- Tinha até uma grande placa informando que era um presídio federal.- Mas lá em Belém ninguém sabia da existência desse presídio aqui.- Vamos ter que ir embora moço ainda esta semana. Senão não vaisobrar ninguém aqui pra contar história.- Porque o senhor acha isso?- Porque eles não deixam de caçar até que consigam matar as presasde quem eles sentiram o cheiro.- Se sentiram seu cheiro moço, o senhor virou a caça predileta deles.- Eu sei disso. É por isto que estou tentando chegar em um local maisseguro.- Existe mais algum lugar ou vila aqui em cima que dê para a gentereunir um pessoal e lutar contra esses loucos?- Senhor ta brincando. Ninguém vai querer encarar esses loucos. Todomundo morre de medo deles.- Acho que o senhor está sozinho nessa luta.- Eu mesmo vou partir essa noite mesmo.- E o seu bar?- Que se dane o meu bar. Mais a frente eu construo outro. Estandovivo eu tenho a chance de recomeçar em qualquer lugar. Mas mortoeu só vou virar churrasco de louco.- Avise o pessoal que os loucos que estão caçando o moço aqui.- Quem quiser pode ir embora comigo hoje a noite.

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- Acho que vocês estão certos, é melhor partirem mesmo. Não vale apena arriscar a vida para ficar em um fim de mundo desses.- Eu vou com vocês.- Nem pensar moço, o senhor vai ter que ir em outra direção para elesnão venham atrás de nós.- Vou deixar com o senhor alguns cachorros para ajudar o senhor aenfrentar esses loucos.- São cachorros que estão acostumados na mata e ajudam a dar sinalquando alguém se aproxima. E o melhor de tudo é que eles não latemsem razão.- Quando algum deles latir é porque tem alguma coisa estranhapróximo da gente.- Eles estão aqui?- Não senhor, estão rio acima. Vou mandar o moleque buscar eles.- Obrigado. Estava muito boa sua comida.- Carne de que? De javali moço.- Muito Boa.- Dá licença moço, mas vou arrumar minhas coisa pra ir embora.O pessoal então começou a recolherem seus pertences para umaretirada total do vilarejo.A mulher que apanhou do marido estava bem machucada, mas estavaem condições de fugir junto com o grupo.Eram poucas pessoas, talvez umas trinta, mas eram bem fracas e depaz.Não tinham o tipo de alguém que iria lutar para garantir a vida,preferiam não participar de um confronto e bater em retirada que era acoisa mais certa que poderiam fazer.Pelo menos no meu modo de pensar eles deveriam mesmo partir.Nada de tentar serem amigos da minha pessoa e querer me ajudar.Afinal o problema ali era eu e não eles.Mas naquela altura dos acontecimentos, eu estava com maisvantagens que os loucos assassinos, estava de posse de armas defogo e seria o suficiente para poder ser seguido em uma fugaestratégica e escapar com vida.Chegou o inicio da noite e todos foram dormir cedo para partirem emretirada logo nas primeiras horas da madrugada.O galo ainda nem tinha cantado e o dono do bar já estava de pécarregando o resto das bebidas que ele teria condições de levar.Conseguiu carregar quase tudo. Deixou algumas garrafas de cachaçapra mim e os cachorros como prometido.

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Perguntei se mais alguém tinha armas e ele respondeu que não, poistempos atrás o pessoal de um garimpo saqueou as pessoas daquelaregião.Levaram tudo. Desde comida até remédios que eles tinham estoque.As espingardas de caça foram os alvos prediletos dos garimpeirosladrões.Mas mesmo assim eu já estava mais aliviado. O fato de possuir armasde fogo me deu uma nova condição de saber que teria um pouco maisde chance de sair daquela selva com vida.A única coisa ruim é que não poderia partir junto com o povo da vila.Teria de esperar o novo grupo de assassinos, enfrenta-los e depoissim partir.Se por acaso eu fosse junto com o pessoal da vila com certeza amaioria das pessoas seriam mortas.Eles teriam que descansar e não teriam tempo, na mata os maisfracos são os alvos prediletos dos mais fortes.Os loucos comem qualquer coisa para sobreviver. Como carne degente crua, frita e etc.Já as pessoas normais são obrigadas a preparar sua alimentação demodos mais peculiares. Ta certo que o improviso na mata dispensa oluxo, mas mesmo assim, para preparar comida para muitas pessoas édemorado e requer tempo.Eu ficando ali e enfrentando o novo grupo de loucos, daria pelo menos3 dias de frente para o pessoal da vila.E mesmo depois de enfrentar os loucos eu poderia alcançar o pessoalda vila e partir com eles com a chegada da embarcação.Bastava apenas proteger a rota de fuga do pessoal da vila até achegada da embarcação que seria dali uns oito dias.Ficar e enfrentar o grupo de loucos assassinos que estava parachegar era a minha única alternativa se eu não quisesse que maisalguém alem de mim fosse morto.Eu jamais iria conseguir viver sabendo que fui culpado pela morte depessoas inocentes sem tentar fazer o que deveria ser feito.

Compre a parte final desta obra inacabada que estará pronta naprimeira quinzena de fevereiro.

Rick Hillin - O Plano Unificado

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