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Cidade é um conselho cuja população total é superior a 2.000 habitantes. Mas o principal critério é o funcional: a cidade deve apresentar um leque mínimo de funções, chamadas de funções das relações, é um lugar de troca de todas as naturezas, um local de prestação de serviços, quer à própria população, quer à do exterior. Estas funções são as do comércio de todas as dimensões, das atividades de serviço aos particulares e às empresas: bancos, escritórios, administrações, equipamentos de saúde, espetáculos e atividades lúdicas (segundo Jean Pelletier e Charles Delfante).

Cidade é um conselho cuja população total é superior a 2.000 habitantes. Mas o principal critério é o funcional: a cidade deve apresentar um leque mínimo

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Cidade é um conselho cuja população total é superior a 2.000 habitantes.

Mas o principal critério é o funcional: a cidade deve apresentar um leque mínimo de funções, chamadas de funções das relações, é um lugar de troca de todas as naturezas, um local de prestação de serviços, quer à própria população, quer à do exterior. Estas funções são as do comércio de todas as dimensões, das atividades de serviço aos particulares e às empresas: bancos, escritórios, administrações, equipamentos de saúde, espetáculos e atividades lúdicas (segundo Jean Pelletier e Charles Delfante).

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A cidade, como a concebemos modernamente, advém do conceito de cidade medieval. Lá a cidade forma um todo pela apresentação de seu envoltório e pelo labirinto interior constituído por um Dédalo de ruelas e por uma disposição pouco ordenada de habitações permanecendo ao abrigo do olhar. A cidadela medieval ergue-se como uma clausura pontual no horizonte da paisagem. A muralha, em tempos de paz é utilizada para passeios recreativos no verão. Os habitantes não vêem sua cidade, mas, a partir de sua cidade, a paisagem do campo

Muralha de Ávila

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Do conceito de cidade medieval nascerá o conceito de comunidade. Ou, como afirma Bauman, ela sugere uma coisa boa, aconchegante. Estar na comunidade é estar acolhido (pense na comunidade de um orkut). É como um teto sob o qual nos abrigamos da chuva pesada. Na rua toda sorte de perigo está à espreita; na comunidade estamos amparados. É aí que contamos com a boa vontade dos outros, com o amparo alheio. Se tropeçarmos e cairmos, os outros nos ajudarão a ficar de pé outra vez.

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No entanto, no Século XIX o conceito de cidade, enquanto megalópole que vai se formar, passa a ser associado com a liberdade. Ir para a grande cidade é ir para o desconhecido e ficar no desconhecido. É usufruir da liberdade de permanecer ignorado, sem ser encontrado por todos, e vigiado por toda a comunidade. A aspiração da burguesia é não mais ser controlada pela comunidade. Esse sentimento de liberdade era uma necessidade.

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A guerra contra a comunidade foi declarada em nome da libertação do indivíduo da inércia da massa. Acabou-se o mercadinho da esquina, a venda de armarinhos, a loja de secos e molhados, o açougue etc.

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Só os pobres continuaram a ter comunidade. Os ricos não. Estes se escondem atrás de grandes muros, de seguranças privados, de alarmes, de portões indevassáveis. Na favela, ao contrário, tudo é compartilhado. O comunitarismo passa a ser uma “filosofia dos fracos”. Até que atinge também aos ricos. Até então, o desejo de dignidade, mérito e honra exige a negação da comunidade. Por que os ricos olham para cima quando cruzam com os pobres? Por que as pessoas das cidades pequenas insistem em fingir que não se conhecem?.

No entanto, nasce a necessidade de segurança na grande cidade e isso revaloriza o conceito de comunidade.

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Megacidades Do Terceiro Mundo

(em milhões de habitantes)1950 2004

Cidade do México 2,9 22,1Seul – Incheon 1,0 21,9Nova York 12,3 21,9São Paulo 2,4 19,9Mumbai (Bombaim)

2,9 19,1

Délhi 1,4 18,6Jacarta 1,5 16,0

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As 10 maiores cidades por população e PIB

(1)Segundo a população em 2000

(2) Segundo o PIB em 1996 (posição segundo a população

em 2000)

1. Tóquio Tóquio (1)

2. Cidade do México Nova York (3)

3. Nova York Los Angeles (7)

4. Seul Osaka (8)

5. São Paulo Paris (25)

6. Mumbai Londres (19)

7. Délhi Chicago (26)

8. Los Angeles São Francisco (35)

9. Osaka Düsseldorf (46)

10. Jacarta Boston (48)

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Maiores Populações Faveladas por País

% da pop. Urbana na favela

Número (milhões)

China 37,8 193,8

Índia 55,5 158,4

Brasil 36,6 51,7

Nigéria 79,2 41,6

Paquistão 73,6 35,6

Bangladesh 84,7 30,4

Argentina 33,1 11,0

Tanzânia 92,1 11,0

Etiópia 99,4 10,2

Sudâo 85,7 10,1

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As maiores megafavelas (2005)

Milhões de habitantes

1. Neza/Chalco/Izta (Cidade do México)

4,0

2. Libertador (Caracas) 2,2

3. El Sur/ Ciudad Bolivar (Bogotá) 2,0

4. San Juan de Lurigancho (Lima) 1,5

5. Cono Sur (Lima) 1,5

6. Ajegunte (Lagos) 1,5

7. Cidade Sadr (Bagdá) 1,5

8. Soweto (Gauteng) 1,5

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Onde moram os pobres(percentual da população

pobre)Favelas dentro da

cidadeFavelas

periféricas

Karachi 34 66Cartum 17 83Lusaka (Zâmbia)

34 66

Cidade do México

27 73

Mumbai 20 80Rio de Janeiro

23 77

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Escola de Chicago – Três nomes sinônimos denominam – ecologia criminal, desorganização social ou Escola de Chicago (por ter sua origem na Universidade de Chicago e ter encontrado seu mais fértil terreno de comprovação e aplicação na cidade).

Criada por William Harper Ro

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Evolução da População em Chicago

Ano Habitantes

1840 4.470

1850 30.000

1880 500.000

1900 1 milhão

1910 2 milhões

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5

4

32

1

1. LOOP – Zona central – concentra áreas de serviços / indústrias.

2. Zona de transição – concentra os pobres / afro-descendentes / (i) migrantesZona invadida pelo com./ind. da zona central.

Zona dos bordéis, guetos e “SLUMS”.

3. Zona residencial de trabalhadores pobres.

4. Classe Média.

5. Commuters – Classes Possidentes / Pequenas Chácaras.

Park e Burgess

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Conceito de desorganização social de William Thomas – “afrouxamento da influência das regras sociais de conduta existentes sobre os membros individuais do grupo” – grupo social, família, escola, local de trabalho, perda de raízes, etc.

Através dessa idéia surge o pensamento segundo o qual o debilitamento dos vínculos que mantinham as pessoas nas pequenas cidades é que dá origem à criminalidade. Isso se dá pela perda dos freios oriundos do sistema de controle primário e que se “transmite” pelo contágio social.

O cristianismo, segundo Disraelli, proclama o amor ao próximo mas na moderna sociedade não existe qualquer próximo.

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Shaw e Mckay – (Fizeram o estudo de 60.000 casos individuais entre 1900/1940, constantes dos registros policiais). Observam que é na segunda zona em que existe maiores dados estatísticos de criminalidade. O crime distribue-se ecologicamente obedecendo a uma “gradient tendency”. 24,5 por 100 habitantes na 2ª zona e 3,5 na zona exterior – dois conceitos aqui afloram de forma clara.

Park e Burgess

Gradient Tendency

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Mérito – associação da teoria à praxis através da implementação de projetos urbanísticos reformistas. Mobilização das instituições locais (Igrejas, escolas, grupos desportivos) – Mencionar a idéia do cultivo de flores em terrenos baldios das grandes cidades americanas.

Críticas – dados oficiais ignoram a cifra negra; a adoção do conceito de delito adota um caráter de classe; excessivo simplismo da análise, espécie de determinismo social.