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Campo Grande-MS | Domingo/Segunda, 6 e 7 de outubro de 2019 A5 Cidade é Sua Cercados por bairros “perigosos”, moradores temem mudança da sede Presença de delegacia no Piratininga gera sensação de segurança Fotos: Valentin Manieri Amanda Amorim A região do Piratininga é reconhecida por muitos por ter a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comu- nitário) que leva o nome do bairro e atende toda a zona sul de Campo Grande. A pre- sença da delegacia incen- tiva o comércio e aumenta a sensação de segurança dos moradores, já que a região é cercada por outros bairros conhecidos pela alta crimi- nalidade: como Guanandi, Parati e a Vila Nhanhá. O comércio local vem cres- cendo e a Avenida Manoel da Costa Lima é a prova do desenvolvimento, já que, ro- dando por lá, se encontram os mais variados tipos de serviço, isso porque os comerciantes se sentem “mais à vontade” no bairro, por contar com a proximidade da delegacia. Segundo o vendedor Bruno Luan, 29 anos, que estudou na escola do bairro e cresceu na região, essa sensação de se- gurança é uma característica que sempre esteve presente, e permite inclusive o grande fluxo de pessoas durante todo o dia e a noite; ele acredita que a presença da delegacia tenha papel importante para este sentimento ser desen- volvido. “Meu pai tem a loja HBM Camiseteria há quatro anos, e por nosso ponto ser nos arredores da delegacia, nós nunca tivemos muitos pro- blemas, fora que o fluxo de pessoas é grande, de clientes que vêm aqui fazer camisetas, ou de pessoas que passam, pela rua”, relata. Apesar de o posto policial ser próximo, nada impede que ocorram crimes nas redondezas, mas, em casos assim, o atendimento é realizado de forma rápida e eficaz. “Apesar de tudo, ainda existem alguns incidentes, uma vez, em horário de al- moço, uma bicicleta foi rou- bada. Em outro comércio, um rapaz que teria assaltado foi preso, o que é vantagem é a agilidade, pois, por estar pró- ximo da delegacia, os policiais atenderam e logo prenderam o homem que fez o assalto. Aqui nós conseguimos trabalhar na produção durante boa parte da madrugada, com tranquili- dade”, revela Bruno. Para aqueles que traba- lham em estabelecimentos que adentram a madrugada, a região é próspera, e as vendas são realizadas durante o fim de semana até as 4 horas da madrugada, quase raiando o dia. Para a comerciante Silvani Costa, 37 anos, a pre- ocupação com a segurança é assunto recorrente em todos os comércios, já que, por tra- balhar em um horário em que o movimento não é tão grande, eles ficam mais expostos a riscos. “Nós ficamos preocu- pados com a segurança, por conta do horário, até por ser um comércio, e mesmo com a grade que usamos, nós es- tamos suscetíveis a assaltos, e ter nas redondezas uma dele- gacia, apesar de não impedir que algo aconteça, acaba trazendo uma confiança maior”, assegura. Apesar de trabalhar com longos horários, a sensação de segurança existente per- mite que o comércio avance madrugada adentro. “Nós es- tendemos o atendimento, e conseguimos trabalhar mais, e prestar um serviço melhor para os nossos clientes, até porque nós atendemos na con- veniência, durante a semana até 2h da madrugada, no fim de semana, a partir de sexta, nós prolongamos esse tempo até as 4h, é um horário peri- goso, mas nós não temos his- tórias ruins para contar nesse um ano em que mantemos o comércio”, conta. Um dos fatos que mantêm Silvani mais tranquila é o fluxo constante de viaturas, o que acaba suprindo o baixo movimento da via durante a madrugada. “Com o fluxo cons- tante de viaturas, na região, os malandrinhos acabam não se aproximando tanto, o que também é um benefício”, frisa. Medo da mudança Os comerciantes, temem que os boatos que tratam da retirada da Depac se concre- tizem. “Nós estamos cercados por bairros que são mais pe- rigosos que o nosso, o medo é que criminosos desçam para nossa região, o que dificulta muito, pois, se a nossa re- gião começar a ter assaltos constantes, vai impedir o pro- gresso de inúmeros comércios que começaram a se instalar aqui na Avenida Manoel da Costa Lima”, relata Silvani. O marido de Silvani e parceiro no comércio, Márcio Silva Odorico, 44 anos, compartilha do mesmo temor, e ainda re- força que a insegurança pode colocar em risco inclusive os alunos das escolas presentes no bairro. “A região é muito perigosa, a retirada da Depac pode levar o Piratininga a ser prejudicado, trazendo risco até mesmo para os estudantes que estudam aqui. Uma cliente que mora próximo da delegacia diz que está estudando se mudar para outra região, pois o que levava segurança para ela era a pre- sença da delegacia, e com a retirada, ela já não se sente segura em continuar por aqui”, destaca Márcio. Meu pai tem a loja há 4 anos, e por nosso ponto ser nos arredores da delegacia, nós nunca tivemos muitos problemas Bruno Luan, filho de comerciante CIDADES

Cidade é Sua Presença de delegacia no Piratininga gera ...que a presença da delegacia tenha papel importante para este sentimento ser desen-volvido. “Meu pai tem a loja HBM Camiseteria

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Campo Grande-MS | Domingo/Segunda, 6 e 7 de outubro de 2019

A5

Cidade é Sua

Cercados por bairros “perigosos”, moradores temem mudança da sede

Presença de delegacia no Piratininga gera sensação de segurança

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Amanda Amorim

A região do Piratininga é reconhecida por muitos por ter a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comu-nitário) que leva o nome do bairro e atende toda a zona sul de Campo Grande. A pre-sença da delegacia incen-tiva o comércio e aumenta a sensação de segurança dos moradores, já que a região é cercada por outros bairros conhecidos pela alta crimi-nalidade: como Guanandi, Parati e a Vila Nhanhá.

O comércio local vem cres-cendo e a Avenida Manoel da Costa Lima é a prova do desenvolvimento, já que, ro-dando por lá, se encontram os mais variados tipos de serviço, isso porque os comerciantes se sentem “mais à vontade” no bairro, por contar com a proximidade da delegacia. Segundo o vendedor Bruno Luan, 29 anos, que estudou na escola do bairro e cresceu na região, essa sensação de se-gurança é uma característica que sempre esteve presente, e permite inclusive o grande

fluxo de pessoas durante todo o dia e a noite; ele acredita que a presença da delegacia tenha papel importante para este sentimento ser desen-volvido. “Meu pai tem a loja HBM Camiseteria há quatro anos, e por nosso ponto ser nos arredores da delegacia, nós nunca tivemos muitos pro-blemas, fora que o fluxo de pessoas é grande, de clientes que vêm aqui fazer camisetas, ou de pessoas que passam, pela rua”, relata. Apesar de o posto policial ser próximo, nada impede que ocorram crimes nas redondezas, mas, em casos assim, o atendimento é realizado de forma rápida e eficaz. “Apesar de tudo, ainda existem alguns incidentes, uma vez, em horário de al-moço, uma bicicleta foi rou-bada. Em outro comércio, um rapaz que teria assaltado foi preso, o que é vantagem é a agilidade, pois, por estar pró-ximo da delegacia, os policiais atenderam e logo prenderam o homem que fez o assalto. Aqui nós conseguimos trabalhar na produção durante boa parte da madrugada, com tranquili-

dade”, revela Bruno.Para aqueles que traba-

lham em estabelecimentos que adentram a madrugada, a região é próspera, e as vendas são realizadas durante o fim de semana até as 4 horas da madrugada, quase raiando o dia. Para a comerciante Silvani Costa, 37 anos, a pre-ocupação com a segurança é assunto recorrente em todos os comércios, já que, por tra-balhar em um horário em que o movimento não é tão grande, eles ficam mais expostos a riscos. “Nós ficamos preocu-pados com a segurança, por conta do horário, até por ser um comércio, e mesmo com a grade que usamos, nós es-tamos suscetíveis a assaltos, e ter nas redondezas uma dele-gacia, apesar de não impedir que algo aconteça, acaba trazendo uma confiança maior”, assegura.

Apesar de trabalhar com longos horários, a sensação de segurança existente per-mite que o comércio avance madrugada adentro. “Nós es-tendemos o atendimento, e conseguimos trabalhar mais,

e prestar um serviço melhor para os nossos clientes, até porque nós atendemos na con-veniência, durante a semana até 2h da madrugada, no fim de semana, a partir de sexta, nós prolongamos esse tempo até as 4h, é um horário peri-goso, mas nós não temos his-tórias ruins para contar nesse um ano em que mantemos o comércio”, conta.

Um dos fatos que mantêm Silvani mais tranquila é o fluxo constante de viaturas, o que acaba suprindo o baixo movimento da via durante a madrugada. “Com o fluxo cons-tante de viaturas, na região, os malandrinhos acabam não se aproximando tanto, o que também é um benefício”, frisa.

Medo da mudança Os comerciantes, temem

que os boatos que tratam da retirada da Depac se concre-tizem. “Nós estamos cercados por bairros que são mais pe-rigosos que o nosso, o medo é que criminosos desçam para nossa região, o que dificulta muito, pois, se a nossa re-gião começar a ter assaltos constantes, vai impedir o pro-gresso de inúmeros comércios que começaram a se instalar aqui na Avenida Manoel da Costa Lima”, relata Silvani. O marido de Silvani e parceiro no comércio, Márcio Silva Odorico, 44 anos, compartilha do mesmo temor, e ainda re-força que a insegurança pode colocar em risco inclusive os

alunos das escolas presentes no bairro.

“A região é muito perigosa, a retirada da Depac pode levar o Piratininga a ser prejudicado, trazendo risco até mesmo para os estudantes que estudam aqui. Uma cliente que mora próximo da delegacia diz que está estudando se mudar para outra região, pois o que levava segurança para ela era a pre-sença da delegacia, e com a retirada, ela já não se sente segura em continuar por aqui”, destaca Márcio.

Meu pai tem a loja há 4 anos, e por nosso ponto ser nos arredores da delegacia, nós nunca tivemos muitos problemasBruno Luan, filho de comerciante

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