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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 022.849/2006-0 GRUPO II – CLASSE I – Plenário TC 022.849/2006-0 [Apensos: TC 010.987/2004- 8, TC 032.732/2011-2, TC 012.448/2011-7] Natureza: Embargos de Declaração Entidade: Furnas Centrais Elétricas S.A. – MME. Responsáveis: Alderisio Catarino dos Santos (297.889.867-49); José Pedro Rodrigues de Oliveira (003.945.136-49); Luiz Fernando Silva de Magalhães Couto (098.637.967-00); Luiz Paulo Fernandez Conde (027.025.097-20); Roberto Mendonça Mansur (276.916.167-91). Interessados: Alderisio Catarino dos Santos (297.889.867-49); José Pedro Rodrigues de Oliveira (003.945.136-49); Luiz Fernando Silva de Magalhães Couto (098.637.967-00); Luiz Paulo Fernandez Conde (027.025.097-20); Roberto Mendonça Mansur (276.916.167-91). Advogado constituído nos autos: José Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546) SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MONITORAMENTO. FURNAS. DESCUMPRIMENTO DO ACÓRDÃO 1.557/2008-TCU-PLENÁRIO. DISPENSA IRREGULAR DE LICITAÇÃO. CONTRATAÇÕES IRREGULARES COM FULCRO NO ART. 24, XIII, DA LEI 8.666/93. CONHECIMENTO. TENTATIVA DE REDISCUSSÃO DO MÉRITO. REJEIÇÃO. OMISSÃO. ACOLHIMENTO PARCIAL. RELATÓRIO Tratam os autos de monitoramento realizado, principalmente, para verificar as ações praticadas por Furnas Centrais Elétricas S. A. – Furnas com vistas à substituição, determinada no item 9.1.2 do Acórdão 1.557/2005-Plenário, da mão-de-obra terceirizada irregular por empregados aprovados em concurso público, em observância ao art. 37, inciso II, da Constituição Federal, na forma: 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 022.849/2006-0

GRUPO II – CLASSE I – PlenárioTC 022.849/2006-0 [Apensos: TC 010.987/2004-8, TC 032.732/2011-2, TC 012.448/2011-7]Natureza: Embargos de DeclaraçãoEntidade: Furnas Centrais Elétricas S.A. – MME.Responsáveis: Alderisio Catarino dos Santos (297.889.867-49); José Pedro Rodrigues de Oliveira (003.945.136-49); Luiz Fernando Silva de Magalhães Couto (098.637.967-00); Luiz Paulo Fernandez Conde (027.025.097-20); Roberto Mendonça Mansur (276.916.167-91).Interessados: Alderisio Catarino dos Santos (297.889.867-49); José Pedro Rodrigues de Oliveira (003.945.136-49); Luiz Fernando Silva de Magalhães Couto (098.637.967-00); Luiz Paulo Fernandez Conde (027.025.097-20); Roberto Mendonça Mansur (276.916.167-91).Advogado constituído nos autos: José Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546)

SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MONITORAMENTO. FURNAS. DESCUMPRIMENTO DO ACÓRDÃO 1.557/2008-TCU-PLENÁRIO. DISPENSA IRREGULAR DE LICITAÇÃO. CONTRATAÇÕES IRREGULARES COM FULCRO NO ART. 24, XIII, DA LEI 8.666/93. CONHECIMENTO. TENTATIVA DE REDISCUSSÃO DO MÉRITO. REJEIÇÃO. OMISSÃO. ACOLHIMENTO PARCIAL.

RELATÓRIO

Tratam os autos de monitoramento realizado, principalmente, para verificar as ações praticadas por Furnas Centrais Elétricas S. A. – Furnas com vistas à substituição, determinada no item 9.1.2 do Acórdão 1.557/2005-Plenário, da mão-de-obra terceirizada irregular por empregados aprovados em concurso público, em observância ao art. 37, inciso II, da Constituição Federal, na forma:

“9.1.2 promova, até o final de 2009, a substituição de todos os empregados contratados por interpostas pessoas jurídicas, para os cargos inerentes às categorias abrangidas pelo Plano de Cargos, por empregados selecionados mediante concurso público, nos termos do inciso II do art. 37 da Constituição Federal, substituindo a cada ano, no mínimo, 25% do número atual de terceirizados, encaminhando à Secretaria de Controle Externo do TCU no Estado do Rio de Janeiro, no prazo de sessenta dias, cronograma de substituição, considerando a complexidade/ especificidade de cada cargo, discriminado por categoria funcional e com as devidas justificativas para os prazos estabelecidos;”

Ao realizar o monitoramento, a Secex/RJ tomou conhecimento, por intermédio de reportagem publicada em jornal, que Furnas celebrou, em 27/8/2008, acordo com o Ministério Público do Trabalho, homologado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 10º Região (Processo nº 00264-

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2005-008-10-00-2), no qual comprometeu-se a substituir os trabalhadores contratados e/ou terceirizados por empregados aprovados em concurso público, no período de 2009 a 2013.

Entendendo tratar-se de evidência de desrespeito à determinação deste Tribunal, a unidade técnica promoveu audiência dos responsáveis.

Por meio do Acórdão 2.672/2010, alterado pelo Acórdão 435/2011, o Plenário julgou as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis, culminando com aplicação de multa, em razão das ocorrências a seguir sintetizadas:

a) assunção do Termo de Ajuste de Conduta - TAC firmado entre Furnas e o Ministério Público do Trabalho - MPT em 27/8/2008 em desrespeito à determinação deste Tribunal constante do subitem 9.1.2 do Acórdão 1.557/2005-Plenário (irregularidade atribuída a Marco Antônio Fernandes da Costa, Gerente da Assessoria de Assuntos Judiciais; José Olavo Viana Leite, Consultor Jurídico; Francisco Alonso Rabelo Vieira, Superintendente de Recursos Humanos; Luiz Henrique Hamann, Diretor Financeiro; e Luis Fernando Paroli Santos, Diretor de Gestão Corporativa);

b) descumprimento, nos exercícios de 2006 e 2007, do percentual mínimo de substituição anual de 25% dos terceirizados irregulares (irregularidade atribuída a José Pedro Rodrigues de Oliveira e Luiz Paulo Fernandez Conde, ex-Diretores Presidentes, respectivamente);

c) contratação da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UERJ, mediante dispensa de licitação, com fundamento no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993, para execução de objeto incompatível com aquele dispositivo legal e a natureza da instituição, sem comprovação de capacidade apropriada, com previsão de mobilização de terceiros, sem indicação do quantitativo de serviços e com celebração de termo aditivo em limite superior a 25% (irregularidade atribuída a José Pedro Rodrigues de Oliveira, ex-Diretor Presidente; e Alderizio Catarino dos Santos, ex-Diretor de Gestão Corporativa);

d) contratação de empregados para desempenho de atividades inerentes ao quadro de pessoal da empresa, por intermédio das empresas Bauruense Tecnologia e Serviços Ltda. (Contrato 16.067, de 18/7/2006), Sondotécnica Engenharia de Solos S.A. (Contrato 15.350, de 25/10/2004), Marte Engenharia Ltda. (Contrato 16.111, de 2/1/2006) e Hot Line Construções Elétricas Ltda. (Contrato 15.831, de 2/7/2005) (irregularidade atribuída a José Pedro Rodrigues de Oliveira, ex-Diretor Presidente; Márcio Florio, responsável pela assinatura dos primeiros três contratos; Lucimar Altomar Guttler, responsável pela assinatura do quarto contrato);

e) contratação, sem concurso público, de dois médicos, para atuar no consultório médico de Campinas e Foz do Iguaçu (irregularidade atribuída a Roberto Mendonça Mansur, Superintendente de Recursos Humanos);

f) omissão de três nomes na lista de terceirizados de Furnas fornecida ao TCU (irregularidade atribuída a Roberto Mendonça Mansur, Superintendente de Recursos Humanos);

g) contratação de mão de obra direta de Walnir Machado Ribeiro Filho (irregularidade atribuída a Roberto Mendonça Mansur, Superintendente de Recursos Humanos);

h) descumprimento da determinação constante no item 9.1.2 do Acórdão 1.557/2005-TCU-Plenário (irregularidade atribuída a Roberto Mendonça Mansur, Superintendente de Recursos Humanos); e

i) celebração de contratos com a Fundação Comitê de Gestão Empresarial - Funcoge, em 2006, mediante dispensa de licitação, consoante dispõe o art. 26, parágrafo único, incisos II e III, da Lei 8.666/93, com objetos contratuais amplos e imprecisos, sem nexo causal entre os objetos contratados, as disposições do art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/93 e a natureza da fundação

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(irregularidade atribuída a Luiz Fernando Silva Magalhães Couto, Diretor de Gestão Corporativa e Consultor Jurídico).

Inconformados com a deliberação supra, Alderisio Catarino dos Santos, Francisco Alonso Rabelo Vieira, Luiz Fernando Silva de Magalhães Couto, Luis Fernando Paroli Santos, Roberto Mendonça Mansur, Marco Antônio Fernandes da Costa, José Olavo Viana Leite, Luiz Henrique Hamann, José Pedro Rodrigues de Oliveira, Luiz Paulo Fernandez Conde, Márcio Flório e Lucimar Altomar Guittler interpuseram recursos de reconsideração.

Na forma do Acórdão 3.015/2012 – Plenário, esta Corte conheceu dos recursos, deu provimento ao interpostos por Marco Antônio Fernandes da Costa, José Olavo Viana Leite, Francisco Alonso Rabelo Vieira, Luiz Henrique Hamann, Luis Fernando Paroli Santos, Márcio Florio e Lucimar Altomar Guttler; provimento parcial aos interpostos por Roberto Mendonça Mansur; e negou provimento aos interpostos por José Pedro Rodrigues de Oliveira, Luiz Paulo Fernandez Conde, Alderizio Catarino dos Santos e Luiz Fernando Silva Magalhães Couto.

Na atual fase processual, apreciam-se os embargos de declaração opostos por Roberto Mendonça Mansur, José Pedro Rodrigues de Oliveira, Luiz Paulo Fernandez Conde, Alderizio Catarino dos Santos e Luiz Fernando Silva Magalhães Couto.

Os responsáveis foram cientificados do teor do Acórdão 3.015/2012 – Plenário em 19/12/2012 e 20/12/2012 e protocolaram seus embargos em 28/12/2012, alegando existência de contradição, omissão e obscuridade.

Roberto Mendonça Mansur (peça 133), ex-Superintendente de Recursos Humanos, afirma que o acórdão embargado é omisso por não atentar para as questões abaixo, constantes de seu pedido de reexame, que, no seu entender, justificam a contratação sem concurso público de dois médicos para os consultórios de Campinas e Foz do Iguaçu:

- em decorrência de decisão judicial, Furnas esteve impedida de contratar, por quase 3 anos, os candidatos aprovados no concurso público 01/2005;

- Furnas estava sendo pressionada, pelo Ministério do Trabalho e pelos Conselhos Federal e Estadual de Medicina, a preencher as vagas de médico em Campinas e Foz do Iguaçu, sob pena de sofrer pesadas sanções legais e administrativas;

- não era possível alocar temporariamente profissionais de outras unidades da estatal, para não desfalcá-las e, assim, infringir a legislação sobre a matéria, sujeitando a estatal a pesadas sanções legais e administrativas;

- a contratação apoiou-se em parecer jurídico prévio e foi aprovada pela Diretoria Colegiada de Furnas conforme Resolução de Diretoria (PRD) nº 010/2238, de 9/9/2004, e Resolução de Diretoria (PRD) nº DG.118.2004;

- tão logo autorizada a contratação dos aprovados no concurso público 01/2005, os dois médicos foram desligados e substituídos por concursados; e

- a contratação temporária de 2 profissionais médicos era a única solução cabível, foi ao encontro dos princípios constitucionais da eficiência e economicidade e evitou a aplicação de sanções a Furnas.

Luiz Fernando Silva Magalhães Couto (peça 140), ex-Diretor de Gestão Corporativa e Consultor Jurídico de Furnas, alega que o acórdão embargado é omisso e por não enfrentar suas alegações abaixo sintetizadas, limitando-se a mencionar, em vez disso, que o contrato firmado deveria vincular-se a projeto a ser cumprido em prazo determinado e com produto bem definido:

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- a Fundação Comitê de Gestão Empresarial – Funcoge é instituição brasileira, sem fins lucrativos, detentora de inquestionável reputação ético-profissional e incumbida regimental e estatutariamente do ensino, pesquisa ou desenvolvimento institucional, com capacidade de executar o objeto dos contratos, com sua própria estrutura e de acordo com suas competências;

- existência de nexo entre o art. 24, XIII, da Lei 8.666/1993, a natureza da Fundação Comitê de Gestão Empresarial e o objeto dos contratos 16.412, 16.453, 16.717 e 16.718;

- razoabilidade do preço cotado;

- os objetos dos contratos firmados não eram amplos e imprecisos;

- as contratações tiveram prazo determinado (tiveram início, meio e fim), e resultaram em produto bem definido (capacitação de pessoal da Estatal).

O acórdão embargado também é, a seu ver, obscuro, por não haver menção no inciso XIII do art. 24 da Lei 8.666/1993 à obrigatoriedade de cumprimento do objeto em prazo determinado nem de que resulte em produto bem definido.

José Pedro Rodrigues de Oliveira (peça 141), ex-Presidente de Furnas, assevera que o acórdão embargado é contraditório, pois a determinação do TCU dirigiu-se à Furnas, comandada e representada pela sua Diretoria Executiva, a quem compete, segundo explicitado no voto condutor, estabelecer diretrizes relacionadas à admissão e demissão de empregados, e, não obstante isso, dois diretores foram isentados de apenação.

Afirma que o acórdão é omisso ao tratar da contratação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ. Utiliza argumentação semelhante à aduzida por Luiz Fernando Silva Magalhães Couto e por Alderizio Catarino dos Santos, quando estes se referiram à contratação da Funcoge e da UERJ, respectivamente:

- a UERJ é instituição brasileira, sem fins lucrativos, detentora de inquestionável reputação ético-profissional e incumbida regimental e estatutariamente do ensino, pesquisa ou desenvolvimento institucional, com capacidade de executar o objeto dos contratos, com sua própria estrutura e de acordo com suas competências;

- existência de nexo entre o art. 24, XIII, da Lei 8.666/1993, a natureza da UERJ e o objeto dos contratos 16.412, 16.453, 16.717 e 16.718;

- razoabilidade do preço cotado;

- os objetos dos contratos firmados não eram amplos e imprecisos;

- as contratações tiveram prazo determinado (tiveram início, meio e fim), e resultaram em produto bem definido (capacitação de pessoal da Estatal).

O acórdão embargado também é, a seu ver, obscuro, por não haver menção no inciso XIII do art. 24 da Lei 8.666/1993 à obrigatoriedade de cumprimento do objeto em prazo determinado nem de que resulte em produto bem definido.

Ainda segundo o ex-dirigente, o acórdão também é omisso por não se manifestar quanto ao entendimento do STF sobre a terceirização de atividades no âmbito de Furnas. Isso porque, no dia 16/6/2011, foi deferida medida cautelar em mandado de segurança suspendendo os efeitos de todos os atos praticados pelo TCU a respeito da terceirização praticada por Furnas, inclusive do Acórdão 1.557/2005 - Plenário, cujo descumprimento originou a aplicação de multa ao embargante, de sorte que não há sustentação jurídica para a manutenção da penalidade.

Além disso, o TCU manifestou-se favoravelmente aos pactos firmados no STF, no âmbito do MS 27.066/DF, tendo afirmado que as propostas de acordo alinham-se ao entendimento dado à

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matéria por esta Corte e que Furnas deverá cumprir integralmente o Acórdão 576/2012-TCU-Plenário, que determinou que Furnas informe nos relatórios de gestão de suas contas anuais de 2012 a 2018 sobre as medidas adotadas para cumprimento dos acordos judiciais pactuados no âmbito do MS STF 27.066.

Segundo ele, os acordos judiciais homologados pelo STF, com a anuência do TCU, suplantam o entendimento anterior desta Corte, pois abrangem todos os terceirizados que trabalham para Furnas desde 21/12/1993.

Assevera que o acordão embargado é obscuro por afirmar que a liminar que proibiu dispensas e desligamentos de terceirizados, deferida em 9/6/2006 à Associação dos Contratados e Ex-contratados e Prestadores de Serviços em Furnas Centrais Elétricas S/A, alcançava tão somente 814 terceirizados que subscreveram a ação e que, portanto, não havia impedimento para substituição imediata dos mais de 1.300 terceirizados que não a subscreveram.

Isso porque, em mais de uma oportunidade, o STF assentou que as entidades e pessoas jurídicas atuam em nome próprio na defesa de direito alheio, descabendo exigir que seus associados subscrevam individualmente a ação proposta em defesa de todos, havendo, portanto, impedimento para a substituição de todos os terceirizados da estatal.

Alderizio Catarino dos Santos (peça 142), ex-Diretor de Gestão Corporativa de Furnas, afirma que o acórdão embargado é omisso e obscuro quando trata da contratação da UERJ. Utiliza argumentação semelhante às apresentadas por Luiz Fernando Silva Magalhães Couto e José Pedro Rodrigues de Oliveira, quando se referiram à contratação da Funcoge e da UERJ, respectivamente.

Luiz Paulo Fernandez Conde (peça 143), ex-Presidente de Furnas, afirma que o acórdão embargado é contraditório, omisso e obscuro. Utiliza argumentação equivalente à apresentada por José Pedro Rodrigues de Oliveira.

Ao final, os embargantes requerem acolhimento das suas razões recursais para que sejam tornadas insubsistentes as penalidades a eles aplicadas.

VOTO

Conheço dos embargos opostos por Roberto Mendonça Mansur, José Pedro Rodrigues de Oliveira, Luiz Paulo Fernandez Conde, Alderizio Catarino dos Santos e Luiz Fernando Silva Magalhães Couto, porquanto apontam contradição, omissão e obscuridade no Acórdão 3.015/2012 – Plenário e foram protocolados dentro do prazo previsto no art. 34, §1º, da Lei 8.443/92.

O Acórdão 3.015/2012 – Plenário deu provimento parcial ao pedido de reexame de Roberto Mendonça Mansur, ex-Superintendente de Recursos Humanos, para dar a seguinte redação ao item 9.6 do Acórdão 2.672/2010 – Plenário:

“9.6. rejeitar as razões de justificativas apresentadas pelo Sr. Roberto Mendonça Mansur, Superintendente de Recursos Humanos, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, e § 1º da Lei nº 8.443/92, no valor de R$ 3.000 (três mil reais), pela seguinte ocorrência:

9.6.1. contratação, sem concurso público, de dois médicos para atuar no consultório médico de Campinas e Foz do Iguaçu, descumprindo a Constituição Federal, art. 37, inciso II;”

Ao tratar das razões recursais de Mendonça Mansur, ex-Superintendente de Recursos Humanos, deixei assente que existia solução outra, ao alcance de Furnas, para preenchimento das vagas de médico em Campinas e Foz do Iguaçu, que não a contratação de novos profissionais sem concurso, ao arrepio da Constituição:

“Rejeito as alegações concernentes à contratação, sem concurso público, de dois médicos, para atuar no consultório médico de Campinas e Foz do Iguaçu (item “e”), tendo em vista que, estando a admissão dos médicos aprovados no concurso de 2005 suspensa por decisão judicial, cabia a ele realocar,

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temporariamente, médicos de outras localidades, de forma a satisfazer a exigência do art. 162 da CLT, e não contratar irregularmente novos profissionais.”

Na instrução transcrita no Relatório condutor do decisum embargado, cujos fundamentos sobre a questão foram expressamente incorporados às minhas razões de decidir, a Serur tratou da questão nos seguintes termos:

“159. Para o deslinde da presente questão, é de se ter presente o disposto nos artigos 468 e 469 da CLT:

‘Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança.Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio.§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço (Redação dada pela Lei nº 6.203, de 17.4.1975).§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. § 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.203, de 17.4.1975)’ (grifos acrescidos).

160. Ante o disposto no § 3º supracitado, observa-se a possibilidade que Furnas teve de, sem realizar contratações ao arrepio da Carta Magna (art. 37, inciso II), transferir médicos de outras localidades para Campinas e Foz do Iguaçu, de forma a satisfazer a exigência do art. 162 da CLT.

161. Nessa ordem de ideias, é de todo pertinente a seguinte conclusão da douta procuradoria:

‘(...) se a admissão dos médicos aprovados no concurso de 2005 estava suspensa por ordem judicial, cabia a Furnas realocar, temporariamente, médicos de outras localidades e não contratar irregularmente novos profissionais.’ ”

Não consta do pedido de reexame do responsável a alegação de que não era possível alocar profissionais de outras unidades de Furnas sem desfalcá-las, sujeitando Furnas a sanções legais e administrativas. Não há que se falar em omissão decorrente de não manifestação sobre um argumento, se esse argumento nem mesmo foi apresentado.

Ademais, para que o argumento fosse apto a influir no juízo de mérito firmado por esta Corte, seria necessário comprovar que todas as demais unidades de Furnas possuíam, no máximo, o número de médicos exigidos pela legislação, o que não ocorreu.

Assiste razão parcial ao embargante com relação ao argumento de que o acórdão embargado foi omisso com relação ao argumento, constante de seu pedido de reexame, de que a contratação apoiou-se em parecer jurídico prévio e foi aprovada pela Diretoria Colegiada de Furnas.

De fato, não houve manifestação no voto nem na instrução da Serur a respeito do argumento. Tal situação, entretanto, não altera o mérito do acórdão embargado, porquanto não interfere no fundamento da condenação.

Não localizei nos autos a Resolução de Diretoria (PRD) nº 010/2238, de 9/9/2004, a Resolução de Diretoria (PRD) nº DG.118.2004 nem o parecer jurídico, aos quais se refere o embargante.

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Ainda que se admita que tais documentos possuem o teor alegado, a aprovação da contratação irregular pela Diretoria Colegiada de Furnas não convalida a contratação irregular, muito menos isenta de responsabilidade o embargante que, como superintendente de recursos humanos deveria ter verificado o cumprimento das prescrições legais antes de submeter o ato à instância superior.

Caso houvesse comprovação de que a aprovação pela diretoria realmente ocorreu, tal fato poderia, no máximo, conduzir à responsabilização dos membros da diretoria, o que não se mostra oportuno, considerando o aspecto da racionalidade processual e o estágio em que se encontra o processo.

Conforme a jurisprudência pacífica desta Corte, pareceres jurídicos, por possuírem natureza opinativa, não vinculam o gestor, que deveria ter se abstido de adotar a posição manifestamente inconstitucional neles defendida.

Assim, provejo parcialmente os embargos opostos por Roberto Mendonça Mansur, para conceder-lhes efeitos integrativos, sem alterar os termos do item 9.5 do Acórdão 3.015/2012 – Plenário.

IIO Acórdão embargado negou provimento ao pedido de reexame de Luiz Fernando Silva

Magalhães Couto, ex-Diretor de Gestão Corporativa e ex-Consultor Jurídico, mantendo em seus exatos termos o item 9.9 do Acórdão 2.672/2010 – Plenário, a seguir transcrito:

“9.9. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Luiz Fernando Silva Magalhães Couto, Diretor de Gestão Corporativa e Consultor Jurídico de Furnas, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), tendo em vista a celebração dos Contratos nº 16.412, 16.453, 16.717 e 16.718, todos firmados com a Fundação Comitê de Gestão Empresarial - Funcoge, em 2006, mediante dispensa de licitação, consoante dispõe o art. 26, parágrafo único, incisos II e III, da Lei nº 8.666/1993, com objetos contratuais amplos e imprecisos, e ainda pela inexistência de nexo causal entre os objetos contratados, as disposições do art. 24, inciso XIII, da referida lei e a natureza da Fundação;”(grifo acrescido)

No Voto condutor do acórdão embargado, manifestei-me a respeito da contratação da Fundação Comitê de Gestão Empresarial – Funcoge e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, objeto dos recursos de José Pedro Rodrigues de Oliveira, Alderizio Catarino dos Santos e Luiz Fernando Silva Magalhães Couto, nos seguintes termos:

“Rejeito as alegações aduzidas por José Pedro Rodrigues de Oliveira, Alderizio Catarino dos Santos e Luiz Fernando Silva Magalhães Couto, com relação aos itens “c” [contratação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UERJ] e “i”[celebração de contratos com a Fundação Comitê de Gestão Empresarial – Funcoge]. Este Tribunal tem reiteradamente afirmado que a contratação com dispensa de licitação de instituição sem fins lucrativos, com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/93, somente é admitida nas hipóteses em que houver nexo entre o mencionado dispositivo, a natureza da instituição e o objeto a ser contratado, além de comprovada razoabilidade do preço cotado.

Há a necessidade de demonstrar que a entidade contratada, além de ser brasileira, sem fins lucrativos, detentora de inquestionável reputação ético-profissional e incumbida regimental e estatutariamente do ensino, da pesquisa ou do desenvolvimento institucional, tem capacidade de executar, com sua própria estrutura e de acordo com suas competências, o objeto do contrato, vedada a subcontratação.

O contrato deve vincular-se a projeto a ser cumprido em prazo determinado e que resulte em produto bem definido, não cabendo contratação de atividades continuadas nem de objeto genérico, como é o caso destes autos.”

O trecho acima sintetiza o entendimento desta Corte a respeito dos requisitos para contratação mediante dispensa de licitação, com fundamento no art. 24, XIII, da Lei 8.666/1993, e foi

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aduzido em complemento ao exame da unidade técnica, a seguir transcrito, expressamente incorporado às razões de decidir:

“204. O art. 2º do Estatuto da Funcoge assim dispõe:‘Art. 2º A Fundação Comitê de Gestão Empresarial – Fundação COGE é uma instituição de caráter técnico-científico, cujo objeto é promover o aprimoramento da gestão empresarial e da cultura técnica das empresas do Setor Energético Brasileiro, realizando atividades de pesquisa, ensino e desenvolvimento institucional, bem como prestar consultoria, assessoramento e serviços técnicos especializados às mesmas, realizar eventos, estudos, análises, treinamento, cursos e projetos que levem ao permanente aperfeiçoamento dos seus métodos, processos e organização (in www.funcoge.org.br/html/body_estatuto.html).’

205. Ademais, consta no site da Funcoge (www.funcoge.org.br/index2.html) que:‘A Fundação COGE é uma entidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, cuja missão

é prover conhecimento e soluções de gestão empresarial que agreguem valor à cultura técnica das organizações, priorizando o setor energético.’

206. De mais a mais, consta no site da Fundação Comitê de Gestão Empresarial (http://www.funcoge.org.br/arquivos/Apresentacao_da_Fundacao_COGE_-_2011.pdf) que a ela conta, atualmente, com a participação de 67 empresas instituidoras e mantenedoras, públicas e privadas, responsáveis, em seu conjunto, por mais de 90% de toda a eletricidade gerada, transmitida e distribuída no Brasil.207. Destarte, percebe-se que, em tese, a Funcoge preenche os requisitos para a contratação com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993. 208. No entanto, é de se transcrever os objetos dos Contratos 16.412, 16.453, 16.717 e 16.718, todos firmados com a Fundação Comitê de Gestão Empresarial – Funcoge (p. 1-46 da peça 16):

- a cooperação técnica para a prestação de serviços especializados de um Programa de Capacitação e Desenvolvimento de Pessoal da Diretoria de Operação do Sistema e Comercialização de Energia – DO, envolvendo o treinamento introdutório técnico para os profissionais recém contratados por Furnas e o aprimoramento técnico dos demais colaboradores da Diretoria (objeto do Contrato 16.412);

- a prestação de serviços técnicos especializados e de consultoria para desenvolver projetos para a realização de programas de treinamento na área de capacitação e desenvolvimento profissional de Furnas, de forma integrada com o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração – PCCR e com o Planejamento Estratégico da empresa, visando o seu desenvolvimento institucional (objeto do Contrato 16.453);

- a prestação de assessoria na área de previdência privada (objeto do Contrato 16.717);- a prestação de serviços técnicos especializados de consultoria, para aperfeiçoamento dos

procedimentos e controles gerenciais e administrativos atualmente adotados em Furnas, envolvendo a análise de métodos, processos e rotinas praticados no âmbito das diversas diretorias da empresa, de forma a melhor adequá-los aos novos objetivos estratégicos de Furnas, sob supervisão da Diretoria de Gestão Corporativa – DG (objeto do Contrato 16.718).209. Salta aos olhos que os objetos supracitados são por demais amplos e imprecisos. 210. Mas não é só: o recorrente aduziu que os preços ajustados estavam adequados aos patamares de mercado. Ocorre que não consta nos autos a comprovação de que os preços acordados estão compatíveis com os normalmente firmados em um mercado competitivo.211. Posta assim a questão, permanece a irregularidade ora em exame, devendo-se negar provimento ao recurso interposto pelo Sr. Luiz Fernando Silva Magalhães, apenas sugerindo-se a alteração do subitem 9.9 para:

‘9.9. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Luiz Fernando Silva Magalhães Couto, Diretor de Gestão Corporativa e Consultor Jurídico de Furnas, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), tendo em vista a celebração dos Contratos nº 16.412, 16.453, 16.717 e 16.718, todos firmados com a Fundação Comitê de Gestão Empresarial - Funcoge, em 2006, mediante dispensa de licitação, com objetos contratuais amplos e imprecisos, e, ainda, sem justificativa de preços, conforme exigido no art. 26, parágrafo único, inciso III, da Lei 8.666/1993.’”

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Ante as razões consignadas, restou assente que o recurso foi improvido por se tratarem de contratos com objetos amplos e imprecisos e sem comprovação da compatibilidade dos preços acordados com os de mercado.

Não se pode tachar de omisso julgado que enfrenta a matéria controvertida, dando-lhe solução, pelo simples fato de com ela não se conformar a parte.

Não procede a alegação de obscuridade, decorrente da inexistência de menção expressa, no inciso XIII do art. 24 da Lei 8.666/1993, de obrigatoriedade de cumprimento do objeto em prazo determinado e de que devam resultar em produto bem definido. O teor do argumento revela que a intenção do embargante é, na verdade, fazer prevalecer sua interpretação da norma, em oposição à que foi adotada, ao que não se presta a estreita via dos declaratórios.

Por essas razões, nego provimento aos embargos opostos por Luiz Fernando Silva Magalhães Couto.

IIIO Acórdão 3.015/2012 – Plenário negou provimento ao pedido de reexame de José Pedro

Rodrigues de Oliveira, ex-Presidente, mantendo em seus exatos termos o item 9.3 do Acórdão 2.672/2010 – Plenário, in verbis:

“9.3. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. José Pedro Rodrigues de Oliveira, ex-Diretor Presidente, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II e § 1º, da Lei nº 8.443/92, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), tendo em vista as seguintes ocorrências;9.3.1. irregularidades relativas ao Contrato nº 16.147, celebrado entre a estatal e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ;9.3.2. descumprimento do percentual mínimo de substituição, para o exercício de 2006, de 25% de todos os empregados contratados por interpostas pessoas jurídicas, para os cargos inerentes às categorias abrangidas pelo Plano de Cargos, por empregados selecionados mediante concurso público, nos termos do inciso II do art. 37 da Constituição Federal, conforme determinação deste Tribunal (subitem 9.1.2 do Acórdão nº 1.557/2005-Plenário);9.3.3. contratação de empregados via empresa Bauruense Tecnologia e Serviços Ltda., Contrato nº 16.067, assinado em 18/7/2006, para o desempenho de atividades inerentes ao quadro de pessoal da empresa, em desacordo com o art. 37, inciso II, da Constituição Federal e em descumprimento à Decisão nº 1.465/2002 e aos Acórdãos nº 1.487/2003, 1.688/2003, 253/2005 e 1.557/2005, todos do Plenário deste Tribunal;9.3.4. contratação de empregados via empresa Sondotécnica Engenharia de Solos S.A, Contrato nº 15.350, assinado em 25/10/2004, para o desempenho de atividades inerentes ao quadro de pessoal da empresa, em desacordo com o art. 37, inciso II, da Constituição Federal e em descumprimento à Decisão nº 1.465/2002 e aos Acórdãos nº 1.487/2003, 1.688/2003, 253/2005 e 1.557/2005, todos do Plenário deste Tribunal;9.3.5. contratação de empregados via empresa Marte Engenharia Ltda., Contrato nº 16.111, assinado em 2/1/2006, para o desempenho de atividades inerentes ao quadro de pessoal da empresa, em desacordo com o art. 37, inciso II, da Constituição Federal e em descumprimento à Decisão nº 1.465/2002 e aos Acórdãos nº 1.487/2003, 1.688/2003, 253/2005 e 1.557/2005, todos do Plenário deste Tribunal;”

III.1A seguir, transcrevo os trechos do voto condutor que indicaram as razões da rejeição das

alegações recursais do ex-Presidente, concernentes à sua responsabilização pelo descumprimento da determinação ínsita no Acórdão 1.557/2005-Plenário:

“No caso de Furnas, após 3 anos de reiteradas determinações, o TCU, por meio do Acórdão 1.557/2005 – Plenário, concedeu prazo de 4 anos para a conclusão da substituição dos terceirizados.

Mesmo assim, a Estatal não promoveu as medidas ao seu alcance para cumprimento da determinação.

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A liminar que proibiu dispensas e desligamentos dos terceirizados, deferida, em 9/6/2006, à Associação dos Contratados e Ex-contratados e Prestadores de Serviços em Furnas Centrais Elétricas S/A – ACEP, no âmbito do processo 807.2006.055.01.00-9 (00300-2007-008-10-00-0), alcançava tão somente os 814 terceirizados que subscreveram a ação (peça 77, p. 493). Assim, mesmo enquanto vigente a liminar, não havia impedimento para substituição imediata dos mais de 1.300 terceirizados que não subscreveram a ação.

A liminar proferida nos autos do processo 2005.51.01.022481-2, que impediu, até 1/7/2008, a homologação do resultado do concurso público relativo ao Edital 01/2005, também não constituiu óbice ao cumprimento da decisão do TCU. Isso porque a validade do concurso anterior, objeto do Edital 1/2002, no qual foram aprovados 9.000 candidatos, foi prorrogada para 26/2/2008, conforme liminar deferida nos autos do processo 0182-2006-008-10-00-9, de sorte que restaram somente quatro meses, no ano de 2008, em que nenhum dos dois concursos estivesse válido.

Mesmo que não fosse possível preencher todos os cargos vagos com os aprovados do Edital 1/2002, cabia aos dirigentes de Furnas preencher os cargos contemplados no referido concurso e aguardar permissão judicial para convocar os aprovados no concurso seguinte. Não foi isso, entretanto, que se verificou.

A convocação de greve, no início de 2008, pelo Sindicato dos Eletricitários de Furnas e DME e pela Federação Nacional dos Urbanitários não socorre José Pedro Rodrigues de Oliveira e Luiz Paulo Fernandez, por ser posterior aos exercícios 2006 e 2007, cujos percentuais mínimos de substituição foram descumpridos, dando ensejo a suas condenações.

Ante o exposto, não há comprovação de fatos que constituam efetivo impedimento ao cumprimento do comando do TCU, mas tão somente circunstâncias que tornavam a tarefa mais difícil.

A determinação descumprida por Furnas foi proferida pelo TCU no regular exercício de suas atribuições. Origina-se da competência constitucional atribuída a esta Corte de Contas pela Carta Magna e, nos termos do art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, reveste-se de caráter coativo, não se sujeitando à opinião de dirigentes sobre sua conveniência e oportunidade, sob o risco de inocuidade do dispositivo constitucional.

Se os dirigentes de Furnas consideravam que as dificuldades que se apresentavam à época justificavam a dilação do prazo estabelecido pelo TCU, deveriam, antes de configurado o descumprimento da determinação, requerer prorrogação a esta Corte, e não desprezar a ordem que lhes foi dada e, em consequência, o mandamento constitucional que a fundamentou.

Posto isso, cumpre perquirir a quem atribuir o descumprimento do comando do TCU. Nesse ponto, concordo integralmente com as conclusões do titular da Serur. Conforme arts. 22, 25 e

25 [26] do Estatuto Social de Furnas, compete à Diretoria Executiva, especialmente ao Diretor-Presidente, estabelecer diretrizes relacionadas à admissão e demissão de empregados. Cabia a eles, portanto, definir as providências necessárias ao cumprimento do Acórdão 1.557/2005-TCU-Plenário.

Gerentes, assessores e consultores jurídicos não tinham qualquer poder decisório no que concerne à substituição dos empregados. Apenas executaram medidas compatíveis com as diretrizes estabelecidas pela Diretoria de Furnas. Desta sorte, aplicação de multa a esses profissionais revela-se medida destoante dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

Nessa linha de raciocínio, dou provimento aos recursos interpostos por Marco Antônio Fernandes da Costa, Gerente da Assessoria de Assuntos Judiciais; José Olavo Viana Leite, Consultor Jurídico; Francisco Alonso Rabelo Vieira, Superintendente de Recursos Humanos; Luiz Henrique Hamann, Diretor Financeiro; Luis Fernando Paroli Santos, Diretor de Gestão Corporativa; Márcio Florio e Altomar Guttler, que assinaram contratos por delegação; e Roberto Mendonça Mansur, Superintendente de Recursos Humanos, no que se refere às ocorrências apresentadas nos itens “a”, “d” e “h”, apresentados na primeira parte deste Voto.

A mesma sorte não assiste a José Pedro Rodrigues de Oliveira e a Luiz Paulo Fernandez Conde, que ocuparam a Presidência de Furnas em 2006 e 2007, respectivamente, sendo, portanto, responsáveis pela definição das diretrizes que permitiriam cumprimento do percentual mínimo de substituição, nesses exercícios, de 25% dos terceirizados irregulares, estabelecido no item 9.1.2 do Acórdão 1.557/2005-TCU-Plenário.” (grifos acrescidos)

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Conforme os trechos em negrito, embora tenha reconhecido como sendo de toda a Diretoria Executiva a responsabilidade pelo estabelecimento das diretrizes relacionadas à admissão e demissão de empregados, o TCU manteve somente a sanção aplicada aos dois ex-Presidentes, por considerar sua responsabilidade mais destacada que as dos demais membros da diretoria.

Não estão evidenciadas, entretanto, as razões para a diferenciação da responsabilidade dos ex-Presidentes, configurando omissão do acórdão embargado, que sano nos próximos parágrafos. O reconhecimento dessa situação, entretanto, não altera o mérito do acórdão, porquanto não interfere nos fundamentos da condenação.

As competências da Diretoria Executiva de Furnas estão indicadas no art. 22 do Regimento Interno de Furnas, do qual transcrevo o seguinte excerto:

“Art. 22º Compete à Diretoria Executiva a direção geral e a administração de FURNAS, respeitadas as diretrizes fixadas pelo Conselho de Administração.Parágrafo Único – No exercício de suas atribuições, dentre as demais incumbências implícitas nos poderes gerais de direção e administração, não expressamente conferidas ao Conselho de Administração por este Estatuto, cabe à Diretoria-Executiva:(...)f) aprovar planos que disponham sobre a admissão, carreira, acesso, vantagens e regime disciplinar para os empregados de FURNAS;(...)”

As competências do Diretor-Presidente, por sua vez, estão indicadas nos arts. 25 e 26, parcialmente transcritos a seguir:

“Art. 25 Cabe ao Diretor-Presidente a orientação da política administrativa e a representação de FURNAS, convocando e presidindo as reuniões da Diretoria.Art. 26º Compete ao Diretor-Presidente:(...)c) admitir e demitir empregados;(...)”

Nota-se que a orientação da política administrativa, bem assim a admissão e demissão de empregados por Furnas, são matérias da competência do Diretor-Presidente, que submete à aprovação do colegiado eventuais planos de admissão.

Evidente, portanto, que o Diretor-Presidente possui competência mais destacada que os demais membros da Diretoria executiva, no que tange aos atos necessários ao cumprimento da determinação do TCU.

Optou esta Corte, mediante o acórdão embargado, em vez de aplicar multa a todos que tivessem praticado atos incompatíveis com o cumprimento da determinação do TCU, por restringir a sanção àqueles cuja contribuição para o descumprimento foi mais destacada, ou seja, aos Diretores-Presidentes.

Assim, dou provimento parcial aos embargos opostos por José Pedro Rodrigues de Oliveira, para conceder-lhes os efeitos integrativos acima referidos, sem alterar os termos dos itens 9.2 e 9.6 do Acórdão 3.015/2012 - Plenário.

III.2No Voto condutor do acórdão embargado, manifestei-me a respeito da contratação da

Fundação Comitê de Gestão Empresarial – Funcoge e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, objeto dos recursos de José Pedro Rodrigues de Oliveira, Alderizio Catarino dos Santos e Luiz Fernando Silva Magalhães Couto, nos seguintes termos:

“Rejeito as alegações aduzidas por José Pedro Rodrigues de Oliveira, Alderizio Catarino dos Santos e Luiz Fernando Silva Magalhães Couto, com relação aos itens “c” [contratação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UERJ] e “i”[celebração de contratos com a Fundação Comitê

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de Gestão Empresarial – Funcoge]. Este Tribunal tem reiteradamente afirmado que a contratação com dispensa de licitação de instituição sem fins lucrativos, com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/93, somente é admitida nas hipóteses em que houver nexo entre o mencionado dispositivo, a natureza da instituição e o objeto a ser contratado, além de comprovada razoabilidade do preço cotado.

Há a necessidade de demonstrar que a entidade contratada, além de ser brasileira, sem fins lucrativos, detentora de inquestionável reputação ético-profissional e incumbida regimental e estatutariamente do ensino, da pesquisa ou do desenvolvimento institucional, tem capacidade de executar, com sua própria estrutura e de acordo com suas competências, o objeto do contrato, vedada a subcontratação.

O contrato deve vincular-se a projeto a ser cumprido em prazo determinado e que resulte em produto bem definido, não cabendo contratação de atividades continuadas nem de objeto genérico, como é o caso destes autos.

Cumpre acrescentar, com respeito à ocorrência item “c” [contratação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UERJ], que os senhores José Pedro Rodrigues de Oliveira, Alderizio Catarino não foram apenados pela celebração de termo aditivo em limite superior a 25%, o que ocorreu após a exoneração do Sr. Alderizio Catarino do cargo de Diretor de Gestão Corporativa. A celebração do aditivo apenas reforçou a percepção de que se tratava, efetivamente, de contratação de atividade continuada, que, como dito acima, não se compatibiliza com contratação com dispensa de licitação de instituição sem fins lucrativos, com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/93.”

O trecho sintetiza o entendimento desta Corte a respeito dos requisitos para contratação mediante dispensa de licitação, com fundamento no art. 24, XIII, da Lei 8.666/1993, e foi aduzido em complemento ao exame da unidade técnica, itens 72-92 da instrução transcrita no relatório condutor do Acórdão 3.015/2012 – Plenário, expressamente incorporado às razões de decidir, do qual destaco os seguintes excertos:

“72. A Cláusula 1ª do Contrato 16.147 (peça 32, p. 5-6) prevê as atividades que compõem o objeto do ajuste. Observa-se a inexistência de previsão de atividades que exijam expertise diferenciado, a exigir uma notória especialização da entidade contratada. Ao contrário, nota-se, isto sim, atividades que poderiam ser perfeitamente licitadas com o intuito de se obter a proposta mais vantajosa para a administração.73. O fato de a UERJ dispor de cursos de mestrado e doutorado em Direito da Administração Pública não é relevante, vez que a duração do contrato em exame era de 12 meses a contar da data de sua assinatura. Prazo este muito exíguo para a conclusão dos referidos cursos de pós graduação.74. Posta assim a questão, opina-se pelo não acolhimento do 1º argumento.”

“91. Ad argumentandum tantum, ainda que se acolha o 4º argumento apresentado, no sentido de que não foi o recorrente quem assinou o termo aditivo em apreço, bem como de que não tenha havido omissão dos quantitativos de serviços e obrigações da UERJ, é de se ponderar que subsistem as seguintes irregularidades relativas ao Contrato 16.147:a) dispensa irregular de licitação, com base no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993;b) inobservância ao princípio constitucional da isonomia e ao princípio da igualdade, previsto no art. 3º da Lei 8.666/1993, ante a existência de Instituições similares no estado do Rio de Janeiro.92. As irregularidades supra justificam a mantença do subitem 9.3.2 do acórdão recorrido, não havendo que se falar, por força do 4º argumento, em diminuição do valor da multa aplicada ao recorrente.”

Restou assente, portanto, que o recurso foi improvido por se tratar de contrato que não previa realização de atividades que demandassem expertise diferenciada, para que fosse necessária notória especialização da entidade contratada, mas de atividades que deveriam ter sido licitadas para obter a proposta mais vantajosa para a Administração.

Consoante já asseverei neste voto, não se pode tachar de omisso julgado que enfrenta a matéria controvertida, dando-lhe solução, pelo simples fato de com ela não se conformar a parte.

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Não procede a alegação de obscuridade, decorrente da inexistência de menção expressa, no inciso XIII do art. 24 da Lei 8.666/1993, de obrigatoriedade de cumprimento do objeto em prazo determinado e de que devam resultar em produto bem definido. O teor do argumento revela que a intenção do embargante é, na verdade, fazer prevalecer sua interpretação da norma, em oposição à que foi adotada, ao que não se presta a estreita via dos declaratórios.

Tendo sido apresentados, no voto e relatório condutores do acórdão embargado, os fundamentos da rejeição das razões recursais relativas ao contrato celebrado entre a estatal e a UERJ, nego provimento aos embargos de Pedro Rodrigues de Oliveira, no que diz respeito a esse argumento.

III.3Não consta do pedido de reexame do ora embargante argumento no sentido de ter deixado

de existir sustentação jurídica para a multa a ele imposta, ante o deferimento de cautelar pelo STF, que suspendeu os efeitos dos Acórdãos do TCU a respeito da terceirização em Furnas, nem de que os acordos judiciais homologados pelo STF, com anuência do TCU, suplantam o entendimento anterior desta Corte.

Não há que se falar em omissão em razão da não manifestação sobre um argumento, se esse argumento nem mesmo fora apresentado.

Assim, nego provimento aos embargos, no que diz respeito ao argumento sob exame.De toda sorte, tendo em vista sua relevância para formar convicção acerca da controvérsia

destes autos, teço as considerações a seguir, a título meramente argumentativo, o que inicio com uma breve síntese dos fatos que culminaram com a aplicação de multa aos responsáveis.

Dentre outras providências, o Acórdão 1.557/2005 – Plenário proferiu a seguinte determinação, dirigida a Furnas:

9.1.2 promova, até o final de 2009, a substituição de todos os empregados contratados por interpostas pessoas jurídicas, para os cargos inerentes às categorias abrangidas pelo Plano de Cargos, por empregados selecionados mediante concurso público, nos termos do inciso II do art. 37 da Constituição Federal, substituindo a cada ano, no mínimo, 25% do número atual de terceirizados, encaminhando à Secretaria de Controle Externo do TCU no Estado do Rio de Janeiro, no prazo de sessenta dias, cronograma de substituição, considerando a complexidade/especificidade de cada cargo, discriminado por categoria funcional e com as devidas justificativas para os prazos estabelecidos;

Em cumprimento ao subitem 9.3.2 do acórdão, foi realizado o 2º monitoramento referente à substituição dos terceirizados em Furnas. Nessa fiscalização foram identificadas novas contratações que contrariavam a lei e as determinações do Tribunal, além de outras questões que apontavam risco de dano ao erário. Nesse contexto, a referida fiscalização culminou nos Acórdãos 1.891/2007, 2.126/2007, 2.380/2007, 318/2008 e 1.225/2008, todos do Plenário, que dentre outras medidas, determinaram a autuação de processo apartado, audiência de diversos responsáveis e suspensão cautelar de contratos considerados irregulares pelo TCU.

Posteriormente, por intermédio de reportagem publicada no Jornal O Globo, a Secex/RJ tomou conhecimento de que Furnas celebrou, em 27/8/2008, acordo com o Ministério Público do Trabalho, homologado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 10º Região (Processo 00264-2005-008-10-00-2), no qual comprometeu-se a implementar a substituição dos trabalhadores contratados e/ou terceirizados por empregados previamente aprovados em concurso público, no período de 2009 a 2013, além de outras obrigações.

Diante desse fato, e considerando que o prazo final determinado por este Tribunal para as referidas substituições encerrava-se em 31/12/2009, a unidade técnica promoveu a audiência dos responsáveis, diante do flagrante desrespeito à determinação deste Tribunal.

Por meio do Acórdão 2.672/2010, ambos do Plenário, julgaram-se as razões de justificativa apresentadas, culminando na determinação de multa aos responsáveis e na

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determinação à 9ª Secex para que constituísse processo apartado para dar continuidade ao monitoramento.

Mesmo entendendo que Furnas descumpriu as determinações do TCU, o voto condutor do Acórdão 2.762/2010-TCU-Plenário considerou a existência do Termo de Conciliação Judicial celebrado com o Ministério Público do Trabalho e homologado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 10º Região, em 27/8/2008.

Pouco mais de um ano após a assinatura do Termo de Conciliação Judicial, em 14/12/2009, foi deferida liminar para suspender o referido acordo judicial em face de terceiros até a decisão final dos autos da ação rescisória 00541.2009.000.10.00-0, ajuizada pelos trabalhadores terceirizados, objetivando a anulação do acordo firmado entre Furnas e o MPT, sob a alegação de que não teriam participado da transação.

No início de junho de 2011, deu-se provimento ao agravo regimental interposto pelo Ministério Público do Trabalho - MPT, cassando a liminar concedida e restaurando os termos acordados em 2008.

Contudo, em 17/6/2011, o Supremo Tribunal Federal – STF, por meio da decisão monocrática do Ministro Luiz Fux, deferiu liminar no MS-STF 27.066 suspendendo os efeitos das decisões administrativas do TCU, que menciona (Decisão 1.465/2002-TCU-Plenário e os Acórdãos TCU, 1.487/2003, 1.688/2003, 253/2005, 1.557/2005 e 1891/2007, todos do plenário), e dos processos judiciais, até o julgamento definitivo do MS-STF 27.066 pela Suprema Corte.

Diante desse novo quadro, em que o objeto do TC-012.448/2011-7 (monitoramento do Termo de Ajustamento de Conduta acordado com o Ministério Público do Trabalho) não mais subsistia, o TCU decidiu acompanhar os termos e condições que seriam estabelecidos pelo STF quando do julgamento do mérito das questões envolvendo a terceirização de mão de obra em Furnas (Acórdão 2.616/2011 – Plenário).

Em 27/2/2012 a Advocacia Geral da União enviou ao TCU o ofício 133/2012-AGU/SGCT/GAB, solicitando que manifestação acerca dos termos dos acordos judiciais firmados entre a empresa Furnas Centrais Elétricas S.A., a Federação Nacional dos Urbanitários e o Ministério Público do Trabalho, nos autos do MS-STF 27.066.

Após examinar os acordos, esta Corte decidiu, por meio do Acórdão 576/2012–TCU–Plenário, “informar à Advocacia Geral da União que as propostas de acordos judiciais entre a empresa Furnas Centrais Elétricas S.A, a Federação Nacional dos Urbanitários e o Ministério Público do Trabalho, nos autos do MS STF 27.066, alinham-se às decisões deste Tribunal que determinaram a Furnas a substituição de empregados contratados e/ou terceirizados, para os cargos inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo Plano de Cargos e Salários da empresa, por efetivos contratados, aprovados em concurso público, nos termos do art. 37, inciso II, da Constituição Federal”.

Em 3/4/2012, o Ministro Luiz Fux homologou os acordos celebrados e extinguiu o MS-STF 27.066 com resolução de mérito, nos termos do artigo 269, inciso III, do Código de Processo Civil.

Desta sorte, a liminar que suspendeu os efeitos do Acórdão 1.557/2005 – Plenário perdeu seus efeitos com o julgamento do MS 27.066, que, ressalto, não tratou da determinação do TCU nem da sanção aplicada pelo seu descumprimento.

Ademais, os novos prazos homologados pelo STF foram necessários, justamente, porque Furnas havia descumprido a determinação do TCU.

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Assim, ainda que superada a ausência de pré-questionamento, não haveria como reconhecer razão ao embargante.

III.4Conforme o voto condutor do acórdão embargado:“A liminar que proibiu dispensas e desligamentos dos terceirizados, deferida, em

9/6/2006, à Associação dos Contratados e Ex-contratados e Prestadores de Serviços em Furnas Centrais Elétricas S/A – ACEP, no âmbito do processo 807.2006.055.01.00-9 (00300-2007-008-10-00-0), alcançava tão somente os 814 terceirizados que subscreveram a ação (peça 77, p. 493). Assim, mesmo enquanto vigente a liminar, não havia impedimento para substituição imediata dos mais de 1.300 terceirizados que não subscreveram a ação.”

Não procede o argumento de que o acordão embargado é obscuro, por afirmar que não havia impedimento para substituição imediata dos mais de 1.300 terceirizados que não subscreveram a ação, não obstante o entendimento do STF sobre a desnecessidade de subscrição individual da ação no caso de entidades e pessoas jurídicas que atuam em nome próprio na defesa de direito alheio.

Obscuridade traduz-se pela falta de clareza da decisão, o que certamente não se pode afirmar do excerto acima transcrito.

Ademais, o posicionamento do STF é argumento inédito nestes autos.Verifica-se, portanto, que a real intenção do embargante é provocar a rediscussão de

questão já decidida, pretensão que não se conforma a esta espécie recursal, razão pela qual nego provimento aos seus embargos, em relação ao argumento.

De toda sorte, tendo em vista sua relevância para formar convicção acerca da controvérsia destes autos, transcrevo, a título meramente argumentativo, o excerto a seguir, extraído da liminar deferida no processo 807.2006.055.01.00-9 (peça 77, p. 1, destes autos).

“Assim presentes os pressupostos contidos nos artigos 461 e 804 do CPC aplicado subsidiariamente, concedo a liminar requerida para determinar aos Requeridos que se abstenham de efetuar dispensas ou desligamentos dos trabalhadores listados na presente ação até a decisão em definitivo no processo principal, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por trabalhador demitido.” (grifo acrescido)

Evidente, portanto, que o provimento jurisdicional alcançava somente os trabalhadores listados.

IVOs argumentos de Alderizio Catarino dos Santos, ex-Diretor de Gestão Corporativa de

Furnas, e Luiz Paulo Fernandez Conde, ex-Presidente de Furnas, estão compreendidos nos aduzidos por Luiz Fernando Silva Magalhães Couto e José Pedro Rodrigues de Oliveira, já examinados neste voto, tornando desnecessárias considerações adicionais.

Assim, pelas razões já apresentadas neste voto, dou provimento parcial aos embargos de Luiz Paulo Fernandez Conde, para conceder-lhes efeitos integrativos, sem alterar os termos dos itens 9.2 e 9.6 do Acórdão 3.015/2012 – Plenário, e nego provimento aos embargos de Alderizio Catarino dos Santos.

VPor todo o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o acórdão que submeto a

deliberação deste Colegiado.TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 20 de março de

2013.

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WALTON ALENCAR RODRIGUES Relator

ACÓRDÃO Nº 577/2013 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 022.849/2006-0. 1.1. Apensos: 010.987/2004-8; 032.732/2011-2; 012.448/2011-72. Grupo II – Classe de Assunto: I Embargos de Declaração 3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:3.1. Interessados: Caixa de Assistência dos Funcionários de Furnas e Eletronuclear - Caefe (03.972.226/0001-42); Furnas Centrais Elétricas S.A. - MME (23.274.194/0001-19)3.2. Responsáveis: Alderisio Catarino dos Santos (297.889.867-49); José Pedro Rodrigues de Oliveira (003.945.136-49); Luiz Fernando Silva de Magalhães Couto (098.637.967-00); Luiz Paulo Fernandez Conde (027.025.097-20); Roberto Mendonça Mansur (276.916.167-91).3.3. Recorrentes: Luiz Fernando Silva de Magalhães Couto (098.637.967-00); José Pedro Rodrigues de Oliveira (003.945.136-49); Luiz Paulo Fernandez Conde (027.025.097-20); Alderisio Catarino dos Santos (297.889.867-49); Roberto Mendonça Mansur (276.916.167-91).4. Entidade: Furnas Centrais Elétricas S.A. - MME.5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo - RJ (SECEX-RJ).8. Advogado constituído nos autos: José Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546).

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos contra o

Acórdão 3.015/2012 - Plenário, que negou provimento a pedidos de reexame interpostos contra o Acórdão 2.672/2010 – Plenário;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara, ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, em:

9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos por Roberto Mendonça Mansur, José Pedro Rodrigues de Oliveira, Luiz Paulo Fernandez Conde, Alderizio Catarino dos Santos e Luiz Fernando Silva Magalhães Couto;

9.2. negar provimento aos embargos opostos por Fernando Silva Magalhães Couto e Alderizio Catarino dos Santos;

9.3. dar provimento parcial aos embargos opostos por Roberto Mendonça Mansur, José Pedro Rodrigues de Oliveira e Luiz Paulo Fernandez Conde, concedendo os fins integrativos descritos no voto;

9.4. manter os exatos termos do Acórdão 3.015/2012 - Plenário; e

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9.5. dar ciência aos embargantes.

10. Ata n° 9/2013 – Plenário.11. Data da Sessão: 20/3/2013 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0577-09/13-P.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator), Benjamin Zymler, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro.

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13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.

(Assinado Eletronicamente)AUGUSTO NARDES

(Assinado Eletronicamente)WALTON ALENCAR RODRIGUES

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

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