Cien Pol - Eppgg 2013 - Est - Aula 00

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  • 8/12/2019 Cien Pol - Eppgg 2013 - Est - Aula 00

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    Cincias Polticas para EPPGG-MPOG

    Teoria e exerccios comentados

    Rodrigo Barreto Aula 00

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    AULA 00

    SUMRIO PGINA

    0. Apresentao 1

    1. Conceitos bsicos 6

    1.1. Poltica 6

    1.2. Poder 13

    1.3. Conflito 23

    1.4. Consenso 27

    1.5. Autoridade 31

    1.6. Legitimidade 33

    1.7. Ideologia 38

    1.8. Soberania 41

    1.9. Hegemonia 451.10. Dominao 47

    2. Questes comentadas 50

    3. Lista de questes 57

    4. Gabarito 62

    Ol pessoal, com imenso prazer que damos incio ao nosso

    curso de Cincias Polticas para EPPGG-MPOG. Antes de

    comearmos com o contedo de fato, gostaria de me apresentar e

    falar um pouco sobre como se dar a dinmica do nosso curso.

    Meu nome Rodrigo Barreto, sou bacharel em Cincias Sociais

    pela Universidade Federal Fluminense e atualmente sou servidor

    efetivo do Senado Federal na rea de Processo Legislativo. Alm disso,

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    sou professor presencial em alguns cursos de Braslia e online aqui no

    Estratgia Concursos, onde leciono as matrias Atualidades,

    Sociologia, Cincias Polticas e Polticas Sociais. Tenho ainda artigos

    publicados em revistas de Cincias Sociais no Brasil e tambm noexterior.

    Mas, talvez, o fato que mais me habilite a lecionar para vocs

    que eu tambm sou concurseiro. Por si s, isso no o suficiente para

    tornar algum especialista em uma matria, mas, certamente, ajuda, e

    muito, a que se tenha conhecimento das dificuldades e dos sacrifcios

    que so feitos para se obter uma aprovao em um concurso pblico.

    Minha misso aqui fazer um curso de forma cirrgica, ou

    seja, minha obrigao buscar entender o que a banca quer do

    candidato (embora em alguns casos isso se torne quase impossvel,

    com foi no ltimo concurso de vocs, situao que no tende a se

    repetir). Para tal, foi necessrio que eu fizesse uma pesquisa dasquestes passadas, para que possamos prever o que cair. Estudei

    todas as provas para EPPGG e a partir da podemos trazer algumas

    diretrizes. Alis, trarei exatamente essas questes para que vocs

    possam treinar e se acostumar mais com a forma de cobrana da Esaf.

    Outra coisa que trabalharei com os entendimentos dos principais

    autores (Bobbio, Bonavides, Azambuja, Dallari, Nicolau, Sartori etc.),

    sendo todos eles devidamente mencionados, a fim de que estejamos

    sempre ao lado dos mais renomados estudiosos e no sejamos pegos

    de surpresa pela banca. Um detalhe: no vou me prender s normas

    da ABNT, por questo de tempo, mas fao questo de fazer meno

    correta ao nome de cada autor que eu utilizar ou mencionar.

    O nosso curso ser pautado em informaes claras e objetivas,visando nica e exclusivamente que vocs sejam capazes de gabaritar

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    as questes da prova esse afinal o objetivo de vocs. No ficarei

    aqui perdendo tempo com devaneios que no tm chances de cair.

    Veremos os pontos mais relevantes sobre os assuntos apontados pelo

    edital, que vocs devem ter percebido muito abrangente. Assim,faremos um esforo para sermos precisos, pois caso contrrio seriam

    necessrias infinitas aulas. E, ao fim destas, faremos questes de

    concursos anteriores.

    Gostaria ainda de passar para vocs um pouco da minha

    experincia como professor e como concurseiro. Nesses anos de

    concurso pblico aprendi que uma preparao depende basicamente

    de trs fatores fundamentais: Foco, Estratgia e Disciplina.

    Foco: voc precisa saber o que quer, escolha um concurso e se

    dedique a ele. De nada adianta voc tentar em uma mesma tacada um

    concurso para polcia, outro para tribunal, outro para banco, outro para

    o Legislativo, e assim por diante. Lamento informar que dificilmentevoc ser aprovado em algum deles. Por isso, se esto se dedicando

    para o concurso de Gestor, foquem somente nele.

    Definido o foco, o concurso almejado, necessrio montar uma

    estratgia para se atingir o alvo. Uma estratgia compreende desde a

    escolha do material a ser utilizado (simplesmente por estar lendo esta

    aula inicial, percebe-se que voc j deu o primeiro passo da melhor

    forma possvel, no melhor lugar onde poderia encontrar um material

    de qualidade), at o planejamento minucioso dos estudos, envolvendo

    metas e tempo a ser dedicado a cada disciplina. Seja metdico!

    Concurso pblico uma cincia!

    Definidos o foco e a estratgia, a hora mais difcil, a tal dadisciplina. H uma imensido de pessoas querendo uma vaga em

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    algum cargo pblico, isto fato. No entanto, para chegar aonde

    poucos chegam, necessrio fazer o que poucos fazem. Faa um

    horrio de estudos realista e cumpra-o. Ser cansativo, desgastante e

    tortuoso, mas tambm ser gratificante e recompensador. Tenhaprazer nos estudos, faa com alegria, sem a tal da sndrome da hiena

    Hardy: Oh Vida, Oh Cus!. Lembre-se que quando voc resolveu

    fazer um concurso, o compromisso assumido foi com voc mesmo,

    ento cumpra este compromisso que, com certeza, os louros da vitria

    sero colhidos.

    Agora que vocs j esto cientes de qual ser a atitude daqui

    para frente, vejamos a estrutura e o cronograma do nosso curso.

    O contedo ser ministrado de acordo com o seguinte

    cronograma:

    Aula 00

    (17/06/2013)

    1. Conceitos bsicos da cincia poltica:consenso; conflito; poltica; poder;

    autoridade; dominao; legitimidade,

    soberania, ideologia, hegemonia.

    Aula 01

    (24/06/2013)

    2. Estado: Conceito e evoluo do Estado

    moderno; Estado, governo e aparelho de

    Estado. 4. Weber e a dominao racional

    legal com quadro burocrtico. Os quadros e

    meios administrativos do Estado. 5. O

    Estado de Bem-estar social e os direitos

    civis, polticos e sociais. As crises do Estado

    de Bem-estar social. Evoluo do estado de

    Bem-estar social no Brasil e a noo de

    cidadania regulada.

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    Aula 02

    (01/07/2013)

    3. Temas centrais da teoria poltica clssica:

    constituio e manuteno da ordem

    poltica; contrato social; demarcao das

    esferas pblica e privada; repartio de

    poderes. 8. Federalismo: Estado unitrio e

    Estado federativo; relaes entre esferas de

    governo e regime federativo.

    Aula 03

    (08/07/2013)

    6. Ideias e regimes polticos. Principais

    correntes ideolgicas da poltica no sculo

    XIX: liberalismo e nacionalismo. A

    construo dos Estados nacionais.

    Principais correntes ideolgicas da poltica

    no sculo XX: democracia, fascismo,

    comunismo. O liberalismo no sculo XX.

    Aula 04

    (15/07/2013)

    7. Estruturao do Estado no Brasil: a

    construo da repblica, da democracia, da

    federao, dos aparelhos de Estado e da

    administrao pblica federal. 10. O

    processo democrtico a partir de 1985. A

    Constituio de 1988.

    Aula 05

    (22/07/2013)

    9. Relaes entre poltica e administrao;

    limites e possibilidades de atuao da

    esfera pblica na produo e regulao de

    bens pblicos; instituies no-

    governamentais e o exerccio do poder

    pblico. 11. Democracia, descentralizao,

    atores sociais, gesto local.

    Aula 06

    (29/07/2013)

    12. Representao poltica: a organizao

    dos partidos polticos e dos processos

    eleitorais, o funcionamento dos rgos

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    administrativos, legislativos e de justia;

    mecanismos administrativos e legislativos

    de controle estatal.

    Dito isto, vamos ao que interessa, porque apresentao de

    professor e bl-bl-bl no aprova ningum!

    1. Conceitos bsicos

    1.1. Poltica

    No h forma melhor de se comear alguma coisa do que pelo

    seu comeo, certo? Ento, antes de entendermos o que vem a ser

    Poltica, que tal entendermos o que vem a ser Cincia Poltica? Vamos

    dar nosso primeiro passo de forma bem tranquila. Aos poucos a gente

    pisa mais no acelerador.

    De acordo com Bobbio (e essa aula em especial bastante

    pautada nos conceitos dele), podemos usar a expresso Cincia

    Poltica em sentido amplo para indicar qualquer estudo dos fenmenos

    e da estrutura polticas, de maneira rigorosa e racional dos fatos. Por

    essa razo, a acepo de cincia aqui utilizada em contraposio a

    de opinio, tendo em vista que uma deriva do mtodo e a outra do

    mero entendimento pessoal.

    O autor em questo coloca que tal atividade cientfica significa

    ocupar-se cientificamente da poltica significa no se abandonar a

    opinies e crenas do vulgo, no formular juzos com base em dados

    imprecisos, mas apoiar-se nas provas dos fatos.

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    O prprio Bobbio ressalta que a Cincia Poltica, quando em

    sentido mais limitado e tcnico, abrange uma rea melhor definida e

    mais especfica de estudos delimitados. Aqui a Cincia Poltica assume

    um carter ainda mais metodolgico, aplicado ao entendimento dosfenmenos polticos, dentro dos limites do possvel, com maior rigor

    emprico.

    Bonavides, ao discutir o que Cincia e o que Cincia Poltica,

    coloca o seguinte: a Cincia Poltica, em sentido lato, tem por objeto o

    estudo dos acontecimentos, das instituies e das ideias polticas,

    tanto em sentido terico (doutrina) com em sentido prtico (arte),

    referido ao passado, ao presente e as possibilidades futuras.

    Esse autor faz uma interessante diviso a partir de prismas em

    que a Cincia Poltica se divide. Para ele, dentro das atribuies

    possveis que o exame cientfico da Poltica pode ter, a Cincia Poltica

    se divide em um trplice aspecto: filosfico, jurdico ou polticopropriamente dito e sociolgico. Vejamos:

    Trplice aspecto da Cincia Poltica

    Prisma filosfico Discusso acerca da origem,

    essncia, justificao e fins do

    Estado e das demais instituies

    geradoras de Poder,

    acrescentando-lhes os partidos,

    sindicatos, igrejas, grupos

    econmicos e de interesse, etc. A

    partir da investigao das normas,

    chega-se ao entendimento do que

    , de como atua e para o que, o

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    Estado.

    Prisma jurdico ou poltico

    propriamente dito

    Preocupao com aspectos

    jurdicos da Poltica, reduzindo-a a

    um simples corpo de normas,representada pelas ideias de

    Kelsen. Constri uma Teoria Geral

    do Estado, que passa a ser um

    conceito puro, longe das

    implicaes sociolgicas, morais,

    ticas, histricas ou filosficas.

    Aqui, a fora coercitiva do Estado

    depende da eficcia de suas

    normas jurdicas.

    Prisma sociolgico Toma a noo de Max Weber de

    que o Estado, fenmeno poltico

    por excelncia, deve ser tratado

    de autonomamente, por meio daracionalizao do poder e da

    legitimao das bases sociais em

    que o poder repousa. Investiga a

    influncia e natureza do aparelho

    burocrtico, o regime poltico, as

    razes dos partidos polticos

    (liderana, mtodos, apoios,

    lideranas, laos e proselitismo);

    bem como as lideranas

    carismticas, a administrao

    pblica, os atos legislativo e o

    comportamento parlamentar.

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    A, o ansioso aluno vai e diz: - Nobre mestre, o edital no quer

    saber o que Cincia Poltica, s o que Poltica! eis que o nobre

    mestre em questo responde: - Hiena, aquiete-se! Falarei sobre as

    concepes de Poltica agora mesmo. Alis, voc sabia que o professorAzambuja destaca cinco acepes para o que Poltica? No!? Ento

    cale-se, leia e aprenda!

    Azambuja coloca que so muitas as acepes possveis para

    Poltica, mas faz questo de destacar cinco delas. Vejam s o que pode

    significar Poltica:

    1. Trivialmente compreende aes, comportamentos, intuitos,manobras, entendimentos e desentendimentos dos homens (os

    polticos) para conquistar o poder, ou uma parcela dele, ou um

    lugar nele (eleies, campanhas, cargos, comcios, partidos).

    2. Eruditamente considera a poltica a arte de conquistar, manter eexercer o poder, o governo. Noo dada por Maquiavel, em O

    Prncipe. Esse entendimento importante e j caiu em provas.

    3. Denomina-se orientao ou a atitude de um governo em relaoa certos assuntos de interesse pblico: finanas, educao,

    polticas pblicas, economia, etc.

    4. Poltica a cincia moral normativa do governo da sociedadecivil.

    5. Estudo das relaes de regularidade e concordncia dos fatoscom os motivos que inspiram as lutas em torno do poder do

    Estado e entre os Estados.

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    E o que acontece com o aluno hiena? Ele fica com cara de

    paisagem, sem entender absolutamente nada. Mas vocs, que no so

    hienas, j entenderam que o conceito tem muitas acepes e

    precisamos ver as principais delas, para no ter pegadinha na prova.

    O prprio Azambuja, aps apresentar esses cinco conceitos, lembra

    que basicamente a Poltica divida em apenas dois conceitos: cincia

    do Poder e cincia do Estado. Em outras palavras, digo que a Poltica um processo relacionado tanto ao Estado quanto ao Poder tendo em

    vista, que este intrnseco aquele. Quero que guardem essa

    informao, pois mais adiante vocs entendero tanto um quanto

    outro conceito. Vamos continuar destrinchando essa histria do que

    Poltica e deixar tudo em paz.

    O termo Poltica possui de fato uma ampla gama de significados,

    conotaes e acepes distintas. Nogueira diz que, ao mesmo tempo

    em que h uma cincia da Poltica, h tambm uma atividade poltica.

    Segundo ele, aludimos s instituies polticas que herdamos e

    desenvolvemos e nos submetemos ao poder poltico. Falamos de

    ativismo poltico e somos responsveis pela representao poltica que

    periodicamente elegemos. Vivemos num sistema poltico, convivemos

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    com partidos polticos e a economia poltica, a poltica tributria, fiscal,

    que regulam e vigiam nossas vidas.

    Dentro de todo esse complexo de significados, o supracitado autor,distingue quatro significados para o que Poltica. Vejamos:

    1. Poltica atividade remota, escandalosa, praticada porpessoas que no merecessem respeito nem confiana e que

    debatem assuntos que o cidado no entende. entendida de

    forma pejorativa.

    2. Nos regimes autoritrios, a poltica se reduz s ordens e feitosdo governo, sem participao dos cidados.

    3. Nas democracias, uma minoria de pessoas politicamenteconscientes contempla a Poltica como aquilo que os meios de

    comunicao apresentam como assuntos do Estado.

    4. Sob o ponto de vista da Cincia Poltica, a Poltica constitui aatividade que diz respeito aos conflitos coletivos e a sua

    resoluo. O termo conflito aqui significa controvrsia.

    Qual a grande importncia de eu ter destacado os conceitos de

    Poltica apontados por Nogueira? Porque, a partir deles, podemos

    perceber que o entendimento do que a Poltica no isolado,

    estando condicionado aos contextos histricos do momento. Vejam

    que, no momento em que o autor separa o conceito nos momentos de

    democracia e de autoritarismo, ele est dizendo que, dependendo do

    contexto poltico do momento, a prpria definio do que Poltica

    varia. Outra noo que podemos depreender a de que o que

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    conjuntura que envolve outras pessoas e a maneira como elas esto

    distribudas dentro da estrutura social e do aparato do Estado.

    Por essa razo, Bobbio lembra que a definio de Poder comosendo uma relao entre dois sujeitos tem de ser completada com a

    definio do poder como posse dos meios, entre os quais se contam

    como principais o domnio de uns homens sobre outros e tambm

    sobre a natureza, permitindo que sejam alcanados os fins

    necessrios. Fica claro, assim, que o que constitui o poder poltico a

    relao de dominao entre homens e no entre o homem e a

    natureza.

    Nesse sentido, coloco definio de Gumplowicz que ressalta a

    caracterstica relacional do Poder: o Poder entendido como algo que

    se possui: como um objeto ou uma substncia observou algum

    que se guarda num recipiente. Contudo, no existe Poder, se no

    existe, ao lado do indivduo ou grupo que o exerce, outro indivduo ougrupo que induzido a comportar-se tal como aquele deseja. Sem

    dvida, como acabamos de mostrar, o Poder pode ser exercido por

    meio de instrumentos ou de coisas. Se tenho dinheiro, posso induzir

    algum a adotar um certo comportamento que eu desejo, a troco de

    recompensa monetria. Mas, se me encontro s ou se o outro no est

    disposto a comportar-se dessa maneira por nenhuma soma de

    dinheiro, o meu Poder se desvanece. Isto demonstra que o meu Poder

    no reside numa coisa (no dinheiro, no caso), mas no fato de que

    existe um outro e de que este levado por mim a comportar-se de

    acordo com os meus desejos. O Poder social no uma coisa ou a sua

    posse: uma relao entre pessoas.

    Vejam bem, embora a possibilidade de recorrer ao uso da fora(violncia) seja um elemento definidor da distino que h entre poder

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    poltico das demais formas de poder (como a de domnio sobre a

    natureza), isso no quer dizer que ele s se d dessa forma. Segundo

    Bobbio, essa uma condio necessria, mas no suficiente para a

    existncia de poder poltico. como se ele dissesse que necessria aexistncia das polcias, do exrcito, de presdios e demais formas de

    coero e represso, todavia a simples existncia delas no garante a

    existncia de poder poltico, pois este est permeado por outras

    questes, como o consenso, por exemplo.

    Sobre isso, Bobbio coloca que no qualquer grupo social, em

    condies de usar a fora, mesmo com certa continuidade (uma

    associao de delinquncia, uma chusma de piratas, um grupo

    subversivo, etc.), que exerce um poder poltico. O que caracteriza o

    poder poltico a exclusividade do uso da fora em relao totalidade

    dos grupos que atuam num determinado contexto social, exclusividade

    que o resultado de um processo que se desenvolve em toda a

    sociedade organizada, no sentido da monopolizao da posse e usodos meios com que se pode exercer a coao fsica. Este processo de

    monopolizao acompanha pari passu o processo de incriminao e

    punio de todos os atos de violncia que no sejam executados por

    pessoas autorizadas pelos detentores e beneficirios de tal monoplio.

    De tudo o que foi dito at aqui, vocs j podem perceber que,

    embora, fenmeno extremamente complexo, o Poder existe

    basicamente de duas formas: o do homem sobre a natureza e do

    homem sobre o prprio homem. Do primeiro cuidam as Cincias

    Naturais, do segundo cuida Cincia Poltica.

    O poder poltico, que o que nos interessa, o dominante na

    sociedade e na civilizao, tendo em vista que ele se caracteriza pelomonoplio da coero legal (que significa a faculdade da utilizao da

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    que no consentimento dos governados, converter-se- num poder de

    direito. O autor lembra que o Estado moderno resume o processo de

    despersonalizao do poder, ou seja, a passagem de um poder de uma

    pessoa a um poder de instituies, de um poder imposto pela fora aum poder fundado na aprovao do grupo, de um poder de fato a um

    poder de direito.

    Bonavides faz questo de distinguir trs conceitos que aparecem

    frequentemente empregados no mesmo sentido, so eles: fora,

    autoridade e poder. A fora, para ele, significa a capacidade de

    comandar interna e externamente; a autoridade o poder expresso

    pelo consentimento (tcito ou expresso) e o poder a organizao ou

    disciplina jurdica da fora, expresso plenamente quando exercido pela

    autoridade; pois, o poder da autoridade , conforme o autor, o que

    capaz de usar a fora a fim de resolver os problemas sociais.

    No que diz respeito propriamente ao poder do Estadoespecificamente importante considerar as caractersticas que do a

    ele sua forma peculiar. So caractersticas do poder estatal:

    imperatividade e natureza integrativa do poder estatal, capacidade de

    auto-organizao, a unidade e indivisibilidade do poder do Estado, a

    legalidade e legitimidade e a soberania. Vamos sintetizar as

    caractersticas do poder especfico do Estado em uma tabela.

    Caractersticas do Poder de Estado

    Imperatividade e natureza

    integrativa

    Os membros de um Estado so

    obrigados inabdicvel e

    necessariamente a participar da

    sociedade estatal. Nasce-se no

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    moderna, fundado na crena da

    legitimidade de definem

    expressamente a funo do

    detentor do Poder. Aqui a fonte dopoder a lei e seu aparelho a

    burocracia.

    Poder tradicional Funda-se na crena de um poder

    sacro existente desde sempre. A

    fonte do poder a tradio que

    impe vnculos aos prprios

    contedos das ordens que o

    senhor d a seus sditos. O tipo

    clssico de aparelho

    administrativo o patriarcal.

    Poder carismtico fundado na dedicao afetiva

    dirigida a uma determinada

    pessoa que considerada overdadeiro lder (profeta, heri,

    guerreiro ou mesmo um grande

    demagogo). O aparelho

    administrativo escolhido com

    base na dedicao e no carisma

    pessoal e no chega a constituir

    uma burocracia impessoal.

    Eu disse que estava terminando o tpico, mas resolvi escrever

    mais um pouquinho sobre Poder. Ento, vamos conversar mais sobre

    algumas caractersticas deste conceito.

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    O poder s se d na relao entre indivduos, dessa maneira ele

    chamado de relacional ou interativo. Nessa dinmica temos que os

    indivduos no possuem foras equnimes, por isso a relao de poder

    considerada assimtrica. Tal processo se d sempre envolvendo umainteno e uma expectativa e essas nem sempre se confundem, isso

    porque o Poder no se d simplesmente da posse ou do uso de certos

    recursos, mas tambm da existncia de determinadas atitudes que

    dizem respeito s atitudes dos sujeitos implicados na relao.

    Nas palavras de Bobbio, a imagem que um indivduo ou um

    grupo social faz da distribuio do Poder, no mbito social a que

    pertence, contribui para determinar o seu comportamento, em relao

    ao Poder. (...) No que toca s expectativas, deve dizer-se, de uma

    maneira geral, que, numa determinada arena de Poder, o

    comportamento de cada ator (partido, grupo de presso, Governo,

    etc.) determinado parcialmente pelas previses do ator relativas s

    aes futuras dos outros atores e evoluo da situao em seuconjunto. Mas nas relaes de Poder que operam atravs do

    mecanismo das reaes previstas que o papel das expectativas se

    torna mais evidente.

    H uma classificao que divide as espcies de Poder em cinco

    que merece ser estudada.

    O chamado perodo inicial de poder, que se deu nas sociedades

    primitivas, anonimamente, fundado nos costumes e tradies,

    chamado difuso e procedia diretamente da sociedade (grupo, tribo),

    no sendo exercido por ningum especfico, mas imposto a todos.

    Diante dessas circunstncias, a transgresso das leis do grupo tinha

    como consequncia a repulsa pelos demais membros do grupo.

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    E o poder que se d com a evoluo imediata do difuso, sendo

    exercido por um rgo especfico (pessoa ou grupo) chamado

    personalizado. O poder personalizado, exercido por uma ou mais

    pessoas, tido como propriedade dos governantes, exercendo-odiscricionariamente at onde sua vontade pode se impor aos

    governados, sem provocar uma reao irresistvel.

    O de um indivduo influenciar casualmente o comportamento de

    outro chamado poder potenciale envolve bens, meios, aparelhos,

    habilidades e possibilidades de que esses indivduos disponham.

    O de estabelecer uma relao comportamental contnua,

    duradoura e esperada de comando e obedincia chamado poder

    estabilizado. Nada mais do que o estabelecimento de uma relao

    de dominao permanente.

    O de articular funes e atividades definidas dentro da mquinaadministrativa, burocrtica, governamental de modo coordenado,

    hierarquizado e estvel, chamado de poder institucionalizado. Esse j

    caiu em prova inclusive. O poder institucionalizadoocorre quando

    h uma estrutura organizada para cumprir a funo social do poder e

    quando essa estrutura obedece a normas preestabelecidas,

    independentemente da vontade prpria dos que exercem o poder. De

    acordo com Azambuja, na fase institucional do poder, o poder volta

    massa dos indivduos e so as normas por eles editadas que regulam a

    ao dos governantes e as relaes dos indivduos entre si. O conjunto

    dessas normas o direito e a organizao da decorrente o Estado

    moderno.

    E para terminar agora de verdade -, diz-se que a dinmica doPoder sempre conflituosa, j que envolve distintas vontades, na

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    Imagina que dois partidos polticos faam um acordo para que

    determinada proposio legislativa seja aprovada. A ao deles foi

    convergente? Sim! Ento houve cooperao. Mas a inteno deles foinecessariamente a mesma? No. Digamos que um partido queria que

    essa proposio fosse aprovada, pois ir beneficiar uma empresa que

    financiou a campanha de muitos membros deste partido ento a

    inteno era ajudar a empresa e mant-la os financiando. J o outro

    partido cooperou com a aprovao desta proposio, a fim de

    conseguir uma troca de favores na aprovao de uma proposio

    seguinte ento, a inteno ganhar apoio para momento futuro.

    Assim, a cooperao convergncia de atitude, no de interesses.

    Deste pensamento acerca de Cooperao, podemos ter uma

    percepo interessante de Conflito. O Conflito se d com aes

    contrapostas, correto? Sim. Mas os interesses so necessariamente

    contraditrios? No necessariamente. Vejam que dois indivduos oudois grupos podem entrar em uma dinmica conflituosa, tendo em

    vista a inteno de alcanar o mesmo fim (como, por exemplo,

    conseguir alcanar o Poder).

    H autores que aqui fazem uma distino entre Conflito e

    Competio. O Conflito se daria com a tentativa de eliminao de

    atores sociais que bloqueiem a obteno de determinado recurso (fim),

    enquanto que a competio se daria com a disputa, sem tentativa de

    eliminao, por um recurso (fim), sem tentativa de eliminao entre

    atores sociais distintos.

    No Dicionrio de Poltica, Conflito est definido como um forma

    de interao entre indivduos, grupos, organizaes e coletividades queimplica choques para o acesso e a distribuio de recursos escassos.

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    mudana no sistema e os que propem mudanas do sistema

    substancialmente insuficiente. Isso tambm no quer dizer que

    mudanas no sistema no possam ocasionar a mudana do sistema,

    nem que mudanas do sistema no possam melhorar o prpriosistema.

    Existe tambm, pessoal, uma interessante distino nas

    interpretaes sobre os Conflitos sociais e polticos. Vejamos numa

    tabela que fica mais fcil para vocs perceberem.

    Interpretaes dos Conflitos sociais e polticos

    (Dicionrio da Poltica)

    Teoria do grupo

    social harmnico e

    equilibrado

    (contnuo)

    Teoria do grupo

    social desarmnico

    e desequilibrado

    (movimento)Conceito Harmonia e equilbrio

    constituem o estado

    normal. Todo Conflito

    considerado uma

    perturbao, uma

    patologia social que

    deve ser eliminada.

    Qualquer grupo social

    marcado por

    Conflitos, porque em

    nenhuma sociedade

    harmonia e equilbrio

    so normais. A

    desarmonia e o

    desequilbrio que

    so as normas e isto

    bom para sociedade,

    pois delas advm as

    mudanas.

    Autores Comte, Spencer, Marx, Sorel, Mill,

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    Pareto, Durkheim,

    Parsons.

    Simmel.

    H ainda a interpretao funcionalista que considera o Conflitocomo algo que traz um mal-estar para o funcionamento do sistema

    social, ou seja, o Conflito uma disfuno. Dessa maneira, alguns

    autores como Merton, consideram que o Conflito disfuncional, pois,

    produto do mau funcionamento de um sistema social e produz

    problemas e obstculos para seu funcionamento.

    importante ainda questionarmos quais as causas do Conflito.

    Para Bobbio, no existem causas especficas para o Conflito, nem do

    Conflito de classes. De fato, todo Conflito nsito na mesma

    configurao de sociedade, do sistema poltico, das relaes

    internacionais. Ele resulta em elemento ineliminvel que conduz

    mudana social, poltica, internacional. Ineliminvel em longo prazo,

    porque a curto e mdio prazo, o Conflito pode ser sufocado oudesviado. nesta fase que intervm os instrumentos polticos atravs

    dos quais os sistemas contemporneos procuram abrandar o impacto

    dos Conflitos sobre suas estruturas.

    Assim, pessoal, podemos dizer, em outras palavras, que a curto

    ou mdio prazo o conflito pode no mximo ser freado, bloqueado

    temporariamente ou administrado; contudo, a longo prazo, invivel

    sua eliminao.

    1.4. Consenso

    Na linguagem usual, Consenso significa conformidade, acordo

    ou concordncia de ideias e opinies. Contudo, no lxico poltico,Consenso um termo especfico para designar um acordo que

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    pressupe dois elementos bsicos: (i) um sentido compartilhado de

    fins ou propsitos de uma dada coletividade, em torno dos quais se

    estabelece o Consenso e (ii) um acordo de procedimento, por meio dos

    quais so tomadas as decises que levam a esses fins desejados.

    Para Bobbio, o termo Consenso denota a existncia de um

    acordo entre os membros de uma determinada unidade social em

    relao a princpios, valores, normas, bem como quanto aos objetivos

    almejados pela comunidade e aos meios para alcan-los.

    Dessa forma, o Consenso se d na existncia de um conjunto de

    valores (crenas, ideias, opinies, tradies, etc.) que so partilhadas

    pelos membros de uma sociedade em maior ou menor grau

    possuindo, portanto, sentido relativo. Conforme Bobbio, mais que da

    existncia ou falta de Consenso, dever-se-ia falar de graus de

    Consenso existentes em uma determinada sociedade ou subunidades.

    Importa ainda que no faz sentido falar em Consenso pleno e total,tendo em vista que, diante da complexidade da sociedade da gama

    plural de opinies, praticamente impossvel que ele exista.

    Na filosofia clssica, alguns autores, como Ccero e Aristteles,

    falavam em opinio de todos, consentimento geral e consenso

    como lei natural, mas essa ideia foi sendo abandonada medida que

    o pensamento filosfico foi se desenvolvendo. A filosofia moderna, a

    partir de Descartes, abandonou esse entendimento, considerando que

    o consenso no significaria uma espcie de verdade absoluta ou lei

    natural. Nietzsche, alis, dizia que a verdade uma construo social e

    que no passava de uma farsa imposta pela maioria. Vejam como os

    conceitos podem ser entrelaados.

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    Agora peguem essa maioria que acabei de citar e troquem por

    dominantes ou hegemnicos. Trocaram? Agora leiam esse trecho

    do Dicionrio de Poltica: nas sociedades democrticas, que permitem,

    de maneira mais ou menos ampla, a expresso de opinies e pontosde vista, o Consenso aflora bem menos que os elementos de

    discrepncia. Isto depende em parte das caractersticas dos meios de

    comunicao em massa. Por que eu sublinhei a expresso meios de

    comunicao em massa? Porque eu quero mostrar para vocs que

    mesmo os elementos de consenso que afloram (aparecem) mais so

    construes daqueles que detm os meios de comunicao. Ento,

    para deixar claro, o Consenso uma construo social, influenciada

    pelos contextos sociais de dominao, controle e hegemonia, e no um

    fato natural.

    Bobbio alerta, ainda, que o Consenso possui graus variveis na

    sociedade que mudam conforme a poca e a sociedade. Ele destaca

    cinco fatores que seriam os principais para formao e manuteno doConsenso nas sociedades pluralistas. Vejamos:

    1. Grau de homogeneidadeQuanto mais diversificada foruma sociedade, ou seja, quanto mais grupos (tribos,

    etnias, etc.) existirem nela, h uma tendncia de que o

    Consenso seja menor. Assim, h uma tendncia de relao

    inversamente proporcional entre Pluralidade e Consenso.

    2. Continuidade de um regime poltico - A sucesso, emum dado pas, de regimes polticos fundamentalmente

    distintos no que toca s regras essenciais do funcionamento

    do sistema, como ocorre quando se passa de um sistema

    autoritrio para um pluralista, tende a diminuir o Consenso.

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    1.5. Autoridade e Dominao

    A primeira forma de compreendermos a Autoridade, enquanto

    uma espcie permeada pelo Poder, definindo-a como uma relao depoder estabilizado e institucionalizado em que os sditos prestam uma

    obedincia incondicional. Nessa concepo, a Autoridade entendida

    quando o sujeito passivo da relao de poder adota como critrio de

    comportamento as ordens ou diretrizes do sujeito ativo sem avaliar

    propriamente o contedo das mesmas. Essa relao de Autoridade,

    baseada unicamente na obedincia, dada pela passividade de um dos

    sujeitos diante da emisso da ordem ou de um sinal emitido por

    algum (ativo). Neste tipo, a Autoridade transmite uma mensagem

    que contm a indicao de certo comportamento, sem entretanto, usar

    de nenhum argumento de justificao. Este comportamento chamado

    de relao de autoridade ou relao de autoridade pura, simples ou por

    obedincia.

    A segunda forma de compreendermos o conceito de Autoridade

    , no pela obedincia (ativo x passivo), mas sim pela persuaso.

    Nesta situao de Autoridade, conforme explicao de Bobbio, R

    adota o comportamento sugerido por C, porque aceita os argumentos

    apresentados por C, em seu favor.

    A Autoridade possui uma importante ambivalncia: de um

    lado, a aceitao do dever de obedincia incondicional e, de outro, a

    pretenso de ser obedecido.

    A Autoridade, segundo classificao sugerida por Etzioni, pode

    decorrer de trs tipos distintos de Poder. So eles o coercitivo, que se

    baseia na aplicao de sano ou ameaa fsica; o remunerativo, quese baseia no controle de recursos e retribuies materiais e o

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    normativo, que se baseia na alocao de prmios e privaes

    simblicas. Diante dessas situaes, os subalternos (sujeitos passivos)

    podem se comportar de trs formas: alienado, quando se comporta

    de maneira completamente negativa; calculador, comportando-se deforma negativa ou positiva moderadamente ou moral, quando

    intensamente positivo.

    Conjugando os trs tipos de poder e os trs tipos de

    comportamento passivo, Etzioni correlaciona casos congruentes de

    Autoridade. So eles: (i) Autoridades e coero (poder coercitivo e

    orientao alienada); (ii) Autoridades e instituies utilitrias (poder

    remunerativo e comportamento calculador) e (iii) Autoridades e

    instituies normativas (poder normativo e orientao moral).

    Destaca-se que praticamente todas as relaes de poder mais

    permanentes e relevantes, em maior ou menor grau, se baseiam na

    Autoridade de um dos sujeitos, como, por exemplo, a relao de pais efilhos, alunos e professores e lder religioso e fiis por isso se diz que

    o conceito de Autoridade ocupa o primeiro lugar dentro de qualquer

    estrutura ou organizao.

    Devemos considerar que h uma importante distino entre

    conceitos de Autoridade. A definio de Autoridade como simples poder

    estabilizado a que se presta uma obedincia incondicional, no

    necessitando de fundamento legtimo, ou seja, a ideia de Autoridade

    puramente coercitiva incompatvel com ideia de legitimidade. Dessa

    maneira, tem-se adotado, acertadamente, uma concepo de

    Autoridade na qual nem todo poder estabilizado goza de Autoridade, j

    que somente teria essa condio aquela decorrente de um poder

    legtimo.

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    Segundo Bobbio, como poder legtimo, a Autoridade pressupe

    um juzo de valor positivo em sua relao com o Poder. (...) Pode-se

    dizer que Autoridade a aceitao do poder como legtimo que produz

    a atitude mais ou menos estvel no tempo para a obedinciaincondicional s ordens ou s diretrizes que provm de uma

    determinada fonte.

    O autor lembra que essa definio de Autoridade como poder

    legtimo pode at mesmo convergir para a ideia de poder formal, ou

    seja, o poder que deve ser exercido de acordo com normas pr-

    estabelecidas dentro de um espao social determinado. importante,

    para que possamos ter maior clareza dessa situao que entendamos o

    que Legitimidade, j que exatamente a aceitao de uma

    Autoridade cujo poder se d legitimamente que produzir um

    comportamento mais ou menos estvel de obedincia e aceitao das

    ordens emanadas pela autoridade. Vamos ento ao conceito de

    Legitimidade.

    1.6. Legitimidade

    A Legitimidade, ao contrrio da Legalidade em Cincia Poltica,

    conforme nos ensina Octaciano Nogueira, no diz respeito

    investidura, mas sim ao exerccio do poder e, eu acrescentaria,

    aceitao por atores sociais de que um determinado ator social exera

    esse poder. Por essa razo, diz-se que a Legitimidade sinnimo do

    conceito de aceitao por parte da sociedade da maneira como o poder

    est sendo exercido.

    Diferentemente da Legalidade, a Legitimidade um conceito

    relativo, tendo em vista que este est permeado pelo contexto poltico,social e histrico. Assim, possvel dizer que um poder mais legtimo

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    que outro. - Como assim, grande mestre? - pergunta o jovem

    gafanhoto. Respondo-lhe com outra pergunta: - Que governo parece

    mais legtimo: o governo ditatorial do perodo militar no Brasil ou o

    governo democraticamente eleito da dona Dilma? - obviamente ele jentendeu o que estou explicando.

    H diferentes formas de se aferir a Legitimidade. Uma frase

    francesa atribuda a De Gaulle exprime bem o que podemos entender

    por Legitimidade: Governar fazer crer. Se a maioria acredita no

    governo que tem, aceita sua forma de governar e acata sem

    contestao os seus atos sinal de que se trata de um governo

    legtimo. Se nele no se acredita, contesta sua forma de governar e

    protesta contra seus atos, porque perdeu (ou nunca teve)

    Legitimidade. Por essa razo que ambos os conceitos aplicam-se e

    aferem-se em momentos diferentes. A Legalidade verifica-se nas

    eleies, a Legitimidade depois da investidura, ou seja, durante o

    exerccio de Poder.

    Conforme ensina Paulo Bonavides, a Legalidade nos sistemas

    polticos exprime basicamente a observncia das leis, ou seja, exprime

    o procedimento da autoridade em consonncia estrita com o direito

    estabelecido. Em outras palavras, a Legalidade traduz a ideia de que

    todo poder estatal dever atuar de acordo com as regras jurdicas

    vigentes.

    De outra forma, a Legalidade entendida como a Legalidade

    acrescida de valorao, segundo Bonavides. A Legalidade de um

    regime democrtico o seu enquadramento nos moldes de uma

    constituio; j a Legitimidade o poder contido naquela constituio,

    exercendo-se em conformidade com as crenas, valores e princpios daideologia dominantes.

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    Nas palavras de Vedel, chama-se princpio da Legitimidade o

    fundamento do poder numa determinada sociedade, a regra em

    virtude da qual se julga que um poder deve ou no ser obedecido.

    Para Bobbio, na linguagem comum, o termo Legitimidade possui

    duas acepes: uma genrica e outra especfica. Em seu significado

    genrico, a Legitimidade possui o sentido de justia ou de

    racionalidade (legitimidade de uma atitude ou deciso); j em seu

    significado especfico, que aparece na Poltica, a Legitimidade refere-se

    ao atributo de Poder do Estado. Neste sentido especfico, o autor

    coloca que podemos definir Legitimidade como sendo um atributo do

    Estado, que consiste na presena, em uma parcela significativa da

    populao, de um grau de Consenso capaz de assegurar a obedincia

    sem a necessidade de recorrer ao uso da fora, a no ser em casos

    espordicos. por esta razo que todo Poder busca alcanar Consenso

    , de maneira que seja reconhecido como legtimo, transformandoobedincia em adeso. A crena na Legitimidade , pois, o elemento

    integrador na relao de poder que se verifica no mbito do Estado.

    O socilogo alemo Max Weber faz uma interessante distino,

    suscitando a questo da Autoridade, trs formas bsicas da

    manifestao da Legitimidade, que so essenciais para que

    entendamos os fenmenos de Poder na sociedade. Vamos ver essa

    classificao weberiana, conforme os ensinamentos de Bonavides.

    Fundamentos sociolgicos da Legitimidade Trs formas demanifestao de Legitimidade (Weber)

    Carismtica A autoridade carismtica assentasobre as crenas havidas em

    profetas, sobre o reconhecimentoque pessoalmente alcanam os

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    heris e os demagogos, duranteas guerras e sedies, nas ruas enas tribunas, convertendo a f e oreconhecimento em deveres

    inviolveis que lhes so devidospelos governados. O podercarismtico se baseia na diretalealdade pessoal dos seguidores. Aautoridade carismtica, a despeitode haver sido uma das potnciasmais revolucionrias da Histria,conserva em suas formas maispuras o carter autoritrio econservador.

    Tradicional A autoridade tradicional se apoiana crena de que osordenamentos existentes e ospoderes de mando e direocomportam a virtude dasantidade. O tipo mais puro, deacordo com Weber, o daautoridade patriarcal, onde ogovernante o senhor; ogovernado, o sdito; e ofuncionrio, o servidor. Presta-se obedincia pessoa porrespeito, em virtude da tradiode uma dignidade pessoal que sereputa sagrada. Cria a noo deprivilgio.

    Legal A autoridade legal tem seu poderfundando no estatuto, noregulamento, tendo seu tipo mais

    puro na autoridade burocrtica. Aobedincia se presta no pessoa, em virtude de direitoprprio, mas regra, que sereconhece competente paradesignar a quem e em queextenso se h de obedecer. Criaa noo de competncia.

    Bobbio destaca que sociologicamente constata-se que o processode legitimao no se fundamenta no Estado, mas sim em seus

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    diversos aspectos: a comunidade poltica, o regime e o governo. Dessa

    forma, a Legitimidade do Estado resultante de um conjunto de

    variveis que se situam em nveis crescentes, cada uma delas

    cooperando, de maneira relativamente independente para suadeterminao. Vejamos cada um desses aspectos nessa classificao

    de Bobbio.

    Aspectos do processo de legitimao (Bobbio)

    Comunidade poltica o grupo social, com baseterritorial, que congrega os

    indivduos unidos pela diviso dotrabalho poltico. Este aspecto doEstado objeto da crena naLegitimidade, quandoencontramos na populaosentimentos difusos deidentificao com a comunidadepoltica.

    Regime o conjunto de instituies queregulam a luta pelo poder e o

    exerccio do poder e o conjuntodos valores que animam a vidadestas instituies. Os princpiosmonrquico, democrtico, fascista,etc., caracterizam alguns tipos deinstituies que se caracterizamcomo alicerces da Legitimidade doregime. A caractersticafundamental da adeso a umregime, principalmente quandotem seu fundamento na crena deLegalidade, est no fato de que osgovernantes e sua poltica soaceitos.

    Governo o conjunto dos papis em que seconcretiza o exerccio do poderpoltico. Quando a fora doGoverno repousa na definioinstitucional de poder, para ele ser

    classificado como legtimo suficiente que se tenha

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    estruturado de conformidade comas normas do regime e que exerao poder de acordo com osmesmos.

    1.7.Ideologia

    O que seria essa tal Ideologia? Obviamente todos sabem que o

    conceito de Ideologia est relacionado com o de ideia e esta, por sua

    vez, significa uma representao mental de algo concreto ou abstrato,

    podendo ser identificada como opinio, juzo, valor, desejo,

    sentimento, etc. Dessa maneira, podemos dizer que a ideia aquilo

    que pensamos a respeito da realidade vigente ou mesmo imaginada. A

    Ideologia um conceito mais amplo, pois pode ser entendida como o

    conjunto de ideias, pensamentos, crenas, doutrinas e concepes de

    mundo de um indivduo ou de um grupo social. O professor Farias Neto

    lembra que as Ideologias so expressas em termos de convices

    polticas, econmicas, sociais, culturais ou religiosas, ficandomaterializadas nas prticas das instituies em geral.

    Segundo Chau, a Ideologia consistiria na elaborao intelectual

    incorporada pelo senso comum no mbito de certa coletividade. E

    como se forma esse senso comum no seio da coletividade? Ele se

    forma como um vetor resultantes das construes tericas de

    pensadores e filsofos, mas tambm pelas caractersticas histricas,

    econmicas, polticas e sociais de cada poca. Isso, pois, a prpria

    Ideologia um fator condicionante, medida que influencia o

    comportamento coletivo, mas tambm condicionado, j que as

    mudanas tambm a implicam. A tendncia de construo ideolgica

    que ela seja formada segundo os preceitos e diretrizes do grupo

    dominante. Farias Neto ressalta que o ponto de vista, as opinies, asideias de grupos dominantes e dirigentes moldam a prpria Ideologia

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    da comunidade. Vejam que ser grupo dominante no significa ser

    grupos majoritrio.

    Nogueira, fazendo um aprofundamento histrico do conceito deIdeologia, coloca que a palavra Ideologia foi utilizada pela primeira vez

    em 1976 por um filsofo quase desconhecido, Destutt de Tracy, para

    se referir a uma possvel cincia das ideias, que jamais se

    desenvolveu. Passou a ser usada em seguida para indicar uma viso

    sistemtica do mundo, ou seja, uma viso nica de todo o mundo e

    deu seus problemas. No sculo XIX, continuou a ser usada como essa

    viso global, mas tambm passou a significar uma viso distorcida que

    refletia paixes, vcios, erros e temores dos que se diziam idelogos. A

    ideologia foi considera, ento, uma viso distorcida e falsificada de

    mundo. Por essa razo, Marx e Engels definiram a Ideologia como

    falsa conscincia da realidade. Segundo estes dois autores, as

    distores ideolgicas eram resultado da preocupao econmica a

    servio da dominao de classes. A preocupaes de ambos, portanto,em desmascarar a ideologia acabou se transformando ela prpria em

    um exerccio ideolgico.

    Para Robert Nisbet, as Ideologias, como as teologias, tm seus

    dogmas: grupos de crenas e valores mais ou menos coerentes e

    duradouros que exercem uma influncia determinante, pelo menos em

    uma parte da vida dos que o sustentam. Em ltima anlise, ambos se

    referem ao lugar que o indivduo h de ocupar, sob qualquer sistema

    de autoridade, seja ela divina ou secular. O tratamento das trs

    Ideologias modernas, socialismo, liberalismo e conservadorismo, faz-

    se, comumente, em termos de relao entre o indivduo e o Estado, de

    acordo com uma tradio do pensamento poltico que remonta ao

    Renascimento. Quer dizer, em termos de relao legtima e desejvelentre o indivduo e o Estado. Assim, percebemos, que

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    contemporaneamente deve-se levar em considerao a forma com a

    qual as Ideologias colocam o cidado em face do Estado.

    Chau, conforme explica Farias Neto, aponta que a Ideologiapode operar de trs maneiras distintas: (i) por inverso entre causas e

    efeitos; (ii) pela produo do imaginrio social e (iii) pelo uso do

    silncio. A ideologia opera por inverso de causa e efeito ao colocar os

    efeitos no lugar das causas e converter as causas em efeitos assim,

    a Ideologia produziria ideias falsas e distorcidas de causalidade. A

    Ideologia opera pelo produo do imaginrio social por meio da

    imaginao, recolhendo e reproduzindo as imagens da experincia

    social, transformando as mesmas num conjunto coerente, lgico e

    sistemtico de ideias. Essas ideias funcionariam como representaes

    da realidade (conjunto explicativo e terico) e como normas e regras

    de conduta (conjunto prescritivo de normas e valores). J na operao

    da Ideologia pelo uso do silncio, Chau entende que a Ideologia est

    associada a uma frase na qual nem tudo dito, nem mesmo pode serdito, porque, se tudo for dito, a frase perderia a coerncia, ficando

    contraditria e desacreditada. Dessa maneira, a unicidade e a

    credibilidade da Ideologia esto associados ao que no falado, ao

    que silenciado.

    J para Cavalcanti, as ideias projetadas diante das circunstncias

    geram as Ideologias e as utopias. As ideologias transcenderiam s

    situaes, no sendo realizadas em regra, e, quando so realizadas,

    geralmente, se deformam. As utopias, alm de transcenderem s

    situaes, esto associadas a ideias irrealizveis. O pensamento

    utpico tem, quase sempre, vis ideolgico orientado para a

    construo de uma sociedade mais perfeita. Dessa maneira, seja a

    democracia seja o socialismo so Ideologias a partir do momento noqual representam modos ideias de vida. Por isso que Ideologia e

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    Utopias so atraentes, segundo o autor, exatamente por oferecerem

    perspectivas para um sociedade melhor.

    Para fecharmos esse tpico, trago a conceituao proposta porBobbio. Segundo o autor em questo, o conceito de Ideologia pode ter

    dois significados: um forte e um fraco. O significado forte, derivado

    dos conceitos marxistas, exatamente aquele supracitado de que a

    Ideologia uma falsa conscincia da relao de dominao entre as

    classes, assim, no sentido forte, Ideologia um conjunto falso de

    ideias, pensamentos, valores, etc. Portanto, o sentido forte de

    Ideologia tem carter negativo. Em relao ao seu sentido fraco, o

    conjunto de ideias, pensamentos, crenas, valores, etc., est

    relacionado ordem pblica e, assim sendo, tem como finalidade

    dispor sobre o comportamento da coletividade. Dessa forma, Ideologia

    em sentido fraco possui um carter de neutralidade.

    1.8. Soberania

    Segundo Dallari, o conceito de Soberania est claramente

    afirmado e definido desde o sculo XVI e um dois que mais tm

    atrado a ateno dos tericos do Estado, juristas e cientistas polticos

    e consistiria num conceito bsico para a ideia de Estado Moderno,

    tendo sido de excepcional importncia para a formao e definio

    deste. O prprio autor em questo coloca que no h no Estado Antigo

    (at o fim do Imprio Romano) qualquer conceito semelhante ao de

    Soberania, sendo que a primeira obra terica a discutir a noo de

    Soberania foi Os Seis Livros da Repblica, em 1576, de Jean Bodin.

    De acordo com Bodin, Soberania um poder absoluto e

    perptuo. absoluto, pois, no limitada em nenhum Poder, nem pelocargo, nem pelo tempo. Dessa maneira, nenhuma lei humana, nem as

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    do prncipe nem as de seus predecessores poderiam limitar o poder

    soberano. J em relao s leis divinas e naturais, todos os prncipes

    estariam sujeitos a elas e no cabe em seu poder contrari-las. Por

    essa razo, apenas em relao a estas espcies de leis queencontraria limites a Soberania. Tratando-se de um poder perptuo, a

    Soberania no pode ser exercida dentro de um tempo limitado de

    durao. Conforme Bodin, se algum recebe um poder por tempo

    limitado, no se pode chamar de soberano. Ele acrescenta ainda que a

    Soberania s pode existir, normalmente, nos Estados aristocrticos e

    populares, pois, nestes casos, como o titular do poder uma classe ou

    todo o povo, existe a chance de perpetuao. Na monarquia, s

    possvel Soberania, caso haja hereditariedade. Bodin no chega a falar

    diretamente na caracterstica de inalienabilidade, o que seria feito por

    outros autores posteriormente, mas tambm entende que a Soberania

    coloca o seu titular acima do direito interno e o deixa livre para acolher

    ou no o direito internacional s deixando de existir Soberania,

    quando deixa de existir o Estado.

    Maluf faz duas importantes observaes: (i) a Soberania no

    elemento constitutivo do Estado como so o povo, o territrio e o

    governo, j que a Soberania compreenderia o prprio conceito de

    Estado e (ii) Soberania seria uma autoridade superior que no pode

    ser limitada por nenhum outro poder. Por essa razo, no se pode

    dizer que os Estados membros de uma Federao sejam Soberanos,

    pois esto eles submetidos a uma autoridade maior (a Federao).

    Assim, fica afastada a ideia de que possa haver uma Soberania relativa

    ou condicionada seja possvel. No pode haver, segundo o autor,

    Soberania determinada por um poder normativo dominante. Nesse

    caso no se trata de Soberania, mas sim de Autonomia.

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    A Soberania do Estado, portanto, possui sua identidade

    caracterizada pelos seguintes aspectos: (i) uma; (ii) indivisvel; (iii)

    inalienvel e (iv) imprescritvel. A Soberania possui forma una, pois

    dentro do Estado s h uma soberania. Tem forma indivisvel, pois nose partilha o poder do Estado (ou de seu titular, em outros termos).

    Tem forma inalienvel (intransfervel), pois no se pode transferir

    (deslocar) a Soberania de titularidade. E tem forma imprescritvel, pois

    no cessa ao longo do tempo.

    ainda possvel identificarmos, conforme Dallari, outros

    significados intrnsecos ao conceito de Soberania, sendo eles os

    aspectos: (i) originrio; (ii) exclusivo; (iii) incondicionado e (iv)

    coativo. Originrio, pois surge no mesmo momento em que surge o

    Estado sendo um atributo inerente ao outro. Exclusivo, pois apenas

    um Estado pode possuir Soberania. Incondicionado, pois no est

    limitado (subjugado) a outros Poderes. E coativo, pois no s ordena,

    como tambm dispe de mecanismos para fazer impor.

    A Soberania possui ainda duas dimenses: (i) interna e (ii)

    externa. Sob aspecto interno, a Soberania significa a autoridade que

    possui o Estado para editar leis e normas para todos os entes que

    habitam determinado territrio. Sob o aspecto externo, a Soberania

    significa que o Estado no deve subordinao, mas sim igualdade de

    relaes com os demais Estados em mbito mundial. Dessa distino

    decorre que a Soberania pode ser entendida de duas formas: (i) como

    sinnimo de independncia, no sendo submisso a nenhum Estado

    estrangeiro ou (ii) como expresso do poder jurdico mais alto,

    significando que, dentro dos limites de sua jurisdio do Estado, este

    quem tem poder de deciso em ltima instncia.

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    das relaes internacionais, tendo em vista que essa passa a ser vista

    como a Histria dos conflitos entre os Estados e, portanto, a Histria

    das disputas pela Hegemonia da diz-se que a histria das Relaes

    Internacionais no seno um perptuo alternar-se de equilbriosinstveis e de tentativas hegemnicas por parte dos Estados.

    Saindo dessa perspectiva do sistema poltico internacional, os

    tericos de vis marxista - mas no somente eles - passaram a

    estudar as relaes de Hegemonia entre as classes sociais, partidos

    polticos e dentro dos aparelhos pblicos e privados. Dentro dessa

    perspectiva marxista possvel ainda identificarmos duas espcies de

    conceituaes.

    A primeira tende a equiparar Hegemonia a domnio, destacando o

    aspecto coativo do conceito. Assim, Hegemonia seria mais a fora do

    que a direo, a submisso de quem suporta a Hegemonia mais que a

    Legitimao, a dimenso poltica mais que a cultural.

    A outra, segundo Bobbio, aquela que entende a Hegemonia

    como a capacidade de direo intelectual e moral, em virtude da qual a

    classe dominante ou que quer o domnio, consegue ser aceita como

    guia legtimo, constituindo-se classe dirigente e obtendo o consenso ou

    a passividade da maioria da populao diante de metas impostas

    vida social e poltica.

    Esta Teoria da Hegemonia discutida por Antnio Gramsci, que a

    transforma em um debate central sobre os Estados Modernos. De

    acordo com ele, em uma sociedade de classes, tal qual a sociedade

    capitalista, a supremacia de uma classe sobre a outra exercida de

    acordo por meio de modalidades complementares e integradas, dedomnio e Hegemonia. Sobre isso, Bobbio explica que se o domnio se

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    impe aos grupos antagnicos pelos mecanismos de coero da

    sociedade poltica, a Hegemonia se exerce sobre os grupos sociais

    alienados ou neutrais, usando dos mecanismos hegemnicos da

    sociedade civil. Uma conjugao de fora e de consenso, de ditadura ede Hegemonia fundamental em todo Estado: o que varia a

    proporo entre ambos os elementos.

    Para fechar o tpico Hegemonia, lembro que todo grupo social se

    utiliza, no processo de sua transformao ou busca em classe

    dirigente, de uma instrumentao da Hegemonia: sistema de governo,

    partidos polticos, opinio pblica, grupos de presso, mercado,

    sindicatos, etc., e, conforme Poulantzas, h uma importncia de uma

    funo hegemnica no seio do prprio grupo que detm o Poder,

    transformando-se, assim, num meio de regulao das contradies

    existentes entre as classes e entre os grupos. Portanto, a Hegemonia

    atua como unificadora dos grupos dominantes e mascara o domnio de

    classes.

    1.10. Dominao

    Quando eu falei em Autoridade, adiantei muita coisa de

    Dominao, mas agora gostaria de colocar a questo da Dominao

    sobre o prisma especfico de Max Weber, pois exatamente este que

    importa para a prova. Segundo Weber, a Dominao um estado de

    coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou

    dos dominadores influi sobre os atos de outros (do dominado ou dos

    dominados), de tal modo que em um grau socialmente relevante, estes

    atos tm em lugar como se os dominados tivessem adotado, por si

    mesmos e como mxima de sua ao, o contedo do mandato

    (obedincia).

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    Para o autor em questo, a Dominao se manifesta em um

    conjunto amplo de interesses, monoplios e autoridades s quais ele

    relaciona uma espcie de Dominao. De acordo com ele, a Dominao

    seria uma espcie de oportunidade em encontrar uma pessoadeterminada a fim de obedecer um contedo determinado, por isso, a

    Dominao seria a expresso de uma relao baseada na obedincia

    que existe a partir de uma probabilidade de disciplina pronta para

    aceitar uma ordem e na existncia de um poder que existe a partir

    de uma probabilidade de imposio, ainda que haja contrariedade.

    Assim, a Dominao uma espcie de relao social moldada

    em disputas e interesses muitas vezes antagnicos que se d em

    relao ao comportamento e expectativa de comportamento entre

    indivduos e grupos. Obviamente, essa relao gera um dominador e

    um dominado e, portanto, uma relao assimtrica, tendo invista

    que uma parte detm o poder (imposio) e a outra obedece

    (disciplina).

    Weber trabalha metodologicamente com a construo de tipos

    ideais que so conceituaes idealizadas para o entendimento de

    fenmenos reais. No caso da Dominao, ele diz que h trs tipos

    dela: a carismtica, a tradicional e a racional-legal.

    Na Dominao carismtica, a autoridade suportada em razo

    de existir uma devoo afetiva por parte dos dominados. Essa

    Dominao se baseia em crenas e valores transmitidos por espcies

    de profetas, heris ou demagogos, gerando um reconhecimento

    puramente pessoal, convertendo a f e o reconhecimento em deveres

    inviolveis que lhes so devidos pelos governados. Assim, a

    obedincia, nesse tipo de Dominao, a uma pessoa se d devido ssuas prprias qualidades. No apresenta nenhum procedimento

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    ordenado para a nomeao e substituio. No h carreiras especficas

    e no requerida nenhum tipo de formao profissional por parte do

    portador do carisma e de seus ajudantes. Weber coloca que a forma

    mais pura de dominao carismtica o carter autoritrio eimperativo. Entretanto, Weber classifica a Dominao carismtica

    como sendo instvel, visto que no nada h que assegure a

    perpetuidade da devoo afetiva ao dominador, por parte dos

    dominados.

    Na Dominao Tradicional, a autoridade simplesmente

    suportada pela existncia de uma fidelidade tradicional. O governante

    o patriarca ou senhor e os dominados so os sditos. O

    patriarcalismo o tipo mais puro desta dominao, segundo Weber.

    H obedincia pessoa por respeito, tendo em vista existncia de uma

    tradio de dignidade pessoal que se julga sagrada. Todo o comando

    se prende intrinsecamente a normas tradicionais (no legais). A

    criao de um novo direito , em princpio, impossvel, em virtude dasnormas oriundas da tradio. Tambm classificado, por Weber, como

    sendo uma dominao estvel, devido solidez e estabilidade do meio

    social, que se acha sob a dependncia direta e imediata do

    aprofundamento da tradio na conscincia coletiva.

    Na Dominao racional-legal, o Direito pode ser modificado

    por meio de um estatuto criado e sancionado corretamente, conforme

    as leis pr-existentes. Esta Dominao possui a Burocracia como tipo

    mais puro. Os princpios fundamentais da Burocracia, segundo Weber,

    so a hierarquia (em razo do cargo ou funo), a administrao

    racional, a demanda por aprendizagem profissional. A obedincia se

    presta no pessoa, em virtude de direito prprio, mas norma legal,

    que se reconhece na competncia para designar a quem e em quemedida h de se obedecer. Weber classifica este tipo de dominao

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    como sendo estvel, uma vez que baseada em normas que, como foi

    dito anteriormente, so criadas e modificadas atravs de um estatuto

    sancionado corretamente. Ou seja, o poder de autoridade legalmente

    assegurado.

    2. Questes comentadas

    1) (ESAF - EPPGG MPOG - 2009) O termo Poltica diz respeito

    ao funcionamento do Estado e ao exerccio do poder. Quanto

    sua origem, est correto afirmar que:

    a) foi criado por Maquiavel.

    b) tem sua origem na Revoluo Francesa.

    c) surgiu com a formao dos partidos polticos.

    d) deriva da palavra grega plis.

    e) resultou das disputas dinsticas na antiguidade.

    Bom, acho que essa no gera muitos problemas. O conceito de

    Poltica deriva depolis. Letrad.

    2) (ESAF CGU -2008) Segundo Max Weber, um dos mais

    importantes conceitos relacionados ao poder o de

    legitimidade, que pode ser de trs tipos, conforme as crenas e

    atitudes em que se fundamenta. Examine os enunciados abaixo,

    sobre o poder carismtico, e assinale a opo correta.

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    1 - O poder carismtico est fundado na dedicao pessoal e

    afetiva ao chefe carismtico.

    2 - Quem verdadeiramente exerce o comando o lder ou chefecarismtico, cujo valor exemplar, fora heroica, poder de

    esprito ou de palavra o distinguem de modo especial.

    3 - O poder carismtico requer um corpo administrativo dotado

    de competncia especfica, porm selecionado com base na

    dedicao pessoal e no carisma.

    4 - A fonte do poder carismtico se conecta com o que novo,

    com o que nunca existiu, e rejeita a rotina e os vnculos pr-

    determinados.

    a) Todos os enunciados esto corretos.

    b) Todos os enunciados esto incorretos.

    c) Somente o enunciado de nmero 3 est incorreto.

    d) Somente o enunciado de nmero 4 est incorreto.

    e) Somente os enunciados 3 e 4 esto incorretos.

    Vejam s o que eu disse sobre Dominao Carismtica: , a

    autoridade suportada em razo de existir uma devoo afetiva por

    parte dos dominados. Essa Dominao se baseia em crenas e valores

    transmitidos por espcies de profetas, heris ou demagogos, gerando

    um reconhecimento puramente pessoal, convertendo a f e oreconhecimento em deveres inviolveis que lhes so devidos pelos

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    governados. Assim, a obedincia, nesse tipo de Dominao, a uma

    pessoa se d devido s suas prprias qualidades. No apresenta

    nenhum procedimento ordenado para a nomeao e substituio. No

    h carreiras especficas e no requerida nenhum tipo de formaoprofissional por parte do portador do carisma e de seus ajudantes.

    Weber coloca que a forma mais pura de dominao carismtica o

    carter autoritrio e imperativo. Entretanto, Weber classifica a

    Dominao carismtica como sendo instvel, visto que no nada h

    que assegure a perpetuidade da devoo afetiva ao dominador, por

    parte dos dominados.

    Percebam que so caractersticas da Dominao Carismtica: (i)

    dedicao pessoal e afetiva (que engloba os itens 1 e 2); (ii) o corpo

    administrativo na Dominao Carismtica no possui hierarquia

    funcional, apenas interveno do lder, nem competncia especfica e

    limitada (portanto, item 3 est errado); (iii) a dominao carismtica

    instvel, se dando de maneira efmera e extracotidiana, fugindo aregra das relaes sociais, ou seja, se conecta com o que novo (item

    4 est correto).

    Assim, a resposta letra C.

    3) (ESAF - EPPGG MPOG -2005) O uso do termo Consenso

    em relao a uma determinada sociedade significa afirmar queexiste um acordo mnimo entre seus membros quanto a

    princpios, a valores, a normas, a objetivos comuns e aos meios

    para os atingir. Indique qual das afirmaes abaixo est

    incorreta.

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    a) O Consenso favorece a cooperao e contribui para que a

    comunidade supere situaes adversas, tais como catstrofes e

    guerras.

    b) O Consenso torna dispensvel o uso legtimo da violncia

    pelo Estado em situaes controversas.

    c) A existncia de grupos tnicos, lingusticos ou religiosos,

    portadores de cultura prpria dificulta, mas no impede o

    estabelecimento de Consenso em uma comunidade.

    d) Transformaes socioeconmicas estruturais e inovaes

    tecnolgicas, que criam necessidades e expectativas para os

    diversos segmentos sociais, acentuam os limites das

    instituies e envolvem a possibilidade de afetar o Consenso

    pr-existente.

    e) Nos regimes autoritrios, as divergncias so mantidas na

    clandestinidade, levando o observador a superestimar o

    Consenso em relao a valores e princpios.

    Essa questo tem uma pegadinha sutil. Vejam que a letra B diz

    que o Consenso torna o uso da violncia dispensvel, o que correto.

    O Consenso faz com que se use menos violncia, mas no que ela seja

    dispensada. Letra B a resposta.

    4. (ESAF EPPGG MPOG -2003) Entre as assertivas abaixo,

    sobre o fenmeno da dominao, indique a nica incorreta.

    a) Dominao o poder autoritrio de comando do(s)governante(s), que se exerce como se o(s) governado(s)

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    tivesse(m) feito do contedo da ordem a mxima da sua

    conduta por si mesma.

    b) Nas sociedades modernas, onde a base da legitimidade alei, a administrao dispensa a dominao, no sentido de um

    poder de comando que precisa estar nas mos de um indivduo

    ou de um grupo de indivduos.

    c) A dominao tradicional refere-se ao comando exercido por

    senhores que gozam de autoridade pessoal em virtude do

    status herdado, e cujas ordens so legtimas tanto por se

    conformarem aos costumes como por expressarem a

    arbitrariedade pessoal.

    d) A dominao carismtica ocorre quando o poder de comando

    proveniente da crena dos seguidores nos poderes

    extraordinrios, mgicos ou heroicos de um chefe ou lder,sendo as ordens deste estritamente fundadas na sua

    capacidade especial de julgamento.

    e) A dominao legal ocorre quando os governados obedecem

    s normas legais e no s pessoas que as formulam ou as

    implementam; e estas aplicam-se e so reconhecidas como

    universais por todos os membros do grupo associado, inclusive

    o(s) governante(s).

    O erro da questo est na letra B, quando diz que a

    Administrao dispensa Dominao. Na realidade, em termos

    weberianos, toda Administrao pressupe Dominao. Isso no quer

    dizer que a legitimidade no esteja baseada na lei. Vejam: nas

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    c) Somente o item 4 est correto.

    d) Somente os itens 2 e 3 esto corretos.

    e) Somente os itens 3 e 4 esto corretos.

    Para complicar a vida do concurseiro, a ESAF adota a posio de

    um determinado autor em detrimento da posio de outro autor. Ela

    considerou correta, no item 1, a posio de Bobbio, descartando a

    posio de outros autores que considerariam essa assertiva correta.

    Para Bobbio, o Poder no atributo possudo pelos homens, pois se faz

    necessrio que ele se d em uma relao social. Vejam s: o Poder

    entendido como algo que se possui: como um objeto ou uma

    substncia observou algum que se guarda num recipiente.

    Contudo, no existe Poder, se no existe, ao lado do indivduo ou

    grupo que o exerce, outro indivduo ou grupo que induzido a

    comportar-se tal como aquele deseja. Sem dvida, como acabamos demostrar, o Poder pode ser exercido por meio de instrumentos ou de

    coisas. Portanto, item 1 est errado.

    J o item 2 traz exatamente a ideia do Poder sendo uma relao

    social. Item correto.

    O item 3 tambm est correto. Segundo Bobbio: a relao de

    Poder estabilizado se articula numa pluralidade de funes claramente

    definidas e estavelmente coordenadas entre si, fala-se normalmente

    de Poder institucionalizado.

    Sobre o item 4, vejam que Bobbio faz uma distino entre dois

    momentos da relao de Poder. Num primeiro momento, no qual seestabelece a relao de Poder, h provavelmente um conflito

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    legitimidade, que pode ser de trs tipos, conforme as crenas e

    atitudes em que se fundamenta. Examine os enunciados abaixo,

    sobre o poder carismtico, e assinale a opo correta.

    1 - O poder carismtico est fundado na dedicao pessoal e

    afetiva ao chefe carismtico.

    2 - Quem verdadeiramente exerce o comando o lder ou chefe

    carismtico, cujo valor exemplar, fora heroica, poder de

    esprito ou de palavra o distinguem de modo especial.

    3 - O poder carismtico requer um corpo administrativo dotado

    de competncia especfica, porm selecionado com base na

    dedicao pessoal e no carisma.

    4 - A fonte do poder carismtico se conecta com o que novo,

    com o que nunca existiu, e rejeita a rotina e os vnculos pr-determinados.

    a) Todos os enunciados esto corretos.

    b) Todos os enunciados esto incorretos.

    c) Somente o enunciado de nmero 3 est incorreto.

    d) Somente o enunciado de nmero 4 est incorreto.

    e) Somente os enunciados 3 e 4 esto incorretos.

    3) (ESAF - EPPGG MPOG -2005) O uso do termo Consensoem relao a uma determinada sociedade significa afirmar que

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    tivesse(m) feito do contedo da ordem a mxima da sua

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    b) Nas sociedades modernas, onde a base da legitimidade alei, a administrao dispensa a dominao, no sentido de um

    poder de comando que precisa estar nas mos de um indivduo

    ou de um grupo de indivduos.

    c) A dominao tradicional refere-se ao comando exercido por

    senhores que gozam de autoridade pessoal em virtude do

    status herdado, e cujas ordens so legtimas tanto por se

    conformarem aos costumes como por expressarem a

    arbitrariedade pessoal.

    d) A dominao carismtica ocorre quando o poder de comando

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    e) A dominao legal ocorre quando os governados obedecem

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    implementam; e estas aplicam-se e so reconhecidas como

    universais por todos os membros do grupo associado, inclusive

    o(s) governante(s).

    5) (ESAF STN - 2005) Um dos componentes mais decisivos

    nas relaes situadas nas esferas da poltica e da administrao

    o poder. Sobre esse tema, indique qual(is) item(ns) abaixo

    est(o) correto(s), assinalando a opo correspondente.

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    1 - O poder um atributo possudo pelos homens, consistindo

    na posse dos meios para satisfazer seus desejos e necessidades

    e na possibilidade de dispor livremente desses meios.

    2 - O poder uma relao entre homens e entre estruturas

    organizacionais simples ou complexas e compreende um ou

    mais sujeitos, um ou mais objetos e uma esfera de atividades

    na qual esse poder se exerce.

    3 - O poder institucionalizado, prprio das organizaes,

    compreende um conjunto de relaes de comando e obedincia

    objetivamente definidas, articuladas numa pluralidade de

    funes hierarquizadas e estavelmente coordenadas entre si.

    4 - A conflitualidade inerente ao poder, mas depende

    igualmente do modo de exercer o poder, do antagonismo das

    vontades, do ressentimento devido desigualdade de recursose da cultura organizacional.

    a) Somente o item 2 est correto.

    b) Somente os itens 1 e 3 esto corretos.

    c) Somente o item 4 est correto.

    d) Somente os itens 2 e 3 esto corretos.

    e) Somente os itens 3 e 4 esto corretos.

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    4. Gabarito

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