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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação interdisciplinar Resumo das Comunicações 12 de setembro de 2014 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real, 11 a 13 de setembro de 2014

Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

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Page 1: Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

XII Congresso da

Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

Ciências da Educação:

Espaços de investigação, reflexão e

ação interdisciplinar

Resumo das Comunicações

12 de setembro de 2014

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Vila Real, 11 a 13 de setembro de 2014

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Índice

18. ESCOLA PÚBLICA E PERCURSOS DE ESCOLARIZAÇÃO ........... 14

18.1. O Caixeiro Viajante do Ensino .................................................................. 15 18.2. Vivências escolares em contexto TEIP: sentidos atribuídos por jovens

do 9º ano de escolaridade ........................................................................... 17 18.3. A realidade do bullying escolar e a percepção do docente .......................... 19 18.4. Parceria entre escola e família: o que pensam os educadores ...................... 22 18.5. A escola pública e a construção de uma nova “alma nacional”: os

republicanos nos alvores de Novecentos..................................................... 24 18.6. Consequências do IDEB e do PDE-Escola: Percepções sobre ações de

uma equipe gestora e de docentes em uma Escola Pública no Brasil ........... 26

19. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ....................................................................................... 28

19.1. A avaliação no estágio do 1º ciclo do ensino básico: uma prática

centrada no processo de aprendizagem do futuro professor ......................... 29 19.2. A Formação de Professores e o Desenvolvimento Curricular ...................... 31 19.3. Avaliação do desempenho docente – Contributo da avaliação pelos

pares para o desenvolvimento profissional dos professores ......................... 34 19.4. O ensino de estratégias de autorregulação de escrita do texto expositivo

e do ensaio de opinião no 8º ano de escolaridade ........................................ 36 19.5. O Professor como Construtor de Currículo ................................................ 38 19.6. Reciclar Recordações – A magia das Ciências em Contexto de Jardim-

de-Infância ................................................................................................ 40

20. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ..... 42

20.1. Avaliação e liderança escolar: a emergência de «novas» lideranças

intermédias e o seu impacto na administração e gestão da escola ................ 43 20.2. Liderança, competência nuclear na educação? (Leadership: a core skill

in education?) ............................................................................................ 45 20.3. Articulação vertical entre ciclos: uma oportunidade de aprendizagem ........ 46 20.4. A emergência de modelos relacionais ........................................................ 48 20.5. Impacto e efeitos da avaliação externa das escolas nas práticas

curriculares das lideranças intermédias....................................................... 50 20.6. O Pacto de Federalização e a responsabilidade pelo financiamento da

Educação Infantil e Ensino fundamental..................................................... 51

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21. GLOBALIZAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO .... 52

21.1. Integração/Inclusão de alunos Erasmus em Institutos Politécnicos .............. 53 21.2. Globalização, Educação e Saúde: Desafios triangulares nas políticas

(trans)nacionais ......................................................................................... 55 21.3. Respostas institucionais à integração dos estudantes dos PALOP:

pontos comuns e divergentes entre duas instituições de ensino superior ...... 57 21.4. Educação em Português: reflexão de (futuros) professores sobre

potencialidades e difusão da Língua Portuguesa ......................................... 59 21.5. Internacionalização da formação de professores: contributos de duas

universidades portuguesas.......................................................................... 61 21.6. Sistema Educativo Português: susceptibilidades e desafios em contexto

internacional .............................................................................................. 63

22. IDEOLOGIAS, VALORES E EDUCAÇÃO ........................................ 65

22.1. Pedagogias dos séculos XIX e XX: reflexos na sociedade atual portuguesa ................................................................................................. 66

22.2. Educação e Autonomização: acerca das ambiguidades de uma relação

nem sempre linear e transparente ............................................................... 67 22.3. A formação de educadores para a solidariedade ......................................... 68 22.4. A influência da vivência de espiritualidade dos professores na relação

professor-aluno, na ótica de professores do ensino médio de escolas

públicas da cidade de Santos/SP................................................................. 69 22.5. Formação Profissional- Os Cursos de Educação e Formação de Adultos

como Fator de Inclusão Social e Empregabilidade ...................................... 71 22.6. Contributos para a competência ética dos profissionais de odontologia

do estado de Minas Gerais – Brasil ............................................................ 73 22.7. Construindo Valores a Partir dos Contos Infantis: na perspectiva de

ressignificar os conceitos morais e éticos ................................................... 74

23. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ..... 83

23.1. O conflito em contexto escolar: transformar barreiras em oportunidades .... 84 23.2. A ação do visconde de Vila Maior como reitor da Universidade de

Coimbra .................................................................................................... 86 23.3. Estratégia como prática nas instituições de ensino superior ........................ 88 23.4. O envolvimento dos encarregados de educação no processo de

autoavaliação de escola .............................................................................. 90 23.5. Práticas de liderança de professores na dinamização de projetos

escolares inovadores .................................................................................. 92 23.6. A gestão democrática da educação brasileira: descompassos entre a

teoria e prática na administração escolar .................................................... 94

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24. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS .......................................................................... 96

24.1. Lupus: uma doença crónica a conhecer ...................................................... 97 24.2. A religiosidade e a espiritualidade na formação académica do psicólogo .... 99 24.3. Ciências da Educação e suas interfaces com a Sociologia da Infância: a

produção académica pós-graduada na FPCEUP ........................................ 100 24.4. Ensinar a pensar através dos números: o princípio moral da educação

matemática .............................................................................................. 102 24.5. A Relação de Ajuda como competência-chave da formação académica e

profissional dos enfermeiros .................................................................... 104

25. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, REDES E PARCERIAS EM EDUCAÇÃO .................................................................................... 106

25.1. O rádio como meio de práxis da comunidade educativa ........................... 107 25.2. Utilização das TIC em crianças com Perturbação do Espectro do

Autismo no Pré-Escolar: a perspetiva dos professores .............................. 109 25.3. A importância das TIC na integração/inclusão de alunos Erasmus em

Institutos Politécnicos .............................................................................. 111 24.4. Aprender na internet: um estudo de caso da aprendizagem autodirigida

da pessoa idosa ........................................................................................ 113 25.5. Encurtar distâncias na Educação: um estudo de caso ................................ 115 25.6. O lugar das Tecnologias da Informação e Comunicação no currículo de

formação de professores do Uruguai ........................................................ 116

26. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ..................................................................................... 118

26.1. Competências empreendedoras no ensino superior: Um novo currículo

para novas exigências? ............................................................................ 119 26.2. Repensando o Currículo de Matemática do Ensino Médio Através do

Registro das Representações Semióticas .................................................. 121 26.3. Certificação de manuais escolares: Estudo exploratório do caso

português no início do século XXI ........................................................... 123 26.4. O pecado original do currículo ................................................................ 125 26.5. Ações interdisciplinares com o uso de webquest na educação superior ..... 127 26.6. O currículo no contexto da educação inclusiva ......................................... 128

27. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 129

27.1. PIBID: Percepção das importantes contribuições para formação de

docentes por alunos do curso de Física ..................................................... 130

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27.2. A Formação Didática dos Professores do ensino Profissionalizante por

meio dos Círculos de Estudos: Reflexão Teoria e Prática .......................... 132 27.3. O Perfil Profissional do professor de Línguas em Cursos de Educação e

Formação. Um estudo de caso .................................................................. 134 27.4. Motivação e expetativas da pertença a uma Comunidade de

Aprendizagem Profissional. A opinião dos professores ............................. 136 27.5. A Discussão nas aulas de Ciências naturais. Perceções dos alunos sobre

a sua importância na Aprendizagem ......................................................... 138 27.6. Conceção de criança e desenvolvimento da profissionalidade docente:

Dados preliminares de um estudo exploratório ......................................... 140

28. POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO E ACCOUNTABILITY ...................... 142

28.1. Avaliação da e na Reforma Educativa em Angola: Elementos para a

análise de uma política............................................................................. 143 28.2. Processos de mudança associados às práticas de avaliação nos cursos de

educação e formação de adultos ............................................................... 144 28.3. Avaliação e Accountability: a avaliação de professores como estratégia

de controlo de um profissionalismo recentralizado ................................... 146 28.4. O lugar da “accountability” nas políticas de avaliação de escolas: entre

a melhoria e a prestação de contas – uma análise focada nas políticas ....... 148 28.5. A Autoavaliação nas políticas de Accountability e da Melhoria

Educacional ............................................................................................. 150 28.6. Resultados escolares e ranking de escolas: uma análise dos rituais de

distinção das escolas públicas em Portugal ............................................... 152

29. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR....................................... 154

29.1. Etinicidade e Ações Afirmativas no Ensino Superior Brasileiro................ 155 29.2. Impactos da política de Cost-Sharing na acessibilidade e equidade no

ensino Superior Português ....................................................................... 156 29.3. O papel da diversificação das fontes de financiamento no Ensino

Superior Público Português ...................................................................... 158 29.4. Transformações no Ensino Superior e Reeconstituição das Identidades

Académicas: políticas e quotidianos ......................................................... 160 29.5. Trajetos profissionais e qualificação dos docentes no ensino superior ....... 162 29.6. As instituições de ensino superior privadas e sua influência na educação

brasileira: estudo a partir de uma Escola Superior de Belas Artes.............. 164

30. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS ........................................................................ 166

30.1. Aprendizagem da ortografia: a utilização de estratégias de envolvimento cognitivo ........................................................................... 167

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30.2. Educação para a saúde: contributos de um estudo sobre sexualidade

dos/as jovens São-Tomenses .................................................................... 169 30.3. O conto como estratégia pluridisciplinar no desenvolvimento da

compreensão da leitura ............................................................................ 171 30.4. Ensino de estratégias para a redação do texto argumentativo .................... 173 30.5. A perceção de pessoas idosas institucionalizadas sobre a “sua nova

família”. Um estudo de caso com idosos da Casa dos Pobres de

Coimbra .................................................................................................. 175 30.6. A Formação Universitária em Teatro: da sala de aula para o palco ........... 177

31. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ..................................................................................... 179

31.1. Tempo Curricular na Educação de Jovens e Adultos: Espaço de

Reflexão e Mudança ................................................................................ 180 31.2. Das políticas educativas às conceções e práticas curriculares dos

professores: um trajeto sinuoso ................................................................ 181 31.3. Estrutura curricular e tempos letivos – estudo comparativo ...................... 182 31.4. Reflexões Sobre a Prática Como Componente Curricular do curso de

Licenciatura em educação Física da Universidade Federal do Maranhão ... 184 31.5. História da arte no ensino fundamental: uma proposta interdisciplinar ...... 186 31.6. Contextualização curricular no ensino secundário: possibilidades e

limites ..................................................................................................... 188

32. PEDAGOGIA SOCIAL E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO ... 190

32.1. Políticas Públicas de educação e Formação de Adultos: contribuições ao

diálogo sobre desafios e perspectivas ....................................................... 191 32.2. O Movimento associativo de pais e as Dimensões Educativas da

Participação nas Associações ................................................................... 193 32.3. Lar Residencial: uma resposta urgente para a população idosa da Alta

de Coimbra.............................................................................................. 195 32.4. A Educação e Formação de Adultos em Portugal e no Brasil. Um olhar

aproximativo a partir da actualidade ......................................................... 197 32.5. Educação bancária versus educação libertadora: abordagem freiriana

numa perspectiva social para educação brasileira ..................................... 199 32.6. A Educação Não Escolar em Portugal. Perspetiva a partir do Ensino

Doméstico ............................................................................................... 200

33. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 202

33.1. O aluno no papel do professor ................................................................. 203 33.2. A inserção das festas tradicionais populares no ensino de arte na

educação básica ....................................................................................... 204

Page 7: Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

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33.3. O uso do portefólio reflexivo na perspectiva histórico-cultural ................. 206 33.4. A Dimensão da Reflexão como Investigação na Formação Inicial de

Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico em Contexto de Estágio ........... 208 33.5. Construir saberes para dois ciclos de ensino: a percepção dos

formandos do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo

do Ensino Básico ..................................................................................... 210 33.6. Iniciação à docência: porque tornar a escola um espaço de formação ........ 212

34. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ... 214

34.1. A avaliação externa condiciona a prática pedagógica dos professores? ..... 215 34.2. Da excelência escolar à excelência no trabalho: os paradoxos da cultura

meritocrática ........................................................................................... 217 32.3. O projeto de in(ter)venção do diretor: um documento esquecido na

gestão estratégica da escola? .................................................................... 219 32.4. A liderança das escolas: avaliação externa e perceções dos professores .... 221 32.5. Reflexões sobre a responsabilidade social no ensino superior brasileiro .... 223 32.6. O trabalho do secretário em escolas públicas no Acre: o coordenador

administrativo e o técnico em assuntos educacionais indígenas ................. 225

35. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ... 227

35.1. Mestrado profissional em gestão educacional: construindo uma

experiência inovadora .............................................................................. 228 35.2. Os «peritos» externos nos territórios educativos de intervenção

prioritária de «segunda geração»: inquirindo a sua ação............................ 229 35.3. Análise Comparativa de Modelos de Referenciais de Qualidade na

Educação a Distância ............................................................................... 231 35.4. Autovaliação das escolas: uma abordagem intensiva para compreensão

dos mecanismos de tradução da política ................................................... 233 35.5. Rumo a uma ordem profissional dos professores? .................................... 235 35.6. Gestão de cursos na Universidade Aberta do Brasil .................................. 236

36. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ..................................................................................... 237

36.1. Novos jogos didáticos para o ensino da matemática em turmas de

correção de Fluxo, Idade-Série ................................................................. 238 36.2. O (e)Portfolio no Desenvolvimento Profissional de Professores: uma

experiência no contexto da Didática da Matemática na Educação Pré-

Escolar .................................................................................................... 240 36.3. Literacia Científica e Educação para a Ciência em trabalho de projeto

interdisciplinar ........................................................................................ 242

Page 8: Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

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36.4. Abordagem dos Modelos Didáticos como Mecanismo para

Aprimoramento do Ensino da Matemática ................................................ 244 36.5. Circo da Física: Experimentos lúdicos para despertar o interesse pela

Física ...................................................................................................... 246 36.6. Compreender e Prevenir o Erro: Contributos para a Aprendizagem da

Competência Ortográfica (Um estudo no 2.º ano do 1.º Ciclo do Ensino

Básico) .................................................................................................... 248

37. JUVENTUDE(S), EDUCAÇÃO E TRABALHO ................................ 250

37.1. A importância social e educativa das bibliotecas populares em interface

com o ato de ler ....................................................................................... 251 37.2. A Problemática da Evasão Escolar nas Escolas de Ensino Técnico no

Brasil ...................................................................................................... 253 37.3. Práticas de formação em contexto de trabalho no ensino profissional:

reflexões a partir da perspetiva dos alunos ................................................ 255 37.4. O Instituto Federal e a Formação do Técnico em agropecuária:

contradições e Possibilidades em Projetos de Formação Profissional no

Campo .................................................................................................... 257 37.5. Escola e mercado de Trabalho: o caso dos Cursos Profissionais ............... 259 37.6. Os Alunos da Escola Pública e a Inserção no Ensino superior: A

Afrobrasilidad Presente nos Espaços de poder .......................................... 260

38. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS ........................................................................ 262

38.1. Receber cuidados e ensinar a cuidar: lições de doentes crónicos aos seus

cuidadores ............................................................................................... 263 38.2. Aprender ciências realizando atividades experimentais- o que dizem os

alunos e os professores ............................................................................ 264 38.3. Ao ritmo dos estilos musicais rock e clássico: um estudo de caso com

quatro crianças do 1º Ciclo ...................................................................... 266 38.4. Perceções de idosos/as institucionalizados/as acerca da situação de

institucionalização como resposta social às necessidades da população

idosa ....................................................................................................... 267 38.5. Políticas públicas de educação ambiental: um olhar sobre as

conferências nacionais infantojuvenil pelo meio ambiente ........................ 269 38.6. Cognição e objeto técnico: uma abordagem complexa do autismo ............ 271

39. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA, REDES E PARCERIAS EM EDUCAÇÃO .................................................................................... 273

39.1. Implicações do conceito de «multimodalidade» em Ciências da Educação… ou «a prof tinha de estar no Facebook!» ................................ 274

Page 9: Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

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39.2. Conversações escritas e invenção de si: uma análise da convergência

interativa entre professores e midias ......................................................... 276 39.3. A comunicação educativa na Tecnopólis ................................................. 278 39.4. Projetos socioeducativos e trabalho em rede em concelhos do interior

norte de Portugal ..................................................................................... 280 39.5. Um quadro teórico-prático para a abordagem plurilingue no jardim de

infância: o projeto Alphaeu, alfabetos e perspetivas europeias

comparadas ............................................................................................. 282 39.6. Projeto School Safety Net (SSN). Uma pareceria europeia na área da

prevenção do abandono escolar prec ........................................................ 284 39.7. Atos e Atores da Cooperação para o Desenvolvimento: outras parcerias

em Angola ............................................................................................... 286

40. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ..................................................................................... 288

40.1. Estrutura de projeto integrado multidisciplinar em Cursos Superiores de

Tecnologia Brasileiros-estudo de caso ...................................................... 289 40.2. Educação para a privacidade no espaço digital: de subsídios para uma

proposta curricular ................................................................................... 292 40.3. Benefícios e constrangimentos da operacionalização do programa de

matemática no 1º ciclo do ensino básico pelos professores do concelho

de Machico .............................................................................................. 294 40.4. Leitura(s) e criatividade(s): representações, itinerários e (desa)fios para

formar leitores com as Metas Curriculares de Português ........................... 296 40.5. Trandisciplinaridade na educação superior: uma proposta implantada ...... 297

41. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ..................................................................................... 299

41.1. A Sociologia no Ensino Médio no Brasil: avanços e retrocessos ............... 300 41.2. Aprendizagem cooperativa- aplicação dos métodos grafitti cooperativo

e jigsaw com alunos do 5º ano de escolaridade ......................................... 302 41.3. Ações, reflexões e interações numa comunidade de prática: a

construção de saberes na prática profissional de um curso de logística

no ensino técnico profissional na modalidade à distância .......................... 304 41.4. A Aprendizagem Cooperativa no ensino das Ciências no 1º Ciclo do

ensino Básico .......................................................................................... 305 41.5. As controvérsias curriculares e pedagógicas em Portugal (1991-2011):

uma história do presente .......................................................................... 307

42. EDUCAÇÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS ........................ 308

Page 10: Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

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42.1. Breve Percurso Histórico da Problemática das Pessoas com

Deficiências e alguns Marcos Legais da Educação especial ...................... 309 42.2. Participar para Escolher........................................................................... 310 42.3. Género, Cidadania e Práticas Educativas: a promoção da igualdade em

contextos educativos ................................................................................ 311 42.4. Inclusão e educação especial na atualidade: uma incursão a partir das

perspetivas dos professores ...................................................................... 313 42.5. Relações (D)Estabelecidas entre a Pedagogia Brasílica e as Escolas

Indígenas no Século XX E XXI ............................................................... 315 42.6. (Des)Igualdades de Oportunidades para Alunos de Baixa Renda

Bolsistas em Escolas Particulares ............................................................. 316

43. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 318

43.1. Conhecimento pedagógico de conteúdo na Educação de Infância:

episódios de Matemática no contexto da formação inicial de professores .. 319 43.2. Potencialidades e desafios da pedagogia genológica no início da

construção de ser professor ...................................................................... 321 43.3. O Papel da Educação em Ciências na Formação dos Alunos de

Licenciatura em Educação Básica .............................. Maria José Rodrigues 323 43.4. A Observação de Pares Multidisciplinares como ferramenta

colaborativa ............................................................................................. 325 43.5. Relatório final de estágio: Refletir é investigar?! ...................................... 327

44. METODOLOGIAS E ÉTICA DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO ........ 329

44.1. Confiança na escrita e Identidade de Autoria ........................................... 330 44.2. Análise Paradigmática: um estudo sobre a Pesquisa Histórico-Cultural .... 332 44.3. O Professor Pesquisador e a Necessidade de parcerias: cooperação entre

Instituições de Ensino Superior e a Iniciativa Privada ............................... 334 44.4. A Intuição em Bergson – Referenciais para a Metodologia e a Ética na

Pesquisa em Educação ............................................................................. 335 44.5. Da investigação ao projeto, do projeto à investigação............................... 337 44.6. Arquitetura e Educação, um estudo etnográfico sobre o ambiente

construído ............................................................................................... 339

45. CPEDAGOGIA SOCIAL E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO ............................................................................... 341

45.1. Educação não-formal, lazer e o educador social: quem é esse

profissional? ............................................................................................ 342 45.2. Educar para a Emancipação Social – notas sobre o conservadorismo e a

praxis conscientizadora ............................................................................ 344

Page 11: Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

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45.3. Pedagogia Social em Portugal – Estatuto disciplinar, académico e

profissional ............................................................................................. 347 45.4. Lar Residencial: uma resposta urgente para a população idosa da Alta

de Coimbra.............................................................................................. 348 45.5. Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas:

uma construção participativa .................................................................... 350 45.6. Transições e aprendizagens: sentidos atribuídos por adultos que

concluíram o Reconhecimento, Validação e Certificação de

Competências .......................................................................................... 352

46. SOCIEDADE/ECONOMIA DO CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO/APRENDIZAGEM ....................................................... 354

46.1. ClioESE: uma comunidade virtual de (boas) práticas ............................... 355 46.2. Aprendizagem profissional no trabalho: um estudo sobre partilha de

conhecimentos entre vendedores de uma grande superfície comercial ....... 357 46.3. A educação corporativa promovida nas Universidades Corporativas

Brasileiras ............................................................................................... 359 46.4. Sobre o expansionismo pedagógico contemporâneo: uma

arqueogenealogia da intensificação das experiências educativas não

escolares ................................................................................................. 361 46.5. Topografias discursivas da modernidade educativa brasileira no séc.

XIX: dos ditos ordinários aos insignes ..................................................... 363 46.6. O papel da Aprendizagem ao Longo da Vida na Sociedade do

Conhecimento ......................................................................................... 365

47. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ..................................................................................... 367

47.1. Prática pedagógica no ensino público: o estágio como elo entre a teoria e a prática, a experiência e a inovação ...................................................... 368

47.2. Quando querer não é poder: conceções sobre a identidade na criança e

isomorfismo educativo............................................................................. 370 47.3. Competências empreendedoras: perceções de alunos do 3º ciclo básico

português- um estudo de caso .................................................................. 372 47.4. Currículo, educação inclusiva e alunos com NEE: um estudo de caso

numa escola pública do Brasil .................................................................. 374 47.5. Metodologias de Ensino como Aperfeiçoamento da Prática Docente no

Ensino da Matemática ............................................................................. 376 47.6. Bioética no ensino secundário: estratégias e instrumentos nas Ciências

da Vida ................................................................................................... 378

48. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ÉTICA PROFISSIONAL ........ 380

Page 12: Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

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48.1. Competências para o Ensino das Ciências no Ensino Básico: Uma

Proposta Emergente da Investigação ........................................................ 381 48.2. Comunidades de Prática: a Construção de Pontes entre a produção e a

aplicação do Conhecimento ..................................................................... 383 48.3. Estilos de Supervisão na Orientação de Estágio Supervisionado em

Educação Física: Estudo com Professores Preceptores .............................. 385 48.4. Que Identidade e que Culturas Profissionais Docentes? ............................ 387 48.5. Formação e intervenção em educação de infância. Contributos para

repensar as políticas e práticas formativas ................................................ 389 48.6. A Formação Docente para atuar na EJA no Brasil: questões e desafios ..... 391

49. METODOLOGIAS E ÉTICA DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO ........ 393

49.1. De Personajes a Personas: Una mirada ético-epistemológica de la

Investigación en Educación...................................................................... 394 49.2. O significado da Investigação por questionário ........................................ 395 49.3. A pesquisa científica na Faculdade de Educação da Universidade

Federal da Bahia: institucionalização, desdobramentos, problemas e

perspectivas para a integração entre o ensino graduado e a pesquisa. ........ 397 49.4. A investigação como pedagogia na formação inicial em enfermagem e

no ensino ................................................................................................. 398 49.5. A Produção acadêmica na Pós-Graduação em Educação: Problemas

teórico-Metodológicos e Éticos da Pesquisa ............................................. 400 49.6. Produção científica em Educação e as possibilidades interdisciplinares

na formação de pedagogos: linguagens artístico-visuai ............................. 402

50. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INTERFACES E DIÁLOGOS COM OUTRAS CIÊNCIAS ........................................................................ 404

50.1. Leitura pública: uma alternativa para o ensino da Literatura ..................... 405 50.2. Auto-eficácia docente e colaboração entre professores: que relações? ...... 407 50.3. Avaliação da alfabetização: uma análise das suescalas de leitura e

escrita ..................................................................................................... 408 50.4. Cenários ortográficos: conceções e práticas ............................................. 410 50.5. “E tudo aquilo que eles/as (não) dizem…”: Intervenção educativa em

contexto museológico para adultos/as com demência e cuidadores/as

informais ................................................................................................. 412 50.6. Saúde e educação nos cuidados de enfermagem- processos de cuidar

idosos com hipertensão arterial ................................................................ 414

51. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR....................................... 416

51.1. Ensino superior Privado no brasil: O Caso das Instituições Particulares .... 417

Page 13: Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

13

51.2. A Contribuição da Universidade na Formação da Pessoa com

Deficiência para sua Inclusão no Mercado de Trabalho ............................ 419 51.3. Dez anos das Políticas de Ação Afirmativa no Brasil: o casa da

Universidade Estadual de Londrina .......................................................... 420 51.4. Os desafios do Ensino Superior ............................................................... 421 51.5. As resistências à afirmação disciplinar da Filosofia da Educação no

quadro das Ciências da Educação e no campo da Filosofia. Análise da

situação da disciplina em Portugal ........................................................... 423

52. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES ..................................................................................... 425

52.1. Prática pedagógica no ensino público: o estágio como elo entre a teoria

e a prática, a experiência e a inovação ...................................................... 426 52.2. Oralidade- o papel do manual escolar e estratégias para a sala de aula ...... 428 52.3. O Uso das Analogias no ensino das Ciências no 1º Ciclo do Ensino

Básico ..................................................................................................... 430 52.4. Trajetos de investigação: quando escutamos as vozes das crianças ........... 432 52.5. Ensinar Teoria e Desenvolvimento Curricular online: consolidação de

um modelo .............................................................................................. 434 52.6. Contribuições do Xadrez para o Ensino da Matemática: Um Projeto

PIBID/Unimontes .................................................................................... 436

53. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL, GESTÃO E LIDERANÇAS ... 438

53.1. Relações Profissionais dos Professores: que mudanças com a formação

de agrupamentos de grandes dimensões ................................................... 439 53.2. Brasil e o fortalecimento dos conselhos escolares na política

educacional ............................................................................................. 440 53.3. Autoridade do Professor e Poder do Aluno – As Perspectivas em jogo ..... 442 53.4. A descentralização educacional nos municípios do litoral paranaense ....... 444 53.5. Contratos de autonomia- entre a retórica e a realidade. Um estudo de

caso 446 53.6. Mega-Agrupamentos de escolas: recentralização e lógica dos

hipermercados ......................................................................................... 448

Page 14: Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

18. ESCOLA PÚBLICA E PERCURSOS

DE ESCOLARIZAÇÃO

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

15

18.1. O Caixeiro Viajante do Ensino

Ana Luísa Fernandes Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo

O sistema educativo português tem sofrido, nos últimos anos, várias

alterações ao nível da administração e gestão escolar, pois várias têm sido

as propostas e as medidas impostas, pelos diferentes Governos, à Escola.

Vislumbramos, neste trabalho, a compreensão do processo de uma das mais recentes (re)estruturações da Escola Pública Portuguesa, a criação dos

mega agrupamentos. Partimos de uma abordagem fenomenológica de um

mega agrupamento, sobre o qual realizámos um trabalho de investigação qualitativo.

Intentámos compreender como se (re)vivem períodos de mudança, que

culminaram na construção de uma nova (mega) unidade orgânica.

Intentámos perceber as tensões e conflitos resultantes da aplicação do atual modelo de administração e gestão das escolas, o Decreto-Lei n.º75/2008,

recentemente alterado pelo Decreto-lei n.º137/2012.

Considerámos as políticas educativas como centrais para a compreensão da hibridez das relações entre aqueles que desempenham funções de

administração/gestão e coordenação, e de algumas opiniões antagónicas

entre os sujeitos da investigação.

Do ponto de vista teórico ponderámos a influência das políticas educativas

europeias sobre o contexto português; apreciámos a relatividade da

autonomia, assim como as constantes reformulações de que o conceito tem

sido alvo; e analisámos as diferentes conceções de liderança, ostentadas pelos vários autores que se têm debruçado sobre a problemática.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

16

Os discursos dos entrevistados evidenciam as lacunas patentes entre a uma

realidade prática e uma realidade normativa, que tem reflexos paradoxais

no(s) contexto(s) em que se impõe.

Palavras-chave:

Escola Pública; Autonomia(s); Liderança(s).

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

17

18.2. Vivências escolares em contexto TEIP: sentidos atribuídos por jovens do 9º ano de escolaridade

Patrícia Ribeiro Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação

Resumo

Os TEIP, lançados em 1996, têm constituído uma via através da qual o

poder político tem legitimado uma atenção a questões de igualdade, proporcionando às escolas recursos adicionais, de ordem técnica,

pedagógica e material. Todavia, estudos realizados (Canário et al, 2001;

Quaresma, Abrantes e Lopes, 2012), revelam que os pressupostos que estiveram na origem desta medida continuam a estar na esfera do desejo.

Muitos e muitas jovens continuam a manter com a escola uma relação de

estranheza (Silva, 2004) e de desmotivação, face às experiências formativas

que ela lhes oferece. Com o alargamento da escolaridade obrigatória para doze anos esta situação poderá tender a acentuar-se.

É no quadro destas ideias que se situa o estudo que nesta comunicação

apresento, e cujo principal objetivo foi compreender sentidos que, num contexto TEIP, jovens atribuem às suas vivências escolares.

Realizei um estudo de caso num TEIP do grande Porto no qual

participaram, através de Focus Group, 20 jovens do 9º ano de escolaridade.

Os dados foram organizados em duas categorias de análise - i) Espaços de Lazer e Redes de Socialização; e ii) Relação com os Saberes Escolares - e

analisados recorrendo à análise de conteúdo.

Globalmente, os dados apontam para uma forte valorização dos momentos de convivialidade em detrimento dos momentos de aprendizagem formal,

evidenciando-se uma sobreposição do papel de jovem ao papel de aluno/a.

Muitos/as destes/as jovens encaram o trabalho escolar numa perspetiva projetiva, pois consideram-no bastante relevante para a obtenção de um

diploma e, posteriormente, de um emprego. No entanto, evidenciam alguma

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

18

desmotivação face a certas aprendizagens escolares devido à (i) baixa

diversidade nas práticas pedagógicas de alguns/mas docentes e (ii) por não

vislumbrarem aplicabilidades práticas para alguns conteúdos curriculares.

Os discursos destes/as jovens evidenciam a necessidade de um maior

investimento na contextualização curricular e de uma maior diversificação

dos métodos pedagógicos, de forma a ser possível proporcionar aos e às estudantes uma maior variedade de experiências de aprendizagem com

sentido para estes/as.

Palavras-chave:

TEIP; Jovens/alunos/as; sentidos atribuídos à escola; espaço de lazer;

relação com os saberes.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

19

18.3. A realidade do bullying escolar e a percepção do docente

Andrea Poppe Universidade Paulista - UNIP

Fernanda Hermínia Universidade Paulista-UNIP

Resumo

A violência urbana e suas diferentes manifestações têm despertado na

sociedade brasileira relevante discussão sobre o tema. Devido ao aumento,

principalmente, da violência no interior do espaço escolar, várias

investigações têm ocorrido levando em consideração a contradição que ela representa em relação à missão educativa da escola, induzindo a estudos

que analisem as prováveis consequências que esse fenômeno pode trazer

tanto ao ambiente escolar como para além dele. Os últimos trabalhos divulgados utilizaram o termo bullying para descrever essa problemática

apontando dificuldades de se encontrar outra expressão que melhor

representasse tais questões. A presença do bullying no universo da educação tem causado estranheza, pelo fato de a escola ter deixado de ser o

local protegido ao qual se estava acostumado, passando a ser um espaço

reprodutor de violência, presente tão fortemente em nossa sociedade. O

bullying caracteriza-se por ter uma significativa continuidade no tempo, pode-se dizer que as vítimas recebem uma marca de seus agressores e

assim passam a ter de conviver diariamente com insultos e agressões de

diversos tipos (JORGE, 2009). A intervenção nesta problemática perpassa pelo entendimento do fenômeno, o que se apresenta pela necessidade de se

compreender os diversos fatores envolvidos. Nesse sentido, objetivando

uma aproximação maior em relação ao tema e buscando compreende-lo no âmbito escolar, optou-se por investigar a percepção do educador frente a

este fenômeno pressupondo sua legitimidade para travar tal discussão

justamente por ser testemunha deste fenômeno. Esta pesquisa buscou

compreender a realidade da problemática com que os docentes se deparam

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

20

no âmbito escolar. Suas impressões, facilidades e dificuldades diante desta

forma de agressão. Entender as possibilidades de intervenção utilizadas

pelos docentes frente às questões relacionadas ao bullying, e por fim compreender e propor medidas de prevenção e intervenção.

A importância científica deste tema deu-se devido a existência de poucos

trabalhos que busquem entender essa realidade, principalmente sob a ótica do professor. Para a produção dos dados foi utilizado à pesquisa qualitativa,

numa perspectiva sócio histórica utilizando-se como instrumento de coleta

de dados a entrevista de tipo semiestruturada. Foram entrevistados oito

docentes de escolas públicas e privadas das cidades de Praia Grande e Santos, ambas no estado de São Paulo, adotando-se como critério de

inclusão estar na carreira docente há um ano. O procedimento desta

pesquisa iniciou-se com a escolha do tema e o levantamento bibliográfico para maior aprofundamento. Foi montado o projeto de pesquisa quel foi

submetido à Universidade Paulista e posteriormente a Plataforma Brasil

para aprovação, tendo sido aprovado em onze de Abril de dois mil e treze

sob número 243.934. A partir da aceitação partiu-se para o contato com as instituições de ensino e com os possíveis sujeitos. Foram apresentados os

Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para os entrevistados que

posteriormente foram devidamente assinados, iniciando-se o processo de entrevistas e análise dos resultados. Com os resultados analisados, fez-se a

conclusão final do projeto. Como hipótese para o desenvolvimento da

pesquisa acreditava-se que os docentes ainda apresentam grande dificuldade em lidar com o fenômeno bullying e que apesar de não ser algo

novo, as pesquisas ainda careciam de maiores investigações sob a

perspectiva do educador. Dessa forma, entendia-se que os docentes ainda

não possuíam uma visão clara do fenômeno, entendendo que esse não passa de meras brincadeiras entre as crianças, e que estas fazem parte do

desenvolvimento. Os resultados corroboraram a maioria das hipóteses, nos

mostrando que os professores têm dificuldade para lidar com o problema, permitindo, muitas vezes, que esse seja ignorado. Identificou-se ainda que

os docentes possuem visões diferentes a respeito do fenômeno, entretanto,

concordam que este causa um prejuízo ao desenvolvimento das crianças. Para preveni-lo buscam diversos meios para conscientizarem as crianças

sobre os danos causados pelo bullying. Dentre

esses, apostam na produção do diálogo coletivo como principal ferramenta

de prevenção. Quanto ao surgimento do fenômeno bullying, divergentes foram as percepções, mostrando que os educadores entendem de forma

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

21

diferente a etiologia do problema. Concluiu-se que os professores precisam

se apropriar do conceito bullying, e de suas causas, principalmente no

âmbito da sala de aula. Ficou evidente a divergência existente nas opiniões dos diversos educadores, mostrando que ainda há a necessidade de se

investigar mais sobre este fenômeno. Foi possível apreender que os

docentes se sentem sobrecarregados com a função de lidarem também com o fenômeno, e por isso solicitam o apoio dos demais envolvidos na relação

com as crianças e família. Por fim identificou-se a necessidade de haver

maior discussão deste tema com vistas a auxiliar e capacitar o professor na

identificação e intervenção diante do bullying. Também se identificou a necessidade de que haja orientação aos familiares de modo que eles possam

identificar em seus núcleos possíveis relações de violência que serão

disseminadas em sala de aula.

Palavras-chave:

Bullying escolar; Perceção; Docente.

FernandaHermí[email protected]

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

22

18.4. Parceria entre escola e família: o que pensam os educadores

Oralda Adur de Souza Universidade Federal do Paraná

Araci Asinelli-Luz Universidade Federal do Paraná

Resumo

As pesquisas divulgadas por instituições especializadas em avaliação na área educacional, no Brasil, vêm mostrando, há vários anos, que grande

parcela das crianças, principalmente das redes públicas de ensino, não

recebe educação de qualidade conforme apregoa a legislação pertinente. Dentre as questões que se evidenciam na atualidade, em relação à

aprendizagem das crianças, está o acompanhamento familiar efetivo nas

questões escolares, aspecto este com destaque em inúmeras pesquisas acadêmicas publicadas. Este estudo teve como objetivo identificar quais

são as representações dos profissionais atuantes nas escolas sobre a

importância da educação participativa para a aprendizagem da criança. Para

elaboração desta pesquisa, foram convidadas dezenove escolas da rede municipal de ensino do município escolhido, que atendem a clientela do

Ensino Fundamental I. A cada profissional foi atribuído um código para

referência no corpo do trabalho, garantindo-lhes o anonimato necessário, bem como a cada um dos estabelecimentos. O instrumento de pesquisa

utilizado foi um questionário semiestruturado contendo dez questões, sendo

três delas fechadas, as quais delineavam o perfil dos entrevistados e sete abertas, que visavam levantar o posicionamento dos entrevistados sobre

concepção, modelos e padrões de famílias dos seus alunos, sobre a

percepção em relação às ações da escola junto aos familiares dos alunos e,

ainda, sobre a constatação de resultados na aprendizagem dos alunos, considerando a interferência das famílias. Os dados levantados, pela

pesquisa qualitativa, evidenciam que a participação da família na

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

23

aprendizagem se resume ainda no acompanhamento escolar das tarefas, na

avaliação da aprendizagem e no comparecimento à escola quando assim

solicitado ou em eventos especiais, aspectos esses, nas representações dos educadores, ainda muito tímidos no que se refere ao que realmente esperam

dos familiares em relação ao acompanhamento do processo de

aprendizagem dos alunos. As representações dos educadores de que o sucesso da criança na escola está diretamente relacionado à participação

efetiva da família é um fato que por si só aponta para a necessidade de uma

inovação na relação escola e família. A pesquisa permite concluir que há

uma necessidade evidente de se trabalhar em conjunto – família e escola – visando ao melhor aproveitamento escolar por parte dos alunos.

Palavras-chave:

Educação; Família; Escola; Aprendizagem.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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18.5. A escola pública e a construção de uma nova “alma nacional”: os republicanos nos alvores de Novecentos

Maria Goncalves Universidade Lusófona

José Brás Universidade Lusófonsa

Resumo

Desde finais do séc. XIX, com especial destaque no dealbar do séc. XX,

que a elite republicana vinha defendendo a escola pública, gratuita e laica, tornando-se esta tríade a pedra de toque da educação republicana. Assim se

pretendia construir uma nova alma nacional. Na óptica anticlerical e

antidinástica, era condição primordial para se conseguir a interiorização cívica e a socialização dos novos valores dessacralizados, a garantia da

neutralidade religiosa do Estado e a implementação de um ensino

obrigatório, gratuito e laico.

O propósito deste estudo é caracterizar o projecto republicano que, face à dominância do catolicismo na sociedade portuguesa, apresentava, como

valências essenciais, a educação cívica, a liberdade de cultos, a liberdade de

consciência, o confinamento do religioso à esfera privada e a eliminação do ensino da doutrina cristã nas escolas. A metodologia que vamos utilizar

centra-se na análise documental de diversas fontes: comícios e

conferências, editoriais de jornais, artigos doutrinários, folhetos, manifestos eleitorais e debates parlamentares. Pelo trabalho em curso, podemos

concluir: (i) foi significativa a influência do Iluminismo, da Revolução

Francesa e das leis escolares da III República francesa (de Jules Ferry e

Paul Bert), na assunção da mundividência cívica e laica por parte dos doutrinadores republicanos; (ii) o labor propagandístico a favor da escola

pública, gratuita, obrigatória e laica manifestou-se em comícios, na

imprensa, nos períodos eleitorais e nos debates parlamentares; (iii) através

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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da escola pública e da educação cívica os republicanos pretenderam dar

resposta à necessidade sentida da construção de uma alma nacional que

servisse para projectar os seus ideais.

Palavras-chave:

Escola republicana; Laicidade; Educação cívica

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

26

18.6. Consequências do IDEB e do PDE-Escola: Percepções sobre ações de uma equipe gestora e de docentes em uma Escola Pública no Brasil

Sérgio Cunha Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) pode ser

entendido como indutor de políticas públicas educacionais, especialmente

as norteadas pela estratégia de accountability na educação. Temos como exemplo as políticas com o perfil de high stakes adotadas em alguns

Estados da federação e a possibilidade de um impacto representativo

através da ampla divulgação deste indicador, feita pelo do sítio do INEP, imprensa nacional e local, provocando interferências substanciais no

trabalho de equipes gestoras e corpo docente de diferentes unidades

escolares. Todavia, talvez com menos holofotes, seguimos com o PDE-

Escola, uma política de responsabilização destinada exclusivamente para unidades com baixo rendimento no IDEB. Mesmo sendo específica a

determinado grupo de escolas e com pouco espaço na imprensa, é possível

que seus efeitos na gestão escolar e trabalho docente sejam também representativos como os da ampla divulgação do IDEB nos meios de

comunicação. Destaca-se ainda a importância do PDE-Escola pelo uso do

termo accountability, evidenciado em seu documento-base, bem como por

ser responsável pelo direcionamento dos recursos específicos às escolas que necessitam de auxílio. Crendo que ambas as estratégias podem impactar o

trabalho na escola, temos o objetivo de descrever algumas conseqüências

observadas, favorecendo comparações com outros estudos por meio por uma pesquisa descritiva baseada numa investigação estritamente

documental. Adotou-se como referencial teórico, estudos de Brooke (2006),

Fernandes & Gremaud (2009), Bonamino (2002) e Franco, Alves &

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

27

Bonamino (2007). O trabalho de campo contou com fontes de informação

internas (documentos escolares) e externas (dados sobre o IDEB e PDE

Escola). Concluiu-se que houve impacto na gestão escolar e trabalho docente na unidade investigada, especialmente após a divulgação de um

resultado negativo em 2009, mas que ainda não há ferramentas suficientes

para se detectar qual o nível de impacto deste elemento específico quanto ao trabalho interno da instituição.

Palavras-chave:

Políticas Públicas Educacionais; Accountability; Gestão escolar; Trabalho docente.

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19. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

29

19.1. A avaliação no estágio do 1º ciclo do ensino básico: uma prática centrada no processo de aprendizagem do futuro professor

Carlos Alberto Ferreira Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Ana Maria Bastos Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Resumo

O estágio constitui um momento marcante para os futuros professores do 1º

ciclo do ensino básico, na medida em que é com ele que iniciam a sua prática profissional, levando-os a mobilizarem conhecimentos e técnicas

das áreas específicas do saber da docência e a exercitarem competências

organizacionais, curriculares, didático-pedagógicas, de reflexão e de tomada de decisões em função do contexto educativo em que se encontram

a estagiar. Face a esta idiossincrasia do estágio, a avaliação das

aprendizagens que os estagiários vão realizando tem que assumir,

sobretudo, uma dimensão formativa e fomadora. É devido à necessidade de a prática de avaliação no estágio dos futuros professores do 1º ciclo do

ensino básico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro incidir

sobre a complexidade e a diversidade de aprendizagens que esses futuros professores efetuam, que pretendemos, com esta comunicação, descrever e

refletir sobre essa prática avaliativa da responsabilidade partilhada pelo

supervisor universitário com os próprios estagiários. Trata-se de uma prática avaliativa que é marcadamente formativa e contínua e que se centra

no processo de aprendizagem dos estagiários, visando a progressiva

melhoria da realização das várias tarefas que a docência no 1º ciclo do

ensino básico lhes exige. Tarefas estas que passam pela caraterização e pelo diagnóstico de problemas do contexto educativo onde cada estagiário vai

realizar a docência, pela planificação das aulas da sua responsabilidade e

pela reflexão e orientação contínuas da sua prática de ensino

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

30

supervisionada. Incidindo sobre diferentes objetos de avaliação, para os

quais são definidos critérios de avaliação, que são do conhecimento dos

futuros professores e que servem de referente para a respetiva avaliação, a prática avaliativa no estágio estrutura-se pela utilização de diversos

instrumentos de avaliação e pela autoavaliação e pela heteroavaliação da

prática docente realizada em cada semana de estágio, criando-se, deste modo, condições para uma regulação interativa contínua dessa mesma

prática.

Palavras-chave:

Estágio; Avaliação; Regulação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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19.2. A Formação de Professores e o Desenvolvimento Curricular

Sandra dos Anjos Canário

Custódio Ribeiro Escola D. Carlos I - Sintra

CIED- Escola Superior de Educação de Lisboa

Resumo

No quadro atual das tendências e políticas educativas mundiais, um conceito integrador do desenvolvimento curricular, é o conceito de

competência que é entendido como “o saber em uso, referencial da

aprendizagem pretendida, mediador essencial entre o currículo escolar e a demanda social que o legitima” (Gaspar e Roldão, 2007, p.115). Portanto, é

precisamente a competência visada que constitui a meta a alcançar pelo

currículo escolar.

Desta forma, a aquisição de competências passa a ser uma questão central

na formação inicial de professores, sobretudo no que respeita ao currículo,

em particular no que se refere a atividades próprias da sua elaboração e

implementação. Neste contexto, emerge um desafio importante às instituições de formação inicial.

Tendo presente as situações referidas, importa refletir sobre alguns modelos

de formação de professores numa investigação com o objeto de estudo centrado em aspetos da dinâmica do currículo, mais propriamente no seu

desenvolvimento por fases, com incidência na fase da operacionalização na

área científica da Matemática. Estes aspetos respeitam aos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e situam-se na área científica da Matemática.

Assentam na relação da prática conhecida/explorada com o modelo de

formação inicial a que se sujeitaram e com as formas ou modos como

continuaram essa formação inicial.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

32

Da análise do diploma legal, atrás referido, que define o perfil específico de

desempenho profissional do professor do 1º Ciclo do Ensino Básico, no que

respeita às práticas pedagógicas, emerge um modelo de formação de professores baseado em competências que indicia a profundas mudanças

nas práticas pedagógicas dos professores. Assim, assumimos como ideia

central da presente investigação, o confronto, relativamente aos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, entre o perfil de competências identificado

com o perfil de competências desejado no que respeita à operacionalização

curricular, na área científica da Matemática.

A finalidade deste trabalho prende-se, então, com a identificação de um conjunto de competências necessárias ao perfil do professor do 1º Ciclo do

Ensino Básico, no âmbito da operacionalização do currículo, na área

científica da Matemática.

Para atingir esta finalidade propusemo-nos prosseguir os objetivos

seguintes: (i) analisar o perfil de competências do professor do 1º Ciclo do

Ensino Básico, estabelecido em documentos normativos portugueses; (ii)

comparar o desempenho dos professores formados em escolas públicas com o dos professores formados em escolas privadas; (iii) identificar os critérios

de atuação desses professores na seleção e aplicação de atividades

pedagógicas, na área da Matemática; (iv) reconstruir um perfil desejado, na base das competências necessárias.

Neste estudo parti de um quadro teórico que me permitisse uma adequada

exploração empírica; tentei estabelecer a articulação entre as duas dimensões do trabalho - teórica e empírica – e concretizar os objetivos a

que me propus no início da investigação.

Os dados empíricos foram recolhidos através de grelhas de observação, de

planificações, de grelhas de pós-observação e de grelhas de análise dos portefólios (recolhidos no contexto da formação e supervisão de

professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, na área científica da

Matemática); e entrevistas aos Presidentes das Associações de Pais e Presidentes de Instituições de Ensino Superior (de onde os participantes

lecionavam e onde se tinham formado) acerca do ensino da Matemática e

do papel do professor. Os dados quantitativos foram analisados no Programa SPSS e os dados qualitativos no Programa N- Vivo 7.

As conclusões assentam num primeiro ponto ao esboço do perfil do

professor atual, na sequência dos resultados empíricos, confrontando-o com

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

33

aquele que nos parece desejado pelas disposições do diploma considerado

como chave (o Decreto Lei nº 241/2001, DR nº 201, de 30 de Agosto-

legislação portuguesa) e as características do atual programa de Matemática. O segundo ponto, incide em sugestões reforço da consistência

de um profissional do ensino da Matemática.

Referências

Gaspar, M. I. e Roldão, M. C. (2007). Desenvolvimento curricular. Lisboa:

Universidade Aberta.

Palavras-chave:

Desenvolvimento Curricular; Competências; Formação de Professores;

Ensino da Matemática.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

34

19.3. Avaliação do desempenho docente – Contributo da avaliação pelos pares para o desenvolvimento profissional dos professores

Luiz Queiroga Instituto Piaget - Viseu

Albertina Oliveira Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Carlos Barreira Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo

The present study, inserted in a specialization in Teacher Education PhD in

Educational Sciences, Faculty of Psychology and Educational Sciences at Coimbra University, aims to understand if the internal and external

evaluation by peers in the context of the Teacher Performance Evaluation

(TPE), has contributed to the improvement of teaching practices and to the teachers professional development. To achieve our goal, we opted for a

research of a phenomenological and interpretive nature, having proceeded

to a Case Study methodology in a School Cluster in the Central Region of

the country. Due to the specificity of the study, and with the intention of performing a triangulation of information, we have opted for a mixed

qualitative and quantitative approach, where we used as instruments for

data collection the documental analysis, exploratory interviews and a questionnaire.

In this communication, we intend to present the validation study of the

questionnaire regarding to the TPE, built from its beginning for this purpose, as well as to present some preliminary results. For the validation

of the questionnaire we have used the method of spoken reflection and

proceeded to a pilot study. The participants in the main study, a total of

108, were teachers of a School Cluster in the Central Region, but apart from other social demographic and professional data collected, were also

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

35

taken into account the roles performed by them at the TPE process, such as:

being a member of the Coordination Committee for the Teacher

Performance Evaluation (CCTPE), evaluated teachers who requested and did not request classroom observation and rapporteurs who taught in

kindergarten, 1st, 2nd and 3rd cycles. As data analysis techniques, we have

used the content analysis, descriptive statistics, means, standard deviations and frequency distributions and the inferential statistics, parametric t-test

and anova onewayunifatorial, appropriated for the raised hypotheses.

The obtained results indicate the existence of significant differences in the

attitudes of the evaluated teachers who have requested classroom observation compared with those who did not apply for classroom

observation, regarding the TPE. The results showed that the teachers who

played roles in the TPE process have significantly more favourable attitudes towards professional development than those who did not play any

roles. We further noted that the attitudes of the teachers, with regard to

internal and external evaluation by the peers, differ significantly depending

on the curriculum department to which they belong.

Palavras-chave:

Teacher performance evaluation; peer evaluation; professional development.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

36

19.4. O ensino de estratégias de autorregulação de escrita do texto expositivo e do ensaio de opinião no 8º ano de escolaridade

Maria Prata Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo

O presente estudo insere-se no projeto de doutoramento O ensino da escrita

através do Programa de Estratégias de Autorregulação (SRSD) (SFRH/BD/84392/2012). Através de uma metodologia quase experimental,

com pré e pós-testes, este tem como objetivos gerais adaptar as estratégias

do SRSD que se referem à planificação do ensaio de opinião e do texto expositivo, e verificar os efeitos da sua instrução na escrita de alunos

portugueses.

A investigação decorreu durante o ano letivo de 2013-2014, em 2 escolas

do ensino básico do concelho de Coimbra constituindo, cada uma delas, o grupo experimental e o grupo de controlo. Participaram cerca de 225 alunos

do 8º ano de escolaridade, divididos por 10 turmas, e 6 professoras de

Português.

Em cada um dos grupos decorreu um projeto de escrita com 12 sessões, de

45 minutos cada, que teve lugar nas aulas de Português, estando a cargo da

professora da disciplina. Ao grupo experimental foram ensinadas as estratégias de ensino de escrita do texto expositivo do programa SRSD as

quais foram adaptadas para a língua e contexto portugueses. Enquanto que

ao grupo de controlo foram ensinadas as estratégias de ensino de escrita do

ensaio de opinião do programa SRSD, desenvolvidas e testadas no âmbito do Projeto “Ensino de Estratégias de Escrita” (PTDC/CPE-

CED/102010/2008), as quais sofreram algumas reformulações tendo em

conta a análise de algumas dificuldades surgidas e sugestões recolhidas nesse mesmo projeto.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

37

As professoras iniciaram uma oficina de formação previamente ao início

dos projetos de escrita, com a duração de 50 horas, a qual decorrerá até ao

final deste ano letivo.

Estando ainda a decorrer a fase de recolha e análise de dados, não foram

ainda obtidos os primeiros resultados, pelo que não se apresentam neste

resumo.

Palavras-chave:

Autorregulação da aprendizagem; Composição de textos; Escrita; Estrategias de escrita.

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19.5. O Professor como Construtor de Currículo

Sandra dos Anjos Canário Custódio Ribeiro Escola D. Carlos I- Sintra e CIED- Escola Superior de Educação de Lisboa

Resumo

As teorias curriculares assumem cada vez mais importância nas dimensões

da cultura, sociedade e, igualmente, na aprendizagem. Da mesma forma, o

currículo assume maior relevância devido a influência que pode exercer na

qualidade do ensino.

Na vulgaridade do discurso, o termo currículo, é utilizado tendo

subentendido o significado de plano de estudos prescrito (ou enunciado) e é

confundido com o conceito de programa. Desta forma, torna-se pertinente esclarecer, num primeiro momento, o conceito de currículo para identificar

os seus referentes e identificar as conceções que suportaram este estudo.

Na perspetiva de Pacheco (1996), apesar da multiplicidade de definições,

há duas conceções dominantes na educação: uma aceita o currículo como um plano formal e um processo linear; outra assume o currículo de forma

abrangente, de natureza flexível e aberta que determina o seu processo de

desenvolvimento. A perspetiva que aceita o currículo como projeto, enquadra-se na tradição anglo-saxónica que revê a definição de currículo de

uma forma mais abrangente do que como uma noção de programa; inclui

orientações sobre o ensino e indicações para a sua implementação na prática, contemplando objetivos, conteúdos, sugestões metodológicas para

o professor, materiais e formas de avaliação, tendo em conta o contexto de

ensino/aprendizagem.

Segundo Gaspar e Roldão (2007), o currículo é aceite como a realidade central de qualquer aprendizagem e revela-se à medida que entra em

processo, expressando-se no desenvolvimento curricular. Desta forma o

currículo em processo determina os elementos que assume e são eles que

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

39

vão constituir ou circunscrever o âmbito do desenvolvimento curricular e

apontar os elementos que o constituem.

O presente estudo enquadra-se na conceção de currículo como projeto e, para dotar o professor de uma compreensão funcional sobre o currículo

(pré-requisito necessário a qualquer educador), é necessário abordar a sua

formação nesta ótica.

Face à complexidade, multiplicidade de definições e elevada abstração que

o conceito de currículo encerra, como formadora de professores na área

científica da matemática e das ciências naturais, iniciei uma formação com

o objetivo de desenvolver nos formandos, a competência de construção de currículo, na área científica da matemática.

Esta comunicação apresenta o resultado das conceções dos formandos

sobre o desenvolvimento curricular, as dificuldades que sentiram, dúvidas que tiveram e o fizeram para ultrapassá-las. Estes dados foram obtidos

através da aplicação de um questionário no início e no fim da formação a

que se sujeitaram e pelos registos escritos elaborados no decurso da

formação.

Referências

Pacheco, J. (1996). Currículo: Teoria e Práxis. Porto: Porto Editora.

Gaspar, I. e Roldão, M.C. (2007). Elementos do Desenvolvimento Curricular. Lisboa: Universidade Aberta.

Palavras-chave:

Currículo; Formação de professores; Ensino da matemática.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

40

19.6. Reciclar Recordações – A magia das Ciências em Contexto de Jardim-de-Infância

Carla Cepa Instituto Politécnico da Guarda

Maria Eduarda Ferreira Instituto Politécnico da Guarda

Carlos Reis Instituto Politécnico da Guarda

Resumo

As práticas pedagógico-didáticas devem criar condições que favoreçam de

modo interrelacionado a literacia científica e o desenvolvimento harmonioso da criança com vista à sua integração plena na sociedade, como

ser crítico, reflexivo, autónomo, solidário e preservador dos valores

culturais e morais. O educador deve utilizar métodos e estratégias de ensino, cujas explorações didáticas tirem partido dos recursos e condições

existentes no meio próximo. A facilidade e a vivacidade de recordar,

permite fomentar nas crianças o estabelecimento de relações entre

memória, consciência, emoção, o reviver e o viajar até ao passado, fomentando a imaginação. Vários estudos têm mostrado que as atividades

práticas em ciências criam oportunidades para as crianças expressarem as

suas conceções, apresentarem soluções/explicações/conclusões, juízos de valor e aprender a decidir sobre opções a tomar em relação a situações

reais, vindas do meio onde se integram. A educação em ciências, na

educação Pré-Escolar, encontra-se preconizada na área do Conhecimento do Mundo e visa despertar, na criança, a curiosidade e o desejo de descobrir

e aprender sobre o mundo que a rodeia, numa perspetiva de

transversalidade dos conteúdos a abordar.

Neste contexto e partindo do pressuposto que a educação se baseia num conjunto de premissas sociais, culturais, individuais e coletivas,

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

41

desenvolveu-se, implementou-se e avaliou-se o trabalho de projeto,

Reciclar Recordações - A Magia das Ciências, inserida no projeto

educativo - Reciclar Recordações. O grupo era constituído por dezasseis crianças, com idades compreendidas entre os quatro e os seis anos de idade,

de um jardim-de-infância da cidade da Guarda. As estratégias de

abordagem no conjunto de atividades desenvolvidas visaram a educação em ciências tendo como orientação o desenvolvimento de valores de

preservação do património cultural. Neste sentido, concebemos e

desenvolvemos atividades práticas, como “O Segredo dos Sabonetes”, nas

quais as explorações didáticas envolveram sempre o levantamento das conceções prévias das crianças.

Verificou-se que as estratégias de cariz prático, adotadas na implementação

do trabalho de projeto, proporcionaram a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de pensamento crítico sobre temas de relevância social e

cultural. As crianças evidenciaram capacidades e atitudes de resolução de

questões reais do dia-a-dia relacionadas com a preservação do meio

cultural.

Palavras-chave:

Atividades práticas; Literacia científica; Educação Pré-escolar; Património cultural.

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20. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL,

GESTÃO E LIDERANÇAS

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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20.1. Avaliação e liderança escolar: a emergência de «novas» lideranças intermédias e o seu impacto na administração e gestão da escola

Henrique Ramalho Escola Superior de Educação de Viseu

Resumo

O presente texto tem origem num exercício de cotejo decorrido de uma

investigação já realizada por nós, onde procuramos fazer uma abordagem

crítica à relação estabelecida entre a avaliação de desempenho dos docentes e a emergência de “novas” lideranças intermédias de um agrupamento de

escolas, aludindo ao modo como essas “novas” lideranças têm vindo a

ocupar os seus espaços na administração e gestão da escola portuguesa. Este texto decorre de uma análise enquadrada na metodologia específica do

estudo de caso, recorrendo à entrevista, à análise documental e ao

questionário. Procuramos debater a confrontação do poder, da autoridade e

das influências que as estruturas de gestão intermédias exercem ao nível da consolidação da avaliação do desempenho docente e, consequentemente, ao

nível do impacto e uso do poder de avaliar de que estão investidas. Um

debate que é equacionado na perspetiva dos movimentos de maior convergência e/ou divergência inerentes à avaliação do desempenho,

chamando a atenção para o sentido e significado do locus meso e

micropolítico segundo lógicas de reprodução, diferenciação, dissentimento,

conflito, performance individual e de competição entre pares. Discute-se a instrumentalização daquelas lideranças em prol da (re)centralização, da

(re)verticalização, da (re)burocratização e da despolitização dos contextos e

processos de tomada de decisão e gestão educativa, que, por adotarem uma configuração de “repartições locais de gestão” da administração central,

tendem a comportarem-se como unidades de liderança especialmente

vocacionadas para a “extração de contas” acerca do desempenho docente,

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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adotando, para tal, práticas de gestão tipicamente reprodutoras do

instrumento burocrático central e descaracterizando eventuais

possibilidades de consolidação de práticas avaliativas mais autónomas face ao referencial central. Concludentemente, observamos a perceção de

alguma rutura do reconhecimento e legitimação daquelas lideranças

intermédias por parte do corpo docente, muito particularmente quando são identificadas como lideranças a quem é atribuída, direta ou indiretamente, a

responsabilidade pela gestão e execução das práticas, efeitos e

consequências da avaliação de professores.

Palavras-chave:

Avaliação; Liderança; Gestão.

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20.2. Liderança, competência nuclear na educação? (Leadership: a core skill in education?)

Artur Gonçalves Fundação Cesgranrio

Ana Silva ULHT

Resumo

This paper presents a leadership model, technology driven, based on the

idea that leadership performance is a specific way of piloting the human system, intentionally achievable through defined behaviors and specific

standards for na effective practice.

The criteria for the leadership mode option and the axioms on which the model is based are presented and explained. There are also explained

competencies and activities required for an effective leadership, as well as

the tools disposable to the leader and the criteria that support the decision to

use leadership mode in edicational activities.

The article shows the interest of intentional leadership practice to the

teacher, in order to effectively conduct his educational project.

Palavras-chave:

Education; Skills; Complexity; Development.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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20.3. Articulação vertical entre ciclos: uma oportunidade de aprendizagem

Antónia Maria Louro Carreira Universidade Aberta

Isolina Oliveira Universidade Aberta

Resumo

Eixo temático: Administração Educacional, Gestão e Lideranças

A recente reorganização vertical dos agrupamentos em mega agrupamentos fez sobressair as dificuldades já existentes no terreno em torno da

articulação e sequencialidade, tendo mesmo vindo a ampliá-las. Com a

expansão das estruturas, o processo colaborativo entre os diferentes níveis de ensino pode sair prejudicado ou não se realizar de forma significativa. A

articulação vertical é entendida nas suas dimensões curricular,

organizacional e pedagógica. Um currículo em sentido amplo, uma

organização na qual o diretor facilite a comunicação e valorize os professores, criando estruturas e processos colaborativos e, finalmente, a

voz dos professores, que se deve elevar e enriquecer todo um processo

colaborativo, que devolverá através da aprendizagem dos alunos, a qualidade do ensino e o sucesso dos alunos.

A investigação iniciada tem como propósito estudar o processo de

articulação vertical em dois agrupamentos da zona centro do país, recorrendo às representações dos professores atores fundamentais na

mudança educativa, aos diretores dos agrupamentos, que dependendo da

sua visão sobre a temática, podem agilizar ou bloquear a articulação

vertical entre os ciclos.

Nesta comunicação vamos apresentar o projeto de investigação, atendendo

ao enquadramento teórico e legislativo que dá sentido à articulação vertical

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entre ciclos numa lógica de aprendizagem. É objetivo desta comunicação

não só compreender a orientação legislativa da articulação vertical entre os

ciclos, mas também partilhar perspetivas teóricas que enquadram o estudo e enfatizam a melhoria de práticas, transformando fragilidades numa

oportunidade de aprendizagem e diminuindo o hiato global entre os ciclos,

com o reforço da qualidade do ensino nos agrupamentos verticais.

Palavras-chave:

Articulação vertical entre ciclos; Culturas colaborativas; Lideranças nas escolas.

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20.4. A emergência de modelos relacionais

Antónia Maria Louro Carreira Universidade Aberta

Resumo

Os modelos relacionais de supervisão Pedagógica emergem no contexto

educativo como forma de sustentar as teorias que os originam, fazendo face

à necessidade de melhorar a prática pedagógica e o desempenho dos

alunos. É nossa intenção e propósito induzir à reflexão e crítica, sobre a forma de como nos aproximamos ou afastamos da relação entre as teorias e

as práticas pedagógicas supervisivas nos agrupamentos escolares. A

comunicação centra-se na temática da supervisão pedagógica e no modelo relacional, como modelo que surge de um conceito de supervisão ampliado

às variadas interações relacionais existentes no contexto escolar. O termo

central que salientamos no nosso trabalho é o “envolvimento”, com o qual

se pretende despertar as múltiplas interações explanadas ao longo da comunicação. Ressalta-nos igualmente a importância da reflexão e

colaboração entre todos os agentes educativos mas atribuindo uma

responsabilidade mobilizadora aos supervisores internos da gestão intermédia da escola, que devem ser dotados de capacidades relacionais

facilitadoras de abertura e aprendizagem. Os professores de modo global

devem ser incentivados a trabalharem de modo colaborativo, não porque irão ser avaliados/supervisionados em determinado momento, mas porque

entendem que é a forma lógica de se desenvolverem pessoal e

profissionalmente, visando sempre o sucesso dos alunos. Finalmente,

argumentaremos que os resultados dos alunos e os rankings não têm significado para os professores se não forem o resultado de um processo

colaborativo e partilhado entre os docentes, onde a visão coletiva seja

construída através da reflexão e de processos comunicativos formais e informais. Os modelos relacionais apresentados não são mais do que uma

possível resposta à necessidade premente da escola se centrar na

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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necessidade de colaboração significativa, onde uma falha e um erro, não

constitua um bloqueio mas uma oportunidade para fazer mais e melhor ao

serviço dos alunos e da qualidade educativa.

Palavras-chave:

Modelos relacionais; Lideranças intermédias; Supervisão pedagógica.

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20.5. Impacto e efeitos da avaliação externa das escolas nas práticas curriculares das lideranças intermédias

Graça Machado Agrupamento Eugénio de Andrade, Porto

Filipa Seabra Universidade Aberta

José Augusto Pacheco Universidade do Minho

Resumo

O reconhecimento da avaliação externa como um elemento - chave na

mudança dos sistemas educativos trouxe para o centro do debate a

importância das lideranças intermédias na melhoria das práticas curriculares e o aumento da qualidade do ensino-aprendizagem. Esta

comunicação apresenta os resultados parciais de um projeto de

investigação, em que se objetivou compreender de que modo o primeiro ciclo da avaliação externa das escolas, em Portugal, influenciou as

dinâmicas curriculares e eficácia das lideranças intermédias. A análise dos

dados quantitativos, recolhidos junto de uma amostra nacional de professores, através de um questionário online (n=1102), remete para uma

dicotomia entre, por um lado, o reconhecimento de que a Avaliação

Externa tem um impacto mais positivo que negativo nas escolas, criando

patamares de exigência mais elevados e abertura à mudança; por outro, a constatação de que ainda não produziu efeitos/resultados substanciais, no

trabalho colaborativo de planificação, articulação, gestão e avaliação do

currículo.

Palavras-chave:

Avaliação Externa; Lideranças Intermédias; Práticas curriculares.

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20.6. O Pacto de Federalização e a responsabilidade pelo financiamento da Educação Infantil e Ensino fundamental

Sandro Costa Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo

O presente artigo propõe uma discussão em torno das responsabilidades de

cada ente da federação brasileira pela oferta de matrículas nas duas

primeiras etapas da educação básica: educação infantil que fica a cargo das matrículas na faixa etária de zero a cinco anos e ensino fundamental que

abrange o ensino ofertado às crianças e adolescentes entre seis e quatorze

anos de idade para a frequência em idade regular. Para isso utiliza-se dos

dados do Censo Educacional realizado anualmente e disponibilizado pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira, órgão vinculado ao MEC – Ministério da Educação responsável

pela organização das informações e estatísticas na área educacional. Por meio da análise desses dados e com base em estudos sobre a federalização e

financiamento da educação no Brasil, Abrucio(1998); Abrucio e Franzese

(1998); Franzese (2010); Costa (1994); Cury (1997); (2012); Oliveira (2006); Farenzena e Vieira (2005); Duarte (2005); Bassi, (1996); Adrião

(2007); Adrião, Borghi, (2008) buscou-se compreender como a distribuição

de funções e atribuições estão articuladas nos três níveis da federação

brasileira: União, Estados e Municípios. E, como essa configuração interfere na conjuntura das políticas educacionais no País. As desigualdades

na distribuição dos recursos dos fundos são intensificadas pelas relações

desiguais da federação. Sendo que os municípios respondem a praticamente 100% das matrículas na educação infantil e 55% do ensino fundamental

público.

Palavras-chave:

Educação infantil; Financiamento; Pacto-federativo.

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21. GLOBALIZAÇÃO E

INTERNACIONALIZAÇÃO DA

EDUCAÇÃO

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21.1. Integração/Inclusão de alunos Erasmus em Institutos Politécnicos

Regina Gouveia Istituto Politécnico da Guard

Carla Ravasco Istituto Politécnico da Guard

Guilherme Monteiro Istituto Politécnico da Guard

Resumo

O nosso artigo apresenta conclusões parciais de um projeto de investigação

orientado para a caraterização e análise do impacto do Programa Erasmus em Institutos Politécnicos, contemplando a evolução de mobilidades

incoming de alunos, as políticas, estratégias e meios que vêm adotando para

a sua integração/inclusão a nível institucional, académico e, mesmo, nos contextos locais e nacional.

O programa ERASMUS surgiu em 1987, após o lançamento de um

primeiro em 1980, denominado ENRYDICE. Incentivar a mobilidade, não

só no espaço da Comunidade Europeia (atual União Europeia), como em todo o Continente Europeu, foi o objetivo que justificou a sua criação. No

contexto da afirmação da Europa como entidade cultural, social e

económica, os sistemas de ensino de cada um dos países membros devem contribuir para dois objetivos essenciais: a criação de uma cultura de

identidade europeia baseada no conhecimento e reconhecimento da

identidade cultural do “outro”; a disseminação de conhecimentos técnico-científicos no espaço europeu.

Com efeito, ainda que o sucesso das mobilidades dependa também de

fatores endógenos aos alunos, cabe às instituições de Ensino Superior que

integram a rede Erasmus proporcionarem formas de acolhimento e

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integração/inclusão aos estudantes que enfrentam o desafio de circular no

Espaço Europeu. Uma das suas principais preocupações deve centrar-se em

atenuar ou, mesmo, suprimir o sentimento de “não-pertença” às culturas institucionais, locais e nacional, porque dele tenderá a resultar

descontentamento e não assimilação de valores que as caraterizam. O

ensino da língua do país de acolhimento, qunando estranha aos alunos que recebem, deverá ser assumido como um dever fundamental.

Os resultados da investigação documental e não documental (inquéritos por

questionário a alunos incoming) revelam sobretudo uma evolução global

muito lenta, a escalas e ritmos diversos, influenciada por fatores que procuramos compreender através da comparação de realidades

institucionais, da identificação de similitudes e diferenças, bem como das

melhores práticas de integração/inclusão de alunos Erasmus.

O enquadramento teórico que sustenta a apresentação e análise de dados

centra-se essencialmente nos conceitos de integração e inclusão,

abrangendo igualmente a importância do domínio linguístico como fator de

sucesso, bem como da imersão linguística na aprendizagem de uma língua.

Palavras-chave:

Integração; Inclusão; Comunicação; Imersão/domínio linguística/o.

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21.2. Globalização, Educação e Saúde: Desafios triangulares nas políticas (trans)nacionais

Joana Figueiredo Universidade Portucalense

Adriana Mendonça Universidade de Cabo Verde

Jorge Brandão Universidade Católica

Resumo

Tendo como ponto de análise, a configuração do mundo como um sistema

global cujos acontecimentos políticos, económicos e sociais das últimas décadas se constituíram como um marco simbólico-referencial indicativo

da emergência de uma nova e complexa fase da histórica e política, com

abrangência transnacional, analisamos, neste texto, os conceitos-chave de globalização, educação e saúde, num contexto de análise crítica face à

realização efetiva do direito ao acesso à educação escolarizada em situação

de hospitalização.

Porque a Educação é um direito de todos, promotora do sucesso de todos e de cada um, tal como assumido nas conferências e compromissos

internacionais, como o Fórum Mundial de Educação para Todos (1990), as

Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para Pes¬soas com Deficiências (1993), a Declaração de Salamanca (1994), ou a Declaração

de Madrid (2002), questionamo-nos se estará a escolaridade obrigatória

concebida de modo a reconhecer e integrar curricularmente as crianças/jovens hospitalizados por um período prolongado devido a

problemas de saúde, no sentido da garantia dos seus direitos e deveres de

cidadania?

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Para respondermos a esta interrogação, seguimos a análise documental, e

(re)visitámos a dimensão literária sobre o contexto hospitalar como espaço

de educação, com relevo para documentos estruturantes da organização político-legislativa, partilhando das experiências de outros investigadores

(Ceccim, 1999; Carvalho, 2005; Lindquist, 1993) e procurando estabelecer

um quadro de referências a nível mundial.

Centrando o nosso olhar sobre o contexto português, verificámos a escassa

bibliografia existente, bem como a legislação geral e específica, que

estipula as opções de políticas educativas sobre a matéria em estudo.

A análise permitiu trazer à tona os principais desafios à institucionalização e legitimação da oferta da educação básica no contexto hospitalar, dentro

de contextos de âmbito nacional e internacional. Trata-se de efetivar

processos educativos regulares da criança/jovem hospitalizada/o, implicando determinação política, social, organizacional, apoiados na

cooperação e de articulação institucional.

Palavras-chave:

Globalização; Educação em contexto hospitalar; Saúde; Inclusão.

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21.3. Respostas institucionais à integração dos estudantes dos PALOP: pontos comuns e divergentes entre duas instituições de ensino superior

Susana Ambrósio Universidade de Aveiro

Catarina Doutor Universidade do Algarve

João Filipe Marques Universidade do Algarve

EmÍlio Lúcio-Villega Universidade de Sevilha

Resumo

As instituições de ensino superior portuguesas têm acolhido, desde a

década de oitenta, vários milhares de estudantes oriundos dos Países

Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). A escolha de Portugal para a realização de estudos de nível superior deve-se, não apenas à língua

e às ligações históricas entre os países, mas também aos vários acordos de

cooperação e acesso ao ensino superior que foram sendo firmados entre

Portugal e os PALOP. Mas a transição e a integração destes estudantes nas instituições de ensino superior nem sempre é fácil ou bem sucedida. Parece

haver uma ideia generalizada segundo a qual não existem grandes

diferenças culturais e sociais entre os estudantes dos PALOP e os seus colegas portugueses, o que leva a que as instituições de ensino superior,

quer do ponto de vista pedagógico quer do ponto de vista institucional, nem

sempre tenham em consideração as suas especificidades socioculturais. No âmbito de um projeto de investigação intitulado Estudantes Não

Tradicionais no Ensino Superior (PTDC/IVC-PEC/4886/2012), conduzido

em duas instituições de ensino superior portuguesas (Universidade de

Aveiro e Universidade do Algarve), está a ser desenvolvido um estudo

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sobre os estudantes oriundos dos PALOP que pretende, por um lado, (i)

analisar como lidam com a transição para o ensino e superior e para

Portugal e como estão a decorrer os seus processos de integração nas referidas instituições; por outro lado, (ii) identificar as respostas

institucionais que ambas as universidades oferecem aos estudantes dos

PALOP no decorrer desses processos de integração. A presente comunicação cinge-se a este último ponto e analisa os dados preliminares

referentes às estruturas de apoio aos estudantes dos PALOP identificadas,

quer em Aveiro, quer no Algarve. A metodologia utilizada consistiu na

realização de um conjunto de entrevistas semi-estruturadas a diversos atores institucionais detentores de cargos de gestão e/ou com poder de

decisão no que diz respeito à integração dos estudantes africanos em ambas

as instituições.

Palavras-chave:

Instituições de Ensino Superior; Políticas de Integração; PALOP.

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21.4. Educação em Português: reflexão de (futuros) professores sobre potencialidades e difusão da Língua Portuguesa

Maria João Macário LEIP/CIDTFF/Departamento de Educação/Universidade de Aveiro

Tatiana Guzeva LEIP/CIDTFF/Departamento de Educação/Universidade de Aveiro

Maria Helena Ançã LEIP/CIDTFF/Universidade de Aveiro

Cristina Manuela Sá LEIP/CIDTFF/Departamento de Educação/Universidade de Aveiro

Resumo

O debate em torno da promoção e difusão da língua portuguesa (LP) está na

ordem do dia, envolvendo investigadores, empresários, políticos, observadores e sociedade civil. O seu poder económico no mundo é

potenciado pelo elevado número de falantes nos cinco continentes, pelo seu

valor em moeda e por ser uma das línguas mais procuradas no mundo dos negócios. Esta realidade tem contribuído para o crescente interesse pelo seu

ensino fora do mundo lusófono.

Mas estarão os falantes da LP conscientes do seu valor internacional? Serão

os (futuros) professores da língua capazes de a promover junto dos seus alunos?

Tendo estas preocupações em mente, no ano letivo 2012/2013, iniciou-se

um estudo exploratório, coordenado por uma equipa de um laboratório de investigação em educação em português de uma universidade portuguesa.

Esse estudo envolveu três universidades do mundo lusófono (portuguesa,

brasileira e cabo-verdiana), tendo como participantes (futuros) professores

de Português, numa fase final da sua formação. Recorreu-se a um questionário, em que se pretendia conhecer o estatuto atribuído à LP no

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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mundo global, bem como os seus valores e formas de a promover no

panorama internacional, por parte destes estudantes.

No ano letivo seguinte, adaptou-se o questionário inicial e recolheram-se as respostas de uma outra turma com caraterísticas semelhantes à do estudo

precedente.

Os resultados da análise das respostas do primeiro estudo são de caráter mais abrangente, por envolver três países, mas ambos apontam para uma

visão da LP limitada ao espaço que os estudantes ocupam e uma

valorização demasiado focada em aspetos históricos e culturais. Sobressai,

ainda, um certo desconhecimento da geografia da LP e das suas potencialidades atuais e futuras. Apesar disso, alguns estudantes parecem

ter já realizado uma importante reflexão sobre a LP, como idioma com

potencial estratégico de comunicação num espaço geográfico universal.

Estes resultados revelam a necessidade de debater com os estudantes as

potencialidades da LP como língua de poder e de negócios e passaporte

para o futuro, através da sua afirmação no mundo, ultrapassando a ligação

exacerbada a um passado importante, mas longínquo.

Sendo os professores atores com importância fundamental na promoção e

difusão da LP, a sua formação deverá levá-los a refletir sobre estas questões

tão atuais. Nesta sequência, a referida equipa iniciará, no próximo ano letivo, um projeto de investigação/formação de (futuros) professores de LP

e em LP, envolvendo as mesmas três universidades.

Palavras-chave:

Educação em Português; Formação de professores; Internacionalização da

Língua Portuguesa; Potencial da Língua Portuguesa.

Abstract:

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21.5. Internacionalização da formação de professores: contributos de duas universidades portuguesas

Francisco Sousa Universidade dos Açores e CIEC (Centro de Investigação em Estudos da Criança)

José Carlos Morgado Universidade do Minho e CIED (Centro de Investigação em Educação)

Resumo

A internacionalização é hoje uma prática comum no Ensino Superior, onde

se tem desenvolvido com base em parcerias, intercâmbios, projetos e programas de ensino e investigação, que impulsionam a mobilidade

académica, tanto de estudantes como de professores, e geram oportunidades

de enriquecimento da formação e melhoria da produção científica. No caso particular da formação de professores, a internacionalização tem favorecido

a divulgação de práticas pedagógicas de sucesso, implementadas em

diferentes sistemas educativos, bem como a formação de quadros docentes

de qualidade em países com mais necessidades nesta matéria.

A presente comunicação incide sobre o contributo português para a

internacionalização da formação de professores. Para o efeito, e adotando

como metodologia de investigação a análise documental, deslinda-se um conjunto de iniciativas protagonizadas por duas instituições de ensino

superior nesse domínio: a Universidade do Minho (UM) e a Universidade

dos Açores (UAc). A primeira, uma das universidades portuguesas que mais têm crescido nos últimos anos, tem vindo a atrair centenas de

estudantes estrangeiros, que frequentam cursos em várias áreas do

conhecimento. A segunda tem desenvolvido algumas práticas de

internacionalização cujas características devem ser analisadas no contexto da sua dimensão reduzida e do seu enquadramento geográfico muito

particular.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

62

As duas universidades têm contribuído para o desenvolvimento e

aprofundamento da internacionalização, sobretudo no âmbito das relações

que Portugal desenvolve em duas vertentes: a vertente europeia e a vertente lusófona. No primeiro caso, dada a localização geográfica do País no

continente europeu, prevalecem relações políticas e económicas com outros

países europeus no quadro da União Europeia. No segundo caso, sobressaem as relações privilegiadas que Portugal mantém com países cuja

língua oficial é o Português, merecendo também alguma atenção as

relações com a diáspora.

A comunicação organiza-se em função das duas vertentes referidas, uma vez que quer a UM quer a UAc têm operado em ambas. O principal traço

distintivo entre as estratégias de internacionalização da formação de

professores implementadas pelas duas instituições consiste no especial investimento da UAc na relação com instituições localizadas na América

do Norte, no âmbito do eixo lusófono, o que facilmente se compreende à

luz do facto de a diáspora açoriana se localizar maioritariamente nos EUA e

no Canadá, e na significativa relação que a UM mantém com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Em qualquer dos casos,

identificam-se alguns contributos que todo este processo tem propiciado no

domínio da formação de professores.

Palavras-chave:

Internacionalização; Formação de professores; Ensino superior.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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21.6. Sistema Educativo Português: susceptibilidades e desafios em contexto internacional

Francisca Costa Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Resumo

Painel: Globalização e Internacionalização da Educação

A presente comunicação consubstancia-se pela necessidade de analisar as políticas educativas emanadas pelo Estado Português, sobretudo após a

adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE), mormente

União Europeia (UE). O mesmo surge devido ao ainda verificado abandono escolar precoce (28,70% em 2010), a baixa taxa de escolarização

secundária (que em Portugal é de apenas 30% nos adultos entre os 25 e 64

anos, quando a média da OCDE é de 70%) e com o facto de Portugal ser o

4.º país da OCDE com mais chumbos aos 15 anos de idade .

Os objetivos de estudo prendem-se, assim, com a necessidade de

compreender que tipo de políticas foram desenvolvidas no sentido de se

tentar alcançar os níveis educacionais dos então restantes países da UE e também em relação aos países integrantes ou parceiros da Organização para

a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) nos últimos 40 anos

de democracia.

Assim, pretendo esmiuçar as principais diferenças ao nível dos indicadores

de educação da população portuguesa, em comparação com os países de

referência (como são exemplo os países escandinavos) ao nível da taxa de

abandono precoce de educação; os diferentes níveis de educação/formação da população [ensino secundário e formação superior e/ou profissional];

duração média da escolarização, em anos; percentagem de jovens que, aos

15 anos, chumbaram, pelo menos, uma vez; percentagem de investimento

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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em educação no PIB; resultados no Programme for International Student

Assessment (PISA) (adaptado de Gomes & Duarte, 2012: 357,358) .

O método utilizado é a pesquisa e análise documental, no sentido de construir um Estado da Questão e, posteriormente, a análise dos dados

criticamente no sentido de questionar porque é que, do ponto de vista

histórico e económico-social, Portugal ainda tem um grande trabalho a realizar em matéria educativa, em relação aos restantes parceiros europeus

e avaliar se as medidas políticas que até então têm sido promovidas pelo

mesmo são adequadas para o desenvolvimento necessário. Posteriormente

será discutida a questão da escolaridade obrigatória, política (ou cultura) de retenção escolar, realização de exames nos finais de ciclo (onde se inclui o

debate da estruturação dos ciclos no sistema educacional português),

enquadramento público ou privado da Escola em Portugal (e discussão da implicação do Estado na escolarização dos indivíduos), sob uma

contextualização internacional, à escala comparativa internacional. A

finalidade deste trabalho, em jeito de conclusão, é compreender a dinâmica

da promoção da igualdade de oportunidades e sucesso educativo em Portugal (as conclusões não se encontram explanadas neste resumo porque

o trabalho ainda está em progresso).

Referências Bibliográficas:

Fontes: OCDE; Eurostat.

Gomes, M. C. & Duarte, A. (2012). Políticas Públicas de Educação e

Formação. In M. L. Rodrigues & P.D Silva (ORG), Políticas Públicas em Portugal (349-359). Lisboa: INCM.

Palavras-chave:

Política(s) Educativa(s); Indicadores de Desenvolvimento; Educação

Comparada; Contexto Internacional.

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22. IDEOLOGIAS, VALORES E

EDUCAÇÃO

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66

22.1. Pedagogias dos séculos XIX e XX: reflexos na sociedade atual portuguesa

Carla Guerreiro Escola Superior de Educação de Bragança

Luís Castanheiro Escola Superior de Educação de Bragança

Resumo

Refletiremos sobre como determinados valores e ideologias se repercutiram

no sistema educativo e na sociedade portuguesa atual. Para tal faremos uma abordagem diacrónica, em que evidenciaremos figuras que marcaram a

história da educação em Portugal, nos séculos XIX e XX.

Palavras-chave:

Educação; Pedagogia; Escola Nova.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

67

22.2. Educação e Autonomização: acerca das ambiguidades de uma relação nem sempre linear e transparente

Manuel Barbosa Universidade do Minho

Resumo

A presente comunicação, fazendo parte de uma reflexão mais ampla sobre

as ambiguidades a que hoje assistimos quando se articula a educação com a agenda da autonomização, pretende analisar essas ambiguidades de modo a

destacar uma conceção de autonomização verdadeiramente humanista,

emancipadora e transformadora, tanto da realidade do sujeito quanto da realidade do contexto. A estrutura narrativa, em consonância com esse

amplo propósito, articula as seguintes dimensões: i) atenção às

ambiguidades: nem tudo o que reluz é ouro; ii) a educação e a

normatividade da autonomização e, por fim, iii) as ambiguidades da autonomização: sentidos divergentes de fazer educação para a autonomia.

A conclusão, essa, sinaliza o empowerment emancipatório e transformador

como vetor estruturante e incontornável de uma educação para a autonomização que seja respeitadora da vocação ontológica de cada ser

humano em progredir para patamares mais elevados de cidadania,

subjetividade e humanidade em cenários que primam por exigências, quantas vezes exorbitantes e intratáveis, de responsabilização pessoal pelas

tarefas do quotidiano.

Palavras-chave:

Educação; Autonomização; Ambiguidades.

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22.3. A formação de educadores para a solidariedade

Geraldo Soares UniversidadeFfederal da Bahia

Resumo

O trabalho descreve o esforço do autor,professor da Universidade Federal

da Bahia (Brasil), que criou uma nova disciplina chamada “Sociologia da

Solidariedade”no âmbito do Mestrado em Segurança Pública,Justiça e

Cidadania na tentativa de superar um paradigma que reduziu a educação a um processo de acúmulo de informações e que despreza dimensões

subjetivas e espirituais,A partir de uma perspectiva que combina

conhecimento e autoconhecimento, essa disciplina enfatiza o tema da solidariedade, como uma forma de equilibrar a discussão sobre a

convivência humana, excessivamente centrada em aspectos “patológicos”

como a violência e a criminalidade.

Palavras-chave:

Autoconhecimento; Educação; Healing; Paradigmas; Ecologia de saberes;

Solidariedade; Desenvolvimento humano.

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22.4. A influência da vivência de espiritualidade dos professores na relação professor-aluno, na ótica de professores do ensino médio de escolas públicas da cidade de Santos/SP

Natália Camargo Angel Universidade Paulista - UNIP

Sônia Cristina de Almeida Santana e Santos Universidade Paulista - UNIP

Resumo

Propósito do estudo:

Nota-se na sociedade contemporânea, conforme observa Bauman (2001),

características específicas como a liquidez e o descartável das relações, que tais como os objetos, têm quase nada em durabilidade, consistência,

solidez. Sendo a instituição escola reflexo contundente e notável da

sociedade em que está inserida, tem-se tornado palco vivo onde se dão esses referidos modelos de enlaçamento social. Definiu-se como objeto de

investigação o sentido atribuído à interferência da vivência da

espiritualidade na relação professor-aluno, tendo como objetivo geral

produzir conhecimento que contribua para melhor compreensão da relação professor-aluno na contemporaneidade, por meio da constatação do sentido

que os professores de ensino médio atribuem à espiritualidade, e se

percebem a interferência desta em sua relação com o aluno, através de análise da fenomenologia existencial.

Métodos de Pesquisa/Metodologia:

Foi realizada pesquisa qualitativa, da qual participaram como sujeitos 11

professores do ensino médio de duas escolas da rede pública de ensino da cidade de Santos/SP, utilizando-se como recurso de coleta de dados a

entrevista semi-estruturada.

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Resultados observados:

Os dados colhidos confirmaram as hipóteses elaboradas no projeto de

pesquisa, indicando que a visão dos sujeitos sobre a influência da espiritualidade na relação professor-aluno está associada à busca destes

pelo sentido de seu trabalho enquanto professores que se sentem implicados

na formação pessoal dos alunos.

Conclusões:

Concluiu-se que a busca dos sujeitos da pesquisa pelo sentido de seu

trabalho enquanto professores que se sentem responsáveis pela formação

pessoal dos alunos caracteriza a influência da espiritualidade na relação professor-aluno. Sugere-se que outras pesquisas continuem sendo

realizadas sobre este tema, pois as relações humanas têm características

extremamente complexas, e a espiritualidade tem sido tratada na literatura, e em várias outras áreas do conhecimento e da cultura, como também dos

discursos dos sujeitos que participaram desta pesquisa, como constituição

do homem contemporâneo.

Palavras-chave:

Educação; Relação professor-aluno; Espiritualidade

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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22.5. Formação Profissional- Os Cursos de Educação e Formação de Adultos como Fator de Inclusão Social e Empregabilidade

Marisa Campos Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação – UC

Resumo

A formação é tida como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento

da pessoa a vários níveis, capacitando-a para a realização de atividades capazes de responder às necessidades do tecido empresarial, possibilitando

a integração ou reintegração da população no mercado de trabalho (Santos,

Neves e Ribeiro, 2003), primando pela diferença no que diz respeito aos atores e processos envolvidos em todo o processo. Esta permite lidar com a

complexidade e desafios da atualidade, tornando as pessoas mais humanas

(Barros, 2013). Neste contexto, podemos afirmar que a Formação

Profissional permitiu ver de forma diferente os fenómenos educativos, onde são valorizadas as aprendizagens nos domínios pessoais, sociais e

profissionais (Pires, 2007, cit. por Barros, 2013).

Os Cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) pretendem elevar os níveis de habilitação escolar e profissional da população portuguesa adulta,

através de uma oferta integrada de educação e formação que potencie as

suas condições de empregabilidade e certifique as competências adquiridas ao longo da vida. Estes cursos são destinados a candidatos com idade igual

ou superior a 18 anos até à data de início da formação, sem a qualificação

adequada para efeitos de inserção ou progressão no mercado de trabalho ou

sem a conclusão do ensino básico ou secundário.

Posto isto, o estudo aqui apresentado aborda a modalidade de formação

anteriormente referida, sendo o seu principal objetivo perceber de que

modo os cursos EFA contribuem para a melhoria da qualidade de vida, a nível pessoal, social, económico e profissional da população, promovendo a

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

72

sua (re) integração na comunidade e consequentemente no mercado de

trabalho.

Para tal foi pedido a três pessoas, que frequentaram estes percursos e os concluíram com sucesso, para relatarem as suas histórias, levando-nos a

analisar de que forma a frequência da formação transformou a sua vida, e

qual motivo e as consequências dessa transformação. Para a realização deste estudo foi utilizada a modalidade de investigação Histórias de Vida,

que nos permite compreender qual a perceção da população relativamente

ao seu passado, presente e futuro, enquadrando a Formação Profissional

nesse percurso de vida.

Palavras-chave:

Formação Profissional; Cursos de Educação; Formação de Adultos; Inclusão; Empregabilidade.

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22.6. Contributos para a competência ética dos profissionais de odontologia do estado de Minas Gerais – Brasil

Ricardo Werneck Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Da Conceição Azevedo UTAD

Resumo

Com o objetivo de verificar junto às faculdades de Odontologia do estado

de Minas Gerais – Brasil como está sendo planejado, conduzido e apreendido o ensino da Ética, este estudo se propõe realizar uma

abordagem qualitativa, explorando um tema pouco pesquisado. Foi

necessário o delineamento do objeto deste estudo por um marco conceitual, alicerçado na formação Ética em saúde. A Ética, a moral e a deontologia

tiveram que ser contextualizadas numa sociedade miscigenada, com

contribuições dos portugueses, afrodescendentes e nativos, cada qual com

sua cultura. Incursões no modelo biomédico flexneriano, nos parâmetros curriculares brasileiros, no Pró-saúde, na responsabilidade social da

universidade, no mercantilismo do ensino superior e na bioética

contribuíram para solidificar conceitualmente a proposta de elaborar conhecimentos mais abrangentes no sentido das mudanças necessárias na

formação dos profissionais de odontologia, num contexto em que se

aspiram profissionais eticamente mais competentes.

Palavras-chave:

Ética; Saúde; Competência ética.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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22.7. Construindo Valores a Partir dos Contos Infantis: na perspectiva de ressignificar os conceitos morais e éticos

Patricia Santos Faculdade de Ciências Humanas de Olinda- PE

Maria Lopes CESMAC

Márcia Ferro CESMAC

Resumo

Esse artigo teve por objetivo identificar os ensinamentos implícitos nos

contos infantis, desenvolvendo as habilidades artísticas, emocionais, intelectuais, afetivas e sociais. A turma envolvida foram vinte crianças da

Educação Infantil. A escolha do tema surgiu das crianças na roda de

conversa na hora da história, onde intitularam: Encontro dos Contos: Descobrindo os valores. Norteados na temática utilizamos atividades

pedagógicas curriculares e extracurriculares, com a participação ativa dos

pais. Culminamos nosso trabalho com uma exposição aberta ao público

com os materiais produzidos pelas crianças. Foi notório percebermos ao termino das atividades multidisciplinares as habilidades e competências

adquiridas pelas crianças. Esse projeto foi inovador e relevante para a

comunidade escolar.

Introdução

O tempo passa mais o encanto de ouvir histórias perpetua por todas as

gerações. As crianças perceberam que desde bebês ouviam histórias contadas por suas mães, desde dentro da barriga. Os contos infantis

transmitem valores e ensinamentos. Cada criança ao ouvir uma história,

imagina ser aquele personagem, por características que seja semelhante a

ela.

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Independente da época, da cultura e da classe social, os jogos e as

brincadeiras fazem parte do processo de desenvolvimento de uma

civilização. Hoje a ludicidade tem uma conotação diferente daquela que considerava o brincar como algo pejorativo, para transformar-se num tema

de real significação para todas as pessoas. As crianças na faixa etária entre

4 e 5 anos de idade, as quais encontram-se no ápice da fantasia, vivem numa gostosa viagem entre o mundo do faz-de-conta e a realidade.

Contar histórias é um meio de comunicação ancestral. O primeiro contato

da criança é aquele mantido com pais, avós, e outros familiares que contam

histórias representadas em contos de fadas, histórias inventadas na hora de dormir ou quando a família está reunida numa hora de aconchego, num dia

de chuva de domingo ou num feriado.

Diante desses pressupostos surgem a perguntar: - Podemos dar a vida aos personagens dos contos infantis, para ensinarmos a outras crianças as

mensagens dos contos

Com base nessa pergunta e nas expectativas das crianças elencamos

objetivos:

•Desenvolver a linguagem simbólica através dos contos infantis;

•Aprender valores morais e éticos embutidos nas histórias;

•Desenvolver o senso crítico, oralidade, a consciência fonológica e a matemática através dos contos;

•Estimular a criticidade das crianças através dos registros fotográficos;

•Despertar a importância integral dos familiares nas etapas dos procedimentos metodológicos;

•Construir um cantinho de leitura em uma creche.

Referencial

Ler histórias significa poder rir, experimentar situações vivenciadas pelos personagens, é interagir com o jeito de escrever do autor, além de poder ser

cúmplice do momento de humor, de brincadeira, do divertimento, é

esclarecer melhor as dificuldades ou descobrir um caminho para solução delas, é motivar a imaginação, é ter a curiosidade satisfeita em relação a

tantas perguntas, é buscar outras idéias para solucionar certas questões.

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[...] A história é importante alimento da imaginação. Permite auto-

identificação favorecendo a aceitação de situações desagradáveis e ajuda a

resolver conflitos, acenando com a esperança. Agrada a todos, de modo geral, sem distinção de idade, de classe social, de circunstância de vida

(COELHO, 2001).

Para Abramovich (1995), o primeiro contato da criança é aquele mantido com pais, avós, e outros familiares que contam histórias representadas em

contos de fadas, histórias inventadas na hora de dormir ou quando a família

está reunida numa hora de aconchego, num dia de chuva de domingo ou

num feriado.

Em sua obra “A hora do conto: da fantasia ao prazer de ler”, Barcellos e

Neves demonstram coerência com os pensamentos de Abramovich (1997) e

ressaltam outras habilidades que a criança desenvolve e amplia ao ouvir histórias. Dentre essas destacam que a criança que ouve histórias com

frequência educa sua atenção, desenvolve a linguagem oral e escrita,

amplia seu vocabulário e principalmente aprende a procurar, nos livros,

novas histórias para o seu entretenimento (1995, p. 18).

Metodologia

A pesquisa foi do tipo qualitativa. Foram utilizados diferentes

procedimentos metodológicos, durante dez meses. Onde as atividades foram desenvolvidas interdisciplinarmente. O grupo envolvido foi de vinte

crianças na faixa etária entre 4 e 5 anos de idade. E as crianças das creches

com as idades semelhantes.

Resultados

Inicia-se construindo gráficos das histórias preferidas das crianças e de suas

personagens preferidos. Onde cada criança relatava o porquê de sua

preferência, quais características da personagem chamava mais sua atenção; quem era a pessoa que mais contava histórias para ela.

[...] existe uma grande importância de se procurar dar uma atenção especial

nos três primeiros anos de vida. As experiências infantis até os três anos influenciam de forma decisiva no desenvolvimento das células cerebrais, na

quantidade das conexões neuronais que existirão entre elas (BARRETO,

1998, p. 52).

Recontando os contos sob as óticas de vários autores. Destacando as

versões de uma mesma história, como Chapeuzinho Vermelho e

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Chapeuzinho Amarelo; Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau e

Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Bom; Deu a Louca na Chapeuzinho entre

outras situações.

Na primeira infância toda aprendizagem simbólica da criança depende das

organizações das percepções que ela colhe do ambiente em forma de

estruturas cognitivas e motoras, ou seja, o significado, depende, mais do que qualquer outra fase da vida, da ação corporal, segundo Mourão (1996).

Buscamos lugares diferentes para desfrutarmos dessa leituras sentados na

areia do parquinho, deitados na grama da mansão das crianças, dentro da

casinha do parquinho, embaixo das árvores, próximo do bosque, na sala de fantasia, no cantinho da leitura e nas creches. Utilizando uma variedade de

materiais como fantoches, dedoches e luvas contadoras.

Ao invés de ter o brincar como um importante conteúdo escolar, o que veio se estabelecer ao longo da história foi uma separação entre o corpo e a

mente – uma para transpor e a outra para aprender, de acordo com a

Proposta Curricular para a Educação Infantil ( 2001).

Partindo desse principio elencamos os conteúdos programáticos pertinentes a turma, focando desenvolver as competências e habilidades para

ingressarem no mundo letrado. Criamos situações problemas com

personagens; trabalhar os ensinamentos que as histórias transmitem como a desobediência, a mentira, ajudar o próximo, respeitar as diferenças de

etnias, peso, entre outros.

A leitura dos contos contagiou de tal forma de decidimos transceder esse prazer para outras crianças, escolhemos visitar várias creches para depois

escolhermos uma que não tivesse cantinho de leitura. E, posteriormente,

construímos um cantinho na creche escolhida. E para levantar a verba

financeira tivemos a idéia de vender aventais de contação de histórias. “Desse modo, a sala de aula deixa de ser o espaço no qual sujeitos

cognoscentes interagem com o objeto de conhecimento e passa a ser o lugar

onde interlocutores se encontram para interpretar suas leituras e escritas (...)” de acordo com Oswaldo (1996, p. 64).

Resgatar através das leituras dos contos a importância dos pequenos gestos

como gentilezas, por favor, com licença, muito obrigada. E através das apresentações da peça Encontro dos Contos com a casa itinerante nas

creches.

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Com a colaboração da família ensaiamos uma parodia da música de

Chapeuzinho Vermelho. Onde convidamos as famílias para participarem do

nosso projeto. Uma mãe contribuiu com sua profissão de costureira e costurou os aventais para as contações de histórias. Fizeram um mutirão

professores, pais e seus filhos pintarem os aventais, enquanto uns pintavam

as professoras passavam o ferro, as outras os embalavam e as outras vendiam os aventais prontos.

Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com

sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas

capacidades. Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado, segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação

Infantil (1998, p. 25).

Produzimos vários objetos para culminarmos nosso projeto para essa exposição preparamos: uma roleta parecida com aquelas de parque de

diversões, construída por um pai de uma aluna, nessa roleta colocamos as

imagens dos personagens de todos os contos lidos pelas crianças, ao girar

as crianças teriam que externar o que aprenderam com cada conto, a citar:

•Chapeuzinho Vermelho: Devemos obedecer;

•Pinóquio: Não mentir;

•A Bela e a Fera: As aparências enganam;

•Branca de Neve: Fale sempre a verdade;

•Cinderela: Nunca desista do que você quer;

•A Bela adormecida: Cuidado no que mexe;

•O Lobo Bom: Brinque com todos sem distinção;

Esse processo possibilitará a elas modificarem seus conhecimentos prévios,

matizá-los, ampliá-los ou diferenciá-los em função de novas informações,

capacitando-as a realizar novas aprendizagens, tornando-as significativas. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil

(1998, p. 33).

Confeccionamos varais ilustrados com desenhos, dobraduras ou origami das crianças contendo os números dos personagens de cada conto.

Quando a criança registra quantidades, tem uma excelente oportunidade de

compreenderem o modo de construção do sistema decimal, alem de utilizar

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o registro como elemento estruturador do seu próprio raciocínio. Segundo,

Deheinzelin (1994, p. 117).

Amarelinha dos contos contendo algumas prendas ressignificando os ensinamentos.

Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas

mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhe são importantes e significativos. As crianças podem

experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre as

pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos. Referencial

Curricular Nacional da Educação Infantil (1998, p. 28)

As atividades foram desenvolvidas interdisciplinarmente, em parceria com

as aulas de:

•Educação para a vida, onde conjuntamente com a Prof., resgatamos os valores escondidos nos contos, fazendo uma analogia com situações e

conflitos vivenciados pelas crianças, destacando a importância dos

pequenos valores que transcende até os dias atuais. Nas aulas de

informática as crianças produziam acrósticos, frases sobre as características dos personagens trabalhados e pequenos textos, reescrevendo novos e

diferentes finais para os contos discutidos.

•Nas aulas de Educação Física as crianças brincavam com as diferentes expressões faciais e gestuais dos personagens, como no conto da

Chapeuzinho Vermelho, quando o lobo se disfarça de vovozinha, eles

colocaram a touca da vovó, deitavam na cama e diziam: - Vovó para que esses olhos tão grandes - É para te ver melhor! Foi explorado as expressões

diante do espelho, para que elas observassem que os nossos gestos podem

utilizar falar mesmo sem usar a oralidade.

Nas aulas de música, foi desenvolvido a parodia, que começava assim: Pela história a fora tem os Três Porquinhos, vem com a Rapunzel e com a

Chapeuzinho. Belas vem de longe, o Pinóquio bem perto. E os lobos maus

passeiam aqui por perto ... As crianças se divertiam pois começaram a compreender podemos brincar com as musicas.

Os projetos devem buscar nexos na seleção dos conteúdos por série,

enquanto as relações entre os distintos conhecimentos são realizadas pelo aluno. Cabe à escola dar-lhe essa oportunidade de liberdade e de autonomia

cognitiva. Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 78)

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A peça apresentada nas creches tornou-se uma atividade muito esperada

pelas crianças, pois todas vinham fantasiadas, colocávamos a casa

itinerante no carro e nos dirigíamos a creche da semana. Chegando éramos recebidos com muito carinho e expectativa pelas crianças das creches.

Montávamos o cenário, e os personagens (crianças da sala) ficavam

sentadas no chão aguardando, para serem apresentados com a paródia de abertura. Posteriormente dávamos inicio a dramatização da história. Onde o

final surpreendia a todos, pois o objetivo era mostrar que todos os

personagens têm a possibilidade de mudar as suas atitudes.

As manifestações artísticas são exemplos vivos da diversidade cultural dos povos e expressam a riqueza criadora dos artistas de todos os tempos e

lugares. Em contato com essas produções, o aluno do ensino fundamental

pode exercitar suas capacidades cognitivas, sensitivas, afetivas e imaginativas, organizadas em torno da aprendizagem artística e estética.

Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 76)

Visitamos o Castelo de João Capão localizado em Garanhuns-PE, onde

organizamos uma caça ao tesouro, as crianças ficaram encantadas por entrarem em um castelo de verdade, e poder se vestir de reis e rainhas, com

direito a coroa e adereços reais, a magia tomou conta daquele momento.

Depois de passado a ansiedade, iniciamos a brincadeira de caça ao tesouro, seguindo as dicas, todos corriam para encontrar o valioso tesouro. Ao

encontrá-lo perceberam que o baú estava vazio, pois o verdadeiro tesouro

estava dentro de cada um, o AMOR.

Considerações finais

A pergunta que norteou esse projeto foi: - Podemos dar a vida aos

personagens dos contos infantis, para ensinarmos a outras crianças as

mensagens dos contos Elencamos para respondermos essa pergunta e formulamos alguns objetivos e atingimos ao desenvolvermos a linguagem

oral e simbólica através das apresentações nas creches.

As crianças aprenderam valores morais e éticos embutidos nas histórias e conseguiram transcender esses ensinamentos para as crianças das creches

como os seus familiares.

Desenvolvemos através dos registros fotográficos o senso critico, oralidade, a consciência fonológica e a matemática, pois debatíamos cada situação

apresentada.

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Despertamos a importância integral dos familiares nas etapas dos

procedimentos metodológicos, através da participação ativa ao caracterizar

seus filhos com as roupas idênticas aos seus personagens preferidos, ao autorizar a saída de seus filhos do colégio para visitarem e apresentarem a

nossa produção e na confecção e vendas dos aventais; e contudo isso

atingimos o nosso maior objetivo construir um cantinho de leitura em uma creche que necessitava desse cantinho. Culminamos esse projeto com uma

exposição aberta a comunidade escolar, momento muito esperado pelas

crianças.

Esse projeto teve relevância, significado e destaque na comunidade escolar. As crianças aprenderam a apreciar a leitura feita pelo outro, ampliaram seu

vocabulário, aprenderam valores sociais, culturais e éticos, ao terem

contato com crianças de classe social diferente da sua. Bem como a utilizarem no seu dia-a-dia as palavras mágicas, a sensibilidade, a empatia e

a ver beleza nas pequenas coisas da vida. Esse foi um faz-de-conta que

aconteceu de verdade. E todos foram felizes para sempre.

Referências bibliográficas

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil gostosura e bobices. 2. ed. São

Paulo: Scipione, 1995.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais/Secretaria de Educação Fundamental, Brasília, v. 1,

1997.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil; Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação

Fundamental, Brasília, v. 1, 1998.

COELHO, Betty. Contar história: uma arte sem idade. 10. ed. São Paulo:

Ática, 2001.

DEHEINZELIN, Monique. A fome com a vontade de comer. Rio de

Janeiro, Vozes, 1994.

FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade. 6ª. Ed, Rio do Janeiro, Paz e Terra, 1982.

MOURÃO, Marcos Santos. Trecho de documento inteiro - Visão de área –

Educação Física. São Paulo, Escola da Vila, 1996.

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OSWALDO, Maria Luiza. In KRAMER, Sonia & LEITE, Ma. Isabel (Org)

Infância: Fios e Desafios da pesquisa. São Paulo, Papirus, 1996.

PIAGET, Jean. O julgamento moral na criança. SP, Ed. Mestre Joe, 1977.

TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a escrever: perspectivas psicológicas e

implicações educacionais. São Paulo, Ática, 1995.

Palavras-chave:

Valores; Contos infantis; Moral; Ética.

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23. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL,

GESTÃO E LIDERANÇAS

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23.1. O conflito em contexto escolar: transformar barreiras em oportunidades

Fernando Silva Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (CeiED)

Paula Flores Escola Superior de Educação do Porto

Resumo

Nas relações que se estabelecem entre os seres humanos podem ocorrer

situações de conflito. Constituindo a escola uma importante interface, onde ocorrem múltiplas relações interpessoais, não fica isenta de uma certa

envolvência, enquanto instituição social, de se edificar num ambiente

propício, onde os conflitos proliferam intensamente face à complexidade do próprio processo educacional com que lida quotidianamente. A estratégia

em transformar uma barreira em oportunidade depende sobretudo da

formação do professor e da sua capacidade de liderança em gestão de

conflitos, pelo que se revela a importância desta temática na formação inicial de professores. Assim, este artigo tem o propósito de partilhar a

opinião de futuros docentes em estados de experiência distintos

relativamente à conceção de conflito e à sua gestão em contexto educacional. Para alcançar este objetivo foram recolhidas as opiniões dos

alunos de licenciatura e de mestrado sobre esta temática por via da

passagem de um inquérito no fim da aula, cuja análise de resultados será apresentada neste artigo. Ao assumir-se este procedimento, elegeu-se o

processo reflexivo por forma a poder confrontar-se a aceitação do conceito

de conflito ao de discordância por parte dos respondentes. Seguidamente,

foram analisados os relatórios de estágio dos alunos de mestrado a fim de se constatar o modo como estes quando confrontados face a cenários de

conflito, os souberam gerir em contexto, bem como os recursos que

utilizaram.

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O estudo enquadrou-se no referencial teórico-metodológico da investigação

narrativa e os dados foram obtidos pelo preenchimento de questionários por

um grupo de 42 respondentes de licenciatura e outro de 16 alunos de mestrado. No final da aula aberta e do Seminário de mestrado, foi possível

constatar uma minimização da carga inicialmente negativa atribuída ao

conflito e, simultaneamente, um esbatimento da ideia previamente associada do mesmo ao da discordância, antevendo logo à partida uma

certa vocação proactiva, no sentido de encarar o “conflito” como um

acontecimento normal e recorrente existente no dia a dia da escola. Já em

contexto da prática pedagógica, os alunos de mestrado tiveram necessidade de gerir situações de conflitos, sendo que a maioria dos alunos encontrou

uma oportunidade de mudança para essas situações, utilizando como

recurso uma ferramenta tecnológica, a ClassDojo, que promove fácil e gratuitamente a relação Escola/família, permitindo o acesso à informação

em tempo real, segundo indicadores positivos e negativos selecionados pelo

professor, facultando o acesso do encarregado de educação às informações

respeitantes ao seu educando. Além dos resultados positivos que apresentaremos neste artigo, concluiu-se que o sucesso da ferramenta deve-

se sobretudo à capacidade de seleção de parâmetros que visam a mudança

comportamental e motivacional do aluno, pelo que a formação do professor é efetivamente imprescindível.

Assim, através de uma reflexão do modo como os alunos pensam, é

possível criar estratégias de desenvolvimento de competências na formação inicial. Com este artigo pretende-se contribuir para uma consciencialização

da temática e simultaneamente com um reforço positivo do modo como é

possível constituir uma oportunidade em ambiente de ameaças.

Palavras-chave:

Conflitos escolares; Pesquisa narrativa; Formação inicial de professores.

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23.2. A ação do visconde de Vila Maior como reitor da Universidade de Coimbra

Aires Diniz Escola Secundária Avelar Brotero

Resumo

O Visconde de Vila Maior tomou posse como reitor da Universidade de

Coimbra em 21 de Setembro de 1869, falecendo no cargo em 20 de Outubro de 1884.

Através da leitura dos ofícios que enviou, verificamos que a gestão

universitária passa por ele ao preparar as decisões através da recolha das informações e relato criterioso dos problemas. Neste processo de análise

acabaremos por descobrir como a Universidade precisava dele e da sua

capacidade de organizador científico para sair do marasmo, em que um

falso saber a tinha colocado através da preguiça, isolamento e falta de capacidade científica. Foi o que aconteceu por força do oportunismo dos

que ocupavam cargos diretivos da estrutura universitária. Usa para isso as

suas relações externas para abanar as estruturas caducas da Universidade, propondo ao Ministro que a tutela politicamente que sejam enviados ao

estrangeiro professores e funcionários para “colocar a instrução científica

em Portugal na altura a que deve ser elevada”.

De facto, esforça-se por levar a Universidade à Exposição Universal de

Viena de Áustria de 1873, contudo, pouco tem para mostrar: uns livros e

umas fotografias dos gabinetes de Fisiologia Experimental e de Física.

Ainda, a convite da Universidade de Leyde envia uma delegação para colher “a maior soma de notícias sobre o estado do ensino superior das

ciências médicas e naturais nos países que lhe fosse possível visitar”. Em

Julho de 1872 através do regulamento das faculdades de Matemática e Filosofia prepara a sua transformação em Faculdade de Ciências.

Preocupado também com a praxe estudantil brutal em Novembro de 1874,

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instaura um processo aos alunos que praticaram atos de indisciplina,

ganhando legitimidade para lutar contra os catedráticos da Faculdade de

Direito que a paralisaram só por não darem aulas. Outros serviços e departamentos da Universidade sofrem também muita indisciplina a que vai

calmamente pondo cobro.

Em 16 de Outubro de 1872 festeja a Reforma de Estudos de 1772. Mais tarde explica porque pouco falou sobre ela. Entra-se então num processo de

normalização, fazendo disso balanço em 1877 numa Exposição Succinta da

Organização Actual da Universidade de Coimbra precedida de uma breve

notícia histórica deste estabelecimento para levar à Exposição Universal de Paris de 1878.

Palavras-chave:

Ensino Experimental; Reforma Pombalina; Gestão Universitária;

Exposição Universal de Paris.

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23.3. Estratégia como prática nas instituições de ensino superior

Valter Gomes Centro Universitário do Planalto de Araxá

Maria de Lurdes Machado-Taylor Center for Research on Higher Education Policies (CIPES)

Hernani Viana Universidade Federal Fluminense

Resumo

As universidades têm sido consideradas, ao longo do tempo, Instituições de Ensino que realizam pesquisa científica, fornecem soluções para problemas

dos países, capacitam pessoas para o mercado de trabalho e desempenham

papel de liderança no desenvolvimento das nações. Ressalta-se a importância destas Instituições para o desenvolvimento econômico e social;

e, observa-se que os estudos na área de estratégia ajustados às

especificidades de tais Instituições é ainda incipiente e mais premente do que se possa imaginar. Observa-se ainda que a estratégia como prática

aplicada às Universidades é uma área nova a ser explorada, carente de

estudos com o objetivo de entender o processo de formação e implantação

de estratégia.

O presente estudo visa a identificar e analisar como ocorre o processo de

formação e implantação, na prática, da estratégia em Instituições de Ensino

Superior Privadas, sem fins lucrativos, com vistas aos resultados esperados pela organização. Trata-se de um estudo de múltiplos casos, com pesquisas

semiestruturadas qualitativas que estão sendo realizadas em três Centros

Universitários. Serão investigadas as ações dos gestores das Instituições de

Ensino em estudo e das respectivas Mantenedoras. As Instituições escolhidas estão situadas no estado de Minas Gerais, Brasil; e, são

Instituições Privadas, sem fins lucrativos, mantidas por Fundações e

possuem entre 40 a 45 anos de existência.

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Espera-se, com este trabalho, contribuir para a identificação de como a

estratégia é praticada nas organizações e colaborar com as pesquisas em

torno do tema, no sentido de promover o direcionamento adequado das ações que venham a sustentar, de fato, a melhor gestão das organizações,

especialmente, a exercida nas Instituições de Ensino Superior Brasileiras;

aproximando, assim, a teoria da prática.

Palavras-chave:

Estratégia; Planejamento; Ensino superior.

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23.4. O envolvimento dos encarregados de educação no processo de autoavaliação de escola

Teresa Jesus Santos Universidade do Minho

Resumo

A avaliação tem vindo a afirmar-se nas políticas educativas. Ela resulta das

orientações emanadas da União Europeia e transforma-se numa obrigação para medir a qualidade das instituições escolares.

As políticas educativas e de avaliação decorrem da interação entre a

avaliação, a prestação de contas e a responsabilização. A avaliação tem como propósito “produzir juízo de valor sobre uma determinada realidade

social” permitindo a recolha, o tratamento e a análise de informações

(Afonso, 2009). A prestação de contas tem-se centrado, essencialmente, na

análise dos resultados do trabalho de alunos e professores, traduzidos em rankings e estatísticas de sucesso, decorrente da maior responsabilidade

inerente à autonomia (ainda que decretada) e o desenvolvimento de

aprendizagens dos alunos.

A presente comunicação apresenta os resultados de uma investigação, de

natureza qualitativa, sobre a avaliação das escolas, com enfoque nas suas

dinâmicas internas, nomeadamente, no envolvimento dos Encarregados de Educação (EE) no processo de autoavaliação das escolas.

Os dados foram recolhidos com recurso a entrevistas semiestruturadas, num

agrupamento de escolas junto de oito EE e uma entrevista focusgroup às

Associações de Pais. As entrevistas foram gravadas, transcritas e, posteriormente, os dados submetidos a análise de conteúdo.

Os resultados revelaram que a maior parte dos EE valoriza a escola,

existindo, contudo, algumas situações de desresponsabilização do seu papel de parceiros da escola. A escola promove mecanismos de avaliação

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participada, mas os resultados indiciam que estes mecanismos não são

conhecidos pelos EE, o que leva a um deficitário envolvimento dos

mesmos na escola.

Palavras-chave:

Politicas Educativas; Organização Escolar; Participação dos EE; Autoavaliação.

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23.5. Práticas de liderança de professores na dinamização de projetos escolares inovadores

Júnia Pereira Escola DR. Afonso Rodrigues Pereira

Lídia Grave-Resendes Universidade Aberta

Resumo

Esta comunicação pretende relatar uma investigação que teve como

principal finalidade investigar as práticas de liderança dos professores nos projetos escolares inovadores e em que medida e de que forma se

mobilizam os professores e a organização escolar para o desenvolvimento e

dinamização dos projetos, assim como também averiguar as formas de exercício da liderança dos respetivos professores na escola básica dos 2º e

3º ciclos Dr. Afonso Rodrigues Pereira, no Concelho da Lourinhã.

A investigação apresenta-se sob a forma de Estudo de caso, pelo que se

optou por uma análise qualitativa dos dados, recolhidos através do instrumento de recolha de dados documento e entrevista semi-estruturada,

por se pretender fundamentalmente ouvir as vozes dos professores sobre as

suas próprias práticas.

O enquadramento teórico sobre a problemática em estudo incidiu em

reflexões acerca dos conceitos de Projeto e Cultura de Projetos Escolares,

Práticas de Liderança, Inovação e Dinâmica da Liderança e da Inovação. Foi também efetuada uma análise ao enquadramento legal em matéria de

legislação educativa, essencialmente no que toca aos conceitos de projeto e

de liderança em contexto escolar e também sobre a Reorganização

Curricular no seu diploma legal, o Decreto-Lei nº 6 de 18 de Janeiro de 2001.

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A partir da interpretação e análise dos dados nesta investigação, tendo

como referencial o enquadramento teórico proposto, chegamos à conclusão

de que existe uma clara cultura de trabalho por projetos, com fortes evidências do exercício da liderança dos professores - lideranças de topo e

intermédias em redes colaborativas; promoção de práticas de liderança na

equipa e nos alunos. Verificou-se também que os constrangimentos na implementação de projetos são exteriores à escola e às motivações dos

professores, sendo que as potencialidades são maioritariamente geradas

dentro da escola.

Palavras-chave:

Práticas de Liderança; Professores; Projetos inovadores.

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23.6. A gestão democrática da educação brasileira: descompassos entre a teoria e prática na administração escolar

Marta Croce Universidade Estadual de Maringá

Resumo

As políticas educacionais no Brasil seguem as determinações da

Constituição Federal (CF) de 1988, que regulamenta a descentralização administrativa dos entes federados, ou seja, dos estados, municípios e

Distrito Federal. No que concerne aos componentes, competências e

fundamentos legais dos sistemas públicos de ensino, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN n°9394, promulgada em 1996,

determina a organização e gestão das redes/sistemas por meio de princípios,

estratégias e condições de oferta da educação escolar. Por sua vez, planos,

metas e programas governamentais para a educação básica ressaltam o que determinam a CF e a LDBEN quanto à gestão democrática e metas de

qualidade nas escolas públicas. Neste texto destacamos os estudos teóricos

e empíricos desenvolvidos no Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Estado do Paraná, Brasil, por meio do

Estágio Supervisionado em Gestão Escolar. A construção epistemológica

perpassa os princípios da gestão da educação nacional e suas implicações para a organização escolar, destacando como principal instrumento da

prática administrativo/pedagógica democrática o Projeto Político

Pedagógico (PPP). No desenvolvimento do Estágio em Gestão Escolar

obtém-se um espaço de interação crítica para a formação de gestores, em torno deste objeto de estudo, questionando sua validade ao se analisar os

problemas, dilemas e desafios que se interpõem à prática da gestão

democrática na escola pública, entendidos como um descompasso entre teoria e prática. O olhar investigativo dos acadêmicos e

professores/orientadores promove a mobilização de educadores do ensino

superior e básico, no sentido de se pensar alternativas para um

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aprofundamento sistemático do conhecimento científico e pedagógico, que

possibilite subsidiar a prática de uma gestão democrática compartilhada.

Marcado por múltiplos olhares, o Estágio em Gestão Escolar mostra-se necessário na tessitura de conhecimentos específicos em comunhão com o

desenvolvimento de valores, posturas éticas e críticas de mundo e das

relações interpessoais que permeiam o cotidiano das ações educativas. Na atual configuração privilegiamos estudos teóricos que envolvem textos

sobre políticas educacionais e administração pública, para além daqueles

específicos da gestão escolar. Este estudo, apesar de rico em material

informativo e visões da organização e gestão da escola, se constitui desafiador a cada início de período letivo, pois as portas das escolas nem

sempre se abrem aos alunos, sedentos pelo conhecimento da realidade que

envolve a gestão democrática. É necessário registrar, todavia, que os obstáculos são vencidos pela persistência e clareza de objetivos dos grupos

de alunos e professores/orientadores, gerando parceria com os profissionais

da escola.

Palavras-chave:

Gestão Democrática.Administração Escolar.Teoria e Prática.

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24. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO,

INTERFACES E DIÁLOGOS COM

OUTRAS CIÊNCIAS

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24.1. Lupus: uma doença crónica a conhecer

Isilda Rodrigues UTAD

Ezequiel Sousa UTAD

Helena Bogas UTAD

Resumo

O presente trabalho foi realizado no âmbito da Unidade Curricular de História da Ciência, inserida no plano de estudos do 2ºCiclo de Ensino da

UTAD, no ano letivo de 2013/14. O tema geral de estudo foi a história da

ciência de algumas doenças crónicas. A nossa investigação centrou-se na doença crónica - Lúpus. Os principais objetivos deste trabalho foram:

identificar os conhecimentos de alguns alunos universitários sobre a doença

em estudo e fazer um levantamento sobre a sua evolução histórica.

As doenças crónicas são atualmente a principal causa de mortalidade e

morbilidade com implicações económicas significativas. Um dos seus

desafios coloca-se ao nível das crenças existentes na formação de alguns

profissionais da educação e da saúde (Oliveira e Gonçalves, 2004). O Lúpus é uma doença crónica autoimune que afeta principalmente mulheres

e pode dirigir-se a vários órgãos ou sistemas diferentes, provocando

sintomas de formas bastante variadas.

Neste trabalho recorremos a uma metodologia qualitativa. A recolha de

dados foi feita através de um questionário que foi elaborado e aplicado

pelos autores do estudo. A amostra é constituída por 59 alunos das

licenciaturas em Biologia/Geologia e de Engenharia Civil da UTAD.

Verificámos, pela análise dos resultados, que há um grande

desconhecimento sobre a doença crónica analisada, quer em termos de

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evolução do conhecimento, quer em termos de agente responsável,

transmissão e prevenção.

Referências Bibliográficas

Oliveira, H. M.; Gonçalves, M. J. (2004). EDUCAÇÃO EM SAÚDE: uma

experiência transformadora. Revista Brasileira Enfermagem, vol. 57(6),

p.761-763.

Palavras-chave:

Doença Crónica; Lúpus; História da Ciência; Abstract:Resumo.

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24.2. A religiosidade e a espiritualidade na formação académica do psicólogo

Terezinha Gandelman UNIP

Resumo

Este artigo trata sobre a influência da religiosidade e a espiritualidade na

formação acadêmica de psicólogos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, a partir de entrevistas semidirigidas com dois graduandos do último ano

letivo de um curso de Psicologia no município de Santos. Como critério

para a escolha dos entrevistados considerou-se o tempo de ingresso no curso de Psicologia, definindo a opção por alunos do último ano letivo,

período em que se supõe que tenham adquirido os conhecimentos propostos

e já estejam realizando estágios na área clínica e aplicando os

conhecimentos adquiridos. Outros critérios foram terem entre 20 e 25 anos, valorizarem a vida religiosa e espiritual e terem condições de expressar

seus sentimentos e pensamentos a respeito do tema da entrevista. A partir

de levantamento bibliográfico, englobando religiosidade e espiritualidade, foram tecidas considerações e realizou-se um diálogo com autores desta

área sobre os tópicos definidos para a análise. Evidencia-se que há

necessidade de aprofundar a inserção destes temas na grade curricular do curso de Psicologia como forma de contribuir para o desenvolvimento

pessoal e profissional dos alunos.

Palavras-chave:

Religiosidade; Espiritualidade; Psicologia.

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24.3. Ciências da Educação e suas interfaces com a Sociologia da Infância: a produção académica pós-graduada na FPCEUP

Manuela Ferreira FPCEUP / CIIE

Cristina Rocha FPCEUP / CIIE

Resumo

A pesquisa sociológica acerca da infância e das crianças iniciada há cerca

de duas décadas nos países anglo-saxónicos (James e Prout, 1990, James, Jenks e Prout, 1998; Qvortrup, 1994) e francófonos (Mollo-Bouvier, 1990;

Sirota, 1994; Montandon, 1994) disseminou-se por outras áreas

disciplinares e em vários países, assistindo-se a um novo olhar acerca das crianças e da infância nas Ciências Sociais. Este tem contribuído para

cimentar a critica ao essencialismo e modos de regulação tradicional das

vidas das crianças; reiterar o carácter socialmente construído da infância e

sua heterogeneidade interna (idade, classe social, género, sexualidade, etnia, geografia...); enfatizar a interdependência e autonomia relativa das

relações intergeracionais; reconhecer as subjectividades infantis e suas

culturas como expressão legítimas e cruciais na sua participação na vida social.

Estas influências anglo-saxónicas e francófonas também chegaram cá e

ecoam num conjunto de pesquisas portuguesas. São essas interfaces da Sociologia da Infância (SI) com o campo das Ciências da Educação (CE)

que nos propomos abordar, com o objetivo de extrair os contributos desta

perspectiva para expandir o conhecimento acerca da educação das crianças

e dos seus quadros de vida.

Para tal definimos como corpus de análise a produção académica pós-

graduada em CE, realizada na FPCE-UP entre 2003-2013, cuja interface

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com a SI elege a infância e as crianças como objecto de estudo a interrogar

e problematizar segundo as abordagens da infância como estrutura

geracional construída socialmente; das crianças como produtoras de culturas infantis ou grupo social minoritário. A análise

qualitativa/quantitativa dos seus enquadramentos teóricos; temáticas;

metodologias; actores e contextos de vida das crianças privilegiados nas pesquisas, aponta para a forte presença da concepção das crianças como

actores sociais, denotando quanto o querer saber os que e como elas sabem

se tornou algo a importante a descobrir pelos pesquisadores em educação, e

isso traduz-se na prevalência de abordagens de cariz construtivista dentro e entre SI/CE; de estudos de tipo etnográfico e na ampliação do campo

educativo da infância, sua tematização em contextos além

escolares/familiares, relações adultos-crianças ou criança-aluna/filha, mas sem descurar a estruturação geracional

Palavras-chave:

Ciencias da Educação; Sociologia da Infância; Análise das Interfaces;

Produção académica pós-graduada; Enquadramentos teóricos;

Metodologias de investigação; Temáticas, contextos e atores.

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24.4. Ensinar a pensar através dos números: o princípio moral da educação matemática

Alice Santos Universidade do Algarve

Resumo

A Lei de Bases do Sistema Educativo Português no seu ponto 2 do Artigo

1º define o direito à educação como um dos princípios básicos o progresso social e democratização da sociedade. Por conseguinte, para um professor

será um objetivo adequar uma pedagogia de equidade e justiça social ao

cumprimento dos currículos nacionais.

O movimento para uma educação matemática crítica, com origem na

década de 1980, defende que existe uma clara distinção entre ensinar

matemática e educar matematicamente. Trabalhos de autores como Ole

Skovsmose, Marilyn Frankenstein e Eric Gutstein mostram como a matemática pode e deve ser um veículo para a mudança social, munindo os

alunos com uma ferramenta poderosa e útil que lhes permitirá identificar,

compreender e avaliar com criticidade o mundo real.

Nesta comunicação analisarei, em primeiro lugar, a justiça social à luz das

contribuições dadas pelos filósofos remontando a Platão. Penso que os

conceitos que lhe são subjacentes ajudarão, de alguma forma, a compreender a dimensão do papel da Educação Matemática na consecução

da igualdade de oportunidades.

Em segundo, estabelecerei a relação dialética entre justiça e educação.

Nesta incursão procuro mostrar a visão de vários autores que defendem uma pedagogia crítica como mecanismo para uma verdadeira compreensão

da realidade envolvente.

Recorrendo à investigação que tem sido feita, nas últimas décadas, no campo da educação matemática e relacionada com aspetos sociais e

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culturais, apresentarei a posição de alguns investigadores face à valorização

da matemática como possibilitadora da desconstrução de relações ou

práticas que possam ser injustas.

Por último, sustentada nas teorias apresentadas, divulgo dois projetos que

desenvolvi numa turma de currículo alternativo. Ambos pretendem pôr em

prática, num contexto real, a difusão de uma matemática que potencie nos alunos a capacidade de analisarem o quotidiano com criticidade.

Concluirei que, inegavelmente, a grande diversidade de alunos do ponto de

vista etário, cultural e social que frequenta atualmente a escola básica e

secundária deve ser encarada como um contributo para a construção de uma sociedade plural e tolerante, na qual todos os intervenientes têm um papel

importante a desempenhar e em que as práticas pedagógicas sejam uma

componente fundamental na minoração das desigualdades sociais.

Palavras-chave:

Educação; Matemática; Justiça Social; Pedagogia Crítica.

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24.5. A Relação de Ajuda como competência-chave da formação académica e profissional dos enfermeiros

José Ribeiro

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar o Projeto Objetos de afeto e tramas da escola: tecendo redes, desenvolvido no ano de 2014 no Colégio

de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp/UFRJ) pelas

educadoras Dra. Izabel Goudart e Ma. Mariana Guimarães e pela

comunicadora Ma. Luciana Fleischman. Esta comunicação visa compartilhar uma experiência de criação de espaços de investigação,

reflexão e ação interdisciplinar no âmbito da educação pública e de

formação de professores, surgida da intersecção dos projetos de pesquisa, ensino e extensão Aprender Brincando e Arte do Fio, desenvolvido pelas

docentes. O projeto nasceu do desejo de investigar a tessitura das redes e

dos vínculos estabelecidos nessa trama. É um experimento de conexão entre as redes digitais e as redes tecidas manualmente, com o objetivo de

construir ambientes criativos e afetuosos para o pleno desenvolvimento

estético, ético e político da comunidade envolvida. Visa ainda refletir e

promover novos ambientes de aprendizagem que privilegiem a circulação de informação, focado na experiência e na construção colaborativa do

conhecimento pelos participantes. Metodologicamente é desenvolvido no

formato de laboratórios abertos interdisciplinares que articulam campos do conhecimento, como arte, ciência, cultura e tecnologia e está inserido no

âmbito da cultura livre, que tem como princípios norteadores o livre acesso

ao conhecimento e aos recursos, o compartilhamento e disponibilização da

produção e pesquisa do mesmo, além da ideia do faça você mesmo e faça em conjunto (DIY/DIWO, do it your self and/do it with others). A teia

conceitual que fundamenta a elaboração e execução desse projeto articula

os referenciais teóricos e metodológicos dos projetos citados acima, no

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diálogo e na busca pela intersecção de conceitos como rede, e a experiência

do fazer redes, o afeto e os objetos da cultura material e imaterial, os

vínculos estabelecidos nessa trama. A comunicação utilizará da narrativa como instrumento para apresentar um livro objeto elaborado a partir do

registro do processo, conceitos e linguagens abordados durante os

laboratórios. O trabalho transitou entre as linguagens tradicionais como o bordado, o crochê, a contação de histórias e as linguagens digitais

contemporâneas da rádio, do livro digital, dos experimentos sonoros e

interativos como a reactable, além dos registros audiovisuais e da

implementação de uma rede livre costurando esses fazeres e resultando em objetos híbridos.

Palavras-chave:

Redes; Ambientes de aprendizagem; Afeto.

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25. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA,

REDES E PARCERIAS EM

EDUCAÇÃO

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25.1. O rádio como meio de práxis da comunidade educativa

Rachel Neuberger Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)

Resumo

Uma das instâncias preponderantes para a prática verdadeiramente

autônoma da democracia é uma comunicação efetiva - ainda que contenha

traços caóticos - entre os membros da comunidade educativa; esta

entendida como o coletivo das pessoas envolvidas no processo de educação, no interior ou mesmo fora da escola, ou seja, professores,

estudantes, dirigentes, outros funcionários, além de pais, familiares, amigos

etc. Para tanto, é preciso que se valorizem canais de divulgação e, principalmente, de discussão sobre todos os assuntos que possam vir a ser

importantes no processo de empoderamento social.

Nos dias atuais, os meios de comunicação no âmbito da comunidade

educativa podem incluir instâncias formais, geralmente na escola, tais como reuniões de pais e mestres, cartas direcionadas com as mais variadas

observações (informes, advertências) e, principalmente, os conselhos de

classe, mas existem muitas outras formas de comunicação que podem ser tidas como não-formais, como por exemplo, conversas informais e trocas

de mensagens eletrônicas (e-mails, redes sociais ou outros aplicativos, em

especial, por smartphones). Como é possível verificar, a participação também pode ser espontânea e não só burocratizada; no entanto, para que

uma informação não se perca em processos mais abertos, é preciso estar

sempre atento a tais demonstrações que, não raras vezes, chegam a ser até

não-verbais, ou seja, gestuais.

Todavia, neste trabalho, buscar-se-á destacar uma das perspectivas não-

formais de comunicação e que pode representar uma instância importante

de participação democrática da comunidade educativa no ambiente escolar:

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trata-se da rádio-escola, que, em Portugal, também recebe a denominação

de “clube de rádio”.

Definimos, pelo menos, quatro possibilidades de se relacionar rádio e educação, tais como: rádio educativa (emissora aberta cuja programação é

exclusivamente de caráter educativo cultural); rádio de massa na escola (o

veículo padrão é utilizado como meio de educação formal e não-formal na escola); rádio de massa na comunidade educativa (pode ser usado como

ferramenta de capacitação instrumental e crítica de jovens e adultos para a

mídia e seus conteúdos); e, de fato, rádio escolar (webrádios ou rádios-

poste que podem ser desenvolvidas pelas instituições, pelos grêmios estudantis, ou mesmo pela comunidade educativa como um todo –

incluindo movimentos sociais e organizações não-governamentais).

Acredita-se que, apesar de haver cada vez menos iniciativas deste tipo em Portugal, o Brasil tem se mostrado bastante atento a esta instância, seja por

meio de iniciativas dos estudantes, da escola, da comunidade educativa e

mesmo por programas de governo, tais como o “Mais Educação”, que visa

uma educação em tempo integral com atividades diversas, inclusive o rádio escolar.

Palavras-chave:

Comunicação educativa; rádio escolar; comunidade educativa; educação

não-formal e informal.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

109

25.2. Utilização das TIC em crianças com Perturbação do Espectro do Autismo no Pré-Escolar: a perspetiva dos professores

Rute Falcão Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia

Isabel Sanches Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Resumo

O rápido desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação-

TIC - trouxe para o sistema educativo e para a sociedade várias ferramentas de ensino e aprendizagem, suscetíveis de contribuir para uma melhor

integração no convívio escolar. Neste âmbito, o objectivo do presente

estudo é investigar a perspectiva dos professores quanto à utilização das TIC como ferramenta no ensino/aprendizagem de crianças com Perturbação

do Espectro do Autismo - PEA, no pré-escolar, uma vez que a utilização

pedagógica das tecnologias é uma mais valia para que as crianças explorem

e desenvolvam competências que o mundo digital exige atualmente. Por conseguinte, o desenvolvimento desta investigação passa por uma

fundamentação teórica sustentada na perspectiva de alguns autores sobre as

PEA, as TIC e a formação contínua do professor. Este estudo propõe os seguintes participantes para o trabalho investigativo: crianças com PEA,

educadores de infância e especialistas na área das TIC. A metodologia da

investigação envolve uma recolha de dados de natureza qualitativa e quantitativo, entre um grupo de professores, através de inquérito por

questionários, a partir dos quais, se irá perspectivar o que pensam sobre os

recursos tecnológicos na aprendizagem de crianças com PEA e apurar

como avaliam as suas práticas. Em seguida, os dados recolhidos através do questionário serão tratados através do programa Statistical Package for the

Social Sciences _ SPSS, versão 22.0, com vista a apresentar, de modo mais

esclarecedor e compreensivo, as percepções dos professores, quanto à

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

110

utilização das TIC como método de ensino/aprendizagem para crianças

com PEA. Conclui-se assim, que este estudo seja uma reflexão aprofundada

sobre os avanços que a ciência vem disponibilizando sobre as tecnologias como recurso de aprendizagens para crianças com PEA, uma vez que, é um

campo de investigação muito rico e desafiante com muitas questões em

aberto que urge continuar a se investigar.

Palavras-chave:

Educadores de Infância; Ensino Pré-escolar; Perturbação do Espectro do Autismo; Tecnologias da Informação e da Comunicação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

111

25.3. A importância das TIC na integração/inclusão de alunos Erasmus em Institutos Politécnicos

Carlos Brigas Instituto Politécnico da Guarda

Henrique Gil Instituto Politécnico de Castelo Branco

Regina Gouveia Instituto Politécnico da Guarda

Resumo

O nosso artigo apresenta conclusões parciais de um projeto de investigação

sobre o impacto do Programa Erasmus em Institutos Politécnicos. O seu objetivo geral prende-se com a análise da evolução das mobilidades

incoming de alunos e das políticas, estratégias e meios que vêm sendo

adotados para a sua integração/inclusão.

As mobilidades no espaço da União Europeia e em todo o Continente

Europeu inserem-se num projeto global de afirmação da Europa como

entidade cultural, social e económica. Neste âmbito, os sistemas de ensino

de cada um dos países membros deverão contribuir para a criação de uma cultura de identidade europeia, baseada no conhecimento e reconhecimento

da identidade cultural do “outro”, e a disseminação de conhecimentos

técnico-científicos no espaço europeu.

A formação de um espaço europeu de ensino superior, no seio de uma

comunidade europeia que se pretende efetiva e plural, caracterizada pela

partilha e multiculturalidade, foi tornado possível graças às novas TIC e à internet, que liga estruturas, alunos e docentes de diferentes instituições e

países. Com diferentes graus de participação, emergiu um novo sistema de

ensino em rede, inserido ele numa sociedade em rede (Castells, 2004) ou

num ciberespaço (Lévy, 1997).

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

112

Com efeito, os estudantes que atualmente frequentam o ensino superior são

muito, se não radicalmente, diferentes daqueles que os antecederam,

quando caraterizados de um ponto de vista tecnológico-digital. Marc Prensky foi quem primeiro denominou esta geração de “nativos digitais”,

como sendo aqueles que nasceram num contexto onde a tecnologia e os

ambientes digitais já faziam parte do quotidiano e das rotinas de qualquer cidadão. Para Prensky (2001), a forma própria de estar no mundo por parte

destes nativos digitais tem consequências diretas no processo de ensino e de

aprendizagem.

Os resultados da investigação documental e não documental (inquéritos por questionário a alunos incoming) revelam claramente a importância das

novas TIC e da internet na integração/inclusão de alunos Erasmus,

permitindo atenuar ou suprimir o sentimento de “não-pertença” às culturas institucionais, locais e, mesmo, nacional, de que tenderia a resultar

descontentamento e não assimilação de valores que as caraterizam. A

apresentação e análise destes dados está sustentada num enquadramento

teórico centrado nos conceitos de integração e inclusão, bem como na denominada “geração de nativos digitais”.

Palavras-chave:

Integração; Inclusão; Tecnologias da Informação e da Comunicação;

Nativos Digitais.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

113

24.4. Aprender na internet: um estudo de caso da aprendizagem autodirigida da pessoa idosa

Rui Nobre Ferreira Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Albertina Oliveira Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Luís Mota Escola Superior de Educação do Insituto Politécnico de Coimbra

Resumo

Este estudo pretendeu compreender os processos de aprendizagem

autodirigida das pessoas idosas utilizadoras regulares da internet. Como se processa a aprendizagem autodirigida da pessoa idosa através da internet?

Que ambientes online utilizam? O que fazem nesses ambientes? De que

forma a internet contribui para potenciar a sua aprendizagem autodirigida?

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho empírico foi de

natureza qualitativa, tendo-se optado pelo estudo de caso enquanto

estratégia de investigação. Foi necessário que as pessoas idosas atendessem

a critérios específicos e rigorosos para se constituírem em caso para obtermos dados consonantes com o objetivo da investigação, optando-se

pela entrevista semi-estruturada como método de recolha de dados.

Dos dados obtidos, a partir da análise de conteúdo a que submetemos as informações recolhidas nas nossas oito entrevistas, conduziram-nos a

constatar que as pessoas idosas continuam a ser aprendentes proativas que

gerem diversos recursos e ambientes na internetpara desenvolverem projetos pessoais. Os participantes encontraram na internet uma situação de

equilíbrio entre as suas expetativas de utilização da internet e as

oportunidades de autodireção oferecidas pela mesma. As habilidades de

autodireção existentes nas pessoas idosas, juntamente com um ambiente

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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familiar favorável e incentivador, resultam na persecução da utilização da

internet e reforçam as aprendizagens.Aferimos ainda que estas

aprendizagens, na opinião das pessoas entrevistadas, ajudam a sentirem-se valorizadas e reforçam os seus relacionamentos familiares e sociais.

As alterações demográficas das últimas décadas e as exigências da

globalização impõem a necessidade de pessoas mais conscientes, criativas, independentes e ativas nas suas aprendizagens. As competências de

comunicação e colaboração em atividades de criação de conhecimento

tornam-se cada vez mais importantes para a participação num mundo social

e culturalmente diverso. Desenvolver as competências das pessoas idosas para usar as tecnologias de informação e comunicação é vital para a

participação na sociedade contemporânea, para além de enriquecer, facilitar

a sua vida e de as estimular, tal como tivemos oportunidade de verificar através dos dados empíricos do nosso estudo.

Palavras-chave:

Aprendizagem autodirigida; Internet; Pessoa idosa; Aprendizagem ao longo

da vida; Envelhecimento ativo.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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25.5. Encurtar distâncias na Educação: um estudo de caso

Sónia Ribeiro Universidade de Coimbra

Maria Glória Fraga Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Maria Pessoa Universidade de Coimbra

Resumo

Esta comunicação apresenta um estudo de caso centrado na situação de formação na modalidade de blended-learning na Universidade de Trás-os-

Montes e Alto-Douro (UTAD), que decorreu em Novembro de 2013 e

prolongou-se até Janeiro de 2014. As propostas formativas incidiram sobre a conceção, planificação e avaliação de cursos à distância, sobre a produção

de conteúdos, sobre as plataformas sociais em contexto institucional e

finalmente sobre as plataformas de videoconferência na web. O estudo consiste na observação sistemática de um conjunto de quatro formações,

destinadas ao público da administração pública central, onde se retêm

características holísticas e significativas do evento estudado.

Palavras-chave:

Formação em b-learning; e-learning; Estudo de caso.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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25.6. O lugar das Tecnologias da Informação e Comunicação no currículo de formação de professores do Uruguai

Rosana Martinez Barcellos FPCEUP

Resumo

Em um contexto definido pelas características de uma sociedade pós-

industrial, fortemente influenciada pelo desenvolvimento da tecnologia da informação e comunicação, onde a circulação e produção de conhecimento

estabeleceu novas relações entre os sujeitos que aprendem, produzem e

interagem com o conhecimento , é imponderável a necessidade de rever o lugar que estas questões ocupam na Formação Inicial de Professores da

Educação Básica (FIPEB). No quadro de esta ideia, esta comunicação

apresenta uma análise dos currículos da FIPEB no Uruguai, estabelece a

relação entre os discursos políticos a nível nacional e internacional, nomeadamente com Portugal, orientando a integração da tecnologia na

educação, e as diretrizes curriculares acima mencionados.

Desde 2007, o Uruguai tem visto o maior investimento em tecnologia que teve na educação através do “Plan Ceibal”. A utilização maciça de

computadores portáteis, aparelhos tecnológicos e acesso à internet nas

escuelas públicas uruguaias, tem determinado um possível rumo na determinação de novas configurações didáticas, adequadas às necessidades

e modos de aprendizagem dos estudantes do século XXI. Esta questão

exige a revisão de ferramentas e saberes que um docente deveria

desenvolver em sua formação inicial, para o exercício de sua profissão.

Os discursos políticos nacionais e as demandas decorrentes de políticas

internacionais influentes, destinadas ao desenvolvimento de iniciativas

vinculadas às tecnologias na educação, alimentam a idéia de mudanças positivas . No entanto , as vias propostas para tais mudanças não levaram

ao destino esperado. A insegurança quanto a utilização didática do

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

117

conhecimento tecnológico revela uma lacuna na sua formação, que longe

de ser inócua, pode ter consequências não desejadas nos processos de

ensino e aprendizagem.

Palavras-chave:

Currículo; Formação Inicial de Professores; Tecnologia.

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26. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

119

26.1. Competências empreendedoras no ensino superior: Um novo currículo para novas exigências?

Ana Naia University of Lisbon

Resumo

Introdução

As competências empreendedoras abrangem traços de personalidade, habilidades e conhecimentos e podem ser vistas como a capacidade total do

empreendedor desempenhar um trabalho com sucesso (Man, Lau & Chan,

2002). Lans, Bergevoet, Mulder e Van Woerkum (2005) diferenciam seis áreas de competências empreendedoras: oportunidade, relacionamento,

conceituais, organização, estratégicas e, por fim, as competências de

compromisso. A promoção do empreendedorismo em todas as áreas e em

todos os níveis de ensino, pelas repercussões positivas que tem na sociedade e no próprio indivíduo, tem sido um apelo frequente, que em

muitos contextos, ainda não se concretiza. Embora o conceito de

empreendedorismo e de promoção de competências empreendedoras se encontre, ainda, fortemente associado às áreas de gestão, é fundamental

alargar esta temática a todas as áreas do conhecimento, maximizando o

potencial criativo e inovador de todos os estudantes. Para colmatar esta lacuna, entre as necessidades sociais e o currículo académico,

desenvolvemos este estudo com o propósito de propor uma abordagem

teórica à introdução de competências empreendedoras no currículo do

ensino superior, fornecendo estratégias específicas aos professores para promoverem estas competências, em todas as disciplinas, de todas as áreas.

Método

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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Está a ser realizada uma revisão de literatura sistemática no sentido de se

identificar as melhores práticas para se promoverem as competências

empreendedoras no currículo do ensino superior.

Resultados/conclusões

O estudo ainda não está concluído, por isso não podemos apresentar

resultados. Contudo espera-se que através deste estudo, se verifique uma melhoria no currículo do ensino superior, reduzindo o desfasamento que

ainda existe entre as exigências da sociedade e a formação inicial dos

nossos jovens. Além disso, com este currículo, pretendemos promover a

capacidade dos estudantes inovarem, reconhecerem oportunidades, estabelecerem boas relações com os colegas, serem capazes de comunicar

eficazmente, organizarem recursos, avaliar e implementar estratégias e,

serem capazes de se comprometer com os seus objetivos e valores. Para cada uma destas competências vamos fornecer diferentes estratégias que

permitam aos professores introduzir estas competências na sala de aula, em

qualquer disciplina, de qualquer curso.

Referências Bibliográficas

Lans, T., Bergevoet, R., Mulder, M., & Van Woerkum, C. (2005).

Identification and measurement of competences of entrepreneurs in

agribusiness. In M. Batterink, R. Cijsouw, M. Ehrenhard, H. Moonen, & P. Terlouw (Eds.), Selected papers from the 8 th PhD conference on business

economics, management and organisation science, PReBEM/NOBEM,

Enschede (81-95).

Man, T. W., Lau, T., & Chan, K. F. (2002). The competitiveness of small

and medium enterprises. A conceptualization with focus on entrepreneurial

Palavras-chave:

Empreendedorimo; Competências empreendedoras; Currículo; Ensino

superior.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

121

26.2. Repensando o Currículo de Matemática do Ensino Médio Através do Registro das Representações Semióticas

Daniella Assemany GEMat-UERJ

Adriano Dos Santos GEMat-UERJ

Maria Êda Barino GEMat-UERJ

Darling Arquieres GEMat-UERJ

Joana Marques GEMat-UERJ

Resumo

Essa comunicação tem por finalidade apresentar um estudo feito no Brasil,

no qual mudanças no currículo do Ensino Médio das escolas brasileiras mostraram influenciar diretamente no ensino aprendizagem de matemática.

Diante da dissociação entre os conteúdos desta disciplina, destacados nos

Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (Brasil, 1999), dos

Registros das Representações Semióticas na Educação Matemática, proposto por Duval (2003), dos estudos apresentados por Bittar (2003) e

Dorier (1990), que justificam a abordagem vetorial desde o Ensino

Fundamental, como nas escolas francesas, surgia então um desafio: Qual a concepção de matemática que um estudante da Escola Básica precisa ter?

De que forma a estrutura curricular pode interferir nesse processo? Após

sete anos de estudo e aplicação de uma nova abordagem para o currículo das três séries do Ensino Médio, o qual esteve (e está) em constante

transformação, estas questões desafiadoras promoveram mudanças de

paradigmas. Como aponta Duval (2003), cada aluno tem sua própria

maneira de visualizar, interpretar e exteriorizar seu entendimento acerca de

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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determinada situação, havendo a necessidade de um trabalho pedagógico a

partir da representação semiótica para que haja aprendizagem em

matemática, possibilitando o funcionamento cognitivo do estudante. Portanto, essa pesquisa mostrará o desenvolvimento de atividades

específicas do currículo da escola básica, aplicada a dois grupos de

estudantes: iniciantes da graduação na área de exatas da Universidade; alunos do Ensino Médio cuja escola passou pela reformulação curricular

citada anteriormente, na qual a maioria dos conteúdos de matemática foram

interligados e uma nova concepção adotada. A pesquisa se deu no Rio de

Janeiro, Brasil, e mostrou que estudantes com a base do currículo atual de Matemática da Escola Básica desse país têm grandes dificuldades para

conectar conteúdos, re-significar o mesmo objeto, observar equivalências,

dentre outras coisas. Corroborando com as particularidades do que é ser um professor, esperamos contribuir com o ensino aprendizagem da matemática.

Palavras-chave:

Currículo; Representação semiótica; Ensino aprendizagem.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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26.3. Certificação de manuais escolares: Estudo exploratório do caso português no início do século XXI

João Paulo Rodrigues Balula Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu

Resumo

A certificação de manuais escolares, definida pela lei n.º 47/2006, de 28 de

agosto, e regulamentada pelo decreto-lei n.º 5/2014, de 14 de janeiro, que revogou o decreto-lei n.º 261/2007, de 17 de julho, visa garantir a qualidade

científica e pedagógica dos recursos didático-pedagógicos mais utilizados

pelos alunos e pelos professores do Ensino Básico e do Ensino Secundário em Portugal. O regime de avaliação, certificação e, posteriormente, adoção

dos manuais escolares assenta em princípios orientadores centrados na

liberdade e autonomia na escolha, na utilização, na produção e no acesso a

esses recursos. Essa certificação depende do cumprimento de seis critérios: rigor científico, linguístico e concetual; conformidade com os programas e

orientações curriculares; qualidade científica e didático-pedagógica;

respeito por alguns valores (não fazer referências a marcas comerciais de serviços e produtos; não fazer ou induzir discriminações; não constituir

veículo de propaganda ideológica, política ou religiosa); possibilitar a

reutilização e estar adequado ao período de vigência previsto; e apresentar robustez e peso de acordo com parâmetros estabelecidos. Apesar de se ter

mantido ao longo de várias legislaturas, o processo de certificação tem

sofrido modificações, com frequentes adiamentos e alterações à sua

regulamentação.

A partir de um estudo de natureza exploratória, baseado numa análise

documental, pretende se avaliar o impacto do processo de certificação nos

manuais escolares, em Portugal, tendo como ponto de partida a atividade desenvolvida por uma entidade acreditada para proceder à avaliação no

âmbito da disciplina de Português do Ensino Básico (1.º, 2.º e 3.º ciclos).

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124

Os resultados preliminares deste estudo exploratório evidenciam a

estabilidade do quadro legal e dos critérios de avaliação dos manuais

escolares, por oposição à instabilidade das orientações programáticas da disciplina de Português do Ensino Básico. Por outro lado, a implementação

do processo de certificação acompanhou uma diminuição do número de

manuais escolares disponibilizados para adoção.

Conclui-se, assim, pela pertinência do alargamento deste estudo à

totalidade das disciplinas envolvidas no processo de certificação de

manuais escolares no início do século XXI, de modo a contribuir para a

construção de conhecimento que permita fundamentar a revisão do quadro legal e dos procedimentos relativos à certificação de manuais escolares em

Portugal.

Palavras-chave:

Avaliação e certificação; Recursos didático-pedagógicos; Português;

Manuais escolares; Política educativa.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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26.4. O pecado original do currículo

Jesus Maria Sousa

Carlos Nogueira Fino

Jesus [email protected] CIE-UMa (Universidade da

Madeira)http://www3.uma.pt/jesussousa/✔

Carlos [email protected] (Universidade da Madeira)

Resumo

Pretendemos, com esta comunicação, refletir sobre o pecado original do currículo, situando o seu nascimento no despontar da modernidade (Doll,

2002; Hamilton, 2003), num movimento de ruptura com a escolástica

medieval, ao focar a sua atenção na organização do conhecimento para facilitar o acesso ao mesmo, através da instrução.

O mapeamento lógico do conhecimento, ou seja, o currículo, num contexto

humanista da Renascença e da Reforma (Hamilton, 1992), não ousava ainda questionar esse mesmo conhecimento. Pretendia apenas organizá-lo,

para o tornar acessível e compreensível aos estudantes, na senda, aliás, do

que a invenção da imprensa provocara em termos de difusão de um

conhecimento anteriormente só ao alcance de uma minoria religiosa erudita. Pressupunha-se assim que um conhecimento organizado conduziria

necessariamente a um ensino organizado.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

126

Mas essa organização do conhecimento, mesmo buscando ultrapassar as

regras da lógica aristotélica (que visava a validação racional das crenças

religiosas), implicou necessariamente a determinação do que era conhecimento puro e socialmente válido, relativamente ao conhecimento

impuro e herético, que era preciso expurgar da transmissão. E é aqui que

radica o pecado original do currículo: a seleção do conhecimento que importa passar às novas gerações.

Seguindo este raciocínio, é nosso propósito demonstrar que, apesar de o

currículo da contemporaneidade estar atento às questões profundas que

subjazem a uma seleção do conhecimento (Quem o faz? Como o faz?), por via das teorias críticas e pós-críticas, não conseguiu ainda libertar-se da

fixação nas grades curriculares e correspondente delimitação das áreas do

conhecimento no espartilho de tempos e espaços, por, entretanto, se terem transformado em senso comum.

Referências

Doll Jr., W. (2002). Ghosts and the curriculum. In W. Doll Jr. & Noel

Gough (Eds.). Curriculum Visions (pp. 23-70). New York: Peter Lang

Hamilton, D. (1992). Sobre as origens dos termos classe e currículo. Teoria

e Educação, 6, pp. 33- 52.

Hamilton, D. (2003). Instruction in the making: Peter Ramus and the beginnings of modern schooling. American Educational Research

Association, Chicago, April, 2003. Disponível em

http://www.leeds.ac.uk/educol/documents/152133.htm. Acesso em 25 de maio de 2014.

Palavras-chave:

Currículo; Conhecimento; Instrução.

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127

26.5. Ações interdisciplinares com o uso de webquest na educação superior

Jaqueline Stumm Faculdade de Tecnologia Senac Florianópolis

Resumo

Ao longo deste artigo apresentamos a experimentação realizada com os

alunos do primeiro semestre do Curso Superior de Tecnologia em Gestão

da Tecnologia da Informação da Faculdade de Tecnologia Senac Florianópolis para quem foi proposta uma atividade que objetivava a

interrelação entre os conteúdos das disciplinas de Fundamentos de Sistemas

de Banco de Dados e de Lógica de Programação. Para a consecução desta

experimentação os docentes da disciplinas realizaram reuniões de planejamento onde elaboraram aulas em conjunto, permitindo o

alinhamento da atividade proposta, e desenvolveram atividades para

verificação da aprendizagem. Estas atividades, organizadas em webquest, foram apresentadas aos alunos nas aulas lecionadas conjuntamente. A

escolha do uso de webquest ocorreu pela ferramenta poporcionar uma

disposição clara das informações por meio de seu roteiro e permitir o uso de hiperlinks que direcionam a outros materiais de apoio. O uso deste

recursos e sua disponibilização em ambiente virtual, aliada as aulas que

foram dadas sobre o assunto, permitiu que os alunos pudessem executar a

tarefa sem recorrer aos professores. Como resultado, percebe-se que estas ações interdisciplinares conduziram os alunos a um envolvimento durante

as aulas ministradas em conjunto e na realização da atividade, ressaltando

como principais pontos o estímulo na participação das aulas, a aprendizagem facilitada e a percepção da relação entre os conteúdos das

disciplinas.

Palavras-chave:

Webquest na docência; Práticas interdisciplinares; Educação superior.

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26.6. O currículo no contexto da educação inclusiva

Cristina Santos Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Roselane Ferraz Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Resumo

Neste artigo buscaremos descrever e analisar os aspectos relevantes do processo de inclusão, bem como a estruturação do currículo escolar para

alunos com deficiência, inseridos em escolas públicas no Estado da Bahia-

Brasil. Assim, disporemos de uma pesquisa de caráter qualitativo, com método etnográfico, tendo como instrumentos de coleta de dados

entrevistas e observações no ambiente escolar. Para fundamentar nossas

discussões utilizaremos os estudos de Edlér Carvalho (2000;1998), Minetto (2008), Locatelli (2009) dentre outros, pesquisadores que se debruçam na

compreensão do tema no cenário brasileiro. Percebemos por meio de nossa

investigação que o processo educacional ultrapassa as fronteiras da

educação cotidiana, contribuindo na formação social do sujeito. Sendo assim, evidenciamos o papel do currículo na adequação escolar para a

inclusão da pessoa com deficiência. O resultado dessa pesquisa aponta para

duas frentes de investimento: necessidade de capacitação profissional e mudanças no sistema curricular das instituições de ensino.

Palavras-chave:

Inclusão; Currículo; Desafios educacionais.

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27. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E

ÉTICA PROFISSIONAL

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

130

27.1. PIBID: Percepção das importantes contribuições para formação de docentes por alunos do curso de Física

Ricardo Rocha PUC-Minas

Thayse Meneze PUC-Minas

Juliana Muller PUC-Minas

Lívia Bragança PUC-Minas

William Simão Escola Estadual Professor Francisco Brant

Fernando Werkhaizer PUC-Minas

Resumo

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) é uma

iniciativa brasileira que objetiva o aperfeiçoamento da formação de professores que atuaram na educação básica e secundária bem como a

melhoria de qualidade da educação pública do país. Neste programa, alunos

de curso superior que habilitam o titular a ser professor do ensino básico e

secundário são inseridos no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-

pedagógicas sob orientação de um docente do seu curso e de um professor

da escola onde o projeto será aplicado. Neste trabalho nós descrevemos os impactos das atividades desenvolvidas pelos alunos do curso de Física da

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MINAS) durante

os período de Agosto de 2012 a Julho de 2013 na Escola Estadual Professor Francisco Brant (Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil). As atividades

desenvolvidas incluíam planejamento e aplicação de aulas práticas de física

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

131

e utilização do laboratório de informática, acompanhamento e reforço de

matemática extraclasse, desenvolvimento de jogos relacionados com o

conteúdo da disciplina de matemática e animações em vídeo sobre os conceitos de Física. Além disso, foi desenvolvido projetos

interdisciplinares como construção e manutenção de um jornal e criação de

uma horta pelos alunos da escola. Para os alunos da escola, houve uma melhora no desempenho e interesse dos alunos pelo aprendizado que

ultrapassou os limites das disciplinas de Física e Matemática, inclusive

resultando na realização uma feira de ciências onde os próprios alunos

desenvolveram experimentos baseados no conteúdo adquirido ao longo do projeto. Para os alunos do ensino superior, a experiência permitiu aplicação

do conhecimento teórico previamente adquirido, elevando-se a qualidade

da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura e promovendo a integração entre educação superior e educação básica e secundária

apresentando ao futuro docente os desafios dentro do ambiente de trabalho

onde ele desenvolverá suas atividades. Proporcionou também oportunidade

de participação em experiências metodológicas e de práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar nos estágios iniciais de sua formação

resultando em estímulo para a busca da superação de problemas

identificados no processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave:

Educação; Física; Formação de Docentes; Escola Pública; Estágio.

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132

27.2. A Formação Didática dos Professores do ensino Profissionalizante por meio dos Círculos de Estudos: Reflexão Teoria e Prática

Marcelo Soldão Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC

Resumo

O presente trabalho relata a formação didático pedagógica de professores

do ensino profissionalizante por meio dos círculos de estudos, considerando

suas características específicas. Pacheco (2008) define círculos de estudos como grupo reduzido de pessoas que se reúnem para estudar, sem a

intervenção de um professor, uma matéria de forma organizada.

Sabe-se que a formação do professor abrange duas dimensões fundamentais para sua atuação: a formação teórico-científica, incluindo a formação

acadêmica específica e a formação pedagógica, que no ensino

profissionalizante configuram-se de maneira diferente, pois em sua maioria

não possuem a formação pedagógica e alguns, obtiveram apenas formação técnica. O grande diferencial destes professores é a experiência prática que

possuem na área do conhecimento em que atuam. Grande parte dos

docentes do ensino profissionalizante - graduados ou técnicos - não se formou para atuar como professores, por isso, a necessidade de desenvolver

a formação didática destes profissionais.

O domínio das bases teórico-científicas e sua articulação com as exigências

concretas do ensino, permitem maior segurança profissional, de modo que o docente possa adquirir conhecimentos didáticos para pensar sua prática e

aprimore a qualidade do seu trabalho.

Em agosto de 2012, os professores do Senac Bauru participaram de uma palestra no Sesc Bauru com o professor português José Pacheco, que citou

o círculo de estudos como um processo de formação docente. Então, a

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

133

partir do interesse dos participantes e das percepções citadas é que o

processo de formação contínua destes professores se iniciou.

Assim, a instituição procurou conhecer este trabalho e propôs aos professores em uma reunião pedagógica. Primeiramente levantou-se os

temas que gostariam de estudar, em seguida, os grupos foram formados de

acordo com os interesses. Após formação dos grupos eles registraram aquilo que já sabiam sobre o tema e em seguida os questionamentos que

norteariam as pesquisas.

Como resultado do trabalho desenvolvido, observou-se que em sete meses

a apropriação do conhecimento didático estava além das falas, fazia parte da prática e transformava a forma com que os professores trabalhavam na

sala de aula. Os alunos já levantavam seus questionamentos e pesquisavam

as respostas com a mediação do professor, minimizando a transferibilidade de saberes e intensificando uma metodologia mais participativa e

autônoma.

Assim, após este período, os professores apresentaram aos demais colegas

os resultados, proporcionando uma interligação entre os temas, bem como a troca de conhecimentos, a aprendizagem constante, permanente e

colaborativa.

Palavras-chave:

Ensino profissionalizante; Didática; Formação de professores.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

134

27.3. O Perfil Profissional do professor de Línguas em Cursos de Educação e Formação. Um estudo de caso

Ana Cristina Cannas CED PIna Manique

Resumo

O presente estudo pretende analisar o modo como os professores de línguas

dos Cursos de Educação e Formação (CEF) definem o seu perfil profissional, como conduzem e desenvolvem o processo pedagógico e

como procedem à avaliação desse processo. Para concretizar estes

objetivos, o estudo incidiu sobre o grupo de professores de línguas dos CEF de uma instituição particular vocacionada para o ensino profissionalizante e

que se caracteriza por possuir uma população multicultural, com problemas

socioeconómicos e em risco de exclusão social.

Situando-nos num quadro de um paradigma construtivista, recorremos a uma metodologia de cariz qualitativo pondo a tónica na revalorização da

“pessoa” como sujeito de conhecimento capaz de refletir, de racionalizar,

de comunicar e de interagir.

Para o efeito, realizámos entrevistas semiestruturadas a todos os

professores de línguas dos CEF da instituição, tendo posteriormente

procedido à sua análise de conteúdo. Para além disso, recorremos ainda à análise de documentos da instituição.

Da análise e interpretação dos dados, concluímos que, na realidade, existe a

necessidade destes professores possuírem um perfil diferenciado, composto

por uma forte componente pedagógica adequada a estes contextos específicos, aliada a uma série de características pessoais positivas, como a

flexibilidade, a tolerância, a capacidade de comunicação e um

relacionamento interpessoal de elevado nível.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

135

Os dados também revelam que existe a necessidade de adequar as práticas

pedagógico-didáticas a este tipo de contextos, especialmente nas línguas

estrangeiras, quer pelas características dos educandos, quer pelas especificidades das próprias línguas.

Palavras-chave:

Perfil Profissional; Professor; Ensino Profissional.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

136

27.4. Motivação e expetativas da pertença a uma Comunidade de Aprendizagem Profissional. A opinião dos professores

Lúcia Gonçalves Salesianos de Poiares-colégio

Helena Silva UTAD

José Lopes UTAD

Resumo

A mudança na conceção de escola, essencialmente no que concerne às suas

dimensões aprendente e colaborativa, implica um novo conceito de desenvolvimento profissional (Alarcão,2009; Estevão,2004). As modernas

conceções de desenvolvimento profissional defendem a necessidade deste

ser colaborativo e entre pares (Alarcão & Tavares, 2003; Marcelo, 2009), no seio Comunidades de Aprendizagem Profissional ( CAP) (DuFour &

Mattos, 2013; Stoll et al., 2006; Timperley, 2010). Estas, na aceção de

Wenger (2001, 2006) são entendidas como Comunidades de Prática que

possibilitam o desenvolvimento profissional, através de interação sistemática, baseada na partilha da mesma paixão ou preocupação,

relativamente a algo que os profissionais fazem e aprendem a fazer melhor.

Nas CAP, pretende-se que os professores, através da partilha reflexiva, da liderança partilhada e numa busca permanente para analisar e solucionar

problemas educativos, atuem de forma mais dinâmica, criativa, reflexiva e

investigativa, com o objetivo de potenciarem o sucesso dos alunos e melhorarem a sua satisfação profissional (Day, 2001; Forte, 2005; Fullan &

Hargreaves, 2001; Oliveira, 2010).

Tomando em consideração as orientações internacionais (NCLE, 2013;

OCDE, 2012) e a legislação portuguesa (nomeadamente, o Estatuto da

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

137

Carreira Docente) sobre o desenvolvimento profissional, realizou-se um

estudo que teve como objetivo principal investigar o contributo das CAP no

desenvolvimento e satisfação profissionais dos professores.

Foram estudadas duas CAP, tendo os dados sido obtidos através de

entrevistas, observação de reuniões e análise documental e tratados com

recurso à análise de conteúdo. Apresentamos alguns resultados das entrevistas de forma:

- Compreender os motivos e/ou expectativas que conduzem os professores

a integrar uma CAP;

- Conhecer as vantagens que os professores atribuem ao trabalho na CAP.

Os resultados permitem concluir que a aprendizagem entre pares e a

melhoria da prática pedagógica são aspetos que levam os professores a

integrar uma CAP e que as suas expectativas iniciais se concretizam. Encontram na CAP um espaço de crescimento profissional, sendo a partilha

reflexiva de experiências e conhecimento uma das vantagens encontradas,

que para isso mais contribui.

Palavras-chave:

Desenvolvimento Profissional; Colaboração; Comunidades de

Aprendizagem Profissional.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

138

27.5. A Discussão nas aulas de Ciências naturais. Perceções dos alunos sobre a sua importância na Aprendizagem

Cristiana Valente UTAD

Helena Santos Silva UTAD

Resumo

A discussão como estratégia de aprendizagem permite a participação ativa

dos alunos na sua aprendizagem (Green, 2012).Solomon (1991) considera que a discussão requer a real e genuína participação dos alunos, a qual

envolve a partilha de experiências e dúvidas sobre os conteúdos a abordar,

apoiada num ambiente de confiança. A discussão deve ocorrer em grupos cooperativos, de modo a que todos os alunos tenham as mesmas

oportunidades de interagir na troca de informações (Lopes e Silva, 2009).

O estudo decorreu no estágio pedagógico do curso de Mestrado em Ensino

de Biologia e de Geologia no 3º CEB e Ensino Secundário, tendo sido valorizada como estratégia de aprendizagem a discussão em grande grupo e

em grupos cooperativos. Pretendeu-se: investigar a evolução das perceções

dos alunos sobre a influência da utilização da discussão na sua aprendizagem e analisar a influência da utilização da discussão no

rendimento escolar.

Esta intervenção envolveu a lecionação das unidades de ensino dos Sistemas Digestivo e Cardiovascular, durante 20tempos letivos. A amostra

foi constituída por 47 alunos de duas turmas do 9ºano de escolaridade.

Como instrumentos de recolha de dados foram utilizados dois questionários

constituídos por questões abertas e fechadas e minitestes. O questionário A foi aplicado em pré e pós-intervenção e o Questionário B foi aplicado

4vezes durante a intervenção. Foram ainda aplicados 3testes.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

139

Nesta comunicação pretende-se apresentar os resultados obtidos com a

aplicação dos dois questionários mencionados.

A análise dos dados obtidos a partir da análise de conteúdo das questões abertas dos questionários e do cálculo de frequências e percentagens, no

que respeita às questões fechadas, permitiu verificar um aumento do

número de alunos que refere ter participado nas discussões por iniciativa própria, que gostou de participar nas discussões na turma e em grupo

cooperativo e que sentiu à vontade e segurança para participar. Aumentou

também o número de alunos que diz aprender melhor quando participa

ativamente na aprendizagem, porque a discussão ajuda a compreender melhor a matéria pelo contato com diferentes perspetivas.

A valorização da discussão como estratégia de aprendizagem mostrou-se,

na perspetiva dos alunos, importante na melhoria dos seus resultados escolares, no aumento da segurança e do à vontade para participar na sala

de aula.

Palavras-chave:

Discussão; Aprendizagem cooperativa; Participação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

140

27.6. Conceção de criança e desenvolvimento da profissionalidade docente: Dados preliminares de um estudo exploratório

Sara B. Araújo Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

Fernando Diogo Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

Resumo

O presente estudo inscreve-se num projeto de investigação mais abrangente

que tem como objetivo geral descrever e compreender a evolução da conceção de criança dos estudantes do Mestrado em Educação Pré-Escolar

da Escola Superior de Educação do Porto. Mais especificamente, visa-se

apresentar dados preliminares relativos à conceção de criança destes estudantes no início da formação neste Mestrado.

O estudo parte da premissa de que a explicitação de valores e crenças é

central aos processos formativos e de que, nessa medida, é necessário

interrogar a conceção de infância, tendo em conta de que ela se projeta inevitavelmente nas práticas educativas. O estudo parte, ainda, de uma

determinada conceção de criança. De facto, nas últimas décadas, teóricos e

investigadores de vários quadrantes científicos têm contribuído para a reconstrução da imagem de criança, resgatando-a de um locus paternalista e

inferiorizador em que permaneceu durante séculos e concebendo-a

enquanto participante de pleno direito.

Trata-se de um estudo exploratório em que participaram estudantes que

frequentaram o referido mestrado nos anos letivos de 2011/12, 2012/13 e

2013/14. As conceções de criança destes estudantes foram recolhidas no

início de cada ano letivo, num total de 62 relatos escritos, e sujeitas posteriormente a análise de conteúdo. As análises realizadas apontam para

sete conceções de criança, mais representadas no discurso escrito dos

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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estudantes: a) a criança inocente; b) a criança passiva; c) a criança como

sujeito em devir; d) a criança ativa; e) a criança como sujeito de direitos; f)

a criança criativa; g) a criança curiosa.

Reconhecendo o alcance que esta conceção poderá ter nos processos

educativos, nomeadamente no modo como a participação da criança é

respeitada e efetivada nos quotidianos educativos, os autores apresentarão algumas reflexões finais, considerando de forma próxima o modo como a

compreensão destas conceções poderá subsidiar melhorias ao nível do

desenvolvimento da profissionalidade docente.

Palavras-chave:

Conceção de criança; profissionalidade docente; Educação de Infância.

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28. POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO E

ACCOUNTABILITY

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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28.1. Avaliação da e na Reforma Educativa em Angola: Elementos para a análise de uma política

Francisco Caloia Alfredo Instituto de Educação da Universidade do Minho

Resumo

O Ministério da Educação de Angola, no relatório publicado em maio de

2014, faz a avaliação global da segunda Reforma Educativa introduzida com a aprovação da Lei de Bases do Sistema de Educação, Lei n.º 13/01,

de 31 de dezembro, com experimentação a partir de 2004. A Reforma

Educativa, cujo enfoque é a promoção da qualidade do Sistema Educativo,

baliza fundamentalmente quatro objetivos: expansão da rede escolar, melhoria da qualidade de ensino, reforço da eficácia do sistema educativo e

equidade do sistema de educação. Além de examinar a avaliação da e na

reforma educativa como fundamentos de política educativa, em documentos vários e no último relatório de avaliação global da reforma,

este texto identifica e questiona as medidas corretivas inicialmente

propostas e que transitaram para 2014, assim como procura compreender as razões da sua transição. Apresenta ainda dados empíricos de questionários

aplicados a uma amostra constituída por professores de diferentes escolas

do Ensino Primário e do 1.º ciclo do Ensino Secundário na cidade do

Lubango, participantes de uma formação que procurou captar concepções relativas à operacionalização micro, meso e macro da dimensão da Reforma

Educativa em Angola. Independentemente das propostas de mudanças e

inovações assinaláveis, subsistem fatores importantes que devem ser tidos em conta para que seja possível uma implementação efetiva e uma prática

congruente com as mesmas.

Palavras-chave:

Reforma educativa; Angola; Avaliação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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28.2. Processos de mudança associados às práticas de avaliação nos cursos de educação e formação de adultos

Helena Rocha Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa

Resumo

Os cursos de educação e formação de adultos (EFA) visam a qualificação

de adultos para uma adequada integração no mercado de trabalho, reconhecendo ao formando um papel importante em todas as etapas do

processo de formação.

Relativamente à avaliação no âmbito da formação em Matemática para a Vida, os documentos oficiais destacam as diferentes funções que esta deve

assumir, com ênfase na função informativa e reguladora. Apontam também

uma diversidade de instrumentos onde merecem destaque os relatórios,

trabalhos diversos e respectivas apresentações e discussões orais. Estes são contudo elementos que traçam um perfil de avaliação que se afasta do que

tradicionalmente é implementado nas escolas e que consequentemente

exige mudança de práticas aos professores que agora se tornam formadores.

A mudança é sempre um processo complexo, englobando diversas fases,

que requer uma alteração de crenças e concepções e que frequentemente faz

despoletar processos de resistência.

Neste estudo pretende-se caracterizar a forma como o formador implementa

a avaliação num curso EFA, ponderando as continuidades e

descontinuidades que este identifica relativamente a práticas anteriores e os

factores que parecem ser influentes sobre estas.

Em termos metodológicos este estudo adopta uma metodologia de natureza

qualitativa e interpretativa, envolvendo a realização dum estudo de caso

sobre um formador. A recolha de dados foi concretizada através da observação de oito aulas ao longo de um ano lectivo e da realização de uma

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

145

entrevista inicial ao formador e de mais uma entrevista após cada aula

observada. Foram ainda realizadas entrevistas a dois formandos, com a

intenção de conhecer a interpretação que estes faziam da prática do formador. Tanto as aulas como as entrevistas foram áudio-gravadas. A

análise de dados teve por base a ponderação dos elementos recolhidos à luz

do problema em estudo.

As conclusões obtidas sugerem a existência de um processo de mudança

em curso, onde a prática de avaliação do formador se começa a aproximar

da preconizada pelos documentos orientadores. Este é contudo um processo

complexo e para o qual parece ser determinante a reflexão do formador sobre os alunos e algumas opções ao nível local da escola, que divergindo

das emanadas superiormente acabam por originar na prática do formador

um efeito de convergência para as práticas de avaliação preconizadas no nível superior.

Palavras-chave:

Avaliação; Cursos de Educação e Formação de Adultos; Processos de mudança.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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28.3. Avaliação e Accountability: a avaliação de professores como estratégia de controlo de um profissionalismo recentralizado

Henrique Ramalho Escola Superior de Educação de Viseu

Resumo

Com este ensaio, pretende-se proceder a uma análise ao atual cenário

ideológica e politicamente construído para controlar o trabalho docente, não nos sendo estranho um complexo processo de ressignificação dos

conceitos de avaliação, desempenho docente, referencialização/referencial,

escola e professores. São termos que têm constituído o fundamental do expediente que os atuais modelos de profissionalização têm utilizado para

administrar e gerir o profissionalismo docente. Embora decorrente de um

exercício de reconcetualização mais amplo do processo de

referencialização da avaliação do desempenho docente, já por nós antes realizado, limitaremos as nossas incursões à perspetivação de um processo

e método de delimitação de um quadro de referências e respetivos

referenciais constituído pela análise de apenas dois referenciais, resultando, todavia, num aparelho construído ou numa constelação de referenciais e

respetivas condicionantes concetual e teoricamente estabelecidas,

designadamente: i) o referencial racional burocrático implicando a narrativa da normalização; ii) o referencial técnico gestionário portador de uma

narrativa própria do management. Não obstante estar sustentado num

amplo processo de investigação que resultou numa tese de doutoramento,

demarcamos este nosso ensaio por uma metodologia de revisão assente numa avaliação crítica, sem que o limitemos a uma mera determinação do

estado da arte, assumindo-o mais como uma revisão teórica de

reinterpretação crítica, onde cumprimos com o propósito de inserir o tema revisado dentro de um quadro de referência teórica polimórfica. Ao

decorrer de um texto compreensivo mais amplo que configurou a

organização de um quadro teórico concetual para o estudo da

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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referencialização da avaliação do desempenho docente, sustentamo-lo pelos

critérios do propósito, da abrangência, da função e da abordagem.

Concluímos aferindo a uma tendência para os referenciais burocrático e técnico gestionário, através das suas narrativas da normalização e do

management, respetivamente, afirmarem-se como tecnologias de regulação

periférica da ação dos docentes, a par de um reforço do efeito regulamentador mais tradicional exercido a partir do centro.

Palavras-chave:

Avaliação; Accountability; Referencial; Profissionalismo.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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28.4. O lugar da “accountability” nas políticas de avaliação de escolas: entre a melhoria e a prestação de contas – uma análise focada nas políticas

Carla Figueiredo Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Carlinda Leite Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Preciosa Fernandes Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo

A educação escolar tem vindo a ser alvo de constantes exigências e

pressões no sentido de alcançar padrões de qualidade que se enquadrem nos

critérios internacionalmente definidos. Estas exigências têm na sua origem as crescentes necessidades sociais, económicas e laborais, do mundo do

trabalho inerentes à característica de mutabilidade e evolução das

sociedades modernas. Com efeito, à escola tem vindo a ser atribuída a

função de promover o desenvolvimento pessoal, educativo, profissional e cívico dos cidadãos (European Union Council, 2009). No âmbito desta

função, a procura de maior qualidade tem justificado a implementação de

medidas justificadas na intenção de assegurar um serviço educativo que cumpra os requisitos de eficiência e de eficácia (Figueroa, 2008; Grek, et

al, 2009; Hadji, 1994; Dupriez & Maroy, 2003; Wrigley, 2003; West,

Mattei & Roberts, 2011; Ehren & Swanborn, 2012), e preste informação transparente aos stakeholders. É exemplo desta situação a avaliação de

escolas, cujos objetivos parecem assentar, quer na verificação e controlo do

trabalho desenvolvido e dos resultados alcançados pelas escolas, quer na

sua corresponsabilização pela promoção de processos de melhoria. É neste sentido que se enquadra o conceito de “accountability” (Afonso, 2009),

frequentemente associado à avaliação. À accountability podem

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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corresponder duas dimensões: a prestação de contas e a melhoria pois, por

um lado, permite a verificação do trabalho realizado pelas escolas, e, por

outro, através da sua corresponsabilização pode constituir a base de ações de melhoria. Tendo esta ideia por base, o presente estudo , visa identificar a

presença do conceito de “accountability” no discurso político para a

avaliação de escolas e caraterizar os sentidos que nele assume.

Para tal procedeu-se à análise de documentos legais, bem como de

relatórios oficiais e estudos europeus, sobre a avaliação de escolas. Estes

documentos constituíram referentes tidos em conta na análise comparativa

com os normativos reguladores da avaliação de escolas em Portugal e Inglaterra.

Da análise dos vários documentos concluiu-se, entre outros aspetos, que: 1)

as orientações e estudos europeus apontam a necessidade e encorajam os Estados-Membro a desenvolver processos de avaliação de escolas para

cumprir os propósitos de accountability, privilegiando, contudo, a

dimensão de melhoria; 2) à semelhança das orientações europeias, também

os documentos legais portugueses apresentam evidências no sentido da accountability que enfatizam a melhoria; 3) a accountability está também

presente nos normativos ingleses, sendo que estes, por comparação com os

europeus e portugueses, sublinham com maior enfâse a prestação de contas.

Palavras-chave:

Accountability; Políticas; Avaliação de escolas; Melhoria; Prestação de contas.

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28.5. A Autoavaliação nas políticas de Accountability e da Melhoria Educacional

Marta Sampaio Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo

Em Portugal, desde 2006, as escolas públicas são sujeitas a um processo de

avaliação externa (AEE) que se articula com processos de autoavaliação (AA). Esta AEE segue um quadro de referência que se estrutura em torno

de três domínios - (1) resultados, (2) prestação do serviço educativo e (3)

liderança e gestão -, sendo o resultado dessa avaliação comunicado às escolas através de um relatório.

Sendo a AEE justificada com o objetivo de ‘promover o progresso das

aprendizagens e dos resultados dos alunos’, importa conhecer o modo como

este objetivo está a ser concretizado e se está a incentivar processos de justiça social e curricular (Connell, 1993; Santomé, 2013). Ao mesmo

tempo, interessa analisar influências da AEE na AA e relações com

medidas de accountability (Afonso, 2009), reconhecendo que estas, para além da prestação de contas, promovem uma coresponsabilização pela

melhoria educacional.

É no quadro desta problemática que este estudo tem como objeto os processos de AA desenvolvidos por escolas dos ensinos básico e

secundário pertencentes à rede TEIP (Territórios Educativos de Intervenção

Prioritária) e como objetivo produzir conhecimento sobre efeitos por eles

gerados na promoção da justiça curricular e da melhoria educacional. Os TEIP, criados na década de 90, pretenderam envolver escolas em projetos

de intervenção relacionados com a desigualdade social, o abandono e o

insucesso escolares (Leite, Fernandes & Silva, 2013). Neste século, os TEIP foram retomados, sendo eles próprios sujeitos a processos de AEE

que convivem com processos de AA.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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Constituindo os TEIP o objeto do estudo que aqui se apresenta, os dados

dizem respeito à análise de todos os relatórios de AEE destas escolas (31)

avaliadas no ano 2012/2013. Seguindo uma orientação qualitativa (Bogdan & Biklen, 2003), foi feita uma análise de conteúdo (Bardin, 2007;

Krippendorf 2003) dos discursos expressos nessa avaliação utilizando o

software NVivo (v.10). Para executar esta análise, foram criadas categorias (autoavaliação e monitorização interna do currículo; práticas

pedagógicas/práticas de ensino; inovações curriculares), posteriormente

subdividas em subcategorias emergentes da análise realizada.

O estudo permite inferir que a AA é cada vez mais valorizada no processo de AEE e, de certa forma, as escolas são incitadas a desenvolver

mecanismos e instrumentos que lhes possibilitem aperfeiçoar este processo.

É possível ainda concluir que a gestão curricular praticada pelas escolas e as ações para o enriquecimento do currículo parecem estar diretamente

relacionadas com a possibilidade de promoção de novas aprendizagens,

ainda que em algumas escolas esta situação não tenha culminado numa

prática institucionalizada.

Palavras-chave:

Autoavaliaçao; Accountability; Justiça Curricular.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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28.6. Resultados escolares e ranking de escolas: uma análise dos rituais de distinção das escolas públicas em Portugal

António Neto-Mendes Universidade de Aveiro

Andreia Gouveia Universidade de Aveiro

Resumo

Neste artigo pretendemos realizar um mapeamento dos rituais de distinção

das escolas públicas portuguesas, dando especial ênfase àquelas que privilegiam um tipo de distinção focada exclusivamente nos resultados

escolares dos seus alunos, cruzando esta informação com a posição destas

escolas no ranking. Para alcançarmos este objetivo iremos utilizar os dados recolhidos a nível nacional pela equipa do projeto Mais e Melhor Escola: A

excelência académica na escola pública portuguesa (PTDC/IVC-

PEC/4942/2012). Este projeto tem por objetivo analisar o processo de

construção da excelência na escola pública, apoiando-se, numa primeira fase, num estudo extensivo dos rituais de distinção adotados pelas

organizações escolares e, numa segunda fase, na realização de quatro

estudos de caso em escolas/agrupamentos que contem com algum instrumento de consagração do mérito. Apresentaremos, nesta

comunicação, os resultados parciais da primeira fase desta pesquisa que

teve, como principal técnica de recolha de dados, a consulta das páginas de internet das escolas/agrupamentos com ensino secundário, dos seus

documentos orientadores (Projetos Educativos, Regulamentos Internos,

Projetos de Intervenção dos Diretores) e de uma lista de rankings de 2012 e

2013 que, posteriormente, foram alvo de uma análise de conteúdo.

As conclusões preliminares da consulta aos documentos estruturantes das

escolas públicas com ensino secundário indicam-nos que a grande maioria

das 490 escolas analisadas apresentam algum tipo de mecanismos de

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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distinção ou de reconhecimento público do mérito. Analisando

pormenorizadamente os dados já obtidos verifica-se que cerca de dois

terços destas escolas contemplam nos seus documentos estruturantes mecanismos de distinção de “tipo misto”, focados numa distinção de

desempenhos académicos, valores e comportamentos e que são estes os

estabelecimentos de ensino que ocupam os lugares cimeiros nas listas de rankings. Contudo, uma análise mais aprofundada revela-nos que uma

grande parte destas escolas apenas publicita uma distinção “focada nos

resultados”, ancorada exclusivamente no desempenho académico de

excelência. No entanto, ao analisarmos as escolas que exclusivamente distinguem os seus alunos com base nos resultados escolares verificamos

que estas se encontram localizadas abaixo do meio da tabela,

nomeadamente a partir do 400º lugar do ranking.

Embora ainda numa fase exploratória dos primeiros resultados desta

investigação, é possível constatar a importância atribuída pelas escolas aos

rituais de distinção, o que, associado à prática regular de publicitação anual

dos rankings há mais de uma década, permite sublinhar a centralidade dos resultados escolares, quer ao nível macro da decisão quer ao nível meso dos

estabelecimentos de ensino.

Palavras-chave:

Ranking de escolas; Resultados Escolares; Rituais de Distinção.

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29. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO

SUPERIOR

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

155

29.1. Etinicidade e Ações Afirmativas no Ensino Superior Brasileiro

Maria Alice Rezende-Gonçalves Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Resumo

Esta comunicação tem como objetivo destacar a emergência do fenômeno

de uma nova etinicidade a partir da adoção das ações afirmativas nas

instituições de ensino superior brasileiras. Nos anos 2000, uma série de

experimentos adotaram: cotas, bônus ou reserva de vagas, a fim de possibilitar o acesso de negros ao ensino superior brasileiro. Podemos

afirmar que essas políticas são responsáveis pela introdução de um novo

modelo de acesso ao ensino superior e promovem a emergência de uma nova etnicidade negra. Esses experimentos de inclusão vêm se desenhando

como híbridos por combinarem vários fatores, tais como: cor/raça, renda,

região e origem escolar. Diversos, graças à autonomia universitária, têm

contribuindo para o aumento do alunado negro nas instituições de ensino superior. Próximo em alguns pontos e distante em outros dos modelos

clássicos: o americano sensível à raça, e o francês daltônico e universalista

(color blindness). O modelo brasileiro firma-se com suas especificidades adaptado a nossa nação e à composição de nosso povo.

Palavras-chave:

Etnicidade; Ações Afirmativas; Ensino Superior Brasileiro.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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29.2. Impactos da política de Cost-Sharing na acessibilidade e equidade no ensino Superior Português

Luísa Cerdeira Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Maria De Lourdes Machado-Taylor Centro de Investigação Políticas Ensino Superior

Belmiro Cabrito Instituto de Educação - Universidade de Lisboa

Tomás Patrocínio Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Resumo

A adesão de Portugal às políticas de partilha de custos (cost-sharing,

Johnstone, 1986) tendo sido iniciada por governos conservadores, adeptos da participação dos estudantes nos custos do ensino superior, desde os anos

de 1980, terá sido consequência da enorme pressão das finanças públicas,

decorrente da expansão do sistema e, depois, pelas limitações impostas pela adesão ao Euro e consequente necessidade de respeitar o Quadro de

Estabilização Orçamental da União Europeia, muito agravadas com a

intervenção da troika, desde 2011.

Neste artigo problematiza-se a influência da política de cost-sharing nas instituições de ensino superior e o seu impacto na acessibilidade e

capacidade financeira dos estudantes.

O trabalho baseia-se no estudo realizado em Portugal inserido num projeto europeu que envolveu 9 países. A equipa de investigadores aplicou a

metodologia usada no estudo europeu, recolhendo dados desde 1991: taxas

de transição do secundário para o superior; diplomados do ensino

secundário; inscritos por tipo, nível e sector de instituição; candidatos ao ensino superior; inscrito 1.º ano e 1.ª vez; valor da propina fixada; apoios

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

157

sociais (n.º de bolseiros, valor pago em bolsas de estudo, empréstimos; taxa

de emprego dos diplomados; recursos do orçamento de estado e receitas

próprias).

Esta informação quantitativa foi complementada com entrevistas a 14

interlocutores privilegiados do sistema de ensino superior português

(membros do governo: 2; reitores, presidentes, vice-reitores: 5; presidentes de associações de estudantes: 3; representantes do sector empresarial: 3).

O artigo apresenta os resultados preliminares deste estudo e mostra as

principais tendências encontradas no que diz respeito aos impactos das

políticas de financiamento do Ensino Superior em Portugal, sendo de assinalar um decréscimo muito acentuado do financiamento público

recebido do orçamento geral do estado (-27% entre 2002 e 2012), a receita

das propinas cresceram 133% e as outras receitas próprias 85%.

Palavras-chave:

Financiamento do Ensino Superior; Cost-Sharing; Acessibilidade.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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29.3. O papel da diversificação das fontes de financiamento no Ensino Superior Público Português

Ana Nascimento IE

Resumo

Este estudo enquadra-se na área da Economia da Educação, Políticas de

Ensino superior e pretende identificar os modelos de financiamento das instituições públicas de ensino superior (IES) português e analisar a

estrutura das respectivas fontes de financiamento, baseando-se na teoria da

partilha de custos desenvolvida por Johnstone (2004). Pretende também analisar a dicotomia educação bem público – bem privado e a tendência

mundial crescente de mercantilização do ensino superior. Acompanhando

uma tendência mundial, descrita por autores como Johnstone, Easterman e

Pruvot(2011) e no EURYDICE (2011), as questões do financiamento do ensino superior começaram a ser cruciais em Portugal a partir de 1980,

tendo o debate emergido a partir dos estudos de Cabrito (2002) e Cerdeira

(2009). As políticas de acesso ao ensino superior assumidas, conduziram ao aumento do número de estudantes, provocando uma pressão orçamental

sobre o Estado. Perante este aumento, sucessivos governos procuraram

introduzir novas formas de financiamento e, simultaneamente, solicitaram, em crescendo, a participação dos estudantes nesse financiamento desde

1992, com a introdução de propinas no ensino superior público (Lei n.º 20

de 92, de 14/8, com alterações e nova legislação posteriores) e que

fundamenta a actual a participação directa dos estudantes no financiamento das instituições públicas de ensino superior, ao pagarem uma propina que

ascende a cerca de 1000 euros/ano. Até meados da década de 1990, as IES

eram financiadas pelo Estado em cerca de 97%, numa situação de quase exclusividade de fundos estatais; actualmente, o financiamento privado

corresponde a cerca de 38%, a maior parte oriunda das propinas dos

estudantes. Face a esta situação, as IES têm vindo a desenvolver processos

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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de captação de receitas ligados ao que se costuma designar de terceiro

sector e que Jonhstone (2002, 2004) intitula de Fundraising– mecenato,

investigação a pedido empresarial, venda de produtos e aluguer de espaços. Tendo estes factores em conta, a investigação que agora se apresenta partiu

da seguinte questão de partida: Qual o papel que a diversificação das fontes

de financiamento poderá desempenhar no futuro do ensino superior português? A partir desta pergunta, traçaram-se os seguintes objectivos: a)

identificar as políticas de financiamento do ensino superior público

português nas últimas décadas; b) Analisar o contributo de cada fonte de

financiamento no orçamento total das instituições; c) analisar a distribuição do financiamento pelas actividades de formação e de ensino; d) identificar

as condições propostas pelos patrocinadores às instituições e e) analisar

como gerem as instituições a sua autonomia num quadro de “abertura” ao financiamento externo.

A metodologia utilizada é o estudo de caso múltiplo (Yin, 1994), onde cada

IES é um caso. Na pesquisa são utilizadas diversas fontes nomeadamente

documentos das IES e entrevistas sendo que estão a ser realizadas entrevistas semi-directivas (Bogdan e Biklen, 1994) a todos os directores,

reitores e presidentes das IES da área de Lisboa, num total de 53

entrevistados e ainda a alguns patrocinadores das IES públicas portuguesas (seis). Após análise de conteúdo das entrevistas e análise documental a

informação recolhida será objecto de triangulação. Serão apresentados

alguns resultados preliminares das entrevistas realizadas.

Palavras-chave:

Ensino superior; Financiamento; Partilha de custos; Fundraising.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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29.4. Transformações no Ensino Superior e Reeconstituição das Identidades Académicas: políticas e quotidianos

Carolina Santos Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Amélia Lopes Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo

Num contexto marcado por mudanças que chegam ao ensino superior “de

fora para dentro”, em que alterações de cunho económico e político impõem às universidades a necessidade de resposta às exigências do

mercado, compreendemos que se vive uma transformação do ensino

superior e, em sua consequência, que se vivencia uma reestruturação do trabalho docente com efeitos nas identidades.

Entre os principais propósitos da investigação realizada, procurou-se

compreender a (re)construção da identidade académica por relação com as

quatro dimensões da docência universitária: o ensino, a investigação, a transferência do conhecimento e a gestão académica, num cenário de

mudanças face às alterações trazidas para a Universidade por políticas que

visam alinhar os resultados do ensino superior aos objetivos do desenvolvimento económico, num caminho «pela mão» do mercado

(Magalhães, 2011).

Como opções metodológicas, o estudo envolveu um grupo de discussão focalizada – GDF – com três professoras e dois professores da área das

Ciências da Educação de uma universidade portuguesa sobre o trabalho

docente, por entender a universidade como espaço de debate por excelência

e por compreender o GDF como possibilidade de reflexão sobre a própria profissão. A investigação também recorreu a entrevistas do tipo biográfico

com três professoras e um professor desta mesma faculdade, para

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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compreender seus percursos profissionais, visto que admitimos a identidade

como processo social, (re)construída constantemente numa dialética entre o

sujeito e a sociedade (Dubar, 1997; Lopes, 2001). Os dados foram submetidos à análise de conteúdo e conjugados com o referencial teórico do

estudo.

Destacam-se, entre os resultados, os impactos das políticas do ensino superior no trabalho docente, indicando uma relação intrínseca entre as

transformações do ensino superior e a reestruturação da identidade

académica. Podemos apontar a intensificação do trabalho docente como

uma das consequências mais sentidas pelos professores. Seus desdobramentos passam pela carga horária exaustiva, pela grande

quantidade de atividades e tarefas de caráter administrativo, pelo acúmulo

de responsabilidades e de cargos, pela obrigatoriedade do envolvimento em internacionalização e em publicações, por exemplo. Assim, podemos

observar, ao discutir os resultados do trabalho, que as exigências do

mercado ao ensino superior recaem, em grande parte, na figura do professor

universitário.

Referências

Dubar, Claude (1997). A socialização: Construção de identidades sociais e

profissionais. Porto: Porto Editora.

Lopes, Amélia (2001). Libertar o desejo, resgata a inovação. A construção

de identidades profissionais docentes. Lisboa: Ministério da Educação –

Instituto de Inovação Educacional.

Magalhães, António (2011). Cenários, dilemas e caminhos da educação

superior europeia. Revista Perspectiva. 29(2), 623-647.

Palavras-chave:

Identidade académica; Ensino Superior; Intensificação do trabalho docente.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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29.5. Trajetos profissionais e qualificação dos docentes no ensino superior

João Leitão APSIOT

Resumo

Tema a que proponho: Políticas de Educação Superior

Este trabalho tem como principal objetivo, identificar as estratégias seguidas pelos diversos docentes por forma a concretizarem o

doutoramento, baseando-se num inquérito por questionário realizado entre

16 de Abril e 6 de Maio de 2012 a 1001 docentes, das mais diversas instituições portuguesas de ensino superior (politécnicos e universidades).

Sendo que alguns dados ainda estão a ser devidamente analisados e

tratados, é desde já possível retirar algumas conclusões preliminares, em

torno das questões da qualidade no Ensino Superior Politécnico e Universitário decorrentes dos diversos processos doutorais dos docentes.

Destas conclusões preliminares, verifica-se que na maior parte dos casos os

docentes já têm uma experiência considerável como docentes no ensino superior, tendo-se verificado que o valor médio se cifra nos 15,7 anos de

docência, baixando essa média para 13,5 quando se questiona o docente

relativamente ao tempo que leciona na instituição de ensino superior onde presentemente trabalha.

De uma ou de outra forma fica demonstrado, que a experiência na

docência, é já longa, podendo daqui aferir-se, que os processos de formação

e qualificação encetados pelos docentes irão produzir sobre os seus alunos efeitos qualitativos de mais-valia e que se reproduzirão ciclicamente, quer

na sociedade quer na economia.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

163

Verificou-se também que o aumento de procura deste terceiro ciclo de

qualificação (doutoramento) se iniciou de forma crescente em 2000,

atingindo em 2006 o seu auge, com 180 docentes a iniciarem o seu doutoramento, número que de 2006 a 2011 tem vindo a cair drasticamente,

manifestando-se nesta amostra aleatória neste último ano em que somente

cinco docentes revelaram ter-se inscrito para doutoramento. A manter-se tal inflexão na procura de trajetos de qualificação de excelência, poderá

repercutir-se de forma negativa nas instituições de ensino superior que cada

vez mais concorrem num espaço global onde a formação e o

reconhecimento dos seus docentes, é cada vez mais a base de seleção daqueles que procuram as instituições de ensino superior para receber

formação qualificante.

Palavras-chave:

Ensino Superior; Doutoramento; Qualificação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

164

29.6. As instituições de ensino superior privadas e sua influência na educação brasileira: estudo a partir de uma Escola Superior de Belas Artes

Sandra Helena Escouto de Carvalho Universidade Estadual Paulista

Resumo

As instituições de ensino superior privadas e sua influência na educação

brasileira: estudo a partir de uma Escola Superior de Belas Artes

Apresentamos os resultados da pesquisa de pós-doutoramento desenvolvida junto ao PPGE, da Universidade Federal de Santa Maria, situada no

município de Santa Maria, região central do estado do Rio Grande do Sul,

Brasil. Realizou-se desde 2012, sendo concluída no início de 2014. Configurou-se como pesquisa crítica, de cunho histórico documental e de

história oral. Objetivou resgatar, através dos pressupostos teóricos, a

influência da Escola Superior de Artes “Santa Cecília” nas atividades

artísticas e educacionais no município de Cachoeira do Sul, pequena cidade de estado do Rio Grande do Sul, Brasil, durante seus 40 anos de existência.

Buscou recolher, sistematizar e analisar, à luz da teoria crítica da educação,

as contribuições da Escola, para o cenário artístico e educacional da cidade e região, considerando as influências portuguesas, alemãs e italianas na

formação destas comunidades. Igualmente, discutiu a importância e

problemática das pequenas faculdades surgidas no Brasil, a partir da década

de 1970, e suas consequências para a qualificação docente e ascensão social da população que a elas teve acesso, direta ou indiretamente. Exigiu

pesquisa de campo, em fontes primárias, tanto em documentos e jornais,

como em entrevistas com aqueles e aquelas, a ela vinculados por trabalho ou estudo e demais pessoas frequentadoras de suas atividades culturais,

abertas à comunidade. Ressaltamos ter sido esta faculdade fundada, dirigida

e extinta por mulheres. Este fato desencadeou reflexões acerca das

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

165

possibilidades de acesso ao conhecimento e ao trabalho remunerado de

quatro gerações de mulheres e a influência do feminino na prática

educativa, expressa nos currículos, explícito e oculto, assim como nos conteúdos e metodologias adotados no curso superior de Educação

Artística, nas habilitações em Artes Plásticas e Música. Do mesmo modo,

além das atividades de ensino, também na extensão, uma vez não ter a pesquisa se desenvolvido, significativamente, nestas pequenas Instituições

de Ensino Superior criadas no Brasil, no período ditatorial. O aspecto de

gênero levantou questões sobre a docência em Educação Artística na

educação básica e no ensino superior, possuir a marca dos comportamentos permitidos à mulher, em uma sociedade, à época, ainda fortemente

patriarcal e sua articulação à vida social e à formação cultural de várias

gerações de crianças e jovens.

Palavras-chave:

Currículo; Formação de professores; Ensino superior; Metodologia; Educação.

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30. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO,

INTERFACES E DIÁLOGOS COM

OUTRAS CIÊNCIAS

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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30.1. Aprendizagem da ortografia: a utilização de estratégias de envolvimento cognitivo

Elsa Silva ESE-IPVC

Gabriela Barbosa ESE-IPVC

Resumo

Enquanto profissionais, é natural que tenhamos necessidade de perceber

como podemos ensinar os nossos alunos e de que forma o podemos fazer tornando a aprendizagem mais significativa. Assim, este estudo assinala o

ensino e a aprendizagem da ortografia, procurando encontrar resposta à

principal questão: “De que modo um programa de atividades de envolvimento cognitivo ajuda os alunos a melhorar os seus desempenhos

ortográficos?”

Desenvolvido numa turma de 2º ano do 1º Ciclo do Ensino Básico, numa

escola pública, o seu principal objetivo é aplicar atividades e estratégias de ensino/ aprendizagem no sentido de facilitar a aquisição de competências

ortográficas.

A metodologia aplicada neste estudo é de natureza qualitativa, com um design o mais aproximado daquilo que a literatura define de investigação-

ação. Trata-se, portanto, de um estudo dinâmico e interventivo apoiado por

um conjunto de ações resultantes da análise do fenómeno em pesquisa.

Foram analisadas as atividades e estratégias de intervenção adotadas e a

evolução dos conhecimentos dos alunos. Os resultados revelaram que a

aplicação dessas estratégias e atividades, na turma em questão,

influenciaram positivamente a aprendizagem da ortografia, concorrendo para aquisição e evolução de saberes mais alargados no que se refere a este

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

168

domínio. Estes resultados manifestaram-se tanto nas produções escritas

como nas comunicações verbais dos alunos sobre o código ortográfico.

O sentido deste estudo e os seus resultados apontam para a conclusão de que vale a pena empreender, nas práticas pedagógicas, atividades que

incorram num saber específico, que sejam guiadas por estratégias

motivadoras e aliciantes para o desenvolvimento das competências e que possam contribuir para aprendizagem através de processos cognitivos como

a compreensão, a atenção, a memória e o pensamento.

Palavras-chave:

Ensino; Aprendizagem; Ortografia; Processos cognitivos.

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169

30.2. Educação para a saúde: contributos de um estudo sobre sexualidade dos/as jovens São-Tomenses

Flávio Andrade Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação

Resumo

Nesta comunicação apresenta-se alguns resultados de pesquisa que está a

ser realizada para a obtenção do grau de doutor na FPCEUP .

Conhecer o papel da Educação Sexual escolar (ESC) na adopção de

comportamentos preventivos e saudáveis, numa perspectiva de promoção

da saúde e de libertação dos/as jovens do peso das identidades de género

herdadas, assentes na sexualidade precoce e na gravidez adolescente, associadas à propagação das DST, nomeadamente HIV, constitui um

contributo a salientar neste estudo em face da realidade de S. Tomé e

Príncipe.

Através de inquérito por questionário a 280 jovens, (135) rapazes e (145)

raparigas entre os 15 e os 19 anos de idade, frequentando o 10º ano do

ensino secundário em estabelecimentos de ensino públicos e privados, procurou-se conhecer as suas representações e práticas face á sexualidade e

a influência educativa que atribuem à ESC e à educação sexual familiar,

bem como à influência dos pares e dos canais mediáticos de informação.

Observamos que há uma mudança em curso no sentido de um maior controlo dos/as jovens sobre as suas vidas e que se expressa através do

controlo que exercem sobre a sua vida sexual, nomeadamente através do

prolongamento do celibato e da monogamia no namoro. O inicio da actividade sexual é mais precoce nos rapazes (3 anos mais cedo do que as

raparigas) e, para rapazes e raparigas, quando não tem associada a relação

de namoro, sendo de admitir a hipótese de que no contexto são-tomense a

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

170

ancoragem da prática sexual à relação afectiva ser protectora e libertadora

da tradição, permitindo uma escolaridade mais prolongada e um projecto de

vida autónomo para os/as jovens.

Palavras-chave:

Promoção da saúde; Educação sexual; Sexualidade juvenil; São Tomé e Príncipe.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

171

30.3. O conto como estratégia pluridisciplinar no desenvolvimento da compreensão da leitura

Carla Alves Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Maria Nazaré Coimbra Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Resumo

A centralidade da língua e do Português, em particular, é indiscutível na

interação em sociedade, a nível nacional e com os países lusófonos. Daí advém a importância de um ensino da língua, que resulte na possibilidade

de comunicar e interagir com o outro. Assim, não podemos dissociar a

língua das suas raízes culturais e literárias, sob o risco de a esvaziarmos de conteúdo. Neste sentido, é fundamental perceber o papel que a literatura

infantil, particularmente o conto, pode desempenhar no ensino-

aprendizagem do Português, não só como fonte de cultura e diversidade,

mas também como fator de motivação, a fim de aumentar os níveis de literacia dos alunos portugueses, uma vez que uma significativa maioria de

crianças portuguesas continua a encarar a leitura e a escrita como uma

tarefa enfadonha, manifestando desmotivação pela leitura autónoma, de escolha individual e/ou sugerida.

Aumentando os níveis da competência leitora, melhores resultados

escolares se esperam em todas as áreas de saber do 1.º ciclo, em especial nas disciplinas como o Português, o Estudo do Meio e a Matemática. Para

os docentes, este é um desafio que implica mais exigência e, acima de tudo,

uma melhoria significativa das práticas pedagógicas.

O trabalho a empreender no terreno, tem como objectivo verificar se o conto pode constituir uma estratégia didática das disciplinas estruturantes

do currículo, do 1.º ciclo. Ou seja, pretende-se averiguar se o conto, como

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

172

estratégia pluridisciplinar, potencia uma maior compreensão dos conteúdos

programáticos e melhores resultados escolares.

Esta investigação, em termos metodológicos, constitui um estudo de caso, dado que privilegia a autenticidade do objeto social em estudo. Por tal

facto, serão utilizadas diferentes fontes de evidência, a fim de obtermos

várias perspetivas do mesmo fenómeno. O design da investigação, relativamente à recolha de dados, abrange dois subgrupos de alunos, um

subgrupo de experiência e um subgrupo de controlo, bem como entrevistas

aos professores envolvidos. Primeiro, foi elaborado um teste inicial aos

alunos. A seguir, realizou-se- uma intervenção pedagógica. Finalmente, foram analisados os trabalhos, incidindo nas respetivas reflexões. A análise

comparativa, dos dados obtidos nos dois subgrupos de alunos, em

triangulação com as entrevistas aos professores, permitem-nos concluir que o conto possibilita que os alunos do 1.º ciclo desenvolvam as competências

transversais da compreensão da leitura na língua materna.

Palavras-chave:

Conto; estratégias; competências de leitura; pluridisciplinar; 1.º ciclo.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

173

30.4. Ensino de estratégias para a redação do texto argumentativo

Maria Prata FPCE-UC

Maria Isabel Festas FPCE-UC

Sara Ferreira FPCE-UC

Marisa Costa FPCE-UC

Resumo

Apresenta-se um estudo que incidiu no ensino de estratégias de redação do texto argumentativo a alunos do 9.º ano do Ensino Básico, com design

quase-experimental, e com recurso a pré e pós teste, e prova de

manutenção.

O programa de treino, a aplicar nos grupos experimental e de controlo, foi

construído por nós e compreende três fases. A primeira destina-se à

exploração de textos, idênticos em ambos os grupos, para promover o

desenvolvimento lexical e a criação de ideias. A segunda é dedicada à planificação do texto argumentativo. Na última fase, trabalha-se a

estruturação e redação textuais. As técnicas para a planificação e

estruturação do texto argumentativo são retiradas do Programa Self-Regulated Strategy Development (SRSD) (Harris et al., 2008), tendo sido

adaptadas para o contexto português. Nas duas primeiras fases, seguiram-se

metodologias diferentes nos grupos experimental e de controlo: no primeiro recorreu-se ao contexto colaborativo do jigsaw (Aronson et al., 2005),

enquanto no segundo os alunos trabalharam de forma individual.

Com a presente investigação pretendemos, fundamentalmente, esclarecer

qual das duas metodologias de exploração de textos, a colaborativa ou a

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

174

individual, favorece mais a criação de ideias a incorporar no texto

argumentativo. Partindo da eficácia do SRSD, amplamente testada ao longo

de mais de 30 anos (Graham & Perin, 2007; Kiuhara et al., 2012), procuramos, no presente, saber se, aliando a este programa uma

metodologia do tipo do jigsaw, aos bons resultados alcançados ao nível da

planificação e da estruturação textuais, se poderá melhorar a composição dos alunos no que respeita à criação de ideias.

O treino decorreu, de outubro de 2013 a maio de 2014, em quatro escolas

públicas do Ensino Básico da cidade de Coimbra e arredores. Os alunos

participantes são 275 (140 no grupo experimental e 135 no grupo de control). O programa foi aplicado uma vez por semana, ao longo de doze

sessões, por sete professoras de Português em contexto de sala de aula.

Antes e durante o treino, todas as professoras participaram em formações específicas a cada grupo.

Os pré e pós testes e a prova de manutenção serão avaliados quantitativa e

qualitativamente por avaliadores formados para o efeito. Para tal,

construíram-se três grelhas distintas: a primeira destina-se à apreciação qualitativa e segue os critérios do GAVE para os exames nacionais de

Português do 9.º ano de escolaridade; a segunda procura registar a

diversidade de palavras e ideias; a terceira permite verificar a presença dos elementos estruturantes do texto argumentativo que foram objeto de

instrução. Esperam-se os primeiros resultados em finais de junho de 2014.

Palavras-chave:

Texto argumentativo; Jigsaw; SRSD.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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30.5. A perceção de pessoas idosas institucionalizadas sobre a “sua nova família”. Um estudo de caso com idosos da Casa dos Pobres de Coimbra

Mariana Ribau Universidade de Coimbra

Cristina Vieira Universidade de Coimbra

Resumo

Em Portugal, a institucionalização é uma das resposta sociais para a

população idosa, no caso de as famílias não terem condições para manter os

seus familiares em casa passando, assim, a estarem entregues a cuidados de cuidadores formais. Esta opção constitui uma alternativa aos cuidadores

informais, tradicionalmente pertencentes ao agregado familiar do idoso ou

às redes de vizinhança.

Partindo deste pressuposto, e no âmbito da obtenção do grau de Mestre em

Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da

Educação, este estudo pretende contribuir para descrever estratégias de

intervenção e pistas que ajudem na reorganização da própria instituição, tendo em vista torna-la na perspetiva das pessoas idosas, a sua “nova”

família, quer em termos de satisfação das suas necessidades básicas, quer

ao nível da promoção de relações afetivas geradoras de bem-estar.

A investigação em causa é desenvolvida com pessoas idosas da Casa dos

Pobres de Coimbra, cujas instalações foram recentemente construídas,

tendo-se passado de uma casa antiga, adaptada e sem grandes condições de

habitabilidade para um edifício novo, construído já com o objetivo de ser um lar residencial, com recursos modernos mais capazes de dar resposta às

necessidades específicas de alguns idosos (ex: rampas para cadeiras de

rodas, elevador, ginásio, etc).

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176

Para a recolha de dados, no âmbito de um paradigma qualitativo, foram

entrevistadas através de uma entrevista semiestruturada 5 pessoas idosas

institucionalizadas, cognitivamente saudáveis, que se encontram a viver na instituição há pelo menos 1 ano. O guião de entrevista foi organizado de

forma tripartida abordando-se a relação das pessoas idosas com outros

residentes, com os funcionários e a sua perceção sobre as condições logísticas e de argumentação da própria instituição.

Os dados foram tratados através de análise de conteúdo da informação

previamente gravada, com a devida autorização dos participantes através de

um consentimento informado.

As conclusões deste trabalho de investigação poderão ser úteis para a

reorganização dos espaços e das relações afetivas dentro das instituições

que têm como valência o acolhimento residencial de pessoas idosas, tendo em vista uma melhor satisfação das suas necessidades, a promoção de bem-

estar e o fomento dos laços satisfatórios entre todos os intervenientes

diretamente ligados a este tipo de instituições.

Palavras-chave:

Institucionalização; pessoa idosa; família; bem-estar; relação afetiva.

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30.6. A Formação Universitária em Teatro: da sala de aula para o palco

Hugo De Melo Rodrigues Universidade Estadual do Ceará

Resumo

Este artigo tem como finalidade apresentar e analisar o processo formativo

de estudantes universitários do Curso de Licenciatura em Teatro da

Universidade Regional do Cariri - URCA no nordeste do Brasil pelo

processo de Montagem de textos teatrais de um autor brasileiro em uma coletânea chamada: Marta, a árvore e o relógio. Tal obra é composta por

uma coletânea de dez textos de Jorge Andrade e foi objeto de reflexão na

disciplina Processo de Encenação I, do referido curso. A experiência analisada foi objeto de estudo no ano de 2012, data em comemoração aos

noventa anos de nascimento do autor (1922-2012). Em “Marta, a árvore e o

relógio”, Andrade (1970) aborda um vasto círculo temporal. Esta

investigação busca apresentar e descrever a prática de leitura, montagem e encenação da obra de Jorge Andrade pelos estudantes do Curso de Teatro

da URCA. No que se refere à metodologia, utilizou-se a técnica de

observação participante. Logo, houve participação ativa e plena do pesquisador nas atividades de leitura e encenação da obra em estudo. As

principais referências utilizadas foram: Andrade (1970); Guidarini (2006) e

Souza (2008). As apresentações fizeram parte da mostra didática do Centro de Artes Reitora Violeta Arraes Gervaseau, no Cariri. As experiências de

leitura e encenação da obra de Jorge Andrade marcaram uma nova etapa na

vida dos alunos envolvidos. Todo o processo de leitura e encenação

contribuiu para a formação leitora dos alunos participantes da disciplina. Os mesmos passaram a ter uma compreensão melhor da obra de Jorge

Andrade, uma melhor técnica para o desenvolvimento de leitura e

encenação de textos. Ainda como resultado, foi elaborado um projeto do processo de encenação e encaminhado para mostras didáticas de teatro em

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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outros espaços educativos e também a produção de comunicações

científicas.

Palavras-chave:

Encenação; Formação; Teatro.

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31. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

180

31.1. Tempo Curricular na Educação de Jovens e Adultos: Espaço de Reflexão e Mudança

Maria Cândida Sérgio Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

José Carlos Morgado Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para Ciências e a Tecnologia

Resumo

Talvez por se ter naturalizado, não seja muito usual refletirmos sobre a

noção de tempo. Vivemo-lo, essencialmente, de forma intuitiva. No entanto, sendo uma dimensão estruturante da própria vida, o tempo é um

elemento fundamental na configuração das nossas representações e no

modo como projetamos e vivemos o nosso dia-a-dia. É com base nas vivências do tempo passado que compreendemos o tempo presente e

idealizamos o tempo futuro. Assim se compreende que na educação

condicione a forma como concebemos e concretizamos o ensino e a

aprendizagem. No texto que a seguir se apresenta divulgam-se alguns resultados de uma pesquisa desenvolvida no âmbito de um mestrado sobre

Organização do tempo curricular na prática pedagógica da Educação de

Jovens e Adultos (EJA), em que se analisou a organização e a vivência do tempo curricular numa escola pública do Ensino Básico. Nesse processo, o

estudo das práticas pedagógicas na escola, em particular na sala de aula,

permitiu conhecer as conceções dos professores, gestores e estudantes sobre tempo curricular, e compreender a forma como a escola organiza e

utiliza esse tempo nesta modalidade de ensino.

Palavras-chave:

Currículo; Tempo Curricular; Educação de Jovens e Adultos; Prática

Pedagógica.

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31.2. Das políticas educativas às conceções e práticas curriculares dos professores: um trajeto sinuoso

Carla Lacerda Escola Superior de Educação de Viseu

Resumo

A presente proposta de comunicação insere-se num projeto de doutoramento, que tem como objetivo central compreender o modo como

as políticas educativas influenciam as conceções e práticas curriculares dos

professores do ensino básico.

Após uma análise fenomenológica às políticas educativas, assumidas e implementadas, ao longo dos 40 anos de democracia em Portugal

evidenciámos aquelas cujo impacto foi mais evidente nas práticas

curriculares dos professores, nomeadamente as que se centraram no XIII e XIV governos constitucionais e que tiveram como projeto as questões da

flexibilidade curricular.

Usando uma metodologia de natureza qualitativa e interpretativa,

recolhemos conceitos de currículo dos professores, no sentido de compreender as suas conceções curriculares e a partir de uma meta-análise

a investigações que tiveram o mesmo propósito, compreender os reais

impactos nas práticas dos professores.

Neste sentido, pretendemos partilhar alguns dos resultados alcançados até

ao momento, nomeadamente o pouco impacto que algumas reformas

tiveram nas práticas curriculares, mesmo tendo sido apropriadas pelos discursos dos professores e compreender as formas como podem as

mudanças alcançar a pessoalidade e o desempenho profissional dos

professores.

Palavras-chave:

Políticas educativas; currículo; professores.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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31.3. Estrutura curricular e tempos letivos – estudo comparativo

Isabel Festas Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Ana Seixas Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Armanda Matos Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo

A necessidade de melhorar os níveis de eficiência interna e externa dos sistemas educativos e de os adequar às características dos novos públicos e

das sociedades atuais tem colocado no centro da discussão o lugar das

diferentes áreas disciplinares na estrutura curricular.

É neste contexto que se insere a presente comunicação em que são

apresentados alguns dos resultados obtidos num estudo desenvolvido no

âmbito do projeto “A carga horária no sistema de ensino português: comparação com outros países da União Europeia e asiáticos e evolução

nas últimas décadas”, financiado pela Fundação Manuel dos Santos.

Procuramos comparar a estrutura curricular do nosso país com a realidade

europeia, privilegiando a análise da carga horária total do ensino básico – nível primário/ISCED 1 e secundário inferior/ISCED 2 – e das áreas

disciplinares da Literacia e da Matemática.

Para a obtenção dos dados recorremos a documentos dos Ministérios da Educação e a obras de referência neste domínio, como as da Eurydice.

Como principais resultados, podemos verificar que a carga horária de

Portugal é bastante elevada, comparativamente à dos outros países em

estudo, sobretudo no ISCED 1. A superioridade dos tempos letivos, por parte de Portugal, mantém-se na Matemática, sendo o nosso país que

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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regista a maior percentagem de tempo dedicado a esta disciplina, o mesmo

não acontecendo com a Literacia que ocupa um lugar muito mais modesto.

Outro dado que se destaca diz respeito ao facto de, em Portugal, estas duas áreas terem pesos iguais, diferenciando-se dos outros sistemas, onde a

Literacia apresenta uma carga horária superior à da Matemática, sobretudo

até ao 4.º ano de escolaridade.

Palavras-chave:

Estrutura curricular; carga horária; áreas disciplinares.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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31.4. Reflexões Sobre a Prática Como Componente Curricular do curso de Licenciatura em educação Física da Universidade Federal do Maranhão

Raffaelle Araújo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão

Meirecele Leitinho Universidade Estadual do Ceará

Jeanne Medeiros UECE

Resumo

Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar a Prática como

Componente Curricular (PCC) compreendida no currículo dos cursos de

licenciatura como espaço de ampliação da formação profissional. Optamos pela metodologia do estudo de caso, utilizando a pesquisa bibliográfica, a

análise documental e a pesquisa de campo. Discutimos as normatizações

que determinaram a reformulação das Diretrizes Curriculares Nacionais,

sobre a organização da formação de professores da educação básica, em nível superior, curso de licenciatura, diferentes concepções de currículo e a

matriz curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física objeto

desse estudo. Nos utilizamos das contribuições de Vázquez (1977) sobre a prática, numa perspectiva dialética, compreendida em várias dimensões:

social, histórica e político-pedagógica culturalmente produzida; também

nos utilizamos do conceito de prática pedagógica presente nos estudos de Veiga (1989; 2000), Pimenta e Anastasiou (2010) Fonseca (2005) e

Schmidt et al (1999) fundamentando a discussão e análise sobre a PCC no

processo de formação do profissional em Educação Física. Como

metodologia de coleta de dados, utilizamos: a entrevista semiestruturada aplicada ao coordenador, chefe de departamento e sete (7) professores do

referido curso; fizemos um levantamento estruturado aplicando um

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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questionário a doze (12) discentes matriculados no Curso. Os resultados do

estudo, de acordo com os sujeitos entrevistados, indicam que a PCC não

está desenvolvida tal como proposto no Projeto Político do Curso de Licenciatura em Educação Física da UFMA, não havendo um entendimento

coerente por parte de alunos e professores quanto esse tipo de prática. A

PCC tem contribuído para a superação da dicotomia entre teoria e prática, entretanto, ainda há a necessidade de que esse tipo de prática deve ser mais

contextualizada, crítica e reflexiva. Estes resultados nos permite afirmar

que demos um passo significativo para superar lacunas na forma de

organização e desenvolvimento da Prática como Componente Curricular. Conclusivamente, essas dificuldades não são apenas de caráter

interpretativo, elas envolvem processos formativos específicos para

professores, alunos e coordenadores de cursos que são os sujeitos que desenvolvem a Prática como Componente Curricular.

Palavras-chave:

Formação docente.Educação Física. Prática Curricular.

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31.5. História da arte no ensino fundamental: uma proposta interdisciplinar

Maria de Fátima Josgrilber Faculdades MAGSU

Emne Mourad Boufleur Faculdades MAGSU

Alessandra Josgrilbert UFGD

Resumo

O texto narra a construção e a implantação de um currículo interdisciplinar

para os anos iniciais do Ensino Fundamental (2º ao 5º), em uma escola de Ponta Porã-MS, Brasil, aplicado desde 1996, portanto, considerando-se o

tempo, um trabalho que deu certo.O projeto tem como base a

interdisciplinaridade proposta por Fazenda(1995, 1996, 1998, 1999, 2001) e a História da Arte com base em Janson(1996,2001) e Gombrich (1979)e é

chamado de “O Túnel do Tempo: viajando pela história”. A proposta

procura demonstrar a possibilidade de se transformar o currículo de uma

escola em algo significativo, demonstrando que a interdisciplinaridade é possível. O currículo tem como fio condutor a História da Arte e prioriza a

conquista da cidadania baseada em três elementos: a formação intelectual e

o acesso à informação; a formação de valores éticos, étnicos e democráticos; e o incentivo para a tomada de decisões - uma cidadania

plena e ativa. A conquista da cidadania, ao ser colocada como o eixo

condutor do projeto, coloca-se contrária a qualquer tipo de discriminação, e a favor da luta pela dignidade do indivíduo, pela equidade e pela igualdade

de oportunidades.

Como elaborar esse material e abandonar propostas prontas? Não se queria

algo pronto, mas alguma coisa que pudesse ser adaptado aos interesses das turmas e que apresentasse os textos em forma de uma grande história, cujos

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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capítulos, em sequência, seguissem um fio condutor. Na preparação da

equipe, a escola efetivou reuniões de planejamento e cursos de formação

continuada sobre a história da arte e ainda, começou a adquirir materiais didáticos sobre a temática, como: livros, filmes, maquetes... O grupo

docente ia aprofundando os conhecimentos e trocando ideias. Percebeu-se a

impossibilidade de implantar o projeto em todos os anos de uma única vez, então se optou pela a implantação progressiva. Nessa fase de implantação,

observou-se que alguns textos eram de difícil compreensão, eles, então,

foram substituídos por outros ou modificados de acordo com a faixa etária

das crianças. Hoje, está totalmente implantado e serviu de base para a tese de doutoramento de Josgrilbert (2004). Observa-se que as crianças que

participam do projeto aprendem a história da humanidade através da arte de

forma lúdica

Palavras-chave:

Interdisciplinaridade; Currículo; Projeto; Ensino Fundamental; História da arte.

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31.6. Contextualização curricular no ensino secundário: possibilidades e limites

Manuela Esteves Instituto de Educação- Universidade de Lisboa

Resumo

Contextualizar o currículo e os saberes disciplinares que ele veicula, a fim

de favorecer a aprendizagem dos alunos, surge frequentemente como mandato para a actuação dos professores e das escolas.

O estudo a que nos reportaremos ocorreu entre 2011 e 2013, no âmbito de

um projecto colectivo envolvendo pesquisadores de quatro universidades portuguesas e teve como objectivos principais (i) esclarecer as

possibilidades e limites da contextualização curricular num nível de ensino

(o ensino secundário) marcado pela existência de exames nacionais

potencialmente indutores de práticas de ensino – aprendizagem descontextualizadas; (ii) identificar práticas docentes de contextualização

dos saberes no âmbito de disciplinas diversas; (iii) aprofundar e

sistematizar a definição do conceito de “contextualização” que se nos apresentou ainda bastante fluido na literatura, aliás escassa, que a ele alude.

A metodologia de pesquisa empírica utilizada socorreu-se da análise

documental das provas nacionais de exame da disciplina de História dos últimos cinco anos, de entrevistas com professores cujos alunos tinham

sido especialmente bem sucedidos nesses exames, em função de terem tido

resultados médios superiores à média nacional e à média da região onde a

escola se situa, e de uma entrevista com uma das autoras do programa da disciplina em análise.

Os resultados mostraram que as referidas situações de maior êxito em

exames nacionais assentavam em práticas docentes inequívocas de contextualização dos saberes a ensinar e a aprender. Foi possível também

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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identificar a natureza e os tipos de práticas envolvidos nessa

contextualização. O conceito de “contextualização” perfilou-se de modo

mais articulado no que se refere às dimensões (e traços) que nele estão ou poderão estar envolvidos e às relações que entre essas dimensões se podem

estabelecer.

A opção por um estudo de natureza exploratória, descritiva e interpretativa mostrou-se adequada ao estudo de um objecto que, sendo amplamente

desejado no plano dos ideais pedagógicos – a contextualização dos saberes

– é, contudo, mal conhecido no que toca às práticas docentes e discentes

concretas a que dá lugar.

Palavras-chave:

Contextualização curricular; contextualização dos saberes; exames nacionais; ensino de História; desenvolvimento profissional docente.

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32. PEDAGOGIA SOCIAL E

DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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32.1. Políticas Públicas de educação e Formação de Adultos: contribuições ao diálogo sobre desafios e perspectivas

Márcia Regina Barbosa Universidade Federal de Permambuco

Resumo

Discorrer sobre a educação de adultos nos remete à própria formação do

indivíduo, esta por sua vez, chega a se confundir com seu próprio processo de vida. Considerada como uma arte que possibilita trilhar novos rumos, a

Educação de Adultos, pós-revolução francesa, passou a ter significativa

importância, sobretudo por haver a necessidade e o interesse no processo de qualificação profissional e por razões políticas eleitorais, sobretudo após o

término da segunda guerra mundial. A partir desse contexto histórico, a

educação de adultos ganha novos rumos e percursos, cujos trilhos mostram

a evolução da sua concepção a partir das Conferências Internacionais desde a primeira, que foi realizada na Dinamarca, em 1949, até a

sexta Conferência, acontecida no Brasil em 2009, Marco de Belém, cuja

proposta visa romper o ciclo da baixa escolaridade e instituir um mundo inteiramente alfabetizado. Isto nos chama a refletir acerca do que vem

sendo tratado sobre questões relativas à Educação de Adultos, buscando

marcos teóricos que contribuem no processo de compreensão para discussões sobre a política pública nesta modalidade de ensino. Assim, o

presente trabalho propõe apresentar registros de estratégias políticas-

educacionais de implantação/fortalecimento de ações conjuntas no âmbito

do estado e municípios de Pernambuco. Considerando as políticas delineadas no âmbito internacional/nacional a Comissão Estadual de

Alfabetização e Educação de Jovens e

Adultos CEAEJA/PE, efetivou diferentes ações com a perspectiva de melhorar a qualidade da educação nesta área e, dentre as ações

desenvolvidas destacamos os Três Encontros Estaduais da Agenda

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Territorial de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e EJA e, a

implantação dos CRIAEJAS. Os referidos eventos se configuram como de

grande importância no âmbito das políticas públicas do setor educacional de Pernambuco.Os mesmos buscaram a estruturação de opções para a

incorporação dos egressos dos Programas de Alfabetização à Educação

Básica, em suas diferentes modalidades de atendimento com a intenção de possibilitar a seguridade

social, a integração ao mundo do trabalho e controle social das Políticas de

Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos.

Palavras-chave:

Educação de Jovens e Adultos; Políticas Educacionais; Pernambuco.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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32.2. O Movimento associativo de pais e as Dimensões Educativas da Participação nas Associações

Isabel Oliveira FPCEUP

Teresa Medina FPCEUP

Resumo

Ao assumir a educação como um processo que ocorre ao longo da vida, nos

mais diversos contextos e espaços sociais, surge como pertinente procurar compreender o modo como os dirigentes associativos que participam e

intervêm nas associações de pais (AP) reconhecem a importância

formativa/educativa das suas vivências nas associações e o sentido que lhes atribuem.

Efetivamente, as AP, como outras associações, enquanto contextos onde o

educativo está presente e onde a educação/formação acontece, contribuem

para pensarmos a educação de um modo mais abrangente, uma vez que participar significa ter acesso a um vasto conjunto de oportunidades de

aprendizagem que se produzem na intervenção ativa dos pais e

encarregados de educação na escola, nos órgãos sociais das associações e como participantes nas atividades por estas promovidas.

No âmbito de um mestrado em Ciências da Educação, foi realizada uma

investigação que pretendeu contribuir para a reflexão em torno da Educação e Formação de Adultos, tendo em conta diferentes perspetivas

sobre o papel das AP, enquanto espaços e contextos formativos/educativos

não formais e informais. Foram realizadas 10 entrevistas a membros de

órgãos sociais de diferentes estruturas do Movimento Associativo de Pais (MAP), do distrito do Porto. A investigação realizada teve como objetivos

principais:

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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•Compreender, a partir dos discursos de alguns dirigentes, o modo como o

movimento associativo de pais potencia o desenvolvimento de processos

educativos e formativos.

•Compreender o tipo de aprendizagens que se realizam e a forma como o

movimento associativo de pais contribui para a transformação dos sujeitos

que nele participam.

Nesta comunicação procuraremos dar, a partir das vozes e discursos de

membros de AP, do sentido formativo e educativo que atribuem à sua

participação nestas estruturas, reconhecidas por eles como grandes

“escolas” de formação a nível cultural, cívico, político e de formação para a cidadania.

Palavras-chave:

Associações de pais; Participação; Aprendizagem.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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32.3. Lar Residencial: uma resposta urgente para a população idosa da Alta de Coimbra

Sandra Cristina Brito de Freitas Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo

A “Universidade de Coimbra – Alta e Sofia” fazem parte do Património

Mundial (UNESCO) desde Junho de 2013, fazendo parte desta (a vivência e a cultura estudantil, a Associação Académica, o Fado, as Praxes, a

Canção, as Republicas de Estudantes, contribuem para todas as vivências

de um património imaterial único).

Esta zona, também é marcada por um acentuado envelhecimento dos seus

residentes que carecem de respostas sociais que estejam à altura da

satisfação das suas necessidades mais prementes, de forma a terem uma

vida digna e com algum conforto à medida que entram nas etapas derradeiras da sua existência.

A razão deste artigo surge no âmbito do estágio curricular em Ciências da

Educação, na área da Educação e Formação de Adultos, no Centro de Dia 25 de Abril do ATENEU de Coimbra, com o estágio foi perceptível a

preocupação dos utentes e vizinhos do centro de dia, quanto à falta de

respostas sociais eficazes que lhes garantam e assegurem a protecção, o conforto a tranquilidade de que tanto precisam.

Sendo assim, pretende-se conhecer as percepções de alguns agentes do

poder político local e entidades da sociedade civil com responsabilidades

directas na tomada de decisões, que conhecem os recursos potenciais disponíveis e por sua vez visam a protecção da população mais idosa desta

zona.

Este estudo é de caracter qualitativo, dado que o objecto primordial é ouvir estes agentes em discurso directo, para percebermos a viabilidade da

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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existência de um lar residencial que é urgente construir nesta zona, para

além de pretendermos ainda chamar a atenção de toda a sociedade para a

situação de carência material e afectiva deste grupo etário. Para a recolha dos dados utilizou-se um Guião de Entrevista semiestruturada e toda a

informação recolhida foi gravada com o devido consentimento informado

dos participantes.

Palavras-chave:

Alta de Coimbra; Envelhecimento; Idosos; Lar Residencial.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

197

32.4. A Educação e Formação de Adultos em Portugal e no Brasil. Um olhar aproximativo a partir da actualidade

Márcia Regina Barbosa UFPE

Resumo

As políticas públicas da educação e formação de pessoas adultas têm sido

muito debatida e com elevado número de iniciativas, em Portugal e no Brasil, ao longo dos últimos cinquenta anos. Justificando-se com um

conjunto de argumentos inter-relacionados de aceitação generalizada:

apenas as pessoas em idade adulta têm os recursos necessários para promover transformações imediatas nas comunidades e nas sociedades;

essas mudanças só acontecem em resultado de novas aprendizagens;

unicamente através da educação e da formação se conseguem articular os

meios necessários para orientar essas aquisições, de forma a atingir uma situação desejável, previamente definida. Referente à realidade portuguesa,

numa primeira fase se sucederam razões religiosas, comerciais, económicas

e de administração, para justificar um investimento mais significativo, foi a generalização das ideias de progresso social e democrático, traduzidas pela

convicção de que era indispensável garantir a igualdade de direitos, deveres

e oportunidades, para todas as pessoas em qualquer fase das suas vidas, que consagrou o aparecimento de uma educação para quem não teve acesso.

Estas actividades de carácter periódico e extraordinário foram

acompanhadas por desafios culturais, sociais e profissionais que as

integrassem na roda da vida e as constituíssem como motor das mudanças a empreender. Assim, tentando aproximar-se das pessoas e das suas

comunidades e procurando respostas progressivamente inovadoras, a

educação e formação de pessoas adultas buscou constituir-se como um movimento social capaz de promover o bem-estar comum. Isto tem sido

possível a partir da entrada de Portugal na Comunidade Económica

Europeia cujos níveis de escolaridade eram considerados muito baixos,

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

198

quando comparados com os índices dos novos parceiros e, talvez em

consequência disso, com indicadores de produtividade profissional

dificilmente aceitáveis, no quadro do novo bloco (económico). Concernente à realidade brasileira, destacamos que a coordenação de políticas sociais,

legalmente, divide a responsabilidade pública pela manutenção e pelo

desenvolvimento da educação entre as três esferas do governo, correspondendo, de forma prioritária, aos estados e municípios a

responsabilidade com a execução de programas de Educação Básica de

Jovens e Adultos, com apoio técnico e financeiro subsidiário da União.

Brasil e Portugal têm em comum, índices significativos de Jovens e Adultos com desfasagem escolar e formação profissional, passaram por

experiências educacionais conservadoras, afastados das ideias mais

progressistas da Educação de Adultos. Pretendemos pois, apresentar discussões/delineamento (Programas e Projectos) de políticas que persigam

objectivos similares para a formação com “apreço” na aprendizagem.

Palavras-chave:

Formação de Adultos; Portugal e Brasil; Programas e Projetos.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

199

32.5. Educação bancária versus educação libertadora: abordagem freiriana numa perspectiva social para educação brasileira

Gilcélia Pires Universidade Estadual de Feira de Santana

Armando Loureiro Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro

Resumo

O texto que se apresenta reflete sobre as concepções freirianas: educação

bancária e educação libertadora no contexto atual da educação brasileira. Temos como objetivo trazer à baila, mais uma vez, o debate sobre os

problemas de bases ideológicas, políticas e pedagógicas que a educação

brasileira, sobretudo, de caráter público, continua enfrentando. Concluímos que existe ainda a necessidade de suscitar nos educadores, de modo geral,

uma continuidade na construção dialógica de propostas inovadoras e

exequíveis para mudarmos as práticas pedagógicas que impedem o

desenvolvimento humanizado de educandos oprimidos e relegados do processo evolutivo da sociedade contemporânea.

Palavras-chave:

Educação bancária; educação libertadora; pedagogia do oprimido; educação

humanizada.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

200

32.6. A Educação Não Escolar em Portugal. Perspetiva a partir do Ensino Doméstico

Álvaro Ribeiro Universidade do Minho

Resumo

O desenvolvimento do mercado educativo transformou o papel do Estado

no campo educativo diluindo a sua responsabilidade na promoção da educação e reforçando o seu papel na avaliação dos produtos da ação

educativa.

Neste caminho, já no século XXI, as suas realidades sociais imanentes, com as grandes problemáticas do conhecimento, da aprendizagem, da criação e

da diversidade, têm tido atores promotores de outros olhares e

sensibilidades desenvolvidos na periferia do sistema socioeducativo. Esses

olhares têm despolarizado a atenção atribuída ao produto pedagógico institucional mais relevante tanto a nível qualitativo como quantitativo que

a sociedade foi capaz de gerar, para um novo objeto [de estudo] do real

educacional – a educação não escolar, da qual o ensino doméstico é uma forte e cada vez mais crescente assunção.

Os mecanismos mercantis da educação não só fragmentam a sociedade em

diversos coletivos sociais, como os segregam e hierarquizam em clientes positivos e clientes negativos segundo a sua disponibilidade e capacidade

de administrar socioeducativamente os recursos económicos e

informacionais que conseguirem acumular.

O espaço social é caracterizado por uma relação dominantes-dominados e pela hegemonia dos interesses da classe dominante que, por inépcia das

energias críticas vitais, tende a ser acriticamente justificada aos olhos de

todos e, portanto aceite. As consequências educacionais escolares de um capitalismo desorganizado acentuam o pensamento das correntes de

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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inspiração marxista (Althusser, Baudelot e Establet, Bowles e Gentis) para

quem a escola ensina um know-how em formas que garantem a submissão

à ideologia dominante ou o domínio da sua prática, apresentando-se como um elemento integral na reprodução da estrutura de classes prevalecente na

sociedade contribuindo para reproduzir as relações sociais de produção

capitalista.

Para Max Weber, o património cultural e os sistemas de valores que têm

predominado historicamente são os da elite dominante que detém o poder.

E é este património e valores que são transmitidos pela educação.

Conforme diz o objetivo procurado pela educação é o homem culto segundo o ideal de cultura que está marcado pela estrutura de dominação e

pela condição social requerida para pertencer ao estrato dirigente.

Neste sentido temos erguido algumas perguntas sobre o homeschooling como um movimento social e educacional à escala mundial. Estando desde

2008 a investigar este objeto de estudo em Portugal, primeiro via

dissertação de Mestrado e agora em sede de doutoramento na Universidade

do Minho, propomo-nos, com este texto, abordar a realidade Portuguesa num contexto educativo não escolar, num cruzamento entre a globalização,

mercados educativos e diferenças e desigualdades sociais.

Palavras-chave:

Educação Não Escolar; Homeschooling; Mercado da educação.

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33. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E

ÉTICA PROFISSIONAL

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

203

33.1. O aluno no papel do professor

Fátima Santos Universidade do Minho

Resumo

Partindo de opiniões veiculadas por autores consagrados no campo da

educação como Rousseau, Piaget, Vygotsky e Wallon e após a consulta aos

próprios alunos por intermédio de uma sessão usando a metodologia de

“Focus Group” colocamos o aluno no papel do professor.

No final, e após auscultarmos a opinião dos próprios alunos, dos seus

encarregados de educação e de recolhermos dados para a nossa própria

análise, apresentamos os resultados obtidos por essa estratégia de intervenção pedagógica. Verificamos que para os alunos se revelou

enriquecedor embora se tivesse também constatado não estarem ainda

preparados para estratégias deste tipo devido ao grau de responsabilidade

que acarretam, à falta de maturidade evidenciada por eles e também devido à falta de hábito neste tipo de intervenção.

Achamos no entanto que, indo também ao encontro da opinião dos alunos,

se poderá e deverá repetir esta experiência em conteúdos suscetíveis de ser usada esta metodologia de ensino em que o aluno terá de pesquisar,

interagir e confrontar-se com o papel do professor.

Palavras-chave:

Aluno; Professor; “Focus-Group”; Estratégia; Pedagógica.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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33.2. A inserção das festas tradicionais populares no ensino de arte na educação básica

Edite Colares Oliveira Marques Universidade Estadual do Ceará

Resumo

O que viemos aqui apresentar e discutir são os pressupostos e o relato

parcial de uma pesquisa em andamento sobre a inserção de festejos tradicionais, oriundos da chamada cultura popular, no âmbito da escola

básica, com vistas a ampliar a nossa compreensão, quanto às linguagens

artísticas e contribuir para a inserção do campo artístico na educação fundamental, em contraposição à visão hegemônica da cultura, veiculada

em escala industrial e voltada para o entretenimento, bem como à hibridez e

fechamento em si da arte contemporânea. Esta pesquisa tem como

referencial teórico, autores como: Mikhail Bakhtin, que nos ajudou a estabelecer relações importantes entre as festas tradicionais e a cultura

Popular; Huizinga, que acena para a importância do espírito lúdico e

estético na educação, pois seríamos, em essência, Homo Ludens; Henry Giroux, ao abordar as relações entre cultura popular, pedagogia e currículo

escolar; Michael Aple, em sua perspectiva de indicação dos pontos de

contato entre política cultural e educação, dentre outros. Como metodologia foi adotada uma perspectiva comparada, ao intentar apontar possíveis

articulações entre as manifestações tradicionais de festejos brasileiros e

festejos populares portugueses, com base numa recomendação da legislação

educacional brasileira ao ensino de arte, de que seja dada uma maior atenção às expressões regionais, relacionando-as às suas bases históricas.

Propõe uma estratégia de pesquisa de base etnográfica, no que se refere ao

inventário de festejos tradicionais, tanto religiosos, quanto laicos, querendo sistematizar cantos, ritos e modos de expressão, em suas permanências e

apropriações, guardadas e ainda praticadas, especialmente em zonas dos

litorais brasileiro e português, tomando Fortaleza e a cidade do Porto, como

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

205

áreas centrais de busca de acervo documental e bibliográfico para o estudo

proposto. Apresentamos, como resultado parcial, o que viemos

sistematizando no Brasil sobre um aprofundamento do ensino de Artes, vinculado às manifestações populares, através de evidências empíricas,

tanto na prática de ensino, em quatro escolas públicas, quanto na vivência

comunitária de manifestações populares tradicionais - nos pastoris, no cordel, no carnaval e a observação em Porto-Portugal de suas festas

joaninas manifestações tradicionais portuguesas - evidenciando que as

manifestações da cultura popular, no âmbito do ensino de Arte, na escola

básica brasileira e portuguesa, têm demonstrado o enfraquecimento deste conteúdo como pertinente a este campo, aspecto que preocupa os

estudiosos do tema, uma vez que a Arte é parte da produção cultural

humana e como tal é situada histórica e socialmente. A pesquisa tem revelado a necessidade de aprofundamento da questão proposta, do que

resultou a concepção de um projeto de estágio pós-doutoral, realizado na

Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto como investigadora do

Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade com a colaboração do Prof. Dr. José Carlos Paiva, através do qual, este estudo prossegue

tomando Fortaleza-Ce (Brasil) e Porto (Portugal), como pontos

geoculturais estratégicos para um apanhado de manifestações de festejos populares, pretendemos inspirar uma política curricular que abra o

ambiente escolar à vivência artístico-cultural criativa e investigadora, com

vistas a realizar, ao final, um apanhado de manifestações populares festivas e tradicionais, numa dada comunidade escolar localizada em cada uma das

cidades alvo, que possa vir depois a ser utilizado como material didático

para o ensino da Arte na Escola Básica, com vistas a mostrar a interação da

escola, como instituição educativa, com a vida cultural mais ampla da comunidade escolar.

Palavras-chave:

Arte; Cultura Popular; Educação Básica; Formação de Professores.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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33.3. O uso do portefólio reflexivo na perspectiva histórico-cultural

Elaine Araújo USP

Resumo

O texto que apresentamos refere-se a um projeto de pesquisa realizado no

âmbito do programa de pós-doutoramento que teve como objetivo tornar

mais evidente o processo de pensamento do professor, subjacente à sua

ação pedagógica (elaboração, reflexão, aplicação, análise e síntese da atividade de ensino e aprendizagem), fazendo-o por meio da análise de

conteúdo dos portfolios reflexivos. Do ponto de vista metodológico, o

projeto foi desenvolvido numa abordagem de natureza qualitativa e incidiu numa experiência de pesquisa-formação desenvolvida no Brasil, com

educadores de uma creche da Universidade de São Paulo, e em Portugal,

com educadores de infância das cidades de São João da Madeira e de

Aveiro. Os dados que, particularmente, servem de referência para este estudo dizem respeito à dimensão da pesquisa realizada com uma creche da

Universidade de São Paulo (USP). A análise de conteúdo dos porfolios

realizou-se a partir de um modelo epistemológico, no qual, o discurso se apresenta como manifestação do conhecimento de quem o produz, em duas

dimensões, a implícita (episteme) e a explícita (logos). A natureza narrativa

do portfolio reflexivo evidencia não apenas o dizível, mas, também o indizível, viabilizando o contato com significados e sentidos que, em

situações comuns de formação, não seria possível capturar. Isso, se torna

possível, sobretudo, pelos níveis de criatividade e originalidade de cada

portfolio e pelo modo como seus autores constroem suas narrativas.

A defesa do uso do portfolio reflexivo no processo de formação inicial já

está mais do que argumentada e suas vantagens em relação a outros

instrumentos parece bastante compreendida. Entretanto, este estudo permite sustentar que o seu uso na formação contínua pode ser ainda mais

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

207

potencializado. O primeiro argumento nessa direção é porque a produção

do portfolio não está, neste caso, condicionada por nenhuma atribuição de

conceito avaliativo. Daí, sua produção ser motivada, principalmente, pelo (re)conhecimento de seu valor como instrumento formativo. No caso desses

educadores o que os motivou na elaboração de seus portfolios não foi

apenas a pertença a um grupo de pesquisa-formação, mas sobretudo a possibilidade de se auto-implicarem e debruçarem crítico-reflexivamente

sobre seu próprio processo de formação. Nesse sentido, a produção do

portfolio representou não apenas um momento de sistematização das

aprendizagens ocorridas ao longo do projeto, mas sim a própria aprendizagem.

Palavras-chave:

Portfolio Reflexivo; Aprendizagem docente; Perspectiva histórico-cultural.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

208

33.4. A Dimensão da Reflexão como Investigação na Formação Inicial de Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico em Contexto de Estágio

Maria Bento FPCEUP

Resumo

Apresenta-se um estudo de doutoramento em Ciências da Educação sobre a

importância da reflexão como investigação na formação inicial de

professores do 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB), no estágio pedagógico, após as mudanças introduzidas pelo Processo de Bolonha. Realiza-se um

estudo de caso, numa instituição de formação inicial de professores,

focando os Mestrados em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º CEB e em Ensino do 1º e do 2º CEB, e pretende-se identificar práticas de reflexão em

estágio e compreender a forma como se constituem em dispositivo de

investigação e de desenvolvimento profissional.

Os estágios pedagógicos são considerados, tanto por autores como por estudantes, como fundamentais na formação (cf. Galveias, 2008; Caires,

2006). É um momento em que os estudantes mobilizam os conhecimentos

adquiridos na componente teórica para contextos reais. É, por isso, “a fase ideal de investimento no crescimento pessoal, implicando a alteração de

atitudes de comportamentos de modo consciente com o objectivo de

alcançar etapas mais elevadas de realização pessoal” (Matiz e Lopes, 2009:

1418).

Para a recolha e análise de dados recorre-se à análise de documentos de

caracterização do currículo e das dinâmicas formativas, ao focus group a

estudantes estagiários e a professores recém–formados, a entrevistas semi-estruturadas a estudantes estagiários, a professores recém-formados, a

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

209

professores cooperantes e professores supervisores, e respetiva análise de

conteúdo.

Na comunicação serão apresentados dados relativos à análise dos focus group e à análise de documentos.

Esperamos conhecer as perspetivas dos participantes relativamente ao

desenvolvimento destas capacidades na formação inicial e a sua implicação nas práticas e identificar nos documentos informação esclarecedora do

lugar da reflexão como investigação na profissionalização dos professores

do 1º CEB.

Referências Bibliográficas

Caires, S. Vivências e percepções do estágio pedagógico: contributos para a

compreensão da vertente fenomenológica do “Tornar-se professor”.

Análise Psicológica, 1 (XXIV), 2006, 87-98.

Galveias, M. Prática Pedagógica: cenário de formação profissional.

Interacções, v. 4, nº 8, 2008, 6-17.

Matriz, L. & Lopes, A. (2009). Áreas do saber, formação inicial e vivências

de inserção profissional de professores principiantes - reflexões sobre dados exploratórios. In B. Silva, L. S. Almeida, A. Barca, & M. Peralbo (Orgs.),

Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicoterapia.

Braga: CIEd. 1416-1429.

Palavras-chave:

Formação Inicial de Professores, Estágio; Reflexão; Investigação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

210

33.5. Construir saberes para dois ciclos de ensino: a percepção dos formandos do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico

Cristina Mesquita Instituto Politécnico de Bragança

Maria José Rodrigues Instituto Politécnico de Bragança

Resumo

O estudo que se apresenta tem como objetivo principal conhecer as

perceções dos formandos do curso de Mestrado em Educação Pré-Escolar e

Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico sobre o seu processo formativo. Pretende-se compreender a forma como os alunos interpretam um modelo

formativo para dois ciclos de ensino e as competências que construíram ao

longo do processo. De forma mais abrangente o estudo procura refletir sobre o impacto que a reorganização da formação de professores teve a

partir da implementação do Decreto-Lei 43/2007 (de 22 de fevereiro) que

aprova o regime jurídico da habilitação profissional para a docência na

educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário.

O estudo orienta-se por uma abordagem qualitativa de natureza descritiva e

interpretativa, que utiliza a entrevista semiestruturada, a seis alunos, para a

recolha de dados e a análise de conteúdo para a análise. Foram, também, analisados de forma interpretativa os Relatórios de Estágio dos mesmos

formandos, para averiguar as competências construídas e a forma como

articularam os saberes na prática.

Os resultados obtidos mostram as percepções dos formandos acerca deste modelo de formação e a forma como eles pensam ter articulado as suas

práticas nos dois níveis de ensino, por outro lado evidenciam alguns dos

constrangimentos que sentiram com este novo modelo de formação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

211

A perceção dos alunos é importante para sustentar a discussão em torno da

qualidade deste modelo de formação. Consideramos, por isso, que este

estudo pode contribuir como reflexão em torno do modelo de formação no sentido de garantir e assegurar uma maior qualidade e ao mesmo tempo

apoiar os alunos de forma mais consciente no seu processo de

aprendizagem e autonomização.

Palavras-chave:

Modelo de formação; Formação de educadores/professores; Competências profissionais.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

212

33.6. Iniciação à docência: porque tornar a escola um espaço de formação

Lucrécio Sá Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Resumo

No Brasil atualmente a busca por uma educação de qualidade tem como

mola propulsora políticas públicas para valorização das relações entre escolas e universidades. Assim, se têm buscado superar a desvalorização da

carreira docente investindo em projetos e programas de formação de

professores na dimensão inicial e continuada, como o Programa de Consolidação das Licenciaturas (PRODOCENCIA), o Programa de

Formação Continuada (CONTINUUM), a criação dos Laboratórios

Interdisciplinares nas IES (LIFE), e, especialmente, o Programa

Institucional de Iniciação à Docência (PIBID). Num contexto histórico de defasagem da educação, a região Nordeste e, mais especificamente, o Rio

Grande do Norte (RN) têm empreendido grandes esforços para reverter os

índices referentes à educação, os quais demonstram um baixo desempenho em relação ao país, se for considerado como parâmetro o índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Assim, além da defasagem

de aprendizagem verificada no contexto escolar, insere-se na problemática da qualidade da Educação Superior, de modo geral, e, em particular, a

desvalorização da carreira docente tanto no que diz respeito ao status

financeiro quanto ao status social. Assim, as licenciaturas abrigam, em sua

maioria, discentes de classes menos favorecidas, que necessitam de incentivos, inclusive financeiros para permanecer nesses cursos. Ademais,

os cursos são eminentemente teóricos, tornando lacunar a consolidação dos

conhecimentos didático-pedagógicos. Neste incentivo para uso da escola como espaço formativo muitas das ações realizadas nas perspectivas

curriculares das licenciaturas se limitam a intervenções em sala de aula nos

espaços escolares. Nesse sentido, apesar do planejamento ter como

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

213

sustentação basilar os estudos etnográficos constantes e os referenciais

legais, gerais e específicos de cada área (LDB, PCN, DCN, PCNEM,

OCN), é possível dizer que essas ações não conseguem se firmar no sentido de dar conta de uma formação mais ampla, humanística e interdisciplinar

tanto para professores quanto para estudantes. Nesse sentido, as

experiências vivenciadas aliadas aos estudos teóricos não conseguem contribuir efetivamente para dirimir a histórica dicotomia entre teoria e

prática. Busco neste trabalho questionar as estratégias de ensino e

aprendizagem na Universidade e na Escola como espaço para formação de

professores. Uma pergunta basilar é, como as ações no âmbito da formação de professores podem ser elaboradas de acordo com os pressupostos da

aprendizagem significativa e visando a auxiliar à produção de

conhecimento? Penso que a inserção de licenciandos em formação inicial no espaço escolar deve, ainda, contemplar atividades de participação na

dinâmica da vida escolar, da sala de aula à gestão, das reuniões

pedagógicas aos conselhos de classe, com intuito de envolver os

licenciandos nas diversas dimensões que permeiam a docência, inclusive contribuindo para a criação, reformulação, discussão dos Projetos Políticos

Pedagógicos (PPP) com os sujeitos do espaço em que estão inseridos.

Palavras-chave:

Educação Superior; Educação Básica; Formação Inicial; Formação

Continuada.

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34. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL,

GESTÃO E LIDERANÇAS

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

215

34.1. A avaliação externa condiciona a prática pedagógica dos professores?

Janete Ribeiro Nhoque Universidade de São Paulo

Lilian Rose da S. C. Freire Universidade de São Paulo

Valéria Aparecida de Souza Universidade de São Paulo

Resumo

Este trabalho apresenta resultados de pesquisa realizada em uma escola da

Rede Municipal de Ensino de São Paulo, no período de 2012-2013. Teve por objetivo investigar se as avaliações externas estão influenciando o

currículo, considerando os aportes de Afonso (2013). Para tal intento,

analisamos se os professores, na elaboração de seus planos de ensino, utilizavam as matrizes das avaliações externas para orientar a escolha do

conteúdo curricular. A escolha dos planos de ensino como objeto de

investigação para apreender uma possível influência das avaliações

externas no processo de ensino se deve ao fato de que tais documentos representam o planejamento e a organização da ação educativa do

professor, conforme Moretto (2007). A pesquisa se justifica, ainda, pelo

fato de a escola ser parte de uma estrutura inserida em um campo, tal como define Bourdieu (1983), sujeita a lutas motivadas ou reiteradas pela busca

de capital simbólico, reconhecido, por exemplo, pela posição ocupada nos

rankings das avaliações externas. Nessas circunstâncias, o bom profissional seria aquele que aderisse às regras do jogo, engajando-se em projetos

estatais, a exemplo das avaliações externas. O trabalho ocorreu no âmbito

do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional (Gepave) da

Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp). Optou-se pela metodologia pautada na abordagem qualitativa com entrevistas

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

216

semiestruturadas, análise documental e discussão em grupo, envolvendo

professores dos Ciclos I e II. Buscamos estabelecer um diálogo sobre o uso

ou não das avaliações externas como orientadoras do currículo, cientes de que se trata de um estudo de caso, evitando generalizações. Concluímos

que os professores, ao contrário do que apontam alguns estudos, não têm

conhecimento das matrizes de referência nacionais, nem mesmo daquelas do município, e, por isso, não as utilizam para desenvolver seus planos de

ensino, ensejando debate sobre a singularidade da escola. Assim, para

elaborarem seus planos, os docentes valorizam o próprio conhecimento e o

de outros colegas, além dos livros didáticos. A afirmação de que as matrizes de referência das avaliações externas estejam reduzindo o

currículo e condicionando a prática pedagógica não se evidenciou na escola

pesquisada, conclusão ancorada na constatação de que os planos de ensino, mesmo não sendo a principal ferramenta de auxílio do trabalho docente,

permitem apreender parcela de concepções e de elementos organizativos da

ação pedagógica.

Palavras-chave:

Avaliação Externa; Matrizes de Referência; Planos de Ensino.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

217

34.2. Da excelência escolar à excelência no trabalho: os paradoxos da cultura meritocrática

Leonor Torres University of Minho, Institut of Education

Resumo

Embalada pelas recentes mutações operadas aos níveis macro-económico e

educativo, a escola pública portuguesa tem vindo progressivamente a incorporar um ideário meritocrático focado na produção de resultados e na

celebração da excelência académica como ritual de distinção. Embora a

instituição Escola não se tenha desvinculado da sua matriz democratizadora, denota-se contudo uma certa erosão deste pilar

constitutivo e identitário, agora subordinado às lógicas de promoção do

desempenho académico. Esta comunicação visa debater criticamente os

sentidos da agenda meritocrática na esfera educativa e sua relação com o mundo do trabalho. Num primeiro momento, apresenta-se uma sinopse da

evolução da relação educação-trabalho nas últimas quatro décadas,

destacando as mutações ocorridas ao nível dos mandatos da escola pública e do acesso dos jovens ao mercado de trabalho. Focando com mais

profundidade a última década, marcada pela expansão da cultura

meritocrática, avança-se, num segundo momento, para uma abordagem crítica das conceções de excelência valorizadas no universo escolar e no

mundo do trabalho. Do ponto de vista metodológico, recorre-se a dados de

natureza quantitativa (método extensivo) e qualitativa (método intensivo,

baseado em dois estudos de caso) recolhidos no âmbito de um projeto PTDC/IVC-PEC/4942/2012 - Entre Mais e Melhor escola: a excelência

académica na escola pública portuguesa. Do ponto de vista extensivo,

efetuou-se um levantamento dos diversos mecanismos de distinção académica implementados nas escolas e agrupamentos de escolas com

ensino secundário em Portugal. No âmbito dos estudos de caso realizados

em instituições escolares, recolheu-se uma grande diversidade de dados

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

218

com o propósito de compreender os contornos multidimensionais deste

fenómeno.

Os resultados preliminares apontam a excelência como um importante referencial na vida das instituições contemporâneas, sendo possível

sinalizar os seus efeitos nos modos de regulação da educação e do trabalho.

Por outro lado, constata-se que o modelo de excelência induzido pela cultura escolar assenta em valores e disposições nem sempre conciliáveis

com o modelo de excelência requerido pelas organizações de trabalho. A

progressiva expansão de uma cultura da excelência baseada num único

princípio de mérito, que assume configurações distintas na educação e no trabalho, tende a arrastar (novos) fenómenos de desigualdade e de exclusão,

mesmo no interior de um círculo (de elites) que outrora estava imune a

estes processos.

Palavras-chave:

Excelência escolar; Meritocracia; Educação e trabalho.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

219

32.3. O projeto de in(ter)venção do diretor: um documento esquecido na gestão estratégica da escola?

Jorge Costa Universidade de Aveiro

Patrícia Castanheira Universidade de Aveiro

Resumo

Com a publicação do decreto-lei 75/2008, os candidatos ao órgão de gestão

e administração das escolas públicas portuguesas passaram a ter a obrigatoriedade de apresentar um documento de ação estratégica, o projeto

de intervenção do diretor, ao conselho geral da escola ou agrupamento de

escolas às quais estão a concorrer. O presente trabalho pretende analisar o tipo de utilização que o diretor faz deste documento após a sua eleição,

quer em termos de orientação da sua ação, quer da sua visibilidade junto da

comunidade escolar. Para o efeito, conjugámos os resultados da aplicação

de um inquérito por questionário, de entrevistas semiestruturadas a diretores de escolas ou agrupamentos de escolas públicas portuguesas e de

consulta dos respetivos sítios na internet. As principais conclusões do

estudo prendem-se com a fraca utilização do documento enquanto instrumento de ação estratégica no quotidiano dos diretores inquiridos e

entrevistados. Deste modo, poder-se-á afirmar que o documento em questão

terá um pendor mais de formalismo técnico-burocrático bietápico – relevante nos períodos de concurso e de recondução – contrariando as

lógicas subjacentes ao que se encontra plasmado na legislação, ou seja, a

sua implicação na gestão estratégica da escola.

Investigação financiada pela FCT/MEC, através de uma bolsa de Investigação com a referência SFRH/BPD/79097/2011, financiada pelo

POPH-QREN - Tipologia 4.1. – Formação Avançada, comparticipado pelo

Fundo Social Europeu e por fundos nacionais do MEC; e pela FCT/MEC

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

220

através de fundos nacionais (PIDDAC) e cofinanciado pelo FEDER através

do COMPETE – Programa Operacional Fatores de Competitividade no

âmbito do projeto PEst-C/CED/UI0194/2013.

Palavras-chave:

Projeto de intervenção; diretor da escola, liderança escolar; visão; ação estratégica.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

221

32.4. A liderança das escolas: avaliação externa e perceções dos professores

José Lourenço Universidade Lusófona

Beatriz Bettencourt Fundação Cesgranrio

Resumo

A comunicação apresenta uma pesquisa sobre a liderança das escolas

públicas em Portugal que foi empreendida com o fim de compreender os resultados das avaliações externas das escolas. De facto, na avaliação

externa (AE), relativa aos anos de 2009/2011, a área da Liderança é aquela

em que foram atribuídas melhores classificações, tendo sido avaliada como “Muito Bom” num terço das escolas. Contudo, na área Resultados, as

classificações são, comparativamente, bastante baixas. Os resultados da

avaliação externa apontam globalmente para que as escolas estão a ser

geridas, maioritariamente, por excelentes líderes, que elas prestam um bom serviço educativo mas que, no entanto, os resultados globais são apenas

satisfatórios e é insatisfatória a sua capacidade de autorregulação.

Estes resultados encontram-se em contradição com os actuais conhecimentos científicos na área, que comprovam uma forte relação entre

“boa liderança” e obtenção de bons resultados pela escola.

O objetivo da pesquisa foi confrontar os resultados da AE com as percepções dos professores relativamente às práticas dos seus líderes

escolares. Para tal foi utilizado o questionário “Leadership Practices

Inventory – Observer” (2003), que se baseia na conceção de liderança

transformacional de Kouzes e Posner.

O universo do estudo são 13 escolas da região da grande Lisboa que, nos

anos de 2009/2010 e 2010/2011, obtiveram na AE a classificação de

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

222

Suficiente (6) e de Muito Bom (7) no domínio da Liderança. O questionário

foi aplicado a 127 professores, em 2012.

Como resultado da pesquisa verificou-se que as perceções dos professores relativamente às práticas de liderança das direções escolares melhor e pior

classificadas (Suficiente e Muito Bom) apresentam diferenças

estatisticamente significativas. As lideranças melhor classificadas pela AE são percepcionadas pelos professores como desenvolvendo mais práticas

transformacionais do que as piores classificadas.

Contudo, mesmo as melhores lideranças escolares são vistas com pouco

transformacionais pelos docentes. Os valores obtidos nas diferentes práticas transformacionais são inferiores aos valores médios de referência, e de

forma particularmente aguda no item “inspirar uma visão comum” e em

questões como: “Envolve as pessoas numa visão comum para mostrar como seus interesses de longo prazo podem ser realizados” ou “Descreve

uma imagem estimulante de como o futuro poderá ser”. Podemos concluir

que os melhores líderes escolares não conseguiam, em 2012, motivar os

professores e mobilizá-los em torno dos objetivos organizacionais. Não podemos deixar de nos interrogar sobre a evolução desta situação no actual

contexto de crise social.

Palavras-chave:

Liderança Escolar; Avaliação Externa; Liderança Transformacional;

Leadership Practices Inventory.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

223

32.5. Reflexões sobre a responsabilidade social no ensino superior brasileiro

Rosa Conceição UNIEURO

Celina Oliveira Centro Educacional Paula Souza

Resumo

Administração Educacional, Gestão e Lideranças

Este artigo aborda a gestão no ensino superior a partir de reflexões sobre a responsabilidade social, considerando o Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Superior (SINAES). As iniciativas para o aperfeiçoamento da

gestão do ensino superior brasileiro precisam ser debatidas e reexaminadas à luz da efetividade dos normativos governamentais voltados para a

avaliação dos cursos de graduação e pós-graduação. Assim, objetivou-se

neste artigo, identificar e analisar as iniciativas governamentais de

avaliação que visem à melhoria do ensino universitário no tocante ao tema responsabilidade social. A instituição de ensino superior não é vista apenas

como uma entidade especialista é vista também como parte

implementadora de políticas governamentais, que perpassam o processo de promoção da responsabilidade social e levam ao aprimoramento das ações

governamentais para atender os direitos sociais dos cidadãos. Em relação à

metodologia, a partir de pesquisa bibliográfica, foi necessário buscar referencial teórico sobre o tema, e, em seguida, refletir sobre as normas do

Ministério de Educação e Cultura (MEC), especificamente a Lei nº 10.861,

de 14 de abril de 2004, que instituiu o SINAES, no que tange à

responsabilidade social, e sua aplicação nos institutos de ensino superior. Concluiu-se que na atualidade, o ensino superior é instado a ser uma fonte

de compartilhamento de saberes, que fortaleçam a solidariedade entre os

homens, exigindo um olhar permanente dos gestores e docentes para o

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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mundo, de forma a que o conhecimento transmitido seja cada vez mais

transformado em práticas modificadoras do ambiente social.

Palavras-chave:

Educação; Gestão; Responsabilidade.

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32.6. O trabalho do secretário em escolas públicas no Acre: o coordenador administrativo e o técnico em assuntos educacionais indígenas

Verónica Lima da Fonseca Almeida IFB

Resumo

Este estudo trata sobre as diferenças no trabalho dos profissionais da

secretaria escolar dentro do sistema de gestão educacional envolvendo a

unificação do sistema estadual e municipal de educação pública no estado do Acre, Brasil. Com o Sistema Único de Educação (SUE) as escolas

passaram a serem reordenadas e monitoradas pela Secretaria de Educação,

havendo também uma classificação por tamanho segundo números de alunos matriculados nas escolas. Essa tipificação foi estabelecida a partir da

aprovação da Lei nº 1.531/2003 que dispõe da gestão democrática do

sistema de ensino público no Acre. A mudança começou a ser desenhada a

partir do ano de 2003 com a aprovação da atual Lei de Gestão nº 1.513/2003, que tipificam as escolas de A a D conforme número de alunos

matriculados. Objetiva-se analisar como essa tipificação influência na

diferenciação no trabalho dos profissionais da secretária escolar. Utilizou-se a metodologia qualitativa com a realização da pesquisa de campo com

desenvolvimento de entrevista na escola (com o coordenador

administrativo e diretor) e na secretaria de educação (com o Técnico em

Assuntos Indígena) na cidade de Cruzeiro do Sul. Os resultados mostraram que a tipificação e classificação influência também nas condições de acesso

de recursos financeiros, humanos, tecnológicos e na assistência pedagógica

e administrativa das redes de educação estadual e municipal. Dessa maneira, temos a diferença no trabalho dos secretários escolares que pela

tipificação só está presente em escolas do tipo B (101 a 900 alunos), C (901

a 2000 alunos) e D (Acima de 2001 alunos) sendo identificado como

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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coordenador administrativo com muitas atribuições. Já na escola do tipo A

(com menos de 100 alunos) que na investigação foi realizada pelo modelo

da escola indígena, onde prevalecem poucos alunos e temos o Técnico em Assuntos Indígenas que fica na Secretaria de Educação dando assistência

nas escolas das aldeias. As semelhanças no trabalho envolvem as

atribuições na realização de matrícula, compra de material e a realização do senso escolar, sendo muito semelhante o papel do técnico indígena no meio

rural e a do coordenador administrativo na escola urbana. Mas as diferenças

no trabalho desses profissionais são marcantes, pois o técnico em assuntos

indígenas é um representante indígena e tem uma posição política para resolução das questões das aldeias, enquanto que o coordenador tem uma

função mais administrativa na escola.

Palavras-chave:

Atribuições-administrativas.Assuntos-indígenas. Tipificação-escolar.

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35. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL,

GESTÃO E LIDERANÇAS

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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35.1. Mestrado profissional em gestão educacional: construindo uma experiência inovadora

Mari Foster Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Resumo

O texto relata a experiência de um Mestrado Profissional, iniciado em

março de 2013, analisando o seu Projeto Político-Pedagógico e registros do processo de acompanhamento de sua implantação; apresenta alguns

aspectos que caracterizam a intencionalidade de a mesma ser uma proposta

inovadora e se constituir numa experiência significada para os envolvidos.

Destacam-se, entre outros aspectos, a origem do Programa, constituída historicamente em diálogo com a comunidade; a concepção de parceria

construída entre três instituições de ensino superior; as possibilidades de

intercâmbio e cooperação geradas e a sua proposta pedagógica. Destaca atividades curriculares e de gestão, vivenciadas sob a forma compartilhada,

com vistas a dar corpo a um de seus pressupostos fundamentais: qualificar

a prática da gestão, entendendo-a como exercício democrático, aberto à contestações, ao debate, construído coletivamente, oferecendo

possibilidades aos seus docentes e alunos de experimentarem ações que

rompam com práticas tradicionais e lineares. Os argumentos apresentados

sustentam-se em Larrosa Bondia(2001), Cunha (2006 ) e Estevão (2012), entendendo ser possível viver o Curso implantado de maneira inovadora,

rompendo com práticas educativas dicotômicas. Para tal, defende-se a

mobilização de dois processos essenciais: a deliberação e a contestação, sustentados nos eixos analíticos do diálogo e da reflexão (FREIRE, 2001).

Palavras-chave:

Mestrado Profissional; Gestão educacional; Práticas inovadoras.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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35.2. Os «peritos» externos nos territórios educativos de intervenção prioritária de «segunda geração»: inquirindo a sua ação

Ana Gama Escola Superior de Educação de Lisboa

Resumo

A investigação mais alargada que estamos a desenvolver tem como

objetivos descrever, analisar e discutir o papel dos “peritos” e do conhecimento pericial nas políticas públicas em educação, focalizando-se

sobre as diversas modalidades de «Políticas de Educação Prioritária» postas

em marcha em Portugal, no período compreendido entre 1995 e 2012.

Os estudos que têm sido desenvolvidos no âmbito da análise das políticas

públicas têm evidenciado que se assiste a uma recomposição do papel do

Estado e a novos modos de intervenção governativa. Por um lado o Estado

quer manter o seu papel na definição, pilotagem e execução das políticas públicas, mas por outro tem que partilhar, este mesmo papel, com outros

atores e entidades. É neste contexto que o recurso mais frequente ao

“perito” externo e ao conhecimento pericial tem assumido uma maior relevância nos últimos anos.

Pretendemos estudar este fenómeno recorrendo à perspetiva da análise de

ação pública (Lascoumes & Le Galès, 2007) e à abordagem cognitiva das políticas públicas. Este quadro teórico permite-nos olhar para estes “novos”

atores que se encontram a multiníveis e estudar o peso dos elementos do

conhecimento, das ideias, das representações ou das crenças sociais (Surel,

2004).

Esta comunicação centra-se no cenário do Programa Territórios Educativos

de Intervenção Prioritária de “segunda geração” (TEIP2). Neste programa

foram criadas três estruturas – conselho consultivo, comissão de coordenação permanente e equipas multidisciplinares – que poderiam

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

230

integrar “peritos externos”. Foi a partir do mapeamento dos “peritos” que

integraram estas equipas que se constituiu uma amostra de 12 “peritos”, à

qual foram realizadas entrevistas semiestruturadas.

Aqui apresentamos e discutimos os primeiros dados preliminares da análise

que foi realizada a quatro destas entrevistas, considerando as seguintes

dimensões: formas de recrutamento, modelos de ação dos “peritos” e modos de regulação.

Palavras-chave:

“Peritos”; ação pública; TEIP; regulação (novos modos de).

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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35.3. Análise Comparativa de Modelos de Referenciais de Qualidade na Educação a Distância

Matilde Araújo UTAD

Maria João de Carvalho UTAD

Carlos Machado dos Santos UTAD

Resumo

O presente artigo faz uma análise comparativa dos referenciais de

qualidade para cursos de graduação na modalidade a distância, à luz dos fundamentos da gestão da qualidade . O estudo justifica-se pela relevância

da temática, considerando a importância que essa modalidade de ensino

vem assumindo no meio acadêmico, bem como pelo fato de que um sistema de educação a distância é complexo e que o gerenciamento dos seus

componentes é fundamental para a garantia da qualidade de todo o seu

processo. Trata-se de uma pesquisa descritiva, em que foram, analisados os

modelos de referenciais de qualidade apresentados por MEC (2009), Marshall (2012), Masoumi e Lindstrom (2012), Ossiannilsson e Landgren

(2012) e ENQA (2009). A pesquisa tem uma abordagem qualitativa e os

dados foram analisados utilizando-se a técnica de análise de conteúdo, com o auxilio do software atlas.ti. Os resultados foram agrupados nas seguintes

dimensões da qualidade: concepção de educação a distância, concepção de

currículo, sistemas de comunicação, material didático, avaliação da aprendizagem, avaliação institucional (interna e externa), equipe

multidisciplinar, polos de apoio presencial, infra-estrutura de apoio, gestão

administrativa e sustentabilidade financeira. Conclui-se que a garantia da

qualidade pode ser obtida através de uma diversificada gama de indicadores

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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que possam abranger o complexo e dinâmico ambiente da educação a

distância.

Palavras-chave:

Educação a distância; Educação superior; Avaliação institucional;

Referenciais de qualidade.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

233

35.4. Autovaliação das escolas: uma abordagem intensiva para compreensão dos mecanismos de tradução da política

Elvira Tristão Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Resumo

Propósito do estudo:

A comunicação baseia-se num estudo de caso múltiplo que desenvolvemos no âmbito da investigação para a tese de doutoramento que tem como

objetivo analisar a implementação da política pública de autoavaliação das

escolas. Concebendo uma política pública enquanto processo plural através do qual conhecimento e política são mutuamente construídos e

reconstruídos, estudamos a autoavaliação institucional com enfoque nos

mecanismos de difusão e de tradução desses conhecimentos e, por

conseguinte, dessa política.

O estudo centra-se no ponto de vista dos atores que, nas escolas, são

responsáveis pela montagem de dispositivos de avaliação institucional,

procurando compreender e interpretar as traduções que fazem da política de autoavaliação das escolas e de que forma esses dispositivos contribuem

para a alteração dos modos de regulação da educação.

Métodos de pesquisa:

Desenvolvemos o estudo de caso múltiplo nas escolas e agrupamentos de

escolas públicas de dois concelhos de média dimensão na sub-região do

Médio Tejo. Num conjunto de quatro (mega) agrupamentos de escolas e de

uma escola profissional, realizamos vinte e três entrevistas semiestruturadas, das quais cinco coletivas que tiveram como entrevistados

os gestores de topo das organizações escolares e os docentes coordenadores

das equipas de avaliação interna. As restantes, foram realizadas a docentes

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

234

que participaram nos processos de implementação de dispositivos de

avaliação interna.

Organizamos a recolha e tratamento da informação em função dos seguintes eixos de análise: 1º) os processos, nomeadamente as

circunstâncias da sua implementação, os atores envolvidos e o seu papel, as

estratégias usadas para mobilização de conhecimentos, os modelos utilizados, a execução e o planeamento das tarefas, e os constrangimentos

sentidos; 2º) os sentidos atribuídos à autoavaliação institucional,

concretamente, como concebem esta atividade no âmbito das suas funções

profissionais e que importância lhe atribuem; 3º) os efeitos decorrentes dessas atividades percecionados pelos atores.

Resultados (provisórios):

Uma análise provisória dos dados sugere-nos algumas regularidades: a pressão pelos resultados escolares como motor de mudança das práticas; a

ressignificação de lógicas burocráticas com recurso à estatística; a

subordinação da autoavaliação à avaliação externa; a prevalência de lógicas

gerencialistas e de controlo em detrimento do seu potencial de aprendizagem; a adoção de modelos estruturados de autoavaliação e as

atividades de bricolagem por parte dos docentes que os transformam em

práticas de avaliação interna híbridas e justapostas.

Conclusões:

As conclusões do estudo estão dependentes de uma análise cruzada destes

resultados com os dados obtidos no estudo extensivo que realizamos no âmbito da investigação para a tese de doutoramento.

Palavras-chave:

Autoavaliação; política; conhecimento.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

235

35.5. Rumo a uma ordem profissional dos professores?

Henrique Ferreira Associação Nacional de Professores

Resumo

O autor analisa a evolução das conceções sobre a profissão docente, ao nível da educação pré-escolar e do ensino não-superior, nos últimos 40

anos, em Portugal Continental. Para o efeito, o autor mobiliza três

conceitos da literatura da sociologia das profissões: o de professor funcionário público, o de professor semi-profissional e o de professor

profissional, e procura identificar os aspectos que, ao longo desta evolução,

mais caracterizaram a profissão docente. O autor cruza esta análise com a

progressão ético-deontológica da profissão e discute a pertinência e oportunidade de uma ordem profissional dos professores.

O autor analisa documentos leis, decretos-Lei e regulamentos à luz das

conceções teóricas e empíricas subjacentes à autonomia profissional, tanto do ponto de vista do saber académico e profissional como de uma

componente deste, a ética profissional docente, consagradas na literatura da

sociologia das profissões e da ética profissional.

Face à análise, o autor evidencia a necessidade de aprofundamento do

percurso de formação científica, pedagógica, relacional e de orientação

educacional encetado nos últimos 20 anos, como fundamentos para a

autonomia profissional e ético-profissional da profissão docente e como requisito para a outorga pelo poder político-educacional da autonomia

profissional.

Palavras-chave:

Professor; profissão docente; sociologia da profissão docente; ética

profissional; autonomia profissional.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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35.6. Gestão de cursos na Universidade Aberta do Brasil

Luciene Borges Tavares Universidade do Estado do Pará

Ormezinda Maria Ribeiro Universidade de Brasilia

Resumo

A Universidade Aberta do Brasil (UAB), surge como resposta às demandas

por cursos em educação a distancia (EaD), e vem ocupando um lugar de destaque nas organizações educativas. O processo de ensino e

aprendizagem com o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação

(TIC), passa a ser um ambiente com possibilidades múltiplas.

Para se conhecer as principais dificuldades na gestão dos cursos de Letras e

Biologia da UnB, nesse sistema, fez-se o uso da abordagem qualitativa a

partir do estudo de caso, com os recursos da entrevista, inquérito por questionário, observação não participante, e análise documental. Foi

possível concluir que há, desarticulação administrativa e pedagógica na

gestão dos Cursos, dificuldades quanto à restrita infraestrutura de apoio no

Polo, indefinição de parcerias e recursos diversos; são garantidas nos Cursos: a dimensão técnico-científica para o mundo do trabalho, e a

dimensão política para a formação cidadã.

Palavras-chave:

Gestão; EaD; Cursos; UAB; TIC

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36. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

238

36.1. Novos jogos didáticos para o ensino da matemática em turmas de correção de Fluxo, Idade-Série

Elisabete Castro D’Oliveira Instituto de Educação Sarah Kubitschek – SEEDUC

Resumo

O ensino em turmas de correção de fluxo idade-série é, ainda hoje, um

desafio para muitos professores e alunos. Percebe-se que há uma insatisfação muito grande por parte dos professores, que não conseguem

atingir certos objetivos educacionais propostos e uma desmotivação entre

os alunos, que consideram o estudo e a permanência na escola algo tedioso e inútil após anos de sucessivas repetências escolares. O desenvolvimento

de estratégias modernas e simples, utilizando jogos e outros recursos

didáticos se apresentam como uma boa alternativa, pois através deles o

professor pode transformar conceitos totalmente teóricos em peças que se encaixem em níveis de dificuldade que podem variar de acordo com o

perfil de cada turma e o que se pretende abordar. Neste trabalho, foram

desenvolvidos, confeccionados e testados quatro jogos didáticos para o ensino de matemática: Baralho Tabú, Tabuleiro Tabú, Baralho MDC e

Viagem dos Múltiplos, apresentados aos alunos seguindo a sequência do

currículo escolar. Utilizados em turmas de correção de fluxo idade-série do Programa Acelera Brasil e Se Liga Brasil, ambos em parceria do Instituto

Ayrton Senna com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro,

no estado do Rio de Janeiro, Brasil.

O Baralho Tabú trabalhou o conceito de multiplicação através da soma repetida e o Tabuleiro Tabú fixou os conceitos anteriores, colaborando para

tornar mais ágil o raciocínio. O Baralho MDC explorou os conceitos de

divisão, conjunto de divisores e relações entre eles e a Trilha dos Múltiplos trouxe, na sequência, a operação inversa com conjuntos de múltiplos e

relações entre eles. Através dos jogos foi mais fácil levar os alunos a

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

239

questionamentos que eles só alcançaram a complexidade após

experimentarem, de alguma forma, uma dificuldade encontrada para se

alcançar um objetivo, que no caso do jogo é a vitória. Todos os alunos envolvidos no projeto apresentaram aumento do rendimento cognitivo,

domínio dos conteúdos abordados, diminuição da infrequência e melhoria

gradativa no comportamento da convivência escolar. Os jogos foram repassados a todas as turmas de correção de fluxo da secretaria municipal

de educação através de oficinas e palestras aos professores. Um ano após o

início do projeto, os jogos foram disponibilizados, através de um blog, para

todos os professores, evidenciando que os jogos criados para as turmas de correção de fluxo também se mostravam eficientes em turmas regulares,

sendo reproduzidos por professores em vários estados do Brasil, em turmas

do terceiro ao sétimo ano de escolaridade. O Baralho Tabú foi o jogo mais reproduzido, utilizado em pelo menos 277 escolas, onde houve a

notificação formal da reprodução do jogo.

Palavras-chave:

Didática; Jogos; Matemática.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

240

36.2. O (e)Portfolio no Desenvolvimento Profissional de Professores: uma experiência no contexto da Didática da Matemática na Educação Pré-Escolar

Daniela Gonçalves ESE de Paula Frassinetti

Resumo

O presente texto pretende ser um contributo na investigação educacional,

em especial ao nível das estratégias de formação de professores,

focalizando-se em processos reflexivos que decorrem da utilização de (e)portfolios no contexto da formação de professores.

Tendo em conta a experiência de estágio que acontece ao longo de um ano

letivo no curso de Mestrado em Educação Pré-Escolar, a metodologia formativa implementada no âmbito da unidade curricular de Didática da

Matemática na Educação Pré-Escolar, durante o 1º semestre do ano letivo

de 2012/2013, privilegiou as situações reais do contexto educativo em que

cada estudante desenvolveu a sua intervenção pedagógica, que funcionaram como ponto de partida para os processos reflexivos de natureza pessoal,

académica e profissional.

A análise aos (e)portfolios elaborados permite descrever as vantagens da utilização desta estratégia de formação quer do ponto de vista do docente,

quer na perspetiva dos futuros educadores de infância, salientando as

inúmeras e diversas possibilidades de desenvolvimento profissional (e

pessoal), designadamente no que se refere à construção do conhecimento didático no âmbito da Educação Matemática. A não definição prévia de

uma estrutura rígida subjacente ao (e)portfolio, viabilizou, como

mostraremos, uma aprendizagem personalizada que está patente não só na variedade das evidências incluídas, de acordo com um exercício reflexivo

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

241

que as sustenta, como também nos distintos formatos que foram

apresentados.

Palavras-chave:

(E)portfolio; Desenvolvimento profissional de professores; Conhecimento

didático.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

242

36.3. Literacia Científica e Educação para a Ciência em trabalho de projeto interdisciplinar

Teresa Guedes Ministério da Educação e Ciência

Resumo

Atualmente, pretende-se formar cidadãos informados, capazes de participar

em debates científicos, atentos às causas e às consequências inerentes ao conhecimento, bem como à sua aplicação no quotidiano. Neste sentido, o

presente trabalho tem como objetivo propor uma reflexão e análise das

potencialidades do trabalho de projeto interdisciplinar, para o desenvolvimento da literacia científica e da educação para a ciência. Os

projetos desenvolvidos, nomeadamente o “Projeto Célula” e o “Projeto

Trilobite”, envolveram a participação de professores das disciplinas de

Ciências Naturais e de Educação Visual, bem como de quatro turmas de alunos do sétimo ano de escolaridade, totalizando 98 alunos. Os projetos

fizeram parte do Plano Anual de Atividades de um Agrupamento, na área

de Lisboa, no ano letivo 2012/2013, inseridos no âmbito das linhas de ação estratégicas do seu Projeto Educativo.

Os referidos projetos tiveram, como objetivos, contribuir para o

desenvolvimento da literacia científica dos alunos, assim como aprofundar a aquisição de aprendizagens curriculares, nas disciplinas de Ciências

Naturais e Educação Visual, através da articulação transversal de conteúdos

programáticos, entre estas disciplinas, com base no trabalho colaborativo

docente e entre alunos, e no envolvimento da comunidade educativa.

A metodologia utilizada, predominantemente qualitativa, centrou-se num

projeto de investigação-ação. Tendo como ponto de partida a criação e

construção de modelos tridimensionais de células eucariotas (animais e vegetais), de células procariotas e de modelos tridimensionais de trilobites,

foi analisado o desenvolvimento da literacia científica dos alunos, ao longo

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

243

de um ano letivo, considerando as atividades práticas e os trabalhos de

projeto concretizados, cruzando conteúdos de Ciências, e técnicas de

desenho e modelagem de expressão plástica.

A análise dos dados permitem concluir que há potencialidades no trabalho

de projeto interdisciplinar, para o desenvolvimento da literacia científica e

da educação para a ciência, tendo por base o trabalho colaborativo, quer de alunos, quer de professores. Assim, na assunção das (des) vantagens do

mesmo, interessa equacionar novos caminhos, capazes de motivarem os

alunos, numa efetiva Educação para a Ciência.

Palavras-chave:

Literacia científica; Educação para a ciência; Trabalho colaborativo;

Trabalho de projeto; Interdisciplinaridade.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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36.4. Abordagem dos Modelos Didáticos como Mecanismo para Aprimoramento do Ensino da Matemática

Thamara Rodrigues UNIMONTES/PIBID/CAPES

Rómulo Veloso UNIMONTES/PIBID/CAPES

Resumo

Grande parte dos alunos apresenta baixo nível de proficiência em diversas

áreas do conhecimento, principalmente em relação à disciplina de Matemática. Essas dificuldades podem muitas vezes ocorrer não pelo nível

de complexidade ou pelo fato de não gostarem, mas por fatores mentais e

pedagógicos. As deficiências oriundas de fatores pedagógicos podem ser minimizadas pela inserção de recursos didáticos que sejam mais atrativos.

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência-PIBID

proporciona ao acadêmico uma reflexão sobre a docência no Ensino

Superior, onde as concepções do aprendizado, as novas técnicas e práticas de ensino fundamentam a formação de um profissional melhor preparado

para os desafios da docência, pensando na atuação deste no âmbito das

atividades e propostas escolares. Nessa perspectiva, este estudo busca aprimorar métodos para o ensino da matemática. Métodos de ensino e

aprendizado da matemática, feitos e pensados através de jogos, oficinas e

mini cursos apresentados, elaborados e aplicados pelo acadêmico na escola. O objetivo geral desse trabalho é proporcionar ao aluno da Educação

Básica um melhor rendimento escolar e desenvolvimento do raciocínio

lógico. Relataremos neste trabalho a experiência da aplicação de um projeto

de inovações e técnicas de ensino, que tem por título “Matemática e suas inovações”, elaborado por acadêmicos do curso de Licenciatura em

Matemática da UNIMONTES e bolsistas do subprojeto Matemática Montes

Claros, no âmbito do PIBID/UNIMONTES, aplicada na Escola Municipal

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

245

Afonso Salgado. Onde tem possibilitado ao acadêmico uma abordagem

metodológica bem como a fundamentação teórica que busca orientar os

alunos da escola para um melhor desempenho e entendimento do conteúdo, antecipando alternativas de práticas a serem adotadas pelo docente em

formação como melhoria de ensino e da aprendizagem. O acompanhamento

das melhoras ocorreu através a aplicação de provas diagnosticas para avaliar a evolução do aluno referente à matemática após a aplicação de

jogos e oficinas matemáticas conduzindo a resultados extremamente

satisfatórios em alguns casos. Escolhemos a Escola Estadual Afonso

Salgado pelo fato de ser a escola com menores índices nos indicadores de avaliação, tanto na Prova Brasil quanto na OBMEP. A aplicação da Prova

Brasil e da OBMEP são aguardadas como indicadores para estes trabalhos.

Palavras-chave:

Metodologias; Ensino; PIBID.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

246

36.5. Circo da Física: Experimentos lúdicos para despertar o interesse pela Física

Ricardo Rocha PUC-Minas

Welerson Freitas PUC-Minas

Flávio Resende PUC-Minas

Vânia Moura PUC-Minas

Resumo

Um dos desafio enfrentado em escolas é tornar o aprendizado agradável e

motivador para o estudante que está geralmente associado a didática e percepção da classe desenvolvida pelo professor. Neste contexto, o Circo

da Física é um projeto onde o alunos dos primeiros semestre de graduação

em Curso de Física da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) em sua própria matéria de estudos (Prática de ensino I e II)

começam a ter contado direto com o público ao qual eles iram trabalhar

após sua formação. Neste projeto são desenvolvidas experiências

envolvendo conceitos de Física oferecendo aos estudantes do ensino fundamental e secundário e seus familiares contato experimental com os

fenômenos naturais e os conceitos a eles relacionados. O alunos do Curso

de Física participam primeiramente planejando, analisando e criando experiências relacionadas a conceitos de Física seguida pela aplicação dos

experimentos nas escolas propiciando um aprendizado prático de métodos

didáticos. O sucesso do programa foi demonstrado pelo número de escolas

que requereram a aplicação do projeto, a demanda de alunos que participaram em todas as etapas e construção de um website para

divulgação do projeto. Um dos pontos importantes do projeto é seu caráter

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

247

inovador e dinâmico, onde alunos do curso de Física da PUC Minas

propõem novas experimentos com base nas expectativas do participantes

das atividades. Além disso, o projeto pretende implementar, junto ao Museu de Ciência Naturais da PUC Minas, uma área destinada à

divulgação da Física, com potencial de expor o conhecimento com uma

linguagem acessível para um maior público com diferentes níveis de escolaridade.

Palavras-chave:

Divulgação Científica; Ciências; Formação de Docentes; Educação

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

248

36.6. Compreender e Prevenir o Erro: Contributos para a Aprendizagem da Competência Ortográfica (Um estudo no 2.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico)

Diana Ribeiro Universidade do Minho

Carlos Silva Universidade do Minho

Resumo

Este trabalho apresenta todo o percurso investigativo realizado durante um

projeto de intervenção pedagógica desenvolvido numa turma do 2.º ano de

escolaridade do Ensino Básico. Configurando-se como um projeto de investigação-ação, este teve finalidades, quer de natureza pedagógica, quer

de natureza investigativa. Desta forma, o objetivo central deste projeto

formaliza-se pelo interesse em conhecer o impacto de estratégias de intervenção no âmbito da promoção da competência ortográfica e da

aprendizagem dos processos de escrita de textos. Nesse sentido, teve se

também como objetivo compreender, aperfeiçoar e avaliar as práticas

pedagógicas nas áreas em estudo, permitindo, assim, o desenvolvimento de competências profissionais.

A intervenção pedagógica foi desenvolvida através da metodologia de

Projeto Curricular Integrado, no qual se destaca a atividade integradora “Caça ao erro para melhor escrever!”, que é o objeto de estudo central da

investigação. Esta intervenção consistiu na implementação de diferentes

atividades e estratégias, mobilizadas em torno da ortografia e da escrita de

textos, promovendo as habilidades metacognitivas dos alunos, para tornar as aprendizagens significativas e enriquecedoras. Para isso, recorre-se a

diversas estratégias e instrumentos de recolha de informação que

permitiram sustentar a avaliação do projeto. A análise dos dados recolhidos foi predominantemente qualitativa e pontualmente quantitativa.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

249

Os resultados obtidos revelam que os alunos evoluíram nos seus saberes

relativamente às convenções da ortografia e aos processos de escrita de

textos, nos quais se evidenciou igualmente a revisão ortográfica. Especificamente tendo em conta a competência ortográfica, os alunos

compreenderam as estratégias recorrentes das duas vias utilizadas no acesso

à escrita ortográfica das palavras do português: a via fonológica (unidades e regras de correspondência entre sons e unidades sonoras) e a via lexical

(memorização da forma ortográfica da palavra). Do mesmo modo, os

alunos demonstraram ter aprendido explicitamente estratégias que podem

mobilizar para futuras situações de escrita, tanto ao nível da questão ortográfica, como de outros aspetos em jogo numa produção textual.

A análise deste projeto finaliza-se com uma reflexão sobre os contributos

do Projeto Curricular Integrado no desenvolvimento do currículo da educação básica, assim como no impacto do trabalho realizado no

desenvolvimento de competências do perfil profissional da educação

básica, das quais se salienta as capacidades de investigação, colaboração e

reflexão.

Palavras-chave:

Competência Ortográfica; Currículo da Educação Básica; Projeto Curricular Integrado; Perfil profissional.

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37. JUVENTUDE(S), EDUCAÇÃO E

TRABALHO

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

251

37.1. A importância social e educativa das bibliotecas populares em interface com o ato de ler

Cesar Guerra Universidade de São Paulo

Resumo

Este trabalho tem como objetivo apresentar a importância social das

bibliotecas populares como um espaço de acesso ao conhecimento que desempenha uma função educativa valiosa, em especial na construção do

ato de ler. Para compreender tal importância o estudo estará sob a

perspectiva teórica e prática do educador brasileiro Paulo Freire. Para o autor a compreensão do ato de ler é algo mais complexo do que um simples

ato mecânico e sistemático de leitura apresentada através da escrita, para

Paulo Freire: "A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a

posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele" (FREIRE, 2011, p.19 e 20), ou seja, todo o conhecimento prévio,

as vivências e a realidade de cada grupo já serão considerados uma forma

de leitura e o que Freire denomina de "palavramundo". Poderemos compreender a ideia de palavramundo através do relato do educador

brasileiro:

Os "textos", as "palavras" e as "letras" daquele contexto se encarnavam no canto dos pássaros - o do sanhaçu, o do olha-pro-caminho-que-vem, o do

sabiá [...], as aguas da chuva brincando de geografia: inventando lagos,

ilhas, rios, riachos [...] no cheiro das flores-das rosas, dos jasmins-, no

corpo das árvores, na casca dos frutos. Na tonalidade diferente de cores de um mesmo fruto em momentos distintos (FREIRE, 2011, p.21).

Com a compreensão da concepção da "palavramundo", trazida por Freire, a

função das bibliotecas como espaços de acesso ao conhecimento cria outra dimensão, pois estas deixam de ser um espaço onde há livros depositados

silenciosamente, mas terão vida e contexto com a realidade da comunidade

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

252

e região que se encontra. É necessário criar um centro de ação e cultura que

atenda toda a realidade e necessidade do povo, que seja acessível e

compreensível, com isso a necessidade de que as bibliotecas estimulem diversas atividades e o interesse, que dialoguem com os presentes que

ocasionará consequentemente uma busca maior de livros e informações.

Pensando em toda esta relação entre o ato de ler, a palavramundo e as bibliotecas populares o estudo demonstra a rica importância de uma

dedicação especial à temática, sendo que esta pode ser recurso valioso para

o desenvolvimento de uma prática educativa social útil.

Referência bibliográfica

Freire, Paulo (2011). A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se

completam. São Paulo: Cortez & Autores Associados.

Palavras-chave:

Bibliotecas populares;Paulo Freire; Palavramundo; Ato de ler.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

253

37.2. A Problemática da Evasão Escolar nas Escolas de Ensino Técnico no Brasil

Celina Oliveira Centro Educacional Paula Souza

Antônio Marques Centro Educacional Paula Souza

Flávia Macedo Centro Educacional Paula Souza

Resumo

Eixo Temático: Juventude(s), Educação e Trabalho

A educação profissional e tecnológica é um tema que, desde meados dos anos noventa, vem ganhando destaque na pesquisa educacional no Brasil.

Este destaque deve-se a proposição e execução de um amplo conjunto de

reformas educacionais e ao estabelecimento de diversas políticas públicas e programas governamentais relacionados à temática. A busca pela educação

profissional no Brasil é significativa, a demanda supera a oferta, mas a

evasão está se tornando cada vez mais preocupante. As instituições de

ensino profissionalizante têm se reunido constantemente à busca de ações para conter a situação. A disposição dos educadores em enfrentar o

problema, não é suficiente. Diversas escolas técnicas buscaram

informações, consultando alunos evadidos, para entenderem quais os problemas determinantes para a evasão. Algumas causas levantadas pelo

Fórum de Educação Profissional do Estado de São Paulo e pela pesquisa

efetuada em uma escola técnica do Estado de São Paulo direcionam os estudos para problemas socioeconômicos, falta de estabilidade familiar,

estrutura das escolas, falta de interesse pela escola, baixa qualificação

profissional dos jovens Objetivou-se neste artigo levantar bibliografia

capaz de identificar as principais causas da evasão nas escolas profissionalizantes do Brasil. Analisar as pesquisas efetuadas nas escolas

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

254

técnicas que se propuseram a consultar os discentes evadidos. Trata-se de

uma pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados do estudo podem

servir para a tomada de decisões e de ações que combatam evasão. A conclusão faz uma reflexão sobre a problemática da saída de alunos nas

escolas técnicas e os caminhos para uma educação inclusiva.

Palavras-chave:

Educação; Evasão; Caminhos:

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

255

37.3. Práticas de formação em contexto de trabalho no ensino profissional: reflexões a partir da perspetiva dos alunos

João Paulo Colaço

Sónia Morgado Instituto Politécnico de Santarém

Anabela Vitorino Instituto Politécnico de Santarém

Resumo

O presente trabalho foi desenvolvido no âmbito de um projeto de iniciativa

comunitária, que integrou um conjunto de parcerias de aprendizagem em torno das temáticas do ensino e da formação de jovens em contexto de

trabalho, com enfoque nas transições entre a escola e o mundo do trabalho.

O ponto de partida centrou-se na reflexão sobre modalidades de formação em contexto de trabalho no espaço europeu, com especial destaque para a

sinalização de boas práticas e para a promoção de novas metodologias de

trabalho neste domínio, visando a melhoria das aprendizagens.

Inscrevendo-se numa visão dinâmica da formação, o trabalho realça os

valores da componente de formação em contexto de trabalho, associados a

finalidades de natureza global comuns e à diversidade de características

(duração, organização, projeto de escola), situações e especificidades de cada região (Marques, 1993) e identifica práticas de formação que se

articulam no sentido de favorecer a motivação escolar dos jovens e reforçar

as suas relações com o mundo do trabalho.

Os objetivos que nortearam o trabalho foram os seguintes: i) Sinalizar boas

práticas de formação em contexto de trabalho, na modalidade de estágio

curricular; ii) Identificar novas modalidades de formação em contexto de trabalho, na modalidade de estágio curricular; iii) Analisar as perspetivas

dos alunos face à componente de formação em contexto de trabalho e iv)

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

256

Identificar constrangimentos e condições favoráveis ao desenvolvimento do

ensino e da formação profissional de jovens.

O trabalho mobilizou metodologias qualitativas, com recurso à análise de conteúdo da informação recolhida através de inquérito por questionário e

entrevista semiestruturada, junto de alunos do ensino profissional,

integrados na componente de formação em contexto de trabalho (estágio).

Os resultados do trabalho, obtidos a partir das perspetivas dos alunos e

ancorados num conjunto restrito de categorias de análise, favorecem a

reflexão em torno do ensino e da formação profissional inicial de jovens e

permitem a formulação de recomendações para dinamizar a componente de formação prática em contexto de trabalho.

Palavras-chave:

Formação Prática; Contexto de Trabalho; Ensino Profissional;

Aprendizagem; Estágios.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

257

37.4. O Instituto Federal e a Formação do Técnico em agropecuária: contradições e Possibilidades em Projetos de Formação Profissional no Campo

Luciane Ferreira DeAbreu Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano

Ludmila Oliveira Holanda Cavalcante Universidade Estadual de Feira de Santana

Resumo

Neste artigo, discutimos a formação do Técnico em Agropecuária no

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus Catu,

a partir da nossa leitura sobre o percurso das políticas educacionais no Brasil, nos anos 2000, à luz dos debates sobre a Educação Profissional e

sobre a Educação do Campo. O debate e reflexão sobre tais áreas requerem

o reconhecimento da realidade contraditória em que os trabalhadores estão inseridos, marcada pela disputa de projetos de sociedade diferenciados que

também defendem processos formativos distintos. Trazemos os resultados

da diagnose realizada junto aos docentes do Campus Catu, com foco nas

concepções que os mesmos vêm construindo sobre formação integrada, face às suas experiências como professores do ensino médio integrado à

educação profissional. O levantamento das informações foi realizado

através de entrevistas individuais. Os relatos coletados nas falas dos sujeitos apontam para uma concepção de formação integrada cujo ponto

central é a dimensão da integração curricular proposta no Curso Técnico

em Agropecuária, ou seja, como uma possibilidade de articular

conhecimentos das disciplinas da formação básica entre si ou com as disciplinas da formação específica, através de atividades ou projetos

pedagógicos interdisciplinares. O conjunto de dados do estudo pode

sinalizar que o projeto institucional de formação integrada de nível médio dos estudantes do Campus Catu carece ou anula as possibilidades de

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

258

debates mais intensos sobre as nuances da formação para o rural, como

objeto de disputa hegemônica na sociedade que tem no Estado uma coluna

de apoio ao agronegócio como expressão da força do capital. No entanto, há um cenário institucional em constante mudança capaz de movimentar

estes paradigmas formativos e provocar uma reflexão em torno da

finalidade da formação.

Palavras-chave:

Trabalho; Educação Profissional do Campo; Ensino Médio Integrado.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

259

37.5. Escola e mercado de Trabalho: o caso dos Cursos Profissionais

Ana Almeida Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

Resumo

Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre os Cursos Profissionais

do Ensino Secundário, enquanto modalidade de formação qualificante para

jovens. Estes adquirem atualmente um lugar de relevo no panorama

educativo nacional, com um aumento significativo de alunos. Envolvendo formadores de áreas técnicas e empresas, nomeadamente para a

concretização da formação em contexto de trabalho, estes assumem um

papel relevante na relação entre a escola e o mundo do trabalho. Existem dados que nos remetem para uma situação favorável desta tipologia

formativa em termos de inserção no mercado de trabalho mas outros

indiciam constrangimentos em termos de inserção socio-profissional dos

diplomados.

Palavras-chave:

Cursos profissionais; Mercado de trabalho; Jovens.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

260

37.6. Os Alunos da Escola Pública e a Inserção no Ensino superior: A Afrobrasilidad Presente nos Espaços de poder

Marluce de Souza Oliveira Lima UFRRJ

Marlene de Souza Oliveira Escola Municipal Professor Joaquim de Freitas

Joanna De Ângelis Lima Roberto UFRRJ

Ângela Ferreira UFRRJ

Resumo

O objetivo desta pesquisa é apresentar aos alunos do ensino fundamental

das escolas públicas do Município de Queimados, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, o perfil das diversas profissões que se encontram no

mercado atual, a fim de que se faça a escolha consciente de sua futura

ocupação profissional, considerando-se para tanto, os alunos que se beneficiarão pela aplicabilidade da lei 12.711/12, a qual dispõe

especificamente sobre o ingresso nas universidades federais e nas

instituições federais de ensino técnico de nível médio, pela modalidade de

cotas, sendo observado o percentual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de cada região, de autodeclarados pretos, pardos e

indígenas. A política de ação afirmativa para a inserção de Afro-brasileiros

nas instituições públicas de ensino superior tem promovido o debate em torno da identidade do povo brasileiro, visto que, para uma grande maioria

da população, o racismo inexiste, destacando-se as circunstâncias

relacionadas ao alcance de oportunidades ligadas ao desenvolvimento

profissional, que de uma forma velada, promove a exclusão de 50,7% (IBGE, 2010) da população brasileira. Pesquisas têm colaborado para traçar

o perfil acadêmico das últimas décadas no Brasil e comprovam a presença

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

261

maciça de estudantes brancos em detrimento aos estudantes Afro-

brasileiros, logo, a importância da implantação de certa diversidade e de

uma maior representatividade dos considerados grupos minoritários nos mais diversos domínios de atividade pública e privada da sociedade para

que seja produzida a ação da verdadeira igualdade entre os cidadãos

brasileiros. Esta investigação se conduzirá qualitativamente, com o emprego de alguns recursos da pesquisa quantitativa, no que diz respeito à

quantificação de alguns de seus dados.

Palavras-chave:

Ações Afirmativas; Afro-brasileiros; Ensino Superior.

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38. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO,

INTERFACES E DIÁLOGOS COM

OUTRAS CIÊNCIAS

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

263

38.1. Receber cuidados e ensinar a cuidar: lições de doentes crónicos aos seus cuidadores

Maria da Conceição Azevedo UTAD

Resumo

Na actualidade, assistimos a um aumento do número de doentes crónicos,

comparativamente a situações traumáticas ou agudas. Paradoxalmente, esta

situação não tem tido reflexo no modo como são formados os profissionais de saúde, continuando a dar-se maior relevo às doenças agudas e aos

traumatismos.

Por outro lado, assistimos, do lado dos doentes, a um aumento do conhecimento de que estes dispõem acerca da sua doença, a par de uma

maior consciência dos seus direitos e uma também maior reivindicação de

autonomia.

Poderá a experiência dos doentes crónicos contribuir para a formação dos profissionais de saúde?

Que podem os doentes ensinar sobre o cuidado que desejam e necessitam?

Nesta comunicação analisamos depoimentos de doentes crónicos, na perspectiva do que deles podem aprender os profissionais de saúde, em

termos psicológicos e éticos.

Palavras-chave:

Educação em Saúde; Formação de profissionais de saúde; Doenças

crónicas.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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38.2. Aprender ciências realizando atividades experimentais- o que dizem os alunos e os professores

DelminaPires Escola Superior de Educação de Bragança

Resumo

O ensino experimental das ciências afigura-se como um bom meio para

promover a aquisição de conhecimento científico em simultâneo com o desenvolvimento de capacidades como a resolução de problemas, o

pensamento crítico ou a aplicação de conhecimento em situações novas, em

suma, para o desenvolvimento da literacia científica dos alunos (Pires et al, 2004; Pires e Sousa, 2011; Rodrigues, 2011).

A comunicação baseia-se num estudo que se foca no ensino experimental

das ciências em contextos do 2ºCEB, e desenvolveu-se considerando duas

vertentes importantes do processo educativo: a formação dos professores e a aprendizagem dos alunos.

Relativamente à primeira vertente, promoveu-se a formação de futuros

professores de ciências, no sentido de utilizarem o ensino experimental na exploração de competências e conhecimentos científicos e de

implementarem práticas pedagógicas com características sociológicas que

potenciem o desenvolvimento dessas competências e conhecimentos.

Recorreu-se a uma metodologia de investigação/ação, em que os processos

de formação incluíram situações de aprendizagem formal e de intervenção

e de reflexão sobre a prática, havendo produção de materiais didáticos que

foram aplicados em contexto de sala de aula.

Relativamente à segunda vertente, analisou-se a aprendizagem das crianças

tomando como objeto de análise o nível de complexidade das competências

investigativas mobilizadas pelo ensino experimental e o nível de abstração dos conhecimentos científicos apreendidos.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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Teoricamente, o estudo fundamenta-se nas ideias de Bernestein e de

Vygotsky, interligando o interaccionismo simbólico e o construtivismo

social.

A comunicação centra-se na aprendizagem de alunos do 2ºCEB e pretende-

se discutir, com base nos resultados dessa aprendizagem, em que medida a

realização de atividades experimentais no ensino das ciências pode promover um elevado nível de alfabetismo científico. Pretende-se também

discutir em que medida disposições socio-afetivas, dos alunos e dos

professores, relativamente às atividades experimentais no ensino das

ciências, ajudam a explicar a sua influência positiva no desempenho dos professores e no desenvolvimento científico dos alunos.

Palavras-chave:

Ensino experimental das ciências; Disposições socio-afetivas;

Desenvolvimento científico dos alunos.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

266

38.3. Ao ritmo dos estilos musicais rock e clássico: um estudo de caso com quatro crianças do 1º Ciclo

Sara Faria Instituto Politécnico de Leiria

Sandrina Milhano Instituto Politécnico de Leiria

Resumo

O resumo submetido apresenta os seguintes tópicos orientadores:

Contextualização / Propósito do estudo;

Pergunta de partida / Objetivos do estudo;

Metodologia;

Considerações finais.

Palavras-chave:

Estilo Musical Clássico; Estilo Musical Rock; 1.º Ciclo do Ensino Básico.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

267

38.4. Perceções de idosos/as institucionalizados/as acerca da situação de institucionalização como resposta social às necessidades da população idosa

Cláudia Raquel Saraiva Costa Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação - Universidade de Coimbra

Resumo

O concelho de Oliveira do Hospital, marcado por características de

ruralidade, apresenta um acentuado envelhecimento demográfico. Segundo

dados do INE (Censos 2011), no que diz respeito ao índice de envelhecimento, este é de 181,8% em Oliveira do Hospital, o que significa

que a população do concelho de Oliveira do Hospital, tem uma

percentagem muito elevada de indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos.

Para tornar melhor a qualidade de vida das pessoas que estão inseridas

nesta grande faixa etária, é necessário que haja respostas sociais suficientes

e que vão ao encontro das necessidades específicas da população idosa.

Uma das várias respostas sociais mais evidentes no concelho de Oliveira do

Hospital tem passado pelo aparecimento progressivo de lares residenciais,

que permitem o recurso a respostas formais, quer ao nível da saúde, da segurança e da participação social das pessoas mais velhas, tal como é

preconizado pelo paradigma do envelhecimento activo.

O trabalho apresentado consiste num conjunto de entrevistas feitas a um

grupo-alvo específico, mais propriamente um conjunto de pessoas idosas residente num lar residencial de caráter privado no concelho de Oliveira do

Hospital. Este trabalho de campo permitir-nos-á obter a perceção acerca da

institucionalização, através dos “olhos” de quem reside nestas instituições e quem usufrui de todos os serviços prestados, neles incluídos.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

268

Para a recolha de dados no âmbito do presente estudo utilizou-se um Guião

de entrevista semiestruturada e toda a informação recolhida foi gravada

com o devido consentimento informado dos participantes. Foram entrevistados alguns residentes na instituição em questão, que residem nela

há menos de quatro anos, sendo também um critério de inclusão no estudo

o facto de estarem cognitivamente saudáveis (isto é, sem patologias que afectassem o seu funcionamento mental).

Tratou-se de uma investigação de natureza qualitativa, dado que o nosso

objetivo consistiu em perceber como os nossos idosos encaram a

institucionalização e a utilidade das atividades desenvolvidas, ouvindo-os em discurso direto e respeitando os seus ritmos de resposta e os

significados que atribuem à sua realidade.

Com este trabalho pretende-se encontrar novas pistas para uma atuação futura junto de pessoas idosas institucionalizadas, que vá mais ao encontro

das suas reais necessidades, apetências e interesses, tornando a

institucionalização uma resposta que seja realmente do agrado de quem

dela usufrui.

Palavras-chave:

Institucionalização; Lares Residenciais; Atividades promotoras de bem-estar.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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38.5. Políticas públicas de educação ambiental: um olhar sobre as conferências nacionais infantojuvenil pelo meio ambiente

Camila Brito Galvão Universidade Estadual de Maringá

Carlos Alberto De OliveiraMagalhães Júnior Universidade Estadual de Maringá

Resumo

Os problemas ambientais em seus diversos aspectos têm preocupado os

diferentes setores sociais, no entanto independente da abordagem que é dada as temáticas ambientais as discussões levam sempre a mesma direção:

a da necessidade de políticas públicas de educação ambiental que

contemplem os diversos segmentos da sociedade. Dentre as políticas públicas de Educação Ambiental implementadas no Brasil destaca-se a

Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente que busca

envolver os jovens na construção de uma sociedade mais justa e educada

ambientalmente. O proposito do presente estudo foi averiguar a avaliação que os professores que participam ativamente da Conferência em questão

fazem em relação a essa política pública. Para tal objetivo buscamos

acompanhar a realização da Conferência desde sua fase escolar até a fase estadual e através de observações, conversas formais e informais com

professores que participavam do evento, realização de grupo de discussão

sobre as mesmas e entrevistas é que obtivemos os resultados dessa pesquisa. Após análise dos dados podemos constatar que dentre as

potencialidades propiciadas pela Conferência, elencadas pelos professores,

destacam-se: a oportunidade de inserção da temática ambiental no cotidiano

das comunidades escolares; o incentivo ao protagonismo juvenil, fortalecendo a capacidade de criação e comprometimento dos jovens para

com as questões ambientais, a divulgação dos projetos que são

desenvolvidos nas escolas, a troca de experiências e a renovação de ideias,

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

270

além de fortalecer a relação escola/comunidade. Em contrapartida os

professores elencaram como fragilidades da Conferência, a ampliação do

público alvo, a necessidade de que elas ocorram com mais frequência, a falta de capacitação dos professores e principalmente a falta de apoio

financeiro tanto para a realização da Conferência como para a

implementação dos projetos. Através do presente estudo pode-se constatar que as políticas públicas voltadas a Educação Ambiental são fundamentais

para a melhoria da situação ambiental que nos encontramos atualmente, em

relação a Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente

podemos dizer que elas são vistas com bons olhos perante os professores, pois contribui para o envolvimento da escola e comunidade em prol da

melhoria do meio ambiente, além de resgatar a responsabilidade dos jovens

para as mudanças que tanto se espera na sociedade.

Palavras-chave:

Projetos Ambientais; Política Ambiental; Atividades escolares.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

271

38.6. Cognição e objeto técnico: uma abordagem complexa do autismo

NizePellanda Universidade de Santa Cruz do Sul

Daiane Keller Universidade de Santa Cruz do Sul

Lizete Maria Pulgati De Lima Universidade de Santa Cruz do Sul

Resumo

Tendo em vista a emergência de um novo paradigma científico que trabalha com uma abordagem complexa da realidade decidimos com nosso projeto

fazer uma releitura das posições teóricas e praticas que tratam dos

transtorno do espectro autista abordando este tema considerando os pressupostos da complexidade em geral e um contexto de cultura digital em

particular. O lugar de onde falamos é o da Epistemologia da Complexidade

que, apesar de ainda não ter sido inteiramente cartografada, já aponta para uma nova forma de fazer ciência e de perceber a realidade. Nosso eixo é,

portanto, entender como emerge a cognição nas crianças autistas tendo em

vista que esta emergência é inseparável da constituição da subjetividade e

do próprio organismo em geral. Para entender isto, construímos uma metodologia de trabalho a partir do uso de um objeto técnico ressaltando

que este se constitui num instrumento disparador de processos auto-

organizativos para estes sujeitos. Assim, usamos o iPad que é uma tecnologia touch o que teria implicações cognitivo/afetivas importantes no

processo cognitivo dos autistas. Os procedimentos de geração de dados

foram realizados em três etapas: um semestre letivo de atendimento

presencial na universidade, um período intermediário onde as crianças ficavam em casa com o iPad e um período conclusivo de mais um semestre

letivo com atendimento presencial. Coerentemente com nossa postura

epistemológica complexa de abordagem da realidade como fluxos e

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

272

devires, não usamos categorias fixas de análise, mas usamos marcadores

teóricos oriundos de nosso quadro teórico para sinalizar passagens

significativas no processo de cada criança. Assim, usaremos como marcadores: CONSTRUÇÃO DE AUTOPOIESIS, ACOPLAMENTO

TECNOLÓGICO E PROCESSO DE COMPLEXIFICAÇÃO A PARTIR

DO RUÍDO. Aos dados gerados e aos diários de bordo dos pesquisadores serão aplicados os mesmos marcadores. De acordo com os pressupostos da

Segunda Cibernética que fundamentam a pesquisa, o observador é incluído

no sistema observado precisando, portanto, dar conta de suas próprias

operações. Os resultados de uma primeira etapa de trabalho são animadores pois as crianças começam a falar e a interagir mais fortemente com seu

grupo familiar. Estamos em fase de análise dos dados e nossas primeiras

inferências se referem às questões da mobilização interna destes sujeitos.

Palavras-chave:

Cognição; Autismo; Cibernética.

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39. COMUNICAÇÃO EDUCATIVA,

REDES E PARCERIAS EM

EDUCAÇÃO

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

274

39.1. Implicações do conceito de «multimodalidade» em Ciências da Educação… ou «a prof tinha de estar no Facebook!»

Clara Ferrão Tavares Gerflinnt - Synergies Portugal

Jacques Silva Centro de Linguística - UNL / Universidade Católica Portuguesa

Marléne Silva e Silva CEFH - Universidade Católica Portuguesa / Universidade do Minho

Resumo

A presente comunicação tem por propósito sublinhar a relevância da

«multimodalidade» para a compreensão, no quadro da comunicação educacional, das diferentes dimensões dessa mesma comunicação em

«espaços» – e «tempos» correspondentes – plurais, diversificados,

diferentes…, nos planos cognitivo, relacional, empático, cultural, social…

Numa primeira parte, procurar-se-á definir o conceito de

«multimodalidade» que tem sido alvo de um processo de «deslocalização»

no espetro científico, sendo hoje utilizado em diversos domínios como o

das Neurociências – com fortes repercussões em Educação¬ –, porque é perspetivada não só em termos de produto (materiais e dispositivos

multimodais), mas também em termos de processos (que usos multimodais

fazem os utilizadores-aprendentes dos materiais ou nos dispositivos multimodais?).

O segundo momento constitui uma glosa da segunda parte do título: um

comentário de uma antiga Aluna a propósito do reencontro entre essa Aluna e uma sua Professora, quase três décadas após o período primeiro de

contacto presencial no âmbito da formação inicial dessa antiga Aluna. Esta

referência, permitir-nos-á indicar evidências de alguns usos e/ou algumas

ações que aprendentes, que se situam em planos de «comunicação

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

275

virtureal», fazem de dispositivos comunicativos multimodais na aula,

apresentando um estudo sobre as interações e os usos multimodais de um

dispositivo social multimodal: a rede Facebook.

Esse estudo inscreve-se numa abordagem etnográfica e parte de uma

análise das interações (instrumentos analíticos dessa rede social e da aplicação «Wolfram Alpha»), no sentido de mostrar como comunidades

geradas em dispositivos pedagógicos intramuros (fóruns na plataforma

Moodle), se prolongam no tempo, adotando outros espaços de relação

social, mas revelando, ainda, marcas de didaticidade, como procuraremos pôr em evidência.

Por fim, serão tecidas algumas conclusões sobre «a falta de tempo» dos

cursos ditos «de Bolonha» ou sobre a maneira como é possível encontrar outros «espaços» e outros «tempos», partindo-se de uma reflexão sobre as

competências desse modelo (Decreto-Lei n.º 74/2006), cruzadas com uma

leitura dos referenciais das componentes de formação correspondentes

(Decreto-Lei n.º 79/2014), para pôr em evidência a necessidade de encontrar dispositivos para uma formação acional (e) multimodal de

professores.

Palavras-chave:

Multimodalidade; Virturealidade; Formação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

276

39.2. Conversações escritas e invenção de si: uma análise da convergência interativa entre professores e midias

Karla Demoly UFERSA

Resumo

Este trabalho é o resultado de uma análise sobre como um grupo de

professoras que vivem em condições perceptivas distintas escreve, quando se envolvem em uma experiência de escrita na convergência de mídias.

Trata-se de um estudo de natureza qualitativa que busca produzir uma

análise exploratória embasado nas Teorias da Biologia do Conhecer de Humberto Maturana e de Francisco Varela, no que se referem ao modo de

observar e explicar um fenômeno a partir de uma experiência de escrita. A

recursividade constitutiva entre escrita e tecnologia é descrita por vários

autores, demonstrando que as tecnologias se transformam em ferramentas que modulam os modos de escrever. Situamos o trabalho no campo da

Antropologia da Escrita, ao mantermos um diálogo entre alguns de seus

autores, dentre os quais destacamos Jack Goody, Jacques Derrida, Roger Chartier e Béatrice Fraenkel. A discussão sobre o conhecer no encontro

com diferenças perceptivas visuais e auditivas está embasada nas obras de

Bernard Mottez, Brigitte Garcia, Yves Delaporte e Zina Weygand. O principal foco da investigação foi acompanhar as escritas que as

professoras - ouvintes e videntes, no encontro com uma professora cega e

uma professora surda - realizaram ao se propor a produzir um

hiperdocumento coletivo. Foi produzido um mapeamento da rede de escritas tecida pelas professoras em fóruns e salas de bate-papo em

ambiente virtual. Os marcadores da análise foram as escritas recorrentes e

as questões que as professoras formulavam a si e ao grupo na atividade de escrita. Consideramos as filmagens de oficinas, escritas em fóruns e salas

de bate-papo na Internet, as diferentes versões do hiperdocumento e

anotações de campo. As práticas de escrita na Internet provocam mudanças

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

277

nas coordenações de ações, permitindo o encontro entre pessoas que antes

não poderiam produzir algo juntas. Estas mudanças, ao envolver um

trabalho de manipulação e edição de diferentes mídias - imagens, sons, textos e a Língua de Sinais - faz com que surja uma nova experiência de

escrita, implicando em mudanças cognitivas, afetivas e estéticas. Atos de

escrita coletiva e digital podem produzir uma convergência interativa na qual existem grandes possibilidades de interlocução entre pessoas com

diferentes condições perceptivas, pois mudam os modos sensório-motores

de acoplamento com a escrita e as coordenações de ações na rede de

conversações escritas tecidas pelas professoras.

Palavras-chave:

Conversações escritas; Invenção de si; Convergência de mídias.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

278

39.3. A comunicação educativa na Tecnopólis

Joaquim Escola UTAD

Resumo

Vivemos numa sociedade cada vez mais complexa, evidenciada pela

manifesta dificuldade em identicar um traço inquestionável que a possa

definir, pelo que não causa qualquer estranheza que vão proliferando designações tão diversas para a caraterizar: Sociedade em rede (Castells),

sociedade da informação e da comunicação, sociedade do conhecimento,

Telepolis (Echevarría), Tecnopolis (Postman), Omnipolis (Virilio), Cidade-

Mundo (Mattelard), Pós-industrial (Bell), Pós-moderna (Lyotard) entre muitas outras possíveis. A complexificação deveu-se, em parte, ao

considerável alargamento dos meios e mediações comunicacionais de que

nos servimos no nosso quotidiano para disponibilizar informação, interagir e comunicar com os outros, para construir o conhecimento. Uma das áreas

mais atingida pelas transformações introduzidas pelo progresso

tecnocientífico é, seguramente, a educação. A “escola informada”, anunciada tão entusiasticamente no Livro Verde para a sociedade de

informação e comunicação em Portugal, encontra-se agora provocada,

desafiada a discutir a sua missão, a redefinir os papéis do professor e dos

alunos, a clarificar e legitimar os novos contextos de formação e educação, a compreender as implicações no processo de construção do conhecimento.

Da mesma forma que o aparecimento de determinados dispositivos de

comunicação assinalou momentos incontornáveis de evolução e, em alguns casos, de revolução societal e educacional, o desenvolvimento recente da

WEB, no que hoje se encontra consagrado como WEB 2.0, encaminha a

educação no sentido do que Adell designa por educação 2.0.

Nesta comunicação pretendemos discutir as extraordinárias transformações

tecnológicas que se fazem sentir na sociedade, na tecnopolis, para mais

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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facilmente esclarecer os desafios que se colocam à escola, à educação no

século XXI. As transformações vão patenteando o desfasamento entre o

que foi, num passado recente, a comunicação educativa e, o que deverá ser, exigindo, por isso mesmo, o minucioso labor que nos leva à sua

redefinição.

Palavras-chave:

Comunicação Educativa;Tecnopolis; Educação 2.0; Sociedade em rede.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

280

39.4. Projetos socioeducativos e trabalho em rede em concelhos do interior norte de Portugal

Ana Cristina Trino Agrupamento de Escolas Gomes Monteiro, Boticas

Isabel Costa UTAD/CETRAD/CIIE

Resumo

O presente trabalho está centrado nos projetos socioeducativos/

socioculturais, enquanto projetos de educação não formal, promovidos pelas autarquias e que, com frequência, têm finalidades e estratégias que os

colocam no âmbito do desenvolvimento comunitário, e envolvendo

múltiplos parceiros para a sua consecução. Foram analisados projetos socioeducativos em municípios do interior norte de Portugal pois, nos

últimos anos, os municípios viram reforçadas as suas competências na área

da educação, sendo que, nesta nova qualidade de agentes educativos, têm

catalisado algumas dinâmicas educativas locais. Sendo os municípios locais privilegiados de promoção do desenvolvimento local, e atendendo ao seu

potencial educativo, a construção de projetos socioeducativos surge como

um modo de atingir esses desideratos, o que pressupõe o desenvolvimento de dinâmicas específicas e de parcerias locais.

Foi no âmbito desta problemática que realizámos um estudo qualitativo, em

três municípios do interior norte de Portugal, que visa constituir um contributo para a compreensão das políticas e das práticas das autarquias na

esfera educativa. Nomeadamente, este estudo pretende compreender as

conceções dos projetos socioeducativos em algumas autarquias, bem como

os processos e dinâmicas da sua construção e desenvolvimento. Um dos três municípios foi alvo de estudo mais detalhado, pelo que consideramos

que se tratou de um estudo de caso. O estudo baseou-se na análise dos

textos dos projetos socioeducativos, na análise de sites e numa entrevista.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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Como principais conclusões deste trabalho, foram identificadas algumas

tipologias de objetivos e de atividades dos projetos socioeducativos. Foram

ainda identificados os parceiros que colaboram com os projetos, o que indicia que o trabalho em pareceria/trabalho rede é uma caraterística de

relevo nos projetos socioeducativos das autarquias.

No concelho que foi estudado com mais pormenor, a educação é mencionada como uma prioridade política e a ação da autarquia nesta área

é apontada como bastante diversificada, multifacetada e extravasando as

suas competências legais. Sobre a intervenção socioeducativa, ela é

perspetivada como estando, de uma forma geral, integrada na política social da autarquia, atendendo às características locais, intentando promover o

sucesso educativo e a igualdade de oportunidades, decorrendo, com

frequência, com a participação de distintas entidades. O estudo revelou ainda opiniões sobre a atual distribuição de competências socioeducativas

dos municípios.

Palavras-chave:

Autarquias e educação; Redes em educação; Animação socioeducativa.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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39.5. Um quadro teórico-prático para a abordagem plurilingue no jardim de infância: o projeto Alphaeu, alfabetos e perspetivas europeias comparadas

Margarida Morgado IPCB

Maria José Infante IPCB

Resumo

Uma sensibilização plurilingue ao nível pré-primário e em jardim-de-

infância oferece resistências e desafios múltiplos. O primeiro desafio

consiste em delimitar a noção de ‘ensino aprendizagem’ de línguas estrangeiras da noção de sensibilização das crianças ao mundo globalizado,

cada vez mais multicultural e plurilingue, que as rodeia. Esta última

envolve igualmente começar a perceber a conexão entre as línguas e os seus modos próprios de representação da realidade, de ver o mundo ou de o

pensar, isto é, abrir-se ao entendimento de cada língua como cultura e

modo de vida. O segundo desafio que se coloca a qualquer projeto de

sensibilização plurilingue das crianças ao nível do jardim-de-infância reside em ser capaz de definir em que consiste essa sensibilização: materiais,

estratégias e práticas. Trata-se de definir uma didática de sensibilização

plurilingue pra este nível etário. O terceiro desafio reside em descortinar e ‘formar’ as representações, atitudes e crenças de crianças, pais e

educadores sobre o que é, e para que pode servir, uma sensibilização

plurilingue no jardim-de-infância. Neste quadro emergem valorações

relativas entre línguas quanto à sua utilidade futura e à relação afetiva que cada um estabelece com línguas em particular, que são de explorar neste

contexto educativo. Todos estes desafios foram levados muito a sério no

desenvolvimento do projeto europeu ALPHAEU (Alphabets of Europe) – alphabeu.org – por um consórcio de formadores de professores,

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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professores, educadores, investigadores e especialistas no ensino das língua

e das tecnologias de informação educativas. Em conjunto e comparando

experiências e práticas, realizaram um levantamento das opiniões de educadores de infância e de formadores e providenciaram módulos de

formação para implementação, monitorização e avaliação de recursos

plurilingues. O resultado é um conjunto de alfabetos temáticos (sobre a quinta, a cidade, a escola, a casa e cinco países europeus) em seis línguas

(português, italiano, inglês, romeno, alemão e grego cipriota); um conjunto

de atividades associadas aos alfabetos; um módulo de formação para

educadores de infância e um manual de formação; um conjunto de atividades piloto e estudos de caso sobre implementação destes recursos em

jardins-de-infância, bem como um conjunto de reflexões teóricas que

comparam experiências e práticas em cinco países europeus.

Palavras-chave:

Sensibilização plurilingue; Jardim-de-infância; Estudo comparado.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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39.6. Projeto School Safety Net (SSN). Uma pareceria europeia na área da prevenção do abandono escolar prec

Margarida Morgado IPCB

Resumo

A presente comunicação visa apresentar e refletir um projeto europeu, a decorrer em países (Portugal, Itália, Turquia, Bélgica, Grécia, Espanha e

Roménia), sobre prevenção do abandono escolar precoce, intitulado School

Safety Net (SSN), e o seu potencial de utilização por decisores políticos, diretores, professores, alunos e encarregados de educação bem como em

contextos de investigação em educação e de intervenção prática em

contextos educativos. O projeto serve-se de uma rede de parceiros com

experiência na formação de professores e de investigação em educação, de um conjunto de escolas associadas em cada país e de uma rede de parceiros

associados em cada país 8aos níveis local, regional, nacional e

internacional) para coligir dados e disseminá-los para públicos específicos. Dos dados já recolhidos pelo projeto SSN, apresenta-se um conjunto de

histórias de sucesso, relatadas do ponto de vista de alunos, professores,

encarregados de educação e diretores de escola, e de experiências de

professores, recolhidas em seis países europeus, sobre quatro áreas temáticas: (1) deteção de alunos em risco de abandono; (2) integração de

alunos imigrantes; (3) superação de dificuldades de aprendizagem; e (4)

superação de situações de violência e bullying na escola. Apresentam-se também os processos de recolha e identificação de recursos pedagógicos

para utilização com alunos ou por diretores, professores e encarregados de

educação nas áreas atrás descritas, bem como os critérios de seleção de um conjunto de publicações nacionais, ambos reunidos numa base de dados em

linha pesquisável a partir de diversos descritores e aberto ao público em

geral. Para além destes recursos, já disponíveis na base de dados do projeto

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em http://schoolsafetynet.pixel-online.org/index.php, apresenta-se o outro

recurso, construído a partir dos dados descritos, nomeadamente conjuntos

de linhas de orientação nas quatro áreas do projeto, que se propõem como material de utilização prática a usar por decisores políticos, diretores,

professores, alunos e encarregados de educação bem como recurso

educativo na formação de professores e técnicos de serviço social ligados a ambientes educativos. O enfoque da apresentação recairá sobre a

metodologia do projeto e as suas estratégias de disseminação dos dados

recolhidos como forma de divulgar ‘boas práticas’ em educação a partir de

projetos em parceria europeia.

Palavras-chave:

Prevenção de abandono escolar precoce; Parceria europeia; Boas práticas; Disseminação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

286

39.7. Atos e Atores da Cooperação para o Desenvolvimento: outras parcerias em Angola

CarolinaMendes Centro de Estudos de Desenvolvimento Humano (CEDH)

JoaquimAlves Centro de Estudos de Desenvolvimento Humano (CEDH)

Resumo

Numa altura em que se reflete sobre as razões da não concretização dos Objetivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM) na sua totalidade até

2015, baseadas, entre outras razões, nas metodologias usadas e na crise

económica e financeira que se faz sentir, questiona-se o papel e as possíveis mudanças na arquitetura da Ajuda Internacional para o Desenvolvimento

(AID) e da Cooperação para o Desenvolvimento (CD), pois “(…) a

mudança significativa passa da eficácia da ajuda para a eficácia do

desenvolvimento, sendo que a ajuda é apenas uma parte das estratégias (…)” (Baptista, 2012, s.p.). Num contexto de reflexão à luz da nova

arquitetura da cooperação para o desenvolvimento num pós-2015,

questionam-se os resultados, o financiamento e os modos de fazer cooperação para o desenvolvimento até então e, convocam-se novos atores,

exercitam-se metodologias mais económicas, mais contextualizadas,

baseadas numa relação efetiva de parceria – uma cooperação de proximidade.

As reflexões apresentadas emergem de um trabalho de investigação, ainda

em desenvolvimento, sobre novos agentes da cooperação e a sua ação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

287

Pretende descrever e analisar as orientações e políticas de ação, os

processos e os resultados do Programa de Alfabetização e Aceleração

Escolar (PAAE) em Angola desenvolvido por três tipos de instituições, Privadas, Religiosas e ONG, que se constituíram parceiras do estado no

âmbito da concretização deste programa. Em suma, perceber quais os

impactos da iniciativa e classificar, descrever e entender este tipo de parcerias.

Através de uma metodologia mista os primeiros dados, recolhidos por

questionário, foram tratados quantitativa-qualitativamente uma vez que se

pretendia perceber, para além dos números, as disposições e os pontos de vista dos alfabetizandos de forma a entender (1) quem são as pessoas que a

iniciativa alfabetiza, pessoalmente e profissionalmente, (2) as suas opiniões

sobre a alfabetização e (3) as expectativas que possuem em relação aos resultados que a alfabetização tem e que possa vir a ter na sua vida.

Os resultados evidenciam por um lado, que a alfabetização, neste contexto,

é uma iniciativa útil para os alfabetizandos, pois melhora a sua vida

profissional, pessoal, o papel social na sua comunidade, assim como, contribui para um aumento da sua autoestima e das suas expetativas em

relação a um futuro que se perspetiva melhor. Por outro lado, contribui

também para um melhor desempenho profissional dos funcionários na instituição privada, assim como, importantes resultados para o ME.

Palavras-chave:

Cooperação para o desenvolvimento; Parcerias público-privadas; Novos

Atores do Desenvolvimento; Alfabetização; Angola.

Page 288: Ciências da Educação: Espaços de investigação, reflexão e ação

40. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

289

40.1. Estrutura de projeto integrado multidisciplinar em Cursos Superiores de Tecnologia Brasileiros-estudo de caso

Antonio Almeida Universidade Paulista (UNIP)

Izilda Elias Universidade Paulista (UNIP)

Silmara Del Rio Universidade Paulista (UNIP)

Resumo

O Projeto Integrado Multidisciplinar (PIM) é um projeto de pesquisa

interdisciplinar e semestral desenvolvido pelos alunos de todos os cursos superiores de tecnologia de uma grande universidade privada brasileira. Os

cursos superiores de tecnologia são cursos de curta duração (6 semestres,

ou 3 anos), presenciais ou a distância, e regulamentos por lei específica para todas as instituições de ensino superior do Brasil. O objetivo de tais

cursos é oferecer uma inserção mais rápida e fácil do formando no mercado

de trabalho, em áreas práticas ou de grande oferta por parte do mercado

laboral, sobretudo regional.

Na universidade em questão, o regulamento do PIM prevê que o aluno

desenvolva um pequeno projeto de pesquisa por semestre, e que o tema de

cada um dos projetos englobe, obrigatoriamente, tópicos dos conteúdos de todas as disciplinas que o aluno cursa naquele semestre. O coordenador do

curso deve indicar um professor de uma das disciplinas do semestre para

orientar semanalmente os alunos durante o período em que o projeto é desenvolvido. Os temas são escolhidos pelos próprios alunos, mas o

coordenador e o professor orientador devem avaliá-los a fim de verificar se

estão ou não de acordo com os conteúdos abordados durante o semestre e

se seguem ou não uma linha contínua de pesquisa ao longo dos semestres.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

290

O projeto deve ter formato de pesquisa científica, incluindo,

obrigatoriamente, pesquisa bibliográfica básica, pesquisa laboratorial ou de

campo e pesquisa de mercado. O aluno deve dedicar pelo menos 100 horas/aula por semestre ao projeto, com carga horária já prevista na grade

curricular do curso. O trabalho de pesquisa é realizado em grupo (no

máximo de 5 alunos) e apresentado perante uma banca examinadora de professores (no mínimo 3) da própria instituição. Todos os alunos devem

fazer parte da apresentação e todos os alunos devem apresentar

individualmente uma monografia escrita com os resultados do trabalho. A

complexidade do projeto e o rigor da avaliação vão aumentando progressivamente ao longo do curso.

O objetivo do PIM é propiciar aos alunos uma fundamentação mais prática

dos conceitos teóricos explorados em sala de aula, integrando as diferentes disciplinas que integram a grade curricular do semestre. Esta proposta

curricular permite ao aluno desenvolver uma visão integrada, mas também

crítica, das diferentes subáreas de seu curso. Também permite ao aluno

descobrir significância prática para o que aprende em sala de aula, já que a maioria dos projetos usa dados reais e atuais de empresas do mercado

laboral local. Ao mesmo tempo, o aluno aprende progressivamente, desde o

primeiro semestre, a como desenvolver um projeto de pesquisa em grupo e com critérios de metodologia científica. Pressupõe-se que ao final do curso

o aluno esteja mais bem preparado para publicar um artigo em um

congresso ou periódico de sua área.

No artigo que nos propomos a escrever descreveremos detalhadamente

como funciona o PIM do curso de tecnologia em petróleo e gás nesta

universidade e quais as análises e conclusões pedagógicas que observamos

ao longo dos últimos 7 anos em que o curso é oferecido. O artigo descreverá o conteúdo das disciplinas dos 6 semestres e os trabalhos que

foram gerados a partir destas disciplinas nos últimos anos. Também

descreverá o perfil econômico, social e cultural dos alunos deste curso para que se possa entender com mais profundidade o interesse pelo curso e pelos

temas abordados no PIM. A partir destes dados, foi possível analisar de

forma crítica e pedagogicamente fundamentada, até que ponto os objetivos desta metodologia e prática curricular foram atingidos: desempenho dos

alunos na apresentação oral e escrita, temática dos projetos, grau de

interesse dos alunos no curso e em projetos de pesquisa científica,

importância dos projetos para a inserção dos alunos no mercado de trabalho, etc.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

291

Os cursos de petróleo e gás de todo o Brasil têm tido grande procura desde

a descoberta da maior reserva global de petróleo e gás dos últimos 30 anos,

na bacia de Santos. Nossa experiência nos últimos anos como professores de um curso de petróleo e gás permitiu-nos levantar questões pedagógicas

muito próprias destes cursos, mas também, e não menos importante, dos

cursos de tecnologia de ensino superior brasileiro. O estudo de uma metodologia curricular da natureza do PIM parece-nos importante e pode

servir como experiência para outras instituições de ensino superior que

também o adotem ou que pretendem adotá-lo sob outra concepção.

Palavras-chave:

PIM (Projeto Integrado Multidisciplinar); Cursos Superiores de Tecnologia

Brasileiros; Metodologias de Ensino e Práticas Docentes.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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40.2. Educação para a privacidade no espaço digital: de subsídios para uma proposta curricular

Ana Serrano Tellería Beira Interior University

Maria Luisa Branco Beira Interior University

Resumo

Segundo o relatório Eu ids On Line (2014), o uso da internet está

totalmente integrado na vida quotidiana das crianc as e adolescentes de hoje,

verificando-se uma maior diversificação do acesso à mesma, com

prevalência do uso feito em casa, logo seguido do uso feito na escola.

Salienta-se igualmente uma tendência para que este uso seja iniciado cada vez mais cedo. Segundo o mesmo documento, cerca de 59% das crianças e

jovens entre os 9 e os 16 anos tem um perfil criado em alguma rede social,

incorrendo em riscos que se prendem menos com o conhecimento evidenciado da tecnologia e mais com os comportamentos assumidos. Nos

países a que se reporta o relatório, entre os quais está Portugal, os pais são a

principal fonte de aconselhamento relativamente às dúvidas suscitadas pelo uso da internet, imediatamente seguidos dos professores e dos pares.

Neste contexto, o objectivo da presente comunicação consiste em delimitar

e aprofundar alguns conteúdos e competências a incluir em acções sobre

cidadania digital, a realizar em âmbito escolar e destinadas a pais, professores e adolescentes.

A delimitação destes conteúdos e competências emerge da análise de três

grupos de focagem feitos com adolescentes de uma escola pública da região centro norte (feminino, masculino e misto) no âmbito do projecto “Público

e privado nas comunicações móveis” que visa compreender como é que o

uso frequente e generalizado dos dispositivos móveis (smartphones /

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

293

tabletas) veio diluir as fronteiras do público-privado. Os grupos de focagem

duraram entre uma hora e um quarto e uma hora e meia, contaram com a

participação de seis sujeitos com idades entre 15 e 17 anos escolhidos segundo um critério de conveniência (desde que possuidores de um

Smartphone) e incidiram sobre os seguintes tópicos: utilização do

telemóvel no dia a dia; telemóvel como tema de discussão; utilização de imagens; valor atribuído ao telemóvel; comparação telemóvel/computador

(ou tableta); concepção de perfil; implicações do uso do telemóvel nas

formas de comunicação e relacionamento; sentimento de controlo e

vigilância.

Os dados obtidos foram tratados com recurso a uma análise temática da

qual sobressai a preocupação dos adolescentes com a invasão e

consequente necessidade da gestão da sua privacidade, fruto de uma utilização intensiva do telemóvel, que não se traduz, contudo, em

estratégias adequadas de gestão dos riscos consistente com a gravidade dos

mesmos e traduzida no desenvolvimento das competências necessárias.

Estes resultados parecem apontar, em consonância com os obtidos noutros estudos, para a necessidade de investir numa educação para uma cidadania

digital traduzida no espaço escolar em acções para pais, professores e

alunos que contemplem tópicos e competências relacionados com a gestão da privacidade no espaço digital e da exposição e da visibilidade , bem

como a sua exploração nas TIC e disseminação pelas várias áreas

disciplinares.

Palavras-chave:

Privacidade; Exposição; Visibilidade; Competências; Espaço digital; Cidadania digital.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

294

40.3. Benefícios e constrangimentos da operacionalização do programa de matemática no 1º ciclo do ensino básico pelos professores do concelho de Machico

DanielaGonçalves ESE de Paula Frassinetti

Resumo

Tendo em conta a investigação realizada nas escolas de 1.º Ciclo do Ensino

Básico (1ºCEB) do Concelho de Machico na Região Autónoma da Madeira (RAM), com este artigo pretendemos divulgar o tipo de benefícios e

constrangimentos detetados pelos professores de matemática do 1.º CEB,

face à implementação e operacionalização do programa de matemática em

vigor, neste ciclo de ensino, procurando ainda apresentar as necessidades de formação que os professores sentem face à prática e ensino da educação

matemática.

No decorrer da investigação foi realizada uma análise detalhada do programa em vigor, recorrendo a teorias públicas, bem como ao próprio

Programa de Matemática do Ensino Básico. Foi aplicada uma metodologia

qualitativa de natureza exploratória, interpretativa e descritiva, elaborando-se, para a recolha dos dados de investigação, um inquérito por questionário

que foi aplicado a oitenta professores que lecionam o 1.º CEB do concelho

de Machico, na RAM.

Os resultados deste estudo evidenciam dificuldades relacionadas com a adaptação dos professores inquiridos às dinâmicas de sala de aula,

implementadas na gestão do Programa de Matemática no 1.º CEB,

nomeadamente extensão dos conteúdos programáticos e a falta de tempo para a utilização e diversificação de metodologias pedagógicas.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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É de destacar que, no que concerne às necessidades de formação, uma

grande percentagem dos docentes inquiridos sente necessidade de formação

nesta área, considerando os percursos formativos importantes e indispensáveis na implementação deste programa nas aulas de 1.º CEB.

Palavras-chave:

Currículo; Metodologias de Ensino; Práticas letivas; Educação matemática.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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40.4. Leitura(s) e criatividade(s): representações, itinerários e (desa)fios para formar leitores com as Metas Curriculares de Português

Dulce Melão Escola Superior de Educação de Viseu

Resumo

A criatividade assume, hoje, reconhecida relevância na Educação, pelas

amplas possibilidades que oferece ao professor em distintas áreas

disciplinares. Paralelamente, a leitura tem também vindo a ganhar maior amplitude, pelo papel cada vez mais diversificado e importante que

desempenha no universo social dos indivíduos, convidando o professor a

(re)ver as suas práticas educativas no contexto em que atua. As Metas Curriculares de Português acrescentaram porventura mais desafios

implícitos em tal labor, convidando a uma revisão das práticas docentes em

curso, em articulação com o Programa de Português do Ensino Básico. Assim, nesta comunicação teremos como objetivos: i) fazer uma breve

revisão dos conceitos de criatividade e de leitura, encarando-os na sua

multidimensionalidade; ii) indagar de que forma as representações que os

professores evidenciam sobre tais conceitos poderá repercutir-se nas suas práticas docentes; iii) refletir sobre os múltiplos desafios lançados ao

professor que pretenda, de forma holística, promover espaços híbridos de

cruzamento da criatividade com a leitura através da operacionalização de alguns dos descritores de desempenho elencados nas Metas Curriculares de

Português. Conclui-se provisoriamente que, apesar de existirem vantagens

na implementação de tal abordagem holística, o caminho a percorrer se

entretece ainda de desafios que continuam a exigir ampla e demorada reflexão por parte dos profissionais de Educação em geral, e do professor

em particular.

Palavras-chave:

Criatividade; Leitura; Currículo; Práticas docentes.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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40.5. Trandisciplinaridade na educação superior: uma proposta implantada

Maria De Fátima Josgrilbert Faculdades Magsul

AlessandraJosgrilbert UFGD

Resumo

Neste trabalho procura-se apresentar algumas considerações sobre uma proposta, já implantada, de um currículo totalmente inter/transdisciplinar

para um Curso de graduação em Direito. Considera-se a proposta como

inovadora, pois busca concretizar um currículo inter/transdisciplinar,

pautado nos estudos interdisciplinares de Fazenda (1995, 1996, 1998, 1999, 2001) e a proposta transdisciplinar sob a ótica de Morin (1999, 2000),

Nicolescu (2000), e de La Torre e Moraes (2008), entre outros. Esta

proposta está ligada às necessidades de atualização das formas de ensinar e aprender e de atender às Diretrizes Curriculares Nacionais. Para tanto, a

metodologia sugerida para o Curso de Direito também busca a integração e

a interação de docentes, discentes e disciplinas que objetivem a compreensão desse e de outros fenômenos na totalidade, logo sua

finalidade é a procura de soluções para os problemas atuais com base na

efetivação dos Direitos Humanos e na busca pela a Sustentabilidade do

Planeta, que só se efetivam na ação, portanto ultrapassam uma proposta meramente teórica. Esse modelo propõe uma prática educativa não

fragmentada e não mecânica, considerando que atualmente, a

interdisciplinaridade tem sido muito debatida, no campo da pesquisa e do ensino, mas sua prática ainda encontra barreiras para uma efetiva

implantação. Desta forma, ao construir seu próprio projeto de curso, a

faculdade exerce maior autonomia na definição do seu currículo e da matriz curricular. A partir da explicitação da missão e dos objetivos, que refletem

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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as competências e as habilidades necessárias para construção do perfil

adequado à realidade local, é que se origina o modelo pedagógico do curso

que não pode desconsiderar a dinâmica própria da sociedade onde o curso está inserido. Esta proposta já está no terceiro ano de aplicação,

apresentando erros e acertos, mas sua operacionalização está pautada em

um grupo de professores confiantes, que dela participaram desde a montagem do projeto do curso.

Palavras-chave:

Interdisciplinaridade;Transdisciplinaridade; Currículo; Ensino superior.

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41. CURRÍCULO, METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

300

41.1. A Sociologia no Ensino Médio no Brasil: avanços e retrocessos

Jonas Oliveira Universidade Estadual do Piauí

Resumo

No ano de 2008 marca o retorno da sociologia ao currículo oficial das

escolas do Ensino Médio no Brasil. No período do golpe militar, entre 1964

e 1985, essa disciplina, assim como a Filosofia, foi retirada do currículo oficial das escolas. Alguns autores alegam que elas representavam perigo

para um governo onde o questionamento e a reflexão não eram tolerados.

Entretanto, não há muito a comemorar, pois a situação não é das melhores.

Atualmente, as escolas têm apenas um tempo por semana (50 minutos) para desenvolver um conteúdo muito amplo. Por outro lado, há um déficit

enorme de profissionais formados no Estado do Piauí, sobretudo na cidade

de Parnaíba, nordeste do Brasil, o que levou as escolas em geral a deixar nas mãos de pedagogos, historiadores e geógrafos a tarefa de lecionar essa

disciplina. O propósito deste estudo é analisar “avanços” e “retrocessos” da

Sociologia enquanto disciplina no Ensino Médio que frente às outras disciplinas é desvalorizada. Muitos alunos não compreendem a importância

da Sociologia porque não percebem a utilidade da mesma tanto nos exames

para o ingresso nas universidades quanto a relação com as demais

disciplinas que estudam. Nesse sentido, se a Sociologia busca compreender a sociedade em seus múltiplos aspectos e, deste modo, responder as

questões do nosso tempo, algo está errado. Analisar o ensino de Sociologia

e a compreensão que os alunos possuem desta é de fundamental importância para entendermos mais um aspecto da relação entre indivíduo e

sociedade. Para a realização da pesquisa, aplicamos um questionário

semiestruturado com oitenta alunos do 2º ano do Ensino Médio, assim como com os professores que lecionam a disciplina no Centro Educacional

Liceu Parnaibano, na cidade de Parnaíba, nordeste do Brasil. Cabe salientar

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

301

que apenas dois professores são responsáveis por lecionar o conteúdo de

Sociologia e nenhum deles possui formação na área. Nesse sentido,

podemos concluir preliminarmente que a retorno da Sociologia é fruto de uma demanda por educação de qualidade da sociedade civil. Assim, ela não

faz parte de um projeto de planejamento do Estado Brasileiro na busca de

uma educação de qualidade para todos. Deste modo, os alunos que mais precisam das reflexões e propostas da sociologia para a compreensão da

sociedade são os que menos se beneficiam de sua contribuição para

responder as questões do nosso tempo.

Palavras-chave:

Sociologia; Ensino Médio; Formação; Estudantes.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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41.2. Aprendizagem cooperativa- aplicação dos métodos grafitti cooperativo e jigsaw com alunos do 5º ano de escolaridade

Dora Sá EB 2,3 de Júdice Fialho – Portimão

Resumo

As Orientações Curriculares para o Ensino Básico recomendam que o ensino das Ciências proporcione aos alunos, não só a aquisição de

conhecimento científico e o desenvolvimento do raciocínio, do pensamento

crítico e da resolução de problemas, mas também o desenvolvimento de atitudes e valores que os tornem cidadãos capazes de lidar com as questões

científicas e tecnológicas que diariamente se colocam aos cidadãos. No

entanto, dada a complexidade do conhecimento científico e a falta de

motivação de muitos alunos para a aprendizagem, aprender (e ensinar!) ciência, torna-se, por vezes, uma tarefa difícil, nomeadamente, nos

primeiros anos de escolaridade.

Diariamente, os professores tentam implementar na sala de aula métodos e estratégias que sejam eficazes na promoção da aprendizagem e, ao mesmo

tempo, que sejam atrativas para os alunos. Alguns estudos recentes

(Ribeiro, 2006; Ramos 2008; Lopes & Silva, 2009; Andrade, 2011) têm

mostrado a eficácia da aprendizagem cooperativa no desenvolvimento da aprendizagem científica dos alunos e no desenvolvimento das competências

atrás referidas.

Num estudo baseado nos fundamentos da aprendizagem cooperativa, e em que se consideram pressupostos teóricos de Vygotsky e Bruner,

implementaram-se os métodos de aprendizagem cooperativa escolhidos

num total de 16 atividades para os conteúdos locomoção dos animais (água, solo e ar), regime alimentar (mamíferos e aves), comportamentos

alimentares dos animais, reprodução animal, animais vivíparos e ovíparos,

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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metamorfoses da rã e dos insetos, influência dos fatores do meio no

comportamento dos animais, plantas com flor (raiz, caule, folha e flor),

plantas sem for, e influência dos fatores do meio no comportamento das plantas, numa turma com 29 alunos do 5º ano de escolaridade.

Na apresentação que nos propomos fazer, mostraremos alguns dos graffitis

produzidos pelos alunos, que ilustram as suas aprendizagens, bem como evidências da sua motivação para esta forma de aprender.

Palavras-chave:

Ensino das Ciências; Aprendizagem Cooperativa; Métodos Grafitti

Cooperativo e Jigsaw.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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41.3. Ações, reflexões e interações numa comunidade de prática: a construção de saberes na prática profissional de um curso de logística no ensino técnico profissional na modalidade à distância

Alexandra Cruz UFBA

Resumo

A pesquisa em andamento tem como objetivo geral compreender como

professores do curso de Logística do Ensino Técnico Profissional interagem, mobilizam e refletem sobre o processo de construção de seus

saberes na prática profissional em um curso na modalidade a distância. O

estudo apresentado é baseado em uma abordagem qualitativa de cunho

netnográfico. Para a coleta de dados e análise das informações, vários instrumentos da netnografia serão utilizados nesta pesquisa: chat, fórum,

blog, etc. Em seu desenvolvimento estão sendo utilizadas categorias

teóricas que versam sobre Comunidade de Práticas virtuais, Saberes Profissionais e Reflexividade.

Palavras-chave:

Comunidade de Pratica; Saberes Profissionais; Reflexividade.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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41.4. A Aprendizagem Cooperativa no ensino das Ciências no 1º Ciclo do ensino Básico

Andreia Santos Instituto de Educação - Universidade do Minho

Fernando Guimarães Instituto de Educação - Universidade do Minho

Resumo

O presente estudo, realizado no âmbito da Prática de Ensino Supervisionada do Mestrado em Ensino do 1.º e 2.º Ciclos do Ensino

Básico, pretende verificar a importância da aprendizagem cooperativa no

ensino de ciências que permite não só desenvolver a cooperação entre os

alunos, mas também a autonomia dos mesmos. Situa-se na continuidade de uma perspetiva de ensino e de aprendizagem que foi desenvolvido em

contexto de sala de aula.

Para tal definiram-se alguns objetivos de investigação: promover a oportunidade de construir o conhecimento coletivamente, de forma

autónoma e responsável; desenvolver o sentido de cooperação, o respeito

pela opinião dos outros e a partilha dos materiais e do conhecimento; proporcionar aos alunos experiências de aprendizagens ativas e

significativas; e, por último, fomentar a construção e compreensão do

conhecimento acerca dos seres vivos.

Foi implementada uma intervenção pedagógica, com várias sessões, numa turma do 2.º ano com 26 alunos. Esta, iniciou-se com um trajeto de reflexão

em torno de alguns conceitos relativos ao ensino de ciências, no 1.º Ciclo

do Ensino Básico, conducente à importância da aprendizagem cooperativa, recorrendo ao trabalho em grupo, para desenvolver nos alunos um amplo

conjunto de competências. Posteriormente, fez-se a análise e a interpretação

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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dos dados recolhidos através dos questionários e das reflexões no âmbito

dos trabalhos realizados.

Através da investigação-ação pretendeu-se implementar uma prática de ensino cooperativo com vista a melhorar as aprendizagens dos alunos,

construindo conhecimentos coletivamente. Assim, esta metodologia visa

promover a melhoria das práticas educativas num processo cíclico de planificação, ação, observação e reflexão.

O trabalho cooperativo desenvolvido junto dos alunos permitiu concluir

que estes conseguem construir melhor e mais rápido os conhecimentos,

pois têm a ajuda dos seus colegas quando têm algumas dificuldades. Para além disso, os alunos puderam construir conhecimentos científicos através

da observação em grupo, do questionamento, da comunicação, da reflexão,

da extração de conclusões e da partilha das mesmas. Permitiu, igualmente, perceber o seu possível contributo para o desenvolvimento e melhoria das

aprendizagens nas aulas de ciências, promovendo aprendizagens ativas e

significativas para os educandos.

Palavras-chave:

Aprendizagem Cooperativa; Ensino de Ciências; 1.º Ciclo.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

307

41.5. As controvérsias curriculares e pedagógicas em Portugal (1991-2011): uma história do presente

Luís Timóteo Ferreira Centro de Investigação em Educação da Universidade da Madeira (CIE-UMa)

Resumo

Nas últimas três décadas, após a afirmação social e institucional do campo

das ciências da educação, numa complexificação crescente, as tensões entre diversas abordagens científicas e ideológicas concorreram para a

contestação generalizada de uma ciência ainda à procura da identidade.

Neste ensaio, que com propriedade poder-se-á apelidar de propedêutico, porque constituinte de um projecto de doutoramento ainda em execução e

talvez revelador das suas dificuldades teóricas e empíricas, procurar-se-á,

em primeiro lugar, fundamentar o valor heurístico das controvérsias como

ponto de observação possível do carácter substantivo e pragmático da fundamentação epistemológica do campo do currículo e, por inerência, das

ciências da educação. Em segundo lugar, identificar-se-á e justificar-se-á, a

partir do horizonte temporal definido, as controvérsias mais relevantes e as dificuldades encontradas até ao momento. Por fim, discutir-se-á a

metodologia que pareceu ser a mais indicada na abordagem do fenómeno a

ser estudado, a análise de discurso, e reivindicar-se-á a premência com que

o objecto de estudo provoca a problematização dos métodos da história social e da sociologia histórica com as ciências da educação e os estudos

sobre o currículo, sobretudo no que toca à definição do carácter

descritivo/interpretativo de um estudo de caso.

Palavras-chave:

Controvérsias; Currículo; Pedagogia; Discurso; História; Sociologia.

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42. EDUCAÇÃO, DESIGUALDADES E

DIFERENÇAS

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

309

42.1. Breve Percurso Histórico da Problemática das Pessoas com Deficiências e alguns Marcos Legais da Educação especial

Luciana Santana Lordêlo Santos UFRB

Resumo

A história das pessoas com deficiências tem passado por grandes mudanças

através do tempo. Essas transformações devem-se, sobretudo a luta de familiares, organizações não governamentais, e realização de fóruns

nacionais e internacionais de discussão em prol dos direitos das pessoas

com deficiências. No presente texto, baseando-nos nas pesquisas e análises

bibliográficas e documentais, apresentamos uma abordagem histórica de como essas pessoas foram vistas e tratadas, desde os primórdios,

perpassando pela idade média até a idade moderna e atualmente. Esse

histórico reflete claramente como os costumes, crenças e valores sociais se refletem na forma como os atores sociais percepcionam e se comportam

diante das pessoas com deficiências. O texto também traz alguns marcos

legais que favoreceram a inclusão destas pessoas, garantindo antes de tudo, seus direitos como cidadãs, dos quais se destaca o acesso à educação em

todos os níveis formativos. É preciso repensar o que se entende por

“pessoas com deficiências” para que, com base na legislação vigente, e com

base em novas dinâmicas sociais, educativas e formativas, essas pessoas tenham seus direitos respeitados e se possa efetivamente falar e vivenciar a

inclusão.

Palavras-chave:

Pessoas com deficiências; Contextualização histórica; Marcos legais;

Inclusão.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

310

42.2. Participar para Escolher

FlorbelaSamagaio Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

Resumo

Parte-se das representações sociais que as crianças e os jovens possuem

acerca da Escola, como base de construção de um futuro a médio prazo,

assim como tendo em conta uma visão ao nível da conceção de políticas

sociais e educativas de apoio aos mesmos. Neste sentido,apresenta-se o Programa Escolhas como uma política social de cariz educador, o qual

promove a mediação entre a população infanto-juvenil e a Escola, mediante

a implementação de práticas de Educação Não Formal. Visualiza-se a importância que a população infanto-juvenil atribui à Escola assim como as

dinâmicas promotoras de sucesso escolar, como meio fundamental de

integração social, em contextos sociais desfavorecidos.

Palavras-chave:

Escola; Crianças e Jovens; Educação Não Formal; Pobreza e Exclusão

Social Infantojuvenil; Insucesso Escolar e Reprodução Social e Cultural da Pobreza e da Exclusão Social.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

311

42.3. Género, Cidadania e Práticas Educativas: a promoção da igualdade em contextos educativos

HelderHenriques Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Portalegre / Ceis20 - Universidade de

Coimbra

AméliaMarchão Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Portalegre - C3I, NEISES

Resumo

A educação para a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres

constitui um desafio social de enorme importância. A escola e os seus atores educativos revelam-se elementos centrais no processo de construção

de identidades de género e de uma educação para a cidadania democrática.

Assim, a Escola Superior de Educação de Portalegre enquanto instituição

formadora de profissionais de ensino promoveu uma ação de formação, financiada pela Comissão para a Igualdade e Cidadania, intitulada

“Currículo na educação básica e contributos para a formação global do/a

aluno/a: a construção da identidade de género e cidadania”, frequentada por 20 educadoras/professoras. O propósito deste trabalho prende-se com a

análise das conceções de género, da pertinência da temática na “arena

escolar” e da sua externalização nas práticas pedagógicas desenvolvidas em contextos educativos diversificados. Ao longo da formação possibilitou-se

a construção e aplicação de atividades pedagógicas, com o objetivo de

promover a igualdade de oportunidades entre géneros nesses mesmos

contextos educativos, matéria sobre a qual discutimos neste trabalho. Este estudo encontra-se ancorado a um conjunto de autores que trabalham esta

problemática de modo interdisciplinar (Amâncio, 1994; Bourdieu, 1990;

Nunes, 2007; Scott, 2008; Vieira,2006; Nóvoa, 1992; Pomar et al., 2012) com o objetivo de favorecer um olhar plural sobre o tema. Do ponto de

vista metodológico optou-se por uma análise qualitativa, com recurso a

estatísticas, a partir dos dados colhidos através de questionário aplicados às

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

312

formandas ao longo da atividade. Acrescente-se que também utilizamos

como recurso documental os relatórios/trabalhos produzidos sobre a

aplicação das suas experiências pedagógicas no espaço escolar. Concluímos que esta é uma matéria relevante para as formandas e, por isso, a maioria

reconhece a sua importância. Sublinha-se a aplicação de um conjunto de

estratégias possibilitando uma microanálise dos contextos educativos de que daremos alguns exemplos.

Palavras-chave:

Género; Cidadania; Educação; Práticas pedagógicas.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

313

42.4. Inclusão e educação especial na atualidade: uma incursão a partir das perspetivas dos professores

Sara Felizardo Escola Superior de Educação de Viseu

Esperança Ribeiro Escola Superior de Educação de Viseu

Resumo

Na atualidade, a educação inclusiva assume uma centralidade no quadro dos discursos políticos e nos dispositivos legais, constituindo a agenda

atual da comunidade educativa internacional. A escola inclusiva é

conceptualizada como um espaço aberto, onde a diversidade social,

educativa e cultural de cada aluno deve ser reconhecida e valorizada e, consequentemente, assumida no âmbito dos processos de ensino-

aprendizagem e na adoção de estratégicas pedagógicas diferenciadas.

Convergentemente, a diversidade não pode ser concebida como um constrangimento, mas antes, uma oportunidade de inovação, potenciadora

do desenvolvimento de todos os alunos e do próprio professor, que tem

aqui um contexto propício ao aperfeiçoamento das suas competências pessoais e profissionais. No contexto nacional, temos vindo a assistir a um

conjunto de mudanças conceptuais e sócio-legais e, neste sentido, as

alterações previstas no Decreto-Lei n. 3/ 2008, de 7 de janeiro foram o

nosso alvo de análise. O presente estudo, de caráter exploratório e descritivo, tem como objetivo analisar as perceções dos professores de

educação especial sobre questões relativas à inclusão e às mudanças

previstas na legislação em vigor. A amostra é constituída por 62 professores de educação especial de escolas da região de Viseu. Os

resultados revelam que a legislação acentua o envolvimento dos pais na

avaliação; os pais conhecem o programa educativo mas não participam na sua elaboração; o normativo não contribui para melhorar a inclusão, mas

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

314

melhorou a articulação dos serviços; a Classificação Internacional de

Funcionalidade (CIF) não veio facilitar os procedimentos, sendo necessário

um maior investimento na formação dos profissionais e na construção de instrumentos de avaliação adequados ao referencial da CIF.

Palavras-chave:

Inclusão; Educação inclusiva;Educação Especial;Necessidades Educativas

Especiais.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

315

42.5. Relações (D)Estabelecidas entre a Pedagogia Brasílica e as Escolas Indígenas no Século XX E XXI

Juliane Neves UNESPAR - Campus Paranaguá

Jaqueline Alves UNESPAR - Campus Paranaguá

Resumo

O presente artigo, intitulado "Relações (D)estabelecidas entre a Pedagogia Brasílica e as Escolas Indígenas no século XX e XXI", tem por objetivo

apresentar os primeiros apontamentos da pesquisa, tendo como aporte

teórico os seguintes autores: Silva e Ferreira (2001), Saviani (2011) e

Ribeiro (1970). Nossa intenção inicial é apontar de forma crítica a implantação das Missões Jesuíticas no Brasil, portanto, no período inicial

do processo de colonização das terras brasilis, cujo momento, também se

concretiza com as primeiras investidas em "educar" os nativos. Nesse viés, aproximamos a educação enquanto direito assegurado aos povos indígenas,

direito esse, que no Brasil aconteceu, após promulgação da Constituição

Federal de 1988, fazendo a relação com a possível efetivação dessa

educação no momento contemporâneo.

Palavras-chave:

Educação Escolar Indígena; Pedagogia Brasílica; Antropologia História e Educação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

316

42.6. (Des)Igualdades de Oportunidades para Alunos de Baixa Renda Bolsistas em Escolas Particulares

Simone Gadelha de Souza Faculdade do Vale do Jaguaribe

Ruthe Maria Bomfim Vidal

Resumo

Este estudo objetivou verificar se há igualdade de oportunidades educacionais, a partir de uma análise sobre o papel das escolas particulares,

na inserção de alunos à Universidade. Nesta investigação, questionou-se o

consenso de que a possibilidade de aprovação no vestibular seria obtida, sobretudo, dentro de uma estrutura escolar apresentada pelas escolas

particulares. Esta pesquisa de abordagem empírica-analítica, de natureza

descritiva, se caracteriza como uma pesquisa do tipo correlacional de

enfoque quantitativo. No caso específico, basicamente relacionou-se a variável renda familiar a alunos aprovados no vestibular. Utilizou-se como

principal instrumento de coleta de dados o questionário socioeconômico de

preenchimento obrigatório para a inscrição no vestibular. Os sujeitos da pesquisa foram os alunos de escolas particulares, situadas na cidade de

Fortaleza, na região Nordeste do Brasil. Os resultados mostraram que na

fase inicial do vestibular, a diferença entre os grupos não é representativa. Entretanto, na fase final é que a disparidade entre os grupos se manifesta de

maneira inconteste. Concluiu-se que não basta se cursar apenas o ensino

médio em uma escola particular, nem mesmo naquelas que anunciam um

alto índice de aprovação no vestibular. O que os dados desta investigação revelaram é que fazer um curso superior ainda está restrito àqueles que

pertencem a classe social de maior poder aquisitivo e consequente capital

cultural, nos moldes pensados por Bourdieu. Ao mesmo tempo esta pesquisa denuncia uma preocupação com as possíveis consequências e os

impactos para a universidade com a inserção diferenciada de alunos

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

317

utilizando o Sistema de Cotas, sem serem avaliadas as suas competências e

as reais condições para estarem aptos a cursarem o ensino superior.

Palavras-chave:

Educação Brasileira; Escola Particular; Desigualdade Social.

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43. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E

ÉTICA PROFISSIONAL

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

319

43.1. Conhecimento pedagógico de conteúdo na Educação de Infância: episódios de Matemática no contexto da formação inicial de professores

Maria Figueiredo Escola Superior de Educação e CI&DETS, Instituto Politécnico de Viseu

Resumo

O estudo pretende contribuir para a compreensão da especificidade do

conhecimento pedagógico de conteúdo (CPC) matemático na Educação de

Infância (EI) em Portugal, a partir do contexto de um Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico.

O conhecimento pedagógico de conteúdo tem sido considerado como um

dos “grandes desconhecidos” da EI (Melendez Rojas, 2008), especialmente em tradições de prática em que o desenvolvimento infantil assumia a base

de conhecimento profissional, obnubilando o conteúdo da aprendizagem da

análise do trabalho do educador de infância e da atividade da criança (Chen

& McNamee, 2006; Cullen, 2005; Hedges & Cullen, 2005a, 2005b). Conceções atuais tanto da Pedagogia da Educação de Infância (Siraj-

Blatchford, 2010) como da Didática da Educação de Infância (Pramling-

Samuelsson & Pramling, 2011) valorizam dimensões de ação e de conhecimento profissional que requerem um forte domínio de

conhecimento de conteúdo e de CPC por parte dos educadores de infância.

Estudos recentes sobre o CPC destes profissionais destacaram aspetos

semelhantes, permitindo delinear áreas específicas sobre as quais, na EI, as duas categorias do conhecimento profissional de Shulman (1987) ganham

contornos específicos: organização do ambiente educativo e interações com

as crianças durante atividades de sua iniciativa (Lee, 2010; McCray, 2008; Melendez Rojas, 2008).

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

320

No presente ano letivo, docentes da área da Matemática e da área da EI

identificaram casos em planificações e relatórios, assim como em

momentos de observação, da Prática de Ensino Supervisionada desenvolvida pelos alunos do referido mestrado, que corporizam interações

entre a especificidade da intervenção educativa em EI (Pramling-

Samuelsson & Pramling, 2011; Siraj-Blatchford, 2010) e o CPC matemático (Ball & Bass, 2000). A informação desses casos foi

complementada com a discussão, em aula, com os estagiários, de situações

propostas pelas docentes. Os dados foram analisados e organizados em

episódios reconstruídos a partir das observações, análises e discussões, assim como confronto com a investigação internacional disponível e com

as dimensões da pedagogia e didática de Educação de Infância e do

conhecimento pedagógico de conteúdo matemático. Os casos sustentam o argumento de especificidade da intervenção educativa em EI,

argumentando pela necessidade de mais investigação nesta área tanto na

formação inicial como nas práticas quotidianas de educação pré-escolar.

Palavras-chave:

Didática da educação de infância; Conhecimento pedagógico de conteúdo;

Ensino da matemática.

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43.2. Potencialidades e desafios da pedagogia genológica no início da construção de ser professor

Luís FilipeBarbeiro Instituto Politécnico de Leiria

Maria José Gamboa Instituto Politécnico de Leiria

CéliaBarbeiro Agrupamento de Escolas Dr. Correia Mateus

Resumo

Propósito do estudo — O estudo apresentado teve como propósito

apreender as potencialidades da adoção de estratégias e atividades da pedagogia genológica, no contexto da prática pedagógica da formação

inicial de professores do 2.º ciclo do ensino básico. O programa Ler para

Aprender, que se insere na perspetiva genológica, atribui à transversalidade língua um papel fulcral na aprendizagem escolar e adota uma perspetiva

integrada na abordagem da língua e dos textos de diferentes géneros,

conduzindo a sua compreensão e produção de forma modelada e apoiada.

Este apoio implica um nível elevado de preparação do próprio gesto didático-pedagógico.

A realização da prática pedagógica, numa turma em que se desenvolvia o

programa, permitiu o estudo das potencialidades e dos desafios que surgiram associados à adoção desta pedagogia, na perspetiva dos sujeitos

que se encontram numa fase inicial do percurso de ser professor.

Metodologia — Para a realização do estudo, tomou-se como base as reflexões quinzenais elaboradas pelas formandas. Para a análise deste

corpus, adotou-se a metodologia de análise qualitativa de conteúdo. As

categorias de análise foram constituídas em torno da ocorrência dos temas

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

322

“problemas e dificuldades” encontrados e “estratégias adotadas para a sua

resolução”.

Resultados — O estudo mostra uma mudança quanto aos problemas referenciados e quanto às estratégias adotadas, antes e após o início do

programa. Antes, emergiam nas reflexões sobretudo os problemas

relacionados com a motivação e participação dos alunos com desempenhos escolares mais baixos, sendo mobilizadas para os contrariar estratégias

visuais e lúdicas. Com o programa, surge em relevo a referência ao seu

contributo para ultrapassar os problemas referidos. Em contrapartida,

emergem nas reflexões as dificuldades experimentadas pelas formandas para corresponderem ao maior nível de preparação das atividades.

Conclusão — As potencialidades da pedagogia adotada manifestaram-se

pelo maior grau de segurança na condução da aula, com participação alargada e empenhada por parte dos alunos. Essa maior segurança, que é

essencial em situação de prática pedagógica e no início da vida

profissional, teve por detrás o desafio de uma exigência maior quanto à

planificação e preparação das tarefas de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave:

Formação de professores; Prática pedagógica; Metodologias de ensino; Perspetiva genológica; Ler para Aprender.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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43.3. O Papel da Educação em Ciências na Formação dos Alunos de Licenciatura em Educação Básica Maria José Rodrigues

Maria José Rodrigues IPB-ESE

Adorinda Gonçalves IPB-ESE

Resumo

A educação em ciências deve fazer parte do processo formativo de todos os indivíduos para que possam ser cidadão ativos e informados. Por isso,

durante o seu percurso educativo na escola e no jardim de infância as

crianças e os alunos têm o direito de ter acesso a esta educação. O papel

dos educadores e professores assume particular relevância, pelo que a sua formação inicial deve dar resposta à situação evidenciada.

Neste contexto, desenvolvemos este estudo com alunos do 3.º ano da

Licenciatura em Educação Básica, da Escola Superior de Educação de Bragança, para conhecermos a opinião dos alunos acerca da formação que

têm no âmbito da educação em ciências e de que forma essa formação se

torna relevante para as suas práticas nos diferentes contextos.

Para o presente texto damos destaque às solicitações que os alunos têm para

desenvolver atividades de ciências nos contextos em que realizam a

"Iniciação à Prática Profissional" e de que forma conseguem implementar

atividades de acordo com a formação que receberam.

A recolha de dados recorreu a entrevistas semiestruturadas para conhecer as

perceções dos alunos de Licenciatura em Educação Básica sobre a

formação em ciências recebida durante o 1.º ciclo de estudos, do ponto vista concetual e didático e refletir sobre a implementação de atividades de

ciências nas suas práticas educativas em diferentes contextos.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

324

Os resultados evidenciam que os alunos valorizam a formação oferecida,

embora apresentem algumas sugestões de melhoria e reconheçam que há

necessidade dessa formação ser ampliada no ciclo de estudos seguinte. Revelam, ainda, que as atividades de ciências não são solicitadas tanto

quanto gostariam "a matemática e a língua portuguesa estão em primeiro

plano" e que surgem muitas vezes associadas a "dias comemorativos". Nas suas práticas procuram implementar o trabalho prático e experimental e

recorrem a recursos diversificados que muitas vezes encontram na

instituição de formação.

Concluímos, assim, que a educação em ciências implica um trabalho continuado de todos os agentes do processo educativo e que se torna cada

vez mais essencial o trabalho de colaboração entre as instituições de

formação de professores e os diferentes contextos educativos.

Palavras-chave:

Formação de professores; Educação Básica; Educação em ciências.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

325

43.4. A Observação de Pares Multidisciplinares como ferramenta colaborativa

Sofia Reis Porto University

Resumo

Não sendo uma novidade, a observação de aulas por pares multidisciplinares é contudo uma prática recente e que ainda procura

compreender o seu próprio potencial (trans)formativo. De fato, quer as

experiências realizadas no ensino universitário (UP) quer algumas das nossas experiências de colaboração em sala de aula, apontam para

vantagens e benefícios que se pretendem comprovar e aprofundar.

A Observação de Pares Multidisciplinares (OPM), proporcionando a

abertura das salas de aula e a reflexão sobre as práticas pedagógicas, quebra o isolamento dos professores e torna-se uma ferramenta colaborativa

efetiva. Abre novos espaços de reflexão e partilha assentes na confiança e

no conhecimento mútuo que melhoram as relações e abrem canais de comunicação, podendo, por essa via, melhorar as produções coletivas

(atividades de escola) e individuais (trabalho pedagógico em sala de aula) e

influenciar positivamente o clima de escola.

Com este trabalho, que decorre da participação numa ação de formação desenvolvida na modalidade projeto, pretende-se, portanto, mostrar como é

que, enquanto ferramenta colaborativa, a OPM beneficia o trabalho

pedagógico e a aprendizagem dos alunos. Isto é, que vantagens e benefícios pode esta acrescentar ao quotidiano dos professores que possam ajudar a

compreender e a melhorar a sua ação e, deste modo, proporcionar melhores

aprendizagens. Para tal, criaram-se grupos (quartetos) que se observam mutuamente, com base em guiões previamente elaborados. Essa observação

incide sobre as estratégias de ensino e de avaliação e é depois alvo de

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

326

reflexão conjunta, primeiro no seio dos quartetos e depois coletivamente.

Trata-se de uma experiência, importada do ensino superior e aplicada ao 2º

e 3º ciclos do ensino básico. Conta para já com um pequeno grupo de professores voluntários, que são simultaneamente observadores e

observados. Os dados recolhidos e as reflexões já realizadas permitem

perceber que a OPM, tal como está a ser realizada, contribui para o (re)conhecimento das limitações e dos potenciais dos professores

envolvidos e produz uma dinâmica que coloca a tónica nos aspetos

positivos da ação educativa, reforçando o que se faz melhor e o que resulta

melhor com os alunos. Espera-se que possa contagiar outros professores e alargar-se a outras salas de aula no próximo ano.

Palavras-chave:

Observação; Pares Multidisciplinares; Ferramenta colaborativa.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

327

43.5. Relatório final de estágio: Refletir é investigar?!

Cristina Martins Escola Superior de Educação- IP Bragança

Manuel Vara Pires Escola Superior de Educação- IP Bragança

Resumo

Nos mestrados profissionalizantes para o ensino, a Prática de Ensino

Supervisionada (PES) corresponde ao estágio de natureza profissional,

objeto de relatório final. Em educação, e nomeadamente na formação de professores, muitos autores reconhecem a estreita ligação entre as práticas

de sala de aula e a reflexão produzida pelo professor ou futuro professor.

Neste âmbito, é nosso entendimento que um relatório final deve refletir as diferentes experiências de ensino e aprendizagem realizadas ao longo do

estágio. Simultaneamente, o conceito de reflexão surge frequentemente

associado ao conceito de investigação, sobretudo, ao conceito de

investigação sobre a prática. Como refere Ponte (2002) o professor, na concretização da sua missão, tem necessidade de se envolver em

investigação que o ajude a lidar com as situações problemáticas que

constantemente surgem na sua prática. Em complementaridade com esta ideia, Alarcão (2001) adianta que ser professor-investigador é primeiro que

tudo ter uma atitude de estar na profissão como intelectual que criticamente

questiona e se questiona.

Então, refletir implica investigar? E o inverso verifica-se igualmente?!

Nesta comunicação, pretendemos discutir os conceitos de reflexão e

investigação sobre a prática, baseando-nos nos resultados de um estudo, de

natureza qualitativa, focado na análise de experiências de ensino e aprendizagem na área da Matemática apresentadas nos relatórios finais da

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

328

PES dos alunos do Mestrado em ensino do 1.º e do 2.º ciclo do ensino

básico, da nossa instituição.

Palavras-chave:

Prática de ensino supervisionada; Relatório Final; Refletir; Investigar.

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44. METODOLOGIAS E ÉTICA DE

PESQUISA EM EDUCAÇÃO

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

330

44.1. Confiança na escrita e Identidade de Autoria

Maria Ribeiro Instituto Politécnico de Bragança

António Bento Universidade da Madeira

Resumo

Objetivos: Analisar o nível de confiança na escrita e perceber se os

estudantes do Ensino Superior compreendem o que significa ser autor de

um trabalho escrito.

Método: Foi desenvolvido um estudo quantitativo, transversal que teve

como base uma amostra não probabilística selecionada por conveniência,

constituída por 64 alunos que frequentavam em 2014 o curso superior de

Educação Básica. Como instrumento de recolha de dados foi utilizado o SAQ (Student Authorship Questionnaire), uma escala desenvolvida por

Pittam, Elander, Lusher, Fox e Payne (2009).

Amostra: Da totalidade de estudantes que participaram nesta investigação, 18 (28,1%) frequentavam o 1º ano, 17 (26,6%) o 2º ano e 29 (45,3%) o 3º

ano. Os participantes tinham idades compreendidas entre os 18 e os 36

anos, registavam em média 21,4 anos (DP=3,97) e a esmagadora maioria era do género feminino (98,4%).

Conclusões/resultados: A maioria dos estudantes concorda que na

elaboração de textos e trabalhos académicos devem, fundamentalmente,

escrever por palavras suas (87,5%). Uma parte significativa de estudantes considera que a composição de um trabalho consiste no desenvolvimento

de uma ideia sobre o que se pensa sobre o assunto (40,6%). Em termos

gerais os estudantes têm uma boa perceção sobre o que representa ser o autor de um trabalho escrito (Média=3,6; DP=0,579). São os alunos do 3º

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

331

ano que se destacam por considerarem que a compreensão da autoria não

implica necessariamente desenvolver trabalhos/textos escrevendo por

palavras próprias (p=0,010<0,05). São também estes que se diferenciam de todos os outros, por consideram que a elaboração de um trabalho

académico tem de traduzir a ideia sobre o que se pensa sobre uma

determinada matéria (p=0,043<0,05).

Já no que diz respeito, à confiança na escrita os estudantes,

independentemente, do ano que frequentam, registam um nível de

confiança acima do moderado (Média=3,6; DP=0,436), embora em

situações de stresse e de muito trabalho a elaboração dos trabalhos académicos se resuma à organização de textos retirados de livros, revistas

ou internet, com a intenção de melhorar as suas notas ou economizar

tempo. De acordo com a opinião da maioria dos estudantes (82,9%), nos trabalhos académicos a percentagem, em média, que corresponde a citações

e partes de textos retiradas diretamente de livros, revistas ou internet varia

entre 21% a 60%.

Palavras-chave:

Confiança; Competências; Escrita; Autoria; Estudantes; Ensino Superior.

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332

44.2. Análise Paradigmática: um estudo sobre a Pesquisa Histórico-Cultural

DanielleMarafon Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranaguá

Resumo

O trabalho de pesquisa aqui relatado é resultado do processo de analise da

tese de doutorado intitulada Aprendi falar português na escola! O processo de nacionalização das escolas étnicas polonesas e ucranianas no Paraná

escrita por Valquiria Elita Renk, sob orientação da professora doutora Vera

Beltrão Marques, da Universidade Federal do Paraná. Defendida em 2009, integra a área temática de História e Historiografia da Educação. Nossa

intenção foi analisar a pesquisa histórico-cultural a partir do esquema

paradigmático de Silvio Sanches Gamboa (2007). A tese analisada está

inserida na metodologia denominada histórico-cultural, na qual a autora aborda a questão do processo de nacionalização das escolas primárias

étnicas polonesas e ucranianas no Paraná, desde os anos 1920 até a

nacionalização compulsória em 1938. Sua pesquisa teve como fontes os documentos oficiais, como os relatórios e as mensagens de governo, a

legislação escolar, os arquivos da DOPS com os dossiês de instituições e

pessoas, as publicações como a Imprensa Escolar, a Revista Educação, os arquivos das Congregações da Sagrada Família e das Vicentinas de São

José, os jornais regionais como a Gazeta do Povo e o Diário da Tarde, os

depoimentos e entrevistas de ex-alunos que estudaram nestas escolas.

Analisamos como a autora abordou a construção da pergunta, a construção da resposta, o nível técnico (fontes, técnicas de coleta, organização,

sistematização e tratamento de dados e informações), nível metodológico

(abordagem e processos da pesquisa, formas de aproximação ao objeto e a consideração dos contextos), nível teórico (fenômenos privilegiados, núcleo

conceitual básico, autores clássicos cultivados, pretensões críticas, tipo de

mudança proposta), nível epistemológico (concepção de causalidade, de

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

333

validação da prova científica e critérios de cientificidade), pressupostos

gnosiológicos (maneiras de abstrair, generalizar, conceituar, classificar e

formalizar, ou maneiras de relacionar o sujeito e o objeto, critérios de construção do objeto cientifico), pressupostos ontológicos (concepção de

homem, realidade, de educação, de sociedade). O estudo mostrou que a tese

analisada foi escrita numa abordagem dialética, pois a autora confronta os documentos oficiais e não-oficiais procurando reconstituir a história de

forma problematizada, diacrônica e contraditória.

Palavras-chave:

Metodologia; Histórico-cultural; Conhecimento.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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44.3. O Professor Pesquisador e a Necessidade de parcerias: cooperação entre Instituições de Ensino Superior e a Iniciativa Privada

Eli Lopes DaSilva SENAC/SC

Elisabete Werlang Faculdade de Tecnologia Senac Florianópolis

Resumo

Apresentamos um projeto de pesquisa acadêmico viabilizado com parceria

entre instituição de ensino superior e iniciativa privada. Propusemos o

neologismo professorpesquisador, apontamos os desafios enfrentados por este profissional e as parcerias como seu amparo. Abordamos aspectos

sociais e materiais do estudo científico desenvolvido por Latour e sobre a

pesquisa na docência a partir das reflexões de Pedro Demo. Formulamos considerações a respeito das parcerias estabelecidas e ações que poderão

facilitar o processo de pesquisa do professorpesquisador. Argumentamos

em favor da necessidade de criar condições, principalmente viabilizando

parcerias, para que as pesquisas empíricas possam ser realizadas.

Palavras-chave:

Professor pesquisador; Parcerias; Indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão.

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335

44.4. A Intuição em Bergson – Referenciais para a Metodologia e a Ética na Pesquisa em Educação

TarcisioPinto UFJF

Resumo

No presente trabalho discuto aspectos relevantes da concepção do método da intuição em Henri Bergson e sua dimensão ética e pedagógica,

analisando a partir daí possíveis contribuições desta teoria bergsoniana à

educação contemporânea. Procedendo à análise do desenvolvimento da concepção de intuição em sua relação com a concepção de duração no

conjunto da obra deste filósofo francês, vemos que a certeza de que a

intuição é o meio de conhecimento por direito da realidade em sua

temporalidade viva só se explicita totalmente em L’Évolution Créatrice. Até chegar a explicitar nesta obra que a duração é a substância mesma da

vida e que a intuição é o seu método de conhecimento par excellence,

Bergson desvela primeiramente o que representa a duração no plano da consciência do homem e no plano da relação do espírito com a matéria com

a qual ele se relaciona intimamente: eis os campos de estudo de suas duas

primeiras obras, o Essai e Matière et Memoire, respectivamente. Em sua

obra final, Les Deux Sources de la Morale et de la Religion, Bergson desdobra essa sua concepção de duração na sua interpretação do

desenvolvimento da moral e da religião, defendendo que, a partir de uma

intuição especial, a “intuição mística” da duração da vida, algumas grandes personalidades são capazes de promover uma renovação ética e religiosa

que deve nos servir de ideal. Esse ideal, inclusive, além de ético-religioso

pode ser visto também como um ideal pedagógico. Desse modo, a partir de Les Deux Sources, somos capazes de vislumbrar uma dimensão ética e uma

dimensão pedagógica da intuição, dimensões essas que se mostram

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

336

intimamente relacionadas e que, além de serem trabalhadas nessa obra, são

enfocadas também em certas cartas, discursos e ensaios bergsonianos.

Em relação ao pensamento bergsoniano acerca da educação, devemos ressaltar desde já que Bergson não chega a desenvolver nenhuma teoria

pedagógica específica. Todavia, podemos encontrar considerações

preciosas sobre esta questão, que muitas vezes aparecem como prolongamentos de reflexões sobre temas mais recorrentes em sua filosofia.

Além disso, vale lembrar que, como intelectual atuante que foi, Bergson

participou de forma ativa de discussões sobre questões relacionadas à

educação em sua época. Atuou no movimento da reforma educacional da França como membro do Conselho Superior da Instrução Pública e depois

presidiu a Comissão de Cooperação Intelectual da Sociedade das Nações

(precursora da UNESCO). Por estas e outras razões, certamente não são desprovidas de sentido as pesquisas em torno do tema da educação em

Bergson; muito pelo contrário, tais pesquisas têm mostrado um rico campo

de pensamento, capaz de trazer valiosas contribuições para a educação,

inclusive em nossa época, particularmente vinculadas a questões metodológicas e éticas.

Palavras-chave:

Método; Educação; Ética.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

337

44.5. Da investigação ao projeto, do projeto à investigação

Maria Teresa Jacinto Sarmento Pereira Universidade do Minho

Maria Martins Universidade do Minho

Resumo

A investigação centrada na escola, desenvolvida por elementos da

comunidade educativa que à mesma pertencem, distingue uma escola que

se pensa a si própria e que procura caminhos de melhoria para a ação educativa. A investigação é, assim, uma das principais dimensões que

permite distinguir um professor profissional de um professor proletário,

uma escola participativa de uma escola respondente. Através daquela, as

escolas e os professores viabilizam um processo de desenvolvimento das capacidades e saberes educativos, tendo em vista o melhoramento coletivo

da sua comunidade e consubstanciando uma via para a construção e

afirmação duma autonomia que permite diagnosticar, definir e desenvolver processos que visem a verdadeira educação dos seus educandos.

A partir de um quadro teórico que tem como principais dimensões de

análise a relação escolas-famílias assente em valores como a participação, a cooperação, as parcerias e a (re)construção de saberes, a presente

comunicação procura apresentar uma análise em torno do projeto “Pais e

Professores em Formação/Ação”, evidenciando dados da investigação

prévia ao arranque do mesmo, mas sobretudo resultados do processo de investigação que tem acompanhado todo o seu desenvolvimento.

Como apresentação do projeto poderemos dizer que o mesmo resulta de um

primeiro momento de investigação, em que se estudaram representações sobre obstáculos e benefícios do envolvimento parental no processo

educativo escolar, e em que se evidenciou a pertinência da promoção de um

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

338

projeto que integrasse pais/encarregados de educação, professores, alunos,

assistentes operacionais e outros. Em termos de finalidades, pretende-se a

melhoria do sucesso escolar dos alunos e a promoção de novas competências educativas em todos os agentes educativos. Como estratégias,

são desenvolvidas sessões de formação parental, de formação de

professores e assistentes operacionais, de apadrinhamento entre os alunos, de ações concertadas entre diversos parceiros, entre outras.

Por fim, dar-se-á conta dos resultados da investigação em curso, a qual visa

suportar a avaliação do projeto e identificar novas áreas de

desenvolvimento, de forma a sustentar um processo educativo em que todos se sintam a aprender com todos, rumo a uma comunidade verdadeiramente

coaprendente.

Palavras-chave:

Investigação; Projeto; (Re) construção de saberes.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

339

44.6. Arquitetura e Educação, um estudo etnográfico sobre o ambiente construído

Ana Rute Costa FPCEUP

Resumo

A etnografia tem grande tradição nas ciências sociais, tendo as suas raízes na antropologia tem vindo a ser utilizada noutras disciplinas (Atkinson &

Hammersley, 1995), nomeadamente nas ciências da educação. Está

interessada numa área particular da vida, recolhe material empírico no contexto natural e procura perceber o comportamento humano. O ambiente

construído faz assim parte de todas as abordagens etnográficas pois envolve

um contacto direto com os agentes humanos no seu contexto diário

(O'Reilly, 2005). A arquitetura pode ser informada por esses estudos, porém, se estiver interessada em perceber em que medida o ser humano

habita e perceciona o ambiente construído de forma a melhorar as suas

práticas, deve procurar estabelecer um campo de conhecimento interdisciplinar com as restantes ciências sociais (Vellinga, 2007). Foi neste

sentido que desenvolvemos a nossa investigação interdisciplinar,

articulando os saberes da arquitetura e da educação.

Enquadrado no âmbito do doutoramento em ciências da educação, este estudo de caso de caracter etnográfico foi desenvolvido numa escola

secundária no centro do Porto, com jovens entre os 13 e os 15 anos. Tendo

a observação-participante como a principal técnica de recolha de dados foram utilizadas outras técnicas auxiliares: Grupos de discussão focalizada,

entrevistas semi-diretivas e recolha de material visual.

O objetivo principal desta investigação é perceber como é que os jovens percecionam o ambiente construído e como é que o apropriam, partindo do

ambiente de aprendizagem da escola onde passam grande parte dos seus

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

340

dias. O facto de termos uma abordagem interdisciplinar a este tema ajuda-

nos a compreender o ambiente construído de uma forma mais holística,

vendo a arquitetura para além do espaço físico construído e intersetando-a com o espaço social e as suas diferentes dimensões educativas.

Deste modo conseguimos de evidenciar as vantagens desta articulação e

diálogo entre a arquitetura e a educação, apontando ainda algumas sugestões de colaboração futura. A abordagem etnográfica permitiu-nos ir

para o terreno sem um enquadramento teórico pré-concebido, partindo do

saber dos jovens para construir na nossa investigação em ambos os campos

de conhecimento. Permitindo melhor compreender os jovens e responder às suas necessidades. O ambiente educativo definido a partir desta relação

entre a arquitetura e a educação permite-nos enunciar os fatores que têm

impacto na aprendizagem e na forma como o espaço é usado e apropriado.

Apesar do ambiente construído não se revelar central na forma como o

espaço é vivido, tem bastante impacto nos níveis de apropriação, havendo

espaços que são apenas ocupados, outros que são a apropriados e outros

que são interpretados e até mesmo reinventados.

Consideramos que esta abordagem disciplinar nos permite compreender

melhor o ambiente construído, trabalhando em prol de um conhecimento

colaborativo e de um entendimento mutuo entre as duas ciências.

Palavras-chave:

Educação; Etnografia; Ambiente Construído; Arquitetura.

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45. CPEDAGOGIA SOCIAL E

DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

342

45.1. Educação não-formal, lazer e o educador social: quem é esse profissional?

Juliana Rodrigues Universidade de São Paulo

Kenya Paula Gonsalves Da Silva Secretaria de Educação do Município de São Paulo - Universidade de São Paulo.

Resumo

O presente estudo tem como propósito principal analisar o perfil e o cotidiano profissional de educadores sociais que trabalham em centros

culturais do bairro de Heliópolis em São Paulo, Brasil. Conhecido por seus

inúmeros projetos sociais, culturais e forte organização comunitária, esse

bairro que já foi considerado a maior favela brasileira, conta atualmente com 195 mil habitantes, sendo 51% desta população constituída de crianças

e jovens que participam de atividades promovidas pelo poder público e por

organizações não governamentais que, através da educação não-formal, desenvolvem com e na comunidade projetos visando a melhoria da

qualidade de vida através do acesso aos diferentes bens culturais como a

dança, esportes, capoeira, teatro, música, literatura, artes plásticas dentre outras práticas culturais. Dentre as diversas iniciativas culturais presentes

no bairro destacam-se, especialmente, o Instituto Baccarelli que

proporciona formação musical e artística, os Centros da Criança e do

Adolescente (CCA) que oferecem atividades complementares à escola formal e práticas de lazer em período de contra turno escolar e o Centro de

Convivência Educativa e Cultural Heliópolis (CCECH) que possibilita a

fruição e a produção da cultura entre as diferentes faixas etárias. Para o desenvolvimento da pesquisa foram realizadas entrevistas semi-

estruturadas com educadores sociais dos equipamentos citados, além de

pesquisa documental e pesquisa bibliográfica envolvendo as temáticas vulnerabilidade social, educação não-formal, lazer, animação sociocultural

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

343

e pedagogia social. Os resultados apresentarão um estudo com reflexões

acerca da formação, das experiências, das dificuldades e desafios

vivenciados no cotidiano da profissão e as perspectivas desses educadores sociais que atuam na comunidade de Heliópolis.

Palavras-chave:

Educação não-formal; Formação profissional; Lazer; Pedagogia social.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

344

45.2. Educar para a Emancipação Social – notas sobre o conservadorismo e a praxis conscientizadora

Rosanna Barros Universidade do Algarve

Resumo

Neste artigo apresenta-se uma reflexão aprofundada de carater teórico acerca dos fundamentos politico-filosóficos da prática educacional. Parte-se

do pressuposto freiriano que a educação nunca é neutra derivando daqui

que também não poderá ser apolítica (Freire, 1990; 1997). Movendo-nos nesta matriz de fundo defendemos a importância de saber optar e

posicionar-se no ato de educar porque a inscrição ideológica condiciona a

perspetivação do papel social e político a atribuir à educação (Barros,

2012a; 2012b).

Metodologicamente este texto teve como base de pesquisa uma ampla

revisão de literatura ancorada no âmbito da Teoria política e da Teoria

social. Autores e obras seminais do pensamento político foram revisitados adotando-se uma perspetiva de tipo crítico que encara a realidade social

como uma realidade complexa (Morin, 1974; 1990).

O argumento foi tecido através de uma matriz conceptual alicerçada em

torno da relação dialética que se assume existir entre regulação social e emancipação social (Sousa Santos, 1996; 2000). Considera-se que na

emergência do Estado pós-providência está uma inscrição ideológica que

interessa revisitar para melhor compreender os efeitos da globalização neoliberal no âmbito das agendas educacionais. Assim, na primeira parte do

artigo ocupamo-nos da própria história moderna do conceito de ideologia

política para depois, adotando a tipologia de Andrew Vincent (1992), analisar uma das ideologias políticas modernas em particular: o

conservadorismo. Reflete-se então acerca de algumas das suas principais

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

345

características (Mosca e Bouthoul, 1968; Hayek, 1977; Cruton, 1980;

Pareto, 1984; Burke, 1989; Maine, 2004; Novalis, 2006) defendendo que,

quer a globalização quer a europeização da governação educacional hegemónicas têm hoje uma estrita relação com esta ideologia política

moderna, sobretudo com uma das suas escolas de pensamento: a da nova

direita de cariz neoliberal e neo-autoritário.

Subscrevendo uma visão paradigmática próxima dos valores da educação

popular e da educação permanente concluímos refletindo no modo

complexo como a igualdade, a liberdade e a fraternidade ganham

amplitudes distintas de acordo com a sua inscrição ideológica prevalecente. Deste modo retomamos o conceito-chave de conscientização de Paulo

Freire (Freire, 1975; 1980) porque nos parece ser perene e incontornável

quando a opção é a de educar para a emancipação social (Barros e Choti, 2014). O artigo termina com a ambição e propósito de se constituir

enquanto contributo crítico para incentivar na academia uma maior

investigação sociopolítica no campo da educação social e para ampliar o

debate público acerca das ideologias, dos valores e do papel da educação na vida política, e portanto quotidiana, de qualquer comunidade.

Referências bibliográficas

Barros, R. (2012a). Subsídios Breves para o Debate de Princípios e Valores na Formação Política do(a) Educador(a) Social. Lisboa: Chiado Editora.

Barros, R. (2012b). From Lifelong Education to Lifelong Learning:

Discussion of some effects of today’s neoliberal policies. RELA - European Journal for Research on the Education and Learning of Adults, Vol.3, No.2,

2012, pp.119-134.

Barros, R. & Choti, D. (Org.). (2014). Abrindo Caminhos para uma

Educação Transformadora - Ensaios em Educação Social, Filosofia Aplicada e Novas Tecnologias. Lisboa: Chiado Editora.

Burke, E. (1989). Reflexiones sobre la Revolución Francesa. Madrid:

Rialp.

Cruton, Roger (1980). The Meaning of Conservatism. Harmondsworth:

Penguin.

Freire, P. (1975). Educação Política e Conscientização. Lisboa: Sá da Costa, Cadernos Livres (6).

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

346

Freire, P. (1980). Conscientização. São Paulo: Moraes.

Freire, P. (1990). La Naturaleza Política de la Educación – Cultura, Poder y

Liberación. Barcelona: Ediciones Paidós.

Freire, P. (1997). Política e Educação. São Paulo: Cortez Editora.

Hayek (1977). O Caminho para a Servidão. Lisboa: Teorema.

Maine, Henry (2004). Ancient Law. USA/New Jersey: Transaction Publishers.

Morin, E. (1974). La complexité. Revue Internationale des Sciences

Sociales, 4, 607-634.

Morin, E. (1990). Introduction à la Pensée Complexe. Paris: ESF.

Mosca, Gaetano & Bouthoul, G. (1968). História das Doutrinas Políticas.

Rio de Janeiro: Zahar.

Novalis, Friedrich (2006). Fragmentos São Sementes. Lisboa: Roma Editora.

Pareto, Vilfredo (1984). Mythes et Idéologies de la Politique. Genébre:

Droz.

Sousa Santos, B. (1996). Pela Mão de Alice – O Social e o Político na Pós-modernidade. Porto: Edições Afrontamento.

Sousa Santos, B. (2000). A Crítica da Razão Indolente – Contra o

Desperdício da Experiência. Porto: Edições Afrontamento.

Vincent, A. (1992). Modern Political Ideologies. Oxford: Blackwell.

Palavras-chave:

Ideologias políticas moderna; Valores e princípios; Conservadorismo

neoliberal; Conscientização e educação social.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

347

45.3. Pedagogia Social em Portugal – Estatuto disciplinar, académico e profissional

Raquel Rodrigues Monteiro Faculty of Education and Psychology - Catholic University

Isabel Baptista Faculty of Education and Psychology - Catholic University

Resumo

Reconhecendo a Pedagogia Social como uma ciência da educação de

importância crucial na sociedade contemporânea, em particular em Portugal onde este campo de conhecimento conta ainda com uma história

relativamente recente, a investigação pretende identificar e analisar os

traços distintivos da identidade disciplinar, académica e profissional da

Pedagogia Social em Portugal. Esta investigação insere-se no âmbito do curso de doutoramento em Ciências da Educação, área de especialização

Pedagogia Social da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade

Católica do Porto.

Neste sentido, optou-se por um roteiro metodológico enquadrado por um

paradigma interpretativo e hermenêutico ancorado em processos análise

documental e de inquirição a atores de modo a esclarecer sobre a identidade disciplinar, académica e profissional desta área educacional em Portugal,

tendo em conta a sua história, as ofertas formativas atualmente existentes,

as principais publicações de referência, os domínios de intervenção

privilegiados e a perceção dos atores, institucionais e profissionais.

Palavras-chave:

Pedagogia Social; Ciências da Educação; Estatuto Disciplinar; Estatuto

académico; Estatuto profissional.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

348

45.4. Lar Residencial: uma resposta urgente para a população idosa da Alta de Coimbra

Sandra Cristina Britode Freitas Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo

A “Universidade de Coimbra – Alta e Sofia” fazem parte do Património Mundial (UNESCO) desde Junho de 2013, fazendo parte desta (a vivência

e a cultura estudantil, a Associação Académica, o Fado, as Praxes, a

Canção, as Republicas de Estudantes, contribuem para todas as vivências de um património imaterial único).

Esta zona, também é marcada por um acentuado envelhecimento dos seus

residentes que carecem de respostas sociais que estejam à altura da

satisfação das suas necessidades mais prementes, de forma a terem uma vida digna e com algum conforto à medida que entram nas etapas

derradeiras da sua existência.

A razão deste artigo surge no âmbito do estágio curricular em Ciências da Educação, na área da Educação e Formação de Adultos, no Centro de Dia

25 de Abril do ATENEU de Coimbra, com o estágio foi perceptível a

preocupação dos utentes e vizinhos do centro de dia, quanto à falta de

respostas sociais eficazes que lhes garantam e assegurem a protecção, o conforto a tranquilidade de que tanto precisam.

Sendo assim, pretende-se conhecer as percepções de alguns agentes do

poder político local e entidades da sociedade civil com responsabilidades directas na tomada de decisões, que conhecem os recursos potenciais

disponíveis e por sua vez visam a protecção da população mais idosa desta

zona.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

349

Este estudo é de caracter qualitativo, dado que o objecto primordial é ouvir

estes agentes em discurso directo, para percebermos a viabilidade da

existência de um lar residencial que é urgente construir nesta zona, para além de pretendermos ainda chamar a atenção de toda a sociedade para a

situação de carência material e afectiva deste grupo etário. Para a recolha

dos dados utilizou-se um Guião de Entrevista semiestruturada e toda a informação recolhida foi gravada com o devido consentimento informado

dos participantes.

Palavras-chave:

Alta de Coimbra; Envelhecimento; Idosos; Lar Residencial.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

350

45.5. Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas: uma construção participativa

Enaile Iadanza Secretaria-Geral da Presidência da República

Manoel Pereira DeAndrade Universidade de Brasília

ReginaLima Secretaria-Geral da Presidência da República

Resumo

Palavras-chave:

Educação Popular; Participação Social; Políticas Públicas.

A promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, em

1988, foi um marco para a participação da sociedade brasileira na

discussão, definição e acompanhamento de políticas públicas para as

diversas áreas relacionadas ao trabalho e vida da população brasileira. A Constituição Cidadã, como é denominada a Constituição Federal Brasileira

de 1988, pôs fim à ditadura implantada com o golpe militar de 1964;

consolidou a democracia representativa e multiplicou as possibilidades de participação da sociedade nas políticas públicas. À partir daí até aos dias

atuais, os processos participativos têm sido ampliados e diversas políticas

construídas com intensa participação social. Através de processos como este foi elaborado o Marco de Referência da Educação Popular para as

Políticas Públicas, instituído pela portaria nº 11 de 23 de maio de 2014.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

351

Com este Marco pretende-se ampliar os debates e reflexões em busca de

estratégias que consolidem espaços coletivos orientadores de práticas e

iniciativas relacionadas aos processos de formação no âmbito do governo brasileiro. O Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas

Públicas está inserido no debate que vem ocorrendo no governo para a

elaboração da Política Nacional de Educação Popular, das políticas e programas para a juventude e também da Política Nacional de Participação

Social, institucionalizada na mesma data do Marco de Referência.

Pretende-se neste texto discutir a trajetória de construção do Marco de

Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas, abordando os processos para sua concretização, os desafios e sua importância no contexto

atual brasileiro. Para tal foram analisados os registros das atividades

voltadas para a elaboração do referido Marco e entrevistas com atores relevantes para a sua construção. O resultado deste estudo possibilitou

confirmar que o Marco de Referência da Educação Popular para as

Políticas Públicas tem uma importante contribuição para a consolidação da

participação social na elaboração, implementação e acompanhamento das políticas públicas e na efetivação da Política Nacional de Participação

Social no Brasil.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

352

45.6. Transições e aprendizagens: sentidos atribuídos por adultos que concluíram o Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

Paula Guimaraes Institute of Education of the University of Lisbon

Natalia Alves Institute of Education of the University of Lisbon

Resumo

Na educação de adultos, o debate sobre as transições tem destacado o leque

alargado de contextos nos quais os adultos se inserem, enfatizando em particular as aprendizagens e os impactos destas nas suas vidas, bem como

no papel das políticas públicas e de certas ofertas no fomento e/ou apoio às

transições experienciadas pelos indivíduos e aprendizagens delas

decorrentes (Ecclestone, Biesta & Hughes, 2010; Field, 2012a e 2012b).

Tendo em vista discutir as transições vividas por adultos, este texto foi

produzido no âmbito do projeto de investigação EDUQUAL - Educar e

Qualificar: o caso do Programa Novas Oportunidades (Alves, 2013), estando baseado numa pesquisa qualitativa. Os dados empíricos analisados

foram obtidos através de entrevistas semiestruturadas (McMillan &

Schumacher, 2010) a adultos que concluíram o Reconhecimento, Validação

e Certificação de Competências (RVCC).

Este texto tem as seguintes questões orientadoras:

-Com que constrangimentos e oportunidades os sujeitos que concluíram o

RVCC se confrontaram ao longo das suas vidas quando definiam os seus percursos biográficos, no que remetia para os limites e as possibilidades

concedidas pela estrutura social e pela agência individual, e que

aprendizagens decorriam dessas situações?

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

353

-Que significados foram atribuídos por esses sujeitos a esses novos saberes

e, em consequência, que mudanças ocorreram na identidade dos sujeitos

que obtiveram certificação escolar (de nível básico ou de nível secundário) através do RVCC?

Os dados analisados neste texto permitiram concluir que os inquiridos

vivenciaram diversas transições que envolveram mudanças nas suas identidades (Ecclestone, Biesta & Hughes, 2010; Field, 2012a e 2012b). De

entre as oportunidades institucionais de educação/formação experienciadas,

o RVCC parecia contribuir para a valorização da aprendizagem biográfica e

para a biograficidade (Alheit & Dausien, 2006). Esta situação é particularmente significativa, dado que estes eram sobretudo indivíduos

que, antes da conclusão deste processo, não eram participantes habituais de

iniciativas de educação/formação. Estas transições pareciam igualmente promover identidades de sujeitos aprendentes mais consistentes e mais

propensas à contínua aprendizagem ao longo da vida. Porém, o RVCC

pouco contribuía para o envolvimento dos inquiridos na esfera pública, na

participação social, na ação política, cívica, cultual, etc. (Glastra, Hake & Schedler, 2004). No fundo, ao favorecer a reflexão sobre as transições, o

RVCC proporcionava fortes impactos ao nível individual, mas poucos em

termos colectivos, designadamente no que remetia para a emancipação social (Antunes & Guimarães, 2013).

Palavras-chave:

Transições; Educação de adultos; Reconhecimento validação e certificação

de competências; Identidades.

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46. SOCIEDADE/ECONOMIA DO

CONHECIMENTO E

EDUCAÇÃO/APRENDIZAGEM

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

355

46.1. ClioESE: uma comunidade virtual de (boas) práticas

Carla Ribeiro Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

CristinaMaia Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

AmândioBarros Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

Ana Moreira Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

Resumo

O objetivo deste estudo é dar a conhecer, partilhando reflexões com a

comunidade educativa, o projeto de investigação da Oficina Didática de

Ciências Humanas, em curso na Escola Superior de Educação do Porto.

No contexto específico do ensino das Ciências Humanas e Sociais, uma área tradicionalmente mais ligada a métodos expositivos e passivos, a

Oficina Didática, assumindo uma filosofia ativa e construtivista da

aprendizagem, constitui-se como um projeto de investigação-ação, no âmbito da Educação para as Ciências Humanas, com especial ênfase na

Educação Histórica, dirigido à comunidade educativa da Educação Pré-

Escolar e de todo o Ensino Básico.

Metodologicamente, a investigação parte do pressuposto de que é

imperioso otimizar práticas pedagógicas para as Ciências Humanas, numa

época em que se constata um desinteresse dos alunos pelo conhecimento do

passado com todas as consequências negativas para a constituição de memórias e da própria cidadania que daí advêm.

Partindo deste pressuposto, a equipa de investigadores apropriou-se do

conceito de Comunidade Virtual de Prática (CdP) como estratégia para

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

356

atingir os objetivos. Como tal, e numa perspetiva interdisciplinar suscitada

pela heterogeneidade da equipa, o recurso às plataformas tecnológicas abre

perspetivas de ampla divulgação, reflexão, atualização e, mesmo, reorientação de práticas de ensino-aprendizagem, permitindo a

aproximação da comunidade educativa. O desenvolvimento da comunidade

virtual de prática pretende acentuar a ideia de partilha de experiências e de um diálogo aprofundado no sentido da promoção de uma práxis socio-

construtivista que possa gerar diferentes abordagens pedagógico-didáticas.

Em termos investigativos, a questão central é a de saber se uma plataforma

colaborativa – uma Comunidade Virtual de Prática – pode criar redes de interação, contribuindo para melhorar as práticas do processo de ensino-

aprendizagem das Ciências Humanas, no que concerne a metodologias

ativas.

Criou-se para tal um site, o ClioESE, que funcionará como CdP, através de

áreas como o Centro de Recursos ou o Fórum, procurando-se abrir espaço

para diálogos múltiplos, através de partilha de conhecimentos e de

inquietações metodológicas entre profissionais, promovendo a discussão sobre modelos de aprendizagem e novas práticas de intervenção em

contextos educativos exigentes, como são os atuais.

Palavras-chave:

Ciências Humanas; Comunidade Virtual de Prática; Práticas pedagógicas;

Plataforma colaborativa.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

357

46.2. Aprendizagem profissional no trabalho: um estudo sobre partilha de conhecimentos entre vendedores de uma grande superfície comercial

AldaBernardes Instituto de Educação UL

Resumo

Com o objetivo de promover práticas pedagógicas eficazes para a

aprendizagem dos profissionais em contexto de trabalho, este estudo visa compreender de que modo a aprendizagem no trabalho pode ser apoiada.

A partir de uma prática existente na organização de promover a

aprendizagem entre pares através de ações preparadas e dinamizadas pelos

vendedores considerados “bons profissionais”, este artigo analisa os fatores que explicam a implicação dos vendedores nas práticas que visam

promover a aprendizagem em contexto de trabalho.

Os dados foram coligidos a partir de um questionário aplicado aos vendedores “formadores”. São abordados aspetos relacionados com fatores

individuais dos vendedores, com as características estruturais da área de

trabalho, e com as práticas pedagógicas seguidas na preparação e dinamização das ações.

Os resultados da análise mostram que a aprendizagem em contexto de

trabalho dos vendedores não pode ser vista apenas como consequência de

fatores individuais, tais como motivação, como foi muitas vezes sugerido; são de ter em conta as características sociais da área de trabalho e as

práticas pedagógicas para períodos de aprendizagem. Outra constatação foi

a de que os ambientes de aprendizagem de diferentes áreas profissionais da loja parecem diferir significativamente entre si, e oferecem aos vendedores

diferentes contextos de aprendizagem no trabalho. Isto pressupõe que,

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

358

quando os estudos sobre aprendizagem em contexto de trabalho e

desenvolvimento profissional são realizados com um único grupo de

trabalhadores, eles não devem ser diretamente generalizados entre domínios diferentes.

Palavras-chave:

Formação contínua; Trabalho e formação; Aprendizagem entre pares;

Desenvolvimento profissional.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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46.3. A educação corporativa promovida nas Universidades Corporativas Brasileiras

Clarisse Droval UTAD

Resumo

No mundo das organizações detecta-se um fenômeno denominado educação corporativa, cuja prática se estabelece, especialmente nas

organizações de grande porte, em espaços denominados de Universidades

Corporativas. O objetivo do presente relato é descrever o modelo pedagógico adotado pelas principais Universidades Corporativas

Brasileiras, especialmente aquelas vinculadas às organizações de maior

expressão no país, por meio da análise de seus projetos pedagógicos ou de

suas estruturas e práticas adotadas para atender aos objetivos estratégicos das organizações às quais se encontram vinculadas. Trata-se aqui, portanto,

de coletar os dados que nos permitam identificar as práticas didático-

pedagógicas, que circunscrevem o fenômeno da educação corporativa, ao ponto de diferenciá-lo do modelo vigente nas universidades acadêmicas.

Observa-se que, de uma forma geral, as Universidades Corporativas

sucedem os departamentos de treinamento e desenvolvimento, ou de

formação do pessoal. Nesse contexto, passa-se do conceito de treinamento na organização, para o conceito de educação corporativa. A nova

nomenclatura indica uma abrangência maior para o fenômeno que se insere,

no contexto organizacional, para atender as necessidades e exigências cada vez mais complexas da sociedade do conhecimento. As organizações agora

tratam de processos de aprendizagem organizacional e gestão do

conhecimento para realizar suas estratégias organizacionais e obter os resultados desejados por seus “stakeholders”, um conceito que inclui todas

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

360

as partes interessadas da organização, e não apenas os seus acionistas e

empregados.

O reconhecimento de que os processos organizacionais incluem um componente de conhecimento que lhes agrega valor, e que está vinculado

ao desempenho dos profissionais que realizam as suas atividades, gera a

necessidade de qualificação dessa mão de obra. Resultados organizacionais que permitam não apenas a sobrevivência, mas o crescimento da

organização nesse novo contexto, dependem do aprimoramento de seus

processos que só se viabilizam pela inovação. O fazer diferente, agregar

valor aos processos depende da criatividade do pessoal envolvido. Surge aí a necessidade de qualificar, capacitar os profissionais, desenvolver as suas

competências por meio da educação corporativa, a fim de viabilizar os

resultados da organização. Assim, as novas exigências do mercado estabelecem o terreno fértil para a criação das universidades corporativas.

Palavras-chave:

Educação corporativa; Universidades corporativas; Gestão do

conhecimento; Aprendizagem organizacional.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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46.4. Sobre o expansionismo pedagógico contemporâneo: uma arqueogenealogia da intensificação das experiências educativas não escolares

ElisaVieira Universidade de S. Paulo

Resumo

Eixo temático: Sociedade/Economia do Conhecimento e

Educação/Aprendizagem

Este trabalho visa inserir-se no atual debate em torno do que se tem

denominado sociedade do conhecimento a partir de uma perspectiva

educacional. Para tanto, embasa-se em uma pesquisa em andamento que

tem como alvo analítico a centralidade que a experiência educativa não escolar estaria a adquirir no interior do campo pedagógico, cujo alcance

interventivo ultrapassaria, de modo crescente, o escopo das práticas

estritamente escolares. Apoiado em tal hipótese, o intento da investigação consiste em percorrer uma amostra da produção acadêmica (mais

especificamente, os artigos publicados por 10 periódicos brasileiros da área

educacional) a fim de analisar, em um duplo viés teórico-metodológico – inspirado no pensamento de Michel Foucault –, o aqui denominado

expansionismo pedagógico: de um lado, trata-se de investigá-lo

genealogicamente com vistas a circunscrever o contexto de sua emergência;

de outro, visa-se abordar arqueologicamente a produção do campo pedagógico de modo a compreender sua expansão nos termos de uma

objetivação performativa de novos domínios de atuação. Intenciona-se,

assim, compor um inventário dos saberes, das práticas e dos modos de intervenção que têm sido direcionados à experiência educativa não escolar.

Como horizonte geral de problematização, está o intento de interrogar sobre

aquilo que hoje somos, buscando evidenciar os jogos performativos em que

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

362

nos encontramos inseridos. A esse respeito, o interesse pela área da

educação justifica-se devido ao fato de ela ser aqui pensada como uma das

instâncias intimamente envolvidas na produção dos modos contemporâneos de subjetivação.

Palavras-chave:

Sociedade do conhecimento; Práticas não escolares; Genealogia.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

363

46.5. Topografias discursivas da modernidade educativa brasileira no séc. XIX: dos ditos ordinários aos insignes

Gisela Duval Universidade de São Paulo

Resumo

Eixo temático: Sociedade/Economia do Conhecimento e Educação/Aprendizagem

Os dizeres impressos nas páginas dos jornais brasileiros do início e de

meados do século XIX compõem a fonte empírica principal do presente projeto de tese. O recorte inicial da investigação deu-se com vistas a

investigar, no alvorecer das práticas jornalísticas brasileiras, como a

emergência da temática educacional foi engenhada no jornalismo

oitocentista. Moduladas segundo a problemática da gestão das vidas, as notícias sobre educação presentes no material analisado figuram, segundo

nossa hipótese, como estratégias tanto de normalização quanto de

subjetivação da população. O principal locus da presente pesquisa engloba dois jornais – Gazeta do Rio de Janeiro (1808-1821) e Diário do Rio de

Janeiro (1822-1878). Outra fonte da pesquisa remete a uma terceira

publicação – a Gazeta de Lisboa (1715-1820) – tomada como precursora da

linha editorial adotada pelos mencionados jornais brasileiros. A plataforma teórica de que partimos fundamenta-se no pensamento de Michel Foucault

e, em particular, na intenção de refletir criticamente sobre o presente a

partir de um endereçamento que se volta à história com olhos arqueogenealógicos. Desse modo, parte fundamental do trabalho ancora-se

num horizonte teórico lastreado pela noção de arquivo, este tomado tanto

no sentido utilizado por Arlette Farge, como naquele desenvolvido ao longo da trajetória de Foucault. Compreendida como uma espécie de

gramática que rege as condições e os efeitos do dizer/dito, bem como das

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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marcas de existências atravessadas por relações de forças, a noção de

arquivo é mobilizada no sentido de produtividade e de composição. Assim

sendo, trata-se de pinçar na massa discursiva selecionada a emergência de determinados problemas, a partir da análise de certas proveniências de

modos correntes de existir. Nesse sentido, os jornais produzem certa

inteligibilização acerca do presente, conectando-o ao passado, de acordo com um processo de oferta de sentidos ao devir. Tal produção, supomos, é

um dos meios possíveis das artes pedagógicas de governar, trata-se, pois,

de uma rede capilar de gestão política operando por múltiplos caminhos de

exclusão e seleção, gerando uma economia de ordenamento populacional por intermédio das práticas educacionais, a qual, ao que parece, vem

alimentando as engrenagens de funcionamento de tecnologias criadas com

o fito de atender a um processo constante e hiperdisseminado de correção e de aperfeiçoamento dos modos de existir.

Palavras-chave:

Práticas jornalísticas; Jornal; Educação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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46.6. O papel da Aprendizagem ao Longo da Vida na Sociedade do Conhecimento

Marta Sousa Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Joaquim Coimbra Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo

Atualmente, a Europa encontra-se em transição para uma sociedade e uma economia assentes no conhecimento, a designada “sociedade do

conhecimento” (Memorando da Aprendizagem ao Longo da Vida (2000),

que tem “lugar na economia, por virtude do papel acrescido da produção,

disseminação e utilização do conhecimento como fonte de criação e uso da riqueza” (Lança, 2004, p.41). Os discursos políticos e/ou económicos

“acabam por se referir às questões da formação como forma de fazer face à

crise do emprego, à necessidade de melhorar as qualificações dos recursos humanos e, assim, permitir o aumento da produtividade e da

competitividade das empresas” (Santos, 2004).

A Educação e Formação de Adultos é, atualmente, considerada decisiva para o desenvolvimento social, económico e para o crescimento inclusivo,

reforçando a cidadania ativa e crítica, mas também a produtividade, a

competitividade, a criatividade, a inovação e o espírito empresarial. Nesta

linha da raciocínio, pode-se afirmar que a Educação e Formação de Adultos tem um papel fulcral na consecução dos objetivos da Estratégia Europa

2020, permitindo uma melhor adaptação às mudanças do mercado de

trabalho e da sociedade (Comissão Europeia, 2010).

A Aprendizagem ao Longo da Vida - considerando os contextos formal,

não-formal e informal - assume-se como um pilar central na adaptação dos

indivíduos às novas exigências, permitindo-lhes atualizar e desenvolver

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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aptidões capazes de dar resposta às alterações da situação económica e

social (Caramelo, 2009). Deste modo, os saberes adquiridos ao longo da

vida e o reconhecimento e validação de competências ganham um papel de destaque, sendo o processo de formação permanente indissociável de uma

concepção inacabada do ser humano (Canário, 2000).

Este trabalho tem como objetivo destacar a importância da Educação e Formação de Adultos inserida numa perspectiva de Aprendizagem ao

Longo da Vida, na adaptação do cidadãos adultos às dificuldades e

exigências da Sociedade do Conhecimento. Os dados apresentados foram

recolhidos através da realização de entrevistas semiestruturadas a Técnicos de Diagnóstico e Encaminhamento de diferentes Centros Novas

Oportunidades.

A análise de dados revelou a necessidade de investir na inserção da educação-formação de adultos em dinâmicas e projetos que motivem os

adultos desenvolvendo não só o crescimento pessoal dos adultos, mas

também o seu crescimento profissional. Os entrevistados referiram a

necessidade de trabalhar competências de empregabilidade e networking com os adultos, de forma a que estes estejam preparados a lidar com um

mercado de trabalho pautado pela instabilidade.

Palavras-chave:

Aprendizagem ao longo da vida; Sociedade do conhecimento; Educação e

formação de adultos.

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47. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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47.1. Prática pedagógica no ensino público: o estágio como elo entre a teoria e a prática, a experiência e a inovação

Amanda Rabelo UFF

Resumo

Este artigo descreve o nosso projeto que objetiva promover uma maior articulação entre os conhecimentos adquiridos pelos/as discentes do curso

de Pedagogia da Universidade Federal Fluminense (UFF) do Instituto

Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES) com a prática pedagógica observada nas escolas públicas dos municípios de Santo

Antônio de Pádua e Miracema (Rio de Janeiro - Brasil), buscando

promover integração entre teoria e prática, bem como incentivar as

inovações nas práticas pedagógicas dos/as docentes de educação infantil e anos iniciais, nomeadamente daqueles que recebem estagiários da

UFF/INFES. Esta integração é efetuada no projeto promovendo a troca

entre discentes/docente da UFF e docentes das escolas públicas de algumas formas: pela presença de discentes/estagiários/as e de monitores e bolsistas

da disciplina “Pesquisa e prática de ensino”, bem como no oferecimento de

formações continuadas oferecidas aos/às docentes dos anos iniciais do

ensino fundamental e da educação infantil das escolas dos municípios mencionados sobre dificuldades, problemas e inovação nas práticas

pedagógicas. O objetivo deste curso é discutir sobre os problemas

encontrados na prática pedagógica, propondo soluções conjuntas bem como uma melhoria na recepção da/o estagiária/o na escola e da contribuição do

mesmo com a/o docente da escola. Enfim, com o nosso projeto objetivamos

que os "muros" da Universidade estejam abertos às escolas da região, ouvindo e discutindo sobre os problemas encontrados contribuindo, assim,

para as melhorias locais e visando romper com o distanciamento entre

estagiário/a e escola, escola e universidade, teoria e prática (apontado por

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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vários autores), unindo a experiência da prática com uma reflexão visando

a inovação.

Palavras-chave:

Prática pedagógica; Estágio; Experiência; Inovação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

370

47.2. Quando querer não é poder: conceções sobre a identidade na criança e isomorfismo educativo

Esperança Jales Ribeiro Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu

Sara Alexandre Felizardo Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu

Resumo

As conceções sobre quem é a criança, como se desenvolve e aprende resultam de contributos diversos entre os quais os provenientes da

psicologia, sociología e da pedagogia. Por sua vez, as teorías explícitas e a

práxis sustentam-se em paradigmas da subjetividade humana que coexistem

no tempo. Entende-se que a implementação de um modelo educativo não garante, por si só, o conhecimento dos fundamentos em que assenta. Torna-

se essencial perceber qual o conceito de criança subjacente a essa práxis e

estar capaz avaliar para onde este nos conduz. Só assim o educador estará capaz de resolver os novos problemas que se lhe apresentam. Como

defende o construcionismo social é preciso saber que todas as formas de

compreensão do mundo são social e culturalmente situadas, sendo útil uma posição crítica relativamente ao que tomamos como certo (Gergen, 2009).

Esta investigação tem como objetivo saber quais as estratégias usadas por

dois grupos de educadores para promoverem, em contexto pré-escolar, a

construção da identidade na criança e ainda conhecer como a definem. Um dos grupos não tem um modelo pedagógico específico, é por isso eclético,

o outro implementa o modelo do Movimento da Escola Moderna (MEM).

O estudo é de natureza qualitativa e exploratória e contou com a colaboração de dezasseis educadores. A técnica usada foi a da entrevista

semi-diretiva. Verificou-se que ambos os grupos definem a identidade

como “entidade escondida”, numa clivagem entre o mundo pessoal e o social, facultando uma visão abstrata e isolada da criança. Tal corresponde

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

371

a um paradigma clássico da subjectividade humana designado de

representacionista (Ribeiro, 2001) evidenciado na definição dada por

ambos os grupos de educadores. No que concerne às estratégias educativas, os resultados são distintos nos grupos. Os primeiros educadores foram

coerentes com a teorização inicial, falando numa pedagogia centrada na

criança e em processos de descoberta. Os educadores do MEM evidenciam uma perspectiva diferente, indicando estratégias de natureza dialógica e

colaborativa numa atitude de isomorfismo educativo face às orientações do

modelo. O estudo conclui sobre a necessidade e importância dos processos

de formação dos profissionais no sentido da desconstrução crítica dos modelos pedagógicos (do ponto de vista epistemológico), a fim de se

evitarem isomorfismos educativos não compreendidos nos seus

fundamentos essenciais.

Palavras-chave:

Identidade; Criança; Paradigmas; Pedagogia.

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47.3. Competências empreendedoras: perceções de alunos do 3º ciclo básico português- um estudo de caso

NarcisoMoreira Betweien

Jacques Silva Centro De Linguística - UNL / Universidade Católica Portuguesa

Marléne Silva e Silva CEFH - Universidade Católica Portuguesa / Universidade Do Minho

Resumo

A presente comunicação reporta uma investigação sobre as perceções de Alunos do 3.º Ciclo do Ensino Básico português das «competências

empreendedoras» inscritas num programa de «Educação Empreendedora»

no âmbito da componente escolar de complemento curricular.

Confrontada com o imperativo societal de proceder a uma abordagem do «espírito empreendedor» e da «cultura empreendedora» numa perspetiva

educacional nos quadros extensivo e intensivo dos sistemas educativos, a

investigação em Educação tem vindo a distinguir, mormente no âmbito da abordagem didatológica, o conceito de «Educação para o

Empreendedorismo», que confere à educação e ao empreendedorismo os

estatutos de meio e fim, respetivamente, e o conceito de «Educação pelo Empreendedorismo», que atribui à educação e ao empreendedorismo os

estatutos, na devida ordem, de fim e meio.

No quadro educacional, a emergência e a implantação da Educação de

índole empreendedora corresponde à visão de que o atingimento das metas quer curriculares em geral, quer programáticas em particular pode verificar-

se recorrendo a metodologias e métodos de implementação de conjuntos de

competências correspondentes que resultam de processos de sincretização das competências associadas à «abordagem pelas qualidades» e à

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

373

«abordagem pelos conhecimentos», conceção essa que tem contribuído

para a emergência, o desenvolvimento e a implantação dos conceitos de

«Educação Empreendedora» e «Pedagogia Empreendedora».

A presente comunicação, num primeiro momento, apresenta o quadro dos

referenciais científicos da «Educação Empreendedora» e da «Pedagogia

Empreendedora» e, num segundo momento, reporta uma investigação-ação, inscrita na componente de complemento curricular, no quadro do 3.º Ciclo

do Ensino Básico português, no âmbito de um estabelecimento de ensino

particular, no ano letivo de 2013/2014, que procede, através do recurso a

um inquérito, no modo de questionário, ao tríptico de identificação, determinação e caracterização didatológicas das perceções dos Alunos

correspondentes, que participaram num projeto de «Educação

Empreendedora», das «competências empreendedoras», sendo que os resultados respetivos evidenciam que os referidos Alunos manifestam

posicionamentos declarativos – fundados em posicionamentos procedurais

comprovados – que assinalam terem apreendido a relevância das

«competências empreendedoras» nas suas dimensões essencial, estrutural, funcional e teleológica para a sua educação e a sua formação ao longo da

vida.

Palavras-chave:

Educação para e pelo Empreendedorismo; Educação Empreendedora;

Pedagogia Empreendedora.

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47.4. Currículo, educação inclusiva e alunos com NEE: um estudo de caso numa escola pública do Brasil

Roberta Peixoto FPCE- Universidade do Porto

Resumo

À semelhança de outros países, a educação inclusiva vem sendo no Brasil um tema bastante discutido nos documentos da política educacional e da

formação docente. Todavia, como têm revelado alguns estudos (Ainscow,

1995; Fernandes, 2011; Leite, 2002; Sposati, 2000) a questão da igualdade de oportunidades e do direito de todos à educação continuam a ser

objetivos a perseguir, quer do ponto de vista dos discursos políticos, quer

das práticas curriculares.

A inclusão escolar convoca a participação conjunta de todos os envolvidos no processo educacional (Correia, 2001, Stubs, 2008). Torna-se necessário

novos posicionamentos, uma prática pedagógica mais reflexiva visando o

alcance da promoção na aprendizagem de todos os alunos. É sobretudo importante o reconhecimento de que as dificuldades apresentadas pelos

educandos não são meramente individualizadas, mas fruto de como é

concebida a educação, como é perspetivado o currículo e organizados os

processos do seu desenvolvimento. A partir do momento em que a instituição escolar percebe e efetiva na construção curricular, princípios que

favoreçam uma prática educacional promotora da aprendizagem de todos,

estará em busca de estratégias e meios possíveis para a consecução formativa dos alunos de acordo com os seus ritmos e estilos de

aprendizagem.

Compreender o modo como a escola se organiza, do ponto de vista pedagógico-curricular, para acolher e responder aos alunos com

Necessidades Educativas Especiais (NEE), constitui, pois, o principal

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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objetivo desta investigação em desenvolvimento em uma escola pública do

Brasil e tem como questão principal: que conceções de currículo, de

inclusão e de necessidades educativas especiais são veiculadas nas diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental no Brasil?

Recorremos à abordagem do “ciclo de políticas” de Stephen Ball (1992)

para análise de políticas curriculares, na sua relação com as práticas dos professores que atuam no quotidiano escolar com alunos com NEE. A

investigação estrutura-se assim, com base nos três contextos principais: o

contexto de influência, o contexto de produção de textos e o contexto da

prática, já que as políticas não são simplesmente implantadas, mas estão sujeitas à interpretação e à reinterpretação daqueles que as implementam no

dia-a-dia das escolas.

Em virtude da fase inicial em que se encontra o estudo, pretendemos apresentar uma revisão da literatura considerando a relevância e a

atualidade do tema frente aos desafios de construção de uma escola que dê

conta das diversidades presentes na sociedade brasileira, notadamente

quando associadas à questão específica da inclusão na escola regular de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE).

Palavras-chave:

Políticas educativas; Educação inclusiva; Ciclo contínuo de políticas.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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47.5. Metodologias de Ensino como Aperfeiçoamento da Prática Docente no Ensino da Matemática

Thamara Rodrigues UNIMONTES/PIBID/CAPES

RomuloVeloso UNIMONTES/PIBID/CAPES

Resumo

Este trabalho, tem como tema principal a análise de currículo e metodologias de ensino e práticas docentes, de caráter interdisciplinar, onde

está vinculado diversos métodos lúdicos ao ensino da matemática,

juntamente com suas práticas de ensino a docente. Comumente, devido à

essa busca de novas formas de se ensinar, é perceptível modismos nos processos metodológicos. Com o passar do tempo, vemos formas e

metodologias do processo de ensino se desenvolvendo e incandescendo

suas formas antigas, garantindo o seu espaço e novas formas de ensinar a Matemática, o professor frequentemente fica sem saber o que fazer ou

como usar seus pensamentos diante dessas novas formulas de ensino. No

entanto, a conformidade e sua necessidade de ensinar de forma contextualizada, alguns doutos acham que se deve encontrar aplicações

práticas para o ensino da matemática. Assim, pensando que o conteúdo que

não se é visto como contextualização, não se aplica para ser ensinado. De

tal modo, é possível constatar que o ensino e práticas da matemática está infestada de histórias e mitos, diante de suas interpretações e ausências de

conhecimento. A matemática por sua vez, vem se destacando, pelo

desenvolvimento cultural e fundamental de técnicas no ensino dos docentes. Entretanto, não tem sido devidamente ensinada, assim tendo

muitas deficiências no processo de aprendizado. Com isso, surgiu o

interesse por este trabalho, na busca de informações e aplicações, que possam ajudar a identificar as práticas de docentes e suas implicações no

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

377

processo de ensino e aprendizagem dos futuros docentes. Portanto, este

trabalho busca aprimorar métodos para o ensino da matemática, no qual o

ensino e aprendizado se torne mais tangível no cotidiano do discente através de jogos, oficinas e mini cursos oferecidos em busca do alcance

desse objetivo.

Palavras-chave:

Matemática; Metodologias; Ensino.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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47.6. Bioética no ensino secundário: estratégias e instrumentos nas Ciências da Vida

Joana Araújo Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa

Resumo

A formação ética como parte integrante do processo educativo enquanto projeto antropológico deverá corresponder a uma tarefa amplamente

partilhada e assumida pelas instituições educativas consideradas como

áreas de formação humana e cívica das novas gerações. A humanidade tem ânsia de valores morais e a educação tem um papel fundamental no

despertar para um pensamento universal onde se incluem estes valores

morais. Cada indivíduo deve ser capaz de desenvolver a capacidade de

autonomia, a capacidade de produzir juízo ético para que, inserido numa sociedade, se comporte como um indivíduo livre e esclarecido, com o

reforço da responsabilidade pessoal, na realização de um destino coletivo.

A Bioética enfrenta frequentemente situações problemáticas pela sua complexidade e simultaneamente, dilemáticas pela necessidade de se

decidir um curso de ação.

O principal objetivo do projeto que pretendemos apresentar nesta

comunicação, Projeto BEST – bioética no ensino secundário - estratégias e instrumentos na formação ética nas ciências da vida e do meio é promover

o ensino da bioética no ensino secundário. Trata-se de um projeto de

investigação que foi aplicado ao longo de três anos em diversas escolas no ensino secundário, divididas pelo território nacional, com o objetivo de

testar estratégias e instrumentos facilitadores do ensino da bioética.

Este projeto é constituído por duas fases distintas: numa primeira fase, foram adaptadas e testadas as ferramentas pedagógicas; a segunda fase

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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passa pela elaboração de um Manual didático para a aprendizagem da ética

nas ciências da vida.

Tendo em conta estes pressupostos, serão apresentados os resultados intercalares (2012/2013) através dos elementos obtidos pelos instrumentos

de análise e avaliação, assim como os resultados dos indicadores de

realização previstos no projeto (2012/2014).

Para além de se tratar de projeto inovador, capacitador de atenções e

mobilizador de saberes, espera-se que seja uma ferramenta que venha

contribuir para o enriquecimento da formação ética nas ciências da vida e

do meio. Trata-se de trabalhar na construção de uma proposta concreta e atrativa que permite responder às prementes necessidades pedagógicas,

através de uma utilização simplificada por todos profissionais da educação

nas mais diversas circunstâncias pedagógicas atuais.

Palavras-chave:

Bioética; Projeto BEST; Ensino Secundário.

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48. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E

ÉTICA PROFISSIONAL

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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48.1. Competências para o Ensino das Ciências no Ensino Básico: Uma Proposta Emergente da Investigação

Patrícia Sá Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores, Universidade de

Aveiro

Maria De Fátima Paixão

Resumo

A falta de uma definição precisa da noção de competência e o excesso de entendimentos que proliferam, têm-se vindo a revelar condições indutoras

de confusão terminológica e conceptual, evidenciando a necessidade e

urgência de clarificação do conceito, bem como das suas implicações

epistemológicas e pedagógicas. O estudo que se apresenta teve como finalidade desenvolver um quadro orientador da definição das

competências para o ensino das ciências (EC), ao nível do Ensino Básico

(EB), desenvolvido com base numa análise da literatura de referência e assente no contributo da reflexão partilhada de formadores de professores,

alunos futuros professores e professores do EB. Para tal, com base numa

metodologia de índole qualitativa, procedeu-se:

1. A um levantamento documental exaustivo assente num percurso

analítico orientado para a análise do conteúdo dos documentos nacionais e

internacionais que identificam e definem as principais tendências num

quadro de referência centrado em competências de EC.

2. À análise e caracterização epistemológica das conceções que os

formadores das instituições públicas formadoras de professores do EB, os

alunos futuros professores e os professores têm sobre as competências essenciais para o EC. Este procedimento implicou: i) a aplicação de um

questionário de levantamento das conceções dos participantes sobre

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competências de EC no EB; e ii) a análise e triangulação dos dados obtidos

através da aplicação do questionário.

3. À validação do quadro de referência resultante do contributo destes participantes e da sua triangulação com o quadro teórico orientador.

O estudo conduzido permitiu-nos conceber um quadro de referência das

competências para o EC que, tanto pelo procedimento adotado para o seu desenvolvimento como pelo seu conteúdo, estrutura e organização, se

apresenta como um contributo para a clarificação conceptual e

terminológica da noção de competência, bem como das competências de

EC a desenvolver na formação dos professores para o EB.

Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores,

Universidade de Aveiro; Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico

de Castelo Branco

Palavras-chave:

Competências; Ensino das Ciências; Ensino Básico.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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48.2. Comunidades de Prática: a Construção de Pontes entre a produção e a aplicação do Conhecimento

Ana Condeço Simões Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Cristina Coimbra Vieira Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Helena Neves Almeida Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Resumo

Partindo da aceção global da educação nas suas vertentes formal, não

formal e informal, e de uma abordagem social do conhecimento, da

aprendizagem e da praxis educativa, procura-se refletir sobre o papel que as Comunidades de Prática (CoP) podem assumir nos atuais contextos de

investigação, formação e ação nas Ciências da Educação.

É hoje claro o crescente interesse e esforço para construir uma maior conexão entre investigação e prática na esfera académica, mas também

política e social. De igual modo, se reconhecem dificuldades de vária

ordem inerentes à concretização deste intento.

Na procura da relação entre investigação e melhoria da competência

profissional, vários autores referem-se à ‘investigação sobre a prática’,

reconhecendo que a aplicação que se faz do conhecimento proveniente da

investigação é um processo de raiz social e organizacional, em contraposição à ‘investigação teórica’ e aos princípios positivistas que

consideram as práticas profissionais como simples aplicação da teoria à

prática. A prática profissional, cada vez mais marcada pela complexidade e

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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diversidade, passa assim a ser encarada não como um mero saber fazer,

mas como uma atitude de ‘investigação face à prática’, que implica um

outro nível de reflexão. Perante este contexto, a função da formação ganha destaque como mecanismo estratégico não apenas de reprodução mas de

produção de conhecimento e inovação. Assim, investigação, formação e

ação interpenetram-se e concorrem dialeticamente para o desenvolvimento de cada uma das partes.

Sob este enfoque, e tomando como referência o modelo conceptual

proposto por Levin (2013) sobre o processo de mobilização do

conhecimento, segundo o qual, este acontece pela relação aberta entre 3 contextos (i.e. produção, utilização e mediação de conhecimento),

pretendemos apresentar as CoP como potencial ‘intermediário’ no contexto

da mediação entre produção e utilização de conhecimento. Pelo espaço de interação que proporcionam aos participantes, as CoP permitem o

confronto entre teoria e prática, assente num quadro teórico e operacional

que relaciona a participação, a produção de conhecimento e a ação

transformadora.

Em Portugal, o potencial destes grupos de interação continua pouco

explorado. No campo das ciências sociais, incluindo a educação, face aos

múltiplos desafios que se lhes colocam, o desenvolvimento de CoP pode constituir-se como um importante veículo para melhorar a capacidade dos

sistemas beneficiarem do conhecimento e gerarem melhores práticas

profissionais e institucionais.

Palavras-chave:

Comunidades de prática; Mobilização do conhecimento; Desenvolvimento profissional e institucional.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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48.3. Estilos de Supervisão na Orientação de Estágio Supervisionado em Educação Física: Estudo com Professores Preceptores

Marta de Moura Costa Universidade Federal de Alagoas

Lima Filho Antônio Passos Universidade Federal de Alagoas

Resumo

O estudo tem como objetivo geral, identificar a percepção que os Professores Preceptores têm sobre o seu estilo de supervisão em contexto

de estágio supervisionado. Definiu como objetivos específicos: (1) Perceber

o modo como os Professores Preceptores conduzem o estágio

supervisionado na prática de ensino contextualizada com os Estudantes Estagiários; (2) Identificar as razões que levam o professor de escola a

assumir a função de Professor Preceptor; e, (3) Identificar os contributos do

estágio supervisionado na formação do Estudante Estagiário. O estudo qualitativo objetivou, sobretudo, a reflexão intersubjetiva para a busca de

resolução de problemas concretos de ensino e de aprendizagem. Apoiou-se

na metodologia interpretativa dos conteúdos considerando que a sua aplicação volta-se para o estudo sistemático das tentativas de mudança e a

consequente reflexão que envolve a prática docente em contexto de estágio

supervisionado. A amostra selecionou seis Professores Preceptores a partir

da lista de professores colaboradores vinculados à disciplina Estágio Supervisionado IV do curso de Educação Física - Licenciatura da

Universidade Federal de Alagoas/Brasil, sendo que o critério foi o maior

tempo de experiência na condição de orientadores de estágio. A adoção da análise de conteúdo para a categorização dos estilos de orientação

(BARDIN, 2004) justifica-se por se revelar enquanto técnica mais

adequada a este tipo de estudo. A entrevista não estruturada definiu-se por três blocos temáticos: (1) o processo de orientação de estágio; (2) razões

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para ser orientador de estágio e (3) contributos do estágio pedagógico que

serviram de referências para a discussão dos dados. Ao final deste estudo,

verificamos que, na visão dos Professores Preceptores, a preparação do Estudante Estagiário para o exercício da docência deve levar em conta, nas

suas orientações, atributos que remetem ao senso de responsabilidade,

capacidade para vivências práticas, valorização do conhecimento adquirido na formação de base, domínio do conteúdo teórico-prático, melhoria no

desempenho para a aprendizagem, maior assiduidade, trabalho em grupo e

crescimento social e profissional.

Palavras-chave:

Educação Física; Estudante Estagiário; Professor Preceptor; Supervisão de

Estágio.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

387

48.4. Que Identidade e que Culturas Profissionais Docentes?

CristinaBastos Universidade Católica Portuguesa - Porto

JoséMatias Alves Universidade Católica Portuguesa – Porto

Resumo

Partindo da revisão da literatura sobre a emergência do conceito de

Identidade profissional dos professores, da construção do conhecimento

profissional, das especificidades da “ação de ensinar” e da profissionalidade docente, esta comunicação visa analisar e refletir sobre as

práticas e sobre a cultura profissional dos docentes, procurando lançar

algumas hipóteses exploratórias sobre a eventual distinção entre docentes

vinculados e não vinculados a associações profissionais. Tendo como pano de fundo a democratização do ensino, as recentes políticas educativas e

uma escola em constante mudança, as tentativas de verticalização da

carreira, os desafios que os professores enfrentam no seu quotidiano contribuem para uma profissão complexa onde subsistem o conflito e a

ambiguidade de papéis. Se, por um lado, a heterogeneidade nas formas de

trabalhar dos professores, em que a partilha e a colaboração muitas vezes se mantem adstrita aos colegas do mesmo grupo ou área disciplinar, contribui

para uma cultura profissional “balcanizada” e fragmentada; por outro lado,

os professores estão integrados em escolas/contextos diferentes com

diferentes culturas (e subculturas), também estas diferentes (rituais, rotinas, ethos) que determinam a sua socialização profissional. Perante este quadro,

e considerando “cultura” como herança social, como é a identidade

profissional construída? De que profissionalidade docente falamos? Que culturas profissionais detêm os professores? E que eventuais diferenças

podem existir nas práticas profissionais de docentes tendo em conta o grupo

de recrutamento e a vinculação a associações profissionais?

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

388

Eis algumas linhas de uma investigação exploratória que pretende revisitar

os modos de ser professor.

Palavras-chave:

Identidade e profissionalidade docente; Culturas profissionais; Associações

de professores.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

389

48.5. Formação e intervenção em educação de infância. Contributos para repensar as políticas e práticas formativas

Maria AngelinaSanches Escola Superior de Educação /IP Bragança

Resumo

Considerando o papel fundamental que a formação inicial reveste na construção da profissionalidade docente, mas também o princípio de

inacabamento (Sá-Chaves, 2011) que caracteriza esse processo e

fundamenta a necessária continuidade dessa formação, compreende-se a importância de aprofundar a reflexão acerca destes processos, no quadro de

resposta às dificuldades e exigências profissionais emergentes e de

desenvolvimento de respostas educativas de qualidade.

Nesta linha, a comunicação que apresentamos tem como principal objetivo refletir acerca das estratégias utilizadas para favorecer o desenvolvimento

profissional dos educadores e das competências a promover pelos

programas de formação para que se tornem potencialmente capazes de um desempenho profissional de qualidade. Trata-se de informação inscrita em

parte de um estudo mais amplo, que desenvolvemos no âmbito do

doutoramento (Sanches, 2012).

O enquadramento teórico centra-se em torno da formação e intervenção profissional dos educadores/professores e das competências a promover

para permitir-lhes construir uma identidade profissional responsiva às

exigências e desafios emergentes.

O quadro metodológico do estudo integra uma abordagem de natureza

qualitativa e recorre a métodos mistos de recolha e análise de dados.

Participaram no estudo, 229 educadores de infância em exercício de funções no distrito de Bragança, inquiridos através de questionário, e seis

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

390

educadores membros da direção dos Agrupamentos de Escolas, do mesmo

distrito e inquiridos através de entrevista semi-estruturada.

Os resultados permitem perceber, e não obstante algumas diferenças manifestadas pelos dois grupos, a necessidade de ao nível dos diferentes

órgãos de decisão e nos vários domínios de responsabilidades que lhe

cabem, de se enveredar por ações e decisões que ajudem a superar constrangimentos emergentes, para o que concorrem fatores múltiplos que

se prendem com o desempenho profissional, as condições de exercício da

atividade profissional, o desenvolvimento da ação educativa e da

participação ao nível da escola e relação com as famílias. Relevam ainda a importância de favorecer uma articulação coerente entre a formação inicial

e o mundo do trabalho e o desenvolvimento de competências que a

literatura e os perfis de desempenho profissional docente apontam como devendo ser promovidas nos programas de formação.

Palavras-chave:

Formação; Educação de infância; Estratégias; Desenvolvimento

profissional.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

391

48.6. A Formação Docente para atuar na EJA no Brasil: questões e desafios

Carine Guedes Instituto Federal de Brasília (IFB)

Armando Loureiro Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)

Resumo

O objetivo deste texto foi mostrar por meio de uma revisão da literatura alguns aspectos da formação de educadores que atuam na Educaçao de

Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. Essa revisão foi realizada em livros,

periódicos, dissertações, teses e Relatórios da UNESCO que abordaram a

EJA considerando as políticas públicas e a formação de educadores em nível superior. Os resultados mostram que as políticas públicas são

incipientes quanto às especificidades necessárias ao educador que atua na

EJA e que o requisito mínimo de formação inicial em cursos licenciatura ou pedagogia ainda não foi alcançado. Embora as inciativas direcionadas para

a formação de educadores para atuar na EJA estejam registradas nos

debates, ainda são modestas em relação a importância que a EJA e a aprendizagem ao longo da vida vem adquirindo na construção de uma

cidadania que atenda aos anseios da sociedade globalizada. Foi identificado

que 1,6 das 3.107 disciplinas obrigatórias dos cursos nas áreas de

licenciatura e pedagogia tratam de conhecimentos relativos à EJA. Isso pode explicar porque a formação de professores representa apenas pouco

mais de cinco por cento das pesquisas educacionais desenvolvidas por

estudantes de pós-graduação no Brasil, sendo que, nas teses e dissertações defendidas na década de 90, embora o tema profissionalização docente

apareça com certa frequência ainda é pouco explorado, e que há maior

concentração de estudos sobre esta temática nas regiões Sul e Sudeste. Esses achados permitem concluir que há necessidade de desenvolvimento

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

392

de mais estudos sobre a EJA no restante do País e que os currículos dos

cursos formadores de educador precisam dedicar-se mais a essa temática e

que as políticas públicas precisam ser melhor implementadas.

Palavras-chave:

Educação de Jovens e Adultos; Formação Contínua de Professores; Brasil.

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49. METODOLOGIAS E ÉTICA DE

PESQUISA EM EDUCAÇÃO

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

394

49.1. De Personajes a Personas: Una mirada ético-epistemológica de la Investigación en Educación

Luis GuillermoJaramillo Echeverri Colombia Universidad del Cauca

Resumo

La presente ponencia se propone visibilizar las diferentes tematizaciones que vive el sujeto de la educación cuando es abordado al interior de una

investigación a fin de ofrecer algunas salidas ético-epistemológicas que

permitan asumir al otro-investigado como absolutamente otro. Ponencias que hace parte de la tesis doctoral Investigación y Subjetividad como

posibilidad para formar en investigación al interior de las Ciencias

Humanas y Sociales. Para tal fin; he dividido la exposición en tres

apartados: 1) en el apresamiento dado por los modelos y enfoques teóricos y temáticos; 2) en el apresamiento dado por los cuadros de contenido

pensado del mismo-investigador; y 3) por el apresamiento dado por el

contexto social donde están los sujetos de la investigación.

Palavras-chave:

Formación en Ciencias Humanas y Sociales; Formación en Investigación; Investigación en Educación.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

395

49.2. O significado da Investigação por questionário

João Martinez CEIED Centro Estudos Interdisciplinares Educação Desenvolvimento

Resumo

O artigo que se apresenta reproduz o estudo preliminar efectuado, por se

constatar no quotidiano dos estudos de investigação a sua sustentação em

resultados de questionários que segundo percepcionamos, evidenciam várias hipóteses de incorrecções decorrentes do efeito do estado emocional

do inquirido condicionando os dados em função de indicadores como:

predisposição pessoal para responder e participar em questões que não lhe

diz respeito directo, ocupação de tempo e atenção sobre situações que desconsidera, desvalorização da importância dos dados resultantes dos

questionários, extensão dos questionários originando respostas que

correspondem ao objectivo de terminar rapidamente não ocupando mais tempo, entre outros.

Considerando a evidencia destas problemáticas que acabam suscitando

serias dúvidas sobre a fidelidade dos instrumentos e cientificidade dos dados resultantes, importa determinar em que medida os dados recolhidos

resultantes dos questionários reflectem validação que atribua aos estudos a

cientificidade necessária em conformidade com a importância que lhe é

atribuída.

O estudo processando-se como um ensaio envolveu uma amostra de 8

elementos representativos de diferentes extractos culturais e sociais que se

disponibilizaram a participar no estudo ao longo de 3 meses, respondendo a questões colocadas em 2 questionários validados, utilizados em estudos de

Mestrado no Ensino Superior. Cumprindo um calendário projectado em

diferentes fases, os inquiridos foram solicitados a responder aos questionários em diferentes contextos.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

396

Após terminadas as fases de preenchimento dos questionários, procedemos

a uma entrevista semi-estruturada, onde inquirimos os intervenientes no

estudo relativamente ao que pensam do preenchimento dos questionários e fiabilidade das respostas que são prestadas.

Os resultados do estudo apresentam diferença de dados consoante a

predisposição e influência emocional do respondente, confirmando os dados das entrevistas.

Concluindo-se que efectivamente os dados provenientes dos questionários

poderão não ser confiáveis, sendo estes influenciados em função do

protocolo ou do estado emocional em que estão no momento os respondentes, podendo não corresponder por esse facto as respostas ao que

efectivamente os respondentes pensam, levando-os em situação de terem de

actuar a ponderar e proceder de forma diferente à posição da resposta prestada no questionário.

Importando por este facto que os questionários obedeçam a um

processamento criterioso de registo do protocolo, garantindo a fiabilidade

dos dados recolhidos pelas respostas.

Palavras-chave:

Questionário; Investigação; Cientificidade.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

397

49.3. A pesquisa científica na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia: institucionalização, desdobramentos, problemas e perspectivas para a integração entre o ensino graduado e a pesquisa.

JacileneFiuza de Lima Universidade Federal da Bahia

Resumo

A presente pesquisa de doutorado está voltada para o estudo da implementação e institucionalização da pesquisa científica na Faculdade de

Educação (FACED) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A pesquisa

está em andamento e as reflexões sobre Conhecimento, Política científica,

Institucionalização de pesquisa nas universidades brasileiras e Integração entre ensino e pesquisa estão sendo utilizadas como categorias teóricas que

a fundamentam. O objetivo é analisar o processo de implementação e

institucionalização da pesquisa científica na Faced/UFBA, seus desdobramentos, problemas e perspectivas para a integração entre o ensino

graduado e a pesquisa nessa instituição. Para tanto, está sendo utilizada a

metodologia qualitativa e quantitativa. Resultados parciais têm mostrado que na década de 1970 já se fazia pesquisa na Faced, só que de modo não

formal e, a partir da implantação do mestrado, a pesquisa passa a fazer

parte mais efetiva na vida acadêmica, mas, é a partir principalmente da

década de 1980 que a mesma começa a se consolidar como um eixo norteador no âmbito acadêmico.

Palavras-chave:

Institucionalização de pesquisa; Pesquisa; Integração ensino-pesquisa.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

398

49.4. A investigação como pedagogia na formação inicial em enfermagem e no ensino

Rita Sousa Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

AméliaLopes Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Resumo

O Ensino Superior sofreu, nos últimos anos, uma mutação a nível estrutural e organizacional com diferentes implicações nas estratégias de ensino-

aprendizagem e na forma como professores e estudantes se adaptam a

novos papéis e exigências.

A tónica do processo educativo evolui de uma estratégia centrada nos conhecimentos e no ensino para uma lógica centrada nas competências e na

aprendizagem (Ivan, 2011). Deste modo, o foco passa a ser a aprendizagem

dos estudantes com o objetivo de produzir conhecimento e desenvolver as competências necessárias aos trabalhadores da sociedade do conhecimento

(Europe Commission, 2013).

Considerando o desenvolvimento da sociedade e do conhecimento, torna-se obsoleta a insensibilidade da formação inicial ao mundo da prática

profissional (Lopes et al., 2013a). A formação de profissionais de ajuda,

como a enfermagem e o ensino, ocupa aqui um lugar particular, uma vez

que coloca desafios específicos aos formadores (Hugman, 2005), no que concerne a importância do equilíbrio entre a dimensão científica e

profissional ou vocacional da própria formação.

As mudanças vividas têm impacto na carreira dos professores que devem ser capazes de conciliar o seu papel enquanto docentes com a produção e a

publicação de conhecimento (Lopes et al., 2013b). A conjuntura atual

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

399

constitui, então, uma oportunidade para repensar a relação entre o ensino e

a investigação enquanto estratégia de ensino-aprendizagem, e a forma

como os docentes percepcionam as mudanças que lhe são exigidas a este nível: ser professor e/ou ser investigador. Considera-se pertinente estudar o

lugar da investigação nas identidades dos professores, nomeadamente

enquanto parte constituinte, com os seus estudantes, das mesmas comunidades de aprendizagem (Locke, 2012).

Este trabalho tem como objetivo compreender o sentido que os formadores

de enfermagem e do ensino atribuem à investigação, o tipo de relação que

estabelecem entre a docência e a investigação, e qual o papel dos estudantes nesta articulação. Os dados apresentados foram recolhidos através da

realização de entrevistas semiestruturadas a docentes com diferentes papéis

na formação inicial em enfermagem e no ensino, e de focus group realizados com estudantes.

A análise de dados permitiu concluir que para os docentes a investigação se

traduz nas provas académicas que asseguram a carreira e num sentido de

investigação que informa o ensino (sem a participação dos estudantes). Os professores referiram o desejo de se aproximarem da investigação como

publicação destacando, contudo, o excesso de trabalho como um impeditivo

à concretização desse objetivo (Lopes, Pereira & Mouraz, 2013).

Conclui-se refletindo sobre a especificidade da investigação no contexto da

formação em campos profissionais e sobre as formas como os estudantes

podem ser integrados nela.

Palavras-chave:

Ensino superior; Investigação; Ensino; Enfermagem.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

400

49.5. A Produção acadêmica na Pós-Graduação em Educação: Problemas teórico-Metodológicos e Éticos da Pesquisa

Aline C.Moura Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar a forma como a produção acadêmica vem se constituindo na pós-graduação em educação, no Brasil, trazendo

uma discussão sobre os problemas relacionados às pesquisas na área, tanto

no que diz respeito a algumas questões teórico-metodológicas, quanto a problemática sobre a ética nessas pesquisas.

Para alcançar o objetivo proposto, foi realizado um estudo bibliográfico que

aborde, principalmente, as mudanças de objetivos da pós-graduação em

educação, no Brasil, e sua relação com a produção acadêmica, para que posteriormente, possamos abordar a problemática teórico-metodológica e

ética da pesquisa em educação.

Entendendo a pós-graduação como um espaço legítimo e privilegiado para a pesquisa em educação, é necessário que façamos alguns apontamentos

sobre a pós-graduação, para que possamos compreender a forma como a

produção acadêmica vem se consolidando ao longo dos anos, e os

problemas que recorrem dessa produção. Através da análise da pós-graduação brasileira, em seus mais de 60 anos, iremos discutir a produção

acadêmica e os problemas teórico-metodológicos, fazendo alguns

apontamentos sobre as questões éticas que cercam essa produção.

Com a expansão do ensino superior e a abertura dos cursos de mestrado e

doutorado, ocorre não só uma ampliação das temáticas de estudo, mas

também, passou-se a pensar mais as questões metodológicas, o que provocou, devido a maior diversificação dos modos de focalizar a pesquisa,

em sua estrutura, organicidade e principalmente, no que diz respeito as suas

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

401

perspectivas, alguns problemas de base na construção da própria pesquisa

em educação.

Este trabalho foi desenvolvido não com o propósito de julgar ou avaliar a legitimidade, validade, qualidade, ou valor das produções acadêmicas nas

pesquisas em educação, mas com o intuito de apresentar alguns

questionamentos e preocupações que inculcassem a reflexão sobre o que vem sendo produzido como conhecimento, não para explicar, nem tão

pouco para impor verdades frente a enorme complexidade em que se

encontram as pesquisas educacionais, mas para contribuir para a construção

de uma produção mais crítica e comprometida, que ultrapasse os discursos meramente acadêmicos.

Palavras-chave:

Produção acadêmica; Pós-graduação em educação; Problemas teórico-

metodológicos.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

402

49.6. Produção científica em Educação e as possibilidades interdisciplinares na formação de pedagogos: linguagens artístico-visuai

Sandra Helena Escouto de Carvalho Universidade Estadual Paulista

Resumo

Apresentamos neste texto, uma pesquisa documental cujos objetivos são

analisar, por meio da bibliografia que subsidia a produção científica de estudantes do curso de Pedagogia e do PPGE- -FFC-Unesp, campus de

Marília, como as linguagens artístico-visuais são vistas na formação

docente, tanto inicial como continuada; e se as mesmas articulam

produções brasileiras e estrangeiras, considerando a bibliografia utilizada em trabalhos de conclusão de curso de Pedagogia e dissertações e teses

desenvolvidas no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação -

Faculdade de Filosofia e Ciências - Universidade Estadual Paulista, campus de Marília. Devido ao crescimento da circulação de informações ocorrida

desde a década de 1990, optamos por analisar os trabalhos desenvolvidos

observando três gerações pedagógicas, agrupadas em quinquênios, no período compreendido entre 1990 e 2005. Buscamos, além de colaborar

com as pesquisas no campo da educação e arte-educação, aproximar

estudantes de Pedagogia, do estado da arte dos referenciais teóricos

constituintes do universo de pesquisas que articulam arte e educação, realizadas em um campus universitário onde não há cursos de graduação

em quaisquer das linguagens artísticas ou áreas correlatas. Observamos

lacunas, equívocos e propostas enriquecedoras as quais problematizamos em disciplinas do curso, visando a construção da interdisciplinaridade de

diversas áreas do conhecimento, tendo como referencial a teoria crítica da

educação. Esta problematização incorpora-se aos conteúdos, métodos e

práticas didáticas de disciplinas do curso de Pedagogia e desencadeia outras

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

403

investigações. O estudo da bibliografia presente nas produções científicas

indica como o sistema educacional e suas políticas educacionais

influenciam, por meio de propostas pedagógicas e práticas docentes, a vida nas escolas e seu direcionamento, em determinado período, de acordo com

o contexto histórico do país.

Palavras-chave:

Formação de professores; Pesquisa científica; Metodologia de ensino;

Currículo; Arte-educação.

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50. CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO,

INTERFACES E DIÁLOGOS COM

OUTRAS CIÊNCIAS

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

405

50.1. Leitura pública: uma alternativa para o ensino da Literatura

AnaSantana Souza Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN – Brasil

Resumo

No Brasil, diferentes indicadores apontam a deficiência na formação leitora

de crianças, jovens e adultos. Em função disso, as universidades, as escolas

da educação básica, as secretarias estaduais e municipais e organizações não governamentais, com o apoio direto ou indireto dos programas do

Governo Federal, têm investido na formação de leitores. Os esforços,

contudo, não têm causado o impacto esperado, principalmente, quando se

trata da leitura literária. Em nível fundamental, as escolas, bem ou mal, centralizam o estudo de literatura na leitura de obras literárias, mas, no

ensino médio, tradicionalmente, o foco tem sido o ensino de história da

literatura, uma tradição que vigora desde que a literatura integra o currículo do ensino médio. Como parece provável, a metodologia tradicional do

ensino de literatura não tem contribuído para a formação de leitores nas

escolas. Por outro lado, é muito difícil para o professor incluir nos conteúdos da turma um tema que, socialmente, não é valorizado. A leitura

literária não é um tema popularizado pelas mídias de grande impacto, como

o rádio e a televisão. Visando essa valorização e a experimentação de novas

metodologias de ensino, desenvolvemos, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Brasil, dois projetos integrados “Leio você, você

me lê” e “A formação de leitores na escola: estratégias interdisciplinares”.

O primeiro é um projeto de extensão ao qual está associado o segundo, que é um projeto de ensino. Desse modo, os alunos em formação inicial,

matriculados no Estágio supervisionado de formação de professores do

curso de Letras, Teatro e Pedagogia desenvolvem projetos de leitura pública, tendo como parceiros os supervisores de estágio nas escolas da

educação básica pública. Desse modo, alunos em formação inicial e

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

406

professores em formação continuada experimentam uma metodologia nova

na formação de leitores, integrando a comunidade escolar e a sociedade na

tarefa de formar leitores. Os projetos ainda não foram finalizados, mas já apresentam resultados relevantes, como a organização das leituras em

rádios, praças, casas de cultura, trazendo para as atividades alunos de

diversos cursos e profissionais de diferentes áreas. A interdisciplinaridade e a multiprofissionalidade geradas pelos projetos têm promovido novos

olhares sobre as estratégias do ensino de literatura e seu valor na formação

dos estudantes.

Palavras-chave:

Leitura pública; Literatura; Interdisciplinaridade.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

407

50.2. Auto-eficácia docente e colaboração entre professores: que relações?

José Castro Silva ISPA

Manuela Silva ISPA

Resumo

O presente artigo reporta os principais resultados de uma investigação que teve por objectivo central estudar a influência da auto-eficácia docente

sobre a colaboração entre professores. O estudo envolveu 82 professores de

escolas do 2º e 3º ciclos do continente português. Os principais resultados

sugerem que os professores que se auto-percepcionam como mais eficientes estão mais disponíveis para colaborar, tendo-se verificado uma correlação

entre níveis de auto-eficácia docente mais elevados e o interesse dos

professores em colaborar. Efectivamente, à medida que aumenta a auto-eficácia docente regista-se uma tendência para o incremento do interesse

por ‘Obter/Partilhar Informação e Formação sobre Colaboração’, assim

como o interesse por ‘Coordenar de Acções de Formação sobre

Colaboração’. A par da receptividade à colaboração, foi detectada uma associação entre a auto-eficácia docente e o envolvimento dos professores

em práticas de colaboração (e.g. ‘Projectos Curriculares e

Extracurriculares’ e ‘Práticas Lúdico Pedagógicas’), concluindo-se sobre a tendência do envolvimento com práticas colaborativas aumentar junto dos

docentes cuja auto-avaliação da sua eficácia docente é mais elevada.

Palavras-chave:

Colaboração; Auto-eficácia docente; Práticas de colaboração; Interesses

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

408

50.3. Avaliação da alfabetização: uma análise das suescalas de leitura e escrita

Gladys Rocha Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Raquel Martins Universidade Federal de Lavras – UFLA

Resumo

Este trabalho, produzido a partir de uma pesquisa mais ampla que visa à constituição de uma meta-avaliação da avaliação externa à escola no

âmbito da alfabetização, focaliza a evolução de habilidades de leitura e de

escrita nos três primeiros anos de escolarização do Ensino Fundamental,

momento da escolarização que, no Brasil, corresponde ao período de apropriação e consolidação da alfabetização. O propósito central é

apresentar perfis de leitura e de escrita apreendidos a partir de subescalas

de uma avaliação externa, observando distanciamentos e aproximações entre esses objetos conceituais, bem como constituindo uma análise dos

gêneros textuais utilizados para aferição da escrita.

Os dados têm origem na avaliação externa à escola, de caráter censitário, desenvolvida pelo Programa de Avaliação da Alfabetização do Estado do

Espírito Santo – Paebes-Alfa no período 2008-2011, que avaliou cerca de

140.000 alunos a cada ano letivo. A opção por essa experiência de

avaliação justifica-se por tratar-se de experiência pioneira no Brasil ao avaliar a alfabetização, aferindo leitura e escrita, e ao utilizar a Teoria da

Resposta ao Item – TRI para a aferição não apenas dos itens dicotômicos,

mas também dos politômicos.

Tem-se, a partir da proposição e análise das subescalas, além da apreensão

de perfis de desempenho ao longo da alfabetização, tanto do ponto de vista

da leitura quanto da escrita, uma discussão de suas aproximações e

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

409

distanciamentos. Pode-se afirmar que os dados obtidos pela avaliação

censitária do Paebes-Alfa podem contribuir para a construção de

diagnósticos, possibilitando apreender melhor não somente de diferenças entre dimensões da produção de textos escritos, mas entre os processos de

apropriação de habilidades de leitura e de escrita, ainda frequentemente

entendidos como “faces de uma mesma moeda”, ou seja, como aprendizagens que ocorrem simultânea e indistintamente.

Palavras-chave:

Avaliação externa; Leitura; Escrita; Alfabetização; Ensino fundamental.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

410

50.4. Cenários ortográficos: conceções e práticas

Gabriela Barbosa ESE-IPVC

Resumo

Escrever sem incorrecções ortográficas é uma exigência social. É

recorrente a comunicação social fazer alarido de que os alunos não sabem

escrever, na aceção de que não saber escrever tem como pressuposto a constatação de que se escreve com erros de ortografia, e o erro é o erro

ortográfico. Um fraco domínio ortográfico é assim interpretado,

frequentemente, como indicador negativo do grau de instrução e literacia e

do nível alcançado no percurso escolar. Este protagonismo atribuído ao desempenho ortográfico encontra expressão no discurso oficial pedagógico

ao nível dos conteúdos curriculares e ao nível dos parâmetros de avaliação.

O desenvolvimento da competência ortográfica dos estudantes instaura-se como meta escolar e os professores são os atores responsáveis pela tarefa

de ensinar os alunos a ortografar certo. Assim, torna-se importante

conhecer o que os docentes pensam e sabem sobre o ensino da ortografia e verificar o modo como desenvolvem esse ensino nas suas turmas,

acreditando-se que, desta forma, se está a recolher informação para o

entendimento da prática educacional e consequente melhoria do processo

educativo. Partindo destas premissas, o principal motivo que desencadeou esta pesquisa foi conhecer as conceções de professores do 1º Ciclo do

Ensino Básico relativamente ao ensino da ortografia, entender melhor como

se posicionam nas suas práticas e como se situam face aos desafios pedagógicos. A amostra é constituída por duzentos professores do 1º ciclo

do Ensino Básico a lecionar nos distritos de Braga, Porto e Viana do

Castelo. O estudo foi de abordagem qualitativa e delineamento descritivo e interpretativo, e teve como instrumento de recolha de dados um inquérito

por questionário para identificação de práticas e concepções, realizado em

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

411

presença do investigador. A análise que aqui se propõe fazer desenvolve-se

em duas fases. A primeira terá em atenção a identificação das conceções

dos professores relativamente àquilo que pensam ser o ensino da ortografia, convocando-se para isso as seguintes categorias: A) A relevância do ensino

da ortografia; B) As dificuldades na aprendizagem da ortografia; e C) As

atividades desejáveis para a transmissão do conhecimento ortográfico. A segunda fase focalizará, essencialmente, o que os professores declaram ser

as suas práticas em sala de aula, procurando-se salientar as atividades que

realizam com os seus alunos para que eles desenvolvam a competência

ortográfica. Em jeito de interpretação final, o que os dados deixam perceber é que, a maioria dos inquiridos atribui muita importância ao ensino da

ortografia e que devem existir na aula momentos exclusivos para a sua

apropriação. Situam esta aprendizagem no 1º e 2º ano de escolaridade. Os professores queixam-se do mau desempenho dos seus alunos e nas

dificuldades apontadas no aprender do conhecimento ortográfico,

sobressaem, distintamente, três ordens de razão: a influência da oralidade, a

ausência de hábitos de leitura e as características do código. A constatação destas situações problemáticas dá lugar à proposta de soluções reativas que

passam pela prática de leitura, pela escrita de textos e pelos exercícios

ortográficos, com especial incidência no ditado, na cópia e na escrita de listas de vocabulário. Em termos gerais, percebe-se uma tendência na

valorização de práticas tradicionais muito focadas na repetição gratuita e na

correção do erro. Emerge a necessidade de conhecer abordagens mais apelativas, adequadas às características do código, desafiantes,

questionadoras e de envolvimento intelectual.

Palavras-chave:

Ensino; Ortografia; Concepções.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

412

50.5. “E tudo aquilo que eles/as (não) dizem…”: Intervenção educativa em contexto museológico para adultos/as com demência e cuidadores/as informais

Sonia Mairos Ferreira Universidade de Coimbra - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

Maria Isabel Pereira Universidade de Coimbra – FPCE

Resumo

O presente trabalho resulta de um projecto de investigação acção

desenvolvido em contexto museológico, na região centro do país. Elaborado com o propósito de constituir uma intervenção educativa de

qualidade para pessoas adultas com demências e os/as seus cuidadores/as

informais o projecto que se apresenta estruturou-se segundo as orientações

globais defendidas pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. São estas as premissas chave de que partimos para a exploração das características

que diferenciam o “EU no musEU” de outras iniciativas de promoção da

capacitação e do bem-estar nestas populações. Afloram-se, neste âmbito, os modelos concetuais que sustentaram a sua elaboração e implementação,

sinalizando as opções metodológicas deles resultantes. Confere-se, neste

ponto, relevo aos cuidados tidos em consideração para assegurar a

participação de todos/as os/as agentes nas etapas de definição, desenvolvimento e avaliação do programa (e.g., pessoas com demência,

profissionais, voluntários/as, cuidadores/as). Segue-se com a sistematização

da metodologia, sendo para este efeito descritos os/as participantes, apresentados os instrumentos de recolha de dados e sintetizados os

procedimentos (incluindo as considerações de ordem ética). Por fim,

apresentam-se os principais resultados, apresentados na sua globalidade e também segundo cada uma das subamostras que participou no estudo.

Sublinham-se os ganhos reportados nos âmbitos emocional e bem-estar,

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

413

assim como as evidências de que, em efectivo, este programa contribui para

a estimulação cognitiva destes adultos/as e dos/as seus cuidadores/as.

Termina-se com sugestões de enriquecimento desta acção educativa.

Palavras-chave:

Intervenção educativa; Demência; Qualidade de vida.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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50.6. Saúde e educação nos cuidados de enfermagem- processos de cuidar idosos com hipertensão arterial

AliceMártires UTAD

Resumo

Objeto de estudo: As transições demográficas das últimas décadas têm conduzido a um aumento significativo das doenças crónicas nas pessoas de

mais idade, repercutindo-se negativamente na sua qualidade de vida. Por

serem irreversíveis e, na sua maioria, apresentarem-se com evolução prolongada, acarretam custos consideráveis. A OMS estima que mais de

60% dos gastos em saúde ocorrem com doenças crónicas e cerca de 84%

das pessoas com 65 ou mais anos apresentam, pelo menos, uma doença

crónica. A HTA é a doença crónica mais prevalente no nosso país e que mais mortes causa direta ou indiretamente. É ainda o fator de risco major

da doença cardiovascular sendo também designada de doença “assassina

silenciosa” pelas suas caraterísticas fisiopatológicas. Sem esquecer os fatores genéticos que poderão estar associados a uma doença crónica, não

podemos esquecer outros fatores de risco relacionados com

comportamentos e estilos de vida, como o tabagismo, o álcool, o excesso

de gorduras e açúcar, o sedentarismo, o stresse. A doença crónica persiste e a pessoa precisa de aprender a viver com a mesma, a conhecer os sintomas,

a tomar decisões face aos esquemas terapêuticos prescritos, isto é, precisa

de aprender a gerir a doença, a controlá-la e a prevenir complicações. Só esta aprendizagem lhe permitirá organizar-se, gerir a doença e manter a

melhor qualidade de vida possível.

Objetivos: Implementar um programa de intervenção de enfermagem, com casais de idosos (cônjuges) com HTA, inscritos num Centro de Saúde da

Região Norte do País;

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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Avaliar o impacto da intervenção nos idosos participantes no programa de

intervenção de enfermagem.

Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, do tipo quase-experimental. Sessenta idosos, trinta casais, participaram no programa de

intervenção. Os dados foram recolhidos em três momentos consecutivos:

antes da intervenção, no final da intervenção e um mês após a finalização da intervenção. Recorremos ao questionário de avaliação do estado de

saúde MOS SF-36 e à avaliação de parâmetros clínicos a antropométricos

nos três momentos: TA sistólica e TA diastólica, peso corporal, índice de

massa corporal e perímetro da cintura abdominal.

Resultados observados: Diferenças estatisticamente significativas foram

observadas nas dimensões saúde geral (p=0,003); vitalidade (p=0,001) e

saúde mental (p=0,00), bem como foram observados resultados com valores estatísticos significativos nos parâmetro clínicos analisados.

Conclusões: O programa de intervenção de enfermagem proporcionou aos

idosos participantes uma oportunidade de mudança de comportamentos e

estilos de vida, resultando em melhoria na saúde, sugerindo a sua continuidade de forma regular e sistemática.

Palavras-chave:

Cuidados de Enfermagem; Hipertensão Arterial; Idosos.

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51. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO

SUPERIOR

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

417

51.1. Ensino superior Privado no brasil: O Caso das Instituições Particulares

Fábio Costa Universidade de São Paulo

Resumo

O ensino superior privado no Brasil, especialmente o particular, passou por um expressivo crescimento nas quase duas últimas décadas. Diversos

fatores contribuíram para essa expansão, a exemplo, entre outros, da forte

demanda reprimida por esse nível de ensino; o incentivo dos Poderes Públicos, sobretudo do Executivo Federal; a eficiente estratégia de gestão

corporativa por parte de muitos empresários da educação; além da pequena

melhoria na distribuição da renda no conjunto populacional, que se tornou

mais evidente a partir da segunda metade da primeira década do século XXI. O objetivo central deste trabalho consiste na análise da expansão das

Instituições de Ensino Superior, tendo como subsídio teórico a legislação

para esse nível de ensino, desde a segunda metade dos anos de 1990 até os dias atuais. Para a análise dos dados, foram utilizadas as Sinopses

Estatísticas da Educação Superior, produzidas pelo Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - as quais se encontram

disponíveis em seu endereço eletrônico na internet -, nos anos de 1999, 2004 e 2009. Como resultado, expresso nos gráficos e tabelas, verificou-se

o destacado crescimento das Instituições de Ensino Superior do setor

privado particular em todas as regiões do Brasil, tanto nas capitais quanto no interior desses locais. Se em 1999, elas compunham menos de 50%, em

relação ao total, no ano de 2009, os índices ultrapassaram os 75%, as quais

são compostas majoritariamente por faculdades. Assim, o recorte trabalhado, apesar de suas limitações, que explora apenas uma pequena

parcela dos dados, fornece uma ideia de como tem sido estruturado o

ensino superior no Brasil no período referenciado, cuja ideia de

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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democratização tem ocorrido pela inserção da maior parte dos estudantes

em Instituições de Ensino Superior do setor privado particular, em

detrimento das demais instituições desse setor, no caso, as comunitárias/confessionais/filantrópicas, bem como daquelas do setor

público (federais/estaduais/municipais), o que tem proporcionado a

constituição de um significativo espaço lucrativo na economia brasileira, estreitando os laços entre educação e mercadoria.

Palavras-chave:

Brasil; Ensino Superior Privado Particular; Mercadoria.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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51.2. A Contribuição da Universidade na Formação da Pessoa com Deficiência para sua Inclusão no Mercado de Trabalho

Terezinha Gandelman UNIP

MireneMarques UNIP

Resumo

Este artigo aborda um caso de inclusão de aluno com deficiência a partir de sua formação na Universidade Paulista, no Campus Rangel, situado no

município de Santos – SP. Pretende-se mostrar a contribuição da

universidade na inclusão de pessoas com deficiência, a partir da discussão

sobre a estrutura educacional direcionada para a formação de competências no indivíduo com deficiência como forma de qualificar a contratação. Foi

realizada pesquisa bibliográfica sobre a inclusão das pessoas com

deficiência bem como a legislação específica; em sequência fez-se um relato de caso de um aluno com paralisia cerebral que, a partir de

direcionamento da estrutura universitária para sua formação em letras,

conseguiu ingressar em um projeto escolar, “Escola da família”, podendo

desempenhar uma atividade profissional. Mostrou-se que, quando há comprometimento na estrutura educacional, há qualificação das pessoas

com deficiência e estas podem se desenvolver profissionalmente com

qualidade, sendo esta uma abordagem da inclusão.

Palavras-chave:

Universidade; Pessoa com deficiência; Inclusão.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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51.3. Dez anos das Políticas de Ação Afirmativa no Brasil: o casa da Universidade Estadual de Londrina

Maria NilzaDa Silva Universidade Estadual de Londrina

Resumo

Os último dez anos foram muito significativos para o Brasil que, após viver intensos debates entre aqueles que eram favoráveis ou contrários às

políticas de ação afirmativa, muitas universidades públicas (estaduais e

federais) que adotaram as políticas de ação afirmativas, ou seja, as cotas em seus processos seletivos. No início, as políticas foram adotadas com

características diferenciadas em cada universidade e somente no ano de

2012 foi aprovada a Lei 12711/2012 que implementou as cotas nas

universidades federais do país. Contudo, as universidades estaduais seguem priorizando as características singulares do processo de adoção destas

políticas em cada região do país. Pode-se afirmar que houve uma profunda

alteração no processo seletivo com o ingresso de estudantes oriundos de escolas públicas e negros nas Instituições de Ensino Superior do país. Este

trabalho pretende analisar o processo de adoção e de consolidação do

sistema de cotas adotados na Universidade Estadual de Londrina, no estado

do Paraná.

Palavras-chave:

Educação; Ações Afirmativas; Negros.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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51.4. Os desafios do Ensino Superior

Andrea Soerensen Universidade Paulista

Silmara Maria Del Rio Universidade Paulista

Marcelo AlfredoDos Santos Universidade Paulista

Resumo

A constante reflexão sobre a educação e a necessidade de profissionais

desafiadores, nas questões impostas por suas profissões, sempre são um dos

pontos cruciais em debates polêmicos sobre o desenvolvimento da educação superior no Brasil. Preparar alunos visando alcançar uma boa

trajetória profissional, que ultrapasse a grade curricular previamente

elaborada, e ainda, fazê-los olhar ao redor a fim de conhecer e compreender

a realidade do local onde vivem é um desafio cada vez maior para as instituições de ensino. Estas oferecem o ensino para a vida profissional,

contudo observar e respeitar as diversidades constitui-se em um grande

desafio para as Universidades. Este artigo tem o objetivo de compreender a educação superior no processo do desenvolvimento do aluno, com relação

as diversidades do grupo. Como o docente poderá encontrar uma forma de

trabalhar estas diferenças, agregando de forma homogênea o conhecimento

entre os discentes. Para alcançar o objetivo deste estudo optou-se pela pesquisa teórica.Para o levantamento bibliográfico foi realizada uma

pesquisa em meio eletrônico através do banco de dados DEDALUS (Banco

de dados bibliográficos da USP), a base de busca foi para Faculdade de Educação, e período de 2004 a 2014. Foram utilizados os seguintes

descritores: "educação superior", "ensino-aprendizagem" e "inovação". Ao

pesquisar educação superior foram encontrados 107 títulos; para ensino aprendizagem foram encontrados 70 títulos e para inovação 81, dos quais

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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fez-se uma leitura crítica dos resumos, a fim de analisar e selecionar os

artigos relevantes à temática do estudo. Os títulos estão no formato de

dissertações, teses e artigos científicos. Após a busca realizou-se uma leitura exploratória dos resumos, a fim de analisar e selecionar os artigos

relevantes à temática do estudo. Foi realizada também busca manual em

livros de referência.Demonstra-se nos resultados da pesquisa, que a inserção de trabalhos com vistas a formação continuada de professores o

trabalho coletivo, os espaços extra-classe, a participação da comunidade, a

troca de experiências e a parceria são estratégias poderosas num processo

de formação continuada de professores, qual poderá alcançar um melhor resultado na formação discente com forte poder de intervenção,

possibilitando os processos de reflexão e ação. Consideramos que a

metodologia da pesquisa indicou caminhos, que poderão contribuir com a implementação de novas estratégias de ensino, das quais deverão ter

garantidas determinadas condições de participação e de experimentação

discente. Não adianta vir com um “pacote pronto” pois este não garante o

processo de ensino-aprendizagem. Se faz necessário sair da prisão em que, muitas vezes, acabamos nos encontrando, tirar as amarras e entregar-nos à

maravilha da construção desse ser criado à imagem divina, com todos os

recursos disponíveis para o aperfeiçoamento. É nesta linha de pensamento que formatamos a ideia do “ser”, profissional da docência, ser a base de

cunho inovador, para estabelecer um formato de aula que consiga atingir o

discente, de forma a estabelecer a associação do conhecimento cientifíco/acadêmico e o ambiente externo que o cerca.

Palavras-chave:

Educação Superior; Processo Ensino-Aprendizagem; Inovação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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51.5. As resistências à afirmação disciplinar da Filosofia da Educação no quadro das Ciências da Educação e no campo da Filosofia. Análise da situação da disciplina em Portugal

Margarida Ferreira Instituto de Educação - Universidade de Lisboa

Resumo

A Filosofia e a educação não são, por definição, Ciências, no sentido

clássico do termo. Não obstante, enquanto disciplina das Ciências da Educação, a Filosofia da Educação, não deixando de ser um ramo da

Filosofia, tem-se esforçado por se afirmar como campo científico

autónomo, detentor de um modo próprio de conhecimento, de um objecto

de estudo tematizavel e de uma via epistémica de abordagem que deve, com toda a legitimidade, debater meta-filosoficamente o estatuto

epistemológico da própria Filosofia da Educação.

Centrada, sobretudo, em torno das dimensões epistémica, ontológica e antropológica do processo educacional, a Filosofia da Educação em

Portugal, constituindo-se enquanto comunidade imaginada, tem gerado um

corpus de conhecimentos filosófico-educacionais que integram a mediação curricular, de forma tendencialmente nominalista, e cujo debate, pesquisa e

divulgação se tem revelado pouco profícuo. Sabendo, de antemão, que a

constituição de um campo de conhecimento terá que se alicerçar sobre a

sua capacidade de definir a sua identidade e autonomia, através da consolidação de um modo de pensamento sistemático, metódico, criativo e

crítico, constata-se que a demarcação do campo científico da Filosofia da

Educação em Portugal, face à Filosofia e às restantes Ciências da Educação, ainda é tarefa em curso.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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Analisando os momentos determinantes à institucionalização da disciplina

no contexto universitário nacional desvela-se a necessidade de

problematizar as presenças, as ausências, os avanços, os recuos, os discursos e os silêncios que atravessaram a História da Filosofia da

Educação em Portugal.

Palavras-chave:

Filosofia da Educação; Ciências da Educação; Filosofia; Campo

disciplinar; Identidade disciplinar; Epistemologia.

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52. CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE

ENSINO E PRÁTICAS DOCENTES

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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52.1. Prática pedagógica no ensino público: o estágio como elo entre a teoria e a prática, a experiência e a inovação

Amanda Rabelo UFF

Resumo

Este artigo descreve o nosso projeto que objetiva promover uma maior articulação entre os conhecimentos adquiridos pelos/as discentes do curso

de Pedagogia da Universidade Federal Fluminense (UFF) do Instituto

Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES) com a prática pedagógica observada nas escolas públicas dos municípios de Santo

Antônio de Pádua e Miracema (Rio de Janeiro - Brasil), buscando

promover integração entre teoria e prática, bem como incentivar as

inovações nas práticas pedagógicas dos/as docentes de educação infantil e anos iniciais, nomeadamente daqueles que recebem estagiários da

UFF/INFES. Esta integração é efetuada no projeto promovendo a troca

entre discentes/docente da UFF e docentes das escolas públicas de algumas formas: pela presença de discentes/estagiários/as e de monitores e bolsistas

da disciplina “Pesquisa e prática de ensino”, bem como no oferecimento de

formações continuadas oferecidas aos/às docentes dos anos iniciais do

ensino fundamental e da educação infantil das escolas dos municípios mencionados sobre dificuldades, problemas e inovação nas práticas

pedagógicas. O objetivo deste curso é discutir sobre os problemas

encontrados na prática pedagógica, propondo soluções conjuntas bem como uma melhoria na recepção da/o estagiária/o na escola e da contribuição do

mesmo com a/o docente da escola. Enfim, com o nosso projeto objetivamos

que os "muros" da Universidade estejam abertos às escolas da região, ouvindo e discutindo sobre os problemas encontrados contribuindo, assim,

para as melhorias locais e visando romper com o distanciamento entre

estagiário/a e escola, escola e universidade, teoria e prática (apontado por

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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vários autores), unindo a experiência da prática com uma reflexão visando

a inovação.

Palavras-chave:

Prática pedagógica; Estágio; Experiência; Inovação.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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52.2. Oralidade- o papel do manual escolar e estratégias para a sala de aula

Carla Aires Alves ESE-IPVC

Cristina Ferreira ESE-IPVC

Resumo

O manual escolar apresenta se como o recurso didático fortemente regulador das práticas pedagógicas, pelo que um número significativo de

atividades que decorrem na sala de aula estão claramente relacionadas com

as propostas apresentadas por este instrumento.

Com o presente estudo pretendemos compreender se o manual escolar favorece a implementação de atividades relativas à oralidade, pelo que se

procedeu à análise de um manual. Seguidamente, por forma a colmatar

algum vazio nas propostas de atividades relativas ao domínio da oralidade, foram implementadas estratégias específicas que permitiram desenvolver

capacidades e conhecimentos subjacentes ao descritor selecionado do

documento das Metas Curriculares de Português, do 3º ano de escolaridade, que define que os alunos devem "fazer uma apresentação oral (cerca de 3

minutos) sobre o tema, com recurso eventual a tecnologias de informação".

As atividades orais realizadas incidiram sobre um tema previamente

planificado, foram concretizadas em articulação com outras áreas do conhecimento ou com outros domínios do português e foram avaliadas com

uma grelha de registo.

Para a realização deste estudo, recorremos a uma investigação qualitativa, utilizando como instrumentos de análise a observação direta, registos

audiovisuais, tabelas de análise do manual e grelhas de planificação e de

avaliação do discurso oral.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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Observamos que o manual analisado apresenta poucas sugestões de

atividades no âmbito da oralidade e não apresenta propostas concretas para

o descritor por nós selecionado. Por outro lado, verificamos que é possível implementar atividades motivadoras, exequíveis e articuladas com outras

áreas do saber que fomentam um processo de ensino aprendizagem

globalizante e produtivo. Ao longo do estudo, os alunos aumentaram o seu tempo de exposição oral e apresentaram evolução nas suas apresentações

orais (o que foi observável no discurso produzido, nos elementos

paralinguísticos utilizados e nos aspetos não-verbais mobilizados).

Palavras-chave:

Oralidade; Manual escolar; Didática do Português.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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52.3. O Uso das Analogias no ensino das Ciências no 1º Ciclo do Ensino Básico

Jacinta Gonçalves Instituto de Educação - Universidade do Minho

Fernando Guimarães Instituto de Educação - Universidade do Minho

Resumo

Este estudo, realizado no âmbito da Prática de Ensino Supervisionada do Mestrado em Ensino do 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico, pretende

verificar a importância do uso das analogias, fazendo com que os alunos

compreendam melhor os conteúdos. Situa-se na continuidade de uma

perspetiva de ensino e de aprendizagem que foi desenvolvido em contexto de sala de aula.

Para tal definiram-se alguns objetivos de investigação: criar analogias

simples que facilitem a compreensão dos conteúdos; relacionar exemplos do quotidiano com conteúdos científicos; perceber de que forma os alunos

interpretam e compreendem a analogia realizada; promover a construção,

ampliação dos conhecimentos acerca dos seres vivos através do uso das analogias; desenvolver nos alunos a capacidade de pensar, interrogar e

perceber a analogia; e, por último, proporcionar aos alunos aprendizagens

significativas e ativas.

Neste estudo foi implementada uma intervenção pedagógica, com várias sessões, numa turma do 2.º ano com 26 alunos. Esta intervenção iniciou-se

com um trajeto de reflexão em torno de alguns conceitos relativos ao

ensino de ciências, no 1.º Ciclo do Ensino Básico, conducente à importância do uso de analogias, recorrendo a exemplos do quotidiano,

como forma de promover a aprendizagem dos conteúdos científicos.

Posteriormente, fez-se a análise e a interpretação dos dados recolhidos

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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através dos questionários e das reflexões no âmbito dos trabalhos

realizados.

Através da investigação-ação pretendeu-se implementar uma prática de ensino com recurso às analogias, recorrendo ao uso de exemplos que sejam

familiares à criança, com vista a melhorar as suas aprendizagens,

possibilitando-as à construção de conhecimentos de modo mais organizado. Assim, esta metodologia visa promover a melhoria das práticas educativas

num processo cíclico de planificação, ação, observação e reflexão.

O trabalho com recurso às analogias desenvolvido junto dos alunos

permitiu concluir que o uso das analogias possibilita uma melhor compreensão dos conteúdos mais complexos. Facilita ainda que os alunos

ativem um domínio já conhecido por eles para compreenderem conteúdos

mais abstratos. Permitiu, igualmente, perceber o seu possível contributo para o desenvolvimento e melhoria das aprendizagens nas aulas de ciências,

promovendo aprendizagens ativas e significativas para os educandos.

Palavras-chave:

Analogias; Ensino de Ciências; 1.º Ciclo

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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52.4. Trajetos de investigação: quando escutamos as vozes das crianças

AméliaMarchão Instituto Politécnico de Portalegre - Escola Superior de Educação

Helder Henriques Instituto Politécnico de Portalegre - Escola Superior de Educação

Resumo

No quadro de investigação orientada que se tem vindo a desenvolver no Mestrado em Educação Pré-escolar e no Mestrado em Educação e Proteção

de Crianças e Jovens em Risco da Escola Superior de Educação do Instituto

Politécnico de Portalegre, a escuta das crianças tem revelado uma criança

cidadã, com direitos, em crescendo na sua cidadania e capaz de partilhar conceções sobre a sua identidade, as suas escolhas e as suas decisões. Na

base da construção dos trajetos de investigação sintetizados nesta

comunicação, identifica-se uma matriz metodológica estruturada e construída a partir do conhecimento dos contextos educativos ‘onde as

crianças habitam’, enriquecida com o uso de notas de campo e entrevistas a

crianças realizadas nesses mesmos contextos e com o recurso a procedimentos de triangulação.

A escuta das crianças, previamente autorizada, e revelada em diferentes

entrevistas realizadas em três estudos de natureza qualitativa, deixa

perceber as suas perspetivas, as suas representações e conceções sobre a igualdade de oportunidades ao nível do género.

Nos estudos desenvolvidos objetiva-se conhecer e compreender a

competência das crianças para imprimir uma maior responsividade às práticas educativas e curriculares desenvolvidas na educação pré-escolar,

criando contextos educativos de qualidade e em que os ‘percursos se fazem

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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com as crianças e não para as crianças’, sendo necessário reconhecê-las

como sujeitos de plenos direitos no quadro da investigação.

Palavras-chave:

Educação, Crianças; Género.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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52.5. Ensinar Teoria e Desenvolvimento Curricular online: consolidação de um modelo

Francisco Sousa Universidade dos Açores e CIEC (Centro de Investigação em Estudos da Criança)

Resumo

Esta comunicação relata o desenvolvimento de um modelo que tem sido adotado na lecionação de disciplinas da área da Teoria e Desenvolvimento

Curricular em regime de e-learning e b-learning. Nos anos académicos de

2011/12 e 2012/13, o modelo, doravante designado por “Desenvolvimento Curricular online” (DC-O), foi adotado na lecionação, totalmente online, de

uma unidade curricular da licenciatura em educação básica, Universidade

dos Açores. No ano académico de 2012/14, o DC-O foi adotado na

lecionação de um terço de uma unidade curricular do mestrado em ensino de história e geografia no 3º ciclo do ensino básico e no ensino secundário,

oferecido pela mesma universidade.

O desenvolvimento do DC-O tem sido alvo de estudo, através de uma metodologia de investigação do design curricular, que pode ser considerada

uma variante da investigação do design educacional através da qual o

desenvolvimento de um produto curricular é sistematicamente estudado.

Uma das características principais deste tipo de investigação é a centralidade da avaliação de sucessivos protótipos do produto em

desenvolvimento. Essa avaliação abrange geralmente três dimensões –

validade, praticabilidade e eficácia – e recorre a um leque variado de técnicas, incluindo “screening”, testagem e consulta a especialistas, entre

outras. Neste sentido, foram já submetidos a avaliação três protótipos do

DC-O: P1 (2011/12), P2 (2012/13) e P3 (2013/14). Tendo alguns resultados da avaliação do P1 e do P2 sido já publicados, a presente comunicação

abordará aspetos desses dois protótipos que ainda não foram apresentados

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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através de publicações ou outros meios de divulgação. Mas enfatizará

sobretudo os resultados da avaliação do P3. No momento de submissão da

proposta de comunicação, estes últimos ainda não estão totalmente apurados. No entanto, com base em alguns dados de fácil análise, já é

possível destacar um elevado grau de satisfação dos alunos com o P3 do

DC-O. Assim, salienta-se que nenhum aluno, dos dez que foram inquiridos, considerou que aprendeu menos com o DC-O do que teria aprendido se os

mesmos conteúdos programáticos tivessem sido abordados em regime

presencial. Salienta-se também que, quando questionados sobre se optariam

por frequentar a mesma parte da disciplina online ou se optariam por frequentá-la em regime presencial caso houvesse a possibilidade de

recuarem no tempo e fazerem essa escolha, nove dos dez alunos

responderam que optariam pela frequência online.

Além de discutir com profundidade todos os resultados da avaliação do P3,

a comunicação, recorrendo a dados relativos à avaliação dos três protótipos,

enfatizará a discussão da centralidade da avaliação formativa dos

estudantes enquanto aspeto crítico do sucesso da implementação o DC-O.

Palavras-chave:

Teoria e Desenvolvimento Curricular; E-learning; Investigação do design curricular.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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52.6. Contribuições do Xadrez para o Ensino da Matemática: Um Projeto PIBID/Unimontes

Juliete Leite Silva Universidade Estadual de Monte Claros / Programa Institucional de Bolsas de Iniciacao a

docencia

Maria Rachel Alves Universidade Estadual de Monte Claros / Programa Institucional de Bolsas de Iniciacao a

docencia

Adalton Vinicios Veloso Silva Universidade Estadual de Montes Claros / Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

Docência

Simone Mendes Medeiros Universidade Estadual de Montes Claros / Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

Docência

Maria Tereza Carvalho Almeida Universidade Estadual de Montes Claros

Fernanda Alves Maia Universidade Estadual de Montes Claros/Programa Institucional de Bolsas de Incentivo à

Docencia

Resumo

O jogo de xadrez pode ser utilizado no ambiente escolar para contribuir na

aprendizagem de vários conteúdos e disciplinas, em especial, da

matemática. Este trabalho pretende divulgar os resultados de uma pesquisa

monográfica cujo objetivo era identificar as contribuições do jogo de xadrez para o processo de ensino-aprendizagem da disciplina de

Matemática nos anos iniciais do ensino fundamental, em uma escola

participante do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). A pesquisa foi realizada em uma escola da rede municipal

localizada na cidade de Montes Claros/ Minas Gerais/Brasil. Com intuito

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

437

de atingir o objetivo proposto, empreendeu-se um estudo de caráter

qualitativo e quantitativo, que teve como instrumento de coleta de dados

questionário aplicado aos alunos de uma turma do 5º ano do ensino fundamental e dois testes, um no início da pesquisa e outro ao final e

observação participante. Para verificar as contribuições do xadrez para o

ensino da Matemática foi elaborado e aplicado um projeto de ensino constituído de 19 encontros que foi dividido em etapas: história do xadrez,

tabuleiro, peças, preparação das peças para o início do jogo, movimento e

valor das peças, movimentos especiais, xeque e xeque mate, notação da

partida, análises e reflexões de partidas de xadrez. Há condições de afirmar que os objetivos da pesquisa foram alcançados, tendo em vista que os

dados apresentados possibilitaram conhecer a percepção dos alunos diante

do jogo de xadrez. Observou-se a partir da pesquisa realizada que o jogo de xadrez na escola pode ser utilizado como um recurso pedagógico que

auxilia no desenvolvimento do educando, melhorando o seu desempenho

escolar, principalmente na disciplina de matemática, uma vez que através

desse jogo pode-se trabalhar vários conteúdos matemáticos.

Palavras-chave:

Jogo de xadrez; Ensino/aprendizagem da Matemática; Recurso pedagógico.

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53. ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL,

GESTÃO E LIDERANÇAS

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

439

53.1. Relações Profissionais dos Professores: que mudanças com a formação de agrupamentos de grandes dimensões

Magda Mesquita Universidade Aberta

Isolina Oliveira Universidade Aberta

Resumo

In this communication we present a study which aims at understanding the impact of the recent transformation of Portuguese schools into big school

clusters on teachers' professional relationships, as well as on their level of

participation in school life.

The investigation relied on the notion of social capital, which regards the bonds created between individuals of the same group or social network as

benefits.

The empirical research focused on three clusters of schools in central Portugal, and was based on a questionnaire survey to the teachers, and on

document analysis.

A preliminary analysis of the data concludes that teachers still help one

another in professional issues, and trust each other to share difficulties they experience with students.

However, they show less motivation to participate in school life and extra-

curricular activities.

Palavras-chave:

Social capital; Teacher professional relationships; School clusters.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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53.2. Brasil e o fortalecimento dos conselhos escolares na política educacional

Cileda Perrella FUNDUNESP

Resumo

Após as décadas de 1970 e 1980, marcadas pela ditadura militar e também pela atuação dos movimentos sociais e populares, entre eles o da educação,

tivemos conquistas legais voltadas à democratização da gestão escolar,

como a criação de conselhos escolares com caráter deliberativo. No entanto, a inscrição legal não bastou para que a ocupação desse espaço

democrático garantisse o direito constitucional da participação ativa da

comunidade nas tomadas de decisões da escola. Após a escalada da política

neoliberal no país que marca os anos 1990 e 2000, encontramos, a partir de 2004, o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos escolares

(PNFCE) promovido pelo governo Luiz Inácio da Silva (Lula). Este

Programa se apresenta incentivando a participação da comunidade escolar e local nas tomadas de decisões da escola, proporcionando inclusive cursos

de formação para os conselheiros escolares na modalidade Educação a

Distância (EaD). Surge, portanto, com a intenção de fomentar a proposta de

formação de conselheiros nos 5.570 municípios brasileiros. Em que pese a importância de tal iniciativa, alguns municípios vêm desenvolvendo

processos formativos de conselheiros de escola não pautados

exclusivamente em tal Programa, a exemplo daquele desenhado na política de participação democrática do município de São José dos Campos no

Estado de São Paulo, a partir de 2014, com ênfase na proposta de formação

na modalidade presencial. Essas iniciativas oferecem elementos para serem analisadas em diferentes perspectivas, por exemplo, a partir da forma como

se apresentam aos conselheiros de escola. A partir de estudo documental do

Ministério da Educação (MEC) e da proposta de ação do referido

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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município, à luz da teoria que referencia a participação política como

aquela necessária à prática democrática, este artigo tem por objetivo,

destacar algumas questões dessas iniciativas que fomentam a participação da comunidade na escola. Essas iniciativas podem se apresentar como um

marco na educação pública local e/ou nacional. Nesse sentido, podem

representar tanto inovação quanto continuísmo de políticas que marcam os sistemas públicos de educação.

Palavras-chave:

Fortalecimento do Conselho de Escola; Participação; Políticas

Educacionais; Gestão Gemocrática.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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53.3. Autoridade do Professor e Poder do Aluno – As Perspectivas em jogo

Raimundo Silva Universidade Estadua Vale do Acaraú -Natal-rn

Resumo

The proposed work is based on the research project "Teacher’s Authority and student’s power” that is being developed in the ambit of PhD thesis at

the Faculty of Psychology and Educational Sciences at Coimbra’s

University. The main objective of this research is to understand the meanings attributed to power relations, in the classroom, for teachers and

students and the respective weight in the 'game' of interactions, in the

context of framework simultaneously psychosocial, micro sociological and

pedagogical. The approach, into a methodological point of view, inscribes in the phenomenological-interpretive paradigm (semi-structured interviews

at teachers and students and document analysis) and is sustained in a

multiple case study approach (two public schools in the city of Natal / RN, Brazil). This methodological perspective, we will support the guidelines of

Amado (2013), Bogdan & Biklen (2010), Bardin (2008), among others.

In this communication, despite our concern for interdisciplinary and

holistic understanding of the problem, give special emphasis (as in the final work) the way the problem of "Teacher’s Authority and student’s power”

has been focused, based on the contributions of educational sciences. It is

in this context and in order to understand these constructs the study aims to clarify the following question: What are the meanings attributed by

teachers and students to the teacher's authority and power of the student in

the pedagogical process? This is the initial question that has driven our investigative journey, as in the construction of the theoretical and

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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methodological framework, as in empirical work to teachers and students in

the context of two schools-cases.

Results of Content Analysis - Data collected from the subjects (interviewed 32 teachers and 40 students - from both schools) we can present some

results, although not yet conclusive. Research findings, include, among

other no less relevant, the various types of "student power" that were ascertained, both from the perspective of teachers and students in the

interviewees. Moreover, we will seek, this communication, offering a

relevant contribution to the themes listed and that you associate, hoping to

emphasize the importance of his discussion, in contrast the attitudes and positions of politicians and pedagogues, that for these subjects and to

'cases' that feed them, prefer an action marked by pragmatic values,

effectiveness of immediate (but short-lived) and don’t know the complexity involved in the person of teachers and students and 'senses' that they offer

to the school.

Palavras-chave:

Teacher Authority; Student’s Power; Pedagogical Relation.

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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53.4. A descentralização educacional nos municípios do litoral paranaense

Mary Falcão Universidade Estadual do Paraná

Resumo

O objetivo que moveu este estudo foi analisar o processo de descentralização da educação instituída no estado do Paraná, em três

municípios do Litoral paranaense, a saber: Paranaguá, Matinhos e Pontal do

Paraná no período de 2006 a 2013, após a criação do Fundo de Manutenção Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais da Educação Básica –

FUNDEB. A intenção foi de fazer um levantamento na legislação referente

no financiamento da Educação Básica, mapeando o cenário educacional

desses municípios após o pacto federativo estabelecido pela Constituição Federal de 1988, bem como após a criação da politica de fundos Sendo

assim analisou-se até que ponto essas medidas impactaram as redes

municipais. Portanto, para esse artigo foi importante considerar como essa tendência descentralizante se deu nesses municípios, confrontando com o

projeto hegemônico desenhado nos anos de 1990. Para dar conta do

objetivo proposto foi observado o aumento na demanda educacional,

provocada por um lado pela universalização do Ensino Fundamental e por outro lado pela desregulamentação do Estado, tendo em vista a falta de

efetivo regime de colaboração como propõe o art 211 da CF de 1988. A

base teórica utilizada para a análise considera os trabalhos de pesquisadores tais como Lisete Arelaro ( 1999); Rubens Barbosa de Cargo, (1997) Nalu

Farenzena (2008), Maria Beatriz Luce (2007), que afirmam a tendência

municipalizante como estratégia da desregulamentação do Estado brasileiro e outros como Andréa Barbosa Gouvea e Ângelo Ricardo de Souza (2004),

e Jussara Maria Tavares Puglielli Santos (2003), demonstram o impacto das

medidas descentralizantes no financiamento educacional do estado do

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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Paraná. Sendo assim, trata-se de uma pesquisa analítica que utiliza as bases

de dados do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento

Econômico – Ipardes, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação -FNDE e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira- INEP. Os resultados indicam que o processo de descentralização

desencadeado nos municípios de Paranaguá, Matinhos e Pontal do Paraná- PR levaram esses entes federados arcar com a maior parte do financiamento

educacional da Educação Básica, bem como esses munícipios vem

sistematicamente diminuindo os investimentos na manutenção e

desenvolvimento da educação, bem como na Educação Infantil.

Palavras-chave:

Descentralização; Financiamento; Educação Básica.

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53.5. Contratos de autonomia- entre a retórica e a realidade. Um estudo de caso

Eneida Roldão Alferes Universidade de Aveiro

Resumo

Inseridas num projeto de investigação sobre a autonomia das escolas dos ensinos básico e secundário, consideramos, nesta comunicação, algumas

questões relativas à contratualização da autonomia no âmbito das políticas

educativas impulsionadas nas últimas três décadas, em Portugal. Em primeira instância, julgámos pertinente questionar de que modo os

professores de uma escola secundária e outros atores educativos locais

percecionaram a celebração do contrato de autonomia, atendendo aos

discursos produzidos e às práticas efetivas. Definimos, depois, eixos de análise que permitiram estruturar a pesquisa e clarificar os limites da

investigação. Centrando-nos no objetivo primacial, pretendemos analisar,

deste modo, em que medida o contrato de autonomia configura uma verdadeira forma autonómica de tomada de decisão, numa escola

secundária estatal, segundo o olhar dos referidos atores educativos. No

âmbito da dimensão empírica da pesquisa foi efetuada uma abordagem

qualitativa-interpretativa que se consubstanciou no método de estudo de caso – o estudo de uma escola pública estatal situada no litoral da região

centro de Portugal. Ancorámo-nos, desde o início, num quadro teórico-

conceptual que edificámos e que nos permitiu refletir sobre o caráter polissémico do conceito de autonomia, sobre os tempos do processo da sua

construção e, ainda, sobre o contrato de autonomia como possível

instrumento de mudança nas organizações educativas. Em última análise, sublinhamos que a investigação registou algumas margens de autonomia

decretada na referida instituição escolar. No entanto, o exercício pleno de

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XII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação

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uma autonomia construída, em cujo contexto o contrato de autonomia

assume, decerto, um papel importante, constitui ainda uma miragem

Palavras-chave:

Autonomia da Escola Secundária; Contrato de Autonomia; Mudança.

.

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53.6. Mega-Agrupamentos de escolas: recentralização e lógica dos hipermercados

Jorge Martins Universidade Lusófona do Porto

Resumo

Para concretizar o processo austeritário de “ajustamento financeiro, económico e social” decorrente do empréstimo financeiro feito a Portugal

em 2011, o actual governo, em matéria de administração educativa,

desenvolve um vasto programa de fusões escolares forçadas.

Ao contrário do que tinha ocorrido nos finais da década de 90 com as

associações de escolas - em que os argumentos privilegiavam os percursos

sequenciais e articulados na escolaridade básica obrigatória num dado

espaço coerente, a superação do isolamento de escolas do pré-escolar e do 1º ciclo e a prevenção da exclusão social -, os actuais mega-agrupamentos

foram criados com o objectivo prioritário de poupança pública.

As novas unidades surgem como o suporte de um novo modelo de gestão pública da educação, dito virtuoso” e eficaz na redução da despesa, mas

incapaz de assegurar a qualidade desejável em matéria de administração e

gestão escolares.

De facto, a criação de centenas de mega-agrupamentos por todo o país permitiu várias outras decisões gestionárias de índole orçamental restritivo:

a extinção dos serviços regionais e locais, a não renovação de contratos a

milhares de professores, o aumento generalizado de alunos por turma, o empobrecimento curricular, a proliferação de exames e de avaliações

diversas e o reforço do controlo burocrático-informático centralizado do

sistema.

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Tal como num hipermercado, em que as regras laborais adoptadas e a

enorme escala da procura e da oferta permitem reduzir custos de

funcionamento (sobretudo de salários) e o preço ao consumidor, também nos mega-agrupamentos a lógica mercantilista de vender “não importa o

quê, para muitos, ao mais baixo preço” tende a constituir-se como modelo

de ruptura com o passado recente. Emerge assim um mercado educativo onde a procura é induzida pela oferta e onde cada unidade deve competir

com os vizinhos por mais e melhores alunos, ao mais baixo preço e para

uma determinada especialização educativa e formativa.

Baseando-se em entrevistas aos directores de alguns mega-agrupamentos da cidade do Porto, este texto é uma reflexão sobre o impacto das políticas

recentralizadoras realizadas através e no seio dos mega-agrupamentos. Não

sendo ainda um balanço entre ganhos e perdas produzidas pelas novas realidades de administração e gestão, o texto procura, no entanto,

identificar alguns indicadores capazes de operacionalizar aquele balanço.

Palavras-chave:

Administração e Gestão Educacional; Mega-agrupamentos e

recentralização; Austeridade e mercado educativo, Dualização do sistema

educativo; Indicadores da nova gestão escolar.