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CINE GRÁTIS Breno Alves A temporada de verão é sempre aguardada pelos engravatados de Hollywood com muita ansiedade. E como o objetivo é ganhar di- nheiro, os meses reservados aos grandes lançamen- tos do ano tiveram que aumentar. Hoje, a disputa pelo título de Rei de Hollywood dura praticamente o ano inteiro, com a digna exceção de janeiro e fevereiro, ainda dedicados às produções ligadas às premiações que levam ao Oscar. Então, o termo temporada de verão caiu um pouco em desuso. Este ano, antes mesmo do dia da entrega dos prêmios da Acadêmia, a Universal soltou sua primeira tentativa na insaciável busca pelo primeiro lugar. 50 Tons de Cinza, com seus modestos US$40 milhões de orçamento para os padrões atuais, mostrou ao estúdio que talvez este fosse o seu ano. O filme, baseado num bestseller internacional, sem rostos conhecidos no elenco, o máximo que se podia falar é que era com a filha da Melanie Griffith, acabou sendo o filme número 01 por três semanas consecutivas. Segundo dados do site boxofficemojo, o filme já arrecadou mais de US$ 570 milhões nas bilheterias de todo mundo. E a temporada continuou em alta para o estúdio. Em abril, lançou Velozes e Furiosos 7 e pela primeira vez em sua história cruzou a marca do bilhão. O filme arrecadou até agora mais de um bilhão e meio de dólares em todo mundo. O orçamento também não foi nada singelo: US$190 milhões. O atual campeão da temporada foi o último filme da série Parque dos Dinossauros. Até o momento, arrecadou US$1,668,714,30 nas bilheterias. Um número não esperado, especialmente nos EUA, onde conseguiu mais de US$652 milhões. Apesar da qualidade discutível, é o número 01 até o momento (Guerra nas Estrelas está chegando) e também é um lançamento da Universal, que vive um de seus melhores anos desde que foi fundada em 1912. É o estúdio mais antigo da capital do cinema e ficou mais conhecido pelos filmes de terror que realizava nos anos 30 do século passado com Borlis Karloff e Bela Lugosi, pelos trabalhos da dupla Rock Hudson e Doris Day e por ter sido uma das casas de Steven Spielbeg até ele lançar seu próprio estúdio em meados dos anos 90.Isso tudo para dizer que vivemos a era das grandes bilheterias e, consequentemente, dos grandes orçamentos. Produções que geram números absurdos não são nenhuma novidade, o novo aqui é que isso é tudo o que os produtores buscam hoje em dia. Filmes de orçamento médio são descartados por não darem lucros gigantescos. E para fazer a roda girar, é preciso que entre muito dinheiro. Voltemos ao 50 Tons de Cinza e seu simbólico US$40 milhões de orçamento. Neste filme,os produtores confiaram no poder de fogo dos milhões de livros vendidos, economizaram no elenco e tiraram um blockbus- ter de um filme médio. O custo de produção não incluiu o valor de divulgação que às vezes chega a duplicar o valor de investimento. E de todos esses dólares que jorram das bilheterias, parte fica com os exibidores e outra parte com impostos. Além disso, não estão pensando em um filme, mas em uma série de quatro que podem estender ainda mais. O segundo filme já está em produção e deve vir com um orçamento bem mais inflacionado. A máquina é cara. A consequência para nós, público, é que o número de lançamentos todos os anos diminui. Até mesmo Hollywood tem um limite para ficar gastanto US$300 milhões por filme. Não fazem cortes, mas produzem menos. E a principal vítima da queda de produção é a diversidade. Filmes de orçamento médio com apelo adulto acabam não sendo mais realizados. Os estúdios investem cada vez mais no certo e em filmes que possam ser serializados durante 10 anos, que brinquedos em parques de diversões possam ser criados para aproveitar o sucesso nas salas e milhões de outros produtos. Não existem Dakota Johnson e Jamie Dornan em “50 Tons de Cinza”. A NOVA HOLLYWOOD

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CINE GRÁTISBreno Alves

A temporada de verão é sempre aguardada pelos engravatados de Hollywood com muita ansiedade. E como o objetivo é ganhar di-

nheiro, os meses reservados aos grandes lançamen-tos do ano tiveram que aumentar. Hoje, a disputa pelo título de Rei de Hollywood dura praticamente o ano inteiro, com a digna exceção de janeiro e fevereiro, ainda dedicados às produções ligadas às premiações que levam ao Oscar. Então, o termo temporada de verão caiu um pouco em desuso.

Este ano, antes mesmo do dia da entrega dos prêmios da Acadêmia, a Universal soltou sua primeira tentativa na insaciável busca pelo primeiro lugar. 50 Tons de Cinza, com seus modestos US$40 milhões de orçamento para os padrões atuais, mostrou ao estúdio que talvez este fosse o seu ano. O filme, baseado num bestseller internacional, sem rostos conhecidos no elenco, o máximo que se podia falar é que era com a filha da Melanie Griffith, acabou sendo o filme número 01 por três semanas consecutivas. Segundo dados do site boxofficemojo, o filme já arrecadou mais de US$ 570 milhões nas bilheterias de todo mundo.

E a temporada continuou em alta para o estúdio. Em abril, lançou Velozes e Furiosos 7 e pela primeira vez em sua história cruzou a marca do bilhão. O filme arrecadou até agora mais de um bilhão e meio de dólares em todo mundo. O orçamento também não foi nada singelo: US$190 milhões. O atual campeão da temporada foi o último filme da série Parque dos Dinossauros. Até o momento, arrecadou US$1,668,714,30 nas bilheterias. Um número não esperado, especialmente nos EUA, onde conseguiu mais de US$652 milhões. Apesar da qualidade discutível, é o número 01 até o momento (Guerra nas Estrelas está chegando) e também é um lançamento da Universal, que vive um de seus melhores anos desde que foi fundada em 1912. É o estúdio mais antigo da capital do cinema e ficou mais conhecido

pelos filmes de terror que realizava nos anos 30 do século passado com Borlis Karloff e Bela Lugosi, pelos trabalhos da dupla Rock Hudson e Doris Day e por ter sido uma das casas de Steven Spielbeg até ele lançar seu próprio estúdio em meados dos anos 90.Isso tudo para dizer que vivemos a era das grandes bilheterias e, consequentemente, dos grandes orçamentos. Produções que geram números absurdos não são nenhuma novidade, o novo aqui é que isso é tudo o que os produtores buscam hoje em dia. Filmes de orçamento médio são descartados por não darem lucros gigantescos. E para fazer a roda girar, é preciso que entre muito dinheiro. Voltemos ao 50 Tons de Cinza e seu simbólico US$40 milhões de orçamento. Neste filme,os produtores confiaram no poder de fogo dos milhões de livros vendidos, economizaram no elenco e tiraram um blockbus-ter de um filme médio. O custo de produção não incluiu o valor de divulgação que às vezes chega a duplicar o valor de investimento. E de todos esses dólares que jorram das bilheterias, parte fica com os exibidores e outra parte com impostos. Além disso, não estão pensando em um filme, mas em uma série de quatro que podem estender ainda mais. O segundo filme já está em produção e deve vir com um orçamento bem mais inflacionado. A máquina é cara. A consequência para nós, público, é que o número de lançamentos todos os anos diminui. Até mesmo Hollywood tem um limite para ficar gastanto US$300 milhões por filme. Não fazem cortes, mas produzem menos. E a principal vítima da queda de produção é a diversidade. Filmes de orçamento médio com apelo adulto acabam não sendo mais realizados.

Os estúdios investem cada vez mais no certo e em filmes que possam ser serializados durante 10 anos, que brinquedos em parques de diversões possam ser criados para aproveitar o sucesso nas salas e milhões de outros produtos. Não existem Dakota Johnson e Jamie Dornan em “50 Tons de Cinza”.

A NOVA HOLLYWOOD

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mais executivos cinematográficos que gostam de filmes como havia antes e a possibilidade de surgir um novo Quentin Tarantino fica cada vez mais rara.

No ano de 2000, quando as consequências dos lucros bilionários de Ti-tanic(1997) ainda estavam no começo, dos 19 filmes lançados pelo estúdio Universal havia filmes como Erin Brockovich, a comédia Entrando numa Fria, o drama The Hurricane e o suspense O Colecionador de Ossos. Filmes com ótimos elencos, diretores experientes e estórias muito bem contadas. Todos na faixa dos US$50/US$60 milhões com bilheterias internacionais que não passaram dos US$ 200 milhões. No cenário atual, eles teriam de ser produzidos por muito me-nos. Para se ter uma idéia, Para Sempre Alice (2014), que deu o Oscar de melhor atriz para Julianne Moore este ano custou apenas US$5 milhões e rendeu quase US$42 milhões. De alguma forma, eles acham isso pouco. A Universal lançou The Visit este ano, um suspense criado por M. Night Shyamalan, diretor indicado ao Oscar por O Sexto Sentido. Os últimos dois filmes realizados por ele rende-ram cerca de US$ 600 milhões internacionalmente. Grandes produções, cheias de efeitos especiais. Para o seu suspense familiar teve que se virar com US$5 milhões para produzir. Simplesmente não estão interessados em filmes peque-nos, mesmo ele gerando uma bilheteria de US$92 milhões. Agora, até quando Shyamalan, um profissional bem sucedido, irá aguentar fazer filmes como se fos-

se um recém formado se virando para lançar o primeiro filme? A qualidade tende a cair. Nada contra a onda de herois criada pela Marvel, a série Harry Potter ou o último Homem de Aço (2013) que custou US$225 milhões e valeu cada centavo. É muito bom poder ver um grande filme de aventura, mas poder assistir um bom policial ou uma leve comédia também tem o seu lugar. A diversidade dura pouco nas salas de cinema pois na próxima semana todas elas precisam estar dispo-níveis para o próximo filme da série do momento. Ainda é possível ver alguma diversidade, mas imagino até quando os envolvidos irão aceitar as reduções no orçamento. E como essas produções dominam o mercado, ir para cinematogra-fias de outros países está cada dia mais difícil também.

Para quem curte um cinema diferente nos resta fazer o mesmo que aqueles que disseram não para esta nova Hollywood. Os canais a cabo e sites de video on demand, como o Netflix, viraram um imã de grandes diretores, autores e ato-res. Steven Soderberg declarou que aposentou de vez das grandes telas e agora foca na criação de séries. Jodie Foster virou a diretora de diversos episódios de Orange is the New Black. Martin Scorsese (Boardwalk Empire), David Fincher (House of Cards) e muitos outros estão migrando para essa nova tela com muito mais liberdade, orçamentos bem mais adequados e com grande sucesso. Até mesmo Woody Allen, que há mais de dez anos deixou os Estados Unidos e foca em produções com fundos de investimentos internacionais, irá estrear uma nova série no Amazon TV em 2016. A solução é investir em uma televisão maior, se ligar nos canais online e seguir os bons trabalhos. Afinal, quando chega a hora do novo episódio de Game of Thrones, o mundo praticamente para.

Chris Pratt no filme mais visto do ano, “Jurassic World”.Chris Pratt no filme mais visto do ano,“Jurassic World”.

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AMOR ANIMALFernanda Gomes

A castração sistemática dos animais é uma das soluções encontradas pela sociedade para impedir a proliferação principalmente

de cães e gatos, iniciativa que acaba também por preservar a saúde dos bichinhos, pois ao repro-duzirem-se sem assistência adequada os animais encontram todo tipo de privação, inclusive de alimentos. Os Mutirões de Castração reúnem profissionais e voluntários ligados à causa e vêm acontecendo em várias localidades do município. No mês de novembro de 2015 foi a vez do Mu-tirão de Piedade do Paraopeba que contou com a equipe do Dr. Roberto Toledo nos procedimen-tos cirúrgicos, Giovanna Sá na coordenação da iniciativa e 15 apoiadores voluntários. Uma das voluntárias do evento, Juliana Alvarez, moradora do Mãe Terra, resgatou uma cadela no cio que estava há dias perdida na portaria do Condomí-nio. Até então chamada de Carol, essa cadela foi castrada com dinheiro doado pelos próprios voluntários. Eu e Mirinha Badaró, condôminas retirenses, também participamos como apoiado-ras do evento. Mirinha, inclusive, cedeu sua casa no Retiro do Chalé para abrigar duas cadelas de rua que foram castradas. Uma dessas cadelas era a Carol, aquela que fora recolhida na portaria do Mãe Terra. Muito dócil e debilitada, não tinha hábitos de rua, ficou quietinha no espaço que arrumamos como se estivesse no paraíso!!!

Mas ela merecia muito um lar e foi outra vez com o empenho da Mirinha que apareceu um príncipe salvador para adotá-la. Rebatizada com o nome de Mel, pela doçura que mostrou desde os primeiros minutos de acolhida, hoje ela está muito bem, carinhosamente tratada por Bernardo Marinho Machado e seu irmão Gustavo em sua nova casa na Pampulha, em Belo Horizonte.

O caso da Mel, infelizmente, é mais comum do que gostaríamos que fosse.

Acontece que muitas vezes os donos mu-dam de casas para apartamentos e cachorros de grande porte que moravam na casa com a família acabam ficando no local, abandonados. É triste, mas é uma realidade recorrente.

Enfim... a empreitada do Mutirão foi positiva e terá várias outras versões em 2016. Aguar-dem. E ajudem-nos com as doações e partici-pação voluntária. A causa é nobre.

O delicado trabalho das apoiadoras.

Equipe veterinária do Dr. Roberto em ação.

Foram castrados 45 animais en-tre cães, gatos e até uma coelha.

Castração é alternativa para controle da população de animais abandonados

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CAUSOS E PROSASMarcelo Donizeti de Queiroz

E a mula escafedeu-se...

No início era tudo bem diferente, muito mais trabalhoso! A administração central do Re-tiro do Chalé era em BH. No Condomínio,

sede da antiga Fazenda, apenas a administração local, exercida pelo Sr. Benedito Paixão, que cui-dava de praticamente tudo. Havia ali também um mercadinho, que supria produtos de necessidades básicas, gás e outros.

O asfalto era só do alto da Serra até a portaria I e internamente contemplava apenas as aveni-das e alamedas principais. O restante do asfalto foi construído mais tarde, na administração do Dr Luiz Cláudio.

Nos primórdios do Condomínio Retiro do Chalé, lá bem no comecinho, início da década de 1980, não havia vigilância motorizada. Durante o dia só funcionavam as portarias com porteiros vigilantes, funcionários do próprio Condomínio. As divisas do Condomínio eram praticamente todas sem cercas. À noite a ronda era feita a cavalo com vigilância armada. Na Fazenda havia três vacas que forneciam leite para os apoios e empregados do Condomínio. Para a vigilância montada noturna, havia cinco animais de sela, três mulas e dois cavalos.

O Seu Teotônio Paulo Cotta era o vigilante no-turno, o cavaleiro das madrugadas, que trabalhou nos lombos dos animais percorrendo as avenidas

e alamedas do Retiro por, nada menos, que cinco longos anos, sempre em companhia do Braseado, um cão fila gigante, seu fiel escudeiro, estivesse ou não chovendo, fazendo calor ou frio. Conta ele que, no inverno, descia uma névoa branca da serra, o “brumadinho”, trazendo um frio de doer os ossos. Hoje Seu Teotônio é o nosso persona-gem com suas pitorescas passagens e peripécias de bom contador de histórias e amante do seu trabalho dentro do Retiro do Chalé.

Certa noite chovia tanto, mas tanto... Trovejava e relampejava freneticamente, que o Seu Teo-tônio, mesmo vestido com uma robusta capa de chuva, foi obrigado a parar para esconder-se da chuva, essa era também uma das recomendações do Bené Paixão, o encarregado, abrigar-se sob chuva forte. O tempo tinha agachado mesmo, parecia mais um dilúvio, queria o mundo acabar-se em águas...

Naquela noite sua cavalgadura era uma mulona muito alinhada, forte e esperta. Segundo as palavras do Sr Teotônio, a sua montaria favorita para a ronda. Era um animal de causar inveja, que tilintava melodicamente suas ferraduras no asfalto recém-construído do Condomínio. Podia-se ouvir de longe o repique forte, firme e ritmado de suas patas ferradas pelos logradouros retirenses.

Por causa da tempestuosa chuva, ele apeou da mulona, cobriu-a com a capa de chuvas para não molhar o arreio e amarrou-a em uma árvore ao lado da obra da casa do Sr. Joaquim Varela Carneiro, na Av do Clube, adentrou a construção em companhia do Braseado para aguardar o tem-poral passar. Quando já em seu posto de refúgio, caiu um violento raio na rede elétrica, riscando o céu com corisco resplandecente, o transformador deu um estouro violento, seguido de um trovão ensurdecedor, que deixaram o Seu Teotônio e o Braseado tontos e atordoados no escuro total. A mulona assustou-se demais, estacou e em seu brusco movimento de libertação e pavor, arreben-tou o cabresto e suverteu-se no mundo, escafe-deu-se ladeira abaixo, galopando desesperada-mente, deixando para trás o cavaleiro e seu cão de guarda a pé em plena madrugada, grogues, desnorteados e no breu. A mula perdeu a capa no meio do caminho e foi parar lá na fazenda com a arreata quase caindo e bufando ofegantemente.

Seu Teotônio conta que a chuva só deu trégua mesmo com o dia já raiando, foi quando ele pode abandonar seu refúgio e seguir a pé, em com-panhia do Braseado até a sede da Fazenda para encerrar seu turno de vigilância.

Quando hoje aqui vivemos na tranquilidade, às vezes nos esquecemos das histórias ocorridas nos tempos de instalação, dos primeiros mora-dores e empregados desse nosso paraíso, como esse causo narrado acima.

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EXPEDIENTE

O nome é bem sugestivo né? Como vocês já sabem, eu adoro um golinho e ime-diatamente disse ao meu marido que

eu só aceitava a péssima ideia dele de ver o canal do Panamá, se de lá fossemos dar umas voltinhas em Cuba... libre de preferência é claro, e assim foi...

Era final de maio e o programa prometia ser a viagem do “touro sentado”. Como sempre, o meu amado e amarrado marido, comprou as passagens mais baratas ofertadas na internet e fomos primeiro de Belo Horizonte ao Rio.

Esperamos horas a fio no caótico aeroporto da cidade perigosa e embarcamos para Manaus para pegarmos mais uma conexão, que óbvio, não era imediata, para o Panamá. Vinte e qua-tro horas depois, conseguimos chegar. Ele, eu e o meu lindo corpitcho todo quebrado, dolorido, inchado e muito amarrotado. O meu espírito coitado! pelo visto ainda estava no Galeão e, foi por isso, que o marido sortudo escapou de um fulminante ataque do meu mais refinado mau humor, ficando livre dos meus 5 minutos de pouco juízo e a mais pura sinceridade.

O avião, lógico, parou na pista, bem longe daqueles benditos bracinhos mecânicos que nos levam confortavelmente de ar refrigerado até o aeroporto. Quando descemos... Putz!!! Levei

VASTO MUNDO, LOUCO MUNDO

Bendita Pina

“des”coladaum bofete de bafo quente na cara. Mereço! Juro que achei que ia desmaiar.

O marido alto e branquelo, foi literalmente cozido a vapor, e, como um camaleão, mudou rapidamente de cor e se transformou numa nova versão: vermelho arroxeado.O que eu queria mesmo, era chegar logo ao hotel e cair durinha da silva na cama do quarto geladinho por dias.

O Panamá é um forninho de clima úmido, perfeito para assar um pãozinho. Achei que era melhor eu me adaptar já que ia ficar 5 dias inteirinhos ali. Afff....

A cidade é bem interessante, os ônibus que circulam pelo centro antigo são do tipo jar-dineiras, bonitinhas, muito enfeitadas e bem coloridas. Um verdadeiro bazar de turco. Tem até fitinhas...

A parte antiga da cidade é bem peculiar, mui-tos orientais, o que me fazia lembrar dos bairros chineses dos filmes holywoodianos dos anos 90.

A parte moderna é composta de grandes arranha-céus cercando toda a orla marítima. Surpreendentemente lindo.

O dólar é a moeda do país, o inglês é falado nas ruas como segunda língua e o governo que é bem bonzinho, incentiva com redução especial de impostos a entrada de estrangeiros que, ao se aposentarem são tentados a morar no país, o que faz da Cidade do Panamá o lugar mais internacional das Américas.

Para falar a verdade, superado o calorão, até que gostei do lugar. O marido só quis vir, para conhecer o famoso canal, que nada mais é que uma passagem estreita de água, cons-truída pelos espertos americanos, para ligar o Atlântico ao Pacífico. Como os dois oceanos têm uma diferença substancial do nível do mar, eles fizeram uma coisa chamada “Eclusa”, que segundo o Wikipédia, nada mais é que “uma

obra de engenharia que permite as embarcações passarem de um lugar para o outro onde há desníveis de água”.

Com essa obra, por muito tempo, os ameri-canos controlaram o lugar e ganharam muito dinheiro, cobrando para passar navios de um lado do mundo para o outro.

O local fica cheio de turista esperando algum navio passar, sentados é lógico, para não cansar, em uma arquibancada no calor, é claro. Sinceridade, essa foi a coisa mais chata que eu já vi em toda a minha vida, e o asninho do meu marido resolveu empacar ali, horas a fio, em-basbacado com aquele troço. Haja paciência! Queria tanto estar numa sapataria.... Sniff!

Ele ficou tão cozido que mais parecia uma beterraba. O problema foi que à noite ele já não dava conta de mais nada e não quis saber de sair do quarto refrigerado e ficou ali, encalhado.

Já eu, tava com o gás todo e queria conhecer a noite da cidade. O problema era que ele, cozi-do, cansado e no mínimo desidratado de tanto babar olhando embasbacado a tal da eclusa, recluso ficou e não quis saber de mais nada.

Foi assim, que liguei para a recepção e pedi um carro com motorista para conhecer a vida noturna local. O chouffeur, um senhor já de meia idade, me levou para jantar em um lugar típico, com show e tudo. Coisa de turista. A comida estava ótima e a pina alcoolicamente colada e geladinha, estava uma delícia. Acabando o jan-tar o show começou. Os dançarinos com roupas coloridas, dançaram, cantaram e antes do final do espetáculo, resolveram tirar alguém da as-sistência para participar do show. Vocês nem se dão conta do tanto que eu odeio isso. Tentei me esconder atrás da sombrinha de papel japonesa que ainda se encontrava no meu copão de pina colada em vão. Eu era a única turista otária e

Pantera

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solitária do local e infelizmente, o dançarino me puxou da mesa e antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, lá estava eu requebrando palco afora. Empolguei legal! Dancei tanto que fui ovacionada e aplaudida de pé. Saí de lá me sentindo o último biscoito do pacote. Bendita pina “des”colada.Ainda era cedo, e eu com o gás todo, pedi ao motorista que me levasse para conhecer outro lugar. Ele parou o carro na porta de um estabelecimento todo fechado, e tive que comprar ingresso para entrar. Lá dentro era muito escuro, mais parecia um cinema com as poltronas dispostas uma ao lado da outra e um palco na frente. Achei o ambiente meio estranho.De repente, o palco iluminou e apareceram três mulheres semi- nuas dançando sensualmente. Só caí em mim e per-cebi onde estava quando elas tiraram a calcinha expondo sem o menor pudor as genitálias.

Olhei para os lados e vi que lá só tinha homens e claro e o safado do meu motorista. Levantei num só golpe, fula da vida e o tirei de lá na mesma hora. Eca! E pensar que paguei aquela fortuna para ver uma xó...!

Óbvio que dei um bom esculacho no moto-rista.Como estava sem o marido, aproveitei a oportunidade e pedi ao safado que me levasse ao Cassino para fazer algo que adoro e que o marido não me deixa fazer: jogar. No Cassino, corri para as maquininhas de vídeo pocker que eu amo, e pasmem...ganhei!Peguei meu di-nheirinho e fui contente da vida embora para o hotel. Lá chegando, me aconcheguei ao lado do meu “cozido” e amado marido e de conchinha adormeci.No dia seguinte, levantamos cedo para ir ao aeroporto pegar o avião para Cuba. Mas...essa é uma outra estória que continua no próximo número: CUBA LIBRE....mas nem tanto.

P.S - Odiei a tal da eclusa.

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ARTE E CULTURARedação

MicromacrofieldTelas audiovisuais de Jr. Presotti registram

nossas águas como arte viva.

Jr Presotti ao lado de sua musa, a água.

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BALCÃO DE BACOJúlio César Luciano

O Retiro do Chalé é cortado por dois córregos. Um deles nasce nas imediações da Praça da Pedra, na Avenida da Cachoeira, e vai

escorrendo rumo à Lagoa. No caminho, passa no fundo de quintal de casas onde cria remansos, po-ças, corredeiras e todos esses variados modos que as águas tomam para chegar a seu destino. Mas quando adentra um determinado quintal do trajeto, o córrego se depara com o olhar atento de Jr.Pre-sotti, senhor do micro e do macro, incansável editor de cenas. O córrego vira então atelier/cenário e sua água personagem.

Nasce o Micromacrofield, trabalho espontâneo, conceitual e subjetivo do artista mineiro de Belo Horizonte, morador do Retiro do Chalé e caçador de águas desde sempre.

Jr. Presotti gosta de dizer que “a Natureza cria e eu enquadro.” Com suas telas audiovisuais vivas, o artista tenta passar a simplicidade da Natureza adotando um estilo contrário ao que se faz hoje em produção de imagens que usa a câmera sempre em movimento. No Micromacrofield, Jr. Presotti trabalha com câmera estática. A ação fica por conta do movimento da Natureza, sempre no suporte da água, elemento que absorve a luz, a sombra, o ven-

É impressionante a be-leza que a água revela.

to, as folhas – o universo em volta. “No pequeno campo (micro) busco a representação do universo (macro)”.

Luz, transparência, reflexos, a composição do background, dos ambientes”, diz ele. O resul-tado oferece ao espectador uma experiência estética original e surpreendente, tendo como cena viva o simples, o mínimo, o não-visto, o close-up da Natureza.

A ideia de realizar este projeto artístico nasceu em 2007 quando Jr. Presotti criou o vídeo “Natureza da Vida”, onde desenvolveu o conceito de água como vida. Filmou então, no Córrego do Bação, em Itabirito, águas calmas, águas agita-das, água parada, águas secando, lama e, enfim, a terra seca, em um paralelo com o decorrer de nossa própria vida. O vídeo ganhou o Festival Internacional de Cabo Frio de 2007, na categoria vídeo-arte, mídias móveis.

Em 2008, quando mudou-se com a família para o Retiro do Chalé, encontrou aqui, no seu atelier/córrego, as condições que precisava para dar conti-nuidade ao fio d’água que escorria do “Natureza da Vida”. Na verdade, vieram com ele todo um pas-sado onde estão demarcadas influências artísticas

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EXPEDIENTE

que não se perderam, como a de sua mãe, a artista plástica Laura Presotti, e a de seu “segundo pai”, o escultor Guido Rocha.

A obra Micromacrofield já conta hoje com quase uma centena de vídeos, todos com duração média de 1 minuto, e foi idealizada para ser apresentada atra-vés de projeção audiovisual em instalações internas ou externas. Pode ser montada em museus, galerias, ruas, praças e avenidas, espaços abertos ou fecha-dos e os vídeos podem ser projetados em telas em pano, vinil ou nas fachadas de edifícios arquitetôni-cos. Uma intervenção urbana que pretende transfor-mar ruas e avenidas de grandes cidades através da projeção de imagens e sons da Natureza que buscam trazer de volta àquelas paisagens as nascentes, os córregos e os rios que um dia ali existiram.

Este é Jr. Presotti, um homem que quando não faz nada, faz arte. Um retirense que além de empre-sário, repórter cinematográfico, roteirista e editor de imagem com extenso currículo de trabalhos prestados a empresas como Vale do Rio Doce, Aço-minas, Câmara Municipal de BH, Andrade Gutierrez e Sesi Minas, entre outras, ainda é capaz de ouvir o canto das águas, focar detalhes e revelar universos. Com a simplicidade de um monge e a competência de um mestre.

Micromacrofield está no Vimeo e no Facebook/Perfil Jr. Presotti Micromacrofield.

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NÓS & ELOSVirgínia Paula Castelo Branco Paes

Bicicleta também é coisa de adulto!

Quem nunca teve uma bicicleta na infância, ou pelo menos teve o desejo de ter uma?

Mesmo depois de adultos, as magrelas ainda são sinônimo de brincadeira, alegria e convívio social. O ciclismo é,

além de atividade lúdica, um esporte que você pode praticar e, ao mesmo tempo, interagir com os amigos. Especialmente ao subir as monta-nhas, quando um bom papo ajuda a chegar mais rápido e faz parecer que o esforço é menor.

Pedalei a vida toda e estou chegando à conclu-são que o ciclismo é o esporte ideal para a “melhor idade”, meu próximo projeto (risos). Além de fazer bem para o sistema cardiorrespiratório, é um esporte que não tem impacto. Pode funcionar como ginástica localizada; exige mais das pernas, por causa do movimento contínuo, mas músculos no braço, tórax, peitoral e dorso também são ativados para garantir sustentação e o equilíbrio do corpo nas diferentes situações (descida, subida, curva inclinada etc). O exercício abdominal fica por conta das risadas que damos nas trilhas!

No nosso Retiro, temos vários adeptos desse esporte. Tanto para pedalar no asfalto, quanto para se aventurar nas inúmeras estradas de terra e trilhas da região. E, claro, tomar aquela cerve-jinha gelada com torresmo no bar Ventania, em Suzana. A primeira cerveja após a pedalada é chamada de “limpa serpentina” porque, segundo os Deuses das Trilhas (Mitologia Ciclística), o

néctar da cevada, combinado com a endorfina e a adrenalina produzidas durante a pedalada, é direcionado rapidamente aos centros de prazer do cérebro, fazendo seu “serviço” e, de lá, vai para o espírito, sem acumular no tecido adiposo. Diz a lenda, e eu acredito! A partir da segunda cerveja, os Deuses já não garantem nada...

Mas atenção: esse efeito divino só se dá após a pedalada. Não adianta pular etapas nes-se processo mágico, indo direto para o boteco. E, para os menores de 18 anos, nem pensar.

Pedalar faz bem para a saúde e para a alma. Quem faz uso da bike regularmente não tem stress, é uma pessoa sadia e feliz. Por isso, venha ser feliz com um de nossos grupos de pedal. Temos grupos de iniciantes, intermediários, avançados, psicopatas e aloprados. O importante é movimentar o corpo, energizar a vida! Traga seu sorriso, junto com equipamento de segurança mí-nimo (capacete, luvas, óculos) e entre em contato para participar de um dos grupos: (31) 99958 0916 – Virgínia Paula. Pelo WhatsApp você saberá o nível do pedal, horário e local de saída. Também organizamos pedaladas dentro do Condomínio, com toda a segurança que ele oferece.

Esperamos você!

Chegando de um pedal os condôminos Máio Viegas, Virgínia Paula e Virgínia Leal.