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Cinesiologia e Biomecânica

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João Paulo Manfré dos Santos

Cinesiologia e Biomecânica

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Manfré, João Paulo

ISBN 978-85-8482-275-1

1. Cinesiologia. 2. Biomecânica. 3. Amplitude de movimento. I. Título.

CDD 612

Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. 192 p.

M276c Cinesiologia e biomecânica / João Paulo Manfré. –

© 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e

transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.

Presidente: Rodrigo GalindoVice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava

Gerente Sênior de Editoração e Disponibilização de Material Didático: Emanuel Santana

Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra DannaCoordenação de Produção: André Augusto de Andrade Ramos

Coordenação de Disponibilização: Daniel Roggeri RosaEditoração e Diagramação: eGTB Editora

2016Editora e Distribuidora Educacional S.A

Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João PizaCEP: 86041-100 — Londrina — PR

e-mail: [email protected] Homepage: http://www.kroton.com.br/

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Sumário

Unidade 1 | Conceitos Básicos da Cinesiologia e Biomecânica

Seção 1 - História da cinesiologia e biomecânica1.1 | Evolução histórica

Seção 2 - Introdução à análise do movimento2.1 | Definições

2.2 | Revisão anatômica

2.3 | Ângulos de movimentos

2.4 | Terminologia básica do movimento humano

2.5 | Planos e eixos

Seção 3 - Conceitos sobre as unidades de força3.1 | Torque ou momento de força

3.2 | Sistemas de força

3.3 | Aplicação da força

3.4 | Alavancas

3.5 | Formas de movimento

Unidade 2 | Cinesiologia e biomecânica relacionada aos movimentos

dos membros superiores

Seção 1 - Cintura Escapular1.1 | Anatomia da Cintura Escapular

1.2 | Articulação Glenoumeral 1.3 | Articulação Esternoclavicular

1.4 | Articulação Acromioclavicular

1.5 | Articulação Escapulotorácica

1.6 | Movimentos da Escápula

1.7 | Movimentos do Ombro

Seção 2 - Cotovelo2.1 | Revisão Anatômica

2.2 | Articulação Umeroradial

2.3 | Articulação Umeroulnar

2.4 | Articulação Radioulnar Proximal

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2.5 | Movimentos do Cotovelo

Seção 3 - Punho e Mão3.1 | Punho

3.2 | Mão

3.3 | Articulação Trapeziometacárpica

3.4 | Articulações Carpometacárpicas

3.5 | Articulações Metacarpofalangeanas

3.6 | Articulações Interfalangeanas

3.7 | Movimentos

Unidade 3 | Cinesiologia e biomecânica relacionada aos movimentos

dos membros inferiores

Seção 1 - Quadril1.1 | Revisão anatômica

1.2 | Cinesiologia do quadril

1.3 | Biomecânica do quadril

Seção 2 - Joelho2.1 | Revisão anatômica do joelho

2.2 | Cinesiologia do joelho

2.3 | Biomecânica do joelho

Seção 3 - Tornozelo e pé3.1 | Anatomia do tornozelo e pé

3.2 | Cinesiologia do tornozelo e pé

3.3 | Biomecânica do tornozelo e pé

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Unidade 4 | Cinesiologia e biomecânica relacionada aos movimentos

do tronco

Seção 4 - Coluna cervical1.1 | Revisão anatômica

1.1.1 | Curvas fisiológicas

1.1.2 | Vértebra típica

1.1.3 | Vértebras cervicais

1.1.4 | Articulações entre os corpos vertebrais

1.1.5 | Articulações entre arcos vertebrais

1.1.6 | Articulações especiais da coluna cervical

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1.1.7 | Sistema muscular

1.1.8 | Anatomia neural

1.2 | Cinesiologia e biomecânica

1.2.1 | Forças atuantes sobre a coluna

Seção 2 - Coluna torácica2.1 | Revisão anatômica

2.1.1 | Vértebras torácicas

2.1.2 | Tórax

2.1.3 | Articulações entre as costelas e as vértebras

2.2 | Cinesiologia e biomecânica

2.2.1 | Movimentos

2.2.2 | Forças e cargas

Seção 3 - Coluna lombar e pelve3.1 | Revisão anatômica

3.1.1 | Vértebras lombares

3.1.2 | Sacro

3.1.3 | Cóccix

3.1.4 | Articulações sacroilíacas

3.2 | Cinesiologia e biomecânica da coluna lombar

3.2.1 | Estabilização da coluna

3.2.2 | Forças e cargas

3.2.3 | Papel do disco intervertebral

3.3 | Cinesiologia e biomecânica da pelve

3.3.1 | Curvas fisiológicas

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Apresentação

Caro(a) aluno(a)! É com grande satisfação que apresento a disciplina de Cinesiologia e Biomecânica. Nela entraremos nos estudos envolvendo o movimento humano e a aplicação das leis da física, portanto, para alcançarmos os objetivos de torná-lo(a) capaz de entender as características de cada movimento e seus conceitos físicos, realizaremos uma breve revisão anatômica, pontuando os aspectos principais para as análises para, em seguida, estudarmos os conceitos básicos, os princípios e as leis que regem o movimento humano e, após, aplicarmos este conhecimento nos movimentos dos membros superiores, membros inferiores e tronco. Em todas as unidades, você encontrará leituras complementares, que são extremamente úteis no aprofundamento de cada conteúdo, além de sugestões de vídeos e questões norteadoras que auxiliarão na fixação do conteúdo.

Na Unidade 1, iniciaremos nossas atividades com uma viagem histórica com os principais pensadores/filósofos/cientistas que tornaram possível termos essa infinidade de conhecimento envolvendo o movimento humano; em seguida, faremos uma revisão anatômica pautada na análise cinesiológica e biomecânica para, finalmente, conhecermos os conceitos e as premissas básicas sobre os conceitos físicos do movimento.

Na Unidade 2, estudaremos os movimentos e as aplicações das leis da física nos movimentos dos membros superiores relacionados aos esportes, à dança, às lutas e brincadeiras infantis, com foco para a formação do Professor de Educação Física.

Na Unidade 3, examinaremos a cinesiologia e biomecânica dos movimentos dos membros inferiores relacionando-os com a prática da Educação Física em suas principais possibilidades.

Finalizando, na Unidade 4, aprenderemos como você poderá analisar os movimentos que acontecem no tronco, contextualizando com sua prática profissional.

Portanto, seja bem-vindo e mãos à obra!

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Unidade 1

CONCEITOS BÁSICOS DA CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA

Objetivos de aprendizagem:

Caríssimo aluno! Nessa unidade, você irá estudar os principais pesquisadores que tiveram como objeto de estudo o movimento e suas interfaces e a evolução no decorrer do tempo desta temática. Também, irá conhecer suas definições e subdivisões, as conexões entre elas e sua importância para a Educação Física. Em seguida, realizaremos uma breve, mas pontual, revisão anatômica focada na análise do movimento humano. E, por fim, você aprenderá os conceitos básicos para iniciar a compreensão das análises do movimento humano.

João Paulo Manfré dos Santos

O foco desta seção é apresentar os principais nomes dos pensadores e pesquisadores que auxiliaram no desenvolvimento da ciência do movimento humano, apresentando uma linhagem cronológica evidenciando a importância do conhecimento prévio para posterior evolução.

Seção 1 | História da cinesiologia e biomecânica

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Nesta seção, o aluno é convidado a conhecer as definições destas duas áreas do conhecimento, suas subdivisões e conexões. Além de realizar uma breve revisão anatômica e dos movimentos básicos do corpo humano. Analisará os planos e eixos dos movimentos humanos, que é um dos conteúdos mais importantes na análise do movimento, com definições e exemplos bem elaborados e didáticos, visando ao melhor entendimento por parte do aluno.

Aqui, o aluno terá um breve relato da definição de força, seus componentes e mecanismos envolvidos e sua relação com a cinesiologia e biomecânica. Também, objetiva ensinar o aluno sobre a definição de alavanca, seus diferentes tipos e sua utilização no corpo humano, permitindo que o analisador crie senso crítico sobre os movimentos e as cargas impostas. Finalizando a unidade, fechamos com o objetivo principal, que é a conceituação dos principais tipos de movimentos, como o corpo é envolvido e ativado durante eles.

Seção 2 | Introdução à análise do movimento

Seção 3 | Conceitos sobre as unidades de força

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Introdução à unidade

Prezado(a) aluno(a)! Preparado para ingressar nos estudos envolvendo os movimentos? Nessa unidade iremos apresentar os principais estudiosos, trazendo-os desde a Grécia Antiga até a Idade Moderna, com suas grandes contribuições para o desenvolvimento desta área da ciência, permitindo que tivéssemos às nossas mãos essa infinidade de informações.

Analisaremos os conceitos básicos envolvendo o movimento, a cinesiologia e a biomecânica, suas unidades de força destacando a importância deste tema nos estudos do movimento, as formas básicas de movimento e seus planos e eixos.

Assim, querido(a) aluno(a), esperamos que esse material seja importante na evolução do seu conhecimento, auxiliando sua formação, permitindo uma visão mais crítica e reflexiva envolvendo esta temática.

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Seção 1

História da cinesiologia e biomecânica

Introdução

Para entendermos em qual momento estamos dentro de determinada área da ciência é imprescindível que façamos uma análise histórica focando no processo evolutivo, assim, nesta seção, iremos estudar as pessoas que iniciaram e progrediram com as análises dos movimentos, tanto em seu aspecto cinesiológico (movimento) como biomecânico (aplicação das leis da física ao movimento).

1.1 Evolução histórica

O estudo do movimento (cinesiologia) teve início a partir da curiosidade de grandes pensadores pelo comportamento motor animal, através da indagação sobre o funcionamento dos gestos tão complexos e funcionais, surgindo questionamentos sobre como ocorre a marcha do homem, como um peixe é capaz de nadar, como um pássaro consegue voar, estabelecendo assim uma relação interessante entre a cinesiologia com a antropologia (LEHMKUHL; SMITH, 1997).

Relatos históricos trazem que os estudos envolvendo o movimento humano (cinesiologia) junto às análises das leis físicas aplicadas a ela (biomecânica) se iniciaram na Grécia antiga, com Aristóteles (384-322 a.C.), que é considerado o pai da cinesiologia. Conta-se que ele, ainda jovem, era apaixonado pela anatomia dos seres vivos, que mais tarde se tornaria o primeiro livro sobre movimentos dos animais analisando seus aspectos físicos e mecânicos, através de observações do comportamento dos animais em seu ambiente natural, determinando conceitos que descreviam as ações musculares, submetendo as ações dos músculos a uma análise geométrica, descrevendo os braços de alavancas e outros mecanismos simples do movimento (ENOKA, 2001; RASCH; BURKE, 1977). Esse trabalho serviu como base aos trabalhos de outros grandes cientistas, como Galeno, Galileu, Borelli e Newton (ENOKA, 2001). Assim, podemos compreender a importância da revolução de Aristóteles na ciência, uma vez que tudo o que conhecemos na cinesiologia e biomecânica se iniciou com ele, sem ter recursos tecnológicos à disposição.

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Posteriormente, outro filósofo conseguiu grande destaque dentro desta área da ciência, Arquimedes (287-212 a.C.), que pesquisou os efeitos da água, conseguiu determinar os princípios que envolvem a hidrostática, principalmente no que se refere à flutuação dos corpos, servindo de base até os dias atuais. Também, revolucionou os conceitos de alavancas, item extremamente importante dentro da análise biomecânica do movimento (LEHMKUHL; SMITH, 1997).

Mas, na verdade, quem iniciou o entendimento dos movimentos envolvendo seres humanos foi Cláudio Galeno (131-202 d.C.), que era médico, através dos estudos envolvendo as contrações musculares, escreveu as primeiras considerações sobre as leis que regem o funcionamento muscular no livro “Sobre a função das partes”, todavia, como ainda não havia conhecimento suficiente sobre a macroestrutura muscular, tentou explicar como ocorria o encurtamento muscular, tendo sua teoria revogada posteriormente com o conhecimento da neurofisiologia. Vale ressaltar que suas contribuições foram importantíssimas no desenvolvimento da cinesiologia e biomecânica, servindo como referência durante, aproximadamente, 1400 anos, período em que quase não houve progressos em relação à biomecânica (RASCH; BURKE, 1977).

Os princípios de Arquimedes são utilizados, atualmente, em várias áreas da Educação Física, destacando-se a natação, além disto, este cientista também contribuiu com as leis das alavancas e na conceituação do centro de gravidade.

Figura 1.1 | Arquimedes e a alavanca

Fonte: Disponível em: <http://revadeirgoulart.blogspot.com.br/2010/12/deus-alavanca-que-move-o-universo-atos.html>. Acesso em: 19 jul. 2015.

Autor da célebre frase: “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio que moverei o mundo”.

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Os dados das pesquisas sobre a mecânica da força muscular não foram publicados durante séculos, tendo pouco impacto científico para a época!

Figura 1.2 | Leonardo da Vinci e a mecânica muscular

Fonte: Disponível em: <http://www.telegraph.co.uk/culture/art/leonardo-da-vinci/10202124/Leonardo-da-Vinci-Anatomy-of-an-artist.html>. Acesso em: 19 jul. 2015.

Após esse período de recessão, surgiu Leonardo da Vinci (1452-1519), trazendo outro momento de evolução para a cinesiologia e a biomecânica. Através dos novos estudos desenvolvidos por ele envolvendo seres humanos com análises estruturais e na relação dela com o movimento e na associação entre o centro de gravidade, o equilíbrio e o centro de resistência, estabeleceu análises sobre parâmetros mecânicos do movimento, como os componentes vetoriais de força, coeficientes de fricção e aceleração. Foi por meio destas pesquisas que ele conseguiu determinar a mecânica envolvida na posição ereta (em pé), na marcha na descida e na subida, no levantar-se da posição sentada e no salto (pulo). Ele também relatou em seus estudos o comportamento dos músculos durante o movimento, através da observação da interação de vários músculos durante o gesto motor, considerando a anatomia humana dentro deste contexto mecânico, pesquisou as forças dos músculos agindo nas inserções proximais e distais dentro da função articular (RASCH; BURKE, 1977).

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Figura 1.3 | O homem vitruviano de Leonardo da Vinci

Fonte: Disponível em: <http://www.desenhoonline.com/site/wp-content/uploads/Homem-Vitruviano-Leonardo-da-Vinci.jpg>. Acesso em: 19 jul. 2015.

Curioso notar que Da Vinci utilizou desenhos como uma forma de exploração do universo da ciência, principalmente na engenharia associada com a anatomia e biomecânica (músculos e articulações).

Foi através de seus desenhos que Leonardo da Vinci conseguiu observar e assim determinar que os movimentos dos seres humanos eram regidos pelas leis da mecânica (biomecânica) (MARTIN, 1999).

Posteriormente, foi Galileu Galilei (1464-1563) quem ganhou destaque na evolução desta área: estabeleceu cálculos matemáticos preditivos no movimento humano, utilizando as variáveis tempo (segundo, minuto, hora etc.), espaço (centímetro, metro, quilômetro etc.), velocidade (m/s, km/h etc.). Descobertas essas que firmaram um marco na cientificidade da cinesiologia e biomecânica (MARTIN, 1999).

No século XVII, Giovanni Alfonso Borelli (1608-1679) aplicou o modelo físico-matemático de Galileu Galilei à Medicina, tornando fundamental o papel da biomecânica nos estudos funcionais dos seres humanos (MARTIN, 1999). Borelli escreveu o primeiro livro sobre os efeitos das alavancas sobre o sistema musculoesquelético, principalmente, sobre a força muscular; também definiu

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Figura 1.4 | Moto Animalium

Tabela 1.1 | Centros de massa e de gravidade

Fonte: Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Giovanni_Alfonso_Borelli>. Acesso em: 19 jul. 2015.

Fonte: Keller, Gettys e Skove (1997)

o centro de gravidade do corpo humano, além da biomecânica da respiração, definindo a inspiração como um processo ativo (dependente de ação muscular) e a expiração como um processo passivo (dependente da elasticidade do tecido), auxiliando no entendimento da fisiologia e fisiopatologia respiratória. “Moto Animalium” foi a grande obra de Borelli, tornando-se um marco por ser o primeiro livro de biomecânica (MAQUET, 1992).

Naquela época, já foram estabelecidos os conceitos de centro de massa e de centro de gravidade, apresentados na Tabela 1.1.

Posicionamento Características

Centro de massaPonto no qual a massa e peso se distribuem

igualmente, atuando como um ponto de equilíbrio.

Centro de gravidadePonto onde a soma dos torques produzidos pelos

pesos dos segmentos corporais é igual a zero.

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Mas, com certeza, o grande nome da história na cinesiologia e biomecânica foi Isaac Newton (1643-1727), visto que ele conseguiu evoluir grandemente a cinesiologia e biomecânica, através da publicação das três leis de repouso e movimento que estão apresentadas na Tabela 1.2. Ele foi responsável pela elaboração da mecânica clássica (mecânica newtoniana).

Posteriormente, tivemos os trabalhos dos irmãos Weber: Eduard Weber (1795-1881) e Wilhelm Weber (1804-1891), que utilizaram a cronofotografia para analisar a marcha através das leis simples da mecânica – eles compararam os movimentos dos membros inferiores ao de um pêndulo. Em seguida, Étienne-Jules Marey

Tabela 1.2 | Leis de Newton

Fonte: Keller, Gettys e Skove (1997)

Leis Características

1ª Lei Lei da inérciaTodo corpo permanecerá em repouso ou em movimento

constante, uniforme e em linha reta, até que seja submetido a forças externas.

2ª Lei Lei do movimentoA variação do movimento é proporcional à força aplicada

e à direção da ação.

3ª Lei Lei da interaçãoPara cada ação existe uma reação, com mesma intensidade e direção, mas em sentido contrário.

Através das leis de Newton que se estabeleceram de forma evidente a relação entre a cinesiologia e mecânica, além disto ele também revolucionou as áreas das ciências exatas e biológicas, tendo sua contribuição possibilitado a ida do homem à Lua.

Apesar da escassez de recursos tecnológicos na época, Newton conseguiu revolucionar os conceitos da física que até hoje utilizamos nos estudos, envolvendo o movimento humano. Assim, qual é o caminho que você acredita que caminharemos na análise do movimento e sua aplicação na melhora do desempenho?

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(1830-1904) progrediu com os estudos dos irmãos Weber, pioneiro na utilização da cinematografia e utilizou seus inventos na cronofotografia para analisar a velocidade da marcha, utilizando-se de fotos realizadas em diferentes ângulos, além de realizar mecanismos de análise da força (RASCH, 1991). Já Eadweard Muybridge (1830-1904) realizou pesquisas utilizando fotografia, sendo um marco na cinemetria biomecânica, estabelecendo técnicas de registro do movimento e da sua quantificação (MUNDERMANN et al., 2006; CAPOZZO, MARCHETTI & TOSI, 1992).

Christian Wilhekm Braune (1831-1892) e Otto Fischer (1889-1906) já iniciaram análises semelhantes às quais estamos acostumados no estudo do movimento humano. Eles utilizaram os conceitos da mecânica newtoniana para realizar aferições das forças em algumas articulações, além de utilizarem a cronofotografia para análise da marcha humana, porém com reconstrução tridimensional das imagens a partir de registros bidimensionais combinados. Eles conseguiram essa evolução gigantesca para época somente por serem extremamente rigorosos nas suas práticas científicas (BAKER, 2007).

Enquanto John Hunter (1728-1793) contribuiu para evolução do conhecimento do movimento humano, esclarecendo pontos importantes na relação da estrutura do músculo e a potência muscular, foi com Guillaume Benjamin Amand Duchenne (1806-1875) que foi descoberta a eletrofisiologia da contração muscular, por esse

Figura 1.5 | Registros da fotogrametria de Muybridge

Fonte: Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Eadweard_Muybridge>. Acesso em: 3 set. 2015.

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motivo, ele foi considerado pai da biomecânica moderna.

Seguindo a linha da relação da fisiologia com a cinesiologia, Wilhelm Roux (1850 – 1924) descobriu que a hipertrofia possui relação direta com magnitude do trabalho muscular. Outro pesquisador, chamado John Hughlings Jackson (1834-1911), contribuiu no entendimento do comportamento motor, formulando a teoria da relação do córtex motor (cérebro) com o movimento muscular. E finalmente, Henry Pickering Bowditch (1814-1911) demonstrou o princípio da contração do “tudo ou nada”, importantíssimo na compreensão dos eventos cinéticos do corpo.

Com isto, Nikolai Bernstein (1940) foi um dos pioneiros a estabelecer a biomecânica como ciência, estudando a coordenação e regulação do movimento humano. Isto foi possível através da observação do sistema nervoso, pela qual compreendeu a relação que as forças externas e internas que agem sobre o corpo possuem sobre o controle neural do movimento. Desta forma, o movimento integrado é dependente da interação de muitos sistemas que atuam em cooperação. Ele também formulou o sistema hierárquico do sistema nervoso no controle do movimento, no qual os níveis mais elevados ativam os níveis mais baixos, que ativam as sinergias (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1995).

Atualmente, observam-se estudos envolvendo a relação entre a cinesiologia com a psicologia, através de fatores motivacionais, aspectos culturais, personalidade, aspectos sociais, criatividade, entre outros. Associado a isto, a biomecânica moderna utiliza-se de forma sistemática de todos os recursos provenientes do avanço tecnológico atual, com uso de computadores, softwares especializados, plataformas de força, células de carga sensíveis, entre outros. Portanto, é só esperar que novos grandes nomes surgirão para completar todo o conhecimento já adquirido dentro da cinesiologia e biomecânica e revolucionar tudo o que sabemos.

VOCÊ SABIA? A contração muscular ocorre através de uma estimulação elétrica via SNC e que foi Duchenne (pai da biomecânica moderna) quem estabeleceu esta relação.

Um mesmo comando central pode gerar movimentos diferentes devido à interação entre as forças externas e as variações nas condições iniciais.

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Acesse: <http://valdecidionisio.com.br/cinesiologia-e-biomecanica>. Acesso em: 23 nov. 2015.Neste texto, você terá um excelente resumo do contexto histórico envolvendo a cinesiologia e biomecânica, além do autor trabalhar uma forma simples de conceituar a cinesiologia e biomecânica.

1. Desde a Grécia Antiga observam-se relatos de análises do movimento humano. Neste contexto destacaram-se Aristóteles e Arquimedes, seus estudos foram baseados basicamente em:a) Análise cronofotográfica de atletas olímpicos.b) Estudo das forças de reação do solo durante o equilíbrio unipodal.c) Análise tridimensional através dos desenhos dos músculos humanos.d) Observação dos gestos motores tanto de animais quanto de humanos.e) Descoberta dos componentes elétricos do sistema nervoso central.

2. Foi através das três leis de Newton que a biomecânica se desenvolveu de forma grandiosa. Assim, assinale a alternativa correta sobre as leis de Newton.a) A primeira lei de Newton é conhecida como lei da hidrostática.b) A primeira lei de Newton define que todo corpo em repouso permanecerá em repouso até que forças externas alterem este estado.c) A segunda lei de Newton é estabelecida como a lei da gravidade.

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d) A segunda lei de Newton traz que a variação do movimento é inversamente proporcional à força aplicada.e) A terceira lei de Newton é estabelecida como lei da interação.

3. Assinale a alternativa correta sobre os conceitos que se relacionam com a cinesiologia e a biomecânica.a) Biomecânica é a ciência que aplica as leis da mecânica ao funcionamento dos órgãos e sistemas.b) A biomecânica utiliza recursos bioquímicos nas análises do movimento.c) Cinesiologia é a ciência que estuda os princípios das leis físicas no meio aquático.d) Na cinesiologia, os estudos se iniciaram através da observação do comportamento motor dos animais após a Revolução Industrial.e) Os estudos das forças e reações sobre o movimento humano estão intimamente relacionados com a biomecânica.

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Seção 2

Introdução à análise do movimento

Introdução

Agora que analisamos a evolução histórica da Cinesiologia e Biomecânica, iremos iniciar o aprendizado dos conceitos básicos que são fundamentais para as análises mais complexas da Cinesiologia e Biomecânica, pois apesar de serem disciplinas/áreas do conhecimento específicas dentro da grade curricular do curso de Educação Física, elas se relacionam diretamente com outras disciplinas, evidenciando sua importância na formação profissional, estando presente em tópicos como Educação Física Adaptada, Fisiologia do Exercício, Comportamento Motor, Treinamento Atlético, História do Esporte, Pedagogia do Esporte, Filosofia do Esporte, Arte do Esporte e Psicologia do Esporte.

2.1 Definições

Caro amigo leitor! Você irá encontrar termos que podem não ser comuns, “ainda”, no seu dia a dia. Por isso, nós veremos o que significa cada um destes termos, definindo suas principais características, buscando exemplos simples e que estarão de acordo com a prática da Educação Física.

O que é cinesiologia? Cinesiologia pode ser definida como o estudo da estrutura e da função do sistema musculoesquelético, combinando conhecimentos de anatomia, histologia, antropologia e mecânica, aplicados ao movimento humano ou gesto motor (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997). Em resumo, é o estudo científico do movimento humano, determinado por suas fontes e características (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

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Cinesiologia, palavra de origem grega.

Kinesis = Mover.

Ologia = Estudar.

EXEMPLO:

Para avaliar o movimento do seu aluno de levantar da cadeira, pode-se mensurar as forças articulares que agem nos membros inferiores, a força de reação do solo.

Agora que já sabemos o que é cinesiologia, também, é importante definirmos biomecânica, que é determinada como o estudo de princípios mecânicos de organismos vivos, investigando o movimento sob estes aspectos, suas causas e seus efeitos, utilizando-se de modelos físico-matemáticos, dentro das leis e normas mecânicas (WINTER, 1990). Pode ser dividida em qualitativa (quando as análises envolvem observação e descrição da mecânica do movimento) ou quantitativa (realizando alguma medida objetiva mecânica do gesto motor). Em resumo, é o desenvolvimento e emprego de metodologias específicas para o estudo do movimento humano sob a ótica de Newton (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Como vimos, a aplicação dos conceitos da mecânica é muito importante quando analisamos o movimento humano, assim temos a seguinte indagação: mas o que é mecânica? Mecânica é a seção da física que estuda as ações de forças sobre partícula e sistemas mecânicos, pode ser dividida em estática e dinâmica. A mecânica estática aborda os sistemas que estão em um estado constante, enquanto que a mecânica dinâmica trata de sistemas que estão submetidos às mudanças de estados, alterando o movimento, variando a aceleração etc.

Desta forma, observa-se a dificuldade da divisão ou separação destas áreas do conhecimento, quando na verdade elas devem ser analisadas conjuntamente para que as conclusões sejam mais apuradas e rigorosas (HALL, 2000).

Assim, a biomecânica possui vários domínios de estudo, dos quais se destacam:

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No fluxograma a seguir, você poderá compreender melhor todas as áreas da cinesiologia e biomecânica e as relações existentes entre elas.

Tabela 1.3 | Domínios da biomecânica

Figura 1.6 | Fluxograma da cinesiologia e biomecânica

Fonte: Hamil e Knutzen (1999)

Fonte: Hamil e Knutzen (1999)

Domínios da biomecânica Características

CinemáticaRamo que descreve a composição física dos movimentos,

sem considerar as forças ou torques envolvidos. Atentando-se à velocidade, deslocamento e aceleração.

OsteocinemáticaAnalisa o comportamento dos ossos durante os

movimentos nos três planos de movimento.

ArtrocinemáticaEstabelece o comportamento mecânico das superfícies

articular durante os movimentos.

CinéticaDescreve o movimento do corpo em relação ao tempo,

deslocamento, velocidade e aceleração. Aplicação pura da física no movimento.

Como estudante de Educação Física, imagine e descreva uma aplicação prática dos domínios da biomecânica.

TorqueForçaPosição

VelocidadeAceleração

PosiçãoVelocidadeAceleração

Linear

Cinemática

Biomecânica Cinesiologia

Anatomia Funcional

Cinética

LinearAngular Angular

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ESSA É PARA GRAVAR!

A utilização das análises cinemáticas permitiu evoluções tanto dentro do entendimento do funcionamento do movimento humano dentro de várias condições como possibilitou a proposição de protocolos de treinamento.

Pode-se observar na Figura 1.5 que a análise mecânica do movimento pode ser dicotomizada em linear ou angular. O movimento linear é um movimento de translação, ao longo de uma via curva ou reta. Enquanto que o movimento angular é o que ocorre ao redor de algum ponto em diferentes regiões, eles ocorrem em torno do eixo de rotação (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Figura 1.7 | Movimento angular

Figura 1.8 | Movimento linear

Fonte: Corrêa e Freire (2004)

Fonte: Adaptado de Correia e Freire (2004)

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Fica a dica! Todos os movimentos lineares dos seres humanos ocorrem como consequências de contribuições angulares.

2.2 Revisão anatômica

Para se analisar os movimentos e as forças mecânicas envolvidas neste processo, precisamos revisar alguns pontos básicos da anatomia humana, iniciando pela divisão do esqueleto em axial e apendicular. O esqueleto axial é localizado na porção mediana do corpo, composto por cabeça, costelas, esterno e coluna vertebral, formando o eixo central. Enquanto que o esqueleto apendicular é composto pelos ossos dos membros superiores e membros inferiores. Esses esqueletos axial e apendicular são unidos por duas cinturas: escapular (superiormente) e pélvica (inferiormente), que não fazem parte de nenhum esqueleto, tendo como função “apenas” a união entre eles (MOORE; DALLEY, 2014).

No esqueleto apendicular superior, tem-se o úmero, ulna e rádio, ossos do carpo, metacarpo e falanges. Enquanto que no esqueleto apendicular inferior encontra-se o fêmur, tíbia, fíbula, tarso, metatarso e falanges (MOORE; DALLEY, 2014).

Assim, prezado leitor, observe na Figura 1.9 que o esqueleto axial corresponde aos braços e as pernas, enquanto que o esqueleto apendicular corresponde ao tronco e a pelve.

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Figura 1.9 | Esqueletos axial e apendicular

Fonte: Disponível em: <http://morfofisiologiaciencia.blogspot.com.br/p/anatomia_13.html>. Acesso em: 4 set. 2015.

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Figura 1.10 | Posição anatômica e posição fundamental

Fonte: Disponível em: <http://www.josepetri.com.br/2011/06/estudo-da-anatomia-funcao-do-esqueleto_06.html>. Acesso em: 20 jul. 2015.

VOCÊ SABIA?

O esqueleto axial chega a possuir quase que 50% do peso de uma pessoa!

Os ossos são os elementos do esqueleto; eles são unidos pelas articulações e mobilizados pelos músculos.

Além disto, é importante conhecer, também, a posição do corpo para as análises de movimento, que são a posição anatômica e a posição fundamental. A posição anatômica é estabelecida como a posição ereta, vertical, com os pés ligeiramente separados e com os braços relaxados ao lado do corpo com as palmas das mãos direcionadas para frente. A posição anatômica, como o próprio nome sugere, foi definida como padrão pelos anatomistas (DÂNGELO; FATTINI, 2002; HAMILL; KNUTZEN, 1999; HALL, 2000; CALAIS-GERMAIN, 2002), para as análises envolvendo o movimento humano (HALL, 2000).

Já a posição fundamental é definida como a posição ereta, vertical, com os pés ligeiramente separados e com os braços relaxados ao lado do corpo com as palmas das mãos direcionadas para o tronco (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Enquanto que pesquisadores de biomecânica preferem esta posição como padrão para suas análises (HALL, 2000).

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Agora, leitor, se você ler uma pesquisa de análise do movimento humano, irá, com certeza, se deparar com alguns termos comuns nesta área. Assim, na descrição da relação dos segmentos corporais com o movimento, outras terminologias foram convencionadas:

Superior Cranial, ou seja, mais próximo do crânio (cabeça).

Termo Características

Inferior Caudal, ou seja, mais afastado inferiormente.

Anterior Parte da frente do corpo

Posterior Parte de trás do corpo

Medial Em direção à linha média do corpo

Lateral Em direção oposta à linha média do corpo

ProximalMais próximo do tronco ou do ponto de origem

Distal Mais distante do tronco ou do ponto de origem

Superficial Para a superfície do corpo

Profundo Para o interior do corpo, distante da superfície.

Contralateral Relativo ao lado oposto

Ipsilateral Relativo ao mesmo lado

Quadro 1.1 | Terminologia anatômica

Fonte: Adaptado de Hamil e Knutzen (1999).

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Quadro 1.2 | Ângulos relativos e ângulos absolutos

Fonte: Hamil e Knutzen (1999)

2.3 Ângulos de movimentos

Você deve ter percebido que os movimentos podem ser analisados pelo seu deslocamento, movimento linear, como podem ser estudados seus ângulos, quando isto acontece, podemos utilizar duas formas de mensuração, que são os ângulos relativos e os ângulos absolutos (HAMILL; KNUTZEN, 1999; HALL, 2000).

2.4 Terminologia básica do movimento humano

Como nosso objeto de estudo é o movimento humano dentro de todas as suas possibilidades, é importante conhecermos os tipos de movimentos que nosso corpo é capaz de executar. Para tanto, dividimos em movimentos básicos e movimentos não comuns com vistas a tornar mais didático nosso estudo.

Ângulos Relativos

São aqueles ângulos

mensurados na articulação

Orientação angular: segmento corporal em relação à linha de referência fixa

São os eixos longitudinais

dos segmentos corporais adjacentes

Devem ser mensurados na mesma direção

Parte sempre da posição 0º

(posição anatômica)

Medidos a partir de um único ponto de

referência

Ângulos Absolutos

VOCÊ SABIA?

A padronização da angulação serve para facilitar a comparação dos valores dentro de uma prática profissional, além da utilização dentro da própria pesquisa ou até mesmo comparando várias, tanto na prática profissional como na pesquisa.

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Dentre os movimentos básicos, listados na Tabela 1.4, há a descrição e os exemplos dos movimentos de flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna e rotação externa.

Já na Tabela 1.5, você poderá observar a descrição dos movimentos não comuns: hiperflexão, hiperextensão, hiperabdução, hiperadução, rotação para direta e rotação para esquerda.

Tabela 1.4 | Movimentos básicos

Tabela 1.5 | Movimentos não comuns

Fonte: Hamil; Knutzen (1999)

Fonte: Hamil; Knutzen (1999)

Movimento Características Exemplo

FlexãoDiminuição do ângulo concernente entre

dois segmentos.

Dobrar o cotovelo ao trazer um copo de água na boca, ou ao dobrar o

joelho ao agachar.

ExtensãoAumento do ângulo concernente entre

dois segmentos adjacentes, ou movimento retorno da flexão.

Esticar o cotovelo quando espreguiçamos, ou quando

esticamos o joelho ao levantar.

AbduçãoMovimento onde há afastamento do membro

da linha média do corpo ou do segmento.

Abrir os braços ou as pernas, como quando realizamos o exercício

denominado polichinelo.

AduçãoMovimento contrário de abdução, ou seja, de retorno para a linha do corpo ou segmento.

Fechar os braços e a pernas.

Rotação Interna

Movimento que rotação ao redor de um eixo vertical, que passa pelo segmento (membro)

de modo que a superfície anterior do membro se move em direção à linha média

do corpo, enquanto a superfície posterior move-se para longe da linha média.

Rodar o braço para dentro, quando realizamos uma queda de braço ou

“francesinha”.

Rotação Externa

Movimento oposto ao da rotação interna, onde a superfícies posterior do membro

move-se em direção à linha média do corpo.Rodar o braço ou a perna para fora.

Movimento Características

Hiperflexão Movimento de flexão que ultrapassa os 180º.

Hiperextensão Movimento de extensão que ultrapassa os 0º.

Hiperabdução Movimento de abdução que ultrapassa a linha média do corpo.

Hiperadução Movimento de adução que ultrapassa a posição 0 e cruza o corpo.

Rotação Para Direita

Movimento de rotação onde a parte anterior do segmento fica à direita e a posterior à esquerda.

Rotação Para Esquerda

Movimento de rotação onda a parte anterior do segmento fica à direita e a posterior à esquerda.

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Agora, analisaremos as características e as articulações envolvidas em cada um dos movimentos do corpo humano.

a) Movimentos de flexão e extensão

Os movimentos de flexão e extensão ocorrem em muitas articulações, principalmente nas articulações: intervertebrais, complexo do ombro, cotovelo, punho, metacarpofalangeanas, interfalangeanas, coxofemoral, joelho e metatarsofalangeanas. São movimentos observados em quase todas as articulações sinoviais (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Esses movimentos podem acontecer em uma amplitude além da normal, neste caso, são denominados de hiperflexão e hiperextensão, para que isto ocorra a

Figura 1.11 | Movimento de Jump

Fonte: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/ferzerbinato/fundamentos-tecnicos-do-basquetebol>. Acesso em: 20 jul. 2015.

Quais movimentos ocorrem quando um jogador de futebol chuta uma bola?

amplitude de movimento passará de 180° (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Existem inúmeros exemplos desses movimentos, como o ato de agachar (flexão de quadril e joelho) e levantar (extensão de quadril e joelho), o ato de chutar uma bola (extensão de joelho), entre outros.

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b) Movimentos de adução e abdução

c) Movimentos de rotação lateral e medial

Figura 1.12 | Movimentos de abdução e adução

Figura 1.13 | Rotação lateral e medial

Fonte: Disponível em: <http://cinesiologiacentral.blogspot.com.br/2009_11_01_archive.html>. Acesso em: 3 set. 2015.

Fonte: Disponível em: <http://www.musculacao.net/mitos-e-verdades-do-agachamento/>. Acesso em: 20 jul. 2015.

Os movimentos de adução e abdução ocorrem nas articulações esternoclavicular, ombro, punho, metacarpofalangenas, quadril, intertásucas e metatarsofalangeanas. Esses movimentos não são muito comuns (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Esses movimentos também podem ser classificados como hiperabdução ou hiperadução, desde que a amplitude de movimento ultrapasse os 180° (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Como exemplo deste gesto motor temos como utilização muito comum na prática do tênis.

Os movimentos de rotação externa (lateral) e rotação interna (medial) ocorrem nas articulações intervertebrais, complexo do ombro, coxofemoral e joelho. Quando eles ocorrerem na cabeça ou tronco, eles são denominados de rotação para direita ou rotação para esquerda (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

São movimentos comuns em muitos gestos esportivos no tênis, no vôlei e na dança.

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d) Movimentos diferenciados

Alguns movimentos são nomeados de movimentos especializados ou diferenciados, ocorrem em algumas articulações, ainda que possam ser uma variação dos seis movimentos mais comuns, tendo como característica principal é a sua execução em apenas algumas regiões corporais com aquelas características de planos e eixos, sendo eles:

Assim, para auxiliar na fixação do conteúdo, você observará na Tabela 1.7 quais movimentos são executados em cada segmento corporal nas suas principais articulações.

Tabela 1.6 | Movimentos especializados

Tabela 1.7 | Movimentos em cada segmento e articulações

Fonte: Hamil e Knutzen (1999).

Região Corporal Movimento

TroncoFlexão lateral direita

Flexão lateral esquerdaCircundução

Escápula

Rotação para baixoRotação para cima

DepressãoElevação

Tornozelo

DorsiflexãoPlantiflexão

InversãoEversão

CoxaFlexão horizontal

Extensão horizontal

AntebraçoSupinaçãoPronação

Perna Circundução

BraçoFlexão horizontal

Extensão horizontalCircundução

Segmento Articulação Movimentos

CabeçaIntervertebralAtlantoaxial

Flexão, extensão, hiperflexão, hiperextensão, lateroflexão direita, lateroflexão esquerda, circundução

Tronco IntervertebralFlexão, extensão, hiperflexão, hiperextensão, lateroflexão

direita, lateroflexão esquerda, circundução

Braço Ombro Elevação, depressão

Braço/Cintura

EsternoclavicularAbdução (protação), adução (retração), rotação para cima,

rotação para baixo

(continua)

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Fonte: Hamil e Knutzen (1999).

Fonte: Fagan; Delahunt (2008); Souza; Ferreira; Medeiros et al. (2007).

Escapular Acromioclavicular Elevação, depressão

AntebraçoCotovelo

RadioulnarFlexão, extensão, hiperextensão

Pronação, supinação

Mão PunhoFlexão, extensão, hiperextensão, desvio radial, desvio ulnar,

circundução

DedosMetacarpofalangeanas

InterfalangeanasFlexão, extensão, hiperextensão, adução, abdução,

circundução

PolegarCarpometacárpica

MetacarpofalangeanaFlexão, extensão, adução, abdução, oposição, circundução

Flexão, extensão

Coxa Quadril

Flexão, extensão, hiperflexão, hiperextensão, abdução, adução, hiperabdução, hiperadução, abdução horizontal,

adução horizontal, rotação interna, rotação externa, circundução

Perna JoelhoFlexão, extensão, hiperextensão, rotação interna, rotação

externa

PéTornozeloIntertársica

Plantiflexão, dorsiflexãoInversão, eversão

ArtelhosMetatarsofalangeanas

IntertársicaFlexão, extensão, adução, abdução, circundução

Flexão, extensão

Agora que sabemos os movimentos e suas características, podemos começar a estudar como eles são executados. Basicamente, eles ocorrem de duas formas: em cadeia cinética aberta (CCA) ou em cadeia cinética fechada (CCF):

CCA CCF

Segmento não está preso à terra ou outro objeto

imóvel.

Segmento distal está preso à terra ou a outro objeto

imóvel.

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2.5 Planos e eixos

Todos os movimentos, quando estudados, são feitos dentro de um método universalmente utilizado, que facilita a padronização das análises, que são os planos e eixos (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Esse método utiliza as três dimensões para estabelecer os parâmetros de cada movimento de cada articulação corporal. Assim, três planos imaginários são posicionados em ângulo reto, fazendo intersecção com o centro de massa corporal. O plano seria o sentido que todo movimento respeita ao ser realizado, e todo movimento precisa de um ponto de rotação (eixo) para ocorrer, assim todo eixo é perpendicular ao plano (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Desta forma, os planos podem são, tradicionalmente, divididos em três:

Cruzando os planos temos os eixos, servindo como ponto de fixação para que ocorram os movimentos, assim como os planos existem três eixos (HAMIL; KNUTZEN, 1999), que são:

Figura 1.14 | Movimento em cadeia cinética aberta

Figura 1.15 | Movimento em cadeia cinética fechada

Fonte: Disponível em: <http://www.educacaofisicanaveia.com.br/contracao-muscular-contracao-isotonica-e-isometrica/>. Acesso em: 20 jul. 2015.

Fonte: Disponível em: <http://movimentoemanalise.blogspot.com.br/2013/05/identifiquedois-movimentos-com-cadeia.html>. Acesso em: 20 jul. 2015.

Fonte: Hamil e Knutzen (1999)

Tabela 1.8 | Definição dos planos corporais

Plano Característica Movimentos

SagitalDivide o corpo em metades

direta e esquerdaFlexão

Extensão

FrontalSepara o corpo em metades

anterior e posteriorAbduçãoAdução

TransversoSecciona o corpo em

metades superior e inferiorRotação InternaRotação Externa

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Fonte: Hamil e Knutzen, 1999.

Fonte: Hamil e Knutzen (1999)

Tabela 1.9 | Definição dos eixos corporais

Tabela 1.10 | Movimentos e Seus Planos e Eixos

Plano Característica Movimentos

MediolateralEixo que atravessa do

lateralmente (direita para esquerda)

FlexãoExtensão

SagitalEixo que atravessa o corpo

ântero-posteriormente.AbduçãoAdução

LongitudinalSecciona o corpo em

metades superior e inferiorRotação InternaRotação Externa

Plano Eixo Movimentos

Sagital MediolateralFlexão

Extensão

Frontal Longitudinal

AbduçãoAdução

Inversão do péEversão do pé

Lateroflexão da cabeçaLateroflexão do tronco

Longitudinal SagitalRotação de cabeçaRotação de quadrilRotação de tronco

Os movimentos ocorrem na direção de um plano e sobre um eixo. Desta forma, para facilitar a compreensão, agrupamos os eixos e os planos e seus respectivos movimentos, apresentados na Tabela 1.10.

VALE A PENA ASSISTIR! Fonte: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=T2lYA216IEo>. Acesso em: 15 jul. 2015.

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Assim, prezado leitor, recomendo a leitura de alguns textos que auxiliarão na fixação do conteúdo. Boa leitura!

• <http://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/viewArticle/3709>. Acesso em: 23 nov. 2015.

Neste texto, você terá uma dimensão da aplicabilidade da biomecânica na sua futura prática profissional.

• <https://repositorio.utad.pt/handle/10348/2035>. Acesso em: 23 nov. 2015.

Neste artigo, você verá como as pesquisas na biomecânica são realizadas, sendo sempre baseadas em objetivos que auxiliarão a prática profissional.

• <http://www.sbis.org.br/cbis/arquivos/1048.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2015.

Neste texto, podemos observar os caminhos futuros da biomecânica, neste caso, sua aplicabilidade no desenvolvimento da robótica.

Esses sites também ajudarão na melhor compreensão do conteúdo desta seção.• <http://www.educacaofisicanaveia.com.br/cadeia-cinetica/>.

Acesso em: 23 nov. 2015.• <http://fisiocordis.com.br/artigos/artigos/avaliacao-cinetica-e-

cinematica-do-movimento-humano/>. Acesso em: 23 nov. 2015.

IMPORTANTE!

Para analisar o movimento humano todos esses conceitos acima mencionados são extremamente úteis e facilitam na descrição dos estudos e dos relatos da prática profissional, assim, você já pode imaginar como serão aplicados os conceitos de cadeia cinética, quais movimentos podem ser destacados durante a prática profissional, por isso a compressão destes pontos é extremamente importante.

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1. Assinale a alternativa que contenha um movimento em cadeia cinética fechada:a. Chutar uma bola de futebol.b. Saque no tênis.c. Fortalecimento das pernas no “leg press” na academia.d. Arremessar uma bola de basquete.e. Nenhuma das alternativas.

2. Cada movimento ocorre em um determinado plano e um determinado eixo, sendo assim, assinale a alternativa correta da associação entre movimento/plano/eixo.a. Flexão – Plano Frontal – Eixo Sagital.b. Extensão – Plano Longitudinal – Eixo Sagital.c. Rotação – Plano Sagital – Eixo Longitudinal.d. Inversão – Plano Frontal – Eixo Longitudinal.e. Abdução – Plano Sagital – Eixo mediolateral.

3. A cinemática é um ramo da biomecânica que estuda:a. Ramo que descreve a composição física dos movimentos, sem considerar as forças ou torques envolvidos.b. Ramo que descreve a composição física dos movimentos, considerando as forças ou torques envolvidos.c. Aplicação pura da física no movimento, descrevendo a velocidade e a aceleração.d. Estabelece os comportamentos mecânicos da articulação durante os movimentos.e. Nenhuma das alternativas.

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Seção 3

Conceitos sobre unidades de força.

Introdução

Nesta seção abordaremos todas as variáveis que compõem essa parte da biomecânica. Assim, precisamos definir inicialmente a variável força e suas unidades de medida dentro da biomecânica. Além de destacar a importância destes conceitos na sua prática profissional.

Conceituação

Força é definida como um ato capaz de pôr em movimentar um corpo ou de alterar o movimento dele ou de deformá-lo. Na biomecânica, a força é estabelecida como o máximo de esforço produzido por um músculo na sua inserção (HAMIL; KNUTZEN, 1999). Quando utilizamos esse conceito como um componente do movimento humano, existem elementos que precisam ser considerados. São eles:

A magnitude da força (intensidade), definida como a resultante dos vetores de força, pode ser descrita, principalmente, de duas formas: em Newton (N) ou em Quilograma Força (Kgf) (NEUMANN, 2010).

Tabela 1.11 | Elementos que compõem a força

Fonte: Vilas-Boas (2000)

Elementos Características

Ponto de Aplicação É o local do corpo no qual há atuação direta da força.

SentidoÉ a orientação da força, no que con-cerne sua direção,

para direita ou pa-ra esquerda, para cima, para baixo, para o centro, entre outros.

DireçãoÉ a linha de ação da força, que pode ser horizontal,

vertical ou diagonal.

Intensidade É a magnitude da força aplicada.

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Tabela 1.12 | Unidades de medida de força

Keller, Gettys e Skove (1997)

Unidades de Medida Características

Newton (N)Definida como a magnitude de uma força sobre um corpo (massa igual

a 1kg) a uma aceleração constante (1m/s2).

Quilograma força (kgf)Definida como a magnitude da força de atração da Terra sobre um

corpo (massa igual a 1 kg), ao nível do mar e a 45º de latitude. Ou seja, 1 kgf equivale ao peso de 1 litro de água.

3.1 Torque ou momento de força

Torque é definido como o movimento de torção ou efeito rotatório criado pela aplicação de uma força. Resultante da força aplicada num ponto de aplicação multiplicados pela distância entre esse ponto e o centro do corpo, assim, ele pode ser expresso da seguinte forma (TERRERI; GREVE; AMATUZZI, 2001):

T=F x d

Portanto, torque é a efetividade de uma força aplicada que causa uma rotação, sua unidade de medida é expressa em Newtons-metro (N-m), existem muitos exemplos de como o torque está presente nas nossas vidas, por exemplo, quando usamos uma chave de boca para afrouxar a porca do parafuso (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Você sabia?

3.2 Sistemas de força

O leitor deve ter percebido que utilizamos muito nas subseções anteriores o termo resultante, por isso, faz-se necessária sua definição. Quando temos mais de uma força atuando sobre um corpo, podemos ter respostas diferentes, essas respostas irão depender da direção de cada força e da magnitude delas, portanto, essa resposta é chamada dentro da terminologia da biomecânica de resultante (MCGINNIS, 2015).

Desta forma, podemos de ter duas condições:

1) Quando existem forças de direção e sentidos iguais, neste caso, a intensidade da força resultante é equivalente à adição das intensidades das forças que compõem

O momento de força e a velocidade angular são inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior a velocidade menor será o torque, e vice-versa.

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ANOTA AÍ

Os ossos são submetidos a forças repetidas (forças de pressão, de flexão e de tração).

esse sistema, assim, permanecendo a mesma direção e sentido.

2) Quando existem forças de mesma direção e sentido opostos, neste caso a força resultante é igual à diferença entre as magnitudes das forças que compõem o vetor, sendo a direção e o sentido iguais a da maior força componente (MCGINNIS, 2015).

3.3 Aplicação da força

A aplicação de forças pode gerar diferentes tipos de respostas, dependendo no caso da direção dos vetores de força (se são concorrentes ou divergentes), da magnitude deles e das características inerentes de cada superfície. Sendo assim, elas podem gerar forças de pressão e forças de tração (MCGINNIS, 2015).

As forças de pressão são definidas como forças em direções iguais, entretanto, com sentidos diferentes (opostos), aproximando-se do ponto onde a força foi aplicada (MCGINNIS, 2015), também conhecido como colinear (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Também, podem ser geradas forças de tração, que são definidas como forças aplicadas em direções opostas, distanciando-se do sentido do ponto de onde a força foi aplicada (MCGINNIS, 2015).

Os vetores geralmente estão apresentados por setas, neste caso o comprimento da seta indica a magnitude da força, e a unidade de medida adotada o Newton (N) (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

3.4 Alavancas

O conceito de alavanca pode ser definido como um sistema que contém uma estrutura firme/rígida que pode ser girada ao redor de um ponto/eixo, na qual duas forças são aplicadas em dois pontos. Existem variados exemplos de alavanca, sendo que, no nosso corpo, temos o sistema musculoesquelético como principal demonstrador. Assim, o ponto de apoio, onde a alavanca gira ao redor, no nosso corpo, é realizado pela articulação (CALAIS-GERMAIN, 2002). Dessa forma, utilizamos

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E, para que a alavanca seja movimentada, uma força precisa ser maior do que a resistência, ou seja, a força precisa vencer a resistência, no caso do corpo humano, representado pelos músculos, que são responsáveis por gerar a força e o torque necessários para movimentar as articulações. Dentro da biomecânica, esse componente é denominado de força motriz, que é proporcional à variação do movimento (KELLER et al., 1997). A força motriz pode ser dividida em três partes básicas (KELLER et al., 1997):

Agora que conhecemos os elementos que compõem a força motriz, podemos estabelecer como é realizada a classificação das alavancas.

VOCÊ SABIA? O esqueleto humano serve como instrumento principal para produção de movimento através das alavancas, mas também proporciona restrições da amplitude de movimento articular (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Tabela 1.13 | Elementos que compõem a Força Motriz

Fonte: Keller, Gettys e Skoves (1997).

Elementos Características

ResistênciaÉ a força que precisa ser vencida. Quando analisamos no corpo

humano ela é representada como ela pode ser natu-ral, ou que pode ter adicionada a ela uma força externa.

Braço de Po-tênciaDefinida pela distância perpendicular do pongo onde a força é aplicada

ao eixo de rotação. Também conhecido como braço de força.

Braço de Re-sistênciaDefinido como a distância perpendicular ponto onde é aplicada a

resistência até o eixo de rotação.

alavancas tanto no gesto esportivo quanto nos movimentos simples e complexos da dança, por exemplo, sempre com o objetivo de aumentar a força e a velocidade do movimento, produzindo um ganho mecânico (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

O esqueleto humano é caracterizado como uma armadura móvel, através dos quais ocorrem as alavancas (CALAIS-GERMAIN, 2002).

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Cada alavanca fornecerá uma vantagem mecânica, sendo que nas alavancas de primeira classe essa vantagem pode ser menor, igual ou maior que um, no caso do corpo humano observamos ações da musculatura agonista e antagonista simultaneamente. Nas alavancas de segunda classe, a vantagem é sempre maior que um, ou seja, na cinesiologia e biomecânica o músculo ou força interna possui maior vantagem mecânica que a força externa (resistência). Enquanto que nas alavancas de terceira classe a vantagem mecânica é sempre menor que um, neste caso, a maior vantagem mecânica será do peso externo, fato que ocorre na maioria dos sistemas do corpo humano (NEUMANN, 2010). Você deve ter observado que quando mencionamos que uma alavanca possui vantagem mecânica maior que um, significa que ela tem que desenvolver menor força para movimentar aquele braço de alavanca, enquanto que se ela for menor que um, haverá maior necessidade de força para movimentá-la.

Tabela 1.14 | Classificação das Alavancas

Fonte: Keller, Gettys e Skoves (1997).

Alavanca Característica

1ª Classe (In-terfixa ou de

Equilíbrio)

Eixo de rotação entre as for-ças opostas. Ponto de apoio estabelecido entre a Resis-tência (R) e a Potência (P). Utilização muito comum para

sustentação da postura ou equilíbrio. Terá vantagem mecânica igual a 1,

maior que 1 ou menor que 1.

R x BR = P x BP

Gangorra;Balança com

pesos;Pé de cabra.

2ª Classe (In-ter-resistente)

Eixo de rotação em uma ex-tremidade. Resistência (R) posicionado entre o

Ponto de Apoio (PA) e a Potência (P). Chamadas de braços de ala-vanca de

força, no qual o Braço de Potência (BP) é maior que o Braço de Resis-tência (BR). Aqui a vantagem mecânica é

maior que 1.

BP > BRCarrinho de mãoFicar na ponta do

pé (bailarina).

3ª Classe (In-terpotente)

Eixo de rotação em uma ex-tremidade. Potência (P) posi-cionada entre o

Ponto de Apoio (PA) e a Resistência (R). Projetadas para gerar ve-locidade

às extremidades dos membros e movimentar baixo peso a longa

distância. A vantagem mecânica é menor que 1.

BP < BR

Maioria das ala-vancas do cor-po

humano que foram projeta-das para ter mais velocidade e

menos força.

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ISSO VOCÊ NÃO PODE ESQUECER

• Músculos agonistas são responsáveis pela execução dos movimentos.

• Músculos antagonistas são contrários aos que executam os movimentos.

Assim, as alavancas podem gerar vantagens mecânicas, que são resultantes da relação entre o braço de potência (gerador da força) e o braço de resistência (gerador da resistência), podendo ser predita quantitativamente, através da relação da magnitude do momento da força pela magnitude do momento da resistência, sendo expressa desta forma (NEUMANN, 2010):

Ou seja, para que ocorra equilíbrio, é estabelecido que a magnitude sobre o braço de potência seja equivalente à magnitude do braço de resistência.

Então, o simples ato de se manter em equilíbrio estático requer que, pelo menos, três condições devam ser atendidas:

• As forças verticais que incidem no corpo possuem resultante nula.

• As forças horizontais que incidem no corpo possuem resultante nula.

• A somatória dos torques tem que ser nula.

Note que em todas as condições a força resultante é zero, pois caso contrário o corpo estaria acelerando (MCGINNIS, 2015). Assim, se um corpo for deslocado, ele irá retornar à sua posição original.

VM= Braço de Potência

Braço de Resistência

P= R x BR

BP

P x BP=R x BR

P=BP ou R=BR

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3.5 Formas de movimento

Os movimentos do nosso corpo podem ocorrer de forma linear, angular ou através da combinação delas.

Os movimentos lineares são movimentos retilíneos, translacionais. Neste movimento, todos os pontos do corpo percorrem a mesma distância, a mesma direção e no mesmo tempo. Esse movimento pode ser retilíneo ou curvilíneo. Como exemplo temos a análise da velocidade de uma bola de futebol após um chute (MCGINNIS, 2015).

Enquanto isso, os movimentos angulares envolvem movimentos que utilizam o eixo de rotação (linha imaginária). São definidos como movimentos rotatórios ou de rotação, ao redor do eixo que pode ocorrer dentro ou fora do corpo humano. Neste caso podemos exemplificar como o balançar em uma barra na ginástica olímpica, ou o salto mortal realizado por esses atletas (MCGINNIS, 2015).

É muito comum na biomecânica realizar a análise dos dois tipos de movimento, geralmente, analisa-se o movimento linear e depois minuciosamente os movimentos angulares de cada articulação (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Para isso os músculos devem se contrair e gerar variados tipos de ativação muscular, que didaticamente são divididas em três:

Agora que sabemos os tipos de ativações, também classificamos os músculos de acordo com a sua função no movimento ou no gesto motor.

Tabela 1.15 | Ativações musculares

Fonte: Hall (2000)

Tipos

de AtivaçãoCaracterísticas

Ativação isomé-tricaMúsculo produz força enquanto mantém comprimento constante.

Neste caso, o torque interno é equivalente ao torque externo.

Ativação isotô-nica concêntri-ca

Músculo produz força enquanto se contrai. Neste caso o músculo se encurta. Torque interno maior que o torque externo.

Ativação isotô-nica excêntrica

Músculo produz uma força ativa enquanto se alonga. Neste caso, o músculo terá um torque externo maior que o torque interno.

Ativação isoci-néticaTipo de contração menos comum, geralmente faz-se uso de um

equipamento especial. Combina as características tanto da isometria quanto da isotonia, mantendo uma velocidade angular controlada.

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Tabela 1.16 | Ação muscular

Fonte: Hall (2000)

Classificação Características

Musculatura ago-nistaMúsculo ou grupo de músculo que está/estão envolvidos com o início e

a execução do movimento.

Musculatura an-tagonista

Músculo ou grupo de músculo que realiza ação oposta à de um agonista.

Musculatura si-nergista Músculos que cooperam durante a execução de um movimento.

Assim, amigo leitor, encerramos nossa unidade de estudo, contemplando os objetivos de introduzi-lo nos conceitos e definições básicas da cinesiologia e biomecânica, preparando-os para os estudos das unidades subsequentes.

Desta forma, recomendo a você algumas leituras complementares:• <http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/32/102_-_

AnYlise_BiomecYnica_da_Marcha_Humana.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2015.

Também, indico que navegue por alguns sites interessantes nesta temática:• <http://professoralexandrefisio.blogspot.com.br/2011/03/as-

alavancas-e-o-corpo-humano.html>. Acesso em: 23 nov. 2015.• <http://www.mundoeducacao.com/fisica/alavancas.htm>.

Acesso em: 23 nov. 2015.

IMPORTANTE!

Cada movimento englobará tanto aspectos físicos (mecânicos) através das forças e alavancas envolvidas, assim como aspectos biológicos através das forças e alavancas envolvidas, assim como aspectos biológicos através da contração agonista, do controle sinergista e da ação antagonista, fazendo com que o mais simples movimento seja um objeto complexo de estudo.

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1. Durante um gesto motor nota-se que o sistema musculoesquelético gera torque para que ele ocorra, portanto, assinale a alternativa que contenha a afirmação correta:a. A musculatura antagonista é a responsável por gerar o torque.b. A musculatura sinergista é a responsável por gerar o torque.c. A musculatura agonista é a responsável por gerar o torque.d. A musculatura agonista é a responsável por fornecer o braço de resistência.e. Nenhuma das alternativas.

2. As alavancas são capazes gerar maior ou menor vantagem mecânica. Desta forma, assinale a alternativa que contenha a alavanca com menor vantagem mecânica:a. Alavanca de primeira classe.b. Alavanca de segunda classe.c. Alavanca de terceira classe.d. Alavanca de quarta classe.e. Alavanca de quinta classe.

3. Quando se analisam as forças aplicadas em determinado corpo na biomecânica, o foco passa a ser a unidade de medida que é expressa em Newton (N) ou Quilograma Força (kgf), portanto, assinale a alternativa que contenha o elemento da força que é expressa em N ou em kgf.a. Ponto de aplicação.b. Sentido.c. Direção.d. Intensidade.e. Nenhuma das alternativas.

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O estudo do movimento humano e toda sua complexidade começou há muito tempo. Assim leitor, você deve compreender os conceitos sobre os mecanismos envolvidos no desenvolvimento da força, os tipos de movimentos e as características relacionadas aos planos e eixos, assim como as formas de execução em cadeia cinética, além de aplicação dos conceitos da física ao movimento como no estudo das alavancas e as possibilidades de utilização na prática profissional.

Por mais que a utilização da lei da física no movimento humano possa parecer desafiador, você notará que, com o passar do tempo e o aprofundamento dos estudos, essa análise ficará cada vez mais simples e interessante. Desta forma, caso tenha o interesse em aprofundar seu conhecimento nesta temática, eu sugiro a busca das pesquisas atuais nas principais bases de dados, nas quais se destacam o PubMed e o Scielo.

1. Como a biomecânica representa parâmetros de determinação quantitativa e ou qualitativa referentes às mudanças de lugar e posição do corpo humano, com auxílio de medidas descritivas cinemáticas e dinâmicas, descreva um exemplo de medida quantitativa e qualitativa.

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2. A todo momento verificamos a utilização de alavancas em práticas comuns e rotineiras, como no momento de trocar um pneu furado de um carro, aliás, se analisarmos a chave que vem de fábrica e a chave que os mecânicos utilizam, você observará que existe uma diferença de tamanho, sendo a do mecânico maior do que a que vem de fábrica. Assim, explique através dos conceitos de alavanca quais as diferenças e qual delas teria maior vantagem mecânica.

3. Cada pessoa possui suas particularidades morfológicas e anatômicas. Assim, qual é o melhor método para realizar um treino que utilize o máximo de desempenho da pessoa durante toda a execução da força?a) Exercício isotônico, pois o tônus muscular será o mesmo durante todo o processo de fortalecimento.b) Exercício isométrico, pois o comprimento muscular permanecerá inalterado.c) Exercício isocinético, pois a força será a mesma durante todo a execução do exercício.d) Exercício isocinético, pois a velocidade angular do fortalecimento será o mesmo durante toda a execução do exercício.e) Exercício isométrico, pois o tônus muscular não será alterado.

4. Pedro, sentia fortes dores no joelho após prática de basquetebol. Ele procurou seu professor de Educação Física, que o orientou sobre seu tipo de pisada e a necessidade de realizar uma avaliação das forças de pressão para saber quais pontos deveriam ser corrigidos para que as dores não fossem novamente estimuladas após a prática do basquetebol. Baseado nisto, qual seria o melhor domínio para avaliação das forças de pressão da pisado do Pedro?a) Cinemática, por considerar as forças envolvidas.b) Estática, por analisar as forças de pressão envolvidas sem movimento.c) Cinemática, por analisar o comportamento dos ossos durante os três planos de movimento.

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d) Cinética, por analisar as forças de pressão envolvidas sem movimento.e) Nenhuma das alternativas.

5. A todo momento verificamos os movimentos ocorrendo nos mais simples gestos. Assim, se aplicarmos os conceitos de cadeia cinética fechada ou aberta, podemos dicotomizar esses movimentos. Por exemplo, o ato de elevar o pé do chão seria caracterizado por cadeia cinética aberta, enquanto que o ato de agachar seria caracterizado por cadeia cinética fechada. Desta forma, exemplifique tanto a cadeia cinética fechada como a cadeia cinética aberta em um gesto esportivo.

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54 Conceitos Básicos da Cinesiologia e Biomecânica

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Unidade 2

CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA RELACIONADA AOS MOVIMENTOS DOS MEMBROS SUPERIORES

Objetivos de aprendizagem:

Prezado(a) aluno(a), nessa unidade, você irá aplicar os conceitos aprendidos na Unidade 1 tendo como objeto de estudo os movimentos que ocorrem nos membros superiores, tudo apresentado de forma simples e sistemática com o objetivo da facilitar o entendimento do conteúdo e a aplicação na prática profissional. Você notará que, para ficar mais didático e sistemático o estudo, dividimos os conteúdos pelos três grandes complexos articulares presentes neste segmento. Espero que ao final desta unidade você seja capaz de entender os movimentos que ocorrem nos membros superiores, quais estruturas estão envolvidas e alguns detalhes biomecânicos que podem facilitar a aprendizagem do gesto motor.

João Paulo Manfré dos Santos

O objetivo desta seção é relembrar as principais estruturas anatômicas da cintura escapular, as relações entre elas, os movimentos que ocorrem e como essas estruturas atuam e finalizando com conceitos de biomecânica.

Seção 1 | Cintura Escapular

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Cinesiologia e biomecânica relacionada aos movimentos dos membros superiores

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Nesta seção realizaremos uma revisão anatômica das estruturas anatômicas cotovelo, como elas se relacionam entre si e, também, como elas se relacionam com o complexo do ombro e o punho, além de analisar os movimentos presentes nesta articulação e quais estruturas atuam, aplicando os conceitos de biomecânica.

O foco do estudo desta seção é fazer uma releitura anatômica do punho e da mão, das relações entre os componentes ósseos, articulares e musculares, e realizar uma interpretação dos principais movimentos presentes nesta articulação e a atuação destes componentes dentro do contexto biomecânico.

Seção 2 | Cotovelo

Seção 3 | Punho e Mão

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Cinesiologia e biomecânica relacionada aos movimentos dos membros superiores Cinesiologia e biomecânica relacionada aos movimentos dos membros superiores

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Introdução à unidade

Leitor(a), a partir desta unidade realizaremos as análises sobre os movimentos, neste caso os que ocorrem nos membros superiores, desde o estudo dos componentes anatômicos do segmento (ossos, articulações, cápsulas articulares, ligamentos, tendões e músculos) até a aplicação dos conceitos mecânicos do movimento (planos, eixos, estabilização, força etc.).

Começaremos pela cintura escapular, analisando a relação entre a escápula, clavícula e ombro, os movimentos isolados destas articulações e os movimentos combinados e mais complexos.

Posteriormente, faremos as mesmas análises no cotovelo, estabelecendo, além do descrito acima, a relação dele com o ombro e com o punho. E finalizaremos com a análise cinesiológica e biomecânica do punho a da mão, destacando sua importância funcional para realização de movimentos finos e precisos.

Desta forma, esperamos que todo o conteúdo que será apresentado seja útil na sua formação e, futuramente, na sua prática profissional, corroborando para uma melhor compreensão do gesto motor, proporcionando melhor desempenho e elevação dos níveis de qualidade de vida da população.

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Seção 1

Cintura escapular

Introdução

Leitor(a), nesta seção você encontrará um conteúdo que abrange desde uma revisão anatômica, passando pela descrição do movimento e dos músculos que atuam, até como é fornecida a estabilidade das articulações e os componentes mecânicos envolvidos na cintura escapular. Tudo de forma clara, com linguagem mais simples e direta para facilitar a prática profissional no contexto da Licenciatura em Educação Física.

1.1 Anatomia da cintura escapular

A cintura escapular possui uma função importantíssima no movimento coordenado do membro superior, permitindo movimentos extremamente finos e delicados, como a preensão e a manipulação, serem realizados. Para que isto seja possível a cintura escapular funciona como um elemento de sustentação de peso e facilitador da mobilidade, provendo estabilidade e força para os músculos do cíngulo superior (CAILLIET, 2000).

Ela é basicamente formada por um osso plano sobre a superfície dorsal, a escápula, conectada com o maior osso do membro superior, o úmero. Que tem como função principal fazer a ligação dos membros superiores com o tronco, utilizando o esterno como elemento de conexão central, tendo em vista que o anel não é completamente fechado na face posterior. Esta característica permite movimentos independentes do membro superior direito e do membro superior esquerdo, auxiliando na característica de movimentos que requerem habilidades de manipulação, destreza e coordenação motora fina (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

O complexo do ombro (cintura escapular) é formado por várias articulações:

• Articulação esternoclavicular.

• Articulação acromioclavicular.

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• Articulação glenoumeral.

• Articulação escapulotorácica (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Figura 2.1 | Cintura Escapular

Fonte: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pectoral_girdle_front_diagram_gl.svg?uselang=pt-br>. Acesso em: 12 set. 2015.

Clavícula

Úmero

Vista frontal

Esterno

Escápula ou omoplata

Desta forma, observamos que o modelo anatômico da cintura escapular é propício para que haja mobilidade no membro superior, permitindo que a mão tenha abrangência dentro de uma esfera de movimento, limitada apenas pelo comprimento do braço e do espaço tomado pelo corpo. Sua mecânica é determinada pela combinação de suas articulações e músculos que controlam e exercem essa mobilidade (KISNER; COLBY, 1998).

1.2 Articulação glenoumeral

A articulação glenoumeral é formada pela junção da cabeça do úmero com a cavidade glenoide, que forma uma articulação sinovial, esferoide e multiaxial, com grande amplitude de movimento e pequena estabilidade estática fornecida pelo sistema ligamentar e cápsula articular (KISNER; COLBY, 1998).

Formada por um pequeno soquete raso (um quarto do tamanho da cabeça umeral), aprofundada pelo lábio glenoide (margem de fibrocartilagem) que aumenta em quase 75% a área de contato. Ela possui uma cápsula articular de volume considerável, importante para permitir uma grande amplitude de movimento. Assim, para que haja a estabilidade necessária, esta articulação utilizada tanto o sistema ligamentar quanto o muscular para esta finalidade (HAMIL; KNUTZEN, 1999). Assim a estabilização é fornecida:

• Anteriormente: pela cápsula articular, lábio glenoide, e fibras dos músculos

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Figura 2.2 | Articulação Glenoumeral

Fonte: Dísponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Shoulder_joint-pt.svg?uselang=pt-br>. Acesso em 12 set. 2015.

redondo menor e infra-espinhoso.

• Posteriormente: pela cápsula articular, lábio glenoide, e fibras dos músculos redondo menor e infra-espinhoso.

• Superiormente (área de compressão): pela cápsula articular, lábio glenoide, ligamento caracoumeral e os músculos supraespinhoso e a cabeça longa do bíceps (HAMIL; KNUTZEN, 1999; DÂNGELO; FATTINI, 2007).

A estabilização estática é fornecida pelo lábio glenoidal e ligamentos glenoumerais, absorvendo as forças de origem estática devido ao reposicionamento das estruturas ósseas durante os movimentos, através da redistribuição das forças pelos ligamentos coracoclaviculares e acromioclaviculares. Assim para deslocamentos pequenos temos atuação do ligamento acromioclavicular, gerando 45% da força de estabilização da articulação. Já em deslocamentos maiores os ligamentos coracoclaviculares geram 88% da força de estabilização da articulação (KAPANDJI, 1990).

Os ligamentos glenoumerais tem importante atuação na estabilização durante a abdução, sendo que na posição de abdução a 90°, os feixes médio e inferior se tencionam, enquanto que o feixe superior se afrouxa, neste caso há maior

contato da cartilagem articular, proporcionando o fechamento da articulação do ombro. Durante a rotação externa os três feixes são tensionados, enquanto que na rotação interna eles ficam afrouxados. O ligamento coracoumeral apresenta relativa tensão na extensão e flexão, e os movimentos de rotação o afrouxa permitindo maior amplitude de movimento (KAPANDJI, 1990).

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Fonte: Disponível em: <http://maurogracitelli.com/blog/>. Acesso em: 12 set. 2015.

Assim, podemos perceber que os mecanismos de estabilização do complexo do ombro são extremamente complexos e dependentes de várias estruturas, evidenciando a importância do gestual correto que permita o máximo de desempenho com o máximo de estabilidade.

1.3 Articulação esternoclavicular

A articulação esternoclavicular é o único ponto de ligação do membro superior com o tronco (HAMIL; KNUTZEN, 1999). Ela une a extremidade medial da clavícula com o manúbrio esternal e desta forma estabelece-se uma relação com a cintura escapular. É uma articulação sinovial em sela, com um disco cartilaginoso, servindo para absorção de choques que venham do membro superior para o esqueleto axial. Essa articulação é estabilizada pelos ligamentos esternoclaviculares anterior e posterior, ligamentos interclaviculares e costoclaviculares (BATES; HANSON, 1998). Esta articulação ainda recebe reforço do músculo subclávio, tornando-a uma articulação resistente à luxação ou ruptura.

1.4 Articulação acromioclavicular

Na extremidade distal da clavícula, temos a conexão com a escápula formando a articulação acromioclavicular, localizada acima da cabeça do úmero, reforçada por uma cápsula articular muito densa e ligamentos acima e abaixo (HAMIL; KNUTZEN, 1999). É uma articulação sinovial plana que conecta a extremidade lateral da clavícula com o acrômio da escápula, ela é estabilizada pelos ligamentos acromioclaviculares superior e inferior. Como ela possui uma fixação forte, ela permite que a escápula e a clavícula movam-se como uma unidade. Além disto, transfere o choque do membro superior à extremidade distal da clavícula (BATES; HANSON, 1998).

Figura 2.3 | Articulação Esternoclavicular

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1.5 Articulação escapulotorácica

A articulação escapulotorácica é uma articulação falsa (funcional), na qual ocorrem os movimentos da escápula sobre o tórax, partindo da premissa básica de que a escápula participa de todos os movimentos dos membros superiores. Ela é considerada falsa por não possuir contato ósseo, apenas relação cinesiofisiológica, apoiando-se sobre os músculos serrátil anterior e subescapular (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

1.6 Movimentos da escápula

A escápula servindo como base para os movimentos do membro superior tem

Figura 2.4 | Articulação Acromioclavicular

Figura 2.5 | Articulação Escapulotorácica

Fonte: Disponível em: <http://eduardomalavolta.com/blog/luxacao-acromioclavicular>. Acesso em: 21 ago. 2015.

Fonte: Disponível em: <http://www.cpaqv.org/cinesiologia/cintura_escapular.pdf>. Acesso em: 03 set. 2015.

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que se adaptar às condições de cada movimento, para executar sua função ela também é responsável por alguns movimentos. Possui três graus de liberdade de movimento, ou seja, existem três direções de movimentos que estão na Tabela 2.1.

Nos movimentos que ocorrem na escápula temos a atuação de vários grupos musculares que se relacionam com a cintura escapular. Na elevação há ativação dos músculos elevador da escápula e romboide maior. Já na depressão da

Tabela 2.1 | Características dos Movimentos da Escápula

Figura 2.6 | Movimentos da Articulação Acromioclavicular

Fonte: Hamil e Knutzen (1999).

Fonte: Disponível em: <http://fisioterapiaeumpoucomais.blogspot.com.br/2013/04/estudando-para-uma-prova-teorica.html>. Acesso em: 24 ago. 2015.

Movimento Descrição Plano Eixo

Elevação Escápula se eleva Frontal Longitudinal

Depressão Escápula se abaixa Frontal Longitudinal

Abdução ou ProtaçãoEscápula se afasta da linha média e da coluna torácica

Sagital Mediolateral

Adução ou RetraçãoEscápula se aproxima da linha

média e da coluna torácicaSagital Mediolateral

Rotação Para CimaÂngulo da escápula roda para

cimaFrontal Longitudinal

Rotação Para BaixoÂngulo da escápula roda para

baixoFrontal Longitudinal

escápula há ação dos músculos peitoral menor e feixe inferior do trapézio. Enquanto que na abdução e rotação para cima da escápula o músculo que executa esse movimento é o serrátil anterior e peitoral menor. E na adução e rotação para baixo da escápula temos a ação dos músculos romboides, peitoral menor e elevador da escápula (BATES; HANSON, 1998).

Além disto, os movimentos que ocorrem na escápula repercutem na clavícula, cujo raio de deslocamento é determinado pelo deslocamento dela (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Os movimentos da cintura escapular são sempre realizados pelos movimentos combinados da escápula com a clavícula,

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resultando em elevação e depressão que ocorrem num eixo anteroposterior, na elevação a extremidade esternal da clavícula deprime-se enquanto que a extremidade acromial se eleva, assim como a escápula; enquanto que na depressão a extremidade externa da clavícula eleva-se enquanto que a extremidade acromial e a clavícula deprimem-se. Nos movimentos de protação e retração a clavícula move-se num eixo vertical, neste caso sua extremidade esternal é fixa, permitindo a rotação para frente (protação) ou para trás (retração) (HALL, 2000).

Já nos movimentos de rotação anterior (superior) e posterior (inferior), definida pela posição que a parte superior da clavícula assume, assim o ângulo inferior da articulação acromioclavicular fica orientado anterolateralmente e a cavidade glenoide desloca-se súpero-lateralmente. Essa combinação de movimentos deve-se à anatomia dos músculos que se ligam à escápula, exceto das fibras superiores do trapézio e o peitoral menor, os quais todos se inserem próximo à borda medial da escápula.

Outro ponto importante na análise do movimento escapular se dá pelo ritmo escápulo-torácico, observado no movimento de abdução do ombro. O ritmo escápulo-umeral ocorre através de uma abdução simultânea do braço com a depressão da cabeça do úmero, pela ativação coordenada entre os músculos da bainha e o deltoide (HALL, 2000).

A diferenciação do movimento ativo (90°) da abdução com a angulação passiva (120º) ocorre pela rotação do úmero que comprime sobre o acrômio o ligamento coracoacromial (CAILLIET, 2000). Caso o úmero esteja em rotação interna, essa movimentação chega a apenas 60°, pois a compressão ocorre bem antes. Esses 60º adicionais para o arco atingir 180° são resultantes da rotação da escápula.

Durante o movimento de rotação observa-se uma tensão nos ligamentos coracoclaviculares conoide e trapezoide, ocorrendo amplitude de movimento de 30° associado à rotação de 30° na articulação esternoclavicular. Enquanto que na abdução há elevação de 10° da extremidade interna da clavícula com abertura de 70° do ângulo escápulo-clavicular e 45° de rotação longitudinal da clavícula para trás. Além disto, durante a extensão encontra-se um fechamento de 10° do ângulo escápulo-clavicular. E na rotação interna observa-se uma abertura de 13° do ângulo escápulo-clavicular (KAPANDJI, 1990).

A escápula na rotação eleva a cavidade glenoide, realizando rotação da clavícula sobre seu eixo longitudinal através da fixação dos ligamentos coracoclaviculares à extremidade exterior da clavícula, eleva sua extremidade externa sem alteração do ângulo de elevação na articulação esternoclavicular proximal. Os primeiros 30° de elevação da clavícula ocorrem na articulação esterno clavicular, os próximos 30° ocorrem pela rotação da clavícula sobre seu eixo (KAPANDJI, 1990).

A clavícula movimenta-se no plano vertical em uma elevação de 10 cm e

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abaixamento de 3 cm, esse movimento de anteposição é limitado pelo ligamento costoclavicular e anterior, e o movimento de retroposição pelo tensionamento dos ligamentos costo-claviculares e posterior (KAPANDJI, 1990).

1.7 Movimentos do ombro

O ombro é uma articulação extremamente móvel, permitindo muita liberdade para a extremidade do membro superior, os movimentos que ocorrem nesta articulação estão descritos na Tabela 2.2.

O movimento de flexão possui uma amplitude de movimento em torno de 0° a 180° (MARQUES, 1997). Para que ele ocorra todo o complexo articular da cintura escapular participa na execução do movimento (CAILLIET, 2000). Os músculos que executam esse movimento são o deltoide anterior e peitoral maior (BATES; HANSON, 1998). Podemos ter uma limitação na amplitude de movimento se houver rotação externa, neste caso a amplitude máxima possível seria de 30º (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

No movimento de extensão a amplitude de movimento vai de 0° a 45°, com ação dos músculos deltoide posterior, redondo maior, redondo menor, grande dorsal e tríceps braquial (MARQUES, 1997).

O movimento de abdução tem amplitude de movimento de 0° a 180°, sendo que a partir de 90° a escápula começa a se movimentar contiguamente (MARQUES, 1997). Os músculos que agem são o deltoide, supraespinhoso, infraespinhoso, subescapular, redondo menor e cabeça longa do bíceps (BATES; HANSON, 1998). A limitação se dá quando há rotação interna concomitantemente, sendo a amplitude máxima possível neste caso de apenas 60° (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Tabela 2.2 | Características dos Movimentos do Ombro

Fonte: Hamil e Knutzen (1999)

Movimento Descrição Plano Eixo

Flexão Braço vai para frente Sagital Mediolateral

Extensão Braço vai para trás Sagital Mediolateral

Abdução Elevação lateral do braço Frontal Sagital

AduçãoMovimento de retorno da

abdução, atravessando a frente do corpo.

Frontal Sagital

Rotação Interna Girar o úmero medialmente Transversal Longitudinal

Rotação Externa Girar o úmero lateralmente Transversal Longitudinal

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No movimento de adução a amplitude varia de 0° a 40° (MARQUES, 1997). Tendo atuação dos músculos peitoral maior, grande dorsal, redondo maior e subescapular (BATES; HANSON, 1997).

Já o movimento de rotação externa tem amplitude de movimento de 0° a 90° (MARQUES, 1997). Os músculos que realizam esse movimento são o infraespinhoso, deltoide posterior e redondo menor (BATES; HANSON, 1998).

Já no movimento de rotação interna a amplitude também varia de 0° a 90° (MARQUES, 1997). Com ação dos músculos subescapular e redondo menor, auxiliados pelo deltoide anterior, peitoral menor e bíceps braquial (BATES; HANSON, 1998). E a rotação interna é limitada pela abdução conjunta, tendo sua amplitude de movimento apenas 45° (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

E finalizando, há a combinação de todos os movimentos descritos acima, formando o movimento denominado circundução (BATES; HANSON, 1998).

Você sabia?

Que até um gesto esportivo simples como o soco no karatê, envolvem movimentos combinados do membro superior, com extensão e rotação do ombro, associada à extensão do cotovelo e o movimento de supinação.

(continua)

Figura 2.7 | Movimentos do Ombro

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Fonte: Disponível em: <http://jumperbrasil.files.wordpress.com>. Acesso em: 21 ago. 2015.

Como mencionado anteriormente, o sistema muscular atua como estabilizador dessa articulação, uma vez que ela possui grande amplitude de movimento. Neste caso o músculo deltoide é um importante estabilizador da articulação glenoumeral, principalmente nos movimentos que ocorrem em ângulos superiores a 90°. Assim como o deltoide, o músculo coracobraquial atua como um estabilizador da articulação do ombro, mesma ação do redondo maior tendo esta ativação principalmente quando o indivíduo segura um objeto.

Figura 2.8 | Músculos do Manguito Rotador

Fonte: Disponível em: <http://academiafw.blogspot.com.br/2012/10/exercicio-e-dor-no-ombro.html>. Acesso em: 12 set. 2015

Os músculos que compõem o manguito rotador (subescapular, supraespinhoso, infraespinhoso e redondo menor) também atuam comprimindo a cabeça do úmero na cavidade glenoide, auxiliando na estabilização do complexo do ombro. Ou seja, essa articulação glenoumeral é estabilizada pelos músculos que realizam a rotação que aproximam a cabeça do úmero à cavidade glenoide. Dessa forma os movimentos de abdução e rotação lateral do úmero fornecem a estabilidade dinâmica através das ações musculares.

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Os movimentos em qualquer gesto esportivo, laboral ou recreativo, não ocorrem de forma isolada, mas sim de forma combinada, e essa amplitude de movimento ampla é necessária para realização de diversas atividades, dentre as quais destacamos: ginástica, natação e tênis (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Um movimento muito comum é o de flexão com abdução, sendo que nos estágios iniciais os movimentos ocorrem, principalmente, na articulação glenoumeral, após 30° de AB ou 45° a 60° de FX, o movimento continua na articulação glenoumeral, mas há concomitantemente movimentos na escápula (com contribuições das articulações acromioclavicular, esternoclavicular e escapulotorácica) (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Agora que já sabemos como as articulações se comportam, também é importante analisarmos inicialmente o papel do sistema muscular. O músculo deltoide participa ativamente em amplitude maiores (90° a 120° de abdução), sendo mais resistente à fadiga entre 45° a 90° de abdução. Quando o braço se eleva, o manguito rotador (músculos redondo menor, subescapular, infra-espinhoso e supra-espinhoso) ganha destaque gerando movimentos de flexão ou abdução, sendo que nos estágios iniciais o redondo menor atua conjuntamente com o deltoide para estabilizar a cabeça umeral, posteriormente, inicia a atuação do subescapular e do infra espinhoso na estabilização, com auxílio do músculo grande dorsal. Na amplitude acima de 90°, a atuação do manguito rotador diminui consideravelmente, tendo atuação apenas do músculo supra espinhoso (HAMIL; KNUTZEN, 1999), ficando dessa forma mais suscetível a lesões ou instabilidade.

Durante esse movimento a cintura escapular precisa protrair e abduzir, elevar e girar para cima com rotação clavicular, posteriormente, para manutenção do posicionamento da cavidade glenoide. Neste caso, os músculos serrátil anterior e o trapézio criam os movimentos laterais, superiores e de rotação da escápula, após o deltoide e o redondo menor terem iniciado os movimentos de elevação até 180°. O serrátil anterior terá como destaque a manutenção da escápula na parede torácica e impedir movimento alar da borda vertebral (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Atuando conjuntamente com o ombro, a cintura escapular movimenta-se permitindo amplitudes de movimento amplas que utilizem pouca energia e permitam boa coordenação e estabilidade. Devido ao fato de não haver ligação óssea entre as escápulas, essa cintura torna-se bastante instável, com transferência de forças para coluna vertebral pela ação da musculatura presente na região.

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Tendo o ritmo escápulo-torácico a importância no desenvolvimento do movimento do ombro, quais implicações um mau funcionamento ou mau treinamento pode acarretar no desenvolvimento da força elevação do ombro?

Essa cintura apresenta alta mobilidade e possibilita que movimentos complexos e precisos sejam executados pelos membros superiores. Atuando na facilitação do movimento que ocorrerá na cavidade glenoide. Em todos os movimentos que ocorrem, tanto no ombro como na cintura escapular, observa-se rotação clavicular, que é o ângulo gerado por rotação da clavícula em torno do seu eixo axial. O ângulo clavicular sofre influência do movimento de abdução do úmero (20° a 120°), sendo que a rotação clavicular ocorre a partir dos 50° de abdução, até os 150°, girando em rotação interna cerca de 35°.

<http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-05232007000200006&lang=pt>. Acesso em: 20 ago. 2015. Neste texto os autores trabalham bastante a relação da escápula com os movimentos que ocorrem na articulação glenoumeral, possibilitando para você uma introdução das possibilidades de aplicação da biomecânica no contexto do segmento do membro superior.

1. Durante o movimento de cadeia cinética aberta de flexão do ombro, como o que ocorre, por exemplo, com o ombro durante o arremesso no basquetebol. Assinale

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2. Em várias situações cotidianas nos deparamos com as diferentes solicitações de carga e contração, em atividades esportivas profissionais essas solicitações podem ultrapassar o limite fisiológico das articulações, por exemplo, um nadador profissional do nado borboleta realiza movimentos de circundução durante todo o trajeto da prova, para que isso seja possível com o máximo de desempenho e o mínimo de lesão, ele é submetido a treinamento de fortalecimento dos músculos que executam esses movimentos. Desta forma, assinale a alternativa que corresponda ao treinamento concêntrico que deve ser treinado nestas situações para melhorar seu desempenho, tendo em vista que o nadador utiliza o movimento de circundução do braço.

a) Músculos que realizam flexão e extensão.b) Músculos que realizam flexão e extensão, abdução e adução, rotação interna e rotação externa.c) Músculos que realizam flexão e extensão, abdução e adução.d) Músculos que realizam abdução e adução, rotação interna e rotação externa.e) Nenhuma das alternativas.

a alternativa que contenha a alternativa correta com os principais músculos ativados e o tipo de contração.

a) Tríceps braquial (Flexão) / Contração Concêntrica.b) Deltoide (Flexão) / Contração Excêntrica.c) Bíceps Braquial (Flexão) / Contração Excêntrica.d) Bíceps Braquial (Flexão) / Contração Concêntrica.e) Nenhuma das alternativas.

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Seção 2

Cotovelo

Introdução

Na seção 2, você terá a explicação dos componentes anatômicos presentes e sua função tanto no movimento quanto na posição estática, realizando uma análise estrutural do movimento passando pela aplicação da física, estabelecendo uma conexão com o conteúdo aprendido na unidade passada. Isso será extremante importante, tendo em vista a importância que o cotovelo possui na geração de qualquer movimento que ocorra no membro superior, uma vez que ele influencia no movimento do ombro e do punho, estabelecendo uma relação sinergista com as articulações vizinhas.

2.1 Revisão anatômica

O cotovelo por estar localizado centralmente no membro superior, apresenta funções que se correlacionam com as funções do ombro e do punho. Ele é formado por três articulações sinoviais envoltas por cápsula articular que, conjuntamente com o sistema ligamentar, fornece estabilidade estática.

• Articulação umeroradia.

• Articulação ulmeroulnar.

• Articulação radioulnar proximal (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

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Figura 2.9 | Articulação do Cotovelo

Fonte: Netter (2000)

2.2 Articulação umeroradial

A articulação umeroradial é definida como uma articulação sinovial plana, permitindo apenas o deslizamento do capítulo do úmero (DÂNGELO; FATTINI, 2007), é estabilizada pelo ligamento colateral lateral (radial). Sua amplitude de movimento ativo é de 0° a 150° de flexão e 0° a 100° de extensão (LOUDON; BELL; JOHNSTON, 1999). O ligamento colateral radial se estende entre o epicôndilo lateral e o ligamento anular, unindo o rádio à ulna. Nesse mesmo epicôndilo lateral inserem-se os músculos supino-extensores e o ancôneo, e o ligamento colateral radial (VIEIRA; CAETANO, 1999).

2.3 Articulação úmero-ulnar

Articulação úmero-ulnar é do tipo sinovial gínglima, que realiza os movimento de flexão e hiperextensão do cotovelo, e caso o cotovelo esteja levemente flexionado,

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Figura 2.10 | Articulação úmero-ulnar

Figura 2.11 | Articulação Radioulnar Proximal

Fonte: Netter (2000).

Fonte: Disponível em: <http://www.au ladeanatomia .com/ar t ro log ia/fibrosas.htm> Acesso em: 03 set. 2015.

realiza o deslizamento medial e lateral da ulna como movimentos acessórios. Estabilizada pelo ligamento colateral medial (LOUDON; BELL; JONSTHONN, 1999). Os músculos flexores fixam-se no epicôndilo medial, assim como os músculos pronadores e o ligamento colateral ulnar, tendo impacto importante quando sobrecarregados (VIEIRA; CAETANO, 1999).

2.4 Articulação radioulnar proximal

Articulação radioulnar proximal é classificada como articulação sinovial trocoide, a qual realiza os movimentos de supinação e pronação do antebraço, na amplitude de movimento de 0° a 80°. Estabilizada pelos ligamentos anular, ligamento quadrado, cápsula articular (LOUDON; BELL; JONSTHONN, 1999).

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ANOTA AÍ!

Na articulação do cotovelo, alguns acidentes ósseos merecem destaque: epicôndilo lateral, epicôndilo medial, proeminência distal do úmero, olecrano e cabeça do rádio, por serem áreas que costumeiramente sofrem de sobrecarga durante a realização de gestos esportivos e laborais (VIEIRA; CAETANO, 1999).

2.5 Movimentos do cotovelo

O movimento de flexão do braço é realizado pelo músculo braquiorradial, braquial e bíceps braquial, com amplitude de movimento de 0° a 15°. Enquanto que a extensão, que é realizada pelo músculo tríceps braquial, extensor radial curto do carpo, extensor radial longo do carpo, extensor curto do carpo e ancôneo, possui amplitude de movimento variando de 0° a 100° (LOUDON; BELL; JONSTHONN, 1999).

O movimento de supinação é realizado pelos músculos braquiorradial e supinador. Já o movimento de pronação é realizado pelos músculos pronadores, com amplitude variando de 0° a 80° tanto na pronação quanto na supinação (LOUDON; BELL; JONSTHONN, 1999).

Figura 2.12 | Movimentos do Cotovelo (Flexão e Extensão

Fonte: Disponíevel em: <http://eduardomalavolta.com/blog/rigidez-do-cotovelo> Acesso em: 03 set. 2015.

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Esses movimentos ocorrem muitas vezes de forma combinada, sendo as mais comuns a supino-extensão, com ativação dos músculos braquiorradial, extensor radial curto do carpo, extensor radial longo do carpo, extensor ulnar do carpo, extensor dos dedos e extensor do quinto dedo. E o outro movimento combinado é de flexão-pronação com ação dos músculos pronador redondo, pronador quadrado, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

Figura 2.13 | Movimentos do Cotovelo (Pronação e Supinação)

Fonte: Disponível em: <http://eduardomalavolta.com/blog/rigidez-do-cotovelo>. Acesso em: 03 set. 2015.

Ao aplicarmos os conceitos das alavancas na comparação do potencial de produção de força/torque entre as articulações do ombro e do cotovelo, podemos concluir que uma tem maior vantagem mecânica do que a outra, não é mesmo? Se você concorda, busque definir qual.

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FICA A DICA

No cotovelo há dois complexos ligamentares, o complexo medial, que é formado pelo ligamento colateral ulnar, que possui três porções: (1) fascículo anterior, (2) fascículo posterior oblíquo e (3) fascículo transverso (VIEIRA; CAETANO, 1999). O complexo lateral é composto pelo ligamento colateral radial, ligamento colateral acessório e ligamento anular (SMITH et al., 1997), com grande atuação na estabilização do estresse em varo (RETTING, 1998).

EXEMPLO DE APLICAÇÃO PRÁTICA DA BIOMECÂNICA

Imagine um arremesso de dardo no atletismo, a trajetória do objeto será parabólica, com trajetória linear, porém, com movimento angular das articulações do ombro e do cotovelo. Neste caso, o que determina a velocidade que o disco alcança é a aceleração, que é diretamente proporcional à distância percorrida no movimento. Além disto, outro ponto importante é a precisão no arremesso de dardo, o qual está relacionado com o movimento linear, uma vez que elimina a força tangencial.

Todavia, se esse exemplo for de arremesso de peso, outro fator passa a preponderar, que é o peso do objeto que será lançado, neste caso, para diminuir a resistência, é necessário reduzir a distância da concentração da massa do objeto ao eixo de rotação.

<http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/78082>. Acesso em: 23 nov. 2015. Nesse texto você terá uma análise do comportamento do cotovelo em uma prática esportiva que utiliza muito esse segmento anatômico.

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1. Ao realizar o gesto esportivo “manchete” no vôlei, todas as articulações dos membros superiores estão modificando suas posições, com o ombro saindo da extensão para flexão, por exemplo. Baseado neste exemplo, assinale a alternativa correta com a mudança de posição no cotovelo.

a) Sai da flexão e vai para extensão.b) Sai da pronação e vai para a supinação.c) Sai da pronação e vai para a rotação interna.d) Sai da flexão e vai para a prono.e) Nenhuma das alternativas.

2. Maria era praticante de tênis, costumeiramente realizava três partidas por semana, um movimento muito comum que ela costumava realizar era para rebater a bola, no qual executava conjuntamente com a flexão do cotovelo com supinação, a adução com flexão do ombro. De acordo com as cargas impostas às articulações, qual parte anatômica sofre sobrecarga?

a) Articulação radioulnar distal.b) Epicôndilo medial.c) Processo coracoide.d) Articulação carpometacárpica.e) Nenhuma das alternativas.

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Seção 3

Punho e Mão

Introdução

Os movimentos mais puros, finos e complexos ocorrem nessas articulações, fator importante na nossa evolução da espécie, nos diferenciando dos outros animais, também na elaboração dos movimentos avançados e com o máximo de destreza possível. Mas por termos movimentos tão especializados, esse complexo de articulações torna-se muito complexo e extenso, uma vez que há necessidade de mais estruturas anatômicas para tornar possível a execução de movimentos finos.

3.1 Punho

A articulação do punho é formada pela junção do rádio, da ulna e dos ossos do carpo. Neste complexo temos as articulações radioulnar distal, que é estabilizada pelos ligamentos anteriores e posteriores à ela. Possui uma pequena cápsula articular que permite os movimentos de pronação e supinação. Já a articulação radiocárpica é formada pela união do rádio com o escafoide e os ossos distais do carpo, é estabilizada pelos ligamentos colaterais radial e ulnar e os ligamentos radiocárpicos. Enquanto que a ulna se articula com o cuneiforme (BATES; HANSON, 1998). E a articulação radioulnar distal, onde temos o rádio e a ulna conectados por uma membrana interóssea (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

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Figura 2.14 | Punho

Fonte: Netter (2000)

3.2 Mão

No punho e na mão existem 29 ossos (8 ossos do carpo, 5 ossos do metacarpo, 14 falanges, rádio e ulna) e mais de 20 articulações (KONIN, 2006). Os ossos da mão são divididos em três partes:

(1) Ossos da fileira proximal do carpo.

(2) Ossos da fileira distal do carpo.

(3) Falanges (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

Os ossos do carpo na fileira proximal são formados por: escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme. Na fileira distal temos: trapézio, trapezoide, capitato e hamato (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

Existem cinco ossos do metacarpo, que são denominados de um a cinco, a partir do lado radial. Suas cabeças articulam-se com as falanges proximais e suas bases articulam-se com os ossos da fileira distal do carpo. Cada dedo é formado por três falanges: proximal, média e distal, exceto o polegar, que não possui falange média (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

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O sistema muscular é dividido em músculos tênares, hipotênares, interósseos palmares e dorsais, e os músculos lumbricais (GARDNER; GRAY, 1988). Os músculos curtos do polegar são: abdutor curto do polegar, flexor curto do polegar, oponente do polegar, adutor do polegar, oponente do polegar, adutor do polegar, primeiro interósseo palmar e primeiro interósseo dorsal. No dedo mínimo temos os músculos abdutor do dedo mínimo, oponente do dedo mínimo e flexor curto do dedo mínimo. Existem ainda os músculos lumbricais e interósseos, numerados de um a quatro, do lado lateral ao medial (GARDNER; GRAY, 1988).

A articulação radiocárpica é condilar, formada pela união entre o rádio, o escafoide e o semilunar, com dois graus de liberdade. Articulações mesocárpicas estão localizadas entre a primeira e segunda fileiras de ossos do carpo. Articulação carpometacárpica é formada pela segunda fileira dos ossos do carpo e a base dos metacarpos, classificada como do tipo sinovial. Articulação metacarpofalangeana que é formada pelos metacarpos com as falanges proximais. E a articulação interfalangeana composta por nove articulações, que realizam movimento de flexão e extensão (um grau de liberdade) (KONIN, 2006).

No sistema ligamentar existem dois ligamentos que estabilizam o punho (ligamento colateral radial do carpo e ligamento colateral ulnar), e muitos ligamentos pequenos que estabilizam o carpo. Ligamento radiocarpal palmar que restringe a extensão do punho (LIPPERT, 2003). Ligamentos intercárpicos dorsais e ligamentos intercárpicos interósseos, que estabilizam o escafoide, semilunar e piramidal. Os ligamentos palmares, que são divididos em ligamentos interósseos (entre capitato e hamato, capitato e trapézio, e trapézio e trapezoide), ligamentos intercárpicos palmares, intercárpicos dorsais e ligamentos colaterais. Além dos ligamentos dorsais que unem ossos metarcárpicos, os ligamentos palmares que também unem ossos metacápicos (GRAY, 1988).

Figura 2.15 | Ossos da Mão

Fonte: Netter (2000)

rádioulna

osso semilunarosso escafóide

osso trapézio

osso trapezóide

osso pisiforme

osso capitato

osso hamato

osso piramidal

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Figura 2.16 | Articulação Trapeziometacárpica

3.3 Articulação trapeziometacárpica

Articulação presente no polegar, em forma de sela, que une o trapézio do carpo com o primeiro metacarpo. Seu principal movimento é o de oposição do polegar (BATES; HANSON, 1999).

3.4 Articulações carpometacárpicas

São as articulações do segundo ao quinto metacarpo, elas são sinoviais, com cápsula articular reforçada por muitos ligamentos carpometacárpicos dorsais e palmares, metacárpicos palmares e dorsais e ligamentos interósseo (BATES; HANSON, 1998).

Fonte: Putz e Pabst (2000)

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Figura 2.17 | Articulações Carpometacárpicas

3.5 Articulações metacarpofalangeanas

São as articulação metacarpofalangeanas que unem os ossos do metacarpo com as falanges proximais, são do tipo condiloide (exceto polegar, que é gínglima), tendo as cápsulas articulares reforço dos ligamentos palmares e colaterais, permitindo movimentos de flexão, extensão, adução e abdução (BATES; HANSON, 1998).

Fonte: Disponível em: <http://cinesiterapiadelamano.blogspot.com.br/2013/05/articulaciones-intermetacarpianas.html>. Acesso em: 21 ago. 2015.

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Figura 2.18 | Articulações Metacarpofalangeanas

Figura 2.19 | Articulações Interfalangeanas

Fonte: Netter (2000)

Fonte: Disponével em: < http://anatomiaonline.com/articulacoes/superior/superior.html>. Acesso em: 03 set. 2015.

3.6 Articulações interfalangeanas

As articulações interfalangeanas são articulações do tipo gínglimo, permitindo o movimento entre as falanges adjacentes, sua estabilidade estática é fornecida pela cápsula articular e reforçada pelos ligamentos colaterais e palmares. Nestas articulações ocorrem apenas os movimentos de flexão e extensão (BATES; HANSON, 1998).

3.7 Movimentos

Os movimentos do punho e das mãos são executados por muitos músculos, não volumosos, mas específicos para fornecerem a capacidade de movimentos

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Figura 2.20 | Movimentos do Punho

Fonte: Disponível em: <http://fisioterapiahumberto.blogspot.com.br/2013_01_01_archive.html>. Acesso em: 24 ago. 2015.

finos e coordenados. As mãos realizam movimentos importantes nas atividades de vida diária, realizando funções de preensão, manipulação precisa e movimentos rápidos (GARDNER; DONALD, 1988).

A flexão do punho é executada pelos músculos flexor radial do carpo, flexor ulnar do carpo e palmar longo, com amplitude de movimento variando de 0° a 80° (BATES; HANSON, 1998; DÂNGELO; FATTINI, 1997). Já a extensão do punho é realizada pelos músculos extensor radial longo do carpo, extensor radial curto do carpo e extensor ulnar do carpo, com amplitude de movimento que varia de 0° a 70° (BATES; HANSON, 1998).

Outro movimento que ocorre no punho é o desvio radial, com pequena amplitude de movimento variando de 0° a 20°, é executado pelos músculos flexor radial do carpo, extensor radial longo do carpo, extensor radial curto do carpo (DÂNGELO; FATTINI, 1997). Enquanto que o desvio ulnar, possui amplitude de movimento de 0° a 30°, realizados pelos músculos flexor ulnar do carpo e extensor ulnar do carpo (DÂNGELO; FATTINI, 1997).

Você já percebeu que os movimentos da mão são dependentes do posicionamento do antebraço e dos movimentos do cotovelo? Portanto, tente analisar em qual condição (movimento de antebraço e cotovelo) há maior facilidade para o movimento de flexão do punho e dos dedos.

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Nos dedos temos o movimento de flexão que é realizado pelos músculos interósseo dorsal, interósseos palmares, lumbricais, flexor curto do dedo mínimo, flexor superficial dos dedos e flexor profundo dos dedos (BATES; HANSON, 1998; DÂNGELO; FATTINI, 1997). Já a extensão dos dedos é realizada pelos músculos interósseo, lumbricais e extensor dos dedos (BATES; HANSON, 1998).

Outro movimento realizado pelos dedos é o de adução que é executado pelos músculos interósseos palmares. Enquanto que a abdução é realizada pelos músculos interósseos dorsiais e o abdutor do dedo mínimo (DÂNGELO; FATTINI, 1997).

Figura 2.21 | Movimentos do Polegar

Fonte: Disponível em: <http://www.trabalhosescolares.net/viewtopic.php?f=3&t=2485>. Acesso em: 24 ago. 2015.

IMPORTÂNCIA FUNCIONAL DA MÃO

A mão possui grande destaque, sendo que qualquer lesão neste segmento terá como consequência grande impacto na funcionalidade. Parte desta funcionalidade se deve ao polegar, devido ao seu movimento de oposição que permite que objetos sejam apanhados de forma delicada e precisa.

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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172006000200014&lang=pt>. Acesso em: 15 ago. 2015.Outro texto que traz a importância da biomecânica no gesto esportivo, neste caso no Kung Fu.

1. Durante um passo de dança, o dançarino passou a mão com o dedo indicador esticado da pelve do lado oposto até a elevação completa na diagonal oposta (ombro hemilateral). Descreva cinesiologicamente o comportamento do membro superior durante o gesto desta dança.

2. Lucas foi realizar uma avaliação isocinética do quadríceps. Durante o teste o examinador pediu que realizasse a maior força possível para esticar o joelho. Baseado no teste isocinético realizado por Lucas, assinale a alternativa correta sobre as características biomênicas.

a) Contração concêntrica em cadeia cinética fechada.b) Contração concêntrica em cadeia cinética aberta.c) Contração excêntrica em cadeia cinética fechada.d) Contração excêntrica em cadeia cinética aberta.e) Nenhuma das alternativas.

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O conceito de análise detalhada de todo o movimento contemplando seus aspectos descritivo, estrutural e mecânico, é primordial para que se possa realizar o ensinamento de qualquer gesto esportivo ou de lazer, permitindo que correções sejam executadas e que possíveis potencialidades possam ser utilizadas ou aprimoradas.

A abundante quantidade de informação disponível ao realizar a análise do movimento humano pode parecer muito complexo, mas nada como o tempo e exaustivas análises para tornar todo esse conhecimento elaborado em algo simples e automatizado. Mas com o avançar tecnológico atual, novas evidências surgem todos os dias, fazendo com que eu reitere a importância da visita nas bases de dados de pesquisas científicas (Scielo, LiLacs, PubMed) para tomar conhecimento do que está sendo comprovado neste momento na ciência.

FICA A DICA!

Observa-se, atualmente, a escassez de pesquisas aplicadas de biomecânica para a prática profissional da Educação Física Escolar, através de uma visão mais abrangente de todas as dimensões envolvidas em cada prática corporal. Por isso, muitas vezes, você terá que utilizar os conceitos da mecânica ao movimento de forma pura aplicando na sua prática para identificar em seus alunos erros cometidos durante a execução de uma habilidade motora. E isto só se tornará atraente ao aluno se for colocado ao seu alcance ou transferido à sua realidade, como mostrar o atrito do solado do tênis em diferentes superfícies, as diferenças de velocidades de bola ou a trajetória parabólica durante o arremesso, entre outros.

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1. Os métodos de avaliação isocinética permitem análises do pico de força com velocidade angular constante, assim, determinar os pontos onde há déficit na geração do torque e assim como para estabelecer pontos onde há muita geração de força. Baseado nisto, você utilizaria esse método isocinético como um instrumento de treinamento? Justifique.

2. Na ginástica olímpica observamos vários movimentos complexos e extenuantes, como durante a utilização do cavalo. Os membros superiores são estimulados a produzirem níveis de força elevadíssimos e ainda manterem a precisão dos seus gestos. Com base no exposto, observa-se a necessidade de uma estabilização eficiente e coordenada, assinale a alternativa que as estruturas responsáveis pela manutenção da estabilidade dinâmica do ombro.

a) Músculos do manguito rotador.

b) Cápsula articular da articulação glenoumeral.

c) Sistema ligamentar.

d) Bursa subtrocanteriana.

e) Nenhuma das alternativas.

3. Durante o jogo de futebol, quando a bola sai pela lateral do campo, o jogador tem que repô-la com as mãos lançando-a por cima da cabeça. Nesse gesto há inicialmente uma flexão de cotovelo e ombro e, posteriormente, há extensão de cotovelo e diminuição

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da flexão ombro. A bola terá uma trajetória parabólica. Sabendo que dentro da biomecânica temos vários tipos de movimentos, assinale a alternativa com a movimentação que ocorreu durante o arremesso da bola.

a) Movimento linear.

b) Movimento translacional.

c) Movimento angular.

d) Movimento longitudinal.

e) Nenhuma das alternativas.

4. Existe um jogo chamado “queimada”, no qual o objetivo é acertar a bola em alguém do time adversário e assim tirá-lo da partida. São muito utilizados os movimentos de arremesso e de recepção da bola. Para arremessar a bola, qual tipo de contração é utilizado e qual é o grupo muscular que participa deste gesto motor?

5. Os movimentos, muitas vezes, são analisados de forma isolada, mas quando executamos qualquer atividade, percebemos que eles ocorrem de forma combinada, todavia, para facilitar a compreensão destes movimentos combinados, ao analisá-los, fazemos a separação de cada movimento. Mas sabemos também que a utilização conjunta destes movimentos pode alterar sua amplitude de movimento. No ombro isto fica muito evidente, por isso, assinale a alternativa que contenha uma combinação capaz de reduzir a amplitude de movimento da flexão do ombro.

a) Flexão do ombro com flexão do cotovelo.

b) Flexão do ombro com extensão do cotovelo.

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c) Flexão do ombro com flexão do punho.

d) Flexão do ombro com extensão do punho.

e) Flexão do ombro com rotação interna do ombro.

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Referências

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DÂNGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia básica dos sistemas orgânicos. 3. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2007.

FONSECA, V.; MENDES, N. Escola, escola, quem és tu? Perspectivas psicomotoras do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1987.

GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O’RAHILLY, R. Anatomia: estudo regional do corpo humano. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.

HAMILL, J.; KNUTZEN, K. M. Bases biomecânicas do movimento humano. São Paulo: Manole, 1999.

HALL, S. J. Biomecânica básica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

KAPANDJI, I. A. Fisiologia articular. 4. ed. Barueri: Manole, 1990.

KISNER, C. Y.; COLBY, L. Y. A. Exercícios Terapêuticos Fundamentos e Técnicas. 3. ed. Barueri: Manole, 1998.

KONIN, J. G. Cinesiologia prática para fisioterapeutas. Tradução: Eliane

Ferreira. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

LIPPERT S. L. Cinesiologia Clínica para Fisioterapeutas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2003.

LOUDON, J. K.; BELL, S. L.; JOHNSTON, J. M. Guia clínico de avaliação ortopédica. São Paulo: Manole, 1999.

MARQUES, A. P. Manual de goniometria. Barueri: Manole, 1997.

NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

PUTZ, R.; PABST, R.; Atlas de anatomia humana Sobotta. 21. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

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SMITH, L.K., et al. Cotovelo e antebraço. In: Cinesiologia Clínica de Brunnstrom. 1ª ed. Brasileira: Manole Ltda, 1997.

VIEIRA, E.A.; CAETANO, E.B. Bases anátomo-funcionais da articulação do cotovelo: contribuição ao estudo das estruturas estabilizadoras dos compartimentos medial e lateral. Revista de sete peças anatômicas. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 34, n. 8, p. 481-488, agosto,1999.

WILK, K. E. et al. Reabilitação do ombro. In: ANDREWS, J. R.; HARREBSON, G. L.; WILK, K. Reabilitação física das lesões desportivas. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p. 350-400.

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Unidade 3

CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA RELACIONADA AOS MOVIMENTOS DOS MEMBROS INFERIORES

Objetivos de aprendizagem:

Prezado(a) aluno(a)! Nessa unidade, você irá aplicar os conceitos aprendidos na Unidade 1, tendo como objeto de estudo os movimentos que os membros inferiores realizam, apresentado de forma simples e sistemática, com o objetivo de facilitar o entendimento do conteúdo e a sua aplicação na prática profissional. Você notará que, para ficar mais didático e sistemático o estudo, nós dividimos os conteúdos pelos três grandes complexos articulares presentes neste segmento. Espero que, ao final desta unidade, você seja capaz de entender os movimentos que os membros inferiores realizam, quais estruturas estão envolvidas e alguns detalhes biomecânicos, que podem facilitar a aprendizagem do gesto motor.

João Paulo Manfré dos Santos

Nesta seção, iremos relembrar os principais componentes anatômicos do quadril, os movimentos e como essas estruturas atuam. Finalizaremos com conceitos de biomecânica, estabelecendo relações com algumas situações práticas.

Seção 1 | Quadril

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Na segunda seção, será realizada uma revisão anatômica das estruturas do joelho, como elas se relacionam entre si e, também com o quadril e tornozelo, além de analisar os movimentos presentes nesta articulação e quais estruturas atuam, aplicando os conceitos de biomecânica.

Nesta seção faremos uma releitura anatômica do tornozelo e do pé, das relações entre os componentes ósseos, articulares e musculares. Também, realizaremos uma interpretação dos principais movimentos presentes nestas articulações e a atuação destes componentes dentro do contexto biomecânico.

Seção 2 | Joelho

Seção 3 | Tornozelo e pé

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Cinesiologia e biomecânica relacionada aos movimentos dos membros inferiores

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Introdução à unidade

Caro aluno! Nesta unidade realizaremos as análises sobre os movimentos dos membros inferiores, analisando desde os componentes anatômicos de todos os segmentos (ossos, articulações, cápsulas articulares, ligamentos, tendões e músculos), analisando os movimentos, até a aplicação dos conceitos mecânicos neste contexto (planos, eixos, estabilização, força etc.). Essas análises terão momentos mais simples, como situações mais complexas, possuindo uma gama extensa de planos e eixos de movimentos, possibilitando combinações complexas (planos e eixos oblíquos), que possibilitam a realização de movimentos triplanares.

Começaremos pelo quadril, analisando os movimentos, e sua relação com as outras estruturas adjacentes, além de determinar algumas análises voltadas para a prática de situações rotineiras, analisando os movimentos isolados desta articulação, os combinados e mais complexos.

Posteriormente, faremos as mesmas análises no joelho, estabelecendo além do descrito acima, a relação dele com o quadril e tornozelo. E finalizaremos com a análise cinesiológica e biomecânica do tornozelo e pé, destacando sua importância funcional para a realização de movimentos finos e precisos.

Desta forma, espera-se que todo o conteúdo que será apresentado seja útil na sua formação e, futuramente, na sua prática profissional, corroborando para uma melhor compreensão do gesto motor, proporcionando melhor desempenho e elevação dos níveis de qualidade de vida da população.

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Seção 1

Quadril

1.1 Revisão anatômica

O quadril é uma verdadeira articulação do tipo esférico circundado por músculos potentes e muito equilibrados, permitindo uma ampla amplitude de movimento em todos os planos, além de prover grande estabilidade. Características muito úteis em atividades simples, como caminhar e correr e no suporte do peso corporal. Além disso é um importante componente de junção do esqueleto axial com o esqueleto apendicular.

O fornecimento da junção entre os membros inferiores e o esqueleto axial serve para transmissão de forças do solo para o tronco (CAMPBELL et al., 2001). Essa junção é crucial para a execução de atividades esportivas, uma vez que é frequentemente exposta a grandes forças axiais e torcionais, por possuir características únicas, anatômica e fisiologicamente (MOSCA, 1989).

Os movimentos que ocorrem no quadril são realizados pela articulação do quadril (coxofemoral), que possui grande mobilidade e é muito estável. Ela possui quatro características de uma articulação sinovial ou diartrodial:

• Cavidade articular.

• Cobertas por cartilagem articular.

• Membrana sinovial com produção de líquido sinovial.

• Ligamentos capsulares (BYRD, 2004).

Sendo composta pela cabeça do fêmur, colo do fêmur, acetábulo e um complexo sistema ligamentar (NETTER, 2000). A cabeça femoral é revestida por uma cartilagem, e ela se encaixa no acetábulo que está situado na extremidade do ilíaco, ela é lubrificada pela quantidade de líquido sinovial (composta por água e proteínas). É fixada pelos ligamentos pubofemoral, iliofemoral, transverso do acetábulo e redondo (SOBOTTA, 2000). A região da cabeça femoral coberta pelo acetábulo corresponde a 60% a 70% da esfera, sendo o restante uma área não coberta no centro da cabeça femoral (BYRD, 2004).

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O acetábulo é formado por contribuições ósseas do ílio (aproximadamente 40%), ísquio (40%) e púbis (20%) (ROSS; LAMPERTI, 2006). A superfície articular é ovalada, cartilagem articular em formato de ferradura. Na parte inferior temos o ligamento inferior transverso, na margem do acetábulo temos o lábio fibrocartilaginoso (BYRD, 2005), este atua distribuindo as forças ao redor da articulação (KIM, 1987; TANABE, 1991). Além disto, o lábio fibrocartilaginoso restringe o movimento do líquido sinovial (FERGUSON, 2003).

Existe também um lábio glenoidal, que circunda o acetábulo terminando inferiormente onde o ligamento acetabular transverso circunda a fossa acetabular (BYRD, 2004).

A cabeça do fêmur é articulada ao colo do fêmur, que varia em comprimento dependendo do tamanho corporal. Seus ângulos permitem uma classificação que vai desde a coxa valga até a coxa vara. O ângulo do colo do fêmur é geralmente em torno de 125°±5°, passando de 130° na coxa valga e menor que 120° na coxa vara. Além disto, a rotação anterior do colo do fêmur no plano coronal é referida como anteversão femoral, cuja angulação varia de 15° a 20° (ROSS; LAMPERTI, 2006).

Figura 3.1 | Articulação do quadril

Fonte: Disponível em: <http://www.quadrilcirurgia.com.br/-pesquisa-investiga-funccedilatildeo-dos-ligamentos-do-quadril.html>. Acesso em: 15 out. 2015.

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A cápsula articular fornece grande estabilidade conjuntamente com os ligamentos capsulares. O ligamento iliofemoral pode ser visto anteriormente no quadril e possui a forma de “Y” invertido, ligando o ílio com a linha intertroncatérica do fêmur. Este é um ligamento extremamente forte e suporta força tensionais de até 350 N. Temos ainda o ligamento pubofemoral, localizado inferior e posteriormente ao ligamento iliofemoral, contribuindo para a força da porção anteroinferior da cápsula. Posteriormente, o ligamento isquiofemoral, que é extremamente forte. Em resumo, anteriormente, temos os ligamentos iliofemoral e pubofemoral e, posteriormente, os ligamentos iliofemoral e isquiofemoral (ROSS; LAMPERTI, 2006).

Já o sistema muscular é complexo e muito importante para a execução dos movimentos desta articulação, além de promover estabilidade dinâmica durante a realização destes, prevenindo forças estressantes sobre o fêmur.

Vinte e dois músculos atuam no quadril. O tensor da fáscia lata é uma faixa fibrosa contínua. Iliopsoas, um músculo flexor, que tem como inserção proximal os corpos vertebrais de T12 a L5 e inserção distal o trocânter menor do fêmur. A flexão do quadril é realizada pelos músculos iliopsoas, sartório, reto femoral e tensor da fáscia lata. O sartório contribui para a abdução e rotação externa. O glúteo máximo é um potente extensor do quadril, e está envolvido na rotação e abdução do mesmo (ROSS; LAMPERTI, 2006). Os principais abdutores são os músculos glúteos médio e mínimo, assim como o tensor da fáscia lata. O músculo piriforme contribui com a rotação externa e extensão. Portanto, para realizar a adução do quadril, temos os músculos gêmeo superior, obturador interno, gêmeo inferior, quadrado femoral, obturador externo, grácil e pectíneo, além dos adutores longo, curto e magno. Na rotação externa, temos as ações dos músculos gêmeo superior, obturador interno, gêmeo inferior e quadrado femoral, assim como o obturador externo, grácil e pectíneo. Outros auxiliam na extensão, como no caso dos adutores longo, curto e magno, enquanto que na flexão o músculo pectíneo auxilia em amplitudes acima de 70° (ROSS; LAMPERTI, 2006).

Figura 3.2 | Ângulos do colo do fêmur

Fonte: Ross e Lamperti (2006)

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Existe, também, a possibilidade de inversão da ação muscular. Por exemplo, os músculos glúteos médio e mínimo atuam como abdutores quando o quadril está em extensão e como rotadores internos quando o quadril está flexionado. O adutor longo age como um flexor do quadril até 50°, mas como um extensor em 70° (ROSS; LAMPERTI, 2006).

1.2 Cinesiologia do quadril

Como mencionado anteriormente, a articulação do quadril possui uma ampla mobilidade, em movimentos considerados simples dentro do contexto cinesiológico. Temos os movimentos de flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna (medial) e rotação externa (lateral), todos descritos a seguir.

Nos movimentos de flexão a extensão, a perna se desloca para frente em direção ao tronco e para trás em direção às costas, respectivamente. Ambos os movimentos ocorrem no plano sagital e eixo transversal (KAPANDJI, 2000).

Quando executamos movimentos, gestos simples e cotidianos, como subir e descer escadas, estamos executando os movimentos de flexão e extensão do quadril, com ativação concêntrica dos músculos flexores (reto femoral, iliopsoas) e extensores (glúteo máximo), utilizando o próprio peso como resistência para elevá-lo até o próximo degrau.

Figura 3.3 | Movimentos de flexão e extensão

Fonte: Adaptado de: Kapandji (2000)

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Já nos movimentos de abdução e adução, a perna se movimenta para o lado em relação ao plano sagital e retorna para o centro passando pela linha média do corpo, respectivamente. Estes movimentos ocorrem no plano frontal e eixo anteroposterior (sagital) (KAPANDJI, 2000).

Outro movimento que ocorre na articulação do quadril é o de rotação, que pode ser lateral, quando o membro inferior gira em torno do seu próprio eixo com sentido externo, e pode ser medial, que ocorre quando o membro inferior gira em torno do seu próprio eixo com sentido interno (KAPANDJI, 2000).

E há outro movimento que ocorre na articulação coxofemoral, que ocorre quando todos esses movimentos descritos acima se combinam, temos o

Figura 3.4 | Movimentos de abdução

Figura 3.5 | Movimentos de rotação

Figura 3.6 | Movimento de circundução

Fonte: Adaptado de: Kapandji (2000)

Fonte: Disponível em: <http://www.musculacao.net/mitos-e-verdades-do-agachamento/>. Acesso em: 15 out. 2015.

Fonte: Disponível em: <https://espacokaizen.wordpress.com/2013/11/12/caminhada-aquecimento-bas ico-de-preparacao/>. Acesso em: 15 out. 2015.

movimento de circundução, fazendo com que o membro inferior realize uma trajetória combinada circular (KAPANDJI, 2000).

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Fonte: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Coxa-valga-norma-vara-000.svg>. Acesso em: 13 set. 2015.Fonte: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Coxa-valga-norma-vara-000.svg>. Acesso em: 13

Você observou que o movimento de circundução nada mais é do que a combinação dos movimentos de flexão, abdução, rotação externa, extensão, adução e rotação interna, todos acontecendo de forma sincronizada e concomitante. Assim, você consegue imaginar em quais gestos esportivos temos esse movimento de circundução?

1.3 Biomecânica do quadril

Quando analisamos as forças que atuam na articulação do quadril, observamos que duas prevalecem ou podemos dizer que elas têm enorme influência no funcionamento deste segmento, que são o peso corporal e a própria atividade realizada (LEE, 2001). Ela atua transmitindo forças entre o tronco e o solo, sustentando muitas vezes o dobro do peso corporal durante a marcha, podendo atingir quatro vezes o peso ao subir escadas (HEBERT, 2009).

A estabilidade desta articulação é fornecida tanto de forma dinâmica pelo sistema musculoesquelético quanto de forma estática através do sistema ligamentar que é extremamente robusto e forte. Estão submetidas a um eixo mecânico representado pela linha que conecta os centros das articulações do joelho e do quadril (SMITH, 1997). Sendo que as variações anatômicas determinam a aplicação das forças que ocorrem no ângulo entre o eixo da diáfise e o colo do fêmur, pois de acordo com esse ângulo podemos determinar se a coxa possui angulação normal (120°-135°), se ela é valga (acima de 135°) e se ela é vara (abaixo de 120°) (KÖPF-MAIER, 2006).

Figura 3.7 | Coxas vara e valga

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Quando estamos em pé, a força da gravidade é dividida entre os dois quadris. A magnitude das forças que atuam no quadril depende do raio do braço de alavanca (MARTIN; BURR; SHARKEY, 1998). Quanto maior o raio, maior a força requerida pelos músculos para movimentar o fêmur. Assim, a aplicação de forças no quadril acaba passando pelo centro de gravidade corporal e pelo centro da cabeça e do colo do fêmur, com sua angulação variando de 165° a 170°, sem sofrer influência do posicionamento da pelve (TUREK, 1991).

Desta forma, dependendo da anatomia e da atividade realizada, o quadril pode ter uma carga aplicada que varia de 4 a 10 vezes o peso corporal do indivíduo (CAMPBELL, 1989). Ao caminhar, transmitimos o peso do corpo ao quadril, gerando forças significativamente grandes. Suportando magnitudes de 2.3 a 2.9 vezes o peso corporal quando em posição unipodal, e 1.6 a 3.3. vezes o peso corporal durante a caminhada (COWIN, 2006).

EXEMPLO: BALÉ

A postura observada nos bailarinos é caracterizada pela anteversão e retroversão da pelve, com rotação externa do quadril, sendo estabilizado pelos músculos glúteo médio e tensor da fáscia lata, que podem ocasionar uma hiperextensão do joelho, com consequente redução da estabilidade desta articulação (GÓIS; CUNHA; KLASSEN, 1998). Dessa forma, há um aumento da ativação dos rotadores externos do quadril, que pode produzir uma inclinação medial do joelho (GUIMARÃES; SIMAS, 2001). Essa força de tração provoca rotação externa da tíbia (WINSLOW; COHEN, 1995).

Ao observar os movimentos do balé clássico, encontram-se amplitudes de

<http://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4923528.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2015Neste artigo, você encontrará uma análise detalhada do exercício de agachamento com interessantes conceitos científicos na busca por estabelecer um consenso neste exercício.<http://www.seer-adventista.com.br/ojs/index.php/formadores/article/view/374/376>. Acesso em: 23 nov. 2015Este texto trabalha a amplitude de movimento de quadril de um grupo de estudantes. Importante para compreender a variação de pessoa para pessoa na amplitude de movimento.

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movimentos articulares extremas e a precisão de giros sobre o eixo corporal (GUIMARÃES; SIMAS, 2001).

Os estudos sobre as forças envolvidas trazem que a força de adução é menor que a força de abdução, e que o movimento de rotação externa do membro inferior ocorre acima do joelho (COHEN, 2003).

As posições básicas do balé exigem rotação lateral extrema dos membros inferiores, assim como uma rotação dos pés a 180° (KHAN et al., 1995). Esses movimentos podem ser combinados com retroversão da pelve (KHAN et al., 1995). Os joelhos se flexionam em alguns movimentos, principalmente em pequenos e grandes saltos (KHAN et al., 1995). O quadril pode estar estendido, quando a(o) bailarina(o) está apoiada(o) em uma perna (KHAN et al., 1995).

Os grupos musculares, geralmente, são solicitados em contrações rápidas e potentes, enquanto que outros estão atuando de força isométrica, fornecendo, sustentação ao corpo (MARGHERITA, 1994). Sendo que alguns ocorrem em amplitudes de movimentos elevadas como na flexão, extensão e rotação do tronco, extensão e abdução do quadril, flexão plantar e eversão de tornozelo (ESPEJO et al., 1990). O mecanismo extensor dos joelhos força em uma posição reta, enquanto que a tíbia é mantida em rotação externa (MILLER et al., 1975).

Assim, o balé exige coordenação e postura corretas, com distribuição uniforme de peso sobre os pés, com os joelhos estendidos e perfeito equilíbrio, que ocorre através de uma evolução técnica, com adaptação corporal nos sistemas nervoso, muscular e esquelético (GUIMARÃES; SIMAS, 2001).

Fonte: Disponível em: <http://www.laifi.com/laifi.php?id_laifi=3023&idC=56959#>. Acesso em: 15 out. 2015.

Figura 3.8 | Movimentos do balé

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1. Na ginástica rítmica, observamos gestos lindos realizados com uma sutileza e precisão impressionantes. Muitas vezes, os atletas executam um movimento no qual o pé acaba descrevendo um círculo no ar. Ao analisar esse movimento na articulação coxofemoral, podemos afirmar que:

a) O movimento que está descrito acima é o de circundução e que a ativação muscular é definida como concêntrica.b) O movimento que está descrito acima é de flexão e extensão e que a ativação muscular é definida como concêntrica.c) O movimento que está descrito acima é de flexão e extensão e que a ativação muscular é definida como excêntrica.d) O movimento que está descrito acima é de abdução e adução e que a ativação muscular é definida como isométrica.e) O movimento que está descrito acima é o de circundução e que a ativação muscular é definida como isométrica.

2. O movimento de flexão e extensão do quadril é muito comum em situações cotidianas, como ao subir e descer escadas, pular um obstáculo, entre outros. Desta forma, assinale a alternativa correta sobre o movimento de flexão de extensão coxofemoral.

a) Ocorre no plano coronal e eixo longitudinal, tendo como músculo flexor principal o adutor magno.b) Ocorre no plano sagital e eixo transversal, tendo como músculo flexor principal o grácil.c) Ocorre no plano sagital e eixo transversal, tendo como músculo flexor principal o iliopsoas.d) Ocorre no plano coronal e eixo longitudinal, tendo como músculo flexor principal o reto femoral.e) Ocorre no plano frontal e eixo longitudinal, tendo como músculo flexor principal o reto femoral.

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Seção 2

Joelho

2.1 Revisão anatômica do joelho

A articulação do joelho é importantíssima na realização de movimentos dos membros inferiores, parte disto se deve à sua localização, entre o quadril e o pé, e às funções de absorção do impacto, estabilização e geração de força para movimentar a perna.

O joelho é classificado como uma articulação condiloide, formada pela extremidade distal do fêmur, extremidade proximal da tíbia e pela patela. Nas suas relações anatômicas, observamos a formação de três compartimentos:

• Compartimento tibiofemoral medial: contato entre o côndilo femoral medial com a face articular superior da tíbia.

• Compartimento tibiofemoral lateral: contato entre o côndilo femoral lateral com a face articular superior da tíbia.

• Patelofemoral anterior: contato entre a tróclea com a patela (SILISKI et al., 2002).

Entre a tíbia e o fêmur, temos os meniscos, que são discos fibrocartilaginosos, situados entre os côndilos femorais e os platôs tibiais (SILISKI et al., 2002). Existem dois meniscos semilunares em cada joelho, o menisco medial e o menisco lateral (KAPANDJI, 2000).

Já a patela é um osso sesamoide, desenvolvido dentro do tendão do quadríceps (RASCH et al., 1991).

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A patela está inserida dentro do tendão do quadríceps e atua como vetor de força nos movimentos que ocorrem na articulação do joelho, proporcionando maior vantagem mecânica aos movimentos sem sobrecarregar as estruturas articulares.

Fonte: Disponível em: <http://www.mauriciolongaray.com.br/ligamentos.php>. Acesso em: 15 out. 2015.

Figura 3.9 | Articulação do joelho

2.2 Cinesiologia do joelho

Na articulação do joelho observaremos, principalmente, dois movimentos, flexão e extensão, porém outros movimentos ocorrem dependendo da posição do que são rotações da tíbia durante esses movimentos descritos anteriormente (PRENTICE et al., 2002). Essas rotações ocorrem de forma acessória apenas quando o joelho está em flexão (KAPANDJI, 2000).

Em uma análise mais detalhada dos movimentos do joelho, observam-se os movimentos translacionais (anteroposteriores, mediolateral e compressão-distração) e os movimentos rotacionais (flexão-extensão, varo-valgo, rotação interna-rotação externa (SILISKI et al., 2002).

No plano sagital, temos os movimentos de flexão e extensão, envolvendo os

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Fonte: Kapandji (2000)

movimentos de rolamento (no início da flexão) e deslizamento (no final da extensão). Já durante a extensão, a tíbia rola anteriormente sobre o fêmur, enquanto que durante a flexão a tíbia rola posteriormente sobre o fêmur. Entre 0° de extensão e 20° de flexão temos a relativa rotação interna da tíbia, já em 90° de flexão temos uma rotação externa do joelho (0-45°) e rotação interna (0-30°) (AFFATO, 2014).

Vários músculos atuam no movimento de flexão do joelho, são eles o músculo bíceps femoral, semitendinoso, semimembranoso, grácil, sartório, gastrocnêmio, poplíteo e plantar. Já durante o movimento de extensão, os músculos que executam são, na verdade, um complexo de quatro músculos, o quadríceps, formado pelo retofemoral, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio (PRENTICE et al., 2002).

Figura 3.10 | Flexão e extensão do joelho

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Já o movimento de rotação lateral é controlado pelo bíceps femoral, enquanto que o movimento de rotação interna é realizado pelos músculos poplíteo, semitendinoso, semimembranoso, sartório e grácil (PRENTICE et al., 2002). Lembrando que esses movimentos de rotação ocorrem somente quando o joelho está flexionado.

A amplitude de movimento pode ser observada na Tabela 3.1.

No plano frontal, com o joelho em extensão completa, nenhuma abdução ou adução é possível, com o joelho em flexão de 30° é possível realizar alguns graus de abdução e adução passiva e, em amplitudes maiores que 30°, a mobilidade diminui devido à restrição tecidual.

Fonte: Calais-Germain (1991)

Figura 3.11 | Rotação interna e rotação externa do joelho

A extensão dos joelhos em cadeia cinética aberta (i.e., segmento distal encontra-se livre para movimentar no espaço), geralmente é realizada em máquina de musculação para o fortalecimento do músculo quadríceps (MIRZABEIGI, 1999).

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Durante o apoio unipodal, o centro da gravidade move-se para a perna que está em contato com o solo, acompanhado por um valgo de joelho.

Esses movimentos de rotação que ocorrem quando o joelho está flexionado possuem importância cinesiológica e biomecânica devido às características anatômicas dos côndilos femorais. Você consegue determinar quais vantagens esses movimentos proporcionam?

Tabela 3.1 | Amplitude de movimento do joelho

Fonte: Affato (2014); Rasch et al. (1991)

Movimento Graus

Flexão 0º

Extensão 140º

Rotação Lateral 45º

Rotação Medial 30º

EXEMPLO: ANÁLISE DA MARCHA

Durante a marcha temos uma sequência repetitiva de movimentos que acontecem nos membros inferiores, com vistas a mover o corpo para frente, fornecendo simultaneamente estabilidade no apoio (GAMBLE; ROSE, 1998). Assim, conforme o corpo desloca-se para frente, um membro fica como fonte móvel de apoio, enquanto outro avança para a nova posição (PERRY, 2005).

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Desta forma, o ciclo da marcha pode ser dividido em duas fases principais: a estação e a oscilação, tendo como movimentos principais a flexão de quadril e joelho e extensão dos mesmos de forma sincronizada (NEUMANN, 2006). Durante a caminhada o movimento de flexão e extensão ocorre numa amplitude de movimento de 0° a 67° (AFFATO, 2014).

Fonte: Rose e Gamble (1998)

Figura 3.12 | Ciclo da marcha

2.3 Biomecânica do joelho

Por não possuir muitos movimentos, poderíamos pensar que a biomecânica envolvida na articulação do joelho é simples, mas é exatamente o contrário, temos condições complexas para analisar. Ela permite, por exemplo, que o corpo se mova com um gasto mínimo de energia através do trabalho muscular e estabilidade, em diferentes superfícies, além desta articulação transmitir, absorver e redistribuir as forças provocadas durantes as atividades de vida diárias.

No joelho, o equilíbrio ocorre pelo balanceamento de todas as forças e os momentos de ação, como as forças de contato causadas pela ação dos ligamentos.

A articulação do joelho é importante para a manutenção da postura ortostática (em pé), fornece grande estabilidade durante a caminhada e é um complexo importantíssimo do movimento dos membros inferiores. Ela carrega e transmite as forças compressivas que atuam nas superfícies articulares (estabilidade estática), as forças tensivas nos ligamentos e músculos (estabilidade dinâmica) (AFFATO, 2014).

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Figura 3.13 | Meniscos e ligamentos do joelho

A articulação do joelho está localizada entre o fêmur e a tíbia, portanto, em uma análise dos vetores de força, ela encontra-se entre dois importantes braços de alavanca, e possui função de sustentação e de mobilidade do membro inferior (AMESTOY; LIMA, 2000).

A estabilidade é fornecida pela cápsula articular e ligamentos (estabilidade estática), além e dos próprios músculos (estabilidade dinâmica), tendo maior estabilidade durante a extensão devido à maior congruência da articulação e complementada pela força da gravidade (KAPANDJI, 2000). Todavia, durante a movimentação, o encaixe é considerado frouxo, o que requer maior atenção e cuidado (KAPANDJI, 2000). Sendo que parte da incongruência é compensada pelo menisco (SILISKI et al., 2002).

Os meniscos têm como função aumentar a estabilidade do joelho, a absorção do impacto e distribuir melhor o peso corporal, protegendo a cartilagem articular subjacente e o osso subcondral (KAPANDJI, 2000). Essa maior estabilidade proporcionada pelo menisco deve-se à limitação de movimento que ele impõe entre a tíbia e o fêmur (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

Desta forma, podemos definir várias funções para o menisco:

• Suporte de peso.

• Estabilidade.

• Absorção do impacto.

Fonte: Disponível em: <http://doutissima.com.br/2014/04/05/saiba-em-que-uma-lesao-menisco-pode-afetar-sua-vida-e-quais-sao-os-tratamentos-mais-indicados-51784/>. Acesso em: 14 set. 2015.

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• Atua como uma polia alterando a direção da força aplicada pelo quadríceps.

• Ajuda a suportar o trabalho do quadríceps durante sua contração na extensão, e até durante a flexão.

• Aumentar o momento de força do joelho.

• Proteger a superfície articular do joelho.

• Distribuir pressão.

• Ajustar a força articular (AFFATO, 2014).

Devido ao fato da rigidez do ligamento depender da razão entre a carga de alongamento da região elástica e a energia do trabalho (CALLAGHAN, 2003). O joelho possui um sistema ligamentar forte que é ativado em diferentes condições:

Outra estrutura importante nas características mecânicas do joelho é a patela, que tem como função a proteção da face anterior da articulação, e atua como polia, alterando o ângulo de fixação do ligamento da patela na tuberosidade da tíbia, proporcionando maior vantagem mecânica ao quadríceps (RASCH et al., 1991), isto ocorre pelo aumento da distância do braço de força (FULKERSON, 2000).

Na patela, temos várias forças agindo:

• Lateralmente: retináculo lateral, vasto lateral e trato iliotibial.

• Medialmente: retináculo medial, vasto medial.

• Superiormente: quadríceps.

• Inferiormente: ligamento patelar (AFFATO, 2014).

Tabela 3.2 | Ativação do sistema ligamentar

Fonte: Tria et al. (2002); Prentice et al. (2002)

Ligamento Ação Tensionado Relaxado

Colateral LateralEstabilidade lateral do

joelho (estresse em varo)Extensão do joelho Flexão do joelho

Colateral medialEstabilidade medial do

joelho (estresse em valgo)Extensão do joelho

Flexão do joelho (60-70º)Flexão do joelho

(20-30º)

Cruzado anteriorEstabilidade anterior e rotacional do joelho

Cruzado posteriorEstabilidade posterior e

rotacional do joelho

Rotação interna do joelho (5º)

Flexão do joelho (60º)

Flexão do joelho (10-30º)

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A estabilização estática da patela é fornecida pelo ligamento patelofemoral, resistindo à translação lateral da patela (MARCZYK; GOMES, 2000). Na extensão, a patela está lateral e proximal à tróclea. Na flexão em 20°, ela move-se para dentro da tróclea, sendo que a partir de 30° ela está mais proeminente, e somente a 90º que ela se posiciona lateralmente novamente, isto ocorre até 135°. As pressões na patela tendem a aumentar com a flexão do joelho, chegando ao máximo quando a flexão atinge 90° (MACEDO; MACHADO; FERRO, 2003).

O joelho é uma articulação gínglima, do tipo artrodial, com seis graus de liberdade, sendo três de rotação e três de translação. Nos movimentos rotacionais na articulação temos a flexão e a extensão (160° de flexão e -5° de hiperextensão), varo e valgo (6°-8° em extensão), rotação interna e rotação externa (25°-30° de flexão). Nos movimentos translacionais temos o movimento anteroposterior (5-10 mm), compressão (2-5 mm) e mediolateral (1-2 mm). Durante a extensão o contato é locado centralmente, no início da flexão o rolamento é posterior, com contato contínuo movendo posteriormente, e na flexão total o fêmur desliza, e contato fica localizado posteriormente. Durante os últimos 20° da extensão o deslizamento tibial anterior persiste, produzindo rotação externa da tíbia (MASOUROS et al., 2008).

O movimento de flexão implica o rolar e deslizar do côndilo femoral sobre o platô tibial. Esse movimento de translação ocorre por tração dos ligamentos cruzados (AFFATO, 2014).

Os movimentos de rotação interna e rotação externa ocorrem no plano transverso e são influenciados pelo posicionamento da articulação no plano sagital (flexão e extensão), ou seja, para que ocorram esses movimentos de rotação o joelho deve estar em flexão (AFFATO, 2014).

Outro movimento que pode ocorrer é o de abdução e adução, no plano frontal. Esses movimentos são passivos e aumentam quando o joelho está em flexão de 30° (AFFATO, 2014).

CURIOSIDADE

Dependendo da atividade, a força atuante na patela pode aumentar mais de seis vezes, como ao subir e descer escadas.

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EXEMPLO: SUBIR E DESCER ESCADAS

O grau de flexão do joelho é determinado pelo tamanho do degrau e pela altura do indivíduo, durante este movimento a tíbia é mantida relativamente na vertical, o que diminui a potencial subluxação anterior do fêmur na tíbia.

E ao descer escadas, 85° de flexão ocorrem nos joelhos, a tíbia é deslizada para o alinhamento horizontal, enquanto que o platô tibial assume posição oblíqua. A força do peso corporal tende a subluxar o fêmur anteriormente, controlado pelo ligamento cruzado anterior. Uma força compressiva adicional ocorre na patela.

Durante o movimento de subir e descer escadas a amplitude de movimento de flexão e extensão varia, geralmente, de 0° a 90° (AFFATO, 2014).

Ao subir escadas a força atuante na patela é 3.2 vezes o peso corporal, onde a força de reação do solo é 4.1 vezes o peso corporal, a qual é dependente da força muscular (AFFATO, 2014).

Dependendo da atividade, a força atuante na patela, pode aumentar mais de seis vezes, como ao subir e descer escadas.

Figura 3.14 | Biomecânica do joelho ao subir e descer escadas

Fonte: Disponível em: <http://www.cirurgiadejoelho.med.br/tratamento-da-condromalacia-patelar-em-curitiba/>. Acesso em: 14 set. 2015.

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EXEMPLO: CICLISMO

Neste texto, iremos realizar uma análise biomecânica da pedalada durante o ciclismo. O ato de pedalar utiliza movimentos sincronizados de várias articulações em cadeia cinética fechada com os músculos da região lombo pélvica e dos membros inferiores gerando propulsão (ALENCAR; MATIAS; OLIVEIRA, 2010).

O ciclo da pedalada divide-se em fase de propulsão (0° a 180°) e fase de recuperação (180° a 360°). Durante o ciclo temos como forças atuantes a resistência de rolamento que é diretamente proporcional ao diâmetro da roda, assim quanto maior o raio menor é o arrasto (resistência). Temos também como resistência o arrasto aerodinâmico provocado pela resistência do ar dependente do corpo do ciclista e da bicicleta, que é determinado pela própria resistência do ar e pela área frontal voltada para o movimento (ALENCAR; MATIAS; OLIVEIRA, 2010).

Outros fatores associados estão ligados à cinemática, através da altura do banco da bicicleta, que modifica a amplitude de movimento articular nos membros inferiores, o comprimento e a alavanca muscular. Sendo que o torque gerado é definido pelo comprimento do pedal e pela rotação axial da tíbia durante o ciclo da pedalada. Durante a fase de recuperação ocorre uma força ascendente sobre o pedal, mas duas forças precisam ser superadas, a força da gravidade e a força inercial (ALENCAR; MATIAS; OLIVEIRA, 2010).

A artrocinemática do movimento demonstra movimentos das articulações do quadril, joelho e tornozelo. Com ativação das estruturas músculo-tendíneas que ultrapassam o joelho, com estabilidade proveniente dos ligamentos colateral medial, colateral lateral, cruzado anterior e cruzado posterior. A estabilização é auxiliada pelo quadríceps, patela e tendão patelar, os isquiotibiais e o gastrocnêmio. E a flexão do joelho é acompanhada pela rotação medial da tíbia (ALENCAR; MATIAS; OLIVEIRA, 2010).

Já o torque (momento da alavanca) que ocorre no tornozelo é diretamente proporcional a distância entre o ponto de fixação do pé e a articulação do tornozelo. E o quadril sofre durante a extensão do joelho estresse em valgo (ALENCAR; MATIAS; OLIVEIRA, 2010).

Na atividade muscular o quadríceps é o principal gerador de potência na fase propulsiva, tendo o tensor da fáscia lata o grácil atuando como estabilizadores lateral e medial do joelho no plano sagital, respectivamente. O músculo glúteo máximo auxilia na extensão do quadril, assim como os isquiotibiais. Também há ativação dos principais flexores plantares, sóleo e gastrocnêmio, além da ativação antagonista tibial anterior (ALENCAR; MATIAS; OLIVEIRA, 2010).

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Figura 3.15 | Biomecânica da pedalada

Fonte: Alencar, Matias e Oliveira (2010)

<https://periodicos.set.edu.br/index.php/fitsbiosaude/article/viewFile/1834/1250>. Acesso em: 23 nov. 2015.Neste artigo, você encontrará um debate sobre a utilização de fortalecimento através de exercício e fortalecimento através de estímulo elétrico no músculo do quadríceps, principal extensor do joelho.

<https://jornada.ifsuldeminas.edu.br/index.php/jcpoa/jcpoa/paper/viewFile/863/484>. Acesso em: 23 nov. 2015.Neste outro texto, você estudará o pico de torque do quadríceps, ou seja, o momento de força deste importantíssimo grupo muscular.

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1. O sistema ligamentar é responsável pela estabilidade estática de todas as articulações. No joelho, eles formam um grande complexo para controlar o movimento e o estresse sofrido nesta articulação, por exemplo, o ligamento colateral medial estabiliza medialmente o joelho contra o estresse em valgo. Assim, assinale a alternativa que contenha a resposta correta sobre a função do ligamento cruzado anterior.

a) Prevenir translação posterior da tíbia.b) Prevenir o estresse em valgo do joelho.c) Prevenir o estresse em varo do joelho.d) Prevenir translação anterior da tíbia.e) Prevenir a compactação do joelho.

2. A patela é um osso sesamoide, inserido dentro do tendão patelar, que insere o quadríceps na tíbia. Ela possui uma importante função biomecânica. Assinale a alternativa que contenha a alternativa correta sobre esta função:a) Limita a translação anterior do joelho.b) Proporciona maior vantagem mecânica, por alterar o ângulo do quadríceps com a tíbia.c) Limita a amplitude de movimento de rotação interna do joelho.d) Limita a amplitude de movimento de rotação externa do joelho.e) Limita a translação posterior do joelho.

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Seção 3

Tornozelo e pé

3.1 Anatomia do tornozelo e pé

O complexo do pé e tornozelo é extremamente complexo, composto por múltiplas articulações. O tornozelo é formado pelas articulações tibiotalar e subtalar, completadas pelas articulações tibiofibular inferior e fibulotalar (LEARDINI; O’CONNOR; GIANNINI, 2014).

Um importante sistema ligamentar atua proporcionando estabilidade à articulação, que pode ser complementada por momentos de força da musculatura extrínseca. Os músculos atuam aplicando forças nos ossos, através dos seus tendões, proporcionando instantâneos braços de alavanca relativos ao centro da articulação (LEARDINI; O’CONNOR; GIANNINI, 2014).

É importante destacar que no tálus não temos um tendão atuando, ele é controlado pelos ligamentos e pelas forças de contato de outras estruturas ósseas (LEARDINI; O’CONNOR; GIANNINI, 2014).

Portanto, a estabilidade deste complexo se deve passivamente às limitações impostas pela própria conformação anatômica associada com os ligamentos e superfícies articulares, enquanto que a estabilidade dinâmica é proporcionada pela interação entre músculos, ligamentos e superfícies articulares em resposta às forças externas durante atividades cotidianas, como a caminhada (LEARDINI; O’CONNOR; GIANNINI, 2014).

Os ligamentos calcaneofibular e calcaneotibial controlam a rotação que ocorre na articulação do tornozelo, controlando o deslocamento posterior da plantiflexão e deslocamento anterior na dorsiflexão (LEARDINI; O’CONNOR; GIANNINI, 2014).

Nos pés, temos as articulações metatarsofalangeanas e interfalangeanas que são articulações condiloides e biaxiais. O pé é funcionalmente dividido em retropé (tálus e calcâneo) e mediopé (navicular e cuboide), todas essas articulações são consideradas planas ou gínglimas (OATIS, 1988).

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Figura 3.16 | Anatomia do pé e tornozelo

Fonte: Disponível em: <http://divasquecorrem.com/destaque/saiba-por-que-o-salto-alto-e-o-inimigo-numero-1-das-corredoras/. Acesso em: 14 set. 2015.

3.2 Cinesiologia do tornozelo e pé

O pé e tornozelo são estruturas extremamente móveis que atuam permitindo boa amplitude de movimento e suporte do peso corporal.

Existem vários valores normativos sobre a amplitude de movimento do tornozelo, todavia, esses valores sofrem variações amplas em decorrência de alterações de medidas e morfológicas. Assim, podemos tentar estabelecer como

Tabela 3.3 | Movimentos da articulação do tornozelo

Fonte: Leardini, O’Connor e Giannini (2014)

Plano Eixo Movimento

Sagital TransversalDorsiflexão e Plantiflexão

Flexão dos dedos

Frontal Sagital Inversão e Eversão

Transverso Longitudinal Abdução e Adução

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Figura 3.17 | Dorsiflexão e flexão plantar Figura 3.18 | Inversão e eversão

Fonte: Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com/sistemamuscular/termos.htm>. Acesso em: 14 set. 2015.

Fonte: Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com/sistemamuscular/termos.htm>. Acesso em: 14 set. 2015.

O movimento da articulação do tornozelo pode ser dividido entre as articulações do tornozelo e subtalar, sendo que a maior parte da plantiflexão e dorsiflexão ocorrem no tornozelo (63º) e menor parte na articulação subtalar (4º) (LEARDINI; O’CONNOR; GIANNINI, 2014).

valores normais de amplitude de movimento:

• Flexão plantar: 45° a 65°.

• Dorsiflexão: 10° a 30°.

• Inversão: 0° a 20°.

• Eversão: 0° a 10° (OATIS, 1988).

Durante a fase de propulsão da marcha, os dedos dos pés atuam realizando contração concêntrica dos flexores dos dedos, conjuntamente com a contração concêntrica dos flexores plantares.

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Já quando observamos a combinação da eversão com a dorsiflexão e inversão com a plantiflexão, vemos que 49° ocorrem no tornozelo e 30° na articulação subtalar (LEARDINI; O’CONNOR; GIANNINI, 2014).

Porém, nesta articulação, os movimentos não ocorrem de maneira simples, é comum ocorrerem movimentos triplanares que combinam dorsiflexão, abdução e eversão, e na outra direção ocorrem os movimentos de flexão plantar, adução e inversão. Esses movimentos ocorrem no eixo oblíquo e são descritos historicamente da seguinte forma:

• Pronação: dorsiflexão, abdução e eversão.

• Supinação: flexão plantar, adução e inversão (OATIS, 1988).

Além disto, o pé pode assumir algumas posições, como a neutra subtalar, posição onde a articulação não está nem em supinação e nem em pronação. Nesta posição, o tálus e o calcâneo estão mais congruentes (OATIS, 1988). A palpação é geralmente determinada pela palpação do calcâneo, através do alinhamento do retropé (OATIS, 1988).

Além disto, o pé pode estar em outras posições, que ocorre através da fixação resultante de uma compensação por uma deformidade estrutural:

• Valgo: posição medializada do calcâneo, em decorrência da supinação.

• Varo: posição lateralizado do calcâneo, em decorrência da pronação.

• Pé plano: caracterizado por uma pronação da articulação subtalar ou

Figura 3.19 | Pronação e supinação

Fonte: Disponível em: <http://www.atletasdamadrugada.com.br/pisada-pronada-neutra-ou-supinada-como-saber-a-sua/>. Acesso em: 14 set. 2015.

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3.3 Biomecânica do tornozelo e pé

O fato do tornozelo ser uma articulação de dobradiça (movimento uniaxial), seu eixo está rodado em torno de 20° no plano transverso, contribuindo mais para a dorsiflexão (OATIS, 1988). O movimento da articulação do tornozelo ocorre entre

Figura 3.20 | Pé valgo e varo

Figura 3.21 | Pé normal, pé plano e pé cavo

Fonte: Disponível em: <http://www.pessemdor.com.br/dores/diagnostico-de-dores/dor-no-tornozelo>. Acesso em: 7 out. 2015.

Fonte: Disponível em: <http://www.isaudebahia.com.br/noticias/detalhe/noticia/pe-plano-voce-sabe-o-que-e-isso/>. Acesso em: 14 set. 2015.

articulação tarsal transversa. Frequentemente descrita como pé pronado.

• Pé cavo: caracterizado por uma supinação da articulação subtalar ou articulação tarsal transversa. Frequentemente descrita como pé supinado (OATIS, 1988).

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o tálus, a tíbia e a fíbula somente (OATIS, 1988).

Os braços de alavanca que ocorrem nesta articulação dependem da habilidade do músculo de produzir torque na articulação ou para resistir à rotação dela (LEARDINI; O’CONNOR; GIANNINI, 2014).

Na supinação, o calcâneo se move anterior, inferior e medialmente sobre o tálus. Já na pronação, ele se move posterior, superior e lateralmente (OATIS, 1988).

A distribuição da composição do movimento no tornozelo, para a vista sagital, o eixo é de 45° para o plano horizontal (entre o eixo da abdução-adução e inversão-eversão), que pode variar em torno de 22°. Este eixo é alinhado com o eixo longitudinal do pé (OATIS, 1988).

Eixo transverso da articulação tarsal é uma articulação funcional entre o retropé (tálus e calcâneo) e o mediopé (navicular e cuboide). São articulações planas ou gínglimas. Na supinação, o navicular desliza medialmente e inferiormente na cabeça do tálus. O cuboide segue o navicular, movendo-se medial e inferiormente no calcâneo. Na pronação, esses movimentos ocorrem de maneira reversa. A região transversa do tarso é considerada como uma unidade funcional simples, através da rotação do segmento sobre o eixo de rotação (OATIS, 1988).

O eixo longitudinal provê eversão e abdução ou inversão e adução. O eixo oblíquo contribui mais para a dorsiflexão e flexão plantar do que para os movimentos nos planos frontal e transverso (OATIS, 1988).

Desta forma, a articulação transversa do tarso pode compensar uma perda de movimento da articulação do tornozelo. Assim, quando uma articulação está em pronação a outra também está, e o mesmo trabalho conjunto ocorre no movimento de supinação. O movimento de pronação é resultado de um achatamento do arco longitudinal tornando o pé mais flexível, enquanto que a supinação é resultado de uma elevação do arco longitudinal, tornando o pé mais rígido (OATIS, 1988).

As articulações tarsometatarsas do pé são divididas em cinco raios:

• 1º raio: unidade funcional entre os ossos metatarso e cuneiforme medial. O eixo do movimento é direcionado anterior, lateral e inferiormente. Assim, o movimento ocorre entre o plano frontal e o plano sagital, mais próximo do plano transverso. Seu movimento é uniaxial e triplanar. Os movimentos ocorrem pela combinação de dorsiflexão com inversão ou plantiflexão com eversão, com mínima contribuição para abdução ou adução. Hábil para realizar movimentos de dorsiflexão e plantiflexão (OATIS, 1988).

• 2º raio: unidade entre o segundo metatarso e cuneiforme médio. Hábil para realizar movimentos de dorsiflexão e plantiflexão (OATIS, 1988).

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• 3º raio: unidade composta pelo terceiro metatarso e cuneiforme lateral (OATIS, 1988).

• 4º raio: unidade que contém apenas o quarto metatarso (OATIS, 1988).

• 5º raio: unidade formada apenas pelo quinto metatarso (OATIS, 1988).

As articulações metatarsofalangeanas e interfalangeanas são condiloides, biaxiais, com movimentos apenas nos planos transverso e sagital. O eixo do movimento passa pela cabeça de cada metatarso. Contudo, essas articulações permitem flexão plantar e flexão dorsal puras além da abdução e adução no plano cardinal (OATIS, 1988).

Enquanto que as articulações interfalangeanas realizam movimentos puros de flexão e extensão no plano sagital, com amplitude de movimento variando a 0° a 70° e 0° a 90° no hálux, e 0° a 40° a 0° a 90° nos outros dedos (OATIS, 1988).

Muitas atividades serão executadas durante sustentação de peso, com o pé fixado no solo, esta condição é denominada de cadeia cinética aberta. Neste caso, o movimento do pé provoca movimentos na tíbia e fíbula, as quais transmitem ao fêmur uma força de rotação cujo torque é absorvido pelo joelho. A pronação em cadeia cinética fechada resulta em rotação interna, desvio medial, e uma leve inclinação anterior da perna, onde a produção de supinação produz resultados opostos. Além disto, ela tende a fletir o joelho, onde a supinação tende a resultar na extensão do joelho. Os movimentos da perna que não absorvidos pelo joelho e podem ser transmitidos para cima para a coxa, resultando numa rotação medial do fêmur com pronação e rotação lateral com supinação (OATIS, 1988).

Outro ponto que merece destaque são as pressões que os pés suportam, geralmente distribuídas da seguinte forma:

• 60,5% do peso no calcanhar.

• 28,2% do peso no antepé.

• 7,8% do peso no retropé.

• 3,6% do peso nos dedos (OATIS, 1988).

Neste caso, durante a posição de repouso os músculos intrínsecos do pé não suportam o peso corporal. Os suportes inerciais vêm das estruturas, como a fáscia plantar e os ligamentos do pé, e são responsáveis pela manutenção dos pés (OATIS, 1988).

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< h t t p : / / w w w . s c i e l o . b r / p d f / r b m e / v 2 0 n 2 / 1 5 1 7 - 8 6 9 2 -rbme-20-02-00146.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2015.Neste texto há uma discussão sobre o treinamento dos elementos proprioceptivos na estabilidade do tornozelo.

De acordo com a distribuição do peso corporal e o movimento complexo do pé, você consegue determinar quais áreas precisam de mais amortecimento no calçado?

1. Os movimentos que ocorrem no complexo do pé e tornozelo são movimentos complexos que utilizam na maioria das vezes combinações que permitem adaptações para que as atividades funcionais possam ocorrer. Baseado nisto, assinale a alternativa correta sobre os movimentos triplanares que ocorrem no complexo do tornozelo e pé.

a) A dorsiflexão ocorre conjuntamente com a plantiflexão e inversão do pé.b) A dorsiflexão ocorre conjuntamente com a inversão e eversão do pé.c) A dorsiflexão ocorre conjuntamente com a eversão e plantiflexão do pé.d) A dorsiflexão ocorre conjuntamente com a eversão e rotação interna do pé.e) A dorsiflexão ocorre conjuntamente com a eversão do pé e extensão dos dedos.

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2. Maratonistas executam atividades extenuantes, correm por muitos quilômetros e por isso dependem de equipamentos adequados, principalmente os tênis. Devido ao fato da sua atividade envolver corrida, seu tênis deve ter duas características básicas, por isso, assinale a alternativa que contenha essas duas características.

a) Propulsão no retropé e amortecimento no mediopé.b) Propulsão no retropé e amortecimento no antepé.c) Propulsão no antepé e amortecimento no retropé.d) Propulsão no antepé e amortecimento no mediopé.e) Propulsão no médio pé e amortecimento no antepé.

Os membros inferiores requerem muito mais força e estabilidade do que os membros superiores, por isso seus ossos são maiores e mais robustos, para permitir que essa arquitetura interna possa resistir aos esforços mecânicos, destacando o pé que, dentre suas funções, tem que sustentar todo o peso corporal e impulsionar o sistema locomotor.

Para fixarmos os conteúdos trabalhados nesta unidade, vamos a uma breve revisão:

• Extensão do quadril: movimento realizado no sentido posterior através da ação do glúteo máximo, glúteo médio e adutor magno.

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1. Muitos movimentos ocorrem em todas as articulações do nosso corpo, para isso é importante sabermos seus planos e eixos para compreender qual a direção que assumem, quais músculos que atuam e quais fatores podem limitar. Assim determine qual alternativa contém

• Flexão do quadril: movimento realizado no sentido anterior, através da contração dos músculos iliopsoas, tensor da fáscia lata, pectíneo, adutor longo e adutor curto.

• Abdução do quadril: movimento de afastamento das pernas no sentido lateral, com a contração dos músculos glúteo médio, glúteo máximo e tensor da fáscia lata.

• Adução do quadril: movimento de fechar as pernas através da contração do adutor longo, adutor curto, adutor magno, pectíneo, grácil e semitendinoso.

• Flexão do joelho: movimento de dobrar as pernas, realizado pela ação dos músculos semimembranoso, semitendinoso, bíceps femoral, sóleo, sartório e gastrocnêmios.

• Extensão do joelho: movimento de esticar as pernas, possível graças à contração do quadríceps.

• Plantiflexão: movimento de levar os dedos para baixo (pé de bailarina), através da ativação dos músculos sóleo e gastrocnêmio.

• Dorsiflexão: movimento de levar o pé para cima pela contração do tibial anterior e extensor longo dos dedos.

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2. Quando saltamos e caímos na posição de agachamento, as pernas e os pés executam, respectivamente:

a) Movimentos sincronizados de extensão ou flexão plantar.

b) Movimentos sincronizados de flexão ou dorsiflexão.

c) Movimentos sincronizados de extensão ou dorsiflexão.

d) Movimentos sincronizados de flexão ou flexão plantar.

e) Movimentos sincronizados de rotação ou eversão.

3. O sistema ligamentar possui como função primordial realizar a estabilização passiva das articulações, limitando os movimentos para que eles não prejudiquem ou lesionem as articulações. Assim, assinale a alternativa correta sobre as funções dos ligamentos.

a) Ligamento cruzado anterior limita o movimento de translação posterior da tíbia.

b) Ligamento cruzado posterior limita o movimento de

o eixo do movimento de abdução e adução do quadril.

a) Oblíquo inferior.

b) Longitudinal ou vertical.

c) Frontal ou mediolateral.

d) Sagital ou anteroposterior.

e) Oblíquo superior.

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translação anterior da tíbia.

c) Ligamento cruzado anterior limita o movimento de translação anterior da tíbia.

d) Ligamento cruzado posterior limita o movimento de coaptação da tíbia.

e) Ligamento cruzado anterior limita o movimento de coaptação da tíbia.

4. O quadril executa, entre outras funções, a fixação da pelve para que a coluna lombar possa executar os movimentos com uma base estável. Assim, assinale a alternativa que contenha a resposta correta sobre o grupo muscular que estabiliza a articulação do quadril.

a) Grupo adutor.

b) Grupo flexor.

c) Grupo extensor.

d) Grupo abdutor.

e) Grupo rotador.

5. Ao pular corda, observamos movimentos em todas as articulações dos membros inferiores. Desta forma, descreva cada movimento que ocorre nas articulações do quadril, joelho e tornozelo ao pular corda, assim como seus planos e eixos.

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Unidade 4

CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA RELACIONADA AOS MOVIMENTOS DO TRONCO

Objetivos de aprendizagem:

Prezado(a) aluno(a)! Nessa unidade, você irá aplicar as definições explicadas na Unidade 1, porém, com o foco no estudo das estruturas da coluna vertebral e pelve. Essas seções foram divididas de forma a facilitar a compreensão de cada segmento, buscando a ligação entre eles e a aplicação na prática profissional. Desta forma, esperamos que, ao final desta unidade, você compreenda os movimentos que acontecem no tronco, mais especificamente na coluna vertebral, entendendo todas as suas nuances e peculiaridades, além da importância para execução de todos os gestos corporais.

João Paulo Manfré dos Santos

O objetivo desta seção é relembrar as principais estruturas anatômicas da coluna cervical, os movimentos que acontecem e como essas estruturas atuam e finalizam com conceitos de biomecânica, estabelecendo relação com algumas situações práticas.

Seção 1 | Coluna cervical

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Nesta seção foi realizada uma revisão anatômica das estruturas da coluna torácica, como elas se relacionam entre si e, também, com os outros segmentos do tronco, além de analisar os movimentos presentes nesta articulação e quais estruturas atuam, aplicando os conceitos de biomecânica.

O foco do estudo desta seção é fazer uma releitura anatômica da coluna lombar e pelve, das relações entre os componentes ósseos, articulares e musculares, e realizar uma interpretação dos principais movimentos presentes nestas articulações e a atuação destes componentes dentro do contexto biomecânico.

Seção 2 | Coluna torácica

Seção 3 | Coluna lombar e pelve

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Introdução à unidade

Caro(a) aluno(a)! Agora, realizaremos as análises sobre os movimentos mais complexos e delicados que existem no corpo humano, em um sistema multissegmentar, uma vez que a coluna vertebral é considerada um complexo sistema multiarticular controlado pelos músculos da cabeça e do tronco, os quais durante diferentes movimentos e posturas, protegem a medula espinhal, as raízes nervosas e até as artérias vertebrais.

Para isso realizaremos uma breve revisão anatômica, focada nos sistemas ósseo e articular, em seguida uma análise do movimento e seus componentes motores, e, além disto, uma aplicação dos conceitos mecânicos destes e funções da coluna vertebral.

A função normal da coluna é dependente de estabilidade, para proteção das estruturas nervosas, transferindo as forças entre os membros superiores e inferiores, e de realizar a ativação das forças gerais do tronco. Desta forma começaremos pela coluna cervical, analisando seus movimentos, suas peculiaridades, determinando a importância de cada estrutura no movimento em si, e quais as funções este segmento possui. Posteriormente, nós faremos as mesmas análises nas colunas torácica e lombar, além da pelve, estabelecendo além do descrito acima, a relação entre eles.

Desta forma, esperamos que todo o conteúdo que será apresentado seja útil na sua formação e futuramente na sua prática profissional, corroborando para uma melhor compreensão do gesto motor, proporcionando melhor desempenho e elevação dos níveis de qualidade de vida da população.

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Seção 1

Coluna cervical

Introdução

A coluna cervical humana possui um mecanismo muito complexo. Contém estruturas vitais neurológicas, vasculares e respiratórias, portanto, ela possui duas funções importantes e antagônicas: a proteção destes componentes vitais e a mobilidade, permitindo que a cabeça tenha ampla capacidade de se movimentar em todas as direções.

1.1 Revisão anatômica

A coluna vertebral compõe parte do esqueleto axial e é caracterizada como um eixo central (fornecendo estabilidade) e flexível (fornecendo mobilidade), constituída por vértebras unidas entre si por articulações, através de uma extensa rede ligamentosa e suportada por uma forte massa muscular (NATOUR, 2004).

Desta forma, a coluna vertebral é formada por uma série de vértebras articuladas pelo eixo central esquelético do corpo. Ela é formada por 24 vértebras móveis, sendo:

• 7 vértebras cervicais;

• 12 vértebras torácicas;

• 5 vértebras lombares (NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002).

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Figura 4.1 | Coluna vertebral

Coluna cervical

Coluna torácica

Coluna lombar

Vista ventral

Vista lateral

Vista dorsal

Fonte: Netter (2000). Disponível em: <http://www.sogab.com.br/anatomia/colunavertebraljonas.htm>. Acesso em: 2 out. 2015.

As vértebras possuem uma característica interessante quanto ao seu tamanho, tornando-se maiores na direção inferior até o sacro, e partir do sacro elas vão diminuindo até se completarem no cóccix.

O desenvolvimento das vértebras inicia-se no período embrionário, e ao nascer todas já são inteiramente cartilaginosas, sofrendo um processo de ossificação durante a infância (NATOUR, 2004).

1.1.1 Curvas fisiológicas

Se você observar a Figura 4.1, na vista lateral, observará que a coluna vertebral possui curvas que mudam em cada segmento, assim podemos determinar três curvas:

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• Lordose cervical: adquirida com o desenvolvimento do controle da cabeça e do tronco.

• Cifose dorsal: única, presente desde o nascimento.

• Lordose lombar: desenvolvida com o controle de tronco e o início da marcha (MORVAN et al., 2008; VIALLE et al., 2005; THOMPSON; FLOYD, 2002).

As cifoses são curvaturas convexas (relevo exterior curvo) posteriormente (primárias), enquanto que as lordoses são curvaturas côncavas (relevo interior escavado) posteriormente (secundárias) (CHEN et al., 2011; THOMPSON; FLOYD, 2002).

1.1.2 Vértebra típica

Uma vértebra típica é formada por um corpo vertebral, um arco vertebral e processos vertebrais. O corpo vertebral está localizado na porção anterior da vértebra, é composto por uma massa cilíndrica de osso esponjoso, sendo que as bordas superior e inferior são compostas por osso compacto. Possui tamanho variável, no segmento torácico e suas facetas articulares vão para as costelas. Além disso, os corpos das vértebras adjacentes são separados pelo disco intervertebral, tendo como principal função o suporte de cargas (NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002).

Já o arco vertebral está localizado posteriormente ao corpo vertebral, é composto pelos pedículos direito e esquerdo e pelas lâminas direita e esquerda. Formam conjuntamente com a face posterior do corpo vertebral as paredes do forame vertebral que envolve e protege a medula espinhal, formando em toda a extensão da coluna o canal vertebral (NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002).

E finalizando a vértebra típica, temos os processos vertebrais, que são pontas ósseas formadas a partir das lâminas vertebrais, variando de forma, tamanho e direção de acordo com cada região da coluna vertebral:

• Processo espinhoso: processo proeminente posterior da vértebra.

• Processo transverso: proeminência lateral que sai da junção dos pedículos com as lâminas.

• Processos articulares: estruturas articulares que possuem facetas superior e inferior, para articulação com as vértebras acima e abaixo, respectivamente (NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002).

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Figura 4.2 | Vértebra típica

Fonte: Disponível em: <http://www.clinicaosaka.com.br/procedimento-20.html>. Acesso em: 22 out. 2015.

osso cortical

osso esponjoso

pedículo

foramen vertebral

processo espinhoso

lâmina

processo articular

processo transverso

corpo vertebral

1.1.3 Vértebras cervicais

Didaticamente, podemos dividir a coluna cervical em três grupos:

• Coluna cervical superior formada pelo complexo occipúcio-atlas-áxis (C0-C1-C2), com características únicas e complexas (GRIEVE, 1988).

• Coluna cervical média formada de C2 à C5.

• Coluna cervical inferior formada pela junção cervicotorácica (C5-T1) (WHITE; PANJABI, 1990).

Detalham-se as duas primeiras vértebras cervicais que possuem características diferentes das demais. O atlas é a primeira vértebra cervical (C1), ela tem como função suportar o crânio, mas sua anatomia é bem característica, pois não possui espinha e nem corpo vertebral, ela é formada apenas por duas massas laterais conectadas por um arco posterior longo e um arco anterior curto (NATOUR, 2004).

Já o áxis é a segunda vértebra cervical (C2), e possui como característica marcante a presença de um dente do áxis que serve como um pivô para o atlas, para que possam ocorrer os movimentos rotacionais da cabeça (NATOUR, 2004). A articulação entre o occipital, o atlas e o áxis possui um sistema ligamentar denso formado pelos ligamentos alares e transversos (GRIEVE, 1988).

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Figura 4.3 | Atlas e áxis

Já as outras vértebras cervicais, terceira à sexta (C3 a C6), apresentam um corpo vertebral baixo e largo, com um amplo forame vertebral triangular e um processo espinhoso pequeno e bífido.

E, finalizando, temos a sétima vértebra cervical (C7), considerada uma vértebra de passagem, possui um processo espinhoso extenso, perceptível na inspeção, principalmente quando o pescoço se encontra flexionado (NATOUR, 2004).

1.1.4 Articulações entre os corpos vertebrais

Entre os corpos vertebrais temos os corpos contíguos unidos por ligamentos longitudinais e por discos intervertebrais. Os discos intervertebrais localizam-se entre as vértebras adjacentes, permitindo compressão em todas as direções,

O complexo articular occipúcio-atlas-áxis, devido às suas características anatômicas, permite algumas funções importantes para que consigamos executar atividades essenciais na nossa vida. Quais seriam esses movimentos?

Fonte: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAWq8AA/atlas-anatomia?part=7>. Acesso em: 22 out. 2015.

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Núcleo do Disco

Anel do Disco

Vértebra

conjuntamente com movimentos de rotação (THOMPSON; FLOYD, 2002).

Vamos detalhar o disco intervertebral, ele é um coxim elástico (amortecedor) que forma a articulação fibrocartilagínea, entre os corpos vertebrais contíguos. Composto por um núcleo pulposo cercado por um anel fibroso, que pode ser dividido em duas porções:

• Porção externa: fortemente amarrada aos corpos vertebrais contíguos, confundindo-se aos ligamentos longitudinais. É a parte ligamentar do ânulo fibroso. Constituída por 10 a 12 lamelas concêntricas de fibras colágenas, dispostas em configuração espiral, formando um ângulo de 65° com o eixo vertical.

• Porção interna: forma um pesado envelope esferoidal em torno do núcleo pulposo. Possui constituição fibrocartilagínea (NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002).

Já o núcleo pulposo é uma composição branca, brilhante e semigelatinosa que ocupa a parte interna do disco intervertebral e comporta-se como um fluído. Possui um núcleo central de matriz de proteoglicano bem hidratado, sendo que o conteúdo de água é maior ao nascimento e tem como característica sua redução com o progredir da idade, diminuindo sua quantidade de líquido durante o dia e, com o envelhecimento, tende a ficar fibrocartilagíneo, desgastar e sofrer fissuras (NATOUR, 2004).

Figura 4.4 | Disco intervertebral

Fonte: Disponível em: <http://www.ntcvertebral.com.br/tratamentos/hernia-de-disco/>. Acesso em: 2 out. 2015.

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Conjuntamente com os discos intervertebrais nas articulações entre os corpos vertebrais, temos a ação dos ligamentos longitudinais, que didaticamente são divididos em longitudinal anterior, que passa longitudinalmente e à frente dos corpos vertebrais e discos intervertebrais, vão desde o tubérculo anterior do atlas e vai até a superfície pélvica do sacro. E o ligamento longitudinal posterior encontra-se no interior do canal vertebral onde passa longitudinalmente, e por trás dos corpos vertebrais e dos discos intervertebrais, indo desde o osso occipital até o canal sacral (NATOUR, 2004).

1.1.5 Articulações entre arcos vertebrais

As articulações entre os arcos vertebrais ocorrem através das articulações zigoapifisárias (articulações sinoviais), formadas pelas facetas articulares de duas vértebras adjacentes e por ligamentos acessórios que se atrelam com as lâminas e os processos transversos e espinhosos. Nesta articulação, a cápsula articular é

FUNÇÕES DO ÂNULO FIBROSO FUNÇÕES DO NÚCLEO PULPOSO

Estabilizar corpos vertebrais adjacentes.Absorve as forças atuantes sobre a coluna vertebral.

Permitir movimentos entre os corpos vertebrais.

Realiza troca de líquido entre o disco intervertebral e os capilares vertebrais.

Funciona como ligamento acessório.Atua como eixo vertical de movimento entre as duas vértebras.

Mantém o núcleo pulposo em sua posição.

Amortece as forças atuantes sobre a coluna vertebral.

Tabela 4.1 | Funções das estruturas do disco intervertebral

Fonte: Natour (2004)

Curiosidade!

Os discos intervertebrais possuem algumas características importantes:

• Correspondem a 25% do comprimento da coluna vertebral.

• São mais finos na coluna torácica e mais espessos na coluna lombar.

• Os discos cervicais e lombares são mais espessos na porção anterior do que na porção posterior (NATOUR, 2004).

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fina e frouxa permitindo movimentos característicos em cada segmento da coluna (NATOUR, 2004).

Figura 4.5 | Articulações zigoapofisárias

Fonte: Disponível em: <http://jeffersonleal.com.br/pagina.asp?secao=7&area=114&site=1&id=62&tp=2>. Acesso em: 22 out. 2015.

Disco

A. Zigoapofisárias

As facetas articulares das articulações zigoapofisárias possuem duas funções básicas:

• Controle da direção e amplitude de movimento.

• Distribuição de cargas.

De acordo com o modelo de três colunas de Louis, o peso da cabeça e do tronco é transmitido, primeiramente, em duas colunas localizadas no mesmo plano frontal, as articulações atlanto occipitais laterais, então, para C2 a C5, numa terceira coluna formando um triângulo com vértice anterior (10).

A coluna anterior é composta pela superposição dos corpos e discos, e duas

colunas posteriores de sucessão vertical das facetas articulares. O equilíbrio e ação modular de cada faceta posterior aceita de 0% a 33% de carga dependo da postura, mas no caso da hiperlordose, estatura alta e degeneração discal essa porcentagem pode passar de 70% (35). Como os corpos vertebrais aumentam de tamanho, conforme descem as facetas articulares inferiores, compensam com aumento da demanda funcional. A simetria espacial das facetas é essencial para o funcionamento correto.

Nestas articulações existe um sistema ligamentar importante formado pelo ligamento amarelo, que faz a ligação das bordas das lâminas das vértebras contíguas, estendendo-se até as cápsulas das articulações zigoapofisárias, contribuindo, desta forma, na formação do limite posterior do forame intervertebral (NATOUR, 2004). Outro ligamento existente é o ligamento nucal, que tem formato triangular formando uma manta fibrosa entre a musculatura bilateral do pescoço, fixando-se no osso occipital até os processos espinhosos de toda a coluna cervical (NATOUR, 2004).

Outro ligamento presente é o ligamento supraespinhal, que faz a ligação entre as extremidades dos processos espinhosos, sendo pouco desenvolvido na região lombar inferior, juntando-se ao ligamento da nuca, superiormente. Temos, também, os ligamentos interespinhais, que conectam os processos espinhosos adjacentes, sendo muito desenvolvidos na região lombar. E, finalizando, temos os ligamentos intertransversais, que fazem a conexão dos processos transversos adjacentes, exceto na região lombar (NATOUR, 2004).

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Figura 4.6 | Sistema ligamentar da coluna vertebral

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1.1.6 Articulações especiais da coluna cervical

Como mencionado anteriormente, duas vértebras cervicais apresentam características distintas das outras, e acabam formando duas articulações especiais.

A articulação atlanto-occipital, que é uma articulação sinovial bilateral entre a faceta articular superior da massa lateral do atlas, e do côndilo correspondente (NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002). Essa articulação permite os movimentos de flexão e extensão (THOMPSON; FLOYD, 2002).

E a articulação atlantoaxial, que é composta por três articulações sinoviais, sendo duas laterais e uma média. As laterais são sinoviais planas e localizam-se entre os processos articulares opostos de atlas e áxis. Já a articulação mediana atua como pivô entre o arco anterior do atlas e o processo odontoide do áxis (NATOUR, 2004). Classificada como trocoide ou do tipo pivô, permite movimentos de rotação na região cervical (THOMPSON; FLOYD, 2002).

Figura 4.7 | Articulações atlanto-occipital e atlantoaxial

Fonte: Netter (2000)

1.1.7 Sistema muscular

Os músculos que atuam na coluna vertebral podem ser divididos didaticamente em:

• Músculos anteriores: localizados à frente do processo transverso, presentes apenas na coluna cervical e na coluna lombar.

• Músculos posteriores: localizados posteriormente ao processo transverso,

presentes em toda a coluna vertebral (NATOUR, 2004).

1.1.8 Anatomia neural

A coluna vertebral tem uma característica marcante por ser a estrutura que faz a

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Essas duas raízes se unem para formar os nervos espinhais (NATOUR, 2004).

Outro aspecto interessante do sistema neural é a presença de dermátomos, que são caracterizados como um território cutâneo inervado por uma única raiz nervosa dorsal, sendo denominado de acordo com a raiz que o inerva. Assim há uma considerável superposição entre dermátomos. Desta forma, os limites entre os dermátomos adjacentes são imprecisos (NATOUR, 2004).

Figura 4.8 | Medula espinhal

Fonte: Disponível em: <https://adoratual.wordpress.com/tag/medula-espinhal/>. Acesso em: 22 out. 2015.

ligação do encéfalo com a periferia, através da medula espinhal que ocupa o canal medular, emitindo nervos espinhais que saem pelo forame intervertebral acima da vértebra correspondente (exceto C8, que sai abaixo da sétima vértebra cervical) (NATOUR, 2004).

Assim, nos sulcos lateral anterior e lateral posterior da medula, há uma conexão com os filamentos radiculares para formar:

• Raízes dorsais: sensitivas.

• Raízes ventrais: motoras.

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Figura 4.9 | Dermátomos

Fonte: Netter (2000)

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E o mesmo detalhamento pode ser feito relacionando a raiz nervosa com os músculos, processo denominado miótomo, que é o campo radicular motor, determinado pelo conjunto de músculos inervados por uma única raiz ventral (NATOUR, 2004).

E como falamos sobre os nervos espinhais, vamos detalhar melhor a sua anatomia. Existem 31 pares de nervos espinhais correspondentes aos 31 pares de segmentos medulares, divididos da seguinte forma:

• 8 pares de nervos cervicais.

• 12 pares de nervos torácicos.

• 5 pares de nervos lombares.

• 5 pares de nervos sacrais.

• 1 par de nervo coccígeo (NATOUR, 2004).

Figura 4.10 | Nervos espinhais

Fonte: Netter (2000)

E assim que o nervo espinhal sai pelo forame intervertebral, ele se divide em:

• Ramo dorsal: inerva a pele e os músculos da região dorsal do tronco.

• Ramo ventral: continuação do tronco do nervo

espinhal, inervando a musculatura, pele, ossos e vasos dos membros, região anterolateral do pescoço e do tronco.

• Ramo medial: inerva a musculatura posterior do pescoço, as articulações zigoapofisárias, os músculos e ligamentos transversários.

• Ramo lateral: inerva a face dorsal do pescoço, e passa entre os músculos e ligamentos transversários (NATOUR, 2004).

E eles podem acabar formando plexos nervosos (NATOUR, 2004).

E finalizando, a própria coluna vertebral é inervada, pelos nervos sinuvertebrais (ou de Lushka), suprindo as meninges e os vasos, assim como as estruturas articulares e ligamentares adjacentes. Em alguns casos, inervam também a camada externa do ânulo fibroso dos discos intervertebrais, o periósteo externo, facetas articulares, músculos e ligamentos vertebrais (NATOUR, 2004).

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1.2 Cinesiologia e biomecânica

A coluna tem como função básica permitir a ação mecânica do sistema musculoesquelético. Mas de acordo com suas características anatômicas, se analisarmos os movimentos entre vértebras adjacentes, observamos apenas movimentos limitados, mas a soma desses movimentos determina uma amplitude considerável de mobilidade da coluna vertebral (NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002). Isto se deve às características anatômicas da articulação, que são classificadas como artródias ou do tipo deslizante, ou seja, seus movimentos são apenas deslizamentos que ocorrem entre as facetas articulares superior e inferior.

No plano sagital, o movimento de flexão cervical é caracterizado como o ato de levar o queixo até o esterno, e a extensão cervical o gesto de distanciar o queixo do esterno (NATOUR, 2004). Neste caso a vértebra move-se sobre o eixo transverso, e ambas as facetas articulares descrevem no final dois arcos de circunferência sobre o centro de rotação, acompanhada de pequeno deslizamento anterior (anterolistese) (LOUIS, 1989). A vértebra se move sobre o eixo de rotação transverso, no corporal vertebral subjacente, neste caso, ambos, os platôs e as facetas articulares, desenvolvem dois arcos de circunferência sobre o mesmo centro de rotação, com movimento intervertebral no outro lado da posição neutra, onde é feita uma resistência relativamente pequena e a colune exibe alta flexibilidade dentro da laxidão das cápsulas, ligamentos e tendões (PANJABI, 1992).

Durante a flexão cervical, a articulação zigoapofisárias deslizam de forma combinada superior, lateral e anteriormente. Já durante a extensão, a articulação desliza inferiormente, medial e posteriormente (WHITE; PANJABI, 1990), tendo amplitude de movimento em aproximadamente de 45° (THOMPSON; FLOYD, 2002). Sendo que os segmentos cervicais superiores são os que mais trabalham na extensão, mas quando associados com rotação são os segmentos cervicais inferiores que se movimentam mais (CHEN et al., 2011).

No movimento de flexão cervical, os músculos atuantes são:

• Músculo longo da cabeça.

• Reto anterior da cabeça.

• Reto lateral da cabeça.

• Esternocleidomastoideo (THOMPSON; FLOYD, 2002).

Enquanto que na extensão temos como músculos atuantes:

• Reto posterior da cabeça.

• Oblíquo da cabeça.

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• Semiespinhal.

• Esplênio (THOMPSON; FLOYD, 2002).

No plano coronal, temos os movimentos de inclinação lateral (flexão lateral), que ocorrem tanto para a direita como para a esquerda, com amplitude de movimento de aproximadamente 30° (NATOUR, 2004). Neste movimento, a cabeça move-se lateralmente em direção ao ombro, através da ação dos seguintes músculos:

• Reto lateral da cabeça.

• Oblíquo superior da cabeça.

• Esplênio.

• Esternocleidomastoideo (inclinação contralateral) (THOMPSON; FLOYD, 2002).

E no plano longitudinal, encontramos os movimentos de rotação tanto para a direita como para a esquerda, com amplitude de movimento em torno de 60°(NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002). Esses movimentos ocorrem sobre o eixo axial, produzindo mudanças na orientação da direção dessas vértebras (GRIEVE, 1988). Neste movimento, o queixo sai da posição neutra e gira em direção ao ombro, através da ação, os seguintes músculos:

Figura 4.11 | Músculos da coluna cervical

Fonte: Disponível em: <http://torcicolo.com/torcicolo-estabilidade.html>. Acesso em: 22 out. 2015.

• Oblíquo inferior da cabeça.

• Reto posterior maior da cabeça.

• Semiespinhoso da cabeça.

• Esplênio.

• Esternocleidomastoideo (rotação contralateral) (THOMPSON; FLOYD, 2002).

Já nos movimentos de rotação e inclinação lateral, a orientação oblíqua das facetas articulares e dos músculos faz com que o centro varie conforme o movimento saindo desde o centro da faceta articular, passando pelo corpo

da vértebra e chegando até o processo espinhoso (LOUIS, 1989).

Aproximadamente 60% da rotação axial cervical ocorre nas articulações entre C0-C1-C2, com a finalidade de facilitar o movimento de rotação da cabeça (GRIEVE,

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1988). Como as facetas articulares do complexo C1-C2 possuem orientações convexa-convexa, os movimentos de rotação e inclinação lateral ocorrem sempre em oposição, ou seja, quando a cabeça roda para a direita, C1 desliza para a esquerda (WHITE; PANJABI, 1990).

Já nas cervicais baixas, por terem grande amplitude de movimento, a rotação é acompanhada por inclinação homolateral, todavia a inclinação lateral é acompanhada por rotação contralateral (WHITE; PANJABI, 1990).

E acompanhando todos esses movimentos observamos os movimentos de translação entre as vértebras adjacentes, sempre em direções contrárias, sem mudança na orientação da vértebra (GRIEVE, 1988), sendo que dois músculos atuam estabilizando, principalmente, a articulação atlanto-occipital:

• Reto lateral da cabeça.

• Reto anterior da cabeça (THOMPSON; FLOYD, 2002).

Na coluna cervical o deslizamento lateral da vértebra é acompanhado com rotação axial na mesma direção (GRIEVE, 1988).

Assim, independentemente do movimento que ocorra na coluna cervical, observamos uma relação entre a descarga da sensibilidade sensorial da cápsula e o alongamento aplicado na cápsula pelas facetas articulares cervicais, através das respostas neurais dos mecanorreceptores, servindo como um mecanismo de feedback-feedforward (CHEN, 2011). Portanto, podemos definir como funções básicas da coluna cervical o suporte da cabeça, a movimentação do esqueleto axial e consequentemente a movimentação da cabeça.

Os movimentos de cada segmento da coluna são limitados por estruturas anatômicas, como os ligamentos, discos intervertebrais e facetas articulares. Desta forma, os movimentos de flexão, extensão, translação, rotação axial e deslizamento lateral estão fisiologicamente acoplados.

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Fonte: Kapandji (2000).

1.2.1 Forças atuantes sobre a coluna

Atuam sobre a coluna vertebral forças constantes, em decorrência dos movimentos dos membros e das atividades que executamos no nosso dia a dia. Desta forma, a coluna vertebral sofre forças de tração e forças de compressão. Além disto, há uma não fisiológica, mas extremamente lesiva, que é a força de cisalhamento. A distribuição das forças, uma vez ocorrida, geralmente respeita o seguinte trajeto, passando pelo corpo vertebral que transmite até as lâminas e distribui para os músculos e ligamentos para vertebrais (NATOUR, 2004).

Portanto, se considerarmos as características morfológicas das vértebras cervicais, observaremos que seus corpos vertebrais são menores, isto se deve à menor resistência a que esta vértebra é exposta, que induziu a formação da sua área de secção transversa (NATOUR, 2004).

Figura 4.12 | Movimentos da coluna cervical

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Neste artigo você encontrará uma análise da importância da educação postural em escolares do Ensino Fundamental.Acesse: <http://www.seer.ufrgs.br/Movimento/article/download/18173/14372>.

1. Imagine um equipamento puxando a cabeça no eixo vertical, ou até mesmo o próprio centro de gravidade atuando na coluna cervical, aplicando os conceitos biomecânicos, pode-se afirmar que:

a) Coincidente com o eixo da coluna cervical.b) A frente do eixo da coluna cervical.c) Posterior ao eixo da coluna cervical.d) Lateral ao eixo da coluna cervical.e) Oblíquo ao eixo da coluna cervical.

2. Pedro tem trinta e cinco anos de idade, no trabalho, sua coluna cervical executa movimentos de flexão e extensão, e carrega objetos não muito pesados nos membros superiores. Ele trabalha das 8:00 até às 14:00 sem interrupção. Baseado no exposto, assinale a alternativa correta sobre as forças compressivas sobre a coluna vertebral.

a) A força de cisalhamento é menor do que na posição em pé.b) Adotando postura correta a pressão intradiscal aumenta durante os movimentos de flexão e extensão.c) Uma das formas de diminuir as forças compressivas sobre as vértebras é executando o movimento de hiperextensão.d) O aumento da lordose cervical diminui as pressões intradiscais.e) Os músculos profundos atuam estabilizando a articulação dentro de qualquer gesto motor cervical.

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Seção 2

Coluna Torácica

Introdução à seção

Nesta seção estudaremos a coluna torácica, segmento extremamente importante por suportar a cavidade abdominal e permitir mobilidade entre o tronco e a pelve, detalhando os movimentos e as funções de carga deste segmento vertebral.

2.1 Revisão anatômica

Assim como a coluna cervical, a coluna torácica possui duas funções importantes de proteção de estruturas vitais e permitir mobilidade. Iniciaremos os estudos com uma revisão anatômica, destacando as características dessas vértebras.

2.1.1 Vértebras torácicas

Existem na coluna torácica 12 vértebras e 12 pares de costelas, por terem influência tanto da coluna cervical como da coluna lombar, analisaremos as vértebras da seguinte forma:

• Primeira vértebra torácica: possui características das vértebras cervicais.

• Segunda à décima primeira vértebra torácica: consideradas vértebras torácicas típicas, com seu corpo vertebral com formato de rim, forame vertebral circular, processo espinhoso longo e delgado, e presença de fóveas costais superior e inferior para encaixe da cabeça das costelas correspondentes.

• Décima segunda vértebra torácica: considerada uma vértebra de transição, possuindo fóveas costais como as vértebras torácicas, e processos articulares e processo espinhoso semelhantes às vertebras lombares (CHEN et al., 2011).

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Fonte: Disponível em: <https://svn.micso.net:666/svnweb/index.cgi/bruni/revision/?rev=386. Acesso em: 22 out. 2015.

Figura 4.13 | Vértebra torácica

2.1.2 Tórax

O tórax é formado por 12 pares de costela, sendo que 7 pares são considerados costelas verdadeiras (possuem fixação no esterno) e 5 são consideradas falsas (não se fixam no esterno). Destas, três pares se fixam indiretamente e dois possuem extremidades livres (THOMPSON; FLOYD, 2002).

Os ossos restantes do tórax são:

• Manúbrio esternal.

• Corpo do esterno.

• Processo xifoide (THOMPSON; FLOYD, 2002).

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2.1.3 Articulações entre as costelas e as vértebras

Temos as articulações costovertebrais, que são articulações classificadas como diatrodiais (sinoviais) das cabeças das costelas com os corpos vertebrais (CHEN et al., 2011).

E também as articulações costotransversais, que fazem a ligação dos tubérculos das costelas com os processos transversos das vértebras (CHEN et al., 2011).

Fonte: Disponível em: <http://blogdesuperheroes.es/superheroes-y-ciencia-superman-19>. Acesso em: 22 out. 2015.

Fonte: Disponível em: <http://www.fisioterapia.com/noticias/imprimir/2091>. Acesso em: 22 out. 2015.

Figura 4.14 | Tórax

Figura 4.15 | Articulações costovertebrais e costotransversais

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2.2 Cinesiologia e biomecânica

A principal função da coluna torácica é proporcionar rigidez longitudinal sem perder a mobilidade entre as suas partes. Além disto, serve como base de sustentação de estruturas anatômicas contíguas, tais como as costelas e os músculos abdominais.

2.2.1 Movimentos

Nas vértebras torácicas superiores, observamos que o deslizamento lateral de uma vértebra sobre a outra é acompanhada por rotação homolateral, enquanto que nas vértebras torácicas média a baixa, esse acompanhamento é inconsistente, sendo dependente do movimento que é iniciado primeiro (PETTMAN, 2006).

No movimento de flexão torácica, observamos translação anterior, facilitando a rotação anterior sobre a costela adjacente, fato que nas vértebras pertencentes à coluna torácica média (T4-T7) deve-se à forma anatômica do processo transverso e da cabeças das costelas (GRIEVE, 1988). Neste movimento, o tórax aproxima-se da pelve, realizando um movimento anterior da coluna vertebral, já no movimento de extensão o tórax afasta-se da pelve, caracterizando o movimento de retorno da flexão da coluna vertebral, ou um movimento posterior dela (THOMPSON; FLOYD, 2002).

Já o movimento de inclinação lateral é acompanhado por rotação contralateral, desde que a inclinação lateral ocorra primeiro. Porém, quando a rotação ocorre primeiro, observamos uma inclinação homolateral. Isto ocorre porque quando realizamos uma inclinação lateral temos um deslizamento anterior homolateral da costela anterior e inferiormente, com a costela contralateral movendo-se superior e posteriormente, criando rotação na direção oposta. Já a rotação da coluna torácica

IMPORTANTE!

Há considerável movimento da coluna e do esterno independentemente um do outro, permitindo movimento da coluna sem movimento da caixa torácica.

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é acompanhada pelo deslizamento lateral na mesma direção, não por causa da orientação da faceta, mas por causa dos ligamentos das costelas e das vértebras torácicas. Nestes casos, a articulação zigoapofisária tem suas facetas articulares comprimidas pelo processo articular de algum corpo vertebral, e o processo articular inferior do processo adjacente da vértebra (GRIEVE, 1988).

Nos movimentos de inclinação lateral, o tórax move-se lateralmente em direção à pelve, enquanto que na rotação observa-se um movimento giratório da espinha no plano horizontal, com o tórax girando para um dos lados (THOMPSON; FLOYD, 2002).

A amplitude de movimento da inclinação lateral torácica está em torno de 30° tanto para direita como para esquerda, enquanto que o movimento de rotação tem amplitude de movimento de 75°, essa diferença de amplitude deve-se à orientação das facetas articulares que permitem maior mobilidade de rotação (CHEN et al., 2011).

Quando a vértebra torácica roda para direita, ela translaciona para a esquerda. A costela direita roda posteriormente e a costela esquerda roda anteriormente.

Fonte: Disponível em: <http://seryoga.com.br/um-pouco-sobre-anatomia-e-fisiologia-aplicada-ao-yoga/. Acesso em: 4 out. 2015.

Figura 4.16 | Movimentos do tronco

Extensão/Flexão Flexão Lateral Rotação/Torção

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Além destes movimentos, a coluna torácica e o tórax movimentam-se de acordo com a respiração, com um aumento da caixa torácica na inspiração, e uma redução do tamanho do tórax na expiração, todos realizados pelos seguintes músculos:

• Diafragma (músculo motor primário).

• Escalenos.

• Intercostais externos.

• Elevador das costelas.

• Serrátil posterior (THOMPSON; FLOYD, 2002).

Fonte: Disponível em: <https://ericasitta.wordpress.com/2011/12/15/qual-e-meu-tipo-respiratorio/>. Acesso em: 14 out. 2015.

Figura 4.17 | Movimentos da respiração

Durante a respiração observamos os movimentos de inspiração, quando se observa uma elevação das costelas superiores e uma abertura das costelas inferiores, e na expiração o retorno

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2.2.2 Forças e cargas

Na cifose torácica, as vértebras acabam ficando distantes do eixo de equilíbrio corporal anteroposterior e estão sujeitos, desta forma, à maior carga excêntrica (BENZEL, 2003). Porém, a presença da caixa torácica (costelas e esterno) aumenta a resistência deste segmento, tornando necessária maior carga compressiva que haja alguma resultante que possa alterar a posição da coluna (FLYNN, 1996).

desses movimentos à posição de repouso, leva-nos à seguinte questão: tanto a inspiração como a expiração são movimentos ativos em uma situação basal?

Neste artigo, os autores realizaram uma análise da influência do peso da mochila dos escolares sobre a postura deles.Acesse: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=6050>. Acesso em: 23 nov. 2015.

1. Jaqueline tem 15 anos e teve recentemente o chamado estirão de crescimento, concomitantemente foram observadas alterações na coluna vertebral. Caracterizando-se principalmente por desvio lateral na coluna dorsal, assimetria na altura dos ombros e na crista ilíaca. Baseado no exposto, assinale a alternativa correta:

a) Jaqueline apresentou um aumento da lordose torácica.b) Jaqueline apresentou uma redução da lordose torácica.c) Jaqueline apresentou comprometimento da biomecânica

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da respiração.d) Jaqueline apresentou aumento da cifose torácica.e) Jaqueline apresentou redução da cifose torácica.

2. Os discos intervertebrais possuem várias funções importantes na execução dos movimentos. Porém, dependendo da força e do tipo de movimento, como o movimento de cisalhamento, pode-se lesionar esse disco intervertebral. Baseado nisto, assinale a alternativa correta:

a) Os locais mais protegidos de lesão do disco intervertebral são as vértebras lombares inferiores.b) Os locais mais protegidos de lesão do disco intervertebral são as vértebras torácicas médias.c) Os locais mais suscetíveis às forças de cisalhamentos são as vértebras torácicas médias.d) Os locais mais protegidos das forças de cisalhamento são as vértebras cervicais.e) Os locais mais suscetíveis às forças de cisalhamento são as vértebras sacrais.

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Seção 3

Coluna lombar e pelve

Introdução

Nesta seção estudaremos a coluna lombar e a pelve, que possuem características distintas que irão determinar sua função, indo desde permitir a mobilidade até distribuir forças e proporcionar vantagem mecânica para a execução de atividades rotineiras. Seguiremos a mesma divisão didática das seções anteriores, a fim de auxiliar você na fixação do conteúdo.

3.1 Revisão anatômica

As vértebras lombares diferenciam-se das demais por algumas características que determinam sua funcionalidade. Iniciaremos, assim como nas demais seções, com uma revisão anatômica.

3.1.1 Vértebras lombares

As vértebras lombares diferenciam-se das vértebras torácicas pelo seu maior tamanho, ausência de fóveas costais e forames transversais, com processos transversais finos e processos espinhosos quadriláteros. Possuem corpos grandes e reniformes, forames vertebrais triangulares, pedículos e lâminas curtas e espessas (NATOUR, 2004).

Fonte: Disponível em: <https://www.3bscientific.com.br/kit-com-5-vertebras-lombares,p_60_152.html. Acesso em: 22 out. 2015.

Figura 4.18 Vértebra lombar

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3.1.2 Sacro

O sacro é formado por cinco vértebras fundidas em um único osso no adulto em formato triangular, articulando-se superiormente com a quinta vértebra lombar, e lateralmente com os ilíacos direito e esquerdo (NATOUR, 2004).

A face voltada para pelve é côncava e lisa, possuindo quatro pares de forames sacrais pélvicos, por onde saem os ramos ventrais dos primeiros nervos sacrais e seus vasos (NATOUR, 2004).

Já a face dorsal é rugosa e convexa, com a espinha dorsal formando a crista sacral mediana, e a fusão dos processos articulares formando as cristas sacrais intermediárias, possuindo quatro pares foraminais sacrais dorsais (NATOUR, 2004).

Inferiormente, os cornos sacrais articulam-se com os cornos coccígeos. Já a face lateral ou massa sacral é formada pela fusão dos processos transversos, formando a crista sacral lateral, sendo que a parte superior possui uma superfície em forma de orelha que se articula com ílio (NATOUR, 2004).

A base do sacro apresenta o promontório, que é a borda anterior da superfície anterior da primeira vértebra sacral e o canal sacral que contém o saco dural, que é a parte mais inferior da cauda equina e o filamento terminal. Apresentando também os processos articulares que se articulam com a quinta vértebra lombar (NATOUR, 2004).

Figura 4.19 | Sacro

Fonte: Disponível em: <http://ocw.usal.es/ciencias-biosanitarias/anatomia-del-aparato-locomotor/materiales-de-clase/>. Acesso em: 22 out. 2015.

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3.1.3 Cóccix

Possui formato triangular, com uma base, um ápice, face dorsal e pelvina e bordas laterais. Composta por quatro vértebras fundidas, sendo que a primeira possui dois cornos que se articulam com os cornos sacrais (NATOUR, 2004).

3.1.4 Articulações sacroilíacas

Articulação sinovial plana, formada pela junção das superfícies auriculares do ilíaco e do sacro, ligando fortemente a coluna vertebral à cintura pélvica. Com o envelhecimento humano, observa-se a formação de fibrocartilagem nesta articulação, deixando de ser sinovial (NATOUR, 2004).

Composta por ligamentos fortes, numerosos, contribuindo para a estabilidade lombossacral. Eles são compostos pelos seguintes ligamentos:

• Ligamento iliolombar superior.

• Ligamento iliolombar inferior.

• Ligamento iliolombar anterior.

• Ligamento iliolombar posterior (NATOUR, 2004).

Figura 4.20 | Articulação sacroilíaca

Fonte: Disponível em: <http://o2porminuto.ativo.com/corrida-de-rua/saude/dor-sacroiliaca-o-que-e-e-como-evitar/>. Acesso em: 22 out. 2015.

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3.2 Cinesiologia e biomecânica da coluna lombar

Entre duas vértebras adjacentes podemos observar três movimentos de translação e rotação (PANJABI et al., 1977).

Na coluna lombar, o deslizamento lateral é acompanhado pela rotação axial na direção oposta. Enquanto que a inclinação lateral será acompanhada com rotação axial na mesma direção da inclinação lateral do primeiro movimento. Desta forma, se a rotação axial é o primeiro movimento, ela será acompanhada pela inclinação lateral na direção oposta (PETTMAN, 2006).

O formato da faceta articular da coluna lombar assim como a sua orientação, facilita mais os movimentos de flexão e extensão do que rotação (PETTMAN, 2006).

O mais importante aspecto dos movimentos da coluna lombar é a translação que ocorre com flexão e extensão. Segmentos lombares superiores (L1-L2-L3-L4) tem um acoplamento diferente de L4-L5 e L5-S1 (PETTMAN, 2006).

Já na inclinação lateral cada segmento lombar apresenta, aproximadamente, a mesma quantidade de movimento. Porém, a rotação axial da coluna lombar é muito limitada e inicialmente igual em cada segmento. Inclinação lateral e rotação ocorrem em direções opostas nos segmentos lombares superiores, e nos segmentos inferiores ocorrem na mesma direção (PETTMAN, 2006).

Assim, no plano sagital temos os movimentos de flexão com amplitude de movimento de aproximadamente 80°, e extensão com amplitude de movimento de aproximadamente 30° (NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002).

Enquanto que no plano coronal observamos os movimentos de inclinação para direita e para esquerda, com amplitude de movimento em torno de 35° (NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002).

Já no plano longitudinal, tempos interessante amplitude de movimento para rotação para direita e para esquerda, sendo de 45°, aproximadamente (NATOUR, 2004; THOMPSON; FLOYD, 2002).

Na extensão, o movimento de acoplamento é o movimento de flexão; na flexão, o movimento de acoplamento é o movimento de extensão (PETTMAN, 2006).

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Assim, a ação muscular pode ser dividida da seguinte forma:

• Músculos que realizam a extensão, rotação contralateral e flexão lateral:

o Grupo eretor da espinha (esplênio e eretor da espinha).

o Grupo transverso espinhal (semiespinhal, multífido e rotadores).

o Grupo interespinhal-intertransverso (THOMPSON; FLOYD, 2002).

• Músculos eretores da espinha:

o Iliocostal.

o Longuíssimo.

o Espinhal (THOMPSON; FLOYD, 2002).

Figura 4.21 | Movimentos da coluna lombar

Fonte: Kapandji (2000).

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• Músculos que realizam flexão lombar:

o Reto abdominal.

o Oblíquo externo.

o Oblíquo interno (THOMPSON; FLOYD, 2002).

• Músculos que realizam inclinação lateral homolateral:

o Reto abdominal.

o Oblíquo externo.

o Oblíquo interno.

o Quadrado lombar (THOMPSON; FLOYD, 2002).

• Músculos que realizam rotação contralateral:

o Oblíquo externo (THOMPSON; FLOYD, 2002).

• Músculos que realizam rotação homolateral:

o Oblíquo interno (THOMPSON; FLOYD, 2002).

• Músculos que estabilizam:

o Transverso do abdome.

o Quadrado lombar (THOMPSON; FLOYD, 2002).

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Figura 4.22 | Músculos do tronco

Fonte: Disponível em: <http://osteopatacampinas.blogspot.com.br/2013/07/qual-e-culpa-do-diafragma-na-sua-dor.html. Acesso em: 22 out. 2015.

3.2.1 Estabilização da coluna

A estabilidade da coluna é definida como a habilidade da coluna de não deformar ou não se lesionar sob cargas fisiológicas (WHITE et al., 1975). Também, foi definida como a capacidade da vértebra de retornar à coesão, e preservar sua elasticidade normal em todos os movimentos corporais fisiológicos (KIRKALDY-WILLIS, 1985).

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A musculatura estabilizadora é predominantemente profunda e é ativada antecipadamente a qualquer gesto motor. Caso uma pessoa tenha perda da estabilidade, podemos afirmar que isto seria um importante fator predisponente para o surgimento da dor lombar?

A amplitude de movimento fisiológica inclui a zona neutra e a zona elástica, sendo que a zona elástica representa uma zona de alta rigidez, onde o movimento da coluna sofre grande resistência (PANJABI, 1992a).

Cada um dos seis graus de liberdade de movimento que qualquer vértebra pode desenvolver tem sua amplitude de movimento, ou seja, ativação da zona neutra e zona elástica (PANJABI, 1992b).

A amplitude de movimento das articulações da coluna vertebral inclui inicialmente a zona neutra com grande carga de deslocamento, e uma zona elástica que requer mais carga por unidade de deslocamento por causa da tensão das cápsulas e ligamentos (PANJABI, 1992b).

Desta forma a estabilidade da articulação depende de três subsistemas:

• Coluna vertebral.

• Músculos.

• Sistema nervoso central (IZZO et al., 2013).

A estabilização da coluna implica uma relação íntima entre a zona neutra e a zona elástica (PANJABI, 1992a). A zona neutra contribui com uma pequena parcela da amplitude de movimento, atuando mais no início da estabilização, e quando a amplitude de movimento aumenta a zona elástica, passa a atuar (PANJABI, 1992a; OXLAND; PANJABI, 1992). Desta forma, é a zona neutra a responsável pela manutenção da estabilidade dentro dos limites fisiológicos (PANJABI, 1992a).

Assim, a estabilidade é determinada pela conexão entre três sistemas (PANJABI, 1992a):

• Coluna ou subsistema passivo: vértebras, discos intervertebrais e ligamentos controlam a zona elástica próxima. Essas estruturas possuem mecanorreceptores que traduzem a ação para o sistema nervoso central

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com informação proprioceptiva, proporcionando uma adequada e coordenada resposta muscular (PANJABI, 1992b, KOJIMA et al., 1990, MCLAIN, 1994).

• Músculos e tendões ou subsistema ativo: mecanorreceptores dos músculos e tendões informam o sistema nervoso central da posição, carga e movimento de cada unidade vertebral.

• Unidade de controle central (IZZO et al., 2013).

Didaticamente, podemos dividir a estabilidade dos segmentos da coluna. Por isso, analisaremos a partir daqui a estabilização passiva. Vamos aplicar alguns conceitos, por exemplo, durante atividades de vida diária a coluna normalmente suporta cargas verticais de 500-1000 N (Newton), mais de duas vezes o peso corporal, e com possibilidade de elevação, até 5000 N, onde cerca de 50% da carga final falha (WILKE et al., 1999). A habilidade de suportar carga depende do corpo vertebral, do seu tamanho e largura, da integridade do sistema trabecular e a densidade óssea. Assim, conforme maior o corpo vertebral, maior é a capacidade de suportar carga, por exemplo, uma vértebra cervical consegue suportar cargas de até 2000 N enquanto que a vértebra lombar suporta cargas de até 8000 N (BELL et al., 1967).

O sistema trabecular, transmite as cargas verticais para as superfícies superior e inferior do corpo vertebral, enquanto o sistema horizontal transmite para o arco posterior e processo transverso (LOUIS, 1989). Sendo que, quando a vértebra sofre uma carga compressiva, o sistema vertical é o primeiro a ser acionado,

Figura 4.23 | Cargas compressivas sobre o sistema trabecular

Fonte: Izzo et al. (2013)

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e posteriormente o sistema horizontal. Uma vértebra pode ser afetada pela fadiga após esforços repetitivos. Quando assumimos a posição de flexão, há um aumento elevado do estresse (mais de 300%) sobre o corpo anterior da vértebra (POLLINTINE et al., 2004).

Os discos, na verdade, comportam-se como os ligamentos controlando os movimentos da coluna nas três dimensões:

• Compressão vertical e distração.

• Flexão e extensão.

• Inclinação lateral e rotação axial (IZZO et al., 2013).

As fibras do ânulo fibroso controlam os micromovimentos anormais, especialmente na flexão e extensão (SCHULTE; CLARK; GOEL, 1989). O núcleo se comporta como um cilindro de pressão, absorvendo o estresse mecânico transmitido durante os movimentos, apresentando movimentos na direção oposta à pressão do ânulo fibroso. E durante a rotação axial, o disco sobre estresse de torção no ânulo fibroso, sem movimento, faz com que ele apenas absorva a pressão (IZZO et al., 2013).

A água presente no disco muda continuamente durante as atividades de vida diária, influenciadas pela pressão hidrostática e pressão osmótica. Maiores pressões hidrostáticas liberam mais água que é contrabalançada pela pressão osmótica exercida pelo aumento progressivo dos proteoglicanos (JOHANNESSEN et al., 2004). Quando assumimos a posição de repouso, temos uma prevalência da pressão osmótica preenchendo novamente de água o disco (IZZO et al., 2013).

Na estabilização passiva, os ligamentos exercem papel fundamental, a ação de estabilização de um ligamento depende não somente da força intrínseca, mas da maior medida de braço de alavanca que atua, a distância entre as inserções ósseas em que ele atua. Por exemplo, na cifose, a vértebra da coluna torácica está localizada distante do eixo de equilíbrio vertical sagital do corpo. A carga excêntrica ventral e lateral axial e momentos de flexão criam um estresse concentrado na parte anterior do corpo favorecendo seu colapso, assim um aumento da cifose, provoca um aumento da distância entre os corpos vertebrais e o eixo de equilíbrio corporal e o aumento da concentração do estresse ventral (IZZO et al., 2013).

Assim, um ligamento muito forte com um pequeno braço de alavanca contribui para a estabilização menos do que um ligamento mais fraco, mas que possui um grande braço de alavanca e assim tendo vantagem mecânica, que é o caso dos ligamentos interespinhosos e supraespinhosos, os quais têm maior trabalho e maior braço de alavanca que o ligamento amarelo durante a flexão da coluna (CHAZAL et al., 1985).

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Enquanto que a estabilização ativa, de acordo com Panjabi (1992b), músculos e tendões provêm estabilização ativa da coluna sobre o sistema nervoso, contribuindo para estabilização primária na zona neutra onde a resistência ao movimento é mínima.

Os músculos que participam desta estabilização podem ser divididos em:

Portanto, músculos pequenos fazem rotação das vértebras (músculos intertransversos, interespinhosos e multífidos), carregando a carga e mantendo a coluna estável. Enquanto que músculos superficiais longos são músculos responsáveis pela geração dos movimentos. Por exemplo, o eretor da espinha e oblíquos, tendo movimentos limitados pela ação dos multífidos que atuam como estabilizadores dos movimentos (BOGDUK, 1997).

Esses músculos abdominais merecem nossa atenção, pois os músculos oblíquos e transversos são frequentemente flexores e rotadores da coluna lombar, mas estabilizam a coluna ao mesmo tempo, criando um cilindro rígido ao redor aumentando a pressão intra-abdominal e tensionamento da fáscia lombotorácica (GARDNER-MORSE; STOKES, 1998).

3.2.2 Forças e cargas

As curvaturas da coluna sagital aumentam a resistência à carga vertical mais de 17 vezes, e pode ser rapidamente controlada pela aceleração da intervenção da contração muscular. No caso da lordose lombar, o segmento vertical das forças corre pela articulação zigoapofisária, sem criar alguma rotação (IZZO et al., 2013).

Músculos superficiais Músculos profundos

Flexores: reto abdominal e esternocleidomastoideo.

Flexores: psoas

Extensores: extensor longo Extensores: extensor curto

Tabela 4.2 | Músculos estabilizadores

Fonte: Izzo et al. (2013)

EM RESUMO

A estabilização da coluna dá-se pela ação das articulações zigoapofisárias, dos ligamentos e da musculatura profunda, que fazem contraposição às forças e às cargas recebidas.

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BIOMECÂNICA PARA POSIÇÃO SENTADA

A inclinação da coluna lombar suporta mais peso distribuído no encosto, e menor ativação muscular é requerida dos músculos eretores da espinha. Assim há menor carga sobre os discos intervertebrais. E além disto, se usar um suporte lombar, diminui ainda mais a carga sobre o disco intervertebral (WHITE; PANJABI, 1990).

Pessoas obesas acabam tendo maiores pressões intradiscais. A protusão abdominal traciona a vértebra anteriormente, aumentando seu braço de alavanca (WHITE; PANJABI, 1990).

A pressão do disco é resultado de uma combinação do peso corporal, do peso dos membros superiores, dos músculos da coluna, e seus respectivos braços de alavancas para os centros dos discos (WHITE; PANJABI, 1990).

3.2.3. Papel do disco intervertebral

O disco intervertebral separa os corpos vertebrais, permitindo que uma vértebra se movimente sobre a outra. Além disto, atua dissipando energia mecânica pelas forças solicitantes que recebeu, através da combinação das propriedades líquidas do núcleo pulposo, e características elásticas do ânulo fibroso, dissipando e transmitindo as forças (NATOUR, 2004).

As pressões que são impostas aos discos intervertebrais variam conforme a postura adotada, por exemplo, a pressão interna do disco intervertebral aumenta aproximadamente de 100 kg em L3 quando o indivíduo está na posição sentada

Figura 4.24 | Posição sentada

Fonte: Silva et al. (2011)

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com o tronco ereto, para 150 kg quando o tronco é fletido anteriormente, e chega a 220 kg quando um homem de 70 kg levanta um peso de 50 kg. Essas cargas aumentam drasticamente quando o levantamento de peso está associado com movimentos rotacionais, sobrecarregando excessivamente as fibras póstero-laterais dos ânulos fibrosos dos discos lombares, predispondo o surgimento de lesões (NATOUR, 2004).

3.3 Cinesiologia e biomecânica da pelve

A articulação lombossacra oferece mais movimento de flexão e extensão do que qualquer outra parte do segmento lombar (PETTMAN, 2006). Os movimentos da articulação sacroilíaca são analisados separadamente, pois embora fortemente contida por ligamentos, ainda há pequenos movimentos (não passando de 2°), todavia eles são extremamente complexos (NATOUR, 2004).

Movimento na articulação sacroilíaca ocorre durante movimentos do tronco e das extremidades inferiores. O movimento de flexão do sacro é chamado de nutação, e o movimento de extensão é denominado contranutação (PETTMAN, 2006).

Na nutação o promontório sacral move anteriormente em direção à pelve. A superfície articular desliza ínfero-posteriormente em relação ao inonimado. Na contranutação, o promontório sacral move posteriormente em direção à pelve. A superfície articular desliza ântero superiormente em relação ao inonimado (PETTMAN, 2006).

A articulação sacroilíaca tem o formato em “L” que cai para trás em seu braço longo. Na nutação, o sacro desliza inferiormente abaixando o braço curto do “L” e posteriorizando o braço longo do “L” resultando em uma relação rotação anterior da pelve. Contranutação envolve o deslizamento anterior do sacro sobre o braço longo, e superiormente sobre o braço curto (PETTMAN, 2006).

Durante a flexão da perna, é esperado que o sacro faça a nutação no lado da perna fletida, e contranutação no lado da perna estendida (PETTMAN, 2006).

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Figura 4.25 | Movimento do sacro

Fonte: Vleeming et al. (1996)

3.3.1 Curvas fisiológicas

As curvaturas fisiológicas da coluna vertebral são reguladas pela geometria pélvica que é definida da seguinte forma:

• Incidência pélvica: antes do nascimento e que permanece em alguns sujeitos.

• Inclinação sacral.

• Inclinação pélvica (MORVAN et al., 2008; VIALLE et al., 2005).

Neste artigo, você encontrará características biomecânicas da posição sentada relacionada com a ergonomia.Acesse: <http://www.scielo.br/pdf/fp/v17n3/15.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2015.

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1. Leandro apresenta alterações posturais relacionadas com a execução de movimentos de forma inadequada por um período prolongado. Portanto, podemos afirmar com base nas curvaturas fisiológicas que:

a) Possíveis alterações dos membros inferiores podem afetar a pelve, que altera a posição do sacro e, consequentemente, a da coluna lombar.b) Possíveis alterações dos membros inferiores não podem afetar a pelve.c) Na hiperlordose lombar, a pelve encontra-se totalmente equilibrada.d) Quando observamos uma inclinação da coluna lombar, não há movimento rotacional conjuntamente.e) Quando encontramos uma rotação anterior da pelve, a coluna lombar se adapta retificando a lordose lombar.

2. Sobre a coluna lombar é correto afirmar:

a) Durante a flexão, a cápsula articular da articulação zigoapofisárias encontra-se em posição neutra.b) Durante a flexão, o disco intervertebral sofre pressão na sua região posterior.c) Durante a extensão, o disco intervertebral sofre pressão na sua região anterior.d) Durante a extensão, a cápsula articular da articulação zigoapofisárias encontra-se em posição neutra.e) Durante a extensão, o disco intervertebral sofre pressão na sua região posterior.

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1. Ao executar uma atividade qualquer que exija movimentos de flexão e extensão, levantando cargas elevadas com os braços, há um grande risco de lesão nas costas, por qual motivo?

2. Sobre as curvaturas fisiológicas do corpo humano, assinale a alternativa correta.

a) A cifose é considerada uma curvatura primária por ser desenvolvida durante o crescimento da criança

b) A cifose é considerada uma curvatura primária por ser desenvolvida durante o desenvolvimento embrionário.

c) A lordose é considerada uma curvatura primária por ser desenvolvida durante o desenvolvimento embrionário.

d) A lordose está presente na coluna torácica.

e) A cifose está presente na coluna lombar.

3. Sobre a musculatura estabilizadora da coluna lombar, assinale a alternativa correta

a) Os músculos superficiais são considerados os principais estabilizadores.

b) Os músculos flexores são considerados os principais estabilizadores.

c) A musculatura profunda interssegmentar é considerada como a principal parte da estabilização dinâmica.

d) Os músculos do cíngulo superior são responsáveis pela estabilização da coluna.

e) O músculo reto femoral é o principal estabilizador da coluna lombar.

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4. Durante a inspiração forçada, percebemos a ativação da musculatura acessória da respiração. Assinale a alternativa que contenha apenas músculos acessórios da respiração.

a) Escalenos, esternocleidomastoideo, psoas.

b) Escalenos, reto abdominal, psoas.

c) Diafragma, esternocleidomastoideo, psoas.

d) Escalenos, esternocleidomastoideo, intercostais internos.

e) Diafragma, escalenos e psoas.

5. Assinale a alternativa que contenha a função do núcleo pulposo do disco intervertebral:

a) Absorção e distribuição das forças.

b) Restringir o movimento.

c) Aumentar a força muscular.

d) Fornecer estabilidade dinâmica da coluna vertebral.

e) Provocar movimentos de cisalhamento.

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O controle neuromuscular da coluna vertebral depende de respostas motoras conscientes e inconscientes, muitas das vezes, atuando com ajustes posturais antecipatórios que ocorrem antes dos movimentos dos membros, prevenindo a coluna de forças compressivas que possam lesar e atuando como um ponto fixo de apoio para a produção destes movimentos.

Prezado(a) aluno(a)! Nesta unidade vimos a composição da coluna vertebral e seus segmentos cervical, torácica e lombar, assim como as suas curvaturas fisiológicas (lordose cervical, cifose torácica e lordose lombar). Vimos também as articulações vertebrais e suas funções, destacando as facetas articulares e suas orientações que caracterizam os movimentos a serem realizados, assim como as estruturas e o papel do disco intervertebral, e a ação do sistema muscular controlado pelo sistema nervoso central e periférico. Além disto, analisamos os movimentos que ocorrem entre as vértebras adjacentes e a somação destes movimentos que geram a mobilidade da coluna vertebral.

Com base nos dados mencionados acima, podemos considerar que o estudo da cinesiologia e biomecânica da coluna vertebral é um conteúdo útil e prazeroso para elaboração de atividades, conhecimento dos movimentos fisiológicos e quais as formas de realizá-las com menor dispêndio de energia e prevenindo lesões.

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