81
CINTIA DO COUTO MASCARENHAS AVALIAÇÃO DE MUTAÇÕES PONTUAIS NO GENE ABL POR MÉTODO DE CROMATOGRÁFIA LÍQUIDA DESNATURANTE DE ALTA PERFORMANCE (D-HPLC) EM PACIENTES COM LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA TRATADOS COM INIBIDORES DE TIROSINA QUINASE ORIENTADOR: Prof. Dr. Cármino Antonio De Souza CO-ORIENTADORA: Drª. Kátia Bórgia Barbosa Pagnano CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Fernando Ferreira Costa

CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

CINTIA DO COUTO MASCARENHAS

AVALIAÇÃO DE MUTAÇÕES PONTUAIS NO GENE ABL POR MÉTODO DE CROMATOGRÁFIA LÍQUIDA DESNATURANTE DE ALTA PERFORMANCE (D-HPLC) EM PACIENTES COM LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA TRATADOS COM INIBIDORES DE

TIROSINA QUINASE

ORIENTADOR: Prof. Dr. Cármino Antonio De Souza

CO-ORIENTADORA: Drª. Kátia Bórgia Barbosa Pagnano

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Fernando Ferreira Costa

Page 2: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

2

CINTIA DO COUTO MASCARENHAS

AVALIAÇÃO DE MUTAÇÕES PONTUAIS NO GENE ABL POR MÉTODO DE CROMATOGRÁFIA LÍQUIDA DESNATURANTE DE ALTA PERFORMANCE (D-HPLC) EM PACIENTES COM LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA TRATADOS COM INIBIDORES DE

TIROSINA QUINASE

ORIENTADOR: Prof. Dr. Cármino Antonio De Souza-UNICAMP

CO-ORIENTADORA: Drª. Kátia Bórgia Barbosa Pagnano-UNICAMP

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Fernando Ferreira Costa-UNICAMP

Campinas, UNICAMP, 17 de junho de 2009

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, para a obtenção do título de Mestre em Clínica Médica, área de concentração em Ciências Básicas.

Page 3: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

3

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA

BIBLIOTECA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP

Bibliotecário: Sandra Lúcia Pereira – CRB-8ª / 6044

Título em inglês : Evaluation of point mutations in the ABL gene using denaturing high performance liquid chromatography in patients with chronic myeloid leukemia treated with tyrosine kinase inhibitors

Keywords: • Mutation

• Chronic myeloid leukemia

Titulação: Mestrado em Clínica Médica

Área de concentração: Ciências Básicas

Banca examinadora:

Profº. Drº. Cármino Antonio de Souza

Profº. Drº. Israel Bendit

Profº. Drº. Afonso Celso Vigorito

Data da defesa: 17-07-2009

Mascarenhas, Cíntia do Couto M373a Avaliação de mutações pontuais no gene ABL por método de

cromatografia líquida desnaturante de alta performance (D-HPLC) em pacientes com leucemia mielóide crônica tratados com inibidores de tirosina quinase / Cíntia do Couto Mascarenhas. Campinas, SP : [s.n.], 2009.

Orientadores : Cármino Antonio de Souza, Kátia Bórgia Barbosa

Pagnano Dissertação ( Mestrado ) Universidade Estadual de Campinas.

Faculdade de Ciências Médicas. 1. Mutação. 2. Leucemia mielóide crônica. I. Souza, Cármino

Antonio de. II. Pagnano, Kátia Bórgia Barbosa . III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. IV. Título.

Page 4: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

4

Page 5: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

5

DEDICATÓRIA

Page 6: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

6

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus queridos e insubistituíveis:

Pais, Sogros, Irmãos e Esposo.

Page 7: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

7

AGRADECIMENTOS

Page 8: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

8

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a todos aqueles que participaram deste trabalho:

Ao Dr. Carmino, Dra. Katia e Dr. Fernando, pelo apoio, confiança em mim, sugestões, soluções

para todos os obstáculos, pela oportunidade e entusiasmo.

A toda minha saudosa família.

A equipe de pesquisa clínica pelos ensinamentos e ajuda com os pacientes.

A todos os pacientes e controles que contribuíram para o estudo.

Ao Anderson, Gustavo e Manoela que foram fundamentais para que este trabalho fosse iniciado e

concluído, pelas incontáveis horas de ajuda, pelos ensinamentos e amizade.

Aos queridos amigos do Hemocentro pela vontade e prontidão para ajudar-me, além de me

proporcionar incontáveis momentos de lazer o que tornou possível a vida longe da minha família.

A toda equipe dos laboratórios de biologia molecular, citogenética, hematologia, onco-hematologia,

hematologia e citometria de fluxo.

A todos que depositaram seus votos de confiança em mim.

A FAPESP por financiar este estudo.

Page 9: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

9

RESUMO

Page 10: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

10

RESUMO

O desenvolvimento da Leucemia Mielóide Crônica (LMC) tem como característica a

formação do cromossomo Philadelphia que envolve a quebra do gene BCR gerando um rearranjo

molecular denominado BCR-ABL, cujo produto final é uma proteína de fusão citoplasmática que

determina a patogenia da doença. Esta proteína é uma tirosina quinase (TK) que possui

capacidade de auto-ativaçãoe para a inativação desta proteína, foram desenvolvidos os inibidores

da tirosina quinase (ITK), que tem a capacidade de se ligar no mesmo sítio de ligação da molécula

de ATP. Esta ligação impede a transferência dos grupos fosfatos aos substratos subseqüentes,

bloqueando a cascata de transdução de sinais e prevenindo a ativação das vias mitogênica

dependente da quinase Bcr-Abl e anti-apoptóticas levando à morte do fenótipo BCR-ABL.Um dos

principais mecanismos de resistência ao tratamento com ITK são as mutações pontuais, sendo a

T315I foco de estudos mais detalhados por tornar a proteína mutante altamente insensível a todas

as drogas inibidoras da proteína TK disponíveis atualmente Foi utilizado neste trabalho a técnica

de D-HPLC para fazer screening de mutações nos pacientes com LMC com resposta sub ótima ou

falha de tratamento de acordo com os critérios da Leukemia Net. Para o screening do éxon 6 foram

selecionados 93 pacientes com LMC: 5 eram intolerantes, 67 resistentes e 21 com resposta sub-

ótima. Como controle negativo foi usado o sangue periférico doadores de sangue do Hemocentro

da UNICAMP. Para o screening de mutações de todo o gene BCR-ABL foram estudados 37

pacientes com LMC e como controle negativo, usamos a linhagem celular HL60 que não possui a

translocação BCR-ABL. No screening do éxon 6, 23 amostras (25%) mostraram um perfil de

eluição no D-HPLC anormal em relação ao controle, o que sugeriu a presença de mutação. A

sobrevida global (OS) para todo grupo foi de 80% em uma mediana de tempo de observação de 30

meses. OS para pacientes sem mutações foi de 87% e para os pacientes com mutações foi de

56% em uma mediana de tempo de observação 37 e 10 meses, respectivamente (p <0,0001, RR =

68). No screening de todo o gene BCR-ABL 17 (46%) tiveram perfil cromatográfico diferente do

controle Como estávamos estabelecendo a padronização do método, procedemos com o

seqüenciamento de todas as amostras e os resultados obtidos foram comparados com a

seqüência depositada no banco de dados GenBank (U07563). Das 17 amostras com alteração do

perfil cromatográfico, observamos a presença de mutação em 13 amostras. Acreditamos que isso

se deva a sensibilidade do método de D-HPLC que é capaz de identificar tanto polimorfismos

quanto mutações com maior eficiência que o seqüenciamento. Em resumo, o D-HPLC demonstrou

ser um método sensível e prático para o acompanhamento do aparecimento de mutações no

domínio da quinase na rotina clínica. Mutações nessa região estudada são clinicamente relevantes

e podem conferir um pior prognóstico. A detecção precoce pode ser uma ferramenta importante

para otimizar a terapêutica na LMC.

Page 11: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

11

ABSTRACT

Page 12: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

12

ABSTRACT

The development of chronic myeloid leukemia (CML) is the formation of the characteristic

Philadelphia chromosome involving breach of the BCR gene generating a molecular rearrangement

called BCR-ABL, whose final product is a cytoplasmic fusion protein that determines the

pathogenesis of the disease. This is a protein tyrosine kinase (TK) that has self-ativaçãoe to

inactivate this protein have developed the inhibitors of tyrosine kinase (ITK), which has ability to

connect on the same site of binding of molecule of ATP. This connection prevents the transfer of

phosphate groups to substrates subsequent, blocking the cascade of signal transduction and

preventing the activation of mitogenic pathways dependent kinase BCR-ABL and anti leading to

apoptotic death phenotype of BCR-ABL.One major mechanisms of resistance to treatment with ITK

are mutations off, and the T315I focus of more detailed studies by making mutant protein highly

insensitive to all drugs Inhibit TK protein currently available was used in this work to D-HPLC

technique to screening for mutations in patients with CML with sub-optimal response or failure of

treatment according to the criteria Leukemia Net For the screening of exon 6 were selected 93 CML

patients: 5 were intolerant, 67 resistant and 21 with answer sub-optimal. The negative control we

used the peripheral blood donors Blood from the blood of UNICAMP. For the screening of

mutations throughout the BCR-ABL gene were studied 37 patients with CML and control negative,

we used the HL60 cell line that does not have the translocation BCR-ABL. In the screening of exon

6, 23 samples (25%) showed a profile of the D-HPLC elution abnormal in the control, which

suggested the presence of mutation. The overall survival (OS) for whole group was 80% in a

median time of observation of 30 months. OS for patients with mutations was 87% and for patients

with mutations was 56% in the median observation time of 37 and 10 months respectively (p

<0.0001, RR = 68). In screening the entire gene BCR-ABL 17 (46%) had chromatographic profile

different from the control we were setting the standardization of methods, procedures with the

sequencing of all samples and the results were compared with the sequence deposited in the

GenBank database (U07563). Of the 17 samples with change the chromatographic profile, we

observed the presence of mutation in 13 samples. We believe that this is due to sensitivity of the

method of D-HPLC is able to identify the mutations both polymorphisms with greater efficiency to

the sequencing. In summary, the D-HPLC has proved a sensitive and practical method for

monitoring the appearance of mutations in the kinase domain in the clinical routine. Mutations

studied in this region are clinically relevant and may confer worse prognosis. Early detection can be

a tool important to optimize therapy in CML.

Page 13: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

13

LISTA DE FIGURAS

Page 14: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

14

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: ESTRUTURA DO CROMOSSOMO PHILADELPHIA E A LOCALIZAÇÃO DAS REGIÕES DE POSSÍVEIS

QUEBRAS CROMOSSÔMICAS (MELO AND CHUAH 2007). ....................................................................... 27 

FIGURA 2: ESTRUTURA QUÍMICA DOS INIBIDORES DE TIROSINA QUINASE: NILOTINIBE, IMATINIBE E

DASATINIBE ............................................................................................................................................. 29 

FIGURA 3 DEFINIÇÕES DE RESPOSTA AO TRATAMENTO DA LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA COM INIBIDORES DE

TIROSINA KINASE, MENSURANDO A REDUÇÃO NO NÚMERO DE LOGS DOS TRANSCRITOS BCR-ABL,

SEGUNDO OS CRITÉRIOS DA LEUKEMIA NET. *WBBC: CONTAGEM DE CÉLULAS BRANCA DO SANGUE

PERIFÉRICO. † PADRONIZAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO DO BASELINE REPRESENTADO POR 100% NA

ESCALA INTERNACIONAL; 0,1 ≅ REDUÇÃO DE 3 LOGS EM RELAÇÃO AO VALOR INICIAL DE TRANSCRITOS

QUANTIFICADOS. 1. HUGHES T, DEININGER M, HOCHHAUS A, ET AL. MONITORING CML PATIENTS

RESPONDING TO TREATMENT WITH TYROSINE KINASE INHIBITORS – REVIEW AND RECOMMENDATIONS

FOR “HARMONIZING” CURRENT METHODOLOGY FOR DETECTING BCR-ABL TRANSCRIPTS AND KINASE

DOMAIN MUTATIONS AND FOR EXPRESSING RESULTS. PREPUBLISHED ONLINE. MARCH 7, 2006. DOI

10/1182/BLOOD-2006-01-0092(BACCARANI, SAGLIO ET AL. 2006; HUGHES, DEININGER ET AL.

2006) ...................................................................................................................................................... 30 

FIGURA 4 MECANISMOS DE RESISTÊNCIA AOS INIBIDORES DE TK SEGUNDO APPERLEY, JF ET AL, 2007

PARTE I (APPERLEY 2007). ................................................................................................................... 32 

FIGURA 5 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO DOMÍNIO ABL QUINASE, COM SITIO DE CONTATO DE

NUCLEOTÍDEO (B), ALÇA DO FOSFATO (P-LOOP), DOMÍNIO CATALÍTICO (C) E LOOP DE ATIVAÇÃO (A),

AS MUTAÇÕES EM VERMELHO OCORREM COM UMA FREQUENCIA DE 10%, AS MUTAÇÕES EM VERDE

CERCA DE 2% E AS MUTAÇÕES EM PRETO SÃO MENOS FREQUENTES. MELO ET AL, 2007(MELO AND

CHUAH 2007). ........................................................................................................................................ 33 

FIGURA 6 ESTRUTURA MOLECULAR DA PRIMEIRA MUTAÇÃO DESCRITA E A ÚNICA INSENSÍVEL A TODOS OS

TKI, A T315I, POR GORRE ET AL EM 2001. ........................................................................................... 34 

FIGURA 7 NILOTINIBE (AMN) MUTAÇÕES ALTAMENTE SENSÍVEIS (VERMELHO), MUTAÇÕES DE MÉDIA

SENSIBILIDADE (LARANJADO), MUTAÇÕES DE BAIXA SENSIBILIDADE OU INSENSÍVEIS (AZUL). .............. 36 

FIGURA 8 CARIÓTIPO DE UM DOS PACIENTES COM LMC DO SEXO FEMININO PH+ QUE FORAM INSERIDOS NO

ESTUDO. TODOS OS PACIENTES INCLUÍDOS APRESENTARAM ANÃLISE CITOGENÉTICA POSITIVA PARA O

CROMOSSOMO PHILADELPHIA. ............................................................................................................... 43 

FIGURA 9 GEL DE AGOROSE A 1%, MOSTRANDO OS PRODUTOS DA PCR DO EXON 6 DO GENE ABL. M É O

MARCADOR DE PESO MOLECULAR. B É O BRANCO, 01 É O PRODUTO DA PCR DE UM INDIVÍDUO

CONTROLE, 02 A 05 PRODUTOS DA PCR DE AMOSTRAS DE PACIENTES PORTADORES DE LMC ......... 44 

FIGURA 10 AMOSTRA DE RNA EXTRAÍDA PELO PROTOCOLO DE TRIZOL. AS AMOSTRAS FORAM

VISUALIZADAS EM GEL DESNATURANTE 1,2%. 01- CONTROLE, 02- PACIENTE. ................................... 45 

Page 15: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

15

FIGURA 11 GEL DE AGAROSE A 1,5%, COM AMPLIFICAÇÃO DO GENE DA BETA ACTINA. M, MARCADOR DE

PESO MOLECULAR 100 PB; NAS COLUNAS 1 A 7 SÃO AMOSTRAS DE CDNA DE PACIENTES COM LMC.

 ................................................................................................................................................................ 46 

FIGURA 12 FORMAÇÃO DOS HOMODUPLEXES E HETERODUPLEXES A PARTIR DA DESNATURAÇÃO E

RENATURAÇÃO DO PRODUTO DE PCR. APÓS A DETECÇÃO PELA LUZ UV FORMAM-SE OS PICOS. ...... 48 

FIGURA 13 EXEMPLOS DE ANÁLISE POR D-HPLC. A) PADRÃO NORMAL QUE SUGERE A AUSÊNCIA DE

MUTAÇÃO E B) PADRÃO ALTERADO, QUE SUGERE A PRESENÇA DE MUTAÇÃO. ..................................... 49 

FIGURA 14 EXEMPLO DO PERFIL CROMATOGRÁFICO E O RESULTADO DO SEQÜENCIAMENTO DE UMA DAS

AMOSTRAS CONTROLE E OUTRA AMOSTRA MUTADA (T315I). ............................................................... 49 

FIGURA 15 PERFIL DE AMOSTRAS DE CÉLULAS HL-60 E PACIENTES USADOS PARA A PADRONIZAÇÃO DA

TÉCNICA NO GENE BCR-ABL. FRAGMENTO CORRESPONDENTE AO QUE CHAMAMOS DE ABL-B, ABL-

C E ABL-D. ............................................................................................................................................. 50 

FIGURA 16 PERFIL CROMATOGRÁFICO DE UM PACIENTE COM LMC QUE DESENVOLVEU A MUTAÇÃO T315I

DURANTE O TRATAMENTO COM MESILATO DE IMATINIBE. A) PERFIL DA AMOSTRA NA PRIMEIRA ANÁLISE,

B) O PERFIL APÓS 3 MESES DE TRATAMENTO, C) AOS 6 MESES DE TRATAMENTO COM PERDA DE

RESPOSTA HEMATOLÓGICA E CITOGENÉTICA E D) AOS 12 MESES DE TRATAMENTO. ........................... 53 

FIGURA 17 NOVAS MUTAÇÕES ENCONTRADAS NO SCREENING DO ÉXON 6, PRIMEIRA COLUNA: PERFIL DE

SEQUENCIAMENTO NORMAL, SEGUNDA COLUNA: PERFIL DE SEQUENCIAMENTO ALTERADO, TERCEIRA

COLUNA: PERFIL CROMATOGRÁFICO ALTERADO .................................................................................... 55 

FIGURA 18 EXEMPLO DE UMA AMPLIFICAÇÃO DE TRÊS DIFERENTES REGIÕES DO TRANSCRITO BCR-ABL.

ABL-B (CODONS 207-324 → 401 PB), ABL-C (CODONS 279-414 → 457 PB), ABL-D (CODONS 382-

517 → 453 PB). ...................................................................................................................................... 56 

FIGURA 19 SEQUENCIAMENTO DE UM PACIENTE QUE FOI ENCONTRADA A ALTERAÇÃO CA - AC NA POSIÇÃO

1698 (R445L). ....................................................................................................................................... 57 

FIGURA 20CURVAS DE SOBREVIDA GERAL DOS PACIENTES INSERIDOS NO ESTUDO PARA O SCREENING DE

MUTAÇÕES NO ÉXON 6, DOS PACIENTES SEM MUTAÇÕES E DE TODO O GRUPO, MOSTRANDO UM RISCO

RELATIVO IGUAL A 68 E O P < 0.001. ..................................................................................................... 58 

Page 16: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

16

LISTA DE TABELAS

Page 17: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

17

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: DEFINIÇÕES DE FALHA DE TRATAMENTO E REPOSTA SUB-ÓTIMA DA LEUKEMIA NET SEGUNDO

BACCARANI ET AL, 2006. ............................................................................................................. 31 TABELA 2:SENSIBILIDADE DAS MUTAÇÕES NO DOMÍNIO DA QUINASE NO BCR-ABL AOS INIBIDORES DE

TIROSINA QUINASE DE ACORDO COM O’HARE T, EIDE CA, DEININGER M, BLOOD 2007. ................. 35 TABELA 3: CARACTERÍSTICAS DOS PACIENTES ANALISADOS PARA O SCREENING DE MUTAÇÃO NO EXON 6. 41 TABELA 4:CARACTERÍSTICAS DOS PACIENTES ANALISADOS PARA O SCREENING DE MUTAÇÃO EM TODO O

GENE BCR-ABL. ........................................................................................................................ 42 TABELA 5: SEQÜÊNCIA DOS PRIMERS UTILIZADOS PARA AMPLIFICAÇÃO DOS ÉXONS 4 A 10 DO ALELO

MUTADO BCR-ABL PARA SCREENING DE MUTAÇÕES. ................................................................... 47 TABELA 6: PERFIL DOS PACIENTES COM LMC QUE APRESENTARAM ALGUMA ALTERAÇÃO NO PERFIL DE

SCREENING DO EXON 6 NO DHPLC. ............................................................................................. 54 TABELA 7:CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PACIENTES QUE TIVERAM PADRÃO DIFERENTE DO NORMAL NO D-

HPLC PARA SCREENING DE TODO O GENE BCR-ABL. .................................................................. 57

Page 18: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

18

LISTA DE ABREVIATURAS

Page 19: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

19

LISTA DE ABREVIATURAS

ABL: Abelson Leukemia Vírus

ACA: Anormalidades cromossômicas adicionais

ACN: Acetronila

Activation loop ou A-loop: Alça de ativação

α-INF: Alfa- interferon

Alça P ou P-loop: Alça do fosfato

AMN 107: Tasygna® ou Nilotinibe

ASO-PCR: Allele-specific oligonucleotide-polymerase chain reaction

ATP: Adenosina trifosfato

BCR: Breakpoint Cluster Region

BCR-ABL: Gene híbrido resultante da translocação do cromossomo 9 e 22

Bcr-Abl: Proteína híbrida resultante da translocação do cromossomo 9 e 22

BLASTN: Banco de dados de nucleotídeos

BLASTX: Banco de dados de proteínas

BMS: Bristol Myers Squib

BMS-354825: Sprycel® ou dasatinibe

BSA: Bovine serium albumin

C (PK5): Proteína quinase

CB: Crise blástica

cDNA: DNA complementar

CEP: Comite de ética em pesquisa

CONEP: Comitê nacional de ética em pesquisa

CSTI571: Mesilato de imatinibe

Ct: Ciclo threshold

DEPC: Dietilpirocarbonato

D-HPLC: Denaturing high performance liquid chromatography

DNA: Desoxiribonucleic acid

dNTP’s: desoxirribonucleotídeos trifosfatados

DRM: Doença residual mínima

DTT: Dithiothreitol

E: Eficiência da amplificação

EDTA: Àcido tetracético etilenediamina

ESTs: Expressed sequence tags

F: Foward ou sense

FA: Fase acelerada

Page 20: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

20

FC: Fase crônica

Fgr: Quinase da família Scr

FITC: Fluorescein

gDNA: DNA genômico

GenBank: Banco de dados de genes

GI: Número de identificação do gene

Hck: Quinase da família Scr

IBMTR: International bone marrow transplant registry

IC50: Índice de concentração inibitória da droga em 50%

IM: Mesilato de imatinibe

ITK: Inibidores de tirosina quinase

JAK: Janus quinase

KM: Kaplan-Meier

LB: Lysogeny broth

LMC: Leucemia mielóide crônica

Lyn: Quinase da família Scr

M-BCR: Major breakpoint cluster regions

m-BCR: Minor breakpoint cluster regions

mRNA: RNA mensageiro

NTC: Controles negativos

OCT-1: Organic cation transporter, member 1

OMS: Organização mundial de saúde

ORFs: Open reading frames

OS: Overall survival

pb: Pares de bases

PBS: Phosphate buffer solution

PCR: Reação em cadeia da polimerase

PD: Progressão de doença

PDGF: Fator de crescimento derivado de plaquetas

Ph: Cromossomo Philadelphia

PS: Penicilina/estreptomicina

Q: Quantidade de expressão

qRT-PCR: reação em cadeia da polimerase em tempo real

R: Reverse ou anti-sense

RCC ou CCyR: Resposta citogenética completa

RCM ou MCyR: Resposta citogenética

RCP ou PCyR: Resposta citogenética parcial

Page 21: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

21

RHC ou CHR: Resposta hematológica completa

RHP ou PHR: Resposta hematológica parcial

RMC: Resposta molecular completa

RMM: Resposta molecular maior

RNA: Ribonucleic acid

RPMI: Roswell park memorial institute

SAGE: Serial analysis of gene expression

SCF: Fator de células tronco

SFB: Soro fetal bovino

SKI-606: Bosutinibe

Src-PTK: Proteína tirosina quinase da família Src

SSH: Subtractive suppression hybridization

TCLE: Termo de consentimento livre e esclarecido

TEAA: Acetato de trietilamônio

TK:tirosina quinase

Tm: Temperatura de melting

TMO: transplante de medula óssea

UA: Unidades arbitrárias

μ-BCR: micro-breakpoint cluster regions

Page 22: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

22

SUMÁRIO

Page 23: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

23

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 24 

CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................................................................................................... 25 FATORES PROGNÓSTICOS ................................................................................................................................... 26 ASPECTOS GENÉTICOS E MOLECULARES ................................................................................................................ 26 TERAPÊUTICAS ................................................................................................................................................. 28 MECANISMOS DE RESISTÊNCIA ............................................................................................................................ 31 SCREENING DE MUTAÇÕES NO GENE BCR‐ABL USANDO D‐HPLC .............................................................................. 36 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................................................. 37 

OBJETIVOS ................................................................................................................................................. 38 

OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................................................................ 39 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................................................... 39 

PACIENTES E CONTROLES ........................................................................................................................... 40 

MÉTODOS .................................................................................................................................................. 43 

Avaliação Clínica ..................................................................................................................................... 43 Análise De Citogenética .......................................................................................................................... 43 Extração de DNA ..................................................................................................................................... 44 Reação em cadeia da polimerase (PCR) – Éxon 6 ................................................................................... 44 Extração de RNA ..................................................................................................................................... 44 Síntese de DNA complementar (cDNA) ................................................................................................... 45 Verificação da síntese de DNA complementar ........................................................................................ 46 Reação em cadeia da polimerase (PCR) – Éxons 4 a 10 .......................................................................... 46 

PRINCÍPIO DA TÉCNICA DE D‐HPLC ............................................................................................................. 47 

Análise do D‐HPLC – exon 6 .................................................................................................................... 48 D‐HPLC – exons 4 a 10 ............................................................................................................................. 49 Seqüenciamento das amostras ............................................................................................................... 50 Análise estatística ................................................................................................................................... 51 

RESULTADOS .............................................................................................................................................. 52 

DISCUSSÃO ................................................................................................................................................ 59 

CONCLUSÃO .............................................................................................................................................. 63 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................. 65 

APÊNDICES ................................................................................................................................................. 72 

Page 24: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

24

INTRODUÇÃO

Page 25: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

25

INTRODUÇÃO Considerações Gerais

Em 1845 foram descritos os primeiros casos de leucemia mielóide crônica, sendo que esta

doença só ficou mais difundida a partir de 1960, por meio da descoberta do cromossomo

Philadelphia (Ph)(Sawyers 1999).

A Leucemia Mielóide Crônica (LMC) é uma doença clonal de células-tronco, caracterizada

pelo aumento na proliferação dos elementos mielóides em vários estágios de diferenciação. A

etiologia da doença é desconhecida na maioria dos casos (Lee, Foerster et al. 1998). O único

agente já descrito que pode ser associado ao surgimento da LMC é a radiação ionizante (Zago and

Passeto 2001).

A LMC é uma doença relativamente rara, com uma incidência média de 10 casos em um

milhão de habitantes por ano, nos países ocidentais. A freqüência aumenta com a idade, atingindo

o pico em pessoas com idade em torno de 50 anos, sendo 40% dos pacientes assintomáticos ao

diagnóstico (Sawyers 1999). Menos de 10% dos casos ocorre com idade menor ou igual a 20 anos

(Zago and Passeto 2001).

Esta doença acomete indivíduos de ambos os sexos, tendo uma leve predominância no

sexo masculino (3:2), e tem curso semelhante entre eles. Ela é responsável por menos de 5% dos

casos de leucemia na infância (Lee, Foerster et al. 1998).

Além de translocações entre o cromossomo 9 e 22, em uma porcentagem pequena dos

pacientes (5-10%) ocorrem mutações anômalas e complexas (Melo 1996). Evidências

epidemiológicas sugerem que a variação geográfica na incidência da doença reflete variações nas

exposições ambientais e no estilo de vida. Estas, por sua vez, podem interferir na expressão de

fatores genéticos (Parkin, Pisani et al. 1993). Em aproximadamente 10% a 15% dos pacientes com

LMC a porção derivada do cromossomo 9 (der[9]) adjacente da translocação breakpoint é deletada

(Cortes 2004).

Aspectos Clínicos A doença tem um prognóstico que varia de acordo com a fase em que se encontra.

Usualmente, há uma boa resposta terapêutica em pacientes na fase crônica. O Score de Sokal tem

sido utilizado ao diagnóstico para a determinação do prognóstico da doença (Cortes 2004).

O Score de Sokal considera a idade do indivíduo, o número de plaquetas, o número de

blastos e o grau de esplenomegalia. Três grupos de risco podem ser identificados a partir da

análise dessas variáveis: baixo risco, alto risco e risco intermediário (Cortes 2004).

Até alguns anos atrás as condições para o tratamento da LMC eram muito limitadas.

Entretanto o progresso científico vem permitindo mudanças nos níveis de resposta ao tratamento,

Page 26: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

26

na qualidade de vida e na sobrevida do doente. Atualmente, as taxas anuais de mortalidade são

menores que 10% nos dois primeiros anos após o diagnóstico e vão aumentando de acordo com o

estágio da doença. Em pacientes de baixo risco o índice é de 10% nos primeiros três anos.

Pacientes de risco intermediário e alto risco apresentam de 20% a 45% de progressão ao ano. A

sobrevida média, depois de cinco anos entre os grupos de baixo, intermediário e alto risco é,

respectivamente, 76%, 55% e 25% (Cortes, Talpaz et al. 2005).

Fatores Prognósticos

Conhecida como uma doença bifásica ou trifásica (fase crônica, fase acelerada e crise

blástica) a LMC é habitualmente assintomática ou oligossintomática na fase crônica (Giles, Cortes

et al. 2004). Os sinais e sintomas mais comuns na nesta fase são: perda de peso, febre, palidez

cutânea, sudorese e esplenomegalia. A triagem para o diagnóstico pode ser feita através do

hemograma de rotina, em pacientes assintomáticos, devido ao aumento do número de leucócitos

(Zago and Passeto 2001).

A fase acelerada tem duração menor do que a fase crônica (FC) e é mais agressiva. Os

critérios aceitos para diagnóstico de fase acelerada (FA) foram propostos pelo International Bone

Marrow Transplant Registry (IBMTR)(Rowlings, Horowitz et al. 1992) e pela Organização Mundial

de Saúde (OMS) (Swerdlow HS 2008). Dentre estes fatores estão a esplenomegalia, leucocitose e

anemia sem resposta a tratamento, aumento no número de blastos e basófilos, plaquetose,

plaquetopenia, citogenética com evolução clonal, sendo que a presença de qualquer destes fatores

é suficiente para caracterizar fase acelerada. A progressão da doença para a fase terminal ou crise

blástica (CB) é caracterizada pela presença de ≥30% de blastos no sangue periférico e/ou medula

óssea (EBMT) ou ≥20% de blastos (OMS), presença de células leucêmicas de localização

extramedular (sarcoma granulocítico), infiltração no sistema nervoso central, acometimento do

baço (esplenomegalia ainda mais acentuada) e/ou fígado, além de manifestações como febre e

anorexia (Giles, Cortes et al. 2004). Geralmente, o prognóstico dos pacientes em CB é muito ruim,

tendo uma sobrevida média de 3 a 12 meses (Pasquini 2001).

Aspectos Genéticos e Moleculares

A LMC é uma doença mieloproliferativa, não hereditária, que cursa com expansão clonal dass

células progenitoras hematopoiéticas, levando à leucocitose, neutrofilia, hiperplasia mielóide,

basofilia e esplenomegalia (Zago and Passeto 2001).

Um cromossomo anormal, chamado Philadelphia (Ph), é o resultado de uma translocação

recíproca entre o cromossomo 9 e o cromossomo 22 t(9;22)(q34;q11), sendo que a maior

conseqüência dessa translocação é a fusão do gene ABL (Abelson Leukemia Vírus) com o gene

BCR (Breakpoint Cluster Region) do cromossomo 22, que usualmente justapõe os éxons 2-11

Page 27: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

27

(chamados a2-a11) do protooncogene ABL com a parte 5’ do gene BCR. Este gene híbrido

formado pela fusão ABL e BCR produz uma proteína com alta atividade tirosina quinase. Esta

atividade determina a patogenia da LMC, devido aos domínios herdados dos proto oncogenes

parentais e por um contexto bioquímico da linhagem determinada dentro das células Ph+ (Cortes,

Talpaz et al. 2005). Ainda, a progressão da doença para uma fase de pior prognóstico pode estar

associada a uma instabilidade genômica, levando a uma predisposição a outras anormalidades

cromossômicas (Guilhot, Apperley et al. 2007).

Embora o mecanismo oncogênico exato da proteína BCR-ABL seja desconhecido, estudos in

vitro e em modelos animais mostraram que a atividade da proteína TK por si só é suficiente para

causar o desenvolvimento da LMC (Barnes and Melo 2002; Goldman and Melo 2003). Esse

processo se dá pela ativação de múltiplas vias de transdução de sinais que levam à proliferação

celular desregulada, à redução da aderência de células leucêmicas ao estroma da medula óssea e

à redução da resposta apoptótica ao estímulo mutagênico (Savage and Antman 2002; Goldman

and Melo 2003).

Na maior parte dos casos de LMC, a translocação envolve a quebra do BCR na localização

denominada M-BCR, podendo ocorrer também na localização m-BCR e μ-BCR, sendo que a

transcrição desse gene desencadeia a formação de moléculas de mRNA quimérico tendo a fusão

do éxon b2 ou b3 com o éxon a2 do ABL (Figura 1). Este rearranjo tem como produto final

proteínas de fusão citoplasmática, chamadas P190 e P210, são proteínas com atividade tirosina

quinásica de tirosina quinase, que tem capacidade de auto-ativação, ou seja, não possui

necessidade de regulação das condições fisiológicas. Ela consegue interferir na tradução de sinais

comuns do ciclo celular, como alteração do substrato, proliferação, adesão e apoptose (Faderl,

Talpaz et al. 1999; Deininger, Goldman et al. 2000).

Figura 1: Estrutura do cromossomo Philadelphia e a localização das regiões de possíveis quebras cromossômicas (Melo and Chuah 2007).

Page 28: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

28

Terapêuticas

A história natural da LMC vem se modificando nas últimas décadas graças às novas

modalidades terapêuticas desenvolvidas (Zago and Passeto 2001). Dentre as terapias tradicionais

estão o transplante de medula óssea (TMO), os agentes citostáticos, o α-interferon (α-IFN) e mais

recentemente os inibidores da proteína tirosina quinase (Sawyers 1999; Pasquini 2001).

Até 1950, a irradiação corporal total ou esplênica era a base do tratamento para LMC. Em

1956, indicou-se o uso de derivados do arsênico (licor de Fowley), e também nessa época foi

introduzido o bussulfano. Posteriormente surgiu a hidroxiuréia como opação terapêutica.

Na década de 70, Edward Donnal Thomas sugeriu como terapêutica curativa o transplante

alogênico de medula óssea. Atualmente continua sendo o único tratamento capaz de promover

uma remissão completa da doença sendo considerado também o único tratamento curativo para

LMC, porém a indicação ao TMO tem sido reduzida devido aos seus eventos adversos (De Souza,

Vigorito et al. 2005; Sawyers and Shah 2005). Mas quando o paciente tem algumas características

clínicas essenciais, o TMO determina uma longa sobrevida e provável cura em 70% dos pacientes

[2]. Mas a disponibilidade de doador compatível é realidade para poucos (McGlave 1993; Carella,

Cunningham et al. 1997; Russell, Gratwohl et al. 1998; De Souza, Vigorito et al. 2005).

O primeiro medicamento efetivo para o tratamento da LMC foi o α-IFN, que surgiu na década

de 1980, resultando na eliminação do cromossomo Ph em várias metáfases em 35% a 55% dos

pacientes (Hughes, Kaeda et al. 2003; Cortes 2004; Palandri, Iacobucci et al. 2008), porém devido

a sua toxicidade, o uso deste medicamento foi restringido a um grupo pequeno de pacientes

(Faderl, Hochhaus et al. 2004; Hochhaus and Hughes 2004).

Em 1996 foi publicado o efeito de um inibidor seletivo das tirosina-quinases ligadas ao ABL.

Isso abriu caminho para uma intensa discussão e pesquisa relacionadas à terapia alvo para LMC

(Funke 2008).

O aperfeiçoamento de uma droga originalmente desenhada como inibidora da proteína quinase

C (PK5) para tumor gastrointestinal levou ao desenvolvimento da molécula CSTI571 (mesilato de

imatinibe), que posteriormente foi introduzido na rotina terapêutica da LMC, o que pode ser

considerado um marco no tratamento desta doença (Goldman 2005). Este é um derivado da classe

dos compostos conhecidos como 2-fenilaminopirimidinas e se mostrou um inibidor específico de

proteínas com atividade tirosina quinase: fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF,) fator

de células tronco (SCF), c-Kit, inibidor do PDGF e SCF mediador de eventos celulares (Capdeville,

Buchdunger et al. 2002). Esse composto inibe a proliferação das células da linhagem leucêmica

além de induzir essas células a apoptose.

Diversos outros medicamentos foram desenvolvidos com o objetivo inibir a atividade

desregulada da TK. A ligação dos inibidores da TK ocorre no mesmo sítio de ligação da molécula

de ATP, impedindo a transferência dos grupos fosfatos do ATP aos substratos subseqüentes,

Page 29: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

29

bloqueando a cascata de transdução de sinais e prevenindo a ativação das vias mitogênica

dependente da quinase Bcr-Abl e anti-apoptóticas levando à morte do fenótipo BCR-ABL

(Capdeville, Buchdunger et al. 2002; Branford, Rudzki et al. 2003; Gambacorti-Passerini, Gunby et

al. 2003).

Da mesma família do mesilato de imatinibe (Glivec®), atualmente primeira linha de tratamento

da LMC, foram desenvolvidos diversos outros compostos como, por exemplo, o dasatinibe (BMS-

354825; Sprycel®) que é inibidor de duas vias (SRC e a quinase relacionada ao BCR-ABL. In vitro

é visívelmente mais potente que o imatinibe (Lombardo, Lee et al. 2004; Shah, Tran et al. 2004).

Posteriormente surgiu o nilotinibe (AMN107; Tasygna®) que é uma aminopirimidina disponível

na forma oral e desenhada para ser mais seletiva para a quinase do BCR-ABL que o imatinibe,

tendo potência aproximada de 30 vezes maior do que essa droga in vitro. È ainda efetivo em

diversas linhagens celulares mutadas que causam resistência ao MI (Weisberg, Manley et al. 2005;

Kantarjian, Giles et al. 2007).

Ainda em fase de estudos, o bosutinibe (SKI-606) é um inibidor biodisponível em forma oral

das quinases da família Src, ABL, Lyn e Fgr. Em células K562 os estudos mostraram um forte

agente antiproliferação em modelos in vitro e em camundongos (Golas, Lucas et al. 2005).

Modelos de fibroblasto mostram inibição de fosforilação de alvos de Src quinase Lyn e Hck em

concentrações baixas. A ativação da Lyn foi proposta como um possível mecanismo de resistência

ao imatinibe independente do BCR-ABL(Puttini, Coluccia et al. 2006).

Essas drogas (Figura 2) vêm mostrando-se eficazes mesmo tratando-se de indivíduos

resistentes ou intolerantes ao MI.

Figura 2: Estrutura química dos inibidores de tirosina quinase: nilotinibe, imatinibe e dasatinibe

Page 30: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

30

A resposta aos inibidores da TK pode ser expressa em três níveis: resposta hematológica,

compreendida como a normalização na contagem das células do sangue periférico e do tamanho

do baço; a resposta citogenética, definida como proporção de células Ph+ residuais, podendo ser

completa (RCC) (RCC: 0% de metáfases Ph+) ou parcial (1-35% de metáfases Ph+). A resposta

maior (RCM) é a soma da completa e da parcial). A resposta molecular é determinada a partir da

quantificação dos transcritos BCR-ABL detectados por PCR em tempo real (REAL-TIME) podendo

ser classificada em resposta molecular completa quando o número de transcritos BCR-ABL não é

detectado ou não são quantificados por RT-PCR (≤ 0,10) (Baccarani, Saglio et al. 2006; Hughes,

Deininger et al. 2006) Figura 3.

Graças ao avanço terapêutico grande parte dos pacientes com LMC sobrevivem por período

igual ou superior a dez anos após o diagnóstico da doença usando as terapias disponíveis

atualmente (Cortes, Talpaz et al. 2005).

Figura 3 Definições de resposta ao tratamento da leucemia mielóide crônica com inibidores de tirosina kinase, mensurando a redução no número de logs dos transcritos BCR-ABL, segundo os critérios da Leukemia Net. *WBBC: contagem de células branca do sangue periférico. † Padronização da representação do baseline representado por 100% na escala

internacional; 0,1 ≅ redução de 3 logs em relação ao valor inicial de transcritos

quantificados. 1. Hughes T, Deininger M, Hochhaus A, et al. Monitoring CML patients responding to treatment with tyrosine kinase inhibitors – review and recommendations for

Page 31: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

31

“harmonizing” current methodology for detecting BCR-ABL transcripts and kinase domain mutations and for expressing results. Prepublished online. March 7, 2006. DOI 10/1182/blood-2006-01-0092(Baccarani, Saglio et al. 2006; Hughes, Deininger et al. 2006)

Mecanismos de Resistência

Durante o tratamento com esses compostos pode haver o desenvolvimento de resistência,

podendo ser primária (sem resposta desde o início do tratamento) ou secundária (perda de

resposta previamente atingida). Além disso, a resposta ao tratamento pode ser definida como

ótima, sub ótima ou falha de acordo com os critérios da Leukemia Net (Baccarani, Saglio et al.

2006) (Tabela 1).

Tabela 1: Definições de falha de tratamento e reposta sub-ótima da Leukemia Net segundo Baccarani et al, 2006.

Tempo Falha Resposta sub-ótima

Diagnóstico NA NA

3 meses Sem RH/PD Menos que RHC

6 meses Menos que RHC

Ph+>95%

Menos que

RCP(Ph+>35%)

12 meses Menos que RCP

(Ph+>35%) Menos que RCC

18 meses Menos que RCC Menos que RMM

A qualquer momento

Perda RHC e/ou RCC

Mutação (↑ grau de

insensibilidade ao MI)

ACA nas cels Ph+

Perda RMM

Mutação (↓grau de

insensibilidade)

Os clones celulares resistentes apresentam a reativação da atividade quinásica e podem surgir

em qualquer fase da doença (Apperley 2007). A figura 4 mostra os fatores que podem influenciar

na resposta aos inibidores de TK, são eles: aamplificação do gene BCR-ABL, mutações de ponto

no ABL, alterações na biodisponibilidade oral ou no nível de ligação ás proteínas plasmáticas,

alteração na disponibilidade intracelular da droga, evolução clonal e persistência de células

pluripotenciais quiescentes (Branford, Rudzki et al. 2003; Hughes, Kaeda et al. 2003).

Page 32: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

32

Figura 4 Mecanismos de resistência aos inibidores de TK segundo Apperley, JF et al, 2007 Parte I (Apperley 2007).

A biodisponibilidade da droga está relacionada ao substrato responsável pelo seu metabolismo

no fígado. As concentrações desse substrato, o citocromo p450 (CYP3A4), tem uma variabilidade

individual e o potencial para interações medicamentosas podem explicar a variabilidade da

concentração de imatinibe entre os pacientes tratados (Gardner, Burger et al. 2006)

O imatinibe está ligado a proteínas plasmáticas em até 96%, então apenas 4% da droga

administrada está disponível para captação celular. Alguns pesquisadores acreditam que o

excesso de ligação da droga com a proteína alfa 1 glicoproteína ácida poderia causar resistência

(Larghero, Leguay et al. 2003; Widmer, Decosterd et al. 2006; Widmer, Decosterd et al. 2008)

Geralmente o efluxo ativo de drogas é um mecanismo de resistência a vários quimioterápicos.

No entanto, há resultados contraditórios a cerca desse mecanismo de resistência em relação ao

imatinibe. A variabilidade de expressão do transportador catiônico orgânico OCT-1 está

relacionada aos TKI e representa um mecanismo importante de influxo de droga para o imatinibe,

mas não para o nilotinibe (Hughes 2006; White, Saunders et al. 2006; White, Saunders et al. 2007;

Hiwase, Saunders et al. 2008).

Page 33: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

33

Quanto à hiperexpressão do BCR-ABL, ela é mais freqüente em linhagens celulares (Mahon,

Deininger et al. 2000), porém clinicamente é pouco vista. Um estudo alemão demosntrou um

número irrelevante de pacientes com hiperexpressão do oncogene (Hochhaus 2006).

A evolução clonal é definida por qualquer alteração adicional à presença do cromossomo Ph

único e está associada à evolução para fases mais avançadas da doença e também a uma pior

resposta ao tratamento com os TKI (Lahaye, Riehm et al. 2005; Jabbour, Kantarjian et al. 2007).

Já as células pluripotenciais quiescentes estão presentes em pacientes com resposta

citogenética ao imatinibe (Bhatia, Holtz et al. 2003). Tais células são tipicamente resistentes a essa

droga (Graham, Jorgensen et al. 2002). Embora algumas mutações tenham sido identificadas

nestas células, as alterações do influxo, efluxo e expressão do BCR-ABL sejam postulados como

causa de resistência dessas células, os reais mecanismos dessa resistência ainda permanecem

incertos.

As mutações de ponto estão entre os mecanismos mais comuns de reativação da atividade

quinásica, as quais foram encontradas em 35% a 90% dos pacientes com resistência ao

tratamento com MI (Hughes, Deininger et al. 2006). Até 2006 já haviam sido descritas mais de 50

mutações envolvendo substituições em trinta e uma posições de aminoácidos diferentes (Figura 5).

Figura 5 Representação esquemática do domínio ABL quinase, com sitio de contato de nucleotídeo (B), alça do fosfato (P-loop), domínio catalítico (C) e loop de ativação (A), as mutações em vermelho ocorrem com uma frequencia de 10%, as mutações em verde cerca de 2% e as mutações em preto são menos frequentes. Melo et al, 2007(Melo and Chuah 2007).

As mutações localizadas especificamente no sítio de ligação do ATP ao domínio da quinase

(P-loop ou alça P) podem impedir ou dificultar a ligação dos inibidores à proteína através da

interrupção de pontos críticos de contato ou da modificação da conformação protéica(Branford,

Page 34: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

34

Rudzki et al. 2003). Outro grupo de mutações que faz com que a proteína quinase também

permaneça na conformação ativa está localizado na região A - loop (Faderl, Hochhaus et al. 2004).

Dentre todas as mutações descritas até o momento, particularmente a T315I, que leva a

substituição da treonina pela isoleucina no aminoácido 315 (Figura 6), têm sido estudada mais

detalhadamente por tornar a proteína mutante altamente insensível as drogas inibidoras da

proteína tirosina quinase, mesmo com o re-escalonamento de dose dos inibidores existentes para

a dose máxima (Jabbour, Kantarjian et al. 2008).

Figura 6 Estrutura molecular da primeira mutação descrita e a única insensível a todos os TKI, a T315I, por Gorre et al em 2001.

A interação com o MI é estabilizada por pontes de hidrogênio entre os resíduos Y253 e N322.

A ruptura dessas pontes promove uma configuração ativa permanente, a qual o imatinibe não pode

ligar-se (Funke 2008). São exemplos destas mutações a M244, G250, Q252, Y253 e E255.

Mutações como a M244V, Y253H/F e E255K segundo o grupo australiano estão associadas a uma

menor sobrevida dos pacientes e maiores chances de progressão de doença (Branford 2007;

Shah, Skaggs et al. 2007). A mutação F317L/I é sensível apenas ao nilotinibe e as mutações

F311L e F359V sozinhas não causam resistência, porém essas acompanham clones mutantes

altamente insensíveis (Chomel, Sorel et al. 2008). Há, ainda, algumas diferenças entre mutações

encontradas com os diferentes inibidores de TK. Em pacientes em uso de nilotinibe mutações

como a Y253H, E255K, e T315I são frequentemente encontradas, enquanto pacientes em uso de

dasatinibe apresentam mutações como V299L, T315I e F317L (O'Hare, Eide et al. 2007). Na tabela

2, encontra-se o perfil de sensibilidade dessas mutações aos diferentes inibidores de TK.

Page 35: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

35

Tabela 2:Sensibilidade das mutações no domínio da quinase no BCR-ABL aos inibidores de tirosina quinase de acordo com O’Hare T, Eide CA, Deininger M, Blood 2007 (O'Hare, Eide et al. 2007).

IC50: É a concentração do inibidor capaz de reduzir a viabilidade celular em 50%; T: valores de IC50 retirados de Burgess MR, Skaggs

BJ, Shah NP, Lee FY, Sawyers CL. Comparative analysis of two clinically active BCR-ABL kinase inhibitors reveals the role of

conformation-specific binding in resistance. Proc Natl Acad Sci USA. 2005; 102: 3395-400; ‡: valor de IC50 retirado de Shah NP. Nicoll

JM, Nagar B, et al. Multiple BCR-ABL kinase domain mutations confer polyclonal resistance to the tyrosine kinase inhibitors imatinib

(STI571) in chronic phase and blast crisis in chronic myeloid leukemia. Cancer Cell. 2002; 2: 117-125; §: valor de IC50 retirado de Shah

NP, tran C, Lee FY, Chen P, Norris D, Sawyers CL. Overriding imatinib resistance with a novel ABL kinase inhibitor. Science. 2004;

305:399-401. ( O’Hare T, Eide CA, Deininger MW. BCR-ABL kinase domain mutations, drug resistance, and the Road to a cure for

chronic myeloid leukemia. Blood. 2007; 110: 2242-49.

Quando ocorre uma disfunção da posição inativa da quinase necessária para a ligação dos

TKI o ABL passa a ter uma conformação ativa levando a uma resistência moderada as drogas, o

que talvez possa ser resolvido com o re-escalonamento de dose. Nesta região da alça de ativação

(A-loop) as mutações mais comuns são a E355, V379, L387 e H396 (O'Hare, Eide et al. 2007).

Entre a região que compreende os resíduos M343 e F359 frequentemente ocorre a

mutação M351T que interage com o domínio SH da quinase, que é responsável pela auto-inibição

do ABL, o que leva a conformação ativa, a qual os TKI não podem se ligar [33].

Page 36: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

36

Figura 7 Nilotinibe (AMN) Mutações altamente sensíveis (vermelho), mutações de média sensibilidade (laranjado), mutações de baixa sensibilidade ou insensíveis (azul).

Screening De Mutações No Gene Bcr-Abl Usando D-Hplc

Dada a importância da identificação da mutação T315I e outras mutações na região da alça do

fosfato e no sítio de contato em pacientes resistentes aos medicamentos disponíveis torna-se cada

vez mais importante o desenvolvimento de métodos que sejam sensíveis e de fácil acesso a rotina

laboratorial. Atualmente o método empregado na rotina desta detecção é o de seqüenciamento e

em menor escala o ASO-PCR (allele-specific oligonucleotide-polymerase chain reaction) (Jiang,

Saw et al. 2007). A técnica de seqüenciamento é uma técnica robusta, porém sua sensibilidade

entre 20% e 25% deixa a desejar em relação a outras técnicas (Jones, Kamel-Reid et al. 2009).

Enquanto que a tecnologia de ASO-PCR é extremamente sensível, mas a aplicação desta técnica

em rotina de laboratório é atualmente inviável devido ao tempo de execução e do custo dos

reagentes empregados (Pfeifer, Wassmann et al. 2007). Neste contexto, a técnica de D-HPLC

começou a ser empregada juntando as vantagens de sensibilidade, rapidez e baixo custo. Esta

técnica é um método para screening de mutações baseado na formação de heteroduplex entre os

alelos mutantes e os alelos selvagens a partir da desnaturação parcial dos produtos da reação em

cadeia da polimerase. O D-HPLC já foi utilizada para detecção de mutações em diversas doenças

tais como polipose retal e outros tipos de câncer colorretal (Hegde and Roa 2006; Chen, Liu et al.

2008; Wang, Chen et al. 2008), adrenoleucodistrofia (Ke, Wang et al. 2008), síndromes

mielodisplásicas (Wulfert, Kupper et al. 2008) e melanoma (Harland, Goldstein et al. 2008). Em

LMC já foi utilizada por diversos grupos mostrando uma alta sensibilidade (Deininger, McGreevey

et al. 2004; Soverini, Martinelli et al. 2004; Soverini, Martinelli et al. 2005; Bussolari, Candini et al.

Page 37: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

37

2007; Pfeifer, Wassmann et al. 2007; Ernst, Erben et al. 2008) e reprodutibilidade na identificação

de alterações nas duplas fitas de material genético.

Propusemos a utilização da técnica de D-HPLC para fazer screening de mutações nos

pacientes com LMC com falha de tratamento ou resposta sub-ótima, principalmente da mutação

T315I que é responsável pela resistência aos TKI. Neste contexto, a avaliação molecular e o

rastreamento de mutações são pontos de referência importantes na avaliação da eficácia

terapêutica dos inibidores de TK disponíveis atualmente para o tratamento da LMC (Hughes,

Kaeda et al. 2003).

Justificativa

O uso da técnica de D-HPLC tem sido descrito como promissor na identificação de

mutações e polimorfismos com alta sensibilidade. A identificação de mutações pode ajudar no

direcionamento do manejo clínico do paciente. Quanto mais cedo for esta identificação, a chance

de uma resposta ao tratamento aumenta. Assim, o emprego da técnica de D-HPLC no screening

de mutações na rotina laboratorial de pacientes com LMC pode trazer grandes avanços na decisão

do tratamento adequado.

Page 38: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

38

OBJETIVOS

Page 39: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

39

OBJETIVOS

Objetivos Gerais

Análise de mutações e polimorfismos no gene BCR-ABL.

Objetivos Específicos

Fazer o screening do éxon 6 do gene BCR-ABL por D-HPLC e analisar a freqüência das

mutações compreendidas entre os aminoácidos 303 e 361, principalmente a mutação

T315I, em pacientes com LMC submetidos a tratamento com inibidores de tirosina kinase

como primeira ou segunda linha de tratamento, com resposta sub-ótima ou falha de

tratamento de acordo com os critérios da Leukemia Net.

Fazer o screening do gene BCR-ABL (éxons 4 a 10) para verificar a existência de

mutações no gene BCR-ABL por D-HPLC e sequenciamento com a finalidade de pesquisar

mutações ainda não descritas na literatura.

Page 40: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

40

PACIENTES E MÉTODOS

Page 41: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

41

PACIENTES E CONTROLES

Para o screening do éxon 6 foram selecionados 93 pacientes com LMC, de acordo com os

critérios da Leukemia Net (Baccarani, Saglio et al. 2006). Destes, 5 eram intolerantes, 67

resistentes e 21 com resposta sub-ótima (Tabela 3). Como controle negativo foi usado o sangue

periférico doadores de sangue do Hemocentro da UNICAMP.

Tabela 3: Características dos pacientes analisados para o screening de mutação no exon 6.

Dados na data da pesquisa de mutação Variáveis n=93 (%) ou (range) Gênero (masculino/feminino/%) 62/31 (67%/33%) Idade (mediana/variação) anos 48 (18-80) Status da Doença Fase Crônica 81 (87%) Fase Acelerada 04 (5%) Crise Blástica 08 (4%) Tratamento Imatinibe 68 (73%) Dasatinibe 19 (20%) Nilotinibe 06 (7%)

Resposta ao Tratamento com ITK* Intolerantes 05 (5%) Resistentes 67 (72%) Resposta sub-ótima 21 (23%) Tempo até início do tratamento com ITK** 04 (0-143) Idade diagnóstico (mediana/variação) anos 44 (05-79) Tratamento anterior Sim (α-intérferon/TMO***) 47 (51%) Não (exceto hydroxiuréia) 46 (49%) TMO prévio (alogênico/ autólogo) 03/03 (3/3%) Sokal e Hasford ao diagnóstico Baixo 21/29 (23/31%) Intermediário 30/32 (32/34%) Alto 20/09 (21/10%) Não avaliáveis 22/23 (24/25%) Dados referentes ao último dia de tratamento ou última visita Status da doença Fase Crônica 78 (84%) Fase Acelerada 01 (1%) Crise Blástica 01 (1%) Mortos 13 (14%) Causa do óbito Pós-TMO (neutropenia) 04 (4%) Progressão de doença 06 (7%) Nova neoplasia**** 03 (3%)

* Inibidores de tirosina quinase. ** Tempo em meses. *** Transplante de medula óssea. ****

Adenocarcinoma de cólon e carcinoma metastático de células escamosas.

Page 42: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

42

Para o screening de mutações de todo o gene BCR-ABL os pacientes foram selecionados de

acordo com os mesmos critérios citados para o éxon 6. Foram estudados 37 pacientes com LMC

(Tabela 4), Como controle negativo usamos a linhagem celular HL60 que não possui a

translocação BCR-ABL.

Tabela 4:Características dos Pacientes Analisados para o screening de mutação em todo o gene BCR-ABL.

Dados na data da pesquisa de mutação Variáveis n=37 (%) ou (range) Gênero (masculino/feminino/%) 21/16 (57%/43%) Idade (mediana/variação) anos 49 (18-80) Status da Doença Fase Crônica 29 (78%) Fase Acelerada 6 (17%) Crise Blástica 2 (5%) Tratamento Imatinibe 28 (76%) Dasatinibe 7 (19%) Nilotinibe 2 (5%)

Resposta ao Tratamento com ITK* Resistentes 36 (97%) Resposta sub-ótima 1 (3%) Tempo até início do tratamento com ITK** 24 (0-143) Idade diagnóstico (mediana/variação) anos 35 (05-79) Tratamento anterior Sim (α-intérferon/TMO***) 16 (43%) Não (exceto hydroxiuréia) 20 (54%) TMO prévio (alogênico) 1 (3%) Sokal e Hasford ao diagnóstico Baixo 16/12 (43/33%) Intermediário 6/8 (17/22%) Alto 3/2 (8/5%) Não avaliáveis 12/15 (32/40%)

Dados referentes ao último dia de tratamento ou última visita Status da doença Fase Crônica 33 (88%) Fase Acelerada - (-) Crise Blástica 2 (6%) Mortos 2 (6%) Causa do óbito Pós-TMO (neutropenia) 1 (3%) Progressão de doença 1 (3%)

* Inibidores de tirosina quinase. ** Tempo em meses. *** Transplante de medula óssea.

Page 43: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

43

MÉTODOS Avaliação Clínica

Com o propósito de caracterizar a população do estudo foram obtidos dos prontuários de

cada um dos pacientes os dados relativos à identificação, diagnóstico, terapêutica e ao estágio da

doença. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (CEP) da faculdade de medicina

da UNICAMP, e foi conduzido de acordo com a Declaração de Helsinki. Antes de iniciar o estudo, o

termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi obtido (APÊNDICE I).

Análise De Citogenética

Na análise citogenética a amostra foi diluída imediatamente após a coleta, em meio de cultura

RPMI 1640 acrescido de penicilina, heparina e soro fetal bovino (BSA). Foi feita a quantificação

das células brancas em contador automatizado de células (Cell Dyn 1600; Abbott, USA) e a

amostra dividida em três tubos cada um com cerca de 1,0x107 glóbulos brancos por tubo, sendo

mantido em estufa a 37°C “over night”. A cultura foi estimulada com demelcocine para que fossem

obtidas células em metáfase, posteriormente a amostra foi submetida a uma solução hipotônica

(KCl 0,075M) e após 20 minutos a solução fixadora (1:3 ácido acético para metanol). As bandas G

foram obtidas utilizando tampão fosfato 0,06 M pH 6,8 e tripsina 0,02 microgramas e,

posteriormente, o corante Wright, observando o número e o aspecto de metáfases. As imagens

dos cromossomos em metáfase foram capturadas por um sistema automatizado (Cytovision

version 4.4, Aplied Imaging Coorporation), que possibilita o emparelhamento e a ampliação do

tamanho dos mesmos, facilitando a identificação das anormalidades cromossômicas (Figura 8).

Figura 8 Cariótipo de um dos pacientes com LMC do sexo feminino Ph+ que foram inseridos no estudo. Todos os pacientes incluídos apresentaram anãlise citogenética positiva para o cromossomo Philadelphia.

Page 44: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

44

Extração de DNA

O DNA genômico (gDNA) para a realização da reação em cadeia da polimerase foi extraído

com GFX™ Genomic Blood DNA Purification Kit (GE Healthcare) seguindo as normas do

fabricante e a integridade do gDNA foi analisada por eletroforese em gel de agarose a 1%. Foram

utilizados 500µL de sangue periférico colhido em tubo com EDTA.

Reação em cadeia da polimerase (PCR) – Éxon 6

Para a realização do screening a PCR foi feita utilizando os primers descritos por Irving et

al (Irving, O'Brien et al. 2004). Para a amplificação da região do éxon 6 do gene ABL entre os

aminoácidos 303 e 361 foi feita a PCR utilizando os primers exon 6 forward (5’

GACTGAGGAGCAGAGTCAGA 3’) e exon 6 anti-sense (5’ GCCAGCACTGAGGTTAGAA 3’). A

reação foi feita utilizando 1X de tampão, 2mM de MgCl2, 0,125uM de dNTPs, 0,4 uM de cada

primer e 1U de Taq DNA polimerase (Biotools) em 50 ul de reação final. A condição de reação foi

95ºC por minutos para desnaturação inicial seguido de 35 ciclos de 94ºC por 20 segundos, 56ºC

por 1 min e 72ºC por 1 min e 72ºC por 7 min (Figura 9).

Figura 9 Gel de agorose a 1%, mostrando os produtos da PCR do exon 6 do gene ABL. M é o marcador de peso molecular. B é o branco, 01 é o produto da PCR de um indivíduo controle, 02 a 05 produtos da PCR de amostras de pacientes portadores de LMC Extração de RNA

Após lise das hemácias com solução de NH4Cl e CH5NO3, as amostras de RNA foram

extraídas de leucócitos de sangue periférico total, utilizando o método de extração com o reagente

TRIzol (Gibco-BRL). Para cada mL de TRIzol, foi separada uma quantidade mínima de 5x106 de

células que foram armazenadas em freezer –80oC. Essas amostras foram retiradas do freezer e

incubadas por 5 minutos a temperatura ambiente. Foi adicionado então 200uL de clorofórmio

gelado e homogeneizamos por inversão por 15 segundos e incubada por 2 minutos a temperatura

ambiente. As amostras foram centrifugadas por 15 minutos a 13200rpm a 4oC. Depois da

Page 45: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

45

centrifugação, ocorre a separação das fases; a fase superior e aquosa é a que contém o RNA e

essa fase foi transferida para um novo eppendorf seco, acrescentados 500uL de isopropanol e

incubada por 10 minutos a temperatura ambiente. Novamente as amostras foram centrifugadas por

mais 10 minutos a 13200rpm a 4 oC. Vertendo o tubo o sobrenadante foi removido e adicionado

1mL de etanol 75% gelado e centrifugadas novamente por 5 minutos a 11800rpm a 4oC. O

sobrenadante foi descartado e pellet ressuspendido com água estéril DEPC.

A integridade das amostras foi verificada por eletroforese em gel desnaturante de agarose

a 1,2%. As amostras íntegras apresentaram duas subunidades ribossomais: 18S e 28S (Figura

10). Após a eletroforese, as amostras de RNA foram armazenadas em freezer - 80°C.

Figura 10 Amostra de RNA extraída pelo protocolo de Trizol. As amostras foram visualizadas em gel desnaturante 1,2%. 01- Controle, 02- Paciente.

Síntese de DNA complementar (cDNA)

A leitura do RNA total foi realizada em espectrofotômetro (NanoDrop Techonologies). As

amostras de RNA obtidas foram submetidas à síntese de DNA complementar (cDNA) utilizando-se

o kit Superscript III RTTM (Invitrogen).

Para transcrição, utilizou-se 2 μg de RNA que foram tratados com a enzima DNAseI

(Invitrogen) para remoção de DNA contaminante. O tratamento com DNAse consistiu na adição de

0,5 μl de DNAseI (1u/μl), 0,5 μl de 10x DNAseI Reaction Buffer (200mM Tris-HCl, 20 mM MgCl2,

500 mM KCl2) e água suficiente para um volume final de 10,0 μl de reação. As amostras foram

incubadas por 15 minutos a temperatura ambiente e a reação bloqueada com a adição de 1,0 μl de

25 mM de EDTA com posterior incubação por 5 minutos a 65°C. Após essa etapa, iniciou-se a

síntese do cDNA complementar com a adição de 1,0 μl de 50 μM oligo (dT)20 e 1,0 μl de 10 mM

dNTP’s. As amostras foram incubadas por 5 minutos a 65°C e em seguida por 1 minutos a 4°C.

Para cada amostra, adicionamos 10,0 μl da seguinte mistura de reação: 2 μl de 10xRT buffer, 4,0

μl de 25 mM MgCl2, 2,0 μl de 0,1 M DTT, 1,0 μl de 40U/μl Rnase OUTTM e 1,0 μl de 200 U/μl

Superscript III RTTM. A reação ocorreu por 50 minutos a 50°C, seguida de 5 minutos a 85°C.

28 S

18 S

Page 46: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

46

Verificação da síntese de DNA complementar

A verificação da síntese de cDNA foi feita através da reação de polimerase em cadeia

(PCR) para o gene da beta-actina (β-actina). As reações de PCR foram realizadas com: 5,0 μl de

10xPCR buffer (20 mM Tris-HCl, 500 mM KCl), 1,5 μl de 50 mM MgCl2, 1,0 μl de 10 mM dNTP’s,

1,0 μl de 10 mM de primer BAC_F (5’ – AAGAGATGGCCACGGCTGCT – 3’), 1,0μl de 10 mM de

primer BAC_R (5’ – TCGCTCCAACCGACTGCTGT – 3’), 0,5 μl de Taq DNA polimerase (5U/ μl),

1,0 μl de cDNA e 39,0 μl de água, para um volume final de 50,0 μl. O programa foi iniciado por 2

minutos à 94°C, seguido de 35 ciclos: 94°C/30 segundos, 58°C/45 segundos e 72°C/40 segundos,

sendo finalizado por 72°C/7 minutos. Os produtos da PCR foram submetidos à eletroforese em gel

de agarose 1,5% para verificar a amplificação de um fragmento de 640 pares de base (pb) (Figura

11).

Figura 11 Gel de agarose a 1,5%, com amplificação do gene da beta actina. M, marcador de peso molecular 100 pb; nas colunas 1 a 7 são amostras de cDNA de pacientes com LMC.

Reação em cadeia da polimerase (PCR) – Éxons 4 a 10

Como descrito por Ernst et al (Ernst, Erben et al. 2008) todo o domínio ABL kinase (éxons

4 a 10) do allelo mutado BCR-ABL foi amplificado usando nested PCR. Primeiramente

amplificamos o fragmento nomeado de ABL-A usando os primers sense ABL A- b2f ou ABLA-e1f

que anelam no gene BCR em duas regiões de quebra diferentes (b2 e e1) e o primer anti-sense

ABLA-r que anela na junção do gene ABL (éxons 10 e 11). A sequencia dos primers estão

descritos na tabela 5. O tamanho do fragmento varia entre 1643 e 1814 pares de base (pb)

dependendo do transcrito BCR-ABL do paciente. Posteriormente a amplificação da seqüência

codificadora do ABL foi dividida em três fragmentos denominados ABL-B (codons 207-324 → 401

pb), ABL-C (codons 279-414 → 457 pb), ABL-D (codons 382-517 → 453 pb).

As reações de PCR foram realizadas com: 5,0 μl de 10xPCR buffer (20 mM Tris-HCl, 500

mM KCl), 2,0 μl de 50 mM MgCl2, 4,0 μl de 1,25 mM dNTP’s, 1,0 μl de 10 mM de primer sense,

Page 47: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

47

1,0μl de 10 mM de primer anti-sense, 0,3 μl de Taq DNA polimerase (5U/ μl), 1,0 μl de cDNA e

35,7 μl de água, para um volume final de 50,0 μl. Para a primeira PCR o programa foi iniciado por 5

minutos à 95°C, seguido de 35 ciclos: 95°C/40 segundos, 55°C/1 minuto e 72°C/1 minuto, sendo

finalizado por 72°C/7 minutos. A segunda PCR foi feita utilizando as mesmas quantidades e

concentrações dos reagentes descritos para a primeira PCR exceto o material do paciente que foi

utilizado o produto da primeira PCR diluído 1:5 e usado 1,0 μl e para a segunda PCR. O programa

foi iniciado por 2 minutos a 95°C, seguido de 35 ciclos: 95°C/30 segundos, 52°C/30 segundos e

72°C/2 minutos, sendo finalizado por 72°C/7 minutos. Os produtos das PCR foram submetidos à

eletroforese em gel de agarose 1,0% para verificar a amplificação dos fragmentos esperados.

Tabela 5: Seqüência dos primers utilizados para amplificação dos éxons 4 a 10 do alelo mutado BCR-ABL para screening de mutações.

Nome Sequência primer Concentração

ABLA-B2 F

ABLA-E1 F

5´-ACAGCATTCCGCTGACCATCAATAAG-3´

5´-ACCGCATGTTCCGGGACAAAAG-3´

100Mm

ABLA-R 5´-ATGGTCCAGAGGATCGCTCTCT-3´ 100mM

ABL-B F

ABL-B R

5´-TGGTTCATCATCATTCAACGGTGG-3´

5´-GTTGCACTCCCTCAGGTAGTC-3´

100mM

ABL-C F

ABL-C R

5´-AAGACCTTGAAGGAGGACACCAT-3´

5´-AGACGTCGGACTTGATGGAGAACT-3´

100mM

ABL-D F

ABL-D R

5´-ACCACTTGGTGAAGGTAGCTG-3´

5´-CCTGCAGCAAGGTACTCACA-3´

100mM

Princípio da Técnica de D-HPLC

Como mencionado anteriormente, esta técnica é um método para screening de mutações

baseado na formação de heteroduplex entre os alelos mutantes e os alelos selvagens a partir da

desnaturação parcial dos produtos da reação em cadeia da polimerase. Esses heteroduplex são

diferenciados dos homoduplex devido à diferença de afinidade iônica de um determinado

fragmento amplificado de DNA, pela fase sólida da cromatografia (coluna de fase reversa) (Irving,

O'Brien et al. 2004; Soverini, Martinelli et al. 2004; Soverini, Martinelli et al. 2005; Yu, Sawyer et al.

2006; Ernst, Erben et al. 2008; Wulfert, Kupper et al. 2008). O produto da PCR é aquecido a 95°C

por 5’ permitindo a desnaturação parcial do DNA, seguido de uma redução lenta de temperatura,

para que as fitas se renaturem aos poucos formando uma dupla fita sem alteração (homoduplex)

ou uma dupla fita sendo uma delas “normal” e outra alterada (heteroduplex). Após a formação dos

Page 48: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

48

“duplexes”, os fragmentos de DNA são passados por uma coluna de cromatografia líquida de fase

reversa composta por partículas de poliestireno carregadas positivamente com a passagem do

tampão TEAA (acetato de trietilamônio). A carga negativa do DNA, em razão dos seus grupos

fosfato, permite que os fragmentos fiquem aderidos na matriz da coluna através dos grupamentos

amônia do tampão TEAA. A eluição das moléculas de DNA é feita pela passagem de um solvente

orgânico, a acetronila (ACN), que ao aumentar sua concentração diminui a atração entre os

fragmentos de DNA e o TEAA. Devido ao relaxamento das ligações entre as fitas pela baixa

temperatura, os heteroduplexes permanecem mais fracamente ligados em relação aos

homoduplexes sendo eluídos primeiramente Os heteroduplexes serão detectados pelo

equipamento antes da detecção dos homoduplexes através de um detector ultravioleta a

absorbância é medida e os resultados mandados para o computador, que fornece gráficos com

picos que permitem a análise das mutações (Figura 12) e as amostras com perfil diferente do

padrão devem ser seqüenciadas ou submetidas a outras análises confirmatórias.

Figura 12 Formação dos homoduplexes e heteroduplexes a partir da desnaturação e renaturação do produto de PCR. Após a detecção pela luz UV formam-se os picos.

Análise do D-HPLC – exon 6

O produto da PCR foi analisado pelo aparelho de D-HPLC (Transgenomic WaveTM Nucleic

Acid Fragment Analysis System, Omaha, NE, USA). As condições ótimas para a análise dos

heteroduplexes foram calculadas usando o NavigatorTM software, versão 1.6.0 (TransgenomicTM,

Omaha, NE, USA) sendo 62,3ºC a temperatura ótima para análise e o time-shift 0,8.

Page 49: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

49

Figura 13 Exemplos de análise por D-HPLC. a) Padrão normal que sugere a ausência de mutação e b) Padrão alterado, que sugere a presença de mutação.

Figura 14 Exemplo do perfil cromatográfico e o resultado do seqüenciamento de uma das amostras controle e outra amostra mutada (T315I).

D-HPLC – exons 4 a 10

Os produtos das PCRs foram analisados pelo aparelho de Denaturing-HPLC (Transgenomic

WAVE® Nucleic Acid Fragment Analysis System). As condições ótimas para a análise dos

heteroduplexes foram calculadas usando o NavigatorTM software, versão 1.6.0 (TransgenomicTM,

Omaha, NE, USA). As temperaturas e time-shift ideais encontradas foram: ABL-B (59,2°C - 0,21,

Page 50: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

50

61,2°C - 0,84 e 62,7°C – 2,1), para ABL-C (58,8°C – 0,21, 61,0°C – 0,91 e 61,7°C – 2,35) e para

ABL-D (60,1°C – 0,28 e 61,0°C – 1,19) (Figura 15).

Figura 15 Perfil de amostras de células HL-60 e pacientes usados para a padronização da técnica no gene BCR-ABL. Fragmento correspondente ao que chamamos de ABL-B, ABL-C e ABL-D.

Seqüenciamento das amostras

Após o screening para o éxon 6, somente as amostras que tiveram perfis diferentes do

controle foram submetidas ao seqüenciamento automático no aparelho MEGA BACE 1000 DNA

Analysis System (Molecular Dynamics/ Amersham - Life Science) usando primer forward

(5’GACTGAGGAGCAGAGTCAGA 3’) ou primer anti-sense (5’ GCCAGCACTGAGGTTAGAA 3’). A

seqüência encontrada foi comparada com a seqüência controle descrita no GenBank (M14752).

Page 51: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

51

Para o screening do exons 4 ao 10 todas as amostras foram submetidas ao seqüenciamento

no mesmo seqüenciador, usando os primers sense ou anti-sense descritos anteriormente. A

seqüência encontrada foi comparada com a seqüência selvagem do gene ABL descrita no

GenBank (U07563) para confirmação dos resultados.

Análise estatística

A análise de sobrevida de todo o grupo, e separadamente do grupo com mutação e do

grupo sem mutação foi feita usando o método de Kaplan Meier (KM) para a curva de sobrevida e

modelo de regressão para análise da significância estatística de riscos proporcionais entre os

grupos. Os eventos considerados para a a contrução da curva e análise de sobrevida geral foram:

data em que a mutação foi detectada pela primeira vez, para os pacientes mutados; data da

primeira pesquisa de mutação para os pacientes não mutados; data de óbito para os pacientes que

foram a óbito; e data do último follow-up.

Page 52: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

52

RESULTADOS

Page 53: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

53

RESULTADOS

Para o screening do éxon 6 foram avaliados 93 pacientes com LMC, 23 amostras (25%)

mostraram um perfil de eluição no D-HPLC anormal em relação ao controle, o que sugeriu a

presença de mutação. Um desses pacientes apresentou durante a primeira análise um perfil

normal. Posteriormente (aos 3 meses de tratamento), um pequeno aumento no pico do

heteroduplex foi detectado, entretanto no sequenciamento não foi detectada nenhuma mutação.

Após 3 meses (aos 6 meses de tratamento) foi feita outra análise e o pico do heteroduplex tinha

aumentado ainda mais e foi identificada pelo sequenciamento a mutação T315I, e aos 12 meses

de tratamento o perfil do D-HPLC se mostrava característico de presença de mutação na região do

aminoácido 315 (Figura 16).

Figura 16 Perfil cromatográfico de um paciente com LMC que desenvolveu a mutação T315I durante o tratamento com mesilato de imatinibe. A) perfil da amostra na primeira análise, B) o perfil após 3 meses de tratamento, C) aos 6 meses de tratamento com perda de resposta hematológica e citogenética e D) aos 12 meses de tratamento.

O sequenciamento direto do amplicon não foi capaz de identificar mutação em 6 (~6%)

pacientes que tiveram perfil anormal no D-HPLC. Esses amplicons foram clonados usando o vetor

pjet2.1 e seqüenciados novamente. Usando esta estratégia foi possível identificar duas mutações

(M351T e C305R). O sequenciamento automático confirmou a presença de um polimorfismo,

Page 54: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

54

T315T (1 paciente), e nove mutações de ponto, seis previamente já descritas na literatura: T315I (6

pacientes), F317L (1 paciente), V339L (1 paciente), M351T (1 paciente), E355G (1 paciente) e

F359V (4 pacientes).e três novas mutações: C305R (1 paciente), D325D (2 pacientes) and I360S

(2 pacientes) (Figura 17). Um desses pacientes apresentou duas mutações (Tabela 6).

Tabela 6: Perfil dos pacientes com LMC que apresentaram alguma alteração no perfil de screening do exon 6 no DHPLC.

Paciente Sexo Idade

(anos)

Status na data

da pesquisa

de mutação

Tratamento

Resposta

clínica ao

tratamento

Mutação Status do paciente

atualmente

1 M 47 FC Imatinibe Resistente Não

identificada Obito

2 M 67 FC Dasatinibe Resistente E355G Obito

3 M 52 FC Nilotinibe Resistente Não

identificada FC

4 M 60 CB Dasatinibe Resistente T315I Obito

5 F 45 FA Imatinibe Resistente F359V Obito

6 M 44 FC Imatinibe Resistente F359V

I360S** FC

7 M 38 FC Dasatinibe Resistente T315I FC

8 F 34 FC Imatinibe Resistente F359V FC

9 F 37 FC Dasatinibe Resistente F359V FC

10 F 45 FC Imatinibe Resistente V339L FC

11 M 41 FC Imatinibe Sub otima I360S FC

12 M 29 CB Dasatinibe Resistente T315T Obito

13* M 59 FC Imatinibe Resistente T315I FC

14 M 60 FC Imatinibe Resistente Não

identificada FC

15 M 64 FC Imatinibe Resistente M351T FC

16 F 56 CB Imatinibe Resistente T315I FC

17 M 59 FA Dasatinibe Resistente T315I Obito

18 M 33 CB Nilotinibe Resistente T315I Obito

19 M 50 CB Imatinibe Resistente F317L Dead

20 M 20 FC Imatinibe Resistente D325D** FC

21 M 69 FC Dasatinibe Resistente Não

identificada FC

22 M 55 FC Imatinibe Resistente D325D Obito

23 F 65 FC Dasatinibe Resistente C305R** FC

Page 55: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

55

Figura 17 Novas mutações encontradas no screening do éxon 6, primeira coluna: perfil de sequenciamento normal, segunda coluna: perfil de sequenciamento alterado, terceira coluna: perfil cromatográfico alterado

Em relação às novas mutações descritas aqui achamos que era conveniente fazer um

relato de como se desenvolveu a resposta desses pacientes em relação a parte clínica: 1 - I360S:

Dois pacientes apresentavam essa mutação. Um paciente começou nilotinibe em fase acelerada e

mostrou concomitantemente a mutação F359V, que é uma mutação de resistência intermediária ao

imatinibe e nilotinibe, mas que é sensível à dasatinibe (O'Hare, Eide et al. 2007). Este paciente

teve uma resposta hematológica transitória com nilotinibe, mas perdeu esta resposta depois de

alguns meses. O tratamento foi modificado para dasatinibe, e o paciente atingiu uma resposta

hematológica completa. O outro paciente que apresentou esta mutação obteve CyCR com

imatinibe, mas no momento da coleta de amostras para análise tinha critérios de resposta sub-

ótima (impossibilidade de atingir MMR em 18 meses); 2 - D325D: Esta mutação também foi

identificada em dois pacientes. Um perdeu resposta hematológica com imatinibe e mudou a terapia

para dasatinibe, alcançando um RHC. No entanto após 6 meses de dasatinibe ocorreu progressão

hematológica. O outro paciente apresentou resistência citogenética primária, foi encaminhado para

transplante de medula óssea e morreu devido a toxicidade associada ao transplante; 3 - C305R: Esta mutação foi detectada em um paciente tratado com dasatinibe por quase dois anos. Antes do

dasatinibe, a paciente estava em fase acelerada e apresentou a mutação M244V. No momento da

detecção da mutação C305R, ela apresentava uma resposta citogenética parcial ao dasatinibe.

Page 56: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

56

Após 3 meses, ela alcançou CCyR e, após 15 meses, perdeu resposta hematológica e

citogenética. Ela ainda está viva usando dasatinibe, e está em progressão da doença. Os

pacientes que apresentaram as novas mutações foram submetidos ao seqüenciamento de todo o

domínio da quinase BCR-ABL e nenhuma mutação adicional foi observada até agora.

A sobrevida global (OS) para todo grupo foi de 80% em uma mediana de tempo de

observação de 30 meses. OS para pacientes sem mutações foi de 87% e para os pacientes com

mutações foi de 56% em uma mediana de tempo de observação 37 e 10 meses, respectivamente

(p <0,0001, RR = 68) (Anexo IV).

No screening de todo o gene BCR-ABL (Figura 18), das 37 amostras analisadas 17 (46%)

tiveram perfil cromatográfico diferente do controle Como estávamos estabelecendo a padronização

do método, procedemos com o seqüenciamento de todas as amostras e os resultados obtidos

foram comparados com a seqüência depositada no banco de dados GenBank (U07563). Das 17

amostras com alteração do perfil cromatográfico, observamos a presença de mutação em 13

amostras (Tabela 6). Acreditamos que isso se deva a sensibilidade do método de D-HPLC que é

capaz de identificar tanto polimorfismos quanto mutações com maior eficiência que o

seqüenciamento (Jones, Kamel-Reid et al. 2009).

Figura 18 Exemplo de uma amplificação de três diferentes regiões do transcrito BCR-ABL. ABL-B (codons 207-324 → 401 pb), ABL-C (codons 279-414 → 457 pb), ABL-D (codons 382-517 → 453 pb).

Entre as 13 amostras foram encontradas 1 polimorfismo e 9 mutações diferentes. A tabela

7 mostra as mutações identificadas e o perfil dos pacientes mutados. Dentre as amostras com

padrão diferente do esperado, encontramos 3 amostras que tiveram após sequenciamento a

mesma alteração na região do aminoácido 445, uma troca de uma base guanina por uma base

timina (R445L) (Figura 19).

Page 57: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

57

Figura 19 Sequenciamento de um paciente que foi encontrada a alteração CA - AC na posição 1698 (R445L). Tabela 7:Características gerais dos pacientes que tiveram padrão diferente do normal no D-HPLC para screening de todo o gene BCR-ABL.

Paciente Sexo Tratamento Resposta Status coleta Mutação Status atual

1 F imatinibe resistente FC F359V FC

2 M nilotinibe sub-ótima FC F359V/I360S FC

3 F imatinibe resistente FC R445L/L298L FC

4 M nilotinibe sub-ótima FC K419N FC

5 M imatinibe resistente FC L298L FC

6 M imatinibe sub-ótima FC K419N FC

7 M dasatinibe resistente FA Não detectada FA

8 M imatinibe resistente FC Y353Y FC

9 F imatinibe resistente FC E255K FC

10 M imatinibe resistente FC R445L/L298L FC

11 M dasatinibe resistente CB T315I ÓBITO

12 M imatinibe resistente CB F317L ÓBITO

13 F imatinibe resistente FC F359V FC

14 M nilotinibe resistente FC M351T FC

15 F imatinibe resistente FC Não detectada FC

16 M imatinibe resistente FC Não detectada FC

17 M imatinibe resistente FC Não detectada FC

Page 58: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

58

Figura 20Curvas de sobrevida geral dos pacientes inseridos no estudo para o screening de mutações no éxon 6, dos pacientes sem mutações e de todo o grupo, mostrando um risco relativo igual a 68 e o p < 0.001.

Page 59: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

59

DISCUSSÃO

Page 60: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

60

DISCUSSÃO

Descrevemos aqui o screening de mutações no éxon 6 e de todo o gene BCR-ABL usando

a técnica de D-HPLC em uma população de pacientes resistentes aos TKI. Primeiramente

escolhemos esta região do gene, onde está localizado T315I mutação, devido à importância desta

mutação na prática clínica. Mutações neste sítio são altamente resistentes à exposição aos TKI

(Gambacorti-Passerini, Gunby et al. 2003; Funke 2008). Além disso, a identificação precoce de

mutações no gene BCR-ABL pode auxiliar na tomada de decisão para a alternativa de tratamento

dos pacientes com LMC (Irving, O'Brien et al. 2004; Soverini, Martinelli et al. 2004).

A população analisada incluiu um número de pacientes previamente tratados com

interferon e com uma longa história de LMC, com início tardio do tratamento com imatinib,

explicando a elevada taxa de falha e resposta sub-ótima. No Brasil, o imatinibe já vem sendo

usado por cerca de dez anos e o dasatinibe foi aprovado como segunda linha de tratamento para

LMC apenas em 2008.

As características diferentes do padrão de eluição indicou a troca de nucleotídeo em 25%

dos nossos pacientes submetidos ao screening do éxon 6. Para confirmar as mutações nas

amostras alteradas no D-HPLC, essas amostras foram submetidas ao sequenciamento. No caso

do screening do gene inteiro, todas as amostras foram submetidas ao sequenciamento.

Nas amostras usada na pesquisa de mutação para o éxon 6, o sequenciamento

possibilitou a identificação de 19 de 23 casos. Estas mutações estão localizadas no sítio de contato

da proteína BCR-ABL ou no domínio catalítico. As mutações mais freqüentes identificadas foram a

T315I (6 pacientes) e F359V (4 pacientes) no éxon 6 e no BCR-ABL inteiro a F359V (3 pacientes).

Os mesmos resultados foram relatados por vários grupos que utilizam a mesma abordagem (Irving,

O'Brien et al. 2004; Soverini, Martinelli et al. 2004; Ernst, Erben et al. 2008; Ernst, Hoffmann et al.

2008). No éxon 6, nove mutações foram identificadas nessas regiões, três delas foram

identificadas, ao nosso conhecimento, pela primeira vez (C305R e D325D no sítio de contato e

I360S no domínio catalítico).

Pacientes apresentando novas mutações localizadas no sítio de contato do imatinibe

(C305R e D325D) apresentaram resistência primária ou progrediram após tratamento com

dasatinibe. De fato, a maioria das mutações que conferem resistência ao dasatinibe se encontram

no sítio de contato entre o resíduo e a droga. Embora a mutação D325D não apresente qualquer

alteração de aminoácido, ambos os pacientes eram muito resistentes ao imatinibe. No sítio de

contato da proteína BCR-ABL, também detectamos um polimorfismo (T315T), que foi

recentemente relatado por Ernst et al (Ernst, Hoffmann et al. 2008). Embora este pareça ser um

achado raro, deve ser diferenciado da mutação T315I, uma vez que o perfil do D-HPLC é

semelhante nos dois casos.

Page 61: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

61

Em relação à alteração R445L, como esta é uma mutação ainda não descrita na literatura

e foi encontrada em um número relevante de pacientes (aproximadamente 8%), precisaremos

estudar em uma população maior de pacientes e controles com a intenção de verificar se não trata

se de um polimorfismo relacionado ou não à doença.

Na C305R ocorre uma mutação que leva à troca de um resíduo de cisteína por uma

arginina. Este paciente é insensível ao Imatinibe com resposta sub ótima ao dasatinibe. A cisteína

é um aminoácido polar neutro que tem um papel fundamental na manutenção da estrutura terciária

das proteínas. Para formar ligações dissulfureto entre os grupos tiol, aumentando a estabilidade

molecular e a resistência à proteolise. Arginina é uma base polar, é um aminoácido que tem

múltiplas pontes de hidrogênio sendo ideal para tornar os grupos carregados negativamente. Por

esta razão a arginina na maioria das vezes está posicionada do lado de fora das proteínas onde

pode interagir com o ambiente polar. Talvez as trocas nestes aminoácidos podem modificar a

estrutura protéica, tornando a proteína BRC-ABL insensível ao tratamento com imatinibe.

As alterações observadas na mutação D325D aparentemente não tem importância

biológica uma vez que o mesmo aminoácido é traduzido, mas é um importante achado. A mudança

entre os resíduos da isoleucina e a serina encontrada na mutação I360S pode estar envolvida com

a estrutura das proteínas, devido o resíduo da isoleucina ter uma cadeia lateral quiral é um

aminoácido apolar, enquanto o resíduo de serina é polar.

A análise de sobrevida foi feita apenas para o grupo estudado para o éxon 6, na análise, os

pacientes que apresentavam mutações tiveram claramente um resultado pior, após a detecção da

mutação, em relação aos não mutados (Figura 20).

Em quatro casos com perfil anormal, não fomos capazes de identificar mutações após o

seqüenciamento, provavelmente devido à sensibilidade do método, que exige uma concentração

relativamente elevada de amplicons para a detecção da mutação (Baccarani, Pane et al. 2008). A

sensibilidade do D-HPLC segundo a literatura é variável entre 1% a 10%, dependendo da

seqüência e do comprimento dos fragmentos a serem analisados (Irving, O'Brien et al. 2004;

Soverini, Martinelli et al. 2004; Soverini, Martinelli et al. 2005; Ernst, Erben et al. 2008; Ernst,

Hoffmann et al. 2008). Usando a mistura de células da linhagem celular BaF3 BCR-ABL e a

linhagem celular BaF3T315I em concentrações entre 0,1% e 100%, Ernst et al. mostrou que a

sensibilidade do D-HPLC atinge 0,1%, enquanto a do seqüênciamento é de 10%. Os clones

mutantes são selecionados durante o tratamento com inibidores da TK, no início deste processo, a

relação entre células mutantes e não mutantes é reduzida. (Ernst, Erben et al. 2008).

Estamos propondo para a próxima fase do projeto um estudo para verificar a sensibilidade

deste método em nosso laboratório. Para isso realizaremos cultura de células BaF3 mutadas e não

mutadas (linhagens gentilmente cedida pelo Howard Hughes Medical Institute, Oregon Health and

Science University dos Estados Unidos.) que serão analisadas por D-HPLC e seqüenciamento em

diferentes concentrações. Este experimento seguirá os moldes estabelecidos por Ernst et al, 2008.

O estabelecimento deste experimento é de fundamental importância para o nosso laboratório, uma

Page 62: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

62

vez que existe a possibilidade da utilização deste método para detecção de mutações em

pacientes tratados no Hemocentro da UNICAMP como procedimento de rotina.

Uma interessante demonstração da sensibilidade do método D-HPLC na identificação

precoce de mutação ocorreu em um dos nossos pacientes que demonstrou na primeira análise um

perfil anormal em D-HPLC e a mutação não foi identificada por sequenciamento. Neste momento, o

paciente teve CCyR (Figura 16) e três meses depois, esse paciente perdeu a resposta citogenética

e a mutação T315I foi identificada por ambas as técnicas.

Page 63: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

63

CONCLUSÃO

Page 64: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

64

CONCLUSÃO

Os resultados mostraram que o DHPLC é capaz de identificar diferentes perfis

cromatográficos e com isso auxiliar na detecção de novas mutações e polimorfismos associados

ou não a leucemia mieloide crônica. Neste trabalho foram descritas três novas mutações além de

identificarmos uma outra alteração que estudaremos em uma população maior de pacientes e

controles para verificarmos se é um polimorfismo relacionado ou não relacionado a esta doença ou

se é mais uma mutação nova.

Tivemos êxito no cumprimento dos nossos objetivos, além de implantarmos a técnica na

rotina de monitoramento dos pacientes com LMC tratados no Hemocentro com inibidores de

tirosina quinase como primeira ou segunda linha de tratamento, com resposta sub-ótima ou falha

de tratamento de acordo com os critérios da Leukemia Net.

Em resumo, o D-HPLC demonstrou ser um método sensível e prático para o

acompanhamento do aparecimento de mutações no domínio da quinase, inclusive da mutação

T315I, na rotina clínica. Mutações nessa região estudada são clinicamente relevantes e podem

conferir um pior prognóstico. A detecção precoce pode ser uma ferramenta importante para

otimizar a terapêutica na LMC. Os resultados obtidos com relação às mutações no exon 6 estão

reportados no artigo que foi aceito para publicação na revista Leukemia & Lymphoma (APÊNDICE

II).

Page 65: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

Page 66: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Apperley, J. F. (2007). "Part I: mechanisms of resistance to imatinib in chronic myeloid

leukaemia." Lancet Oncol 8(11): 1018-29.

2. Apperley, J. F. (2007). "Part II: management of resistance to imatinib in chronic myeloid

leukaemia." Lancet Oncol 8(12): 1116-28.

3. Baccarani, M., F. Pane, et al. (2008). "Monitoring treatment of chronic myeloid leukemia."

Haematologica 93(2): 161-9.

4. Baccarani, M., G. Saglio, et al. (2006). "Evolving concepts in the management of chronic

myeloid leukemia: recommendations from an expert panel on behalf of the European

LeukemiaNet." Blood 108(6): 1809-20.

5. Barnes, D. J. and J. V. Melo (2002). "Cytogenetic and molecular genetic aspects of chronic

myeloid leukaemia." Acta Haematol 108(4): 180-202.

6. Bhatia, R., M. Holtz, et al. (2003). "Persistence of malignant hematopoietic progenitors in

chronic myelogenous leukemia patients in complete cytogenetic remission following

imatinib mesylate treatment." Blood 101(12): 4701-7.

7. Branford, S. (2007). "Chronic myeloid leukemia: molecular monitoring in clinical practice."

Hematology Am Soc Hematol Educ Program 2007: 376-83.

8. Branford, S., Z. Rudzki, et al. (2003). "Detection of BCR-ABL mutations in patients with

CML treated with imatinib is virtually always accompanied by clinical resistance, and

mutations in the ATP phosphate-binding loop (P-loop) are associated with a poor

prognosis." Blood 102(1): 276-83.

9. Bussolari, R., O. Candini, et al. (2007). "Coding sequence and intron-exon junctions of the

c-myb gene are intact in the chronic phase and blast crisis stages of chronic myeloid

leukemia patients." Leuk Res 31(2): 163-7.

10. Capdeville, R., E. Buchdunger, et al. (2002). "Glivec (STI571, imatinib), a rationally

developed, targeted anticancer drug." Nat Rev Drug Discov 1(7): 493-502.

11. Carella, A. M., I. Cunningham, et al. (1997). "Mobilization and transplantation of

Philadelphia-negative peripheral-blood progenitor cells early in chronic myelogenous

leukemia." J Clin Oncol 15(4): 1575-82.

12. Chen, S., J. Liu, et al. (2008). "Altered distribution of beta-catenin and prognostic roles in

colorectal carcinogenesis." Scand J Gastroenterol 43(4): 456-64.

13. Chomel, J. C., N. Sorel, et al. (2008). "Quantitative monitoring of the T315I mutation in

patients with chronic myeloid leukemia (CML)." Leuk Res.

14. Cortes, J. (2004). "Natural history and staging of chronic myelogenous leukemia." Hematol

Oncol Clin North Am 18(3): 569-84, viii.

Page 67: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

67

15. Cortes, J., M. Talpaz, et al. (2005). "Molecular responses in patients with chronic

myelogenous leukemia in chronic phase treated with imatinib mesylate." Clin Cancer Res

11(9): 3425-32.

16. De Souza, C. A., A. C. Vigorito, et al. (2005). "Validation of the EBMT risk score in chronic

myeloid leukemia in Brazil and allogeneic transplant outcome." Haematologica 90(2): 232-

7.

17. Deininger, M. W., J. M. Goldman, et al. (2000). "The molecular biology of chronic myeloid

leukemia." Blood 96(10): 3343-56.

18. Deininger, M. W., L. McGreevey, et al. (2004). "Detection of ABL kinase domain mutations

with denaturing high-performance liquid chromatography." Leukemia 18(4): 864-71.

19. Ernst, T., P. Erben, et al. (2008). "Dynamics of BCR-ABL mutated clones prior to

hematologic or cytogenetic resistance to imatinib." Haematologica 93(2): 186-92.

20. Ernst, T., J. Hoffmann, et al. (2008). "ABL single nucleotide polymorphisms may

masquerade as BCR-ABL mutations associated with resistance to tyrosine kinase inhibitors

in patients with chronic myeloid leukemia." Haematologica 93(9): 1389-93.

21. Faderl, S., A. Hochhaus, et al. (2004). "Monitoring of minimal residual disease in chronic

myeloid leukemia." Hematol Oncol Clin North Am 18(3): 657-70, ix-x.

22. Faderl, S., M. Talpaz, et al. (1999). "The biology of chronic myeloid leukemia." N Engl J

Med 341(3): 164-72.

23. Funke, V. A. M. (2008). Tratamento da leucemia mielóide crônica visão prática com

algoritimos.

24. Gambacorti-Passerini, C. B., R. H. Gunby, et al. (2003). "Molecular mechanisms of

resistance to imatinib in Philadelphia-chromosome-positive leukaemias." Lancet Oncol 4(2):

75-85.

25. Gardner, E. R., H. Burger, et al. (2006). "Association of enzyme and transporter genotypes

with the pharmacokinetics of imatinib." Clin Pharmacol Ther 80(2): 192-201.

26. Giles, F. J., J. E. Cortes, et al. (2004). "Accelerated and blastic phases of chronic

myelogenous leukemia." Hematol Oncol Clin North Am 18(3): 753-74, xii.

27. Golas, J. M., J. Lucas, et al. (2005). "SKI-606, a Src/Abl inhibitor with in vivo activity in colon

tumor xenograft models." Cancer Res 65(12): 5358-64.

28. Goldman, J. (2005). "Monitoring minimal residual disease in BCR-ABL-positive chronic

myeloid leukemia in the imatinib era." Curr Opin Hematol 12(1): 33-9.

29. Goldman, J. M. and J. V. Melo (2003). "Chronic myeloid leukemia--advances in biology and

new approaches to treatment." N Engl J Med 349(15): 1451-64.

30. Graham, S. M., H. G. Jorgensen, et al. (2002). "Primitive, quiescent, Philadelphia-positive

stem cells from patients with chronic myeloid leukemia are insensitive to STI571 in vitro."

Blood 99(1): 319-25.

Page 68: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

68

31. Guilhot, F., J. Apperley, et al. (2007). "Dasatinib induces significant hematologic and

cytogenetic responses in patients with imatinib-resistant or -intolerant chronic myeloid

leukemia in accelerated phase." Blood 109(10): 4143-50.

32. Harland, M., A. M. Goldstein, et al. (2008). "A comparison of CDKN2A mutation detection

within the Melanoma Genetics Consortium (GenoMEL)." Eur J Cancer.

33. Hegde, M. R. and B. B. Roa (2006). "Detecting mutations in the APC gene in familial

adenomatous polyposis (FAP)." Curr Protoc Hum Genet Chapter 10: Unit 10 8.

34. Hiwase, D. K., V. Saunders, et al. (2008). "Dasatinib cellular uptake and efflux in chronic

myeloid leukemia cells: therapeutic implications." Clin Cancer Res 14(12): 3881-8.

35. Hochhaus, A. (2006). "Chronic myelogenous leukemia (CML): resistance to tyrosine kinase

inhibitors." Ann Oncol 17 Suppl 10: x274-9.

36. Hochhaus, A. and T. Hughes (2004). "Clinical resistance to imatinib: mechanisms and

implications." Hematol Oncol Clin North Am 18(3): 641-56, ix.

37. Hughes, T. (2006). "ABL kinase inhibitor therapy for CML: baseline assessments and

response monitoring." Hematology Am Soc Hematol Educ Program: 211-8.

38. Hughes, T., M. Deininger, et al. (2006). "Monitoring CML patients responding to treatment

with tyrosine kinase inhibitors: review and recommendations for harmonizing current

methodology for detecting BCR-ABL transcripts and kinase domain mutations and for

expressing results." Blood 108(1): 28-37.

39. Hughes, T. P., J. Kaeda, et al. (2003). "Frequency of major molecular responses to imatinib

or interferon alfa plus cytarabine in newly diagnosed chronic myeloid leukemia." N Engl J

Med 349(15): 1423-32.

40. Irving, J. A. E., S. O'Brien, et al. (2004). "Use of denaturing HPLC for detection of mutations

in the BCR-ABL kinase domain in patients resistant to imatinib." Clinical Chemistry 50(7):

1233-1237.

41. Jabbour, E., H. Kantarjian, et al. (2008). "Characteristics and outcome of patients with

chronic myeloid leukemia and T315I mutation following failure of imatinib mesylate

therapy." Blood.

42. Jabbour, E., H. M. Kantarjian, et al. (2007). "Chromosomal abnormalities in Philadelphia

chromosome negative metaphases appearing during imatinib mesylate therapy in patients

with newly diagnosed chronic myeloid leukemia in chronic phase." Blood 110(8): 2991-5.

43. Jiang, X., K. M. Saw, et al. (2007). "Instability of BCR-ABL gene in primary and cultured

chronic myeloid leukemia stem cells." J Natl Cancer Inst 99(9): 680-93.

44. Jones, D., S. Kamel-Reid, et al. (2009). "Laboratory Practice Guidelines for Detecting and

Reporting BCR-ABL Drug Resistance Mutations in Chronic Myelogenous Leukemia and

Acute Lymphoblastic Leukemia: A Report of the Association for Molecular Pathology." J

Mol Diagn 11(1): 4-11.

Page 69: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

69

45. Kantarjian, H. M., F. Giles, et al. (2007). "Nilotinib (formerly AMN107), a highly selective

BCR-ABL tyrosine kinase inhibitor, is effective in patients with Philadelphia chromosome-

positive chronic myelogenous leukemia in chronic phase following imatinib resistance and

intolerance." Blood 110(10): 3540-6.

46. Ke, L. F., Z. H. Wang, et al. (2008). "[Prenatal molecular diagnosis of four fetuses at high

risk for X-linked adrenoleukodystrophy]." Zhonghua Fu Chan Ke Za Zhi 43(1): 25-8.

47. Lahaye, T., B. Riehm, et al. (2005). "Response and resistance in 300 patients with BCR-

ABL-positive leukemias treated with imatinib in a single center: a 4.5-year follow-up."

Cancer 103(8): 1659-69.

48. Larghero, J., T. Leguay, et al. (2003). "Relationship between elevated levels of the alpha 1

acid glycoprotein in chronic myelogenous leukemia in blast crisis and pharmacological

resistance to imatinib (Gleevec) in vitro and in vivo." Biochem Pharmacol 66(10): 1907-13.

49. Lee, G. R., J. Foerster, et al. (1998). Wintrobe's Clinical Hematology. Baltimore-USA,

Willians & Wilkins.

50. Lombardo, L. J., F. Y. Lee, et al. (2004). "Discovery of N-(2-chloro-6-methyl- phenyl)-2-(6-

(4-(2-hydroxyethyl)- piperazin-1-yl)-2-methylpyrimidin-4- ylamino)thiazole-5-carboxamide

(BMS-354825), a dual Src/Abl kinase inhibitor with potent antitumor activity in preclinical

assays." J Med Chem 47(27): 6658-61.

51. Mahon, F. X., M. W. Deininger, et al. (2000). "Selection and characterization of BCR-ABL

positive cell lines with differential sensitivity to the tyrosine kinase inhibitor STI571: diverse

mechanisms of resistance." Blood 96(3): 1070-9.

52. McGlave, P. (1993). "Unrelated donor and autologous marrow transplant therapy of chronic

myelogenous leukemia (CML)." Leukemia 7(7): 1082-3.

53. Melo, J. V. (1996). "The molecular biology of chronic myeloid leukaemia." Leukemia 10(5):

751-6.

54. Melo, J. V. and C. Chuah (2007). "Resistance to imatinib mesylate in chronic myeloid

leukaemia." Cancer Lett 249(2): 121-32.

55. O'Hare, T., C. A. Eide, et al. (2007). "Bcr-Abl kinase domain mutations, drug resistance,

and the road to a cure for chronic myeloid leukemia." Blood 110(7): 2242-9.

56. Palandri, F., I. Iacobucci, et al. (2008). "Front-line treatment of Philadelphia positive chronic

57. myeloid leukemia with imatinib and interferon-a:

58. 5-year outcome." haematologica 93(5): 770-774.

59. Parkin, D. M., P. Pisani, et al. (1993). "Estimates of the worldwide incidence of eighteen

major cancers in 1985." Int J Cancer 54(4): 594-606.

60. Pasquini, R. (2001). Leucemia Mielóide Crônica. Variantes da Leucemia Mielóide Crônica.

Hematologia Fundamentos e Prática. E. Atheneu. Rio de Janeiro. 1.

Page 70: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

70

61. Pfeifer, H., B. Wassmann, et al. (2007). "Kinase domain mutations of BCR-ABL frequently

precede imatinib-based therapy and give rise to relapse in patients with de novo

Philadelphia-positive acute lymphoblastic leukemia (Ph+ ALL)." Blood 110(2): 727-34.

62. Puttini, M., A. M. Coluccia, et al. (2006). "In vitro and in vivo activity of SKI-606, a novel Src-

Abl inhibitor, against imatinib-resistant Bcr-Abl+ neoplastic cells." Cancer Res 66(23):

11314-22.

63. Rowlings, P. A., M. M. Horowitz, et al. (1992). "Report from the International Bone Marrow

Transplant Registry." Clin Transpl: 83-90.

64. Russell, N. H., A. Gratwohl, et al. (1998). "Developments in allogeneic peripheral blood

progenitor cell transplantation." Br J Haematol 103(3): 594-600.

65. Savage, D. G. and K. H. Antman (2002). "Imatinib mesylate--a new oral targeted therapy."

N Engl J Med 346(9): 683-93.

66. Sawyers, C. L. (1999). "Chronic myeloid leukemia." N Engl J Med 340(17): 1330-40.

67. Sawyers, C. L. and N. P. Shah (2005). Chronic Lyeloid Leukemia. Hematology: Basic

principles and practice. R. Hoffman, Elsevier. 1.

68. Shah, N. P., B. J. Skaggs, et al. (2007). "Sequential ABL kinase inhibitor therapy selects for

compound drug-resistant BCR-ABL mutations with altered oncogenic potency." J Clin

Invest 117(9): 2562-9.

69. Shah, N. P., C. Tran, et al. (2004). "Overriding imatinib resistance with a novel ABL kinase

inhibitor." Science 305(5682): 399-401.

70. Soverini, S., G. Martinelli, et al. (2004). "Denaturing-HPLC-based assay for detection of

ABL mutations in chronic myeloid leukemia patients resistant to Imatinib." Clin Chem 50(7):

1205-13.

71. Soverini, S., G. Martinelli, et al. (2005). "ABL mutations in late chronic phase chronic

myeloid leukemia patients with up-front cytogenetic resistance to imatinib are associated

with a greater likelihood of progression to blast crisis and shorter survival: a study by the

GIMEMA Working Party on Chronic Myeloid Leukemia." J Clin Oncol 23(18): 4100-9.

72. Swerdlow HS, C. E., Harris NL, Jaffe ES, Pileri SA, Stein H, Thiele J, Vardiman JW. (2008).

WHO Classification of Tumors of Haematopoietics and Lymphoid Tissues. Lyon, IARC.

73. Wang, T., S. Chen, et al. (2008). "[Germline mutation of adenomatous polyposis coli gene

in Chinese patients with familial adenomatous polyposis.]." Zhonghua Yi Xue Yi Chuan Xue

Za Zhi 25(2): 199-202.

74. Weisberg, E., P. W. Manley, et al. (2005). "Characterization of AMN107, a selective inhibitor

of native and mutant Bcr-Abl." Cancer Cell 7(2): 129-41.

75. White, D. L., V. A. Saunders, et al. (2007). "Most CML patients who have a suboptimal

response to imatinib have low OCT-1 activity: higher doses of imatinib may overcome the

negative impact of low OCT-1 activity." Blood 110(12): 4064-72.

Page 71: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

71

76. White, D. L., V. A. Saunders, et al. (2006). "OCT-1-mediated influx is a key determinant of

the intracellular uptake of imatinib but not nilotinib (AMN107): reduced OCT-1 activity is the

cause of low in vitro sensitivity to imatinib." Blood 108(2): 697-704.

77. Widmer, N., L. A. Decosterd, et al. (2006). "Population pharmacokinetics of imatinib and the

role of alpha-acid glycoprotein." Br J Clin Pharmacol 62(1): 97-112.

78. Widmer, N., L. A. Decosterd, et al. (2008). "Relationship of imatinib-free plasma levels and

target genotype with efficacy and tolerability." Br J Cancer 98(10): 1633-40.

79. Wulfert, M., A. C. Kupper, et al. (2008). "Analysis of mitochondrial DNA in 104 patients with

myelodysplastic syndromes." Exp Hematol 36(5): 577-86.

80. Yu, B., N. A. Sawyer, et al. (2006). "DNA mutation detection using denaturing high-

performance liquid chromatography (DHPLC)." Curr Protoc Hum Genet Chapter 7: Unit7

10.

81. Zago, M. A. and R. Passeto (2001). Hematologia Fundamentos e Prática. Rio de Janeiro, Editora Atheneu.

Page 72: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

72

APÊNDICES

Page 73: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

73

APÊNDICE I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Eu, _________________________________________________________________________, fui

convidado e aceito participar do estudo intitulado “Análise da Expressão Gênica Diferencial e Avaliação Laboratorial da Mutação T315I por Métodos Moleculares e Cromatográficos em Pacientes com Leucemia Mielóide Crônica Tratados Com Inibidores de Tirosino quinase”, e

autorizo à equipe médica desta instituição, sob a coordenação do Prof. Dr. Cármino Antônio de

Souza, a avaliar-me clinicamente. Estou ciente que fornecerei uma amostra de sangue (10-20ml)

ou medula óssea (05ml), e sei que esta amostra será utilizada para a avaliação laboratorial da

expressão gênica e mutações específicas. Também estou ciente que serei comunicado se houver

alteração da minha expressão gênica e/ou se for constatado que apresentei a mutação pesquisada

que leva a resistência aos inibidores de tirosino quinase. Sei que minha amostra só será utilizada

para avaliar outras alterações genéticas se houver aprovação do Comitê de Ética da Faculdade de

Ciências Médicas da UNICAMP. Estou ciente de que não terei prejuízo algum em relação à

realização destes exames. Sei que posso sair do estudo a qualquer momento, e que isto não irá

prejudicar o meu tratamento na UNICAMP. Sei ainda, que meus dados pessoais serão mantidos

em sigilo pelo pesquisador e se eu tiver qualquer dúvida sobre o estudo poderei procurar a

qualquer momento o pesquisador ou o médico responsável pelo estudo. Se tiver reclamações

sobre qualquer procedimento do estudo, poderei procurar a secretaria do Comitê de Ética da

Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP Tel: 3788 7232. Eu li/ouvi o conteúdo deste termo e

recebi esclarecimentos sobre as minhas dúvidas oralmente.

------------------------------------------------- ------------------------------------------------

Paciente ou Responsável Pesquisador Responsável

------------------------------------------------- Data: ___/___/___

Médico Responsável

Page 74: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

74

APÊNDICE II

Page 75: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

75

Page 76: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

76

Page 77: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

77

Page 78: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

78

Page 79: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

79

Page 80: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

80

Page 81: CINTIA DO COUTO MASCARENHAS - Unicamprepositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308623/1/Mascaren… · 2 cintia do couto mascarenhas avaliaÇÃo de mutaÇÕes pontuais no gene

81