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TRATAMENTO DE EFLUENTES OLEOSOS UTILIZANDO PROCESSOS DE SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS Cintia Kuhn Schulz TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA QUÍMICA. Aprovada por: ________________________________________________ Prof. Cristiano Piacsek Borges, D. Sc. ________________________________________________ Prof. Ronaldo Nobrega, D. Sc. ________________________________________________ Dr a . Cristina Cardoso Pereira, D.Sc. ________________________________________________ Dr.Marcel Vasconcelos Mello, D. Sc. ________________________________________________ Prof a . Juacyara Carbonelli Campos, D. Sc. ________________________________________________ Prof. José Luís Cardozo Fonseca, D. Sc RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL DEZEMBRO DE 2005

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TRATAMENTO DE EFLUENTES OLEOSOS UTILIZANDO PROCESSOS DE

SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS

Cintia Kuhn Schulz

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA

QUÍMICA.

Aprovada por:

________________________________________________ Prof. Cristiano Piacsek Borges, D. Sc.

________________________________________________ Prof. Ronaldo Nobrega, D. Sc.

________________________________________________ Dra. Cristina Cardoso Pereira, D.Sc.

________________________________________________ Dr.Marcel Vasconcelos Mello, D. Sc.

________________________________________________ Profa. Juacyara Carbonelli Campos, D. Sc.

________________________________________________ Prof. José Luís Cardozo Fonseca, D. Sc

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

DEZEMBRO DE 2005

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SCHULZ, CINTIA KUHN

Tratamento de Efluentes Oleosos utili-

zando Processos de Separação por

Membranas [Rio de Janeiro] 2005

XVIII, 146 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,

D.Sc., Engenharia Química, 2005)

Tese - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Tratamento de Efluentes Oleosos

2. Processos de Separação por Membranas

3. Microfiltração

4. Ultrafiltração

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

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Aos meus avós e ao meu pai, que

partiu no início do doutorado.

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iv

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Cristiano, pela instrução, incentivo, paciência e amizade. Sua

participação neste trabalho foi de fundamental importância;

Ao meu orientador Ronaldo, pela confiança em me receber no PEQ;

Ao Prof. Geraldo Lippel Sant’Anna, meu primeiro contato com o PEQ;

A Prof.a Vera Salim, pela e amizade e pelas caronas;

A todos professores, pesquisadores e funcionários do PEQ sem exceção, pela infra-

estrutura e suporte na realização dos trabalhos;

Aos alunos do PEQ e companheiros das disciplinas de Doutorado, pela colaboração e

amizade;

A CAPES, pela bolsa de estudos;

Ao Engo. Collares da REDUC, por ter cedido o efluente e pela atenção dispensada;

A todos do LARA/CENPES/PETROBRAS, pela colaboração na realização de grande

parte dos experimentos:

• Ao Marcel e ao Osvaldo por viabilizarem a realização do projeto;

• Ao Lino e ao Rafael, pela ajuda na realização dos experimentos;

• Ao Alberto, que chegou depois, mas foi de fundamental importância;

• Em especial ao Jailton, pela colaboração, compreensão e amizade.

A todos do Laboratório de Membranas (PAM) em especial:

• Ao meu amigo Bob, pela boa vontade e amizade;

• A minha amiga Jane, pela eterna preocupação e amizade;

• A Rosane pela disposição em resolver os problemas;

As amizades formadas durante o doutorado e que eu espero que fiquem para

sempre, em especial:

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• A Fernanda, primeira amiga que eu fiz no Rio, por me fazer sentir mais perto

de casa, sem ela teria sido bem mais difícil;

• A Gabriela pela paciência em dividir a casa e os problemas;

• Ao Darlan “Silverinho”, pela tranqüilidade nos momentos de tempestade;

• A Cecília pelo seu coração enorme;

• Ao Rodrigo “Wandinho”, pela recepção, por chamar de volta a razão, pelas

palavras certas nas horas certas;

• A Alessandra, por dividir não só o quarto, mas as preocupações, alegrias,

tristezas;

• A Karina por sempre nos fazer enxergar os dois lados das questões;

• A galera das festas, das cervejas e das risadas incessantes: Pedro Ivo,

Leandro, Alysson, Dani Bananinha, Gabriela Marques, Liliane...

...vocês tornaram a vida no Rio mais fácil e mais alegre!

As pessoas que sempre fizeram e sempre vão fazer parte da minha vida:

• A minha amiga e irmã de coração Bianca, por fazer parte da minha vida;

• A minha mãe, por estar sempre presente mesmo à distância;

• A minha irmã Michele, por existir e ser a pessoa mais importante da minha

vida;

• Aos meus avós, por tudo! Principalmente por me mostrarem o que realmente

importa na vida com exemplos, não só com palavras;

...sem vocês não teria conseguido!

A Deus, pela vida.

“Se as coisas são inatingíveis, ora! Não é motivo para não querê-las...que tristes os

caminhos se não fosse a presença distante das estrelas”

Mário Quintana.

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Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

TRATAMENTO DE EFLUENTES OLEOSOS UTILIZANDO PROCESSOS DE

SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS

Cintia Kuhn Schulz

Dezembro/2005

Orientadores: Cristiano Piacsek Borges

Ronaldo Nobrega

Programa: Engenharia Química

O presente trabalho avaliou o desempenho dos processos de separação por

membranas (PSM), mais especificamente micro (MF) e ultrafiltração (UF), no

tratamento de efluentes contendo óleo. O trabalho foi dividido em duas etapas: testes

em escala de bancada e em escala piloto. Nos testes em escala de bancada foram

analisados efluentes sintéticos (emulsões) e efluentes da Refinaria Duque de Caxias.

Nos testes com efluentes sintéticos foi avaliada a estabilidade das emulsões em

função da concentração de óleo, tipo de emulsificante, condições de preparo e quando

submetidos a diferentes condições operacionais. O desempenho dos processos de MF

e UF foi avaliado em função de fluxo permeado e rejeição da membrana à fase

dispersa. Nos testes em escala piloto foi avaliado o desempenho da MF no tratamento

de efluentes de refinaria. Estes foram simulados com dois tipos de óleo em diferentes

concentrações, na presença de salinidade e de sólidos suspensos. Observou-se que a

redução do fluxo de permeado com o tempo de operação é fortemente dependente da

pressão e do teor de óleo emulsionado, podendo ser relacionada aos fenômenos de

polarização da concentração, inerentes aos PSM. Em condições de pressão de

operação mais moderadas (0,5 bar) e menor concentração de óleo (50 mg/L), estes

fenômenos foram atenuados. Quanto à retenção da fase dispersa pela membrana,

para todas as condições analisadas, apresentou-se maior que 90%. Os resultados

obtidos demonstram o potencial da MF e UF, para tratamento e efluentes aquosos

contendo óleo.

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Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

TREATMENT OF OILY WASTEWATER BY MEMBRANE PROCESS

Cintia Kuhn Schulz

December/2005

Advisors: Cristiano Piacsek Borges

Ronaldo Nobrega

Department: Chemical Engineering

The Thesis evaluated micro (MF) and ultrafiltration (UF) processes to treat

aqueous effluents containing oil. The work was divided in two main stages: tests in

bench and pilot scale. In bench scale, a synthetic effluent (oil emulsions) and effluent

from the Duque de Caxias Refinery/Petrobras were analyzed. In the experiments with

the synthetic effluent the stability of the emulsions was determined as a function of oil

concentration, emulsifier kind, preparation conditions and operational conditions. The

MF and UF processes were evaluated by both the permeate flux and the oil phase

retention exhibited by a particular membrane. In pilot scale, MF was evaluated for

treatment of refinery effluents, which were simulated using two oil types, crude oil from

Marlim and Diesel oil. The process performance was evaluated for different oil

concentrations, as well as in the presence of salinity and suspended solids. It could be

noticed that the permeate flux decline is strongly depended on both, operation pressure

and emulsified oil concentration, which could be related to concentration polarization

phenomena. The process was rather stable at moderate operation pressure (0.5 bar)

and low oil concentration (50 mg/L). In all operation conditions, the oil phase retention

was higher than 90%. The obtained results demonstrate the potential of MF and UF, for

treatment of aqueous effluents containing oil.

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ÍNDICE

Página

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1

1.1. Contexto e Motivação 1

1.2. Objetivos 6

1.2.1. Objetivo Geral 6

1.2.2. Objetivos Específicos 6

1.3. Estrutura do Trabalho 7

CAPÍTULO 2 – TEORIA E REVISÃO DA LITERATURA 9

2.1. Emulsões 9

2.2. Processos de Separação por Membranas (PSM) 20

2.3. Efluentes Oleosos 36

2.3.1. Efluentes do Refino de Petróleo 40

2.4. Processos para Tratamento de Efluentes Oleosos 45

2.4.1. Processos Convencionais para Tratamento de Efluentes Oleosos 45

2.4.2. PSM para Tratamento de Efluentes Oleosos 49

2.4.3. Combinação de processos para Tratamento de Efluentes Oleosos 56

CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS 61

3.1. Sistema em Escala de Bancada 61

3.1.1.Efluente Sintético 61

3.1.1.1. Preparo do Efluente Sintético (Emulsões) 61

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3.1.1.2. Seleção das Condições de preparo das emulsões 62

3.1.1.3. Procedimento dos Testes de Permeação com Efluente

Sintético

62

3.1.2. Efluente Real (REDUC) 63

3.1.3. Determinação da Concentração de Óleo 63

3.1.4. Sistemas de Permeação em Escala de Bancada 65

3.1.5. Membranas Utilizadas 66

3.1.6. Condições Operacionais 67

3.1.7. Variáveis Analisadas 67

3.1.8. Limpeza do Sistema de Bancada 68

3.2. Sistema em Escala Piloto 70

3.2.1. Emulsões simulando Efluente de Refinaria 70

3.2.2. Determinação da Concentração de Óleo 73

3.2.3. Determinação da Distribuição do Tamanho de Partículas 73

3.2.4. Determinação da Condutividade 74

3.2.5. Sistema de Permeação em Escala de Bancada 74

3.2.6. Membrana Utilizada 75

3.2.7. Condições Operacionais 76

3.2.8. Variáveis Analisadas 76

3.2.9. Limpeza do Sistema 77

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 78

4.1. Sistema em Escala de Bancada 78

4.1. 1. Efluente Sintético 78

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4.1.1.1. Seleção das condições de emulsificação 78

4.1.1.2 . Testes de Circulação 83

4.1.1.3. Testes de Permeação 84

4.1.2. Efluente Real (REDUC) 92

4.2. Sistema em Escala Piloto 95

4.2.1. Distribuição do Tamanho das Gotas de Óleo 95

4. 2.1.1. Efeito da Concentração de Óleo 100

4. 2.1.2. Efeito da Salinidade 103

4. 2.1.3. Efeito dos SST 106

4.2.1.4 . Efeitos Combinados (Salinidade + SST) 108

4.2.2. Determinação da Permeabilidade Hidráulica da Membrana 109

4.2.3. Testes de Permeação 111

4.2.3.1. Avaliação do Fluxo de Permeado 111

4.2.3.1.1. Efeito da Concentração de Óleo 111

4.2.3.1.2. Efeito da Pressão de Operação 112

4.2.3.1.3. Estabilidade do Sistema 113

4.2.3.1.4. Efeito da Salinidade 114

4.2.3.1.5. Efeito da Temperatura 115

4.2.3.1.6. Efeito dos SST 116

4.2.3.1.7. Efeitos combinados das variáveis (Salinidade e SST) 118

4.2.3.2. Avaliação da Rejeição da Membrana à Fase Dispersa 119

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CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES 121

5.1. Conclusões 121

5.2. Sugestões 127

CAPÍTULO 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 128

CAPÍTULO 7- ANEXOS 139

7.1. Unidade Geradora de Emulsões do LARA/CENPES/PETROBRAS 139

7.2. Resultados dos testes na unidade piloto de MF 144

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xii

ÍNDICE DE FIGURAS

Página

Figura 1.1.1. Distribuição de água no planeta 2

Figura 2.1.1. Mecanismos de instabilidade das emulsões 16

Figura 2.2.1. Representação esquemática da seção transversal das diferentes

morfologias de membranas

21

Figura 2.2.2. Transporte de massa através de membranas 22

Figura 2.2.3. Transporte molecular através de membranas densas e porosas 23

Figura 2.2.4. Comparação entre a filtração convencional (“dead - end”) e

filtração tangencial (“cross – flow filtration”)

25

Figura 2.2.5. Fenômeno da Polarização da Concentração 25

Figura 2.2.6. Queda de fluxo permeado com o tempo de operação. Fenômenos

de polarização de concentração e formação de incrustações

(“fouling”)

27

Figura 2.2.7. Esquema do modelo do Filme 30

Figura 2.2.8. Tipos de resistências à transferência de massa

33

Figura 3.1.2.1 Fluxograma simplificado do processo de tratamento de efluentes

da REDUC

63

Figura 3.1.3.1. Exemplo de curva de calibração para a emulsão com óleo diesel

e DSS (4 * CMC). Condições de preparo: 24.000 rpm, 1 minuto

64

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Figura 3.1.3.2. Comparação entre as medidas de determinação da

concentração de óleo diesel (Horiba x Espectrofotômetro)

65

Figura 3.1.4.1. Esquema do Sistema de Permeação em Escala de Bancada

66

Figura 3.1.4.2. Sistema de Permeação em Escala de Bancada 66

Figura 3.2.1.1. Fluxograma de processo simplificado da unidade geradora de

emulsões

71

Figura 3.2.1.2. Óleos utilizados na simulação do efluente de refinaria, diesel à

esquerda e Marlim à direita

72

Figura 3.2.5.1. Esquema do Sistema de Permeação em Escala Piloto 74

Figura 3.2.5.2. Sistema de Permeação em Escala Piloto

75

Figura 3.2.6.1. Membranas de fibra oca de MF 76

Figura 4.1.1.1. Variação da absorbância da emulsão óleo diesel/água medida

em espectrofotômetro com célula de fluxo contínuo

79

Figura 4.1.1.2. Estabilidade das emulsões com diferentes tipos de

emulsificantes

80

Figura 4.1.1.3. Estabilidade da emulsão em função do tempo de agitação,

velocidade de agitação de 24.000 rpm

81

Figura 4.1.1.4. Estabilidade da emulsão em diferentes velocidades de agitação,

tempo de agitação de um minuto

81

Figura 4.1.1.5. Estabilidade da emulsão em diferentes concentrações de DSS.

Condições de preparo: 24.000 rpm e 1 minuto de agitação

82

Figura 4.1.1.6. Testes de estabilidade da emulsão no sistema com circulação

da alimentação utilizando filme denso

84

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Figura 4.1.1.7. Variação da absorbância de emulsões óleo/água em diferentes

condições operacionais utilizando membrana de UF de 20 kDa

85

Figura 4.1.1.8. Fluxo permeado de emulsões óleo/água obtido em diferentes

condições operacionais utilizando membrana de UF de 20 kDa

86

Figura 4.1.1.9. Rejeição da membrana de UF de 20 kDa à fase dispersa em

diferentes condições operacionais

87

Figura 4.1.1.10. Fluxo permeado com troca da emulsão em experimentos com

membrana de UF de 20 kDa. Condições operacionais: 3 bar, 20

L/h e 100 L/h

88

Figura 4.1.1.11. Variação da absorbância da emulsão em diferentes

concentrações de óleo diesel e adição da NaCl. Condições

operacionais: 1 bar e 45L/h para a membrana de MF de 0,22 µm

(a); 3 bar e 20 L/H para as membranas de UF de 20 kDa (a); 50

kDa (c) e 100 kDa (d)

89

Figura 4.1.1.12. Variação do fluxo de permeado da emulsão em diferentes

concentrações de óleo diesel e com adição de NaCl. Condições

operacionais: 1 bar e 45L/h para a membrana de MF de 0,22 µm

(a); 3 bar e 20 L/h para as membranas de UF de 20 kDa (b), 50

kDa (c), e 100 kDa (d)

90

Figura 4.1.2.1. Fluxos finais de permeado para os efluentes da saída da lagoa e

do flotador para as diferentes membranas

93

Figura 4.2.1.1. Comparação visual entre a estabilidade da emulsão gerada no

turrax (direita) e a emulsão gerada na planta (esquerda), ambas

com 600mg/L de óleo Diesel

96

Figura 4.2.1.2. Variação da absorbância das emulsões geradas no turrax e na

planta, com 150 mg/L de Marlim (a) e 50 mg/L de óleo Diesel (b)

97

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Figura 4.2.1.3. DTG da emulsão com 50 mg/L de óleo, Marlim e Diesel gerada

na planta (∆P= 5kgf/cm2) (a) e (c), e no turrax (10.000 rpm, 1

minuto) (b) e (d)

98

Figura 4.2.1.4. Esquema de formação e coalescência inicial dos óleos Diesel

(esquerda) e Marlim (direita). Viscosidade: Marlin (50ºC) = 76,49

cSt; Diesel (40ºC) = 2,5 a 5,5 cSt

99

Figura 4.2.1.5. DTG da emulsão com 50 (a), 100 (b) e 250 (c) mg/L de Marlim

gerada na planta (∆P = 5kgf/cm2)

101

Figura 4.2.1.6. DTG da emulsão com 50 (a), 100 (b) e 250 (c) mg/L de Diesel

gerada na planta (∆P = 5kgf/cm2)

102

Figura 4.2.1.7. Efeito da Salinidade na DTG da emulsão de 50 mg/L de óleo de

Marlim gerada no turrax (10.000 rpm, 1 minuto), com diferentes

concentrações de NaCl. (a) sem NaCl; (b) 10.000 mg/L (c) 50.000

mg/L

104

Figura 4.2.1.8. Efeito da salinidade na DTG normalizada da fração emulsificado

de óleo Marlim (a) e Diesel (b)

105

Figura 4.2.1.9.. Distribuição de tamanho da bentonita (30 mg/L), gerada no

turrax (10.000 rpm, 1 minuto)

106

Figura 4.2.1.10. DTG da emulsão com 50 mg/L de óleo de Marlim (a) e Diesel

(c) e efeito da adição de 30 mg/L de bentonita (b) e (d). Emulsão

gerada no turrax (10.000 rpm, 1 min)

107

Figura 4.2.1.11. DTG da emulsão com 50 mg/L de óleo de Marlim (a) e Diesel

(c) e efeito da adição de 30 mg/L de bentonita e 10.000 mg/L de

NaCl (b) e (d). Emulsão gerada no turrax (10.000 rpm, 1 min)

109

Figura 4.2.2.1. Permeabilidade da membrana de MF, determinada com água

destilada microfiltrada

110

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Figura 4.2.3.1. Efeito da concentração dos óleos de Marlim (a) e Diesel (b) no

fluxo final e inicial de permeado (P = 0,5 bar). Tempo total de

permeação = 5 horas

111

Figura 4.2.3.2. Efeito da pressão de operação no fluxo de permeado com 50

mg/L de Marlim (a) e 50 mg/L de Diesel (b)

112

Figura 4.2.3.3. Variação do fluxo permeado do efluente com óleo de Marlim (50

mg/L) (a) 0,25 bar e (b) 0,5 bar

113

Figura 4.2.3.4. Variação do fluxo permeado do efluente com óleo Diesel (0,25

bar e 250 mg/L)

114

Figura 4.2.3.5. Efeito da Salinidade no fluxo final de permeado, pressão de 0,5

bar e concentração de 50 mg/L de Marlim (a) e Diesel (b)

115

Figura 4.2.3.6. Efeitos da temperatura de operação sobre o fluxo permeado de

emulsões de óleo de Marlin (50 mg/L) com 50.000 mg/L de NaCl e

sem presença de eletrólito. P = 0,25 bar

116

Figura 4.2.3.7. Efeito da presença de SST (30 mg/L bentonita) no fluxo

permeado de efluentes com 50 mg/L de Marlim (a) e 50 mg/L de

Diesel (b). P = 0,5 bar

117

Figura 4.2.3.8. Efeito da salinidade e SST no fluxo permeado de efluente com

50 mg/L de óleo Diesel. P = 0,5 bar

118

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xvii

ÍNDICE DE TABELAS

Página

Tabela 2.1.1. Classificação dos agentes emulsificantes segundo os valores

de HLB

13

Tabela 2.2.1. Eventos que contribuíram para o desenvolvimento da ciência e

tecnologia de membranas

20

Tabela 2.2.2. Técnicas para melhorar o fluxo de permeado 27

Tabela 2.3.1. Concentração de óleo em efluentes industriais 37

Tabela 2.3.2. Toxicidade dos hidrocarbonetos aromáticos em várias espécies

de animais marinhos

41

Tabela 2.3.3. Concentração de óleo e SST nos efluentes do refino

43

Tabela 2.3.4. Dados de descarga dos efluentes de refinaria na Europa

43

Tabela 2.3.5. Refinarias de petróleo brasileiras e volume de efluentes gerado

44

Tabela 3.1.5.1. Permeabilidades hidráulicas das membranas analisadas

67

Tabela 3.2.1.1. Características do Petróleo de Marlim (P-20)

72

Tabela 3.2.1.2. Características do Óleo Diesel (S-500)

72

Tabela 4.1.1.1. Rejeições dos experimentos com aumento de concentração

da fase oleosa e com adição de NaCl

91

Tabela 4.1.2.1. Fluxo de permeado para os efluentes do saída do flotador e

da saída da lagoa de estabilização para as diferentes

membranas testadas

92

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Tabela 4.1.2.2. Rejeições à fase oleosa dos efluentes do flotador e lagoa

para as diferentes membranas testadas

94

Tabela 4.3.2.1. Rejeição da membrana ao óleo de Marlim e ao óleo Diesel

em diferentes condições de operação

120

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1. 1. CONTEXTO E MOTIVAÇÃO

De todas as crises sociais e naturais que os seres humanos devem enfrentar, a

dos recursos hídricos é a que mais afeta a nossa sobrevivência.

Em várias regiões, a água tem sido utilizada em quantidades superiores ao

volume disponível, gerando problemas de escassez. Admite-se que o consumo

mundial aumentou 35 vezes ao longo dos três últimos séculos, em função do aumento

do consumo em residências, indústrias, etc. (NASCIMENTO et al., 2004).

O volume total de água disponível no planeta é da ordem de 1,5 milhões de

km3. Deste total, aproximadamente 97,5% correspondem à água salgada, de difícil

utilização para abastecimento doméstico, industrial ou irrigação, por necessitar de

tratamentos, por exemplo, dessalinização, que, na maioria das vezes têm alto custo.

Os restantes 2,5% correspondem à água doce, que está disponível na forma de

geleiras (68,9%) e em águas subterrâneas (29,9%). Apenas 0,3% do total existente no

planeta está disponível na condição de água doce na superfície de rios, lagos e em

reservatórios subterrâneos pouco profundos que oferecem maior facilidade para

utilização humana (RAINHO, 1999). A Figura 1.1.1 ilustra a distribuição de água no

planeta.

O Brasil encontra-se em posição privilegiada em termos de recursos hídricos,

pois apresenta a média de 36.000 m3 de água por habitante. Entretanto, da água

disponível no Brasil 80% estão na Bacia Amazônica, onde vivem apenas 5% da

população brasileira, enquanto que os restantes 20% de água devem atender às

necessidades dos remanescentes 95% da população, que vivem nos centros mais

densamente povoados (RAINHO, 1999).

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Figura 1.1.1. Distribuição de água no planeta.

Fonte: http://www.soaresoliveira.br/projetoagua/agua.html, 2003.

A diminuição dos recursos hídricos, associada a uma maior demanda de água

potável, ameaça transformar esta matéria em uma explosiva questão geopolítica, já

que muitas bacias hidrográficas se localizam em áreas de fronteira entre vários países.

Muitos especialistas prevêem que as guerras do próximo século serão pela posse da

água. Portanto, a água no século 21 deverá desempenhar um papel semelhante ao do

petróleo no século 20.

Um dos maiores desafios da indústria no novo milênio é conviver pacificamente

com o meio ambiente em tempos de escassez de recursos hídricos. A geração de uma

enorme quantidade de efluentes industriais, acompanhada da conscientização das

conseqüências do descarte destes efluentes nos recursos naturais, tem obrigado a

indústria a adotar novas políticas ambientais (AL-READHWAN et al., 2005).

O impacto combinado de uma legislação mais rigorosa, da pressão da

sociedade por políticas ambientais responsáveis e do custo financeiro cada vez mais

alto, tem levado a maioria das empresas à conclusão de que é vantajoso tomar a

iniciativa de gerenciar e tratar adequadamente os seus resíduos. As políticas

industriais de minimização da geração de resíduos, por sua vez, têm levado à

produção de efluentes com novas características.

Várias tecnologias foram desenvolvidas para o tratamento de efluentes

industriais. A seleção da tecnologia depende das características do efluente e da

qualidade que se deseja para o produto final, além de custo e facilidade de operação

do processo.

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Nos últimos anos, considerável atenção tem sido dada para a descarga de

efluentes oleosos e seu impacto no meio ambiente. A poluição da água por óleo é

especialmente nociva à vida aquática, porque diminui a penetração de luz e perturba o

mecanismo de transferência de oxigênio. Conseqüentemente, remover óleo de

efluentes é um importante aspecto no controle de poluição de várias indústrias

(SRIJAROONRAT et al., 1999).

Indústrias como a do aço, alumínio, alimentos, têxtil, couro, petroquímica e de

acabamento de metais relatam altos níveis de óleo nos seus efluentes. Estes

poluentes podem estar presentes na forma livre, dispersa ou emulsificada, de acordo

com o tamanho das partículas (CHERYAN & RAJAGOPALAN, 1998).

A exploração e o refino de petróleo são uma das mais importantes atividades

industriais da sociedade moderna, e seus derivados são empregados em vários

destinos (OLIVEIRA et al., 2005). As refinarias de petróleo são no geral, grandes

consumidoras de água, gerando assim grandes quantidades de efluentes. A água é

utilizada para diversos fins como produção de vapor d’água, água de processo,

proteção contra incêndio e uso doméstico, mas sua principal utilização é a

refrigeração. Considera-se que o fator global médio de utilização de água no refino

está em torno de 0,9 m3 de água por m3 de petróleo processado (DIEPOLDER, 1992).

Os efluentes de refinaria apresentam composição química bastante complexa.

Além de uma grande quantidade de óleo, podem conter uma série de poluentes

provenientes de várias fontes em função dos diferentes processos empregados no

refino do petróleo. Segundo CHERYAN & RAJAGOPALAN (1998) a concentração de

óleo em efluentes de refinaria pode variar entre 10 e 3.200 mg/L.

O óleo presente nos efluentes de refinaria pode ser proveniente de diferentes

fontes, em função dos diferentes processos de refino do petróleo. Entre essas fontes

encontram-se as unidades de destilação, hidrotratamento, viscorredução,

craqueamento catalítico, hidrocraqueamento, óleo lubrificante, utilidades (chuva), entre

outros.

Independente da emulsão que se forme, o descarte da solução oleosa só é

permitida depois que o óleo e os sólidos em suspensão são removidos. A

concentração máxima permitida de óleo e sólidos nos efluentes depende da legislação

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de cada país. No Brasil, de acordo com CONAMA 357/05 (2005), a concentração de

óleo nos efluentes não deve exceder 20 mg/L.

Para SRIJAROONAT et al. (1999), várias técnicas tradicionais são usadas para

tratamento de efluentes oleosos. O óleo livre (diâmetro das gotas > 150 µm) pode ser

facilmente separado por meios mecânicos, como sedimentação por gravidade

(separador API “American Petroleum Institute”), “skimming”, flotação por ar dissolvido

(DAF “Dissolved Air Flotation”), coalescência e centrifugação. Para emulsões instáveis

que contém gotas de óleo com diâmetro maior que 100 µm, técnicas de separação

química como floculação e coagulação são aplicadas. Mas todas as técnicas descritas

acima têm limitações para separar gotas com diâmetros menores que 20 µm. Devido a

sua estabilidade, algumas destas são impossíveis de quebrar por meios químicos.

Os processos de separação por membranas (PSM), desenvolvidos nos últimos

trinta anos, são uma alternativa para o tratamento de efluentes oleosos, inclusive na

forma de emulsões estáveis (SRIJAROONRAT et al., 1999).

Os PSM são relativamente simples e fáceis de serem operados, são

energeticamente econômicos, práticos e produzem um efluente com boa qualidade,

facilitando seu reúso no processo industrial (TAY & JEYASEELAN, 1995).

A utilização dos PSM como microfiltração (MF), ultrafiltração (UF), nanofiltração

(NF) e osmose inversa (OI), têm aumentado consideravelmente para o tratamento de

efluentes oleosos (CHERYAN & RAJAGOPALAN, 1998).

Segundo SRIJAROONRAT et al. (1999), os processos de MF e UF têm sido

usados para tratar emulsões concentradas com alta eficiência de remoção de óleo,

sem requerer aditivos químicos e com maior economia que os processos

convencionais de tratamento.

HONG et al. (2003) relatam a existência de vários estudos usando processos

de separação por membranas para tratamento de emulsões, a maioria focando o uso

de membranas de UF e MF na rejeição das gotas de óleo. Em qualquer modo de

operação, as gotas de óleo são completamente retidas e a fase contínua é permeada.

Segundo LIN & LAN (1998) diferentemente da separação de suspensões, a separação

de emulsões por PSM, envolve fenômenos adicionais que devem ser compreendidos,

como a deformação das gotas, a coalescência ou inversão de fase. De acordo com

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NAZZAL & WIESNER (1996), é importante encontrar a pressão crítica de operação,

abaixo da qual à rejeição é maximizada, e acima da qual pode ocorrer a coalescência

ou a passagem das gotas de óleo pela membrana.

Este fato demonstra a importância da otimização das condições de operação,

bem como do estudo dos fenômenos envolvidos na separação óleo/água, na melhoria

da eficiência dos processos de permeação.

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1.2. OBJETIVOS

1.2.1. OBJETIVO GERAL

Neste contexto, utilizando os processos de separação por membranas (PSM),

mais especificamente ultrafiltração (UF) e microfiltração (MF), o presente trabalho tem

como objetivo geral estudar os principais fenômenos que influenciam na separação

óleo/água de efluentes oleosos.

O desempenho do processo de permeação para tratamento de efluentes

oleosos será avaliado em função do fluxo de permeado (J, em L/hm2) e da rejeição da

membrana à fase orgânica dispersa (R, em %).

1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Preparar efluentes sintéticos (emulsões) que representem o comportamento de

efluentes oleosos, em diferentes concentrações de óleo, diferentes concentrações e

tipos de emulsificantes e na presença de salinidade, e quando submetido às condições

operacionais do processo de permeação;

Avaliar o desempenho dos processos de UF e MF para separação de óleo destes

efluentes sintéticos, em diferentes condições operacionais, em escala de bancada;

Avaliar o desempenho dos processos de UF e MF na separação de óleo utilizando

efluente real oriundo do processamento do petróleo em escala de bancada;

Testar o desempenho do processo de permeação para o tratamento de efluentes

oleosos em escala piloto, simulando efluente de refinaria com dois tipos de óleo (leve

e pesado), em diferentes concentrações, presença de sólidos suspensos totais (SST)

e de salinidade, e em diferentes condições de operação;

Aprofundar o estudo da influência de SST e salinidade na estabilidade do

processo de permeação e na distribuição de tamanho das gotas (DTG) das emulsões;

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1. 3. ESTRUTURA DO TRABALHO

A apresentação deste trabalho foi dividida conforme os seguintes capítulos:

O capítulo 2 apresenta uma revisão dos principais aspectos envolvidos na

pesquisa. Primeiramente é apresentada uma revisão sobre emulsões, envolvendo sua

classificação, preparo, efeito da presença de emulsificantes e outros fatores que

interferem na sua estabilidade.

Logo após são comentados os processos de separação por membranas

(PSM), suas vantagens e limitações.

Ainda no Capítulo 2 serão apresentadas as características dos efluentes

oleosos, os tipos de indústrias que os geram, de que maneira eles interferem no meio

ambiente, bem como a forma mais comum na qual estes efluentes podem aparecer

dependendo do tamanho das gotas de óleo. Dentro desta revisão serão descritas

ainda as características de efluentes do refino de petróleo.

Em seguida são apresentados comentários sobre os processos convencionais

para tratamento de efluentes oleosos e no final deste capítulo são comentadas as

utilizações dos PSM para o tratamento destes efluentes, os problemas que

normalmente surgem em razão da composição deste efluente, bem como o uso de

processos combinados aos PSM para melhorar a eficiência na remoção de óleo.

No capítulo 3 é descrita a metodologia experimental utilizada, assim como os

materiais e equipamentos utilizados para o desenvolvimento do trabalho. Este capítulo

está dividido em duas etapas: sistema em escala de bancada e sistema em escala

piloto.

No capítulo 4 são descritos os resultados obtidos e a discussão destes. Este

capítulo também está dividido em duas etapas: sistema em escala de bancada e

sistema em escala piloto.

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O capítulo 5 mostra as principais conclusões obtidas durante a realização da

tese, bem como sugestões para trabalhos posteriores.

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2.1. EMULSÕES

Colóides são uma ampla classe de materiais. Sua estrutura básica consiste de

uma dispersão de um líquido em outro, no qual a fase dispersa possui tamanho típico

de poucas moléculas até vários micrometros. Alguns colóides são

termodinamicamente estáveis e geralmente formam-se espontaneamente, enquanto

outros são metaestáveis e necessitam alguma energia para prepará-los, possuindo

algumas propriedades específicas (BIBETE et al., 2002). Emulsões exibem

comportamento de colóides metaestáveis: movimento Browniano, transições de fase

reversíveis como resultado da interação das gotas, e transições de fase irreversíveis

que geralmente envolvem sua destruição (CAPEK, 2004).

Emulsões são sistemas heterogêneos onde no mínimo um líquido imiscível

está intimamente disperso em outro líquido na forma de gotas, com diâmetros, no

geral, excedendo 0,1 µm. A fase finamente dividida é chamada fase interna ou

dispersa e a fase externa é chamada de fase contínua ou meio de dispersão.

De acordo com VOYUTSKY (1978) as emulsões são classificadas em função

da polaridade da fase dispersa no meio dispersante ou da concentração da fase

dispersa no sistema. De acordo com a polaridade as emulsões podem ser de um

líquido não polar em um líquido polar (emulsão óleo/água: O/A) e são classificadas

como de primeira ordem, ou podem ser de um líquido polar em um líquido não polar

(emulsão água/óleo: A/O) e classificadas como emulsões de segunda ordem. Existem

ainda as emulsões múltiplas, onde a partícula dispersa já é uma emulsão (A/O/A ou

O/A/O).

De acordo com a concentração, as emulsões são classificadas em diluídas

(concentração da fase dispersa < 0,1% v/v), concentradas (concentração da fase

dispersa entre 0,1 e 74% v/v), ou altamente concentradas (concentração da fase

dispersa > 74%) (VOYUTSKY, 1978).

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As emulsões diluídas e concentradas exibem dinâmica interna e propriedades

mecânicas completamente diferentes. Quando a emulsão é fortemente diluída, as

gotas são agitadas por movimento Browniano e exibem comportamento de fluidos

Newtonianos. Quando a emulsão é mais concentrada, a dinâmica interna é

severamente restrita e a emulsão comporta-se como um corpo visco elástico (BIBETE

et al., 2002).

Do ponto de vista termodinâmico, o aumento da área interfacial sempre resulta

em aumento de energia livre. Esta relutância da fase sólida ou líquida para aumentar a

superfície define muitas das propriedades interfaciais das fases condensadas e é

chamada tensão superficial ou interfacial (γ). A tensão interfacial em emulsões é

geralmente da ordem de 1–10 mN/m, isto em conexão com uma grande área

interfacial resulta em uma elevada energia interfacial.

A propriedade física mais importante de uma emulsão é a sua estabilidade.

Esta pode ser relacionada a vários fenômenos. De acordo com ROSSEAU (2000)

emulsões são sistemas termodinamicamente instáveis, que podem apresentar

estabilidade cinética. Estabilidade pode ser definida como resistência às mudanças

físicas. A estabilização pode ser alcançada mecanicamente ou pela adição de

emulsificantes, proteínas ou agentes espessantes de emulsão.

Emulsões Estabilizadas Mecanicamente

As emulsões estabilizadas mecanicamente são aquelas estabilizadas por

cargas elétricas ou outras forças diferentes à influência de agentes ativadores

superficiais (MUÑOZ, 1998). A estabilidade deste tipo de emulsões é altamente

dependente do tamanho das gotas, da distribuição do tamanho de gotas (DTG), do

volume da fase dispersa e fundamentalmente da carga superficial que origina um

potencial de repulsão entre as gotas.

Numa emulsão onde coexistam gotas de diferentes tamanhos, as maiores

tendem a crescer à custa das menores, desestabilizando o sistema. Assim, uma

emulsão com gotas de menor tamanho e distribuição mais uniforme, será mais

estável. O aumento do volume da fase dispersa provoca uma diminuição na

estabilidade do sistema, devido a uma redução da distância entre as gotas,

favorecendo à coalescência.

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Emulsões Estabilizadas por Fatores Físico-Químicos

Emulsões óleo/água são sistemas termodinamicamente instáveis que possuem

uma tendência natural a desestabilizarem-se porque possuem uma grande área

interfacial (ROSSEAU, 2000). Uma diminuição na tensão interfacial devido à ação de

um agente estabilizante reduz a força motriz que induz a coalescência, promovendo a

estabilidade. As emulsões possuem uma estabilidade mínima, que pode ser

acentuada pela adição de agentes de superfície ativa (tensoativos), sólidos finamente

divididos, etc.

Moléculas e íons que são adsorvidos nas interfaces são chamados agentes de

tensão superficial, tensoativos ou surfactantes. Estas espécies são anfipáticas (ou

anfifílicas) constituídas de uma porção hidrofóbica e uma porção hidrofílica. A porção

apolar é freqüentemente uma cadeia hidrocarbonada enquanto a porção polar pode

ser iônica (aniônica, catiônica ou anfotérica) ou não iônica. Em função da presença de

grupos hidrofílicos e hidrofóbicos na mesma molécula, os surfactantes tendem a se

distribuir nas interfaces entre as fases fluidas com diferentes graus de polaridade (O/A

e A/O). A formação de um filme molecular, ordenado nas interfaces reduz a tensão

interfacial e evita ou retarda à coalescência e a floculação. Estas propriedades fazem

os surfactantes serem adequados para uma ampla gama de aplicações industriais

envolvendo: detergência, emulsificação, lubrificação, capacidade molhante,

capacidade espumante, solubilização e dispersão de fases (NITSCHKE & PASTORE,

2002).

SHAW (1975) explica que os agentes emulsificantes formam um filme

interfacial ao redor das gotas da fase dispersa e dependendo da natureza do agente

emulsificante, favorecem a estabilidade da emulsão.

Fatores que favorecem a estabilidade das emulsões:

Baixa Tensão Interfacial: a adsorção de emulsificante na interface O/A produz

uma diminuição na energia interfacial, intensificando a estabilidade das grandes

áreas interfaciais associadas com as emulsões;

Repulsão da Camada Elétrica Dupla (CED): Forças superficiais na interface da

partícula e do líquido são muito importantes devido ao tamanho microscópico dos

colóides. Um dos maiores efeitos de superfície é o eletrocinético. Cada colóide

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carrega uma “carga elétrica” que produz uma força mútua de repulsão entre as

partículas adjacentes. Se a carga elétrica é suficientemente alta, os colóides irão

permanecer separados, dispersos ou em suspensão. Reduzindo ou eliminando a

carga tem-se o efeito oposto, os colóides irão aglomerar firmemente e sedimentar

ou gelificar;

Filme Interfacial Mecanicamente Forte: existem outros efeitos que devem ser

considerados sempre que se trabalha com estabilidade da partícula. A

estabilização espacial é mais significante. Usualmente envolve a adsorção de

moléculas de polímeros na superfície das partículas. Pode-se visualizar a camada

de adsorção como uma barreira ao redor de cada partícula, prevenindo que elas

cheguem perto suficiente para que as forças de atração de van der Waals causem

floculação. Diferente da estabilização eletrostática, não existe em escala longa de

forças repulsivas e as partículas estão sujeitas a forças atrativas até porções

externas das moléculas em contato uma com as outras. Algumas cadeias longas

de polímeros são grandes suficientes para adsorver na interface de várias

partículas ao mesmo tempo, unindo-as, e assim promovendo a floculação;

Alta Viscosidade: retarda a velocidade de “creaming” e de coalescência, entre

outras; Gotas de pequeno tamanho;

Volumes relativamente pequenos da fase dispersa.

Quando um surfactante é adicionado à água suas moléculas tentam se arranjar

de modo a minimizar a repulsão entre grupos hidrofóbicos e a água: os grupos polares

ficam na solução aquosa e os grupos apolares ficam na interface água-ar,

minimizando o contato com a água, ou formam agregados, denominados micelas,

onde a parte apolar é voltada para o interior do agregado. A formação das micelas

ocorre a partir de uma determinada concentração, chamada de Concentração Micelar

Crítica (CMC), que é uma propriedade intrínseca e característica do surfactante. Após

a CMC, as micelas ficam dispersas em toda a solução, não apresentando efeito sobre

a tensão superficial da água. A efetividade do surfactante em reduzir a tensão

interfacial pode ser medida pela redução da tensão superficial, ou pressão superficial,

alcançada na CMC.

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A efetividade de um emulsificante é dada por um número que representa o

Balanço Hidrofílico-Lipofílico, HLB (“Hidrophilic-Lipophilic Balance”). Utiliza-se uma

escala arbitrária de valores, criada por GRIFFIN (1949), para quantificar o equilíbrio

hidrofílico-lipofílico para diferentes agentes de tensão superficial. Conforme SHINODA

& KUNIEDA (1983), um fator importante no estudo de emulsões é a seleção de

surfactantes adequados que emulsifiquem satisfatoriamente as substâncias

selecionadas, a uma dada temperatura. O balanço hidrofílico-lipofílico (HLB) é o índice

freqüentemente utilizado. A Tabela 2.1.1 apresenta a classificação dos agentes

emulsificantes de acordo com a escala HLB.

Tabela 2.1.1. Classificação dos agentes emulsificantes segundo os valores de HLB.

Dispersibilidade/Solubilidade em água

Número HLB Aplicação

Não dispersa na água 0

2

4

Pobre dispersibilidade 6

Emulsificante para A/O

Dispersão Leitosa instável 8

Dispersão leitosa estável 10

Agente Umectante

Solução clara transparente 12

Solução clara 14

16

18

Emulsificante para O/A

Fonte: BECHER, 2001.

Segundo LEVINE & SANFORD (1985) a estabilização de emulsões O/A por

partículas sólidas finamente divididas pode ser governada por três fatores:

O tamanho das partículas deve ser pequeno quando comparado com o

tamanho das gotas;

As partículas devem estar em um estado de incipiente floculação e devem ser

parcialmente molhadas por ambos componentes na emulsão óleo e água;

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O sólido deve ter um ângulo na linha de contato das três fases

(óleo/água/sólido) da ordem de 90o. Também o emulsificante sólido deve ser

molhado pela fase contínua.

Segundo BINKS (2002), no caso de partículas esféricas que adsorvem na

interface (água/ar ou água/óleo) um parâmetro importante é o ângulo de contato θ, que

a partícula faz com a interface. Para partículas hidrofílicas, por exemplo, óxidos

metálicos, θ medido na fase aquosa é normalmente <90o e grande parte da superfície

de partícula reside mais na água do que na fase polar. Para partículas hidrofóbicas, θ

é geralmente maior do que 90o e a partícula reside mais no ar ou óleo do que na água.

Pela analogia com moléculas surfactantes, a monocamada irá se curvar até que a

maior área da superfície da partícula permaneça do lado externo, dando preferência

ao ar ou ao óleo em água quando θ<90o e água em ar ou óleo quando θ>90o.

Alguns pesquisadores citados por MUÑOZ (1998), estudaram o efeito de

sólidos finamente divididos e agentes ativadores superficiais sobre a estabilidade das

emulsões. Os sólidos estudados foram caulinita, bentonita, carvão e várias classes de

surfactantes. Observaram que as partículas hidrofílicas, caulinita e bentonita,

estabilizam a emulsão O/A, enquanto que o carvão, hidrofóbico, forma emulsão

estável A/O. Alguns pesquisadores afirmam que há suficiente evidência experimental

que suporta a teoria de que partículas hidrofóbicas estabilizam emulsões A/O e

partículas hidrofílicas, O/A.

Na indústria de petróleo, os ativadores superficiais são produtos de oxidação

e/ou reagentes químicos residuais utilizados durante o processo de extração

(inibidores de corrosão e incrustação, e agentes desemulsificantes) empregados

durante o tratamento das emulsões A/O, os quais podem exercer ação emulsificante

nos sistemas O/A. Os sólidos finamente divididos são principalmente argilas e quartzo

(silte) (MUÑOZ, 1998).

As propriedades das emulsões dependem não só das suas variáveis de

estado, mas também dos métodos de preparação. No preparo de emulsões é

importante levar em consideração a natureza do emulsificante, tratamento mecânico

(agitação), temperatura e a razão de volume das fases.

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Os processos de emulsificação podem começar pela formação de gotas de

uma fase em outra, através da ação de um impelidor (“mixer”). Estas gotas podem ser

estabilizadas pela ação de emulsificantes. As gotas formadas dependem de dois

processos que competem: migração do emulsificante na interface (que estabiliza a

emulsão) e coalescência (que destrói a emulsão). Se as gotas de outra fase alcançam

algum grau de estabilização, uma emulsão será formada, senão, a separação de fases

irá ocorrer imediatamente (VILLALBA-URBINA & GARCIA-SUCRE, 2001).

O método convencional de emulsificação envolve o bombeamento de dois

fluidos juntos com alta taxa de cisalhamento ou turbilhonamento. O tempo de

residência dos fluidos nestas condições pode ser da ordem de vários minutos em

tanques agitados, ou de microsegundos, como em homogenizadores de laticínios

(LOBO et al., 2002).

Emulsificação por membrana é uma técnica que tem recebido muita atenção

nos últimos dez anos no preparo de emulsões com estreita distribuição de tamanho de

gotas. Uma emulsão pode ser preparada forçando a fase dispersa na fase contínua

através dos poros da membrana. Com esta técnica podem ser preparadas emulsões

O/A e A/O, dependendo das propriedades da membrana empregada. O resultado do

tamanho das gotas depende primeiramente do tamanho do poro da membrana. As

membranas porosas resultam em emulsões uniformes com tamanho de gotas entre

0,3 a 30 µm sob condições adequadas de operação. Em adição, emulsificação por

membrana aplica pequenas tensões de cisalhamento e necessita de baixa energia

mecânica, sendo útil para preparar emulsões que contém materiais sensíveis ao

cisalhamento (KOBAYASHI et al., 2002).

DICKINSON (2003) relata que vários fatores afetam a estabilidade da emulsão:

distribuição do tamanho das gotas (inicialmente determinada pelo equipamento de

emulsificação, concentração e tipo de emulsificante, razão óleo/água e outros fatores

como temperatura, pH e viscosidade), natureza da camada interfacial adsorvida

(determinada pelo tipo de emulsificante, interação e competição entre as espécies

envolvidas), natureza da fase aquosa contínua (reologia, qualidade do solvente,

ambiente iônico, polímeros não adsorvidos e anfifílicos) e natureza da fase óleo

dispersa (conteúdo sólido/líquido e solubilidade da fase contínua).

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Desestabilização das Emulsões

Pode ocorrer a instabilidade física das emulsões através da dispersão, causada

pelo movimento Browniano, difusão e colisão efetiva, com isso ocorrem forças

atrativas entre as gotas, formam-se agregados (floculação), ocorre o rompimento do

filme interfacial e coalescência e paralelamente a estes fenômenos, as gotas podem

flotar ou sedimentar (tamanho).

A degradação física em emulsões é devido à tendência espontânea de

minimizar a área interfacial entre a fase dispersa e o meio de dispersão. As emulsões

podem degradar por diferentes mecanismos: “creaming”, inversão de fases,

envelhecimento de Ostwald e pela floculação seguida de coalescência

(desemulsificação), mecanismos estes mostrados na Figura 2.1.1. Todos estes

fenômenos podem promover a quebra da emulsão, embora alguns sejam reversíveis.

Inversão de Fases

FloculaçãoCreaming/

Sedimentação

Coalescência

Envelhecimento de Ostwald

Figura 2.1.1. Mecanismos de instabilidade das emulsões.

O fenômeno de “creaming” recebe este nome pelo exemplo mais comum: pela

separação da nata de um leite. O que acontece neste caso, não é somente a quebra

da emulsão, mas a separação em duas emulsões, uma rica na fase dispersa, a outra

pobre. De acordo com ROLAND et al. (2003) o “creaming” ocorre quando as

partículas dispersas sedimentam ou flotam com relação à fase contínua e quando a

parte abaixo ou acima, torna-se mais opaca ou cremosa. Conforme mostrado pela

Equação de Stokes, Equação 2.1.1, alguns parâmetros podem inibir este fenômeno: a

redução do tamanho da gota (r), a viscosidade da fase externa (η) e a diferença da

densidade (d1 – d2). Claramente a redução do tamanho da gota é o maior efeito.

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2

212

9)dd(gr2

uη−

= (2.1.1)

onde, u é a taxa de sedimentação, g a aceleração da gravidade, r é o raio da gota, d1 é

a densidade da esfera, d2 do líquido e η2 a viscosidade do líquido.

Uma característica das emulsões é a inversão de fases. Quando uma grande

quantidade de emulsificante é introduzida na emulsão, com intensa agitação, a

emulsão inicial pode ser invertida, ou seja, a fase dispersa se torna o meio de

dispersão e vice-versa. Por exemplo, uma emulsão O/A estabilizada com oleato de

sódio, pode ser convertida em A/O pela introdução de oleato de cálcio no sistema com

agitação intensa (VOYUTSKY, 1978).

Certos aspectos do processo de inversão dependem da natureza do agente

emulsificante presente em conexão com o balanço hidrofílico-lipofílico (HLB). Várias

propriedades dos agentes tensoativos são afetadas pela temperatura, logo a inversão

de fases também é função da temperatura. Quando a concentração de emulsificante é

extremamente baixa, a inversão de temperatura é extremamente sensível à

concentração. Alguns métodos mecânicos podem causar a inversão de fases.

O fenômeno conhecido como Envelhecimento de Ostwald, embora não

estritamente falando, seja um exemplo de instabilidade, pode muito bem conduzir para

um aumento na taxa de “creaming”. Em termos mais simplistas, é observado um

aumento no tamanho das partículas grandes na suspensão (S/L ou L/L), com redução

das partículas pequenas. O processo ocorre por transporte da matéria constituinte da

fase dispersa através da fase contínua. A transferência de massa em emulsões tem

como força motriz não somente a diferença na curvatura da gota, mas também pelas

diferenças em suas composições (CAPEK, 2004).

WELIN–BERGER & BERGENSTAHL (2000) descrevem o Envelhecimento de

Ostwald ou difusão molecular como um mecanismo que causa instabilidade na

emulsão, no qual as gotas pequenas e a fase dispersa tenham finita solubilidade na

fase contínua. As gotas pequenas agem como “nutrientes” para as maiores, e a área

em torno delas está esgotada de gotas pequenas. O tamanho relevante das gotas

para que ocorra este fenômeno está na faixa de 0,1 – 0,5 µm. Quando as gotas

pequenas são dissolvidas, o sistema deve se estabilizar com relação a este fenômeno.

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Nas discussões sobre estabilidade das emulsões três termos são necessários

para descrever os processos que envolvem desemulsificação: coagulação, floculação

e coalescência. Embora coagulação é às vezes considerada sinônimo de floculação,

é também usado para designar uma estrutura mais densa.

Conforme ROLAND et al. (2003) na floculação duas gotas se unem, mas ainda

separadas por um filme fino do líquido que forma a fase contínua. Quando mais gotas

estão envolvidas, um agregado é formado, no qual as gotas individuais do agregado

estão juntas, mas ainda retém o filme fino do líquido entre elas. Quando o filme fino de

líquido entre as gotas é removido, gotas grandes podem ser formadas e coalescer.

Finalmente as gotas alcançam um tamanho e podem ser visíveis a olho nu, a

separação de fases ocorre e duas camadas separadas são visíveis.

Estritamente falando, o termo floculação é usado para designar processos no

qual flocos são formados, isto é, o agrupamento de duas ou mais partículas que se

comportam cineticamente como se fossem uma, mas os componentes do

agrupamento mantém sua identidade. As gotas individuais podem unir-se ou deixar o

grupo a qualquer hora e o número de unidades do grupo varia com o tempo.

Coalescência, também conhecida como floculação rápida, processo no qual as

gotas colidem e imediatamente coalescem em gotas maiores. A continuação do

processo de coalescência pode chegar ao “creaming”, e quando este processo é

levado até o fim, à fase interna pode ser considerada como uma única e grande gota.

Dois efeitos podem determinar a possibilidade de coalescência. O primeiro

efeito está relacionado com a trajetória da gota, que é influenciada pela hidrodinâmica

do sistema. As colisões entre gotas ocorrem quando a distância entre o centro da gota

é menor ou igual a soma de seus raios. A deformação da gota, após a colisão, pode

ou não ser suficiente para prevenir a coalescência. A drenagem do filme entre as

gotas é o segundo efeito que decide se irá ocorrer a coalescência (HUDSON et al.,

2003).

YEUNG et al. (2003) relatam que em uma emulsão estável, a coalescência das

gotas é impedida por dois mecanismos principais: (i) repulsão eletrostática e (ii)

repulsão espacial.

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De acordo com CAPEK (2004) a degradação de emulsões pode ser prevenida

pela adsorção de moléculas do emulsificante na interface O/A. Emulsificantes iônicos

podem conceder forças repulsivas entre as camadas elétricas duplas das gotas do

óleo emulsificado, enquanto que emulsificantes não iônicos previnem a interação entre

as partículas através do efeito de exclusão espacial. A coalescência pode ser

prevenida pela escolha cuidadosa de emulsificantes, mas o envelhecimento pelo

mecanismo de Ostwald irá continuar acontecendo sempre que interfaces curvas

estiverem presentes.

A adição de eletrólitos inorgânicos, sais metálicos ou polímeros floculantes

facilitam a desestabilização das emulsões. Serão comentados apenas os efeitos dos

eletrólitos inorgânicos, devido a importância destes no presente trabalho.

Efeitos de Eletrólitos Inorgânicos

Em sistemas estabilizados pelo mecanismo eletrostático, a coagulação com

eletrólitos inorgânicos ocorre devido à concentração de íons com carga contrária à

superfície das partículas coloidais (incluindo gotas de óleo) na camada difusa. A

conseqüência é a redução da espessura da camada elétrica dupla e o decréscimo da

energia de repulsão, permitindo a agregação das partículas (ou coalescência das

gotas). A relação empírica de Hardy-Schulze expressa a razão entre a concentração

molar de íons monovalentes, divalentes e trivalentes para a coagulação dos colóides

de um sistema estabilizado pelo mecanismo eletrostático como: 1:1 (1/2)6(1/3)6. Para

íons de mesma valência, a ordem de efetividade segue a série de Hofmeister, na qual

a floculação varia diretamente com o raio hidratado dos íons (MUÑOZ, 1998).

Outro efeito da adição de eletrólitos inorgânicos, que também conduz à

desestabilização das emulsões, é o aumento da tensão interfacial da fase aquosa,

causado pela adição destes eletrólitos, que atuam dificultando a formação da fase

dispersa (ADAMSOM & GAST, 1997).

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2.2. PROCESSOS DE SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS

A indústria química é fundamentalmente uma indústria de transformação e para

chegar aos produtos finais com as especificações desejadas, é necessário separar,

concentrar e purificar as espécies químicas presentes nas diferentes correntes

resultantes dessas transformações. Este, sem dúvida tem sido um grande desafio da

indústria química, desde seus primórdios.

Em adição aos processos clássicos de separação como, destilação, filtração,

absorção, troca iônica, centrifugação, extração por solvente e outros, surge a algumas

décadas atrás, uma nova classe de processos que utiliza membranas como barreiras

seletivas. A Tabela 2.2 apresenta um breve histórico sobre os principais eventos que

contribuíram para o desenvolvimento da ciência e tecnologia de membranas.

Tabela 2.2.1. Eventos que contribuíram para o desenvolvimento da ciência e

tecnologia de membranas.

1748 Nollet Utilizou o termo osmose para descrever o transporte de

água;

1823 Dutrochett explicação sobre osmose e diálise;

1840 Mitchell permeação H2 e CO2;

1866 Graham mecanismo solução-difusão (O2, N2, NR);

1877 Traube e Pfeffer Estudos quantitativos sobre osmose;

1887 van’t Hoff comportamento da solução diluída;

1906 Bechold Técnica de preparo de membranas microporosas de

nitrocelulose;

1930 Sartorius utilização comercial de membranas microporosas;

1944 Kolff desenvolvimento do primeiro hemodialisador;

1960 Loeb & Sourirajan,

Riley, etc.

desenvolvimento da base para tecnologia e ciência de

membrana moderna.

Fonte: BAKER, 2004.

Há aproximadamente 40 anos as primeiras membranas sintéticas tornaram-se

disponíveis e a expectativa de sua relevância técnica e comercial foi muito grande.

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Muitos potenciais de aplicação foram identificados e um mercado de vários bilhões de

dólares foi prognosticado pela indústria de membranas para este século

(LONDSDALE, 1982).

De um modo geral as membranas podem ser classificadas em duas grandes

categorias: densas e porosas. As características da superfície da membrana que está

em contato com a solução é que definem sua classificação. Tanto as membranas

densas quanto as porosas podem ser isotrópicas ou anisotrópicas, ou seja, podem ou

não apresentar as mesmas características morfológicas ao longo de sua espessura. A

Figura 2.2.1 ilustra a seção transversal de diferentes morfologias de membranas.

Membranas Isotrópicas (Simétricas)

Membranas Anisotrópicas (Assimétricas)

Porosa

Porosa

Densa

Densa

Composta

Membranas Isotrópicas (Simétricas)

Membranas Anisotrópicas (Assimétricas)

Porosa

Porosa

Densa

Densa

Composta

Figura 2.2.1. Representação esquemática da seção transversal de diferentes

morfologias de membranas.

A função de uma membrana no processo de separação é determinar as

propriedades de transporte para os diferentes componentes de uma mistura. A taxa de

transporte de um componente através da membrana é determinada pela

permeabilidade da membrana e pela força motriz. A força motriz nos processos com

membranas é dada em função do gradiente de potencial químico, do gradiente de

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potencial elétrico ou da pressão hidrostática, resultando em difusão de moléculas

individuais, migração de íons e convecção de massa, respectivamente. A função da

membrana está ilustrada na Figura 2.2.2, que mostra o transporte do componente A

da fase (‘) através da membrana para a fase (‘’) devido à força motriz. As principais

forças motrizes, para os diferentes processos de separação por membranas, também

estão indicadas na Figura 2.2.2 (STRATHMANN, 2001).

A

A

fase ’ fase ’’

XA’XA’’

membrana

força motriz

transporte de massaXA’ > XA’’

A

A

fase ’ fase ’’

XA’XA’’

membrana

força motriz

transporte de massaXA’ > XA’’

Processos Força motriz Transporte

Microfiltração (MF) ∆P Convecção

Ultrafiltração (UF) ∆P Convecção

Osmose Inversa (OI) ∆P (∆µi) Difusão

Diálise (D) ∆C (∆a) Difusão

Permeação de Gases (PG) ∆P (∆fi) Difusão

Pervaporação (PV) ∆Pi (∆fi) Difusão

Eletrodiálise (ED) ∆ϕ Migração

Figura 2.2.2. Transporte de massa através de membranas. (P, µ, C, a, Pi, fi e ϕ são

pressão hidrostática, potencial químico, concentração, atividade, pressão parcial e

fugacidade do componente i e potencial elétrico, respectivamente).

Fonte: STRATHMANN, 2001.

A mais importante propriedade das membranas é a sua habilidade no controle

da taxa de permeação de diferentes espécies. Dois modelos são usados para

descrever os mecanismos de permeação e estão ilustrados na Figura 2.2.3.

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Membranas Porosas Membranas DensasMembranas Porosas Membranas Densas

Figura 2.2.3. Transporte molecular através de membranas densas e porosas.

O primeiro modelo é o do escoamento pelos poros, no qual o permeado é

transportado por convecção através dos finos poros. A separação, neste caso, ocorre

por exclusão por tamanho. O outro modelo é da solução-difusão no qual o permeado

dissolve no material da membrana e difunde através dela, diminuindo o gradiente de

concentração. O permeado é separado devido às diferenças de solubilidade entre os

compostos a serem separados e o material da membrana (etapa de natureza

termodinâmica) e da difusão das mesmas através do filme polimérico (etapa de

natureza cinética) (BAKER, 2004).

Segundo STRATHMANN (2001), as propriedades que determinam o

desempenho ou a eficiência de uma membrana são alta seletividade e fluxo

permeado: boa estabilidade mecânica, térmica e química sob as condições de

operação; baixa tendência à formação de incrustações e boa compatibilidade com o

ambiente de operação.

A seletividade de uma membrana por uma mistura é geralmente expressa, no

caso de membranas porosas, pela rejeição (R). O soluto é parcialmente ou

completamente retido, enquanto o solvente (geralmente água), passa pela membrana.

O coeficiente de rejeição é definido pela Equação 2.2.1:

CaCp

CaCp-CaR −== 1 (2.2.1)

onde, Ca é a concentração de soluto na alimentação e Cp é a concentração de soluto

no permeado.

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De acordo com CAMPOS (2000), diversos fatores contribuíram para o avanço

científico e tecnológico dos PSM, ocorrido nos últimos 30 anos. Dentre estes podemos

citar o menor consumo de energia em comparação com os processos de separação

tradicionais, a flexibilidade operacional devido ao fato dos PSM serem mais compactos

e a obtenção de produtos finais com melhor qualidade.

Podem ser citadas ainda como características importantes dos PSM, alta

seletividade, apresentando-se em algumas aplicações como a única alternativa de

separação, e a separação de termolábeis, pois como via de regra os PSM são

operados a temperatura ambiente, podem ser aplicados no fracionamento de misturas

envolvendo substâncias termo sensíveis.

Uma das principais características dos PSM é que eles podem ser operados

em fluxo cruzado ou tangencial (“cross-flow filtration”), além da operação clássica do

tipo “dead-end filtration”. Neste último, uma solução ou suspensão é pressionada

contra a membrana. O permeado passa pela membrana e o soluto ou os materiais em

suspensão são retidos, acumulando-se próximo à superfície da membrana. Da mesma

maneira que na filtração clássica, ocorre a formação de uma torta. Trata-se de um

modo de operação fundamentalmente transiente, uma vez que a polarização sempre

aumenta.

Na filtração tangencial, a solução escoa paralelamente à superfície da

membrana enquanto o permeado é transportado transversalmente à mesma. A

polarização de concentração continua presente, mas neste caso, é possível minimizar

o seu efeito, em particular, alterando a hidrodinâmica de escoamento da corrente de

alimentação. Na Figura 2.2.4 são apresentados esquematicamente os dois modos de

operação citados, bem como, para cada caso, as curvas típicas de fluxo permeado em

função do tempo.

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MEMBRANA MEMBRANA

FLUXO

TEMPO

FLUXO

TEMPO

FILTRAÇÃO CONVENCIONAL(‘DEAD-END’)

FILTRAÇÃO TANGENCIAL(‘CROSS-FLOW’)

MEMBRANA MEMBRANA

FLUXO

TEMPO

FLUXO

TEMPO

FILTRAÇÃO CONVENCIONAL(‘DEAD-END’)

FILTRAÇÃO TANGENCIAL(‘CROSS-FLOW’)

MEMBRANAMEMBRANA MEMBRANAMEMBRANA

FLUXO

TEMPO

FLUXO

TEMPO

FLUXO

TEMPO

FLUXO

TEMPO

FILTRAÇÃO CONVENCIONAL(‘DEAD-END’)

FILTRAÇÃO TANGENCIAL(‘CROSS-FLOW’)

Figura 2.2.4. Comparação entre a filtração convencional (“dead - end”) e filtração

tangencial (“cross - flow filtration”).

Quando se processa uma solução utilizando PSM, independente de a operação

ser do tipo “dead - end” ou tangencial, haverá um aumento da concentração do soluto

na região próximo à superfície da membrana, uma vez que a membrana é

supostamente seletiva ao soluto. No regime estabelecido, a retrodifusão deste soluto

em direção ao seio da solução leva a formação de um perfil de concentração do soluto

em direção à região próximo a superfície da membrana. Este fenômeno é conhecido

como Polarização da Concentração, e está apresentado esquematicamente na Figura

2.2.5.

Direção do Escoamento

Permeado Alimentação

Membrana

J solvente

Cm

Co

J soluto

Direção do Escoamento

Permeado Alimentação

Membrana

J solvente

Cm

Co

Cm

Co

J soluto

Figura 2.2.5. Fenômeno da Polarização da Concentração.

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Na filtração tangencial o fenômeno da polarização de concentração se

estabelece rapidamente, provocando uma queda inicial acentuada de fluxo permeado.

Porém, na maioria dos casos, o que se observa é um decréscimo contínuo de fluxo

com o tempo de operação, indicando que outros fenômenos, em adição à inevitável

polarização da concentração, estão presentes. Dentre estes fenômenos, destacam-se:

adsorção de moléculas de soluto na superfície da membrana e/ou no interior de

seus poros: as interações físico-químicas entre o soluto e a membrana tornam

pouco importantes os efeitos da transferência de massa associados a retrodifusão

ou ao arraste promovido pela hidrodinâmica do escoamento;

entupimento dos poros por moléculas ou partículas em suspensão: trata-se da ação

mecânica de bloqueio de poros, que pode ocorrer tanto na superfície da

membrana como no seu interior, dependendo da morfologia da membrana;

depósito de material em suspensão sobre a superfície da membrana com

formação de uma espécie de torta: no caso de soluções de macromoléculas, pode-

se atingir uma concentração próxima à superfície da membrana suficientemente

elevada, de modo a ocorrer gelificação do soluto nesta região. Solutos de baixa

massa molar como sais, por exemplo, podem atingir o limite de solubilidade e

precipitar na superfície da membrana.

A estes fenômenos, geralmente irreversíveis, dá-se o nome de formação de

incrustações (“fouling”). Alguns autores incluem a polarização de concentração no

conceito de “fouling”. Embora de difícil tradução para o português, “fouling” pode ser

entendido como o conjunto de fenômenos capaz de provocar uma queda no fluxo de

permeado, quando se trabalha com uma solução ou suspensão. A extensão deste

fenômeno depende da natureza da solução problema, do tipo de membrana, mas,

principalmente das condições de operação do sistema. A Figura 2.2.6 mostra a queda

no fluxo de permeado causada pelos fenômenos de “fouling” e polarização da

concentração.

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SOLVENTE PURO

SOLUÇÃO

FLUXOPERMEADO

TEMPO

POLARIZAÇÃO DACONCENTRAÇÃO

‘FOULING’

SOLVENTE PURO

SOLUÇÃO

FLUXOPERMEADO

TEMPO

POLARIZAÇÃO DACONCENTRAÇÃO

‘FOULING’

Figura 2.2.6. Queda de fluxo permeado com o tempo de operação. Fenômenos de

polarização de concentração e formação de incrustações (“fouling”).

Várias técnicas podem ser empregadas para minimizar o efeito de declínio de

fluxo durante a operação com membranas. A Tabela 2.2.2 ilustra algumas dessas

técnicas.

Tabela 2.2.2. Técnicas para melhorar o fluxo de permeado.

Métodos Indiretos

Métodos Diretos

• pré-tratamento (químico/filtração); • limpeza hidráulica ou química periódica;

• tratamento da superfície da

membrana;

• limpeza mecânica periódica;

• seleção de condições ótimas de

operação;

• pulso inverso de permeado ou gás

(retrolavagem ou “backflushing”);

• seleção do modo apropriado de

operação.

• uso de promotores de turbulência;

• uso de partículas abrasivas;

• membranas rotatória/vibratórias;

• lâmina rotatória na superfície da membrana;

• uso de ultra-som.

Fonte: ZAIDI et al., 1992. Além das técnicas citadas para melhorar o fluxo, há trabalhos na literatura

(HOWELL, 1995 e FIELD et al., 1995) que tentam minimizar a polarização e a

formação de incrustações, utilizando o conceito de fluxo crítico para MF/UF. Segundo

os autores, no início da operação de MF existe um fluxo acima do qual se acentua o

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fenômeno de “fouling”. Abaixo deste valor quase não se observa declínio de fluxo com

o tempo. Este fluxo é denominado de fluxo crítico e o seu valor depende

principalmente da hidrodinâmica do processo. Algumas conseqüências da operação

de processos de MF na região sub-crítica, isto é, abaixo do fluxo crítico: menor ou

quase nenhum declínio de fluxo com o tempo, minimização das operações de limpeza

das membranas, a “torta” formada apresenta uma estrutura diferente e, em certos

casos, quase não ocorre a sua formação.

Segundo FRATILA-APACHITEI et al. (2001) a performance dos processos de

MF e UF, é afetada pelas características da solução de alimentação, pelas condições

de operação e pelas características físicas e químicas das membranas usadas.

Recentemente têm sido realizados progressos em minimizar a formação de

incrustações pelo aumento da permeabilidade da membrana (através da porosidade

da superfície) e pelo aumento da resistência química e térmica dos materiais

poliméricos (através do uso de recobrimentos especiais ou de polímeros mais

hidrofílicos). Os autores realizaram estudos na avaliação da superfície da membrana

através de novas técnicas de caracterização, como microscopia de força atômica.

Os efeitos dos fenômenos citados podem ser minimizados por uma escolha

ótima dos parâmetros operacionais, principalmente a velocidade de escoamento

tangencial da alimentação. A operação do sistema com velocidades tangenciais

elevadas (alto Reynolds) e pressão reduzida, devem minimizar a formação de

incrustações, pois tendem a minimizar os fenômenos acima mencionados. O aumento

de velocidade provoca uma diminuição da espessura da camada limite de polarização,

aumentando o fluxo de retrodifusão e, como conseqüência, diminui a concentração na

interface com a membrana.

A operação em baixa pressão, por diminuir o fluxo permeado, diminui o aporte

de soluto em direção à superfície da membrana, assim a membrana ficará menos

polarizada. Como os fenômenos de adsorção e de eventual precipitação do soluto

sobre a membrana dependem, fundamentalmente da concentração do soluto próximo

à superfície da membrana, eles serão minimizados. O fato de se trabalhar com

pressões baixas e, portanto, com fluxos permeados menores, pode parecer uma

incoerência. No entanto, os resultados, principalmente para tempos longos de

operação, podem ser surpreendentemente melhores. Em condições menos

polarizadas, a formação de incrustações é bem menor e o fluxo permeado se

estabiliza mais rapidamente e em valores superiores aos dos fluxos “estáveis”, quando

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se trabalha em condições mais severas de pressão. O fluxo inicial no caso de

pressões maiores é mais elevado, mas este cai rapidamente com o tempo de

operação.

Os modelos de transporte para os processos que utilizam o gradiente de

pressão como força motriz, são: o modelo do filme, o modelo das resistências, o

modelo gel e o modelo osmótico. Estes modelos serão apresentados a seguir.

Nos PSM, o modelo osmótico admite que a queda do fluxo, em relação ao fluxo

do solvente puro observado quando se trabalha com uma solução, é devido

fundamentalmente à pressão osmótica do soluto na solução, nas condições de

operação do sistema. Como este trabalho foca os processos de UF e MF, e na UF a

pressão osmótica pode atingir valores relevantes, somente quando se trabalha com

uma solução concentrada de macromoléculas e na MF a pressão osmótica é

desprezível, o modelo osmótico não será apresentado neste trabalho.

Os mecanismos de transferência de massa dependem do tipo de membrana e

da natureza da força motriz utilizada. Assim, em membranas de estrutura porosa,

como na UF e MF, quando a força motriz é a diferença de pressão através da

membrana, o transporte do soluto e do solvente é de natureza convectiva.

O escoamento de fluídos através de membranas porosas pode ser descrito

pela Lei de Darcy, onde o fluxo de permeado J é diretamente proporcional à pressão

aplicada ∆P (Equação 2.2.2).

P∆.L = J P (2.2.2)

A constante de proporcionalidade, LP, é denominada permeabilidade hidráulica

da membrana e engloba fatores estruturais, tais como, porosidade e tamanho do poro,

assim como a viscosidade do permeado. Para membranas de UF este valor é bem

menor do que para as de MF, sendo da ordem de 0,1 m3/m2.dia.bar para as

membranas mais fechadas e até 10 m3/m2.dia.bar, para as mais abertas (MULDER,

1991).

Por se tratar de um meio poroso, o fluxo de solvente pode ser calculado

através de equações do tipo Hagen-Poiseuille ou Konezy-Carman, dependendo das

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características de poros da membrana. A primeira equação considera que os poros

têm geometria cilíndrica (Equação 2.2.3) segunda considera que os poros apresentam

a forma de interstícios formados entre esferas empacotadas (Equação 2.2.4).

xP

τ 8ηr ε J

2

∆∆

= (2.2.3)

onde, ε é a porosidade da membrana (função do tamanho e do número de poros), τ é

a tortuosidade do poro, r é o raio médio dos poros, η é a viscosidade do solvente, ∆P é

a diferença de pressão através da membrana, ∆x é a espessura da membrana, e ∆P /

∆x é a força motriz.

xP

ε)1(S Kηε J 22

2

∆∆

−= (2.2.4)

onde, K é a constante de Konezy-Carman e S é a área superficial específica.

Modelo do Filme

No caso de soluções, o modelo do filme é freqüentemente utilizado em filtração

tangencial e admite que o escoamento da solução ocorra paralelo à superfície da

membrana. Pode-se distinguir duas regiões: uma constituída por um filme estagnado,

de espessura δ e outra onde a solução escoa livremente, de acordo com a Figura

2.2.7.

Membrana

y δ 0

filmeestagnado

J.CP

CP

CM

dydCD.

J.C

seio solução

C0

Membrana

y δ 0

filmeestagnado

J.CP

CP

CM

dydCD.

J.C

seio solução

C0

Figura 2.2.7. Esquema do modelo do Filme.

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31

Nas condições de regime estabelecido de transferência de massa, o balanço

de massa para o soluto no interior do filme estagnado pode ser expresso pela

Equação 2.2.5.

PJ.C yCD. J.C =∂∂

+ (2.2.5)

onde, J é o fluxo de permeado, C é a concentração do soluto no interior do filme

(variando entre C0, no seio da solução, e Cm, na interface membrana/solução), D é o

coeficiente de difusão do soluto na solução e CP é a concentração de soluto no

permeado.

Na equação de balanço acima, o termo J.C representa o fluxo de massa do

soluto no sentido do seio da solução para a superfície da membrana, transporte este

provocado pelo fluxo de permeado, transversal à membrana (direção y). O termo

D.(∂C/∂y), representa o fluxo de massa de soluto transportado no sentido oposto, ou

seja, da superfície da membrana para o seio da solução, cuja força motriz é o

gradiente de concentração que se estabelece pelo fato da membrana ser seletiva ao

soluto. O termo J.CP representa o fluxo de massa do soluto que passa pela membrana

na corrente de permeado.

Integrando-se a equação acima ao longo da espessura δ do filme, sabendo-se

que em y = 0, C= Cm e em y = δ, C = C0, tem-se a Equação 2.2.6.

( )( ) ⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

−−

=p0

Pm

CCCC K.ln J (2.2.6)

onde, K (K = D/ δ), representa o coeficiente de transferência de massa no filme

estagnado. Deve ser salientado que tanto J como Cm, CP e δ dependem das

características da membrana utilizada e das condições de operação do sistema

(pressão e velocidade tangencial da solução).

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32

Modelo das Resistências

O modelo do filme trata explicitamente o fenômeno de polarização de

concentração. As questões relativas à formação de incrustações, no entanto, são

consideradas indiretamente e se revelam nos valores de fluxo permeado e do

coeficiente de rejeição da membrana, ou seja, na concentração de soluto no

permeado.

Do ponto de vista prático, tanto os fenômenos decorrentes da formação de

incrustações (adsorção, entupimento dos poros e formação de uma camada gel) como

a polarização de concentração, provocam um aumento na resistência ao transporte do

solvente. Assim, a equação do fluxo permeado através da membrana (Equação 2.2.7)

pode ser escrita da seguinte forma:

Total aResistênci x eViscosidadMotriz Força Fluxo = (2.2.7)

No caso de membranas porosas, esta relação pode ser explicitada conforme a

Equação 2.2.8.

totalR η.P∆

= J (2.2.8)

sendo que R total é a soma de todas as resistências (Equação 2.2.9).

R total = Rm + Ra + Rb + Rg + Rpc (2.2.9)

onde, R é a resistência: Rb pelo bloqueio dos poros, Ra pela adsorção, Rm da

membrana, Rg da camada gel, Rpc pela polarização de concentração. Estas

resistências estão esquematicamente mostradas na Figura 2.2.8.

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33

Rg

fluxo permeado

membrana

Ra

Rm

Rb

Rpc

sentido de escoamento da alimentação

Onde:Rb = bloqueio de porosRa = adsorçãoRm = membranaRg = camada gelRpc= polarização da concentração

Rg

fluxo permeado

membrana

Ra

Rm

Rb

Rpc

sentido de escoamento da alimentação

Onde:Rb = bloqueio de porosRa = adsorçãoRm = membranaRg = camada gelRpc= polarização da concentração

Figura 2.2.8. Tipos de resistências à transferência de massa.

Em função da natureza da membrana, das espécies em solução ou suspensão e

das condições de operação do sistema, as várias resistências irão contribuir de

maneira diferente para resistência total. No caso ideal, tratando-se de solvente puro,

somente a resistência da membrana, Rm, está envolvida.

Como a membrana é seletiva haverá um aumento na concentração de

moléculas retidas na região próximo a superfície da mesma. Como resultado, haverá

uma região altamente concentrada próxima à membrana que oferecerá uma

resistência adicional ao transporte de massa, conhecida como resistência devido à

polarização da concentração, Rpc. Como mencionado anteriormente, o fenômeno de

polarização sempre ocorre e é inerente aos PSM.

Em função das propriedades físico-químicas da membrana e dos solutos, pode

ocorrer um processo de adsorção na superfície da membrana e na parede dos seus

poros. Além disso, o nível de adsorção é função direta da concentração de soluto na

interface membrana/solução, ou seja, será tanto maior quanto maior for a polarização

de concentração. A conseqüência, novamente, é um aumento da resistência ao

transporte, devido, neste caso, a alterações nas características de transporte da

membrana. É como se a membrana original tivesse sido trocada por uma outra mais

fechada, ou seja, de maior resistência. Esta resistência adicional é representada por

Ra.

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34

Por outro lado, dependendo do tamanho das espécies presentes e da

morfologia da membrana é possível que ocorra o entupimento de alguns de seus

poros, alterando, novamente, a resistência da membrana. Este aumento de resistência

é conhecido por Rb.

Em função das forças interfaciais de naturezas diversas (forças eletrostáticas,

de van der Waals, de solvatação) e das condições de operação, incluindo o pH do

meio, que altera a força iônica e afeta as interações entre macromoléculas, pode

ocorrer, em condições favoráveis, a formação de uma camada gel que irá oferecer

uma resistência adicional à da polarização da concentração, representada por Rg.

Modelo Gel

Este modelo considera que a concentração de soluto na interface da

membrana é alta o bastante para ocorrer a gelificação, ou seja, a formação de uma

rede tridimensional resultante de ligações cruzadas de natureza física, envolvendo as

moléculas de soluto. O gel assim formado pode ser considerado uma outra membrana

depositada sobre a primeira. Acima da camada gelificada se considera válida a teoria

do filme. Através de um balanço de massa do soluto no interior do filme, obtém-se a

Equação 2.2.10.

pJC+dxdC

D = JC (2.2.10)

onde, C(0) = Cb, C(δ) = Cg

Obtendo-se na integração, conforme Equação 2.2.11.

( )( )⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

−=

pb

pg

CCCC

k.ln J (2.2.11)

onde, k é o coeficiente global de transferência de massa (D/δ), D é o coeficiente de

difusão do soluto no solvente, Cg é a concentração do soluto na qual o sistema gelifica.

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35

Em resumo, todos os modelos apresentados são fenomenológicos, isto é,

construídos a partir de observações dos fenômenos físicos, além disso, a maior parte

dos modelos existentes na literatura especializada foi desenvolvida para rejeição total

ao soluto (von MEIEN, 1992).

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36

2. 3. EFLUENTES OLEOSOS

Devido ao forte impacto que causam ao meio ambiente, os efluentes são

rigorosamente controlados pelas Legislações Ambientais vigentes, o que faz com que

a indústria busque cada vez mais alternativas econômica e ecologicamente viáveis

para seu tratamento. Várias tecnologias foram desenvolvidas para o tratamento de

efluentes industriais. A seleção da tecnologia depende das características do efluente

e da qualidade que se deseja para o produto final, além de custo e facilidade de

operação do processo.

Nos últimos anos, considerável atenção tem sido dada no controle da emissão

de efluentes oleosos e seu impacto no meio ambiente. A poluição da água por óleo é

especialmente nociva à vida aquática, porque diminui a penetração de luz e perturba o

mecanismo de transferência de oxigênio. Conseqüentemente, remover óleo de

efluentes é um importante aspecto no controle de poluição de várias indústrias

(SRIJAROONRAT et al., 1999).

Conforme KARAKULSKI et al. (1995) os efluentes oleosos e as emulsões

óleo/água (O/A) são os dois principais poluentes despejados no ambiente aquático. De

acordo com KOLTUNIEWICZ et al. (1995) as emulsões O/A são um dos maiores

poluentes do ambiente aquático, devido à emissão de uma variedade de efluentes

oleosos, causada por várias fontes, como indústrias química, petroquímica e

metalúrgica, e também efluentes domésticos. TANSEL et al. (1995) citam ainda que o

óleo combustível e o óleo cru constituem a maior porção da contaminação por

hidrocarbonetos da superfície da água. Segundo CHERYAN & RAJAGOPALAN (1998)

indústrias de aço, alumínio, alimentos, têxtil, couro, petroquímica e de acabamento de

metais apresentam altos níveis de óleo nos seus efluentes.

Os efluentes oleosos são caracterizados por apresentarem composição

bastante complexa, podendo conter óleo (mineral, vegetal ou sintético), ácidos graxos,

emulsificantes, inibidores de corrosão, bactericidas e outros compostos químicos

(GRYTA et al., 2001).

De acordo com CHERYAN & RAJAGOPALAN (1998) o óleo é um comum

poluente em uma ampla faixa de indústrias, conforme apresentado na Tabela 2.3.1.

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37

Tabela 2.3.1. Concentração de óleo em efluentes industriais.

INDÚSTRIAS CONCENTRAÇÃO DE ÓLEO (mg/L)

Laminação de Aço Laminação à Quente 20 Laminação à Frio 700 Laminação à Frio – fluido de resfriamento 2.088 - 48.742 Alumínio 5.000 – 50.000 Produção de latas 200.000 Processamento de Alimentos 3.830 Processamento de Alimentos (peixes) 520 – 13.700 Processamento de carcaças animais 14 – 3.551 Lã 1.605 – 12.260 Curtimento 40.200 Acabamento de Metais 4.000 – 6.000 Refinaria de Petróleo 10 – 3.200

Fonte: CHERYAN & RAJAGOPALAN , 1998.

A concentração máxima permitida de óleo nos efluentes depende da legislação

de cada país. As leis que regulamentam o descarte de efluentes com óleo, em plantas

de tratamento municipal e águas de superfície estão se tornando cada vez mais

restritas. Novas regulamentações estão propondo nos Estados Unidos, para o setor de

produção de metais e máquinas (aeronave, espaçonave, equipamentos eletrônicos,

‘hardware’, equipamentos industriais e artilharia) que o descarte de efluentes oleosos

apresente no máximo 35 mg/L por dia, porém a descarga mensal média não pode

exceder 17 mg/L (CHERYAN & RAJAGOPALAN, 1998).

No Brasil, de acordo com CONAMA 357/05 (2005), a concentração de óleo nos

efluentes não deve exceder 20 mg/L.

LIN & LAN (1998) relatam que emulsões O/A são usadas na indústria em uma

série de aplicações como lubrificação, limpeza, prevenção à corrosão, etc.

Dependendo da aplicação específica, a emulsão pode consistir de mais de 97% de

água, o restante é uma complexa mistura que compreende diferentes tipos de óleo

(mineral, animal, vegetal e sintético), álcoois, sequestrantes e tensoativos. Para a

mesma aplicação, a composição da mistura pode variar amplamente. Em geral, nos

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38

processos a temperatura da emulsão é mantida entre 30 e 90oC, porque o calor facilita

a remoção de metais da superfície. Por isso, alguns compostos orgânicos da mistura

começam a degradar depois de um certo tempo de uso. Íons metálicos e outros

contaminantes inorgânicos também podem entrar na emulsão durante os processos.

Além disso, o crescimento biológico anaeróbio ocorre freqüentemente em emulsões.

Segundo KARAKULSKI et al. (1995), uma prática comum na indústria é coletar

o efluente doméstico de várias fontes e estocar em um tanque comum, multiplicando

os problemas. Entretanto, efluentes oleosos não podem ser drenados junto com os

efluentes domésticos sem tratamento prévio, ainda que muito diluídos. Geralmente o

conteúdo de óleo nestes efluentes está entre 1 e 10%.

MUÑOZ (1998) relata que o óleo pode encontrar-se nos efluentes líquidos em

quatro formas: livre, disperso, emulsificado e dissolvido.

óleo livre: representa as dispersões grosseiras constituídas por gotas com

diâmetro superior a 150 µm. Nesta forma, ele é facilmente removido por meio de

processos convencionais de separação gravitacional;

disperso: normalmente com diâmetros de gotas entre 50 e 100 µm. Também pode

ser removido por processos gravitacionais. Contudo, a eficiência de separação

neste caso dependerá fundamentalmente da distribuição de diâmetros de gotas e

da presença de agentes desestabilizantes;

emulsificado: o diâmetros das gotas situa-se, normalmente abaixo de 50 µm, o que

dificulta sua remoção por meios gravitacionais.

dissolvido: de remoção extremamente difícil, requerendo o uso de processos

químicos e/ou biológicos.

De acordo com MOOSAI & DAWE (2003) a legislação exige que os

componentes dissolvidos e não dissolvidos sejam removidos do efluente antes de ser

descartado. Conforme GRYTA et al. (2001), grande parte dos efluentes oleosos

apresenta-se na forma de emulsões O/A.

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RUBIO et al. (2002) relatam que nos fluidos orgânicos a separação O/A se

torna especialmente difícil quando o óleo está emulsificado e, pior ainda, quando o

tamanho das gotas é pequeno ou quando as emulsões são quimicamente estáveis.

De acordo com BUSCA et al. (2003) a maioria das indústrias gera efluentes

chamados MWF, “metal workings fluids”, pois estes são usados para aumentar a vida

útil das ferramentas, lubrificação, remoção de metais, proteção a corrosão, etc. Sua

base é de óleos solúveis em água, sintético, semi-sintético e biodegradáveis. Estes

resultam em emulsões contendo uma mistura de óleo livre e emulsificado, tensoativos,

cotensoativos e vários aditivos. A maioria destes compostos orgânicos é fortemente

solúvel em água.

ANDERSON et al. (2003), relatam também que atualmente as instalações

industriais utilizam MWF’s e os fluídos hidráulicos (HF, “hidraulic fluids”) como parte

das operações. Estes fluidos contribuem para a maioria dos compostos orgânicos

encontrados nos efluentes oleosos, produzidos por estas plantas.

Segundo KARAKUSLKI & MORAWSKI (2002) em plantas que produzem cabos

de cobre para indústria elétrica, o efluente gerado consiste de uma emulsão O/A

contendo íons cobre, com uma concentração excedendo 1.600 mg/L. LEDAKOWICZ

et al. (1998) relatam a problemática no tratamento do efluente gerado pela indústria

têxtil, onde são usadas grandes quantidades de água no processamento, gerando

grandes quantidades de efluentes com composição extremamente complexa.

SRIDAHR et al. (2002) trabalharam com efluente da indústria de óleo vegetal, que

resulta das diferentes etapas do processo: degomagem, desacidificação e

desodorização e relataram a dificuldade encontrada no tratamento.

PANPANIT & VISVANATHAN (2001) estudaram uma maneira de tratar efluente

da lavagem de carros, que contém um grande número de impurezas, como óleo livre,

emulsão O/A, emulsificante e lodo. O volume médio de efluente gerado é de 600 L por

carro e contém em torno de 1% de óleo. Devido à presença de hidrocarbonetos de

petróleo, este efluente é considerado perigoso e requer tratamento prévio antes de ser

lançado como efluente doméstico.

Outro problema que também deve ser levado em consideração no tratamento

das emulsões é a presença, em alguns casos, de agentes de superfície ativa,

tensoativos. Segundo WENDLER et al. (2002), os tensoativos são usados em

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numerosas aplicações industriais, por exemplo, indústria têxtil e processamento de

metais, e aparecem na corrente de efluentes destas indústrias. KOCHERGINSKY et

al. (2003) relatam que a desemulsificação se torna o processo mais crítico associado a

indústrias como petroquímica, metalúrgica e transporte.

Conforme MOHAMMADI et al. (2003) emulsões O/A são os principais

poluentes emitidos pelos efluentes industriais e domésticos. As águas oleosas em

canais subterrâneos e em zonas costeiras são problemas sérios de poluição da água e

necessitam urgentemente de soluções.

2.3.1. EFLUENTES DO REFINO DE PETRÓLEO

A exploração e o refino de petróleo são uma das mais importantes atividades

industriais da sociedade moderna, e seus derivados são empregados em vários

destinos (OLIVEIRA et al., 2005).

As refinarias de petróleo são no geral, grandes consumidoras de água, gerando

assim grandes quantidades de efluentes. A água é utilizada para diversos fins como

produção de vapor d’água, água de processo, proteção contra incêndio e uso sanitário

e doméstico, mas sua principal utilização é a refrigeração. Considera-se que o fator

global médio de utilização de água no refino está em torno de 0,9 m3 de água por m3

de petróleo processado (DIEPOLDER, 1992).

MUÑOZ (1998) relata que o petróleo pode danificar os recursos hídricos de

diferentes maneiras. Assim como o óleo em geral, interfere na aeração e iluminação

naturais das correntes de água devido ao recobrimento de sua superfície por um

fino filme de óleo retardando o crescimento da vegetação ao longo da beira de praias

e produzindo efeitos tóxicos sobre a vida aquática. Em baixas concentrações, o óleo

causa uma variedade de respostas adversas em nível do ecossistema. Segundo o

autor, alguns poluentes do petróleo são altamente tóxicos e podem matar os

organismos aquáticos. Esses poluentes podem ser acumulados nos tecidos, causando

infecções nos peixes e um dano potencial à cadeia alimentícia. A Tabela 2.3.2 mostra

a concentração de hidrocarbonetos requerida para causar 50% de mortalidade em 96

horas (96h LC 50) em diferentes espécies de animais marinhos. Em geral a toxicidade

aumenta com o massa molar do hidrocarboneto.

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Tabela 2.3.2. Toxicidade dos hidrocarbonetos aromáticos em várias espécies de

animais marinhos.

Compostos Faixa de Toxicidade (mg/L, 96h LC 50)

Benzeno 5,8 – 108,0

Tolueno 4,3 – 28,0

m – xileno 3,7 – 12,0

o – xileno 1,3 – 11,0

p – xileno 2,0

Etilbenzeno 0,5 – 13,0

Trimetilbenzeno 4,3 – 6,2

Tetrametilbenzeno 2,1

Naftaleno 0,9 – 3,8

Metilnaftaleno 0,7 – 3,4

Dimetilnaftaleno 0,08 – 5,1

Trimetilnaftaleno 0,3 – 2,0

Fenantreno 0,4 – 0,6

Metilfenantreno 0,6

Fonte: MUÑOZ, 1998

O petróleo é uma complexa mistura de compostos orgânicos e inorgânicos,

onde predominam os hidrocarbonetos. Além disso, não existem dois petróleos

idênticos. As características dos petróleos têm grande influência sobre a técnica

adotada para o refino, variando assim de uma refinaria para outra.

Podemos classificar os processos existentes em uma refinaria em quatro

grandes grupos (ABADIE, 1985):

Processos de Separação: são sempre de natureza física (destilação atmosférica e

a vácuo, desasfaltação a propano, desaromatização a furfural, desparafinação a

MIBC (Metil-Isobutil-Cetona), desoleificação a MIBC, extração de aromáticos,

adsorção de n-parafinas);

Processos de Conversão: são sempre de natureza química (craqueamento

térmico, viscorredução, coqueamento retardado, craqueamento catalítico,

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hidrocraqueamento catalítico, hidrocraqueamento catalítico brando, alcoilação

catalítica, reformação catalítica);

Processos de Tratamento: também conhecidos como processos de acabamento,

sempre de natureza química (tratamento caústico simples e regenerativo (Merox),

tratamento com Etanol-Aminas (MEA/DEA), e o tratamento Bender);

Processos Auxiliares: são os que se destinam a fornecer insumos aos citados

anteriormente ou tratar os rejeitos desses mesmos processos (geração de

hidrogênio, recuperação de enxofre, e as utilidades: vapor, água, energia elétrica,

ar comprimido, distribuição de gás e óleo combustível, tratamento de efluentes e

tocha).

Segundo BAGAJEWICZ (2000), a água é elemento chave do normal

funcionamento da indústria química e petroquímica, participando da grande maioria

dos processos comentados acima.

As refinarias de petróleo diferem em tamanho, complexidade, processos

existentes e tipo de petróleo a ser processado. Por esta razão seus efluentes

apresentam composição química bastante variada e complexa. Além de uma grande

quantidade de óleo, podem conter uma série de poluentes provenientes de várias

fontes em função dos diferentes processos empregados no refino do petróleo.

Segundo CHERYAN & RAJAGOPALAN (1998) a concentração de óleo em efluentes

de refinaria pode estar entre 10 e 3.200 mg/L.

Os efluentes do refino normalmente são compostos por óleos e graxas, fenóis

(cresóis e xilenos), sulfetos, amônia, sólidos suspensos, cianeto, compostos

nitrogenados e metais pesados como cromo, ferro, níquel, cobre, molibidênio, vanádio,

selênio e zinco. O óleo consiste de cinco diferentes componentes, hidrocarbonetos

saturados aciclicos (parafinas), hidrocarbonetos cíclicos (cicloalcanos), olefinas

(alcanos), aromáticos e compostos sulfúricos, compostos nitrogenados e oxigenados e

metais pesados. Os efluentes de refinaria tendem a ter menos hidrocarbonetos leves

do que óleo cru, e mais hidrocarbonetos policíclicos que tendem ser mais tóxicos e

mais persistentes no ambiente (WAKE, 2005). A Tabela 2.3.3 apresenta a

concentração de óleo e sólidos suspensos totais (SST) nos efluentes, em função dos

diferentes processos de refino de petróleo.

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Tabela 2.3.3. Concentração de óleo e SST nos efluentes do refino.

Processos Óleo SST

Unidades de Destilação XX XX

Hidrotratamento XX -

Viscorredução XX X

Craqueamento Catalítico XX X

Hidrocraqueamento XX -

Óleo Lubrificante XX -

Soda Gasta XX X

Utilidades (chuva) - (X) -

Sanitário Doméstico - XX

X ≤ 50 mg/L XX = 50 – 500 mg/L

Fonte: CONCAWE, 1999.

A quantidade total de efluentes que têm sido descartada pelas refinarias tem

diminuído nos últimos anos. Na Europa 82 refinarias descartavam 3.119 x 106

toneladas de efluentes por ano em 1969, reduzindo para 84 refinarias em 2000

descartando 2.543 x 106 toneladas de efluente por ano, conforme Tabela 2.3.4. A

queda entre 1974 e 1978 se deve ao fato de mais refinarias usarem sistemas com

recirculação de água para resfriamento (WAKE, 2005).

Tabela 2.3.4. Dados de descarga dos efluentes de refinaria na Europa.

Ano do levantament

1969 1974 1978 1981 1984 1987 1990 1993 1997 2000

No de

Refinarias

82 112 111 105 85 89 95 95 105 84

Capacidade Produção (106 ton/ano)

400 730 754 710 607 587 570 618 670 566

Efluente Gerado (106ton/ano)

3.119 3.460 2.938 2.395 1.93

4

1.750 1.78

2

2.67

0

2.94

2

2.54

3 Efluente (ton/tonóleo processado)

x x 5,4 5,4 4,6 3,9 3,5 4,8 4,7 4,9

Óleo total descartado (ton/ano)

44.000 30.700 12.000 10.600 5.09

0

4.640 3.34

0

2.02

0

1.17

0

750

Fonte: CONCAWE, 2004.

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No Brasil existem 14 refinarias: 12 da Petrobras, 1 do Grupo Ipiranga (Refinaria

de Petróleo Ipiranga, Rio Grande, RS) e 1 do Grupo Repsol – YPF (Manguinhos, Rio

de Janeiro, RJ). A Tabela 2.3.5 apresenta as refinarias de petróleo existentes no

Brasil, a capacidade instalada e o volume de efluente gerado.

Tabela 2.3.5. Refinarias de Petróleo brasileiras e o volume de efluentes gerado.

Refinaria Local Capacidade Instalada

(mbpd*)

Vazão Efluente

(m3/h)

REPLAN (Refinaria de Paulínia)

Paulinia, SP 352 1.000

RELAM (Refinaria Landulpho Alves)

São Francisco do Conde, BA

306 1.315

REDUC (Refinaria Duque de Caxias)

Duque de Caxias, RJ

242 1.100

REVAP (Refinaria Henrique Lages)

São José dos Campos, SP

226 700

REPAR (Refinaria Presidente Getúlio Vargas)

Araucária, PR 189 900

REFAP (Refinaria Alberto Pasqualini)

Canoas, RS 189 1.000

RPBC (Refinaria Presidente Bernardes)

Cubatão, SP 170 1.400

REGAP (Refinaria Gabriel Passos)

Betim, MG 151 500

RECAP (Refinaria de Capuava)

Mauá, SP 53 310

REMAM (Refinaria Issac Sabá)

Manaus, AM 46 337

Refinaria de MANGUINHOS (Repsol-YPF)

Rio de Janeiro, RJ

14 X

Refinaria de Petróleo IPIRANGA Rio Grande, RS 12,5 X

LUBNOR (Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste)

Fortaleza, CE 6 36

SIX (Unidade de Negócios da Industrialização do Xisto)

São Mateus do Sul, PR

3,9 X

*Mbpd = mil barris por dia

Fonte: CARVALHO, 2004.

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2.4. TRATAMENTO DE EFLUENTES OLEOSOS 2.4.1. PROCESSOS TRADICIONAIS PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES

OLEOSOS Os métodos tradicionais para o tratamento de efluentes oleosos podem, de

uma maneira geral, ser classificados como químicos, mecânicos ou térmicos.

De acordo com GRYTA et al. (2001), os métodos químicos são primeiramente

baseados na neutralização detergentes (estabilizantes de emulsões) e na mudança de

pH da solução. Isto resulta na aceleração do processo de separação devido ao efeito

da coalescência. A fase aquosa do tratamento químico contém óleo residual,

entretanto, este deve ser submetido a posterior purificação para promover efluente

com características de efluente doméstico. De acordo com estes autores, os métodos

mecânicos para tratamento de efluentes oleosos são baseados no fenômeno de

quebra da emulsão através da gravidade. A eficiência deste método depende

principalmente do grau de dispersão do óleo (tamanho das gotas) bem como da

diferença de densidade entre a água e o óleo. Estes autores relatam ainda que a

quebra da emulsão pode ser conseguida pelo aquecimento do efluente, que resulta

num significativo aumento no tamanho das gotas de óleo. O processo térmico para

tratar efluentes oleosos requer uma grande quantidade de energia, logo este processo

não é economicamente viável.

Para SRIJAROONAT et al. (1999), nas plantas de tratamento de efluentes,

várias técnicas tradicionais são usadas para tratamento do efluente oleoso. O óleo

livre pode ser facilmente separado por meios mecânicos, como sedimentação por

gravidade (separador API “American Petroleum Institute), “skimming”, flotação por ar

dissolvido (DAF “Dissolved Air Flotation”), coalescência e centrifugação. Para

emulsões instáveis que contêm gotas de óleo com diâmetro maior que 100 µm,

técnicas de separação química como floculação e coagulação são aplicadas. Mas

todas as técnicas descritas acima têm limitações para separar gotas com diâmetros

menores que 20 µm. Devido à sua estabilidade, algumas destas são impossíveis de

quebrar por meios químicos.

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Segundo HU et al. (2002) os métodos tradicionais não são eficientes para

separar o óleo emulsionado, principalmente quando as gotas de óleo estão finamente

dispersas e em baixa concentração.

HONG et al. (2002) relatam que um problema potencial é quando se trabalha

com emulsões, onde a fase dispersa consiste de emulsões muito estáveis, com gotas

na faixa de micrometros ou submicrometros. Para estas emulsões os métodos

padrões como flotação por gravidade não são aplicados devido ao longo tempo

necessário para as gotas subirem e a adição de compostos químicos é necessária

para promover coalescência e quebrar a emulsão.

O processo de DAF (Dissolved Air Flotation) usa ar para acelerar a flutuação

de pequenas gotas de óleo e melhorar a separação. O óleo emulsificado é removido

por desemulsificação com produtos químicos, energia térmica ou ambos. Uma unidade

típica de DAF emprega reagentes químicos para promover a coagulação e aumentar o

tamanho do floco, facilitando a separação (CHERYAN & RAJAGOPALAN, 1998).

Normalmente, o efluente com óleo emulsificado é pré-tratado quimicamente

para desestabilizar a emulsão, seguido pela separação por gravidade. O efluente é

aquecido para reduzir a viscosidade, acentuar a diferença de densidade e enfraquecer

o filme interfacial estável da fase óleo. Esta etapa é seguida pela acidificação e adição

de polímeros catiônicos/sais de alumínio para neutralizar as cargas negativas das

gotas de óleo. Promove-se a elevação do pH para região alcalina para induzir a

formação de flocos de sais inorgânicos. O floco resultante com óleo adsorvido é,

então, separado e depois a fina camada de lodo é desaguada. Em alguns casos o lodo

pode ser posteriormente processado. Freqüentemente, um floculante de alta massa

molar, como copolímero acrilato/acrilamida, pode ser usado para promover a remoção

de óleo e reduzir o arraste do floco. Melhorias no tratamento químico são

freqüentemente centradas em torno da seleção de uma mistura apropriada de

compostos químicos e processos de otimização com baixos custos de operação

(CHERYAN & RAJAGOPALAN, 1998).

Conforme ZHONG et al. (2003) o resultado da floculação está relacionado com

as condições, dosagem do floculante, tempo de agitação, tempo de realização após

agitação, temperatura, etc. Estes autores realizaram alguns experimentos para

determinar a condição ótima de floculação. Devido ao fato de que certos componentes

presentes no óleo são mais difíceis de serem reduzidos do que a DQO, a seleção das

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condições de floculação foi baseada na composição do óleo. Os resultados obtidos

para as condições de floculação foram: dosagem de floculante de 70 mg/L,

temperatura de 400C, tempo de agitação de 90 minutos e tempo de realização de 90

minutos.

Métodos físicos para quebrar a emulsão incluem aquecimento, centrifugação,

filtração com auxiliar, UF, OI e métodos eletroquímicos. Centrifugação é normalmente

aplicada para lodos oleosos e para pequenos volumes de efluentes diluídos em alguns

casos especiais. Filtração com auxiliar e coalescência também têm sido empregadas

com sucesso para quebrar emulsões, tipicamente com partículas com tamanho entre

20 - 100 µm. Eletrocoagulação e eletrofiltração são algumas das outras tecnologias

que utilizam mecanismos químicos e físicos de separação na presença de campo

magnético (CHERYAN & RAJAGOPALAN, 1998).

A quebra de emulsões por compostos químicos é eficiente se bem aplicada,

mas apresenta certas falhas, como: processo altamente suscetível pelas mudanças na

qualidade do efluente da alimentação; necessidade de avaliação cada efluente para

determinar o tipo e a quantidade dos reagentes requeridos; controle fechado e

habilidade dos operadores para alcançar ótima operação; grande volume do lodo é

produzido; equipamentos grandes; os custos de operação podem ser altos,

dependendo da aplicação; podem ocorrer problemas de corrosão devido à acidificação

do efluente de alimentação e problemas mecânicos devido ao entupimento das linhas

de alimentação dos produtos químicos; problemas devido à presença de sólidos

dissolvidos no efluente de alimentação; são mais adequados para grandes volumes,

por exemplo >300.000 gal/dia (1.135 m3/dia), isto dificulta a operação e manutenção

com poucos recursos.

Tratamentos térmicos (evaporação e incineração) são mais universais e talvez

mais adequados para alguns tipos de emulsões. Seu prejuízo é o alto custo de energia

e perda de óleo que entra no evaporador, fazendo com que seja necessário tratar o

condensado.

MOHAMADI et al. (2003) afirmam que a eficiência da separação por

coalescência depende de vários fatores como distribuição do tamanho das gotas e

molhabilidade do meio pela fase dispersa. A aplicabilidade dos métodos tradicionais

também é limitada quando surfactantes estão presentes, porque eles causam uma

redução lenta e gradual na coalescência.

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Novos e efetivos métodos têm sido recentemente desenvolvidos para resolver

o problema dos efluentes oleosos. De acordo com KOLTUNIWIECZ & FIELD (1996) a

biotecnologia oferece um novo enfoque baseado na biodegradação e

biotransformação de efluente com óleo. Entretanto este método apresenta várias

desvantagens como baixa eficiência, dificuldades operacionais e alto custo de

operação.

Os processo biológicos, também apresentam limitações no tratamento de

efluentes oleosos. SRIDAHR et al. (2002) relataram que não foi possível tratar

biologicamente os efluentes da indústria de óleo vegetal, que resulta das diferentes

etapas do processo: degomagem, desacidificação e desodorização, pois a razão

DBO/DQO deve ser > 0,62. Neste efluente a razão DBO/DQO está em torno de 0,2 e

com isto causar a destruição dos microrganismos usados para biodegradação.

Nas refinarias de petróleo, o tratamento de efluentes está dividido em quatro

níveis: tratamento primário, que envolve processos físicos de tratamento; tratamento

secundário, que compreende as operações onde a matéria solúvel é removida; e

tratamentos terciário e quaternário que seriam o polimento final do efluente, para

descartá-lo dentro dos padrões exigidos pela Legislação vigente. Desconsiderando os

níveis de tratamento, as operações para tratamento de efluentes são classificadas em

físicas (flotação, coalescência, filtração), químicos (precipitação, coagulação, troca

iônica), térmicos e biológicos (BEGAJEWICZ, 2000).

WAKE (2005) relata que os três principais métodos de tratamento para

efluentes de refinaria são: separação por gravidade (separadores API, tanques de

separação); tratamentos avançados (floculação, sedimentação, filtração) e tratamento

biológico (biofiltros, lodo ativado, tanques aerados). Segundo CONCAWE (2004) a

porcentagem das refinarias na Europa que possuem os três métodos de tratamento

aumentaram de 23% em 1969, para 91% em 2000.

Para GRYTA et al. (2001) os métodos tradicionais de tratamento de efluentes

oleosos não são eficientes especialmente quando as gotas de óleo são finamente

dispersas e sua concentração é muito baixa. Segundo os autores existe ainda a

necessidade de um método universal, que seja eficiente em todos os casos, para

remoção de óleo de efluentes.

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2.4.2. PSM PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES OLEOSOS

Durante as últimas décadas, vários métodos físicos de separação óleo/água

foram desenvolvidos para limitar a poluição e recuperar os hidrocarbonetos. O

desenvolvimento da tecnologia de membranas tem sido recentemente incorporado na

aplicação de separação de emulsões. Vários estudos têm relatado que a filtração

tangencial com membranas de MF e UF são processos efetivos para tratamento

destes efluentes (MOSTEFA & TIR, 2004).

De acordo com CHERYAN & RAJAGOPALAN (1998) os PSM como MF, UF,

NF e OI têm aumentado sua aplicação para tratamento de efluentes oleosos, em todas

as categorias, que os autores definem como óleo livre, emulsões O/A instáveis e

também para emulsões O/A altamente estáveis.

De acordo com os autores, as principais vantagens desses processos para

tratamento de efluentes oleosos são: tecnologia aplicada para uma ampla faixa de

indústrias; qualidade da água tratada (permeado) tem maior uniformidade, pode haver

decréscimo no fluxo, mas não na qualidade do permeado; não necessitam a adição de

compostos químicos, conseqüentemente o óleo pode ser recuperado facilmente; a

água pode ser reciclada, dependendo da membrana usada; concentrações acima de

40-70% de óleo podem ser obtidos por UF e MF, e efluentes contendo 0,1-1% de óleo

que podem ter seus volumes reduzidos a 1/40-1/200 do volume do efluente na

alimentação; os equipamentos são pequenos; as plantas são altamente automatizadas

e não necessitam de operadores altamente capacitados.

Segundo KOLTUNIEWICZ et al. (1995) um dos mais efetivos métodos de

separação de emulsões O/A são os processos de UF e MF, desenvolvidos com

membranas cerâmicas ou poliméricas hidrofílicas. Vários estudos baseados na

separação de emulsões sintéticas e nos efluentes oleosos têm sido realizados (LEE et

al., 1984 e LIPP et al., 1988). Comparando com a separação de suspensões, a

separação de emulsões por PSM pode envolver fenômenos adicionais, como a

deformação das gotas, coalescência ou inversão de fases (LIN & LAN, 1998).

HONG et al. (2002) relatam a existência de vários estudos no uso das

membranas, entretanto, a maior parte dos estudos tem sido focada no uso de

membranas de UF e MF para rejeição de gotas de óleo. Idealmente em cada modo de

operação, as gotas de óleo são completamente retidas e a fase continua é permeada.

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Porém, devido às gotas de óleo serem deformáveis, dependendo da pressão

aplicada, elas podem ser espremidas através dos poros e contaminar o permeado.

LIPP et al., (1988) relataram a contaminação do permeado. NAZZAL & WIESNER

(1996) investigaram os efeitos da pressão e do tamanho do poro da membrana. Os

autores relataram que abaixo da pressão crítica, a rejeição ao óleo pode ser

maximizada. Inversamente, se a pressão aplicada for acima da pressão crítica,

permite que as gotas de óleo molhem a membrana e iniciem a coalescência ou

deformem-se e passem através da membrana.

.

FRATILA-APACHITEI et al.(2001) investigaram o efeito da morfologia da

superfície de membranas de UF. Foram avaliadas duas membranas de UF, ambas de

Polietersulfona (PES), com área de 0,1 m2, mas com diferentes retenções nominais,

150 e 50 kDa. O efluente processado foi efluente de indústria petroquímica, coletado

após o tratamento biológico. A UF, com modo de operação dead-end, foi utilizada com

pré-tratamento a OI. Os experimentos foram realizados com pressão de 0,2 bar,

quando era alcançado 20% de declinio de fluxo permeado, era realizada a

retrolavagem com água desmineralizada em pressão maior que a de operação, 1,4

bar, por 30 segundos. Comparando os fluxos nas condições citadas, a membrana de

50 kDa tem um tempo de operação muito mais longo que a de 150 kDa, ou seja o

fluxo difere significativamente. A necessidade de realizar a lavagem (queda de 20% no

fluxo de permeado) foi bem menos frequente para a membrana com menor retenção

nominal. Depois de analisar a superfície das membranas por microscopia eletrônica de

emissão (FESEM, “Field Emission Scanning Electron Microscopy”), revelou-se que as

membranas possuem diferentes morfologias, e que as diferenças no desempenho da

filtração são determinadas devido a suas estruturas com poros interconectados.

LIPP et al., (1988) publicaram um trabalho que envolve filtração de O/A de

emulsões diluídas (0,5-10%) através de diferentes membranas poliméricas. Os autores

relataram que 99,9% do óleo foi rejeitado. A UF de emulsões industriais com baixa

concentração de óleo também foi realizada por LIN & LAN (1998), os autores

relataram que o fator de separação O/A pode ser aumentado pelo decréscimo do

tamanho médio dos poros em membranas de poliamida. KONG & LI (1999) obtiveram

permeado oleoso quando filtraram emulsões através de membranas hidrofóbicas. Os

autores estudaram a influência de diferentes parâmetros como fluxo de permeado,

pressão e concentração de óleo no permeado. Entretanto, eles concluíram que a

permeação de óleo foi controlada na maioria dos casos pelo grau de fixação

(adsorção) das gotas de óleo na superfície da membrana. A força de interação entre

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as gotas de óleo e a superfície da membrana hidrofóbica, resulta na coalêscencia das

gotas de óleo na superfície da membrana e dentro dos poros.

MOHAMADI et al. (2003) estudaram a influência da temperatura, pressão

através da membrana, e velocidade tangencial no “fouling” e o efeito destes

parâmetros no fluxo permeado, utilizando membrana de OI hidrofílica. Estudando o

efeito da pressão no fluxo permeado à 20oC e com uma concentração de 3% em

volume de óleo, observou-se que o fluxo aumenta com a pressão. Quanto ao efeito da

concentração de óleo, foram testadas concentrações entre 0,3 e 5% em volume, todos

os experimentos foram conduzidos a 20oC e 13 bar, observando-se que o fluxo

decresce com o tempo de operação para as concentrações mais altas. Utilizando

temperaturas entre 20 e 50oC, 13 bar e 0,3% de óleo, os autores observaram que o

fluxo diminui com redução da temperatura. Isto pode ser explicado pelo aumento da

viscosidade com redução da temperatura. Por último, foi avaliado o efeito da

velocidade tangencial no “fouling”, a faixa de velocidade foi de 0,95 a 1,55 m/s,

concentração de óleo de 0,3%, 13 bar e 20oC. Um aumento na velocidade conduz a

um aumento na turbulência e no coeficiente de transferência de massa, diminuindo a

polarização e aumentando o fluxo permeado.

LIPP et al. (1988) afirmam que existe uma diferença qualitativa entre UF de

emulsões e outras suspensões coloidais. Isto é porque as gotas de óleo das emulsões

têm tamanhos que podem variar com o cisalhamento, a concentração, a razão

óleo/surfactante, e com a interação com a membrana.

De acordo com KOLTUNIEWICZ et al. (1995), existem dois fatores mais

significativos, que contribuem no aumento da resistência ao fluxo permeado durante a

MF. O primeiro está ligado com a membrana e suas propriedades, relacionado com a

possibilidade de bloquear o poro, e o segundo com a camada limite e a geração de

“fouling” na membrana. Desta forma, o fluxo permeado é produto da combinação de

vários efeitos, dificultando a analise individual dos fatores envolvidos. Entretanto, uma

cuidadosa análise da curva de declínio do fluxo pode ser usada. A própria seleção da

membrana, usualmente resolve a maior parte dos problemas conectados com o

primeiro fator. Este tem ligação com a compatibilidade química, molhabilidade e

resistência as condições de “stress” como temperatura, pressão e pH. O segundo fator

pode ser controlado durante o processo e otimizado. A permeabilidade da camada

secundária adjacente à membrana pode ser alterada por condições de operação como

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velocidade tangencial, pressão, temperatura e concentração, que influenciam a

hidrodinâmica e controlam os níveis de turbulência.

Quando a membrana é apenas mantida em contado com a emulsão, sem

permeação, a quantidade de óleo adsorvida depende essencialmente da afinidade do

óleo pela membrana. A adsorção pode fornecer importantes informações para avaliar

afinidade de óleo e para predizer o “fouling” na filtração por membrana para água

oleosa (HANG et al., 2003).

Conforme SRIJAROONRAT et al. (1999), existe uma pressão crítica (Pc) na

qual ocorre a penetração da fase oleosa nos poros da membrana. Esta pressão

depende da composição química da superfície, da interação soluto-soluto e soluto-

membrana, assim como da molhabilidade, podendo ser descrita pela equação de

Young-Laplace (Equação 2.4.2.1), em termos da tensão interfacial entre óleo e a água

(γ o/w), do ângulo de contato da gota de óleo com a superfície da membrana (θo/w) e do

diâmetro do poro (r).

rθ cos.γ2

=P o/wo/w C (2.4.2.1)

Quando operada em alta pressão, a membrana se torna bloqueada e molhada

pela fase oleosa, conduzindo a uma mudança na tensão interfacial crítica, no ângulo

de contato e no tamanho do poro da membrana. Geralmente, a tensão interfacial

óleo/água tem valor negativo e previne que as gotas passem pelo poro da membrana,

opondo-se a pressão de operação. Dependendo da deformação das gotas de óleo, a

pressão de operação não deve ser maior que a pressão capilar, pois deste modo as

gotas de óleo irão passar através de poros pequenos e contaminar o permeado. Elas

podem também ser adsorvidas e bloquear o poro da membrana conduzindo ao

“fouling”.

KOLTUNIEWICZ et al. (1995) destacam que, quando a pressão aplicada é

muito elevada, ocorre um declínio mais rápido do fluxo de permeado, devido à

introdução de um grande número de gotas de óleo nos poros da membrana.

PARK et al, (2001) relataram que o sucesso da filtração da emulsão depende

fortemente da razão entre diâmetro da gota e diâmetro do poro (R/r). Quando o valor

desta razão é um ou próximo de um, a gota passa através dos poros da membrana

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sem destruição. Entretanto, quando esta razão é muito mais alta, as gotas podem se

deformar e quebrar em gotas menores na saída do poro.

Segundo HANG et al. (2003), a afinidade das membranas ao óleo é uma

importante característica das membranas. Tradicionalmente o conceito de ângulo de

contato tem sido usado para caracterizar afinidade do material sólido. Para um ângulo

menor, menos afinidade a membrana tem com o óleo, conseqüentemente as gotas de

óleo não são adsorvidas sobre a membrana. Várias tentativas têm sido feitas para

investigar a relação entre o ângulo de contato e o “fouling” da membrana. CAPANELLI

et al. (1990) estudaram a permeação de soro de leite e encontraram uma boa

correlação entre o ângulo de contato e a tendência ao “fouling” das membranas

investigadas. GEKES et al. (1992) também investigaram a correlação entre o ângulo

de contato e o desempenho da membrana quando trataram solução contendo

dextrana, proteína do soro de leite concentrada e um sol de sílica. Eles relataram que

um baixo ângulo de contanto leva a um alto fluxo permeado e recuperação de fluxo de

água pura, no final do processo. JONSSON & JONSSON (1995) mediram

experimentalmente ângulos de contato de oito membranas com diferentes

características e não encontraram relação geral entre ângulo de contato e fluxo

relativo destas membranas.

As divergências acima podem resultar de várias causas. Primeiro, o conceito

de ângulo de contato foi originalmente usado para descrever a interação entre as

gotas e superfícies não porosas dos sólidos. Assim, os poros podem fazer interações

mais ou menos diferentes entre as gotas da superfície. Segundo, os métodos

clássicos de medida de ângulo de contato são inexatos. A adsorção de óleo na

membrana está relacionada à afinidade do óleo pela membrana. Quanto mais forte a

afinidade com a membrana, mais as gotas de óleo são adsorvidas na membrana.

Outro problema que deve ser considerado no tratamento de efluentes oleosos

por processos de separação por membranas é o uso de surfactantes. Estes são

usados em numerosas aplicações industriais, como indústrias têxteis ou de

processamento de metais e estão presentes, portanto em vários efluentes. Os

processos de separação por membrana podem ser usados para purificação destes

efluentes, mas para que se alcance uma concentração suficientemente baixa de

surfactantes no permeado é necessário que se use membranas de NF (WENDLER et

al., 2002). De acordo com os autores, é necessário conhecer o modelo de

transferência de massa para a compreensão do processo. Os seguintes efeitos

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causam declínio do fluxo permeado NF de soluções com surfactantes: a diferença de

pressão osmótica conduz à pequena força motriz para o fluxo de solvente; a adsorção

de surfactante na membrana causa declínio do fluxo; a concentração de polarização,

que aumenta a concentração próximo à superfície da membrana, resulta em alta

diferença de pressão osmótica.

FIELD et al. (1994) estudaram a influência do surfactante na performance das

membranas de MF. As interações entre os solutos e a membrana podem conduzir a

adsorção dentro dos poros, na entrada do poro e freqüentemente na superfície da

membrana. Isto normalmente reduz o fluxo de permeado e a transmissão das

espécies macromoleculares. Devido à importância da queda do fluxo e da natureza

das interações na superfície da membrana, foram testados na investigação três

surfactantes, um iônico (dodecilsulfato de sódio-DSS), e dois não iônicos

(polietilinoglicol e Tween 80). Foram utilizados dois tipos de membranas planas de MF,

PVDF com tamanho de poros de 0,2 e 1,5 µm e membrana cerâmica de zircônia, com

tamanho nominal de poros 0,2 µm. Foi concluído que para ambas membranas, todos

os surfactantes testados causaram significante redução no fluxo. A redução no fluxo

foi maior para membrana de PVDF.

DUCOM et al. (2002) observaram que o “fouling” é substancialmente mais alto

para as emulsões não estabilizadas (sem surfactantes). Esta diferença pode ser

devido à influência dos surfactantes na carga da membrana e/ou hidrofilicidade e na

carga da gota ou potencial zeta. No caso das macroemulsões estabilizadas, o

principal mecanismo de “fouling” continua sendo a deposição da gota.

O modo de operação pode influenciar na redução de “fouling”. KOLTUNIEWICZ

et al. (1995), estudaram ambos métodos de operação (“dead-end” e “cross-flow”) na

MF de emulsão O/A e concluíram que diferenças significativas entre os modos de

operação se dão para número de Reynolds maior que 2.300, para o qual o aumento

da velocidade tangencial reduz a espessura da camada limite, reduzindo assim sua

resistência e os problemas com “fouling”. Geralmente é observado na literatura, para

separações O/A, o uso de fluxo cruzado, pois além de permitir maior velocidade de

operação, pode-se trabalhar com uma concentração de óleo maior do que a do modo

de filtração convencional.

Para SCOTT et al. (2001), existem diferentes maneiras de melhorar o fluxo

permeado em MF e UF com fluxo cruzado. Uma das maneiras de conseguir maior

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fluxo de permeado é através de processos que promovam turbulência. Sendo assim,

os autores estudaram processos utilizando membranas corrugadas para promover

esta turbulência e obtiveram resultados que demonstraram que o aumento do fluxo é

mais eficiente quando há turbulência perto da superfície da membrana e, por esta

razão, reduzindo a polarização da concentração. O ângulo de corrugação também

afeta o fluxo. Os fluxos aumentaram 30, 100 e 160% em membranas planas e com

ângulos de 45o e 90o de corrugação, respectivamente.

Qualquer que seja o modo de operação dos sistemas, as membranas irão

sempre necessitar de uma limpeza periódica. LINDAU & JONSSON (1994) citam que

o ciclo mais efetivo para rejeitos oleosos é a limpeza caústica seguida de uma

lavagem ácida. TEODOSIU et al. (1999) comentam que utilizando apenas limpeza

ácida obtiveram bons resultados, permitindo a recuperação quase completa de fluxo

permeado.

Outras tentativas têm sido realizadas para superar estes obstáculos:

modificações na superfície da membrana (ANDERSON & SAW, 1987), adição de

substâncias químicas na solução de alimentação (BELKACEM, 1995), e lavagens com

líquido ou gás (VIGNES et al., 1996).

BELKACEM et al. (1995) utilizaram lavagem com uma solução contendo

detergente seguida de água destilada, obtendo resultados satisfatórios. Atualmente,

há vários detergentes desenvolvidos para limpeza de membranas, como relatado por

MUELLER et al. (1997).

HU et al. (2002) utilizaram uma emulsão estável, proveniente de uma indústria

petroquímica que continha óleo de máquinas, surfactantes e outros componentes, e

investigaram a possibilidade de recuperação da permeabilidade da membrana através

de limpeza com solução micelar, contendo dodecil sulfato de sódio, n-pentanol e água,

que foi eficiente para remover o óleo na superfície da membrana.

Segundo CAKL et al. (2000), um dos obstáculos para o aumento do uso dos

PSM é o alto custo dos sistemas de membranas em comparação com os métodos

convencionais de tratamento. O custo, que depende principalmente da área de

membrana requerida, que pode estar intimamente relacionada ao fluxo de permeado.

Vários métodos diferentes têm sugerido o aumento deste fluxo. Alguns deles são parte

do ciclo de operação, enquanto outros são realizados durante o processo de parada.

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56

Estes processos incluem, principalmente, fluxos pulsantes, membranas rotativas,

promoção de turbulência no canal de alimentação e/ou retrolavagens (“backflushings”)

periódicas.

A retrolavagem é um método que melhora o desempenho dos processos de

filtração com fluxo cruzado, pela redução da concentração da polarização e efeito do

“fouling” na superfície da membrana. Pode ser realizada com ar, água ou permeado.

No ciclo de retrolavagem, o fluxo de permeado é aplicado através da membrana na

direção contrária a filtração, por alguns segundos a cada vários minutos, para remover

a camada gel (SRIJAROONRAT et al., 1999).

Os parâmetros mais importantes na técnica de retrolavagem, de acordo com

SRIJAROONRAT et al. (1999), são: o tempo entre duas retrolavagens ou tempo de

filtração (tF) e a duração da retrolavagem ou filtração inversa (tR).

Segundo CAKL et al. (2000), o fluxo médio durante um ciclo é expresso com

base no volume total de permeado coletado menos o volume de permeado perdido

(Equação 2.4.2.2).

R F

t

0

tt

tRF

t t

dtJ - dtJJ

F RF

F

+=∫ ∫

+

(2.4.2.2)

onde, J é o fluxo de permeado e t o tempo; os índices F e R referem-se ao período de

filtração e período de filtração inversa, respectivamente.

2.4.3. COMBINAÇÃO DE PROCESSOS PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES OLEOSOS

Ultrafiltração e Troca Iônica

LIN & LAN (1998) investigaram a remoção de óleo de uma emulsão O/A

proveniente de uma indústria de cabos e fios elétricos, que dependendo da aplicação

específica era composta por mais de 97% de água, sendo o restante composto de

uma complexa mistura ( óleo: mineral, vegetal, animal e sintético, álcoois e agentes

sequestrantes e surfactantes). Para o tratamento deste efluente os processos de UF e

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troca iônica foram utilizados. Os experimentos foram conduzidos examinando o

desempenho característico de membranas de UF hidrofílicas e hidrofóbicas, com

diferentes tamanhos de poros. O processo de troca iônica utilizando resinas catiônicas

e aniônicas foi utilizado como polimento para diminuir a DQO, a concentração de

cobre, a turbidez e a condutividade do permeado. Os resultados dos testes mostraram

um bom desempenho dos processos combinados. A qualidade do permeado foi

excelente, permitindo a descarga no meio ambiente ou até o reúso da água em alguns

casos. Análises preliminares mostraram que os gastos com os processos acoplados

são recuperados em um período de aproximadamente um ano. Além da viabilidade

econômica, o tratamento oferece algumas vantagens, que não são atingidas pelos

tratamentos convencionais: uniformidade na concentração de óleo, facilidade de

operação e permeado com melhor qualidade.

Microfiltração e Floculação

ZHONG et al. (2003) estudaram o processo de MF combinado com as técnicas

tradicionais de floculação química como pré-tratamento. Primeiro foram determinadas

as condições ótimas de floculação: dosagem de 70 mg/L de floculante, temperatura de

40o C e tempo de agitação de 90 minutos. Com a floculação, houve um decréscimo do

conteúdo de óleo e de DQO. O floculante escolhido foi o 3530S (derivado da

poliacrilamida). Foi utilizada membrana de MF de ZrO2, com tamanho nominal de poro

de 0,2 µm. Os efeitos da pressão e velocidade tangencial também foram investigados.

Com o pré-tratamento (floculação), o “fouling” diminuiu e o fluxo e a qualidade do

permeado aumentaram. A pressão recomendada foi de 0,11 MPa e velocidade

tangencial de 2,56 m/s. Os valores de DQO quase não mudaram com a pressão, mas

o conteúdo de óleo no permeado aumentou. O fluxo permeado e a remoção de óleo e

DQO aumentaram com o aumento da velocidade tangencial.

Ultrafiltração com Adição de Bentonita

PANPANIT & VISVANATHAN (2001), afirmam que o principal problema no

tratamento de emulsões O/A de efluentes de lavagens de carro por UF é o “fouling”

causado pela adsorção de óleo na superfície da membrana e nas paredes internas

dos poros. O estudo demonstra que a adição de bentonita pode reduzir a camada de

adsorção na membrana de UF de acetato de celulose, resultando na redução da

resistência total (Rt) da membrana. Os experimentos foram conduzidos para identificar

e descrever três possíveis mecanismos: redução da concentração “bulk” de óleo da

emulsão; agregação das partículas e separação da camada gel de adsorção pela força

de cisalhamento. A adsorção do óleo da emulsão na bentonita pode causar uma

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significante redução da concentração “bulk” de óleo na emulsão, uma das maiores

causas da intensificação do fluxo. Os resultados mostram que o contato da emulsão

com a bentonita forma grandes partículas resultando em aumento do fluxo. Um ótimo

tamanho de partícula de 37 µm, corresponde a uma concentração de bentonita de 300

mg/L e promove alto fluxo. Além desta limitação na concentração, o declínio do fluxo

melhora gradualmente, possivelmente devido à formação de uma torta empacotada

das partículas na superfície da membrana. A presença de bentonita na emulsão

promove alto “stress” de cisalhamento que atua contra a camada gel.

Ultrafiltração e Injeção de Gás

UM et al. (2001) estudaram a injeção de nitrogênio na alimentação de uma

emulsão O/A em uma unidade de UF. Segundo os autores, com a injeção de gás foi

encontrado fluxo mais alto do que o proposto pelo modelo da teoria do filme. A injeção

de gás causa um efeito positivo na promoção de turbulência, reduzindo a polarização

de concentração, mas também tem um efeito negativo que é o decréscimo da área

efetiva de membrana devido à ocupação parcial dos poros pelas bolhas. O fluxo de

permeado é dependente da fração de gás na emulsão; o benefício do aumento da

velocidade tangencial é maior sem injeção de gás do que com injeção. Isto pode ser

atribuído à redução do efeito da turbulência devido à compressibilidade das bolhas.

Por outro lado, DUCOM et al. (2002) utilizando efluentes da indústria de metais

relataram que a injeção de ar não modifica a permeabilidade da membrana utilizada

(NF), nas faixas de operação que foram testadas (velocidade do gás de 0 a 1 m/s e

velocidade do líquido de 0,08 a 0,4 m/s).

Ultrafiltração e Destilação por Membrana

GRYTA et al. (2001) investigaram o tratamento de efluentes oleosos pela

combinação de UF e Destilação por Membrana (DM)* como método final de

purificação. Um módulo tubular de membranas de UF de polivinilideno fluorado

(PVDF) e módulos capilares de membranas de DM de polipropileno foram testadas

para o tratamento de efluentes coletados em um porto, sem pré-tratamento. Este

efluente é caracterizado por uma composição complexa, contendo óleo (mineral,

* Destilação por Membrana (DM) é um processo de evaporação através dos poros de uma membrana hidrofóbica. A força motriz é gerada pela diferença de pressão de vapor da solução entre os lados da membrana hidrofóbica. A presença de somente fase vapor nos poros da membrana é necessária na DM. O mecanismo de separação é baseado no equilíbrio líquido vapor da mistura líquida. Durante a DM das soluções com solutos não voláteis, somente água vapor passa através da membrana, então se obtém água desmineralizada. Importantes aplicações de DM podem ser encontradas em tratamento de água, dessalinização de água do mar, produção de água altamente pura e concentração de soluções aquosas.

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vegetal ou animal), ácidos graxos, emulsificantes, inibidores de corrosão, bactericidas

e outros compostos químicos. O permeado obtido da UF, geralmente, continha menos

do que 5 mg/L de óleo, indicando a necessidade de uma etapa posterior de

purificação.

A DM utilizada como estágio suplementar ao tratamento permitiu a completa

remoção dos poluentes do óleo, bem como as substâncias solúveis remanescentes,

presentes na alimentação. A DM produz permeados caracterizados por condutividade

elétrica abaixo de 3µS/cm e baixos valores de carbono orgânico total, 1,8 mg/L. Os

resultados experimentais confirmaram a efetividade do sistema híbrido UF/MD para

purificação de água.

Ultrafiltração e Ozônio

CHANG et al. (2001) fizeram estudos experimentais para tratamento e reúso de

efluentes oleosos gerados pela indústria de componentes automobilísticos. Investigou-

se o uso da UF e tratamento com ozônio para reúso do efluente oleoso. Um sistema

de UF (capacidade 5 ton/dia) foi empregado para tratar dois tipos de efluentes:

efluente sem óleo e efluente oleoso. O comportamento do fluxo e da remoção de

matéria orgânica depende fortemente do tipo de óleo. Para os efluentes sem óleo a

água pode ser reusada para algumas operações, sem tratamento posterior, somente

UF. Entretanto, o efluente com óleo, juntamente com o permeado da UF apresentaram

características diferentes, como tamanho da emulsão e taxa de espuma, devido ao

excesso de surfactante presente no permeado da UF. Para este efluente foi

necessária a oxidação parcial com ozônio para destruição dos componentes orgânicos

ainda presentes no permeado. Esta oxidação parcial destrói os surfactantes, tornando-

os incapazes de mudar as características da emulsão, e estas mudanças nas

características depende do tempo de contato do ozônio. O tempo ótimo de contato

encontrado foi de 5 minutos e a concentração de ozônio consumida foi de 0,4 g de

ozônio por litro de efluente. Assim, o tratamento usando ozônio torna possível o reúso

do permeado da UF.

Microfiltração, Processo Biológico e Processo Oxidativo

CAMPOS (2000) avaliou o tratamento da água de produção de petróleo gerada

na Bacia de Campos (Rio de Janeiro, RJ). Depois de uma filtração em papel filtro

comum, este efluente altamente salino foi microfiltrado, utilizando membrana de

ésteres de celulose, resultando em remoções médias de DQO (Demanda Química de

Oxigênio), carbono orgânico total (COT), óleos e graxas (O&G) e fenóis de 35%, 25%,

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60

92% e 35%, respectivamente. O permeado obtido foi alimentado em um reator “air –

lift”, de 1 litro de capacidade, contendo partículas de poliestireno de 2mm de diâmetro,

usado como material suporte. Este reator foi operado durante 210 dias, em três

tempos de retenção hidráulicos (TRH): 24, 48 e 12 h. Até mesmo quando operou no

mais baixo TRH, foram atingidas eficiências de remoção de 65% (DQO), 80%(COT),

62% (fenóis) e 42% (amônia). O efluente final apresentou valores de DQO e COT de

230 e 60 mg/ L, respectivamente.

Os resultados obtidos em análises de cromatografia gasosa e em ensaios de

toxicidade com microcrustáceos Artemia Salina mostraram uma melhora significativa

na qualidade do efluente após o tratamento pela combinação de processos

(microfiltração; biológico). Além disso, o concentrado gerado foi tratado através de

processo oxidativo (reativo de Fenton) e foram alcançados resultados satisfatórios de

biodegrabilidade.

Apesar dos problemas de “fouling”, o processamento de efluentes oleosos por

sistemas com membranas, algumas vezes combinados com outras técnicas de

tratamento, tem obtido êxito comercial, existindo mais de 3.000 instalações de MF e

UF utilizando membranas poliméricas e mais de 75 utilizando membranas cerâmicas

no mundo. Segundo os autores, os PSM têm apresentado maior aceitação devido à

produção de permeados que atendem às Legislações Ambientais e por serem

processos simples do ponto de vista operacional (CHERYAN & RAJAGOPALAN,

1998).

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61

3.1. SISTEMA EM ESCALA DE BANCADA

Os testes com sistema em escala de bancada foram realizados em duas

etapas: testes com Efluente Sintético (emulsão água/óleo/emulsificante) e testes com

Efluente Real da Refinaria Duque de Caxias (REDUC/Petrobras).

3.1.1. EFLUENTE SINTÉTICO 3.1.1.1. Preparo do Efluente Sintético (Emulsões)

Os efluentes sintéticos (emulsões) foram preparados com água destilada

deionizada, diferentes concentrações de óleo diesel comercial - Petrobras (20, 50,

100, 200, 250, 500 e 1.000 mg/L), diferentes tipos e concentrações de emulsificantes

(tensoativos) e diferentes condições de preparo (tempos e velocidades de agitação).

Nos experimentos realizados com aumento da concentração de óleo, foi adicionado à

emulsão mais concentrada, com 1.000 mg/L de óleo diesel, NaCl na concentração de

1 gmol/L.

Foram avaliados três tipos de emulsificantes:

aniônico: dodecil sulfato de sódio (DSS), C12H25SO4Na, fabricante Vetec Química

Fina Ltda;

catiônico: brometo de cetil trimetil amônio (CTAB), C19H42BrN, fabricante Reagen -

Quimbrás Indústria Química S.A.;

não iônico: t-octilfenoxipolietoxietanol (Triton X-100), C34H62O12, fabricante

Amresco Inc.

A Concentração Micelar Crítica (CMC) para DSS, CTAB e Triton X-100 é,

respectivamente, 9.10-3 mol/L, 9.10-4 mol/L (TOMINAGA et al., 2004) e 0,26 .10-3 mol/L

(CHIBISOV et al., 2003). As concentrações de emulsificantes analisadas, para os três

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emulsificantes citados, foram de 2 e 4 vezes a sua CMC. Também foram analisadas

emulsões sem adição de emulsificante.

As emulsões foram preparadas a partir da pesagem de uma amostra do óleo

diesel em um becher de 100 mL. Os emulsificantes foram pesados separadamente e,

então, misturados com 1 L de água deionizada. Com esta solução, o becher com óleo

era lavado e seu conteúdo transferido para um becher de 4 L, até que não houvesse

mais óleo nas paredes do becher de 100 mL.

Após a mistura preliminar dos componentes, o sistema era emulsionado

utilizando um aparelho de dispersão e emulsão de alta velocidade (24.000 rpm), Ultra-

Turrax T18 basic, fabricado por IKA ® Works, Inc (turrax). O aparelho era mantido

imerso no meio aquoso para promover a emulsificação da fase oleosa. Foram

preparados efluentes sintéticos com diferentes tempos (1, 3 e 5 minutos) e

velocidades de agitação (0, 14.000 e 24.000 rpm).

3.1.1.2. Seleção das condições de preparo do Efluente Sintético

A seleção das condições de preparo das emulsões, em diferentes

concentrações de óleo diesel, tipo e concentração de emulsificantes, foi acompanhada

pela medida da absorbância ao longo do tempo. A técnica de medida de absorbância

será descrita posteriormente.

3.1.1.3. Procedimento dos Testes de Permeação com Efluente Sintético

Após selecionadas as condições de preparo das emulsões, investigou-se o

processo de permeação em diferentes condições operacionais. Com intuito de

investigar a estabilidade do processo de permeação também foram realizados testes

com substituição periódica da emulsão sintética, nas mesmas concentrações e

condições de preparo. A estabilidade do processo foi investigada utilizando

procedimento similar, entretanto, neste caso, a cada 24 horas, a emulsão era

substituída por outra, com o dobro da concentração de óleo diesel. As concentrações

diesel testadas foram de 250, 500 e 1000 mg/L. O efeito da presença de eletrólito foi

analisado adicionando-se 1 gmol/L de NaCl na emulsão com 1000 mg/L de óleo. A

concentração de DSS e as condições de preparo foram mantidas constantes durante

os experimentos.

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63

Durante a realização dos experimentos a temperatura da emulsão foi mantida

em 25oC, através de um trocador de calor.

3.1.2. EFLUENTE REAL (REDUC-Petrobras)

A refinaria Duque de Caxias (UN - REDUC), situada no Rio de Janeiro, é a

mais complexa unidade industrial do sistema Petrobras, já que possui uma ampla

gama de unidades de produção. Nesta unidade há uma significativa quantidade de

água doce, com captação proveniente basicamente da Barragem de Saracuruna e da

adutora de Guandu (NASCIMENTO et al ., 2004). A refinaria tem uma capacidade de

produção de 242 mbpd e gera 1.100 m3/h de efluentes (CARVALHO, 2004).

A unidade de tratamento de efluentes da REDUC é composta por um

separador água/óleo (SAO), do tipo “American Petroleum Institute” (API), seguido de

um flotador por ar dissolvido, lagoas aeróbias e lagoa de estabilização, conforme o

fluxograma simplificado apresentado na Figura 3.1.2.1.

SAO FLOTADOR LAGOAS AERÓBIAS

LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO

SAO FLOTADOR LAGOAS AERÓBIAS

LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO

Figura 3.1.2.1. Fluxograma simplificado do processo de tratamento de efluentes da

REDUC.

A coleta dos efluentes foi realizada em dois pontos do processo de tratamento,

na saída do flotador e na saída da lagoa de estabilização. Os efluentes foram

coletados em recipientes de 50L e mantidos a temperatura ambiente durante a

realização dos experimentos.

A concentração de óleo no efluente da saída do flotador e da lagoa de

estabilização, determinada pela técnica de espectrofotometria de absorção no

infravermelho, descrita no item 3.2.2, foi de 20 e 10 mg/L, respectivamente.

3.1.3. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE ÓLEO Para determinar a quantidade de óleo na fase dispersa, tanto no efluente

sintético como no real, utilizou-se medida de absorbância em espectrofotômetro

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(comprimento de onda, λ = 630 nm), conforme procedimento descrito por (COUTO,

2003). O autor mostrou que é possível relacionar com a concentração de óleo obtida

através do analisador Horiba OCMA –350 (técnica convencionalmente utilizada para

determinar a concentração de óleo).

Inicialmente, foi utilizado um espectrofotômetro de bancada (Micronal, modelo

B 380), onde as amostras eram coletadas e analisadas em cubetas de quartzo

(comprimento de onda, λ = 630 nm). Posteriormente, utilizou-se um espectrofotômetro

com célula de fluxo contínuo (Sistema Bioquímico, modelo SB-190, Celm), λ = 620 nm,

que possui uma bomba peristáltica, possibilitando a circulação da amostra e a

determinação da absorbância periodicamente.

Foram construídas curvas de calibração que mostram a proporcionalidade

entre as medidas de absorbância e concentração, conforme o exemplo apresentado

na Figura 3.1.3.1.

0 50 100 150 200 250concentração (mg/L)

0.00

0.04

0.08

0.12

abso

rbân

cia

Y = 4,9. 10-4*X

R-square = 0.99

Figura 3.1.3.1. Exemplo de curva de calibração para a emulsão com óleo diesel e DSS

(4 * CMC). Condições de preparo: 24.000 rpm, 1 minuto.

A comparação entre as medidas utilizadas na determinação da concentração

do óleo, medida de absorbância no espectro visível (Espectrofotômetro) e no espectro

infravermelho (Horiba), para o óleo diesel está apresentada na Figura 3.1.3.2.

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Óleo Diesel

R2 = 0,9778

0

50

100

150

200

250

300

0 0,05 0,1 0,15 0,2

AbsorbânciaEspectrofotômetro

TOG

(mg/

L)Ho

riba

Figura 3.1.3.2. Comparação entre as medidas de determinação da concentração de

óleo diesel (Horiba x Espectrofotômetro).

O coeficiente de correlação obtido, demonstra a representatividade da técnica

empregada de leitura de absorbância em espectro visível.

3.1.4. SISTEMA DE PERMEAÇÃO EM ESCALA DE BANCADA

O sistema é constituído basicamente de uma célula de permeação com 134,16

cm2 de área, uma bomba de engrenagem Verder (modelo 2035), que promove a

circulação do efluente pelo sistema, medidores de pressão e vazão, válvula de

pressurização e um trocador de calor. O sistema de permeação de bancada está

apresentado na Figura 3.1.4.1 e a foto do sistema na Figura 3.1.4.2.

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66

109

7

84

5

6

2

1

3

P P

1. tanque de alimentação

2. bomba de engrenagem

3. trocador de calor

4 e 9. rotâmetros

5 e 7. manômetros

6. módulo de permeação

8. válvula de pressurização

10. tanque de permeado

---- recirculação109

7

84

5

6

2

1

3

P P

10109

7

84

5

6

2

11

3

PPP PPP

1. tanque de alimentação

2. bomba de engrenagem

3. trocador de calor

4 e 9. rotâmetros

5 e 7. manômetros

6. módulo de permeação

8. válvula de pressurização

10. tanque de permeado

---- recirculação

Figura 3.1.4.1. Esquema do Sistema de Permeação em Escala de Bancada.

Figura 3.1.4.2. Sistema de Permeação em Escala de Bancada.

3.1.5. MEMBRANAS UTILIZADAS Antes dos testes de permeação, foram realizados testes de circulação, onde ao

invés de uma membrana foi utilizado um filme denso de polietileno (espessura de 0,03

mm), com o objetivo de avaliar a estabilidade do efluente sintético durante a realização

do experimento.

Nos testes de permeação com efluente sintético foram utilizadas membranas

planas comerciais hidrofílicas de UF com retenção nominal de 20 kDa (ETNA 20 A), 50

kDa (FS 50 PP) e 100 kDa (GR 40 PP), da empresa Dow Danmark A/S, e membrana

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plana hidrofílica de MF com tamanho de poro de 0,22 µm (GSWP) da Poretics

Corporation.

Nos testes com efluente real foram utilizadas, além das membranas planas

comerciais citadas acima, membranas hidrofílicas de fibra oca de MF com tamanho de

poro de 0,3 µm, desenvolvidas no Laboratório de Membranas (PAM) do Programa de

Engenharia Química (PEQ) da COPPE/UFRJ. Para esta membrana a área de

permeação foi de 500 cm2, e um módulo tubular foi adaptado ao sistema.

Antes do início de cada experimento, em cada uma das membranas testadas,

foi determinada sua permeabilidade hidráulica com água deionizada microfiltrada. A

Tabela 3.1.5.1 apresenta as permeabilidades hidráulicas das membranas analisadas.

Tabela 3.1.5.1. Permeabilidades Hidráulicas das Membranas Analisadas.

Membranas Tamanho de poro/ retenção nominal

Material das Membranas

Permeabilidade Hidráulica - LP

(L/hm2bar)

MF (plana) 0,22 µm celulósica 2.227,7

MF (fibra oca) 0,3 µm polieterimida+

polivinilpirrolidona (PVP)

215,0

UF (plana) 20 kDa recobrimento hidrofílico 52,3

UF (plana) 50 kDa polímero fluorado 99,6

UF (plana) 100 kDa polisulfona 183,7

3.1.6. CONDIÇÕES OPERACIONAIS

Foram utilizadas diferentes condições operacionais para as diferentes

membranas testadas. Os valores de vazão de alimentação (Q) foram de 20 a 100 L/h

e diferença de pressão através da membrana (P) de 0,5 a 3 bar.

3.1.7. VARIÁVEIS ANALISADAS

Foram analisados o fluxo de permeado e a rejeição das membranas à fase

dispersa. O fluxo de permeado foi calculado através da Equação 3.1.7.1. Antes de

iniciar a permeação com as membranas hidrofílicas de MF e UF, foram determinadas

suas permeabilidades hidráulicas com água microfiltrada e deionizada.

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AQJ = (3.1.7.1)

onde, J é o fluxo de permeado, Q é a vazão de permeado e A é a área de permeação.

O erro experimental envolvido nas medidas do fluxo permeado foi estimado como

sendo inferior a 5%.

A concentração de óleo na emulsão, tanto na alimentação como no permeado,

foi determinada por medidas de absorbância, conforme explicado anteriormente e

analisadas por amostragem periódicas. A rejeição da fase dispersa foi calculada

através da Equação (3.1.7.2), utilizando as medidas de absorbância e a curva de

calibração descrita no item 3.1.3.

A

PCCR −= 1 (3.1.7.2)

onde, R é a rejeição da membrana a fase dispersa, CA e CP são as concentrações da

alimentação e do permeado, respectivamente. O desvio padrão observado nas

medidas de concentração de óleo na fase dispersa foi sempre inferior a 4%.

3.1.8. LIMPEZA DO SISTEMA DE BANCADA

A limpeza do sistema foi realizada após o término de cada experimento,

visando remover o óleo da superfície da membrana. O sistema foi lavado com água

microfiltrada deionizada (em torno de 10 L), seguida de recirculação com água

microfiltrada e deionizada durante alguns minutos (em torno de 30 - 40 minutos). Após

a limpeza era determinada a permeabilidade hidráulica da membrana e comparava-se

este valor ao da permeabilidade hidráulica inicial da membrana, caso o valor fosse

próximo, o procedimento de limpeza era considerado satisfatório.

Caso não houvesse a recuperação da permeabilidade inicial da membrana

apenas com água, era necessária a utilização de produtos químicos para limpeza.

Foram usados como agentes de limpeza, separadamente, solução de ácido cítrico, pH

= 4 (H3C6H5O7); solução de hidróxido de sódio, pH = 10 (NaOH); solução 1% de

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hexametafosfato de sódio (NaPO3); solução de 1% de bissulfito de sódio (NaHSO3) e

solução de dodecil sulfato de sódio (C12H25SO4Na), na concentração de quatro vezesa

CMC, todos fabricados pela Vetec Química Fina Ltda. As soluções eram recirculadas

pelo sistema, durante alguns minutos, com pressão de operação mais baixa possível e

maior velocidade tangencial.

Os procedimentos de limpeza com adição de compostos químicos foram feitos

principalmente para a membrana plana de MF de tamanho de poro de 0,22µm, e

variaram muito com relação às condições de operação e concentração de óleo da

emulsão. Por esta razão, torna-se difícil escrever um procedimento único para a

limpeza das membranas.

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70

3.2. SISTEMA EM ESCALA PILOTO

Os testes com sistema piloto foram realizados no Laboratório de Tratamento e

Reúso de Águas (LARA) do Centro de Pesquisa Leopoldo Américo Miguez de Mello

(CENPES/Petrobras). O laboratório possui uma unidade geradora de emulsões, onde

são reproduzidos em pequena escala, qualquer tipo de efluente oleoso oriundo de

qualquer unidade produtiva do sistema Petrobras, nos seus mais variados parâmetros,

tais como: concentração de óleo, distribuição de tamanho de partículas, salinidade,

temperatura, etc. A simulação destes efluentes, em escala piloto, é fundamental para o

estudo e comparação dos processos de separação de óleo da água (PEREIRA et al.,

2000).

3.2.1. EMULSÕES SIMULANDO EFLUENTE DE REFINARIA

O fluxograma simplificado na Figura 3.2.1.1 mostra o circuito da água, o circuito

do óleo, os dispositivos formadores da emulsão a ser sintetizada, e os alinhamentos

necessários para a instalação do equipamento a ser utilizado os testes de separação

do óleo da emulsão. O fluxograma completo das unidades do LARA está apresentado

no Anexo 7.1.

O sistema gerador de efluentes é composto do tanque TQ-50 que é alimentado

com água da rede industrial. Simultaneamente ao enchimento do tanque, é feito o

aquecimento da água no seu interior através da injeção de vapor. Quando o nível do

tanque atinge determinado valor, aciona-se a bomba de circulação BH-50, que além

de introduzir concentrado salino do TQ-51, tem a função de homogeneizar a carga do

TQ-50. A solução salina preparada recebe, em seguida, o óleo que formará a emulsão

óleo-água. Este óleo está armazenado no TQ-10, que alimenta a bomba BD-10. A

descarga desta bomba passa pelo acidente hidráulico onde o óleo será cisalhado em

pequenas gotas como resultado da dissipação de energia neste acidente. Com isto

podemos gerar emulsões de óleo em água com faixas de distribuição de tamanhos de

gotas diferentes. Para todos os testes realizados a pressão utilizada no cisalhamento

das gotas foi de 5 kgf/cm2.

Existe também a possibilidade de injeção de produtos químicos na emulsão

que está sendo preparada. Foram previstos três tanques, com suas respectivas

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71

bombas dosadoras que podem injetar os produtos químicos selecionados antes ou

depois da formação da emulsão.

Figura 3.2.1.1. Fluxograma de processo simplificado da unidade geradora de

emulsões.

Na simulação do efluente de refinaria foram utilizados dois óleos: Diesel

comercial Petrobras (S-500) e Óleo do Campo de Marlim, Plataforma 20 (Marlim P-

20), Bacia de Campos, RJ. As características destes óleos estão apresentadas na

Tabela 3.2.1.1 para Marlim e 3.2.1.2 para Diesel.

TQ-50 TQ-51

TQ-10

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Tabela 3.2.1.1. Características do Petróleo de Marlim (P-20).

Densidade (oAPI) 19,7

Densidade Relativa (20/4oC) 0,9321

Viscosidade (cSt)

20oC

30OC

50oC

463,2

231,8

76,49

Fonte: PINTO & GUIMARÃES, 1996.

Tabela 3.2.1.2. Características do Óleo Diesel (S-500).

Densidade (oAPI) 41,06 – 32,08

Massa específica (20oC, kg/cm3) 820 – 865

Viscosidade (cSt)

40oC

2,5 – 5,5

Fonte: www.anp.gov.br

A Figura 3.2.1.2 apresenta os óleos utilizados na simulação do efluente de

refinaria, o óleo da esquerda é o diesel e o da direita é o óleo do campo de Marlim.

Figura 3.2.1.2. Óleos utilizados na simulação do efluente de refinaria, Diesel à

esquerda e Marlim à direita.

Além da influência do tipo de óleo, avaliou-se a influência da concentração. Os

dois óleos foram testados nas concentrações de 50, 100 e 250 mg/L.

Em alguns testes foi analisada a influência de sólidos suspensos totais (SST) e

da salinidade na emulsão gerada. Para simular a presença de SST no efluente com 50

mg/L de óleo, foi utilizado bentonita na concentração de 30 mg/L e presença de

salinidade foi utilizado NaCl nas concentrações de 10.000 e 50.000 mg/L.

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73

Para determinação do tamanho das partículas algumas emulsões foram

preparadas no Ultra-Turrax T-50 (Janke & Kunkel, Ika®Labortechnick) (turrax). A

velocidade de agitação utilizada foi de 10.000 rpm durante um minuto.

Também foram preparadas emulsões no turrax para efeito de comparação

entre a estabilidade destas com a estabilidade das emulsões produzidas na unidade

geradora de emulsões.

3.2.2. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE ÓLEO

A concentração de óleo foi determinada no analisador de óleo Horiba OCMA-

350. Este equipamento foi especialmente concebido para medir contaminação de

amostra de água (doce e salgada) e de solo por hidrocarbonetos em geral, opera

segundo técnica de absorção de energia no espectro infravermelho, na faixa de

comprimento de onda entre 3,4 e 3,5 µm. Segundo o princípio do instrumento, a

quantidade de energia absorvida é diretamente proporcional à concentração de

hidrocarboneto presente na amostra. Como a água também absorve energia na faixa

de 3,4 a 3,5 µm, faz-se necessária à extração dos hidrocarbonetos presentes na

amostra a partir do emprego de um solvente insolúvel em água, que não absorva

energia nessa faixa de comprimento de onda. Uma vez concluída a etapa de extração,

a concentração de hidrocarbonetos presente na amostra pode ser calculada, tomando-

se por base o valor indicado no visor do equipamento e os fatores de diluição

utilizados durante a etapa de extração.

Os solventes usados podem ser tetracloreto de carbono (CCl4) ou um solvente

a base de cloro-fluor-carbono (CFC), S-316. Foi utilizado o S-316, por ser menos

volátil e por apresentar menor toxidez.

3.2.3. DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS A distribuição do tamanho das partículas foi realizada no Malvern Master Size

(Malvern Instruments Ltda.). O equipamento determina distribuição do tamanho das

partículas através da técnica de difração a laser. O laser atravessa a amostra na qual

as gotas de óleo estão espalhadas. Detectores medem diferentes ângulos de difração,

cada ângulo corresponde a um tamanho de partícula.

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74

Foram feitas análises de amostras de efluentes produzidos na unidade

geradora de emulsões, e também em emulsões preparadas no turrax. As emulsões

geradas na planta continham 50, 100 e 250 mg/L de óleo (Diesel e Marlim) e as

geradas no turrax, 50 mg/L de óleo (Diesel e Marlim), e aditivos (30 mg/L de

bentonita, 10.000 e 50.000 mg/L de NaCl e 30 mg/L de bentonita com 10.000 mg/L de

NaCl).

3.2.4. DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE Para os experimentos realizados com presença de salinidade, foram

determinadas a concentração de NaCl e a condutividade dos efluentes no

condutivímetro 712 Conductomer Metrohm.

3.2.5. SISTEMA DE PERMEAÇÃO EM ESCALA PILOTO

O sistema é constituído de um módulo de membranas de MF, duas bombas de

centrífugas Dancor (modelo CP-4R), medidores de pressão e vazão, válvula de

pressurização e dois tanques de polietileno de 60 L. O sistema de permeação piloto

utilizado é mostrado na Figura 3.2.5.1, e a foto do sistema na Figura 3.2.5.2.

PAMPAMMF

Planta Geradora Emulsões (CENPES)

1 P

P

5

6

2

8

7

11

13

P

910

12

4

14

ALIMENTAÇÃO

CONCENTRADO

PERMEADO

3

1516

PAMPAMPAMMF

Planta Geradora Emulsões (CENPES)

1 PP

P

5

6

2

8

7

11

13

P

910

12

4

14

ALIMENTAÇÃO

CONCENTRADO

PERMEADO

3

1516

Figura 3.2.5.1. Esquema do Sistema de Permeação em Escala Piloto.

1. Tanque de Alimentação

2. Bomba da Alimentação

3. Dreno do Sistema

4. By-pass

5. Planta Geradora de Emulsões (Anexo 1)

6-8-11. Manômetros

7. Módulo de MF

9. Válvula de Pressurização

10. Rotâmetro do Concentrado

12. Rotâmetro do Permeado

13. Tanque de Permeado

14. Bomba da Retrolavagem

15. Retrolavagem

16. Lavagem por fora da fibra

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75

Figura 3.2.5.2. Sistema de Permeação em Escala Piloto.

A alimentação do sistema pode ser realizada de duas maneiras. A primeira é

preparando a emulsão na unidade geradora de emulsões e colocando-a no tanque de

alimentação de 60L. Com a bomba do sistema, o efluente é bombeado para o módulo

de permeação. Neste caso, monitora-se a temperatura durante o experimento, devido

ao aquecimento promovido pela recirculação do efluente.

O outro modo de alimentar o sistema é com o efluente vindo da própria planta

geradora de emulsões. Neste caso, o concentrado e o permeado são continuamente

descartados, para o tratamento de efluentes do laboratório (Anexo 1). Perto do final do

experimento, o permeado é armazenado nos tanques de polietileno, e então

reaproveitado para posterior limpeza da membrana.

3.2.6. MEMBRANA UTILIZADA O módulo de membranas de MF de fibra oca utilizado, foi fabricado no

PAM/PEQ/COPPE/UFRJ, e apresenta as seguintes características:

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76

Módulo de MF B 53/54:

fibra oca (polieterimida e polivinilpirrolidona)

área de permeação (Ap) = 1,38 m2

comprimento útil ( Lútil) = 0,60 m

diâmetro externo das fibras (Df) = 525 µm

diâmetro típico de poro = 0,3 µm

diâmetro máximo de poro = 0,5 µm

diâmetro interno do tubo (Dt) = 0,05 m

densidade de empacotamento = 1150 m2/m3

número de fibras = 1395

permeabilidade hidráulica = 214 L/h.m2.bar

A Figura 3.2.6.1 apresenta fotos das membranas de fibra oca utilizadas nos

experimentos de MF.

Figura 3.2.6.1. Membranas de fibra oca de MF.

3.2.7. CONDIÇÕES OPERACIONAIS

As condições operacionais utilizadas nos sistema piloto foram pressão de

operação de 0,25 a 1 bar, e vazões de alimentação de 350 a 880 L/h.

3.2.8. VARIÁVEIS ANALISADAS Como no sistema de bancada, as variáveis analisadas foram fluxo de permeado (Equação 3.1.7.1) e rejeição da membrana à fase dispersa (Equação 3.1.7.2).

3.2.9. LIMPEZA DO SISTEMA PILOTO

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77

A limpeza da membrana foi realizada no final de cada experimento, com intuito

de recuperar a permeabilidade hidráulica inicial. O sistema foi lavado com água, e em

alguns casos, dependendo das condições de operação e da concentração de óleo, foi

necessária a utilização de produtos químicos para realizar a limpeza.

Os produtos químicos utilizados foram um produto comercial a base de

percarbonato de sódio (2Na2CO3.3H2O2), fabricado por Reckitt Benckiser Ltda., e

também detergente comercial composto por alquil benzeno sulfonato de sódio linear,

alquil benzeno sulfonato trietanolamina, lauril éter sulfato de sódio, sulfato de

magnésio (MgSO4), EDTA e formol (CH2O), fabricado por Quimica Amparo Ltda.

Como comentado no Sistema em Escala da Bancada, foi difícil padronizar um

procedimento único de limpeza, em função dos diferentes tipos e concentrações de

óleo e condições operacionais utilizadas.

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78

4.1. SISTEMA DE BANCADA _____________________________________________________________________ 4.1.1. EFLUENTE SINTÉTICO

4.1.1.1. Seleção das Condições de Emulsificação A seleção das condições para o preparo das emulsões constituídas de óleo

diesel disperso em água foi investigada em função da concentração de óleo, tipo e

concentração de emulsificante, velocidade e tempo de agitação.

No capítulo 3 foi mostrado que as medidas de absorbância estão

correlacionadas ao teor de óleo determinado por espectrometria de infravermelho

(Horiba). Neste teste, avaliou-se a reprodutibilidade da medida de concentração das

amostras por leitura das absorbâncias em espectrofotômetro com célula de fluxo

contínuo. Foram feitas cinqüenta leituras consecutivas em um intervalo de

aproximadamente 10 minutos, utilizando uma emulsão com 200 mg/L de óleo diesel

(OD) e dodecil sulfato de sódio (DSS) como emulsificante na concentração de quatro

vezes a CMC. A emulsificação foi realizada no turrax, mantendo velocidade de

agitação de 24.000 rpm e tempo de agitação de um minuto. Os resultados estão

apresentados na Figura 4.1.1.1.

Conforme observado na Figura 4.1.1.1, o valor médio das absorbâncias

apresenta um desvio padrão percentual inferior a 4%, indicando a viabilidade da

metodologia proposta. É importante observar que se tratando de uma emulsão com

baixa concentração de óleo, ocorrem desvios acentuados no início, provavelmente

relacionado à lavagem insuficiente da célula de medida com a emulsão. Outros

desvios observados devem estar relacionados com a heterogeneidade do sistema,

indicando a necessidade de diversas medidas para obtenção de valores

representativos. Nos experimentos seguintes foram utilizadas, no mínimo, média de

cinco valores de absorbância.

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79

0

0,04

0,08

0,12

0,16

0 10 20 30 40 50 60

Leituras Consecutivas

Abs

orbâ

ncia

Figura 4.1.1.1. Variação da absorbância da emulsão óleo diesel/água medida em

espectrofotômetro com célula de fluxo contínuo. Medidas realizadas consecutivamente

em um intervalo de 10 min.

O teste seguinte foi avaliar a natureza do emulsificante. Foram escolhidos

emulsificantes com diferentes cargas fixas e ausência de grupos iônicos: DSS

(aniônico), CTAB (catiônico) e Triton X-100 (não iônico). Para todos os casos a

concentração de óleo diesel foi de 250 mg/L e a concentração do emulsificante quatro

vezes a CMC. A emulsão foi preparada no turrax com velocidade de 24.000 rpm

durante um minuto. A Figura 4.1.1.2 mostra os valores de absorbância em função do

tempo para os diferentes emulsificantes utilizados.

Os resultados apresentados na Figura 4.1.1.2 mostram, que para todos

emulsificantes avaliados, ocorre uma queda acentuada no valor da absorbância nas

primeiras horas do experimento, que pode ser relacionada à coalescência da fase

dispersa. Após este intervalo o valor da absorbância se mantém razoavelmente

estável, para todos os emulsificantes investigados. Não se observou diferença

significativa entre os emulsificantes, optando-se por utilizar DSS nos testes

posteriores.

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80

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0 20 40 60

tempo (horas)

Abs

orbâ

ncia

DSS

TRITON

CTAB

Figura 4.1.1.2. Estabilidade das emulsões com diferentes tipos de emulsificantes.

Foram testadas ainda diferentes condições de preparo, tempo (1, 3 e 5

minutos) e velocidade de agitação (14.000 e 24.000 rpm e sem utilizar o turrax). Para

todos os testes, a concentração da emulsão foi de 250 mg/L de óleo diesel e quatro

vezes a CMC do DSS. Os resultados obtidos estão mostrados na Figura 4.1.1.3 para

os diferentes tempos de agitação, e na Figura 4.1.1.4 para as diferentes velocidades

de agitação.

Em relação à Figura 4.1.1.3, observou-se que a diferença nos valores da

absorbância em função do tempo de agitação não foi significativa, ou seja, a agitação

durante minuto já é suficiente para emulsionar o óleo diesel. Por outro lado, os dados

apresentados na Figura 4.1.1.4 mostram que valores mais elevados da velocidade de

agitação, para todas as concentrações de óleo diesel testadas, aumentam o valor

medido para a absorbância, indicando uma melhor emulsificação do sistema.

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81

0

0,04

0,08

0,12

0,16

0,2

0 20 40 60

tempo (minutos)

Abso

rbân

cia

tagit=1 min

tagit=3 min

tagit=5 min

Figura 4.1.1.3. Estabilidade da emulsão em função do tempo de agitação, velocidade

de agitação de 24.000 rpm.

0

0,04

0,08

0,12

0,16

0,2

0 50 100 150 200 250 300

Concentração de Óleo Diesel (mg/L)

Abso

rbân

cia

v = 14.000 rpm

v = 24.000 rpm

sem agitação

Figura 4.1.1.4. Estabilidade da emulsão em diferentes velocidades de agitação, tempo

de agitação de um minuto.

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82

Para testar a influência da concentração do emulsificante, foram utilizadas

concentrações de duas e quatro vezes a CMC do DSS, comparando-se com o

comportamento da emulsão sem adição de emulsificante. Os resultados estão

mostrados na Figura 4.1.1.5. Todas emulsões foram preparadas com velocidade de

agitação 24.000 rpm durante um minuto. Os testes foram realizados logo após preparo

da emulsão e depois de duas horas em repouso.

0

0,04

0,08

0,12

0,16

0 50 100 150 200 250 300

Concentração Óleo Diesel (mg/L)

Abso

rbân

cia

4*CMC

2*CMC

sem emulsif icante

4*CMC 2h repouso

2*CMC 2h repouso

sem emulsif icante 2hrepouso

Figura 4.1.1.5. Estabilidade da emulsão em diferentes concentrações de DSS.

Condições de preparo: 24.000 rpm e 1 minuto de agitação.

Os dados apresentados na Figura 4.1.1.5 mostram que, logo após o preparo da

emulsão, não há diferença apreciável nos valores de absorbância para diferentes

concentrações de DSS. Entretanto, observou-se uma redução da absorbância para o

sistema sem emulsificante, mais intensificada para concentrações mais elevadas de

óleo. Cabe mencionar que o desvio padrão na absorbância das amostras com

menores concentrações de DSS e sem emulsificante foram bem mais elevados,

indicando uma maior heterogeneidade. As medidas de absorbância realizadas após

duas horas de repouso mostraram que os valores de absorbância para diferentes

concentrações de DSS se aproximam, não havendo variação apreciável. Em outras

palavras, o emulsificante estaria sendo pouco efetivo na estabilidade da emulsão após

um período de repouso, embora neste caso o desvio padrão na absorbância das

amostras também tenha sido mais elevado para duas vezes a CMC do DSS e sem

emulsificante.

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83

Os resultados obtidos nesta etapa permitiram escolher as condições mais

adequadas para estudo do processo de permeação em sistemas que apresentam

circulação da corrente de alimentação. Conforme discutido, as melhores condições de

estabilidade e emulsificação foram verificadas com a maior concentração de

emulsificante e velocidade de agitação vigorosa (24.000 rpm durante um minuto).

Para este estudo, optou-se por empregar DSS como emulsificante, na concentração

de quatro vezes a CMC, e 250 mg/L de óleo diesel.

4.1.1.2. Testes de Circulação

Após a determinação das condições de emulsificação, ou seja, determinadas a

concentração de óleo, o tipo e a concentração de emulsificante, e as condições de

preparo, a emulsão foi submetida às condições operacionais que serão aplicadas no

processo de permeação. Para evitar alteração da emulsão devido a permeação

através da membrana, utilizou-se para este experimento um filme denso de polietileno,

ou seja, sem ocorrer permeação. As condições operacionais utilizadas foram, vazão

de alimentação de 20 e 100 L/h e pressão de 0,5 e 3 bar.

Para todos os testes, nas diferentes condições operacionais, a concentração

da emulsão foi de 250 mg/L de óleo diesel, o emulsificante utilizado foi DSS na

concentração de quatro vezes a CMC, e preparados no turrax com velocidade de

24.000 rpm, agitados por um minuto. Os resultados obtidos podem ser observados na

Figura 4.1.1.6, mostrada a seguir.

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84

0

0,2

0,4

0,6

0 2 4 6 8 10

tempo (horas)

Abso

rbân

cia

P=3 bar e Q =100 L/h

P=0,5 bar e Q= 20L/h

P=0,5 bar e Q=100 L/h

P=3 bar e Q=20 L/h

Figura 4.1.1.6. Testes de estabilidade da emulsão no sistema com circulação da

alimentação utilizando filme denso.

Como pode ser observado na Figura 4.1.1.6, durante o tempo do experimento,

a emulsão permaneceu estável em todas as condições de vazão de circulação e

pressão. O valor da absorbância foi maior do que o obtido pelo procedimento de

agitação empregado no preparo da emulsão. Apenas quando a vazão de circulação e

a pressão foram reduzidas (20 L/h e 0,5 bar) o valor da absorbância se manteve

equivalente ao valor original. Para as pressões e vazões mais elevadas o maior valor

da absorbância indica que a circulação pelo sistema promove uma melhor

emulsificação da fase dispersa. Este fato foi relacionado com a passagem da emulsão

por orifícios de constrição, como os existentes na válvula de pressurização na linha de

retorno ao tanque de alimentação.

4.1.1.3. Testes de Permeação

Depois de avaliada a estabilidade da emulsão nas condições de operação

citadas acima, realizou-se testes com permeação. Foram avaliados o fluxo de

permeado (J) e a rejeição da membrana à fase dispersa (R) utilizando membrana

hidrofílica de UF, com retenção nominal de 20 kDa.

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85

Os resultados obtidos para a absorbância e fluxo permeado em função do

tempo são mostrados nas Figuras 4.1.1.7 e 4.1.1.8, respectivamente. Para todos os

testes, nas diferentes condições operacionais. A concentração de óleo diesel foi de

250 mg/L, quatro vezes a CMC de DSS e velocidade de agitação de 24.000 rpm por

um minuto.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0 50 100 150 200 250 300

tempo (minutos)

Abs

orbâ

ncia

P = 3 bar e Q = 100 L/h

P = 3 bar e Q = 20 L/h

P = 0,5 bar e Q = 100 L/h

P = 0,5 bar e Q = 20 L/h

Figura 4.1.1.7. Variação da absorbância de emulsões óleo/água em diferentes

condições operacionais utilizando membrana de UF de 20 kDa.

De acordo com o apresentado na Figura 4.1.1.7, como nos testes anteriores

com filme denso, nas condições de vazão e pressão mais elevadas, têm-se valores

iniciais maiores para a absorbância, relacionados a melhor emulsificação da fase

dispersa promovida pela circulação no sistema de permeação. Entretanto, a emulsão

somente permaneceu com valores de absorbância constantes para as condições em

que foi utilizada uma menor diferença de pressão através da membrana.

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86

0

20

40

60

80

100

0 50 100 150 200 250 300

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

P = 0,5 e Q = 20L/h

P = 0,5 bar e Q = 100 L/h

P = 3 bar e Q = 20 L/h

P = 3 bar e Q = 100 L/h

Figura 4.1.1.8. Fluxo permeado de emulsões óleo/água obtido em diferentes

condições operacionais utilizando membrana de UF de 20 kDa.

Os resultados obtidos para o fluxo permeado, conforme Figura 4.1.1.8,

também, apresentaram valores constantes apenas para a menor diferença de pressão

utilizada. Nesta condição não foi observada qualquer influência da vazão de

circulação. Somente em pressões elevadas se observou um aumento do fluxo

permeado com a vazão de circulação.

A queda nos valores de absorbância e no fluxo permeado quando o sistema

opera em pressões mais elevadas foi atribuída ao efeito de polarização de

concentração, que é intensificado à medida que aumenta o fluxo permeado. Nesta

situação, o aumento da concentração da fase dispersa (óleo) próximo à superfície da

membrana favorece a coalescência, acúmulo eo entupimento dos poros. Este efeito,

denominado formação de incrustação (“fouling”), com tempo de operação prolongado,

pode levar a passagem do óleo através da membrana, diminuindo a eficiência do

processo.

O outro parâmetro avaliado, rejeição ao óleo, para todas as condições

operacionais mostrou-se estável e maior que 99%. Nos experimentos com a pressão

de 3 bar a rejeição chegou a 100%, indicando que a membrana utilizada é capaz de

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87

reter todo o óleo durante o período em que os experimentos foram realizados. Os

resultados estão apresentados na Figura 4.1.1.9.

98

99

100

101

0 100 200 300

tempo (minutos)

Rej

eiçã

o (%

)

P=3 bar e Q=100 L/h

P=3 bar e Q=20 L/h

P=0,5 bar e Q= 100 L/h

P=0,5 bar e Q=20 L/h

Figura 4.1.1.9. Rejeição da membrana de UF de 20 kDa à fase dispersa em diferentes

condições operacionais.

Para investigar a estabilidade do processo, foram realizados testes de

permeação em condições mais severas. Para estes testes a pressão foi de 3 bar, pois

esta é a condição onde o efeito de formação de incrustações (“fouling”) é mais intenso.

A vazão de alimentação foi de 20 e 100 L/h.

Nestes testes, após quatro horas de experimento, a emulsão sintética com 250

mg/L de óleo diesel, quatro vezes a CMC de DSS, com velocidade de agitação de

24.000 rpm durante um minuto, foi substituída por outra emulsão na mesma

concentração e condições de preparo. Foi utilizada membrana de UF de 20 kDa. Os

resultados estão mostrados na Figura 4.1.1.10.

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88

0

20

40

60

80

100

0 500 1000 1500 2000

tempo (minutos)

Flux

o P

erm

eado

(L/h

m2 ) P = 3 bar e Q = 20 L/h

P = 3 bar e Q = 100 L/h

Figura 4.1.1.10. Fluxo permeado com troca da emulsão em experimentos com

membrana de UF de 20 kDa. Condições operacionais: 3 bar, 20 L/h e 100 L/h.

Os resultados na Figura 4.1.1.10 mostraram declínio no fluxo permeado com o

tempo de operação. A substituição por uma emulsão recém preparada ocasionou uma

pequena perturbação, entretanto, após curto intervalo de tempo, o fluxo continuou

diminuindo com o tempo de operação.

O valor de rejeição da fase oleosa para os testes com troca da emulsão por

outra de mesma concentração permaneceu superior a 99% durante os dois

experimentos realizados (20 e 100L/h), ou seja, a membrana utilizada (UF 20 kDa)

continua retendo praticamente todo o óleo da emulsão sintética mesmo nas condições

mais críticas de operação.

Para investigar a estabilidade do processo em condições operacionais mais

críticas que as anteriores, foram realizados experimentos com substituição, a cada 24

horas, da emulsão por outra com maior concentração de óleo diesel. No último período

do experimento, com a emulsão de maior concentração, adicionou-se NaCl na

concentração de 1 gmol/L. A concentração de DSS e as condições de preparo foram

mantidas constantes durante estes experimentos. Os testes foram realizados para

diferentes membranas planas de UF com retenção nominal de 20, 50 e 100 kDa e de

MF de tamanho de poro de 0,22 µm. As Figuras 4.1.1.11 e 4.1.1.12 apresentam a

variação da absorbância e do fluxo permeado com o tempo de operação,

respectivamente, das emulsões analisadas, para as diferentes membranas testadas.

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89

0

0,4

0,8

1,2

1,6

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

tempo (minutos)

Abs

orbâ

ncia

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

0

0,4

0,8

1,2

1,6

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

tempo (minutos)

Abso

rbân

cia

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L+1mol/LNaCL

0

0,4

0,8

1,2

1,6

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

tempo (minutos)

Abs

orbâ

ncia

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L +1mol/L NaCl

0

0,4

0,8

1,2

1,6

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

tempo (minutos)

Abso

rbân

cia

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L +1mol/L NaCl

(a)

(d)(c)

(b)

0

0,4

0,8

1,2

1,6

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

tempo (minutos)

Abs

orbâ

ncia

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

0

0,4

0,8

1,2

1,6

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

tempo (minutos)

Abso

rbân

cia

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L+1mol/LNaCL

0

0,4

0,8

1,2

1,6

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

tempo (minutos)

Abs

orbâ

ncia

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L +1mol/L NaCl

0

0,4

0,8

1,2

1,6

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

tempo (minutos)

Abso

rbân

cia

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L +1mol/L NaCl

(a)

(d)(c)

(b)

Figura 4.1.1.11. Variação da absorbância da emulsão em diferentes concentrações de

óleo diesel e adição da NaCl. Condições operacionais: 1 bar e 45L/h para a membrana

de MF de 0,22 µm (a); 3 bar e 20 L/h para as membranas de UF de 20 kDa (b), 50 kDa

(c) e 100 kDa (d).

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90

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 1000 2000 3000 4000 5000

tempo (minutos)

Flux

o P

erm

eado

(L/h

m2 )

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

0

20

40

60

80

100

0 1000 2000 3000 4000 5000

tempo (minutos)

Flux

o P

erm

eado

(L/h

m2 )

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L + 1mol/L NaCl

0

20

40

60

80

100

0 1000 2000 3000 4000 5000

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L + 1mol/L NaCl

(a) (b)

(d)(c)

0

20

40

60

80

100

0 1000 2000 3000 4000 5000

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L + 1mol/LNaCl

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 1000 2000 3000 4000 5000

tempo (minutos)

Flux

o P

erm

eado

(L/h

m2 )

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

0

20

40

60

80

100

0 1000 2000 3000 4000 5000

tempo (minutos)

Flux

o P

erm

eado

(L/h

m2 )

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L + 1mol/L NaCl

0

20

40

60

80

100

0 1000 2000 3000 4000 5000

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L + 1mol/L NaCl

(a) (b)

(d)(c)

0

20

40

60

80

100

0 1000 2000 3000 4000 5000

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )250 mg/L

500 mg/L

1000 mg/L

1000 mg/L + 1mol/LNaCl

Figura 4.1.1.12. Variação do fluxo de permeado da emulsão em diferentes

concentrações de óleo diesel e com adição de NaCl. Condições operacionais: 1 bar e

45L/h para a membrana de MF de 0,22 µm (a); 3 bar e 20 L/h para as membranas de

UF de 20 kDa (b), 50 kDa (c), e 100 kDa (d).

A análise dos resultados de absorbância na Figura 4.1.1.11 mostra a mesma

tendência observada nos experimentos anteriores de declínio com o tempo de

operação. A cada troca de emulsão, observa-se um aumento imediato, seguido de um

declínio gradual do valor de absorbância. Este comportamento indica que o efeito de

polarização de concentração continuou presente em toda faixa de composição

analisada para a fase oleosa. A adição de NaCl, na concentração de 1.000 mg/L, na

emulsão de óleo diesel promoveu uma queda imediata no valor da absorbância. Esta

queda foi atribuída a coalescência da fase oleosa. O tamanho dos poros das

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91

membranas testadas não afetou o comportamento observado para a absorbância da

emulsão com o tempo de operação.

O comportamento do fluxo de permeado para a membrana de MF de 0,22 µm,

apresentado na Figura 4.1.1.12 (a), mostra que o efeito de polarização de

concentração foi intensificado quando a concentração da fase oleosa da emulsão

aumentou para 500 mg/L. Para as demais membranas este efeito também ocorreu,

mas não de modo tão significativo. Isto se deve ao fato da membrana de MF

apresentar poros maiores e, conseqüentemente, maiores fluxos permeados iniciais,

intensificando a polarização de concentração e fazendo com que o fluxo de permeado

caia mais rapidamente quando uma maior quantidade de óleo estiver próximo à

superfície da membrana.

A adição de NaCl (1 gmol/L), nos testes com as membranas de UF, intensificou

a queda do fluxo de permeado. Esta adição ocorreu na concentração de óleo diesel de

1.000 mg/L com aproximadamente 4.000 minutos de operação. Nesta etapa do

experimento o fluxo de permeado já havia apresentado uma queda significativa com o

aumento da concentração de óleo, entretanto, a adição de NaCl parece ter

intensificado a coalescência das gotas, principalmente próximo a superfície da

membrana, levando a uma redução ainda maior para o fluxo de permeado.

A Tabela 4.1.1.1 apresenta os resultados de rejeição obtidos nos testes com

diferentes membranas, aumentando a concentração de óleo das emulsões e

adicionando NaCl.

Tabela 4.1.1.1. Rejeições dos experimentos com aumento de concentração da fase

oleosa e com adição de NaCl.

Membranas R (%)

(250 mg/L)

R (%)

(500 mg/L)

R (%)

(1.000 mg/L)

R (%) 1.000 mg/L

+ 1 gmol/L NaCl

UF (20 kDa) 100% 100% 100% 100%

UF (50 kDa) 100% 100% 100% 100%

UF (100 kDa) 100% 100% 100% 100%

MF 0,22 µm 100% 99,1% 99,3% X

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92

Nestes experimentos, as membranas também apresentaram retenção superior

a 99% para todas as concentrações de óleo diesel. Mesmo no final das 72 horas de

experimento, onde foi adicionado NaCl 1 gmol/L, a membrana continuou retendo

completamente a fase dispersa.

4.1.2. EFLUENTE REAL (REDUC)

Com o objetivo de validar os resultados obtidos com o efluente sintético, foram

selecionados efluentes em dois diferentes pontos do sistema de tratamento da

Refinaria Reduc/Petrobras. A concentração de óleo presente no efluente da saída do

flotador, determinada por absorbância ficou na faixa de 70 a 80 mg/L e na saída da

lagoa de estabilização em torno de 30 mg/L. Os resultados de fluxo permeado para as

diferentes membranas e condições operacionais testadas estão mostrados na Tabela

4.1.2.1.

Tabela 4.1.2.1. Fluxo de permeado para os efluentes da saída do flotador e da saída

da lagoa de estabilização para as diferentes membranas testadas.

Fluxo Permeado (L/h.m2)

Flotador

Fluxo Permeado

(L/h.m2)

Lagoa

Membrana P

(bar)

Q

(L/h)

Inicial Final* Inicial Final*

20 kDa 3 20 95,9 19,8 111,9 29,9

50 kDa 3 20 167,9 18,7 134,8 39,5

100 kDa 3 20 268,7 17,7 223,9 39,5

0,22 µm 0,5 45 2.238,8 223,9 1.865,7 373,1

0,3 µm 0,5 45 205,7 102,9 240,0 150,6

* tempo operação: 4 horas.

A Figura 4.1.2.1 mostra mais detalhadamente o fluxo final de permeado (4

horas de experimento) para o efluente da saída da lagoa e do flotador para as

diferentes membranas testadas.

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93

0

50

100

150

200

250

300

350

400

20 kDa 50 kDa 100 kDa 0.22 um 0.3 um

membranas

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 ) Lagoa

Flotador

Figura 4.1.2.1. Fluxos finais de permeado para os efluentes da saída da lagoa e do

flotador para as diferentes membranas.

Os resultados apresentados na Tabela 4.1.2.1 e na Figura 4.1.2.1 mostram que

o efluente da saída da lagoa de estabilização, por ter menor quantidade de fase

oleosa, apresenta maior fluxo final de permeado que o efluente da saída do flotador.

Quanto menor for a quantidade de fase oleosa, menor a concentração desta fase

próxima à superfície da membrana, menor tendência à polarização da concentração,

logo maior o fluxo permeado.

Pode-se observar, ainda, que as membranas de UF apresentam fluxos

permeados finais próximos. Isto indica que a principal resistência à permeação é a

camada concentrada na fase oleosa próxima à superfície da membrana. No caso das

membranas de MF a queda mais intensa foi observada para a membrana com poros

de 0,22 µm. Para esta membrana a recuperação do fluxo inicial não foi possível. Estes

resultados são fortes indicativos da ocorrência de intrusão da fase oleosa nos poros da

membrana. Este efeito não foi tão pronunciando para a membrana de microfiltração

com tamanho de poros de 0,3 µm, indicando que o tipo de material da membrana tem

influência sobre a formação de incrustações irreversíveis.

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94

Quanto à rejeição da membrana à fase oleosa os resultados estão

apresentados na Tabela 4.1.2.2, as condições operacionais utilizadas (P e Q) para

cada membrana, estão apresentadas na Tabela 4.1.2.1.

Tabela 4.1.2.2. Rejeições à fase oleosa dos efluentes da saída do flotador e lagoa

para as diferentes membranas testadas.

Rejeição (%) Flotador

Rejeição (%) Lagoa

Membrana

Inicial Final* Inicial Final*

20 kDa 96,0 93,4 96,6 83,3

50 kDa 99,2 98,2 92,3 90,0

100 kDa 95,3 93,3 100,0 90,9

0,22 µm 94,3 98,3 93,1 89,7

0,3 µm 95,3 98,4 96,6 81,3

* tempo operação: 4 horas.

Os valores de rejeição mostrados na Tabela 4.1.2.2 foram elevados para todas

as membranas utilizadas, indicando uma retenção praticamente completa da fase

oleosa durante o período do experimento. Em geral, observa-se uma ligeira redução

no valor final da rejeição, quando comparada com a rejeição inicial. Este resultado

pode ser um indicativo de que a camada concentrada da fase oleosa, próxima à

superfície da membrana, pode facilitar a passagem desta fase para o lado do

permeado. Uma outra observação interessante é que a rejeição final para o efluente

da lagoa foi sempre menor quando comparado com os valores de rejeição para o

efluente do flotador. Considerando que a concentração de fase oleosa é maior no

efluente do flotador, o resultado observado indica a possibilidade de menor tamanho

dos domínios da fase oleosa no efluente da lagoa, facilitando seu transporte através

das membranas utilizadas.

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95

4.2. SISTEMA PILOTO

O objetivo dos testes com sistema piloto foi avaliar o desempenho do processo

para tratamento de efluentes de refinaria. Estes testes foram desenvolvidos no

LARA/CENPES/PETROBRAS, onde foram geradas emulsões simulando efluentes de

refinaria. A mistura do óleo e da água é realizada através da unidade geradora de

emulsões, onde através de uma diferença de pressão (5 kgf/cm2), ocorre o

cisalhamento das gotas de óleo e a formação da emulsão óleo/água (efluente

sintético).

Foram testados dois tipos de óleo, um leve (Diesel) e um pesado (Marlim),

ambos nas concentrações de 50, 100 e 250 mg/L. Foi analisado ainda o efeito da

presença de salinidade (10.000 e 50.000 mg/L de NaCl) e de sólidos suspensos (SST)

(30 mg/L de bentonita) no desempenho do processo de permeação.

As condições de operação utilizadas nos testes foram vazão de alimentação de

350 a 880 L/h e pressão de operação de 0,25 a 1 bar.

As membranas utilizadas nos testes foram membranas de MF do tipo fibras

ocas, desenvolvidas no PAM/PEQ/COPPE/UFRJ, com tamanho de poro de 0,3 µm e

área de permeação de 1,38 m2.

4.2.1. DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DAS GOTAS DE ÓLEO (DTG)

Como nos processos de MF a exclusão da fase dispersa ocorre por tamanho, é

importante realizar análises de distribuição de tamanho de gotas (DTG) nas emulsões

preparadas em diferentes condições para avaliar sua influência no comportamento das

variáveis analisadas, fluxo permeado e rejeição da membrana à fase dispersa.

Antes de determinar a DTG foi feita uma comparação entre a estabilidade das

emulsões geradas na planta e no turrax (10.000 rpm, 1 minuto). Para uma análise

visual qualitativa, as emulsões continham 600 mg/L de óleo diesel e foram

fotografadas em determinados períodos após sua geração, conforme pode ser

observado na Figura 4.2.1.1.

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0 minutos 10 minutos 30 minutos 120 minutos

1080 minutos 1440 minutos 7200 minutos1560 minutos

0 minutos 10 minutos 30 minutos 120 minutos

1080 minutos 1440 minutos 7200 minutos1560 minutos

Figura 4.2.1.1. Comparação visual entre a estabilidade da emulsão gerada no turrax

(direita) e a emulsão gerada na planta (esquerda), ambas com 600mg/L de óleo

Diesel.

De acordo com a Figura 4.2.1.1, pode-se observar que não há diferença visual

significativa que caracterize mudanças nas emulsões geradas. Mesmo após cinco dias

da geração das emulsões e em concentrações mais altas que as utilizadas nos testes

de permeação, nenhuma mudança visual significativa pode ser notada.

A comparação da estabilidade entre emulsões geradas na planta e no turrax

com 50 mg/L de óleo Diesel e 150 mg/L de Marlim, também foi realizada a partir da

leitura de absorbância em espectrofotômetro durante 48 horas. Os resultados estão

apresentados na Figura 4.2.1.2.

Nesta figura, para minimizar a variação de concentração dos óleos, os valores

de absorbância foram normalizados pela absorbância inicial.

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97

Marlim

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 500 1000 1500 2000

tempo (minutos)

Abs

./Abs

. Ini

cial

turraxplanta

Diesel

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 500 1000 1500 2000 2500

tempo (minutos)

Abs.

/Abs

. Ini

cial

turrax

planta

Marlim

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 500 1000 1500 2000

tempo (minutos)

Abs

./Abs

. Ini

cial

turraxplanta

Diesel

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 500 1000 1500 2000 2500

tempo (minutos)

Abs.

/Abs

. Ini

cial

turrax

planta

Figura 4.2.1.2. Variação da absorbância das emulsões geradas no turrax e na planta,

com 150 mg/L de Marlim (a) e 50 mg/L de óleo Diesel (b).

Conforme os resultados apresentados na Figura 4.2.1.2, o comportamento

observado indica que, nas emulsões preparadas de maneiras diferentes (turrax e

planta), o processo de coalescência das gotas dos óleos Marlim e Diesel ocorre de

forma similar.

Para a análise de DTG foram preparados efluentes na unidade geradora de

emulsões (planta) e em bancada utilizando um aparelho de dispersão e emulsão de

alta velocidade (turrax). Devido a limitações experimentais, apenas no Turrax

investigou-se o efeito da salinidade e SST e foram gerados os seguintes efluentes,

com os óleos Diesel e Marlim:

50 mg/L de óleo;

50 mg/L de óleo e 10.000 mg/L NaCl;

50 mg/L de óleo e 50.000 mg/L NaCl;

50 mg/L de óleo e 30mg/L de bentonita;

50 mg/L de óleo, 30 mg/L de bentonita e 10.000 mg/L de NaCl.

A Figura 4.2.1.3 apresenta a DTG para emulsões preparadas na planta e no

turrax para os óleos Marlim (a) e (b) e Diesel (c) e (d) na concentração de 50 mg/L,

respectivamente.

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98

Marlim 50 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

(a)

(c)

(b)

(d)

Diesel 50 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

(a)

(c)

(b)

(d)

Diesel 50 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Figura 4.2.1.3. DTG da emulsão com 50 mg/L de óleo, Marlim e Diesel gerada na

planta (∆P= 5kgf/cm2) (a) e (c), e no turrax (10.000 rpm, 1 minuto) (b) e (d).

Conforme pode ser observado na Figura 4.2.1.3, a DTG para emulsão gerada

na planta com o óleo Marlim é multimodal, com tamanho na faixa de 0,3 a 300 µm,

predominância em torno de 30 µm, indicando que após a formação da emulsão ocorre

coalescência parcial das gotas gerando diferentes tamanhos e uma distribuição

multimodal. Para emulsão gerada deste óleo no turrax a DTG é bimodal, com gotas

menores que 80 µm, existindo ligeira predominância das gotas maiores (14 a 80 µm).

A comparação entre as DTG das emulsões geradas na planta e no turrax mostra que o

último produz emulsões com DTG que indicam maior cisalhamento, ou seja,

predominância de gotas com menor tamanho.

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99

No caso do óleo Diesel a emulsão gerada na planta apresenta DTG

monomodal na faixa de 10 a 100 µm. A DTG mais uniforme (estreita) apresentada pelo

Diesel indica que devido a sua menor viscosidade em comparação com o óleo de

Marlim, a coalescência das gotas pequenas, imediatamente após sua formação, deve

ser mais intensa atuando para uma maior uniformidade da DTG. Na emulsão gerada

no turrax a DTG é multimodal, com predominância de gotas maiores que 100 µm.

Entretanto, há presença de gotas com tamanho na faixa de 1 a 10 µm, indicando que o

processo de coalescência foi parcial. Novamente, a comparação entre as DTG indica

um maior cisalhamento para as emulsões preparadas no turrax, neste caso,

evidenciada pela presença de gotas com tamanho inferior a 10 µm.

Por outro lado, a análise da estabilidade comparativa destas emulsões não

mostrou diferença significativa em função método empregado para seu preparo. Estes

resultados sugerem que a DTG não afeta a redução da concentração da fase dispersa

na emulsão. A compreensão do mecanismo de coalescência da fase dispersa requer

uma análise mais detalhada que foge aos objetivos desta tese.

O esquema apresentado na Figura 4.2.1.4 ilustra a possível diferença na

formação da emulsão devido ao cisalhamento e coalescência inicial, esperada para os

óleos de Marlim e Diesel. A zona de cisalhamento, representada esquematicamente

nesta figura, refere-se à região, na planta ou no turrax, onde a fase oleosa é dispersa

na fase aquosa.

cisalhamentocisalhamento

Figura 4.2.1.4. Esquema de formação e coalescência inicial dos óleos Diesel

(esquerda) e Marlim (direita). Viscosidade: Marlim (50ºC) = 76,49 cSt; Diesel (40ºC) =

2,5 a 5,5 cSt.

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100

Conforme representado na Figura 4.2.1.4, independentemente do cisalhamento

aplicado, a diferença na coalescência dos óleos analisados, pode ser atribuída a

diferenças na viscosidade dos mesmos. Para o óleo Diesel, que apresenta viscosidade

menor que o óleo de Marlim, após o cisalhamento ocorre formação de gotas pequenas

que apresentam coalescência intensa logo após a formação das gotas. Para o óleo de

Marlim observa-se, logo após cisalhamento, formação de gotas maiores que as gotas

do óleo Diesel, com maior dificuldade em coalescer, devido a sua maior viscosidade.

Além disso, os óleos crus pesados, como Marlim, são ricos em asfaltenos,

resinas e micropartículas minerais que estabilizam a emulsão (via migração para a

interface) dificultando a coalescência. Para uma mesma energia aplicada, as gotas do

óleo Diesel tendem a ser menores, porém coalescem mais rapidamente.

A compreensão do mecanismo de colescência não é o foco principal desta

tese, entretanto, o comportamento observado é útil para a compreensão dos efeitos

observados no processo de MF.

As análises dos demais resultados de DTG estão apresentadas a seguir e

estruturados na seguinte ordem, para os dois óleos analisados (Marlim e Diesel):

efeito da concentração de óleo, efeito da presença de salinidade, efeito da presença

de SST e efeito combinado (salinidade e SST).

4.2.1.1. Efeito da Concentração de Óleo

As Figuras 4.2.1.5 e 4.2.1.6 mostram os resultados de distribuição de tamanho

da fase dispersa para as emulsões geradas na planta com diferentes concentrações

(50, 100 e 250 mg/L) do óleo de Marlim e Diesel, respectivamente.

Conforme observado na Figura 4.2.1.5 nas três concentrações de óleo de

Marlim analisadas não existe diferença na DTG, indicando que o tamanho das gotas é

definido pela pressão aplicada no cisalhamento das mesmas, que foi de 5 kgf/cm2,

para todas as emulsões preparadas na planta geradora de emulsões. Um

comportamento similar é observado na Figura 4.2.1.6 para o óleo Diesel.

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101

Marlim 50 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 100 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 250 mg/L(planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

(a) (b)

(c)

Marlim 50 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 100 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 250 mg/L(planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

(a) (b)

(c) Figura 4.2.1.5. DTG da emulsão com 50 (a), 100 (b) e 250 (c) mg/L de Marlim gerada

na planta (∆P = 5kgf/cm2).

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102

(a) (b)

(c)

Diesel 100 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 250 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

(a) (b)

(c)

Diesel 100 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 250 mg/L (planta)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Figura 4.2.1.6. DTG da emulsão com 50 (a), 100 (b) e 250 (c) mg/L de Diesel gerada

na planta (∆P = 5kgf/cm2).

Comparando a DTG entre os óleos, observa-se que o óleo de Marlim apresenta

uma distribuição de tamanhos multimodal e mais ampla do que o Diesel, com

tamanhos de gotas que vão de 0,3 a 300 µm. A DTG para o óleo Diesel mostra-se

mais uniforme (monomodal) e estreita, com tamanhos de gotas de 10 a 100 µm. A

variação na DTG destes óleos pode ser atribuída à diferença entre suas viscosidades

e, conseqüentemente, a mobilidade da fase dispersa logo após a sua formação. Como

discutido na Figura 4.2.1.4, a menor viscosidade do óleo Diesel atua favorecendo

gotas com tamanho reduzido, bem como sua coalescência logo após a formação,

levando a uma maior uniformidade para a DTG. No caso da utilização do óleo de

Marlim, devido a maior viscosidade, na formação da emulsão ocorre geração de uma

menor quantidade de gotas com tamanho reduzido, entretanto, o processo de

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103

coalescência é desfavorecido levando a uma DTG mais ampla. Cabe mencionar que a

análise da estabilidade das emulsões mostrou um comportamento similar para estes

óleos, reforçando a hipótese que a diferença na DTG deve-se a coalescência das

gotas logo após sua formação.

4.2.1.2. Efeito da Salinidade

Para o estudo do efeito da salinidade, as emulsões foram geradas no turrax,

com concentração de óleo (Diesel e Marlim) de 50 mg/L. A Figura 4.2.1.7 apresenta o

efeito da adição de salinidade para o óleo de Marlim.

Pode ser observado na Figura 4.2.1.7, que a adição de 10.000 mg/L de NaCl

muda a distribuição reduzindo a presença de gotas menores que 10 µm e levando a

formação de gotas maiores que 100 µm. Adição de 50.000 mg/L NaCl intensifica o

efeito observado. Um fator que pode ter ocasionado a variação no tamanho das gotas

é o aumento da tensão interfacial da fase aquosa pela presença de um eletrólito, que

atua dificultando a formação de uma fase dispersa. A presença do NaCl também atua

favorecendo o processo de coalescência, devido ao efeito redutor na camada elétrica

dupla (CED), causada pela alta concentração de iônica.

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104

(a) (b)

(c)

Marlim 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L+ 10.000mg/L NaCl (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L + 50.000 mg/L NaCl (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

(a) (b)

(c)

Marlim 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L+ 10.000mg/L NaCl (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L + 50.000 mg/L NaCl (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Figura 4.2.1.7. Efeito da Salinidade na DTG da emulsão de 50 mg/L de óleo de Marlin

gerada no turrax (10.000 rpm, 1 minuto), com diferentes concentrações de NaCl. (a)

sem NaCl; (b) 10.000 mg/L (c) 50.000 mg/L.

Muñoz (1998) relata que o incremento na concentração de NaCl reduz a

concentração de óleo emulsificado nas emulsões mas não afeta significativamente a

DTG. O autor relata ainda que na presença de NaCl, a concentração das gotas de

óleo emulsificado em água é reduzida em aproximadamente 45%. Além disso, o autor

considera que as variações na DTG dependem fundamentalmente da energia

transferida na etapa de agitação/cisalhamento. Nesta análise, o autor refere-se

somente À fração da fase dispersa com tamanho de gota inferior a 10 µm, ou seja,

realmente emulsificada. Neste sentido, a redução na concentração do óleo

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105

emulsificado mencionada pelo autor, é coerente com a análise anterior sobre a

predominância de gotas com maior tamanho, devido ao efeito da presença de NaCl.

Para melhor entendimento da presença de eletrólitos sobre a DTG, foi

realizada uma análise sobre o efeito do NaCl somente na fração de óleo emulsificado

(gotas com tamanho inferior a 10 µm). Neste caso, para melhor apresentação destes

resultados, foi necessário normalizar os dados relativos a esta fração. A Figura 4.2.1.8

apresenta estes resultados para os óleos de Marlim e Diesel, ambos na concentração

de 50 mg/L.

(a) (b)

Óleo deMarlim50 mg/L

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 4 8 12

tamanho (µm)

Vol./

Vol

. Fin

al

0 mg/L NaCl10.000 mg/L NaCl50.000 mg/L NaCl

Óleo Diesel50 mg/L

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 10 20 30 40 50

tamanho (µm)

Vol

./Vol

. Fin

al

50.000 mg/L NaCl10.000 mg/L NaCl0 mg/L NaCl

(a) (b)

Óleo deMarlim50 mg/L

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 4 8 12

tamanho (µm)

Vol./

Vol

. Fin

al

0 mg/L NaCl10.000 mg/L NaCl50.000 mg/L NaCl

Óleo Diesel50 mg/L

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 10 20 30 40 50

tamanho (µm)

Vol

./Vol

. Fin

al

50.000 mg/L NaCl10.000 mg/L NaCl0 mg/L NaCl

Figura 4.2.1.8. Efeito da salinidade na DTG normalizada da fração emulsificada de

óleo Marlim (a) e Diesel (b).

Conforme pode ser observado na Figura 4.2.1.8, para o óleo de Marlim a

adição de 10.000 mg/L de NaCl não provoca aumento das gotas do óleo emulsificado,

mas em concentração mais elevada (50.000 mg/L) ocorre um deslocamento da DTG

para maiores tamanhos de gotas. No caso do óleo Diesel, adição de NaCl aumenta

significativamente o tamanho das gotas do óleo emulsificado. Estas constatações

podem novamente serem atribuídas a menor viscosidade do óleo Diesel que torna as

gotas de óleo mais susceptíveis a mudanças na fase aquosa devido à presença de

NaCl.

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106

4.2.1.3. Efeito dos SST

Para o estudo do efeito da adição de SST, as emulsões foram geradas no

turrax, com concentração de óleo (Diesel e Marlim) de 50 mg/L e adição de 30 mg/L

de bentonita. As Figuras 4.2.1.9 e 4.2.1.10, apresentam a DTG somente para

bentonita em água, o efeito da adição de bentonita na DTG no óleo de Marlim e no

óleo Diesel, respectivamente.

30 ppm Bentonita (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Figura 4.2.1.9. Distribuição de tamanho da bentonita (30 mg/L), gerada no turrax

(10.000 rpm, 1 minuto).

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107

(a) (b)

(c) (d)

Marlim 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L + 30 mg/L Bentonita (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L + 30 mg/L Bentonita (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (micra)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

(a) (b)

(c) (d)

Marlim 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L + 30 mg/L Bentonita (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L + 30 mg/L Bentonita (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (micra)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Figura 4.2.1.10. DTG da emulsão com 50 mg/L de óleo de Marlin (a) e Diesel (c) e

efeito da adição de 30 mg/L de bentonita (b) e (d). Emulsão gerada no turrax (10.000

rpm, 1 min).

Conforme resultados apresentados na Figura 4.2.1.9, a bentonita, apresenta

DTG de 1 a 10 µm. A análise da Figura 4.2.1.10 mostra que a adição de bentonita

promove efeitos distintos para o óleo de Marlim e para o óleo Diesel. Para o óleo de

Marlim há uma intensificação da fração de tamanhos maiores, similar ao observado

com adição de NaCl, assim como, praticamente, não há registro de tamanhos na faixa

das partículas de bentonita. No caso do óleo Diesel há uma intensificação de

tamanhos na faixa inferior a 30µm, com superposição das DTG do Diesel e da

bentonita.

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108

O comportamento observado na Figura 4.2.1.10, novamente, pode ser

atribuído à diferença na viscosidade dos dois óleos. Conforme discussão anterior,

considerou-se a hipótese que a menor viscosidade do óleo Diesel atua favorecendo

gotas com tamanho reduzido, bem como sua coalescência logo após a formação.

Aparentemente, a presença de bentonita dificulta o processo de coalescência,

mantendo valores reduzidos na DTG. No caso do óleo de Marlim, a interação (adesão)

entre a bentonita e a fase dispersa parece ser intensificada (desaparecimento da

fração de tamanhos relativa a bentonita), agindo no sentido de aumentar a fração da

fase dispersa com maior tamanho.

4.2.1.4. Efeitos Combinados (SST e Salinidade)

A Figura 4.2.1.11 mostra o efeito combinado da adição de SST e salinidade,

nas emulsões com 50 mg/L de óleo Diesel e Marlim, respectivamente.

A análise das DTG apresentadas nesta Figura indica que o efeito da adição

combinada de salinidade e sólidos, na emulsão tanto para o óleo de Marlim como para

o óleo Diesel, não altera os efeitos observados na adição separada destes compostos.

Em outras palavras, a presença de salinidade aumenta o tamanho das gotas,

em ambos óleos analisados. A presença de bentonita atua de forma distinta no Diesel

e no óleo de Marlim, conforme comentado no item 4.2.1.3.

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109

(a) (b)

(c) (d)

Marlim 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L + 10.000 mg/L NaCl + 30 mg/L Bentonita (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L + 30 mg/L Bentonita + 10.000 mg/L NaCl (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

(a) (b)

(c) (d)

Marlim 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Marlim 50 mg/L + 10.000 mg/L NaCl + 30 mg/L Bentonita (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Diesel 50 mg/L + 30 mg/L Bentonita + 10.000 mg/L NaCl (turrax)

0

2

4

6

8

10

0,1 1 10 100 1000

tamanho (µm)

% V

olum

e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Fraç

ão (v

/v)

Figura 4.2.1.11. DTG da emulsão com 50 mg/L de óleo de Marlim (a) e Diesel (c) e

efeito da adição de 30 mg/L de bentonita e 10.000 mg/L de NaCl (b) e (d). Emulsão

gerada no turrax (10.000 rpm, 1 min).

4.2.2. DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE HIDRÁULICA DA MEMBRANA

A permeabilidade da membrana no inicio dos testes está apresentada na

Figura 4.2.2.1. Os testes foram conduzidos com água destilada microfiltrada, utilizando

o modo de operação com pressurização do lado da carcaça (lavagem) e operação

com pressurização do lado do permeado (retrolavagem).

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110

0

100

200

300

0 0,4 0,8 1,2

P (bar)

Flux

o P

erm

eado

(L/h

m2 ) Lp lavagem = 214 L/hm2bar

Lp retrolavagem = 212 L/hm2bar

Figura 4.2.2.1. Permeabilidade da membrana de MF, determinada com água destilada

microfiltrada.

Como pode ser observado na Figura 4.2.2.1, os valores de permeabilidade

obtidos nos dois modos de operação são praticamente coincidentes, indicado que a

resistência da membrana à permeação da água é principalmente devido aos poros de

menor tamanho localizados na superfície externa da fibra.

É importante salientar que após o término de cada experimento com as

emulsões, o sistema era lavado com água ou com produtos químicos, conforme a

necessidade, e antes de começar um novo experimento a permeabilidade da

membrana era novamente determinada. As lavagens realizadas foram diferentes,

porque em algumas condições de operação ou concentrações de óleo, a membrana

apresentou maior dificuldade de recuperação da permeabilidade original. Quando

necessário, os dados foram normalizados para facilitar a comparação de condições de

operação diferentes.

No Anexo 7.2 está apresentada uma Tabela com todos os resultados obtidos

nos experimentos com a unidade piloto de MF, inclusive as permeabilidades no início

de cada experimento.

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111

4.2.3. TESTES DE PERMEAÇÃO

4.2.3.1. AVALIAÇÃO DE FLUXO DE PERMEADO

4.2.3.1.1. Efeito da Concentração de Óleo

O efeito da concentração (50, 100 e 250 mg/L) de óleo no fluxo de permeado,

para o efluente gerado com os óleos de Marlim e Diesel, estão apresentados na Figura

4.2.3.1. Nestes experimentos a pressão de operação foi mantida constante em 0,5 bar.

(a) (b)

Efeito da Concentração de Marlim(P=0,5 bar)

010203040

5060708090

0 100 200 300

Concentração de Óleo (mg/L)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 ) Fluxo InicialFluxo Final

Efeito da Concentração de Diesel(P=0,5 bar)

0102030

405060708090

0 100 200 300

Concentração de Óleo (mg/L)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

Fluxo InicialFluxo Final

(a) (b)

Efeito da Concentração de Marlim(P=0,5 bar)

010203040

5060708090

0 100 200 300

Concentração de Óleo (mg/L)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 ) Fluxo InicialFluxo Final

Efeito da Concentração de Diesel(P=0,5 bar)

0102030

405060708090

0 100 200 300

Concentração de Óleo (mg/L)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

Fluxo InicialFluxo Final

Figura 4.2.3.1. Efeito da concentração dos óleos de Marlim (a) e Diesel (b) no fluxo

final e inicial de permeado (P = 0,5 bar). Tempo total de permeação = 5 horas.

Conforme observado na Figura 4.2.3.1, para o óleo Diesel quanto maior a

concentração, menor o fluxo de permeado no final do experimento. A diferença entre o

fluxo inicial e final somente foi significativa na maior concentração utilizada, ou seja,

250 mg/L. Para o óleo de Marlim o efeito da concentração da fase dispersa sobre o

fluxo permeado ao final do experimento não é tão evidente. Novamente, a diferença

entre o fluxo inicial e final foi intensificada na concentração de 250 mg/L. Em principio,

o aumento da concentração da fase dispersa favorece o fenômeno de polarização de

concentração próximo à superfície da membrana, conseqüentemente, aumenta a

possibilidade de coalescência, acúmulo e obstrução superficial dos poros. Este efeito

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112

pode claramente ser observado comparando-se o fluxo permeado inicial e final. Cabe

mencionar que, conforme comentado anteriormente, o fluxo no início dos

experimentos depende da permeabilidade hidráulica da membrana após procedimento

de limpeza. Desta forma, o fluxo permeado final observado com a emulsão na

concentração de 250 mg/L, para o óleo de Marlim e Diesel, foi influenciado pelo estado

inicial da membrana (fluxo permeado inicial mais elevado) e no tempo do experimento

(5 horas), provavelmente, não atingiu as condições de regime estabelecido dificultando

a comparação com fluxo permeado observado com as emulsões nas menores

concentrações.

4.2.3.1.2. Efeito da Pressão de Operação

O efeito da pressão de operação está apresentado na Figura 4.2.3.2. Para este

estudo a concentração do óleo de Marlim foi mantida em 50 mg/L e do óleo Diesel em

250 mg/L.

Efeito da Pressão Operação(50 mg/L Marlim)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 0,5 1 1,5

P (bar)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

Fluxo InicialFluxo Final

Efeito da Pressão Operação(250 mg/L Diesel)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 0,5 1 1,5

P (bar)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

Fluxo InicialFluxo Final

Efeito da Pressão Operação(50 mg/L Marlim)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 0,5 1 1,5

P (bar)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

Fluxo InicialFluxo Final

Efeito da Pressão Operação(250 mg/L Diesel)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 0,5 1 1,5

P (bar)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

Fluxo InicialFluxo Final

(a) (b)

Figura 4.2.3.2. Efeito da pressão de operação no fluxo de permeado com 50 mg/L de

Marlim (a) e 250 mg/L de Diesel (b).

Conforme observado na Figura 4.2.3.2, para o óleo de Marlim, a variação do

fluxo permeado, inicial ou final, com a pressão de operação foi, praticamente linear.

Entretanto, pode-se observar também que a diferença entre o fluxo inicial e final

aumenta com a pressão de operação. Estes resultados indicam que, nesta

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113

concentração, o efeito da polarização de concentração é reduzido, mas intensificado à

medida que a pressão de operação aumenta.

Para o óleo Diesel, na concentração de 250 mg/L, pode-se observar o

atingimento da condição fluxo permeado limite em pressões de operação mais

elevadas. Nesta condição, forma-se uma resistência sobre a superfície da membrana

que contrabalança o aumento na força motriz para a permeação. Uma conseqüência

deste efeito é o aumento da diferença entre os fluxos permeados inicial e final, que

para tempos de operação prolongados pode levar à passagem do óleo através da

membrana, diminuindo a eficiência do processo. Desta forma, pode-se concluir que

pressões de operação mais reduzidas favorecem a obtenção de fluxo de permeado

mais estável durante a realização do experimento.

4.2.3.1.3. Estabilidade do Sistema

Foram realizados testes de estabilidade do processo de MF. Inicialmente são

apresentados e discutidos os resultados relativos ao óleo de Marlim na concentração

de 50 mg/L. Neste caso, os testes foram realizados em duas condições de pressão de

operação, 0,25 e 0,5 bar (Figura 4.2.3.3), e o tempo de operação foi mais prolongado

na condição mais severa (maior pressão).

Estabilidade do Sistema(P=0,5 bar e 50 mg/L Marlim)

0

10

20

30

40

50

60

0 500 1000 1500 2000 2500

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

Estabilidade do Sistema(P=0,25 bar e 50 mg/L Marlim)

0

10

20

30

0 200 400 600 800

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

Estabilidade do Sistema(P=0,5 bar e 50 mg/L Marlim)

0

10

20

30

40

50

60

0 500 1000 1500 2000 2500

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

Estabilidade do Sistema(P=0,25 bar e 50 mg/L Marlim)

0

10

20

30

0 200 400 600 800

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

(a) (b)

Figura 4.2.3.3. Variação do fluxo permeado do efluente com óleo de Marlim (50 mg/L).

(a) 0,25 bar e (b) 0,5 bar.

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114

De acordo com a Figura 4.2.3.3, nas duas pressões de operação o fluxo

permeado decresce continuamente com o tempo de operação. Na pressão de

operação mais baixa a queda no fluxo de permeado foi cerca de 15%, enquanto que

na pressão de 0,5 bar foi cerca de 23%, no mesmo tempo de operação, e 43% no final

do experimento. Este comportamento leva a conclusão que, apesar do fluxo permeado

mais elevado em pressões maiores, a deposição sobre a superfície da membrana é

intensificada, aumentando a necessidade de procedimentos de limpeza periódica.

A estabilidade do sistema também foi analisada para o efluente preparado com

250 mg/L de óleo Diesel, operando com pressão de 0,25 bar (Figura 4.2.3.4).

Estabilidade do Sistema(P=0,25 bar e 250 mg/L Diesel)

0

10

20

30

40

50

0 200 400 600 800

tempo (minutos)

Flux

o P

erm

eado

(L/h

m2 )

Figura 4.2.3.4. Variação do fluxo permeado do efluente com óleo Diesel (0,25 bar e

250 mg/L).

Como pode ser observado na Figura 4.2.3.4 o fluxo de permeado apresentou

uma redução em torno de 40%, ao longo do tempo de operação. Desta forma,

comparando-se com o resultados obtidos para o óleo de Marlim, nota-se que a

emulsão com o óleo Diesel, nas mesmas condições, apresenta uma queda bem maior

no fluxo de permeado. Este fato pode ser atribuído a concentração mais elevada (250

mg/L), validando a conclusão que concentração elevada da fase dispersa intensifica a

queda no fluxo de permeado, comentada anteriormente.

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115

4.3.2.1.4. Efeito da Salinidade

Os resultados de fluxo permeado para os testes realizados com presença de

salinidade no efluente (10.000 e 50.000 mgL de NaCl) estão apresentados na Figura

4.2.3.5. A pressão de operação utilizada neste teste foi de 0,5 bar, a concentração dos

óleos de Marlim e de Diesel foi de 50 mg/L.

Efeito da Salinidade(P=0,5 bar e 50 mg/L Marlim)

0

10

20

30

40

50

60

Salinidade

Flux

o Pe

rmea

do F

inal

(L/h

m2 ) 0 mg/L NaCl

10.000 mg/L NaCl

50.000 mg/L NaCl

Efeito da Salinidade(P=0,5 bar e 50 mg/L Diesel)

0

10

20

30

40

50

60

70

Salinidade

Flux

o P

erm

eado

Fin

al (L

/hm

2 ) 0 mg/L NaCl

10.000 mg/LNaCl50.000 mg/LNaCl

Efeito da Salinidade(P=0,5 bar e 50 mg/L Marlim)

0

10

20

30

40

50

60

Salinidade

Flux

o Pe

rmea

do F

inal

(L/h

m2 ) 0 mg/L NaCl

10.000 mg/L NaCl

50.000 mg/L NaCl

Efeito da Salinidade(P=0,5 bar e 50 mg/L Diesel)

0

10

20

30

40

50

60

70

Salinidade

Flux

o P

erm

eado

Fin

al (L

/hm

2 ) 0 mg/L NaCl

10.000 mg/LNaCl50.000 mg/LNaCl

(a) (b)

Figura 4.2.3.5. Efeito da Salinidade no fluxo final de permeado, pressão de 0,5 bar e

concentração de 50 mg/L de Marlim (a) e Diesel (b).

Conforme pode ser observado na Figura 4.2.3.5, nota-se uma tendência para

aumento do fluxo de permeado com a salinidade da solução. Este fato pode ser

atribuído ao fenômeno de aumento do tamanho das gotas presentes na emulsão,

conforme observado no estudo das distribuições de tamanhos de gotas. Um aumento

no tamanho das gotas da fase dispersa pode ocasionar um aumento de fluxo

permeado através da formação de uma camada polarizada com maior permeabilidade,

ou seja, menor resistência ao transporte.

4.2.3.1.5. Efeito da Temperatura

Na análise da influência da salinidade, discutidas no item anterior, outro fato

que deve ser levado em consideração é a temperatura de operação. Na condição de

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116

maior salinidade (50.000 mg/L de NaCl) o efluente era recirculado pelo sistema, ao

contrário das outras condições, onde o sistema era alimentado com efluente vindo da

planta geradora de emulsões. Na condição com recirculação do efluente ocorre um

aumento da temperatura com o tempo de operação, chegando no final do experimento

a acréscimo de aproximadamente 14oC. A Figura 4.2.3.6 apresenta, para o efluente

com óleo de Marlim, na concentração de 50 mg/L com e sem presença de NaCl, a

variação do fluxo permeado com o tempo de operação.

Efeito da Temperatura e Salinidade

20

30

40

50

60

0 50 100 150 200 250 300

tempo (minutos)

Flux

o P

erm

eado

(L/h

m2 )

50.000 mg/L NaCl + 14o C

13,9o C

Figura 4.2.3.6. Efeitos da temperatura de operação sobre o fluxo permeado de

emulsões de óleo de Marlim (50 mg/L) com 50.000 mg/L de NaCl e sem presença de

eletrólito. P = 0,25 bar.

De acordo com a Figura 4.2.3.6, observa-se um aumento do fluxo de permeado

com o tempo de operação, independentemente da presença de NaCl. Desta forma,

pode-se concluir que o efeito da temperatura se sobrepõe ao efeito da salinidade, cujo

efeito também é de aumentar o fluxo permeado, conforme observado na Figura

4.2.3.6, mas com menor intensidade que a temperatura de operação. O mesmo

comportamento foi observado para o óleo Diesel.

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117

4.2.3.1.6. Efeito dos SST

Foi analisado também o efeito da presença de SST no efluente sobre o

desempenho do processo de microfiltração. A Figura 4.3.2.7 apresenta os resultados

obtidos quando foi adicionado aos efluentes com 50 mg/L de óleo de Marlim e Diesel,

30 mg/L de bentonita.

Efeito de SST(P = 0,5 bar e 50 mg/L Diesel)

0

10

20

30

40

50

60

70

0 100 200 300 400

tempo (minutos)

Flux

o P

erm

eado

(L/h

m2 ) 50 mg/L OD +SST

50 mg/L OD

Efeito de SST (P =0,5 bar e 50 mg/L Marlim)

10

20

30

40

50

0 100 200 300

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

50 mg/L Marlim

50 mg/L Marlim+ SST

(a) (b)

Figura 4.3.2.7. Efeito da presença de SST (30 mg/L bentonita) no fluxo permeado de

efluentes com 50 mg/L de Marlim (a) e 50 mg/L de Diesel (b). P = 0,5 bar

De acordo com a Figura 4.3.2.7, observa-se que a presença de bentonita no

efluente com óleo de Marlim não ocasiona mudanças significativas no comportamento

do fluxo de permeado. Entretanto, observa-se um aumento significativo no fluxo

efluente com o óleo Diesel. Segundo a literatura (MUELLER et al., 1997) a presença

de SST no efluente atua como auxiliar de filtração, aumentando a permeabilidade da

camada depositada sobre a superfície da membrana. Os resultados obtidos indicam

que este efeito somente foi notado para o efluente com o óleo Diesel, provavelmente,

pela presença de partículas de bentonita estarem fortemente associadas à fase

oleosa, conforme observado na análise das distribuições de tamanho. No caso do óleo

de Marlim, observou-se que as partículas de bentonita interagem (adesão) fortemente

com a fase dispersa ocorrendo, inclusive, desaparecimento da fração de tamanhos

relativa a bentonita. Este efeito, no caso do óleo de Marlim, parece evitar que o sólido

presente atue como auxiliar de filtração. Cabe notar, ainda, que no caso do efluente

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118

com óleo Diesel o efeito de incrustação, ou seja, redução gradativa do fluxo permeado,

é intensificado com a presença de bentonita, provavelmente, devido ao acúmulo de

material depositado sobre a superfície da membrana.

4.2.3.1.7. Efeito combinado das Variáveis (Salinidade e SST) Para analisar melhor o efeito da salinidade e SST no fluxo de permeado, a

Figura 4.3.2.8 compara o efeito destas variáveis para o efluente com 50 mg/L de óleo

Diesel, com pressão de operação de 0,5 bar.

Efeito da presença de SST e Salinidade(P=0,5 bar e 50 mg/L Diesel)

20

40

60

80

0 100 200 300 400

tempo (minutos)

Flux

o Pe

rmea

do (L

/hm

2 )

SST

10.000 NaCl

SST+10.000 NaCl

50 mg/L Óleo Diesel

Figura 4.3.2.8. Efeito da salinidade e SST no fluxo permeado de efluente com 50 mg/L

de óleo Diesel. P = 0,5 bar.

De acordo com apresentado na Figura 4.3.2.8, observa-se que o fluxo de

permeado com a adição de 10.000 mg/L de NaCl, para o efluente com 50 mg/L de

óleo Diesel, é maior que o fluxo permeado do efluente só com óleo. Conforme

discutido anteriormente, a adição de NaCl promove um aumento no tamanho das

gotas de óleo, reduzindo a resistência ao transporte da camada depositada sobre a

superfície da membrana. No efluente com a presença de bentonita também se

observa um aumento do fluxo permeado, devido a provável função dos SST como

auxiliar de filtração. Com a adição simultânea de NaCl e bentonita, observa-se um

comportamento intermediário para o fluxo de permeado. Neste experimento, o fluxo de

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119

permeado também apresenta uma queda com o tempo de operação, ficando, no final

do experimento, praticamente igual ao fluxo permeado do efluente só com adição de

NaCl. Estes resultados parecem indicar que a coalescência promovida pelo eletrólito

reduz o efeito de auxiliar de filtração relativa a presença de bentonita. Por outro lado, o

efeito da deposição das partículas de bentonita sobre a superfície da membrana,

reduzindo o fluxo permeado, parece continuar até atingir a condição relativa somente à

presença do eletrólito.

4.2.3.2. AVALIAÇÃO DA REJEIÇÃO DA MEMBRANA À FASE DISPERSA

Para os efluentes contendo óleo de Marlim ou óleo Diesel, a Tabela 4.3.2.1

apresenta as rejeições obtidas em todas as condições operacionais e aditivos

analisados. Os valores das rejeições referem-se, principalmente, ao tempo de

operação de 300 minutos.

Conforme se pode observar na Tabela 4.3.2.1, em todas as condições e

concentrações analisadas, obteve-se rejeição elevada à fase dispersa. A vazão de

alimentação e a pressão de operação, a concentração de óleo, a presença de

salinidade ou SST, não apresentaram influência significativa sobre a rejeição.

Nos experimentos em condições mais severas, ou seja, pressão de operação

mais elevada (1 bar), a rejeição foi de 94%, em concentração mais elevada de óleo de

Marlim (250 mg/L) foi de 96% e nos experimentos com maior duração, 600 e 2160

minutos, foi de 99 e 96 %, respectivamente.

Para todos os experimentos realizados, a concentração de óleo no permeado

se encontra muito abaixo do permitido pelo CONAMA 357/05 (<20 mg/L). Estes

resultados indicam o potencial de aplicação da MF para tratamento dos efluentes de

refinaria.

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120

Tabela 4.3.2.1. Rejeição da Membrana ao óleo de Marlim e ao óleo Diesel em diferentes condições de operação.

Óleo Concentração de Óleo de Marlim

(mg/L)

Aditivo Q Alim. (L/h)

P (bar)

Rejeição

(%)

250 - - - 500 0,5 96

100 - - - 650 0,5 96

50 - - - 650 0,5 86

50*** - - - 500 0,5 96

50*

- - - 500 0,25 99

50 - - - 500 0,25 94

50 (com recirculação) - - - 800 0,5 93

50 (com recirculação) - - - 850 0,5 99

50 30 mg/L bentonita 650 0,5 90

50 10.000 mg/L NaCl

650 0,5 94

50 (com recirculação) 50.000 mg/L NaCl

880 0,5 94

Marlim

50 - - - 880 1 94

250 - - - 700 0,5 87

250 - - - 740 1 93

250 - - - 550 0,35 92

250**

- - - 520 0,25 93

250 - - - 800 0,8 94

50 - - - 350 0,5 86

100 - - - 650 0,5 92

50 10.000 mg/L NaCl

650 0,5 97

50 (com recirculação) 50.000 mg/L NaCl

860 0,5 91

50 30 mg/L bentonita 760 0,5 91

Diesel

50 10.000 mg/L NaCl 30 mg/L Bentonita

750 0,5 91

tempo de operação (minutos): 600*, 720**, 2160***

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121

Neste trabalho investigou-se a utilização dos PSM, UF e MF, para o tratamento

de efluentes contendo óleo emulsionado e disperso. Neste sentido, foram realizados

experimentos com efluentes sintéticos tanto em escala de bancada, como em escala

piloto. Amostras de efluente oriundo de refinaria também foram testadas visando à

validação dos efeitos observados. A seguir, as principais observações e conclusões

obtidas neste trabalho são relacionadas.

5.1. CONCLUSÕES

Efluente Sintético

O monitoramento em linha da absorbância permite uma melhor compreensão

do processo de permeação, considerando os efeitos de interação entre a fase

emulsificada e a superfície dos poros da membrana utilizada.

Na seleção das condições de preparo das emulsões não se observou diferença

significativa nos valores da absorbância em função do tempo para os emulsificantes

analisados, nem entre os diferentes tempos de agitação empregados no preparo do

efluente sintético. Quanto à velocidade de agitação, para todas as concentrações de

óleo Diesel testadas, uma maior velocidade de cisalhamento (24.000 rpm), aumenta o

valor medido para a absorbância, indicando uma melhor emulsificação do sistema. Na

análise da influência da concentração do emulsificante, também não se observa

diferenças significativas na utilização de duas ou quatro vezes a CMC, logo após o

preparo da emulsão.

A emulsão permaneceu estável em todas as condições analisadas de vazão de

circulação e pressão de operação. O valor da absorbância foi maior do que o obtido

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pelo procedimento de agitação empregado no preparo da emulsão. Apenas quando a

vazão de circulação e a pressão foram reduzidas (20 L/h e 0,5 bar) o valor da

absorbância se manteve equivalente ao valor original. Para as pressões e vazões mais

elevadas o maior valor da absorbância indica que a circulação pelo sistema promove

uma melhor emulsificação da fase dispersa. Este fato foi relacionado com a passagem

da emulsão por orifícios de constrição, como os existentes na válvula de pressurização

na linha de retorno ao tanque de alimentação.

Nos testes de permeação, os resultados obtidos para o fluxo permeado

apresentaram valores constantes apenas para a menor diferença de pressão utilizada.

Nesta condição não foi observada qualquer influência da vazão de circulação.

Somente em pressões elevadas se observou um aumento do fluxo permeado com a

vazão de circulação. A queda nos valores de fluxo permeado quando o sistema opera

em pressões mais elevadas foi atribuída ao efeito da polarização de concentração,

que é intensificado à medida que aumenta o fluxo permeado.

O outro parâmetro avaliado, rejeição da membrana à fase oleosa, para todas

as condições operacionais mostrou-se estável e maior que 99%. Nos experimentos

com a pressão de 3 bar a rejeição chegou a 100%, indicando que a membrana

utilizada é capaz de reter todo o óleo durante o período em que os experimentos foram

realizados.

Nos testes de permeação com troca da emulsão por outra de mesma

concentração observou-se uma pequena perturbação no momento da troca da

emulsão, entretanto, após curto intervalo de tempo, o fluxo continuou diminuindo com

o tempo de operação. O valor de rejeição da fase oleosa permaneceu superior a 99%,

ou seja, a membrana utilizada continua retendo praticamente todo o óleo da emulsão

sintética mesmos nas condições mais críticas de operação.

Nos testes de permeação com troca da emulsão por outra de maior

concentração, foram utilizadas membranas de UF e MF, observando-se, para todas as

membranas um declínio continuo do fluxo permeado, sendo intensificado com a adição

de NaCl. Este comportamento indica a possibilidade de aumento da coalescência da

fase oleosa próximo à superfície da membrana. Este comportamento foi mais

pronunciado para a membrana de MF de 0,22 µm, provavelmente devido ao maior

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fluxo inicial de permeado, o que intensifica o efeito de polarização de concentração.

Para esta membrana não foi possível recuperar a permeabilidade hidráulica original

indicando formação de incrustações irreversíveis e possivelmente, bloqueio de poros

pela fase oleosa.

Nestes experimentos, as membranas também apresentaram retenção superior

a 99% para todas as concentrações de óleo Diesel. Mesmo no final das 72 horas de

experimento, onde foi adicionado NaCl 1 gmol/L, a membrana continuou retendo

completamente a fase dispersa.

Para todos os testes de permeação discutidos até o momento pode-se concluir

que na avaliação dos parâmetros operacionais investigados, observou-se que

diferenças elevadas de pressão através da membrana intensificam o fenômeno de

formação de incrustações (“fouling”), ocasionando uma redução progressiva do fluxo

de permeado devido a coalescência da fase dispersa e entupimento dos poros da

membrana. O aumento da concentração da fase dispersa e a adição de NaCl,

intensificam ainda mais os fenômenos de polarização da concentração e de formação

de incrustações. Apesar disto, para quase todas as membranas utilizadas, foi possível

recuperar a permeabilidade hidráulica inicial com simples lavagem com água destilada

microfiltrada.

Efluente de Real (REDUC)

Os resultados dos experimentos de permeação com membranas de MF e UF

indicaram que nas condições operacionais testadas, tanto o efluente da saída do

flotador quanto o da saída da lagoa de estabilização, tiveram a fase oleosa retida

pelas membranas.

Na avaliação do fluxo de permeado, observa-se que ocorre uma queda gradual

devido ao fenômeno de formação de incrustações (“fouling”). Similar ao observado

com as emulsões sintéticas, com exceção da membrana de MF de 0,22 µm, houve

recuperação do fluxo inicial com simples lavagem do sistema com água destilada e

microfiltrada.

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Estes resultados indicam o potencial dos PSM, em particular UF e MF, para

tratamento das águas oleosas provenientes do processamento de petróleo.

Distribuição de Tamanho de Gotas da Fase Emulsionada

Na análise de DTG, para os óleos Marlim e Diesel, preparados na planta e no

turrax, observa-se distribuições diferentes, que indicam que o turrax gera gotas de

menor tamanho, provavelmente devido a um maior cisalhamento das gotas.

A DTG mais uniforme (estreita) apresentada pelo Diesel indica que devido a

sua maior mobilidade em comparação com o óleo de Marlim, a coalescência das gotas

pequenas, imediatamente após sua formação, deve ser mais intensa atuando para

uma maior uniformidade da DTG.

Por outro lado, a análise da estabilidade comparativa destas emulsões não

mostrou diferença significativa em função método empregado para seu preparo. Estes

resultados sugerem que, no tempo do experimento, a DTG não afeta o comportamento

observado para a queda na absorbância da solução, ou seja, a redução da

concentração da fase dispersa na emulsão. A compreensão do mecanismo de

coalescência da fase dispersa requer uma análise mais detalhada que foge aos

objetivos desta tese.

Na análise da DTG, para as diferentes concentrações dos óleos de Marlim e

Diesel analisadas não existe diferença na DTG, indicando que o tamanho das gotas é

definido pela pressão aplicada no cisalhamento das mesmas, que foi de 5 kgf/cm2,

para todas as emulsões preparadas na planta geradora de emulsões.

Na avaliação do efeito da salinidade na DTG, conclui-se que com 10.000 mg/L

de NaCl muda a distribuição reduzindo a presença de gotas menores e levando à

formação de gotas maiores. Adição de 50.000 mg/L NaCl intensifica o efeito

observado. Um fator que pode ter ocasionado a variação no tamanho das gotas é o

aumento da tensão interfacial entre as fases aquosa e oleosa pela presença de um

eletrólito, que atua dificultando a formação de uma fase dispersa. A presença do NaCl

também atua favorecendo o processo de coalescência, devido ao efeito redutor na

camada elétrica dupla (CED), causada pela alta concentração de iônica.

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Para o óleo de Marlim, considerando-se apenas a fração de óleo emulsificado

(gotas menores que 10 µm), observa-se que a adição de 10.000 mg/L de NaCl não

provoca aumento das gotas do óleo, mas em concentração elevada (50.000 mg/L)

ocorre um deslocamento da DTG para maiores tamanhos de gotas. No caso do óleo

Diesel, adição de NaCl aumenta significativamente o tamanho das gotas do óleo

emulsificado.

Na avaliação do efeito da adição de sólidos suspensos (bentonita), para o óleo

de Marlim há uma intensificação da fração de tamanhos maiores, similar ao observado

com adição de NaCl, assim como, praticamente, não há registro de tamanhos na faixa

das partículas de bentonita. No caso do óleo Diesel há uma intensificação de

tamanhos na faixa inferior a 30 µm, com superposição das DTG do Diesel e da

bentonita. Este comportamento novamente pode ser atribuído à diferença na

mobilidade (viscosidade) e adesão dos dois óleos.

A investigação do efeito da adição combinada de salinidade e sólidos, na

emulsão com óleo de Marlim ou óleo Diesel, não se observa alterações nos efeitos

analisados com a adição separada destes compostos. Em outras palavras, a presença

de salinidade aumenta o tamanho das gotas e a presença de bentonita atua de forma

distinta no Diesel e no óleo de Marlim.

Testes em Escala Piloto

Nos testes de permeação, os resultados indicaram que para maiores

concentrações de óleo de Marlim e Diesel ocorre uma maior queda no fluxo final de

permeado, devido ao fato de que uma maior concentração de óleo aumenta o

fenômeno de polarização da concentração.

Na avaliação dos parâmetros operacionais investigados, tanto para o óleo de

Marlim como para o óleo Diesel, observou-se que diferenças elevadas de pressão

através da membrana intensificam o fenômeno de formação de incrustações,

ocasionando uma redução progressiva do fluxo de permeado devido à coalescência

da fase dispersa e deposição sobre à superfície da membrana. Os testes de

permeação prolongados mostram que o efeito de deposição sobre a membrana é

progressivo e contínuo com o tempo de operação, intensificado com o aumento da

pressão e concentração da fase emulsionada, indicando a necessidade de

procedimentos de limpeza periódica.

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126

Quanto à presença de salinidade, para os efluentes com os óleos de Marlim e

Diesel, observa-se que ocorre um aumento no fluxo final de permeado com a

concentração de eletrólito na solução. O aumento da temperatura também contribui

para aumentar o fluxo de permeado, pois favorece a desestabilização da emulsão,

provocando coalescência das gotas de óleo.

Em analogia ao observado na DTG, a presença de sólidos suspensos promove

efeitos diferentes nos óleos analisados. Para o efluente com o óleo Diesel, observa-se

um aumento no fluxo de permeado, provavelmente, pela presença de partículas de

bentonita estarem atuando como um auxiliar de filtração, aumentando a

permeabilidade da camada depositada sobre a superfície da membrana. No caso do

óleo de Marlim, não foi observado melhoria no fluxo permeado, o que pode-se atribuir

a forte interação (adesão) entre as partículas de bentonita com a fase dispersa,

evitando que o sólido atue como auxiliar de filtração.

Cabe notar ainda, que no caso do efluente com óleo Diesel o efeito de

incrustação, ou seja, redução gradativa do fluxo permeado, é intensificado com a

presença de bentonita, provavelmente, devido ao acúmulo de material depositado

sobre a superfície da membrana.

Em relação à rejeição da membrana à fase dispersa, o que se conclui é que

com a membrana de MF utilizada, e nas condições testadas, praticamente todo óleo

foi retido, indicando o potencial do processo no tratamento de efluentes oleosos. As

variáveis e condições operacionais analisadas não apresentaram forte influência na

rejeição.

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127

5.2. SUGESTÕES

Para que haja continuidade deste trabalho, são feitas as seguintes sugestões:

aprofundar o estudo do mecanismo (cinética) de coalescência das gotas de óleo

das emulsões;

avaliar o processo de MF para tratamento da água de produção e também no

tratamento de efluentes oleosos mais complexos;

otimizar as condições de limpeza do sistema de MF;

avaliar parâmetros de processo como tempo de campanha, grau de recuperação,

volume consumido de água (permeado) para limpeza;

avaliar a viabilidade econômica do processo de MF.

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139

7.1. UNIDADE GERADORA DE EMULSÕES

A seguir serão apresentados os fluxogramas completos da unidade geradora

de emulsões do LARA/CENPES/PETROBRAS, onde foram gerados os efluentes

sintéticos simulando efluentes de refinaria.

O fluxograma está dividido em:

Sub-unidade I: condicionamento de água para unidade;

Sub-unidade II: preparo da emulsão, gaseificação e incorporação de aditivos;

Sub-unidade III: diluição da emulsão, alinhamento para o equipamento a ser testado e

para amostragem;

Sub-unidade IV: tratamento de efluentes para descarte.

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140

Vapor sat.

TQ-50Sol. Salina

10 m³T = 80ºC

Água Ind.

1

3

2

VR

E-5

1

VR

E-5

3

VGA-52 VR

E-5

0

VGA-50

VGL-52

VGL-53

VGL-51

VRE-52

VREG61(ainda nãoInstalada)

s/ TAG

VES-50 VES-51VET-51

VES-53VES-54

VES-52 VGL-55

VGL-54

VGA-53

VGA-55

VG

A-5

9

PSV-50

BH-50RecirculaçãoVazão: 750 L/min, 45 m³/hPressão max: 70 mca

Para subPara sub--unidade VIunidade VI

Descarte salino

Para subPara sub--unidade IIunidade IIPara subPara sub--unidade IIunidade II

Sub-unidade ICondicionamento deágua para a unidade

VG

L-56

VGL-57

DT-01

TE-02TE-01

LT-01

TQ-51Conc. Salino

200 LitrosT = amb.

VES-XX

Vapor sat.

TQ-50Sol. Salina

10 m³T = 80ºC

Água Ind.

1

3

2

VR

E-5

1

VR

E-5

3

VGA-52 VR

E-5

0

VGA-50

VGL-52

VGL-53

VGL-51

VRE-52

VREG61(ainda nãoInstalada)

s/ TAG

VES-50 VES-51VET-51

VES-53VES-54

VES-52 VGL-55

VGL-54

VGA-53

VGA-55

VG

A-5

9

PSV-50

BH-50RecirculaçãoVazão: 750 L/min, 45 m³/hPressão max: 70 mca

Para subPara sub--unidade VIunidade VI

Descarte salino

Para subPara sub--unidade IIunidade IIPara subPara sub--unidade IIunidade II

Sub-unidade ICondicionamento deágua para a unidade

VG

L-56

VGL-57

DT-01

TE-02TE-01

LT-01

TQ-51Conc. Salino

200 LitrosT = amb.

VES-XX

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141

1 2

VGA

-59

Da sub-unidade I(água salina)Da sub-unidade I

(água industrial)Para uso direto noPreparo da emulsão ou para diluição)

Sub-unidade IIPreparo da emulsão,gaseificação e incorporaçãode aditivos

VGL-

56

PSV-02

TQ-40 TQ-30 TQ-20

PT-05

PT-04

FT-40

FT-30FT-20

PT-95 PT-96

Vide detalhes na Sub-unidade III

VE

S-0

7

VES

-08

VE

S-0

1

VE

S-0

2

VE

S-4

7

VE

S-4

6

VE

S-4

9

VES

-100

VE

S-2

1

VE

S-3

1

VE

S-4

1

VES-22VES-32VES-42

VE

S-4

0

VE

S-3

0

VE

S-2

0

PSV-40

VES

-43

PSV-30

PSV-20V

ES

-33

VE

S-2

3

VR

E-4

0

VRE

-30

VR

E-2

0BD-40 (100 mL/min ; 0,006 m³/h)

Bomba NEMOBD-30 (100 mL/min ; 0,006 m³/h)

Bomba NEMOBD-20 (100 mL/min ; 0,006 m³/h)

Bomba NEMO

BD-02 (20 L/min ; 1,2 m³/h)Bomba NEMO

BD-01 (6 L/min ; 0,36 m³/h)

Bomba NEMO

BD-10 (100 mL/min ; 0,006 m³/h)Bomba NEMO

VES-09VES-16 VES VES

Válvulaagulha

VGE

M-0

1

VG

EM

-02

VG

EM

-03

FT-10

VRE-

01

VR

E-0

2

VRE-03

VE

S-0

6

VE

S-1

8

VE

S-0

3

VE

S-0

4

VES-05

VRE-10

VRE-11

VRE-12

VES-15

VES-14

VES-13 PSV-01

VES-48

VGA-60

PT-10

VES-17TQ-10 (óleo)50 L, T = 80ºC

PSV-10

VE

S-1

0

VES-11

RAQ-10

V3V-40V3V-30

V3V-20VE

S-E

NT

VE

S-S

AI

Ar comprimido

VREG

-60

PSV-62

TQ-60 (gaseificador)15 kgf/cm²T = 80ºC

VES-67

PT-60

Dre

nos

Alív

ioTE-03

TE-04

Vaso diluidor

s/ TAG

s/ TAG

FT

BombaCrom.

Vaso de óleo1 2

VGA

-59

Da sub-unidade I(água salina)Da sub-unidade I

(água industrial)Para uso direto noPreparo da emulsão ou para diluição)

Sub-unidade IIPreparo da emulsão,gaseificação e incorporaçãode aditivos

VGL-

56

PSV-02

TQ-40 TQ-30 TQ-20

PT-05

PT-04

FT-40

FT-30FT-20

PT-95 PT-96

Vide detalhes na Sub-unidade III

VE

S-0

7

VES

-08

VE

S-0

1

VE

S-0

2

VE

S-4

7

VE

S-4

6

VE

S-4

9

VES

-100

VE

S-2

1

VE

S-3

1

VE

S-4

1

VES-22VES-32VES-42

VE

S-4

0

VE

S-3

0

VE

S-2

0

PSV-40

VES

-43

PSV-30

PSV-20V

ES

-33

VE

S-2

3

VR

E-4

0

VRE

-30

VR

E-2

0BD-40 (100 mL/min ; 0,006 m³/h)

Bomba NEMOBD-30 (100 mL/min ; 0,006 m³/h)

Bomba NEMOBD-20 (100 mL/min ; 0,006 m³/h)

Bomba NEMO

BD-02 (20 L/min ; 1,2 m³/h)Bomba NEMO

BD-01 (6 L/min ; 0,36 m³/h)

Bomba NEMO

BD-10 (100 mL/min ; 0,006 m³/h)Bomba NEMO

VES-09VES-16 VES VES

Válvulaagulha

VGE

M-0

1

VG

EM

-02

VG

EM

-03

FT-10

VRE-

01

VR

E-0

2

VRE-03

VE

S-0

6

VE

S-1

8

VE

S-0

3

VE

S-0

4

VES-05

VRE-10

VRE-11

VRE-12

VES-15

VES-14

VES-13 PSV-01

VES-48

VGA-60

PT-10

VES-17TQ-10 (óleo)50 L, T = 80ºC

PSV-10

VE

S-1

0

VES-11

RAQ-10

V3V-40V3V-30

V3V-20VE

S-E

NT

VE

S-S

AI

Ar comprimido

VREG

-60

PSV-62

TQ-60 (gaseificador)15 kgf/cm²T = 80ºC

VES-67

PT-60

Dre

nos

Alív

ioTE-03

TE-04

Vaso diluidor

s/ TAG

s/ TAG

FT

BombaCrom.

Vaso de óleo

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142

Sistema geradorde emulsões

VE

S-4

9

VE

S-1

00

VES-48

VGA-60

1

2

Vaso diluidor

Da sub-unidade I(água industrial)

VE

S-4

7

VE

S-4

6

BD-61 (50-200 L/min ; 3 - 12 m³/h)Bomba NEMO

BD-60 (16-50 L/min ; 0,96 - 3 m³/h)Bomba NEMO

PSV-61

PSV-60

FT-61

FT-60

Ar comprimido

VR

EG

-60

PSV-62

TQ-60 (gaseificador)15 kgf/cm²T = 80ºC

VES-67

PT-60D

reno

s

Alív

io

VE

S-E

NT

VE

S-S

AI

Da bomba BD-02(vide sub-unidade II)

Para sistema gerador de emulsões(vide sub-unidade II)VES-61

VES-60VES-62 V

ES

-63

VE

S-6

6

VE

S-6

4

VES-65

Amostragem

Isocinética(laboratório)

VE

S-8

7V

ES

-84

VES-83

PT-61

Vazão: 20 - 200 L/min1,2 – 12 m³/h

VE

S-9

0

VE

S-9

1

Vazão: até 20 L/min1,2 m³/h

VE

S-9

8

VE

S-9

7

DES

CAR

TE

VE

S-9

2

VE

S-7

1

5

Para sub-unidade IV(trat. de efluente p/ descarte)

4Para sub-unidade IV(trat. de efluente p/ descarte)

VES-85

VE

S-8

6

VES-89

ALIM

ENTA

ÇÃO

EQU

IPAM

ENTO

A S

ER T

ESTA

DO

Do caminhão tanque

Da sub-unidade I(água salina)

Sub-unidade IIIDiluição da emulsão, alinhamento para equipamentoa ser testado e amostragem

Sistema geradorde emulsões

VE

S-4

9

VE

S-1

00

VES-48

VGA-60

1

2

Vaso diluidor

Da sub-unidade I(água industrial)

VE

S-4

7

VE

S-4

6

BD-61 (50-200 L/min ; 3 - 12 m³/h)Bomba NEMO

BD-60 (16-50 L/min ; 0,96 - 3 m³/h)Bomba NEMO

PSV-61

PSV-60

FT-61

FT-60

Ar comprimido

VR

EG

-60

PSV-62

TQ-60 (gaseificador)15 kgf/cm²T = 80ºC

VES-67

PT-60D

reno

s

Alív

io

VE

S-E

NT

VE

S-S

AI

Da bomba BD-02(vide sub-unidade II)

Para sistema gerador de emulsões(vide sub-unidade II)VES-61

VES-60VES-62 V

ES

-63

VE

S-6

6

VE

S-6

4

VES-65

Amostragem

Isocinética(laboratório)

VE

S-8

7V

ES

-84

VES-83

PT-61

Vazão: 20 - 200 L/min1,2 – 12 m³/h

VE

S-9

0

VE

S-9

1

Vazão: até 20 L/min1,2 m³/h

VE

S-9

8

VE

S-9

7

DES

CAR

TE

VE

S-9

2

VE

S-7

1

5

Para sub-unidade IV(trat. de efluente p/ descarte)

4Para sub-unidade IV(trat. de efluente p/ descarte)

VES-85

VE

S-8

6

VES-89

ALIM

ENTA

ÇÃO

EQU

IPAM

ENTO

A S

ER T

ESTA

DO

Do caminhão tanque

Da sub-unidade I(água salina)

Sub-unidade IIIDiluição da emulsão, alinhamento para equipamentoa ser testado e amostragem

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143

Ar com prim ido

TQ-70Descarte do LARA

40 m³Tmax = 60ºC

3

Da sub-unidade I

TQ-71Decantaçãointerm ediária2400 Litros

VE

S-7

4 BD-70 (200 L/min ; 12 m³/h)Carga do Flotador

LC

VRE -70

4 Do equipam ento a ser testado(sub-unidade III)

VES -70VGA -58

TQ-72Óleo recuperado

400 Litros5

VE

S-7

2

Skimm er

LC

VCR -71

VES -73

VENT

Do equipam ento a ser testado (sub-unidade III)

VGL-72 VGL-73VREG -70

Água tratada

Óleo recuperado

Sub-unidade IVTratamento do efluente paradescarte

Ar com prim ido

TQ-70Descarte do LARA

40 m³Tmax = 60ºC

3

Da sub-unidade I

TQ-71Decantaçãointerm ediária2400 Litros

VE

S-7

4 BD-70 (200 L/min ; 12 m³/h)Carga do Flotador

LC

VRE -70

4 Do equipam ento a ser testado(sub-unidade III)

VES -70VGA -58

TQ-72Óleo recuperado

400 Litros5

VE

S-7

2

Skimm er

LC

VCR -71

VES -73

VENT

Do equipam ento a ser testado (sub-unidade III)

VGL-72 VGL-73VREG -70

Água tratada

Óleo recuperado

Sub-unidade IVTratamento do efluente paradescarte

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144

7.2. RESULTADOS DOS TESTES NA UNIDADE PILOTO DE MF Serão apresentados aqui todos os resultados obtidos nos experimentos

na unidade piloto de MF.

A Tabela 1, apresenta os resultados para o Óleo de Marlim e a Tabela 2

para o Óleo Diesel.

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145

Tabela 1: Resultados dos experimentos com o Óleo de Marlim (tempo de operação 300 minutos). Concentração

Óleo de Marlim (mg/L)

P

(bar)

Q ALIM

(L/h)

Fluxo Inicial

(L/hm2)

Fluxo Final

(L/hm2)

Rejeição

(%)

Lp Lavagem

(L/hm2bar)

Lp Retrolav.

(L/hm2bar)

Condutiv.

(mS/cm) 250 0,5 500 79,71 32,61 96 214,49 212, 23

50 0,25 500 22,46 18,12 94 64,47 231,88

50 0,5 650 38,41 33,38 86 77,48 212,17

50 + 30 mg/L bentonita 0,5 650 39,13 31,16 90 87,63 270,72

50 * 0,5 800 32,61 42,03 93 67,05 204,06

50 * 0,5 850 34,06 46,39 99 65,02 188,41

50 + 50.000 mg/LNaCl * 0,5 880 34,78 48,55 94 72,36 234,3 59,08

50 1 880 67,39 53,62 94 70,72 227,83

100 0,5 650 31,88 26,81 100 57,29 203,48

50** 0,25 500 18,84 16,67 100 61,64 206,96

50 *** 0,5 500 54,35 20,29 96 110,14 233

50 + 10.000 mg/L NaCl

0,5 650 32,61 34,78 93 63,59 220,29 13,56

* recirculação do efluente (∆T ~ 14oC); ** tempo de operação: 600 minutos; *** tempo de operação: 2160 minutos.

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146

Tabela 2: Resultados dos experimentos com Óleo Diesel (tempo de operação 300 minutos). Concentração

Óleo de Diesel (mg/L)

P

(bar)

Q ALIM

(L/h)

Fluxo Inicial

(L/hm2)

Fluxo Final

(L/hm2)

Rejeição

(%)

Lp Lavagem

(L/hm2bar)

Lp Retrolav.

(L/hm2bar)

Condutiv.

(mS/cm)

250 0,5 700 43,48 23,91 87 86,6 211,1

250 0,5 700 108,70 32,61 93 212,6 234,5

250 1 74 72,46 47,10 93 81,59 215,7

250 0,35 550 28,99 28,26 92 88,89 208,7

250* 0,25 520 25,36 23,19 93 99,14 228,41

250 0,8 800 70,29 43,48 94 90,821 198,11

50 0,5 350 28,99 28,26 86 58,9 203,3

100 0,5 650 26,81 26,05 92 52,65 207,03

50 + 10.000 mg/L NaCl 0,5 650 34,78 33,33 97 68,79 284,06 13,06

50+ 50.000 mg/L NaCl** 0, 5 860 50,72 60,15 91 95,169 307,25 54,3

50 + 30 mg/L bentonita 0,5 760 49,28 36,96 91 115,4 277,1

50 + 10.000 mg/L NaCl + 30 mg/L bentonita

0,5 650 32,61 34,78 93 63,59 220,29 12,49

* tempo de operação: 720 minutos; * reciculação do efluente (∆T ~ 14oC).

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