Upload
pietro-gonsales
View
328
Download
11
Embed Size (px)
Citation preview
O QUE TORNA O COLO INSUFICIENTE?
• Determinantes genéticos
• Fatores mecânicos
• Influência hormonal
• Alterações inflamatórias
INSUFICIÊNCIA CERVICALConceito “Clássico”
• Dilatação cervical não dolorosa no segundo trimestre, com prolapso e abaulamento de membranas para a
vagina, acompanhada ou não de ruptura de membranas e expulsão do concepto, que tende a se repetir em toda gravidez, em IG cada vez mais
precoces
INSUFICIÊNCIA CERVICALConceito “Dinâmico”
• Quadro de modificações cervicais progressivas, de gravidade variável, que acarreta amadurecimento precoce do colo uterino
• O início e a velocidade de progressão das modificações são variáveis e estão associadas a perdas gestacionais precoces e tardias, de maneira repetida
• Admite várias formas clínicas (“GRAUS”)
GRAUS DE INSUFICIÊNCIA CERVICAL
Passini, 2.002
FUNÇÃO CERVICAL SUFICIENTE PARA:
• gestação única, mas não múltipla
• gestação única até 32 semanas, mas não ao termo
• gestação única até 24 semanas, mas não até 32 sem
INSUFICIÊNCIA CERVICAL
CONCEITO (?)
A competência cervical é anatomicamente refletida pelo comprimento cervical e fisiologicamente pela
duração da gestação
INSUFICIÊNCIA CERVICALDiagnóstico - História Clínica
Antecedentes:• História de 2 ou + perdas de 2o T (excluindo as resultantes de TPP
e DPP), sem dor ou hemorragia• Partos rápidos• Ruptura prematura pré-termo de membranas de repetição• História de dilatação cervical não dolorosa até 4-6cm• Lesões cirúrgicas (conização, lacerações intraparto, dilatação
forçada intraparto ou para término da gestação e aborto)
Sintomas: · Não específicos, ocorrendo em gestações normais· Mais importantes: pressão pélvica, aumento de “corrimento”
vaginal, dor lombar, sangramentos esporádicos· Principal característica para valorização: persistência
INSUFICIÊNCIA CERVICALDiagnóstico - Exame Físico
Exame especular• encurtamento e/ou dilatação cervical• visualização de membranas
Toque vaginal• Índice de Bishop (inicial e seriado)• Afunilamento em exames seriados• Protrusão de membranas pelo canal cervical• Preenchimento dos fundos de saco pela
apresentação• Lesões adquiridas
INSUFICIÊNCIA CERVICALDiagnóstico - Métodos Auxiliares
Fora da gravidez:Teste da vela de Hegar
Testes com balão endocervical
Histerografia• O.I. 1 cm• Imagem em funil
Na gravidez:Ultra-som
COMPRIMENTO CERVICAL, IIC E CIRCLAGEM
Comprimento cervical curto aumenta o risco de parto prematuro e infecção
Somente uma minoria de pacientes com colo curto apresentam IIC*
Somente pacientes com IIC se beneficiam com a circlagem
*Quase 85% das mulheres com CC <= 25 mm terão partos de termo50% das mulheres com CC <= 15 mm terão partos > 32 semanas
RELAÇÃO ENTRE COMPRIMENTO CERVICAL, IIC, CIRCLAGEM E
MARCADORES INFLAMATÓRIOS• 16.508 mulheres: 1,5% de colo 25mm• Com (165) x sem (81) circlagem: sem diferença em
relação a parto prematuro• IL 8 < 360 ng/mL: circlagem parto prematuro (em
relação a não circlagem)• IL 8 360 ng/mL: circlagem parto prematuro• A existência de processo inflamatório piora os resultados
da circlagem• Indicação de circlagem não deveria considerar só
história e USSakai et al, AJOG, 2006
Portanto…….
COLO CURTO• Perda de tecido
conjuntivo• Distúrbios congênitos• Infecção intrauterina• Supressão de
progesterona• multifatorial
NÃO É IGUAL A IC!!!!
• AMADURECIMENTO
CERVICAL
PRECOCE
CLASSIFICAÇÃO DA CIRCLAGEM SEGUNDO HISTÓRIA, SINTOMAS E ALTERAÇÃO CERVICAL
• Circlagem eletiva, profilática ou indicada pela história:– história prévia – sintomas– encurtamento cervical
• Circlagem de urgência, secundária, ou indicada pelo US:– afunilamento + outros achados
• Circlagem de emergência ou terciária:– dilatação 2 cm– 50% esvaecimento– membranas ovulares no OE ou +
Relatório Final do Grupo de Pesquisa Médica/Colégio Real de Obstetrícia e Ginecologia (MRC/RCOG)
Estudo Randomizado Multicêntrico de Circlagem CervicalEstudo entre 1981-1988, com 1292 pacientes, 2/3 na InglaterraPacientes de risco: fazer ou não fazer a circlagem?647 com circlagem e 645 sem circlagemTaxa total de Parto Prematuro: 28%
Com circlagem Sem circlagem pCondição
PP < 33 sem.MBPAborto, natimorto,morte neonatal
13% 17% 0,0310% 13% 0,05
9% 11% NS
Conclusões: 1 em cada 25 circlagens preveniu 1 PPSó deveria ser feita em casos de 3 ou mais perdas antes de 37 sem.
MACNAUGHTON e cols., 1993 (BJOG, 100:516-523)
CIRCLAGEM X NÃO CIRCLAGEM OU REPOUSO EM SITUAÇÕES DE HISTÓRIA PRÉVIA E/OU COLO CURTO (US, TOQUE)
Parto < 28 semRR IC95%
Tratamento ControleRazão de Risco
(IC 95%)
Althuisius, 2001 1,28 (0,23-7,13)2/24 3/46Rush, 1984 1,02 (0,37-2,80)7/96 7/98TOTAL 1,08 (0,46-2,58)9/120 10/144
1 100,2 50,1
Althuisius, 2001 0,77 (0,16-3,66)2/24 5/46
Rush, 1984 1,22 (0,56-2,70)12/96 10/98TOTAL 1,29 (0,67-2,49)18/388 16/382
Lazar, 1984 3,55 (0,40-31,56)4/268 1/238
Parto < 32 sem
Althuisius, 2001 0,57 (0,31-1,05)8/24 27/46
Rush, 1984 1,12 (0,75-1,69)33/96 30/98
TOTAL 0,88 (0,76-1,03)228/1035 268/1027
Lazar, 1984 1,23 (0,62-2,46)18/268 13/238
Parto < 37 sem
MRC/RCOG, 1993 0,85 (0,72-1,01)169/647 198/645
Drakeley AJ, Roberts D, Alfirevic Z. Cervical stitch (cerclage) for preventing pregnancy loss in women (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 1, 2006. Oxford: Update Software
Cerclagem em mulheres com antecedente de PP e colo curto
< 25 mmSem cerclagem n=254
Com cerclagemn=250
RR
Parto < 35 sem 41.3% 28.4% 0.7 (0.55-0.89)
Morbimortalidade neonatal composta
11 % 5.2% 0.64 (0.65-091)
Parto < 24 sem 24.8% 15.6% 0.48 (0.26-090)
Berghella et al., 2011
Benefício maior em mulheres com antecedente de parto < 24 semanas
Resultados comparativos dos tipos de cerclagem
Tipo Parto > 36 sem Corioamnionite IG parto sem
ELETIVA 73% 1% 35
URGÊNCIA 57% 18% 34
EMERGÊNCIA 23% 42% 29
Nelson et al., 2009
RESULTADOS GESTACIONAIS EM 3 GRUPOS SUBMETIDOS A CIRCLAGEM (ELETIVA, DE EMERGÊNCIA E DE URGÊNCIA)
POR INSUFICIÊNCIA CERVICAL (N = 92)
AchadosGrupo I(eletiva)
N=38
Grupo II(emergência)
N=35
Prolongamento da gravidez (média) - sem.*
Idade gestacional aoparto (média) - sem.*
Corioamnionite (%)*#
20,20,9 12,2 1,5 8,3 0,9
35,50,8 30,50,9 33,071,4
5,6 37,1 33,3
KURUP & GOLDKRAND, 1999, AJOG, 181(2): 240-246
Grupo III(urgência)
N=15
Amniorrexe prematurapré-termo (%)*#
18 51 40
* p < 0.05, Grupo I x II e III# NS para Grupo II x III
COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS À CIRCLAGEM
• Ruptura de membranas• Corioamnionite• Perda de sustentação da sutura• Dificuldade de retirada do fio de sutura• Estenose cervical• Laceração cervical• Lesões de órgãos próximos• Dificuldade de nova gestação
INSUFICIÊNCIA CERVICALTratamento Cirúrgico - Circlagem
• PALMER, 1948
• LASH, 1950
• SHIRODKAR, 1955
• McDONALD, 1957
• AQUINO SALES, 1960
• TRANSABDOMINAIS, 1965
• ESPINOSA-FLORES, 1966
Inabsorvível polifilFita cardíacaPoliester trançadoMonofil – nãoAgulha longa
CIRCLAGEM PELA TÉCNICA DE PALMERPalmer, R. & Lacomme, M.
La béance de l’orifice interne, cause de avortements a répétition? Une observation de déchirure cervico-isthmique reparée
chirurgicalement, avec gestation à terme consécutif.Gynecol. Obstet., 47: 905, 1948
CIRCLAGEM PELA TÉCNICA DE SHIRODKARShirodkar, VN. A new method of operative treatment for habitual abortion in the second trimester of pregnancy.
Antiseptic, 52: 299-300, 1955
CIRCLAGEM PELA TÉCNICA DE MCDONALDMcDonald, IA. Suture of the cervix for inevitable
miscarriage. J. Obstet. Gynecol., 64:
346-350, 1957
ALTHUISIUS et al., 1999 (AJOG, 180(2): 366-370)
CIRCLAGEM PELA TÉCNICA DE ESPINOSA-FLORES
Espinosa-Flores, C. Treatment of cervical isthmic incompetence during pregnancy, with simple transcardinal
ligation of the cervix. Personal technic.
Ginecol. Obstet. Mex., 21: 403-409, 1966
Circlagem pela técnica de Hefner
Aquino-Salles, A.; Amaral, LDB; Pinho ANB.
Diagnóstico e tratamento da incompetência istmocervical durante a
prenhez.
Ginecol. Obstet., 106: 389, 1960
OCLUSÃO DO COLO UTERINO
CORREÇÃO DE INSUFICIÊNCIA CERVICAL PELA TÉCNICA DE LASH
Lash, AF; Lash, A. Incompetent internal os of the cervix - diagnosis and
treatment. AJOG, 79:346, 1957
SuturaÚtero-sacro
Paramétrio
Art.Uter.
CORREÇÃO DE INSUFICIÊNCIA CERVICAL POR VIA ABDOMINAL
Indicações:• colo excessivamentecurto ou malformado• falha na abordagem vaginal
Riscos:• hemorragia • necessidade de retiradade sutura em abortamento• necrose tecidual
RA
EA
RDP
F
Kjøllesdal, Møyfrid, Nielsen, Sven, Stjerndahl, Jan-Henrik & Ellström Engh, Marie ALaparoscopic cervico-uterine cerclage using polypropylene mesh for the treatment of cervical incompetence.Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica 84 (8), 823-824, 2005
CIRCLAGEM ABDOMINAL POR VIA LAPAROSCÓPICA
CIRCLAGEM DE EMERGÊNCIA• Ausência de
contratilidade• Certeza de integridade
de membranas• Feto vivo, sem
malformações• Trendelemburg
acentuado• Bexiga cheia
• Útero-inibição
• Antibioticoprofilaxia
• Amniocentese
• Balão endocervical
• Circlagem (técnica)
OGAWA e cols., 1999. Acta Obst. Gynec. Scand., 78(9):779-782
CIRCLAGEM DE EMERGÊNCIA PELA TÉCNICA DE OGAWA. O círculo aberto indica o “topo” do útero. A seta cheia indica a pressão no abdôme; a seta clara indica a pressão no fundo do útero e a seta longa
indica a pressão nas membranas prolapsadas
Posição joelho-tórax Trendelemburg acentuado
COOPER e cols., 1993
RISCO DE MORTE NEONATAL SEGUNDO IDADE GESTACIONAL NO PARTO
20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
Idade Gestacional (meses)
Probabilidade de mortalidade
COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE ESTUDOS COM PACIENTES SUBMETIDAS A CIRCLAGEM DE
EMERGÊNCIA
Autores NProlong. da
gestação (sem)
Goodlin (1979)
Barth e cols. (1990)
Aarts e cols. (1995)
11 11,2 33
14 9,8 13
20 4 20
RPM (%)
Mitra e cols. (1992) 40 12 38
78
58
57
Sobrevida (%)
86
Olatunbosum e cols. (1995) 22 10,6 22,7 73
Kurup & Goldkrand (1999) 35 8,3 51 85,7
Cockwell, Smith 2005 638 7,1 29 70
Com cerclagem (89) Sem cerclagem (72)
PROLONGAMENTO DA GESTAÇÃO
41 dias 3 dias
NASCIDOS VIVOS 72% 25%
PESO MÉDIO AO NASCIMENTO
1340 g 750 g
retrospectivo
COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE ESTUDOS COM PACIENTES SUBMETIDAS A CIRCLAGEM DE
EMERGÊNCIA
Stupin et al., 2008
INSUFICIÊNCIA CERVICALConclusões
• Difícil diagnóstico, podendo levar ao excesso;• O desconhecimento da fisiopatologia impede
de atuar na paciente certa, na hora certa;• Qualquer método diagnóstico e terapêutico é
limitado devido à origem multifatorial;• A probabilidade de uma paciente com colo
curto de chegar ao termo é > não chegar;
INSUFICIÊNCIA CERVICALConclusões
• Há “graus”, com repercussões variáveis;• Investigar implica necessidade de utilizar
métodos propedêuticos múltiplos e seriados;• Nos casos eletivos, o melhor tratamento nem
sempre será a circlagem;• Nos casos de urgência/emergência, a
circlagem dá melhores resultados que a conduta conservadora
INSUFICIÊNCIA CERVICALConclusões
• Não há predomínio de uma técnica
sobre outras, dependendo de cada
situação e domínio do procedimento
BAIXO RISCO*• Não há benefício comprovado do
rastreamento sistemático da medida de colo e da circlagem!– Porque?– Porque a maioria das mulheres com colo
curto terá partos de termo• EXCETO:
– CIRCLAGEM DE EMERGÊNCIA
*Primigestas
Antecedente de parto
pré-termo/aborto 2o. Trimestre (16-34
sem) causas clínicas, fetais ou
obstétricas
NÃO
PROGESTERONA US cervical seriado
SIM
Avaliar risco específico de cada
condição
Cerclagem se CC < 25 mm
PROGESTERONA
3 OU + PP ou 2 ou + PST
Circlagem profilática, primária ou
indicada pela história
Se PP ou PST com circlagem
anterior
< 3 PP ou < 2 PST
Retornar ao slide anterior
ALTO RISCOAntecedente de PP ou perda de 2o. trimestre
CIRCLAGEM PRÉ-GESTACIONAL
Conização prévia
Primeira gravidez pós
cone
US cervical seriado
Circlagem se CC < 25 mm
PP pós conização
Progesterona e circlagem profilática
COLO CURTO:Cerclagem ou progesterona
• Se antecedente de PP: Progesterona para todas
• Antecedente de PP E colo curto SEM cerclagem: progesterona reduz PP
• Antecedente de PP E colo curto COM cerclagem: cerclagem reduz PP
• Progesterona NÃO adiciona benefício a circlagem
• Circlagem mais eficiente que progesterona no colo curto < 15 mm
Conduta nas complicações
• TPP– Se colo normal, manter o fio e observar– Se colo lacerado ou sangrante, retirar o fio
• Ruptura de membranas– Retirar o fio sempre