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.Nascimento: 5 de agosto de 1881. .Primeiro jornal: Cidade do Rio Gazeta de Notícias: a partir de 1902. Chegou a redator-chefe. .O Paíz: 1915 (Pall-Mall Rio, de José Antonio José) .A Pátria: jornal fundado por João do Rio em 1920 com o apoio da colônia lusitana. J.do R. ganhou muita inimizade dos jacobinos brasileiros, que desprezavam o papel de portugal na república. .Segundo Rachel Teixeira Valença, O momento literário teria sido lançado em 1908. .O pseudônimo João do Rio teria nascido em 1905 ou em 1904. .Entra para a Academia Brasileira de Letras aos 29 anos, em 1910. .Morreu de um infarto, a bordo de um táxi, com 39 anos, em 1921. VALENÇA, Rachel Teixeira. João do Rio: vida e obra. In: INSTITUTO MOREIRA SALLES. João do Rio: um escritor entre duas cidades. [exposição iconográfica - catálogo]. Poços de Caldas: Casa da cultura de Poços de Caldas, 1992 A primeira dessas séries de reportagens, sobre as religiões praticadas no Rio de Janeiro, teve na sua origem objetivo sensacionalista. Começava com a descrição os cultos afro- brasileiros, depois o satanismo, e, após garantir seus leitores entre os que procuravam descrições superficiais e algo imaginosas, mais do que científicas, passou a abordar o positivismo, o judaísmo, os fisiólatras e os cultos protestantes. O sucesso das reportagens animou o autor a reuni- las em um volume, publicado em 1904 pela editora Garnier com o título As Religiões no Rio. E a julgar pelas sucessivas edições que teve – oito até 1910 –, sua aceitação por parte do público foi excelente. (p.12) LEVIN, Orna Messer. As figurações do Dândi. São Paulo: UNICAMP, 1996, p.11 Hoje que sua obra volta ao debate, penso que se começa a fazer justiça a João do Rio. Com efeito, artigos e conferências, na Universidade e fora dela, além de uma segunda biografia e de

Citações - Levantamento - J. Do Rio

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Breve levantamento de questões sobre a vida de João do Rio. Acompanha algumas referências importantes sobre o assunto.

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.Nascimento: 5 de agosto de 1881.

.Primeiro jornal: Cidade do RioGazeta de Notcias: a partir de 1902. Chegou a redator-chefe..O Paz: 1915 (Pall-Mall Rio, de Jos Antonio Jos)

.A Ptria: jornal fundado por Joo do Rio em 1920 com o apoio da colnia lusitana. J.do R. ganhou muita inimizade dos jacobinos brasileiros, que desprezavam o papel de portugal na repblica..Segundo Rachel Teixeira Valena, O momento literrio teria sido lanado em 1908..O pseudnimo Joo do Rio teria nascido em 1905 ou em 1904..Entra para a Academia Brasileira de Letras aos 29 anos, em 1910..Morreu de um infarto, a bordo de um txi, com 39 anos, em 1921.VALENA, Rachel Teixeira. Joo do Rio: vida e obra. In: INSTITUTO MOREIRA SALLES. Joo do Rio: um escritor entre duas cidades. [exposio iconogrfica - catlogo]. Poos de Caldas: Casa da cultura de Poos de Caldas, 1992A primeira dessas sries de reportagens, sobre as religies praticadas no Rio de Janeiro, teve na sua origem objetivo sensacionalista. Comeava com a descrio os cultos afro-brasileiros, depois o satanismo, e, aps garantir seus leitores entre os que procuravam descries superficiais e algo imaginosas, mais do que cientficas, passou a abordar o positivismo, o judasmo, os fisilatras e os cultos protestantes. O sucesso das reportagens animou o autor a reuni-las em um volume, publicado em 1904 pela editora Garnier com o ttulo As Religies no Rio. E a julgar pelas sucessivas edies que teve oito at 1910 , sua aceitao por parte do pblico foi excelente. (p.12)LEVIN, Orna Messer. As figuraes do Dndi. So Paulo: UNICAMP, 1996, p.11Hoje que sua obra volta ao debate, penso que se comea a fazer justia a Joo do Rio. Com efeito, artigos e conferncias, na Universidade e fora dela, alm de uma segunda biografia e de cursos cada vez mais frequentes nos diferentes nveis dos estudos acadmicos, parecem indicar, nos dias atuais, que a presena de Joo do Rio transcendeu afinal a mera imagem do jornalista de talento para assumir definitivamente a condio de escritor representativo da literatura das questes culturais de seu tempo. Antonio Arnoni PradoBROCA, Brito. A vida literria no Brasil 1900. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1973, p.4Essa febre de mundanismo que o Rio comea a viver, reflete-se nas relaes literrias. As sees mundanas dos jornais ocupam-se, ao mesmo tempo, de literatura. Figueiredo Pimentel, autor do celebre slogan O Rio civiliza-se, na discutidssima coluna do Binculo na Gazeta de Notcias cujas dies dominicais, com pginas coloridas, eram magnficas faz, comentrios sobre o ltimo baile, a ltima recepo, entrelaando-os com a notcia de uma conferncia ou de um livro de versos. E o corso em Botafogo, de que ele foi o principal animador, torna-se at certo ponto um espetculo literrio. Os escritores vo ali colher os potins, tecer intrigas. [...] Para atrair o pblico, a literatura procura valer-se tanto quanto possvel com os motivos sociais e mundanos, nas revistas da poca.

BROCA, Brito. A vida literria no Brasil 1900. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1973, p.249

A produo de Paulo Barreto na imprensa nas duas primeiras dcadas do sculo foi simplesmente assombrosa. Basta dizer que os quinze ou vinte volumes que deixou no absorvem seno pequena parte de centenas de crnicas, reportagens, contos, artigos dos mais diferentes gneros, muitos firmados com outros pseudnimos. difcil distinguir nessas pginas escritas quase ao correr da pena, ao trepidar dos linotipos e s fumaadas de um cigarro, onde termina o jornalismo e comea a literatura Joo do Rio conseguia realizar, frequentemente, um acordo entre as duas formas de atividade intelectual. Literatura apressada diria, talvez, Jos Verissimo, aplicando-lhe o mesmo rtulo com que condenara a obra dispersiva de um Valentim Magalhes. Mas at onde um severo julgamento crtico possa rejeitar o mrito literrio de Joo do Rio, ainda deixar margem para a valorizao do jornalista, ou antes, do reprter, do cronista que se tornou verdadeiro historiador de uma poca. Se o artificialismo e a nfase repontam no raro nas suas pginas, porque nisso se encontravam os principais traos da poca.

PEREIRA, Lcia Miguel. Histria da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1973. p.269-270Tentando o conto e o romance, o reprter que, em Religies do Rio, manifestara dons superiores de observao, conservou todos os defeitos incutidos pelo hbito do jornalismo estilo enfeitado, desejo de armar afeitos. Superficialidade de viso sem revelar nenhuma qualidade nova.

Com grande habilidade ele reuniu os paradoxos de Oscar Wilde e o pitoresco de Ea de Queirs, salpicou a mistura de cor local, apimentou-a com alguns casos de perverso e cuidou com isso ter feito obra de fico. Faltava-lhe, porm, o essencial: o poder criador. Ter sido o cronista de um mundo que imaginava real, mas no foi um contista, e ainda menos um romancista. Nos contos ainda h um ou outro trecho onde bruxuleia a luz da autenticidade mas A correspondncia de uma estao de cura nem chega a receber o ttulo de novela.

RODRIGUES, Antonio Edmilson Martins. Joo do Rio: a cidade e o poeta olhar de flanur na belle poque tropical. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2000, p.23-39

No fundo, a grande contribuio de Joo do Rio foi a de mostrar que se pode transformar tudo que est nossa volta em objeto de literatura, de jornalismo e de histria, sobretudo as coisas que esto no escuro, no campo sombrio da noite e nos espaos socialmente proibidos, as coisas pequenas, bvias e comuns, diria Charles Baudelaire.

[...]

Jornalismo literrio! Essa ideia avolumou-se na mente do poeta. Jornalismo literrio, no entanto, no significava uma informao bem escrita, em bom portugus. Para Joo do Rio, era necessrio que o jornalismo investigasse, criasse seus temas, produzisse opinio. S assim a imprensa brasileira anunciaria a sua singularidade. Transformar o jornalismo dando-lhe uma marca, era o que o poeta almejava.

Joo do Rio mesmo:

Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda ntima no vos seria revelado por mim se no julgasse, e razes no tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado partilhado por todos vs. Ns somos irmos, ns nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, no porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polcia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. este mesmo o sentimento imperturbvel e indissolvel, o nico que, como a prpria vida, resiste s idades e s pocas. Tudo se transforma, tudo varia o amor, o dio, o egosmo. Hoje mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os sculos passam, deslizam, levando as coisas fteis e os acontecimentos notveis. S persiste e fica, legado das geraes cada vez maior, o amor da rua.

MAGALHES JNIOR, Raimundo. A vida vertiginosa de Joo do Rio. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira; Braslia: INL, 1978.