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CITOCROMO P450
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1. INTRODUÇÃO
O emprego concomitante de medicamentos pode ser necessário para a obtenção do
resultado terapêutico desejado ou para o tratamento de doenças coexistentes.
Quando um paciente recebe vários fármacos ao mesmo tempo, é essencial que o
médico conheça o potencial das associações medicamentosas específicas para
produzir interações adversas.
Com o advento de novos antidepressivos nos últimos anos, o médico depara-se com
a necessidade de memorização de um grande volume de informações acerca de
interações medicamentosas ou com a necessidade de consultas frequentes a textos
sobre o assunto. O conhecimento acerca das enzimas que compõem o chamado
sistema citocromo P450 tem permitido uma maior compreensão dos mecanismos
envolvidos nessas interações e, portanto, um enfoque mais global e racional
(ROCHA; HARA).
2. CITOCROMO P450
Citocromo P450 (abreviado CYP, P450, com menos freqüência CYP450) é uma
superfamília muito ampla e diversificada de hemoproteínas encontrada na bactéria,
archaea e eukaryotas (FIGURA 1). Citocromos P450 usam uma pletora de
compostos exógenos e endógenos como substratos nas reações enzimáticas.
Geralmente elas formam parte de multicomponentes das cadeias de transferência
de elétron, chamado de sistemas contendo P450.
FIGURA1: Citocromo P450 Oxidase (CYP2C9)
Fonte: wikipédia
A reação mais comum catalisada pelo citocromo P450 é uma reação
monooxigenase, isto é, inserção de um átomo de oxigênio em um substrato orgânico
(RH) enquanto o outro átomo oxigênio é reduzido à água:2
RH + O2 + 2H+ + 2e– → ROH + H2O
As enzimas CYP têm sido identificadas em todas as linhagens vivas, incluindo
mamíferos, aves, peixes, insetos, vermes, echinoideas, urochordatas, plantas,
fungos, mycetozoas, bactérias e archaeas. Mais de 7.700 seqüências distintas de
CYP são conhecidas (até setembro de 2007; veja a página web do Comitê de
Nomenclatura do P450 para a atualização desses números).
O nome citocromo P450 é derivado do fato que estas são proteínas celulares ('cyto')
coloridas ('cromo'), com um "pigmento de 450 nm", assim chamada pela
característica "pico Soret" formada pela absorção da luz de comprimento de ondas
próximo a 450 nm quando o ferro hemo é reduzido (freqüentemente com ditionito de
sódio) e complexado em monóxido de carbono.
2. 1. DEPRESSÃO – TESTE DE GENOTIPAGEM PARA MEDICAMENTOS
ANTIDEPRESSIVO
2. 1. 2. TESTE DO CITOCROMO P450
Medicamentos para a depressão são usualmente prescritos com base nos sintomas
e história médica. Para algumas pessoas, que já foi tentado primeiro antidepressivo
alivia sintomas de depressão e tem efeitos colaterais toleráveis. Para muitos outros,
no entanto, encontrar o medicamento certo leva tentativa e erro. Para algumas
pessoas, pode levar vários meses ou mais para encontrar o antidepressivo
adequado. Testes de genotipagem, como citocromo P450 testes podem acelerar o
processo de identificação dos medicamentos que possam trabalhar melhor.
Com os resultados do teste do citocromo P450 pode-se dividir as pessoas em quatro
tipos de capacidade de metabolizar medicamentos:
1. Metabolizadores pobres: As pessoas desse grupo metabolizam uma determinada
droga mais lentamente do que o normal, assim o medicamento pode se acumular
em seu sistema. Isto aumenta a probabilidade do medicamento causar efeitos
adversos.
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2. Metabolizadores normais: Se o teste mostra que você processar certos
antidepressivos normalmente, é mais provável a se beneficiar do tratamento e ter
menos efeitos colaterais que são pessoas que não metabolizam os medicamentos
específicos também.
3. Metabolizadores intermediários: Porque você tem pelo menos um gene envolvido
no metabolismo de drogas que não funciona normalmente, você não pode processar
alguns medicamentos, bem como metabolizadores normais.
4. Metabolizadores ultra-rápidos: Nestes casos, os medicamentos deixam o corpo
muito rapidamente – muitas vezes antes que eles tenham a chance de trabalhar
corretamente.
Limitações de teste – Embora tenham potencial, os testes de genotipagem têm
limitações, pois há outros fatores metabólicos envolvidos que podem afetar a forma
como um antidepressivo age e que não são indicados por testes de citocromo P450.
Testes de citocromo P450 não é útil para todos os antidepressivos, mas pode
fornecer informações sobre como a pessoa poderá metabolizar medicamentos
como: fluoxetina, duloxetina, fluvoxamina, paroxetina, venlafaxina, desvenlafaxina,
nortriptilina, amitriptilina, iomipramina, desipramina e imipramina.
2. 2. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: ANTIDEPRESSIVOS NOVOS E O
SISTEMA CITOCROMO P450
RESUMO: A maioria dos fármacos sofre biotransformaçäo, frequentemente
envolvendo a oxidaçäo no fígado. Recentemente, descobriu-se que algumas
enzimas do sistema enzimático citocromo P450 säo responsáveis pelos primeiros
passos metabólicos da maioria dos fármacos. Algumas drogas podem inibir enzimas
P450 e esta inibiçäo pode levar a interaçöes potenciais com outros fármacos. Muitos
estudos têm focalizado o sistema citocromo P450 e seu papel em interaçöes
medicamentosas potenciais. Este artigo apresenta as evidências in vitro e in vivo da
inibiçäo de enzimas do sistema citocromo P450 (1A2, 2C9, 2C19, 2D6, 3A3/4) por
antidepressivos recentemente introduzidos no mercado (citalopram, fluoxetina,
fluvoxamina, nefazodona, paroxetina, sertralina e venlafaxetina) e sua relevância
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clínica potncial(AU).
2. 2. 1. CITOCROMOS P450 HUMANOS E SUBSTRATOS
Até o momento, são conhecidas 11 famílias do citocromo P450 humano que incluem
30 enzimas ou citocromos diferentes. Alguns desses citocromos (1A2, 2C9, 2C19,
2D6 e 3A3/4) são reconhecidamente importantes para o metabolismo de fármacos.
As diversas substâncias (endógenas ou exógenas) metabolizadas pelas enzimas
são denominadas substratos. Cada enzima pode ter afinidade estrutural por uma
variedade de substratos. De maneira geral, um fármaco pode ser substrato de um
único citocromo ou de mais de um, seja em um dado momento ou simultaneamente.
Ainda, uma droga pode ser substrato de um citocromo e atuar como inibidor deste
mesmo citocromo. Por fim, uma droga pode inibir um citocromo que não esteja
relacionado com o seu metabolismo. Podemos citar alguns substratos conhecidos
dos citocromos 1A2, 2C9, 2C19, 2D6 e 3A3/4 envolvidos no metabolismo dos
fármacos: amitriptilina, clomipramina, imipramina, fluvoxamina, propranolol,
paracetamol, teofilina, warfarin, omeprazol, astemizole, terfenadina, diltiazem,
felodipina, nifedipina, verapamil, carbamazepina, cisaprida e eritromicina.
2. 2. 2. INIBIÇÃO DE CITOCROMOS P450 POR “ANTIDEPRESSIVOS NOVOS”
O potencial de inibição de enzimas do sistema citocromo P450 (1A2, 2C9, 2C19,
2D6, 3A3/4) por antidepressivos novos (ADNs), isto é, recentemente introduzidos no
mercado (citalopram, fluoxetina, fluvoxamina, nefazodona, paroxetina, sertralina e
venlafaxina) é apresentado na FIGURA 2.
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POTÊNCIA DE
INIBIÇÃO CYP1A2 CYP2C9 CYP2C19 CYP3A3/4
ALTA
Fluvoxamina Fluvoxamina Fluvoxamina
Paroxetina
Fluvoxamina
Nefazodona
MODERADA Fluoxetina Fluoxetina
BAIXA
Citalopram
Fluoxetina
Paroxetina
Sertralina
Venlafaxina
Fluxetina (?)
Paroxetina (?)
Sertralina
Sertralina
Venlafaxina
Citalopram
Fluvoxamina
Nefazodona
Sertralina
Venlafaxina
Paroxetina
Sertralina
Venlafaxina
FIGURA 2: Alteração nos níveis plasmáticos de substratos específicos: Alta = pelo menos 150% de aumento; Moderada = 50%
- 150% de aumento; Baixa: menos de 50% de aumento
Adaptado de Ereshesky, 1996; Harvey e Preskorn, 1996
2. 2. 3. INTERAÇÕES COM MAIOR POTENCIAL DE REPERCUSSÃO CLINICA
As interações medicamentosas potenciais resultantes dos efeitos inibitórios dos
ADNs sobre enzimas do sistema citocromo P450 podem ter repercussões clínicas
significativas.
Existem alguns relatos sugerindo a interação entre ADNs e warfarin (substrato 2C9).
Houve aumento do RNI (Razão Normalizada Internacional, medida de atividade
anticoagulante) após 10 dias da introdução de fluoxetina. Também houve aumento
da concentração de warfarin em 98% pela fluvoxamina, associado a tempo de
protrombina maior. Alguns casos de diáteses hemorrágicas foram relatados com a
paroxetina, mas sem aumento da concentração de warfarin ou prolongamento de
protrombina. Além da interação resultante da inibição dos citocromos, outro
mecanismo de interação possível pode envolver alterações das concentrações de
serotonina e modificações nos receptores 5-HT2 que exercem influência na
trombogênese.
Em estudo in vivo, a fluvoxamina alterou significativamente a farmacocinética do
diazepam (substrato 2C19); portanto, caso seja necessário o uso concomitante de
um hipnótico ou ansiolítico em pacientes em uso de fluvoxamina, principalmente em
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idosos, parece recomendável o uso de um benzodiazepínico que não sofra oxidação
como, por exemplo, o lorazepam.
Os relatos de aumento dos níveis plasmáticos de antidepressivos tricíclicos,
substratos 2D6, em três a cinco vezes após a introdução de fluoxetina ou paroxetina
no esquema terapêutico são comuns e, frequentemente, estes aumentos são
acompanhados por sinais de toxicidade do tricíclico.
A coadministração de substratos de 3A3/4, principalmente os cardiotóxicos (por ex.,
terfenadina, cisaprida e astemizole) com inibidores deste citocromo, sejam inibidores
potentes como o cetoconazol, itraconazol, eritromicina, fluvoxamina e nefazodona,
ou menos potentes como a fluoxetina é contraindicada. Por exemplo, a
administração concomitante de terfenadina e de cetoconazol, um inibidor de 3A3/4,
pode acarretar arritmias ventriculares potencialmente fatais decorrentes do aumento
plasmático de terfenadina não metabolizada. O loratadina, que tem metabolismo
diferente dos outros antihistamínicos, é a droga de escolha quando se necessitar de
um agente desta classe.
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REFERÊNCIAS
ROCHA, Fábio Lopes; HARA, Cláudia. Interações Medicamentosas
Antidepressivos Novos e o Sistema Citocromo P450. Disponível em:
http://www.medicina.ufmg.br/edump/clm/citop450.htm. Acesso em: 09 out. 2012.
ROCHA, Fábio Lopes; HARA, Cláudia. Interações Medicamentosas
Antidepressivos Novos e o Sistema Citocromo P450. BR14. 1 – Biblioteca Central.
Disponível em: http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/
iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=229537&in
dexSearch=ID. Acesso em: 09 out. 2012.
WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Citocromo P450. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Citocromo_P450. Acesso em: 09 out. 2012.
JUNIOR, Dr. Armando Miguel. Deprssão – Teste de genotipagem para
medicamentos antidepressivo. Disponível em:
http://www.medicinageriatrica.com.br/2012/08/21/citocromo-p450-teste-de-
genotipagem-para-medicamentos-antidepressivo/. Acesso em: 09 out. 2012.
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