Civilização - Islão

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  • 7/24/2019 Civilizao - Islo

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    Transmisso do conhecimento religioso e do pensamento islmico

    Pretendemos apresentar ao leitor os ensinamentos bsicos do Islo e

    a maneira como o conjunto desses conhecimentos tem sido transmitido,desde os primeiros muulmanos. Os principais temas tratados so os

    ensinamentos fundamentais do Profeta Maom e a formao e crescimento

    das instituies educativas islmicas.

    ! emer"#ncia do Islo teve uma relao profunda com o local do seu

    nascimento. $o in%cio do sculo &II, Meca era uma cidade bastante mar"inal,

    e'terior ( in)u#ncia dos dois imprios todo*poderosos da poca+ o Imprio

    i-antino e o Imprio assnida, ambos locali-ados a $orte da pen%nsula

    arbica.

    O povo de Meca pertencia, na maior parte, ( tribo /orai'ita. /omo

    no havia soberano ou estruturas estatais formais, a cidade era "overnada

    atravs de um processo consultivo administrado por ancios e chefes. 0m

    termos econ1micos, a vida em Meca e nas re"ies circundantes era dif%cil. !

    terra era em "eral rida, e no havia a"ricultura. Muitos habitantes da

    cidade dependiam do comrcio e do trnsito de bens, e utili-avam o

    transporte por camelos 2caravanas3 como parte do seu modus vivendi. !

    educao limitava*se (s aptides bsicas necessrias ( sobreviv#ncia, como

    o uso de armamentos 2espadas, arco e )echa3 e a montada de camelos e

    cavalos. Poucos eram letrados, mas isso no impedia o amor particular 4ue

    os habitantes de Meca nutriam pela sua l%n"ua arbica. &enerava*se a

    poesia e os poetas, e a e'presso em lin"ua"em bela era considerada o

    au"e da actividade intelectual. e"undo relatos tradicionais, e'ibiam*se

    poemas clebres em lu"ares importantes como a /aaba, um edif%cio emMeca, com a forma de um cubo, 4ue era o principal ponto de pere"rinao

    para os rabes pr*islmicos, tal como mais tarde para os muulmanos.

    Meca a mais sa"rada das cidades para os muulmanos. 5 l 4ue se

    encontra a /aaba 2hoje rodeada pela Mes4uita a"rada3, e na direco da

    /aaba 4ue se voltam diariamente os muulmanos, cinco ve-es pelo menos,

    nas suas oraes. Os muulmanos acreditam 4ue a /aaba foi eri"ida peloProfeta !brao e seu 6lho Ismael como lu"ar de pere"rinao e adorao do

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    7eus 8nico. ! ori"em de Meca, se"undo a crena muulmana, remonta

    portanto ao tempo de !brao. ! tradio a6rma ter sido a linha"em de

    Ismael a ori"inar o Profeta Maom. 5 "raas ( pere"rinao rabe e ( sua

    condio de posto comercial 4ue Meca se torna uma cidade relevante a

    partir do sculo &.

    Maom, o Profeta do Islo, nasceu em Meca por volta de 9:; d/. O

    pai, !bd !llah, faleceu antes do seu nascimento, e a me, !mina, poucos

    anos depois, dei'ando o rapa-inho 1rfo ao cuidado de parentes. /om cerca

    de va rica, com 4uem teve vrios 6lhos.

    ?rabalhou no ne"1cio da sua mulher, e at aos @; anos viveu uma vida

    comum. Maom "ostava de passar tempo so-inho para re)ectir e meditar,

    "eralmente numa "ruta fora da cidade. ! tradio muulmana a6rma 4uedurante um desses retiros ele e'perimentou a sua primeira ArevelaoB de

    7eus, por volta de CD;.

    7e in%cio Maom no sabia o 4ue pensar da e'peri#ncia de receber

    uma revelao 2mensa"ens divinas em l%n"ua rabe3. 7epois de se lhe

    dissiparem as d>vidas iniciais, porm, continuou a receber mensa"ens

    divinas. /omeou a ensin*las aos ami"os che"ados e ( fam%lia e, passado

    pouco tempo, ( comunidade Meca. ! mensa"em ori"inal era 4ue os seusconterrneos deviam aceitar a e'ist#ncia de um s1 7eus, criador e

    sustentculo de todas as coisas. 0ssas primeiras revelaes tambm

    insistiam 4ue o povo de Meca precisava de cuidar dos necessitados e

    desfavorecidos. Os me4uenses acreditavam na e'ist#ncia de um deus

    superior e vrios deuses menores, muitos dos 4uais se encontravam no

    santurio de /aaba. Para eles era inaceitvel a ideia 4ue Maom pre"ava,

    de s acreditar em Aum deusB.

    Seis pilares da f crenas essenciais de um muulmano

    D. /rena em 7eus 2!l3E

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    Cinco pilares do Islo prticas essenciais de um muulmano

    D. Proclamar solenemente 4ue nin"um tem o direito de ser adorado, ano ser 7eus 2!l3, e 4ue Maom o mensa"eiro de 7eusE

    ncia e o desprendimento terreno L

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    combinou*se "radualmente com tend#ncias ao misticismo, desenvolvendoassim as primeiras formas reconhec%veis de su6smo.

    O ascetismo su6 evoluiu atravs da supererro"ao 2a observncia dere"ras e rituais alm do e'i"ido pela lei reli"iosa3, e da ren>ncia das coisas

    il%citas 2e at al"umas l%citas3. Os e'emplos de prticas e crenas ascticassu6s incluem+

    O uso de uma khirqa; /omer apenas comida Al%citaB, ou seja, "anha pelo trabalho das

    pr1prias mosE Gejuns voluntrios de durao e ri"or variveisE !ceitar 4ue o verdadeiro jejum a Aabsteno do desejo, e 4ue o

    jejum do corao mais importante 4ue o do corpoBE /onsa"rar muito tempo ( orao e recitao do !lcoro, como meio

    de apro'imar*se de 7eus, assim como ( orao na forma delembrana de 7eus.

    0ntre as ideias su6s mais importantes consta*se a ren>ncia aomundo, 4ue si"ni6ca o abandono dos pra-eres transit1rios desta vida e atdo desejo de felicidade eterna. HabiKa al*!daiNNa foi a primeira su6 asublinhar a ideia de amor desinteressado a 7eus. a A

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    !rte

    A esttica islmica abrange uma variedade de reas, a maioria das quais no

    pode ser tratada num s captulo. Por isso este captulo limitar-se- a um relance

    muito breve de reas seleccionadas sob trs subcaptulos arte e representa!o

    artstica, decora!o e caligra"ia# m$sica e canto# arquitectura das mesquitas.

    rte Islmica e !epresentao rt"stica# de corao e

    caligraa

    A arte islmica pode de"inir-se de vrias maneiras. Para os ob%ectivos deste

    captulo, porm, de"inimo-la como arte que produ&ida como parte da tradi!o cultural

    e religiosa dos mu!ulmanos. A arte do 'slo essencialmente uma arte contemplativa,

    que visa e(primir um encontro com a presen!a divina. )em sido sobretudo abstracta e

    decorativa na nature&a e estilo, representando motivos geomtricos, "lorais,

    caligr"icos e arabescos. A ausncia em geral do retrato deve-se a terem asautoridades do 'slo antigo alegadamente proibido a pintura de seres *umanos

    +incluindo o Pro"eta aom, por muitos mu!ulmanos ac*arem que a representa!o

    pictural da "orma *umana pode tentar os seguidores a cometer idolatria.

    e * muito se questiona a legitimidade de di"erentes tipos de arte e a sua

    rela!o com o 'slo. A despeito da cren!a generali&ada de que entre os mu!ulmanos

    e(iste uma posi!o uni"orme nessa questo, interessante notar que, no perodo

    clssico como no moderno, tm e(istido divergncias signi"icativas entre os seuspensadores.

    !epresentao# imagens e "dolos

    /m dos temas "requentemente discutidos em rela!o 0 arte islmica a

    representa!o de seres vivos. 1om e"eito, no e(iste uma passagem no Alcoro que

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    proba claramente a representa!o de seres vivos, contudo certos hadiths sugerem

    que essas representa!2es so inaceitveis. Por e(emplo

    'bn /mar contou do Pro"eta +que a pa& este%a com ele que ter dito que os

    que "a&em seriam castigados no Dia da Ressureioe ser-l*es-ia ordenado

    insu"la alma aquilo que criaste# Abu 3ura4ra contou do Pro"eta +que a pa& este%a com ele ter ele dito os an%os

    no entram em casa onde *a%a retratos ou imagens.

    5ruditos islmicos posteriores, sem d$vida seguindo interpreta!2es destes

    hadiths, sugeriram que os artistas, escultores ou pintores representassem nas suas

    obras seres como pessoas ou animais, isso iria in"ringir a agncia criadora de eus.

    Para entender a alegada proibi!o da representa!o de seres vivos,

    importante situar o seu debate no seu conte(to *istrico. 6 'slo "oi introdu&ido em

    eca no sculo 7'', onde "loresciam a idolatria e o paganismo. 6s politestas

    mequenses veneravam diversos dolos na "orma de seres vivos "eitos de pedra,

    madeira e outros materiais. A luta de 88 anos +9:;-9

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    Apesar das di"iculdades em estabelecer que gneros so con"ormes 0s normas

    islmicas, algumas "ormas conquistaram ampla aceita!o, talve& devido 0 sua

    nature&a no-representativa. 5ssas "ormas so padr2es, nomeadamente padr2es

    geomtricos e caligra"ia. 5les so uma caracterstica central da arte islmica. 5(istem

    vrios gneros comuns, sendo os mais bvios de estilo geomtrico. Aparecem com

    "requncia nas super"cies das mesquitas e dos edi"cios importantes. 5m rela!o 0

    geometria, di&em alguns que esses padr2es se tornaram parte da arte islmica como

    consequncia da procria!o de outras "ormas de arte. Para muitos, os padr2es

    geomtricos simboli&am a nature&a in"inita e portanto uni"icada da cria!o do eus

    $nico. A ra&o principal da sua popularidade que a arte era regida mais pela

    necessidade de abstrac!o do que pela ra&o antropomr"ica directa. 6s pensadores

    mu!ulmanos recon*eciam na geometria a intermedia!o uni"icada entre o mundo

    material e o mundo espiritual. =os patamares mais intelectuais, o dese%o de

    abstrac!o e a procura da unidade "oram duas das principais pai(2es que "i&eram com

    que a cultura islmica se voltasse para a geometria.

    A caligra"ia talve& a mais con*ecida "orma de decora!o artstica islmica. >

    encontrada numa variedade de super"cies, relacionando-se com a total organi&a!o

    da linguagem e da escrita na "orma de imagem. A evolu!o da caligra"ia rabe levou

    muito tempo. 6s artistas mu!ulmanos "oram desenvolvendo aos poucos uma

    diversidade de "ormas caligr"icas, tomando como conte$do versos do 1oro, osnomes de eus, os nomes e ttulos do Pro"eta e, no caso do 'slo (iita, os nomes dos

    'ms in"alveis.

    Antes do 'slo % e(istia uma escrita rabe. 1ontudo, s com o cali"ado

    Abssida +?@;-:8@ a caligra"ia "oi usada normalmente de modo artstico, aps o

    desenvolvimento de uma quantidade de estilos, e de regras para os reger. 6s vrios

    estilos caligr"icos rabes di"erem de pas para pas e de gera!o para gera!o.

    Alguns dos estilos usados mais con*ecidos so

    Cfico

    Naskh,

    Thuluth

    Diwan.

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