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Ki Tissá Shemot 30:11 34:35 Nesta porção da Torá, Moisés fica com Deus no Monte Sinai por 40 dias e 40 noites. Lá, ele recebe os Dez Mandamentos em tábuas de pedra. Temendo que Moisés não voltasse, os israelitas se voltam para Aaron, que exige que todos trouxessem ouro, para a construção de um ídolo em forma de bezerro. Quando Moisés desce da montanha e vê as pessoas dançando em torno desse ídolo, ele quebra as tabuas no chão. Deus castiga todos os israelitas que estavam envolvidos com uma praga. Moisés constrói uma tenda para ser o seu ponto de encontro com Deus. Shabat Pará Depois de Shabat shekalim e Shabat zachor, chegamos ao terceiro dos quatro Shabatot de preparação para Pessach, o Shabat Pará. Em todos esses Shabatot são retirados dois sefer torá e na última leitura da torá, a do maftir, é feita uma leitura especial no segundo Sefer. Neste Shabat Pará lê se o início da parashá Hukat, a sexta do livro Bamidbar, que descreve a busca e o sacrifício de uma vaca totalmente vermelha (pará adumá). As cinzas dessa vaca misturadas com “água viva” tinham o poder de purificar os impuros depois de terem tido contato com os mortos. O nascimento de uma vaca inteiramente vermelha (dois pelos pretos a tornavam inapta ao sacrifício) constitui até hoje uma coisa muito rara e seria o prenúncio da chegada da era messiânica. CJנEW םAno XV nº 643 2 de Março de 2013 13 de Adar de 5773 Shabat Ki Tissá Shabat Para

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Page 1: CJ News 20 -  02/03/2013

Ki Tissá Shemot 30:11 – 34:35

Nesta porção da Torá, Moisés fica com Deus no Monte Sinai por

40 dias e 40 noites.

Lá, ele recebe os Dez Mandamentos em tábuas de pedra.

Temendo que Moisés não voltasse, os israelitas se voltam para

Aaron, que exige que todos trouxessem ouro, para a construção

de um ídolo em forma de bezerro.

Quando Moisés desce da montanha e vê as pessoas dançando

em torno desse ídolo, ele quebra as tabuas no chão. Deus

castiga todos os israelitas que estavam envolvidos com uma

praga.

Moisés constrói uma tenda para ser o seu ponto de encontro

com Deus.

Shabat Pará Depois de Shabat shekalim e Shabat zachor, chegamos ao terceiro dos quatro Shabatot de preparação para Pessach, o Shabat Pará.

Em todos esses Shabatot são retirados dois sefer torá e na última leitura da torá, a

do maftir, é feita uma leitura especial no segundo Sefer.

Neste Shabat Pará lê se o início da parashá Hukat, a sexta do livro Bamidbar, que descreve a busca e o sacrifício de uma vaca totalmente vermelha (pará adumá).

As cinzas dessa vaca misturadas com “água viva” tinham o poder de purificar os impuros depois de terem tido contato com os mortos.

O nascimento de uma vaca inteiramente vermelha (dois pelos pretos a tornavam inapta ao sacrifício) constitui até hoje uma coisa muito rara e seria o prenúncio da chegada da era messiânica.

CJנEWם

Ano XV nº 643 2 de Março de 2013 13 de Adar de 5773

Shabat Ki Tissá Shabat Para

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O Bezerro de ouro e a idolatria dos meios como se fossem fins

A parashá Ki Tissa conta uma das histórias mais graves sobre idolatria que aparecem em toda a Torá: o caso do bezerro de ouro. Essa é uma história muito difícil de se entender; como é possível que a geração que saiu do Egito, que presenciara tantas provas e milagres divinos, não só fizesse idolatria, como também dissesse que aquele ídolo é que os havia feito sair do Egito?

A explicação dada pelo povo é: יש אשר העלנו כי זה משה האצרים לא ידענו מה היה לו porque aquele Moshe, o homem“ :מארץ מque nos fez subir da terra do Egito, não sabemos o que aconteceu com ele” (Ex. 32:1). Aos olhos do povo, Moshe é que os havia tirado da escravidão; ele não era, para eles, apenas um meio para que D’us os salvasse, ele era o próprio salvador do povo, quase como a representação material de D’us. A fé dos israelitas em D’us, em outras palavras, dependia da presença de Moshe Rabenu e, uma vez que ele demorava a voltar do Monte Sinai, eles precisaram de um outro meio material e palpável (que não a pessoa de Moshe) para se conectar a D’us e, assim, fizeram o bezerro.

De acordo com muitos, então, o pecado do bezerro não deve ser visto como um culto a um deus estranho, mas simplesmente como, digamos, uma tentativa fracassada de um culto a D’us; quer dizer, foi uma forma de se comunicar com Ele, de servi-Lo, de tentar chegar a Ele, mas que parou no meio do caminho, no ídolo, ao invés de chegar ao fim, à divindade.

O Rambam, em sua introdução às Hilchot Avoda Zara (Leis de Idolatria), explica o surgimento do culto a muitos deuses exatamente dessa maneira; inicialmente, todos reconheciam e acreditavam no D’us único, entretanto, na geração de Enosh, as pessoas começaram, sem deixar de acreditar em um D’us, a honrar e reverenciar algumas de suas obras, coisas materiais muito grandiosas e impressionantes, em especial as estrelas, que remetiam a grandeza de D’us; reverenciar essas incríveis obras era uma maneira de reverenciar Àquele que as havia criado. Mas, com o passar do tempo, essa reverência a elementos da natureza foi se

tornando tanta que acabou substituindo ou se igualando à reverência ao próprio Criador, originando os falsos deuses e as religiões politeístas.

Ou seja, com o passar do tempo, algo que inicialmente era um meio de se chegar a D’us acabou se tornando um fim em si – e essa é, no fundo, a definição de idolatria: quando reconhecemos como uma finalidade em si algo que, na realidade, é apenas um meio. Com essa definição, vemos como o problema da idolatria não é uma coisa ultrapassada que se refere apenas a antigos povos que serviam às estrelas, mas algo muito atual e que diz muito respeito à sociedade na qual vivemos – a sociedade do dinheiro pelo dinheiro, do prazer pelo prazer, da beleza pela beleza, do poder pelo poder... enfim, de muitos objetivos desconexos de qualquer objetivo maior, mas que perseguimos como se fossem fins.

Mais do que nunca, hoje é necessário vermos a quem e ao que estamos de fato servindo. Precisamos pensar em nossos próprios bezerros de ouro, as bobagens feitas com nossas próprias mãos às quais servimos muitas vezes pensando que estamos servindo a D’us, mas que, enquanto as vermos como fim, nunca nos levarão a nada. A história do bezerro de ouro deve ser sempre servir como lembrete para sabermos ver as coisas que nos cercam e nossos objetivos imediatos não de forma idólatra, vendo-os como fins em si, mas sempre como meios para se chegar a D’us e para aprimorar o mundo que Ele nos deu.

Shabat Shalom David Rosenberg Krausz

Shabat na sinagoga de A Hebraica

Prédica: Isaac Castro

Chazan: David Kullock Musicista: Marcello Frenkiel

Baalei Koré: Rony e Daniel Grabarz Texto: Mauricio Mindrisz e David Rosenberg Krausz

Ilustrações: Rubem Castro