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TRANS-AÇÕES SUJEITO|OBJETO: O ESPAÇO COMO EMERGÊNCIA | clarissa ribeiro | FILE 2007 Trans-Ações Sujeito|Objeto: O Espaço Como Emergência MSc Clarissa Ribeiro Pereira de Almeida 1 www.compelxus.com.br | [email protected] Resumo A questão central do presente trabalho é o design do espaço como design de um ‘sistema complexo’, focalizando questões específicas do processo de design. O objetivo é conseguir desenvolver uma compreensão teórico-conceitual a partir da elaboração de uma metodologia adequada, das trans-ações em realidades mescladas e das possibilidades de se entender o espaço como emergência do processo de auto-organização de um sistema em seu processo de evolução no tempo. Um caminho é articular o objetivo teórico de elaborar uma metodologia para análise do ‘sistema-organização‘ no tempo, com o objetivo empírico de analisar experiências em arte-mídia como estudos de caso, para embasar o design de uma instalação experimental de arte digital que possa balizar a aplicabilidade da metodologia elaborada. Uma proposta que articula a dimensão teórica da pesquisa com experimentação prática focalizando o próprio processo de design ou de geração do espaço. 1. Sistema, Organização, Inter-relações “O sistema tomou o lugar do objeto simples e substancial e ele é rebelde à redução em seus elementos; o encadeamento de sistemas de sistemas rompe com a idéia de objeto fechado e auto-suficiente. Sempre se trataram os sistemas como objetos; trata-se de agora em diante conceber os objetos como sistemas.“ 2 (MORIN, 2003, p.129) A presente proposta se estrutura como mais um desdobramento em um processo de investigação que teve início ainda na graduação em Arquitetura e Urbanismo e que se articula em torno da intenção de mapear e inter-relacionar bases teórico-conceituais que permitam efetivamente tratar o processo de design da arquitetura como sistema organizado e, sobretudo, organizante. Bases estas que permitam além, tratar a questão da geração do espaço em arquitetura não como produção de objetos, mas, dentro de uma perspectiva sistemista, complexista, compreender a 1 Clarissa Ribeiro é Arquiteta, Mestre em Arquitetura pela USP São Carlos, pesquisadora do Nomads.USP e do Grupo de Poéticas Digitais da ECA. É doutoranda em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós-Graduação de Artes Visuais da ECA.USP. URLs: www.complexus.com.br | wwww.eesc.usp.br/nomads/complexidade 2 MORIN, E. O Método 1: a natureza da natureza. Tradução de Ilana Heineberg. Porto Alegre: Editora Sulina, 2003.

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Trans-Ações Sujeito|Objeto: O Espaço Como Emergência MSc Clarissa Ribeiro Pereira de Almeida1 www.compelxus.com.br | [email protected] Resumo

A questão central do presente trabalho é o design do espaço como design de um ‘sistema complexo’, focalizando questões específicas do processo de design. O objetivo é conseguir desenvolver uma compreensão teórico-conceitual a partir da elaboração de uma metodologia adequada, das trans-ações em realidades mescladas e das possibilidades de se entender o espaço como emergência do processo de auto-organização de um sistema em seu processo de evolução no tempo. Um caminho é articular o objetivo teórico de elaborar uma metodologia para análise do ‘sistema-organização‘ no tempo, com o objetivo empírico de analisar experiências em arte-mídia como estudos de caso, para embasar o design de uma instalação experimental de arte digital que possa balizar a aplicabilidade da metodologia elaborada. Uma proposta que articula a dimensão teórica da pesquisa com experimentação prática focalizando o próprio processo de design ou de geração do espaço.

1. Sistema, Organização, Inter-relações

“O sistema tomou o lugar do objeto simples e substancial e ele é rebelde à

redução em seus elementos; o encadeamento de sistemas de sistemas

rompe com a idéia de objeto fechado e auto-suficiente. Sempre se trataram

os sistemas como objetos; trata-se de agora em diante conceber os

objetos como sistemas.“2 (MORIN, 2003, p.129)

A presente proposta se estrutura como mais um desdobramento em um processo de investigação

que teve início ainda na graduação em Arquitetura e Urbanismo e que se articula em torno da

intenção de mapear e inter-relacionar bases teórico-conceituais que permitam efetivamente tratar

o processo de design da arquitetura como sistema organizado e, sobretudo, organizante. Bases

estas que permitam além, tratar a questão da geração do espaço em arquitetura não como

produção de objetos, mas, dentro de uma perspectiva sistemista, complexista, compreender a

1 Clarissa Ribeiro é Arquiteta, Mestre em Arquitetura pela USP São Carlos, pesquisadora do Nomads.USP e do Grupo de Poéticas Digitais da ECA. É doutoranda em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós-Graduação de Artes Visuais da ECA.USP. URLs: www.complexus.com.br | wwww.eesc.usp.br/nomads/complexidade 2 MORIN, E. O Método 1: a natureza da natureza. Tradução de Ilana Heineberg. Porto Alegre: Editora Sulina, 2003.

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produção do espaço a partir da lógica de processos organizacionais que implicam emergência, inter-

relações entre partes de um sistema complexo. Para que essas colocações se tornem mais claras e

compreensíveis, é necessário precisar os termos organização, inter-relação e sistema. Segundo

Edgar Morin3,

“Esses três termos, apesar de inseparáveis, são relativamente

distinguíveis. A idéia de inter-relação remete aos tipos e formas de ligação

entre elementos ou indivíduos, entre esses elementos/indivíduos e o Todo.

A idéia de sistema remete à unidade complexa do todo inter-relacionado, às

suas características e propriedades fenomenais. A idéia de organização

remete à disposição das partes dentro, em e por um Todo.” (MORIN, 2003,

p.134)

Podemos notar, a partir dessas colocações, que existe uma reciprocidade circular entre esses três

termos, sistema, organização, inter-relações. Além desses, é necessário compreender outro

conceito relacionado e sobre o qual se assentam as bases das explorações aqui propostas, o de

emergência. A emergência é um produto da organização do sistema, ou seja, das múltiplas inter-

relações entre as partes, os elementos. Emergências podem ser compreendidas como qualidades

que nascem de associações e conexões dinâmicas entre os elementos do sistema. Em uma colocação

que sintetiza a aproximação que pretendemos explorar do conceito, Morin afirma que,

“A idéia de emergência é inseparável da morfogênese sistêmica, ou seja, da

criação de uma forma nova que constitui um todo: a unidade complexa

organizada. Trata-se de morfogênese, já que o sistema constitui uma

realidade topologicamente, estruturalmente, qualitativamente nova no

espaço e no tempo. A organização transforma uma diversidade descontínua

de elementos em uma forma global. As emergências são as propriedades

3 Edgar Morin: pesquisador emérito do CNRS, em Paris, nasceu em 1921. Formado em História, Geografia e Direito, migrou para a Filosofia, a Sociologia e a Epistemologia, depois de ter participado da Resistência ao nazismo, na França ocupada, durante a Segunda Guerra Mundial. Autor de mais de trinta livros, tornou-se um dos pensadores mais importantes do século XX.

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globais e particulares resultantes desta formação inseparável da

transformação dos elementos.” (MORIN, 2003, p.147)

Para fins de pesquisa, isolaremos um sistema específico – o próprio processo de geração do

espaço em arquitetura – o espaço gerado por uma organização produtora de si, ou seja, um

‘circuito generativo’, nas palavras de Morin (MORIN, 2003, p.353). Enquanto emergência, o espaço é

ainda, um estado do próprio sistema-organização, é o próprio sistema. As partes, os elementos do

nosso sistema, serão os sujeitos e os objetos inter-relacionados que, trans-agindo4, ou seja,

agindo entre, através e além, das dimensões concreta e virtual de realidades mescladas5

caracterizadas como o ambiente onde esse sistema está imerso, podem potencialmente produzir o

espaço como emergência do processo organizacional do próprio sistema no tempo. Uma aproximação

inédita que busca dar continuidade às explorações realizadas na pesquisa de mestrado, cujo título

‘Entre e Através: Complexidade e Processos de Design em Arquitetura’6, explicita a inter-relação

com a presente proposta.

2. Complexidade e Processos de Design em Arquitetura

Na dissertação de mestrado desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Teoria e

História da Arquitetura e do Urbanismo da EESC.USP7 explorou-se a questão da complexidade em

arquitetura como alternativa não reducionista, um modo de pensar o processo de design como

ambiente de interação, uma moldura para compreender a arquitetura como processo mais que como

produto.

4 Quando utilizamos aqui o termo Trans-ações (trans-agir), nos referimos às possibilidades de ação simultaneamente entre e através e além entre elementos distintos de um dado sistema, uma ampliação do conceito de interação (inter-ação) considerando o prefixo trans, que se refere ao que [...] está ao mesmo tempo, entre, através e além.” (NICOLESCU, 2001, p.51). Segundo Basarb Nicolescu: “The words three and trans have the same etymological root: "[…] ‘three’ signifies ‘the transgression of the two, that which goes beyond the two’." (NICOLESCU, 2005, p.8). 5 ‘Realidades mescladas’: tradução livre da autora do termo ‘mixed realities’ que, segundo Oliver Grau “[...] centraliza-se correntemente na conexão entre espaços reais, incluindo suas conformações em ação social e cultural, com processos imagéticos de ambientes virtuais.” [GRAU, 2003, p.245] (Do original em inglês: “[...] currently center on connecting real spaces, including their forms of cultural and social actions, with image processes of virtual environments.” [GRAU, 2003, p.245]. Ver: [GRAU, 2003, p.266]: Fleischmann and Strauss (2001); Ohta (1999) e Broll (2001). 6 ALMEIDA, Clarissa Ribeiro Pereira de. Entre e Através: Complexidade e Processos de Design em Arquitetura. Clarissa Ribeiro Pereira de Almeida; orientadora Anja Pratschke. – São Carlos, 2006. 7 EESC.USP: Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

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Concluímos que, tanto o vislumbre da possibilidade de acesso e disseminação de meios e tecnologias

digitais, nos anos 1960 e 1970, quanto a efetivação dessas possibilidades, nas décadas de 1990 e

2000, trouxeram à tona a necessidade de discutir e compreender os impactos desses meios e

tecnologias nas interações entre homem, meio ambiente, espaço e tempo, no âmbito da arquitetura

– disciplina que poderia atuar na articulação dessas dimensões.

Nesse cenário, vimos que a complexidade apresentou-se como uma base conceitual, um método em

curso de elaboração, para repensar relações, interconexões e interações – para compreender a

organização nos sistemas naturais e artificiais. Compreender a organização em sistemas artificiais

capazes de dialogar com o orgânico via processos de feedback, capazes de simular processos auto-

organizacionais como a evolução no tempo, o tempo irreversível dos processos evolutivos. Sistemas

artificiais que, interagindo com sistemas orgânicos, viabilizassem simultaneamente uma ampliação das

possibilidades e do caráter das interações entre os próprios sistemas, os sujeitos, e o ambiente.

Vários experimentos vem sendo desenvolvidos em grupos de pesquisa vinculados a instituições

acadêmicas internacionais, em experimentos suportados por tecnologias computacionais. Dentre

esses se destacam os trabalhos do Emergent Technologies – EmTech8, da AA - Architectural

Association. Um trabalho realizado no Core Studio Dynamic Notation, do EmTech, numa colaboração

entre estudantes do MA Choreography Programme do LABAN9 Center, estuou a generatividade em

um ‘sistema-corpo em movimento’, e as relações entre esse sistema e o seu meio ambiente,

focalizando a co-evolução corpo em movimento-ambiente. Segundo Kudless e Cahill,

“Usando uma série de movimentos criados pelos dançarinos, um script foi

desenvolvido em software de simulação de grupo que habilitaria a

experimentação com várias propriedades de ambos os movimentos-fonte e o

8 - EmTech: Emergent Technologies and Design Programme – coordenado pelos professores Michael Hensel, Michael Weinstock e Achim Menges e inaugurado na Architectural Association Graduate School, em Londres, no ano acadêmico 2001/2002, e posteriormente validado como um Master of Architecture Programme, em setembro de 2003. 9 Laban Dance Centre, em Deptford, Londres, inaugurado em fevereiro de 2003, é um centro de dança contemporânea. Laban, originalmente o Art of Movement Studio sediado em Manchester, foi fundado por Rudolph Laban, um dançarino, coreógrafo e teórico de dança e movimento austro-húngaro. Em 1958, a escola se tranferiu de Manchester para Addlestone, em Surrey, e então para New Cross, em Londres em 1975 e foi renomeada Laban Centre for Movement and Dance. Novamente, em 1997, passou a se chamar Laban Centre London. Em 2002 a nova sede foi inaugurada em Deptford, para aclamação crítica. A escola é conhecida localmente como 'The Laban.' In: WIKIPEDIA, THE FREE ENCYCLOPEDIA. Laban Dance Centre. Disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/Laban_Dance_Centre>. Acesso em: 03 jul. 2006.

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feedback ambiental. Através do uso desse script, um corpo dinâmico e não-

linear de movimento emergiu, no qual a simples fonte de movimentos

produziu padrões complexos e crescimento.”10 (KUDLESS, CAHILL, 2006,

tradução nossa)

Um pensamento arquitetônico capaz de produzir reflexões a partir de uma compreensão da

arquitetura, da produção do espaço, sob uma perspectiva sistemista e complexista. Espaços onde

hibridizam-se, mesclam-se, as dimensões concreta e virtual de uma realidade hipermediatizada. São

tempos de uma nova simbiose11 entre orgânico e digital. E aqui, a generatividade se coloca como

uma das chaves para uma abordagem complexista em arquitetura. Nas palavras de Edgar Morin, “[...]

a informação generativa gera fato, não somente gera fato, mas o transforma em ordem e

organização, sem que ele cesse de ser fato.” (MORIN, 2003, p.402). A informação que gera fato –

as trans-ações entre as parte de sistemas complexos e o ambiente, que geram espaço como

emergência em um processo evolutivo/auto-organizacional no tempo.

3. Inter-relações sujeito/objeto: espaço como emergência

Compreendida a partir da complexidade, a arquitetura pode ser a prática de projetar sistemas

complexos, de projetar as interconexões entre suas partes e as trans-ações no e com o ambiente.

O que emerge do processo organizacional desses sistemas é ainda, a própria arquitetura

compreendida como processo em lugar de produto, espaço como emergência, novas formas que

constituem o todo sistêmico organizado – um nível de organização sistêmico, uma realidade

topologicamente, estruturalmente, qualitativamente nova no espaço e no tempo.

Cada vez mais, estaremos todos, de todas as partes de um globo interconectado via tecnologias

digitais, imersos em ambientes de realidades mescladas, onde as mesmas tecnologias digitais

incorporadas de forma ubíqua ao ambiente permitem ampliar exponencialmente as possibilidades e o

caráter das interações entre os sujeitos, entre estes e as dimensões concreta e virtual dessas

10 KUDLESS,A; CAHILL, S. Project 1, Core Studio Dynamic Notation. Disponível em: <http://www.aaschool.ac.uk/et>. Acesso em: 26 fev. 2006. 11 Referência ao título do artigo de John McHale – New Symbiosis. MCHALE, J. New Symbiosis. Architectural Design, special number: 2000+. London: The Standard Catalogue Co. Ltd, v. 37, n. 2, feb. 1967, p.89.

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realidades. Assim, os arquitetos estariam diante de um grande desafio: o de projetar sistemas-

organização capazes de gerar espaço como emergência em função das interações e inter-

relações sujeito/objeto trans-agindo em realidades mescladas. Ferramentas teórico-conceituais

precisam ser desenvolvidas para dar suporte a novas reflexões e experimentações, dar suporte a

processos contemporâneos de design compreendidos e estruturados a partir da lógica dos sistemas

complexos.

Um próximo passo para confrontar o desafio que se coloca aos arquitetos de pensar e projetar a

arquitetura de realidades mescladas – ambientes híbridos12, simultaneamente concretos e virtuais –

seria compreender os processo de trans-ações em ambientes dessa natureza para dar suporte a

explorações reflexivas. A hipótese é a de que, em ambientes de ‘realidade mesclada’, sujeitos e

objetos se misturam e se confundem, em um processo infinito de trans-ações, interagindo e se

inter-relacionando como partes de um sistema-organização que pode gerar potencialmente

diferentes configurações espaciais como emergências em instantes distintos no tempo.

No esforço de confrontação da hipótese formulada, evidencia-se uma questão crucial: como tratar,

como analisar o processo organizacional desses sistemas para produzir uma reflexão teórica crítica

consistente acerca das possibilidades de projetar não exclusivamente a dimensão concreta da

realidade, mas o sistema em si. Projetar as características das inter-relações e interações entre

as partes, as características das trans-ações sujeito-objeto-ambiente que farão emergir

configurações espaciais diversas, inéditas, em instantes distintos no tempo.

Para o estudo de sistemas complexos podemos elaborar, por exemplo, uma metodologia baseada no

uso de medidas sistêmicas13. Essa metodologia consistiria em utilizar características para

classificar o sistema que fossem simultaneamente capazes de suportar uma analise consistente das

inter-relações entre as partes, do grau de complexidade e da capacidade de auto-organização

12 Segundo Bermudez e Hermanson [BERMUDEZ, HERMANSON, 2000], “podemos definir um espaço híbrido como aquele onde virtual e concreto se fundem em uma espacialidade de natureza híbrida, onde as diferenças entre concreto e virtual se misturam ao ponto de se tornarem indistinguíveis.” 13 Segundo o pesquisador Osvaldo Pessoa Jr, do CLE – UNICAMP, medida sistêmica pode ser definida como “[...] uma propriedade (“figure of merit”) de um sistema, figura essa que pode ser quantificada ou não, e que usualmente é expressa por termos como ‘organização’, ‘ordem’, ‘complexidade’, ‘funcionalidade’, ‘inteligência’, etc. (PESSOA JR, 1996, p.133)

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desse sistema. Segundo Edgar Morin, “[...] o sistema requer um sujeito que o isole do burburinho

polisistêmico, o recorte, o qualifique, o hierarquize. Ele remete não apenas à realidade física no

que ela tem de irredutível ao espírito humano, mas também às estruturas desse espírito humano,

aos interesses seletivos de observador/sujeito [...].” (MORIN, 2003, p.177)

Para que seja possível analisar as inter-relações entre as partes ou elementos do nosso

‘sistema-processo generativo’, e as trans-ações no e com o ambiente, é necessário, antes de tudo,

ter uma noção bem definida do que pode ser compreendido como parte, como elemento. Podemos,

por exemplo, definir nosso sistema no campo teórico ou abstrato especificando: os elementos e

seus estados possíveis; os elementos e seus possíveis atributos; o estado inicial do sistema; as

inter-relações entre os elementos; o grau ou caráter da interdependência entre os elementos.

Considerando nosso sistema como simultaneamente aberto e fechado em relação ao nosso

‘ambiente-realidade mesclada’, fato que por si só é uma medida de complexidade do sistema,

devemos ainda considerar que seus elementos, além de manterem relações entre si, mantêm

relações com o ambiente. Assim, seria interessante observar, por exemplo: quais os contornos que

separam o sistema do ambiente; que alterações ambientais afetam o sistema; que alterações

ambientais não afetam o sistema; se as relações entre os elementos são mais intensas do que as

entre sistema e ambiente ou vice versa. Ainda, para que essas especificações sejam viáveis é

preciso certificar-se de que as partes desse objeto de estudo classificado como um sistema, sejam

discerníveis, assim como as inter-relações, justamente para que este possa ser chamado um

‘sistema’.

Precisamos ainda considerar na elaboração de uma metodologia para estudar nosso sistema, níveis

nos quais o sistema pode ser caracterizado e que podem ser definidos para diferentes dimensões

espaciais e temporais, o que implica evolução do sistema no tempo. Essa consideração é crucial no

contexto da presente aproximação proposta, já que focalizamos justamente estudar a emergência

de configurações espaciais a partir de processos organizacionais, ou seja, a emergência como

configuração espacial em potencial do sistema. Assim, podemos observar, por exemplo: o estado do

sistema em diferentes instantes; a organização do sistema em diversos estados; o conjunto de

estados do sistema ao longo de um intervalo de tempo.

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Um próximo passo seria caracterizar da forma mais precisa possível esse sistema que

consideramos organizado ou complexo. Podemos assim, delimitar algumas medidas de organização e

de complexidade do sistema. Para medir a organização do sistema podemos observar, por exemplo,

em que medida “[...] o estado de um dado elemento A no tempo T depende do estado do elemento B

no instante T-1”14 (PESSOA JR, 1996, p.129), ou seja, as relações de condicionalidade entre os

elementos. Podemos ainda medir a maneira na qual os elementos de um sistema se organizam em

subsistemas, ou a correlação existente entre os estados dos diferentes elementos do sistema.

Para que seja possível medir a complexidade do sistema, podemos utilizar medidas da complexidade

enquanto quantidade de retro alimentação, ou seja, medida que leva em conta não só o número de

conexões, mas, principalmente, a quantidade de conexões de retroalimentação (feedbackloops).

4. Trans-agir: Entre, Através e Além

É preciso ainda, quando nos colocamos como observadores desse sistema, compreender os

processos de trans-ações sujeitos-objetos-ambiente entre, através e além de realidades

mescladas, de ambientes onde, à dimensão concreta, sobrepõe-se e mistura-se a virtual. Podemos

considerar que, dependendo da estruturação, da configuração desse ambiente, entre e através e

além destas realidades mescladas, em um processo contínuo de transação, o sujeito passa a ser

idêntico ao objeto. A natureza da instância virtual pode, nesse caso, ser comparada à de um

espelho. Segundo os pesquisadores Jay David Bolter e Diane Gromala15, no livro “Windows and

Mirrors – interaction design, digital art, and the myth of transparency”16,

14 PESSOA JR, Osvaldo. Mediadas Sistêmicas de Organização. In: Auto-Organizacao. Org. por M. Debrun, M.E.Q. Gonzáles & O Pessoa Jr. Coleção CLE 18. Campinas, 1996, pp.129-161. 15 Diane Gromala (peofessora associada nas escolas de Literatura, Comunicação e Cultura da “Geórgia Tech University”) foi presidente do comitê de arte da ACM SIGGRAPH 2000, participando efetivamente da curadoria do evento SIGGRAPH 2000 Art Show, enquanto Jay David Bolter (professor d wesley University na área de Novas Mídias e diretor do “New Media Research and Education”, historiador e teórico de tecnologia digital) acrescentou uma perspectiva externa, examinando as implicações dos trabalhos selecionados no campo do design interativo (interaction design). 16 BOLTER, J. D., GROMALA, D. Windows and mirrors: interaction design, digital art, and the myth of transparence. Cambridge: MIT Press, 2003.

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“Interfaces digitais são como espelhos no sentido que refletem o

usuário em contexto [...]. As interfaces mais persuasivas vão fazer

o usuário consciente de seu contexto e, no processo, redefinir os

contextos nos quais ele e a interface operam em conjunto. Esse é

o ponto em que a arte digital pode trazer uma contribuição

especial, por que a arte digital é precisamente o tipo de interface

que simultaneamente reflete e redefine contextos.” (BOLTER,

GROMALA, 2003, p.27, tradução nossa)

Pela liberdade de exploração poética inerente à atividade artística, muitos trabalhos de arte digital

têm se apresentado como exemplos de exploração das interações – ou considerando aqui uma

ampliação e complexificação desse conceito, das trans-ações – em realidades mescladas.

Apresentamos aqui, algumas experiências em arte digital que ilustram a exploração de trans-ações

nessas realidades: ‘Text Rain ‘(SIGGRAPH 2000); Nosce te ipsum (SIGGRAPH 2000); Telematic

Dreaming (Koti Exhibition, 1992); Essas experimentações são exemplos de ambientes de realidade

mesclada capazes capazes estimular e de convidar o usuário à re-imaginar e redefinir seus

próprios contextos, a redefinir, re-situar, a si mesmo, indefinidamente. Podemos dizer que, nesses

ambientes, os sujeitos-usuários são ‘trans-atores’.

Text rain, por Camille Utterback e Romy Archituv, SIGGRAPH 200017, combina formas de

impressão e vídeo permitindo aos usuários novas possibilidades de leitura e escrita. Um

poema e uma imagem televisiva são apresentados simultaneamente – é ao mesmo tempo

visível e invisível como uma forma de media. A interação, ou na compreensão aqui

proprosa, a trans-ação é concebida de forma que o usuário não precise de instruções para

trans-agir, para que a trans-ação aconteça de maneira intuitiva. A experiência consiste na

possibilidade de o usuário projetar suas imagens na tela e interagir com as ‘letras que

caem’. O espaço da instalação ‘Text Rain’, combina diferentes dimensões da realidades

numa experiência em que o usuário atua entre, através e além das dimensões concreta e

virtual do ambiente em que está imerso. Emergem diferentes configurações organizacionais

17 SIGGRAPH: conferência anual em computação gráfica promovida pela ACM realizada nos Estados Unidos. A primeira SIGGRAPH aconteceu em 1974.

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em função da interação e das inter-relações entre sujeito-usuário e objetos-palavras que

caem. Como observam Bolter e Gromala, “é como se tivéssemos passado através da tela e

nos encontrado dentro de algum processador de palavras com alguma disfunção onde

chovem letras do alto sobre nós” 18 (BOLTER, GROMALA, 2003, p.26) Em ‘Text Rain’, as

letras do texto vem do poema “Talk, You”, de Evan Zimroth (1993).

Nosce te ipsum (Know yourself), por Tiffany Holmes, SIGGRAPH 2000, se estrutura a partir

da projeção, em uma grande tela pendurada no teto, do contorno de uma figura humana,

uma forma andrógena. Quando o interator se aproxima, percebe uma linha de palavras

através de um plano marcado com elementos circulares.Seguindo as palavras, tropeça em

um sensor de pressão que aciona uma mudança na animação. De repente, os layers frontais

vão para trás e revelam que, por baixo do corpo desenhado, há um interior composto de

letras, palavras e marcas. Percorrendo cada elemento, aciona-se outro sensor e continua-

se a alterar na animação, como o corpo que se dobra ao redor de si mesmo, revelando

layers da imagem que dão lugar à imagem completa. Quando o interator pressiona o último

sensor, sua imagem, sua face, capturada em tempo real por uma câmera de vídeo, aparece

atrás dos layers. Segundo Bolter e Gromala, “interagindo com Nosce, fazemos (ou

desfazemos) uma imagem de nós mesmos.” (Bolter, Gromala, 2003, p.62)

Telematic Dreaming, por Paul Sermon19, 1992, é uma instalação telemática20 ao vivo ligando

dois lugares geograficamente distantes, exibida pela primeira vez no ‘Koti Exhibition’, em

Kajaani, Finlândia. Uma cama é o meio para imagens de alta resolução: a projeção nítida de

outra pessoa que pode reagir, em tempo real, aos movimentos da outra que se encontra

‘virtualmente’ sobre a mesma cama (estando esta em outra cama ‘concreta’ em algum lugar

remoto). A possibilidade é tão sugestiva que, tocar a imagem do corpo, projetada sobre o

lençol, torna-se um ato íntimo. Apesar de não ser possível tocar efetivamente o corpo do

‘companheiro de cama’, um experimenta a ‘sugestão de toque’ do outro através de

alterações na velocidade e expressão dos gestos. Segundo Oliver Grau21 (GRAU, 2003, p.275,

18 Do original em inglês: “[…] It is as if we have passed through the screen and find ourselves inside some malfunctioning word processor that is raining letters down on us.” [Bolter, Gromala, 2003, p.26] 19 Paul Sermon, artista britânico, nasceu em 1966. Membro da “Roy Ascott School”, seu trabalho integra aspectos imersivos no contexto da arte telemática. 20 Telematica é a versão em português da expressão francesa telematique, cunhada por Simon Nora e Alain Minc no livro L'informatisation de la Societe (La Documentation Francaise, 1978). 21 GRAU, O. Virtual Art: from illusion to immersion. Cambridge: MIT Press, 2003.

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tradução nossa), ”muitos observadores perceberam este como um momento contemplativo,

uma impressão sensorial conquistada sinestesicamente onde mãos e olhos fundem-se.”

Acreditamos que estudo de instalações como as aqui referidas, produzidas no contexto da arte

digital, podem contribuir para investigar possibilidades de emergência de configurações espaciais a

partir de processos sistemas-organização em realidades mescladas.

Implícita como questão de fundo na presente proposta está a questão do espaço, de sua

transformação e produção via processos de design em arquitetura. Nesse sentido é interessante

observar a colocação de Michel Foucault, onde afirma que é “necessário notar que o espaço, o que

nos surge como horizonte das preocupações, teorias e sistemas, não é uma inovação; o espaço em

si tem uma história na experiência Ocidental e é impossível esquecer o nó profundo do tempo com

o espaço.”22 (FOUCAULT , 2005, p.1)

Podemos, por exemplo, ampliar nossa compreensão das experiências em ambientes de realidades

mescladas a partir da conjunção das definições de espaços dos tipos ‘utopias’ e ‘heterotopias’

propostos por Foucault. Utopias seriam “lugares sem lugar real, [...] lugares que têm uma relação

analógica direta ou invertida com o espaço real [...] espaços fundamentalmente irreais” (FOUCAULT ,

2005, p.2). Já o conceito de heterotopias se refere a “[...] espaços reais – espaços que existem e

que são formados na própria fundação da sociedade - que são algo como contra-lugares, espécies

de utopias realizadas[...]” (FOUCAULT, 2005, p.2). Podemos comparar o ‘estar entre, através e

além’ em realidades mescladas com a experiência do sujeito que se vê no espelho, onde o espelho,

segundo Foucault, “[...] é, afinal de contas, uma utopia, uma vez que é um lugar sem lugar algum.

No espelho, vejo-me ali onde não estou, num espaço irreal, virtual, que está aberto do lado de lá

da superfície; estou além, ali onde não estou, sou uma sombra que me dá visibilidade de mim

mesmo, que me permite ver-me ali onde sou ausente.” (FOUCAULT , 2005, p.2) Utopia e heterotopia

se confundem, misturam-se, mesclam-se. Assim como se entrelaçam indefinidamente, sujeitos,

objetos, tempos e espaços. Precisamos aprender a ser arquitetos de espacialidades híbridas, ser

22 FOUCAULT, M. De outros espaços. Tradução a partir do inglês (com base no texto publicado em Diacritics; 16-1, Primavera de 1986) de Pedro Moura. Disponível em : <http://www.rizoma.net/interna.php?id=169&secao=anarquitextura>. Acesso em: 29 set. 2005.

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capazes de fazer dialogar os sujeitos entre utopias e heterotopias – trans-atores, em realidades

mescladas.

Transportar a noção de sistema complexo e a compreensão do que vem a ser uma ‘experiência do

espelho’ a partir de Foucault para estudar as trans-ações em realidades mescladas, e a

possibilidade de geração do espaço como emergência em sistemas-organização, implica no fato de,

como observador do sistema, não apenas verificar a observação, mas integrar a auto-observação

ao sistema. Nas palavras de Edgar Morin, “O conceito de sistema só pode ser construído na e pela

transação sujeito/objeto, e não na eliminação de um pelo outro.” (MORIN, 2003, p.178). O que implica

ainda, considerar a trans-ação entre o observador e o sistema observado (objeto de estudo). A

‘experiência do espelho’, implica imersão simultaneamente em duas realidades – utópica e

heterotópica. E imersão aqui, se apresenta como um conceito chave para o entendimento do que

significa a experiência em realidades mescladas. Segundo Grau (GRAU, 2003, p.13, tradução nossa),

“Imersão pode ser um processo intelectualmente estimulante, [...] caracterizado por uma distancia

crítica recusada em relação ao que está sendo mostrado e o acréscimo de envolvimento emocional

no que acontece.”

Acredita-se que uma indagação formulada a partir da análise de experiências como as realizadas no

campo da arte digital, ou combinando processos da dança e da arquitetura como a realizada entre

pesquisadores da AA – Architectural Association e do Laban Center, aqui apresentadas, podem

contribuir para uma compreensão ampliada das trans-ações em realidades mescladas, das

possibilidades de compreender e conceber o espaço como emergência do processo organizacional de

sistemas complexos.

Partindo do aprofundamento realizado na pesquisa de mestrado, onde foi possível compreender o

universo dos desenvolvimentos de áreas que dialogam e se fertilizam na construção de um ‘pensar

complexo’, estimulando e influenciando a compreensão dos processos de design em arquitetura sob

uma perspectiva sistemista complexista, acreditamos que seja urgente ampliar a compreensão desse

intrincado universo inter-relações entre ciência, filosofia, tecnologias de informação e comunicação

e própria arquitetura. E é nesse âmbito que se insere a presente proposta.

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O objetivo é conseguir articular uma compreensão teórico-conceitual a partir de estratégia

metodologia adequadamente formulada, das trans-ações em realidades mescladas e das

possibilidades de se entender o espaço como emergência do processo de organização de um sistema

caracterizado. Um caminho é articular o objetivo teórico de elaborar uma metodologia para análise

do ‘sistema-organização‘ no tempo, com o objetivo empírico de analisar experiências em arte-mídia

como estudos de caso, para embasar o design de uma instalação experimental de arte digital que

possa balizar a aplicabilidade da metodologia elaborada. Acreditamos estar, assim, contribuindo para

ampliar a compreensão e conseqüentemente as possibilidades de intervenção criativa de arquitetos,

na concepção de propostas que atendam a demandas contemporâneas, condizentes com novos modos

de vida, como novas necessidades, no contexto de profundas reestruturações sócio-econômicas e

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