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1 Classificação das Vias e Classificação dos Veículos Sumário 1.0 CTB: EXPRESSÃO DE VONTADE DA RFB. ..................................................2 2.0 INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS E INFRAÇÕES PENAIS. ..............................3 3.0 APLICAÇÃO DO CTB – PARTE ADMINISTRATIVA. .......................................6 4.0 APLICAÇÃO DO CTB – PARTE PENAL. .......................................................9 5.0 CLASSIFICAÇÃO DA VIAS TERRESTRES.................................................. 10 6.0 INFRAÇÕES DE VELOCIDADE. ............................................................... 14 7.0 APLICAÇÃO DO CTB: VEÍCULOS. ........................................................... 19 8.0 CLASSIFICAÇÕES DE VEÍCULOS: CTB. ................................................... 20 9.0 CLASSIFICAÇÃO DE VEÍCULOS: QUANTO A TRAÇÃO................................ 21 10.0 CLASSIFICAÇÃO DE VEÍCULOS: QUANTO A ESPÉCIE. ............................ 25 11.0 CLASSIFICAÇÃO DE VEÍCULOS: QUANTO A CATEGORIA. ........................ 32 12.0 VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA E VEÍCULOS PRESTADORES DE SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA. ................................................................................ 33

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Classificação das Vias e Classificação dos Veículos

Sumário

1.0 CTB: EXPRESSÃO DE VONTADE DA RFB. .................................................. 2

2.0 INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS E INFRAÇÕES PENAIS. .............................. 3

3.0 APLICAÇÃO DO CTB – PARTE ADMINISTRATIVA. ....................................... 6

4.0 APLICAÇÃO DO CTB – PARTE PENAL. ....................................................... 9

5.0 CLASSIFICAÇÃO DA VIAS TERRESTRES. ................................................. 10

6.0 INFRAÇÕES DE VELOCIDADE. ............................................................... 14

7.0 APLICAÇÃO DO CTB: VEÍCULOS. ........................................................... 19

8.0 CLASSIFICAÇÕES DE VEÍCULOS: CTB. ................................................... 20

9.0 CLASSIFICAÇÃO DE VEÍCULOS: QUANTO A TRAÇÃO. ............................... 21

10.0 CLASSIFICAÇÃO DE VEÍCULOS: QUANTO A ESPÉCIE. ............................ 25

11.0 CLASSIFICAÇÃO DE VEÍCULOS: QUANTO A CATEGORIA. ........................ 32

12.0 VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA E VEÍCULOS PRESTADORES DE SERVIÇOS DE

UTILIDADE PÚBLICA. ................................................................................ 33

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Introdução

Inicialmente vamos conhecer a aplicação do CTB, no que se refere aos

lugares, ou seja, onde ele deve ser observado. Em outra oportunidade

mostraremos, também, as pessoas e os veículos que devem observar nossa Lei de

Trânsito.

1.0 CTB: expressão de vontade da RFB.

Conforme mencionado anteriormente, o objeto de nosso estudo é a Lei de

Trânsito, Lei 9.503/1997 e de suas regulamentações, as chamadas resoluções do

CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito).

Esta Lei de Trânsito, também chamada de Código de Trânsito Brasileiro

(CTB) é uma norma que, apesar de trazer quase toda disciplina legal do trânsito

reunida em um único livro (por isso a expressão código), carece de

regulamentação por ser lacunosa, como toda lei administrativa.

As leis que regulam as atividades das entidades, órgãos e agentes públicos

sempre necessitam de complementação, a fim de que possibilite a sua aplicação.

Para que não fiquemos apenas na abstração desta informação, vamos para um

exemplo clássico: o CTB em seu art. 105 nos informa que veículos devem possuir

equipamentos obrigatórios, sem, contudo, enumerá-los de forma exaustiva,

cabendo ao CONTRAN, fazê-lo.

As normas estabelecidas por este colegiado, o CONTRAN, que não é

representante do povo, não criam obrigações para os particulares. As resoluções

do CONTRAN não regulam nossas condutas, apenas detalham a parte técnica das

condutas reguladas pela Lei.

É imperioso que o estudante da Lei 9.503/1997 perceba que esta norma está

dividida em uma parte administrativa – do art. 1º até o 290, e do art. 313 até o

341 – e também em uma parte penal – do art. 291 ao 312.

Diante do exposto, que fique claro que as leis penais não são como as

administrativas, pois aquelas são autoaplicáveis, não carecendo de

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regulamentação para sua observância, a não ser que haja essa expressa menção,

como nas chamadas normas penais em branco.

Cabe salientar que o CTB, apesar de ser uma lei votada no Congresso

Nacional, não representa apenas uma expressão de vontade da União, mas

também de seus Estados-membros, do Distrito Federal e dos Municípios. As leis

votadas naquela casa legislativa ora são leis federais (respeitadas apenas pela

União e seus servidores federais), ora são leis nacionais, verdadeira manifestação

de vontade da República Federativa do Brasil (RFB), que deve ser cumprida por

todos os entes da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

A RFB se expressa internamente com soberania, ou seja, possui supremacia

na ordem interna. É por essa razão que o CTB é respeitado por todos os entes da

federação.

Diante da explanação feita, fica claro por que os Guardas Municipais, os

Policiais Militares (servidores estaduais) e os Policiais Rodoviários Federais autuam

os infratores de trânsito com fulcro nos mesmos dispositivos legais – a nossa Lei

de Trânsito é nacional.

2.0 Infrações administrativas e infrações penais.

As infrações administrativas e as penais possuem a mesma finalidade, pois

ambas aparecem no Direito com a finalidade de regular as condutas sociais.

O resultado da violação das condutas sociais vai gerar para o Estado o dever

de punir o transgressor, e é neste momento que vão surgir as diferenças.

As sanções administrativas que decorrem de uma infração administrativa são

aplicadas, necessariamente, por uma autoridade administrativa. Essa autoridade,

na PRF por exemplo, é representada pelo Diretor Geral e seus Superintendes

Regionais e no DETRAN, pelo seu Diretor.

As sanções penais que decorrem de uma infração penal são aplicadas por

uma autoridade judicial.

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2.1 Elementos subjetivos da conduta.

As sanções penais são aplicadas em virtude das condutas mais desprezíveis

praticadas pelos seres de uma sociedade, razão pela qual chega a privar uma

pessoa do seu direito de ir e vir, através da imposição da prisão.

Sob a ótica da razoabilidade fica óbvio que as condutas, que em regra, são

punidas com fundamento na lei penal são as intencionais. Com isso, é relevante

mencionar que se faz mister uma apuração das intenções do agente durante a

prática do ilícito penal.

Sendo assim, é extremamente relevante a apuração dos elementos

subjetivos da conduta na apuração da infração penal.

Será que esses elementos são relevantes na apuração de uma infração

administrativa? Não! Pois não importa qual a intenção do agente ao cometer a

infração administrativa. Em razão da indisponibilidade do interesse público, o

agente que presencia o cometimento de uma infração não pode deixar de lavrar a

autuação.

Importante destacar o posicionamento Celso Antônio Bandeira de Mello, em

seu manual de Direito Administrativo da editora Malheiros. O insuspeitável mestre,

brilhante como sempre, defende a necessidade de que seja respeitado o princípio

da exigência de voluntariedade para incursão na infração.

Vejamos o que menciona o ilustre doutrinador acerca do referido princípio:

“O Direito propõe-se a oferecer às pessoas uma garantia de segurança,

assentada na previsibilidade de que certas condutas podem ou devem ser

praticadas e suscitam dados efeitos, ao passo que outras não pode sê-lo,

acarretando consequências diversas, gravosas para quem nelas incorrer. Donde,

é de meridiana evidência que descaberia qualificar alguém como incurso em

infração quando inexista a possibilidade de prévia ciência e prévia eleição, in

concreto, do comportamento que o livraria da incidência da infração e, pois, na

sujeição às sanções para tal caso previstas. Note- se que aqui não se fala de culpa

ou dolo, as de coisa diversa: meramente do animus de praticar dada conduta.

É muito discutido em doutrina se basta a mera voluntariedade para

configurar a existência de um ilícito administrativo sancionável, ou se haveria

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necessidade ao menos de culpa. Quando menos até o presente, temos entendido

que basta a voluntariedade, sem prejuízo é claro, de a lei estabelecer exigência

maior perante a figura tal ou qual.

Pode – a um primeiro súbito de vista – parecer que a exigência de

voluntariedade contrapor-se-ia ao fato de que certas sanções que são

transmissíveis e que, obviamente, não se pode fazer tal predicação

(voluntariedade) em relação àquele a quem foi transmitida. Não há nisto

contradição, pois o que está sendo afirmado não é que tenha que existir

voluntariedade por parte de quem responde pela sanção, mas de quem pratica

uma conduta qualificada como infração.

Estamos a referir a distinção entre infrator, que é aquele que pratica a

conduta proibida ou omite aquela a que estava obrigado, e responsável subsidiário,

que é aquele a quem a ordem jurídica impõe que suporte a sanção.”

2.2 Excludentes da infração ou da sanção.

O CTB nos dá uma série de circunstâncias excludente da infração, como por

exemplo, as ordens do agente. Quando um agente determina que se faça a

transposição do semáforo com a luz vermelha acesa, não há obviamente, a

transgressão ao artigo 208 do CTB.

Até aí o aluno vai bem, mas quando uma pessoa for flagrada, por exemplo,

conduzindo sem possuir CNH, a fim de salvar uma vida, há ou não o cometimento

de infração?

Antes de respondermos essa questão faz-se necessário uma reflexão sobre

a lógica do Direito. Se uma conduta “aparentemente criminosa” pode ser

autorizada pela lei penal, será que está mesma conduta poderia deixar de ser

punível administrativamente? É claro que sim, pois quem pode o mais pode o

menos. Ou seja, se determinada conduta que a princípio deveria ser punida pela

lei penal deixa de sê-lo, pois o bem que se quer preservar permite que se

transgrida o Código Penal, certamente, não haveria sentido puni-lo

administrativamente.

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Com isso, seguindo na esteira de Celso Antônio Bandeira de Mello, temos as

seguintes circunstâncias excludentes da infração ou sanção:

1) Fato da natureza.

2) Caso fortuito.

3) Estado de necessidade.

4) Legitima defesa.

5) Doença mental.

6) Fato de terceiro.

7) Coação irresistível.

8) Erro.

9) Obediência hierárquica.

10) Estrito cumprimento do dever legal.

11) Exercício regular de um direito.

O que não se define nos Manuais de Direito Administrativo é a quem compete

estabelecer quando essas circunstâncias estão presentes. Em nome da

indisponibilidade do interesse público, o agente de trânsito não poderia deixar de

autuar o infrator de trânsito. Com isso, a apuração das excludentes, em regra,

deve ocorrer nas instâncias recursais administrativas ou judiciais, com ônus da

prova feito pelo particular.

Entende-se que o agente de trânsito poderia sim, em casos evidentes,

incontestáveis, deixar de autuar o infrator, quando a voluntariedade (que é

requisito para cometimento de uma infração de trânsito) inexistir – exemplo seria

o condutor parado em frente a luz vermelha do semáforo, que sofre uma colisão

traseira e faz a transposição do semáforo – NÃO DEVE SER AUTUADO!!!

(justificativa: ausência de voluntariedade).

Não interessa na apuração de uma infração de trânsito o grau de consciência

de um condutor (isso é apurado nas infração penas – que se refere ao dolo/culpa

e conhecimento da lei). Só a voluntariedade nos interessa (possibilidade de se

praticar outra conduta) na apuração de uma infração de trânsito.

3.0 Aplicação do CTB – Parte administrativa.

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Vamos destacar os locais onde efetivamente o usuário da via pode sofrer

autuações pelo cometimento de infrações administrativas de trânsito. Em outras

palavras, vamos analisar quando e onde a Administração Pública, na figura de seus

órgãos e entidades de trânsito, pode cobrar o cumprimento das normas de

trânsito.

Já no seu art. 1º, percebemos que o CTB não se aplica a todas as vias

terrestres, mas somente àquelas abertas à circulação. Veja a redação:

“Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional,

abertas à circulação, rege-se por este Código.”

Ao estudarmos o CTB, estamos, na verdade, estudando uma atividade

específica da Administração Pública, na área de trânsito, e, sendo assim, é

necessário lembrar que aqui se aplica o regime jurídico-administrativo (as normas

e princípios do Direito Administrativo). Este ramo do Direito tem seu alicerce

montado em dois postulados fundamentais. O primeiro postulado é o responsável

pelo surgimento das prerrogativas no desempenho das funções administrativas (os

poderes administrativos). Este primeiro postulado denomina-se supremacia do

interesse público sobre o particular. O segundo, que é responsável por aquilo a

que se submete a Administração (deveres administrativos), chamamos de

indisponibilidade do interesse público.

Portanto, sob o prisma das prerrogativas na atuação administrativa,

mencionar que o CTB se aplica às vias terrestres abertas à circulação seria o

mesmo que dizer que este Código se aplica às vias terrestres onde a ingerência do

particular está sempre em um nível inferior ao do Estado, em virtude do que

exposto acima. Podemos ver que onde o interesse público está presente de forma

suprema, existe sempre a possibilidade de autuação pelo cometimento de infração

de trânsito.

Não poderíamos deixar de mencionar a possibilidade de uma pessoa ser

autuada por cometer uma infração de trânsito ainda que transitando em uma via

particular.

Antes de enfrentarmos o tema, é importante chamar a atenção para a

seguinte reflexão: como pode o Estado exigir que se use o cinto de segurança, que

se porte ou não o extintor de incêndio no veículo se este é de propriedade

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particular – isso não seria uma espécie de intervenção do Estado na propriedade

privada? Sim, seria. A pergunta que se faz é a seguinte: quem ganha e quem

perde com a exigência do uso cinto de segurança em veículos? Todos! E isso

justifica essa intervenção na propriedade privada (limitação administrativa).

E é esse o conteúdo jurídico de que será necessário para entender por que

o CTB faz essa previsão, em seu art. 2°, parágrafo único (autuações em vias

particulares), que foi alterado pela Lei nº 13.146/15. Está previsto, neste

dispositivo, que nos condomínios constituídos por unidades autônomas aplica-se o

CTB. O que o legislador fez foi tornar expressa a publicização dessas áreas, esses

condomínios ganharam caráter de via pública para resguardo dos interesses

coletivos que ali se fazem presentes.

Em resumo podemos visualizar que o CTB aplica-se as vias públicas

(mantidas pelo poder público), desde que abertas a circulação, e também as vias

privadas “publicizadas”, ou seja, aquelas de uso coletivo.

Antes de entramos em um novo tópico da matéria, é oportuno mostrar

alguns conceitos e definições, que estão previstos no ANEXO I do CTB, necessários

para o completo entendimento do tema. Sendo assim, vamos trabalhar a definição

de via e de seus desmembramentos – previstos no art. 2º do CTB – uma vez que

teremos presente nesta definição todas às áreas que serão trabalhadas ao longo

do curso. Veja abaixo os dispositivos legais que se referem ao tema:

“Art. 2º do CTB – são vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os

logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu

uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo

com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais”.

De outra forma:

VIA – superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo

a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central, conforme o ANEXO I do

CTB.

De uma maneira mais técnica, considerando a classificação de bens públicos,

previsto no art. 98 do Código Civil, poderíamos classificar via como um bem público

de uso comum de todos, uma vez que são destinadas ao uso irrestrito o povo.

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Veja as definições dadas pelo legislador, no ANEXO I, sobre as partes

integrantes da via:

1) Pista – parte da via normalmente utilizada para a circulação de veículos,

identificada por elementos separadores ou por diferença de nível em relação às

calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais.

2) Calçada – parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não

destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando

possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins.

3) Acostamento – parte da via diferenciada da pista de rolamento destinada à

parada ou estacionamento de veículos, em caso de emergência, e à circulação de

pedestres e bicicletas, quando não houver local apropriado para esse fim.

4) Ilha – obstáculo físico, colocado na pista de rolamento, destinado à ordenação

dos fluxos de trânsito em uma interseção.

5) Canteiro central – obstáculo físico construído como separador de duas pistas de

rolamento, eventualmente substituído por marcas viárias (canteiro fictício).

4.0 Aplicação do CTB – Parte penal.

Para trabalharmos o tema faz-se necessário uma visualização do artigo 291

do CTB:

“Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos

neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de

Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei

nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.”

Como o CTB não faz menção de onde haveria sua aplicação nas infrações

penais devemos pesquisar na parte geral do Código Penal (CP), conforme o artigo

291 acima.

O CP tratou do tema, em seu artigo 5º. Veja abaixo:

“Art. 5º – Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras

de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada

pela Lei 7.209, de 1984).

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§ 1º – Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional

as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do

governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as

embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,

respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada

pela Lei 7.209, de 1984)

§ 2º – É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de

aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se

aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo

correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela

Lei 7.209, de 1984)”.

Com isso, fica fácil perceber que aqui a regra é outra, ou seja, nos crimes

de trânsito será apurado em todo território nacional.

Sendo assim o envolvido em delito de trânsito responde pelo CTB tanto em

via pública quanto na via particular, se nada for mencionado no tipo penal.

Caso expressão “via pública” venha expressa no tipo penal do CTB, aí não

devemos considerar as vias particulares.

5.0 Classificação da vias terrestres.

Para uma melhor compreensão, podemos neste primeiro momento dividir as

vias terrestres abertas à circulação em vias públicas e vias particulares

publicizadas. No primeiro caso, temos as vias urbanas, as vias rurais e as praias

abertas à circulação; e, no segundo caso, temos os condomínios constituídos por

unidades autônomas.

5.1 Vias públicas.

Neste item devemos destacar as classificações e subclassificações que têm

sido objeto de concurso público. Sendo assim, enfatizaremos as vias rurais e as

vias urbanas, e seus desmembramentos a seguir:

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5.1.1 Rurais (Anexo I – CTB).

Devemos entender como via rural aquelas que, em regra, não possuem

imóveis edificados ao longo de sua extensão. Uma forma simples de identificarmos

se uma via é urbana ou rural consiste na verificação de qual órgão tem

circunscrição sobre ela; caso seja um órgão executivo rodoviário e/ou a polícia

rodoviária federal, necessariamente estamos falando de via rural. Esta se divide

em:

a) rodovias: são vias rurais pavimentadas (asfaltadas).

b) estradas: são vias rurais não pavimentas (não asfaltadas).

Perceba que o elemento caracterizador dessas vias é o pavimento, que deve

ser entendido como qualquer beneficiamento feito a via, como asfalto, concreto

etc.

5.1.2 Urbanas (Anexo I – CTB).

Devemos entender como via urbana ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e

similares abertos à circulação pública, situados na área urbana, caracterizados

principalmente por possuírem imóveis edificados ao longo de sua extensão. Uma

forma simples de identificar se uma via é urbana ou rural consiste na verificação

de qual órgão tem circunscrição sobre ela. Em se tratando de órgão executivos de

trânsito do estado, do DF ou do município, necessariamente estamos falando de

via urbana. Esta se divide em:

a) via de trânsito rápido – aquela caracterizada por acessos especiais com trânsito

livre, sem interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem

travessia de pedestres em nível. De outra forma, são vias onde o trânsito se faz

de forma rápida, sem interrupções desnecessárias, ou seja, sem cruzamentos

(interseções em nível) e sem semáforo.

b) via arterial – aquela caracterizada por interseções em nível, geralmente

controlada por semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias

secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade. Em

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síntese, são vias com cruzamentos e com semáforo, que possibilitam o trânsito

pelos bairros da cidade.

c) via coletora – aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha

necessidade de entrar ou sair das vias de tráfego rápido ou arteriais, possibilitando

o trânsito dentro das regiões da cidade. De outra forma, são vias com cruzamentos

e com semáforo, que possibilitam o tráfego dentro de uma mesma região da cidade

(dentro do mesmo bairro).

d) via local – aquela caracterizada por interseções em nível não semaforizadas,

destinada apenas ao acesso local ou a áreas restritas. Em síntese, são vias com

cruzamentos e sem semáforo, destinadas apenas ao acesso local e áreas restritas;

geralmente são as ruas residenciais, de pouco movimento.

Enfim, quanto à classificação da vias urbanas, perceba que seus elementos

caracterizadores são o semáforo e o cruzamento (interseção em nível), que têm o

condão de retardar o trânsito, em determinado sentido. Sendo assim, perceba que

em uma via de trânsito rápido não há de se falar na existência desses elementos

caracterizadores, uma vez que o trânsito se faz de maneira rápida, ou seja, sem

interrupções. É com essa lógica que o leitor deve memorizar as definições. Veja

quadro- resumo abaixo:

Tipo de vias

urbanas

Tem

semáforo?

Tem

cruzamento?

Característica

adicional

Via de trânsito

rápido Não Não

Arterial Sim Sim Liga bairros (região)

Coletora Sim Sim Está dentro de um

bairro (região)

Local Não Sim

5.2 Vias particulares publicizadas.

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Devemos entender essas áreas como vias particulares de uso público, de uso

de todos de forma indiscriminada, que não sofrem ingerência de seus proprietários

quanto à possibilidade de restringirem o trânsito pessoas e veículos – são vias

terrestres abertas à circulação.

Na mesma esteira, enquadrando-se os condomínios dentro da definição de

via, temos aqui uma área que, embora de propriedade particular, não teriam os

condôminos (particulares proprietários) ingerência sobre ela. Não poderiam esses

proprietários fechar as vias dessas áreas, uma vez que o interesse público –

segurança viária – se sobrepõe aos interesses dos particulares proprietários.

Em virtude da mudança no CTB por meio da Lei 13.146/15 os

estacionamentos de shopping centers, de supermercados, de pátios de postos de

gasolina se enquadrem na definição acima.

Não se pode estudar, sem reflexão, é claro que a sinalização nos

estacionamentos mencionados (particulares) seguirá o padrão do CTB. Os

acidentes que lá ocorram e que sejam objeto de apreciação judicial deverão ser

dirimidos pelo magistrado levando em conta nossa Lei de Trânsito, pois é a única

referência que se tem.

Considerando as vias particulares publicizadas, o tema merece uma atenção

especial. Estamos falando de área particular onde a Administração Pública possa

se fazer presente a ponto de autuar um suposto infrator das normas de trânsito.

Fica evidente que estudaremos uma exceção à atuação administrativa, que, em

regra, ocorre em vias públicas.

Por fim, sob a ótica da interpretação das normas jurídicas, como os

dispositivos que tratam de condomínios são normas de exceção, devemos

interpretá-los de maneira restritiva, pois, caso contrário, daremos uma

abrangência à norma de forma distinta daquela desejada pelos representantes do

povo. Com isso, não se pode estender a aplicação da Lei 9.503/1997 a nenhuma

outra área particular, diferente daquelas mencionadas em lei.

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6.0 Infrações de Velocidade.

No CTB encontramos três artigos, no capítulo das infrações, que se referem

a infrações relativas à velocidade de veículos: arts. 218, 219 e 220.

Sendo assim, neste tópico vamos estudar cada um dos dispositivos, assim

como as velocidades máximas estabelecidas na norma.

6.1 Velocidade em vias não sinalizadas.

Para melhor compreensão deste item, algumas considerações se fazem

necessárias: em primeiro lugar cabe ao leitor observar que no CTB existem normas

direcionadas aos particulares, normas direcionadas aos órgãos de trânsito e

normas direcionadas aos fabricantes de veículos.

Diante do exposto, fica fácil perceber que o art. 61 do CTB (que trata de

velocidade máxima em vias não sinalizadas) é direcionado àqueles órgãos que têm

a competência de sinalizar e estabelecer o controle viário, no que se refere aos

limites de velocidades. Em segundo lugar, deve o leitor notar que, por força do

art. 89 do CTB (que trata da prevalência de sinais), a velocidade máxima

estabelecida na norma apenas será referência nas vias não sinalizadas, uma vez

que se houver sinalização, está terá prevalência sobre as velocidades da norma.

Sendo assim, dois comentários são relevantes diante do exposto: primeiro,

quando as autoridades competentes forem sinalizar uma via, com os limites

regulamentares de velocidade, devem ter como referência as normas relativas ao

tema previstas no CTB. É claro que pode a Autoridade de trânsito variar em torno

destes valores previstos, para mais ou para menos, de acordo com as condições

operacionais da via. Como segundo comentário tem-se o fato de que em provas

as bancas examinadoras exploram o conhecimento deste tópico para saber se o

candidato saberia tipificar na infração de excesso de velocidade prevista no art.

218 do CTB.

Por fim, quanto à sinalização em vias, convém explicitar que a regra,

segundo o art. 88 do CTB, é termos vias sinalizadas, tanto vertical quanto

horizontalmente, e quanto à necessidade da correta sinalização para que possa

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haver autuação, temos expresso no art. 90 do CTB, que não se aplicará à sanção

se a sinalização for insuficiente ou irregular.

6.1.1 Vias rurais não sinalizadas.

A velocidade máxima em vias rurais não sinalizadas são as seguintes, de

acordo com o art. 61 do CTB:

a) rodovia:

motocicleta, automóvel e camioneta: 110 km/h

ônibus, micro-ônibus: 90 km/h

demais veículos: 80 km/h

b) estrada:

para todos os veículos: 60 km/h

Importante lembrar que a partir de novembro de 2016 essas velocidades

serão alteradas em razão da Lei nº 13.281/16.

6.1.2 Vias urbanas não sinalizadas.

As velocidades máximas em vias urbanas não sinalizadas são as seguintes,

de acordo com o art. 61 do CTB:

via de trânsito rápido: 80 km/h

via arterial: 60 km/h

via coletora: 40 km/h

via local: 30 km/h

6.2 Autuações por excesso de velocidade, por transitar abaixo da

velocidade mínima e por transitar com velocidade incompatível.

Este item trata de um tema que é dúvida comum de todos os que estudam

a legislação de trânsito, por esta razão daremos a devida atenção.

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6.2.1- Autuações por excesso de velocidade.

A autuação decorrente de infrações por excesso de velocidade é a única das

infrações de velocidade mencionada que pode ocorrer sem a presença do agente

de trânsito ou da autoridade.

O dispositivo que substitui a presença do agente é um registrador de imagem

(foto), em que vem assinalada a velocidade, a placa dos veículos, data, hora e

local do cometimento da infração.

Cabe observar que existe a necessidade de que esta foto seja referendada

por uma agente de trânsito, a fim de dar consistência (reprodução da verdade) à

autuação.

O dispositivo do CTB, que trata de excesso de velocidade é o seu artigo 218.

Veja sua redação:

“Art. 218 – Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local,

medida por instrumento ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito

rápido, vias arteriais e demais vias:

I – quando a velocidade for superior à máxima em até 20% (vinte por cento):

Infração – média; Penalidade – multa;

II – quando a velocidade for superior à máxima em mais de 20% (vinte por cento)

até 50% (cinquenta por cento):

Infração – grave; Penalidade – multa;

III – quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50% (cinquenta por

cento):

Infração – gravíssima; Penalidade – multa [3 (três) vezes], suspensão imediata

do direito de dirigir e apreensão do documento de habilitação”.

6.2.2 Autuações por transitar abaixo da velocidade mínima.

A velocidade mínima não poderá ser inferior à metade da velocidade máxima

estabelecida, respeitadas as condições operacionais de trânsito e da via. Aquele

que descumpre o disposto está infringindo a norma do art. 62 do CTB, porém, para

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ser penalizado, deve retardar ou obstruir o trânsito e não estar amparado pelas

seguintes excludentes:

- Condições de tráfego

- Condições meteorológicas

- Transitar na faixa da direita

Perceba que, para a constatação da infração da velocidade mínima com base

no art. 219 do CTB, necessariamente devem o agente de trânsito ou a autoridade

de trânsito estar presentes no local do cometimento da infração para declarar que

o veículo interrompe o trânsito, além de haver a necessidade de um equipamento

hábil, regulamentado pelo CONTRAN, para medir a velocidade do veículo. Veja a

redação do art. 219 do CTB:

“Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade inferior à metade da velocidade

máxima estabelecida para a via, retardando ou obstruindo o trânsito, a menos que

as condições de tráfego e meteorológicas não o permitam, salvo se estiver na faixa

da direita:

Infração – média; Penalidade – multa.

6.2.3 Autuações por transitar com velocidade incompatível.

A infração do art. 220 do CTB, que se refere à velocidade incompatível, pode

ocorrer ainda que o condutor esteja conduzindo seu veículo dentro da velocidade

regulamentar.

Se a velocidade do veículo for incompatível com a segurança do trânsito,

temos uma infração em que está sendo apurado o senso do homem médio de

conduzir seu veículo de forma segura, assim como qualquer outra pessoa seria

capaz de fazê-lo.

É necessário ponderar que para haver autuação é dispensado o radar de

velocidade, uma vez que é possível estar incompatível com a segurança do trânsito

dentro da velocidade regulamentar da via – está apuração fica na subjetividade

(experiência) de nossos agentes de trânsito.

É simples de visualizar o exposto, imagine que esteja ocorrendo uma

passeata em uma rodovia federal, onde a velocidade máxima permitida seja 110

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km/h. A pergunta é: seria prudente passar por uma grande aglomeração de

pessoas a 109 km/h? Certamente que não, devendo o agente de trânsito que

presencia tal situação autuar o infrator com base no art. 220, XIV, do CTB, ainda

que não tenha medido a velocidade. Veja a redação do dispositivo:

“Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a

segurança do trânsito:

I - quando se aproximar de passeatas, aglomerações, cortejos, préstitos e desfiles:

Infração - gravíssima; Penalidade - multa;

II - nos locais onde o trânsito esteja sendo controlado pelo agente da autoridade

de trânsito, mediante sinais sonoros ou gestos;

III - ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio) ou acostamento;

IV - ao aproximar-se de ou passar por interseção não sinalizada;

V - nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja cercada;

VI - nos trechos em curva de pequeno raio;

VII - ao aproximar-se de locais sinalizados com advertência de obras ou

trabalhadores na pista;

VIII - sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes;

IX - quando houver má visibilidade;

X - quando o pavimento se apresentar escorregadio, defeituoso ou avariado;

XI - à aproximação de animais na pista;

XII - em declive;

XIII - ao ultrapassar ciclista:

Infração - grave; Penalidade - multa;

XIV - nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e

desembarque de passageiros ou onde haja intensa movimentação de pedestres:

Infração - gravíssima; Penalidade - multa.”

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7.0 Aplicação do CTB: veículos.

Acerca do tema, encontramos comumente os seguintes questionamentos:

Será que veículos de propriedade de uma embaixada poderia ser autuado

por cometer uma infração de trânsito?

Será que um veículo de representação pessoal (veículo oficial) do Procurador

Geral da República poderia ser autuado por cometer infração de trânsito?

E os veículos policiais: o que podem e o que não podem?

Antes de entramos no CTB para trazermos estas respostas, faz-se necessário

uma reflexão: vivemos no chamado Estado de Direito, que significa o Estado deve

respeitar as leis editadas por ele. Com isso, o CTB aplica-se tanto aos veículos

particulares quanto aos veículos oficiais.

Ainda na mesma esteira, o artigo 5º de nossa Constituição nos informa que

brasileiros e estrangeiros são iguais perante a lei. Diante do exposto, fica evidente

que veículos estrangeiros, inclusive os de propriedade de embaixada, poderiam

ser atuados por cometerem infração de trânsito.

Vejamos agora os dispositivos do CTB, que confirmam esse entendimento:

“Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a qualquer veículo, bem como

aos proprietários, condutores dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas

nele expressamente mencionadas.”

“Art. 118. A circulação de veículo no território nacional, independentemente de

sua origem, em trânsito entre o Brasil e os países com os quais exista acordo ou

tratado internacional, reger-se-á pelas disposições deste Código, pelas convenções

e acordos internacionais ratificados.”

“Art 282. § 2º A notificação a pessoal de missões diplomáticas, de repartições

consulares de carreira e de representações de organismos internacionais e de seus

integrantes será remetida ao Ministério das Relações Exteriores para as

providências cabíveis e cobrança dos valores, no caso de multa.”

Diante do exposto, fica fácil perceber que para todas as perguntas acima a

resposta é SIM!

Com isso, saiba que todo veículo que possua licença para transitar na via

pública está sujeito a fiscalização de trânsito.

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8.0 Classificações de veículos: CTB.

Neste tópico vamos trabalhar o artigo 96 do CTB, dando ênfase a sua

redação, e nos próximos itens vamos detalhar o que merecer destaque.

Art. 96. Os veículos classificam-se em:

I - quanto à tração:

a) automotor;

b) elétrico;

c) de propulsão humana;

d) de tração animal;

e) reboque ou semi-reboque;

II - quanto à espécie:

a) de passageiros:

1 - bicicleta;

2 - ciclomotor;

3 - motoneta;

4 - motocicleta;

5 - triciclo;

6 - quadriciclo;

7 - automóvel;

8 - microônibus;

9 - ônibus;

10 - bonde;

11 - reboque ou semi-reboque;

12 - charrete;

b) de carga:

1 - motoneta;

2 - motocicleta;

3 - triciclo;

4 - quadriciclo;

5 - caminhonete;

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6 - caminhão;

7 - reboque ou semi-reboque;

8 - carroça;

9 - carro-de-mão;

c) misto:

1 - camioneta;

2 - utilitário;

3 - outros;

d) de competição;

e) de tração:

1 - caminhão-trator;

2 - trator de rodas;

3 - trator de esteiras;

4 - trator misto;

f) especial;

g) de coleção;

III - quanto à categoria:

a) oficial;

b) de representação diplomática, de repartições consulares de carreira ou

organismos internacionais acreditados junto ao Governo brasileiro;

c) particular;

d) de aluguel;

e) de aprendizagem.

9.0 Classificação de veículos: quanto a tração.

O que essa classificação segregaria? Em que consiste essa classificação?

Bem, devemos entender como tração de um veículo tudo aquilo capaz de

fazer o veículo se mover.

Neste tópico, vamos observar que no CTB foram agrupados os veículos que

se deslocam por seus próprios meios (automotores); os que são tracionados por

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animais; os que têm propulsão humana e aqueles que não se deslocam por meios

próprios (reboque e semi-reboque), ou seja, não são tracionados.

As subclassificações deste item são: automotores, elétricos, reboque e

semireboque, tração animal e propulsão humana.

Vejamos abaixo cada uma dessas subclassificações:

9.1 Veículo automotor.

Todo veículo a motor de propulsão (gasolina, GNV, diesel, álcool, elétrico,

qualquer que seja o combustível) que circule por seus próprios meios e que serve,

normalmente, para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária

de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas.

O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não

circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).

Perceba que existem veículos elétricos que são automotores e existem

veículos elétricos que não são automotores, a depender se transitam ou não sobre

trilhos. Como exemplo pode-se citar o bonde, que é um veículo elétrico, pois

transita sobre trilhos e tem propulsão elétrico.

Outra menção importante a veículos automotores está no capítulo que trata

dos crimes de trânsito, mais especificamente em seus artigos 302 e 303 do CTB,

que se referem ao homicídio culposo e à lesão corporal culposa praticada na

direção de veículo automotor. Com isso, deve o candidato atentar-se para o fato

de que para o réu ou o indiciado responder com base no CTB, o crime deve ter

sido cometido na direção de veículo automotor. Portanto, quando cometidos na

direção dos demais veículos, deverá ser tipificado no art. 121, § 3° (homicídio

culposo) e no art. 129, § 6° (lesão corporal culposa), ambos do Código Penal.

Que fique claro que quem atropela pedestre em virtude de uma imprudência

praticada, pode responder tanto pelo CTB quanto pelo Código Penal (CP). Se o

crime ocorreu na direção de veículo automotor o condutor responde com

fundamento CTB, no entanto se o crime ocorreu na direção de uma bicicleta,

aplica-se o CP.

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9.2 Veículo elétrico.

Embora não haja no CTB uma definição expressa desses veículos, podemos

extrair do código algumas informações que são suficientes para isso. Sendo assim,

aqui temos os veículos que se deslocam por seus próprios meios e que transitam

sobre trilhos. Encontramos, por exemplo, no Anexo I, o bonde (veículo de

propulsão elétrica que se move sobre trilhos). Ainda quanto ao bonde, temos no

art. 96, II, a, 10, que somente existe na espécie passageiro.

De acordo com aos arts. 120, 130 e 140 do CTB, extraímos a informação de

que é possível que seja exigido registro e licenciamento de veículos elétricos, assim

como habilitação de seus condutores.

Não deve o leitor se perder nas informações acima, achando que todos os

veículos que transitam sobre trilhos estão sujeitos a tal disciplina, mas somente

aqueles que porventura transitarem em vias abertas a circulação.

Perceba que tanto o licenciamento quanto a habilitação são documentos

exigíveis nas vias, onde há a aplicação do CTB.

Por fim, gastando um pouco mais de energia, percebemos que aqueles

veículos que comumente chamamos de trem não são mencionados no CTB. Sendo

assim, diante dessa lacuna normativa, o que seria trem?

Poderíamos defini-lo de três formas:

1ª) veículos que transitam sobre trilhos, de propulsão elétrica e da espécie carga;

2ª) veículos que transitam sobre trilhos, de propulsão não elétrica, como àquelas

locomotivas a vapor por exemplo;

3ª) veículos de propulsão elétrica da espécie passageiro que se movem sobre

trilhos, porém que não transitam em vias terrestres abertas a circulação.

9.3 Reboque.

São veículos que não se deslocam por seus próprios meios, necessitando

sempre de um veículo automotor para tracioná-lo.

Este veículo é destinado a ser engatado atrás de um veículo automotor.

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CUIDADO: É muito comum as pessoas chamarem erroneamente o acessório

“engate” (aquela peça que fica atrás de alguns veículos) de “reboque”.

Esse equívoco também acontece quando pessoas denominam o “caminhão

guincho” (veículos destinados ao socorro mecânico de emergência nas vias abertas

à circulação pública) de reboque.

Por fim, perceba que reboque é um tipo de veículo, sempre tracionado, que

assim como os automotores e elétricos estão sujeitos a registro e licenciamento.

A combinação formada por reboque engatado a um veículo automotor

denomina-se veículo conjugado.

9.4 Semi-reboque.

São veículos que não se deslocam por seus próprios meios, necessitando

sempre de um veículo automotor para tracioná-lo.

Este veículo se apoia na sua unidade tratora ou é a ela ligado por meio de

articulação.

Note que aqui temos um reboque pela metade, ou seja, somente com rodas

traseiras e, sendo assim, para que esta unidade possa ser tracionada, ela

necessariamente deve se apoiar na unidade tratora, que é, em regra, um caminhão

trator.

Perceba que semi-reboque é veículo, sempre tracionado, que assim como os

automotores e elétricos estão sujeitos a registro e licenciamento.

A combinação formada por semi-reboque apoiado a um veiculo automotor

denomina-se veículo articulado.

9.5 Tração animal.

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São veículos que para se deslocarem têm sempre animais à sua frente, em

regra, cavalos, conforme nossas tradições. O CTB, contudo, referiu-se a animais

de uma forma genérica, não definindo quais seriam.

Cabe aqui ressaltar que existe a previsão neste Código que se regulamente

o registro, o licenciamento e a autorização para conduzir esses veículos a ser feita

pelo órgão executivo de trânsito do Município, após a elaboração de uma legislação

municipal, conforme os arts. 24, incisos XVII e XVIII e 129, ambos do CTB.

Há duas referências a esses veículos na legislação, a saber:

a) carroça: veículo de tração animal destinado ao transporte de carga.

b) charrete: veículo de tração animal destinado ao transporte de pessoas.

9.6 Propulsão humana.

São veículos que para se deslocarem sempre têm, na sua traseira ou sobre

eles, pessoas.

Cabe aqui ressaltar que existe a previsão no CTB que se regulamente o

registro, o licenciamento e a autorização para conduzir esses veículos a ser feita

pelo órgão executivo de trânsito do Município, após a elaboração de uma legislação

municipal, conforme os arts. 24, XVII e XVIII e 129, ambos do CTB.

Ainda quanto aos veículos de propulsão humana, no ANEXO I temos as

seguintes definições:

a) bicicleta – veículo de propulsão humana, dotado de duas rodas, não sendo, para

efeito do CTB, similar à motocicleta, motoneta e ciclomotor.

b) carro de mão – veículo de propulsão humana utilizado no transporte de

pequenas cargas.

c) ciclo – veículo de pelo menos duas rodas a propulsão humana.

10.0 Classificação de veículos: quanto a espécie.

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Esta classificação está diretamente relacionada com a carroçaria do veículo,

ou seja, se o veículo possui uma carroçaria para o transporte de passageiro,

devemos classificá-lo na espécie passageiro.

Devemos entender como carroçaria do veículo tudo aquilo que está sobre a

sua parte rígida denominada chassi.

As espécies de veículos dividem-se em: passageiro, carga, misto, coleção,

competição, tração e especial. Vejamos então cada uma delas:

10.1 Veículos de passageiro.

Veículos de passageiro são os destinados ao transporte de pessoas e suas

bagagens.

Perceba que bagagem é algo diferente de carga, uma vez que veículos

destinados a transportar pessoas e carga NÃO são veículos de passageiros, mas

sim mistos.

Embora não tenhamos na legislação de trânsito uma definição do que seria

bagagem, poderíamos, num primeiro momento, defini-la como os pertences

pessoais do condutor e passageiro.

Veja abaixo alguns tipos de veículos de passageiros encontrados no ANEXO

I do CTB:

a) automóvel: veículo automotor destinado ao transporte de passageiros com

capacidade para até oito pessoas, exclusive o condutor. De outra forma, pode

transportar até nove pessoas, sendo exigido, portanto, para o condutor,

habilitação na categoria “B”.

b) micro-ônibus: veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para

até vinte passageiros. Portanto, micro-ônibus é aquele veículo que transporta no

mínimo nove passageiros (excluído o condutor) e no máximo vinte – de 10 a 20

pessoas. Sendo exigido, portanto, para o condutor, habilitação na categoria “D”.

c) ônibus: veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para mais de

vinte passageiros, ainda que, em virtude de adaptações visando a maior

comodidade destes, transporte número menor, sendo exigido, portanto, para o

condutor, habilitação na categoria “D”.

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Diante do exposto podemos concluir que a expressão “ônibus leito” é

adequada, pois por vezes possuem menos de 20 lugares, mas possuem a estrutura

adequada para mais de 20 cadeiras.

CUIDADO: O CTB trata a expressão “passageiro” como sinônimo de “pessoas”,

sendo assim, se nada for mencionado, inclui-se nessa contagem o condutor.

10.2 Veículo de carga.

O veículo de carga é destinado ao transporte de carga podendo transportar

dois passageiros, exclusive o condutor.

Então veja que o veículo de carga, obviamente, transporta carga, mas

também pode transportar até 03 (três) pessoas no máximo. Veja abaixo alguns

tipos de veículos de carga encontrados no ANEXO I do CTB:

a) caminhonete: veículo destinado ao transporte de carga com peso bruto total de

até três mil e quinhentos quilogramas, sendo exigido, portanto, para o condutor,

a habilitação na categoria “B”.

b) caminhão: não temos uma definição expressa de caminhão no CTB, porém a

Resolução 290/2008 do CONTRAN nos dá a seguinte definição: “veículo automotor

destinado ao transporte de carga, com PBT acima de 3.500 quilogramas, podendo

tracionar ou arrastar outro veículo, desde que tenha capacidade máxima de tração

compatível”; sendo exigido, portanto, para o condutor, a habilitação na categoria

“C”.

LEMBRETE: PBT de um veículo retrata o peso máximo de um veículo vazio (tara)

acrescido de sua carga máxima (lotação).

c) motocicleta e assemelhados: Alguns veículos de duas rodas podem ser utilizados

para o transporte de carga, exceto o ciclomotor que é utilizado exclusivamente no

transporte de passageiros.

É importante ainda mencionar a definição de quadriciclo, conforme

Resolução 573/2015 do CONTRAN, a qual nos informa que:

I - o veículo automotor com estrutura mecânica similar às motocicletas, possuindo

eixo dianteiro e traseiro, dotado de quatro rodas, com massa em ordem de marcha

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não superior a 400kg, ou 550kg no caso do veículo destinado ao transporte de

cargas, excluída a massa das baterias no caso de veículos elétricos, cuja potência

máxima do motor não seja superior a 15kW.

II - o veículo automotor elétrico com cabine fechada, possuindo eixo di-anteiro e

traseiro, dotado de quatro rodas, com massa em ordem de mar-cha não superior

a 400kg, ou 550kg no caso do veículo destinado ao transporte de cargas, excluída

a massa das baterias, cuja potência máxima do motor não seja superior a 15kW.

O condutor e o passageiro devem utilizar capacete de segurança, com viseira

ou óculos protetores, em acordo com a legislação vigente aplicável às motocicletas,

para os veículos com estrutura mecânica similar às motocicletas e a Carteira

Nacional de Habilitação do condutor será do tipo B, sendo proibido transitar com

esses veículos nas rodovias.

10.3 Veículo misto.

É o veículo automotor destinado ao transporte simultâneo de carga e

passageiro. É relevante ressaltar que ele transporta três passageiros, no mínimo,

mais o condutor. Caso transportasse até dois passageiros, excluído o condutor se

enquadraria na espécie carga.

Veja abaixo alguns tipos de veículos misto encontrados no ANEXO I do CTB:

a) camioneta: veículo misto destinado ao transporte de passageiros e carga no

mesmo compartimento, conforme o Anexo I do CTB.

b) utilitário: veículo misto caracterizado pela versatilidade do seu uso, inclusive

fora de estrada.

10.4 Veículo de Coleção.

Veículo de coleção é aquele que, mesmo tendo sido fabricado há mais de 30

anos, conserva suas características originais de fabricação e possui valor histórico

próprio. Perceba que um veículo não sai de fábrica na espécie coleção, uma vez

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que é uma deliberação do proprietário do veículo registrálo nessa espécie, devendo

este, no entanto, atender a certos requisitos estabelecidos pelo CONTRAN em sua

Resolução 56/1998 (alterada pela Resolução 127/2001).

O primeiro passo a ser dado pelo proprietário é providenciar a expedição de

um certificado de originalidade, atestando que o veículo cumpre todos os requisitos

para registrá-lo na nova espécie. Esse certificado de originalidade deverá ser

emitido por uma pessoa jurídica credenciada pelo DENATRAN. Sendo assim, as

condições necessárias para registrar um veículo como de coleção será:

a) ter sido fabricado há mais de 30 anos;

b) conservar suas características originais de fabricação;

c) integrar uma coleção;

d) apresentar certificado de originalidade.

O Certificado de Originalidade de que trata a letra “d” acima atestará as

condições estabelecidas nas letras “a”, “b” e “c”, e será expedido por entidade

credenciada e reconhecida pelo DENATRAN, de acordo com o modelo estabelecido

no anexo da referido resolução, sendo o documento necessário para o registro.

A entidade apta a emitir o certificado de originalidade será pessoa jurídica,

sem fins lucrativos, e instituída para a promoção da conservação de automóveis

antigos e para a divulgação dessa atividade cultural, de comprovada atuação nesse

setor, respondendo pela legitimidade do Certificado que expedir.

As perguntas que sempre surgem ao final da abordagem do tema são as

seguintes:

1) Quais as vantagens para o proprietário do veículo registrado na espécie coleção?

O disposto nos arts. 104 e 105 do Código de Trânsito Brasileiro não se aplicam aos

veículos de coleção, ou seja, não precisam atender às mudanças na legislação, no

que se refere a equipamentos obrigatórios, poluentes e ruído.

2) Além da mudança no “campo espécie” do documento (CRV e CRLV), há alguma

mudança na parte externa do veículo?

Os veículos de coleção serão identificados por placas dianteira e traseira, neles

afixadas, de acordo com os procedimentos técnicos e operacionais estabelecidos

pela Resolução 231/2007 – CONTRAN, com as cores das placas em fundo preto e

caracteres cinza.

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10.5 Veículo de competição.

Para que tenhamos um veículo registrado na espécie competição, é

necessária uma manifestação de seu proprietário no sentido de solicitar ao

DETRAN uma autorização prévia quando do registro do veículo.

O CONTRAN, no anexo da sua Resolução 319/2009, posicionou- se no

sentido de que veículos automotores, inclusive motocicletas, motonetas e

ciclomotores, poderão ser registrados na espécie competição.

Já na Resolução 291/2008 temos o seguinte comentário: “as espécies

‘competição’ e ‘coleção’ devem ser registradas com o ‘tipo’ e ‘carroçarias’ originais

do veículo”.

Enfim, com o exposto, podemos concluir que dois passos são necessários a

fim de registrar um veículo na espécie competição. Um deles seria a vontade do

proprietário, e o segundo seria este se posicionar no sentido de solicitar uma

autorização prévia no DETRAN quando do registro do veículo, para que seja

providenciado o novo registro na espécie competição.

Ainda quanto aos veículos de competição, existem dois modelos que devido

à transformação sofrida não poderão transitar na via, a saber: aqueles que

sofreram alterações para ficarem mais potentes e aqueles que foram construídos

exclusivamente para competir (protótipos).

Ou seja, no primeiro caso, o veículo que tiver alterada qualquer uma de suas

características para competição ou finalidade análoga só poderá circular nas vias

públicas com licença especial da autoridade de trânsito, em itinerário e horário

fixados, conforme o art. 110 do CTB. No segundo caso, estão expressos os veículos

protótipos de competição, aqueles que foram fabricados exclusivamente para esta

finalidade e que não necessitam ser diferenciados dos demais por quem o fabrica,

ou seja, não possuem os elementos de identificação veicular, VIN e VIS, conforme

a Resolução 24/1998 do CONTRAN.

10.6 Tração.

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Quanto aos tipos de veículos da espécie tração, o CTB se refere ao caminhão-

trator, trator de rodas, trator de esteira e trator misto. Podemos defini-los da

seguinte forma:

a) caminhão-trator: veículo automotor destinado a tracionar ou arrastar outro

veículo, conforme ANEXO I do CTB. Ainda quanto a caminhões-tratores, estes são

citados na Resolução 152/2003 do CONTRAN. Esta Resolução estabelece os

requisitos técnicos de fabricação e instalação de pára-choque traseiro para veículos

de carga. Lá encontramos o caminhão-trator como exceção, ou seja, os

caminhões-tratores não precisam ter seus pára-choques com faixas refletivas e

rebaixados como os demais veículos citados nesta resolução.

Ainda quanto à citação de caminhões tratores na legislação de trânsito,

estes, por força da Resolução 290/2008 do CONTRAN, deverão possuir plaqueta

de identificação da capacidade em um dos seguintes locais:

- Na coluna de qualquer porta, junto às dobradiças, ou no lado da fechadura.

- Na borda de qualquer porta.

- Na parte inferior do assento, voltada para porta.

- Na superfície interna de qualquer porta.

- No painel de instrumentos.

b) trator: veículo automotor construído para realizar trabalhos agrícolas, de

construção e pavimentação e para tracionar outros veículos e equipamentos.

Quanto aos tipos possíveis, cabem alguns comentários, a fim de melhorar a

compreensão do candidato, pois a legislação se refere aos tratores de roda como

aqueles que possuem rodas (pneumáticos); aos tratores de esteira como aqueles

que nos lembram os tanques de guerra; e aos tratores mistos como aqueles que

possuem esteiras e pneus.

Esses veículos, em regra, não transitam em via pública, não estão sujeitos

à identificação colocada pelo fabricante para diferenciá-los (VIN e VIS), porém,

para transitarem na via, devem estar registrados, licenciados e possuir numeração

especial. Além disso, seus condutores devem possuir, pelo menos, a habilitação

na categoria “C”.

10.7 Veículo especial.

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A espécie especial é, na verdade, uma classificação subsidiária, ou seja, foi

criada para qualificar os veículos que não se enquadram nas outras espécies

citadas acima. Com isso, o veículo “especial” seria aquele que não pertence às

categorias passageiro, carga, misto, competição, tração ou coleção. Perceba que

o legislador optou por não deixar veículo sem classificação quanto à espécie, sendo

assim, o veículo que não se enquadra em nenhuma espécie (passageiro, carga,

misto, competição, tração ou coleção) será classificado como especial.

Na Resolução 291/2008 do CONTRAN, que dispõe sobre a concessão de

código de marca/modelo/versão para veículos, observamos que o que torna um

veículo especial é a sua carroçaria. Podemos exemplificar da seguinte forma: se

sobre um caminhão (plataforma) for montado um trio elétrico, teremos um veículo

TIPO: caminhão, ESPÉCIE: especial, CARROÇARIA: trio elétrico. Outro exemplo

seria o automóvel que se transformou em ambulância ou veículo de funeral, aí,

teríamos: veículo TIPO: automóvel, ESPÉCIE: especial e CARROÇARIA:

ambulância ou funeral.

Há, no Anexo I do CTB, dois veículos da espécie especial, conforme o Anexo

I da Resolução 291/2008. Vejamos suas definições:

a) trailer: reboque ou semi-reboque tipo casa, com duas, quatro, ou seis rodas,

acoplado ou adaptado à traseira de automóvel ou camionete, em geral utilizado

como alojamento em atividades turísticas ou para atividades comerciais.

b) motor-casa (motor-home): veículo automotor, cuja carroçaria é fechada e

destinada a alojamento, escritório, comércio ou finalidades análogas.

Embora o trailer se pareça muitíssimo com o motor-casa, estes não se confundem,

pois o primeiro não possui motor, é sempre tracionado, o que não acontece com

o segundo.

11.0 Classificação de veículos: quanto a categoria.

Classificar um veículo quanto à categoria seria mostrar a que se destina

determinado veículo ou a que finalidade se presta.

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Poderíamos também definir a categoria como a destinação dada ao veículo

em caráter de permanência, uma vez que essa informação vem consignada num

documento definitivo chamado CRV (Certificado de Registro de Veículo). Como

aplicação do exposto, poderíamos exemplificar usando o art. 154 do CTB, que faz

menção aos veículos destinados a aprendizagem – um em caráter permanente e

outro em caráter provisório. Sem maiores explicações, poderíamos concluir que

somente aquele utilizado em caráter permanente será da categoria aprendizagem,

mas a eventualidade da aprendizagem (caráter provisório) não tem o condão de

mudar a categoria anterior do veículo.

As categorias de veículos previstas no CTB são: oficial; de representação

diplomática, de repartições consulares de carreira ou organismos internacionais

acreditados junto ao governo brasileiro; particular; de aluguel; de aprendizagem.

Cada categoria de veículo apresenta placa de uma cor, no entanto, lembrese

de que ao mudar de categoria um veículo somente muda a cor da placa,

permanecendo os mesmos caracteres até sua baixa.

12.0 Veículos de emergência e veículos prestadores de serviços de

utilidade pública.

O CTB menciona em alguns de seus dispositivos os veículos de emergência

e os prestadores de serviços de utilidade pública, sem, contudo, conceituálos –

razão pela qual nos socorremos da Resolução 268/2008 do CONTRAN, que trata

especificamente do tema. Vamos analisar cada um desses veículos:

12.1 Veículos de emergência.

Há duas menções na legislação de trânsito sobre quais veículos seriam de

emergência, uma no art. 29, VII, do CTB, e outra na Resolução 268/2008 do

CONTRAN. Então vamos enumerar quais são os veículos de emergência previstos

e, em seguida, quais são suas prerrogativas legais para transitar.

12.1.1 Veículos de emergência previstos.

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São previstos como veículos de emergência:

a) os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento,

b) os de polícia,

c) os de fiscalização e operação de trânsito e

d) as ambulâncias,

e) e também os de salvamento difuso “destinados a serviços de emergência

decorrentes de acidentes ambientais”.

12.1.2 Elemento de identificação.

Somente os veículos mencionados no inciso VII, do art. 29, do Código de

Trânsito Brasileiro (alíneas a, b, c, d, acima), poderão utilizar luz vermelha

intermitente e dispositivo de alarme sonoro. Embora os tipos de veículos de

emergência sejam os enumerados acima, o art. 1° da Resolução 268/2008 do

CONTRAN exclui da possibilidade de utilizar luz vermelha intermitente os veículos

destinados a serviços de emergência decorrentes de acidentes ambientais, uma

vez que não estão presentes no art. 29, VII, do CTB.

12.1.3 Prerrogativas na condução.

Os veículos de emergência somente poderão acionar o sistema de iluminação

vermelha intermitente e alarme sonoro quando em efetiva prestação de serviço de

urgência. Entende-se por prestação de serviço de urgência os deslocamentos

realizados pelos veículos de emergência, em circunstâncias que necessitem de

brevidade para o atendimento, sem a qual haverá grande prejuízo à incolumidade

pública.

A condução dos veículos de emergência se dará sob circunstâncias que

permitam o uso das prerrogativas de prioridade de trânsito e de livre circulação,

estacionamento e parada, para que tenha êxito na brevidade do atendimento.

12.2 Veículos prestadores de serviços de utilidade pública.

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Temos duas menções na legislação de trânsito sobre quais veículos seriam

prestadores de serviço de utilidade pública, uma no art. 29, VIII, do CTB, e outra

na Resolução 268/2008 do CONTRAN. Então vamos enumerar quais são os veículos

prestadores de serviços de utilidade pública previstos e, em seguida, quais são

suas prerrogativas legais para transitar.

12.2.1 Veículos prestadores de serviço de utilidade pública.

Devemos entender serviços de utilidade pública como aqueles destinados a

atender a interesses de sujeitos indeterminados, prestando serviços públicos ou

de interesse coletivo ou geral. Esses serviços foram enumerados pelo CONTRAN,

conforme os itens abaixo:

a) os destinados à manutenção e reparo de redes de energia elétrica, de água e

esgotos, de gás combustível canalizado e de comunicações;

b) os que se destinam à conservação, manutenção e sinalização viária, quando a

serviço de órgão executivo de trânsito ou executivo rodoviário;

c) os destinados ao socorro mecânico de emergência nas vias abertas à circulação

pública;

d) os veículos especiais destinados ao transporte de valores;

e) os veículos destinados ao serviço de escolta, quando registrados em órgão

rodoviário para tal finalidade;

f) os veículos especiais destinados ao recolhimento de lixo a serviço da

Administração Pública.

12.2.2 Elemento de identificação.

Identificam-se pela instalação de dispositivo, não removível, de iluminação

intermitente ou rotativa, e somente com luz amarelo-âmbar.

12.2.3 Prerrogativas no trânsito.

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Os veículos prestadores de serviço de utilidade pública gozarão de livre

parada e estacionamento, independentemente de proibições ou restrições

estabelecidas na legislação de trânsito ou através de sinalização regulamentar,

quando se encontrarem:

I – em efetiva operação no local de prestação dos serviços a que se destinarem;

II – devidamente identificados pela energização ou acionamento do dispositivo

luminoso e utilizando dispositivo de sinalização auxiliar que permita aos outros

usuários da via enxergar em tempo hábil o veículo prestador de serviço de utilidade

pública.