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Classificação de Navios Nunca houve uma sociedade tão dependente das trocas comerciais como aquela em que vivemos hoje. Consumimos de tudo, e tudo vem de vários sítios diferentes. De todo o lado, aliás. Nos dias de hoje, é costume ver grandes navios que trazem dos países pobres matéria-prima e, na viagem de regresso, levam o produto final. Surge, então, um problema: como transportar grandes quantidades de carga, de um ponto a outro, mantendo o seu baixo custo e de maneira rápida? A resposta a esta questão reside na superfície dos Mares do Mundo, detentores de cerca de 70% da superfície terrestre, e nos grandes navios mercantes que a atravessam. Desde tempos longínquos que o Homem se apercebeu das potencialidades do mar. Os primeiros navios, no verdadeiro sentido da palavra, datam de 5 000 a.C. e em 2 000 a.C. surgiu a galera, um tipo de navio que ajudaria civilizações a dominar o Mediterrâneo. Apesar de serem navios à vela ou de remos, grandes feitos foram conseguidos com estes navios primitivos. As coggas, navios construídos no Norte Europeu, conseguiram atravessar o Atlântico Norte, cruzar mares gelados e chegaram inclusivamente ao Mediterrâneo [convém lembrar tratar-se do centro do comércio mundial à data]. Houve, durante séculos, uma evolução destes navios, traduzida numa enorme variedade de desenhos, tamanhos e fins. Contudo, uma época na História Humana ficaria marcada, entre outras coisas, por não ter trazido grandes desenvolvimentos ao mundo náutico: a Idade Média. Durante este período de aproximadamente 1 000 anos, poucas e pequenas evoluções houve, tais como o advento do cesto de gávea [séc. XIII] ou os castelos de proa e popa, ambos os exemplos desenvolvidos no decorrer do esforço militar. Já os séculos posteriores trouxeram grandes avanços. O século XV marcou o desenvolvimento dos navios de três e quatro mastros e o considerável aumento

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Classificao de NaviosNunca houve uma sociedade to dependente das trocas comerciais como aquela em que vivemos hoje. Consumimos de tudo, e tudo vem de vrios stios diferentes. De todo o lado, alis. Nos dias de hoje, costume ver grandes navios que trazem dos pases pobres matria-prima e, na viagem de regresso, levam o produto final.Surge, ento, um problema: como transportar grandes quantidades de carga, de um ponto a outro, mantendo o seu baixo custo ede maneira rpida? A resposta a esta questo reside na superfcie dos Maresdo Mundo, detentores de cerca de 70% da superfcie terrestre, e nos grandesnavios mercantes que a atravessam.Desde tempos longnquos que o Homem se apercebeu das potencialidades do mar. Os primeiros navios, no verdadeiro sentido da palavra, datam de 5 000 a.C. e em 2 000 a.C. surgiu agalera, um tipo de navio que ajudaria civilizaes a dominar o Mediterrneo.Apesar de serem navios vela ou de remos, grandes feitos foram conseguidos com estes navios primitivos. Ascoggas, navios construdos no Norte Europeu, conseguiram atravessar o Atlntico Norte, cruzar mares gelados e chegaram inclusivamente ao Mediterrneo [convm lembrar tratar-se do centro do comrcio mundial data]. Houve, durante sculos, uma evoluo destes navios, traduzida numa enorme variedade de desenhos, tamanhos e fins. Contudo, uma poca na Histria Humana ficaria marcada, entre outras coisas, por no ter trazido grandes desenvolvimentos ao mundo nutico: a Idade Mdia. Durante este perodo de aproximadamente 1 000 anos, poucas e pequenas evolues houve, tais como o advento do cesto de gvea [sc. XIII] ou os castelos de proa e popa, ambos os exemplos desenvolvidos no decorrer do esforo militar.J os sculos posteriores trouxeram grandes avanos. O sculo XV marcou o desenvolvimento dos navios de trs e quatro mastros e o considervel aumento das dimenses dos castelos. Os sculos XVIII e XIX do ao veleiro as formas perfeitas e mastros maiores, com maior superfcie de vela. Nesta altura, constroem-se navios de madeira com mais de 2 000 TAB e velocidades considerveis. Marcam, tambm, o aparecimento dosClippers, navios muito velozes desenvolvidos para o transporte do ch da China para a Europa em trs meses. O mais famoso destes navios oCutty Sark, lanado gua a 22 de Novembro de 1869, o nicoClipperdo ch ainda existente, preservado no Passeio do Rei William, em Greenwich, Londres, Inglaterra, junto ao Rio Tamisa. [Para mais informaes, visite:http://www.cuttysark.org.uk/index.cfm]Simultaneamente ao aparecimento dosClippers, desenvolvem-se tambm os primeiros navios de ao, mais leves, fortes e durveis em comparao com a madeira, e tambm os primeiros navios com propulso mecnica. O modo que o Homem viu de utilizar a fora de uma mquina para propulsionar uma embarcao foi atravs de rodas de ps, uma adaptao do remo, o nico meio de propulso, alm da vela, que conhecia at ento. Contudo, James Watt, na segunda metade do sculo XVIII [cerca de 1775], desenvolveu o primeiro prottipo de um hlice, adaptado do parafuso de Arquimedes, para propulsionar o seu navio "Arquimedes", que conseguia atingir velocidades de 7.5 ns com um motor de 80 cavalos. Foi, tambm, desenvolvido tendo em vista um prottipo de um submarino, algo que j estava em desenvolvimento na altura, uma vez que as rodas de ps eram completamente ineficientes nesta situao. No entanto, deve-se a F. R. Smith e a J. Ericsson a divulgao e promoo do hlice como meio de propulso. Na imagem ao lado, podemos ver o navioBATILLUSdurante a sua construo, nos estaleiros de Saint NazaireChantiers de l'Atlantiquee os seus enormes hlices.Desde a inveno do hlice e do motor a vapor at aos dias de hoje foi um salto, e criao de novos navios especializados um piscar de olhos.Surge, ento, a necessidade de classificar os navios. Citando o Almirante Rogrio S. d'Oliveira, antigo professor de arquitectura naval na Escola Naval e actual presidente da Academia de Marinha, "classificar os navios de modo racional e ao mesmo tempo com sentido prtico, seria tarefa ingente que esbarraria com a maior controvrsia. , todavia, costume agruparem-se os navios em categorias um tanto ou quanto convencionais, conforme os aspectos que se consideram."Assim, e visando nica e exclusivamente uma classificao dos navios mercantes e as funes desempenhadas, podemos agrupar praticamente qualquer embarcao numa das seguintes categorias:Navios de transporte:- Navios de carga geral;- Navios frigorficos;- Navios graneleiros;- Navios mineraleiros [caso particular do navio graneleiro];- Navios de passageiros;- Navios porta-contentores;-Navios roll on roll off;- Navios tanque [caso particular do navio graneleiro].

Navios de pesca:- Pesca de arrasto;- Navios atuneiros;- Navios lagosteiros;- Pesca de linha;- Etc...Navios auxiliares:- Bateles;- Lanchas de pilotos;- Navios draga;- Navios farois;- Navios FPSO;- Navios FSO;- Navios quebra-gelos;- Rebocadores, entre outros...[De notar que podemos agrupar as embarcaes segundo parmetros diferentes, tais como carga transportada [aquele que este artigo aborda], forma do casco, tipo de propulso, etc...]

Mas... o que onavio mercante?O navio mercante toda e qualquer embarcao que desempenhe uma actividade comercial, quer seja de transporte martimo, quer de pesca ou ainda de prestao de servios martimos ou porturios.

Expliquemos, ento, em que consistem alguns dos navios enunciados em cima, excepo feita aos navios de pesca.Navios de TransporteNavio de carga geral um navio com capacidade de transportar carga de diversa natureza, podendo ter, para o efeito, instalaes frigorficas, tanques para lquidos, compartimentos para carga a granel, etc.

Navio frigorfico uma embarcao apta a transportar mercadoria perecvel que necessite de refrigerao. , na generalidade dos casos, um navio porta-contentores que possui tomadas elctricas para todas as suas slots, tomadas essas utilizadas pelos contentores refrigerados para manter uma temperatura apropriada.Devido necessidade de fornecer energia elctrica a todos os contentores a bordo, o consumo de combustvel substancialmente superior ao de um navio porta-contentores.

Na imagem em cima, o navioCHIQUITA ROSTOCKem Setbal.Navio graneleiro

Toda e qualquer embarcao concebida para o transporte de mercadoria a granel em pores prprios para o efeito. Sogeralmente navios de grandes dimenses, sendo muito comuns navios graneleiros com capcidade para mais de 200.000 tonaladas de carga. Na imagem ao lado podemos ver o navioBERGE NORD, de300 metros de comprimento e capacidade para 218.283 toneladas de carga.Uma vez que a mercadoria a granel pode ter vrias naturezas, e uma vez que existem navios especializados no transporte de algumas dessas mercadorias, quando nos referimos a "um graneleiro", falamos de um graneleiro que transporta carga seca a granel. Em Lisboa costume verem-se navios graneleiros at 120.000 TAB, carregados com cereais para os silos da Trafaria ou do Beato, como o navioNYON, esquerda, de 39 .161 TAB, carregado de cereais para os silos do Beato.

Navio mineraleiro

Alm dos simples graneleiros referidos atrs, existem navios mineraleiors [ou como so conhecidos,Ore ships], especializados no transporte de mercadoria pesada a granel e os navios mistos, ouOBO Ships[sigla do ingls "Oil Bulk Ore"], preparados para transportar tanto hidrocarbonetos como carga seca a granel ou minrios, obviamente, no simultaneamente.

Navio de passageirosComo o nome indica, e por ser aquele que certamente todos conhecem partida de algum modo, uma embarcao preparada para o transporte de pessoas. Segundo a Legislao Portuguesa, uma embarcao que transporte comercialmente mais de 12 pessoas considerada embarcao de passageiros.Um navio de passageiros pode ter vrias formas e tamanhos.Os navios de cruzeiros dos dias de hoje descendem dos antigos transatlnticos de linha, navios que cruzavam regularmente as margens do Oceano Atlntico carregando imigrantes, refugiados ou simplesmente quem quisesse ir de uma margem outra, sendo que a via martima era o nico meio do o fazer. Com o advento do avio, os navios transatlnticos viram-se forados a converterem-se, gradualmente, em navios de cruzeiro.

Nos dias de hoje, assistimos a umboomno crescimento dos paquetes, grandes navios que transportam passageiros endinheirados num cruzeiro por locais paradisacos, prestando um servio de luxo onde tudo pensado tendo em vista o cliente. So estruturas enormes que no tm como objectivo transportar o maior nmero de pessoas mas proporcionar aos 2, 3 ou 4 milhares de passageiros a bordo [conforme o tamanho da embarcao] a maior diverso possvel. Para isso, esto equipados com diversas piscinas, cinemas, lojas livres de impostos, bares, restaurantes,spas, ginsios, teatros, etc. Alm disso, esto equipados com sistemas de controlo que reduzem ao mnimos as vibraes provocadas pelos motores e a agitao provocada pelo oceano, por exemplo. Nos navios mais modernos, comum encontrar azipods em vez do comum hlice e leme. Isto tem diversas vantagens, sendo a maior delas a desnecessidade de leme e consequente maior manobralidade.Existem tambm navios feitos apenas para cruzarem as margens de um rio. Como exemplo, temos os muitos cacilheiros e catamars em Lisboa e uns outros um pouco por todo o pas [Setbal, Olho, etc...]. Aqui, o conforto no o mais importante, mas sim a rapidez na entrada, na viagem, e na sada. Muitas vezes, enexistncia de um modo rodovirio para cruzar as margens de um rio ou de um mar, existem navios apropriados para o transporte simultaneo de pessoas e automveis. Nesse caso, esses navios transformam-se em ferrys, ou navios Ro-Ro, conforme o tamanho e a sua funo principal [ver em baixo a definio deNavio roll on roll off].

Navios porta-contentoresSo certamente o futuro da marinha mercante e os actuais senhores do mar. Vemo-los um pouco por todo o lado, de todos os tamanhos. So caracterizados por poderem transportar carga contentorizada, tendo, para o efeito, clulas guias nos seus pores e sistemas de ancoragem prprios para acomodar carga acima destes. Na imagm ao lado, podemos ver um porta-contentores mdio [com capacidade para 1.512 TEU],CMA CGM HUDSON,fretado pela companhia franesaCMA CGM. Existem j diversos navios com capacidade para 9.000 TEU e encontram-se poucos com capacidade para 13.000 TEU em construo. Um deles, o novoEMMAMRSK, cuja capacidade em TEU's de 13.460, para mover as suas muitas toneladas, ser propulsionado por um motor Sulzer de 14 cilindros com uma potncia de 120.000 BHP, aproximadamente 88.235 kW [para mais informaes, veja "O maior hlice do mundo ser instalado numMrsk" e "Novos pormenores do EMMAMRSK"]. Convm referir que nestes navios podemos fazer meno sua capacidade de carga de duas maneiras: atravs do seu porte mximo e atravs da capacidade mxima de TEU. Poucos so os casos em que um navio consegue ser carregado com a quantidade mxima de TEU possveis, uma vez que antes que tal aconteca atinge o seu porte mximo.Trata-se de um navio especializado, no transporte de uma certa carga: o contentor. Pode-se afirmar com toda a segurana que o contentor o instrumento perfeito no transporte de carga, pois aquele que reduz ao mnimo a sua manipulao durante o transporte. Ao contrrio dos outros tipos de transporte especializado [Ro-Ro, granel, tanque, etc...], onde o objecto de transporte a mercadoria em si, neste o contentor. Alm disto, o contentor permite uma maior interligao com os outros meios de transporte e, por tal, um transporte praticamenteporta-a-porta, uma vez que as suas dimenses so tais que se ajusta na perfeio tanto em navios, como camies como em vages de comboio. Ao chegar a porto, o contentor descarregado para camio ou comboio, e est pronto a partir. No caso da mercadoria a granel, tal simplesmente no possvel. Na imagem ao lado, pode ver-se o navioHMS PORTUGAL, um pequeno porta-contentores que escala frequentemente Lisboa.Contudo, o advento do contentor [ver caixa], e o consequente desenvolvimento do porta-contentor, obrigou as Administraes de Portos a criarem instalaes prprias para o manuseamento de tais cargas, a alterar as suas infra estruturas.A caixa que revolucionou o mundo

Foi a 26 de Abril de 1956 que o navioIDEAL-X, daSea-Land, se tornou na primeira embarcao porta-contentores ao rumar de Port Newark para o Texas com 58 atrelados.A ideia do transporte contentorizado surgiu quando Malcom McLean, proprietrio e operador de camies, esperava que descarregassem algodo dos seus camies para um navio, algures nos anos '30 do sculo XX. Concluiu que, com umas pequenas modificaes, todo o camio poderia ser transferido muito mais eficiente e rapidamente. Anos mais tarde, fundou a j referida Sea-Land.

Hoje, um invlucro metlico de 6.1 metros ou 12.2 metros de comprimento [contentores standard] passivel de ser transportado tanto por navio, como por comboio ou camio, ao invs de todo o camio como originalmente. Em 2005, cerca de 18 milhes de contentores efectuaram cerca de 200 milhes de viagens.

Este invento criou um grande rebolio, sobretudo no seio dos estivadores. Estes tiveram a certeza que os seus postos de trabalho estavam em risco, e muitos deles trataram de negociar a sua subsistncia futura, lutando como puderam, fazendo greves e protestos.

Como esperado, o contentor apareceu e reinou sobre o antigo sistema de carga e descarga, baseado no trabalho braal dos estivadores, sobretudo devido sua rapidez e baixo custo. Dentro de um contentor podemos transportar praticamente o que for, sejam alimentos que necessitem de refrigerao [j que existem contentores frigorficos e alguns porta-contentores preparados para os receber, chamados "navios frigorficos"] ou materiais j trabalhados, como electrodomsticos, mveis, livros, mquinas...

Navio roll on roll off um navio preparado para o transporte de automveis. Possui convses amplos para acomodar diversas viaturas e rampas de acesso para estas entrarem por si mesmas [da o seu nomeroll on roll off]. Uma vez que o porte destes navios no interessa em termos do transporte automvel, usa-se a rea dos convs como medida da sua capacidade de carga. Na imagem ao lado, podemos ver o navioREPUBBLICA DI ROMA, da Grimaldi Group, em Lisboa, que est, tambm, preparado para o transporte de contentores.Algus destes navios tm instalaes propulsoras a turbina de gs, turbinas essas cujo princpio de funcionamento igual ao das usadas nos avies. De facto, em alguns casos, aps o seu uso aeronutico e por j no satisfazerem os requesitos de segurana area, so vendidas para equipar tais instalaes, uma vez que os nveis de segurana de um motor jacto num avio tero que ser em muito superiores queles necessrios num navio. Este tipo de instalao acerreta vantagens e desvantagens, sendo as primeiras a economia de espao e grande potncia fornecida por essas turbinas; as segundas so o grande consumo de combustvel e a necessidade de carretos redutores acoplados, para resuzir as RPM [no esquecer que as turbinas funcionam a grandes RPM e que o hlice no pode cavitar].Muitas destas embarcaes fazem ligaes regulares entre continentes [Europa - frica, por exemplo], sendo que tm a bordo acomodaes para passageiros. Como exemplo, temos o navioLA SURPRISE, que, de 10 em 10 dias, escala os portos de Setbal, onde desembarca e embarca diversos automveis, Casablanca e posteriormente Vigo.

Navio tanque um navio graneleiro construdo para o transporte de lquidos, sejam eles petrleo e derivados, gs liquefeito, gua, vinho...No mundo, os maiores navios tanques so, sem qualquer sombra de dvida os navios petroleiros, transportadores de crude desde as ramas at costa, onde ser processado. Tiveram o seu auge na dcada de 1970, onde milhares de navios foram construdos,muitos deles com porte superior a 500.000 TAB [o equivalente a 1.415.842,3296 quilolitros de crude] e um comprimento superior a 400 metros. Nas duas imagens ao lado, podemos ver os naviosBANKIMCHANDRA CHATTERJEE, com capacidade para 45.134 toneladas de crude, a entrar no Porto de Lisboa pela Barra Sul, esquerda, e o maior navio do mundo, oJAHRE VIKING[entretanto renomeadoKNOCK NEVISe transformado numa FSO, ainda no activo], de 458 metros de comprimento e capacidade para 564.761 toneladas de crude, nos estaleiros Kepel, onde foi reconstruido, direita. Ambos os navios so petroleiros. Convm referir que este ltimo navio era to grande [e os demais ULCC] que no entrava em muitos dos portos mundiais. Descarregava a sua carga para outros navios menores, ao largo. Assim, raramente via terra.No to grandes como os petroleiros, temos os navios para brancos, assim chamados por transportar refinados de petrleo. Podem transportar tanto gasleos, como gasolinas, como Gases Natural ou de Petrleo Liquefeitos [tendo, neste caso a designao LNG ou LPG, respectivamente]. Nestes dois ltimos casos, devido s enormes presses e/ou temperaturas negativas [aproximadamente -60 C] a que essas substncias necessitam ser transportadas para se manterem no esto lquido, os navios tm tanques com formas especiais, esfricas na sua generalidade, uma vez tratar-se da forma geomtrica tridimensional mais resistente conhecida pelo Homem.Encontra-se em franco desenvolvimento os navios de Gs Natural Comprimido [CNG], que transportaro o Gs Natural temperatura quase ambiente e a elevadas presses. Comparativamente aos LNG, que transportam o Gs presso quase ambiente e a temperaturas muito baixas, tm a vantagem de as instalaes de recepo em terra requerem equipamentos mais simples e baratos que para o gs liquefeito. O primeiro navio CNG foi h pouco tempo aprovado, sendo que a sua construo ir comaar dentro em breve.JAHRE VIKING,o derradeiro senhor dos mares

O navio tanqueJAHRE VIKING o maior objecto mvel do mundo alguma vez construido.Foi construido em 1976 nos estaleirosSumitomo, Japo, por encomenda de um armador grego que se recusou, quando pronto,a receb-lo devido a defeitos de construo, tendo processado, sem sucesso, o estaleiro. O navioSEAWISE GIANTacabou por ser, ento, vendido a chineses.Tung Chao Yung, o comprador, mndou aument-lo em vrios metros, dando-lhe umpontal de 30 metros, 485,46 metros de comprimento e, quando completamente carregado, um calado de 24,6 metros, que o impossibilitam de navegar, por exemplo, no Canal da Mancha,capacidade paratransportar 564.761 toneladas de crude em pores com capacidade para 236.710 TAB.Tornou-se, assim, no maior obejecto mveldo mundo.Foi utilizado inicialmente como navio de transporte entre o mdio-oriente e os E.U.A, mas em 1986 foi utilizado como navio de arazenamento no Estreito de Hormuz. A, em 1988, foi atacado e destrudo por caas da fora area iraquiana durante a guerra Iro - Iraque. Posteriormente, em 1989, os seus destroos foram rebocados para os estaleirosKepelde Singapura e, em 1990, aps um investimento de 60 milhes de dlares,3.200 toneladas de ao emais de 32 quilmetros de tubagensfoi posto de novo a flutuar com o nomeHAPPY GIANT. Contudo, antes da reparao estar concluida, os estaleirosKepelforam vendidos ao grupoJrgen Jahre, e, ento, o navio foi mais uma vez renomeado, paraJAHRE VIKING, o nome com que ficaria mais famoso.Finalmente, em Maro de 2004, foi reconvertido numa FSO nos estaleirosDubai Drydocks, renomeadoKnock Nevise opera agora permanentemente nas guas do Quatar, Golfo da Arbia, propriedade daFred OlsenProduction,subsidiria daFirst Olsen Tankers.

Navios Auxiliares

Um navio auxiliar todo aquele utilizado para manter a integridade e assegurar a segurana de um navio mercante, seja de transporte ou de pesca.BatelesTrata-se de uma embarcao robusta de fundo chato, rebocada, com um nmero infindvel de funes. Tanto podem servir para transportar graneis slidos, como lodos e areias, como suporte para gruas, escavadoras, material de construo...

Lanhas de pilotos

Trata-se de uma embarcao pequena cuja nica funo levar a bordo e trazer de volta a terra o piloto da barra que embarcou num dado navio. So embarcaes rpidas e robustas. Tm um abrigo na zona da popa e a sua proa plana e de cho anti-derrapante. A sua balaustrada encontra-se do lado interior, para que o piloto no tenha obstculos na sua entrada / sada da embarcao mas que tenha onde se agarrar. Na imagem ao lado, pode ver a lanchaPonta do Salmodoutilizada pelos Pilotos da Barra de Lisboa.

Navios draga

Tm como funo limpar lodos e areias do fundo marinho. So utilizados sobretudo em portos para aces de limpeza de fundo de cais. Esto equipadas com potentes aspiradores que sugam o fundo e colocam os materiais aspirados num batelo que , posteriormente, descarregado em alto-mar.

Navios faris

So embarcaes que, fundeadas num dado local, funcionam como aviso a um banco de areia, rochas ou simplesmente a um canal de navegao.

Navios FPSO

Trata-se de um navio tanque convertido numa instalao capaz de processar e armazenar petrleo. A sigla deriva de Floating Protuction Storage Offloading unit. Localizam-se junto de jazidas de petrleo e recebem o crude da extrao, dele obtm os diversos derivados, armazenam-nos e posteriormente descarregam-nos para navios tanque menores.

Navios FSO

uma instalao semelhante a uma FPSO. Contudo, no dispes da capacidade de processar petrleo, servimdo apenas para armazenamento.

Navios quebra-gelo

So navios potentes cuja funo quebrar gelo nos mares gelados de modo a abrir um corredor depassagem para os navios cargueiros. A sua proa, ao contrrio da da maioria dos navios mercantes, tem um formato tal que levanta o navio sobre a camada de gelo at que, sob tamanho peso, ela quebre. Como tal, estes navios no dispoem de bolbo de proa. Existem tambm alguns navios mercantes com proas quebra-gelos.

Contudo, este mtodo nem sempre eficiente. Para colmatar tamanha deficincia, foi desenvolvido oazipod, um sistema propulsor elctrico semelhante a um motor fora de bordo de grandes dimenses que, ao puxar o navio, vai triturando a camada de gelo sua frente. Neste caso, o leme desnecessrio, tanto pela possibilidade de rotao de 360 doazipodcomo tambm pelo modo de funcionamento, que impossibilitaria o seu funcionamento. Convm lembrar que num navio convencional de hlices e leme,tem-nos r. Um navio quebra-gelos deazipodtem-no a vante.

Rebocadores

Trata-se de uma embarcao pequena muito robusta, equipada com motores bastante potentes, concebida para auxiliar nas manobras em porto e, em alguns casos, de alto-mar. uma embarcao que no tem uma grande velocidade de cruzerio, mas sim um grande poder de traco. Existem vrias classes e vrios tamanhos, sendo que alguns so teis apenas para manobras simples de cais enquanto outros servem, para alm disso, como navio de fornecimento a plataformas petrolferas, FPSO, etc.

Esta ltima classe de navios, os navios auxiliares, em conformidade com a natureza do seu servio, podem abranger um variado nmero de outras embarcaes de um tipo mais especializado, dividindo-se, portanto, noutras classes mais especficas, alm de tambm poderem combinar-se entre si tendo em vista a formao de outras classes de navios mais versteis.

Para terminar este artigo, julguei apropriado citar o arquitecto e entusiasta naval Telmo Gomes:"Os navios so como as pessoas. Morrem s fisicamente. Das pessoas fica a alma, que se diz ser imortal e, de algumas, fica a histria da sua vida, por exepcional. Dos navios, a alma morre com as suas guarnies, mas fica a histria, quando algum a escreve." inENVC, Sessenta anos de histria, histrias de sessenta navios.