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cliché

Cliché, uma série de significados em movimento

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Relatório do projeto de conclusão para PUC-Rio, 2011.

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Page 1: Cliché, uma série de significados em movimento

cliché

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clichéuma série de significados em movimento

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Agradeço a todos que participaram com ideias, tempo e incentivo neste projeto: minha família; João de Souza Leite, meu orientador; Marcos Magalhães e Claudia Bolshaw, professores da PUC-Rio; amigos e à Marlus Araujo.

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Pré-projeto

Este trabalho começou em 2010 na disciplina de anteprojeto, onde meu ponto de partida foi a etimologia. Esse tema nasceu do meu gosto em pensar nos conteúdos embutidos ou ocultos, nos trocadilhos, enfim, na polissemia das palavras. Os signifi-cados das palavras em diferentes línguas e caracteres sempre me encheram a imaginação com imagens compostas, como é o exemplo da língua chinesa. Pela influência de ter um pai poli-glota, comecei a buscar a junção entre uma explanação do en-tendimento das palavras, a uma leitura pela comunicação visual.

O primeiro passo nessa direção foi trabalhar com a obra do Jesu-aldo Correia, meu pai. O Alphômega é livro que tem como refe-rência uma obra do James Joyce, o Finnegans Wake, pois tam-bém usa palavras que formam trocadilhos em várias línguas, o que compõe uma interpretação polissêmica do leitor - não sem a ajuda de um “vocal burlário” para consulta ao fim do livro.

Num primeiro momento, pensei em trabalhar com o design de um sistema de desmembramento de significados das palavras, através de uma interface interativa. Ou talvez, eu poderia ilustrar uma passagem do livro, onde os significados dos trocadilhos se mesclariam em cenas com personagens e elementos híbridos.

As soluções “prontas” não se encaixaram em uma disciplina que propõe o desenvolvimento do processo conceitual para o pro-jeto final. Dessa forma, mantendo a polissemia como interesse central, passei a pesquisar referências dessa ocorrência, na ex-pressão da linguagem visual.

cliché

Alphômega, livro de Jesualdo Correia, Ed. Terra Incógnita

Adamascados, pernambulavanús Abelprazer pelas Evanascentes Caincidências da parisdisíaca erospção erroginal”.

‘‘

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Algumas referências com o emprego das palavras são a poesia concreta, o futurismo, cartazes de Cranbrook e David Carson. No âmbito exclusivo das imagens ambíguas, encontram-se as ilusões de ótica como as de Gestalt, estereogramas estáticos e animados ou objetos constituídos de outros objetos como os de Vik Muniz.

Todas essas referências encontravam-se pairando, sem que ainda houvesse um eixo sobre o qual pudesse alinhavá-las e seguir uma linha de projeto. Nesse momento fui amparada pelos cli-chés, à partir da referência do trabalho de Milton Glaser. Seu tra-balho se desenvolve com esse tipo de montagem de sentidos, que fazem alusão a ideias usando analogias. Por ser um lugar comum, a ambiguidade da informação pode ser facilmente re-conhecida nos clichés, possibilitando a construção de releitu-ras, trocadilhos e polissemias visuais. À partir desse momento, passei a pesquisar provérbios, expressões e ditos populares.

Hiato

Após um ano entre a pesquisa e o desenvolvimento deste projeto, realizei neste período o Projeto 7, criando a assinatura animada de uma marca, enquanto também trabalhava com motion gra-phics no estágio. Isso impulsionou meu intuito em realizar uma animação para expressar os clichés, mas ao longo desse meio de tempo, desenvolvi diversas possibilidades de criação com alguns provérbios, através dos mind maps (um esquema de or-ganização de ideias feito no aplicativo chamado “Mind Node”).

Futusismo, David Carson e outros trabalhos que me inspiraram...

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Sob influência da produtora Super Uber, onde estagiei, ingressei neste semestre com ideias de instalações interativas, para ex-pressar alguns provérbios. Porém, havia uma questão funda-mental nesse conceito: as propostas imaginadas tratavam das sentenças de forma literal. Isso significa que o sentido da me-táfora se esvai, pois ela passa a representar ela mesma, de for-ma nonsense. Para continuar à partir de onde comecei, desde a pesquisa por etimologia, polissemia e clichés, abandonei a “ex-posição ao pé da letra” e me concentrei no Milton Glaser.

Para transmitir um provérbio, que é composto por analogias e me-táforas, é preciso construir uma segunda camada de metáfora, para assegurar o sentido que essa frase pretende transmitir. Por exemplo, o que significa quando dizemos “quem não tem cão caça com gato”? É preciso associar a esta expressão uma situa-ção que represente esta ideia.

Construindo este rebatimento de situações metafóricas, é preciso que haja uma menção aos elementos originais que compõe o provérbio, para que o receptor capte a metáfora da metáfora. Ou seja, utilizar os personagens da expressão em outra circuns-tância que exemplifique a situação original.

Os provérbios são identificáveis em diferentes culturas com varia-ções que muitas vezes, transmitem a mesma mensagem. Den-tre os inúmeros provérbios, ditos e expressões populares, es-colhi os que contivessem animais. Os “zoovérbios” foram uma forma de limitar os elementos das sentenças a personagens de uma mesma categoria.

O meio que encontrei de extrair a mensagem que um provérbio

... Cranbrook, I love doodle, Vik Muniz, Salvador Dalí e estereogramas também me guiaram no início da pesquisa

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Duas possibilidades de desenvolvimento: abstrato (Milton Glaser) ou literal.

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Ppd conclusão - instalaçõesPROVÉRBIOS VISUAIS

QUEM NÃO TEM CÃOCAÇA COM GATO.

Animação com letras

Video da Branca vestida de gato

CAVALO DADONÃO SE OLHA OS DENTES.

Objeto em formato de cavalo, coberto com pequenos dados. Em sua boca língua que dá choque, no seu pescoço ao lado da fita de presente, cartão com pictogramas explicando para não olhar os dentes.

UM OLHO NO PEIXEE O OUTRO NO GATO.

binóculos com imagem dos bichos, um em cada olho

Objeto

Cartaz

FILHO DE PEIXE,PEIXINHO É. Infinit zoom de brasões de família com peixe

Video

Conteúdo interativo: usuário pode variar a velocidade e direção do "zooming"

UMA ANDORINHA SOZINHANÃO FAZ VERÃO.

Balões com gás hélio para fazer flutuar faixa vermelha de 40 graus (termômetro)

Tecido vermelho com extensão até altura dos 40 graus

Bola vermelha pesada (base do termômetro de mercúrio)

Tecido pintado com metragem de temperatura

Balões em formato de pássaro

MAIS VALE UM PÁSSARO NA MÃO,DO QUE DOIS VOANDO.

Instalação de processing ou kinect:Pessoa equilibra objeto em forma de pássaro na ponta do dedo, o bico do pássaro é um sensor de start para projeção de inúmeros pássaros ao redor do usuário

Pvs

Domingo Filho de peixe peixinho é

Segunda De grão em grão a galinha enche o papo

Terça Cão que late não morde

Quarta Andorinha sozinha não faz verão

Quinta Cavalo dado não se olha os dentes

Sexta Em boca fechada não entra mosca

Sábado Quem não tem cão caça com gato

Ppd - caminhos

Montagens de videos comassociações políticas

De grão em grão...

Em boca fechada...

Instalações ao pé da letra Mais vale um pássaro...

Filho de peixe...

Stop motions etc com ideias Quem não tem cão...

Uma andorinha só...

Interação

Jogo da memória Usuário casa ocasiões que remeta ao provérbio

AnimaçãoJogo da memória

Virais internet

Navegação

Depoimentos pessoais

BUSCA: filtros

Palavra

Vídeos

Tema

Imagem

7 PVs

Em boca fechada...

Filho de peixe...

De grão em grão... Ampulheta

S..masterQuem não tem cão...

Cavalo dado...

Mais vale um pássaro...

Cão que late...

PVs

Estático

TécnicasFotomontagem

CranbrookSobreposição de layers

Vik MunizCoisa feita de coisas

Marshall McLuhanMessage and message

Motion"Sagmeister

P.E.S

Literal

Consequência"Poppy with love"

Se provérbio então algo

Opções

Animação

Analogias de ocasiões famosas

Curiosidade e Descoberta

Hieróglifos universais

Caligrafia "árabe"

Tradição familiar (índios)

SEMELHANÇA

nepotismo

Filho de peixe, peixinho é.

bolsa de valores

INDÍCIO

fila promocional

Uma andorinha sozinha não faz verão.

Passeatas

rebuliços no congresso

AMEAÇA

Cão que ladra não morde.

laranja de corrupção

IMPROVISO

Gambiarras de "pobre"

Quem não tem cão caça com gato.

PERSEVERANÇA

Procissão, chão desenhado com areia

Edir Macedo

De grão em grão a galinha enche o papo.

CQC (mascote é a mosca)

Bolsonaro

PREVENÇÃO

Em boca fechada não entra mosca.

Tróia

GRATIDÃO

Refém

Cavalo dado não se olha os dentes.

Provérbios Visuais: FRASES

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Ppd conclusão - instalaçõesPROVÉRBIOS VISUAIS

QUEM NÃO TEM CÃOCAÇA COM GATO.

Animação com letras

Video da Branca vestida de gato

CAVALO DADONÃO SE OLHA OS DENTES.

Objeto em formato de cavalo, coberto com pequenos dados. Em sua boca língua que dá choque, no seu pescoço ao lado da fita de presente, cartão com pictogramas explicando para não olhar os dentes.

UM OLHO NO PEIXEE O OUTRO NO GATO.

binóculos com imagem dos bichos, um em cada olho

Objeto

Cartaz

FILHO DE PEIXE,PEIXINHO É. Infinit zoom de brasões de família com peixe

Video

Conteúdo interativo: usuário pode variar a velocidade e direção do "zooming"

UMA ANDORINHA SOZINHANÃO FAZ VERÃO.

Balões com gás hélio para fazer flutuar faixa vermelha de 40 graus (termômetro)

Tecido vermelho com extensão até altura dos 40 graus

Bola vermelha pesada (base do termômetro de mercúrio)

Tecido pintado com metragem de temperatura

Balões em formato de pássaro

MAIS VALE UM PÁSSARO NA MÃO,DO QUE DOIS VOANDO.

Instalação de processing ou kinect:Pessoa equilibra objeto em forma de pássaro na ponta do dedo, o bico do pássaro é um sensor de start para projeção de inúmeros pássaros ao redor do usuário

Pvs

Domingo Filho de peixe peixinho é

Segunda De grão em grão a galinha enche o papo

Terça Cão que late não morde

Quarta Andorinha sozinha não faz verão

Quinta Cavalo dado não se olha os dentes

Sexta Em boca fechada não entra mosca

Sábado Quem não tem cão caça com gato

Ppd - caminhos

Montagens de videos comassociações políticas

De grão em grão...

Em boca fechada...

Instalações ao pé da letra Mais vale um pássaro...

Filho de peixe...

Stop motions etc com ideias Quem não tem cão...

Uma andorinha só...

Interação

Jogo da memória Usuário casa ocasiões que remeta ao provérbio

AnimaçãoJogo da memória

Virais internet

Navegação

Depoimentos pessoais

BUSCA: filtros

Palavra

Vídeos

Tema

Imagem

7 PVs

Em boca fechada...

Filho de peixe...

De grão em grão... Ampulheta

S..masterQuem não tem cão...

Cavalo dado...

Mais vale um pássaro...

Cão que late...

PVs

Estático

TécnicasFotomontagem

CranbrookSobreposição de layers

Vik MunizCoisa feita de coisas

Marshall McLuhanMessage and message

Motion"Sagmeister

P.E.S

Literal

Consequência"Poppy with love"

Se provérbio então algo

Opções

Animação

Analogias de ocasiões famosas

Curiosidade e Descoberta

Hieróglifos universais

Caligrafia "árabe"

Tradição familiar (índios)

SEMELHANÇA

nepotismo

Filho de peixe, peixinho é.

bolsa de valores

INDÍCIO

fila promocional

Uma andorinha sozinha não faz verão.

Passeatas

rebuliços no congresso

AMEAÇA

Cão que ladra não morde.

laranja de corrupção

IMPROVISO

Gambiarras de "pobre"

Quem não tem cão caça com gato.

PERSEVERANÇA

Procissão, chão desenhado com areia

Edir Macedo

De grão em grão a galinha enche o papo.

CQC (mascote é a mosca)

Bolsonaro

PREVENÇÃO

Em boca fechada não entra mosca.

Tróia

GRATIDÃO

Refém

Cavalo dado não se olha os dentes.

Provérbios Visuais: FRASES

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fases

juventude

adulto

maturidade

personagens

peixes

palha

madeira

pedra

gerações

neto

pai

avô

história sentidos

decrescente (filho de peixe, peixinho é)

avô peixe grande de pedra armadura forte

pai peixe médio de madeira meia casca

neto peixe pequeno de palha interior frágil coração de manteiga

crescente

neto peixe grande de palha aparência frágil

pai peixe médio de madeira consistência ao aprofundar

avô peixe pequeno de pedra núcleo sólido coração de pedra

aleatório 1 pai peixe grande de madeira (maior parte é vida adulta)

neto peixe médio de palha facilidade adquirida pela prática

avô peixe pequeno de pedra desafio final

aleatório 2pai peixe grande de madeira (maior parte é vida adulta)

avô peixe médio de pedra dificuldades ao envelhecer

neto peixe pequeno de palha libertação para senilidade

início, paipeixe grandemadeira

meio, avôpeixe médiopedra

fim, netopeixe pequenopalha

bonequinha russa

3 porquinhos + filho de peixe, peixinho é.

tamanhos

pequeno

grande

médio

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4 peixes

início

pai amola sua lâmina, mexe os bigodes e descama o peixe

peixe abre a cabeça mostrando um segundo peixe menor em seu interior

pai tira segundo peixe de dentro do primeiro com assombro

avô observa a cena

avô aparece e investiga a cena

meio

avô se amola, mexe os bigodes e descama o segundo peixe

segundo peixe abre a cabeça mostrando um terceiro peixe em seu interior

neto observa ao fundo

o neto aparece saltitando e separa o segundo do terceiro peixe

fim

neto se amola, mexe a língua e descama o terceiro peixe

terceiro peixe abre a cabeça mostrando um quarto peixinho em seu interior

neto separa terceiro de quarto peixe

pai, avô e neto observam os 4 peixes enfileirados

avô começa a chorar, o pai em seguida e o netinho imita os dois em seguida.

5 peixes

início

pai amola sua lâmina, mexe os bigodes e descama um peixe

peixe abre a cabeça mostrando um segundo peixe menor em seu interior

pai tira segundo peixe de dentro do primeiro com assombro

avô observa a cena

avô aparece e investiga a cena

meio

avô se amola, mexe os bigodes e descama o segundo peixe

segundo peixe abre a cabeça mostrando um terceiro peixe em seu interior

neto observa ao fundo

avô separa o segundo do terceiro peixe

pai descama o terceiro peixe que abre a cabeça revelando um quarto peixe

fim

o neto aparece saltitando e separa o terceiro do quarto peixe

neto se amola, mexe a boca e descama o quarto peixe

quarto peixe abre a cabeça mostrando um quinto peixinho em seu interior

neto separa quarto de quinto peixe

pai, avô e neto observam os 5 peixes enfileirados

avô começa a chorar, o pai em seguida e o netinho imita os dois em seguida.

6 peixes

início

pai amola sua lâmina, mexe os bigodes e descama o peixe

peixe abre a cabeça mostrando um segundo peixe em seu interior

pai tira um peixe de dentro do outro com assombro

pai descama o segundo peixe avô observa a cena

a cabeça do segundo peixe abre mostrando um terceiro peixe dentro

avô aparece e investiga os 2 peixes

meio

avô retira o terceiro do segundo peixe

avô se amola, mexe os bigodes e descama o terceiro peixe

terceiro peixe abre a cabeça mostrando um quarto peixe em seu interior

avô separa o terceiro do quarto peixe neto observa ao fundo

avô descama o quarto peixe

quarto peixe abre a cabeça revelando um quinto e menor peixinho em seu interior

fim

o neto aparece saltitando e separa o quarto do quinto peixe

neto se amola, mexe a língua e descama o quinto peixe

quinto peixe abre a cabeça mostrando um sexto peixinho em seu interior

pai separa quinto do sexto peixe

pai, avô e neto observam os 6 peixes enfileirados

avô começa a chorar, o pai em seguida e o netinho imita os dois em seguida.

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transmite, foi fazer uma associação entre a frase e seu significa-do por meio de uma palavra. Por exemplo, “quem não tem cão caça com gato”, nessa lógica representa a palavra “improviso”.

Pré-banca

O conceito de provérbio-palavra, gerou um brainstorm de situações que exemplificassem esta dupla. Percebi ao longo dos rascu-nhos, que certos objetos possuem em sua concepção funções e ações, que interpretei e associei aos provérbios. Como por exemplo a ampulheta, a matrioska e a peça de quebra-cabeça. Cada um desses objetos funcionam dentro de condições que se tornam situações metafóricas, se adaptadas.

A ampulheta por exemplo, funciona com o escorrer de poucos grãos que preenchem um espaço ao longo de um tempo. Se adaptada ao formato de duas galinhas de vidro, podemos visu-alizar o provérbio “de grão em grão a galinha enche o papo”, pois tanto a ampulheta quanto esta frase se referem à paciência ou perseverança e ambas possuem o elemento “grão” como agen-te da ação.

As bonequinha russas, ou matrioskas, também são um objetos que transmitem a ideia de sequência, semelhança e parentesco, presentes na expressão “filho de peixe, peixinho é”. Uma peça de quebra-cabeça, por sua vez, se desgarrada do todo não com-pleta sua função. Desta forma, associei a imagem do pássaro, sobre a peça solitária afim de mesclar o significado da expres-são “uma andorinha sozinha não faz verão”.

Primeiras ideias para “uma andorinha sozinha não faz verão” (acima) e abaixo, “de grão em grão a galinha enche o papo”

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Ideia para “filho de peixe, peixinho é”

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À partir de dois exemplos selecionados, os roteiros foram pen-sados a afim de contextualizar as imagens desenvolvidas. As narrativas deveriam mesclar uma situação onde o provérbio fosse exemplificado ao longo da cena, somado ao resultadoextraído da junção provérbio-palavra, como personagem da ação inventada.

Os roteiros surgiram à partir de músicas como inspiração. O pri-meiro, sobre paciência e perseverança, associei o lento escorrer dos grãos de areia na ampulheta, à paixão de um rapaz por uma jovem. Seu estado melancólico vai se transformando ao trans-correr dos grãos que observa, pois ele a vê na pequena cascata de areia e quanto mais o papo da galinha fica cheio, aos poucos também, mais inspirado e apaixonado ele se torna. A música para esta cena é a Stars Fell On Alabama, do velho Jack Teagar-den, com letra romântica e ritmo “arrastado”, a fim de transmitir a imensidão dos grãos que caem lentamente.

O segundo roteiro, sobre semelhança e repetição, foi escrito à par-tir da música “Island”, da banda Whitest Boy Alive. A introdução é repetitiva, ritmada e possui três tons. A ideia foi causar espanto a uma ação rotineira de um feirante, ao cortar a cabeça de um peixe, e encontrar outro peixe menor em seu interior. Ao cha-mar o seu pai, que também é feirante, todos os trejeitos são reproduzidos, como por exemplo o modo de amolar a faca. Por fim, o neto da família, também querendo descobrir um peixinho dentro do outro, repete as ações já previstas do pai e do avô.

Escolhi porém, apenas um do dois roteiros para realizado. Afinal “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”, e o roteiro

Música: “island” (whitest boy alive)

EXT. FEIRA DE RUA, DIA ENSOLARADOref. eat p.e.s.CLOSE SHOT - em uma bancada de feira a faca-pai prepara-se para se auto-amolar, ele mexe os bigodes e começa a mergulhar na lixa. contra o sol a lâmina brilha.VISTA SUPERIOR - um peixe grande salta para a bancada colocado pela faca-pai.CLOSE UP - a faca-pai observa a cabeça do peixe, resoluto CLOSE SHOT - a faca-pai faz um mergulho olímpico mas freia antes de acertar o peixeCLOSE UP - a cabeça do peixe se afasta do corpo como uma tampa com dobradiça. dentro do corpo do peixe há um peixe menor. CLOSE UP - a expressão da faca-pai é de mistérioPLANO ABERTO - a faca-pai pula com o cabo sobre o rabo do primeiro peixe fazendo com que o segundo peixe salte e cai sobre a bancada. curioso o facão-avô aparece ao fundo observando a cena.CLOSE SHOT - a faca-pai percebe a presença do avô com ar zombeteiro. eles olham os dois peixesCLOSE UP - o avô mexe os bigodes

do mesmo modo que a faca-pai, se agacha e olha o peixe de perto. CLOSE SHOT - sob seu olhar a cabeça-tampa do peixe abre do mesmo modo que a anteriorCLOSE UP - olhar do avô de mistérioPLANO ABERTO - a faquinha-neto vem saltitando do fundo até que pula no segundo peixe, que faz o peixe de dentro voarCLOSE SHOT - o terceiro peixe cai sobre a bancada formando uma escadinha de tamanhos de peixesCLOSE UP - a faquinha-neto mexe seus pseudo bigodes da mesa forma que o pai e o avô.

Roteiro escrito para cena de “de grão em grão a galinha enche o papo”

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escolhido foi para começar a série de clichés animados foi o “filho de peixe, peixinho é”.

Referências

Famoso no universo do stop motion, Adam Pesapane, mais conhe-cido por P.E.S., utiliza objetos que por semelhança interpretam outros. Essa abordagem estética me interessou para construir, por exemplo, os peixes com escamas de lantejoulas. Outra re-ferência na construção da direção foi teatro de sombras chinês, empregado na animação Kung Fu Panda 2. As silhuetas aumen-tam a dramaticidade na cena do vilão Lord Shen, ao invadir um vilarejo. Também reuni Phillipe Genty e Jan Svankmajer, mestres da ilusão, por orquestrarem os objetos em perfeita sincronia, al-cançando realismo e naturalidade nas ações e movimentos.

O artista Rui de Oliveira descreve em uma série de três vídeos na internet, intitulado “Cinema de Animação”, seu processo de construção do roteiro à finalização. Palavra, imagem, intenção e gesto evoluem de modo concomitante, em seu processo de-talhadamente descrito e registrado. Ao seu ver, a fala é dispen-sável quando a história é bem contada e a animação deve ser expressionista, pois somente assim ganha veracidade.

Durante este processo de pesquisa, produzi uma animação em stop motion, como um experimento mas também uma home-nagem à minha cachorrinha Tita, falecida na ocasião. Usei neste neste trabalho um programa gratuito para download, o “Frame-byframe”. Ele permite importar e regular a velocidade das fotos.

“Deep” e “Western Spaghetti“, de P.E.S.

“Cinema de Animação“, com Rui de Oliveira e “Kung Fu Panda 2”, da DreamWorks.

Cena do espetáculo de Phillipe Genty e “Darkness/light/darkness”, de Jan Svankmajer

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Acima, experimento em stop-motion “Tita Colorida“ e abaixo, pesquisa por imagens e materiais na internet

Porém, finalizei o áudio no After Effects, onde possuo maior domí-nio, utilizando sonoplastia gravada por mim no programa Quick Time e a música clássica “Toy Symphony”, do compositor Jose-ph Haydn.

Após a pré-banca

No processo de construção do storyboard, algumas decisões for-mais começaram a serem feitas, pois interferiam diretamente no roteiro. Desta forma, tanto o roteiro quanto a pesquisa de linguagem passaram a ser pensados concomitantemente.

O caminho do projeto tomou uma longa curva quando me deparei com a finalização do storyboard, em função do roteiro. Os obje-tos utilizados para interpretarem os personagens da trama, se alterados, possibilitavam infinitos movimentos e consequente-mente novas posturas e atos de personalidade.

O primeiro objeto reavaliado foi a faca, personagem que simboliza-va a família, composta por três gerações: avô, pai e neto. Após pesquisar facas que fossem iguais, mas com a distinção por ta-manho, pretendia reforçar os papéis através de acessórios que compusessem uma indumentária para cada faca. Porém, boinas e bigodes me soaram como um recurso gratuito para identificar a “ligação genética” da família afiada. Pretendia-se expressar os elementos livres de apoios que infantilizassem o entendimento simbólico de cada objeto.

Dessa forma, percebi que o canivete suíço possuía duas grandes vantagens sobre o objeto faca. A primeira é por embutir algo

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dentro de si, compondo melhor o conceito de desdobramento junto a boneca russa ”matrioska”, objeto escolhido para ilustrar o provérbio. Em seguida, poderia utilizar apenas dois canivetes com grande diferença de tamanho e potencial, mas com mes-ma cor e aspecto familiar, mantendo maior fidelidade ao enun-ciado do provérbio “filho de peixe, peixinho é”.

Resolvida a questão dos personagens “ativos”, as três facas ago-ra eram canivete-pai e canivete-filho, a interagir com os peixes que saiam um de dentro do outro. Por não se tratar mais de um cenário inspirado em facas de feirantes portugueses, os canive-tes tornaram-se um surreais na relação em abrir peixes.

Nesse momento, procurei dar um sentido a trama e conversando com um amigo, associamos cada peixe a uma etapa de vida, como é a metáfora dos Três Porquinhos. Cada material simbo-liza o amadurecimento do ser: a palha é a juventude despreve-nida; a madeira é o estágio de maior densidade nas atitudes; por fim a pedra é o momento em que o ser tornou-se maduro, estabelecido e sólido.

À partir desse conceito, voltei a trabalhar com três gerações para cada lado, utilizando novamente facas e peixes. Busquei rela-cionar a alimentação como etapas de vida, graus de dificuldade. Testei uma série de possibilidades quanto a ordem em que cada peixe surgiria, feito de um dos três tipos de material. Essa ideia, porém, tornou-se muito complexa e além do entendimento da proposta central, o cliché.

De volta a solução formal com canivetes, mergulhei os persona-gens em um só ambiente: o mar. Também decidi que não iria

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mais criar o objeto peixe-matrioska, mas sim usar a própria bo-nequinha, uma vez que comecei a trabalhar com abstrações. Os canivetes tornaram-se tubarão e cação e a cena passou a ser uma perseguição de predadores a presas, onde o pai está ensi-nando seu filho a sobreviver de ambos os lados no novo roteiro.

Predadores e presas passaram a representar o provérbio através de atitudes repetidas por seus semelhantes. Com as matrioska, entretanto, existe uma propagação ainda maior da semelhança entre pai e filho, fazendo parte da sensação de looping que o provérbio proporciona.

Estabelecidas estas condições, alguns storyboards foram feitos até o resultado final, que é composto de trechos desenhados ao longos dos rascunhos. Desenhei a nova sequência inspirada na canção de Janelle Monáe, a música “Come Alive”. Esta artista possui uma boa voz associada à linguagem da banda que mis-tura rock com jazz em um aspecto psicodélico, mas com músi-cas bem versáteis e ritmadas.

A música que optei trabalhar, possui no início uma sonoplastia para um clima de mistério, seguido de um ritmo frenético para uma perseguição com a aparição dos tubarões. Também possui dois momentos propícios ao término da animação: um aos 30 se-gundos e outro ao final dos 58 segundos. A letra da música de certa forma narra a voz da personagem matrioska, que “volta a vida” entre gritos, dança e loucura. Essa decisão foi fundamental para compor o storyboard o qual me fixei.

Conceito de peixes criados com palha, madeira e pedra — filho, pai e avô, respectivamente

Canivete “em cena“ no laboratório de fotografia da Puc

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Materiais

Por se tratar de um lugar comum, o cliché é barato, mas de ex-trema utilidade, assim como acessórios de carnaval, objetos de limpeza e papelaria de R$1,99. Assim, a construção do cenário começou à partir de desenhos feitos em um esquema, criado para desenhar storyboards. Nele, pude imaginar como os obje-tos tomariam a forma de outros objetos dentro do contexto da animação. Mesmo com o algumas ideias rabiscadas, somente na hora de comprar pude realmente experimentar a interação dos objetos, sacando os canivetes e manipulando-os dentro da loja. Ainda assim, não utilizei tudo o que fotografei.

Na verdade, muitas descobertas surgiram ao longo da experimen-tação, como por exemplo as chuquinhas de cabelo, que ao vi-rá-las do avesso, percebi um resultado para simular os corais ainda melhor. Outro resultado inesperado surgiu ao manipular o papel crepón e contra a luz e fotografá-lo, conseguindo assim um bom movimento para água.

Still

A primeira ação durante o processo foi registrar as fotos do still, técnica aprendida com Beto Martins, durante estágio na 6D. Dessa forma, além de expor melhor para os orientadores, pude identificar o resultado do aspecto registrava: cores, texturas, pe-quenos movimentos experimentais, enfim, o ato de trabalho.

Aos poucos, fui percebendo que objetos com aspecto muito defi-

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nido e de fácil identificação, como por exemplo as moedas de 1 centavo, dadinhos e bolas para cachorro, tornavam o cená-rio artificial. Visto isso eliminei excessos, mantendo apenas o necessário para a imersão da cena, o que restringiu e padroni-zou texturas e cores mas possibilitou descobrir um novo uso e emprego da serpentina de carnaval. Além de fotografá-la como alga em uma sequência de stop motion, também a transformei em estruturas semelhantes a conchas.

Montagem

O set de fotografia foi construído sobre uma mesa e dividido em duas partes: uma parte com fundo infinito para fotografar os elementos separadamente e outra com o cenário.

Na primeira parte utilizei papel duplex como base para o fundo in-finito, pois diferentes papéis foram experimentados por cima para fazer o chrome key. O fato de trabalhar com objetos refle-xivos, como as lâminas dos canivetes, gerou um trabalho do-brado tanto na hora de recortar quanto de nivelar os tons, pois a cor do fundo era absorvida pelo metal.

Utilizei para iluminação três fontes de luz, todas incandescentes, o que era bom para manter o metal do canivete com um tom neutro. As matrioskas porém, refletiram uma mancha branca com essa iluminação, diferentemente do teste realizado no la-boratório de fotografia da Puc, onde a luz é amarela. Na Puc tra-balhei somente um dia, pois a interferência externa e a disper-são eram grandes. Além de não ter o cenário por perto, como

Acima, teste com papéis para isolar figura e fundo; abaixo montagem do cenário

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no set caseiro que desenvolvi, ter que levar todo o material e com um número restrito de horas para trabalhar acabou sendo desvantajoso trabalhar no estúdio.

Para forrar o fundo do mar com “areia”, foram necessários dois sa-cos de confete, ao longo de quase um metro de extensão, por 40 cm de profundidade. Optei por utilizar o mesmo papel cre-pón azul marinho por baixo desta massa, formando o fundo in-finito. O quanto menos manipulei as imagens com recortes e re-toques digitais, tanto melhor para a integridade do stop motion.

Esse cenário acabou por ser modificado algumas vezes, para me-lhor dispor os objetos ao longo do travelling. O movimento dos corais deveria ser suave e pontual, sem que o fundo de confete se mexesse ao mesmo tempo, para não causar muito frenesi ao clima submarino. Nas algas feitas à partir da peruca de fios me-tálicos verdes, suspensa por náilon, também exigiu muita de-licadeza ao ser manipulada, pois qualquer movimento parecia exagerado, e assim perdia a fluidez da ação.

As bolhas de sabão foram filmadas com a câmera do iPhone 4, so-bre dois tipos de fundo: um preto e um branco. O melhor resul-tado na aplicação sobre o fundo azul foi o branco, com o blend “hard light”. Nesse ponto me foi sugerido experimentar fazer de-senhos de bolhas, o que surtiu um resultado interessante e com aspecto mais artesanal, porém um pouco ímpar no restante da linguagem fotográfica.

Composição de elementos e bolhas feitas com lápis de cor à partir de frame de vídeo

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Equipamento

O projeto dessa animação foi realizado com técnica mista de filme, fotografia e recorte digital, stop motion e manipulação em After Effects. A câmeras utilizadas foram a de um iPhone 4 e outra a Canon 20D, lente macro 50 mm. A lente macro, a única que eu possuia, ofereceu prós e contras. Os prós estão na difusão da imagem ao redor do foco, o que é benéfico ao clima de “dentro d’água”. O contra foi uma certa dificuldade na captação do ce-nário como um todo, pois havia diferença de foco entre os ele-mentos da cena. A solução foi afastar o tripé o máximo possível, para que a diferença fosse suavizada.

Desenvolvimento

A montagem do animatic para estruturar as passagens, foi feita ini-cialmente no programa Adobe Flash, por permitir a livre cria-ção de desenhos simultâneos à trilha sonora em execução. Mas uma vez o storyboard definido, criei no After uma sequência com as imagens nos tempos certos do ritmo da música. Porém, uma imagem estática é bastante diferente do mesmo quadro em movimento. O espectador possui outra percepção de velo-cidade para captar as informações se mexendo, o que resultou posteriormente na alteração do storyboard algumas vezes.

A montagem do material capturado exigiu uma fragmentação do pensamento, pois algumas coisas como o cenário e interações dos personagens com o cenário exigiam o stop motion com fios

Acima, tripé com o iPhone 4 e abaixo, auto retrato com a câmera doada por Paula Pape

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de náilon e tratamento no Photoshop. Outros movimentos, de-veriam ser feitos à partir de fotos dos objetos isoladamente, em todas as posições, para que pudesse extrair o fundo e aplicar o movimento em sequência, como um stop motion pontual. Já em outras ocasiões, bastava apenas uma foto do objeto para ser manipulada no After, simulando a interação no espaço com os outros personagens. Filtrar, tratar e nivelar os tons de todas essas fotos com certeza exigiu tanto tempo quanto o trabalho de animação em si.

É curioso pensar no caso dos peixinhos, feitos de módulos de la-piseira colorida, um dos primeiros experimentos. A movimen-tação foi toda realizada em stop motion, mas poderia perfei-tamente ser realizada com uma foto apenas no After. Porém, percebo que o movimento do cardume ficou muito natural pelo fato de ter sido manipulado à mão, de forma intuitiva, e não de isolado e desconexo. Muitos resultados ocorreram de forma es-pontânea, como por exemplo algumas fotos que bati de textu-ras, sem propósito definido. É o caso da cor de preenchimento do lettering “filho de peixe peixinho é”, à partir de sobras de tinta para tingir roupa na panela. O papel celofane verde, que tam-bém não foi utilizado em cena, mas cujas fotos foram utilizadas para criar sombras transparentes, colorindo a última cena.

Lattering

Até o momento da montagem da animação, o lettering não havia sido definido. Com ajuda do João Leite, batizamos o projeto, que

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antes era chamado de Provérbios Visuais. Foi discutido também ser necessário o emprego do provérbio, para localizar o espec-tador dentro do conceito e da proposta. Optei assim, por utilizar a fonte “Sabon Roman”, tanto no título, quanto na abertura e encerramento da animação com os créditos. A caixa baixa no título foi uma opção afim de tornar o lettering informal, assu-mindo um caráter mais despojado.

Formato

A animação foi criada sobre uma composição com dimensão wide, ou seja, mais retangular, com 1080 pixels de largura por 720 e altura. Escolhi esse formato por ser proporcionalmente menor ao utilizado para em full HD, isto é, alta resolução (1920x1080 pixels), porque por utilizar imagens em alta resolução o proces-samento da informações no After torna-se lento numa escala tão grande.

Nomenclatura

Animar os sete personagens, cinco matrioskas e dois canivetes, exigiu o estabelecimento de uma nomeclatura dentro do Af-ter Effects. Nomeei os canivetes como tubarão e cação (às ve-zes tuba ou caniva, ou que gerava confusão e requeria padro-nização) e as matrioskas enumerei de zero a quatro, sendo a quarta a menor matrioska. Todos os outros elementos nomeei de acordo com sua função: serpentina como “algas”, lapiseiras como “peixinhos” e bolhas de sabão e cenário ficaram com o

Acima, teste com fontes serifadas e abaixo, lettering sobre uma textura de papel ondulado

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mesmo nome. As cenas ganharam menções específicas, como “tubarão moita” ou “0_nado_frente”. Além disto, foram neces-sários três composições até a montagem final, onde nomeei de “cena 1”, depois “lettering cena 2” e por fim “lettering cena 3”, as composições que englobavam as muitas outras agrupadas.

Finalização

Após “renderizar” diversas passagens, isoladamente, importei essa série de fragmentos para o programa Adobe Premier. Afim de tornar os vídeos com menor tamanho, utilizei no After uma compressão chamada H.264.

No Premier todos os trechos importados receberamnovos cortes milimétricos, em função da trilha sonora. O importante era con-seguir sincronizar determinados momentos da música “Come Alive”. Como sugestão de uma trilha absolutamente cliché, a composição de John Williams, para o filme Tubarão (1975), foi assimilada à animação em cinco pequenos momentos. Por se tratar de uma composição com instrumentos de orquestra, se-lecionei apenas o trecho mais conhecido e tenso da música, acrescentado um efeito de transição sonora, de surgimento e esvaecimento do volume. O resultado foi uma mescla quase imperceptível com o baixo elétrico da trilha principal, tornando--se quase como uma mensagem subliminar.

Pós produção no Premier e abaixo as duas trilhas sonoras: John Williams e Janelle Monáe

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Conclusão

O projeto “Cliché” foi um exiercício plástico que buscou interpretar conceitos metafóricos, através de imagens. O desafio estabele-cido à partir de um interesse gramatical, me levou a inúmeras reflexões e processos de design, afim de congregar a imagina-ção a um sistema de linguagem para construção de mensagens.

Com os mind maps organizei as primeiras ideias e roteiros, o que me permitiu insvestigar a rigidez e flexibilidade destes sistemas lógicos, que organizam o pensamento.

Através da fotografia e da pesquisa de materiais entrei num proces-so de imersão imenso na geração de imagens, cortes e cores. Observei que muitos resultados surgiram de forma inesperada, o que tornou meu processo plástico bastante experimental.

O uso de objetos reais como o canivete e a matrioska, trouxeram à este trabalho obstáculos e vantagens imprevistos, que consti-tuíram diversas soluções cirativas para o manipulação e eficá-cia quanto ao cronograma limitado.

Por fim, na edição o desapego do material produzido ao longo des-ta jornada, constituíram um exercício de síntese e coerência à mensagem que me propus a transmitir.

O resultado final está publicado no endereço web:

http://vimeo.com/raaiss/cliche

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